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7ª RODADA - 28/07/2016
CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO
7ª RODADA - 28/07/2016
DURAÇÃO
26/05/2016 A 14/09/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016
7ª RODADA - 28/07/2016
PROFESSORES
Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.
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INSTRUÇÕES GERAIS
Caros alunos,
para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:
1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.
2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.
3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.
4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.
5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.
6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
e) O Ministério Público não tem legitimidade para recorrer na defesa de empresas públicas
e sociedades de economia mista, mesmo em face de decisão que declara a existência de
vínculo empregatício, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público.
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salário-mínimo cada.
e) Para ter direito ao seguro-desemprego, o beneficiário deve ter sido empregado de pessoa
jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhecida
como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) dos últimos 24 (vinte e quatro) meses.
a) Não havendo impugnação, é defeso ao juiz majorar de ofício o valor da causa atribuído
pelo impetrante no mandado de segurança.
DIREITO CIVIL
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7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os atos
jurídicos em geral e os contratos de empréstimo e comodato, além de temas correlatos:
a) O termo não essencial é aquele que não admite o cumprimento do objeto do negócio
jurídico após o seu vencimento e, sendo inicial, suspende a aquisição do direito, de sorte
que, no caso de antecipação do pagamento, implicará enriquecimento sem causa do credor,
como ocorreria se se tratasse de negócio sob condição suspensiva;
c) Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige elemento subjetivo
como requisito para o ato de destinação.
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c) A prisão preventiva, enquanto medida de natureza cautelar, não pode ser utilizada
como instrumento de punição antecipada do indiciado ou do réu, porém, quando
deficiente a fundamentação na instância primeira, a revisão do ato, na segunda instância,
permite complementação de sua fundamentação para manter a segregação do acusado,
notadamente quando presentes a multirreincidência e a presença de habitualidade na
conduta do recorrente.
d) A autoridade policial não poderá lavrar o auto de prisão em flagrante se não houver
testemunhas da infração praticada.
9. Em relação à legítima defesa, exercício regular de direito e temas correlatos sobre antijuricidade
no direito penal, assinale a alternativa incorreta:
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b) A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode
ser justificada pela legítima defesa, mas pode ser justificada pelo estado de necessidade.
c) Dois náufragos disputam uma tábua, que só servirá a um homem. É preciso que um
deles pereça. Apresenta-se, mais tarde, ao tribunal o sobrevivente, invocando a justificativa
do estado de necessidade. Não será punido, porque, diante desse contexto, o Estado não
teria razão para tomar partido em favor de um ou de outro indivíduo, cujos interesses,
igualmente legítimos, se acharam em antagonismo. Portanto, está-se diante de um fato
consumado e irremediável, não cabendo castigar o que ofendeu o direito alheio em favor
do próprio direito, desde que tenham ocorrido os requisitos legais.
d) É incabível a legítima defesa contra legítima defesa real, estado de necessidade real,
exercício regular de direito ou estrito cumprimento de dever legal.
10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta sobre concursos de crimes e de pessoas:
b) Em relação à participação no concurso de pessoas, esta pode ser material e/ou moral, além
de que a legislação penal brasileira adota a teoria da acessoriedade mínima, significando
que somente poderá haver a participação quando o autor praticar um fato típico e ilícito.
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d) O Código Penal estabelece expressamente que as penas dos autores e partícipes devem
ser diferenciadas, punindo sempre de forma diminuída estes últimos e, além disso, a partir
de interpretação restritiva de dispositivo normativo expresso, há previsão de que o coautor
ou partícipe, independentemente do crime para o qual quis concorrer, será punido segundo
a pena do crime efetivamente praticado, pois assumiu o risco do resultado.
e) A prática do crime de roubo mediante uma só ação, mas contra vítimas distintas, enseja
o reconhecimento do concurso formal, e não de crime único, assim como, nessa espécie
de crime, quando praticado em pluralidade de agentes e apenas um deles usar arma de
fogo, porém, se os demais tiverem ciência desse fato, todos responderão, em regra, pelo
resultado morte, caso este ocorra, pois este se acha dentro do desdobramento normal da
conduta.
11. Joana Souza é servidora pública da Administração Direta do Estado E, ocupando o respectivo
cargo há 2 anos e 10 meses. Certo dia, enquanto estudava para concursos, Joana se deparou com
determinado artigo da Constituição Federal que assegura revisão geral anual dos servidores
públicos, sempre na mesma data e sem distinção de índices, e se deu conta de que o Estado E
não obedecia ao mandamento constitucional, visto que não concedia reposição remuneratória
a seus servidores há seis anos. Joana, então, reuniu um grupo de mais nove colegas servidores e
procurou os serviços de seu primo Genésio Georges, advogado recém-formado. Dessa forma, os
dez servidores estaduais, representados por Genésio Georges, impetraram mandado de injunção
em face do Governador do Estado E, com o objetivo de suprir a omissão deste quanto à iniciativa
legislativa para conceder a revisão geral anual prevista no art. 37, inciso X, da Constituição Federal,
em benefício exclusivo dos impetrantes. À vista desse cenário fático hipotético, assinale a única
alternativa CORRETA:
c) Se, no decorrer da ação, for editada a norma pretendida, não se poderá extinguir o feito
sem resolução de mérito, por perda do objeto, visto não se poder elidir o reconhecimento
da mora legislativa pelo impetrado.
d) A fim de ter sua pretensão acolhida, os servidores deveriam ter buscado, junto a um
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IV. Em regra, cabe ao juízo a intimação das testemunhas indicadas pelas partes, mas não
se proíbe que o advogado intime aquelas por ele arroladas.
V. A produção antecipada de prova será admitida quando a prova a ser produzida seja
suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito.
a) I, II e IV.
b) II, IV e V.
c) I e IV.
d) II e V.
e) I, II e V.
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14. O Município M, situado no interior de Estado do Centro-Oeste, é uma cidade pacata, com cerca
de 20.000 habitantes, e faz fronteira com o Paraguai. Sua economia é movida pelo agronegócio
– em especial o plantio de soja – e pelo tráfico de drogas – notadamente a internalização de
maconha. Ocorre que, por razões climáticas, a atividade agrária apresentou expressiva queda na
região, acarretando a diminuição na circulação de valores na municipalidade e, por consequência,
a queda na arrecadação pelo ente federado. Ademais, após a deflagração de operação policial,
os maiores traficantes da região foram condenados e presos, de modo que a fonte de riqueza
ilícita também foi arrefecida. Nesse cenário, recrudescido pela falta de repasse de verbas da
União aos municípios, em decorrência da crise econômica que assola o país, o Município M
deixou de repassar por três meses seguidos os duodécimos devidos à sua Câmara Municipal. A
Câmara de Vereadores, por seu turno, ajuizou ação de cobrança em face do Município M. Ao final
da ação, que tramitou regularmente, o Município M foi condenado ao pagamento integral dos
duodécimos não repassados. Você, na condição de Procurador(a) do Município M foi intimado(a)
para, no prazo de 30 (trinta) dias, impugnar o respectivo cumprimento de sentença. Considerando
essa situação fictícia, assinale a única alternativa CORRETA:
a) A Câmara de Vereadores não possui legitimidade para agir em juízo, de forma que o
Município deve arguir a ilegitimidade da parte para o cumprimento de sentença.
c) Embora a Câmara Municipal não possua legitimidade para agir em juízo, essa questão
não pode ser arguida em cumprimento de sentença, porquanto preclusa.
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15. A contestação é, por excelência, o ato de defesa do réu, por meio do qual se insurge contra
a pretensão do autor. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito desse instituto, considerando
as disposições do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações da Lei n.
13.256/16):
a) Por força do princípio da eventualidade, previsto na nova legislação, o réu está obrigado
a alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, ainda que contraditória, sob pena de
preclusão.
c) O réu oferecerá a contestação, por petição, no prazo de quinze dias úteis, contados da
juntada aos autos do mandado de citação, quando realizada por oficial de justiça.
e) Podem contestar por negativa geral o defensor público, o advogado dativo e o curador
especial.
DIREITO AMBIENTAL
16. Assinale a alternativa que não se encontra de acordo com as disposições da Constituição
Federal de 1988:
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c) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
complementar federal, sem o que não poderão ter autorizado o seu funcionamento.
d) A pessoa que explorar recursos minerais fica obrigada a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
17. Sobre os institutos previstos na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6938/81), julgue
os seguintes itens:
IV. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) é uma espécie de Avaliação de Impactos
Ambientais (AIA), ao qual se deve dar publicidade, devendo ser exigido sempre quando
da instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio
ambiente.
b) III e IV.
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c) I, II e III.
d) IV.
e) II e IV.
DIREITO TRIBUTÁRIO
a) Por inexistirem normas gerais federais, considera-se que os Estados podem exercer
competência legislativa plena em relação ao IPVA.
b) O IPVA incide sobre a propriedade de veículos automotores, o que abrange, além dos
veículos terrestres, as embarcações e aeronaves, conforme já respaldado pelo Supremo
Tribunal Federal.
c) De acordo com o Código Tributário Nacional, a pessoa jurídica de direito privado que
resultar de fusão, transformação, cisão ou incorporação de outra ou em outra é responsável
pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas,
transformadas, cindidas ou incorporadas.
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d) Em regra, a pessoa jurídica de direito privado que adquirir de outra o fundo de comércio
e continuar a explorá-lo, ainda que sob outra razão social, será responsável, integralmente,
pelos respectivos tributos devidos até à data do ato, caso o alienante cesse a exploração do
comércio, indústria ou atividade.
a) Com o fim de evitar a guerra fiscal entre os Municípios, cabe ao Senado fixar suas
alíquotas máximas e mínimas.
b) Para que haja a cobrança do ISS, deve o prestador possuir como atividade preponderante
uma das formas de prestação de serviço constante de lista anexa à legislação de regência.
c) Embora a lista anexa à LC nº 116/03, que regula o ISS, seja considerada taxativa, o Superior
Tribunal de Justiça se posicionou pela possibilidade de realização de uma interpretação
extensiva.
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao
ato deverá preceder autorização legislativa dos entes envolvidos.
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e) Em todos os casos, expirado o prazo de cinco anos sem a transferência do bem mediante
acordo entre as partes ou sem o ajuizamento da ação de desapropriação com a consequente
citação do expropriado, termina a eficácia do decreto de declaração de utilidade pública.
c) As autarquias podem exercer o poder de polícia, desde que autorizadas por ato
administrativo.
e) O STJ decidiu que apenas a fase de “consentimento de polícia” pode ser delegada a
entidades com personalidade jurídica de direito privado integrantes da administração
pública.
a) Dada sua natureza pública, somente devem ser outorgados serviços públicos típicos às
autarquias, e não atividades econômicas em sentido estrito, as quais devem ser realizadas
pelas empresas públicas e sociedades de economia mista.
b) Não pode a lei estabelecer hipóteses de exigência de aprovação legislativa prévia para
a exoneração de dirigentes de entidades da administração indireta pelo Chefe do Poder
Executivo.
c) As fundações públicas devem exercer atividades que não exijam execução apenas por
órgãos ou entidades de direito público.
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DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Tratando das transferências voluntárias e da destinação de recursos públicos para o setor
privado, marque a alternativa correta:
d) Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não
esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas
congêneres não serão inferiores aos definidos em ato do Poder Executivo ou ao custo de
captação.
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d) Enquanto perdurar o excesso do limite da dívida consolidada, o ente que nele houver
incorrido estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por
antecipação de receita, e o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
DIREITO CONSTITUCIONAL
II. Não é admitida a figura do amicus curiae na ADPF, tendo em vista não haver, na Lei n.
9.882/99, dispositivo explícito prevendo tal figura.
III. O princípio da fungibilidade aplica-se entre ADI e ADPF, tendo, nesses casos, natureza
ambivalente.
V. O STF entende não ser aplicável a perda de objeto da ação direta de inconstitucionalidade
por omissão na hipótese de encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria ao
Congresso Nacional enquanto pendente de julgamento a ação, caso se verifique conduta
manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas.
VI. A Representação Interventiva federal tem como objeto apenas atos normativos.
a) I, III e V.
b) I, IV e V.
c) II e VI.
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d) I, III, IV e V.
e) II, IV e VI.
27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre os direitos e garantias fundamentais,
bem como a doutrina e a jurisprudência do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:
b) Decorre da natureza dos direitos fundamentais o fato de que eles têm como destinatários
apenas pessoas físicas, não podendo ser titularizados por pessoas jurídicas.
e) Fere a inviolabilidade da vida privada o acesso aos dados bancários por parte de autoridades
e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem
autorização judicial, nos termos dispostos pela LC 105/2001.
28. Tendo em vista o disposto na Constituição, bem como jurisprudência do STF acerca da ordem
econômica e financeira, assinale a alternativa incorreta:
a) São princípios da ordem econômica, entre outros, a soberania nacional, a livre concorrência
e o tratamento favorecido para as empresas de pequeno e médio porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
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d) Os municípios com mais de vinte mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre
programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que
sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor.
e) Os estados e municípios não têm competência para desapropriar imóveis rurais, por
interesse social, para efeito de reforma agrária.
DIREITO EMPRESARIAL
29. Acerca da teoria geral dos títulos de crédito, assinale a alternativa incorreta:
a) Título de crédito pode ser definido como o documento necessário para o exercício do
direito literal e autônomo nele mencionado
30. Sobre os títulos de crédito à luz da jurisprudência do STJ, marque a alternativa correta:
a) O sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar duplicata recebida em
operação de factoring exceções pessoais que seriam passíveis de contraposição ao sacador,
ainda que o sacado tenha eventualmente aceitado o título de crédito.
c) Não é possível que uma só duplicata corresponda à soma de diversas notas fiscais parciais.
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA A
7ª RODADA - 28/07/2016
e) O Ministério Público não tem legitimidade para recorrer na defesa de empresas públicas
e sociedades de economia mista, mesmo em face de decisão que declara a existência de
vínculo empregatício, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público.
COMENTÁRIO
As novidades no direito sumular, no âmbito da Justiça do Trabalho, parecem não acabar nunca. Em 30 de
junho de 2016 (ou seja, há menos de um mês), o TST publicou a Resolução nº. 210, de 2016, por meio da
qual, entre outras modificações, alterou a redação da Súmula nº. 383 e cancelou a Súmula nº. 164 (o que,
inclusive, ensejou a alteração de entendimento que havia sido cobrado na 5ª rodada). Dessa vez, para
que não percamos tempo, resolvi esgotar todas as modificações da última Resolução em uma mesma
questão.
Obs: tenho priorizado a cobrança das súmulas e oj’s do TST nas rodadas desta edição, justamente
porque elas têm sido objeto de intermináveis modificações, o que aumenta exponencialmente a chance
7ª RODADA - 28/07/2016
de serem cobradas nas próximas provas. Porém, se vocês assim desejarem, posso focar em outros tipos
de abordagem nas questões das próximas rodadas. Aguardo um feedback de vocês via e-mail.
Alternativa (A): incorreta. O art. 37, do CPC de 1973, permitia ao advogado intentar ação, sem instrumento
de mandado, para evitar a decadência ou prescrição ou praticar atos urgentes, obrigando-se a exibi-lo
no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogáveis por mais 15 (quinze). Os atos não ratificados dentro desse
prazo eram havidos por inexistentes. O C. TST, contudo, não admitia a aplicação desse dispositivo na fase
recursal, por não aceitar a caracterização da interposição de recurso como ato urgente. No Novo CPC, o
advogado passou a ser autorizado a postular em juízo, sem procuração, além das hipóteses mencionadas,
também para evitar preclusão (o que inclui a apresentação de contestação, interposição de recurso, etc.).
A modificação na legislação processual ensejou também uma modificação no posicionamento da Corte,
que, alterando a redação da Súmula nº. 383, passou a admitir o recurso firmado por advogado
sem procuração nos autos, em caráter excepcional, desde que exiba a procuração, independente
de intimação. Contudo, o prazo concedido na justiça laboral, não é de 15 (quinze) dias, como estipulado
pelo art. 104 do CPC de 2015, mas de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogáveis por mais
5 (cinco), por despacho do juiz.
Além disso, com a alteração da natureza desse ato não ratificado, promovida pelo §2º do art. 104, de
inexistente para ineficaz, a Corte cancelou a Súmula nº. 164, a qual previa a inexistência do recurso
interposto por advogado sem procuração ou mandato tácito (conforme comentamos na 5ª rodada),
passando a reputá-lo ineficaz.
Alternativa (B): correta. A situação da postulação em juízo sem procuração é diversa daquela na qual
existe um instrumento de mandato juntado aos autos, mas a representação é considerada irregular. Nessa
última hipótese, aplica-se o art. 76, do Novo CPC, o qual determina, assim como já fazia o art. 13 do
CPC/1973, que verificada a irregularidade da representação da parte, o juízo deverá suspender o processo
e designar prazo para sanar o vício. As consequências do não atendimento a essa determinação irão
variar a depender da parte a quem couber a providência e da instância em que o processo se encontrar.
7ª RODADA - 28/07/2016
de “custos legis” emite parecer nos processos submetidos à remessa necessária, a qual é, em regra,
obrigatória nos processos em que há decisão desfavorável ao Poder Público. Nesses pareceres, o C. TST
rechaça a possibilidade de órgão ministerial arguir a prescrição em favor de entidade de direito público,
em matéria de direito patrimonial, por entender que, sendo a prescrição matéria de defesa, não pode
ser arguída por quem não é parte na relação processual. Embora contrário à CRFB, esse entendimento,
cristalizado na OJ nº. 130 da SDI-1, foi recentemente confirmado pela Corte, por meio da Resolução nº.
209, de 30 de maio de 2016.
Alternativa (D): incorreta. O entendimento tradicional do TST, conforme previsto na OJ nº. 130 da SDI-1,
era no sentido de considerar os poderes de foro (cláusula ad judicia) suficientes para que o advogado
declarasse, na própria petição inicial, que o trabalhador não está em condições de pagar as custas do
processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, sendo tal declaração suficiente para garantir
a concessão, à parte, do benefício da justiça gratuita (art. 730, §3º, CLT). Na sistemática do Novo CPC,
contudo, ficou estabelecido que a procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público
ou particular assinado pela parte, não habilita o advogado a assinar declaração de hipossuficiência
econômica, devendo constar de cláusula específica (art. 105, caput, do CPC/2015). Diante da mudança,
a orientação jurisprudencial foi cancelada, devendo ser observada a disposição do Novo CPC a respeito
do assunto.
Alternativa (E): incorreta. O art. 83, inciso VI, da LC nº. 83/90, prevê que compete ao Ministério Público do
Trabalho recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos
em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei. A interpretação conferida pelo TST
a esse dispositivo restringe a legitimidade do MPT de recorrer, na condição de fiscal da lei, somente às
hipóteses em que a própria lei o exigir ou quando houver interesse público que justifique a sua atuação,
conforme previsto no art. 127 da CRFB. Em relação às pessoas jurídicas de direito privado integrantes
da Administração Indireta (sociedades de economia mista e empresas públicas), constitucionalmente
equiparadas às empresas privadas (art. 173, §1º, CRFB), o TST entende que não há interesse público
a legitimar a sua atuação, não reconhecendo legitimidade ao MPT para recorrer em benefício dessas
entidades, porque assim estaria atuando na defesa de interessas patrimoniais privados.
A situação é diversa quando se trata de recurso interposto contra decisão que declara a existência de
vínculo de emprego com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a CF/1988, sem a
prévia aprovação em concurso público. Para a Corte, nessa situação, estará presente o interesse público
necessário para conferir legitimidade recursal ao parquet. A OJ nº. 338 da SDI-1, que continha referido
entendimento, foi cancelada, sendo incorporada à OJ nº. 237 da SDI-1, que agora abrange ambas as
conclusões expostas.
