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SANEAGO

Agente de Operação e Agente de Saneamento

1. Temas políticos, econômicos e sociais em evidência no mundo e no Brasil na atualidade; ............ 1


2. Desenvolvimento sustentável; ....................................................................................................... 88
3. Globalização e regionalização mundial; ........................................................................................ 97
4. Mercado Comum do Sul (Mercosul) e política externa brasileira; ................................................ 102
5. Fontes energéticas; .................................................................................................................... 104
6. Os recursos hídricos no Brasil; ................................................................................................... 114
7. Aspectos étnicos, geográficos, históricos, culturais e administrativos do Brasil. .......................... 125
8. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais,
nacionalidade, cidadania, direitos políticos. ......................................................................................... 252
9. Organização político-administrativa: União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios. ... 275
10. Poder Legislativo: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, deputados e
senadores. .......................................................................................................................................... 292
11. Poder Executivo: atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado. .............. 313
12. Poder Judiciário: competências. ............................................................................................... 324
13. Noções de organização administrativa: administração direta e indireta; autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista. ......................................................................... 350

Candidatos ao Concurso Público,


O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom
desempenho na prova.
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar
em contato, informe:
- Apostila (concurso e cargo);
- Disciplina (matéria);
- Número da página onde se encontra a dúvida; e
- Qual a dúvida.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la.
Bons estudos!

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1. Temas políticos, econômicos e sociais em evidência no mundo e no
Brasil na atualidade;

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

Olá candidato(a). Antes de iniciarmos eu gostaria de fazer um esclarecimento. Apesar de o edital


ser claro quanto aos temas de atualidades, ele não faz referência ao período. Sendo assim vamos
trabalhar com textos noticiados ocorridos apenas a partir de janeiro de 2017. Caso tenha dúvidas ou
sinta falta de algum conteúdo em particular, por favor entre em contato conosco. Nossa equipe de
tutores está à disposição.

Bons estudos!

Política

Sistema Político Brasileiro


O sistema político brasileiro tem base nas ideias iluministas do pensador francês Montesquieu. O
pensador defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário em sua obra “O
Espírito das Leis”. Para ele o poder concentrado na mão do rei leva à tirania, então o Estado deveria
dividi-lo em poder executivo (executa as leis, o governo), legislativo (cria as leis, o congresso) e judiciário
(que julga e fiscaliza os poderes).
No Brasil o voto é universal, ou seja, todo cidadão com a idade mínima de 16 anos pode participar do
processo político e eleger seus representantes. O país é uma república federativa presidencialista, onde
o Chefe de Estado, no caso o presidente, é eleito através do voto direto da população e os estados
possuem autonomia política, com a possibilidade de criar leis específicas.
Assim como na obra de Montesquieu o país possui a divisão do poder entre Executivo, representado
pelo presidente da república, Legislativo, que é representado pelo congresso nacional e Judiciário que é
representado pelo Supremo Tribunal Federal.

Poder Executivo
O poder executivo é compreendido pelo presidente da república e seus ministros de Estado no sistema
federativo brasileiro, com atribuições e responsabilidades definidos pela constituição federal. Nos estados
da federação e no distrito federal, o poder executivo é exercido pelos governadores e seus secretários,
com atribuições e responsabilidades controlados pela constituição estadual. Nos municípios, os
representantes do poder executivo são os prefeitos e seus secretários, que também possuem atribuições
e responsabilidades, definidas na lei orgânica de cada município.
O presidente, governadores e prefeitos são eleitos através de sufrágio (voto) universal. O eleitor tem
o direito de escolher aquele que melhor se encaixa em sua visão política. Todos os candidatos devem
ser filiados a um partido político e, quando eleitos, possuem mandato com tempo determinado. No Brasil
as funções de presidente, governador e prefeito possuem duração de 4 anos cada, com a possibilidade
de reeleição. Durante suas campanhas os candidatos discutem seus programas de governo e os rumos
que pretendem dar ao país.
Existem punições ao presidente da república em caso de crime de responsabilidade, como previsto na
constituição federal, além de punição para infrações penais comuns. Para ser submetido a julgamento o
presidente precisa ter acusação admitida por pelo menos dois terços da Câmara dos Deputados. Nos
casos de infrações penais ele é julgado pelo Supremo Tribunal Federal e em caso de crimes de
responsabilidade é julgado pelo Senado Federal.
Entre as principais funções do presidente da república estão a execução de leis e expedição de
decretos e regulamentos; prover cargos e funções públicas; promover a administração e a segurança
públicas; emitir moeda; elaborar o orçamento e os planos de desenvolvimento econômico e social nos
níveis nacional, regional e setoriais; exercer o comando supremo das forças armadas; e manter relações
com estados estrangeiros.

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Além das funções executivas, o presidente conta ainda, em alguns casos, com poder legislativo. O
poder pode ser aplicado em veto a leis aprovadas pelo Congresso Nacional e a edição de medidas
provisórias com força de lei de aplicação e execução imediatas.
Os ministros de estado e auxiliares diretos do presidente podem ser nomeados ou demitidos livremente
por ele. Para assumir alguma das funções a pessoa deve ter no mínimo 21 anos de idade, brasileiros
natos, e estar no exercício dos direitos políticos. Os ministros nomeados pelo presidente são responsáveis
por diversas políticas de governo, em diversos campos de atuação, como educação, economia, cultura,
finanças e justiça, entre diversos outros. Os ministros podem ser convocados para justificar seus atos
perante a Câmara dos Deputados, o Senado ou qualquer uma de suas comissões para explicar atos ou
programas.

Poder Legislativo
O Poder Legislativo é representado por pessoas que devem elaborar as leis que regulamentam o
Estado, conhecidos por legisladores. Na maioria das repúblicas e monarquias o poder legislativo é
formado por um congresso, parlamento, assembleia ou câmara.
Seu objetivo é elaborar normas de abrangência geral ou em raros casos individual, que são
estabelecidas aos cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas.
Entre as principais funções do poder legislativo estão a de fiscalizar o Poder Executivo, votar
leis orçamentárias e, em situações específicas, julgar determinadas pessoas, como o Presidente da
república ou os próprios membros do legislativo.
No Brasil, o Poder legislativo é exercido em âmbito federal, estadual e municipal. O Congresso
Nacional é formados pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal e é responsável pelo Poder
Legislativo federal. Possui a função de elaborar e aprovar as leis do país, e também controlar os atos do
executivo e impedir abusos pela fiscalização permanente. Nos estados é exercido pelas assembleias
legislativas e nos municípios pelas câmaras municipais, ou de vereadores

Poder Judiciário
O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo
com as regras constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo em determinado país.
No Brasil, o judiciário não depende dos demais poderes nem possui controles externos de fiscalização.
Sua função é a de aplicar a lei a fatos particulares e, por atribuição e competência, declarar o direito e
administrar justiça. Além disso, pode resolver os conflitos que podem surgir na sociedade e tomar
decisões com base na constituição, nas leis, nas normas e nos costumes, que adapta a situações
específicas.
O poder judiciário possui a divisão entre a União(Federal) e os estados, com a denominação de justiça
federal e justiça estadual, respectivamente.
Entre os órgãos que formam o poder Judiciário estão o Supremo Tribunal Federal (STF), Superior
Tribunal de Justiça (STJ), além dos Tribunais Regionais Federais (TRF), Tribunais e Juízes do Trabalho,
Tribunais e Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos estados e do Distrito
Federal e Territórios.
O STF é o órgão máximo do Judiciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo cumprimento da
Constituição e dar a palavra final nas questões que envolvam normas constitucionais. É composto por 11
ministros indicados pelo Presidente da República e nomeados por ele após aprovação pelo Senado
Federal.
Os juízes que atuam em tribunais superiores são nomeados pelo presidente da república, porem
precisam de aprovação do Senado. Outros cargos são preenchidos através de concurso público. Os
juízes têm cargo vitalício, não podem ser removidos e seus vencimentos não podem ser reduzidos.

Papelão e substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na Operação


Carne Fraca1
A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o
que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a
investigação da PF deve despertar no consumidor.
Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança
"exagerada" sobre a carne brasileira.

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19/03/2017 – Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39317738

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"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para
precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista
em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.
A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são
necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".
"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não
respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.
De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam
ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.
"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superior à permitida por lei
pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da
PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.
A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo
as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.
A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais
do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a
comercialização de carne vencida e adulterada.
Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da
inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação,
não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas
marcas."
A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em
fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme
desnecessário na população."

Exagero?
O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela
operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram
usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar
a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.
"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que
já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados,
e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para
esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.
"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as
características de um produto estragado ou com cheiro."
Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram
divulgadas como "sensacionalista".
"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse
mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai
e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito
a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.
Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no
setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso
esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o
ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".
Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou
quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.
A BBC Brasil procurou a Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento dessa
reportagem.

Papelão
Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção
"usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".
Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o
uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na
produção de salsichas).
No áudio, é possível ouvir:

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Funcionário: o problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu vou
ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter
que condenar.
Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos
pagar rendimentos isso.
Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento
da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias
que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de
papelão", diz.
"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área
limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é
o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."
Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio
capturado pela Polícia Federal".
A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O
produto é embalado normalmente em plásticos.
"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem,
terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.

Ácido ascórbico
O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado
para "maquiar" o aspecto da carne.
"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria
se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados
cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom
também", disse Grillo.
A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente
cancerígena.
De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros
problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há
evidências de relação direta com o câncer.
Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo
com a investigação da Polícia Federal.
Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.
"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes
processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito
residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da
maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no
processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.
Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração
marrom" e que "isso é feito no mundo todo".
A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela
só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.
De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu
processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas
carnes compradas no supermercado.
"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia
achou isso, não deveria acontecer", diz.

Salsicha de peru sem peru


A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem
carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à
investigação de dois anos.
"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula
de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía.
Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína
de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o
delegado.

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O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo,
segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.
"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da
lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz
Felício.

Injeção de água no frango


Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango
do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".
"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito
anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de
8% de água", afirma Felício.
"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para
combater."
A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica",
diz o engenheiro.

Cabeça de porco
O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações
interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin e é proibido no Brasil. "Usavam cabeça de porco, animal
morto, tudo para fazer esse tipo de produtos, principalmente esses derivados, salsicha, linguiça, e outros
produtos", afirmou Grillo.
A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor
linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."
"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos,
como mortadela, mas não em linguiças, que são cruas."

O consumidor deve se preocupar?


Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas
não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.
"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para
os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do
planeta", diz Lazzarini.
Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem
em todo lugar".
O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.
"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um
quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160
países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e
conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.
O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que
"quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com
cautela, mas não escondeu sua preocupação.
"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade
inferior do que deveria ser fornecido."
"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um
produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas,
pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então
assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo
uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a
sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."
Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os
estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção,
mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.
"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro
mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de
agora, todo mundo vai ficar alerta."

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"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito
que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá
que resolver", diz.

Seis perguntas para entender a operação Carne Fraca2


A Polícia Federal deflagrou, na manhã da última sexta-feira (17/03) a operação Carne Fraca, destinada
a combater a venda ilegal de carnes no país. A operação, a maior já realizada pela PF, contou com o
trabalho de mais de mil agentes, em sete Estados. Revelou uma extensa rede de corrupção - da qual
participavam empresários e dezenas de inspetores do governo - criada para garantir a comercialização
de carnes adulteradas e com data de validade vencida. A investigação implicou mais de 30 empresas,
entre elas as gigantes JBS e BRF - donas de marcas como Friboi, Sadia e Perdigão. As duas figuram
entre as maiores exportadoras mundiais de carne. Negam ter cometidos essas irregularidades.

O que houve?
De acordo com a Polícia Federal, ao menos 30 empresas produtoras de carne no Brasil adulteravam
a data de validade dos produtos comercializados. Para mascarar a aparência e o cheiro ruim da carne
vencida, eram usados produtos químicos - o ácido ascórbico e o ácido sórbico. As empresas também
injetavam água nas peças, para aumentar o peso dos produtos, e acrescentavam papelão no preparo de
embutidos. As carnes chegavam aos supermercados graças ao pagamento de propina a fiscais do
Ministério da Agricultura, que afrouxavam a vigilância. Nem sempre a propina envolvia dinheiro - até
mesmo caixas de carnes, frango e botas foram dadas como forma de pagamento pela vista grossa das
autoridades.

Havia envolvimento de políticos?


Segundo a Polícia Federal, a propina paga aos fiscais acabava alimentando os cofres de PP e PMDB.
A polícia, no entanto, ainda não conseguiu estabelecer por que essa divisão acontecia. Um dos envolvidos
no caso é o ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB- PR). Ele aparece em grampos interceptados
pela PF, conversando com Daniel Golçalves Filho, fiscal agropecuário e líder do esquema criminoso. Na
época, Serraglio ainda não era ministro, e a PF, apesar dos telefonemas, não encontrou indícios de crime
em sua conduta. Nas interceptações, também foram citados outros parlamentares do PMDB do Paraná -
como o deputado federal Sérgio Souza, da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Quem comer a carne vencida vai ficar doente?


Não necessariamente - a carne que já passou da data de validade não tem uma aparência muito
diferente da carne boa, caso mantida sob refrigeração adequada. O que muda é o gosto, que logo
denuncia o produto ruim. Segundo especialistas consultados pelo jornal Folha de S. Paulo, haverá
problema se tiverem se proliferado, no produto, colônias de bactérias potencialmente nocivas, como
coliformes fecais. Nesse caso, o consumo da carne pode provocar enjoos, vômito e diarreia.

Para onde toda essa carne foi vendida?


As carnes eram comercializadas em todo o país e também exportadas. A agência de notícias
Bloomberg destacou que o esquema envolvia inclusive uma carga de carnes contaminada com salmonela
e que estava a caminho da Europa.

E o mercado externo? Como reagiu?


Na sexta-feira, quando foi deflagrada a operação, as ações da JBS caíra 10,6% e as da BRF caíram
7,3%. Em parte, pesou contra elas a má repercussão internacional do caso. O jornal americano The New
York Times chegou a dizer que o caso abala um dos poucos pilares ainda seguros da instável economia
brasileira, o agronegócio.

Haverá punições?
Por ora, a Justiça Federal do Paraná já decretou o bloqueio de R$1 bi em bens das investigadas. A
Polícia Federal também cumpriu 38 mandados de prisão - 34 deles para funcionários públicos. Foram
detidos, também, quatro executivos das empresas envolvidas. Entre eles, o gerente de Relações
Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos, e o diretor da BRF André
Luiz Baldissera.

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18/03/2017 – Fonte: http://epoca.globo.com/brasil/noticia/2017/03/seis-perguntas-para-entender-operacao-carne-fraca.html

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Delação da JBS aponta que Temer pedia propina desde 20103
Informação está no anexo 9 do acordo de colaboração firmado junto à Procuradoria-Geral da República
(PGR)
Em um dos trechos da delação de Joesley Batista, um dos proprietários da JBS, o empresário descreve
a relação que tinha com o presidente Michel Temer, detalha os pedidos de pagamento de propina feitos
pelo presidente e conta sobre o último encontro, ocorrido no Palácio do Jaburu, em março deste ano.
Segundo o delator, Temer solicitava pagamentos irregulares à empresa desde 2010.
A informação está no anexo 9 do acordo de colaboração firmado junto à Procuradoria-Geral da
República (PGR).
O empresário relata que conheceu Temer no escritório do peemedebista, em São Paulo. Joesley
atendeu a um primeiro pedido de R$ 3 milhões em propina, sendo R$ 1 milhão através de doação oficial
e R$ 2 milhões para a empresa Pública Comunicações. Os repasses foram registrados em notas fiscais.
No mesmo ano, o empresário também concordou com outro pedido do presidente para o pagamento
de propina de R$ 240 mil à empresa Ilha Produções. Joesley disse ter se encontrado Temer ao menos
20 vezes — no escritório de advocacia do peemedebista, na sua residência e no Palácio do Jaburu.

Temer teria voltado a solicitar pagamentos em 2012


De acordo com a delação, em 2012, na campanha à prefeitura de São Paulo, Temer voltou a solicitar
pagamentos milionários para a campanha de Gabriel Chalita, o que ocorreu por meio de caixa 2. A partir
de então, estreitou-se a relação entre Joesley e Temer, "ficando claro que o então vice-presidente
operava, além de Wagner Rossi (então Ministro da Agricultura), em aliança com Geddel Vieira Lima,
Moreira Franco e Eduardo Cunha, entre outros".
Joesley descreve que, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Temer o chamou para
uma reunião para pedir uma propina de R$ 300 mil com o objetivo de pagar as despesas de marketing
político pela internet, pois "o mesmo estava sendo duramente atacado no ambiente virtual".
Quando Temer assumiu a presidência, o empresário estabeleceu um canal de interlocução, junto com
Geddel Vieira Lima, na qual enviava pedidos ao presidente. Entre os pedidos, Joesley lembra de ter
solicitado que ele realizasse uma intervenção no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para que a instituição não vetasse a mudança da sede da JBS para o Exterior.
Após a queda de Geddel, Joesley afirma que teve dificuldades de manter o canal de interlocução com
Temer "e avançar agendas de seu interesse". Foi quando contatou o deputado federal Rodrigo Rocha
Loures (PMDB-PR) e, por meio dele, conseguiu uma reunião com Temer no Palácio do Jaburu. O
encontro ocorreu ema 7 de maio de 2017, e os assuntos foram descritos pelo empresário em tópicos.
Primeiro falam sobre assuntos econômicos, e logo a seguir Joesley "procurou tranquilizar Temer sobre
o risco de delações", dizendo que estava "cuidando" de Eduardo Cunha e de Lucio Funaro, ao que Temer
respondeu "importante manter isso". O empresário disse, ainda, que estava "tranquilo em relação às
investigações que lhe diziam respeito, a propósito de ter entrado em ajustes com autoridades do sistema
de Justiça".
Na sequência, Joesley pede ao presidente que lhe indique alguém para tratar dos interesses de ambos,
no que Temer menciona o próprio Loures. O empresário pediu, ainda, que Temer encontrasse uma
solução junto a Henrique Meirelles nos assuntos de interesse do Grupo JF, e exemplificou o pedido com
assuntos relacionados ao Cade e à CVM, além de questões relacionadas com o BNDES.
O encontro, que ocorreu à noite, é finalizado com Joesley indicando que o método de reunião noturna
e entrada discreta havia funcionado, no que Temer teria concordado.
A seguir, o documento descreve dois encontros de Joesley com Loures, em que o empresário pede
para o deputado interceder junto ao Cade, "pois uma empresa controlada pela JF precisava de liminar
para afastar o monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termelétrica do Grupo JF.
Ao final do documento, Joesley conta que ofereceu "lançar mais créditos na planilha a medida que
outras intercessões de Temer e Rodrigo em favor do Grupo JF fossem bem sucedidas em negócios tais
como energia a longo prazo e destravamento das compensações de crédito PIS/Cofins com débitos de
INSS". Afirma, ainda, que disse para o deputado, assim como havia feito com o presidente, que "estava
cuidando de Eduardo Cunha e Lucio Funaro". Loures teria indicado que isso "era bom".

3
SCHUCH, MATHEUS. SORDI, JAQUELINE. Delação da JBS aponta que Temer pedia propina desde 2010. Gaúcha. Disponível em:
<http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/delacao-da-jbs-aponta-que-temer-pedia-propina-desde-2010-195975.html> Acesso em 19 de maio de 2017.

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Rocha Loures é afastado do mandato de deputado4
Câmara foi notificada da decisão do Supremo Tribunal Federal. Deputado do PMDB aparece na
delação dos donos da JBS e foi filmado recebendo mala de dinheiro.
O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi afastado do cargo após decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF). O afastamento foi determinado em despacho do presidente Rodrigo Maia (DEM-
RJ) nos termos da decisão da Corte.
A Câmara foi notificada da decisão do STF na noite desta quinta-feira (18) e, no mesmo dia, determinou
a providência. Quando o conteúdo da delação começou a ser divulgado, Loures estava nos Estados
Unidos. Ele retornou ao Brasil nesta manhã.
Loures aparece na delação premiada dos donos do frigorífico JBS, Joeslye e Wesley Batista, como
intermediário do presidente Michel Temer para assuntos da empresa com o governo. Ele atuou para
resolver uma disputa relativa ao preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica do grupo JBS.
Quando o conteúdo da delação começou a ser divulgado, Loures estava nos Estados Unidos. Ele
retornou ao Brasil nesta manhã.

Mala de dinheiro
Reportagem do jornal "O Globo" relata que o dono da JBS marcou um encontro com Rocha Loures
em Brasília e contou sobre sua demanda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pelo
serviço, segundo "O Globo", Joesley ofereceu propina de 5%, e o deputado deu o aval.
De acordo com documentos da investigação obtidos pela TV Globo, o deputado afastado foi filmado
pela PF recebendo uma bolsa com R$ 500 mil enviados por Joesley, após combinar pagamento semanal
no mesmo valor pelo período de 20 anos.
A entrega de R$ 500 mil para Rocha Loures, feita por Ricardo Saud, diretor da JBS, ocorreu em São
Paulo. Depois de passar por três endereços em um mesmo encontro (um café em um shopping, um
restaurante e uma pizzaria), Loures deixa a pizzaria levando uma mala preta com o dinheiro.
Conforme o relatório, o valor semanal poderia chegar a R$ 1 milhão se o Preço de Liquidação das
Diferenças (PLD), valor fixado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em R$/MWh,
para a comercialização da energia, ultrapassasse R$ 400.
De acordo com "O Globo", Loures teria telefonado para o presidente interino do Cade, Gilvandro
Araújo, para interceder pelo grupo. O Cade informou, em nota, que a área técnica da Superintendência
Geral recomendou a instauração, inicialmente, de Procedimento Preparatório e, posteriormente, de
Inquérito Administrativo, procedimentos padrão para apurar denúncias anticoncorrenciais.

Retorno ao Brasil
Quando o conteúdo da delação dos donos da JBS foi divulgada, Loures estava em Nova York, nos
Estados Unidos, acompanhando o evento Person of The Year (personalidade do ano), no qual o prefeito
de São Paulo João Doria foi premiado. O deputado retornou ao Brasil nesta manhã.
Ele desembarcou no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, às 7h35, uma hora depois de o avião
pousar, às 6h25.
No saguão do aeroporto, Loures foi chamado de "ladrão", "bandido" e algumas pessoas pediram
"cadeia". Ele não quis gravar entrevista, entrou em um táxi branco e não respondeu para qual cidade vai.

Temer revoga decreto que autorizou Forças Armadas na Esplanada5


Militares ocuparam ruas de Brasília após protesto de centrais sindicais terminar em vandalismo.
Ministro anunciou que o presidente mandou AGU acionar na Justiça responsáveis pelas depredações.
O presidente Michel Temer revogou nesta quinta-feira (25), por meio de uma edição extraordinária do
"Diário Oficial da União", o decreto que autorizou o uso de tropas das Forças Armadas na Esplanada dos
Ministérios.
No decreto que revogou o ato anterior, o presidente afirma que, "considerando a cessação dos atos
de depredação e violência e o consequente restabelecimento da Lei e da Ordem no Distrito Federal, em
especial na Esplanada dos Ministérios", ele decidiu retirar os militares das ruas de Brasília.
O decreto publicado nesta quinta-feira tem apenas dois artigos:

4
G1. Rocha Loures é afastado do mandato de deputado. G1, Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/deputado-rocha-loures-e-afastado-
do-mandato-de-deputado.ghtml> Acesso em 19 de maio de 2017.

5
AGUIAR, GUSTAVO. Temer revoga decreto que autorizou Forças Armadas na Esplanada. G1, Política. Disponível em: <
http://g1.globo.com/politica/noticia/governo-revoga-decreto-que-autorizou-atuacao-do-exercito-na-esplanada-dos-ministerios.ghtml> Acesso em 25 de maio de 2017.

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Art. 1º Fica revogado o Decreto de 24 de maio de 2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas
para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal;
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 25 de maio de 2017; 196º da
Independência e 129º da República.
A decisão se deu menos de 24 horas após a assinatura do decreto que determinou o envio de tropas
das Forças Armadas para o Distrito Federal. Na manhã desta quinta, Temer se reuniu, no Palácio do
Planalto, com ministros de seu núcleo político e de defesa para avaliar a eventual saída dos militares da
Esplanada.
Participaram da reunião com o presidente da República os ministros Raul Jungmann (Defesa), Eliseu
Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e
Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

Ações judiciais
Após a publicação da edição extra do "Diário Oficial", os ministros da Defesa e do GSI concederam
uma coletiva no Planalto para explicar a decisão de retirar as tropas do centro de Brasília.
Raul Jungmann afirmou aos jornalistas que, ao avaliar que a ordem havia sido "restaurada" na capital
federal, Michel Temer determinou a suspensão da operação de garantia da lei e da ordem.
O ministro da Defesa também comunicou que o presidente da República ordenou que a Advocacia-
Geral da União acione perícias em todos os imóveis federais da Esplanada dos Ministérios nos quais
foram registrados atos de vandalismo para que sejam ajuizadas ações judiciais – cíveis e criminais –
contra os autores dos atos de violência.
"A desordem não será tolerada. Não serão toleradas essas manifestações que descambem para o
vandalismo e para a violência", enfatizou.
Segundo Jungmann, de 2010 a 2017, foram realizadas no país 29 ações de garantia da lei e da ordem,
nas quais as Forças Armadas são enviadas às ruas.

Envio das tropas


Michel Temer havia assinado nesta quarta (24) o decreto de garantia da lei e da ordem no Distrito
Federal que autorizou o uso de tropas militares na segurança de prédios públicos federais.
A decisão foi motivada pelos tumultos e atos de vandalismo registrados nesta quarta, na área central
de Brasília, durante a manifestação organizada por centrais sindicais para reivindicar que Temer deixe o
comando do Palácio do Planalto e também para protestar contra as reformas nas regras previdenciárias
e trabalhistas propostas pelo peemedebista.
O protesto, que havia iniciado de forma pacífica e reuniu 35 mil pessoas, segundo a Polícia Militar do
DF, terminou com 7 presos, 49 feridos e prédios públicos queimados e depredados.
Jungmann informou nesta quarta que seriam usados 1,5 mil militares para cumprir o decreto
presidencial – 1,3 mil do Exército e 200 fuzileiros navais.

Presidente da Câmara
Em meio à entrevista, o titular da Defesa foi indagado sobre o fato de ele ter atribuído ao presidente
da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o pedido para que os militares fossem enviados à
Esplanada. Na véspera, foi o próprio Jungmann quem informou que havia sido determinado o uso das
tropas para atender a uma solicitação do parlamentar do DEM.
A presença de tropas do Exército nas ruas da capital federal gerou polêmica, especialmente, no
Congresso Nacional. Assim que foi anunciado o envio dos militares para a área central de Brasília,
deputados da oposição questionaram duramente o presidente da Câmara no plenário da Casa.
O notícia causou discussões e tumulto durante a sessão da Câmara. Maia, porém, disse que havia
pedido a Temer o emprego da Força Nacional, e não das Forças Armadas.
Aos jornalistas, Jungmann disse nesta quinta-feira que houve um "mal-entendido".
"Houve um mal-entendido da comunicação. A decisão foi do presidente da República, ouvindo Defesa
e GSI. Era absolutamente necessário que ocorresse, e o senhor Rodrigo Maia não tem responsabilidade
sobre a decisão", justificou o ministro.
"Esse conflito [de versões] está devidamente esclarecido. A responsabilidade foi nossa", acrescentou.

Oposição
Inconformados com a autorização para as Forças Armadas policiarem o centro de Brasília,
parlamentares da oposição chegaram a apresentar projetos na Câmara e no Senado com o objetivo de
derrubar o decreto editado nesta quarta pelo presidente da República.

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Além disso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF)
mandado de segurança contra o ato da Presidência da República.
Na ação, o parlamentar pedi que a Suprema Corte derrubasse o decreto, argumentando que a medida
só cabia “quando esgotados todos os meios normais para o reestabelecimento da lei e da ordem”.
O mandado de segurança, que perdeu o objeto com a revogação do ato anterior do presidente da
República, será analisado pelo ministro Dias Toffoli.

Rollemberg
No mesmo dia em que Michel Temer deu aval para os militares ocuparem a Esplanada dos Ministérios,
o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), divulgou uma nota na qual classificou de
"medida extrema" o decreto presidencial. Rollemberg ressaltou no comunicado que a decisão do Planalto
não teve "anuência" do governo do DF.
Responsável pela segurança institucional do Palácio do Planalto, o general Sérgio Etchegoyen
contradisse o governador. Na versão do ministro do GSI, a conversa com o governo do Distrito Federal
foi "absolutamente harmônica" quanto ao uso do Exército para reforçar a segurança na região central de
Brasília.
"Não vou criar uma querela com o senhor governador do Distrito Federal. A conversa conosco foi
absolutamente harmônica. Não vamos imaginar que há uma briga com a polícia do DF", destacou.

Polícia Federal deflagra a 2ª fase da Operação Carne Fraca6


Ex-superintendente do Mapa de Goiás foi preso preventivamente.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (31) a 2ª fase da Operação Carne Fraca, que
investiga irregularidades na fiscalização de frigoríficos.
De acordo com a PF, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão
preventiva, que é por tempo indeterminado, em Goiás.
O principal alvo desta fase é Franciso Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado de Goiás. Ele será levado para a
superintendência da PF em Curitiba, onde ficará à disposição da Justiça.
Franciso Carlos de Assis foi flagrado, conforme a PF, "em interceptações telefônicas destruindo provas
relevantes" para a apuração da Operação Carne Fraca. A PF ainda não explicou como ocorreu a
destruição das provas.
Esta nova etapa foi batizada de "Antídoto" em referência à uma ação policial com o objetivo de cessar
os atos criminosos do investigado e de preservar eventuais novas provas.
O ex-superintendente já é réu na Justiça, em ação penal relacionada à 1ª fase da operação. Segundo
a PF, ele participou de um esquema de corrupção entre uma grande empresa do ramo alimentício e o ex-
chefe do Serviço de Inspeção em Produtos de Origem Animal (Sipoa) de Goiás.
A partir desta nova etapa, os investigados podem responder, ainda segundo a PF, por obstrução de
investigação criminal.

1ª fase da Carne Fraca


A 1ª fase da operação foi deflagrada no dia 17 de março e cumpriu 309 mandados judiciais em seis
estados e no Distrito Federal. A ação apurou o envolvimento de fiscais do Mapa em um esquema de
liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Em abril, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, decidiu receber as cinco
denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), referentes à primeira fase da operação.
Das 60 pessoas denunciadas, o magistrado resolveu acolher denúncias contra 59. Com isso, elas
passaram a ser consideradas rés nas ações penais que respondem junto à Justiça.
Atualmente, 24 pessoas seguem detidas em caráter preventivo, ou seja, não têm prazo para deixar a
cadeia.

Ex-ministro citado
O ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi citado na 1ª etapa da Carne Fraca. Na época,
ele ainda era ministro.
Em uma ligação grampeada, Osmar Serraglio chamou de "grande chefe" um dos líderes do suposto
esquema, o ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa)
Daniel Gonçalves Filho.

6
G1 PR, RPC CURITIBA. Polícia Federal deflagra a 2ª fase da Operação Carne Fraca. G1, Paraná, RPC. Disponível em:
<http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/policia-federal-deflagra-a-2-fase-da-operacao-carne-fraca.ghtml> Acesso em 31 de maio de 2017.

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No domingo (28), o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu transferir o ministro Torquato Jardim do
Ministério da Transparência para o comando do Ministério da Justiça, substituindo Osmar Serraglio, que
estava no cargo desde março.

STF considera válida cota de 20% para negros em concurso público7


Dez ministros se manifestaram favoravelmente à lei. Corte analisa se cota vale para todos os poderes
e se deve ser aplicada em promoções internas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela validade de uma lei de 2014 que obrigou órgãos públicos
federais a reservar 20% de suas vagas em concursos públicos para negros.
O julgamento havia sido suspenso no mês passado, após o voto favorável de 5 dos 11 ministros. Nesta
quinta-feira (8), o debate foi retomado e os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio
Mello, Celso de Mello e Cármen Lúcia se manifestaram pela constitucionalidade da cota.
Em maio, já haviam votado a favor os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Edson
Fachin, Luiz Fux e Rosa Weber.
Apenas Gilmar Mendes não votou. Ele não participou da sessão porque participa do julgamento no
Tribunal Superior Eleitoral que analisa ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.

A ação
A ação, proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), visava sanar dúvidas sobre a aplicação
da lei, que vinha sendo questionada em outras instâncias judiciais.
No julgamento, os ministros acompanharam o voto do relator, que defendeu que a cota de 20% vale
para concursos da administração pública federal. A assessoria de imprensa do STF informou que a regra
é válida para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no âmbito federal.
No voto, Barroso disse ainda que a definição não é obrigatória para órgãos estaduais e municipais,
mas pode ser seguida por eles.
Não ficou definido se a cota de 20% deve ser considerada nos concursos internos de promoção e de
transferência.
Por fim, o STF examinou se os órgãos públicos podem verificar eventuais falsas declarações de
candidatos cotistas.
O voto vencedor do relator admitiu essa verificação, por exemplo, por meio da autodeclaração
presencial, exigência de fotos e entrevista por comissões plurais posterior à autodeclaração.
Nesse caso, essa identificação deve ocorrer num processo no qual seja respeitada a dignidade da
pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa do candidato, recomendou o ministro.
A lei diz que, constatada a falsa declaração, o candidato poderá ser eliminado do concurso ou demitido
se for constatada a fraude após sua admissão no serviço público. Essa e outras dúvidas na aplicação da
lei deverão ser melhor definidas ao final do julgamento.
No início do julgamento, a OAB e a União se manifestaram a favor da manutenção da lei. Segundo a
ONG Educafro, que também participou da discussão, atualmente, 27% dos cargos federais são
preenchidos por negros, enquanto que na população, 55% das pessoas se declaram negras.

TSE absolve a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas Eleições 20148
Coube ao presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, desempatar o placar do julgamento
Por 4 votos a 3, os ministros que compõem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveram nesta sexta-
feira (9) a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas Eleições 2014. Votaram pela
absolvição os ministros Gilmar Mendes, que foi o voto de desempate, Napoleão Maia Nunes e os recém
indicados por Temer Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira. Votaram pela condenação os ministros Rosa
Weber, Luiz Fux e o relator Herman Benjamin.
Coube ao presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, desempatar o placar do julgamento. Por recair
sobre ele o peso da absolvição, o ministro fez um voto extenso. Justificou o motivo de ter votado pelo
prosseguimento da ação contra a chapa que agora absolve em 2015. Voto que foi citado pelo relator
Herman Benjamin várias vezes ao longo do julgamento.
— Havia sinais de que havia abusos, como na questão das gráficas. Mas aqui é como se fosse, no
máximo, o recebimento de uma denúncia. Quantas vezes recebemos denúncia que são depois excluídas.

7
CARAM, BERNARDO. STF considera válida cota de 20% para negros em concurso público. G1 Política. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/maioria-
do-stf-considera-valida-cota-de-20-para-negros-em-concurso-publico.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 09 de junho
de 2017.
8
LONDRES, MARIANA. TSE absolve a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014. R7, Brasil. Disponível em: <
http://noticias.r7.com/brasil/tse-absolve-a-chapa-dilma-temer-por-abuso-de-poder-economico-e-politico-nas-eleicoes-2014-10062017> Acesso em 12 de junho de
2017.

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Primeiro é preciso julgar para depois condenar. E é assim que se faz. O objeto dessa questão é sensível
e não se compara a qualquer outro porque trata da soberania popular.
O relator, ainda na quinta (8), ao finalizar o seu voto, já com a sinalização de que seria derrotado pelo
plenário, defendeu o uso das provas coletadas e das delações da Odebrecht, alvo de grande discussão
ao longo de todo o julgamento.
— Recuso papel de coveiro de prova viva. Posso participar do velório, mas não carrego caixão.
Dilma e Temer eram acusados de usar recursos de propina de contratos superfaturados da Petrobras
na campanha eleitoral que saiu vitoriosa por uma margem pequena da chapa de Aécio Neves, autor da
ação. O PSDB e o Ministério Público Eleitoral podem recorrer ao próprio TSE por meio de embargos de
declaração, assim como aconteceu no julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), mas
ainda não declararam se irão recorrer da decisão. Os embargos só podem ser apresentados após a
publicação do acórdão do julgamento, que deve demorar cerca de dez dias.
As sessões começaram na noite de terça-feira (6) e se estenderam até esta sexta (9). Somado, o
julgamento durou cerca de 30 horas, descontados os intervalos. A maior parte do tempo foi gasta na
discussão das preliminares (questões colocadas pela defesa sobre o processo, e não sobre o mérito) e
no voto do relator.
A única das sete preliminares apresentadas pela defesa aceita pela maioria dos ministros foi a de
descartar as delações da Odebrecht da ação de cassação, por terem sido reveladas depois do início da
ação (inicial).
Apesar da maioria dos ministros entenderem que as delações da Odebrecht deveriam ser descartadas,
o relator Herman Benjamin centrou o seu voto pela condenação nas informações prestadas pelos
marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
Para o relator, as investigações da Lava Jato revelaram o esquema de distribuição de propina e os
políticos tinham conhecimento de que recebiam dinheiro ilícito nas campanhas. Benjamin usou os
depoimentos dos marqueteiros para comprovar o uso de caixa 2.
Ele chegou a dividir a propina em caixa 2, propina-gordura, ou propina-poupança (dinheiro reservado
para ser usado depois) e caixa 3 (operações de empresas que serviram como "barriga de aluguel" para
que outras doassem mais dinheiro e seus nomes não aparecessem nas contabilidades das campanhas).
— A Odebrecht está na petição inicial, queria dizer que temos Petrobras, temos uma contratante da
Petrobras, temos pagamento tirado de um crédito rotativo de uma conta poupança para o partido do
governo e esses recursos foram utilizados para os marqueteiros dessa campanha de 2014. E que sejam
relacionados a débitos de 2010, 2012 é irrelevante, pois sem esses pagamentos, eles disseram em
depoimentos, não fariam a campanha. Por isso reconheço o abuso de poder político com altos impactos
nas eleições.
Em abril, quando o julgamento começou, o tribunal aceitou pedido da defesa de incluir novas
testemunhas no processo, o ex-ministro Guido Mantega e os delatores João Santana, Mônica Moura e
André Santana, estes três últimos presos na Operação Acarajé após a descoberta do departamento de
operações estruturadas (propina) da Odebrecht.
— A Odebrecht até merecia uma fase própria. Não é um capítulo, é um título inteiro. Uma empresa
que liderou o ataque à Petrobras e que está desde o início. A Odebrecht era a matriarca da manada de
elefantes que transformou a Petrobras numa savana africana para a reprodução da rapinagem.
O julgamento foi marcado pelo embate entre os ministros Herman Benjamin, relator, e Gilmar Mendes,
presidente da Corte, que tinham visões divergentes. Apesar das discussões dentro do plenário, Benjamin
e Mendes são amigos há mais de trinta anos.
Para tentar convencer os seus colegas tanto na preliminar quanto no mérito, Benjamin chegou a usar
um voto anterior de Gilmar Mendes no próprio processo, quando ele defendeu dar seguimento a ação.
Mendes acusou Benjamin de distorcer a sua visão e chegou a chamar o relator de 'falacioso' em
um de seus argumentos.
O relator focou o seu voto quanto ao mérito no uso de caixa 2 nas eleições. Também foi discutida a
importância da reforma eleitoral para acabar com arrecadações ilegais em eleições no Brasil, como disse
o relator.
— No Brasil ninguém fazia doações por questões ideológicas. Aqui era sempre na expectativa de
cooptação e favorecimento futuro ou já ocorrido.
Para Gilmar Mendes, houve "alargamento" do pedido inicial da ação. Para ele, a Odebrecht não tem
relação com o possível pagamento de propina da Petrobras a chapa. Ele ressaltou, contudo, que não
está negando a corrupção, mas se atendo aos fatos sobre a chapa eleitoral.
— Estamos discutindo abuso de poder econômico nas eleições.

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Durante o julgamento das preliminares também foi discutido se recursos eram caixa 2 ou caixa 1
(doações legais de empresas para as campanhas). Um dos ministros, Admar Gonzaga disse que só caixa
1 deveria ser considerado. O argumento foi rechaçado pelo relator, e lembrado sempre no seu voto.
— Se foi montado um sofisticado esquema de arrecadação de dinheiro público, como não é caixa 2?
questionou o relator.
Admar Gozaga chegou a dizer que Benjamin estava tentando constranger os demais ministros.
Nos quatro dias de julgamento, apenas o assessor de Temer Gastão Toledo esteve no TSE para
acompanhar de perto das discussões. O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, que era presidente da
corte durante o julgamento do mensalão, também esteve no plenário em uma das sessões de discussão.

Último dia de julgamento


O último dia do julgamento, esta sexta (9), foi marcado pela finalização do voto do relator, que ao todo
levou nove horas em dois dias, e pelos votos dos demais ministros. Por um acordo entre os ministros,
cada um, tirando o relator, tinha vinte minutos para falar.
Além das leituras dos votos, o vice-procurador eleitoral Nicolao Dino pediu o impedimento do ministro
Admar Gonzaga, por ele ter sido, nas Eleições 2010, advogado da ex-presidente Dilma Rousseff. O
pedido foi negado pela corte e o presidente Gilmar Mendes chegou a suspender a sessão por cinco
minutos em função do pedido, seguido por uma manifestação acalorada do ministro Napoleão Maia
Nunes.

Lula é condenado na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do triplex9


Na sentença, juiz Sergio Moro cita documentos e depoimentos que comprovam que apartamento no
litoral de SP era destinado ao ex-presidente, diz que há 'provas documentais' e que Lula 'faltou com a
verdade'.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância,
condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de
corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
A acusação é pela ocultação da propriedade de uma cobertura triplex em Guarujá, no litoral paulista,
recebida como propina da empreiteira OAS, em troca de favores na Petrobras.
Outros dois réus no mesmo processo também foram condenados, e quatro, absolvidos (veja a lista
completa abaixo).
É a primeira vez, na história, que um ocupante da Presidência é condenado por um crime comum no
Brasil. A sentença foi publicada nesta quarta-feira (12) e permite que o petista recorra em liberdade.
Na sentença, de 218 páginas, o juiz Moro resume as acusações que pesam contra Lula, relata os
argumentos da defesa e analisa as provas documentais, periciais e testemunhais. O magistrado afirma
que houve condutas inapropriadas por parte da defesa de Lula que revelam tentativa de intimidação da
Justiça e, por isso, até caberia decretar a prisão preventiva do ex-presidente. Porém, decidiu não mandar
prendê-lo por "prudência".
"[...] Considerando que a prisão cautelar de um ex-Presidente da República não deixa de envolver
certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de
se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-Presidente apresentar a sua
apelação em liberdade", diz a decisão.
Por "falta de prova suficiente da materialidade", o juiz absolveu Lula das acusações de corrupção e
lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial numa transportadora, que teria
sido pago pela empresa OAS.
Moro determinou ainda que Lula não pode exercer cargo ou função pública pelo dobro do tempo da
pena, ou seja, a 19 anos. A decisão, no entanto, só passa a valer após ser referendada por colegiado --
no caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
A defesa de Lula diz que o ex-presidente é "inocente". Os advogados declararam que a condenação
foi "politicamente motivada", que o julgamento "ataca o Estado de Direito no Brasil" e que Moro deveria
"se afastar de todas as suas funções". Durante o decorrer do processo, os advogados negaram que Lula
fosse dono do triplex.
Moro diz "que a presente condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal, pelo
contrário". "É de todo lamentável que um ex-Presidente da República seja condenado criminalmente, mas
a causa disso são os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei. Prevalece,
enfim, o ditado 'não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você' (uma adaptação livre
de 'be you never so high the law is above you')", escreveu Moro na sentença.
9
FONSECA, A. GIMENES, E. KANIAK, T. DIONÍSIO, B. Lula é condenado na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do tríplex. G1, Paraná. Disponível
em: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/lula-e-condenado-na-lava-jato-no-caso-do-triplex.ghtml> Acesso em 13 de julho de 2017.

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Juiz Sérgio Moro condena ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão
O Ministério Público Federal (MPF) havia denunciado o ex-presidente por ter recebido R$ 3,7 milhões
em propina dissimulada da OAS por meio do triplex reformado no Condomínio Solaris e pelo pagamento
de R$ 1.313.747,24 para a empresa Granero guardar itens que Lula recebeu durante o exercício da
presidência, entre 2002 e 2010. Em troca, segundo a acusação, o ex-presidente conseguiria contratos da
Petrobras para a empresa.
Com a absolvição no caso do armazenamento, Moro considerou que Lula recebeu mais de R$ 2,2
milhões em propina. "Do montante da propina acertada no acerto de corrupção, cerca de R$
2.252.472,00, consubstanciado na diferença entre o pago e o preço do apartamento triplex (R$
1.147.770,00) e no custo das reformas (R$ 1.104.702,00), foram destinados como vantagem indevida ao
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz na sentença.

Apartamento
Sobre o apartamento, Moro afirmou que, segundo o MPF, não teria havido o pagamento do preço pelo
ex-presidente, nem do apartamento nem das reformas feitas no imóvel.
Moro também lembrou que, segundo a defesa de Lula, o triplex 164-A jamais pertenceu ao ex-
presidente, e, embora tivesse sido oferecido a ele em 2014, não houve interesse na aquisição e, portanto,
não houve a compra.
Para o juiz, essa é a questão crucial do processo, pois se determinado que foi de fato concedida a Lula
pelo grupo OAS, sem o pagamento correspondente, haverá prova da concessão a Lula de um benefício
patrimonial considerável, estimado em R$ 2,424 milhões, e para o qual não haveria uma causa ou
explicação lícita.
Para o juiz, na resolução desta questão, não é suficiente um exame meramente formal da titularidade
ou da transferência da propriedade do triplex. Isso porque, segundo a acusação, a concessão do
apartamento ao ex-presidente Lula teria ocorrido de maneira "subreptícia", com a manutenção da
titularidade do bem com o grupo OAS, também com o objetivo de ocular e dissimular o ilícito.
Para Moro, apesar de não haver escritura em nome do ex-presidente, é preciso examinar as provas
documentais. O juiz afirmou que, embora não haja dúvida de que o registro da matrícula do imóvel aponte
que ele permanece em nome da OAS, isso não é suficiente para a solução do caso.
De acordo com Moro, nem a configuração do crime de corrupção, nem do crime de lavagem, que
pressupõe estratagemas de ocultação e dissimulação, exigiriam, para a sua consumação, a transferência
formal da propriedade do imóvel do grupo OAS para o nome do ex-presidente Lula.
Inicialmente, o condomínio onde está localizado o triplex era um empreendimento da Cooperativa dos
Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop). A Bancoop passou por problemas financeiros, quebrou e
transferiu o empreendimento para o grupo OAS. Segundo o juiz, o ex-presidente teria pago, quando o
imóvel ainda pertencia à Bancoop, cerca de R$ 209 mil por um apartamento simples, de preço muito
inferior ao triplex.
Moro também aplicou a Lula uma multa. "Considerando a dimensão dos crimes e especialmente renda
declarada de Luiz Inácio Lula da Silva (cerca de R$ 952.814,00 em lucros e dividendos recebidos da LILS
Palestras só no ano de 2016), fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último ato
criminoso que fixo em 12/2014".

Provas
Os principais pontos da sentença que condenou o ex-presidente Lula
No decorrer da sentença, o juiz afirmou que há provas documentais contra o ex-presidente e que Lula
não apresentou resposta concreta. Disse que as reformas feitas no apartamento têm caráter de
personalização.
Uma das provas, segundo Moro, são rasuras em documentos de adesão da cota habitacional no
edifício do Guarujá. Os documentos foram encontrados no apartamento de Lula em São Bernardo do
Campo. O número 141, de um apartamento mais simples, foi escrito em cima de 174, que seria a primeira
numeração do triplex, que, depois, passou a 164-A.
Outra rasura foi identificada do lado esquerdo do documento, na palavra "triplex". Para Moro, essa
constatação revela que havia a pretensão de adquirir o apartamento.
Ainda de acordo com Moro, há registros documentais de que todos os cooperados com direito a
unidades da Bancoop tiveram que optar, em 30 dias, por celebrar novos contratos de compra e venda
com a OAS ou por desistir e solicitar a restituição do dinheiro.
Moro também afirma que a OAS informou sobre os empreendimentos que recebeu da Bancoop.
Consta no relatório que haveria 112 unidades no condomínio Solaris e que "foram vendidas para ex-
cooperados da Bancoop, bem como uma unidade do empreendimento para novo adquirente".

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Apesar dessas informações, de que todas as unidades teriam sido vendidas, de que os antigos
cooperados tinham prazo de 30 dias para adquirir as novas unidades ou pedir o dinheiro de volta, e que
não consta que o ex-presidente Lula ou sua esposa, Marisa Letícia, teriam tomado qualquer uma das
providências.
Então, para Moro, o que se tem presente até o momento é que Lula e a esposa, diferentemente dos
demais cooperados do antigo empreendimento, não atenderam prazo de 30 dias contadas da assembleia
para celebrar novo contrato com a OAS ou para requerer a devolução do dinheiro.
Moro também sustenta que não há qualquer registro de que Lula e a família foram cobrados, pela
Bancoop ou pela OAS, para realizar formalmente qualquer uma das opções.
Neste ponto da sentença, o juiz evidencia que o triplex era do ex-presidente. Ele citou as declarações
de renda de Lula e de dona Mariza de que não houve alteração formal da contratação junto à Bancoop
ou à OAS antes do início das investigações --e afirmou que documentos apreendidos na sede da Bancoop
mostram que a unidade estava reservada a Lula. Ressalta ainda que o triplex jamais foi colocado à venda,
ao contrário do apartamento mais simples, o 141, vendido em agosto de 2014.

Reforma é a prova, diz Moro


Moro também afirmou que a reforma do apartamento é prova de que o triplex é de Lula. O juiz lembrou
que "Léo Pinheiro realizou reformas expressivas durante todo o ano de 2014, com despesas de R$
1.104.702 incluindo a instalação de um elevador privativo para o triplex, instalação de cozinhas e
armários, retirada de sauna, demolição de dormitório e colocação de aparelhos eletrodomésticos". Disse
ainda que tal reforma não foi feita para nenhum outro apartamento no condomínio Solaris.
"Assim, por exemplo, não se amplia o deck de piscina, realiza-se a demolição de um dormitório ou
retira-se a sauna de um apartamento de luxo para incrementar o seu valor para o público externo, mas
sim para atender ao gosto de um cliente, já proprietário do imóvel, que deseja ampliar o deck da piscina,
que pretende eliminar um dormitório para ganhar espaço livre para outra finalidade, e que não se interessa
por sauna e quer aproveitar o espaço para outro propósito", diz Moro (veja íntegra das provas que
basearam a condenação no fim da reportagem).
Sérgio Moro destaca que a versão de Lula, de que ele sequer foi comunicado das reformas e que não
as solicitou, nem sua esposa, fica sem qualquer sentido. Em outro trecho, o juiz pergunta: "Afinal, por que
a OAS realizaria reformas personalizadas no apartamento se não fosse para atender um cliente
específico?".
Moro listou as notas fiscais da construtora responsável pela reforma, no valor de R$ 777.189,90 e
destacou que todas foram emitidas para a OAS.

E-mails e mensagens de telefone


Entre outras provas de que as reformas eram para Lula, Moro citou e-mails e mensagens de telefone.
Entre essas provas estão as que fazem referência ao projeto do "Guarujá" e ao da "Praia", e que foram
submetidos à aprovação da "Madame" ou "Dama". Sérgio Moro diz que "é inequívoco de que se trata de
projetos submetidos à esposa de Luiz Inácio Lula da Silva, como, aliás, confirmado pelos interlocutores.
Na sentença, Moro ressalta ainda as contradições nos depoimentos prestados pelo ex-presidente Lula.
Primeiro à Polícia Federal, em São Paulo, em março do ano passado, quando foi alvo da 24ª fase da
Lava Jato, e, depois, ao próprio Moro, em Curitiba. O juiz disse que o depoimento prestado em juízo e,
mesmo antes, o prestado ante a autoridade policial pelo ex-presidente, são absolutamente inconsistentes
com os fatos provados documentalmente".
Moro ressaltou que Lula, ao longo de seu depoimento, foi confrontado com todas essas contradições
entre as suas declarações, e o constante nos documentos, e não apresentou esclarecimentos concretos.
E que "a única explicação disponível para as inconsistências e a ausência de esclarecimentos
concretos é que, infelizmente, o ex-presidente faltou com a verdade dos fatos em seus depoimentos
acerca do apartamento triplex".
O juiz ainda menciona moro que testemunhas ligadas à OAS e ao condomínio também comprovam
que o apartamento era de Lula.
Na sentença, o juiz Sergio Moro também cita o depoimento do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro,
que confirmou que o triplex foi reservado à família de Lula em 2009, que a OAS não poderia vender o
imóvel e que a diferença de preço do imóvel e o custo das reformas seriam abatidos das dívidas de
propinas do Grupo OAS com o PT, ligado ao esquema da Petrobras.
A PT emitiu uma nota sobre a sentença na qual afirma que a condenação de Lula é "ataque à
democracia" e "conduzida por um juiz parcial".

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Réus no processo
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente: condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 9
anos e 6 meses de prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmos crimes no caso do armazenamento
de bens.
Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS: condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro a 10 anos
de 8 meses de prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmo crimes no caso do armazenamento de
bens.
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS: condenado por corrupção ativa a 6 anos
de prisão.
Paulo Gordilho, arquiteto e ex-executivo da OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos: absolvido da acusação de lavagem de
dinheiro.
Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.

O que dizem os réus


Léo Pinheiro
Em nota, a defesa do ex-presidente da OAS afirmou que "a sentença reconheceu a efetividade da
colaboração prestada por Léo Pinheiro, que admitiu os ilícitos praticados e apresentou novas informações
e provas decisivas para o esclarecimento da verdade".
Agenor Franklin Magalhães Medeiros
"Eu e meu sócio aqui copiado, Luís Carlos Dias Torres, fizemos uma análise preliminar da sentença.
Vemos com bons olhos o reconhecimento pelo Dr. Moro da colaboração que nosso cliente deu para o
esclarecimento da verdade, a qual está lastreado em documentos contidos nos autos. Aliás, esse é o
nosso maior compromisso: colaborar com as autoridades para que a verdade dos fatos venha à tona,
independentemente de termos ou não um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público.
Ainda estudamos se iremos recorrer ou não da decisão", disse o advogado Leandro Falavigna.
Paulo Okamotto
"A absolvição do ex-presidente Lula e do ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto quanto à
acusação de lavagem de dinheiro pela manutenção do acervo presidencial demonstra que a Operação
Lava Jato está preenchida por ilegalidades e acusações que não constituem crime. A expectativa é que,
em razão do parecer da Procuradoria Geral da República perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
pelo trancamento da ação, o procurador Deltan Dallagnol não recorra da decisão preferida pelo juiz Sergio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba", afirma nota da defesa.
Fábio Hori Yonamine
A defesa de Fabio Hori Yonamine afirmou que "tem suas esperanças renovadas na Justiça Criminal
com a absolvição do réu pelos crimes imputados na denúncia sem fundamento concreto". A advogada
Carolina Fonti, do escritório Urquiza, Pimentel e Fonti Advogados, afirmou que "no caso do Triplex,
mesmo após a injusta e penosa exposição de Fabio durante o processo, a sentença muito bem
fundamentada não deixa dúvidas sobre a sua inocência".
Roberto Ferreira
A defesa afirmou que seu cliente foi absolvido, "como o esperado".

Outros processos de Lula


O ex-presidente é réu em outras duas ações da Lava Jato: uma ligada à Operação Janus, que trata
de contratos no BNDES, e outra relacionada à Operação Zelotes, que apura venda de medidas
provisórias.
Lula também foi denunciado no caso envolvendo o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, no âmbito
da Lava Jato.
Ele é alvo ainda de dois inquéritos na Lava Jato: um sobre a formação de organização criminosa para
fraudar a Petrobras, e outro sobre obstrução das investigações ao tomar posse como ministro de Dilma.
Na Zelotes, ele é investigado em inquérito sobre a edição da medida provisória 471, que criou o Refis.

Temer sanciona texto da reforma trabalhista em cerimônia no Planalto10


Modificações na CLT foram aprovadas pelo Senado na última terça (11) em uma sessão tumultuada.
Governo prometeu alterar pontos da reforma por meio de medida provisória.

10
LIS, LAÍS. Temer sanciona texto da reforma trabalhista em cerimônia no Planalto. G1 Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-sanciona-
texto-da-reforma-trabalhista-em-solenidade-no-planalto.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 14 de julho de 2017.

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O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (13) o projeto de reforma trabalhista aprovado
pelo Congresso Nacional.
A nova legislação altera regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e prevê pontos que
poderão ser negociados entre empregadores e empregados e, em caso de acordo coletivo, passarão a
ter força de lei. As novas regras entrarão em vigor daqui a quatro meses, conforme previsto na nova
legislação.
Ao discursar na solenidade de sanção da reforma trabalhista, o peemedebista também criticou o que
chama de “passionalização” na Justiça que, na opinião dele, gera instabilidade ao país.
Temer argumentou que se "passionalizou" praticamente todas as questões que vão ao Judiciário.
Segundo ele, em vez de aplicar "rigidamente" a lei "sem qualquer emoção", há pessoas que usam
"ideologia" e "sentimentos psicológicos e sociológicos".
"Isso, naturalmente, quebra a rigidez, a higidez da ordem jurídica e, naturalmente, instabiliza o país.
Toda e qualquer desobediência à ordem jurídica significa precisamente a instabilização da ordem
jurídica", declarou o presidente da República.
'Não precisamos registrar que foi árduo o percurso', diz Temer sobre reforma trabalhista
Temer também enalteceu a atuação do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e do relator da
proposta na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), na articulação política do projeto. Na
avaliação do presidente, foi "árduo o percurso" para aprovar a reforma das leis trabalhistas.
Aprovado pela Câmara em abril, o projeto da reforma trabalhista foi aprovado pelo Senado na última
terça-feira (11) em uma sessão tumultuada.
Com a reforma trabalhista, a negociação entre empresas e trabalhadores prevalecerá sobre a lei em
pontos como parcelamento das férias, flexibilização da jornada, participação nos lucros e resultados,
intervalo de almoço, plano de cargos e salários e banco de horas.
Outros pontos, como FGTS, salário mínimo, 13º salário, seguro-desemprego, benefícios
previdenciários, licença-maternidade, porém, não poderão ser negociados.

'Suposta crise'
Em meio ao discurso sobre a reforma trabalhista, Temer afirmou que o país vive uma ‘suposta crise’,
mas que há um “entusiasmo extraordinário” em relação às políticas públicas.
“Eu faço um registro curioso: nessas últimas semanas, certa e precisamente, em função de uma
suposta crise, o que tem acontecido é um entusiasmo extraordinário”, enfatizou.
O presidente também fez um balanço das medidas aprovadas, citando, além da reforma trabalhista,
as mudanças no ensino médio e a PEC do teto de gastos.
“Poderia elencar tudo que nós fizemos ao longo desses 14 meses e olhe: não são 4 anos, não são oito
anos, são 14 meses. E, toda a modéstia de lado, estamos revolucionando o país. Fizemos a reforma
trabalhista, a do ensino médio”, destacou.

Medida provisória
Diante da polêmica gerada em torno das modificações prometidas pelo Palácio do Planalto na
legislação aprovada nesta semana, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou a
afirmar nesta quinta que o Executivo federal vai editar uma medida provisória para alterar os pontos
negociados com os congressistas.
O peemedebista afiançou durante a tramitação do projeto no Senado as mudanças exigidas, inclusive
por integrantes da base aliada, como o dispositivo que permite que gestantes trabalhem em ambientes
insalubres.
O acordo foi costurado com os senadores governistas para que o texto que chegou da Câmara não
fosse alterado no Senado. Se o texto retornasse para nova análise dos deputados, iria atrasar a sanção
das novas regras.
Segundo Jucá, o governo tem 119 dias para editar a MP que modificará a recém-aprovada reforma
trabalhista.
Antes da solenidade de sanção da reforma, o líder do governo no Senado divulgou o texto-prévio da
medida provisória que Michel Temer deve enviar ao Congresso com mudanças em nove pontos da
proposta.

Justiça do Trabalho
Convidado a participar da cerimônia de sanção da reforma trabalhista, o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra Filho, cumprimentou Michel Temer, em meio ao seu
discurso, pelo que classificou de “coragem, perseverança e visão de futuro" do chefe do Executivo federal
ao "abraçar" as mudanças na legislação trabalhista, o ajuste fiscal e a reforma previdenciária.

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Gandra Filho afirmou ainda que a negociação coletiva, que é a espinha dorsal da reforma, é importante
porque, na avaliação dele, quem trabalha em cada segmento é que sabe as reais necessidades daqueles
trabalhadores.
“Aquilo que é próprio de cada categoria você estabelece por negociação coletiva, quem melhor
conhece as necessidades de cada ramo é quem trabalha naquele ramo”, disse.
Veja abaixo alguns pontos que a MP deve modificar:

Gestantes e lactantes
Um dos pontos que a proposta de MP deve alterar é a possibilidade de que gestantes trabalhem em
locais insalubres. O texto original previa que gestantes deveriam apresentar atestado para que fossem
afastadas de atividades insalubres de grau médio ou mínimo.
A proposta de MP divulgada por Jucá determina que “o exercício de atividades insalubres em grau
médio ou mínimo, pela gestante, somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar
atestado de saúde”.

Jornada 12x36
Outra ponto que o texto-prévio da MP pretende alterar é o que permitia que acordo individual entre
patrão e empregado pudesse estabelecer jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas ininterruptas de
descanso. A minuta divulgada por Jucá quer viabilizar essa jornada após acordo coletivo, ou convenção
coletiva.

Trabalhador autônomo
O texto aprovado prevê que as empresas poderão contratar autônomos e, ainda que haja relação de
exclusividade e continuidade, o projeto prevê que isso não será considerado vínculo empregatício.
A proposta de medida provisória quer alterar esse trecho para vedar a celebração de cláusula de
exclusividade no contrato com trabalhadores autônomos. Além disso, prevê que não será admitida a
restrição da prestação de serviço pelo autônomo a uma única empresa, sob pena de caracterização de
vínculo empregatício.

Prorrogação de jornada e insalubridade


O texto-prévio da MP também tem a intenção de modificar a lei sancionada no trecho que sobre a
negociação coletiva para estabelecimento de enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de
jornada em ambientes insalubres.
Pela minuta, isso será permitido por negociação coletiva, mas desde que sejam respeitadas normas
de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério
do Trabalho.

Outros pontos
A minuta também promete alterar outros pontos da proposta relativos à contribuição previdenciária e
ao pagamento de indenizações por danos morais no ambiente do trabalho.
Além disso, o texto-prévio da MP que deverá ser enviada ao Congresso prevê mudanças para
salvaguardar a participação de sindicatos em negociações de trabalho.
Pela proposta, comissão de representantes dos empregados não substituirá a função do sindicato de
defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas, sendo obrigatória a participação dos sindicatos em negociações coletivas.

Contribuição sindical
Durante a tramitação da proposta no Senado, chegou-se a postular, por senadores governistas, uma
sugestão de que a Casa Civil elaborasse uma proposta de eliminação gradual da obrigatoriedade da
contribuição sindical.
O objetivo era conquistar apoio de parlamentares ligados a sindicatos de trabalhadores.
A proposta aprovada pelo Congresso retira a obrigatoriedade dessa contribuição, o que foi alvo de
críticas de movimentos sindicais.
A proposta de medida provisória apresentada nesta quinta, no entanto, não trata do assunto.

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Emendas, promessas de cargos e pacote de bondades: veja as estratégias de Temer para barrar
denúncia na Câmara11
Denúncia por corrupção passiva contra presidente foi rejeitada nesta quarta-feira (2) em votação no
plenário e não será analisada pelo STF enquanto Temer estiver no cargo.
Bilhões liberados em emendas parlamentares, promessa de cargos a partidos, pacote de bondade
para a bancada ruralista e ministros em ação no plenário foram algumas das estratégias usadas pelo
governo Michel Temer para conseguir barrar na Câmara denúncia contra ele apresentada pela
Procuradoria Geral da República (PGR).
Era necessário o aval da Câmara para que a denúncia por corrupção passiva continuasse o trâmite no
Supremo Tribunal Federal (STF), e foi rejeitada nesta quarta-feira (2) por 263 votos, contra 227 pela
continuidade do processo.
No pronunciamento que fez após o resultado, Temer afirmou que a rejeição não foi uma vitória pessoal.
"A decisão soberana do parlamento não é uma vitória pessoal de quem quer que seja, mas é uma
conquista do estado democrático, da força das instituições e da própria Constituição", disse.

Emendas parlamentares
Nas três primeiras semanas de julho, mês que antecedeu à votação da denúncia contra Temer no
plenário da Câmara, o governo liberou R$ 2,11 bilhões em emendas parlamentares – valor equivalente
ao total de todo o primeiro semestre.
De janeiro a junho deste ano, o Planalto destinou R$ 2,12 bilhões para emendas, sendo R$ 2,02 bilhões
só no mês de junho, quando foi apresentada a denúncia contra Temer pela PGR e começou o processo
de análise na Câmara. Para efeito de comparação, nos cinco primeiros meses do ano, o governo liberou
R$ 102 milhões ao todo, mostra levantamento da ONG Contas Abertas.
O Planalto afirma que a liberação de emendas são uma imposição legal e que só está cumprindo a lei.

Liberação de emendas parlamentares segundo a ONG Contas Abertas (Foto: Arte/G1)

Emendas são recursos previstos no Orçamento com aplicação indicada pelo parlamentar. Esse
dinheiro tem de ser obrigatoriamente empregado em projetos e obras nos estados e municípios. A
liberação dos recursos é obrigatória, e o governo tem todo o ano para fazer os repasses.
A primeira etapa da análise da denúncia na Câmara foi a votação de parecer na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ). Dos 40 deputados que votaram a favor de Temer, 36 receberam R$ 134
milhões em emendas em junho. A votação na comissão ocorreu em 13 de julho e rejeitou o parecer pela
continuidade da denúncia. Os deputados que votaram contra Temer receberam, no mesmo período,
metade do valor em emendas: R$ 66 milhões.

11
G1. Emendas, promessas de cargo e pacote de bondades: veja as estratégias de Temer para barrar a denúncia na Câmara. G1 Política. Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/emendas-promessas-de-cargos-e-pacote-de-bondades-veja-as-estrategias-de-temer-para-barrar-denuncia-na-camara.ghtml>
Acesso em 03 de agosto de 2017.

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A CCJ aprovou por 41 a 24 o relatório alternativo do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pela
rejeição da denúncia. Entre os parlamentares favoráveis a Temer, Abi-Ackel foi o que recebeu o maior
valor em emendas: R$ 5,1 milhões.
A oposição acusa Temer de comprar votos. A Rede e o PSOL pediram à PGR que investigue a
liberação de emendas pelo governo durante a tramitação da denúncia na Câmara.

Promessas de cargos
Na véspera da votação no plenário, Temer autorizou interlocutores a sinalizar a deputados com cargos
de 2º e 3º escalões para que eles votassem contra a denúncia da PGR, informou a colunista
do G1 Andréia Sadi.
Com a vitória na Câmara, Temer se prepara para enfrentar a demanda dos deputados do centrão por
mais espaço ministerial. Eles cobram do Planalto os cargos ocupados pelo PSDB no governo, informa
Sadi. O partido liberou a bancada, mas o líder tucano, Ricardo Trípoli, orientou voto contra Temer.
Segundo a colunista Cristiana Lôbo, partidos que fecharam questão a favor de Temer, em particular o
PP, PR e o próprio PMDB, cobraram do presidente mais espaço no governo em troca de apoio.
O Podemos e uma ala mais insatisfeita do PMDB pediram vagas no Incra, Funasa e Caixa Econômica
Federal.

Pacote de bondade para ruralistas


Para conquistar votos da bancada ruralista, que tem 231 deputados, Temer decidiu atender
importantes demandas do grupo.
Na véspera da votação no plenário, o governo publicou no "Diário Oficial da União" uma medida
provisória (MP) que permite aos produtores e empresários do agronegócio pagar dívidas previdenciárias
com desconto e mais prazo. O texto também reduz a alíquota paga pelos produtores ao Fundo de
Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
As condições de pagamento das dívidas com contribuições previdenciárias permitem redução de 25%
no valor das multas, pagamento sem juros e em até 176 prestações. No mesmo dia em que publicou a
medida, Temer almoçou com membros da bancada ruralista.
Os agrados aos ruralistas, porém, começaram ainda na fase de análise da denúncia na CCJ. Na época,
Temer anunciou R$ 103 bilhões do Banco do Brasil para a próxima safra e sancionou a lei criada a partir
da MP 759, chamada pelos ambientalistas de "MP da grilagem", informou "O Globo". Segundo o jornal, a
MP muda regras da reforma agrária e regula a compra de terras em áreas de proteção ambiental para
produção agrícola.

Ministros em ação
Além da atuação dos aliados na Câmara, Temer mobilizou sua tropa de choque no primeiro escalão
para garantir votos que barrassem a denúncia. Nos dias que antecederam à votação em plenário, os
ministros foram convocados a ficar em Brasília de "plantão" para atender às demandas dos deputados,
informou o colunista do G1 Gerson Camarotti.
Os ministros também atuaram diretamente no plenário – dez deles reassumiram os mandatos de
deputado para votar a favor de Temer e também articular apoios durante a votação.

Trocas na CCJ
Para derrotar na CCJ o parecer de Jorge Zveiter que recomendava a continuidade da denúncia, o
governo promoveu uma dança das cadeiras entre os membros da comissão. Os partidos aliados
fizeram 26 remanejamentos entre os integrantes do colegiado, substituindo deputados que haviam
indicado voto contra Temer.
O troca-troca causou protestos e críticas por parte da oposição e de parlamentares dissidentes da
base, que chegaram a recorrer ao STF na tentativa de anular as mudanças de membros da CCJ.

Municípios e estados
Na véspera da votação do parecer sobre a denúncia na CCJ, Temer anunciou um programa de apoio
a concessões nos municípios e estados, que prevê a destinação de R$ 5,7 bilhões para investimentos de
mobilidade urbana e saneamento, e um crédito de R$ 2 bilhões via Banco do Brasil para financiamento
de projetos de saúde, educação, eficiência energética, modernização da gestão e infraestrutura viária

Comissão da Câmara aprova texto-base da reforma política; saiba o que está previsto12
12
CARAM, B. CALGARO, F. Comissão da Câmara aprova texto-base da reforma política; saiba o que está previsto. G1 Política. Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/comissao-da-camara-aprova-texto-base-da-reforma-politica-saiba-o-que-esta-previsto.ghtml> Acesso em 11 de agosto de 2017.

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Parecer de Vicente Cândido foi aprovado após 9 horas de sessão. Entre outros pontos, ele propôs
sistema distrital misto, fundo para financiar campanhas e extinção do vice-presidente.
A comissão da Câmara destinada à análise de uma das propostas que estabelecem a reforma política
aprovou nesta quarta-feira (9), por 25 votos a 8, o texto-base do relatório apresentado pelo deputado
Vicente Cândido (PT-SP) – saiba mais abaixo o que está previsto.
O parecer de Vicente Cândido sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovado após
9 horas de sessão. Os deputados, contudo, não haviam concluído a análise do projeto até a última
atualização desta reportagem, isso porque, após o texto-base, eles passaram a analisar os destaques,
ou seja, sugestões que podem mudar a redação.
Após passar na comissão, a PEC seguirá para o plenário da Câmara, onde deverá ser aprovada em
dois turnos antes de seguir para o Senado. A proposta precisa do apoio mínimo de 308 deputados.
Como a sessão se estendia sem previsão de encerramento, a deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ)
distribuiu sanduíches a alguns parlamentares.
Entre outros pontos, o projeto cria um fundo para financiar campanhas eleitorais com recursos públicos
e faz mudanças no sistema eleitoral.
Durante a sessão desta quarta, o relator esclareceu que o parecer dele não prevê o chamado
"distritão", modelo que ganhou força entre parlamentares e lideranças partidárias nos últimos dias,
embora o modelo possa ser incluído por meio de uma emenda apresentada por outro parlamentar.
No "distritão", acaba o quociente eleitoral e os mais votados são eleitos, ou seja, seria uma eleição
majoritária, como para presidente. Cada estado vira um distrito eleitoral. No caso de vereador, seria o
município. O eleitor vota em um nome no distrito. Os mais votados são eleitos.

Sistema eleitoral
A proposta aprovada pela comissão estabelece o sistema distrital misto a partir de 2022 nas eleições
para deputado federal, deputado estadual e vereador nos municípios com mais de 200 mil eleitores. O
modelo é uma mistura dos sistemas proporcional e majoritário.
Pelo texto, para escolher deputados federais, por exemplo, o eleitor votará duas vezes. Uma nos
candidatos do distrito e outra nas listas fechadas pelos partidos. A metade das vagas, portanto, iria para
os candidatos eleitos por maioria simples. A outra metade, preenchida conforme o quociente eleitoral
pelos candidatos da lista partidária.
No caso de municípios de até 200 mil eleitores, será adotado o sistema eleitoral de lista preordenada
nas eleições para vereador.

Eleições de 2018 e de 2020


Pela proposta elaborada pelo deputado Vicente Cândido, o sistema eleitoral será mantido como é hoje
em 2018 e em 2020, no modelo proporcional com lista aberta.
Nele, é possível votar tanto no candidato quanto na legenda, e um quociente eleitoral é formado,
definindo quais partidos ou coligações têm direito de ocupar as vagas em disputa. A partir desse cálculo,
são preenchidas as cadeiras disponíveis, proporcionalmente.
O sistema sofre críticas por permitir que candidatos com pouquíssimos votos sejam eleitos, "puxados"
por aqueles com mais votos do mesmo partido.
Na proposta de Cândido, a mudança está na limitação no número de candidatos. A depender do
número de vagas a serem preenchidas, cada partido terá um limite específico de candidatos que poderá
lançar.

Fundo de campanha
Ao apresentar o parecer, o relator Vicente Cândido (PT-SP) dobrou o valor previsto de recursos
públicos que serão usados para financiar campanhas eleitorais.
O projeto institui o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que será mantido com recursos
públicos, previstos no orçamento. Na versão anterior do relatório, Cândido havia estabelecido que 0,25%
da receita corrente líquida do governo em 12 meses seria destinada a financiar campanhas.
Havia uma exceção somente para as eleições de 2018, com o valor do fundo em 0,5% da Receita
Corrente Líquida, o que corresponderá a cerca de R$ 3,6 bilhões.
No novo parecer, Vicente Cândido tornou a exceção uma regra. Pelo texto reformulado, o valor do
fundo será de 0,5% da receita corrente líquida em 12 meses, de maneira permanente.

Extinção do cargo de vice


O relatório aprovado nesta quarta extingue da política brasileira as figuras de vice-presidente da
República, vice-governador e vice-prefeito.

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Vacância da presidência
No caso de vacância do cargo de presidente da República, será feita eleição 90 dias após a vaga
aberta. Se a vacância ocorrer no último ano do mandato presidencial, será feita eleição indireta, pelo
Congresso, até 30 dias após a abertura da vaga.
A regra também valerá para governadores e prefeitos.

Mandato nos tribunais


O texto define que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União
(TCU) e de tribunais superiores serão nomeados para mandatos de dez anos.
A mesma regra valerá para os membros de tribunais de contas dos estados e dos municípios, tribunais
regionais federais e dos estados. Os juízes dos tribunais eleitorais terão mandato de quatro anos.

Posse
As datas das posses dos eleitos passarão a ser as seguintes:
6 de janeiro: governadores e prefeitos;
7 de janeiro: presidente da República;
1º de fevereiro: deputados e vereadores.

Suplente de senador
A proposta reduz o número de suplentes de senadores, de dois suplentes para um. Em caso de morte
ou renúncia do titular, será feita nova eleição para o cargo, na eleição subsequente. Esse substituto terá
mandato somente até o término do mandato do antecessor.
O texto define, ainda, que o suplente de senador será o candidato a deputado federal que ocupar o
primeiro lugar na lista preordenada do partido do titular do mandato.

Imunidade do presidente da República


Inicialmente, Vicente Cândido chegou a propor estender aos presidentes da Câmara, do Senado e do
Supremo Tribunal Federal (STF) a imunidade garantida ao presidente da República.
Pela Constituição, o presidente não pode ser investigado por crime cometido fora do mandato. Diante
da reação negativa de diversos integrantes da comissão, o relator informou que retiraria a proposta do
parecer.

Tentativa de adiamento
O PSOL tentou adiar a votação do parecer, sob a justificativa de que seria preciso ouvir antes a
sociedade sobre o texto final, mas não conseguiu.
"Não querer ouvir a sociedade é novamente virar de costas para a opinião popular. Há uma sofreguição
de preservação de mandatos para o sistema continuar o mesmo", afirmou o deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ).

Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso após apreensão de R$ 51 milhões13


Ex-ministro já cumpria prisão domiciliar em Salvador. PF e MPF pediram nova preventiva para evitar
destruição de provas.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, foi preso preventivamente (sem prazo determinado) na
manhã desta sexta-feira (8), em Salvador, três dias após a Polícia Federal (PF) apreender R$ 51 milhões
em um imóvel supostamente utilizado pelo peemedebista.
A prisão foi determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em
uma nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa Econômica Federal. Além de
Geddel, a PF cumpre mandado de prisão preventiva contra Gustavo Ferraz – que, segundo as
investigações, é ligado ao ex-ministro – e outros três mandados de busca e apreensão, todos na capital
baiana.
Geddel deixou o prédio pouco depois das 7h, no banco de trás de uma viatura da PF, e chegou ao
aeroporto Luiz Eduardo Magalhães cerca de meia hora depois. Ele será levado para Brasília).
O ex-ministro já tinha sido preso preventivamente na operação, em julho, mas recebeu autorização do
desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para cumprir prisão domiciliar.
Embora a decisão judicial determine que ele seja monitorado por tornozeleira eletrônica, isso não vinha
acontecendo pois o governo da Bahia não tem o equipamento.
13
BOMFIM, CAMILA. Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso após apreensão de R$ 51 milhões. G1 Bahia. Disponível em: < http://g1.globo.com/bahia/noticia/mpf-
pede-prisao-preventiva-de-geddel-vieira-lima.ghtml> Acesso em 08 de setembro de 2017.

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Sete agentes e dois carros da PF entraram no condomínio de Geddel às 6h. Segundo a TV Bahia
(afiliada da Rede Globo), um vendedor ambulante, que estava na região, foi levado para dentro do
condomínio, possivelmente para servir de testemunha.
Segundo o MPF, a nova fase da operação busca apreender provas de crimes como corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e organização criminosa, e que as medidas são necessárias para evitar a destruição
de provas.
O G1 tentou contato com a defesa de Geddel, mas não obteve resposta até a última atualização desta
reportagem.

Fortuna em outro imóvel


Na terça-feira (5), a PF apreendeu R$ 51 milhões em um apartamento que seria utilizado por Geddel
em Salvador. O dono do imóvel afirmou à PF que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro para que ele
guardasse pertences do pai, que morreu no ano passado.
Segundo o jornal "O Globo", a PF reuniu 4 provas que reforçam a ligação Geddel com o dinheiro. As
impressões digitais do ex-ministro foram encontradas no próprio dinheiro, uma outra testemunha
confirmou que o espaço tinha sido cedido a ele, e uma segunda pessoa é suspeita de ajudar Geddel na
destinação das caixas e das malas de dinheiro. Além disso, a PF identificou risco de fuga, depois da
divulgação da apreensão do dinheiro.
A apreensão do dinheiro é um desdobramento da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na
liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. De acordo com o MPF, entre 2011 e 2013, Geddel
agia para beneficiar empresas com liberações de créditos e fornecia informações privilegiadas para os
outros membros da quadrilha que integrava.
O ex-ministro virou réu em agosto em uma ação na Justiça Federal em Brasília por obstrução de
justiça. Ele é acusado de tentar atrapalhar as investigações. Em nota divulgada após a decisão da Justiça,
a defesa de Geddel rechaçou as acusações, a a que chamou de "fruto de verdadeiro devaneio e excesso
acusatório".
A defesa do ex-ministro não se manifestou sobre os R$ 51 milhões.

Ex-ministro de Lula e Temer


Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo em novembro de
2016. Ele foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tê-lo pressionado para liberar uma
obra na Ladeira da Barra, área nobre de Salvador. Geddel era um dos principais responsáveis pela
articulação política do governo Temer com deputados e senadores. Ele ficou no cargo por seis meses.
O peemedebista também foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, entre 2007 e 2010,
depois de ter sido crítico ferrenho do primeiro mandato do petista e defensor do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB). No ministério, encampou a transposição do Rio São Francisco, que prometeu
efetivar em seu mandato.
Atuou como vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa entre 2011 e 2013, cargo do qual chegou a
pedir exoneração pelo Twitter à então presidente Dilma Rousseff, pela possibilidade de concorrer nas
eleições seguintes. Quem o convidou para o cargo foi Michel Temer. Foi derrotado por Otto Alencar (PSD)
na eleição ao Senado.
Formado em administração de empresas pela Universidade de Brasília, é natural de Salvador, onde
foi assessor da Casa Civil da Prefeitura entre 1988 e 1989. Em 1990, filiou-se ao PMDB, partido pelo qual
foi eleito cinco vezes deputado federal.

Acordos de delação de Joesley e Saud foram rescindidos, informa PGR14


Rodrigo Janot já havia anunciado revisão dos acordos por suspeitas de que delatores haviam omitido
informações. Segundo PGR, mesmo com a rescisão, provas entregues permanecem válidas.
Procuradoria Geral da República (PGR) informou nesta quinta-feira (14) que os acordos de delação
premiada de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e de Ricardo Saud, um dos executivos do
grupo, foram rescindidos.
A informação consta de um comunicado divulgado à imprensa na tarde desta quarta, pela procuradoria,
no qual a PGR informa ter denunciado o presidente Michel Temer, Joesley, Saud e integrantes do
PMDB ao Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PGR, mesmo com a rescisão, as provas entregues pelos dois delatores permanecem
válidas.

14
MATOSO, F. NETTO, V. PARREIRA, M. Acordos de delação de Joesley e Saud foram rescindidos, informa PGR. G1, Política. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/acordos-de-delacao-de-joesley-e-saud-foram-rescindidos-informa-
pgr.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 15 de setembro de 2017.

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De acordo com a assessoria da PGR, a rescisão do acordo de colaboração ainda precisa ser
confirmada pelo ministro Edson Fachin.
Na semana passada, o procurador-geral, Rodrigo Janot, já havia anunciado a revisão dos acordos dos
delatores por suspeitas de que os dois executivos haviam omitido informações.
Em razão disso, o Supremo Tribunal Federal suspendeu, no último fim de semana, os
benefícios concedidos a Joesley e a Saud.

A decisão de Janot
Rodrigo Janot entendeu que os dois delatores mentiram sobre fatos de que tinham conhecimento, se
recusaram a prestar informações e que ficou provado que, após a assinatura do acordo, eles sonegaram,
adulteraram, destruíram ou suprimiram provas.
Por enquanto, o procurador-geral manteve o acordo do diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis,
enquanto aguarda informações sobre uma investigação de uso de informação privilegiada que envolve a
delação premiada.
A informação sobre a rescisão do acordo foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

'Confiança'
Ao decidir pela rescisão dos acordos, Janot escreveu que confiança é uma "via de mão dupla",
devendo o investigado assimilar e assumir a condição de colaborador da Justiça, "falando tudo o que
sabe e não omitindo qualquer fato relevante, ainda mais quando este fato pode configurar crime".
O procurador-geral acrescenta, então, que não cabe ao colaborador fazer juízo de valor ou escolher
os fatos que pretende entregar, fazendo, assim, com que a manutenção do acordo dependa da boa-fé e
do fiel cumprimento das cláusulas estabelecidas.
O que ocorreu nas delações de Joesley e de Saud, diz Janot, foi o descumprimento de cláusulas que
proíbem a "omissão deliberada, a má-fé, o dever de transparência" entre as partes contraentes.
"Como se vê, a consequência jurídica da rescisão do acordo por culpa exclusiva do colaborador é a
perda da premiação e a validade de todas as provas produzidas, que poderão ser usadas nos processos
em curso e futuros."

Janot acusa Temer de chefiar organização criminosa: 10 perguntas para entender a denúncia15
Mesmo ferido por graves acusações contra a atuação do Ministério Público Federal na condução da
delação da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, lançou sua segunda "flechada" contra
Michel Temer e denunciou o presidente nesta quinta-feira sob as acusações de obstrução de Justiça e
de integrar organização criminosa.
O disparo foi dado a três dias de Janot passar o cargo para a próxima procuradora-geral, Raquel
Dodge.
Agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá avaliar se encaminha a denúncia diretamente para
a análise da Câmara dos Deputados ou se vai suspender seu andamento até que se concluam as
investigações sobre a legalidade do acordo firmado com Joesley Batista e outros executivos do grupo.
Em nota, a Presidência da República, afirmou que Janot "continua sua marcha irresponsável para
encobrir suas próprias falhas", ignorando "deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as
delações sobre as quais se baseou para formular a segunda denúncia contra o presidente da República".
"A segunda denúncia é recheada de absurdos. Fala de pagamentos em contas no exterior ao
presidente sem demonstrar a existência de conta do presidente em outro país. Transforma contribuição
lícita de campanha em ilícita, mistura fatos e confunde para tentar ganhar ares de verdade. É realismo
fantástico em estado puro", diz o texto.
Já o PMDB informou lamentar "mais um ato de irresponsabilidade realizado pelo procurador-geral" e
afirmou que "a Justiça e sociedade saberão identificar as reais motivações" de Janot.
Entenda, em dez perguntas, as acusações contra Temer e o que deve acontecer agora:

1. Do que Janot acusa Temer agora?


O presidente é acusado de integrar uma organização criminosa com outros peemedebistas - eles
teriam montado uma complexa estrutura para desvio de dinheiro público, cujos valores superariam R$
580 milhões.
Segundo a denúncia, políticos do PMDB, sob a liderança de Temer, teriam recebido propinas de
empresas em troca de interferências ilegais em operações de crédito da Caixa, negócios da Petrobras,

15
SCHREIBER, MARIANA. Janot acusa Temer de chefiar organização criminosa: 10 perguntas para entender a denúncia. BBC Brasil. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41261952?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 15 de setembro de 2017.

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concessões de aeroportos e ações dos ministérios da Agricultura e da Integração Nacional, além da
inclusão de emendas em medidas provisórias no Congresso.
Janot diz que o grupo começou a se articular a partir de 2006, quando o PMDB passou a ocupar cargos
no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisou ampliar sua base de apoio após o
escândalo do mensalão.
Temer e Henrique Eduardo Alves, na época deputados, teriam negociado "cargos-chaves" para o
grupo criminoso, "tais como a presidência de Furnas, a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias
na Caixa Econômica, o Ministério da Integração Nacional, a Diretoria Internacional da Petrobras, entre
outros", diz a denúncia.
O procurador-geral frisa também que a organização criminosa continuou praticando crimes nos anos
de 2015, 2016 e 2017, e que Temer teria se tornado o "líder" do grupo em maio do ano passado, quando
assumiu a Presidência da República.
Temer, especificamente, teria obtido "vantagem" de R$ 31,5 milhões, sendo R$ 500 mil da JBS por
meio de Rodrigo Rocha Loures, R$ 10 milhões em doações da Odebrecht, R$ 20 milhões referentes ao
contrato PAC SMS da Diretoria Internacional da Petrobras com a Odebrecht e R$ 1 milhão entregue ao
coronel João Batista Lima Filho, amigo do peemedebista.
Além disso, Janot também acusa o presidente de tentar obstruir a Justiça ao dar aval para suposta
compra de silêncio do ex-presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha, e do operador Lúcio
Funaro.
Para embasar essa acusação, o procurador-geral usa, por exemplo, a gravação da conversa entre o
presidente e Joesley Batista, dono da JBS. Ele sustenta que Temer instigou Batista a pagar, por meio de
Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro.

2. Quem foi denunciado ao lado do presidente?


A suposta organização criminosa denunciada por Janot contaria com mais seis integrantes, todos
peemedebistas: o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, os ministros Moreira Franco (Secretaria-
Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e
Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e o ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha
Loures.
Desses, estão presos hoje Cunha, Alves, Geddel e Loures.
Segundo relatório da Polícia Federal usado para embasar a denúncia, "enquanto Eduardo Cunha fazia
a parte obscura das tratativas espúrias, negociatas, ameaças e chantagem política", "o presidente Michel
Temer, como liderança dentro do PMDB, tinha a função de conferir oficialidade aos atos que viabilizam
as tratativas acertadas por Eduardo Cunha e os demais participantes, dando aparente legalidade e
legitimidade em atos que interessam ao grupo."
Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, da JBS, perderam a imunidade que haviam negociado no
acordo de delação e foram denunciados pelo crime de obstrução de Justiça.

3. É o mesmo caso da mala de R$ 500 mil?


A segunda denúncia é mais ampla que a primeira, que foi apresentada no final de junho e acusava o
presidente de corrupção passiva, com base em informações da delação da JBS, revelada em 17 de maio.
Havia um prazo curto para apresentar aquela primeira denúncia porque ela envolvia também um
investigado preso, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, filmado recebendo uma mala
de R$ 500 mil de um executivo da multinacional.
Esse pagamento seria, segundo a Procuradoria, a primeira parcela de propina em troca de
interferência do governo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em favor da JBS.
Temer nega que tivesse ciência de qualquer acordo entre Loures e JBS e que tenha interferido no
órgão. A Câmara dos Deputados rejeitou o andamento dessa denúncia no início de agosto.

4. Por que a segunda denúncia só foi apresentada agora?


No caso das suspeitas de obstrução de Justiça e formação de quadrilha, não havia exigência de prazo
curto para apresentação da denúncia e, por isso, a Procuradoria-Geral da República pôde continuar
investigando para incluir novos elementos na denúncia, como foi o caso da delação de Funaro.
"O Ministério Público não tem pressa e nem retarda denúncia. Existem investigações em curso", disse
Janot em julho, ao ser questionado sobre a segunda denúncia contra Temer.
Já o presidente e seus aliados acusam o procurador-geral de agir politicamente ao fatiar as denúncias.
"Qual foi primeira ideia? Vamos fatiar a denúncia. Para que fatiar a denúncia, se inquérito é um só, e
os fatos estão ali, elencados? Foi para dizer, se ele ganhar a primeira, eu venho com a segunda. Se ele
ganhar a segunda, eu venho com a terceira", disse Temer em entrevista ao SBT na semana passada.

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"Não é tipicamente uma função digamos para estatura de um chefe do Ministério Público", completou
o presidente.

5. Quem são os delatores que denunciaram Temer?


A principal novidade dessa denúncia são as acusações de Lúcio Funaro, tido como operador de
propina do PMDB e que acaba de fechar acordo de delação premiada.
Janot usa também os depoimentos de executivos da JBS, como Joesley Batista e Ricardo Saud,
embora essa delação esteja hoje em xeque e corra o risco de ser anulada por suposta ilegalidade na sua
condução por parte de membros do Ministério Público, como o ex-procurador Marcelo Miller.
O procurador-geral sustenta que a rescisão do acordo dos dois não impede a utilização das provas
apresentadas por eles - e que são centrais na nova denúncia.
Em defesa dessa tese, cita um voto proferido pelo ministro do STF Dias Toffoli em julgamento de 2015,
no qual o magistrado afirmou que as declarações dos colaboradores "poderão ser consideradas meio de
prova válido para fundamentar a condenação de coautores e partícipes da organização criminosa", "ainda
que o colaborador, por descumprir alguma condição do acordo, não faça juz a qualquer sanção premial
(benefício da delação)".
Janot cita ainda na denúncia revelações de outros delatores da operação Lava Jato, como Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e executivos da Odebrecht.

6. O STF pode derrubar essa denúncia antes que a Câmara decida?


A defesa de Temer tentou impedir no STF o oferecimento dessa segunda denúncia, sob o argumento
de que ainda está em curso a investigação para esclarecer se a delação da JBS foi ilegal.
O Supremo, no entanto, adiou essa decisão para a próxima semana, o que na prática deixou o caminho
livre para Janot fazer a denúncia antes de deixar o cargo no domingo.
Agora, de acordo com juristas ouvidos pela BBC Brasil, o STF pode tanto suspender o andamento da
denúncia até o fim das investigações quanto decidir encaminhar a denúncia diretamente para análise da
Câmara.
Nesse caso, a decisão sobre a validade do uso da delação da JBS passaria para o momento de análise
do recebimento da denúncia.
Segundo a Constituição, o Supremo só pode avaliar o recebimento da denúncia para abertura de um
processo contra o presidente caso obtenha a autorização de 342 dos 513 deputados.

7. O que acontece com Temer agora?


Se o STF não impedir o andamento da denúncia, Temer permanece no cargo enquanto os deputados
decidem se autorizam seu julgamento pelo Supremo.
O ministro do STF Edson Fachin deve enviar o pedido da Procuradoria para a Câmara, onde primeiro
haverá uma análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Seja qual for a recomendação da CCJ,
se pela aceitação ou rejeição da denúncia, o crivo final será do plenário da Casa.
Para que o STF fique autorizado a julgar Temer, é necessário o aval de 342 deputados. Ao analisar a
primeira denúncia, a Câmara barrou seu andamento por 263 votos a 227. Se esse resultado se repetir, a
denúncia fica em suspenso e só poderá ser analisada pela Justiça quando terminar o mandato de Temer.

8. E se a Câmara autorizar o julgamento?


Se o andamento da denúncia for aprovado, os onze ministros do Supremo decidirão se há elementos
jurídicos suficientes para tornar Temer réu. Caso isso aconteça, o presidente ficaria afastado por até seis
meses, enquanto a Corte realizaria o julgamento. Durante o processo, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, assumiria interinamente.
Na hipótese de Temer ser condenado, Maia teria que convocar uma eleição indireta para que o
Congresso escolhesse o novo presidente. No caso de absolvição, o peemedebista reassumiria o
comando do país.

9. Temer pode ser preso?


A Constituição prevê expressamente que Temer não pode ser preso enquanto for presidente, a não
ser que seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal após julgamento autorizado pela Câmara.

10. Haverá novas denúncias?


A apresentação de novas denúncias dependerá do resultado de novas investigações e da avaliação
da nova procuradora-geral, Raquel Dodge, que assume o lugar de Janot na segunda-feira.

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Nesta semana, o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou novo inquérito contra o presidente
para apurar supostas ilegalidades na edição de um decreto sobre o setor de Portos, em maio deste ano.
"Os elementos colhidos revelam que Rodrigo Rocha Loures, homem sabidamente da confiança do
presidente da República, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o
próprio presidente da República, em troca da edição de ato normativo de específico interesse de
determinada empresa, no caso, a Rodrimar S/A", assinalou Barroso na decisão de abertura do inquérito.
Em nota, a empresa negou qualquer ilegalidade. A assessoria de Temer disse em comunicado que o
decreto foi debatido entre o governo e empresas e que o presidente "não teve interferência no debate e
acatou as deliberações e aconselhamentos técnicos, sem que houvesse qualquer tipo de pressão política
que turvasse todo esse processo".

Temer tem a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica16


Segundo os dados do levantamento, a avaliação negativa do peemedebista alcançou 75,6% neste
mês de setembro; até então, o pior desempenho era da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve índice de
70,9% em julho de 2015
O presidente Michel Temer (PMDB) registrou a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica
da pesquisa CNT/MDA, cuja última edição foi divulgada nesta terça-feira (19) pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT).
Do ponto de vista de avaliação de governo, a série histórica da pesquisa começou a ser registrada
pela CNT em julho de 1998, durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
De lá para cá, Temer é o presidente da República com a pior avaliação.
Segundo os dados do levantamento, a avaliação negativa do peemedebista alcançou 75,6% neste
mês de setembro. Até então, o pior desempenho era da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve índice
de 70,9% em julho de 2015.
Temer também é dono do pior desempenho pessoal da história, avaliação que começou a ser medida
em 2001. Isso porque 84,5% desaprovam o desempenho do presidente, segundo dados de setembro
A 134ª pesquisa CNT/MDA foi realizada entre os dias 13 e 16 de setembro. Foram ouvidas 2.002
pessoas, em 137 municípios de 25 unidades federativas, das cinco regiões do Brasil. A margem de erro
é 2,2 pontos porcentuais, com 95% de nível de confiança.

Entenda o novo fundo público para campanhas eleitorais aprovado na Câmara17


Correndo contra o relógio para garantir verbas para o financiamento de campanhas eleitorais ainda
em 2018, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, projeto originado no Senado que
cria o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Estima-se que, no ano que vem, o fundo
chegue ao valor de R$ 1,7 bilhão.
O texto deve ser sancionado pelo presidente Michel Temer, uma vez que foi objeto de articulações
entre o Congresso e o governo. Mas, nos próximos passos da tramitação, a proposta deve ser mais
detalhada, ganhando especificações e regulamentações. A aprovação foi por votação simbólica (em que
não há registro individual de votos) - o que gerou protestos de deputados no plenário.
Ainda que diversas propostas de reforma política não tenham avançado no Congresso, outras foram
definidas nesta semana. Na terça-feira, o Senado aprovou a instituição da cláusula de barreira para 2018
e a proibição das coligações partidárias a partir de 2020. Nesta quarta-feira, antes de aprovar o fundo, a
Câmara aprovou um projeto, do deputado Vicente Candido, que regulamenta pontos como a propaganda
na internet e o limite de gastos para campanhas por cargo.
Em meio a tantas propostas, porém, o fundo ganhou especial atenção da classe política e da opinião
pública nos últimos meses. Entenda o que esteve em jogo até aqui e o que muda para a democracia
brasileira.

Como chegamos aqui?


Nos últimos 20 anos, o país assistiu ao encarecimento contínuo das campanhas eleitorais.
O maior abastecedor dos partidos e seus candidatos eram empresas privadas brasileiras, donas de
interesses e negócios dentro do Estado.
Nos últimos anos, a Operação Lava-Jato acabou demonstrando a promiscuidade da relação entre
empresas e políticos. Grosso modo, dinheiro público acabava desviado para irrigar campanhas.

16
AGÊNCIA ESTADO. Temer tem a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica. O Tempo Política. Disponível em:
<http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/temer-tem-a-pior-aprova%C3%A7%C3%A3o-pessoal-e-de-governo-da-s%C3%A9rie-hist%C3%B3rica-
1.1521968> Acesso em 20 de setembro de 2017.
17
BBC BRASIL. Entenda o novo fundo público para campanhas eleitorais aprovado na Câmara. BBC Brasil. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/brasil-
41507850?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 05 de outubro de 2017.

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A repercussão das investigações desaguou na proibição de doação de empresas, determinada pelo
Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2015.
Desde então, só a eleição municipal de 2016 foi realizada sem doação empresarial.
O impacto foi enorme: a arrecadação caiu pela metade em relação às eleições municipais de 2012,
segundo o Tribunal Superior Eleitoral. E os partidos acharam que era necessário voltar a encher o caixa
eleitoral.

De onde virá e para onde vai esse dinheiro?


Na prática, a proposta aprovada no Congresso faz com que o Estado brasileiro cubra boa parte do
vácuo deixado pela proibição de doações de empresas nas campanhas. Nas eleições de 2014, por
exemplo, elas doaram R$ 3 bilhões (considerando a inflação, o correspondente a R$ 3,6 bilhões em
valores atuais aproximados).
A proposta recém-aprovada no Congresso prevê a transferência para o fundo de 30% das emendas
de bancadas de deputados e senadores (propostas de investimentos que os parlamentares fazem no
orçamento público) - no ano eleitoral. Contribuirá para o fundo também a compensação fiscal que antes
era paga às emissoras de rádio e TV pela propaganda partidária (fora do período eleitoral) - que será
extinta.
Segundo o projeto aprovado pelos deputados, o fundo será distribuído da seguinte forma: 2% divididos
igualitariamente entre todos os partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE); 49% divididos
entre os partidos de acordo com a proporção de votos obtidos na última eleição para a Câmara; 34%
divididos entre os partidos na proporção de representantes na Câmara; e 15% divididos entre os partidos
na proporção de representantes no Senado.

Como funciona o financiamento em outros países?


Em alguns países europeus, o financiamento público é responsável por mais de 70% do custeio dos
partidos. É o caso da Finlândia, Itália, Portugal, Espanha, de acordo com o relatório "Financing
Democracy", da OCDE, de 2016 .
Já no Reino Unido e na Holanda, dinheiro público financia 35% dos gastos políticos.
O volume de recursos, porém, é mais baixo do que os do novo fundo brasileiro.
Na França, por exemplo, o financiamento eleitoral foi de cerca de R$ 314 milhões na disputa de 2012
- bem menor do que o montante previsto para o Brasil.
O financiamento francês também é concedido de forma diferente. Os candidatos não recebem o
dinheiro de antemão. Podem solicitar reembolso apenas de parte dos gastos de campanha - até 47% -
se obtiverem pelo menos 5% dos votos.

Custo de denúncias contra Temer alcança R$ 32,1 bi18


Soma de concessões e medidas do governo para atender base no Congresso revela preço da
negociação política para evitar prosseguimento das acusações formais
BRASÍLIA - A negociação política para barrar duas denúncias criminais contra o presidente da
República, Michel Temer, tem um custo que pode chegar a R$ 32,1 bilhões. Essa é a soma de diversas
concessões e medidas do governo negociadas com parlamentares da Câmara entre junho e outubro,
desde que Temer foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva, até a votação da segunda
acusação formal, pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça – o que está previsto
para esta quarta-feira, 25.
O preço para impedir o prosseguimento das denúncias supera em R$ 6 bilhões os recursos previstos
por Temer para pagar parcelas de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família ao longo do ano que
vem. O programa de complementação de renda foi orçado em R$ 26 bilhões, em 2018. Também é maior
do que o custo total para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, atualmente estimado em cerca
de R$ 30 bilhões.
Temer precisa de 172 votos a seu favor, ausências ou abstenções para barrar a segunda denúncia.
Na primeira votação, ele obteve 263 votos. Segundo aliados, o presidente tem 240 votos garantidos, mas
poderá chegar a 270 votos, resultado que confortaria o Palácio do Planalto e deverá servir como espelho
para estratégias de tramitação das reformas tributária e da Previdência.
Além das concessões, de junho a outubro, o Planalto ainda empenhou R$ 4,2 bilhões de emendas
parlamentares individuais de deputados, que têm execução obrigatória desde 2015. O ritmo de liberações,
no entanto, é definido pelo governo e foi um dos trunfos para barrar a primeira denúncia. Se fossem
consideradas, a conta subiria para R$ 36,3 bilhões.
18
FRAZÃO. F. Custo de denúncias contra Temer alcança R$32,1 bi. Estadão, Política. Disponível em:< http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,custo-de-
denuncias-contra-temer-alcanca-r-32-1-bi,70002059125> Acesso em 26 de outubro de 2017.

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Sem dinheiro para pagar o compromisso de fato e perto de liberar todas as emendas disponíveis, o
Planalto passou a negociar em outras frentes.
Impopular, o governo Temer recuou da liberação da exploração de minério na Reserva Nacional do
Cobre e Associados (Renca), na Amazônia, depois de mobilização internacional contrária. Nesta semana,
porém, decidiu dar descontos de 60% em multas ambientais e transformar os pagamentos em
compromissos de gastos dos entes privados com reflorestamento e conservação do ambiente. A medida
pode tirar dos cofres mais de R$ 2,7 bilhões.
Segundo parlamentares ligados a centrais sindicais, o governo promete apoiar tentativas congressuais
de retomar algum tipo de contribuição para o custeio dos sindicatos.
O governo indicou também que vai desistir de privatizar o Aeroporto de Congonhas (SP), cujo leilão
poderia arrecadar R$ 6 bilhões. Administrado pela Infraero, o controle político do terminal está nas mãos
do PR, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão.
Bancada ruralista. Temer fez concessões em programas de parcelamento de dívidas para empresários
e produtores rurais, e em atos de interesse de bancadas temáticas como a dos ruralistas, que tem 214
deputados em exercício e poderia, sozinha, garantir a salvação do mandato do peemedebista.
Pleitos antigos da bancada foram atendidos recentemente pelo governo. Os ruralistas já haviam sido
agraciados com um pacote de descontos nas alíquotas de contribuição para o Fundo de Assistência ao
Trabalhador Rural (Funrural), usado para custear aposentadorias, e condições mais benéficas para quitar
dívidas com o fundo, cujo prazo de adesão foi postergado para novembro. Até agora, o governo não
recorreu de um projeto de resolução do Senado que anistiou um passivo de R$ 17 bilhões não pagos ao
Funrural.
Temer também sancionou nesta terça-feira, 24, com vetos, a Medida Provisória do Refis, deixando de
arrecadar R$ 4 bilhões, conforme estimativa do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A pasta era
contrária à renúncia. O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) negou que essas decisões do governo tenham
sido influenciadas por acordos em troca de apoio nas votações.

Economia

Qual é o impacto do escândalo das carnes na economia brasileira?19


Terceiro maior produto de exportação do Brasil, atrás da soja e do minério de ferro, as carnes
brasileiras conquistaram o mundo, tornando-se sinônimo de qualidade em mais de 150 países.
Mas esse selo de garantia está sob risco desde a última sexta-feira, quando a Polícia Federal revelou
um esquema de adulteração envolvendo pelo menos 30 frigoríficos.
Por si só, pela natureza das descobertas, a operação Carne Fraca já teria o potencial de causar
estragos significativos no mercado interno. Afinal, qual brasileiro vai querer comprar - e consumir -
possível carne adulterada?
Mas o problema se torna ainda pior porque essa mesma pergunta está sendo feita pelos compradores
internacionais - nesta segunda-feira (20/03), países como China, Chile e Coreia do Sul, além da União
Europeia, suspenderam temporariamente as importações de empresas citadas na fraude.
Por causa disso, segundo economistas ouvidos pela BBC Brasil, o impacto na economia brasileira
pode ser "maior do que se imaginava".
Eles ressalvam, contudo, que tudo "dependerá de quanto vão durar os embargos e se mais países vão
aderir a ele".

'Péssimo momento'
Mas existe um consenso: a operação da PF veio em um "péssimo momento" para o agronegócio, um
dos pilares da economia brasileira, que vinha esboçando sinais de recuperação.
"O Brasil custou para abrir novos mercados e agora a imagem do país está abalada lá fora. É difícil
prever o que vai acontecer, mas não resta dúvida de que esse escândalo será prejudicial para a economia
brasileira", diz à BBC Brasil José Carlos Hausknecht, sócio diretor da MB Agro, braço agrícola da
consultoria MB Associados.
Em outras palavras: isso pode acarretar um prolongamento da recessão, afetando a vida de todos os
brasileiros.
Já segundo estimativa da consultoria LCA consultores, no pior dos cenários - se todos os países
fecharem as portas às importações de carne brasileira - o impacto no PIB pode ser de até 1 ponto
porcentual. A previsão oficial do governo, que deve ser revisada para baixo nos próximos dias, é de
crescimento de 1%.

19
21/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/qual-e-o-impacto-do-escandalo-das-carnes-na-economia-brasileira.ghtml

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Desemprego e inflação
A revelação do esquema de carne adulterada terá consequências para a economia brasileira, explicam
os especialistas, pela "importância do setor de carnes".
Atualmente, de toda a carne produzida no Brasil, 80% é consumida pelo mercado interno. O restante
vai para fora.
No ano passado, as exportações brasileiras do produto somaram mais de US$ 14 bilhões (R$ 43
bilhões), ou 7,5% do total exportado, atrás apenas do minério de ferro e da soja.
Além disso, o setor de carnes possui uma cadeia produtiva "muito extensa", com "efeitos indiretos",
lembra Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados.
Oliveira estima que uma redução de 10% nas exportações brasileiras de carne pode custar 420 mil
postos de trabalho e R$ 1,1 bilhão a menos em impostos - notícia nada positiva em um momento de crise
fiscal.
Já a inflação também deve subir por causa do escândalo, "devido a algum tipo de recall das carnes já
distribuídas ao comércio", diz à BBC Brasil André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Apesar disso, ressalva ele, o impacto na subida dos preços deve ser residual, já que o peso total das
carnes no índice oficial (IPCA) é de apenas 3,69%.
"Nesse sentido, uma alta adicional de 2% nesses produtos iria criar um impacto de 7 pontos base (ou
0,07%) na inflação plena: neste caso, se o IPCA fosse de 4,50%, ele ficaria em 4,57%", afirma.
"Mas será preciso saber mais detalhes sobre como isso vai ocorrer, pois não há notícias de
desabastecimento e não se trata da totalidade de toda a cadeia da carne", acrescenta.

Concorrência e protecionismo
Os especialistas também apontaram que, por causa do escândalo, o Brasil poderia perder espaço para
outros competidores no mercado global de carnes.
Nesse sentido, segundo eles, seria um "grande retrocesso" para um setor que se tornou prioridade
durante os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016).
Nesse período, recursos públicos foram direcionados (via BNDES, a agência nacional de fomento)
para a criação dos chamados "campeões nacionais" - com o apoio irrestrito do governo, empresas como
a JBS e a BRF formaram monopólios e se projetaram internacionalmente.
"Hoje em dia, o mercado é altamente competitivo. Qualquer deslize pode ser fatal", diz Oliveira, da GO
Associados.
Hausknecht, da MB Agro, concorda que o escândalo acaba gerando uma oportunidade para potenciais
concorrentes, mas avalia que, atualmente, pelas condições do mercado, não há competidores à altura do
Brasil.
"A Austrália, por exemplo, que poderia ser uma alternativa ao Brasil para a oferta de carnes à China,
ainda estão recompondo o rebanho", diz, em alusão à forte seca que forçou produtores australianos a
elevarem o escoamento de animais para o abate.
"Já os Estados Unidos, o segundo maior produtor mundial de carne bovina, tampouco tem muita
entrada no mercado chinês por causa da escalada da tensão entre Washington e Pequim."
"Por fim, a Índia também é outro grande exportador de carne bovina, mas ela é de pior qualidade",
completa.
Para Campos, da LCA Consultores, a maior consequência do escândalo é dar munição a governos
para impor mais tarifas alfandegárias ao Brasil, em um contexto de maior protecionismo no mundo.
"Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) já deu sinais de que pretende lançar mão de
medidas protecionistas. Nesse caso, isso (escândalo das carnes adulteradas) pode ser usado como
desculpa", conclui.

Terceirização: como fica a partir de agora?20


A sanção da lei que permite a terceirização de trabalhadores de forma irrestrita provocou muita
controvérsia recentemente na sociedade. Diante do novo cenário, é preciso as enxergar as novas
implicações no mercado de trabalho com essa nova lei.
O projeto aprovado pela Câmara e transformado em lei pelo presidente é de 1998 e libera a
terceirização de todos os setores das empresas, seja atividade fim ou atividade meio, e também no serviço
público, com exceção de carreiras de Estado, como auditor e juiz.
A maior crítica da oposição, é que o projeto não tem dispositivos para impedir a chamada "pejotização"
- demissão de trabalhadores no regime de CLT para contratação deles como pessoas jurídicas (PJ) - e
assim restringir direitos trabalhistas. Porém essa conduta continua sendo ilegal. Explicando um pouco
20
DANA, Samy. Terceirização: Como fica a partir de agora? Portal G1. Disponível em: < http://g1.globo.com/economia/blog/samy-dana/post/terceirizacao-como-
fica-partir-de-agora.html>. Acesso em 10 de abril de 2017.

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melhor esse termo, a PJ tem vínculos que caracterizam uma relação de funcionário com aquela empresa,
mas não tem sua carteira assinada e, em geral, não tem todos os direitos trabalhistas garantidos
justamente por não trabalhar em regime CLT. Já na terceirização, uma empresa tem empregados com
carteira assinada vinculados a ela, e aloca esses funcionários para prestar serviços na empresa cliente.
Em relação às leis trabalhistas, por enquanto nada mudou. Porém, a expectativa fica sobre como será
votada a lei de flexibilização do regime trabalhista. Caso aprovada, reforma trabalhista irá permitir que o
acordado entre patrões e empregados tenha poder de se sobrepor à normas trabalhistas – o chamado
“combinado sobre o legislado”.
Já o lado que apoia o projeto afirma que ele irá reduzir o alto número de desempregados atualmente
no Brasil. Para se ter ideia, segundo dados do IBGE, no trimestre encerrado em fevereiro o número de
desempregados no Brasil atingiu a marca de 13,5 milhões de brasileiros, o maior índice da série histórica
que se iniciou em 2012. O número de pessoas sem trabalho cresceu 36% em relação ao mesmo período
do ano anterior.
Eles ainda dizem que, na medida em que as empresas passam a se focar em partes específicas do
trabalho, tornam-se mais especializadas e produtivas, elevando assim os ganhos em toda sua cadeia de
produção. Por exemplo, quando uma empresa contrata uma terceirizada para cuidar da limpeza de suas
instalações, essa empresa reduz a quantidade de procedimentos que tem que lidar e acaba prestando
um melhor serviço do seu “core business”. Menos recursos indo para a burocracia resultariam em maior
produtividade. E maior produtividade significa melhores condições e mais ganhos reais ao trabalhador.
Agora, vamos aos pontos mais parciais que foram vetados na proposta. O primeiro deles é da
possibilidade de prorrogação do prazo de até 270 dias do contrato temporário de trabalho por acordo ou
convenção coletiva. O segundo assegura ao trabalhador temporário, salário, jornada de trabalho e
proteção previdenciária e contra acidentes equivalentes aos trabalhadores fixos da mesma função. Por
fim, o terceiro e último, prevê o benefício do pagamento direto do FGTS, férias e décimo terceiro
proporcionais a empregados temporários contratados até trinta dias.
Além disso, um assunto que foi muito questionado com essa lei, foi a maneira em que os concursos
públicos ficariam pós a lei entrar em vigor. A realidade é que o projeto não tem nenhum ponto específico
que fala sobre o serviço público, pois é considerado muito amplo e com poucos itens pontuais que
explicam determinada área em específico.
Segundo o juiz federal William Douglas, a abolição de concursos seria considerada inconstitucional.
Ademais, enquanto algumas pessoas interpretam que o projeto é só para o setor privado, outras acham,
por exemplo, que empresas como o Banco do Brasil, que tem “economia mista”, são afetadas pelo projeto.
Com a terceirização em vigor, as empresas tendem a se tornar mais produtivas e isso se refletirá em
melhores serviços e produtos com preços mais competitivos. Até serviços melhores poderão vir até
mesmo do governo, uma vez que produzindo mais, aumenta-se a arrecadação de impostos e com isso
orçamento público também se eleva.

Desemprego fica em 13,7% no 1º trimestre de 2017 e atinge 14,2 milhões21


Essa é a maior taxa da série do indicador, iniciada em 2012. Em 3 anos, número de desempregados
mais que dobrou no país.
O desemprego subiu para 13,7% no trimestre de janeiro a março, segundo dados divulgados nesta
sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad
Contínua. De acordo com o IBGE, essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em
2012. No 1º trimestre, o Brasil tinha 14,2 milhões de desempregados, também batendo recorde da série
histórica.

21
SILVEIRA, Daniel. CAVALLINI, Marta. Desemprego fica em 13,7% no 1° trimestre de 2017 e atinge 14,2 milhões. G1 Economia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-137-no-1-trimestre-de-2017.ghtml> Acesso em 28 de abril de 2017.

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Taxa de desocupação, segundo a Pnad do IBGE (Foto: Editoria de arte/G1)

Em relação à taxa, as altas são de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre de outubro a dezembro de
2016 (12%) e de 2,8 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2016 (10,9%).
Já em relação ao número de desocupados, o contingente cresceu 14,9% (mais 1,8 milhão de pessoas)
frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2016 e 27,8% (mais 3,1 milhões em busca de trabalho) em
relação ao mesmo trimestre de 2016, segundo o IBGE.
Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, desde o 1º trimestre de
2014, o país perdeu cerca de 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. De acordo com o
IBGE, a menor desocupação foi registrada no trimestre encerrado em fevereiro de 2014, quando havia
6,6 milhões de desempregados, ou seja, esse número mais que dobrou em três anos.
“O mercado de trabalho continua a apresentar deterioração. Perdemos mais de 1,8 milhão de postos
de trabalho, sendo que cerca de 70% dessa perda foi de empregos com carteira de trabalho assinada”,
diz Azeredo.
Já a população ocupada também bateu recorde - é o menor contingente desde o trimestre fevereiro-
abril de 2012. No trimestre encerrado em março, eram 88,9 milhões de pessoas no mercado de trabalho.
O recuo se deu tanto em relação ao trimestre anterior (-1,5%, ou menos 1,3 milhão de pessoas) como
em relação ao mesmo trimestre de 2016 (-1,9%, ou menos 1,7 milhão de pessoas).
“Na passagem do 4º trimestre para o 1º trimestre percebe-se uma redução da população ocupada e
consequentemente aumento da desocupação em função da dispensa das contratações temporárias do
final do ano. Mas, o que está em questão, é o fato de o Brasil manter esse ritmo da crise no mercado de
trabalho”, analisa Azeredo.

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Número de pessoas desocupadas, segundo a Pnad do IBGE (Foto: Editoria de arte/G1)

“Não tem absolutamente nada na Pnad Contínua que mostre uma melhoria no mercado de trabalho,
na geração de empregos, ou qualquer tipo de recuperação em qualquer tipo de inserção ou grupamento
de atividade”, completa o pesquisador.

Carteira assinada
Desse total, 33,4 milhões de pessoas que estavam empregadas no setor privado tinham carteira
assinada. Esse número também recuou em ambos os períodos de comparação: frente ao trimestre
outubro/dezembro de 2016 (-1,8% ou menos 599 mil pessoas) e ao trimestre janeiro/março de 2016 (-
3,5% ou menos 1,2 milhão de pessoas). Segundo o IBGE, foi o menor contingente de trabalhadores com
carteira assinada já observado na série histórica da pesquisa.
O pico de trabalhadores com carteira assinada foi registrado no trimestre encerrado em junho de 2014
- 33,9 milhões de trabalhadores.
Segundo Azeredo, a notícia mais impactante da pesquisa é a perda expressiva de empregos com
carteira assinada. “Perder postos de trabalho com carteira significa perda de arrecadação da Previdência,
perda de acesso ao seguro-desemprego, perda de garantias trabalhistas. Além disso, a carteira de

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trabalho serve como garantia de acesso ao crédito. A grande notícia que a Pnad Contínua traz neste
primeiro semestre do ano é que o mercado continua destruindo postos de trabalho”, disse Azeredo.
De acordo com o pesquisador, a queda do número de carteiras assinadas tem relação direta com a
conjuntura política e econômica do país. “Um cenário econômico conturbado, um cenário político instável,
isso traz desestabilização para o mercado de trabalho e seus efeitos são quase imediatos. Reestruturar
postos de trabalho, recompor carteira, isso demora”, afirma.
O número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada (10,2 milhões)
apresentou queda em relação ao trimestre anterior (-3,2%), mas cresceu 4,7% (ou mais 461 mil pessoas)
em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
O número de trabalhadores por conta própria (22,1 milhões de pessoas) registrou estabilidade em
relação ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2016). Em relação ao mesmo período do ano
passado, houve queda de 4,6%, ou seja 1,1 milhão de pessoas a menos. “O trabalhador por conta própria,
que no início da crise segurou um pouco a população desocupada, mostra uma redução", diz Azeredo.
Já a categoria dos trabalhadores domésticos, estimada em 6,1 milhões de pessoas, se manteve
estável em ambos os trimestres comparativos, segundo o IBGE.

Nível de ocupação
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi
estimado em 53,1% no trimestre de janeiro a março, apresentando queda de 0,9 ponto percentual frente
ao trimestre de outubro a dezembro de 2016, (54%).
Em relação a igual trimestre do ano anterior, houve retração de 1,7 ponto percentual, quando recuou
de 54,7% para 53,1%. Foi o menor nível da ocupação observado desde o início da série da pesquisa.

Rendimento
O rendimento médio foi estimado em R$ 2.110 no 1º trimestre de 2017, estável tanto ante o trimestre
de outubro a dezembro de 2016 (R$ 2.064) como mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.059).
Em relação ao trimestre anterior, houve alta para os empregados no setor público (1,9%) e para os
trabalhadores domésticos (1,7%). Em relação ao mesmo trimestre de 2016, apenas os empregados no
setor público apresentaram variação positiva (4,3%). Nas demais posições, foi estável.
“Há um crescimento do rendimento nominal do trabalhador. Isso mostra que você tem um aumento do
poder de compra da população, mas o efeito inflacionário sobre ele fez com que a massa de rendimento
se mantivesse estável”, explicou o pesquisador.

Por setores e atividades


Os grupamentos de atividade que mais têm sofrido deterioração dos postos de trabalho é a indústria
e a construção. De acordo com Azeredo, desde 2015, a indústria perdeu 1,9 milhão de postos e a
construção mais de 800 mil.
“Parte expressiva dessa perda de postos com carteira de trabalho assinada, certamente, vem da
indústria, que é o segmento mais organizado e com maior número de formalidade”, diz.
Em relação ao mesmo trimestre de 2016, houve redução de trabalhadores nos setores de construção
(-9,5% ou -719 mil pessoas), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura (-8,0% ou -758
mil pessoas), indústria geral (-2,9% ou -342 mil pessoas) e serviços domésticos (-2,9% ou -184 mil
pessoas). Apenas o grupamento de alojamento e alimentação teve alta (11% ou mais 493 mil pessoas).

Caged
De acordo com os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em
março as demissões superaram as contratações em 63.624 vagas, resultado de 1.261.332 admissões e
de 1.324.956 demissões em março. No acumulado do primeiro trimestre de 2017, o país registrou o
fechamento de 64.378 postos de trabalho.

População brasileira já pagou R$ 1 trilhão em impostos este ano22


A marca de R$ 1 trilhão no painel do Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi
registrada às 8h desta sexta-feira (16). O valor equivale ao total de impostos, taxas e contribuições pagos
pela população brasileira desde o dia 1º de janeiro de 2017.
Em 2016, o montante de R$ 1 trilhão foi alcançado em 5 de julho. O presidente da entidade, Alencar
Burti, explica que a arrecadação aumenta quando há crescimento econômico e elevação de impostos.
“Já que nossa economia não está crescendo, essa diferença de 19 dias reflete aumentos e correções
22
SOUZA, LUDMILLA. População brasileira já pagou R$1 trilhão em impostos esse ano. EBC Agência Brasil. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-06/populacao-brasileira-ja-pagou-r-1-trilhao-em-impostos-este-ano> Acesso em 16 de junho de 2017.

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feitos em impostos e isenções, além da obtenção de receitas extraordinárias como o Refis [parcelamento
de débitos tributários]. Reflete também a inflação, que, apesar de ter caído, segue em patamar alto”,
analisa. Para Burti, “no segundo semestre, espera-se elevação da arrecadação em função da melhora da
atividade econômica”.

Arrecadação federal
O presidente da ACSP esclarece que, embora a arrecadação federal tenha caído em termos reais, é
o número nominal (sem descontar a inflação), o mesmo medido pelo Impostômetro, que deve ser
analisado. “Nosso painel não mede apenas tributos federais. Também entram na conta os estaduais e
municipais. O que temos que observar são os valores nominais, porque os gastos são todos nominais”.

Estados Unidos suspendem importação de carne fresca do Brasil23


Medida é anunciada após recorrentes preocupações sobre segurança dos produtos
BRASÍLIA - O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira que suspendeu todas as
importações de carne in natura do Brasil. Em comunicado, o secretário de Agricultura dos Estados Unidos,
Sonny Perdue, informou que há "preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados
ao mercado americano".
Os EUA tinham passado mais de 10 anos sem comprar carne fresca brasileira e só reabriu o mercado
no ano passado. Os americanos são tradicionais importadores de carne industrializada do Brasil. A
decisão de suspender as importações é mais um revés para a indústria de carne, que enfrenta uma
sequência de problemas desde o início do ano, que afetam as exportações e o preço dos produtos e
comprometem toda a indústria cadeia do setor no Brasil.
As autoridades dos EUA informaram que a suspensão dos embarques permanecerá em vigor até que
o Ministério da Agricultura do Brasil tome medidas corretivas que os Estados Unidos considerem
satisfatórias.
O Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos dos Estados Unidos informou, em comunicado, que
desde março vem inspecionando todos os produtos de carne que chegam do Brasil ao país. As
autoridades recusaram a entrada para 11% dos produtos brasileiros de carne fresca, segundo o texto.
"Esse valor é substancialmente superior à taxa de rejeição de 1% das remessas do resto do mundo.
Desde a implementação do aumento da inspeção, foi recusada a entrada para 106 lotes de produtos
bovinos brasileiros devido a problemas de saúde pública, condições sanitárias e problemas de saúde
animal. É importante notar que nenhum dos lotes rejeitados chegou ao mercado norte-americano",
informou o comunicado.
O governo americano disse ainda que o Brasil se comprometeu a resolver essas preocupações. Os
compradores dos Estados Unidos identificaram irregularidades provocadas pela reação à vacina da febre
aftosa na carne enviada ao país. Em alguns casos, a vacina pode provocar manchas internas na carne.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura já havia suspendido as exportações de cinco frigoríficos
para os Estados Unidos.
"Garantir a segurança do fornecimento de alimentos da nossa nação é uma das nossas missões
críticas, e é uma tarefa que empreendemos com muita seriedade. Embora o comércio internacional seja
uma parte importante do que fazemos nos EUA, e o Brasil seja há muito tempo um dos nossos parceiros,
minha primeira prioridade é proteger os consumidores americanos. Foi isso o que fizemos ao interromper
a importação de carne fresca brasileira", disse o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny
Perdue, por meio de comunicado à imprensa.
O GLOBO procurou o Ministério da Agricultura, que ainda não se manifestou. Entre janeiro e maio
deste ano, o Brasil exportou US$ 18,9 milhões em carne fresca para os Estados Unidos, segundo dados
da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
— Isso é um absurdo e é inconsequente. Isso se trata de reação a um componente da vacina contra
a febre aftosa. É um prejuízo intangível. Nós levamos mais de 15 anos para abrir o mercado, estávamos
preparando para acessar os parceiros do Nafta, vamos ter que rever isso. Agora, além dos problemas
internos, tem isso. O problema é muito sério — disse o presidente da Abiec, Antonio Camardell,
acrescentando:
— O produtor não tem nada a ver com isso. O abscesso é oriundo de um componente da vacina. O
Brasil está perdendo o mercado americano por conta de uma falha de sistema.

23
VENTURA, M. SORIMA, N. J. Estados Unidos suspendem importação de carne fresca do Brasil. O Globo, Economia. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/estados-unidos-suspendem-importacao-de-carne-fresca-do-brasil-
21508582?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 23 de junho de 2017.

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O consultor Cesar de Castro Alves, da MB Agro, observa que o volume exportado de carne fresca para
os EUA não é significativo. Mesmo assim, a preocupação é com a sinalização que os EUA dão a outros
mercados importantes que o Brasil almejava entrar com esses produtos.
— O volume exportado de carne fresca aos EUA não é significativo. Mas a sinalização é ruim. O Brasil
começou a exportar carne fresca para os americanos no ano passado, depois de cerca de dez anos de
negociações. Com essa abertura, almejava entrar em mercados importantes como Japão e Coréia do Sul
— afirmou Alves.
O especialista ressalta que os EUA são muito cuidados com as exigências sanitárias estabelecidas
para carnes in natura.
— Carnes cujo rebanho não foi vacinado contra a febre aftosa, por exemplo, podem ser rejeitadas.
Isso não está relacionado a má qualidade do produto, mas à falta de cuidado com as exigências impostas
pelos EUA — diz o especialista.
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a
notícia não poderia ter sido pior. Ainda mais agora, que os EUA decidiram facilitar as importações de
carnes da China.
— A notícia é lamentável. Foram longos anos de negociações para abrir o mercado americano. É uma
péssima notícia para nós — afirmou Castro.
Entre os produtores, a notícia é "péssima" e afeta ainda mais a credibilidade da carne brasileira.
— Para o Brasil em geral é uma questão de credibilidade. Infelizmente as instituições do Brasil estão
fragilizadas. Das mais altas e inclusive a segurança sanitária — disse o vice-presidente da Sociedade
Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto.
MINISTÉRIO JÁ HAVIA ANUNCIADO SUSPENSÃO DE EXPORTAÇÕES
Na quarta-feira, porém, o Ministério da Agricultura anunciou que já havia suspendido as exportações
de carne de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, desde a semana passada. Segundo a pasta, o
mecanismo de "autossuspensão" permite que as exportações sejam retomadas de forma mais rápida,
após os problemas serem resolvidos.
Em nota, o ministério afirmou que trabalha para "prestar todos os esclarecimentos e correções no
sentido de normalizar a situação. A proibição está valendo desde a última sexta-feira e continuará em
vigor até que sejam adotadas 'medidas corretivas'".

PAC perde R$ 7,48 bilhões; governo remaneja recursos para áreas essenciais24
Planejamento confirma corte adicional de R$ 5,9 bilhões e anuncia remanejamento de R$ 2,2 bilhões
para atender a áreas essenciais. Ministro diz que obras do PAC não serão suspensas.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, informou nesta quinta-feira (27) que o governo vai
bloquear e remanejar recursos em um valor total de R$ 8,1 bilhões com o objetivo de cumprir a meta fiscal
do governo, que é fechar o ano com um déficit de R$ 139 bilhões.
Oliveira confirmou o bloqueio de R$ 5,9 bilhões em gastos, anunciado na semana passada, e informou
que serão remanejados para outras áreas R$ 2,2 bilhões, o que totaliza os R$ 8,1 bilhões, dos quais R$
7,48 bilhões serão retirados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro do Planejamento afirmou que o bloqueio de recursos do PAC não deve resultar, de imediato,
na suspensão de obras públicas.
"A expectativa é de recomposição dos limites ao longo do ano. Pode haver atraso nos empenhos, mas
isso poderá ser recuperado se conseguirmos reaver receitas", declarou o ministro.
Na lei orçamentária deste ano, aprovada pelo Congresso Nacional, os recursos para o PAC somavam
R$ 36,07 bilhões. Com os cortes realizados até agora, o valor caiu quase pela metade: para R$ 19,68
bilhões.
Além do PAC, o governo também vai remanejar recursos de emendas parlamentares.
Segundo Oliveira, o governo procura reaver R$ 2,1 bilhões em precatórios não sacados por seus
beneficiários; R$ 2,5 bilhões com a outorga de aeroportos; e R$ 1 bilhão com a privatização da Lotex.

Áreas essenciais
Entre as áreas consideradas essenciais pelo ministro do Planejamento e que serão contempladas pelo
remanejamento de R$ 2,2 bilhões, estão:
- fiscalização de trabalho escravo;
- defesa civil;
- Polícia Rodoviária Federal;
- Polícia Federal;
24
MARTELLO, ALEXANDRO. PAC perde R$7,48 bilhões; governo remaneja recursos para áreas essenciais. G1 Economia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/economia/noticia/pac-perde-r-748-bilhoes-e-governo-remaneja-recursos-para-areas-essenciais.ghtml> Acesso em 28 de julho de 2017.

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- sistema de controle do espaço aéreo;
- agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Levantamento realizado pelo G1 mostra que o corte de verba restringiu a atuação de vários órgãos e
setores dependentes do governo federal.
Além do bloqueio adicional de R$ 5,9 bilhões em gastos no orçamento federal anunciado na semana
passada, o governo também subiu a tributação sobre os combustíveis.
O objetivo do governo, ao elevar tributos e bloquear gastos no orçamento, é tentar cumprir a meta
fiscal de 2017, fixada em um déficit (despesas maiores que receitas) de R$ 139 bilhões. A conta não inclui
as despesas com pagamento de juros da dívida pública.
A arrecadação neste ano tem ficado abaixo da esperada pelo governo. No ano passado, quando
estimou as receitas com impostos e tributos em 2017, o governo previa que a economia brasileira estaria
crescendo em um ritmo mais acelerado, o que não ocorreu.
Com o orçamento apertado e os gastos limitados pela regra do teto, que começou a valer neste ano,
o governo já reduziu investimentos e sofre para manter alguns serviços. Para analistas, as restrições
devem continuar nos próximos meses.
Apesar dos esforços da equipe econômica, economistas das instituições financeiras estimam que
o rombo das contas do governo ficará em 145,26 bilhões. O valor está acima da meta fiscal fixada para
2017, que é de um resultado negativo de até R$ 139 bilhões.

Entenda o que é a meta fiscal e por que o governo revisou o número25


Com receitas abaixo do esperado, governo enfrenta dificuldade para cumprir meta e teve de prever
um rombo maior nas contas públicas em 2017 e 2018.
O governo anunciou nesta terça-feira (15) a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. Na prática, o
governo admitiu que não conseguirá fechar as contas públicas dentro da previsão orçamentária neste
ano e no ano que vem.
A nova meta prevê um rombo de R$ 159 bilhões nas contas públicas em 2017 e 2018. É um rombo
maior do que o previsto anteriormente, de R$ 139 bilhões para 2017 e R$ 129 bilhões em 2018.
Essa mudança poderá trazer consequências para a dívida pública, a nota de crédito do Brasil e a
própria credibilidade do governo.

O que é a meta fiscal?


É uma estimativa feita pelo governo da diferença entre a sua expectativa de receitas e de gastos em
um ano. Se essa diferença for positiva (ou seja, receitas maiores que gastos), a meta prevê um superávit
primário. Se for negativa (com gastos maiores que receitas), será um déficit primário.
Ao estabelecer um valor, o governo assume um compromisso público de como vai equilibrar as contas
públicas e manter a dívida pública sob controle.

Quem define a meta?


O próprio governo através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que precisa ser aprovada pelo
Congresso.

Por que o governo teve que reajustar a meta?


O governo enfrenta dificuldades em cumprir a meta fiscal porque a recuperação da economia brasileira
está mais lenta que o previsto e, com isso, a arrecadação com impostos e contribuições está ficando
abaixo do esperado. Na prática, a arrecadação cresceu menos de 1% no primeiro semestre. Como os
gastos públicos continuam a crescer, há um desequilíbrio financeiro.
"O grande problema é que o governo acreditou que algumas reformas iam acontecer e já reduziriam
os gastos agora. Eles acreditavam que a economia ia conseguir se recuperar com mais força e que teriam
mais receita. Não conseguiram cortar gastos como queriam, e a receita não aumentou", diz a professora
da Fecap.
Ela cita a reforma trabalhista, que foi aprovada no Congresso com mudanças, e as expectativas das
reformas tributária e da Previdência, que ainda não se concretizaram. "Com a reforma tributária, o governo
esperava ter força para aumentar e ajustar alguns tributos, o que não aconteceu. Já a reforma da
Previdência não traria redução de gastos hoje, mas sinalizaria ao mercado um comprometimento de
ajuste fiscal a médio prazo."

