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5ª RODADA - 19/08/2015
RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL
5ª RODADA - 19/08/2015
RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
PROFESSORES
CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..
JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Acerca do poder constituinte, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa correta:
III. Os ordenamentos jurídicos que possuem Constituições flexíveis são marcados pela
inexistência de um poder constituinte derivado reformador.
IV. De acordo com a corrente jusnaturalista, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
o poder constituinte originário não tem autonomia absoluta, sendo limitado pelas normas
de direito natural.
e) Deve o Estado assegurar às presidiárias condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação.
d) Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal e sociedade de economia mista forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.
DIREITO TRIBUTÁRIO
I. A ação cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo, em ambos os casos,
ser proposta junto ao juízo da execução fiscal. Caso a execução judicial estiver em Tribunal,
será competente para conhecê-la o relator do recurso.
II. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública, sob pena de cessação da eficácia da mesma, propor a execução judicial
no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na
esfera administrativa. Admite-se, outrossim, que a indisponibilidade patrimonial decorrente
da cautelar fiscal alcance, preenchidos os requisitos legais, os sócios-gerentes da empresa
devedora.
III. A concessão da medida cautelar fiscal pressupõe sempre crédito certo e devidamente
IV. O indeferimento da medida cautelar fiscal por compensação não obsta que a Fazenda
Pública intente a respectiva execução judicial da Dívida Ativa.
a) Incide o IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio.
d) A não cumulatividade, de observância obrigatória no IPI, dá-se por período (e não por
produto), dentre de um sistema de débitos e créditos, devendo estes últimos serem físicos,
reais e condicionados à ulterior saída tributada.
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, acerca das receitas públicas, assinalando a única assertiva incorreta.
a) Receita Pública pode ser definida como a entrada que, integrando-se ao patrimônio
público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o
seu vulto, como elemento novo e positivo.
c) As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento
da que as deva receber.
II. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência
com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.
Estão corretos:
DIREITO ECONÔMICO
10. À luz das normas constitucionais que disciplinam a ordem econômica, julgue os itens a seguir,
assinalando a assertiva incorreta.
11. Julgue os itens a seguir, à luz das normas constitucionais e legais que regem a defesa da
concorrência no Brasil:
III. Dentre as vedações estabelecidas ao Presidente e aos Conselheiros do Cade não está o
exercício de profissão liberal.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Órgãos superiores são aqueles localizados na cúpula da Administração, abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Caracterizam-se pela ampla
autonomia administrativa, financeira e técnica, constituindo-se em órgãos diretivos, com
funções precípuas de planejamento, supervisão e controle das atividades que constituem
sua área de competência.
13. Acerca dos poderes administrativos, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa
correta:
II. O exercício dos poderes administrativos está condicionado aos limites legais e as
regras de competência, punindo-se eventuais abusos cometidos pelo agente público. Nesse
cenário, constituem espécies de abuso de poder: o excesso de poder, quando embora
o agente atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando uma finalidade
diversa daquela para a qual foi concebido; e o desvio de poder, quando o agente excede os
limites da competência estabelecida em lei.
V. Para ser sujeito de poder disciplinar o agente deve estar na intimidade da Administração.
e) Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos insanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.
17. Quanto às regras referentes ao pessoal de serviço consular, assinale a alternativa correta:
e) É vedada a nomeação, por dois ou mais Estados, da mesma pessoa como funcionário
consular em um terceiro país.
18. Sobre a hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue os
seguintes itens:
II. Até o momento, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência é o único tratado internacional de direitos humanos aprovado conforme as
regras do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal.
a) I, III, IV e V.
b) I, II, e IV.
c) I, II e V.
d) III, IV e V.
b) O direito comunitário rege-se pelo princípio da primazia das normas comunitárias sobre
o direito interno dos Estados membros da União Europeia.
DIREITO EMPRESARIAL
I. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva, conforme legislação de regência dos títulos de crédito, é quinquenal, a contar do
dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
II. O aceite é obrigatório nas letras de câmbio, só podendo ser recusado nos casos
previstos em lei.
IV. O endossante da letra de arrendamento mercantil responde, via de regra, pelo seu
pagamento.
DIREITO CIVIL
II. O bem de família convencional, caso pretenda, deve ser instituído pelos cônjuges,
mediante escritura pública, testamento ou doação, e sua impenhorabilidade opera efeitos
retroativos, sendo excepcionada nos casos de dívidas decorrentes de obrigações de natureza
“propter rem”.
III. O bem de família voluntário é inalienável, razão pela qual a referida tutela é extinta
com a dissolução da sociedade conjugal. A referida proteção poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
IV. IV. O bem de família legal alcança o imóvel locado, tutelando os bens móveis quitados
que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário. É legítima a penhora
de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
c) I, II e V, estão incorretas.
II. Entende-se por mora “ex re” aquela que se caracteriza quando não há termo final para
cumprimento da obrigação assumida. A mora “ex persona” ocorre quando a obrigação for
positiva, líquida e com termo para cumprimento.
IV. Os juros são frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização do capital alheio.
Podem ser legais ou convencionais, moratórios ou compensatórios. No caso de mora “ex
re” os juros moratórios têm como termo “a quo” para sua incidência a data da citação.
V. Estipulada arras confirmatórias tem a função de confirmar a avença, salvo acordo das
partes prevendo direito de arrependimento. As arras penitenciais têm caráter indenizatório
e asseguram às partes o direito à indenização suplementar.
a) I e II estão corretos.
b) I e IV estão corretos.
d) II e IV estão corretos.
II. Da decisão que encerra o pedido de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento.
IV. Não se conhece do recurso, ainda que da União, quando não satisfeita uma das condições
para sua interposição, como o depósito de multa por litigância de má-fé decorrente de
agravo.
I. “A” furta a carteira de “B”, em seguida “C” furta a carteira que “A” tinha furtado de “B”,
desta forma, não há o crime de furto, pois “B” não era proprietário do bem subtraído.
II. Segundo o STF e o STJ o furto consuma-se quando a coisa subtraída sai da esfera de
proteção e disponibilidade da vítima, passando para o poder do agente, ainda que por um
curto espaço de tempo, e independe de deslocamento e de posse mansa e pacífica.
III. A energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa
móvel, portanto, é típica a conduta de efetuar ligação clandestina de sinal de TV à cabo.
IV. “A” a pretexto de auxiliar “B”, senhor de idade e com dificuldades em operar terminal
de caixa eletrônico, apossa-se do cartão magnético da vítima, trocando-o por outro. Neste
caso, “A” não comente o crime de furto, mas estelionato mediante fraude.
c) I, II e V, estão incorretas.
29. Sobre os crimes praticados contra a Administração Pública, assinale a alternativa correta.
II. Segundo o princípio da causalidade, a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.
III. A falta ou nulidade de citação não poderá ser suprida pelo comparecimento da parte
que manifesta apenas para arguí-la.
V. Aplica-se o princípio segundo o qual não há nulidade por omissão de formalidade que
b) I, II e IV estão corretos.
DIREITO DO TRABALHO
31. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá
direito a férias, na seguinte proporção:
a) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 06 (cinco) vezes;
b) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 7 (seis) a 15 (quatorze) faltas;
c) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 16 (quinze) a 24 (vinte e três) faltas;
d) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 25 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.
e) Sem direito a férias, quando houver tido mais de 32 (trinta e duas) faltas.
b) Em caso de dispensa sem justa causa, o obreiro possui direito às férias proporcionais,
ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses.
c) Em caso de dispensa por justa causa, o obreiro não faz jus às férias proporcionais.
b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente.
35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, o ICMS faz parte da base de cálculo do COFINS.
d) A contribuição ao PIS/PASEP não pode incidir sobre o faturamento, uma vez que teria a
mesma base de cálculo da COFINS.
QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Acerca do poder constituinte, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa correta:
III. Os ordenamentos jurídicos que possuem Constituições flexíveis são marcados pela
inexistência de um poder constituinte derivado reformador.
IV. De acordo com a corrente jusnaturalista, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
o poder constituinte originário não tem autonomia absoluta, sendo limitado pelas normas
de direito natural.
COMENTÁRIO
O erro do item “I” está na conceituação do poder constituinte originário histórico, o qual é o responsável
pela elaboração da primeira constituição dentro de um Estado. O conceito dado no enunciado, na verdade,
reflete à subclassificação do poder constituinte originário revolucionário. Portanto, incorreto o item “I”.
O item “II” está correto, correspondendo ao conceito de poder constituinte supranacional. Segundo
Pedro Lenza, “o poder constituinte supranacional busca sua fonte de validade na cidadania universal,
no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de
soberania. Segundo Maurício Andreiuolo Rodrigues, agindo de fora para dentro, o poder constituinte
supranacional busca estabelecer uma Constituição supranacional legítima: faz as vezes do poder
constituinte porque cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que reorganiza a
estrutura de cada um dos Estados ou adere ao direito comunitário de viés supranacional por excelência,
com capacidade, inclusive, para submeter as diversas constituições nacionais ao seu poder supremo.
Da mesma forma, e em segundo lugar, é supranacional, porque se distingue do ordenamento positivo
interno assim como o do direito internacional”. (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.
Saraiva, São Paulo, 2014, 18ª ed. Pg. 229).
Com relação ao item “III”, lembrem que o Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo
originário, obedecendo aos regramentos impostos por ele. Ele pode ser classificado em reformador,
cuja característica é ser responsável pela modificação da Constituição através de um processo formal
de alteração. Na Constituição Federal de 1988, por exemplo, ele está presente no artigo 60, através das
emendas constitucionais. De outro norte, classificam-se como flexíveis as Constituições cujo processo
legislativo de modificação de seu texto é idêntico ao processo legislativo ordinário. Ou seja, o parlamento
tem uma função constituinte permanente, não havendo hierarquia entre a Constituição e as leis. Logo,
nas Constituições flexíveis há ausência de um poder constituinte derivado reformador. Correto o item “III”,
portanto.
Quanto ao item “IV”, o Poder Constituinte Originário é o responsável pela elaboração de uma nova
ordem constitucional, rompendo inteiramente com a anterior. Nesse cenário, ela goza dos atributos de ser
inicial (por instaurar uma nova ordem constitucional), autônomo (no sentido de que a nova Constituição
será estruturada autonomamente, pelo titular do poder), e ilimitado juridicamente (sem a necessidade
de observar limites impostos pelo direito anterior). Com efeito, segundo a corrente jusnaturalista, essa
autonomia não seria absoluta, sendo limitada pelas normas de direito natural. No entanto, o ordenamento
nacional adotou a corrente positivista, segundo a qual o poder constituinte originário é totalmente
ilimitado. Assim, incorreto o item “IV”.
Por fim, o item “V” está correto. O Poder Constituinte Derivado Decorrente é o responsável por elaborar
a Constituição dos Estados membros, e foi delegado expressamente às Assembleias Legislativas dos
Estados membros pelo art. 11 do ADCT:
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os
princípios desta.
Sendo assim, estão certos os itens II, III, e V, sendo a alternativa “a” a correta.
e) Deve o Estado assegurar às presidiárias condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação.
COMENTÁRIO
O item “a” está correto. Tanto os direitos humanos quanto os direitos fundamentais são aqueles
indispensáveis a uma existência humana digna, salvaguardando o indivíduo face ao Estado, tais como a
vida, liberdade, igualdade, etc. Assim, pode-se afirmar que não existe diferença ontológica entre ambos,
de conteúdo, podendo ser diferenciados quanto ao âmbito de previsão. Enquanto os direitos humanos
estão positivados no plano internacional, os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados
numa Constituição.
Com relação ao item “b” ele está correto, consistindo em trecho da ementa do julgamento do MS nº
22.164 pelo STF. Com efeito, os direitos de primeira geração estão ligados ao Estado Liberal, ao valor
liberdade, diretamente ligado aos direitos civis e políticos, cujo foco é o indivíduo. Já os direitos de
segunda geração estão ligados ao Estado Social, ao valor igualdade, diretamente ligado aos direitos
sociais, econômicos e culturais, cujo foco é o grupo social. Por fim, os direitos de terceira geração estão
ligados ao Estado Democrático de Direito, ao valor fraternidade, diretamente ligado aos direitos difusos,
ao progresso social e à paz, cujo foco é toda a humanidade. Ressalto que de acordo com alguns autores,
como Paulo Bonavides, pode-se citar ainda os direitos de quarta geração, resultado do fenômeno da
globalização política e do neoliberalismo, tais como o direito à democracia, à informação e ao pluralismo;
e os direitos de quinta geração, como transladação do direito à paz (de terceira geração), ligado à paz
mundial.
O item “c” está correto, de acordo com o art. 5º, §3º, da Constituição Federal.
Já o item “e” corresponde à redação do art. 5º, L, da Constituição Federal, estando também correto.
O item incorreto, portanto, é o “d”. No julgamento da ADI nº 4.815, entendeu o STF que é inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso
de pessoas falecidas ou ausentes.
Entendeu o STF que a Constituição asseguraria como direitos fundamentais a liberdade de pensamento
e de sua expressão, a liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e cultural; o direito
de acesso à informação e de pesquisa acadêmica, para o que a biografia seria fonte fecunda; e proíbe
a censura de qualquer natureza, não se podendo concebê-la de forma subliminar pelo Estado ou por
particular sobre o direito de outrem.
Entretanto, ressalvou que o exercício desse direito não tolhe eventual direito à reparação, que poderá
ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, ou de direito de resposta, por exemplo.
d) Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal e sociedade de economia mista forem interessadas
COMENTÁRIO
O item “a” está incorreto de acordo com o julgado pelo STF na ADI nº 4.150. Segundo o Tribunal, o
procedimento para a escolha dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça está totalmente disciplinado
no art. 94 da Constituição Federal, que não prevê a participação do Poder Legislativo. Assim, não se
admite que sejam criadas novas etapas pela Constituição Estadual. Incorreto, portanto, o item “a”.
Com relação ao item “b”, a competência é do STF, nos termos do art. 102, II, “b”, da CF.
O item “d”, por sua vez, erra ao incluir na competência da Justiça Federal as causas envolvendo Sociedade
de Economia Mista.
Quanto ao item “e”, entendeu o STF no MS nº 27.774 que o Conselho Nacional do Ministério Público
não ostenta competência para efetuar controle de constitucionalidade de lei, posto consabido tratar-se
de órgão de natureza administrativa, cuja atribuição adstringe-se ao controle da legitimidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público Federal e Estadual. Portanto,
incorreto o item “e”.
O item correto é o “c”. Muito embora o STF tenha competência para processar e julgar, originariamente,
as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público (art. 102, I,
“r”), essa competência não abrange as ações decorrentes de decisões negativas destes órgãos. É o caso,
por exemplo, quando os órgãos se recusam de intervir em determinado procedimento, ou, então, que
reconhecem sua incompetência, sem manifestar entendimento sobre o tema colocado à apreciação (ou
seja, a decisão tem um conteúdo “negativo”). Nesses casos, a ausência de pronunciamento do órgão não
faz instaurar, para efeito de controle jurisdicional, a competência originária do STF.
DIREITO TRIBUTÁRIO
COMENTÁRIO
Letra a. Correta. Conforme decidido recentemente pela 1ª Seção do STJ, tem-se que o fato de o débito ter
origem não-tributária não é impeditivo do redirecionamento da execução, uma vez presentes os indícios
da dissolução irregular da pessoa jurídica e o do descumprimento da legislação empresarial quanto ao
encerramento das atividades daquela:
intelectiva, não se pode conceber que a dissolução irregular da sociedade seja considerada
“infração à lei” para efeito do art. 135 do CTN e assim não seja para efeito do art. 10 do Decreto
3.078/1919. Aliás, cabe registrar que o art. 135, III, do CTN traz similar comando ao do art. 10
do referido Decreto, sendo que a única diferença entre eles é que, enquanto o CTN enfatiza
a exceção – a responsabilização dos sócios em situações excepcionais –, o Decreto enfatiza a
regra – a ausência de responsabilização dos sócios em situações regulares. Ademais, ambos
trazem a previsão de que os atos praticados em nome da sociedade com excesso de poder
(mandato), em violação a lei, contrato ou estatutos sociais ensejam a responsabilização dos
sócios perante terceiros (redirecionamento) e a própria sociedade da qual fazem parte, não
havendo em nenhum dos casos a exigência de dolo. Precedentes citados: REsp 697.108-MG,
Primeira Turma, DJe 13/5/2009; e AgRg no AREsp 8.509-SC, Segunda Turma, DJe 4/10/2011.
