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3ª RODADA - 16/06/2016
CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO
3ª RODADA - 16/06/2016
DURAÇÃO
26/05/2016 A 14/09/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016
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PROFESSORES
Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.
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INSTRUÇÕES GERAIS
Caros alunos,
para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:
1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.
2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.
3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.
4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.
5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.
6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
b) A estabilidade provisória assegurada à gestante pelo art. 10, II, “b”, do ADCT não se
aplica quando a gravidez somente vem a ser confirmada durante o prazo do aviso-prévio
indenizado.
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e) A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da CF, alcança a execução
de ofício das contribuições previdenciárias resultantes de condenação ou homologação
de acordo, incluindo as incidentes sobre os salários pagos durante o período contratual
reconhecido.
3. Com relação aos dispositivos previstos no CPC de 2015, assinale aquele não se aplica ao Processo
do Trabalho, em razão de omissão ou por incompatibilidade:
b) Não está sujeita ao duplo grau de jurisdição a sentença trabalhista proferida em desfavor
de Município que constitua capital de Estado quando o proveito econômico obtido na
causa for de valor inferior a 500 salários-mínimos.
c) As partes podem convencionar que o ônus da prova seja distribuído de maneira diversa
da prevista na regra que o atribui ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao
réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
d) O juiz pode atribuir o ônus da prova de modo diverso, por decisão fundamentada, diante
da maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, dando à parte a oportunidade
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
DIREITO CIVIL
4. Assinale a alternativa incorreta, no que tange aos princípios contratuais adotados pelo Código
Civil de 2002:
b) Segundo o STJ, o princípio da função social dos contratos autoriza o juiz a conhecer de
ofício da abusividade em contratos bancários.
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d) A regra do art. 330 do Código Civil, segundo o qual o pagamento feito reiteradamente
em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato,
exemplifica a aplicação da surrectio.
5. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores acerca dos direitos da personalidade,
é correto afirmar:
a) Para que seja publicada uma biografia, é indispensável à autorização prévia do indivíduo
biografado e das demais pessoas retratadas, sob pena de lesão ao direito à imagem e à
privacidade.
b) É possível que um particular venha a ser condenado a pagar indenização por danos
morais por violar a honra de ente público.
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atingido esse lapso temporal, exceto quando se referir a obra, já que, neste caso, prorroga-
se até o final desta.
a) Para a validade da fiança prestada por fiador, que mantém união estável, é necessária
a autorização do companheiro, a chamada outorga uxória, tal qual exigida no casamento,
em razão da possibilidade de submissão dos bens comuns à eventual cobrança da dívida
afiançada, podendo ser dispensada apenas quando constituída a união estável mediante
escritura pública.
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c) O STF, assim como o STJ, considera que é possível a aplicação do princípio da insignificância
ao crime de contrabando, desde que não se faça presente hipótese de reiterada prática
criminosa.
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espécies.
e) As hipóteses legais de privilégio são, via de regra, comunicáveis aos demais coautores
e partícipes.
10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta:
c) A confissão, no processo penal, é indivisível e retratável, nos termos do art. 200 do CPP.
e) O réu é obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos, sob pena de incorrer
no crime de desobediência, podendo, inclusive ser conduzido coercitivamente para o local
de produção dessa prova.
11. Existe uma visão de que as formas de resolução de conflitos evoluíram à medida que as
sociedades humanas amadureceram e aprimoraram as formas de controle de indivíduos. Fala-
se, assim, em uma linha evolutiva ascendente que se inicia na autotutela (autodefesa), passa
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12.Considerando a dinâmica dos recursos de acordo com o Novo Código de Processo Civil (Lei n.
13.105/15 com as alterações da Lei n. 13.256/16) e com a jurisprudência dos tribunais superiores,
assinale a única alternativa INCORRETA:
e) Se, em ação indenizatória por danos morais, a sentença julgar procedente o pedido do
autor, mas fixar indenização abaixo da pleiteada, terá ele interesse em interpor recurso
adesivo à apelação do réu.
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a) II e IV.
b) I, II e IV.
c) I, II e V.
d) I e IV.
e) II, III, IV e V.
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IV. De acordo com as disposições do Novo Código de Processo Civil, o assistente simples
não pode recorrer na omissão do assistido.
a) I e II.
b) I, II e IV.
c) II e III.
d) II, IV e V.
e) I e V.
15. No âmbito das prerrogativas da Fazenda Pública, justificadas pelo regime jurídico
administrativo, inserem-se regras próprias a respeito das execuções promovidas pelos entes
públicos. A execução fiscal é regulada pela Lei n. 6.830/80 e, subsidiariamente, pelas disposições
do Código de Processo Civil. A respeito desse tema, de acordo com os mencionados diplomas
legais e com o entendimento dos tribunais superiores, assinale a alternativa CORRETA:
a) A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, permitida,
em todo caso, a modificação do sujeito passivo da execução.
b) Proposta execução fiscal em valor abaixo do mínimo que autoriza a medida, de acordo
com limite estabelecido pelo ente federado, poderá o juízo, reconhecendo essa circunstância,
proceder à extinção do processo de ofício.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
II. A despeito de ser um imposto tipicamente fiscal, possui objetivo extrafiscal, na medida
em que induz o adequado aproveitamento do solo urbano.
III. Um imóvel que possua sistema de esgoto sanitário e rede de iluminação pública, mas
não possua posteamento para distribuição domiciliar, não pode ser considerado como zona
urbana para fins de cobrança do IPTU.
a) II.
b) IV.
c) I, II e IV.
d) III e IV.
e) I, III e IV.
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IV. Como forma de limitar o valor a ser cobrado referente a esta contribuição, a Constituição
Federal de 1988 estabeleceu um limite global e um limite individual, considerando cada
imóvel beneficiado.
a) I e IV.
b) III.
c) III e IV.
d) I, III e IV.
e) IV.
DIREITO AMBIENTAL
II. Decorre deste princípio a determinação de que fabricantes e importadores deem aos
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III. Com base neste princípio, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de
ser possível a inversão do ônus normal da prova, imputando ao praticante de determinada
atividade supostamente poluidora o dever de provar, com anterioridade, que sua ação não
causará danos ao meio ambiente.
IV. Ainda que nenhum dano ambiental tenha sido efetivamente causado, a utilização de
recursos demanda contraprestação por parte de quem dele usufrui, como consequência do
referido princípio.
II. Espécie de unidade de proteção integral que pode ser constituída por áreas particulares.
III. Unidade de conservação que, quando estabelecida em áreas sob propriedade privada,
compete ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público,
observadas as exigências e restrições legais.
IV. Apesar de ser de domínio Público, permite-se que a utilização das áreas seja concedida
a populações tradicionais através de contrato.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
c) A Lei de Acesso à Informação possui expressa previsão de que os órgãos e entidades são
obrigados a divulgar a relação nominal das remunerações dos servidores públicos.
e) Por ser uma lei uma lei de normas gerais, de caráter nacional, isto é, obrigando todos os
entes federados, não é possível aos Estados exercerem a regulamentação, em seu âmbito,
sobre a matéria.
22. Acerca dos contratos administrativos previstos na Lei nº 8.666/93, assinale a alternativa
correta:
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da Fazenda, as quais não excederão a cinco por cento do valor do contrato em qualquer
hipótese.
e) Se a multa for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta,
responderá o contratado pela sua diferença, cabendo à Administração apenas efetuar a
cobrança judicialmente.
b) O poder discricionário não pode ser objeto de controle por parte do Poder Judiciário,
sob pena de afronta ao princípio da separação de poderes previsto na Constituição.
d) Não podem considerar-se legítimos os atos de mera regulamentação, seja qual for o
nível da autoridade de onde se tenha originado, que, a pretexto de estabelecerem normas
de complementação da lei, criam direitos e impõem obrigações aos indivíduos.
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primeira é o excesso de poder, quando o agente atua fora dos limites de sua competência;
a segunda é o desvio de poder, quando o agente busca alcançar fim diverso daquele que a
lei lhe permitiu.
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Acerca das normas constitucionais do Direito Financeiro, marque a alternativa correta:
b) O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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28. Acerca dos instrumentos de defesa do estado e das instituições democráticas, assinale a
alternativa correta:
a) Apenas o estado de sítio exige prévia autorização do Congresso Nacional, sem prejuízo
do controle político posterior e concomitante.
b) Entre outras hipóteses, o estado de defesa é cabível quando ineficaz o estado de sítio.
e) O Estado de Sítio é vigente por 30 dias, podendo ser prorrogado por mais uma única vez,
salvo em caso de guerra declarada ou resposta à agressão armada estrangeira, hipótese em
que será vigente enquanto durar a guerra ou resposta.
DIREITO EMPRESARIAL
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d) A pretensão para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do
contrato prescreve em 3 (três) anos.
c) Uma vez homologado o plano de recuperação judicial, não é mais possível a retificação
do quadro geral de credores fundada em julgamento de impugnação.
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
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b) A estabilidade provisória assegurada à gestante pelo art. 10, II, “b”, do ADCT não se
aplica quando a gravidez somente vem a ser confirmada durante o prazo do aviso-prévio
indenizado.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Uma das formas de proteção à atividade sindical garantida pela Constituição
Federal consiste na vedação (também prevista no §3o do art. 543 da CLT) à dispensa do empregado
sindicalizado, a partir do registro da candidatura ao cargo de direção ou representação sindical e, se eleito,
ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei
(art. 8º, VIII, da CF/88). A jurisprudência do TST, contudo, entende que essa estabilidade não beneficia
o empregado que registrar sua candidatura durante o curso do aviso-prévio, indenizado ou não.
Para a Corte, embora o aviso prévio integre o tempo de serviço para todos os efeitos legais, ele confere ao
contrato de trabalho feições de contrato a prazo determinado, o que não admite a estabilidade sindical.
Além disso, o fato de o registro ocorrer durante o curso do aviso prévio denota a inexistência de caráter
obstativo no ato da dispensa. O entendimento está consolidado no inciso V da Súmula nº. 369/TST.
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Alternativa (B): incorreta. O art. 10, II, “b”, do ADCT confere à gestante estabilidade, desde a confirmação
da gravidez até cinco meses após o parto, vedando que o empregador a dispense de forma arbitrária
ou imotivada durante esse período. Para a configuração da estabilidade, vale dizer, importa apenas a
confirmação da gravidez pela própria gestante (teoria objetiva). Só que, na contramão do entendimento
exposto na alternativa anterior, o legislador, por meio da L. nº. 12.812, de 2013, acrescentou à CLT o art.
391-A, prevendo que a estabilidade é garantida ainda que a confirmação do estado de gravidez
tenha advindo durante o prazo do aviso-prévio trabalhado ou indenizado.
Alternativa (C): incorreta. O art. 19 do ADCT conferiu estabilidade, no serviço público, aos servidores
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta,
autárquica e das fundações públicas, que estivessem em exercício há, pelo menos, cinco anos continuados
na data da promulgação da Constituição, e que não houvessem sido admitidos por concurso público.
Embora o artigo mencione apenas as fundações públicas, o posicionamento do TST é no sentido de que
ele também se estende aos servidores celetistas de fundação com personalidade jurídica de direito
privado instituída por lei e que recebe dotação ou subvenção do Poder Público para realizar
atividades de interesse do Estado, por ostentar natureza jurídica de direito público. Privilegia-se, assim,
o conteúdo sobre a forma. É o que diz a OJ nº. 364 da SDI-1 do TST:
364. ESTABILIDADE. ART. 19 DO ADCT. SERVIDOR PÚBLICO DE FUNDAÇÃO REGIDO PELA CLT.
Fundação instituída por lei e que recebe dotação ou subvenção do Poder Público para realizar
atividades de interesse do Estado, ainda que tenha personalidade jurídica de direito privado,
ostenta natureza de fundação pública. Assim, seus servidores regidos pela CLT são beneficiários
da estabilidade excepcional prevista no art. 19 do ADCT.
Alternativa (D): incorreta. Apesar de não existir, no âmbito infraconstitucional, lei específica que assegure
a permanência no emprego de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite
estigma ou preconceito, a jurisprudência do TST evoluiu no sentido de presumir discriminatória a
dispensa, sempre que o empregador tiver ciência de que o empregado é portador e não demonstrar
que o ato foi motivado por outra causa. Para a Corte, o exercício do direito potestativo de denúncia vazia
do contrato de trabalho encontra limites na hipótese de ato discriminatório, em função do princípio da
função social da propriedade (art. 170, III, da CF), da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do
trabalho (art. 1º, III e IV, da CF). Logo, nessas hipóteses, caberá ao empregador comprovar que o motivo
da dispensa não foi discriminatório ou arbitrário. É nesse sentido a Súmula nº. 443 do TST.
Alternativa (E): incorreta. A redação do art. 41 da CF/88, dada pela EC 19/1998, confere estabilidade, após
três anos de efetivo exercício, aos servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de concurso público. Como o artigo se refere indistintamente a servidores, o Supremo Tribunal Federal
assentou entendimento segundo o qual essa estabilidade é aplicável, indistintamente, a ocupantes tanto
de cargos quanto de empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, bastando que
tenham sido admitidos mediante concurso público. Diante disso, o TST editou a Súmula nº. 390, prevendo
que: “o servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da
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e) A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da CF, alcança a execução
de ofício das contribuições previdenciárias resultantes de condenação ou homologação
de acordo, incluindo as incidentes sobre os salários pagos durante o período contratual
reconhecido.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A redação conferida ao art. 114 da CF/88 pela EC nº. 45, de 2004, atribuiu à
justiça do trabalho a competência para julgar as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho. Para o TST, esse inciso compreende também as situações em que
o dano tenha origem em acidentes do trabalho ou doenças equiparadas. O fato de os autores serem
sucessores do trabalhador é irrelevante para fins de fixação dessa competência, pois a causa de pedir
permanece sendo o infortúnio ocorrido durante a relação de emprego. Assim, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do RE 600.091/MG, proferido na sistemática da repercussão geral, declarou a
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações em que os herdeiros de empregado
falecido em decorrência de acidente de trabalho pleiteiam indenização por danos morais e materiais, o
que levou o Plenário do TST a alterar a redação da súmula nº. 392, em outubro de 2015, ratificando esse
entendimento.
Alternativa (B): correta. Em um primeiro momento, a interpretação conferida pelo STF ao artigo 109, I
da CF/88 era no sentido de que as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
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acidente de trabalho, ainda que movidas por empregado contra (ex) empregador, eram de competência
da Justiça Comum. Posteriormente, revisando sua jurisprudência, o Plenário da Corte reconheceu que a
CF/88 conferiu tal competência à Justiça do Trabalho, mesmo na vigência da redação originária do art.
114 da CF/88. Contudo, foi a redação conferida pela EC nº. 45/04 ao art. 114 da CF/88 que tornou clara,
de uma vez por todas, a atribuição da competência, em relação a esses casos, à justiça laboral. A Corte
decidiu que o marco temporal da competência daquela especializada deveria ser o advento da EC 45/05,
determinando o alcance da nova orientação aos processos em trâmite na Justiça comum estadual, ainda
pendentes de julgamento de mérito.
Assim, as ações versando sobre a matéria que, na data da promulgação da EC 45/04, já possuíam
sentença de mérito, prosseguiram seu curso na justiça comum até o trânsito em julgado e execução. Por
outro lado, aquelas em que ainda não havia ocorrido a apreciação de mérito foram remetidas a
justiça do trabalho. Sobre o assunto, o STF editou a Súmula Vinculante nº. 22, dispondo que:
“a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos
morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro
grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04”.
Alternativa (C): correta. Para a determinação da competência da Justiça do Trabalho, não importa que
a solução da lide dependa da análise e enfrentamento de questões envolvendo direito civil. Basta que
a questão submetida à apreciação judicial decorra de relação de emprego. Assim, como o exercício do
direito de greve está relacionado à relação de emprego - tanto que a EC 45/2003 atribuiu à justiça laboral
a competência para conhecer e julgar as ações dela decorrentes (art. 114, II, CF/88) - o julgamento de ação
de interdito proibitório com causa de pedir relacionada a movimento grevista inclui-se na competência
da justiça laboral. Esse entendimento está pacificado na Súmula Vinculante nº. 23 do STF.
Alternativa (D): correta. O Plenário do STF decidiu, no julgamento da ADI nº. 3.395/DF, que a competência
atribuída à Justiça do Trabalho, pelo art. 114, I, da CF/88, para julgar as ações oriundas da relação de
trabalho, abrangidos os entes da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, não compreende a competência para processar e julgar demanda entre o
Poder Público e seus servidores estatutários - que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Assim,
embora as relações de trabalho decorrentes de estágio estejam inseridas, em regra, na competência
da Justiça do Trabalho, quando a contratação envolver entes da administração pública, a competência
será da justiça comum (ou federal), incidindo, por analogia, o entendimento firmado na ADI nº. 3395.
O assunto foi decidido pela SBDI-1 do TST, em julgamento divulgado no Informativo nº. 131/TST (E-RR-
5500-47.2010.5.13.022, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 31.3.2016).
Alternativa (E): incorreta, devendo ser assinalada. O art. 114, VIII, da CF/88 prevê a competência da Justiça
do Trabalho para executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a” (do empregador
sobre folha de salários e demais rendimentos do trabalho) e 195, II (do trabalhador e demais segurados da
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providência social). Para o TST e o STF, essa competência permite que, ao homologar acordo ou proferir
sentença condenando o empregador a pagar determinadas verbas de natureza salarial, a Justiça do
Trabalho já reconheça e execute, de ofício, as contribuições que deveriam ter sido recolhidas sobre elas.