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e) Para ter direito ao seguro-desemprego, o beneficiário deve ter sido empregado de pessoa
jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhecida
como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) dos últimos 24 (vinte e quatro) meses.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Uma das finalidades do seguro-desemprego, nos termos do art. 2º, inciso II, da
Lei nº. 7.998, de 1990, é auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo,
para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. Para esse fim, a Lei
instituiu uma bolsa de qualificação profissional, custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), a
que fará jus o trabalhador que estiver com o contrato de trabalho suspenso em virtude de participação
em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador. Conforme prevê o art.
476-A da CLT, o contrato de trabalho poderá ser suspenso, para esse fim, por um período de 2 (dois) a
5 (cinco) meses, desde que isso seja previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho específico e
que o empregado manifeste formalmente a sua concordância.
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dando origem ao direito à indenização. Como a entrega da guia é obrigação do empregador, após a
rescisão contratual, guardando inequívoca ligação com o contrato de trabalho, a competência para julgar
a ação que tem por objeto indenização pelo não fornecimento é da Justiça do Trabalho. Tudo isso está
previsto na Súmula nº. 389 do TST:
Alternativa (E): incorreta, devendo ser assinalada. Em sua redação originária, a Lei nº. 7.998/90, em
seu art. 3º, inciso II, exigia, como condicionante à percepção do benefício, que o empregado estivesse
contratado por pelo menos 15 (quinze) meses, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses. Esse requisito,
contudo, foi revogado pela Lei nº. 13.134/2015, deixando de ser exigível a partir de sua vigência, que se
deu em 17 de junho de 2015.
7ª RODADA - 28/07/2016
a) Não havendo impugnação, é defeso ao juiz majorar de ofício o valor da causa atribuído
pelo impetrante no mandado de segurança.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. A OJ nº 155 da SDI-2 do TST respaldava o entendimento pela impossibilidade
de majoração de ofício, pelo Juízo, do valor da causa atribuído na inicial do mandado de segurança,
quando este não fosse impugnado pela parte contrária. A conclusão se justificava em face da ausência de
previsão legal que amparasse a correção oficiosa, pelo juiz, do valor da causa. Ocorre que, na sistemática
do Novo CPC, o juiz deverá, de ofício, corrigir o valor da causa, sempre que verificar que não corresponde
ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido, estipulando novo valor
por arbitramento e determinando ao autor, se for o caso, o recolhimento das custas correspondentes (art.
292, §3º, CPC/2015). Esse dispositivo, vale dizer, é aplicável ao Processo do Trabalho, conforme prevê o
art. 3º, V, da IN nº. 39/2016. Diante disso, o Plenário do TST, em 20/4/2016, cancelou o enunciado da OJ
155, de modo a adaptar seu entendimento à nova legislação processual.
Alternativa (B): incorreta. O art. 321 do CPC de 2015 estabelece que o juízo deverá determinar ao
autor que emende ou complete a inicial, sempre que verificar que não preenche os requisitos legais ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito. Essa previsão se
aplica, inclusive, ao caso de inobservância da regra segundo a qual a petição inicial deverá ser instruída
com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Ocorre que, no art. 10, da Lei nº. 12.016/09,
há previsão específica impondo o indeferimento da inicial do mandado de segurança quando lhe faltar
algum dos requisitos legais. O mandado de segurança, como se sabe, impõe a presença de direito
7ª RODADA - 28/07/2016
líquido e certo, que diz respeito à desnecessidade de dilação probatória para a elucidação dos fatos
que fundamentam o pedido. Dito de outro modo, a prova pré-constituída é considerada pressuposto
indispensável à petição inicial do mandado de segurança. Essa regra só é excepcionada na hipótese de
o documento necessário à prova do alegado se achar em repartição ou estabelecimento público ou em
poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo, conforme prevê o §1º, do art. 6º da LMS. Assim, diante
da existência de regramento na lei específica, entende-se que não se aplica ao mandado de segurança
a determinação do art. 321, do Novo CPC. Tal entendimento já era aplicado na vigência do CPC anterior,
tendo sido ratificado, em 26/4/2016, quando o C. TST atualizou a Súmula nº. 415, adaptando a sua
redação em decorrência do CPC de 2015.
Alternativa (C): correta. O art. 889, da CLT, prevê que a execução, no Processo do Trabalho, deve ser
regida subsidiariamente pelos dispositivos da lei que rege o processo executivo fiscal, ou seja, pela Lei
nº. 6.830/80 (LEF). Com o advento da Lei nº. 13.043, de 2014, a LEF foi alterada, incorporando a previsão
do CPC então vigente de que a garantia da execução por meio de seguro garantia produz os mesmos
efeitos da penhora. Também foi modificada a redação do art. 15, inciso I, da LEF, autorizando-se o
executado a substituir a penhora por seguro garantia a qualquer tempo. O Novo CPC repete a previsão
no art. 835, §2º, com a ressalva de que o valor do seguro garantia judicial não pode ser inferior ao valor
do débito, acrescido de trinta por cento. O dispositivo, vale dizer, teve sua aplicabilidade ao Processo do
Trabalho reconhecida pelo TST (art. 3º, XVI, da IN nº 39/2016). Atento às modificações, o C. TST, por meio
da Resolução 209/2016, modificou a redação da OJ nº 59 da SDI-2, estabelecendo que a carta de fiança
bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao débito em execução, acrescido
de 30% (trinta por cento), equivalem a dinheiro para efeito da gradação dos bens penhoráveis. Assim,
entende-se que a denegação da indicação ou substituição do bem penhorado pela fiança bancária ou
pelo seguro garantia, no âmbito da justiça laboral, viola direito líquido e certo, admitindo a impetração
do mandado de segurança.
Alternativa (D): incorreta. O art. 2º, inciso II da Lei nº. 12.016/09 veda o cabimento do mandado de
segurança de “decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”. Diante do princípio da
unirrecorribilidade, a decisão, ainda que possua capítulos diversos, deve ser impugnada por um mesmo
recurso. Assim, no âmbito do processo trabalhista, o recurso ordinário é o meio hábil a impugnar o
capítulo da sentença que concede a tutela antecipada (art. 895, da CLT), juntamente aos demais. No
mesmo sentido, o §5º do art. 1.013, do Novo CPC, dispõe que “o capítulo da sentença que confirma,
concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação”. Diante disso, o C. TST editou a Súmula
nº. 414, concluindo que: a antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela
via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário.
Por outro lado, como os recursos, na justiça obreira, somente têm, em regra, efeito devolutivo (art. 899,
CLT), há interesse em suspender, desde logo, os efeitos da tutela antecipada conferida na sentença. Na
sistemática do CPC anterior, a forma de se obter a concessão do efeito suspensivo ao recurso ordinário
era o ajuizamento de ação cautelar. Todavia, após o advento do CPC de 2015, que excluiu a possibilidade
7ª RODADA - 28/07/2016
de um processo cautelar autônomo, o pedido de efeito suspensivo deverá ser veiculado por meio de
simples petição contendo requerimento nesse sentido, dirigida ao tribunal ou ao relator, conforme o
recurso tenha sido ou não distribuído (art. 1.012, §§3º e 4º, CPC de 2015). Assim, a parte final do item I
da Súmula nº. 414 do TST, prevendo que “a ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo
a recurso”, deve ser em breve alterada, porém apenas para substituir a expressão “ação cautelar” por
“simples petição”.
Alternativa (E): incorreta. O art. 674, do Novo CPC, aduz que quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de
terceiro. Trata-se de ação autônoma de conhecimento, incidente na fase de conhecimento ou na fase
de execução, que tem por objetivo repelir constrição indevida no patrimônio de terceiro estranho ao
processo em que determinada a restrição ou que não tem responsabilidade patrimonial pela dívida.
Como o art. 5º, inciso II, da Lei nº. 12.016/09, somente impede o cabimento do mandado de segurança de
decisão judicial da qual “caiba recurso com efeito suspensivo”, a princípio, seria viável o manejo writ com
o mesmo objetivo. Contudo, a interpretação conferida a esse dispositivo pela jurisprudência é no sentido
de estender o seu alcance também às situações em que a lei processual contempla outro instrumento
adequado e eficaz à tutela do direito, ainda que não se trate propriamente de recurso. Assim, tendo em
vista que os embargos de terceiro são aptos a produzir a suspensão das medidas constritivas sobre os
bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse,
constituindo meio eficaz à tutela do direito do terceiro, torna-se incabível o ajuizamento de mandado
de segurança. A utilização cumulada dos embargos de terceiro com o mandado de segurança, via de
consequência, torna ainda mais inviável o cabimento do writ. A propósito, o TST, em 26/4/2016, adaptou
a redação da OJ nº. 54 da SDI-2, ratificando o entendimento de que, “ajuizados embargos de terceiro
para pleitear a desconstituição da penhora, é incabível mandado de segurança com a mesma finalidade”.
DIREITO CIVIL
7ª RODADA - 28/07/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Uma das características básicas dos direitos reais de garantia sobre coisa alheia
é a denominada excussão, tratada no art. 1.422 do CC/02, que prevê o direito do credor hipotecário e do
credor pignoratício de excutir a coisa hipotecada ou empenhada. Esse direito, vale dizer, não se estende
ao credor anticrético, a quem somente é assegurado o direito de reter o bem em seu poder, enquanto a
dívida não for paga. Assim diferentemente dos credores hipotecário e pignoratício, o credor anticrético
não poderá promover a alienação judicial da coisa garantida, visando a receber o seu crédito. A excussão
não se confunde com o pacto comissório real, assim denominada a cláusula que autoriza o credor de
um direito real de garantia a ficar com o bem, sem levá-lo à excussão. Isso porque, conforme estabelece
o art. 1.428, do CC/02, é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a
ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Por outro lado, nos termos do
parágrafo único do mesmo dispositivo, o devedor pode dar a coisa em pagamento da dívida, após o
vencimento.
Alternativa (B): correta. Outra característica dos direitos reais de garantia é a preferência no pagamento
a outros credores, conferida ao credor hipotecário e ao credor pignoratício, nos termos do art. 1.422, do
CC/02, a qual, no entanto, pode ser excetuada em face de leis que prevejam a prioridade no pagamento
de outros créditos em relação a dívidas específicas. É o que ocorre, por exemplo, na Lei nº. 11.101/2005,
que estabelece a preferência, na falência, dos créditos derivados da legislação do trabalho, limitados
a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos, em relação aos créditos com garantia real. Outra exceção
pode ser encontrada na jurisprudência do STJ, sedimentada na Súmula nº. 478, entendendo que, na
execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o hipotecário. Para a Corte,
a preferência do crédito condominial sobre o crédito hipotecário justifica-se por consistir em obrigação
propter rem, constituído em função da utilização do próprio imóvel ou para evitar-lhe o perecimento. A
conclusão também encontra fundamento na função social da propriedade inerente à vida comunitária
em condomínio.
Alternativa (C): incorreta. O art. 1.420, do CC/02, estabelece um requisito subjetivo e um requisito
7ª RODADA - 28/07/2016
objetivo para os direitos reais de garantia. O requisito subjetivo (subjetivo = sujeito = ligado à pessoa)
concerne à previsão de que somente o proprietário poderá oferecer o bem em garantia real, sendo que a
propriedade superveniente é capaz de tornar eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por
quem não era dono (convalidação por superveniência do domínio). O requisito objetivo, por sua vez,
diz respeito à exigência de que o bem oferecido em penhor, hipoteca ou anticrese seja alienável, ou seja,
deve estar presente a consuntibilidade jurídica. Revisando rapidamente o assunto, o art. 86, do CC/02, diz
que são consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo
também considerados tais os destinados à alienação. Essa última parte, que fala da característica do bem
destinado à alienação, é chamada de consuntibilidade JURÍDICA, contrapondo-se à consuntibilidade
FÍSICA. Nesta senda, o bem de família convencional, por ser inalienável, não pode ser hipotecado.
Incorreta, portanto, a assertiva, já que a consuntibilidade jurídica é requisito objetivo, e não subjetivo para
os direitos reais de garantia.
Alternativa (D): incorreta. Um dos pontos de diferenciação entre os direitos pessoais e os direitos reais
é que, em tese, os últimos têm eficácia erga omnes, contra todos, enquanto os primeiros têm efeitos
inter partes. Todavia, os direitos reais têm sofrido algumas restrições em seus efeitos. Exemplo disso é a
previsão da Súmula nº. 308/STJ, no sentido de que “a hipoteca firmada entre a construtora e o agente
financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os
adquirentes do imóvel”. Para a Corte, a boa-fé objetiva dos adquirentes dos imóveis, comprovadas pelo
adimplemento contratual, deve se sobrepor à hipoteca constituída sem a sua autorização.
Alternativa (E): incorreta. O art. 1.425, do CC/02, estabelece as situações em que a dívida garantida
considera-se vencida, sendo uma delas a desapropriação do bem dado em garantia. Nela, a parte do
preço necessária para o pagamento integral do credor deverá ser depositada. Ocorre que o §1º do
dispositivo traz uma ressalva com relação à hipótese, dispondo que a desapropriação que recair sobre
o bem dado em garantia só implicará o vencimento da hipoteca se esta não abranger outras. Caso
contrário, subsistirá a dívida reduzida, com a respectiva garantia, sobre os bens que não houverem sido
objeto de desapropriação.
7ª RODADA - 28/07/2016
COMENTÁRIO
7ª RODADA - 28/07/2016
art. 927, o qual dispõe que: “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo”.
Assim, em princípio, a descaracterização da ilicitude na conduta teria como consequência o afastamento
da correspondente obrigação de reparação. O art. 188, do CC/02, prevê que a conduta danosa, quando
decorrente do exercício regular de um direito reconhecido, não será considerada ilícita. Como a inscrição
dos devedores no cadastro de inadimplentes encontra-se prevista no próprio Código de Defesa do
Consumidor, entende-se que configura o exercício regular de direito, não implicando em regra, o dever
de indenizar. Ocorre que, antes de proceder à inscrição, o órgão mantenedor do Cadastro de Proteção
ao Crédito deverá, por imposição legal, notificar o devedor (Súmula nº. 359/STJ). O não atendimento a
essa determinação caracteriza abuso de direito - modalidade autônoma de ilícito, nos moldes do art. 187
do CC/02 - gerando, por esse fundamento, direito do devedor à indenização.
Alternativa (D): correta. Dispõe o art. 188 do CC/02, inciso II e o § único, que também não constitui
ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, o a lesão à pessoa, a fim de remover perigo
iminente, desde que as circunstâncias o tornem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável à remoção do perigo. Trata-se do chamado “estado de necessidade”. Contudo, o estado de
necessidade somente será apto a afastar o dever de indenizar na hipótese em que a própria pessoa lesada
ou o dono da coisa forem culpados do perigo. Caso contrário, o art. 929, do CC/2002, prevê que terão
direito à indenização do prejuízo que sofreram (o fundamento para essa opção legislativa é a equidade,
aplicando-se a chamada teoria do sacrifício, segundo a qual, diante da colisão entre os direitos da
vítima e do autor do dano, estando os dois na faixa de licitude, o ordenamento opta por proteger o
mais inocente dos interesses em conflito, sacrificando o outro). Mitigando a aplicação das excludentes
de ilicitude, frise-se que há precedentes do STJ concluindo que a adoção da restitutio in integrum no
âmbito da responsabilidade civil deve conduzir à inafastabilidade do direito da vítima à reparação ou
compensação do prejuízo, ainda que o agente se encontre amparado por excludentes de ilicitude. Nesses
casos, contudo, a Corte entende que deverá haver uma redução equitativa da indenização, nos moldes
do parágrafo único do art. 944, do CC/02 (“se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa
e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”).
Alternativa (E): incorreta. Outra excludente de ilicitude, segundo o art. 188, inciso I, do CC/02, são os atos
praticados em legítima defesa. A legítima defesa é definida, pelo art. 25 do Código Penal, como a atuação
do agente que, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
a direito seu ou de outrem. Conforme jurisprudência dos tribunais superiores, essa excludente não
abrange a legítima defesa putativa, que se configura quando a pessoa apenas imagina estar defendendo
um direito seu, sendo que, no plano fático, o perigo por ela pressentido não existe. Entretanto, entende-
se que o art. 930, do CC/02, que prevê a possibilidade do ajuizamento de ação regressiva em face do
culpado pelo estado gerador do perigo, inicialmente aplicável apenas ao estado de necessidade e à
remoção do perigo iminente, poderá também ser aplicado quando houver legítima defesa putativa ou
excesso nos meios utilizados na defesa.
7ª RODADA - 28/07/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Combinou-se, nessa assertiva, o disposto nos seguintes artigos do Código
Civil de 2002:
“Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio
inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa
7ª RODADA - 28/07/2016
e seus acrescidos.
[...] Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-
se por título gratuito ou oneroso”.
Portanto, o único erro da assertiva é que, via de regra, o usufruto estende-se aos acessórios da
coisa e seus acrescidos.
Alternativa (B): incorreta. De início, quanto à duração, Flávio Tartuce (in Manual de Direito Civil, v. único,
2015, Ed. Método) aponta que o usufruto pode ser:
→ Usufruto vitalício – caso seja estipulado a favor de pessoa natural, sem previsão
de prazo ou termo final, o usufruto é considerado vitalício e se extingue com a morte do
usufrutuário (art. 1.411 do CC). Deve-se atentar ao fato de que a morte do nu-proprietário
não é causa de extinção do usufruto, transmitindo-se tal qualidade aos seus herdeiros”.
Confiram, por oportuno, o que dispõe o Art. 1.411, do CC/2002: “Constituído o usufruto em favor de duas
ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação
expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”.
Sobre esse artigo, Flávio Tartuce (in op. já citada) expõe que:
Desse modo, não há efeito automático legal (“ope legis”) em caso de usufruto concedido a
determinado casal, por conta do matrimônio, notadamente pelo fato do direito de acrescer demandar
solução convencional expressa nesse sentido, além de que, no caso do usufruto vitalício, tal direito é
previsto genericamente para os sucessores do de cujus.
“[...] O cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel em que residia o casal,
desde que seja o único dessa natureza e que integre o patrimônio comum ou particular do
7ª RODADA - 28/07/2016
cônjuge falecido no momento da abertura da sucessão” (STJ. 3ª Turma. REsp 1273222/SP, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2013).
No tocante à assertiva exposta, primeiramente, é preciso frisar que o direito real de habitação é
renunciável por meio de escritura pública ou inventário, conforme entendimento firmado no
Enunciado n. 271 do CJF: “O cônjuge pode renunciar ao direito real de habitação nos autos do inventário
ou por escritura pública, sem prejuízo de sua participação na herança”.
Ademais, tal direito é assegurado em qualquer tipo de regime de bens do casamento, conforme deixa
claro o art. 1.831, do CC/2002:
“Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo
da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar”.
Sobre os frutos, a habitação consiste em uso para moradia, limitando-se, portanto, a conferir o direito
de habitar, gratuitamente, imóvel residencial alheio, sem conceder o direito à percepção daqueles. Nesse
sentido é a jurisprudência do STJ:
“A habitação consiste em uso para moradia, não abrange dar percepção dos frutos, pois somente
confere direito de habitar, gratuitamente, imóvel residencial alheio”.
