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CEI-AGU/PGFN

5ª RODADA - 19/08/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

5ª RODADA - 19/08/2015

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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................4


DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................4
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................6
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................8
DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................9
DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................11
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................13
DIREITO EMPRESARIAL...........................................................................................................................15
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................16
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................18
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL.................................................................................................20
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................22
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................23
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................23
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS........................................................................................................25
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO........................................................................26
DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................................26
DIREITO TRIBUTÁRIO..............................................................................................................................30
DIREITO FINANCEIRO.............................................................................................................................50
DIREITO ECONÔMICO............................................................................................................................54
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................................57
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.................................................................................................64
DIREITO EMPRESARIAL..........................................................................................................................70
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................73
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................81
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL................................................................................................94
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................99
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...........................................................................................100
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL...................................................................................................104

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca do poder constituinte, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa correta:

I. O Poder Constituinte Originário, responsável pela elaboração de uma nova ordem


constitucional, rompendo inteiramente com a anterior, pode ser subdividido em histórico,
quando relacionado ao triunfo de um novo direito, que pode se dar por golpe de estado,
quando o exercício do poder constituinte é usurpado pelo governante; ou por revolução
propriamente dita, também conhecida como insurreição, quando o poder constituinte é
exercido por um grupo externo aos poderes constituídos, como na Constituição de 1937.

II. A classificação do Poder Constituinte Supranacional é fundada na ideia de que a


titularidade do poder é do cidadão universal, e não do povo (como no poder constituinte
originário), e num conceito remodelado de soberania. O poder supranacional seria o
responsável pela criação de uma Constituição Supranacional Legítima, onde cada Estado
cederia parcela de sua soberania para que fosse criada.

III. Os ordenamentos jurídicos que possuem Constituições flexíveis são marcados pela
inexistência de um poder constituinte derivado reformador.

IV. De acordo com a corrente jusnaturalista, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
o poder constituinte originário não tem autonomia absoluta, sendo limitado pelas normas
de direito natural.

V. O Poder Constituinte Derivado Decorrente foi concedido às Assembleias Legislativas.

a) Somente os itens II, III, e V estão corretos.

b) Somente os itens III e V estão corretos.

c) Somente o item IV está incorreto.

d) Somente os itens I, II, e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

2. Acerca dos direitos e garantias fundamentais, assinale o item incorreto:

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a) Embora não existam diferenças ontológicas entre os direitos fundamentais e os direitos


humanos, pode-se estabelecer uma diferença entre ambos quanto ao âmbito de previsão
de cada um. Nesse contexto, enquanto os direitos fundamentais estão positivados no cerne
de uma Constituição, os direitos humanos estão previstos em tratados internacionais.

b) Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos), que compreendem


as liberdades clássicas, negativas ou formais, realçam o princípio da liberdade, e os direitos
de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas, acentuam o princípio da igualdade, os direitos de
terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente
a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade, e constituem um
momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos
direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota
de uma essencial inexauribilidade.

c) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,


em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

d) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas


literárias ou audiovisuais, entretanto, é necessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes.

e) Deve o Estado assegurar às presidiárias condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação.

3. Acerca do Poder Judiciário, assinale o item correto:

a) É constitucional dispositivo da Constituição de um Estado membro ao definir que após a


escolha de Desembargador de lista tríplice para compor o Tribunal de Justiça daquele ente,
o nome do escolhido seja submetido à apreciação da Assembleia Legislativa.

b) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso ordinário, o crime político.

c) Compete ao STF processar e julgar, originariamente, as ações contra o Conselho Nacional


de Justiça, não abrangendo as decorrentes de decisões negativas deste órgão.

d) Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal e sociedade de economia mista forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

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e) Pode o Conselho Nacional do Ministério Público declarar a inconstitucionalidade de


artigo de lei, desde que o faça quando julgar procedimento em controle administrativo de
sua competência.

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Acerca do redirecionamento da execução fiscal em face do sócio-gerente/administrador


da pessoa jurídica executada, dispõe a Súmula nº 435 do STJ que “Presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos
órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”
Acerca da correta interpretação e aplicabilidade de tal enunciado sumular, à luz da jurisprudência
dominante, é incorreto afirmar:

a) O entendimento nela previsto também se aplica à execução de crédito não-tributário.

b) A responsabilidade do sócio-gerente, na hipótese, é solidária e pessoal.

c) A devolução, sem cumprimento, da carta citatória (AR) endereçada ao domicílio fiscal


da empresa, faz presumir a dissolução irregular desta, autorizando que se formule o pedido
de redirecionamento.

d) Em regra, o redirecionamento deve se dar em relação ao sócio com poderes de gerência


à época da dissolução irregular.

e) Em atenção ao princípio da “actio nata”, a prescrição para o redirecionamento em face


do corresponsável é interrompida quando da prolação do despacho ordenatório da citação
em face da executada originária.

5. Sobre a medida cautelar fiscal (Lei nº 8.397/92), julgue os itens a seguir:

I. A ação cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo, em ambos os casos,
ser proposta junto ao juízo da execução fiscal. Caso a execução judicial estiver em Tribunal,
será competente para conhecê-la o relator do recurso.

II. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública, sob pena de cessação da eficácia da mesma, propor a execução judicial
no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na
esfera administrativa. Admite-se, outrossim, que a indisponibilidade patrimonial decorrente
da cautelar fiscal alcance, preenchidos os requisitos legais, os sócios-gerentes da empresa
devedora.

III. A concessão da medida cautelar fiscal pressupõe sempre crédito certo e devidamente

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formalizado, seja pelo lançamento seja por declaração do contribuinte.

IV. O indeferimento da medida cautelar fiscal por compensação não obsta que a Fazenda
Pública intente a respectiva execução judicial da Dívida Ativa.

a) Os itens I e III estão corretos.

b) Os itens I e II estão corretos.

c) Os itens II e IV estão corretos.

d) Somente o item I está correto.

e) Os itens III e IV estão corretos.

6. Acerca do instituto da denúncia espontânea, é correto afirmar:

a) A denúncia espontânea deve ser realizada antes de qualquer procedimento administrativo


ou medida de fiscalização, sendo que, uma vez tempestivamente realizada, tem o condão
de afastar a responsabilidade pelo pagamento dos juros e da multa.

b) Embora a preexistência de inquérito policial não constitua procedimento apto a


descaracterizar, por si só, a denúncia espontânea, o procedimento de fiscalização que obsta
a denúncia espontânea não necessariamente precisa estar relacionado com a infração a ser
confessada.

c) O benefício da denúncia espontânea é incompatível, não afastando a correlata multa, no


caso da entrega intempestiva da declaração de imposto de renda.

d) A despeito de não se aplicar aos tributos sujeitos a lançamento por homologação,


regularmente declarados, mas pagos a destempo, a benesse da denúncia espontânea aplica-
se quando a confissão da dívida estiver acompanhada do seu pedido de parcelamento.

e) A exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea alcança apenas as multas


isoladas/de ofício, mas não as multas moratórias.

7. Acerca do sobre imposto sobre produtos industrializados - IPI, da competência da União,


considerando a jurisprudência recente dos Tribunais Superiores, é correto afirmar:

a) Incide o IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio.

b) É constitucional o dispositivo legal que autoriza o Ministério da Fazenda, no uso de ser

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poder normativo da atividade fiscalizatória, exigir e cobrar, a título de ressarcimento de


custos, pelo fornecimento do selo especial do IPI, o qual será de utilização obrigatória pelos
contribuintes, para fins de controle quantitativo, em produtos cujo controle a autoridade
fiscal entenda necessário.

c) Tem prevalecido o entendimento de que o IPI incide tanto no desembaraço aduaneiro da


mercadoria importada quanto na saída do produto do estabelecimento importador, posto
que o fato gerador do tributo se relaciona com operações sobre “produtos industrializados”
e não com a “industrialização” em si.

d) A não cumulatividade, de observância obrigatória no IPI, dá-se por período (e não por
produto), dentre de um sistema de débitos e créditos, devendo estes últimos serem físicos,
reais e condicionados à ulterior saída tributada.

e) A arrematação de produto industrializado, quando apreendido ou levado a leilão, não


configura fato gerador do IPI.

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, acerca das receitas públicas, assinalando a única assertiva incorreta.

a) Receita Pública pode ser definida como a entrada que, integrando-se ao patrimônio
público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o
seu vulto, como elemento novo e positivo.

b) Receita corrente líquida corresponde somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos os juros da dívida pública.

c) As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento
da que as deva receber.

d) A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de


caixa durante o exercício financeiro, podendo ser realizada somente a partir do décimo dia
do início do exercício, devendo ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o
dia dez de dezembro de cada ano.

e) As receitas, conforme a categoria econômica, são classificadas como Receitas Correntes


e Receitas de Capital, sendo exemplos destas, respectivamente, as receitas tributárias e o
superávit do Orçamento Corrente.

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9. Acerca da despesa pública, julgue os itens a seguir:

I. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o


Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

II. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência
com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

III. Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços


anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação
de bens imóveis.

IV. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento


da despesa será acompanhado de (I) estimativa do impacto orçamentário-financeiro
no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; (II) declaração do
ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a
lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias; e (iii) o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultado fiscais previstas no anexo correspondente.

Estão corretos:

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Todos os itens estão corretos.

DIREITO ECONÔMICO

10. À luz das normas constitucionais que disciplinam a ordem econômica, julgue os itens a seguir,
assinalando a assertiva incorreta.

a) A livre iniciativa se constitui em fundamento da República Federativa do Brasil, além de


ser, também, fundamento da ordem econômica.

b) Isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas


físicas ou jurídicas são exemplos de incentivos regionais a serem concedidos pela União.

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c) O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar


o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia
tecnológica do País, nos termos de lei federal.

d) O transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos


de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem, constitui monopólio da União,
que não poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das referidas
atividades.

e) A concessão à determinada empresa de tratamento diferenciado conforme o impacto


ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação encontra
respaldo constitucional.

11. Julgue os itens a seguir, à luz das normas constitucionais e legais que regem a defesa da
concorrência no Brasil:

I. Os desequilíbrios da concorrência podem ser prevenidos mediante critérios especiais


de tributação, a serem estabelecidos por meio de Lei Complementar, sem prejuízo da
competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

II. A Lei nº 12.529/2011, que reestruturou o sistema brasileiro de defesa da concorrência,


aplica-se, sem prejuízo de convenções e tratados de que seja signatário o Brasil, às práticas
cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou possam
produzir efeitos, reputando-se domiciliada no território nacional a empresa estrangeira que
opere ou tenha no Brasil filial, agência, sucursal, escritório, estabelecimento, agente ou
representante.

III. Dentre as vedações estabelecidas ao Presidente e aos Conselheiros do Cade não está o
exercício de profissão liberal.

IV. Inexiste, na legislação antitruste, previsão de majoração de pena pecuniária quando o


autor da conduta for Procurador Federal.

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

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e) Todos os itens estão corretos.

DIREITO ADMINISTRATIVO

12. Acerca dos órgãos, assinale a alternativa correta:

a) O Ministério da Saúde constitui espécie de órgão independente.

b) No sistema jurídico brasileiro a natureza jurídica da relação entre o Estado e os agentes


por meio dos quais atua é explicada pela teoria do órgão.

c) Órgãos superiores são aqueles localizados na cúpula da Administração, abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Caracterizam-se pela ampla
autonomia administrativa, financeira e técnica, constituindo-se em órgãos diretivos, com
funções precípuas de planejamento, supervisão e controle das atividades que constituem
sua área de competência.

d) A câmara de vereadores possui personalidade jurídica, podendo demandar em juízo


para defender os seus direitos institucionais.

e) A existência de órgãos na administração indireta é admitida apenas por construção


doutrinária.

13. Acerca dos poderes administrativos, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa
correta:

I. Os poderes administrativos tem por característica a instrumentalidade.

II. O exercício dos poderes administrativos está condicionado aos limites legais e as
regras de competência, punindo-se eventuais abusos cometidos pelo agente público. Nesse
cenário, constituem espécies de abuso de poder: o excesso de poder, quando embora
o agente atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando uma finalidade
diversa daquela para a qual foi concebido; e o desvio de poder, quando o agente excede os
limites da competência estabelecida em lei.

III. Embora goze dos atributos da discricionariedade e da coercibilidade, a doutrina


majoritária entende que o poder de polícia não pode ser autoexecutório.

IV. São espécies de poderes do Estado o regulamentar, o hierárquico, o disciplinar, e o


poder de polícia.

V. Para ser sujeito de poder disciplinar o agente deve estar na intimidade da Administração.

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a) Somente os itens I, III e V estão corretos.

b) Somente os itens IV e V estão corretos.

c) Somente o item III está incorreto

d) Somente os itens I e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

14. Acerca dos atos administrativos, assinale o item correto:

a) A revogação se caracteriza pela extinção de um ato administrativo inválido, ou de seus


efeitos, através de outro ato administrativo, por razões de conveniência e oportunidade,
respeitados os efeitos já produzidos pelo ato revogado.

b) A executoriedade constitui forma de exteriorização do atributo da autoexecutoriedade


do ato administrativo, e se constitui na possibilidade de exigir a prática do ato administrativo
independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção indireta.

c) O ato administrativo de concessão de licença de funcionamento a determinado hotel,


que posteriormente modifica a finalidade do empreendimento sem comunicação ao Poder
Público, passando a funcionar como casa de espetáculos, pode ser extinto por meio do
instituto da cassação.

d) Os avisos constituem espécies de atos administrativos ordinatórios, expedidos pelos


órgãos auxiliares do Poder Executivo, geralmente ligados à atividade fim do órgão.

e) Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos insanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.

15. Acerca do processo administrativo disciplinar, assinale o item correto:

a) Não se admite, em qualquer situação, a ampliação do espectro de acusação durante a


tramitação do Processo Administrativo Disciplinar, ainda que por conta de fatos novos, sob
pena de violação ao devido processo legal.

b) A posterior alteração da capitulação legal da conduta em Processo Administrativo


Disciplinar, sem que seja aberto novo prazo para a defesa do acusado, inquina de nulidade
o processo.

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c) Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no


prazo legal. A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo
para a defesa. Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo deverá
notificar a Defensoria Pública para que represente o acusado.

d) O excesso de prazo para conclusão do Processo Administrativo Disciplinar, em regra, é


causa de nulidade do processo.

e) O e-mail institucional utilizado pelo servidor público constitui ferramenta de trabalho


disponibilizada pela Administração Pública. Por conta disso, não constitui afronta à
Constituição o uso de informações contidas em e-mail institucional do servidor como prova
em Processo Administrativo Disciplinar.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. A respeito das missões e agentes diplomáticos, assinale a alternativa incorreta:

a) Os direitos e emolumentos que a missão diplomática perceba em razão da prática de


atos oficiais estarão isentos de todos os impostos ou taxas.

b) A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção


que os locais da missão diplomática.

c) A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta


da jurisdição do Estado acreditante.

d) O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes


diplomáticos de forma expressa ou tácita.

e) O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais,


nacionais, regionais ou municipais, com exceção, entre outros, dos impostos indiretos que
estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços.

17. Quanto às regras referentes ao pessoal de serviço consular, assinale a alternativa correta:

a) Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto


em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente.

b) Os funcionários consulares e os empregados consulares estão sujeitos à jurisdição


das autoridades judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no
exercício das funções consulares.

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c) Os empregados e os membros do pessoal de serviço consular não são obrigados a depor


como testemunha em processos judiciais ou administrativos no Estado receptor.

d) Ao contrário dos agentes diplomáticos, os empregados e os membros do pessoal de


serviço consular não desfrutam de isenção de impostos e taxas.

e) É vedada a nomeação, por dois ou mais Estados, da mesma pessoa como funcionário
consular em um terceiro país.

18. Sobre a hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue os
seguintes itens:

I. Conforme disposição do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal, os tratados


internacionais que versem sobre direitos humanos e que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.

II. Até o momento, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência é o único tratado internacional de direitos humanos aprovado conforme as
regras do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal.

III. Segundo o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal, todos os tratados


internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil possuem status constitucional,
em razão da cláusula de abertura material do parágrafo 2º do artigo 5º da Constituição
Federal.

IV. Também conforme o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, os tratados


internacionais em geral desfrutam de hierarquia supralegal.

V. O Código Tributário Nacional é expresso ao afirmar que os tratados internacionais


revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes
sobrevenha.

Estão corretos apenas os itens:

a) I, III, IV e V.

b) I, II, e IV.

c) I, II e V.

d) III, IV e V.

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e) Todos os itens estão corretos.

19. Sobre o direito do Mercosul e o direito comunitário, assinale a alternativa correta:

a) As fontes do direito comunitário são divididas em direito comunitário originário, que


abrange os tratados constitutivos do processo de integração europeu, e direito comunitário
derivado, composto pelos protocolos assinados posteriormente e correspondentes a tais
tratados.

b) O direito comunitário rege-se pelo princípio da primazia das normas comunitárias sobre
o direito interno dos Estados membros da União Europeia.

c) O direito do Mercosul, como o direito comunitário, possui aplicabilidade imediata e


efeito direto.

d) Através do instituto do reenvio prejudicial o Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul


decide sobre a interpretação ou a validade do direito mercosulino quando acionado por
Corte nacional de um dos Estados membros do bloco.

e) As diretivas da União Europeia possuem efeito direto.

DIREITO EMPRESARIAL

20. Assinale a alternativa correta, à luz da legislação falimentar em vigor.

a) As disposições da Lei nº 11.101/2005 se aplicam às empresas públicas e às sociedades de


economia mista, quando estas estiverem explorando atividade econômica.

b) As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação


judicial, ressalvada a concessão de parcelamento, nos termos do Código Tributário Nacional
e da legislação ordinária específica.

c) Os credores do devedor em recuperação judicial não conservam seus direitos e privilégios


contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

d) O pedido de restituição realizado no processo falimentar não tem o condão de impedir


a alienação do bem. Nesse caso, verificada a alienação e em sendo procedente o pedido, a
restituição será feita em dinheiro.

e) Os contratos bilaterais do falido se resolvem pela decretação da falência.

21. Julgue os itens a seguir, acerca dos títulos de crédito:

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I. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva, conforme legislação de regência dos títulos de crédito, é quinquenal, a contar do
dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.

II. O aceite é obrigatório nas letras de câmbio, só podendo ser recusado nos casos
previstos em lei.

III. As cédulas de crédito não são passíveis de protesto.

IV. O endossante da letra de arrendamento mercantil responde, via de regra, pelo seu
pagamento.

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Todos os itens estão corretos.

DIREITO CIVIL

22. Sobre o bem de família, julgue as alternativas a seguir:

I. Diz-se bem de família o imóvel utilizado como residência decorrente de casamento ou


união estável, protegido por lei. Desta forma, não se admite a impenhorabilidade de imóvel
pertencente as pessoas solteiras, separadas ou viúvas.

II. O bem de família convencional, caso pretenda, deve ser instituído pelos cônjuges,
mediante escritura pública, testamento ou doação, e sua impenhorabilidade opera efeitos
retroativos, sendo excepcionada nos casos de dívidas decorrentes de obrigações de natureza
“propter rem”.

III. O bem de família voluntário é inalienável, razão pela qual a referida tutela é extinta
com a dissolução da sociedade conjugal. A referida proteção poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.

IV. IV. O bem de família legal alcança o imóvel locado, tutelando os bens móveis quitados
que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário. É legítima a penhora
de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.

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V. V. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido, para execução de hipoteca
sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.

a) I, III e V, estão incorretas.

b) II, IV e V, estão incorretas.

c) I, II e V, estão incorretas.

d) III, IV e V, estão incorretas.

e) I, II e III, estão incorretas.

23. Sobre o contrato de compra e venda, assinale a alternativa correta.

a) Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio


de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Logo, trata-se de um contrato
translativo, mas que por si só não gera a transmissão da propriedade.

b) O contrato de compra e venda tem como elementos constitutivos as partes, a coisa e


o preço, quanto a este não se admite a utilização de tabelamento como critério para sua
fixação, uma vez que o preço deve ser previamente estabelecido.

c) É nula a venda de ascendente a descendente, sendo de quatro anos o prazo para


anulação do negócio jurídico, salvo, consentimento dos demais descendentes e do cônjuge
do alienante, quanto a este, dispensa-se o consentimento se o regime for de comunhão
parcial de bens.

d) É possível a inserção de cláusula de retrovenda na alienação de coisa móvel e imóvel. A


propriedade do comprador é resolúvel pelo prazo de três anos, como regra, admitindo-se
estipulação por tempo superior, livremente pactuado pelas partes.

e) Segundo a cláusula de venda com reserva domínio, a propriedade do comprador é


resolúvel, uma vez que está condicionada ao pagamento integral do preço. No entanto,
o risco da coisa perece para o dono – “res perit domino”. O vendedor somente poderá
executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora.

24. Sobre o inadimplemento das obrigações, julgue as alternativas a seguir:

I. Pode-se dizer que o Direito brasileiro admite como conteúdo do inadimplemento a


violação positiva do contrato, o pagamento incompleto ou defeituoso, o inadimplemento

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relativo e o inadimplemento absoluto.

II. Entende-se por mora “ex re” aquela que se caracteriza quando não há termo final para
cumprimento da obrigação assumida. A mora “ex persona” ocorre quando a obrigação for
positiva, líquida e com termo para cumprimento.

III. A teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito


de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da
preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social
do contrato.

IV. Os juros são frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização do capital alheio.
Podem ser legais ou convencionais, moratórios ou compensatórios. No caso de mora “ex
re” os juros moratórios têm como termo “a quo” para sua incidência a data da citação.

V. Estipulada arras confirmatórias tem a função de confirmar a avença, salvo acordo das
partes prevendo direito de arrependimento. As arras penitenciais têm caráter indenizatório
e asseguram às partes o direito à indenização suplementar.

a) I e II estão corretos.

b) I e IV estão corretos.

c) III e V estão corretos.

d) II e IV estão corretos.

e) I e III estão corretos.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Sobre o instituto da fraude à execução, é incorreto afirmar:

a) Dentre outras hipóteses, considera-se em fraude de execução, sendo ainda tipificada


como ato atentatório à dignidade da Justiça, a alienação ou oneração de bens quando, ao
tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à
insolvência.

b) Em regra, a litispendência, que ocorre com a citação válida do executado, é requisito


para o reconhecimento da fraude à execução.

c) O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento

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da execução para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro


de outros bens sujeitos à penhora ou arresto, presumindo-se em fraude de execução a
alienação ou oneração de bens realizada após a referida averbação.

d) O entendimento consagrado na Súmula nº 375 do STJ, segundo a qual reconhecimento


da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-
fé do terceiro adquirente, não se aplica na execução fiscal de crédito tributário.

e) Inexistindo registro da penhora ou mesmo a averbação comprobatória do ajuizamento


da execução, descabe ao credor alegar a ocorrência de fraude de execução, postulando a
ineficácia da alienação, salvo na hipótese de execução de crédito tributário regularmente
inscrito em dívida ativa.

26. Julgue os itens a seguir:

I. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência


dominante do respectivo Tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o
relator poderá dar provimento ao recurso.

II. Da decisão que encerra o pedido de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento.

III. A sentença concessiva de mandado de segurança, apesar de submeter ao reexame


necessário, pode ser, como regra, provisoriamente executada.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Somente o item II está correto.

c) Somente os itens I e II estão corretos.

d) Somente os itens II e III estão corretos.

e) Somente o item III está correto.

27. Julgue os itens a seguir:

I. Não há impedimento constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários


advocatícios, quando não excederem ao valor limite, possam ser executados mediante RPV,
ainda que o crédito dito “principal” observe o regime dos precatórios.

II. É desnecessária nova citação da Fazenda Pública por ocasião da exigibilidade de


sentença que impõe obrigação de fazer.

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III. Não cabe a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios


nas execuções por quantia certa não embargadas, caso o exequente renuncie parte de seu
crédito para viabilizar o recebimento do remanescente por requisição de pequeno valor
(RPV).

IV. Não se conhece do recurso, ainda que da União, quando não satisfeita uma das condições
para sua interposição, como o depósito de multa por litigância de má-fé decorrente de
agravo.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Somente os itens I, III e IV estão corretos.

c) Somente os itens I e IV estão corretos.

d) Somente os itens II e III estão corretos.

e) Somente os itens I e III estão corretos.

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre o crime de furto, julgue as alternativas a seguir.

I. “A” furta a carteira de “B”, em seguida “C” furta a carteira que “A” tinha furtado de “B”,
desta forma, não há o crime de furto, pois “B” não era proprietário do bem subtraído.

II. Segundo o STF e o STJ o furto consuma-se quando a coisa subtraída sai da esfera de
proteção e disponibilidade da vítima, passando para o poder do agente, ainda que por um
curto espaço de tempo, e independe de deslocamento e de posse mansa e pacífica.

III. A energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa
móvel, portanto, é típica a conduta de efetuar ligação clandestina de sinal de TV à cabo.

IV. “A” a pretexto de auxiliar “B”, senhor de idade e com dificuldades em operar terminal
de caixa eletrônico, apossa-se do cartão magnético da vítima, trocando-o por outro. Neste
caso, “A” não comente o crime de furto, mas estelionato mediante fraude.

V. Configura o crime de furto qualificado pela fraude a subtração mediante a realização


de “saques via internet” ou transferência de valores entre contas correntes sem autorização
do seu titular.

a) I, III e IV, estão incorretas.

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b) II, IV e V, estão incorretas.

c) I, II e V, estão incorretas.

d) III, IV e V, estão incorretas.

e) I, II e III, estão incorretas.

29. Sobre os crimes praticados contra a Administração Pública, assinale a alternativa correta.

a) O crime de corrupção passiva consiste em oferecer ou prometer vantagem indevida a


funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

b) O crime de advocacia administrativa consiste em patrocinar, direta ou indiretamente,


interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

c) O crime de concussão consiste em exigir, para si ou para outrem, tributo ou contribuição


social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.

d) O crime de condescendência criminosa consiste em deixar o funcionário, por indulgência,


de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

e) O crime de desobediência consiste em opor-se à execução de ato legal, mediante


violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio.

30. Sobre a competência no processo penal, julgue as alternativas a seguir:

I. A ilegitimidade da parte, “ad causam” ou “ad processum”, bem como a ilegitimidade


do seu representante, são causas de nulidade absoluta.

II. Segundo o princípio da causalidade, a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.

III. A falta ou nulidade de citação não poderá ser suprida pelo comparecimento da parte
que manifesta apenas para arguí-la.