Por outro lado, não poderão ser executadas as contribuições previdenciárias relacionadas com períodos
que ela reconheceu como sendo relação de emprego, mas sobre os quais não houve condenação.
Isso porque a competência para executar de ofício as contribuições só abrangem as verbas que foram
objeto da sentença ou do acordo. Diante disso, o parágrafo único do art. 876 da CLT, que dispõe que
“serão executadas ex- officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos
Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os
salários pagos durante o período contratual reconhecido” foi considerado inconstitucional pelo STF.
O entendimento ensejou a edição da Súmula Vinculante nº. 53 do STF.
3. Com relação aos dispositivos previstos no CPC de 2015, assinale aquele não se aplica ao Processo
do Trabalho, em razão de omissão ou por incompatibilidade:
b) Não está sujeita ao duplo grau de jurisdição a sentença trabalhista proferida em desfavor
de Município que constitua capital de Estado quando o proveito econômico obtido na
causa for de valor inferior a 500 salários-mínimos.
c) As partes podem convencionar que o ônus da prova seja distribuído de maneira diversa
da prevista na regra que o atribui ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao
réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
d) O juiz pode atribuir o ônus da prova de modo diverso, por decisão fundamentada, diante
da maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, dando à parte a oportunidade
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. O CPC de 2015 inovou ao tratar da intervenção do amicus curiae de uma forma
geral, considerando que, anteriormente, só havia menções pontuais a seu respeito. Foram estabelecidas
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três condições alternativas como aptas a justificar a intervenção do amicus curiae no processo: a relevância
da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia (art.
138 do CPC). O julgador, vale dizer, poderá não apenas admitir a intervenção, mediante requerimento da
parte ou de quem pretenda manifestar-se, mas também solicitá-la de ofício. Na seara trabalhista, o TST já
se manifestou pela possibilidade de intervenção do amicus curiae, nos moldes previstos no CPC de 2015
(IN nº. 39/2016, art. 3o, II).
Alternativa (B): incorreta. O reexame necessário é previsto como “privilégio” dos entes públicos na
Justiça do Trabalho pelo art. 1º do DL nº. 779/1969, tendo o TST, por meio da Súmula nº. 303, reconhecido
a sujeição das decisões contrárias à Fazenda Pública ao duplo grau na esfera trabalhista, mesmo na
vigência da CF/88. O instituto foi revisitado pelo CPC de 2015, alterando-se as regras de dispensa. Assim,
a remessa necessária não será aplicada nos casos em que a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: (1) 1.000 (mil) salários-mínimos para a União
e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (2) 500 (quinhentos) salários-mínimos
para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os
Municípios que constituam capitais dos Estados; (3) 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. Como a nova sistemática da remessa
foi reconhecida pelo TST como aplicável ao Processo do Trabalho, consoante previsão do art. 3º, X da IN
nº. 39/2016, a Súmula nº. 303 da Corte - que basicamente reproduzia as hipóteses de dispensa previstas
no CPC anterior - deverá ter sua redação modificada em breve.
Alternativa (C): correta. A IN nº. 39/2016 do TST prevê não ser aplicável ao processo do trabalho a regra
de distribuição diversa do ônus da prova por convenção das partes (art. 2º, VII). Apesar de admitir a
inversão do ônus da prova em inúmeras hipóteses, tais como a impossibilidade ou dificuldade excessiva
de cumprir o encargo, a Corte reputou que permitir que as partes convencionem a redistribuição do
ônus acabaria possibilitando que os empregadores fizessem imposições prejudiciais aos empregados
como condição para manutenção do emprego. Além disso, o próprio art. 373, §3º, I do CPC de 2015
veda a distribuição diversa do ônus da prova por convenção quando recair sobre direito indisponível
da parte.
Alternativa (D): incorreta. Por outro lado, a possibilidade de redistribuição do ônus da prova, pelo
juiz, diante de peculiaridades da causa relacionadas à maior facilidade de obtenção da prova do fato
contrário, prevista no art. 373, §1º do CPC de 2015, é plenamente aplicável ao Processo do Trabalho,
consoante previsto no art. 3º, VII da IN nº. 39/2016 do TST, desde que o julgador o faça mediante decisão
fundamentada, dando à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído, e que a
redistribuição não gere situação em que a desincumbência do encargo seja impossível ou excessivamente
difícil.
Alternativa (E): incorreta. Em face da inexistência de regramento próprio na CLT, o TST reconheceu a
aplicabilidade dos artigos 497 a 501 do CPC de 2015, que tratam da tutela específica, ao Processo do
Trabalho (art. 3º, XI da IN nº. 39/2016). O art. 497 do CPC prevê que, nas ações versando sobre prestação
3ª RODADA - 16/06/2016
de fazer ou de não fazer, o juiz, em caso de procedência do pedido, concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. Já
o parágrafo único do dispositivo inovou ao prever que a concessão da tutela específica que tenha por
objetivo inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção não depende da
existência de culpa ou dolo ou mesmo da comprovação da ocorrência de dano.
DIREITO CIVIL
4. Assinale a alternativa incorreta, no que tange aos princípios contratuais adotados pelo Código
Civil de 2002:
b) Segundo o STJ, o princípio da função social dos contratos autoriza o juiz a conhecer de
ofício da abusividade em contratos bancários.
d) A regra do art. 330 do Código Civil, segundo o qual o pagamento feito reiteradamente
em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato,
exemplifica a aplicação da surrectio.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes não apenas na conclusão e
execução do contrato, conforme prevê o art. 422 do Código Civil, mas também nas fases de negociações
preliminares e mesmo após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do
3ª RODADA - 16/06/2016
contrato, consoante prevê o enunciado nº. 170 da III Jornada. Um exemplo de aplicação da boa-fé
objetiva na fase pós-contratual pode ser visualizado no enunciado nº 548 do STJ, de outubro de 2015,
que consolidou o entendimento segundo o qual incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em
nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo
pagamento do débito.
Alternativa (B): incorreta, devendo ser assinalada. O parágrafo único do art. 2.035 do Código Civil prevê
que “nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos
por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”. Logo, a função social dos
contratos - que limita a liberdade contratual – deve ser considerada preceito de ordem pública, sendo
passível, em tese, de conhecimento de ofício pelo juiz. Contudo, na contramão desse entendimento,
a muito criticada Súmula nº. 301 do STJ prevê que, nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
Alternativa (C): correta. O princípio da relatividade dos efeitos contratuais implica o reconhecimento de
que o contrato, enquanto típico instituto de direito pessoal, gera efeitos apenas inter partes. O próprio
Código Civil, contudo, prevê hipóteses em que, em exceção ao princípio, o contrato também gera efeitos
perante terceiros. Uma dessas exceções é mencionada no enunciado nº. 21 da I Jornada de Direito
Civil, que diz o seguinte: “a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código civil, constitui
cláusula geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros,
implicando a tutela externa do crédito”. A tutela externa do crédito consiste na possibilidade do contrato
gerar efeitos perante terceiros ou de condutas de terceiros repercutirem no contrato, como ocorre, por
exemplo, no art. 608 do Código Civil, que dispõe que aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato
escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste
desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
Alternativa (D): correta. A boa-fé objetiva, no Código Civil de 2002, cumula as funções de interpretação
(art. 113), controle (art. 187) e integração (art. 422). Dentro da função integrativa, encontram-se os
chamados conceitos parcelares da boa-fé objetiva. São eles: supressio, surrectio, tu quoque, excepctio
doli, venire contra factum proprium non potest e, ainda, o duty to mitigate the loss. A supressio pode ser
verificada quando, pelo não exercício com o passar do tempo, ocorre a supressão de um direito ou de
uma posição jurídica, por renúncia tácita. É exatamente o que ocorre na hipótese prevista no art. 330 do
Código Civil, em que a conduta do credor que não se opõe, de forma reiterada, ao pagamento feito em
local diverso do previsto no contrato, faz presumir que renunciou ao local originariamente contratado.
Alternativa (E): correta. O duty to mitigate the loss pode ser qualificado como o dever do credor, diante
de uma quebra contratual, de tomar as medidas razoáveis, consideradas as circunstâncias, para limitar
a perda, impedindo que atue com negligência, aguardando que a dívida ou os prejuízos alcancem
proporções excessivas. A quebra desse dever viola os deveres de cooperação e lealdade, possibilitando a
redução das perdas e danos em proporção igual ao montante da perda que poderia ter sido diminuída.
Sobre o assunto, o enunciado nº. 169 do CJF/STJ prevê que o princípio da boa-fé objetiva deve levar o
3ª RODADA - 16/06/2016
5. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores acerca dos direitos da personalidade,
é correto afirmar:
a) Para que seja publicada uma biografia, é indispensável à autorização prévia do indivíduo
biografado e das demais pessoas retratadas, sob pena de lesão ao direito à imagem e à
privacidade.
b) É possível que um particular venha a ser condenado a pagar indenização por danos
morais por violar a honra de ente público.
COMENTÁRIO
Algumas bancas de concurso, a exemplo da CESPE, priorizam, em suas provas, questões que exigem do
candidato conhecimento da jurisprudência recente do STJ e do STF. Por isso, é indispensável que o aluno,
além de estudar a doutrina e resolver questões, também esteja em dia na leitura dos informativos de
jurisprudência. Para possibilitar o treinamento da resolução de provas desse estilo de bancas, optei por
elaborar, ao longo das rodadas, algumas questões exclusivamente com essa abordagem. Vamos lá:
Alternativa (A): incorreta. Os direitos da personalidade, regulados pelo Código Civil de 2002 de maneira
não exaustiva, são expressões do princípio da dignidade da pessoa humana, consistindo em direitos
subjetivos reconhecidos à pessoa, tomada em si mesma e em suas projeções sociais.
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (B): incorreta. Os danos morais se configuram quando ocorre uma lesão a direito
personalíssimo, de modo que só pode sofrer dano moral quem é titular de direitos fundamentais. Ocorre
que, como os direitos fundamentais foram positivados em razão da necessidade de proteger a esfera
individual da pessoa humana contra ataques tradicionalmente praticados pelo Estado, não se pode
admitir o reconhecimento de que o ente público pleiteie indenização por dano moral contra o particular,
considerando que o Poder Público estaria se valendo de uma garantia do cidadão contra o próprio
cidadão, subvertendo a essência dos direitos fundamentais. Além disso, só é possível às pessoas jurídicas
de direito privado sofrerem dano moral (consoante reconhecido na súmula nº. 227/STJ), porque pode
haver um descrédito da empresa no mercado pela divulgação de informações desabonadoras de sua
imagem, gerando perdas pecuniárias, o que não ocorre com os entes púbicos. Em síntese, para o STJ, a
pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação
da honra ou da imagem (STJ, 4a Turma, REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
17/12/2013).
Alternativa (C): incorreta. O dano moral só se configura quando há uma ofensa a direito da personalidade
(honra, imagem, privacidade, integridade física). A ocorrência de um ilícito que gere aborrecimentos ou
dissabores normais e próprios do convívio social, por outro lado, não é suficiente para gerar a obrigação
de reparar danos morais. Diante disso, o STJ decidiu que o simples recebimento de fatura de cartão
de crédito na qual incluída cobrança indevida não configura dano moral in re ipsa (STJ, 4a Turma.
REsp 1.550.509-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 3/3/2016 - divulgado no Info 579).
O dano moral, nesse caso, somente poderá ser reconhecido mediante a comprovação de consequências
lesivas à personalidade decorrentes dessa cobrança, como, por exemplo, a inscrição em cadastro de
inadimplentes. Vale ressaltar que essa situação não se confunde com o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, caso em que o STJ reconhece o direito do consumidor
à indenização por danos morais (súmula 532/STJ).
Alternativa (D): correta. O direito ao nome, como elemento que individualiza a pessoa, diferenciando-a
dos demais membros da sociedade, também integra o rol de direitos da personalidade, possuindo proteção
específica no Código Civil (arts. 16 a 19) e na Lei de Registros Públicos. Embora o prenome e sobrenome
estabelecidos por ocasião do nascimento sejam, em regra, definitivos (princípio da imutabilidade do
nome civil), admite-se a sua modificação nas hipóteses expressamente previstas em lei ou reconhecidas
como excepcionais por decisão judicial, exigindo justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros. Essa
flexibilização decorre do papel que o nome desempenha na formação e consolidação da personalidade.
Diante disso, o STJ reconheceu, em face do direito da pessoa de portar um nome que não lhe remeta
às angústias decorrentes do abandono paterno e corresponda à sua realidade familiar, que o abandono
pelo genitor caracteriza o justo motivo para o interessado requerer a alteração de seu nome civil, com a
exclusão dos sobrenomes paternos (STJ, 3a Turma, REsp 1.304.718-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 18/12/2014 – divulgado no Info 555).
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (E): incorreta. O direito à imagem, enquanto direito da personalidade, deve ser protegido
em todas as suas facetas, que compreendem não apenas as características fisionômicas da pessoa
reproduzidas em fotografia, pintura ou desenho (imagem-retrato), mas também as características do
timbre de sua voz que a identificam (imagem-voz) e o conjunto de características imateriais (morais) por
meio das quais os outros a enxergam, como a personalidade, o comportamento e o caráter (imagem-
atributo). Para o STJ, a mera utilização da imagem-retrato de pessoa física, em campanha publicitária,
sem a sua autorização, já configura uso indevido de direito personalíssimo, ensejando a obrigação de
reparar o dano causado, mesmo que não tenha havido nenhuma conotação ofensiva ou vexatória
na divulgação ou que a utilização não viole a honra ou a imagem da pessoa (STJ. 4ª Turma. REsp
1.307.366-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/6/2014 - divulgado no Info 546). Aplica-se o
mesmo raciocínio da Súmula 403/STJ, segundo a qual “independe de prova do prejuízo à indenização pela
publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou empresariais”. Vale ressaltar que
o STJ já decidiu, em outros julgados, que o dano moral se configura ainda quando inexistente finalidade
comercial ou econômica no uso não autorizado da imagem.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
De início, mais uma vez renovo a necessidade de que o aluno leia, inclusive e principalmente na reta final
da prova, os dispositivos do Código Civil de 2002 pertinentes aos assuntos abordados na questão, por se
tratar de temas cuja cobrança é reiterada em todo e qualquer concurso de nível mais complexo.
Procuramos, nessa questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei sobre os contratos
em espécie, misturando com doutrina, jurisprudência do STJ e Enunciados das Jornadas de Direito Civil do
Conselho da Justiça Federal, de modo a diversificar o leque de temas e dar profundidade no conteúdo.
“Ao contrário da jurisprudência que se firmou sob a égide da legislação anterior, cristalizada nas
Súmulas n. 105/STF e 61/STJ, considero que o novel dispositivo dispensa qualquer investigação
a respeito da premeditação do suicídio. A regra é simples: se o suicídio ocorre dentro dos dois
primeiros anos de vigência do contrato, não é devida a indenização; se ocorre depois, é devida,
ainda que exista cláusula expressa em contrário. Em qualquer dos casos, dispensa-se a análise
do elemento subjetivo, da intenção do segurado em pôr fim à própria vida”.” (Trecho do voto do
Relator no AgRg nos EDcl nos EREsp 1.076.942⁄PR, STJ, 2ª Seção, Rel. para acórdão Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 27⁄5⁄2015).
Decidiu-se, então, que é aplicável somente o critério temporal para aferição do direito à
indenização securitária, em caso de suicídio, sendo irrelevante a premeditação ou mesmo a questão do
ônus probatório sobre a sua ocorrência.
Importante: ainda que ocorrido o suicídio nos dois primeiros anos do contrato, embora o beneficiário não
tenha direito à indenização, terá direito à devolução da reserva técnica, formada a partir do prêmio
pago pelo segurado, segundo jurisprudência também consolidada no STJ, a partir da interpretação dos
arts. 797 e 798, caput, do CC/2002. Leiam o julgado REsp 1.334.005-GO (Rel. originário Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/4/2015, DJe 23/6/2015,
noticiado no Info 564 do STJ), que aborda todas as questões aqui apontadas.
Alternativa (B): INCORRETA. De fato, a prestação de serviços tem por objeto toda a espécie de serviço
ou trabalho lícito, material ou imaterial (art. 594, do CC/2002), no entanto, quanto ao seu prazo, em se
tratando de contrato de índole exclusivamente civil, ele ficará limitado a 4 anos, ainda que, em
3ª RODADA - 16/06/2016
se tratando de obra, esta não tenha sido concluída no referido lapso temporal. É o que consta
claramente do art. 598 do CC/2002:
“A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato
tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa
e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda
que não concluída a obra”.
Importante: a doutrina entende que, quando o objeto do contrato de prestação de serviço é uma
atividade empresarial propriamente dita, deve haver uma harmonização entre o prazo máximo permitido
pela lei e a permanência empresarial, havendo uma mitigação da primeira. Nesse sentido é o que apregoa
o Enunciado 32 da Jornada de Direito Civil:
“Nos contratos de prestação de serviços nos quais as partes contratantes são empresários e a
função econômica do contrato está relacionada com a exploração de atividade empresarial, as
partes podem pactuar prazo superior a quatro anos, dadas as especificidades da natureza do
serviço a ser prestado, sem constituir violação do disposto no art. 598 do Código Civil”.