REsp 1.371.128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2014.
Letra b. Correta. O Superior Tribunal de Justiça, conforme noticiado em seu Informativo de Jurisprudência
nº 550, de 19 de novembro 2014, firmou posição no sentido de que a responsabilidade tributária oriunda
do art. 135 do CTN é pessoal e solidária, sem exclusão daquela do contribuinte originariamente obrigado,
senão vejamos:
sentido. Ademais, a prática de ato ilícito imputável a um terceiro, posterior à ocorrência do fato
gerador, não afasta a inadimplência (que é imputável à pessoa jurídica, e não ao respectivo
sócio-gerente) nem anula ou invalida o surgimento da obrigação tributária e a constituição
do respectivo crédito, o qual, portanto, subsiste normalmente. Entender de modo diverso,
seria concluir que o ordenamento jurídico conteria a paradoxal previsão de que um ato ilícito
– dissolução irregular –, ao fim, implicaria permissão para a pessoa jurídica (beneficiária direta
da aludida dissolução) proceder ao arquivamento e ao registro de sua baixa societária, uma
vez que não mais subsistiria débito tributário a ela imputável, em detrimento de terceiros de
boa-fé (Fazenda Pública e demais credores). REsp 1.455.490-PR, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 26/8/2014.
Letra c. Incorreta (gabarito), pois o retorno negativo da carta de citação expedida via AR não basta para
se presumir o encerramento irregular da pessoa jurídica, revelando-se imprescindível a certidão do Oficial
de Justiça atestando tal fato. Nesse sentido inclusive ato normativo interno da própria PGFN constante das
listas de dispensa de recorrer deste órgão:
Item 72 da Lista 2- (Temas definidos pelo STJ, em sede de jurisprudência reiterada e pacífica,
que dispensam a interposição de RESP) da Lista de JURISPRUDÊNCIA REITERADA E PACÍFICA,
DO STF E DO STJ, DESFAVORÁVEL À FAZENDA NACIONAL conforme o art. 2º da Portaria
PGFN nº 294/2010 Execução Fiscal. Dissolução Irregular da Sociedade. Redirecionamento.
Responsabilidade do sócio-gerente. Devolução de AR. A mera devolução do Aviso de
Recebimento (AR) sem cumprimento, não basta por si só, à caracterização de que a sociedade
foi irregularmente dissolvida, isto porque, não possui, o funcionário da Empresa de Correios e
Letra d. Correta. A responsabilidade dos sócios-gerentes, senão pessoal, é ao menos solidária em relação
à pessoa jurídica por eles administrada, e a existência dessa condição (sócio-gerente/administrador) é
verificada, na linha do que dispõe o art. 135 do CTN, ao tempo do ilícito, que não é o mero inadimplemento
do tributo (=momento da ocorrência do fato gerador), mas sim a irregular extinção da empresa,
momento no qual o embargante figurava na condição de sócio-gerente. Admitir raciocínio inverso,
responsabilizando o sócio-gerente do tempo do fato gerador, implica na afronta ao disposto na Súmula
nº 430 do STJ, segundo a qual “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por
si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”.
RESOLVE:
Art. 1º - Para fins de responsabilização com base no inciso III do art. 135 da Lei Nº 5.172, de 25
de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, entende-se como responsável solidário o
sócio, pessoa física ou jurídica, ou o terceiro não sócio, que possua poderes de gerência sobre
a pessoa jurídica, independentemente da denominação conferida, à época da ocorrência do
fato gerador da obrigação tributária objeto de cobrança judicial.
I - excesso de poderes;
II - infração à lei;
Art. 3º - Tratando-se de débitos junto à Seguridade Social, cujo fato gerador tenha ocorrido
antes da entrada em vigor da Medida Provisória Nº 449, de 3 de dezembro de 2008,
convertida na Lei Nº 11.941, de 27 de maio de 2009, o sócio de pessoa jurídica por cotas de
responsabilidade limitada, que estava nesta condição à época do fato gerador, será incluído
como responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União, independentemente da
comprovação de qualquer das situações previstas no art. 2º desta Portaria. (disposição acabou
revogada pela Portaria nº 1.242, de 02/12/2010, vide RE 562.276/PR)
Art. 4º - Após a inscrição em dívida ativa e antes do ajuizamento da execução fiscal, caso o
Procurador da Fazenda Nacional responsável constate a ocorrência de alguma das situações
previstas no art. 2º, deverá juntar aos autos documentos comprobatórios e, após, de forma
fundamentada, declará-las e inscrever o nome do responsável solidário no anexo II da Certidão
de Dívida Ativa da União
Art. 6º - Ante a não comprovação, nos autos judiciais, das hipóteses previstas no art. 2º desta
Portaria, o Procurador da Fazenda Nacional responsável, não sendo o caso de prosseguimento
da execução fiscal contra o devedor principal ou outro codevedor, deverá requerer a suspensão
do feito por 90 (noventa) dias e diligenciar para produção de provas necessárias à inclusão
do responsável solidário na Certidão de Dívida Ativa da União, conforme disposto no art. 4º
desta Portaria.
Parágrafo único. Não logrando êxito na produção das provas a que se refere o caput, o
Procurador da Fazenda Nacional deverá requerer a suspensão do feito, nos termos do art. 40
da Lei Nº 6.830, de 22 de setembro de 1980.
Letra e. Correta. Embora o tema relativo à suposta contagem autônoma da prescrição para a exigência
do crédito em face do sócio-redirecionado não esteja pacificado na jurisprudência (pois pendente de
julgamento definitivo no âmbito do STJ no Resp 1201993/SP, afetado à sistemática dos recursos repetitivos),
é mais correto defender, na prova da PGFN, a posição exposta no enunciado da alternativa. A mesma
encontra guarida nos seguintes argumentos:
(i) O prazo prescricional tem-se por interrompido quando da prolação do despacho citatório também em
relação ao sócio-gerente. Isso porque, considerando ser ele responsável solidário com a pessoa jurídica
pelo débito fiscal (art. 135, CTN), aplicar-se-ia aí a regra do art. 125, III do CTN, segundo o qual:
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
(...)
(ii) O instituto da prescrição pressupõe inércia da parte credora. Revela-se como medida punitiva para
o titular de pretensão que se mantém inerte por determinado lapso temporal, deixando de praticar
ato de sua incumbência para satisfação do seu direito. Sendo assim, a Fazenda exequente, que sempre
diligenciara nos autos buscando satisfazer o seu crédito, não poderá ser prejudicada pelo fato de que o
pressuposto autorizador do redirecionamento (=dissolução irregular da pessoa jurídica originariamente
executada) só veio a ocorrer ou ser constado no curso do processo. Até porque é de esperar que a
exequente, antes de mais nada, esgote todas as alternativas possíveis de cobrança em face do obrigado
originário, para só então postular a medida.
(iii) Como se iniciar a contagem do prazo prescricional se as circunstâncias materiais que a ele podem
dar ensejo sequer ocorreram? Ora, o redirecionamento somente pode ocorrer caso estejam configurados
todos os requisitos para fins de aplicação da norma de responsabilidade, sob pena de se iniciar a contagem
do prazo prescricional sem que o próprio direito ao redirecionamento exista, o que implicaria ofensa ao
princípio da actio nata. Em outras palavras, somente no momento em que verificada a irregular dissolução
da empresa executada é que surge para a exequente a possibilidade de se postular o redirecionamento
do executivo. Admitir raciocínio inverso é exigir do Fisco providência absolutamente inviável de ter sido
exercida anteriormente à constatação da ocorrência da infração legal ensejadora da corresponsabilidade
do sócio-gerente.
Nesse exato sentido são alguns dos precedentes do TRF4 (Tribunal junto ao qual eu atuo):
seu dever, diante da paralisação definitiva das atividades da pessoa jurídica, promover-lhe a
regular liquidação. Não cumprido tal mister, nasce a presunção de apropriação indevida dos
bens da sociedade. 2. Na hipótese em tela, consta nos autos a certidão do oficial de justiça
atestando a inatividade da empresa executada. 3. Esta Corte vem decidindo que o início para
a contagem do prazo de prescrição para o redirecionamento, no caso da constatação da
dissolução irregular, dá-se no momento em que os indícios de encerramento das atividades
chegam aos autos. 4. O fundamento jurídico dessa interpretação assenta-se no fato de que
a prescrição objetiva não só garantir a segurança jurídica, mas também punir o credor que
permanece inerte e não busca satisfazer o seu crédito em tempo hábil. Razão pela qual o
início da prescrição vincula-se ao momento em que o credor pode exercer seu direito de
cobrar e não o faz por inércia, consoante consagrado pelo princípio da actio nata, ou seja,
no caso, quando da dissolução. 5. In casu, não há que se falar em prescrição intercorrente.
6. Agravo de instrumento desprovido. (TRF4, AG 5022914-96.2015.404.0000, Segunda Turma,
Relator p/ Acórdão Cláudia Maria Dadico, juntado aos autos em 05/08/2015)
I. A ação cautelar fiscal pode ser preparatória ou incidental, devendo, em ambos os casos,
ser proposta junto ao juízo da execução fiscal. Caso a execução judicial estiver em Tribunal,
será competente para conhecê-la o relator do recurso.
II. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública, sob pena de cessação da eficácia da mesma, propor a execução judicial
no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na
esfera administrativa. Admite-se, outrossim, que a indisponibilidade patrimonial decorrente
da cautelar fiscal alcance, preenchidos os requisitos legais, os sócios-gerentes da empresa
devedora.
III. A concessão da medida cautelar fiscal pressupõe sempre crédito certo e devidamente
formalizado, seja pelo lançamento seja por declaração do contribuinte.
IV. O indeferimento da medida cautelar fiscal por compensação não obsta que a Fazenda
Pública intente a respectiva execução judicial da Dívida Ativa.
COMENTÁRIO
Pessoal, da análise das provas passadas e do perfil da banca da PGFN, mostra-se importante conhecer os
temas e matérias específicas que geralmente são encontrados e trabalhados no cotidiano desta carreira,
como, p.ex., as leis de regência dos parcelamentos federais, o processo administrativo fiscal federal
(Decreto 70.235/72), as contribuições sociais, os impostos federais, etc. Dentre esses temas também se
encontra a medida cautelar fiscal, que é prevista na Lei nº 8.397/92, diploma este de fácil e rápida leitura.
Com fundamento nesta lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas
autarquias, como sujeitos ativos de obrigações tributárias, podem buscar acautelar os seus créditos
quando o sujeito passivo pratique atos que dificultem ou impeçam a sua satisfação. São casos como o do
devedor que se ausenta visando a elidir o adimplemento da obrigação, que põe ou tenta por seus bens
em nome de terceiros, que possui débitos superiores a 30% do seu patrimônio conhecido ou que tem sua
inscrição no cadastro de contribuinte declarada inapta pela Fazenda, dentre outros (art. 2º).
Item I. Correto. A medida cautelar fiscal pode ser intentada previamente à propositura da execução
fiscal (preparatória) ou mesmo no curso desta (incidental). Segundo o art. 1° da lei em comento “O
procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da
execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias”. Em qualquer caso, preparatória ou incidental, o juízo competente para a ação cautelar fiscal
é o mesmo da execução fiscal e, caso a execução fiscal esteja em Tribunal, será o relator do recurso:
Art. 5° A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial da
Dívida Ativa da Fazenda Pública.
Item II. Correto. A medida cautelar fiscal conserva sua eficácia mesmo que seja suspensa a exigibilidade
do crédito tributário; contudo, quando preparatória, perde sua eficácia se a execução não for ajuizada até,
no máximo, sessenta dias após o lançamento tornar-se irrecorrível na esfera administrativa:
Art. 11. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá
a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida Ativa no prazo de sessenta dias,
contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa.
Art. 12. A medida cautelar fiscal conserva a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na
pendência do processo de execução judicial da Dívida Ativa, mas pode, a qualquer tempo, ser
revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão em contrário, a medida cautelar fiscal conservará sua eficácia
durante o período de suspensão do crédito tributário ou não tributário.
I - se a Fazenda Pública não propuser a execução judicial da Dívida Ativa no prazo fixado no
art. 11 desta lei;
III - se for julgada extinta a execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública;
Parágrafo único. Se, por qualquer motivo, cessar a eficácia da medida, é defeso à Fazenda
Pública repetir o pedido pelo mesmo fundamento.
Por fim, anota-se que, desde que provado a presença dos requisitos do art. 135 do CTN (excesso de
mandato, infração à lei ou regulamento), podem os efeitos da cautelar fiscal alcançar os sócios-gerentes/
administradores da empresa devedora:
3. Medida cautelar fiscal que decretou a indisponibilidade de bens dos sócios integrantes do
Conselho de Administração da empresa devedora, com base no artigo 4º, da Lei 8.397/92.
4. Deveras, a aludida regra deve ser interpretada cum grano salis, em virtude da remansosa
jurisprudência do STJ acerca da responsabilidade tributária dos sócios.
6. Precedente da Corte no sentido de que: “(...) Não deve prevalecer, portanto, o disposto no
artigo 4º, § 2º, da Lei 8.397/92, ao estabelecer que, na concessão de medida cautelar fiscal, ‘a
indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qualquer
título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador’.
Em se tratando de responsabilidade subjetiva, é mister que lhe seja imputada a autoria do
ato ilegal, o que se mostra inviável quando o sócio sequer era administrador da sociedade à
época da ocorrência do fato gerador do débito tributário pendente de pagamento.(...)” (REsp
197278/AL, Relator Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ de 24.06.2002)
7. In casu, verifica-se que a decretação da indisponibilidade dos bens dos sócios baseou-se,
tão-somente, no fato de integrarem o Conselho de Administração da Olvepar S.A. - Indústria
e Comércio, “com competência para fiscalizar a gestão dos diretores, através de exame de
livros e documentos da sociedade, bem como, para solicitar informações sobre contratos
celebrados, incluindo-se o presente Contrato de Benefício Fiscal concedido à referida empresa
por intermédio do PRODEI (Programa de Desenvolvimento Industrial do Estado)”, o que
configura ofensa ao artigo 135, do CTN.
(REsp 722.998/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/04/2006, DJ
28/04/2006, p. 272)
Item III. Incorreto. A ação cautelar fiscal pressupõe, via de regra, créditos tributários já constituídos (arts.
1º e 3º), ou seja, declarados pelo contribuinte ou lançados pelo Fisco. Há, contudo, duas hipóteses em
que, excepcionalmente, o legislador admite o seu uso antes mesmo da constituição do crédito tributário
(parágrafo único do art. 1º), quais sejam: (I) a do contribuinte que põe seus bens em nome de terceiros e
(II) daquele que aliena bens ou direitos sem proceder à comunicação devida ao órgão da Fazenda Pública
na hipótese dos bens terem sido objeto de arrolamento administrativo.
Item IV. Incorreto, pois, se acolhida a alegação de compensação nos autos da cautelar fiscal, a Fazenda
Pública fica obstada de propor a execução fiscal, até porque aí presente causa extintiva do próprio crédito
tributário:
Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente
a execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no
procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação,
de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer
outra modalidade de extinção da pretensão deduzida.