IV. O impedimento e o suborno do magistrado são causas de nulidade absoluta.

V. Aplica-se o princípio segundo o qual não há nulidade por omissão de formalidade que

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só interesse à parte contrária.

a) I, II e III estão corretos.

b) I, II e IV estão corretos.

c) II, IV e V estão corretos.

d) II, III e IV estão corretos.

e) III, IV e V estão corretos.

DIREITO DO TRABALHO

31. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá
direito a férias, na seguinte proporção:

a) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 06 (cinco) vezes;

b) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 7 (seis) a 15 (quatorze) faltas;

c) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 16 (quinze) a 24 (vinte e três) faltas;

d) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 25 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.

e) Sem direito a férias, quando houver tido mais de 32 (trinta e duas) faltas.

32. Assinale a assertiva incorreta:

a) A ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso do prazo


do aviso prévio dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito às verbas
rescisórias de natureza indenizatória.

b) Em caso de dispensa sem justa causa, o obreiro possui direito às férias proporcionais,
ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses.

c) Em caso de dispensa por justa causa, o obreiro não faz jus às férias proporcionais.

d) É inválida a concessão do aviso prévio na fluência da garantia de emprego, ante a


incompatibilidade dos dois institutos.

e) Não é devido o aviso prévio na despedida indireta.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. Sobre os prazos na justiça do trabalho, assinale a assertiva incorreta:

a) Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação


for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo
se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente.

c) O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho


suspendem os prazos recursais.

d) No processo do trabalho, o início do prazo ocorre com a juntada do mandado cumprido.

e) Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem.


O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova
do destinatário.

34. Acerca dos recursos trabalhistas, assinale a assertiva incorreta:

a) Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas existentes no Código de


Processo Civil, relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos.

b) Sob pena de não conhecimento do recurso de revista, deve o recorrente indicar


expressamente o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso de revista.

c) O Agravo de Instrumento deve ser interposto diretamente ao juízo prolator da decisão


recorrida.

d) As decisões interlocutórias são irrecorríveis na justiça do trabalho.

e) O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível


apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

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a) A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - Cofins incide sobre as receitas


provenientes das operações de locação de bens móveis.

b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, o ICMS faz parte da base de cálculo do COFINS.

c) Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição


do PIS e da Cofins.

d) A contribuição ao PIS/PASEP não pode incidir sobre o faturamento, uma vez que teria a
mesma base de cálculo da COFINS.

e) Os juros e a correção monetária decorrentes de contratos de alienação de imóveis


realizados no exercício da atividade empresarial do contribuinte compõem a base de cálculo
da contribuição ao PIS e da COFINS.

36. Assinale a assertiva incorreta:

a) São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de


assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

b) Em caso de superveniência de lei que aumente os requisitos para usufruto da imunidade


das entidades beneficentes de assistência social, tais alterações não podem prejudicar
entidade que já tenha obtido Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social.

c) É constitucional a exigência de renovação periódica de Certificado de Entidade


Beneficente de Assistência Social, para fins de aferição da imunidade tributária das entidades
beneficentes de assistência social.

d) As contribuições para a seguridade social devidas pelo empregador, empresa ou


equiparado poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho.

e) É inconstitucional lei ordinária que regula a prescrição ou a decadência das contribuições


previdenciárias é constitucional.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca do poder constituinte, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa correta:

I. O Poder Constituinte Originário, responsável pela elaboração de uma nova ordem


constitucional, rompendo inteiramente com a anterior, pode ser subdividido em histórico,
quando relacionado ao triunfo de um novo direito, que pode se dar por golpe de estado,
quando o exercício do poder constituinte é usurpado pelo governante; ou por revolução
propriamente dita, também conhecida como insurreição, quando o poder constituinte é
exercido por um grupo externo aos poderes constituídos, como na Constituição de 1937.

II. A classificação do Poder Constituinte Supranacional é fundada na ideia de que a


titularidade do poder é do cidadão universal, e não do povo (como no poder constituinte
originário), e num conceito remodelado de soberania. O poder supranacional seria o
responsável pela criação de uma Constituição Supranacional Legítima, onde cada Estado
cederia parcela de sua soberania para que fosse criada.

III. Os ordenamentos jurídicos que possuem Constituições flexíveis são marcados pela
inexistência de um poder constituinte derivado reformador.

IV. De acordo com a corrente jusnaturalista, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
o poder constituinte originário não tem autonomia absoluta, sendo limitado pelas normas
de direito natural.

V. O Poder Constituinte Derivado Decorrente foi concedido às Assembleias Legislativas.

a) Somente os itens II, III, e V estão corretos.

b) Somente os itens III e V estão corretos.

c) Somente o item IV está incorreto.

d) Somente os itens I, II, e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

COMENTÁRIO

O erro do item “I” está na conceituação do poder constituinte originário histórico, o qual é o responsável

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pela elaboração da primeira constituição dentro de um Estado. O conceito dado no enunciado, na verdade,
reflete à subclassificação do poder constituinte originário revolucionário. Portanto, incorreto o item “I”.

O item “II” está correto, correspondendo ao conceito de poder constituinte supranacional. Segundo
Pedro Lenza, “o poder constituinte supranacional busca sua fonte de validade na cidadania universal,
no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de
soberania. Segundo Maurício Andreiuolo Rodrigues, agindo de fora para dentro, o poder constituinte
supranacional busca estabelecer uma Constituição supranacional legítima: faz as vezes do poder
constituinte porque cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que reorganiza a
estrutura de cada um dos Estados ou adere ao direito comunitário de viés supranacional por excelência,
com capacidade, inclusive, para submeter as diversas constituições nacionais ao seu poder supremo.
Da mesma forma, e em segundo lugar, é supranacional, porque se distingue do ordenamento positivo
interno assim como o do direito internacional”. (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.
Saraiva, São Paulo, 2014, 18ª ed. Pg. 229).

Com relação ao item “III”, lembrem que o Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo
originário, obedecendo aos regramentos impostos por ele. Ele pode ser classificado em reformador,
cuja característica é ser responsável pela modificação da Constituição através de um processo formal
de alteração. Na Constituição Federal de 1988, por exemplo, ele está presente no artigo 60, através das
emendas constitucionais. De outro norte, classificam-se como flexíveis as Constituições cujo processo
legislativo de modificação de seu texto é idêntico ao processo legislativo ordinário. Ou seja, o parlamento
tem uma função constituinte permanente, não havendo hierarquia entre a Constituição e as leis. Logo,
nas Constituições flexíveis há ausência de um poder constituinte derivado reformador. Correto o item “III”,
portanto.

Quanto ao item “IV”, o Poder Constituinte Originário é o responsável pela elaboração de uma nova
ordem constitucional, rompendo inteiramente com a anterior. Nesse cenário, ela goza dos atributos de ser
inicial (por instaurar uma nova ordem constitucional), autônomo (no sentido de que a nova Constituição
será estruturada autonomamente, pelo titular do poder), e ilimitado juridicamente (sem a necessidade
de observar limites impostos pelo direito anterior). Com efeito, segundo a corrente jusnaturalista, essa
autonomia não seria absoluta, sendo limitada pelas normas de direito natural. No entanto, o ordenamento
nacional adotou a corrente positivista, segundo a qual o poder constituinte originário é totalmente
ilimitado. Assim, incorreto o item “IV”.

Por fim, o item “V” está correto. O Poder Constituinte Derivado Decorrente é o responsável por elaborar
a Constituição dos Estados membros, e foi delegado expressamente às Assembleias Legislativas dos
Estados membros pelo art. 11 do ADCT:

Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os
princípios desta.

Sendo assim, estão certos os itens II, III, e V, sendo a alternativa “a” a correta.

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GABARITO: LETRA “A“

2. Acerca dos direitos e garantias fundamentais, assinale o item incorreto:

a) Embora não existam diferenças ontológicas entre os direitos fundamentais e os direitos


humanos, pode-se estabelecer uma diferença entre ambos quanto ao âmbito de previsão
de cada um. Nesse contexto, enquanto os direitos fundamentais estão positivados no cerne
de uma Constituição, os direitos humanos estão previstos em tratados internacionais.

b) Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos), que compreendem


as liberdades clássicas, negativas ou formais, realçam o princípio da liberdade, e os direitos
de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas, acentuam o princípio da igualdade, os direitos de
terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente
a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade, e constituem um
momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos
direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota
de uma essencial inexauribilidade.

c) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,


em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

d) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas


literárias ou audiovisuais, entretanto, é necessária a autorização de pessoas retratadas como
coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes.

e) Deve o Estado assegurar às presidiárias condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação.

COMENTÁRIO

O item “a” está correto. Tanto os direitos humanos quanto os direitos fundamentais são aqueles
indispensáveis a uma existência humana digna, salvaguardando o indivíduo face ao Estado, tais como a
vida, liberdade, igualdade, etc. Assim, pode-se afirmar que não existe diferença ontológica entre ambos,
de conteúdo, podendo ser diferenciados quanto ao âmbito de previsão. Enquanto os direitos humanos
estão positivados no plano internacional, os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados
numa Constituição.

Com relação ao item “b” ele está correto, consistindo em trecho da ementa do julgamento do MS nº
22.164 pelo STF. Com efeito, os direitos de primeira geração estão ligados ao Estado Liberal, ao valor
liberdade, diretamente ligado aos direitos civis e políticos, cujo foco é o indivíduo. Já os direitos de

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segunda geração estão ligados ao Estado Social, ao valor igualdade, diretamente ligado aos direitos
sociais, econômicos e culturais, cujo foco é o grupo social. Por fim, os direitos de terceira geração estão
ligados ao Estado Democrático de Direito, ao valor fraternidade, diretamente ligado aos direitos difusos,
ao progresso social e à paz, cujo foco é toda a humanidade. Ressalto que de acordo com alguns autores,
como Paulo Bonavides, pode-se citar ainda os direitos de quarta geração, resultado do fenômeno da
globalização política e do neoliberalismo, tais como o direito à democracia, à informação e ao pluralismo;
e os direitos de quinta geração, como transladação do direito à paz (de terceira geração), ligado à paz
mundial.

O item “c” está correto, de acordo com o art. 5º, §3º, da Constituição Federal.

Já o item “e” corresponde à redação do art. 5º, L, da Constituição Federal, estando também correto.

O item incorreto, portanto, é o “d”. No julgamento da ADI nº 4.815, entendeu o STF que é inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso
de pessoas falecidas ou ausentes.

Entendeu o STF que a Constituição asseguraria como direitos fundamentais a liberdade de pensamento
e de sua expressão, a liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e cultural; o direito
de acesso à informação e de pesquisa acadêmica, para o que a biografia seria fonte fecunda; e proíbe
a censura de qualquer natureza, não se podendo concebê-la de forma subliminar pelo Estado ou por
particular sobre o direito de outrem.

Entretanto, ressalvou que o exercício desse direito não tolhe eventual direito à reparação, que poderá
ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, ou de direito de resposta, por exemplo.

GABARITO: LETRA “D“

3. Acerca do Poder Judiciário, assinale o item correto:

a) É constitucional dispositivo da Constituição de um Estado membro ao definir que após a


escolha de Desembargador de lista tríplice para compor o Tribunal de Justiça daquele ente,
o nome do escolhido seja submetido à apreciação da Assembleia Legislativa.

b) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso ordinário, o crime político.

c) Compete ao STF processar e julgar, originariamente, as ações contra o Conselho Nacional


de Justiça, não abrangendo as decorrentes de decisões negativas deste órgão.

d) Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal e sociedade de economia mista forem interessadas

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na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes


de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

e) Pode o Conselho Nacional do Ministério Público declarar a inconstitucionalidade de


artigo de lei, desde que o faça quando julgar procedimento em controle administrativo de
sua competência.

COMENTÁRIO

O item “a” está incorreto de acordo com o julgado pelo STF na ADI nº 4.150. Segundo o Tribunal, o
procedimento para a escolha dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça está totalmente disciplinado
no art. 94 da Constituição Federal, que não prevê a participação do Poder Legislativo. Assim, não se
admite que sejam criadas novas etapas pela Constituição Estadual. Incorreto, portanto, o item “a”.

Com relação ao item “b”, a competência é do STF, nos termos do art. 102, II, “b”, da CF.

O item “d”, por sua vez, erra ao incluir na competência da Justiça Federal as causas envolvendo Sociedade
de Economia Mista.

Quanto ao item “e”, entendeu o STF no MS nº 27.774 que o Conselho Nacional do Ministério Público
não ostenta competência para efetuar controle de constitucionalidade de lei, posto consabido tratar-se
de órgão de natureza administrativa, cuja atribuição adstringe-se ao controle da legitimidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público Federal e Estadual. Portanto,
incorreto o item “e”.

O item correto é o “c”. Muito embora o STF tenha competência para processar e julgar, originariamente,
as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público (art. 102, I,
“r”), essa competência não abrange as ações decorrentes de decisões negativas destes órgãos. É o caso,
por exemplo, quando os órgãos se recusam de intervir em determinado procedimento, ou, então, que
reconhecem sua incompetência, sem manifestar entendimento sobre o tema colocado à apreciação (ou
seja, a decisão tem um conteúdo “negativo”). Nesses casos, a ausência de pronunciamento do órgão não
faz instaurar, para efeito de controle jurisdicional, a competência originária do STF.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Acerca do redirecionamento da execução fiscal em face do sócio-gerente/administrador


da pessoa jurídica executada, dispõe a Súmula nº 435 do STJ que “Presume-se dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos
órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.”
Acerca da correta interpretação e aplicabilidade de tal enunciado sumular, à luz da jurisprudência

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dominante, é incorreto afirmar:

a) O entendimento nela previsto também se aplica à execução de crédito não-tributário.

b) A responsabilidade do sócio-gerente, na hipótese, é solidária e pessoal.

c) A devolução, sem cumprimento, da carta citatória (AR) endereçada ao domicílio fiscal


da empresa, faz presumir a dissolução irregular desta, autorizando que se formule o pedido
de redirecionamento.

d) Em regra, o redirecionamento deve se dar em relação ao sócio com poderes de gerência


à época da dissolução irregular.

e) Em atenção ao princípio da “actio nata”, a prescrição para o redirecionamento em face


do corresponsável é interrompida quando da prolação do despacho ordenatório da citação
em face da executada originária.

COMENTÁRIO

Letra a. Correta. Conforme decidido recentemente pela 1ª Seção do STJ, tem-se que o fato de o débito ter
origem não-tributária não é impeditivo do redirecionamento da execução, uma vez presentes os indícios
da dissolução irregular da pessoa jurídica e o do descumprimento da legislação empresarial quanto ao
encerramento das atividades daquela:

Informativo n. 0547 Período: 8 de outubro de 2014, 1ª Seção

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL


DE DÍVIDA ATIVA NÃO-TRIBUTÁRIA CONTRA REPRESENTANTE LEGAL DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA EXECUTADA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento
de execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra o sócio-gerente da pessoa jurídica
executada, independentemente da existência de dolo. Na esteira do entendimento firmado
na Súmula 435 do STJ, a qual foi concebida no âmbito de execução fiscal de dívida tributária,
a dissolução irregular da sociedade empresária é causa suficiente para o redirecionamento da
execução fiscal contra o sócio-gerente. Isso porque o sócio-gerente tem o dever de manter
atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à localização da sociedade
empresária e a sua dissolução. Caso não proceda assim, ocorrerá presunção de ilícito, uma
vez que a ilicitude se dá justamente pela inobservância do rito próprio para a dissolução da
sociedade empresarial, nos termos das Leis 8.934/1994 e 11.101/2005 e dos arts. 1.033 a 1.038 e
1.102 a 1.112 do CC. Desse modo, é obrigação dos gestores das sociedades empresárias manter
atualizados os respectivos cadastros, incluindo os atos relativos à mudança de endereço dos
estabelecimentos e, especialmente, os referentes à dissolução da sociedade. Nessa linha

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intelectiva, não se pode conceber que a dissolução irregular da sociedade seja considerada
“infração à lei” para efeito do art. 135 do CTN e assim não seja para efeito do art. 10 do Decreto
3.078/1919. Aliás, cabe registrar que o art. 135, III, do CTN traz similar comando ao do art. 10
do referido Decreto, sendo que a única diferença entre eles é que, enquanto o CTN enfatiza
a exceção – a responsabilização dos sócios em situações excepcionais –, o Decreto enfatiza a
regra – a ausência de responsabilização dos sócios em situações regulares. Ademais, ambos
trazem a previsão de que os atos praticados em nome da sociedade com excesso de poder
(mandato), em violação a lei, contrato ou estatutos sociais ensejam a responsabilização dos
sócios perante terceiros (redirecionamento) e a própria sociedade da qual fazem parte, não
havendo em nenhum dos casos a exigência de dolo. Precedentes citados: REsp 697.108-MG,
Primeira Turma, DJe 13/5/2009; e AgRg no AREsp 8.509-SC, Segunda Turma, DJe 4/10/2011.
REsp 1.371.128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2014.

Letra b. Correta. O Superior Tribunal de Justiça, conforme noticiado em seu Informativo de Jurisprudência
nº 550, de 19 de novembro 2014, firmou posição no sentido de que a responsabilidade tributária oriunda
do art. 135 do CTN é pessoal e solidária, sem exclusão daquela do contribuinte originariamente obrigado,
senão vejamos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PERMANÊNCIA DA RESPONSABILIDADE DA


PESSOA JURÍDICA APESAR DO REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL PARA SÓCIO-
GERENTE.

Nos casos de dissolução irregular da sociedade empresária, o redirecionamento da Execução


Fiscal para o sócio-gerente não constitui causa de exclusão da responsabilidade tributária da
pessoa jurídica. O STJ possui entendimento consolidado de que “Os diretores não respondem
pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, mas respondem para
com esta e para com terceiros solidária e ilimitadamente pelo excesso de mandato e pelos
atos praticados com violação do estatuto ou lei” (EREsp 174.532-PR, Primeira Seção, DJe
20/8/2001). Isso, por si só, já seria suficiente para conduzir ao entendimento de que persiste a
responsabilidade da pessoa jurídica. Além disso, atente-se para o fato de que nada impede que
a Execução Fiscal seja promovida contra sujeitos distintos, por cumulação subjetiva em regime
de litisconsórcio. Com efeito, são distintas as causas que deram ensejo à responsabilidade
tributária e, por consequência, à definição do polo passivo da demanda: a) no caso da pessoa
jurídica, a responsabilidade decorre da concretização, no mundo material, dos elementos
integralmente previstos em abstrato na norma que define a hipótese de incidência do tributo;
b) em relação ao sócio-gerente, o “fato gerador” de sua responsabilidade, conforme acima
demonstrado, não é o simples inadimplemento da obrigação tributária, mas a dissolução
irregular (ato ilícito). Além do mais, não há sentido em concluir que a prática, pelo sócio-
gerente, de ato ilícito (dissolução irregular) constitui causa de exclusão da responsabilidade
tributária da pessoa jurídica, fundada em circunstância independente. Em primeiro lugar, porque
a legislação de Direito Material (CTN e legislação esparsa) não contém previsão legal nesse

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sentido. Ademais, a prática de ato ilícito imputável a um terceiro, posterior à ocorrência do fato
gerador, não afasta a inadimplência (que é imputável à pessoa jurídica, e não ao respectivo
sócio-gerente) nem anula ou invalida o surgimento da obrigação tributária e a constituição
do respectivo crédito, o qual, portanto, subsiste normalmente. Entender de modo diverso,
seria concluir que o ordenamento jurídico conteria a paradoxal previsão de que um ato ilícito
– dissolução irregular –, ao fim, implicaria permissão para a pessoa jurídica (beneficiária direta
da aludida dissolução) proceder ao arquivamento e ao registro de sua baixa societária, uma
vez que não mais subsistiria débito tributário a ela imputável, em detrimento de terceiros de
boa-fé (Fazenda Pública e demais credores). REsp 1.455.490-PR, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 26/8/2014.

A doutrina, quanto ao mais, já se posicionava nesse mesmo sentido:

A concepção de responsabilidade por ato ilícito exclui o caráter de subsidiariedade da obrigação


do infrator. Este deve responder imediatamente por sua infração, independentemente da
suficiência do patrimônio da pessoa jurídica. Eis o sentido de estar expresso no caput do art.
135 do CTN que são “pessoalmente responsáveis” os administradores infratores da lei. Dessa
forma, deve ser excluída a tese da responsabilidade subsidiária em sentido próprio. (…) A tese
da responsabilidade subsidiária – em sentido próprio – peca por ler implícito no art. 135 do
CTN a condição de “impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal
pelo contribuinte” (pessoa jurídica), condição esta que está expressa somente no art. 134 (…)
Por sua vez, a tese da responsabilidade por substituição, pessoal e exclusiva, peça por prever
implícito no art. 135 do CTN a desoneração da pessoa jurídica contribuinte, coisa que não está
dita nem insinuada nesse dispositivo legal. A desoneração do contribuinte não pode ocorrer
por obra de mera interpretação extensiva; demanda, rigorosamente, norma expressa nesse
sentido. Logo, não havendo qualquer preceito que afaste o dever da pessoa jurídica de pagar
o crédito tributário, continua ela com este dever, sem óbice para a exigência de pagamento
também do terceiro responsável (LOPES, Anselmo Henrique Cordeiro. A responsabilidade
tributária dos administradores. RFDT 36/155, nov-dez/08).

Letra c. Incorreta (gabarito), pois o retorno negativo da carta de citação expedida via AR não basta para
se presumir o encerramento irregular da pessoa jurídica, revelando-se imprescindível a certidão do Oficial
de Justiça atestando tal fato. Nesse sentido inclusive ato normativo interno da própria PGFN constante das
listas de dispensa de recorrer deste órgão:

Item 72 da Lista 2- (Temas definidos pelo STJ, em sede de jurisprudência reiterada e pacífica,
que dispensam a interposição de RESP) da Lista de JURISPRUDÊNCIA REITERADA E PACÍFICA,
DO STF E DO STJ, DESFAVORÁVEL À FAZENDA NACIONAL conforme o art. 2º da Portaria
PGFN nº 294/2010 Execução Fiscal. Dissolução Irregular da Sociedade. Redirecionamento.
Responsabilidade do sócio-gerente. Devolução de AR. A mera devolução do Aviso de
Recebimento (AR) sem cumprimento, não basta por si só, à caracterização de que a sociedade
foi irregularmente dissolvida, isto porque, não possui, o funcionário da Empresa de Correios e

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Telégrafos a fé pública necessária para admitir a devolução da correspondência como indício


de encerramento das atividades da empresa. Predecentes: REsp 1.074.497/SP, Resp 1.075.389/
SP, REsp 1.129.484/SP, REsp 1.075.130/SP OBSERVAÇÃO: ver Súmula 435/STJ. Observar que
a certidão do oficial de justiça é o instrumento hábil a comprovar o não funcionamento da
empresa no domicílio fiscal, e, assim, a subsidiar o pedido de redirecionamento em face da
sua dissolução irregular.

Letra d. Correta. A responsabilidade dos sócios-gerentes, senão pessoal, é ao menos solidária em relação
à pessoa jurídica por eles administrada, e a existência dessa condição (sócio-gerente/administrador) é
verificada, na linha do que dispõe o art. 135 do CTN, ao tempo do ilícito, que não é o mero inadimplemento
do tributo (=momento da ocorrência do fato gerador), mas sim a irregular extinção da empresa,
momento no qual o embargante figurava na condição de sócio-gerente. Admitir raciocínio inverso,
responsabilizando o sócio-gerente do tempo do fato gerador, implica na afronta ao disposto na Súmula
nº 430 do STJ, segundo a qual “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por
si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”.

Nessa linha é a Portaria PGFN nº 180, de 25/02/2010:

A PROCURADORA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso de suas atribuições, e tendo


em vista o disposto na Lei Nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, e
no art. 79, inciso VII, da Lei Nº 11.941, de 27 de maio de 2009,

RESOLVE:

Art. 1º - Para fins de responsabilização com base no inciso III do art. 135 da Lei Nº 5.172, de 25
de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, entende-se como responsável solidário o
sócio, pessoa física ou jurídica, ou o terceiro não sócio, que possua poderes de gerência sobre
a pessoa jurídica, independentemente da denominação conferida, à época da ocorrência do
fato gerador da obrigação tributária objeto de cobrança judicial.

Art. 2º - A inclusão do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União somente


ocorrerá após a declaração fundamentada da autoridade competente da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB) ou da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) acerca
da ocorrência de ao menos uma das quatro situações a seguir:

I - excesso de poderes;

II - infração à lei;

III - infração ao contrato social ou estatuto;

IV - dissolução irregular da pessoa jurídica.

Parágrafo único. Na hipótese de dissolução irregular da pessoa jurídica, os sócios-gerentes e


os terceiros não sócios com poderes de gerência à época da dissolução, bem como do fato

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gerador, deverão ser considerados responsáveis solidários. (ALTERADO)

Parágrafo único. Na hipótese de dissolução irregular da pessoa jurídica, deverão ser


considerados responsáveis solidários:

I - os sócios-gerentes e os terceiros não sócios com poderes de gerência à época da dissolução


irregular;

II - os sócios-gerentes e os terceiros não sócios com poderes de gerência à época da dissolução


irregular, bem como os à época do fato gerador, quando comprovado que a saída destes da
pessoa jurídica é fraudulenta. (REDAÇÃO DA PORTARIA PGFN N° 713, DE 14 DE OUTUBRO
DE 2011)

Art. 3º - Tratando-se de débitos junto à Seguridade Social, cujo fato gerador tenha ocorrido
antes da entrada em vigor da Medida Provisória Nº 449, de 3 de dezembro de 2008,
convertida na Lei Nº 11.941, de 27 de maio de 2009, o sócio de pessoa jurídica por cotas de
responsabilidade limitada, que estava nesta condição à época do fato gerador, será incluído
como responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União, independentemente da
comprovação de qualquer das situações previstas no art. 2º desta Portaria. (disposição acabou
revogada pela Portaria nº 1.242, de 02/12/2010, vide RE 562.276/PR)

Art. 4º - Após a inscrição em dívida ativa e antes do ajuizamento da execução fiscal, caso o
Procurador da Fazenda Nacional responsável constate a ocorrência de alguma das situações
previstas no art. 2º, deverá juntar aos autos documentos comprobatórios e, após, de forma
fundamentada, declará-las e inscrever o nome do responsável solidário no anexo II da Certidão
de Dívida Ativa da União

Art. 5º - Ajuizada a execução fiscal e não constando da Certidão de Dívida Ativa da


União o responsável solidário, o Procurador da Fazenda Nacional responsável, munido da
documentação comprobatória, deverá proceder à sua inclusão na referida certidão.

Parágrafo único. No caso de indeferimento judicial da inclusão prevista no caput, o Procurador


da Fazenda Nacional interporá recurso, desde que comprovada, nos autos judiciais, a ocorrência
de uma das hipóteses previstas no art. 2º desta Portaria.