Quais são as consequências do reajuste?


25
VELASCO, CLARA. Entenda o que é a meta fiscal e por que o governo revisou o número. G1 Economia. Disponível em:
<http://g1.globo.com/economia/noticia/entenda-o-que-e-a-meta-fiscal-e-por-que-o-governo-revisou-o-numero.ghtml> Acesso em 16 de agosto de 2017.

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O governo terá que cobrir um déficit fiscal maior (despesas maiores que as receitas). Para isso, ele
precisa captar recursos com a emissão de títulos públicos. Assim, ele consegue financiar os gastos que
foram liberados. Mas, como efeito, sua dívida pública fica maior em relação ao tamanho da economia,
assim como os juros a serem pagos.
"Estamos falando de um acréscimo que não é nada desprezível, R$ 20 bilhões que o governo vai ter
que tirar de algum lugar. Vai ter um aumento da dívida pública, então o ano que vem deve ter taxas de
juros mais altas. O investimento se torna mais caro, então deve ser menor em 2018", diz Inhasz.

Como o reajuste afeta a vida das pessoas?


O crescimento da dívida pública tem efeitos negativos na economia. Segundo a professora da Fecap,
a população deve sentir pouco o reajuste de maneira imediata, mas os efeitos terão mais força no ano
que vem. "Deve ter um aumento na inflação, que não deve ser um baita aumento, mas a população deve
sentir".

Como a meta fiscal é calculada?


O governo faz o planejamento do valor que vai gastar em determinado ano (despesas) e o total de
recursos esperados (receitas).
Os gastos são todas as despesas da máquina pública, exceto o pagamento de juros. "É tudo aquilo
que o governo gasta para colocar serviços à disposição das pessoas: educação, saúde, pagamento de
funcionários públicos, emissão de passaportes", diz Juliana Inhasz, professora de economia da Fundação
Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
Já as receitas vêm da tributação – impostos diretos cobrados sobre o patrimônio e renda e tributos
indiretos sobre o preço de bens e serviços – e refinanciamentos, como o Refis.

O que acontece se o governo não cumprir a meta?


Ele desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal e perde credibilidade internacional. Para evitar isso,
o governo tem a possibilidade de reajustar a meta fiscal. As revisões na meta tornaram-se comuns durante
o governo de Dilma Rousseff e acabaram vistas pelo mercado como sinônimo da falta de compromisso
com o orçamento público e com a retomada da economia.
"[O governo] sinaliza para o mercado que não tem dispositivo econômico suficiente para fazer ajustes
necessários para colocar as contas em ordem. As pessoas enxergam que, se hoje o governo não ficou
dentro da meta, ele pode fazer isso de novo, de dizer uma coisa e fazer outra, já que no início do ano, ele
se comprometeu com uma meta fiscal que depois teve que reajustar", diz Inhasz.
Segundo especialistas ouvidos pelo G1, porém, no contexto atual, o anúncio não compromete a
credibilidade da equipe econômica diante dos investidores.

O que o governo fez para tentar cumprir a meta?


Para tentar cumprir a meta deste ano, o governo já bloqueou gastos e aumentou tributos sobre os
combustíveis, por exemplo. Além disso, o governo já anunciou a adoção de um programa de incentivo
para demissão de servidores e planeja adiar o reajuste programado para o início do ano que vem.

Governo anuncia privatização da Casa da Moeda; leilão de aeroportos será no 2º semestre de


201826
Órgão, que fabrica notas de real e passaportes, deve ir a leilão no final do ano que vem. Anúncio ocorre
em meio a rombo das contas públicas e necessidade do governo de elevar arrecadação.
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (23) que pretende privatizar a Casa da Moeda, órgão
que confecciona as notas de real, além de passaportes brasileiros, selos postais e diplomas.
A expectativa é de que o edital seja publicado no terceiro trimestre do ano que vem e que o leilão
ocorra no final de 2018. A Casa da Moeda está hoje vinculada ao Ministério da Fazenda.
O plano faz parte do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que discute, dentro do governo
Michel Temer, as concessões e privatizações.
O PPI divulgou nesta quarta um calendário prevendo uma série de ações voltadas para leilão de novos
bens públicos, como aeroportos, rodovias e terminais portuários. O objetivo é de elevar as receitas do
governo em um momento de arrecadação fraca, e tentar cumprir a meta fiscal.

26
MARTELLO, A. MAZUI, G. Governo anuncia privatização da Casa da Moeda; leilão de aeroportos será no 2º semestre de 2018. G1, Economia. Disponível em:
<http://g1.globo.com/economia/noticia/em-meio-a-crise-governo-fortalece-programa-de-parcerias-e-quer-privatizar-casa-da-moeda.ghtml> Acesso em 24 de agosto
de 2017.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
Segundo o ministro da secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, 57 novos ativos foram
disponibilizados para concessão ou desestatização nesta segunda fase do programa. A primeira foi
anunciada em setembro do ano passado e incluía 34 projetos.
Moreira Franco disse que o objetivo é "enfrentar a questão do emprego e da renda." O governo não
estimou quanto pretende arrecadar com os novos leilões, mas informou que eles representarão R$ 44
bilhões em investimentos ao longo da vigência dos contratos.
Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia já havia anunciado a proposta de privatizar a
Eletrobras, através da venda de parte das ações da estatal que pertencem hoje à União. A proposta foi
aprovada nesta quarta pelo conselho do PPI.
Veja abaixo as propostas do governo para concessões e privatizações:

(Foto: Arte/G1)

Rodovias
O governo anunciou que quer leiloar um trecho de 806 quilômetros da BR-364, entre Porto Velho, em
Rondônia, e Comodoro, no Mato Grosso, e relicitar o trecho de 634 km da BR-153, entre Anápolis, em
Goiás, e Aliança do Tocantins.
A BR-153 foi leiloada durante o governo Dilma Rousseff, em 2014, porém a concessionária Galvão
não cumpriu os investimentos previstos e teve o contrato encerrado.
A previsão oficial é realizar os leilões dos dois trechos no último trimestre de 2018.

Terminais portuários
O Ministério dos Transportes propôs ainda a concessão de 15 terminais portuários, que são áreas
dedicadas a movimentação de carga nos portos.
Os terminais que irão a leilão ficam nos portos de Belém (GLP e granéis líquidos), Vila do Conde
(granéis líquidos), Paranaguá (grãos) e Vitória (granéis líquidos).
A proposta do governo também inclui a prorrogação antecipada do terminal de fertilizantes do porto de
Itaqui e a autorização para ampliação de capacidade do Terminal Agrovia do Nordeste, no porto de Suape.
Os leilões estão previstos para 2018.

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Aeroportos e controle aéreo
O PPI confirmou a previsão, já anunciada pelo governo, de que novos aeroportos sejam leiloados no
segundo semestre do ano que vem. De acordo com documento divulgado pelo PPI, o Ministério dos
Transportes propôs a concessão de 12 aeroportos, em dois blocos regionais:
Bloco Nordeste: Maceió, Aracaju, João Pessoa, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Recife.
Bloco Centro-Oeste: Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Barra do Garças e Rondonópolis.
Além disso, segundo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o governo ainda vai estudar o
leilão dos aeroportos de Congonhas (SP), Vitória (ES) e Macaé (RJ). Na semana passada, o Ministério
do Planejamento deu como certo o leilão de Congonhas.
O documento confirma ainda a intenção do governo de vender a participação acionária da Infraero nos
aeroportos de Guarulhos, Confins, Brasília e Galeão, que foram leiloados durante o governo da ex-
presidente Dilma Rousseff.
Além disso, o Ministério da Defesa incluiu na relação de projetos do PPI a proposta de uma Parceria-
Público Privada (PPP), na modalidade concessão administrativa, voltada ao serviço de transporte de
sinais de telecomunicações para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e organizações
militares no país.
O projeto trata do controle do espaço aéreo, com previsão de investimento de R$ 1,1 bilhão ao longo
de 25 anos de concessão.

Energia elétrica
Consta ainda da lista o leilão de 11 lotes de linhas de transmissão de energia, além de subestações.
São novas estruturas, que serão construídas pelas empresas vencedoras dos leilões e que vão ampliar
a rede de transmissão de energia do país.
Os lotes estão distribuídos em dez estados: Bahia, Ceará, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Tocantins.

Eletrobras
Sobre a Eletrobras, o governo informou que a redução da participação do governo na empresa será
feita por meio de emissão de papéis pela estatal, sem subscrição da União, que, com isso, perderá o
controle acionário.
"No entanto, a União manterá o poder de veto para garantir a preservação de decisões estratégicas
para o país. Esse modelo já tem sido usado com sucesso em países como Portugal, França e Itália",
informou.
De acordo com o governo, a venda injetará "expressivos recursos" no Tesouro Nacional, mas também
proporcionará a "modernização de processos, o aumento da eficiência e melhoria da governança, sem
que as tarifas sejam afetadas."
Na reunião desta quarta, o conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprovou a
proposta do Ministério de Minas e Energia de privatizar a Eletrobras.

Meta fiscal e crise econômica


O governo conta com a verba extra que virá das concessões e privatizações para elevar suas receitas
e conseguir fechar as contas em 2018.
Recentemente, propôs ao Congresso elevar o teto para o rombo das contas públicas em 2017 e 2018
para R$ 159 bilhões devido à arrecadação abaixo da esperada, reflexo da recuperação da economia mais
lenta que a prevista.
A meta atual já é de déficit (despesas maiores que receitas), ou seja, de resultado negativo, de R$ 139
bilhões em 2017 e de R$ 129 bilhões em 2018.
O fortalecimento do PPI também acontece em um momento de forte queda nos investimentos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - que pode ter, em 2017, o menor orçamento em vários
anos - e de cortes no orçamento, feitos pelo governo, e que vem prejudicando a continuação de alguns
serviços públicos.
Segundo analistas, com a queda dos juros neste ano e o reforço do PPI, a expectativa é de que as
parcerias com o setor privado avancem nos próximos anos e ocupem um espaço maior no setor de
infraestrutura.

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Governo revê orçamento para 2018 e previsão de salário mínimo cai de R$ 969 para R$ 96527
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, anunciou na noite desta segunda-feira a revisão do
Orçamento de 2018 com a previsão de redução de R$ 4 no valor do salário mínimo para o próximo ano,
que passa de R$ 969 para R$ 965.
“Esse não é o valor que está sendo definido, mas uma projeção para fins orçamentários. O valor será
fixado apenas em janeiro, como determina a lei, com a publicação de um decreto. É uma estimativa com
base na estimativa da inflação”, explicou o ministro.
O valor menor ocorre devido a redução da previsão do Índice de Preços ao Consumidor (INPC).
Na mensagem modificativa do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2018, que será enviada
ao Congresso Nacional, o governo mantém a previsão de crescimento de 2% do PIB para 2018 e uma
inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,2%.
Já a estimativa do INPC, teve uma leve modificação em relação à proposta orçamentária em tramitação
no Congresso, de 4,2%, para 4,3%.
No documento que será enviado ao Congresso, o governo reduz a previsão de taxa Selic para o
próximo ao de 8% ao ano para 7,25%.
O governo está enviando ao Congresso a mensagem modificativa porque a peça orçamentária enviada
em 31 de agosto não considerou a revisão da meta de déficit fiscal para o ano que vem e a redução das
despesas.

Desemprego entre jovens no Brasil tem maior taxa em 27 anos, diz OIT28
Praticamente 30% dos brasileiros com menos de 25 anos estão sem trabalho, um índice duas vezes
maior que a média mundial e equivalente aos países árabes
GENEBRA - O desemprego entre os jovens no Brasil atinge sua maior taxa em 27 anos. Dados
apresentados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que, ao final de 2017,
praticamente 30% dos jovens brasileiros estariam sem trabalho. "Trata-se da maior taxa desde 1991",
aponta a entidade, com sede em Genebra.
A estimativa sobre o índice brasileiro é mais de duas vezes superior à média internacional. Segundo a
OIT, o desemprego entre jovens no mundo é de cerca de 13,1%. A situação brasileira só é equivalente
às taxas registradas nos países árabes, que viram o desemprego desencadear uma importante crise
política e social a partir de 2011.
Hoje, entre as mais de 190 economias avaliadas pela OIT, apenas 36 delas tem uma situação pior que
a do Brasil para os jovens. Na Síria, por exemplo, a taxa de desemprego entre os jovens é de 30,6%,
contra 34% no Haiti.
A queda do crescimento da economia brasileira, informalidade e as incertezas de investimentos teriam
gerado o salto no desemprego dessa camada nos últimos anos, ainda que o pico possa já ter sido
atingido. "Houve uma enorme desaceleração de alguns países, entre eles o Brasil", disse a diretora de
Política de Desenvolvimento e Emprego da OIT, Azita Awad.
Em 1991, a taxa brasileira de desemprego entre os jovens era de 14,3% e, em 1995, chegou a cair
para 11,4%. Mas a segunda metade da década de 90 registrou um aumento, com um pico em 2003.
Naquele ano, o desemprego de jovens era de 26,1%. Entre 2004 e 2014, a taxa sofreu uma queda
substancial, chegando a 16,1%.
Mas a desaceleração da economia nacional teria um impacto direto no desemprego de jovens. Em
2015, a taxa subiria para 20%. Um ano depois, ela já era de 27,1% e, neste ano, bateria a marca de
29,9%. A previsão da OIT é de que, em 2018, uma leve queda deva ser registrada, com 29,8%.
A situação brasileira acabou afetando as médias de toda a região latino-americana, que teve o maior
salto de desemprego no mundo entre essa camada da população. O continente terminará 2017 com seu
nível de desemprego mais alto desde 2004. A taxa entre os jovens chegará a 19,6%, contra um índice de
apenas 14,3% em 2013. Apenas neste ano, 500 mil jovens extras ficarão desempregados e a região deve
somar 10,7 milhões de pessoas nessa situação.
Questionada sobre o impacto do desemprego entre os jovens para os países mais afetados na América
Latina, Awad fez alusão ao movimento de contestação que gerou a Primavera Árabe. "Basta ver o que
ocorreu no Norte da África", alertou. Segundo ela, empregos estão no topo das prioridades para essas
sociedades.
Os números latino-americanos se contrastam com os dados da América do Norte ou Europa. Nos EUA
e Canadá, a taxa deve ser a menor desde 2000, com 10,4% dos jovens desempregados. Na Europa, a
27
AGÊNCIA BRASIL. Governo revê orçamento para 2018 e previsão de salário mínimo cai de R$ 969 para R$ 965. Disponível em:
<http://www.itatiaia.com.br/noticia/governo-reve-orcamento-para-2018-e-previsao-d> Acesso em 31 de outubro de 2017.
28
CHADE, JAMIL. Desemprego entre jovens no Brasil tem maior taxa em 27 anos, diz OIT. Estadão, Economia & Negócios. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,desemprego-entre-jovens-no-brasil-tem-maior-taxa-em-27-anos-diz-oit,70002091029> Acesso em 21 de novembro
de 2017.

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crise de 2009 ainda é sentida. Mas os números de desemprego começam a perder força. Para 2017, o
ano deve fechar com uma taxa de 18,2%, o quarto ano consecutivo de queda. Em 2013, essa taxa
chegava a ser de 23,3%.
No mundo, um total de 70,9 milhões de pessoas com até 24 anos estão sem trabalho. Esse número
deve piorar em 2018, com 71,1 milhões de jovens desempregados.
Os dados ainda revelam que os jovens, hoje, tem três vezes mais chances de estar desempregado
que um adulto. Mas os dados também revelam que uma parte substancial dessa camada da população
deixou de procurar emprego.
Em 1997, 55% dos jovens com até 24 anos estavam no mercado de trabalho. Hoje, essa taxa é de
45%. Para a OIT, essa queda não significa apenas que eles estão permanecendo nas escolas e
universidades por mais tempo. 21,8% dos jovens em 2017 nem trabalhavam e nem estudavam.
Outro destaque da OIT se refere ao número de jovens que, mesmo trabalhando, não conseguem sair
da pobreza. No mundo, esse total chega a 160 milhões de pessoas, que ganham menos de US$ 3,1 por
dia. "Eles representam 39% de todos os jovens que trabalham", destaca a diretora da entidade. Na
América Latina, a taxa é de 9,1%, com 4 milhões de pessoas vivendo nessa situação.
O cenário para os próximos anos não é dos melhores. A média geral de desemprego para os jovens
deve aumentar em 2018. Para a OIT, essa geração enfrentará um "futuro incerto", com salários sendo
pagos em setores temporários.
Uma das constatações, porém, é de que aqueles com maior nível de escolaridade terão uma transição
mais curta entre a escola e o mundo do trabalho. No Brasil, os índices mostram que aqueles apenas com
escolaridade primária podem levar um tempo cinco vezes maior para encontrar um emprego que
universitários.

Brasil gasta mal e de forma injusta, diz Banco Mundial29


Brasil gasta mais do que arrecada e, além disso, de forma ineficaz, já que as despesas não cumprem
plenamente seus objetivos, e muitas vezes é injusta, porque beneficiam os ricos em detrimentos dos mais
pobres. A conclusão é de um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira (21/11).
O estudo, intitulado "Um ajuste justo: uma análise da eficiência da equidade do gasto público no Brasil",
foi encomendado pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.
Ele analisa as raízes dos problemas fiscais brasileiros, os programas sociais existentes e as alocações
das despesas, centrando-se em oito setores dos gastos públicos, com diagnóstico detalhado de cada um.
Também aponta possíveis reformas para promover uma gestão de recursos mais eficaz e justa.
O Banco Mundial afirma que o governo brasileiro terá que enfrentar "escolhas difíceis" para ajustar
suas contas, com o perigo de "mergulhar novamente na espiral da inflação e do baixo crescimento".
No entanto, após a análise de uma série de dados, o órgão concluiu que "é possível [no Brasil]
economizar parte do orçamento sem prejudicar o acesso e a qualidade dos serviços públicos,
beneficiando os estratos mais pobres da população".
O relatório alerta, por exemplo, que os gastos públicos brasileiros aumentaram de forma consistente
nas últimas décadas, colocando em risco a sustentabilidade fiscal do país - o déficit fiscal já atinge 8% do
PIB, e a dívida subiu de 51,5%, em 2012, para 73% neste ano.
Nesse sentido, ressalta que será necessário reduzir as despesas em 0,6% em proporção ao PIB do
país a cada ano, bem como reduzir as despesas dos estados e municípios em 1,29%.

Previdência
Um dos problemas apontados pelo banco é referente aos gastos com previdência, descrita como o
"motor do desequilíbrio fiscal" do país. Segundo o estudo, sua reforma seria a medida com maior impacto
para a economia brasileira.
Se a situação atual for mantida, em treze anos, o gasto com previdência esgotará o limite do teto de
gastos do governo federal e não haverá dinheiro para salários, manutenção de escolas e hospitais ou
investimentos. Em 2080, essas despesas corresponderiam a 150% do PIB nacional.
Além disso, a previdência brasileira é "altamente injusta", aponta o Banco Mundial. Isso porque 35%
dos subsídios beneficiam aqueles que estão entre os 20% mais ricos, enquanto penas 18% dos subsídios
vão para os 40% mais pobres.

29
DW. Brasil gasta mal e de forma injusta, diz Banco Mundial. Terra. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/brasil/brasil-gasta-mal-e-de-forma-injusta-diz-
banco-mundial,6cbd6958c84c97d4cd77ec17cfef71bb0drvk8o8.html> Acesso em 22 de novembro de 2017.

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Serviço público
Na esfera do serviço público, aposentadoria e salários registram uma injustiça ainda maior. Segundo
o relatório, os servidores públicos federais ganham, em média, 67% a mais do que os trabalhadores da
iniciativa privada. Já os servidores estaduais recebem salários 30% maiores.
A remuneração acima da média, afirma o estudo, é o que leva os gastos com funcionalismo no Brasil
serem tão altos, ultrapassando as despesas de países como Estados Unidos, França e Portugal.
O Banco Mundial revela que os gastos com servidores, em todas as esferas do governo, chegaram a
13,1% do PIB em 2015, em comparação com os 11,6% registrados há dez anos. Em outros países
desenvolvidos, esse percentual é de cerca de 9% do PIB.

Ensino superior gratuito


Em relação à educação, o estudo aponta injustiça também no ensino superior gratuito, onde 65% dos
estudantes estão entre os 40% mais ricos do país. O governo gasta 0,7% do PIB com as universidades
federais.
A fim de cortar gastos sem prejudicar os mais pobres, a sugestão do Banco Mundial é o fim da
gratuidade na universidade pública, com a criação de bolsas para aqueles que não podem pagar. Já os
alunos de renda média e alta, que tendem a ter um aumento de renda depois de formados, poderiam
pagar pelo curso após a graduação.
Outro alerta do relatório é referente às políticas públicas de incentivo ao setor privado. Segundo o
banco, elas estão presentes em gastos tributários, créditos subsidiados e gastos diretos com empresas.
Os gastos nessa área correspondem a duas vezes o custo de todos os programas de assistência social
e apoio ao mercado de trabalho e mais de dez vezes o custo do programa Bolsa Família, por exemplo.

Metade dos trabalhadores brasileiros tem renda menor que o salário mínimo, aponta IBGE30
Renda abaixo do mínimo é possível entre trabalhadores informais e por conta própria; pesquisa revela
que 10% da população concentra 43% da soma de rendimentos do país.
Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) revela que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o
salário mínimo. Além disso, o rendimento daqueles que ganham mais é 360 vezes maior do que o dos
trabalhadores que têm renda mais baixa.
“O Brasil já é conhecido como um dos países com as piores desigualdades de rendimento do mundo.
Essa pesquisa enfatiza ainda mais o quão desigual é o país”, disse a gerente da pesquisa, Maria Lúcia
Vieira.
O levantamento foi feito ao longo de 2016 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNAD). Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores
ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média, R$ 747 por mês.
A lei brasileira prevê um salário mínimo para os trabalhadores com carteira assinada. O rendimento
abaixo desse valor é possível entre a população com emprego informal e os trabalhadores por conta
própria, como vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios.
Do total de trabalhadores, 4,4 milhões (5%) recebiam, em média, apenas R$ 73 mensais. Já 889 mil
(1%) recebiam, em média, R$ 27 mil. “Isso significa que aqueles com maiores rendimentos recebiam 360
vezes mais que os com menores rendimentos”, enfatizou a pesquisadora.
A soma dos rendimentos recebidos por todos os brasileiros em 2016 foi de R$ 255 bilhões por mês,
em média. Desse valor, 43,4% estava concentrado nas mãos de 10% da população do país. Já a parcela
dos 10% das pessoas com os menores rendimentos detinha apenas 0,8% da massa.
A análise regional mostrou que a Região Sudeste concentrou R$ 132,7 bilhões da massa de
rendimento do país, superior à soma das demais regiões. As regiões Sul (R$ 43,5 bilhões) e Nordeste
(R$ 43,8 bilhões) produziram cerca de 1/3 da massa de rendimentos do Sudeste. Já as regiões Centro-
Oeste (R$ 21,8 bilhões) e Norte (R$ 13,4 bilhões) produziram, respectivamente, 16,4% e 10,1% do
Sudeste.
"É claro que tem de ser maior porque é no Sudeste onde está concentrada a maior parcela da
população, 42%, do país”, destacou Cimar Azeredo, Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo Azeredo, 44% dos “outros rendimentos” pagos no país estão concentrados no Nordeste.
“Isso mostra o peso e a importância dos programas de transferência de renda para aquela população”.
“Aí a gente vê o tamanho da desigualdade econômica no país”, enfatizou Maria Lúcia.

30
SILVEIRA, DANIEL. Metade dos trabalhadores brasileiros tem renda menor que o salário mínimo, aponta IBGE. G1 Economia. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/noticia/metade-dos-trabalhadores-brasileiros-tem-renda-menor-que-o-salario-minimo-aponta-ibge.ghtml> Acesso em 30 de
novembro de 2017.

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Renda domiciliar per capita
O rendimento médio real domiciliar per capita foi de R$ 1,2 mil por mês em 2016. Nas regiões Norte e
Nordeste, a média foi de R$ 772. A maior média foi observada no Sudeste, com R$ 1,5 mil.
Com isso, o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade de renda em um país, do rendimento
domiciliar per capita para o Brasil naquele ano foi estimado em 0,549. O Sul do país apresentou o menor
índice, de 0,473, e o Sudeste o maior, de 0,535. O índice de Gini vai de 0 (perfeita igualdade) a 1
(desigualdade máxima).
Para a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, o levantamento enfatiza a necessidade do Brasil
combater as desigualdades sociais e econômicas a fim de alavancar seu desenvolvimento.
"A gente sabe que país nenhum vai crescer sob uma base desigual", destacou.

Fontes de rendimento
Dos 205,5 milhões de habitantes no Brasil, 124,4 milhões (60,5%) possuíam algum tipo de renda em
2016, segundo o IBGE. A maior parcela do rendimento da população provém da remuneração pelo
trabalho, conforme a pesquisa.
Segundo o levantamento, 42,4% da população possuía rendimento de trabalho, ao passo que 24%
possuía algum rendimento proveniente de outras fontes, como aposentadoria e benefícios sociais.
O IBGE destacou que havia diferenças significativas entre as regiões em relação à fonte de rendimento
da população. No Sul, por exemplo, 47,1% das pessoas com renda a obtinham por meio do trabalho. Já
o Nordeste concentrava o maior percentual de pessoas que recebiam rendimento de outras fontes.
Dentre os rendimentos distintos da remuneração pelo trabalho, aposentadorias e pensões se
destacaram como a principal fonte. Da população com renda, 13,9% recebia aposentadoria ou pensão;
2,4% recebia pensão alimentícia, mesada ou doação; 1,8% tinha renda de aluguel; e 7,7% recebia algum
tipo de rendimento de outras fontes, como rendimentos de poupança, seguro-desemprego e dos
programas de transferência de renda do governo, como o Bolsa Família, por exemplo.
Considerando apenas o Bolsa Família, o IBGE constatou que 14,3% dos domicílios do país têm essa
fonte de renda. No Nordeste, este percentual salta para 29,3% dos domicílios e no Norte para 27,2%. O
menor percentual foi observado no Sul (5,4%), seguido pelo Sudeste (6,9%) e Centro-Oeste (9,4%).
Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC), conforme apontou a pesquisa, estava presente na
renda de 3,4% dos domicílios brasileiros. Nordeste e Norte são as regiões com maior percentual deste
benefício – respectivamente 5,4% e 5,3% - seguidas pelo Centro-Oeste (3,6%), Sudeste (2,3%) e Sul
(2,1%).
Cimar Azeredo enfatizou que o rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios onde havia
pagamento de Bolsa Família foi de R$ 331, enquanto nos domicílios onde nenhum morador o recebia foi
de R$ 1.446.

Região
A análise regional revela que o Nordeste foi a região que concentrou a maior parcela de pessoas que
tinham renda distintas de trabalho, aposentadoria, pensão e aluguel.
“Isso mostra o peso e a importância de programas sociais de distribuição de renda nestas regiões com
maior desigualdade do país”, avaliou Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa.

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Congresso aprova Orçamento federal de R$ 3,5 trilhões para 201831
Texto prevê receitas e despesas do Executivo, Legislativo e Judiciário. Pela proposta, salário mínimo
será de R$ 965; fundo eleitoral terá R$ 1,7 bi; e déficit nas contas públicas pode chegar a R$ 159 bi.
Congresso Nacional aprovou no fim da noite desta quarta-feira (13) o Orçamento da União de 2018.
O valor total é de R$ 3,5 trilhões, incluindo o refinanciamento da dívida pública.
A proposta define as receitas e as despesas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para o ano
que vem.
Mais cedo, nesta quarta, o projeto já havia sido analisado e aprovado pela Comissão Mista de
Orçamento do Congresso.
Entre outros pontos, o Orçamento do ano que vem prevê a destinação de R$ 1,7 bilhão para o fundo
eleitoral criado para financiar as campanhas eleitorais com dinheiro público.
O fundo será abastecido, em parte, com 30% das emendas parlamentares de bancada – indicações
de deputados e de senadores de obras e serviços que deverão receber verbas do Orçamento.
O Fundo Partidário, que já existia e destina recursos às legendas, terá o valor proposto pelo governo:
R$ 888,7 milhões.
Ainda no texto, está prevista a destinação de R$ 250 milhões para a implantação do voto impresso,
exigência aprovada na reforma política que passou no Congresso em outubro.

Saúde e educação
A proposta de Orçamento teve que respeitar os limites fixados pela emenda constitucional que
estabeleceu um teto de gastos públicos.
Saúde e educação, contudo, são as duas áreas que têm um montante mínimo a ser aplicado.
No parecer, o relator do Orçamento, Cacá Leão (PP-BA), ressaltou que as ações de saúde receberão
R$ 1,8 bilhão acima do mínimo, de R$ 117,4 bilhões, chegando a R$ 119,2 bilhões.
Na educação, a aplicação mínima exigida é de R$ 49,6 bilhões e, pela proposta aprovada, chegará
a R$ 89 bilhões.
O valor aprovado pelo Congresso é R$ 3,1 bilhões acima do proposta pelo governo, que previa R$
85,9 bilhões para a área.

Salário mínimo
O projeto aprovado na comissão manteve o valor do salário mínimo proposto pelo governo, de R$ 965.
O valor é definido por um cálculo que leva em conta a inflação do ano anterior e o crescimento do PIB
de dois anos antes.
No entanto, o valor definitivo do salário mínimo para 2018 só será conhecido depois que o presidente
Michel Temer assinar um decreto – no fim deste ano – com a atualização do cálculo previsto na legislação.

Déficit
O texto aprovado pelo Congresso estipula as receitas e despesas levando em consideração o déficit
primário de até R$ 159 bilhões para 2018, conforme estimativa feita pelo governo e aprovada pelo
Legislativo em agosto.
O relator do Orçamento avaliou, porém, que considerando os gastos e as receitas estimadas para o
ano que vem, as contas públicas vão fechar com um rombo um pouco menor, de R$ 157 bilhões.

1% mais ricos concentra 28% de toda a renda no Brasil, diz estudo32


Relatório assinado por Thomas Piketty mostra que a concentração de riqueza no topo da pirâmide
cresceu no país num período de 15 anos.
A concentração de renda de quem está no topo da pirâmide cresceu no Brasil num período de 15 anos.
A população 1% mais rica detinha, em 2015, 28% de toda a riqueza obtida no país, mostrou um relatório
sobre a desigualdade no mundo divulgado nesta quinta-feira (14). Em 2001, essa participação era de
25%.
O documento é assinado por um time de pesquisadores, entre eles o aclamado autor do livro "O Capital
no Século XXI", Thomas Piketty, especialista em estudos sobre desigualdade de renda.
Enquanto os 50% mais pobres do Brasil eram mais de 71 milhões de pessoas em 2015, os 1% mais
favorecidos somavam 1,4 milhão de pessoas.

31
CALGARO, FERNANDA. Congresso aprova orçamento federal de R$ 3,5 trilhões para 2018. G1 Política. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/congresso-nacional-aprova-orcamento-da-uniao-para-2018.ghtml> Acesso em 14 de dezembro de 2017.
32
G1. 1% mais ricos concentram 28% de toda a renda no Brasil, diz estudo. G1 Economia. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/1-mais-ricos-
concentram-28-de-toda-a-renda-no-brasil-diz-estudo.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 15 de dezembro de 2017.

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O estudo também aponta que os 10% mais ricos elevaram sua riqueza de 54% para 55% neste mesmo
período.

Extremos
Os 50% mais pobres também tiveram um aumento da renda, passando de 11% para 12%, um
crescimento mais rápido que os 10% mais ricos, segundo o relatório, mas com impacto bem menos
relevante devido a sua baixa renda.
A participação da classe média, por sua vez, caiu entre 2001 e 2015 de 34% para 32%. Segundo o
estudo, esse estreitamento da camada do meio é resultado da baixa participação da renda e baixa
performance de crescimento desta população.
"Enquanto a desigualdade de renda salarial declinou de acordo com nossas observações, essa queda
foi insuficiente para mitigar a concentração de capital e reverter a crescente concentração de renda entre
os mais favorecidos", diz o estudo.

Sociedade

Em 79º lugar, Brasil estaciona no ranking de desenvolvimento humano da ONU


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou nesta terça-feira (21/03) o
Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), e o Brasil se manteve no 79º lugar no ranking que abrange
188 países, do mais ao menos desenvolvido. O relatório foi elaborado em 2016 e tem como base os
dados de 2015.
O IDH é um índice medido anualmente pela ONU e utiliza indicadores de renda, saúde e educação.
O ranking mundial de desenvolvimento humano dos países apresenta o índice de cada nação, que
varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de um, mais desenvolvido é o país. No RDH divulgado nesta terça,
o Brasil registrou IDH de 0,754, mesmo índice que havia sido registrado em 2014.
Conforme o relatório da Pnud, esta foi a primeira vez desde 2010 que o IDH do Brasil se manteve no
mesmo patamar:

A ONU divide os países entre os que têm o desenvolvimento humano "muito alto", "alto", "médio" e
"baixo".
Veja na imagem abaixo quais países ocupam os primeiros lugares no ranking mundial de IDH; os que
estão próximos à faixa do Brasil; e os que ocupam os últimos lugares no ranking:

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América Latina
Na América do Sul, alguns países vizinhos ao Brasil apresentaram índices de desenvolvimento
humano melhores.
O Chile, por exemplo, ficou em 38º lugar, com IDH 0,847; a Argentina, em 45º lugar (IDH 0,827); o
Uruguai, em 54º lugar (IDH 0,795); e a Venezuela, em 71º lugar (IDH 0,767).
No Mercosul, o único abaixo do Brasil no ranking é o Paraguai, no 110º lugar (IDH 0,693). O país se
enquadra naqueles com desenvolvimento humano "médio", segundo a ONU. Outros países vizinhos,
como Equador (IDH 0,739) e Colômbia (IDH 0,727), ficaram nas posições 89 e 95, respectivamente.
Na América Central, também há países melhores classificados do que o Brasil. Cuba, por exemplo,
está no 68º lugar (IDH 0,775); Trinidad e Tobago, no 65º lugar (IDH 0,780); e Barbados, na 54ª posição
(IDH 0,795).

Brics
Entre os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o país está atrás somente
da Rússia, no 49º lugar (IDH 0,804).
Na sequência, entre os países do grupo, aparecem China, no 90º lugar (IDH 0,738, excluída Hong
Kong); África do Sul, na 119ª posição (IDH 0,666); e Índia, no 131º lugar (IDH 0,624).

Desigualdade
Ao elaborar o Relatório de Desenvolvimento Humano, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento também divulga o "IDH ajustado à desiguldade".
Nem todos os países têm esse índice medido pela ONU. No caso do Brasil, o Pnud afirma que, se for
levado em conta o "IDH ajustado à desigualdade", o índice de desenvolvimento humano do país cairia de
0,754 para 0,561 e o Brasil cairia 19 posições no ranking mundial. Países vizinhos como Argentina e
Uruguai também perderiam posições, 6 e 7, respectivamente.
Entre os 20 primeiros países do ranking, classificados entre as nações com desenvolvimento humano
"muito alto", somente Países Baixos, Islândia, Suécia e Luxemburgo ganhariam posições, se levada em
conta a desigualdade social. Estados Unidos, Dinamarca e Israel, por exemplo, cairiam.

Escolaridade e expectativa de vida


Um dos itens que compõem o IDH é a expectativa de anos de estudo dos cidadãos. De 2010 a 2013,
esse número subiu de 14 anos para 15,2 anos, mas, desde então, não aumentou, se mantendo o mesmo
em 2014 e em 2015.
A média de anos de estudo, por outro lado, manteve neste ano a trajetória de crescimento que vem
sendo registrada desde 2010. Naquele ano, eram 6,9 anos. O número, então, subiu para 7,2 anos em
2012 e para 7,7 anos em 2014, por exemplo, chegando a 7,8 anos em 2015. A média brasileira, porém,
está abaixo das registradas no Mercosul e nos Brics.
Outro idem levado em conta na composição do IDH é a expectativa de vida ao nascer. Segundo o
relatório divulgado nesta terça, a expectativa dos brasileiros manteve a trajetória de crescimento dos
últimos. De 2014 para 2015, o índice subiu de 74,5 anos para 74,7 anos.
Desde 2010, o número tem subido. Naquele ano, eram 73,3 anos, depois, em 2011, passou para 73,6
anos; 73,9 anos (2012); e 74,2 anos (2013).

Metodologia
De acordo com a ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano leva em consideração três fatores:
Saúde (expectativa de vida);
Conhecimento (média de anos de estudo e os anos esperados de escolaridade);
Padrão de vida (renda nacional bruta per capita).
Para formular o IDH, o Pnud informou que não coleta dados com os países analisados, mas, sim,
checa bases de dados internacionais, como da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com as Nações Unidas, é comum, após a divulgação do IDH, países reivindicarem melhores
avaliações conforme dados próprios, contrariando o "princípio de independência" que o Pnud defende
para o ranking mundial.
O IDH divulgado nesta terça foi elaborado em 2016 com base nos dados de 2015. O relatório do Pnud
abrange 188 posições (no caso da China, o IDH de Hong Kong é divulgado em separado).
Segundo a ONU, o índice foi criado como uma forma de se contrapor ao critério de desenvolvimento
de um país tendo como base somente o resultado de crescimento econômico, medido pelo Produto
Interno Bruto (PIB).

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O organismo internacional diz que outros critérios, como acesso à educação e expectativa de vida,
também devem ser usados para medir o desenvolvimento de um país.

Brasil tem greve e protestos em 25 estados contra as reformas de Temer33


Paralisação de 24 horas convocada por centrais sindicais e movimentos sociais acontece em todo o
país. Serviços de transporte coletivo, aeroportos e escolas são os principais afetados.
Diversas cidades em todo o país amanheceram com vias bloqueadas nesta sexta-feira (28/04), devido
à greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência, ainda em tramitação, e a Lei da
Terceirização.
A greve, que pretende ser maior em mais de 20 anos, foi convocada após a Câmara dos Deputados
aprovar a reforma trabalhista na quarta-feira. Convocada por centrais sindicais e movimentos sociais, a
paralisação foi acordada nos últimos dias em vários estados por meio de assembleias. Com adesão em
25 estados e no Distrito Federal, a greve e as manifestações afetaram, sobretudo, os serviços de
transporte coletivo, aeroportos e escolas.

Brasília
Rodoviários, metroviários, bancários, professores da rede pública e privada, servidores administrativos
do governo do DF e do Departamento de Trânsito (Detran), além de técnicos e professores da
Universidade de Brasília (UnB) prometeram parar suas atividades por 24 horas, informa a Central Única
dos Trabalhadores (CUT).
Também devem aderir vigilantes, trabalhadores do setor de hotéis, bares e restaurantes, servidores
da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), da Companhia Energética de Brasília (CEB) e
do Ministério Público da União, além dos trabalhadores do ramo financeiro, como os de transporte de
valores.

São Paulo
Pelo menos 15 categorias afirmaram que participarão da greve. Entre elas, estão professores da rede
pública estadual, municipal e particular, bancários, servidores municipais, trabalhadores da Saúde e
Previdência do estado e metalúrgicos do ABC.
Metroviários (com exceção da Linha Amarela), ferroviários (Linhas 7, 10, 11 e 12 da CPTM não
funcionarão) e rodoviários também cruzarão os braços por um dia, Já os funcionários dos Correios
decretaram greve nacional por tempo indeterminado.

Rio de Janeiro
A greve geral tem a adesão de funcionários do metrô, motoristas e cobradores de ônibus, policiais
civis, militares, federais; servidores da Justiça Federal e da Trabalhista; radialistas; petroleiros; carteiros
e aeroviários.
A Secretaria Estadual de Transportes, contudo, informou que os sistemas de metrô, trens, barcas e
ônibus intermunicipais funcionarão normalmente, ainda que com planos de contingência.
Professores das escolas públicas e particulares também prometeram aderir, mas as secretarias
estadual e municipal de Educação avisaram que as escolas abrirão normalmente e que os profissionais
que faltarem terão o ponto cortado.

Belo Horizonte
Rodoviários, metroviários, professores das redes pública e privada, servidores públicos, profissionais
da saúde, trabalhadores dos Correios, eletricitários, bancários, psicólogos, economistas, jornalistas,
radialistas, petroleiros e aeroportuários, entre outros, prometeram aderir à greve.
No caso dos professores das escolas municipais, foi aprovada uma greve de dois dias, que teve início
já na véspera. Professores e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais também decidiram
parar. Algumas unidades do setor de saúde devem funcionar com escala reduzida, a exemplo do Hospital
de Pronto-Socorro João XXIII e dos hospitais Júlia Kubistchek e Odete Valadares.
O TRT-MG declarou feriado no órgão, suspendendo as audiências e os prazos que venceriam na data.
A BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Confins, afirmou que os serviços serão
oferecidos normalmente, mas pede que os passageiros se informem diretamente com as companhias
aéreas sobre a situação de seus voos.

33
DW. Brasil tem greve e protestos em 25 estados contra as reformas de Temer. DW Brasil. Disponível em: < http://www.dw.com/pt-br/brasil-tem-greve-e-
protestos-em-25-estados-contra-as-reformas-de-temer/a-38630159> Acesso em 28 de abril de 2017.

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Salvador
Rodoviários, bancários, professores das redes estadual e municipal, petroleiros, além de servidores
municipais, da Justiça e do Ministério Público Estadual afirmaram que irão parar as atividades. Os
médicos estaduais também informaram que vão suspender os atendimentos eletivos (como consultas),
mas que os serviços de urgência e de emergência serão mantidos.
No Aeroporto Internacional de Salvador, aeronautas anunciaram adesão ao movimento, e voos
poderão ser cancelados ou remarcados. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas orienta os
passageiros com viagem marcada para que entrem em contato com a empresa aérea e se informem
sobre possíveis cancelamentos e remarcações.

Recife
Policiais civis, federais, rodoviários federais, agentes penitenciários e guardas municipais do Recife
devem aderir à greve geral. Também prometeram parar servidores da Assembleia Legislativa e do
Ministério Público de Pernambuco, professores e servidores das redes estadual, municipal e privada de
educação e auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do estado. Houve adesão ainda de metalúrgicos,
petroleiros, químicos, indústria naval, construção pesada, bancários e comerciários.
Uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT) determinou que os serviços de
ônibus e metrô funcionem com 50% da frota nos horários de pico e 30% nos demais períodos e
estabeleceu uma multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O Sindicato dos Rodoviários de
Pernambuco, porém, informou que a paralisação está mantida.

Porto Alegre
Rodoviários, metroviários, aeroviários e bancários prometeram aderir à greve. Professores das redes
municipal, estadual, tanto do setor público quanto privado, também aprovaram a adesão.

Curitiba
Motoristas e cobradores de ônibus, professores e servidores das escolas municipais e estaduais,
servidores estaduais da saúde, aeroviários e trabalhadores da limpeza urbana decidiram paralisar nesta
sexta-feira.

34% dizem ter vergonha de ser brasileiros, segundo Datafolha34


Ainda segundo o levantamento, publicado pelo jornal 'Folha de S.Paulo', 63% se sentem mais
orgulhosos do que envergonhados.
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta terça-feira (2) pelo jornal "Folha de S.Paulo" apontou
que 34% têm vergonha de ser brasileiros. O índice daqueles que têm mais orgulho do que vergonha de
ser brasileiros é de 63%, o menor valor para a série histórica, segundo o Datafolha.
O Datafolha questiona a população sobre o orgulho de ser brasileiro desde 2000. O menor resultado
havia sido em julho de 2016, quando 67% diziam se sentir orgulhosos. Já o menor índice dos
envergonhados havia sido em 2000, quando era de 9%.
A atual pesquisa ouviu 2.781 pessoas em 172 municípios na semana passada. A margem de erro de
2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O Datafolha também ouviu as pessoas sobre a avaliação do Brasil como lugar para viver. Para 54%,
o Brasil é um país ótimo ou bom para morar, uma queda de sete pontos percentuais desde o final do ano
passado. Para 26% é regular e para 20% é ruim ou péssimo.
Segundo o instituto, as duas avaliações, apesar de estar em queda, ainda mostram otimismo com o
país, já que a maioria sente orgulho de ser brasileiro e considera o Brasil um bom lugar para morar.

Governo Temer empurra Brasil de volta ao mapa mundial da fome35


Jornal GGN - A crise econômica aumentou o desemprego no Brasil e ações deflagrados no governo
Temer, sob o guarda-chuva do ajuste fiscal, empurra o País de volta ao mapa mundial da fome da ONU.
Entre elas, a exclusão de pessoas do programa Bolsa Família e o corte no programa de agricultura
familiar, que tem impedido centenas de milhares de pessoas de terem renda suficiente para comprar
alimentos. É o que aponta reportagem publicada pelo jornal O Globo neste domingo (9).

34
G1, BRASÍLIA. 34% dizem ter vergonha de ser brasileiros, segundo Datafolha. G1, Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/34-dizem-ter-
vergonha-de-ser-brasileiros-segundo-datafolha.ghtml> Acesso em 02 de maio de 2017.
35
NASSIF, LUIS. Governo Temer empurra Brasil de volta ao mapa mundial da fome. GGN. Disponível em: <http://jornalggn.com.br/noticia/governo-temer-empurra-
brasil-de-volta-ao-mapa-mundial-da-fome> Acesso em 11 de julho de 2017.

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Segundo o veículo, "três anos depois de o Brasil sair do mapa mundial da fome da ONU — o que
significa ter menos de 5% da população sem se alimentar o suficiente —, o velho fantasma volta a
assombrar famílias" no Brasil.
O alerta conta em relatório que será apresentado às Nações Unidas na próxima semana, sobre o
"cumprimento de um plano de ação com objetivos de desenvolvimento sustentável acordado entre os
Estados-membros da ONU, a chamada Agenda 2030".
O Globo ouviu de Francisco Menezes, coordenador do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Soicias
e Econômicas) e consultor do ActionAid, que "o país atingiu um índice de pleno emprego, na primeira
metade desta década, mesmo os que estavam em situação de pobreza passaram a dispor de empregos
formais ou informais, o que melhorou a capacidade de acesso aos alimentos".
Mas a mudança na base de dados do Bolsa Família com o intuito de esvaziar o programa, realizada
no final do ano passado, além da "redução do valor investido no Programa de Aquisição de Alimentos da
Agricultura Familiar (PAA), que compra do pequeno agricultor e distribui a hospitais, escolas públicas e
presídios, são uma vergonha para um país que trilhava avanços que o colocava como referência em todo
o mundo".
O jornal lembrou que, ano passado, Temer promoveu um "pente-fino" no Bolsa Família com a desculpa
de que o programa estava cheio de beneficiários que adulteravam os dados para continuar recebendo a
ajuda de custo do governo sem ter necessidade. Com esse valor "economizado", Temer pretendia fazer
um reajuste no programa.
Porém, segundo O Globo, o pente-fino do governo só mostrou que a pobreza no Brasil avança a
passos largos, em meio à crise econômica.
"O resultado [do pente-fino], porém, foi a confirmação de um fenômeno de empobrecimento. Ao cruzar
bases de dados, a fiscalização encontrou mais de 1,5 milhão de famílias que tinham renda menor que a
declarada — haviam perdido o emprego, mas não atualizaram o cadastro — e, por isso, teriam direito a
benefícios maiores do que recebiam. Isso corresponde a 46% dos 2,2 milhões de famílias que caíram na
malha fina por inconsistência nos dados. E o prometido reajuste no benefício, que seria de 4,6%, foi
suspenso no fim do mês passado pelo governo, por falta de recursos."
No Facebook, a assessoria de Lula comentou a reportagem. "O Brasil estava no caminho da inclusão
social e da redução da fome e da miséria, com programas sociais que são referência em todo mundo.
Com a sabotagem promovida pelos golpistas e o golpe, o Brasil saiu desse caminho."

Refugiado sírio é atacado em Copacabana: 'Saia do meu país!'36


Mohamed Ali vendia esfirras na esquina da Rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora de
Copacabana quando foi insultado
RIO - Um refugiado sírio foi vítima de um ataque em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Mohamed Ali,
de 33 anos, que vende esfirras e outros quitutes árabes, e foi agredido verbalmente por um homem por
causa do ponto de venda. Um vídeo da discussão foi publicado nas redes sociais e viralizou.
Nas imagens é possível ver um homem com dois pedaços de madeira nas mãos gritando: "saia do
meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bombas que
mataram, esquartejaram crianças, adolescentes. São miseráveis". Adiante no vídeo, ele ainda fala: "Essa
terra aqui é nossa. Não vai tomar nosso lugar não".
Os comerciantes chegam a derrubar a mercadoria de Mohamed no chão, que pergunta o motivo da
agressão. Os homens, então, falam novamente para ele sair do Brasil. Mohamed está no Brasil há três
anos e estava trabalhando na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Santa
Clara na sexta-feira, quando tudo aconteceu.
— Eu não entendi muito bem porque ele veio brigar comigo. De repente ele começou a gritar e me
pedir para sair. Ele falava muito rápido e não consegui compreender algumas coisas. Outras pessoas que
estavam traduzindo para mim. Sei que ele falou que os muçulmanos estavam invadindo o país e falando
de homens-bomba. Não esperava que isso pudesse acontecer comigo. Vim para o Brasil porque a guerra
me fez vir para cá. Vim com amor, porque os amigos sempre diziam que o Brasil aceita muito outras
culturas e religiões, e as pessoas são amáveis e todos os refugiados procuram paz. Não sou terrorista,
se eu fosse, eu não estaria aqui, estaria lá — disse.
No vídeo, ainda é possível ouvir algumas pessoas defendendo Mohamed. Uma mulher ainda o orientou
a deixar o local diante da confusão. Ele, então, retira os pertences.
— Chegaram carros da polícia, da Guarda Municipal. Me falaram para registrar na polícia, mas não
quis. Não quero confusão. Quero apenas trabalhar em paz – disse.

VIANA GABRIELA. Refugiado Sírio é atacado em Copacabana: ‘Saia do meu país!’. O Globo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/refugiado-sirio-atacado-
36

em-copacabana-saia-do-meu-pais-21665327?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=OGlobo> Acesso em 04 de agosto de 2017.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
No Facebook, diversos internautas pediram desculpas a Mohamed em nome dos brasileiros pelo
ocorrido:
"Olá, Mohamed Ali, boa noite. Em nome de todos os brasileiros e trabalhadores, peço desculpas pelo
que você passou enquanto trabalhava", escreveu uma internauta.
"Você é bem-vindo no Brasil. Perdoe este sujeito que te atacou, ele não sabe o que faz", disse outro.
Apesar do ocorrido e de ter medo de encontrar o homem que o ofendeu, Mohamed não tem intenção
de sair do Rio ou deixar de trabalhar em Copacabana.
– Passei a trabalhar em outro ponto para não encontrá-lo novamente, mas não vou sair daqui. Mudar,
trocar de casa, é difícil. Espero apenas que não aconteça novamente. Foi muito triste. Não quero outra
briga. Fico com medo. Trabalho sozinho – falou.
O titular da 12ª DP (Copacabana), Gabriel Ferrando, disse ter conhecimento das imagens, mas em
casos como o de Mohamed, a atuação da polícia depende de uma manifestação da vítima.
– O ofendido não compareceu para registrar e denunciar o feito. Ameaça e injúria dependem de
manifestação de vontade da vítima. Independente disso estamos analisando as imagens para tentar
localizar os envolvidos. Estamos diligenciando – disse.
Em nota, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI)
afirma que acompanha o caso do refugiado agredido. O órgão repudia o ataque de xenofobia, e afirma
que já está em contato com a família do sírio, que participou do curso de português oferecido pela
secretaria no ano passado, para prestar a assistência necessária.
"É inaceitável casos de xenofobia e intolerância religiosa ainda aconteçam no Rio de Janeiro. Essas
pessoas saíram dos seus países por serem vítimas de algum tipo de perseguição e viram no Brasil uma
oportunidade de recomeço. Eles trazem uma grande contribuição para a economia do estado, além da
rica troca cultural com os fluminenses.", afirma, em nota, o secretário Átila A. Nunes.

Suspeitos de ataques contra terreiros na Baixada Fluminense são identificados37


Foram sete ataques contra terreiros de umbanda e candomblé nas duas últimas semanas
RIO - A Polícia Civil identificou parte dos autores de sete ataques contra terreiros de umbanda e
candomblé, ocorridos nas duas últimas semanas, em pontos diferentes de Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense. Todos os identificados, que não tiveram nomes divulgados, são ligados ao tráfico de drogas.
As investigações correm em sigilo e estão sendo feitas pela 58ª DP (Posse).
Nesta quarta-feira, policiais civis chegaram trocar tiros com suspeitos, mas não houve feridos ou
prisões. Também nesta quarta, o secretário estadual de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e
Idosos (SEDHMI), Átila Alexandre Nunes, confirmou a ocorrência de um oitavo ataque na mesma região.
O caso também será encaminhado para a 58ª DP. Segundo o secretário, um terreiro de candomblé,
em Nova Iguaçu, foi atacado na terça-feira da semana passada por homens armados. Os bandidos
renderam uma mãe de santo e outras quatro pessoas, uma delas uma idosa de 75 anos. A idosa teve um
kelê (colar usado por iniciados na religião), arrancado do pescoço com um revólver.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a mãe de santo sendo ameaçada com um taco de
beisebol e, ainda, sendo obrigada a quebrar imagens religiosas. Enquanto isso, um dos bandidos diz que
todo mal tem de ser destruído.

AUMENTO NO NÚMERO DE CASOS


Para o secretário Átila Alexandre Nunes a série de ataques contra terreiros em Nova Iguaçu revela
que falsos religiosos estão influenciando traficantes para realizar atos de intolerância religiosa.
— Existe sim um fenômeno onde você tem falsos religiosos exercendo poder e influência sobre
atividades criminosas, ou seja funcionando até como líderes religiosos de traficantes. O que chama
atenção para um problema muito maior que uma intolerância religiosa convencional. Eles invadem os
terreiros sem propósitos financeiros. Fazem isso apenas para impedir outra prática religiosa na região.
Como dando um recado. Ou seja, nesta região não poderá haver outro tipo de manifestação religiosa—
disse.
Nesta terça-feira, Atila se reuniu com o secretário estadual de Segurança. Roberto Sá, e com o chefe
de Polícia Civil, Carlos Augusto Leba. Na pauta, foi discutida a criação da Delegacia de Combate a Crimes
Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Segundo o secretário, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança acenaram com a possibilidade da
criação da especializada, o que deverá se concretizar até o fim do ano.

37
NUNES, MARCOS. Suspeitos de ataques contra terreiros na Baixada Fluminense são identificados. O Globo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/rio/suspeitos-de-ataques-contra-terreiros-na-baixada-fluminense-sao-identificados-
21818540?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar> Acesso em 14 de setembro de 2017.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
Também está nos planos a criação de registros on line para denúncias de intolerância religiosa ou de
homofobia LGBT.
Já o delegado Geraldo Assed, da 37ª DP (Ilha do Governador) investiga imagens exibidas em um outro
vídeo que está circulando nas redes sociais. Elas mostram traficantes obrigando um homem a depredar
um centro espírita. A polícia investiga se o fato ocorreu no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na
Zona Norte do Rio.

Juiz federal do DF libera tratamento de homossexualidade como doença38


Ação popular questionava resolução do Conselho Federal de Psicologia que proibia tratamentos de
reorientação sexual. Desde 1990, OMS deixou de considerar homossexualidade doença.
Justiça Federal do Distrito Federal liberou psicólogos a tratarem gays e lésbicas como doentes,
podendo fazer terapias de “reversão sexual”, sem sofrerem qualquer tipo de censura por parte dos
conselhos de classe. A decisão, do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, é liminar e acata parcialmente o
pedido de uma ação popular. Esse tipo de tratamento é proibido desde 1999 por uma resolução do
Conselho Federal de Psicologia. O órgão disse que vai recorrer.
A ação popular foi assinada por um grupo de psicólogos defensores das terapias de reversão sexual.
A decisão é de sexta-feira (15). Nela, Carvalho mantém a integralidade da resolução, mas determina que
o conselho não proíba os profissionais de fazerem atendimento de reorientação sexual. Além disso, diz
que os atendimentos têm caráter reservado.
Na resolução 01/1999, o conselho estabelece as normas de condutas dos psicólogos no tratamento
de questões envolvendo orientação sexual. De acordo com a organização, ela trouxe impactos positivos
no enfrentamento a preconceitos e proteção de direitos da população homossexual no país, “que
apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia”.
Para o Conselho Federal de Psicologia, terapias de reversão sexual representam “uma violação dos
direitos humanos e não têm qualquer embasamento científico”. Desde 1990, a homossexualidade deixou
de ser considerada doença pela Organização Mundial da Saúde.
Ainda de acordo com o conselho, a resolução não cerceia a liberdade dos profissionais nem de
pesquisas na área de sexualidade. O juiz mantém a resolução, mas determina que o Conselho Federal
de Psicologia não impeça os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma
reservada, e veta qualquer possibilidade de censura ou necessidade de licença prévia.
“O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação, já
que até agora outras tentativas de sustar a norma, inclusive por meio de lei federal, não obtiveram
sucesso", afirma o conselho.
"O Judiciário se equivoca, neste caso, ao desconsiderar a diretriz ética que embasa a resolução, que
é reconhecer como legítimas as orientações sexuais não heteronormativas, sem as criminalizar ou
patologizar. A decisão do juiz, valendo-se dos manuais psiquiátricos, reintroduz a perspectiva
patologizante, ferindo o cerne da Resolução 01/99.”

Ação popular
Uma das autoras da ação popular que questionava a resolução é a psicóloga Rozângela Alves Justino,
que oferecia terapia para que gays e lésbicas deixassem de ser homossexuais. Ela foi punida em 2009
pela prática.
Na época, Rozângela disse ao G1 que considera a homossexualidade um distúrbio, provocado
principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. Ela afirmou ter "aliviado o sofrimento"
de vários homossexuais.
“Estou me sentindo amordaçada e impedida de ajudar as pessoas que, voluntariamente, desejam
largar a atração por pessoas do mesmo sexo", disse Rozângela na ocasião.

Poema-sentença
O mesmo juiz decidiu, no ano passado, abandonar as formalidades e usou a poesia para afastar a
multa aplicada pelo Ibama a uma moradora de Brasília por manter uma arara-canindé em cativeiro sem
autorização ambiental. Nos 77 versos, o magistrado descreve a história do processo, fundamenta a
decisão, extingue a cobrança e ainda dá um "puxão de orelha" na Justiça.
Segundo a decisão, Elisabete Ramos dos Santos deveria pagar R$ 5 mil. Em depoimento, a acusada
informou à Justiça que o pássaro pertencia ao irmão desde 1993 e foi herdado por ela após a morte do
familiar.

38
MORAIS, RAQUEL. Juiz Federal do DF libera tratamento de homossexualidade como doença. G1 Distrito Federal. Disponível em: <https://g1.globo.com/distrito-
federal/noticia/juiz-federal-do-df-libera-tratamento-de-homossexualidade-como-doenca.ghtml> Acesso em 19 de setembro de 2017.

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Na sentença, o juiz da 14ª Vara Federal Waldemar Cláudio de Carvalho diz que a idosa tentou entregar
a ave ao Zoológico de Brasília, após ouvir reclamações de vizinhos, mas não teve sucesso. A arara foi
entregue à polícia. Meses depois, Elisabete recebeu a multa e recorreu à Justiça para anular a cobrança.
"Quanto recurso despendido: / salário, tempo, papel e atos demandados, / para movimentar o
Judiciário / com mais essa demanda desnecessária", diz um trecho da sentença. Carvalho diz que a ave
vivia solta na varanda e, por isso, não estava propriamente "em cativeiro".
Com a decisão, a multa foi extinta e o processo foi enviado para arquivamento.

Mortes violentas no Brasil: perguntas e respostas39


Quais são as causas da epidemia de mortes no país? Parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da
Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Monitor da Violência busca as respostas.
Uma pessoa morre a cada 8 minutos no Brasil. Por ano, são quase 60 mil homicídios. Mas quais são
as causas de toda essa violência? Veja algumas premissas e as respostas para elas, dadas pelos
pesquisadores David Marques e Roberta Astolfi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e por
especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

1) As mortes ocorrem principalmente em regiões tomadas pelo tráfico, que é o que gera a
violência que existe hoje no Brasil?
Não existe uma associação direta entre tráfico e violência. São Paulo, por exemplo, estado com a
menor taxa de homicídios do Brasil, é também o principal mercado de drogas do país.
Estudos apontam uma relação entre competição e violência. Quando grupos rivais disputam mercados,
têm acesso a armas de fogo e lidam com governos politicamente fracos, a violência é maior. É o que
ocorre em estados das regiões Norte e Nordeste. Em São Paulo, o mercado é regulamentado por um
único grande grupo criminoso.

2) Grande parte das mortes é resultado de tentativas de roubo?


O percentual de mortes provocadas em assaltos é baixo em relação ao total de homicídios. Em 2015,
foram 2.314 casos de roubos seguido de morte, entre 58.467 mortes violentas, o que representa pouco
menos do que 4% do total.

3) A maior parte das vítimas da violência é negra e pobre, resultado da desigualdade social?
De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. A chance de um negro ser vítima de
homicídio é 23,5% maior que a de pessoas de outras raças/cores. Em estados no Norte e Nordeste, o
abismo é ainda mais profundo. Em Sergipe, por exemplo, a taxa de homicídios entre negros é de 73 por
100 mil habitantes, enquanto que a de brancos é de 13 por 100 mil.
A desigualdade social é importante para compreender a concentração, já que os homicídios se
concentram em bairros com desvantagens sociais concentradas – com boa parte de moradores negros.
O preconceito e o estigma social e racial acabam direcionando contra estes grupos controles excessivos
por parte das instituições de segurança e Justiça do estado, resultando muitas vezes em violência policial
e aprisionamentos arbitrários.
Além disso, diversos estudos sugerem que o sistema de justiça criminal opera de forma seletiva,
priorizando casos que atraem atenção da mídia e cujas vítimas são brancas ou de classe média.

4) Grande parte das mortes é resultado de brigas entre gangues ou facções, principalmente nas
regiões mais periféricas?
Parte das disputas e dos ciclos de vinganças ocorrem muitas vezes entre grupos de jovens armados
nos bairros mais violentos do Brasil – como indica a grande quantidade de homicídios com características
de execução.
As disputas entre grupos organizados foram importantes para entender fenômenos como no Rio de
Janeiro, nos anos 80 e 90. Em São Paulo, contudo, havia formatos distintos, como os justiceiros, vigilantes
bancados por comerciantes nos anos 80, que foram importantes no crescimento das mortes na década.
As gangues e as facções vão se fortalecer principalmente depois dos anos 2000, dentro dos presídios.
Atualmente, nos estados do Norte e Nordeste, as disputas transcenderam os muros das prisões e são
importantes para explicar o crescimento das mortes nos bairros mais violentos.

39
G1, SÃO PAULO. Mortes violentas no Brasil: perguntas e respostas. G1, Monitor da violência. Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/mortes-violentas-no-brasil-perguntas-e-respostas.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 26 de setembro
de 2017.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
5) O feminicídio é um dos principais tipos de mortes violentas no país?
A lei do Feminicídio (13.104/2015) foi sancionada em 2015 e passou a incluir o feminicídio no rol de
qualificadoras dos homicídios dolosos justamente como reconhecimento ao fato de que parcela
significativa dos homicídios de mulheres é motivada pela condição de gênero. A lei prevê que estas razões
se configuram nos casos de violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de
ser mulher.
Apesar de ainda não haver estatísticas exatas sobre o fenômeno no país, dados do Mapa da Violência
indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-
companheiro.

6) Grande parte das mortes ocorre por ação da própria polícia, por despreparo ou excesso, e
podem ser evitadas?
No Brasil, foram registradas 3.320 mortes em decorrência de intervenção policial (no serviço ou fora
de serviço) em 2015, o que torna a polícia brasileira a mais violenta do mundo. Considerando mortes por
100 mil habitantes, as mais violentas nesse ano foram as polícias do Amapá (5), Rio de Janeiro (3,9) e
Alagoas. São Paulo, que registra 2,2 mortos por 100 mil, foi proporcionalmente onde a polícia mais matou
em relação aos homicídios em geral, quase 20% do total de mortes violentas.
Apesar da péssima qualidade na investigação sobre esses casos, a elevada taxa de letalidade é um
indicador da baixa capacidade de planejamento e de inteligência policial.

7) O grande número de mortes no país se deve à extensão territorial brasileira?


Não. O Brasil é o quinto país em extensão territorial do mundo, mas tem mais homicídios que os quatro
primeiros – Rússia, Canadá, China e Estados Unidos.

8) A superlotação das prisões brasileiras causa grande parte das mortes, porque os presídios
estão lotados com membros do crime organizado?
O Brasil registrou 379 mortes violentas em 2016 dentro dos presídios, o que significa uma pequena
parte do total de mortes no Brasil. Neste ano, considerando só os massacres no Amazonas (56), Rio
Grande do Norte (26) e Roraima (33), foram 115 mortos. Apesar de elevados, são uma pequena parte do
total de homicídios no Brasil. Os dados sobre mortes em prisões são difíceis de obter e às vezes são
mascarados – o que parece um suicídio pode ser um homicídio. A superlotação dos presídios, no entanto,
tem contribuído para o fortalecimento das gangues prisionais e para a organização do crime.

9) Os linchamentos podem ser considerados entre as situações que mais acarretam mortes no
país?
É difícil quantificar os casos de linchamentos no Brasil. Mesmo assim, pode-se afirmar que o número
é bem menor que o total de homicídios. Pesquisa feita por Ariadne Natal, do NEV-USP, sobre os registros
de linchamentos em 30 anos (1980-2009) publicados na imprensa brasileira aponta que, na década de
1980, os casos de linchamento resultavam em mortes na maioria das vezes. Porém, a partir da década
de 1990, a polícia passou a atender mais rapidamente casos de linchamento, diminuindo a letalidade.

10) A impunidade contribui para o aumento de mortes a cada ano no país?


Segundo pesquisa realizada e publicada pelo coordenador do NEV-USP, Sérgio Adorno, é possível
dizer em linhas gerais que sim, que a impunidade contribui para o aumento de mortes no país. Diz o
pesquisador: “Ao preterir o maciço volume de ocorrências com autoria desconhecida (nos processos de
investigação de crimes), agentes e agências policiais contribuem para produzir elevadas taxas de
impunidade penal. E, como revelam os resultados da pesquisa, têm elevada responsabilidade institucional
nesse processo”.
Outro fato que influencia a impunidade e, consequentemente, o aumento de mortes é a morosidade
da justiça penal para os casos de homicídios. Pesquisa em cinco capitais brasileiras constata que um
caso de homicídio leva, em média, 8,6 anos para ser julgado.
Ou seja, o Brasil vive um paradoxo em termos de punição. Se, por um lado, tem uma das maiores
populações prisionais do planeta, por outro, tem um nível de punição muito intensa sobre alguns tipos de
crimes enquanto outros tipos de crimes não estão no radar do sistema de justiça criminal. Apesar de o
crime de homicídio contar com os melhores indicadores de esclarecimento, a maior parte da população
prisional não está encarcerada por crimes contra a vida, mas sim por delitos relacionados a drogas.
Há indícios de que políticas de segurança enfocadas em retirar das ruas homicidas contumazes tem
efeito determinante sobre a taxa de homicídio. É o que sugere o caso do Pacto Pela Vida em Pernambuco,

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que tinha esta como uma das principais diretrizes da política de segurança pública e alcançou bastante
sucesso na redução dos homicídios dolosos.

11) Há mais mortes nas capitais que nas cidades do interior?


Desde a década de 1970, o crescimento dos homicídios no Brasil era um fenômeno observado
tipicamente nas grandes cidades, relacionado aos processos de urbanização e industrialização. As
regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo, viram suas taxas atingirem o pico
no final da década de 1990, mas depois iniciaram uma curva consistente de queda considerável, mesmo
com algumas oscilações entre um ano e outro. Comparando-se todas as capitais do país, entre 2005 e
2015, as taxas de homicídio caíram em 11 delas, mas aumentaram em 16.
Em outro sentido, verifica-se mais recentemente um aumento das taxas de homicídios em muitas
cidades menores e cidades do interior, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Esse aumento aconteceu
de forma concomitante ao crescimento econômico, e uma explicação possível é que a maior circulação
de dinheiro, em especial em pequenas cidades do Norte e Nordeste, tornou viável a expansão dos
mercados locais de drogas ilícitas, o que pode motivar disputas violentas. Outra modalidade de aumento
de violência letal pode ser observada em cidades como Altamira, no Pará, que observou uma explosão
populacional repentina com a construção da usina de Belo Monte, sem que houvesse qualquer preparo
da capacidade administrativa local para atender às novas demandas por infraestrutura e serviços.

12) O desarmamento contribui para as mortes porque as pessoas não possuem armas para se
defender?
Estudo produzido pelo Ipea apresenta evidências de que a política de desarmamento praticada no
estado de São Paulo foi um dos fatores determinantes para a diminuição nos crimes violentos, em
particular nos homicídios. O mesmo estudo mostra que, a cada 1% na proliferação de armas de fogo, há
um aumento de 2% dos homicídios.
No ano de 2016, mais de 50 pesquisadores brasileiros assinaram um manifesto contra a revogação
do Estatuto do Desarmamento, apresentando uma série de evidências científicas nacionais e
internacionais que indicam que uma maior quantidade de armas de fogo está associada a uma maior
incidência de homicídios com arma de fogo.

13) A entrada de armas e drogas pelas fronteiras brasileiras contribuem para o aumento da
violência, gerando mais mortes violentas?
Segundo estudo do Ipea, quanto mais armas em circulação, maior o número de crimes, especialmente
homicídios. Contudo, estudos sobre as armas de fogo apreendidas no Brasil revelam em sua maior parte
que estas armas são de fabricação nacional.
Estudos também apontam para a relação entre competição e violência. Quando grupos rivais disputam
mercados e têm acesso a armas de fogo, a violência é maior.

14) Quanto maior a população de um país, maior o número de mortes violentas?


O tamanho da população precisa ser levado em consideração para comparar o fenômeno dos
homicídios entre diferentes países. Rússia e Japão são, respectivamente, o 9º e o 10º países em tamanho
de população. Em 2014 a Rússia contabilizou 17.414 homicídios e, no mesmo ano, o Japão registrou
apenas 395. Nesse exemplo, como a diferença é muito marcante, não é difícil intuir que a Rússia padece
de maior violência homicida do que o Japão. Mas se a comparação for da Rússia com a Índia, fica mais
complicado. A Índia tem a segunda maior população do mundo e em 2014 registrou 41.623 homicídios.
A melhor forma de realizar comparações dos níveis de violência homicida entre países é calcular a taxa
por 100 mil habitantes. Para calcular a taxa, multiplica-se o número absoluto de homicídios por 100 mil e
divide-se pela população. Se for feito isso, há uma taxa de 12,14 por 100 mil habitantes na Rússia e de
3,21 por 100 mil habitantes na Índia. Todos esses dados são do Estudo Global de Homicídios do Escritório
das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. Neste estudo, em 2014, o Brasil está na décima primeira
posição entre as maiores taxas de homicídio do mundo, praticamente empatado com a Colômbia na
décima posição.

15) Quando uma pessoa é ferida em um assalto e vai para o hospital com vida, morrendo dias
depois, essa morte é contabilizada como morte a esclarecer e não entra na estatística de
homicídios?
No Código Penal brasileiro, roubo seguido de morte é um “latrocínio” e, como tal, não é contabilizado
entre os homicídios. É por isso que muitas organizações que publicam estatísticas utilizam, além dos

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homicídios, categorias que agregam ambos os fenômenos como Crimes Violentos Letais Intencionais ou
Mortes Violentas Intencionais (como é utilizado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública).
De qualquer modo, quando uma morte ocorre depois da confecção do boletim de ocorrência,
geralmente quando a vítima está no hospital, é necessário realizar procedimentos de atualização dos
boletins. Além de atualizar os boletins, é preciso atualizar as estatísticas já publicadas. Essa é uma
questão bastante sensível para a contabilidade de homicídios no país, e o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em uma pesquisa publicada em 2015, encontrou que pouco mais de 50% dos órgãos
responsáveis pelas estatísticas nas unidades da federação realizavam esse procedimento.

16) A maioria das mortes ocorre em locais sem iluminação pública ou presença da Polícia
Militar?
Não há estudos que verifiquem empiricamente a relação entre iluminação pública e ocorrência de
homicídios. Os estudos sugerem, no entanto, que a falta de iluminação em locais públicos está associada
à sensação de insegurança e à percepção de abandono por parte das autoridades, podendo contribuir
com a prática de alguns tipos de delitos como roubos e estupros.
Um estudo sobre a cidade de São Paulo indicou que distritos com menores relações de efetivo policial
por habitante apresentam maior proporção de crimes de autoria desconhecida. Contudo, outro estudo
aponta que o aumento do efetivo policial pode estar relacionado à redução de crimes de oportunidade e
crimes contra o patrimônio, sem, todavia, identificar qualquer relação com a redução de crimes contra a
vida.

17) A violência no Brasil mata muito menos pessoas que doenças causadas pela falta de
saneamento básico e estrutura hospitalar?
Segundo o estudo Global Acceleration Action for the Health of Adolescents (2017), da OMS, o Brasil
encontra-se no grupo de países no qual as principais causas de mortes entre adolescentes de 10 a 15
anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções
respiratórias. Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal,
acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.

18) Muito mais pessoas morrem em acidentes de trânsito que em ocorrências de roubo?
O percentual de mortes provocadas em assaltos é baixo em comparação com os acidentes de trânsito.
Em 2015, foram 2.314 casos de roubos seguidos de morte (latrocínios). Já as mortes por acidentes de
trânsito somaram 39.543 no mesmo ano.

19) A maioria das mortes ocorre por motivos banais?


Na pesquisa de mestrado do pesquisador do NEV Renan Theodoro, a palavra “banalidade” é usada
como uma justificativa recorrente aplicada à mortes violentas, aliada ao alto índice de homicídios
registrados na cidade de São Paulo entre os anos 1990 e 2000. A pesquisa se debruça sobre o que a
Justiça entende como “banalidade”. “Identificou-se que os conceitos banais e fúteis são manipulados a
fim de qualificar tipos aceitáveis de sensibilidade e emoções sociais envolvidos em crimes violentos”,
escreve Renan no resumo da dissertação que, ao final, entre outras conclusões, aponta que “as
hostilidades são consequência de brigas ou desafios públicos; isso significa que o conflito surge como
uma forma de estabelecer limites e fronteiras para as autoridades sociais". "Neste cenário, tem-se como
resultado que a desconfiança interpessoal parece sustentar o uso da violência.”
Dados produzidos pela Estratégia Nacional de Segurança Pública indicam, no entanto, que apenas
8% dos homicídios são esclarecidos no Brasil. Como a taxa de resolução destes crimes é muito baixa,
torna-se difícil apurar as motivações e autorias dos homicídios.
Um estudo produzido pelo Ministério da Justiça a partir dos inquéritos policiais indicou como principais
macrocausas dos homicídios no país: disponibilidade de armas de fogo, presença de gangues e drogas,
violência patrimonial, violência interpessoal, violência doméstica, conflitos entre a polícia e cidadãos,
dentre outros.

20) No Brasil, há uma subnotificação das estatísticas de homicídios, ou seja, há muito mais
mortes que o contabilizado?
Há duas principais fontes oficiais de contabilização de homicídios no Brasil: o Sistema de Informação
de Mortalidade, SIM/DATASUS, e a contabilização dos boletins de ocorrências produzidos pela Polícia
Civil de cada UF. O SIM/DATASUS utiliza a Classificação Internacional de Doenças CID-10. Há uma
categoria chamada “Mortes por causa indeterminada”, que é utilizada quando o exame pericial é
inconclusivo. No Brasil, em 2009, esse indicador alcançou um patamar de 9,6%, contra um máximo de

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1% em países desenvolvidos. O mais provável é que uma parte dessas mortes assim classificadas sejam
na verdade homicídios (embora seja improvável que todas o sejam). Esse indicador tem melhorado no
país ao longo dos anos, mas ainda não atingiu um patamar satisfatório.
Na área da segurança pública, “morte a esclarecer” e “morte por causa indeterminada" são
terminologias utilizadas nos boletins de ocorrência, feitos pela Polícia Civil, quando não é possível saber,
de imediato, se foi uma morte natural (quando não há sinais externos de violência, por exemplo) ou se foi
um suicídio (quando há violência, mas não é possível saber se foi auto infligida). Cada unidade da
federação tem um procedimento diferente de contabilizar ou não essas mortes nas estatísticas de
homicídio, bem como têm procedimentos diferentes de atualização dos boletins quando o andamento do
inquérito esclarece se a ocorrência foi ou não homicídio. A classificação de uma proporção muito grande
de ocorrências em categorias como “encontro de cadáver”, “encontro de ossada”, “morte a esclarecer” e
assim por diante é um indicador de subnotificação. Além disso, é preciso estar atento para quando o
Estado publica o número de ocorrências, mas não o número de vítimas.

Brasil elimina disparidades entre homens e mulheres na educação e na saúde, mas política e
economia derrubam país em ranking global40
O Brasil é um dos países mais igualitários do mundo quando o assunto é o acesso de homens e
mulheres à educação e saúde, mas figura entre aqueles onde mais imperam disparidades de gênero nos
campos político e econômico.
A conclusão faz parte do "The Global Gender Gap Report 2017", um estudo divulgado pelo Fórum
Econômico Mundial nesta quinta-feira, que revela o tamanho da desigualdade em 144 países e aponta
quais seriam os ganhos com a reversão desse quadro.
Os dados mostram que desde o início da série histórica, em 2006, é a primeira vez que a igualdade
de gênero retrocede globalmente. No Brasil, porém, o nível de desigualdade é o maior desde 2011 - o
país caiu 23 posições no ranking, figurando em 90º lugar na lista global e com o terceiro pior desempenho
na região que engloba América Latina e Caribe, depois apenas de Paraguai e Guatemala.
A igualdade é medida no levantamento em uma escala de 0 a 1 - quanto mais próximo a 1, maior a
igualdade entre homens e mulheres. Para o Brasil, a nota registrada em 2017 ficou em 0,684, a menor
desde 2011, quando estava em 0,668.
"A posição atual do Brasil no relatório se deve a duas disparidades de gênero em particular - a política
e a econômica", disse por email à BBC Brasil Vesselina Stefanova Ratcheva, economista e coautora do
relatório.
Segundo ela, o país pouco progrediu ao longo dos últimos dez anos no sentido de resolver o problema
no campo econômico. Nessa área, perdeu 20 posições de 2006 para cá, passando do 63º para o 83º
lugar - os principais gargalos são as disparidades de salários em funções semelhantes e de renda obtida
por meio do trabalho.

Política
A desigualdade na política é outro gargalo, observa a economista.
"Nosso índice constata que 2017 tem a menor igualdade de gênero em cargos políticos no Brasil desde
que começamos a calculá-lo, em 2006. Isso contrasta com uma região que, na média, se atua fortemente
para a inclusão das mulheres no campo politico."
A participação feminina é medida pelo chamado "empoderamento político", e é considerada um dos
principais problemas para o país em relação à desigualdade. O Brasil foi da 86ª para a 110ª posição no
período de 11 anos englobado no relatório - embora sua nota tenha subido de 0.061 para 0.101, o que
indica um ambiente mais igualitário.
O estudo coloca o país entre os piores em dois aspectos: mulheres no parlamento e em posições
ministeriais, rankings em que ocupa, respectivamente, a 121ª e a 134ª posições.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a maior igualdade nesse âmbito foi registrada entre 2011 e
2015, período que engloba a governo Dilma Rousseff. Seu sucessor, Michel Temer, foi duramente
criticado ao assumir o governo nomeando apenas ministros homens - após as críticas, ele nomeou
mulheres para posições de destaque.

Avanços
Nos campos da educação e da saúde, o Brasil se mantém em posição estável e de liderança nos
últimos anos, dividindo o topo do ranking com pouco mais de 30 países. Mesmo assim, ainda enfrenta
desafios, diz a coautora do relatório.
40
Moura. R. Brasil elimina disparidades entre homens e mulheres na educação e na saúde, mas política e economia derrubam país em ranking global. BBC Brasil.
Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41853171?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 03 de novembro de 2017.

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"Hoje, o Brasil acabou com a desigualdade de gênero em nível educacional, mas, como em muitas
outras economias em todo o mundo, desequilibra na contratação, retenção e remuneração, entre vários
fatores analisados no relatório, que impedem uma maior integração das mulheres no mercado de trabalho
- e de forma igualitária em todos os setores", observa Ratcheva.
Nesse campo, o relatório também leva em consideração o nível educacional de homens e mulheres
que chegam ao mercado de trabalho.
O Brasil foi o único país da América Latina e um dos seis, em meio às 144 nações, a eliminar a
desigualdade entre homens e mulheres na área de educação. Em saúde e sobrevivência, a diferença
também está próxima do fim. Tais resultados são semelhantes aos registrados nos últimos anos.
Neste ano, somente outros cinco países conseguiram resolver as disparidades nas duas áreas:
República Checa, Letônia, Lituânia, Eslováquia e Eslovênia.
No que diz respeito à educação, são consideradas a taxa de alfabetização e de matrículas nos ensinos
primário e secundário. Na saúde, a análise se dá sobre a razão entre os sexos no nascimento e a
expectativa de vida saudável entre eles.

Ganhos com a igualdade


Globalmente, o estudo observa que apenas 58% da desigualdade de gênero foi resolvida pelos países,
o pior índice desde 2008.
Segundo o estudo, a igualdade deve resultar em ganhos econômicos expressivos, que variam de
acordo com o contexto de cada país.
O texto não traz estimativas específicas para o Brasil, mas no caso do Reino Unido, por exemplo,
mostra que avançar nessa área significaria um reforço adicional de US$ 250 bilhões no Produto Interno
Bruto (PIB).

Nos Estados Unidos, o valor projetado é de US$ 1,7 trilhão.


Há um longo caminho, no entanto, até que as disparidades registradas no estudo sejam eliminadas.
No atual estágio, estima-se que a Europa Ocidental será a região a resolver o problema mais rápido, mas
ainda assim daqui a 61 anos. Na área que englobe a América Latina e o Caribe - e que inclui o Brasil -
serão necessários 79 anos. Para a América do Norte, o tempo previsto chega a 168 anos.
Outro ponto destacado pelo estudo é a fraca presença feminina em áreas como engenharia, indústria
e construção, bem como nos segmentos de comunicação e tecnologia. Áreas que, afirma o relatório,
estão abrindo mão dos os benefícios da diversidade.

Comissão dá aval à PEC que proíbe aborto41


Em sessão tumultuada, vence proposta que pode restringir até interrupções legais da gravidez
BRASÍLIA - A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 8, um texto
que, na prática, pode levar à proibição de todas as formas de aborto no País, incluindo as hipóteses que
atualmente são autorizadas na legislação e livres de punição.
Em uma sessão tumultuada, venceu a proposta de alterar a Constituição para que o princípio da
dignidade da pessoa humana e a garantia de inviolabilidade do direito à vida passem a ser respeitados
desde a concepção e não, como é hoje, após o nascimento. A PEC havia sido apresentada originalmente
para se discutir a ampliação da licença-maternidade em caso de bebês prematuros de 120 para 240 dias.
O relator da proposta, Jorge Tadeu Mudalem (DEM-SP), no entanto, sob influência da bancada
evangélica, alterou o texto para incluir também as mudanças relacionadas à interrupção da gravidez.
A mudança foi uma resposta à 1.ª Turma do Supremo Tribunal Federal que, em 2016, havia decidido
não considerar crime a prática do aborto durante o primeiro trimestre de gestação, independentemente
da motivação da mulher.
A comissão foi instalada em dezembro. Entre os 35 membros titulares do colegiado, só seis são
mulheres. Dos parlamentares integrantes, quase um terço tem iniciativas para restringir o direito ao aborto
legal.
O presidente da comissão especial, deputado Evandro Gussi (PV-SP), negou que o texto aprovado
nesta quarta coloque em risco as garantias hoje existentes. Atualmente, o aborto não é punido nos casos
em que a gravidez é resultante do estupro ou quando represente ameaça à vida da gestante. “Hoje essas
duas formas não são punidas e assim vai permanecer. O maior impacto do texto é impedir que o aborto
seja descriminalizado”, disse Gussi.

41
CARDOSO, D. FORMENTI, L. Comissão dá aval à PEC que proíbe aborto. Estadão Brasil. Disponível em: <http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-
aprova-pec-que-impossibilita-aborto-destaques-ainda-precisam-ser-votados,70002077147> Acesso em 09 de novembro de 2017.

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A deputada Érika Kokay (PT-DF), no entanto, tem avaliação diferente. “Impede a discussão da
interrupção da gravidez e traz, no mínimo, insegurança jurídica para os casos já permitidos no Código
Penal”, afirmou.
Foi aprovado apenas o texto principal. Na próxima semana, será a vez de a comissão especial votar
os destaques. Dentre as propostas que deverão ser avaliadas está a de suprimir justamente o trecho que
determina o respeito à vida desde a concepção. Uma vez avaliados os destaques, o texto fica disponível
para o plenário da Casa, onde precisará de 308 votos para ser aprovado, em dois turnos.

Um terço das mulheres nordestinas são vítimas de violência doméstica42


“O Nordeste é uma das regiões com mais desigualdades no país, com machismo arraigado e
concentração de população negra”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
A violência doméstica emocional, como humilhações e ameaças, atinge 27% das mulheres nordestinas
entre entre 15 e 49 anos. É o que revela a Pesquisa Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher, da Universidade Federal Ceará e do Instituto Maria da Penha, financiada pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres e apoio do Instituto Avon.
O estudo dos professores José Raimundo Carvalho e Victor Hugo de Oliveira, com 10 mil mulheres, é
o primeiro que faz uma ligação da violência doméstica no Nordeste brasileiro, com foco entre gerações,
vulnerabilidades raciais e socioeconômicas e incidência sobre a saúde, direitos sexuais e direitos
reprodutivos das mulheres.
De acordo com a pesquisa, o percentual de mulheres vítimas de agressão física na região é de 17,
27% e de violência sexual fica em 7,13%. Já as capitais Maceió (AL), Recife (PE) e Aracaju (SE) se
destacam nos índices de incidência considerável da violência doméstica, com 68,89%, 53,33% e 46,67%,
respectivamente.
O professor José Raimundo Carvalho estima que, fora das capitais, o nível de violência seja "três
vezes maior do que isso, no mínimo".
As agressões são cometidas tanto por parceiros (45% de violência emocional e 37% de violência física
quanto por ex-parceiros (44% de violência emocional e 48% de violência física para o último ex-parceiro).
"O fato de ex-parceiros serem tão ou mais violentos do que parceiros atuais pode ser entendido ao se
considerar que o fim de uma relação, geralmente aquela encerrada pela mulher, representa um duro
golpe em termos de transgressão de normas de gênero preponderantes nas concepções sobre
relacionamento desses homens", diz o estudo.
Um indicador, que demonstra que 39,3% da vizinhança e 29,45% do círculo social das vítimas
percebeu a violência doméstica mostra que "há uma intrincada e simultânea teia de relacionamentos
permanentemente em ação", o que pode motivar intervenções inovadoras para ajudar na redução do
problema, de acordo com a pesquisa.

Violência na gravidez
Entre as mulheres nordestinas, 6,2% sofreram agressão física durante a gestação. Dessas, 77% eram
negras. "O Nordeste é uma das regiões com mais desigualdades no país, com machismo arraigado e
concentração de população negra. A pesquisa capta a complexidade da violência de gênero com recorte
racial e geracional, que demanda respostas políticas multisetoriais como estabelece a Lei Maria da Penha
ao evocar ações integradas da saúde, segurança pública, justiça, educação, psicossocial e autonomia
econômica", afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
Para Gasman, a pesquisa traz dados concretos que podem colaborar para a implementação do Marco
de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021 pela ONU Brasil e o
governo brasileiro. A divulgação dos dados faz parte da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da
Violência contra as Mulheres. "Mulheres e meninas devem ser significativamente apoiadas para que
levantem suas vozes", afirmou no lançamento da pesquisa, nesta quinta-feira (23).
Presente no lançamento do estudo, a farmacêutica Maria da Penha, que dá nome à lei de combate à
violência contra mulher no Brasil e incentivadora do estudo, destacou a importância da abordagem da
violência doméstica incluindo aspectos socioeconômicos e a transmissão da agressão pelas gerações.
"O banco de dados dessa pesquisa inaugura uma nova etapa nos debates sobre violência doméstica em
âmbito nacional", afirmou.
A pesquisa também revela que mulheres com mais instrução sofrem menos de violência doméstica
durante a gravidez. Por exemplo, 0,9% das mulheres com ensino superior ou nível educacional mais

42
FERNANDES, MARCELLA. Um terço das mulheres nordestinas são vítimas de violência doméstica. Huffpost BR. Disponível em:
<http://www.huffpostbrasil.com/2017/11/23/um-terco-das-mulheres-nordestinas-ja-foram-vitimas-de-violencia-
domestica_a_23286465/?ncid=tweetlnkbrhpmg00000002> Acesso em 28 de novembro de 2017.

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elevado reportaram ter sido fisicamente agredidas pelo parceiro durante a gravidez, enquanto o
percentual é dez vezes superior entre mulheres sem instrução ou ensino fundamental incompleto (9.4%).
Entre as vítimas de violência na gravidez, 82,5% delas sofreram agressões em mais de uma gestação.
"Essa evidência sugere que as agressões eram recorrentes a cada gestação, indicando um elevado grau
de vulnerabilidade da mulheres gestantes vítimas de violência doméstica", aponta o estudo.
A agressão pode levar a gestante à depressão, atenção pre-natal inadequada, sangramento vaginal,
hipertensão e ao aborto espontâneo, dentre outras consequências. Já crianças com mães agredidas na
gravidez, apresentam 0,9 pontos percentuais a mais de chance de morrer no primeiro ano de vida.

Transmissão da violência entre gerações


Um dos resultados mais alarmantes da pesquisa é sobre a transmissão da violência entre gerações.
Segundo a sondagem, 4 a cada 10 mulheres que cresceram em um lar violento sofreram o mesmo tipo
de violência na vida adulta, o equivalente a 42%. Entre as que não lembravam se a mãe sofreu violência,
22% foram agredidas.
De acordo com o estudo, 20,1% de mulheres souberam de agressões sofridas pelas respectivas
mães durante a infância. Desse grupo, 88,7% presenciou efetivamente a violência. Além disso, 12,3%
das mulheres reportaram que o parceiro ou ex-parceiro sabia que a própria mãe foi agredida.
Também nesse aspecto a diferença racial está presente. 1 a cada 4 entrevistadas negras afirmou se
lembrar de episódios de violência contra sua mãe. Já entre as entrevistadas brancas, o número é de 1 a
cada 5.
Em média, cada morte provocada por violência doméstica deixa dois órfãos, mas em em 34% dos
casos, o número é maior ou igual a três crianças. Além disso, 55,2% das mães agredidas contaram que
os filhos presenciaram a cena ao menos uma vez. Nesse grupo, 24% das mulheres afirmaram que os
filhos também foram agredidos pelo parceiro ou ex-parceiro.
A pesquisa recomenda priorizar ações que busquem minimizar o impacto desse problema nas futuras
gerações e "considerar a família e suas complexas inter relações econômicas e sociais como o locus
fundamental onde se criam e perpetuam as relações de poder que determinam o uso de violência
doméstica como estratégia 'instrumental' do patriarcalismo".

Violência doméstica e mercado de trabalho


O estudo também mostrou que a violência doméstica traz como consequência danos para a saúde
mental da mulher e reflexos no mercado de trabalho.
No Nordeste, a capacidade de tomar decisões varia de 74% entre mulheres não agredidas para 58%
entre as vítimas de violência. Em Teresina, 48%, reportaram ter a saúde mental afetada pelo
comportamento violento do parceiro. As proporções em Aracajú e Natal são de 42% e 40%.
"Tais evidências indicam que a violência doméstica pode deteriorar o estado emocional da mulher,
bem como reduzir sua capacidade de concentração e tomada de decisão que são fundamentais no
exercício de qualquer atividade no mercado de trabalho", destaca a pesquisa.
A violência levou ainda 23% das mulheres vítimas de agressão a recusarem ou desistirem de uma
oportunidade de emprego. O percentual é de 9% entre as não agredidas. Na capital Salvador, 22% das
mulheres que sofreram violência doméstica nos últimos 12 meses reportaram que o comportamento
violento do parceiro interferiu em seu trabalho ou em outras atividades remuneradas. Em seguida, a
capital Teresina apresenta uma proporção de 20%, e Fortaleza com 18%.

O impacto financeiro da violência


A pesquisa estima que aproximadamente R$ 64,4 milhões sejam perdidos devido à violência
doméstica nas capitais do Nordeste brasileiro. Isso porque 12,5% das mulheres empregadas nas capitais
nordestinas sofreram algum tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses, o equivalente a 219.109
mulheres.
Nesse grupo particular, aproximadamente 25% das mulheres reportaram ter perdido ao menos um dia
de trabalho, ou seja, 54.777 mulheres. Logo, o número total de dias de trabalho perdidos devido ao
absenteísmo (assumindo a média de 18 dias perdidos relatada) somam 985.986 dias, ou quase 7,9
milhões de horas trabalhadas perdidas.
O estudo considerou o valor do salário-hora entre as mulheres vítimas de violência doméstica (R$ 8,16
em valores nominais de 2016). Para o país, a estimativa chega a R$ 975 milhões perdidos.
Segundo a sondagem, 17% das mulheres vítimas de violência doméstica nos últimos 12 meses
responderam que repassam parte ou a totalidade dos seus rendimentos para seus respectivos parceiros.
O percentual é de 10% no outro grupo.

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Já a duração média do emprego para as mulheres que não sofreram violência nos últimos 12 meses
é de 74,82 meses, a duração média daquelas que sofreram é de 58,59 meses, uma queda de 22% na
duração média no emprego.
"Menores durações de emprego significam que as vítimas de violência doméstica terão a sua
capacidade econômica diminuída, enfraquecendo a sua capacidade de empoderamento dentro do
domicílio, aumentando a sua dependência em relação ao parceiro. Também significam que as vítimas de
violência terão menores chances de aquisição de habilidades específicas ao trabalho, bem como serão
preteridas nas promoções de carreira", destaca a pesquisa.
Ambos os fenômenos impactam negativamente no salário. Mulheres vítimas de violência doméstica
possuem um salário cerca de 10% menor do que aquelas que não são vítimas de violência doméstica.
Em Fortaleza, a diferença chega a 34%.
Mais uma vez a questão racial se faz presente. Mulheres brancas não agredidas tem média de R$
11,42 de salário por hora. O valor é de R$ 7,20 para negras vítimas de violência doméstica.
Diante desse cenário, a pesquisa recomenda a aprovação do Projeto de Lei do Senado nº 296/2013,
que cria um auxílio para mulheres vítimas de violência doméstica e a adoção de políticas de recursos
humanos com um foco maior nas questões de gênero nas empresas.

Jovem negra tem 2 vezes mais chances de ser morta no Brasil, diz relatório43
Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência traz recorte de gênero pela primeira vez. Entre os
homens, risco de jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes maior que de um jovem branco.
As negras com idade entre 15 e 29 anos têm 2,19 vezes mais chances de serem assassinadas no
Brasil do que as brancas na mesma faixa etária, de acordo com o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à
Violência 2017 (IVJ 2017), divulgado nesta segunda-feira (11).
O IVJ 2017 traz dados de 2015 e foi elaborado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura), pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República e
pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O índice agrega dados como frequência escolar, escolaridade, inserção no mercado de trabalho e
taxas de mortalidade por homicídios e por acidentes de trânsito.
No topo da desigualdade entre as taxas de homicídio estão os estados do Rio Grande do Norte, no
qual as jovens negras morrem 8,11 vezes mais do que as jovens brancas, e do Amazonas, cujo risco
relativo é de 6,97 (o risco relativo é a variável que considera as diferenças de mortalidade entre brancos
e negros).
Em terceiro lugar aparece a Paraíba, onde a chance de uma jovem negra ser assassinada é 5,65 vezes
maior do que a de uma jovem branca. Em quarto lugar vem o Distrito Federal, com risco relativo de 4,72.
Nos estados de Alagoas e Roraima não foi possível calcular a razão entre as duas taxas por não ter
sido registrado nenhum homicídio de mulher branca nessa faixa etária em 2015. As taxas de mortalidade
entre jovens negras nesses estados, no entanto, foram altas: 10,7 e 9,5 mortes por 100 mil habitantes,
respectivamente.
Entre os homens, a chance de um jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes superior à de um jovem
branco. O índice é maior que o registrado no levantamento divulgado em 2015.
A situação mais preocupante é a de Alagoas, onde um jovem negro tem 12,7 vezes mais chances de
morrer assassinado do que um jovem branco. Na Paraíba essa diferença é de 8,9 vezes, índice também
muito alto.
Para a representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, “a violência contra a
juventude negra no Brasil atingiu índices alarmantes”.
“[Essa violência] precisa ser enfrentada com políticas públicas estruturadas que envolvam as diversas
dimensões da vida dos jovens como educação, trabalho, família, saúde, renda, igualdade racial e
oportunidades”, diz Noleto em texto que integra o relatório.

Escravidão e racismo
O documento lembra que o Brasil foi o último país do mundo a abolir oficialmente a escravidão, em
1888 --quando os negros já eram cerca de 50% da população--, mas ressalta que a abolição não significou
a possibilidade de inserção no mercado de trabalho para essa população, que exercia trabalhos precários
e, em geral, nas zonas rurais, enquanto os imigrantes europeus eram absorvidos por fábricas em centros
urbanos, em meio ao avanço do processo de industrialização.
A partir dos resultados do levantamento, o IVJ 2017 conclui que os índices “evidenciam a brutal
desigualdade que atinge negros e negras até na hora da morte”.
43
G1. Jovem nega tem 2 vezes mais chances de ser morta no Brasil, diz relatório. G1. Disponível em: < https://g1.globo.com/politica/noticia/jovem-negra-tem-2-
vezes-mais-chances-de-ser-morta-no-brasil-diz-relatorio.ghtml> Acesso em 11 de dezembro de 2017.

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“Essa desigualdade se manifesta ao longo de toda a vida e em diversos indicadores socioeconômicos,
em uma combinação perversa de vulnerabilidade social e racismo que os acompanha durante toda a vida.
Não à toa, negros e negras ainda sofrem com enormes disparidades salariais no mercado de trabalho:
dados recentes divulgados pelo IBGE mostram que negros ganham 59% dos rendimentos de brancos
(2016)”, diz o documento.
“Assumir que a violência letal está fortemente endereçada à população negra e que este é um
componente que se associa a uma série de desigualdades socioeconômicas é o primeiro passo para o
desenvolvimento de políticas públicas focalizadas e ações afirmativas que sejam capazes de dirimir essas
inequidades”, conclui o texto.

50 milhões de brasileiros vivem na linha da pobreza, aponta IBGE44


Cerca de 25% da população possui renda familiar equivalente a R$ 387. Número de jovens que não
trabalham nem estudam cresce.
Cerca 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e
possuem renda familiar equivalente a R$ 387, ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial para
definir se uma pessoa é pobre.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e fazem parte da pesquisa SIS 2017 (Síntese de Indicadores Sociais 2017). Ela indica, ainda,
que o maior índice de pobreza se dá na região Nordeste do país, onde 43,5% da população se enquadram
nessa situação e, a menor, no Sul, com 12,3%.
A situação é ainda mais grave se levadas em conta os números envolvendo crianças de 0 a 14 anos
de idade. No país, 42% dos cidadãos nesta faixa etária se enquadram nestas condições e sobrevivem
com apenas US$ 5,5 por dia.
A pesquisa de indicadores sociais revela uma realidade: o Brasil é um país profundamente desigual e
a desigualdade gritante se dá em todos os níveis.
Seja por diferentes regiões do país, por gênero - as mulheres ganham, em geral, bem menos que os
homens mesmo exercendo as mesmas funções, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos
respondem pelo maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal
e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de escolaridade.
Um país onde a renda per capita dos 20% que ganham mais, cerca de R$ 4,5 mil, chega a ser mais
de 18 vezes que o rendimento médio dos que ganham menos e com menores rendimentos por pessoa,
cerca de R$ 243.
No país, em 2016, a renda total apropriada pelos 10% com mais rendimentos (R$ 6.551) era 3,4 vezes
maior que o total de renda apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação
variasse dependendo do estado.
Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos do país, a parcela da população de pretos ou
pardos chega a 78,5%, contra 20,8% de brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos,
pretos ou pardos respondiam por apenas 24,8%.
A maior diferença estava no Sudeste, onde os pretos ou pardos representavam 46,4% da população
com rendimentos, mas sua participação entre os 10% com mais rendimentos era de 16,4%, uma diferença
de 30 pontos percentuais.

Desigualdade acentuada entre brancos e negros


No que diz respeito à distribuição de renda no país, a Síntese dos Indicadores Sociais 2017 comprovou,
mais uma vez, que o Brasil continua um país de alta desigualdade de renda, inclusive, quando comparado
a outras nações da América Latina, região onde a desigualdade é mais acentuada.
Segundo o estudo, em 2017 as taxas de desocupação da população preta ou parda foram superiores
às da população branca em todos os níveis de instrução. Na categoria ensino fundamental completo ou
médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação dos trabalhadores pretos ou pardos era de 18,1%,
bem superior que o percentual dos brancos: 12,1%.
"A distribuição dos rendimentos médios por atividade mostra a heterogeneidade estrutural da
economia brasileira. Embora tenha apresentado o segundo maior crescimento em termos reais nos cinco
anos disponíveis (10,9%), os serviços domésticos registraram os rendimentos médios mais baixos em
toda a série. Já a Administração Pública acusou o maior crescimento (14,1%) e os rendimentos médios
mais elevados", diz o IBGE.

44
DIÁRIO DE S. PAULO. 50 milhões de brasileiros vivem na linha da pobreza, aponta IBGE. Diário de S. Paulo. Disponível em:
<http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2017/12/dia_a_dia/24209-50-milhoes-de-brasileiros-vivem-na-linha-da-pobreza-aponta-ibge.html> Acesso em 18 de
dezembro de 2017.

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Mundo – Relações e Conflitos

Nº de mortes em 'ataque químico' passa de 70 na Síria; ONU denuncia crimes de guerra45


O suposto ataque químico que matou pelo menos 72 civis em uma cidade do norte da Síria demonstra
os "crimes de guerra" continuam sendo cometidos no país, afirmou nesta quarta-feira (05/04) o secretário-
geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
O balanço divulgado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) nesta quarta indica que
20 das mais de 70 vítimas são crianças. De acordo com a ONG, houve um ataque aéreo no reduto rebelde
da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib. Logo em seguida, foi liberado um "gás tóxico" que a
instituição não sabe identificar. Civis morreram por e dezenas apresentaram problemas respiratórios,
vômitos e desmaios.
"Os horríveis acontecimentos de terça-feira demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra
continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente", disse Guterres ao
chegar a Bruxelas, onde ocorre uma conferência sobre o conflito sírio.
Guterres afirmou que a ONU deseja estabelecer responsabilidades por estes crimes e expressou
confiança de que o Conselho de Segurança estará " à altura de suas responsabilidades".

Ação do regime?
Para a oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e para a União Europeia, o regime sírio é
responsável pelo bombardeio. O governo da Síria nega.
A Rússia nega ter atacado a região, mas afirma que a aviação de Damasco bombardeou um "depósito
terrorista" onde eram armazenadas "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque. Os russos
têm poder de veto no Conselho de Segurança e apoiam o presidente sírio Bashar al-Assad contra os
rebeldes.
Alguns minutos antes, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, havia dito que
"todas as provas" apontam para o regime de Bashar al-Assad como responsável pelo suposto ataque.
"Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al-Assad... usando armas ilegais contra seu
próprio povo", disse Johnson.
"É a confirmação de que se trata de um regime bárbaro que torna impossível aos nossos olhos que
imaginar que possa ter a menor autoridade na Síria após o fim do conflito", completou o ministro britânico.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu um grande esforço a favor das negociações
de paz sobre a Síria em Genebra, que tem a mediação da ONU. "Temos que unir a comunidade
internacional nas negociações", declarou Mogherini.
Estados Unidos, França e Reino Unido apresentaram na terça-feira (04/04) um projeto de resolução
ao Conselho de Segurança que condena o ataque químico na Síria e exige uma investigação completa e
rápida.

O que aconteceu?
Os aviões teriam atacado Khan Sheikhoun, que fica cerca de 50 km ao sul da cidade de Idlib, no início
da manhã desta terça-feira (04/04).
Hussein Kayal, um fotógrafo do grupo de jornalistas pró-oposição Edlib Media Center (EMC), disse à
agência de notícias Associated Press que ele foi acordado pelo som de uma explosão às 6h30 no horário
local.
Quando ele chegou ao local do ataque, disse não ter sentido cheiro de nada, mas viu pessoas no chão,
sem conseguirem se mover e com as pupilas contraídas.
Mohammed Rasoul, o chefe de um serviço caritativo de ambulâncias em Idlib, disse à BBC que os
médicos que ele transportava encontraram pessoas, muitas delas crianças, sufocando nas ruas.
O grupo Observatório Sírio também citou relatos de médicos dizendo que estavam tratando pessoas
com sintomas que incluíam desmaios, vômito e espuma na boca.
Um jornalista da agência de notícias AFP afirmou ter visto uma garota, uma mulher e dois idosos
mortos em um hospital, todos com espuma ainda visível ao redor da boca.
O jornalista também afirmou que o hospital foi atingido por um foguete na tarde de terça, e que médicos
que cuidavam dos doentes foram atingidos por pedras e destroços.
A procedência dos foguetes não está clara, mas o EMC e os Comitês de Coordenação Local, da
oposição ao governo, dizem que aviões alvejaram diversas clínicas.
Jornalistas pró-governo citaram fontes militares dizendo que houve uma explosão em uma fábrica de
armas químicas em Khan Sheikhoun - que teria sido causada por um ataque aéreo ou por acidente.
45
05/04/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/ataque-quimico-mata-dezenas-na-siria-o-que-se-sabe-ate-agora.ghtml e
http://g1.globo.com/mundo/noticia/vai-a-72-o-numero-de-mortos-apos-ataque-quimico-na-siria-diz-ong.ghtml

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Que substância foi usada?
O Observatório Sírio de Direitos Humanos diz que não foi possível determinar que tipo de substância
teria sido usada no ataque.
O EMC e os Comitês de Coordenação Local afirmam que pode ter sido o gás sarin, que é altamente
tóxico e considerado 20 vezes mais letal do que o cianureto.
O sarin inibe a ação de uma enzima que desativa os sinais que as células nervosas humanas
transmitem aos músculos para relaxá-los. Isso faz com que o coração e outros músculos - incluindo os
envolvidos na respiração - tenham espasmos.
A exposição ao gás pode causar desmaios, convulsões e levar à morte por asfixia em minutos.
O especialista em armas químicas Dan Kaszeta disse à BBC que é difícil determinar se o sarin foi
usado no ataque apenas examinando vídeos, como os compartilhados nas redes sociais por
sobreviventes e jornalistas.
Ele afirmou que o ataque pode ter sido resultado de uma série de agentes químicos que "tendem a ter
efeitos semelhantes no corpo humano".
O sarin é quase impossível de detectar - é um líquido claro, sem cor e sem gosto que, em sua forma
mais pura, também não tem odor.

O sarin já foi usado antes na Síria?


O governo sírio foi acusado pelas potências ocidentais de atirar foguetes cheios de sarin em uma série
de subúrbios da capital, Damasco, que eram controlados pelos rebeldes em agosto de 2013, matando
centenas de pessoas.
O presidente Bashar al-Assad negou as acusações, culpando combatentes rebeldes, mas, em
seguida, concordou em destruir o arsenal químico da Síria.
Apesar disso, a Organização pela Proibição de Armas Químicas continua a documentar o uso de
químicos tóxicos em ataques na Síria.
Em janeiro de 2016, o órgão disse que amostras de sangue das vítimas de um ataque não especificado
no país mostrou que elas foram expostas ao sarin ou substância semelhante.

O que se sabe sobre o uso de outros agentes químicos?


Uma investigação conjunta da Organização pela Proibição de Armas Químicas com a ONU concluiu,
no último mês de outubro, que as forças do governo usaram gás cloro, que também provoca asfixia, como
arma ao menos três vezes entre 2014 e 2015.
Os investigadores também concluíram que militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico, que
atua no país, usaram gás mostarda - que pode provocar cegueira, ferimentos na pele e morte.
A ONG de direitos humanos Human Rights Watch acusou recentemente helicópteros do governo de
soltarem bombas contendo gás cloro em áreas controladas por rebeldes em Aleppo em ao menos oito
ocasiões entre os dias 17 de novembro e 13 de dezembro de 2016, durante os estágios finais da batalha
pela cidade.
E na semana passada, dois ataques supostamente químicos foram registrados na província de Hama,
uma área controlada pelos rebeldes próxima a Khan Sheikhoun.

Qual foi a reação ao ataque desta terça?


A província de Idlib, onde os ataques ocorreram, é quase completamente controlada por uma aliança
rebelde e pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al-Sham, ligado à al-Qaeda.
A região, onde vivem 900 mil pessoas, é frequentemente alvejada pelo governo e pela Rússia, sua
aliada, assim como pela coalizão contra o EI, liderada pelos Estados Unidos.
Não houve comentário oficial imediato após o ataque desta terça-feira, mas uma fonte militar disse à
agência de notícias Reuters que o governo "não usa e não usou" armas químicas contra a população.
O enviado dos grupos de oposição sírios na ONU, Staffan de Mistura, disse que o ataque foi "horrível"
e que deve haver uma "identificação clara de responsabilidades e prestação de contas" pelo ataque na
cidade.
Em um comunicado, o presidente francês François Hollande acusou o governo sírio de cometer um
"massacre".
O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse que Assad seria considerado
culpado de um crime de guerra caso seu governo seja responsável.
O Reino Unido e a França pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Em comunicado, o presidente americano Donald Trump também responsabilizou o governo Assad e
condenou o que chamou de "ações abomináveis" do regime.

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Brexit: Reino Unido entrega carta e dá início à saída da União Europeia46
O Reino Unido deu início na manhã desta quarta-feira (29/03) ao processo de saída da União Europeia.
O afastamento efetivo só acontecerá depois de pelo menos dois anos de negociação com os outros 27
integrantes do bloco. Essa é a 1ª vez que um país pede para deixar o grupo.
O embaixador britânico na União Europeia, Tim Barrow, entregou nesta manhã ao presidente do
Conselho Europeu, Donald Tusk, uma carta que simboliza o acionamento do Artigo 50 do Tratado de
Lisboa – dando início às discussões sobre o processo de afastamento. A carta de seis páginas é assinada
pela pela premiê britânica, Theresa May.

Sem volta
Logo após a entrega da carta, Theresa May fez um pronunciamento no Parlamento britânico. “O Reino
Unido está deixando a União Europeia. Este é um momento histórico do qual não pode haver volta".
May também indicou a intenção de buscar um acordo comercial "audaz e ambicioso" ao mesmo que
tempo que negocia o Brexit.
A premiê fez um apelo pela união do Reino Unido no Parlamento britânico. "Agora é a hora de nos unir
nesta casa [do Parlamento] e em todo o país para garantir que trabalhamos para o melhor acordo possível
para o Reino Unido e para o melhor futuro possível para todos nós", declarou May. Na terça-feira, a
Escócia aprovou a realização de um novo referendo sobre a independência.

Obrigado e adeus
Tusk afirmou que a União Europeia está descontente com a saída da Grã-Bretanha. Para ele, não há
razão para dizer que esta quarta-feira é um dia feliz nem para o Reino Unido nem para a União Europeia.
O bloco tem o objetivo de minimizar o custo para os cidadãos europeus, os negócios e para os países
membros do bloco. "Já sentimos a sua falta, obrigado e adeus", declarou ao concluir uma breve coletiva
de imprensa, segundo a Reuters.
O presidente do Conselho Europeu já tinha prometido informar na sexta-feira (31/03) as primeiras
diretrizes do processo de negociação, mas uma resposta formal do bloco dificilmente será divulgada antes
do primeiro encontro oficial dos países membros, já sem a presença do Reino Unido, em 29 de abril.
Esta é a primeira vez que o artigo, criado em 2009, é invocado por um país que decide deixar o bloco,
O prazo de dois anos de negociações só pode ser prorrogado com uma aprovação unânime de todos os
países da União Europeia. A negociação é muito complexa pois exige rescisão de vários tratados
internacionais, acordos comerciais e uma nova política migratória.

Divórcio difícil
O processo para encerrar 40 anos de união não é automático e se anuncia um divórcio difícil, porque
tem de ser discutido com os outros 27 membros do bloco. O afastamento de um país-membro é inédito
no bloco.
A negociação é muito complexa, já que exige rescisão de vários tratados internacionais. Só com a
União Europeia, há pelo menos 80 mil páginas de acordos. Por isso, é provável que, após a negociação,
exista uma fase de transição.

Principais dúvidas
1. Imigração
Em seu pronunciamento nesta manhã, May afirmou que a situação dos europeus no Reino Unido será
uma das prioridades da negociação.
Atualmente, cerca de 3 milhões de cidadãos europeus vivem no Reino Unido, vindos principalmente
da Polônia (850 mil), da República da Irlanda (330 mil) e de diversos países do antigo bloco soviético.
Esses podem pedir a residência permanente no Reino Unido quando completarem cinco anos vivendo no
país. Com a Brexit, o Certificado de Residência Permanente para Cidadão da UE, no entanto, deve deixar
de valer.
Ao longo das negociações, é preciso estabelecer uma nova política migratória, uma das principais
reinvindicações dos partidários da Brexit, que exigiam medidas mais restritivas. Analistas e políticos
ouvidos pela BBC disseram na época que a mudança será gradual e que ninguém terá de deixar o país
da noite para o dia.

2. Comércio

46
29/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/brexit-reino-unido-entrega-carta-e-da-inicio-a-saida-da-uniao-europeia.ghtml

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A participação na União Europeia permite que os países comprem e vendam produtos e serviços entre
si sem a aplicação de taxas e impostos dentro da área comum. O Reino Unido então passará a ter taxas
diferentes no comércio exterior com os países europeus em relação às praticadas agora, podendo
inclusive trocar de parceiros.
Segundo a União Europeia, o Reino Unido exporta principalmente para os EUA, a Alemanha e os
Países Baixos. Por sua vez, as suas importações vêm sobretudo da Alemanha, da China e dos EUA.

3. Compromissos europeus
Os defensores do Brexit alegavam que a contribuição do Reino Unido para União Europeia era muito
elevada. Nesse processo é preciso discutir quais são as dívidas britânicas com relação ao bloco, a
chamada, “conta do divórcio”, que poderá custar por volta de 50 bilhões de libras (mais de R$ 191 bilhões).
Outras questões que deverão ser discutidas são, por exemplo, regras de segurança para o cruzamento
de fronteiras; o "Mandado Europeu de Prisão", que é um mandado de prisão válido em todos os países
membros do bloco; a mudança de agências europeias que têm suas bases no Reino Unido.

Sem acordo?
May, no entanto, declarou em janeiro deste ano que o Reino Unido deixará o bloco mesmo que não
haja um pleno acordo nesse período. Segundo a primeira-ministra, ela está pronta a abandonar as
discussões se suas exigências não forem atendidas, e chegou a afirmar que “nenhum acordo para o
Reino Unido é melhor do que um acordo ruim para o Reino Unido”.
A decisão de sair da União Europeia, conhecida como Brexit, foi tomada em um referendo, realizado
em 23 de junho de 2016. Na ocasião, 51,9% dos britânicos optaram por deixar o bloco, o que provocou a
queda do então primeiro-ministro, David Cameron.
Após o referendo, o Brexit foi aprovado também pelo Parlamento britânico e no dia 16 de março deste
ano suas negociações receberam autorização formal da rainha Elizabeth 2ª.

Oposição escocesa
A decisão de deixar a União Europeia desapontou especialmente a população da Escócia, onde 66%
votaram contra o Brexit. Líderes políticos a favor da independência usaram o resultado como argumento
para justificar o pedido para um novo referendo sobre a independência do país.
O Reino Unido tenta barrar ou ao menos adiar a realização da nova consulta para o fim de 2018 ou
em 2019, que foi aprovada pelo parlamento escocês na terça-feira (28). A chefe de governo britânica já
chamou o novo referendo de "inaceitável", porém não há um artigo na Constituição que proíba a sua
realização.
Em 2014, a decisão de permanecer no Reino Unido foi aprovada com 55% dos votos em um plebiscito,
mas os nacionalistas escoceses acreditam que o temor de deixar a União Europeia será decisiva para
aprovação da independência do país.

Sobe para três o número de mortos em protestos na Venezuela47


Membro da Guarda Nacional foi baleado em Caracas; governo acusa oposição
CARACAS — Um membro da Guarda Nacional foi morto na noite desta quarta-feira em Caracas,
elevando para três o número de vítimas durante os protestos realizados na Venezuela. Mais cedo, dois
jovens já haviam sido mortos.
Segundo a Defensoria do Povo, o militar foi baleado por um franco-atirador. O deputado chavista
Diosdado Cabello, homem forte do regime, culpou o governador de Miranda, Henrique Capriles, e a
oposição pela morte.
— Acabam de assassinar um guarda nacional em San Antonio de los Altos. Capriles e seu combo de
assassinos estavam buscando mortos, desesperados. Mas aqui haverá justiça, tenham certeza de que
vai haver justiça — afirmou Cabello, em seu programa televisivo semanal.
Já haviam sido confirmadas as mortes de Carlos José Moreno Baron, de 17 anos, atingido por uma
bala na cabeça, na região de San Bernardino, em Caracas; e Paola Ramírez, de 23 anos, em San
Cristóbal, no estado de Táchira. Ambos, segundo a mídia local, foram atingidos por disparos feitos pelos
coletivos chavistas, embora não estivessem participando das marchas.
A oposição marcou um novo protesto para esta quinta-feira.

47
O GLOBO com Agências Internacionais. Sobe para três número de mortos em protestos na Venezuela. Disponível em: <
http://oglobo.globo.com/mundo/sobe-para-tres-numero-de-mortos-em-protestos-na-venezuela-
21232749?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 20 de abril de 2017.

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— Amanhã, na mesma hora, convocamos todo o povo venezuelano a se mobilizar. Hoje fomos milhões
e amanhã temos que reunir mais pessoas — declarou Capriles, em entrevista coletiva.

'MÃE DE TODAS AS MARCHAS'


Chamada de "mãe de todas as marchas", a manifestação ocorreu um dia depois de o presidente,
Nicolás Maduro, ter denunciado em cadeia nacional uma tentativa de golpe de Estado “da direita
venezuelana, liderada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Sem fazer qualquer menção às mortes ocorridas durante as marchas, Maduro parabenizou a Força
Armada Nacional Bolivariana (Fanb) pelo “sucesso na largada do Plano Zamora”, anunciado na véspera
como a grande aposta do Palácio de Miraflores “para derrotar o golpe de Estado”.
— O Plano Zamora está dando resultados — comemorou, ao fim de uma manifestação convocada
para se contrapor, como de costume, aos protestos opositores.
A repressão também atingiu a imprensa: o sinal da TV do jornal colombiano “El Tiempo” foi retirado do
ar pelo governo quando transmitia ao vivo os protestos. Do Brasil, o chanceler Aloysio Nunes, acusou
Maduro de ser o responsável pela morte do manifestante em Caracas. “Aconteceu o que eu mais temia
na Venezuela: a repressão do governo matou um manifestante”, escreveu no Twitter.
— A repressão está se tornando cada vez mais violenta, existe uma vontade evidente de impedir as
ações da oposição — disse Carlos Correa, da ONG Espaço Público, que classifica a marcha de quarta-
feira como a maior dos últimos anos. — As pessoas estão decididas a continuar nas ruas. As declarações
de Maduro e do ministro da Defesa (Vladimir Padrino López) mostram um governo em guerra.
Na marcha, como em todas realizadas nos últimos dias — até durante a Semana Santa — dirigentes
de peso da Mesa de Unidade Democrática (MUD) como Capriles, estiveram presentes e foram atingidos
pela repressão. O uso de gás lacrimogêneo — inclusive de helicópteros — é cada vez mais intenso e
obrigou muitas pessoas a serem atendidas em hospitais.
MADURO ACUSA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA
Um dos detidos foi o secretário geral do partido Primeiro Justiça (PJ, de Capriles) em Táchira, Gustavo
Gandica, acusado pelo governo de estar envolvido no suposto plano para derrubar Maduro.
— A violência é o último recurso do governo e, por isso, estamos vendo uma violência descontrolada.
Caracas virou uma espécie de Berlim, só que aqui o muro não é de cimento, e sim formado por militares
que não permitem que manifestantes da oposição cheguem ao centro da cidade — assegurou Carlos
Romero, professor da Universidade Central da Venezuela.
Para ele, o governo já se esqueceu da política, não se importa com a repercussão internacional e
ignora os alertas:
— Mais cedo ou mais tarde, um setor militar não acompanhará mais esta aventura repressiva, mas
pode levar meses.

Nicolás Maduro
Eleito em abril de 2013 para suceder Hugo Chávez, o presidente enfrenta forte pressão por conta da
escassez de alimentos e remédios, agravada pela queda dos preços do petróleo. Trava uma guerra
política contra o Parlamento, controlado pela oposição, que o chama de ditador.
Maduro acusou o presidente da Assembleia Nacional, deputado Julio Borges, de ter violando a
Constituição ao pedir à Fanb que “esteja ao lado do povo”. Em Caracas, há a sensação de que Borges
pode ser um dos próximos perseguidos.
— Borges, mais uma vez, cometeu um delito contra a Constituição e deverá ser processado. Ele está
pedindo, abertamente, um golpe de Estado e a divisão dentro da Fanb — disse, prometendo eleições “em
breve”, mas sem falar em datas.
Já o presidente da AN assegurou que seu único objetivo é “pedir que a Constituição seja respeitada”.
E pela segunda vez em menos de um mês, a procuradora-geral da República, a chavista Luisa Ortega,
questionou publicamente o governo ao exigir a garantia ao direito de manifestações pacíficas.

Estado Islâmico assume autoria do ataque de Londres48


Atentado na London Bridge e no Borough Market deixou 10 mortos, entre eles 7 vítimas e 3 terroristas.
O grupo Estado Islâmico (EI) assumiu neste domingo (4), por meio de sua agência Amaq, que o ataque
de Londres foi promovido por soldados do grupo. O atentado deste sábado na London Bridge e no
Borough Market deixou 10 mortos, entre eles 7 vítimas e 3 terroristas.

48
G1. Estado Islâmico assume autoria do ataque de Londres. G1 Mundo. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/estado-islamico-assume-autoria-
do-ataque-de-londres.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 05 de junho de 2017.

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Rita Katz, diretora do SITE Intel Group, que monitora a ação de grupos jihadistas na internet, postou
no Twitter a reivindicação do EI:
1) Breaking: #ISIS' #Amaq claims attacks in #London carried out by #ISIS fighters, according to its
sources pic.twitter.com/M7xOxzWQq7
— June 4, 2017
"Um destacamento de combatentes do Estado Islâmico promoveu o ataque de Londres ontem", diz a
mensagem da Amaq, segundo Katz. A palavra "destacamento", ainda de acordo com a diretora, mostra
que provavelmente o atentado foi coordenado com o grupo, e não apenas inspirado nele.
De acordo com a agência Reuters, o EI difundiu uma mensagem no sábado de manhã pelo aplicativo
Telegram convocando seus seguidores a promover ataques com caminhões, facas e armas durante o
Ramadã, mês sagrado de jejum e orações para os muçulmanos.
Os terroristas envolvidos no ataque ainda não foram identificados. A polícia de Londres disse que vai
divulgar seus nomes "assim que seja operacionalmente possível". O que se sabe é que três terroristas
foram mortos pela polícia, mas não está claro quantos agiram no total e se alguém conseguiu fugir. Entre
a primeira ligação aos serviços de emergência reportando o ataque e a morte dos três terroristas foram 8
minutos. Policiais dispararam 50 balas contra eles.
Uma testemunha disse à BBC que um dos terroristas gritou "isto é por Alá" enquanto atacava. Alguns
usavam coletes com explosivos falsos, segundo os policiais.

O ataque
Por volta das 21h (horário local, 18h em Brasília), os terroristas atropelaram com uma van os pedestres
que passavam pela London Bridge, um dos cartões-postais da cidade. Relatos de testemunhas apontam
que a van deixou a área reservada aos veículos na ponte e avançou contra os pedestres na calçada a
mais de 80 Km/h.
Depois os homens sacaram facas e passaram a atacar pessoas que estavam em bares e restaurantes
nas proximidades do Borough Market.

Vítimas
Sete pessoas morreram e pelo menos 48 foram levados de ambulância a cinco hospitais da cidade,
das quais 36 seguem internadas, 21 delas "em estado crítico", segundo as últimas informações dos
serviços de emergência. Outras pessoas foram atendidas no local. A polícia ainda não detalhou quantas
pessoas ficaram feridas no atropelamento em massa e quantas receberam ferimentos nos ataques à faca
que ocorreram pouco depois.
O Reino Unido ainda não divulgou a identidade das vítimas, o que pode demorar algum tempo. Mas
Canadá e França anunciaram que há um cidadão de cada país entre os mortos. Entre os feridos estão
sete franceses, um espanhol com ferimentos leves e um australiano, de acordo com seus respectivos
governos.

Detidos
A polícia deteve neste domingo 12 pessoas sob suspeita de envolvimento no ataque. Sete deles são
mulheres e cinco, homens. Os detidos têm idades variadas, de 19 a 60 anos. Um homem de 55 anos foi
liberado sem receber acusações. As buscas continuam em outros endereços.
A polícia disse que o público verá mais agentes - armados e desarmados - nas ruas da cidade, e que
as medidas de segurança nas pontes da cidade serão reforçadas.

3º ataque em 3 meses
O ataque deste sábado foi o terceiro em três meses. Em março, cinco pessoas morreram na ponte de
Westminster, na região do Parlamento, em um ataque semelhante, quando um homem atropelou algumas
pessoas e esfaqueou outras.
No dia 22 de maio, um homem-bomba matou 22 pessoas na saída do show da cantora americana
Ariana Grande, na Manchester Arena. Outras 59 pessoas ficaram feridas.
Neste domingo, um megashow com Ariana Grande, Justin Bieber, Miley Cyrus, Katy Perry e outros
artistas foi realizado em homenageiam às vítimas do atentado em Manchester. O show beneficente One
Love Manchester durou cerca de três horas e reuniu 50 mil pessoas no estádio de Old Trafford, na grande
Manchester.

Theresa May: 'basta'


Na manhã deste domingo, a premiê Theresa May falou à imprensa após se reunir com o comitê de
segurança na e atribuiu o atentado ao "extremismo islamita", antes da reivindicação do EI. May pediu

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união para conter o terrorismo extremista. "Temos que ter uma estratégia robusta. Temos que revisar a
estratégia contra terrorista no Reino Unido. Se tivermos que aumentar as penas, faremos isso. Chegou a
hora de dizer: basta. Nossa sociedade precisa continuar com os nossos valores".
Para May, os ataques recentes não estão conectados, mas mostrariam uma nova "onda" na qual
"terrorismo gera terrorismo" e fica evidente que os terroristas estariam "copiando uns aos outros e usando
as mais cruéis formas de ataque".

Portugal vive sua maior tragédia em incêndio florestal49


Portugal está arrasada com o incêndio que matou pelo menos 61 pessoas e deixou cerca de 60 feridos.
Essa é, certamente, a maior tragédia registrada no país nas últimas décadas. O incêndio que atingiu
Pedrógrão Grande e região é o incidente que fez mais vítimas fatais na história recente de Portugal e já
é considerado um dos mais graves do mundo. O fogo começou no sábado e ainda não está totalmente
controlado.
O cenário nos vilarejos tomados pelo fogo assusta. Segundo relata a mídia portuguesa, há corpos
espalhados pelo chão esperando para serem recolhidos. Alguns estão cobertos com lençóis brancos.
Outros nem isso. Há inúmeras pessoas desaparecidas e outras tantas em desespero por terem perdido
parentes, vizinhos ou amigos. Pessoas com as quais conviviam diariamente e cuja família se conhecia a
gerações até tudo se acabar em chamas.
Para se ter uma ideia do estrago que o fogo causou nos vilarejos aos quais chegou é preciso entender
Portugal. O país tem pouco mais de 10 milhões de habitantes. Cerca de 1/3 da população vive na capital
Lisboa ou arredores. Outra parte reside em volta do Porto, cidade ao Norte do país. O país é pequeno e
praticamente todo mundo, de alguma forma, se conhece – ou conhece alguém que conhece alguém.
Pedrógão Grande é uma vila que pertence ao Distrito de Leiria, na região central do país, com menos
de 2 mil habitantes. Há inúmeros vilarejos em volta, que pertencem ao concelho – a divisão municipal
portuguesa difere da brasileira. Alguns desses vilarejos (ou aldeias, como chamam por aqui) têm 100
habitantes. Outros, 30 ou menos. Há vilarejos onde sobreviveram apenas algumas pessoas para contar
a história e narrar os momentos de pavor ao tentar escapar das chamas e salvar pessoas – pois as casas
arderam.
Segundo informações preliminares, o fogo iniciou por causas naturais – presume-se que um raio tenha
colocado em chamas alguma árvore e, por causa do calor combinado à umidade, o fogo tenha se
espalhado rapidamente. A fumaça que emanou da floresta que fica no local tinha coloração branca – e é
extremamente tóxica. Sem informação sobre o perigo e sobre a grandeza do incidente, alguns moradores
tentaram fugir das chamas que poderiam chegar às suas casas e se dirigiram à principal estrada da região
– que agora ficou conhecida como “Estrada da Morte”, pois as pessoas que ali estavam acabaram
intoxicadas pela fumaça antes de serem carbonizadas pelas chamas.
Um dos maiores canais da televisão portuguesa sobrevoou a estrada com um drone. O cenário é
devastador. Os carros foram consumidos pelas chamas e, provavelmente, as pessoas desesperadas com
o avançar do fogo não sabiam para onde fugir. A maioria morreu dentro dos automóveis. Alguns foram
encontrados nas laterais da estrada e, presume-se, tenham morrido intoxicados antes de terem os corpos
queimados – pois quando uma pessoa morre queimada, coloca os membros em posição de defesa, o
que não se observou nas vítimas que estavam com os braços estendidos ao lado do corpo.
O governo português decretou luto oficial de três dias e promete investigar as causas do incêndio.
Alguns donativos já começam a chegar para ajudar as famílias das vítimas fatais e os sobreviventes a
reconstruírem suas vidas – se bem que talvez isso não seja possível, após o trauma de ver o fogo avançar
e nada ser feito. Muitos moradores locais criticam a lentidão das autoridades em apagar o incêndio:
“Deixaram-nos aqui para morrer”, disse um residente de Pedrógrão Grande a um site de notícias
português. As festas juninas foram suspensas por três dias em todo o país – junho é um mês festivo em
Portugal. O clima está pesado nas ruas e “toda a gente”, como dizem os portugueses, lamenta a tragédia.

Número de refugiados no mundo é o maior já registrado, diz relatório da ONU50


De acordo com os dados, números registrados em 2016 superam os de 2015, com um aumento de
mais de 330 mil pessoas que tiveram que ser deslocadas
Só no ano passado, cerca de 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar em todo o mundo.
Do total forçado a se deslocar, 10,3 milhões de pessoas são novas e cerca de dois terços (6,9 milhões)

49
PUGLLERO, FERNANDA. Portugal vive sua maior tragédia em incêndio florestal. Correio do Povo. Disponível em: <
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/Internacional/2017/6/620719/Portugal-vive-sua-maior-tragedia-em-incendio-florestal> Acesso em 19 de junho de 2017.
50
IG SÃO PAULO. Número de refugiados no mundo é o maior já registrado, diz relatório da ONU. Último Segundo. Mundo. Disponível em: <
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2017-06-19/refugiados.html> Acesso em 19 de junho de 2017.

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delas se deslocaram dentro de seus próprios países. As crianças representam a metade do número total
dos refugiados de todo o mundo.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (19) por meio do maior levantamento sobre
deslocamentos no mundo, o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
De acordo com os dados, os números registrados em 2016 superam os de 2015, com um aumento de
mais de 300 mil pessoas. O número de refugiados aumentou, alcançando a marca de 22,5 milhões de
pessoas.
Conflitos políticos, guerras e perseguições são as principais causas dos deslocamentos. Desse total
de pessoas, 17,2 milhões estão sob a responsabilidade do Acnur, e o restante é formado por refugiados
palestinos. O conflito na Síria mantém o país como o local de origem do maior número de deslocados (5,5
milhões).
Ainda de acordo com o Acnur, se não for levada em conta a situação dos palestinos, os afegãos
continuam sendo a segunda maior população de deslocados (4,7 milhões) no mundo, seguidos pelos
iraquianos (4,2 milhões).
O Sudão do Sul também aparece em destaque nos números de 2016, onde “a desastrosa ruptura dos
esforços de paz contribuiu para o êxodo de 739,9 mil pessoas entre julho e dezembro. No total, já são
1,87 milhão de deslocados originários do Sudão do Sul”.
No fim do ano passado, a organização registrou que 40,3 milhões de pessoas foram forçadas a se
deslocar dentro de seus próprios países.
Além disso, a Síria, o Iraque e “o ainda expressivo deslocamento dentro da Colômbia foram as
situações de maior movimento interno. Esse tipo de deslocamento representa quase dois terços dos
deslocamentos forçados em todo o mundo”, acrescenta a organização.
Países receptivos
O relatório diz ainda que, em 2016, 2,8 milhões de pessoas pediram formalmente refúgio em outros
países. Para o Acnur, os números indicam a necessidade de consolidar mecanismos de proteção para
essas pessoas e de suporte para países e comunidades que apoiam pessoas deslocadas.
O retorno das pessoas para as suas casas, em conjunto com outras soluções como reassentamento
em outros países, significou melhores condições de vidas para muitos no ano passado.
"No total, cerca de 37 países aceitaram 189.300 refugiados para reassentamento. Cerca de meio
milhão deles tiveram a oportunidade de voltar para seus países, e aproximadamente 6,5 milhões de
deslocados internos regressaram para suas regiões de origem – embora muitos deles em circunstâncias
abaixo do ideal e com um futuro incerto”, afirma a organização.