Alternativa (C): CORRETA. O direito de retrato é pacto adjeto ao contrato de compra e venda, consistindo
na possibilidade de recompra do bem no prazo DECADENCIAL de 3 anos (art. 505 do CC/2002) e pode
ser cedido a terceiros bem como transmitido por causa mortis (art. 507).
Por outro lado, a doutrina majoritária reputa que o direito de preempção/preferência tem natureza
PESSOAL ou meramente PRESTACIONAL, o que implica dizer que não poderá ser oposta a terceiros.
Caso o bem seja vendido à terceiro, sem que o vendedor original seja notificado para exercer o seu
direito de preferência, não haverá desfazimento da venda. Como se trata de uma relação obrigacional,
o detentor da preferência terá direito somente a perdas e danos, com aplicação do prazo
PRESCRICIONAL de 3 (três) anos para a ação de reparação de danos, com fundamento no art.
206, § 3.º, V, do CC.
Ademais, o art. 520 do CC aponta que “o direito de preferência não se pode ceder nem passa aos
herdeiros”. Assim, está reconhecida a intransmissibilidade mortis causa e inter vivos da cláusula de
prelação convencional, por possuir natureza personalíssima.
Importante: não confundir a abordagem feita com o que prescreve o art. 516 do CC, cuja redação
consagra prazos decadenciais para a manifestação do vendedor originário,(aquele que tem o direito
de preferência), já que o vendedor deve ser notificado judicial ou extrajudicialmente pelo comprador, que
pretende vender ou dar o bem a terceiro (art. 514 do CC). A questão enfatizou exatamente o aspecto
relativo ao descumprimento dessa obrigação.
Importante 2: a doutrina aponta que a prelação legal, prevista no art. 504, do CC/2002, possui natureza
real e o prazo para exercício da respectiva ação é decadencial, dada a possibilidade de oposição erga
omnes. Ademais, o art. 519 do CC, que trata do “direito de retrocessão” a favor do expropriado, segundo
3ª RODADA - 16/06/2016
a jurisprudência do STF, também possui natureza real, embora haja ainda forte divergência doutrinária e
jurisprudencial (o STJ considera que a natureza é pessoal) sobre o tema.
Alternativa (D): INCORRETA. O primeiro erro do enunciado está em afirmar que será anulável a permuta
entre ascendentes e descendentes quando se trate de bens de idêntico valor. Observe o que dispõe o
Art. 533, inciso II, do CC/2002:
Não confunda esse dispositivo com o disposto no Art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”. Flávio
Tartuce (in Manual de Direito Civil, v. único, 2015, Ed. Método), explica que o art. 533, II, é:
“(...) norma específica aplicável à troca, pois se presume a onerosidade excessiva, em prejuízo
aos demais herdeiros do tradente que deu a maior parte. Desse modo, o dispositivo pretende
proteger os direitos dos herdeiros necessários, sendo certo que, tratando-se de coisas de valores
iguais, não haverá necessidade de consentimento dos outros descendentes e do cônjuge
do tradente ou permutante. O raciocínio é o mesmo se a coisa mais valiosa pertencer ao
descendente.”.
Portanto, “Como se trata de norma específica a regulamentar a matéria, não se justifica a aplicação do
art. 496, parágrafo único, do CC, que dispensa a autorização do cônjuge se o regime de bens for o da
separação obrigatória. Para a troca, haverá a necessidade de autorização do cônjuge qualquer que seja
o regime em relação ao permutante. Ainda por se tratar de norma especial e restritiva, a norma não se
aplica à união estável. Em outras palavras, se o permutante ou tradente viver em união estável, não haverá
necessidade de autorização do companheiro”. Quanto ao prazo para anular a troca em casos tais, aponta
que deve ser aplicado o art. 179 do CC que traz prazo decadencial de dois anos, contados da celebração
do negócio jurídico.
Já com relação à venda entre cônjuges, o Código Civil preceitua “É lícita a compra e venda entre cônjuges,
com relação a bens excluídos da comunhão” (art. 499). Portanto, não será anulável em todo caso, mas
somente com relação aos bens que pertençam à comunhão.
Alternativa (E): INCORRETA. Os contratos de empreitada mais complexos possuem regras próprias e a
aplicação do CC/2002 é meramente subsidiária, com exceção do prazo de garantia de 5 anos previsto
no art. 618 do Código, segundo entendimento doutrinário acolhido pelo Enunciado 34 das Jornadas de
Direito Civil:
“Com exceção da garantia contida no artigo 618 do Código Civil, os demais artigos referentes,
em especial, ao contrato de empreitada (arts. 610 a 626) aplicar-se-ão somente de forma
subsidiária às condições contratuais acordadas pelas partes de contratos complexos de
engenharia e construção, tais como EPC, EPC-M e Aliança.”
3ª RODADA - 16/06/2016
Importante: A garantia do art. 518 do CC/2002 é subsidiária, ou seja, se houver outras garantias que
assegurem a obra, tais como seguro de execução de obra, essas devem ser acionadas.
a) Para a validade da fiança prestada por fiador, que mantém união estável, é necessária
a autorização do companheiro, a chamada outorga uxória, tal qual exigida no casamento,
em razão da possibilidade de submissão dos bens comuns à eventual cobrança da dívida
afiançada, podendo ser dispensada apenas quando constituída a união estável mediante
escritura pública.
COMENTÁRIO
O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, especialmente regime de bens no casamento,
união estável e suas repercussões jurídicas.
Renovo a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta final da
prova, os dispositivos pertinentes do Código Civil de 2002, bem como fazer acompanhamento constante
dos Informativos de jurisprudência.
Procuramos, nessa questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, de modo a diversificar o leque
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (A): INCORRETA. Não é necessária a outorga uxória do companheiro para concessão de
fiança, ainda que a união estável esteja registrada por meio de escritura pública, conforme entende
pacificamente o STJ:
“Ainda que a união estável esteja formalizada por meio de escritura pública, é válida a
fiança prestada por um dos conviventes sem a autorização do outro” (STJ, 2a Turma. REsp
1.299.866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/2/2014).
Flávio Tartuce aponta, como fundamento para esse posicionamento, o fato da norma do art. 1.647
do CC/2002, que prevê a outorga uxória para o casamento, ser restritiva da autonomia privada,
não admitindo analogia, além de que o “casamento representa, por um lado, uma entidade familiar
protegida pela CF e, por outro lado, um ato jurídico formal e solene do qual decorre uma relação jurídica
com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico. A união estável, por sua vez, embora também represente
uma entidade familiar amparada pela CF – uma vez que não há, sob o atual regime constitucional,
famílias estigmatizadas como de ‘segunda classe’ –, difere-se do casamento no tocante à concepção deste
como um ato jurídico formal e solene” e, por isso, “apenas o casamento (e não a união estável)
representa ato jurídico cartorário e solene que gera presunção de publicidade do estado civil dos
contratantes, atributo que parece ser a forma de assegurar a terceiros interessados ciência quanto a
regime de bens, estatuto pessoal, patrimônio sucessório etc (STJ, REsp 1.299.866/DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 25.02.2014)”.
Alternativa (B): INCORRETA. Em relação a esse enunciado, a solução é diversa do item anterior, já que
o STJ considera que:
Ou seja, para o STJ a alienação sem anuência de companheiro é válida se não há publicidade da união
estável, que é obtida mediante registro público, ou em caso de má fé do adquirente. Além disso, é
importante pontuar que o tema não é pacífico na doutrina e na jurisprudência, que possui corrente no
sentido de ser exigível a anuência do companheiro mesmo nos casos de união estável não submetida a
registro público ou reconhecimento judicial, posicionamento esse que, frise-se, manteria a assertiva como
incorreta.
Alternativa (C): INCORRETA. O amante da esposa não tem o dever de indenizar o marido traído, segundo
elucidativo julgado do STJ:
3ª RODADA - 16/06/2016
“O cúmplice de cônjuge infiel não tem o dever de indenizar o traído, uma vez que o conceito
de ilicitude está imbricado na violação de um dever legal ou contratual, do qual resulta
dano para outrem, e não há no ordenamento jurídico pátrio norma de direito público
ou privado que obrigue terceiros a velar pela fidelidade conjugal em casamento do qual
não faz parte. 2. Não há como o Judiciário impor um “não fazer” ao cúmplice, decorrendo disso
a impossibilidade de se indenizar o ato por inexistência de norma posta - legal e não moral -
que assim determine. O réu é estranho à relação jurídica existente entre o autor e sua ex-
esposa, relação da qual se origina o dever de fidelidade mencionado no art. 1.566, inciso
I, do Código Civil de 2002. 3. De outra parte, não se reconhece solidariedade do réu por
suposto ilícito praticado pela ex-esposa do autor, tendo em vista que o art. 942, caput e
§ único, do CC/02 (art. 1.518 do CC/16), somente tem aplicação quando o ato do co-autor ou
partícipe for, em si, ilícito, o que não se verifica na hipótese dos autos.“ (STJ. REsp 1.122.547-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/11/2009, noticiado no Informativo n. 415).
Importante: Sobre o tema, releva ainda destacar outro importante entendimento do STJ:
“A esposa infiel não tem o dever de restituir ao marido traído os alimentos pagos por
ele em favor de filho criado pelo casal, ainda que a adúltera tenha ocultado do marido
o fato de que a referida criança era filha biológica sua e de seu “cúmplice” (STJ. 3a
Turma. REsp 922.462-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/4/2013, noticiado
no Informativo n. 522), pois, segundo voto do Relator, “é indubitável que o valor pago para
suprir as necessidades da prole, ainda que erroneamente assumida, é irrepetível, porquanto
verba alimentar, dever incondicional da família (art. 227 CF⁄88). Por outro lado, o dever de
solidariedade entre os seres humanos justifica a irrepetibilidade, pois, em última análise, o
recorrente garantiu a própria existência da criança”.
Alternativa (D): INCORRETA. O conhecimento dos bens e direitos que se incluem ou não na comunhão,
em cada regime de bens do casamento, é tema recorrente de questão objetiva de concurso, o que exige
do candidato boa memorização ou associação das regras de cada regime.
No caso do regime da comunhão parcial, o Art. 1.660 do CC/2002 expõe as regras de inclusão na
comunhão: ”Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso,
ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em
favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos
bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes
ao tempo de cessar a comunhão.”. Portanto, os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso de trabalho ou despesa anterior, incluem-se na comunhão de bens, quando celebrado
o casamento sob o regime da comunhão parcial de bens.
Por outro lado, o Art. 1.659 define os bens que serão excluídos da comunhão parcial de bens:
3ª RODADA - 16/06/2016
“Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que
lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em
seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges
em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; IV - as
obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de
uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de
cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes”. Fiquem
atentos a esses artigos!
“Ainda que o companheiro supérstite não tenha buscado em ação própria o reconhecimento
da união estável antes do falecimento, é admissível que invoque o direito real de habitação em
ação possessória, a fim de ser mantido na posse do imóvel em que residia com o falecido”. STJ.
4ª Turma. REsp 1.203.144-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/5/2014 (Info 543).
1º) O direito real de habitação é ex vi legis (“por força legal”) decorrente do direito
sucessório e, ao contrário do direito instituído inter vivos, não necessita ser registrado no
Cartório de Registro de Imóvel, sendo exercitável, portanto, desde a abertura da sucessão;
4º) Por fim, o direito real está sendo conferido exatamente àquela pessoa que residia
no imóvel, que realmente exercia poder de fato sobre a coisa, assim a proteção
possessória do companheiro sobrevivente está sendo outorgada à luz do fato jurídico
posse, destacando-se, nesse contexto, o disposto no art. 1.210, § 2º, do CC, segundo o qual
“não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro
direito sobre a coisa”, e o Enunciado 79 das Jornadas de Direito Civil, que dispõe que “a exceptio
proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de
3ª RODADA - 16/06/2016
c) O STF, assim como o STJ, considera que é possível a aplicação do princípio da insignificância
ao crime de contrabando, desde que não se faça presente hipótese de reiterada prática
criminosa.
COMENTÁRIO
3ª RODADA - 16/06/2016
seja pela inconstância com que esses Tribunais abordam o assunto, seja pelas pequenas divergências que
ocorrem, inclusive quanto a valores. O objetivo foi fazer um “apanhado” dos crimes que são objeto de
maior cobrança nos concursos.
Alternativa (A): INCORRETA. O STF, de fato, entende que aplica-se o princípio da insignificância aos
crimes de descaminho quando o valor, objeto da sonegação, não ultrapassar o patamar de R$ 20.000,00,
previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002, e atualizado pelas Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda,
desde que ausentes outros fatos que importem em relevante repercussão social da conduta criminosa, a
exemplo da reiteração delitiva. Nesse sentido:
Por outro lado, o STJ tem adotado posição diversa quanto ao valor apto à aplicação do princípio da
insignificância:
Alternativa (B): CORRETA. O STJ e o STF adotam o entendimento de que a reiteração das práticas
delitivas relacionadas ao descaminho afasta a possibilidade de aplicação do princípio da
insignificância. Confiram os seguintes julgados:
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (C): INCORRETA. Ambos, STJ e STF, reputam ser inaplicável o princípio da insignificância ao
crime de contrabando, pouco importando se o caso concreto não reporta à eventual reiteração delitiva,
uma vez que os bens jurídicos protegidos por essa norma incriminadora vão além da mera evasão fiscal.
Nesse sentido é o esclarecedor julgado veiculado no Informativo n. 536 do STJ, no qual, inclusive, se
promoveu a diferenciação entre os crimes de contrabando e descaminho, com o efetivo discriminem para
não aplicabilidade do princípio em comento àquele crime:
“(...) 3. Para aplicação do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto
do crime e também aspectos objetivos do fato, como a mínima ofensividade da conduta
do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. 4. Impossibilidade de
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (D): INCORRETA. O STJ tem entendimento solidificado no sentido da aplicação do princípio
da insignificância em casos de apropriação indébita previdenciária, no entanto, assim como nos casos de
crimes de descaminho, a Corte Superior limita seu entendimento aos casos em que o valor apropriado
indevidamente não supere o patamar de R$ 10.000,00, além de que, no caso concreto, estejam ausentes
outros elementos que aumentem a reprovabilidade da conduta. Nesse sentido:
Por outro lado, a jurisprudência STF se inclina pela não aceitação do princípio da insignificância
em casos de apropriação indébita previdenciária. Sobre esse posicionamento da Corte Suprema, é
prudente ressaltar que, por vezes, sobressaem julgados em que se promove a análise do valor do tributo
indevidamente apropriado, como um dos argumentos de decidir, em desfavor da aplicação do princípio
em comento, contudo, tem predominado a tendência argumentativa de considerar que essa
conduta criminosa é, de per si, altamente reprovável, o que impediria a aplicação do princípio
da bagatela, independentemente dos valores indevidamente apropriados, conforme ilustram os
seguintes julgados:
3ª RODADA - 16/06/2016
Portanto, os fundamentos desses julgados elidem eventual discussão a respeito da aplicabilidade ou não
do limite do débito fiscal contido no art. 20 da Lei 10.522/2002 ou da Portaria MF 75/2012.
Alternativa (E): INCORRETA. O STJ e o STF convergem seus entendimentos sobre o tema do
estelionato previdenciário, ao inadmitir a aplicação do princípio da insignificância a essa espécie
criminosa, considerando a alta reprovabilidade da conduta e a sua repercussão no patrimônio público,
que atinge a coletividade como um todo, conforme bem esclarecem os seguintes julgados:
“EMENTA Habeas corpus. Penal. Estelionato praticado contra a Previdência Social. Artigo
171, § 3º, do Código Penal. Princípio da insignificância. Inaplicabilidade. Elevado grau de
reprovabilidade da conduta praticada, o que não legitima a aplicabilidade do postulado. Ordem
denegada. (...) 2. Ainda que se admitisse como norte para aferição do relevo material da
conduta praticada pelo paciente a tese de que a própria Fazenda Pública não promove
a execução fiscal para débitos inferiores a R$ 10.000 (dez mil reais) - Lei nº 10.522/02
-, remanesceria, na espécie, o alto grau de reprovabilidade da conduta praticada. Esse
fato, por si só, não legitimaria a aplicabilidade do postulado da insignificância. (...) Não
obstante ser ínfimo o valor obtido com o estelionato praticado, à luz do déficit indicado, se a
prática de tal forma de estelionato se tornar comum, sem qualquer repressão penal da conduta,
certamente se agravaria a situação dessa prestadora de serviço fundamental à sociedade,
responsável pelos pagamentos das aposentadorias e dos demais benefícios dos trabalhadores
brasileiros. Daí porque se afere como elevado o grau de reprovabilidade da conduta praticada.
5. Segundo a jurisprudência da Corte “o princípio da insignificância, cujo escopo é flexibilizar a
interpretação da lei em casos excepcionais, para que se alcance o verdadeiro senso de justiça,
3ª RODADA - 16/06/2016
não pode ser aplicado para abrigar conduta cuja lesividade transcende o âmbito individual e
abala a esfera coletiva” (HC nº 107.041/SC, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 7/10/11).
(HC 111918, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 29/05/2012, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 21-06-2012 PUBLIC 22-06-2012).
e) As hipóteses legais de privilégio são, via de regra, comunicáveis aos demais coautores
e partícipes.