Art. 6º - Ante a não comprovação, nos autos judiciais, das hipóteses previstas no art. 2º desta
Portaria, o Procurador da Fazenda Nacional responsável, não sendo o caso de prosseguimento
da execução fiscal contra o devedor principal ou outro codevedor, deverá requerer a suspensão
do feito por 90 (noventa) dias e diligenciar para produção de provas necessárias à inclusão
do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União, conforme disposto no art. 4º
desta Portaria.

Parágrafo único. Não logrando êxito na produção das provas a que se refere o caput, o
Procurador da Fazenda Nacional deverá requerer a suspensão do feito, nos termos do art. 40
da Lei Nº 6.830, de 22 de setembro de 1980.

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Art. 7º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Letra e. Correta. Embora o tema relativo à suposta contagem autônoma da prescrição para a exigência
do crédito em face do sócio-redirecionado não esteja pacificado na jurisprudência (pois pendente de
julgamento definitivo no âmbito do STJ no Resp 1201993/SP, afetado à sistemática dos recursos repetitivos),
é mais correto defender, na prova da PGFN, a posição exposta no enunciado da alternativa. A mesma
encontra guarida nos seguintes argumentos:

(i) O prazo prescricional tem-se por interrompido quando da prolação do despacho citatório também em
relação ao sócio-gerente. Isso porque, considerando ser ele responsável solidário com a pessoa jurídica
pelo débito fiscal (art. 135, CTN), aplicar-se-ia aí a regra do art. 125, III do CTN, segundo o qual:

Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:

(...)

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica


aos demais.

(ii) O instituto da prescrição pressupõe inércia da parte credora. Revela-se como medida punitiva para
o titular de pretensão que se mantém inerte por determinado lapso temporal, deixando de praticar
ato de sua incumbência para satisfação do seu direito. Sendo assim, a Fazenda exequente, que sempre
diligenciara nos autos buscando satisfazer o seu crédito, não poderá ser prejudicada pelo fato de que o
pressuposto autorizador do redirecionamento (=dissolução irregular da pessoa jurídica originariamente
executada) só veio a ocorrer ou ser constado no curso do processo. Até porque é de esperar que a
exequente, antes de mais nada, esgote todas as alternativas possíveis de cobrança em face do obrigado
originário, para só então postular a medida.

(iii) Como se iniciar a contagem do prazo prescricional se as circunstâncias materiais que a ele podem
dar ensejo sequer ocorreram? Ora, o redirecionamento somente pode ocorrer caso estejam configurados
todos os requisitos para fins de aplicação da norma de responsabilidade, sob pena de se iniciar a contagem
do prazo prescricional sem que o próprio direito ao redirecionamento exista, o que implicaria ofensa ao
princípio da actio nata. Em outras palavras, somente no momento em que verificada a irregular dissolução
da empresa executada é que surge para a exequente a possibilidade de se postular o redirecionamento
do executivo. Admitir raciocínio inverso é exigir do Fisco providência absolutamente inviável de ter sido
exercida anteriormente à constatação da ocorrência da infração legal ensejadora da corresponsabilidade
do sócio-gerente.

Nesse exato sentido são alguns dos precedentes do TRF4 (Tribunal junto ao qual eu atuo):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO.


DISSOLUÇÃO IRREGULAR. INDÍCIOS. SÚMULA Nº 435 DO STJ. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
ACTIO NATA. 1. É possível a responsabilização do administrador, no caso de dissolução
irregular da sociedade, consoante precedentes do STJ e desta Corte, na medida em que é

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seu dever, diante da paralisação definitiva das atividades da pessoa jurídica, promover-lhe a
regular liquidação. Não cumprido tal mister, nasce a presunção de apropriação indevida dos
bens da sociedade. 2. Na hipótese em tela, consta nos autos a certidão do oficial de justiça
atestando a inatividade da empresa executada. 3. Esta Corte vem decidindo que o início para
a contagem do prazo de prescrição para o redirecionamento, no caso da constatação da
dissolução irregular, dá-se no momento em que os indícios de encerramento das atividades
chegam aos autos. 4. O fundamento jurídico dessa interpretação assenta-se no fato de que
a prescrição objetiva não só garantir a segurança jurídica, mas também punir o credor que
permanece inerte e não busca satisfazer o seu crédito em tempo hábil. Razão pela qual o
início da prescrição vincula-se ao momento em que o credor pode exercer seu direito de
cobrar e não o faz por inércia, consoante consagrado pelo princípio da actio nata, ou seja,
no caso, quando da dissolução. 5. In casu, não há que se falar em prescrição intercorrente.
6. Agravo de instrumento desprovido. (TRF4, AG 5022914-96.2015.404.0000, Segunda Turma,
Relator p/ Acórdão Cláudia Maria Dadico, juntado aos autos em 05/08/2015)

TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA PESSOA JURÍDICA.


REDIRECIONAMENTO DO FEITO CONTRA O SÓCIO. PRESCRIÇÃO. 1. A citação da pessoa
jurídica interrompe a prescrição em relação aos sócios, consoante artigo 125, III, do CTN.
Todavia, para o redirecionamento da ação contra os sócios, deve-se considerar a existência -
ou não - de inércia do exequente no impulsionamento do feito, de acordo com o princípio da
actio nata, pois o Fisco não pode ser penalizado por não ter pleiteado o redirecionamento, sem
que isso tenha sido possível. 2. Tendo o pedido de redirecionamento sido realizado somente
após o transcurso de mais de sete anos da data em que certificada a dissolução irregular
da empresa executada, resta configurada a prescrição. (TRF4, AG 0002798-57.2015.404.0000,
Primeira Turma, Relator João Batista Lazzari, D.E. 04/08/2015).

GABARITO: LETRA “C“

5. Sobre a medida cautelar fiscal (Lei nº 8.397/92), julgue os itens a seguir:

I. A ação cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo, em ambos os casos,
ser proposta junto ao juízo da execução fiscal. Caso a execução judicial estiver em Tribunal,
será competente para conhecê-la o relator do recurso.

II. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública, sob pena de cessação da eficácia da mesma, propor a execução judicial
no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na
esfera administrativa. Admite-se, outrossim, que a indisponibilidade patrimonial decorrente
da cautelar fiscal alcance, preenchidos os requisitos legais, os sócios-gerentes da empresa
devedora.

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III. A concessão da medida cautelar fiscal pressupõe sempre crédito certo e devidamente
formalizado, seja pelo lançamento seja por declaração do contribuinte.

IV. O indeferimento da medida cautelar fiscal por compensação não obsta que a Fazenda
Pública intente a respectiva execução judicial da Dívida Ativa.

a) Os itens I e III estão corretos.

b) Os itens I e II estão corretos.

c) Os itens II e IV estão corretos.

d) Somente o item I está correto.

e) Os itens III e IV estão corretos.

COMENTÁRIO

Pessoal, da análise das provas passadas e do perfil da banca da PGFN, mostra-se importante conhecer os
temas e matérias específicas que geralmente são encontrados e trabalhados no cotidiano desta carreira,
como, p.ex., as leis de regência dos parcelamentos federais, o processo administrativo fiscal federal
(Decreto 70.235/72), as contribuições sociais, os impostos federais, etc. Dentre esses temas também se
encontra a medida cautelar fiscal, que é prevista na Lei nº 8.397/92, diploma este de fácil e rápida leitura.

Com fundamento nesta lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas
autarquias, como sujeitos ativos de obrigações tributárias, podem buscar acautelar os seus créditos
quando o sujeito passivo pratique atos que dificultem ou impeçam a sua satisfação. São casos como o do
devedor que se ausenta visando a elidir o adimplemento da obrigação, que põe ou tenta por seus bens
em nome de terceiros, que possui débitos superiores a 30% do seu patrimônio conhecido ou que tem sua
inscrição no cadastro de contribuinte declarada inapta pela Fazenda, dentre outros (art. 2º).

Item I. Correto. A medida cautelar fiscal pode ser intentada previamente à propositura da execução
fiscal (preparatória) ou mesmo no curso desta (incidental). Segundo o art. 1° da lei em comento “O
procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da
execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias”. Em qualquer caso, preparatória ou incidental, o juízo competente para a ação cautelar fiscal
é o mesmo da execução fiscal e, caso a execução fiscal esteja em Tribunal, será o relator do recurso:

Art. 5° A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Parágrafo único. Se a execução judicial estiver em Tribunal, será competente o relator do


recurso.

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Item II. Correto. A medida cautelar fiscal conserva sua eficácia mesmo que seja suspensa a exigibilidade
do crédito tributário; contudo, quando preparatória, perde sua eficácia se a execução não for ajuizada até,
no máximo, sessenta dias após o lançamento tornar-se irrecorrível na esfera administrativa:

Art. 11. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida Ativa no prazo de sessenta dias,
contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa.

Art. 12. A medida cautelar fiscal conserva a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na
pendência do processo de execução judicial da Dívida Ativa, mas pode, a qualquer tempo, ser
revogada ou modificada.

Parágrafo único. Salvo decisão em contrário, a medida cautelar fiscal conservará sua eficácia
durante o período de suspensão do crédito tributário ou não tributário.

Art. 13. Cessa a eficácia da medida cautelar fiscal:

I - se a Fazenda Pública não propuser a execução judicial da Dívida Ativa no prazo fixado no
art. 11 desta lei;

II - se não for executada dentro de trinta dias;

III - se for julgada extinta a execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública;

IV - se o requerido promover a quitação do débito que está sendo executado.

Parágrafo único. Se, por qualquer motivo, cessar a eficácia da medida, é defeso à Fazenda
Pública repetir o pedido pelo mesmo fundamento.

Por fim, anota-se que, desde que provado a presença dos requisitos do art. 135 do CTN (excesso de
mandato, infração à lei ou regulamento), podem os efeitos da cautelar fiscal alcançar os sócios-gerentes/
administradores da empresa devedora:

PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. MEDIDA CAUTELAR FISCAL. INDISPONIBILIDADE DOS BENS DOS


SÓCIOS INTEGRANTES DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO. LEI 8.397/92. RESPONSABILIDADE
TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EXCESSO DE MANDATO, INFRAÇÃO À LEI
OU AO REGULAMENTO.

1. É assente na Corte que o redirecionamento da execução fiscal, e seus consectários legais,


para o sócio-gerente da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu
com excesso de poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução
irregular da empresa.

2. Os requisitos necessários para a imputação da responsabilidade patrimonial secundária na


ação principal de execução são também exigidos na ação cautelar fiscal, posto acessória por
natureza.

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3. Medida cautelar fiscal que decretou a indisponibilidade de bens dos sócios integrantes do
Conselho de Administração da empresa devedora, com base no artigo 4º, da Lei 8.397/92.

4. Deveras, a aludida regra deve ser interpretada cum grano salis, em virtude da remansosa
jurisprudência do STJ acerca da responsabilidade tributária dos sócios.

5. Consectariamente, a indisponibilidade patrimonial, efeito imediato da decretação da medida


cautelar fiscal, somente pode ser estendida aos bens do acionista controlador e aos dos que
em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir
suas obrigações fiscais, desde que demonstrado que as obrigações tributárias resultaram
de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos
(responsabilidade pessoal), nos termos do artigo 135, do CTN. No caso de liquidação de
sociedade de pessoas, os sócios são “solidariamente” responsáveis (artigo 134, do CTN) nos
atos em que intervieram ou pelas omissões que lhes forem atribuídas.

6. Precedente da Corte no sentido de que: “(...) Não deve prevalecer, portanto, o disposto no
artigo 4º, § 2º, da Lei 8.397/92, ao estabelecer que, na concessão de medida cautelar fiscal, ‘a
indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qualquer
título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador’.
Em se tratando de responsabilidade subjetiva, é mister que lhe seja imputada a autoria do
ato ilegal, o que se mostra inviável quando o sócio sequer era administrador da sociedade à
época da ocorrência do fato gerador do débito tributário pendente de pagamento.(...)” (REsp
197278/AL, Relator Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ de 24.06.2002)

7. In casu, verifica-se que a decretação da indisponibilidade dos bens dos sócios baseou-se,
tão-somente, no fato de integrarem o Conselho de Administração da Olvepar S.A. - Indústria
e Comércio, “com competência para fiscalizar a gestão dos diretores, através de exame de
livros e documentos da sociedade, bem como, para solicitar informações sobre contratos
celebrados, incluindo-se o presente Contrato de Benefício Fiscal concedido à referida empresa
por intermédio do PRODEI (Programa de Desenvolvimento Industrial do Estado)”, o que
configura ofensa ao artigo 135, do CTN.

8. Ressalva do ponto de vista no sentido de que a ciência por parte do sócio-gerente do


inadimplemento dos tributos e contribuições, mercê do recolhimento de lucros e pro labore,
caracteriza, inequivocamente, ato ilícito, porquanto há conhecimento da lesão ao erário
público.

9. Recursos especiais providos.

(REsp 722.998/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/04/2006, DJ
28/04/2006, p. 272)

Item III. Incorreto. A ação cautelar fiscal pressupõe, via de regra, créditos tributários já constituídos (arts.
1º e 3º), ou seja, declarados pelo contribuinte ou lançados pelo Fisco. Há, contudo, duas hipóteses em

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que, excepcionalmente, o legislador admite o seu uso antes mesmo da constituição do crédito tributário
(parágrafo único do art. 1º), quais sejam: (I) a do contribuinte que põe seus bens em nome de terceiros e
(II) daquele que aliena bens ou direitos sem proceder à comunicação devida ao órgão da Fazenda Pública
na hipótese dos bens terem sido objeto de arrolamento administrativo.

Item IV. Incorreto, pois, se acolhida a alegação de compensação nos autos da cautelar fiscal, a Fazenda
Pública fica obstada de propor a execução fiscal, até porque aí presente causa extintiva do próprio crédito
tributário:

Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente
a execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no
procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação,
de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer
outra modalidade de extinção da pretensão deduzida.

Art. 16. Ressalvado o disposto no art. 15, a sentença proferida na medida cautelar fiscal não faz
coisa julgada, relativamente à execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.

GABARITO: LETRA “B“

6. Acerca do instituto da denúncia espontânea, é correto afirmar:

a) A denúncia espontânea deve ser realizada antes de qualquer procedimento administrativo


ou medida de fiscalização, sendo que, uma vez tempestivamente realizada, tem o condão
de afastar a responsabilidade pelo pagamento dos juros e da multa.

b) Embora a preexistência de inquérito policial não constitua procedimento apto a


descaracterizar, por si só, a denúncia espontânea, o procedimento de fiscalização que obsta
a denúncia espontânea não necessariamente precisa estar relacionado com a infração a ser
confessada.

c) O benefício da denúncia espontânea é incompatível, não afastando a correlata multa, no


caso da entrega intempestiva da declaração de imposto de renda.

d) A despeito de não se aplicar aos tributos sujeitos a lançamento por homologação,


regularmente declarados, mas pagos a destempo, a benesse da denúncia espontânea aplica-
se quando a confissão da dívida estiver acompanhada do seu pedido de parcelamento.

e) A exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea alcança apenas as multas


isoladas/de ofício, mas não as multas moratórias.

COMENTÁRIO

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Letra a. Incorreta. A denúncia espontânea consiste em instituto jurídico tributário que tem por objetivo
estimular o contribuinte infrator a tomar a iniciativa de se colocar em situação de regularidade, pagando
os tributos que omitira com afastamento da multa/penalidade. Preleciona o art. 138 do Código Tributário
Nacional:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada,


se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou depósito da importância
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Exemplificativamente: contribuinte que deixa de recolher o tributo no prazo devido, para valer-se do
benefício da denúncia espontânea, deverá confessar o fato, acompanhado do recolhimento com juros e
correção, para assim se ver livre da multa (moratória ou punitiva) que seria imposta por decorrência do
ilícito.

Anota-se que a responsabilidade pelos juros não é afastada pela denúncia espontânea. Muito pelo contrário,
a denúncia espontânea, para restar configurada, deve sempre estar acompanhada do pagamento do
valor histórico corrigido do débito, mais os juros incidentes. Isso porque os juros não têm natureza de
penalidade, senão indenizam a Fazenda pelo tempo em que ficara privada do capital.

Letra b. Incorreta na segunda parte, pois o procedimento de investigação a obstar a denúncia espontânea
deve se relacionar com a infração a ser investigada. Vale dizer, se a investigação for genérica e sem relação
com a infração a ser confessada, pode o contribuinte validamente fazer a denúncia espontânea desta
última, a qual não estará alcançada pela investigação fiscal. Com efeito, o parágrafo único, que afasta a
espontaneidade da denúncia, deve ser lido tendo em conta a disposição do art. 196 do CTN, tornando-se
necessária a lavratura de documento, pela autoridade fazendária, como forma de se evidenciar o início
da fiscalização. Se o fiscal documenta o termo inicial da fiscalização, a denúncia passa a ser provocada,
pois o contribuinte sabe que será apanhado e o ilícito será descoberto. Deste modo, salvo a existência
de convênio (que autorize a Fazenda de outro ente a apurar e lançar tributos de outrem), o fato de o
contribuinte estar sendo fiscalizado pelo agente fiscal estadual, não impede que ele faça a denúncia
espontânea relativamente a tributos municipais e/ou federais. Além do mais, a pré-existência de inquérito
policial, para apurar crime contra a ordem tributária, não afasta a espontaneidade da denúncia, conforme
se percebe do seguinte precedente:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.


PREEXISTÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO. AGRAVO NÃO
PROVIDO.

1. “Procedimento de fiscalização que obsta a denúncia espontânea não pode ser genérico, ao
contrário, tem de relacionar-se com a infração.” (MACÊDO, José Jayme de. “Código tributário
nacional: comentários, doutrina, jurisprudência”. São Paulo: Saraiva, 1998)

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2. A preexistência de inquérito policial não constitui procedimento apto a descaracterizar, por


si só, a denúncia espontânea.

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1156606/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA

Letra c. Correta, pois a denúncia espontânea não se aplica diante do descumprimento de obrigação
acessória:

2. O STJ firmou entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar
a multa decorrente recolhimento do tributo fora do prazo legal, já que os efeitos do art. 138
do CTN não se estendem às obrigações acessórias. (AgRg no AREsp 88.344/SP, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 07/02/2014)

TRIBUTÁRIO - DENÚNCIA ESPONTÂNEA - ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS EM


ATRASO - INCIDÊNCIA DO ART. 88 DA LEI Nº 8.981/95. A entrega intempestiva da declaração
de imposto de renda, depois da data limite fixada pela Receita Federal, amplamente divulgada
pelos meios de comunicação, constitui-se em infração formal, que nada tem a ver com a
infração substancial ou material de que trata o art. 138, do CTN. A par de existir expressa
previsão legal para punir o contribuinte desidioso (art. 88 da Lei 8.981/95), é de fácil inferência
que a Fazenda não pode ficar à disposição do contribuinte, não fazendo sentido que a
declaração possa ser entregue a qualquer tempo, segundo o arbítrio de cada um. Recurso
especial conhecido e provido. Decisão unânime. (REsp 243.241/RS, Rel. Ministro FRANCIULLI
NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/06/2000, DJ 21/08/2000, p. 114)

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR


HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTO DO MONTANTE DEVIDO COM ATRASO. DENÚNCIA
ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. INCIDÊNCIA DA MULTA MORATÓRIA. SÚMULA N.
168/STJ. 1. As Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ firmaram o entendimento de que
“a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega
da Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF)”. 2. Não se conhece de embargos
de divergência quando a controvérsia em relação à matéria resta superada pela Seção e o
acórdão recorrido encontra-se em consonância com a jurisprudência do Tribunal. Súmula
n.168/STJ. 3. Embargos de divergência não conhecidos. (EREsp 576.941/RS, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2005, DJ 02/05/2006, p. 243).

Assim, p.ex.: o termo final para apresentação da DIRPF é 30 de abril. Sujeito apresentou a declaração
em maio. Descumpriu, portanto, obrigação acessória (obrigação de apresentar declaração de bens e
rendimentos). Fisco impõe multa, de cento e poucos reais pela apresentação a destempo. Sujeito diz que
a multa é indevida pois apresentara denúncia espontânea, tendo em vista que o Fisco ainda não sabia
que ele não tinha apresentado a declaração (não houve ainda autuação/fiscalização por conta disso).
Sem razão o contribuinte na hipótese, pois, segundo a jurisprudência do STJ, a denúncia espontânea não

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é benefício aplicável ao descumprimento de obrigação acessória, vez que o descumprimento desta gera
a imposição da penalidade automaticamente.

Letra d. Incorreta na segunda parte, vez que a denúncia espontânea não se aplica tanto no caso de
tributos regularmente declarados mas pagos a destempo (Súmula nº 360 do STJ), quanto na hipótese de
a confissão de dívida estiver acompanhada do seu pedido de parcelamento.

Com efeito, tem-se que a denúncia espontânea é benefício tipicamente invocável em relação a tributos
sujeitos a lançamento por homologação, porque nesses casos a legislação impõe ao sujeito passivo
o dever de, uma vez ocorrido o fator, calcular o montante tributável e efetuar o recolhimento desse
montante aos cofres públicos, antes de qualquer atividade administrativa de liquidação do vínculo. O
lançamento, na hipótese, dar-se-á quando a administração homologar, expressa ou tacitamente, esse
procedimento. Nesse norte, o contribuinte que deixa de realizar essa providência imposta por lei (de
recolher antecipadamente o tributo) poderá fazer denúncia espontânea a qualquer tempo antes do início
da fiscalização, porque a administração ainda não apurou que ele não recolheu o valor devido.

E no caso em que a legislação imponha não apenas o pagamento antecipado, mas também a declaração
do montante a recolher (situação muito comum atualmente nos tributos federais)? Sujeito calcula quanto
deve, declara ao Fisco esse montante, mas não efetua os correlatos recolhimentos. Nesse caso, segundo
o STJ, o contribuinte não poderá se valer do benefício da denúncia espontânea, pois, uma vez declarado
o montante devido, não há mais que se falar na necessidade de lançamento para formalizar o crédito no
montante declarado (Súmula 436 do STJ), de modo que a penalidade aí já incidiu a partir do vencimento.

Com base nessa exegese que foi editada a Súmula nº 360 do STJ:

STJ, Súmula nº 360 – O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

Tal entendimento, em verdade, cria uma situação um pouco sui generis, pois se retira do contribuinte que
cumprira parcialmente as obrigações da norma tributária (= fez a declaração de débito, mas não realizou
o pagamento) um benefício que é mantido relativamente àquele que descumprira integralmente (= não
faz o pagamento e não faz a declaração de débito) os preceitos da legislação.

Por derradeiro, anota-se que o contribuinte que confessa o não pagamento de tributo e opta pelo
parcelamento, não faz jus ao benefício da denúncia espontânea:

Súmula nº 208 do extinto TFR – “A simples confissão da dívida, acompanhada do seu pedido
de parcelamento, não configura denúncia espontânea”.

TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO DE DÉBITO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.


RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC.

1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de parcelamento
de débito tributário.

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2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
8/2008 do STJ.

(REsp 1102577/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009,
DJe 18/05/2009)

Letra e. Incorreta. Havia quem em doutrina sustasse que a denúncia espontânea afastaria apenas a
multa punitiva, mas não a moratória. O STJ não concebe essa distinção entre multa punitiva e moratória:
multa é sanção, toda multa, portanto, tem caráter punitivo; igualmente, a multa incide em caráter do
cumprimento extemporâneo da obrigação, logo, toda multa é moratória. Destarte, a denúncia espontânea
afasta qualquer tipo de penalidade, tenha a nomenclatura que tiver, pois afasta a responsabilidade por
infração. Vale dizer, a denúncia espontânea exclui a responsabilidade tanto pela multa moratória como
pela multa de ofício.

GABARITO: LETRA “C“

7. Acerca do sobre imposto sobre produtos industrializados - IPI, da competência da União,


considerando a jurisprudência recente dos Tribunais Superiores, é correto afirmar:

a) Incide o IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio.

b) É constitucional o dispositivo legal que autoriza o Ministério da Fazenda, no uso de ser


poder normativo da atividade fiscalizatória, exigir e cobrar, a título de ressarcimento de
custos, pelo fornecimento do selo especial do IPI, o qual será de utilização obrigatória pelos
contribuintes, para fins de controle quantitativo, em produtos cujo controle a autoridade
fiscal entenda necessário.

c) Tem prevalecido o entendimento de que o IPI incide tanto no desembaraço aduaneiro da


mercadoria importada quanto na saída do produto do estabelecimento importador, posto
que o fato gerador do tributo se relaciona com operações sobre “produtos industrializados”
e não com a “industrialização” em si.

d) A não cumulatividade, de observância obrigatória no IPI, dá-se por período (e não por
produto), dentre de um sistema de débitos e créditos, devendo estes últimos serem físicos,
reais e condicionados à ulterior saída tributada.

e) A arrematação de produto industrializado, quando apreendido ou levado a leilão, não


configura fato gerador do IPI.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta, tendo o STJ recentemente externado, pela sua Primeira Seção (recurso repetitivo),

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entendimento em sentido oposto, qual seja: de que o IPI não incide no desembaraço aduaneiro de
veículo importado por pessoa física para uso próprio:

Primeira Seção

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE INCIDIR IPI NA IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO PARA


USO PRÓPRIO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). Não incide
IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso próprio.
Isso porque o fato gerador da incidência do tributo é o exercício de atividade mercantil ou
assemelhada, quadro no qual não se encaixa o consumidor final que importa o veículo para
uso próprio e não para fins comerciais. Ademais, ainda que assim não fosse, a aplicação
do princípio da não cumulatividade afasta a incidência do IPI. Com efeito, segundo o art.
49 do CTN, o valor pago na operação imediatamente anterior deve ser abatido do mesmo
imposto em operação posterior. Ocorre que, no caso, por se tratar de importação feita por
consumidor final, esse abatimento não poderia ser realizado. Precedentes citados do STJ:
AgRg no AREsp 357.532-RS, Segunda Turma, DJe 18/9/2013; AgRg no AREsp 333.428-RS,
Segunda Turma, DJe 22/8/2013; AgRg no REsp 1.369.578-SC, Primeira Turma, DJe 12/6/2013;
e AgRg no AREsp 215.391-SC, Primeira Turma, DJe 21/6/2013. Precedentes citados do STF:
RE 550.170-SP AgR, Primeira Turma, DJe 3/8/2011; e RE 255.090-RS AgR, Segunda Turma,
DJe 7/10/2010. REsp 1.396.488-SC, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em
25/2/2015, DJe 17/3/2015 (Informativo 557).