Mais da metade da população mundial não tem acesso a saneamento básico, diz ONU51
Cerca de 4,5 bilhões de pessoas no mundo – bem mais da metade da população global atual de 7,6
bilhões de habitantes - não têm acesso a saneamento básico seguro, segundo relatório recente divulgado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Já
a quantidade de moradores do planeta com algum saneamento básico é de 2,3 bilhões. A informação é
da ONU News.
O documento das Nações Unidas indica ainda que o número de pessoas sem acesso à água potável
em casa é de 2,1 bilhões em todo o mundo. Esta é a primeira vez que a OMS e o Unicef fazem um
levantamento global sobre água, saneamento básico e higiene.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus afirmou que água potável encanada, saneamento e
higiene não deveriam ser privilégios apenas daqueles que vivem em centros urbanos e em áreas ricas.
Para ele, os governos são responsáveis por assegurar que todos tenham acesso a esses serviços.

Esgoto tratado
Desde 2000, quando foi lançada a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, bilhões de
pessoas ganharam acesso à água potável e saneamento, mas esses serviços não garantem
necessariamente o saneamento seguro, aquele que é ligado a uma rede de esgoto tratado.
Esse quadro gera doenças que podem ser mortais para crianças com menos de cinco anos de idade.
Todos os anos, mais de 360 mil menores morrem de diarreia, uma doença evitável. Já o saneamento
mal feito pode causar cólera, disenteria, hepatite A e febre tifóide, entre outros problemas.
O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, disse que ao melhorar esses serviços para todos, o
mundo dará às crianças a chance de um futuro melhor.

51
ONU NEWS. Mais da metade da população mundial não tem acesso a saneamento básico, diz ONU. EBC Agência Brasil. Disponível em: <
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-07/mais-da-metade-da-populacao-mundial-nao-tem-acesso-saneamento-basico> Acesso em 13 de julho
de 2017.

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Em 90 países, o avanço na área de saneamento básico é muito lento, o que leva a crer que a cobertura
universal não será alcançada até 2030, quando se encerra o prazo para cumprimento da Agenda 2030,
que estabelece os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que devem
ser implementados por todos os países até aquele ano.

Latrinas compartilhadas
Dos 4,5 bilhões de pessoas sem acesso a esgoto tratado, 600 milhões têm que compartilhar um toalete
ou uma latrina com moradores de outros lares. Já o número de pessoas que defecam a céu aberto é de
892 milhões. Devido ao aumento da população, essa situação tem crescido na África Subsaariana e na
Oceania.
O relatório indica ainda que, em países que passam por conflitos, as crianças têm quatro vezes menos
chance de usar serviços de abastecimento de água e duas vezes menos de ter o saneamento básico que
crianças em outros países.
Os serviços de água potável, saneamento básico e higiene são essenciais para que o mundo alcance
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 3: assegurar uma vida saudável e promover o bem-
estar de todos, em todas as faixas etárias.

Mercosul submete Venezuela a 'suspensão política' do bloco52


Acordo inclui cláusula democrática que justificou a suspensão
Em reunião nesta manhã de sábado em São Paulo, representantes do Mercosul - bloco formado por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - anunciaram a suspensão da Venezuela do bloco econômico.
"Desta vez, temos sanção de natureza política. Ainda que ela internalize os acordos e não tenha
reestabelecido a democracia, seguirá suspensa", explicou o ministro das relações exteriores, Aloysio
Nunes.
Os chanceleres do Mercosul tomaram a decisão com base no Protocolo de Ushuaia. O compromisso
assinado em 1998 inclui uma cláusula democrática que levou à suspensão política do país no bloco.
Atualmente, o Brasil ocupa a presidência temporária do bloco. O encontro foi realizado na prefeitura de
São Paulo, no centro da cidade.
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes chegou a antecipar, por meio de sua conta no
Twitter, que o Brasil pediria a suspensão da Venezuela do Mercosul. "É intolerável que nós tenhamos no
continente sul-americano uma ditadura. Houve uma ruptura da ordem democrática na Venezuela", disse.
"E, por consequência, o Brasil vai propor que ela seja suspensa do Mercosul até que a democracia volte.",
completou.
Desde abril, a Venezuela vive uma onda de manifestações a favor e contra o governo, muitas delas
violentas e que já deixaram cerca de 100 mortos e mais de mil feridos. O governo Maduro deu posse
nesta sexta-feira (4) a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, que a oposição não aceita. A iniciativa
foi criticada pelo Mercosul, bloco do qual a Venezuela também faz parte, mas está suspensa por causa
dos conflitos políticos.
Eleita presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, a governista Delcy Rodríguez
convocou para hoje (5) a primeira sessão do poder "plenipotenciário" para iniciar o processo que
reformará a Constituição e reordenará o Estado. Delcy também acusou a oposição de espalhar ideias
falsas sobre o que acontece no país e garantiu que "na Venezuela não há fome, na Venezuela há vontade
aqui não há crise humanitária, aqui há amor".

'Sou nazista, sim': o protesto da extrema-direita dos EUA contra negros, imigrantes, gays e
judeus53
Centenas de homens e mulheres carregando tochas, fazendo saudações nazistas e gritando palavras
de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus.
Foi a cena - surreal, para muitos observadores - que desfilou aos olhos da pacata cidade universitária
de Charlottesville, no Estado americano de Virgínia.
O protesto, na noite da sexta-feira, foi descrito pelos participantes como um aquecimento para o evento
"Unir a Direita", que acontece na tarde deste sábado na cidade e promete reunir mais de mil pessoas,
incluindo os principais líderes de grupos associados à extrema direita no país.

52
ESTADO DE MINAS. Mercosul submete Venezuela a ‘suspensão política’ do bloco. Em.com.br. Disponível em:
<http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/08/05/internas_economia,889588/mercosul-submete-venezuela-a-suspensao-politica-do-bloco.shtml> Acesso
em 07 de agosto de 2017.
53
SENRA, RICARDO. ‘Sou nazista, sim’: o protesto da extrema direita dos EUA contra negros, imigrantes, gays e judeus. BBC Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-40910927?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 14 de agosto de 2017.

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A cidade, de pouco mais de 50 mil habitantes e a apenas duas horas de Washington, foi escolhida
como palco dos protestos após anunciar que pretende retirar uma estátua do general confederado Robert
E. Lee de um parque municipal.
Durante a Guerra Civil do país (1861-1865), os chamados Estados Confederados, do sul americano,
buscaram independência para impedir a abolição da escravatura. Atualmente, várias cidades americanas
vêm retirando homenagens a militares confederados - o que tem gerado alívio, de um lado, e fúria, de
outro.
Os participantes do protesto desta sexta-feira carregavam bandeiras dos Confederados e gritavam
palavras de ordem como: "Vocês não vão nos substituir", em referência a imigrantes; "Vidas Brancas
Importam", em contraposição ao movimento negro Black Lives Matter; e "Morte aos Antifas", abreviação
de "antifascistas", como são conhecidos grupos que se opõem a protestos neonazistas.
Estudantes negros do campus da universidade da Virginia, onde ocorreu a marcha, e jovens que se
apresentavam como antifascistas tentaram fazer uma "parede-humana" para impedir a chegada dos
manifestantes à parada final do marcha, uma estátua do terceiro presidente americano, Thomas
Jefferson.
"Fogo! Fogo! Fogo!", gritavam os manifestantes, enquanto se aproximavam do grupo de estudantes.
Em número bem menor, o grupo que fazia oposição à marcha foi expulso da estátua em poucos
minutos. A reportagem flagrou homens lançando tochas sobre os estudantes, enquanto estes, por sua
vez, dispararam spray de pimenta nos olhos dos oponentes.
A polícia, que acompanhou todo o protesto de longe, interviu e separou os dois grupos, enquanto
ambulâncias se deslocavam ao local para socorrer feridos pelo confronto.
"Esta manifestação é ilegal", afirmou um dos oficiais aos manifestantes, que se afastaram. A polícia
não confirmou se houve presos.
Nazis
"Sim, eu sou nazista, eu sou nazista, sim", afirmou um homem, em frente à reportagem, durante uma
discussão com um dos membros do grupo opositor.
Ao contrário das especulações anteriores, a marcha incluiu muitas mulheres, que também seguravam
tochas.
A BBC Brasil conversou com um pai e uma mãe que levaram a filha de 14 anos ao protesto. "Eu
aprendi com meu pai que precisamos defender a raça branca e hoje estou passando este ensinamento
para a minha filha", afirmou o pai.
"Se não fizermos algo, seremos expulsos do nosso próprio país", disse a mãe. A conversa foi
interrompida por um homem forte e careca. "Vocês estão falando com um estrangeiro. Olha o sotaque
dele!", afirmou, rindo, em referência ao repórter.
A família se afastou e se juntou ao coro, que cantava "Judeus não vão nos substituir". Os três
seguravam tochas.
Outro homem afirmou que estava ali porque "têm o direito de se expressar".
"Gays, negros, imigrantes imundos, todos eles se manifestam e recebem apoio por isso. Porque
quando homens brancos decidem gritar por seus direitos e sua sobrevivência vocês fazem esse
escândalo?", questionou o homem a um grupo de jornalistas.
Perto dali, sozinho, um rapaz jovem estendia a mão e fazia uma saudação nazista, enquanto era
fotografado por fotojornalistas e gritava: "Vocês não vão nos substituir".
As tochas são uma marca da Ku Klux Klan, grupo fundado pouco depois da guerra por ex-soldados
confederados - derrotados no conflito. Originalmente concebida como um clube recreativo, a KKK
rapidamente começou a promover a violência contra populações negras do sul dos EUA.
Por muitas décadas, grupos supremacistas brancos promoveram linchamentos, enforcamentos e
assassinatos de negros.
Não houve referências ao presidente americano Donald Trump durante todo o ato. Mas as críticas à
imprensa eram constantes e faziam coro com o slogan de Trump: "Não temos medo de 'fake news', seus
mentirosos".
Chorando muito, uma estudante era amparada por amigos. "É pior do que a gente pensava. É muito
pior. Isso vai virar um inferno."
"A negra está assustada!", gritou uma mulher, rindo junto a um grupo de homens portando tochas.
Alt-right
O prefeito de Charlottesville divulgou uma nota após a marcha, classificando o ato como "uma parada
covarde de ódio, fanatismo, racismo e intolerância".
"A Constituição permite que todo mundo tenha o direito de expressar sua opinião de forma pacífica,
então aqui está a minha: não só como prefeito de Charlottesville, mas como membro e ex-aluno da

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universidade de Virginia, fico mais do que incomodado com essa demonstração não-autorizada e
desprezível de intimidação visual em um campus universitário".
Para o protesto deste sábado, são esperadas figuras como Richard Spencer, criador do termo alt-right,
uma abreviação de "alternative right", ou "direita alternativa", em português. O grupo é acusado de
racismo e antissemitismo e têm representantes no governo de Donald Trump.
Esta é a segunda vez que a cidade se torna sede de protestos de grupos supremacistas. Em 8 de
julho, aproximadamente 40 membros da sede local da Ku Klux Klan também acenderam tochas em
Charlottesville.
Presidente de uma organização que define como "dedicada à herança, identidade e ao futuro de
pessoas de ascendência europeia nos EUA", Spencer ganhou visibilidade internacional por fazer a
saudação "Hail Trump, hail nosso povo, hail vitória", logo após a eleição do republicano.
Formado em filosofia política na Universidade de Chicago, Spencer já declarou que o ativista negro
Martin Luther King Jr. era uma "fraude" e um símbolo da "desconstrução da Civilização Ocidental".
Também disse que imigrantes latinos nos EUA estavam "se assimilando ao longo das gerações rumo
à cultura e ao comportamento dos afro-americanos" e lamentou que o país estivesse se tornando diferente
da "América Branca que veio antes".

Corpos foram levados pela lama em deslizamento em Serra Leoa; mais de 400 mortes estão
confirmadas54
No continente africano, o deslizamento é um dos mais devastadores em décadas. Mulheres e crianças
foram os mais atingidos
No local em que ocorreu um deslizamento, na cidade de Freetown, capital de Serra Leoa, a
coordenadora de emergência dos Serviços Católicos, Idalia Amaya, afirma ter ficado horrorizada ao ver
casas arrastadas, vilarejos soterrados e corpos flutuando por ruas alagadas pela lama que se espalhou
e já matou centenas de pessoas - mais de 400 mortes estão confirmadas e organizações humanitárias
estimam entre 600 e 1.500 desaparecidos. Em alguns bairros, há mais gente morta do que viva.
Amaya relata que viu corpos descendo pelos córregos, enquanto muitas pessoas choravam e gemiam.
Em entrevista à Thomson Reuters Foundation, a assistente humanitária disse ter tido um visão horrível.
A encosta de uma montanha desmoronou na manhã da última segunda-feira, no subúrbio de Freetown,
o que soterrou dezenas de residências.
No continente africano, o deslizamento é um dos mais devastadores em décadas. Mulheres e crianças
foram os mais atingidos, já que os homens haviam saído cedo para trabalhar. Pelo menos 3 mil pessoas
estão desabrigadas e precisam de alimentos. Para Amaya, a chance de encontrar sobreviventes é
improvável.

Atentado com van em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos55


O Estado Islâmico reivindicou o ataque em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda
Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas nesta quinta-feira em Barcelona,
quando uma van avançou sobre uma multidão em Las Ramblas, turística avenida da capital catalã, em
ataque terrorista reivindicado pelo grupo Estado Islâmico. "Nós podemos confirmar neste momento que
há 13 mortos e mais de uma centena de feridos", declarou à imprensa o ministro do Interior catalão,
Joaquim Forn, ao revisar para cima o balanço de feridos, que era de cinquenta pessoas.
O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque em um comunicado divulgado por sua agência de
propaganda Amaq e retransmitido pelo centro americano de vigilância dos sites extremistas, SITE.
Os autores "do ataque de Barcelona eram soldados do Estado Islâmico", indica o comunicado,
apontando que "a operação foi realizada em resposta aos pedidos de alvejar os Estados da coalizão"
internacional anti-extremista que atua na Síria e no Iraque.
Por volta das 17h locais (12h de Brasília), uma van atravessou a toda velocidade a mais turística das
avenidas de Barcelona, onde turistas espanhóis e estrangeiros costumam passear.

MUITO SANGUE
"Estava ao lado, no Corte Inglés [loja de departamentos] e ouvi um barulho forte. Tentamos sair, mas
não pudemos. Vi quatro, cinco corpos no chão e pessoas tentado reanimá-los, e muito sangue", contou
Lily Sution, uma turista holandesa.

54
O POVO ONLINE. Corpos foram levados pela lama em deslizamento em Serra Leoa; mais de 400 mortes estão confirmadas. O Povo online. Disponível em:
<http://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2017/08/agente-em-serra-leoa-diz-que-corpos-foram-levados-pela-lama.html> Acesso em 17 de agosto de 2017.
55
AGENCE PRESSE-FRANCE. Atentado com van em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos. Em.com.br Internacional. Disponível em:
<http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/08/17/interna_internacional,892860/atentado-com-van-em-barcelona-deixa-13-mortos-e-mais-de-100-
feridos.shtml> Acesso em 18 de agosto de 2017.

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"Quando tudo aconteceu, saí correndo e vi destroços, quatro corpos no chão, pessoas socorrendo,
gente chorando e também havia muitos estrangeiros que perderam os seus familiares", contou à AFP
Xavi Pérez, de 26 anos e balconista.
Dois suspeitos foram detidos. O primeiro foi identificado pela Polícia como Driss Oukabir, disse à AFP
um porta-voz do sindicato policial SUP. Depois, o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont,
informou um segundo detido, sem dar maiores detalhes.
Este ataque remete a outros atentados terroristas na Europa com veículos, como o de Nice em 14 de
julho de 2016, quando um caminhão conduzido por um tunisiano foi lançado contra a multidão, matando
86 pessoas e deixando mais de 400 feridos.
O atentado provocou uma dura condenação da Casa Real espanhola.
"São uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é
Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos", reagiu o Palácio real no Twitter.
"Os terroristas nunca derrotarão um povo unido que ama a liberdade diante da barbárie", assinalou o
chefe de Governo, Mariano Rajoy, que se deslocava até Barcelona junto com a sua vice-presidente e o
ministro do Interior, confirmou um porta-voz do governo à AFP.

CENAS DE PÂNICO
Enquanto a área de Las Ramblas na segunda cidade espanhola se mantinha cercada por um cordão
de segurança, a Polícia pediu à população que evitasse se deslocar. Inúmeros veículos de emergência e
policiais estavam no local, constatou um jornalista da AFP.
Em meio a cenas de pânico, alguns feridos foram levados ao Corte Inglés, aparentemente para receber
os primeiros socorros, indicou um jornalista da AFP. Os policiais pediam às lojas próximas ao local que
deixassem os pedestres entrar e fechassem as portas.
Outros agentes evacuaram a Praça Catalunha, enquanto diziam por alto-falantes: "ataque terrorista".
As autoridades ordenaram o fechamento das estações de metrô e de trem próximas à zona, enquanto
cancelavam todas as "atividades lúdicas" do dia na cidade.

Condenação internacional
O ataque também foi condenado internacionalmente.
"Estamos consternados com o ataque em Barcelona. O Brasil se solidariza com o povo espanhol.
Nossos sentimentos à família das vítimas", escreveu o presidente Michel Temer em sua conta no Twitter.
"Os Estados Unidos condenam o ataque terrorista em Barcelona, na Espanha, e farão todo o
necessário para ajudar", tuitou o presidente Donald Trump.
O presidente francês, Emmanuel Macron, transmitiu "a solidariedade da França às vítimas", enquanto
a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que seu país "apoia a Espanha contra o terrorismo".
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu que o mundo se una "em uma batalha intransigente contra
as forças do terror", após o violento ataque em Barcelona, informou o Kremlin.
"Nós pensamos com profunda tristeza nas vítimas do ataque revoltante de Barcelona - com
solidariedade e amizade nos espanhóis", escreveu Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela
Merkel, em sua conta no Twitter.
A Espanha, terceiro destino turístico mundial, permaneceu até agora à margem da onda dos atentados
do grupo Estado Islâmico em grandes cidade europeias como Paris, Bruxelas, Londres, Nice e Berlim.
Mas em 11 de março de 2004 sofreu os atentados extremistas mais sangrentos cometidos na Europa,
quando cerca de 10 bombas explodiram em vários trens de Madri deixando quase 200 mortos. Os ataques
foram reivindicados em nome da Al-Qaeda por uma célula islamita radical.

Tempestade tropical Harvey chega à Louisiana, já em estado de emergência56


Região ainda não se recuperou completamente dos danos do furacão Katrina
CAMERON, EUA — Cinco dias depois de ter tocado a terra no Texas e deixado um lastro de destruição
e inundações, a tempestade Harvey chegou nesta quarta-feira à Louisiana, nos Estados Unidos. O estado
ainda não se recuperou completamente dos danos causados pelo furacão Katrina, em 2005. De acordo
com o NWS, quase 13 milhões de pessoas estão sob alerta ou observação de enchentes nas duas
regiões. Segundo o jornal "The New York Times", há relatos de 30 mortes no Texas, de acordo com
autoridades locais.

56
O GLOBO. Tempestade tropical Harvey chega à Louisiania, já em estado de emergência. O Globo, Mundo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/mundo/2017/08/30/2273-tempestade-tropical-harvey-chega-louisiana-ja-em-estado-de-
emergencia?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 31 de agosto de 2017.

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O Centro Nacional de Furacões anunciou que Harvey tocou a terra ao oeste da cidade de Cameron
com "chuvas torrenciais" que encheram as ruas do Sudeste do Texas e do Sudoeste do estado vizinho,
Louisiana.
O presidente americano, Donald Trump, declarou na segunda-feira estado de emergência no estado
de Louisiana diante do avanço da tempestade tropical Harvey para outras partes do país. O Serviço
Nacional de Meteorologia (NWS) previa até 63,5 centímetros de chuva no estado. O nível das chuvas
atingiu recorde contínuo no território americano, excluindo o Havaí, chegando a 125,3 centímetros. O
órgão informou que o ápice das inundações no Texas deve ocorrer na quarta e na quinta-feira.

Medidas de segurança em Houston


Em Houston, foram registrados 76 centímetros de chuva desde sexta-feira. O prefeito de Houston,
Sylvester Turner, impôs na terça-feira um toque de recolher de 00h às 5h da manhã. A medida foi tomada
para impedir roubos e invasões em propriedades vazias na cidade e já entrou em vigor por um período
indefinido. Após saques, assaltos à mão armada e pessoas que se fingem de policiais, reforços de
segurança vão ser trazidos de outras regiões dos EUA.
Até agora, 13 mil pessoas já foram resgatadas em Houston e seus arredores, segundo autoridades
locais. A cidade está abrindo mais abrigos de emergências para aliviar a multidão que se encontra em
um centro de convenções, no momento com 10 mil pessoas. Alguns dos moradores vão ser transferidos
para uma casa de shows e uma arena de basquete próximas. A cidade também abrirá um novo abrigo no
lado oeste, onde mais de 3 mil casas foram inundadas. Um outro centro em Humble vai abrigar pessoas
dos subúrbios ao norte da cidade, segundo o prefeito.

Tempestade Harvey deixa milhares de desabrigados no Texas


A Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema) declarou no domingo que o fenômeno é o maior
desastre natural na história do Texas e deve levar a uma recuperação que poderá durar anos.
Após atingir o território americano como um furacão de categoria 4 — a segunda maior na escala
Saffir-Simpson — na noite de sexta-feira (25), Harvey se enfraqueceu para tormenta tropical, com ventos
de cerca de 110 km/h. Seu lento avanço pela região o torna muito perigoso, devido às chuvas torrenciais
que devem castigar a área com "enchentes prolongadas, perigosas e potencialmente catastróficas na
próxima semana", de acordo com o NWS.

Coreia do Norte anuncia teste com bomba de hidrogênio57


País afirma que artefato pode ser instalado em míssil intercontinental
Coreia do Norte testou neste domingo (03/09) sua bomba atômica mais potente até o momento, um
artefato termonuclear ou bomba H, que, segundo o regime, pode ser instalado em um míssil
intercontinental. Se confirmado, isso representa um importante e perigoso aumento de suas capacidades
militares.
O sexto experimento nuclear norte-coreano e segundo supostamente realizado com um artefato
termonuclear culmina um período de frenética atividade armamentista por parte do regime de Kim Jong-
un, após testar mais de uma dezena de mísseis balísticos desde o começo do ano, entre eles dois
intercontinentais.
Essa intensificação coincidiu com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro passado –
o de hoje é o primeiro teste atômico norte-coreano sob seu mandato –, e gerou uma das piores crises de
segurança na região nos últimos anos.
O novo experimento atômico ocorreu hoje (3) por volta das 12h30 (horário local, 0h30 em Brasília),
quando os institutos sismológicos de Seul, Tóquio e Pequim detectaram um forte terremoto de origem
aparentemente artificial devido a sua pouca profundidade e com hipocentro na província onde a Coreia
do Norte realizou seu teste nuclear anterior.
Algumas horas depois, a imprensa oficial norte-coreana anunciou que o país tinha testado com "total
sucesso" um artefato termonuclear que pode ser instalado em um dos seus mísseis balísticos
intercontinentais (ICBM).
"O teste foi realizado com uma bomba com poder sem precedentes", disse a locutora da rede estatal
KCTV Ri Chun-hee, a encarregada de dar as notícias mais importantes para o regime, acrescentando
que o experimento teve "duas fases" e foi executado por ordem direta do líder Kim Jong-un.

57
AGÊNCIA BRASIL E EFE. Coreia do Norte anuncia teste com bomba de hidrogênio. Época Negócios. Disponível em:
<http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2017/09/coreia-do-norte-anuncia-teste-com-bomba-de-
hidrogenio.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=post> Acesso em 04 de setembro de 2017.

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A intensidade da detonação detectada neste domingo pelos países vizinhos e pela Organização do
Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO, na sua sigla em inglês) indica que se tratou de
um ensaio muito mais potente que os cinco anteriores executados pelo regime.
A explosão teve uma potência estimada próxima a 100 quilotons, cinco vezes maior que o teste atômico
norte-coreano anterior, de setembro do ano passado, e cerca de 11 vezes superior à detectada em janeiro
do mesmo ano, quando Pyongyang afirmou ter testado outra bomba de hidrogênio.
Uma análise posterior apontou que o teste de janeiro de 2016 foi de um artefato de características
inferiores a um termonuclear, e desta vez Seul e Tóquio assinalaram que ainda estão analisando os dados
recolhidos para determinar se tratou-se de uma bomba H.
O teste volta a demonstrar que a Coreia do Norte não tem intenção de abandonar seu programa
nuclear apesar da pressão sem precedentes da comunidade internacional e dos recentes apelos ao
diálogo de Washington e Seul.

Comunidade internacional condena teste


A Itália, Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul, França, além da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia condenaram o novo teste nuclear com uma bomba
de hidrogênio realizado pela Coreia do Norte neste domingo (3) A comunidade internacional repudiou a
nova violação das diversas resoluções do Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas
(ONU) e exigiram o fim dos programas nuclear e balístico do país asiático.
O ministro das Relações Exteriores, Angelino Alfano, chamou a atitude da Coreia do Norte de
"irresponsável" e condenou o novo teste dizendo que "é a mais clara violação de muitas resoluções do
Conselho de Segurança das Nações Unidas".
"A Itália expressa sua solidariedade com os países da região pelas consequências do comportamento
irresponsável de Pyongyang", diz a nota do governo italiano.
O primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, entrou em contato por telefone com o presidente da
França, Emmanuel Macron, para comentar a situação, segundo fontes oficiais.
Em nota, o francês disse que "a comunidade internacional deve tratar esta nova provocação com a
maior firmeza, para que a Coreia do Norte volte incondicionalmente ao caminho do diálogo e proceda ao
desmantelamento completo, verificável e irreversível de seu programa nuclear e balístico".
De acordo com a Casa Branca, o presidente norte-americano, Donald Trump, telefonou para o
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para conversar sobre uma possível medida para "maximizar a
pressão sobre a Coreia do Norte".
Na conversa, os dois líderes reafirmaram a importância de uma estreita cooperação entre os Estados
Unidos, a Coreia do Sul e o Japão diante da "crescente ameaça dos norte-coreanos" e ainda destacaram
que medidas serão discutidas na Assembleia Geral da ONU.
No Twitter, Trump disse que as palavras e ações da Coreia do Norte continuam sendo muito hostis e
perigosas para os Estados Unidos. O republicano ainda disse que o país se tornou uma grande ameaça
e um constrangimento para a China. Além disso, Trump convocou uma reunião de emergência do
Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para tratar o teste da Coreia do Norte.
Por sua vez, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, anunciou que irá "preparar
uma série de sanções, que apresentarei ao presidente" para punir os norte-coreanos.
"Aqueles que fazem negócios com eles (Coreia do Norte) não poderão fazer negócios conosco.
Trabalharemos com nossos aliados. Trabalharemos com a China", indicou ele.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que "a Coreia do Norte ignorou a
oposição da comunidade internacional efetuando um novo teste nuclear. O governo chinês expressa forte
oposição e forte condenação".
"Nós recomendamos que a Coreia do Norte olhe para o forte desejo expressado pela comunidade
internacional sobre a questão da desnuclearização, apoiada seriamente pelo Conselho de Segurança da
Onu, para evitar tomar as ações erradas que pioram a situação", acrescentou.
Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que o novo teste nuclear foi "uma ameaça de
segurança séria e imediata" que "aumenta ainda mais o perigo do regime" e "compromete seriamente a
paz e a segurança no país".
Por sua vez, a Otan se disse preocupada com as ações "desestabilizadoras de Pyongyang", porque
representam uma "ameaça para a segurança nacional e internacional". "A Coreia do Norte cessa
imediatamente todas as atividades nucleares, balísticas, totalmente verificáveis e irreversíveis existentes
e retoma o diálogo com a comunidade internacional", ressaltou Jens Stoltenberg, secretário-geral da
Otan. A União Europeia definiu o teste como uma "grave provocação" e acrescentou que se trata de uma
nova violação "direta e inaceitável" das obrigações internacionais de Pyongyang.

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"A mensagem da União Europeia é clara: a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) deve
abandonar os seus programas nucleares, de armas de destruição em massa e de mísseis balísticos de
forma completa, verificável e irreversível e pôr fim imediatamente a todas as atividades relacionadas",
afirmou em comunicado a representante da União para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini. O
Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu calma e que todos os envolvidos mantenham o
diálogo. Por sua vez, o presidente sul-coreano Moon Jae-in, disse que Seul "nunca permitirá que a Coreia
do Norte continue avançando com suas tecnologias nucleares e de mísseis", segundo a agência local
"Yonhap".

EUA substituem veto migratório por restrição a 8 países, incluindo Venezuela e Coreia do
Norte58
A medida entrará em vigor no dia 18 de outubro. Sudão foi retirado da lista original e Chade, Coreia
do Norte e Venezuela foram incluídos no novo veto.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, substituiu neste domingo o polêmico veto imigratório
a seis países de maioria muçulmana, que expirou hoje, por um decreto que impõe restrições a oito nações,
entre eles a Venezuela e a Coreia do Norte.
Os países afetados pela nova medida são: Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália, Chade, Coreia do Norte e
Venezuela. A medida entrará em vigor no dia 18 de outubro.
O veto de Trump, emitido em março, entrou em vigor parcialmente no final de junho e impedia durante
120 dias a entrada nos EUA de refugiados e, durante 90 dias, o de cidadãos de seis países de maioria
muçulmana (Irã, Somália, Sudão, Síria, Iêmen e Líbia).
O Tribunal Supremo dos EUA permitiu sua entrada em vigor e deu liberdade ao Executivo para definir
suas próprias normas de aplicação, ainda que em uma audiência programada para o dia 10 de outubro
estudará sua legalidade a fundo.
"As novas restrições se baseiam em uma revisão mundial em função da informação de que as nações
afetadas compartilham com os EUA, e não em critérios de religião ou raça", explicaram funcionários de
alto escalão do Governo em coletiva de imprensa.
"As restrições são vitais para a segurança nacional", destacou um desses funcionários.
"Portanto, se somam à lista Chade, Coreia do Norte e Venezuela, saindo dela o Sudão devido a seu
"melhor nível de cooperação" com as autoridades americanas", explicaram os representantes do Governo
na coletiva.
"A Venezuela foi incluída porque seu Governo não coopera em verificar se os seus cidadãos
representam ameaça para a segurança nacional ou para a segurança pública", segundo a ordem emitida
por Trump.
"Logo, as restrições se centram em funcionários do Governo da Venezuela que são responsáveis pelas
deficiências identificadas", acrescentaram na coletiva os representantes do Executivo americano.
Trump emitiu uma primeira versão do veto migratório no dia 27 de janeiro, mas teve que assinar outro
decreto em março para substituí-lo e restringi-lo, por causa dos contínuos revezes judiciais.
O segundo decreto, diferente do anterior, deixou de fora os cidadãos do Iraque e modificou a provisão
sobre os refugiados sírios, ao proibir sua entrada no país durante 120 dias e não de maneira indefinida,
como estabelecia o veto original.

Referendo na Catalunha: as muitas dúvidas geradas pela vitória do "sim" à independência59


O polêmico plebiscito de independência da região mais rica da Espanha terminou com mais de 800
feridos, uma vitória do "sim" e muitas dúvidas.
Ainda é incerto o que vai acontecer com a Catalunha e como será, a partir de agora, a relação dela
com o governo central em Madri.
Cerca de 90% dos 2,2 milhões de eleitores que compareceram às urnas - pouco mais de 42% do total
- votaram pela separação.
Logo após a contagem dos votos, Carles Puigdemont, presidente da Generalitat, o governo regional
da Catalunha, declarou que a região autônoma espanhola "ganhou o direito de ser um Estado".
A consulta popular, porém, foi feita à revelia do governo central, que o considera ilegal e acionou a
Justiça para impedi-lo.

58
AGENCIA EFE. EUA substituem veto migratório por restrição a 8 países, incluindo Venezuela e Coreia do Norte. G1, Mundo. Disponível em:
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-substituem-veto-migratorio-por-restricao-a-8-paises-incluindo-venezuela-e-coreia-do-norte.ghtml> Acesso em 25 de
setembro de 2017.
59
BBC BRASIL. Referendo na Catalunha: as muitas dúvidas geradas pela vitória do “sim” à independência. BBC Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-41467201> Acesso em 02 de outubro de 2017.

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Mesmo com a proibição judicial, milhares de eleitores foram às urnas e enfrentaram a Guarda Civil,
mobilizada por Madri para fechar postos de votação, recolher urnas e cédulas e retirar, mesmo que à
força, eleitores das seções.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, declarou em pronunciamento que não houve referendo,
mas uma "encenação".

Mas o que acontece agora?


Carles Puigdemont afirmou que a vitória do 'sim' abre espaço para a declaração de independência e
disse que levará o resultado da consulta ao parlamento catalão nos próximos dias. Inicialmente, o plano
era declarar a independência em até 48 horas.
O legislativo regional teria a prerrogativa, conforme as regras estipuladas para o plebiscito, de anunciar
unilateralmente a separação da Espanha.
Nesta segunda, o governo central pretende se reunir com representantes de diferentes partidos
políticos para discutir a maior crise política do país em décadas.
Ainda não se sabe se Rajoy vai recorrer à Justiça mais uma vez. Há a possibilidade que o governo
central suspenda a autonomia catalã caso haja declaração de independência.

O resultado da consulta é válido?


Na prática, um plebiscito proibido pela Justiça, considerado inconstitucional e ativamente suprimido
pelo governo central, dificilmente será reconhecido como válido pela Espanha e também pela comunidade
internacional.
Ainda assim, o parlamento catalão, que já havia aprovado as regras da consulta, deve reconhecer
formalmente o resultado da votação.
Partidos leais à Espanha também não reconhecem a legitimidade do plebiscito e boicotaram o pleito
do domingo.
Por isso, é possível que os votos pelo "não" estejam sub-representados.

O plebiscito representa a vontade da maioria catalã?


As autoridades catalãs disseram que 90% dos que foram às urnas se manifestaram pela
independência.
No entanto, menos da metade dos eleitores votaram.
O índice de comparecimento às urnas foi de 42,3% dos 5,3 milhões de eleitores registrados na região.
Segundo autoridades catalãs, cerca de 750 mil votos não puderam ser contabilizados porque as urnas
foram confiscadas pela Guarda Civil espanhola.
No entanto, o número de eleitores que participaram do plebiscito de independência representa cerca
de 30% da população da Catalunha.
Pesquisas feitas antes do pleito, mostravam que a maioria dos moradores da região eram favoráveis
à consulta, mas estavam divididos em relação à independência.
O resultado das urnas sugere, assim, que os eleitores contrários à independência não votaram.
A violência policial fortaleceu a causa dos pró-independência?
O clamor pela independência aumentou quando a Justiça espanhola decidiu proibir a consulta popular.
A véspera foi marcada por protestos pacíficos a favor e contra a possível secessão da região
autônoma. Mesmo em Barcelona, a capital catalã, houve atos contra o plebiscito.
Mas já nas primeiras horas do domingo começaram os confrontos entre as forças de segurança
espanholas e manifestantes pró-independência.
A porta de um centro esportivo foi quebrada e eleitores retirados à força no município de Sant Julia de
Ramis, na província de Girona, onde Carles Puigdemont era esperado para votar.
Imagens publicadas nas redes sociais e por redes de televisão mostraram cenas de violência. O
governo catalão afirma que mais de 800 pessoas ficaram feridas.
A prefeita de Barcelona, Ada Colau, condenou a ação policial contra a "população indefesa".
Mas vice-premiê espanhola, Soraya Sáenz de Santamaria, declarou que a polícia "agiu com
profissionalismo e de maneira apropriada".
O líder catalão afirmou ainda que fez um "apelo direto" à União Europeia para que intervenha diante
da "intransigência e repressão" imposta pelo governo central.

Qua a posição da União Europeia e de líderes mundiais?


James Landale, correspondente para assuntos internacionais da BBC News, salientou que "o silêncio
ecoou nas principais capitais da Europa" em relação ao plebiscito espanhol.

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O primeiro-ministro belga, Charles Michel, foi um dos poucos a se posicionar publicamente. Ele
condenou os atos de violência que marcaram o plebiscito. "A violência nunca pode ser a resposta", disse
ele no Twitter.
Por sua vez, o primeiro-ministro da Eslovênia, Miro Cerar, disse estar "preocupado".
Para James Landale, o silêncio dos principais líderes internacionais, em especial os europeus, está
relacionado ao receio de que uma nova onda separatista na Europa. O apoio declarado à consulta na
Catalunha e o reconhecimento de sua validade poderiam estimular outros países onde também há uma
pluralidade de idiomas e diferenças étnicas a discutir suas respectivas independências.
A União Europeia, por sua vez, havia pedido que a Catalunha respeitasse a decisão do Tribunal
Constitucional e advertiu que só reconhecerá o resultado de um plebiscito se ele for feito dentro da
legalidade.
Nenhum país apoiou diretamente a consulta, além da Venezuela. Alguns representantes da
comunidade internacional sugeriram que o governo de Rajoy tentasse negociar com os que querem a
independência.

Uma vez independente, a Catalunha continua parte da União Europeia?


Dificilmente a União Europeia reconheceria a região autônoma da Catalunha como estado membro do
bloco.
Além de ter o referendo validado, seria preciso participar do processo para integrar a UE, que pode
demorar anos.

Há espaço para uma solução intermediária?


Apesar da polêmica e da falta de apoio internacional, será muito difícil para Madri ignorar o pleito dos
separatistas caso os eleitores catalãs compareçam às urnas em peso.
Há pressão para a busca de diálogo e de uma solução intermediária. Contudo, o governo central havia
sinalizado que somente estaria disposto a negociar se o plebiscito fosse cancelado.
A Catalunha é uma das regiões mais prósperas e produtivas da Espanha, e sua história tem quase mil
anos.
A região abriga 16% da população espanhola e responde por quase 20% do PIB do país. Mas existe
entre os catalães a sensação de que o governo central não provê suficientemente a região para
recompensá-la por isso.
Uma legislação de 2006 garantiu ainda mais poder ao governo regional, dando à Catalunha o status
de "nação" - mas isso foi revertido em 2010 pela Corte Constitucional espanhola.
A solução poderia ser oferecer à Catalunha ainda mais autonomia e recursos. No entanto, ainda há
muita resistência por parte de Madri de repassar uma fatia maior do orçamento e de serviços aos catalães.

Após EUA, Israel decide sair da Unesco60


Decisão foi anunciada após EUA informarem retirada na entidade por postura anti-israelense; país
chamou a atuação da Unesco de 'teatro do absurdo'.
Após os Estados Unidos anunciarem a saída da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), Israel também informou, nesta quinta-feira (12), sua retirada da entidade.
Segundo os dois países, o motivo foi a postura anti-israelense da entidade. Para Israel, a atuação da
Unesco tornou-se um "teatro do absurdo".

Estados Unidos anunciam saída da Unesco


O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "deu a instrução ao Ministério das Relações Exteriores para
preparar a retirada de Israel da organização, paralelamente aos Estados Unidos", afirma uma nota de seu
gabinete. "A Unesco se tornou o teatro do absurdo, onde se deforma a história, em vez de preservá-la",
acrescentou.
No ano passado, Israel anunciou a suspensão de sua cooperação com a Unesco, um dia depois de
uma votação criticada pelos israelenses sobre um local sagrado de Jerusalém. Do ponto de vista
israelense, a decisão seria uma negação do vínculo milenar entre os judeus e a cidade.
Na resolução aprovada pelos estados membros da Unesco, Israel foi criticada por restringir o acesso
de muçulmanos a um local, reverenciado por judeus e muçulmanos, que é conhecido por judeus como
Monte do Templo e por muçulmanos como al-Aqsa our Haram al-Sharif.

Histórico de desentendimentos
60
FRANCE PRESSE. Após EUA, Israel decide sair da Unesco. G1 Mundo. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/apos-eua-israel-decide-se-retirar-da-
unesco.ghtml> Acesso em 13 de outubro de 2017.

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Os EUA reduziram substancialmente suas contribuições em dinheiro para a Unesco em 2011, em
protesto contra a decisão de permitir o ingresso pleno dos palestinos na entidade.
Na época, o financiamento norte-americano equivalia a pouco mais de 20% das verbas totais da
Unesco, a primeira agência da ONU em que os palestinos buscaram integração como membro total.

Israel classificou a saída dos EUA como o "início de uma nova era".
No início de julho, os Estados Unidos haviam advertido que analisavam seus vínculos com a Unesco,
chamando de "uma afronta à história" a decisão do órgão de declarar a antiga cidade de Hebron, na
Cisjordânia ocupada, uma "zona protegida" do patrimônio mundial.
Na ocasião, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que esta iniciativa
"desacreditava ainda mais uma agência da ONU já altamente discutível".
O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco inscreveu a Cidade Velha de Hebron nessa lista como um
local "de valor universal excepcional". Também colocou esta cidade, localizada nos territórios palestinos,
na lista de patrimônios em perigo.
Hebron é o lar de 200 mil palestinos e centenas de colonos israelenses, que estão entrincheirados em
um enclave protegido por soldados israelenses perto do local sagrado, que os judeus chamam de o túmulo
dos Patriarcas e os muçulmanos, de Mesquita de Ibrahim.

Reação da Unesco
A entidade lamentou publicamente a saída dos EUA como país membro da organização.
A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, disse lamentar profundamente a decisão dos EUA de se
retirar da entidade, após ter recebido a notificação oficial do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson.
"No momento em que o combate à violência extremista pede maiores investimentos em educação, no
diálogo entre culturas para prevenir o ódio, é profundamente lamentável que os Estados Unidos se retirem
da agência líder das Nações Unidas que trata desses assuntos"
"No momento em que conflitos continuam a separar sociedades em todo o mundo, é profundamente
lamentável que os Estados Unidos se retirem da agência das Nações Unidas que promove a educação
para a paz e a proteção da cultura que está sob ataque", completou a diretora-geral.
Bokova acrescentou que a decisão dos EUA marca uma perda para o multilateralismo e para a "família
das Nações Unidas", destacando que o trabalho da Unesco "é fundamental para fortalecer os laços de
patrimônio comum da humanidade, diante das forças do ódio e da divisão".

Divisão na polícia catalã evidencia crise entre Barcelona e Madri61


Mossos d'Esquadra, principal força de segurança da Catalunha, tiveram chefe destituído pelo governo
central Espanhol.
Obedecer ao Executivo espanhol ou continuar leal ao governo regional? A espiral independentista na
Catalunha divide a força policial desta região da Espanha, cujo controle desejam tanto Barcelona quanto
Madri para impor suas ordens.
"A tensão é máxima. Há muito medo e muita ansiedade em toda a corporação, para além de se querem
a independência ou não a querem, como é o meu caso", explicou à AFP Vicente (nome fictício), agente
em Barcelona dos Mossos d'Esquadra, a polícia regional catalã.
Esta corporação policial está no meio da queda de braço entre o governo espanhol e o destituído
Executivo regional catalão, cujo Parlamento proclamou na sexta-feira (27) uma resolução para constituir
uma República independente.
O Executivo espanhol de Mariano Rajoy reagiu rapidamente, destituindo o governo catalão de Carles
Puigdemont, dissolvendo o Parlamento e destituindo também o diretor da polícia, Josep Lluis Trapero, e
seu comandante máximo, Pere Soler.
Agora, os cerca de 16 mil agentes da corporação estão na expectativa de que ordens vão seguir: as
recebidas de Madri ou as do autoproclamado governo da república catalã.
Assim como na sociedade catalã, "a corporação está dividida em partes iguais: uns estão encantados
de que Madri assuma o controle e outros o veem com inquietação e repúdio", explica Manuel (nome
fictício), com mais de dez anos de experiência na unidade de segurança cidadã.
"O clima é difícil. Há discussões, gritos, situações muito tensas entre companheiros", explica Vicente.

Instituição centenária
Esta corporação policial, cujas origens remontam ao século XVIII, foi refundada em 1983 em pleno
processo de recuperação do autogoverno catalão, suprimido durante a ditadura de Francisco Franco
61
FRANCE PRESSE. Divisão na polícia catalã evidencia crise entre Barcelona e Madri. G1 Mundo. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/divisao-na-
policia-catala-evidencia-crise-entre-barcelona-e-madri.ghtml> Acesso em 30 de outubro de 2017.

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(1939-1975) e é uma das joias da coroa da autonomia da região, com plenas competências em relação
à ordem pública.
Controlá-la é vital para Madri, que conta com apenas 6.000 agentes de suas corporações policiais na
Catalunha. Sua importância ficou patente no referendo de 1º de outubro, quando evitaram atacar os
eleitores reunidos para as seções eleitorais.
A intervenção, algumas vezes violenta, finalmente ficou a cargo da Polícia Nacional e da Guarda Civil,
subordinadas ao Ministério do Interior, que tinha enviado 10 mil efetivos como reforço.
"Fez-se um dispositivo fraudulento para que não pudéssemos fazer nosso trabalho. Muitos
companheiros da tropa de choque tiveram dia livre", diz Vicente. "Muitos nos sentimos envergonhados",
continua.
As principais críticas se dirigem ao ex-chefe dos Mossos, Josep Lluís Trapero, elogiado por sua gestão
nos atentados de extremistas islâmicos em Barcelona e Cambrils, em agosto, mas acusado de ser
próximo aos líderes políticos separatistas.
Investigado por sedição, foi destituído do cargo pelo Ministério do Interior horas depois da intervenção
da Catalunha, que também levou à destituição do diretor político da polícia catalã, Pere Soler.

Pedido de neutralidade
Agora caberá ao ministério assumir a gestão da corporação e sua atuação nas próximas semanas,
nas quais os separatistas pedem à resistência para defender a recém-proclamada república e para
impedir o controle de Madri.
Em uma circular interna, os comandos policiais pedem neutralidade aos agentes e diante do
imprevisível aumento de mobilizações, pedem-lhes que evitem a ocorrência de incidentes.
Mas entre os agentes da corporação cresce a preocupação de se verem obrigados a investir contra
manifestantes, como aconteceu com os policiais nacionais e os guardas civis em 1º de outubro.
"Não afetará à maior parte dos agentes, mas quem vai notar mais o impacto serão os antidistúrbios
[tropa de choque]. Na melhor das hipóteses, onde antes diziam 'aguentem', agora lhes dirão 'ataquem'",
explicou um comandante intermediário sob condição de ter sua identidade preservada.
"Se começar a haver ordens extremas para a polícia enfrentar a população, muitos agentes terão
dúvidas em aplicá-las ou não", explica Manel.
Mas isto pode implicar-lhes sanções salariais, inabilitações ou inclusive condenações criminais, razão
pela qual o sindicato majoritário da corporação recomenda seguir as instruções recebidas.
"A desobediência às leis nunca é uma opção para a polícia. Não temos margem para desobedecer às
leis porque então não podemos exigir ao restante dos cidadãos que as cumpram", afirma Valentín
Anadón, secretário-geral do sindicato SAP-FEPOL.
"No fim, os companheiros acatarão", assegura Vicente. "Inclusive os que são muito independentistas,
se tocarem em seu salário ou seu trabalho, tem mulher e filhos, na hora da verdade não há outra opção
que obedecer".

Número de mortos após terremoto no Irã passa de 45062


Televisão estatal informou 452 mortos, mas número de vítimas fatais deve aumentar, estimam
autoridades.
Mais de 450 pessoas morreram no Irã em consequência de um terremoto de magnitude 7,3 que atingiu
o país no domingo (12), informa a mídia estatal nesta terça-feira (14).
A televisão estatal iraniana disse que 452 pessoas morreram após o tremor, e ao menos 6.600 ficaram
feridas. Autoridades locais estimam que o número de vítimas fatais aumentará à medida que as equipes
de busca e resgate chegarem a áreas remotas do país.
Entre os mortos estão oito iraquianos - os demais são iranianos.
O terremoto foi sentido em várias províncias do oeste iraniano, sendo a mais atingida Kermanshah,
que anunciou três dias de luto. Mais de 300 das vítimas estavam no condado de Sarpol-e Zahab, em
Kermanshah, situado a cerca de 15 km da fronteira com o Iraque.
A TV estatal iraniana disse que o tremor causou grandes danos em alguns vilarejos com casas feitas
de tijolo de barro.
Agentes de resgate seguem trabalhando para encontrar sobreviventes sob edifícios desmoronados.
O sismo também desencadeou deslizamentos de terra que atrapalham os esforços de resgate,
disseram autoridades à TV oficial. Ao menos 14 províncias do Irã foram afetadas, segundo a mídia do
país.

62
G1. Número de mortos após terremoto no Irã passa de 450. G1 Mundo. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/numero-de-mortos-apos-terremoto-
no-ira-passa-de-450.ghtml> Acesso em 14 de novembro de 2017.

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O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ofereceu seus pêsames nesta segunda-feira (13),
ordenando que todas as agências do governo façam de tudo para ajudar os afetados.
O Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em ingês) disse que o terremoto teve
magnitude de 7,3. Uma autoridade meteorológica do Iraque estimou a magnitude em 6,5, com epicentro
em Penjwin, na província de Sulaimaniyah, situada na região do Curdistão e próxima da principal
passagem de fronteira com o Irã.
Autoridades de saúde curdas disseram que ao menos oito pessoas morreram no Iraque e que no
mínimo 68 ficaram feridas. Autoridades locais e de saúde iraquianas disseram que a área mais
prejudicada foi o distrito de Darbandikham, próximo da divisa com o Irã, onde ao menos 10 casas
desabaram e o único hospital foi gravemente danificado.
O tremor foi sentido até em Bagdá, no sul iraquiano, onde muitos moradores correram para fora de
suas casas e prédios altos quando vibrações sacudiram a capital.
Cenas semelhantes foram vistas em Erbil, a capital do Curdistão, e em outras cidades do norte do
Iraque próximas do epicentro.
Várias cidades do Iraque e do Irã ficaram sem eletricidade, e o medo de tremores secundários levou
milhares de pessoas dos dois países às ruas e aos parques, apesar do tempo frio.

Maioria dos australianos vota a favor de casamento gay e premiê diz que quer aprovar lei até o
Natal63
Quase 62% se pronunciou a favor da aprovação do casamento gay. 'Grande apelo para a igualdade
matrimonial', diz premiê.
A maioria dos australianos se posicionou a favor do casamento gay no país em uma pesquisa nacional
feita pelo correio cujo resultado foi divulgado nesta terça-feira (14). Com a divulgação da aprovação ao
casamento gay, o premiê Malcolm Turnbull disse que vai trabalhar para que uma lei que o permita no
país seja aprovada até o Natal.
Das 12,7 milhões de pessoas que participaram da pesquisa, 61,6% se pronunciaram a favor da
aprovação do casamento gay, segundo divulgou o Escritório de Estatísticas da Austrália em uma coletiva
de imprensa em Canberra. Por outro lado, 38,4% das pessoas votaram contra.
"O povo da Austrália se pronunciou e eu pretendo fazer o seu desejo uma lei no país até o Natal. Este
é um grande apelo para a igualdade matrimonial", disse o premiê pelo Twitter.

EUA se retiram do Pacto Mundial da ONU sobre migração e refugiados64


Presidente Trump decidiu deter a participação dos Estados Unidos na preparação do pacto que aponta
para obter um consenso em 2018
Os Estados Unidos anunciaram, no sábado, 3, sua retirada de um Pacto Mundial da ONU sobre
proteção de migrantes e refugiados por considerá-lo "incompatível" com a política migratória americana.
"A missão americana na ONU informou a seu secretário-geral que os Estados Unidos encerrarão sua
participação no Pacto Mundial sobre a Migração", anunciou a representação de Washington em um
comunicado.
Os 193 membros da Assembleia Geral da ONU aprovaram em setembro de 2016 a Declaração de
Nova York com o propósito de melhorar a proteção e a gestão dos movimentos de migrantes e refugiados.
Nesse sentido, a declaração concedeu um mandato ao Alto Comissariado da ONU para os Refugiados
para propor à Assembleia Geral, em 2018, um pacto mundial que teria dois eixos: definições de respostas
diante do problema e um programa de ação.
"A Declaração de Nova York abarca muitas disposições que são incompatíveis com as políticas
americanas de imigração e refugiados e com os princípios ditados pela administração Trump em matéria
de imigração", afirma o comunicado da missão americana na ONU.
"Em consequência, o presidente Trump decidiu deter a participação dos Estados Unidos na preparação
do pacto que aponta para obter um consenso na ONU em 2018", completa.

Por que possível reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos EUA é tão
polêmico65

63
G1. Maioria dos australianos vota a favor de casamento gay e premiê diz que quer aprovar lei até o natal. G1 Mundo. Disponível em:
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/maioria-dos-australianos-vota-a-favor-de-casamento-gay-e-premie-diz-que-quer-aprovar-lei-ate-o-natal.ghtml> Acesso em 17
de novembro de 2017.
64
O ESTADO DE S. PAULO. EUA se retira do Pacto Mundial da ONU sobre migração e refugiados. Estação Internacional. Disponível em:
<http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,eua-se-retiram-do-pacto-mundial-da-onu-sobre-migracao-e-refugiados,70002106230> Acesso em 04 de
dezembro de 2017.
65
CORRÊA ALESSANDRA. Por que possível reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos EUA é tão polêmico. BBC Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42235762?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 06 de dezembro de 2017.

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O esperado pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecendo
Jerusalém como capital de Israel foi recebido com alarme por líderes de diversos países do Oriente Médio,
e também na Europa, que veem na medida potencial para colocar em risco o já frágil processo de paz
entre israelenses e palestinos.
Segundo fontes do governo americano, Trump fará o anúncio em um discurso nesta quarta-feira.
Ele deve adiar, porém, a decisão sobre transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém
- uma de suas promessas de campanha e alvo de críticas na comunidade internacional pela possibilidade
de comprometer a neutralidade dos EUA na mediação do conflito.
Essa transferência é prevista em uma lei que o Congresso americano aprovou em 1995, que prevê,
ainda, o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado israelense.

A lei estipulava 31 de maio de 1999 como data final para a mudança de sede da embaixada, sob pena
de sanções ao Poder Executivo. Contudo, incluía a possibilidade de adiamento do prazo por seis meses,
caso necessário para "proteger os interesses de segurança nacional".
E é isso o que todos os presidentes desde então (Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama) têm
feito.
Trump seguiu o exemplo de seus antecessores e, em junho, renovou a prorrogação por seis meses -
decisão que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, chegou a avaliar
como "sábia", na época, tendo em vista que mover a embaixada em um contexto em que os dois lados
reivindicam Jerusalém como capital poderia complicar as negociações para a retomada de um processo
de paz genuíno.
Agora, com o prazo de sua última prorrogação expirado nesta semana, Trump deve decidir se cumpre
a promessa de campanha ou opta por voltar a renová-lo.

Questão de tempo
Nesta segunda-feira, em conversa com jornalistas, o porta-voz da Casa Branca Hogan Gidley disse
que uma decisão será anunciada nos próximos dias e reiterou que, para Trump, "não é uma questão de
se, mas de quando" a embaixada será transferida.
Segundo observadores, o presidente planejaria adiar a decisão sobre a embaixada por mais seis
meses mas, ao mesmo tempo, anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.
"Com essa medida, ele poderia dizer para o público doméstico que está sendo mais ousado em relação
a Israel que qualquer presidente antes dele, mas, ainda assim, pelo menos na sua imaginação,
apresentar-se como mediador neutro no plano de paz que seu governo espera implementar", diz o
historiador Barry Trachtenberg, diretor do Programa de Estudos Judaicos da Universidade Wake Forest,
na Carolina do Norte.

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Plano de paz em risco
Mas a avaliação de Trachtenberg e de outros analistas é de que essa medida colocaria em risco o
plano de paz, que já é encarado com ceticismo diante das dificuldades da negociação, do fracasso de
iniciativas anteriores e da inexperiência da equipe responsável, liderada por Jared Kushner, genro de
Trump.
"Pelo menos desde os anos 1990 (após os acordos de Oslo, em que israelenses e palestinos, com
mediação dos EUA, concordaram que o status de Jerusalém deveria ser abordado bilateralmente em
negociações de paz) o entendimento é de que Jerusalém Ocidental será capital de Israel e Jerusalém
Oriental será capital de um futuro Estado palestino. Ambos os reconhecimentos devem ocorrer ao mesmo
tempo", afirma à BBC Brasil Fayez Hammad, especialista em Oriente Médio da Universidade do Sul da
Califórnia (USC).
"A aplicação assimétrica coloca mais lenha na fogueira", avalia.
Trachtenberg ressalta que os EUA, em todos os governos anteriores, permitiram que Israel
continuasse construindo assentamentos no território disputado.
"Os Estados Unidos nunca tomaram medidas fortes (para impedir as construções). Então, nesse
sentido, Trump talvez seja o mais honesto sobre o assunto. Sobre o fato de que os EUA na verdade são
parciais, e não neutros", afirma.

Críticas e alerta
Mesmo sem confirmação oficial, o possível reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, que
é reivindicada como capital por ambas as partes, gerou reações no mundo árabe e por parte do presidente
da França, Emmanuel Macron.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, declarou que a decisão vai alimentar extremismo
e violência.
O ministro do Exterior da Jordânia, Ayman Safadi, alertou o secretário de Estado americano, Rex
Tillerson, que a medida poderia ter consequências perigosas, aumentando a tensão na região e
comprometendo os esforços de paz. Alerta semelhante foi feito pelo ministro do Exterior egípcio, Sameh
Shoukry, e pelo vice-primeiro-ministro turco, Bekir Bozdag.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que o reconhecimento americano é "inaceitável" e
representaria uma ameaça ao futuro do processo de paz.
Emmanuel Macron, da França, fez coro ao discurso. Por telefone, teria alertado a Trump que
reconhecer Jerusalém como capital de Israel seria má ideia - e que a questão deve ser resolvida por meio
de negociações entre israelenses e palestinos.
O governo Trump vem trabalhando em um plano de paz entre Israel e palestinos, objetivo no qual seus
antecessores fracassaram. Mas analistas afirmam que, ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel,
o país comprometeria seu papel de mediador.
"O reconhecimento mostraria os EUA como completamente parciais nesse conflito", disse
Trachtenberg.
"Isso tornaria muito difícil levar os Estados Unidos a sério como árbitros", observa.

Ponto nevrálgico
No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de Jerusalém, cidade que abriga locais
sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas
negociações de paz.
Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da
cidade (Jerusalém Oriental) como capital de seu futuro Estado.
A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até então, é a de que o
status de Jerusalém deve ser decidido em negociações de paz. Os países mantêm suas embaixadas em
Tel Aviv, a capital comercial de Israel.
Em 1947, quando a Assembleia Geral da ONU decidiu pelo plano de partilha da Palestina entre um
Estado árabe e outro judeu, Jerusalém foi designada como "corpus separatum" (corpo separado), sob
controle internacional. O plano, porém, não chegou a ser implementado.
Em 1948 foi declarada a Independência do Estado de Israel e, logo em seguida, a guerra árabe-
israelense. Ao final daquele conflito, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controle de Israel
e a parte oriental controlada pela Jordânia.
Em 1967, Israel capturou a parte oriental da cidade e, desde então, vem construindo assentamentos
em Jerusalém Oriental. Esses assentamentos são considerados ilegais pela comunidade internacional,
posição que é contestada pelo governo israelense.

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"O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel seria uma mudança na política adotada pelos
Estados Unidos desde a criação do plano de partilha pela Assembleia Geral da ONU", disse o especialista
em Oriente Médio Fayez Hammad.
"Desde a criação do Estado de Israel no ano seguinte, os Estados Unidos nunca reconheceram a
soberania de Israel em Jerusalém Ocidental ou da Jordânia em Jerusalém Oriental (até 1967)", ressalta
Hammad.

Decisão de Trump sobre Jerusalém gera protesto em frente a embaixadas americanas66


Os protestos que se iniciaram desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou
o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel continuam neste domingo (10). Em diferentes
localidades ocorrem manifestações em frente às embaixadas dos Estados Unidos. Também hoje, a Liga
Árabe, formada por 22 países, divulgou comunicado no qual rejeita a decisão.
Em Jacarta, capital da Indonésia, cerca de 10 mil pessoas, segundo cálculos dos veículos de imprensa
locais, concentraram-se em frente à embaixada norte-americana para protestar contra a decisão de
Trump. A manifestação, convocada por um partido político de ideologia islâmica e parte da oposição ao
atual governo indonésio, ocorre com o fechamento de uma dúzia de ruas e sem incidentes violentos,
conforme afirmou a polícia em um comunicado.
Com bandeiras da Palestina e cartazes contra o Trump, os manifestantes se reuniram para mostrar
sua insatisfação com a decisão do governante americano e exigir "justiça internacional" para o povo
palestino.
A embaixada americana pediu na última sexta-feira (8) que seus cidadãos tomassem cuidado e
"evitassem zonas de manifestações". O presidente da Indonésia, Joko Widodo, condenou na última
quinta-feira (7) a decisão de Trump e pediu que ele reconsiderasse sua posição.
No Líbano, a polícia reprimiu os manifestantes que protestavam neste domingo em frente à
representação diplomática norte-americana na capital, Beirute. Os policiais lançaram gás lacrimogêneo,
e as equipes de Defesa Civil empregaram canhões de água para dispersar os manifestantes, que
lançaram garrafas e atearam fogo em pneus e contêineres de lixo na área de Aukar, próxima à sede da
embaixada.
Segundo a imprensa, há feridos entre os manifestantes, que portavam bandeiras palestinas e dos
grupos políticos que organizaram o protesto, entre os quais havia formações esquerdistas e islamitas
libanesas, bem como de facções palestinas.
Os participantes do protesto entoaram palavras de ordem contra Israel e Trump e queimaram fotos do
governante americano. Com a convocação do protesto em Beirute, as forças de segurança tomaram
medidas preventivas e fecharam as ruas que levam à embaixada americana, razão pela qual os
manifestantes se concentraram a mais de 1 quilômetro de distância do prédio.
Nos últimos dias ocorreram manifestações em vários países árabes e muçulmanos contra a decisão
de Trump, que foi condenada também pelos líderes políticos da região e pela comunidade internacional.

Liga Árabe rejeita decisão


Os ministros de Relações Exteriores de países da Liga Árabe expressaram hoje firme rejeição à
decisão de Trump, e pediram que se retratasse, embora tenham se abstido de tomar medidas de pressão
contra o governo americano.
Os chefes de diplomacia, reunidos na sede da Liga Árabe, no Cairo, consideraram "nula" tal medida e
a qualificaram de "violação perigosa da legislação internacional e das resoluções do Conselho de
Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]".
No comunicado final do encontro, que foi convocado de maneira extraordinária pela Jordânia, os
ministros salientaram que essa mudança na política dos Estados Unidos para o conflito palestino-
israelense representa um giro "perigoso" que coloca Washington do lado da "ocupação" e que o afasta
do seu papel como mediador.
O texto, que contém 16 pontos, foi aprovado após intensas discussões. "O conselho solicita aos
Estados Unidos que anulem sua decisão sobre Jerusalém e trabalhem com a comunidade internacional
para que Israel se comprometa a aplicar as decisões internacionais e a pôr fim à ocupação ilegal e
ilegítima de todos os territórios palestinos e árabes ocupados desde junho de 1967", detalha o documento.
Os países do grupo árabe comprometeram-se a pedir ao Conselho de Segurança da Organização da
ONU que emita uma resolução na qual conste que o passo dado por Trump contradiz a legislação

66
EBC AGÊNCIA BRASIL. Decisão de Trump sobre Jerusalém gera protesto em frente a embaixadas americanas. EBC Agência Brasil. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-12/decisao-de-trump-sobre-jerusalem-gera-protesto-em-frente-embaixadas> Acesso em 11 de dezembro
de 2017.

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internacional. Além disso, os ministros instaram a comunidade internacional a reconhecer o Estado
palestino com Jerusalém como capital.
Trump anunciou na última quarta-feira (6) o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e
prometeu a transferência da embaixada de seu país para esta cidade, após décadas de consenso
internacional que condicionavam a decisão a um acordo de paz.

Papa Francisco
Em comunicado neste domingo, o papa Francisco fez um apelo à comunidade internacional para que
evite "uma nova espiral de violência" em Jerusalém, em meio à tensão provocada pela decisão dos
Estados Unidos de reconhecer esta cidade como capital de Israel.
O papa fez um chamado à sabedoria e à prudência de todos e pediu que as nações se comprometam
para evitar uma nova espiral de violência e respondam “com palavras e ações aos anseios de paz, de
justiça e segurança das populações dessa terra atormentada".
“Só uma solução negociada entre israelenses e palestinos pode levar a uma paz estável e duradoura,
e garantir a coexistência pacífica de dois Estados dentro de fronteiras reconhecidas internacionalmente",
diz nota divulgada pelo Vaticano. O papa disse ainda que acompanha a situação no Oriente Médio com
grande atenção e lamentou os enfrentamentos que causaram vítimas nos últimos dias.

2. Desenvolvimento sustentável;

Desenvolvimento sustentável67
Desenvolvimento sustentável é o modelo que prevê a integração entre economia, sociedade e meio
ambiente. Em outras palavras, é a noção de que o crescimento econômico deve levar em consideração
a inclusão social e a proteção ambiental

Gestão do Lixo
O lixo ainda é um dos principais desafios dos governos na área de gestão sustentável. No entanto, na
última década, o Brasil deu um salto importante no avanço para a gestão correta dos resíduos sólidos.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, em 2000, apenas 35% dos resíduos eram destinados
aos aterros.
Em 2008, esse número subiu para 58%. Além disso, o número de programas de coleta seletiva saltou
de 451, em 2000, para 994, em 2008.
Para regulamentar a coleta e tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, além de
determinar o destino final correto do lixo, o Governo brasileiro criou a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei n° 12.305/10), aprovada em agosto de 2010.

Créditos de Carbono
No mercado de carbono, cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida é transformada em
crédito, que pode ser negociado livremente entre países ou empresas.
O sistema funciona como um mercado, só que ao invés das ações de compra e venda serem
mensuradas em dinheiro, elas valem créditos de carbono.
Para isso é usado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada
das emissões de gases de efeito estufa. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução
dos gases poluentes tem direito a comercializar os créditos.
Por exemplo, um país que reduziu suas emissões e acumulou muitos créditos pode vender este
excedente para outro que esteja emitindo muitos poluentes e precise compensar suas emissões.
O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca
de 5% do total mundial e 268 projetos.

Entenda como funciona o mercado de crédito de carbono68


A partir dos anos 2000, entrou em cena um mercado voltado para a criação de projetos de redução da
emissão dos gases que aceleram o processo de aquecimento do planeta.
Trata-se do mercado de créditos de carbono, que surgiu a partir do Protocolo de Quioto, acordo
internacional que estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam reduzir, entre 2008 e 2012, suas
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) 5,2% em média, em relação aos níveis medidos em 1990.

67
Fonte: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/desenvolvimento-sustentavel.html
68
Fonte: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/04/entenda-como-funciona-o-mercado-de-credito-de-carbono

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O Protocolo de Quioto criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução
certificada das emissões. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução da emissão
de gases poluentes tem direito a créditos de carbono e pode comercializá-los com os países que têm
metas a cumprir.
“O ecossistema não tem fronteira. Do ponto de vista ambiental, o que importa é que haja uma redução
de emissões global”, ressalta o consultor de sustentabilidade e energia renovável, Antonio Carlos Porto
Araújo.
Durante a última Conferência do Clima (COP 17), realizada em 2011, na África do Sul, as metas de
Quioto foram atualizadas e ampliadas para cortes de 25% a 40% nas emissões, em 2020, sobre os níveis
de 1990 para os países desenvolvidos.
“Isso pode significar um fomento nas atividades de crédito de carbono que andavam pouco atraentes”,
disse Araújo, autor do livro “Como comercializar créditos de carbono”.
O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca
de 5% do total mundial e 268 projetos. A expectativa inicial era absorver 20%. O mecanismo incentivou a
criação de novas tecnologias para a redução das emissões de gases poluentes no Brasil.

Cálculo
A redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) é medida em toneladas de dióxido de carbono
equivalente – t CO2e (equivalente). Cada tonelada de CO2e reduzida ou removida da atmosfera
corresponde a uma unidade emitida pelo Conselho Executivo do MDL, denominada de Redução
Certificada de Emissão (RCE).
Cada tonelada de CO2e equivale a 1 crédito de carbono. A ideia do MDL é que cada tonelada de CO2
e não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento possa ser negociada no mercado
mundial por meio de Certificados de Emissões Reduzidas (CER).
As nações que não conseguirem (ou não desejarem) reduzir suas emissões poderão comprar os CER
em países em desenvolvimento e usá-los para cumprir suas obrigações.

Consumo racional69
É um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das gerações atuais,
como também das futuras gerações. Isso significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia
e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o
desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem
degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de
consumo e diminuir as desigualdades sociais.
Adotar a prática dos três 'erres': Redução, que recomenda evitar o consumo de produtos
desnecessários; Reutilização, que sugere que se reaproveite diversos materiais; e Reciclagem, que
orienta reaproveitar materiais, transformando-os e lhes dando nova utilidade.

Aquecimento Global
O aquecimento global é uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. Diversas
pesquisas confirmam o aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel
Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século
XX foi o mais quente dos últimos cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse
aumento pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar
profundamente a biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais.
As causas do aquecimento global são muito pesquisadas. Existe uma parcela da comunidade científica
que atribui esse fenômeno como um processo natural, afirmando que o planeta Terra está numa fase de
transição natural, um processo longo e dinâmico, saindo da era glacial para a interglacial, sendo o
aumento da temperatura consequência desse fenômeno.
No entanto, as principais atribuições para o aquecimento global são relacionadas às atividades
humanas, que intensificam o efeito de estufa através do aumento na queima de gases de combustíveis
fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural. A queima dessas substâncias produz gases como
o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que retêm o calor proveniente das
radiações solares, como se funcionassem como o vidro de uma estufa de plantas, esse processo causa
o aumento da temperatura. Outros fatores que contribuem de forma significativa para as alterações
climáticas são os desmatamentos e a constante impermeabilização do solo.

69
Texto adaptado de http://www.wwf.org.br/natureza_
brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/

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Atualmente os principais emissores dos gases do efeito de estufa são respectivamente: China, Estados
Unidos, Rússia, Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Coreia do Sul. Em busca de
alternativas para minimizar o aquecimento global, 162 países assinaram o Protocolo de Kyoto em 1997.
Conforme o documento, as nações desenvolvidas comprometem-se a reduzir sua emissão de gases que
provocam o efeito de estufa, em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta teve que ser
cumprida entre os anos de 2008 e 2012. Porém, vários países não fizeram nenhum esforço para que a
meta fosse atingida, o principal é os Estados Unidos.

Conceito de desenvolvimento sustentável


Usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio ambiente. Preservar os bens naturais e
a dignidade humana. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento
econômico e preservação da natureza.
Em Salvador, o TEDxPelourinho foi totalmente dedicado ao tema, e reuniu pensadores de diversas
áreas e regiões do país para compartilhar suas experiências e mostrar como estão ajudando a transformar
os centros urbanos em locais planejados para serem ocupados por pessoas. As iniciativas incluem
ciclovias, centros revitalizados, instrumentos de participação coletiva e empoderamento dos cidadãos,
mais solidários, inclusivos, saudáveis, verdes e humanas. Em relação a capital gaúcha, foi reconhecida
pela IBM com uma das 31 cidades do mundo merecedoras do prêmio Smarter Cities Challenge Summit.
O reconhecimento veio graças ao projeto Cidade Cognitiva, que tem o objetivo de simular os impactos
futuros sobre a vida do município, com as obras e ações realizadas no presente demandadas pelo
orçamento participativo - sistema no qual a tomada de decisões sobre investimentos públicos é
compartilhada entre sociedade e governo.
Quem também fez progressos da área também foi o Rio de Janeiro. A sede das Olimpíadas de 2016
tem investido em um moderno centro integrado de operações para antecipar e combater situações de
calamidade. A tecnologia, desenvolvida em parceria com a IBM, deve ser aplicada nas demais cidades
do país, segundo anunciou o presidente da empresa no Brasil Rodrigo Kede. O prefeito da cidade,
Eduardo Paes, chegou a palestrar em uma Conferência do TED explicando quatro grandes ideias que
devem conduzir o Rio (e todas as cidades) ao futuro, incluindo inovações arrojadas e executáveis de
infraestrutura.
Mobilizações populares: Os rapazes do Shoot the Shit da cidade de Porto Alegre, usam bom humor
para resolver os problemas locais. Ao longo do ano, o foi noticiado diversas iniciativas populares que
contribuem com as cidades brasileiras. Em Salvador, a jornalista Débora Didonê e seus companheiros do
projeto Canteiros Coletivos mostraram como estão transformando os espaços públicos da capital baiana
utilizando somente pás, mudas e a conscientização dos cidadãos locais.
Megacidades: Prefeitos das maiores cidades do mundo estiveram reunidos na Rio+20. Representantes
das maiores metrópoles do mundo se reuniram para trocar experiências sobre desenvolvimento
sustentável e traçar metas para reduzir os impactos dos grandes centros urbanos no planeta. Prefeitos
das 40 maiores cidades do mundo se encontraram em São Paulo para participar da C40 (Large Cities
Climate Leadership Group). Um dos destaques foi à assinatura de um protocolo de intenções destinado
a viabilizar suporte financeiro a grandes cidades, no intuito de que elas desenvolvam ações de
sustentabilidade. O documento foi assinado pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e pelo
prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, presidente da cúpula. Outro encontro decisivo aconteceu
durante a Rio+20, quando os líderes das 59 maiores cidades do mundo se comprometeram a reduzir em
até 248 milhões de toneladas as emissões de gases do efeito estufa até 2020. Na mesma ocasião, os
prefeitos firmaram o compromisso de engajar 100 metrópoles no caminho do desenvolvimento
sustentável até 2025.

Lixo Eletrônico
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, OIT, destaca que 40 milhões de toneladas de
lixo eletrônico são produzidas todos os anos. O descarte envolve vários tipos de equipamentos, como
geladeiras, máquinas de lavar roupa, televisões, celulares e computadores. Países desenvolvidos enviam
80% do seu lixo eletrônico para ser reciclado em nações em desenvolvimento, como China, Índia, Gana
e Nigéria. Segundo a OIT, muitas vezes, as remessas são ilegais e acabam sendo recicladas por
trabalhadores informais. Saúde - O estudo Impacto Global do Lixo Eletrônico, publicado em dezembro,
destaca a importância do manejo seguro do material, devido à exposição dos trabalhadores a substâncias
tóxicas como chumbo, mercúrio e cianeto.
A OIT cita vários riscos para a saúde, como dificuldades para respirar, asfixia pneumonia, problemas
neurológicos, convulsões, coma e até a morte. Orientações - Segundo agência, simplesmente banir as
remessas de lixo eletrônico enviadas países em desenvolvimento não é solução, já que a reciclagem

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desse material promove emprego para milhares de pessoas que vivem na pobreza. A OIT sugere integrar
sistemas informais de reciclagem ao setor formal e melhorar métodos e condições de trabalho. Outro
passo indicado no estudo é a criação de leis e associações ou cooperativas de reciclagem.

Fenômenos climáticos extremos prosseguirão em 2017, diz ONU70


Após um ano de 2016 com temperaturas em nível recorde no qual a banquisa (água do mar congelada)
no Ártico seguiu minguando e o nível do mar subindo, as Nações Unidas advertiram nesta terça-feira
(21/03) que os fenômenos climáticos extremos prosseguirão em 2017.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência especializada da ONU, publicou seu
relatório anual sobre o estado mundial do clima coincidindo com a jornada meteorológica mundial, que
será realizada em 23 de março.
"O relatório confirma que 2016 foi o ano mais quente já registrado. O aumento da temperatura em
relação à era pré-industrial alcançou 1,1ºC, ou seja, 0,06ºC mais que o recorde anterior de 2015", disse
o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado.
Segundo a OMM, os fenômenos chamados extremos não apenas seguirão em 2017, mas os estudos
recentes "dão a entender que o aquecimento dos oceanos pode ser mais pronunciado do que se
acreditava".
Os dados provisórios dos quais a ONU dispõe revelam que o ritmo de crescimento da concentração
de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera não foi freado.
"Depois que o potente (fenômeno climático) El Niño de 2016 se dissipou, hoje assistimos a outras
alterações no mundo que não conseguimos elucidar, estamos ao limite de nossos conhecimentos
científicos sobre o clima", disse por sua vez o diretor do programa mundial de investigação sobre o clima,
David Carlson.
O fenômeno El Niño, que ocorre a cada quatro ou cinco anos com intensidade variável, provocou um
aumento da temperatura do Pacífico, desencadeando, por sua vez, secas e precipitações superiores à
média.
Em geral, este fenômeno chega ao seu ponto máximo no fim do ano, perto do Natal, daí seu nome,
em referência ao menino Jesus.
Por sua vez, o Ártico viveu ao menos três vezes neste inverno o equivalente polar de uma onda de
calor, segundo a OMM, que ressalta que em alguns dias a temperatura era próxima ao degelo.
Segundo as conclusões dos pesquisadores, as mudanças no Ártico e o degelo da banquisa provocam
uma modificação geral da circulação oceânica e atmosférica que afeta, por sua vez, as condições
meteorológicas de outras regiões do mundo.
É o caso do Canadá e de grande parte dos Estados Unidos, que tiveram um clima suave pouco
habitual, enquanto na península arábica e no norte da África foram registradas no início de 2017
temperaturas anormalmente baixas.
Além disso, as temperaturas na superfície do mar foram em 2016 as mais altas já registradas e o
aumento do nível médio do mar prosseguiu, enquanto a superfície da banquisa no Ártico foi inferior à
normal durante grande parte do ano.

Trump anuncia saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas71
Presidente prometeu negociar um retorno futuro ou fazer um novo acordo mais justo para os
americanos. Na campanha eleitoral, ele tinha prometido abandonar consenso da ONU nos primeiros 100
dias de governo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (1º) a saída de seu país
do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, mas prometeu negociar um retorno ou um novo acordo
climático em termos que considere mais justos para os americanos. Ele disse que o atual documento traz
desvantagens para os EUA para beneficiar outros países, e prometeu interromper a implementação de
tudo que for legalmente possível imediatamente.
"Para cumprir o meu dever solene de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos, os Estados
Unidos vão se retirar do acordo climático de Paris, mas iniciam as negociações para voltar a entrar no
acordo de Paris ou em uma transação inteiramente nova em termos justos para os Estados Unidos, suas
empresas, seus trabalhadores, suas pessoas, seus contribuintes ", disse Trump.

70
21/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/fenomenos-climaticos-extremos-prosseguirao-em-2017-diz-onu.ghtml
71
G1. Trump anuncia saída dos EUA do acordo de Paris sobre mudanças climáticas. G1 Natureza. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/trump-
anuncia-saida-dos-eua-do-acordo-de-paris-sobre-mudancas-climaticas.ghtml> Acesso em 02 de junho de 2017.

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"Estamos saindo, mas vamos começar a negociar e veremos se podemos fazer um acordo justo. Se
pudermos, ótimo. Se não pudermos, tudo bem", disse. "Fui eleito para representar os cidadãos de
Pittsburgh, não Paris", completou.
Logo após o anúncio, no entanto, o prefeito de Pittsburgh, Bill Peduto, disse que irá "garantir que
seguiremos as diretrizes do Acordo de Paris para nosso povo, nossa economia e futuro."
Ao iniciar os procedimentos oficiais de retirada, respeitando a forma de saída prevista no acordo,
Trump desencadeia um longo processo que não será concluído até novembro de 2020 -- no mesmo mês
em que concorrerá à reeleição, garantindo que a questão se torne um grande tema de debate na próxima
campanha presidencial.
O acordo, assinado em dezembro de 2015 durante a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, COP
21, prevê que os países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando
limitá-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
A saída dos EUA, segundo maior produtor mundial de gás de efeito estufa, pode minar o acordo
internacional, o primeiro da história em que os 195 países da ONU se comprometem a reduzir suas
emissões.

Obama
O ex-presidente Barack Obama, que havia assinado o tratado em 2015, imediatamente reagiu ao
anúncio, dizendo que a administração Trump rejeita o futuro com essa retirada.
"Ainda que este governo tenha se unido a um pequeno grupo de países que ignoram o futuro, confio
nos nossos estados, empresas e cidades que darão um passo à frente e farão ainda mais para liderar o
caminho", disse.
Ao assinar em 2015, Washington tinha se comprometido a reduzir em 28% sua produção de gases de
efeito estufa, além de transferir cerca de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 9,6 bilhões) para países pobres
como forma de ajudá-los a lutar contra as mudanças climáticas.

Medida anunciada
Antes de ser eleito, Trump descreveu em várias ocasiões o aquecimento global como uma enganação
criada pela China para prejudicar as empresas americanas, e anunciou que iria “cancelar” o Acordo de
Paris nos primeiros 100 dias após sua posse.
Uma decisão necessária, segundo ele, para favorecer as empresas petrolíferas e produtores de carvão
dos EUA, e dessa forma garantir mais crescimento econômico e a criação de novos empregos. Depois
de tomar posse, Trump anunciou que teria estudado o acordo antes de tomar uma decisão sobre o
assunto.
O presidente norte-americano tem poderes suficientes para retirar os EUA do tratado. Isso porque o
texto foi denominado “acordo” para permitir que Barack Obama pudesse utilizar seus poderes
presidenciais para ratificá-lo sem pedir a permissão do Congresso, então controlado pelo Partido
Republicano, hostil a qualquer redução das emissões de poluentes. Por esse motivo, a delegação dos
EUA foi obrigada a negociar por muitas horas sobre essa complexa linguagem jurídica no dia da
assinatura do documento.
VEJA PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO DO CLIMA
Países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC
Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano
Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa necessária
Texto não determina quando emissões precisam parar de subir
Acordo deve ser revisto a cada 5 anos
A decisão de Trump pode ter sérias consequências para o cumprimento das obrigações previstas pelo
tratado por parte de outros países e, mais em geral, sobre a condição climática do planeta, considerando
que o aquecimento global é um fenômeno que já está ocorrendo e que todos os anos perdidos na luta
contra esse fenômeno aumentam o risco de provocar efeitos irreversíveis sobre o clima.
Segundo levantamentos realizados por várias universidades e centros de pesquisa de diferentes
países do mundo, a saída dos EUA do Acordo de Paris acrescentaria 3 bilhões de toneladas de dióxido
de carbono (CO2) emitido por ano na atmosfera, aumentando a temperatura da Terra entre 0,1º e 0,3º C
até o final do século.

Apoio dividido
A decisão de Trump foi influenciada por uma carta assinada por 22 senadores republicanos, incluindo
o líder da bancada Mitch McConnell, que defendia a retirada dos EUA do tratado. Trump preferiu ignorar
a opinião de alguns dos seus assessores mais influentes, como a filha, Ivanka, o Secretário de Defesa,

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James Mattis, e o Secretário de Estado Rex Tillerson, os quais defendiam que ele mantivesse os Estados
Unidos no acordo. Mattis em particular salientou como o Pentágono, o Ministério da Defesa dos EUA, já
está produzindo uma grande quantidade de pesquisas sobre o aumento do nível dos mares, a mudança
nas rotas marinhas para os navios de guerra por causa do derretimento das geleiras do Ártico e os efeitos
de secas ou de inundações sobre a segurança nacional americana.

ONU
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu oficialmente aos EUA para que não saíssem do
Acordo de Paris, sem obter nenhum resultado. Outros países, como Alemanha e França, expressaram
suas preocupações com a posição de Trump sobre o meio ambiente e mudanças climáticas. Até o Papa
Francisco tentou persuadir o presidente norte-americano em permanecer no acordo durante sua recente
visita no Vaticano, entregando-lhe uma cópia da encíclica “Laudato si'” que o Pontífice escreveu em 2015
sobre as complexas questões das mudanças climáticas. Os líderes do G7 criticaram a decisão de Trump
de deixar o tratado e os governos do Canadá, da China e a União Europeia já informaram que continuarão
a honrar seus compromissos com o Acordo de Paris mesmo se os EUA se retirarão.
A preocupação em nível global com a saída dos Estados Unidos é o efeito de emulação: outros países
poderiam ser influenciados a reduzir ou atenuar seus compromissos internacionais sobre a questão
climática ou até abandonar completamente o acordo.
A decisão de se retirar do acordo poderia sinalizar a intenção de Trump de cortar outras leis que limitam
a produção de gases poluentes nos EUA assinadas pelo seu antecessor Obama. Entretanto, a saída dos
EUA do Acordo de Paris não seria imediata. O processo poderá demorar até três anos, assim como
estabelecido no próprio acordo, com diversas batalhas jurídicas e diplomáticas muito intensas, além do
grave desgaste de imagem internacional dos Estados Unidos.

O que é o Acordo de Paris


O Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas impõe aos países signatários conter o aquecimento
global em até 2º C em relação aos níveis pré-industriais, com o objetivo de não superar o 1,5º de aumento
da temperatura mundial até 2100.
Já hoje as temperaturas médias são de 1º acima dos níveis pré-industriais, uma mudança climática
ocorrida em larga parte nas últimas décadas. Com o acordo assinado em 2015 no final da Cúpula do
Clima de Paris (COP 21), 195 países signatários se comprometeram a reduzir suas emissões de gases
de efeito estufa. Entretanto, segundo muitos cientistas essas medidas seriam insuficientes para garantir
o respeito dos objetivos fixados e deveriam ser rapidamente atualizadas.
O Acordo de Paris foi assinado na cúpula anual da ONU sobre o clima COP 21, a vigésima-primeira
cúpula das Nações Unidas sobre o tema.
Segundo o próprio acordo, os países signatários não podem abandoná-lo antes de três anos, além de
um quarto ano para que o procedimento seja completado. Ou seja, Trump não poderia se livrar dos
vínculos legais do texto antes de 2020, sem cometer uma violação do direito internacional.
Uma alternativa para os EUA poderia ser aquela de abandonar completamente a Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) (a que organiza as cúpulas da COP), que
Trump criticou fortemente em diversas ocasiões no passado. Uma última opção poderia ser uma
renegociação dos objetivos de corte das emissões, obrigando todavia Washington a uma longa e difícil
negociação com os outros países.

Justiça Federal suspende ação criminal que tornou acusados réus por homicídio no desastre
de Mariana72
Samarco, Vale, BHP Billiton, VogBR e 22 pessoas são rés na ação. Decisão foi dada após pedido de
anulação feito por advogado de dois réus, que alega ilegalidade em escutas telefônicas.
A Justiça Federal em Ponte Nova, na Zona da Mata de Minas Gerais, suspendeu o processo criminal
que tornou rés 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR por causa do desastre
com a barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015. A reportagem teve acesso à decisão,
que data de 4 de julho deste ano. A defesa do diretor-presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi,
e do diretor-geral de operações, Kleber Terra, alegou que escutas telefônicas usadas no processo foram
feitas de forma ilícita.
O despacho é assinado pelo juiz Jacques de Queiroz Ferreira. Os advogados de Ricardo Vescovi e
Kleber Terra pediram a anulação do processo, alegando que a quebra de sigilo telefônico ultrapassou

72
ZUBA, F. CRISTINI, F. ÂNGELO, P. Justiça Federal suspende ação criminal que tornou acusados réus por homicídio no desastre de Mariana. G1 Minas Gerais.
Disponível em: < http://g1.globo.com/minas-gerais/desastre-ambiental-em-mariana/noticia/justica-federal-suspende-acao-criminal-que-tornou-acusados-reus-por-
homicidio-no-desastre-de-mariana.ghtml> Acesso em 08 de agosto de 2017.

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período judicialmente autorizado e que as conversas foram analisadas pela Polícia Federal e usadas pelo
Ministério Público Federal (MPF) na denúncia.
A pedido do MPF, companhias telefônicas foram oficiadas pela Justiça sobre o esclarecimento das
informações e o processo fica suspenso até que elas entreguem os dados solicitados. No pedido, o MPF
também se manifestou pela não interrupção do processo, o que não foi atendido pelo juiz.
Ainda conforme a Justiça, os advogados também afirmaram que houve desrespeito à privacidade dos
acusados porque dados fora do período requisitado – contudo informados pela própria Samarco – foram
analisados e considerados na denúncia.
“Acresceram que outra nulidade ocorreu quando da determinação dirigida à Samarco para que
apresentasse cópias das mensagens instantâneas (chats) e dos e-mails enviados e recebidos entre
01/10/2015 e 30/11/2015, visto que a empresa forneceu dados não requisitados, relativos aos anos de
2011, 2012, 2013 e 2014, que, da mesma forma, foram objeto de análise policial e consideradas na
denúncia, desrespeitando a privacidade dos acusados”, explica trecho da decisão.
O magistrado afirmou que a defesa dos réus levantou “duas graves questões que podem implicar na
anulação do processo desde o início” e determinou a suspensão do processo até a decisão sobre as duas
alegações.
Procurado pelo G1, o MPF contestou as alegações da defesa dos dois réus, afirmando que as
interceptações usadas na denúncia estão dentro do prazo legal.
“As interceptações indicadas pela defesa como supostamente ilegais sequer foram utilizadas na
denúncia, por isso, não teriam a condição de causar nulidade no processo penal”, informou o órgão em
nota.
Por telefone, o advogado Paulo Freitas, que representa Vescovi e Terra, reforçou que considera as
interceptações telefônicas ilegais.
O G1 entrou em contato com a Polícia Federal para saber sobre o período da quebra de sigilo
telefônico, mas a corporação respondeu apenas que ainda não foi informada oficialmente da suspensão
pela Justiça.
A Samarco, a Vale, a BHP e a VogBR disseram que não vão se pronunciar.

Desastre ambiental de Mariana


A barragem se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em
Mariana, e atingindo várias outras localidades. Os rejeitos também atingiram mais de 40 cidades do Leste
de Minas Gerais e do Espírito Santo. O desastre ambiental, considerado o maior e sem precedentes no
Brasil, deixou 19 mortos. Um corpo nunca foi encontrado.
No dia 18 de novembro de 2016, a Justiça Federal aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público
Federal (MPF) contra 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR pelo rompimento
da barragem e eles se tornam réus por crimes ambientais e por homicídios.
Dentre as denúncias, 21 pessoas são acusadas de homicídio qualificado com dolo eventual - quando
se assume o risco de matar. Eles ainda respondem por crimes de inundação, desabamento, lesão
corporal e crimes ambientais. A Samarco, a Vale e a BHP são acusadas de nove crimes ambientais. A
VogBR e um engenheiro respondem pelo crime de apresentação de laudo ambiental falso.
Segundo o MPF, os acusados podem ir a júri popular e, se condenados, terem penas de prisão de até
54 anos, além de pagamento de multa, de reparação dos danos ao meio ambiente e daqueles causados
às vítimas.
A procuradoria pediu a qualificação do homicídio por motivo torpe, justificando ganância da empresa
e impossibilidade de defesa por parte das vítimas. "Em relação ao motivo torpe, o MPF trouxe indícios de
que a obtenção de rápidos lucros, sem que se atentasse devidamente para as condições da barragem,
pode ter contribuído para o ocorrido", descreveu o juiz Jacques de Queiroz Ferreira na decisão.
Em março deste ano, a 12ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais homologou em parte o acordo
preliminar firmado entre Ministério Público Federal (MPF) e as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton,
permitindo que instituições independentes façam um diagnóstico dos danos socioambientais causados
pelo rompimento da barragem de Fundão.
O juiz Mário de Paula Franco Júnior também aceitou a disponibilização de R$ 2,2 bilhões como garantia
para cumprimento das obrigações de custeio das análises e financiamento dos programas de reparação
ao meio ambiente e aos moradores atingidos. Desta quantia, R$ 100 milhões serão em aplicações
financeiras, R$ 1,3 bilhão em seguro garantia e R$ 800 milhões em ativos da Samarco.
Em julho deste ano, a Justiça Federal suspendeu o processo ambiental por causa da prorrogação,
para 30 de outubro, do prazo para que a Samarco e suas donas, a Vale e a BHP Billiton, cheguem a um
acordo com a União e o MPF em relação às medidas que serão tomadas como indenização pelo desastre
ambiental.

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A polêmica decisão de Temer de abrir uma área gigante da Amazônia à mineração73
Em meados de 1980, uma região da floresta amazônica entre o Pará e Amapá comparada à Serra dos
Carajás por seu potencial mineral despertava o interesse de investidores brasileiros e estrangeiros.
Para salvaguardar sua exploração, o então governo militar decretou em 1984 que grupos privados
estavam proibidos de explorar a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), uma área de quase
47 mil km quadrados - maior que o território da Dinamarca. A ideia era que a administração federal
pesquisasse e explorasse suas jazidas.
Nos anos seguintes, no entanto, o projeto avançou pouco, e a riqueza natural da área levou à criação
de nove zonas de proteção dentro da Renca, entre elas reservas indígenas. A possibilidade de mineração
foi, então, banida.
Mais de três décadas depois do decreto, nesta quarta-feira, o governo federal reabriu a área para a
exploração mineral, numa iniciativa que gera expectativa de empresas e preocupação de pesquisadores
e ambientalistas.
Assinado pelo presidente Michel Temer, o decreto nº 9.142 extingue a Renca e libera a região para a
exploração privada de minérios como ouro, manganês, cobre, ferro e outros.
Em meio à crise econômica, o Ministério de Minas e Energia argumenta que a medida vai revitalizar a
mineração brasileira, que representa 4% do PIB e produziu o equivalente a US$ 25 bilhões (R$ 78 bilhões)
em 2016, mas que vinha sofrendo com a redução das taxas de crescimento global e com as mudanças
na matriz de consumo, voltadas hoje para a China.

Críticas
O ministério garante que o decreto cumprirá legislações específicas sobre a preservação da área. Ou
seja, áreas de proteção integral (onde não é permitida a habitação humana) e terras indígenas serão
mantidas.
No entanto, a iniciativa foi bombardeada por especialistas brasileiros e estrangeiros, que acreditam
que os prejuízos da mineração serão sentidos amplamente.
"Não poderia ter uma notícia pior", resumiu à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Antonio
Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe, que monitora o
desmatamento da Amazônia) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Segundo o pesquisador, haverá impacto nas correntes marítimas que transportam umidade à região
amazônica e que uma seca pode ser sentida até nos vizinhos do continente.
"Isso vai afetar toda a bacia amazônica e o continente sul-americano. É o mesmo que pegar uma
pessoa pelo pescoço", afirma Nobre.
A Amazônia brasileira chegou a ter recorde de 80% na queda do desmatamento entre 2004 e 2012,
segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Mas voltou a crescer nos últimos cinco anos - embora
uma tendência comece a indicar novamente uma redução. Além disso, 2015 e 2016 foram anos recordes
de queimadas na região, segundo dados do Inpe.
Áreas de proteção são essenciais para conter o desmatamento, ressalta Erika Berenguer,
pesquisadora-sênior do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford.
"O maior impacto não será na área de mineração, mas indireto. Haverá um influxo de pessoas que
levará a mais desmatamento, mais retirada de madeira e mais incêndios", explica. "É uma visão muito
simplista do governo de dizer que só uma área será afetada."
"Fora que a mineração é altamente poluidora e tem poucos benefícios para a população local, vide a
situação socioeconômica de Carajás", acrescenta Berenguer.

Jazidas de Carajás
A Serra dos Carajás, no sudoeste do Pará, é vizinha da Renca e abriga parte das maiores jazidas de
minério de ferro, ouro e manganês do mundo. Com a corrida de minérios a partir dos anos 1960, grandes
centros urbanos se instalaram no entorno, pressionando o bioma dali.
O potencial geológico da Renca é semelhante ao de Carajás, segundo a organização WWF e o geólogo
Onildo Marini, diretor-executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral
Brasileira (Adimb). Por isso é tão interessante para investidores.
"Essa região é altamente promissora para a exploração de diversos minérios", afirma Marini.
O geólogo concorda que a abertura da área provocará "certo impacto" com a construção de rodovias,
chegada de energia elétrica e de moradores. Mas defende que ele ficará restrito.
"As empresas exploradoras precisam manter um plano de manejo adequado, e as áreas de proteção
integral não serão afetadas", garante.
73
MILHORANCE, FLÁVIA. A polêmica decisão de Temer de abrir uma área gigante da Amazônia à mineração. BBC Brasil. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41043853?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 25 de agosto de 2017.

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A fiscalização do local não impede o garimpo ilegal. Jos Barlow, da Universidade de Lancaster (Reino
Unido), pesquisa a Amazônia há quase duas décadas e já esteve na estação ecológica do Jari, na borda
sul da reserva.
"Eu conheço bem o Jari. Quando você está ali, escuta aviões de garimpeiros a cada 30 minutos. Todos
estão pousando na Renca", conta o professor de ciência da conservação.
O governo federal e Marini argumentam que a atividade mais extensiva no local vai inibir os garimpeiros
ilegais. Já Erika Berenguer diz o contrário: com o corte de verbas de órgãos ambientais, a abertura da
região vai dificultar ainda mais a fiscalização.
O valor de R$ 3,9 bilhões, um dos menores da história, será dividido entre Ibama e outros dez órgãos
ambientais neste ano, anunciou o Ministério do Meio Ambiente.

'Mudará para sempre'


Os pesquisadores também lembraram o evento de Mariana, o pior acidente da mineração brasileira,
em 2015, quando uma barragem rompeu no município de Minas Gerais, destruindo vilarejos no entorno
do Rio Doce.
"O desastre aconteceu em plena Minas Gerais, totalmente urbanizada, imagine o controle que se tem
em lugares ermos como a Amazônia", afirma Bereguer.
Jos Barlow também critica a iniciativa de Temer: "Isso mudará a área inteira para sempre".
Ele alertou para problemas sociais na região, semelhantes aos que ocorreram em Belo Monte e
Altamira, e a previsão de mudanças climáticas.
"Qualquer perda de floresta e entrada de agricultura e estradas vai baixar a resiliência das florestas
para secas severas, aumentando incêndios florestais", afirma.
Em entrevista à BBC, Ghillean Prance, da organização Trustee Eden Project, da Inglaterra, considerou
a quarta-feira do decreto "um dia triste para o meio ambiente da Amazônia".
Perguntado sobre o argumento do governo de que as áreas ricas ambientalmente serão preservadas,
ele afirmou: "Não acredito nisso. Há cada vez mais impacto ocorrendo nas reservas indígenas."
E lembrou que o mercúrio usado na extração de ouro pode afetar populações locais. "Vilarejos já
morrem de envenenamento de mercúrio na Amazônia", disse.

Processo de dois anos


A extinção do Renca é aventada desde 2015, quando começava-se a debater o marco regulatório para
a mineração. Em novembro passado, representantes do CPRM, o serviço geológico brasileiro, testaram
a popularidade da área com investidores numa conferência do setor em Londres.
E em abril deste ano, o Ministério de Ministério de Minas e Energia publicou uma portaria balizando os
trâmites para a extinção da reserva - o decreto confirmou a mudança.
Antes mesmo da criação da Renca, na década de 1980, houve 160 requerimentos de mineração na
área, segundo levantamento da WWF. A maior parte deles foi retirada, mas os que restaram, em torno
de dez, terão prioridade na análise do governo de concessões.
Esses pedidos que deverão prosseguir compreendem uma área de 15 mil quilômetros quadrados, em
torno de 30% do total da Renca. Para o restante da área, devem ser abertas licitações.

Temer recua e vai revogar decreto que extinguiu reserva de cobre na Amazônia74
Governo confirmou a decisão sobre a polêmica Renca, que será publicada no Diário Oficial desta terça-
feira
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer decidiu revogar o decreto de extinção da Reserva Nacional
de Cobre e Associados (Renca), uma área da floresta entre os estados do Amapá e do Pará. O Ministério
de Minas e Energia informou ter encaminhado ao Palácio do Planalto a solicitação e o governo confirmou
a decisão.
Segundo auxiliares, a decisão levou em conta a polêmica em torno do decreto e, diante de novas
pressões, o presidente decidiu deixar que o tema seja mais debatido. Segundo fontes do Planalto, Temer
vai assinar a revogação na tarde desta segunda-feira, 25, e um novo decreto será publicada no Diário
Oficial da União de terça. Ao revogar o decreto, o governo restabelece as condições originais da área,
criada em 1984.
Em nota, o MME destacou que as razões que levaram o órgão a propor a extinção da Renca
permanecem as mesmas. “O País necessita crescer e gerar empregos, atrair investimentos para o setor
mineral, inclusive para explorar o potencial econômico da região”, diz o comunicado.

74
ARAÚJO, C. MONTEIRO, T. WARTH, A. Temer recua e vai revogar decreto que extinguiu reserva de cobra na Amazônia. Estadão Sustentabilidade. Disponível
em: < http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,temer-recua-e-vai-revogar-decreto-que-extinguir-reserva-nacional-de-cobre,70002015457> Acesso em 26
de setembro de 2017.

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O debate sobre o tema será retomado “mais à frente”, esclareceu o órgão. “O MME reafirma o seu
compromisso e de todo o governo com a preservação do meio ambiente e com as salvaguardas previstas
na legislação de proteção e preservação ambiental. O debate em torno do assunto deve ser retomado
em outra oportunidade mais à frente e deve ser ampliado para um número maior de pessoas, da forma
mais democrática possível.”
No dia 14 deste mês, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara já havia pedido a revogação definitiva
do decreto. "A maneira agressiva que foi feito (o decreto) não só causou constrangimento da sociedade
brasileira, mas do parlamento como um todo, atingiu a Câmara e o Senado", afirmou o presidente da
comissão, Ricardo Trípoli (PSDB-SP), na ocasião. "Estamos aguardando que o governo revogue por
definitivo e diga quais são os propósitos de exploração na área."
O decreto de extinção da reserva foi assinado pelo presidente Michel Temer no dia 23 de agosto.
Diante da repercussão negativa, o governo fez outro decreto, o que não aplacou as críticas. O Ministério
de Minas e Energia, depois, publicou portaria para congelar por 120 dias a proposta. O decreto também
era questionado no Senado.
O decreto original provocou uma onda de protestos de ambientalistas e artistas, como a modelo Gisele
Bündchen, que acusaram o presidente de estar "vendendo" uma parte da Amazônia para interesses de
mineradoras estrangeiras. As críticas chegaram até ao Rock in Rio, novamente pela voz de Gisele e da
líder indígena Sônia Guajajara, que fez um protesto durante a apresentação de Alicia Keys.
A Renca originalmente não era uma área de proteção ambiental. Ela foi criada para assegurar a
exploração mineral ao governo, mas com o passar dos anos acabou ajudando a proteger a região, na
Calha Norte do Rio Amazonas, que é hoje uma das mais bem preservadas da Amazônia.
A reserva mineral, criada em 1984, pelo então governo militar, delimitou um retângulo de 4,7 milhões
de hectares na região entre o Pará e o Amapá rico em ouro, nióbio e outros metais, onde somente o
próprio governo poderia exercer qualquer atividade mineral. Havia um bloqueio a empresas privadas, que
foi levantado pelo decreto de agosto do presidente Michel Temer.
Ao longo desses 33 anos, no entanto, a região praticamente não teve exploração mineral. Salvo a ação
de alguns garimpeiros. Por isso, diante de um cenário quase intocado, ao longo desse período os
governos federal e estaduais foram criando nove áreas protegidas na região – sete unidades de
conservação e duas terras indígenas naquela área –, que acabaram se sobrepondo à Renca.
Hoje quem de fato preserva a floresta ali são essas UCs e TIs. Com Renca ou sem Renca, só é
possível hoje ter exploração mineral em algo entre 15% e 30% desse quadrilátero de 4,7 milhões de
hectares – só é permitido ter algum tipo de exploração mineral, e ainda assim, com limites, em unidades
de conservação de uso sustentável, como é o caso das florestas estaduais do Paru e do Amapá. Nas
UCs de proteção integral e nas TIs, a mineração é vetada.
O temor de ambientalistas era que, com a extinção da Renca, haveria um novo interesse de empresas
de mineração pela região. Até mesmo o Ministério do Meio Ambiente tinha se mostrado contrário a essa
medida, e o ministro Sarney Filho disse, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que foi pego de
surpresa com a decisão de Temer de extinguir a Renca. (Colaborou Giovana Girardi).

3. Globalização e regionalização mundial;

Globalização
Com o final da Segunda guerra Mundial e com a transformação dos Estados Unidos em grande
potência mundial, surge uma nova forma de economia. Apesar do capitalismo ter vivido a sua “Era de
Ouro” na década de 1970, com a exploração do petróleo, a Guerra Fria acabou por não permitir que esse
sistema alcançasse o mundo todo. Somente com a desintegração da União Soviética é que o mundo
passa viver sob uma nova ordem mundial, a partir do início dos anos de 1990, essa nova ordem será
construída sob o processo da globalização.
O que possibilitou para que essa nova ordem mundial se instalasse foi o grande aumento de fluxo de
informações que temos hoje. Com os grandes avanços tecnológicos, principalmente no âmbito da
telecomunicação e da informática, se tornou possível que o mundo se conectasse e se integrasse. O
mundo já vivenciou três revoluções industrial, a primeira que foi marcada pelo aparecimento da fábrica e
da máquina a vapor, a segunda pelo surgimento da ferrovia, da eletricidade, do telégrafo e do automóvel.
E a terceira, que ainda estamos vivendo, que é marcada pelo grande desenvolvimento tecnológico, como
telefones e celulares, computadores, automação da indústria, etc.
Esse grande avanço tecnológico, principalmente dentro da indústria, acabou por gerar uma maior
diversificação de produtos, além de ter barateado inúmeros produtos, tornando-os mais acessíveis.

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Contudo, para chegar a essa barateamento, o custo da produção teve que diminuir e foi através da
mecanização e automação dos serviços que esse corte foi feito. Como consequência, pequenas
empresas que não conseguem acompanhar tal desenvolvimento acabam por ser absorvidas pelas
grandes.
Com a transformação da economia mundial, surgiram as empresas multinacionais ou
transnacionais, essas empresas produzem bens montados com peças fabricadas em diversas partes do
mundo, principalmente nos países menos desenvolvidos, onde a mão-de-obra e as matérias-primas são
mais baratas. É comum que cada parte do produto seja produzido em um país diferente, desde que o
custo da produção seja ainda mais reduzido.
Apesar de gerar um grande número de empregos, quando um país recebe as empresas multinacionais,
grande parte do lucro gerado volta para o país de origem. Os países que receberam as empresas além
de quase não obter o lucro, acaba por quase nunca alcançar o desenvolvimento de países já
industrializados. A desigualdade social gerada pela globalização é outro ponto negativo, a renda e o poder
acabam por ficar concentrada nas mãos de uma minoria.
No caso do Brasil, o processo de entrada das multinacionais começa com o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961), com a instalação de fábricas da Ford, Volkswagen, GM, entre outras.

Consequências da Globalização
Com o grande avanço das multinacionais, a expansão dessas empresas para países menos
desenvolvido, acabou por gerar um maior avanço da industrialização e na urbanização nos países menos
desenvolvidos, incluindo o Brasil.
Outro ponto de grande relevância que foi gerado graças a globalização, foi a formação de acordos e
blocos econômicos. Esses acordos permitem que haja uma maior troca comercial entre os países que
participam.
O grande avanço da globalização, acabou por consolidar o sistema capitalista, permitindo a sua rápida
transformação. Com a grande interação mundial, o sistema liberal ou neoliberal, acabou se estendendo
por quase todo o mundo, o liberalismo econômico acredita que o Estado deva interferir o mínimo possível
na econômica, favorecendo assim a iniciativa privada.
O aumento e a popularização do acesso à internet e a comunicação quase instantânea através dos
meios de comunicação, é um fator representativo do quanto o processo de globalização nos atinge.

A escala regional na ordem global75


Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU reconheceu, por maioria, a Palestina como Estado
observador não membro (Nova York, Estados Unidos). Para muitos analistas, esse reconhecimento
poderia ter significado a retomada do processo de paz.

Comércio desigual e regionalização na economia global


De acordo com a inserção na economia mundial, é possível identificar grandes conjunto de países. A
profunda desigualdade na participação no comércio mundial está relacionada com as mudanças nos
padrões da divisão internacional do trabalho.

Inserção desigual dos países na economia mundial


Os países não se inserem na economia mundial da mesma maneira. O atraso econômico de muitos
países é resultado de um processo histórico. O crescimento econômico das nações nos últimos séculos
se confunde com a própria história do desenvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI
estabeleceu uma divisão internacional do trabalho. Os países dominantes ficavam com a maior parte da
riqueza produzida, enquanto as colônias tinham a função de contribuir para a acumulação de capital nas
metrópoles.
A economia capitalista se desenvolveu concentrando riqueza e poder nas mãos das elites,
principalmente das potências dominantes, criando em contrapartida regiões pouco desenvolvidas
economicamente e pouco industrializadas, chamadas a partir da segunda metade do século XX de
subdesenvolvidas.
Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos países chamados subdesenvolvidos esteve
durante muito tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos naturais e humanos
impediu o seu crescimento econômico e seu desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo
processo, o crescimento econômico de uns foi conseguido em detrimento de outros.

75
TERRA, Lygia; et. al. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Moderna.

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Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais dividem o mundo em dois grandes grupos:
o dos países ricos, mais industrializados, desenvolvidos, com menores problemas sociais, e o dos
países pobres, menos industrializados, que contam com inúmeros problemas sociais, incluindo enorme
quantidade de pessoas que vivem em precárias condições de vida. Esses grupos não são homogêneos,
apresentando grandes diferenças.

Grandes conjuntos de países


Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra Mundial, passaram a investir na indústria,
ficando conhecidos como países em subdesenvolvimento. Como a Primeira Revolução Industrial
ocorreu no século XVIII e a Segunda Revolução Industrial no século XIX, esse processo é considerado
industrialização tardia ou retardatária. E o caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos
(Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China).
Os países ricos e pobres já receberam diversas denominações. Uma delas, a partir da década de
1980, refere-se à localização geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a ser chamados de países
do Norte, pois na sua maior parte encontravam-se no Hemisfério Norte. Os subdesenvolvidos,
localizados majoritariamente no Hemisfério Sul, ficaram conhecidos como países do Sul.
Mais recentemente, com a expansão e a internacionalização dos mercados, os países foram divididos
em países centrais, mercados emergentes (ou semiperiféricos) e países periféricos.
Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e Argentina), o processo de industrialização
apoiou-se no modelo de substituição de importações, que incluía a proteção do mercado interno, a
proibição da entrada de manufaturados estrangeiros e o fortalecimento de indústrias locais (nacionais e
transnacionais).
Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos, industrializaram-se a partir do modelo de
plataformas de exportação, no qual empresas transnacionais se instalam em determinado país e
passam a exportar sua produção para outros países, onde o produto final é montado.

Mudanças nos padrões de divisão internacional do trabalho


Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças nos padrões da divisão da produção e do
comércio internacional, com o crescimento da participação dos países em desenvolvimento nas
exportações de manufaturados.
No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, eram predominantemente
agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do trabalho essas economias estavam
assentadas principalmente na exportação de matérias primas ou produtos primários (agropecuários,
extrativos, minerais) para os países ricos. Por outro lado, os países subdesenvolvidos recebiam dos
países desenvolvidos produtos do setor secundário (industrializados) e do setor terciário (comércio,
capital, tecnologia). Os produtos exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor valor que os
exportados pelos países desenvolvidos. Na produção industrial e tecnológica estão os produtos de maior
valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada.
Desde as últimas décadas do século XX, os países em desenvolvimento têm encontrado algumas
brechas para produzir e colocar produtos manufaturados no comércio mundial. No entanto, em grande
parte, ainda exportam produtos que agregam apenas tecnologia tradicional.
O êxito no mercado internacional, com entrada significativa de divisas, não ocorre apenas para
produção e exportação de grande volume de mercadorias. O que importa mais é o valor agregado à
mercadoria. No caso, os países desenvolvidos agregam alta tecnologia.
A maior parte do aumento da participação dos países em desenvolvimento no mercado de bens
manufaturados provém da Ásia Oriental e do Pacífico.
Somente um pequeno grupo de países participa das exportações de alta e média tecnologia (China e
Taiwan, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Índia, além do México, na América Latina).
O mesmo acontece com as exportações de manufaturados com utilização de baixa tecnologia, nas
quais se destacam China, Taiwan, Coreia do Sul, México e índia.
Outros fatores como o custo dos transportes a distância entre os mercados mundiais influem no
comércio.

Nova divisão internacional do trabalho


Atualmente, tem-se estabelecido entre os países uma nova divisão internacional do trabalho,
destacando-se três grupos de países: os industrializados centrais, os industrializados semiperiféricos e
as economias periféricas, predominantemente agroexportadoras.

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Os países industrializados centrais iniciaram sua industrialização ainda no século XIX, formando
uma indústria nacional e consolidando um mercado interno. Atualmente fabricam e exportam produtos da
indústria de ponta (informática, aeroespacial e outras), os quais agregam alta tecnologia.
Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns países da Europa Ocidental (Alemanha,
França, Reino Unido, Itália, Holanda, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá.
O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália,
Reino Unido e Canadá) é conhecido como G-7. Em alguns casos a Rússia integra esse grupo, que passa
a ser denominado G-8.
Os países industrializados semiperiféricos formam um grupo muito diversificado e a maior parte
tem pouca porcentagem de participação nas exportações de produtos manufaturados.
Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus (como Polônia, Espanha, Portugal e
Grécia) ou ex-colônias europeias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam como espaços de
produção industrial anexos dos países centrais.
Alguns países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), como Rússia, Cazaquistão, Belarus
e Ucrânia, tentam se reorganizar industrialmente após o abandono do regime socialista.
Também fazem parte desse grupo países da América Latina, como México, Brasil e Argentina, que
fabricam e exportam produtos industrializados utilizando principalmente baixa e média tecnologia, mas
também exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e vegetais.
Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua participação nas exportações mundiais,
representando 31,5% do total em 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos tornando-se
a primeira potência comercial do mundo. Os Tigres Asiáticos constituíram uma indústria nacional voltada
para o mercado internacional, abastecendo-o com produtos de tecnologia avançada (computadores,
automóveis e aparelhos eletrônicos). Investimentos em educação produziram uma mão de obra
qualificada, embora barata.
Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto formado por Malásia, Indonésia, Filipinas e Tailândia, procuram
aumentar sua produção e exportação de manufaturados. Esses países se industrializaram na década de
1970, na mesma época da industrialização de Chile, Egito, Turquia, Ilhas Maurício, Venezuela, Colômbia,
Peru, Argélia e Marrocos.
Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais dinâmicos, que respondem por até 80% das
exportações dos países em desenvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia, são apenas sete: China,
Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Taiwan, México e Índia.
A China e a Índia, economias que têm crescido muito, integram-se ao esquema de produção e
comercialização fabricando, entre outros, partes de componentes para computadores ou carros.
Contando com um terço da população mundial e com grandes taxas de crescimento econômico, apesar
de apresentarem grandes problemas sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes
poderia redefinir o poder mundial.
Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da primeira metade do século XXI será
impossível ignorar a sigla Brics – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa).
Inicialmente, os quatro primeiros países constituíram o Bric, um grupo de cooperação que realizava
reuniões anuais com o objetivo de aumentar sua importância geopolítica no cenário mundial. Em 2011, a
África do Sul foi formalmente incluída no grupo, por apresentar desenvolvimento similar. Esses países
são considerados a elite dos mercados emergentes com crescente importância na economia global.
Segundo prognósticos, esses cinco países deverão estar entre as maiores economias do planeta,
desbancando potências como o Japão e a Alemanha.
Os países de fraca industrialização (ou periféricos) constituem-se de parte dos países asiáticos,
parte dos latino-americanos e a maioria dos africanos. Contando com pouca industrialização e tendo por
base uma economia agroexportadora, participam marginalmente do mercado mundial, fornecendo
principalmente produtos primários.
Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do Marfim), de tabaco (Zimbábue) e de
minérios, como o diamante (Botsuana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia). Na América Central e
América do Sul, Jamaica e Suriname exportam bauxita; a Bolívia, gás natural; e o Chile, cobre. Na Ásia,
o Sri Lanka depende das exportações de chá.
As cotações das commodities (mercadorias em estado bruto ou produtos primários) são fixadas pelos
países ricos, sendo constantemente depreciadas. Além disso, os países ricos mantêm um conjunto de
barreiras protecionistas e de subsídios agrícolas, desfavorecendo ainda mais os países periféricos.

Interesses econômicos e comércio internacional


Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a Conferência de Bretton Woods, realizada em 1944
nos Estados Unidos, estabeleceu novas regras financeiras e comerciais mundiais. O sistema monetário

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internacional utilizava o padrão-ouro para definir o valor das moedas a partir do peso do ouro ou
equivalente (1870-1914). A substituição do padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), definido
na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados Unidos a principal moeda internacional,
assegurando seu predomínio nos bancos centrais dos países e no comércio mundial. Os Estados Unidos
se comprometiam a trocar, sempre que necessário, dólares por ouro.
Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em dólar e em ouro para o Fundo Monetário
Internacional (FMI), um dos organismos criados nessa conferência, que tinha a função de garantir a
estabilidade do sistema financeiro para favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio mundial.
Posteriormente esse organismo passou a supervisionar as dívidas externas dos países.
Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi criado também o Banco Mundial, em 1945, que
financiou a reconstrução da Europa no pós-guerra. Atualmente realiza empréstimos para países
periféricos ou semiperiféricos. Uma das principais instituições que compõem o Banco Mundial é o Banco
Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird).
Na fase da globalização financeira, déficits na balança de pagamentos dos Estados Unidos levaram o
país a declarar, em 1971, que não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi estabelecido o padrão
financeiro de câmbio flutuante, adotando-se o sistema de taxas de câmbio flutuantes entre divisas.
Dessa maneira, abriu-se o caminho para os programas de reajuste estrutural, impostos pelo FMI aos
países periféricos, e para a liberalização do comércio externo. Os países subdesenvolvidos obtiveram
permissão para contrair empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países em
desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões de dólares oprimindo-os e impedindo-lhes o
desenvolvimento.
Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras, foram consideradas “odiosas” por alguns
economistas e organizações, pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo o pagamento de enormes
quantias tem sido insuficiente para quitar parte dessa dívida externa diante dos altos encargos de juros e
dos serviços da dívida (reembolso anual de capital e interesses vencidos). Estima-se que a África
Subsaariana pagou duas vezes o montante de sua dívida externa, entre 1980 e 1996, mas encontra-se
três vezes mais endividada. Sendo assim, os países pobres passam a depender de mais empréstimos de
instituições como o FMI e o Banco Mundial para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às
imposições de ajustes estruturais.
Outro organismo que estabelece regras para o comércio internacional, visando diminuir barreiras
comerciais, é a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995 em substituição ao Acordo
Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), de 1947. Em diversas negociações, esse organismo tem favorecido
os países mais industrializados, como entre 1986 e 1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, na Rodada
do Milênio; e, em 2001, na Rodada de Doha.
De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos – 13,5% para os Estados Unidos e Japão,
e 14,3% para os da União Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres (cerca de 30%). Isso se
deve ao fato de que a pressão da União Europeia e dos Estados Unidos foi maior para exportar seus
produtos industriais e serviços a taxas aduaneiras mais baixas do que a diminuição de subvenções e
créditos protecionistas aos seus produtos agrícolas. Esse fato acentuou ainda mais a desigualdade de
condições dos países no comércio mundial.
Por causa dessas dificuldades, outras organizações exercem um poder político importante no contexto
internacional. Esse é o caso da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o
Desenvolvimento (Unctad), que desde 1964 presta auxílio técnico aos países em desenvolvimento para
a integração no comércio mundial. Por considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países
apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos.
A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também é um bom exemplo de
organização paralela de defesa de interesses.

Fluxos do comércio internacional


Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio internacional tem apresentando crescimento
acelerado, ciclo que foi momentaneamente interrompido com a crise financeira dos Estados Unidos, no
final de 2008.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada desde 2001, estimulado
pela queda gradativa de juros e incorporação de segmentos da sociedade de renda mais baixa e com
dificuldade de comprovar sua capacidade de pagamento de débitos. Esses negócios estimularam o
mercado de títulos de maior risco até gerar uma reação em cadeia de inadimplência que quebrou o
mercado de créditos imobiliários. Essa crise imobiliária provocou uma crise mais ampla no mercado
financeiro americano, afetando o desempenho da economia mundial.

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Por causa dessa crise, as economias do mundo rico encolheram 3,2% em 2009 e cresceram, em
média, 2% em 2010. O desemprego também aumentou nesses países, atingindo patamares acima de
8%. Em contrapartida, no Bric, a crise teve um impacto menor.
Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente concentrado nos países mais ricos, e os
principais prejudicados da crise financeira foram os mais pobres. Segundo projeções do Banco Mundial,
o número de pessoas muito pobres será maior até 2020 do que poderia ser se o crescimento econômico
não tivesse diminuído desde 2008 e os programas sociais não tivessem sido afetadas.

4. Mercado Comum do Sul (Mercosul) e política externa brasileira;

Mercosul
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) começou a vigorar com o Tratado de Assunção, assinado em
1991 entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. No início, esse tratado estabeleceu uma zona de livre-
comércio ao liberar a circulação de mercadorias entre os países-membros por meio da eliminação de
tarifas alfandegárias e de restrições comerciais não tarifárias, como o estabelecimento de cotas de
importação de certos produtos. Por meio de acordos realizados depois, o bloco se converteu em uma
união aduaneira com os países-membros definindo uma tarifa externa comum (TEC) em relação às
nações não integrantes do bloco.
Acordos de livre-comércio também foram firmados com países vizinhos, que se incorporaram ao bloco
na condição de membros associados: Bolívia e Chile (1996), Peru (2003), Colômbia e Equador (2004).
Em 2012, o Paraguai foi suspenso pelo bloco em razão da deposição do governo de Fernando Lugo, e a
Venezuela foi aceita no Mercosul.
Embora o nível de integração entre os países do bloco ainda tenha um longo caminho a percorrer, a
sua criação promoveu um crescimento significativo do comércio entre os parceiros do bloco que,
atualmente, movimenta cerca de 63 bilhões de dólares (no início do acordo, esse valor era de apenas 10
bilhões de dólares). Aproximadamente 27 de todas as exportações e 34 das importações no Mercosul
são realizadas pelo comércio entre os próprios parceiros do bloco, sobretudo entre Brasil e Argentina, as
maiores economias da região.

Os impasses na integração76
Apesar dos avanços já alcançados, o processo de integração e fortalecimento das relações entre os
países do Mercosul enfrenta uma série de obstáculos e dificuldades. Inúmeras barreiras comerciais que
ainda são mantidas em certos se- tores considerados estratégicos para a economia dos países são
entraves para a livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas no interior do bloco. Isso
ocorre porque o estabelecimento de alguns acordos comerciais pode afetar negativamente a economia
de um ou outro país. A abertura do setor agrícola, por exemplo, afeta os agricultores brasileiros, menos
competitivos que os argentinos; a abertura do setor industrial, por sua vez, traz prejuízos aos empresários
argentinos, que sofrem os efeitos da concorrência da indústria brasileira, mais competitiva e avançada do
ponto de vista tecnológico.
Por outro lado, Uruguai e Paraguai reivindicam concessões econômicas a fim de compensar
assimetrias de mercados decorrentes de suas fragilidades econômicas. Juntas, as economias desses
países representam menos de 2 do PIB total do bloco. Essas assimetrias também são observadas em
indicadores como taxas de desemprego, inflação, renda per capita, endividamento externo, entre outros
fatores, que comprovam as imensas disparidades socioeconômicas entre os países-membros do bloco.
Problemas dessa ordem emperram o avanço das negociações e dificultam o estreitamento das relações
comerciais e diplomáticas necessárias para eliminar a adoção de medidas protecionistas, que dificultam
a plena integração entre os parceiros.

Mercosul OU Alca?
A integração do Mercosul também sofre ameaças que vêm do plano externo, sobretudo da política Li
dos Estados Unidos que busca minar o fortalecimento econômico do Mercosul na tentativa de consolidar
o projeto de criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), reunindo todos os países do
continente em um único bloco econômico.
A primeira reunião para a discussão da criação da Alca ocorreu em 1994, em Miami, Estados Unidos,
durante a 1ª Cúpula das Américas, quando participaram os 34 países do continente americano, exceto

76
RATTNER, Henrique. Mercosul e Alca: o futuro incerto dos países sul-americanos. São Paulo: Edusp, 2002. p. 109-119.

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Cuba. Idealizado pelo governo dos Estados Unidos, a constituição do bloco tem como objetivo área de
livre-comércio.
O projeto de implantação da Alca revela a retomada do interesse geopolítico e estratégico dos Estados
Unidos pela América Latina, como forma de ampliar sua hegemonia sobre essa região, marginalizada
durante quase toda a segunda metade do século passado, quando os interesses de Washington
estiveram voltados à Europa, palco central da Guerra Fria. Apesar de ter expandido sua hegemonia
comercial e financeira por todo o mundo, os EUA procuraram aumentar a sua participação no comércio e
nas transferências por serviços na América do Sul face à concorrência da União Europeia, cujos
investimentos na área do Mercosul cresceram muito nos últimos anos. [ .. ] Com a criação da ALCA, os
Estados Unidos concretizarão a integração subordinada do hemisfério ocidental, consolidando essa
imensa área de influência econômica e político-militar.
Além de assegurar o livre fluxo das exportações para a região, com centenas de milhões de
consumidores potenciais, o saldo superavitário assim conseguido ajudará a equilibrar os déficits dos EUA
com as regiões da União Europeia, Japão e China. [ ... ]
As negociações para a criação da Alca, no entanto, encontram muitas resistências, especialmente por
parte do Brasil, que possui a economia mais industrializada do continente, atrás apenas dos Estados
Unidos e do Canadá. Existe o temor de que a entrada na Alca possa provocar prejuízos ao setor industrial
brasileiro que não seria capaz de competir com o poderio das empresas estadunidenses, mais
competitivas e avançadas tecnologicamente. Por outro lado, os setores com maior destaque da economia
brasileira, como os de mineração, siderurgia e agroindústria (produção de açúcar e álcool, de suco
concentrado, carnes e seus derivados), são muito prejudicados pela imposição de barreiras
protecionistas, como subsídios, cotas, dumping, restrições fitossanitárias e administrativas praticadas
pelo governo estadunidense. Por conta disso, em vez de ingressar na Alca E condições desvantajosas,
a política externa brasileira tem buscado o fortalecimento do Mercosul, ampliando as relações políticas
e econômicas com esse bloco para obter vantagens em uma negociação com os Estados Unidos.

Política Externa Brasileira


O Brasil tem sua política externa regulamentada pelo artigo 4 da constituição federal de 1988. Segundo
a constituição, o poder executivo, liderado pelo presidente da república e seus ministros, tem a
responsabilidade de exercer a política externa, cabendo ao legislativo federal a aprovação dos tratados
internacionais e a aprovação dos embaixadores que são designados pelo presidente da república.
Cabe ao ministério das relações exteriores (MRE), que também e conhecido como Itamaraty, o
assessoramento do poder executivo para questões internacionais
Entre os tópicos propostos pelo documento, está a determinação de relacionamento com outros países
e órgãos multilaterais, dentro dos princípios de não intervenção, autodeterminação dos povos e
cooperação internacional, além da resolução pacífica de conflitos.
As ações desenvolvidas pelo país no século XXI demonstram uma nova posição frente as questões
enfrentadas, com um papel de liderança sendo incorporado pelo Brasil
O país tem dado ênfase na integração regional, com forte participação efetiva no MERCOSUL e
UNASUL.
No cenário internacional, tem-se destacados as missões de paz realizadas em conjunto com a ONU
em países como o Haiti e o Timor Leste, país no qual o Brasil possui uma forte influência. Um dos objetivos
do Brasil em relação à ONU é a obtenção de um assento permanente no Conselho de Segurança das
Nações Unidas. Atualmente Brasil, Alemanha, Índia e Japão desejam integrar o conselho, composto por
quinze membros, dos quais cinco são permanentes: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e
França.
Por suas dimensões e o caráter de potência emergente, com uma das maiores economias do mundo
(sétimo lugar segundo dados de 2012) o país tem tido participação em discussões que envolvem temas
como Desenvolvimento Sustentável, o comercio internacional e o combate à pobreza. Além das
discussões, o país demonstra desejo na reformulação de organizações como o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e organização das Nações Unidas (ONU). Por ser um país de língua Lusófona, o
Brasil participa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que busca uma cooperação
em assuntos militares, financeiros e culturais.
O Brasil tem participação em grupos políticos de países na mesma situação econômica e social, como
o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que reúne países emergentes. Apesar de não ser
oficialmente um acordo político e econômico, os países membros demonstram aproximação em diversas
áreas da política e da economia. O Brasil ainda faz parte do BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China)
e do IBAS (Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul).

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No plano econômico, o país tem como principais produtos de exportação o minério de ferro, aço, soja
e derivados, automóveis, cana-de-açúcar, aviões, carne bovina, café e carne de frango. O principais
produtos importados pelo Brasil são petróleo bruto, produtos eletrônicos, peças para veículos,
medicamentos, automóveis, óleos combustíveis, gás natural e motores para aviação.
Entre os países que mais compram produtos brasileiros estão China, Estados Unidos, Holanda,
Argentina e Alemanha.

5. Fontes energéticas;

Recursos Minerais e Fonte de Energia77

A Natureza como Fonte de Recursos: As sociedades e suas técnicas


Ainda que o desenvolvimento das técnicas, acompanhado do expressivo avanço do conhecimento
científico dos últimos dois séculos tenha se tornado uma característica marcante dos mais diversos
setores da nossa sociedade, não podemos esquecer que nem todas as sociedades evoluíram
tecnicamente da mesma forma. Ainda hoje, existem diversas delas que garantem sua subsistência por
meio de técnicas rudimentares e pouco elaboradas. Como exemplo, temos as agrícolas tradicionais, que
vivem da caça, da pesca e da coleta, e se dedicam quase que exclusivamente ao cultivo de subsistência,
e as sociedades que sobrevivem do pastoreio nômade.
Ao longo de sua história na Terra, o ser humano vem acumulando e adquirindo novos conhecimentos
e habilidades, assim como, aprimorando e desenvolvendo instrumentos e técnicas de trabalho para extrair
da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. Além disso, necessita garantir sua existência
por meio da produção de alimentos, construção de moradias, fabricação de roupas, utensílios,
ferramentas de trabalho, etc.
Nos últimos dois séculos, porém, com os constantes avanços científicos e tecnológicos da sociedade
capitalista industrial, as condições técnicas foram aprimoradas a um ritmo jamais alcançado antes. Ao
serem aplicadas no processo produtivo, essas técnicas ampliaram de forma extraordinária a capacidade
humana de intervir e, consequentemente, de explorar com maior intensidade os recursos naturais, a
exemplo dos solos, crescentemente aproveitados para a formação de lavouras e pastagens e das fontes
hídricas, cada vez mais exploradas para pesca, navegação, irrigação de cultivos, abastecimento de
cidades ou, ainda, para a geração de energia elétrica.
Tudo o que a sociedade humana utiliza para produzir os bens de que precisa ou de que faz uso são
obtidos de elementos existentes na natureza, também chamados recursos naturais.

“Falar de recursos naturais é falar de recurso que, por sua própria natureza, existem
independentemente da ação humana e, assim, não estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de
quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record,
2004, p.66).

A exploração dos recursos naturais promovida pelas atividades humanas começou a se tornar mais
intensa nos últimos 250 anos, a partir da Revolução Industrial. A expansão da produção econômica,
apoiada principalmente no desenvolvimento das atividades industriais, promoveu o aumento da produção
em larga escala, exigindo, como consequência, a utilização cada vez maior de matérias primas e de fontes
energéticas cuja exploração alcançou níveis sem precedentes em toda a história.
Com o advento da sociedade industrial e o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o
aumento crescente da produção, arraigou-se na sociedade capitalista a ideia da natureza como
fornecedora de recursos econômicos, vistos como bens que podem ser explorados a fim de gerar riquezas
e lucros. Com essa mentalidade estritamente econômica, a natureza passou a ser tratada como um
simples estoque de matérias-primas, fonte inesgotável de recursos necessários para sustentar e garantir
a própria reprodução do modo de produção.
Dessa forma, a lógica que sustenta o industrialismo econômico em expansão ao longo dos últimos
séculos está centrada na concepção de natureza como recurso infinito e inesgotável. Isso significa,

77
ANGLO: GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. São Paulo, 4ª edição: Anglo.
COLEÇÃO OBJETIVO – Sistema de Métodos de Aprendizagem – ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.
MARTINEZ, Rogério. Novo olhar: Geografia. Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. 1ª edição. São Paulo: FTD, 2013.
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

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portanto, que o sistema econômico moderno está organizado e orientado para a utilização cada vez mais
eficaz da natureza e de seus recursos. Assim, pode-se dizer que as raízes do intenso processo de
degradação da natureza e o agravamento dos problemas ambientais que presenciamos em nossa época
ligam-se diretamente a esse modelo econômico predatório do ponto de vista ambiental.

De maneira geral, os recursos naturais podem ser classificados ou agrupados e duas categorias:
Recursos Naturais Renováveis: aqueles que podem ser repostos ou recriados (renovados) pela
natureza em um período de tempo relativamente curto, desde que utilizados de maneira racional. Entre
esses recursos estão florestas, solos e fontes hídricas (rios, lagos, oceanos);
Recursos Naturais Não Renováveis: aqueles que não podem ser repostos pela sociedade e que
levam milhões de anos para serem repostos pela natureza. Os minerais, como bauxita, ferro, ouro, etc.;
e os combustíveis fósseis, como o petróleo, são exemplos de recursos que vão se esgotando à medida
que são extraídos da natureza.
De modo simples, podemos entender por indústria “o ato de transformar, com ajuda de um certo
trabalho, a matéria-prima em bens de produção e consumo”.

As indústrias podem ser divididas em:

a) Extrativas: Aquelas que extraem certos produtos da natureza, sem, contudo, alterar suas
características. Compreendem dois tipos principais: a indústria extrativa vegetal e a indústria extrativa
mineral.

b) De Transformação: São aquelas que transformam as matérias-primas em bens. Compreendem


dois tipos: as indústrias de bens de consumo e as indústrias de bens de produção.
A importância da mineração no contexto da economia nacional é reforçada quando se verifica o valor
da produção da indústria de transformação mineral (metalurgia, siderurgia, fertilizantes, cimento,
petroquímica, etc.).

Os recursos minerais, as fontes de energia e os impactos ambientais


Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar basicamente dois tipos de minerais: os fósseis e os não-
fósseis. Os minerais fósseis são aqueles originários da decomposição de restos de animais e vegetais
que ficaram depositados em camadas de rochas sedimentares como o carvão, o petróleo e o xisto. Já os
minerais não-fósseis são os compostos químicos metálicos e não-metálicos que se consolidaram no
interior das rochas, geralmente cristalinas, como, por exemplo, o ouro, o manganês, o ferro, o silício, o
caulim.
Isso significa que os diversos elementos vão surgir em uma determinada região, de acordo com o tipo
de formação geológica do local. É evidente que, quanto maior for a área de um país, maior será a
possibilidade desse país contar com todos os tipos de rochas e assim possuir todos os tipos de minerais.
Entretanto, mesmo para um país de enormes dimensões como o Brasil, que contém todos os tipos de
rochas, os minerais não surgirão na quantidade que a nossa economia exige. Assim, poderíamos
classificar os minerais quanto à disponibilidade em três tipos:
a) abundantes: aqueles que surgem em enormes quantidades, sendo usados tanto internamente
quanto exportados, como por exemplo, o ferro, o manganês, o alumínio, o nióbio.
b) suficientes: os que existem em quantidade suficiente apenas para o abastecimento interno, não
podendo ser exportados.
c) carentes: aqueles cuja quantidade seja insuficiente para atender às necessidades internas como,
por exemplo, o carvão mineral.