Por fim, o STJ possui precedentes afirmando que “o direito real de habitação em favor do cônjuge
sobrevivente se dá ex vi legis, ou seja, por força de lei, dispensando registro no registro imobiliário, já que
guarda estreita relação com o direito de família”. Nesse sentido confiram o REsp 565.820/PR, julgado em
16/09/2004.
Alternativa (E): incorreta. A assertiva procurou confundir o candidato, em relação aos conceitos de
servidão e passagem forçada.
A servidão é facultativa, não sendo obrigatório o pagamento de uma indenização. A passagem forçada
é compulsória, assim como é o pagamento da indenização.
A servidão é direito real de gozo ou fruição. A passagem forçada é instituto de direito de vizinhança,
7ª RODADA - 28/07/2016
presente somente na situação em que o imóvel encravado não tem saída para a via pública (art.
1.285 do CC).
Pode-se dizer que a passagem forçada constitui uma servidão legal e obrigatória; ao contrário da servidão
propriamente dita, que é convencional. Concluindo desse modo, da jurisprudência superior, em acórdão
que envolve ainda o abuso de direito:
Por outro lado, a parte final da assertiva está correta, eis que em plena conformidade com o
disposto no art. 1.387, do CC/2002: “Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada,
só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada”.
7. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores, bem como de acordo com
o que prescreve o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta sobre os atos
jurídicos em geral e os contratos de empréstimo e comodato, além de temas correlatos:
a) O termo não essencial é aquele que não admite o cumprimento do objeto do negócio
jurídico após o seu vencimento e, sendo inicial, suspende a aquisição do direito, de sorte
que, no caso de antecipação do pagamento, implicará enriquecimento sem causa do credor,
como ocorreria se se tratasse de negócio sob condição suspensiva;
c) Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige elemento subjetivo
como requisito para o ato de destinação.
7ª RODADA - 28/07/2016
COMENTÁRIO
O tema abordado tem boa recorrência em provas objetivas, já que a parte geral do Código Civil de 2002
é, em razão de sua abrangência, campo farto para questionamentos tanto da literalidade do Código
como de natureza jurisprudencial e doutrinária.
Alternativa (A): incorreta. Termo é a cláusula que subordina os efeitos do ato negocial a um acontecimento
futuro e certo. Decorre de acordo das partes ou da lei. Está situada no plano da eficácia do negócio
jurídico.
O termo inicial não suspende a aquisição do direito, conforme dispõe o art. 131 do CC/2002, pois
este é imediatamente adquirido ou incorporado ao patrimônio jurídico do seu titular, contudo, só se torna
exercitável com a superveniência do termo. Assim, o exercício do direito fica suspenso até o instante em
que o acontecimento futuro e certo, previsto, venha a ocorrer. A existência do direito real ou obrigacional
não fica em suspenso in media tempore, pois desde logo o titular a termo o adquire.
Por conta disso, diferentemente do que ocorre em caso de negócio firmado sob condição suspensiva,
cujo direito se adquire apenas quando verificada a condição a que subordinada a sua eficácia (art. 125
do CC/2002), no caso de negócio concretizado sob termo inicial, neste o direito já é adquirido, restando
apenas postergado o início de sua fruição e/ou exercício.
Sobre o termo, Carlos Roberto Gonçalves (Direito Civil Brasileiro - volume I; 4ª ed., 2014), aponta que:
“[...] pode ser ainda essencial e não-essencial. Diz-se que é essencial quando o efeito
pretendido deva ocorrer em momento bem preciso, sob pena de, verificado depois, não
ter mais valor. Exemplo: em um contrato que determine a entrega de um vestido para uma
cerimônia, se o vestido for entregue depois, não tem mais a utilidade visada pelo credor”.
A contrario sensu do conceito exposto pelo citado doutrinador, o termo não essencial é aquele cujo
efeito pretendido não precisa ocorrer em momento preciso, pois continuará tendo valor se
verificado depois.
Alternativa (B): incorreta. O erro da assertiva é que a morte é um evento futuro e certo (e
não incerto), sendo, portanto, termo (e não condição). Conforme explica Flávio Tartuce
7ª RODADA - 28/07/2016
(in op. já citada): “O termo pode ser ainda certo ou incerto (ou determinado e indeterminado),
conforme conceitos a seguir transcritos: Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento
ocorrerá e quando ocorrerá. Exemplo: o fim de um contrato de locação celebrado por tempo
determinado; e Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se
sabe quando. Exemplo: a morte de uma determinada pessoa”.
Ademais, segundo o Professor Pablo Stolze (in Novo Curso de Direito Civil, v. 1, 2014, Ed. Método),:
Entretanto, não se pode pensar o instituto das pertenças com os olhos voltados ao
instituto dos imóveis por destinação, na forma como foi regrado no inc. III do art. 43 do
Código Civil ab-rogado, em que era exigido do proprietário de coisa móvel o elemento
intencional para que fosse concretizado o referido suporte fático. O legislador pátrio não
impôs, ao tratar da pertença nos arts. 93 e art. 94 do Código Civil, o elemento volitivo como
requisito para configurar a destinação de certa coisa para atender a função econômico-social de
coisa principal ou ser a destinação efetuada pelo proprietário. Pela concreção dos elementos do
suporte fático do art. 93 do Código Civil, a relação de pertinência é tutelada de modo objetivo.
Dessarte, sendo irrelevante a vontade de quem pratica o ato da destinação, importando tão
somente o fato de submeter determinada coisa, de modo duradouro, ao fim econômico-social
de outra, a destinação tem de ser classificada como ato-fato jurídico. Bastará à realização dessa
destinação ter o destinador o poder fático de dispor da coisa principal e da coisa a ser pertença.
Não é preciso que seja dono da coisa principal ou da coisa a ser pertença nem que as possua”.
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (D): incorreta. A alternativa contraria a jurisprudência do STJ sobre o tema, que reputa ser:
“[...] lícita (e, portanto, válida) cláusula em contrato de mútuo bancário que preveja
expressamente que a fiança prestada prorroga-se automaticamente com a prorrogação
do contrato principal” (STJ, REsp 1.253.411-CE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2ª Seção, julgado
em 24/6/2015, divulgado no Informativo n. 565).
OBS: Em regra, a fiança não se estende além do período de tempo previsto no contrato. Justamente
por isso, para que a fiança seja prorrogada, é preciso a concordância expressa do fiador. Sobre o tema, o
STJ editou, inclusive, a Súmula n. 214:
“O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não
anuiu”.
No entanto, resta evidente, a partir do julgado acima mencionado, que o STJ decidiu pela validade da
cláusula contratual que preveja, em caso de prorrogação do contrato principal, a extensão da fiança,
prorrogando-a. Assim, diante da expressa e clara previsão contratual da manutenção da fiança, em
caso de prorrogação do contrato principal, o pacto acessório também é prorrogado automaticamente,
seguindo a sorte do principal.
OBS2: Apesar disso, é assegurado ao fiador o direito de, no período de prorrogação contratual,
notificar o credor afirmando que não mais deseja ser fiador, utilizando-se da chamada “notificação
resilitória”, prevista no art. 835 do CC:
“O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre
que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a
notificação do credor”.
Alternativa (E): incorreta. São dois os erros desse enunciado. Primeiramente, insta dizer que o contrato
de comodato, além de ser unilateral e gratuito (benéficos), é negócio comutativo, informal e real. Segundo
Flávio Tartuce (op. já citada), essa “[...] última característica decorre do fato de que esses contratos têm
aperfeiçoamento com a entrega da coisa emprestada (tradição ou traditio). Isso desloca a tradição do plano
da eficácia – terceiro degrau da Escada Ponteana – para o plano da validade – segundo degrau”.
Também segundo o mesmo autor, a distinção básica é que, no plano da eficácia, na chamada escada
ponteana, estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres das
partes envolvidas. De outra forma, pode-se dizer que nesse último plano, ou último degrau da escada,
estão os efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros, ou seja, as suas
consequências jurídicas e práticas. O Autor relaciona como elementos de eficácia os seguintes: Condição
(evento futuro e incerto); Termo (evento futuro e certo); Encargo ou Modo (ônus introduzido em ato de
liberalidade); Regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução), Juros, cláusula penal
(multa) e perdas e danos; Direito à extinção do negócio jurídico (resilição); Regime de bens do negócio
jurídico casamento; e Registro Imobiliário.
7ª RODADA - 28/07/2016
Por sua vez, no plano da validade, segundo a mesma tese, os fatores que o compõem constituem
elementos essenciais do negócio jurídico. São eles: Partes ou agentes capazes; Vontade livre, sem vícios;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e Forma prescrita ou não defesa em lei. Ausentes
quaisquer desses elementos, será caso de invalidade do negócio e não de simples inexistência ou ineficácia.
Ademais, no tocante à a parte final do enunciado, cobrou-se o conhecimento dos arts. 582 e 584 do
CC/2002, importando destacar que está errada a afirmação de que a cobrança de tributos que incidem
sobre o imóvel descaracteriza o comodato e, além disso, o comodatário, de fato, jamais poderá recobrar
do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada, nelas inclusas os tributos.
Confiram a redação dos mencionados dispositivos legais:
“Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada,
não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder
por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará,
até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. [...] Art. 584. O comodatário
não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa
emprestada”.
c) A prisão preventiva, enquanto medida de natureza cautelar, não pode ser utilizada
7ª RODADA - 28/07/2016
d) A autoridade policial não poderá lavrar o auto de prisão em flagrante se não houver
testemunhas da infração praticada.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. A jurisprudência entende que, nos casos de simples fuga, a decretação
da prisão preventiva tem por objetivo a garantia da aplicação da lei penal. Confiram os seguintes
julgados:
Por outro lado, em caso de prova da reincidência, além da fuga do réu, a prisão preventiva se dará
não só para garantia de aplicação da lei penal como também para preservação da ordem pública.
Nesse sentido:
Alternativa (B): correta. De acordo com o Art. 8º, da Lei n. 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas):
7ª RODADA - 28/07/2016
Por fim, de fato, o art. 9º da mencionada lei exige que, nos casos de ação controlada que envolva
transposição de fronteiras, esta somente deve se dar com cooperação das autoridades dos países
que figurem como provável itinerário ou destino dos investigados. Confiram a redação desse artigo:
“[...] II - Lado outro, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já que, por meio desta
medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do pronunciamento condenatório definitivo,
consubstanciado na sentença transitada em julgado. É por isso que tal medida constritiva só
se justifica caso demonstrad sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a
instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo
Penal. A prisão preventiva, portanto, enquanto medida de natureza cautelar, não pode
ser utilizada como instrumento de punição antecipada do indiciado ou do réu, nem
permite complementação de sua fundamentação pelas instâncias superiores (HC n.
93.498/MS, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 18/10/2012). III - Na hipótese,
a segregação cautelar foi mantida em virtude de dados extraídos dos autos, notadamente a
multirreincidência e a presença de habitualidade na conduta do recorrente, circunstâncias aptas
a justificar a manutenção da prisão preventiva em virtude do fundado receio de reiteração
delitiva” (RHC 66.775/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 03/05/2016,
DJe 11/05/2016)
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (D): incorreta. O Auto de prisão em flagrante poderá ser lavrado, mesmo quando
inexistentes testemunhas da ação delituosa, no entanto, tal documento deverá ser assinado por
testemunhas que tenham acompanhado a apresentação do preso à autoridade. É o que determina
o art. 304, § 2º, do CPP:
“[...] A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse
caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade”.
Alternativa (E): incorreta. A primeira parte da assertiva está incorreta, já que, conforme entende o STF, a
qualificação do tráfico de drogas como um delito de origem para vários outros fundamenta a gravidade
em abstrato do delito. Confira-se:
“[...] ao utilizar expressões como “o delito de tráfico de drogas […] se qualifica como um delito
de origem para vários outros, especialmente que envolvem violência ou grave ameaça à
pessoa, com grave perturbação da paz social” o Juízo a quo tomou como fundamento
da segregação cautelar a gravidade em abstrato do delito” (STF, HC 114932, Relator (a):
Min. MARCO AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
02/12/2014). Entretanto, a doutrina e jurisprudência pátrias consideram que a gravidade, para
fins de prisão cautelar, deve ser demonstrada de forma concreta.
“Essa orientação jurisprudencial, por sua vez, apoia-se na circunstância, tantas vezes ressaltada
por esta Suprema Corte, de que a “necessidade de se interromper ou diminuir a atuação
de integrantes de organização criminosa enquadra-se no conceito de garantia da
ordem pública, constituindo fundamentação cautelar idônea e suficiente para a prisão
preventiva” (STF, HC 95.024/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA).
9. Em relação à legítima defesa, exercício regular de direito e temas correlatos sobre antijuricidade
no direito penal, assinale a alternativa incorreta:
b) A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode
ser justificada pela legítima defesa, mas pode ser justificada pelo estado de necessidade.
c) Dois náufragos disputam uma tábua, que só servirá a um homem. É preciso que um
7ª RODADA - 28/07/2016
d) É incabível a legítima defesa contra legítima defesa real, estado de necessidade real,
exercício regular de direito ou estrito cumprimento de dever legal.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Segundo o Código Penal, em seu Art. 23, “Não há crime quando o agente
pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; e III - em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito”.
Segundo o Professor Rógerio Sanches (in Manual de Direito Penal, Parte Geral, 2015, Ed. Juspodvim), a
legítima defesa pode ser real (quando o ataque efetivamente existe) e putativa, quando o sujeito atua em
face de agressão imaginária.
O mencionado Autor afirma que a legítima defesa putativa não é causa excludente de antijuricidade,
uma vez que, pela teoria limitada da culpabilidade, a descriminante putativa sobre pressupostos
da situação fática tem a mesma natureza do erro de tipo (art. 20 do CP). Se inevitável, além do dolo,
exclui a culpa (isentando o agente de pena); se evitável, exclui o dolo, mas não isenta o agente de pena,
subsistindo o crime culposo quando previsto em lei (culpa imprópria).
Seguindo a mesma linha, Cesar Roberto Bitencourt, ao destrinchar o caso concreto da legítima defesa
putativa, quando o erro for inevitável, não podendo exigir-se do indivíduo conduta diversa, restará
excluída a culpa do autor e, quando evitável, o injusto ficto atua como causa de diminuição da pena.
Alternativa (B): correta. No caso de ataque epilético não há injusto (ilicitude) e é, por isso, hipótese de
estado de necessidade, atentando-se para a exigência de que o perigo seja inevitável.
Agressão, segundo Nucci (in Manual de Direito Penal: Parte Geral: Parte Especial. 1ª Ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005. p. 223), significa “a conduta humana que põe perigo ou lesa um interesse juridicamente
protegido”. Tal conceito inclui a omissão de ação, porque não há a exigência conceitual de fazer um ativo,
assim como, a imprudência, uma vez que não está restrito à violência. Entretanto, exclui as chamadas
7ª RODADA - 28/07/2016
não ações: lesões e bens jurídicos relacionada a ataques epiléticos ou estados de inconsciência,
uma vez que movimentos corporais meramente casuais não constituem ações humanas.
“É indispensável que haja, inicialmente, por parte do agente, reação contra aquele que está
praticando uma agressão. Esta é constituída de qualquer comportamento humano que lesa ou
põe em perigo um direito e, embora, em geral, implique violência, não se limita a esta, visto que
pode consistir em um ataque sub-reptício, dissimulado, em fraude e até em omissão”.
Alternativa (C): correta. Trata-se de exemplo clássico do chamado “Estado de necessidade recíproco”.
Segundo Cléber Masson (op. já citada), “É perfeitamente admissível que duas ou mais pessoas estejam,
simultaneamente, em estado de necessidade, umas contra as outras. É o que se convencionou chamar de
estado de necessidade recíproco, hipótese em que deve ser afastada a ilicitude do fato, sem a interferência
do Estado que, ausente, permanece neutro nesse conflito. A literatura é farta ao indicar acontecimentos
em que, fática ou hipoteticamente, se concretizou essa espécie de estado de necessidade, destacando-se a
famosa obra “O caso dos exploradores de cavernas”. De acordo com o mesmo autor, o exemplo citado no
enunciado (“tábua de salvação”) foi extraído da doutrina de Basileu Garcia.
Alternativa (D): correta. Novamente lançando mão da doutrina de Cléber Masson (op. já citada), o
referido Autor afirma que:
“Não cabe legítima defesa real recíproca, pois se a agressão de um dos envolvidos é injusta,
automaticamente a reação do outro será justa, pois constituirá uma simples atitude de defesa.
Consequentemente, apenas este último estará protegido pela causa de exclusão da ilicitude. (...)
Por idênticos motivos aos ligados à não aceitação da legítima defesa real recíproca, é inadmissível
a relação da legítima defesa real com o estado de necessidade real, com o exercício regular de
direito real, e, finalmente, com o estrito cumprimento de dever legal real. O fundamento, vale
ressaltar, é simples: se a outra excludente é real, não haverá a agressão injusta da qual depende
a legítima defesa real.”
Alternativa (E): correta. As duas afirmações estão corretas. A parte inicial da assertiva é explicada
adequadamente por Masson (op. já citada):
7ª RODADA - 28/07/2016
de maneira diversa da adotada. Tem como principal finalidade afastar a censurabilidade do agente (no
caso de inexigibilidade).
Por sua vez, a exigibilidade de conduta diversa pode ser afastada pela “coação moral irresistível”
ou “obediência hierárquica”, que podem configurar injusta agressão ao indivíduo, a amparar,
nesse contexto, eventual conduta em sede de legítima defesa.
10. Considerando a doutrina, jurisprudência dos Tribunais Superiores e de acordo com a legislação
penal, assinale a alternativa correta sobre concursos de crimes e de pessoas:
b) Em relação à participação no concurso de pessoas, esta pode ser material e/ou moral, além
de que a legislação penal brasileira adota a teoria da acessoriedade mínima, significando
que somente poderá haver a participação quando o autor praticar um fato típico e ilícito.
d) O Código Penal estabelece expressamente que as penas dos autores e partícipes devem
ser diferenciadas, punindo sempre de forma diminuída estes últimos e, além disso, a partir
de interpretação restritiva de dispositivo normativo expresso, há previsão de que o coautor
ou partícipe, independentemente do crime para o qual quis concorrer, será punido segundo
a pena do crime efetivamente praticado, pois assumiu o risco do resultado.
e) A prática do crime de roubo mediante uma só ação, mas contra vítimas distintas, enseja
o reconhecimento do concurso formal, e não de crime único, assim como, nessa espécie
de crime, quando praticado em pluralidade de agentes e apenas um deles usar arma de
fogo, porém, se os demais tiverem ciência desse fato, todos responderão, em regra, pelo
resultado morte, caso este ocorra, pois este se acha dentro do desdobramento normal da
conduta.
COMENTÁRIO
7ª RODADA - 28/07/2016
a.2) conexão intersubjetiva por concurso (ou concursal): ocorre quando duas ou mais
infrações tiverem sido cometidas por várias pessoas em concurso, ainda que em tempo
e local diversos (CPP, art. 76, I, 2ª parte). Nessa hipótese de conexão, é indiferente se
as infrações foram praticadas em tempos diferentes. A título exemplificativo, suponha-se a
existência de três indivíduos que tenham praticado quatro crimes de roubo no intervalo de
dois meses. Haverá conexão intersubjetiva por concurso entre os 04 (quatro) crimes de roubo
praticados pelos agentes, devendo todos eles responder pelos crimes em um único processo,
salvo existência de causa impeditiva (v.g., um dos roubos ser crime militar);
a.3) conexão intersubjetiva por reciprocidade: ocorre quando duas ou mais infrações
tiverem sido cometidas por diversas pessoas umas contra as outras (CPP, art. 76, I,
parte final). Por exemplo, dois grupos rivais combinam entre si uma briga em determinado
ponto da cidade, hipótese em que os diversos crimes de lesões corporais estarão vinculados em
razão da conexão intersubjetiva por reciprocidade. Como a conexão intersubjetiva demanda a
presença de duas ou mais infrações vinculadas, não se pode citar o delito de rixa como um de
seus exemplos, pois aí haverá crime único.