Destaco que o STF é que vai acabar dando a palavra final sobre o tema no RE 723651/PR, cujo julgamento
encontra-se sobrestado por pedido de vista do Min. Roberto Barroso (Informativo nº 768/2014). Vale
acompanhar o desfecho desse julgamento!

Letra b. Incorreta. O art. 46 da Lei 4.502/64 atribui dever aos contribuintes de IPI, consistente na aplicação
de selo especial sobre produtos industrializados, para fins de controle quantitativo = obrigação tributária
acessória (obrigação de fazer). Trata-se do chamado “selo oficial”, cuja emissão, embora gratuita na sua
origem, passou a ser cobrada conforme disposto no art. 298 do RIPI (regulamento do IPI), a título de
ressarcimento de custo e demais encargos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. SELO DE CONTROLE DE IPI. NATUREZA JURÍDICA.


OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REFLEXO PECUNIÁRIO NO CUSTO DE PRODUÇÃO. INCLUSÃO NA
BASE DE CÁLCULO DO ICMS. 1. A ausência de debate, na instância recorrida, dos dispositivos
legais cuja violação se alega no recurso especial atrai a incidência da Súmula 282/STF. 2. A
aquisição de selo para controle do IPI tem natureza jurídica de obrigação acessória, porquanto
visa a facilitar a fiscalização e arrecadação do tributo principal, conforme previsão contida no
artigo 113, § 2º, do CTN. A cobrança pela confecção e fornecimento dos selos, amparada pelo
Decreto-Lei 1.437/75, nada mais é do que o ressarcimento aos cofres públicos do seu custo,
não configurando taxa ou preço público. Precedente: REsp 836277, 1ª Turma, Min. Francisco
Falcão, DJ de 20.09.07 3. O custo com a aquisição dos selos de controle de IPI, portanto,

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integra o preço final da mercadoria comercializada e, dessa forma, está compreendido no


“valor da operação”, que vem a ser a base de cálculo do ICMS, nos termos do art. 13, § 1º, da LC
87/96. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (REsp 732.617/
MG, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/04/2009, DJe
28/09/2009)

Ocorre que o STF, no RE 662.113, entendeu pela inconstitucionalidade do art. 3º do Decreto-Lei nº 1.437/75
(correspondente do art. 298 do RIPI), por ofensa ao princípio da legalidade estrita, quando transfere a
agente do Estado – Ministro da Fazenda – a definição do ressarcimento de custo e demais encargos
relativos ao selo especial ali previsto:

IPI – SELO DE QUALIDADE – NATUREZA – LEI Nº 4.502/64 E DECRETO-LEI Nº 1.437/75 –


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – DELEGAÇÃO – ARTIGOS 150, INCISO I, e 25 DA CARTA
FEDERAL. Ante o princípio da legalidade estrita, surge inconstitucional o artigo 3º do Decreto-
Lei nº 1.437/75 no que transferida a agente do Estado – Ministro da Fazenda – a definição do
ressarcimento de custo e demais encargos relativos ao selo especial previsto, sob o ângulo
da gratuidade, no artigo 46 da Lei nº 4.502/64. (RE 662113, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 2/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-067 DIVULG 03-04-2014
PUBLIC 04-04-2014).

Letra c. Incorreta, vez que o enunciado espelha posição que parece ter sido superada no âmbito do STJ
(embora se encontrem alguns julgados mais antigos das Turmas no sentido da assertiva da questão). O
mais recente entendimento da Seção do STJ quanto ao tema é o seguinte, inadmitindo a dupla incidência
do tributo (no desembaraço aduaneiro e na saída do estabelecimento importador):

Primeira Seção

DIREITO TRIBUTÁRIO. FATO GERADOR DO IPI NAS OPERAÇÕES DE COMERCIALIZAÇÃO, NO


MERCADO INTERNO, DE PRODUTOS DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. Havendo incidência
do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira (art. 46, I, do
CTN), não é possível nova cobrança do tributo na saída do produto do estabelecimento do
importador (arts. 46, II, e 51, parágrafo único, do CTN), salvo se, entre o desembaraço aduaneiro
e a saída do estabelecimento do importador, o produto tiver sido objeto de uma das formas
de industrialização (art. 46, parágrafo único, do CTN). A norma do parágrafo único do art.
46 do CTN constitui a essência do fato gerador do IPI. A teor dela, o tributo não incide sobre
o acréscimo embutido em cada um dos estágios da circulação de produtos industrializados.
O IPI incide apenas sobre o montante que, na operação tributada, tenha resultado da
industrialização, assim considerada qualquer operação que importe na alteração da natureza,
funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, ressalvadas as exceções
legais. De outro modo, coincidiriam os fatos geradores do IPI e do ICMS. Consequentemente,
os incisos I e II do caput do art. 46 do CTN são excludentes, salvo se, entre o desembaraço
aduaneiro e a saída do estabelecimento do importador, o produto tiver sido objeto de uma

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das formas de industrialização. EREsp 1.411.749-PR, Rel. originário Min. Sérgio Kukina, Rel. para
acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 11/6/2014, DJe 18/12/2014. (Informativo n. 553).

Letra d. Correta (gabarito). No IPI, a técnica da não cumulatividade, à semelhança do que ocorre no
ICMS, decorre de mandamento constitucional expresso plasmado no art. 153, §3º, II da CF:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

(...)

IV - produtos industrializados;

(...)

§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o


montante cobrado nas anteriores.

Com efeito, sendo imposto sobre produtos industrializados típico caso de tributo que incide sobre diversas
fases da cadeia produtiva, nada mais natural que se busque evitar a tributação em cascata, prática esta
que oneraria sobremaneira os agentes econômicos produtores e também o próprio consumidor final (isso
porque o IPI é tributo do tipo indireto, de modo que o ônus econômico da incidência acaba por repercutir
no adquirente último da cadeia produtiva).

O modus operandi de como opera a não cumulatividade é delineado pelo legislador em âmbito
infraconstitucional (art. 49 do CTN e o art. 25 da Lei nº 4.502/64). Atualmente, o tema vai também
disciplinado no regulamento do IPI, o chamado RIPI, baixado pelo Decreto nº 7.212/2010. Evidente que o
candidato – inclusive aquele da PGFN - não precisa decorar ou mesmo ler o referido ato normativo, até
porque dispõe ele de mais de 600 artigos, fora os respectivos anexos. Cito, contudo, à guia de ilustração
do até aqui dito, o que dispõe o art. 225 do RIPI:

Não Cumulatividade do Imposto

Art. 225. A não cumulatividade é efetivada pelo sistema de crédito do imposto relativo a
produtos entrados no estabelecimento do contribuinte, para ser abatido do que for devido
pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capítulo (Lei
nº 5.172, de 1966, art. 49).

§ 1º O direito ao crédito é também atribuído para anular o débito do imposto referente a


produtos saídos do estabelecimento e a este devolvidos ou retornados. § 2º Regem-se,
também, pelo sistema de crédito os valores escriturados a título de incentivo, bem como os
resultantes das situações indicadas no art. 240.

Ainda, elucidativos os seguintes ensinamentos:

A não cumulatividade do imposto se manifesta através da contabilização fiscal. As entradas

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de matérias-primas, produtos intermediários, insumos e embalagens ensejam crédito na


escrituração fiscal do contribuinte, ao passo que as saídas dos produtos tributados ensejam
débito. Apura-se o resultado do período e recolhe-se o tributo, se houver débito resultante,
ou transfere-se para o período seguinte o crédito, se o resultado for positivo. (...) A não
cumulatividade é por período, não por produto. Assim, pouco importa que os insumos que
ingressaram no estabelecimento em determinado período não tenham saído, no mesmo
período, sob a forma de produto final. Em cada período de apuração, as entradas relevantes
geram crédito e as saídas, débito (RIPI, art. 163). O creditamento independe de prova ou
aferição do efetivo recolhimento do tributo na operação anterior. O importante é que o IPI
tenha sido destacado da nota. (LOPES, Mauro Rocha. p. 535)

O texto constitucional se refere à não cumulatividade, portanto, como instrumento que


enseja a compensação entre o montante devido a título de IPI e o montante já suportado
quando da incidência do IPI nas operações anteriores, mediante o sistema de creditamentos.
O industrial que adquire matéria-prima, produtos que se incorporarão ao seu produto final,
credita-se do IPI incidente naquelas operações, utilizando-se do seu crédito para abater do IPI
nas saídas de produtos industrializados. (...) Os créditos, assim escriturados, são disciplinados,
pelo Decreto 7.212/2010, sob a rubrica de “Créditos Básicos”, com o que restam distinguidos
dos demais créditos, cuja dedução do montante a ser pago também é autorizada, atinente
à devolução ou retorno de produtos, incentivos, crédito presumido e de outra natureza. O
creditamento independe do efetivo pagamento do montante devido na operação anterior.
O industrial adquirente credita-se do valor do IPI simplesmente destacado na Nota. (...)A
utilização dos créditos, diga-se, ainda, não está vinculada à saída da própria mercadoria em
que incorporado o insumo. Não se estabelece relação entre a entrada do insumo e a saída
do próprio produto final que o incorporou no processo de industrialização. Tal identidade é
irrelevante. Trabalha-se, sim, por períodos em que se faz o creditamento do IPI relativo a todos
os insumos, produtos intermediários e embalagens entrados no estabelecimento, procedendo
à compensação com o IPI devido pela saída de produtos finais no mesmo período. (...) Quanto
às entradas ensejadoras de creditamento, vale repetir a lição de Ricardo Lobo Torres, adotada
pelo STF, no sentido de que os créditos “são físicos, reais e condicionados”: “O crédito é físico
porque decorre do imposto incidente na operação anterior sobre a mercadoria efetivamente
empregada no processo de industrialização. É real porque apenas o montante cobrado
(=incidente) nas operações anteriores dá direito ao abatimento, não nascendo o direito ao
crédito nas isenções ou não incidências. É condicionado à ulterior saída tributada, estornando-
se o crédito da entrada se houver desgravação na saída”. (Impostos federais, estaduais e
municipais. Leandro Paulsen e José Eduardo Soares de Melo. 8ª Ed. 2013. p. 101/104)

Letra e. Incorreta, pois tal hipótese, embora não efetivamente implementada na prática, configura, a
título de normas gerais (CTN), fato gerador do IPI, ex vi do art. 46 do CTN:

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato

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gerador:

I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;

III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou
o aperfeiçoe para o consumo.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, acerca das receitas públicas, assinalando a única assertiva incorreta.

a) Receita Pública pode ser definida como a entrada que, integrando-se ao patrimônio
público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o
seu vulto, como elemento novo e positivo.

b) Receita corrente líquida corresponde somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras
receitas também correntes, deduzidos os juros da dívida pública.

c) As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento
da que as deva receber.

d) A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de


caixa durante o exercício financeiro, podendo ser realizada somente a partir do décimo dia
do início do exercício, devendo ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o
dia dez de dezembro de cada ano.

e) As receitas, conforme a categoria econômica, são classificadas como Receitas Correntes


e Receitas de Capital, sendo exemplos destas, respectivamente, as receitas tributárias e o
superávit do Orçamento Corrente.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está correta, reproduzindo o famoso conceito de receita pública elaborado por Aliomar

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Baleeiro, citado por Harrison Leite em seu Manual de Direito Financeiro. Conforme o autor,

“Receita pública é o ingresso de numerário aos cofres públicos que servirá como fonte para
fazer face às despesas públicas. O conceito acima citado, se bem analisado, deixa clara a
diferença entre (i) os recursos que integram o patrimônio público, sem reservas, daqueles
que (ii) integram o patrimônio com reservas. Essa diferença é importante para separar receita
pública de ingresso público. Assim, enquanto a receita pública integra o patrimônio sem
reserva, não havendo qualquer necessidade de devolvê-lo em espécie, o ingresso público
é aquele recurso que poderá ser devolvido ao particular, visto que a sua entrada se deu
condicionada a um posterior levantamento”. (Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, 3ª
Ed., pág 136)

b) O enunciado está incorreto, pois, conforme o Art. 2º, inciso IV, da LRF, serão deduzidos, no cálculo da
receita corrente líquida, as seguintes rubricas:

-> Na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou
legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239
da Constituição;

-> Nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;

-> Na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira
citada no§ 9º do art. 201 da Constituição.

-> Ainda, conforme §2º do Art. 2º da LRF, “não serão considerados na receita corrente líquida
do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para
atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1º do art. 19” (despesas com pessoal, dos
referidos Estados, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV
do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19).

Por fim, não esquecer que a receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no
mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (Art. 2º, §3º, da LRF).

c) A assertiva está correta, à luz do Art. 6º, §1º, da Lei nº 4.320/64. O caput do Art. 6º, ao estabelecer
que todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer
deduções, traz o Princípio do Orçamento Bruto e:

Reforçando esse Princípio, o §1º do artigo estabelece o mecanismo de transferências entre os


entes públicos. Dessa forma, as cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir
a outra se incluirão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência e,
como receita, no orçamento da que as deva receber. É o caso do repasse constitucional
obrigatório dos impostos arrecadados pela União para os Estados. A União deverá constar em
seu orçamento tudo o que for arrecadado do imposto, sem descontar o que vai repassar para

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os Estados (Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa. Direito Financeiro: Lei nº
4.320/1964, 2ª Ed., 2014, págs 83/84).

d) A assertiva está correta, correspondendo ao teor do Art. 38, incisos I e II, da LRF. Segundo Ricardo
Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, operações de crédito por antecipação de receita são aquelas
“mediante as quais o ente público, para atender a insuficiências de caixa durante o exercício, obtém, junto
a instituições financeiras, valores nos montantes equivalentes ao que ingressará futuramente nos cofres
públicos a título de receitas previstas no orçamento” (Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar 101/2000,
2ª Ed., 2015, pág 218). Conforme os autores, acerca dos requisitos trazidos no enunciado, “impede-se,
com isto, que sejam tais dívidas transferidas para o próximo exercício financeiro, o que, na medida em que
traz em si o potencial de desequilibrar as contas públicas, divorcia-se da gestão responsável” (pág 219).

e) A assertiva está correta, conforme Art. 11, §§1º e 2º da Lei nº 4320/64.

Segundo Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, receitas correntes:

São resultantes da atividade própria da administração (Estado como agente arrecadador e


agente econômico), sendo por exclusão as não provenientes de alienação de bens e as não
definidas como de capital pela lei (Direito Financeiro: Lei nº 4.320/1964, 2ª Ed., 2014, pág 100).

Já as receitas de capital

São aquelas que geram movimentos contábeis tanto no ativo quanto no passivo. Destinam-
se, precipuamente, a fazer frente às despesas com investimentos, exigindo-se um sacrifício
patrimonial para serem obtidas (Direito Financeiro: Lei nº 4.320/1964, 2ª Ed., 2014, pág 104).

GABARITO: LETRA “B“

9. Acerca da despesa pública, julgue os itens a seguir:

I. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o


Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

II. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência
com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

III. Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços


anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação
de bens imóveis.

IV. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento


da despesa será acompanhado de (I) estimativa do impacto orçamentário-financeiro
no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; (II) declaração do
ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a

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lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias; e (iii) o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultado fiscais previstas no anexo correspondente.

Estão corretos:

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIO

I- O item está correto, correspondendo à previsão do Art. 58, caput, da Lei nº 4.320/64. No ponto, é
importante saber que:

-> O empenho constitui a primeira etapa da execução da despesa pública, sendo seguido da
liquidação e, finalmente, do pagamento;

-> Não esquecer, ainda, que, conforme o Art. 61 e seu parágrafo primeiro, pode ser dispensada a
emissão de nota de empenho, mas não o empenho em si.

II- O item está correto, conforme Art. 18, §2º, da Lei Complementar nº 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Segundo Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, “a expressão regime de competência
significa que a contabilização da despesa levará em consideração o exercício em que efetivamente realizada
esta. No dispositivo, equivale ao mês em referência, somado aos onze anteriores” (Responsabilidade
Fiscal: Lei Complementar 101/2000, 2ª Ed., 2015, pág. 149).

-> Não esquecer dos limites percentuais para gastos com despesa de pessoal, previstos nos incisos
do caput do Art. 19 da LRF, quais sejam: 50% para a União e 60% para Estados e Municípios, a
serem calculados com base na receita corrente líquida.

III- O item está correto, à luz do conceito trazido no Art. 12, §1º, da Lei nº 4.320/64. É importante ter em
mente que as despesas de custeio, a par das transferências correntes, são espécies do gênero DESPESAS
CORRENTES. Conforme Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, despesas correntes são:

Gastos improdutivos, que não implicam aumento de patrimônio, ou seja, não enriquecem o
patrimônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado,
sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais e economicamente improdutivas (Direito
Financeiro: Lei nº 4.320/1964, 2ª Ed., 2014, pág 119).

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Já o conceito de transferência corrente pode ser encontrado no § 2º do Art. 12 da Lei nº 4.320/64,


segundo o qual “classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não
corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções
destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado”.

IV- A assertiva está errada, na medida em que o terceiro requisito apontado no enunciado como necessário
à criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa diz
respeito às despesas obrigatórias de caráter continuado (cuja execução se dê por um período superior
a dois exercícios), à luz do § 2º do Art. 17 da LRF. Assim, somente os dois primeiros requisitos listados
constam do Art. 16 da LRF.

No ponto, cabe anotar que:

O §3º excetua, de todas as exigências que vimos de expor, a criação, expansão ou


aperfeiçoamento de ação governamental que impliquem em aumento de despesa de pequena
monta. A definição de despesa irrelevante deverá ser haurida, segundo preconiza o dispositivo,
na lei de diretrizes orçamentárias. Tal exceção encontra sua fonte na racionalidade, na medida
em que fugiria aos ditames da razão a manutenção de tão graves exigências para despesas
qualificadas na própria lei como irrelevantes (Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar
101/2000, 2ª Ed., 2015, pág 136).

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

10. À luz das normas constitucionais que disciplinam a ordem econômica, julgue os itens a seguir,
assinalando a assertiva incorreta.

a) A livre iniciativa se constitui em fundamento da República Federativa do Brasil, além de


ser, também, fundamento da ordem econômica.

b) Isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas


físicas ou jurídicas são exemplos de incentivos regionais a serem concedidos pela União.

c) O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar


o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia
tecnológica do País, nos termos de lei federal.

d) O transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos


de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem, constitui monopólio da União,

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que não poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das referidas
atividades.

e) A concessão à determinada empresa de tratamento diferenciado conforme o impacto


ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação encontra
respaldo constitucional.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está correta. De fato, a livre iniciativa, além de ser fundamento da República Federativa do
Brasil (Art. 1º, IV, da CF), também representa fundamento da ordem econômica, conforme expressamente
previsto no caput do Art. 170 da CF. No dizer de Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa,

A livre iniciativa não mais se resume a um direito individual de caráter absoluto. Há de se


atentar à sua função social. Logo, abandona-se a ideia de um princípio dirigido ao Estado, que
deve se abster em relação ao particular. É possível que a intervenção do Estado seja necessária
justamente para evitar sua violação por parte de outro particular, que pode atuar mediante
abuso de seu poder econômico (Manual de Direito Econômico, 2015, pág. 133).

b) A assertiva está correta, à luz do Art. 43, §2º, III, da CF. Como exemplo da concretização da norma
do Art. 43 da CF, temos a instituição da Zona Franca de Manaus. Nesse contexto, a redação original do
caput do Art. 40 do ADCT estabeleceu a manutenção da Zona Franca de Manaus, criada pelo Decreto
288, do ano de 1967, pelo prazo de 25 anos, a contar da promulgação da Constituição. A recente Emenda
Constitucional n.º 83/2014 prorrogou o prazo de existência da Zona Franca de Manaus por mais cinquenta
anos. Notem que a Zona Franca de Manaus, conforme o Art. 1º do referido Decreto, é “uma área de livre
comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade
de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições
econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que
se encontram, os centros consumidores de seus produtos”.

c) A assertiva está correta, reproduzindo o teor do Art. 219 da CF. Trata-se de norma representativa da
constituição econômica material, ou seja: não está inserida em capítulo da Constituição destinado à
ordem econômica, mas reproduz norma esparsa com conteúdo de direito econômico.

d) A assertiva está incorreta, na medida em que o §1º do Art. 177 da CF autoriza a União a contratar
empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV do mesmo artigo. No
ponto, é importante saber que a referida autorização foi inserida através de Emenda Constitucional (EC
9/95), o que sinalizou o desejo do constituinte derivado de desconcentrar atividades que poderiam ser
repassadas a terceiros, evidenciado o Estado como agente regulador (as atividades podem ser repassadas
a terceiros desde que observadas as condições estabelecidas em lei).

e) A assertiva está correta, à luz do Art. 170, VI, da CF, segundo o qual a defesa do meio ambiente constitui
princípio da ordem econômica, que pode ser efetivado “inclusive mediante tratamento diferenciado

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conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e presta”.
Conforme explica Vicente Bagnoli,

A defesa do meio ambiente como princípio constitucional da ordem econômica implica na


limitação da propriedade privada, destacadamente industrial e agrícola, para que assim se
proteja um interesse maior, da coletividade [...] Exemplo típico é o empresário que inicia as
atividades de sua fábrica. Ele pode atuar livremente no mercado, produzir e comercializar
seus produtos, mas não pode poluir o ambiente. E poluindo, o Estado intervém em defesa do
interesse coletivo para aplicar multa à empresa e exigir a instalação de filtros nas chaminés da
fábrica (Direito Econômico, 6ª Ed., 2013, pág. 81).

GABARITO: LETRA “D“

11. Julgue os itens a seguir, à luz das normas constitucionais e legais que regem a defesa da
concorrência no Brasil:

I. Os desequilíbrios da concorrência podem ser prevenidos mediante critérios especiais


de tributação, a serem estabelecidos por meio de Lei Complementar, sem prejuízo da
competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

II. A Lei nº 12.529/2011, que reestruturou o sistema brasileiro de defesa da concorrência,


aplica-se, sem prejuízo de convenções e tratados de que seja signatário o Brasil, às práticas
cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou possam
produzir efeitos, reputando-se domiciliada no território nacional a empresa estrangeira que
opere ou tenha no Brasil filial, agência, sucursal, escritório, estabelecimento, agente ou
representante.

III. Dentre as vedações estabelecidas ao Presidente e aos Conselheiros do Cade não está o
exercício de profissão liberal.

IV. Inexiste, na legislação antitruste, previsão de majoração de pena pecuniária quando o


autor da conduta for Procurador Federal.

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Todos os itens estão corretos.

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COMENTÁRIO

I- O item está correto, correspondendo ao teor do Art. 146-A da Constituição. Trata-se, no caso, da
atribuição de finalidade extrafiscal aos tributos.

II- O item está correto, conforme Art. 2º, caput e §1º, da Lei nº 12.529/2011. No dizer de Fabiano Del
Masso,

Dessa maneira, a legislação brasileira leva em consideração o local da ação (atividade) ou dos
efeitos (resultados) das práticas restritivas. O texto do art. 2º da Lei 12.529/2011 é praticamente
o mesmo da Lei 8.884/1994, sem alterações de relevância. O legislador manteve a aplicação
da teoria dos efeitos para determinar a competência, de forma que algumas condutas podem
ser até mesmo praticadas em outros países, mas se aqui gerarem efeitos o SBDC poderá atuar
(Direito Econômico Esquematizado, 2ª Ed., 2013, pág 164).

III- O item está errado, pois, dentre as vedações estabelecidas para o Presidente e os Conselheiros do
Cade, está o exercício de profissão liberal (Art. 8º, II, da Lei nº 12.529/2011). Conforme o §3º do Art. 12 da
referida Lei, as mesmas vedações são aplicáveis ao Superintendente-Geral do Cade.

A inobservância das vedações previstas no Art. 8º, a par de decisão do Senado Federal, por provocação
do Presidente da República, ou em razão de condenação penal irrecorrível por crime doloso, ou de
processo disciplinar de conformidade com o que prevê a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e a Lei
nº 8.429, de 2 de junho de 1992, assim como a ausência a 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas, ou
20 (vinte) intercaladas, ressalvados os afastamentos temporários autorizados pelo Plenário, é causa de
perda do mandato do Presidente, dos Conselheiros e do Superintendente-Gera do Cade (Arts. 7º, caput
e parágrafo único, bem como Art. 12, § 3º, da Lei nº 12.529/2011).

IV- O item está incorreto. A lei antitruste, em seu Art. 44, ao prever as penas aplicáveis a “aquele que
prestar serviços ao Cade ou a Seae, a qualquer título, e que der causa, mesmo que por mera culpa, à
disseminação indevida de informação acerca de empresa, coberta por sigilo, será punível com multa
pecuniária de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sem prejuízo de abertura de outros
procedimentos cabíveis”, estabelece, em seu §1º, que “se o autor da disseminação indevida estiver servindo
o Cade em virtude de mandato, ou na qualidade de Procurador Federal ou Economista-Chefe, a multa
será em dobro”.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

12. Acerca dos órgãos, assinale a alternativa correta:

a) O Ministério da Saúde constitui espécie de órgão independente.

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b) No sistema jurídico brasileiro a natureza jurídica da relação entre o Estado e os agentes


por meio dos quais atua é explicada pela teoria do órgão.

c) Órgãos superiores são aqueles localizados na cúpula da Administração, abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Caracterizam-se pela ampla
autonomia administrativa, financeira e técnica, constituindo-se em órgãos diretivos, com
funções precípuas de planejamento, supervisão e controle das atividades que constituem
sua área de competência.

d) A câmara de vereadores possui personalidade jurídica, podendo demandar em juízo


para defender os seus direitos institucionais.

e) A existência de órgãos na administração indireta é admitida apenas por construção


doutrinária.

COMENTÁRIO

Com relação a alternativa “a”, o Ministério da Saúde, assim como os demais Ministérios, constitui espécie
de órgão autônomo, e não independente como afirmado. Portanto, incorreta a assertiva.

Já a alternativa “c” traz a definição de órgão autônomo, e não superior como afirmado. Assim, também
está incorreta.

Quanto a alternativa “d”, como se sabe, a Câmara Municipal constitui órgão público e como tal não possui
personalidade jurídica, pois não tem aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. Nada obstante,
reconhece-se aos órgãos públicos a personalidade judiciária, de modo que podem demandar em juízo
para defender seus direitos institucionais, quais sejam aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia,
e independência do órgão. Isso foi reconhecido pelo STJ no julgamento do REsp 1.164.017⁄PI. Atentem que
o tema foi objeto da recente súmula nº 525 do STJ, com o seguinte teor: A Câmara de vereadores não
possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais.

A alternativa “e” está incorreta, já que o art. 1º, §2º, I, da Lei 9.784/1999, é claro em admitir a existência de
órgãos tanto na administração direta quanto indireta:

Art. 1º (...)