Tipos de recursos minerais


Recursos minerais metálicos Recursos minerais não-metálicos
Ferro, alumínio, cromo, manganês, titânio e Minerais para uso químico, fertilizantes e
magnésio. usos especiais
Cloreto de sódio, fosfatos, nitratos, enxofre,
etc.
Cobre, chumbo, zinco, tungstênio, ouro, Materiais de construção
estanho, prata, platina, urânio, mercúrio, Cimento, areia, cascalho, gipso, amianto, etc.
molibdênio, etc.
Combustíveis fósseis

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Carvão, petróleo, gás natural e folhelho (xisto)
betuminoso.
Água
Lagos, rios e água subterrânea.

A importância dos Recursos Minerais


Os recursos minerais são vitais para o desenvolvimento de um país, por sua importância como matéria-
prima para a indústria – em particular para os setores industriais de base, como a metalurgia e a química
pesadas (assim qualificadas por utilizarem muita matéria-prima. Na primeira, destacam-se as unidades
produtivas voltadas para a fabricação de metais como aço, alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na
segunda, aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como o sulfúrico, o nítrico e o clorídrico.
Minerais metálicos e não-metálicos
Como observamos, segundo a sua composição, os recursos minerais classificam-se como
metálicos – como ferro, manganês, cobre e estanho. E não-metálicos – como enxofre, calcário e
cloreto de sódio.
As rochas em cuja composição a incidência de minerais metálicos é suficiente para viabilizar sua
exploração econômica denominam-se minérios metálicos. São exemplos a hematita (minério de
ferro), a bauxita (minério de alumínio) e a cassiterita (minério de estanho).

A produção siderúrgica é uma das mais importantes no processo industrial brasileiro. Sua implantação,
porém, é de custo muito elevado, o que fez com que o Estado assumisse essa incumbência nas décadas
de 1940 a 1970.
O minério de ferro é a base da produção do aço, o que explica a implantação das siderúrgicas bastante
próximas das grandes jazidas desse minério.
Como as produções minerais têm caráter estratégico no processo industrial, historicamente os países
desenvolvidos buscaram controlar reservas minerais dentro e também fora dos seus limites territoriais. A
ação das suas empresas mineradoras é bastante sensível nos países subdesenvolvidos, que dispõem de
grandes reservas minerais mas de recursos escassos para explorá-las.
O Brasil, enquadrado nessa descrição, teve de acolher muitas empresas estrangeiras do setor mineral.

A produção mineral brasileira


O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em quantidade e diversidade de recursos minerais,
dentre os quais se destacam os minérios de ferro, de estanho, de manganês e de alumínio.
Um aspecto revelador da importância dessa atividade na economia brasileira é a participação relativa
da sua produção e da produção dos metais no total exportado pelo país, destacando-se dentre as
exportações os minérios de ferro, de alumínio e de manganês e, entre os metais, o aço e o alumínio.
A dependência externa do setor mineral é relativamente pequena (ao contrário do que ocorre com os
recursos energéticos, como o petróleo e o carvão), porque o Brasil importa apenas alguns produtos cuja
produção nacional ainda não basta para atender as exigências do mercado interno, como cobre, enxofre
e mercúrio.

Os principais minérios do Brasil

Ferro:
O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus principais minérios são:
Magnetita, com 72,4% de teor de ferro;
Hematita, com 70,0% de teor de ferro;
Limonita, com 59,9% de teor de ferro;
Siderita, com 48,0% de teor de ferro.
A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no final do século XVIII e o seu aproveitamento
teve início na segunda década do século XIX, em Minas Gerais.
Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das reservas mundiais, classificando-se em 5º lugar entre os países
detentores do maior volume de minério. Porém, devido ao alto teor de ferro contido em seus minérios, do
tipo hematita e itabirito (60%), o Brasil ocupa posição privilegiada em relação ao ferro produzido
mundialmente. Entre os produtores e exportadores, o Brasil coloca-se entre os maiores.
As grandes jazidas do Brasil encontram-se em Minas Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará (Serra dos
Carajás) e Mato Grosso do Sul (Morro do Urucum).

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Manganês:
O manganês é um metal encontrado na crosta terrestre em formas combinadas (óxidos, silicatos,
carbonatos, etc.). A quantidade de minerais de manganês é muito grande (mais de 100), sendo o principal
a pirolusita.
A principal utilidade do manganês (95%) é na indústria siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de minério
de manganês para cada 1 tonelada de aço. Devido ao seu grande emprego, é um minério considerado
estratégico, sendo que os maiores consumidores (EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Japão) não
possuem grandes reservas, exceto a Rússia.
As reservas brasileiras são cerca de 53.790 mil toneladas (cerca de 1,07% das reservas mundiais). As
principais jazidas estão: na Serra dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro (MG).
O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás da África do Sul (a maior do mundo), Ucrânia, Gabão,
China e Austrália.

Outros Minérios

Alumínio
O alumínio é um metal branco, leve e que não se deixa tocar pela corrosão. É utilizado pela indústria
elétrica, material de transporte, construção civil, utensílios domésticos, etc.
O principal minério é a bauxita. De um total de reservas mundiais de 28,8 bilhões de toneladas, o Brasil
possui depósitos de bauxita de boa qualidade avaliados em 3,8 bilhões de toneladas, ou seja, 13,5% do
total, sendo o terceiro país em reservas de alumínio. Os depósitos encontram-se principalmente nas áreas
do rio Trombetas, de Paragominas, Juriti e Almerim, todas na região Amazônica, e em Poços de Caldas
e Muriaé (MG), Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Em 1996 houve um acréscimo de
20,5% na produção brasileira (aproximadamente 2 milhões de toneladas), principalmente em razão do
incremento na produção da Mineração do Rio do Norte S.A. (MRN), uma das mais importantes empresas
produtoras, respondendo por 78,6% do total produzido pelo país naquele ano. Outra grande empresa é a
Companhia Brasileira de Alumínio S.A. (CBA), com 10,1% do total de 1996.
No que se refere ao metal propriamente dito, o alumínio (metal primário), a produção brasileira
apresentou uma variação não muito significativa, passando de 1,18 pra 1,19 milhão de toneladas, mas
que nos situou em quinto lugar (5,8%) na produção mundial.

Cobre
É um metal conhecido desde os primórdios dos tempos da metalurgia, em razão da facilidade de sua
obtenção e pelo seu poder de combinação com outros metais, resultando em famílias de bronzes, latões
e alpacas.
Tem por características principais a dificuldade de corrosão, alto grau de condutibilidade térmica e
elétrica, maleabilidade tanto a quente quanto a frio e é facilmente soldável. Tornou-se o terceiro metal de
maior consumo, sendo superado apenas pelo ferro e pelo alumínio.
Os principais minerais do cobre são sulfetos contendo de 0,5% a 2,0% de cobre (a calcopirita ou cuprita
é um dos mais importantes).
As principais reservas de cobre do mundo estão situadas no Chile, com 27,3%, e Estados Unidos, com
15,1%, perfazendo quase metade das reservas mundiais (42,4%). Entretanto, uma razoável quantidade
desses minérios encontra-se nos países do terceiro mundo, fazendo destes os maiores fornecedores para
os países do primeiro mundo (maiores consumidores).
O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma produção de 46.000 t, que representa, aproximadamente,
0,4% da produção mundial, tem nesse metal uma de suas principais carências, sendo um importante
comprador no mercado mundial.
As maiores jazidas de minério de cobre no Brasil são a de Camaquã (RS), a de Caraíba (BA) e a de
Carajás (Pará).
Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil são: o Chile, o Canadá, o Peru e o México.

Estanho
Metal brilhante de aparência semelhante à prata. Extremamente maleável, facilmente amoldável e
fusível (dos metais é o que tem um dos mais baixos pontos de fusão). O estanho é conhecido desde a
Grécia Antiga e era ali considerado precioso juntamente com o ouro e a prata. Geralmente é utilizado na
indústria elétrica, na fabricação de ligas metálicas, empregado com o revestimento em outros metais a
fim de evitar a corrosão (principalmente nas folhas-de-flandres). Até meados dos anos 60, o Sudeste
Asiático reunia os maiores produtores do metal, com Malásia, Indonésia, Tailândia e China entre os mais
importantes. Nessa época, a maior exploração brasileira era realizada por garimpagem no Estado de

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Rondônia. Em 1971, a garimpagem foi proibida e uma modificação na estrutura produtiva resultou num
aumento significativo da produção brasileira, tendo-se o estanho tornado o principal metal não-ferroso a
suprir a demanda interna (consumo local), passando a ser exportável.
Os maiores produtores do minério de estanho no Brasil, a cassiterita, são os Estados do Amazonas,
responsável por 60%, e Rondônia, com 40% (estanho contido). Em relação à produção do estanho
metálico, São Paulo é o principal responsável, com a empresa Mamoré e Metalurgia S.A. respondendo
por 83% dessa produção e a ERSA de Ariquemes – RO com 14%.

Chumbo
O chumbo é um metal conhecido desde a Roma Antiga e possui certos caracteres marcantes que o
diferencia de outros metais: baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a ser facilmente riscado pela
unha) e possui uma alta capacidade de combinação com outros metais, originado ligas com as mais
diversas aplicações. É utilizado na indústria de baterias, cabos e isolantes para instalações nucleares. Ao
contrário de outros metais, tem tido o seu uso reduzido (como aditivo na gasolina).
O minério de onde mais se extrai o chumbo é a galena (sulfeto de chumbo – PbS).
As reservas brasileiras desse metal são pouquíssimas e pouco significativas, somando, em metal
contido, algo em torno de 350 mil toneladas.

Ouro:
Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e trabalhado pelo homem em razão de suas propriedades
como dureza, maleabilidade, ductilidade e um dos metais de mais antiga exploração na América e
também no Brasil. Utilizado na indústria de ferramentas médicas, ourivesaria e na indústria eletrônica de
precisão.
A exploração de ouro no País de faz principalmente por garimpagem (ouro de aluvião, o mais
frequente) principalmente nos rios da Amazônia, o que tem trazido sérios problemas de destruição
ambiental em função do excesso de mercúrio lançado aos rios.
Os maiores produtores mundiais de ouro são: África do Sul, Estados Unidos, Austrália e Rússia. O
Brasil, no ano de 1996, apresentou uma redução de 6% em relação ao ano anterior, tendo produzido 60
toneladas, com 41 toneladas de participação de empresas de mineração (41 no total, entre elas a CVRD,
Grupo Morro Velho, Rio Paracatu Mineração, Mineração Serra Grande) e 19 toneladas dos garimpos.
Nossas principais áreas produtoras estão em Minas Gerais, na Serra de Paracatu e Quadrilátero
Ferrífero, Goiás e no Estado da Bahia. O Pará, após a grande produção na mina a céu aberto de Serra
Pelada, viu suas reservas acabar rapidamente.

Sal Marinho
Ocupa uma posição de destaque no setor da indústria extrativa mineral; é utilizado na pecuária, na
alimentação humana e na indústria química.
As principais áreas produtoras são Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Fontes de Energia

Energia Renovável e Não-Renovável


A maior parte da energia produzida no mundo (mais de 80%) é obtida de fontes não-renováveis, isto
é, que não podem ser repostas –como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) e
os minérios radioativos (urânio, tório). Dentre as fontes renováveis, ainda pouco aproveitadas, destacam-
se a energia elétrica de origem hidráulica e a biomassa (que abrange, entre outras matérias orgânicas, a
lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana).
O Brasil é relativamente pobre em recursos energéticos não-renováveis: as suas reservas de minerais
radioativos são expressivas, mas as de combustíveis fósseis são relativamente pequenas. Entretanto o
país é muito rico em recursos energéticos renováveis, principalmente de origem hidráulica, pois é bem
servido de rios planálticos, com muitas quedas-d’água, e assim as bacias hidrográficas em geral têm
levada potência hidrelétrica.

Petróleo: Origem e Importância


Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais (plâncton) depositaram-se no fundo
de mares e lagos. Sofrendo intensa sedimentação, calor, pressão e a ação de microrganismos, essa
matéria orgânica transformou-se em petróleo – um óleo natural, constituído principalmente de
hidrocarbonetos, necessário tanto para a obtenção de gasolina, óleo diesel, querosene e gás de cozinha,

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como para a fabricação de plásticos, borrachas sintéticas, fertilizantes, inseticidas, pesticidas e alguns
tipos de medicamentos e produtos químicos.

A exploração econômica de uma jazida petrolífera depende de uma conjunção de fatores:


existência de rocha-mãe, condições propícias à transformação química e bioquímica (temperatura e
pressão), ocorrência de processos migratórios (presença de água), existência de rocha porosa e de
estruturas acumuladoras (suaves dobramentos).
Como fonte de energia e matéria-prima, trata-se de um produto estratégico, por ser indispensável para
os transportes e as indústrias em todo o mundo. Em razão disso, em praticamente todos os países, sua
exploração só pode ser realizada, mesmo por empresas privadas, com autorização governamental – ou
melhor, ela é regulamentada pelo Estado. Não-renovável e distribuído de forma desigual pela natureza,
o petróleo ganhou tal importância no contexto econômico mundial ao longo do século XX, que já motivou
diversos conflitos internacionais.

O Petróleo no Brasil
A história do petróleo no Brasil confunde-se com a da Petrobras, criada pelo governo Getúlio Vargas
em 1953, numa conjuntura política marcada pelo nacionalismo. Em defesa da soberania nacional na
exploração do petróleo presente no sobsolo brasileiro, estabeleceu-se que a empresa responsável pelo
setor seria uma companhia mista, devendo pertencer à União, por lei, no mínimo 51% das suas ações.
Nos artigos da Constituição de 1988 referentes às atividades petrolíferas sob monopólio estatal,
observa-se que os contratos de risco (autorizados na década de 1970) foram eliminados, o que impediria
a participação de empresas particulares, nacionais ou estrangeiras, no processo de prospecção e lavra
do petróleo, em território nacional.
Com as transformações de cunho neoliberal que marcaram os anos de 1990 no país, o monopólio
estatal do petróleo passou a ser questionado por poderosas forças políticas e econômicas nacionais.
Assim, por uma emenda constitucional de 1995, aprovada no Congresso Nacional em dois turnos
(primeiro na Câmara Federal e depois no Senado), a União agora pode contratar empresas privadas ou
estatais, nacionais ou estrangeiras, para atuar no setor petrolífero, que a Petrobrás dominou com
exclusividade por 42 anos.
Entretanto, a importância dessa empresa, que é a maior da América Latina, não deve diminuir. Além
de não haver concorrente nacional ou internacional capaz de lhe fazer frente na exploração do petróleo
brasileiro, ela atua, por meio de subsidiárias, também nos setores de distribuição de derivados (Petrobrás
Distribuidora), produção petroquímica (Petroquisa), prospecção e exploração de petróleo no exterior
(Braspetro), entre outros.

As Reservas e Produções Brasileiras de Petróleo


As reservas de petróleo do Brasil já comprovadas são de aproximadamente 12 bilhões de barris.
Comparadas com as das grandes áreas produtoras no mundo – como o Oriente Médio, cujas reservas
são pequenas, mas a nossa produção (em torno de 1,7 milhão de barris/dia) supre cerca de 90% do
consumo interno.
A maior parte dessa produção provém da plataforma continental, destacando-se dentre as principais
áreas produtoras as bacias dos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (Recôncavo Baiano),
Ceará, Espírito Santo, Alagoas e, mais que todas elas, a bacia de Campos, no Rio de Janeiro, responsável
por mais da metade da produção nacional.
Foi sobretudo graças à intensificação dos trabalhos de prospecção em águas profundas, em particular
nessa bacia, que as reservas brasileiras saltaram de aproximadamente 760 milhões de barris, em 1975,
para o volume atual.

Programa Nacional do Álcool – Proálcool


O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi definido em 1975 e teve sua implantação acelerada em
1979, com o segundo choque do petróleo, cujos efeitos desastrosos se pretendia minimizar usando álcool
como fonte energética alternativa – seja misturado à gasolina em substituição ao chumbo tetraetila,
altamente poluente, à proporção de 23% (álcool anidro, isto é, sem água), seja substituindo a própria
gasolina (álcool hidratado ou etanol), como combustível de veículos especialmente fabricados para esse
fim.
Para expandir a produção, era preciso ampliar a cultura da cana-de-açúcar, e o governo canalizou
esforços para as tradicionais áreas de concentração das usinas, como o planalto Ocidental Paulista e a
Zona da Mata nordestina.

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O setor usineiro, interessado em ampliar a produção e o mercado, aderiu à proposta governamental,
incluindo-se entre os beneficiários dos investimentos destinados aos setores ligados à produção do álcool
no país, na forma de créditos ou subsídios, num montante que se acredita ter superado 10 bilhões de
dólares.
Todas as metas estabelecidas foram cumpridas e até extrapoladas. Para se ter uma ideia, em 1985,
no auge do programa, cerca de 91% dos veículos produzidos no país eram movidos a álcool. Mas, a partir
de 1986, com o declínio dos preços internacionais do petróleo, o resultado de tanto esforço começou a
cair por terra, e vários aspectos do Proálcool foram questionados, especialmente os seguintes:
* Em muitos casos, a expansão da cultura da cana ocupou espaços agrícolas antes usados para o
cultivo de gêneros alimentícios;
* O álcool substitui a gasolina, mas não o petróleo, e sua produção depende de derivados petrolíferos,
pois os caminhões que transportam a cana e distribuem o álcool são movidos a diesel;
* O uso do álcool gerou excedentes de gasolina de difícil comercialização, uma vez que os baixos
preços desse derivado no mercado internacional eram incompatíveis com os altos custos da Petrobrás.
Nesse contexto, a manutenção do Proálcool passou a depender de subsídios governamentais e da
vontade política da Petrobrás de arcar com pesados prejuízos na sua revenda.
No início dos anos de 1990, entre outras medidas drásticas, o governo orientou as montadoras de
automóveis a priorizar a produção de carros a gasolina – e em 1996(quando o barril de álcool custava 34
dólares, contra 19 dólares do barril de gasolina) apenas 4,6% dos veículos produzidos no Brasil eram a
álcool.
A situação agravou-se em 1997 com a resolução do governo de suspender os subsídios direcionados
ao setor produtor de álcool, ameaçando a sobrevivência de muitas usinas em funcionamento no país.
Nos anos 2000, a produção de álcool combustível cresceu de forma bastante rápida, tanto no Brasil
como no resto do mundo, o que resultou em uma produção da ordem de 46 bilhões de litros. Entre os
fatores responsáveis por tal crescimento está a elevação acelerada nos preços mundiais do petróleo, o
que levou a uma maior procura por fontes alternativas e, no Brasil, a criação de carros bicombustíveis
(flex), expandido o mercado consumidor interno de álcool.

Carvão Mineral
O carvão mineral é um combustível fóssil originado do soterramento de antigas florestas, em ambiente
com pouco oxigênio, particularmente no período Paleozoico (permocarbonífero). Dependendo das
condições ambientais e da época da sua formação, ele pode ser encontrado em diferentes estágios, como
a turfa, o linhito, a hulha e o antracito.
As reservas brasileiras são relativamente pequenas e de baixa qualidade, pois apresentam, como
regra, baixo poder calorífico e alto teor de cinzas, o que dificulta seu aproveitamento como fonte
energética ou como matéria-prima no setor siderúrgico.
Em razão dessas deficiências, o país importa 50% do carvão mineral que consome.
As maiores reservas de carvão mineral do Brasil ocorrem nos terrenos permocarboníferos do Sul.
O carvão brasileiro tem baixa qualidade, é altamente poluente, e seu aproveitamento envolve elevados
custos de transporte. Por isso, só foi cogitado seriamente como fonte energética em épocas de crise.
Foi o que se viu na década de 1970, quando os choques do petróleo fizeram que se atentasse para as
reservas sulinas, particularmente as de carvão vapor, antes tratadas como entulho, por falta de consumo.
Para incrementar a produção e o consumo, foram então adotadas diversas medidas, como: oferta de
financiamentos e facilidades às companhias carboníferas que elevassem o nível técnico da extração;
instalação de termoelétricas, sobretudo próximo às áreas produtoras de carvão ( o que explica a
concentração de tais usinas no sul do país); incentivos à vários setores industriais para substituírem o
óleo diesel por carvão vapor no processo de aquecimento das caldeiras (caso das indústrias de cimento);
desenvolvimento no setor carboquímico, para aproveitamento dos subprodutos derivados no processo de
extração do carvão (caso da pirita carbonosa, composta de ferro e enxofre).

O Gás Natural
As reservas de gás natural do Brasil, em 2005, eram relativamente pequenas, da ordem de 326 bilhões
de metros cúbicos, o que correspondia a cerca de 40% das reservas de hidrocarbonetos no país. O
consumo também era relativamente pequeno: a participação do gás natural na matriz energética brasileira
era próxima de 4,8%, apenas, sobretudo porque ele foi historicamente tratado no país como fonte
energética de importância secundária.
Por volta de 2007, graças ao avanço tecnológico dos equipamentos que possibilitavam o uso do gás
natural, o Brasil, acompanhando uma tendência mundial, procurou estimular o aumento da produção e
do consumo interno desse produto, visto ser o menos poluente dos combustíveis fósseis.

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Em 1993, foi assinado com a Bolívia um acordo de fornecimento com a intenção de provocar
expressiva elevação da participação dessa fonte na matriz energética nacional.
Segundo o Anuário 2005, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), O Brasil importou em 2004 cerca de
8 bilhões de m³ de gás natural, o que representou 46% do consumo total do país.

Lenha e Carvão Vegetal


A produção de lenha e carvão vegetal é ainda bastante expressiva no Brasil. A lenha é utilizada
principalmente no âmbito doméstico, sendo mais da metade de seu consumo (cerca de 56%) verificado
na região Nordeste. O carvão vegetal é empregado sobretudo no setor siderúrgico, sendo mais da metade
do seu consumo (cerca de 53%) observado no estado de Minas Gerais.
O uso desses dois produtos tem sido apontado como uma das causas do intenso desmatamento que
ocorre em nosso território. Para compensar a perda das florestas nativas, nas áreas siderúrgicas de Minas
Gerais, as empresas do setor passaram a ser obrigadas a desenvolver um acelerado processo de
reflorestamento.

Desde o início do processo de ocupação colonial, as florestas brasileiras vêm sendo destruídas
para ser utilizadas como fonte de energia, na forma de lenha ou carvão vegetal. O absurdo é que,
depois de cinco séculos, ainda exista esse tipo de utilização da vegetação que resta no país.

Exploração Mineral e Problemas Ambientais


A formação das jazidas minerais resulta de processos geológicos que ocorreram ao longo de milhões
de anos. Elas constituem recursos esgotáveis e, se forem mantidos os atuais níveis de exploração
mineral, em pouco tempo poderão faltar matérias-primas essenciais à transformação industrial.
Em várias regiões do mundo já são encontradas gigantescas áreas nas quais havia exploração
mineral. Essas jazidas esgotadas ficam, muitas vezes, abandonadas, deixando um rastro de imensas
crateras, nas quais o processo de erosão tende a intensificar os danos ambientais. Em diversos países,
as mineradoras que encerram suas atividades em determinada área de extração são obrigadas, por lei,
a reflorestá-la. Contudo, esse reflorestamento não garante a recuperação do hábitat natural.
No Brasil, as mineradoras simplesmente abandonam as jazidas que se tornaram economicamente
inviáveis, o que agrava os danos ambientais. O esgotamento de jazidas também aumenta as tensões
sociais, pois deixa um grande número de trabalhadores sem emprego e, portanto, sem condições de
sobrevivência.
Durante o processo de exploração, os problemas ambientais são imensos. Para dar início à exploração
é necessária a devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que faz parte
do seu ecossistema. Outro problema são os rejeitos – aquilo que não tem utilidade econômica numa
jazida – depositados em qualquer local e transportados pelo ventou ou pela água das chuvas para outros
lugares, atingindo os rios e provocando o assoreamento dos seus leitos.
Assoreamento é a deposição de sedimentos no leito de um rio, os quais podem impedir a livre
circulação das águas, provocar cheias em determinados trechos e vazantes em outros. Os trechos
assoreados acumulam dejetos dos mais diversos tipos, cuja decomposição contribui para a poluição das
águas.
No Brasil, boa parte do garimpo de ouro ocorre em rios da Amazônia e do Pantanal. Os garimpeiros
utilizam o mercúrio para agregar as pepitas menores, espalhadas na água. Depois de agregadas, o
material é aquecido, o que permite separar o ouro do mercúrio.
O mercúrio é um metal líquido, altamente tóxico e, dependendo da quantidade ingerida pelo organismo
humano, pode comprometer o sistema nervoso, provocar cegueira, debilidade mental e levar a pessoa à
morte. Atinge, em primeiro lugar, o próprio garimpeiro; e, seguida, os peixes e a fauna do rio em que o
garimpo é feito; e, por fim, as populações ribeirinhas e todos os que consomem o produto da pesca do rio
contaminado.
Entre os diversos minerais explorados, o petróleo é, sem dúvida, o grande vilão do ambiente. Além da
poluição causada pelo consumo de seus múltiplos derivados, são cada vez mais frequentes as tragédias
ambientais decorrentes tanto do processo de extração como de distribuição. O derrame de óleo por navios
petroleiros, que forma as chamadas “marés negras”, e o rompimento de oleodutos têm causado impactos
ambientais de difícil reparação.
Entre o final do século XX e o início deste século, já ocorreram no Brasil diversos acidentes
relacionados à extração e ao transporte de petróleo, como o naufrágio da plataforma P-36, na bacia de
Campos (RJ) – principal região de produção petrolífera do país; e o rompimento do oleoduto da refinaria
de Araucária (PR), que provocou o vazamento de cerca de um bilhão de litros de óleo para os rios Birigui
e Iguaçu.

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Um desses acidentes – o rompimento de um duto da refinaria de Duque de Caxias (RJ), que, em
janeiro de 2000, poluiu a baía de Guanabara – é considerado o maior desastre ambiental marítimo do
país; grande quantidade de óleo atingiu os manguezais, provocando a morte de muitos animais e
vegetais. Esse acidente afetou a atividade pesqueira na região e a vida de milhares de pescadores.
Os sucessivos governos brasileiros ainda não adotaram uma ampla política para a exploração racional
dos recursos minerais, a qual priorizasse o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da
natureza e a conservação dessas jazidas.

A sociedade de consumo e o consumismo


O modelo de acumulação capitalista calcado na obtenção de lucros se reproduz, em grande parte, no
aumento crescente dos níveis de produção e de consumo de bens e serviços. Mas essa expansão da
sociedade de consumo em escala também crescente pode ser apontada como uma das causas
estruturais da degradação ambiental contemporânea promovida pelo capitalismo.
A cultura do consumo, que se coloca como condição básica para a manutenção do mercado, depende
do aumento da produção, o que, por sua vez, aumenta a pressão sobre os recursos naturais, acarretando
os mais avariados impactos e problemas ambientais. Embora o consumo seja condição vital para que as
pessoas satisfaçam suas necessidades básicas de sobrevivência (alimentos, roupas, medicamentos,
moradias, escolas, hospitais, etc.), o modelo econômico e a lógica do mercado têm estimulado as pessoas
a consumir exageradamente, o que nos permite dizer, portanto, que estamos vivendo em um mundo cada
vez mais consumista.
Associado a um conjunto de práticas sociais, culturais e econômicas, esse comportamento consumista
está inserido na lógica mercantil, sendo motivado por causas múltiplas. Na disputa pelo domínio de fatias
cada vez maiores do mercado, os segmentos produtivos utilizam inúmeros mecanismos e estratégias de
venda. Por meio do marketing, por exemplo, anúncios publicitários veiculados na mídia (rádio, televisão,
jornais, revistas, outdoors, etc.) procuram estimular o consumo, despertando nas pessoas o desejo de
adquirir mais e mais produtos).
A rapidez com que as inovações tecnológicas ocorrem também contribui para o aumento do consumo.
Com as empresas lançando produtos cada vez mais sofisticados e avançados do ponto de vista
tecnológico, as pessoas tendem a substituir produtos ainda novos pelos que acabam de chegar às lojas
do comércio. Estrategicamente planejado pelas empresas, o lançamento de novos produtos que inundam
as lojas do comércio aumenta em muito suas vendas gerando, portanto, novos hábitos consumistas.
Mas, para garantir essa expansão do consumo e estimular as pessoas a comprar cada vez mais, o
mercado também se encarregou de criar inúmeras estratégias de venda. Os estabelecimentos
comerciais, sobretudo as grandes redes, apostam na realização de promoções e liquidações e oferecem
formas de pagamento “facilitadas” como crediários, prestações, parcelamento em cartões de crédito, etc.
as instituições financeiras, por outro lado, oferecem linhas de crédito, como financiamento e empréstimos
que permitem a aquisição de produtos sem que o consumidor tenha de fazer o pagamento imediato da
compra. Embora essas opções facilitem o acesso ao consumo, elas induzem ao consumismo,
aumentando também o endividamento individual, uma vez quem muitos consumidores acabam tendo
dificuldades de efetuar o pagamento dos compromissos assumidos no ato da compra.

Desigualdade e consumo no mundo


Ainda que o nível de consumo da sociedade contemporânea continue se expandindo, ele ocorre de
maneira bastante desigual entre os países do mundo. Como o consumo de uma população é determinado
em grande parte pelo nível de sua renda, pode-se concluir que existem grandes diferenças de consumo
entre os países ricos e desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Nos países ricos, a renda per capita
anual da população está, em média, em 40 mil dólares, como ocorre nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Bélgica, Japão e Austrália. Já em países mais pobres, essa mesma renda não chega
a 800 dólares ao ano, caso do Haiti, Bangladesh, Afeganistão, Serra Leoa, Níger e Ruanda.

Recursos naturais: escassez e abundância x riqueza e pobreza


Faz-se hoje uma grande comparação entre o crescimento econômico de um país e suas implicações
sobre a oferta de recursos naturais. Não é difícil notar que um país desenvolvido consome muito mais
produtos, inclusive descartáveis, aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Vejamos um exemplo
simplificado de um estudo publicado nos Estados Unidos.

Quanto do seu orçamento uma família compromete com alimentação (2003)


Família albanesa 100%
Família iraquiana 90%

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Família haitiana 80%
Família tailandesa 77%
Família norte-americana 9%

Os países desenvolvidos, tendo um maior poder aquisitivo, são os responsáveis pelo maior consumo
no planeta, muitas vezes de maneira impulsiva e desnecessária.
Esse estilo de vida baseado no “consumo como forma de obter felicidade” foi mais uma estratégia
capitalista de ampliação de negócios que, nos Estados Unidos, recebeu o nome de American Way of Life.
Basta mensurar tal comportamento pelo lixo produzido:
. Produção de lixo mundial por dia: 2 milhões de toneladas;
. Média mundial/dia por habitante de áreas urbanas: 700 g;
. Média de produção de lixo por habitante/dia na cidade de Nova York (EUA): 3 KG.

Os países industrializados apresentam menos de 25% da população mundial, mas consomem 75% da
energia global, 80% dos combustíveis comercializados e cerca de 85% dos produtos madeireiros.
Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, a renda média equivale a apenas 5% da obtida em
países industrializados, indicando que o consumo nesses países se restringe ao necessário ou a menos
que isso. Mesmo assim, a pobreza também exerce pressão negativa sobre o meio ambiente, uma vez
que, em muitos casos, o comportamento de quem vive na miséria e na pobreza é predatório. Poderíamos
citar como exemplos de comportamentos predatórios contra o meio ambiente:
. a coivara – queimada -, técnica primitiva de agricultura;
. o garimpo ilegal e a contaminação de rios com mercúrio;
. a ocupação irregular das margens de mananciais pelas favelas em expansão, nos países pobres.

Mananciais são fontes de água doce, superficiais ou subterrâneas, que podem ser utilizadas para
consumo humano ou desenvolvimento de atividades econômicas.
(Fonte: Ministério do Meio Ambiente).

O despertar da consciência ecológica


A preocupação com o agravamento dos problemas ambientais levou, a partir das décadas de 1960 e
1970, ao surgimento de movimentos ambientalistas organizados pela sociedade civil como forma de
protestar, alarmar e cobrar mudanças para reverter o preocupante cenário de degradação da natureza
promovido pela sociedade.
A emergência dos movimentos ambientalistas eclodiu juntamente com um conjunto de outras
manifestações de caráter social, das quais fazem parte o movimento das mulheres, dos negros e dos
pacifistas, por meio de determinados segmentos sociais engajados na luta por melhores condições de
existência e de vida no planeta. Uma característica singular dos movimentos ambientalistas ecológicos,
em comparação com outros movimentos sociais, reside no fato de que, na prática, nenhum outro
movimento passou a questionar, de maneira tão ampla, temas tão distintos quanto aqueles que
perpassam pela questão ambiental.
Os movimentos ambientalistas começaram a se fortalecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos a
partir de alguns grandes desastres ambientais ocorridos antes d década de 1970, tais como: a
contaminação do ar nas cidades de Nova York e Londres, entre 1952 e 1960; a intoxicação por mercúrio
nas baías de Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, no Japão; o acidente com o navio superpetroleiro
Torrey Canyon, ocorrido no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1967; a redução da vida
aquática em alguns dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos; a morte de aves causada pelos efeitos de
pesticidas, como o DDT. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esses movimentos chegaram um
pouco mais tarde, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980.
Paralelamente a acontecimentos como esses que despertaram a opinião pública, a questão ambiental
também se tornou alvo de maior preocupação da comunidade científica, sobretudo com os avanços da
ecologia e ciências correlatas, como a biologia, por exemplo. Uma nova literatura começou, então, a
questionar os imites da degradação ambiental no planeta, que, no plano político internacional, também
se tornaram alvo de maior preocupação.
Em 1968, especialistas de diversos países se reuniram em Roma, Itália, a fim de formularem projeções
sobre o futuro do planeta, alertando para os riscos ambientais promovidos pelo modelo econômico
vigente, baseado na exploração dos recursos naturais. Esse acontecimento assinalou a fundação do
Clube de Roma que, em 1972, publicou o estudo intitulado Os limites do crescimento. Ao apontar os
limites da exploração do planeta, algo até então inquestionável, esse estudo estimulou a consciência da
sociedade e da tomada de atitude de governos de diferentes países a respeito da problemática ambiental.

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Foi nesse contexto que a temática ambiental adquiriu projeção e ganhou espaço nas grandes
discussões internacionais. Ainda em 1972, a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a I Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Contando com representantes de mais de 100 países
e outras centenas de instituições governamentais e não governamentais, foram discutidas questões como
o controle da poluição do ar, a proteção dos recursos marinhos, a preservação e o uso dos recursos
naturais, entre outras.
Na década de 1980, a ONU deu continuidade ao debate da questão ambiental com a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada para estudar a problemática ambiental. Em
1987, esses estudos foram concluídos com a elaboração do documento Our Common Future (Nosso
futuro comum), conhecido como Relatório Brundtland. Como forma de conciliar o crescimento
econômico com a preservação do meio ambiente, o documento trouxe à tona a necessidade de se
promover um novo modelo de crescimento, o chamado “desenvolvimento sustentável”, como sendo
aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas necessidades.
Em 1992, vinte anos após o encontro em Estocolmo, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92.
Além de reafirmar a importância do desenvolvimento sustentável, como meta para conciliar o crescimento
econômico, com justiça social e conservação ambiental, o encontro contribuiu para ampliar a
conscientização sobre os problemas ambientais, fortalecendo ainda maios os movimentos ambientalistas
e ecológicos.
Em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, foi formalizado um protocolo que instituiu metas para a redução
progressiva na emissão de gases poluentes, sobretudo daqueles que agravam o efeito estufa, como o
dióxido de carbono (CO²). De acordo com esse documento, os países mais ricos e industrializados
deveriam se comprometer a reduzir a emissão desses gases. Embora aceito pela grande maioria dos
países, o protocolo foi recusado pelos Estados Unidos (que respondem por cerca de 25% da emissão
total de CO² na atmosfera) enquanto outros países se opõem a ratificar o tratado que prevê cortes ainda
maiores nas emissões desses gases.
Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência da Cúpula Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável, a Rio +10, com o objetivo de fazer um balanço das ações realizadas e dos
resultados obtidos com base nos acordos firmados entre os países que participaram da Rio-92. Além das
questões relacionadas à conservação ambienta, também foram discutidas temáticas em âmbito social,
como a meta de redução do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Nesse encontro,
entretanto, houve pouco comprometimento das nações envolvidas em assumir realmente ações que
tivessem como resultado a melhoria socioambiental, como o cancelamento da dívida externa de países
subdesenvolvidos, a substituição de parte da energia provinda de combustível fóssil por fontes
energéticas renováveis (como a eólica, a solar, etc.).
Em junho de 2012, objetivando um encontro entre representantes do governo, ONGs, empresas
provadas e setores da sociedade civil em geral de grande parte dos países do mundo, foi realizada, no
Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Nesse
encontro, fez-se um balanço do que foi efetivamente realizado nos últimos vinte anos sobre as questões
ambientais, em especial, as estratégias mais eficientes para se promover a sustentabilidade ambiental e
também para se combater e eliminar a pobreza extrema no mundo.

6. Os recursos hídricos no Brasil;

A HIDROGRAFIA BRASILEIRA78

Um aspecto importante propiciado pelo relevo é o grande potencial hidráulico existente no território
brasileiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície do nosso país situa-se acima dos 200 metros de
altitude, e essa imensa área é percorrida por extensos rios de planalto.
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce do planeta. Toda essa água flui por uma vasta e
densa rede hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas maiores bacias hidrográficas do mundo: a
Amazônica e a Platina.
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica inteiramente brasileira, a São-Franciscana, de grande
importância socioeconômica para o nosso país.

78
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil – Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.

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Bacias Hidrográficas do Brasil

Bacia Hidrográfica corresponde à área drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes,
que formam, dessa maneira, uma rede hidrográfica.

Subafluente é o rio que escoa suas águas para um afluente do rio principal da bacia hidrográfica.

Os limites entre as bacias hidrográficas encontram-se nas partes mais altas do relevo e são
denominados divisores de água, pois separam as águas de bacias. O declive entre o divisor de água e
o rio principal, por onde correm as águas dos afluentes, chama-se vertente. As águas são depositadas
no leito do rio que, em época de cheia, pode transbordar para as margens baixas e planas que o
acompanham, que constituem a sua várzea.
O Brasil dispõe de uma das mais densas redes hidrográficas da Terra, que representam cerca de 14%
das reservas mundiais de água doce. No entanto, o abastecimento das regiões mais desenvolvidas
economicamente e mais populosas muitas vezes fica comprometido, pois é cada vez maior não só o
consumo de água provocado pelo crescimento populacional e urbano, como o de energia elétrica. Quando
os níveis dos reservatórios estão baixos, em decorrência da falta de chuvas, as hidrelétricas limitam o
fornecimento de água para não faltar energia elétrica, o que tem provocado racionamentos de água e até
mesmo de energia.
Esses grandes centros urbanos também estão situados distantes dos rios de maior navegabilidade,
nos quais o transporte fluvial poderia construir uma excelente alternativa de transporte. No Sudeste, na
bacia do Paraná – que cobre boa parte dessa região – estão sendo feitos investimentos em obras que
viabilizem a navegação dos rios que cortam áreas economicamente importantes.
De acordo com a classificação de relevo de Jurandyr Ross, os principais dispersores de água das
maiores bacias brasileiras estão situados:
* na Cordilheira dos Andes, onde nascem os formadores do rio Amazonas;
* nos Planaltos Norte-amazônicos, origem dos rios da margem esquerda do rio Amazonas;
* no Planalto e na Chapada dos Parecis, que separam a bacia Amazônica de rios da bacia Platina (rio
Paraguai);
* nos Planaltos e nas Serras de Goiás-Minas e nos Planaltos e nas Chapadas da Bacia do Parnaíba,
que são divisores de água das bacias do Tocantins e São Francisco;
* nos Planaltos e nas serras do Atlântico-Leste-Sudeste, onde nascem o rio São Francisco, os rios
formadores do Paraná (Paranaíba e Grande) e os seus afluentes da margem esquerda.
De modo geral, os rios brasileiros recebem águas das chuvas. Por isso, em sua maioria, são
caracterizados pelo regime pluvial.

Regime de um rio é a variação de água de um rio durante um ano, a qual está relacionada à origem
das suas águas. Quando a variação do nível depende das chuvas, o regime é pluvial, como, por exemplo,
ocorre em todos os rios brasileiros. Quando a variação depende de degelo, o regime é nival. O Amazonas
é considerado um ri ode regime misto, pois as águas próximas à nascente dependem do degelo dos
Andes, mas maior parte é alimentada pelas chuvas abundantes da região equatorial.

As principais Bacias Brasileiras

As quatro maiores bacias – Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Platina (Paraná,


Paraguai e Uruguai) – cobrem mais de 80% do território brasileiro.

São principais Bacias Brasileiras:


* Bacia Amazônica;
* Bacia do Tocantins – Araguaia;
* Bacia do São Francisco;
*Bacia Platina;
* Bacia do Paraná;
* Bacia do Paraguai;
* Bacia do Uruguai.

As Bacias Secundárias:

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As bacias secundárias reúnem um conjunto de bacias localizadas nas proximidades do litoral;
apresentam rios de pequena extensão, geralmente com poucos afluentes. São consideradas bacias
secundárias:
* Bacias do Nordeste;
* Bacias do Leste;
* Bacias do Sudeste-Sul.

As Águas Subterrâneas e o Aquífero Guarani:

O subsolo do território brasileiro armazena grande quantidade de água, inclusive sob as áreas
semiáridas do Nordeste.
As águas subterrâneas nem sempre são apropriadas para consumo.
O volume das águas encontradas próximo à superfície, as quais formam os lençóis freáticos, não só
é pequeno como pode estar contaminado. Essas águas, bastante exploradas, podem conter toxinas
oriundas tanto da agricultura como de atividades industriais.
Os reservatórios subterrâneos, localizados a centenas de metros de profundidade e que apresentam
enorme volume de água (centenas de milhares de Km³), são denominados aquíferos. Esses aquíferos
provavelmente não estão contaminados.
No trecho odo subsolo brasileiro encontra-se parte do maior aquífero do mundo – o Sistema Aquífero
Guarani -, localizado justamente numa das áreas de maior concentração populacional e de maior
consumo de água do país.
As águas desse aquífero também ocupam trechos do subsolo da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.
Portanto, para preservar esse imenso manancial de água doce e de boa qualidade, é necessário implantar
uma política conjunta de exploração e de controle ambiental.

Questões

01. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) Com Trump eleito, medo toma conta
da comunidade muçulmana nos EUA
O país elegeu o republicano, querido pela maioria dos movimentos extremistas. Vivem nos EUA 3,3
milhões de muçulmanos, 1% da população. Na comunidade, é forte a fobia de uma Casa Branca sob a
guarda do empresário. (Folha, 12.11.2016. Disponível em: <https://goo.gl/EzXE46>. Adaptado)
Tal fobia deve-se à proposta de campanha de Trump de
(A) vetar a entrada de muçulmanos nos EUA, especialmente de países com histórico terrorista.
(B) proibir a construção de novas mesquitas no país, impedindo a disseminação da religião.
(C) criminalizar o culto islâmico em espaços públicos, restringindo-o à prática doméstica.
(D) expulsar a população muçulmana estrangeira residente nos EUA, cassando os seus vistos.
(E) censurar a utilização de roupas muçulmanas, tais como o véu utilizado por mulheres.

02. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) De saída do governo, o ex-ministro


da Cultura, Marcelo Calero, acusa o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) de tê-lo pressionado para
favorecer seus interesses pessoais. Calero diz que o articulador político do governo Temer o procurou
pelo menos cinco vezes, por telefone e pessoalmente.
(Folha, 19.11.2016. Disponível em:<https://goo.gl/YjmzVm> . Adaptado)
Marcelo Calero acusa Geddel Vieira Lima de pressionar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), órgão subordinado à Cultura, a
(A) aprovar projeto imobiliário de interesse particular de Geddel localizado nas cercanias de bens
históricos tombados pelo patrimônio.
(B) financiar projetos de restauro de prédios históricos que pertencem a empresários próximos a
Geddel que pretendem explorá-los economicamente.
(C) rejeitar o tombamento de uma nova área que está em discussão no órgão para favorecer
empreendimentos que interessam a Geddel.
(D) direcionar projetos, investimentos e recursos voltados à preservação do patrimônio histórico na
região da base eleitoral de Geddel.
(E) nomear aliados e políticos próximos a Geddel para funções estratégicas e cargos de confiança do
órgão, favorecendo o loteamento de cargos.

03. (CRB – 6ª Região – Auxiliar Administrativo – QUADRIX/2017) “O comitê gestor do Fundo


Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) estabeleceu novas regras para o financiamento de

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
projetos para os anos de 2017 e 2018. Em reunião realizada nesta quarta-feira (30), o comitê definiu
questões como tecnologia e adaptação para orientar os programas que serão contemplados nos próximos
dois anos. Temas ligados a monitoramento e transparência também estão na lista. A iniciativa busca
manter a atuação do Fundo de acordo com os compromissos assumidos pelo Brasil, no contexto do
Acordo de Paris.”
http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2016/12/fundo-clima-definenovas-regras-para-os-proximos-
dois-anos
A respeito do Acordo de Paris, assinale a alternativa correta.
(A) Assinado em 2002, dez anos após a Rio-92, tem como objetivo a redução na emissão de gases
que contribuem para o aquecimento global.
(B) O acordo insere-se na mesma política do Protocolo de Kyoto, porém, diferentemente deste, não foi
assinado pelos Estados Unidos.
(C) O principal objetivo do acordo diz respeito a limitar o aumento da temperatura global a no máximo
2°C em relação aos níveis pré-industriais.
(D) Grande parte dos países industrializados ainda não aceitaram o acordo, o que dificulta sua
implementação.
(E) O acordo tem por base a ideia de que a temperatura média global não sofre influência da ação
antrópica.

04. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo – Instituto Excelência/2017) Ártico tem ano
recorde de calor e derretimento maciço de gelo. Avaliação foi publicada no Arctic Report Card 2016,
relatório revisado por pares de 61 cientistas de todo o mundo.
Disponível< http://g1.globo.com/natureza/noticia/artico-temano-recorde-de-calor-e-derretimento-
macico-de-gelo.ghtml>Acesso em 14 dez de 2016
Sobre essa notícia é INCORRETO afirmar:
(A) O Ártico quebrou recordes de calor no ano passado, quando um ar excepcionalmente quente
provocou o derretimento maciço de gelo e de neve e um congelamento tardio no outono.
(B) Os cientistas do clima dizem que as razões para o aumento do calor incluem a queima de
combustíveis fósseis que emitem gases causadores do efeito estufa, que prendem o calor na atmosfera,
bem como a tendência de aquecimento do oceano El Niño, que terminou no meio do ano.
(C) Essa tendência de aquecimento também levou a uma cobertura de gelo adulta e grossa que derrete
facilmente.
(D) Nenhuma das alternativas.

05. (Prefeitura de Cipotânea – MG – Enfermeiro - REIS & REIS) “Apontada como um mecanismo
importante de financiamento cultural no Brasil, a ________________ é constantemente alvo de críticas e
voltou ao debate nacional por causa da extinção – agora revertida – do Ministério da Cultura na gestão
interina de Michel Temer. Esta Lei foi criada em 1991, durante o governo Collor, e permite que produtores
e instituições captem, junto a pessoas físicas e jurídicas, recursos para financiar projetos culturais. O valor
destinado a esses projetos pode ser deduzido integralmente do Imposto de Renda a pagar.”
Marque a alternativa que completa corretamente o enunciado acima:
(A) Lei Collor.
(B) Lei Rouanet.
(C) Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
(D) Lei Echer.

06. (TJ-SP – Assistente Social Jurídico – Vunesp – 2017) O presidente Michel Temer sancionou na
noite desta sexta-feira o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país.
A iniciativa foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” e inclui vetos parciais a três pontos
da proposta.
(Folha de S.Paulo, 31.03.2017)
O projeto de lei sancionado
(A) Isenta as empresas contratantes e contratadas dos serviços terceirizados de qualquer ação no
âmbito da Justiça do Trabalho e determina que todos os trabalhadores terceirizados devem se constituir
em microempresários, dessa forma responsáveis pelos tributos relacionados ao trabalho.
(B) Determina que todas as empresas privadas podem terceirizar qualquer atividade profissional,
desde que todos os direitos trabalhistas sejam respeitados, e veta a utilização de trabalho terceirizado
para as empresas de economia mista e a administração pública, com exceção para a área de saúde.

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(C) Limita a terceirização do trabalhador à denominada atividade-meio e, em caso de litígio trabalhista,
as empresas contratadas e contratantes devem ser acionadas conjuntamente na Justiça do Trabalho e
dividirão os custos das indenizações relacionadas a tais processos.
(D) Impede que a empresa de terceirização subcontrate outras empresas, prática denominada de
quarteirização, e amplia os direitos trabalhistas dos funcionários das empresas de terceirização, por
exemplo o aumento da multa sobre o valor dos depósitos do FGTS em caso de demissão sem justa
causa.
(E) Permite a terceirização de todas as atividades e autoriza a empresa de terceirização a subcontratar
outras empresas para realizar serviços de contratação, remuneração e direção do trabalho e atribui à
empresa terceirizada, em casos de ações trabalhistas, o pagamento dos direitos questionados na Justiça,
se houver condenação.

07. (CRBio-1ª Região – Auxiliar Administrativo – Vunesp – 2017) O ministro (...) foi escolhido para
ser o novo relator dos processos da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), em sorteio
realizado nesta quinta-feira (02.02) por determinação da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.
O ministro vai herdar os processos ligados à operação que estavam com o ministro Teori Zavaski,
morto num acidente aéreo em janeiro. Estavam sob a relatoria de Teori 16 denúncias e outros 58
inquéritos relacionados à Lava Jato.
(Uol, https://goo.gl/NANZYF, 02.02.2017. Adaptado)
O novo relator escolhido por sorteio é o ministro

(A) Alexandre de Moraes


(B) Dias Toffoli
(C) Edson Fachin
(D) Gilmar Mendes
(E) Luiz Fux

08. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp – 2017) A crise atual entre os EUA e a
Coreia do Norte se intensificou em 8 de abril, quando, após um teste de míssil frustrado pela Coreia
do Norte, Trump disse ter enviado uma “armada muito poderosa” para a península coreana, uma
referência ao porta-aviões USS Carl Vinson e a um grupo tático.
(G1, 23.04.17. Disponível em: <https://goo.gl/20hQJx>. Adaptado)

Entre as reações da Coreia do Norte a essa ação norte-americana, é correto identificar

(A) a decisão de interromper o programa nuclear, o convite público a agentes de inspeção da ONU e
a aproximação com os países vizinhos.
(B) a ruptura com a moderada e conciliatória China, a ameaça de invasão da Coreia do Sul e a
hostilização do Japão.
(C) o seu desligamento da ONU, a expulsão dos diplomatas dos países ocidentais e a aliança com
outros países comunistas.
(D) o pedido de intermediação da China, o recurso à ONU para negociação e o aceno aos EUA com
uma proposta de acordo.
(E) a exibição pública do seu arsenal militar, a realização de novos testes de mísseis e a ameaça de
um ataque nuclear preventivo.

09. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp – 2017) Os chanceleres dos países
fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) farão uma reunião de emergência
neste sábado [1 de abril] em Buenos Aires para discutir sua reação à situação da Venezuela. O tema
central deverá ser a suspensão do país do bloco econômico. É possível que se discuta uma medida
ainda mais dura: a expulsão.
(Estadão, 31.03.17. Disponível em: <https://goo.gl/w9Pv4N> . Adaptado)
Essa possível suspensão ou expulsão deve-se

(A) à aplicação da cláusula democrática, que determina alguma sanção nos casos de interrupção da
ordem democrática, como estaria ocorrendo na Venezuela.
(B) à realização de práticas irregulares de protecionismo e renúncia fiscal na Venezuela, contrariando
as políticas de livre comércio do bloco.

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(C) à recusa da Venezuela em aceitar as propostas que visam à construção de uma moeda única para
o bloco, o que atrasa o processo de integração.
(D) aos obstáculos impostos pela Venezuela às negociações dos tratados de comércio com os EUA,
destoando das decisões dos outros países do bloco.
(E) à iminência de guerra civil por conta da profunda crise social que atinge a Venezuela, retirando o
país da situação de paz interna exigida pelo bloco.

10. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp – 2017) O governo endureceu as


negociações com os parlamentares e deu um basta a novas concessões na reforma da Previdência,
rejeitando assim o lobby pesado de algumas categorias do serviço público, sobretudo com altos
salários.
(O Globo, 23.04.17. Disponível em: <https://goo.gl/E79kQQ> . Adaptado)

(A) a aplicação do fator previdenciário para servidores públicos e o direito à aposentadoria com menos
anos de contribuição do que os trabalhadores privados.
(B) a integralidade, que garante a aposentadoria com o último salário da carreira, e a paridade, que
garante ao servidor aposentado reajustes salarias iguais ao do pessoal da ativa.
(C) o período mínimo de 25 anos de contribuição, que passaria para 35 com a reforma, e o mínimo de
50 anos de idade para aposentar-se, que poderia aumentar para 60 anos.
(D) a estabilidade após dez anos de serviço e o pagamento, aos filhos, de pensão integral vitalícia no
caso de servidores públicos que venham a falecer.
(E) a não contribuição dos servidores com o INSS, destinado apenas à aposentadoria na iniciativa
privada, e o direito ao aumento real anual no valor da aposentadoria.

11. (Prefeitura de Salvador-BA – Tecnico de Nível Superior II – Direito – FGV) Desde a morte de
Hugo Chávez, em 2013, as tensões entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição se intensificaram
e o atual presidente está em dificuldade para dar continuidade às políticas do "socialismo bolivariano"
de seu antecessor.

Assinale a opção que identifica corretamente um fator que vem agravando a recente crise política
e econômica da Venezuela.

(A) A queda nas exportações de petróleo, em função do avanço da demanda por fontes de energias
renováveis no mercado internacional.
(B) O desabastecimento crônico, causado pela política de privatização dos setores básicos de
produção e distribuição de alimentos e insumos.
(C) O intervencionismo norte-americano, responsável pela instalação de bases militares no país e pelo
patrulhamento do Pacífico pela quarta frota dos Estados Unidos.
(D) A expulsão da Venezuela da Organização dos Estados Americanos (OEA) em razão de seu apoio
ao regime de Cuba e Honduras.
(E) A perda da maioria no Legislativo, por parte das forças chavistas nas eleições de dezembro de
2015, o que aprofundou o impasse entre a oposição e o governo de Maduro.

12. (TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – 2017 – CONSUPLAN) A


denominada “Operação Lava Jato” trata, segundo o Ministério Público Federal, do maior caso de
corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no Brasil, envolvendo um grand e número de políticos,
empreiteiros e empresas, como a Petrobras, a Odebrecht, entre outras. O nome do magistrado
encarregado do julgamento em primeira instância, dos crimes apurados na mencionada operação é

(A) Sérgio Moro


(B) Rodrigo Janot
(C) Odilon de Oliveira
(D) Gilmar Mendes

13. (PC-AP – Agente de Polícia – FCC) O presidente Michel Temer sancionou em 24 de maio o
projeto da nova Lei da Migração. O texto será publicado no dia 25, no Diário Oficial da União.
(Adaptado de: http://brasil.estadao.com.br)

Sobre a lei da Migração são feitas as seguintes afirmações:

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I. À semelhança do Estatuto do Estrangeiro, da década de 1980, a nova lei está voltada para a
segurança nacional.
II. A nova lei determina a existência de um visto temporário para pessoas que precisam fugir dos países
de origem, mas que não se enquadram na lei do refúgio.
III. A lei acaba com a proibição e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões políticas e
sindicatos.
IV. Para especialistas, a legislação endurece o tratamento para os imigrantes, o que fere os direitos
humanos e incentiva a xenofobia.

Está correto somente o que se afirma APENAS em

(A) II e III
(B) I e II
(C) I e IV
(D) II e IV
(E) III e IV

14. (PC-AP – Agente de Polícia – FCC) A Lei da Terceirização, foi sancionada pelo presidente Michel
Temer, em 31 de março. Essa lei dispõe que:

I. A terceirização poderá ser aplicada a qualquer atividade da empresa, tanto atividade-meio como
atividade-fim.
II. O tempo de duração do trabalho temporário não deve ultrapassar três meses ou 90 dias.
III. Após o término do contrato, o trabalhador temporário só poderá prestar novamente o mesmo tipo
de serviço à empresa após esperar três meses.

Está correto somente o que se afirma APENAS em

(A) I e III
(B) I
(C) I e II
(D) II e III
(E) III.

15. (SEDUC-PI - Professor – Geografia – NUCEPE) Sobre a globalização na atualidade, diferentes


interpretações são elaboradas, sejam elas de ordem econômica, financeira, política e institucional.
Marque a alternativa que apresenta a dimensão econômica da globalização na atualidade.
(A) A internacionalização da economia viabilizou um vasto campo de investimentos externos,
redefinindo as relações econômicas entre os países, tornando vulneráveis as economias e as moedas.
(B) O processo de expansão capitalista promoveu a autonomia dos territórios e a dependência das
empresas nacionais.
(C) A lógica da dimensão econômica da globalização é pautada no crescimento do comércio em
detrimento do avanço tecnológico.
(D) As moedas e mercadorias tornaram-se dependentes das empresas de tecnologia de informação
afetando a soberania nacional.
(E) O agravamento das questões políticas fortalecem os regimes autoritários por meio das questões
sociais, culturais e econômicas.

16. (SEDUC-PA -Professor - História – CESPE) A globalização econômica dos dias atuais
(A) é um processo sem raízes na história do capitalismo
(B) inclui-se na evolução complexa das formas de produzir e consumir que se desdobra da Terceira
Revolução Industrial.
(C) não encontra apoio na nova ordem política internacional em gestação.
(D) está relacionada à ampla socialização e distribuição equitativa dos bens da produção.

17. (SEDUC-RJ - Professor – História – CEPERJ) Dentre outras modificações nas relações sociais
de produção, recentemente, o fordismo passa a adquirir formas híbridas ou a ser trocado por processos

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mais flexibilizados de trabalho e produção, e surge um modelo mais atento às novas exigências do
mercado que busca integrar inovação, competitividade e produtividade. Muitos historiadores e cientistas
sociais afirmam que, especialmente após os anos 80 do século passado, vivemos um novo ciclo de
expansão do capitalismo e inauguramos um também novo processo civilizatório de alcance mundial. O
nome genérico pelo qual conhecemos o fenômeno que, dentre outros, relaciona-se com a transformação
histórica mencionada é:
(A) Perestroika
(B) Glasnos
(C) Globalização
(D) Antiglobalização
(E) Imperialismo

18. (IFC-SC - Professor – Geografia – IFC) Analise as características a seguir:


I. Intensificação do comércio, disseminação de novas tecnologias e a circulação de informações, que
vem provocando uma maior aproximação entre os lugares do mundo.
II. Tem sido viabilizada pela Terceira Revolução Industrial, processo caracterizado por grandes
transformações técnico-científicas, consolidando assim um espaço global economicamente integrado.
III. Aumento da ação de transnacionais pela quase totalidade do espaço mundial, isso devido ao forte
investimento por parte destas no setor produtivo nas vias de comunicação.
IV. Vem acentuando as desigualdades econômicas nas últimas décadas.
Pode-se concluir que essas características se referem ao processo denominado:
(A) Concentração espacial.
(B) Desemprego estrutural.
(C) Transição para a economia de mercado.
(D) Regionalização do espaço global.
(E) Globalização.

19. (IF-SP - Professor – Geografia - FUNDEP (Gestão de Concursos)) Leia esta afirmativa:
O território de um país pode tornar-se um espaço nacional da economia internacional.
Essa afirmativa está:
(A) CORRETA, pois a economia de todos os países é, hoje, integralmente definida por regulação
internacional.
(B) INCORRETA, pois no mundo contemporâneo foram extintos os territórios de globalização “relativa”.
(C) CORRETA, pois o contexto do Brasil no atual cenário da globalização a ilustra perfeitamente.
(D) INCORRETA, pois o advento pós-moderno aniquilou o território como uma realidade atuante.

20. (UNICAMP) O artigo 231 da Constituição Brasileira reconhece aos índios “...os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam”. Os índios, porém, não são proprietários da terra, são
usufrutuários. As terras indígenas são patrimônio da União, a quem compete demarcá-las e protegê-las.
Alguns setores da sociedade alegam que “é muita terra para pouco índio”. Tais terras são constantemente
invadidas e índios são exterminados.
Considerando as informações, responda:
a) Quais os principais setores da sociedade que ficaram contra a demarcação da reserva Ianomâmi?
b) Quais os argumentos utilizados por esses setores?

21. (TCE/AP – Analista – FCC) O desenvolvimento sustentável visa atender as necessidades do


presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias
necessidades. Esta afirmação se baseia em duas ideias:
(A) Todos os recursos naturais são infinitos e qualquer dano ambiental causado pelo homem é
reversível.
(B) Os recursos naturais não são suficientes nem para a geração atual e os danos ambientais causados
pelo homem são sempre irreversíveis.
(C) Muitos recursos naturais são finitos e danos ambientais causados pelo homem podem ser
irreversíveis.
(D) Os recursos naturais são suficientes para muitas gerações e todos os danos ambientais causados
pelo homem são reversíveis.

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(E) Os recursos naturais já estão praticamente esgotados e qualquer dano ambiental causado pelo
homem é reversível.

22. (Prefeitura de Maturéia/PB – Agente Administrativo – Educa/2016) O desmatamento é um dos


mais graves problemas ambientais da atualidade, pois além de devastar as florestas e os recursos
naturais, compromete o equilíbrio do planeta em seus diversos elementos, incluindo os ecossistemas,
afetando gravemente também a economia e a sociedade.
Existem alguns motivos que provocam ou intensificam a ocorrência do desmatamento, entre os quais,
podemos mencionar, EXCETO:
(A) Expansão agropecuária.
(B) Atividade mineradora.
(C) Maior demanda por recursos naturais.
(D) Êxodo rural.
(E) Aumento das queimadas.

Respostas

01. Resposta: A.
"Vivem nos EUA 3,3 milhões de islâmicos, 1% da população. Na comunidade, é forte a fobia de uma
Casa Branca sob a guarda do empresário que prometeu dar um pontapé no “politicamente correto” e vetar
a entrada de islâmicos no país.
Trump enviou a ideia na esteira de atentados como o de San Bernardino e Orlando, cometidos por
adeptos dessa fé que, contudo, já eram naturalizados ou nascidos no país.
Ainda não se sabe como e se ele vai fazer tudo o que prometeu durante a campanha. O republicano
já havia recuado da proposta em parte, declarando que só baniria islâmicos de países com histórico
terrorista, como refugiados sírios."
(http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1831788-com-trump-eleito-medo-toma-conta-da-
comunidade-muculmana-nos-eua.shtml)

02. Resposta: A.
Segundo Calero, Geddel o procurou, em ao menos cinco ocasiões, em busca de conseguir, junto ao
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a liberação de um projeto imobiliário em área
tombada de Salvador, na Bahia. Vieira Lima afirmou para Calero ser dono de um apartamento no prédio,
que dependia de aprovação federal, após ter sido liberado pelo Iphan da Bahia, comandado por seus
aliados.

03. Resposta: C.
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, em Paris, foi adotado um novo acordo com o
objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade
dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças.
O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte da UNFCCC para reduzir emissões de gases
de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso ocorre no sentido de
manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais
e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Para que comece a vigorar, necessita da ratificação de pelo menos 55 países responsáveis por 55%
das emissões de GEE. O secretário-geral da ONU, numa cerimônia em Nova York, no dia 22 de abril de
2016, abriu o período para assinatura oficial do acordo, pelos países signatários. Este período se estende
até 21 de abril de 2017.
Para o alcance do objetivo final do Acordo, os governos se envolveram na construção de seus próprios
compromissos, a partir das chamadas Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (iNDC,
na sigla em inglês). Por meio das iNDCs, cada nação apresentou sua contribuição de redução de
emissões dos gases de efeito estufa, seguindo o que cada governo considera viável a partir do cenário
social e econômico local.
(Continua em: http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris)

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04. Resposta: C.
No ártico existe uma camada de gelo adulta e grossa que demora para derreter, mas o aquecimento
global tem acelerado o derretimento dessa camada durante o verão. No inverno o mar recongela mas
formando uma camada de gelo jovem e fina que no próximo verão vai derreter muito mais rápido.

05. Resposta: B
Segue na íntegra a notícia onde ainda há debates a respeito da lei Rouanet (Referência: <
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36364789> Acesso em 21 de junho de 2017.).

06. Resposta: E
Seria algo como uma “quarteirização”. As novas regras permitem que uma empresa terceirizada
terceirize o serviço para o qual ela foi contratada ou para que essas empresas encontrem outras para
executar esse serviço. Segue o link explicativo < http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-sanciona-com-
3-vetos-projeto-da-camara-sobre-terceirizacao.ghtml>

07. Resposta: C
Como tem sido recorrente em notícias que envolvem política, é sabido que o ministro Edson Fachin foi
sorteado para a função de relator da Operação Lava Jato no lugar do ministro Teori Zavaski. Segue o link
com uma notícia do dia do sorteio <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,edson-fachin-sera-o-
relator-da-lava-jato-no-stf,70001650453>

08. Resposta: E
Cerca de uma semana após esse episódio, Pyongyang dá uma resposta indireta ao presidente dos
Estados Unidos através de desfile organizado em comemoração à data de aniversário de seu avô. Segue
o link com a notícia na íntegra e imagens do arsenal exibido pelo líder exército norte-coreano.

09. Resposta: A
A data da questão remete a uma situação anterior. No dia seguinte os países que compõem o Mercosul
usaram a clausula democrática e infligiram nova suspensão à Venezuela (ela já havia sido suspensa em
dezembro de 2016). A nova suspensão é um grande passo em direção à expulsão do país do bloco.

10. Resposta: B
Próximo a data da notícia, Temer já havia feito reuniões para manter a reforma sem alteração, mesmo
com as reivindicações de vários setores. <https://oglobo.globo.com/economia/temer-reune-lideres-
determina-que-texto-da-reforma-da-previdencia-sera-votado-como-esta-21246160> . Após suas
recentes vitórias é provável que a base governista tenha força para aprovar a reforma da maneira que
está.

11. Resposta: E
Apesar de o Governo Maduro ser minoria no Congresso desde 2015 (veja o seguinte endereço:
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/12/com-9603-das-urnas-apuradas-oposicao-tem-maioria-na-
venezuela.html>) as consequências são vistas até hoje. Ainda assim é improvável que aconteça na
Venezuela uma mudança semelhante ao que ocorreu no Brasil. Ainda que uma oposição esteja formada
em maioria no Congresso, eles não têm força política para derrubar Maduro. A crise econômica vista por
nós que “estamos fora”, já existia durante o governo chavista, o que para a população não representou
grande diferença quanto aos dois governantes.

12. Resposta: A
Desde março de 2014 Moro julga em primeira instancia os crimes cometidos na Operação Lava-Jato,
maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no Brasil, segundo o MPF. Sérgio Moro é Juiz
Federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.

13. Resposta: A
79
O Estatuto do Estrangeiro proibia imigrantes de participarem de qualquer atividade de natureza
política. A nova lei acaba com a proibição e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões
políticas e sindicatos.

79
<https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/historia-atualidades/atualidades-do-ano-de-2017>

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A nova lei determina a existência de um visto temporário específico para o migrante em situação de
acolhida humanitária, para pessoas que precisam fugir dos países de origem, mas que não se enquadram
na lei do refúgio. A legislação também contempla migrantes que vêm ao Brasil para tratamentos de saúde
e menores desacompanhados.
Segue o link de uma notícia vinculada à questão: <http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,temer-
sanciona-lei-da-migracao-com-diversos-vetos,70001812512>

14. Resposta: A
A alternativa II está incorreta. “O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo
empregador, NÃO poderá exceder ao prazo de CENTO E OITENTA dias, consecutivos ou não.”.
Conforme Artigo 10 da mesma lei.

15. Resposta: A.
Com a globalização, houve na economia um processo de internacionalização da economia através das
multinacionais, o que acabou por tornar os país mais ligados uns aos outros. Por esse motivo é que
também acabou por tornar a economia e a moeda mais vulneráveis, pois se um país entre em crise,
consequentemente os países que mantem certa dependência acabam por entrar em uma crise também,
um grande exemplo disso é a relação dos países com os Estados Unidos, sua economia depende de
como o país caminha economicamente.

16. Resposta: B.
A globalização econômica ocorreu principalmente pela grande evolução tecnológica que ainda
vivenciamos. A chamada Terceira Revolução Industrial trouxe novas formas de se produzir, trazendo mais
eficiência e barateamento do produto final.

17. Resposta: C.
A afirmativa da pergunta faz referência ao momento histórico estudado, chamado de globalização.
Podemos ver características como uma nova forma de mercado que exige inovações, a grande
produtividade possibilitada pelas novas tecnologias aplicadas a indústria e a maior competitividade dos
mercados.

18. Resposta: E.
As afirmativas fazem referência ao processo de globalização. A globalização traz ao mundo uma nova
forma de comércio, tornando mais próximos mesmo os países vizinhos, graças as empresas
multinacionais ou transnacionais que esse aproximação foi possível. Essa nova ordem mundial, ocorreu
graças a terceira revolução industrial que transformou os meios de comunicação e as formas de produção
das industrias.

19. Resposta: C.
A afirmativa da questão está correta, hoje o Brasil abriga diversas empresas internacionais, como a
Ford e a Volkswagen. Essas empresas possibilitam que o país produza para elas, ao mesmo tempo em
que a sede delas não fica no Brasil.

20. Resolução:
a) Os setores da sociedade que ficaram contra a demarcação da área da reserva Ianomâmi são:
companhias de mineração (nacionais e multinacionais); garimpeiros, interessados nas riquezas da região;
grandes proprietários de terra; exército, por problemas de segurança, e até governos estaduais, que
alegam que as reservas são um empecilho aos investimentos externos.
b) O primeiro argumento contra a demarcação é que a área destinada à reserva é exclusivamente
extensa em relação às necessidades do índio, pois os setores acima citados afirmam que o
aproveitamento dos recursos naturais da reserva indígena fica aquém das potencialidades da área. Outro
argumento afirma que os índios, com sua forma de ocupação, tornam as áreas de reserva vulneráveis a
ações externas, já que tais áreas se encontram próximas à fronteira.

21. Resposta: C.
Gestão da Sustentabilidade: O termo sustentabilidade está cada vez mais presente no ambiente
empresarial. A definição de sustentabilidade mais difundida é a da Comissão Brundtland (WCED, 1987),

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a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer às necessidades da geração
presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa definição deixa claro um dos
princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que os interesses das futuras
gerações devem ser analisados.
Para toda e qualquer empresa que lute pelo símbolo da sustentabilidade, ser reconhecida por práticas
na área de responsabilidade socioambiental é apenas o resultado do seu esforço.
Na atual competição de lançamentos, cada vez mais completos no quesito sustentável, as práticas
conhecidas se unem com uma série de inovações de estímulo ao consumo consciente.
As empresas lutam cada vez mais por ambientes diferenciados para apresentar seus produtos e
serviços preocupados com o meio ambiente.
Hoje, evidências e práticas destas empresas já são analisadas pelo consumidor final, que as escolhem
por possuir bons programas de comprometimento ambiental.
Elas, por sua vez, para se destacar e crescer no mercado sustentável, se preocupam em compor um
quadro de parcerias com seus fornecedores no uso de energia, redução de resíduos, relatórios de
emissões de gases do efeito estufa, além de esforços ao envasar seus produtos em embalagens
recicláveis e/ou retornáveis e fabricá-los com matéria prima renovável, 100% biodegradável e
compostável.
Todos estes comprometimentos com a responsabilidade socioambiental resultam numa parceria que
alia a sustentabilidade da empresa com as vendas de seus produtos. E esta parceria destaca o sucesso
e reconhecimento das ações por quem mais interessa no resultado final de qualquer atividade industrial
ou comercial: o cliente.

22. Resposta: D.
Podemos definir êxodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona rural (campo) para a
zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do campo visam obter condições de vida melhor.
Causas: Os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes saiam da zona
rural para as grandes cidades são: busca de empregos com boa remuneração, mecanização da produção
rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc.), qualidade de ensino e necessidade de
infraestrutura e serviços (hospitais, transportes, educação, etc.).
O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que recebem grande
quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para tal fenômeno. Os empregos não são
suficientes e muitos migrantes partem para o mercado de trabalho informal e passam a residir em
habitações sem boas condições (favelas, cortiços, etc.).
Além do desemprego, o êxodo rural descontrolado causa outros problemas nas grandes cidades. Ele
aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes cidades. Como são
bairros carentes em hospitais e escolas, a população destes locais acabam sofrendo com o atendimento
destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as
consequências deste fato.
Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da
população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios
acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes
deixam a região.

7. Aspectos étnicos, geográficos, históricos, culturais e administrativos do


Brasil.

História do Brasil

O Período Pré-Colonial: A fase do Pau-Brasil (1500 a 1530)


O termo “Descobrimento do Brasil” traz uma visão pautada no eurocentrismo, que é a valorização da
cultura europeia em detrimento das outras, já que expõe a chegada (termo mais apropriado) dos
portugueses ao Brasil como o início da civilização e da presença humana no país, desconsiderando a
presença e a cultura indígena já presentes há milhares de anos neste território. Os portugueses chegam
ao Brasil em 22 de abril de 1500, com a esquadra de Pedro Alvares Cabral, iniciando o período conhecido
como Pré-Colonial.
Durante o período Pré-Colonial foi grande a exploração do pau-brasil, que alcançava um bom valor na
Europa, utilizado no tingimento de tecidos (daí vem o nome brasil, pois a madeira soltava um pigmento

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avermelhado, semelhante à cor de uma brasa). O corte e transporte das toras de pau-brasil eram feitas
pelos indígenas, a partir de trocas (escambo) com os portugueses. Os portugueses não encontraram de
imediato metais ou pedras preciosas no Brasil, e também não tiveram interesse em criar colônias no
Durante os primeiros trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que
tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras
recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-
brasil. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar
estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos
resultados.
Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais
eram do que armazéns e postos de trocas com os indígenas.
No ano de 1530, o rei de Portugal, D. João III, organizou a primeira expedição com objetivos de
colonização, comandada por Martin Afonso de Souza, com a intenção de povoar o território brasileiro,
expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.

A cana-de-açúcar
Houveram muitos motivos para a escolha da cana como produto da colônia, entre eles a ocorrência
do solo de massapê, que é propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, era um produto muito
bem cotado no comércio europeu. As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram no início da
ocupação efetiva do território brasileiro, trazidas por Martim Afonso de Souza em 1533 e plantadas no
primeiro engenho, construído em São Vicente.
Os principais centros de produção açucareira do Brasil localizavam-se nos atuais estados de
Pernambuco, Bahia e São Paulo. A ocupação do Brasil no Século XVI esteve profundamente ligada à
indústria açucareira. A economia de plantation possui relação intensa com os interesses dos
proprietários de terras que lucravam enormemente com as culturas de exportação.
O latifúndio, isto é, a grande propriedade rural, formou-se nesse período, tendo consequências até os
dias de hoje. A produção da cana-de-açúcar também contribuiu para a vinculação dependente do país
em relação ao exterior, a monocultura de exportação e a escravidão e suas consequências. A colônia
portuguesa de exploração prosperou graças ao sucesso comercial da produção da cana-de-açúcar.
O senhor de engenho, que era proprietário do complexo de produção de açúcar, ou engenho
desfrutava de admirável status social. Os engenhos eram compostos de amplas propriedades de terras
ganhas através da cessão de sesmarias. O senhor de engenho e sua família moravam na casa-grande –
local onde ele desempenhava sua autoridade junto aos seus, cumprindo seu papel de patriarca.
Em 1630 os holandeses invadiram o nordeste da colônia, na região de Pernambuco, que era a maior
produtora na época. Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de
todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos criaram as
bases para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente, de produção de açúcar em
grande escala, na região do Caribe. A concorrência imposta pelos holandeses, que haviam sido expulsos
pelos portugueses, fez com o Brasil perdesse o monopólio que exercia mercado mundial do açúcar,
levando a produção a entrar em declínio.

As Capitanias Hereditárias
A implantação do regime de capitanias hereditárias no Brasil, em 1534, está vinculada a incapacidade
económica do Estado português em financiar diretamente a colonização, pois o monopólio do comercio
com as índias se tornara deficitário. Por essa razão, e considerando urgência de se colonizar o Brasil. D.
João III decidiu dividi-lo em capitanias hereditárias, para que elas mesmas fossem colonizadas com
recursos particulares, sem que a coroa tivesse que investir dinheiro.
O regime de capitanias já havia sido aplicado com êxito nas ilhas atlânticas (Madeira, Açores. Cabo
Verde e São Tomé). No próprio Brasil já existia a capitania de São Joao, correspondente ao atual
arquipélago de Fernando de Noronha.
O território brasileiro foi dividido em 14 capitanias (uma delas subdividida em dois lotes), doadas a
doze donatários. Os limites de cada território, definidos sempre por linhas paralelas iniciadas no litoral,
estavam especificados na Carta de Doação. Este documento estipulava também que a capitania seria
hereditária, indivisível e inalienável, podendo ser readquirida somente pela Coroa. Um segundo
documento era o Foral, que regulamentava minuciosamente os direitos do rei. Na realidade, os donatários
não recebiam a propriedade das capitanias, mas apenas sua posse. De qualquer forma possuíam amplos
poderes administrativos, militares e judiciais, sendo responsáveis unicamente perante o soberano. Tra-
tava-se, portanto, de um regime administrativo descentralizado.

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São Vicente e Pernambuco foram as únicas capitanias que prosperaram. O fracasso do projeto como
um todo decorreu de vários fatores: falta de coordenação entre as capitanias, grande distância da
metrópole, excessiva extensão territorial, ataques indígenas, desinteresse de vários donatários e. acima
de tudo. Insuficiência de recursos.
As capitarias hereditárias não desapareceram com a criação do Governo-Geral: elas foram gradual-
mente readquiridas pela Coroa, até serem totalmente extintas, na segunda metade do século XVIII, pelo
marques de Pombal.

Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São Vicente (Martim Afonso de Sousa),
Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa), Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),Espírito
Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo
Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho), Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de
Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares de
Andrade).

Governo Geral
Reconhecendo o fracasso do regime de capitanias hereditárias, D. João III resolveu criar o Governo-
Geral. Por meio dessa medida o monarca visava centralizar a administração colonial, subordinando as
capitanias a um governador-geral que coordenasse e acelerasse o processo de colonização do Brasil.
Com esse objetivo elaborou-se em 1548 o Regimento do Governador-Geral no Brasil que regulamentava
as funções do governador e de seus principais auxiliares — o ouvidor-mor (Justiça), o provedor-mor
(Fazenda) e o capitão-mor (Defesa).
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que fundou Salvador, primara cidade e capital do
Brasil. Com ele vieram os primeiros jesuítas e foi criado o primeiro bispado em terras brasileiras.
A administração do segundo governador-geral, Duarte da Costa, apresentou sérios problemas:
revoltas dos índios na Bahia, conflito entre o governador e o bispo e, principalmente, a invasão francesa
do Rio de Janeiro (criação da França Antártica). Em compensação, o terceiro governador-geral, Mem de
Sá, mostrou-se tão eficiente que a metrópole o manteve no cargo até sua morte; foi ele quem conseguiu
expulsar os invasores franceses, graças a atuação de seu sobrinho Estado de Sá.
Depois de Mem de Sá, por duas vezes a colônia foi dividida temporariamente em dois governos-gerais:
a Repartição do Norte, com capital em Salvador, e a do Sul, com capital no Rio de Janeiro.
Durante a União Ibérica, o Brasil foi transformado em duas colônias distintas: Estado do Brasil (cuja
capital era Salvador e, depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão (cuja capital era São Luís e, depois,
Belém). A reunificação só seria concretizada pelo marquês de Pombal, em 1774.
Além das capitanias e do Governo-Geral, foram criadas as Câmaras Municipais nas vilas e nas cidades
do Brasil Colônia. O controle edifico das Câmaras Municipais era exercido pelos grandes proprietários
locais, os "homens-bons", o que reforçava suas posições sociais de mando. Entre suas competências,
destacavam-se o ceder deliberativo sobre preços de mercadorias e a fixação dos valores de alguns
tributos.
As eleições para as Câmaras Municipais eram realizadas ente os "homens-bons". Elegiam-se três
vereadores, um procurador, um tesoureiro e um escrivão, sob a presidência de um juiz ordinário, (juiz de
paz), mais tarde substituído, pelo juiz de fora. Ao longo da colonização, os choques entre os interesses
da metrópole e os da colônia, isto é, entre o centralismo e o localismo, foram simbolizados,
respectivamente, pelo Governo-Geral e pelas Câmaras Municipais.

Companhia de Jesus
A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola em 1534, como resposta para os movimentos
religiosos, em especial a reforma protestante e a contrarreforma, que aconteciam na Europa. Seu objetivo
era espalhar a fé católica pelo mundo.
Os primeiros representantes da Ordem jesuítica chegaram ao Brasil comandados pelo padre Manuel
da Nóbrega, no ano de 1549, em uma expedição comandada por Tomé de Souza. Após desembarcarem
na Bahia, ajudaram na fundação da cidade de Salvador, além de percorrerem as capitanias vizinhas.
O Projeto Educacional Jesuítico não era apenas um projeto de catequização, mas sim um projeto bem
mais amplo, um projeto de transformação social, pois tinha como função propor e implementar mudanças
radicais na cultura indígena brasileira.
Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbrega na conversão dos gentios foi a construção de
aldeias de catequização, que se situavam próximas das vilas e cidades portuguesas. Essas aldeias eram
habitadas pelos padres jesuítas e pelos índios a serem convertidos.

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No ano de 1553, José de Anchieta chega ao Brasil. Anchieta esteve à frente do Colégio na vila de São
Paulo de Piratininga, fundada em 1554. Durante seu tempo no colégio fez contato intenso com os grupos
indígenas locais, o que auxiliou na elaboração de um guia de gramática e um dicionário.
A partir da década de 1580, a missão realizava-se por meio de visitas esporádicas aos grupos
localizados nas matas. Essas visitas eram espaçadas e demoravam até quinze dias ou mais, umas das
outras, e os padres não permaneciam muito tempo entre os grupos. Devido ao segundo contato ser
sempre demorado, quando aconteciam os índios já não detinham as orientações anteriores.
Na segunda metade do século XVIII, a presença dos jesuítas no Brasil sofreu um duro golpe. Nessa
época, o influente ministro Marquês de Pombal decidiu que os jesuítas deveriam ser expulsos do Brasil
por conta da grande autonomia política e econômica que conseguiam com a catequese. A justificativa
para tal ação adveio da ocorrência das Guerras Guaraníticas, onde os padres das missões do sul
armaram os índios contra as autoridades portuguesas em uma sangrenta guerra.
Apesar desse episódio, a herança religiosa dos jesuítas ainda se encontra manifesta em vários setores
da nossa sociedade. Muitas escolas tradicionais do país, bem como várias instituições de ensino superior
espalhadas nos mais diversos pontos do território brasileiro, ainda são administradas por setores
dirigentes da Igreja Católica. Somente no século XIX, foi que as escolas laicas passaram a ganhar maior
espaço no cenário educacional brasileiro.

Outros atividades econômicas


Na região Nordeste a atividade pastoril expandiu-se rapidamente, pois o capital necessário para a
montagem de uma fazenda de gado era bastante reduzido. As terras eram fartas e o criador precisava
somente requerer a doação de uma sesmaria ou simplesmente apossar-se da terra. Para adquirir os
animais também não era necessário grande investimento, já que era possível para os colonos trabalharem
por volta de 5 anos em fazendas de gado com pagamento feito através da participação no nascimento de
novos animais (geralmente o colono recebia uma cria em cada quatro), o que garantia que quando
terminasse o tempo de serviço, o colono teria adquirido um pequeno rebanho, garantindo a possibilidade
de conduzir seus negócios de forma independente.
As instalações das propriedades pastoris eram simples, com poucas casas e alguns currais feitos com
material encontrado nas localidades. O método de criação também era muito simples, feito de maneira
extensiva (O gado vivia solto no campo), o que dispensava mão-de-obra numerosa ou especializada.
Em uma fazenda de três léguas era comum a utilização de dez a doze homens para o serviço, que
poderiam ser negros forros (com carta de alforria), mestiços ou indígenas, que possuíam grande
habilidade para a atividade. Dificilmente eram utilizados escravos.
Na região amazônica a geografia impedia a implantação de fazendas de cultivo ou a criação de
animais. Ao penetrarem os rios e selvas da região os portugueses notaram que os índios utilizavam uma
grande variedade de frutas, ervas, folhas e raízes para fins medicinais e alimentícios. Os produtos
utilizados, em especial cacau, baunilha, canela, urucum, guaraná, cravo e resinas aromáticas foram
chamados de drogas do sertão, e possuíam bom valor de comercio na Europa, podendo ser vendidas
como substitutas ou complementos das especiarias. Além das plantas, outras variedades de drogas do
sertão incluíam: gordura de peixe-boi, ovos de tartaruga, araras e papagaios, jacarés, lontras e felinos.

Escravos e homens livres na Colônia


No Brasil colonial a mão de obra escrava foi utilizada amplamente. A escravidão está presente na
formação do país, desde os índios aos negros que chegavam em navios, a utilização do trabalho escravo
se deu pela intenção de maximizar lucros através da superexploração do trabalho e do trabalhador.
Apesar da ampla utilização do trabalho escravo, este não foi o único, uma parte da sociedade era livre,
composta de trabalhadores livres, que no início eram portugueses condenados ao exílio na América como
punição.
Ser livre na colônia significava não ser escravo, já que mesmo sendo livres, os mais pobres eram
marginalizados e tinham poucas chances de ascensão e eram privados de exigir melhores situações
econômicas. No grupo de trabalhadores livres estavam os degredados portugueses, escravos forros
(libertos), os mestiços, pardos e brancos. Os homens livres formam um grupo bastante variado em que a
posição social e o serviço são variáveis e boa parte dos homens livres não viviam melhor que muitos
escravos.
O cultivo do açúcar e os engenhos motivaram essa variação de trabalhadores livres, em que os
senhores de engenhos consideravam estar no topo da sociedade. A divisão da terra através das
sesmarias beneficiava os mais abastados que se tornavam os grandes proprietários e arrendavam uma
parte para colonos que não possuíam condições para ter sua própria terra, denominando assim os
Senhores de engenhos (produtores de açúcar) e os lavradores (produtores de cana). As relações entre

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senhores de engenho e agricultores, unidos pelo interesse e pela dependência em relação ao mercado
internacional, formaram o setor açucareiro.
A ideia de colônia construída por duas categorias (senhores e escravos), priorizando as relações de
produção e forças produtivas, escondeu uma sociedade bem mais ampla, de um universo social
açucareiro, em que viviam trabalhadores do campo e semi-livres que exerciam trabalhos como
mercadores, roceiros, artesãos, oficiais, lavradores de roças e desocupados. A partir do século XVIII a
colônia tinha uma população de libertos e libertas que originavam pequenos proprietários de terras, de
etnias diversas: brancos pobres, negros libertos, mestiços, artesãos e trabalhadores livres.
O autor Stuart B. Schwartz detalha sobre os trabalhadores livres assalariados dos engenhos, voltando
seus estudos para o Engenho Sergipe, trabalhadores que recebiam a soldada por dia ou tarefa, que ao
longo do tempo sofreu declinações e diminuições dos salários. Dentro dos engenhos exerciam trabalhos
como: mestres de açúcar, feitores, banqueiro, caixeiro, purgador, caldeireiro, médico (que também era
dentista e farmacêutico) e escumeiro, funções que tinham um pagamento e que variava ao longo da
colheita, do serviço e até mesmo do engenho em que se prestava serviço, o feitor-mor recebia a soldada
mais alta e não há uma disputa por trabalhadores. Com a utilização da mão de obra escrava muitos
trabalhos deixaram de existir, como os barqueiros, vaqueiros, levadeiros e escumeiros, com a substituição
dos trabalhadores livres por escravos especializados. Os trabalhadores livres começaram a priorizar o
trabalho artesanal como carpinteiro, ferreiro, sapateiro, ourives e alfaiates.
Os trabalhadores livres não possuíram uma estrutura social configurada. Por conta da instabilidade,
pelo trabalho esporádico, incerto e aleatório, o vadio não possuía um trabalho fixo. Porém, a qualquer
hora poderia ser utilizado em alguma coisa, considerados como uma espécie de exército de reserva da
escravidão, uma mão-de-obra alternativa.

A sociedade no Brasil colonial

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/

A imagem acima é uma representação da organização social no Brasil colonial:


No topo da pirâmide estavam os senhores de engenho, além de grandes proprietários de terras e
escravos, dominavam a economia e a política, exercendo poder sobre sua família e sobre outras pessoas
que viviam em seus domínios, sob sua proteção – os agregados. Era a chamada família patriarcal.
Na camada intermediária estavam os homens livres, como religiosos, feitores, capatazes, militares,
comerciantes, artesãos e funcionários públicos. Alguns possuíam terras e escravos, porém não exerciam
grande influência individualmente, principalmente em relação à economia.
Na base estava a maior parte da população, que era composta de africanos e índios escravizados
(sendo os índios a primeira tentativa de escravidão, que mostrou-se pouco vantajosa). Os escravos não
eram vistos como pessoas com direito a igualdade. Eram considerados propriedade dos senhores e
faziam praticamente todo o trabalho na colônia. Os escravos nas zonas rurais não tinham nenhum direito
na sociedade e começavam a trabalhar desde crianças, aos 5 anos de idade.
A sociedade colonial brasileira foi um reflexo da própria estrutura econômica, acompanhando suas
tendências e mudanças. Suas características básicas, entretanto, definiram-se logo no início da
colonização segundo padrões e valores do colonizador português. Assim, a sociedade do Nordeste
açucareiro do século XVI, essencialmente ruralizada, patriarcal, elitista, escravista e marcada
pela imobilidade social, é a matriz sobre a qual se assentarão as modificações dos séculos seguintes.
No século XVIII, a sociedade brasileira conheceu transformações expressivas. O crescimento
populacional, a intensificação da vida urbana e o desenvolvimento de outras atividades econômicas para
atender a essa nova realidade, resultaram indubitavelmente da mineração. Embora ainda conservasse
o seu caráter elitista, a sociedade do século XVIII era mais aberta, mais heterogênea e marcada por uma

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relativa mobilidade social, portanto mais avançada em relação à sociedade rural e escravista dos séculos
XVI e XVII. Os folguedos e festas populares das camadas mais pobres conviviam com os saraus e
outros eventos sociais da camada dominante. Com relação a esta, o hábito de se locomover
em cadeirinhas ou redes transportadas por escravos, evidencia o aparecimento do escravo urbano, com
destaque para os chamados negros de ganho.

Educação
A história da educação no Brasil tem início com a vinda dos padres jesuítas no final da primeira metade
do século XVI, inaugurando a primeira, mais longa e a mais importante fase dessa história, observando
que a sua relevância encontra-se nas consequências resultantes para a cultura e civilização brasileiras.
Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Logo perceberam que não
seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra
jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um anos depois da sua chegada, já eram compostos
por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo
de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
A educação era privilégio das classes abastadas, pois as famílias tradicionais faziam questão de terem
um doutor (médico ou advogado) e um padre. Era usada como instrumento de legitimação da colonização,
inculcando na população ideias de obediência total ao Estado português. Os jesuítas impunham um
padrão educacional europeu, que desvalorizava completamente os aspectos culturais dos índios e dos
negros. Quanto às mulheres, mesmo das famílias mais abastadas, raramente recebiam instrução escolar,
e esta limitava-se às aulas de boas maneiras e de prendas domésticas. As crianças escravas, por sua
vez, estavam excluídas do processo educacional, não tendo acesso às escolas.

A religião no Brasil colônia


A origem do processo de ocupação territorial do Brasil, serviu para as intenções da igreja católica.
Os portugueses que vieram para o Brasil estavam inseridos no ideal de cruzada, adotando o
catolicismo como insígnia do poder da coroa.
Diante desta ideia, todo o não católico era considerado um inimigo em potencial, a não aceitação da
fé em cristo era vista como contestação do poder do rei e afronta direta a todo português, uma motivação
que incentivou, dentre outros fatores, o extermínio dos indígenas, vistos como pagãos e infiéis.
Essa posição foi adotada até mesmo por muitos jesuítas, como o padre Manuel da Nóbrega, conhecido
por defender o direito de liberdade dos nativos cristianizados.
Para ele, “se o gentio fosse senhorado ou despejado” de sua terra, “com pouco trabalho e gasto”, a
coroa portuguesa “teria grossas rendas nestas terras”; sendo necessário reduzir os índios a “vassalagem”.
Dentro deste contexto, a construção de igrejas passou a delimitar a conquista territorial, garantindo a
soberania do Estado. Uma saída, adotada pelos africanos, depois da introdução da escravidão negra, foi
maquiar suas crenças, disfarçando-as no culto de imagens e signos cristãos, compondo irmandades,
nominalmente católicas, com intuito de facilitar a vida social.

A religiosidade africana
Vigiados de perto por seus senhores e fiscalizados pelos eclesiásticos católicos, na qualidade de
escravos, considerados utensílios de trabalho a semelhança de uma ferramenta, os africanos foram
obrigados a aceitar a fé em cristo como símbolo da submissão aos europeus e a coroa portuguesa.
No entanto, elementos das religiões africanas sobreviveram se ocultando em meio à simbologia cristã.
Associações de caráter locais, as irmandades negras contribuíram para forjar a polissemia e
sincretismo religioso brasileiro.
Impedidos de frequentar espaços que expressavam a religião católica dos brancos, as irmandades
representavam uma das poucas formas de associação permitidas aos negros no contexto colonial.
As irmandades negras surgiram como forma de conferir status e proteção aos seus membros, sendo
responsáveis pela construção de capelas, organização de festas religiosas e pela compra de alforrias de
seus irmãos, oficialmente auxiliando a ação da igreja e demonstrando a eficácia da cristianização da
população escravizada.
Entretanto, ao organizarem-se, geralmente, em torno da devoção a um santo especifico, a qual
assumiu múltiplos significados, incorporando ritos e cultos aos deuses africanos, permitiu o nascimento
de religiões afro-brasileiras como o acotundá, o candomblé e o calundu.
Muitos indivíduos que oficialmente cultuavam, por exemplo, São José, na capela erguida pela
irmandade negra, dentro do âmbito do acotundá, clandestinamente dançavam em frente a uma imagem
semelhante ao som do tambor em casas simples com paredes de barro cobertas de capim, utilizando
palavras extraídas de textos católicos, mescladas a um dialeto da Costa da Mina (atual Gana).

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Um sincretismo que se tornaria típico do povo brasileiro, também presente no candomblé, onde o rito
do deus africano Coura e a devoção a Nossa Senhora do Rosário se fundiram, fornecendo um valioso
exemplo da simbiose religiosa no Brasil.

Os judeus
Perseguidos pelo Tribunal do Santo Oficio na Europa, os judeus sempre estiveram em situação de
perigo iminente, sendo obrigados a converterem-se ao cristianismo em Portugal.
Aos olhos do Estado os convertidos passaram a ser considerados cristãos-novos, vigiados de perto
pela Inquisição, sofrendo preconceitos e perseguições esporádicas.
O Brasil se transformou na terra prometida para os cristãos-novos portugueses, compelidos a
migrarem para novas terras em além-mar.
Foi uma saída viável à recusa da aceitação de sua fé no reino, tendo em vista o fato da Inquisição
nunca ter se instalado por aqui, embora tenham sido instituídas visitações do Santo Oficio em 1591, 1605,
1618, 1627, 1763 e 1769.
Alojados sobretudo na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba e no Maranhão; os cristãos-novos recém-
chegados integraram-se rapidamente, ocupando cargos nas Câmaras Municipais, em atividades
administrativas, burocráticas e comerciais, destacando-se também como senhores de engenho, algo
impensável em Portugal.
Sem a Inquisição em seus calcanhares, os cristãos-novos continuaram a exercer práticas judaicas no
interior de seus lares, mantendo vivos os laços familiares e comunitários clandestinamente, ao mesmo
tempo, adotando uma postura publica católica, respondendo a uma necessidade de adesão, participação
e identificação.

Cultura
As manifestações artístico-culturais foram até o século XVII, condicionadas às atividades
desenvolvidas aos centros de educação, no caso os colégios jesuíticos. No trato social alicerçavam-se
práticas, usos e costumes que seriam marcantes para a formação da sociedade brasileira. A partir do
século XVIII esse cenário mudou. Com a emergência da mineração, inúmeras manifestações tornaram-
se presentes, como a arte barroca (seja ela plástica ou literária), as manifestações árcades e parnasianas,
principalmente ligadas a uma referência mais letrada e influenciada pelos matizes europeus. Devemos
chamar a atenção que não tratamos aqui de cultura erudita ou popular. Procuramos marcar as
manifestações ligadas aos padrões representativos impostos pelos laços de ligação e influência com o
que era observado no continente europeu. As manifestações culturais do período são fundamentais para
a formação de identidade da sociedade brasileira.

Entre as principais obras:


- História do Brasil, do Frei Vicente do Salvador.
- História da Província de Santa Cruz e Tratado da Terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo.
- Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
- Cultura e Opulência das Terras do Brasil, do Padre Antonil.
- Viagens e Aventuras no Brasil, de Hans Staden.
- História de Uma Viagem Feita à Terra do Brasil, de Jean de Léry.

Barroco no Brasil:
-Gregório de Matos e Guerra, conhecido como Boca do Inferno, que apesar de se inspirar nas regras
do Barroco europeu, desenvolveu ideias próprias e retratou a sociedade brasileira colonial, principalmente
com seus poemas satíricos, como Os Epílogos.
O padre Antônio Vieira foi o maior orador religioso da língua portuguesa, com seus famosos Sermões
(Sermão da Sexagésima, Sermão dos Peixes, Sermão para o Bom Sucesso das Armas de Portugal contra
as de Holanda, etc.).
No século XVIII, destaca-se o Arcadismo Mineiro, com seu bucolismo e com sua linguagem mais
simples que a do Barroco. Seus autores usavam pseudônimos, imitando os europeus e quase todos
participaram da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da
Gama, Frei José de Santa Rita Durão, Silva Alvarenga, etc.

União Ibérica
Em 1578, na luta contra os mouros marroquinos em Alcácer-Quibir, o rei D. Sebastião, de Portugal,
desapareceu. Com seu desaparecimento teve início uma crise sucessória do trono português, já que o

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rei não deixou descendentes. O trono foi assumido por um curto período de tempo por seu tio-avô, o
cardeal dom Henrique, que morreu dois anos depois, sem deixar herdeiros.
Logo após, Filipe II da Espanha e neto do falecido rei português D. Manuel I, demonstrou o interesse
em assumir o trono português. Para alcançar o poder, além de se valer do fator parental, o monarca
hispânico chegou a ameaçar os portugueses com seus exércitos para que pudesse exercer tal direito.
Assim foi estabelecida a União Ibérica, que marca a centralização de Portugal e Espanha sob um mesmo
governo.
A vitória política de Filipe II abriu oportunidade para que as finanças de seu país pudessem se
recuperar após diversos gastos em conflitos militares. Para tanto, tinha interesse em estabelecer o
comércio de escravos com os portugueses, que controlavam a atividade na costa africana. Além disso, o
controle da maior parte das possessões do espaço colonial americano permitiria a ampliação dos lucros
obtidos através da arrecadação tributária.
Apesar das vantagens, o imperador espanhol manteve uma significativa parcela dos privilégios e
posições ocupadas por comerciantes e burocratas portugueses. No Tratado de Tomar, assinado em 1581,
Filipe II assegurou que os navios portugueses controlassem o comércio com a colônia, a manutenção das
autoridades lusitanas no espaço colonial brasileiro e o respeito das leis e costumes brasileiros.
Mesmo preservando aspectos fundamentais da colonização lusitana, a União Ibérica também foi
responsável por algumas mudanças. Com a junção das coroas, as nações inimigas da Espanha passam
a ver na invasão do espaço colonial lusitano uma forma de prejudicar o rei Filipe II. Desta maneira, no
tempo em que a União Ibérica foi vigente, ingleses, holandeses e franceses tentaram invadir o Brasil.
Entre todas essas tentativas, podemos destacar especialmente a invasão holandesa, que alcançou o
monopólio da atividade açucareira em praticamente todo o litoral nordestino. No ano de 1640 a
Restauração definiu a vitória portuguesa contra a dominação espanhola e a consequente extinção da
União Ibérica. Ao fim do conflito, a dinastia de Bragança, iniciada por dom João IV, passou a controlar
Portugal.

Invasões francesas
A França foi o primeiro reino europeu a contestar o Tratado de Tordesilhas, que dividiu as terras
descobertas na América entre Portugal e Espanha em 1494. Visitaram constantemente o litoral brasileiro
desde o período da extração do pau-brasil, mantendo relações amistosas com os povos indígenas locais.
Deste acordo surgiu a Confederação dos Tamoios (aliança entre diversos povos indígenas do litoral:
tupinambás, tupiniquins, goitacás, entre outros), que possuíam um objetivo em comum: derrotar os
colonizadores portugueses.
Em 1555 os franceses fundaram na baía de Guanabara a França Antártica, criando uma sociedade
de influências protestantes.
Através dos franceses, algumas partes do litoral brasileiro ganharam diversas feitorias e fortes.
Por aproximadamente cinco anos ocorreram conflitos entre os portugueses e a Confederação dos
Tamoios. Em 1567 os portugueses derrotaram a Confederação e expulsaram os franceses do litoral
brasileiro.
No século XVII(1612), fundaram a França Equinocial, correspondente à cidade de São Luís, capital do
estado do Maranhão.
Com a intenção de conter a expansão francesa, Portugal enviou uma expedição militar à região do
Maranhão. Essa expedição atacou os franceses tanto por terra quanto por mar. Em 1615, os franceses
foram derrotados e se retiraram do Maranhão, deslocando-se para a região das Guianas, onde fundaram
uma colônia, a chamada Guiana Francesa.
Após duas tentativas mal sucedidas de estabelecimento de uma civilização francesa, nos séculos XVI
e XVII, no Brasil colonial (França Antártida e França Equinocial), os franceses passaram a saquear,
através de corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro, no século XVIII. A principal delas foi
a cidade do Rio de Janeiro, de onde escoava todo ouro extraído da colônia rumo a Portugal. Uma primeira
tentativa de saque, em 1710, foi barrada pelos portugueses; entretanto, no ano de 1711, piratas franceses
tomaram a cidade do Rio de Janeiro e receberam dos portugueses um alto resgate para libertá-la: 600
mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois. Terminavam, então, as tentativas de invasões francesas
no Brasil.

Invasões Inglesas
As incursões inglesas no Brasil ficaram restringidas a ataques de piratas e corsários.
William Hawkins foi o primeiro corsário inglês a aportar na colônia. Entre 1530 e 1532, percorreu alguns
pontos da costa e fez escambo de pau-brasil com os índios. Outro foi Thomas Cavendish, que atracou

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em Santos, em 1591. Conhecido como “lobo-do-mar”, Cavendish estava a serviço da rainha inglesa
Elizabeth I.
O corso realizado pelos ingleses, entretanto, intensificou-se apenas na segunda metade do século
XVI, quando os conflitos entre católicos e protestantes tomaram-se intensos na Inglaterra e os
mercadores empolgaram-se com as possibilidades comerciais abertas pelas novas rotas marítimas.
A primeira incursão pirata dos ingleses ao litoral brasileiro foi em 1587. Em 1595, o inglês James
Lancaster conseguiu tomar o porto do Recife. Retirou grande volume de pau-brasil, que levou para a
Inglaterra depois de realizar saques na capitania durante mais de um mês.

Invasões Holandesas no Brasil


As invasões holandesas na primeira metade do século XVII estão relacionadas com a criação da União
Ibérica. Antes do domínio dos Habsburgos, as relações comerciais e financeiras entre Portugal e
Holanda eram intensas. Pouco antes de Felipe II tornar-se rei de Portugal, os Países Baixos iniciaram
uma guerra de independência, tentando libertar-se do domínio espanhol. Iniciada em 1568, essa guerra
de libertação culminou com a União de Utrecht, sob a chefia de Guilherme de Orange. Em 1581, nasciam
as Províncias Unidas dos Países Baixos, mas a guerra continuou.
Assim que Filipe II assumiu o trono luso, proibiu o comercio açucareiro luso-flamengo. O embargo de
navios holandeses em Lisboa provocou a criação de companhias privilegiadas de comércio. Entre 1609
e 1621, houve uma trégua, que permitiu a normatização temporária do comercio entre Brasil-Portugal e
Holanda. Em 1621, terminada a trégua, os holandeses fundaram a Companhia de Comercio das Índias
Ocidentais, cujo alvo era o Brasil. Começava a Guerra do Açúcar.
A primeira invasão foi na Bahia, realizada por três mil e trezentos soldados. Salvador foi ocupada sem
muita resistência. O governador Diogo de Mendonça Furtado foi preso e a cidade, saqueada. A
população fugiu para o interior, onde a resistência foi organizada pelo bispo D. Marcos Teixeira e por
Matias de Albuquerque. Os baianos também receberam a ajuda de uma esquadra luso-espanhola
(“Jornada dos Vassalos”) e, em maio de 1625, os holandeses foram expulsos.
A segunda invasão holandesa no Nordeste foi direcionada contra Pernambuco, uma capitania rica em
açúcar e pouco protegida. Olinda e Recife foram ocupadas e saqueadas. A resistência foi comandada por
Matias de Albuquerque, a partir do Arraial do Bom Jesus, e durante alguns anos impediu que os invasores
ampliassem sua área de dominação. Mas a “traição” de Domingos Calabar alterou a situação.
Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado pelo conde Mauricio de Nassau-Siegen, que
expandiu o domínio holandês do Nordeste até o Maranhão e conquistou Angola (fornecedora de
escravos). Porém, em 1638, fracassou ao tentar conquistar a Bahia. Quando Portugal restaurou sua
independência e assinou a “Trégua dos Dez Anos” com a Holanda. Nassau continuou administrando o
Brasil holandês de forma exemplar. Urbanizou Recife, fundou um zoológico, um observatório astronômico
e uma biblioteca, construiu jardins e palácios e promoveu a vinda de artistas e cientistas para o Brasil.
Além disso, adotou a tolerância religiosa e dinamizou a economia canavieira. Sua política garantiu o
apoia da aristocracia local, mas entrou em choque com os objetivos da Companhia das índias Ocidentais.
Em 1644, Nassau demitiu-se. Enquanto isso, os próprios brasileiros organizaram a luta contra os
flamengos, com a Insurreição Pernambucana Os líderes foram André Vidal de Negreiros, João Fernandes
Vieira. Henrique Dias (negro) e o índio Filipe Camarão. Em 1648 e 1649, as duas batalhas de Guararapes
foram vitorias dos nativos. Em 1652, o apoio oficial de Portugal e as lutas dos holandeses na Europa
contra os ingleses, em decorrência dos prejuízos causados pelos Atos de Navegação de Oliver Cromwell,
levaram os holandeses a Capitulação da Campina do Taborda Expulsos do Brasil. os holandeses foram,
desenvolver a produção de açúcar nas Antilhas, contribuindo para a crise do complexo açucareiro
nordestino. Mais tarde, Portugal e Holanda firmaram o Tratado de Paz de Haia (1661), graças a mediação
inglesa. Segundo tal tratado, a Holanda receberia uma indenização de 4 milhões de cruzados e a cessão
pelos portugueses das ilhas Molucas e do Ceilão, recebendo ainda o direito de comerciar com maior
liberdade nas possessões portuguesas, em razão da perda do Brasil holandês.

Expansão Territorial: Bandeiras e Bandeirantes


As bandeiras, tradicionalmente definidas como expedições particulares, em oposição às entradas, de
caráter oficial, contribuíram decisivamente para a expando territorial do Brasil Colônia. A pobreza de São
Paulo, decorrente do fracasso da lavoura canavieira no século XVI, a possibilidade da existência de
metais preciosos no interior e, particularmente, a necessidade de mão-de-obra para o açúcar nordestino,
durante a União Ibérica, levaram os paulistas a organizar a caça ao índio, o bandeirismo de contrato e a
pesquisa mineral.

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A caça ao Índio
Inicialmente a caça ao índio (Preação) foi uma forma de suprir a carência de mão-de-obra para a
prestação de serviços domésticas aos próprios paulistas. Logo, porém, transformou-se em atividade
lucrativa, destinada a complementar as necessidades de braços escravos, bem como para a triticultura
paulista. Na primeira metade do século XVII, os vicentinos realizaram incursões, principalmente contra as
reduções jesuíticas espanholas, resultando na destruição de várias missões, como as do Guairá, Itatim e
Tape, por Antônio Raposo Tavares. Nesse período, os holandeses, que haviam ocupado uma parte do
Nordeste açucareiro, também conquistaram feitorias de escravos negros na África, aumentando a
escassez de escravos africanos no Brasil.

O bandeirismo de contrato
A ação de bandeirantes paulistas contratados pelo governador-geral ou por senhores de engenho do
Nordeste, com o objetivo de combater índios inimigos e destruir quilombos, corresponde a uma fase do
bandeirismo na segunda metade do século XVII. O principal acontecimento desse ciclo de bandeiras foi
a destruição de um conjunto de quilombos situados no Nordeste açucareiro, conhecido genericamente
como Palmares.
A atuação do bandeirismo foi de fundamental importância para a ampliação do território português na
América. Num espaço muito curto, os bandeirantes devassaram o interior da colônia, explorando suas
riquezas e arrebatando grandes áreas do domínio espanhol, como é o caso das missões do Sul e Sudeste
do Brasil. Antônio Raposo Tavares, depois de destruí-las, foi até os limites com a Bolívia e Peru, atingindo
a foz do rio Amazonas, completando, assim, o famoso périplo brasileiro. Por outro lado, o bandeirantes
agiram de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragidos, contribuindo para a manutenção
do sistema escravocrata que vigorava no Brasil Colônia.

O Ciclo do Ouro
Quando foi divulgada a notícia da descoberta de jazidas auríferas, muitas pessoas dirigiram-se para
as regiões do ouro, em especial para o atual território do estado de Minas Gerais. Praticamente todas as
pessoas que que se dirigiram para a região o fizeram na intenção de dedicar-se exclusivamente na
exploração do metal, deixando de lado até mesmo atividades essenciais para a sobrevivência, como a
produção de alimentos, o que gerou uma profunda escassez de mercadorias nas Minas Gerais. Era
comum entre os anos de 1700 e 1730 a ocorrência de crises de fome na região caso o acesso a outras
regiões das quais os produtos básicos eram adquiridos fossem interrompidas. A situação começa a mudar
com a expansão de novas atividades, e com a melhoria das vias de comunicação.

Impostos e a administração da coroa


Com as primeiras notícias de descobrimento das jazidas em Minas Gerais, a Coroa publicou o
Regimento dos Superintendentes, Guardas-Mores e Oficiais-Deputados para as minas de ouros, no ano
de 1702
Para executar o regimento, cobrar impostos e superintender o serviço de mineração, foram criadas as
Intendências de Minas, uma para cada capitania em que houvesse a extração de ouro.
Quando uma nova jazida era descoberta, era obrigatória a comunicação para a Intendência. O Guarda-
mor, então, dirigia-se ao local, ordenando a demarcação do terreno a ser explorado. Este era dividido em
lotes, que eram chamados de datas.
As datas eram entregues através de sorteio. No dia da distribuição, comunicado com certa
antecedência, deviam comparecer todos aqueles que estivessem interessados em receber um lote; não
se admitiam procuradores ou representantes. O descobridor da jazida não só tinha o direito de escolher
uma data, mas também de receber um prêmio em dinheiro. A Intendência separava em seguida uma data
para si, vendendo-a depois em leilão público. As datas restantes eram sorteadas entre os presentes.
Encerrado o sorteio, se sobrassem terras auríferas, fazia-se uma distribuição suplementar. Se o número
de interessados era muito grande, o tamanho das datas era reduzido.
Normalmente as datas eram lotes com no máximo 50 metros de largura.
No início da atividade mineradora foi estabelecido um imposto para as pessoas que se dedicavam à
extração: o quinto. O quinto correspondia a 20% do ouro extraído, que deveria ser pago para a Coroa.
Como era difícil determinar se uma barra ou saca de ouro havia sido ou não quintada, a sonegação era
uma pratica fácil de ser realizada.
Com o objetivo de regularizar a cobrança foi criado um imposto adicional chamado finta que não
funcionou como planejado e foi extinto. Para resolver o problema o governo criou as Casas de Fundição,
das quais a mais famosa foi a de Minas Gerais, inaugurada em 1725.

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Nas casa de fundição o minerador entregava seu ouro em pó, que era fundido e transformado em
barras, das quais era descontado o quinto. Além das Casas de Fundição, também foi proibida a
comercialização e exportação de ouro em pó. É possivelmente dessa época o surgimento dos “Santos
do pau oco” que eram imagens de santos esculpidas por dentro e preenchidas com ouro em pó, para
fugir da fiscalização e da cobrança.
Em 1735 a Coroa começou a cobrar um novo imposto, a Capitação. A capitação era um imposto per
capita, pago em ouro pelas pessoas e estabelecimentos comerciais da área mineradora.
Em 1750 a capitação foi extinta, restando apenas o quinto. Apesar disso, era exigida uma arrecadação
mínima de 100 arrobas de ouro por ano. Se não fosse atingida a arrecadação era decretada a derrama:
cobrança do tanto que faltava para completar as 100 arrobas de arrecadação.
Conforme as jazidas foram esgotando, a produção de ouro caiu, assim como a arrecadação de
impostos. As suspeitas de sonegação de impostos e a violência da Intendência aumentaram juntamente,
gerando atritos e conflitos entre autoridades e mineradores, uma das causas da Inconfidência Mineira de
1789.
Para a extração do ouro foram organizados dois tipos de empreendimentos: lavras e faiscações.
As lavras eram unidades de produção relativamente grandes, podendo até possuir equipamento
especializado e o trabalho de mais de 100 escravos, o que exigia o investimento de alto capital, sendo
rentável apenas em jazidas de ouro de tamanho suficientemente grande.
Nas faiscações, que eram pequenas unidades produtoras, trabalhavam somente algumas pessoas
ou até mesmo eram compostas de trabalhadores individuais. Era comum a pratica do envio de escravos
por homens livres para faiscação, sendo o ouro encontrado dividido entre ambos.

Reformas Pombalinas
O político português Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, nasceu em Lisboa, em
13 de maio de 1699; estudou na Universidade de Coimbra e, em 1738, foi nomeado embaixador em
Londres; cinco anos depois, foi transferido, no mesmo cargo, para Viena, onde permaneceu até 1748.
Dois anos depois, o rei D. José I nomeou-o secretário de Estado para os Assuntos Exteriores. Após
cinco anos no cargo, assistiu ao grande terremoto que destruiu Lisboa. Diante do desastre, organizou as
forças de auxílio e reconstrução, o que lhe valeu o cargo de primeiro-ministro, que exerceu até a morte
do rei que lhe concedeu o título de Marquês em 1770.
Pombal era, sobretudo, reformador, autoritário, intransigente e iluminista; assim, não se curvava à
Igreja e, consequentemente, não se curvava, também e principalmente, ao poder que, embora de matriz
eclesiástica, tinha fortes reflexos materiais, como o era o exercido pela Ordem de Jesus. Ele não
pretendeu, apenas, reformar o Estado. Sobretudo despótico, mostrou-se intolerante e possuidor de mão
forte, o que demonstra o seu gosto pelo domínio do poder, que passou a exercer de forma quase absoluta
a partir de 1756.
Foi assim que reorganizou o sistema educacional, elaborou novo Código Penal, reorganizou o exército
e a marinha, incentivou a emigração de portugueses para as colónias. Estes os antecedentes e os
componentes que atuaram sobre as Companhias de Comércio, das quais a do Grão-Pará e Maranhão,
em suas atividades no Brasil e Cabo Verde.
A escravidão dos índios foi extinta e eles até poderiam se casar com portugueses. A ideia de Pombal
ao permitir isso, era a de que os índios se miscigenassem, houvesse um crescimento populacional e
então o Estado contasse com mais força nas fronteiras do interior.
Quando os índios passaram a ser livres, isso chocou-se contra os jesuítas, que não deixavam que a
autoridade real interferisse nos assuntos deles. Marquês de Pombal que queria realizar uma reforma e
aproveitar e centralizar o poder, expulsou os 670 jesuítas que aqui moravam e mandou fechar os colégios.
Eles foram acusados de traição, o Padre Gabriel Malagrida foi queimado em praça pública e o restante
embarcou para Lisboa onde foram presos.

As rebeliões nativistas
A população colonial, já enraizada na terra e, portanto, com fortes sentimentos nativistas, manifestou
seu descontentamento frente às exigências metropolitanas. Em vista disto, surgiram os primeiros sinais
de rebeldia, denominados rebeliões nativistas.

Revolta de Beckman(1684)
Na segunda metade do século XVII, a situação da economia maranhense, que nunca fora boa, tendia
a piorar. A Coroa, pressionada pelos jesuítas, proibiu a escravização de indígenas, os quais eram a base
da mão-de-obra local, utilizados na coleta de “drogas do sertão” e na agricultura de subsistência.

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Visando melhorar a situação da capitania, o governo português criou, em 1682, a Companhia de
Comércio do Maranhão, a qual recebia o monopólio do comércio maranhense e em troca deveria
promover o desenvolvimento da agricultura local.
A má administração da empresa gerou uma rebelião de colonos, em 1684, sob a chefia dos irmãos
Manoel e Thomas Beckman. O objetivo dos rebeldes era o fechamento da Companhia e a expulsão dos
jesuítas. A revolta foi sufocada pela coroa, mas a Companhia encerrou suas atividades.

A Guerra dos Emboabas (1708-1709)


Apesar da fome que assolou as Minas em 1696-1698 ter sido terrível, uma crise de desabastecimento
ainda mais devastadora aconteceu na região em 1700. Três anos depois da descoberta das primeiras
jazidas, cerca de 6 mil pessoas haviam chegado às minas. Na virada do século XVIII, esse número
quintuplicara: 30 mil mineiros perambulavam pela área. Simplesmente não havia o que comer: qualquer
animal ou vegetal que pudesse ser consumido já o fora.
Pouco depois, surgiram os conflitos entre paulistas, que foram os descobridores das jazidas e primeiros
povoadores e os Emboabas, forasteiros, normalmente portugueses, pernambucanos e baianos.
Os dois grupos disputavam o direito de exploração das terras. Os paulistas argumentavam que
deveriam ter o direito de exploração, por serem os descobridores. Já os emboabas defendiam que por
serem cidadãos do Reino também possuíam o direito de exploração das riquezas. Entre 1707 e 1709,
ocorreram lutas violentas entre os dois grupos, com derrotas sucessivas por parte dos paulistas.
O governador Albuquerque Coelho e Carvalho promoveu a pacificação geral em 1709, quando foi
criada a capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pertencente à coroa.

A Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710-1714)


Luta entre os proprietários rurais de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife, originada pela
expulsão dos holandeses no século XVII. Se a perda do monopólio brasileiro do fornecimento de açúcar
à Europa foi trágica para os produtores pernambucanos, não foi tanto assim para a burguesia lusitana de
Recife, que passou a financiar a produção olindense, com elevadas taxas e grandes hipotecas.
A superioridade econômico-financeira de Recife não tinha correspondente político, visto que seus
habitantes continuavam dependendo da Câmara Municipal de Olinda. Em 1710, Recife conseguiu sua
emancipação político-administrativa, transformando-se em município autônomo. Os olindenses,
comandados por Bernardo Vieira de Melo, invadiram Recife, provocando a reação dos Mascates,
chefiados por João da Mota.
A luta entre as duas cidades manteve-se até 1714, quando foi encerrada graças à mediação da Coroa.
O esforço da aristocracia fora inútil: Recife manteve sua autonomia.

Os Movimentos Emancipacionistas
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados
pelo forte anseio de conquistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Entre os principais
motivos para esses movimentos estavam a alta cobrança de impostos; limites estabelecidos pelo pacto
colonial, que obrigava o brasil de comerciar com Portugal somente; a falta de autonomia e representação
na criação de leis e tributos, além da política, dominada por Portugal; Os ideais iluministas e separatistas
vindos da Europa e dos Estados Unidos.

A Inconfidência Mineira (1789)


Na segunda metade do século XVIII, a produção de ouro nas Minas Gerais vinha apresentando um
grande declínio, o que aumentou os choques e conflitos entre a população local e as autoridades
portuguesas. Quanto menos ouro era extraído, maiores eram os boatos e ameaças do acontecimento de
derrama ou cobrança de quintos, atitude que afetaria boa parte da elite local.
Os grupos mais influenciados pelas ideias iluministas, que eram também os que mais teriam a perder
com as medidas do governo português, resolveram tomar uma atitude, dando início em 1789 ao
movimento que seria chamado pela metrópole de Inconfidência (infidelidade) Mineira, ou Conjuração
Mineira.
Os inconfidentes tinham como objetivo a imediata separação da colônia, criando uma República
moldada pelo pensamento liberal-iluminista e pela Constituição dos Estados Unidos, que haviam
conquistado sua independência em 1776. Após conquistada a liberdade em relação à metrópole,
estabeleceriam São João del-Rei como capital, criariam a Universidade de Vila Rica e dariam estímulo à
abertura de manufaturas têxteis e de uma siderurgia para o novo Estado. Em relação à escravidão as
posições eram divergentes.

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A revolta foi planejada 1788, durante a derrama, mas foi suspensa quando participantes da
conspiração denunciaram o movimento ao governador. O coronel Joaquim Silvério dos Reis foi apontado
como principal delator. Endividado com a coroa, assim como outros inconfidentes, o coronel resolveu
separar-se do movimento e apresentar um depoimento formal para o governador da capitania, Visconde
de Barbacena. O governador suspendeu a cobrança e mandou prender os inconfidentes.
Após a confissão de Joaquim Silvério e a prisão dos suspeitos, foi instituída a devassa, uma
investigação levada a cabo pelas autoridades da época, constatando que envolveram-se no movimento
da Capitania das Minas grandes fazendeiros, criadores de gado, contratadores, exploradores de minas,
magistrados, militares, além de intelectuais luso-brasileiros.
Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo, José de Oliveira Rolim e
Manuel Rodrigues da Costa, além do cônego Luís Vieira da Silva; o tenente-coronel Francisco de Paula
Freire de Andrade, comandante militar da capitania, os coronéis Domingos de Abreu Vieira, também
comerciante, e Joaquim Silvério dos Reis, rico negociante; e os letrados Cláudio Manuel da Costa, Inácio
José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi o único “conspirador” que não fazia parte da elite.
Conhecido como alferes (primeiro posto militar) e dentista prático, foi talvez por sua origem o mais
duramente castigado. A memória de Tiradentes passou a ser celebrada no Brasil com a proclamação da
República, quando foi considerado herói nacional pelo regime estabelecido em 15 de novembro de 1889.
Sua representação mais conhecida é muito semelhante à imagem de Cristo, reforçando a construção da
imagem de mártir.
Assinada em 19 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, a sentença de morte de Tiradentes cumpriu-se
dois dias depois: ele foi enforcado, decapitado e esquartejado. Os outros participantes foram condenados
ao desterro na África.

Conjuração Baiana (1798)


A conjuração Baiana, ou revolta dos alfaiates, assim como a Conjuração Mineira, foi influenciada
pelos ideais iluministas, em especial a Revolução Francesa. Ocorrida na Bahia em 1798, buscava a
emancipação e defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.
Entre as causas do movimento estava a insatisfação com Portugal pela transferência da capital para
o Rio de Janeiro, em 1763. Com tal mudança, Salvador (antiga capital) sofreu com a perda dos privilégios
e a redução dos recursos destinados à cidade. Somado a tal fator, o aumento dos impostos e exigências
colônias vieram a piorar sensivelmente as condições de vida da população local, e o domínio exercido
sobre a colônia. O preço dos alimentos também gerou revolta na população. Além de caros, muitos
produtos tornavam-se rapidamente escassos, pelas restrições impostas sobre o comercio e as
importações.
Os revoltosos defendiam a separação da região do restante da colônia, buscando independência de
Portugal e instalando um governo baseado nos princípios da Republica. Também defendiam a liberdade
de comércio (fim do pacto colonial estabelecido), o aumento dos soldos e a igualdade entre as pessoas,
resultando na abolição da escravidão.
A revolta ganhou o nome de revolta dos alfaiates pela grande adesão desses profissionais no
movimento, entre eles Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento. Outros setores,
como o militar, representado pelo soldado Luís Gonzaga das Virgens.
O movimento contou com a participação de pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes,
escravos e ex-escravos.
A revolta foi impedida antes mesmo de começar. O ferreiro José da Veiga informou sobre os detalhes
do movimento ao governador, que pôde mobilizar tropas do exército para conter os revoltosos.

Questões

01. Entre as causas da Criação das Capitanias Hereditárias no Brasil, podemos apontar
(A) a necessidade de apoio do governo português aos comerciantes de pau-brasil;
(B) a necessidade de organizar a exploração do ouro;
(C) o fracasso do governo geral;
(D) o interesse de Portugal no comércio de escravos indígenas;
(E) a falta de recursos do governo português que transferiu aos donatários a responsabilidade da
colonização.

02. O sertanismo (ou bandeirismo) de contrato, tinha por atividade:


(A) a exportação de drogas do sertão;

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(B) a busca de metais preciosos para o governo português;
(C) o tráfico negreiro para a Inglaterra;
(D) a captura de índios para escravizá-los;
(E) combater revoltas de índios e negros e destruir os quilombos.

03.
I - Expedições de bandeirantes organizadas pelo governo português.
II - Expedições de bandeirantes organizadas por particulares.
As frases acima correspondem, respectivamente:
(A) às missões e às reduções;
(B) às feitorias e às bandeiras;
(C) às entradas e às bandeiras;
(D) às feitorias e às entradas;
(E) às bandeiras e às missões.

04. (PUC) “Nenhuma outra forma de exploração agrária no Brasil colonial resume tão bem as
características básicas da grande lavoura como o engenho de açúcar.”
Alice Canabrava, in Sérgio Buarque de Holanda (org.) História geral da civilização brasileira. Rio de
Janeiro: Difel, 1963, tomo I, vol. 2, p. 198-206.
A frase pode ser considerada correta, entre outros motivos, porque na produção açucareira:
(A) prevalecia o regime de trabalho escravo e a grande propriedade monocultora.
(B) havia emprego reduzido de mão de obra e prevalecia a agricultura de subsistência.
(C) prevalecia a atenção ao mercado consumidor interno e à distribuição das mercadorias nas grandes
cidades.
(D) havia disposição modernizadora do aparato produtivo e prevalecia a mão de obra assalariada.
(E) prevalecia a pequena propriedade familiar e a diversificação de culturas

05. (Vunesp) Leia o texto para responder à questão.


O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma aliança entre a
burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza. Essa aliança refletiu-se numa política de terras que incorporou
concepções rurais tanto feudais como mercantis.
(Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República, 1987.)
A afirmação de que “O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma
aliança entre a burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza” indica que a colonização portuguesa do Brasil
(A) desenvolveu-se de forma semelhante às colonizações espanhola e britânica nas Américas, ao
evitar a exploração sistemática das novas terras e privilegiar os esforços de ocupação e povoamento.
(B) implicou um conjunto de articulações políticas e sociais, que derivavam, entre outros fatores, do
exercício do domínio político pela metrópole e de uma política de concessões de privilégios e vantagens
comerciais.
(C) alijou, do processo colonizador, os setores populares, que foram impedidos de se transferir para a
colônia e não puderam, por isso, aproveitar as novas oportunidades de emprego que se abriam.
(D) incorporou as diversas classes sociais existentes em Portugal, que mantiveram, nas terras
coloniais, os mesmos direitos políticos e trabalhistas de que desfrutavam na metrópole.
(E) alterou as relações políticas dentro de Portugal, pois provocou o aumento da participação dos
burgueses nos assuntos nacionais e eliminou a influência da aristocracia palaciana sobre o rei.

06. (SEDUC-PI – História – NUCEPE) Nos primeiros séculos de colonização do Brasil, anterior à fase
do ouro, a cultura colonial foi fortemente marcada pela ação dos jesuítas. Aqueles que se dedicavam a
ofícios escritos, ou eram jesuítas, ou haviam sido influenciados por eles.
Considerando as manifestações culturais e a influência jesuítica no Brasil, durante o período colonial,
analise as assertivas a seguir:
I - Apesar de sua forte influência sobre a Colônia, esta vigorou apenas até 1580, quando a União
Ibérica foi implantada e os jesuítas foram expulsos do Brasil.
II - Por todo o período anterior à fase da mineração, não há que se falar de maneira ampla em “literatura
brasileira”, pois as obras eram escritas e editadas em Portugal e havia poucos consumidores na Colônia.
III - Destacaram-se minimamente os escritos dos autores chamados “viajantes”, muitos dos quais
jesuítas, que descreviam as regiões, a organização social e os costumes na Colônia.
IV - Na produção jesuítica, destacaram-se os sermões, usados para estimular o remorso e a devoção,
a regeneração dos infiéis e a conversão dos nativos.

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V - O teatro foi um recurso utilizado pelos jesuítas, com a finalidade didática de converter nativos à fé
católica.
Assinale a alternativa CORRETA:
(A) Todas as assertivas são corretas.
(B) Apenas quatro assertivas são corretas.
(C) Apenas três assertivas são corretas.
(D) Apenas duas assertivas são corretas.
(E) Apenas uma assertiva é correta.

Respostas

01. Resposta E.
A falta de recursos e uma certa desconfiança do que poderia render de lucro a coroa portuguesa leva
a solução de garantir aos donatários a responsabilidade e o dever de garantir a exploração e
desenvolvimento da colônia.

02. Resposta E.
Os bandeirantes, utilizados e conhecidos como caçadores de índios e pedras preciosas no início da
colonização também atuaram na perseguição de escravos africanos que fugiam de seus senhores. Com
o tempo também atuaram na busca e destruição de quilombos ondes os escravos foragidos se refugiavam

03. Resposta C.
As expedições bandeirantes possuíam diferentes denominações de acordo com seu patrocinador. Se
organizadas pelo governo eram chamadas entradas e se organizadas por particulares como fazendeiros
e senhores de engenho recebiam o nome de bandeiras.

04. Resposta: A
A produção do açúcar no Brasil foi a primeira grande atividade comercial estabelecida de forma efetiva
para a geração de lucros para a coroa portuguesa. Era caracterizada pela mão-de-obra escrava (indígena,
depois africana), a grande propriedade rural (Latifúndio) e a exportação para o mercado europeu.

05. Resposta: B
Durante o período colonial, a obtenção de terras estava vinculada à concessão do rei, que as cedia
para pessoas com capital disponível para a construção de engenhos ou investimentos na colônia.

06. Resposta: B
Das situações descritas pela questão, apenas a expulsão dos jesuítas está colocada de maneira
incorreta. Na verdade, os jesuítas não foram expulsos com a criação da União Ibérica em 1580, mas
durante a administração do Marquês de Pombal, em 1759.

O período Joanino e a Independência


No final do século XVIII, as bases do sistema mercantilista começavam a demonstrar sinais de
fraqueza, provocadas pelas transformações na visão de economia e de Estado, que ocorreram na Europa,
a partir da segunda metade do século, com grande repercussão nas colônias.
A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial e as novas ideias iluministas e
liberais contribuíram para enfraquecer o absolutismo e garantir a ascensão da burguesia, como no caso
da Revolução Francesa em 1789. Nas colônias, a Revolução Americana de 1776, que inclusive
influenciou de certa forma a revolução na França; a Conjuração Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana
de 1798 mostraram a insatisfação de muitos setores da sociedade com o pacto colonial, caracterizado
pelas restrições comerciais.
Outro fator que enfraquece algumas monarquias absolutistas europeias é a expansão francesa.
Quando Napoleão começa sua campanha de expansão na Europa, depara-se com um inimigo poderoso:
a Inglaterra. Derrotado em algumas campanhas militares contra o reino inglês, Napoleão decide por fim
decretar restrições ao comércio com a ilha. Em 21 de novembro de 1806, foi decretado que os países
que estavam sob o domínio do império francês estavam proibidos de fazer comércio ou autorizar o acesso
aos portos para navios ingleses. A medida visava enfraquecer o concorrente, afim de poder dominá-lo.
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava que todas as nações sob sua influência
aderissem totalmente ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não por Portugal.

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E por que Portugal foi contrário bloqueio?
Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica, que dependia muitos de suas colônias para o
sustento econômico. O principal parceiro econômico de Portugal era a Inglaterra, e desde 1703 os dois
países estavam sob um acordo conhecido como Tratado de Methuen, que recebeu o nome em função
do embaixador inglês que conduziu as negociações. O Tratado estabelecia o comércio de panos ingleses
e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-se desvantajoso para Portugal, pois o volume panos
que chegava era maior que o volume de vinhos que saía. Com o investimento na produção de vinho,
Portugal perdeu muitas das áreas de produção de alimentos, o que obrigou-o a importar parte dos gêneros
alimentícios. Além dos alimentos, Portugal deixou de investir em sua indústria, e importava uma grande
quantidade de produtos manufaturados da Inglaterra.
Por conta de todos os fatores citados, o Bloqueio Continental era desvantajoso para o pequeno país,
que optou por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se prejudicado pela decisão portuguesa, e
vendo que seus esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o esperado, em agosto de 1807
Napoleão envia um ultimato ao Príncipe Regente, D. João: ou Portugal rompia suas relações com a
Inglaterra, ou seria invadido.
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França assinou em conjunto com a Espanha o
Tratado de Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois países e extinguia a dinastia
dos Bragança, à qual pertencia D. João.