7ª RODADA - 28/07/2016
a presença de várias pessoas. Mesmo caso significaria a existência de várias pessoas, tal qual o
exige o inciso I do art. 76 do CPP. Preferimos fazer uma interpretação extensiva desse dispositivo,
no sentido de que no mesmo caso significa ocorrendo duas ou mais infrações penais, e não
necessariamente várias pessoas.
Por conseguinte, a conexão objetiva (lógica ou material) se revela quando o crime é praticado
para facilitar a execução de outro, ocultar-lhe ou garantir a manutenção da sua vantagem. E, por
derradeiro, a conexão instrumental (probatória ou processual), que se concretiza quando a prova
de um crime influencia na existência de outro.
Alternativa (B): incorreta. Segundo Cléber Masson (op. já citada), a participação “É a modalidade de
concurso de pessoas em que o sujeito não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer
modo concorre para o crime. É, portanto, qualquer tipo de colaboração, desde que não relacionada à
prática do verbo contido na descrição da conduta criminosa”. Cita um exemplo: é partícipe de um homicídio
aquele que, ciente do propósito criminoso do autor, e disposto a com ele colaborar, empresta uma arma
de fogo municiada para ser utilizada na execução do delito.
Ainda segundo o mesmo autor, a participação reclama dois requisitos: (1) propósito de colaborar para a
conduta do autor (principal); e (2) colaboração efetiva, por meio de um comportamento acessório que
concorra para a conduta principal, sendo de duas espécies: moral ou material.
Já na participação material, a conduta do sujeito consiste em prestar auxílio ao autor da infração penal.
Auxiliar consiste em facilitar, viabilizar materialmente a execução da infração penal, sem realizar a conduta
descrita pelo núcleo do tipo.
Também segundo Masson, há diversas teorias acerca da acessoriedade, formuladas com base em seus
7ª RODADA - 28/07/2016
graus:
Por fim, o Autor afirma que o Código Penal não adotou expressamente nenhuma dessas teorias, porém,
de acordo com a sua sistemática, devem ser afastadas a acessoriedade mínima e a hiperacessoriedade,
razão pela qual aponta que a doutrina nacional inclina-se pela acessoriedade limitada.
De fato, não se faz necessária a utilização da norma de extensão prevista no art. 29, caput, do
CP, uma vez que a presença de duas ou mais pessoas é garantida pelo próprio tipo penal. Nessas
espécies de crimes não se diz “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, pois é a própria lei penal incriminadora
que, por si só, reclama a pluralidade de pessoas.
É o que se dá, por exemplo, nos crimes de rixa (CP, art. 137) e quadrilha ou bando (CP,
art. 288), nos quais o crime estará perfeitamente caracterizado quando existir entre os
7ª RODADA - 28/07/2016
rixosos ou quadrilheiros pessoas sem culpabilidade, desde que algum dos envolvidos
seja culpável”.
Alternativa (D): incorreta. A parte inicial da assertiva está incorreta, pois o Código Penal não distingue
expressamente a autoria da participação, cabendo primordialmente à doutrina apontar a dissonância
entre ambos os institutos.
Além disso, o artigo 29, §2º, do CP aponta que “se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ser sido
previsível o resultado mais grave”, o que torna a parte final da assertiva igualmente incorreta, já que o
coautor ou partícipe poderá responder por crime menos grave.
Alternativa (E): correta. A assertiva cobrou o conhecimento da jurisprudência do STJ sobre o concurso
de crimes e de pessoas em caso de roubo. Confiram julgados pertinentes aos temas versados:
‘Como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, o co-autor que participa de roubo armado
responde pelo latrocínio, ainda que o disparo tenha sido efetuado só pelo comparsa - e no
caso, o agente tinha permanecido fora da residência roubada, vigiando o local, para dar aos
comparsas, dentro da casa, a segurança necessária à prática da subtração” (STF, HAC n. 74.949-
6-SP, 2ª T., j. 10-6-97, v.u., rel. Min. Marco Aurélio).
Por fim, apenas a título de observação, é importante acentuar que a configuração do concurso formal no
roubo é matéria que dependerá, bastante, da análise precisa do caso, conforme bem ressalta o seguinte
julgado do STJ:
7ª RODADA - 28/07/2016
“[...] Em roubo praticado no interior de ônibus, o fato de a conduta ter ocasionado violação de
patrimônios distintos - o da empresa de transporte coletivo e o do cobrador - não descaracteriza
a ocorrência de crime único se todos os bens subtraídos estavam na posse do cobrador. É bem
verdade que a jurisprudência do STJ e do STF entende que o roubo perpetrado com
violação de patrimônios de diferentes vítimas, ainda que em um único evento, configura
concurso formal de crimes, e não crime único. Todavia, esse mesmo entendimento não
pode ser aplicado ao caso em que os bens subtraídos, embora pertençam a pessoas
distintas, estavam sob os cuidados de uma única pessoa, a qual sofreu a grave ameaça
ou violência” (STJ, AgRg no REsp 1.396.144, 23/10/2014).
11. Joana Souza é servidora pública da Administração Direta do Estado E, ocupando o respectivo
cargo há 2 anos e 10 meses. Certo dia, enquanto estudava para concursos, Joana se deparou com
determinado artigo da Constituição Federal que assegura revisão geral anual dos servidores
públicos, sempre na mesma data e sem distinção de índices, e se deu conta de que o Estado E
não obedecia ao mandamento constitucional, visto que não concedia reposição remuneratória
a seus servidores há seis anos. Joana, então, reuniu um grupo de mais nove colegas servidores e
procurou os serviços de seu primo Genésio Georges, advogado recém-formado. Dessa forma, os
dez servidores estaduais, representados por Genésio Georges, impetraram mandado de injunção
em face do Governador do Estado E, com o objetivo de suprir a omissão deste quanto à iniciativa
legislativa para conceder a revisão geral anual prevista no art. 37, inciso X, da Constituição Federal,
em benefício exclusivo dos impetrantes. À vista desse cenário fático hipotético, assinale a única
alternativa CORRETA:
c) Se, no decorrer da ação, for editada a norma pretendida, não se poderá extinguir o feito
7ª RODADA - 28/07/2016
sem resolução de mérito, por perda do objeto, visto não se poder elidir o reconhecimento
da mora legislativa pelo impetrado.
d) A fim de ter sua pretensão acolhida, os servidores deveriam ter buscado, junto a um
legitimado autorizado, a interposição de ação declaratória de inconstitucionalidade por
omissão, único mecanismo adequado para o combate da síndrome de inefetividade das
normas constitucionais de eficácia limitada.
COMENTÁRIO
De acordo com o art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, “conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Sucede que, paradoxalmente,
o mandado de injunção não havia sido regulamentado na via legal, sendo-lhe aplicável analogicamente
o rito do mandado de segurança. Mas isso até junho de 2016, quando foi, enfim, publicada a Lei n.
13.300/16, que “disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo e dá
outras providências”, cuja (breve) leitura é obrigatória por parte do(a) candidato(a).
Nesse diapasão, em complemento ao texto constitucional, o art. 2º da referida lei estabelece que:
Art. 2º. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Alternativa (A): correta. De fato, a Lei do Mandado de Injunção (n. 13.300/16) prevê, quanto aos aspectos
objetivo e subjetivo da decisão concessiva da injunção, respectivamente:
Art. 8º. Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
7ª RODADA - 28/07/2016
Art. 9º. A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento
da norma regulamentadora. (g.n.)
§1º. Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da
impetração.
Nesse pórtico, sobreleva rememorar os posicionamentos acerca dos efeitos da decisão concessiva de
injunção: a) posição concretista geral: por meio de normatividade geral, o órgão julgador supre a omissão
de caráter normativo, produzindo a decisão efeitos erga omnes até que sobrevenha norma integrativa
pelo órgão omisso; b) posição concretista individual direta: a decisão, implementando o direito, valerá
somente para o autor do mandado de injunção (aspecto subjetivo), diretamente (aspecto objetivo); c)
posição concretista individual intermediária: julgando procedente o mandado de injunção, o Judiciário
fixa ao órgão omisso prazo para elaborar a norma regulamentadora (aspecto objetivo, do art. 8º da Lei
do MI); findo o prazo e permanecendo a inércia, o autor – e somente ele – passa a ter assegurado o seu
direito (aspecto subjetivo, conforme art. 9º do mesmo diploma); d) posição não concretista: a decisão
apenas decreta a mora do poder omisso, reconhecendo-se formalmente a sua inércia (LENZA, Pedro.
Direito Constitucional Esquematizado. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 1776-1777).
Veja-se que, não obstante, em regra, a decisão alcançar apenas as partes envolvidas, o parágrafo único do
art. 9º da Lei n. 13.300/16 autoriza que, excepcionalmente, seja dado efeito concretista intermediário
geral à decisão. Como bases nos parâmetros acima, essa seria a situação em que, quando expirar o prazo
assinalado pelo órgão judiciário, se não houver o suprimento da mora, a decisão judicial irá garantir o
direito, liberdade ou prerrogativa com eficácia ultra partes ou erga omnes.
Alternativa (B): incorreta. Deve-se ter cuidado para não confundir o mandado de injunção coletivo
ajuizado em litisconsórcio ativo, em que há legitimidade ordinária, com o mandado de injunção
coletivo, em que um legitimado extraordinário representa uma coletividade não presente no feito. No
casso narrado, tem-se adequado mandado de injunção individual com litisconsórcio ativo, o que fica
evidenciado, sobretudo, pelo fato de a injunção ser postulada em benefício exclusivo dos impetrantes.
Alternativa (C): incorreta. Ao contrário do afirmando na alternativa, o parágrafo único do art. 11 da Lei n.
13.300/16 estabelece que “estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes
da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito” – g.n.
Alternativa (D): incorreta. Como se sabe, síndrome de inefetividade das normas constitucionais de
eficácia limitada pode ser combatida por duas vias: pelo mandado de injunção – individual ou coletivo –
ou pela ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão. Esse intento não é reservado apenas ao
segundo instrumento legal. Aí reside o principal equívoco da alternativa. Nesse sentido:
(...) tal como a ADO — ação direta de inconstitucionalidade por omissão (...), o mandado
de injunção surge para “curar” uma “doença” denominada síndrome de inefetividade das
7ª RODADA - 28/07/2016
Ademais, os impetrantes descritos no enunciado da questão têm à sua disposição remédio constitucional
de inegável efetividade. Com efeito, veja-se que eles têm legitimidade para impetrar a ação mandamental,
além de o mandado de injunção, agora, ter efeitos concretos legalmente reconhecidos; a decisão
procedente proferida em ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão se limita a declarar a
mora do legislador ou determinar a órgão administrativo que edite a norma regulamentadora em trinta
dias, na forma do art. 103, §2º, da Constituição Federal.
Alternativa (E): incorreta. O Supremo Tribunal Federal inicialmente adotou a corrente não-concretista.
No entanto, em 2007, ao julgar emblemático caso em que estendeu o direito de greve, regulamentado
apenas para a iniciativa privada, para os servidores públicos em geral, o Pretório Excelso passou a
perfilhar a corrente concretista direta geral (STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
25/10/2007). “Dessa forma, o STF, especialmente diante da regra contida no art. 5.º, §1.º, que preceitua
terem as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais aplicação imediata, vem regulando
provisoriamente o tema, até que o órgão omisso normatize a matéria, concretizando, assim, os direitos
fundamentais” (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p.
1779). A Lei n. 13.300/16 deve colocar fim à discussão (ou acirrá-la).
IV. Em regra, cabe ao juízo a intimação das testemunhas indicadas pelas partes, mas não
se proíbe que o advogado intime aquelas por ele arroladas.
V. A produção antecipada de prova será admitida quando a prova a ser produzida seja
suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito.
7ª RODADA - 28/07/2016
a) I, II e IV.
b) II, IV e V.
c) I e IV.
d) II e V.
e) I, II e V.
COMENTÁRIO
Assertiva (I): correta. Em regra, a prova deve ser produzida dentro do processo em que será utilizada.
Nada obstante, em determinados casos, em prestígio à economia processual, é possível utilizar no
processo prova já produzida em outro, hipótese que denominada “prova emprestada”.
Embora inicialmente houvesse muito rigor quanto à necessidade de que as partes de ambos os processos
– de produção e de recebimento da prova – fossem as mesmas, para que não houvesse afronta ao
contraditório, o Superior Tribunal de Justiça tem admitido a prova emprestada mesmo diante da
diferença das partes no processo de origem e de destino da prova. Bem exemplifica esse entendimento
o precedente oriundo do julgamento do EREsp 617.428/SP, julgado pela Corte Especial, e veiculado no
informativo n. 532, cuja parte da ementa segue:
Assertiva (II): correta. Abandonado o ilógico sistema de reperguntas do Código de Processo Civil de
1973, o Novo Código de Processo Civil estabelece, em seu art. 459, que “as perguntas serão formuladas
pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória
ou importarem repetição de outra já respondida”.
Assim, à semelhança do que ocorre no Processo Penal, o Código de Processo Civil de 2015 adotou
7ª RODADA - 28/07/2016
o sistema da direct-examination (perguntas diretas pela parte que arrolou a testemunha) e da cross-
examination (perguntas diretas pela parte adversa) na oitiva de testemunhas. A esse respeito:
No CPC-73, a inquirição era tarefa do magistrado. Em razão disso, afirmava-se que não
poderiam as partes fazer perguntas diretamente à testemunha: era indispensável a intervenção
do magistrado, embora, na prática, juízes mais liberais acabassem tolerando o questionando
direto, desde que formulado corretamente (...).
Assertiva (III): incorreta. O Código de Processo Civil de 2015, ao estabelecer o regramento das provas
em espécie, previu em seu art. 384 a ata notarial, dedicada a atestar ou documentar a existência e o
modo de existir de algum fato, inclusive dados representados por imagem ou som gravados em arquivos
eletrônicos, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião. Assim, basta que o
interessado leve os dados à presença do tabelião para que este registre, em ata notarial, seu conteúdo.
Esse meio de prova vai ao encontro da necessidade de “comprovação de atos praticados pela internet
e que podem sumir com a mesma velocidade em que aparecem” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 683).
Assertiva (IV): incorreta. Conforme prevê o art. 455, caput, do Código de Processo Civil de 2015,
“cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do
local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo” (g.n.). Assim, em regra, compete
ao advogado a intimação das testemunhas, procedendo o juízo ao ato apenas excepcionalmente, nas
hipóteses descritas no §4º do mesmo dispositivo. Mais detalhadamente:
A forma de intimação da testemunha para a audiência sofreu significativa alteração pelo art.
455 do Novo CPC. Segundo o caput do dispositivo, cabe ao advogado da parte que arrola a
testemunha realizar sua intimação, que será, nos termos do §1º, realizada por meio de carta com
aviso de recebimento, cabendo ao advogado juntar cópia da correspondência de intimação e
do comprovante de recebimento com antecedência mínima de três dias da data da audiência.
Caberá à parte, portanto, calcular a demora razoável dos correios na entrega da carta com
aviso de recebimento para cumprir o prazo legal. (...) Essa nova forma de intimação, de
7ª RODADA - 28/07/2016
responsabilidade da parte, não afasta por completo a intimação por via judicial, que continua
a ocorrer nas hipóteses previstas pelo art. 455, §4º, do Novo CPC: (I) for frustrada a intimação
prevista no §1º deste artigo [por responsabilidade da parte, via AR]; (II) sua necessidade for
devidamente demonstrada pela parte ao juiz; (III) figurar no rol de testemunhas servidor
público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando
do corpo em que servir; (IV) a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou
pela Defensoria Pública; (V) a testemunha por uma daquelas autoridades previstas no art. 454
(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 716).
Convém relembrar, nesse pórtico, a existência de regra similar a respeito da intimação do advogado da
parte adversa por meio de ofício encaminhado via carta registrado pelo outro causídico, na forma do art.
269, §1ª, do Novo Código de Processo Civil.
Assertiva (V): correta. O art. 381 do Código de Processo Civil de 2015 prevê que a produção antecipada
será admitida quando: “I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar
a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos
possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação” (g.n.). Logo, resta evidente que a produção antecipada
é admitida não apenas em casos emergenciais, de perecimento da prova (I), mas também para viabilizar
a autocomposição (II) ou desestimular a litigância (III).
COMENTÁRIO
Prefacialmente, deve-se ter em mente que a teoria da causa madura, em linhas gerais, autoriza o órgão
ad quem a julgar diretamente o mérito da ação quando o processo se mostrar suficientemente instruído
7ª RODADA - 28/07/2016
e dês que já integrada ao processo a parte ré, por meio da citação. O Código de Processo Civil de 2015,
ao tratar do recurso de apelação, aborda a questão da seguinte forma:
Art. 1.013. (...) § 3º. Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal
deve decidir desde logo o mérito quando:
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou
da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
Alternativa (A): incorreta. A teoria da causa madura, amplamente encampada por doutrina, jurisprudência
e legislação, não afronta o princípio da ampla defesa e do contraditório, nem mesmo impede a parte de
obter o pré-questionamento, não configurando, pois, supressão de instância. Bem exemplifica essa ideia
o julgamento do REsp 874507/SC pelo Superior Tribunal de Justiça, veiculado no informativo n. 477 da
corte:
(...) Com efeito, o Tribunal, caso tenha sido propiciado o contraditório e a ampla defesa,
com regular e completa instrução do processo, deve julgar o mérito da causa, mesmo que
para tanto seja necessária apreciação do acervo probatório. O julgamento, pelo Tribunal de
origem, do mérito da “causa madura” não inviabiliza o prequestionamento, pois, além de
ser situação prevista em lei, a parte pode opor embargos de declaração para prequestionar
matéria relacionada ao julgamento do apelo (error in judicando e/ou error in procedendo),
sem que isso, por óbvio, caracterize pós-questionamento, pois o mérito da demanda não fora
apreciado na primeira instância (...).
Também esse propósito, convém conferir o seguinte escólio, sem qualquer embargo de ter sido produzido
à luz do código anterior:
O art. 515, § 3º [substituído pelo art. 1.013, §3º, I, do NCPC] confere, na verdade, competência
originária ao tribunal de apelação, no caso que especifica. Isto quer significar que o tribunal
pode julgar, pela primeira vez, matéria não apreciada pelo juízo a quo, de onde proveio o
recurso de apelação. Pela via do recurso o tribunal pode conhecer originariamente do mérito.
A solução da lei é heterodoxa, mas visa à economia processual. Não há inconstitucionalidade
por ofensa ao duplo grau de jurisdição porque a lei processual pode conferir competência
originária a tribunal (NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6ª ed. São Paulo: RT,
7ª RODADA - 28/07/2016
2004, p. 434)
Alternativa (B): incorreta. Conquanto a teoria da causa madura amplie o thema decidendum da instância
recursal, a doutrina é pacífica ao indicar que não se trata de consectário do efeito devolutivo da apelação,
seja em profundidade, seja em extensão (DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito
Processual Civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 195).