§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura


da Administração indireta;

Por fim, a assertiva correta é a “b”. A teoria do órgão, cunhada pelo jurista alemão Otto Gierke, adotada
pela doutrina e jurisprudência, tem como principal característica o princípio da imputação volitiva. Segundo

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a teoria, o Estado manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da
pessoa jurídica, de forma que quando os agentes que atuam nos órgãos manifestam sua vontade, tem-se
que esta foi manifestada pelo próprio Estado.

GABARITO: LETRA “B“

13. Acerca dos poderes administrativos, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa
correta:

I. Os poderes administrativos tem por característica a instrumentalidade.

II. O exercício dos poderes administrativos está condicionado aos limites legais e as
regras de competência, punindo-se eventuais abusos cometidos pelo agente público. Nesse
cenário, constituem espécies de abuso de poder: o excesso de poder, quando embora
o agente atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando uma finalidade
diversa daquela para a qual foi concebido; e o desvio de poder, quando o agente excede os
limites da competência estabelecida em lei.

III. Embora goze dos atributos da discricionariedade e da coercibilidade, a doutrina


majoritária entende que o poder de polícia não pode ser autoexecutório.

IV. São espécies de poderes do Estado o regulamentar, o hierárquico, o disciplinar, e o


poder de polícia.

V. Para ser sujeito de poder disciplinar o agente deve estar na intimidade da Administração.

a) Somente os itens I, III e V estão corretos.

b) Somente os itens IV e V estão corretos.

c) Somente o item III está incorreto

d) Somente os itens I e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

COMENTÁRIO

Os poderes administrativos constituem prerrogativas conferidas à Administração para a consecução do


interesse público. Ou seja, não são poderes em si mesmo, mas instrumentos utilizados para a satisfação
do interesse público. Por isso a característica da instrumentalidade. Correto o item “I”, portanto.

O erro do item “II” está nos conceitos de excesso de poder e desvio de poder. Na verdade, o excesso de

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poder ocorre quando o agente excede os limites da competência estabelecida em lei, ao passo que o
desvio ocorre quando o agente embora atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando
uma finalidade diversa daquela para a qual foi concebido.

O item “III” está incorreto ao afastar a autoexecutoriedade como atributo do poder de polícia. Este goza
de três atributos principais (que alguns autores denominam de “características”): discricionariedade, que
constitui na liberdade da Administração, estabelecida em lei, de aplicar o poder de polícia diante do caso
concreto; autoexecutoriedade, que constitui na possibilidade da Administração exercer o poder de polícia
independente do poder judiciário; e coercibilidade, segundo a qual o ato praticado pela Administração no
exercício do poder de polícia deve ser obedecido, independente da vontade do administrado.

Muita atenção no item IV! Poderes do Estado são o executivo, o legislativo e o judiciário. Os citados
no item são poderes da Administração. Errar uma questão como essa é muito mais comum do que se
imagina, ainda mais quando o cansaço começa a bater após algumas horas de prova. Por isso, muita
atenção e foco durante toda a prova! Não se pode perder pontos como esse.

Por fim, no item “V”, o poder disciplinar constitui-se na possibilidade de aplicar sanção em razão da
prática de uma infração funcional. Ele está diretamente ligado ao exercício de uma infração funcional.
Deste modo, o exercício de função pública é condição para aplicação do poder disciplinar, só atingindo
aquele que estiver na prática deste múnus. Por isso, é correta a assertiva de que para ser sujeito de poder
disciplinar o agente deve estar na “intimidade” da Administração. Não é o que ocorre, por exemplo, a
um particular multado por infringir uma norma de trânsito. Essa manifestação não decorre do poder
disciplinar, mas do poder de polícia da Administração.

Sendo assim, somente os itens “I” e “V” estão corretos, estando correta a alternativa “d”.

GABARITO: LETRA “D“

14. Acerca dos atos administrativos, assinale o item correto:

a) A revogação se caracteriza pela extinção de um ato administrativo inválido, ou de seus


efeitos, através de outro ato administrativo, por razões de conveniência e oportunidade,
respeitados os efeitos já produzidos pelo ato revogado.

b) A executoriedade constitui forma de exteriorização do atributo da autoexecutoriedade


do ato administrativo, e se constitui na possibilidade de exigir a prática do ato administrativo
independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção indireta.

c) O ato administrativo de concessão de licença de funcionamento a determinado hotel,


que posteriormente modifica a finalidade do empreendimento sem comunicação ao Poder
Público, passando a funcionar como casa de espetáculos, pode ser extinto por meio do
instituto da cassação.

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d) Os avisos constituem espécies de atos administrativos ordinatórios, expedidos pelos


órgãos auxiliares do Poder Executivo, geralmente ligados à atividade fim do órgão.

e) Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos insanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.

COMENTÁRIO
O erro do item “a” está em afirmar que a revogação se caracteriza pela extinção de um ato administrativo
inválido. Quando o ato for inválido ela será objeto de anulação, e não de revogação, que pressupõe um
ato válido.

Com relação ao item “b”, o ato administrativo possui os atributos da presunção de veracidade/
legitimidade, tipicidade, imperatividade e autoexecutoriedade. Este último se constitui na possibilidade
de o administrador praticar o ato administrativo independente do Poder Judiciário. Alguns doutrinadores
trazem a seguinte subclassificação desse atributo: (i) exigibilidade, que é a possibilidade de exigir a prática
do ato administrativo independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção indireta, ou seja, o
Estado não pratica o ato em si, mas vale-se de meios indiretos para que o particular o faça (ex: multa
por estacionamento irregular); e (ii) executoriedade, que é a possibilidade de exigir a prática do ato
administrativo independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção direta, ou seja, o Estado
pratica o próprio ato (ex: remoção de carro estacionado na calçada dificultando a passagem de pedestres).
A característica descrita no item “b” se refere à exigibilidade, e não à executoriedade, como afirmado.
Portanto, incorreto o item.

No item “d”, embora correto o conceito de aviso, este não constitui espécie de ato administrativo ordinatório
(os quais são fundados no poder hierárquico, e endereçados aos servidores públicos vinculados àquele
que o expediu, produzindo efeitos dentro daquele órgão), mas espécie de ato administrativo normativo,
que expede comandos gerais e abstratos a todos os administrados que se encontrem na situação por eles
definida. Assim, está incorreto o item “d”.

O erro do item “e” está em afirmar que vícios insanáveis podem ser convalidados. Apenas vícios sanáveis
admitem convalidação. Nesse sentido é o art. 50 da Lei 9.784/1999.

Assim, o item correto é o “c”. A cassação se constitui em modalidade de extinção do ato administrativo por
ilegalidade superveniente, consistente no descumprimento dos requisitos impostos para sua concessão
por culpa do administrado. No exemplo dado no item “c”, o estabelecimento obteve do Poder Público
licença para funcionamento de hotel. A partir do momento que modifica a finalidade do empreendimento
sem comunicação ao Poder Público, está descumprindo os requisitos impostos para concessão da licença,
portanto pode ser extinto por meio da cassação.

GABARITO: LETRA “C“

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15. Acerca do processo administrativo disciplinar, assinale o item correto:

a) Não se admite, em qualquer situação, a ampliação do espectro de acusação durante a


tramitação do Processo Administrativo Disciplinar, ainda que por conta de fatos novos, sob
pena de violação ao devido processo legal.

b) A posterior alteração da capitulação legal da conduta em Processo Administrativo


Disciplinar, sem que seja aberto novo prazo para a defesa do acusado, inquina de nulidade
o processo.

c) Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no


prazo legal. A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo
para a defesa. Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo deverá
notificar a Defensoria Pública para que represente o acusado.

d) O excesso de prazo para conclusão do Processo Administrativo Disciplinar, em regra, é


causa de nulidade do processo.

e) O e-mail institucional utilizado pelo servidor público constitui ferramenta de trabalho


disponibilizada pela Administração Pública. Por conta disso, não constitui afronta à
Constituição o uso de informações contidas em e-mail institucional do servidor como prova
em Processo Administrativo Disciplinar.

COMENTÁRIO

Com relação ao item “a”, por conta do disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal, aplica-se ao
processo administrativo os princípios do contraditório e da ampla defesa. Assim, o acusado da prática de
ilícito administrativo deve ser notificado da instauração do processo disciplinar a fim de que exercite o seu
direito ao contraditório e à ampla defesa. Dentro desse cenário, se no decurso do processo administrativo
disciplinar forem conhecidos novos fatos ensejadores de responsabilidade disciplinar, não há nulidade
na ampliação do espectro de acusação desde que observados os seguintes requisitos: (i) observe-se o
contraditório e a ampla defesa; (ii) dê-se oportunidade aos acusados para se defenderem das condutas
imputadas e (iii) conste da indiciação os fatos detalhadamente descritos. Isso foi o que decidiu o STF
nos autos do RMS nº 24.526. Também nesse sentido é o Parecer AGU Nº GQ-55/1995, aprovado pelo
Advogado-Geral da União. Portanto, incorreto o item “a”.

Quanto ao item “b”, há precedentes do STF e do STJ no sentido de que o indiciado em Processo
Administrativo Disciplinar se defende dos fatos que lhe são imputados, e não de sua classificação legal,
de sorte que a posterior alteração da capitulação legal da conduta não tem o condão de inquinar de
nulidade o processo. Nesse sentido, vide STF MS nº 24.536 e RMS nº 25.910, e STJ MS nº 12.677, nº 14.045,
e nº 15.810.

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Nos termos que preconiza o art. 164, §2º, da Lei 8.112/1990, para defender o indiciado revel, a autoridade
instauradora do processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de
cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Portanto, incorreto o item “c”.

Conforme precedentes do STJ, em regra, o excesso de prazo para conclusão do Processo Administrativo
Disciplinar não é causa de nulidade quando não demonstrado nenhum prejuízo à defesa do servidor.
Nesse sentido, vide MS nº 20.747. Assim, incorreto o item “d”.

O item correto, portanto, é o “e”. Como justificativa, colaciono abaixo trecho do Manual de Processo
Administrativo Disciplinar da CGU:

O correio eletrônico ou e-mail institucional utilizado pelos servidores é uma ferramenta de


trabalho disponibilizada pela Administração Pública que poderá, ou não, ter seu uso discriminado
em normas internas do órgão.

Assim, não constitui afronta à primeira parte do Art. 5º, XII, CF o uso das informações contidas
no e-mail institucional do servidor, não se justificando a alegação de preservação de intimidade.
Isso se justifica em razão de o e-mail corporativo ter seu uso restrito a fins do trabalho, o que
confere à Administração o acesso a ele ou o seu monitoramento, sem que seja necessária
autorização judicial.

(...) entende-se que se o correio eletrônico de onde se retirou a prova é institucional, por ser ele
do serviço público e não privativo do servidor, a prova poderá ser utilizada.

Diferentemente do que foi exposto em linhas anteriores, no caso do e-mail de uso particular do
servidor, fornecido por provedor comercial de acesso à internet, a intimidade de suas informações
está assegurada constitucionalmente, sendo seus dados invioláveis pela Administração.

Ocorre que, havendo necessidade de utilização de informações provenientes do email privado


do servidor, para fins apuratórios, a disponibilização desses dados depende da autorização
judicial, conforme previsão da Lei nº 9.296/96, que, no parágrafo único do art. 1º, estende o
compartilhamento do sigilo à interceptação do fluxo das comunicações em sistemas de informática
(a exemplo do e-mail pessoal) e telemática (como modem e fac-símile). Daí ser aceito o mesmo
procedimento discriminado para as comunicações telefônicas para o compartilhamento do
sigilo desses fluxos de dados.

(Manual de Processo Administrativo Disciplinar, Controladoria-Geral da União (CGU). Brasília.


2015. p. 176).

Sendo assim, o item correto é o “e”.

GABARITO: LETRA “E“

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. A respeito das missões e agentes diplomáticos, assinale a alternativa incorreta:

a) Os direitos e emolumentos que a missão diplomática perceba em razão da prática de


atos oficiais estarão isentos de todos os impostos ou taxas.

b) A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção


que os locais da missão diplomática.

c) A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta


da jurisdição do Estado acreditante.

d) O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes


diplomáticos de forma expressa ou tácita.

e) O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais,


nacionais, regionais ou municipais, com exceção, entre outros, dos impostos indiretos que
estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços.

COMENTÁRIO

A questão é toda resolvida com base no texto da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de
1961.

As alternativas “a”, “b”, “c” e “e” estão corretas, pois de acordo com os artigos 28, 30, 31, parágrafo 4 e 34
da citada Convenção.

A alternativa incorreta, que deveria ser assinalada como resposta, é a da letra “d”. É que, em que pese o
Estado acreditante possa renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos, tal renúncia
só pode ser realizada de forma expressa, nos termos do parágrafo 2 do artigo 32 da Convenção sobre
Relações Diplomáticas.

GABARITO: LETRA “D“

17. Quanto às regras referentes ao pessoal de serviço consular, assinale a alternativa correta:

a) Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto


em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente.

b) Os funcionários consulares e os empregados consulares estão sujeitos à jurisdição


das autoridades judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no
exercício das funções consulares.

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c) Os empregados e os membros do pessoal de serviço consular não são obrigados a depor


como testemunha em processos judiciais ou administrativos no Estado receptor.

d) Ao contrário dos agentes diplomáticos, os empregados e os membros do pessoal de


serviço consular não desfrutam de isenção de impostos e taxas.

e) É vedada a nomeação, por dois ou mais Estados, da mesma pessoa como funcionário
consular em um terceiro país.

COMENTÁRIO

Outra questão que é toda resolvida com base em texto de norma internacional, desta feita a Convenção
de Viena sobre Relações Consulares de 1967.

Considerando que a última prova PFN/ESAF abordou assuntos tradicionais da matéria de direito
internacional público, faz-se necessário que os candidatos dominem e, sobretudo, saibam distinguir as
regras concernentes às relações diplomáticas das normas relativas às relações consulares. Por isso a
abordagem das duas Convenções de Viena sobre os temas.

A alternativa correta é a da letra “a”, que reproduz a regra do artigo 41, parágrafo 1, da Convenção sobre
Relações Consulares. Note-se que essa regra quanto à possiblidade de prisão dos funcionários consulares
contrasta com a norma do artigo 29 da Convenção sobre Relações Diplomáticas, que veda qualquer
forma de detenção ou prisão de agente diplomático. São essas as nuances importantes de se captar no
estudo das Convenções de Viena em tela.

No mais, os erros das demais alternativas são:

b) Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à jurisdição das autoridades
judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares
(artigo 43, parágrafo 1, da Convenção sobre Relações Consulares);

c) Conforme os parágrafos 1 e 3 do artigo 44 da Convenção sobre Relações Consulares, os empregados


e os membros do pessoal de serviço consular não podem se negar a depor como testemunha, exceto
quanto a fatos relacionados com o exercício de suas funções;

d) Os empregados e os membros do pessoal de serviço consular desfrutam de isenção de impostos e


taxas (artigo 49 da Convenção sobre Relações Consulares);

e) É possível que dois ou mais Estados nomeiem a mesma pessoa como funcionário consular em um
terceiro país, desde que com o consentimento desse último (artigo 18 da Convenção sobre Relações
Consulares).

GABARITO: LETRA “A“

18. Sobre a hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue os

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seguintes itens:

I. Conforme disposição do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal, os tratados


internacionais que versem sobre direitos humanos e que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.

II. Até o momento, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência é o único tratado internacional de direitos humanos aprovado conforme as
regras do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal.

III. Segundo o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal, todos os tratados


internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil possuem status constitucional,
em razão da cláusula de abertura material do parágrafo 2º do artigo 5º da Constituição
Federal.

IV. Também conforme o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, os tratados


internacionais em geral desfrutam de hierarquia supralegal.

V. O Código Tributário Nacional é expresso ao afirmar que os tratados internacionais


revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes
sobrevenha.

Estão corretos apenas os itens:

a) I, III, IV e V.

b) I, II, e IV.

c) I, II e V.

d) III, IV e V.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIO

O item I estava “de graça”. Trata-se da conhecidíssima redação do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição
Federal, incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Item correto.

O item II, igualmente fácil, também está correto. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência é mesmo o único caso, por enquanto, de tratado internacional de direitos humanos
aprovado nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição.

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Os itens III e IV versam sobre o atual entendimento do STF sobre a hierarquia dos tratados internacionais, de
direitos humanos ou não. Pois a partir do julgamento do RE 466.343/SP, a Suprema Corte brasileira passou
a sustentar o seguinte entendimento sobre o assunto: 1) os tratados que versem sobre direitos humanos
e tenham sido aprovados nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição têm hierarquia constitucional; 2) os
tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas não tenham sido aprovados nos termos
do art. 5º, § 3º, da CF/88, têm status supralegal; 3) os tratados internacionais em geral – fora os de direitos
humanos – estão no mesmo nível das leis ordinárias.

A partir daí, verifica-se que ambos os itens estão incorretos, sendo de se mencionar que a tese do status
constitucional de todos os tratados de direitos humanos, amparada na cláusula de abertura material dos
direitos fundamentais (art. 5º, § 2º, da CF/88) é defendida pela doutrina internacionalista e foi sustentada
pelo Ministro Celso de Mello, o qual, porém, restou vencido nesse ponto.

Por fim, o item V faz menção à redação literal do art. 98 do Código Tributário Nacional e, portanto, está
correto.

Assim sendo, deveria ser assinalada como resposta a letra “c”, pois estão corretos os itens I, II e V.

GABARITO: LETRA “C“

19. Sobre o direito do Mercosul e o direito comunitário, assinale a alternativa correta:

a) As fontes do direito comunitário são divididas em direito comunitário originário, que


abrange os tratados constitutivos do processo de integração europeu, e direito comunitário
derivado, composto pelos protocolos assinados posteriormente e correspondentes a tais
tratados.

b) O direito comunitário rege-se pelo princípio da primazia das normas comunitárias sobre
o direito interno dos Estados membros da União Europeia.

c) O direito do Mercosul, como o direito comunitário, possui aplicabilidade imediata e


efeito direto.

d) Através do instituto do reenvio prejudicial o Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul


decide sobre a interpretação ou a validade do direito mercosulino quando acionado por
Corte nacional de um dos Estados membros do bloco.

e) As diretivas da União Europeia possuem efeito direto.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está incorreta no que toca ao direito comunitário derivado, eis que, como leciona Paulo
Henrique Gonçalves Portela:

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O Direito Comunitário Originário abrange os tratados constitutivos da ordem comunitária e os


atos posteriormente firmados pelos Estados e é, portanto, fruto do esforço negociado dos entes
estatais que integram o bloco regional. Já o Direito Comunitário Derivado é composto pelos atos
jurídicos adotados pelas instituições comunitárias no exercício de suas funções. Compõe-se, por
exemplo, de regulamentos, diretivas, decisões, recomendações, pareceres, etc.1

A alternativa “b” está correta e era a resposta a ser assinalada. De fato, a primazia sobre o direito interno
é um dos princípios do direito comunitário. Sobre o assunto, Portela refere que:

O Direito Comunitário tem primazia frente ao Direito interno. Nesse sentido, suas normas
sempre devem prevalecer quando em conflito com as normas nacionais, ao contrário do Direito
Internacional clássico, dentro do qual tal primado depende das regras referentes à forma pela
qual os Estados incorporam os tratados às respectivas ordens internas.2

Incorreta a alternativa “c’, ao passo que no Mercosul, ao contrário da União Europeia, não vigoram os
princípios do efeito direto e da aplicabilidade imediata. A respeito, faz-se oportuna a transcrição da
didática ementa adotada pelo STF no julgamento da Carta Rogatória nº 8.279:

E M E N T A: MERCOSUL - CARTA ROGATÓRIA PASSIVA - DENEGAÇÃO DE EXEQUATUR


- PROTOCOLO DE MEDIDAS CAUTELARES (OURO PRET0/MG) - INAPLICABILIDADE,
POR RAZÕES DE ORDEM CIRCUNSTANCIAL - ATO INTERNACIONAL CUJO CICLO DE
INCORPORAÇÃO, AO DIREITO INTERNO DO BRASIL, AINDA NÃO SE ACHAVA CONCLUÍDO
À DATA DA DECISÃO DENEGATÓRIA DO EXEQUATUR, PROFERIDA PELO PRESIDENTE DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - RELAÇÕES ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL, O DIREITO
COMUNITÁRIO E O DIREITO NACIONAL DO BRASIL - PRINCÍPIOS DO EFEITO DIRETO E DA
APLICABILIDADE IMEDIATA - AUSÊNCIA DE SUA PREVISÃO NO SISTEMA CONSTITUCIONAL
BRASILEIRO - INEXISTÊNCIA DE CLÁUSULA GERAL DE RECEPÇÃO PLENA E AUTOMÁTICA DE
ATOS INTERNACIONAIS, MESMO DAQUELES FUNDADOS EM TRATADOS DE INTEGRAÇÃO
- RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. A RECEPÇÃO DOS TRATADOS OU CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS EM GERAL E DOS ACORDOS CELEBRADOS NO ÂMBITO DO MERCOSUL
ESTÁ SUJEITA À DISCIPLINA FIXADA NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. - A recepção de
acordos celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL está sujeita à mesma disciplina
constitucional que rege o processo de incorporação, à ordem positiva interna brasileira,
dos tratados ou convenções internacionais em geral. É, pois, na Constituição da República,
e não em instrumentos normativos de caráter internacional, que reside a definição do iter
procedimental pertinente à transposição, para o plano do direito positivo interno do Brasil,
dos tratados, convenções ou acordos - inclusive daqueles celebrados no contexto regional do
MERCOSUL - concluídos pelo Estado brasileiro. Precedente: ADI 1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO. - Embora desejável a adoção de mecanismos constitucionais diferenciados, cuja instituição
privilegie o processo de recepção dos atos, acordos, protocolos ou tratados celebrados pelo Brasil
1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 867.
2 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 869.

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no âmbito do MERCOSUL, esse é um tema que depende, essencialmente, quanto à sua solução,
de reforma do texto da Constituição brasileira, reclamando, em conseqüência, modificações de
jure constituendo. Enquanto não sobrevier essa necessária reforma constitucional, a questão da
vigência doméstica dos acordos celebrados sob a égide do MERCOSUL continuará sujeita ao
mesmo tratamento normativo que a Constituição brasileira dispensa aos tratados internacionais
em geral. PROCEDIMENTO CONSTITUCIONAL DE INCORPORAÇÃO DE CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS EM GERAL E DE TRATADOS DE INTEGRAÇÃO (MERCOSUL). - A recepção dos
tratados internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL
depende, para efeito de sua ulterior execução no plano interno, de uma sucessão causal e
ordenada de atos revestidos de caráter político-jurídico, assim definidos: (a) aprovação, pelo
Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b) ratificação desses
atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento; (c)
promulgação de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante decreto, em
ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos, essenciais à sua vigência doméstica:
(1) publicação oficial do texto do tratado e (2) executoriedade do ato de direito internacional
público, que passa, então - e somente então - a vincular e a obrigar no plano do direito positivo
interno. Precedentes. O SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO NÃO CONSAGRA O
PRINCÍPIO DO EFEITO DIRETO E NEM O POSTULADO DA APLICABILIDADE IMEDIATA
DOS TRATADOS OU CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. - A Constituição brasileira não
consagrou, em tema de convenções internacionais ou de tratados de integração, nem o princípio
do efeito direto, nem o postulado da aplicabilidade imediata. Isso significa, de jure constituto,
que, enquanto não se concluir o ciclo de sua transposição, para o direito interno, os
tratados internacionais e os acordos de integração, além de não poderem ser invocados,
desde logo, pelos particulares, no que se refere aos direitos e obrigações neles fundados
(princípio do efeito direto), também não poderão ser aplicados, imediatamente, no
âmbito doméstico do Estado brasileiro (postulado da aplicabilidade imediata). - O
princípio do efeito direto (aptidão de a norma internacional repercutir, desde logo, em
matéria de direitos e obrigações, na esfera jurídica dos particulares) e o postulado da
aplicabilidade imediata (que diz respeito à vigência automática da norma internacional
na ordem jurídica interna) traduzem diretrizes que não se acham consagradas e nem
positivadas no texto da Constituição da República, motivo pelo qual tais princípios não
podem ser invocados para legitimar a incidência, no plano do ordenamento doméstico
brasileiro, de qualquer convenção internacional, ainda que se cuide de tratado de
integração, enquanto não se concluírem os diversos ciclos que compõem o seu processo
de incorporação ao sistema de direito interno do Brasil. Magistério da doutrina. - Sob a
égide do modelo constitucional brasileiro, mesmo cuidando-se de tratados de integração, ainda
subsistem os clássicos mecanismos institucionais de recepção das convenções internacionais em
geral, não bastando, para afastá-los, a existência da norma inscrita no art. 4º, parágrafo único,
da Constituição da República, que possui conteúdo meramente programático e cujo sentido não

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torna dispensável a atuação dos instrumentos constitucionais de transposição, para a ordem


jurídica doméstica, dos acordos, protocolos e convenções celebrados pelo Brasil no âmbito do
MERCOSUL. (CR 8279 AgR/AT, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 17/06/1998
– grifei)

A alternativa “d” versa sobre o reenvio prejudicial, instituto pelo qual as jurisdições nacionais europeias
podem enviar ao Tribunal de Justiça da União Europeia questões sobre a interpretação ou a validade do
direito comunitário europeu. Tal instituto inexiste no âmbito do Mercosul, de forma que a assertiva está
errada.