COMENTÁRIO
O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, além de que é matéria pouco explorada
pelos alunos. Renovo a necessidade de que o aluno sempre procure ler, inclusive e principalmente na reta
final da prova, os dispositivos pertinentes do Código de Processo Penal.
Procuramos, nessa questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina e
jurisprudência do STF e STJ, sobre o tema da aplicação do privilégio nas mais diversas espécies de crimes,
de modo a diversificar o leque de assuntos e dar maior profundidade no conteúdo.
Sobre a figura do “privilégio”, ele se verifica em circunstâncias legais específicas, vinculadas ao tipo
penal incriminador, provocadoras da diminuição da faixa de aplicação da pena, em patamares prévia e
abstratamente estabelecidos pelo legislador, alterando o mínimo e o máximo previstos para o crime. São
3ª RODADA - 16/06/2016
exemplos de privilégios: artigos 251, § 1.º, 317, § 2.º, 348, § 1.º, dentre outros. Excepcionalmente, a figura
privilegiada do crime está prevista em tipo autônomo, como aconteceu no caso do homicídio, quando
prevista a figura do infanticídio, inserido no art. 123, mas, logicamente, deve-se respeitar a sua titulação
jurídica própria.
Alternativa (A): INCORRETA. Segundo explica Cléber Masson (in Direito Penal Esquematizado Parte
Especial, v. 2, Ed. Método, 2014),
Porém, atualmente, tanto o Supremo Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça
admitem o furto privilegiado-qualificado, adotando corrente que encontra seu fundamento de
validade em questões de política criminal, de modo a permitir que a incidência prática do privilégio
importe em aplicação mais humanista das regras inerentes ao furto qualificado, impedindo um tratamento
excessivamente rigoroso quando a situação não o recomenda. Nesse sentido, segue entendimento do
STF no julgamento de um furto qualificado pelo concurso de pessoas (CP, art. 155, § 4.º, inc. IV), em que
o valor da coisa subtraída era inferior a um salário mínimo:
“Em conformidade com o contido no art. 170 do Código Penal, a todas as modalidades
de apropriação indébita é aplicável a regra traçada pelo seu art. 155, § 2.º: “Se o criminoso
é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”. É possível,
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (C): INCORRETA. O STF, de fato, admite a incidência do privilégio aos casos de homicídio
qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do caso, ou seja, não ocorra
contradição no reconhecimento da qualificadora, cujo caráter deve ser objetivo (modo de execução do
crime), e do privilégio, que, por sua vez, tem sempre natureza subjetiva. O enunciado da questão inverteu
as espécies de qualificadoras e do privilégio. Confiram, por oportuno, o seguinte aresto:
Importante: fique atento para o fato de que, em certos casos, não haverá compatibilidade entre
qualificadora de caráter objetivo com a situação de privilégio alegada pelo agente. Cleber Masson
aponta o seguinte exemplo em seu livro (op. cit.):
“Imagine-se, por exemplo, um homicídio praticado sob domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima (CP, artigo 121, § 1º, in fine), mediante emboscada
(CP, artigo 121, § 2º, inciso IV). Trata-se de hipótese inadmissível, porque a emboscada não se
coaduna com o domínio da violenta emoção”.
“1. Consoante entendimento pacificado pelo julgamento do EREsp. 842.425/RS, de que relator
o eminente Ministro Og Fernandes, afigura-se absolutamente “possível o reconhecimento do
privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal nos casos de furto qualificado (CP, art. 155,
§ 4º)”, máxime se presente qualificadora de ordem objetiva, a primariedade do réu e, também,
o pequeno valor da res furtiva . 2. Na hipótese, estando reconhecido pela instância ordinária
que os bens eram de pequeno valor e que o réu não era reincidente, cabível a aplicação da
posição firmada pela Terceira Seção.” (REsp 1193932/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/08/2012, DJe 28/08/2012).
3ª RODADA - 16/06/2016
qualificadora de caráter objetiva), sendo o réu primário e a coisa de valor inferior ao do salário
mínimo vigente, entendimento esse harmônico com o do STF, conforme o julgado transcrito no
enunciado anterior, que evoca o mesmo raciocínio aplicado ao caso de homicídio qualificado-privilegiado
para o crime de furto praticado nas mesmas condições.
Alternativa (E): INCORRETA. As hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo. Relacionam-
se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato.
Por corolário, a causa de diminuição da pena não se comunica aos demais coautores ou partícipes, em
consonância com a regra prevista no art. 30 do Código Penal (“Não se comunicam as circunstâncias e
as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”). O privilégio não configura uma
elementar do tipo penal, já que incidirá sempre como circunstância legal que diminui a pena.
“(...) “A”, ao chegar à sua casa, depara-se com sua filha chorando copiosamente. Pergunta-lhe o
motivo da tristeza, vindo a saber que fora ela recentemente estuprada por “B”. Pede então a “C”,
seu amigo, que mate o estuprador, no que é atendido. “A” responde por homicídio privilegiado
(relevante valor moral), enquanto a “C” deve ser atribuído o crime de homicídio, simples ou
qualificado (dependendo do caso concreto), mas nunca o privilegiado, pois o relevante valor
moral a ele não se estende”.
10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta:
c) A confissão, no processo penal, é indivisível e retratável, nos termos do art. 200 do CPP.
3ª RODADA - 16/06/2016
e) O réu é obrigado a participar da reprodução simulada dos fatos, sob pena de incorrer
no crime de desobediência, podendo, inclusive ser conduzido coercitivamente para o local
de produção dessa prova.
COMENTÁRIO
Nesta rodada inserimos nova questão envolvendo crimes contra a administração pública, por considerar
que é um dos temas mais recorrentes em provas objetivas, além de que é matéria que contém boa dose
de variações doutrinárias e jurisprudenciais.
Procuramos, nessa questão, mesclar um pouco de conhecimento da literalidade da lei com doutrina
e julgados dos Tribunais Superiores, de modo a diversificar o leque de temas e dar profundidade no
conteúdo.
Alternativa (A): INCORRETA. Sobre a interceptação telefônica, até o ano de 1988, a matéria era tratada
pelo Código Brasileiro de Telecomunicações, Lei 4.117/1962, em seu artigo 57, porém, doutrina e
jurisprudência consideram que o referido artigo legal não foi recepcionado pela CF/1988 nesse ponto,
em virtude de sua ampla dicção.
Nesse sentido, leciona Nestor Távora (Curso de Direito Processual Penal, 2016, Ed. Juspodivm):
“Considerando que o texto legal não estabelece limites precisos que se ajuste aos ditames
do inciso XII, do art. 5º, da CF, assentou o STF que o art. 57, II, a, do Código Brasileiro de
Telecomunicações não foi recepcionado pela Constituição de 1988, a qual exige numerus
clausus para a definição das hipóteses e formas pelas quais é legítima a violação do sigilo das
comunicações telefônicas”.
Por fim, o STF através da decisão proferida no Habeas Corpus nº 73.351-4-SP, julgado em 09 de
maio de 1996, declarou que o referido artigo da Lei das Telecomunicações não foi recepcionado
pela Constituição de 1988 e, ainda, considerou que, a partir da promulgação da Constituição
em vigor, por falta de lei específica que cuidasse da matéria, a interceptação telefônica não era
admitida, só vindo a ser permitida com a ampla regulamentação desse meio de prova estabelecida na
Lei n. 9.296/1996.
Alternativa (B): CORRETA. Sobre o assunto, Guilherme de Souza Nucci leciona que:
“se a interceptação telefônica realizou-se com autorização judicial, para fins de investigação
ou processo criminal, violou-se a intimidade dos interlocutores de maneira lícita”, razão pela
qual “tornando-se de conhecimento de terceiros o teor da conversa e podendo produzir
efeito concreto na órbita penal, é natural que possa haver o empréstimo da prova para fins
administrativos” (Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009, p. 769).
A jurisprudência pátria vem admitindo, de forma ampla, a utilização da prova emprestada oriunda de
3ª RODADA - 16/06/2016
interceptação telefônica em processos administrativos disciplinares - PAD, ainda que não submetida a
contraditório no processo penal, ou seja, obtida em fase de inquérito policial, desde que autorizada pelo
juízo criminal competente, no entanto, em relação ao PAD, essa prova será objeto de ampla defesa e
contraditório. Seguem julgados ilustrativos da matéria:
Alternativa (C): INCORRETA. No processo penal, a Confissão será divisível e retratável, conforme art. 200
do Código de Processo Penal:
“A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado
no exame das provas em conjunto”.
Por sua vez, o Código de Processo Civil de 2015, repetindo o que já prescrevia o Código de 1973, aponta
regra diversa, ao afirmar que “A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato
ou de coação” (art. 393) e será “em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova
aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o
confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de
reconvenção” (art. 395).
OBS: Nestor Távora (Curso de Direito Processual Penal, 2016, Ed. Juspodivm), assim define a retratabilidade
e a divisibilidade da confissão, realçando alguns aspectos importantes do tema:
“a) Divisibilidade: o teor da confissão pode ser desmembrado, tomado em partes, já que o
magistrado pode se convencer de parte do que foi admitido, e desconsiderar o restante. Para o
STF, entretanto, como exceção, a confissão pode ser incindível, quando se trate de prova
3ª RODADA - 16/06/2016
b) Retratabilidade: a confissão não é caminho sem volta. Admite a lei (art. 200, CPP) que o
réu venha a desdizer o que afirmou como verdade anteriormente. Em o fazendo, não pode o
magistrado negar a realização de novo interrogatório para esta finalidade. Em razão do livre
convencimento motivado, é possível que a retratação não convença o juiz, que na decisão,
poderá tomar como verdade a confissão anteriormente apresentada. Desta forma, a retratação
não vincula o julgador”.
Alternativa (D): INCORRETA. Não há repercussão processual penal pela simples ausência do investigado
no depoimento a ser prestado no âmbito do inquérito policial, não podendo, por isso, ser decretada a sua
prisão preventiva, já que, além do direito ao silêncio lhe permitir não comparecer ou, se decidir ir ao ato,
silenciar totalmente, a ausência, nesse contexto, não transmite elementos suficientes de que tal conduta
possa ofender a ordem pública ou tumultuar a instrução penal, sendo verdadeiro constrangimento ilegal
a adoção de medida restritiva da liberdade, como a prisão cautelar. Segue decisão do STF que bem
esclarece a temática:
“AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Réu que não compareceu à delegacia de polícia para
depoimento. Fato que lhe não autoriza a custódia cautelar decretada. Ofensa à garantia
constitucional de não auto-incriminação. Exercício do direito ao silêncio. Constrangimento ilegal
caracterizado. HC concedido. Precedentes. Inteligência do art. 5º, LXIII, da CF, e art. 312 do CPP.
O só fato de o réu, quando indiciado ou investigado, não ter comparecido à delegacia
de polícia para prestar depoimento, não lhe autoriza decreto da prisão preventiva.” (STF,
HC 89.503, rel. Min. CEZAR PELUSO).
“Aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas
básicas, (a) o direito de permanecer em silêncio, (b) o direito de não ser compelido a produzir
elementos de incriminação contra si próprio nem de ser constrangido a apresentar provas que
lhe comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a participar, ativa ou passivamente,
de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a
reprodução simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento de padrões
gráficos ou de padrões vocais para efeito de perícia criminal” (STF, HC 96.219-MC/SP, Rel.
Min. CELSO DE MELLO).
3ª RODADA - 16/06/2016
Por outro lado, há certa controvérsia na doutrina e jurisprudência quanto à obrigação do acusado
COMPARECER ao ato, existindo julgados que admitem, inclusive, a condução coercitiva para tanto, sob
o argumento de que tal medida busca a preservação do direito ao contraditório e da ampla defesa, uma
vez que ele pode, inclusive, colher elementos processuais que favoreçam a sua defesa, além de impugnar
eventual ilegalidade na produção dessa prova.
11. Existe uma visão de que as formas de resolução de conflitos evoluíram à medida que as
sociedades humanas amadureceram e aprimoraram as formas de controle de indivíduos. Fala-
se, assim, em uma linha evolutiva ascendente que se inicia na autotutela (autodefesa), passa
pela autocomposição e encontra seu ápice na heterocomposição judicial. No entanto, com o
desenvolvimento mais recente da ciência processual, passou-se a conferir a devida importância
à autocomposição, assistida (mediação ou conciliação) ou não, e à heterocomposição arbitral. A
respeito da adoção das formas alternativas de resolução de conflitos pela Administração Pública,
assinale a alternativa CORRETA:
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Inicialmente, deve-se pontuar que a arbitragem se afigura alternativa altamente indicada a um Judiciário
moroso, burocrático e que muitas vezes não possui julgadores com conhecimento específico exigido
em certas demandas. A conciliação e a mediação, ao seu turno, também contribuem para uma solução
célere e econômica da lide, além de, muitas vezes, mostrarem-se as únicas formas de real pacificação
social de determinados conflitos.
Esses benefícios são aumentados em proporção geométrica quando a Administração Pública passa a se
valer dessas técnicas alternativas de resolução de conflitos, já que ela é a maior litigante do país. Conforme
estudo publicado pelo Conselho Nacional de Justiça, intitulado “Os 100 maiores litigantes” (disponível em
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/59351-orgaos-federais-e-estaduais-lideram-100-maiores-litigantes-
da-justica>, acesso em junho de 2016), os órgãos públicos foram responsáveis por 39,26% dos processos
que chegaram à Justiça de primeiro grau e aos Juizados Especiais entre janeiro e outubro de 2011.
Foi seguindo essa ordem de ideias que a doutrina começou a defender o uso da arbitragem, da conciliação
e da mediação pela Fazenda Pública. Havia, porém, um óbice: o princípio da indisponibilidade do interesse
público, que compõe o regime jurídico administrativo.
Não obstante, entende-se atualmente que quanto aos interesses públicos secundários não há
indisponibilidade. Celso Antônio Bandeira de Mello bem diferencia duas espécies de interesse público: o
primário e o secundário. Para o autor, grosso modo, quando a atuação da administração possui como
fim primeiro o bem-estar da coletividade, está-se diante do interesse público propriamente dito, ou
primário, a ele se aplicando integralmente o regime jurídico administrativo; quando a atuação do Estado
está adstrita à satisfação do interesse da pessoa jurídica de direito público, tem-se o interesse público
secundário. Em suas palavras:
“(...) não existe coincidência necessária entre interesse público e interesse do Estado e demais
pessoas de Direito Público. (...) o Estado poderia ter interesse em tributar desmesuradamente
os administrados, que assim enriqueceria o Erário, conquanto empobrecesse a Sociedade;
que, sob igual ótica, poderia ter interesse em pagar valores ínfimos aos seus servidores,
reduzindo-os ao nível de mera subsistência, com o quê refrearia ao extremo seus dispêndios
na matéria; sem embargo, tais interesses não são interesses públicos, pois estes, que lhe
assiste prover, são os de favorecer o bem-estar da Sociedade e da retribuir condignamente os
que lhe prestam serviços” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
29ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p 66-67).
3ª RODADA - 16/06/2016
somente pelo acesso aos órgãos judiciais, em que pese sua criação e funcionamento em
bases constitucionais, pois a grande maioria das controvérsias entre particulares e entre estes
e a Administração Pública têm roupagem de direitos disponíveis, ou que admitem transação,
e que podem e devem ser geridas por cidadãos autolegisladores e esclarecidos de suas
possibilidades de vivência digna (DANTAS, Bruno et al – Coordenadores. ABBOUD, Georges et
al. Novas Tendências do Processo Civil: estudos sobre o Projeto do Novo Código de Processo
Civil, Salvador: Juspodvm, 2013, p. 60).
Em suma, quando o conflito em debate envolver interesse público secundário, não havendo relação
de verticalidade do ente público e, portanto, não se aplicando a indisponibilidade do interesse público,
poderá a Fazenda Pública se valer da arbitragem, da mediação e da conciliação, tal qual preveem o
Código de Processo Civil de 2015, a Lei n. 9.307/96 com redação da Lei n. 13.129/2015 (Lei da Arbitragem)
e a Lei n. 13.140/15 (Lei da Mediação).
Assertiva (A): incorreta. Na forma do art. 1º da Lei n. 9.307/96 com redação da Lei n. 13.129/2015 (Lei
da Arbitragem), e em conformidade com o acima exposto, “A administração pública direta e indireta
poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. O
mesmo artigo ainda prevê a esse respeito que: “A autoridade ou o órgão competente da administração
pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou
transações”. Não há espaço para discricionariedade do administrador nesse aspecto.
Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de
prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da
Advocacia Pública, onde houver, com competência para:
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação
e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito
administrativo, tais como:
3ª RODADA - 16/06/2016
Assertivas (C) incorreta. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não só criarão câmaras
de mediação e conciliação, como esses órgãos terão competência para solucionar consensualmente as
demandas envolvendo os entes públicos, nos exatos moldes dos dispositivos legais supratranscritos.
Nas palavras de Leonardo Carneiro da Cunha, “Tais câmaras devem contribuir para solucionar conflitos
envolvendo órgãos e entidades da Administração Pública, aí incluídos conflitos internos dentro da própria
Administração. De igual modo, as câmaras de conciliação e mediação podem avaliar a admissibilidade dos
pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da própria Administração Pública”
(CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 658).