Art. 16. Ressalvado o disposto no art. 15, a sentença proferida na medida cautelar fiscal não faz
coisa julgada, relativamente à execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta. A denúncia espontânea consiste em instituto jurídico tributário que tem por objetivo
estimular o contribuinte infrator a tomar a iniciativa de se colocar em situação de regularidade, pagando
os tributos que omitira com afastamento da multa/penalidade. Preleciona o art. 138 do Código Tributário
Nacional:
Exemplificativamente: contribuinte que deixa de recolher o tributo no prazo devido, para valer-se do
benefício da denúncia espontânea, deverá confessar o fato, acompanhado do recolhimento com juros e
correção, para assim se ver livre da multa (moratória ou punitiva) que seria imposta por decorrência do
ilícito.
Anota-se que a responsabilidade pelos juros não é afastada pela denúncia espontânea. Muito pelo contrário,
a denúncia espontânea, para restar configurada, deve sempre estar acompanhada do pagamento do
valor histórico corrigido do débito, mais os juros incidentes. Isso porque os juros não têm natureza de
penalidade, senão indenizam a Fazenda pelo tempo em que ficara privada do capital.
Letra b. Incorreta na segunda parte, pois o procedimento de investigação a obstar a denúncia espontânea
deve se relacionar com a infração a ser investigada. Vale dizer, se a investigação for genérica e sem relação
com a infração a ser confessada, pode o contribuinte validamente fazer a denúncia espontânea desta
última, a qual não estará alcançada pela investigação fiscal. Com efeito, o parágrafo único, que afasta a
espontaneidade da denúncia, deve ser lido tendo em conta a disposição do art. 196 do CTN, tornando-se
necessária a lavratura de documento, pela autoridade fazendária, como forma de se evidenciar o início
da fiscalização. Se o fiscal documenta o termo inicial da fiscalização, a denúncia passa a ser provocada,
pois o contribuinte sabe que será apanhado e o ilícito será descoberto. Deste modo, salvo a existência
de convênio (que autorize a Fazenda de outro ente a apurar e lançar tributos de outrem), o fato de o
contribuinte estar sendo fiscalizado pelo agente fiscal estadual, não impede que ele faça a denúncia
espontânea relativamente a tributos municipais e/ou federais. Além do mais, a pré-existência de inquérito
policial, para apurar crime contra a ordem tributária, não afasta a espontaneidade da denúncia, conforme
se percebe do seguinte precedente:
1. “Procedimento de fiscalização que obsta a denúncia espontânea não pode ser genérico, ao
contrário, tem de relacionar-se com a infração.” (MACÊDO, José Jayme de. “Código tributário
nacional: comentários, doutrina, jurisprudência”. São Paulo: Saraiva, 1998)
Letra c. Correta, pois a denúncia espontânea não se aplica diante do descumprimento de obrigação
acessória:
2. O STJ firmou entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar
a multa decorrente recolhimento do tributo fora do prazo legal, já que os efeitos do art. 138
do CTN não se estendem às obrigações acessórias. (AgRg no AREsp 88.344/SP, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 07/02/2014)
Assim, p.ex.: o termo final para apresentação da DIRPF é 30 de abril. Sujeito apresentou a declaração
em maio. Descumpriu, portanto, obrigação acessória (obrigação de apresentar declaração de bens e
rendimentos). Fisco impõe multa, de cento e poucos reais pela apresentação a destempo. Sujeito diz que
a multa é indevida pois apresentara denúncia espontânea, tendo em vista que o Fisco ainda não sabia
que ele não tinha apresentado a declaração (não houve ainda autuação/fiscalização por conta disso).
Sem razão o contribuinte na hipótese, pois, segundo a jurisprudência do STJ, a denúncia espontânea não
é benefício aplicável ao descumprimento de obrigação acessória, vez que o descumprimento desta gera
a imposição da penalidade automaticamente.
Letra d. Incorreta na segunda parte, vez que a denúncia espontânea não se aplica tanto no caso de
tributos regularmente declarados mas pagos a destempo (Súmula nº 360 do STJ), quanto na hipótese de
a confissão de dívida estiver acompanhada do seu pedido de parcelamento.
Com efeito, tem-se que a denúncia espontânea é benefício tipicamente invocável em relação a tributos
sujeitos a lançamento por homologação, porque nesses casos a legislação impõe ao sujeito passivo
o dever de, uma vez ocorrido o fator, calcular o montante tributável e efetuar o recolhimento desse
montante aos cofres públicos, antes de qualquer atividade administrativa de liquidação do vínculo. O
lançamento, na hipótese, dar-se-á quando a administração homologar, expressa ou tacitamente, esse
procedimento. Nesse norte, o contribuinte que deixa de realizar essa providência imposta por lei (de
recolher antecipadamente o tributo) poderá fazer denúncia espontânea a qualquer tempo antes do início
da fiscalização, porque a administração ainda não apurou que ele não recolheu o valor devido.
E no caso em que a legislação imponha não apenas o pagamento antecipado, mas também a declaração
do montante a recolher (situação muito comum atualmente nos tributos federais)? Sujeito calcula quanto
deve, declara ao Fisco esse montante, mas não efetua os correlatos recolhimentos. Nesse caso, segundo
o STJ, o contribuinte não poderá se valer do benefício da denúncia espontânea, pois, uma vez declarado
o montante devido, não há mais que se falar na necessidade de lançamento para formalizar o crédito no
montante declarado (Súmula 436 do STJ), de modo que a penalidade aí já incidiu a partir do vencimento.
Com base nessa exegese que foi editada a Súmula nº 360 do STJ:
STJ, Súmula nº 360 – O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.
Tal entendimento, em verdade, cria uma situação um pouco sui generis, pois se retira do contribuinte que
cumprira parcialmente as obrigações da norma tributária (= fez a declaração de débito, mas não realizou
o pagamento) um benefício que é mantido relativamente àquele que descumprira integralmente (= não
faz o pagamento e não faz a declaração de débito) os preceitos da legislação.
Por derradeiro, anota-se que o contribuinte que confessa o não pagamento de tributo e opta pelo
parcelamento, não faz jus ao benefício da denúncia espontânea:
Súmula nº 208 do extinto TFR – “A simples confissão da dívida, acompanhada do seu pedido
de parcelamento, não configura denúncia espontânea”.
1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de parcelamento
de débito tributário.
2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
8/2008 do STJ.
(REsp 1102577/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009,
DJe 18/05/2009)
Letra e. Incorreta. Havia quem em doutrina sustasse que a denúncia espontânea afastaria apenas a
multa punitiva, mas não a moratória. O STJ não concebe essa distinção entre multa punitiva e moratória:
multa é sanção, toda multa, portanto, tem caráter punitivo; igualmente, a multa incide em caráter do
cumprimento extemporâneo da obrigação, logo, toda multa é moratória. Destarte, a denúncia espontânea
afasta qualquer tipo de penalidade, tenha a nomenclatura que tiver, pois afasta a responsabilidade por
infração. Vale dizer, a denúncia espontânea exclui a responsabilidade tanto pela multa moratória como
pela multa de ofício.
a) Incide o IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio.
d) A não cumulatividade, de observância obrigatória no IPI, dá-se por período (e não por
produto), dentre de um sistema de débitos e créditos, devendo estes últimos serem físicos,
reais e condicionados à ulterior saída tributada.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta, tendo o STJ recentemente externado, pela sua Primeira Seção (recurso repetitivo),
entendimento em sentido oposto, qual seja: de que o IPI não incide no desembaraço aduaneiro de
veículo importado por pessoa física para uso próprio:
Primeira Seção
Destaco que o STF é que vai acabar dando a palavra final sobre o tema no RE 723651/PR, cujo julgamento
encontra-se sobrestado por pedido de vista do Min. Roberto Barroso (Informativo nº 768/2014). Vale
acompanhar o desfecho desse julgamento!
Letra b. Incorreta. O art. 46 da Lei 4.502/64 atribui dever aos contribuintes de IPI, consistente na aplicação
de selo especial sobre produtos industrializados, para fins de controle quantitativo = obrigação tributária
acessória (obrigação de fazer). Trata-se do chamado “selo oficial”, cuja emissão, embora gratuita na sua
origem, passou a ser cobrada conforme disposto no art. 298 do RIPI (regulamento do IPI), a título de
ressarcimento de custo e demais encargos:
Ocorre que o STF, no RE 662.113, entendeu pela inconstitucionalidade do art. 3º do Decreto-Lei nº 1.437/75
(correspondente do art. 298 do RIPI), por ofensa ao princípio da legalidade estrita, quando transfere a
agente do Estado – Ministro da Fazenda – a definição do ressarcimento de custo e demais encargos
relativos ao selo especial ali previsto:
Letra c. Incorreta, vez que o enunciado espelha posição que parece ter sido superada no âmbito do STJ
(embora se encontrem alguns julgados mais antigos das Turmas no sentido da assertiva da questão). O
mais recente entendimento da Seção do STJ quanto ao tema é o seguinte, inadmitindo a dupla incidência
do tributo (no desembaraço aduaneiro e na saída do estabelecimento importador):
Primeira Seção
das formas de industrialização. EREsp 1.411.749-PR, Rel. originário Min. Sérgio Kukina, Rel. para
acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 11/6/2014, DJe 18/12/2014. (Informativo n. 553).
Letra d. Correta (gabarito). No IPI, a técnica da não cumulatividade, à semelhança do que ocorre no
ICMS, decorre de mandamento constitucional expresso plasmado no art. 153, §3º, II da CF:
(...)
IV - produtos industrializados;
(...)
Com efeito, sendo imposto sobre produtos industrializados típico caso de tributo que incide sobre diversas
fases da cadeia produtiva, nada mais natural que se busque evitar a tributação em cascata, prática esta
que oneraria sobremaneira os agentes econômicos produtores e também o próprio consumidor final (isso
porque o IPI é tributo do tipo indireto, de modo que o ônus econômico da incidência acaba por repercutir
no adquirente último da cadeia produtiva).
O modus operandi de como opera a não cumulatividade é delineado pelo legislador em âmbito
infraconstitucional (art. 49 do CTN e o art. 25 da Lei nº 4.502/64). Atualmente, o tema vai também
disciplinado no regulamento do IPI, o chamado RIPI, baixado pelo Decreto nº 7.212/2010. Evidente que o
candidato – inclusive aquele da PGFN - não precisa decorar ou mesmo ler o referido ato normativo, até
porque dispõe ele de mais de 600 artigos, fora os respectivos anexos. Cito, contudo, à guia de ilustração
do até aqui dito, o que dispõe o art. 225 do RIPI:
Art. 225. A não cumulatividade é efetivada pelo sistema de crédito do imposto relativo a
produtos entrados no estabelecimento do contribuinte, para ser abatido do que for devido
pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capítulo (Lei
nº 5.172, de 1966, art. 49).
Letra e. Incorreta, pois tal hipótese, embora não efetivamente implementada na prática, configura, a
título de normas gerais (CTN), fato gerador do IPI, ex vi do art. 46 do CTN:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato
gerador:
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou
o aperfeiçoe para o consumo.
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, acerca das receitas públicas, assinalando a única assertiva incorreta.
a) Receita Pública pode ser definida como a entrada que, integrando-se ao patrimônio
público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o
seu vulto, como elemento novo e positivo.
c) As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento
da que as deva receber.
COMENTÁRIO
a) A assertiva está correta, reproduzindo o famoso conceito de receita pública elaborado por Aliomar
Baleeiro, citado por Harrison Leite em seu Manual de Direito Financeiro. Conforme o autor,
“Receita pública é o ingresso de numerário aos cofres públicos que servirá como fonte para
fazer face às despesas públicas. O conceito acima citado, se bem analisado, deixa clara a
diferença entre (i) os recursos que integram o patrimônio público, sem reservas, daqueles
que (ii) integram o patrimônio com reservas. Essa diferença é importante para separar receita
pública de ingresso público. Assim, enquanto a receita pública integra o patrimônio sem
reserva, não havendo qualquer necessidade de devolvê-lo em espécie, o ingresso público
é aquele recurso que poderá ser devolvido ao particular, visto que a sua entrada se deu
condicionada a um posterior levantamento”. (Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, 3ª
Ed., pág 136)
b) O enunciado está incorreto, pois, conforme o Art. 2º, inciso IV, da LRF, serão deduzidos, no cálculo da
receita corrente líquida, as seguintes rubricas:
-> Na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou
legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239
da Constituição;
-> Nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
-> Na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira
citada no§ 9º do art. 201 da Constituição.
-> Ainda, conforme §2º do Art. 2º da LRF, “não serão considerados na receita corrente líquida
do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para
atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1º do art. 19” (despesas com pessoal, dos
referidos Estados, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV
do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19).
Por fim, não esquecer que a receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no
mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades (Art. 2º, §3º, da LRF).
c) A assertiva está correta, à luz do Art. 6º, §1º, da Lei nº 4.320/64. O caput do Art. 6º, ao estabelecer
que todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer
deduções, traz o Princípio do Orçamento Bruto e:
os Estados (Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa. Direito Financeiro: Lei nº
4.320/1964, 2ª Ed., 2014, págs 83/84).
d) A assertiva está correta, correspondendo ao teor do Art. 38, incisos I e II, da LRF. Segundo Ricardo
Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, operações de crédito por antecipação de receita são aquelas
“mediante as quais o ente público, para atender a insuficiências de caixa durante o exercício, obtém, junto
a instituições financeiras, valores nos montantes equivalentes ao que ingressará futuramente nos cofres
públicos a título de receitas previstas no orçamento” (Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar 101/2000,
2ª Ed., 2015, pág 218). Conforme os autores, acerca dos requisitos trazidos no enunciado, “impede-se,
com isto, que sejam tais dívidas transferidas para o próximo exercício financeiro, o que, na medida em que
traz em si o potencial de desequilibrar as contas públicas, divorcia-se da gestão responsável” (pág 219).
Já as receitas de capital
São aquelas que geram movimentos contábeis tanto no ativo quanto no passivo. Destinam-
se, precipuamente, a fazer frente às despesas com investimentos, exigindo-se um sacrifício
patrimonial para serem obtidas (Direito Financeiro: Lei nº 4.320/1964, 2ª Ed., 2014, pág 104).
II. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência
com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.
lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias; e (iii) o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultado fiscais previstas no anexo correspondente.
Estão corretos:
COMENTÁRIO
I- O item está correto, correspondendo à previsão do Art. 58, caput, da Lei nº 4.320/64. No ponto, é
importante saber que:
-> O empenho constitui a primeira etapa da execução da despesa pública, sendo seguido da
liquidação e, finalmente, do pagamento;
-> Não esquecer, ainda, que, conforme o Art. 61 e seu parágrafo primeiro, pode ser dispensada a
emissão de nota de empenho, mas não o empenho em si.
II- O item está correto, conforme Art. 18, §2º, da Lei Complementar nº 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Segundo Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, “a expressão regime de competência
significa que a contabilização da despesa levará em consideração o exercício em que efetivamente realizada
esta. No dispositivo, equivale ao mês em referência, somado aos onze anteriores” (Responsabilidade
Fiscal: Lei Complementar 101/2000, 2ª Ed., 2015, pág. 149).
-> Não esquecer dos limites percentuais para gastos com despesa de pessoal, previstos nos incisos
do caput do Art. 19 da LRF, quais sejam: 50% para a União e 60% para Estados e Municípios, a
serem calculados com base na receita corrente líquida.
III- O item está correto, à luz do conceito trazido no Art. 12, §1º, da Lei nº 4.320/64. É importante ter em
mente que as despesas de custeio, a par das transferências correntes, são espécies do gênero DESPESAS
CORRENTES. Conforme Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, despesas correntes são:
Gastos improdutivos, que não implicam aumento de patrimônio, ou seja, não enriquecem o
patrimônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado,
sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais e economicamente improdutivas (Direito
Financeiro: Lei nº 4.320/1964, 2ª Ed., 2014, pág 119).