De todo modo, “parece não haver qualquer dúvida de que, partindo-se de uma sentença terminativa e
chegando-se num acórdão de improcedência do pedido, com capacidade de fazer coisa julgada matéria
em desfavor do autor, é natural que o recorrente terá piorado sua situação em razão do julgamento
de seu próprio recurso. É natural que tenha ocorrido a reformatio in pejus, mas nenhuma ilegalidade
ocorrerá nessa hipótese, considerando-se que a natureza de ordem pública da norma permite ao tribunal
não só sua aplicação de ofício, como também a piora da situação do recorrente” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1552).
O mesmo entendimento perfilha o Superior Tribunal de Justiça que, ao julgar o REsp 836932/RO, noticiado
no informativo n. 375, entendeu que é admissível a reformatio in pejus do apelante.
Alternativa (C): correta. Na forma do já transcrito §4º do art. 1.013 do Código de Processo Civil de
2015, a teoria da causa madura possibilita que o órgão ad quem, ao reformar sentença que reconheça a
decadência ou a prescrição, julgue diretamente a questão de fundo. Assim, se o tribunal entender que
a decretação de prescrição e decadência foi indevida, se for possível, proferirá julgamento de mérito,
examinando as demais questões, sem que determine o retorno dos autos para o juiz a quo.
Alternativa (D): incorreta. É evidente que a teoria em questão tem campo de incidência fértil e
inquestionável nos recursos ordinários, em que é possível ao órgão ad quem revolver toda a matéria
fática discutida. Nessa linha, conforme previsão expressa do art. 1.027, §2º, do Código de Processo Civil
de 2015, o julgamento direto do mérito pelo tribunal se aplica também ao recurso ordinário para o
Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça (trata-se do anteriormente chamado
Recurso Ordinário Constitucional – ROC). E não é só. “Há quem defenda, ainda, com razão, a aplicação
do dispositivo ao recurso inominado nos Juizados Especiais. Gervário Lopes Jr. vai além: entende que a
aplicação do instituto é possível em todos os recursos, salvo os embargos de declaração” (DIDIER JR.,
Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação às decisões
judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 196).
Alternativa (E): incorreta. Conforme decorre do mencionado art. 1.013, §1º, I, do Novo Código de
Processo Civil, “na doutrina, costuma-se dizer que o CPC encampou a ‘teoria da causa madura’, no ponto”
(DIDIER JR., Fredie. CUNHA, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação
às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 194).
7ª RODADA - 28/07/2016
14. O Município M, situado no interior de Estado do Centro-Oeste, é uma cidade pacata, com cerca
de 20.000 habitantes, e faz fronteira com o Paraguai. Sua economia é movida pelo agronegócio
– em especial o plantio de soja – e pelo tráfico de drogas – notadamente a internalização de
maconha. Ocorre que, por razões climáticas, a atividade agrária apresentou expressiva queda na
região, acarretando a diminuição na circulação de valores na municipalidade e, por consequência,
a queda na arrecadação pelo ente federado. Ademais, após a deflagração de operação policial,
os maiores traficantes da região foram condenados e presos, de modo que a fonte de riqueza
ilícita também foi arrefecida. Nesse cenário, recrudescido pela falta de repasse de verbas da
União aos municípios, em decorrência da crise econômica que assola o país, o Município M
deixou de repassar por três meses seguidos os duodécimos devidos à sua Câmara Municipal. A
Câmara de Vereadores, por seu turno, ajuizou ação de cobrança em face do Município M. Ao final
da ação, que tramitou regularmente, o Município M foi condenado ao pagamento integral dos
duodécimos não repassados. Você, na condição de Procurador(a) do Município M foi intimado(a)
para, no prazo de 30 (trinta) dias, impugnar o respectivo cumprimento de sentença. Considerando
essa situação fictícia, assinale a única alternativa CORRETA:
a) A Câmara de Vereadores não possui legitimidade para agir em juízo, de forma que o
Município deve arguir a ilegitimidade da parte para o cumprimento de sentença.
c) Embora a Câmara Municipal não possua legitimidade para agir em juízo, essa questão
não pode ser arguida em cumprimento de sentença, porquanto preclusa.
COMENTÁRIO
Deve-se ter em mente que o cumprimento de sentença, atendendo aos anseios de um processo sincrético,
é mera fase deste. Nessa linha, promovido o cumprimento em face da Fazenda Pública, ela será intimada
7ª RODADA - 28/07/2016
(e não citada) para se defender por meio de impugnação, com natureza de defesa; e não por via de
embargos, cabíveis apenas na execução fundada em título extrajudicial.
Demais disso, a Fazenda Pública, no cumprimento da sentença, somente pode alegar as matérias
relacionadas no art. 535 do Novo Código de Processo Civil. Assim, “a Fazenda, em sua impugnação, apenas
pode tratar de vícios, defeitos ou questões da própria execução e, ainda, suscitar causas impeditivas,
modificativas ou extintivas da obrigação, desde que supervenientes à sentença. É taxativo o elenco de
matérias previstas no art. 535 do CPC, não podendo o executado alegar, em sua impugnação, qualquer
outro tema (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 390 – g.n.). Eis o rol em questão:
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga,
remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir:
II - ilegitimidade de parte;
Alternativas (A) e (C): incorretas. De fato, como se percebe do art. 535, II, do Código de Processo Civil
de 2015, a ilegitimidade da parte para o cumprimento de sentença é questão passível de alegação em
impugnação ao cumprimento de sentença.
Ocorre, não obstante, que a recente súmula n. 525 do Superior Tribunal de Justiça, acertadamente,
estabelece que:
Dessa forma, embora a Câmara Municipal seja um órgão administrativo e, nessa condição, não possua
personalidade jurídica, emprestando-a do município, é possível que postule em juízo na defesa de seus
interesses. Nisso reside o equívoco da alternativa (A).
Além disso, no que toca à alternativa (C), é unívoco ser possível a alegação de ilegitimidade de parte em
sede de impugnação, como acima exposto.
7ª RODADA - 28/07/2016
Sem embargo, deve-se reforçar que ilegitimidade passível de arguição nesse contexto é para o
cumprimento da sentença; se a questão se relacionasse à fase de conhecimento, não poderia ser alegada
nessa oportunidade, porquanto, aí sim, estaria preclusa por força do princípio do deduzido e do dedutível
(art. 508 do NCPC). Nesse sentido:
A Fazenda Pública pode, em sua impugnação, alegar a ilegitimidade das partes na fase
de cumprimento de sentença. Não lhe é permitido alegar a ilegitimidade para a demanda
cognitiva. Essa última ilegitimidade há de ser alegada na fase de conhecimento. Operado o
trânsito em julgado, tal alegação, que não tiver sido deduzida na fase de conhecimento, é tida
como alegada e repelida (CPC, art. 508), não podendo ser suscitada na impugnação (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p.
342).
Alternativa (B): incorreta. Nos termos do §12 do art. 525 e do §5º do art. 535, ambos do Novo Código de
Processo Civil, considera-se inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei
ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação
ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com
a Constituição Federal. “Trata-se da chamada ‘coisa julgada inconstitucional’” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1277). O ponto de maior destaque da previsão
legal é que “também as decisões proferidas pelo STF no controle difuso da constitucionalidade podem
ensejar a inexigibilidade da obrigação (...)” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil:
inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 405 – g.n.). É o mais próximo que
o código chegou em relação à objetivação do recurso extraordinário, em outra oportunidade abordado.
A regra, entretanto, “não se aplica quando a decisão do STF tenha sido proferida posteriormente à
formação do título judicial. Proferida a decisão do STF após o trânsito em julgado, e não tendo havido
modulação de efeitos pela Corte Suprema, a hipótese será de ação rescisória ajuizada perante o tribunal
competente, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal” (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 345). Nesse aspecto repousa o erro da alternativa, na qual a inconstitucionalidade do título seria
posterior à sua formação, de modo a não se configurar a inexigibilidade da obrigação.
§5º. Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível
a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível
com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§6º. No caso do §5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados
7ª RODADA - 28/07/2016
§7º. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no §5º deve ter sido proferida antes do
trânsito em julgado da decisão exequenda.
§8º. Se a decisão referida no §5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal (...) – g.n.
Alternativa (D): incorreta. Conforme previsão expressa do art. 535, IV, do Código de Processo Civil a
transação, contanto que posterior ao trânsito em julgado, é matéria passível de alegação em sede de
cumprimento de sentença.
Ainda a esse respeito, é interessante notar que: “a Fazenda Pública não detém, em princípio, interesse
processual em ajuizar uma exceção de pré-executividade, pois dispõe de mecanismo mais útil e menos
prejudicial para apresentar sua defesa. É que não há necessidade de penhora nem de garantia o juízo para
que a Fazenda Pública oponha seus embargos. Demais disso, tanto a impugnação ao cumprimento da
sentença como os embargos à execução opostos pela Fazenda Pública suspendem o curso da execução.
(...) Há, no entanto, uma possibilidade de a Fazenda Pública apresentar a exceção de pré-executividade:
quando perdido o prazo para impugnação ou para embargos, houver uma questão cognoscível de ofício
não sujeita à preclusão que cause a nulidade da execução ou que enseje sua extinção. Nessa hipótese,
poderá a Fazenda Pública ajuizar a exceção pré-executividade, defendendo-se por meio de uma mera
petição (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 398).
Alternativa (E): correta. Ao caso se aplica, à perfeição, o quanto disposto no art. 535, parágrafos 5º e 7º,
do Código de Processo Civil de 2015, acima transcrito. Logo, na espécie, estar-se-ia diante de obrigação
inexigível porquanto fundada em coisa julgada hipoteticamente inconstitucional.
15. A contestação é, por excelência, o ato de defesa do réu, por meio do qual se insurge contra
a pretensão do autor. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito desse instituto, considerando
7ª RODADA - 28/07/2016
as disposições do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15 com as alterações da Lei n.
13.256/16):
a) Por força do princípio da eventualidade, previsto na nova legislação, o réu está obrigado
a alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, ainda que contraditória, sob pena de
preclusão.
c) O réu oferecerá a contestação, por petição, no prazo de quinze dias úteis, contados da
juntada aos autos do mandado de citação, quando realizada por oficial de justiça.
e) Podem contestar por negativa geral o defensor público, o advogado dativo e o curador
especial.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. O princípio da eventualidade ou da concentração da defesa significa que cabe
ao réu formular toda sua defesa na contestação. “Toda defesa deve ser formulada de uma só vez como
medida de previsão ad eventum, sob pena de preclusão. O réu tem o ônus de alegar tudo o quanto puder,
pois, caso contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo (...). A regra da eventualidade autoriza, então,
que o réu deduza defesas logicamente incompatíveis” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil:
introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015,
p. 638-639).
O princípio da eventualidade foi positivado no Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 336, ao
prever que “incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato
e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.
Nesse diapasão, impende registrar que “certa incompatibilidade lógica é natural e admissível, mas o réu
jamais poderá cumular matérias defensivas criando para cada uma delas diferentes situações fáticas,
porque com isso em alguma das teses defensivas estará alterando a verdade dos fatos. Pode-se afirmar
que o limite do princípio da concentração da defesa é o respeito ao princípio da boa-fé e lealdade
processual” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 593).
Alternativa (B): correta. Não é outra a regra hospedada no art. 340, caput, do Novo Código de Processo
Civil, que assim dispõe literalmente:
Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser
7ª RODADA - 28/07/2016
protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da
causa, preferencialmente por meio eletrônico.
No ponto, sobreleve rememorar que, na dinâmica da nova legislação, a exceção de incompetência, seja
relativa, seja absoluta, será arguida na forma de tópico da contestação, dispensando-se a exceção ritual.
Alternativa (C): incorreta. O Código de Processo Civil de 2015, abandonando a dinâmica do Código de
1973, prevê regras específicas sobre o termo inicial do prazo para contestar. Aqui, o respectivo interregno
– que de fato é de quinze dias úteis – não se conta da juntada aos autos do mandado de citação, ainda
que realizada por oficial de justiça. Eis a disposição da nova legislação:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
§1º. No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial
previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo
pedido de cancelamento da audiência.
§2º. Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o
autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da
data de intimação da decisão que homologar a desistência.
Não se pode esquecer, a esse respeito que, se o réu for a Fazenda Pública, o prazo é de trinta dias, na
forma do art. 183 do Novo Código de Processo Civil. O mesmo prazo se aplica ao Ministério Público,
(art. 180 do NCPC), ao representado pela Defensoria Pública (art. 186 do NCPC) e ao litisconsorte com
advogado diferente do outro litisconsorte (art. 229 do NCPC).
Alternativa (D): correta. Realmente, se, na contestação, o demandado arguir preliminar a ilegitimidade
passiva ad causam, será facultado ao autor a substituição do réu. Isso em conformidade com os arts. 338
e 339 do Novo Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo
prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial
para substituição do réu.
7ª RODADA - 28/07/2016
valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir,
como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
À vista da disposição legal, fica claro que “qualquer alegação de ilegitimidade passiva feita pelo réu será
suficiente para uma possível correção do polo passivo. Se o autor errou porque realmente a situação lhe
levou a equivocadas conclusões ou se errou bisonhamente, não importa. O vício de ilegitimidade passiva
passa a ser sempre sanável, mas para isso dependerá da aceitação do autor da alegação do réu, até
porque quem diz a última palavra sobre quem deva ser o réu é sempre o autor” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 586).
Sobre a temática, vale a pena conferir os enunciados ns. 42 e 152 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis, respectivamente:
(art. 339) O dispositivo aplica-se mesmo a procedimentos especiais que não admitem
intervenção de terceiros, bem como aos juizados especiais cíveis, pois se trata de mecanismo
saneador, que excepciona a estabilização do processo.
Nas hipóteses dos §§ 1º e 2º do art. 339, a aceitação do autor deve ser feita no prazo de
quinze dias destinado à sua manifestação sobre a contestação ou sobre essa alegação de
ilegitimidade do réu.
Alternativa (E): correta. Conforme Didier Jr, “ao autor cabe formular sua demanda de modo claro e
determinado (demanda obscura é inepta e o pedido genérico é apenas excepcionalmente admitido);
idêntica razão impõe a regra que veda a contestação genérica. Prestigiam-se, assim, o princípio da
cooperação (art. 6º, CPC) e, consequentemente, o princípio da boa-fé processual (art. 5º, CPC)” (DIDIER JR,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento.
v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 652). Nessa lógica se insere o ônus da impugnação especificada,
que obriga o réu a “rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os quais não concorda,
tornando-os controvertidos e em consequência fazendo com que componham o objeto da prova. O
momento de tal impugnação, ao menos em regra, é a contestação, operando-se preclusão consumativa
se, apresentada essa espécie de defesa, o réu deixar de impugnar algum(s) do(s) fato(s) alegado(s) pelo
autor (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 594).
Nessa ordem de ideias, o art. 341, caput, do Novo Código de Processo Civil prevê que “Incumbe também
ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-
7ª RODADA - 28/07/2016
Ocorre que a regra comporta exceções, não se aplicando ao defensor público, ao advogado dativo e
ao curador especial, conforme inteligência do art. 341, parágrafo único, do Código de Processo Civil de
2015. Assim, estão eles autorizados a contestar por negativa geral. Pela precisão, calha conferir a seguinte
exposição e esse respeito:
O curador especial e o advogado dativo (art. 5°, §§ 3° e 4°, Lei n. 1.060/1950) estão dispensados
de observar esse ônus ao elaborarem a defesa dos seus representados. Isso porque são
representantes que assumem suas funções em situação que não lhes permite, no mais das
vezes, ter acesso imediato ao réu, de quem poderiam extrair as informações indispensáveis
para a elaboração de uma defesa específica. Ambos aterrissam no processo de (sem?)
“paraquedas”. Nestas circunstâncias, justifica-se plenamente a não-incidência da regra de não
impugnação para que não tenham de mentir ou esforçar-se na criação de uma “estória do
réu”, autoriza-se que esses representantes formulem uma defesa genérica.
O defensor público também está livre desse ônus ao elaborar a contestação da pessoa
que representa. A resga não é boa, pois, de tão geral, pode tornar-se fator de desequilíbrio
processual injustificado e, por isso, inconstitucional. A dispensa somente se justificaria no caso
de como advogado dativo ou curador especial, que é uma função institucional da Defensoria
Pública (art. 4°, XVI, da Lei Complementar n. 80/1994). A incidência da regra deveria pressupor
a dificuldade concreta de comunicação entre o representante judicial e o réu, que pode não
existir na relação entre o defensor público e o cidadão carente. A exceção, inclusive, parece
não se compatibilizar com a Constituição, por violar o princípio da igualdade. (DIDIER JR,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de
conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 651-652).
DIREITO AMBIENTAL
16. Assinale a alternativa que não se encontra de acordo com as disposições da Constituição
Federal de 1988:
7ª RODADA - 28/07/2016
genético.
c) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
complementar federal, sem o que não poderão ter autorizado o seu funcionamento.
d) A pessoa que explorar recursos minerais fica obrigada a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
COMENTÁRIO
A questão tem por base o artigo 225 da Constituição Federal de 1988. É comum, nos mais diversos
concursos, questões serem construídas com base no referido artigo, de forma que reputo extremamente
importante a leitura exaustiva ou, porque não, memorização do mesmo. Com esse intuito, objetivamos
com a presente questão uma análise mais “seca” do contido na legislação.
Alternativa (C): errada. Veja-se que há verdadeira distinção entre a redação prevista na Constituição
Federal de 1988, mais precisamente em seu parágrafo sexto, e a assertiva. Lembre-se: a definição da
localização da Usina se dará através de Lei Federal, mas não de Lei Complementar Federal. Ademais,
dado o enorme risco que essa atividade produz, é vedada a mera instalação das usinas antes da definição
legal de sua localização. Se é vedada a instalação, mais ainda seria o seu funcionamento.
7ª RODADA - 28/07/2016
qual aquele que poluir deve arcar com as consequências de seu ato, reparando prejuízos e danos.
Alternativa (E): correta. Trata-se de reprodução da disposição expressa no inciso III supramencionado.
Existem espaços que, em virtude de seus atributos ambientais relevantes, devem ser preservados
e protegidos. Neste sentido, compete ao Poder Público defini-los. Ademais, como forma de impedir
eventual supressão deste espaço, a própria Constituição dificultou este procedimento, impondo como
requisito a alteração apenas através de lei específica!
17. Sobre os institutos previstos na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6938/81), julgue
os seguintes itens:
IV. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) é uma espécie de Avaliação de Impactos
Ambientais (AIA), ao qual se deve dar publicidade, devendo ser exigido sempre quando
da instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio
ambiente.
b) III e IV.
c) I, II e III.
d) IV.
7ª RODADA - 28/07/2016
e) II e IV.
COMENTÁRIO
Mais uma vez, dada a importância do tema e grande incidência nas provas de Procuradorias, trazemos
uma questão sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Nesta feita, optamos por tratar dos instrumentos
da PNMA (como o AVA) e da Taxa de Controle de Fiscalização Ambiental, instituto ao qual nem sempre
os livros e os candidatos dão muita atenção.
Item (I): correto. Trata-se de Taxa instituída pelo artigo 17-B, inserido na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente através da Lei nº 10.165/2000, com o intuito de cobrar uma contraprestação pela fiscalização
de atividades potencialmente poluidoras (ou seja, não é um tributo cobrado de todas as pessoas físicas e
jurídicas, mas aos que exercem atividades de impacto ambiental sujeito a fiscalização). A alternativa traz
o que se tem de mais importante para conhecer acerca da TCFA. Em síntese: a) qual o seu fato gerador?