Por fim, incorreta também a alternativa “e”, eis que as diretivas não repercutem imediatamente na esfera
jurídica dos particulares, tendo em vista que são direcionadas aos Estados, cabendo a esses escolher a
forma pela qual os objetivos veiculados nas diretivas serão atingidos. A respeito, a definição de diretiva
constante no site oficial da União Europeia:

Uma “directiva” é um acto legislativo que fixa um objectivo geral que todos os países da UE
devem alcançar. Todavia, cabe a cada país decidir dos meios para atingir esse objectivo. Foi o
caso, por exemplo, da directiva sobre a organização do tempo de trabalho, que estabelece que
é ilegal trabalhar um número excessivo de horas extraordinárias. A directiva prevê períodos
mínimos de descanso e períodos máximos de trabalho, mas cabe a cada país elaborar as suas
próprias leis sobre a forma como fazer respeitar esses períodos.3

GABARITO: LETRA “B“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

20. Assinale a alternativa correta, à luz da legislação falimentar em vigor.

a) As disposições da Lei nº 11.101/2005 se aplicam às empresas públicas e às sociedades de


economia mista, quando estas estiverem explorando atividade econômica.

b) As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação


judicial, ressalvada a concessão de parcelamento, nos termos do Código Tributário Nacional
e da legislação ordinária específica.

c) Os credores do devedor em recuperação judicial não conservam seus direitos e privilégios


contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

d) O pedido de restituição realizado no processo falimentar não tem o condão de impedir


a alienação do bem. Nesse caso, verificada a alienação e em sendo procedente o pedido, a

3 http://europa.eu/eu-law/decision-making/legal-acts/index_pt.htm

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restituição será feita em dinheiro.

e) Os contratos bilaterais do falido se resolvem pela decretação da falência.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está incorreta, porquanto o Art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 exclui sua aplicabilidade às
empresas públicas e sociedades de economia mista. Conforme esclarece André Luiz Santa Cruz Ramos,

Até a entrada em vigor da Lei nº 11.101/2005, estabeleceu-se certa polêmica acerca da submissão
ou não das empresas públicas e das sociedades de economia mista, quando exploradoras de
atividade econômica, ao regime jurídico falimentar até então regulado pelo Decreto-lei n
7.661/45. [...] A polêmica em foco, portanto, era alimentada, basicamente, pela disposição
normativa constante do art. 173, §1º, inciso III, da Constituição da República, que estabelece
a submissão das empresas públicas e das sociedades de economia mista que explorem
atividade econômica ao regime jurídico próprio das empresas privadas. [...] Ocorre que a
partir da vigência da Lei nº 11.101/2005 a discussão, se ainda existir, tem interesse meramente
acadêmico. Isso porque a lei, em seu art. 2º, I, expressamente determinou que ela não
se aplica a “empresa pública e sociedade de economia mista”, sem proceder a qualquer
distinção entre as prestadoras de serviços públicos e as exploradoras de atividade econômica.
(Lei de Falência e Recuperação de Empresas, 4ª Ed., 2015, págs 25/26)

b) A assertiva está correta, conforme §6º do Art. 7º da Lei nº 11.101/2005. No ponto, é importante
saber que, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento no sentido de que
“é atribuição exclusiva do Juízo universal da recuperação judicial apreciar atos de constrição contra a
empresa recuperanda, mesmo que tais atos constritivos sejam referentes a execuções fiscais” (André Luiz
Santa Cruz Ramos, Lei de Falência e Recuperação de Empresas, 4ª Ed., 2015, págs 25/26).

c) A assertiva está incorreta, pois o Art. 49, §1º, da Lei nº 11.101/2005, ressalva os direitos e privilégios
contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso do devedor em recuperação judicial: “assim,
por exemplo, a concessão da recuperação judicial não exime um fiador ou avalista quanto à garantia
que os mesmos prestaram ao devedor” (André Luiz Santa Cruz Ramos, Lei de Falência e Recuperação de
Empresas, 4ª Ed., 2015, pág 83).

d) A assertiva está errada, pois, conforme o Art. 91, caput, da Lei nº 11.101/2005, “o pedido de restituição
suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado.” Trata-se de medida de cautela, que
impede a alienação de bem sobre o qual pende decisão final acerca do pedido de restituição.

e) O item está errado, pois contraria o disposto no Art. 117 da Lei n.º 11.101, que não só estabelece que
os contratos bilaterais do falido não se resolvem pela falência, como também prevê a possibilidade de
seu cumprimento pelo administrador judicial, bem como o procedimento pelo qual o contratante poderá
interpelá-lo a fim de obter uma posição a esse respeito.

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GABARITO: LETRA “B“

21. Julgue os itens a seguir, acerca dos títulos de crédito:

I. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva, conforme legislação de regência dos títulos de crédito, é quinquenal, a contar do
dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.

II. O aceite é obrigatório nas letras de câmbio, só podendo ser recusado nos casos
previstos em lei.

III. As cédulas de crédito não são passíveis de protesto.

IV. O endossante da letra de arrendamento mercantil responde, via de regra, pelo seu
pagamento.

a) Nenhum item está correto.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIO

I- A assertiva corresponde, em parte, à Súmula nº 503 do STJ. Na ocasião, também foi aprovado o
enunciado de n.º 504, segundo o qual “o prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título”.

Ocorre, contudo, que a aplicação do prazo de prescrição quinquenal não decorre da legislação cambiária,
e sim da civilista. É dizer, o STJ se vale, nesses casos, da regra constante do Art. 206, §5º, do Código Civil,
segundo a qual: “Art. 206. Prescreve: [...] § 5º Em cinco anos: I – a pretensão de cobrança de dívidas
líquidas constantes de instrumento público ou particular.” Logo, incorreta a assertiva, na parte em que
atribui a regra, de forma equivocada, à legislação cambiária.

II- A assertiva está errada. Conforme as lições de Marlon Tomazette,

Nas letras de câmbio, o aceite não é obrigatório, isto é, o sacado tem a faculdade de aceitar ou
não a ordem que lhe foi dada. Sua simples indicação como sacado não lhe imputa qualquer
responsabilidade, cabendo a ele assumir ou não responsabilidade pelo pagamento do título.

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Mesmo que o sacador seja credor dele, ou tenha remetido dinheiro para ele, é o sacado que
escolhe se irá ou não responder pelo título. Caso o sacado dê o aceite, ele se torna devedor
principal e direto do título. Caso não dê o aceite, não surge qualquer obrigação de sua
parte, isto é, ele não integra a relação cambiária. Para o sacado, a recusa do aceite não gera
qualquer efeito. Todavia, a recusa do aceite gera o vencimento antecipado do título
(LUG – art. 43), vale dizer, a obrigação constante do título se tornará exigível imediatamente,
mesmo antes da data ali consignada (Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito, vol. 2,
4ª Ed., 2013).

A obrigatoriedade do aceite é, pois, característica das duplicatas (Art. 2º, §1º, VIII, da Lei nº 5.474/68).

III- Errada a assertiva, na medida em que:

As cédulas de crédito, como documentos de dívida que são, podem ser objeto de
protesto, mas apenas de protesto por falta de pagamento, não sendo possíveis os protestos
por falta de aceite ou por falta de devolução do título. Tal protesto representará apenas a
prova solene do não pagamento do título, seguindo as mesmas regras do regime cambial,
com uma única peculiaridade. Assim como na letra de câmbio, o protesto servirá para
interromper a prescrição (CC- art. 202), para configurar a impontualidade injustificada [...] e
servirá também para a inclusão do nome do devedor intimado no cadastro de inadimplentes.
Todavia, nas cédulas, o protesto não será necessário para a cobrança dos devedores
indiretos (Decreto-lei nº 167/67 – art. 60; Decreto-lei nº 413/69 – art. 52) e, por isso, não
há que se cogitar de prazo para a realização do protesto, cuja importância reside apenas
nesse efeito (Marlon Tomazette, Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito, vol. 2, 4ª Ed.,
2013, pág 333).

IV- A assertiva está errada, pois, conforme o §2º do Art. 2º da Lei nº 11.882/2008, “o endossante da
LAM não responde pelo seu pagamento, salvo estipulação em contrário.” Conforme ressalta André Luiz
Santa Cruz Ramos, trata-se de regra interessante, na medida em que “contraria a regra sobre endosso
prevista na Lei Uniforme, mas se coaduna com a regra sobre endosso prevista no art. 914 do Código Civil.”
Prossegue o autor concluindo que “o endosso da LAM, pois, tem o efeito de uma cessão civil de crédito”
(Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2012, pág 499).

GABARITO: LETRA “A“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

22. Sobre o bem de família, julgue as alternativas a seguir:

I. Diz-se bem de família o imóvel utilizado como residência decorrente de casamento ou


união estável, protegido por lei. Desta forma, não se admite a impenhorabilidade de imóvel

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pertencente as pessoas solteiras, separadas ou viúvas.

II. O bem de família convencional, caso pretenda, deve ser instituído pelos cônjuges,
mediante escritura pública, testamento ou doação, e sua impenhorabilidade opera efeitos
retroativos, sendo excepcionada nos casos de dívidas decorrentes de obrigações de natureza
“propter rem”.

III. O bem de família voluntário é inalienável, razão pela qual a referida tutela é extinta
com a dissolução da sociedade conjugal. A referida proteção poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.

IV. IV. O bem de família legal alcança o imóvel locado, tutelando os bens móveis quitados
que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário. É legítima a penhora
de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.

V. V. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido, para execução de hipoteca
sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.

a) I, III e V, estão incorretas.

b) II, IV e V, estão incorretas.

c) I, II e V, estão incorretas.

d) III, IV e V, estão incorretas.

e) I, II e III, estão incorretas.

COMENTÁRIO

O instituto do bem de família é disciplinado pelo Código Civil – arts. 1.711 a 1.722 [bem de família voluntário
ou convencional] e pela Lei n. 8.009/1990 [bem de família legal].

Nas palavras de 4Tartuce temos que:

“o bem de família pode ser conceituado como o imóvel utilizado como residência da entidade
familiar, decorrente de casamento, união estável, entidade monoparental, ou entidade de outra
origem, protegido por previsão legal específica”.

Nesse sentido, doutrina e jurisprudência, na luz do direito constitucional à moradia, previsto no art. 6º,
da Constituição Federal, têm ampliado o conceito de bem de família e a proteção daí resultante para
as mais diversas espécies de entidades familiares. Tanto que o STJ editou a Súmula de jurisprudência n.
4 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 159.

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364, segundo a qual: “o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.

Perceba-se que a tutela é destinada ao direito social de moral, razão por que alcança o cidadão que mora
sozinho, ou, a família unipessoal. Logo, o item “I” está incorreto.

O art. 1.711, do Código Civil, consigna os legitimados que podem optar pela constituição do bem de
família, são eles: (i) os cônjuges; (ii) a entidade familiar; e (iii) terceiros. São meios para instituição: a)
escritura pública ou testamento – cônjuges e entidade familiar; b) testamento ou doação – terceiros.
Portanto, o item “II” está incorreto.

O bem de família convencional “constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis” – art. 1.714,
do Código Civil, no local em que o mesmo está situado, passando a possuir eficácia erga omnes. Neste
caso, é irrelevante o valor do imóvel, de modo que não se aplica a norma prevista no art. 108, do Código
Civil, que dispensa a escritura pública nos negócios envolvendo imóveis com valor igual ou inferior a 30
salários mínimos.

Instituído o bem de família, este passa a ser “isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição”,
portanto, a impenhorabilidade opera efeitos para o futuro/ex nunc, salvo as dívidas “que provierem
de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio”, isto é, não alcança as obrigações de
natureza propter rem ou ambulatórias. [Art. 1.715, do Código Civil]. Portanto, o item “II” está incorreto.

“Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído,
poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que
o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público” – art. 1.719, do Código Civil. Disso
resulta que a inalienabilidade do bem de família é relativa, uma vez que a poderá ser alienado, mediante
consentimento dos interessados e de seus representantes legais, após oitiva do Ministério Público,
devendo o valor da venda ser destinado a aquisição de outro bem [sub-rogação], após manifestação do
Ministério Público.

O bem de família não será extinto em virtude da dissolução da união conjugal, nos termos do art. 1.721.
Ademais, perceba-se que o bem de família “durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes,
até que os filhos completem a maioridade” ­– art. 1.716, parte final, do Código Civil. Logo, o item “III” está
incorreto.

Por fim,

“o bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família”. Art.
1.712.

Antes de analisar a questão, é importante tecer alguns comentários sobre o bem de família legal, que foi
instituído no Brasil pela Lei n. 8.009/1990, e constitui a imposição de um patrimônio mínimo, considerando

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como “residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente”,
assegurando-lhe a impenhorabilidade, nos termos do seu art. 5º. Como se sabe, no nosso ordenamento
jurídico vige a regra da pluralidade de domicílios, nos termos do art. 71, do Código Civil, no entanto, “na
hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência,
a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no
Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil”. Assim, caso queira tutelar o bem mais valioso,
deve-se fazer uso do bem de família voluntário, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido
existente ao tempo da instituição” – art. 1.711, parte final, do Código Civil.

Pois bem, quanto ao imóvel locado, consigna o parágrafo único, art. 2º, da Lei n. 8.009/1990, que “no
caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência
e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. Ainda, destaco a Súmula 486
do STJ, segundo a qual “é impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família”.

Por fim, o STJ adotando a sistemática dos recursos repetitivos, entendeu que:

“é legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação,


ante o que dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990”.

Portanto, o item “IV” está correto.

As exceções à impenhorabilidade do bem de família legal estão previstas no art. 3º, da Lei n. 8.009/1990,
segundo o qual:

“art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: V - para execução de
hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar”.

Portanto, o item “V” está correto.

GABARITO: LETRA “E“

23. Sobre o contrato de compra e venda, assinale a alternativa correta.

a) Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio


de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Logo, trata-se de um contrato
translativo, mas que por si só não gera a transmissão da propriedade.

b) O contrato de compra e venda tem como elementos constitutivos as partes, a coisa e


o preço, quanto a este não se admite a utilização de tabelamento como critério para sua
fixação, uma vez que o preço deve ser previamente estabelecido.

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c) É nula a venda de ascendente a descendente, sendo de quatro anos o prazo para


anulação do negócio jurídico, salvo, consentimento dos demais descendentes e do cônjuge
do alienante, quanto a este, dispensa-se o consentimento se o regime for de comunhão
parcial de bens.

d) É possível a inserção de cláusula de retrovenda na alienação de coisa móvel e imóvel. A


propriedade do comprador é resolúvel pelo prazo de três anos, como regra, admitindo-se
estipulação por tempo superior, livremente pactuado pelas partes.

e) Segundo a cláusula de venda com reserva domínio, a propriedade do comprador é


resolúvel, uma vez que está condicionada ao pagamento integral do preço. No entanto,
o risco da coisa perece para o dono – “res perit domino”. O vendedor somente poderá
executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora.

COMENTÁRIO

Segundo o Código Civil, temos que “pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro” – art. 481. Disso resulta
que a obrigação principal do devedor é transferir o domínio da coisa, ao passo que a do comprador
é o preço. Dito em outras palavras, 5“o contrato é translativo no sentido de trazer como conteúdo a
referida transmissão, que se perfaz pela tradição nos casos que envolvem bens móveis, ou pelo registro, nas
hipóteses de bens imóveis”. O contrato de compra e venda traz o compromisso do vendedor em transmitir
a propriedade, a transmissão da propriedade somente se concretiza por meio da tradição (móveis)
e do registro (imóveis).

Portanto, a alternativa “A” está correta.

Segundo a doutrina clássica e contemporânea, os elementos do contrato de compra e venda são: a) as


partes – comprador e vendedor; capazes, sob pena de nulidade ou anulabilidade; consentimento livre
e espontâneo sobre a coisa e sobre o preço; no caso de vício de consentimento é anulável no prazo
de 4 anos – arts. 171, II c/c 178, I e II, do Código Civil; b) a coisa: lícita, determinada ou determinável
e alienável e de propriedade do vendedor, sob pena de caracterizar venda a non domino; c) o preço:
certo, determinado, em moeda corrente e pelo valor nominal – art. 315, do Código Civil – princípio do
nominalismo; como regra não pode ser expressado em ouro ou moeda estrangeira, pena de nulidade
absoluta; exceção – compra e venda internacional – Decreto-lei n. 857/1969. Sobre o preço tabelado e
preço médio, consigna o Código Civil:

Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao
preço corrente nas vendas habituais do vendedor.

Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo
5 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 520.

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médio.

Ou seja, (i) se o preço não foi convencionado, valerá o preço tabelado; (ii) não havendo convenção ou
tabelamento, valerão os preços de costume; (iii) havendo diversidade de preços habituais, prevalecerá o
preço médio.

Portanto, a alternativa “B” está incorreta.

Assevera o Código Civil que “é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”. Dispõe, ainda que, “em ambos os casos,
dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória” – art. 496 e
parágrafo único. Portanto, a alternativa “C” está incorreta.

Importante destacar o Enunciado n. 177 do CJF/STJ: “art. 496: Por erro de tramitação, que retirou a
segunda hipótese de anulação de venda entre parentes (venda de descendente para ascendente), deve ser
desconsiderada a expressão “em ambos os casos”, no parágrafo único do art. 496”. Para anulação deste
contrato de compra e venda, aplica-se o art. 179, do Código Civil, sendo, para tanto, o prazo decadencial
de dois anos. Nesse sentido: Ver - Enunciados 368 e 545 do CJF/STJ.

Portanto, a alternativa “C” está incorreta.

Pela cláusula de retrovenda o vendedor de coisa imóvel pode reservar para si o direito de reaver o
imóvel alienado, dentro de certo prazo, restituindo o preço e todas as despesas realizadas pelo comprador
dentro do prazo de resgate, desde que previamente ajustadas.

O Código Civil dispõe que “o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos” – art. 505, primeira parte, do Código Civil.

Pela retrovenda a propriedade do comprador é resolúvel até o prazo de três anos, pois o vendedor
poderá desfazer a venda, resgatando o bem, operando-se a extinção do contrato.

Destaque-se que as partes não podem estipular prazo superior ao limite de três anos definido na lei. Caso
assim se manifestem, o excesso de prazo será considerado não escrito, aplicando-se a norma do art. 184,
primeira parte, do Código Civil, segundo o qual, “respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial
de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável”. Portanto, a alternativa “D”
está incorreta.

A cláusula de venda com reserva de domínio será aplicada na venda de coisa móvel, podendo o
vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago – art. 521, do Código
Civil. Disso resulta que a propriedade do vendedor é resolúvel, uma vez que o comprador recebe a
posse direta do bem, mas somente poderá adquirir a propriedade com o pagamento integral do preço:
“a transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente
pago” – art. 524, primeira parte, do Código Civil. No entanto, “pelos riscos da coisa responde o comprador,
a partir de quando lhe foi entregue” – art. 524, segunda parte, do Código Civil, revelando adoção do
princípio do res perit emptoris [a coisa perece para o comprador], como exceção ao princípio do res

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periti domino [a coisa perece para o dono]. Por fim, diga-se que a propriedade resolúvel do vendedor é
condicional, isto é, depende de um evento futuro e incerto, qual seja, o pagamento integral do preço ou,
no caso de a venda não ter sido à vista, da última parcela. Portanto, a letra “E” está incorreta.

GABARITO: LETRA “A“

24. Sobre o inadimplemento das obrigações, julgue as alternativas a seguir:

I. Pode-se dizer que o Direito brasileiro admite como conteúdo do inadimplemento a


violação positiva do contrato, o pagamento incompleto ou defeituoso, o inadimplemento
relativo e o inadimplemento absoluto.

II. Entende-se por mora “ex re” aquela que se caracteriza quando não há termo final para
cumprimento da obrigação assumida. A mora “ex persona” ocorre quando a obrigação for
positiva, líquida e com termo para cumprimento.

III. A teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito


de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da
preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social
do contrato.

IV. Os juros são frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização do capital alheio.
Podem ser legais ou convencionais, moratórios ou compensatórios. No caso de mora “ex
re” os juros moratórios têm como termo “a quo” para sua incidência a data da citação.

V. Estipulada arras confirmatórias tem a função de confirmar a avença, salvo acordo das
partes prevendo direito de arrependimento. As arras penitenciais têm caráter indenizatório
e asseguram às partes o direito à indenização suplementar.

a) I e II estão corretos.

b) I e IV estão corretos.

c) III e V estão corretos.

d) II e IV estão corretos.

e) I e III estão corretos.

COMENTÁRIO

O Código Civil prevê que “não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”

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– art. 396. Trata-se, pois, da teoria do inadimplemento, modalidade de responsabilidade civil não
contratual. Segundo a doutrina, temos que o conteúdo do inadimplemento envolve: (i) inadimplemento
absoluto – frustração total do interesse do credor; (ii) inadimplemento relativo – a prestação é entregue
ao credor com atraso (mora); (iii) pagamento incompleto ou defeituoso - a prestação é entregue no
prazo acertado, porém com defeito; (iv) violação positiva do contrato – violação dos deveres anexos do
contrato: Ver: Enunciado n. 24/CJ/STJ. Portanto, o item “I” está correto.

A mora ex re ou automática ocorre quando a obrigação for positiva [dar ou fazer], líquida [existência
certa e valor determinado] e com data fixada para o adimplemento. [CC - Art. 397. O inadimplemento da
obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor].

A mora ex persona ou mora pendente ocorre nas situações em que “não havendo termo, a mora se
constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial” – p. único, do art. 397, do CC.

Portanto, o item “II” está incorreto.

Segundo Orlando Gomes, tem-se mora irregular ou presumida “Nas obrigações provenientes de ato
ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Art. 398, do, CC.

Ver: Enunciados nºs 162 e 354.

Nas lições de Tartuce6:

“Pela teoria do adimplemento substancial (substantial performance), em hipóteses em que a


obrigação tiver sido quase toda cumprida, não caberá a extinção do contrato, mas apenas
outros efeitos jurídicos, visando sempre à manutenção da avença”. Ainda, cabe destacar o
Enunciado n. 361 do CJF/STJ: Arts. 421, 422 e 475 - O adimplemento substancial decorre dos
princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o
princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.

O Superior Tribunal de Justiça adota de forma pacífica a teoria do adimplemento substancial, segundo o
qual “no adimplemento substancial tem-se a evolução gradativa da noção de tipo de dever contratual
descumprido, para a verificação efetiva da gravidade do descumprimento, consideradas as conseqüências
que, da violação do ajuste, decorre para a finalidade do contrato. Nessa linha de pensamento, devem-se
observar dois critérios que embasam o acolhimento do adimplemento substancial: a seriedade das
conseqüências que de fato resultaram do descumprimento, e a importância que as partes aparentaram
dar à cláusula pretensamente infringida. (REsp 1215289/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 05/02/2013, DJe 21/02/2013). Portanto, o item “III” está correto.

Segundo 7Pablo Stolze, os juros “trata-se, pois, sob o prisma eminentemente jurídico, de um fruto civil
correspondente à remuneração devida ao credor em virtude da utilização do seu capital”. Juros legais:
definidos na norma jurídica; Juros convencionais: estabelecidos pelas partes; Juros moratórios:

6 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 344.
7 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Editora Saraiva. Ed. 2014. Pág. 346.

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indenização devida ao credor em razão do retardamento culposo no cumprimento da obrigação; Juros


compensatórios: remunera o credor pelo fato de ter desfalcado seu patrimônio. Pois bem, quanto ao
termo inicial dos juros moratórios, temos que: a) mora ex re ou automática: vencimento da obrigação –
Entendimento do STJ e Enunciado n. 428/CJF/STJ; b) mora ex persona ou pendente: citação – art. 405,
CC; c) mora presumida ou irregular: ocorrência do evento danoso – Súmula 54/STJ. Portanto, o item
“IV” está incorreto.

Ver: Súmulas nºs 30, 283, 296 e 297 do STJ. Súmula n. 596 do STF.

Ensina-nos 8Stolze e Pamplona que as arras:

“Trata-se, portanto, de uma disposição convencional pela qual uma das partes entrega
determinado bem à outra — em geral, dinheiro —, em garantia da obrigação pactuada. Poderá
ou não, a depender da espécie das arras dadas, conferir às partes o direito de arrependimento,
conforme veremos abaixo”.

As arras confirmatórias as simplesmente confirmam o acordo, não assegurando às partes direito


de arrependimento algum. Caso não cumpram sua obrigação, serão consideradas inadimplentes,
sujeitando-se ao pagamento das perdas e danos. As arras penitenciais atuam como pena convencional
quando as partes estipularem o direito de arrependimento, prefixando as perdas e danos.

“Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu
devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização
suplementar” - art. 420, parte final, do Código Civil.

Portanto, o item “V” está incorreto.

GABARITO: LETRA “E“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Sobre o instituto da fraude à execução, é incorreto afirmar:

a) Dentre outras hipóteses, considera-se em fraude de execução, sendo ainda tipificada


como ato atentatório à dignidade da Justiça, a alienação ou oneração de bens quando, ao
tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à
insolvência.

b) Em regra, a litispendência, que ocorre com a citação válida do executado, é requisito


para o reconhecimento da fraude à execução.

8 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Editora Saraiva. Ed. 2014.

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c) O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento


da execução para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro
de outros bens sujeitos à penhora ou arresto, presumindo-se em fraude de execução a
alienação ou oneração de bens realizada após a referida averbação.

d) O entendimento consagrado na Súmula nº 375 do STJ, segundo a qual reconhecimento


da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-
fé do terceiro adquirente, não se aplica na execução fiscal de crédito tributário.

e) Inexistindo registro da penhora ou mesmo a averbação comprobatória do ajuizamento


da execução, descabe ao credor alegar a ocorrência de fraude de execução, postulando a
ineficácia da alienação, salvo na hipótese de execução de crédito tributário regularmente
inscrito em dívida ativa.

COMENTÁRIO

Letra a. Correta. Como sabido, o devedor responde, para com o cumprimento de suas obrigações, com
todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei (art. 591, CPC), ficando
sujeitos à execução, dentre outros, os seus bens alienados ou gravados com ônus real em fraude de
execução (art. 592, V, CPC). A fraude à execução tem lugar quando o executado visa subtrair à execução
bem de seu patrimônio, caracterizando-se nas hipóteses previstas no art. 593 do Código de Processo
Civil:

Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de


reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.

Para além de causar prejuízo ao credor, a fraude de execução atenta contra o próprio Poder Judiciário,
dado que tenta levar um processo já instaurado à inutilidade prática, razão pela qual sua prática é inclusive
tipificada como ato atentatório à dignidade da justiça na forma do art. 600, I, do CPC:

Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que:

I - frauda a execução.

Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz,
em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá
em proveito do credor, exigível na própria execução.

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Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar
qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao
credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios.

Cumpre ainda anotar que, como conseqüência, o ato cometido em fraude reputa-se ineficaz perante o
credor, dispensando, ademais, o manejo de qualquer ação judicial específica a ser intentada com esse
propósito (como ocorre no caso da fraude contra credores), bastando o mero requerimento no processo
pendente para que o juiz venha a reconhecer a fraude.