IV- A assertiva está errada, na medida em que o terceiro requisito apontado no enunciado como necessário
à criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa diz
respeito às despesas obrigatórias de caráter continuado (cuja execução se dê por um período superior
a dois exercícios), à luz do § 2º do Art. 17 da LRF. Assim, somente os dois primeiros requisitos listados
constam do Art. 16 da LRF.
DIREITO ECONÔMICO
10. À luz das normas constitucionais que disciplinam a ordem econômica, julgue os itens a seguir,
assinalando a assertiva incorreta.
que não poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das referidas
atividades.
COMENTÁRIO
a) A assertiva está correta. De fato, a livre iniciativa, além de ser fundamento da República Federativa do
Brasil (Art. 1º, IV, da CF), também representa fundamento da ordem econômica, conforme expressamente
previsto no caput do Art. 170 da CF. No dizer de Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa,
b) A assertiva está correta, à luz do Art. 43, §2º, III, da CF. Como exemplo da concretização da norma
do Art. 43 da CF, temos a instituição da Zona Franca de Manaus. Nesse contexto, a redação original do
caput do Art. 40 do ADCT estabeleceu a manutenção da Zona Franca de Manaus, criada pelo Decreto
288, do ano de 1967, pelo prazo de 25 anos, a contar da promulgação da Constituição. A recente Emenda
Constitucional n.º 83/2014 prorrogou o prazo de existência da Zona Franca de Manaus por mais cinquenta
anos. Notem que a Zona Franca de Manaus, conforme o Art. 1º do referido Decreto, é “uma área de livre
comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade
de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições
econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que
se encontram, os centros consumidores de seus produtos”.
c) A assertiva está correta, reproduzindo o teor do Art. 219 da CF. Trata-se de norma representativa da
constituição econômica material, ou seja: não está inserida em capítulo da Constituição destinado à
ordem econômica, mas reproduz norma esparsa com conteúdo de direito econômico.
d) A assertiva está incorreta, na medida em que o §1º do Art. 177 da CF autoriza a União a contratar
empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV do mesmo artigo. No
ponto, é importante saber que a referida autorização foi inserida através de Emenda Constitucional (EC
9/95), o que sinalizou o desejo do constituinte derivado de desconcentrar atividades que poderiam ser
repassadas a terceiros, evidenciado o Estado como agente regulador (as atividades podem ser repassadas
a terceiros desde que observadas as condições estabelecidas em lei).
e) A assertiva está correta, à luz do Art. 170, VI, da CF, segundo o qual a defesa do meio ambiente constitui
princípio da ordem econômica, que pode ser efetivado “inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e presta”.
Conforme explica Vicente Bagnoli,
11. Julgue os itens a seguir, à luz das normas constitucionais e legais que regem a defesa da
concorrência no Brasil:
III. Dentre as vedações estabelecidas ao Presidente e aos Conselheiros do Cade não está o
exercício de profissão liberal.
COMENTÁRIO
I- O item está correto, correspondendo ao teor do Art. 146-A da Constituição. Trata-se, no caso, da
atribuição de finalidade extrafiscal aos tributos.
II- O item está correto, conforme Art. 2º, caput e §1º, da Lei nº 12.529/2011. No dizer de Fabiano Del
Masso,
Dessa maneira, a legislação brasileira leva em consideração o local da ação (atividade) ou dos
efeitos (resultados) das práticas restritivas. O texto do art. 2º da Lei 12.529/2011 é praticamente
o mesmo da Lei 8.884/1994, sem alterações de relevância. O legislador manteve a aplicação
da teoria dos efeitos para determinar a competência, de forma que algumas condutas podem
ser até mesmo praticadas em outros países, mas se aqui gerarem efeitos o SBDC poderá atuar
(Direito Econômico Esquematizado, 2ª Ed., 2013, pág 164).
III- O item está errado, pois, dentre as vedações estabelecidas para o Presidente e os Conselheiros do
Cade, está o exercício de profissão liberal (Art. 8º, II, da Lei nº 12.529/2011). Conforme o §3º do Art. 12 da
referida Lei, as mesmas vedações são aplicáveis ao Superintendente-Geral do Cade.
A inobservância das vedações previstas no Art. 8º, a par de decisão do Senado Federal, por provocação
do Presidente da República, ou em razão de condenação penal irrecorrível por crime doloso, ou de
processo disciplinar de conformidade com o que prevê a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e a Lei
nº 8.429, de 2 de junho de 1992, assim como a ausência a 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas, ou
20 (vinte) intercaladas, ressalvados os afastamentos temporários autorizados pelo Plenário, é causa de
perda do mandato do Presidente, dos Conselheiros e do Superintendente-Gera do Cade (Arts. 7º, caput
e parágrafo único, bem como Art. 12, § 3º, da Lei nº 12.529/2011).
IV- O item está incorreto. A lei antitruste, em seu Art. 44, ao prever as penas aplicáveis a “aquele que
prestar serviços ao Cade ou a Seae, a qualquer título, e que der causa, mesmo que por mera culpa, à
disseminação indevida de informação acerca de empresa, coberta por sigilo, será punível com multa
pecuniária de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sem prejuízo de abertura de outros
procedimentos cabíveis”, estabelece, em seu §1º, que “se o autor da disseminação indevida estiver servindo
o Cade em virtude de mandato, ou na qualidade de Procurador Federal ou Economista-Chefe, a multa
será em dobro”.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Órgãos superiores são aqueles localizados na cúpula da Administração, abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Caracterizam-se pela ampla
autonomia administrativa, financeira e técnica, constituindo-se em órgãos diretivos, com
funções precípuas de planejamento, supervisão e controle das atividades que constituem
sua área de competência.
COMENTÁRIO
Com relação a alternativa “a”, o Ministério da Saúde, assim como os demais Ministérios, constitui espécie
de órgão autônomo, e não independente como afirmado. Portanto, incorreta a assertiva.
Já a alternativa “c” traz a definição de órgão autônomo, e não superior como afirmado. Assim, também
está incorreta.
Quanto a alternativa “d”, como se sabe, a Câmara Municipal constitui órgão público e como tal não possui
personalidade jurídica, pois não tem aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. Nada obstante,
reconhece-se aos órgãos públicos a personalidade judiciária, de modo que podem demandar em juízo
para defender seus direitos institucionais, quais sejam aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia,
e independência do órgão. Isso foi reconhecido pelo STJ no julgamento do REsp 1.164.017⁄PI. Atentem que
o tema foi objeto da recente súmula nº 525 do STJ, com o seguinte teor: A Câmara de vereadores não
possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais.
A alternativa “e” está incorreta, já que o art. 1º, §2º, I, da Lei 9.784/1999, é claro em admitir a existência de
órgãos tanto na administração direta quanto indireta:
Art. 1º (...)
Por fim, a assertiva correta é a “b”. A teoria do órgão, cunhada pelo jurista alemão Otto Gierke, adotada
pela doutrina e jurisprudência, tem como principal característica o princípio da imputação volitiva. Segundo
a teoria, o Estado manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da
pessoa jurídica, de forma que quando os agentes que atuam nos órgãos manifestam sua vontade, tem-se
que esta foi manifestada pelo próprio Estado.
13. Acerca dos poderes administrativos, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa
correta:
II. O exercício dos poderes administrativos está condicionado aos limites legais e as
regras de competência, punindo-se eventuais abusos cometidos pelo agente público. Nesse
cenário, constituem espécies de abuso de poder: o excesso de poder, quando embora
o agente atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando uma finalidade
diversa daquela para a qual foi concebido; e o desvio de poder, quando o agente excede os
limites da competência estabelecida em lei.
V. Para ser sujeito de poder disciplinar o agente deve estar na intimidade da Administração.
COMENTÁRIO
O erro do item “II” está nos conceitos de excesso de poder e desvio de poder. Na verdade, o excesso de
poder ocorre quando o agente excede os limites da competência estabelecida em lei, ao passo que o
desvio ocorre quando o agente embora atue dentro de sua esfera de competência, pratica ato visando
uma finalidade diversa daquela para a qual foi concebido.
O item “III” está incorreto ao afastar a autoexecutoriedade como atributo do poder de polícia. Este goza
de três atributos principais (que alguns autores denominam de “características”): discricionariedade, que
constitui na liberdade da Administração, estabelecida em lei, de aplicar o poder de polícia diante do caso
concreto; autoexecutoriedade, que constitui na possibilidade da Administração exercer o poder de polícia
independente do poder judiciário; e coercibilidade, segundo a qual o ato praticado pela Administração no
exercício do poder de polícia deve ser obedecido, independente da vontade do administrado.
Muita atenção no item IV! Poderes do Estado são o executivo, o legislativo e o judiciário. Os citados
no item são poderes da Administração. Errar uma questão como essa é muito mais comum do que se
imagina, ainda mais quando o cansaço começa a bater após algumas horas de prova. Por isso, muita
atenção e foco durante toda a prova! Não se pode perder pontos como esse.
Por fim, no item “V”, o poder disciplinar constitui-se na possibilidade de aplicar sanção em razão da
prática de uma infração funcional. Ele está diretamente ligado ao exercício de uma infração funcional.
Deste modo, o exercício de função pública é condição para aplicação do poder disciplinar, só atingindo
aquele que estiver na prática deste múnus. Por isso, é correta a assertiva de que para ser sujeito de poder
disciplinar o agente deve estar na “intimidade” da Administração. Não é o que ocorre, por exemplo, a
um particular multado por infringir uma norma de trânsito. Essa manifestação não decorre do poder
disciplinar, mas do poder de polícia da Administração.
Sendo assim, somente os itens “I” e “V” estão corretos, estando correta a alternativa “d”.
e) Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos insanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.
COMENTÁRIO
O erro do item “a” está em afirmar que a revogação se caracteriza pela extinção de um ato administrativo
inválido. Quando o ato for inválido ela será objeto de anulação, e não de revogação, que pressupõe um
ato válido.
Com relação ao item “b”, o ato administrativo possui os atributos da presunção de veracidade/
legitimidade, tipicidade, imperatividade e autoexecutoriedade. Este último se constitui na possibilidade
de o administrador praticar o ato administrativo independente do Poder Judiciário. Alguns doutrinadores
trazem a seguinte subclassificação desse atributo: (i) exigibilidade, que é a possibilidade de exigir a prática
do ato administrativo independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção indireta, ou seja, o
Estado não pratica o ato em si, mas vale-se de meios indiretos para que o particular o faça (ex: multa
por estacionamento irregular); e (ii) executoriedade, que é a possibilidade de exigir a prática do ato
administrativo independente do Judiciário, valendo-se de meios de coerção direta, ou seja, o Estado
pratica o próprio ato (ex: remoção de carro estacionado na calçada dificultando a passagem de pedestres).
A característica descrita no item “b” se refere à exigibilidade, e não à executoriedade, como afirmado.
Portanto, incorreto o item.
No item “d”, embora correto o conceito de aviso, este não constitui espécie de ato administrativo ordinatório
(os quais são fundados no poder hierárquico, e endereçados aos servidores públicos vinculados àquele
que o expediu, produzindo efeitos dentro daquele órgão), mas espécie de ato administrativo normativo,
que expede comandos gerais e abstratos a todos os administrados que se encontrem na situação por eles
definida. Assim, está incorreto o item “d”.
O erro do item “e” está em afirmar que vícios insanáveis podem ser convalidados. Apenas vícios sanáveis
admitem convalidação. Nesse sentido é o art. 50 da Lei 9.784/1999.
Assim, o item correto é o “c”. A cassação se constitui em modalidade de extinção do ato administrativo por
ilegalidade superveniente, consistente no descumprimento dos requisitos impostos para sua concessão
por culpa do administrado. No exemplo dado no item “c”, o estabelecimento obteve do Poder Público
licença para funcionamento de hotel. A partir do momento que modifica a finalidade do empreendimento
sem comunicação ao Poder Público, está descumprindo os requisitos impostos para concessão da licença,
portanto pode ser extinto por meio da cassação.
COMENTÁRIO
Com relação ao item “a”, por conta do disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal, aplica-se ao
processo administrativo os princípios do contraditório e da ampla defesa. Assim, o acusado da prática de
ilícito administrativo deve ser notificado da instauração do processo disciplinar a fim de que exercite o seu
direito ao contraditório e à ampla defesa. Dentro desse cenário, se no decurso do processo administrativo
disciplinar forem conhecidos novos fatos ensejadores de responsabilidade disciplinar, não há nulidade
na ampliação do espectro de acusação desde que observados os seguintes requisitos: (i) observe-se o
contraditório e a ampla defesa; (ii) dê-se oportunidade aos acusados para se defenderem das condutas
imputadas e (iii) conste da indiciação os fatos detalhadamente descritos. Isso foi o que decidiu o STF
nos autos do RMS nº 24.526. Também nesse sentido é o Parecer AGU Nº GQ-55/1995, aprovado pelo
Advogado-Geral da União. Portanto, incorreto o item “a”.
Quanto ao item “b”, há precedentes do STF e do STJ no sentido de que o indiciado em Processo
Administrativo Disciplinar se defende dos fatos que lhe são imputados, e não de sua classificação legal,
de sorte que a posterior alteração da capitulação legal da conduta não tem o condão de inquinar de
nulidade o processo. Nesse sentido, vide STF MS nº 24.536 e RMS nº 25.910, e STJ MS nº 12.677, nº 14.045,
e nº 15.810.
Nos termos que preconiza o art. 164, §2º, da Lei 8.112/1990, para defender o indiciado revel, a autoridade
instauradora do processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de
cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Portanto, incorreto o item “c”.
Conforme precedentes do STJ, em regra, o excesso de prazo para conclusão do Processo Administrativo
Disciplinar não é causa de nulidade quando não demonstrado nenhum prejuízo à defesa do servidor.
Nesse sentido, vide MS nº 20.747. Assim, incorreto o item “d”.
O item correto, portanto, é o “e”. Como justificativa, colaciono abaixo trecho do Manual de Processo
Administrativo Disciplinar da CGU:
Assim, não constitui afronta à primeira parte do Art. 5º, XII, CF o uso das informações contidas
no e-mail institucional do servidor, não se justificando a alegação de preservação de intimidade.
Isso se justifica em razão de o e-mail corporativo ter seu uso restrito a fins do trabalho, o que
confere à Administração o acesso a ele ou o seu monitoramento, sem que seja necessária
autorização judicial.
(...) entende-se que se o correio eletrônico de onde se retirou a prova é institucional, por ser ele
do serviço público e não privativo do servidor, a prova poderá ser utilizada.
Diferentemente do que foi exposto em linhas anteriores, no caso do e-mail de uso particular do
servidor, fornecido por provedor comercial de acesso à internet, a intimidade de suas informações
está assegurada constitucionalmente, sendo seus dados invioláveis pela Administração.
COMENTÁRIO
A questão é toda resolvida com base no texto da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de
1961.
As alternativas “a”, “b”, “c” e “e” estão corretas, pois de acordo com os artigos 28, 30, 31, parágrafo 4 e 34
da citada Convenção.
A alternativa incorreta, que deveria ser assinalada como resposta, é a da letra “d”. É que, em que pese o
Estado acreditante possa renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos, tal renúncia
só pode ser realizada de forma expressa, nos termos do parágrafo 2 do artigo 32 da Convenção sobre
Relações Diplomáticas.
17. Quanto às regras referentes ao pessoal de serviço consular, assinale a alternativa correta:
e) É vedada a nomeação, por dois ou mais Estados, da mesma pessoa como funcionário
consular em um terceiro país.
COMENTÁRIO
Outra questão que é toda resolvida com base em texto de norma internacional, desta feita a Convenção
de Viena sobre Relações Consulares de 1967.
Considerando que a última prova PFN/ESAF abordou assuntos tradicionais da matéria de direito
internacional público, faz-se necessário que os candidatos dominem e, sobretudo, saibam distinguir as
regras concernentes às relações diplomáticas das normas relativas às relações consulares. Por isso a
abordagem das duas Convenções de Viena sobre os temas.