A fuga para o Brasil


Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, que possuía um poderoso poder naval,
pressionou Portugal, através de seu embaixador em Lisboa, lorde Strangford, a fugir para o Brasil.
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família real e toda sua corte, totalizando cerca de
15 mil pessoas, e partiu para o Brasil, aportando em 22 de janeiro de 1808 na Bahia.
Ao chegar ao Brasil, D. João tratou de revidar o ataque francês em Portugal, ordenando a invasão e
conquista da Guiana Francesa em 1809, que permaneceu sob poder brasileiro até 1817, quando foi
devolvida.
A vinda da família real para o Brasil representava para a Inglaterra, além da manutenção de seus
negócios, a sua expansão. Assim que chegou ao Brasil, o príncipe regente assinou uma Carta Régia, que
abriu o comércio da colônia para as “nações amigas”. Segue abaixo um trecho do documento
“Eu, o Príncipe Regente, [...] sou servido ordenar [...] o seguinte: primeiro, que sejam admissíveis nas
Alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas, e mercadorias transportadas, ou em navios
estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a minha Real Coroa, ou em navios
dos meus vassalos [...]. Segundo: que não só os meus vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros
possam exportar para os portos que bem lhes parecer a benefício do comércio, e agricultura, que tanto
desejo promover todos, e quaisquer gêneros, e produções coloniais, à exceção do pau-brasil [...] ficando
entretanto como em suspenso, e sem vigor todas as leis, cartas régias, ou outras ordens que até aqui
proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio, e navegação entre os meus vassalos, e
estrangeiros. O que tudo assim fareis executar com o zelo, e atividade que de vós espero. Escrita na
Bahia aos vinte e oito de janeiro de mil oitocentos e oito. [...]”
O tratado foi muito benéfico para a Inglaterra, que poderia comercializar livremente com o Brasil, sem
intermédio português.
Ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente extinguiu a lei que proibia a instalação de manufaturas no
Brasil.
Pouco depois de sua chegada ao Brasil, a família real e toda a corte portuguesa são transferidas para
o Rio de janeiro, chegando na cidade em 7 de março de 1808. A capital havia sido transferida de salvador
para o Rio de janeiro em 1763, para facilitar a fiscalização e por estar mais próxima da região produtora
de Ouro. Entre outros motivos, o Rio de janeiro era uma parada estratégica para navios que travessavam
a costa brasileira.
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi recebida com festa: o povo aglomerou-se no
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a Catedral, onde, após uma
missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro "beija-mão".
Ao chegar ao Rio, a primeira medida a ser cumprida era a de encontrar residências para todos os
membros que acompanhavam a família real. Aproximadamente 15 mil pessoas vieram para o Brasil em
quatorze navios trazendo suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo que puderam
carregar.
A chegada repentina de milhares de portugueses representou um aumento substancial da população
do Rio de Janeiro, e exerceu impacto imediato nos moradores da cidade. Havia uma escassez crônica de
moradias, e foram necessárias medidas drásticas para instalar os portugueses. Antes mesmo da chegada

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da frota, o vice-rei invocou uma lei que dava à coroa o direito de confiscar casas particulares com
pouquíssima formalidade. Funcionários do governo percorriam a cidade escolhendo arbitrariamente as
residências adequadas e escrevendo a giz em seus portas as iniciais “PR” que significavam Príncipe
Regente, o sinal indicava que os moradores deveriam desocupar prontamente suas casas. À medida que
as requisições prosseguiram, essas iniciais tornaram-se popularmente conhecidas pelos cariocas como
“Ponha-se na Rua”. Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, 10 mil casas foram pintadas com
as letras “PR”. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, O Palácio dos
Governadores, no Lago do Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua família.
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro provocou uma grande transformação na
cidade. D. João teve que organizar a estrutura administrativa do governo, já que a colônia era impedida
de possuir determinadas estruturas. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversas
secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil. Em abril de 1808, foi criado o
Arquivo Central, que reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas. Em maio,
D. João criou a Imprensa Régia e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros
didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil volumes
trazidos de Lisboa. Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha (1808), a Aula de Comércio
e Academia Militar (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ganhou com a criação
do Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de Química (1818). Em
1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1820, foi a vez da Real Academia de
Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura-civil.
O Rio de Janeiro passou por uma grande transformação, expandiu-se, ganhou chafarizes, para que
houvesse fornecimento de água, pontes e calçadas, assim a realeza poderia caminhar
despreocupadamente. Construíram-se ruas e estradas, e a iluminação pública foi instalada.
Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao
Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Entre os principais artistas da
Missão estava Jean-Baptiste Debret. Ele foi chamado de "a alma da Missão Francesa". Era desenhista,
aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de
arte no Brasil (1829). Em 1818, trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para
os festejos da aclamação de dom João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarves.
Em "Viagem Pitoresca ao Brasil", coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações,
Debret retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do
cotidiano brasileiro.
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos
outros que fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxe informações sobre o que acontecia
pelo mundo e também tornou este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais e revistas em
que publicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não alterou os costumes da grande maioria da
população carioca, composta de escravos e trabalhadores assalariados.
As mudanças promovidas por D. João provocaram o aumento da população na cidade do Rio de
Janeiro, que por volta de 1820, somava mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram
estrangeiros – portugueses, comerciantes ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do
deslocamento da população interna que procurava novas oportunidades na capital. Ainda assim,
aproximadamente metade da população da cidade era escrava, fator que manteve-se constante até o fim
do Império Brasileiro.
As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos elementos foram incorporados ao
mobiliário: espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, relógios de
parede.
A presença inglesa também faz notar-se cada vez mais. Com a Abertura dos Portos, promovida em
1808, o mercado brasileiro pôde ser penetrado pelos produtos ingleses, que acabaram por sufocar a
produção local, como no caso das manufaturas. Em 1808, o Alvará de Liberdade Industrial revogou uma
proibição de 1785 sobre a instalação de manufaturas do Brasil, que, porém, tiveram vida curta devido aos
acordos comerciais entre as nações.
Munido das instruções de Londres, o plenipotenciário inglês no Rio de Janeiro, lorde Strangford, após
inúmeras conversações, conseguiu mais um êxito para o seu país, firmando com os portugueses os
Tratados de 1810, que foram três medidas que beneficiaram o comércio inglês: Tratado de Comércio e
Navegação, Tratado de Amizade e Aliança e o Tratado dos Paquetes (embarcações).
Por força do Tratado de Comércio e Navegação, as mercadorias importadas da Inglaterra, ao entrar
no Brasil, sofreriam uma taxação de 15% sobre seu valor, os produtos portugueses seriam tributados em
16% e os dos demais países, em 24%; também criava-se o direito de extraterritorialidade judicial para os
súditos ingleses (criação dos juízes conservadores) e declarava-se franco o porto de Santa Catarina.

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O Tratado de Aliança e Amizade determinava a redução do tráfico negreiro para o Brasil, bem como o
compromisso de D. João de não permitir o estabelecimento do Santo Ofício (Inquisição) no Brasil.

O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves


Com a derrota de Napoleão em 1815, foi realizada uma reunião entre os líderes das nações europeias,
conhecida como Congresso de Viena. No congresso ficou decidido que os reis de países invadidos pela
França deveriam voltar a ocupar seus tronos.
Com o objetivo de atrapalhar as relações entre Portugal e Inglaterra, Talleyrand, que representou a
França durante o congresso, sugeriu que D. João permanecesse no Brasil, unificando os reinos que já
dominava. A medida era importante para conter os avanços ingleses sobre a colônia, já que até então, a
família real ainda governava Portugal, e estava em situação de fuga, o que permitia que os ingleses
impusessem suas vontades. Com a elevação para reino, ficava confirmada a soberania portuguesa sobre
o Brasil.
D. João e sua corte não quiseram retornar ao empobrecido Portugal. Em 16 de dezembro de 1815, foi
assinada a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves (uma região ao sul
de Portugal), legitimando assim a permanência da casa dos Bragança em nosso país. D. João consagrou-
se, com essa medida, e foi intitulado pela Graça de Deus Príncipe-Regente de Portugal, Brasil e Algarves,
daquém e d’além-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia,
Arábia, Pérsia e Índia.
Essa medida feriu ainda mais a dignidade da população lusitana, que desde 1807, passava por uma
grave crise financeira e pela falta de gêneros de primeira necessidade.

Revolução Pernambucana
Embora D. João tenha tomado inúmeras medidas para transformar o Brasil na legítima sede da
monarquia lusitana, as mudanças atingiam diretamente a corte e o Rio de Janeiro. A situação
socioeconômica brasileira ainda era precária. Como resposta, houveram protestos, como a Revolução
Pernambucana de 1817
Pesados impostos, descaso administrativo, arbitrária e opressiva administração militar, insatisfação
popular, como também os ideais de nativismo e da extinção do colonialismo, defendidos pela Maçonaria
e propagados em centros como o dissolvido Areópago de Itambé e o Seminário de Olinda, colocavam
Pernambuco em uma situação propícia a uma tomada de posição revolucionária e emancipacionista.
A revolta foi delatada, e em março de 1817 a prisão dos conspiradores foi ordenada, dando início à
revolução, que possuía características republicanas, separatistas e anti-lusitana.
Resistindo e lutando contra as tropas do governo, foi criado um “Governo Provisório” composto de
cinco representantes: um militar, um magistrado, um religioso, um comerciante e um fazendeiro. Apesar
de ter sido bem sucedida em seu início, contando inclusive com o apoio e a adesão da Paraíba e Rio
Grande do Norte, a revolução foi sufocada
Com a revolta sufocada, os principais líderes foram presos, alguns inclusive executados. As
investigações (devassa) permaneceram até 6 de fevereiro de 1818, quando D. João assumiu a posição
de rei de Portugal, Brasil e Algarves. Após a nomeação de D. João, alguns dos prisioneiros foram
libertados e outros foram mandados para prisões na Bahia, onde permaneceram até 1821, sendo
libertados após obterem o perdão real. Um dos membros mais expressivos da revolta foi o Frei Caneca.

O Retorno de D. João para Portugal


Enquanto a situação no Brasil mostrava-se favorável, com as mudanças no Rio de Janeiro e a relativa
tranquilidade com que D. João governava, em Portugal a situação tornava-se cada vez mais complicada.
Após a fuga para o Brasil e a abertura dos portos para as nações aliadas, o comércio português, que
dependia imensamente do mercado brasileiro, entrou em decadência, pois não conseguia competir com
os preços ingleses.
O sentimento de superioridade portuguesa também foram abalados após a transferência da corte para
o Brasil, juntamente com as reformas executadas no Rio de Janeiro para transformar a cidade em sede
do governo real. Lisboa, que antes era o coração do reino, abrigando a família real, a corte e todo o
aparelho administrativo do Estado, havia sido deixado em segundo plano.
Os portugueses também estavam descontentes com o governo. Após a expulsão dos franceses, D.
João não retornou ao país, que passou a ser administrado pelo general inglês Beresford.
A junção desses fatores gerou a Revolução Liberal do Porto, em 24 de agosto de 1820. Os revoltosos
pretendiam anular o absolutismo e manter o Brasil em situação de colônia. Em dezembro do mesmo ano
o movimento saiu vitorioso, e foram eleitos os deputados às Cortes de Lisboa (Assembleia Constituinte),

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que passaram a atuar como órgão governativo do Reino Unido; provisoriamente, adotou-se a Constituição
que a Espanha recém elaborara.
O movimento foi seguido por comerciantes portugueses e pela aristocracia rural, que passaram a exigir
de D. João e deu seu filho e herdeiro, D. Pedro, o juramento à constituição e o acatamento das decisões
das Cortes. Enquanto isso, as províncias passaram a ser governadas por juntas governativas provisórias.
Após intensa pressão, em 25 de abril de 1821, D. João retorna para Portugal levando o dinheiro e o
ouro existentes no Banco do Brasil.
Para garantir o domínio do território, D. Pedro fica no país, ocupando a função de Regente do Reino
do Brasil, o que se tornou um obstáculo aos planos de recolonização.

O dia do Fico e a Independência do Brasil


Após o regresso de D. João, a presença de D. Pedro incomodava as Cortes de Lisboa, que trataram
muito mal os deputados brasileiros enviados para Portugal. Além disso, buscavam tomar medidas cada
vez mais voltadas à recolonização, como a exigência do retorno imediato do regente para Portugal e a
supressão de Tribunais e Repartições aqui instalados.
Percebendo que as medidas tomadas implicariam em prejuízo, a aristocracia brasileira passou a apoiar
o movimento emancipatório brasileiro. Após receber um abaixo-assinado com aproximadamente 8 mil
assinaturas, D. Pedro rompe suas relações com as Cortes, no dia 9 de janeiro de 1822, em um episódio
que ficou conhecido como Dia do Fico, pois o regente reafirmava sua intenção de permanecer no Brasil,
através da frase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo
que fico".
Após o episódio, a tropa militar portuguesa aquartelada no Rio de Janeiro foi obrigada a sair da cidade,
rumando para Niterói e depois para a Europa.
Após algumas medidas, como a criação do Conselho dos Procuradores-Gerais das Províncias do
Brasil, com atribuições legislativas; o decreto do “Cumpra-se”, subordinando a execução das decisões
das Cortes à aprovação do regente; a aceitação por D. Pedro do título de Defensor Perpétuo do Brasil,
oferecido pela Maçonaria; a convocação de uma Assembleia Constituinte Brasileira e a proibição do
desembarque de tropas portuguesas no Brasil, todas durante o ano de 1822, em 7 de setembro é
declarada a Independência do Brasil.

O Reconhecimento da Independência
Todas as nações que declaram sua independência, principalmente no contexto da descolonização da
América no século XIX, precisam de um reconhecimento externo, para não tornarem-se isoladas
econômica e politicamente. Ou seja, era indispensável este reconhecimento para que o Brasil pudesse
ter condições de estabelecer um Estado autônomo e soberano.
Um exemplo do encerramento das relações ocorreu quando o Haiti tornou-se independente. A ilha
localizada na América Central, foi o a primeira colônia na América a rebelar-se e conseguir a separação
da França, em 1804. Diferente do que ocorreu em outros lugares, como nos Estados Unidos em 1776, a
revolução no Haiti foi marcada pela imensa participação dos escravos, que inclusive tomaram o poder.
Como consequência, os países que mantinham relações comerciais com a ilha através da França, ficaram
com medo de que esse ato de rebelião se expandisse para as colônias americanas e acabaram fechando
todos os pactos comerciais selados.
As relações mantidas com a África, principalmente em relação ao comércio de escravos, prática que
já se arrastava por alguns séculos, garantiram ao Brasil o reconhecimento da independência, através de
dois reis africanos — Obá Osemwede, do Benim, e Ologum Ajan, de Eko, Onim ou Lagos. Em 1824,
buscando cumprir sua política de aproximação com as outras nações americanas, os Estados Unidos
reconheceram o desenvolvimento da independência do Brasil.
Apesar da importância do ato promovido pelos norte-americanos, era indispensável que Portugal, que
possuía diversas relações comerciais com o Brasil, também o fizesse.
Com interesse na emancipação brasileira, a Inglaterra intermediou os acordos com Portugal,
resultando na assinatura do Tratado de Paz e Aliança, em 29 de agosto de 1825. A aceitação de Portugal,
porém, não veio sem um preço: o Brasil deveria pagar uma indenização de dois milhões de libras
esterlinas para a antiga metrópole, e D. João, com a intenção de um dia promover a reunificação, exigiu
continuar a ostentar o título de Imperador do Brasil.
O pagamento da dívida com Portugal foi feito através de um empréstimo da Inglaterra, já que o Brasil
encontrava-se sem condições de arrecadar a quantia requisitada. Entre as exigências dos ingleses para
o reconhecimento da nova nação, estavam a manutenção das taxas alfandegárias e a abolição da
escravidão em um período de três anos, a partir de 1826.

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Após o reconhecimento português, várias outras nações da Europa e da América foram impelidas a
realizarem o mesmo gesto político. Com isso, o Brasil poderia estabelecer negócio com outras nações do
mundo através da assinatura de acordos e o estabelecimento de tratados de comércio.

O Primeiro Reinado (1822-1831)

Apesar de ter sido considerado um movimento pacífico, a Independência do Brasil gerou algumas
desavenças e opiniões contrárias. Em alguns pontos do novo Império, mais precisamente na capital da
Bahia e nas províncias do Piauí, Maranhão, Pará e Cisplatina, as tropas portuguesas que ainda se
encontravam no país não quiseram aceitar a autoridade do novo governo de D. Pedro. A Bahia constituiu
o principal foco da resistência, com o brigadeiro Madeira de Melo no comando das forças portuguesas.
Antes de oficializar-se a separação entre Brasil e Portugal, alguns apoiadores da independência já
passavam por hostilizações, como foi o caso do Convento da Lapa, que fora assaltado e a superiora,
Joana Angélica, assassinada. As revoltas nas províncias foram contidas através do poder militar,
garantindo a unidade territorial.
Outro fator de destaque no movimento de independência foi a pouca participação popular, visto que
em alguns casos, as regiões mais afastadas levaram muito tempo para saber que o Brasil agora não era
mais uma colônia de Portugal.
Uma das principais figuras e articulador da ideia de um Império brasileiro, indo na contramão dos ideais
republicanos que caracterizaram as revoltas América Espanhola, foi o estadista José Bonifácio. Havia
estudado e lecionado na Europa. Ao regressar ao Brasil, havia se tornado um dos principais articuladores
da Independência. Após consolidado o movimento, Bonifácio configurava-se na principal figura política
do País.
Quando D. Pedro assumiu o posto de imperador, Bonifácio foi escolhido para ocupar a pasta do Reino
e dos Estrangeiros. Embora tivesse ideias liberais, logo divergiu dos brasileiros que também promoveram
a Independência. Eram discordâncias quanto à 'prática' que efetivaria o Estado Nacional. Bonifácio
desconfiava dos republicanos, pois achava que estes poderiam convulsionar o País e possivelmente
ameaçar a integridade e a estrutura brasileira. Era um exagero, pois se tratava de grupos em disputa de
projeção política, que agiam dentro de uma igual linha ideológica: essencialmente conservadores. Mesmo
assim, Bonifácio não se esquivava de seus objetivos, era partidário de um poder altamente centralizado
e forte. Na verdade, ao querer o regime monárquico rígido, pretendia, na figura de ministro, participar do
poder decisivamente.

A Primeira Constituição Brasileira


Antes mesmo da independência, D. Pedro já havia convocado uma Assembleia Constituinte, que foi
instalada em 3 de maio de 1823. Mesmo com a ideia de criação de uma constituição para, entre outros,
limitar os poderes do monarca, D. Pedro sempre mostrou-se autoritário, fazendo com que muitos
deputados constituintes se opusessem à conduta de D. Pedro. Entre os que mais criticaram o imperador
estavam os irmãos Andrada, que passaram para a oposição.
O governo imperial era criticado principalmente pelas medidas que tomava, como a indicação de
portugueses para altos cargos, pelo imperador, o que levava muitos brasileiros a acreditarem que D.
Pedro planejava devolver o Brasil ao domínio português
Na oposição, Antônio Carlos de Andrada elaborou um anteprojeto da Constituição baseado no modelo
português, limitando os poderes do imperador, assumindo um caráter nitidamente classista e
demonstrando uma xenofobia extremada. Esse anteprojeto de constituição ficou conhecido como
Constituição da Mandioca, pois segundo ela só poderiam ser eleitores ou candidatos aqueles que
tivessem certa renda, equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. O critério utilizado demonstra
um predomínio da elite agrária sobre o campo da política, que além de defender a posse de terras para
poder exercer os direitos políticos, também mantinha a escravidão como forma de mão-de-obra.
A influência do modelo europeu adotado pode ser observada na forma como o anteprojeto de Andrada
dividia os poderes do Estado:
Poder Executivo: poder exercido pelo imperador, no caso D. Pedro I, e seus ministros de Estado.
Poder Legislativo: constituído pela Assembleia Geral, ou seja, pelos deputados e senadores, sendo
os primeiros eleitos de quatro em quatro anos, e os segundos com mandato vitalício.
Poder Judiciário: composto pelos juízes e pelos tribunais. Seu órgão máximo, como o é até hoje, era
o Supremo Tribunal de Justiça.

Constava no projeto da constituição, o predomínio do poder legislativo sobre o executivo, o que


contrariou profundamente D. Pedro I, que tinha ideais absolutistas e centralizadores.

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O anteprojeto estava sendo discutido quando D. Pedro I ordenou o cerco ao prédio da Assembleia,
reunida em sessão permanente, em um episódio que ficou conhecido como Noite da Agonia, e
determinou a dissolução da Constituinte, em 12 de novembro de 1823. Em seguida, o imperador nomeou
um Conselho de Estado, incumbindo-o de redigir uma Constituição para o País.
A Constituição foi outorgada em 15 de março de 1824, com um caráter unitário e centralizador,
dividindo o Estado em quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O último de
exclusividade do imperador, permitia a D. Pedro ter a decisão final sobre todos os assuntos que lhe
interessassem.
As eleições seriam censitárias e indiretas, e a Igreja ficaria subordinada ao Estado. Essa Constituição,
que vigorou até 1889, na realidade consagrava as aspirações da aristocracia rural, pois o Império ficava
estruturado à sua imagem: liberal na forma, mas conservador na prática.

A Confederação do Equador
Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador
por parte de D. Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste defendiam a federação para
algumas províncias do nordeste e a separação destas do Brasil.
Em Pernambuco, que já possuía um histórico de aversão aos portugueses e ao domínio imperial, com
a revolução de 1817, sentiram o peso do autoritarismo real quando D. Pedro I depôs o governador Manuel
de Carvalho Paes de Andrade, e indicou um substituto para o cargo. A troca do governo seria o último
episódio que antecedeu a formação do movimento que ficou conhecido como Confederação do
Equador.
A Confederação teve início com a ação de lideranças e populares pernambucanas, e logo ganhou
força e espalhou-se para outros estados do nordeste. Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba também se
juntaram ao movimento. Impassíveis às tentativas de negociação do Império, os revoltosos buscaram
criar uma constituição de caráter republicano e liberal. Além disso, o novo governo resolveu abolir a
escravidão e organizou forças contra as tropas imperiais.
Após as primeiras ações estabelecidas pela Confederação, alguns dos líderes decidiram radicalizar
alguns pontos do novo governo, como a ampliação dos direitos políticos e reformas sociais. O rumo
tomado por Frei Caneca e Cipriano Barata fez com que os apoiadores do movimento ligados diretamente
à elite regional o abandonassem, temendo perder privilégios políticos e sociais já existentes.
O governo imperial reagiu ferozmente ao movimento, utilizando inclusive a contratação de mercenários
ingleses para conter o levante. Os ataques do império e o enfraquecimento interno levaram ao fim da
revolta, que teve dezesseis condenados à morte, entre eles, Frei Caneca, que já havia participado da
Revolução Pernambucana de 1817, foi fuzilado.

A Cisplatina
Desde o período colonial, a coroa portuguesa possuía o desejo de expandir seu Império até as
margens do Rio da Prata, na porção sul do continente. Com a conquista de Napoleão sobre a Europa e
a deposição do rei espanhol Fernando VII em 1808, as colônias espanholas na América começaram a
rebelar-se ao longo da década seguinte, gerando vários movimentos de independência.
Percebendo a instabilidade política, em 1820, a Cisplatina foi invadida como parte das ações de Dom
João VI. Uma das justificativas para a invasão reside no fato de a mulher de D. João, Carlota Joaquina,
ser espanhola e irmã de Fernando VII, e desejava manter o domínio de um espanhol sobre a região.
Outro fator de destaque é que a Cisplatina era um ponto estratégico no domínio e soberania do reino
brasileiro, e conquistá-la poderia garantir que revoltas liberais não se espalhassem por território brasileiro.

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Durante o processo de independência brasileira, poucos anos após a anexação, a Cisplatina tornou-
se palco de revoltas que buscavam separá-la do domínio brasileiro e conquistar a independência. Apesar
das lutas e da resistência, as expedições militares conseguiram conter as revoltas, mantendo o controle
sobre o território.
Em 1825, o general Juan Antonio Lavalleja, com o apoio de lideranças políticas argentinas, organizou
um movimento de emancipação da Cisplatina, declarando sua anexação à República das Províncias do
Rio da Prata, que integrava o território argentino. A mudança não foi aceita por D. Pedro I, que declarou
guerra contra os revoltosos, algo que durante os próximos anos enfraqueceria tanto a economia brasileira,
por ter que arcar com os custos da guerra, quanto a imagem de D. Pedro I, pois muitos consideravam a
disputa como algo infundado, já que a Cisplatina não possuía muitos traços em comum com o restante
do país. Em 1828, após anos de tentativa infrutífera de recuperar a antiga província, o Brasil retira-se do
conflito, e os rebeldes vitoriosos proclamam a Republica Oriental do Uruguai.
Muitos jornalistas teciam duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem
de D. Pedro foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor seu. Badaró
representava uma das figuras que criticava o autoritarismo de Dom Pedro I e seu governo imperial nos
periódicos de divulgação de ideias liberais: o "Farol Paulistano" e o "Observador Constitucional". O
jornalista foi misteriosamente assassinado, na cidade de São Paulo, em 1830.
No mesmo ano, as forças liberais brasileiras, espelhadas na Revolução Liberal de 1830, que eliminou
o absolutismo dos Bourbon na França, aumentaram as críticas à conduta política do Imperador. Com a
dissolução da Câmara dos Deputados e o assassinato de Líbero Badaró, aumentou ainda mais a
insatisfação dos políticos brasileiros, que passaram a articular a derrubada de D. Pedro I.
Em março de 1831, depois de uma desastrosa viagem a Minas Gerais, onde o Imperador sofreu a
hostilidade dos políticos locais, o Partido Português resolveu promover uma grande festa em apoio ao
governante, prontamente repelida pelo povo do Rio de Janeiro, manipulado pela elite dirigente. A luta
entre brasileiros e portugueses em treze de março, conhecida como Noite das Garrafadas, era o prelúdio
do fim.
Em 7 de abril de 1831, depois de sucessivas trocas ministeriais e incapaz de deter os distúrbios de
rua, promovidos por populares e que contavam agora com a adesão de tropas do governo, D. Pedro
abdicou do trono brasileiro, em favor de seu filho, o príncipe D. Pedro de Alcântara.
A abdicação de D. Pedro ocorreu tanto pela pressão política que o imperador sofria da elite e populares
brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois com a morte
de D. João VI em Portugal, a Coroa iria, por direito, a D. Pedro I, que preferiu abdicar o trono português
em benefício da filha. Assim terminava o Primeiro Reinado.

O Período Regencial (1831-1840)


Com a volta de D. Pedro I para Portugal, o direito ao trono brasileiro foi transferido para seu filho, que,
entre outras coisas, ficou conhecido pelo extenso nome que possuía: Pedro de Alcântara João Carlos
Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de
Bragança e Bourbon. Apesar do grande nome, o menino Pedro tinha apenas cinco anos de idade quando
seu pai resolve regressar ao país de origem.
A pouca idade do futuro imperador era algo que preocupava os políticos brasileiros favoráveis à
manutenção do império, pois o menino não possuía idade para governar e uma possível revolução poderia
ocorrer se nada fosse feito. Para garantir a manutenção do sistema político, foi definido que o Brasil seria
governado por regentes até que o imperador completasse a idade de vinte e um anos, e estivesse enfim
apto a assumir o poder.
O periodo regencial foi marcado no Brasil pela instabilidade política e pelas revoltas, que foram
controladas após o imperador assumir o poder.
No meio político, formaram-se tres grupos distintos que lutavam pelo poder, formados basicamentes
pelos mesmos segmentos que já dominavam o país desde o periodo colonial. Dividiam-se entre
os restauradores, os liberais moderados e os liberais exaltados.

Restauradores: Também conhecidos por Caramurus, defendiam a continuação do governo de D.


Pedro I, com um histórico de apoio ao monarca e sua conduta absolutista. Quando o imperador abdicou
ao trono, defenderam sua volta, pois consideravam que o único meio de manter a tranquilidade política e
a unidade nacional era através da monarquia autoritária. Muitos deles também foram antigos beneficiados
do governo imperial, como José Bonifácio, que após saída de D. Pedro I, passou a ser tutor de D. Pedro
II. Estavam presentes no Senado e eram representados pelo Clube Militar. Após a morte de D. Pedro I
em 1834, defenderam o conservadorismo e estiveram presentes na aclamação precoce de D. Pedro II
em 1840.

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Liberais Moderados: Também chamados de chimangos ou chapéus-redondos, eram entendidos
como a direita liberal, compostos de uma parcela da aristocracia rural, com uma tendência monarquista,
já que esta garantia a eles a proteção de seus privilégios. Defendiam uma monarquia constitucional, pois
eram contra o domínio total do imperador. Apesar do nome de liberais, a definição era mais um enfeite
do que uma orientação de pensamento. Na prática eram conservadores e contra qualquer tipo de abertura
política ou reforma social, defendendo a manutenção da ordem vigente. Uniam-se sob a égide da
Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga.
Empenharam-se no combate aos restauradores e exaltados federalistas, na defesa da ordem e da
centralização, fornecendo subsídios para a orientação governista.

Liberais Exaltados: Também chamados de Chapéus-de-palha, os liberais exaltados eram


representados não só por algumas parcelas da aristocracia rural, como também por outros segmentos
sociais. Apresentavam-se divididos em camadas sobrepostas, constituindo-se inicialmente por uma
camada de homens livres, destituídos de propriedades, ou pequenos proprietários. Variando de região
para região, desenvolviam atividades nos centros urbanos ou nos campos, oscilando numa relação de
dependência, entre a classe dominante e a classe que fornecia o trabalho. Seguia-se o aglomerado
urbano e rural marginalizado de recursos: agregados, lavradores e citadinos, dedicados a pequenos expe-
dientes e biscates.
Os liberais exaltados defendiam interesses opostos aos moderados, ou seja, buscavam reformas
sociais e políticas que beneficiassem uma parcela maior da população, em especial seus representantes.
Buscavam uma maior autonomia para as províncias e mudanças na constituição de 1824, defendendo
inclusive o fim da monarquia e a substituição por uma Republica federalista. Organizavam-se em torno
da Sociedade Federal e de clubes federalistas espalhados pelas províncias.

A Regência Trina Provisória


No momento da abdicação, estando os deputados em férias, formou-se a Regência Trina Provisória,
que deveria governar até 17 de junho de 1831.
Instalada em 7 de abril de 1831, a regência trina era uma exigência da Constituição para o caso de
não haver parentes próximos do soberano com mais de 35 anos e em condições de assumir o poder.
Na composição da Regência Provisória assinalou-se, sobretudo, uma tentativa de equilíbrio político.
Os seus componentes eram Campos Vergueiro, representante das tendências liberais; Carneiro de
Campos, representante do conservadorismo e Francisco de Lima e Silva, representante da força militar
no equilíbrio das tendências.
Essa regência manteve a Constituição de 1824, concedeu anistia aos presos políticos, reintegrou o
ministério demitido por D. Pedro e promulgou a Lei Regencial de abril de 1831, que limitava os poderes
dos regentes.

A Regência Trina Permanente


Eleita em junho de 1831, foi composta por Bráulio Muniz, Costa Carvalho e Francisco de Lima e Silva,
Com o padre Diogo Antônio Feijó no Ministério da Justiça.
Entre as principais realizações da Regência Trina Permanente está a criação da Guarda nacional,
com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade e a independência do Império
Brasileiro. Sua criação desorganiza o Exército, e começa a se constituir no país uma força armada
vinculada diretamente à aristocracia rural, com organização descentralizada, composta por membros da
elite agrária e seus agregados. Para compor os quadros da Guarda nacional era necessário possuir
amplos direitos políticos, ou seja, pelas determinações constitucionais, poderiam fazer parte dela apenas
aqueles que dispusessem de altos ganhos anuais.
Com a criação da Guarda e suas exigências para participação, surgiram os coronéis, que eram
grandes proprietários rurais que compravam suas patentes militares do Estado. Na prática, eles foram
responsáveis pela organização de milícias locais, responsáveis por manter a ordem pública e proteger os
interesses privados daqueles que as comandavam. O coronelismo esteve profundamente enraizado no
cenário político brasileiro do século XIX e início do século XX, tendo seu auge durante os anos da
República Velha.
No mesmo ano de 1831 foi promulgado a Lei Feijó, proibindo o tráfico e considerando livres todos os
africanos introduzidos no Brasil a partir desta data. A lei foi ignorada e chamada popularmente de “lei para
inglês ver”, devido ao acordo feito com a Inglaterra de abolição da escravidão como exigência para o
reconhecimento da independência brasileira.

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Em 29 de novembro de 1832 é aprovado o Código do Processo Criminal, que altera a organização do
Poder Judiciário. Os juízes de paz, eleitos diretamente sob o controle dos senhores locais, passam a
acumular amplos poderes nas localidades sob sua jurisdição.

Ato Adicional de 1834


O Ato Adicional de 1834 foi uma revisão da Constituição de 1824. Promulgado em 12 de agosto,
possuía caráter descentralizador, instituindo a criação de assembleias legislativas nas províncias, a
supressão do Conselho de Estado e a Regência Una. O Rio de Janeiro foi considerado um território
neutro. Também foi reduzida a idade para o imperador ser coroado, de 21 para 18 anos.
Regência Una
Apesar de uma tentativa frustrada de assumir o poder em 1832, abandonando o cargo de Ministro da
Justiça logo em seguida, o padre Feijó obteve a maioria dos votos na eleição para Regente em 1835.
Empossado em 12 de outubro do mesmo ano para um mandato de quatro anos, padre Feijó não completa
dois anos no cargo. Seu governo é marcado por intensa oposição parlamentar e rebeliões provinciais,
como a Cabanagem, no Pará, e o início da Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. Com poucos
recursos para governar e isolado politicamente, renunciou em 19 de setembro de 1837.

Segunda regência Una


Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os conservadores obtêm maioria na Câmara dos
Deputados e elegem Pedro de Araújo Lima como novo regente único do Império, em 19 de setembro de
1837. A segunda regência una é marcada por uma reação conservadora. Várias conquistas liberais são
abolidas. A Lei de Interpretação do Ato Adicional, aprovada em 12 de maio de 1840, restringe o poder
provincial e fortalece o poder central do Império. Acuados, os liberais aproximam-se dos partidários de
dom Pedro. Juntos, articulam o chamado golpe da maioridade, em 23 de julho de 1840.

Revoltas no Período Regencial


Em muitas partes do império a insatisfação com o governo cresceu muito, levando alguns grupos a
apelarem para a luta armada e a revolta como forma de protesto.

Cabanagem (1833-1840)
A Cabanagem foi uma revolta que ocorreu entre 1833 e 1839, na região do Grão-Pará, que
compreende os atuais estados de Amazonas e Pará. A revolta começou a partir de pequenos focos de
resistência que aumentaram conforme o governo tentava sufocar os protestos, impondo leis mais rígidas
e a obrigação de participação no exército daqueles que fossem considerados praticantes de atos
suspeitos. A cabanagem contou com grande participação da população pobre, principalmente os
Cabanos, pessoas que viviam em cabanas na beira dos rios. Os revoltosos tomaram a cidade de Belém,
porém foram derrotados pelas tropas imperiais.

Revolução Farroupilha (1835-1845)


A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma revolta promovida por grandes proprietários
de terras no Rio Grande do Sul, conhecidos como estancieiros. O objetivo de seus líderes era de separar-
se do restante do país.
A revolta começa pelo descontentamento de produtores do sul do país em relação à produtores
estrangeiros de Charque, principalmente os platinos e argentinos que comercializavam e concorriam com
os estancieiros pelo mercado do produto no Brasil, utilizado principalmente na alimentação de escravos.
Em 1835, insatisfeitos com o governo, os estancieiros iniciam a revolta, tendo Bento Gonçalves como
principal chefe do movimento, comandando as tropas farroupilhas que dominaram Porto Alegre. Com as
vitórias obtidas foi proclamado um governo independente em 1836, conhecido como Republica do Piratini,
com Bento Gonçalves como presidente.
Em 1839, o movimento farroupilha conseguiu ampliar-se. Forças rebeldes, comandadas por Giuseppe
Garibaldi e Davi Canabarro, conquistaram Santa Catarina e proclamaram a República Juliana. A revolta
consegue ser contida somente após a coroação de D. Pedro II e os esforços do Barão de Caxias,
encerrando os conflitos em 1 de março de 1845.

Revolta dos Malês (1835)


Em Salvador, nas primeiras décadas do século XIX, os negros escravos ou libertos correspondiam a
cerca de metade da população. Pertenciam a vários grupos étnicos, culturais e religiosos, entre os quais
os muçulmanos – genericamente denominados malês -, que protagonizaram a Revolta dos Malês, em
1835.

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O exército rebelde era formado, em sua maioria, por “negros de ganho”, escravos que vendiam
produtos de porta em porta e, ao fim do dia, dividiam os lucros com os senhores. Podiam circular mais
livremente pela cidade que os escravos das fazendas, o que facilitava a organização do movimento. Além
disso, alguns conseguiam economizar e comprar a liberdade. Os revoltosos lutavam contra a escravidão
e a imposição da religião católica, em detrimento da religião muçulmana.
A repressão oficial resultou no fim da Revolta dos Malês, que teve muitos mortos, presos e feridos.
Mais de quinhentos negros libertos foram degredados para a África.

Sabinada (1837-1838)
A Sabinada ocorreu na Bahia, com o objetivo de implantar uma república independente. Foi liderada
pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, e por isso ficou conhecida como Sabinada. O
principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana, mas só enquanto o herdeiro do trono
imperial não atingisse a maioridade legal. Diferentemente de outras revoltas ocorridas no período, a
sabinada não contou com o apoio das camadas populares e nem com os grandes proprietários rurais da
região, o que garantiu ao exército imperial uma vitória rápida.

Balaiada (1838-1841)
A Balaiada ocorreu no Maranhão, em 1838, e recebeu esse nome devido ao apelido de uma das
principais lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o "Balaio", conhecido por ser
um vendedor do produto.
A Balaiada representou a luta da população pobre contra os grandes proprietários rurais da região. A
miséria, a fome, a escravidão e os maus tratos foram os principais fatores de descontentamento que
levaram a população a se revoltar.
A principal riqueza produzida na província, o algodão, sofria forte concorrência no mercado
internacional, e com isso o produto perdeu preço e compradores no exterior. Além da insatisfação popular,
a classe média maranhense também se encontrava descontente com o governo imperial e suas medidas
econômicas, encontrando na população oprimida uma forma de combatê-lo.
Os revoltosos conseguiram tomar a cidade de Caxias em 1839 e estabelecer um governo provisório,
com medidas que causaram grande repercussão, como o fim da Guarda Nacional e a expulsão dos
portugueses que residiam na cidade.
Com a radicalização que a revolta tomou, como a adesão de escravos foragidos, a classe média que
apoiava as revoltas aliou-se ao exército imperial, o que enfraqueceu bastante o movimento e garantiu a
vitória 1841, com um saldo de mais de 12 mil sertanejos e escravos mortos em batalhas. Os revoltosos
que acabaram presos foram anistiados pelo imperador.

A Maioridade
Durante o período em que aguardava a maioridade, o jovem Pedro preparou-se para exercer sua
função, como demonstra uma carta80 enviada para a irmã, a rainha Maria da Glória, de Portugal
“Querida e muito amada irmã. Aproveitamos a viagem a Paris que faz o Sr. Antônio Carlos d’Andrada,
irmão do nosso Tutor, para dar-lhe notícias. Há muito tempo estamos privados das suas, assim como das
de nossa querida Mamãe [...] Aqui esforçamo-nos em seguir o seu exemplo: Escrita, Aritmética,
Geografia, Desenho, Francês, Inglês, Música e Dança dividem os nossos momentos; fazemos constantes
esforços para adquirir conhecimento e somente a nossa aplicação pode trazer um pouco de lenitivo às
vivas saudades que nos faz experimentar a separação [...]”

Com todos os problemas e a instabilidade ocorridos durante o período regencial, desde 1835 já havia
um movimento que buscava antecipar a coroação de D. Pedro II, que pela constituição deveria acontecer
em 1843, quando o monarca fizesse dezoito anos.
Os liberais, ou progressistas, fora do poder desde a renúncia do Regente Feijó, apoiaram a ideia de
reduzir a idade para a coroação, esperando voltar ao governo. Os conservadores ou regressistas viam a
proposta de antecipação como forma de consolidar a Monarquia e de preservar a unidade do Império. No
Governo, desde a eleição de Pedro de Araújo Lima para o cargo de Regente Uno do Império, os
conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do regime regencial, que se mostrara incapaz
no combate às várias revoltas e na manutenção da ordem política.
Em 1837, já com uma regência conservadora, propôs-se a revisão do Ato nesses termos, numa
discussão que se arrastou até 1840. Finalmente nesse ano os conservadores conseguiram passar essas

80
Fonte: Schwarcz, Lilian. As Barbas do Imperador.

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reformas, prontamente respondidas pelos liberais com a sugestão ao parlamento de adiantar a
maioridade de D. Pedro II, já naquele ano, sob a justificativa da necessidade da figura imperial para a
pacificação da nação.

O Segundo Reinado
Em 1840, com apenas 14 anos, D. Pedro II tornou-se imperador do Brasil, posição que iria manter por
quase cinquenta anos. D. Pedro II realizou parcerias com a Elite Agrária do País, classe de grande
influência no século XIX. Tendo-os como aliados, os favores começaram a prevalecer. O Imperador dava
toda condição e estrutura para que essa Elite continuasse produzindo cada vez mais e em troca recebia
todo apoio político necessário para se consolidar no poder. Dessa maneira, em pouco tempo, o Segundo
Reinado conseguiu fazer do Brasil um País estável e próspero.
Em relação à Economia, o Café se transformou e se consolidou como o principal produto brasileiro
para exportação, provocando um grande crescimento econômico. Inicialmente produzido no Vale do
Paraíba, entre São Paulo e a região Fluminense, se expandiu rapidamente, por se tornar um produto de
grande aceitação mundial.
Nasce assim uma nova Elite, agora concentrada no Sudeste, a Elite Cafeeira, que se tornara mais rica
que os antigos Senhores de Engenhos produtores de açúcar.

Liberais e Conservadores
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se por volta de 1837 nas alas regressista e
progressista, formando a partir de 1840, dois partidos políticos. O Partido Conservador, constituído pelos
regressistas e apelidado de Saquarema e o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado
de Luzia.
Luzias e Saquaremas dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Os conservadores
defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais lutavam por uma
descentralização, concedendo certa autonomia às províncias. No entanto, quando conquistavam o poder,
liberais e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes.

As Eleições do Cacete

Assim que D. Pedro II assumiu o poder, foi criado o Ministério da Maioridade, com o objetivo de auxiliar
o jovem imperador a governar o país. Esse Ministério, que era composto por uma maioria liberal, também
foi chamado de Ministério dos Irmãos, pois era formado, entre outros, pelos irmãos Antônio Carlos e
Martim Francisco de Andrada e os irmãos Cavalcanti, futuros Viscondes de Albuquerque e de Suassuna.
Na Câmara, ao contrário do Ministério, a maioria dos políticos era composta de conservadores,
dificultando as decisões ministeriais. Com o objetivo de resolver essa disputa de poderes, a câmara foi
dissolvida e novas eleições foram convocadas.
Em 13 de outubro de 1840, foram realizadas as eleições, que ficaram conhecidas pelo polêmico nome
de Eleições do Cacete, ganhando até um lema: “para os amigos pão, para os inimigos pau”, visto
que foram marcadas por inúmeras fraudes eleitorais e uso da violência física para garantir a vitória ao
Partido Liberal. Capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de votação para coagir eleitores
e ameaçar de morte adversários políticos.
O governo alterou todo o processo eleitoral nomeando novos presidentes para as províncias e
substituindo chefes de polícia, juízes de direito e oficiais superiores da Guarda Nacional de orientação
conservadora.

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A retomada do poder pelos liberais foi passageira, visto eu enfrentaram diversas questões de peso,
como o agravamento da Guerra dos Farrapos, a pressão inglesa pelo fim do tráfico negreiro e a
repercussão da vitória nas eleições com o uso da força bruta.
Para resolver essas questões, o imperador destituiu a câmara recém-eleita e formou um novo
ministério em março de 1841, abrigando membros de ambos os grupos políticos.
Com o retorno ao poder, os conservadores buscaram concluir as mudanças “regressistas” que foram
interrompidas com o Golpe da Maioridade. Entre as medidas destacam-se o restabelecimento do
Conselho de Estado, que havia sido extinto pelo Ato Adicional de 1834, e a reforma do Código de
Processo Criminal.
A disputa entre liberais e conservadores seria uma das características de todo o segundo reinado.
Apesar dos confrontos, ambos os partidos tinham origem na elite do império e possuíam mais
semelhanças que diferenças. Por conta das semelhanças, o político do período imperial Hollanda
Cavalcanti cunhou a emblemática frase: “Nada mais parecido com um saquarema[conservador] do que
um luzia [liberal] no poder”.

Revolução Praieira
A revolução Praieira ocorreu em 1848, nascida de uma rivalidade entre os partidos Liberal e
Conservador na província de Pernambuco. Nessa época, o país se recuperava da crise econômica e,
enquanto as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais prosperavam economicamente com
a produção e exportação do café, as províncias nordestinas estavam em decadência devido à crise
da produção do açúcar e do algodão.
Além da crise agrária, a província de Pernambuco possuía grandes problemas sociais, como o fato do
comércio e da política estarem nas mãos de portugueses que não admitiam trabalhadores brasileiros em
seus estabelecimentos, impunham os preços sem nenhuma forma de regulamento e possuíam total
controle político.
Com a criação do Partido da Praia em 1842, formado por um grupo de democratas e liberais
pernambucanos, liderados por Borges da Fonseca, Abreu Lima, Inácio Bento de Loiola, Nunes Machado
e Pedro Ivo, surge uma nova voz na política pernambucana, que acreditava que a luta armada seria a
forma de resolver os problemas locais.
Com eleição de um presidente conservador para a província em 1848, os membros do Partido da Praia
lançaram o chamado "Manifesto ao Mundo", documento em que exigiam o fim da monarquia e a
proclamação de uma república; o fim do voto censitário; a extinção do Senado Vitalício e do Poder
Moderador; o fim dos privilégios comerciais dos estrangeiros e a liberdade de imprensa.
Logo após, tomam a iniciativa de liderar uma revolta com a participação das camadas populares, que
ficou conhecida como revolução praieira, tendo início na cidade de Olinda com a derrubada do presidente
da província. Apesar da tentativa de tentar tomar controle de toda a província, os revoltosos foram
contidos em 1849 pelas tropas imperiais. A Revolução Praieira foi a última grande revolta contra o governo
imperial.

O Parlamentarismo às Avessas
O sistema parlamentarista é usado tanto em monarquias quanto em repúblicas. Nele, o chefe do
Estado, seja ele rei ou presidente, não é o chefe do governo e por isso não tem responsabilidades
políticas. Ao invés dele, o chefe de governo é o Primeiro Ministro, o qual é indicado pelo Parlamento. A
aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de ministros pela Câmara dos Deputados se faz pela
aprovação de um plano de governo a eles apresentado. A Câmara ficará encarregada de empenhar-se
pelo cumprimento desse plano perante o povo.
No Brasil, foi criado um sistema parlamentarista oposto ao modelo apresentado acima, que é
comumente conhecido como parlamentarismo inglês, visto que o sistema foi desenvolvido dessa forma
na Inglaterra.
Em 1847, D. Pedro II criou o sistema parlamentarista que ficou conhecido como Parlamentarismo às
avessas, através da criação do cargo de presidente de Conselho de Ministros. Este, que era uma espécie
de primeiro-ministro, era escolhido por D. Pedro II, subordinando assim o Parlamento ao imperador.
Quando ocorria algum impasse entre o poder executivo e o legislativo, D. Pedro II tinha o poder de
dissolver a Câmara ou substituir o presidente do Conselho de Ministros.
Principais características do parlamentarismo “às avessas”
- O primeiro-ministro era escolhido pelo imperador (executivo) e não pelo partido de maioria no
Parlamento (legislativo), como ocorre na Inglaterra.
- O Parlamento ficava subordinado ao imperador (D. Pedro II).
- Era centralizador (poder centralizado no imperador).

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- Era oligárquico, pois o imperador quase sempre atendia somente aos interesses dos grandes e ricos
fazendeiros.

A Influência do Café
O café foi o principal produto de exportação durante o Segundo Reinado. As primeiras mudas e
sementes de café chegam ao Brasil no século XVIII, por volta de 1730, vindas da América Central e das
Guianas, mas é só a partir do começo do século XIX que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes
proprietários. O café surgiu como salvação para o modelo de grande propriedade e monocultura de
exportação, vigente até então no Brasil.
O consumo de café pelos europeus começou a crescer durante o século XVIII, com fornecimento vindo
da Arábia. Com a popularização do consumo, a América passou a exportar também o produto.
Começando da região do Rio de Janeiro, centro do império, o café expandiu-se logo na primeira década
do século XIX para o interior fluminense e durante os anos de 1830 alcançou o Vale do Paraíba, e
posteriormente, a Zona da Mata em Minas Gerais.
O café esteve presente em praticamente todo o estado de São Paulo, expandindo-se rumo ao Oeste
Paulista, que apresentava condições favoráveis ao cultivo. Apesar da existência de diversos grupos
indígenas que habitavam o interior do estado, na segunda metade do século XIX os grupos de resistência
haviam sido exterminados ou transferidos para aldeamentos e o café consolidou-se pelo restante do
estado. Juntamente com o café, surgiram as estradas de ferro, utilizadas principalmente para transportar
o produto para o litoral até o porto de Santos.
Entre os fatores para o sucesso do Café, podem ser observados a estrutura de monocultura já
presente, a utilização da mão-de-obra escrava e a adaptação ao clima e ao solo brasileiros.
Com o crescimento da produção, a demanda por braços para a lavoura aumentou consideravelmente,
fazendo com que os proprietários buscassem importar mais escravos. A insistência inglesa na proibição
do tráfico de escravos contribuiu para a utilização de imigrantes europeus, trabalhando como assalariados
nas fazendas do sudeste.

Cultura
D. Pedro II foi um grande apreciador das ciências e das artes. Diferente do cenário político, onde
apresentava-se poucas vezes, geralmente no início e no fim dos trabalhos na câmara, o monarca teve
um influente papel na produção cultural e na fabricação da identidade brasileira.
D. Pedro era frequentador assíduo das reuniões do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
que tornou-se um centro produtor de literatura e outros trabalhos intelectuais, sob a proteção do
imperador. Já no ano de 1838, havia sido convidado a tornar-se “protetor” da instituição, e em 1839
ofereceu uma das salas do paço imperial para as reuniões do Instituto.
No campo literário, o romantismo predominou, com a exaltação da figura indígena, apontado como
elemento importante da cultura brasileira, porém descrito a partir de traços europeizados e
representações de passividade perante o domínio dos brancos. A obra O Guarani, publicada em 1857
por José de Alencar, é um exemplo dessa representação. O índio Peri é retratado como um herói, que
luta contra outras tribos indígenas rebeldes e antropófagas (praticantes de algumas formas de
canibalismo). Outros autores também produziram obras centradas na figura do indígena, como Gonçalves
Dias em I-Juca-Pirama, e Gonçalves de Magalhães em A Confederação dos Tamoios.
No campo artístico, as obras do pintor Victor Meireles buscavam também retratar um indígena passivo
em relação aos portugueses, porém heroico e símbolo de martírio. Dois exemplos dessa representação
estão nas obras abaixo:

A Primeira Missa no Brasil, 1861. Museu Nacional de Belas Artes.

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A obra A Primeira Missa no Brasil demonstra os indígenas em situação de passividade, curiosos com
o povo estranho que acabara de chegar em seus territórios, executando um ritual religioso. Nenhum
indígena opõe-se à realização da missa, mesmo sendo totalmente diferente de suas crenças ou
costumes. A cruz aparece como elemento central na composição da imagem, com o objetivo de afirmar
a fé católica.

Moema, 1866. Museu de Arte de São Paulo

Apesar de ser índia, Moema, representada na obra de 1866, possui pela extremamente clara, quase
branca. O quadro é uma interpretação do conto Caramuru, do frei Santa Rita Durão, escrito em 1781.
Moema, apaixonada por Caramuru, resolve atirar-se ao mar quando o português está regressando para
a Europa. Incapaz de alcançar o barco, a índia acaba morrendo afogada, em uma inocente busca por seu
amor. O corpo de Moema, já sem vida na praia, está envolto por uma natureza mística e exuberante.
Ainda no campo das artes, em 1857 foi fundada a Imperial Academia de Música e a Ópera Nacional,
destinadas a formar músicos nacionais e difundir o canto lírico, sendo o imperador um grande admirador
das sinfonias do alemão Richard Wagner.
D. Pedro também possuía muito interesse nas instituições de ensino do império, com constantes
visitas, principalmente ao colégio que levava seu nome, o Pedro II. Fundado em 2 de dezembro de 1837,
o Colégio Pedro II é uma das mais tradicionais instituições públicas de ensino básico do Brasil. Nele o
monarca fazia vistorias, acompanhava provas, fazia a seleção de professores e conferias medias.
Também no campo da medicina, foram vários os incentivos, como o financiamento de estudos e
investimento no hospício da corte.

O caso indígena
Durante o século XVIII houve um projeto civilizador voltado para a Colônia.
Na construção do processo civilizador, a barbárie desempenha parte importante do contexto. A
administração portuguesa estava convencida de que os povos que não estavam sob o poder real
forçosamente precisavam ser subjugados. Embora tenha sido desenvolvido na Metrópole, tal projeto foi,
em linhas gerais, absorvido pelas elites coloniais”. O espaço no qual deveria delinear-se a intervenção
civilizadora deveria ser capaz de justificar, em função de suas culturas ou produtos naturais passíveis de
extração, a viabilidade de se alocar recursos nessa empreitada: “Este projeto civilizador foi executado em
regiões que poderiam propiciar algum tipo de retorno financeiro não só às próprias expedições que
partiam para o seu controle, como também às elites locais e à metrópole”.
Dentro do contexto apresentado, serve de exemplo a declaração de guerra por D. João VI contra os
índios insurgentes do Sertão do Leste de Minas Gerais– os Botocudos - imediatamente após sua chegada
ao Brasil. Ato contínuo às ações que levaram à abertura dos portos e à permissão oficial para o
estabelecimento de fábricas e manufaturas no Brasil, a Carta Régia que “manda fazer guerra aos índios
botocudos”, de 13 de maio de 1808 (que é anterior, inclusive, à declaração de guerra portuguesa aos
franceses) revela o firme propósito da Coroa em “civilizar” todos os indígenas ainda não pacificados nos
sertões do leste:
“(...) deveis considerar como principiada contra estes índios antropófagos uma guerra ofensiva que
continuareis sempre em todos os anos nas estações secas e que não terá fim, senão quando tiverdes a
felicidade de vos senhorear de suas habitações e de os capacitar da superioridade das minhas reais
armas de maneira tal que movidos do justo terror das mesmas, peçam a paz e sujeitando-se ao doce jugo
das Leis e prometendo viver em sociedade, possam vir a ser vassalos úteis, como já o são as imensas
variedades de índios que nestes meus vastos Estados do Brasil se acham aldeados e gozam da felicidade
que é consequência necessária do estado social (...) Que sejam considerados como prisioneiros de
guerra todos os índios Botocudos que se tomarem com as armas na mão em qualquer ataque; e que
sejam entregues para o serviço do respectivo Comandante por dez anos, e todo o mais tempo em que
durar sua ferocidade, podendo ele empregá-los em seu serviço particular durante esse tempo e conservá-
los com a devida segurança, mesmo em ferros, enquanto não derem provas do abandono de sua

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atrocidade e antropofagia. (...) e me dará conta pela Secretaria de Estado de Guerra e Negócios
Estrangeiros, de tudo o que tiver acontecido e for concernente a este objeto, para que se consiga a
redução e civilização dos índios Botocudos, se possível for, e a das outras raças de índios que muito vos
recomendo”;

A questão agrária
A política agrária durante o período colonial brasileiro esteve baseada na concessão de sesmarias, um
regime de doações de terras utilizado pela coroa portuguesa, cujo objetivo seria estimular a ocupação do
território e estender o alcance da ação civilizatória. A historiografia registra que esse sistema de
ordenação territorial, que condicionava a efetiva ocupação e o tratamento produtivo do agraciado às terras
recebidas como condição necessária para a manutenção da propriedade, foi ao longo do tempo alvo de
inúmeras alterações em seus dispositivos legais, refletindo as diferentes realidades históricas que se
impunham aos gestores das políticas públicas.
D. João VI, tentando ordenar a distribuição das sesmarias e reconhecendo que ordens suas e
determinações anteriores sobre os limites das sesmarias concedidas estavam sendo desrespeitadas
amplamente, tornando-se foco de litígios entre os proprietários de terra, suspendeu em 1809 a emissão
de novas concessões até que as medições fossem regularizadas por funcionários a serem designados
para todas as vilas do país.
No mesmo alvará, o monarca ressaltava a importância estratégica do tema para a agenda Real: “(...)
para que se ajunte, tanto quanto se possa, o interesse do Bem Público no aumento da Agricultura, e
Povoação desse vastíssimo Estado, que muito Desejo promover, e adiantar, com a segurança, os
Sagrados Direitos da Propriedade, de cuja ofensa resultaria o despovoamento das terras, e a
despovoação”.
A sesmaria era o principal meio legal de apropriação das terras, em geral destinada a cidadãos com
influência junto à burocracia estatal. A menção de denúncias sobre abuso e ilegalidades ocorridas na
distribuição e manutenção das sesmarias não é rara na historiografia. No entanto, entre a obtenção de
uma sesmaria e sua efetiva ocupação, não era incomum a ocorrência de hiato temporal relativamente
longo, extrapolando inclusive a previsão legal. Como exemplo, sesmarias concedidas no início de 1800
na área do atual município de Leopoldina, que em poucas décadas se consolidaria como uma das
principais cidades da região da Zona da Mata Mineira, só começaram a ser efetivamente ocupadas
décadas depois, e mesmo assim por familiares do titulares. Com a independência do Brasil, o sistema de
posses tornou-se o único no país até o advento da lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, que dispunha
sobre as terras devolutas do império, legitimando as sesmarias e posses anteriormente constituídas,
desde que cultivadas.
Como parte dos acordos firmados entre Brasil e Inglaterra depois que a antiga colônia de Portugal
adquiriu sua independência, estava a exigência da abolição do trabalho escravo, medida que beneficiava
largamente os interesses ingleses. Apesar do comprometimento brasileiro em acabar com a escravidão
em 5 anos (antes de 1830), a primeira medida expressiva do país nesse sentido concretizou-se apenas
em 4 de setembro de 1851, com a lei Nº 581, conhecida como Lei Eusébio de Queiroz.
A lei proibia o tráfico negreiro no Brasil, e criminalizava a prática como ato de pirataria para aqueles
que nela insistissem.
Como consequência da proibição do tráfico de escravos, que constituíam a quase totalidade da mão-
de-obra no país, os cafeicultores do sudeste tiveram de importar escravos de dentro do território,
especialmente da região Nordeste, que passava por um período de decadência.
Poucos dias depois da aprovação da lei Eusébio de Queiroz, foi aprovada outra lei, que ficou conhecida
como Lei de Terras.
Com o objetivo de garantir a posse de terras nas mãos dos grandes proprietários rurais, especialmente
os produtores de café, a lei Nº 601, de 18 de setembro de 1850 tinha a pretensão de regulamentar as
terras ditas devolutas, ou seja, terras desocupadas, na visão desses grandes proprietários (vale lembrar
que essas terras, apesar de declaradas desocupadas eram habitadas por indígenas, vistos como
selvagens e algo um pouco além de animais, e por posseiros que não possuíam títulos de posse
das terras).

Além disso, a criação da lei pretendia


- Estabelecer a compra como única forma de obtenção de terras públicas. Desta forma, inviabilizou os
sistemas de posse ou doação para transformar uma terra em propriedade privada.
- O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a criação da necessidade de
registro e demarcação de terras. Esses recursos tinham como destino o financiamento da imigração
estrangeira, voltada para a geração de mão-de-obra, principalmente, para as lavouras de café. Vale

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lembrar que o tráfico de escravos já era uma realidade que diminuía cada vez mais a disponibilidade de
mão-de-obra escrava.
- Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o uso destas para fins de
produção agrícola voltada para a exportação. Este objetivo foi alcançado pelo governo, pois esta lei
provocou o aumento significativo nos preços das terras no Brasil.
- Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos detentores dos meios de
produção agrícola, principalmente a terra, no Brasil.
- Tornar as terras um bem comercial (fonte de lucro), tirando delas o caráter de status social derivado
da simples posse.

Imigração
No Brasil, o projeto de imigração fundava sua base na exclusão do trabalho escravo na agricultura,
sempre tendo em mente que o negro não era considerado benéfico para tal atividade. O trabalhador
escravo estava sendo substituído pelo trabalhador livre, em geral o europeu branco.
Os fatores que motivaram a imigração podem ser os religiosos (perseguições religiosas), políticos
(exílio político), a questão econômica, e o fator demográfico como expoente valorativo das taxas de
emigrações na Europa, principalmente porque durante o século XVIII, as taxas de natalidade subiram
cerca de 1% ao ano, número representativo para a Europa, que influenciou, também, o processo
imigratório.
Os enclosures (processo de passagem de terras livres ou comuns para o uso privado, com a
demarcação de áreas e seu cercamento), alteraram a relação entre a terra e os trabalhadores. Esses
cercamentos pressionavam os pequenos e grandes proprietários de terras a dividirem mais e mais sua
propriedade. Ao aumentar a taxa de natalidade, a divisão entre os herdeiros que dependiam da terra
crescia concomitantemente. Os olhos voltaram-se para a América por fatores que os atraíam e que não
podiam ser ignorados. O Brasil, ao contrário da Europa, dispunha de terra e carecia de mão-de-obra.
Entretanto, apesar da alta disponibilidade de terras no Brasil, a imigração europeia concentrou-se na
região Sul e Sudeste e representava um número pequeno em comparação com a população residente no
país.
Além da disponibilidade da terra na região sul do Brasil, ou Brasil Meridional, havia um objetivo
específico de quem deveria vir povoar esse território. “Povoar” no sentido que consideravam vazio esse
espaço, como salientamos acima. A expressão mais apropriada para tal empreendimento deveria ter sido
“repovoar” ou “recolonizar”, uma vez que havia indígenas nesses lugares.
As primeiras experiências para adotar o imigrante europeu como trabalhador nas lavouras de café
ocorreu em 1847, quando Nicolau de Campos Vergueiro, senador do império e regente provisório,
resolveu trazer imigrantes alemães e suíços para trabalhar em suas fazendas de café no Oeste Paulista,
através de um sistema conhecido como parceria: nele, os parceiros (no caso, os imigrantes) trabalhavam
no cultivo e na colheita do café, dividindo com o proprietário os lucros e os prejuízos resultantes do cultivo.
A experiência de Vergueiro foi de certa forma infrutífera, pois os imigrantes, apesar de saírem da Europa
em um contexto de fome e conflitos, eram submetidos a condições de tratamento extremamente rígidas,
como a proibição de enviar correspondências aos familiares na Europa. Somando-se a isso, havia a
mentalidade do trabalho escravo, ainda presente, o que dificultava a criação de novas formas de trabalho.
Após revoltas ocorridas na década de 1850, o sistema de parceria foi abandonado.
Apesar da proibição no tráfico de escravos em 1850, apenas na década de 1880 os imigrantes
começam a aparecer com força no cenário da produção de café em São Paulo. As péssimas condições
de trabalho e a propaganda enganosa sobre a aquisição de terras no Brasil contribuíram para o fracasso
nas tentativas de atração de imigrantes, tendo inclusive o governo italiano desaconselhado a imigração
para cá, em uma circular que descrevia São Paulo como região inóspita e insalubre.
Somente nos últimos anos do império, com a necessidade de mão-de-obra cada vez mais crescente,
e com a abolição da escravidão já apontando como realidade, os fazendeiros e também o governo
resolveram ampliar a proposta para os imigrantes, como o pagamento do transporte e do alojamento ao
chegarem ao Brasil. As condições sociais, principalmente na Itália, abatida pela fome, contribuíram
também para o movimento migratório para o Brasil.

A imigração no Sul: Desde a Independência do Brasil houve a intenção de ocupar as partes mais
afastadas do império, como a região do Rio Grande do Sul, cobiçado por nações vizinhas e, portanto,
motivo de preocupação, o governo imperial tomou medidas para incentivar a vinda de imigrantes para o
Brasil.
Essa preocupação com a fronteira Sul levou o imperador D. Pedro I a ordenar a vinda de colonos
alemães.

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Em 1824 chegaram os primeiros colonos, recrutados pelo major Jorge Antonio Schaffer, que foram
enviados para a região do atual município de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Apesar das dificuldades
enfrentadas no início, a colônia conseguiu crescer, espalhando-se pela região do Vale do Rio dos Sinos.
Em Blumenau (atual região de Santa Catarina) surgiram colônias de caráter privado, ou seja, que não
foram sustentadas pelo governo.
A Colônia Nova Itália foi fundada em 1836 e correspondente ao atual município de São João Batista.
Criada pela empresa “Demaria e Schutel”, Os colonos eram originários, na sua maioria, da Ilha da
Sardenha. Localizada às margens do rio Tijucas, a colônia teve maior desenvolvimento durante o período
em que esteve sob a direção do suíço Luc Montandon Boiteux.
A Colônia de Itajaí, fundada em 1835, foi criada pela lei Provincial n.º 11, que permitiu estabelecer
duas colônias compostas de elementos nacionais e estrangeiros no município de Porto Belo. Uma delas
seria localizada à margem do rio Itajaí-Açu, na localidade de “Pocinho” e outra ficaria próxima ao rio Itajaí-
Mirim, no lugar chamado “Tabuleiro”.
A Colônia de Vargem Grande foi fundada em 1837, às margens do rio dos Bugres e da estrada que
servia de ligação entre o planalto e o litoral. Foi constituída por colonos alemães que vinham da antiga
colônia de São Pedro de Alcântara, descontentes com a má administração e as brigas por falta de
pagamentos e desentendimentos sobre terras. Dela originou-se a localidade de Löffelscheidt, atualmente
município de Águas Mornas.
Durante o reinado de D. Pedro II houve um grande incentivo para a imigração e a criação de colônias
de imigrantes no império.
Em Santa Catarina destacaram-se a Colônia do Saí, fundada em 1840 pelo médico francês Dr. Joseph
Mure na península do Saí, próxima a São Francisco; e a Sociedade Belgo-Brasileira de Colonização,
criada por Charles Van Lede, para o transporte de colonos belgas à Província de Santa Catarina.
Em 1848 foi publicada a lei nº 514, que em seu artigo 16º determinava:

A cada huma das Provincias do lmperio ficão concedidas no mesmo, ou em diferentes lugares de seu
ter em quanto não estiverem effectivamente roteadas e aproveitadas, e reverterão ao dominio Provincial
se dentro de cinco annos os colonos respectivos não tiverem cumprido esta condição.

A criação da lei incentivou a política de imigração no país, em especial nas províncias de Santa
Catarina e São Paulo.
Em Santa Catarina a lei facilitou ainda mais a imigração de alemães, que vinham para o Brasil em
busca de riquezas míticas e também para fugir da situação em que viviam em seu país natal. Para auxiliar
no translado e adaptação dos imigrantes foi criada a Sociedade de Proteção aos Imigrantes Alemães, da
qual ficou encarregado Hermann Bruno Otto Blumenau. Sob a fiscalização de Blumenau foram criadas
várias colônias.
A Colônia de Blumenau foi criada em 1850, em uma associação entre Herman Blumenau e o
comerciante Fernando Hackdrat. O destaque da colônia foi a escolha de Blumenau pelos profissionais de
diversas áreas que a habitariam. A colônia cresceu rapidamente e foi elevada à categoria de município
em 1880.
A Colônia Dona Francisca foi criada em 1851, a partir da iniciativa da princesa Francisca, que era
filha de D. Pedro I e casada com o filho do rei da França, Luiz Felipe. O casal resolveu aproveitar as terras
que eram de posse da princesa para explorar a criação de uma colônia, que teve como organizador o
Senador Christiano Mathias Schroeder, dono da Sociedade Colonizadora de Hamburgo. A colônia
destacou-se pela diversidade de países a qual seus habitantes pertenciam: suíços, noruegueses,
alemães, dinamarqueses. Outros dados interessantes eram a liberdade de culto existente na colônia, a
naturalização daqueles que adquirissem terras na colônia e fossem residentes a mais de dois anos e a
regra da utilização somente de mão-de-obra livre, sendo proibida a utilização de escravos.
A Colônia Itajaí – Brusque teve início em 1860, com a chegada de colonos alemães. Apesar de ser
oficialmente nomeada Itajaí, o nome Brusque foi uma homenagem ao presidente da província de Santa
Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque.
Além da colonização alemã, outros grupos destacaram-se, como italianos, poloneses, árabes e gregos.
Para as colônias Italianas é possível destacar as colônias do Vale do Itajaí-açu, do vale do Itajaí-
mirim e vale do Tijucas e no sul catarinense, principalmente na região do vale do Rio Tubarão.
Tanto alemães como italianos exerceram grande influência nos costumes e na cultura catarinenses.
Entre as principais influências estão os hábitos alimentares como carne defumada, linguiças e queijos
dos mais variados tipos.
Esse movimento de deslocamento transoceânico de populações já vinha ocorrendo em toda a Europa,
a partir de meados do século XIX, perdurando até o início da Primeira Guerra Mundial. A onda imigratória

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foi impulsionada, de um lado, pelas transformações socioeconômicas que estavam ocorrendo em alguns
países do continente e, de outro, pela maior facilidade dos transportes, advinda da generalização da
navegação a vapor e do barateamento das passagens. A partir das primeiras levas, a imigração em
cadeia, ou seja, a atração exercida por pessoas estabelecidas nas novas terras, chamando familiares ou
amigos, desempenhou papel relevante. Segundo os dados da imigração, entre 1800 e 1955, os Estados
Unidos receberam aproximadamente 40 milhões de imigrantes, a Argentina recebeu 7 milhões, e o
Canadá recebeu 5,3 milhões.
No caso brasileiro, os dados indicam que em torno de 4,5 milhões de pessoas imigraram para o país
entre 1882 e 1934. Destes, 2,3 milhões entraram no estado de São Paulo como passageiros de terceira
classe, pelo porto de Santos, não estando, pois, aí incluídas entradas sob outra condição. É necessário
ressalvar, porém, que, em certas épocas, foi grande o número de retornados. Em São Paulo, por exemplo,
no período de crise cafeeira, (1903-1904), a migração líquida chegou a ser negativa. Um dos traços
distintivos da imigração para São Paulo, até 1927, foi o fato de ter sido em muitos casos subsidiada,
sobretudo nos primeiros tempos, ao contrário do que sucedeu nos Estados Unidos e, até certo ponto, na
Argentina.
O subsídio consistiu no fornecimento de passagem marítima para o grupo familiar e transporte para as
fazendas e foi uma forma de atrair imigrantes pobres para um país cujo clima e condições sanitárias não
eram atraentes. A partir dos anos 30, a imigração em massa cedeu terreno. A política nacionalista de
alguns países europeus - caso típico da Itália após a ascensão de Mussolini - tendeu a colocar obstáculos
à imigração para a América Latina.

Tráfico negreiro, lutas abolicionistas e fim da escravidão


Tentando atrair o capital do tráfico para a industrialização, a Inglaterra extinguiu o comércio de
escravos (1807) e passou a mover intensa campanha internacional contra o tráfico negreiro. Nas
negociações do reconhecimento da independência do Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio à
extinção do tráfico e forçara Dom Pedro I a assinar, em 1826, um convênio no qual se comprometia a
extingui-lo em três anos. Cinco anos depois, a regência proibiu a importação de escravos (1831), mas a
oposição dos grandes proprietários rurais impediu que isso fosse levado à prática. Estimulado pela
crescente procura de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, o tráfico de escravos aumentou:
desembarcaram no Brasil 19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849.
Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até dentro das águas e dos portos brasileiros, o
que deu origem a vários atritos diplomáticos entre o governo imperial e o britânico. Finalmente, em 4 de
setembro de 1850, foi promulgada a Lei da Extinção do Tráfico Negreiro, mais conhecida como Lei
Eusébio de Queirós. Em 1851, entraram 3.827 escravos no Brasil, e apenas 700 no ano seguinte.
O fim da importação de escravos estimulou o tráfico interprovincial: para saldar suas dívidas com
especuladores e traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do Nordeste e do Recôncavo Baiano
passaram a vender, a preços elevados, suas peças (escravos) para as prósperas lavouras do vale do
Paraíba e outras zonas cafeeiras. Forçados pela escassez e encarecimento do trabalhador escravo,
vários cafeicultores paulistas começaram a trazer colonos europeus para suas fazendas, como fizera o
senador Nicolau de Campos Vergueiro, em 1847, numa primeira experiência mal sucedida. A mão-de-
obra assalariada, porém, só se tornaria importante na economia brasileira depois de 1880, quando o
governo imperial passou a subvencionar e a regularizar a imigração, e os proprietários rurais se
adaptaram ao sistema de contrato de colonos livres. Mais de 1 milhão de europeus (dos quais cerca de
600 mil italianos) imigraram para o Brasil em fins do século XIX.
A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande soma de capitais que afluíram para outras
atividades econômicas. Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, três
caixas econômicas, 20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguros e oito estradas de
ferro.
A cidade do Rio de Janeiro, o grande empório do comércio de café, modernizou-se rapidamente: suas
ruas foram calçadas, criaram-se serviços de limpeza pública e de transportes urbanos, e redes de esgoto
e de água. A geração de empresários capitalistas que surgiu nesse período teve em Irineu Evangelista
de Sousa, barão e depois visconde de Mauá, sua figura mais representativa. Em 1844, o ministro da
Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os interesses dos comerciantes e industriais ingleses,
colocou em vigor novas tarifas alfandegárias que variavam em torno de 30%, o dobro, portanto, das
anteriores. Embora visasse a solucionar a carência de recursos financeiros do governo imperial, essa
medida teve efeitos protecionistas: ao tornar mais caros os produtos importados, favorecia a fabricação
de similares nacionais.

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Processo abolicionista
A memória da Abolição dentre nós é de uma concessão feita em 13 de maio de 1888 por uma princesa
branca que, em um ato de generosidade, livrou da escravidão milhares de brasileiros. Já a nossa memória
sobre o processo abolicionista é de que este começou nos finais da década de 1870, quando um grupo
de pessoas solidárias com o sofrimento dos escravizados ergueu como bandeira de luta o fim da
escravidão.
O crescimento da rebeldia escrava tem sido apontado como anterior ao movimento abolicionista e
mesmo como motivação para a aprovação da legislação emancipacionista. Diferentes explicações foram
dadas para o crescimento da resistência escrava, nas décadas de 1860 e 1870, perceptível pelos roubos,
aumento das fugas, das formações de quilombos cada vez mais próximos aos núcleos urbanos e pelos
assassinatos de senhores e prepostos. Boa parte das explicações para o aumento da criminalidade
escrava é relacionada ao final do tráfico de escravos, em 1850.

Lei no 581 (Lei Eusébio de Queirós), de 4 de setembro de 1850


“Dom Pedro, por Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súditos que a Assembleia Geral decretou
e nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1o As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos
portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja
importação está proibida pela Lei de sete de novembro de mil oitocentos e trinta e um, ou havendo-os
desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros e
consideradas importadoras de escravos.
Aquelas que não tiverem escravos a bordo, porém que se encontrarem com os sinais de se
empregarem no tráfico de escravos, serão igualmente apreendidas, e consideradas em tentativa de
importação de escravos.”

Lei no 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871


A Lei do Ventre Livre foi decorrente da inquietação dos escravizados, num momento em que o
sentimento abolicionista ainda não havia se propagado entre a classe média urbana. Existem várias
hipóteses que tentam explicar o aumento da revolta escrava nas décadas de 1860 e 1870. Dentre elas:
-As motivações para esta inquietação seria a mudança estrutural pela qual passava a população
escrava, que naquele momento passava a se constituir de brasileiros em sua maioria, ao invés de
africanos recém-chegados;
-O tráfico interno, que deslocava os escravizados indisciplinados do Norte para a cafeicultura também
seria um elemento incentivador da revolta escrava, pois os escravizados vindos de outras regiões
chegavam às lavouras do Sudeste com suas próprias concepções de “cativeiro justo”. Ou seja, com
definições de quais as atividades deveriam desempenhar, de ritmo de trabalho e de disciplina, e
frequentemente entravam em choque com os novos costumes

“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber
a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei serão considerados
de condição livre.
§1o Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais
terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a
esta idade, o senhor da mãe terá a opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de
utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. [...]”

Quando a Lei de 1871 foi criada, a sua intenção era atender algumas das reivindicações dos
escravizados e promover a emancipação através de um caminho pacífico e seguro - frente às revoltas
das décadas de 1850 e 1860 – que poderiam descambar numa revolução. Como já foi demonstrado pelos
vários estudiosos que estudaram as ações de liberdade ocorridas em diferentes e distantes localidades
do Brasil, os escravizados souberam manipular habilmente as brechas contidas na Lei do Ventre Livre
em favor da própria liberdade e da liberdade dos seus parentes. Neste sentido, os objetivos da lei - de
conter a revolta escrava facilitando o acesso à alforria e de submeter os libertos à tutela senhorial – foram
subvertidos, na medida em que o campo jurídico se transformou em arena de litígio entre escravizados e
senhores, tendo como consequência direta a dificuldade de se preservarem os laços de dependência,
lealdade e proteção entre senhores e ex-escravizados.

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Lei no 3.270 (Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885
“D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos súditos que a Assembleia Geral Decretou
e Nós Queremos a Lei seguinte: [...]
Art. 3o [...]
§10o São libertos os escravos de 60 anos de idade, completos antes e depois da data em que entrar
em execução esta lei, ficando, porém, obrigados, a título de indenização pela sua alforria, a prestar
serviços a seus ex-senhores pelo espaço de três anos.
§11o Os que forem maiores de 60 e menores de 65 anos, logo que completarem esta idade, não serão
sujeitos aos aludidos serviços, qualquer que seja o tempo que os tenham prestado com relação ao prazo
acima declarado.”

Lei no 3.353 (Lei Áurea), de 13 de maio de 1888


“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz
saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.”

A Questão Platina e a Guerra do Paraguai


A Guerra Cisplatina que se estendeu de 1825 a 1828, foi o conflito entre Brasil e Argentina pela
supremacia no Rio da Prata, lembrando que o Uruguai era possessão luso-brasileira desde 1821.
Apoiando os uruguaios, a Argentina venceu as forças imperiais. A Argentina que já se fazia independente
da Espanha, desde 1810, recebia no porto de Buenos Aires navios europeus e experimentava na primeira
metade do século XIX um período de auge, chegando a se comparar com a França.
Em 1828, o Uruguai tornou-se independente, porém o fato não diminuiu o fluxo de brasileiros sul rio-
grandenses entrando no território do país. O deslocamento dessas pessoas para aquela banda, se
registrou muito intensamente no período da guerra dos farrapos, onde muitas famílias entre elas as dos
próprios revoltosos se voltaram para o Uruguai, criando gado e formando estâncias. Perto de encerrar a
revolução farroupilha, iniciou-se na Banda Oriental a chamada “Guerra Grande”, colocando em lados
opostos Blancos e Colorados.
A população de brasileiros no Uruguai era imensa, em 1863, segundo o Almirante Carbajal, 40.000
brasileiros compunham o país que tinha 180.000 habitantes. Além disso quase metade do território
uruguaio em 1862 pertencia a brasileiros, o que indignava certos parlamentares.

Blancos e Colorados
As lutas partidárias pelo poder entre Buenos Aires e Montevidéu fomentaram a oposição do
Império do Brasil, que interveio nos países do Prata. Havia nos dois países, dois partidos
inimigos: o partido federalista, ou colorado, e o unitário, ou blanco, que discutiam sobre a
organização interna dos dois países. A partir de 1828 o Uruguai tornou-se uma nação livre e
organizava seu primeiro governo regular a cargo de D. Frutuoso Rivera; o exército argentino
volta a Buenos Aires, derruba o governo e instaura a anarquia, que a seis de dezembro colocou
no poder como ditador o caudilho D. Juan Manuel de Rosas, chefe do partido federalista, isto
é, colorado, que desejava conquistar o Uruguai e, não viu com bons olhos a eleição de Rivera.
Para tanto, lança contra este, Lavalleja e D.Manuel de Oribe, que promoveram numerosos
levantes contra o governo oriental (uruguaio).

A guerra contra Oribe


As lutas internas pelo controle do Uruguai eram agravadas pela intervenção de brasileiros e argentinos
na política do país, com o Brasil apoiando os Colorados e a Argentina apoiando os Blancos.
Apoiando os colorados, o Brasil entrava em choque com a Argentina, controlada pelo presidente
Rosas, que auxiliava Oribe.
Em 1850, um fato modificou o equilíbrio político da Região do Prata: o General Urquiza, que era
governador da província argentina de Entre-Rios, manifestou claramente a sua intenção de revoltar-se
contra Rosas. A partir daí, as relações diplomáticas do império brasileiro teve que tomar uma rápida
medida, e em dezembro de 1850 Brasil e Paraguai assinaram um tratado de Aliança. Em maio de 1851
foi assinado um novo tratado entre Brasil, Colorado e as províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes,
decidindo pela expulsão de Oribe do Uruguai e de Rosas da Argentina.
A partir de julho, as tropas de Entre-Rios, comandadas pelo general Urquiza, e as brasileiras,
comandadas por Caxias, iniciaram a invasão do Uruguai, até que, em 12 de outubro de 1851, Oribe

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rendeu-se incondicionalmente. Neste mesmo dia, o Brasil e o Uruguai assinaram um tratado de comércio,
aliança e limites territoriais.

A guerra contra Rosas


As ações tomadas pelo governo brasileiro no Uruguai, o reconhecimento da independência do
Paraguai e a abertura da navegação internacional na bacia do rio da Prata intensificaram as desavenças
entre Brasil e Argentina.
Frente a todas as desavenças, o governo imperial concluiu que a convivência pacifica com o governo
de Buenos Aires tornava-se impossibilitada. Além disso, o governo imperial considerou que o governo de
Rosas era uma ameaça direta aos interesses brasileiros no rio da Prata e no Rio Grande do Sul.
A revolta do general Urquiza, de Entre-Rios, deu ao Brasil as condições militares para a derrubada de
Rosas. Restava um único obstáculo: a Inglaterra, que, embora não apoiasse Rosas diretamente, era
contrária que o Brasil o derrubasse.
Com a intenção de contornar a situação, a diplomacia brasileira agiu com habilidade: ao invés de atacar
Rosas, voltou sua atenção para Oribe no Uruguai, conseguindo a derrota em outubro de 1851. No mês
seguinte, Brasil, Uruguai e as províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes assinaram um convenio
pelo qual o império comprometia-se a ajudar o general Urquiza em sua Luta contra Rosas, de tal maneira
que não estava se colocando diretamente contra Rosas, apenas ajudando Urquiza.
O convenio foi assinado em 21 de novembro de 1851, imediatamente, Urquiza iniciou sua marcha em
direção a Buenos Aires, sendo a travessia do Rio Paraná feita a bordo de navios da esquadra brasileira.
Em 3 de novembro 1852, as tropas aliadas, cujo comandante geral era Urquiza, enquanto o Brigadeiro
Marques de Sousa comandava as tropas brasileiras, atacaram os rosistas em Monte Caseros.
Completamente derrotado, Rosas refugiou-se a bordo de um navio inglês e partiu para a Inglaterra.
Urquiza assumiu a presidência da Argentina.

A guerra contra Aguirre


Durante a década de 1850, o Uruguai viveu em permanente estado de agitação devido à luta entre
blancos e colorados, agravadas pelas intervenções políticas brasileiras e argentinas.
Em 1863, o general Venâncio Flores revoltou-se contra o governo de Montevidéu, presidido pelo
blanco Bernardo Berro. Mesmo sendo este substituído por Atanásio Aguirre, a revolta continuou.
Diante da rebelião de Flores, assim ficaram posicionados os países vizinhos ao Uruguai:
- O governo argentino, presidido pelo general Mitre, embora oficialmente neutro, na prática apoiava
abertamente os revoltosos, pois com Flores no poder esperava exercer grande influência sobre o governo
uruguaio;
- O Paraguai, presidido por Solano Lopez, assumiu uma posição bastante clara: embora se recusasse
a fazer uma aliança militar com Aguirre, considerava qualquer tentativa de incorporar o Uruguai ao Brasil
ou à Argentina uma ameaça direta ao seu país;
- O Brasil mantinha-se oficialmente neutro, provavelmente sem intenções de mudar de posição, exceto
se a independência uruguaia fosse ameaçada pela Argentina ou pelo Paraguai.

Portanto a situação parecia bastante equilibrada, havendo pouca possibilidade de que algum dos
países vizinhos intervisse militarmente no Uruguai, seja pelo receio de reações dos outros países da área,
seja pelo fato de a independência uruguaia estar garantida pela Inglaterra e França.
Os acontecimentos, porém, tomaram um rumo completamente diferente. A razão disso é que o Rio
Grande do Sul, contrariando os desejos do governo imperial, apoiava tao firmemente a revolta do general
Flores, que mais da metade de suas tropas era formada por rio-grandenses, e os estancieiros gaúchos
pressionaram para que o governo brasileiro intervisse diretamente no Uruguai.
D. Pedro II mais uma vez enfrentava um grave problema. Os fazendeiros rio-grandenses desejavam
controlar da maneira mais rígida possível o Uruguai, onde tinham grandes interesses econômicos. Por
isso, o Rio Grande somente seria solidários para com o impérios se este apoiasse decidamente os
criadores de gado, dando cobertura à atuação desses homens no território uruguaio. Caso o governo
negasse esse apoio, os gaúchos poderiam se separar do Imperio, como já ocorrera durante a Revolução
Farroupilha.
Finalmente ainda se destaca o papel do governo argentino, cujo presidente, general Mitre, utilizou
todos os tipos de intrigas diplomáticas para levar o Brasil a invadir o Uruguai. O objetivo de Mitre era
derrubar Aguirre, utilizando para isso tropas brasileiras.
Assim, no início de 1864, o império enviou a Montevidéu o conselheiro Jose Antônio Saraiva, o qual,
em maio do mesmo ano, exigiu de Aguirre indenização pelos prejuízos causados aos brasileiros na
fronteira do Rio Grande do Sul e punição dos responsáveis. O governo uruguaio recusou. Em julho, uma

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reunião realizada em Puntas del Rosário, da qual participaram o conselheiro Saraiva, o general Flores, o
ministro do exterior argentino, Rufino de Elizelde e o embaixador inglês na Argentina, Edward Thornton,
resultou em novas exigências a Aguirre, que recusou-as.
Saraiva, então, retirou-se para Buenos Aires, onde, em 4 de agosto de 1864, entregou um ultimato a
Aguirre: se não fossem atendidas todas as exigências brasileiras, as tropas e a marinha do Império
iniciariam represálias contra o Uruguai.
No dia 22 do mesmo mês, como Aguirre continuava negando-se a atende-lo, saraiva e o chanceler
argentino Elizelde assinaram um protocolo autorizando-se mutuamente a intervir no Uruguai, desde que
fosse mantida a sua independência.
A guerra começou em setembro. A esquadra, sob o comando do Almirante Tamandaré, bloqueou e
ocupou os portos fluviais uruguaios de Villa de Melo, Salto e Paissandu. Logo em seguida, o marechal
Mena Barreto, à frente de 10000 soldados, invadiu o Uruguai e reuniu-se com as forças de Venâncio
Flores, praticamente ocupando todo o país. Finalmente em 15 de fevereiro de 1865, Aguirre abandonou
o poder, assumido cinco dias depois pelo general Flores.

A Guerra do Paraguai
Entre novembro de 1864 e março de 1870, desenrolou-se a Guerra do Paraguai, a mais longa e
sangrenta guerra na América do Sul, com consequências que influenciaram decisivamente a história dos
países envolvidos. Até maio de 1865, enfrentaram-se apenas o Paraguai e o Brasil. A partir daí, com a
assinatura do tratado da Tríplice Aliança, os paraguaios passaram a lutar contra o Brasil, a Argentina e o
Uruguai.
Dentre aos razoes que desencadearam a guerra do Paraguai, destacam-se em primeiro lugar as
questões que dividiam os países do Prata.
O Paraguai, em meados do século XIX, era um país diferente dos demais da América latina. Desde a
sua independência em 1811, até a guerra, tivera apenas três governantes: Francia, Carlos Antônio Lopez
e seu filho Francisco Solano Lopez. O governo paraguaio não era democrático, como não era nenhum
dos outros governos latino-americanos.
Apesar disso, o governo paraguaio, mais do que qualquer outro do continente, realizava uma política
favorável às camadas populares. Desde os tempos de Francia, a elite agrária fora progressivamente
eliminada, e suas terras expropriadas pelo governo e entregues em usufruto aos trabalhadores rurais. O
mesmo acontecera com a exploração de madeira e erva-mate, produtos monopolizados pelo Estado.
Assim, em meados do século XIX, o padrão médio de vida do povo paraguaio superava o de qualquer
outro povo latino-americano: o analfabetismo fora quase erradicado e era garantido o emprego, a
moradia, alimentação e vestuário para a maioria das famílias. Embora pobre, o Paraguai não tinha dívida
externa, suas riquezas não eram exploradas por estrangeiros e estava começando a criar um parque
industrial próprio.

As causas da guerra
Em 1850, brasil e Paraguai assinaram um tratado comprometendo-se a defender a independência do
Uruguai. Pouco depois, Paraguai e Uruguai assinaram um novo tratado, estabelecendo que se qualquer
vizinho invadisse um desses países, o outro lhe prestaria imediato auxilio militar. Por isso, em agosto de
1864, quando o Brasil já ameaçava claramente invadir o Uruguai para derrubar o governo de Aguirre, o
presidente paraguaio, Solano Lopez, comunicou ao Império que consideraria a invasão atentatória ao
equilíbrio político do Prata e agiria conforme essa convicção.
Mesmo assim, em setembro de 1864, o governo imperial ordenou o ataque ao Uruguai. Com base nos
tratados anteriores e na certeza de que seriam as próximas vítimas, os paraguaios reagiram: em
novembro, aprisionaram o navio Brasileiro “Marquês de Olinda” em frente a assunção, e logo em seguida,
Solano Lopez declarou guerra ao Brasil.
Entre novembro de 1864 e maio de 1865, a guerra envolveu apenas Brasil e Paraguai. A partir dessa
data, com a oficialização da Tríplice Aliança, o Paraguai passou a enfrentar Brasil, Argentina e Uruguai.
O balanço das forças, ao iniciar-se a guerra, era o seguinte: Brasil, 18000 soldados; Argentina, 8000;
Uruguai, 1500; Paraguai, 60000. Apesar da vantagem no tamanho das tropas, o Paraguai enfrentava um
grande número de desvantagens em relação aos inimigos.
Os aliados tinham 13 milhões de habitantes, contra 800 mil do Paraguai, a dimensão territorial dos
inimigos impedia que os paraguaios os ocupassem efetivamente. A única via de comunicação do
Paraguai com o resto do mundo era o rio da Prata, facilmente bloqueável pelos aliados, que também
contavam com superioridade naval: o Brasil possuía 42 navios, enquanto o Paraguai possuía apenas 14
e apenas 3 estavam preparados para a guerra. A última grande vantagem dos países inimigos era o apoio
financeiro constante da Inglaterra, enquanto o Paraguai lutava sozinho.

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Sob o ponto de vista militar, a Guerra do Paraguai pode ser dividida em quatro grandes fases:
-Ofensiva paraguaia (dezembro de 1864 a dezembro de 1865); a iniciativa militar coube aos
paraguaios e a guerra desenrolou-se em território brasileiro e argentino;
-Invasão do Paraguai (de janeiro de 1866 a janeiro de 1868): a guerra já em território paraguaio, foi
comandada pelo aliado general Mitre;
-Comando de Caxias (de janeiro de 1868 a janeiro de 1869): Caxias assumiu o comando geral dos
Aliados;
-Campanha da Cordilheira (janeiro de 1869 a março de 1870): sob o comando de Conde D’Eu,
destruiu-se o remanescente do exército paraguaio.

As consequências da Guerra
A Guerra do Paraguai teve consequências dramáticas para ambos os lados.
O Paraguai ficou completamente destruído, e perdeu 150000 km² de territórios cedidos ao Brasil e à
Argentina. Durante a ocupação aliada (1870-1876), o nascente parque industrial paraguaio foi totalmente
destruído pelos aliados, sendo a fundição de Ibicuí completamente demolida. A ferrovia foi vendida a
preço de sucata para os ingleses e as reservas de mate e madeira vendidas para empresas estrangeiras.
As terras públicas que eram cultivadas pelos camponeses passaram para as mãos de banqueiros
ingleses, holandeses e estadunidenses, que passaram a aluga-las aos próprios paraguaios.
Além desses aspectos, a consequência mais trágica da guerra foi a dizimação da população paraguaia:
estima-se que 75% da população paraguaia tenha morrido em decorrência da guerra, com 90% da
população masculina dizimada.

A Crise do Império
A partir da década de 1870, o império entra em um declínio que resultará, 19 anos mais tarde, no seu
fim, com a Proclamação da República em 1889. Entre os principais motivos para o fim do império brasileiro
estão a organização do exército após a Guerra do Paraguai, a expansão do café, a questão religiosa e a
questão abolicionista.
Desde que o tráfico negreiro fora proibido, na década de 1850, acreditava-se que o império, sustentado
e mantenedor da mão-de-obra escrava, pouco a pouco iria enfraquecer. Como forma de garantir que
escravos libertos ou imigrantes adquirissem o direito de posse de terras, nos mesmo anos, como
estudamos acima, foi promulgada a lei de terras, beneficiando os interesses dos latifundiários.
Garantida a posse da terra, resta um problema. Quem produzirá, se não haverá mais escravos?
A resposta encontrada estava na imigração europeia, atendendo aos critérios do Darwinismo Social,
que pregava que o progresso do Europa em relação aos outros continentes estava relacionado ao fato
de seus habitantes, brancos, serem mais inteligentes e capazes que outros povos.
O principal setor a receber trabalhadores europeus foi o cafeeiro, que se destacava cada vez mais,
despontando como principal produto da exportação brasileira. Ao mesmo tempo em que o trabalho
escravo era substituído pelo trabalho assalariado, a sociedade modificava-se e novos grupos sociais
emergiam, exigindo modificações no plano político. A nova aristocracia cafeeira constituía uma classe
progressista e interessada em exercer o poder, sem as peias criadas pelo regime instituído em 1822 e
consolidado após 1840. Por outro lado, as camadas médias urbanas, ligadas ao setor terciário e ao
funcionalismo público, também aspiravam a mudanças políticas. A oligarquia paulista do café lançará em
1870 o Manifesto Republicano, e se lançará à Campanha Republicana, visando um Estado federativo
Outra força que se conjugará à luta contra o regime monárquico será o Exército. Este, havia se
organizado de forma absolutamente nova, moderna, para as condições brasileiras. A Guerra do Paraguai
(1865-1870) trouxera essa necessidade. A partir de agora o Exército tinha uma estrutura hierárquica
organizada, e com um destaque maior do que havia recebido desde a Proclamação da Independência
em 1822, com alguns setores do exército fazendo parte de movimentos contrários ao imperador. Com a
criação da Guarda nacional, durante a Regência, o exército tivera ainda menos importância, relegado ao
segundo plano, com as atenções voltadas para a Marinha.
Outro fator que contribuiu para o desgaste do império foi a relação com a Igreja. Desde 1824, com a
promulgação da Constituição, o Brasil era oficialmente um país de religião Católica Apostólica Romana,
sendo a Igreja subordinada ao Estado, que arcava com o pagamento de padres e bispos, podendo
também interferir em algumas decisões tomadas.
Em 1860, o papa Pio IX publicou Bula Syllabus, que determinava que membros da maçonaria não
poderiam pertencer às irmandades católicas. A proibição não foi acatada pelo imperador, porém os bispos
D. Vital (de Olinda) e D. Macedo (de Belém), seguiram as ordens do pontífice e suspenderam as
irmandades que descumpriam a regra papal. Apesar de serem poucos os maçons nas irmandades, o
grupo possuía um grande poder político, e suas reclamações chegaram ao imperador, que mandou

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prender os dois bispos, que foram condenados a quatro anos de trabalhos forçados. O atrito demonstrou
a necessidade da separação entre Estado e Igreja, e só foi resolvido com a anistia dos bispos e na
suspensão das proibições papais.
Com graves problemas de saúde, em meados da década de 1880, D. Pedro II parte para a Europa em
busca de tratamento. Em seu lugar fica a Princesa Isabel, que buscando acalmar a tensão e as
reclamações de alguns setores da sociedade, em 1888 resolve libertar definitivamente os escravos, o que
na verdade acabou piorando a situação da monarquia. A questão sucessória também era um problema.
Os herdeiros do trono, D. Afonso, e posteriormente D. Pedro Afonso, haviam morrido, ficando a sucessão
para a Princesa Isabel, casada com o Conde D’Eu, um francês que não era bem visto para alcançar o
poder. Em 15 de novembro de 1889, em um movimento sem lutas, e de participação quase exclusiva de
militares, acaba o império brasileiro e tem início a República.

Questões

01. O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos: Primeiro Reinado
(1822-1831); Regências (1831 1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais questões que
marcaram esses momentos, assinale a alternativa incorreta.
(A) A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo enfraquecimento
do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil.
(B) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro Reinado
foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I - que era português com os brasileiros.
(C) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I.
(D) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de D. Pedro
I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade.
(E) O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o reinado de Dom Pedro II, período
marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas político-partidárias entre liberais e
conservadores, de outro.

02. O Período Regencial (1831-1840) foi marcado por uma série de revoltas em vários pontos do Brasil.
Sobre as revoltas ocorridas no Período Regencial, indique qual das alternativas abaixo está incorreta:
(A) Balaiada, no Maranhão.
(B) Sabinada, na Bahia.
(C) Inconfidência Mineira, em Minas Gerais.
(D) Revolta Farroupilha, no Sul do país.

03. (UEL-PR) “[...] explodiu na província do Grão-Pará o movimento armado mais popular do Brasil
[...]. Foi uma das rebeliões brasileiras em que as camadas inferiores ocuparam o poder.”
Ao texto podem-se associar:
(A) a Regência e a Cabanagem.
(B) o Primeiro Reinado e a Praieira.
(C) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
(D) o Período Joanino e a Sabinada.
(E) a abdicação e a Noite das Garrafadas.

04. A criação da Guarda Nacional, em 1831, durante o governo regencial, teve como um de seus
objetivos.
(A) Apoiar o governo de Pedro I na consolidação da independência.
(B) defender a integridade das fronteiras ameaçadas de invasão
(C) Conter as agitações e amotinações que ameaçavam a Nação
(D) Combater a influência da aristocracia rural na vida política.

05. (Fatec) Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da
Justiça), que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decorrência dessa lei, o governo imperial
brasileiro aprovou outra, "a Lei de Terras".
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta.
(A) A Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades pelos imigrantes que passaram a chegar ao
Brasil.
(B) A Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos imigrantes, mas facilitou aos negros libertos o
acesso a elas.

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(C) O governo imperial, temendo o controle das terras pelo coronéis, inspirou-se no "Act Homesteade"
americano, para realizar uma distribuição de terras aos camponeses mais pobres.
(D) A Lei de Terras visava a aumentar o valor das terras e obrigar os imigrantes a vender sua força de
trabalho para os cafeicultores.
(E) O objetivo do governo imperial, com esta lei, era proteger e regularizar a situação das dezenas de
quilombos que existiam no Brasil.

Respostas

01. Resposta A.
A Guerra do Paraguai ocorre somente durante o segundo reinado, quando D. Pedro II estava no trono.
A abdicação de D. Pedro I ocorre somente em 1831, ou seja, quase dez anos após a Proclamação da
Independência.

02. Resposta C.
A Inconfidência Mineira, ao contrário das outras revoltadas citadas, ocorre durante o Período Colonial,
e não o Regencial, como pede a questão

03. Resposta A.
O período Regencial foi marcado por inúmeras revoltas, na maioria descontentes com o governo
imperial, mas também com os grandes proprietários rurais. Assim como a Cabanagem, a Farroupilha
também ocorreu no mesmo período, porém no Rio Grande do Sul.

04. Resposta C.
A grande quantidade de revoltas e descontentamento com o governo obrigou-o a criar uma maneira
de conter os conflitos que se espalhavam pelo país.

05. Resposta D.
Com o fim do tráfico negreiro, era necessário encontrar uma nova mão-de-obra que pudesse substituir
a força de trabalho deixada pelo escravo. A regularização nas vendas, juntamente com aumento de
preços foi a solução encontrada para evitar a concorrência de imigrantes, que deveriam se submeter ao
trabalho assalariado para sobreviver, já que muitos não conseguiriam adquirir uma propriedade no
momento em que chegassem ao Brasil.

Brasil República
A palavra República possui várias interpretações, sendo a mais comum a identificação de um sistema
de governo cujo Chefe de Estado é eleito através do voto dos cidadãos ou de seus representantes, com
poderes limitados e com tempo de governo determinado.
A República tem seu nome derivado do termo em latim Res publica, que significa algo como “coisa
pública” ou “coisa do povo”.
Em 15 de novembro de 1889 foi instituída a Republica no Brasil. Entre os fatores responsáveis para o
acontecimento, estão a crise que se instalou sobre o império, os atritos com a Igreja e o desgaste
provocado pela abolição da escravidão. Com a Guerra do Paraguai e o fortalecimento exército, os ideais
republicanos começaram a ganhar força, sendo abraçados também por parte da elite cafeicultora do
Oeste Paulista.

O Movimento Republicano e a Proclamação da República


Mesmo com a manutenção do sistema escravista e de latifúndio exportador, na segunda metade do
século XIX o Brasil começou a experimentar mudanças, tanto na economia como na sociedade.
O café, que vinha ganhando destaque, cresceu ainda mais quando cultivado no Oeste Paulista.
Juntamente com o café, na região amazônica a borracha também ganhava mercado, principalmente após
a descoberta do processo de vulcanização, feito por Charles Goodyear em 1839. Com a ameaça do fim
da escravidão, começaram os incentivos para a vinda de trabalhadores assalariados, gerando o
surgimento de um modesto mercado interno, além da criação de pequenas indústrias. Surgiram diversos
organismos de crédito e as ferrovias ganhavam cada vez mais espaço, substituindo boa parte dos
transportes terrestres, marítimos e fluviais.
As mudanças citadas acima não alcançaram todo o território brasileiro. Apenas a porção que hoje
abrange as regiões Sul e Sudeste foi diretamente impactadas, levando inclusive ao crescimento dos
núcleos urbanos. Em outras partes, como na região Nordeste por exemplo, o cultivo da cana-de-açúcar

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e do algodão, que por muito tempo representaram a maior parte das exportações nacionais, entravam
em declínio.
Muitos dos produtores e também da população dessas regiões em desenvolvimento passavam a
questionar o centralismo político existente no império brasileiro, que tirava a autonomia local. A solução
para resolver os problemas advindos da mudança pela qual o país passava foi encontrada no sistema
federalista, capaz de garantir a tão desejada autonomia regional. Não é de se espantar que entre os
principais apoiadores do sistema federalista estivessem os produtores de café do oeste paulista, que
passavam a reivindicar com mais força seus interesses econômicos.
O ideal de federação, que se adequava aos anseios dos vários grupos políticos do Brasil, só seria
atingido com uma República Federativa. O desgaste enfrentado pelo império brasileiro, evidenciado na
questão religiosa, na questão escravista e na questão militar são fatores importantes para entender e
completar a lista de fatores que levaram à proclamação de uma República em 1889.
Desde o período colonial eclodiram diversos movimentos baseados nos ideais republicanos. A
Inconfidência Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798 são exemplos que buscavam a separação
de seus territórios do poder colonial e a implantação de repúblicas, em oposição ao domínio real.
Apesar das influências republicanas nas revoltas e tentativas de separação desde o século XVIII, foi
apenas na década de 1870, com a publicação do Manifesto Republicano, que o ideal foi consolidado
através da sistematização partidária.
O Manifesto foi publicado em 3 de dezembro de 1870, no jornal A República, redigido por Quintino
Bocaiúva, Saldanha Marinho e Salvador de Mendonça, e assinado por cinquenta e oito cidadãos, entre
políticos, fazendeiros, advogados, jornalistas, médicos, engenheiros, professores e funcionários públicos.
Defendia o federalismo (autonomia para as Províncias administrarem seus próprios negócios) e criticava
o poder pessoal do imperador.
A formação do Partido Republicano no Brasil está ligada à queda do Gabinete de Zacarias de Góes,
motivada por questão pessoal com o Duque de Caxias, e a cisão dos liberais em radicais e moderados.
A facção radical adotou, em sua maioria, ideais republicanos.
Após a publicação do Manifesto, entre 1870 e 1889 os ideais republicanos espalharam-se rapidamente
pelo país. Um dos principais frutos foi o Partido Republicano Paulista, fundado na Convenção de Itu em
1873 e marcado pela heterogeneidade de seus membros e da efetiva participação dos cafeicultores do
Oeste Paulista.
Os republicanos brasileiros divergiam em seus ideais, criando duas tendências dentro do partido: A
Tendência Evolucionista e a Tendência Revolucionária.
Defendida por Quintino Bocaiuva, a Tendência Evolucionista partia do princípio de que a transição do
império para a república deveria ocorrer de maneira pacífica, sem combates. De preferência após a morte
do imperador.
Já a Tendência Revolucionária, defendida por Silva Jardim e Lopes Trovão, dizia que a República
precisava “ser feita nas ruas e em torno dos palácios do imperante e de seus ministros” e que não se
poderia “dispensar um movimento francamente revolucionário”. A eleição de Quintino Bocaiuva (maio de
1889) para a chefia do Partido Republicano Nacional expurgou dos quadros republicanos as ideias
revolucionárias.
O final da Guerra do Paraguai (1870) provocou o recrudescer dos antagonismos entre o Exército e a
Monarquia; entre o grupo militar e o Civilismo do governo; entre o "homem-de-farda" e o "homem-de-
casaca". O exército institucionalizava-se. Os militares sentiam-se mal recompensados e desprezados
pelo Império. Alguns jovens oficiais, influenciados pela doutrina de Augusto Comte (positivismo) e
liderados por Benjamin Constant, sentiam-se encarregados de uma "missão salvadora" e estavam
ansiosos por corrigir os vícios da organização política e social do país. A "mística da salvação nacional"
não era aliás privativa deste pequeno grupo de jovens. Muitos oficiais mais graduados compartilhavam
das mesmas ideias. Generalizara-se entre os militares a ideia de que só os homens de farda eram "puros"
e "patriotas", ao passo que os civis, os "casacas" como diziam, eram corruptos, venais e sem nenhum
sentimento patriótico.
No ano de 1888, a abolição da escravidão, promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o último
passo em direção ao fim da Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que justificavam
a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da
sociedade brasileira do século XIX. Os clubes republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela
mesma época diversos boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros
da Guarda Nacional.
O Visconde de Ouro Preto, membro do Partido Liberal, foi nomeado presidente do Conselho em junho
de 1889. O novo governo precisava remover os obstáculos representados pelo republicanismo e pelos
militares descontentes. Para vencer o primeiro, apresentou um programa de amplas reformas: liberdade

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de culto, autonomia para as províncias, temporariedade dos mandatos dos senadores, ampliação
do direito de voto e Conselho de Estado com funções meramente administrativas. Acusado tanto
de radical como de moderado, o programa foi rejeitado pela Câmara dos Deputados. Diante disso, ela foi
dissolvida, provocando protestos gerais. Contra o exército, Ouro Preto agiu tentando reorganizar a
Guarda Nacional e removendo batalhões suspeitos. A situação tornou-se tensa. Os republicanos
instigavam os militares contra o governo.
A ameaça de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para que o
Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra.
Segundo alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da
Guerra. No entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e proclamar a
República.
A Proclamação resultou da conjugação de duas forças: o exército, descontente, e o setor cafeeiro
da economia, pretendendo este eliminar a centralização vigente por meio de uma República Federativa
que imporia ao país um sistema favorável a seus interesses.
Portanto, a Proclamação não significou uma ruptura no processo histórico brasileiro: a economia
continuou dependente, baseada no setor agroexportador. Afora o trabalho assalariado, o sistema de
produção continuou o mesmo e os grupos dominantes continuaram a sair da camada social dos grandes
proprietários. Houve apenas uma modernização institucional.
O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação civil de
integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que
aparentou, a proclamação foi consequência de um governo que não mais possuía base de sustentação
política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo,
a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de forma bestializada.

O Governo Provisório e a República da Espada


Proclamada a República, o primeiro desafio era estabelecer um governo. O Marechal Deodoro da
Fonseca ficou responsável por assumir a função de Presidente até que um novo presidente fosse eleito.
Os primeiros atos decretados por Deodoro foram o banimento da Família Real do Brasil, estabelecimento
de uma nova bandeira nacional, separação entre Estado e Igreja (criação de um Estado Laico, porém não
laicista), liberdade de cultos, secularização dos cemitérios e a Grande Naturalização, ato que garantiu a
todos os estrangeiros que moravam no Brasil a cidadania brasileira, desde que não manifestassem dentro
de seis meses a vontade de manter a nacionalidade original.
No plano econômico, Rui Barbosa assumiu o cargo de Ministro da Fazenda, lançando uma política de
incentivo ao setor industrial, caracterizada pela facilitação dos créditos bancários, a especulação de ações
e a emissão de papel-moeda em excesso. As medidas tomadas por Rui Barbosa, que buscavam
modernizar o país, acabaram por gerar uma forte crise que provocou o aumento da inflação e da dívida
pública, a quebra de bancos e empobrecimento de pequenos investidores. Essa dívida ficou conhecida
como Encilhamento.
Em 24 de fevereiro de 1891 foi eleito um Congresso Constituinte, responsável por promulgar a
primeira Constituição republicana brasileira, elaborada com forte influência do modelo norte-americano.
O Poder Moderador, de uso exclusivo do imperador, foi extinto, assim como o cargo de Primeiro-Ministro,
a vitaliciedade dos senadores, as eleições legislativas indiretas e o voto censitário.
Em relação ao poder do Estado, foi adotado o sistema de tripartição entre Executivo, Legislativo e
Judiciário, com um sistema presidencialista de voto direto com mandato de 4 anos sem reeleição. As
províncias, que agora eram denominadas Estados, foram beneficiadas com uma maior autonomia através
do Sistema Federalista.
Em relação ao voto, antes censitário, foi declarado o sufrágio universal masculino, ou seja, “todos”
os homens alfabetizados e maiores de 21 anos poderiam votar. Na prática o voto ainda continuava
restrito, visto que eram excluídos os mendigos, os padres e os praças (soldados de baixa patente). No
Brasil de 1900, cerca de 35%81 da população era alfabetizada. Desse total ainda estavam excluídas as
mulheres, já que mesmo sem uma regra explícita de proibição na constituição, “considerou-se
implicitamente que elas estavam impedidas de votar”82
A constituição também determinava que a primeira eleição para presidente deveria ser indireta, através
do Congresso. Deodoro da Fonseca venceu a eleição por 129 votos a favor e 97 contra, resultado
considerado apertado na época. Para o cargo de vice-presidente o Congresso elegeu o marechal Floriano
Peixoto.

81
Souza, Marcelo Medeiros Coelho de. O analfabetismo no brasil sob enfoque demográfico. Cad. Pesqui., Jul 1999, no.107, p.169-186. ISSN 0100-1574
82
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo : Edusp, 1999. Página 251.

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A atuação de Deodoro foi encarada com suspeita pelo Congresso, já que ele buscava um
fortalecimento do Poder Executivo, baseado no antigo Poder Moderador. Deodoro substituiu o ministério
que vinha do governo provisório por um outro, que seria comandado pelo Barão de Lucena, tradicional
político monárquico. Em 3 de novembro de 1891 o presidente fechou o Congresso, prometendo novas
eleições e a revisão da Constituição.

Deodoro montado em um barril de pólvora tentando apagar os problemas com água fria

A intenção do marechal era limitar e igualar a representação dos Estados na Câmara, o que atingia os
grandes Estados que já possuíam uma participação maior na política. Sem obter o apoio desejado dentro
das forças armadas, Deodoro acabou renunciando em 23 de novembro de 1891, assumindo em seu lugar
o vice Floriano Peixoto.
Floriano tinha uma visão de República baseada na construção de um governo estável e centralizado,
com base no exército e no apoio dos jovens das escolas civis e militares. A visão de Floriano chocava-se
diretamente com a visão dos grandes fazendeiros, principalmente os produtores de café de São Paulo,
que almejavam um Estado liberal e descentralizado. Apesar das diferenças, o presidente e os fazendeiros
conviveram em certa harmonia, pela percepção de que sem Floriano a República corria o risco de acabar,
e sem o apoio dos fazendeiros, Floriano não conseguiria governar.
Os dois primeiros governos republicanos no Brasil ganharam o nome de República da Espada devido
ao fato de seus presidentes serem membros do exército.

Presidentes do Brasil na Primeira República

1- Marechal Manuel Deodoro da Fonseca


Governo Provisório: 15.11.1889 a 25.02.1891

Governo Constitucional - Eleito por voto indireto


Período de Governo:
26.02.1891 a 23.11.1891
Vice-Presidente:
Marechal Floriano Vieira Peixoto
Observação: Renunciou ao cargo de presidente da República em 23.11.1891.

2- Marechal Floriano Vieira Peixoto


Período de Governo:
23.11.1891 a 15.11.1894
Assumiu com a renúncia do titular e governou até o final do mandato.
Governo Constitucional - Eleito por voto popular

3- Prudente José de Morais e Barros


Período de Governo:
15.11.1894 a 15.11.1898
Vice-Presidente:
Manuel Vitorino Pereira

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4- Manuel Ferraz de Campos Salles
Período de Governo:
15.11.1898 a 15.11.1902
Vice-Presidente:
Francisco de Assis Rosa e Silva

5- Francisco de Paula Rodrigues Alves


Período de Governo:
15.11.1902 a 15.11.1906
Vice-Presidente:
Afonso Augusto Moreira Pena

6- Affonso Augusto Moreira Penna


Período de Governo:
15.11.1906 a 14.06.1909
Vice-Presidente:
Nilo Procópio Peçanha
Observação: Faleceu em 14.06.1909, sendo substituído pelo vice-presidente.

7- Nilo Procópio Peçanha


Período de Governo:
14.06.1909 a 15.11.1910

8- Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca


Período de Governo:
15.11.1910 a 15.11.1914
Vice-Presidente:
Wenceslau Braz Pereira Gomes

9- Wenceslau Braz Pereira Gomes


Período de Governo:
15.11.1914 a 15.11.1918
Vice-Presidente:
Urbano Santos da Costa Araújo

10- Delfim Moreira da Costa Ribeiro


Período de Governo:
15.11.1918 a 28.07.1919
Observação: Vice-presidente de Rodrigues Alves, que adoeceu e morreu antes da posse. Moreira
exerceu a Presidência até 28.07.1919 quando foi feita nova eleição.

11- Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa


Período de Governo:
28.07.1919 a 15.11.1922
Vice-Presidente:
Francisco Álvaro Bueno de Paiva

12- Arthur da Silva Bernardes


Período de Governo:
15.11.1922 a 15.11.1926
Vice-Presidente:
Estácio de Albuquerque Coimbra

13- Washington Luís Pereira de Sousa


Período de Governo:
15.11.1926 a 24.10.1930
Vice-Presidente:
Fernando de Mello Vianna

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A Revolução Federalista

Desde o período imperial, o Rio Grande do Sul fora palco de protestos e indignações com o governo,
como pode ser observado na Revolução Farroupilha, que durou de 1835 até 1845. Com a Proclamação
da República, a política no Estado manteve-se instável, com diversas trocas no cargo de presidente
estadual. Conforme aponta Fausto, entre 1889 e 1893, dezessete governos se sucederam no comando
do Estado83, até que Júlio de Castilhos assumiu o poder no Estado.
Dois grupos disputavam o controle do Rio Grande do Sul: o Partido Republicano Rio-grandense
(PRR) e o Partido Federalista (PF).
O Partido Republicano era composto por políticos defensores do positivismo, apoiadores de Júlio de
Castilhos e de Floriano Peixoto. Sua base política era composta principalmente de imigrantes e habitantes
do litoral e da Serra do Rio Grande do Sul, formando uma elite política recente. Durante o conflito foram
conhecidos como Pica-paus
O Partido Federalista defendia um sistema de governo parlamentarista e a revogação da constituição
do Estado, de caráter positivista. Foi fundado em 1892 e tinha como líder o político Silveira Martins,
conhecida figura política do Partido Liberal durante o império. A base de apoio do Partido Federalista era
composta principalmente de estancieiros de campanha, que dominaram a cena política durante o império.
Durante o conflito ganharam o apelido de Maragatos.
O conflito teve início em fevereiro de 1893, quando os federalistas, descontentes com a imposição do
governo de Júlio de Castilhos, pegaram em armas para derrubar o presidente estadual. Desde o início da
revolta, Floriano Peixoto, então presidente do Brasil, colocou-se do lado dos republicanos. Os opositores
de Floriano em todo o país passaram a apoiar os federalistas.
No final de 1893 os federalistas ganharam o apoio da Revolta Armada que teve início no Rio de
Janeiro, causada pelas rivalidades entre o exército e a marinha e o descontentamento do almirante
Custódio José de Melo, frustrado em sua intenção de suceder Floriano Peixoto na presidência. Parte da
esquadra naval comandada pelo almirante deslocou-se para o Sul, ocupando a cidade de Desterro (atual
Florianópolis), em Santa Catarina, e a partir daí ocupando parte do Paraná e a capital Curitiba. O
prolongamento do conflito, com grandes custos aos revoltosos, levou à decisão de recuar e manter-se no
Rio Grande do Sul. A revolta teve fim somente em agosto de 1895, quando os combatentes maragatos
depuseram as armas e assinaram um acordo de paz com o presidente da república, garantindo a anistia
para os participantes do conflito. Apesar de curta, a Revolução Federalista teve um saldo de mais de
10.000 mortos, a maior parte deles de prisioneiros capturados em conflitos e mortos posteriormente, o
que garantiu o apelido de “revolução da degola”.

Características da Primeira Republica


O período que vai de 1889, data da Proclamação da República, até 1930, quando Getúlio Vargas
assumiu o poder, é conhecido como Primeira República. O período é marcado pela dominação de poucos
grupos políticos, conhecidos como oligarquias, pela alternância de poder entre os estados de São Paulo
e Minas Gerais (política do café-com-leite), e pelo poder local exercido pelos Coronéis.
Com a saída dos militares do governo em 1894, teve início o período chamado República das
Oligarquias. A palavra Oligarquia vem do grego oligarkhía, que significa “governo de poucos”. Os grupos
dominantes, em geral ligados ao café e ao gado, impunham sua vontade sobre o governo, seja pela via
legal, seja através de fraudes nas votações e criação de leis específicas para beneficiar o grupo
dominante.

O Coronelismo
Durante o período regencial, espaço entre a abdicação de D. Pedro I e a coroação de D. Pedro II,
diversas revoltas e tentativas de separação e instalação de uma república aconteceram no Brasil. Sem
condições de controlar todas as revoltas, o governo regencial, pela sugestão de Diogo Feijó, criou a
Guarda Nacional, com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade e a
independência do Império Brasileiro. Sua criação desorganiza o Exército, e começa a se constituir no país
uma força armada vinculada diretamente à aristocracia rural, com organização descentralizada, composta
por membros da elite agrária e seus agregados. Para compor os quadros da Guarda nacional era
necessário possuir amplos direitos políticos, ou seja, pelas determinações constitucionais, poderiam fazer
parte dela apenas aqueles que dispusessem de altos ganhos anuais.

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FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. Página 255.

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Com a criação da Guarda e suas exigências para participação, surgiram os coronéis, que eram
grandes proprietários rurais que compravam suas patentes militares do Estado. Na prática, eles foram
responsáveis pela organização de milícias locais, responsáveis por manter a ordem pública e proteger os
interesses privados daqueles que as comandavam. O coronelismo esteve profundamente enraizado no
cenário político brasileiro do século XIX e início do século XX.
Após o fim da República da Espada, os grupos ligados ao setor agrário ganharam força na política
nacional, gerando uma maior relevância para os coronéis no controle dos interesses e na manutenção da
ordem social. Como comandantes de forças policiais locais, os coronéis configuravam-se como uma
autoridade quase inquestionável nas áreas rurais.
A autoridade do coronel, além de usada para manter a ordem social, era exercida principalmente
durante as eleições, para garantir que o candidato ou grupo político que ele representasse saísse
vencedor. A oposição ao comando do coronel poderia resultar em violência física, ameaças e
perseguições, o que fazia com que muitos votassem a contragosto, para evitar as consequências de
discordar da autoridade local, gerando uma prática conhecida como Voto de Cabresto.

A charge do gaúcho Alfredo Storni feita em 1927 critica uma prática bastante utilizada durante a
República Velha, conhecida como voto de cabresto. Na imagem, a mulher, identificada como soberania,
pergunta ao político se o eleitor, caracterizado como burro de carga e preso a um cabresto, trata-se do
“Zé Besta”, ao passo em que o político que o conduz responde que na verdade é o “Zé Burro”.
Na república velha, o sistema eleitoral era muito frágil e fácil de ser manipulado. Os coronéis
compravam votos para seus candidatos ou trocavam votos por bens materiais. Como o voto era aberto,
os coronéis mandavam os capangas para os locais de votação, com o objetivo de intimidar os eleitores e
ganhar os votos. As regiões controladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas como currais
eleitorais.
Os coronéis costumavam alterar votos, sumir com urnas e até mesmo patrocinavam a prática do voto
fantasma. Este último consistia na falsificação de documentos para que pessoas pudessem votar várias
vezes ou até mesmo utilizar o nome de falecidos nas votações.
Dessa forma, a vontade política do coronel era atendida, garantindo que seus candidatos fossem
eleitos em nível municipal e também estadual, e garantindo também participação na esfera federal.

Prudente de Morais
Floriano tentou garantir que seu sucessor fosse um aliado político, porém as poucas bases de apoio
de que dispunha não lhe foram suficientes para concretizar o desejo. No dia 1 de março de 1894 foi eleito
o paulista Prudente de Morais, encerrando o governo de membros do exército, que só voltariam ao poder
em 1910, com a eleição do marechal Hermes da Fonseca.
Prudente buscou desvincular o exército do governo, substituindo os cargos que eram ocupados por
militares por civis, principalmente representantes da cafeicultura, promovendo uma descentralização do
poder.
A oposição ao governo cresceu, principalmente por parte dos jacobinos, formados por membros da
baixa classe média, operários e militares de baixa patente. Suas principais bandeiras eram a de uma
república forte, em oposição às tendências liberais, antimonarquistas e antilusitanas.

Campos Salles
Em 1898 o paulista Manuel Ferraz de Campos Salles assumiu a presidência no lugar de Prudente de
Morais. Antes mesmo de assumir o governo, Campos Salles renegociou a dívida brasileira, que vinha se
arrastando desde os tempos do império. Para resolver a situação, ele se reuniu com os credores e
estabeleceu um acordo chamado Funding-Loan. Este acordo consistia no seguinte: o Brasil fazia
empréstimos e atrasava o pagamento da dívida, fazendo concessões aos banqueiros nacionais. Como

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consequência a indústria e o comércio foram afetados e as camadas pobres e a classe média também
foram prejudicadas.
A transição de governos consolidou o poder das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais no poder. O
único entrave para um governo harmônico eram as disputas políticas entre as oligarquias locais nos
Estados. O governo federal acabava intervindo nas disputas, porém, a incerteza de uma colaboração
duradoura entre os Estados e a União ainda permanecia. Outro fator que não permitia uma plena
consolidação política era a vontade do executivo em impor-se ao legislativo, mesmo com a afirmação na
Constituição de que os três poderes eram harmônicos e independentes e si.
A junção desses fatores levou Campos Salles a criar um arranjo político capaz de garantir a
estabilidade e controlar o legislativo, que ficou conhecido como Política dos Governadores.
Basicamente, a política dos governadores apoiava-se em uma ideia simples: o presidente apoiava as
oligarquias estaduais mais fortes, e em troca, essas oligarquias apoiavam e votavam nos candidatos
indicados pelo presidente.
Na Câmara dos Deputados, uma mudança simples garantiu o domínio. Conhecida como Comissão
de Verificação de poderes, essa ferramenta permitia decidir quais políticos deveriam integrar a Câmara
e quais deveriam ser “degolados”, que na gíria política da época significava ser excluído.
Quando ocorriam eleições para a Câmara, os vencedores em cada estado recebiam um diploma. Na
falta de um sistema de justiça eleitoral, ficava a cargo da comissão determinar a validade do diploma. A
comissão era escolhida pelo presidente temporário da nova Câmara eleita, o que até antes da reforma
de Campos Salles significava o mais velho parlamentar eleito. Com a reforma, o presidente da nova
Câmara deveria ser o presidente do mandato anterior, desde que reeleito. Dessa forma, o novo presidente
da Câmara seria sempre alguém ligado ao governo, e caso algum deputado oposicionista ou que
desagradasse o governo fosse eleito, ficava mais fácil remove-lo do poder.

Convênio de Taubaté
Desde o período imperial O café figurava como principal produto de exportação brasileiro,
principalmente após a segunda década do século XIX. Consumido em larga escala na Europa e nos
Estados Unidos, o cultivo da planta espalhou-se pelo vale do Paraíba fluminense e paulista. Continuando
sua marcha ascendente, houve expansão dos cafeeiros na província de Minas Gerais (Zona da Mata e
sul do estado), ao mesmo tempo em que a produção se consolidava no interior de São Paulo,
principalmente no “Oeste Paulista”.
As condições climáticas favoráveis, o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo e a facilidade no
transporte para o porto de Santos após a instalação das primeiras ferrovias provocaram uma crise de
superprodução no início da década de 1890. A grande oferta causada pela produção em excesso levou
a uma queda do preço, visto que havia mais produto no mercado e menos pessoas interessadas em
adquiri-lo.
O convênio de Taubaté foi um acordo firmado em 1906, último ano do mandato de Rodrigues Alves
(1902-1906), entre os presidentes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na cidade
de Taubaté (SP), com o objetivo de pôr em prática um plano de valorização do café, garantindo o preço
do produto por meio da compra, pelo governo federal, do excedente da produção. O acordo foi firmado
mesmo contra a vontade do presidente, e foi efetivamente aplicada por seu sucessor, Afonso Pena.

O Tratado de Petrópolis e a Borracha


O espaço físico que constitui o Estado do Acre, era, até o início do século XX, considerado uma zona
não descoberta, um território contestado pelos governos boliviano e brasileiro.
A Hevea Bralisiensis (nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da
América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias
religiosas. Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros
utensílios para o seu dia a dia. Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a
atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podiam ser feitas,
borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas, entre outros produtos.
Em 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização, que consistia em misturar enxofre
com borracha a uma temperatura elevada (140ºC /150ºC) durante certo número de horas. Com esse
processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes comuns ou óleos.
Apesar do surto econômico e da procura do produto, favorável para a Amazônia brasileira, havia um
sério problema para a extração do látex: a falta de mão-de-obra, que foi solucionada com a chegada à
região de nordestinos (Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877. Prisioneiros, exilados políticos e
trabalhadores nordestinos misturavam-se nos seringais do Acre, fundavam povoações, avançavam e se
estabeleciam em pleno território boliviano.

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A exploração brasileira na região incomodava o governo boliviano, que resolveu tomar posse definitiva
do Acre. Fundou a vila de Puerto Alonso, em 03 de janeiro de 1889, e foram instalados postos da
alfândega para arrecadar tributos originados da comercialização de borracha silvestre. Essa atitude
causou revolta entre os quase sessenta mil brasileiros que trabalhavam nos seringais acreanos.
Liderados pelo seringalista José Carvalho, do Amazonas, os seringueiros rebelaram-se e expulsaram as
autoridades bolivianas, em 03 de maio de 1889.
Após o episódio, um espanhol chamado Luiz Galvez Rodrigues de Aurias liderou outra rebelião, de
maior alcance político, proclamando a independência e instalando o que ele chamou de República do
Acre, no local conhecido como Seringal Volta da Empresa, em 14 de julho de 1889. Galvez, o “Imperador
do Acre “, como auto proclamava-se, contava com o apoio político do governador do Amazonas, Ramalho
Junior. Entretanto, a República do Acre durou apenas oito meses. O governo brasileiro, signatário do
Tratado de Ayacucho, de 23 de março de 1867, reconheceu o direito de posse da Bolívia, prendeu Luiz
Galvez Rodrigues de Aurias e devolveu o Acre ao governo boliviano.
Mesmo com a devolução do Acre aos bolivianos, a situação continuava insustentável. O clima de
animosidade persistia e aumentava a cada dia. Em 11 de julho de 1901, o governo boliviano decidiu
arrendar o Acre a um grupo de empresários americanos, ingleses e alemães, formado pelas empresas
Conway and Withridge, United States Rubber Company, e Export Lumber. Esse consórcio constituiu o
Bolivian Syndicate que recebeu da Bolívia autorização para colonizar a região, explorar o látex e formar
sua própria milícia, com direito de utilizar a força para atender seus interesses. Os seringueiros brasileiros,
a maior parte formada por nordestinos, não aceitaram a situação. Estimulados por grandes seringalistas
e apoiados pelos governadores do Amazonas e do Pará, deram início, no dia 06 de agosto de 1902, a
uma rebelião armada: a Revolta do Acre. Os seringalistas entregaram a chefia do movimento rebelde ao
gaúcho José Plácido de Castro, ex-major do Exército, rebaixado a cabo por participar da Revolução
Federalista do Rio Grande do Sul, ao lado dos Maragatos.
A Revolta por ele liderada, financiada por seringalistas e por dois governadores de Estado, fortalecia-
se a cada dia, na medida em que recebia armamentos, munições, alimentos, além de apoio político e
popular. Em todo o país ocorreram manifestações em favor da anexação do Acre ao Brasil. A imprensa
do Rio de Janeiro e de São Paulo exigia do governo brasileiro imediata providências em defesa dos
acreanos. Por seu lado, o governo brasileiro procurava solucionar o impasse pela via diplomática, tendo
à frente das negociações o diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Mas,
todas as tentativas eram inócuas e os combates entre brasileiros e bolivianos tornavam-se mais
frequentes e acirrados. Em meio aos conflitos, o presidente da Bolívia, general José Manuel Pando,
organizou sob seu comando uma poderosa expedição militar para combater os brasileiros do Acre. O
presidente do Brasil, Rodrigues Alves, ordenou que tropas do Exército e da Armada Naval, acantonadas
no Estado de Mato Grosso, avançassem para a região em defesa dos seringueiros acreanos. O
enfrentamento de tropas regulares do Brasil e da Bolívia gerou a Guerra do Acre.
As tropas brasileiras, formadas por dois regimentos de infantaria, um de artilharia e uma divisão naval,
ajudaram Plácido de Castro a derrotar o último reduto boliviano no Acre, Puerto Alonso, hoje Porto Acre.
Em consequência, no dia 17 de novembro de 1903, na cidade de Petrópolis, a repúblicas do Brasil e da
Bolívia firmaram o Tratado de Petrópolis, através do qual o Brasil ficou de posse do Acre, assumindo o
compromisso de pagar uma indenização de dois milhões de libras esterlinas ao governo boliviano e mais
114 mil ao Bolivian Syndicate.
O tratado de Petrópolis, aprovado pelo Congresso brasileiro em 12 de abril de 1904, também obrigou
o Brasil a realizar o antigo projeto do governo boliviano de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré.
A Bolívia, aproveitando-se do momento político, colocou na pauta de negociações seu ambicionado
projeto. Em contrapartida, reconheceu a prioridade de chegada dos primeiros brasileiros à região e
renunciou a todos os direitos sobre as terras do Acre.
O Tratado de Petrópolis proporcionou o surgimento do Território Federal do Acre em 1903. Com o
crescimento da produção de látex, a região acreana produziu 47 mil toneladas de borracha silvestre,
somente em 1910, o que representou cerca de sessenta por cento de toda a produção amazônica.
Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou sementes de seringueiras da região situada entre
os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Muitas das
sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para o Ceilão
e Malásia. Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a contar com
um grande número de mão-de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já no ano de 1900.
Gradativamente, a produção asiática foi superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais de crise,
culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira.
Para a economia nacional, a borracha teve suma importância nas exportações, visto que em 1910, o
produto representou 40 % das exportações brasileiras. Para a Amazônia, o primeiro Ciclo da Borracha foi

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importante pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades
amazônicas: Belém do Pará e Manaus. Durante o seu apogeu, a produção de borracha foi responsável
por aproximadamente 1/3 do PIB do Brasil. Isso gerou muita riqueza na região amazônica e trouxe
tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos
e avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o
Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de
Manaus, e o Mercado de São Brás, Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos,
corredores de mangueiras e diversos palacetes residenciais no caso de Belém.

Industrialização e Greves no Brasil Republicano


Ao ser proclamada a República, em 1889, existiam no Brasil 626 estabelecimentos industriais, sendo
60% do ramo têxtil e 15% do ramo de produtos alimentícios. Em 1914, o número já era de 7 430 indústrias,
com 153 000 operários.
Após o incentivo para abertura de novas industrias decorrentes do período de 1914 a 1918, em que a
Europa esteve em guerra, diversas empresas produtoras principalmente de matéria-prima. Em 1920, o
número havia subido para 13 336, com 275 000 operários. Até 1930, foram fundados mais 4 687
estabelecimentos industriais. Por outro lado, já em 1907, o total de capital aplicado na indústria de
produtos alimentícios tinha superado o total aplica do no ramo têxtil. Nesse período, deve-se considerar
que a indústria brasileira reunia um grande número de pequenas oficinas, semiartesanais, que fabricavam
bens de consumo simples para suprimento local. Em 1920, apenas 482 estabelecimentos tinham mais de
100 operários.
Há que se levar em conta que a industrialização se concentrou no eixo Rio-São Paulo e,
secundariamente, no Rio Grande do Sul. O empresariado industrial era oriundo do café, do setor
importador e da elite dos imigrantes.
Durante o período republicano fica evidente o descaso das autoridades governamentais com os
trabalhadores. O país passava por um momento de industrialização e os trabalhadores começam a se
organizar.
Em sua maioria imigrantes europeus que possuíam uma forte influência dos ideais anarquistas e
comunistas, os primeiros trabalhadores das fabricas brasileiras possuíam um discurso inflamado,
convocando os colegas a se unirem em associações que resultariam posteriormente na fundação dos
primeiros sindicatos de trabalhadores. O número de trabalhadores crescia constantemente,
acompanhando o número de indústrias. Para se ter uma ideia do crescimento industrial no Brasil, no ano
de 1899 o País contava com aproximadamente 900 fábricas e 54 mil trabalhadores. Quinze anos depois,
em 1914 haviam mais de 7 mil fabricas e mais de 150 mil operários. A maior parte das industrias do país
estava concentrado na região Sudeste, em São Paulo e Rio de Janeiro.
Os líderes dos movimentos operários buscavam melhores condições de trabalho para seus colegas
como redução de jornada de trabalho e segurança no trabalho. Lutavam contra a manutenção da
propriedade privada e do chamado “Estado Burguês”.
Ocorreram entre 1903 e 1906 greves de pouca expressão pelo país, através de movimentos de
Tecelões, alfaiates, portuários, mineradores, carpinteiros e ferroviários. Em contrapartida, o governo
brasileiro criou leis para impedir o avanço dos movimentos, como uma lei expulsando os estrangeiros que
fossem considerados uma ameaça à ordem e segurança nacional.
A greve mais significativa do período ocorreu em 1917, a Greve Geral em São Paulo, que contou com
os trabalhadores dos setores alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário como mais atuantes. O governo, para
reprimir o movimento utilizou inclusive forças do Exército e da Marinha.
A repressão cada vez mais dura do governo, através de leis, decretos e uso de violência acabou
sufocando os movimentos grevistas, que acabaram servindo de base para a criação no ano de 1922,
inspirado pelo Partido Bolchevique Russo, do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Os sindicatos também
começam a se organizar no período.