Letra b. Correta. Ordinariamente, os requisitos para a constatação da fraude podem ser basicamente
resumidos nos seguintes: (a) litispendência = existência de demanda em curso; (b) que essa demanda
pendente se mostre capaz de reduzir o executado ao estado de insolvência; (c) a ciência do terceiro
adquirente acerca da situação de potencial insolvência do devedor em razão da existência de demanda
em curso (= requisito cunhado jurisprudencialmente pelo STJ a fim de resguardar os interesses de terceiros
de que boa-fé contratem com o executado). Especialmente por conta da dubiedade da redação do art.
593 do CPC, e das divergências jurisprudenciais surgidas em relação ao instituto, assentou o STJ, no REsp
nº 956.943/SP (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014), submetido à sistemática dos recursos repetitivos (Tema 243),
importantes teses acerca da fraude de execução, dentre as quais aquela segundo a qual, em regra, a
citação válida do executado é pressuposto para o reconhecimento da fraude:

Corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência. Essa é a locução da lei
que precisa ser analisada. Correr demanda significa pender demanda. Embora o sistema do
CPC considere proposta a ação assim que distribuída ou despachada a petição inicial (CPC
263), somente se poderá dizer que a ação corre, isto é, que está pendente, depois que se
efetivar a citação válida (art. 219). Assim, se o ato de oneração ou alienação se dá depois
da propositura da ação, mas antes da citação, terá havido fraude contra credores, somente
declarável por meio de ação pauliana; se o ato de oneração se deu depois da citação válida,
terá havido fraude de execução, que pode ser reconhecida na execução ou nos embargos,
de devedor ou terceiro. Com a citação válida, presume-se celebrada em fraude de execução
qualquer ato ou negócio jurídico que o devedor venha a praticar com terceiro, quando o ato
for causa eficiente para o devedor tornar-se insolvente. (NELSON NERY JÚNIOR. Código de
Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais,
2010, p. 1.042)

Há, contudo, duas exceções a tal regra (a seguir comentadas), as quais dispensam a citação válida do
executado para o reconhecimento da fraude de execução: (a) a primeira, quando o exequente promover
a averbação referida no §3º do art. 615-A do CPC; (b) a segunda, na execução do crédito tributário,
vez que, conforme o art. 185 do CTN: “Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou
rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa”.

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Letra c. Correta. A Lei nº 11.382/2006 introduziu o art. 615-A no CPC, o qual preconiza:

Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do


ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação
no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou
arresto.

§ 1º O exeqüente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10 (dez)


dias de sua concretização.

§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será determinado
o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham
sido penhorados.

§ 3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a


averbação (art. 593).

§ 4º O exeqüente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a parte


contrária, nos termos do § 2º do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autos
apartados.

§ 5º Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo.

A finalidade básica buscada por este dispositivo é antecipar o marco a partir do qual se pode considerar
em fraude à execução alienações ou onerações realizadas pelo demandado, fazendo-o coincidir com
a data de averbação no registro competente da propositura da ação. Em outras palavras, protege-se o
exequente das alienações perpetradas pelo executado antes de sua respectiva citação.

Tal dispositivo é muito salutar para o credor privado, tendo, contudo, pouca utilidade no caso do credor
tributário, pois para este a presunção da fraude tem como marco a inscrição do débito em dívida ativa
(art. 185, CTN).

Letra d. Correta. Conforme o Enunciado da Súmula nº 375 do STJ, o reconhecimento da fraude de


execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Recentemente o STJ reafirmou (no REsp nº 956.943/SP, submetido à sistemática dos recursos repetitivos)
a validade do entendimento cristalizado em sua Súmula nº 375, ressalvando, contudo, nos votos dos
ministros, que a mesma não se aplica aos casos de execução de débitos tributários, vez que aí o regramento
é diametralmente oposto, presumindo-se a fraude do terceiro adquirente a partir da inscrição do débito
em dívida ativa, conforme dispõe o art. 185 do Código Tributário Nacional. Nesse sentido parte da ementa
do Resp 1.141.990-PR (Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/11/2010), representativo da
controvérsia, que já assentava o tratamento especial conferido ao crédito tributário:

[...] Conclusivamente: (a) a natureza jurídica tributária do crédito conduz a que a simples
alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo por quantia
inscrita em dívida ativa, sem a reserva de meios para quitação do débito, gera presunção

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absoluta ( jure et de jure) de fraude à execução (lei especial que se sobrepõe ao regime do
direito processual civil); (b) a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que tenha havido
prévia citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; se o ato translativo
foi praticado a partir de 09.06.2005, data de início da vigência da Lei Complementar n.º
118/2005, basta a efetivação da inscrição em dívida ativa para a configuração da figura da
fraude; (c) a fraude de execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção jure et de
jure, conquanto componente do elenco das “garantias do crédito tributário”.

Letra e. Incorreta (GABARITO). Em regra, o reconhecimento da fraude de execução depende do registro


da penhora do bem alienado OU da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ). Inexistindo
registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o terceiro adquirente
tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência, sob pena de tornar-se letra
morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC. Nesse sentido, há que se destacar duas situações:

(I) Tendo a penhora sido registrada pelo exequente, há a presunção ‘juris et de jure’ de que o terceiro
adquirente sabia da pendência da ação, vez que o registro tem como uma de suas finalidades conferir
publicidade a tal fato (no caso, de que alguém está demandando a respeito de certos bens, ou que estes
foram provisoriamente tirados do patrimônio do devedor como garantia de alguém), valendo como
prova presumida do conhecimento por parte de terceiros.

(II) Na hipótese contrária, inexistindo registro do ato constritivo, milita em favor do adquirente a presunção
de que ele desconhecia, quando da aquisição, a existência da ação, razão pela qual deve o exequente
arrostar com o ônus de provar o contrário. É que não havendo, no cartório imobiliário, nenhum registro
da existência da ação, não se pode imputar ao adquirente nenhuma obrigação de ter ciência desse fato,
sendo até impossível disso com segurança ele saber (salvo se obtivesse certidões negativas de todos os
cartórios de distribuição por esse Brasil afora), por isso mesmo que não lhe cabe provar a sua ignorância
quanto a tanto, pois a sua boa-fé, que é presumida, há de ser preservada, até prova em contrário.

Vale destacar = o fato de não ter sido registrada ou inscrita a penhora, o arresto, o seqüestro ou a
citação, não impede a alegação de fraude contra a execução, e, sim, somente tem a significação de ficar
o exequente no ônus de provar que o adquirente tinha conhecimento, ou de que sobre os bens estava
sendo movido litígio fundado em direito real, ou de que pendia contra a alienante demanda capaz de
lhe alterar o patrimônio, de tal sorte que ficaria reduzido à insolvência. Feita a inscrição, as alienações
posteriores peremptoriamente presumem-se feitas em fraude de execução, independentemente de
qualquer outra prova. Não sendo feita a inscrição, o exequente deve provar as condições legais de
existência de fraude à execução.

A alternativa da questão encontra-se incorreta pois a inexistência do registro da penhora ou da averbação


do ajuizamento da execução não impedem a alegação, pelo credor, da fraude à execução, mas tão
somente atraem para este o ônus de provar a ausência de boa-fé pelo terceiro adquirente.

Anota-se, nesse sentido, que a lei conferiu plenas garantias ao credor diligente, assegurando-lhe presunção

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absoluta de conhecimento, por terceiros, da existência de ação em curso mediante a inscrição da penhora
no registro público. No entanto, se não se houver com cautela, registrando o gravame, não pode ser
beneficiado com a inversão do ônus da prova, devendo aí provar que o adquirente tinha conhecimento
da constrição.

O mesmo raciocínio acima se aplica em relação à averbação prevista no art. 615-A do CPC, presumindo-
se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no
dispositivo.

EM SÍNTESE:

• Cabe ao credor exequente, a fim de configurar a presunção absoluta de conhecimento por terceiro,
providenciar a averbação da penhora do bem no respectivo registro público (§ 4.º do art. 659 do
Código de Processo Civil); ou a averbação do ajuizamento da execução (§ 3.º do art. 615-A do
mesmo Código).

• Afora tais providências, cabe ao credor a prova da má-fé do terceiro adquirente.

• Tais conclusões (REsp nº 956.943/SP) não se aplicam na execução do crédito tributário, vez que
nesta presume-se a fraude do terceiro adquirente a partir da inscrição do débito em dívida ativa,
conforme dispõe o art. 185 do Código Tributário Nacional

GABARITO: LETRA “E“

26. Julgue os itens a seguir:

I. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência


dominante do respectivo Tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o
relator poderá dar provimento ao recurso.

II. Da decisão que encerra o pedido de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento.

III. A sentença concessiva de mandado de segurança, apesar de submeter ao reexame


necessário, pode ser, como regra, provisoriamente executada.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Somente o item II está correto.

c) Somente os itens I e II estão corretos.

d) Somente os itens II e III estão corretos.

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e) Somente o item III está correto.

COMENTÁRIO

Item I. Incorreto. Conforme o disposto no art. 557 do CPC pode o relator julgar desde logo o recurso
submetido ao Tribunal, sem a necessidade de submissão do caso ao órgão fracionário:

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente,


prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo
tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.

§ 1º-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar
provimento ao recurso.

Nessa linha, três são os casos nos quais é possível a decisão monocrática pelo relator:

Manifesta inadmissibilidade Súmula ou jurisprudência dominante:


(art. 557, caput) ▪ do respectivo Tribunal

Manifesta improcedência ▪ do STF

(art. 557, caput) ▪ de Tribunal Superior

Súmula ou jurisprudência dominante:


Manifesta procedência
▪ do STF
(art. 557, §1º-A).
▪ de Tribunal Superior

Como bem anotam Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, existe uma espécie de gradação a ser
observada nesses casos:

Realmente, confrontando-se o art. 557 com seu §1º-A, chega-se à seguinte conclusão: (a)
para que o relator, por decisão isolada, possa negar seguimento ou provimento ao recurso ou
ao reexame necessário, deve haver súmula ou jurisprudência dominante do próprio tribunal
ou de tribunal superior; (b) para que o relator, por decisão singular, possa dar provimento ao
recurso ou ao reexame necessário, deve haver súmula ou jurisprudência dominante apenas de
tribunal superior. Como se vê, existe uma nítida gradação na lei. A negativa de seguimento/
provimento de um recurso ou do reexame necessário pode operar-se em razão de uma súmula
tanto de um tribunal superior como do próprio tribunal ou, ainda, de jurisprudência dominante
de tribunal superior ou do próprio tribunal. Por sua vez, para que o relator dê provimento ao
recurso ou ao reexame necessário, não basta que haja súmula ou jurisprudência dominante
do próprio tribunal; é preciso que seja de tribunal superior. A existência, por exemplo, de
jurisprudência dominante do próprio tribunal não permite ao relator já dar provimento ao
recurso, embora possa, diante disso, negar-lhe neguimento/provimento (Curso de Direito
Processual Civil, Volume 3, 11ª Edição, p. 578).

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Deste modo, tem-se que equivocado se encontra o enunciado da questão, vez que, como visto, não
pode o relator dar provimento ao recurso com base em jurisprudência dominante do respectivo tribunal,
devendo ela ser oriunda de Tribunal Superior.

Item II. Correto, conforme o preconizado pelo art. 475-H do CPC:

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

Como anota a doutrina, no ponto:

Discute a doutrina se a decisão que encerra a fase de liquidação constitui sentença parcial
de mérito ou decisão interlocutória. Embora a questão seja interessante do ponto de vista
teórico, importa observar nesse momento que a decisão que encerra a fase de liquidação
é uma decisão definitiva de mérito e que a nossa legislação refere que dessa decisão cabe
o recurso de agravo de instrumento. São dados inelimináveis para a solução do problema.
Daí a razão pela qual o julgamento desse recurso, se reformar a decisão de primeiro grau
por maioria, desafia o recurso de embargos infringentes (art. 530, CPC). A ratio da Súmula
255, STJ (“Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo
retido, quando se tratar de matéria de mérito”), autoriza essa conclusão. Evidentemente, do
julgamento dos embargos infringentes ou, sendo o caso, diretamente do acórdão que decidir
o agravo de instrumento, cabem, preenchidos os pressupostos inerentes às espécies, recurso
especial e/ou recurso extraordinário (arts. 541-546, CPC) (MARINONI, Luiz Guilherme. CPC
comentado artigo por artigo. 2012, págs. 463/464)

Item III. Correto. De fato, embora a sentença concessiva do mandado de segurança submeta-se ao regime
do reexame necessário, pode ela ser executada provisoriamente (como regra), conforme o permissivo do
§3º do art. 14 da Lei nº 12.016/2009:

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1º Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de


jurisdição.

§ 2º Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

§ 3º A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente,


salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

A ressalva fica por conta dos casos em que for vedada a concessão da liminar no MS, hipóteses nas quais
fica obstada a execução provisória da decisão. O §2º do art. 7º da Lei nº 12.016/2009 prevê as hipóteses
nas quais é vedada a concessão de liminar no writ:

§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens

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ou pagamento de qualquer natureza.

GABARITO: LETRA “D“

27. Julgue os itens a seguir:

I. Não há impedimento constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários


advocatícios, quando não excederem ao valor limite, possam ser executados mediante RPV,
ainda que o crédito dito “principal” observe o regime dos precatórios.

II. É desnecessária nova citação da Fazenda Pública por ocasião da exigibilidade de


sentença que impõe obrigação de fazer.

III. Não cabe a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios


nas execuções por quantia certa não embargadas, caso o exequente renuncie parte de seu
crédito para viabilizar o recebimento do remanescente por requisição de pequeno valor
(RPV).

IV. Não se conhece do recurso, ainda que da União, quando não satisfeita uma das condições
para sua interposição, como o depósito de multa por litigância de má-fé decorrente de
agravo.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Somente os itens I, III e IV estão corretos.

c) Somente os itens I e IV estão corretos.

d) Somente os itens II e III estão corretos.

e) Somente os itens I e III estão corretos.

COMENTÁRIO

Item I. Correto. Como sabido, em âmbito federal, as execuções de valores inferiores a 60 salários-mínimos
devidos pelos entes públicos processam-se mediante requisição de pequeno valor (RPV), na forma do
art. 17 da Lei nº 10.259/2001, procedimento que é muito mais expedito e célere que aquele do precatório
previsto no art. 100 e parágrafos da Constituição Federal. Sendo a condenação em honorários advocatícios
consectário natural da sentença, conforme impõe o art. 20 do Código de Processo Civil, como executá-
los, em face do ente público, quando o crédito dito principal oriundo da condenação superar o limitativo
acima referido? ex.: Demanda indenizatória ajuizada em face da União, determinada pessoa física obtém
provimento judicial, transitado em julgado, condenando o ente público ao pagamento de R$ 100.000,00

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a título de danos materiais e R$ 5.000,00 a título de honorários advocatícios, estes últimos a serem pagos
ao advogado do demandante. Haveria uma necessária vinculação ou acessoriedade entre as verbas
(honorários e crédito principal), que na medida em que decorrem do mesmo título executivo (sentença
ou acórdão transito em julgado) imporiam uma execução conjunta e indissociável de seus valores pelo
mesmo procedimento?

A resposta é negativa, conforme o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp
1.347.736/RS (divulgado no Informativo nº 539/2014), julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos,
oportunidade na qual se assentou, na hipótese, a autonomia das execuções das diferentes verbas, com a
possibilidade de que os honorários advocatícios (de valor inferior a 60 salários-mínimos) sejam executados
por RPV, ainda que o crédito principal deva ser executado por meio de precatório:

[...] 7. O fracionamento vedado pela norma constitucional toma por base a titularidade do
crédito. Assim, um mesmo credor não pode ter seu crédito satisfeito por RPV e precatório,
simultaneamente. Nada impede, todavia, que dois ou mais credores, incluídos no polo ativo
da mesma execução, possam receber seus créditos por sistemas distintos (RPV ou precatório),
de acordo com o valor que couber a cada qual. 8. Sendo a execução promovida em regime
de litisconsórcio ativo voluntário, a aferição do valor, para fins de submissão ao rito da
RPV (art. 100, § 3º da CF/88), deve levar em conta o crédito individual de cada exequente.
Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público do STJ. 9. Optando o advogado por
executar os honorários nos próprios autos, haverá regime de litisconsórcio ativo facultativo
( já que poderiam ser executados autonomamente) com o titular do crédito dito “principal”.
10. Assim, havendo litisconsórcio ativo voluntário entre o advogado e seu cliente, a aferição
do valor, para fins de submissão ao rito da RPV, deve levar em conta o crédito individual de
cada exequente, nos termos da jurisprudência pacífica do STJ. [...] 15. Não há impedimento
constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários advocatícios, quando não excederem
ao valor limite, possam ser executados mediante RPV, ainda que o crédito dito “principal”
observe o regime dos precatórios. Esta é, sem dúvida, a melhor exegese para o art. 100, §
8º, da CF, e por tabela para os arts. 17, § 3º, da Lei 10.259/2001 e 128, § 1º, da Lei 8.213/1991,
neste recurso apontados como malferidos. 16. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito
ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/2008. (REsp 1347736 RS, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/10/2013, DJe 15/04/2014)

Item II. Correto. Toda condenação do ente público ao pagamento de quantia deve observar o disposto
no art. 100 da CF/88 c/c os arts. 730 e 731 do CPC, com a instauração de fase executória autônoma,
nova citação da Fazenda Pública e expedição de precatório. Do que se observa desses dispositivos,
o rito executivo especial contra a Fazenda Pública aplica-se apenas às condenações pecuniárias/por
quantia em dinheiro. Nesse sentido, é plenamente possível que o ente público também figure como
devedor de outra espécie de obrigação (fazer, não fazer, entregar coisa), hipótese na qual a satisfação do
direito efetivar-se-á na forma dos arts. 461 e 461-A do CPC. São exemplos dessas obrigações: a entrega

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de determinado medicamento; a liberação de determinada mercadoria apreendida; a implantação de


determinado benefício ou vantagem ao servidor; o impedimento da interdição de uma atividade, etc.
Nesse sentido bem elucida a doutrina:

Com o advento da Lei nº 10.444, de 7 de maio de 2002, deixou de existir execução fundada em
título executivo judicial para se exigir o cumprimento de obrigação de fazer e não fazer. Sendo
o título judicial, tais obrigações serão cumpridas na forma do art. 461 do CPC, em razão do
disposto nos arts. 644 e 475-I, ambos do CPC. Assim, proferida a sentença, e não cumprida a
obrigação ali determinada, o juiz, valendo-se das medidas de apoio dos parágrafos 4º e 5º do
art. 461 do CPC, deverá determinar o cumprimento da obrigação. Já a obrigação de entregar
coisa somente se sujeita à ação de execução se o título for igualmente extrajudicial (CPC, art.
621). Sendo a obrigação estabelecida em sentença, segue-se, de igual modo, a sistemática do
art. 461, em razão da remissão feita pelo art. 461-A, ambos do CPC. Em se tratando de ação
contra a Fazenda Pública, não há regra diferente, já que as obrigações de fazer e não fazer
são se submetem à sistemática dos precatórios. Então, o regime é o mesmo, caso o devedor
seja a Fazenda Pública. Aliás, segundo anotado em precedente do Superior Tribunal de Justiça,
“Esta Corte Superior já sedimentou a orientação segundo a qual é desnecessária a citação
da Administração Pública por ocasião da exigibilidade de sentença que impõe obrigação de
fazer” (STJ, AgRg no Ag 999.849). Significa que a execução de obrigação de fazer ou não
fazer contra a Fazenda Pública rege-se pelas regras contidas no art. 461 do CPC. (Leonardo
Carneiro da Cunha, A Fazenda Pública em Juízo, 10ª Edição, 2012, págs. 377/378).

Item III. Correto, vez que na hipótese de execução não embargada, inicialmente ajuizada sob a sistemática
dos precatórios, caso o exequente posteriormente renuncie ao excedente do valor previsto no art. 87 do
ADCT para pagamento por RPV, não serão devidos os honorários por aplicação do art. 1º-D da Lei nº
9.494/1997:

Primeira Seção

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM EXECUÇÃO POR QUANTIA


CERTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES.
8/2008 DO STJ). A Fazenda Pública executada não pode ser condenada a pagar honorários
advocatícios nas execuções por quantia certa não embargadas em que o exequente renuncia
parte de seu crédito para viabilizar o recebimento do remanescente por requisição de
pequeno valor (RPV). À luz do princípio da causalidade, uma vez que se revelava inicialmente
impositiva a observância do art. 730 CPC, segundo a sistemática de pagamento de precatórios,
a Fazenda Pública não deu causa à instauração do rito executivo. Não tendo sido opostos
embargos à execução, tem plena aplicação o art. 1°-D da Lei 9.494⁄1997 (“Não serão devidos
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas”), nos moldes
da interpretação conforme a Constituição estabelecida pelo STF (RE 420.816-PR). Na hipótese
de execução não embargada, inicialmente ajuizada sob a sistemática dos precatórios, caso o
exequente posteriormente renuncie ao excedente do valor previsto no art. 87 do ADCT para

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pagamento por RPV, o STF considera não serem devidos os honorários. REsp 1.406.296-RS,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/2/2014 (Informativo nº 537).

Item IV. Correto. O art. 557 do Código de Processo Civil autoriza que o relator julgue monocraticamente,
sem necessidade de submeter o tema ao respectivo colegiado, qualquer recurso, podendo inclusive
invocá-lo para decidir o reexame necessário (Súmula nº 253 - “O art. 557 do CPC, que autoriza o relator
a decidir o recurso, alcança o reexame necessário”). É evidente que à parte recorrente, caso discorde com
a decisão monocrática, seja facultada a possibilidade de novo recurso, qual seja, o agravo (por muitos
nominado de “regimental” ou “interno”) dirigido ao órgão fracionário do qual faça parte o relator, com
a possibilidade, inclusive, de retratação por parte deste. Como a previsão do julgamento monocrático
revela expediente que visa a compatibilizar as decisões judiciais e a racionalizar as atividades judiciárias,
entendeu por bem o legislador sancionar a parte que venha a interpor, em face daquela decisão, agravo
interno manifestamente inadmissível ou infundado, impondo-lhe o pagamento de multa, a reverter em
desfavor do agravo, calculada entre 1% a 10% do valor corrigido da causa. Nessa hipótese, outrossim, a
interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito do respectivo valor, passando esse
pagamento a configurar requisito extrínseco de admissibilidade de qualquer outro recurso que venha a
ser intentando pela parte, mesmo que esse recurso não se sujeite, normalmente, a preparo.

Pergunta-se então: a exigência de prévio depósito do valor dessa multa como condicionante à interposição
de qualquer outro recurso aplica-se à Fazenda Pública?

A resposta é afirmativa, estando atualmente pacificada no âmbito dos Tribunais Superiores, conforme se
percebe das seguintes decisões:

AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO


SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA COMINADA COM BASE NO
ART. 557, § 2º, DO CPC. PRESSUPOSTO OBJETIVO DE RECORRIBILIDADE. DECISÃO AGRAVADA
MANTIDA. IMPROVIMENTO. 1.- Deve prevalecer o entendimento firmado pela Sexta Turma,
que está em sintonia com a jurisprudência dominante do Excelso Supremo Tribunal Federal.
Com efeito, entende aquela Corte que o depósito prévio da multa cominada com base no art.
557, § 2º, do CPC configurara pressuposto objetivo de recorribilidade, que também se impõe
às pessoas jurídicas de direito público. 2.- O agravo não trouxe nenhum argumento novo
capaz de modificar o julgado, que se mantém por seus próprios fundamentos. 3.- Agravo
Regimental improvido. (AgRg nos EAREsp 22.230/PA, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, CORTE
ESPECIAL, julgado em 21/05/2014, DJe 01/07/2014)

PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. MULTA DO ART. 557, § 2º, DO CPC. NECESSIDADE DO DEPÓSITO
PRÉVIO COMO CONDIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE QUALQUER OUTRO RECURSO.
FAZENDA PÚBLICA. APLICABILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. 1. Hipótese em que
o Tribunal de origem, em juízo de admissibilidade, negou seguimento ao Recurso Especial
sob a afirmação de que, “malgrado haja disposição expressa na parte dispositiva do julgado
recorrido que eventual interposição de outros apelos exigiria o depósito da multa de 5% (art.

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557, § 2º, do CPC), o Município do Natal se descurou em fazê-lo”. 2. O Supremo Tribunal


Federal tem entendido ser aplicável à Fazenda Pública a necessidade do depósito prévio da
multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC, como condição para a interposição de qualquer outro
recurso, orientação ressonante na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes.
“É certo que a União, os Estados, os Municípios e as autarquias estão isentos do pagamento
de custas processuais. Todavia, não se pode confundir o privilégio concedido à Fazenda
Pública, consistente na dispensa de depósito prévio para fins de interposição de recurso, com
a multa instituída pelo artigo 557, § 2º, do CPC, por se tratar de institutos de natureza diversa.”
Precedentes. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 513.377/RN, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 15/08/2014).

Do Informativo STJ nº 551, de 3 de dezembro de 2014, colhem-se os principais argumentos utilizados nos
julgados acima referidos:

Segunda Turma

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. SUBMISSÃO DA FAZENDA PÚBLICA À NECESSIDADE DE


DEPÓSITO PRÉVIO PRESCRITA PELO § 2º DO ART. 557 DO CPC. Havendo condenação da
Fazenda Pública ao pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC, a interposição de
qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio do respectivo valor. O art. 557,
§ 2º, do CPC é taxativo ao dispor que “Quando manifestamente inadmissível ou infundado o
agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre 1% (um por cento)
e 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro
recurso condicionada ao depósito do respectivo valor”. De fato, a multa pelo uso abusivo
do direito de recorrer caracteriza-se como requisito de admissibilidade do recurso, sendo
o seu depósito prévio medida adequada para conferir maior efetividade ao postulado da
lealdade processual, impedindo a prática de atos atentatórios à dignidade da justiça, bem
como a litigância de má-fé. Nesse contexto, tanto o STJ quanto o STF têm consignado que
o prévio depósito da multa referente a agravo regimental manifestamente inadmissível ou
infundado (§ 2º do art. 557), aplicada pelo abuso do direito de recorrer, também é devido
pela Fazenda Pública. Além disso, a alegação de que o art. 1º-A da Lei 9.494/1997 dispensa
os entes públicos da realização de prévio depósito para a interposição de recurso não deve
prevalecer, em face da cominação diversa, explicitada no art. 557, § 2º, do CPC. Este dispositivo
legal foi inserido pela Lei 9.756/1998, que trouxe uma série de mecanismos para acelerar a
tramitação processual, como, por exemplo, a possibilidade de o relator, nas hipóteses cabíveis,
dar provimento ou negar seguimento, monocraticamente, ao agravo. Assim, esse dispositivo
deve ser interpretado em consonância com os fins buscados com a alteração legislativa. Nesse
sentido, “não se pode confundir o privilégio concedido à Fazenda Pública, consistente na
dispensa de depósito prévio para fins de interposição de recurso, com a multa instituída pelo
artigo 557, § 2º, do CPC, por se tratar de institutos de natureza diversa” AgRg no AREsp
553.788-DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 16/10/2014.

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GABARITO: LETRA “A“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre o crime de furto, julgue as alternativas a seguir.

I. “A” furta a carteira de “B”, em seguida “C” furta a carteira que “A” tinha furtado de “B”,
desta forma, não há o crime de furto, pois “B” não era proprietário do bem subtraído.