O serviço de controle das atividades potencialmente poluidoras e a fiscalização da utilização dos recursos
naturais. b) Como se chegará ao valor da taxa? Considerando o grau de poluição e de utilização ambiental
de uma empresa, bem como o seu porte. c) Qual o entendimento da jurisprudência? O Supremo Tribunal
Federal, no RE 416.601, julgou constitucional a taxa, entendendo que “os que exercem atividade de
impacto ambiental tipificadas na lei sujeitam-se à fiscalização do IBAMA, pelo que são contribuintes da
taxa decorrente da fiscalização”, independentemente de o estabelecimento ter sido efetivamente visitado
pela fiscalização.
Item (II): correto. Primeiramente, é indispensável conhecer os instrumentos trazidos pela Política Nacional
do Meio Ambiente, previstos na Lei nº 6938/81, em seu artigo 9º. Os instrumentos consistem na parte
mais importante desta lei e alvo de maior cobrança em concursos públicos, de forma que é indispensável
uma leitura dos incisos (abaixo) e da doutrina correlata. A assertiva versou mais precisamente sobre o
estabelecimento de padrões de qualidade que, de fato, é um instrumento da PNMA, apresentando de
forma correta a sua definição. Sabemos que qualquer atividade humana causa algum tipo de impacto
ambiental. Assim, através de estudos técnicos, estabelece-se um padrão de qualidade ambiental, passando
para a sociedade um limite, ou seja, até que ponto determinada atividade ou exploração de um recurso
é tolerável e a partir de que ponto torna-se prejudicial.
7ª RODADA - 28/07/2016
Item (III): correto. Como vimos acima, a AIA é um importante instrumento da PNMA. A assertiva
trouxe, de forma correta, a sua definição. Com ela visa-se, de forma preventiva, identificar as possíveis
consequências de uma atividade que se quer iniciar, mostrando não só os possíveis danos ao meio
ambiente, como a existência de alternativas de exploração ou até de métodos que possam mitigar o
compensar os prováveis danos.
Item (IV): errado. De fato, o Estudo Prévio de Impacto Ambiental é uma espécie de AIA, ao lado de
diversas outras, como o plano de manejo, o relatório ambiental, etc. O erro da assertiva está justamente
na principal característica que diferencia o EIA das demais espécies de AIA, a possibilidade de “significativa”
degradação. Ou seja, quando se pretende instalar uma obra ou uma atividade potencialmente causadora
de degradação, é necessária a realização de AIA. No entanto, por determinação da Constituição Federal de
1988, §1º, inciso IV, quando a obra ou atividade for “potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente” é que se deve exigir o EIA, ao qual se dará publicidade.
DIREITO TRIBUTÁRIO
7ª RODADA - 28/07/2016
a) Por inexistirem normas gerais federais, considera-se que os Estados podem exercer
competência legislativa plena em relação ao IPVA.
b) O IPVA incide sobre a propriedade de veículos automotores, o que abrange, além dos
veículos terrestres, as embarcações e aeronaves, conforme já respaldado pelo Supremo
Tribunal Federal.
COMENTÁRIO
Abordamos, aqui, o IPVA, tributo estadual e com enorme frequência nos programas de editais de
procuradorias e cobrança em prova, sobretudo referente a Procuradorias Estaduais.
Alternativa (A): correta. Sabemos que, em regra, compete à União a edição das normas gerais em
matéria tributária, o que ocorre, normalmente, pela previsão do Código Tributário Nacional. Diante da
ausência de tal previsão no que tange ao IPVA, bem como da inexistência de outro normativo federal
sobre a matéria, entende o Superior Tribunal de Justiça que os Estados podem exercer a competência
legislativa plena, em conformidade com o artigo 24, §3º, da Constituição Federal.
Alternativa (B): errada. Em que pese muitas legislações estaduais preverem a incidência do IPVA sobre
embarcações e Aeronaves, por considera-las como espécies de veículos automotores, ou seja, veículos
de transporte movidos a motor, o Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento acerca da sua não
incidência, uma vez que entende que o IPVA seria verdadeiro sucessor da antiga Taxa Rodoviária Única,
de forma que exclui, assim, as embarcações e aeronaves. Vejamos algumas decisões do STF:
(RE 379572, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 11/04/2007, DJe-018
DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008 EMENT VOL-02305-04 PP-00870)
7ª RODADA - 28/07/2016
embarcações. Plenário, 13.09.2002, RE 134.509/AM. III. - Agravo não provido. (AI 426535 AgR,
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 17/08/2004, DJ 03-09-2004
PP-00029 EMENT VOL-02162-06 PP-01040)
Alternativa (C): errada. Ao contrário do afirmado na assertiva, a fixação de uma alíquota mínima não
é uma faculdade, mas uma imposição feita ao Senado. Veja que o artigo 155, §6º, inciso I, fala em “o
imposto terá alíquotas mínimas”, possuindo caráter impositivo.
Alternativa (D): errada. Sem prejuízo de eventuais informações obtidas por meio de cooperações,
em regra, o IPVA é constituído com base nas informações constantes do banco de dados relativos à
propriedade dos veículos licenciados no Estado. O sujeito passivo é apenas notificado desta constituição,
de forma que se caracteriza verdadeiro lançamento de ofício, e não lançamento por homologação, como
afirmou a assertiva.
Alternativa (E): errada. Em que pese seja possível a adoção de alíquota diferenciada pelo uso ou tipo
de veículo, o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgados, já inadmitiu a diferença de alíquotas para
veículos importados e de veículos de procedência nacional, sob o argumento de que o tratamento
desigual poderia significar nova tributação pelo fato gerador da importação. Vejamos um julgado:
(RE 367785 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 09/05/2006, DJ
02-06-2006 PP-00038 EMENT VOL-02235-05 PP-00956 RTFP v. 14, n. 69, 2006, p. 301-302 RT
v. 95, n. 853, 2006, p. 139-141 RNDJ v. 6, n. 80, 2006, p. 74)
c) De acordo com o Código Tributário Nacional, a pessoa jurídica de direito privado que
7ª RODADA - 28/07/2016
d) Em regra, a pessoa jurídica de direito privado que adquirir de outra o fundo de comércio
e continuar a explorá-lo, ainda que sob outra razão social, será responsável, integralmente,
pelos respectivos tributos devidos até à data do ato, caso o alienante cesse a exploração do
comércio, indústria ou atividade.
COMENTÁRIO
A questão versa sobre responsabilidade tributária, tema de grande importância não só no estudo para
concursos, como também para o cotidiano das carreiras de procuradorias.
Alternativa (A): errada. A definição de responsabilidade se encontra prevista no artigo 128, do Código
Tributário Nacional. De fato, é possível que a lei atribua a responsabilidade pelo crédito a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador. Isto não implica, no entanto, necessariamente, a exclusão da responsabilidade
do contribuinte, que pode ser mantida em caráter supletivo para o cumprimento total ou parcial da
obrigação.
Alternativa (B): errada. O Código Tributário Nacional escolheu um marco temporal a partir do qual nasce
a responsabilidade tributária e especificou os limites desta responsabilidade. Neste sentido, vejamos o
artigo 129, do CTN:
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente
constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a
referida data.
A responsabilidade da sucessora se inicia a partir do ato que resulta na sucessão, como na data em
que assinado um contrato de fusão, por exemplo. No entanto, embora seu nascimento ocorra com a
prática do referido ato, a responsabilidade abrange todos os tipos de crédito tributário, os definitivamente
constituídos antes do ato, os em curso de constituição à data do ato e os constituídos posteriormente
ao ato, desde que se refiram às obrigações tributárias surgidas até a referida data. Em resumo, a
responsabilidade alcança todos os fatos geradores anteriores à sucessão, independentemente da data
em que foram constituídos.
Alternativa (C): errada. O Código Tributário Nacional dispõe sobre o assunto em seu artigo 132:
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
7ª RODADA - 28/07/2016
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas
de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer
sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.
Como se observa, o artigo acima se referiu à fusão, transformação e incorporação, sem mencionar a cisão.
A grande maioria da doutrina entende pela possibilidade de aplicação da responsabilidade aos casos de
cisão, mas por considerar que a omissão do CTN decorre do fato de ter sido publicado anteriormente
à criação do instituto da cisão, entendendo-se possível a atribuição da referida responsabilidade, com
fulcro no artigo 233, da Lei nº 6404/76, segundo o qual:
Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem
parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia
extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio
responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.
Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem
parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações
que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas,
nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito,
desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação
dos atos da cisão.
Como a assertiva se restringe ao Código Tributário Nacional, encontra-se errada, pela menção à cisão.
Alternativa (D): correta. É o que consta, expressamente, no artigo 133, do Código Tributário Nacional.
Além da hipótese mencionada na assertiva, há a possibilidade de responder de forma subsidiária, quando
o alienante prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova
atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
Alternativa (E): errada. Novamente, chamo atenção ao cuidado que carece quando se deparar com a
expressão “sempre”. No caso, de acordo com o artigo 137, do Código Tributário Nacional, a responsabilidade
pessoal do agente quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções é a regra,
sendo possível, no entanto, que assim não sejam consideradas quando praticadas no exercício regular
de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida
por quem de direito.
7ª RODADA - 28/07/2016
a) Com o fim de evitar a guerra fiscal entre os Municípios, cabe ao Senado fixar suas
alíquotas máximas e mínimas.
b) Para que haja a cobrança do ISS, deve o prestador possuir como atividade preponderante
uma das formas de prestação de serviço constante de lista anexa à legislação de regência.
c) Embora a lista anexa à LC nº 116/03, que regula o ISS, seja considerada taxativa, o Superior
Tribunal de Justiça se posicionou pela possibilidade de realização de uma interpretação
extensiva.
COMENTÁRIO
Abordamos na questão o tema do ISS, tributo municipal de grande importância para o estudo para
concursos públicos e cuja cobrança ocorre ora isoladamente, ora em paralelo com o conhecimento
acerca do ICMS, de forma que é de grande incidência em provas de Procuradorias Municipais e Estaduais.
Alternativa (A): errada. De fato, há uma preocupação da Constituição Federal de 1988 com a fixação de
alíquotas máximas e mínimas para o ISS, com a finalidade de se evitar a ocorrência de guerra fiscal. No
entanto, no que se refere a este tributo, a fixação das alíquotas ocorrerá por meio de Lei Complementar,
e não pelo Senado, conforme disposto no artigo 156, §3º, inciso I.
Alternativa (B): errada. O erro na assertiva se refere à exigência da atividade preponderante. Conforme
artigo 1º, da LC 116/03, o ISS tem como fato gerador a prestação de serviços que constem da mencionada
lista anexa, mesmo que esses não correspondam à atividade preponderante do prestador.
Alternativa (C): correta. Este é, de fato, o entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça. Vejamos
o decidido em Recurso Especial Repetitivo e reproduzido em recente julgado:
“1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que é taxativa a Lista de Serviços
anexa ao Decreto-lei 406/68, para efeito de incidência de ISS, admitindo-se, aos já existentes
apresentados com outra nomenclatura, o emprego da interpretação extensiva para serviços
congêneres”. (REsp 1111234/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
23/09/2009, DJe 08/10/2009)
7ª RODADA - 28/07/2016
substituída pela LC 116/2003, para efeito de incidência de Imposto sobre Serviços, contudo,
admite a ampliação dos itens ali existentes, no caso em que forem apresentados com outra
nomenclatura”. (AgRg no AREsp 832.556/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 17/03/2016)
Alternativa (D): errada. O exemplo dado pela assertiva, referente a fornecimento de mercadorias com a
simultânea prestação de serviço em bares, restaurantes e estabelecimentos similares é considerado como
fato gerador do ICMS e não do ISS, conforme entendimento sumulado de nº 163/STJ.
Alternativa (E): errada. De acordo com a LC 116/03, o contribuinte do ISS é o prestador do serviço.
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao
ato deverá preceder autorização legislativa dos entes envolvidos.
e) Em todos os casos, expirado o prazo de cinco anos sem a transferência do bem mediante
7ª RODADA - 28/07/2016
COMENTÁRIO
Caros alunos, a desapropriação é o instituto jurídico de que o Poder Público se vale para atingir de
forma mais severa a propriedade do particular. Seu uso é muito comum em obras públicas e projetos
que envolvam interesse social e utilidade pública. Por isso, é muito comum sua cobrança nas provas em
todas as fases do certame. Recomendamos aos alunos que dominem o tema, conhecendo tanto a parte
material quanto a parte processual.
Alternativa (A): incorreta. Reza o artigo 2º, §2º, do Decreto-lei nº 3.365/41 que os bens do domínio
dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos
Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa. O
dispositivo não prevê autorização legislativa de ambos os entes, senão apenas de lei do ente desapropriante.
Alternativa (C): correta. Trata-se de possibilidade prevista no artigo 4º do Decreto-Lei 3.365/1941 que diz
que a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (E): incorreta. O equívoco da alternativa está na aplicação para “todos os casos”, pois na
desapropriação por interesse social o prazo citado é de dois anos. A respeito da caducidade do ato
expropriatório, esclarecedora a lição doutrinária:
c) As autarquias podem exercer o poder de polícia, desde que autorizadas por ato
administrativo.
7ª RODADA - 28/07/2016
multas de trânsito).
e) O STJ decidiu que apenas a fase de “consentimento de polícia” pode ser delegada a
entidades com personalidade jurídica de direito privado integrantes da administração
pública.
COMENTÁRIO
Caros alunos, o artigo 78 do Código Tributário Nacional define o poder de polícia como a atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais ou coletivos. Trata-se de poder fundamental para que a Administração Pública
exija condutas e faça cessar atividades irregulares dos particulares.
Alternativa (A): incorreta. Segundo lição doutrinária, a licença é modalidade preventiva do poder de
polícia:
“No primeiro caso - exercício preventivo do poder de polícia -, o poder público estabelece
normas que limitam ou condicionam a utilização de bens (públicos ou privados) ou o exercício
de atividades privadas que possam afetara coletividade, exigindo que o particular obtenha
anuência da administração pública previamente à utilização desses bens ou ao exercício dessas
atividades. Tal anuência é formalizada nos denominados alvarás, expedidos pela administração
à vista da demonstração, pelo particular requerente, de que estão atendidos os requisitos ou
cumpridas as condições para o uso da propriedade ou a prática das atividades que devam
ser objeto de controle pelos órgãos de polícia administrativa. Os alvarás podem ser de licença
ou de autorização.” (PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. 23ª ed. Direito Administrativo
Descomplicado. São Paulo: Método, 2015. p. 309).
Alternativa (B): correta. A lição doutrinária abaixo explica com minúcia o tema. Lembrando que essa
matéria pode ser cobrada em provas subjetivas, razão pela qual orientamos a leitura integral do texto.
Assim vejamos:
“Pois bem, alguns administrativistas - Diogo de Figueiredo Moreira Neto e Marcos Juruena
Vilela Souto, entre outros -, a partir da identificação das diferentes atuações que integram
(ou podem integrar) a atividade de polícia em sentido amplo, propõem, didaticamente, uma
organização sequencial de tais atuações, dando origem àquilo que denominam “ciclo de
polícia”, expressão hoje razoavelmente consagrada em nossos meios jurídicos. Essa doutrina
- encampada • inclusive em julgados de nossos tribunais superiores - afirma que o ciclo de
polícia se desenvolve em quatro fases, quais sejam: (a) a ordem de polícia; (b) o consentimento
de polícia; (c) a fiscalização de polícia; e (d) a sanção de polícia. A ordem de polícia corresponde
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (C): errada. O princípio da legalidade previsto no artigo 5º, II, da Constituição, permite a
interpretação de que os atos de polícia, por representarem essencialmente restrições aos cidadãos e
agentes privados, devem possuir previsão legal. Da mesma forma, pode-se interpretar que o artigo 37,
XIX, também da Constituição, ao determinar que a criação de autarquia deve ocorrer por lei, traz a ideia
de que suas atividades, incluindo seus poderes, devem estar ancorados em lei. Esse é o entendimento
tranquilo da doutrina.
Alternativa (D): errada. O STF decidiu recentemente em sentido contrário ao exposto na alternativa:
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (E): errada. O STJ decidiu que as fases de “consentimento de polícia” e de “fiscalização de
policia’’ podem ser delegadas a entidades com personalidade jurídica de direito privado integrantes da
administração pública e que, diferentemente, as fases de “ordem de polícia” e de “sanção de polícia”, por
implicarem coerção, não podem ser delegadas a tais entidades. Vejamos o julgado, que é bem explicativo:
a) Dada sua natureza pública, somente devem ser outorgados serviços públicos típicos às
autarquias, e não atividades econômicas em sentido estrito, as quais devem ser realizadas
pelas empresas públicas e sociedades de economia mista.
b) Não pode a lei estabelecer hipóteses de exigência de aprovação legislativa prévia para
a exoneração de dirigentes de entidades da administração indireta pelo Chefe do Poder
Executivo.
7ª RODADA - 28/07/2016
c) As fundações públicas devem exercer atividades que não exijam execução apenas por
órgãos ou entidades de direito público.
COMENTÁRIO
Caros alunos, o tema cobrado na questão é clássico e certo de ser cobrado nos concursos para advocacia
pública. Indicamos o estudo do tema, em especial da recentíssima Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016,
que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Alternativa (A): correta, por isso não deve ser marcada, já que a questão pede a alternativa incorreta.
É o que se infere da própria natureza de pessoa jurídica de direito público das autarquias. O Decreto-
Lei 200/1967, ao conceituar as autarquias, dispôs que são entidades destinadas a executar atividades
típicas da administração pública. Também o art. 173 da CF que diz que ressalvados os casos previstos
na Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo. Na mesma linha, o §
1º diz que a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista
e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços.
Alternativa (B): correta, por isso não deve ser marcada, já que a questão pede a alternativa incorreta.
O STF decidiu que a nomeação de dirigentes de entidade da Administração Indireta pode ser submetida
ao crivo do Legislativo. No entanto, a exoneração é ato livre do Chefe do Executivo. Vejamos:
7ª RODADA - 28/07/2016
Legislativo local. Violação do princípio da separação dos poderes. (...)” (ADI 1949, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2014).
Alternativa (C): correta, por isso não deve ser marcada, já que a questão pede a alternativa incorreta.
É o que dispõe o artigo 5º, IV, do Decreto-lei nº 200/67, ao definir fundação pública como a entidade
dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades
de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. Em suma, atividades de
saúde, ensino, pesquisa, educação podem ser exercidas pelas fundações.
Alternativa (D): correta, por isso não deve ser marcada, já que a questão pede a alternativa incorreta. É o
que dispõe o artigo 54 da nova Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016), que diz que poderão ser utilizados
os seguintes critérios de julgamento: I - menor preço; II - maior desconto; III - melhor combinação de
técnica e preço; IV - melhor técnica; V - melhor conteúdo artístico; VI - maior oferta de preço; VII - maior
retorno econômico; VIII - melhor destinação de bens alienados.
Alternativa (E): errada, por isso deve ser a alternativa marcada. O art. 17 da Lei nº 13.303/2016 diz
que os membros do Conselho de Administração e os indicados para os cargos de diretor, inclusive
presidente, diretor-geral e diretor-presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputação ilibada
e de notório conhecimento, devendo ser atendidos, alternativamente, um dos requisitos das alíneas “a”,
“b” e “c” do inciso I e, cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III. O inciso III citado diz que o
indicado não pode se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas nas alíneas do inciso
I do caput do art. 1º da Lei Complementar no 64/1990, com as alterações introduzidas pela Lei
Complementar no 135, de 4 de junho de 2010.