Revoltas no Brasil Republicano

Guerra de Canudos
A revolta em Canudos deve ser entendida como um movimento messiânico, ou seja, a aglomeração
em torno de uma figura religiosa capaz de reunir fiéis e trazer a esperança de uma vida melhor através
de pregações. O termo messias vem de mashiah, palavra hebraica traduzida para o grego como
“salvador”.

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Canudos formou-se através da liderança de Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido também por
Antônio Conselheiro, um beato que, andando pelo sertão, pregava a salvação por meio do abandono
material, exigindo que seus fiéis o seguissem pelo sertão nordestino.
Perseguido pela Igreja, e com um número significativo de fiéis, Antônio Conselheiro estabeleceu-se no
sertão baiano, à margem do Rio Vaza-Barris, formando o Arraial de Canudos. Ali fundou a cidade santa,
à qual dera o nome de Belo Monte, administrada pelo beato, que contava com vários subchefes, cada
qual responsável por um setor (comandante da rua, encarregado da segurança e da guerra, escrivão de
casamentos, entre outros).
A razão para o crescimento do arraial em torno da figura de Antônio Conselheiro pode ser explicada
pela pobreza dos habitantes do sertão nordestino, aliada à fome e a insatisfação com o governo
republicano, sendo o beato um aberto defensor da volta da monarquia.
A comunidade de Canudos, assim, sobrevivia e prosperava, mantendo-se por via das trocas com as
comunidades vizinhas.
Devido a um incidente entre os moradores do arraial e o governo da Bahia, uma questão mal resolvida
em relação ao corte de madeira na região, o governo estadual resolver repreender os habitantes,
enviando uma tropa ao local. Apesar das poucas condições materiais dos moradores, a tropa baiana foi
derrotada, o que levou o presidente da Bahia a apelar para as tropas federais.
Canudos manteve-se firme diante das ameaças, derrotando duas expedições de tropas federais
municiadas de canhões e metralhadoras, uma delas comandada pelo Coronel Antônio Moreira César,
também conhecido como "corta-cabeças" pela fama de ter mandado executar mais de cem pessoas na
repressão à Revolução Federalista em Santa Catarina. A incapacidade do governo federal em conter os
revoltosos, com derrotas vergonhosas, gerou diversas revoltas no Rio de Janeiro.
Com a intenção de resolver de vez o problema, foi organizada a 4ª expedição militar ao vilarejo, com
8000 soldados sob o comando do general Artur de Andrade Guimarães. Dotada de armamento moderno,
a expedição levou um mês e meio para vencer os sertanejos, finalmente arrasando o arraial em agosto
de 1897, quando os últimos defensores do vilarejo foram capturados e degolados. Canudos foi incendiada
para evitar que novos moradores se estabelecessem no local. Nos jornais e também no pensamento do
governo federal, a vitória sobre Canudos foi uma vitória “da civilização sobre a barbárie”.
Os combates ocorridos em Canudos foram contados pelo Jornalista Euclides da Cunha, em seu livro
Os Sertões. O livro busca trazer um relato do ocorrido, através do ponto de vista do autor, que possuía
uma visão de “raça superior”, comum do pensamento cientifico da época. De acordo com esse
pensamento, o mestiço brasileiro seria uma raça de características inferiores, que estava destinada ao
desaparecimento por conta do avanço da civilização.
Não só Euclides da Cunha pensava da mesma forma. O pensamento racial baseado em teorias
cientificas foi comum no Brasil da virada do século XX.

A Guerra do Contestado
Na virada do século XX uma grande parte da população que vivia no interior do estado era composta
por sertanejos, pessoas de origem humilde, que viviam na fronteira com o Paraná. A região foi palco de
um intenso conflito por posse de terras, ocorrido entre 1912 e 1916, que ficou conhecido como Guerra
do Contestado.
O conflito teve início com a implantação de uma estrada de ferro que ligaria o Rio Grande do Sul a São
Paulo, além de uma madeireira, em 1912, de propriedade do empresário Norte-Americano Percival
Farquhar.
A Brazil Railway ficou responsável pela construção da estrada de ferro que ligaria os dois pontos.
Como forma de remuneração por seus serviços, o governo cedeu à companhia uma extensa faixa de
terra ao longo dos trilhos, aproximadamente 15 quilômetros de cada margem do caminho.
As terras doadas pelo governo foram entregues à empresa na categoria de terras devolutas, ou seja,
terras não ocupadas pertencentes à união. O ato desconsiderou a presença de milhares de pessoas que
habitavam a região, porém não possuíam registros de posse sobre a terra.
Apesar do contrato firmado, de que as terras entregues à companhia pudessem ser habitados somente
por estrangeiros, o principal interesse do empresário era a exploração da madeira que se encontrava na
região, em especial araucárias e imbuias, com alto valor de mercado. Não tardou para a criação da
Southern Brazil Lumber and Colonization Company, responsável por explorar a extração da madeira e
que posteriormente tornou-se a maior empresa do gênero na América do Sul.
A derrubada da floresta implicava necessariamente em remover os antigos moradores regionais,
gerando conflitos imediatos. Os sertanejos encontraram na figura de monges que vagavam pelo sertão
pregando a palavra de Deus a inspiração e a liderança para lutar contra o governo e as empresas
estrangeiras. O primeiro Monge que criou pontos de resistência ficou conhecido como José Maria.

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Adorado pela população local, o monge era visto pelos sertanejos como um salvador dos pobres e
oprimidos, e pelo governo como um empecilho para os trabalhos de construção da estrada de ferro.
O governo e as empresas investiram fortemente na tentativa de expulsão dos sertanejos, e em 1912
próximo ao vilarejo de Irani ocorre uma intensa batalha entre governo e população, causando a morte do
Monge. A morte do líder causou mais revolta nos sertanejos, que intensificaram a resistência, unindo sua
crença em outras figuras que despontavam como lideranças, como Maria Rosa, uma jovem de quinze
anos de idade, que foi considerada por historiadores como Joana D'Arc do sertão, já que "combatia
montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos
e no fuzil". A jovem afirmava receber ordens espirituais de batalha do Monge Assassinado.
O conflito foi tomado como prioridade pelo governo federal, que investiu grande potencial bélico na
contenção dos revoltosos, como fuzis, canhões, metralhadoras e aviões. O conflito acaba em 1916 com
a captura dos últimos lideres revoltosos. Assim como em canudos, a Revolta do Contestado foi marcada
por um forte caráter messiânico.

A Revolta da Vacina
A origem dessa revolta ocorrida no Rio de Janeiro deve ser procurada na questão social gerada pelas
desigualdades sociais e agravada pela reurbanização do Distrito Federal pelo prefeito Pereira Passos.
Além disso, o grande destaque do período foi a Campanha de Saneamento no Rio de Janeiro, dirigida
por Oswaldo Cruz. Decretando-se a vacinação obrigatória contra a varíola, ocorreu o descontentamento
popular. Disso se aproveitaram os militares e políticos adversários de Rodrigues Alves.
Assim, irrompeu a Revolta da Vacina (novembro de 1904), sob a liderança do senador Lauro Sodré.
O levante foi rapidamente dominado, fortalecendo a posição do presidente.

Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata ocorreu em 22 de novembro de 1910 no Rio de Janeiro. Entre outros, foi motivada
pelos castigos físicos que os marinheiros brasileiros recebiam. As faltas graves eram punidas com 25
chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros.
O estopim da revolta se deu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250
chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra
estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros,
desencadeou a revolta.
O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já
na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo.
O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o
fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso
não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de
Janeiro (então capital do Brasil).

Segunda revolta
Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos.
Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão
de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra
revolta na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários
marinheiros foram presos em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as
condições de vida eram desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram
enviados para a Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.
O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de
Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram
da revolta.
Conclusão: podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação
ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico moderno
no país, os republicanos trataram os problemas sociais como “casos de polícia”. Não havia negociação
ou busca de soluções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das armas para colocar
fim às revoltas, greves e outras manifestações populares.

O Cangaço no Nordeste
Entre o final do século XIX e começo do XX (início da República), ganharam força, no nordeste
brasileiro, grupos de homens armados, conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em
função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina. O latifúndio, que

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concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava as margens da sociedade a maioria da
população.
Existiram três tipos de cangaço na história do sertão:
O defensivo, de ação esporádica na guarda de propriedades rurais, em virtude de ameaças de índios,
disputa de terras e rixas de famílias;
O político, expressão do poder dos grandes fazendeiros;
O independente, com características de banditismo.

No primeiro caso, após realizarem sua missão de caçar índios no sertão do Cariri e em outras regiões,
a soldo dos fazendeiros, os cangaceiros se dissolviam e voltavam a trabalhar como vaqueiros ou
lavradores. As rixas entre famílias e as vinganças pessoais mobilizavam constantemente os bandos
armados. Parentes, agregados e moradores ligados ao chefe do clã por parentesco, compadrio ou
reciprocidade de serviços compunham os exércitos particulares.
O cangaço político resultou, muitas vezes, das rivalidades entre as oligarquias locais, e se
institucionalizou como instrumento dessas oligarquias, empenhadas na disputa para consolidar seu
poder.
No final do século XIX surgiram bandos independentes que não se subordinavam a nenhum chefe
local, tendo sua origem no problema do monopólio da terra. Esse tipo de cangaço já existira no passado,
em função das secas, mas não conseguira perdurar, eliminado pelos potentados locais, assim que se
restabeleciam as condições normais de vida.
O Cangaço pode ser entendido como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por
parte dos cangaceiros, que andavam em bandos armados e espalhavam o medo pelo sertão nordestino.
Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a sequestrar fazendeiros para obtenção
de resgates. A população que respeitava e acatava as ordens dos cangaceiros era muitas vezes
beneficiada por suas atitudes. Essa característica fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até
mesmo admirados por parte da população da época.
Os cangaceiros não moravam em locais fixos. Possuíam uma vida nômade, ou seja, viviam em
movimento, indo de uma cidade para outra. Ao chegarem nas cidades pediam recursos e ajuda aos
moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, sobrava a violência.
Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos constantemente pelos
policiais. Usavam roupas e chapéus de couro para protegerem os corpos, durante as fugas, da vegetação
cheia de espinhos da caatinga. Além desse recurso da vestimenta, usavam todos os conhecimentos que
possuíam sobre o território nordestino (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem ou
obterem esconderijos.
Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foio bando
comandado por Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo apelido de “Rei do
Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino durante as décadas de 1920 e 1930.
De 1921 a 1934, Lampião dividiu seu bando em vários subgrupos, dentre os quais os chefiados por
Corisco, Moita Brava, Português, Moreno, Labareda, Baiano, José Sereno e Mariano. Entre seus bandos,
Lampião sempre teve grande apreço pelo bando de Corisco, conhecido como “Diabo Loiro” e também
grande amigo de Virgulino.
Lampião morreu numa emboscada armada por uma volante, junto com a mulher Maria Bonita e outros
cangaceiros, em 29 de julho de 1938. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos,
pois o governo queria assustar e desestimular esta prática na região.
A morte de lampião atingiu o movimento do Cangaço como um todo, enfraquecendo e dividindo os
grupos restantes. Corisco foi morto em uma emboscada no ano de 1940, encerrando de vez o cangaço
no Nordeste.

A Semana de Arte Moderna de 1922


O ano de 1922 representou um marco na arte e na cultura brasileira, com a realização da Semana de
Arte Moderna, de 11 a 18 de fevereiro. A exposição marcava uma tentativa de introduzir elementos
brasileiros nos campo da arte e da cultura, vistas como dominadas pela influência estrangeira,
principalmente de elementos europeus, trazidos tanto pela elite econômica quanto por trabalhadores
imigrantes, principalmente italianos que trabalhavam na indústria paulista.
Na virada do século XX, São Paulo despontava como segunda maior cidade do país, atrás apenas do
Rio de Janeiro, capital nacional. Apesar de ocupar o segundo lugar em tamanho, a cidade possuía grande
taxa de industrialização, mais até que a capital, principalmente pelos recursos proporcionados pela
produção de café.

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O contato proporcionado pelos novos meios de transporte e de comunicação proporcionou o contato
com novas tendências que rompiam com a estrutura das artes predominante desde o renascimento. Entre
elas estavam o futurismo, dadaísmo, cubismo, e surrealismo.
No Brasil, o espírito modernista foi apresentado por autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato,
Lima Barreto e Graça Aranha, que se desligaram de uma literatura de “falsas aparências”, procurando
discutir ou descobrir o “Brasil real”, frequentemente “maquiado” pelo pensamento acadêmico. As novas
tendências apareceram em 1917, em trabalhos: da pintora Anita Malfatti, do escultor Brecheret, do
compositor Vila Lobos e do intelectual Oswaldo de Andrade.
Os modernistas foram buscar inspiração nas imagens da indústria, da máquina, da metrópole, do
burguês e do proletário, do homem da terra e do imigrante.
Entre os escritores modernistas, o que melhor reflete o espírito da Semana é Oswald de Andrade. De
maneira geral, sua produção literária reflete a sociedade em que se forjou sua formação cultural: o
momento de transição que une o Brasil agrário e patriarcal ao Brasil que caminha para a modernização.
Ao lado de Oswald de Andrade, destaca-se como ponto alto do Modernismo a figura de Mário de
Andrade, principal animador do movimento modernista e seu espírito mais versátil. Cultivou a poesia, o
romance, o conto, a crítica, a pesquisa musical e folclórica.
Depois da sua realização, o prestígio e a produção cultural dos modernistas fez aumentar o debate e,
transbordando para o terreno da política, alimentou um forte sentimento nacionalista e uma preocupação
crescente com as coisas do povo brasileiro. Baseando-se nas preocupações sociais e políticas,
despontaram duas correntes de pensamento. Uma, de esquerda, atrelada ao “Movimento Pau-Brasil”,
tendo como expoente: Oswaldo de Andrade. Outra, de direita, apoiada no “Movimento da Anta” e no
“Verde-Amarelismo” de Plínio Salgado.

Principais artistas Modernistas:

Artes Plásticas

- Anita Malfatti (pintora)


- Di Cavalcanti (pintor)
- Vicente do Rego Monteiro (pintor)
- Inácio da Costa Ferreira (pintor)
- John Graz (pintor)
- Oswaldo Goeldi (pintor)
- Victor Brecheret (escultor)
- Wilhelm Haarberg (escultor)

Literatura

- Mario de Andrade (escritor)


- Oswald de Andrade (escritor)
- Sérgio Milliet (escritor)
- Plínio Salgado (escritor)
- Menotti del Picchia (escritor)
- Ronald de Carvalho (poeta e político)
- Renato de Almeida (escritor)
- Guilherme de Almeida (escritor)

Música

- Heitor Villa-Lobos (músico)


- Guiomar Novais (músico)
- Frutuoso Viana (músico)

Os anos 1920 e a crise política


Após a Primeira Guerra Mundial, a classe média urbana passava cada vez mais a participar da política.
A presença desse grupo tendia a garantir um maior apoio a políticos e figuras públicas apoiados em um
discurso liberal, que defendesse as leis e a constituição, e fossem capazes de transformar a Republica
Oligárquica em Republica Liberal. Entre as reivindicações estavam o estabelecimento do voto secreto, e
a criação de uma Justiça Eleitoral capaz de conter a corrupção nas eleições.

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Em 1919, o Rui Barbosa, que já havia sido derrotado em 1910 e 1914, entrou novamente na disputa
como candidato de oposição, enfrentando o candidato Epitácio Pessoa, que concorria como novo
sucessor pelo PRM (Partido Republicano Mineiro).
Epitácio chefiava a delegação brasileira na Conferência de Paz realizada em Versalhes, na França.
Permanecendo ausente do Brasil durante toda a campanha, devido à sua atuação na Conferência de
Paz, Epitácio venceu Rui Barbosa no pleito realizado em abril de 1919 e retornou ao Brasil em julho para
assumir a presidência da República.
Apesar da derrota, o candidato oposicionista conseguiu atingir cerca de um terço dos votos, sem
nenhum apoio da máquina eleitoral, inclusive conquistando a vitória no Distrito Federal.
Mesmo com o acordo de apoio conseguido com a Política dos Governadores, e o controle estabelecido
por São Paulo e Minas Gerais no revezamento de poder, a partir da década de 1920, estados com uma
participação política e econômica considerada mediana resolveram interferir para tentar acabar com a
hegemonia da política do “Café com Leite”. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia se
uniram nas eleições presidenciais de 1922, lançando um movimento político de oposição - a Reação
Republicana - que lançou o nome do fluminense Nilo Peçanha contra o candidato oficial, o mineiro Artur
Bernardes.
A chapa oposicionista defendia a maior independência do Poder Legislativo frente ao Executivo, o
fortalecimento das Forças Armadas e alguns direitos sociais do proletariado urbano. Todas essas
propostas eram apresentadas num discurso liberal de defesa da regeneração da República brasileira. O
movimento contou com a adesão de diversos militares descontentes com o presidente Epitácio Pessoa,
que nomeara um civil para a chefia do Ministério da Guerra. A Reação Republicana conseguiu, em uma
estratégia praticamente inédita na história brasileira, desenvolver uma campanha baseada em comícios
populares nos maiores centros do país. O mais importante deles foi o comício na capital federal, quando
Nilo Peçanha foi ovacionado pelas massas.
Em outubro de 1921, os ânimos dos militares foram exaltados com a publicação de cartas no Jornal
Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, assinadas com o nome do candidato Artur Bernardes e endereçadas
ao líder político mineiro Raul Soares. Em seu conteúdo, criticavam a conduta do ex-presidente e Marechal
do Exército, Hermes da Fonseca, por ocasião de um jantar promovido no Clube Militar.
As cartas puseram lenha na fogueira da disputa, deixando os militares extremamente insatisfeitos com
o candidato. Pouco antes da data da eleição dois falsários assumiram a autoria das cartas e comprovaram
tratar-se de uma armação. A conspiração não teve maiores consequências, e as eleições puderam
transcorrer normalmente em março de 1922. Como era de se esperar, a vitória foi de Artur Bernardes. O
problema foi que nem a Reação Republicana nem os militares aceitaram o resultado. Como o governo se
manteve inflexível e não aceitou a proposta da oposição de rever o resultado eleitoral, o confronto se
tornou apenas uma questão de tempo.

O Tenentismo
Após a Primeira Guerra Mundial, vários oficiais jovens de baixa patente, principalmente tenentes (e
daí deriva o nome do movimento tenentista) sentiam-se insatisfeitos. Os soldos permaneciam baixos e o
governo não fazia menção de aumentá-los. Havia um grande número deles, e as promoções eram muito
lentas. Um segundo-tenente podia demorar dez anos para alcançar a patente de capitão.
Sua reinvindicações oficiais foram contra a desorganização e o abandono em que se encontrava o
exército brasileiro. Com o tempo os líderes do movimento chegaram à conclusão de os problemas que
enfrentavam não estavam apenas no exército, mas também na política. Com a intenção de fazer as
mudanças acontecerem, os revoltosos pressionaram o governo, que não se prontificou a atendê-los, o
que gerou movimentos de tentativa de tomada de poder por meio dos militares. Esse programa conquistou
ampla simpatia da opinião pública urbana, mas não houve mobilização popular e nem mesmo
engajamento de dissidências oligárquicas à revolução (com exceção do Rio Grande do Sul), daí o seu
isolamento e o seu fracasso.

Os 18 do Forte
Como citado anteriormente, a vitória de Artur Bernardes em março de 1922 não agradou os setores
oposicionistas. Durante o período em que aguardava para assumir a posse, que acontecia no dia 15 de
novembro, diversos foram os protestos contra o mineiro. Em junho, o governo federal interveio durante a
sucessão estadual em Pernambuco, fato que foi extremamente criticado por Hermes da Fonseca. O
presidente Epitácio Pessoa, que ainda exercia o poder, mandou prender o ex-presidente e ordenou o
fechamento do Clube Militar em 2 de julho.
As ações de Epitácio geraram uma crise que culminou em uma serie de levantes na madrugada de 5
de julho. Na capital federal, levantaram-se o forte de Copacabana, guarnições da Vila Militar, o forte do

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Vigia, a Escola Militar do Realengo e o 1° Batalhão de Engenharia; em Niterói, membros da Marinha e do
Exército; em Mato Grosso, a 1ª Circunscrição Militar, comandada pelo general Clodoaldo da Fonseca, tio
do marechal Hermes. No Rio de Janeiro, o movimento foi comandado pelos "tenentes", uma vez que a
maioria da alta oficialidade se recusou a participar do levante.
Os rebeldes localizados no Forte de Copacabana passaram a disparar seus canhões contra diversos
redutos do Exército, forçando inclusive o comando militar a abandonar o Ministério da Guerra. As forças
legais revidaram, e o forte sofreu sério bombardeio.
Os revoltosos continuaram sua resistência até a tarde de 6 de julho, quando resolveram abandonar o
Forte e marchar pela Avenida Atlântica, indo de encontro às forças do governo que enfrentavam. Ao grupo
de revoltosos aderiu um civil, Otávio Correia, que até então apenas observava o desenrolar dos fatos.
Em uma troca de tiros com as forças oficiais, morreram quase todos os revoltosos, que ficaram
conhecidos como “Os 18 do Forte de Copacabana”. Apesar do nome atribuído ao grupo, as fontes de
informação da época não são exatas, com vários jornais divulgando números diferentes. Entre os mortos
em combate estavam os tenentes Mário Carpenter e Newton Prado. Os únicos sobreviventes foram os
tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, com graves ferimentos.

A Revolta de 1924
Os participantes das Revoltas de 1922 foram julgados e punidos em dezembro de 1923, acusados de
tentar promover um golpe de Estado. Novamente o exército teve suas relações com o governo federal
agravadas, com uma tensão crescente que gerou uma nova revolta militar, novamente na madrugada,
em 5 de julho de 1924 em São Paulo, articulada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, pelo major
Miguel Costa, comandante do Regimento de Cavalaria da Força Pública do estado, e pelo tenente
Joaquim Távora, este último morto durante os combates. Tiveram ainda participação destacada os
tenentes Juarez Távora, Eduardo Gomes, João Cabanas, Filinto Müller e Newton Estillac Leal.
O objetivo do movimento era depor o presidente Artur Bernardes, cujo governo transcorria, desde o
início, sob estado de sítio permanente e sob vigência da censura à imprensa.
Entre as primeiras ações dos revoltosos, ganhou prioridade a ocupação de pontos estratégicos, como
as estações da Luz, da Estrada de Ferro Sorocabana e do Brás, além dos quartéis da Força Pública,
entre outros.
Logo após a ocupação, no dia 8 de julho o presidente de São Paulo, Carlos de Campos, deixou o
palácio dos Campos Elíseos, sede do governo paulista na época. No dia seguinte, os rebeldes instalaram
um governo provisório chefiado pessoalmente pelo general Isidoro. O ato foi respondido com um intenso
bombardeio das tropas legalistas sobre a cidade, principalmente em bairros operários de São Paulo na
região da zona leste. Os bairros da Mooca, Brás, Belém e Cambuci foram os mais atingidos pelo
bombardeio.
A partir do dia 16, sucederam-se as tentativas de armistício. Um dos principais mediadores foi José
Carlos de Macedo Soares, membro da Associação Comercial de São Paulo. Num primeiro momento, o
general Isidoro condicionou a assinatura de um acordo à entrega do poder a um governo federal provisório
e à convocação de uma Assembleia Constituinte. A negativa do governo federal, somada às
consequências do bombardeio da cidade, reduziu as exigências dos revoltosos à concessão de uma
anistia ampla aos revolucionários em 1922 e 1924. Entretanto, nem essa reivindicação foi atendida.
Como as exigências dos revoltosos não foram atendidas, e a pressão do governo aumentava, a
solução foi mudar a estratégia. Em 27 de julho os revoltosos abandonaram a cidade, indo em direção a
Bauru, no interior do Estado. O deslocamento foi facilitado graças a eclosão de diversas revoltas no
interior, com a tomada de prefeituras.
O saldo de 23 dias de combates foi de 503 mortos e quase cinco mil feridos, resultando no maior
conflito ocorrido na cidade de São Paulo (maior inclusive que a revolta de 1932). Com os bombardeios,
aproximadamente 20 mil pessoas ficaram desabrigadas.
Àquela altura, já haviam eclodido rebeliões militares no Amazonas, em Sergipe e em Mato Grosso, em
apoio ao levante de São Paulo, mas os revoltosos paulistas desconheciam tais acontecimentos.
Em outubro, enquanto os paulistas combatiam em território paranaense, tropas sediadas no Rio
Grande do Sul iniciaram um levante, associadas a líderes gaúchos contrários à situação estadual. As
forças rebeladas juntaram-se aos paulistas em Foz do Iguaçu, no Paraná, no mês de abril de 1925.
Formou-se assim o contingente que deu início à marcha da Coluna Prestes.

A Coluna Prestes
Enquanto isso, alguns militares se rebelavam em São Paulo, Luís Carlos Prestes, também militar,
organizava outro grupo no Rio Grande do Sul. Em abril de 1925, as duas frentes de oposição, a Paulista

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liderada por Miguel Costa, e a Gaúcha, por Prestes, uniram-se em Foz do Iguaçu e partiram para uma
caminhada pelo Brasil.
Sempre vigiados por soldados do governo, os revoltosos evitavam confrontos diretos com as tropas,
por meio de táticas de guerrilha.
Por meio de comícios e manifestos, a Coluna denunciava à população a situação política e social do
país. Num primeiro momento, não houve muitos resultados, porém o Movimento ajudou a balançar as
bases, já enfraquecidas, do sistema oligárquico e a preparar caminho para a Revolução de 1930.
A Coluna Prestes durou 2 anos e 3 meses, percorrendo cerca de 25 mil quilômetros através de treze
estados do Brasil. Estima-se que a Coluna tenha enfrentado mais de 50 combates contra as tropas
governistas, sem sofrer derrotas. Os principais comandantes do Exército nacional não só não puderam
desbaratar a Coluna Prestes, como sofreram pesadas perdas para os rebeldes durante sua marcha. A
Coluna, em seu trajeto, derrotou 18 generais.
A passagem da Coluna Prestes, gerava reações diversas na população. Como forma de desmoralizar
o movimento, o governo condenava os rebeldes e associavam suas ações a assassinos e bandidos.
Segundo a Historiadora Anita Leocádia Prestes, Qualquer arbitrariedade era punida com grande rigor;
em alguns casos de maior gravidade, chegou-se ao fuzilamento dos culpados, principalmente quando
houve desrespeito a famílias e, em particular, a mulheres.
Iniciando a marcha, a coluna concluiu a travessia do rio Paraná em fins de abril de 1925 e adentrou no
Paraguai com a intenção de chegar a Mato Grosso. Posteriormente percorreu Goiás, entrou em Minas
Gerais e retornou a Goiás.
Após a passagem por Goiás, a Coluna partiu para o Nordeste, chegando em novembro ao Maranhão,
ocasião em que o tenente-coronel Paulo Krüger foi preso e enviado a São Luís. Em dezembro, penetrou
no Piauí e travou em Teresina sério combate com as forças do governo. Rumando então para o Ceará, a
coluna teve outra baixa importante: na serra de Ibiapina, Juarez Távora foi capturado.
Em janeiro de 1926, a coluna atravessou o Ceará, chegou ao Rio Grande do Norte e, em fevereiro,
invadiu a Paraíba, enfrentando na vila de Piancó séria resistência comandada pelo padre Aristides
Ferreira da Cruz, líder político local. Após ferrenhos combates, a vila acabou ocupada pelos
revolucionários.
Continuando rumo ao sul, a coluna atravessou Pernambuco e Bahia e retornou para Minas Gerais,
pelo norte do Estado. Encontrando vigorosa reação legalista e precisando remuniciar-se, o comando da
coluna decidiu interromper a marcha para o sul e, em manobra conhecida como "laço húngaro", retornar
ao Nordeste através da Bahia. Cruzou o Piauí, alcançou Goiás e finalmente chegou de volta a Mato
Grosso em outubro de 1926. Àquela altura, o estado-maior revolucionário decidiu enviar Lourenço Moreira
Lima e Djalma Dutra à Argentina, para consultar o general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro da coluna:
continuar a luta ou rumar para o exílio.
Entre fevereiro e março de 1927, afinal, após uma penosa travessia do Pantanal, parte da coluna,
comandada por Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia, onde
encontrou Lourenço Moreira Lima, que retornava da Argentina. Tendo em vista as condições precárias
da coluna e as instruções de Isidoro, os revolucionários decidiram exilar-se.
Durante o tempo em que passou na Bolívia, Prestes dedicou-se a leituras em busca de explicações
para a situação de atraso e miséria que presenciara em sua marcha pelo interior brasileiro. Em dezembro
de 1927 foi procurado por Astrojildo Pereira, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, que fora
incumbido de convidá-lo a firmar uma aliança entre "o proletariado revolucionário, sob a influência do
PCB, e as massas populares, especialmente as massas camponesas, sob a influência da coluna e de
seu comandante". Prestes, contudo, não aceitou essa aliança. Foi nesse encontro que obteve as
primeiras informações sobre a Revolução Russa, o movimento comunista e a União Soviética. A seguir,
muda-se para a Argentina, onde lê Marx e Lênin.

Fonte: http://www2.camara.leg.br/

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A defesa do café
Os acordos para a manutenção do preço do café elevaram a dívida brasileira, principalmente após as
emissões de moeda realizadas entre 1921 e 1923 por Epitácio Pessoa, o que gerou uma desvalorização
do câmbio e o aumento da inflação. Artur Bernardes preocupou-se em saldar a dívida externa brasileira,
retomando o pagamento dos juros e da dívida principal a partir do ano de 1927.
Com o objetivo de avaliar a situação financeira do Brasil, em fins de 1923 uma missão financeira
inglesa, chefiada por Edwin Samuel Montagu chegou ao país. Após os estudos, a comissão apresentou
um relatório à presidência da República, em que apresentava os riscos decorrentes da emissão
exagerada de moeda e o consequente receio dos credores internacionais.
A defesa dos preços do café representava um gasto entendido pelo governo federal como secundário
nesse momento, mesmo em meio às críticas de abandono proferidas pelo setor cafeeiro. A solução foi
passar a responsabilidade da defesa do café para São Paulo. Em dezembro de 1924 foi criado o Instituto
de Defesa Permanente do Café, que possuía a função de regular a entrada do produto no Porto de Santos
e realizar compras do produto para evitar a desvalorização.

O governo de Washington Luís


Em 1926, mantendo a tradicional rotação presidencial entre São Paulo e Minas Gerais, o paulista
radicado Washington Luís foi indicado para a sucessão e saiu vencedor nas eleições de 1926. Seu
governo seguiu com relativa tranquilidade, até que em 1929 uma série de fatores, internos e externos,
mudaram de maneira drástica os rumos do Brasil.
No plano interno, a insatisfação das camadas urbanas, em especial a classe média, crescia cada vez
mais. A estrutura de governo baseada no poder das oligarquias, dos coronéis e da predominância dos
grandes proprietários e produtores de café da região de São Paulo não atendia as exigências e os anseios
de boa parte da população, que não fazia parte ou não era beneficiada pelo sistema de governo.
Em 1926 surgiu o Partido Democrático, de cunho liberal. O partido desponta como oposição ao PRP
(Partido Republicano Paulista), que repudiava o liberalismo na prática. Seus integrantes pertenciam a
uma faixa etária mais jovem em comparação aos republicanos, o que também contribuiu para agradar
boa parte da classe média insatisfeita com o PRP.
Formado por prestigiados profissionais liberais e filhos de fazendeiros de café, o partido tinha como
pauta a reforma do sistema político, através da implantação do voto secreto, da representação de
minorias, a real divisão dos três poderes e a fiscalização das eleições pelo poder judiciário. Uma de suas
características era o ataque a ricos imigrantes, em especial o italiano Conde Francisco Matarazzo.
Matarazzo chegou ao Brasil em 1881, e fez fortuna através da venda de banha de porco em latas. Na
virada do século já havia acumulado uma grande fortuna, que passou a investir nas mais diversas áreas.
A princípio montou um moinho de trigo, depois tecelagens, indústria metalúrgica, moinhos para a
fabricação do sal, refinarias de açúcar, fábricas de óleo e gordura, frigoríficos, fábrica de velas, sabonete
e sabão. E mais: centros fabris, usina de sulfureto de carbono e de ácidos, fábrica de fósforos e pregos,
de louças e azulejos, usina de cal, destilaria de álcool, fábrica de papel e a primeira destilaria de petróleo
de Cubatão.
As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) chegaram a contar com mais de 200 fábricas.
Paralelamente à expansão industrial, Matarazzo tinha um banco, uma frota de navios, um terminal no
porto de Santos e duas locomotivas para transportar mercadorias.

A Sucessão de Washington Luís


Voltando à política do Café-com-leite, em 1929 começava a campanha para a escolha do sucessor de
Washington Luís. Pela tradição, o apoio deveria ser dado a um candidato mineiro, já que o presidente
que estava no poder fora eleito por São Paulo.
Ao invés de apoiar um candidato mineiro, Washington Luís insistiu na candidatura do governador de
São Paulo, Júlio Prestes. A atitude do presidente gerou intensa insatisfação em Minas Gerais, e ajudou
a alavancar o Rio Grande do Sul no cenário político.
O governador de Mineiro, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que esperava-se ser o indicado para a
sucessão presidencial, propôs o lançamento de um movimento de oposição para concorrer contra a
candidatura de Júlio Prestes. O apoio partiu de outros dois estados insatisfeitos com a situação política:
Rio Grande do Sul e Paraíba. Do Rio Grande do Sul surgiu, após inúmeras discussões entre os três
estados, o nome de Getúlio Vargas – governador gaúcho eleito em 1927, que fora Ministro da Fazenda
de Washington Luís – para presidente, tendo como vice o nome do governador da Paraíba e sobrinho do
ex-presidente Epitácio Pessoa, o pernambucano João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Definidos os
nomes, foi formada a Aliança Liberal, nome que definiu a campanha. O Partido Democrático de São

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Paulo expressou seu apoio à candidatura de Getúlio Vargas, enquanto alguns membros do Partido
Republicano Mineiro resolveram apoiar Júlio Prestes.
A Aliança Liberal refletia os desejos das classes dominantes regionais que não estavam ligadas ao
café, buscando também atrair a classe média. Seu programa de governo defendia o fim dos esquemas
de valorização do café, a implantação de alguns benefícios aos trabalhadores, como a aposentadoria
(nem todos os setores possuíam), a lei de férias e a regulamentação do trabalho de mulheres e menores
de idade. Além disso, insistiam no tratamento com seriedade pelo poder público das questões sociais,
que Washington Luís afirmava serem “caso de Polícia”. Um dos pontos marcantes da campanha da
Aliança Liberal foi a participação do proletariado.

Reflexos da Crise de 1929 no Brasil


No plano externo, a quebra da bolsa de valores de Nova York, seguida da crise que afetou grande
parte da economia mundial, também teve repercussões no Brasil.
O ano de 1929 rendeu uma excelente produção de café, tudo que os produtores não esperavam. A
colheita de quase 30 milhões de sacas na safra 1927-1928 representava aproximadamente o dobro da
produção dos anos anteriores. Esperava-se que, devido a alternancia entre boas e más safras 1929
representasse uma colheita baixa, já que as três ultimas safras haviam sido boas.Aliada a ideia de uma
safra baixa, estava a expectativa de lucros certos, garantidos pela Defesa Permanente do Café, o que
levou muitos produtores a contraírem empréstimos e aumentarem suas lavouras.
A produção, ao contrário do esperado, graças às condições climáticas e a implantação de novas
técnicas agricolas. O excesso do produto foi de encontro com a crise, que diminuiu o consumo, e
consequente o preço do café. O resultado foi um endividamento daqueles que apostaram em preços altos
e não quitaram suas dívidas.
Em busca de salvação para os negócios, o setor cafeeiro recorreu ao governo federal, na busca de
perdão das dívidas e de novos financiamentos. O presidente, temendo perder a estabilidade cambial,
recusou-se a ajudar o setor, fator que foi explorado politicamente pela oposição.
Apesar do esforço em tentar combater o candidato de Washington Luís, a Aliança Liberal não foi capaz
de derrotar Júlio Prestes, que foi eleito presidente em 1º de Março de 1930.

A Revolução de 1930

Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson durante sua passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a
vitória da Revolução de 1930.

Em 1º de março de 1930 Júlio Prestes foi eleito presidente do Brasil conquistando 1.091.709 votos,
contra 742.794 votos recebidos por Getúlio Vargas. Ambos os lados foram acusados de cometer fraudes
contra o sistema eleitoral, seja manipulando votos, seja impondo votos forçados através de violência e
ameaça.
A derrota Júlio Prestes nas eleições de 1930 para não significou o fim da Aliança Liberal e sua busca
pelo controle do poder executivo. Os chamados “tenentes civis” acreditavam que ainda poderiam
conquistar o poder através das armas.
As discordâncias provocadas pelo apoio de Washington Luís a Júlio Prestes não foram suficientes, até
aquele momento, para promover uma ruptura de grandes proporções na política, porém um grupo de
políticos mais jovens e em busca de ascensão política perceberam que para alcançar novos patamares,
ainda dependiam da aprovação de um grupo muito estreito.
Entre os que buscavam novos caminhos, estavam os gaúchos Getúlio Vargas, Flores da Cunha,
Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Neves, Maurício Cardoso e Paim Filho. Em Minas Gerais também
haviam Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos, descendentes de famílias tradicionais do estado.
Até mesmo entre membros antigos da política, representantes das velhas oligarquias, haviam aqueles
que enxergavam nos políticos mais jovens a possibilidade de aumento do poder pessoal, como Artur
Bernardes, Venceslau Brás, Afrânio de Melo Franco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e João Pessoa.

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Buscando agir pelo caminho que o movimento tenentista havia tentado anos antes, os jovens políticos
buscaram fazer contato com militares rebeldes, que receberam a atitude com desconfiança. Entre os
motivos para o receio dos tenentes, estava o fato de que alguns nomes, como João Pessoa e Osvaldo
Aranha, estiveram envolvidos em perseguições, confrontos e condenações contra o grupo. Porém, depois
de conversas e desconfianças dos dois lados, os grupos chegaram a um acordo, com a adesão de nomes
de destaque dos movimentos da década de 20, como Juarez Távora, João Alberto e Miguel Costa. A
grande exceção foi o nome de Luís Carlos Prestes, que em maio de 1930 declarou-se abertamente como
socialista revolucionário, e recusou-se a apoiar a disputa oligárquica.
Os preparativos para a tomada do poder não aconteceram da maneira esperada, deixando o
movimento conspiratório em uma situação de desvantagem. Porém, em 26 de julho de 1930 ocorreu um
fato que serviu de estopim para o movimento revolucionário: por volta das 17 horas, na confeitaria
“Glória”, em Recife, João Pessoa foi assassinado por João Duarte Dantas.
O crime, motivado tanto por disputas pessoais como por disputas públicas, foi utilizado como
justificativa para o movimento revolucionário, sendo explorado seu lado público, e transformado João
Pessoa em “mártir da revolução”.
Entre as razões para o assassinato, estiveram as mudanças políticas promovidas por João Pessoa ao
tornar-se governador. Em uma tentativa de modernizar a administração, o governador direcionou as
transações comerciais para os portos da capital e de Cabedelo, buscando tornar eficiente a arrecadação
de impostos e diminuir a dependência que o estado tinha do Recife. A medida adotada pelo governador
chocava-se com os interesses de produtores, principalmente de algodão, do interior do estado, que
realizavam as transações comerciais por terra, diretamente com Recife, escapando dessa forma das
cobranças de impostos. Os interesses conflitantes resultaram na Revolta de Princesa, movimento rebelde
liderado por José Pereira Lima, deflagrado no município de Princesa, atual Princesa Isabel, na fronteira
com Pernambuco, em fevereiro de 1930. Um dos principais aliados do Coronel José Pereira foi a família
Dantas.
As divergências entre governo e revoltosos resultou na invasão do escritório de advocacia de João
Dantas, que localizava-se na capital do estado, da qual foram retirados de um cofre alguns papéis, entre
eles cartas de amor trocadas entre o advogado e a professora Anaíde Beiriz. Apesar de ambos serem
solteiros, o jornal A União, de cunho governista, divulgou a existência das cartas como obras de conteúdo
impróprio, que não poderiam sequer serem publicadas no jornal.
Após a divulgação, a jovem professora, caindo em desgraça e abandonada pela família, fugiu para o
Recife. João Dantas sentiu-se com a honra manchada, e resolveu acertar as contas com o governador,
assassinando-o com dois tiros, dentro da Padaria Glória, na capital Pernambucana.
A morte de João Pessoa foi extremamente explorada por seus aliados como elemento político para
concretizar os objetivos da revolução. Apesar de ter morrido no Nordeste e ser natural da região, o corpo
do presidente da Paraíba foi enterrado no Rio de Janeiro, então capital da República, fator que reuniu
uma enorme quantidade de pessoas para acompanhar o funeral. A morte de João Pessoa garantiu a
adesão de setores do exército que até então estavam relutantes em apoiar a causa dos revolucionários.
Feitos os preparativos, no dia 3 de outubro de 1930, nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul
e no Nordeste, estourou a revolução, comandada por Getúlio Vargas e pelo tenente-coronel Góes
Monteiro. As ações foram rápidas e não encontraram uma resistência forte. No Nordeste, as operações
ficaram a cargo de Juarez Távora, que contando com a ajuda da população, conseguiu dominar
Pernambuco sem esforços.
Após o Sul e o Nordeste dominados, os esforços concentraram-se em São Paulo. Os revolucionários
montaram quartel em Ponta Grossa, no Paraná, e começaram a elaborar um plano de ataque contra as
forças militares leais a Washington Luís. O ataque, definido para acontecer em território paulista, mais
precisamente na cidade de Itararé, ficou conhecido como “batalha de Itararé” ou também, a batalha que
não ocorreu, pois antes do desfecho do confronto, em 24 de outubro, os generais Leite de Castro, Tasso
Fragoso e Mena Barreto e o almirante Isaías Noronha depuseram Washington Luís da presidência e
instalaram uma junta provisória de governo.
Em virtude do maior peso político que os gaúchos detinham no movimento e sob pressão das forças
revolucionárias, a Junta finalmente decidiu transmitir o poder a Getúlio Vargas. Num gesto simbólico que
representou a tomada do poder, os revolucionários gaúchos, chegando ao Rio, amarraram seus cavalos
no Obelisco da avenida Rio Branco. Em 3 de novembro chegava ao fim a Primeira República.

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Gaúchos amarrando cavalos no obelisco da avenida Rio Branco. Fonte: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/cda-rev30_osvaldo_aranha_1_0.jpg

Questões

01. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo – CESPE) O fato é que a transição do Império
para a República, proclamada em 1889, constituiu a primeira grande mudança de regime político ocorrida
desde a Independência. Republicanistas “puros", como Silva Jardim, defendiam uma mudança de regime
que, a exemplo da França, tivesse como resultado maior participação da população na vida política
nacional. Mas, vitoriosos, os republicanos conservadores, como Campos Sales, mantiveram o modelo de
exclusão política e sociocultural sob nova fachada. Ao “parlamentarismo sem povo" do Segundo Reinado,
sucedeu uma República praticamente “sem povo", ou seja, sem cidadania democrática.
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Ed. SENAC
São Paulo, 2008, p. 552.
Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial e considerando o contexto histórico brasileiro
ao longo da segunda metade do século XIX e da primeira do século XX, julgue o item a seguir.
Os dois primeiros presidentes civis da República, ambos oriundos de São Paulo, eram representantes
das correntes políticas mais empenhadas em afastar do regime republicano que surgia a pecha de modelo
de exclusão política e sociocultural que historicamente recaía sobre o Estado brasileiro, desde a
Independência.
( ) Certo ( ) Errado
02. TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) Seu Mundinho, todo esse tempo
combati o senhor. Fui eu quem mandou atirar em Aristóteles. Estava preparado para virar Ilhéus do
avesso. Os jagunços estavam de atalaia, prontos para obedecer. Os meus e os outros amigos, para
acabar com a eleição. Agora tudo acabou.
(In: AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela)
O texto descreve uma realidade que, na história do Brasil, identifica o
(A) tenentismo, que considerava o exército como a única força capaz de conduzir os destinos do povo.
(B) coronelismo, que se constituía em uma forma de o poder privado se manifestar por meio da política.
(C) mandonismo, criado com o objetivo de administrar os conflitos no interior das elites agrárias do
país.
(D) messianismo, entidade com poderes políticos capaz de subjugar a população por meio da força.
(E) integralismo, que consistia em uma forma de a oligarquia cafeeira demonstrar sua influência e
poder político.

03. TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) Para responder à questão,
considere o texto abaixo.
... A forma federativa deu ampla autonomia aos Estados, com a possibilidade de contrair empréstimos
externos, constituir forças militares próprias e uma justiça estadual.
[...] A representação na Câmara dos Deputados, proporcional ao número de habitantes dos Estados,
foi outro princípio aprovado...
[...] A aceitação resignada da candidatura Prudente de Moraes, que marcou o início da república civil
oligárquica, consolidada por Campos Sales, se deu em um momento difícil, quando Floriano dependia do
apoio regional [...].
(Adaptado de: FAUSTO, Boris. Pequenos ensaios de História da República (1889-1945). São Paulo:
Cebrap, 1972, p. 2-4)
O principal mecanismo para a consolidação da república a que o texto se refere foi a
(A) política de “salvação nacional", desencadeada pelos militares ligados aos grandes fazendeiros
mineiros e paulistas com a finalidade de fortalecer o poder das oligarquias estaduais do sudeste.

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(B) “campanha civilista" que defendia a regulamentação dos preços dos produtos de exportação e
garantia os empréstimos contraídos no exterior aos fazendeiros das grandes propriedades.
(C) “política dos governadores", que consistia na troca de apoio entre governo federal e governos
locais, com a finalidade de manter no poder os representantes dos grandes fazendeiros.
(D) política do “café-com-leite", que incentivava uma disputa acirrada entre os representantes dos
pequenos Estados e enfraquecia o poder dos fazendeiros paulistas e dos mineiros.
(E) política de “valorização do café" realizada pelos Estados contribuía para o enfraquecimento do
poder local e garantia a troca de favores entre os fazendeiros e o governo federal.

04. TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) Ao contrário do que sucedeu na
Capital da República, as primeiras manifestações do movimento operário em São Paulo surgiram já sob
a inspiração de ideologias revolucionárias ou classistas – o anarquismo e, em muito menor grau, o
socialismo reformista. As condições sócio-políticas tendiam a confirmar as ideologias negadoras da
organização vigente na sociedade aos olhos da marginalizada classe operária nascente, estrangeira em
sua grande maioria. (...) O anarquismo se converteria, entretanto, na principal corrente organizatória do
movimento operário, tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo.
(FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social. São Paulo: s/data, p.60-62)
A corrente ideológica a que o texto se refere, e que dominou a cena do movimento operário brasileiro
durante a segunda década do século XX,
(A) pode ser tratada como um sistema de pensamento social visando a modificações fundamentais na
estrutura da sociedade com o objetivo de substituir a autoridade do Estado por alguma forma de
cooperação não governamental entre indivíduos livres.
(B) investe contra o capital e o Estado capitalista, pretendendo substitui-lo por uma livre associação
de produtores diretos, possuidores dos meios de produção e na organização do sindicato único como
meio de promover a emancipação das classes trabalhadoras.
(C) defende a coletivização dos meios de produção, a violência nas lutas operárias e dá ênfase ao
papel que os sindicatos desempenhariam na obra emancipadora dos trabalhadores e da sociedade, e na
luta operária para a conquista do Estado.
(D) argumenta que o sindicalismo operário deve ser o articulador da autogestão e um instrumento do
plano econômico e da unidade de produção, e que as diversas associações produtivas devem ser
coordenadas pelas federações sindicais ligadas ao Estado.
(E) inclina-se pelo caminho revolucionário ao sustentar a necessidade de realizar de imediato a tese
marxista segundo a qual o critério de distribuição de bens e serviços deveria ser determinada pelas
assembleias sindicais de cada Estado da Federação.

05. (SEE-AC - Professor de Ciências Humanas – FUNCAB) Leia o texto.


“O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato
que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão.”
(Sobradinho. Sá e Guarabyra.)
A expressão “O sertão vai virar mar” está associada a uma personagem de um importante movimento
messiânico do início da República brasileira.
O personagem referido é:
(A) João Cândido.
(B) Beato José Maria.
(C) Antônio Conselheiro.
(D) Marcílio Dias.
(E) Barão de Drumond.

Respostas

01. Resposta: Errado


Os dois primeiros presidentes civis, assim como seus sucessores, preocuparam-se em manter a
política brasileira fechada e restrita para pequenos grupos dominantes (oligarquias).

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02. Resposta: B
Durante a República Velha os grandes fazendeiros(coronéis) impunham seu poder através de seus
exércitos particulares de jagunços. O voto era aberto e os eleitores que moravam nas grandes fazendas
eram forçados a votar no candidato do coronel.

03. Resposta: C
A política dos governadores foi um sistema político não oficial, idealizado e colocado em prática pelo
presidente Campos Sales (1898 – 1902), que consistia na troca de favores políticos entre o presidente da
República e os governadores dos estados. De acordo com esta política, o presidente da República não
interferia nas questões estaduais e, em troca, os governadores davam apoio político ao executivo federal.

04. Resposta: A
O anarquismo é o movimento político que defende a supressão de todas as formas de dominação e
opressão vigentes na sociedade moderna, dando lugar a uma comunidade mais fraterna e igualitária,
fruto de um esforço individual a partir de um árduo trabalho de conscientização. O anarquismo é
frequentemente apontado como uma ideologia negadora dos valores sociais e políticos prevalecentes no
mundo moderno como o estado laico, a lei, a ordem, a religião e a propriedade privada.

05. Resposta: C
Antônio Conselheiro foi o líder do arraial de canudos, no interior da Bahia, local em que ocorreu a
guerra de canudos, revolta de grande repercussão no período republicano.

A Nova Economia do Brasil


A política trabalhista foi taxada de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que acusavam Getúlio
de tentar anular a influência desta sobre o proletariado, desejando transformar a classe operária num
setor sob seu controle nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini. Os defensores
de Getúlio Vargas diziam que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avanços
comparáveis nos direitos dos trabalhadores. Os expoentes máximos dessa posição foram João Goulart
e Leonel Brizola, sendo Brizola considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou da “Era Vargas”,
na linguagem dos brasileiros.
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em longo prazo, as leis trabalhistas prejudicam os
trabalhadores porque aumentam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e gerando a
inflação que corrói o valor real dos salários. Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empresas
brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a informalidade e faz que as empresas
estrangeiras se tornem receosas de investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis
trabalhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores.

As Forças de oposição ao Regime Oligárquico


No decorrer das três primeiras décadas do século XX houveram uma série de manifestações operárias,
insatisfação dos setores urbanos e movimentos de rebeldia no interior do Exército (Tenentismo). Eram
forças de oposição ao regime oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça à sua estabilidade.
Esse quadro sofreu uma grande modificação quando, no biênio 1921-30, a crise econômica e o
rompimento da política do café-com-leite por Washington Luís colocaram na oposição uma fração
importante das elites agrárias e oligárquicas. Os acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança
Liberal, o golpe de 30) e a consequente ascensão de Vargas ao poder podem ser entendidos como o
resultado desse complexo movimento político. Ele se apoiou em vários setores sociais liderados por
frações das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulista sobre o poder republicano federal.

O Governo Provisório
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo
provisório. As medidas do novo governo tinham como objetivo básico promover uma centralização política
e administrativa que garantisse ao governo sediado no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em
outras palavras, o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse objetivo, foram
nomeados interventores para governar os estados. Eram homens de confiança, normalmente oriundos
do Tenentismo, cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do governo provisório.
Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à convocação de novas eleições
desencadearam reações de hostilidade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo. As
eleições dariam ao país uma nova constituição, um presidente eleito pela população e um governo com

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legitimidade jurídica e política. Mas poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na
Revolução de 30.

A Reação Paulista
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu em 24 de outubro de 1930, mas não
admitia perder o controle do Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com a não
aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tenentista João Alberto. Às pressões pela indicação
de um interventor civil e paulista, começa a se somar a reivindicação de eleições para a Constituinte.
Essas teses foram ganhando rapidamente simpatia popular.
As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio de todas as forças políticas do estado, até
por aquelas que tinham simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do Partido Democrático - PD).
Diante das pressões crescentes, Getúlio resolveu negociar com a oligarquia paulista, indicando um
interventor do próprio estado. Isso foi interpretado como um sinal de fraqueza. Acreditando que poderiam
derrubar o governo federal, os oligarcas articularam com outros estados uma ação nesse sentido.
Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa delas, quatro jovens, Miragaia, Martins,
Dráusio e Camargo foram mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em nome da legalidade
constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou outras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa
o voto secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a Constituição e marcou as eleições
para 1933.

A Revolução Constitucionalista de 1932


A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as “concessões” suficientes. Baseada no apoio
popular que conseguira obter e contando com a adesão de outros estados, desencadeou em 9 de julho
de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista. Ela visava a derrubada do governo provisório e a
aprovação imediata das medidas que Getúlio protelava. Entretanto, o apoio esperado dos outros estados
não ocorreu e, depois de três meses, a revolta foi sufocada. Até hoje, o caráter e o significado da
Revolução Constitucionalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável que o movimento
teve duas dimensões. No plano mais aparente, predominaram as reivindicações para que o país
retornasse à normalidade política e jurídica, lastreadas numa expressiva participação popular. Nesse
sentido, alguns destacam que o movimento foi um marco na luta pelo fortalecimento da cidadania no
Brasil. Num plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o rancor das elites paulistas, que viam
no movimento uma possibilidade de retomar o controle do poder político que lhe fora arrebatado em 1930.
Se admitirmos que existiu uma revolução em 1930, o que aconteceu em São Paulo, em 1932, foi a
tentativa de uma contra revolução, pois visava restaurar uma supremacia que, durante mais de 30 anos,
fez a nação orbitar em torno dos interesses da cafeicultura. Nesse sentido, o movimento era marcado por
um reacionarismo elitista, contrário ao limitado projeto modernizador de 1930.

As Leis Trabalhistas
Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam direitos aos trabalhadores, destacando-se
entre eles: salário mínimo, jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e infantil, descanso
remunerado (férias e finais de semana), indenização por demissão, assistência médica, previdência
social. A formalização dessa legislação trabalhista teve vários significados e implicações. Representou a
primeira modificação importante na maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras a
partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas poderiam se organizar. Garantiu, assim,
uma certa estabilidade ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o apoio dos
assalariados urbanos à política getulista.
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getúlio. Ele apenas formalizou um conjunto de
conquistas que, em boa parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros industriais.
Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Pobres” e benfeitor dos trabalhadores.

O Controle Sindical
A aprovação da legislação sindical representou um grande avanço nas relações de trabalho no Brasil,
pois pela primeira vez o trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir aos excessos
da exploração capitalista. Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado definiu regras
extremamente rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que autorizava o seu
funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam os recursos da entidade e as que davam ao governo
direito de intervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. Mantinha, assim, os
sindicatos sob um controle rigoroso.

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Eleições Presidenciais de 1934
Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembleia Constituinte converteu-se em Congresso
Nacional e elegeu o presidente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começava o período
constitucional do governo Vargas.

O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica


Durante esse período, simultaneamente à implantação do projeto político do governo, foram se
desenhando outros dois projetos para o país. Esse breve período constitucional foi marcado por lutas, às
vezes violentas, entre os defensores desses projetos, levando a uma verdadeira polarização ideológica.
O tom desse momento político do país foi marcado pelo confronto entre duas correntes: uma defendia
um nacionalismo conservador, a outra, um nacionalismo revolucionário.

Nacionalismo conservador
Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das classes médias urbanas, Igreja e setores
do Exército. O projeto que seus apoiadores tinham em mente decorria de uma certa leitura que faziam da
história do país até aquele momento.
Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais profundamente a formação histórica do país
e do seu povo era a tradição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica, social e política
organizou-se em torno da agricultura. Todos os nossos valores morais, regras de convivência social,
costumes e tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas raízes no modo de vida
rural. Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e suas consequências, como a
propagação de novos valores, hábitos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
expressão artística e culturais) representava um atentado contra a integridade e o caráter nacional, uma
corrupção da nossa identidade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à medida que
as tendências modernizadoras tinham origem externa (induzidas pela industrialização, vanguardas
artísticas europeias etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e conservador.
Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse mantida, os ideólogos do nacionalismo
conservador propunham o seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas parcelas de terras
a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao campo, tornando o Brasil uma grande comunidade
de pequenos e prósperos proprietários. Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram
antilatifundiários, antiindustrialistas e, no limite, anticapitalistas. Na esfera política, defendiam um regime
autoritário de partido único.
O Integralismo
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasileira, cujo lema era Deus, Pátria e Família, tendo
como seu principal líder e ideólogo Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido interpretada como a
manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre os aspectos aparentes do integralismo e
do nazifascismo. Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomunismo, tendências
ditatoriais e apelo à violência eram traços que aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento,
entretanto, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo grande capital
e buscava uma expansão econômico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial se
necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num certo sentido, o projeto nazifascista era mais
modernizante que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam propostas e projetos
globais para a sociedade radicalmente distintos.

Nacionalismo Revolucionário
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações de classe, profissionais liberais,
jornalistas e o Partido Comunista prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo
revolucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que isso implicasse subordinação e
dependência em relação às potências estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos.
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária como forma de melhorar as condições
de vida do trabalhador urbano e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava que a
única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação de um governo popular no Brasil. Esse
movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes,
então membro do Partido Comunista.

As Eleições de 1938
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu sem conflitos maiores até 1937. Nesse
ano, começaram a se desenhar as candidaturas para as eleições de 1938. Dentre as candidaturas,

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começou a se destacar a de Armando Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua
eleição para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os militares herdeiros da
tradição tenentista não viam com bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder.
Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável.

O Plano Cohen
Enquanto as articulações políticas visando as eleições se desenvolviam, veio à luz o famoso Plano
Cohen. Segundo as informações oficiais, forças de segurança do governo tinham descoberto um plano
de tomada do poder pelos comunistas. Muito bem elaborado, colocava em risco as instituições, caso
fosse deflagrado. O governo então, para evitar o perigo vermelho, solicitou do Congresso Nacional a
aprovação do estado de sítio, que suspendia as liberdades públicas e dava ao governo amplos poderes
para combater a subversão.

A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937


A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, mas diante do clamor do Exército, das
classes médias e da Igreja, que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decretação do
estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentrados em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou
uma nova Constituição ao país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)84


A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945. Embora Vargas
agisse habilidosamente, com o intuito de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atuação que
gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos convergiam para sua criação:
- A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para manter os preços
do café;
- Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o crescimento das
industrias dependia da proteção estatal;
- As oligarquias e classe média urbana, que assustavam-se com a expansão da esquerda e julgavam
que para “salvar a democracia” era necessário um governo forte
Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por alguns motivos:
- Por sua formação profissional, os militares possuíam uma visão hierarquizada do Estado, com
tendência a apoiar mais um regime autoritário do que um regime liberal;
- Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados do exército por Vargas e pela dupla Góis
Monteiro-Gaspar Dutra;
- Entre os oficiais do exército estava se consolidando o pensamento de que se deveria substituir a
política no exército pela política do exército. E a política do exército naquele momento, visava o próprio
fortalecimento, resultado atingido mais facilmente em uma ditadura.

Com todos esses fatores a seu favor, não houveram dificuldades para Getúlio instalar e manter por
oito anos a ditadura no país. Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão
policial e política e a perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado.

Política econômica do Estado Novo


Por meio de interventores, o governo passou a controlar a política dos estados. Paralelamente aos
interventores, foi criado em cada um dos estados um Departamento Administrativo, que era
diretamente subordinado ao Ministério da Justiça, com membros nomeados pelo presidente da república.
Cada Departamento Administrativo estudava e aprovava as leis decretadas pelo interventor e fiscalizava
seus atos, orçamentos, empréstimos, entre outros. Dessa forma os programas estaduais ficavam
subordinados ao governo federal.
Na área federal foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Além de
centralizar a reforma administrativa, o Departamento tinha poderes para elaborar o orçamento dos órgãos
públicos e controlar a execução orçamentaria deles. Com a criação do DASP e do Conselho Nacional
de Economia, não só a atuação administrativa e econômica do governo passou a ser muito mais
eficiente, como também aumentou consideravelmente o poder do Estado e do presidente da república,
agora diretamente envolvido na solução dos principais problemas econômicos do país, inclusive com a
criação de órgãos especializados: o instituto do Açúcar e Álcool, o Instituto do Mate, Instituto do pinho,
etc.

84
Adaptado de MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil.

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Por meio dessas medidas, o governo conseguiu solucionar de maneira satisfatória os principais
problemas econômicos da época. A cafeicultura foi convenientemente defendida, a exportação agrícola
foi diversificada, a dívida externa foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração de ferro e
carvão expandiu-se e a legislação trabalhista foi consolidada. Com essas medidas as elites enriqueceram,
a classe média melhorou seu padrão de vida e o operariado ganhou a proteção que lutou por anos para
conseguir. Dessa forma Vargas atingiu altos níveis de popularidade, mesmo com a repressão e
perseguição política de seu regime.
No mesmo período de 1937 a 1940, a ação econômica do Estado objetivava racionalizar e incentivar
atividades econômicas já existentes no Brasil. Já a partir de 1940, com a instalação de grandes empresas
estatais, o Estado alterou seu papel, passando a ser um dos principais investidores do setor industrial,
principalmente na indústria pesada (responsável por transformar grandes quantidades de matéria-prima).
Os investimentos estatais concentravam-se na indústria pesada, principalmente a siderurgia, química,
mecânica pesada, metalurgia, mineração de ferro e geração de energia hidroelétrica. Esses eram setores
que exigiam grandes investimentos e garantiam retorno somente no longo prazo, o que não despertou o
interesse da burguesia brasileira. Como saída, existiam duas opções para sua implantação: o
investimento do capital estrangeiro ou o investimento estatal, sendo o segundo o escolhido. A iniciativa
teve êxito graças a um pequeno número de empresários e também do exército, que associava a indústria
de base com a produção de armamentos, entendendo-a como assunto de segurança nacional.
A maior participação do Estado na economia gerou a formação de novos órgãos oficiais de
coordenação e planejamento econômico, destacando-se:
CNP – Conselho Nacional do Petróleo (1938)
CNAEE – Conselho Nacional de Aguas e Energia Elétrica (1939)
CME – Coordenação da Mobilização Econômica (1942)
CNPIC – Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial (1944)
CPE – Comissão de Planejamento Econômico (1944)

As principais empresas estatais criadas no período foram:


CSN – Companhia Siderúrgica Nacional (1940)
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (1942)
CNA – Companhia nacional de Álcalis (1943)
FNM – Fábrica Nacional de Motores (1943)
CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco (1945)

Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento industrial ocasionado pela Segunda Guerra
Mundial, devido à dificuldade para importar equipamentos e matéria-prima, quando o Estado Novo se
encerrou em 1945, a indústria brasileira estava plenamente consolidada.

Características políticas do Estado Novo


Pode até parecer estranho, mas a ditadura estadonovista possuía uma constituição, que é uma
característica das ditaduras brasileiras, onde a constituição afirmava o poder absoluto do ditador.
A nova constituição foi apelidada de “Polaca”, elaborada por Francisco Campos, o mesmo responsável
por criar o AI-1 em 1964, que deu origem à ditadura militar no Brasil. A constituição “Polaca” era
extremamente autoritária e concedia poderes praticamente ilimitados ao governo.
Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcionou da seguinte maneira:
- O poder político concentrava-se todo nas mãos do presidente da república;
- O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas;
- O sistema judiciário ficou subordinado ao poder executivo;
- Os Estados eram governados por interventores nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
nomeavam os prefeitos municipais;
- A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram total liberdade de ação, prendendo,
torturando e assassinando qualquer pessoa suspeita de se opor ao governo;
- A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi largamente usada pelo governo, por meio do
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Foram fechados os partidos políticos, até mesmo o Partido Integralista, que mudou seu nome para
Associação Brasileira de Cultura. Em 1938 os integralistas tentaram um golpe de governo que fracassou
em poucas horas, com seus principais líderes presos, inclusive Plinio Salgado, que foi exilado para
Portugal.
Nesse meio tempo, o DIP e a PE prosseguiam seu trabalho. Chefiado por Lourival Fontes, o DIP era
incansável tanto na censura quanto na propaganda, voltada para todos os setores da sociedade –

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operários, estudantes, classe média, crianças, militares – e abrangendo assuntos tão diversos quanto
siderurgia, carnaval e futebol; procurava-se, assim, formar uma ideologia estadonovista que fosse aceita
pelas diversas camadas sociais e grupos profissionais e intelectuais. Cabia também ao DIP o preparo das
gigantescas manifestações operarias, particularmente no dia 1º de Maio, quando os trabalhadores, além
de comemorarem o Dia do Trabalho, prestavam uma homenagem a Vargas, apelidado de “o pai dos
pobres”.

Leis trabalhistas no governo de Getúlio Vargas


Getúlio Vargas garantiu diversas mudanças em relação ao trabalho e ao trabalhador durante seu
governo. Decretou a organização da jornada de trabalho, instituiu o Ministério do Trabalho, criou a Lei de
Sindicalização, o salário mínimo em 1940.
Apesar de muitas das conquistas trabalhistas terem sido aprovadas por Vargas, elas já eram
reinvindicações antigas de diversos movimentos de trabalhadores, principalmente operários e sindicatos
urbanos, desde a Primeira República
As concessões garantidas por Getúlio criavam a imagem do Estado disciplinando o mercado de
trabalho em benefício dos assalariados, porém também serviram para encobrir o caráter controlador do
Estado sobre os movimentos operários, e possuía clara inspiração nas ideias do Ditador italiano Benito
Mussolini.
O relacionamento entre Getúlio e os trabalhadores era muito interessante, temperado pelos famosos
discursos do ditador os quais sempre começavam pela frase “trabalhadores do Brasil...”. Utilizando um
modelo de política populista, Vargas, de um lado, eliminava qualquer liderança operaria que tentasse
um atuação autônoma em relação ao governo, acusando-a de “comunista”, enquanto por outro lado,
concedia frequentes benefícios trabalhistas ao operariado, incluindo a decretação do salário-mínimo e
da Consolidação das Leis do Trabalho(CLT). Desse modo, por meio de uma inteligente mistura de
propaganda, repressão e concessões, Getúlio obteve um amplo apoio das camadas populares.

A CLT entrou em vigor em 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. Entre seus principais
pontos estão:
Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias.
Descanso de um dia semanal, remunerado.
Regulamentação do trabalho e salário de menores.
Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário.
Direito a férias anuais.
Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na carteira do trabalhador.

As deliberações da CLT priorizaram, em 1943, as relações do trabalhador urbano, praticamente


ignorando o trabalhador rural, que ainda representava uma grande parcela da população. Segundo dados
do IBGE, em 1940 aproximadamente 70% da população brasileira estava na zona rural.
Essas pessoas não foram beneficiadas com medidas trabalhistas específicas, nem com políticas que
facilitassem o acesso à terra e à propriedade.
Porém, não houve legislação que protegesse o trabalhador rural ou lhe facilitasse o acesso à terra.
Mantiveram-se as relações de arrendamento e as diárias. Os poucos trabalhadores assalariados do
campo cumpriam funções especializadas.
Para organizar os trabalhadores rurais, desde a década de 50, surgiram movimentos sociais como as
Ligas Camponesas, as Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, até o mais estruturado
destes movimentos, o MST, nascido nos encontros da CPT- Comissão Pastoral da Terra, em 1985, no
Paraná.
Enquanto isso, a Polícia Especial (PE), sob o comando de Filinto Müller, continuava agindo: prendia
milhares e milhares de pessoas, sendo que a maioria jamais foi julgada, ficando apenas presas e sendo
torturadas durante anos a fio.
Após o fim do Estado Novo foi formada uma comissão para investigar as barbaridades cometidas pela
polícia durante o período de ditadura, chamada de “Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos
Delituosos da Ditadura”. Mas os levantamentos feitos pela comissão em 1946 e 1947, eram quase sempre
abafados, fazendo-se o possível para que caíssem no esquecimento, por duas razões:
- A maioria dos torturadores e assassinos permaneciam no polícia depois que a PE havia sido extinta,
sendo apenas transferidos para outros órgãos e funções;
- Muitos civis e militares envolvidos nas torturas e assassinatos fizeram mais tarde rápida carreira,
chegando a ocupar postos importantes na administração e na política.

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O relatório concluído pela comissão revela os extremos da violência e banditismo organizado
alcançados durante o Estado Novo: prisões arbitrarias, intimidação, tortura. Muitas vezes os presos eram
pendurados em “paus-de-arara”, espancados com paus e pedaços de borracha e espetados com
alfinetes. Além disso as torturas também poderiam incluir a inserção de farpas de bambu sob as unhas,
retirada de pelos e dentes com alicate, queimaduras com cigarro ou maçarico em órgãos sexuais,
choques e a obrigação de beber óleo de rícino.
Para os torturadores não havia muita diferenciação entre homens, mulheres, crianças e velhos. Muitas
vezes os familiares próximos também eram presos e torturados para obrigar o preso a falar. Quando não
resistia aos ferimentos, o prisioneiro era desovado em um matagal ou atirado de um prédio alto para
simular suicídio.
Também era comum durante o período a espionagem, feita por militares e civis, que eram conhecidos
como “invisíveis”. Sua função poderia ser a de espiar alguém em específico ou fazer uma espionagem
generalizada em escolas, universidades, fábricas, estádios de futebol, transporte público, cinemas, locais
de lazer, unidades militares e repartições públicas. Formaram-se milhares de arquivos pessoais com
informações minuciosas sobre as pessoas, que seriam utilizadas novamente 19 anos após o fim do estado
Novo, na Ditadura Militar.

Fim do Estado Novo


Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, houveram muitas consequências. Permitiu ao
governo de Vargas neutralidade para negociar tanto com os Aliados como com o Eixo, conseguindo
financiamento dos Estados Unidos para a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda, a compra
de armamentos alemães e fornecimento de material bélico norte-americano.
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar do conflito para determinar apoio ao
provável vencedor, em seu governo haviam grupos divididos e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo
Aranha, que era ministro das Relações Exteriores era favorável aos Estados Unidos, enquanto os
generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo. Com a entrada dos Estados Unidos
na guerra em 1941 e o torpedeamento de vários navios mercantes brasileiros, o país entra em guerra ao
lado dos aliados em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes (DIP) Fillinto Müller (PE) e Francisco
Campos (Ministério da Justiça) também colaboraram para a decisão.
Em 1944 foram mandados 25.000 soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália,
marcando a participação do Brasil no conflito.
Mais do que a vitória contra as forças do Eixo na Europa, a Segunda Guerra Mundial teve um efeito
na política brasileira. Muitos dos que lutavam contra o Fascismo na Europa não aceitavam voltar para
casa e viver em um regime autoritário. O sentimento de revolta cresceu na população e muitas
manifestações em prol da redemocratização foram realizadas, mesmo com forte repressão da polícia.
Pressionado pelas reivindicações, em 1945 Vargas assinou um Ato Adicional que marcava eleições para
o final daquele ano. Foram formados vários partidos: UDN (União Democrática nacional), PSD (Partido
Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi
legalizado, além de outros menores. Venceu a candidatura do General Dutra, que concorreu pela aliança
entre PTB e PSD. Além dele foram candidatos o brigadeiro Eduardo Gomes da UDN e Yedo Fiúza do
PCB.
Apesar dos protestos para o fim do Estado Novo, muitas pessoas queriam que a redemocratização
ocorresse com a continuação de Getúlio no poder. Daí vem o movimento conhecido como “Queremismo”,
que vem do slogan “Queremos Getúlio”.

Questões

01. (Enem) O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado
Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência
do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em
Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial
intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político.
CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).
Segundo as ideias de Francisco Campos,
(A) os eleitores, políticos e juízes seriam mal-intencionados.
(B) o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.
(C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de partidos.
(D) a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura democracia liberal.
(E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo inteligente e correto.

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02. (Fuvest) Em 10 de novembro de 1937, para justificar o golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio
Vargas discursava:
“Colocada entre as ameaças caudilhescas e o perigo das formações partidárias sistematicamente
agressivas, a Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo
decisivo e vigilante das Forças Armadas, não dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos quadros
legais, vendo-se obrigada a lançar mão das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco
iminente da soberania nacional e da agressão externa.”
Baseando-se no texto acima, pode-se entender que:
(A) Vargas fala em nome da Nação, considerando-se o intérprete de seus anseios e necessidades.
(B) a defesa da Nação está exclusivamente nas mãos do exército e do patriotismo dos brasileiros.
(C) Vargas delega às Forças Armadas o poder de lançar mão de medidas excepcionais.
(D) as medidas excepcionais tomadas estão na relação direta da falta de formações políticas atuantes.
(E) Vargas estabelece uma oposição entre o patriotismo dos brasileiros e a ação das Forças Armadas.

03. (Faap) "Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade,
que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos
mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."
Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por:
(A) Jorge Amado
(B) Carlos Drummond de Andrade
(C) Mário de Andrade
(D) Oswald de Andrade
(E) Plínio Salgado

04. (Fei) O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até
29/10/1945) caracterizou-se:
(A) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos
partidos políticos;
(B) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
administrativa;
(C) pelo apoio ao comunismo internacional;
(D) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das
eleições diretas;
(E) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937, conhecida
como a mais liberal da República.

05. (Fuvest) Na história da República brasileira, a expressão "Estado Novo" identifica:


(A) o período de 1930 a 1945, em que Getúlio Vargas governou o país de forma ditatorial, só com o
apoio dos militares, sem a interferência de outros poderes.
(B) O período de 1950 a 1954, em que Getúlio Vargas governou com poderes ditatoriais, sem garantia
dos direitos constitucionais.
(C) o período de 1937 a 1945, em que Getúlio Vargas fechou o Poder Legislativo, suspendeu as
liberdades civis e governou por meio de decretos-leis.
(D) o período de 1945 a 1964, conhecido como o da redemocratização, quando foi restabelecida a
plenitude dos poderes da República e das liberdades civis.
(E) o período de 1930 a 1934, quando se afirmou o respeito aos princípios democráticos, graças à
Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Respostas

01. Resposta: E
O objetivo de Francisco Campos com seu livro e com a Constituição de 1937 era justificar e legitimar
legislativamente o poder autoritário de Vargas.

02. Resposta: A
Exercendo uma posição de liderança e com o objetivo de centralizar o poder em sua pessoa, Vargas,
no discurso, coloca-se como representante da nação, que é incapaz de enfrentar nos quadros legais os
supostos perigos que a ameaçam, cabendo ao Estado sob seu comando tomar essas medidas
excepcionais.

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03. Resposta: E
O movimento Integralista ganhou destaque no Brasil com um crescente número de seguidores. O
partido, influenciado pelo fascismo italiano, iniciou suas atividades durante o primeiro governo de Getúlio
Vargas combatendo os defensores de pensamentos de esquerda. Os integralistas acusavam os
comunistas de corromper a família com seus pensamentos que ameaçavam a formação religiosa das
pessoas.

04. Resposta: A
Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão policial e política e a
perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado. Por meio de interventores, o governo
passou a controlar a política dos estados.

05. Resposta: C
A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945.

O Governo de Eurico Gaspar Dutra


O governo Dutra foi marcado, internamente, pela promulgação da nova Carta Constitucional, em 18
de setembro de 1946. De caráter liberal e democrático, a Constituição de 1946 iria reger a vida do país
por mais duas décadas.
Em 18 de setembro de 1946 foi oficialmente promulgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil
e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o que consagrou liberdades que existiam na
Constituição de 1934, mas haviam sido retiradas em 1937.

Alguns dos dispositivos regulados pela Constituição de 1946 foram:


- A igualdade de todos os cidadãos perante a lei;
- A liberdade de expressão, sem censura, fora em espetáculos e diversões públicas;
- Sigilo de correspondência inviolável;
- Liberdade de consciência, crença e exercício de quaisquer cultos religiosos;
- Liberdade de associação para fins lícitos;
- Casa como asilo do indivíduo torna-se inviolável;
- Prisão apenas em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla
de defesa do acusado;
- fim da pena de morte;
- Os três poderes são definitivamente separados.

A separação dos três poderes visava delimitar a ação de cada um deles. Esta nova lei, na verdade, foi
elaborada devido à reflexão sobre os anos em que Vargas ampliou as atribuições do Poder Executivo e
obteve controle sobre quase todas as ações do Estado. Fora isso, o mandato do presidente se
estabeleceu em 5 anos, sendo proibida a reeleição para cargos do Executivo.
No que se referia às leis trabalhistas, a Constituição de 1946 manteve o princípio de cooperação dos
órgãos sindicais e diminuiu o controle dos mecanismos do Estado aos sindicatos e seus adeptos. Já no
que tocava à organização do processo eleitoral, a Carta de 1946 diluiu as bancadas profissionais de
Getúlio Vargas e aumentou a participação do voto das mulheres, que na constituição anterior só era
permitido às mulheres que tinham cargo público remunerado.
Sendo assim, a distribuição das cadeiras na Câmara dos Deputados foi alterada, aumentando-se as
vagas para Estados considerados “menores”. Porém, o Governo de Dutra feriu sua própria constituição,
que pregava o pluripartidarismo, ao iniciar uma cassação ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
A Constituição de 1946 ficou em vigência até o Golpe Militar, em 1964. Nessa ocasião, os militares
passaram a aplicar uma série de emendas para estabelecer as diretrizes do novo regime até ser
definitivamente suspensa pelos Atos Institucionais e pela Constituição de 1967.
Com o avanço da redemocratização, o movimento operário ganhou vigor, com um aumento
significativo no número de sindicalizados e a eclosão de várias greves no país. Para barrar o avanço do
movimento sindical, que contava com forte apoio dos comunistas, Dutra, ainda no início do governo, antes
da promulgação da nova Constituição, baixou um decreto proibindo o direito de greve.
No primeiro ano do governo Dutra, por conta de uma conjuntura internacional favorável à cooperação
entre países capitalistas e socialistas, a atuação dos comunistas, apesar das restrições, foi tolerada. As
mudanças ocorridas no cenário internacional a partir de 1947, com o dissolvimento da aliança entre os
Estados Unidos e a União Soviética transformaram a situação, levando ao início da Guerra Fria. Segundo
o presidente americano Harry Truman, as potência mundiais da época estavam divididas em dois

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sistemas nitidamente contraditórios: o capitalista e o comunista. E a política externa americana voltou-se
para o combate ao comunismo.
No Brasil, as repercussões da Guerra Fria foram imediatas. No dia 7 de maio de 1947, após uma
batalha judicial, o PCB teve seu registro cassado. Nesse mesmo dia, o Ministério do Trabalho decretou a
intervenção em vários sindicatos e fechou a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil, criada pelo
movimento sindical em setembro de 1946 e não reconhecida oficialmente pelo governo. A exclusão dos
comunistas do sistema político- partidário culminou em janeiro de 1948, com a cassação dos mandatos
de todos os parlamentares que haviam sido eleitos pelo PCB. Sob o impacto da cassação, o PCB lançou
um manifesto pregando a derrubada de imediata do governo Dutra, considerado um governo
"antidemocrático", de "traição nacional" e "a serviço do imperialismo norte- americano".
A política econômica do governo Dutra foi guiada pelo plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte
e Energia), destacando-se nesse programa o incentivo dado à pesquisa, refino e distribuição do petróleo.
Por meio dessas ações de controle, o governo Dutra conseguiu atingir uma média anual de crescimento
econômico de 6%.
Quanto à política externa, a aliança com os Estados Unidos foi reforçada. Em decorrência disso, o
Brasil foi um dos primeiros países ocidentais a romper relações com a União Soviética. Durante a época
da Guerra Fria, o país manteve-se aliado aos norte-americanos. O Brasil tomou parte da fase inicial da
Organização das Nações Unidas (ONU) como membro não permanente, participando da aprovação do
Estado de Israel, em 1947, tendo Oswaldo Aranha como Presidente da Segunda Assembleia Geral da
ONU.
Em nível de integração internacional, a atuação brasileira se fez presente na montagem do Sistema
Interamericano, iniciada no Rio de Janeiro, em 1947, com a Conferência para a Manutenção da Paz e da
Segurança, em que as nações do continente assinaram o Tratado Internamericano de Assistência
Recíproca e, no ano seguinte, na Conferência de Bogotá, com a aprovação da criação da Organização
dos Estados Americanos (OEA). Em 1948, com o intuito de estabelecer um foro de defesa de interesses
econômicos comuns, os países latino-americanos criaram a Comissão Econômica para a América Latina
(CEPAL).
O governo Dutra pregava a não intervenção do Estado na economia e a liberdade de ação para o
capital estrangeiro. Sua política econômica fez crescer a inflação e a dívida externa.
Em um ano de liberação cambial, o presidente esgotou as reservas cambiais.
O liberalismo econômico adotado pelo presidente Dutra, dando facilidade à livre importação de
mercadorias, teve como consequência o esgotamento das divisas do país; mais tarde, o governo teve de
modificar sua posição, restringindo algumas importações.
Em abril de 1950, Dutra sancionou a lei 1.079, também conhecida como Lei do Impeachment.
O período que abrange os anos de 1946 a 1964, é considerado pelos historiadores e cientistas sociais
como a primeira experiência de regime democrático no Brasil. O período de existência da República
Oligárquica ou República Velha (1889-1930) esteve longe de representar uma experiência
verdadeiramente democrática devido aos incontáveis vícios políticos mascarados por princípios de
legalidade jurídica prescritos nas leis.
Não obstante, o presidente Eurico Gaspar Dutra praticou uma política governamental deliberadamente
autoritária a partir de medidas que desrespeitou flagrantemente a Constituição vigente.
Chegando em 1950, os brasileiros preparavam-se para uma nova eleição para presidente da
República. Mais uma vez, assim como em 1945, o cenário político nacional experimentava a carência de
líderes políticos nacionais. De tal forma, o PSD ofereceu a candidatura do incógnito mineiro Cristiano
Machado e a UDN apostou novamente no brigadeiro Eduardo Gomes. O PTB por sua vez, chegava à
frente lançando o nome de Getúlio Vargas, que venceu com 48% dos votos válidos.

O governo democrático de Getúlio Vargas


Em 1950 Getúlio lança-se à presidência juntamente com Café Filho pelo PTB e PSP (Partido Social
Progressista). Com a fraca concorrência, é eleito presidente do Brasil, assumindo novamente o poder,
agora por vias democráticas, em 31 de janeiro de 1951.
De volta ao Palácio do Catete, Vargas adotou "uma fórmula nova e mais agressiva de nacionalismo
econômico, tanto aos aspectos internos quanto aos externos dos problemas brasileiros. A fórmula do
nacionalismo radical propunha, como o próprio nome já diz, uma mudança radical na estrutura social e
econômica que vigorava, visto que a mesma era considerada exploradora pelos nacionalistas radicais85
Após a década de 30, no primeiro governo de Vargas, o governo começou a investir na “nacionalização
dos bens do subsolo” devido à presença de empresas estrangeiras.

85
SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975

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Um dos maiores incentivadores de tal campanha foi um importante escritor brasileiro: Monteiro Lobato.
Ao voltar dos EUA, onde se encantara com a perspectiva de um país próspero para seus habitantes, ele
se tornou um grande articulador da conscientização popular através de palestras, artigos em jornais, livros
sobre o assunto e até cartas ao então presidente, Getúlio Vargas que, em 1939 cria o CNP – Conselho
Nacional de Petróleo – tornando o petróleo um recurso da União.
Mais tarde, no início da década de 50 a esquerda brasileira lança a campanha “O Petróleo é Nosso”
contra a tentativa dos chamados “entreguistas” de propugnar a exploração do petróleo brasileiro por
empresas ou países estrangeiros alegando que o país não possuía recursos nem técnica suficiente para
fazê-lo.
Em resposta, Getúlio Vargas assina a Lei 2.004 de 1953, criando a Petrobras.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e o projeto de criação da Eletrobrás
também fazem parte da política nacionalista, industrialista e estatizante de novo governo de Getúlio.
Desde o início do seu mandato sofreu forte oposição, sem conseguir o apoio que precisava para
realizar reformas. Neste período Vargas entra em constantes atritos com empresas estrangeiras
acusadas de enviar excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1952 um decreto institui um limite de
10% para tais remessas.
Em 1953 João Goulart foi nomeado para o ministério do Trabalho, com o objetivo de criar uma política
trabalhista que aproximasse os trabalhadores do governo, aventando-se a possibilidade do aumento do
salário-mínimo em 100%. A campanha contra o governo voltou-se então contra Goulart. Jango, como era
conhecido, causava profundo descontentamento entre os militares que em 8 de fevereiro de 1954
entregaram um manifesto ao ministério da Guerra (Manifesto dos Coronéis). Getúlio pressionado e
procurando conciliar os ânimos, aceitou demitir João Goulart.
Os ânimos contra Getúlio se acirraram e ele procurou mais do que nunca se amparar nos
trabalhadores, concedendo em 1º de maio de 1954 o aumento de 100% no salário-mínimo. A oposição
no congresso entra com um pedido de impeachment, porém sem sucesso.
Embora Vargas tivesse o apoio político do PTB e do PSD; dos militares nacionalistas; de segmentos
da burguesia e da elite agrária; dos sindicatos e de parte das massas urbanas, seu governo sofreu forte
oposição. No meio político, o foco da oposição era a UDN. Para esse partido, "a indústria e a agricultura
deveriam desenvolver-se livremente, de acordo com as forças do mercado, além de valorizar o capital
estrangeiro, atribuindo-lhe o papel de suprir as dificuldades naturais do País.
Na imprensa, as críticas e acusações a Getúlio foram nucleadas pelo político udenista e proprietário
do jornal Tribuna da Imprensa, Carlos Lacerda.
A imprensa conservadora e particularmente o jornal Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda inicia uma
violenta campanha contra o governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda sofre um atentado que matou o
major-aviador Rubens Florentino Vaz. O incidente teve amplas repercussões e resultou numa grave crise
política.
As investigações demonstraram o envolvimento de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de
Getúlio. Fortunato acabou sendo preso.
A pressão da oposição tornou-se mais intensa, no Congresso e nos meio militares, exigia-se a renúncia
de Vargas. Cria-se um clima de tensão que culmina com o tiro que Vargas dá no coração na madrugada
de 24 de agosto de 1954. Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento, na realidade seu
testamento político. Onde diz coisas como: “Contra a justiça da revisão do salário mínimo se
desencadearam os ódios (…) Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja
independente. (…) Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente
dou o primeiro passo no caminho da Eternidade e saio da vida para entrar na História”.

Governo Café Filho (1954-1955)


João Fernandes Campos Café Filho, ou simplesmente Café Filho, como era mais conhecido no meio
político, teve um curto mas agitado governo. Durante os pouco mais de 14 meses em que ocupou a
Presidência da República, Café Filho teve que conciliar os problemas econômicos herdados do governo
anterior com o acirramento político provocado pelo cenário aberto com a morte de Getúlio Vargas. Café
Filho nasceu em Natal (RN), no dia 3 de fevereiro de 1899. Sua primeira experiência política ocorreu em
1923, quando candidatou-se ao cargo de vereador, em Natal. Derrotado, candidatou-se novamente em
1928, quando mais uma vez perdeu a disputa, em meio a denúncias de fraude. Em 1934, já sob o governo
constitucional de Getúlio Vargas, que assumira o poder em 1930, Café Filho foi eleito deputado federal,
cargo que ocupou novamente em 1945, na primeira eleição realizada após o fim do Estado Novo.

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A sucessão presidencial
Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partido que Vargas fundara uma década antes, lançou
o nome de Juscelino Kubitscheck à Presidência da República. Na disputa para vice-presidente, que na
época ocorria em separado da corrida presidencial, a chapa apresentou o ex-ministro do Trabalho do
governo Vargas, João Goulart, do PTB, sigla pela qual o ex-presidente havia sido eleito em 1950. Setores
mais radicais da UDN, representados pelo jornalista Carlos Lacerda, receosas de que a vitória de
Juscelino Kubitscheck e Jango pudesse significar um retorno da política varguista, passaram a pedir a
impugnação da chapa. Lacerda chegou a declarar, na época, que "esse homem [Juscelino Kubitscheck]
não pode se candidatar; se candidatar não poderá ser eleito; se for eleito não poderá tomar posse; se
tomar posse não poderá governar". A pressão da UDN para que Café Filho impedisse a posse dos novos
eleitos intensificou-se logo após a divulgação dos resultados oficiais, que davam a vitória à chapa PSD-
PTB. De outro lado, entre os militares, também surgiam divergências quanto ao resultado das urnas. A
principal delas ocorreu quando um coronel declarou-se contrário à posse de JK e Jango, numa clara
insubordinação ao ministro da Guerra de Café Filho, marechal Henrique Lott, que havia se posicionado a
favor do resultado.

Carlos Luz
A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, dependia de autorização do presidente da República,
que em meio a tantas pressões foi internado às pressas num hospital do Rio de Janeiro. Afastado das
atividades políticas, Café Filho foi substituído, no dia 08 de novembro de 1955, pelo primeiro nome na
linha de sucessão, Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu
não autorizar o marechal Lott a seguir em frente com a punição, o que provocou sua saída do Ministério
da Guerra. A partir de então, Henrique Lott iniciou uma campanha contra o presidente em exercício, que
terminou na sua deposição, com apenas três dias de governo. Acompanhado de auxiliares civis e
militares, Carlos Luz refugiou-se no prédio da Marinha e, em seguida, partiu para a cidade de Santos, no
litoral paulista. Com a morte de Vargas, a internação de Café Filho e a deposição de Carlos Luz, o próximo
na linha de sucessão seria o vice-presidente o Senado, Nereu Ramos, que assumiu a Presidência da
República e reconduziu Lott ao cargo de ministro da Guerra. Subitamente, Café Filho tentou reassumir o
cargo, mas foi vetado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Café Filho era acusado de
conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia 22 de novembro, o Congresso Nacional aprovou o
impedimento para que ele reassumisse a Presidência da República. Em seu lugar, permaneceu o senador
Nereu Ramos, que transmitiu, sob Estado de Sítio, o governo ao presidente constitucionalmente eleito:
Juscelino Kubitscheck, o "presidente bossa nova".

Nereu de Oliveira Ramos


Nascido na cidade de Lages, em Santa Catarina, Nereu de Oliveira Ramos era advogado e assumiu a
presidência aos 67 anos. Em virtude do impedimento do Presidente Café Filho e do Presidente da Câmara
dos Deputados Carlos Luz, o Vice-Presidente do Senado Federal, assumiu a Presidência da República,
de 11/11/1955 a 31/01/1956.

Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)


Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) se aliaram, lançando como candidato Juscelino Kubitschek para presidente e João Goulart para
vice-presidente. A União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram
o pleito com Juarez Távora. Também concorreram os candidatos Adhemar de Barros e Plínio Salgado.
Juscelino Kubitschek venceu as eleições. O vice-presidente Café Filho havia substituído Getúlio Vargas
na presidência da República. Porém, antes de terminar o mandato, problemas de saúde provocaram o
afastamento de Café Filho. Quem assumiu o cargo foi o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos
Luz.

A ameaça de golpe
Rumores de um suposto golpe, tramado pelo presidente em exercício Carlos Luz, por políticos e
militares pertencentes a UDN contra a posse de Juscelino Kubitschek fizeram com que o ministro da
Guerra, general Henrique Teixeira Lott, mobilizasse tropas militares que ocuparam importantes prédios
públicos, estações de rádio e jornais. O presidente em exercício Carlos Luz foi deposto. Foi empossado
provisoriamente no governo o presidente do Senado, Nereu Ramos, que se encarregou de transmitir os
cargos a Juscelino Kubitschek e João Goulart, a 31 de janeiro de 1956. A intervenção militar assegurou,
portanto, as condições para posse dos eleitos.

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O Plano de Metas
O governo de Juscelino Kubitschek entrou para história do país como a gestão presidencial na qual se
registrou o mais expressivo crescimento da economia brasileira. Na área econômica, o lema do governo
foi "Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo". Para cumprir com esse objetivo, o governo
federal elaborou o Plano de Metas, que previa um acelerado crescimento econômico a partir da expansão
do setor industrial, com investimentos na produção de aço, alumínio, metais não ferroso, cimento, álcalis,
papel e celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico. O Plano de
Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da gestão governamental a economia brasileira registrou taxas
de crescimento da produção industrial (principalmente na área de bens de capital) em torno de 80%.

A construção de Brasília
A ideia de estabelecer a capital do Brasil no interior do país nasceu ainda no século XVIII, algumas
décadas após Rio de Janeiro tornar-se o centro administrativo do Brasil, título que até então pertencia a
Salvador. Os inconfidentes mineiros queriam que a capital da república, caso seu plano de separação
funcionasse, fosse a cidade de São João del Rey (MG). Mesmo com a independência do Brasil em 1822,
a capital permaneceu no Rio. Já em meados do século XIX, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagem
reiniciou a luta pela transferência, propondo que uma nova capital fosse construída na região onde hoje
fica a cidade de Planaltina (GO).
Após a Proclamação da República, a ideia de transferir a capital brasileira voltou a ser tema de debate,
principalmente pelos problemas sanitários e as epidemias de Febre Amarela que assolavam o Rio de
Janeiro durante o verão, e pela posição estratégica em caso de guerra, já que o acesso a uma capital no
interior do território brasileiro seria dificultado para os inimigos. Os constituintes de 1891 estabeleceram,
nas Disposições Transitórias, essa determinação que, não tendo sido executada em toda a Velha
República, foi renovada na constituição promulgada em 1934. Igualmente a carta de 1946 conservou
aquele propósito, determinando a nomeação, pelo presidente da República, de uma comissão de técnicos
que visassem estudos localizando, no Planalto Central, uma região onde fosse demarcada a nova capital.
Em maio de 1892, o governo Floriano Peixoto criou a Comissão Exploradora do Planalto Central e
entregou a chefia a Louis Ferdinand Cruls, astrônomo e geógrafo belga radicado no Rio de Janeiro desde
1874. Essa comissão tinha como objetivo, conforme disposto na constituição, proceder à exploração do
planalto central da república e à consequente demarcação da área a ser ocupada pela futura capital.
Diversos problemas, entre eles a questão logística, impediram a construção da nova capital federal,
pois a dificuldade nos transportes e também no acesso ao Planalto Central tornavam a ideia inviável.
Ao assumir a presidência da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, logo após a sua posse, em
Janeiro de 1956, afirmou o seu empenho “de fazer descer do plano dos sonhos a realidade de Brasília”.
Apresentando o projeto ao congresso como um fato consumado, em setembro do mesmo ano, foi
aprovada a lei nº 2.874 que criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (vulgarizada pela sigla
NOVA-CAP). As obras se iniciaram em Fevereiro de 1957, com apenas 3 mil trabalhadores – batizados
de “candangos”. Aqueles que construíram Brasília, vindos de todos os quadrantes do território nacional,
foram chamados Candangos.
O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para a chefia do Departamento de Urbanística e Arquitetura,
recusando-se a traçar os planos urbanísticos de Brasília, insistindo na necessidade de um concurso para
a escolha do plano-piloto. Em Março de 1957, foi escolhida uma comissão do concurso para a escolha
do Plano-piloto
Concorreram 26 projetos, dos quais 16 foram eliminados na seleção prévia. Entre os que ficaram
estavam o de Lúcio Costa, o de Nei Rocha e Silva, e de Henrique Mindlin, o de Paulo Camargo, o de
MMM Roberto e o da firma Construtec.
O projeto aprovado, de autoria de Lúcio Costa, dividiu a opinião dos arquitetos. Para uns, não passava
de um esboço, um rabisco, e sua inscrição não deveria ter sido sequer aceita. Para outros, era
simplesmente brilhante, genial.
A concepção do Plano Piloto nasceu do gesto de quem assinala uma cruz. Um símbolo de conquista,
de quem toma posse de um território. Adaptado à topografia local e ao escoamento das águas, um dos
eixos dessa cruz, o Norte-Sul, seria arqueado e daria ao desenho final a noção de um pássaro – ou, como
diria mais tarde Lucio Costa, a sugestão de uma libélula, uma borboleta, um arco e flecha...
Entre os princípios básicos do projeto estão a setorização urbana por atividades determinadas e uma
técnica rodoviária que elimina cruzamentos. A cidade gira em torno de dois grandes troncos de circulação,
o Eixo Monumental, que vai de Leste a Oeste, e o Eixo Rodoviário-Residencial, que vai de Norte a Sul e
é cortado transversalmente pelas vias locais.

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Com exceção da área central, onde prevalecem edifícios mais altos e mais aglomerados, o Plano Piloto
se caracteriza pela paisagem horizontalizada, pela predominância de espaços livres e pela grande
amplitude visual.
Em 21 de abril de 1960 uma festa na Praça dos Três Poderes marcou a inauguração oficial da nova
capital. Mas, pelo menos no início, a imagem de modernidade que Brasília pretendia passar não
funcionou. No dia seguinte à inauguração, o presidente do Senado, Filinto Müller, aprovou um recesso de
30 dias, alegando falta de condições de trabalho e de moradia na cidade que ainda era um canteiro de
obras.

Desenvolvimento e dependência externa


A prioridade dada pelo governo ao crescimento e desenvolvimento econômico do país recebeu apoio
de importantes setores da sociedade, incluindo os militares, os empresários e sindicatos trabalhistas. O
acelerado processo de industrialização registrado no período, porém, não deixou de acarretar uma série
de problemas de longo prazo para a econômica brasileira. O governo realizava investimentos no setor
industrial a partir da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estrangeiro. A emissão
monetária (ou emissão de papel moeda) ocasionou um agravamento do processo inflacionário, enquanto
que a abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma progressiva desnacionalização econômica,
porque as empresas estrangeiras (as chamadas multinacionais) passaram a controlar setores industriais
estratégicos da economia nacional. O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era preponderante
nas indústrias automobilísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as multinacionais
começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes superiores aos investimentos por elas
realizados) para seus países de origem. Esse tipo de procedimento era ilegal, mas as multinacionais
burlavam as próprias leis locais. Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os resultados
esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um capitalismo extremamente dependente
que sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista.

Denúncias da oposição
A gestão de Juscelino Kubitschek, popularmente chamado de JK, em particular a construção da cidade
de Brasília, não esteve a salvo de críticas dos setores oposicionistas. No Congresso Nacional, a oposição
política ao governo de JK vinha da União Democrática Nacional (UDN). A oposição ganhou maior força
no momento em que as crescentes dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes principalmente
dos gastos com a construção de Brasília) fragilizaram o governo federal. A UDN fazia um tipo de oposição
ao governo baseada na denúncia de escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro público. A
construção de Brasília foi o principal alvo das críticas da oposição. No entanto, a ação de setores
oposicionistas não prejudicou seriamente a estabilidade governamental na gestão de JK.

Governabilidade e sucessão presidencial


Em comparação com os governos democráticos que antecederam e sucederam a gestão de JK na
presidência da República, o mandato presidencial de Juscelino apresenta o melhor desempenho no que
se refere à estabilidade política. A aliança entre o PSD e o PTB garantiu ao Executivo Federal uma base
parlamentar de sustentação e apoio político que explica os êxitos da aprovação de programas e projetos
governamentais. O PSD era a força dominante no Congresso Nacional, pois possuía o maior número de
parlamentares e o maior número de ministros no governo. O PSD era considerado um partido
conservador, porque representava interesses de setores agrários (latifundiários), da burocracia estatal e
da burguesia comercial e industrial. O PTB, ao contrário, reunia lideranças sindicais representantes dos
trabalhadores urbanos mais organizados e setores da burguesia industrial. O êxito da aliança entre os
dois partidos deu-se ao fato de que ambos evitaram radicalizar suas respectivas posições políticas, ou
seja, conservadorismo e reformismo radicais foram abandonados. Na sucessão presidencial de 1960, o
quadro eleitoral apresentou a seguinte configuração: a UDN lançou Jânio Quadros como candidato; o
PTB com o apoio do PSB apresentou como candidato o marechal Henrique Teixeira Lott; e o PSP
concorreu com Adhemar de Barros. A vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva votação.
Naquela época, as eleições para presidente e vice-presidente ocorriam separadamente, ou seja, as
candidaturas eram independentes. Assim, o candidato da UDN a vice-presidente era Milton Campos, mas
quem venceu foi o candidato do PTB, João Goulart. Desse modo, João Goulart iniciou seu segundo
mandato como vice-presidente.

Governo Jânio Quadros (1961)


Na eleição presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio Quadros. Naquela época, as regras eleitorais
estabeleciam chapas independentes para a candidatura a vice-presidente, por esse motivo, João Goulart,

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do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi reeleito. A gestão de Jânio Quadros na presidência da
República foi breve, duraram sete meses e encerrou-se com a renúncia. Neste curto período, Jânio
Quadros praticou uma política econômica e uma política externa que desagradou profundamente os
políticos que o apoiavam, setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais. A renúncia de Jânio
Quadros desencadeou uma crise institucional sem precedentes na história republicana do país, porque a
posse do vice-presidente João Goulart não foi aceita pelos ministros militares e pelas classes dominantes.

A crise política
O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político e social a partir do momento em que
adotou uma política econômica austera e uma política externa independente. Na área econômica, o
governo se deparou com uma crise financeira aguda devido a intensa inflação, déficit da balança
comercial e crescimento da dívida externa. O governo adotou medidas drásticas, restringindo o crédito,
congelando os salários e incentivando as exportações. Mas foi na área da política externa que o
presidente Jânio Quadros acirrou os ânimos da oposição ao seu governo. Jânio nomeou para o ministério
das Relações Exteriores Afonso Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da política
externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos países socialistas. O governo brasileiro
restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética (URSS). As atitudes menores também tiveram
grande impacto, como as condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilheiro
revolucionário Ernesto "Che" Guevara (condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul) e ao cosmonauta
soviético Yuri Gagarin, além da vinda ao Brasil do ditador cubano Fidel Castro.

Independência e isolamento
De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio Quadros esperava que a política externa de
seu governo se traduzisse na ampliação do mercado consumidor externo dos produtos brasileiros, por
meio de acordos diplomáticos e comerciais. Porém, a condução da política externa independente
desagradou o governo norte-americano e, internamente, recebeu pesadas críticas do partido a que Jânio
estava vinculado, a UDN, sofrendo também uma forte oposição das elites conservadoras e dos militares.
Ao completar sete meses de mandato presidencial, o governo de Jânio Quadros ficou isolado política e
socialmente. Jânio Quadros renunciou a 25 de agosto de 1961.

Política teatral
Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos espetaculares característicos do estilo de Jânio. Com
ela, o presidente pretenderia causar uma grande comoção popular, e o Congresso seria forçado a pedir
seu retorno ao governo, o que lhe daria grandes poderes sobre o Legislativo. Não foi o que aconteceu,
porém. A renúncia foi aceita e a população se manteve indiferente. Vale lembrar que as atitudes teatrais
eram usadas politicamente por Jânio antes mesmo de chegar à presidência. Em comícios, ele jogava pó
sobre os ombros para simular caspa, de modo a parecer um "homem do povo". Também tirava do bolso
sanduíches de mortadela e os comia em público. No poder, proibiu as brigas de galo e o uso de lança-
perfume, criando polêmicas com questões menores, que o mantinham sempre em evidência, como um
presidente preocupado com o dia-a-dia do brasileiro.

Governo João Goulart (1961-1964)


Com a renúncia de Jânio Quadros, a presidência caberia ao vice João Goulart, popularmente
conhecido como Jango. No momento da renúncia de Jânio Quadros, Jango se encontrava na Ásia, em
visita a República Popular da China. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu
o governo provisoriamente. Porém, os grupos de oposição mais conservadores representantes das elites
dominantes e de setores das Forças Armadas não aceitaram que Jango tomasse posse, sob a alegação
de que ele tinha tendências políticas esquerdistas. Não obstante, setores sociais e políticos que apoiavam
Jango iniciaram um movimento de resistência.

Campanha da legalidade e posse


O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, destacou-se como principal líder da
resistência ao promover a campanha legalista pela posse de Jango. O movimento de resistência, que se
iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para outras regiões do país, dividiu as Forças Armadas
impedindo uma ação militar conjunta contra os legalistas. No Congresso Nacional, os líderes políticos
negociaram uma saída para a crise institucional.
A solução encontrada foi o estabelecimento do regime parlamentarista de governo que vigorou por
dois anos (1961-1962) reduzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com essa medida,

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os três ministros militares aceitaram, enfim, o retorno e posse de Jango. Em 5 de setembro Jango retorna
ao Brasil, e é empossado em 7 de setembro.

O retorno ao presidencialismo
Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para decidir sobre a manutenção ou não do sistema
parlamentarista. Cerca de 80 por cento dos eleitores votaram pelo restabelecimento do sistema
presidencialista. A partir de então, Jango passou a governar o país como presidente, e com todos os
poderes constitucionais a sua disposição. Porém, no breve período em que governou o país sob regime
presidencialista, os conflitos políticos e as tensões sociais se tornaram tão graves que o mandato de
Jango foi interrompido pelo Golpe Militar de março de 1964. Desde o início de seu mandato, Jango não
dispunha de base de apoio parlamentar para aprovar com facilidade seus projetos políticos, econômicos
e sociais, por esse motivo a estabilidade governamental foi comprometida. Como saída para resolver os
frequentes impasses surgidos pela ausência de apoio político no Congresso Nacional, Jango adotou uma
estratégia típica do período populista, recorreu a permanente mobilização das classes populares a fim de
obter apoio social ao seu governo. Foi uma forma precária de assegurar a governabilidade, pois limitava
ou impedia a adoção por parte do governo de medidas antipopulares, ao mesmo tempo em que seria
necessário o atendimento das demandas dos grupos sociais que o apoiavam. Um episódio que ilustra de
forma notável esse tipo de estratégia política ocorreu quando o governo criou uma lei implantando o 13º
salário. O Congresso não a aprovou. Em seguida, líderes sindicais ligados ao governo mobilizaram os
trabalhadores que entraram em greve e pressionaram os parlamentares a aprovarem a lei.

As contradições da política econômica


As dificuldades de Jango na área da governabilidade se tornaram mais graves após o restabelecimento
do regime presidencialista. A busca de apoio social junto às classes populares levou o governo a se
aproximar do movimento sindical e dos setores que representavam as correntes e idéias nacional-
reformistas. Por esta perspectiva é possível entender as contradições na condução da política econômica
do governo. Durante a fase parlamentarista, o Ministério do Planejamento e da Coordenação Econômica
foi ocupado por Celso Furtado, que elaborou o chamado Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e
Social. O objetivo do Plano Trienal era combater a inflação a partir de uma política de estabilização que
demandava, entre outras coisas, a contenção salarial e o controle do déficit público. Em 1963, o governo
abandonou o programa de austeridade econômica, concedendo reajustes salariais para o funcionalismo
público e aumentando o salário mínimo acima da taxa pré-fixada. Ao mesmo tempo, Jango tentava obter
o apoio de setores da direita realizando sucessivas reformas ministeriais e oferecendo os cargos a
pessoas com influência e respaldo junto ao empresariado nacional e os investidores estrangeiros.

Polarização direita-esquerda
Ao longo do ano de 1963, o país foi palco de agitações sociais que polarizaram as correntes de
pensamento de direita e esquerda em torno da condução da política governamental. Em 1964 a situação
de instabilidade política agravou-se. O descontentamento do empresariado nacional e das classes
dominantes como um todo se acentuou. Por outro lado, os movimentos sindicais e populares
pressionavam para que o governo programasse reformas sociais e econômicas que os beneficiassem.
Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo eclodem por todo o país. Em 13 de março,
ocorreu o comício da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que reuniu 300
mil trabalhadores em apoio a Jango. Uma semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial e setores
conservadores da Igreja realizaram a “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade”, considerada o
ápice do movimento de oposição ao governo. As Forças Armadas também foram influenciadas pela
polarização ideológica vivenciada pela sociedade brasileira naquela conjuntura política, ocasionando
rompimento da hierarquia devido à sublevação de setores subalternos. Os estudiosos do tema assinalam
que, a quebra de hierarquia dentro das Forças Armadas foi o principal fator que ocasionou o afastamento
dos militares legalistas que deixaram de apoiar o governo de Jango, facilitando o movimento golpista.

Questões

01. (TRT-MG – Analista – FCC) O Ministro do Trabalho João Goulart provocou grande turbulência
política em 1954 ao
(A) ser nomeado para esse cargo à revelia da vontade de Vargas, uma vez que era o principal líder do
Partido Trabalhista, que nele via possibilidade de reverter o clima político desfavorável em razão da
oposição exercida pela União Democrática Nacional.

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(B) propor um aumento de 100% no valor do salário mínimo, proposta que causou a indignação de
setores do Exército insatisfeitos com sua situação e incomodados com o fato de que o salário de um
operário, caso recebesse o aumento em questão, se aproximaria do salário de um oficial.
(C) comunicar o suicídio de Getúlio Vargas e ler, no rádio, sua carta-testamento, alegando que uma
conspiração política antivarguista havia influenciado a população que agora culpava a ele e ao ex-
presidente pela alta inflacionária e pela crise econômica em curso.
(D) renunciar a esse cargo diante da reação agressiva do empresariado e das Forças Armadas às
suas medidas trabalhistas, atitude que despertou o apoio da população a Jango e o clamor por sua
permanência no cargo, fenômeno apelidado de “queremismo”.
(E) atender às pressões dos sindicatos e propor amplas reformas de base, insubordinando-se à
autoridade de Getúlio Vargas por considerar que seu governo não estava tomando medidas
suficientemente favoráveis aos trabalhadores.

02. (SEDUC-PI – Professor-História – NUCEPE)


“Bossa nova mesmo é ser presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho, original".
(Juca Chaves. Presidente Bossa Nova. RGE, 1957).
Considerando o período apresentado na composição, e o governo de Juscelino Kubitschek (1956-
1961), podemos afirmar CORRETAMENTE:
(A) Com seu Plano de Metas, o governo de Juscelino propunha romper com a política econômica do
governo Vargas, investindo com capitais nacionais nas áreas prioritárias para o governo, como energia,
transporte, indústria e distribuição de renda.
(B) Como efeito da euforia e do crescimento econômico, o governo de Juscelino conseguiu reduzir
drasticamente as disparidades econômicas e sociais do país, permitindo uma tranquilidade social que
perdurou até vésperas do Golpe Civil-Militar.
(C) Apoiado em capitais externos, Juscelino pôde ampliar a base monetária do país e assim custear
investimentos produtivos que permitiram o controle do déficit do orçamento público e a redução da
inflação.
(D) Seu governo coincidiu com um período de forte otimismo, apoiado em uma visão de modernidade
industrializante, o que fez o presidente prometer 50 anos de desenvolvimento em 5 anos de mandato.
(E) Apesar de sua política populista, Juscelino agia de forma autoritária em sua forma de governar,
condição que pode ser exemplificada com o episódio em que puniu o ministro da Guerra, o general
Teixeira Lott, por ter contrariado um de seus aliados políticos, o coronel Jurandir Mamede, subordinado
do general.

03. (IF-AL – Professor – CEFET) O Governo João Goulart (1961/1964) foi marcado pela interrupção
e conseguinte instalação da ditadura militar no país. O governo Goulart, na prática, ficou caracterizado
em função das suas ações políticas, como um governo:
(A) Autoritário, com uma linha ideológica próxima ao socialismo chinês.
(B) Democrático, sendo apoiado durante todo seu curto período pelos partidos de esquerda, inclusive
o partido comunista.
(C) Conturbado, em que foi implantado o parlamentarismo, fato este, que não foi suficiente para
amenizar as crises políticas do período.
(D) Democrático, sendo apoiado incondicionalmente pelas forças armadas.
(E) Autor das reformas de base, sendo estas apoiadas por setores da chamada classe média, dos
trabalhadores e do empresariado mais progressista. Obteve, assim, êxito na proposta de modernizar o
país.
Respostas
01. Resposta: B
No início de 1954, Jango propôs um projeto de aumento do salário mínimo de 100%. Segundo ele,
devido à elevação do custo de vida, a questão salarial continuava explosiva e, para enfrentá-la, era
necessário elevar o salário mínimo de 1.200 para 2.400 cruzeiros. A reação contrária foi tamanha que
Jango acabou sendo exonerado do cargo em 22 de fevereiro do mesmo ano.

02. Resposta: D
O marco da proposta de campanha de JK foi o “Plano de Metas”, com previsões esperançosas para
acelerar o crescimento econômico através da indústria, produção do aço, alumínio, cimento, álcalis e

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outros metais. Com a abertura do mercado estrangeiro a ampliação e investimentos na indústria se
tornariam ainda mais fáceis. O plano consistia de 31 metas, sendo a última, a construção de Brasília,
chamada de Meta Síntese.

03. Resposta: C
Além implantação de um sistema parlamentar que não rendeu resultados, a aproximação de Jango a
figuras ligadas ao bloco comunista, como o revolucionário Che Guevara e o cosmonauta Yuri Gagarin
foram motivo de duras críticas da oposição.

O Regime Militar
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar
(Ditadura militar com apoio civil). O argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”. Entre
1946 e 1964 o Brasil viveu um período democrático e muito rico culturalmente. Neste momento os
movimentos sociais e estudantis atuaram com bastante intensidade. Havia um movimento que lutava pela
reforma agrária (como o MST) chamado de “ligas camponesas”, a UNE (união nacional de estudantes),
teatros populares e sindicatos de várias categorias de trabalhadores. Muitas manifestações populares e
greves estavam ocorrendo naquele momento, sobretudo no início da década de 60. Nas eleições de 1959
foi eleito para presidente da república Jânio Quadros e como vice João Goulart (eram de partidos opostos
Goulart era PTB, partido de Vargas e Jânio era apoiado pela UDN. Jânio Quadros após pouco mais de
seis meses de mandato renunciou à presidência. O vice João Goulart estava em visita diplomática à
China. O congresso (deputados federais e senadores) brasileiro quis impedir a posse de João Goulart por
considerá-lo esquerdista comunista. Para tanto, enquanto ainda Jango estava no exterior o regime de
governo foi mudado de presidencialismo para parlamentarismo. Quando Jango retorna toma posse como
presidente, mas com poderes limitados.
No presidencialismo o presidente é ao mesmo tempo chefe de governo (quem governa realmente) e
chefe de Estado (representação diplomática)
No parlamentarismo o presidente é chefe de Estado (representação diplomática) e o chefe de governo
é o primeiro ministro (escolhido entre os deputados)
Jango passou seu governo tentando retomar o poder conseguiu um plebiscito para 1963 para a
população optar pelo presidencialismo ou pelo parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Goulart
tenta a reeleição. Realizou alguns comícios em que anunciou as reformas de base: A reforma agrária
(redistribuição das terras improdutivas), tributária (reordenamento dos impostos) , política (mudanças na
lei eleitoral). Essas reformas eram consideradas muito esquerdistas e radicais para a época, o que
reforçava a imagem de comunista de Jango. Além disso, como a crise econômica e uma pesada inflação
estava rolando à anos, as greves se espalharam. Espalharam-se manifestações de apoio ao presidente
e de repúdio a ele, como a “marcha por Deus, pela Família e pela Liberdade”
Diante deste contexto de fortes agitações sociais que o exército dá o golpe sob o argumento de afastar
o risco comunista que rondava os pais.
Quando inicia o governo militar realizam uma grande perseguição política aos líderes de esquerda,
que são presos na calada da noite. Os deputados e políticos em geral que tinham mandatos de partidos
de esquerda foram cassados (expulsos). Para tanto foi criado o SNI (serviço nacional de informação). Era
o serviço secreto do Exército e havia agente em todos os lugares como jornais, sindicatos, escolas ...
Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Apesar das cassações de mandato o
congresso nacional foi mantido. Os militares passaram a governar através de Atos institucionais. Mesmo
após a constituição de 67, que institucionalizava o regime os militares continuaram governando através
de atos institucionais.

AI- 1: Ampliação dos poderes do presidente, eleição indireta e a cassação de parlamentares de


esquerda. (O início da instalação da Ditadura. Perseguem lideranças de oposição (lideres camponeses,
estudantis, sindicais, partidários e intelectuais) e são cassados mandados políticos e cargos públicos.
AI- 2: Instituiu bipartidarismo. Só podiam existir a ARENA e o MDB. Consolida as eleições indiretas.
Os voto dos congressistas para a presidência era aberto e declarado dito no microfone na assembleia.
Além disso, toda a oposição já teve seus mandatos cassados. Não havia oposição de fato. O congresso
aprovava tudo o que os presidentes militares mandavam.
AI- 3: Estabelecia eleições indiretas para governadores de estado. Votavam os deputados estaduais
por voto aberto e declarado.
AI- 4: convocação urgente da assembleia para a aprovação da constituição de 67

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AI- 5: Concede poder excepcional ao presidente que pode cassar mandatos e cargos fechar o
congresso, estabelecer estado de sítio. Eliminou as garantias individuais.

Os presidentes eram escolhidos pelos próprios militares em colégio eleitoral, assim como os
governadores de estado e prefeitos de cidades com mais de 300 mil habitantes. O voto da população em
nível federal limita-se aos deputados e senadores que eram ou da ARENA (partido do sim) ou do MDB
(partido do sim senhor). Não havia oposição real e concreta no congresso. Somente a permitida pelos
militares.

Foram presidentes militares:


Castelo Branco (64-67)
Costa e Silva (67-69)
Garrastazu Médici (69-74)
Ernesto Geisel (74-79)
Figueiredo (79-85)

A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Marechal Castelo Brancos foi um período mais
brando dentro do contexto do regime. Os partidos foram extintos (ficou o bipartidarismo) e a censura
ocorria, mas ainda que pequeno, havia um espaço para os trabalhadores e estudantes se manifestares,
sobretudo os artistas. As manifestações proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias em Contagem
(MG) e São Paulo. O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (lei de segurança nacional),
que estabelecia que certas ações de oposição ao regime seriam consideradas “atentatórias” à segurança
nacional e punidas com rigor. Após enfrentamentos entre os estudantes e militares em que ocorreram
mortes de jovens, contra a repressão ocorreu a passeata dos 100 mil. Em dezembro de 1968, sob o
governo do Marechal Costa e Silva foi instituído o AI-5 o mais duro e repressor dos atos institucionais
acabava com as garantias civis (de ser preso após julgamento por exemplo), enrijecia a censura e a
perseguição. Concedia uma autoridade excepcional para o poder executivo. O Presidente poderia fechar
o congresso nacional e cassar mandatos parlamentares, aposentar intelectuais, demitir juízes, suspender
garantias do judiciário e declarar estado de sítio.
Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram à atuar na clandestinidade. Alguns deles, devido
ao AI-5 optaram por partir para a revolta armada. Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente são
Paulo) e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A guerrilha nunca representou um grande problema
de verdade pois eram pequenos e poucos grupos, mas forneceu o argumento que a ditadura precisava
para manter e aumentar a repressão, pois tínhamos inclusive um inimigo interno comunista. O risco não
havia passado (lembra-se que o pretexto do golpe era afastar o risco comunista?).

Milagre econômico e repressão


Durante o Governo do General Médici o país viveu a maior onda de repressões e torturas da ditadura.
O AI-5 era aplicado com toda a força e a censura era plena. Ao mesmo tempo o pais vivia um período de
propaganda ufanista (nacionalismo de enaltecimento do Brasil) e experimentava um grande crescimento
econômico e urbano em razão do “milagre econômico”. Foram contraídos empréstimos e concedidos
créditos ao consumido, mas ao mesmo temo os salários foram congelados. Esta política nos primeiros
anos de aplicação gerou um enorme consumo e consequentemente gerou empregos (cada vez menos
remunerados). Ao final da década de setenta o pais amargava uma grande inflação, salários cada vez
mais defasados e um aumento da desigualdade social. O período Médici foi o qual viveu maior
propaganda ufanista crescimento econômico conciliada com a maior repressão do período.

Movimentos de resistência

O movimento estudantil
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de João Goulart para a implementação de
reformas sociais estavam os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos Estudantes e União
Brasileira dos Estudantes secundaristas. Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os estudantes
eram um dos setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das
formas de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não
passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.
Em novembro de 64, Castelo Branco aprovou uma lei, conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome
do ministro da Educação, reorganizando as entidades e proibindo-as de desenvolverem atividades
políticas.

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Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades oficiais e realizando passeatas cada vez mais
frequentes. Ao mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas
entidades legítimas, agora na clandestinidade.
Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta, não só a repressão, mas também em virtude
da política educacional do governo, que já revelava a tendência que iria se acentuar cada vez mais, no
sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos até hoje.
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente
no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas
diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid
(agência americana que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento
educacional) que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de
acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira.
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a
subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil
não parava de crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a
má qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi
violentamente reprimida pela polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.
A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um
dos maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as
capitais do país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.
Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade
de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.

Movimentos sindicais
As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura. Os últimos movimentos operários ocorreram
em 1968, em Osasco e Contagem, sendo reavivadas somente no fim da década de 1970, com a greve
de 1.600 trabalhadores, no ABC paulista em 12 de maio de 1978, que marcou a volta do movimento
operário à cena política.
Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de
julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil
trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva.
No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho.
No dia seguinte o operário Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto com a polícia, durante
um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo
o país.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC
paulista e de mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo
Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo
13 líderes sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.

Ligas Camponesas
O movimento de resistência esteve presente também no campo. Além da sindicalização, formaram-se
Ligas Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram
importantes instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca
de 5 mil cortadores de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores
salários e condições de trabalho. No dia seguinte invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um
canavial foi incendiado. O movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalhadores se
espalharam por várias regiões do país, principalmente no Nordeste.

A luta armada
Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime militar através da luta armada, com a intenção de
iniciar um processo revolucionário. Entre os grupos mais notórios estão:
Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro
do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 1969;
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos
Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com o Comando de

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Libertação Nacional (COLINA), e muda o nome para Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares), que teve participação também da atual presidente Dilma Rousseff;
A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no
movimento estudantil;
Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de um conflito interno dentro do PCB.

Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi
o sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar do mundo um
embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a
libertação de quinze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão-ocidental Ehrefried
Von Hollebem, que resultou na soltura de quarenta presos.
A luta armada intensificou o argumento de aumento da repressão. As torturas aumentaram e a
perseguição aos opositores também. Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de São
Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas também através de torturas.
O VPR realizou ações no Vale do Ribeira, em São Paulo, mas teve que enfrentar a perseguição militar
na região. Lamarca conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.
O último foco de resistência a ser desmantelado foi a Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes
do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios
Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinando a eles
cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.
As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do Araguaia em 1972, quando descobriu a
ação do grupo. O desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial de
paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha do Araguaia.
No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo apoio da população, levando os grupos
a se isolarem, facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapareceram, e os
corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de
informações sobre a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia divulgado informação
sobre o paradeiro dos corpos.
Situação Econômica Pós 1964, Redemocratização do País e Diretas Já.
O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início à abertura política, assinalando o fim da
ditadura. O fim do regime foi articulado pelos próprios militares que planejarem uma abertura “lenta,
segura e gradual”. Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram que teriam a vitória da
ARENA, mas o MDB teve esmagadora vitória. Em razão deste acontecimento a ditadura lança a lei falcão
e o pacote de abril. A lei falcão acabava com a propaganda eleitoral. Todos os candidatos apareceriam
o mesmo tempo na TV, segurando seu número enquanto uma voz narrava brevemente seu currículo.
Apesar de uma oposição consentida o MDB estava incomodando e o pacote de abril serviu para
garantir supremacia da ARENA. A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos votos
(garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores seria “senador biônico”, ou seja, indicado pela
assembleia (sempre senadores da ARENA) e alterou o coeficiente eleitoral de forma que a região
nordeste (que ainda ocorria claramente o voto de “cabresto” e os eleitores votavam em peso na ARENA)
tivesse um maior número de deputados. Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978.
Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob uma forte crise econômica resultado da
política econômica do milagre brasileiro. Em 79 foi aprovada a lei da anistia (perdão de crimes
políticos), que de acordo com o governo militar era uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O que isso
queria dizer? Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam perdoados, tanto o “crime” dos militantes
políticos, estudantes, intelectuais e artistas que se encontravam exilados (fora do pais por motivos de
perseguição política), e puderam voltar ao Brasil, como os torturadores do regime também foram.
Em 1979 são liberadas para a próxima eleição de 1982 a voto direto aos governadores. Também foi
aprovada a “lei orgânica dos partidos” que punha fim ao bipartidarismo e foram fundados novos 5
partidos:

PDS (Partido democrático social)


PMDB (Partido do movimento democrático brasileiro)
PTB (Partido trabalhista brasileiro)
PDT (Partido trabalhista brasileiro)
PT (partido dos trabalhadores)
Obs.: A lei eleitoral obrigava a votar somente em candidatos do mesmo partido, de vereador à
governador. A oposição ao regime, na eleição para governador de 1982, obteve vitória esmagadora.

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Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney. Contudo Tancredo Neves passou mal
na véspera da posse e foi internado com infecção intestinal, não resistiu e morreu. Assumiria a presidência
da República em 1985 José Sarney.
O Governo de José Sarney foi um momento de enorme crise econômica, com hiperinflação, mas um
dos momentos mais fundamentais que coroaria a redemocratização, pois foi em seu governo que foi
aprovada a nova constituição. Foi reunida em 1987 uma assembleia nacional constituinte (assembleia
reunida para escrever e promulgar uma nova constituição).

A constituição de 1988
A nova constituição foi votada em meio a grandes debates políticos de diferentes visões políticas.
Havia muitos interesses em disputa. O voto secreto e direto para presidente foi restaurado, proibida a
censura, garantida a liberdade de expressão e igualdade de gênero, racismo tornou-se crime e o estado
estabeleceu constitucionalmente garantias sociais de acesso a saúde, educação, moradia e
aposentadoria.
Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde o golpe de 1964. Foi disputada em dois
turnos. O segundo foi concorrido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – partido da renovação
nacional), contra Luís Inácio Lula da Silva. Collor ganhou a eleição, com apoio dos meios de comunicação
e governou até 1992 após ser afastado por um processo de impeachment e ocorreram grandes
manifestações populares, sobretudo estudantis, conhecidas como o “movimento dos caras-pintadas”.

Questões

01. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O processo de abertura política
no Brasil, ao final do período de regime militar, foi marcado
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso oficial que culpava os grupos guerrilheiros
e o imperialismo soviético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos países vizinhos.
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição outorgada em 1967 continuou vigente,
mantiveram-se os cargos “biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos Institucionais durante a
década de 1980.
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o governo encampasse uma abertura “lenta,
gradual e irrestrita”, os setores populares organizaram greves nacionais que culminaram na realização de
eleições diretas para presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que prevaleceram pressões por parte dos setores
afinados com o regime e concessões dos movimentos pela democratização, em um complexo jogo
político que se estendeu pelos anos 1980.
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem as Comissões da Verdade que conseguiram,
com o aval do primeiro governo civil pós-ditadura, atender as demandas por “verdade, justiça e reparação”
da sociedade brasileira.

02. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) A respeito dos Atos Institucionais
decretados durante o regime militar no Brasil,
(A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante a ditadura, sendo o último, em 1968, o que
suspendeu a garantia do direito ao habeas corpus e instituiu a censura prévia.
(B) refletiram a intenção dos militares em preservar a institucionalidade da democracia, uma vez que
todos os atos eram votados pelo Congresso.
(C) prestaram-se a substituir a falta de uma nova Constituição, chegando a 20 decretações que se
estenderam até o governo Geisel.
(D) foram mais de dez e entre os objetivos de sua promulgação destaca-se o reforço dos poderes
discricionários da Presidência da República.
(E) concentraram-se nos dois primeiros anos de governo militar e instituíram o estado de sítio e o
bipartidarismo.

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03. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O golpe de 1964, que deu início
ao regime militar no Brasil e que foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus
objetivos
(A) refrear o avanço do comunismo apoiado pelo presidente Jango que, após ver concretizado seu
programa reformista, articulava-se para adaptar o Estado aos moldes socialistas, por meio do projeto de
uma nova constituição difundido e aplaudido no histórico Comício da Central do Brasil.
(B) reinstaurar o presidencialismo, uma vez que o regime parlamentarista pelo qual João Goulart
governava favorecia alianças entre partidos pequenos e grupos de esquerda liderados pelo PTB, que
tinha representação significativa na Câmara e no Senado.
(C) destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio do governo dos Estados Unidos e de
parcelas da sociedade brasileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade
organizada por setores conservadores da Igreja Católica.
(D) restaurar a ordem no país e garantir a recuperação do equilíbrio econômico, uma vez que greves
paralisavam a produção nacional e movimentos de apoio à reforma agrária se radicalizavam, caso das
Ligas Camponesas que haviam iniciado a guerrilha do Araguaia.
(E) iniciar um processo autoritário de transição política e econômica nos moldes do neoliberalismo, por
meio de uma estratégia defendida por entidades como o FMI, a ONU e a Cepal, com o aval do
empresariado brasileiro insatisfeito com o governo vigente.

04. (VUNESP) A partir dessa época, a tortura passou a ser amplamente empregada, especialmente
para obter informações de pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a “assessoria técnica”
de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos policiais e militares começavam a agredir no
momento da prisão, invadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias de polícia e
em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interrogatório revestidas com material isolante para evitar
que os gritos dos presos fossem ouvidos.
(Roberto Navarro – http://mundoestranho.abril.com.br.)
Os aspectos citados no texto permitem identificar a época a que ele se refere como sendo a da
(A) repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.
(B) Nova República, cujo primeiro presidente foi José Sarney.
(C) Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
(D) democracia populista, que durou de 1946 a 1964.
(E) ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964.

05. (VUNESP) A imagem a seguir refere-se a um movimento da década de 1980 que contou com
grande participação popular em várias cidades do Brasil.

(Http://www.oabsp.org.br/portaldamemoria/historia-da-oab/ a-redemocratizacao-e-o-processo-constituinte)

Assinale a alternativa que indica corretamente o objetivo deste movimento.


(A) Devolver à população o direito de votar nos candidatos à presidência do país.
(B) Anistiar os presos políticos e permitir o retorno dos exilados ao Brasil.
(C) Reajustar o salário-mínimo de acordo com os índices reais de inflação.
(D) Autorizar a justiça comum a punir políticos envolvidos em crimes de corrupção.
(E) Permitir que leis propostas pela população fossem discutidas no Congresso Nacional.

Respostas

01. Resposta: D
A ideia de uma abertura “Lenta, gradual e segura” foi utilizada pelo governo militar. No final da década
de 70 e início da década de 80 ocorreram sim muitas greves, principalmente na região do ABC paulista.

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A primeira eleição direta para presidente após a abertura ocorreu em 15 de novembro de 1989.

02. Resposta: D
Os Atos Institucionais foram normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar.
Foram editadas pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo
Presidente da República, com o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. Foram 17 atos ao todo,
sendo o mais conhecido deles o AI-5, cuja descrição é: Suspende a garantia do habeas corpus para
determinados crimes; dispõe sobre os poderes do Presidente da República de decretar: estado de sítio,
nos casos previstos na Constituição Federal de 1967; intervenção federal, sem os limites constitucionais;
suspensão de direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; cassação
de mandatos eletivos; recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de
Vereadores; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.

03. Resposta: C
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar (Ditadura militar com apoio civil). O
argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”.

04. Resposta: E
Citando a própria matéria referida na questão:
Uma pesquisa coordenada pela Igreja Católica com documentos produzidos pelos próprios militares
identificou mais de cem torturas usadas nos "anos de chumbo" (1964-1985). Esse baú de crueldades,
que incluía choques elétricos, afogamentos e muita pancadaria, foi aberto de vez em 1968, o início do
período mais duro do regime militar. Durante o governo militar, mais de 280 pessoas foram mortas -
muitas sob tortura. Mais de cem desapareceram, segundo números reconhecidos oficialmente. Mas
ninguém acusado de torturar presos políticos durante a ditadura militar chegou a ser punido.

05. Resposta: A
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney.

A Nova República
Chamamos Nova República a organização do Estado Brasileiro a partir da eleição indireta de Tancredo
Neves pelo Colégio eleitoral, após o movimento pelas diretas já, o qual foi um dos mais importantes
líderes. No dia da posse foi hospitalizado e faleceu. Então a cadeira presidencial foi ocupada por seu vice
José Sarney

Eleições Diretas
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas para governador. Realizadas as
eleições, as previsões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB, PDT e
PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores de estados importantes (Montoro, em São
Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria no
Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em
1984. Os militares conseguiam assim criar as condições que garantiam a continuidade da abertura nas
sequências e no ritmo que desejavam, bem como a transferência do poder aos civis de sua confiança.

A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo


Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar resistência da linha-dura às reformas
políticas que estavam em andamento. As primeiras manifestações dos grupos que estavam descontentes
com a abertura vieram em 1980. No final desse ano e no início de 1981, bombas começaram a explodir
em bancas de jornal que vendiam periódicos considerados de esquerda (Jornal Movimento, Pasquim,
Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de uma secretária, matando-a.
Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi, mas nunca se conseguiu provar nada.

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O Caso Riocentro
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante a realização de um show de música
popular. Dele participavam inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime. Quando as
primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproximaram do local da explosão, depararam com uma cena
dramática e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército
ligados ao DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava morto, praticamente partido
ao meio. A bomba explodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas
gravemente ferido e inconsciente. O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso e,
depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de depoimentos, concluiu que a bomba havia sido
colocada ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terroristas. Essa foi
a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado.