Assertiva (D): correta. De fato, a Administração Pública pode se valer da arbitragem, da conciliação
e da medicação em conflitos que envolvam interesses públicos secundários, ou, nos termos da Lei da
Arbitragem, conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Assertiva (E): incorreta. Os interesses violados em caso de improbidade administrativa são públicos
primários, de modo que, sobre eles, incide a indisponibilidade do interesse público. Por essa razão, a Lei
n. 8.429/93, em seu art. 17, §1º, veda expressamente a realização de transação, acordo ou conciliação
nas ações de improbidade administrativa. Apesar dos esforços em revogar essa disposição, a medida
provisória que tentou fazê-lo (n. 703/2015) teve sua vigência encerrada sem ser convertida em lei.
12.Considerando a dinâmica dos recursos de acordo com o Novo Código de Processo Civil (Lei n.
13.105/15 com as alterações da Lei n. 13.256/16) e com a jurisprudência dos tribunais superiores,
assinale a única alternativa INCORRETA:
e) Se, em ação indenizatória por danos morais, a sentença julgar procedente o pedido do
autor, mas fixar indenização abaixo da pleiteada, terá ele interesse em interpor recurso
adesivo à apelação do réu.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
No entanto, não são incomuns situações em que, embora suscitada pelo recorrente, a matéria não é
apreciada pelo órgão jurisdicional recorrido. Há, aí, omissão combatível por embargos de declaração.
Mas, e se, mesmo após a oposição dos declaratórios, a questão objeto de prequestionamento não é
apreciada pelo juízo recorrido?
Conforme Didier Jr., “em casos assim, divergiam o STF e o STJ. Este último entendia que não está configurado
o pré-questionamento (súmula do STJ, n. 211), devendo a parte interpor recurso especial, alegando
ofensa ao dispositivo do CPC que trata dos embargos de declaração (...). Já o STF, em vários precedentes,
aceitava o chamado pré-questionamento ficto, significando dizer que, alegada a matéria anteriormente
ou constituindo questão que devesse ser conhecida de ofício, se o tribunal não a aprecia e são opostos
embargos de declaração, estará atendida a exigência do pré-questionamento, ainda que o tribunal persista
na omissão” (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 283).
– g.n.
O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não
pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
O Novo Código de Processo Civil colocou fim à discussão, encampando a tese do prequestionamento
ficto em seu art. 1.025, que assim dispõe:
Alternativa (B): correta. Convém, em brevíssima síntese, relembrar os efeitos dos recursos: a) obstativo
– a interposição de recurso impede a preclusão em relação à decisão recorrida, obstando, assim, a
ocorrência da coisa julgada material; b) devolutivo – consiste na transferência ao juízo ad quem do
conhecimento de matérias que já tenham sido objeto de decisão no juízo a quo, é comum a todos os
recursos; c) suspensivo – diz respeito à impossibilidade de a decisão impugnada gerar efeitos enquanto
não for julgado o recurso interposto; d) translativo (ou devolutivo em profundidade) – repousa na
possibilidade de o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso; e)
expansivo – pode ser objetivo, quando o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do
que a matéria impugnada, ou subjetivo, quando o julgamento atingir sujeitos que não participaram
3ª RODADA - 16/06/2016
como partes do recurso, apesar de serem partes da demanda; f ) substitutivo – o julgamento do recurso
substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação; g) regressivo – permite que por via do recurso
a causa volte ao conhecimento do juízo prolator da decisão; h) diferido – dá-se quando o conhecimento
do recurso depende de outro recurso a ser interposto contra outra ou a mesma decisão (NEVES, Daniel
Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1465-1480).
Fixados esses pontos, quanto à assertiva, o Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 995, fixa a
ausência do efeito suspensivo como regra, pois afirma que “os recursos não impedem a eficácia da
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso”. Em complemento:
Há os recursos que possuem efeito suspensivo automático, por determinação legal. É o que
acontece com a apelação (art. 1.012, CPC) e o recurso especial ou extraordinário interposto
contra decisão que julga incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 987, §1º, CPC).
Mas a regra é a de que o recurso não possua efeito suspensivo automático por determinação
legal (art. 995, CPC). Cabe ao recorrente pedir o efeito suspensivo ao relator do recurso,
preenchido os pressupostos legais (art. 995, par. ún., CPC, p. ex.) (DIDIER JR., Fredie. CUNHA,
Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação às decisões
judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 107).
Alternativa (C): incorreta. Realmente, o Superior Tribunal de Justiça não admitia a desistência do recurso
representativo da controvérsia no procedimento do julgamento de recursos repetitivos, sob o argumento
de que, embora seja direito da parte desistir do recurso, há interesse público na definição da tese a ser
adotada no caso, que pode repercutir para diversas outras hipóteses (v.g., REsp 1.308.830/RS). Entretanto,
o Código de Processo Civil de 2015 positivou a questão, possibilitando a desistência do recurso, sem
que, contudo, haja prejuízo ao julgamento do incidente. Isso porque o recurso principal e o incidente de
julgamento de recursos repetitivos são procedimentos distintos e cindíveis. Segundo o art. 998, parágrafo
único, do NCPC, “A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha
sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos”.
Bem explica essa dinâmica o seguinte escólio:
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (D): correta. O art. 1.030 do NCPC, originalmente, previa que os recursos especiais e
extraordinários deveriam ser enviados diretamente ao STJ e ao STF, respectivamente, sem prévio juízo de
admissibilidade nos tribunais de origem. Tal dinâmica representaria um compromisso com a celeridade.
Entretanto, a ideia de alterar sistemática do código de 1973, que previa o duplo juízo de admissibilidade,
não foi bem recebida pelos referidos tribunais, já que haveria significativo aumento em sua carga de
trabalho. Assim, passou-se a defender mudanças no referido dispositivo, para que se retornasse à
sistemática anterior. E houve êxito. A Lei n. 13.256/16, mencionada em outras oportunidades, atendeu a
esses anseios. Eis a atual redação no referido art. 1.030:
I – negar seguimento:
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de
matéria constitucional ou infraconstitucional;
3ª RODADA - 16/06/2016
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos;
“A novidade legislativa daria mais trabalho aos tribunais superiores, que teriam que [emitir juízo
de admissibilidade único e] decidir o pedido de efeito suspensivo em todo e qualquer recurso
especial e extraordinário até sua distribuição no tribunal superior, trabalho que essencialmente
vinha sendo desenvolvido em segundo grau de jurisdição na vigência do CPC/73. Como a Lei
n. 13.256, de 04.02.2016 foi uma lei de interesse não só da Magistratura, mas em especial dos
tribunais superiores, é fácil compreender as razões da mudança legal” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1471).
Em suma, permanece a sistemática de que o órgão a quo exercerá o juízo provisório de admissibilidade,
cabendo ao órgão ad quem (STJ ou STF) exerce o juízo definitivo de admissibilidade no RE e no REsp.
Alternativa (E): correta. O Superior Tribunal de Justiça fixou a tese de que se, em ação indenizatória por
dano moral, a sentença julgar procedente o pedido do autor, mas fixar indenização abaixo da pleiteada
terá ele interesse em interpor recurso adesivo à apelação do réu. Nessa hipótese, há a sucumbência
recíproca ensejadora da forma adesiva de recurso. A tese foi fixada em julgamento de recurso repetitivo,
ostentando, pois, efeito vinculante (art. 927, III, do NCPC). Essa fixação se operou no julgamento do
REsp 1102479/RJ, veiculado no informativo n. 562, cuja ementa segue:
3ª RODADA - 16/06/2016
1. Para fins do artigo 543-C do CPC: O recurso adesivo pode ser interposto pelo autor da
demanda indenizatória, julgada procedente, quando arbitrado, a título de danos morais, valor
inferior ao que era almejado, uma vez configurado o interesse recursal do demandante em
ver majorada a condenação, hipótese caracterizadora de sucumbência material.
a) II e IV.
b) I, II e IV.
3ª RODADA - 16/06/2016
c) I, II e V.
d) I e IV.
e) II, III, IV e V.
COMENTÁRIO
Assertiva (I): correta. O Supremo Tribunal fixou o entendimento de que o amicus curiae pode recorrer
da decisão que indefere seu ingresso no processo. Essa tese foi ratificada no julgamento da ADI n. 5022/
RO, veiculado no informativo n. 772/STF.
Conquanto seja unívoco o entendimento do STF, inclusive noticiado em informativo recente, a disposição
do Novo Código de Processo Civil a esse respeito levanta discussões.
Com efeito, o art. 138 do NCPC prevê que “o juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão
irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir
a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade
adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação”.
Previsão semelhante tem o art. 7º da Lei n. 9.868/99, vigente à época da decisão do STF: “Art. 7º Não se
admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. (...) § 2º O relator,
considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos
ou entidades”.
À vista dessas disposições, exemplificativamente, Fredie Didier Jr., passando ao largo do entendimento
pretoriano, afirma de forma peremptória e concisa que “A decisão sobre a intervenção do amicus curiae,
admitindo-a ou não a admitindo, é irrecorrível” (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de
Direito Processual Civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2016, p. 522). – g.n.
Por outro lado, em raciocínio que nos parece mais consentâneo com as disposições legais e harmônico
com a construção jurisprudencial, Daniel Neves expõe o seguinte:
Acredito que a vedação do art. 138, caput, no Novo CPC excepciona parcialmente o amplo
cabimento do agravo interno contra decisão democrática previsto no art. 1.021, caput, do
3ª RODADA - 16/06/2016
Novo CPC. Dessa forma, da decisão do relator que admitir ou convocar de ofício terceiro
para participar do processo como amicus curiae não caberá agravo interno. Sendo a decisão
de indeferimento do pedido de intervenção, não resta dúvida a respeito da aplicabilidade do
art. 1.021 do Novo CPC [isto é, caberá agravo interno] (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 308).
Assertiva (II): correta. A assertiva reproduz, na íntegra, o disposto na súmula n. 537 do Superior Tribunal
de Justiça. O entendimento pretoriano tem guarida no art. 128, parágrafo único, do NCPC, oportunamente
comentado.·.
Assertiva (III) incorreta. Por não ser parte, o assistente simples não se sujeita à coisa julgada; sujeita-se,
ao contrário, à eficácia da intervenção, na forma do art. 123 do NCPC:
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este
não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi
impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
Para Didier, “o assistente simples não fica submetido à coisa julgada, que de resto não lhe diz respeito,
mas se submete à justiça da decisão”. (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito
Processual Civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 487). – g.n.
Em complemento, não se pode deixar de consignar que a eficácia da intervenção é, a um só tempo, mais
e menos gravosa que a coisa julgada. Mais gravosa porque o assistente fica vinculado aos fundamentos
da decisão (o que não ocorre com a coisa julgada) e menos porquanto pode ser afastada pela exceptio
male gesti processus (art. 123, I e 11, CPC), não exigindo o manejo de rescisória.
Ressalva-se que, “na hipótese de ser litisconsorcial a assistência, o terceiro que intervém é titular da
relação do direito material discutida no processo, e por tal razão sofrerá de qualquer de qualquer
maneira os efeitos da coisa julgada, participando ou não do processo” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 286) – g.n.
Assertiva (IV): correta. Inicialmente, convém rememorar que “denunciar a lide é trazer (...) alguém
para o processo, por força de garantia prestada, ou em razão de direito regressivo existente em face
dessa pessoa; aproveita-se o denunciante do mesmo processo para exercer a ação de garantia ou a
ação de regresso em face do denunciado; visa, pois, a dois objetivos: vincular o terceiro ao quanto
decidido na causa e a condenação do denunciado à indenização” (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo
Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos
tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 493). Dessa forma, a denunciação da lide é possível
3ª RODADA - 16/06/2016
nas seguintes hipóteses, na forma do art. 125 do Novo Código de Processo Civil: a) denunciação da lide
pelo comprador evicto; b) denunciação pelo obrigado, por lei ou contrato, a indenizar regressivamente
a parte. A legislação não mais prevê expressamente a denunciação da lide feita pelo possuidor direto ao
proprietário ou possuidor indireto.
Com efeito, muito embora o art. 125, §2º, do CPC/15 preveja a possibilidade de denunciação à lide
sucessiva, permitindo-se que o denunciado pelo autor ou pelo réu da demanda originária também
denunciar um terceiro, “não se admite denunciação per saltum: não se pode denunciar alguém que
não mantenha com o denunciante uma relação jurídica direta. Não pode o denunciante, por exemplo,
‘pular’ o alienante da coisa (art. 125, I, CPC), para denunciar o alienante do alienante (o sujeito que
alienou o bem para aquele que alienou o bem ao denunciante)” (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo
Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos
tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 492). – g.n.
Art. 125. (...) §2º. Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado,
contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-
lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que
eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
Assertiva (V): incorreta. De acordo, com a súmula n. 529 do Superior Tribunal de Justiça: “no seguro
de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e
exclusivamente em face da seguradora do apontado como causador do dano”.
3ª RODADA - 16/06/2016
IV. De acordo com as disposições do Novo Código de Processo Civil, o assistente simples
não pode recorrer na omissão do assistido.
a) I e II.
b) I, II e IV.
c) II e III.
d) II, IV e V.
e) I e V.
COMENTÁRIO
Assertiva (I): correta. Não é outra a exata redação do art. 128, parágrafo único, do Código de Processo
Civil de 2015. A esse propósito:
Afirma-se que muitas vezes o causador do dano, condenado na demanda em que figurou
como réu, não tem condições de ressarcir a vítima do ato danoso, de forma que não sofre
real prejuízo econômico, o que inviabiliza a cobrança desse valor da seguradora. O processo,
portanto, fica travado; a vítima tem decisão contra a seguradora, mas por ausência de
condições financeiras do causador do dano em satisfazer a vítima, o credor originário – vítima
– não recebe, e com isso o devedor final – seguradora – não precisa pagar nada. Para evitar tal
situação de impasse e frustração dos resultados do processo, aplica-se a literalidade dos arts.
127 e 128, I, do Novo CPC, admitindo-se o litisconsórcio entre denunciante e denunciado, o que
permitirá a condenação e execução direta desse último (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 295).
Ainda sobre o tema, eis o quanto dispõe o enunciado n. 121 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis:
3ª RODADA - 16/06/2016
personalidade jurídica seja desconsiderada, deve-se observar o procedimento estabelecido pelo código.
Quanto ao momento de efetivação da desconsideração, o art. 134 do CPC/15, reproduzido pela assertiva,
dispõe que “O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial”.
Assertiva (III) incorreta. O Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que, em ação indenizatória
fundada em responsabilidade objetiva, a Administração Pública não pode denunciar a lide ao agente
público causador do dano (STF, RE 327.904/SP, ReI. Min. Carlos Britto, Dl 08.09.2006). De acordo com a
linha de intelecção firmada pelo Pretório Excelso, a disposição do art. 37, §6º, da Constituição Federal
encerra uma dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a
pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior,
praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido; e outra, em prol do
servidor público, de não responder por seu ato, doloso ou culposo, perante terceiro. Dessa forma, caberia
ao Estado ressarcir o dano sofrido pelo administrado, de acordo com os lindes da responsabilidade
objetiva, e, somente se comprovada a culpa em sentido amplo do servidor, promover ação autônoma de
regresso em seu desfavor. A esse respeito, convém verificar as seguintes ementas:
A doutrina, de modo geral, chega à mesma conclusão: não é possível denunciar a lide ao agente público
em ação cuja causa de pedir seja a responsabilidade objetiva do Estado. O fundamento, porém, é
diverso. Entende-se que, ao se promover a denunciação da lide, não se poderia incluir na demanda
fundamento novo, qual seja, a culpa em sentido amplo do servidor, que não consta do pedido originário
de responsabilização objetiva do ente público. Nesse sentido:
3ª RODADA - 16/06/2016
Outrossim:
Convém, ressalvar, no entanto, que, “pode suceder, igualmente de a demanda ajuizada em face da
Fazenda Pública invocar, como fundamento, um ato culposo ou doloso do agente público. (...) Na verdade,
nessas hipóteses aventadas, o próprio demandante funda sua pretensão na responsabilidade subjetiva
da Fazenda Pública, seja em razão de uma atividade omissiva, seja por atribuir ao agente público a
prática de ilegalidade ou abuso de poder que demonstraria, ao menos em tese, uma culpa ou um dolo,
a ensejar o direito de regresso pela Fazenda Pública. Nessas hipóteses, a denunciação da lide, como se
vê, não irá trazer elementos novos aos autos; os elementos - utilizados para a denunciação - foram,
todos eles, trazidos pelo próprio demandante em sua petição inicial. Assim, em razão do princípio da
duração razoável do processo e dada a evidência de que não haveria o acréscimo de qualquer elemento
novo à demanda, admissível, não restam dúvidas, a denunciação da lide pela Fazenda Pública (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 174).
Assertiva (IV): incorreta. Conforme inteligência do parágrafo único do art. 121 do CPC/15, “sendo revel
ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual”.
Logo, se o assistido não praticar o ato e o assistente simples o fizer, não se poderá desconsiderá-lo. Nesse
particular, “a única postura vedada ao assistente simples é contrariar a vontade expressa do assistido,
praticando ato processual contrário a ato processual praticado pelo assistido em sentido diverso do
pretendido pelo assistente. Não há, entretanto, nenhum obstáculo para praticar atos diante da mera
omissão do assistido (...)” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed.