A alternativa correta é a da letra “a”, que reproduz a regra do artigo 41, parágrafo 1, da Convenção sobre
Relações Consulares. Note-se que essa regra quanto à possiblidade de prisão dos funcionários consulares
contrasta com a norma do artigo 29 da Convenção sobre Relações Diplomáticas, que veda qualquer
forma de detenção ou prisão de agente diplomático. São essas as nuances importantes de se captar no
estudo das Convenções de Viena em tela.
b) Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à jurisdição das autoridades
judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares
(artigo 43, parágrafo 1, da Convenção sobre Relações Consulares);
e) É possível que dois ou mais Estados nomeiem a mesma pessoa como funcionário consular em um
terceiro país, desde que com o consentimento desse último (artigo 18 da Convenção sobre Relações
Consulares).
18. Sobre a hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue os
seguintes itens:
II. Até o momento, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência é o único tratado internacional de direitos humanos aprovado conforme as
regras do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição Federal.
a) I, III, IV e V.
b) I, II, e IV.
c) I, II e V.
d) III, IV e V.
COMENTÁRIO
O item I estava “de graça”. Trata-se da conhecidíssima redação do parágrafo 3º do art. 5º da Constituição
Federal, incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004. Item correto.
O item II, igualmente fácil, também está correto. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência é mesmo o único caso, por enquanto, de tratado internacional de direitos humanos
aprovado nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição.
Os itens III e IV versam sobre o atual entendimento do STF sobre a hierarquia dos tratados internacionais, de
direitos humanos ou não. Pois a partir do julgamento do RE 466.343/SP, a Suprema Corte brasileira passou
a sustentar o seguinte entendimento sobre o assunto: 1) os tratados que versem sobre direitos humanos
e tenham sido aprovados nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição têm hierarquia constitucional; 2) os
tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas não tenham sido aprovados nos termos
do art. 5º, § 3º, da CF/88, têm status supralegal; 3) os tratados internacionais em geral – fora os de direitos
humanos – estão no mesmo nível das leis ordinárias.
A partir daí, verifica-se que ambos os itens estão incorretos, sendo de se mencionar que a tese do status
constitucional de todos os tratados de direitos humanos, amparada na cláusula de abertura material dos
direitos fundamentais (art. 5º, § 2º, da CF/88) é defendida pela doutrina internacionalista e foi sustentada
pelo Ministro Celso de Mello, o qual, porém, restou vencido nesse ponto.
Por fim, o item V faz menção à redação literal do art. 98 do Código Tributário Nacional e, portanto, está
correto.
Assim sendo, deveria ser assinalada como resposta a letra “c”, pois estão corretos os itens I, II e V.
b) O direito comunitário rege-se pelo princípio da primazia das normas comunitárias sobre
o direito interno dos Estados membros da União Europeia.
COMENTÁRIO
A alternativa “a” está incorreta no que toca ao direito comunitário derivado, eis que, como leciona Paulo
Henrique Gonçalves Portela:
A alternativa “b” está correta e era a resposta a ser assinalada. De fato, a primazia sobre o direito interno
é um dos princípios do direito comunitário. Sobre o assunto, Portela refere que:
O Direito Comunitário tem primazia frente ao Direito interno. Nesse sentido, suas normas
sempre devem prevalecer quando em conflito com as normas nacionais, ao contrário do Direito
Internacional clássico, dentro do qual tal primado depende das regras referentes à forma pela
qual os Estados incorporam os tratados às respectivas ordens internas.2
Incorreta a alternativa “c’, ao passo que no Mercosul, ao contrário da União Europeia, não vigoram os
princípios do efeito direto e da aplicabilidade imediata. A respeito, faz-se oportuna a transcrição da
didática ementa adotada pelo STF no julgamento da Carta Rogatória nº 8.279:
no âmbito do MERCOSUL, esse é um tema que depende, essencialmente, quanto à sua solução,
de reforma do texto da Constituição brasileira, reclamando, em conseqüência, modificações de
jure constituendo. Enquanto não sobrevier essa necessária reforma constitucional, a questão da
vigência doméstica dos acordos celebrados sob a égide do MERCOSUL continuará sujeita ao
mesmo tratamento normativo que a Constituição brasileira dispensa aos tratados internacionais
em geral. PROCEDIMENTO CONSTITUCIONAL DE INCORPORAÇÃO DE CONVENÇÕES
INTERNACIONAIS EM GERAL E DE TRATADOS DE INTEGRAÇÃO (MERCOSUL). - A recepção dos
tratados internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL
depende, para efeito de sua ulterior execução no plano interno, de uma sucessão causal e
ordenada de atos revestidos de caráter político-jurídico, assim definidos: (a) aprovação, pelo
Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b) ratificação desses
atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento; (c)
promulgação de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante decreto, em
ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos, essenciais à sua vigência doméstica:
(1) publicação oficial do texto do tratado e (2) executoriedade do ato de direito internacional
público, que passa, então - e somente então - a vincular e a obrigar no plano do direito positivo
interno. Precedentes. O SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO NÃO CONSAGRA O
PRINCÍPIO DO EFEITO DIRETO E NEM O POSTULADO DA APLICABILIDADE IMEDIATA
DOS TRATADOS OU CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. - A Constituição brasileira não
consagrou, em tema de convenções internacionais ou de tratados de integração, nem o princípio
do efeito direto, nem o postulado da aplicabilidade imediata. Isso significa, de jure constituto,
que, enquanto não se concluir o ciclo de sua transposição, para o direito interno, os
tratados internacionais e os acordos de integração, além de não poderem ser invocados,
desde logo, pelos particulares, no que se refere aos direitos e obrigações neles fundados
(princípio do efeito direto), também não poderão ser aplicados, imediatamente, no
âmbito doméstico do Estado brasileiro (postulado da aplicabilidade imediata). - O
princípio do efeito direto (aptidão de a norma internacional repercutir, desde logo, em
matéria de direitos e obrigações, na esfera jurídica dos particulares) e o postulado da
aplicabilidade imediata (que diz respeito à vigência automática da norma internacional
na ordem jurídica interna) traduzem diretrizes que não se acham consagradas e nem
positivadas no texto da Constituição da República, motivo pelo qual tais princípios não
podem ser invocados para legitimar a incidência, no plano do ordenamento doméstico
brasileiro, de qualquer convenção internacional, ainda que se cuide de tratado de
integração, enquanto não se concluírem os diversos ciclos que compõem o seu processo
de incorporação ao sistema de direito interno do Brasil. Magistério da doutrina. - Sob a
égide do modelo constitucional brasileiro, mesmo cuidando-se de tratados de integração, ainda
subsistem os clássicos mecanismos institucionais de recepção das convenções internacionais em
geral, não bastando, para afastá-los, a existência da norma inscrita no art. 4º, parágrafo único,
da Constituição da República, que possui conteúdo meramente programático e cujo sentido não
A alternativa “d” versa sobre o reenvio prejudicial, instituto pelo qual as jurisdições nacionais europeias
podem enviar ao Tribunal de Justiça da União Europeia questões sobre a interpretação ou a validade do
direito comunitário europeu. Tal instituto inexiste no âmbito do Mercosul, de forma que a assertiva está
errada.
Por fim, incorreta também a alternativa “e”, eis que as diretivas não repercutem imediatamente na esfera
jurídica dos particulares, tendo em vista que são direcionadas aos Estados, cabendo a esses escolher a
forma pela qual os objetivos veiculados nas diretivas serão atingidos. A respeito, a definição de diretiva
constante no site oficial da União Europeia:
Uma “directiva” é um acto legislativo que fixa um objectivo geral que todos os países da UE
devem alcançar. Todavia, cabe a cada país decidir dos meios para atingir esse objectivo. Foi o
caso, por exemplo, da directiva sobre a organização do tempo de trabalho, que estabelece que
é ilegal trabalhar um número excessivo de horas extraordinárias. A directiva prevê períodos
mínimos de descanso e períodos máximos de trabalho, mas cabe a cada país elaborar as suas
próprias leis sobre a forma como fazer respeitar esses períodos.3
DIREITO EMPRESARIAL
3 http://europa.eu/eu-law/decision-making/legal-acts/index_pt.htm
COMENTÁRIO
a) A assertiva está incorreta, porquanto o Art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 exclui sua aplicabilidade às
empresas públicas e sociedades de economia mista. Conforme esclarece André Luiz Santa Cruz Ramos,
Até a entrada em vigor da Lei nº 11.101/2005, estabeleceu-se certa polêmica acerca da submissão
ou não das empresas públicas e das sociedades de economia mista, quando exploradoras de
atividade econômica, ao regime jurídico falimentar até então regulado pelo Decreto-lei n
7.661/45. [...] A polêmica em foco, portanto, era alimentada, basicamente, pela disposição
normativa constante do art. 173, §1º, inciso III, da Constituição da República, que estabelece
a submissão das empresas públicas e das sociedades de economia mista que explorem
atividade econômica ao regime jurídico próprio das empresas privadas. [...] Ocorre que a
partir da vigência da Lei nº 11.101/2005 a discussão, se ainda existir, tem interesse meramente
acadêmico. Isso porque a lei, em seu art. 2º, I, expressamente determinou que ela não
se aplica a “empresa pública e sociedade de economia mista”, sem proceder a qualquer
distinção entre as prestadoras de serviços públicos e as exploradoras de atividade econômica.
(Lei de Falência e Recuperação de Empresas, 4ª Ed., 2015, págs 25/26)
b) A assertiva está correta, conforme §6º do Art. 7º da Lei nº 11.101/2005. No ponto, é importante
saber que, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento no sentido de que
“é atribuição exclusiva do Juízo universal da recuperação judicial apreciar atos de constrição contra a
empresa recuperanda, mesmo que tais atos constritivos sejam referentes a execuções fiscais” (André Luiz
Santa Cruz Ramos, Lei de Falência e Recuperação de Empresas, 4ª Ed., 2015, págs 25/26).
c) A assertiva está incorreta, pois o Art. 49, §1º, da Lei nº 11.101/2005, ressalva os direitos e privilégios
contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso do devedor em recuperação judicial: “assim,
por exemplo, a concessão da recuperação judicial não exime um fiador ou avalista quanto à garantia
que os mesmos prestaram ao devedor” (André Luiz Santa Cruz Ramos, Lei de Falência e Recuperação de
Empresas, 4ª Ed., 2015, pág 83).
d) A assertiva está errada, pois, conforme o Art. 91, caput, da Lei nº 11.101/2005, “o pedido de restituição
suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado.” Trata-se de medida de cautela, que
impede a alienação de bem sobre o qual pende decisão final acerca do pedido de restituição.
e) O item está errado, pois contraria o disposto no Art. 117 da Lei n.º 11.101, que não só estabelece que
os contratos bilaterais do falido não se resolvem pela falência, como também prevê a possibilidade de
seu cumprimento pelo administrador judicial, bem como o procedimento pelo qual o contratante poderá
interpelá-lo a fim de obter uma posição a esse respeito.
I. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva, conforme legislação de regência dos títulos de crédito, é quinquenal, a contar do
dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
II. O aceite é obrigatório nas letras de câmbio, só podendo ser recusado nos casos
previstos em lei.
IV. O endossante da letra de arrendamento mercantil responde, via de regra, pelo seu
pagamento.
COMENTÁRIO
I- A assertiva corresponde, em parte, à Súmula nº 503 do STJ. Na ocasião, também foi aprovado o
enunciado de n.º 504, segundo o qual “o prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título”.
Ocorre, contudo, que a aplicação do prazo de prescrição quinquenal não decorre da legislação cambiária,
e sim da civilista. É dizer, o STJ se vale, nesses casos, da regra constante do Art. 206, §5º, do Código Civil,
segundo a qual: “Art. 206. Prescreve: [...] § 5º Em cinco anos: I – a pretensão de cobrança de dívidas
líquidas constantes de instrumento público ou particular.” Logo, incorreta a assertiva, na parte em que
atribui a regra, de forma equivocada, à legislação cambiária.
Nas letras de câmbio, o aceite não é obrigatório, isto é, o sacado tem a faculdade de aceitar ou
não a ordem que lhe foi dada. Sua simples indicação como sacado não lhe imputa qualquer
responsabilidade, cabendo a ele assumir ou não responsabilidade pelo pagamento do título.
Mesmo que o sacador seja credor dele, ou tenha remetido dinheiro para ele, é o sacado que
escolhe se irá ou não responder pelo título. Caso o sacado dê o aceite, ele se torna devedor
principal e direto do título. Caso não dê o aceite, não surge qualquer obrigação de sua
parte, isto é, ele não integra a relação cambiária. Para o sacado, a recusa do aceite não gera
qualquer efeito. Todavia, a recusa do aceite gera o vencimento antecipado do título
(LUG – art. 43), vale dizer, a obrigação constante do título se tornará exigível imediatamente,
mesmo antes da data ali consignada (Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito, vol. 2,
4ª Ed., 2013).
A obrigatoriedade do aceite é, pois, característica das duplicatas (Art. 2º, §1º, VIII, da Lei nº 5.474/68).
As cédulas de crédito, como documentos de dívida que são, podem ser objeto de
protesto, mas apenas de protesto por falta de pagamento, não sendo possíveis os protestos
por falta de aceite ou por falta de devolução do título. Tal protesto representará apenas a
prova solene do não pagamento do título, seguindo as mesmas regras do regime cambial,
com uma única peculiaridade. Assim como na letra de câmbio, o protesto servirá para
interromper a prescrição (CC- art. 202), para configurar a impontualidade injustificada [...] e
servirá também para a inclusão do nome do devedor intimado no cadastro de inadimplentes.
Todavia, nas cédulas, o protesto não será necessário para a cobrança dos devedores
indiretos (Decreto-lei nº 167/67 – art. 60; Decreto-lei nº 413/69 – art. 52) e, por isso, não
há que se cogitar de prazo para a realização do protesto, cuja importância reside apenas
nesse efeito (Marlon Tomazette, Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito, vol. 2, 4ª Ed.,
2013, pág 333).
IV- A assertiva está errada, pois, conforme o §2º do Art. 2º da Lei nº 11.882/2008, “o endossante da
LAM não responde pelo seu pagamento, salvo estipulação em contrário.” Conforme ressalta André Luiz
Santa Cruz Ramos, trata-se de regra interessante, na medida em que “contraria a regra sobre endosso
prevista na Lei Uniforme, mas se coaduna com a regra sobre endosso prevista no art. 914 do Código Civil.”
Prossegue o autor concluindo que “o endosso da LAM, pois, tem o efeito de uma cessão civil de crédito”
(Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2012, pág 499).
DIREITO CIVIL
II. O bem de família convencional, caso pretenda, deve ser instituído pelos cônjuges,
mediante escritura pública, testamento ou doação, e sua impenhorabilidade opera efeitos
retroativos, sendo excepcionada nos casos de dívidas decorrentes de obrigações de natureza
“propter rem”.
III. O bem de família voluntário é inalienável, razão pela qual a referida tutela é extinta
com a dissolução da sociedade conjugal. A referida proteção poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
IV. IV. O bem de família legal alcança o imóvel locado, tutelando os bens móveis quitados
que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário. É legítima a penhora
de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
c) I, II e V, estão incorretas.
COMENTÁRIO
O instituto do bem de família é disciplinado pelo Código Civil – arts. 1.711 a 1.722 [bem de família voluntário
ou convencional] e pela Lei n. 8.009/1990 [bem de família legal].
“o bem de família pode ser conceituado como o imóvel utilizado como residência da entidade
familiar, decorrente de casamento, união estável, entidade monoparental, ou entidade de outra
origem, protegido por previsão legal específica”.
Nesse sentido, doutrina e jurisprudência, na luz do direito constitucional à moradia, previsto no art. 6º,
da Constituição Federal, têm ampliado o conceito de bem de família e a proteção daí resultante para
as mais diversas espécies de entidades familiares. Tanto que o STJ editou a Súmula de jurisprudência n.