A campanha das Diretas-já


As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um clima de euforia na oposição, pois ela fora muito
bem votada, em especial o PMDB. Esse fortalecimento da oposição acabou motivando o deputado Dante
de Oliveira, do PMDB, a propor, em janeiro de 1983, uma emenda constitucional restaurando as eleições
para presidente da República em 1984. A iniciativa do deputado passou, a princípio, despercebida.
Entretanto, progressivamente, sua proposta foi ganhando adesões importantes. Em março, o jornal Folha
de S. Paulo resolveu, em editorial, apoiar a emenda para as diretas. Em junho, reuniram-se no Rio de
Janeiro os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, mais o líder do PT, Luís Inácio da Silva, para
discutir como os partidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a emenda das diretas. Vários
governadores do PMDB assinaram um manifesto de apoio. O PT e entidades da sociedade civil de São
Paulo convocaram uma manifestação de apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de 10.000 pessoas. A
campanha começava a ganhar as ruas. A seguir, ocorreram manifestações em Curitiba (40.000 pessoas),
Salvador (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), novamente em São Paulo (200.000 a 300.000
pessoas). Em fevereiro de 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de Andrade (PDT) saíram
em caravana pelo Brasil, fazendo comícios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula
começava a se firmar como liderança nacional. A campanha ganhava força. Novas manifestações
ocorreram no Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No dia 10 de abril de 1984, foi
convocada uma manifestação no Rio de Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da
Candelária cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior manifestação pública realizada em toda a história
do país até aquela data. No dia 16 realizada no Anhangabaú, em São Paulo, uma manifestação que
quebrou o recorde do Rio. Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. Não havia dúvida. O povo brasileiro
queria votar para presidente. O governo era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo que a
eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos
Transportes de Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do partido do governo, o PDS, faziam de
tudo para evitar que a campanha produzisse efeito no Congresso. Mário Andreazza, Paulo Maluf e Sarney
disputavam a indicação pelo PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral. As emissoras de
televisão, principalmente a Rede Globo, tentaram ignorar as manifestações públicas. Quem só se
informava pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a campanha das diretas surgiu do nada. Quando
as manifestações de rua superaram 1 milhão de pessoas, até a Globo teve de dar a notícia.
Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a votação da emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada.
Faltaram 22 votos para atingir os dois terços necessários. Da bancada do PDS, 112 deputados não
compareceram ao Congresso, contrariando a vontade popular, que se manifestara de forma cristalina nas
ruas. Um profundo sentimento de frustração e impotência tomou conta do país. O Congresso Nacional,
que deveria expressar a vontade da nação, na verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniências
políticas de uma elite minoritária, mas que dominava o país. O poder dessa elite advinha da força
econômica, do controle que mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos oportunistas e do comando que
detinha dos meios de comunicação, especialmente das emissoras de televisão.

As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Indireta de Janeiro de 1985


Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do Colégio Eleitoral a escolha do novo presidente.
Ele era composto por senadores, deputados federais e delegados de cada estado. O PMDB iria lançar
um candidato. Desde meados de 1984, o nome estava praticamente escolhido. Era o governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves. Político moderado, ligado aos banqueiros, era um homem de confiança
dos grupos conservadores, mas, ao mesmo tempo, respeitado pela oposição. Faltava, entretanto, definir
quem seria o vice-presidente na chapa de Tancredo. Do lado do PDS as coisas estavam cada vez mais
complicadas. Três grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação do partido. O primeiro era

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liderado por Paulo Maluf; o segundo, por Mário Andreazza; e o terceiro, por um grupo de políticos do
Nordeste liderado por José Sarney e Marco Maciel. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo
Maluf, com seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha grandes chances de conseguir a indicação.

O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já
se sentiam derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que teriam pouca influência em um
possível governo malufista. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL (Partido da Frente
Liberal).

O Surgimento da Aliança Democrática


A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma frente política para derrotar Maluf no Colégio
Eleitoral. Surgiu a Aliança Democrática, que apoiou a chapa Tancredo Neves (presidente), pelo PMDB, e
José Sarney (vice-presidente), pela Frente Liberal. Enquanto Maluf representava uma fração de elite
econômica paulista, o leque de forças políticas que sustentavam a Aliança Democrática era muito maior.
Ela juntava o maior partido de oposição, o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais expressões
políticas conservadoras dos estados nordestinos. Além disso, tais lideranças, como José Sarney e
Antônio Carlos Magalhães, eram políticos da confiança de Roberto Marinho, proprietário da Rede Globo
de Televisão. Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tancredo trouxe junto o apoio da Rede
Globo. Maluf estava derrotado. Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS, que formaram a Frente
Liberal, de traidores. Tiveram como resposta que traição era apoiar um corrupto como Maluf. Entre
xingamentos e agressões verbais, os meses finais de 1984 expiraram.

A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney


Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, primeiro presidente civil em 20
anos. Ele obteve 275 votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possíveis), que
correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais 39 votos espalhados entre os outros partidos. No
total foram 480 contra 180 do candidato derrotado. O PT, por não concordar com as eleições indiretas,
não participou da votação. A posse do novo presidente estava marcada para 15 de março. Um dia antes,
entretanto, Tancredo Neves foi internado com diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de
saúde se agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. Com a morte do presidente eleito, assumiu o
vice, José Sarney. Figueiredo negou-se a lhe entregar a faixa presidencial, dando-a a Ulisses Guimarães,
presidente da Câmara, e este empossou Sarney.

O governo Sarney
José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da ditadura militar. Durante seu governo foi
consolidado o processo de redemocratização do Estado brasileiro, garantido liberdade sindical e
participação popular na política, além da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte,
encarregada de elaborar uma nova constituição para o Brasil.
Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988 também chamada Carta Magna, estão:
- garantia de direitos políticos e sociais;
- aumento de assistência aos trabalhadores;
- ampliação das atribuições do poder legislativo;
- limitação do poder executivo;
- igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;
- estabelecimento do racismo como crime inafiançável

No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas para conter a inflação, como congelamento
de preços e salários e a criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.
No final de 1986, o plano começou a demonstrar sinais de fracasso, acentuado pela falta de
mercadorias e pressão por aumento de preços.
Além do Plano cruzado, outras tentativas de conter a inflação foram colocadas em prática durante o
governo Sarney, como o Plano Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano de Verão. No último mês do
governo Sarney, março de 1990, a inflação alcançou o nível de 84%.

O governo Collor
No final de 1989, os candidatos Fernando Collor de Mello, do PRN (Partido da Renovação Nacional)
e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores) disputaram as primeiras eleições diretas
(com voto da população) para presidente após a redemocratização. Com forte apoio de setores
empresariais e principalmente da mídia, Collor vence as eleições.

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Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre)
Seu governo ficou marcado pelos Planos Collor:

Plano Collor86
A inflação em um ano de março de 1989 a março de 1990 chegou a 4.853%, e no governo anterior
teve vários planos fracassados de conter a inflação. Depois de sua posse, Collor anuncia um pacote
econômico no dia 15 de março de 1990, o Plano Brasil Novo. Esse plano tinha como objetivo pôr fim à
crise, ajustar a economia e elevar o país, do terceiro para o Primeiro Mundo. O cruzado novo é substituído
pelo "cruzeiro", bloqueia-se por 18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e
demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabelados e depois liberados
gradualmente. Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre patrões e empregados. Os
impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros tributos, foram suspensos os incentivos fiscais não
garantidos pela Constituição. Foi Anunciado corte nos gastos públicos, também se reduziu a máquina do
Estado com a demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a
abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação. As empresas foram
surpreendidas com o plano econômico e sem liquidez pressionaram o governo. A ministra da economia
Zélia Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do dinheiro retido, denominado de "operação
torneirinha", para pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas de pagamento e
contribuições previdenciárias. O governo liberou os investimentos dos grandes empresários, e deixou
retido somente o dinheiro dos poupadores individuais.

Recessão - No início do Plano Collor a inflação foi reduzida, pois o plano era ousado e radical, tirava
o dinheiro de circulação. Porém, com a redução da inflação, iniciava-se a maior recessão da história no
Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e a produção diminuiu
consideravelmente, com uma queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas
foram obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. Só em
São Paulo nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho deixaram de existir, pior
resultado, desde a crise do início da década de 80. O Produto Interno Bruto diminuiu de US$ 453 bilhões
em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990.

Privatizações - Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional de Desestatização que estava previsto


no Plano Collor foi regulamentado e a Usiminas a primeira estatal a ser privatizada, através de um leilão
em outubro de 1991. Depois mais 25 estatais foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar Franco
já estava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências patrimoniais do setor público para o
setor privado, com o processo de privatização dos setores petroquímico e siderúrgico já praticamente
concluído. Então se inicia a negociação do setor de telecomunicações e elétrico, existindo uma tentativa
de limitar as privatizações à construção de grandes obras e à abertura do capital das estatais, mantendo
o controle acionário pelo Estado.

Plano Collor II
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal de 19,39% em dezembro de 1990 e o
acumulado do ano chega a 1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas. É decretado o
Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991.
Tinha como objetivo controlar a ciranda financeira, extinguiu as operações de overnight e criou o Fundo
de Aplicações Financeiras (FAF) onde centralizou todas as operações de curto prazo, acabando com o
Bônus do Tesouro Nacional fiscal (BTNf), que era usado pelo mercado para indexar preços, passa a
utilizar a Taxa Referencial Diária (TRD) com juros prefixados e aumenta o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). Pratica uma política de juros altos, e faz um grande esforço para desindexar a
economia e tenta mais um congelamento de preços e salários. Um deflator é adotado para os contratos
com vencimento após 1º de fevereiro. O governo acreditava que aumentando a concorrência no setor
industrial conseguiria segurar a inflação, então se cria um cronograma de redução das tarifas de
importação, reduzindo a inflação de 1991 para 481%.

86
LENARDUZZI, Cristiano, Et al. PLANO COLLOR. Adaptado

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A queda de Collor
Após um curto sucesso nos primeiros meses de governo, a administração Collor passou por profundas
crises. Com a taxa de inflação superior a 20%, em 1992 a impopularidade do presidente cresceu. Em
maio do mesmo ano, o irmão do presidente, Pedro Collor, acusou Paulo Cesar Farias, que havia sido
caixa da campanha de Fernando Collor, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no governo e
ligações político financeiras com o presidente.
Em junho do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou uma Comissão de Inquérito Parlamentar(cpi)
para que fossem apuradas as irregularidades apontadas. Em 29 de setembro a Câmara dos Deputados
aprovou a abertura do processo de Impeachment e em 3 de outubro o presidente foi afastado. Em
dezembro o processo foi concluído e Fernando Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos,
e o governo passou para as mãos de seu vice, Itamar Franco.

O governo Itamar Franco (1992-1994)


Durante seu período na presidência, Itamar Franco passou por um quadro de crescente dificuldade
econômica e alianças políticas instáveis, com inúmeras nomeações e demissões de ministros do
executivo.
Um plebiscito foi realizado em 1993 para definir a forma de governo, com uma vitória esmagadora da
Republica presidencialista. Outras opções incluíam a monarquia e o parlamentarismo.
No ano de 1993 a economia começava a dar sinais de melhora, com índice de crescimento de
aproximadamente 5%, que não ocorria desde 1986. Apesar do crescimento, houve um aumento na
população, deixando a renda per capita com menos de 3%.
Em 1994 a inflação continuou a subir, até que os efeitos do Plano Real começaram a surtir efeito.

Implantação do Plano Real87


O Plano de Fernando Henrique Cardoso, que era ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco,
consistia em três fases: o ajuste fiscal, o estabelecimento da URV (Unidade de Referência de Valor) e a
instituição de uma nova moeda, o Real. De acordo com os autores do plano, as reformas liberais do
Estado, que estavam em andamento naquele período seriam fundamentais para efetividade do plano.
A primeira fase, o “ajuste fiscal” procurava criar condições fiscais adequadas para diminuir o
desequilíbrio orçamentário do Estado, principalmente sua fragilidade com financiamento, que seria um
dos principais problemas relacionados à inflação. A criação do FSE (Fundo Social de Emergência), que
tinha por finalidade diminuir os custos sociais derivados da execução do plano e dos cortes de impostos,
foi uma das principais iniciativas do governo.
A URV, o embrião da nova moeda, que terminou quando o Real começou a funcionar em 1º de julho
de 1994, era um índice de inflação formado por outros três índices: O IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas,
o IPCA do IBGE e o IPC da FIPE/USP. O objetivo do governo era amarrar o URV ao dólar, preparando o
caminho para a “âncora cambial” da moeda e também evitar o caráter abrupto dos outros planos, com
esta ferramenta transitória. Dessa forma, ao contrário da proposta de “moeda indexada” e da criação de
duas moedas, apenas separaram-se duas funções da mesma moeda, pois o URV servia como uma
“unidade de conta”.
A terceira fase do plano consistiu na implementação da nova moeda, que substituiria o Cruzeiro de
acordo com a cotação da URV que, naquele momento, valia CR$ 2.750,00. O governo instituiu que este
valor corresponderia a R$ 1,00 que, por sua vez, foi fixada pelo Banco Central em US$ 1,00, com a
garantia das reservas em dólar acumuladas desde 1993.
No entanto, apesar de amarrar a moeda ao dólar, o Governo não garantiu a conversibilidade das duas
moedas, como ocorreu na Argentina. Dessa forma, o Real conseguiu corresponder de uma forma mais
adequada às turbulências desencadeadas pela crise do México, que começou a se intensificar no final de
1994.
A política de juros altos, que promoveu a entrada de capitais de curto prazo, e a abertura do país aos
produtos estrangeiros, com a queda do Imposto de Importação, foram fundamentais para complementar
a introdução da nova moeda e para combater a inflação e elevar os níveis de emprego.
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro
turno, contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

O primeiro governo Fernando Henrique


Em seu discurso de posse, o presidente destacou como prioridades a estabilização da nova moeda e
a reversão do quadro de exclusão social dos brasileiros.

87
Adaptado de Ipolito.

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Assim como outros países ao redor do mundo, o Brasil começava a dar início ao MERCOSUL.

MERCOSUL88
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em 26 de março de 1991, o Tratado de Assunção,
com vistas a criar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de Assunção
é a integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do
estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política comercial comum, da
coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas
pertinentes.
A configuração atual do MERCOSUL encontra seu marco institucional no Protocolo de Ouro Preto,
assinado em dezembro de 1994. O Protocolo reconhece a personalidade jurídica de direito internacional
do bloco, atribuindo-lhe, assim, competência para negociar, em nome próprio, acordos com terceiros
países, grupos de países e organismos internacionais. O MERCOSUL caracteriza-se, ademais, pelo
regionalismo aberto, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio intrazona, mas também o
estímulo ao intercâmbio com outros parceiros comerciais. São Estados Associados do MERCOSUL a
Bolívia (em processo de adesão ao MERCOSUL), o Chile (desde 1996), o Peru (desde 2003), a Colômbia
e o Equador (desde 2004). Guiana e Suriname tornaram-se Estados Associados em 2013. Com isso,
todos os países da América do Sul fazem parte do MERCOSUL, seja como Estados Parte, seja como
Associado.
O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos basilares do MERCOSUL. Como passo
importante nessa direção, os Estados Partes concluíram, em 2010, as negociações para a conformação
do Código Aduaneiro do MERCOSUL.
Na última década, o MERCOSUL demonstrou particular capacidade de aprimoramento institucional.
Entre os inúmeros avanços, vale registrar a criação do Tribunal Permanente de Revisão (2002), do
Parlamento do MERCOSUL (2005), do Instituto Social do MERCOSUL (2007), do Instituto de Políticas
Públicas de Direitos Humanos (2009), bem como a aprovação do Plano Estratégico de Ação Social do
MERCOSUL (2010) e o estabelecimento do cargo de Alto Representante-Geral do MERCOSUL (2010).
Merece especial destaque a criação, em 2005, do Fundo para a Convergência Estrutural do
MERCOSUL, por meio do qual são financiados projetos de convergência estrutural e coesão social,
contribuindo para a mitigação das assimetrias entre os Estados Partes. Em operação desde 2007, o
FOCEM conta hoje com uma carteira de projetos de mais de US$ 1,5 bilhão, com particular benefício
para as economias menores do bloco (Paraguai e Uruguai). O fundo tem contribuído para a melhoria em
setores como habitação, transportes, incentivos à microempresa, biossegurança, capacitação tecnológica
e aspectos sanitários.
O Tratado de Assunção permite a adesão dos demais Países Membros da ALADI ao MERCOSUL. Em
2012, o bloco passou pela primeira ampliação desde sua criação, com o ingresso definitivo da Venezuela
como Estado Parte. No mesmo ano, foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, que,
uma vez ratificado pelos congressos dos Estados Partes, fará do país andino o sexto membro pleno do
bloco.
Com a incorporação da Venezuela, o MERCOSUL passou a contar com uma população de 285
milhões de habitantes (70% da população da América do Sul); PIB de US$ 3,2 trilhões (80% do PIB sul-
americano); e território de 12,7 milhões de km² (72% da área da América do Sul). O MERCOSUL passa
a ser, ainda, ator incontornável para o tratamento de duas questões centrais para o futuro da sociedade
global: segurança energética e segurança alimentar. Além da importante produção agrícola dos demais
Estados Partes, o MERCOSUL passa a ser o quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia
Saudita, Rússia e Estados Unidos.
Em julho de 2013, a Venezuela recebeu do Uruguai a Presidência Pro Tempore do bloco. A Presidência
Pro Tempore venezuelana reveste-se de significado histórico: trata-se da primeira presidência a ser
desempenhada por Estado Parte não fundador do MERCOSUL.
Na Cúpula de Caracas, realizada em julho de 2014, destaca-se a criação da Reunião de Autoridades
sobre Privacidade e Segurança da Informação e Infraestrutura Tecnológica do MERCOSUL e da Reunião
de Autoridades de Povos Indígenas. Uma das prioridades da Presidência venezuelana, o foro indígena é
responsável por coordenar discussões, políticas e iniciativas em benefício desses povos. Foram também
adotadas, em Caracas, as Diretrizes da Política de Igualdade de Gênero do MERCOSUL, bem como o
Plano de Funcionamento do Sistema Integrado de Mobilidade do MERCOSUL (SIMERCOSUL). Criado
em 2012, durante a Presidência brasileira, o SIMERCOSUL tem como objetivo aperfeiçoar e ampliar as
iniciativas de mobilidade acadêmica no âmbito do Bloco.

88
Adaptado de: http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-mercosul

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
No segundo semestre de 2014, a Argentina assumiu a Presidência Pro Tempore do MERCOSUL.
Entre os principais resultados da Cúpula de Paraná, Argentina, destacam-se: a assinatura de Memorando
de Entendimento de Comércio e Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e o Líbano; a assinatura
de acordo-quadro de Comércio e Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e a Tunísia; e a aprovação
do regulamento do Mecanismo de Fortalecimento Produtivo do bloco.
Em 17 de dezembro de 2014, o Brasil recebeu formalmente da Argentina a Presidência Pro Tempore
do MERCOSUL, que foi exercida no primeiro semestre de 2015. No dia 17 de julho de 2015 a Presidência
Pro Tempore foi passada ao Paraguai, que a exercerá por um período de seis meses.

Dados Gerais

Composição do Bloco
Todos os países da América do Sul participam do MERCOSUL, seja como Estado Parte, seja como
Estado Associado.
Estados Partes: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai (desde 26 de março de 1991) e Venezuela
(desde 12 de agosto de 2012).
Estado Parte em Processo de Adesão: Bolívia (desde 7 de dezembro de 2012).
Estados Associados: Chile (desde 1996), Peru (desde 2003), Colômbia, Equador (desde 2004),
Guiana e Suriname (ambos desde 2013).

Objetivos
O MERCOSUL tem por objetivo consolidar a integração política, econômica e social entre os países
que o integram, fortalecer os vínculos entre os cidadãos do bloco e contribuir para melhorar sua qualidade
de vida.

Princípios
O MERCOSUL visa à formação de mercado comum entre seus Estados Partes. De acordo com o art.
1º do Tratado de Assunção, a criação de um mercado comum implica:
- Livre circulação de bens, serviços e fatores de produção entre os países do bloco;
- Estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial conjunta em
relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros
econômico-comerciais regionais e internacionais;
- Coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes;
- Compromisso dos Estados Parte em harmonizar a legislação nas áreas pertinentes, a fim de
fortalecer o processo de integração.

O segundo governo Fernando Henrique


Em seu segundo mandato, vencido novamente através da disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva,
houveram dificuldades para manter o valor do Real em relação ao Dólar.
A partir de dezembro de 1994 eclodiu a crise cambial mexicana, e a saída de capital especulativo
relacionada à queda da cotação do dólar nos mercados internacionais começou a colocar em xeque a
estabilização da economia nacional e o Plano Real, que dependia em grande parte do capital estrangeiro.
A crise mostrou que a política de contenção da inflação com a valorização das moedas nacionais frente
ao dólar não poderia ser sustentável no longo prazo.
Negando sempre à similaridade entre o Brasil e o México e a Argentina, o governo passou a
desacelerar a atividade econômica e a frear a abertura internacional com a elevação da taxa de juros,
aumento das restrições às importações e com estímulos à exportação. Com a necessidade de opor a
situação econômica brasileira à mexicana, como um sinal ao capital especulativo, o governo quis mostrar
que corrigiria a trajetória de sua balança comercial, atingindo saldo positivo.
Após retomada do crescimento entre abril de 1996 e junho de 1997, a crise dos “Tigres Asiáticos”, que
começou com a desvalorização da moeda da Tailândia, se alastrou para Indonésia, Malásia, Filipinas e
Hong Kong e acabou por atingir Nova York e os mercados financeiros mundiais.
A crise obrigou o governo a elevar novamente as taxas de juros e decretar um novo ajuste fiscal.
Novamente a fuga de capitais voltou a assolar a economia brasileira e o Plano Real.
A consequência foi a demissão de 33 mil funcionários públicos não estáveis da União, suspensão do
reajuste salarial do funcionalismo público, redução em 15% dos gastos em atividades e corte de 6% no
valor dos projetos de investimento para 1998, o que resultou em uma diminuição de 0,12% do PIB naquele
ano.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
A crise se intensificou em agosto com o aumento da instabilidade financeira na Rússia, com a
desvalorização do rublo e a decretação da moratória por parte do governo.
A resposta brasileira foi a mesma de sempre, a elevação da taxa de juros básica para até 49% e um
novo pacote fiscal para o período 1999/2001. No entanto, diferentemente das outras duas crises, o
governo recorreu ao FMI em dezembro de 1998, com quem obteve cerca de US$ 41,5 bilhões,
comprometendo-se a manter o mesmo regime cambial, desvalorizando gradativamente o Real, acelerar
as privatizações e as reformas liberais, realizar o pacote fiscal e assumir metas com relação ao superávit
primário.

O fim da âncora cambial


Nos primeiros dias do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, em janeiro de 1999, a
repercussão da crise cambial russa chegou ao seu limite no Brasil. As elevadas taxas de juros
começavam a perder força como ferramenta de manutenção do capital externo na economia brasileira e
um novo déficit recorde na conta de transações correntes obrigou o governo a mudar a banda cambial,
que foi ampliada para R$ 1,32.
Logo no primeiro dia, o Real atingiu o limite máximo da banda, sendo desvalorizado em 8,2%, o que
influenciou na queda do valor dos títulos brasileiros no exterior e das bolsas de valores do mundo todo.
O Banco Central tentou defender o valor da moeda, vendendo dólares, mas a saída de capitais continuou
ameaçando se aproximar do limite de 20 bilhões, que foi acordado com o FMI no ano anterior. Nesse
momento, o governo não teve outra escolha senão deixar o câmbio flutuar livremente, alcançando a
cotação de R$ 1,98 em 13 dias.
Os índices de desemprego atingiram um alto nível, alcançando 7,6 milhões de pessoas em 1999,
número três vezes maior que os 2 milhões do final da década de 1980. Apenas a Federação Russa, com
9,1 milhões e a Índia com 40 milhões possuíam taxas de desemprego maiores que as do Brasil.
No plano político, foi aprovada em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal, com o objetivo de controlar
os gastos do poder público e de restringir as dívidas deixadas por prefeitos e governadores a seus
sucessores.

O governo Lula
Pouco antes de encerrar seu primeiro mandato, Fernando Henrique aprovou uma emenda que alterou
a constituição, permitindo a reeleição por mais um mandato. Com o fim de seu segundo mandato em
2002, José Serra, que foi ministro da saúde e um dos fundadores do PSDB foi apoiado por Fernando
Henrique para a sucessão.
Do lado da oposição, Lula concorreu à presidência pela quarta vez, conseguindo levar a disputa para
o segundo turno com o candidato tucano, quando obteve 61% dos votos válidos.
A vitória de Lula foi atribuída ao desejo de mudança na distribuição de riquezas, entre diversos grupos
sociais.
Em seus dois mandatos, de 2003 a 2010, não foram adotadas medidas grandiosas, com o presidente
buscando ganhar progressivamente a confiança de agentes econômicos nacionais e internacionais. Foi
mantida a política econômica do governo FHC, com a busca pelo combate da inflação por meio de altas
taxas de juros e estímulos à exportação. Em 2005 foi saldada a dívida com o FMI.
Como resultado da política econômica, em julho de 2008 a dívida externa total do país era de US$ 205
bilhões, e o país possuía reservas internacionais acima dos US$ 200 bilhões.
As exportações bateram recordes sucessivos durante o governo Lula, com ampliação do saldo positivo
da balança comercial.
No plano social, o projeto de maior repercussão e sucesso foi o Bolsa-Família, baseado na
transferência direta de recursos para famílias de baixa ou nenhuma renda. Em janeiro de 2009 o programa
já contava com mais de 10 milhões de famílias atendidas, recebendo uma remuneração que variava de
R$ 20,00 a R$ 182,00. Para utilizar o programa, era exigência a frequência escolar e vacinação das
crianças. O programa teve como efeito a melhoria alimentar e nutricional das famílias mais pobres, além
de uma leve diminuição nas desigualdades sociais.
Em seu segundo mandato, destacou-se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O Mensalão
Em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB – RJ) denunciou no jornal Folha de São Paulo o
esquema de compra de votos conhecido como Mensalão.
No Mensalão deputados da base aliada do PT recebiam uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem de
acordo com os interesses do partido. Entre os parlamentares envolvidos no esquema estariam membros

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do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)
e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
Entre os nomes mais citados do esquema estão José Dirceu, que na época era ministro da Casa Civil
e foi apontado como chefe do esquema. Delúbio Soares era Tesoureiro do PT e foi acusado de efetuar
os pagamentos aos membros do esquema. Marcos Valério, que era publicitário e foi acusado de arrecadar
o dinheiro para os pagamentos.
Outras figuras de destaque no governo e no PT também foram apontadas como participantes do
mensalão, tais como: José Genoíno (presidente do PT), Sílvio Pereira (Secretário do PT), João Paulo
Cunha (Presidente da Câmara dos Deputados), Ministro das Comunicações, Luiz Gushiken, Ministro dos
Transportes, Anderson Adauto, e até mesmo o Ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

PROCESSO DE IMPEACHMENT DE DILMA89


Às 13h34 desta quarta-feira (31/08/16), Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment e encerrou seu
mandato frente à Presidência da República. Em discurso após a votação no Senado, Dilma disse que
sofreu um segundo golpe e prometeu uma oposição “firme e incansável”. Às 16h49, Michel Temer (PMDB)
deixou a vice-presidência oficialmente e foi empossado presidente. Mais tarde, na primeira reunião
ministerial, respondeu aos opositores, prometendo não levar “desaforo para casa”: “golpista é você”.
Após 73 horas, o julgamento do impeachment no Senado terminou com o veredicto de condenação de
Dilma por crime de responsabilidade, pelas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e por ter editado decretos
de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional. Foram 61 a favor e 20 contrários ao
impeachment, sem abstenções. Em uma segunda votação, os senadores decidiram manter a
possibilidade de Dilma disputar novas eleições e assumir cargos na administração pública.
Governistas surpresos com a segunda votação prometeram recorrer. Segundo o colunista Gerson
Camarotti, a divisão foi costurada entre PT e PMDB para aliviar Dilma. O senador Aloysio Nunes (PSDB-
SP) decidiu entregar o cargo, mas Temer não aceitou. O senador Fernando Collor, que sofreu
impeachment em 1992, criticou: "dois pesos, duas medidas”.

Discurso de Dilma
Em seu primeiro pronunciamento, a agora ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que a decisão é o
segundo golpe de estado que enfrenta na vida e que os senadores que votaram pelo seu afastamento
definitivo rasgaram a Constituição. Ao lado de aliados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi
enfática: "Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos
lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode
sofrer.

Posse de temer
Três horas após o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer foi empossado o novo presidente da
República. A cerimônia durou apenas 11 minutos. Ao apertar a mão de Temer, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a ele: "Estamos juntos".
Na primeira reunião ministerial do governo, Temer afirmou que agora a cobrança sobre o governo será
"muito maior" e rejeitou a acusação de que o impeachment foi um golpe. "Golpista é você, que está contra
a Constituição", afirmou dirigindo-se a Dilma.
O novo presidente embarca para a China, onde participa, nos dias 4 e 5, em Hangzhou, da Cúpula de
Líderes do G20, grupo das 20 principais economias do mundo. Temer afirmou que vai "revelar aos olhos
do mundo que temos estabilidade política e segurança jurídica." Durante a ausência, assume
provisoriamente a Presidência o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.

Repercussão e manifestações
Após a votação final do impeachment, houve protestos a favor e contra Temer pelo país. Na Avenida
Paulista, um grupo protestava contra o impeachment, enquanto outro comemorava com bolo e
champagne.

Repercussão internacional
A rede norte-americana CNN deu grande destaque à notícia em seu site e afirmou que a decisão é
“um grande revés” para Dilma, mas "pode não ser o fim de sua carreira política". O argentino “Clarín”
afirma que o afastamento de Dilma marca “o fim de uma era no Brasil”. O “El País”, da Espanha, chamou

89
31/08/2016 – Fonte: http://especiais.g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/2016/impeachment-de-dilma/

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a atenção para a resistência da ex-presidente, que decidiu enfrentar o processo até o final, apesar das
previsões de que seu afastamento seria concretizado.

E como fica agora?90


O rito da destituição de Dilma foi consumado e o Partido dos Trabalhadores (PT), que a sustentava,
passa à oposição, depois de 13 anos no poder. Mas o Senado manteve os direitos políticos dela, o que
lhe permitirá se candidatar a cargos eletivos e exercer funções na administração pública.
A saída da presidenta era desejada, segundo as pesquisas, por 61% dos brasileiros, o que não impede
que tenha sido uma comoção nacional.
Atualmente o presidente Temer está afundado em denúncias e escândalos e também sofre grande
pressão para deixar o cargo.

Questões

01. (IF-AL- Cefet) O Brasil, a partir do processo de redemocratização (1985), definiu-se por medidas
econômicas que foram significativamente adotadas. Podemos afirmar que entre as medidas citadas
consta:

(A) Processo de privatização em ramos da economia, como comunicação e mineração.


(B) Prioridade na ampliação do comércio internacional com os países africanos e asiáticos.
(C) Proteção da indústria nacional, por meio do aumento de tarifas alfandegárias de importações.
(D) Retirada da prioridade para exportações dos produtos agrícolas nacionais.
(E) Um intenso programa de reforma agrária no país, inclusive sem indenizações das terras
desapropriadas.

02. (CESGRANRIO) Nas cidades gregas da Antiguidade, a democracia limitava-se à minoria da


população. Os escravos e as mulheres não tinham direitos políticos. Além disso, só aqueles que nasciam
na cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, quem NÃO pode votar no Brasil atualmente são os
(A) maiores de 70 anos.
(B) maiores de dezesseis anos.
(C) estrangeiros naturalizados.
(D) analfabetos.
(E) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.

03. (MPE-SP – VUNESP) Com o fim da ditadura e o restabelecimento da normalidade democrática, a


escolha do Presidente da República passou a ocorrer por meio do voto popular, exigindo que os
candidatos expusessem suas propostas e o histórico de sua atuação política. Nos anos 1980 e 1990,
respectivamente, o Brasil conheceu um candidato popularmente chamado de “O caçador de marajás” e
outro que, enquanto foi Ministro da Fazenda, ganhou notoriedade pela implantação do Plano Real,
responsável pela estabilização da economia nacional. Esses presidentes foram, respectivamente,

(A) Fernando Collor de Mello e Tancredo Neves.


(B) José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
(C) Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
(D) Tancredo Neves e Itamar Franco.
(E) Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva.

Respostas

01. Resposta: A
Entre as medidas tomadas para garantir o funcionamento da economia brasileira estiveram os
programas de privatização de algumas empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, por exemplo.

02. Resposta: E
Os menores de 16 anos, os conscritos (o jovem prestando serviço militar obrigatório), e os presos com
sentença transitada em julgado que estejam cumprindo suas penas privativas de liberdade não podem

90
31/08/2016 – Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/01/opinion/1472682823_081379.html

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votar. A razão para isso é que todos eles seriam facilmente manipuláveis pelos pais, pelo comandante do
quartel ou pelo diretor do presídio.

03. Resposta: C
Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre).
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro
turno, contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Geografia do Brasil

Brasil: Um grande País Ocidental

O Brasil atualmente tem uma área de 8.516.000 Km², o que faz dele o quinto maior país do mundo em
extensão territorial.
A posição geográfica do Brasil define-o como um país ocidental, situado na porção centro-oriental da
América do Sul.
A melhor maneira de localizar o país com maior precisão nesse continente e no mundo consiste em
recorrer às coordenadas geográficas – latitude e longitude.
Esse método para localizar qualquer lugar na superfície terrestre foi desenvolvido ainda na
Antiguidade.

Latitude:
A latitude corresponde à distância, medida em graus, de um ponto qualquer da superfície terrestre à
linha imaginária do Equador.
A latitude varia de 0º na linha do Equador até 90º nos polos (Norte e Sul).
Todos os pontos que se situam ao longo de um mesmo paralelo têm a mesma latitude, pois estão a
igual distância do Equador.
Os 4.394,7 quilômetro que separam os extremos norte (monte Caburaí, em Roraima) e sul (arroio Chuí,
no Rio Grande do Sul) do Brasil dão uma ideia de sua grande extensão.
Enquanto o extremo norte é atravessado pela linha do Equador, o centro-sul é cortado pelo Trópico de
Capricórnio.
Essa grande variação de latitude altera a obliquidade, isto é, a inclinação dos raios solares que incidem
sobre a superfície do território brasileiro.
Por esse motivo, enquanto a maior parte do País registra temperaturas elevadas o ano todo
(característica dos climas tropical e equatorial), o extremo sul apresenta temperaturas médias anuais mais
baixas e maior amplitude térmica anual, isto é, maior variação de temperatura ao longo do ano
(características do clima subtropical).
A variedade de climas decorrente da variação de latitude é a principal responsável pela exuberante
natureza encontrada no Brasil, pois favorece a ocorrência de uma ampla diversidade de paisagens
vegetais.

Longitude:
A longitude corresponde à distância em graus de um ponto qualquer em relação ao meridiano de
Greenwich, linha imaginária que passa sobre o observatório de mesmo nome, situado perto de Londres.
Esse meridiano divide a Terra em dois hemisférios: oeste e leste.
O Brasil localiza-se integralmente no hemisfério ocidental.
Como vimos, a variação de latitude gera uma sucessão de paisagens climatobotânicas no Brasil.
Por outro lado, a grande extensão leste-oeste do território brasileiro, isto é, sua enorme variação de
longitude, é responsável pela existência de quatro fusos horários.
Como a Terra completa seu movimento de rotação a cada 24 horas, dividindo-se 360º (ângulo de uma
circunferência) por 24 obtém-se um intervalo de 15º, chamado fuso horário.
A distância entre os extremos leste e oeste do Brasil é de 39º (que equivale a 4.319,4 Km).
Dividindo-se esse número por 15º, tem-se aproximadamente 2,7 fusos horários.
Isso significa que pelo menos três fusos horários atravessam o território brasileiro.
Como ainda há várias ilhas atlânticas em alto-mar que fazem parte do território brasileiro, um quarto
fuso horário as engloba.

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Os Fusos Horários no Brasil:
Como vimos, devido à sua grande extensão no sentido leste-oeste, o Brasil apresenta quatro fusos
horários diferentes.
A maior parte do território fica no segundo fuso horário (atrasado três horas em relação a Greenwich),
que corresponde à hora oficial do Brasil – ao horário de Brasília.
Nesse fuso estão incluídas as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e parte das regiões Norte e Centro-
Oeste.
O limite prático dos fusos acompanha a divisão política do país para evitar a existência de dois fusos
dentro do mesmo estado, exceção feita ao Amazonas e ao Pará (os maiores estados do país).

Lembre-se:
Equinócio é a data em que o dia e a noite apresentam a mesma duração;
Solstício é a data em que o dia e a noite apresentam a maior assimetria possível. O solstício de
verão ocorre quando o período de insolação (dia) é o maior do ano. Por sua vez, o solstício de inverno
ocorre quando se registra a noite mais longa do ano.

O Brasil, desde setembro de 2013, possui novamente quatro fusos horários.91

Veja abaixo, como ocorreu tal processo:92

Como a Terra leva aproximadamente vinte e quatro horas para completar o ciclo do movimento de
rotação – que resulta na existência alternada entre dias e noites –, o planeta é dividido em 24 fusos
horários, em que cada fuso representa uma hora em sua área de abrangência. Essa contagem é feita a
partir do Meridiano de Greenwich, uma linha imaginária estabelecida por convenção e que “corta” a cidade
de Londres e toda a sua extensão em direção ao sul.
Dessa forma, todos as localidades que se encontram a leste (oriente) em relação a Greenwich tem
suas horas somadas pelo número de fusos de distância, enquanto tudo o que se encontra a oeste
(ocidente) tem suas horas diminuídas.

O território brasileiro, por se encontrar no hemisfério ocidental, possui o seu horário atrasado em
relação ao meridiano mencionado. Além disso, em razão de o país possuir uma ampla extensão, sua
localização é dividida em quatro fusos horários, cuja demarcação oficial (a hora legal) é estabelecida
conforme o mapa a seguir:

Mapa com os fusos horários brasileiros. As linhas representam a hora real, e as cores indicam a hora legal.

As linhas verticais traçadas acima representam o horário “real” dos fusos, isto é, a hora exata em
relação ao distanciamento de cada um dos fusos horários. No entanto, se essa divisão fosse adotada à
risca, ficaria muito complicado para certas localidades que estariam posicionadas em dois fusos diferentes
ao mesmo tempo. Por isso, estabelece-se no Brasil – e também no mundo – a hora legal, que é adotada
oficialmente pelos governos, representada pelas diferenças de cores no mapa acima.

O primeiro fuso horário brasileiro encontra-se duas horas atrasado em relação ao Meridiano de
Greenwich e uma hora adiantado em relação ao horário de Brasília. Esse fuso abrange apenas algumas
ilhas oceânicas pertencentes ao Brasil, como Fernando de Noronha e Penedos de São Pedro e São
Paulo.

91
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. – Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça. – 3ª edição – São Paulo: Saraiva.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia Geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço. Volume único. James & Mendes. – São Paulo: FTD.
92
PENA, Rodolfo F. Alves. "Fusos Horários no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/fuso-horario-brasileiro.htm>.

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O segundo fuso horário do país encontra-se três horas atrasado em relação a Greenwich e abrange
a maior parte do território nacional, com a totalidade das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, além dos
estados do Pará, Amapá, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal. É o horário oficial de Brasília.
O terceiro fuso horário encontra-se quatro horas atrasado em relação a Greenwich e uma hora em
relação ao horário de Brasília. No horário de verão, essa diferença aumenta para duas horas, pois os
estados abrangidos (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e a maior parte do Amazonas)
não fazem parte desse horário especial.
O quarto fuso horário encontra-se cinco horas atrasado em relação a Greenwich e duas horas em
relação ao horário de Brasília, aumentando para três horas durante o horário de verão. Abrange somente
o estado do Acre e uma pequena parte oeste do Amazonas. Esse fuso foi extinto no ano de 2008, onde
a área passou a integrar o fuso de -4, no entanto, em setembro de 2013, essa extinção foi revogada
após aprovação em um referendo promulgado em 2010.

O Horário de Verão no Brasil:


O horário de verão foi adotado pela primeira vez no Brasil em 1931. Ocorreram vários períodos de
interrupção, mas está sendo aplicado de modo contínuo desde 1985. Sua função primordial é a economia
de energia, que nos últimos anos oscilou entre 1 e 2%, quantidade especialmente importante em anos de
racionamento energético.
Em geral, o horário de verão estende-se de outubro a fevereiro, período em que, especialmente no
Centro-Sul, a duração dos dias é bem maior. Nesse período o governo determina que a população adiante
os relógios uma hora. Isso permite aproveitar melhor a luz natural, mantendo as luzes apagadas durante
mais tempo.
Na maioria dos estados das regiões Nordeste e Norte, mais próximos do Equador, o horário de verão
não tem sido adotado. Como nesse área a duração dos dias e das noites não varia muito ao longo do
ano, os benefícios do horário de verão seriam desprezíveis.

A Linha Internacional de Mudança de Data:


Cerca de 900 Km, em linha reta, separam São Paulo (SP) de Campo Grande (MS). Se em São Paulo
são 8 horas, em Campo Grande são 7.
Devido à diferença de fuso entre as duas cidades, se um avião fizer o percurso São Paulo – Campo
Grande no tempo de uma hora, a hora local de chegada em Campo Grande curiosamente será a mesma
da saída em São Paulo.
Como as distâncias são as mesmas, num primeiro momento essas colocações causam surpresa.
Antonio Pigafetta, responsável por registar o diário de bordo da primeira viagem de circunavegação da
Terra, capitaneada por Fernão de Magalhães, surpreendeu-se: chegou às ilhas Cabo Verde numa quinta-
feira, 10 de julho de 1522, embora seu diário de bordo acusasse quarta-feira, 9 de julho de 1522. Como
a circunavegação foi realizada no sentido contrário ao movimento de rotação da Terra, a expedição
perdeu um dia no calendário.

LID: A LID – Linha Internacional da Data – é o marco imaginário que indica onde um dia acaba e
começa o seguinte. Definida no final do século XIX, ela passa pelo oceano Pacífico e corresponde,
aproximadamente, ao anti-meridiano de Greenwich, situado a 180º do meridiano inicial. Por
convenção internacional, a LID determina a mudança de data civil na Terra. O horário na faixa de fuso
em que a linha está situada é o mesmo tanto de um lado como de outro da linha. No entanto, a parte
leste (o lado direito, se olharmos para uma mapa com o norte na parte de cima) da LID, situada no
hemisfério Oeste (Ocidental0, tem um dia a menos em relação à parte oeste (o lado esquerdo), situada
no hemisfério Leste (Oriental).

Outra observação curiosa: se viajarmos para oeste e dermos uma volta completa ao redor da Terra,
“perderemos” um dia, pois estaremos caminhando contra o sentido do movimento de rotação – nesse
caso, os dias são mais longos. Na situação oposta, se circundarmos a Terra no sentido leste, ganharemos
um dia, pois estaremos viajando no mesmo sentido do movimento de rotação da Terra: de oeste para
leste.
A mudança da data já gerou fatos curiosos.
Por exemplo: o imperador do Japão faleceu à 1h25min do dia 25 de dezembro de 1926, em seu país.
Como o Brasil está situado a leste da linha internacional de mudança de data e o Japão, a oeste, o
falecimento foi noticiado aqui na tarde de 24 de dezembro. Como consequência disso, a embaixada do
Japão, no Rio de Janeiro, decretou luto pela morte do soberano de seu país, teoricamente, na véspera
do seu falecimento.

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Crescimento Populacional no Mundo e no Brasil
Calcula-se que neste início do século XXI, a cada ano, mais 80 milhões de pessoas passam a habitar
a Terra, uma população equivalente à da Alemanha. A maioria será pobre e viverá principalmente na
África, na Ásia ou na América Latina. São nessas regiões da Terra que estão situados os países de maior
crescimento demográfico do mundo.
O ritmo de crescimento populacional no início da história da humanidade foi muito lento. A natalidade
elevada era acompanhada pela mortalidade quase na mesma proporção. A fome, as epidemias, as
catástrofes naturais chegavam a dizimar povos inteiros.
Foi a partir dos séculos XVII e XVIII que o crescimento populacional tornou-se mais acelerado.
Inicialmente foi um fenômeno restrito à Europa, decorrente das transformações no modo de vida trazidas
pela Revolução Industrial.

As taxas – fundamentos básicos para a leitura dos dados demográficos


Taxa de natalidade: número de nascidos vivos em um ano por mil habitantes. É a relação entre os
nascimentos e a população total, expressa por mil habitantes.

Exemplo:

Nascimentos anuais: 775 000;


População total: 55 173 000 habitantes;
Taxa de natalidade: 775 000 x 1000 = 14%

Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, nasceram 14 crianças vivas num ano.

Taxa de mortalidade: número de óbitos em um ano por mil habitantes. É calculada a partir da
relação entre óbitos anuais, multiplicados por mil, e a população total.

Exemplo:

Óbitos anuais: 335 000;


População total: 55 173 000 habitantes;
Taxa de mortalidade: 335 000 x 1000 = 6%

Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, morreram 6 pessoas num ano.

Obs.: As taxas de natalidade e de mortalidade também são expressas em porcentagem. Assim,


baseando-se nos dados dos exemplos anteriores: taxa de natalidade, 1,4%; taxa de mortalidade, 0,6%.

Taxa de crescimento vegetativo: diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.


Conforme os exemplos de taxas de natalidade e mortalidade anteriores:

Taxa de natalidade: 14%;


Taxa de mortalidade: - 6%;
Crescimento vegetativo: 8% ou 0,8%

Obs.: A taxa de crescimento vegetativo é também denominada taxa de crescimento natural.

Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em idade de procriar, entre 15 e 49 anos.

Taxa de mortalidade infantil: é o número de óbitos de crianças com menos de u mano de vida, a
cada mil nascidas vivas, considerando-se o período de um ano.

A Revolução Industrial e o Crescimento Demográfico


A Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, teve forte repercussão na organização socioespacial.
Passaram a ocorrer um intenso processo de migração do campo para as cidades, mudanças de hábitos
e novas relações de trabalho. As condições de vida nas áreas industriais eram inicialmente precárias,
mas aos poucos nas cidades foram ocorrendo melhorias sanitárias significativas e a população urbana
passou a ter maior acesso aos serviços de saúde. A Revolução Industrial, enfim, não foi apenas uma

. 222
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transformação no modo de produzir mercadorias, mas uma transformação tecnológica e cientifica que
atingiu todas as áreas do conhecimento, entre as quais a medicina.
A solução de problemas sanitários e o avanço na medicina contribuíram para a diminuição da
mortalidade infantil e da mortalidade da população em geral. A elevação da média de vida provocou o
aumento do número de habitantes nos países que primeiramente se industrializaram. A vacina contra a
varíola, entre o final do século XVIII e o início do XIX, foi a descoberta médica mais importante para o
crescimento populacional, já que houve redução das taxas de mortalidade e a natalidade permaneceu
por longo tempo ainda em patamares elevados.
Alguns pesquisadores do período da Revolução Industrial consideram outros fatores também
responsáveis pela elevação do crescimento populacional nos países industrializados do século XIX. Por
exemplo, a utilização generalizada da mão-de-obra infantil nesse período pode ter estimulado o aumento
do número de filhos para ampliar a renda das famílias. Assim, o crescimento populacional teria resultado
não apenas da diminuição da mortalidade, mas também do aumento da natalidade.

Dinâmica do Crescimento Populacional no Brasil


Há cem anos o Brasil tinha cerca de 17 milhões de habitantes, o equivalente hoje à metade da
população do Estado de São Paulo. Em 2005, a população do país era aproximadamente 184 milhões, o
que colocava o Brasil como o quinto país mais populoso do mundo.
A dinâmica demográfica ilustra o acelerado crescimento ocorrido a partir de 1940, com as conquistas
médicas e a consequente queda das taxas de mortalidade nos países subdesenvolvidos. Esse processo
foi continuo até os anos 1960, quando o crescimento atingiu o ápice com taxas médias de crescimento
de quase 3% ao ano.
A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme
resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda. Esse declínio, como visto, deve-se à maior
inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação de uso de pílulas anticoncepcionais, ao
aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres, entre outros fatores,
relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na segunda metade do
século passado. Como resultado, as famílias brasileiras diminuíram de tamanho.
No caso das mulheres pobres, o trabalho extradomiciliar tornou-se imprescindível à complementação
da renda familiar. Em cerca de 25% dos domicílios, a renda feminina passou a ser a base do orçamento
doméstico.
A taxa de fecundidade da mulher brasileira caiu de 6,3 filhos em 1960 para 2,3 filhos em 2000. Nas
famílias mais pobres, a queda da fecundidade está, em boa parte, relacionada à esterilização feminina.
As mulheres pobres têm dificuldade de acesso a informações e serviços de contracepção, acabando por
optar pela esterilização logo após o primeiro parto.

Evolução das taxas de fecundidade no Brasil


Ano Taxa de fecundidade total
1960 6,3
1970 5,8
1975 4,3
1984 3,6
1991 2,6
2000 2,3
Fonte: IBGE, 2002.

A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais compreensível a partir da análise de dois processos
que a compõem:
* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;
* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.
O comportamento das populações muda ao longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por
isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.
Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando
profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na
dinâmica demográfica.

O Crescimento vegetativo de um país é o índice que resulta da diferença entre a taxa de


natalidade e a de mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou
negativo.

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O Crescimento horizontal de um país resulta da diferença entre o total de imigrantes e o de
emigrantes registrada num dado período. Pode ser, também, positivo ou negativo.

Crescimento, Composição Etária e Impactos Sociais


Os padrões demográficos gerais de um país ou região (natalidade, mortalidade, migrações)
determinam a distribuição da população por faixas de idade.
Essa distribuição, ao mesmo tempo que resulta do estágio de desenvolvimento, causa impacto na
economia e na distribuição dos recursos em saúde, educação, formação profissional e outros.
Não existe um único critério para a distribuição da população por faixa etária, mas o mais utilizado e
adotado (inclusive pelo IBGE atualmente) divide a população em jovens (0-14 anos), adultos (15-65 anos)
e idosos (acima de 65 anos).
Essa divisão tem por base a população ligada ao mercado de trabalho (pessoas de 15 a 65 anos),
empregada ou não, e as pessoas que são consideradas fora desse mercado (com menos de 15 anos e
com mais de 65 anos).
É evidente que tal critério não atende ás condições de diversos países em que, entre as camadas
sociais pobres, o trabalho infantil é um fato comum e os idosos veem-se, em muitos casos, obrigados a
trabalhar até morrerem ou se tornarem incapazes de qualquer atividade por motivo de doença ou de
incapacidade física.

Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 2000, quase três milhões de
crianças entre cinco e 14 anos trabalhavam no Brasil.
O subemprego é uma forma precária de complementação de renda para os idosos que não
conseguem reingressar no mercado de trabalho formal.

Fundamentos básicos para a análise de um histograma de distribuição etária e sexual e as fases


de crescimento demográfico
A pirâmide etária é uma representação da população por sexo e idade em um gráfico conhecido como
histograma. Deve ser analisado a partir dos percentuais de homens e mulheres em cada faixa etária com
relação à população total. O tamanho de cada barra corresponde à proporção de cada grupo de idade,
conforme o sexo: masculino, cujas barras estão no lado esquerdo da pirâmide; ou feminino, cujas barras
estão no lado direito.
No eixo horizontal do gráfico (base) está registrado o percentual da população por sexo. No eixo
vertical estão indicadas as diferentes faixas etárias da população. Por meio das pirâmides etárias é
possível analisar algumas alterações demográficas dos países e as tendências dessas alterações.

Fonte: Mundo Educação

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
Fonte: Dr. Gustavo Borgo

Como as barras da base da pirâmide correspondem às faixas de idade, uma pirâmide de base larga
com formato piramidal (triangular) representa um país de população jovem acentuada e menor
expectativa de vida, como os países subdesenvolvidos, que ainda permanecem em fase de crescimento
acelerado, ou na primeira fase da transição demográfica.

As pirâmides que apresentam pequeno estreitamento na base mas o restante da pirâmide triangular,
como as de alguns países subdesenvolvidos industrializados (Brasil, México, Argentina) ou de nível
sociocultural mais elevado (Chile, Uruguai, Costa Rica) estão na segunda fase da transição
demográfica.

As pirâmides com formas irregulares e topo largo correspondem aos países com predomínio de
população adulta e população envelhecida, caso dos países desenvolvidos que atingiram a fase de
estabilização demográfica.

Fonte: Cidadania & Cultura


A questão etária nos países subdesenvolvidos de elevado crescimento demográfico

Nos países subdesenvolvidos que ainda mantêm um elevado padrão de crescimento populacional, o
número de jovens é superior às demais faixas etárias da população. Os custos de manutenção e de
formação da população na faixa etária dos jovens são um sério problema nos países onde o Estado, além
de desprovido dos recursos necessários, está mal estruturado para atender às necessidades de saúde e
educação.
Além disso, o grande número de jovens coloca as populações dos países mais pobres numa situação
desfavorável. A necessidade de sustentar um número maior de filhos limita a formação da poupança
familiar e dificulta oferecer a educação necessária à ascensão social e ao progresso econômico. De um
ponto de vista mais amplo, os países subdesenvolvidos são impedidos de aproveitar seu melhor recurso,
o humano.
No estágio atual da globalização econômica e transformações tecnológicas, os trabalhadores menos
qualificados têm sido os mais afetados pelo desemprego, e a tendência é de que as inovações dos
processos de produção os afastem ainda mais do mercado de trabalho. O baixo investimento na formação

. 225
1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
educacional dos jovens, que ainda por algumas décadas constituirão a parcela maior da população do
planeta, aponta questões difíceis de serem resolvidas a curto e a médio prazos.

Mudanças Etárias no Brasil


Outra questão enfrentada por vários países, entre os quais o Brasil, ao lado de outros “emergentes”, é
o envelhecimento da população.
A diminuição da porcentagem de jovens ainda não é significativa em relação à sua importância
numérica.
Por outro lado, ela veio acompanhada do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, da
maior quantidade de velhos no conjunto da sociedade.
Muitos, aposentados ou não, ainda trabalham, outros são amparados pela família e outros ainda
recebem aposentadoria.

A questão etária nos países desenvolvidos


Nos países desenvolvidos o crescimento da população que não trabalha decorre basicamente do
aumento da população idosa, pois as baixas taxas de fecundidade não contribuem para a formação de
um grupo etário numeroso. Enquanto a média mundial de fecundidade da mulher situa-se em torno de
2,6 filhos, nos países desenvolvidos é de 1,5 e nos países subdesenvolvidos é de 2,8 filhos. Para que um
país mantenha a sua população em volume constante é preciso que a taxa seja de 2 filhos para cada
mulher, necessária para a reposição da população que morre.
O processo de aumento na participação dos idosos no conjunto total da população é denominado
envelhecimento da população, o qual obriga os países desenvolvidos (cuja população com mais de 65
anos, a maioria fora do mercado de trabalho, é superior à 15% da população total) a destinarem um
volume crescente de recursos ao sistema de previdência. No Japão, na Itália, Alemanha e Grécia, por
exemplo, 1 em cada 5 pessoas tem mais de 65 anos de idade.

Alguns países desenvolvidos com maior expectativa de vida - 2003


Países Expectativa de vida (anos)
Suécia 80,1
Islândia 79,8
Espanha 79,3
Suíça 79,1
França 79
Noruega 78,9
Itália 78,7
Fonte: L´État du monde, 2005.

Nos países classificados pela ONU como “emergentes”, caso do Brasil, a situação também é
preocupante. Nesses países, embora o índice de crescimento populacional venha diminuindo (e,
consequentemente, o número de jovens), o índice da população idosa vem aumentando.

Envelhecimento Populacional e Previdência Social


A questão da previdência social pode, segundo alguns economistas – sobretudo os de orientação
neoliberal -, acarretar consequências negativas para os orçamentos dos governos e ter repercussões
também ruins no mercado financeiro mundial quando o número da população idosa for bem superior ao
de contribuintes inseridos no mercado de trabalho. Esse problema ameaça tanto os países desenvolvidos
quanto os subdesenvolvidos, nos quais é ainda mais grave. É o que ocorreu com o Brasil no começo
deste século. Os países desenvolvidos enriqueceram e depois “envelheceram”, mas alguns países
subdesenvolvidos estão “envelhecendo” antes de enriquecerem.
Se, por um lado, a elevação da expectativa de vida prolongou o tempo de recebimento dos benefícios
da aposentadoria, por outro lado, a redução da fecundidade provocará, a médio e longo prazos, a
diminuição do número de contribuintes ao sistema previdenciário.

Envelhecimento Populacional e Previdência Social no Brasil


No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano, pois, se por um lado há um aumento da
expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são
contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população
ocupada em alguma atividade econômica.
Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de
aposentadorias miseráveis.
Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas
formadas no Brasil para roubar o sistema previdenciário.

Distribuição da População por sexo


Há pouco mais de um século havia equilíbrio entre o número de homens e o de mulheres na
composição da população mundial.
Porém, desde o final do século XIX, os recenseamentos vêm acusando um aumento progressivo no
número de mulheres.
Ocorre que até o século XIX as principais causas de mortalidade eram as doenças infecto-contagiosas,
que atingiam proporcionalmente homens e mulheres.
A partir do século XX, gradativamente, aumenta o número de mortes resultantes de doenças
cardiovasculares, que afetam especialmente os homens.
Assim, há um número um pouco maior de mulheres na faixa etária dos idosos.
Naquela época, o IBGE registrou uma expectativa de média de vida de 71 anos, no Brasil.
Para os homens era de 67,3 anos, enquanto a das mulheres chegava a 74,9.
Atualmente, a média está entre 75,2 anos, no geral.
No caso brasileiro influi significativamente o fato de que os homens são as principais vítimas da
violência.
Os homicídios e acidentes atingem principalmente os homens na faixa de idade entre 15 e 35 anos.
A alteração do papel da mulher na sociedade, ao mesmo tempo que representa uma conquista, tem
elevado a taxa de estresse da população feminina.
São comuns, também, os casos em que mulheres separadas são obrigadas a assumir sozinhas a
responsabilidade de cuidar dos filhos e garantir os custos de subsistência e de formação.
Os países ou regiões que atraem imigrantes apresentam um predomínio da população masculina.
Ocorre o contrário nos países ou regiões de emigração, onde há predomínio de mulheres.
No caso brasileiro, esse fator manifesta-se por um número superior de população feminina e mesmo
de mulheres “chefes de família” na região Nordeste, devido à emigração da população masculina para
outras regiões.

Questões

01. (Colégio Pedro II – Segmento do Ensino Fundamental – Colégio Pedro II/2016) A pirâmide
etária representa a estrutura de uma população por gênero e por idade. Observe as pirâmides etárias do
Estado do Rio de Janeiro em dois momentos distintos.

As alterações na base e no topo da pirâmide têm como causa, respectivamente


(A) o aumento da natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(B) a queda de natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(C) o aumento da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.
(D) a queda da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.

02. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC/2016) Segundo relatório do IBGE, a taxa de


mortalidade infantil (TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes por mil nascidos vivos

. 227
1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
em 1990 e passou para 17,7 em 2011. O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da
mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro anos de idade.
A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica demográfica brasileira permitem afirmar que
(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI prevista pelos Objetivos do Milênio
estabelecidos pela ONU.
(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011 teve grande influência no crescimento
demográfico do país.
(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma relativa homogeneização das TMI em todas
as regiões do país.
(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil tornar-se o país com menores TMI em toda
a América Latina.
(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências, dentre as quais o aumento da base da
pirâmide etária do Brasil.

03. (IBGE – Agente de Pesquisas e Mapeamento – CESGRANRIO/2014) Com o avanço da


urbanização do território brasileiro, nas áreas metropolitanas, surgiu um processo demográfico
caracterizado pela migração diária de população trabalhadora entre municípios próximos, dependente,
em grande medida, dos transportes coletivos e de massa.
Esse movimento de população é denominado
(A) imigração
(B) migração de retorno
(C) transmigração
(D) migração pendular
(E) transumância

04. (IBGE – Tecnologista – Geografia – FGV/2016) Na organização do espaço urbano brasileiro na


contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada por duas lógicas, a da localização dos
empregos nos núcleos das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas periféricas. A
incorporação de novas áreas residenciais, o aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente
favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes magnitudes que aglutinam diferentes
unidades espaciais. Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio
de Janeiro: IBGE, 2015. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294 arranjos
populacionais no País, formados por 938 municípios e que representam 55,9% da população residente
no Brasil em 2010.
Os critérios utilizados na identificação dos arranjos populacionais empregam a noção de integração,
medida:
(A) pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo e/ou pela contiguidade urbana;
(B) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos responsáveis por domicílio;
(C) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das empresas de serviços à produção;
(D) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da População Economicamente Ativa;
(E) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens, mercadorias, informações e capitais.

05. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO/Adaptada) Com relação à expectativa de vida dos


brasileiros, os recenseamentos do IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se
(A) retrocesso significativo.
(B) estagnação relativa.
(C) desaceleração abrupta.
(D) aumento progressivo.

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06. (SEE/MG – Professor de Geografia – FCC) Observe o gráfico.

Os dados do gráfico estão corretamente interpretados em:


(A) O excesso de população em relação à capacidade de produção agrícola do território explica a
projeção do IBGE para a possível redução da população brasileira a partir de 2040.
(B) Fatores como a urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho ajudam a explicar a
tendência na dinâmica populacional brasileira de redução do crescimento da população.
(C) As melhorias na economia brasileira a partir de 1990 explicam a aceleração do crescimento
populacional, enquanto se espera uma crise econômica a partir de 2040.
(D) O aumento da população brasileira desde a década de 1950, apesar da redução do crescimento
vegetativo, é explicado pela lenta, porém contínua, entrada de imigrantes no País.

07. (IF/SE – Analista – IF/SE/Adaptada) O Brasil já ultrapassou a etapa de elevado crescimento


vegetativo e, sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa
dinâmica da sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as
políticas públicas. A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira,
aponte a afirmativa correta:
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor secundário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades diminuíram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.
(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento
econômico existente entre as várias regiões do país.

08. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Os recentes levantamentos demográficos no Brasil
e em diversos países do mundo indicaram tendência de reversão do esvaziamento da zona rural e, em
alguns países, verifica-se até discreto crescimento da população rural. No Brasil, essa nova dinâmica,
excluindo-se a fundamentação de base agrária, deve-se à.
(A) configuração de novas atividades rurais relacionadas à vida urbana, como turismo, lazer, mercado
imobiliário e serviços.
(B) violência urbana, que tem provocado uma inversão do êxodo rural e, em consequência, na redução
no processo de urbanização brasileira nos cinco últimos anos.
(C) ligação da agricultura à indústria de alimentos, sem desconfigurar os setores agrícolas tradicionais,
como as unidades familiares de subsistência.
(D) atual expansão agrícola ou expansão das fronteiras de recursos do Centro-Sul em direção ao
Nordeste e ao Norte do país, com dissolução de grande parte dos problemas agrários históricos.
(E) baixa possibilidade de aquisição de moradia nas cidades brasileiras, especialmente nas pequenas
e médias cidades.

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09. (ABIN – Agente de Inteligência – CESPE/Adaptada)

Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de
2000 e a sua projeção para 2020, julgue o seguinte item.
Observa-se uma previsão de diminuição da população brasileira até 2020.
(....) Certo (....) Errado

10. (ANTT – Especialista em Regulação – CESPE) Julgue o seguinte item, relativo ao perfil da
população brasileira, incluindo suas desigualdades.
Um novo padrão de ocupação do território revela acelerado processo de urbanização e de
concentração da pobreza em áreas urbanas. A atual dinâmica demográfica acentua a concentração
populacional nas grandes cidades e em cidades de porte médio que compõem a rede urbana brasileira,
com o consequente esvaziamento do campo e mudanças na natureza e na concentração da pobreza.
(....) Certo (....) Errado

Respostas

01. Resposta: B.

02. Resposta: A.

03. Resposta: D.
A migração pendular, ou diária, corresponde a um fenômeno urbano, visto especialmente nas grandes
cidades. Esse processo ocorre na medida em que milhões de pessoas que compõe o PEA (População
Economicamente Ativa) deixam suas residências antes do horário comercial para chegar ao trabalho e
que no final da tarde, ou do expediente, voltam para casa.
Esse processo significa simples fluxos populacionais que não configuram propriamente como
migração, isso por que não se trata de uma transferência definitiva e sim, momentânea.
Existem vários casos que se enquadram como migração pendular, dentre muitos está o fluxo de boias-
frias que residem geralmente na cidade e se deslocam até o campo onde desenvolvem suas atividades,
pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra, além de viagens de final de
semana, feriados e férias.
Decorrente da migração pendular, ocorre nos grandes centros urbanos a hora de rush, que são
determinados horários do dia no quais os trabalhadores se aglomeram no trajeto tanto para chegar ao
trabalho como no regresso para casa.
Outro tipo de fluxo que insere como sendo migração pendular é o commuting, pessoas que moram em
um determinado país e se deslocam para outro para trabalhar ou procurar uma ocupação.93

04. Resposta: A.
Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil94
A identificação e a delimitação das maiores aglomerações de população no País têm sido objeto de
estudo do IBGE desde a década de 1960, quando o fenômeno da urbanização se intensificou, e assumiu,
ao longo dos anos, formas cada vez mais complexas. A necessidade de fornecer conhecimento atualizado

93
PERCíLIA, Eliene. "Migração Pendular"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/migracao-pendular.htm>.
94
IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/geografia_urbana/arranjos_populacionais/default.shtm?c=9.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
desses recortes impõe a identificação e a delimitação de formas urbanas que surgem a partir de cidades
de diferentes tamanhos, face à crescente expansão urbana, não só nas áreas de economia mais
avançada, mas também no Brasil como um todo.
Com o propósito de fornecer um modelo territorial das relações econômicas e sociais, intrínsecas ao
processo de urbanização, o presente estudo apresenta um quadro dos arranjos populacionais no Brasil
e em suas médias e grandes concentrações urbanas. Utilizando-se critérios comuns para todo o País,
adotou-se uma abordagem que privilegiou elementos de integração, medidos pelos movimentos
pendulares para trabalho e estudo e/ou pela contiguidade da mancha urbanizada.
Como resultado, foram identificados 294 arranjos populacionais, formados por 938 municípios, que
abrangem 55,9% da população residente no Brasil, a partir dos quais foram definidas, por meio de cortes
populacionais, as médias e grandes concentrações urbanas.
Representando o alto escalão da urbanização brasileira, com mais de 750 000 habitantes, destacaram-
se 26 grandes concentrações urbanas, nas quais 12 têm papel metropolitano. Acima de 100 000
habitantes até 750 000 habitantes, foram identificadas 158 médias concentrações urbanas que atuam
como centros intermediários na articulação do sistema urbano nacional.
A publicação traz considerações sobre os referenciais teóricos e os procedimentos metodológicos
adotados na elaboração do estudo e apresenta, sob a forma de mapas, a distribuição dos arranjos
populacionais e das concentrações urbanas por Unidades da Federação e os principais deslocamentos
pendulares em concentrações urbanas acima de 2,5 milhões de habitantes. O CD-ROM que a acompanha
reproduz o volume impresso.
O conjunto das informações ora divulgadas, também disponibilizadas no portal do IBGE na Internet,
contribui para o conhecimento renovado das principais formas de estruturação da organização urbana do
País.

05. Resposta: D.
A esperança de vida dos brasileiros aumentou, isso segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Vários foram os fatores que propiciaram essa ascensão, dentre muitos, o crescimento
econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo, entre outros.
De acordo com o IBGE, a média de vida de um cidadão brasileiro é de 72,7 anos. Expectativa ou
esperança de vida corresponde à quantidade de anos em média que uma determinada população vive.
Esse item é um importante indicador social que serve para avaliar a qualidade de vida de uma população
de um determinado lugar.
Apesar do aumento nos índices desse indicador social, o país ainda se encontra abaixo da realidade
de muitos países desenvolvidos. O percentual médio do Brasil no quesito esperança de vida não reflete
totalmente a realidade, muitas particularidades regionais são camufladas. Desse modo, temos diversos
percentuais de expectativa de vida que oscilam de acordo com cada estado.
Há desigualdade existente entre áreas mais desenvolvidas econômica e industrialmente e as menos
desenvolvidas. Por isso, estados do Centro-Sul (desenvolvidos) apresentam números mais elevados que
estados das regiões Norte e Nordeste (menos desenvolvidos).95

06. Resposta: B.
A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme
resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda.
Esse declínio, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação do uso de
pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres,
entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na
segunda metade do século passado.

07. Resposta: E.
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira uma gradual diminuição das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor terciário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades aumentaram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há um aumento expressivo do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.

95
FREITAS, Eduardo De. "Expectativa de vida dos brasileiros "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/expectativa-vida-dos-
brasileiros.htm>.

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08. Resposta: A.
José Graziano da Silva, professor de Economia Agrícola da Unicamp, na contextualização do “Novo
Rural Brasileiro” na década de 1990, descreve a transformação de caráter social e econômico operada
no campo, protagonizada pela expansão das atividades rurais como a agroindústria, o artesanato, o
turismo rural e outros. De fato, cerca de 4 milhões de pessoas estão ocupadas no meio rural com
atividades que fogem à produção agrícola tradicional. Outros dados revelam que quatro em cada 10
trabalhadores adultos, nas áreas rurais, são remunerados por atividades não agrícolas, num crescimento
de 35% em menos de dez anos. Como visto, o meio rural não é mais um ambiente restrito à produção de
alimentos. Constitui-se em espaço dinâmico e promissor de desenvolvimento dos outros setores da
economia.

09. Resposta: Errado.


Há uma redução da natalidade, mas isso não significa necessariamente que a população se reduzirá.
Apesar de nascerem menos pessoas que antes, elas vivem muito mais tempo, gerando, portanto, um
aumento da população mais velha.
A população brasileira continuará crescendo, ainda que em ritmo menos acelerado.

10. Resposta: Certo.


A atual dinâmica demográfica acentua a concentração populacional nas grandes cidades e em cidades
de porte médio que compõem a rede urbana brasileira, entre outros fatores, relacionados ao rápido
processo de urbanização que caracterizou o Brasil na segunda metade do século passado.

Estudo das regiões: Regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, nos seguintes
aspectos: relevo, clima, vegetação, hidrografia, transporte, população, agricultura, indústria e
extrativismo

Região Nordeste

O Nordeste atual: economia, recursos naturais e população:


A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as
razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços.
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor
secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência,
houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito
reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram principalmente
em três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de
transformação e de confecções.
Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da
Região Nordeste têm investido em infra-estrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando
atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam
sendo as mais beneficiadas.
Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata;
a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo
vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e do
Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia.
No Sertão, caracterizado pelo clima semiárido, solos pedregosos e vegetação de caatinga, subsiste a
agricultura tradicional cultivada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho, arroz, feijão,
mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais culturas.
A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais importância não apenas no mercado
interno, mas também para a exportação. É desenvolvida no Vale do Rio São Francisco (uva, manga), no
Vale do Rio Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no Sertão do Ceará (acerola, melão). A maior
região produtora de melão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o polo
Petrolina/Juazeiro firmou-se como grande exportador de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e
pinha.
Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e a localização da Região Nordeste em
relação à Europa e aos Estados Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) conferem vantagens

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias (criação de variedades de frutas, produção
integrada, produção de mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de irrigação foram
essenciais para o crescimento da atividade.
Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e
burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois),
tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem crescendo também em áreas do
Agreste próximas ao Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Maranhão.
A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da Zona da Mata, é praticada
no Agreste.
No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o abastecimento da Zona da Mata, em
médias e pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade, na
fronteira com a Zona da Mata.
O turismo desenvolvido a partir das potencialidades naturais é outra atividade econômica de grande
importância para a região.

Turismo garante expansão regional:


“No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estrangeiros em 2008, o Nordeste
emplacou três capitais. Salvador, Recife e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e sétimo
postos, respectivamente, na escolha dos visitantes internacionais. À sua maneira, com sol,
praias e características culturais diferenciadas, a região contribuiu para que o país se tornasse
o sétimo maior destino mundial dos turistas estrangeiros no ano de 2012 – e o mais
movimentado ponto de desembarque de visitantes com origem na América Latina,
desbancando o México. [...] A multiplicação dos voos regulares entre capitais como Salvador
e Recife – no ano 2000 havia apenas uma linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos
Estados Unidos contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turistas
estrangeiros. Os desembarques internacionais na região cresceram 11,9% em 2008 em
relação ao ano anterior. O maior volume de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto
na elevação das taxas de emprego no setor de turismo na região, com um aumento de 5,7%
no mesmo período”.
(ROCHA, M.; DAMIANI, M. Turismo garante expansão regional. O Estado de São Paulo,
São Paulo, 10 dezembro 2009).

O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas,
cerâmicas) da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU,
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara
(PI).
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtos de sal
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte e na Bahia.

Indicadores sociais e urbanização:


A Região Nordeste ainda responde pelos índices de qualidade de vida mais baixos do país. Problemas
sociais como elevadas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande
concentração de renda e terras também alcançaram números que superam os de outras regiões.
Em 2009, 6,8% das crianças de 7 a 14 anos de idade não sabiam ler e escrever no país. No Nordeste,
esse percentual chegava a 11,8%. A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de
idade, naquele mesmo ano, era mais baixa no Nordeste, de 6,3 anos, enquanto no Sudeste chegava a
8,2 anos. Cerca de 36,3% dos núcleos familiares nordestinos tinham rendimento de até meio salário
mínimo per capita, contra apenas 12,2%no Sudeste.

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De povoamento antigo, a Zona da Mata continua sendo a sub-região mais importante do Nordeste,
concentrando seis capitais e a maior parte da população. Salvador e Recife são as principais cidades,
destacando-se ainda como áreas industriais.

Região Sudeste

Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná.
O soerguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de
navegação e posicionamento por satélites.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse
conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha,
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta.
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores,
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes
de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ),
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste.

População e dinâmica espacial:


O Sudeste é a região mais populosa do Brasil. Em 2011, contava com mais de 82 milhões de
habitantes, o que representava 42% do total da população brasileira. No entanto, esse contingente
populacional está desigualmente distribuído pelo território. São Paulo concentrava 41,3 milhões, Minas
Gerais, 19,6 milhões e o Rio de Janeiro, quase 16 milhões de pessoas. Entre esses estados mais
populosos, o Rio de Janeiro possuía a maior densidade demográfica (365,23 hab./km²), seguido por São
Paulo (166,25 hab./km²). Ainda que a densidade demográfica média, na época, era de apenas 86,92
habitantes por km², as regiões litorâneas são mais densamente povoadas, podendo atingir 10 mil
habitantes por km² nas maiores cidades.
A partir de 1940, São Paulo tornou-se o estado mais povoado do Brasil. Esse crescimento foi povoado
pelos fluxos internos de migrantes em busca de trabalho, sobretudo do Nordeste. Na década de 1970,
os migrantes foram responsáveis por mais de 40% do crescimento demográfico do estado.

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Além disso, houve também grande mobilidade populacional entre os estados da própria região. Entre
2005 e 2010, mais de 500 mil pessoas de Minas Gerais se deslocaram em direção a São Paulo, um
contingente superior aos migrantes da Bahia, que representaram 21% dos fluxos de chegada, cerca de
230 mil pessoas. Apesar do registro de fluxos de regresso de São Paulo para os estados de origem, entre
2005 e 2010 São Paulo registrou saldo migratório positivo, indicando que o território paulista ainda exerce
atração da população migrante. Nesse intervalo, São Paulo foi o Estado que recebeu o maior número de
migrantes (1,1 milhão), seguido do Rio de Janeiro (270 mil). Entretanto, a participação no componente
migratório no crescimento da população do estado vem perdendo intensidade desde a década de 2000.
Entre as regiões brasileiras, a Sudeste foi a primeira a se tornar majoritariamente urbana e é também
a que apresenta a maior taxa de urbanização. Enquanto o cruzamento das curvas de crescimento das
populações rural e urbana no Brasil ocorreu na década de 1960, essa reversão de proporcionalidade no
Sudeste ocorreu já nos anos 1950.

Região Norte

Cenários futuros: entre a devastação e a tecnologia:


As políticas territoriais amazônicas implementadas pela ditadura militar nortearam-se pela meta
geopolítica de “conquista” da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto
fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por
grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de
devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e
igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse
período.
As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura
de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para
a Amazônia, além do esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa
nas periferias das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais
e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que vagueiam à procura de escassas
oportunidades de trabalho.
O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a
Porto Velho-Manaus (BR-319), visa estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava
reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consistia
em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos
ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as
metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado.

Região Sul

Região Sul: domínios naturais:


A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região faz
fronteira com três países sul-americanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. Em
2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, ou seja, 14,27% da população do país.
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as baixas temperaturas que ocorrem
principalmente nas áreas serranas e planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apresentam temperaturas elevadas no
verão. No norte do Paraná aparece o clima tropical.
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos recobertos originalmente pela Mata das
Araucárias. Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até o Rio
Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-
Grandense, no extremo sul. No centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No litoral do Rio Grande do Sul
predomina a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim.
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam escarpas de altitudes mais elevadas: a
Serra do Mar e a Serra Geral. No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, com
relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos limpos. Essa unidade de relevo é parte
brasileira da vasta planície platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. Nessas
áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em espécies animais e vegetais.

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Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.
Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste do Rio Grande do Sul é o processo de
arenização dos solos, ou seja, o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vegetação.
Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água e os ventos têm importante papel na
mobilidade dos sedimentos.
As enxurradas provocam erosão e os ventos dispersam a areia, formando dunas e expandindo o
processo.
A substituição da vegetação nativa dos pampas e pela pecuária extensiva ou agricultura comercial
explica a degradação dos solos na região. A arenização atinge quase 4 mil hectares, em áreas dos
municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana,
Quaraí, Santiago, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, São Borja, Unistalda e Cacequi.
No oeste do estado do Paraná, na fronteira com a Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu, criado
em 1934 e tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em 1986. Constitui uma grande reserva
florestal e inclui parte da cabia hidrográfica do Rio Iguaçu, que percorre todo o estado do Paraná, e as
Cataratas do Iguaçu.

Região Centro-Oeste

O meio natural e os impactos ambientais:


A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo
Distrito Federal, ocupando cerca de 18% do território e abrigando pouco mais que 7% da população do
país.
O clima tropical é predominante na Região Centro-oeste, caracterizado por estação bem seca no
inverno e outra chuvosa no verão. O norte da região está’ sob influência do clima equatorial úmido e da
massa equatorial continental.
No extremo sul da região as frentes frias da massa polar atlântica causam instabilidades no inverno e
queda da temperatura, ocasionando as friagens, quando a temperatura pode cair bastante. No verão, as
temperaturas são mais elevadas, com máximas oscilando entre 30ºC e 40ºC.
O Cerrado predomina na Região Centro-Oeste. Em seu limite oeste, localiza-se o Pantanal, enquanto
o limite norte caracteriza-se pela presença da Floresta Amazônica; ao sul ocorrem remanescentes da
Mata Atlântica.
O Cerrado apresenta grande biodiversidade. Na vegetação, encontram-se formações florestais (mata
ciliar, mata seca e cerradão), formações savânicas (cerrado no sentido restrito, arque de cerrado,
palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo limpo e campo rupestre).
Variações do tipo de solo e nas formas de relevo explicam essas diferenças: a mata galeria, por
exemplo, formada por espécies arbóreas, ocorre nas margens de rios, em vales úmidos.
Nas últimas décadas, a expansão rápida e intensiva da agropecuária tem provocado a destruição de
matas ciliares e de reservas permanentes do Cerrado. Na região das nascentes do Rio Araguaia, por
exemplo, a erosão provoca voçorocas (erosões profundas que atingem o lençol freático). O
assoreamento dos rios e a poluição dos aquíferos também são problemas comuns no Cerrado.
Iniciativas importantes do Governo Federal, como o Programa Nacional de Conservação e Uso
Sustentável do Bioma Cerrado e o Programa Cerrado Sustentável buscam promover a conservação,
a recuperação e o manejo sustentável desse bioma, além de incentivar a valorização e o reconhecimento
das populações tradicionais. Entretanto, isso não tem sido suficientes para conter a devastação.
Quatro bacias hidrográficas drenam a Região Centro-oeste: Amazônica (Rio Xingu e afluentes do
Amazonas), do Paraguai, do Tocantins-Araguaia e Platina (rios Paraná e Uruguai).
O relevo do Centro-Oeste é predominantemente planáltico.
Nele, destacam-se os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, os Planaltos e Chapadas dos Parecis, os
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e as Serras Residuais do Alto Paraguai. Entre os Planaltos,
estão encaixadas depressões como a Marginal sul-amazônica, e do Alto Paraguai-Guaporé e a do
Araguaia.

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O Pantanal:
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas,
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região.
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor.
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento
nos rios.

Ocupação territorial e dinâmicas econômicas:


Originalmente, os territórios que hoje compõem a Região Centro-Oeste eram habitados por diversos
agrupamentos indígenas, especialmente os bororo. Nos termos do Tratado de Tordesilhas, assinado
em 1494, essas terras pertenceriam à América espanhola. Entretanto, a partir do século XVI, sucessivas
ondas de bandeirantes paulistas se dirigiram para a região com a finalidade de aprisionar e escravizar
indígenas, desbravando o interior do Brasil.
No final do século XVII, estimulados pela descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes
passaram a se aventurar em terras cada vez mais distantes. Subindo o Rio Cuiabá e alcançando o
território bororo, os bandeirantes encontraram ouro e iniciaram a conquista do território que atualmente
corresponde ao Mato Grosso. Enquanto isso, expedições pelo sertão descobriam minas de ouro no
território que hoje compreende o estado de Goiás, onde foi fundada a Vila Boa, embrião da atual cidade
de Goiás.
Em 1726, Rodrigo César de Meneses, capitão-geral de São Paulo, chegou às minas chamadas de
Cuiabá, fundando, no ano seguinte, a Vila Real do Bom Jesus, que já contava com dois portos fluviais.
Deles, partiam as expedições que visavam ao apresamento de indígenas no Pantanal.
A cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho, foi fundada em 1726 pelo filho do bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. Em 2001 foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio
Cultural da Humanidade.
Em 1748, preocupada com a posse dessas terras, a Coroa portuguesa criou a capitania de Mato
Grosso, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade, fundada pelo mineradores às margens do Rio
Guaporé. Posteriormente, a sede da capitania foi transferida para a Vila de Cuiabá. A Capitania de Goiás,
com sede em Vila Bela, também foi criada em 1748.
Em 1750, a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e Espanha legalizou a posse efetiva da
região pelos portugueses. Porém, com a anulação desse tratado, ocorrida em 1761, a Coroa portuguesa
passou a implantar uma rede de fortificações para garantir a posse da margem direta do Rio Guaporé: o
Forte de Conceição foi erguido em 1762 e o Forte de Príncipe da Beira, em 1776. O Tratado de Santo
Idelfonso, firmado pelas coroas ibéricas em 1777, finalmente ratificou a soberania portuguesa sobre o
território das duas capitanias ocidentais.
A partir de então, o povoamento luso-brasileiro passou a avançar na direção do Rio Tocantins,
dizimando os índios caiapó de Goiás, os xavante do Araguaia e, mais tarde, os canoeiro do Tocantins.
Do século XIX em diante, com o declínio da mineração, as províncias de Mato Grosso e de Goiás
conheceram um longo período de decadência econômica e de isolamento. Apenas as atividades agrícolas
de subsistência, como a extração da borracha, a criação de gado e a exploração de erva-mate,
sobreviveram na região.

A ocupação moderna do Centro-Oeste:


Ao longo do século XX, porém, o isolamento da região foi sendo vencido gradativamente com a
transformação dos estados do Centro-Oeste em área de atração populacional.
A inauguração de Goiânia, em 1936, a Marcha para o Oeste, iniciada por Getúlio Vargas na década
de 1940, a construção de Brasília, assim como as políticas de integração nacional consolidadas pela
ditadura militar na década de 1970, incentivaram a migração para o Centro-Oeste, contribuindo para
acelerar o povoamento da região.

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No início do século XX, a abertura da Estrada de Ferro Noroeste Brasil (Bauru-Corumbá) ajudou a
intensificar os fluxos entre o Sudeste e o Centro-Oeste. A ferrovia abriu a fronteira para a pecuária do
Mato Grosso, permitindo o transporte do gado vivo até os frigoríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A partir da década de 1960, rodovias como a Belém-Brasília, a Cuiabá-Porto Velho e a Brasília-Acre
transformaram-se em plataforma para a conquista da Amazônia.
Em 1977 o estado de Mato Grosso foi desmembrado, e dois anos depois oficializou-se a criação do
estado de Mato Grosso do Sul.
Goiás, por sua vez, foi desmembrado em 1998, quando se criou o estado de Tocantins, que atualmente
pertence à Região Norte. Em ambos os casos, as justificativas utilizadas para o desmembramento foram
a grande extensão desses estados, as dificuldades de planejamento e de administração.

Cenário econômico recente:


Na década de 1970, teve início um período de intenso desenvolvimento econômico nos estados do
Centro-Oeste, motivado principalmente pela modernização da agricultura. A mecanização, a
introdução de novas culturas e o desenvolvimento de tecnologias e técnicas como a adubação e correção
dos solos de cerrados impulsionaram a produtividade da agricultura regional, que se tornou altamente
competitiva nos mercados internacionais.
No entanto, essa modernização tem sido responsável por diferentes impactos ambientais, em especial
o desmatamento.
Desde a década de 1980, o incremento da produção agropecuária e os incentivos fiscais atraem
para o Centro-Oeste indústrias ligadas à transformação de matérias-primas de origem animal ou vegetal.
É o caso dos frigoríficos, das empresas de avicultura, do setor sucroalcooleiro e das indústrias que
processam os grãos de soja. Instaladas próximos aos polos produtores, essas indústrias lucraram com a
redução de despesas com fretes.
Sendo assim, o panorama industrial da região é pouco diversificado.
A exceção fica por conta de alguns polos produtivos instalados no eixo Brasília-Goiânia, em especial
em Anápolis, que concentra empresas do setor farmoquímico e farmacêutico.
Nas últimas décadas, o Mato Grosso do Sul foi o estado da região que apresentou maior crescimento
econômico. A agricultura, praticada principalmente na porção leste do estado, beneficiou-se da
proximidade com os grandes mercados consumidores do Sul e do Sudeste. Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística indicam que somente no estado de Mato Grosso, o crescimento da área
plantada de soja foi de 28,7% entre os anos de 2008 e 2011.
A expansão dos canaviais para o Centro-Oeste também é fato recente. Os maiores índices de
crescimento da produção de cana-de-açúcar são encontrados em Goiás e Mato Grosso do Sul.
Além do aumento da área cultivada, destaca-se a instalação de usinas na região, o que fortalece a
cadeia agroindustrial sucroalcooleira.
A indústria do turismo também tem apresentado rápido crescimento na Região Centro-Oeste. O
pantanal é a área mais visitada, embora os parques nacionais da Chapada dos Guimarães, em Mato
Grosso, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e das Esmas, no sudeste goiano, também contribuam
para o aumento do número de turistas, atraídos pelas chapadas, cânions, quedas-d’água, cavernas e
diversos sítios arqueológicos.
No Rio Araguaia, na época da estiagem (junho a setembro), o nível das águas cai formando praias,
tornando a região uma atração turística.
Cidades históricas como Pirenópolis e Goiás, antiga capital goiana, atraem visitantes pelos sobrados
coloniais preservados e pelas igrejas de arquitetura barroca.
Em direção ao sul do estado, a cidade de Caldas Novas recebe em média um milhão de turistas por
ano, em busca de suas fontes de água quente.
Brasília apresenta arquitetura moderna e é considerada Patrimônio da Humanidade.

Os centros urbanos:
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste.
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos.

A cidade-capital:
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros

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exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a
expansão demográfica e econômica da região.
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade.
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto,
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
comércio local e central, etc.
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos,
os dois eixos têm o formato de asas de avião.
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos
conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pessoas para dentro e não para as ruas. O
comércio de grande porte foi alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois grandes eixos
da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da cidade prioriza o automóvel, a circulação
expressa.
Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coerente com o plano urbanístico, visando
reforçar simbolicamente a função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão de ser de
Brasília.

A cidade polinucleada:
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação espacial das grandes cidades brasileiras: o
contraste entre as áreas centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as periferias
populares, de outro. No entanto, operou uma transformação radical nesse esquema, abrindo um espaço
vazio entre a área central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado preço dos
terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para os núcleos urbanos satélites, que cresceram
como verdadeiras cidades-dormitório.
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as cidades-satélite desenvolveram-se para,
de certa forma, protege-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital cresceu como
cidade polinucleada: uma única aglomeração urbana dispersa territorialmente em diversos núcleos
separados. Esses núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Constituição impede a
formação de municípios autônomos no Distrito Federal.
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite trabalha no Plano Piloto e consome horas
diárias em deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego.
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que abriga uma elite de políticos, burocratas
da administração pública e diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, atraindo
migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento demográfico dos núcleos urbanos ao redor é
muito superior ao da área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade da população
do Distrito Federal; atualmente essa proporção é inferior a 15%.

Questões

01. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis) O Brasil segue, atualmente,
a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro?
(A) 06 regiões;
(B) 05 regiões;
(C) 04 regiões;
(D) 01 região.

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02. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO) A região Centro-Oeste é uma das cinco regiões do
Brasil definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre ela, é correto afirmar:
(A) É a primeira região do país em superfície territorial.
(B) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
(C) É formada somente pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
(D) É formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.
(E) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e pelo Distrito Federal.

03. (CODAR – Motorista – EXATUS/PR/2016) O Brasil é dividido em 5 Regiões Geográficas, estas


abrigam 26 Estados e 1 Distrito Federal. Dadas estas informações, assinale a alternativa que apresenta
as Regiões Geográficas Brasileiras que são formadas por apenas 3 Estados?
(A) Apenas, Centro-Oeste.
(B) Centro-Oeste e Sul.
(C) Sul, apenas.
(D) Nenhuma alternativa responde corretamente ao enunciado da questão.

Respostas

01. Resposta: B.
O Brasil é um país com enorme extensão territorial, sendo seu território dividido em Regiões.
Muitas divisões regionais do território brasileiro já foram estabelecidas ao longo da história, atualmente
está em vigor a divisão estabelecida no ano de 1970, que é composta por cinco Regiões: Centro-Oeste,
Nordeste, Norte, Sul e Sudeste.

02. Resposta: D.
A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo
Distrito Federal.

03. Resposta: B.
A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo
Distrito Federal.
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Dinâmica Climática e Paisagens Vegetais no Mundo e no Brasil

Dinâmica Climática

“Tempo bom, com nebulosidade; temperatura em ligeiro declínio”. Os meios de comunicação divulgam,
diariamente, informações sobre o tempo. Nessa acepção, tempo é o estado momentâneo da atmosfera
em determinado local. Para determinar as condições do tempo, é preciso considerar os fenômenos
atmosféricos: temperatura do ar, pressão atmosférica, vento, umidade, precipitações (como chuva,
granizo e neve), geadas, massas de ar. Como esses fenômenos variam frequentemente, essa mesma
variação ocorre com o tempo, que muda constantemente.
A expressão “tempo bom” – muito empregada em nosso cotidiano – é uma expressão relativa. Para
quem pretende ir ao clube ou à praia, um tempo quente e ensolarado será considerado bom. Já para um
agricultor, cuja plantação esteja comprometida pela falta de chuvas, esse tempo quente e ensolarado
será considerado ruim.
Clima é o conjunto de variações do tempo, de uma determinada região, durante um longo período (30
anos, aproximadamente). Assim, para determinar o clima de um local, é necessário analisar o
comportamento dos fenômenos atmosféricos, também denominados elementos climáticos, inclusive a
atuação das massas de ar. Por meio dessa análise, são identificados, por exemplo, os períodos de chuva
e sua quantidade (índice pluviométrico); os meses mais quentes e mais frios.

Pressão atmosférica

O ar tem peso e este peso é denominado pressão atmosférica. Quanto mais denso for o ar, maior
será a pressão exercida por ele.

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É ao nível do mar que o ar encontra-se mais denso, mais concentrado; portanto, a pressão
atmosférica é maior nessa área. Conforme aumenta a altitude, o ar torna-se menos denso – mais
rarefeito – e, consequentemente, a pressão exercia por ele diminui.
O ar de desloca das áreas de alta pressão, nas quais encontra-se muito concentrado, para as áreas
de baixa pressão, nas quais sua concentração é menor. Quando este deslocamento de ar –
denominado vento – ocorre em grandes blocos, identificamos as massas de ar, que, por possuírem
temperatura e umidade semelhantes, deslocam-se conjuntamente na mesma direção.

Elementos e Fatores Climáticos

Como vimos no item anterior, os elementos climáticos interferem no comportamento da atmosfera.


Os fatores climáticos, por sua vez, influenciam a dinâmica desses elementos. São fatores climáticos
a latitude, a altitude, as correntes marinhas, a posição da região climática em relação ao mar
(maritimidade/continentalidade), a disposição do relevo, a vegetação, e inclusive, os relacionados às
atividades humanas, como a formação de grandes cidades e de extensas áreas conurbadas.
Nas baixas latitudes (próximas à linha do Equador) estão situadas as regiões com temperaturas mais
elevadas, pois recebem maior incidência de radiação solar. Essas regiões fazem parte da zona tropical,
localizada entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio.
As temperaturas também variam na razão inversa da altitude, ou seja, quanto maior a altitude, menor
a temperatura. À medida que a altitude aumenta, o ar torna-se mais rarefeito e, com isso, a pressão
atmosférica diminui, bem como sua capacidade de conservação de calor.
As correntes marinhas quentes podem elevar a temperatura e a umidade em áreas litorâneas de alta
latitude. O aquecimento da costa atlântica europeia e a umidade das ilhas britânicas resultam da ação da
corrente do Golfo do México, que se origina nas áreas mais quentes do mar das Antilhas.
As correntes frias podem provocar queda na temperatura das regiões costeiras ou, em alguns casos,
acarretar a formação de climas secos. Exemplo desse fenômeno é o deserto de Atacama, no norte do
Chile. A massa de ar quente e úmida que segue em direção ao continente resfria-se ao cruzar a corrente
de Humboldt (corrente do Peru). A queda de temperatura do ar propicia a condensação do vapor de água
e a formação de nuvens, que acarretam chuvas intensas sobre o oceano Pacífico. Dessa forma, a massa
de ar perde praticamente toda a umidade antes de chegar ao continente.
Fenômeno semelhante ocorre na costa atlântica sul-americana, no sul da Argentina, onde se localiza
o extenso deserto frio da Patagônia. O movimento da corrente fria das Falklands (Malvinas) condensa o
ar úmido proveniente do Atlântico e as chuvas ocorrem antes de a massa de ar atingir o continente.
A proximidade ou o distanciamento do mar também provoca alterações no comportamento da
temperatura de uma região. Esse fator está relacionado à diferença entre o comportamento térmico da
água e o da terra. Os continentes se aquecem e liberam calor mais rapidamente que os oceanos; a água,
de modo geral, demora mais tempo para se esquecer, e também conserva por mais tempo o calor. Assim,
os lugares situados próximos dos oceanos apresentam uma amplitude térmica menor que os situados
no interior dos continentes.
(Amplitude térmica: Diferença entre a máxima e a mínima temperaturas registradas. Para se obter a
amplitude térmica anual de uma região, deve-se calcular a diferença entre a temperatura média do mês
mais quente e a do mês mais frio).

As Massas de Ar

Como visto anteriormente, o ar que compõe a atmosfera está em constante movimento em virtude das
diferenças de pressão. Apesar de ocorrerem variações nos valores da pressão num mesmo local,
principalmente em função das mudanças de estações do ano, é possível delimitar algumas áreas com
predominância de altas pressões e outras onde predominam as baixas pressões, que irão determinar a
circulação geral da atmosfera.
É no interior dessa circulação geral que se estabelece a dinâmica das massas de ar, grandes
responsáveis pela determinação dos diferentes tipos climáticos. O local em que a massa de ar se forma
recebe o nome de região de origem. É na região de origem que a massa de ar adquire as características
de temperatura, pressão e umidade.
Assim, uma massa de ar que se forma sobre uma superfície gelada, como a Antártida, tem
propriedades típicas dessa região: temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. Por isso, o estado
do tempo em toda a área abrangida pela massa de ar será condicionado por suas propriedades, só
ocorrendo modificações onde existem montanhas, vales ou grandes extensões de água (lagos, por
exemplo) e nas zonas de contato entre duas massas de ar.

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Ao se deslocarem, as massas de ar vão, aos poucos, perdendo as suas características de temperatura,
pressão e umidade. Por exemplo: uma massa de ar frio e úmido, formada, portanto, em altas latitudes,
perde temperatura e umidade à medida que se dirige para latitudes mais baixas – áreas mais quentes.

Circulação geral da atmosfera

A região próxima à Linha do Equador é de baixa pressão. Para essa região convergem as massas
de ar formadas nos trópicos e, por isso, é denominada zona de convergência intertropical (ZCIT).
Nessa zona ocorrem as maiores precipitações da Terra.
Na proximidade dos trópicos de Câncer e Capricórnio encontram-se as regiões de alta pressão.
Nessas regiões formam-se ventos continentais (ventos alíseos), que circulam dos trópicos em direção
ao Equador. São as denominadas zonas subtropicais ou dispersoras de massas de ar.
Na região próxima aos círculos polares formam-se novas zonas de baixa pressão, denominadas
baixas polares, para as quais convergem as massas de ar que se originam nas zonas subtropicais
e nas altas polares.

As massas de ar que se formam sobre os continentes são secas, com exceção das formadas sobre
áreas de densas florestas tropicais, onde a evapotranspiração é intensa. As massas que se formam sobre
os oceanos, por sua vez, são úmidas. Assim, considerando-se a latitude sobre a qual as massas de ar se
formam, elas são classificadas em equatoriais, tropicais e polares. Em relação ao tipo da superfície,
elas podem ser continentais ou oceânicas.

As Frentes

Ao se deslocarem, as massas de ar se encontram. Nesse contato, elas não se misturam: uma empurra
a outra, de tal forma que aquela que avança com mais intensidade faz com que a outra retroceda e impõe
a ela suas características, o seu tipo de tempo.
A zona de contato entre duas massas de ar diferentes recebe o nome de frente ou superfície frontal.
Quando a massa de ar frio avança, fazendo o ar quente recuar, trata-se de uma frente fria. Como a
massa de ar frio é mais densa, ela ocupa o espaço mais próximo à superfície, obrigando o ar quente
(mais leve) a subir.
A passagem de ar fria provoca queda de temperatura, pois o ar aquecido é deslocado, e, em seu lugar,
fica o ar mais frio. Quanto às chuvas, as frentes frias rápidas provocam precipitação do tipo pancadas,
enquanto as frentes frias lentas provocam precipitação de caráter contínuo.
Temos, por outro lado, uma frente quente quando o ar quente avança sobre o ar frio. Este recua a
baixa altitude, pois é mais pesado, enquanto o ar quente, mais leve, sobe ume espécie de rampa deixada
pelo ar frio.

O encontro de duas massas de ar, tanto no caso de frente fria como no de frente quente, pode levar
à formação de nuvens e à ocorrência de chuvas, que, nesse caso, são denominadas chuvas frontais.

A Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica está relacionada ao tipo de energia utilizada pela sociedade humana nos
últimos 200 anos. Desde o momento em que a indústria transformou-se na principal atividade econômica,
o carvão mineral e o petróleo tornaram-se as principais fontes poluentes. A cada ano verifica-se um
aumento da quantidade de gases lançados na atmosfera. Entre os compostos mais nocivos, destacam-
se os de enxofre, de nitrogênio e os formados por hidrocarbonetos. Embora as consequências desse tipo
de poluição alcancem dimensões globais, é nas grandes cidades que são percebidos seus efeitos mais
nocivos.
Microclima Urbano

A interferência humana no ambiente tem provocado alterações climáticas em grandes áreas


construídas. É o que ocorre nos grandes centros urbanos, nos quais essa interferência resultou na
formação de um microclima urbano, que difere do tipo climático predominante da região em que estão
localizados.
Essa alteração climática resulta de diversos fatores, como, por exemplo, o da poluição atmosférica
causada pela grande circulação de veículos e por alguns equipamentos domésticos e industriais. Nas
regiões centrais dessas cidades, as temperaturas tendem a aumentar por diversas razões: redução

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drástica das áreas verdes; impermeabilização do solo pela pavimentação de ruas e pelas edificações
(essa pavimentação absorve de 98 a 99% da radiação solar que atinge a superfície); verticalização das
construções (o que dificulta a circulação do ar).
A soma desses fatores provoca a elevação da temperatura e da evaporação, aumentando, assim, a
incidência de chuvas, que, em muitos casos, precipitam-se sob a forma de pancadas (tempestades), pois
aumenta também a concentração de material particulado na atmosfera.

Poluição do Ar e Efeito Estufa Local

A poluição do ar nas grandes cidades é causada principalmente pelo lançamento de gases tóxicos e
de matérias particuladas na atmosfera. Os gases lançados pelos veículos são os principais poluentes das
áreas urbanas. Destacam-se, também, as emissões advindas das atividades industriais e das usinas
termelétricas. Algumas cidades estabeleceram normas para reduzir a quantidade de veículos em
circulação, como, por exemplo, o sistema de rodízio de veículos. Dependendo do final da placa, uma
parte da frota de veículos não circula em determinado dia. Em outros casos, o acesso às áreas centrais
da cidade é permitido mediante o pagamento de taxas (pedágio), como ocorre em Londres, no Reino
Unido. Porém a eficácia dessas medidas é reduzida. Não se deve encarar o rodízio ou a restrição à
circulação de veículos em áreas centrais como solução para a poluição atmosférica, mas apenas como
algo que minimiza o problema.
O problema da poluição do ar se agrava em cidades situadas em “bacia” (terreno mais baixo que o
circundante), pois essa localização é desfavorável à dispersão de poluentes. Além disso, o ar quente em
ascensão é bloqueado por uma camada mais alta de ar frio, que aprisiona a poluição. É o que acontece
em cidades como a do México e de Grenoble, na França.

Inversão Térmica

Na baixa atmosfera, normalmente verificam-se correntes ascendentes de ar quente, que, ao subirem,


resfriam-se. Nas grandes cidades, onde a concentração de poluentes é significativa, essa movimentação
constante ajuda a dispersão dos agentes poluidores. Contudo, em determinados dias do inverno, o ar
próximo à superfície torna-se mais frio que o da camada superior, ocasionando o fenômeno da inversão
térmica.
Durante a noite, o esfriamento da atmosfera, decorrente da perda de calor superfície, forma uma
camada de ar frio próxima ao solo; por ser mais pesada, essa camada não sobe. Trata-se, portanto, de
um fenômeno natural, podendo ocorrer mesmo em áreas rurais, e que desfaz somente quando, no
decorrer do dia, aumenta a temperatura do ar próximo à superfície. A situação de inversão pode se
verificar de forma sucessiva, durante alguns dias.
Nas grandes cidades, esse fenômeno agrava o problema da poluição atmosférica, pois não havendo
movimentação ascendente do ar, não há dispersão dos poluentes.
É por isso que no inverno os casos de doenças respiratórias e de irritação nos olhos aumentam
sensivelmente nessas cidades.

Os Climas e a Distribuição das Formações Vegetais

As paisagens vegetais se desenvolvem de acordo com o tipo de clima, do relevo e do tipo de solo em
que elas se situam. A influência do clima é, sem dúvida, a mais relevante, havendo uma associação entre
a paisagem vegetal e a sua região climática característica.
Os vegetais não vivem isolados, mas em comunidades, denominadas formações vegetais, que
podem ser agrupadas de acordo com o porte (tamanho da vegetação) predominante na paisagem:
arbóreas ou florestais, arbustivas, herbáceas ou campestres e complexas – neste último caso,
quando reúnem formações de porte variado, geralmente situadas em áreas alagadas, desertos e junto
aos litorais.

Clima e Floresta Equatoriais

Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande
umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção,
uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo
de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e
precipitação.

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Essas características climáticas, entre outros fatores, favorecem o desenvolvimento de uma vegetação
florestal bastante densa, cujas árvores chegam a atingir mais de 60 metros de altura. Também são
abundantes as formações de porte intermediário no interior dessa floresta. As matas equatoriais abrigam
a maior biodiversidade do mundo. Três florestas bastante representativas dessa formação vegetal são a
Amazônica, na América do Sul; a do Congo, no continente africano; e a da Indonésia e Malásia, no
sudeste asiático.

A floresta equatorial é hidrófila (úmida), estratificada (apresenta vegetais de porte variado no


interior das árvores de grande porte), heterogênea (há grande variedade e espécies) e latifoliada
(folhas largas e grandes); abriga animais de pequeno porte e uma infinidade de insetos.

Clima Tropical – Savanas e Florestas Tropicais

Nas regiões de clima tropical predominam as elevadas temperaturas e a alternância entre as estações
secas (inverno) e úmidas (verão). A cobertura vegetal caracteriza-se por duas formações principais: as
savanas e as florestas tropicais. No entanto, nas áreas alagadas, aparecem pântanos e, junto ao litoral,
mangues.
As savanas são formações arbustivas que apresentam raízes profundas, folhas grossas e troncos
retorcidos. As raízes profundas permitem a retirada de água do lençol freático durante a seca prolongada
do inverno.
Savana é o nome que essa cobertura vegetal recebe no continente africano. No Brasil, as savanas
correspondem ao cerrado e, na Venezuela, ao Ihanos.
As florestas tropicais geralmente são encontradas próximas ao litoral; possuem as características
próprias das florestas de clima equatorial: são bastante densas, úmidas, heterogêneas, latifoliadas e
estratificadas.
A floresta tropical original do Brasil, denominada Mata Atlântica – hoje bastante reduzida pela ação
humana -, recobria extensos trechos próximos ao litoral da região Sul, do Sudeste e do Nordeste. Esse
tipo de cobertura vegetal também é encontrado na África e no sul e sudeste asiáticos.

Clima Temperado – Florestas Temperadas, Estepes ou Pradarias

O clima temperado abrange amplos territórios do hemisfério Norte: América do Norte, Europa e uma
faixa alongada central da Ásia, que se estende até parte da China e do Japão. No hemisfério Sul, sua
ocorrência é bastante restrita. Caracteriza-se pelas quatro estações bem demarcadas, que são visíveis
na paisagem vegetal. O clima temperado divide-se em dois tipos: temperado continental (em que há
maior amplitude térmica e invernos rigorosos, com precipitação de neve) e temperado oceânico (em que
a amplitude térmica apresenta-se menor).
As florestas temperadas encontram-se bastante devastadas devido à intensa ocupação do solo; ela é
constituída por árvores de porte médio, espaçadas umas das outras, que trocam suas folhas a cada
outono e inverno (caducifólias). Dentre as poucas espécies que constituem as florestas temperadas,
destacam-se a faia, o carvalho e a nogueira.
O pouco que resta dessa floresta é encontrado na Europa ocidental e oriental, na parte meridional da
América do Sul, na Nova Zelândia e no Japão.
Em regiões temperadas oceânicas (costa ocidental da América do Norte, sul do Chile, Austrália e Nova
Zelândia), de maior umidade, são encontrados o pinheiro vermelho e as sequoias; no sudeste da
Austrália, destacam-se os eucaliptos gigantes – essas árvores são seculares e podem atingir 150 metros
de altura.
As formações herbáceas também são típicas desta região climática e recebem o nome de estepes ou
pradarias. A estepe (pradaria) constitui uma excelente pastagem natural, muito utilizada para a criação
de gado. Como exemplos dessa formação, podem ser citados a cobertura vegetal predominante nos
pampas argentinos; as pradarias (prairies), no centro-oeste do Canadá e dos Estados Unidos; a puzta,
na planície da Hungria; e o scrub, na Austrália. No Brasil, esse tipo de vegetação é denominado campos
e é encontrado, de forma contínua, sobretudo no sul do Rio Grande do Sul.

Clima Mediterrâneo e Vegetação Mediterrânea

O clima mediterrâneo é pontual, ou seja, localiza-se em pequenas áreas, normalmente situadas


próximas a desertos, como, por exemplo, na Califórnia, nos Estados Unidos; na região central do Chile;
nos extremos norte e sul da África; e no sul da Europa. É um clima caracterizado por verões quentes e

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secos – devido à expansão das massas de ar seco dos desertos vizinhos – e por invernos brandos e
úmidos – período em que essas massas de ar recuam e ficam estacionárias nos desertos.
A vegetação mediterrânea é bastante variada e nela predominam arbustos, como as oliveiras, e moitas
altas (denominadas maquis) e baixas (garrigues).

Clima Frio (Continental) e Floresta Boreal

O clima continental, situado em elevadas latitudes, caracteriza a maior parte do território canadense,
o extremo norte da Europa, e a Sibéria, na Rússia. As precipitações maiores ocorrem no inverno, quase
sempre sob a forma de neve.
Nesse clima desenvolve-se a floresta boreal, cuja vegetação é de grande porte, espaçada e
relativamente homogênea, nela predominando o pinheiro e o cipreste.
Devido à boa qualidade de suas madeiras, a floresta boreal é intensamente explorada para a obtenção
da celulose – matéria-prima empregada na fabricação do papel.
Essa floresta é representada pela taiga siberiana – a maior do mundo -, situada na Rússia; pela taiga
canadense; e pela taiga escandinava (norte da Europa).

Clima Polar e Tundra

Nos extremos Norte e Sul da Terra, o clima é polar. Nessas regiões são registradas as mais baixas
temperaturas do planeta. Na maior parte dos territórios, o solo mantém uma cobertura de gelo
permanente, sem vegetação. Em outras regiões, durante o verão, o degelo deixa o solo exposto e nele
brota a tundra, que termina o seu ciclo no inverno, com a queda das temperaturas. Essa cobertura vegetal
é de pequeno porte.

Clima de Montanha e Vegetação de Altitude

Nas altas latitudes, o solo apresenta-se coberto por neve praticamente o ano todo, até mesmo em
lugares situados em baixas altitudes.
Em regiões de baixas latitudes (clima tropical ou subtropical), os solos das áreas montanhosas
apresentam diferentes formações vegetais.
No clima de montanha, a cobertura vegetal – influenciada pela altitude – modifica-se do sopé da
montanha até os locais mais altos (mais de 4 mil metros de altitude), nos quais a neve cobre o solo durante
todo o ano – são as chamadas “neves eternas”. Essa cobertura permanente de neve ocorre, inclusive,
nas baixas latitudes das regiões tropicais, sendo que, no sopé das montanhas, a vegetação é a mesma
da região do entorno. A modificação da paisagem vegetal ocorre numa sequência, que, em linhas gerais,
é semelhante à verificada na mudança de vegetação das baixas para as altas latitudes da Terra.

Clima Desértico e Xerófilas

O clima desértico caracteriza-se pela aridez (escassez de água). Nessas regiões há pouca (ou
nenhuma) vegetação, o mesmo ocorrendo em relação às redes fluviais. Os desertos localizados em áreas
próximas aos trópicos são quentes, como, por exemplo, o do Saara, no norte do continente africano, e o
de Kallaari, na África do Sul; os situados em latitudes mais elevadas são frios, como o da Patagônia, na
Argentina, ou o de Gobi, na China e Mongólia.
Geralmente, os desertos situam-se em regiões continentais, mas aparecem também junto a oceanos.
Neste caso, formam-se devido à ação de correntes frias, que condensam as massas de ar quente e
úmido, as quais se precipitam no mar antes de atingir o continente. É o caso do deserto de Atacama, no
Chile (corrente de Humboldt) e da Namíbia (corrente de Benguela).
Apesar da escassez de umidade, em diversas áreas do deserto desenvolvem-se vários tipos de
formações vegetais: rasteira (estepes secas); arbustos espinhosos, quase sem folhas; e cactos. Estas
espécies, em conjunto, recebem o nome de xerófilas.
Os desertos abrangem extensas áreas do globo. Aparecem no oeste dos Estados Unidos, no norte e
sul da África, no Oriente Médio e parte da Ásia Central, e no oeste da Austrália.

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Clima e Paisagens Vegetais no Brasil

A dinâmica climática do Brasil

A posição geográfica do território brasileiro, situado, em quase sua totalidade, na zona tropical,
caracteriza o país como de climas que, em geral, apresentam temperaturas médias elevadas. Contudo,
o comportamento das temperaturas e da umidade das diferentes regiões climáticas durante o ano é
determinado, principalmente, pela atuação das massas de ar.
No verão, quatro massas de ar quente exercem influência sobre o país: a Equatorial continental (mEc),
a Equatorial atlântica (mEa), a Tropical atlântica (mTa) e a Tropical continental (mTc), sendo apenas esta
última seca. É justamente por isso que o verão é o período das chuvas na maior parte do território
brasileiro.
Nesta estação do ano, a massa Polar atlântica (mPa) avança esporadicamente sobre o país, podendo
provocar ligeira queda de temperatura e chuvas frontais, aumentando a pluviosidade.
No inverno, a atuação da Equatorial continental (mEc) é mais restrita à região Norte, a Tropical atlântica
(mTa) continua a atuar no Brasil e a Polar atlântica (mPa) passa a atingir frequentemente o território
brasileiro, provocando baixas temperaturas no Sul, em grande parte do Sudeste e porção sul do Centro-
Oeste, chegando até a região Norte, onde provoca o fenômeno da friagem (fenômeno caracterizado pela
queda súbita da temperatura na região da Amazônia ocidental, no período do inverno, que decorre da
penetração de um ramo da massa de ar Polar atlântica pela porção central da América do Sul). Sobretudo
na região Sul, e em alguns trechos do Sudeste (São Paulo, especialmente), são frequentes, nessa
estação, a ocorrência de geadas (formação de uma película de gelo sobre as folhas em decorrência do
congelamento das gotas de orvalho). Na altura do estado da Bahia, a Polar atlântica (mPa) já perdeu
bastante intensidade. É onde as frentes frias se dissipam.

Formações Vegetais do Brasil

A variedade das paisagens vegetais naturais do Brasil acompanha a diversidade dos climas, que
fornecem a temperatura, a luminosidade e a umidade adequadas para o desenvolvimento de cada tipo
de cobertura vegetal.
O Brasil apresenta extensas regiões florestais e arbustivas, apesar do intenso desmatamento que
ameaça vários de seus ecossistemas. Também são encontradas formações herbáceas e outras, como
os mangues e o complexo do pantanal.
As regiões tropicais possuem o maior estoque de biodiversidade da Terra, principalmente as matas
equatoriais e tropicais. Calcula-se que o Brasil abrigue a terça arte das espécies existentes no mundo.
Por isso, o intenso desmatamento é alvo de preocupação e discussão e entre países e ONGs de todas
as partes do mundo.

Regiões Climáticas e Paisagens Botânicas Brasileiras

Clima Equatorial – Floresta Amazônica

No Brasil, o clima equatorial é típico da região amazônica, na qual se desenvolve a floresta Amazônica
– a maior floresta da zona intertropical do globo e, também, a que apresenta maior biodiversidade.
Essa floresta ocupava, originalmente, uma área de cerca de 5 milhões de km² (incluindo a parte
brasileira e sul-americana).
A intensa exploração madeireira, a implantação de grandes fazendas agropecuárias e os grandes
projetos de mineração provocam não só danos ambientais, como destroem espécies vegetais ainda
desconhecidas, que poderiam ser usadas como matérias-primas na produção de medicamentos para a
cura de muitas doenças graves. São, portanto, amplas as possibilidades de pesquisa e de aplicação dos
recursos genéticos encontrados nesse tipo de cobertura vegetal.
A floresta Amazônica se divide em três grupos, de acordo com a compartimentação do relevo.
* Floresta ou mata de igapó: situada nas áreas permanentemente inundadas pelos rios.
* Floresta ou mata de várzea: situada nas áreas inundadas apenas durante as cheias.
* Floresta de terra firme: situada nas áreas mais elevadas, onde se encontram árvores de grande
porte, como a andiroba, o cedro, o castanheiro e o mogno. Esse tipo de floresta abrange entre 70% e
80% da extensão florestal amazônica.
Apesar de contar com técnicas e equipamentos sofisticados para monitoramento de áreas florestais,
detecção de queimadas e derrubada de matas, os quais incluem computadores, radares, sistema de

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posicionamento global (GPS) e análise de imagens de satélite, os índices de desmatamento em toda a
Amazônia apresentaram-se elevados entre o final do século XX e início deste século.

A biodiversidade encontrada no Brasil é uma das maiores do mundo. Em termos regionais, a floresta
Amazônica apresenta, em seu conjunto, a maior concentração de espécies animais, vegetais e de
microorganismos da Terra. Segundo dados do IBGE e do Ibama, são mais de 3 mil espécies medicinais
catalogadas. No entanto, esses recursos são frequentemente explorados pela biopirataria.

Clima Tropical Úmido – a Mata Atlântica e os Mangues

O clima tropical úmido (ou litorâneo) acompanha uma estreita faixa de terra localizada junto à costa
atlântica, estendendo-se de São Paulo ao Rio Grande do Norte. Caracteriza-se pela ocorrência de
temperaturas elevadas o ano inteiro, em particular na região Nordeste. No litoral do Sudeste, as
temperaturas podem cair no inverno com a chegada de frentes frias (massa Polar atlântica).
No clima tropical litorâneo, as chuvas na costa nordestina são mais intensas no outono e inverno. No
Sudeste, elas são mais frequentes e abundantes no verão.
Duas formações vegetais são representativas desta região climática: a Mata Atlântica e os
manguezais.

A Mata Atlântica é a formação mais devastada de todo o território brasileiro.


Do período colonial, em que se verificou a expansão da agricultura canavieira, aos dias atuais, a região
da Mata Atlântica foi intensamente explorada. A mineração do século XVIII e a agricultura cafeeira
também contribuíram para a devastação de grandes extensões de mata, nas quais estabeleceram-se os
principais núcleos de povoamento e as primeiras cidades. Posteriormente, nessa área devastada
concentraram-se as principais regiões urbanas do país, as instalações industriais, as atividades
agropecuárias e as vias de transporte.

Os mangues são arbustos cujas raízes se estendem para um trecho acima do nível das águas (raízes
aéreas), formando verdadeiros berçários marinhos, isto é, locais onde a vida muitas vezes começa. São
os criatórios de camarões, caranguejos e pequenos organismos marinhos. Estes últimos servem de
alimento para os plânctons, microorganismos animais (zooplânctons) e vegetais (fitoplânctons), que, por
sua vez, estão na base da cadeia marinha.

Clima Tropical – o Cerrado e o Complexo do Pantanal

O clima tropical (denominado no Brasil como tropical semi-úmido ou continental), é típico da região
Centro-Oeste, mas abrange também trechos do Nordeste e Sudeste brasileiros. É um clima quente,
marcado por duas estações bem distintas: verão úmido e inverno seco.
O cerrado é uma formação de arbustos e campos. Sua paisagem, à primeira vista, não revela a riqueza
escondida nesse ecossistema. Raramente a defesa do cerrado faz parte das manifestações
ambientalistas. No entanto, é um dos ecossistemas mais ricos do país.
Por muito tempo a atividade predominante no cerrado foi a pecuária. Posteriormente, essa região
constituiu área de pastagem da maior parte do rebanho bovino e de expansão agrícola da soja. As
atividades agrícolas modernas, empreendidas em fazendas gigantescas, e o uso de agrotóxicos,
provocam não só a devastação do cerrado, como impactos ambientais profundos em toda essa região.

O complexo do Pantanal, também situado na região de clima tropical, é um ecossistema único no


mundo. Ele reúne espécies encontradas em todas as demais regiões brasileiras, formando um conjunto
atípico e adaptado às condições locais. A pecuária é a mais tradicional atividade econômica. A caça
predatória e o garimpo do ouro causam grandes danos ao meio ambiente pantaneiro.
É uma região plana e de baixa altitude, que passa a apresentar amplos trechos inundados durante a
estação chuvosa de verão.

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Formação Territorial e Divisão Político-Administrativa: Divisão Político Administrativa;
Organização federativa

Formação Territorial

Formação da Sociedade Brasileira:


A colonização foi um dos processos que definiram a formação populacional brasileira.
A partir do século XV, os europeus – especialmente os portugueses, seguidos dos espanhóis –
iniciaram a expansão marítima que os levou à conquista de terras até então desconhecidas – na África,
na Ásia e na América.
Nessas terras recém-descobertas foram criadas colônias (daí o termo colonização).
A maior parte das terras conquistadas no século XVI estava na América, já habitada por grande número
de povos autóctones (originários da própria terra), que passaram a ser conhecidos como indígenas.
A rica diversidade cultural das populações ameríndias foi afetada negativamente pelo processo de
colonização que os europeus lhe impuseram.
Muitos povos indígenas perderam seus territórios e outros foram totalmente dizimados.

As etnias que formaram a sociedade brasileira:


Sabemos que a sociedade brasileira passa por um forte processo de miscigenação desde os primeiros
séculos de sua história.
Índios autóctones, negros de origem africana e brancos europeus formam o tripé sobre o qual
nasceu grande parte dos inúmeros traços culturais da sociedade brasileira: religião, língua, culinária,
vestimentas, datas comemorativas, folclore, etc.
Essa rica diversidade sociocultural é fruto também da intensa miscigenação, que, ainda em curso, tem
contribuído há mais de cinco séculos para formar a sociedade brasileira.

A sociedade brasileira e a ocupação do espaço:


O primeiro período de formação do território brasileiro consistiu na ocupação do litoral.
Em função de uma economia exploradora voltada para a remessa de mercadorias para a Europa, as
cidades se desenvolveram junto aos principais portos e entrepostos comerciais.
Mesmo São Paulo e Curitiba, que não se encontram no litoral, ficam a menos de 100 quilômetros do
mar.
No início do século XXI, grandes parcelas do território brasileiro ainda constituem enormes vazios
populacionais.
A densidade demográfica brasileira – 23,8 hab/Km² - é baixa quando comparada é de muitos outros
países (lembrando que esse número é somente uma média, e não expressa como a população está
distribuída no território brasileiro).
A ocupação do território brasileiro é muito irregular.
Enquanto certas áreas têm um forte adensamento, outras estão praticamente vazias.
Essa distribuição mantém uma relação direta com a dispersão das atividades econômicas pelo
território.
De maneira geral, a população concentra-se na faixa litorânea e no Centro-Sul do Brasil.
A região sudeste é a que possui maior densidade populacional, pois concentrou nos dois últimos
séculos as principais atividades econômicas do Brasil, que acabaram atraindo imigrantes internos e
externos para os grandes centros urbanos da região.
Nas últimas décadas, o processo de saturação territorial e econômica do Sul e do Sudeste empurrou
milhões de pessoas para as regiões Centro-Oeste e Norte, atraídas principalmente pelos terrenos
disponíveis e pela possibilidade de expansão as atividades agropastoris.
Assim, um novo fluxo populacional soma-se a outros movimentos humanos que já aconteceram no
território brasileiro ao longo da história.
Muitos especialistas acreditam que a inserção das regiões Norte e Sul na lógica econômica brasileira
(até a década de 1970 encontravam-se relativamente isoladas) é um sintoma de amadurecimento político
e econômico do país.
Outros pensam que essa incorporação é um sintoma de esgotamento do modelo econômico, que, sem
alternativas, induz a população a migrar para regiões cujo meio ambiente estava preservado e que agora
sofrem um grave processo de devastação.
É exemplo dessa devastação a presença cada vez mais intensa de atividades econômicas, como o
cultivo de soja, em regiões antes integras, como o domínio do cerrado.

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Divisão Político-Administrativa

Divisão político-administrativa atual do Brasil96


O Brasil é um país autônomo e independente politicamente.
Possui um território dividido em estados, que nesse caso são vinte seis, além do distrito federal,
que representa uma unidade da federação que foi instituída com intuito de abrigar a capital do Brasil e
também a sede do Governo Federal.
Foram vários os motivos que levaram o Brasil a realizar uma divisão interna do território, dentre eles
os fundamentais foram os fatores históricos e político-administrativos.
Esse processo teve início ainda no período colonial, momento esse que o Brasil estava dividido em
capitanias hereditárias. Dessa forma estados como Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte são
derivados de antigas capitanias estabelecidas no passado momento no qual vigorava esse tipo de divisão.
Um dos motivos que favorece a divisão interna do país é quanto ao controle administrativo do território,
no qual subdivide as responsabilidades de fiscalizar em partes menores, uma vez que grandes extensões
territoriais sem ocupação e ausência de estado podem provocar uma série de problemas, inclusive de
perda de territórios para países vizinhos.
No fim do século XIX praticamente todos os estados já estavam com suas respectivas configurações
atuais, porém alguns estados surgiram posteriormente, como o Mato Grosso do Sul (1977) e o Tocantins
(1988), provocando uma remodelagem na configuração cartográfica e administrativa interna do país.

Estados significam unidades da federação brasileira.

O Brasil possui leis próprias, pois está organizado politicamente e detém total autonomia.
As leis são criadas em nível federal e são soberanas, no entanto, estados e municípios possuem leis
próprias, mas que são subordinadas às leis nacionais, no caso, a Constituição Federal.

Além da divisão em federações existem uma dentro dos estados, a regionalização em município,
que possui leis particulares que são submissas às leis federais, essa regionalização ainda pode ser
dividida em distritos.97

Distrito Federal - é a unidade onde tem sede o Governo Federal, com seus poderes: Judiciário,
Legislativo e Executivo;
Estados - em número de 26, constituem as unidades de maior hierarquia dentro da organização
político-administrativa do País. A localidade que abriga a sede do governo denomina-se Capital;
Municípios - os municípios constituem as unidades de menor hierarquia dentro da organização
político-administrativa do Brasil. A localidade onde está sediada a Prefeitura Municipal tem a categoria
de cidade;
Distritos - são unidades administrativas dos municípios. A localidade onde está sediada a
autoridade distrital, excluídos os distritos das sedes municipais, tem a categoria de Vila.
Divisão Regional - O IBGE elabora divisões regionais do território brasileiro, com a finalidade
básica de viabilizar a agregação e a divulgação de dados estatísticos.

96
TAMDJIAN, James Onning. Geografia geral e do Brasil: estudos para a compreensão do espaço. James & Mendes. São Paulo: FTD.
97
FREITAS, Eduardo de. Geografia humana do Brasil. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/divisao-politicoadministrativa-brasil.htm.

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Em consequência das transformações havidas no espaço brasileiro, no decorrer das décadas de
50 e 60, uma nova divisão em macrorregiões foi elaborada em 1970, definindo as Regiões: Norte,
Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que permanecem em vigor até o momento.98

Organização federativa

A organização da República Federativa do Brasil está presente na Constituição Federal de 1988.


Todo Estado precisa de uma correta organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro
da administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das formas encontradas para facilitar
a organização do Estado Brasileiro.
A divisão político-administrativa brasileira é apresentada na Constituição Federal, no artigo 18.
Como vimos, ela surgiu no período colonial, quando o Brasil dividia-se em capitanias hereditárias e
posteriormente foram surgindo outras configurações que proporcionaram maior controle administrativo do
país.
O Brasil é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal (cuja capital é Brasília) e os
Municípios, sendo ele uma República Federativa.
Cada ente federativo possui sua autonomia financeira, política e administrativa, em que cada Estado
deve respeitar a Constituição Federal e seus princípios constitucionais, além de ter sua Constituição
própria; e também, cada município (através de sua lei orgânica), poderá ter sua própria legislação.
Essa organização é formada pelos três poderes: Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder
Legislativo, adotando a teoria da tripartição dos poderes.
A administração pública federal é feita em três níveis, cada qual com sua função geral e específica:
Nível Federal – a União realiza a administração pública, ela é um representante do governo federal,
composta por um conjunto de pessoas jurídicas de direito público.
Nível Estadual – os Estados e o Distrito Federal realizam a administração pública.
Nível Municipal – os Poderes Legislativo e Executivo realizam a administração pública nos municípios.

Lembre-se:
República – forma de governo em que o chefe de estado é eleito como representante, passando
por eleições periódicas.
Federação – é quando há apenas a soberania de um Estado Federal, apesar da união dos
diferentes Estados federados.

Estrutura dos poderes no Brasil


Poderes/Nível Federal Estadual Municipal
Legislativo Congresso Nacional Assembleia Câmara Municipal
(Câmara dos Legislativa
Deputados e Senado)
Executivo Presidente da Governador e Vice e Prefeito, Vice e
República e Vice e Secretários Secretariado
Ministros
Judiciário Supremo Tribunal Tribunais e Juízes ______________
Federal;
Superior Tribunal de
Justiça;
Tribunais e Juízes
Federais

Além dessas divisões dentro dos órgãos existem outras subdivisões (como conselho, coordenação,
diretoria, etc.) chamado de Organização ou Estrutura do Poder.
Divisão dos Poderes no Brasil:
A separação dos poderes no Brasil passou a existir com a Constituição outorgada de 1824 que
prevaleceu até o fim da Monarquia, mas além dos três poderes, na época, havia também o quarto poder,
chamado de Moderador, que era exercido pelo Imperador, mas foi excluído da Constituição da República,
em 1891.
No art. 2º da Constituição Federal de 1988 vemos os Poderes da União que são: Legislativo,
Judiciário e Executivo.

98
Disponível em: http://teen.ibge.gov.br/mao-na-roda/divisao-politico-administrativa-e-regional.html.

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Além disso, existe o Ministério Público (MP), um órgão do Executivo. Apesar dessa relação, ele tem
total independência dos outros poderes em algumas situações. Seu objetivo principal é garantir que a lei
seja cumprida e agir na defesa da ordem jurídica.

Poder Legislativo no Brasil:


O Poder Legislativo é realizado pelo Congresso Nacional. Esse poder é responsável por criar as leis e
é formado pela Câmara dos Deputados (representantes do povo), Senado Federal (representantes dos
Estados e Distrito Federal), e Tribunal de Contas da União (órgão regulador e fiscalizador das ações
externas, prestando auxílio para o Congresso Nacional).
O Congresso Nacional elabora as leis e realiza a fiscalização financeira, contábil, operacional,
patrimonial e orçamentária da União e entidades ligadas à Administração direta e indireta.
O Poder Legislativo é organizado em duas casas (bicameralismo), tradição desde o período da
Monarquia (1822-1889). No caso, as Casas são: Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) e Câmara Alta
(Senado). O objetivo é que uma Casa realize o trâmite e discussões das matérias e a outra Casa melhore
e revise os trabalhos e vice-versa. Assim, as duas casas poderão contribuir para a elaboração das normas
jurídicas.
A Câmara dos Deputados tem como função, além de representar o povo, discutir sobre os assuntos
nacionais e legislar sobre eles, fazendo a fiscalização dos recursos públicos.

Poder Executivo no Brasil:


Com a preferência do sistema presidencialista, proposto na Constituição de 1988, esse poder é
exercido pelo Presidente da República com a ajuda dos ministros de Estado.
O Presidente da República age liderando, sancionando, promulgando, dando ordens para publicação
das leis, criando cargos, funções ou empregos públicos na administração pública, aumentando salários,
vetando projetos de leis e coordenando a administração federal.
É crime presidencial, art. 85, atos do Presidente da República que impedem o exercício do Poder
Legislativo, Judiciário, Ministério Público e as constituições das demais unidades da federação.

Poder Judiciário no Brasil:


O judiciário tem o poder de julgar e garantir o cumprimento das leis, promovendo a paz social. Ele tem
uma estrutura singular e existe uma hierarquia dos seus órgãos, nomeados de 'instâncias'.
A primeira instância é representada pelo órgão que irá realizar o julgamento da ação inicialmente. Se
caso, as partes envolvidas no processo recorrerem aos resultados da ação anterior, o processo será
submetido à uma instância superior, mas há casos em que a ação já poderá ser submetida à essa
instância.

Questões

01. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação
histórica do território brasileiro.
A formação histórica do território brasileiro iniciou-se com a assinatura do Tratado de Madri, que
determinou, por meio da criação de uma linha imaginária, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa
nas Américas.
(....) Certo (....) Errado

02. (TJ/SC – Analista Administrativo – TJ/SC/Adaptada) Sobre o território brasileiro, sua localização
geográfica e sua organização política-territorial, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
(A) O Brasil é uma república federativa formada por 27 unidades sendo, 26 estados e um Distrito
Federal.
(B) A divisão política do território brasileiro tem mudado no decorrer do tempo, assim até a Constituição
de 1988 existia no Brasil a denominação de Território Federal.
(C) Os Territórios Federais eram divisões internas do país administradas diretamente pelo governo
federal.
(D) Na divisão política-administrativa do Brasil, em 1988 é extinto o Território Federal de Fernando de
Noronha, que passa a fazer parte do Estado de Pernambuco.
(E) O Brasil ocupa a porção centro-ocidental da América do Sul, portanto, apresenta fronteiras com
quase todos os países sul-americanos exceto, o Chile e Equador.

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03. (DPE/SP – Oficial de Defensoria Pública – FCC/Adaptada) O Estado Brasileiro organiza-se,
política e administrativamente, sob a forma de
(A) confederação democrática.
(B) república parlamentarista.
(C) república federativa.
(D) federação parlamentarista.
(E) confederação parlamentarista.

04. (IF/PI – Assistente em Administração – FUNRIO) A organização político-administrativa da


República Federativa do Brasil compreende
(A) a União e os Estados, somente.
(B) a União, os Estados e o Distrito Federal, somente.
(C) a União e o Distrito Federal, somente.
(D) os Estado, o Distrito Federal e os Municípios, somente.
(E) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Respostas

01. Resposta: Errado.


A colonização foi um dos processos que definiram a formação populacional brasileira.
A partir do século XV, os europeus – especialmente os portugueses, seguidos dos espanhóis –
iniciaram a expansão marítima que os levou à conquista de terras até então desconhecidas – na África,
na Ásia e na América.

02. Resposta: E.
O Brasil é considerado um país continental, se encaixa entre os cinco maiores países do mundo. Ocupa
a porção centro-oriental do continente, fazendo fronteira com quase todos os países sul-americanos
(exceção do Chile e do Equador).

03. Resposta: C.
Artigo 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

04. Resposta: E.
Artigo 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

8. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e


coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políticos.

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu Título II os direitos e garantias fundamentais,


subdividindo-os em cinco capítulos: direitos individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade,
direitos políticos e partidos políticos.

É necessária maior atenção na leitura do artigo 5º, tendo em vista que este é um dos mais exigidos
em concurso público!

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também de
grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser coletivamente
consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto com direitos foram estabelecidos expressamente
deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os indivíduos têm obrigações específicas,
inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social.

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TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada
da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;

Durante o dia Durante a noite


Consentimento do morador Consentimento do morador
Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito
Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro
Determinação judicial --

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).

A interceptação só pode ocorrer com ordem judicial, para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal, sob pena de constituir prova ilícita.

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

Um exemplo muito utilizado pela doutrina para explicar esse inciso é o do Exame aplicado pela
Ordem dos Advogados do Brasil aos bacharéis em Direito, para que estes obtenham habilitação para
exercer a profissão de advogados. Como é notório, a lei garante a liberdade de trabalho, sendo, no
entanto, que a lei posterior, ou seja, o Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para que seja
possível o exercício da profissão de advogado.