II. Segundo o STF e o STJ o furto consuma-se quando a coisa subtraída sai da esfera de
proteção e disponibilidade da vítima, passando para o poder do agente, ainda que por um
curto espaço de tempo, e independe de deslocamento e de posse mansa e pacífica.

III. A energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa
móvel, portanto, é típica a conduta de efetuar ligação clandestina de sinal de TV à cabo.

IV. “A” a pretexto de auxiliar “B”, senhor de idade e com dificuldades em operar terminal
de caixa eletrônico, apossa-se do cartão magnético da vítima, trocando-o por outro. Neste
caso, “A” não comente o crime de furto, mas estelionato mediante fraude.

V. Configura o crime de furto qualificado pela fraude a subtração mediante a realização


de “saques via internet” ou transferência de valores entre contas correntes sem autorização
do seu titular.

a) I, III e IV, estão incorretas.

b) II, IV e V, estão incorretas.

c) I, II e V, estão incorretas.

d) III, IV e V, estão incorretas.

e) I, II e III, estão incorretas.

COMENTÁRIO

Segundo o Código Penal o crime de furto consiste em “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel” – art. 155. Assim, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou sujeito passivo do delito em tela.
Segundo 9Nucci: “lembremos que ladrão que rouba ladrão não tem cem anos de perdão. Se tal situação
ocorrer, o sujeito passivo é o proprietário da coisa e não o ladrão que teve o bem subtraído por ação

9 Guilherme Nucci. Manual de Direito Penal. Parte Geral e Especial. 10ª ed. Pág. 605.

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de outro”. Lembre-se que o sujeito passivo pode ser: (i) formal – o Estado, titular do interesse jurídico de
punir; (ii) material – titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do agente. Portanto, o item
“I” está incorreto.

No que tange ao momento da consumação do crime de furto a doutrina aponta quatro correntes: (i)
contrectatio: a consumação ocorre com o simples contato entre o agente e a coisa alheia, dispensando
o seu deslocamento; (ii) amotio ou apprehensioI: a consumação se dá quando a coisa subtraída passa
para o poder do agente, ainda que por curto espaço de tempo, independentemente de posse mansa,
pacífica e deslocamento; (iii) ablatio: ocorre a consumação quando o agente, após apoderar-se da coisa,
consegue desloca-la de um lugar para outro; (iv) ilatio: para ocorrer a consumação, a coisa deve ser
levada ao local desejado pelo ladrão para ser mantida a salvo. O STF e o STJ adotam a teoria do amotio
ou apprehensioI, assim, já decidiram que para a consumação do crime de furto ou de roubo, não se faz
necessário que o agente logre a posse mansa e pacífica do objeto do crime, bastando a saída, ainda que
breve, do bem da chamada esfera de vigilância da vítima. Portanto, o item “II” está correto.

O furto consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem. O §3º equipara à coisa
móvel a energia elétrica e outras (genética, mecânica, térmica e a radioatividade), desde que tenham
valor econômico. Nesse contexto surge a celeuma doutrinária quanto à tipificação ou não da conduta de
subtração de sinal de TV à cabo, existindo entendimento favoráveis e contra a tipificação, no entanto, a
questão chegou ao STF que assim se pronunciou:

O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto
no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de
TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite
a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada
na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita
legalidade. (HC 97261, Relator (a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
12/04/2011)

Portanto, o item “III” está incorreto.

Nas lições de 10Rogério Sanches, temos que “o furto mediante fraude não se confunde com o estelionato.
Naquele, a fraude visa a diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração. O bem é retirado
sem que a vítima perceba que está sendo despojada. No estelionato, a fraude visa a fazer com que a
vítima incida em erro e entregue espontaneamente o objeto ao agente. A vontade de alterar a posse
no furto é unilateral (apenas o agente quer); já no estelionato é bilateral (agente e vítima querem)”. No
caso em análise (item IV), “A” comete o crime de furto qualificado mediante fraude, uma vez que substitui/
retira/subtrai o bem da vítima sem que esta perceba. Isto é, a vítima não foi induzida a erro para entregar,
ao sujeito ativo, de forma espontânea o cartão magnético.

Logo, o item “IV” está incorreto.

10 Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. Editora Juspodivm. Ed. 2015. Pág. 247.

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Configura o crime de furto qualificado pela fraude a subtração de valores de conta corrente, mediante
transferência ou saque bancários sem o consentimento do correntista. Destaque-se que a competência
deve ser definida pelo lugar da agência em que mantida a conta lesada. Portanto, o item “V” está
correto.

GABARITO: LETRA “A“

29. Sobre os crimes praticados contra a Administração Pública, assinale a alternativa correta.

a) O crime de corrupção passiva consiste em oferecer ou prometer vantagem indevida a


funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

b) O crime de advocacia administrativa consiste em patrocinar, direta ou indiretamente,


interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

c) O crime de concussão consiste em exigir, para si ou para outrem, tributo ou contribuição


social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.

d) O crime de condescendência criminosa consiste em deixar o funcionário, por indulgência,


de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

e) O crime de desobediência consiste em opor-se à execução de ato legal, mediante


violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio.

COMENTÁRIO

Tendo em vista a importância da leitura da “lei seca” para as provas de concurso público na área da
Advocacia Pública, notadamente nas provas da Procuradoria da Fazenda Nacional e de Advogado da
União, elaboramos a presente questão com base na literalidade dos dispositivos legais, com o intuito de
alertar os nossos alunos para a relevância do conhecimento dos tipos penais que podem ser praticados
contra a Administração Pública.

Corrupção passiva: “Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem”. Crime cometido por funcionário público contra a Administração em Geral. Portanto, a
alternativa “A” está incorreta.

Obs.: Ver art. 333, CP – Corrupção Ativa - Crime cometido por particular contra a Administração em
Geral.

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Advocacia administrativa: “Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário”. Crime cometido por funcionário público
contra a Administração em Geral. Observe que o tipo penal não apresenta qualquer elemento ou
finalidade especial, tal como: “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, razão pela qual a
alternativa “B” está incorreta.

Concussão: “Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”. Crime cometido por funcionário público
contra a Administração em Geral. Portanto, a alternativa “C” está incorreta.

Obs.: Ver §1º, do art. 316, CP – Excesso de Exação - Crime cometido por funcionário público contra a
Administração em Geral.

Condescendência criminosa: “Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar


subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar
o fato ao conhecimento da autoridade competente”. Crime cometido por funcionário público contra a
Administração em Geral. Portanto, a alternativa “D” está correta.

Desobediência: “Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público”. Crime cometido por
particular contra a Administração em Geral. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.

Obs.: Ver art. 329, CP –Resistência - Crime cometido por particular contra a Administração em Geral.

GABARITO: LETRA “D“

30. Sobre a competência no processo penal, julgue as alternativas a seguir:

I. A ilegitimidade da parte, “ad causam” ou “ad processum”, bem como a ilegitimidade


do seu representante, são causas de nulidade absoluta.

II. Segundo o princípio da causalidade, a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.

III. A falta ou nulidade de citação não poderá ser suprida pelo comparecimento da parte
que manifesta apenas para arguí-la.

IV. O impedimento e o suborno do magistrado são causas de nulidade absoluta.

V. Aplica-se o princípio segundo o qual não há nulidade por omissão de formalidade que
só interesse à parte contrária.

a) I, II e III estão corretos.

b) I, II e IV estão corretos.

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c) II, IV e V estão corretos.

d) II, III e IV estão corretos.

e) III, IV e V estão corretos.

COMENTÁRIO

A ilegitimidade passiva, seja ela ad causam ou ad processum, é causa de nulidade absoluta, nos termos do
art. 564, II, do Código de Processo Penal. No entanto, “a nulidade por ilegitimidade do representante
da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais” – art. 568, do
Código de Processo Penal. Portanto, o item “I” está incorreto.

O princípio da causalidade tem forte no art. 573, §1º, do Código de Processo Penal, segundo o qual, “a
nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
consequência”. Portanto, o item “II” está correto.

Destaque-se que para que haja a nulidade exige-se a demonstração do nexo causal entre os atos
processuais. Deste modo, “o juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende” – art.
573, §2º, do Código de Processo Penal.

Haverá nulidade absoluta do processo criminal se faltar citação, a ampla defesa e o contraditório. No
entanto, “a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o
interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-
la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade
poderá prejudicar direito da parte”. Portanto, o item “III” está incorreto.

Segundo a doutrina majoritária o impedimento é causa de nulidade absoluta. Neste ponto, é relevante
destacar que há celeuma doutrinária quando à natureza da nulidade decorrente da suspeição, de modo
que para alguns (Nucci) é causa de nulidade relativa e para outros (Renato Brasileiro) trata-se de nulidade
absoluta. Quanto ao suborno, a doutrina entende que face a violação da garantia do devido processo
legal e à garantia da imparcialidade do juiz, trata-se de nulidade absoluta. Destaque-se que o suborno
abrange não apenas a “propina”, mas qualquer vantagem que o juiz receba em proveito próprio ou
alheio. Portanto, o item “IV” está correto.

Dispõe o Código de Processo Penal que “nenhuma das partes poderá arguir nulidade [...]referente a
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse” – art. 565, segunda parte, do Código de
Processo Penal. Portanto, o item “V” está correto. Diga-se que o referido princípio se aplica nas hipóteses
de nulidade relativa.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

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DIREITO DO TRABALHO

31. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá
direito a férias, na seguinte proporção:

a) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 06 (cinco) vezes;

b) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 7 (seis) a 15 (quatorze) faltas;

c) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 16 (quinze) a 24 (vinte e três) faltas;

d) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 25 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.

e) Sem direito a férias, quando houver tido mais de 32 (trinta e duas) faltas.

COMENTÁRIO

A ALTERNATIVA “E” é a correta, conforme pode-se concluir do art. 130, da CLT:

Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o
empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:

I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;

II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;

III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;

IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.

GABARITO: LETRA “E“

32. Assinale a assertiva incorreta:

a) A ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso do prazo


do aviso prévio dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito às verbas
rescisórias de natureza indenizatória.

b) Em caso de dispensa sem justa causa, o obreiro possui direito às férias proporcionais,
ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses.

c) Em caso de dispensa por justa causa, o obreiro não faz jus às férias proporcionais.

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d) É inválida a concessão do aviso prévio na fluência da garantia de emprego, ante a


incompatibilidade dos dois institutos.

e) Não é devido o aviso prévio na despedida indireta.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – Conforme Súmula nº 73 do TST:

SUM-73DESPEDIDA. JUSTA CAUSA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A


ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso do prazo do aviso
prévio dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito às verbas rescisórias de
natureza indenizatória.

Alternativas “B” e “C”: Corretas - É a lição da Súmula 171 do TST:

SUM-171 FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTIN- ÇÃO (republicada em


razão de erro material no registro da referência legislativa), DJ 05.05.2004 Salvo na hipótese
de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o
empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto
o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT) (ex-Prejulgado nº 51).

Alternativa “D”: Correta – Nos termos da Súmula nº 348 do TST:

SUM-348 AVISO PRÉVIO. CONCESSÃO NA FLUÊNCIA DA GARANTIA DE EMPREGO.


INVALIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É inválida a concessão do aviso
prévio na fluência da garantia de emprego, ante a incompatibilidade dos dois institutos.

Alternativa “E”: Incorreta – Por contrariar expressa previsão legal (art. 487, §4º, da CLT):

Art. 487 – (...)

§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta.

GABARITO: LETRA “E“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. Sobre os prazos na justiça do trabalho, assinale a assertiva incorreta:

a) Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação


for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo
se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

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b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente.

c) O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho


suspendem os prazos recursais.

d) No processo do trabalho, o início do prazo ocorre com a juntada do mandado cumprido.

e) Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem.


O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova
do destinatário.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – Conforme Súmula nº 01 do TST:

SUM – 01 PRAZO JUDICIAL (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.Quando a intimação


tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo
judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente,
caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

Alternativas “B” e “C”: Corretas – De acordo com a Súmula 262 do TST:

SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE


(redação do item II alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 19.05.2014) - Res.
194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014.

I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº 262 - Res. 10/1986, DJ 31.10.1986).

II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho


suspendem os prazos recursais. (ex-OJ nº 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000).

Alternativa “D”: Incorreta – No processo civil, nos termos do art. 241, II, do CPC, início do prazo somente
ocorre com a juntada do mandado cumprido. Contudo, Todavia, no âmbito laboral tal dispositivo não é
aplicável, uma vez que o art. 774 da CLT regulamente de forma suficiente a questão:

Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme
o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela
em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do
Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal.

Percebe-se, então, uma diferenciação entre o processo civil e o processo do trabalho, tal diferença é
muito bem explanado pelo professor Bruno Klippel:

O texto legal demonstra o que se denomina início do prazo, que ocorre com o conhecimento

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do ato pela parte. Diferentemente do direito processual civil, em que, nos termos do art. 241
do CPC, o início do prazo se dá com a juntada do mandando cumprido ou do AR, no processo
do trabalho o conhecimento do ato basta ao início do prazo, tendo em vista a preocupação
com a celeridade processual, reflexo do princípio da proteção e do caráter alimentar das
verbas pleiteadas. (KLIPPEL, Bruno. Direito Sumular Esquematizado – TST. 4 ed – São Paulo:
Saraiva, 2014, pg. 25)

Através da OJ SBDI-2 nº 146, o TST cristalizou o entendimento:

OJ-SDI2-146 AÇÃO RESCISÓRIA. INÍCIO DO PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA


CONTESTAÇÃO. ART. 774 DA CLT (DJ 10.11.2004)

A contestação apresentada em sede de ação rescisória obedece à regra relativa à contagem


de prazo constante do art. 774 da CLT, sendo inaplicável o art. 241 do CPC.

Alternativa “E”: Correta – Conforme Súmula nº 16 do TST:

SUM-16 NOTIFICAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Presume-


se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-
recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

GABARITO: LETRA “D“

34. Acerca dos recursos trabalhistas, assinale a assertiva incorreta:

a) Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas existentes no Código de


Processo Civil, relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos.

b) Sob pena de não conhecimento do recurso de revista, deve o recorrente indicar


expressamente o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso de revista.

c) O Agravo de Instrumento deve ser interposto diretamente ao juízo prolator da decisão


recorrida.

d) As decisões interlocutórias são irrecorríveis na justiça do trabalho.

e) O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível


apenas quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – A presente questão destaca a importância de o aluno acompanhar as inovações

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legislativas, uma vez que são corriqueiramente objetos de questões de concursos.

No caso em tela, o aluno deveria ter conhecimento da alteração trazida pela Lei nº 13.015, de 21 de julho
de 2014, que estabeleceu, no que couber, ao recurso de revista o rito dos recursos repetitivos relativas aos
recursos extraordinários e especial estabelecido no Código de Processo Civil, conforme redação do novo
art. 896-B, da Consolidação das Leis Trabalhistas.

Nessa seara, a CLT, especialmente no art. 896-C, regulamenta o procedimento para julgamento em caso
de multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de direito.

A norma traz a possibilidade de sobrestamento de recursos de revistas após escolha do recurso paradigma
pelo Tribunal Superior do Trabalho. Tal inovação é bastante significativa e demonstra a importância cada
vez maior dada à celeridade e à uniformidade no processo brasileiro.

Destaca-se que a Lei nº 13.015, de 21 de julho de 2014, trouxe outras inovações no âmbito recursal
trabalhista, motivo pelo qual se aconselha a leitura atenta de todos seus dispositivos.

Alternativa “B”: Correta – Mais uma assertiva que aborda as novidades trazidas pela Lei nº 13.015/2014:

Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões
proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho, quando:

§ 1º O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será interposto perante o


Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que, por decisão fundamentada, poderá recebê-
lo ou denegá-lo. (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014)

§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia


objeto do recurso de revista; (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)

Destaca-se que em recente decisão (AIRR-794-78.2014.5.03.0080), noticiada pelo sítio do TST, a Corte
Trabalhista aplicou o citado dispositivo:

“‘Incumbe a quem interpõe o recurso indicar o trecho da decisão que mostre a resposta que o
Tribunal Regional deu ao tema, ou seja, o pronunciamento prévio sobre a matéria que pretende
ver reapreciado’, afirmou o relator. ‘Não basta apenas afirmar que a decisão condenatória deve
ser reformada, mas apontar em qual passagem se encontra a argumentação que pretende ver
reformada’”.

Segundo o magistrado, a alteração da CLT foi para evitar que o órgão julgador seja o responsável pela
tarefa de interpretar a decisão impugnada, para deduzir o que foi veiculado nela e qual a fundamentação
que sustenta a pretensão recursal, e representaria o atendimento dos pressupostos para autorizar o
conhecimento do recurso interposto.” (site TST)

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Alternativa “C”: Correta – No processo civil, nos termos dos art. 522 e 524 do CPC, o Agravo de
Instrumento terá como objeto impugnar decisões interlocutórias e deverá ser interposto diretamente ao
Tribunal ad quem.

Contudo, o Agravo de Instrumento na justiça do trabalho possui função diversa, uma vez que é que é
cabível contra despacho que denegaram a interposição de recursos.

Ou seja, o agravo de instrumento na Justiça do Trabalho apenas serve para destrancar recurso ao qual
foi negado seguimento e não para recorrer de decisões interlocutórias como acontece na justiça comum.

Ademais, o agravo de instrumento na Justiça do Trabalho deve ser interposto diretamente ao juízo prolator
da decisão recorrida, nos termos da Instrução Normativa nº 16/99 do Tribunal Superior do Trabalho.

Alternativa “D”: Incorreta – As decisões interlocutórias são recorríveis, não de imediato, mas apenas em
recurso contra decisão definitiva, nos termos do art. 893, §1º, da CLT. Assim, a parte inconformada com a
decisão interlocutória deve protestar no primeiro momento que falar nos autos, nos termos do art. 795 da
CLT, sob pena de preclusão. Após, na interposição do recurso contra decisão definitiva deve arguir como
preliminar o pedido de reforma de decisão interlocutória.

Alternativa “E”: Correta – Nos termos da Súmula nº 285 do TST:

RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE PARCIAL PELO JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL


REGIONAL DO TRABALHO. EFEITO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.20036.

O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas


quanto a parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

a) A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - Cofins incide sobre as receitas


provenientes das operações de locação de bens móveis.

b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, o ICMS faz parte da base de cálculo do COFINS.

c) Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição


do PIS e da Cofins.

d) A contribuição ao PIS/PASEP não pode incidir sobre o faturamento, uma vez que teria a

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mesma base de cálculo da COFINS.

e) Os juros e a correção monetária decorrentes de contratos de alienação de imóveis


realizados no exercício da atividade empresarial do contribuinte compõem a base de cálculo
da contribuição ao PIS e da COFINS.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – Conforme Súmula nº 423 do Superior Tribunal de Justiça:

A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - Cofins incide sobre as receitas


provenientes das operações de locação de bens móveis.

Alternativa “B”: Correta – O Superior Tribunal de Justiça possuía jurisprudência consolidada pela inclusão
do ICMS na base de cálculo do COFINS, nos termos das Súmulas nº 68 e 94. Contudo, em 2014, o
Supremo Tribunal Federal decidiu de forma contrária:

TRIBUTO – BASE DE INCIDÊNCIA – CUMULAÇÃO – IMPROPRIEDADE. Não bastasse a ordem


natural das coisas, o arcabouço jurídico constitucional inviabiliza a tomada de valor alusivo a certo
tributo como base de incidência de outro. COFINS – BASE DE INCIDÊNCIA – FATURAMENTO –
ICMS. O que relativo a título de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação
de Serviços não compõe a base de incidência da Cofins, porque estranho ao conceito
de faturamento. (RE 240785, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
08/10/2014, DJe-246 DIVULG 15-12-2014 PUBLIC 16-12-2014 EMENT VOL-02762-01 PP-00001)

Destaca-se que o tema ainda vai ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal sob o rito da repercussão
geral. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, embora já tenha decidido de acordo com o STF (AgRg no
AREsp 593627), ainda tem diversas decisões recentes mantendo sua posição histórica (vide AgRg no REsp
1484729 e AgRg no REsp 1510905).

Alternativa “C”: Correta – Nos termos do noticiado no Informativo de Jurisprudência nº 510:

DIREITO TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO NA BASE DE


CÁLCULO DO PIS E DA COFINS.

Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição do PIS e da
Cofins. O crédito-presumido do ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com a finalidade de
proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado Estado-membro,
não assumindo natureza de receita ou faturamento. Assim, não se tratando de receita, não há que se falar
em incidência do crédito presumido do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Precedentes citados:
AgRg no REsp 1.229.134-SC, DJe 3/5/2011, e AgRg no REsp 1.165.316-SC, DJe 14/11/2011. AgRg no REsp
1.329.781-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 27/11/2012.

Alternativa “D”: Incorreta – A LC nº 07/70, que prevê a incidência da contribuição do PIS/PASEP sobre
o faturamento, foi expressamente recepcionada pela Constituição Federal através do art. 239. Assim, não

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há que se falar em bis in idem com a contribuição prevista no art. 195, I, b), da Constituição.

Alternativa “E”: Correta – Conforme o Informativo de Jurisprudência nº 537 do STJ:

DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS SOBRE A CORREÇÃO MONETÁRIA E


OS JUROS REFERENTES À VENDA DE IMÓVEL.

Os juros e a correção monetária decorrentes de contratos de alienação de imóveis


realizados no exercício da atividade empresarial do contribuinte compõem a base de
cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. De início, esclareça-se que, no julgamento
do RE 585.235-MG (DJe 27/11/2008), o STF apreciou o recurso submetido a repercussão geral
e definiu que a noção de faturamento deve ser compreendida no sentido estrito de receita
bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, a
soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais, excluindo-se do conceito
de faturamento os aportes financeiros estranhos à atividade desenvolvida pela empresa.
O STJ, por sua vez, firmou entendimento de que a receita proveniente das atividades de
construir, alienar, comprar, alugar, vender imóveis e intermediar negócios imobiliários integra
o conceito de faturamento para os fins de tributação a título de PIS e COFINS, incluindo-se aí
as provenientes da locação de imóveis próprios e integrantes do ativo imobilizado, ainda que
não seja o objeto social da empresa, pois o sentido de faturamento acolhido pela lei e pelo
STF não foi o estritamente comercial. Ademais, aplica-se a esses casos, por analogia, o recurso
representativo da controvérsia REsp 929.521-SP (Primeira Seção, DJe 13/10/2009) e a Súmula
423 do STJ: “A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS incide sobre as
receitas provenientes das operações de locação de bens móveis”. Sendo assim, se a correção
monetária e os juros (receitas financeiras) decorrem diretamente das operações de venda de
imóveis realizadas pelas empresas - operações essas que constituem os seus objetos sociais
-, esses rendimentos devem ser considerados como um produto da venda de bens ou
serviços, ou seja, constituem faturamento, base de cálculo das contribuições ao PIS e
da COFINS, pois são receitas inerentes e acessórias aos referidos contratos e devem
seguir a sorte do principal. (REsp 1.432.952-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 25/2/2014).

GABARITO: LETRA “D“

36. Assinale a assertiva incorreta:

a) São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de


assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

b) Em caso de superveniência de lei que aumente os requisitos para usufruto da imunidade


das entidades beneficentes de assistência social, tais alterações não podem prejudicar
entidade que já tenha obtido Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social.

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c) É constitucional a exigência de renovação periódica de Certificado de Entidade


Beneficente de Assistência Social, para fins de aferição da imunidade tributária das entidades
beneficentes de assistência social.

d) As contribuições para a seguridade social devidas pelo empregador, empresa ou


equiparado poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho.

e) É inconstitucional lei ordinária que regula a prescrição ou a decadência das contribuições


previdenciárias é constitucional.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – Por expressa previsão constitucional:

Art. 195 – (....)

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de


assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Alternativa “B”: Incorreta – Não há que se falar em direito adquirido à imunidade, assim a entidade
deve observar os novos requisitos legais para gozo da imunidade. É a lição da Súmula nº 352 do Superior
Tribunal de Justiça:

A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social


(Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes.

Alternativa “C”: Correta – Conforme o visto acima, não há direito à imunidade, dessa sorte, o Supremo
Tribunal Federal considerou constitucional exigência de renovação periódica de Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social:

(...) II. Imunidade tributária: entidade declarada de fins filantrópicos e de utilidade pública:
Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos: exigência de renovação periódica (L. 8.212, de
1991, art. 55). Sendo o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos mero reconhecimento,
pelo Poder Público, do preenchimento das condições de constituição e funcionamento, que
devem ser atendidas para que a entidade receba o benefício constitucional, não ofende os
arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição Federal a exigência de emissão e renovação
periódica prevista no art. 55, II, da Lei 8.212/91. (RE 428815 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 07/06/2005, DJ 24-06-2005 PP-00040 EMENT VOL-
02197-07 PP-01247 RDDT n. 120, 2005, p. 150-153)

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONALIDADE


DA EXIGÊNCIA DA RENOVAÇÃO PERIÓDICA DO CERTIFICADO DE ENTIDADE

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5ª RODADA - 19/08/2015

BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CEBAS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO.


PRECEDENTES. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA NÃO PROVIDO. (RMS
27745, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-111 DIVULG 06-06-2012 PUBLIC 08-06-2012)

Alternativa “D”: Correta – Por expressa previsão constitucional:

Art. 195 – (....)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas
ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva
de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

Alternativa “E”: Correta – O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência pacificada que as
contribuições previdenciárias possuem natureza tributária (RE 560626).

Assim, estão submetidas aos ditames do art. 146 da Constituição Federal que dispõe:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

(...)

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

(...)

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

Dessa forma, somente lei complementar poderia dispor acerca da prescrição ou decadência das
contribuições sociais. Nesse diapasão, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais os artigos 45
e 46 da Lei nº 8.212/91 que estabeleciam prazos decadenciais e prescricionais das contribuições sociais.
Inclusive, com a edição da Súmula Vinculante nº 08:

São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos


45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.

Após, a edição da citada Súmula Vinculante, a Lei Complementar nº 128/2008 revogou tais disposições
normativas. Dessa sorte, as regras sobre prescrição e decadência das contribuições para a seguridade social
serão ditadas pelo CTN, especialmente observando o prazo de cinco anos para sua ocorrência. (AMADO,
Frederico. Direito Previdenciário: Coleção Sinopse para Concursos. 3º Edição. Ed. JusPodvim, 2013, pg 107)

Por todo o exposto, a assertiva está correta, uma vez que apenas Lei Complementar pode dispor acerca
da prescrição ou da decadência das contribuições

GABARITO: LETRA “B“

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira Página - 108


CEI-AGU/PGFN
5ª RODADA - 19/08/2015

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