4 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 159.
364, segundo a qual: “o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
Perceba-se que a tutela é destinada ao direito social de moral, razão por que alcança o cidadão que mora
sozinho, ou, a família unipessoal. Logo, o item “I” está incorreto.
O art. 1.711, do Código Civil, consigna os legitimados que podem optar pela constituição do bem de
família, são eles: (i) os cônjuges; (ii) a entidade familiar; e (iii) terceiros. São meios para instituição: a)
escritura pública ou testamento – cônjuges e entidade familiar; b) testamento ou doação – terceiros.
Portanto, o item “II” está incorreto.
O bem de família convencional “constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis” – art. 1.714,
do Código Civil, no local em que o mesmo está situado, passando a possuir eficácia erga omnes. Neste
caso, é irrelevante o valor do imóvel, de modo que não se aplica a norma prevista no art. 108, do Código
Civil, que dispensa a escritura pública nos negócios envolvendo imóveis com valor igual ou inferior a 30
salários mínimos.
Instituído o bem de família, este passa a ser “isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição”,
portanto, a impenhorabilidade opera efeitos para o futuro/ex nunc, salvo as dívidas “que provierem
de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio”, isto é, não alcança as obrigações de
natureza propter rem ou ambulatórias. [Art. 1.715, do Código Civil]. Portanto, o item “II” está incorreto.
“Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído,
poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que
o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público” – art. 1.719, do Código Civil. Disso
resulta que a inalienabilidade do bem de família é relativa, uma vez que a poderá ser alienado, mediante
consentimento dos interessados e de seus representantes legais, após oitiva do Ministério Público,
devendo o valor da venda ser destinado a aquisição de outro bem [sub-rogação], após manifestação do
Ministério Público.
O bem de família não será extinto em virtude da dissolução da união conjugal, nos termos do art. 1.721.
Ademais, perceba-se que o bem de família “durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes,
até que os filhos completem a maioridade” – art. 1.716, parte final, do Código Civil. Logo, o item “III” está
incorreto.
Por fim,
“o bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família”. Art.
1.712.
Antes de analisar a questão, é importante tecer alguns comentários sobre o bem de família legal, que foi
instituído no Brasil pela Lei n. 8.009/1990, e constitui a imposição de um patrimônio mínimo, considerando
como “residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente”,
assegurando-lhe a impenhorabilidade, nos termos do seu art. 5º. Como se sabe, no nosso ordenamento
jurídico vige a regra da pluralidade de domicílios, nos termos do art. 71, do Código Civil, no entanto, “na
hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência,
a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no
Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil”. Assim, caso queira tutelar o bem mais valioso,
deve-se fazer uso do bem de família voluntário, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido
existente ao tempo da instituição” – art. 1.711, parte final, do Código Civil.
Pois bem, quanto ao imóvel locado, consigna o parágrafo único, art. 2º, da Lei n. 8.009/1990, que “no
caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência
e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. Ainda, destaco a Súmula 486
do STJ, segundo a qual “é impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família”.
Por fim, o STJ adotando a sistemática dos recursos repetitivos, entendeu que:
As exceções à impenhorabilidade do bem de família legal estão previstas no art. 3º, da Lei n. 8.009/1990,
segundo o qual:
COMENTÁRIO
Segundo o Código Civil, temos que “pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro” – art. 481. Disso resulta
que a obrigação principal do devedor é transferir o domínio da coisa, ao passo que a do comprador
é o preço. Dito em outras palavras, 5“o contrato é translativo no sentido de trazer como conteúdo a
referida transmissão, que se perfaz pela tradição nos casos que envolvem bens móveis, ou pelo registro, nas
hipóteses de bens imóveis”. O contrato de compra e venda traz o compromisso do vendedor em transmitir
a propriedade, a transmissão da propriedade somente se concretiza por meio da tradição (móveis)
e do registro (imóveis).
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao
preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo
5 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 520.
médio.
Ou seja, (i) se o preço não foi convencionado, valerá o preço tabelado; (ii) não havendo convenção ou
tabelamento, valerão os preços de costume; (iii) havendo diversidade de preços habituais, prevalecerá o
preço médio.
Assevera o Código Civil que “é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”. Dispõe, ainda que, “em ambos os casos,
dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória” – art. 496 e
parágrafo único. Portanto, a alternativa “C” está incorreta.
Importante destacar o Enunciado n. 177 do CJF/STJ: “art. 496: Por erro de tramitação, que retirou a
segunda hipótese de anulação de venda entre parentes (venda de descendente para ascendente), deve ser
desconsiderada a expressão “em ambos os casos”, no parágrafo único do art. 496”. Para anulação deste
contrato de compra e venda, aplica-se o art. 179, do Código Civil, sendo, para tanto, o prazo decadencial
de dois anos. Nesse sentido: Ver - Enunciados 368 e 545 do CJF/STJ.
Pela cláusula de retrovenda o vendedor de coisa imóvel pode reservar para si o direito de reaver o
imóvel alienado, dentro de certo prazo, restituindo o preço e todas as despesas realizadas pelo comprador
dentro do prazo de resgate, desde que previamente ajustadas.
O Código Civil dispõe que “o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos” – art. 505, primeira parte, do Código Civil.
Pela retrovenda a propriedade do comprador é resolúvel até o prazo de três anos, pois o vendedor
poderá desfazer a venda, resgatando o bem, operando-se a extinção do contrato.
Destaque-se que as partes não podem estipular prazo superior ao limite de três anos definido na lei. Caso
assim se manifestem, o excesso de prazo será considerado não escrito, aplicando-se a norma do art. 184,
primeira parte, do Código Civil, segundo o qual, “respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial
de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável”. Portanto, a alternativa “D”
está incorreta.
A cláusula de venda com reserva de domínio será aplicada na venda de coisa móvel, podendo o
vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago – art. 521, do Código
Civil. Disso resulta que a propriedade do vendedor é resolúvel, uma vez que o comprador recebe a
posse direta do bem, mas somente poderá adquirir a propriedade com o pagamento integral do preço:
“a transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente
pago” – art. 524, primeira parte, do Código Civil. No entanto, “pelos riscos da coisa responde o comprador,
a partir de quando lhe foi entregue” – art. 524, segunda parte, do Código Civil, revelando adoção do
princípio do res perit emptoris [a coisa perece para o comprador], como exceção ao princípio do res
periti domino [a coisa perece para o dono]. Por fim, diga-se que a propriedade resolúvel do vendedor é
condicional, isto é, depende de um evento futuro e incerto, qual seja, o pagamento integral do preço ou,
no caso de a venda não ter sido à vista, da última parcela. Portanto, a letra “E” está incorreta.
II. Entende-se por mora “ex re” aquela que se caracteriza quando não há termo final para
cumprimento da obrigação assumida. A mora “ex persona” ocorre quando a obrigação for
positiva, líquida e com termo para cumprimento.
IV. Os juros são frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização do capital alheio.
Podem ser legais ou convencionais, moratórios ou compensatórios. No caso de mora “ex
re” os juros moratórios têm como termo “a quo” para sua incidência a data da citação.
V. Estipulada arras confirmatórias tem a função de confirmar a avença, salvo acordo das
partes prevendo direito de arrependimento. As arras penitenciais têm caráter indenizatório
e asseguram às partes o direito à indenização suplementar.
a) I e II estão corretos.
b) I e IV estão corretos.
d) II e IV estão corretos.
COMENTÁRIO
O Código Civil prevê que “não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”
– art. 396. Trata-se, pois, da teoria do inadimplemento, modalidade de responsabilidade civil não
contratual. Segundo a doutrina, temos que o conteúdo do inadimplemento envolve: (i) inadimplemento
absoluto – frustração total do interesse do credor; (ii) inadimplemento relativo – a prestação é entregue
ao credor com atraso (mora); (iii) pagamento incompleto ou defeituoso - a prestação é entregue no
prazo acertado, porém com defeito; (iv) violação positiva do contrato – violação dos deveres anexos do
contrato: Ver: Enunciado n. 24/CJ/STJ. Portanto, o item “I” está correto.
A mora ex re ou automática ocorre quando a obrigação for positiva [dar ou fazer], líquida [existência
certa e valor determinado] e com data fixada para o adimplemento. [CC - Art. 397. O inadimplemento da
obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor].
A mora ex persona ou mora pendente ocorre nas situações em que “não havendo termo, a mora se
constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial” – p. único, do art. 397, do CC.
Segundo Orlando Gomes, tem-se mora irregular ou presumida “Nas obrigações provenientes de ato
ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Art. 398, do, CC.
O Superior Tribunal de Justiça adota de forma pacífica a teoria do adimplemento substancial, segundo o
qual “no adimplemento substancial tem-se a evolução gradativa da noção de tipo de dever contratual
descumprido, para a verificação efetiva da gravidade do descumprimento, consideradas as conseqüências
que, da violação do ajuste, decorre para a finalidade do contrato. Nessa linha de pensamento, devem-se
observar dois critérios que embasam o acolhimento do adimplemento substancial: a seriedade das
conseqüências que de fato resultaram do descumprimento, e a importância que as partes aparentaram
dar à cláusula pretensamente infringida. (REsp 1215289/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 05/02/2013, DJe 21/02/2013). Portanto, o item “III” está correto.
Segundo 7Pablo Stolze, os juros “trata-se, pois, sob o prisma eminentemente jurídico, de um fruto civil
correspondente à remuneração devida ao credor em virtude da utilização do seu capital”. Juros legais:
definidos na norma jurídica; Juros convencionais: estabelecidos pelas partes; Juros moratórios:
6 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 344.
7 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Editora Saraiva. Ed. 2014. Pág. 346.
Ver: Súmulas nºs 30, 283, 296 e 297 do STJ. Súmula n. 596 do STF.
“Trata-se, portanto, de uma disposição convencional pela qual uma das partes entrega
determinado bem à outra — em geral, dinheiro —, em garantia da obrigação pactuada. Poderá
ou não, a depender da espécie das arras dadas, conferir às partes o direito de arrependimento,
conforme veremos abaixo”.
“Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu
devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização
suplementar” - art. 420, parte final, do Código Civil.
8 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Editora Saraiva. Ed. 2014.
COMENTÁRIO
Letra a. Correta. Como sabido, o devedor responde, para com o cumprimento de suas obrigações, com
todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei (art. 591, CPC), ficando
sujeitos à execução, dentre outros, os seus bens alienados ou gravados com ônus real em fraude de
execução (art. 592, V, CPC). A fraude à execução tem lugar quando o executado visa subtrair à execução
bem de seu patrimônio, caracterizando-se nas hipóteses previstas no art. 593 do Código de Processo
Civil:
Para além de causar prejuízo ao credor, a fraude de execução atenta contra o próprio Poder Judiciário,
dado que tenta levar um processo já instaurado à inutilidade prática, razão pela qual sua prática é inclusive
tipificada como ato atentatório à dignidade da justiça na forma do art. 600, I, do CPC:
I - frauda a execução.
Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz,
em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá
em proveito do credor, exigível na própria execução.
Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar
qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao
credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios.
Cumpre ainda anotar que, como conseqüência, o ato cometido em fraude reputa-se ineficaz perante o
credor, dispensando, ademais, o manejo de qualquer ação judicial específica a ser intentada com esse
propósito (como ocorre no caso da fraude contra credores), bastando o mero requerimento no processo
pendente para que o juiz venha a reconhecer a fraude.
Letra b. Correta. Ordinariamente, os requisitos para a constatação da fraude podem ser basicamente
resumidos nos seguintes: (a) litispendência = existência de demanda em curso; (b) que essa demanda
pendente se mostre capaz de reduzir o executado ao estado de insolvência; (c) a ciência do terceiro
adquirente acerca da situação de potencial insolvência do devedor em razão da existência de demanda
em curso (= requisito cunhado jurisprudencialmente pelo STJ a fim de resguardar os interesses de terceiros
de que boa-fé contratem com o executado). Especialmente por conta da dubiedade da redação do art.
593 do CPC, e das divergências jurisprudenciais surgidas em relação ao instituto, assentou o STJ, no REsp
nº 956.943/SP (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014), submetido à sistemática dos recursos repetitivos (Tema 243),
importantes teses acerca da fraude de execução, dentre as quais aquela segundo a qual, em regra, a
citação válida do executado é pressuposto para o reconhecimento da fraude:
Corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência. Essa é a locução da lei
que precisa ser analisada. Correr demanda significa pender demanda. Embora o sistema do
CPC considere proposta a ação assim que distribuída ou despachada a petição inicial (CPC
263), somente se poderá dizer que a ação corre, isto é, que está pendente, depois que se
efetivar a citação válida (art. 219). Assim, se o ato de oneração ou alienação se dá depois
da propositura da ação, mas antes da citação, terá havido fraude contra credores, somente
declarável por meio de ação pauliana; se o ato de oneração se deu depois da citação válida,
terá havido fraude de execução, que pode ser reconhecida na execução ou nos embargos,
de devedor ou terceiro. Com a citação válida, presume-se celebrada em fraude de execução
qualquer ato ou negócio jurídico que o devedor venha a praticar com terceiro, quando o ato
for causa eficiente para o devedor tornar-se insolvente. (NELSON NERY JÚNIOR. Código de
Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª ed., São Paulo, Revista dos Tribunais,
2010, p. 1.042)
Há, contudo, duas exceções a tal regra (a seguir comentadas), as quais dispensam a citação válida do
executado para o reconhecimento da fraude de execução: (a) a primeira, quando o exequente promover
a averbação referida no §3º do art. 615-A do CPC; (b) a segunda, na execução do crédito tributário,
vez que, conforme o art. 185 do CTN: “Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou
rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa”.
Letra c. Correta. A Lei nº 11.382/2006 introduziu o art. 615-A no CPC, o qual preconiza:
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será determinado
o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham
sido penhorados.
A finalidade básica buscada por este dispositivo é antecipar o marco a partir do qual se pode considerar
em fraude à execução alienações ou onerações realizadas pelo demandado, fazendo-o coincidir com
a data de averbação no registro competente da propositura da ação. Em outras palavras, protege-se o
exequente das alienações perpetradas pelo executado antes de sua respectiva citação.
Tal dispositivo é muito salutar para o credor privado, tendo, contudo, pouca utilidade no caso do credor
tributário, pois para este a presunção da fraude tem como marco a inscrição do débito em dívida ativa
(art. 185, CTN).
[...] Conclusivamente: (a) a natureza jurídica tributária do crédito conduz a que a simples
alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo por quantia
inscrita em dívida ativa, sem a reserva de meios para quitação do débito, gera presunção
absoluta ( jure et de jure) de fraude à execução (lei especial que se sobrepõe ao regime do
direito processual civil); (b) a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que tenha havido
prévia citação no processo judicial para caracterizar a fraude de execução; se o ato translativo
foi praticado a partir de 09.06.2005, data de início da vigência da Lei Complementar n.º
118/2005, basta a efetivação da inscrição em dívida ativa para a configuração da figura da
fraude; (c) a fraude de execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção jure et de
jure, conquanto componente do elenco das “garantias do crédito tributário”.
(I) Tendo a penhora sido registrada pelo exequente, há a presunção ‘juris et de jure’ de que o terceiro
adquirente sabia da pendência da ação, vez que o registro tem como uma de suas finalidades conferir
publicidade a tal fato (no caso, de que alguém está demandando a respeito de certos bens, ou que estes
foram provisoriamente tirados do patrimônio do devedor como garantia de alguém), valendo como
prova presumida do conhecimento por parte de terceiros.