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Tratando das transferências voluntárias e da destinação de recursos públicos para o setor
privado, marque a alternativa correta:
7ª RODADA - 28/07/2016
d) Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não
esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas
congêneres não serão inferiores aos definidos em ato do Poder Executivo ou ao custo de
captação.
COMENTÁRIO
Caros alunos, as transferências voluntárias são fundamentais para que os Estados e Municípios executem
suas obrigações constitucionais, tanto no que tange às obras públicas quanto na área de saúde, educação
e outras fundamentais para o desenvolvimento social. O aluno deve dedicar parte de seu tempo ao
estudo do tema, cuja cobrança é de grande probabilidade nas provas de Direito Financeiro.
Alternativa (A): errada. O artigo 25 da Lei de Responsabilidade Fiscal diz que se entende por transferência
voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação,
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados
ao Sistema Único de Saúde.
Alternativa (B): errada. A primeira parte do item está correta. O erro está na segunda frase, pois é
requisito para a realização de transferência voluntária a previsão orçamentária de contrapartida,
nos termos do artigo 25, §1º, IV, “d”.
Alternativa (C): errada. O art. 62 da LRF prevê que os Municípios só contribuirão para o custeio de
despesas de competência de outros entes da Federação se houver: I - autorização na lei de diretrizes
orçamentárias e na lei orçamentária anual; e II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua
legislação. São exemplos dessas despesas: gastos com a construção de um prédio para funcionar o
Fórum ou a Delegacia de Polícia no Município.
Alternativa (D): errada. O art. 27 da LRF prevê que na concessão de crédito por ente da Federação
a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros,
comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Alternativa (E): correta. É a previsão exata do artigo 25, §2º, da LRF. A transferência voluntária é ato
de disposição patrimonial do ente federado que transfere o dinheiro. Essa transferência é calcada em
propósito e necessidades específicas do ente beneficiado. Assim, o ingresso de receita derivado do
convênio deve seguir estritamente a destinação pactuada.
7ª RODADA - 28/07/2016
d) Enquanto perdurar o excesso do limite da dívida consolidada, o ente que nele houver
incorrido estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por
antecipação de receita, e o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
COMENTÁRIO
Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro.
É importante que o aluno grave para as provas a disciplina minuciosa da lei de responsabilidade fiscal
(LRF), pois dessa temática se exige o conhecimento da lei seca. Mas não basta memorizar, é preciso
entender as razões de cada dispositivo legal. Lembramos que a crise econômica por que passa o Brasil
aumenta a probabilidade de cobrança nas provas de temas de Direito Financeiro, incluindo a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Alternativa (A): errada. Segundo o artigo 29, I, da LRF, dívida pública consolidada ou fundada, é o
montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas
em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para
amortização em prazo superior a doze meses. Importante o conhecimento do §3º do mesmo artigo
alhures, que diz que também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo
inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.
7ª RODADA - 28/07/2016
Alternativa (B): errada. O artigo 52, VI, da CF c/c artigo 30, I, da LRF, determinam que compete ao
Presidente da República submeter ao Senado Federal proposta de limites globais para o montante da
dívida consolidada da União, Estados e Municípios. Portanto, não existe essa atribuição em favor do
Governador e Prefeito, pelo que a União exerce o controle do endividamento público dos demais entes.
Nada obsta, todavia, que os Estados e Municípios adotem limite de endividamento mais rigoroso.
Alternativa (D): errada. Segundo o artigo 31, §1º, I, da LRF, enquanto perdurar o excesso, o ente que
nele houver incorrido, estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por
antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. Como
o dispositivo almeja controlar o endividamento, naturalmente a extrapolação do limite obsta a obtenção
de novas dívidas (operação de crédito). Todavia, permite-se o refinanciamento do principal atualizado da
dívida mobiliária, que representa dívida já existente.
Alternativa (E): errada. Preconiza o artigo 31, §3º, da LRF, que as restrições do §1º (onde se inclui a
proibição de realizar operação de crédito interna ou externa) se aplicam imediatamente se o montante
da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato do Chefe do Poder
Executivo. A medida severa tem o intuito de impedir o endividamento desenfreado do ente público por
um gestor que deixará a dívida para ser paga pelos gestores seguintes, prática essa que infelizmente
acontece diuturnamente no Brasil.
DIREITO CONSTITUCIONAL
II. Não é admitida a figura do amicus curiae na ADPF, tendo em vista não haver, na Lei n.
9.882/99, dispositivo explícito prevendo tal figura.
III. O princípio da fungibilidade aplica-se entre ADI e ADPF, tendo, nesses casos, natureza
ambivalente.
7ª RODADA - 28/07/2016
V. O STF entende não ser aplicável a perda de objeto da ação direta de inconstitucionalidade
por omissão na hipótese de encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria ao
Congresso Nacional enquanto pendente de julgamento a ação, caso se verifique conduta
manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas.
VI. A Representação Interventiva federal tem como objeto apenas atos normativos.
a) I, III e V.
b) I, IV e V.
c) II e VI.
d) I, III, IV e V.
e) II, IV e VI.
COMENTÁRIO
Item (I): correto. De fato, aplica-se ao controle concentrado o princípio da parcelaridade, o que significa
que o STF pode julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade,
expurgando do texto legal apenas uma palavra, uma expressão, ao contrário do que ocorre com o veto
presidencial (art. 66, § 2º, CF). Conforme determina o art. 66, § 2º, da CF, o Presidente da República,
ao vetar determinado projeto de lei (controle de constitucionalidade prévio ou preventivo, realizado
pelo Executivo), só poderá vetar todo o projeto de lei, ou texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou
alínea (art. 66, § 2º, da CF). Tal limitação não se aplica ao Judiciário no exercício do controle repressivo
de constitucionalidade. Por outro lado, o Judiciário, ao realizar o controle posterior ou repressivo de
constitucionalidade, poderá expungir do texto normativo uma expressão, uma só palavra, uma frase, não
havendo necessidade de declarar inconstitucional um texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea,
como acontece com o controle realizado pelo Chefe do Executivo. Trata-se de interpretação conforme
com redução de texto, verificada, por exemplo, na ADI 1.227-8, suspendendo a eficácia da expressão
“desacato” do art. 7.º, § 2º, do Estatuto dos Advogados. (Pedro Lenza, p. 391).
Assim, a interpretação conforme com redução de texto configura típica hipótese de aplicação do referido
princípio da parcelaridade, já que, nela, expurga-se do texto legal apenas uma palavra ou uma expressão
para adequar o seu sentido à Constituição. Correto, portanto, o item (I).
7ª RODADA - 28/07/2016
Item (II): incorreto. Na verdade, cabe amicus curiae na ADPF. O art. 6º, § 2º, da Lei n. 9.882/99 determina
que “poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e juntada de memoriais, por
requerimento dos interessados no processo”.
Não há, portanto, previsão expressa da figura do amicus curiae na lei que regulamenta a ADPF.
“Excepcionalmente, entretanto, o STF vem admitindo a sua presença, aplicando, por
analogia, o art. 7º, § 2º, da Lei n. 9.868/99, desde que se demonstrem a relevância da
matéria e a representatividade dos postulantes. Na ADPF 46/DF, o Ministro Marco Aurélio
posicionou-se pela sua admissibilidade, porém, como exceção à regra geral: ‘... é possível a
aplicação, por analogia, ao processo revelador de arguição de descumprimento de preceito
fundamental, da Lei n. 9.868/99, no que disciplina a intervenção de terceiro. Observe-se, no
entanto, que a participação encerra exceção ...’ (DJ de 20.06.2005, p. 7). (Pedro Lenza, p. 383).
Assim, excepcionalmente e desde que configuradas as hipóteses de cabimento, admitida será a presença
do amicus curiae na ADPF (Pedro Lenza, p. 384).
Item (III): correto. De fato, entende o STF que a ADPF pode ser conhecida como ADI. Nesse sentido
confira-se:
7ª RODADA - 28/07/2016
direta” (ADPF 72 QO/PA, Rei. Min. Ellen Gracie, j. lº.06.2005 -Inf 390/STF).
Está, portanto, correto o item III quando afirma que é aplicável o principio da fungibilidade entre ADI e
ADPF. Quanto à afirmação de que tal princípio teria natureza ambivalente, significa dizer que também
a ADI poderia ser conhecida como ADPF. E nesse ponto também está correta a assertiva. Isso porque
entende o STF que “é lícito conhecer de ADI como ADPF, quando coexistentes todos os requisitos
de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela” (ADI 4.163, Rel. Min. Cezar Peluso, j.
29.02.2012, Plenário, DJE de 1.0.03.2013).
Item (IV): correto. De fato, da utilização, pelo art. 103, § 2º, da expressão “omissão de medida” infere-se que
a ação direta de inconstitucionalidade por omissão destina-se a tornar efetiva norma constitucional
em face de omissão de qualquer dos Poderes.
“Com precisão anota Barroso que a omissão é de cunho normativo, que é mais ampla do que a
omissão de cunho legislativo. Assim, engloba ‘... atos gerais, abstratos e obrigatórios de outros
Poderes e não apenas daquele ao qual cabe, precipuamente, a criação do direito positivo’.
A omissão, então, pode ser do Poder Legislativo, do Poder Executivo (atos secundários de
caráter geral, como regulamentos, instruções, resoluções etc.), ou do próprio Judiciário (por
exemplo, a omissão em regulamentar algum aspecto processual em seu Regimento Interno).
Portanto, continua Barroso, ‘... são impugnáveis, no controle abstrato da omissão, a inércia
legislativa em editar quaisquer dos atos normativos primários suscetíveis de impugnação em
ação direta de inconstitucionalidade ... O objeto aqui, porém, é mais amplo: também caberá a
fiscalização da omissão inconstitucional em se tratando de atos normativos secundários, como
regulamentos ou instruções, de competência do Executivo e, até mesmo, eventualmente, de
atos próprios dos órgãos judiciários’. (Luís Roberto Barroso, O controle de constitucionalidade
do direito brasileiro, 2ª ed., p. 229-230, citado em Pedro Lenza, p. 415 e 416).
Correto, portanto, o item IV, sobre a possibilidade de a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
recair sobre as omissões do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do Poder Judiciário.
Item (V): correto. O a exemplo do que entendia no caso de revogação da norma que norma que não
havia sido regulamentada, o STF já decidiu que, pendente julgamento de ADO, sendo encaminhado
projeto de lei sobre a matéria ao Congresso Nacional (cf. ADI 130-2/DF), a ação deverá ser extinta por
perda de objeto. Já entendeu, também, no sentido do não cabimento da ação caso o processo legislativo
já tivesse sido desencadeado no momento de sua propositura (ADI 2.495, Rel. Ilmar Galvão, j. 02.05.2002,
DJ de 02.08.2002). (Pedro Lenza, p. 416).
7ª RODADA - 28/07/2016
No entanto, conforme pontua Pedro Lenza, esse posicionamento (perda de objeto ou não
cabimento da ADI por omissão na hipótese de encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria
ao Congresso Nacional) “foi repensado no julgamento da ADO 3.682, entendendo o STF não
se justificar a demora na apreciação de projetos já propostos (inertia deliberandi das Casas
Legislativas), passível de se caracterizar uma desautorizada “conduta manifestamente negligente
ou desidiosa das Casas Legislativas”, colocando em risco a própria ordem constitucional (voto do
Min. Gilmar Mendes). (supracitado, p. 416).
Item (VI): incorreto. Atualmente, o entendimento do STF sobre o objeto da representação interventiva
federal é o mais amplo possível (Pedro Lenza, p. 425 e 426), podendo ser objeto da ação:
• ato governamental estadual que desrespeite os princípios sensíveis; ato administrativo que afronte
os princípios sensíveis;
Sobre o tema, ressalta-se a importância do conhecimento, pelo aluno, dos princípios sensíveis, cuja
violação enseja a referida ação, tendo em vista ser comum a sua cobrança em provas. Tais princípios estão
elencados no art. 34, VII, “a”-”e”:
• autonomia municipal;
Incorreto, portanto, o item VI. Assim, dentre as afirmativas apresentadas, estão corretas apenas aquelas
trazidas pelos itens I, III, IV e V. Correta, portanto, a alternativa “d”.
27. Tendo em vista o disposto na Constituição Federal sobre os direitos e garantias fundamentais,
bem como a doutrina e a jurisprudência do STF sobre o tema, assinale a alternativa correta:
7ª RODADA - 28/07/2016
b) Decorre da natureza dos direitos fundamentais o fato de que eles têm como destinatários
apenas pessoas físicas, não podendo ser titularizados por pessoas jurídicas.
e) Fere a inviolabilidade da vida privada o acesso aos dados bancários por parte de
autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, sem autorização judicial, nos termos dispostos pela LC 105/2001.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. O primeiro erro da alternativa “a” está e na afirmação de que o rol de direitos
e garantias fundamentais trazidos pelo art. 5º da CF/88 é taxativo. Na verdade, o § 2º do mesmo art. 5º
determina que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte”. Isso deixa claro que o rol de direitos e garantias fundamentais do art.
5º é meramente exemplificativo, na medida em que direitos e deveres individuais e coletivos podem
ser encontrados em diversos dispositivos do texto constitucional, expressamente ou decorrentes do
regime e dos princípios adotados pela Constituição, ou, ainda, decorrentes dos tratados e convenções
internacionais de que o Brasil seja parte.
Corrobora ainda esse entendimento o manifestado pelo STF no julgamento da ADI 939-7/DF, no sentido
de ser cláusula pétrea a garantia constitucional prevista no art. 150, III, “b’’, ocasião em que a Corte
declarou que a EC n. 3/93, que pretendia subtrair tal garantia, estaria ferindo o limite material previsto no
art. 60, § 4º, IV, da CF/88.
O segundo erro da assertiva diz respeito aos destinatários dos direitos e garantias fundamentais trazidos
pela CF/88. O art. 5º, caput, da CF/88 estabelece que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”. No entanto, em que pese o caput
do art. 5º falar expressamente apenas em brasileiros (natos ou naturalizados, já que o dispositivo não
7ª RODADA - 28/07/2016
faz qualquer ressalva quanto a isso) e estrangeiros residentes no País, “a esses destinatários expressos, a
doutrina e o STF vêm acrescentando, mediante interpretação sistemática, os estrangeiros não residentes
(por exemplo, turistas), os apátridas e as pessoas jurídicas” (Pedro Lenza, p. 1061). Nesse sentido, Pedro
Lenza elucida:
Por outro lado, conforme destaca Nathalia Masson, “existem direitos que são dirigidos ao indivíduo
enquanto cidadão, portanto apenas aos brasileiros que estejam exercendo seus direitos políticos, como,
por exemplo, a propositura de uma ação popular (art. 5º, LXXIII, CF/88). No mesmo sentido, direitos sociais,
como alguns direitos referentes ao trabalho, são compreendidos como não acessíveis aos estrangeiros
sem residência no país” (Nathalia Masson. Manual de Direito Constitucional, Ed. Juspodivm, 2016, p. 198).
Alternativa (B): incorreta. Ao contrário do apontado na assertiva, as pessoas jurídicas podem sim
titularizar direitos fundamentais. Conforme aponta Nathalia Masson:
Breve pesquisa no texto constitucional confirma que muitos dos direitos enumerados nos incisos
do art. 5° são extensíveis às pessoas jurídicas, tais como o princípio da isonomia, o princípio
da legalidade, o direito de resposta, o direito de propriedade, o sigilo da correspondência e
das comunicações em geral, a inviolabilidade do domicílio, a garantia do direito adquirido,
ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, assim como a proteção jurisdicional e o direito de
impetrar mandado de segurança. Até mesmo os direitos fundamentais à honra e à imagem,
que violados podem culminar em reparação pecuniária, são titularizados por pessoas jurídicas
(STJ súmula nº 227 -”A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”). (supracitada, p. 199).
A natureza dos direitos e garantias fundamentais, portanto, não é incompatível com a titularidade
por pessoas jurídicas, sendo certo que há até mesmo casos de direitos que “são conferidos direta e
exclusivamente às pessoas jurídicas, como o da não interferência estatal no funcionamento de associações
(are. 5°, XVIII, CF/88) e o de não serem elas compulsoriamente dissolvidas, salvo por decisão judicial
transitada em julgado (are. 5°, XIX, CF/88)” (supracitada, p. 199).
Também corrobora tal possibilidade de titularidade por pessoas jurídicas o entendimento citado acima,
do STF, no sentido de que o princípio da anterioridade geral (art. 150, CF/88) é garantia fundamental do
contribuinte, sendo certo que tal garantia será aplicável às pessoas jurídicas enquanto sujeitos passivos
da relação tributária.
No entanto, não se pode negar que alguns direitos são exclusivos das pessoas físicas. “Isso porque a
natureza de certas garantias, como a que diz respeito à prisão (are. 5°, LXI CF/88), e também aos direitos
políticos - como o de votar e o de ser eleito para cargo político - ou aos direitos sociais, como o de
7ª RODADA - 28/07/2016
assistência social, é determinante para que as pessoas físicas sejam percebidas como únicas destinatárias”
(Nathalia Masson, p. 199). Incorreta, portanto, a assertiva, já que há sim direitos fundamentais que podem
ser titularizados por pessoas jurídicas.
Alternativa (C): correta. Conforme aponta a assertiva, o STF tem entendimento no sentido da eficácia
horizontal dos direitos fundamentais, que diz respeito à aplicabilidade dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares. Nesse sentido, confira-se:
Não há, portanto, dúvidas de que os direitos fundamentais têm aplicabilidade nas relações privadas. A
discussão se coloca, então, quanto à forma de incidência dos direitos fundamentais às relações privadas,
podendo-se destacar dois entendimentos:
• O primeiro é no sentido da “eficácia indireta e mediata” dos direitos fundamentais nas relações
privadas. Segundo essa tese, a aplicação desses direitos em relações privadas somente se efetivaria
quando da produção de leis infraconstitucionais. “A irradiação de efeitos dos direitos fundamentais
nas relações construídas no plano horizontal estaria, pois, condicionada à mediação promovida
pelo legislador ou mesmo pelo juiz - que deve ler o direito infraconstitucional com os óculos da
Constituição” (supracitada, p. 202).
• O segundo entendimento, por sua vez, é no sentido de uma eficácia “direta e imediata” dos
direitos fundamentais nas relações privadas. Segundo essa tese “às garantias, tal como previstas no
texto constitucional, é intrínseca a aplicabilidade (ampla e plena) nas relações entre particulares. [...]
Para esta teoria os Direito fundamentais estariam aptos a vincular de modo imediato os agentes
particulares, sendo desnecessária a intermediação legislativa” (supracitada, p. 202).
Correta, portanto, a assertiva, quando afirma que a eficácia horizontal dos direitos fundamentais foi
reconhecida pelo STF.
7ª RODADA - 28/07/2016
ter havido violação do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. No caso, portanto, o STF
aplicou a segunda das duas teses apresentadas acima. Sobre esse julgado específico, confiram-se os
apontamentos de Pedro Lenza:
Este último caso parece-nos ser o início de forte tendência que surge no âmbito do STF
para a aplicação da teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais às relações privadas.
Conforme voto do Ministro Gilmar Mendes, divergindo da relatora, Ministra Ellen Gracie, “esse
caráter público ou geral da atividade parece decisivo aqui para legitimar a aplicação direta
dos direitos fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla
defesa (art. 5º, LIV e LV, da CF) ao processo de exclusão de sócio de entidade”. (lnf. 405/STF).
[...]