2016, p. 283).
Em suma: o assistente não pode contrariar a vontade do assistido (essa é a regra clássica). No entanto,
se o assistido se omitir, não haverá contrariedade entre o seu silêncio e a conduta comissiva (ativa) do
assistente.
O Superior Tribunal de Justiça já havia reconhecido essa dinâmica entre assistente simples e assistido em
3ª RODADA - 16/06/2016
Assertiva (V): incorreta. Como se sabe, a expressão “desconsideração inversa da personalidade jurídica”
refere-se à responsabilização da sociedade pelas dívidas ou atos praticados pelos sócios, à luz do
regramento material aplicável ao caso. Essa forma de desconsideração de personalidade da pessoa física,
atingindo diretamente o patrimônio da pessoa jurídica, tem previsão expressa no at. 133, §2º, do Código
de Processo Civil de 2015.
15. No âmbito das prerrogativas da Fazenda Pública, justificadas pelo regime jurídico
administrativo, inserem-se regras próprias a respeito das execuções promovidas pelos entes
públicos. A execução fiscal é regulada pela Lei n. 6.830/80 e, subsidiariamente, pelas disposições
do Código de Processo Civil. A respeito desse tema, de acordo com os mencionados diplomas
legais e com o entendimento dos tribunais superiores, assinale a alternativa CORRETA:
a) A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, permitida,
em todo caso, a modificação do sujeito passivo da execução.
b) Proposta execução fiscal em valor abaixo do mínimo que autoriza a medida, de acordo
com limite estabelecido pelo ente federado, poderá o juízo, reconhecendo essa circunstância,
proceder à extinção do processo de ofício.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Versa a súmula n. 392 do Superior Tribunal de Justiça que “A Fazenda Pública
pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se
tratar de correção de erro material ou formal, vedada à modificação do sujeito passivo da execução”. –
g.n.
Alternativa (B): incorreta. Como se sabe, os entes públicos não promovem execuções fiscais em hipóteses
em que o custo da atividade estatal para tanto é superior ao eventual ganho advindo da medida judicial.
É dizer, não se ajuíza execução fiscal de dívida de pequeno valor, de acordo com os limites estabelecidos
por cada ente federado. Entretanto, há casos em que, a despeito desses limites, a execução fiscal é
ajuizada de todo modo. Em casos tais, de acordo com a súmula n. 425 do STJ: “A extinção das ações de
pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício”. – g.n.
Em idêntico sentido:
Se, não obstante a fixação de limite para dispensa de sua propositura, a Fazenda Pública
intentar execução fiscal para cobrança de valor de pouca expressão, não será possível ao juiz
verificar tal circunstância para extinguir o processo. Cabe apenas ao ente público avaliar se
deve ou não intentar (ou nela prosseguir) a execução fiscal. (CUNHA, Leonardo Carneiro da.
A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 400-401).
Alternativa (C): incorreta. É perfeitamente possível a cobrança isolada de qualquer multa administrativa
por meio de execução fiscal, independentemente de possuir ou não natureza tributária. Conforme dispõe
o art. 2º da Lei n. 6.830/80: “Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária
ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal”. – g.n.
Alternativa (D): incorreta. Nas palavras de Leonardo Carneiro da Cunha, “não é necessário o prévio
exaurimento de tentativas de penhora em outros bens para que se determine apenhora on-line” (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 431). Pelo
contrário, na forma do art. 835, §1ª, do CPC/15, “é prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz,
nas demais hipóteses, alterar a ordem de bens penhoráveis de acordo com as circunstâncias do caso
concreto”.
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (E): correta. De fato, presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar
no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio-gerente. É esse teor da súmula n. 435 do Superior Tribunal de Justiça.
DIREITO TRIBUTÁRIO
II. A despeito de ser um imposto tipicamente fiscal, possui objetivo extrafiscal, na medida
em que induz o adequado aproveitamento do solo urbano.
III. Um imóvel que possua sistema de esgoto sanitário e rede de iluminação pública, mas
não possua posteamento para distribuição domiciliar, não pode ser considerado como zona
urbana para fins de cobrança do IPTU.
a) II.
b) IV.
c) I, II e IV.
d) III e IV.
e) I, III e IV.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Tratamos, aqui, do IPTU, imposto em espécie de enorme importância no cotidiano das Procuradorias
Municipais e com grande incidência de cobrança em concursos. Passemos a comentar as assertivas:
Item (I): correta. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 156, §1, inciso I, dispõe expressamente
sobre a progressividade do IPTU. Como cediço, em regra, a progressividade apenas é aplicável aos
tributos de caráter pessoal. No entanto, quanto ao IPTU, apesar de ter caráter real, por incidir sobre bens,
a CF 1988 admitiu tal possibilidade.
Item (II): correta. É um imposto tipicamente fiscal. No entanto, a própria Constituição Federal de 1988
lhe impõe características extrafiscais, com a utilização do IPTU, de forma progressiva, com o intuito de
estimular o adequado aproveitamento do solo, conforme artigo 182, §4.
Item (III): errada. O artigo 32, §1, do CTN, ao dispor sobre os requisitos mínimos para caracterização
da zona urbana, dispõe que o imóvel deve possuir ao menos 2 melhoramentos previstos nos incisos.
Conforme incisos III e IV, a situação narrada poderia ser considerada zona urbana, uma vez que o
posteamento não é condição indispensável.
Item (IV): correta. De fato, o IPTU é constituído de ofício, utilizando-se dos dados existentes nos cadastros
dos Municípios. Ademais, pela Súmula 397/STJ, “a simples remessa do carnê para pagamento do IPTU ao
endereço do contribuinte configura notificação de lançamento”.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Inauguramos, aqui, o tema legislação tributária, de grande cobrança em concursos públicos e presente
na maioria dos editais de Procuradorias. Passemos a análise das assertivas.
Alternativa (A): correta. De fato, o artigo 96, do CTN, se refere à legislação tributária de forma
ampla, compreendendo “as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”.
Alternativa (B): correta. A doutrina, ao analisar o artigo acima mencionado, entende que o termo lei
deve ser tido como força de lei, englobando medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e
resoluções do Senado Federal.
Alternativa (C): correta. A Constituição Federal de 1988, em diversos momentos, pontua o papel do
Senado no que tange às alíquotas de alguns tributos. É o que se infere, por exemplo, do artigo 155,
§6, inciso I, que determina a obrigação do Senado fixar alíquotas mínimas do IPVA, ou do inciso IV, do
mesmo artigo, quanto às alíquotas máximas do ITCMD.
Alternativa (D): correta. A aprovação de todos os tratados internacionais firmados pelo Brasil deve ocorrer
mediante decreto legislativo, de lavra do Congresso Nacional, seguido da Ratificação e da Promulgação
pelo Presidente da República, esta última através de Decreto Presidencial.
Alternativa (E): errada. Na verdade, o CTN, em seu artigo 98, dispõe de forma diversa, no sentido de
que “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e
serão observados pela que lhes sobrevenha”.
IV. Como forma de limitar o valor a ser cobrado referente a esta contribuição, a Constituição
3ª RODADA - 16/06/2016
a) I e IV.
b) III.
c) III e IV.
d) I, III e IV.
e) IV.
COMENTÁRIO
No tema de tributos em espécie, a presente questão teve por escopo traçar as principais características
em torno da contribuição de melhoria, tributo que pode ser instituído por todos os entes, mas que
demanda o atendimento de alguns requisitos. Vejamos às assertivas.
Item (I): errada. Para a cobrança da contribuição de melhoria, faz-se necessário: a) a realização de uma
obra pública; e b) valorização do imóvel. Ou seja, caso o imóvel seja valorizado sem a realização de
qualquer obra pública, não há possibilidade de criação deste tributo. Da mesma forma, realizando-se uma
obra pública, para que haja a cobrança do tributo, não basta que referida obra tenha por consequência
benefícios aos particulares. Necessita-se, pois, que o benefício se traduza em verdadeira valorização
imobiliária.
Item (II): errada. A contribuição de melhoria é cobrada, como dito, em razão da valorização imobiliária
decorrente de obra pública. Portanto, a cobrança do tributo é posterior à própria obra e à valorização
dela decorrente, de forma que não se entende pela possibilidade de instituição prévia para angariar
recurso a financiar uma obra futura.
Item (III): correta. Este é exatamente o entendimento doutrinário acerca do instituto. Ao passo em
que a contribuição de melhoria tem caráter de contraprestação, ressarcindo o Estado com os valores
gastos com a obra, o mais razoável é que este cobre apenas dos contribuintes beneficiados e não de
toda a população, o que ocorreria em caso da cobrança de imposto. Portanto, como forma de evitar o
enriquecimento sem causa, não pode o Estado cobrar o tributo de toda a coletividade, mas apenas da
parcela que gozou da valorização. Também é neste contexto que se encontram os limites individuais e
3ª RODADA - 16/06/2016
Item (IV): errada. Como dito, como forma de evitar o enriquecimento ilícito, a legislação estabeleceu
um limite global e individual. Pelo global, a contribuição de melhoria instituída fica limitada, de forma
geral, ao valor total gasto com a obra. Já o limite individual se refere ao valor a ser cobrado de cada
contribuinte beneficiado pela respectiva valorização. A assertiva se encontra errada, no entanto, pelo
fato de referidos limites terem sido previstos no Código Tributário Nacional, em seu artigo 81, e não na
Constituição Federal de 1988.
DIREITO AMBIENTAL
II. Decorre deste princípio a determinação de que fabricantes e importadores deem aos
produtos e embalagens reunidos ou devolvidos destinação ambientalmente adequadas.
III. Com base neste princípio, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de
ser possível a inversão do ônus normal da prova, imputando ao praticante de determinada
atividade supostamente poluidora o dever de provar, com anterioridade, que sua ação não
causará danos ao meio ambiente.
IV. Ainda que nenhum dano ambiental tenha sido efetivamente causado, a utilização de
recursos demanda contraprestação por parte de quem dele usufrui, como consequência do
referido princípio.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Trata-se de mais uma questão que possibilita a revisão dos mais diversos princípios do Direito Ambiental.
A assertiva correta é a D, por revelar a correta correspondência entre os princípios ali mencionados e a
afirmações dos itens. Vejamos cada item.
Item (I): refere-se ao princípio da prevenção, segundo o qual, havendo certeza científica do impacto
ambiental de determinada atividade, ou seja, conseguindo-se ter conhecimento e a certeza sobre a
extensão e natureza dos danos a serem causados, impõe-se a adoção de todas as medidas necessárias
a minimizar ou eliminar os efeitos negativos da atividade sobre o meio ambiente.
Item (II): refere-se ao princípio do Poluidor-Pagador, no qual se exige do poluidor que suporte as despesas
de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientes. Uma vez se constatando que a atividade gera
custos sociais externos, como os danos ambientais, estes devem ser internalizados e assumidos pelo
praticante da atividade. Dentro do dever de prevenção e reparação está a obrigação legal de fabricantes
e importadores darem a correta destinação aos produtos/embalagens reunidos e devolvidos. Se colocam
tais produtos no mercado, é dever correlato dar a correta destinação dos resíduos.
Item (III): refere-se ao princípio da Precaução. Enquanto, na Prevenção, há uma certeza científica de
que a atividade causa danos, na Precaução, não há conhecimento sobre as consequências da atividade,
de forma que se deve adotar uma conduta cautelosa e precavida, utilizando-se de medidas que possam
prever, minimizar e até evitar esses possíveis danos. Com base neste princípio, o Superior Tribunal de
Justiça já se manifestou no sentido de ser possível a inversão do ônus normal da prova, imputando ao
praticante de determinada atividade supostamente poluidora o dever de provar, com anterioridade, que
sua ação não causará danos ao meio ambiente. Se não há certeza científica sobre o eventual dano a ser
causado, esta incerteza é utilizada em favor do ambiente, cabendo ao interessado provar que a atividade
não é danosa e que adotará as práticas preventivas.
Item (IV): reflete o princípio do Usuário-Pagador, segundo o qual, considerando, em especial, que
os recursos não são ilimitados, quem deles fizer uso deve pagar uma quantia de contraprestação,
independentemente se o uso não causar danos ambientais diretos.
II. Espécie de unidade de proteção integral que pode ser constituída por áreas particulares.
III. Unidade de conservação que, quando estabelecida em áreas sob propriedade privada,
3ª RODADA - 16/06/2016
IV. Apesar de ser de domínio Público, permite-se que a utilização das áreas seja concedida
a populações tradicionais através de contrato.
COMENTÁRIO
Em mais uma questão sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, cuja a importância do
estudo já foi ressaltada, buscamos, novamente, abordar características de outras Unidades de Conservação.
Vamos analisar cada um dos itens:
Item (I): embora, em outras unidades, seja possível a realização de pesquisa científica, a Estação Ecológica
é a unidade voltada, de fato, a tais pesquisas, além da preservação da natureza. A assertiva representa o
disposto no artigo 9º, da Lei de SNUC.
Item (II): dentre as Unidades de Proteção Integral, as únicas que poderiam ser compostas por áreas
particulares são o Monumento Natural e o Refúgio da Vida Silvestre.
Item (III): dentre as Unidades de Conservação, apenas a Área de Proteção Ambiental possui a característica
citada, conforme artigo 15, §4, da Lei da SNUC.
Item (IV): dentre as Unidades de Conservação, aquelas em que é possível o uso das áreas públicas
ocupadas pelas populações tradicionais, por meio de contrato, são a Reserva Extrativista e a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável.
Vejamos as assertivas:
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (A): errada. O único erro da assertiva é em relação ao item I, que, como vimos, corresponde
à Estação Ecológica. A Área de Relevante Interesse Ecológico não possui por objetivo a pesquisa.
Alternativa (B): correta. É a alternativa que atende a todas as assertivas, conforme acima explicado.
Alternativa (C): errada. A alternativa possui dois erros, referentes aos itens II e III. A Reserva Biológica,
embora seja unidade de proteção integral, não pode ser constituída em áreas particulares, devendo ter
posse e domínio públicos. Já a Reserva Particular do Patrimônio Natural, embora seja constituída em área
particular, a legislação não remete ao proprietário o estabelecimento das regras, mas ao regulamento,
conforme artigo 21, §2, da Lei.
Alternativa (D): errada. O único erro se refere ao item I que, como vimos, corresponde à Estação Ecológica.
A Reserva Biológica não objetiva a pesquisa, mas a preservação da biota e dos recursos naturais.
Alternativa (E): errada. O único erro se refere ao item III que, como vimos, corresponde à Área de
Proteção Permanente. A Floresta Nacional sequer pode ser estabelecida em áreas privadas, devendo ter
posse e domínios públicos.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) A Lei de Acesso à Informação possui expressa previsão de que os órgãos e entidades são
obrigados a divulgar a relação nominal das remunerações dos servidores públicos.
3ª RODADA - 16/06/2016
e) Por ser uma lei uma lei de normas gerais, de caráter nacional, isto é, obrigando todos os
entes federados, não é possível aos Estados exercerem a regulamentação, em seu âmbito,
sobre a matéria.
COMENTÁRIO
Caros alunos, a Lei de Acesso à Informação (nº 12.527/2011) é tema ainda considerado novo e vem
sendo cada vez mais cobrada nos concursos públicos, exigindo-se, em regra, o conhecimento da lei seca
e os entendimentos jurisprudenciais já formados sobre o tema. É importante que o aluno acompanhe
a evolução da jurisprudência sobre a lei comentada, pois sua promulgação recente fará com que o
Judiciário paulatinamente aprecie controvérsias sobre ela geradas.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 8º caput c/c seu §2º, da Lei nº 12.527/2011, existe, de fato, a
obrigação de divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet), independentemente
de requerimentos, de informações de interesse coletivo ou geral produzidas ou custodiadas por todos
os entes. No entanto, o §4º do mesmo artigo diz que os Municípios com população de até 10.000
(dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere
o §2º, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução
orçamentária e financeira, prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal. Trata-se de norma que leva em
conta a realidade dos inúmeros municípios brasileiros onde a arrecadação é pequena, a máquina pública
é reduzida e o uso da internet sequer é difundido, de maneira que a imposição de tal obrigação por
vezes ia gerar custos que a municipalidade sequer poderia custear.
Alternativa (C): errada. Em que pese a lei possuir diversas previsões voltadas à publicidade dos atos
públicos, não há nela dispositivo expresso determinando que os órgãos e entidades sejam
obrigados a divulgar a relação nominal das remunerações dos servidores públicos.
Alternativa (D): errada. O artigo 5º, XXXIII, da CF, diz que todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (E): errada. O art. 45 da Lei de Acesso à Informação diz que cabe aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas nesta
Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao disposto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
A título de exemplo, o Estado de São Paulo exerceu a regulamentação através do Decreto nº 58.052/2012.
22. Acerca dos contratos administrativos previstos na Lei nº 8.666/93, assinale a alternativa
correta:
e) Se a multa for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda desta,
responderá o contratado pela sua diferença, cabendo à Administração apenas efetuar a
cobrança judicialmente.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Caros alunos, a Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos é constantemente cobrada nos concursos
públicos, exigindo-se, em regra, o conhecimento da lei seca. Por isso, é imprescindível a leitura atenta
de toda a Lei nº 8.666/93. De todo modo, procuraremos trazer no Curso questões com os dispositivos
de maior relevância prática, maior controvérsia e que trazem exceções relevantes aos principais temas,
tudo para otimizar o estudo, mostrando ao aluno questões que possuem maior probabilidade de serem
cobradas pelas Bancas.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 56, §3º, da Lei nº 8.666/93, para obras, serviços e fornecimentos
de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis,
demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite
de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do
contrato.