(II) Na hipótese contrária, inexistindo registro do ato constritivo, milita em favor do adquirente a presunção
de que ele desconhecia, quando da aquisição, a existência da ação, razão pela qual deve o exequente
arrostar com o ônus de provar o contrário. É que não havendo, no cartório imobiliário, nenhum registro
da existência da ação, não se pode imputar ao adquirente nenhuma obrigação de ter ciência desse fato,
sendo até impossível disso com segurança ele saber (salvo se obtivesse certidões negativas de todos os
cartórios de distribuição por esse Brasil afora), por isso mesmo que não lhe cabe provar a sua ignorância
quanto a tanto, pois a sua boa-fé, que é presumida, há de ser preservada, até prova em contrário.
Vale destacar = o fato de não ter sido registrada ou inscrita a penhora, o arresto, o seqüestro ou a
citação, não impede a alegação de fraude contra a execução, e, sim, somente tem a significação de ficar
o exequente no ônus de provar que o adquirente tinha conhecimento, ou de que sobre os bens estava
sendo movido litígio fundado em direito real, ou de que pendia contra a alienante demanda capaz de
lhe alterar o patrimônio, de tal sorte que ficaria reduzido à insolvência. Feita a inscrição, as alienações
posteriores peremptoriamente presumem-se feitas em fraude de execução, independentemente de
qualquer outra prova. Não sendo feita a inscrição, o exequente deve provar as condições legais de
existência de fraude à execução.
Anota-se, nesse sentido, que a lei conferiu plenas garantias ao credor diligente, assegurando-lhe presunção
absoluta de conhecimento, por terceiros, da existência de ação em curso mediante a inscrição da penhora
no registro público. No entanto, se não se houver com cautela, registrando o gravame, não pode ser
beneficiado com a inversão do ônus da prova, devendo aí provar que o adquirente tinha conhecimento
da constrição.
O mesmo raciocínio acima se aplica em relação à averbação prevista no art. 615-A do CPC, presumindo-
se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no
dispositivo.
EM SÍNTESE:
• Cabe ao credor exequente, a fim de configurar a presunção absoluta de conhecimento por terceiro,
providenciar a averbação da penhora do bem no respectivo registro público (§ 4.º do art. 659 do
Código de Processo Civil); ou a averbação do ajuizamento da execução (§ 3.º do art. 615-A do
mesmo Código).
• Tais conclusões (REsp nº 956.943/SP) não se aplicam na execução do crédito tributário, vez que
nesta presume-se a fraude do terceiro adquirente a partir da inscrição do débito em dívida ativa,
conforme dispõe o art. 185 do Código Tributário Nacional
II. Da decisão que encerra o pedido de liquidação de sentença cabe agravo de instrumento.
COMENTÁRIO
Item I. Incorreto. Conforme o disposto no art. 557 do CPC pode o relator julgar desde logo o recurso
submetido ao Tribunal, sem a necessidade de submissão do caso ao órgão fracionário:
§ 1º-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar
provimento ao recurso.
Nessa linha, três são os casos nos quais é possível a decisão monocrática pelo relator:
Como bem anotam Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, existe uma espécie de gradação a ser
observada nesses casos:
Realmente, confrontando-se o art. 557 com seu §1º-A, chega-se à seguinte conclusão: (a)
para que o relator, por decisão isolada, possa negar seguimento ou provimento ao recurso ou
ao reexame necessário, deve haver súmula ou jurisprudência dominante do próprio tribunal
ou de tribunal superior; (b) para que o relator, por decisão singular, possa dar provimento ao
recurso ou ao reexame necessário, deve haver súmula ou jurisprudência dominante apenas de
tribunal superior. Como se vê, existe uma nítida gradação na lei. A negativa de seguimento/
provimento de um recurso ou do reexame necessário pode operar-se em razão de uma súmula
tanto de um tribunal superior como do próprio tribunal ou, ainda, de jurisprudência dominante
de tribunal superior ou do próprio tribunal. Por sua vez, para que o relator dê provimento ao
recurso ou ao reexame necessário, não basta que haja súmula ou jurisprudência dominante
do próprio tribunal; é preciso que seja de tribunal superior. A existência, por exemplo, de
jurisprudência dominante do próprio tribunal não permite ao relator já dar provimento ao
recurso, embora possa, diante disso, negar-lhe neguimento/provimento (Curso de Direito
Processual Civil, Volume 3, 11ª Edição, p. 578).
Deste modo, tem-se que equivocado se encontra o enunciado da questão, vez que, como visto, não
pode o relator dar provimento ao recurso com base em jurisprudência dominante do respectivo tribunal,
devendo ela ser oriunda de Tribunal Superior.
Discute a doutrina se a decisão que encerra a fase de liquidação constitui sentença parcial
de mérito ou decisão interlocutória. Embora a questão seja interessante do ponto de vista
teórico, importa observar nesse momento que a decisão que encerra a fase de liquidação
é uma decisão definitiva de mérito e que a nossa legislação refere que dessa decisão cabe
o recurso de agravo de instrumento. São dados inelimináveis para a solução do problema.
Daí a razão pela qual o julgamento desse recurso, se reformar a decisão de primeiro grau
por maioria, desafia o recurso de embargos infringentes (art. 530, CPC). A ratio da Súmula
255, STJ (“Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo
retido, quando se tratar de matéria de mérito”), autoriza essa conclusão. Evidentemente, do
julgamento dos embargos infringentes ou, sendo o caso, diretamente do acórdão que decidir
o agravo de instrumento, cabem, preenchidos os pressupostos inerentes às espécies, recurso
especial e/ou recurso extraordinário (arts. 541-546, CPC) (MARINONI, Luiz Guilherme. CPC
comentado artigo por artigo. 2012, págs. 463/464)
Item III. Correto. De fato, embora a sentença concessiva do mandado de segurança submeta-se ao regime
do reexame necessário, pode ela ser executada provisoriamente (como regra), conforme o permissivo do
§3º do art. 14 da Lei nº 12.016/2009:
A ressalva fica por conta dos casos em que for vedada a concessão da liminar no MS, hipóteses nas quais
fica obstada a execução provisória da decisão. O §2º do art. 7º da Lei nº 12.016/2009 prevê as hipóteses
nas quais é vedada a concessão de liminar no writ:
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
IV. Não se conhece do recurso, ainda que da União, quando não satisfeita uma das condições
para sua interposição, como o depósito de multa por litigância de má-fé decorrente de
agravo.
COMENTÁRIO
Item I. Correto. Como sabido, em âmbito federal, as execuções de valores inferiores a 60 salários-mínimos
devidos pelos entes públicos processam-se mediante requisição de pequeno valor (RPV), na forma do
art. 17 da Lei nº 10.259/2001, procedimento que é muito mais expedito e célere que aquele do precatório
previsto no art. 100 e parágrafos da Constituição Federal. Sendo a condenação em honorários advocatícios
consectário natural da sentença, conforme impõe o art. 20 do Código de Processo Civil, como executá-
los, em face do ente público, quando o crédito dito principal oriundo da condenação superar o limitativo
acima referido? ex.: Demanda indenizatória ajuizada em face da União, determinada pessoa física obtém
provimento judicial, transitado em julgado, condenando o ente público ao pagamento de R$ 100.000,00
a título de danos materiais e R$ 5.000,00 a título de honorários advocatícios, estes últimos a serem pagos
ao advogado do demandante. Haveria uma necessária vinculação ou acessoriedade entre as verbas
(honorários e crédito principal), que na medida em que decorrem do mesmo título executivo (sentença
ou acórdão transito em julgado) imporiam uma execução conjunta e indissociável de seus valores pelo
mesmo procedimento?
A resposta é negativa, conforme o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp
1.347.736/RS (divulgado no Informativo nº 539/2014), julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos,
oportunidade na qual se assentou, na hipótese, a autonomia das execuções das diferentes verbas, com a
possibilidade de que os honorários advocatícios (de valor inferior a 60 salários-mínimos) sejam executados
por RPV, ainda que o crédito principal deva ser executado por meio de precatório:
[...] 7. O fracionamento vedado pela norma constitucional toma por base a titularidade do
crédito. Assim, um mesmo credor não pode ter seu crédito satisfeito por RPV e precatório,
simultaneamente. Nada impede, todavia, que dois ou mais credores, incluídos no polo ativo
da mesma execução, possam receber seus créditos por sistemas distintos (RPV ou precatório),
de acordo com o valor que couber a cada qual. 8. Sendo a execução promovida em regime
de litisconsórcio ativo voluntário, a aferição do valor, para fins de submissão ao rito da
RPV (art. 100, § 3º da CF/88), deve levar em conta o crédito individual de cada exequente.
Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público do STJ. 9. Optando o advogado por
executar os honorários nos próprios autos, haverá regime de litisconsórcio ativo facultativo
( já que poderiam ser executados autonomamente) com o titular do crédito dito “principal”.
10. Assim, havendo litisconsórcio ativo voluntário entre o advogado e seu cliente, a aferição
do valor, para fins de submissão ao rito da RPV, deve levar em conta o crédito individual de
cada exequente, nos termos da jurisprudência pacífica do STJ. [...] 15. Não há impedimento
constitucional, ou mesmo legal, para que os honorários advocatícios, quando não excederem
ao valor limite, possam ser executados mediante RPV, ainda que o crédito dito “principal”
observe o regime dos precatórios. Esta é, sem dúvida, a melhor exegese para o art. 100, §
8º, da CF, e por tabela para os arts. 17, § 3º, da Lei 10.259/2001 e 128, § 1º, da Lei 8.213/1991,
neste recurso apontados como malferidos. 16. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito
ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/2008. (REsp 1347736 RS, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/10/2013, DJe 15/04/2014)
Item II. Correto. Toda condenação do ente público ao pagamento de quantia deve observar o disposto
no art. 100 da CF/88 c/c os arts. 730 e 731 do CPC, com a instauração de fase executória autônoma,
nova citação da Fazenda Pública e expedição de precatório. Do que se observa desses dispositivos,
o rito executivo especial contra a Fazenda Pública aplica-se apenas às condenações pecuniárias/por
quantia em dinheiro. Nesse sentido, é plenamente possível que o ente público também figure como
devedor de outra espécie de obrigação (fazer, não fazer, entregar coisa), hipótese na qual a satisfação do
direito efetivar-se-á na forma dos arts. 461 e 461-A do CPC. São exemplos dessas obrigações: a entrega
Com o advento da Lei nº 10.444, de 7 de maio de 2002, deixou de existir execução fundada em
título executivo judicial para se exigir o cumprimento de obrigação de fazer e não fazer. Sendo
o título judicial, tais obrigações serão cumpridas na forma do art. 461 do CPC, em razão do
disposto nos arts. 644 e 475-I, ambos do CPC. Assim, proferida a sentença, e não cumprida a
obrigação ali determinada, o juiz, valendo-se das medidas de apoio dos parágrafos 4º e 5º do
art. 461 do CPC, deverá determinar o cumprimento da obrigação. Já a obrigação de entregar
coisa somente se sujeita à ação de execução se o título for igualmente extrajudicial (CPC, art.
621). Sendo a obrigação estabelecida em sentença, segue-se, de igual modo, a sistemática do
art. 461, em razão da remissão feita pelo art. 461-A, ambos do CPC. Em se tratando de ação
contra a Fazenda Pública, não há regra diferente, já que as obrigações de fazer e não fazer
são se submetem à sistemática dos precatórios. Então, o regime é o mesmo, caso o devedor
seja a Fazenda Pública. Aliás, segundo anotado em precedente do Superior Tribunal de Justiça,
“Esta Corte Superior já sedimentou a orientação segundo a qual é desnecessária a citação
da Administração Pública por ocasião da exigibilidade de sentença que impõe obrigação de
fazer” (STJ, AgRg no Ag 999.849). Significa que a execução de obrigação de fazer ou não
fazer contra a Fazenda Pública rege-se pelas regras contidas no art. 461 do CPC. (Leonardo
Carneiro da Cunha, A Fazenda Pública em Juízo, 10ª Edição, 2012, págs. 377/378).
Item III. Correto, vez que na hipótese de execução não embargada, inicialmente ajuizada sob a sistemática
dos precatórios, caso o exequente posteriormente renuncie ao excedente do valor previsto no art. 87 do
ADCT para pagamento por RPV, não serão devidos os honorários por aplicação do art. 1º-D da Lei nº
9.494/1997:
Primeira Seção
pagamento por RPV, o STF considera não serem devidos os honorários. REsp 1.406.296-RS,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/2/2014 (Informativo nº 537).
Item IV. Correto. O art. 557 do Código de Processo Civil autoriza que o relator julgue monocraticamente,
sem necessidade de submeter o tema ao respectivo colegiado, qualquer recurso, podendo inclusive
invocá-lo para decidir o reexame necessário (Súmula nº 253 - “O art. 557 do CPC, que autoriza o relator
a decidir o recurso, alcança o reexame necessário”). É evidente que à parte recorrente, caso discorde com
a decisão monocrática, seja facultada a possibilidade de novo recurso, qual seja, o agravo (por muitos
nominado de “regimental” ou “interno”) dirigido ao órgão fracionário do qual faça parte o relator, com
a possibilidade, inclusive, de retratação por parte deste. Como a previsão do julgamento monocrático
revela expediente que visa a compatibilizar as decisões judiciais e a racionalizar as atividades judiciárias,
entendeu por bem o legislador sancionar a parte que venha a interpor, em face daquela decisão, agravo
interno manifestamente inadmissível ou infundado, impondo-lhe o pagamento de multa, a reverter em
desfavor do agravo, calculada entre 1% a 10% do valor corrigido da causa. Nessa hipótese, outrossim, a
interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito do respectivo valor, passando esse
pagamento a configurar requisito extrínseco de admissibilidade de qualquer outro recurso que venha a
ser intentando pela parte, mesmo que esse recurso não se sujeite, normalmente, a preparo.
Pergunta-se então: a exigência de prévio depósito do valor dessa multa como condicionante à interposição
de qualquer outro recurso aplica-se à Fazenda Pública?
A resposta é afirmativa, estando atualmente pacificada no âmbito dos Tribunais Superiores, conforme se
percebe das seguintes decisões:
PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. MULTA DO ART. 557, § 2º, DO CPC. NECESSIDADE DO DEPÓSITO
PRÉVIO COMO CONDIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE QUALQUER OUTRO RECURSO.
FAZENDA PÚBLICA. APLICABILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. 1. Hipótese em que
o Tribunal de origem, em juízo de admissibilidade, negou seguimento ao Recurso Especial
sob a afirmação de que, “malgrado haja disposição expressa na parte dispositiva do julgado
recorrido que eventual interposição de outros apelos exigiria o depósito da multa de 5% (art.
Do Informativo STJ nº 551, de 3 de dezembro de 2014, colhem-se os principais argumentos utilizados nos
julgados acima referidos:
Segunda Turma
I. “A” furta a carteira de “B”, em seguida “C” furta a carteira que “A” tinha furtado de “B”,
desta forma, não há o crime de furto, pois “B” não era proprietário do bem subtraído.
II. Segundo o STF e o STJ o furto consuma-se quando a coisa subtraída sai da esfera de
proteção e disponibilidade da vítima, passando para o poder do agente, ainda que por um
curto espaço de tempo, e independe de deslocamento e de posse mansa e pacífica.
III. A energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa
móvel, portanto, é típica a conduta de efetuar ligação clandestina de sinal de TV à cabo.
IV. “A” a pretexto de auxiliar “B”, senhor de idade e com dificuldades em operar terminal
de caixa eletrônico, apossa-se do cartão magnético da vítima, trocando-o por outro. Neste
caso, “A” não comente o crime de furto, mas estelionato mediante fraude.
c) I, II e V, estão incorretas.
COMENTÁRIO
Segundo o Código Penal o crime de furto consiste em “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel” – art. 155. Assim, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou sujeito passivo do delito em tela.
Segundo 9Nucci: “lembremos que ladrão que rouba ladrão não tem cem anos de perdão. Se tal situação
ocorrer, o sujeito passivo é o proprietário da coisa e não o ladrão que teve o bem subtraído por ação
9 Guilherme Nucci. Manual de Direito Penal. Parte Geral e Especial. 10ª ed. Pág. 605.
de outro”. Lembre-se que o sujeito passivo pode ser: (i) formal – o Estado, titular do interesse jurídico de
punir; (ii) material – titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do agente. Portanto, o item
“I” está incorreto.