Diante do exposto, sem dúvida, cresce a teoria da aplicação direta dos direitos fundamentais
às relações privadas (“eficácia horizontal”), especialmente diante de atividades privadas que
tenham certo “caráter público”, por exemplo, em escolas (matrículas), clubes associativos,
relações de trabalho etc. (Pedro Lenza, p. 1066).
Alternativa (D): incorreta. O art. 5º, XLIX da CF/88 determina que “é assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral”. Sobre esse direito fundamental incide o dever específico de proteção do
Estado, sendo certo que caberá ao Estado garantir tal integridade enquanto a pessoa estiver presa, sob
pena de responsabilização civil objetiva.
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o Estado é
responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu recurso extraordinário
em que discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de preso em estabelecimento
penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia mecânica, e o Estado-Membro alegava que,
havendo indícios de suicídio, não seria possível impor-lhe o dever absoluto de guarda da integridade
física de pessoa sob sua custódia. O Colegiado asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a
CF/1988, em seu art. 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais
comissivas quanto paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão do
Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em que o
Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.
Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de forma humanizada,
garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral. (RE
841.526, rel min. Luiz Fux, julgamento em 30-3-2016, Plenário, Informativo 819, com repercussão geral.)
7ª RODADA - 28/07/2016
por tais autoridades e agentes fiscais dos entes federados, sem autorização judicial, nos termos
do art. 6º da LC 105/200, não ofende o direito ao sigilo bancário, já que se trata não de quebra
de sigilo, mas transferência de sigilo. Além disso, os direitos à privacidade e à intimidade seriam
passíveis de conformação, podendo ser limitados pela lei.
O art. 6º da LC 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, porque realiza a igualdade em relação
aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos
objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. Por sua vez, a Lei 10.174/2001
não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter
instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN. Esse o entendimento do Plenário, que em
conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia
a constitucionalidade – frente ao parâmetro do sigilo bancário – do acesso aos dados bancários por
parte de autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, sem autorização judicial, nos termos dispostos pela LC 105/2001. Debatia-se, ainda,
se haveria afronta ao princípio da irretroatividade das leis, quando esses mecanismos são empregados
para a apuração de créditos relativos a tributos distintos da CPMF, cujos fatos geradores tenham ocorrido
em período anterior à vigência deste diploma legislativo (...). O Colegiado afirmou não haver dúvidas
de que o direito à privacidade ou mesmo à intimidade seriam direitos que teriam base fática
e forte conteúdo jurídico. Significa dizer que seriam direitos passíveis de conformação. Não se
trataria de pura condição restritiva, mas a própria lei poderia estabelecer determinadas delimitações.
Esclareceu que a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial, visando à Administração Tributária,
não padeceria de nenhuma ilegalidade. (...) Na verdade, o tema ora em debate não seria quebra
de sigilo, mas transferência de sigilo para finalidades de natureza eminentemente fiscal. A
legislação aplicável garantiria fosse preservada a confidencialidade dos dados, vedado seu
repasse a terceiros, estranhos ao próprio Estado, sob pena de responsabilização dos agentes que
eventualmente praticassem essa infração.
RE 601.314, rel. min. Edson Fachin, j. 24-2-2016, P, Informativo 815, com repercussão geral. (Grifou-se).
28. Tendo em vista o disposto na Constituição, bem como jurisprudência do STF acerca da ordem
econômica e financeira, assinale a alternativa incorreta:
7ª RODADA - 28/07/2016
d) Os municípios com mais de vinte mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar
sobre programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis
que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor.
e) Os estados e municípios não têm competência para desapropriar imóveis rurais, por
interesse social, para efeito de reforma agrária.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. O erro da alternativa está em incluir as empresas de médio porte no
tratamento favorecido que configura um dos princípios da ordem econômica, quando, na verdade, estão
abrangidas por tal tratamento apenas as empresas de PEQUENO PORTE constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Sobre o tema, ressalte-se, ainda, que o Simples Nacional concretiza o referido favorecimento às empresas
de pequeno porte, tendo sido considerado constitucional pelo STF no julgamento do RE 627.543, com
repercussão geral:
7ª RODADA - 28/07/2016
a neutralidade, com enfoque na livre concorrência. A presente hipótese não se confunde com
aquelas fixadas nas Súmulas 70, 323 e 547 do STF, porquanto a espécie não se caracteriza
como meio ilícito de coação a pagamento de tributo, nem como restrição desproporcional
e desarrazoada ao exercício da atividade econômica. Não se trata, na espécie, de forma
de cobrança indireta de tributo, mas de requisito para fins de fruição a regime tributário
diferenciado e facultativo.” (RE 627.543, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 30-10-2013,
Plenário, DJE de 29-10-2014, com repercussão geral.)
Alternativa (B): correta. A assertiva traz a redação da Súmula Vinculante 49. A título de breve
esclarecimento sobre os fundamentos que levaram à fixação desse entendimento, colaciona-se a ementa
de um dos precedentes que ensejaram a edição da referida Súmula Vinculante:
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
7ª RODADA - 28/07/2016
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, tendo em vista que o enunciado pede a
alternativa incorreta.
Alternativa (D): correta. Esse foi o entendimento recentemente fixado com repercussão geral pelo STF,
no julgamento do RE 607.940. Confira-se:
“Aprovada, por deliberação majoritária do Plenário, tese com repercussão geral no sentido
de que ‘Os municípios com mais de vinte mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar
sobre programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis
que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor’.” (RE 607.940, rel. min. Teori
Zavascki, julgamento em 29-10-2015, Plenário, DJE de 26-2-2016, com repercussão geral.)
Correta, portanto, a alternativa, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa
incorreta.
Alternativa (E): correta. De fato, o art. 184, caput da CF/88 define que “compete à União desapropriar
por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação
do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei”. Tal competência, expressamente conferida pela Constituição à União, não
7ª RODADA - 28/07/2016
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
DIREITO EMPRESARIAL
29. Acerca da teoria geral dos títulos de crédito, assinale a alternativa incorreta:
a) Título de crédito pode ser definido como o documento necessário para o exercício do
direito literal e autônomo nele mencionado
COMENTÁRIO
O tema dos títulos de crédito é de alta complexidade e frequentemente deixado de lado pelos
concursandos. Tendo em vista que o tema se encontra atualmente em voga nos informativos do STJ,
a presente questão irá situar o aluno nas noções gerais e indispensáveis da teoria geral dos títulos de
crédito enquanto na próxima iremos analisar a jurisprudência do STJ sobre o tema. Todo o conteúdo
doutrinário foi adaptado do Manual de Direito Comercial do mestre Fábio Ulhoa Coelho, 25ª Ed, em
especial páginas 273 e seguintes.
Letra (A): correta. De fato, é exatamente essa a clássica definição do comercialista Vivante, praticamente
copiada no CC/02, a saber:
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo
7ª RODADA - 28/07/2016
Cumpre esclarecer que o título de crédito é tem natureza jurídica de instrumentos representativos de
obrigações cuja finalidade é facilitar a negociabilidade/circulação de créditos e imprimir maior eficiência
na sua cobrança.
Letra (B): incorreta, devendo, pois, ser assinalada. Ao contrário do afirmado os dois subprincípios citados
decorrem do princípio da AUTONOMIA. Para entendermos a razão, cumpre analisar os princípios dos
títulos de crédito. São eles:
OBS: atualmente se fala na desmaterialização dos títulos de crédito. Embora ele continue sendo um
documento, ele não precisa ser mais corporificado em “papel”, podendo ser, por ex., corporificado em
meio eletrônico ou magnético. Dessa forma, a doutrina mais contemporânea denomina a carturalidade
como “princípio da incorporação”.
(ii) Literalidade pela literalidade, só produzem efeitos os atos lançados no próprio título
de crédito (ex. emito cheque de 100 reais, o vendedor vai ao banco e diz que está errado porque
a compra foi na verdade de 300 reais – não importa, pois apenas o expressamente lançado no
título produz efeitos).
(iii) Autonomia o título de crédito é um direito NOVO e AUTÔNOMO. Eventuais vícios que
acarretem nulidade/anulabilidade/ineficácia de determinada relação jurídica representada
no título de crédito NÃO contaminarão o título de crédito em face de terceiros* (ex. alguém
vai comprar drogas e emite nota promissória em favor do traficante. Imagine que o traficante, em
seguida, transfira por endosso a nota em favor de um banco em operação de redesconto. Apesar
de a obrigação original ser nula em razão da ilicitude, o título de crédito é válido e o banco poderá
executar o emitente). Da autonomia decorrem dois corolários ou subprincípios, a saber:
a. Abstração: quando posto em circulação o título se abstrai do negócio que lhe deu causa
(i.e. se desvincula do negócio originário).
b. Inoponibilidade de exceções pessoais: logo, o terceiro de boa fé que porta o título pode
exigir o cumprimento da obrigação consubstanciada no título, independentemente de
eventual vício/desfazimento do negócio ou qualquer outro fato estranho ao título.
*OBS: isto significa que, como regra, o título de crédito só pode ser impugnado com base em sua “causa”
entre as partes originárias – em face de terceiros o título configura uma relação nova e autônoma.
Analisando os princípios, fica evidente que a abstração e inoponibilidade de exceções pessoais decorrem
diretamente do princípio da autonomia. Incorreta, pois, a alternativa.
7ª RODADA - 28/07/2016
Letra (C): correta. É exatamente esse o teor do princípio da carturalidade, conforme exposto na explicação
da letra (B).
Letra (D): correta. Endosso é ato cambial pelo qual o credor de um título nominativo à ordem o transfere
à terceiro vinculando-se ao seu pagamento na qualidade de codevedor. Note que no endosso próprio
há dois efeitos:
Os títulos de crédito podem, também, ser transferidos por meio da cessão de crédito comum. Nesse
caso, o cedente transfere o crédito e – em regra – responde apenas pela existência do crédito e NÃO pela
solvência. Caso o título circule por mera cessão, alguns dos princípios cambiais terão sua aplicação
relativizada, em especial o princípio da autonomia e seus corolários. Desta forma, na cessão o
devedor poderá se opor ao seu pagamento alegando como defesa exceções pessoais que possuía contra
o credor originário. Confira a seguinte tabela esquemática diferenciando essas duas formas de circulação
de títulos de crédito:
Letra (E): correta, uma vez que na cessão de crédito não há desvinculação do título com sua causa,
sendo transferido o mesmo direito do credor originário, inclusive com eventuais vícios antes existentes,
conforme explicação da letra (D).
30. Sobre os títulos de crédito à luz da jurisprudência do STJ, marque a alternativa correta:
a) O sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar duplicata recebida em
operação de factoring exceções pessoais que seriam passíveis de contraposição ao sacador,
7ª RODADA - 28/07/2016
c) Não é possível que uma só duplicata corresponda à soma de diversas notas fiscais
parciais.
COMENTÁRIO
Letra (A): correto. Inicialmente, cumpre anotar que o factoring é um contrato complexo que envolve
a compra e análise de créditos da ‘faturada’ por uma ‘faturadora’, com deságio, para cobrança desses
valores (exemplo, a Claro vende por meio milhão o crédito de um milhão de reais a receber que possui
contra todos seus consumidores inadimplentes para uma financeira). No âmbito de tal contrato complexo,
tal transferência de crédito se dá por meio do ato cambiário do endosso.
Como já explicado na questão anterior, o endosso outorga a proteção cambiária aos títulos negociados,
retirando a possibilidade de o devedor oferecer exceções pessoais contra o terceiro de boa-fé que
adquiriu o título de crédito, na linha da teleologia da teoria geral dos títulos de crédito, pelo qual para
garantir a circulação dos títulos de crédito deve se garantir segurança jurídica aos que recebem título por
endosso (ato cambiário por natureza). Diferentemente, na cessão de crédito não é conferida tal proteção
cambiária, de forma que o devedor pode alegar as exceções pessoais que tenha contra o titular original
do crédito.
Nesse contexto, muito embora o factoring adote a forma cambiária do endosso, entende o STJ que a
peculiaridade do negócio lhe confere uma “natureza material” de cessão de crédito (uma vez que há
análise específica e pessoal dos créditos e devedores a serem cobrados).
7ª RODADA - 28/07/2016
Assim, nessa hipótese entende o STJ que o sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar
duplicata recebida em operação de factoring exceções pessoais que seriam passíveis de contraposição
ao sacador, ainda que o sacado tenha eventualmente aceitado o título de crédito, pois na operação
de factoring, há verdadeira cessão de crédito, e não mero endosso, razão pela qual fica autorizada a
discussão da causa debendi, conforme prevê o art. 294 do CC.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as
que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
A faturizadora (factoring) não pode ser equiparada a um terceiro de boa-fé porque ela tem uma relação
mais profunda com a faturizada, devendo fazer uma análise do crédito que lhe está sendo transferido.
Confira o raciocínio do STJ exarado no informativo 564 em junho de 2015:
Letra (B): incorreto. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.A nota promissória
cuja executividade já prescreveu autoriza o ajuizamento da ação monitória no prazo de cinco anos, e
terá como termo inicial o dia seguinte ao vencimento do título, nos termos da súmula 504 do STJ: “O
prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva
é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título”.
Com base no artigo 206, § 5º, inciso I, do Código Civil, o prazo máximo para ajuizar a ação monitória
de nota promissória prescrita é de cinco anos, assim prevê o artigo: Art. 206. Prescreve: (...) § 5º Em cinco
7ª RODADA - 28/07/2016
Incorreta, portanto, a letra “B”, ao trazer a data do vencimento do título, como o termo inicial para o
ajuizamento da ação monitória em face do emitente de nota promissória, sem força executiva. Vale notar
que tal súmula possui redação muito
ATENÇÃO - Não confundir tal entendimento com aquele exarado na súmula 503 do STJ – objeto de
cobrança da última rodada - que se refere ao prazo da monitória e indica como termo a quo o dia
seguinte à data de emissão estampada, a saber: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face
do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula
Letra (C): incorreto, pois é possível que uma só duplicata possa corresponder à soma de diversas notas
fiscais parciais. Neste sentido, o STJ no REsp 1.356.541-MG, Informativo 581, do mês de abril de 2016,
decidiu pela possibilidade de uma só duplicata corresponder à soma de diversas notas fiscais parciais,
conforme se vê na ementa reproduzida a seguir:
7ª RODADA - 28/07/2016
É a partir da emissão da nota fiscal, que o comerciante organiza seu negócio por meio da fatura. Conforme
o julgado, a fatura “consiste em nota representativa de contratos de compra e venda mercantis ou de
prestação de serviços, devendo haver, entre outras identificações, a discriminação das mercadorias vendidas
e dos preços negociados e a menção à natureza dos serviços prestados. Pode, ainda, conter somente a
indicação dos números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou
entregas das mercadorias (arts. 1º, caput e § 1º, e 20 da lei nº 5.474/1968)”. Nos termos do artigo 2º, da Lei
5.474/68, de cada venda realizada poderá ser extraída a fatura, e neste momento, o comerciante poderá
emitir uma duplicata, é o que dispõe o referido artigo:
Art . 2º: No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação
como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para
documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
A controvérsia jurídica, contudo, decorre da previsão do § 2º do artigo 2º “uma só duplicata não pode
corresponder a mais de uma fatura”. Apesar do texto legal, é comum que o comerciante acumule mais de
uma venda (fatura parcial) para, acumuladamente, emitir uma duplicata sobre o valor total (várias faturas
parciais somadas), principalmente nas vendas a prazo de um bem de alto valor. Nesse caso, o julgado do
STJ, confirma a praxe comercial permitindo que o comerciante faça vendas parceladas emitindo diversas
várias faturas relacionadas à mesma venda do objeto/bem. Com efeito, seria contraproducente que o
comerciante estivesse obrigado a emitir várias duplicadas para cobrança de cada valor parcial. A solução
mais sensata, acolhida pelo julgado reproduzido acima, é que o comerciante seja autorizado a emitir uma
só duplicada a partir de notas fiscais parciais. Logo, a letra “C” está incorreta.
A referência legislativa para a edição do enunciado foi o artigo 48 do Decreto n. 2.044/1908 e o artigo.
61 da Lei n. 7.357/85, a seguir reproduzidos:
Lei n. 7.357/85. Art . 61. A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que
se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos,
contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.
O enunciado foi baseado na pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que,
salvo quando demonstrado seu locupletamento ilícito, o endossante e o avalista, inclusive do obrigado
7ª RODADA - 28/07/2016
principal, são partes ilegítimas para responder por dívida inscrita em título de crédito prescrito. Isso
porque, o instituto da prescrição extingue a autonomia das relações jurídicas cambiais firmadas, devendo
o beneficiário do título demonstrar, como causa de pedir na ação própria, o locupletamento indevido,
seja do emitente ou endossante, seja do avalista. Confira posição do STJ:
Logo, a letra “D” está incorreta, tendo em vista o teor do enunciado 69 da II Jornada de Direito Comercial.
Letra (E): incorreta. O aceite lançado em separado da duplicata mercantil não imprime eficácia cambiária
ao título. O ACEITE É O ATO CAMBIAL PELO QUAL O SACADO CONCORDA EM ACOLHER A ORDEM
INCORPORADA PELA LETRA DE CÂMBIO. Conforme ensina Fábio Ulhôa Coelho, nada obriga o sacado
a aceitar a letra de câmbio, nem sequer a prévia existência de obrigação perante o sacador e o tomador,
de modo que o aceite é necessário, a fim de demonstrar que o sacado concorda expressamente com a
ordem constante no título. Nas palavras do autor, o aceite deverá ser dado da seguinte forma:
“O aceite resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do título, mas poderá
ser firmado também no verso, desde que identificado o ato praticado pela expressão “aceito”
ou outra equivalente.” (Manual de Direito Comercial, Saraiva, São Paulo, 2014, capítulo 18, item
2).
Fábio Ulhôa nos ensina ainda que, de acordo com o PRINCÍPIO DA LITERALIDADE, os atos jurídicos
que não forem instrumentalizados pela própria cártula a que se referem, não terão eficácia para
as relações jurídico-cambiárias. A seguir as palavras do autor:
Portanto, não pode o aceite ser dado em documento em separado. Isso porque, aquilo que não
está expresso e consignado no título de crédito, não produz consequências na disciplina das
relações jurídico-cambiais, tendo em vista que os títulos de crédito possuem algumas exigências
que são indispensáveis à boa manutenção das relações comerciais.
7ª RODADA - 28/07/2016
Dentre os itens, portanto, apenas a letra “A” traz a afirmativa correta, devendo ser essa a assinalada.
7ª RODADA - 28/07/2016
QUESTÕES DISSERTATIVAS
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
07/08/2016: profcei.nataliamaia@gmail.com
DIREITO CONSTITUCIONAL
2. Dudu Cunhado, deputado federal, é membro de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
que investiga supostos atos de superfaturamento em licitações federais. Nesse contexto, Dudu
determinou o depoimento do Ministro que autorizou as referidas licitações. Na comunicação
da convocação, Dudu Cunhado afirmou expressamente que não seria admitida a presença de
advogado na ocasião, tendo em vista não se tratar de procedimento judicial. Após colher o
depoimento, o deputado, insatisfeito com as explicações - que de fato foram consideradas
insuficientes por todos os membros da comissão - determinou a indisponibilidade cautelar dos
bens do Ministro para garantir os danos ao erário a serem apurados judicialmente. Diante disso,
defina o que é uma CPI e aponte eventuais irregularidades identificáveis no procedimento acima
narrado.
7ª RODADA - 28/07/2016
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
07/08/2016: profcei.jorgeottoni@gmail.com
7ª RODADA - 28/07/2016
PEÇA PROFISSIONAL
7ª RODADA - 28/07/2016
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