Alternativa (B): errada. O contrato verbal não é sempre nulo e sem nenhum efeito, isso porque o artigo
60, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93, ressalva o contrato verbal de pequenas compras de pronto
pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido
no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Le, o que equivale a R$ 4.000,00 (quatro mil reais), feitas em regime
de adiantamento. É importante se atentar que o dispositivo permite contrato verbal para pequenas
compras, sendo vedada sua aplicação para obras, serviços ou alienações, independentemente de seu
valor. Por fim, apesar do início da alternativa estar errado, o entendimento do STJ citada se encontra
correto, vejamos:
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (D): correta. A alternativa traz a disposição fiel do artigo 62 da Lei nº 8.666/93. É importante
que o aluno saiba que o instrumento de contrato nem sempre é obrigatório, podendo ser substituído
pelos documentos citados, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra
ou ordem de execução de serviço. Essa substituição, destaque-se, é facultativa.
Alternativa (E): errada. O artigo 86, §3º, da Lei nº 8.666/93 diz que se a multa for de valor superior ao
valor da garantia prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, a qual será
descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o
caso, cobrada judicialmente. Portanto, a cobrança judicial é a última alternativa, e não a única, quando a
garantia for de valor inferior à multa, podendo a Administração fazer o desconto direto dos pagamentos
eventualmente devidos ao contratado.
b) O poder discricionário não pode ser objeto de controle por parte do Poder Judiciário,
sob pena de afronta ao princípio da separação de poderes previsto na Constituição.
d) Não podem considerar-se legítimos os atos de mera regulamentação, seja qual for o
nível da autoridade de onde se tenha originado, que, a pretexto de estabelecerem normas
de complementação da lei, criam direitos e impõem obrigações aos indivíduos.
3ª RODADA - 16/06/2016
a segunda é o desvio de poder, quando o agente busca alcançar fim diverso daquele que a
lei lhe permitiu.
COMENTÁRIO
Caros alunos, o tema cobrado na questão é um dos grandes clássicos do Direito Administrativo e deve ser
inteiramente estudado para as provas, pois é alta sua chance de ser cobrado. Ademais, a matéria é base
para a compreensão do Direito Administrativo como um todo e, assim, auxilia o aluno na compreensão
dos demais institutos.
Alternativa (A): correta, por isso não deveria ser marcada, pois a questão exigiu que o aluno marcasse
a alternativa errada. O item traz a exata definição do que seja poder discricionário, feita por CARVALHO
FILHO. A respeito do tema, diz o autor:
“A lei não é capaz de traçar rigidamente todas as condutas de um agente administrativo. Ainda
que procure definir alguns elementos que lhe restringem a atuação, o certo é que em várias
situações a própria lei lhes oferece a possibilidade de valoração da conduta. Nesses casos, pode
o agente avaliar a conveniência e oportunidade dos atos que vai praticar na qualidade de
administrador dos interesses coletivos.” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito
Administrativo. 26ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 51).
Alternativa (B): errada, por isso deveria assinalada, pois a questão exigiu a marcação da alternativa
incorreta. O aluno deve ter em mente que o Poder Judiciário vem passando de uma posição mais
restritiva em suas decisões, para um local de maior intervenção no âmbito dos atos administrativos,
especialmente diante dos inúmeros conflitos sociais não solucionados pelo Executivo e Legislativo e
devido à natureza principiológica da Constituição, tema este afeto ao Direito Constitucional. Por isso, não
existe ato administrativo absolutamente imune ao controle jurisdicional. O importante é o aluno saber
de que forma incide esse controle sobre os atos discricionários. Assim sendo, vejamos a doutrina de
CARVALHO FILHO tratando do controle:
“Um dos fatores exigidos para a legalidade do exercício desse poder consiste na adequação
da conduta escolhida pelo agente à finalidade que a lei expressa. Se a conduta eleita
destoa da finalidade da norma, é ela ilegítima e deve merecer o devido controle judicial.
Outro fator é o da verificação dos motivos inspiradores da conduta. Se o agente não
permite o exame dos fundamentos de fato ou de direito que mobilizaram sua decisão em
certas situações em que seja necessária a sua averiguação, haverá, no mínimo, a fundada
suspeita de má utilização do poder discricionário e de desvio de finalidade. (...) No que se refere
aos atos discricionários, todavia, é mister distinguir dois aspectos. Podem eles sofrer controle
judicial em relação a todos os elementos vinculados, ou seja, aqueles sobre os quais não
tem o agente liberdade quanto à decisão a tomar. Assim, se o ato é praticado por agente
incompetente; ou com forma diversa da que a lei exige; ou com desvio de finalidade; ou
3ª RODADA - 16/06/2016
A ampla citação doutrinária é importante para que o aluno consiga ter uma visão global acerca das
possibilidades de controle judicial do poder discricionário, tema que pode ser objeto de questão subjetiva
e oral nos concursos públicos, e por isso deve ser dominado pelo aluno.
Alternativa (C): correta, por isso não deveria ser marcada, pois a questão exigiu que o aluno marcasse a
alternativa errada. Não há maior controvérsia no item, de modo que transcrevemos a doutrina de PAULO
e ALEXANDRINO acerca do assunto, vejamos:
Alternativa (D): correta, por isso não deveria ser marcada, pois a questão exigiu que o aluno marcasse
a alternativa errada. A alternativa cuida dos limites do poder regulamentar, através do qual não se pode
permitir à Administração Pública que crie direitos e obrigações no exercício da regulamentação. Vejamos
mais uma vez a doutrina de CARVALHO FILHO:
“Por essa razão, ao poder regulamentar não cabe contrariar a lei (contra legem), pena de sofrer
invalidação. Seu exercício somente pode dar-se secundum legem, ou seja, em conformidade
com o conteúdo da lei e nos limites que esta impuser. Decorre daí que não podem os atos
formalizadores criar direitos e obrigações, porque tal é vedado num dos postulados fundamentais
que norteiam nosso sistema jurídico: ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei’ (art.5º, II, CF).” (FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de
Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 60).
Alternativa (E): correta, por isso não deveria ser marcada, pois a questão exigiu que o aluno marcasse
a alternativa errada. A alternativa trata do abuso de poder, em suas duas modalidades reconhecidas
doutrinariamente de forma remansosa. Assim, o aluno deve ter ciência de que o agente público pode
3ª RODADA - 16/06/2016
abusar agindo fora dos limites de suas atribuições funcionais, bem como pode abusar em desvio de
finalidade, que é quando age dentro de suas atribuições, porém com intuito de alcançar fim diverso do
que a lei permite. É importante lembrar que o desvio de finalidade enseja o ajuizamento da ação popular
por expressão previsão legal no artigo 2º, parágrafo único, “e”, da Lei nº 4.717/65.
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Acerca das normas constitucionais do Direito Financeiro, marque a alternativa correta:
b) O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
COMENTÁRIO
Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro. É
importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei orçamentária anual (LOA), pois
dessa temática se exige o conhecimento da lei seca. O aluno deve se atentar ainda para o espírito das
normas de Direito Financeiro existentes na CF, que é conferir planejamento, transparência e controlar o
endividamento público. A partir dessas noções já é possível aumentar a probabilidade de acertos nas
questões.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 164, §1º, da CF, é vedado ao banco central conceder, direta
ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja
3ª RODADA - 16/06/2016
instituição financeira. Portanto, a questão está errada ao vedar a concessão de empréstimos inclusive
para instituição financeira.
Alternativa (B): correta. A alternativa está de acordo com o artigo 165, §3º, da CF. Trata-se de exigência
constitucional que proporciona transparência e facilita o controle da execução orçamentária.
Alternativa (C): errada. Segundo o artigo 165, §5º, II e III, da CF, diz que a lei orçamentária anual
compreenderá, além do orçamento fiscal citado no item, o orçamento de investimento das
empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
direito a voto e o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
pelo Poder Público.
Alternativa (D): errada. A ressalva mencionada na alternativa está incorreta, pois o artigo 165, §6º, diz
que o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre
as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia. A ressalva mencionada no item é contraditória à própria intenção do
dispositivo constitucional, que é constar do orçamento toda e qualquer renúncia de receita que impacte
nas contas públicas. Assim, o aluno, ao verificar a falta de lógica na ressalva feita, pode eliminar o item
de forma rápida.
Alternativa (E): errada. Segundo o artigo 165, §8º, da CF, a lei orçamentária anual não conterá dispositivo
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação
de receita, nos termos da lei. Esse dispositivo da CF é bastante cobrado nas provas de Direito Financeiro.
Explicando o dispositivo a doutrina de LEITE:
“Se bem analisadas, as duas exceções dizem respeito ao tema orçamentário, qual seja, fixação
de despesa e previsão de receita. É que, quando a despesa fixada não é suficiente para atender
ao seu desiderato, o orçamento pode conter uma autorização para a abertura de crédito
suplementar, que visa a reforçar a dotação orçamentária, a fim de que sejam destinados mais
recursos para a realização das despesas. Por outro lado, quando a receita prevista também
não é suficiente para alcançar o seu fim, a lei orçamentária pode conter previsão autorizando
o Executivo a realizar operações de crédito (empréstimos públicos), a fim de se buscar mais
receitas para a concretização dos gastos.” (LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5ª Ed.
Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 97/98).
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro.
É importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei de responsabilidade fiscal
(LRF), pois dessa temática se exige o conhecimento da lei seca. Mas não basta memorizar, é preciso
entender as razões de cada dispositivo legal. Lembramos que a crise econômica por que passa o Brasil
aumenta a probabilidade de cobrança nas provas de temas de Direito Financeiro, incluindo a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Alternativa (A): correta. A alternativa reproduz fielmente o disposto no artigo 9º da LRF. O dispositivo
traz medida a ser adotada pelos Poderes e Ministério Público no caso da arrecadação não atingir os
parâmetros citados no texto legal, isso porque a receita dos Poderes e do parquet são repassadas em
forma de duodécimos (mensalmente) e, fragilidade na arrecadação deve ser arcada por todos. É relevante
que o aluno perceba que a limitação de empenho se dará por ato próprio, assegurando a independência
do Ministério Público e a autonomia dos Poderes.
Alternativa (B): errada. Em verdade, o artigo 9º, §2º, da LRF, diz que não serão objeto de limitação
as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao
pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. O dispositivo legal
citado traz o limite sobre as limitações de despesas, resguardando aquelas que o legislador entendeu por
bem possuírem preferência de realização.
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (C): errada. Em que pese o item trazer a previsão exata do artigo 9º, §3º, da LRF, o STF, no
julgamento da ADI 2238, decidiu por sua inconstitucionalidade:
Alternativa (D): errada. O artigo 12, §1º, da LRF, diz que a reestimativa de receita por parte do Poder
Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. Portanto, o item
apresenta resposta incompleta, já que não inclui a omissão ou erro de ordem legal.
Alternativa (E): errada. Reza o art. 11 da LRF que constituem requisitos essenciais da responsabilidade na
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional
do ente da Federação. Seu parágrafo único diz que é vedada a realização de transferências voluntárias
para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Portanto, se o
ente federado não envidar todos os esforços arrecadatórios, pressupõe-se que sua situação financeira é
confortável, não fazendo jus ao recebimento de dinheiro oriundo de outros entes, especialmente através
de convênios com a União ou Estados. Todavia, a proibição se refere apenas às transferências voluntárias,
e não às transferências obrigatórias (Ex.: repartição de receitas tributárias). Da mesma forma, a eficiência
na arrecadação se refere aos impostos e não a todos os tributos.
DIREITO CONSTITUCIONAL
3ª RODADA - 16/06/2016
humanos com status de emendas constitucionais, prevista no art. 5º, § 3º da CF, configura
um conceito misto de norma constitucional (norma formal e material).
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Quanto à forma, as Constituições são classificadas em escritas (instrumentais)
ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias) (Pedro Lenza, Direito Constitucional Esquematizado,
2014, p. 98). Conforme Marcelo Novelino, “as constituições não escritas, também conhecidas como
inorgânicas, costumeiras ou consuetudinárias, são aquelas cujas normas se originam, sobretudo, dos
precedentes judiciais, das tradições, costumes e convenções constitucionais” (Direito Constitucional, São
Paulo: Método, 2012, p. 92), ao passo que as escritas derivam de um ato ou processo formal de registro.
Por sua vez, as constituições escritas podem ser subclassificadas em: (i) Escritas codificadas (orgânicas ou
unitextuais), que são as constituições cujas normas se encontram inteiramente contidas em um só código,
formando um único corpo de lei; e (ii) Escritas não codificadas (inorgânicas, pluritextuais ou legais), que
são as constituições escritas formadas por normas esparsas ou fragmentadas em vários textos.
A respeito da noção de bloco de constitucionalidade, Marcelo Novelino (op. cit., p. 238) aponta:
Assim, somente seria compatível com a ideia de bloco de constitucionalidade em sentido amplo, a que
a alternativa faz referência, a constituição escrita não codificada, já que, nesse tipo de constituição, as
normas esparsas formariam, em conjunto, um “bloco de constitucionalidade”, voltado ao cumprimento dos
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (B): correta. O conceito de Constituição pode ser entendido sob um espectro formal ou
material, o que corresponde à classificação das constituições quanto ao conteúdo. Vejamos:
“A Constituição em sentido material é composta por princípios e regras que têm como
objeto os direitos fundamentais, a estruturação do Estado e a organização dos poderes. Em
síntese, é o conjunto de normas estruturais de uma dada sociedade política. (...) A Constituição
em sentido formal pode ser definida como o conjunto de normas jurídicas produzidas por
um processo mais árduo e mais solene que o ordinário, com o propósito de tomar mais
difícil a sua alteração. Esta espécie pressupõe uma Constituição escrita. Os fatores dificultosos
presentes na elaboração dessas normas seriam o quorum qualificado, a exigência de plebiscito/
referendo ou de um órgão legislativo com a função especial de elaborar a Constituição, como
a Assembleia Constituinte” (Marcelo Novelino, op. cit., p. 94. Grifamos).
O art. 5º, § 3º da CF/88, com a redação dada pela nº 45, de 2004, determina que “os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”.
É de se notar que o dispositivo reconhece caráter constitucional a uma norma tanto em razão do seu
conteúdo (convenção de direitos humanos) quanto do seu processo de inclusão no ordenamento jurídico
(processo legislativo equivalente ao de aprovação de emenda constitucional), o que soma os critérios
formal e material de constituição.
De fato, tal caráter misto é reconhecido pela doutrina dominante. Ao tratar da classificação das constituições
quanto ao conteúdo, Pedro Lenza (op. cit., p. 100) leciona que “com a introdução do § 3.º no art. 5.º,
pela EC n. 45/2004, passamos a ter uma espécie de conceito misto, já que a nova regra só confere
a natureza de emenda constitucional (norma formalmente constitucional) aos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos (matéria), desde que observadas as formalidades de aprovação
(forma)”.
Alternativa (D): incorreta. Quanto à dogmática ou conteúdo ideológico, as constituições podem ser
classificadas em ortodoxas ou simples e ecléticas, também chamadas por alguns de compromissórias.
3ª RODADA - 16/06/2016
“Ortodoxa é aquela formada por uma só ideologia, por exemplo, a soviética de 1977, hoje
extinta, e as diversas Constituições da China marxista. Eclética seria aquela formada por
ideologias conciliatórias, como a brasileira de 1988 ou a da Índia de 1949.
O caráter compromissório da CF/88 pode ser verificado pelo seu art. 170 , que, ao tratar dos princípios
da ordem econômica, traz princípios liberais, como a proteção à livre iniciativa, bem como princípios de
inspiração social democrata, como a proteção ao trabalho e a proteção ao meio ambiente.
Alternativa (E): incorreta. Quanto à função ou estrutura, as constituições podem ser classificadas em
garantias ou dirigentes. Conforme coloca Marcelo Novelino (op. cit., p. 97):
Verifica-se, portanto, que a alternativa fala em constituição garantia, típica do constitucionalismo liberal,
mas traz o conceito de constituição dirigente ou programática, típica do constitucionalismo social, do
Estado do bem-estar social.
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Atualmente a jurisprudência do STF é pacífica no sentido do não cabimento
de reclamação fundada na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante.
Nesse sentido, confira trecho de recente julgado do STF:
“A parte reclamante pretenderia dar efeito vinculante a um dos fundamentos do voto condutor
daquele acórdão, qual seja, o da impossibilidade de cumulação de vencimentos e proventos.
Entretanto, a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento de reclamação fundada
na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante” (Rcl 8168/
SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 19.11.2015)
Para resolver a questão o aluno deve ter especial atenção para identificar que a alternativa se refere à
violação dos “fundamentos” de acórdão do STF. Através da reclamação ao STF, alega-se que determinada
decisão ou ato usurpou competência do STF ou desrespeitou decisão proferida pelo STF. Havia certa
controvérsia jurisprudencial e doutrinária, acerca do que seria a referida violação à decisão do Supremo:
seria apenas violação ao dispositivo dessa decisão ou a mera violação aos fundamentos do dispositivo
seria suficiente para legitimar o manejo da reclamação constitucional?