No que tange ao momento da consumação do crime de furto a doutrina aponta quatro correntes: (i)
contrectatio: a consumação ocorre com o simples contato entre o agente e a coisa alheia, dispensando
o seu deslocamento; (ii) amotio ou apprehensioI: a consumação se dá quando a coisa subtraída passa
para o poder do agente, ainda que por curto espaço de tempo, independentemente de posse mansa,
pacífica e deslocamento; (iii) ablatio: ocorre a consumação quando o agente, após apoderar-se da coisa,
consegue desloca-la de um lugar para outro; (iv) ilatio: para ocorrer a consumação, a coisa deve ser
levada ao local desejado pelo ladrão para ser mantida a salvo. O STF e o STJ adotam a teoria do amotio
ou apprehensioI, assim, já decidiram que para a consumação do crime de furto ou de roubo, não se faz
necessário que o agente logre a posse mansa e pacífica do objeto do crime, bastando a saída, ainda que
breve, do bem da chamada esfera de vigilância da vítima. Portanto, o item “II” está correto.
O furto consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem. O §3º equipara à coisa
móvel a energia elétrica e outras (genética, mecânica, térmica e a radioatividade), desde que tenham
valor econômico. Nesse contexto surge a celeuma doutrinária quanto à tipificação ou não da conduta de
subtração de sinal de TV à cabo, existindo entendimento favoráveis e contra a tipificação, no entanto, a
questão chegou ao STF que assim se pronunciou:
O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto
no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de
TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite
a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada
na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita
legalidade. (HC 97261, Relator (a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
12/04/2011)
Nas lições de 10Rogério Sanches, temos que “o furto mediante fraude não se confunde com o estelionato.
Naquele, a fraude visa a diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração. O bem é retirado
sem que a vítima perceba que está sendo despojada. No estelionato, a fraude visa a fazer com que a
vítima incida em erro e entregue espontaneamente o objeto ao agente. A vontade de alterar a posse
no furto é unilateral (apenas o agente quer); já no estelionato é bilateral (agente e vítima querem)”. No
caso em análise (item IV), “A” comete o crime de furto qualificado mediante fraude, uma vez que substitui/
retira/subtrai o bem da vítima sem que esta perceba. Isto é, a vítima não foi induzida a erro para entregar,
ao sujeito ativo, de forma espontânea o cartão magnético.
10 Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. Editora Juspodivm. Ed. 2015. Pág. 247.
Configura o crime de furto qualificado pela fraude a subtração de valores de conta corrente, mediante
transferência ou saque bancários sem o consentimento do correntista. Destaque-se que a competência
deve ser definida pelo lugar da agência em que mantida a conta lesada. Portanto, o item “V” está
correto.
29. Sobre os crimes praticados contra a Administração Pública, assinale a alternativa correta.
COMENTÁRIO
Tendo em vista a importância da leitura da “lei seca” para as provas de concurso público na área da
Advocacia Pública, notadamente nas provas da Procuradoria da Fazenda Nacional e de Advogado da
União, elaboramos a presente questão com base na literalidade dos dispositivos legais, com o intuito de
alertar os nossos alunos para a relevância do conhecimento dos tipos penais que podem ser praticados
contra a Administração Pública.
Corrupção passiva: “Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem”. Crime cometido por funcionário público contra a Administração em Geral. Portanto, a
alternativa “A” está incorreta.
Obs.: Ver art. 333, CP – Corrupção Ativa - Crime cometido por particular contra a Administração em
Geral.
Advocacia administrativa: “Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário”. Crime cometido por funcionário público
contra a Administração em Geral. Observe que o tipo penal não apresenta qualquer elemento ou
finalidade especial, tal como: “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”, razão pela qual a
alternativa “B” está incorreta.
Concussão: “Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”. Crime cometido por funcionário público
contra a Administração em Geral. Portanto, a alternativa “C” está incorreta.
Obs.: Ver §1º, do art. 316, CP – Excesso de Exação - Crime cometido por funcionário público contra a
Administração em Geral.
Desobediência: “Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público”. Crime cometido por
particular contra a Administração em Geral. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.
Obs.: Ver art. 329, CP –Resistência - Crime cometido por particular contra a Administração em Geral.
II. Segundo o princípio da causalidade, a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará
a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.
III. A falta ou nulidade de citação não poderá ser suprida pelo comparecimento da parte
que manifesta apenas para arguí-la.
V. Aplica-se o princípio segundo o qual não há nulidade por omissão de formalidade que
só interesse à parte contrária.
b) I, II e IV estão corretos.
COMENTÁRIO
A ilegitimidade passiva, seja ela ad causam ou ad processum, é causa de nulidade absoluta, nos termos do
art. 564, II, do Código de Processo Penal. No entanto, “a nulidade por ilegitimidade do representante
da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais” – art. 568, do
Código de Processo Penal. Portanto, o item “I” está incorreto.
O princípio da causalidade tem forte no art. 573, §1º, do Código de Processo Penal, segundo o qual, “a
nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam
consequência”. Portanto, o item “II” está correto.
Destaque-se que para que haja a nulidade exige-se a demonstração do nexo causal entre os atos
processuais. Deste modo, “o juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende” – art.
573, §2º, do Código de Processo Penal.
Haverá nulidade absoluta do processo criminal se faltar citação, a ampla defesa e o contraditório. No
entanto, “a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o
interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-
la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade
poderá prejudicar direito da parte”. Portanto, o item “III” está incorreto.
Segundo a doutrina majoritária o impedimento é causa de nulidade absoluta. Neste ponto, é relevante
destacar que há celeuma doutrinária quando à natureza da nulidade decorrente da suspeição, de modo
que para alguns (Nucci) é causa de nulidade relativa e para outros (Renato Brasileiro) trata-se de nulidade
absoluta. Quanto ao suborno, a doutrina entende que face a violação da garantia do devido processo
legal e à garantia da imparcialidade do juiz, trata-se de nulidade absoluta. Destaque-se que o suborno
abrange não apenas a “propina”, mas qualquer vantagem que o juiz receba em proveito próprio ou
alheio. Portanto, o item “IV” está correto.
Dispõe o Código de Processo Penal que “nenhuma das partes poderá arguir nulidade [...]referente a
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse” – art. 565, segunda parte, do Código de
Processo Penal. Portanto, o item “V” está correto. Diga-se que o referido princípio se aplica nas hipóteses
de nulidade relativa.
DIREITO DO TRABALHO
31. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá
direito a férias, na seguinte proporção:
a) 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 06 (cinco) vezes;
b) 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 7 (seis) a 15 (quatorze) faltas;
c) 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 16 (quinze) a 24 (vinte e três) faltas;
d) 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 25 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.
e) Sem direito a férias, quando houver tido mais de 32 (trinta e duas) faltas.
COMENTÁRIO
Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o
empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas)
faltas.
b) Em caso de dispensa sem justa causa, o obreiro possui direito às férias proporcionais,
ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses.
c) Em caso de dispensa por justa causa, o obreiro não faz jus às férias proporcionais.
COMENTÁRIO
Alternativa “E”: Incorreta – Por contrariar expressa previsão legal (art. 487, §4º, da CLT):
b) Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente.
COMENTÁRIO
I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil
imediato e a contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº 262 - Res. 10/1986, DJ 31.10.1986).
Alternativa “D”: Incorreta – No processo civil, nos termos do art. 241, II, do CPC, início do prazo somente
ocorre com a juntada do mandado cumprido. Contudo, Todavia, no âmbito laboral tal dispositivo não é
aplicável, uma vez que o art. 774 da CLT regulamente de forma suficiente a questão:
Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme
o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela
em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do
Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal.
Percebe-se, então, uma diferenciação entre o processo civil e o processo do trabalho, tal diferença é
muito bem explanado pelo professor Bruno Klippel:
O texto legal demonstra o que se denomina início do prazo, que ocorre com o conhecimento
do ato pela parte. Diferentemente do direito processual civil, em que, nos termos do art. 241
do CPC, o início do prazo se dá com a juntada do mandando cumprido ou do AR, no processo
do trabalho o conhecimento do ato basta ao início do prazo, tendo em vista a preocupação
com a celeridade processual, reflexo do princípio da proteção e do caráter alimentar das
verbas pleiteadas. (KLIPPEL, Bruno. Direito Sumular Esquematizado – TST. 4 ed – São Paulo:
Saraiva, 2014, pg. 25)
COMENTÁRIO
Alternativa “A”: Correta – A presente questão destaca a importância de o aluno acompanhar as inovações
No caso em tela, o aluno deveria ter conhecimento da alteração trazida pela Lei nº 13.015, de 21 de julho
de 2014, que estabeleceu, no que couber, ao recurso de revista o rito dos recursos repetitivos relativas aos
recursos extraordinários e especial estabelecido no Código de Processo Civil, conforme redação do novo
art. 896-B, da Consolidação das Leis Trabalhistas.
Nessa seara, a CLT, especialmente no art. 896-C, regulamenta o procedimento para julgamento em caso
de multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de direito.
A norma traz a possibilidade de sobrestamento de recursos de revistas após escolha do recurso paradigma
pelo Tribunal Superior do Trabalho. Tal inovação é bastante significativa e demonstra a importância cada
vez maior dada à celeridade e à uniformidade no processo brasileiro.
Destaca-se que a Lei nº 13.015, de 21 de julho de 2014, trouxe outras inovações no âmbito recursal
trabalhista, motivo pelo qual se aconselha a leitura atenta de todos seus dispositivos.
Alternativa “B”: Correta – Mais uma assertiva que aborda as novidades trazidas pela Lei nº 13.015/2014:
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões
proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho, quando:
§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)
Destaca-se que em recente decisão (AIRR-794-78.2014.5.03.0080), noticiada pelo sítio do TST, a Corte
Trabalhista aplicou o citado dispositivo:
“‘Incumbe a quem interpõe o recurso indicar o trecho da decisão que mostre a resposta que o
Tribunal Regional deu ao tema, ou seja, o pronunciamento prévio sobre a matéria que pretende
ver reapreciado’, afirmou o relator. ‘Não basta apenas afirmar que a decisão condenatória deve
ser reformada, mas apontar em qual passagem se encontra a argumentação que pretende ver
reformada’”.
Segundo o magistrado, a alteração da CLT foi para evitar que o órgão julgador seja o responsável pela
tarefa de interpretar a decisão impugnada, para deduzir o que foi veiculado nela e qual a fundamentação
que sustenta a pretensão recursal, e representaria o atendimento dos pressupostos para autorizar o
conhecimento do recurso interposto.” (site TST)
Alternativa “C”: Correta – No processo civil, nos termos dos art. 522 e 524 do CPC, o Agravo de
Instrumento terá como objeto impugnar decisões interlocutórias e deverá ser interposto diretamente ao
Tribunal ad quem.
Contudo, o Agravo de Instrumento na justiça do trabalho possui função diversa, uma vez que é que é
cabível contra despacho que denegaram a interposição de recursos.
Ou seja, o agravo de instrumento na Justiça do Trabalho apenas serve para destrancar recurso ao qual
foi negado seguimento e não para recorrer de decisões interlocutórias como acontece na justiça comum.
Ademais, o agravo de instrumento na Justiça do Trabalho deve ser interposto diretamente ao juízo prolator
da decisão recorrida, nos termos da Instrução Normativa nº 16/99 do Tribunal Superior do Trabalho.
Alternativa “D”: Incorreta – As decisões interlocutórias são recorríveis, não de imediato, mas apenas em
recurso contra decisão definitiva, nos termos do art. 893, §1º, da CLT. Assim, a parte inconformada com a
decisão interlocutória deve protestar no primeiro momento que falar nos autos, nos termos do art. 795 da
CLT, sob pena de preclusão. Após, na interposição do recurso contra decisão definitiva deve arguir como
preliminar o pedido de reforma de decisão interlocutória.
35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, o ICMS faz parte da base de cálculo do COFINS.
d) A contribuição ao PIS/PASEP não pode incidir sobre o faturamento, uma vez que teria a
COMENTÁRIO
Alternativa “B”: Correta – O Superior Tribunal de Justiça possuía jurisprudência consolidada pela inclusão
do ICMS na base de cálculo do COFINS, nos termos das Súmulas nº 68 e 94. Contudo, em 2014, o
Supremo Tribunal Federal decidiu de forma contrária:
Destaca-se que o tema ainda vai ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal sob o rito da repercussão
geral. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça, embora já tenha decidido de acordo com o STF (AgRg no
AREsp 593627), ainda tem diversas decisões recentes mantendo sua posição histórica (vide AgRg no REsp
1484729 e AgRg no REsp 1510905).
Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição do PIS e da
Cofins. O crédito-presumido do ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com a finalidade de
proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado Estado-membro,
não assumindo natureza de receita ou faturamento. Assim, não se tratando de receita, não há que se falar
em incidência do crédito presumido do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Precedentes citados:
AgRg no REsp 1.229.134-SC, DJe 3/5/2011, e AgRg no REsp 1.165.316-SC, DJe 14/11/2011. AgRg no REsp
1.329.781-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 27/11/2012.
Alternativa “D”: Incorreta – A LC nº 07/70, que prevê a incidência da contribuição do PIS/PASEP sobre
o faturamento, foi expressamente recepcionada pela Constituição Federal através do art. 239. Assim, não
há que se falar em bis in idem com a contribuição prevista no art. 195, I, b), da Constituição.
COMENTÁRIO
Alternativa “B”: Incorreta – Não há que se falar em direito adquirido à imunidade, assim a entidade
deve observar os novos requisitos legais para gozo da imunidade. É a lição da Súmula nº 352 do Superior
Tribunal de Justiça:
Alternativa “C”: Correta – Conforme o visto acima, não há direito à imunidade, dessa sorte, o Supremo
Tribunal Federal considerou constitucional exigência de renovação periódica de Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social:
(...) II. Imunidade tributária: entidade declarada de fins filantrópicos e de utilidade pública:
Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos: exigência de renovação periódica (L. 8.212, de
1991, art. 55). Sendo o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos mero reconhecimento,
pelo Poder Público, do preenchimento das condições de constituição e funcionamento, que
devem ser atendidas para que a entidade receba o benefício constitucional, não ofende os
arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição Federal a exigência de emissão e renovação
periódica prevista no art. 55, II, da Lei 8.212/91. (RE 428815 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 07/06/2005, DJ 24-06-2005 PP-00040 EMENT VOL-
02197-07 PP-01247 RDDT n. 120, 2005, p. 150-153)
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas
ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva
de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
Alternativa “E”: Correta – O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência pacificada que as
contribuições previdenciárias possuem natureza tributária (RE 560626).
Assim, estão submetidas aos ditames do art. 146 da Constituição Federal que dispõe:
(...)
(...)
Dessa forma, somente lei complementar poderia dispor acerca da prescrição ou decadência das
contribuições sociais. Nesse diapasão, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais os artigos 45
e 46 da Lei nº 8.212/91 que estabeleciam prazos decadenciais e prescricionais das contribuições sociais.
Inclusive, com a edição da Súmula Vinculante nº 08:
Após, a edição da citada Súmula Vinculante, a Lei Complementar nº 128/2008 revogou tais disposições
normativas. Dessa sorte, as regras sobre prescrição e decadência das contribuições para a seguridade social
serão ditadas pelo CTN, especialmente observando o prazo de cinco anos para sua ocorrência. (AMADO,
Frederico. Direito Previdenciário: Coleção Sinopse para Concursos. 3º Edição. Ed. JusPodvim, 2013, pg 107)
Por todo o exposto, a assertiva está correta, uma vez que apenas Lei Complementar pode dispor acerca
da prescrição ou da decadência das contribuições
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