Para certos doutrinadores, seria possível conferir efeito vinculante aos próprios fundamentos da decisão (e
não somente ao dispositivo da decisão), atribuindo-se a tal construção o nome de “teoria da transcendência
dos motivos determinantes”. Tal tema foi alvo de profundas divergências no STF, no entanto, atualmente
o plenário do STF vem rejeitando a ‘teoria da transcendência dos motivos determinantes’. Adotou-se,
portanto, a teoria restritiva, segundo a qual, ao contrário do dispositivo da decisão, os motivos
invocados não produzem efeito vinculante. Assim, ainda que o acórdão proferido pelo STF
tenha caráter vinculante, a violação aos motivos (fundamentos) expostos no acórdão não enseja
reclamação. Prevaleceu, assim, a jurisprudência defensiva do STF no sentido de restringir o cabimento
da reclamação.
3ª RODADA - 16/06/2016
Tendo isso em vista, o STF decidiu, na ADPF 81, que não cabe arguição de descumprimento de
preceito fundamental contra decisão judicial transitada em julgado, já que “este instituto de controle
concentrado de constitucionalidade não tem como função desconstituir a coisa julgada”. (STF.
Decisão monocrática. ADPF 81, MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 27/10/2015 - Info 810). Sugere-se
a leitura da decisão da ADPF 81, que traz verdadeira aula sobre o instituto da arguição de descumprimento
de preceito fundamental.
Alternativa (C): correta. As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC
ou ADPF possuem eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, § 2º, CF).
No entanto, a função típica do Poder Legislativo não se vincula a essas decisões. O Poder Legislativo
pode, portanto, legislar em sentido contrário à decisão proferida pelo STF em controle concentrado de
constitucionalidade, provocando uma reversão jurisprudencial. É o que se chama de reação legislativa.
O tratamento da reação legislativa varia de acordo com a forma como ela se dá – se por emenda
constitucional ou por lei ordinária. A esse respeito, decidiu o STF, na ADI 5105:
Assim, caso a reação legislativa se dê por meio de emenda constitucional, ela somente poderá ser invalidada
com base em violação a cláusula pétrea ou ao processo legislativo para edição de emendas. Já caso de
reversão jurisprudencial seja feita por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do
3ª RODADA - 16/06/2016
STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, e caberá ao legislador o ônus de demonstrar,
argumentativamente, que a correção do precedente é necessária.
Alternativa (D): incorreta. Na verdade, o STF entende que a não recepção de norma infraconstitucional
anterior à Constituição e que seja com ela incompatível configura revogação. Isso foi decidido na ADIN
nº 2. Esse entendimento foi adotado em razão do caráter originário da inconstitucionalidade, ou seja,
a norma inconstitucional nasce inconstitucional. O efeito prático disso é o não cabimento de ADIN em
face de lei anterior à constituição, ou seja, causa um efeito prático de redução do controle. Por outro
lado, o não cabimento de ADIN em face de lei anterior à constituição, que resulta do entendimento da
não recepção como revogação, foi de certa forma suprido pelo advento da ADPF, já que a L 9882/99
expressamente previu o seu cabimento em face de lei anterior à Constituição.
“Pode-se afirmar, então, que, nos casos de normas infraconstitucionais produzidas antes da
nova Constituição, incompatíveis com as novas regras, não se observará qualquer situação
de inconstitucionalidade, mas, apenas, como vimos, de revogação da lei anterior pela nova
Constituição, por falta de recepção. Nessa situação, acrescente-se, inadmite-se a realização
de controle de constitucionalidade via ação direta de inconstitucionalidade genérica, por falta
de previsão no art. 102, I, “a”, da CF/88, permitindo-se, apenas, a possibilidade de se alegar
que a norma não foi recepcionada. Deve-se destacar, desde já, contudo, que, apesar de não
ser cabível o aludido controle de constitucionalidade concentrado pela via da ação direta de
inconstitucionalidade genérica, será perfeitamente cabível a arguição de descumprimento de
preceito fundamental, introduzida pela Lei n. 9.882, de 03.12.1999, que, regulamentando o art.
102, § 1º, da CF/88, alterou, profundamente, a sistemática de controle” (Pedro Lenza, Direito
Constitucional Esquematizado, 2014, p. 230).
Incorreta, portanto, a alternativa ao dizer que o STF entende que a natureza da não recepção de norma
infraconstitucional anterior à Constituição é de inconstitucionalidade.
Alternativa (E): incorreta. Como explicado acima, entende o STF que o ato normativo produzido antes da
nova Constituição e que com ela seja incompatível não será tido por inconstitucional, mas sim revogado.
Ao tratar do tema, Pedro Lenza aponta:
“Por todo o exposto, fica claro que o STF não admite a teoria da inconstitucionalidade
superveniente de ato normativo produzido antes da nova Constituição e perante o novo
paradigma. Nesse caso, ou se fala em compatibilidade e aí haverá recepção, ou em revogação
por inexistência de recepção. Estamos diante do denominado princípio da contemporaneidade,
ou seja, uma lei só é constitucional perante o paradigma de confronto em relação ao qual ela
foi produzida” (Pedro Lenza, op. cit., p.231).
3ª RODADA - 16/06/2016
28. Acerca dos instrumentos de defesa do estado e das instituições democráticas, assinale a
alternativa correta:
a) Apenas o estado de sítio exige prévia autorização do Congresso Nacional, sem prejuízo
do controle político posterior e concomitante.
b) Entre outras hipóteses, o estado de defesa é cabível quando ineficaz o estado de sítio.
e) O Estado de Sítio é vigente por 30 dias, podendo ser prorrogado por mais uma única vez,
salvo em caso de guerra declarada ou resposta à agressão armada estrangeira, hipótese em
que será vigente enquanto durar a guerra ou resposta.
COMENTÁRIO
A presente questão veicula típica pergunta “letra de lei”. Apesar da aparente complexidade, todas as
alternativas podem ser respondidas com a mera memorização do texto fundamental. O problema dos
candidatos é: como memorizar tão extenso conteúdo?
Para fixar na memória de longo prazo o conteúdo, recomendo criar imagens mentais “brutas” dos
institutos e tentar sistematizar as informações conforme esses tipos criados. Assim, o primeiro passo para
compreender os instrumentos de tutela do estado e instituições democráticas é identificar a “razão” de
cada instituto. No tocante, é de se notar que o constituinte impõe uma gradação entre as intervenções
na normalidade democrática, a saber:
o Estado de Sítio – Guerra ainda mais intensa (apenas guerra ou resposta à agressão
armada)
Conforme veremos, cada um desses três tipos possui características próprias. Frequentemente surgirão
dúvidas sobre se tal restrição ou exigência diz respeito a um ou outro, nesse caso o aluno deve voltar ao
tipo ideal de cada um (intervenção mais intensa ou mais branda) para “chutar” em qual tipo parece mais
provável a atribuição de certa nota característica.
3ª RODADA - 16/06/2016
Além disso, é proveitoso sistematizar as características dos institutos em uma linguagem mais visual do
que aquela do texto constitucional. Adiantando tal parte, elaborei uma “tabela matadora” para que o
aluno consiga visualizar de forma mais simples a articulação de todos os artigos, parágrafos e incisos do
título V, capítulo I da Constituição Federal. Confira:
“TABELA MATADORA”
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (A): correta. Nos termos do art. 137 da CF “O Presidente da República pode, ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização
para decretar o estado de sítio”. Ou seja, o presidente depende da anuência prévia do legislativo para
o sítio. Diferentemente, no estado de defesa o Presidente “O Presidente da República pode, ouvidos o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa”. Assim, é acertada
a alternativa ao afirmar que apenas o estado de sítio exige prévio controle pelo Congresso. Conectando
com os “tipos” comentados no início da questão, basta pensar que o estado de sítio, por ser mais gravoso,
tem exigências mais rigorosas (tal como o prévio controle legislativo, mais rigoroso do que o controle
imediato – submetido em 24h ao Congresso – existente no estado de defesa).
Alternativa (B): incorreta. O cabimento está invertido: na verdade é o estado de sítio que é cabível
quando ineficaz o estado de defesa (novamente basta lembrar da ordem de gravidade/intensidade da
medida!).
Alternativa (C): incorreta. Conforme já exposto nos artigos transcritos na alternativa (A), basta a prévia
oitiva desses órgãos, não se exigindo a anuência ou autorização do Conselho da República e o Conselho
de Defesa Nacional. Trata-se de órgãos exclusivamente consultivos, não sendo suas opiniões vinculativas
ao Presidente.
Alternativa (D): incorreta. Apenas no estado de sítio se admite a suspensão de garantias parlamentares,
tendo em vista a maior gravidade/intensidade desse instrumento de defesa do estado.
Alternativa (E): incorreta. A duração de limitada de 30 dias prorrogáveis por apenas mais uma única vez
é característica do estado de defesa. O estado de sítio, embora como regra seja também limitado em
30 dias, é prorrogável indefinidamente pelo mesmo período. A segunda parte da questão, que vincula o
estado de sítio em caso de guerra à duração da mesma está correta.
DIREITO EMPRESARIAL
3ª RODADA - 16/06/2016
d) A pretensão para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do
contrato prescreve em 3 (três) anos.
COMENTÁRIO
Todo empresário deve ter nome empresarial, já que o nome individualiza a pessoa natural ou jurídica, e
é através dele que a pessoa se obriga nas relações. A proteção ao nome empresarial se dá pelo registro
na Junta Comercial - no momento em que se registra, o empresário passa a gozar de exclusividade no
uso do nome. Aquele que registrar primeiro determinado nome empresarial ganha essa exclusividade no
seu uso. A proteção ao nome, portanto, consiste no uso exclusivo, e o uso exclusivo se dá pelo registro
na Junta.
O nome pode ser firma individual, firma coletiva, ou denominação (IN 15/2013 do DREI c/c art. 1155 e ss.
do CC c/c Lei 8.934/94). A leitura desses dispositivos e da Lei é necessária sempre que o edital exigir o
conhecimento de registro de comércio e nome empresarial de forma específica.
Alternativa (A): incorreta. A afirmação trazida pela alternativa é oposta à previsão do art. 1.155, parágrafo
único do CC, segundo o qual: “Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a
denominação das sociedades simples, associações e fundações”.
Alternativa (B): incorreta. O art. 3º da Lei das S.A. (6.404/76) veda a utilização “companhia” ao final da
denominação da sociedade anônima. Confira-se:
O art. 5º, III, “b” da Instrução Normativa nº 15/2013 do DREI reforça tal vedação:
III - a denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional ou
estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da sociedade, sendo
que: (...) b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão “companhia” ou
“sociedade anônima”, por extenso ou abreviada, vedada a utilização da primeira ao final.
O objetivo do legislador, aqui, foi impedir a confusão com a firma da sociedade em nome coletivo, que,
3ª RODADA - 16/06/2016
“se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do
aditivo “e companhia”, por extenso ou abreviado(art. 5º, II, “a” da IN 15/2013, DREI).
Alternativa (C): incorreta. O erro dessa alternativa está nos limites da proteção ao nome empresarial.
A proteção ao nome empresarial, que se obtém através do registro na Junta Comercial, como
regra, se dá no âmbito de um estado, e não em todo o território nacional. Para que o nome
empresarial goze de proteção em todo o território nacional, será necessário registro na forma de lei
especial, conforme determina o parágrafo único do art. 1.166 do CC, litteris:
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as
respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites
do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se
registrado na forma da lei especial.
Além disso, o art. 5º da Lei 8.934/94 estabelece que a Junta Comercial tem circunscrição estadual (ela está
vinculada tecnicamente ao DREI, que é autarquia federal, mas, administrativamente, ela se circunscreve
ao estado).
Alternativa (D): incorreta. O art. 1.167 do CC determina que “cabe ao prejudicado, a qualquer tempo,
ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato”, não prevendo,
portanto, prazo prescricional para a ação. Com efeito, não poderia ser diferente, uma vez que o direito ao
nome empresarial é manifestação de verdadeiro direito da personalidade (aplicável às pessoas jurídicas,
no que couber, por força do art. 52 do CC/02).
Alternativa (E): correta. A alternativa reproduz exatamente a redação do art. 5º, III, “f” da IN 15/2013,
DREI, sendo certo que essa previsão está de acordo com o princípio da veracidade, que informa o nome
empresarial.
c) Uma vez homologado o plano de recuperação judicial, não é mais possível a retificação
3ª RODADA - 16/06/2016
COMENTÁRIO
A recuperação judicial, regulamentada pela Lei 11.101/2005, consiste em um processo judicial levado a
efeito com o objetivo de permitir ao devedor superar a situação de crise que pode leva-lo à falência.
A recuperação judicial, portanto, visa à manutenção da atividade empresária e, com isso, busca, a
preservação dos empregos gerados por aquela atividade e os interesses dos credores. A seguir, traremos
alguns julgados importantes para delinear o entendimento jurisprudencial do STJ sobre alguns tópicos
específicos acerca da recuperação judicial.
Alternativa (A): correta. De fato, acerca da competência para os atos de constrição patrimonial nesses
casos, o entendimento pacífico do STJ é no sentido da competência do juízo da execução individual,
conforme se verifica do julgado abaixo:
AgRg no CC 131587/DF, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Segunda Seção, julgado em 25/02/2015,
DJe 02/03/2015).
Ressalte-se que essa competência se aplica à constrição que recai sobre os bens adjudicados ANTES do
deferimento do pedido de recuperação judicial, caso específico em que não se terá o deslocamento da
competência para o juízo da recuperação.
Alternativa (B): correta. Conforme entende o STJ, para beneficiar-se da justiça gratuita, a pessoa jurídica
deverá demonstrar, no caso concreto, não ter condições de arcar com as custas judiciais. Verifica-se,
portanto, que o fato de a pessoa jurídica estar em recuperação judicial não traz uma presunção de
3ª RODADA - 16/06/2016
miserabilidade. Nesse sentido entendeu o STJ no AgRg no AREsp 576348/RJ, julgado em 24/03/2015.
Confira-se:
Alternativa (C): incorreta, sendo, portanto, a alternativa que deve ser assinalada. A alternativa traz
afirmação em sentido oposto ao entendimento esposado pelo STJ no REsp 1.371.427-RJ, julgado em
6/8/2015 e constante do Informativo 567 do STJ.
O art. 7º da Lei 11.101/05, tratando da verificação e da habilitação dos créditos, determina que “a verificação
dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos
comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo
contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas”.
No âmbito da recuperação judicial, existem duas fases distintas e paralelas, quais sejam: (a) a verificação
e a habilitação de créditos, prevista nos arts. 7º a 20 da Lei 11.101/2005; e (b) a fase de apresentação
e deliberação do plano de recuperação judicial, prevista nos arts. 53 ao 69 da lei. Tendo deferido o
processamento da recuperação judicial, nos termos do art. 52 da lei, o juiz determinará a expedição de
edital com a relação nominal de credores e seus respectivos créditos. A partir desse momento, iniciam-
se, concomitantemente a fase de verificação e habilitação de créditos (art. 52, § 1º da lei), bem como
o prazo de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial, sob pena de convolação
em falência (art. 53 da lei). O fato de essas fases acontecerem concomitantemente traz a possibilidade
3ª RODADA - 16/06/2016
Alternativa (D): correta. A regra geral, trazida pelo art. 49, caput, da Lei n° 11.101/2005 é a de que
estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido de recuperação
judicial, ainda que não vencidos. Assim, para não atrapalhar a execução do plano de recuperação judicial,
eventuais ações e execuções que tramitem contra a pessoa jurídica em recuperação são suspensas,
conforme art. 6º, § 4º da lei.
As exceções a essa regra estão elencadas nos §§ 3º e 4º do art. 49 da Lei 11.101/05, sendo que os créditos
do locador de imóvel alugado para o falido enquadram-se no § 3º do referido dispositivo:
Assim, por esse dispositivo, o credor proprietário de bem imóvel, para a retomada do bem, não se
submete aos efeitos da recuperação judicial (art. 49, § 3º).
Por outro lado, cabe ressaltar que, em que pese a previsão contida na parte final do supratranscrito §
3º, o STJ entendeu que a ação de despejo, ao exigir de volta o bem, não seria uma forma de retirar o
estabelecimento do devedor, sob a justificativa de que “tratando-se de credor titular da posição de
proprietário, prevalecem os direitos de propriedade sobre a coisa, sendo inaplicável à hipótese
de despejo a exceção prevista no § 3º, in fine, do art. 49 da Lei n° 11.101⁄2005, acima transcrito, pois, no
despejo, regido por legislação especial, tem-se a retomada do imóvel locado e não se trata de venda ou
mera retirada do estabelecimento do devedor de bem essencial a sua atividade empresarial”. Correta,
portanto, a alternativa, ao afirmar a não submissão da ação de despejo à competência do juízo
universal da recuperação.
3ª RODADA - 16/06/2016
Nesse sentido são os seguintes precedentes: CC 123116/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 14/08/2014, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 11/11/2014 (vide Informativo
nº 551, STJ).
3ª RODADA - 16/06/2016
QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
26/06/2016: profcei.gustavocarminatti@gmail.com
DIREITO CONSTITUCIONAL
3ª RODADA - 16/06/2016
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
26/06/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com
3ª RODADA - 16/06/2016
PEÇA PROFISSIONAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
26/06/2016: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com
3ª RODADA - 16/06/2016