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XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;

Desde que sejam obedecidos alguns requisitos o proprietário poderá ter subtraída a coisa de sua
propriedade. São eles:
- Necessidade pública;
- Utilidade pública;
- Interesse social;
- Justa e prévia indenização; e
- Indenização em dinheiro.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel


pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a
terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da
sua família.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
"de cujus";
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

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XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

- Direito adquirido: Direito que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo
começo do exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem;
- Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;
- Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais recurso.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;


XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor, não se admitindo sua retroatividade
maléfica. Não pode retroagir, salvo se beneficiar o réu.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante
o período de amamentação;

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LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
na forma da lei;

Antes da naturalização Depois da naturalização


- prática de crime comum --
-comprovado envolvimento em tráfico ilícito de -comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins entorpecentes e drogas afins.

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Súmula Vinculante 5 do STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;


LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o acusado não pode ser considerado
culpado. Cabe à acusação provar a sua culpa. A prisão, antes da condenação definitiva, só é possível
em casos de flagrante delito ou por ordem fundamentada do juiz (preventiva ou temporária).
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;

Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo 3º, as hipóteses em que o civilmente
identificado deverá proceder à identificação criminal. São elas:
– o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
– o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
– o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
– a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do
Ministério Público ou da defesa;
– constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
– o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

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Súmula Vinculante Nº 25 do STF: "É ilícito a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito".

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:


a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania;

Durante muitos anos não houve uma lei regulamentando o procedimento do mandado de injunção,
e por tal razão, aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais do mandado de segurança.
Contudo, após longa espera foi editada a Lei nº 13.300/2016, que disciplina o processo e o
julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo.
A grande consequência do mandado de injunção consiste na comunicação ao Poder Legislativo para
que elabore a lei necessária ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais.

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania. (Regulamento).
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.

Cabe ressaltar que este parágrafo somente abrange os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos. Assim, os demais tratados serão recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro
com o caráter de lei ordinária.

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§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.

O Brasil se submete à jurisdição do TPI (Tribunal Penal Internacional), criado pelo Estatuto de Roma
em 17 de julho de 1998, o qual foi subscrito pelo Brasil e aprovado pelo Decreto Legislativo nº 112/2002,
tendo sua vigência apartes desde ano. Trata-se de instituição permanente, com jurisdição para julgar
genocídio, crimes de guerra, contra a humanidade e de agressão, e cuja sede se encontra em Haia, na
Holanda. Os crimes de competência desse Tribunal são imprescritíveis, dado que atentam contra a
humanidade como um todo.

Dos Direitos Sociais

Segundo José Afonso da Silva, os direitos sociais “são prestações positivas proporcionadas pelo
Estado, direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores
condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais
desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade”.
Os direitos sociais exigem a intermediação dos entes estatais para sua concretização; consideram o
homem para além de sua condição individualista, e guardam íntima relação com o cidadão e a sociedade,
porquanto abrangem a pessoa humana na perspectiva de que ela necessita de condições mínimas de
subsistência.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

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XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa empresa Cidadã, que permite que seja
prorrogada a licença à gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o prazo de 120 (cento
e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias. Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas privadas (que ao aderirem o programa
recebem incentivos fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e fundacional.
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída
a possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já
assegurados constitucionalmente as empresas que fazem parte do programa. Porém, para isso, o
empregado tem que requerer o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e comprovar a
participação em programa ou atividade de orientação sobre paternidade responsável.

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013).

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

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V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Da nacionalidade

A nacionalidade é o vínculo jurídico de uma pessoa com determinado Estado Soberano. Vínculo que
gera direitos, porém, também acarreta deveres.
Cidadão é aquele que está no pleno gozo de seus direitos políticos. Geralmente, cidadão é o nacional,
mas pode ocorrer de ser nacional e não ser cidadão (Exemplo: Um indivíduo preso é nacional, mas não
é cidadão, visto estarem suspensos seus direitos políticos, em razão da prisão).
Povo é o elemento humano da nação, do país soberano. É o conjunto dos nacionais. População é
conceito demográfico, engloba nacionais e estrangeiros. Envolve todas as pessoas que estão em um
território num dado momento histórico.

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país (critério jus soli);
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil (critério jus sanguinis);
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (critério misto);

II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.

A nacionalidade apresenta-se de duas formas:


a) Nacionalidade originária: Também denominada nacionalidade primária ou involuntária, é a
nacionalidade dos natos, não dependendo de qualquer requerimento. É um direito subjetivo,
potestativo, que nasce com a pessoa. É potestativo, pois depende exclusivamente de seu titular.
Somente a CF poderá estabelecer quem são os natos.

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b) Nacionalidade secundária: Também denominada nacionalidade adquirida ou voluntária, é a
nacionalidade dos naturalizados, sempre dependendo de um requerimento sujeito à apreciação. Em
geral, não é um direito potestativo, visto não ser automático.

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de


brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.


§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

Cidadania

Conforme texto de Orson Camargo99, temos que, no decorrer da história da humanidade surgiram
diversos entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa
da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no contexto do
surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.

O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". A palavra
cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos
que essa pessoa tinha ou podia exercer. Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a
uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e
obrigações, sob vigência de uma constituição. O termo cidadão refere-se ao habitante da “cidade”, o
indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um determinado Estado.
Segundo Dalmo Dallari: “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania
está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de
inferioridade dentro do grupo social”.100

Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua
dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um
caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.

A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de pertencimento


a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na

99
CAMARGO, Orson. "O que é cidadania?". Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cidadania-ou-estadania.htm>. Acesso em
16/02/2017.
100
DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é definida
como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.

A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T.H.


Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos e
sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra
Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-
Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos
sociais e a efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma
ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar
econômico, lazer, educação e político.
A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade,
através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e
coletivas, e não se conformando frente às dominações, seja do próprio Estado ou de outras instituições.
No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, apesar das extraordinárias
conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está muito
distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue ocultar
o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, altos índices de desemprego, da taxa significativa
de analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional das vítimas da violência particular e oficial.
Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no Brasil a trajetória dos direitos seguiu
lógica inversa daquela descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados em
período de supressão dos direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que se tornou
popular (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a expansão do direito do voto deu-se em
outro período ditatorial, em que os órgãos de repressão política foram transformados em peça decorativa
do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.101
Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T. H. Marshall afirma que a
cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito:
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento; direito de
propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no século 18;
2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto
das instituições de autoridade pública, constituída no século 19;
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a segurança até ao
direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade, que são conquistas
do século 20.

Ainda com base no que dispõe a doutrina, o conceito de cidadania comporta duas concepções, sendo
estas de cidadania em sentido estrito e em sentido amplo.
A cidadania em sentido estrito, de acordo com a terminologia tradicional, adotada pela legislação
infraconstitucional e pela quase unanimidade dos autores de direito constitucional, é o direito de participar
da vida política do País, da formação da vontade nacional, abrangendo os direitos de votar e ser votado.
É uma qualidade própria do cidadão, que é justamente o nacional no gozo de direitos políticos.
Por sua vez, a cidadania em sentido amplo, quer significar a participação do cidadão em diversas
atividades ligadas ao exercício de direitos individuais, fundamentando-se, então, no artigo 1º da
Constituição da República. Esta tem um alcance maior. Adotado este sentido mais abrangente, os
nacionais identificam-se como os cidadãos de um Estado.
Existem duas espécies de cidadania: ativa e passiva. A primeira é o direito de votar, enquanto a
segunda, o de ser votado.

A Constituição Federal (CF/88), chamada de “constituição cidadã”, por ser considerada a mais
completa entre as constituições brasileiras, com destaque para os vários aspectos que garantem o acesso
à cidadania, traz já em seu artigo 1º, inciso II, a cidadania como direito fundamental.102 A preocupação

101
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29.
102
CF/88: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

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com os direitos do cidadão é claramente uma resposta ao período histórico diretamente anterior ao da
promulgação da constituição.

Dos Direitos políticos

Direitos políticos são os direitos do cidadão que permitem sua participação e influência nas atividades
de governo.103 Para Pimenta Bueno, citado por José Afonso da Silva104, os direitos políticos são “as
prerrogativas, atributos, faculdades ou poder de intervenção dos cidadãos ativos no governo de
seu país, intervenção direta ou só indireta, mais ou menos ampla, segundo a intensidade do gozo
desses direitos.”
Para Gomes105, direitos políticos são “as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania.
Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e do
funcionamento do Estado.”
A Constituição Federal de 1988 dedica o capítulo IV do título II, referente aos direitos e garantias
fundamentais, aos direitos políticos.106 O tema direitos políticos compreende os institutos do direito de
sufrágio, sistemas eleitorais, privação dos direitos políticos e inelegibilidades.

Sufrágio
Processo de seleção do corpo eleitoral. Pelo sufrágio determina-se quem pode, ou não, votar. No Brasil
adota-se o sufrágio universal.

Voto
Meio pelo qual se manifesta uma vontade, num julgamento ou deliberação coletiva.

Eleição
É a ação de eleger, escolher ou de ser escolhido por meio da votação.

Democracia Direta e Indireta


A democracia direta pode ser vista como um tipo de sistema onde os cidadãos discutem e votam
diretamente as principais questões de seu interesse.
A democracia indireta estabelece que a população utilize do voto para a escolha dos representantes
políticos mais adequados aos seus interesses. Desse modo, os cidadãos teriam os seus direitos
assegurados por vereadores e deputados que se comprometeriam a atender os anseios de seus eleitores.

Cidadania: conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que vive em sociedade, no que
se refere ao seu poder e grau de intervenção no usufruto de seus espaços e na sua posição em poder
nele intervir e transformá-lo.

Elegibilidade: capacidade jurídica para apresentar-se candidato a cargo público pelo sufrágio popular;
possibilidade de eleger-se.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

Plebiscito: é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo
voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
Referendo: é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a
respectiva ratificação ou rejeição.

103
http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/direitos-politicos-e-sufragio-roteiros-eje. Acesso em 17/06/2015.
104
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006. p. 345.
105
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2012. p. 4.
106
Artigos 14 a 16 da CF 88.

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Iniciativa popular: consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 Estados, com não
menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles (art. 13, da Lei nº 9.709/98).

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:


I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.

Conscritos: alistados, recrutados.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:


I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Idade
Cargo
mínima
Presidente e Vice-Presidente da República e
35
Senador
Governador e Vice-Governador de Estado e do
30
Distrito Federal
Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
21
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz
18 Vereador

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida

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pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos
de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

Dos Partidos Políticos

Os Partidos Políticos são associações constituídas para a participação da vida política de um país,
para a formação da vontade nacional, com objetivos de propagação de ideias e de conquista, total ou
parcial do poder político. São peças fundamentais de um sistema político democrático, destinadas “a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender
os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal”. Dentro desse contexto, compete aos partidos
de situação, além de propagar e implantar as ideias constantes do estatuto do partido, dar sustentação
política ao governo no Parlamento, aprovando seus projetos. Aos partidos de oposição, além da
propaganda de ideias e da luta pela conquista do poder político, compete à fiscalização dos atos do
governo, bem como a formulação de políticas alternativas.
Deve existir uma identidade política do candidato com o partido pelo qual concorre às eleições
populares. Pelo princípio da fidelidade partidária, o parlamentar eleito deve observar o programa
ideológico do partido em que se inscreveu e as diretrizes dos órgãos de direção partidária.

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento.
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer
regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
97, de 2017)

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I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado
o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito
ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

Nota: A Emenda Constitucional n. 97/2017 só terá validade para as eleições de 2.020.


O §3º do art. 17 traz a chamada “cláusula de barreira (ou de desempenho)”. Segundo essa cláusula
os partidos políticos só terão acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita
no rádio e na televisão se atingirem um patamar mínimo de candidatos eleitos. Os requisitos estabelecidos
nos incisos do parágrafo são alternativos.

Atenção! Os efeitos do §3º só serão atingidos a partir das eleições de 2030.

Questões

01. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito - IOBV/2016) De acordo com o texto


constitucional, é direito fundamental do cidadão:
(A) A manifestação do pensamento, ainda que através do anonimato.
(B) A liberdade de associação para fins lícitos, inclusive de caráter paramilitar.
(C) Ser compelido a fazer ou deixar de fazer alguma coisa somente em virtude de lei.
(D) Ser livre para expressar atividade intelectual e artística, mediante licença do Ministério da
Educação e Cultura.

02. (Prefeitura de Valença/BA - Técnico Ambiental - AOCP/2016) Sobre os direitos fundamentais,


assinale a alternativa correta.
(A) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, exceto apenas no caso de flagrante delito.
(B) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, não podendo a lei estabelecer qualquer
requisito.
(D) O homicídio constitui crime inafiançável e imprescritível.
(E) No Brasil, não se admite pena de morte em hipótese alguma.

03. (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC/2016) Sobre o disposto nos incisos do art. 5º da
Constituição Federal, é INCORRETO afirmar que é
(A) livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.
(B) permitido se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização ou prévio aviso, desde que a iniciativa não frustre outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local.
(C) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença.
(D) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nos estabelecimentos
penitenciários.
(E) livre a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas, independentemente de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

04. (IFF - Assistente de Administração - FCM/2016) Sobre os direitos constitucionais individuais e


coletivos,
(A) não há restrições para o direito de se reunir pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
(B) o acesso à informação é garantido apenas aos cidadãos que estejam politicamente regulares com
a administração pública, no âmbito federal, estadual e municipal.
(C) no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
(D) apesar de aceito pela jurisprudência atual, não há dispositivo legal na Constituição Federal de 1988
que preveja expressamente o direito à indenização por danos morais.
(E) são assegurados a todos, comprovado o pagamento das respectivas taxas, o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

05. (IFF - Administrador - FCM/2016) Sobre os direitos e as garantias fundamentais, previstos na


Constituição Federal da República:
(A) É assegurada a liberdade de crença, desde que o exercício de seus cultos religiosos seja realizado
na forma da lei.
(B) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença.
(C) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, em caráter absoluto.
(D) As entidades associativas, independentemente de autorização, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
(E) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, a qualquer hora, por
determinação judicial.

06. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016) Constituem direitos sociais conforme


Constituição Federal de 1988, dentre outros, os seguintes:
(A) a religião, o lazer e a segurança.
(B) o voto, a cultura e a integração nacional.
(C) o trabalho, a moradia e a segurança.
(D) a igualdade tributária, a cultura e a segurança.
(E) a cultura, a religião e o transporte.

07. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) Sobre a disciplina constitucional dos direitos
sociais, assinale a alternativa CORRETA.
(A) A assistência gratuita aos filhos e dependentes é garantida desde o nascimento até oito anos de
idade em creches e pré-escolas.
(B) É garantido seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
a que este está obrigado, desde que tenha agido com dolo.
(C) É proibido trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
(D) É garantido o repouso semanal remunerado, obrigatoriamente aos domingos.
(E) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até três anos após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

08. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - COMPERVE/2016) Os direitos sociais fundamentais,


também apelidados pelos juristas como direitos de segunda dimensão ou de segunda geração, têm, em
sua ontologia, a intenção de reduzir desigualdades para fins de concretização da igualdade material,
substancial ou isonômica. Uma das ideias que os permeia é a de tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na proporção de suas desigualdades. O constituinte brasileiro, visualizando
a importância desses direitos, tratou de expressamente tutelá-los. Nesse sentido, a Constituição Federal
prevê direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, tais como
(A) a ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de sete
anos.
(B) o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho e a proteção em face da
automação, na forma da lei.
(C) o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, dois terços a mais que o salário normal.
(D) a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em quarenta por cento relativamente
à do normal.

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09. (Câmara de Natal/RN - Guarda Legislativo - COMPERVE/2016) A liberdade do indivíduo, direito
fundamental tradicionalmente caracterizado como de primeira dimensão ou geração, possui
desdobramentos e se expressa em variadas espécies no âmbito do atual Estado Constitucional
Democrático, sendo possível falar em liberdade de ir e vir, liberdade religiosa, liberdade profissional,
dentre outras. No que diz respeito especificamente à liberdade de associação sindical, de acordo com as
diretrizes constitucionais, é possível observar que no Brasil é livre a associação sindical, cabendo aos
sindicatos a defesa dos
(A) direitos individuais da categoria em questões judiciais, excluídas as questões administrativas e de
ordem internacional.
(B) interesses individuais da categoria, excluídos os coletivos, inclusive em questões judiciais ou
administrativas.
(C) direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas.
(D) interesses coletivos da categoria em questões judiciais, excluídos os interesses individuais e as
questões administrativas e incluídas as questões internacionais.

10. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo - FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta


sobre os direitos sociais previstos na Constituição Federal.
(A) É proibida a prática de qualquer espécie de trabalho a menores de dezoito anos.
(B) É vedada a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil.
(C) A distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos deverá
ser aferida por meio de critérios objetivos e previamente estabelecidos.
(D) O prêmio do seguro contra acidentes do trabalho contratado pelo empregador exclui a sua
responsabilidade civil, mesmo quando incorrer em dolo ou culpa.
(E) O empregador poderá descontar até o limite de dez por cento da remuneração do trabalhador em
razão da restrição decorrente de sua deficiência, física ou motora.

11. (TJ/MT - Analista Judiciário - Ciências Contábeis - UFMT/2016) Sobre a nacionalidade, assinale
a afirmativa INCORRETA.
(A) São brasileiros natos os filhos de pais estrangeiros nascidos no Brasil, desde que estes não estejam
a serviço de seu país.
(B) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer um
deles esteja a serviço do Brasil.
(C) São brasileiros naturalizados os originários dos países de língua portuguesa, na forma da lei,
residentes por um ano ininterrupto no Brasil.
(D) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há
mais de dez anos e sem condenação penal.

12. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Técnico Judiciário - Área Administrativa - FCC/2016) As irmãs
Catarina e Gabriela são brasileiras naturalizadas. Ambas possuem carreira jurídica brilhante, destacando-
se profissionalmente. Catarina almeja ocupar o cargo de Ministra do Supremo Tribunal Federal e Gabriela
almeja ocupar o cargo de Ministra do Tribunal Superior do Trabalho. Neste caso, com relação ao requisito
nacionalidade,
(A) nenhuma das irmãs poderá alcançar o cargo almejado.
(B) ambas as irmãs poderão alcançar o cargo almejado, independentemente de qualquer outra
exigência legal.
(C) apenas Gabriela poderá alcançar o cargo almejado.
(D) apenas Catarina poderá alcançar o cargo almejado.
(E) ambas as irmãs só poderão alcançar o cargo almejado se tiverem mais de quinze anos de
naturalização.

13. (IF/BA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016) De acordo com a Constituição Federal


de 1988, são privativos de brasileiro nato, dentre outros, os cargos de
(A) Procurador da República e de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
(B) Secretário Nacional da Infância e da Juventude e de oficial das Forças Armadas.
(C) Ministro do Supremo Tribunal Federal e de Presidente da Câmara dos Deputados.
(D) Advogado Geral da União e de Auditor da Receita Federal.
(E) Ministro do Tribunal de Contas do Distrito Federal e de Procurador da República.

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14. (SJC/SC - Agente de Segurança Socioeducativo – FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta
acerca da nacionalidade.
(A) Apenas os nascidos na República Federativa do Brasil poderão ser considerados brasileiros
naturalizados.
(B) As pessoas originárias de países de língua portuguesa que contarem com residência permanente
por um ano ininterrupto e possuírem idoneidade moral poderão adquirir a nacionalidade brasileira nata.
(C) O filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, ainda que nascido no estrangeiro, sempre será
considerado brasileiro nato.
(D) Passados dez anos de residência ininterrupta na República Federativa do Brasil, poderá o
estrangeiro de qualquer nacionalidade requerer a nacionalidade brasileira.
(E) É brasileiro nato o nascido na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país.

15. (Prefeitura de Teresina/PI - Técnico de Nível Superior - FCC/2016) Paula, filha de diplomatas
americanos, nasceu no Brasil quando seus pais estavam a serviço dos Estados Unidos da América.
Camilla, que é cidadã inglesa, sem condenação penal e residente há 10 anos no Brasil, deseja obter a
cidadania brasileira. João, estrangeiro originário de país de língua portuguesa, tem comprovada
idoneidade moral e reside há 1 ano ininterrupto no Brasil. De acordo com as normas da Constituição
Federal que disciplinam os requisitos para a aquisição da nacionalidade brasileira, Paula, por
(A) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu país, não é cidadã brasileira. Camilla preenche
os requisitos e já pode, caso requeira, ser naturalizada brasileira. João, por não cumprir o requisito
temporal mínimo exigido, ainda não pode ser naturalizado brasileiro.
(B) ter nascido no Brasil, é cidadã brasileira. Camilla preenche os requisitos e já pode, caso requeira,
ser naturalizada brasileira. João, por não cumprir o requisito temporal mínimo exigido, ainda não pode ser
naturalizado brasileiro.
(C) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu país, não é cidadã brasileira. Camilla preenche
os requisitos e já pode, caso requeira, ser naturalizada brasileira. João, por cumprir todos os requisitos,
já pode ser naturalizado brasileiro, caso requeira.
(D) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu país, não é cidadã brasileira. Camila, por não
cumprir o requisito temporal mínimo, ainda não pode ser naturalizada brasileira. João, por cumprir todos
os requisitos, já pode ser naturalizado brasileiro, caso requeira.
(E) ser filha de diplomatas americanos a serviço de seu país, não é cidadã brasileira. Camilla, por não
cumprir o requisito temporal mínimo, ainda não pode ser naturalizada brasileira. João, por não cumprir o
requisito temporal mínimo exigido, ainda não pode ser naturalizado brasileiro.

16. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Inspetor de Alunos - EXATUS-PR) Qual o significado de


Cidadania?
(A) cidadania significa a atitude e o comportamento do indivíduo na sociedade.
(B) cidadania significa somente que o indivíduo tem direito a um trabalho garantido.
(C) cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo se relaciona
com a sociedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, “civitas" que quer dizer “cidade".
(D) falar que uma pessoa é cidadã é o mesmo que dizer que ela pode ter lazer nos finais de semana.

17. (MPE/SC - Motorista – FEPESE) Assinale a alternativa correta em relação à cidadania.


(A) A cidadania somente pode ser exercida durante o período eleitoral.
(B) A cidadania é um instituto recente no Brasil, que foi instituído por meio da Constituição Federal de
1988.
(C) O cidadão poderá a qualquer momento renunciar ao seu direito à cidadania.
(D) Ao passar para a inatividade, o servidor público perde o direito de exercer a sua cidadania.
(E) É considerada direito fundamental expresso, de acordo com a Constituição Federal de 1988.

18. (UFPB - Assistente Administrativo - INSTITUTO AOC) Assinale a alternativa que apresenta o
que significa cidadania
(A) O direito de agir somente por meio de recompensas pessoais.
(B) O direito de viver como bem entender.
(C) O direito de falar o que quiser e a quem quiser de forma completamente imune.
(D) O direito de exigir sempre e da forma que julgar conveniente.
(E) O direito de viver decentemente.

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19. (PC/SP -Auxiliar de Papiloscopista Policial – VUNESP) Com relação à cidadania, assinale a
alternativa correta.
(A) A cidadania confere à pessoa um conjunto de direitos para que participe ativamente do governo de
seu povo, porém não implica a observância de obrigações e deveres, uma vez que deve ser exercida de
forma plena.
(B) O conceito contemporâneo de cidadania compreende sua autonomia e ausência de dependência
ou relação com os direitos humanos.
(C) A cidadania não tem conceito estanque, mas histórico, uma vez que varia no tempo e no espaço.
(D) A cidadania é exercida por indivíduos, não podendo ser exercida por grupos de pessoas ou por
instituições.
(E) O conceito de cidadania, atualmente, restringe-se à “qualidade de gozar direitos políticos”.

20 (TRT - 2ª REGIÃO-SP - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação - FCC) Na Constituição


Federal, a cidadania constitui
(A) objetivo da República Federativa do Brasil.
(B) princípio pelo qual a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais.
(C) fundamento da República Federativa do Brasil.
(D) princípio referido no preâmbulo e reafirmado como princípio da Administração pública.
(E) um dos princípios gerais da atividade econômica.

21. (IFF - Operador de Máquinas Agrícolas - FCM/2016) Sobre os Direitos Políticos, previstos na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, analise as afirmativas abaixo, e marque (V) para
verdadeiro ou (F) para falso:
( ) Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, na forma e
gradação previstas em lei.
( ) A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto indireto e aberto, com valor
igual para todos.
( ) A filiação partidária é uma condição de elegibilidade.
( ) O alistamento e o voto são obrigatórios para os maiores de dezesseis anos.

A sequência correta é
(A) V, V, F, V.
(B) F, V, F, F.
(C) V, V, V, F.
(D) F, V, F, V
(E) V, F, V, F.

22. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Técnico Judiciário - FCC/2016) A respeito dos direitos políticos,
considere:
I. São condições de elegibilidade, dentre outras, a idade mínima de trinta e cinco anos para Presidente
e Vice-Presidente da República e Senador, trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal e vinte um anos para Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz.
II. O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios, inclusive para os conscritos, durante o período de
serviço militar obrigatório.
III. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
IV. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, do Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, do Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Está correto o que consta APENAS em


(A) II e IV.
(B) I e IV.
(C) I, III e IV.
(D) II e III.
(E) I e III.

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23. (Prefeitura de Chopinzinho/PR - Procurador Municipal - FAU/2016) Os Direitos Políticos ou
Direitos de Cidadania são o conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão, que lhes permite, através do voto,
do exercício de cargos públicos ou da utilização de outros instrumentos constitucionais e legais, ter efetiva
participação e influência nas atividades de governo. De acordo com o disposto na Constituição Federal
de 1988, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
(B) Exige-se a idade mínima de trinta anos para elegibilidade de Governador e Vice-Governador de
Estado e do Distrito Federal.
(C) São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
(D) A principal distinção entre Referendo e Plebiscito é que o primeiro é convocado previamente à
criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o Plebiscito é convocado
posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta.
(E) Regra geral, para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.

24. (Prefeitura de Ilhéus/BA - Procurador - CONSULTEC/2016) É vedada a cassação de direitos


políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de
(A) suspensão da naturalização por sentença transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
(B) incapacidade civil relativa.
(C) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
(D) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do Art. 5º, XVIII
da CF.
(E) improbidade administrativa, exclusivamente para os ocupantes de mandato eletivo.

25. (CIS – AMOSC/SC - Técnico administrativo - Cursiva) Na Constituição Federal, Art. 14. A
soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
(A) plebiscito, referendo e iniciativa popular
(B) plebiscito, eleição e iniciativa popular
(C) plebiscito, referendo e eleição direta
(D) nenhuma alternativa correta

26. (TJ/MA - Juiz Substituto - CESPE/2016) De acordo com o que está expresso na CF acerca dos
partidos políticos, é livre a criação, a fusão, a incorporação e a extinção de partidos políticos,
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais
da pessoa humana, desde que observado(a)
(A) a obrigação de prestar contas à justiça eleitoral.
(B) a apreciação da legalidade dos atos de admissão de pessoal para fins de registro.
(C) a vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal em caso de
coligações eleitorais.
(D) o caráter regional do novo partido que se pretenda criar.
(E) a ampla publicidade dos orçamentos dos partidos políticos.

27. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário – Contabilidade - CESPE/2016) Assinale a
opção correta acerca do que dispõe a CF sobre partidos políticos.
(A) Os partidos políticos possuem personalidade jurídica de direito público.
(B) A previsão constitucional de que a lei regrará a função parlamentar autoriza o estabelecimento,
pela legislação infraconstitucional, de padrões mínimos de desempenho eleitoral como condição para
funcionamento do partido nas casas legislativas.
(C) É inconstitucional, por ofensa ao pluripartidarismo e ao pluralismo político, a fixação de
proporcionalidade entre a representatividade partidária e a distribuição do fundo partidário e do tempo na
televisão e no rádio.
(D) A exigência de caráter nacional dos partidos políticos visa resguardar o princípio federativo da
unidade nacional.
(E) A vedação à utilização de organização paramilitar não obsta que os partidos, em razão da
autonomia que lhe é constitucionalmente assegurada, convencionem indumentária uniformizada ou que

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estabeleçam, em seu âmbito interno, relação de comando e obediência baseada em hierarquia rígida e
fidelidade partidária.

28. (CIS - AMOSC/SC - Técnico administrativo - Cursiva) Na Constituição Federal, Art. 17. É livre a
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes
preceitos. Assinale a alternativa correta.
I - caráter nacional
II – proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III – prestação de constas à Justiça Eleitoral;
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

(A) I, II, III estão corretos


(B) I, III, IV estão corretos
(C) II, III, IV estão corretos
(D) Todas estão corretos

29. (TRE/MA - Analista Judiciário – Administrativa - IESES) Sobre os partidos políticos é


INCORRETO afirmar que:
(A) É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
(B) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
(C) Os partidos políticos não podem receber recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros
ou de subordinação a estes.
(D) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma civil e comercial, registrarão
seus estatutos no Tribunal Regional Eleitoral.

30. (AL/GO – Procurador - CS-UFG) A Constituição Federal dispõe em capítulo próprio acerca dos
partidos políticos no Brasil, dizendo que é livre a sua criação, fusão, incorporação e extinção,
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
da pessoa humana e ainda observando, dentre outros, o seguinte preceito:
(A) redução das desigualdades regionais e sociais.
(B) independência nacional.
(C) caráter nacional.
(D) igualdade entre os Estados.
Respostas

01. Resposta: “C”. A alternativa “A” está incorreta, porque é livre a manifestação do pensamento,
sendo vedado o anonimato (art. 5º, IV); a “B” está incorreta, porque é plena a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5º, XVII); a “D” está incorreta, pois é livre a expressão
da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
(art. 5º, IX). Assim, resta somente como correta a alternativa “C”, que traz a redação do art.5º, II, da CF.

02. Resposta: “B”.


É o que prevê o art. 5º, XII, da CF/88: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal”.

03. Resposta: “B”.


Conforme Art. 5°, XVI da CF/88: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos
ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.”

04. Resposta: “C”.


Dispõe o art. 5º, inciso XXV, da CF/88: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
Esse dispositivo disciplina a requisição administrativa.

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05. Resposta: “B”.
A alternativa traz a redação do que prevê o inciso IX, do art. 5º, da CF/88: “é livre a expressão de
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Este inciso tem por escopo a proteção da liberdade de expressão, sendo expressamente vedada a
censura e a licença.

06. Resposta: “C”.


Os direitos assegurados na categoria de direitos sociais encontram menção genérica no artigo 6º, da
CF/88: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição”.

07. Resposta: “C”.


Dispõe o art. 7º, XXXIII, da CF/88: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social: [...] proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz,
a partir de quatorze anos.

08. Resposta: “B”.


Está correta a alternativa “B”, tendo em vista que é uma junção do que dispõe os incisos XXVI e XXVII
do art. 7º, da CF/88.

09. Resposta: “C”.


Prevê o art. 8º, III, da CF/88, que é livre a associação profissional ou sindical e dentre outros requisitos,
que cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas.

10. Resposta: “B”.


Nos termos do previsto no art. 7º, XXX, da CF/88: “é proibido a diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

11. Resposta: “D”.


São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
a nacionalidade brasileira (art. 12, II, “b” da CF).

12. Resposta: “C”.


Somente Gabriela poderá alcançar o cargo almejado, tendo em vista não existe nenhuma vedação
expressa a concessão deste a brasileiro naturalizado. Já, o cargo que almeja Catarina de Ministro do
Supremo Tribunal Federal é privativo de brasileiro nato, nos termos do que dispõe o art. 12, §3º, IV, da
CF.

13. Resposta: “C”.


É o que dispõe o art. 12, § 3º, da CF: São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

14. Resposta: “E”.


A alternativa “A” está incorreta, porque, como regra geral, todos os nascidos no Brasil são
considerados brasileiros natos e não naturalizados, sendo exceção somente os casos em que os pais,
ambos estrangeiros, estiverem a serviço de seu país. A alternativa “B”, pois aqueles mencionados na
alternativa serão brasileiros naturalizados e não brasileiros natos. A alternativa “C” está incorreta, pois
neste caso, o filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, nascido no estrangeiro, somente será considerado

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brasileiro nato, se qualquer um deles estiver a serviço da República Federativa do Brasil. A alternativa
“D” está incorreta, uma vez que o tempo exigido é de mais de 15 anos ininterruptos e não 10 anos.

15. Resposta: “D”.


De acordo com o que prevê a CF/88 os requisitos para aquisição da nacionalidade brasileira, podemos
afirmar que: Paula não é cidadã brasileira (art. 12, I, a); Camila não possui tempo mínimo de residência
no país (art. 12, II, b) e João poderá ser naturalizado brasileiro (art. 12, II, a).

16. Resposta: “C”.


De acordo com o que ensina a doutrina cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual
o cidadão, o indivíduo se relaciona com a sociedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, “civitas"
que quer dizer “cidade".

17. Resposta: “E”.


Está expressa no Art.1º da CF/88:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

18. Resposta: “E”.


A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade,
através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e
coletivas, e não se conformando frente às dominações, seja do próprio Estado ou de outras instituições.
Está é um direito fundamental que objetiva conceder aos cidadãos as condições para viver decentemente.

19. Resposta: “C”.


A Constituição Brasileira de 1988 acolheu a concepção contemporânea de cidadania. A começar pelo
caráter indivisível, interdependente e inter-relacionado dos direitos humanos.

20. Resposta: “C”


A cidadania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil previsto no art. 1º, inciso II, da
Constituição Federal de 1988.

21. Resposta: “E”. Somente são falsas a segunda e a quarta afirmativa, tendo em vista que nos
termos do que prevê a Constituição Federal de 1988: “a soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos” (art. 14, caput) e o “alistamento e o voto
são obrigatórios para os maiores de dezoito anos” (art. 14, §1º, I).

22. Resposta: “C”.


O item II está errado, tendo em vista que os conscritos não podem se alistar durante o serviço militar
(art. 14, §2º, da CF/88).

23. Resposta: “D”.


A alternativa “D” está incorreta, tendo em vista que é o plebiscito a consulta popular prévia pela qual
os cidadãos decidem ou demostram sua posição sobre determinadas questões.

24. Resposta: “C”.


A condenação criminal transitada em julgado justifica a suspensão dos direitos políticos, o que é
disposto no artigo 15, III, CF/88: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só
se dará nos casos de: [...] III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”.

25. Resposta: “A”.


É o que dispõe o art. 14, CF: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III
- iniciativa popular.

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26. Resposta: “A”.
Nos termos do que disciplina o art. 17, III, da CF/88, a prestação de contas à Justiça Eleitoral é um
dos preceitos que devem ser observados pelos partidos políticos.

27. Resposta: “D”.


A verticalização impõe unidade nacional aos partidos políticos, os quais devem ter caráter nacional,
por força do art. 17, I, CF/88, ou seja, os partidos políticos que ajustassem coligação para eleição de
Presidente da República não poderiam formar coligações para eleição de Governador, Senador e
Deputado (Federal, Estadual ou Distrital) com outros partidos políticos que tivessem, isoladamente ou em
aliança diversa, lançado candidato à eleição presidencial (TSE – Res. 21.002/2002).

28. Resposta: “D”.


Todos os itens apresentados são corretos, tendo em vista que trazem a literalidade do que prevê o
artigo 17 da CF.

29. Resposta: “D”.


Prevê o art. 17, § 2º, da CF: Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da
lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

30. Resposta: “C”.


São os preceitos que devem ser observados para criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos
políticos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento
parlamentar de acordo com a lei.

9. Organização político-administrativa: União, estados, Distrito Federal,


municípios e territórios.

Organização do Estado

A nossa Constituição Federal, em seu Título III regulamenta a organização do Estado Brasileiro.
Falar em organização de um estado é falar de como ele está composto, como está dividido, quais os
poderes, as atribuições e competências de cada entidade que o compõe, é falar o que é proibido a cada
poder e os relacionamentos que devem ter um para com os outros.
Nossa organização político-administrativa compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. A Constituição admite a criação de Territórios Federais, que, se criados, integrarão a União,
podendo ser transformados em Estados ou reintegrados ao Estado de origem.
É permitido juntar um Estado a outro para formar novo Estado ou Território Federal ou dividir um Estado
para formar outros, desde que a população diretamente interessada aprove, através de plebiscito e o
Congresso Nacional também aprove, por lei complementar.
Da mesma forma, Municípios podem ser criados, incorporados ou divididos, desde que seja divulgado
junto às populações envolvidas, Estudos de Viabilidade Municipal, para que essas populações votem,
através de plebiscito. Esta alteração será feita por lei estadual.

TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração
ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

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§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da
lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

União

Trata-se de pessoa jurídica de direito público interno. Não obstante, ela representa a pessoa jurídica
de direito internacional República Federativa do Brasil. Somente ela tem esse poder de representação,
as demais pessoas políticas não.
A União é autônoma em relação aos Estados, Distrito Federal e Municípios, não se confundindo com
a República Federativa do Brasil. Enquanto a República brasileira é o próprio Estado Federal, equivalendo
à ordem jurídica total, a União é entidade integrante do todo, sendo uma ordem jurídica parcial, até mesmo
em sua acepção externa.107
No plano legislativo, edita tanto leis nacionais — que alcançam todos os habitantes do território
nacional e outras esferas da Federação — como leis federais — que incidem sobre os jurisdicionados da
União, como os servidores federais e o aparelho administrativo da União.
A União tem bens próprios, definidos na Constituição da República (art. 20). Para efeitos
administrativos e visando ao desenvolvimento de regiões a redução das desigualdades regionais, o art.
43 da Constituição faculta criação de regiões, cada qual compreendendo um mesmo complexo geográfico
e social.

CAPÍTULO II
DA UNIÃO

Art. 20. São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a
órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás
natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação
financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua
ocupação e utilização serão reguladas em lei.

107
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 8ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014, p. 928.

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Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira,
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e
a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as
secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a
pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos
de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma
associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

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I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 69, de 2012)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização
das polícias militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas
das matérias relacionadas neste artigo.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social
dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos e minerais em seus territórios;

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XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.

Estados Federados

Os Estados têm governo próprio, desempenhando as funções dos três poderes estatais — Executivo,
Legislativo e Judiciário. A Constituição da República também lhes adjudica bens próprios (art. 26). No
âmbito da competência legislativa dos Estados, eles editam as normas e as executam com autonomia.
Os governadores são as autoridades executivas máximas e a Assembleia Legislativa é a sede do Poder
Legislativo. A Constituição da República disciplina, com alguma minúcia, tanto as eleições para ambos
os poderes, o seu funcionamento, bem como aspectos de remuneração dos seus titulares (arts. 27 e 28
da CF/88).
De acordo com o disposto no art. 25 da CF/88 os Estados-membros organizam-se e se regem pelas
Constituições e leis que adotarem, além dos princípios estabelecidos na CF/88. Os Estados-membros
possuem competência residual, vez que as competências e atribuições da União encontram-se expressas
na Constituição e a dos Municípios encontram-se associadas aos interesses locais. Assim, a
“residualidade” indica que não havendo atribuição expressa da União ou não se tratando de interesse
local, a competência será dos Estados-membros. Os Estados-membros são reconhecidos como entes
federativos autônomos.
Diz que lei regulará a iniciativa popular no processo legislativo local e estende aos deputados estaduais
as normas de inviolabilidade e imunidade atinentes aos parlamentares no Congresso Nacional.

Os Estados-membros possuem as seguintes prerrogativas:

a) Autonomia: pode ser definida como a condição “de gerir os negócios próprios dentro de limites
fixados por poder superior”. A autonomia dos Estados federados se consubstancia na sua capacidade de
autogoverno, auto-organização, auto legislação, autoadministração, autonomia tributária, financeira e
orçamentária. A matéria que for entregue à União deve ser respeitada pelos Estados, que não podem se

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recusar a aceitar as determinações da União sobre os assuntos de sua competência constitucional. Por
tal razão os Estados membros não são soberanos, mas apenas autônomos.

b) Auto-organização: derivada do Poder Constituinte Decorrente, com lastro no qual são promulgadas
as Constituições Estaduais (a auto-organização se manifesta pela Constituição Estadual, que estabelece
a estruturação das funções estatais no Estado-membro). Os Estados possuem um ordenamento
autônomo misto, observa Raul Machado Horta, “parcialmente derivado e parcialmente originário.” A
organização dos Estados é estabelecida pela própria Constituição, observados os limites estabelecidos
pela Constituição da República. O STF adota o princípio da simetria, utilizado pela Corte para garantir,
quanto aos aspectos reputados substanciais, homogeneidade na disciplina normativa da separação,
independência e harmonia dos poderes, nos três planos federativos. Ela está consagrada no caput do art.
25, segundo o qual “os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição”. Os referidos princípios são:

- Princípios constitucionais sensíveis – assim denominados, pois sua inobservância pelos Estados
no exercício de suas competências legislativas, administrativas ou tributárias, pode acarretar a sanção
politicamente mais grave existente em um Estado Federal, a intervenção na autonomia política. Estão
previstos no art. 34, VII da CR, sendo eles:

1. Forma republicana, sistema representativo e democrático;


2. Prestação de contas pela Administração Direta e Indireta;
3. Direitos da pessoa humana;
4. Autonomia municipal;
5. Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.

- Princípios federais extensíveis – são normas centrais comuns à União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, portanto de observância obrigatória no poder de organização do Estado. A Constituição
vigente, em prestígio do federalismo, praticamente eliminou estes princípios, restando apenas a regra
segundo a qual os vencimentos dos Ministros do STF é o teto geral para todas as remunerações no
serviço público.

- Princípios constitucionais estabelecidos, indicativos ou expressos – consistem em


determinadas normas que se encontram espalhadas pelo texto da Constituição, e, além de organizarem
a própria federação, estabelecem preceitos centrais de observância obrigatória aos Estados-membros
em sua auto-organização. Subdividem-se em normas de competência (ex.: arts. 23; 24; 25 etc.) e normas
de preordenação (ex.: arts. 27; 28; 37, I a XXI, etc.). Segundo Raul Machado Horta, são os que limitam a
autonomia organizatória dos Estados. Exemplo: preceitos constantes dos arts. 37 a 41, referentes à
administração pública.
- Cláusulas pétreas – evidentemente que os Estados também têm que observar as cláusulas pétreas
da Constituição da República.

c) Auto legislação: os Estados são regidos por leis próprias (CF, art.25), elaboradas segundo o
processo legislativo estabelecido em suas Constituições. Em que pese o Poder Legislativo nos Estados
ser unicameral, os princípios básicos do processo legislativo federal são normas de reprodução
obrigatória, cujo modelo deve ser seguido pelas Constituições Estaduais.

d) Autogoverno: refere-se à autonomia do Estado em eleger seus representantes, tanto do Legislativo


quanto do Executivo. O Poder Legislativo estadual é unicameral, formado por Assembleia Legislativa
composta de deputados eleitos para mandatos de 04 anos, pelo sistema proporcional. O número de
deputados estaduais é calculado com base no número de deputados federais (36 + nº de deputados
federais – 12).
É obrigatória a existência de iniciativa popular de lei no processo legislativo estadual. Perderá o
mandato o governador que assumir outro cargo ou função na Administração Pública, ressalvada a posse
em concurso público, hipótese em que ficará afastado do cargo efetivo enquanto durar o mandato,
contando-se o tempo de serviço para todos os fins legais. Os subsídios dos deputados estaduais (art. 27,
§ 2º. 75% dos DF), governador e vice e secretários (art. 28, § 2º) é fixado por lei de iniciativa da
Assembleia Legislativa.

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O subsídio do governador será o limite remuneratório de todo o Poder Executivo Estadual, exceto para
os procuradores (inclusive os autárquicos) e defensores públicos, que será de 90,25% do que percebem
os Ministros do STF (art. 37, XI).
De acordo com o STF, não se aplica a vedação de recondução ao mesmo cargo na mesma legislatura,
na Mesa da AL. É vedação opcional na Constituição Estadual, diferentemente do que ocorre no legislativo
nacional.

e) Autoadministração: a autoadministração refere-se às competências não legislativas próprias. A


competência administrativa dos estados é residual, sendo-lhes reservado tudo o que não seja vedado na
CR/88. Os Estados podem criar, mediante lei complementar, regiões metropolitanas (Municípios limítrofes
com continuidade urbana que se reúnem em torno de um município-polo); aglomerações urbanas (áreas
urbanas de municípios limítrofes sem um polo); microrregiões (municípios limítrofes com características
homogêneas não ligadas por continuidade urbana). Ademais, têm a competência residual de explorar os
serviços locais de gás canalizado.

Incluem-se entre os bens dos Estados:

- As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,


na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

- As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, Municípios ou terceiros;

- As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

- As terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Observações gerais:

- O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do


Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos
forem os Deputados Federais acima de doze.

- Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras sobre sistema
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.

- A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-


se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá
em primeiro de janeiro do ano subsequente.

- Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta
ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público.

CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes,
para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse
comum.

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Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,
neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da


representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia
Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie,
para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e
serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e
a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o
disposto no art. 77.
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração
pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o
disposto no art. 38, I, IV e V.
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão
fixados por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Dos Municípios.

O Município pode ser definido como pessoa jurídica de direito público interno e autônoma nos termos
e de acordo com as regras estabelecidas na CF/88.
Muito se questionou a respeito de serrem os Municípios parte integrante ou não de nossa Federação,
bem como sobre a sua autonomia. A análise dos arts. 1º e 18, bem como de todo o capítulo reservado
aos Municípios, leva-nos ao único entendimento de que eles são entes federativos, dotados de autonomia
própria, materializada por sua capacidade de auto-organização (art. 29, caput, da CF), autogoverno
(elege, diretamente, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, conforme incisos do art. 29 da CF),
autoadministração e auto legislação (art. 30 da CF). Ainda mais diante do art. 34, VII, “c”, que
estabelece a intervenção federal na hipótese de o Estado não respeitar a autonomia municipal.

Competência dos municípios

Segundo previsto no Artigo 30 da CF/88, compete aos municípios:

- Legislar sobre assuntos de interesse local;


- Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
- Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
- Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
- Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
- Manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil
e de ensino fundamental;

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- Prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população;
- Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
- Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

Lei orgânica

O Município reger-se-á por Lei Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício (pequeno intervalo)
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
- Eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
direto e simultâneo realizado em todo o País;
- Eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
término do mandato dos que devam suceder, aplicadas às regras do art. 77, no caso de Municípios com
mais de duzentos mil eleitores;
- Posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
- Para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de vereadores de
acordo com o número de habitantes nos Municípios, nos termos do art. 29, IV, da CF.
- Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais, fixados por lei de iniciativa da
Câmara Municipal, observado o teto estabelecido pela Constituição Federal;
Com relação à competência municipal, importante destacar que o legislador constituinte optou por
enumerar num mesmo artigo - artigo 30 - as competências legislativas e materiais, abandonando a técnica
de separar essas modalidades em artigos diferentes. O presente estudo assume, contudo, a proposta de
abordar as competências legislativas dos incisos I e II do art. 30.
Em caso de violação à autonomia do Município por parte do Estado-membro onde aquele se situa
enseja a intervenção federal, na forma do artigo 34, inciso V, alínea b e inciso VII, alínea c da Constituição
da República.
Ademais, a violação da autonomia municipal por parte da União enseja o controle de
constitucionalidade abstrato ou concreto pelo Poder Judiciário. Entretanto, quando o Município não aplicar
o mínimo exigido da receita destinada à saúde e à educação a intervenção do Estado no Município será
a medida cabível (artigo 35, inciso III da Constituição).

Remuneração dos agentes políticos.

Para Hely Lopes Meirelles108, os “agentes políticos são os componentes do Governo nos seus
primeiros escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação,
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais”.
Remuneração, em sentido amplo, exprime a recompensa, o pagamento ou a retribuição por serviços
prestados. Sua principal característica é a retribuição permanente e normal. Já subsídio, na terminologia
do Direito Constitucional, designa a remuneração, fixa e mensal, paga aos agentes políticos.

O “teto” é a figura de linguagem correspondente a limite superior, à maior remuneração paga pela
Administração. No Município, o teto para servidores e agentes políticos é o valor recebido pelo Prefeito
Municipal, conforme previsto no artigo 37, XI, da Constituição.

O subsídio do Prefeito, por sua vez, não pode superar o subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal (artigo 37, XI, CF), podendo, contudo, o Estado, mediante emenda à sua própria
Constituição, fixar no âmbito de seu território, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores
do respectivo Tribunal de Justiça, restrito isso a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal (Artigo 37, § 12, CF).
Os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais serão fixados em parcela única,
por lei de iniciativa da Câmara Municipal (artigo 29, V, da CF).

108
Manual básico – Remuneração dos Agentes Políticos Municipais – TCE/SP – disponível em:
http://www4.tce.sp.gov.br/sites/default/files/2007_remuneracao_ag_politicos_municipais.pdf.

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O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para
a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na
respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

Poder legislativo municipal

Cabe às Câmaras Municipais a função do Poder Legislativo municipal, sendo composta pelos
vereadores. A palavra “vereador” tem origem no verbo “verear” que significa administrar, reger, governar.
São eleitos pelo voto secreto e direto pelos eleitores para representá-los nos assuntos de interesse do
município; são agentes políticos investidos de mandato legislativo municipal, competindo o direito de
participar de todas as discussões e deliberações do Plenário, votar para a estrutura interna dos serviços
da Câmara, concorrer aos cargos da Mesa e Comissões, usar da palavra em defesa das proposições
atinentes a assuntos municipais, apresentar projetos de lei e pedidos de informação.

São características do poder legislativo municipal:

- O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco
por cento da receita do Município;
- Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município;
- Proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto
nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para
os membros da Assembleia Legislativa;
- Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
- Organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
- Cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
- Iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
- Perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Perderá o mandato o
Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a
posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V).

Súmula 525 do STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.

Formação dos Municípios:

O art. 18, §4º, da CF/88, com a nova redação dada pela E.C. nº 15/96, estabelece as regras para a
criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, nos seguintes termos e obedecendo
às seguintes etapas:
Lei complementar federal: determinará o período para a mencionada criação, incorporação, fusão
ou desmembramento de Municípios, bem como o procedimento;
Estudo de viabilidade municipal: deverá ser apresentado, publicado e divulgado, na forma da lei,
estudo demonstrando a viabilidade da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios;

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Plebiscito: desde que positivo o estudo de viabilidade, far-se-á consulta às populações dos municípios
envolvidos (de todos os Municípios envolvidos, e não apenas da área a ser desmembrada), para
aprovarem ou não a criação, incorporação, fusão ou desmembramento.
Lei estadual: dentro do período que a lei complementar federal definir desde que já tenha havido um
estudo de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados, incorporados, fundidos ou desmembrados
Municípios, através de lei estadual.

Para a criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º da CF/88 exige a edição de uma Lei
Complementar Federal estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser
criados, incorporados, fundidos ou desmembrados. Como atualmente não existe essa LC, as leis
estaduais que forem editadas criando novos Municípios serão inconstitucionais por violarem a
exigência do § 4º do art. 18. STF. Plenário. ADI 4992/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/9/2014 (Info 758).

Deveres do município

Segundo a CF/88, devem os municípios prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população e promover o adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; promover a
proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
estadual.

Fiscalização e controle dos municípios

Conforme previsto no Art. 31 da CF/88, a fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal,
na forma da lei. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
houver.
O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
Para fiscalização pela população, as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-
lhes a legitimidade, nos termos da lei.
Segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, as contas gerais do Chefe do Executivo Municipal
submetem-se à apreciação da Câmara de Vereadores, por autoridade e jurisdição privativa, podendo o
Tribunal de Contas estadual julgar as contas dos ordenadores de despesas, exceto as do prefeito, ainda
que diretamente tenha exercido essa atribuição.

Texto Constitucional sobre o assunto

CAPÍTULO IV
Dos Municípios

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante
pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com
mais de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000
(trinta mil) habitantes;

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c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000
(cinquenta mil) habitantes;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
80.000 (oitenta mil) habitantes;
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
120.000 (cento e vinte mil) habitantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de
até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e
de até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de
até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de
até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil)
habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil)
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos
mil) habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes
e de até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes
e de até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes
e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de
habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura
para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na
respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

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f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de
cinco por cento da receita do Município;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto
nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para
os membros da Assembleia Legislativa;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.

Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores
e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159,
efetivamente realizado no exercício anterior:
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos
mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
(quinhentos mil) habitantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre 500.001
(quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e
8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de 8.000.001
(oito milhões e um) habitantes.
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de
pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao §
1o deste artigo.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos
de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

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§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Distrito Federal

Nos termos do que dispõe a Constituição Federal de 1988, o Distrito Federal não é mais Capital
Federal, pois, de acordo com o art. 18, §1º, a Capital Federal é Brasília, que se situa dentro do território
do Distrito Federal. Aliás, nos termos do art. 6º da Lei Orgânica do DF, Brasília, além de Capital da
República Federativa do Brasil, é a sede do governo do Distrito Federal.
Após a promulgação da Constituição de 1988, o Distrito Federal passou a gozar da mais ampla
autonomia, autogovernando-se através de leis e autoridades próprias; possui capacidade de auto-
organização, autogoverno, autoadministração e auto legislação.

- Auto-organização (art. 32 da CF): O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á
por lei orgânica, votada em 2 turnos, com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 dos membros
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal.

- Autogoverno (art. 32, §§ 2º e 3º): O Distrito Federal estrutura o Poder Executivo e Legislativo. Quanto
ao Poder Judiciário, competirá exclusivamente à União organizar e mantê-lo, afetando parcialmente a
autonomia do Distrito Federal. Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal (art. 21, XIII da CF); organizar e manter a polícia civil,
polícia militar e o corpo de bombeiros militar, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (art. 21, XIV da CF). “Lei, federal disporá
sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das policias civil, militar e do corpo de bombeiros
militar” (art. 32, §4º da CF). Compete à União legislar sobre organização judiciária, do Ministério Público
e da Defensoria Pública do Distrito Federal, bem como sua organização administrativa (art. 22, XVII da
CF).

- Autoadministração e auto legislação: O Distrito Federal tem competências legislativas e não-


legislativas próprias.

Em suma, o Distrito Federal acumula as competências legislativas atribuídas pela Constituição Federal
aos Estados e aos Municípios e é dotado de capacidade de auto-organização (art. 32, caput), de
autogoverno (art. 32, §§ 2.º e 3.º) de autoadministração e auto legislação.

Texto Constitucional sobre o assunto


DO CAPÍTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Seção I
DISTRITO FEDERAL

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados
Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar
e do corpo de bombeiros militar.

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Territórios

O Território não é ente da federação, mas sim integrante da União. Trata-se de mera descentralização
administrativo-territorial da União. Embora tenha personalidade jurídica não tem autonomia política.
A partir de 1988, não existem mais territórios no Brasil. Antigamente, eram territórios: Roraima, Amapá
e Fernando de Noronha (art. 15 dos ADCT).
Formação de Territórios Federais: Lei complementar irá regular sua criação, transformação em Estado
ou reintegração ao Estado de origem (art. 18, §2º da CF).
“Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar”
(art. 18, § 3º da CF).

Divisão dos Territórios em Municípios:

Diferentemente do Distrito Federal, os territórios podem ser divididos em Municípios (art. 33, §1º da
CF).

Organização administrativa e judiciária dos Territórios:

Lei federal disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios (art. 33 da CF).
Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública dos
Territórios (art. 21, XIII da CF), bem como sua organização administrativa (art. 22, XVII da CF).
Nos Territórios Federais com mais de 100.000 habitantes, além de Governador, haverá órgãos
judiciários de 1ª e 2ª instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais (art. 33, §3º
da CF).

Texto Constitucional sobre o assunto

Seção II
DOS TERRITÓRIOS

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio
do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma
desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua
competência deliberativa.

Questões

01. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE/2016) Com base no disposto na CF, assinale a opção correta
acerca da organização político-administrativa do Estado.
(A) É da competência comum dos estados, do Distrito Federal e dos municípios organizar e manter as
respectivas polícias civil e militar e o respectivo corpo de bombeiros militar.
(B) Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal estabelecer normas gerais de organização das
polícias militares e dos corpos de bombeiros militares, assim como normas sobre seus efetivos, seu
material bélico, suas garantias, sua convocação e sua mobilização.
(C) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
estados, os territórios federais, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, nos termos da CF.
(D) Os estados podem incorporar-se entre si mediante aprovação da população diretamente
interessada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por meio de lei complementar.
(E) É facultado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios subvencionar cultos
religiosos ou igrejas e manter com seus representantes relações de aliança e colaboração de interesse
público.

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02. (Prefeitura de Chapecó/SC - Procurador Municipal - IOBV/2016) Assinale a alternativa que está
correta:
(A) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados e os Municípios.
(B) A criação ou a transformação de um território federal em Estado depende de regulamentação em
lei ordinária.
(C) Somente a União pode criar distinções entre brasileiros.
(D) É vedado aos entes da federação recusar dar fé aos documentos públicos.

03. (TRT 3ª - Analista Judiciário - FCC/2015) As vedações constitucionais expressas impostas


simultaneamente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios alcançam
(A) a existência de regime tributário fundado na cumulatividade; a observância de simetria entre os
Poderes de cada um dos entes; intangibilidade da dignidade humana.
(B) a proibição de desapropriação de bens imóveis entre si; a de legislar concorrentemente sobre
qualquer tema; ao direito de secessão.
(C) a de obrigatória simetria entre os entes; a de adoção de regime unicameral parlamentar; a de
limitação de uso das forças armadas.
(D) a proibição de órgão de controle externo da Administração; a não intervenção sobre o Poder
Judiciário e o Ministério Público; autonomia orçamentária.
(E) o conceito de Estado laico; a proibição de recusa de fé em documentos públicos e a proibição de
distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

04. (EBSERH - Advogado - IBFC/2016) A Constituição Federal especifica a competência legislativa


de cada ente da Federação. Analise as alternativas abaixo e selecione a que NÃO apresenta uma das
competências privativas da União.
(A) Diretrizes da política nacional de transportes
(B) Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das
polícias militares e corpos de bombeiros militares
(C) Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação
(D) Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão
(E) Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores

05. (DPE/ES - Defensor Público - FCC/2016) A competência para legislar sobre responsabilidade por
dano ao consumidor é
(A) concorrentemente da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(B) concorrentemente da União, dos Estados e do Distrito Federal.
(C) privativa da União.
(D) comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(E) comum da União, dos Estados e do Distrito Federal, apenas.

06. (ALERJ – Procurador - FGV/2017) Com o objetivo de conter o que considerava um “demandismo
exagerado”, um Deputado Estadual apresentou projeto de lei dispondo que a parte vencida somente
poderia interpor recurso contra decisão proferida no âmbito de Juizado Especial Cível caso realizasse o
depósito prévio de 100% (cem por cento) do valor da condenação. Instada a se pronunciar, a Comissão
de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa alcançou a única conclusão que se mostrava
harmônica com a ordem jurídico-constitucional brasileira, qual seja, a de que o projeto é:
(A) constitucional, já que o depósito prévio possui a natureza jurídica de taxa, o que atrai a competência
legislativa do Estado;
(B) inconstitucional, pois a exigência de depósito prévio para a interposição de recurso é matéria
tipicamente processual, de competência legislativa privativa da União;
(C) constitucional, desde que observadas as normas gerais editadas pela União em matéria tributária,
aplicáveis aos depósitos prévios;
(D) inconstitucional, pois compete privativamente ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa dos projetos
de lei em matéria tributária;
(E) constitucional, pois a exigência de depósito prévio para a interposição de recurso é matéria
tipicamente procedimental, de competência concorrente da União e dos Estados.

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07. (TCM/RJ - Técnico de Controle Externo - IBFC/2016) Com relação à repartição de competências
a Constituição Federal de 1988 atribui ao município diversas competências. Assinale abaixo a alternativa
que NÃO corresponde a uma dessas atribuições.
(A) Organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia
(B) Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano
(C) Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual
(D) Prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população.

08. (Câmara de Maria Helena – PR – Advogado - FAUEL/2017) Acerca da distribuição de


competências prevista na Constituição, assinale a alternativa correta:
(A) O município possui competência concorrente com os Estados e a União.
(B) Compete aos municípios todas as competências que não forem vedadas pela Constituição, ao que
se chama competência residual.
(C) O município possui competência comum com a União, os Estados e o Distrito Federal.
(D) Os municípios podem receber delegação de competência privativa da União por meio de lei
complementar.

09. (EBSERH - Advogado - IBFC/2016) No título que trata sobre a organização do Estado, a
Constituição Federal, no tocante aos municípios, especifica que este reger-se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará. Também discrimina a composição dessas Câmaras Municipais,
considerando a quantidade de habitantes de cada local. Analise as alternativas abaixo e selecione a que
aponta a proporção CORRETA.
(A) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 70.000 (setenta mil) habitantes e de até
120.000 (cento e vinte mil) habitantes
(B) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes
e de até 400.000 (quatrocentos mil) habitantes
(C) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 950.000 (novecentos e cinquenta mil) habitantes
(D) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil)
habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes
(E) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes
e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes

10. (Prefeitura de Teresina/PI - Analista Administrativo - FCC/2016) Dentre as competências


atribuídas pela Constituição Federal aos Municípios, inclui-se
(A) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora municipal.
(B) instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem a
obrigatoriedade de prestar contas a outros entes da Federação.
(C) criar, organizar e suprimir distritos, por sua própria legislação.
(D) organizar e prestar, diretamente, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte
coletivo, que tem caráter essencial.
(E) legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber.

Respostas
01. Resposta: “D”.
Dispõe o art. 18, § 3º, da CF/88: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.

02. Resposta: “D”.


Segundo o que dispõe o art. 19, II, da CF/88: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios recusar fé aos documentos públicos.

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03. Resposta: “E”.
A redação do Art. 19 da CF/88 é clara: é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções
entre brasileiros ou preferências entre si.

04. Resposta: “C”.


Dentre as hipóteses de competência privativa legislativa da União descritas no artigo 22 da CF/88, não
está inserida a mencionada na alternativa “C”, sendo esta uma competência concorrente entre a União,
Estados e Distrito Federal (art. 24, IX, da CF/88).

05. Resposta: “B”.


Considerando o que dispõe o art. 24, VIII, da CF/88: Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor,
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

06. Resposta: “B”.


O projeto é inconstitucional, tendo em vista que nos termos do art. 22, I, da CF/88, compete
privativamente à União legislar sobre direito processual.

07. Resposta: “A”.


Dentre as competências previstas no artigo 30 da CF/88, não está inserida a de organizar e manter os
serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia, sendo esta competência atribuída a
União. É o que dispõe o artigo 21, XV, da CF/88.

08. Resposta: “C”


Não possuem os municípios competências concorrentes com a União, os Estados e DF (art. 24). A
competência residual é aquela concedida aos Estados (art. 25, §2º). E a competência privativa da União
somente pode ser delegada aos Estados mediante lei complementar (art. 22, p. único). Logo, somente a
alternativa “C” pode ser a correta (art. 23).

09. Resposta: “D”.


Dispõe o art. 29, IV, “i”, da CF/88: para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite
máximo de 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes.

10. Resposta: “E”.


Dentre outras são competências previstas pelo art. 30 da CF/88, aos municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

10. Poder Legislativo: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados,


Senado Federal, deputados e senadores.

PODER LEGISLATIVO

O Poder Legislativo, segundo o art. 44 da Constituição Federal de 1988, é exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É o Poder que mais se
sobressai na estrutura de Poderes, já que é a ele que compete inovar o Direito, além de ser onde o povo,
teoricamente, manifesta indiretamente a sua vontade.
O Poder Legislativo federal tem estrutura bicameral. O bicameralismo é uma característica da
federação, pois é necessária a instalação de um órgão representativo dos Estados. Apesar de ser uma
característica da federação, nem sempre é o reflexo de um federalismo. Ex.: Inglaterra (Estado Unitário)
– câmara dos lordes e câmara dos comuns.
Deve ser lembrado que é da tradição constitucional brasileira a organização do Poder Legislativo em
dois ramos, sistema denominado bicameralismo, que vem desde o Império, salvo as limitações contidas

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nas Constituições de 1934 e 1937, que tenderam para o unicameralismo, sistema segundo o qual o Poder
Legislativo é exercido por uma única câmara. Tem-se o bicameralismo como um sistema mais propício
ao conservadorismo, enquanto o unicameralismo favoreceria os avanços democráticos, na medida em
que canaliza e exprime melhor os anseios da soberania popular por transformações.
A Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional
em cada estado, em cada território e no Distrito Federal. São 513 Deputados Federais, com mandato de
quatro anos. O número de Deputados é proporcional à população do estado ou do Distrito Federal, com
o limite mínimo de oito e máximo de setenta Deputados para cada um deles.
Para o Senado Federal, cada estado e o Distrito Federal elegem três Senadores, com mandato de oito
anos, renovados de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. A composição do
Senado Federal é de 81 Senadores.
Cabe destacar ainda que o Poder Legislativo, de modo não típico, também exerce funções de
administrar (ao prover cargos da sua estrutura ou atuar o poder de polícia, p. ex.) e de julgar (o Senado
processa e julga, por crimes de responsabilidade, o Presidente da República e o Vice-Presidente da
República, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes das três Forças Armadas, nos crimes
de mesma natureza conexos com os praticados pelo Chefe do Executivo; também processa e julga, por
crimes de responsabilidade, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros dos Conselhos
Nacionais da Justiça e do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União).

Congresso Nacional

Dentre as competências do Congresso Nacional, temos:


a) atribuições relacionadas às funções do Poder Legislativo federal;
b) atribuições das Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal),
quando atuam separadamente; e
c) atribuições relacionadas ao funcionamento de comissões mistas e de sessões conjuntas,
nas quais atuam juntos os Deputados Federais e os Senadores (embora votem separadamente).

São órgãos do Congresso Nacional:

a) Mesa diretora: órgão responsável pelas questões meramente administrativas e pela condução dos
trabalhos legislativos que se desenvolvem em cada Casa. A mesa do Congresso Nacional é presidida
pelo Presidente do Senado Federal. Os membros da mesa são eleitos para mandato de 02 anos, vedada
a recondução para o mesmo cargo no período subsequente, dentro de uma mesma legislatura. Essa
proibição de recondução não é aplicável obrigatoriamente para os outros entes, salvo se eles o previrem
em suas leis fundamentais.
Sua composição deverá obedecer, tanto quanto possível, à representatividade partidária na Casa. O
Presidente do Senado Federal presidirá a Mesa do Congresso Nacional; os demais cargos serão
exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal (art. 57, § 5º).

b) Comissões: são órgãos colegiados que subsidiam os trabalhos das Casas por meio do estudo,
análise e emissão de pareceres sobre os projetos em trâmite. Elas também auxiliam as deliberações
plenárias, realizam audiências públicas convocam Ministros de Estado para prestar informações
pertinentes, solicitam depoimento de qualquer autoridade ou cidadão. As comissões podem ser
permanentes, perpetuando-se pelas legislaturas, ou temporárias, criadas por prazo certo e para fim
específico.
As Comissões podem discutir e votar projeto de lei que dispense, na forma regimental, a competência
do Plenário. Trata-se do chamado procedimento legislativo abreviado, ou deliberação conclusiva. Abre-
se, porém, a possibilidade de 1/10 dos membros da Casa provocar a atuação do Plenário, por meio de
recurso, a fim de que seja o projeto afetado à apreciação deste órgão. É possível, portanto, que um
projeto de lei seja aprovado sem jamais haver sido apreciado pelo Plenário, quer da Câmara, quer
do Senado.

c) Plenário: é o órgão de deliberação máxima da Casa Legislativa, composto por todos os


parlamentares que a integram. Assim, tanto a Câmara quanto o Senado tem seu Plenário.

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Funcionamento
Os trabalhos do Congresso Nacional se desenvolvem ao longo da legislatura, que compreende o
período de quatro anos (art. 44, parágrafo único, da CF/88), coincidente com o mandato dos deputados
federais. A legislatura é período relevante; o seu término, por exemplo, impede a continuidade das
Comissões Parlamentares de Inquérito por acaso em curso.
As decisões no Congresso Nacional são tomadas por maioria simples de votos, a não ser que a
Constituição disponha diferentemente em hipóteses específicas (art. 47). Como quórum para
funcionamento, exige-se a presença da maioria absoluta dos membros. Portanto, há um quórum para a
instalação da sessão e outro para a aprovação de uma proposta de deliberação. Maioria simples de votos
significa o maior número de votos orientados para uma direção decisória. Maioria simples não equivale,
necessariamente, à metade mais um dos votos dos presentes, pois pode não coincidir com um número
inteiro. Nos casos em que há mais de dois sentidos possíveis de voto, ou havendo votos nulos ou em
branco, pode-se configurar a maioria de votos sem atingir a marca numérica correspondente à maior
grandeza numérica superior à metade dos votos dos presentes. Veja-se que a Constituição não
determina que se alcance a maioria de votos dos presentes, mas, apenas, que se tome a decisão
"por maioria de votos". A deliberação coincidirá com a proposta que reunir maior contagem de votos.
Em regra, o Congresso Nacional atua por meio das duas Casas em separado e em momentos
independentes. Há, entretanto, algumas exceções:
a) Sessões conjuntas: hipóteses em que as Casas atuam em separado, mas ao mesmo tempo.
Ocorrem nas seguintes hipóteses:
- Inauguração da sessão legislativa;
- Recebimento do compromisso do Presidente e Vice;
- Elaboração do regimento comum e na regulação de serviços comuns;
- Conhecimento e deliberação sobre veto presidencial;
- Discussão e votação da LOA;
- Outros casos previstos na CF/88.
b) Sessões unicamerais: hipótese em que ambas as Casas atuam como se uma fosse. Raríssima
de acontecer, como no caso do processo de revisão constitucional.

Reuniões

Durante a legislatura ocorrem as sessões legislativas, que podem ser ordinárias, quando
correspondem ao período normal de trabalho previsto na Constituição, ou extraordinárias, quando
ocorrem no período de recesso do Congresso.
A sessão legislativa ordinária, por sua vez, é partida em dois períodos legislativos. O primeiro se
estende de 2 de fevereiro a 17 de julho e o segundo, de 1º de agosto a 22 de dezembro. A sessão
legislativa não se interrompe sem que se haja aprovado o projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Esse
projeto, de seu turno, deve estar aprovado até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa.
Nos intervalos dos períodos mencionados, ocorrem os recessos. Nestes, o Congresso Nacional pode
ser chamado a se reunir por convocação extraordinária, ocorrendo a chamada sessão legislativa
extraordinária.

Sessões Extraordinárias

Podem ser convocadas pelo Presidente do Senado ou pelo Presidente da República, Presidente da
Câmara ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas.
O Presidente do Senado, que preside a Mesa do Congresso Nacional, convoca o Congresso Nacional
extraordinariamente, nas seguintes situações (art. 57, § 6º, I):
a) Para a decretação de estado de defesa, intervenção federal ou pedido de autorização para
decretação de estado de sítio;
b) Para o compromisso e posse do Presidente e do Vice-Presidente da República.
Já os outros membros, inclusive o Presidente do Senado, podem realizar convocações extraordinárias
nas seguintes hipóteses (art. 57, § 6º, II):
a) Em caso de urgência ou de interesse público relevante. A verificação da urgência e do interesse
público relevante constitui aspecto incluído na margem de discricionariedade política de quem convoca,
mas tal juízo passou a ter, com a EC n. 50/2006, de ser confirmado pela maioria absoluta de cada uma
das Casas do Congresso Nacional.

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Somente a convocação feita pelo presidente do senado federal nos casos de posse da
presidência da república e nos casos de emergência constitucional é que têm força, por si só, de
instaurar a reunião extraordinária do congresso nacional, sem necessidade de ser confirmada pela
maioria absoluta das casas.
A sessão legislativa extraordinária difere da ordinária não apenas pelas peculiaridades que marcam a
sua instauração, como, igualmente, pelos assuntos que nela se tratam. O ato de convocação
extraordinária deve declinar a matéria que motiva a convocação e somente sobre ela e sobre medidas
provisórias em vigor na data da convocação — elas entram automaticamente na pauta — é que
poderá haver deliberação (art. 57, § § 7º e 8º).
A partir da Emenda Constitucional n. 50/2006, os congressistas e servidores viram-se proibidos de
receber parcela indenizatória em decorrência da convocação. Assim, não recebem mais os chamados
Jetons.

Atribuições do Congresso Nacional

Dentre as atribuições previstas para o Congresso Nacional, há as genéricas e as privativas. As


privativas são aquelas exercidas mediante manifestação unilateral de vontade, por meio de Decreto
Legislativo, em regra.

Atribuições Não Exclusivas

Ao Congresso Nacional cabe, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as
matérias de interesse da União, especialmente sobre (hipóteses exemplificativas):
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as
respectivas Assembleias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e
dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que
estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts.
39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I
Importante notar que o caput do artigo se refere às matérias de interesse da União. Assim, o Congresso
Nacional deve atuar, evidentemente, não somente no interesse nacional, mas também nos interesses
específicos da pessoa jurídica União, ou seja, matérias estritamente federais.

Atribuições Exclusivas

Essas atribuições são exercidas mediante decreto legislativo, aprovados pelas duas casas por
deliberação da maioria simples de ambas, conforme previsto no artigo 49 da CF/88:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a
ausência exceder a quinze dias;

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios
sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e
televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a
pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.

Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados é a Casa dos representantes do povo, eleitos para mandato de 04 anos
pelo sistema proporcional em cada Estado e no Distrito Federal. Seus membros podem ser reeleitos
sucessivamente, sendo que nenhum estado poderá ter menos de 8 e mais de 70 deputados. Cada
Território que vier a ser criado terá direito a 04 deputados federais na Câmara.
O membro da Câmara dos Deputados é o Deputado Federal, que exerce seu mandato por uma
legislatura. Legislatura é diferente de mandato. A primeira tem duração de 4 anos e corresponde ao
período que vai do início do mandato dos membros da Câmara dos Deputados até o seu término (art.
44, parágrafo único).
A CF/88 reserva à Lei Complementar a fixação do número total de Deputados, bem como a
representação por Estado e DF, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários
no ano anterior às eleições.

Art. 45 (...)
(...)
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se
aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.

Atribuições da Câmara dos Deputados

Essas matérias serão reguladas por Resolução, a qual será promulgada pelo Presidente da Mesa,
salvo a iniciativa de lei para a fixação da remuneração de seus servidores, evidentemente.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

A necessidade de autorização da Câmara para processar Ministro de Estado só cabe se o crime for
comum ou de responsabilidade, conexo com delito da mesma natureza praticado pelo Presidente ou Vice.
Caso contrário, serão normalmente julgados no STF, pelo seu foro privilegiado, independentemente de
autorização.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
Já os crimes praticados por Presidente e Vice Presidente da República sempre precisarão de
autorização da Câmara, sejam eles comuns ou de responsabilidade. A autorização pela Câmara
para julgar o Presidente por crime de responsabilidade obriga o Senado a julgá-lo. Já a autorização
ao STF para processá-lo por crime comum não obriga o STF a instaurar o processo.

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao


Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
Essa iniciativa de lei para fixar o subsídio se refere somente aos cargos de sua estrutura, e não aos
subsídios dos deputados, os quais serão fixados por decreto legislativo, conforme previsão do art. 49,
VIII.

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Senado Federal

O Senado Federal é composto por três representantes de cada Estado e do Distrito Federal, eleitos
pelo sistema majoritário simples (ou seja, sem segundo turno), já que há somente um único turno de
votação. O mandato dos senadores é de oito anos (logo, por duas legislaturas), permitidas reeleições
sucessivas.
Cada Senador terá dois suplentes, sendo a composição do Senado Federal renovada de quatro em
quatro anos, por um e dois terços de seus membros.

Atribuições do Senado Federal

Essas matérias serão reguladas por Resolução, a qual será promulgada pelo Presidente da Mesa,
salvo a iniciativa de lei para a fixação da remuneração de seus servidores, evidentemente.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

Assim, vê-se que os Ministros de Estado e os Comandantes das Forças Armadas somente serão
julgados pelo Senado Federal se praticarem crime conexo com os do Presidente ou Vice. Caso contrário,
serão julgados pelo STF, sem necessidade de autorização.

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho


Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

Nos casos dos incisos I e II, será o presidente do supremo tribunal federal que presidirá a sessão; a
condenação se dará pelo voto de 2/3 dos membros do senado, sendo a condenação limitada à perda do
mandato e inabilitação para exercício de função pública por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções
judiciais cabíveis.

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:

Essas aprovações revelam atos administrativos compostos, no qual o ato principal é praticado pelo
Presidente da República e o ato homologatório (aprovação) é praticado pelo Senado Federal.

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;


b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;

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f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

Essa disposição é importante, pois a Constituição confere à lei a possibilidade de determinar a


submissão da escolha dos titulares de determinados cargos à aprovação do Senado, como ocorre com
algumas agências reguladoras.

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
Essa suspensão ocorre quando o Supremo declara inconstitucional determinada lei no controle
difuso, por recurso extraordinário.
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura
e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do
Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços
dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício
de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Deputados e Senadores

Para que o Poder Legislativo e seus membros, individualmente, tenham condições de atuar com
independência e liberdade no desempenho de suas funções constitucionais, há um conjunto de
prerrogativas e vedações dirigidas aos parlamentares.
Essas prerrogativas são de ordem pública, não se admitindo renúncia, já que ligadas ao cargo e não
à pessoa que o ocupa.
Colocamos abaixo duas prerrogativas transcritas da CF/88, que não merecem comentários ante a
literalidade. As demais serão analisadas nos tópicos seguintes:

Art. 53. (...)


§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações.
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda
que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

Deve ser lembrado que há outra prerrogativa, constante no CPP, que é de escolher o dia, hora e local
para ser ouvido como testemunha. Caso o parlamentar for réu, essa prerrogativa não vale (apesar de que
ele não será conduzido coercitivamente). O STF já suprimiu esse direito do congressista em algumas

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
oportunidades, uma quando ele abusivamente se valeu dele com sucessivas marcações de datas para
ser ouvido, sem comparecer.

Imunidades

Algumas dessas prerrogativas ganham o nome de imunidade, por tornarem o congressista excluído
da incidência de certas normas gerais. A imunidade pode tornar o parlamentar insuscetível de ser punido
por certos fatos (imunidade material) ou livre de certos constrangimentos previstos no ordenamento
processual penal (imunidade formal).
A imunidade não é concebida para gerar um privilégio ao indivíduo que por acaso esteja no
desempenho de mandato popular; tem por escopo, sim, assegurar o livre desempenho do mandato e
prevenir ameaças ao funcionamento normal do Legislativo.

Imunidade Material ou Objetiva

Segundo dispõe o art. 53 da CF, os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. A inviolabilidade abrange as matérias de ordem civil e
penal, referente a quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos.
A imunidade material exclui a própria natureza delituosa do fato, afastando a tipicidade da conduta. De
acordo com o STF, a imunidade parlamentar é causa de atipicidade da conduta.
A imunidade material exclui a própria tipicidade, na medida em que a Constituição não pode dizer ao
parlamentar que exerça livremente seu mandato, expressando suas opiniões e votos, e, ao mesmo
tempo, considerar tais manifestações fatos definidos como crime.
Essa imunidade é absoluta, permanente. Por causa delas, o deputado nunca será processado, mesmo
após o término do mandato. Isso significa que, durante o mandato, ele não tem o que temer por
consequências futuras acerca do que vier a dizer. Originariamente, o artigo não tinha o termo “quaisquer”,
sendo acrescentado posteriormente por Emenda Constitucional.
Deve ser frisado que opiniões, palavras e votos proferidas sem nenhuma relação com o desempenho
do mandato representativo não são alcançados pela imunidade (entendimento do STF), somente as
manifestações conexas ao cargo.
A imunidade tem alcance limitado pela própria finalidade que a enseja. Cobra-se que o ato, para ser
tido como imune à censura penal e cível, tenha sido praticado pelo congressista em conexão com o
exercício do seu mandato. Apurado que o acontecimento se inclui no âmbito da imunidade material, não
cabe sequer indagar se o fato, objetivamente, poderia ser tido como crime. Se a manifestação oral ocorre
no recinto parlamentar, a jurisprudência atual dá como assentada a existência da imunidade. Se as
palavras são proferidas fora do Congresso, haverá a necessidade de se perquirir o seu vínculo com a
atividade de representação política.
Assim, dentro do parlamento, o congressista pode falar absolutamente tudo, gozando da imunidade
(lembrar, entretanto, que está sujeito ao controle disciplinar da Casa); se alguém é injuriado por
parlamentar, beneficiado pela imunidade, e retruca de imediato, pode também se ver livre de repressão
criminal (STF, Inq. 2.036).
Essa imunidade também abrange os vereadores, mas somente dentro da circunscrição municipal,
sendo absoluta se dentro da Câmara dos Vereadores.
O STJ entende que a imunidade material pode ser suscitada de ofício pela justiça, mesmo que o
parlamentar processado não tenha apresentado ela como matéria de defesa. Nesse sentido:

Imunidade Formal

Essa imunidade protege o parlamentar contra a prisão e, nos crimes praticados após a diplomação,
torna possível a sustação do processo penal instaurado pelo STF. Assim, ela possui dois objetos
diferentes:

a) Imunidade formal quanto à prisão;


b) Imunidade formal quanto ao processo.

A imunidade formal não afasta a ilicitude da conduta criminosa do parlamentar. Antes, o STF
somente podia receber denúncia contra Congressista mediante autorização da Casa em que atua. Com
a EC nº 35/01, o processo passou a poder ser iniciado independentemente de autorização; porém, por
iniciativa de partido político representado na Casa, após recebida a denúncia pelo STF por crime

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ocorrido após a diplomação e dada ciência a esta, poderão os membros da Casa, até a decisão final,
votar para sustar o andamento do processo, mediante maioria absoluta de votos (art. 53, § 3º). O
pedido de sustação feito por partido político deverá ser apreciado no prazo improrrogável de 45 dias,
contados do recebimento pela Mesa Diretora. Logo, são requisitos para a imunidade processual:

a) Crime deve ser praticado após a diplomação;


b) STF deve dar ciência à Casa em que atua o congressista;
c) Partido político deve pedir a sustação do processo;
d) Votação na Casa pela sustação, que será efetivada pelo voto da maioria absoluta, em escrutínio
secreto.

Art. 53
(...)
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

Não é possível a sustação por crimes ocorridos anteriormente à diplomação, os quais serão julgados
pelo STF ante a prerrogativa de foro, como será visto adiante. Caso seja sustado o andamento, a
prescrição não corre enquanto suspenso o processo, voltando a ter curso quando o mandato se encerra.
No caso de existir corréu não congressista, havendo a suspensão, o processo continuará correndo
contra este, remetendo-se os autos à justiça comum competente.
Desde a expedição do diploma (logo, antes da posse), os deputados somente poderão ser presos se
em flagrante por crime inafiançável; não poderão ser presos com prisão civil.

Art. 53
(...)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva
sobre a prisão.

Após a prisão, a Casa Legislativa receberá os autos em 24 horas; a prisão somente será mantida se
a maioria de seus membros com ela anuir (art. 53, § 1º). Logo, se os autos do inquérito forem
remetidos à casa e não houver votação em 24 horas, o congressista deve ser solto.
O fundamento político é evitar que o parlamentar seja retirado da atividade para a qual foi
democraticamente eleito pelo povo, já que ele exerce atividade política extremamente relevante para o
Estado pelo cometimento de um crime de pouca envergadura.
Importante salientar que, agora, com as novas medidas cautelares (Lei nº 12.403/11), quase todos os
crimes são afiançáveis, com exceção dos previstos na Constituição. Se em data anterior à diplomação
o indivíduo havia cometido certo crime e estava para ser preso, com a expedição do diploma a
prisão não mais será possível.
O STF firmou entendimento de que a imunidade formal não proíbe a prisão do Congressista quando
determinada por sentença judicial transitada em julgado. Assim, mesmo que a Casa decida por não cassar
o cargo dele, o Congressista cumprirá a pena, sendo reconduzido, se houver tempo, a seu cargo após a
soltura. É situação esdrúxula, já que decisão judicial transitada em julgado suspende os direitos políticos.

Subsistência das Imunidades

As imunidades dos Congressistas subsistirão durante o estado de sítio, somente podendo ser
suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva.
Porém, impossível suspender as imunidades relativamente aos atos praticados dentro dos recintos do
Congresso.

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Art. 53 (...)
(...)
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos
casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a
execução da medida.

Foro Especial em Razão da Função

Pelo foro especial, desde a expedição do diploma os Congressistas somente poderão ser julgados
pelo STF ante a prática de crime comum; se a causa for relativa às Justiças especializadas ou tiver
natureza cível, não há se falar em prerrogativa de função.
É muito comum que os deputados federais, após longos anos sendo processados perante o STF,
renunciem ao cargo pouco antes do julgamento. Nesses casos, o STF declarava sua incompetência
superveniente e remetia os autos à primeira instância da Justiça competente. Evidentemente que isso é
um absurdo, mas era sempre aceito.
Os inquéritos policiais também deverão correr perante o STF, não tendo a polícia federal
atribuição para iniciá-los de ofício. Se isso não for obedecido, cabe reclamação por usurpação da
competência do Supremo.
Se findar o mandato sem findar o processo ou caso renuncie ou seja cassado o mandato do
congressista, deverá o processo ser remetido à Justiça comum competente.
Caso o Congressista estivesse sendo criminalmente processado antes de se eleger, os autos subirão
da Justiça Comum para o STF, considerando-se válidos todos os atos processuais já praticados, e tendo
normal curso o processo sem possibilidade de sustá-lo.
Os deputados estaduais possuem foro privilegiado perante o TJ, enquanto os Vereadores poderão ter
foro privilegiado também perante o TJ, se a Constituição Estadual assim o prever.
O foro privilegiado, por evidente, não se aplica aos suplentes dos Congressistas, já que é uma proteção
dirigida ao exercício efetivo do cargo. Somente restarão eles protegidos com eventual posse no cargo.

Afastamento do Poder Legislativo

Caso os Congressistas assumam cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário


de Estado, do DF, de Prefeitura de Capital ou de chefe de missão diplomática temporária, não perderá
ele o mandato; será, pois, afastado. Assim, se, por exemplo, ele assumir Prefeitura de cidade do interior
ou cargo de Secretário de Município, perderá o cargo.
Entretanto, como as imunidades são do cargo, e não da pessoa, segundo o STF, elas não
subsistem. Porém, a prerrogativa de foro permanece.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do
Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.

Incompatibilidades

Trata-se de determinadas proibições atribuídas pela CF/88aos Congressistas. Elas podem ocorrer de
acordo com dois momentos:

a) Desde a expedição do diploma:

- Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato
obedecer a cláusulas uniformes;
- Aceitar ou EXERCER cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis
ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;

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b) Desde a posse:

- Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato
com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
- Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, "a";
- Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
- Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Perda do Mandato

Perda Mediante Provocação

Casos em que o Congressista, mesmo incidindo no erro, não perderá automaticamente o cargo. São
eles:
a) Incidência em alguma das incompatibilidades;
b) Quebra do decoro parlamentar; segundo entendimento do STF, não cabe ao judiciário reavaliar a
motivação que levou a Casa Legislativa a cassar o parlamentar por falta de decoro, embora controle a
observância de garantias formais, como a da ampla defesa.
c) Condenação criminal transitada em julgado. Nesses casos, para que ocorra a perda do mandato, é
necessário:
- A Mesa ou um Partido Político provoque a entrada em pauta do assunto;
- Seja oportunizada a ampla defesa e o contraditório ao acusado;
- Votação, a favor da perda, por maioria absoluta dos membros da Casa, não sendo mais possível o
voto secreto desde a EC nº 76/2013, que deu nova redação ao §2º do art. 55, vejamos:

Art. 55 (...)
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva
Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

Perda Automática

Perderão automaticamente o cargo, mediante a comprovação, os Congressistas que:


a) Deixarem de comparecer a 1/3 das sessões ordinárias da Casa, salvo licença ou missão
autorizada;
b) Perder ou tiverem suspensos os direitos políticos;
c) Quando o decretar a Justiça Eleitoral. Nesse caso, a decisão da Justiça Eleitoral produz efeitos
imediatos, salvo se eventual recurso interposto pelo congressista for recebido no efeito suspensivo.
Nesses casos, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante
provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
Aqui, haverá ampla defesa, mas somente para o congressista tentar comprovar que os fatos não são
verdadeiros.

Art. 55. (...)


§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

Renúncia ao Mandato

No caso de existir renúncia ao mandato pelo parlamentar antes do início do processo que vise à
decretação da perda, a renúncia será plenamente válida.

Art. 55 (...)
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do
mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que
tratam os § § 2º e 3º.

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Importante destacar qual é o momento em que considera-se iniciado o processo político de perda do
cargo para fins de determinar o termo final de eficácia da renúncia. O processo se inicia assim que o
relatório elaborado pela Comissão de Ética é recebido com protocolo na Mesa da Casa. Segundo
entendimento do STF, a fase da comissão de ética é uma fase preliminar ao início do processo que
vise à perda do mandato. Diferentemente, se for após a instauração (ou seja, recebimento pela Mesa
da Câmara do pedido de cassação do mandato), a renúncia fica suspensa até a decisão. Caso haja
decisão pela manutenção do cargo, a renúncia será aceita; já se a decisão for pela cassação, o
Congressista perde o cargo, ficando inelegível por 08 anos (art. 52, p. único c/c art. 55, § 4º da CF/88).

Manutenção do Mandato

Não perderá o mandato o Congressista que estiver:


a) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do
Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
b) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.
No caso da letra “a”, o Congressista poderá optar pela remuneração de seu cargo de origem ou pelo
daquele em que em exercício.

Deputados Estaduais, Distritais e Vereadores

Os deputados estaduais e distritais dispõem das mesmas prerrogativas atribuídas constitucionalmente


aos Congressistas, ou seja, a tudo o que já foi aqui estudado, com as devidas adaptações do órgão
judiciário e da Casa competente para julgar o crime de responsabilidade.
Já os vereadores não possuem imunidade formal. Processos aberto contra eles não poderão ser
sustados pela câmara municipal. Ademais, sua imunidade material somente tem valia nos estritos limites
territoriais do Município em que exercem a vereança (art. 29, VIII).
Ademais, Vereadores não têm a prerrogativa de somente serem presos em flagrante de crimes
inafiançáveis.

Texto Constitucional sobre o assunto:

CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se
aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. (Vide Lei Complementar nº 78, de
1993)
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro
anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

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Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida
pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas
as respectivas Assembleias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da
União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o
que estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem
os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a
ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios
sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e
televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

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XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a
pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,
ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa
respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos
escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste
artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

SEÇÃO III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao
Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

SEÇÃO IV
DO SENADO FEDERAL

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;

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IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura
e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do
Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços
dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício
de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

SEÇÃO V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva
sobre a prisão.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações.
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda
que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos
casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a
execução da medida.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:


I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o
contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam
demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de
contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no
inciso I, "a";

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c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I,
"a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias
da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno,
o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de
vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva
Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do
mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que
tratam os §§ 2º e 3º.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do
Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste
artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem
mais de quinze meses para o término do mandato.
§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do
mandato.

Das reuniões

Nos termos do artigo 57 da Constituição Federal, o período em que os parlamentares deliberam e


aprovam as normas legais que vão reger a República Federativa do Brasil é o compreendido entre 2 de
fevereiro a 17 de julho e de 1 de agosto a 22 de dezembro. Durante o resto do ano os deputados e
senadores estão de férias.
Contudo, por causa da relevância dos cargos que ocupam, as férias, ou seja, os recessos dos
parlamentares podem ser interrompidos. São as hipóteses de convocação extraordinária do Congresso
Nacional.
A convocação extraordinária é uma situação excepcional (que foge à normalidade), em que as
deliberações das Casas Legislativas ocorrem durante os recessos legislativos.

Texto Constitucional pertinente ao tema:

SEÇÃO VI
DAS REUNIÕES

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a


17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.

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§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil
subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.
§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no
primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para
mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente.
§ 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os
demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de
intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou
interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria
absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a
matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento
de parcela indenizatória, em razão da convocação.
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso
Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.

Das comissões

José Afonso da Silva define as comissões parlamentares como "organismos constituídos em cada
Câmara, composto de número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as
proposições legislativas e apresentar pareceres".
De acordo com o art. 58, as comissões podem ser permanentes ou temporárias e serão constituídas
na forma e com as atribuições previstas no Regimento Interno do Congresso Nacional e de cada Casa,
já que existirão comissões do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Estabelece o art. 58, §1º, que na constituição das Mesas e de cada Comissão é assegurada, tanto
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam
da respectiva Casa.

Texto Constitucional pertinente ao tema:

SEÇÃO VII
DAS COMISSÕES

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.
§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa.
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do
Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

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III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas
atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos
ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e
sobre eles emitir parecer.
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita
por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
representação partidária.

Comissões parlamentares de inquérito

As Comissões Parlamentares de Inquérito têm um papel de grande importância no que tange à


fiscalização de atividades de interesse público. Essas Comissões foram adotadas na Câmara dos
Deputados, a partir da Constituição de 1934, com a aplicação subsidiária do Processo Penal Comum.
Posteriormente, também foi instituída no Senado Federal. O objetivo das CPIs é investigar fatos
determinados, diante do que se afigura inviável a criação de CPI para investigar a prática de delitos, em
substituição à investigação policial, ou para processar e julgar agentes de crimes.109
São previstas no art. 58, § 3º, da CF/88:
Art. 58 (...)
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
A Lei nº 1.579, de 1952, é o diploma legal que trata das Comissões Parlamentares de Inquérito. São
comissões temporárias, criadas separadamente, por cada Casa, ou em conjunto (quando receberão o
nome de CPMI). Elas exercem atuação típica do Poder Legislativo, que é fiscalizar atos conexos ao Poder
Público. Terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais.

Criação

Sua criação depende de:


a) Requerimento de 1/3 dos membros da Casa ou das Casas, se mista;
b) Indicação de fato determinado a ser objeto de investigação;
O fato pode ser singular ou múltiplo, marcado por um ponto comum. Tudo o que disser respeito, direta
ou indiretamente, ao fato determinado que ensejou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito pode
ser investigado. Ao ver do STF, a CPI "não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente,
com o fato principal". A exigência de que, no ato de instauração da CPI, seja indicado com clareza o fato
bem delimitado que ela se propõe a investigar mostra-se importante para o próprio controle das atividades
da comissão. A CPI não pode alargar o âmbito do seu inquérito para além do que, direta ou indiretamente,
disser respeito ao objetivo para o qual foi criada.
c) Fixação de um prazo certo para a conclusão dos trabalhos. Esse prazo é impróprio, já que
poderá, justificadamente, ser dilatado, desde que não perpasse uma legislatura.
De acordo com o STF, basta a entrega do requerimento e do cumprimento dos requisitos ao Presidente
da Casa para que a Comissão seja criada. É um direito das minorias parlamentares, não sendo

109 Comissões parlamentares de inquérito no direito brasileiro. José de Ribamar Barreiros Soares. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados Centro de Documentação
e Informação Coordenação de Biblioteca http://bd.camara.gov.br

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necessária votação aprovando a criação. Esse entendimento também vale para as CPIs dos Estados, DF
e Municípios, os quais não podem estabelecer outros requisitos que não os previstos na CF/88.

Poderes de Investigação

De acordo com a CF/88, elas possuem poderes próprios de autoridades judiciais. Porém, estes
poderes são limitados. Há coisas que elas não podem fazer em função da reserva de jurisdição.
Elas não poderão investigar fatos que dizem respeito estritamente à competência de outros membros
da federação, além de não poderem questionar atos de natureza jurisdicional. Em geral, pode a CPI:
a) Convocar particulares e autoridades públicas para depor;
"O direito de requerer informações aos ministros de Estado foi conferido pela Constituição tão
somente às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e não a parlamentares
individualmente. Precedentes. O entendimento pacífico desta Corte é no sentido de que o parlamentar
individualmente não possui legitimidade para impetrar mandado de segurança para defender prerrogativa
concernente à Casa Legislativa a qual pertence. No caso, não está caracterizada a legitimidade passiva
do ministro de Estado da Fazenda, uma vez que o projeto de implantação do teleférico no Complexo do
Alemão, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento, foi elaborado pelo Departamento de
Urbanização de Assentamentos Precários do Ministério das Cidades, cabendo a este o fornecimento das
informações pretendidas. Agravo regimental a que se nega provimento" (RMS 28.251-AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 18-10-2011, Segunda Turma, DJE de 22-11-2011.)
b) Utilizar a polícia judiciária para localizar e conduzir, coercitivamente, testemunhas (se não
comparecerem, pode determinar a condução coercitiva. Todos estão obrigados a depor na CPI, mas
algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde que razoáveis, a CPI oferta 03 datas e
horários e a autoridade escolhe);
c) Determinar as diligências, as perícias e os exames necessários, bem como requisitar
informações e buscar todos os meios de prova legalmente admitidos (exemplo: requisitar auditores da
Receita Federal e do Banco Central);
d) Determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do investigado;
e) Prender em flagrante delito;
f) Requerer inspeções e auditorias.
Todos os poderes das CPIs federais cabem também às dos demais entes da federação. As decisões
da CPI deverão ser tomadas por maioria absoluta e todas elas deverão ser fundamentadas sob
pena de nulidade absoluta. Isso porque, se elas possuem poderes próprios de autoridades judiciais,
estão, como estas, obrigadas a fundamentar suas decisões.

Direitos dos Depoentes

São assegurados aos depoentes o direito de:


a) Permanecer calados durante o interrogatório, mesmo na condição de testemunhas;
b) Negar-se a responder perguntas para proteger o sigilo profissional;
c) Negar-se a responder perguntas que se incriminem;
d) Ser assistidos por advogado em seus depoimentos, de forma ativa. Isso quer dizer que eles
podem consultar o advogado sobre como responder a alguma pergunta;
e) Recorrer ao Poder Judiciário se entenderem que seus direitos estão sendo violados.
Os depoentes não têm direito ao contraditório em uma CPI.

Restrições

Não cabe à CPI:

a) Determinar qualquer espécie de prisão, salvo em flagrante;


b) Determinar medidas cautelares de ordem penal ou civil;
c) Determinar a busca e apreensão de documentos domiciliar;
d) Autorizar interceptações telefônicas;
e) Anular atos do Poder Executivo;
f) Decretar a indisponibilidade de bens.

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De acordo com o STF, as CPIs não poderão conferir publicidade indevida a dados sigilosos obtidos no
curso das investigações.
A investigação parlamentar, por mais graves que sejam os fatos pesquisados pela Comissão
legislativa, não pode desviar-se dos limites traçados pela Constituição nem transgredir as garantias, que,
decorrentes do sistema normativo, foram atribuídas à generalidade das pessoas, físicas e/ou jurídicas.
A unilateralidade do procedimento de investigação parlamentar não confere, à CPI, o poder de agir
arbitrariamente em relação ao indiciado e às testemunhas, negando-lhes, abusivamente, determinados
direitos e certas garantias que derivam do texto constitucional ou de preceitos inscritos em diplomas
legais.
No contexto do sistema constitucional brasileiro, a unilateralidade da investigação parlamentar - à
semelhança do que ocorre com o próprio inquérito policial - não tem o condão de abolir os direitos, de
derrogar as garantias, de suprimir as liberdades ou de conferir, à autoridade pública (investida, ou não,
de mandato eletivo), poderes absolutos na produção da prova e na pesquisa dos fatos.
A exigência de respeito aos princípios consagrados em nosso sistema constitucional não frustra nem
impede o exercício pleno, por qualquer CPI, dos poderes investigatórios de que se acha investida.
O ordenamento positivo brasileiro garante, às pessoas em geral, qualquer que seja a instância de
Poder, o direito de fazer-se assistir, tecnicamente, por Advogado, a quem incumbe, com apoio no Estatuto
da Advocacia, comparecer às reuniões da CPI, sendo-lhe lícito reclamar, verbalmente ou por escrito,
contra a inobservância de preceitos constitucionais, legais ou regimentais, notadamente nos casos em
que o comportamento arbitrário do órgão de investigação parlamentar vulnere as garantias básicas
daquele - indiciado ou testemunha - que constituiu, para a sua defesa, esse profissional do Direito.
A função de investigar não pode resumir-se a uma sucessão de abusos nem deve reduzir-se a atos
que importem em violação de direitos ou que impliquem desrespeito a garantias estabelecidas na
Constituição e nas leis. O inquérito parlamentar, por isso mesmo, não pode transformar-se em
instrumento de prepotência nem converter-se em meio de transgressão ao regime da lei.
Os fins não justificam os meios. Há parâmetros ético-jurídicos que não podem nem devem ser
transpostos pelos órgãos, pelos agentes ou pelas instituições do Estado. Os órgãos do Poder Público,
quando investigam, processam ou julgam, não estão exonerados do dever de respeitar os estritos limites
da lei e da Constituição, por mais graves que sejam os fatos cuja prática tenha motivado a instauração
do procedimento estatal.

Controle Judicial da CPI

A Comissão está vinculada à Casa Legislativa em que surge, e os seus atos são imputáveis a essa
mesma Casa. Isso traz consequências relevantes, do ponto de vista da competência jurisdicional para
apreciar os seus atos. Uma CPI no âmbito do Congresso Nacional sujeita-se ao controle judicial, por meio
de habeas corpus ou de mandado de segurança, diretamente pelo Supremo Tribunal Federal.
“A Comissão Parlamentar de Inquérito, enquanto projeção orgânica do Poder Legislativo da
União, nada mais é senão a longa manus do próprio Congresso Nacional ou das Casas que o
compõem, sujeitando-se, em consequência, em tema de mandado de segurança ou de habeas
corpus, ao controle jurisdicional originário do Supremo Tribunal Federal (CR, art. 102, I, d e i)".
(MS 23452, Relator(a): Min. Celso De Mello, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/1999, DJ 12-05-2000 PP-
00020 EMENT VOL-01990-01 PP-00086)
Esse entendimento confere amplitude ao art. 102, I, d, da Constituição, que prevê competência
originária do STF para apreciar mandado de segurança contra ato da Mesa da Câmara ou do Senado —
e não contra ato de comissões dessas Casas.
O mandado de segurança deve apontar como autoridade coatora o presidente da CPI. O STF registra
precedente recusando que a Mesa do Senado fosse indicada como autoridade coatora em mandado de
segurança impetrado contra ato de CPI.

Questões

01. (Prefeitura de Chapecó/SC - Procurador Municipal - IOBV/2016) Em relação à organização dos


Poderes da União, mais precisamente do Poder Legislativo, assinale a alternativa que está incorreta:
(A) O Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
(B) Cada senador será eleito com três suplentes.
(C) Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
(D) Autorizar referendo e convocar plebiscito é da competência exclusiva do Congresso Nacional.

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02. (SEGEP/MA - Agente Penitenciário - FUNCAB/2016) Sobre o Poder Legislativo, é correto afirmar
que:
(A) a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente da Câmara dos Deputados,
ocupados os demais cargos, sucessivamente, pelos titulares de cargos equivalentes na Câmara dos
Deputados e Senado Federal.
(B) a Câmara dos Deputados é formada por representantes de entidades da federação, eleitos pelo
sistema eleitoral proporcional, ao passo que o Senado Federal é formado por representantes do povo,
eleitos pelo sistema eleitoral majoritário.
(C) a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos segundo o princípio
majoritário.
(D) o Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo
o princípio majoritário.
(E) as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria absoluta dos votos,
presente a minoria de seus membros, salvo disposição constitucional em contrário.

03. (SEGEP/MA - Agente Penitenciário - FUNCAB/2016) Segundo a Constituição da República


Federativa Brasileira de 1988, a legislatura compreende o período de:
(A) 4 anos.
(B) 5 anos.
(C) 1 ano.
(D) 3 anos.
(E) 2 anos.

04. (TRE/PI - Técnico Judiciário – Administrativa - CESPE/2016) A respeito do Poder Legislativo,


assinale a opção correta.
(A) O mandato dos senadores é de quatro anos.
(B) O quórum de votação de proposta em cada casa do Congresso Nacional e em suas comissões é
de maioria simples de votos, ao passo que o quórum de instalação das sessões é de maioria absoluta de
seus membros.
(C) Compete ao Senado autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra
o presidente e o vice-presidente da República.
(D) Compete privativamente à Câmara dos Deputados processar e julgar o presidente e o vice-
presidente da República em casos de crimes de responsabilidade.
(E) É vedado ao Poder Legislativo exercer as funções de administrar e de julgar, sob pena de violação
da separação dos poderes.

05. (EBSERH - Advogado - IBFC/2016) Analise os itens a seguir e considere as normas da


Constituição Federal sobre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal para assinalar a alternativa
INCORRETA.
(A) O Deputado Federal ou o Senador perderá o mandato se, desde a expedição do diploma, firmar
ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a
cláusulas uniformes
(B) O Senador perderá o mandato se, desde a expedição do diploma, aceitar ou exercer cargo, função
ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum” em pessoa jurídica de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço
público
(C) O Deputado Federal perderá o mandato se, desde a expedição do diploma, for proprietário ou
controlador de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público
(D) O Senador perderá o mandato se deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte
das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada
(E) O Deputado Federal ou o Senador perderá o mandato se praticar atos de abuso das prerrogativas
asseguradas a membro do Congresso Nacional ou percepção de vantagens indevidas, sendo tais atos
considerados incompatíveis com o decoro parlamentar.

Respostas

01. Resposta: “B”


Dispõe o art. 46, § 3º, da CF/88: “Cada Senador será eleito com dois suplentes”.

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02. Resposta: “D”
Prevê o art. 46, caput, da CF/88: “O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário”.

03. Resposta: “A”


Disciplina o art. 44, parágrafo único, da CF/88: “Cada legislatura terá a duração de quatro anos”.

04. Resposta: “B”


Dispõe o art. 47, da CF/88: “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada
Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus
membros”.

05. Resposta: “C”


Pelo que dispõe o art. 54, II, “a”, da CF/88: “Os Deputados e Senadores não poderão desde a posse
ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada”. Assim, por mencionar que perderá
o mandato se isso acontecer desde a expedição do diploma, a alternativa está incorreta.

11. Poder Executivo: atribuições do presidente da República e dos


ministros de Estado.

PODER EXECUTIVO

O Brasil adota o presidencialismo como sistema de governo. A Constituição Federal traz como os
poderes da União, o Poder Executivo, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e
harmônicos entre si (art. 2º da CF/88).
A função do poder Executivo é administrar e implementar políticas públicas nas mais diversas áreas
de atuação do Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Poder Legislativo. É da atribuição do Poder
Executivo o governo e a administração do Estado.
O Poder Executivo é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 76 a 91. É exercido, no
âmbito federal, desde 1891, pelo Presidente da República, eleito por sufrágio popular e direto, em eleição
de dois turnos, e substituído em seus impedimentos pelo Vice-Presidente. Colaboram com o chefe do
executivo os Ministros de Estado, por ele nomeados.
O Presidente acumula as funções de Chefe de Estado (representação externa e interna do Estado) e
Chefe de Governo (liderança política e administrativa dos órgãos do Estado). É eleito com mandato fixo,
não dependendo de maioria política no Congresso Nacional para investir-se no cargo ou nele permanecer.
No plano estadual, o Poder Executivo é exercido pelo Governador, substituído em seus impedimentos
pelo Vice-Governador, e auxiliado pelos Secretários de Estado.
Já no plano municipal, é exercido pelo Prefeito, substituído em seus impedimentos pelo Vice-Prefeito
e auxiliado pelos Secretários Municipais. A sede de cada município toma seu nome e tem oficialmente a
categoria de cidade.

O Presidente

O Brasil adota o presidencialismo desde a Constituição de 1.891. Nele, o Presidente assume a função
de Chefe de Estado (representação externa) e de Chefe de Governo (gerência interna). Os Ministros,
seus auxiliares, são livremente escolhidos e demissíveis ad nutum, sem necessidade de fundamentação.
No nosso sistema presidencialista, o Presidente não possui qualquer possibilidade de dissolver o
parlamento, sendo a mera tentativa disso uma absoluta afronta à separação dos Poderes, ao contrário
do que ocorre na maioria dos regimes parlamentares.
O Poder Executivo Federal é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado. A estrutura do Poder Executivo a nível federal, além da Presidência da República e dos
ministérios, compreende os gabinetes, Pessoal e de Segurança Institucional, a Casa Civil e vários órgãos
de assessoramento.

São requisitos para a candidatura ao cargo de Presidente e Vice:


- Ser brasileiro nato;

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- Estar em pleno gozo dos direitos políticos;
- Ter mais de 35 anos;
- Filiação ao partido político;
- Possuir alistamento eleitoral.

Se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato
a Presidente, será convocado o terceiro colocado nas eleições. Se essas situações recaírem sobre o
Vice, outro deve ser escolhido. Porém, se a morte ou desistência ocorrer após a eleição, mas antes da
diplomação, considerar-se-á eleito o vice-presidente.
A posse de Presidente e Vice deverá ocorrer no dia 1º de janeiro do ano subsequente às eleições, em
sessão conjunta do Congresso Nacional. Se após decorridos 10 dias da data fixada para a posse, um dos
dois candidatos não tiver assumido, o cargo será considerado automaticamente vago, salvo motivo de
força maior.

O Vice-Presidente da República

Eleito como companheiro de chapa do presidente, cabe ao Vice-Presidente da República substituir o


titular nos seus impedimentos ou suceder-lhe na vacância do cargo. Os requisitos para o cargo são os
mesmos do cargo de presidente.

O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Caso o presidente e o vice estiverem impedidos, ou deixarem vagos os respectivos cargos, serão
chamados a assumir a Presidência, pela ordem, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente
do Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal.
O Presidente da República e seu vice só poderão ausentar-se do País com licença do Congresso, sob
pena de perda do cargo, salvo se a ausência não for superior a 15 dias.

Investidura

O Presidente e o Vice Presidente são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário de dois turnos (e não o
puro ou simples), já que será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos.
Entretanto, se no primeiro turno essa maioria não for alcançada, necessariamente deverá haver um
segundo turno.
Votos válidos são os votos que não são em branco ou nulos (art. 77, § § 2º e 3º).
O Presidente é eleito simultaneamente ao Vice, por meio de sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, em eleição realizada no primeiro e no último domingo de outubro do ano eletivo, para o primeiro
e segundo turno, respectivamente.
O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
seguinte ao da sua eleição.

Reeleição

A Emenda Constitucional nº 16/97 introduziu o instituto da reeleição de cargos do Poder Executivo


(CF, art. 14, § 5°), permitindo que o Presidente da República, o Governador de Estado ou o Prefeito
postulem um novo mandato.
O texto constitucional não contemplou qualquer exigência quanto à necessidade de
desincompatibilização, de modo que a candidatura à reeleição dá-se com o candidato no exercício
efetivo do cargo.
Evidentemente que, na condição de Presidente, ele não poderá fazer campanha política (o que é
totalmente ignorado pelos candidatos).
Também não há qualquer restrição quanto à possibilidade de nova eleição para períodos
descontínuos. O Presidente da República reeleito poderá, após deixar o cargo, vir a postular nova
investidura. Assim, somente não se admite três mandatos seguidos.

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Das atribuições do Presidente da República

Tradicionalmente, o Poder Executivo tem a função de governo, com atribuições políticas, co-
legislativas e de decisão, e função administrativa, manifestada pela intervenção, fomento e prestação de
serviços públicos.
O art. 84 atribui ao Presidente da República competências privativas, tanto de natureza de Chefe de
Estado (representando a República Federativa do Brasil nas relações internacionais e, internamente, sua
unidade, previstas nos incisos VII, VIII e XIX do art. 84) como de Chefe de Governo (prática de atos de
administração e de natureza política - estes últimos quando participa do processo legislativo – conforme
se percebe pela leitura das atribuições previstas nos incisos I a VI; IX a XVIII e XX a XXVII).

Responsabilidade do Presidente da República

Os crimes de responsabilidade são as infrações político-administrativas cujas sanções consistem na


perda da investidura dos cargos ocupados pelo agente e sua inabilitação para o exercício de funções
públicas por um período de oito anos – é o chamado impeachment.
Conforme previsão constitucional do art. 85 da CF, os atos do Presidente da República que implicam
na sua responsabilidade política estão ali previstos. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente
da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da
União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos
Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos,
individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei
orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Qualquer cidadão é parte legítima para apresentar a acusação por crime de responsabilidade perante
a Câmara dos Deputados. Com a admissão da acusação por 2/3 dos membros daquela casa, será o
Presidente submetido a julgamento perante Senado.
Em caso de acusação pelas infrações penais comuns, cabe ao Procurador-Geral da República sua
iniciativa, havendo juízo de admissibilidade pela Câmara dos Deputados, caso em que, sendo admitida
por 2/3 dos membros, o Presidente será submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

Os Ministros de Estado

Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da República na direção superior da


Administração Federal. Os Ministros são de livre nomeação pelo Presidente da República, podendo ser
por ele exonerados a qualquer tempo, sendo desnecessária a sabatina do Senado Federal, salvo para
o presidente do BACEN, que é equiparado.
Poderão ser Ministros quaisquer brasileiros, natos ou naturalizados, maior de 21 anos e no pleno
exercício de seus direitos políticos; porém, somente poderá ser ministro da defesa brasileiro nato.
São atribuições do Ministro de Estado, além de outras que lhe sejam delegadas pelo Presidente da
República, exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da Administração
Federal na área de sua competência e referendar atos e decretos assinados pelo Presidente da
República, expedir instruções para execução de leis, decretos e regulamentos (CF/88, art. 87, parágrafo
único).
Como visto anteriormente, os Ministros poderão até mesmo editar decretos autônomos, caso lhes seja
delegada essa prerrogativa pelo Presidente.
Os Ministros de Estado serão processados e julgados, nas infrações penais comuns e nos crimes
de responsabilidade, pelo STF (CF/88, art. 102,1, c).
Nos crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República, serão processados
pelo Senado Federal (CF/88, art. 52, I).
Os mandados de segurança e os habeas data impetrados contra atos de Ministro de Estado serão
julgados pelo STJ (CF/88, art. 105, b). Também os habeas corpus nos quais Ministro de Estado for
apontado como autoridade coatora serão julgados pelo STJ (CF/88, art. 105, I, c).
Porém, se o MS for impetrado em face de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado, a
competência não será do STJ, e sim do juízo competente para julgar demandas em face de tal órgão.

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Requisitos Especiais para Determinados Cargos de Ministros e Ministros Equiparados

Tema interessante colocou-se na ação direta de inconstitucionalidade proposta contra a Medida


Provisória n. 207, de 2004, convertida na Lei n. 11.036/2004, que transformou o cargo de Presidente do
Banco Central em cargo de Ministro de Estado.
Sustentou-se que o Presidente do Banco Central não poderia ser titular de cargo de Ministro de
Estado por estar submetido, nos termos da Constituição, a um regime próprio de nomeação —
aprovação pelo Senado Federal (CF, arts. 52, III, d, e 84, I e XIV). Suscitou-se que o ato impugnado
seria ofensivo ao princípio da separação de Poderes. Quando a Constituição diz, no art. 84, I, que
compete privativamente ao Presidente da República nomear e exonerar os Ministros de Estado,
obviamente está implícito que tal nomeação se dará na forma da Constituição e da lei. Não poderá, por
exemplo, o Presidente nomear um menor de 21 anos para chefiar um Ministério. Também não poderá
nomear alguém que esteja privado de seus direitos políticos (CF, art. 87).
No caso da nomeação do Presidente do Banco Central, por evidente, haverá um procedimento
constitucional específico, que terá como pressuposto a aprovação prévia pelo Senado, nos termos do art.
52, III, d. Não vejo, portanto, como interpretar a norma impugnada como autorizadora do afastamento da
exigência constitucional de prévia aprovação pelo Senado.
De resto, o modelo constitucional contém algumas situações que demonstram tratamento bastante
casuístico no que toca aos cargos mais elevados da República.
Notório exemplo é o do Advogado-Geral da União, que é Ministro por determinação legal. No plano
constitucional, o Advogado-Geral, nomeado e diretamente subordinado ao Presidente, possui requisitos
para a nomeação que são mais rigorosos em relação aos demais Ministros. Exige-se idade mínima de 35
anos, reputação ilibada e notório conhecimento jurídico. No que toca à prerrogativa de foro, também há
um tratamento constitucional diferenciado. O Advogado-Geral, em relação ao crime de responsabilidade,
é sempre julgado perante o Senado (CF, art. 52, II), tal como o Presidente da República, o Procurador-
Geral da República e os Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Já os Ministros de Estado, no que toca aos crimes de responsabilidade, com ressalva de atos conexos
a atos do Presidente, em regra são julgados perante o STF (CF, art. 102, I, c).
Outro exemplo interessante de situação singular é o dos Comandantes Militares. Não obstante os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica estarem subordinados ao Ministério da Defesa,
remanescem eles com foro especial perante o Supremo Tribunal Federal. Note-se que tais autoridades
nem sequer possuem status de Ministro. Por fim, estão abrangidos pela mesma disposição que confere
prerrogativa de foro aos Comandantes Militares os chefes de missão diplomática de caráter permanente
(CF, art. 102, I, c). Também aqui tem-se tratamento idêntico entre autoridades de diferentes hierarquias,
tendo em vista que os chefes de missão diplomática estão subordinados ao Ministro das Relações
Exteriores.

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente,


no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno,
se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a
maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em
até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

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Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-
Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-


Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos


cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro
do ano seguinte ao da sua eleição.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Seção II
Das Atribuições do Presidente da República

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução; Sobre os decretos regulamentares, tem-se:

A diferença entre lei e regulamento, no Direito brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre
este. A distinção substancial reside no fato de que a lei pode inovar originariamente no ordenamento jurídico,
enquanto o regulamento não o altera, mas tão-somente fixa as regras orgânicas e processuais destinadas a
colocar em execução os princípios institucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos
constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ele circunscrita, isto é, às diretrizes por ela
determinada.

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;


VI - dispor, mediante decreto, sobre: (trata-se, aqui, de decreto autônomo, com força de lei. Atribuição
delegável).
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
(o referendo se dá por decreto legislativo)
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; (o Estado de sítio somente é decretado após
autorização do Congresso Nacional por Decreto Legislativo)
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

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XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
(Atribuição delegável).
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e
os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; (aprovação mediante
resolução)
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; (autorização ou referendo
feito por decreto legislativo)
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (Atribuição delegável somente
quanto ao provimento).
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos
VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

Todas essas atribuições, ressalvadas as que ficaram consignadas, são indelegáveis. Além disso, elas
não são exaustivas, apenas exemplificativas.
Todas as atribuições privativas são extensíveis, no que couber, e por força do federalismo e do
princípio da simetria, aos demais Chefes dos Poderes Executivos de outros entes federados.

Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:

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I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República
não estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

Seção IV
DOS MINISTROS DE ESTADO

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal
na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente
da República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.

Questões

01. (CBTU - Assistente Operacional – FUMARC/2016) Compete privativamente ao Presidente da


República, EXCETO:
(A) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução.
(B) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias.
(C) Nomear, unilateralmente, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco
central e outros servidores, quando determinado em lei.
(D) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei.

02. (Prefeitura de São Paulo/SP - Analista Fiscal de Serviços - VUNESP/2016) Assinale a


alternativa que contempla uma atribuição privativa do Presidente da República que a Constituição permite
seja delegada aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União.
(A) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente.
(B) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62 da Constituição Federal.
(C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição.
(D) Conferir condecorações e distinções honoríficas.
(E) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei.

03. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC) Cabe ao Vice-Presidente da República substituir o Presidente
da República no caso de
(A) recebimento pelo Supremo Tribunal Federal de denúncia pela prática de infração penal comum.
(B) decretação de estado de sítio em face de comoção grave de repercussão nacional.
(C) autorização pela Câmara dos Deputados para instauração de processo por crime de
responsabilidade.
(D) condenação pelo Senado Federal por crime de responsabilidade.

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04. (PC/RJ - Papiloscopista Policial de 3ª Classe - IBFC) Segundo dispõe a Constituição Federal,
ocorrendo a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República nos últimos dois anos do
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será realizada:
(A) Noventa dias depois da última vacância, pela Câmara dos Deputados, na forma da lei.
(B) Noventa dias depois da última vacância, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
(C) Sessenta dias depois da última vacância, pelo Senado Federal, na forma da lei.
(D) Trinta dias depois da última vacância, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
(E) Trinta dias depois da última vacância, pelo Câmara dos Deputados, na forma da lei.

05. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI) Considerando o que estabelecem as normas


constitucionais sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA.
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável para o Prefeito que assumir outro cargo ou função
na Administração Pública, seja direta ou indireta.
(B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, verificada nos últimos dois
anos do mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso Nacional, para ambos os cargos
vagos, a ser realizada trinta dias depois da última vaga.
(C) Do Conselho da República participam, também, seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e
cinco anos de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos com mandato de quatro anos,
admitida uma única recondução.
(D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da
República, são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; estar no exercício dos direitos políticos;
e ser brasileiro nato.
(E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da República é julgado pela Câmara dos Deputados,
sob a direção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a necessária autorização prévia do
Senado Federal.

06. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV) Imagine a hipótese na qual o avião presidencial sofre um
acidente, vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após a conclusão do terceiro ano de
mandato.
A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e completa o mandato.
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e convoca eleições que realizar-se-ão
noventa dias depois de abertas as vagas.
(C) O Presidente do Congresso Nacional assume o cargo e completa o mandato.
(D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e convoca eleições que serão realizadas
trinta dias após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

07. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC) Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do
Poder Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do país, sob pena de perda do cargo, por até:
(A) 15 dias.
(B) 30 dias.
(C) 45 dias.
(D) 60 dias.

08. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV) O Presidente da República possui uma série de competências
privativas, que lhe são atribuídas diretamente pela Constituição. Admite-se que algumas delas possam
ser delegadas ao Ministro de Estado da pasta relacionada ao tema. Dentre as competências delegáveis,
inclui-se.
(A) editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do artigo 62 da Constituição.
(B) nomear, observado o disposto no artigo 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União.
(C) prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.
(D) iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição.

09. (PGE/AC - Procurador – FMP/RS) Compete privativamente ao Chefe do Executivo Federal:


(A) vetar projetos de lei, parcial ou totalmente, sendo, neste último caso, necessária a aquiescência do
Vice-Presidente.

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(B) decretar o estado de defesa e o estado de sítio, bem como a intervenção federal nos demais entes
federados, assim como, se for o caso, nos demais poderes da República, quando necessário à ordem
pública.
(C) expedir decretos para a criação de órgãos públicos ou para a extinção de funções ou cargos
públicos, ficando seus ocupantes em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
(D) nomear os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dependendo previamente de aprovação do
Senado Federal, o qual sabatinará o(a) candidato(a) indicado pelo próprio Presidente da República.

10. (UNICAMP - Procurador - VUNESP) Assinale a alternativa que contempla atribuição privativa do
Presidente da República passível de delegação.
(A) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.
(B) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente.
(C) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
(D) Nomear membros do Conselho da República.
(E) Conferir condecorações e distinções honoríficas.

11. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros - CONSULPLAN/2016) São crimes de


responsabilidade do Presidente da República os atos que atentem contra a Constituição Federal, e
especialmente, contra
(A) o exercício dos direitos individuais.
(B) a ordem tributária.
(C) a segurança externa.
(D) o livre exercício da Controladoria Geral.

12. (Prefeitura de Teresina/PI - Analista Administrativo - FCC/2016) Sobre a responsabilidade do


Presidente da República,
(A) o Presidente não ficará suspenso de suas funções nas infrações penais comuns, ainda que
recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal.
(B) os crimes de responsabilidade estão definidos taxativamente pela Constituição Federal, não
competindo à lei aumentar o rol de condutas.
(C) admitida a acusação contra o Presidente da República, por maioria absoluta da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal nos crimes de
responsabilidade.
(D) os crimes de responsabilidade serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
(E) decorrido o prazo de cento e oitenta dias, se o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, extinguindo-se o processo.

13. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB/2016) Assinale a alternativa correta no que
concerne à responsabilidade do Presidente da República.
(A) Nas infrações penais comuns, admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
(B) Se, decorrido o prazo de cento e vinte dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
(C) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente ficará suspenso de suas funções se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal.
(D) No crime de responsabilidade, admitida a acusação contra o Presidente da República, por um terço
da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Senado Federal.
(E) Nas infrações penais comuns, o Presidente ficará suspenso de suas funções após a instauração
do processo pelo Senado Federal.

14. (TRT 3ª - Analista Judiciário – FCC) A suspensão do exercício das funções de Presidente da
República dar-se-á nas infrações penais comuns
(A) se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; nos crimes de
responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
(B) apenas depois de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal; nos crimes de responsabilidade,
após a instauração do processo pelo Senado Federal.
(C) apenas depois de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal; nos crimes de responsabilidade,
apenas após o julgamento do processo pelo Senado Federal.

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(D) e nos crimes de responsabilidade depois de recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo
Tribunal Federal.
(E) e nos crimes de responsabilidade depois de recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Senado
Federal.

15. (ANAC - Técnico Administrativo ESAF/2016) Em relação às atribuições do Presidente da


República, nos termos do disposto na Constituição Federal, não compete a este
(A) nomear o Advogado-Geral da União.
(B) presidir o Conselho de Defesa Nacional.
(C) expedir instruções para a execução das leis
(D) nomear os Ministros do Tribunal de Contas da União
(E) executar a Intervenção Federal.

Respostas

01. Resposta: “C”


A nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, dos
Governadores de Territórios, do Procurador-Geral da República, do presidente e dos diretores do banco
central e outros servidores, não é realizada unilateralmente pelo Presidente da República, sendo
necessária anterior aprovação pelo Senado Federal. É o que dispõe o art. 84, XIV, da CF/88.

02. Resposta: “E”


Prevê o Art. 84, parágrafo único, da CF. que poderá o Presidente da República delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações. Deste modo, a estes será permitido:
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei.

03. Resposta: “A”.


Nos termos do artigo 79, caput, CF, “substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-
á, no de vaga, o Vice-Presidente”. Neste viés, o artigo 86, § 1º, CF prevê que “o Presidente ficará
suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal [...]”.

04. Resposta: “D”.


Disciplina o artigo 81, §1º, CF: “Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial,
a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional,
na forma da lei”.

05. Resposta: “B”.


Disciplina, neste sentido, o artigo 81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos
últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.

06. Resposta: “D”.


Quem assume no lugar do Vice-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, é
sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice-Presidência, “[...] far-se-á eleição
noventa dias depois de aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo a vacância nos
últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” (artigo 81, §1º, CF).

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07. Resposta: “A”.
Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do
Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do
cargo”.

08. Resposta: “C”.


Prover e extinguir os cargos públicos federais, tratam-se das competências privativas administrativas,
que são delegáveis, enumeradas no artigo 84, CF (“Compete privativamente ao Presidente da
República”), sendo que a hipótese da alternativa “C” está prevista no inciso XXV do dispositivo.

09. Resposta: “D”.


“A” está incorreta porque o veto não depende de aquiescência do Vice-Presidente; “B” está incorreta
porque a intervenção federal não é permitida com relação aos demais Poderes da República; “C” está
incorreta porque não é possível criar e extinguir órgãos por Decreto; somente restando “D”, que está
correta, nos termos do artigo 84, XIV, CF: “Compete privativamente ao Presidente da República: [...]
nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores
do banco central e outros servidores, quando determinado em lei”.

10. Resposta: “A”.


Neste sentido, é a disciplina constitucional: “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República: [...] XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; [...]. Parágrafo único.
O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações”.

11. Resposta: “A”


De acordo com o previsto pela Constituição Federal de 1988, dentre outros, são crimes de
responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e,
especialmente, contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais (art. 85, III).

12. Resposta: “D”


Consoante o que dispõe o parágrafo único do art. 85 da CF/88, os crimes de responsabilidade serão
definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Atualmente são
definidos e tem o processo regulamentado pela Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950.

13. Resposta: “A”


É o que dispõe o art. 86 da CF/88: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal,
nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

14. Resposta: “A”. Segundo a redação do Art. 86 da CF, admitida a acusação contra o Presidente da
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade. § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns,
se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de
responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

15. Resposta: “C”


Expedir instruções para a execução das leis compete aos Ministros de Estado, nos termos do que
prevê o art. 87, II, da CF.

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12. Poder Judiciário: competências.

PODER JUDICIÁRIO

1- Disposições Gerais.
O Poder Judiciário tem como função aplicar a lei ao caso concreto, substituindo a vontade das partes
e resolvendo o conflito de interesses com força definitiva.
Contudo, o Judiciário, como os demais Poderes do Estado, possui outras funções, denominadas
atípicas, de natureza administrativa e legislativa.
Desta forma, o Poder Judiciário além de suas funções típicas de preservar pela Constituição Federal
e exercer a jurisdição (Jurisdição significa a aplicação da lei ao caso concreto), exerce funções atípicas
como organizar suas secretárias e serviços auxiliares (art. 96, I, b, da CF).

2- Características da atividade jurisdicional.


a- secundariedade: a tutela jurisdicional só terá lugar quando a espontaneidade no cumprimento do
Direito tenha falhado.
b- imparcialidade: é uma atividade equidistante e desinteressada do conflito.
c- substitutividade: a decisão prolatada pelo Estado substituíra a vontade dos envolvidos.
d- inércia: O Estado só agirá se provocado.
e- definitividade: a decisão proferida é acobertada pela coisa julgada formal e material, ou seja, a
questão ensejadora do conflito não poderá mais ser discutida.
f- unidade: a jurisdição é exclusiva do Poder Judiciário.

3- Princípios.
a- Princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário: O art. 5º, XXXV, da Constituição Federal
estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Tal
garantia assegura o direito de ação, de invocar a tutela jurisdicional a qualquer cidadão.
b- Princípio da Inércia: O Poder Judiciário só se manifesta quando provocado. Trata-se de uma forma
de garantir a sua imparcialidade.
c- Princípio do Devido Processo Legal: A prestação jurisdicional deve ser prestada com a
observância de todas as formalidades legais. Decorre deste princípio uma série de outros princípios, como
os do juiz natural e do promotor natural (CF, art. 5º, LIII), do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º,
LV), da proibição das provas ilícitas (CF, art. 5º, LVI) e da publicidade dos atos processuais (CF, art. 5º,
LX).

4- Órgãos do Poder Judiciário.


Os órgãos do Poder Judiciário são aqueles relacionados no art. 92 da Constituição Federal, sendo que
o Supremo Tribunal Federal e os demais Tribunais Superiores (Superior Tribunal de Justiça, Tribunal
Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar) têm sede em Brasília e
jurisdição em todo o território nacional.

Veja abaixo quadro mostrando a estrutura do Poder Judiciário (art. 92, CF):

STF
CNJ

STJ TSE STM TST

Tribunais
TRF TJ TRE Militares (ainda TRT
não foram
criados)
Justiça Juízes de Juízes Juízes do
Federal Direito Eleitorais Trabalho
Auditorias
Militares
Juntas
Eleitorais

A Justiça Federal e a Estadual

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A Justiça Comum é composta pela Justiça Federal e pela Justiça Estadual Originária. À Justiça Federal
e à Justiça Estadual competem as demais matérias não abrangidas pelas Justiças Especiais. Por essa
razão são chamadas Justiça Comum.
Compete à Justiça Federal as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal,
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes. À Justiça Comum Estadual
cabe o julgamento das demais matérias, por exclusão.

Passemos agora a análise de cada um dos órgãos que compõem o Poder Judiciário Nacional. Vamos
lá!

4.1- O Supremo Tribunal Federal - STF.


É o órgão de cúpula do Poder Judiciário, também conhecido como “a última instância”. Sua função
principal é a “guarda da Constituição”. Compete-lhe a relevante atribuição de julgar as questões
constitucionais, assegurando a supremacia da Constituição Federal em todo o território nacional.
O STF é composto por 11 ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 anos de idade e
menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os Ministros do Supremo
são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
do Senado Federal.

O art. 102 da CF traz a competência do Supremo Tribunal Federal:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado
de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e
do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal
ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das

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Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando
a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em § 1º
pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

4.2- O Conselho Nacional de Justiça – CNJ.


Foi criado com a EC 45/04.
É órgão de natureza administrativa em exercício de qualquer atribuição jurisdicional, com a
competência de realizar o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e de zelar
pelo cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
Atenção! O CNJ realiza o controle externo sobre o Poder Judiciário.

É composto por 15 membros com mandato de 02 anos, admitida 01 recondução, sendo:


I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre
os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.

A presidência do CNJ é feita pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, e no caso de ausência ou
impedimento será feita pelo Vice-Presidente do STF. Os demais membros do Conselho serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá à escolha ao
Supremo Tribunal Federal.

As demais atribuições do CNJ estão elencadas no §4º do art. 103-B da CF:

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§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los,
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de
autoridade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais
julgados há menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade
da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do
Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão
legislativa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído


da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
I- receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos
serviços judiciários;
II- exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III- requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil. A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias
de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros
ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
Conselho Nacional de Justiça.

4.3- O Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP.


Inserido no texto constitucional com a EC 45/04 é um órgão de controle interno da instituição, com
atuação em todo território nacional. Sua sede é em Brasília.
É composto por 14 membros, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha
pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo 4 membros do Ministério Público da União, assegurada
a representação de cada uma de suas carreiras; 3 membros do Ministério Público dos Estados; 2 juízes,
indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; 2 advogados,
indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e 2 cidadãos de notável saber
jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

O mandato desses membros tem duração de 02 anos, permitida uma recondução.


O Procurador-Geral da República é o Presidente do Conselho e seu membro nato.

As atribuições do CNMP estão elencadas no §2º do art. 130-A da CF:

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§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e
financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo
lhe:
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério
Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do
Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art.
84, XI.

Atenção! O CNMP não tem a função de fiscalizar os Ministérios Públicos que atuam juntamente aos
Tribunais de Contas, pois não integram a organização estrutura do art. 128, CF.

4.4- O Superior Tribunal de Justiça – STJ.


É órgão de convergência e superposição do Poder Judiciário, e assim como o Supremo Tribunal
Federal também julga questões constitucionais. Tem sede na Capital Federal e atribuição em todo
território nacional.
Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros. Seus ministros serão nomeados pelo Presidente da
República, dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.
A composição do STJ deve observar a seguinte proporção:
1/3 dos ministros do STJ são escolhidos dentre os desembargadores federais.
1/3 são escolhidos dentro dos desembargadores estaduais.
1/3 são escolhidos entre advogados e membros do Ministério Público Federal e Estadual.

A competência do STJ está disposta no art. 105, CF:


Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
"a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste
e da União;

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h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho
e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com
poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

4.5- Os Tribunais Regionais Federais e os juízes federais.


Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais são órgãos da justiça federal.
Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, 07 juízes, recrutados, quando possível,
na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 35
anos e menos de 65 anos de idade, sendo: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva
atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de 10 anos de carreira; os
demais, mediante promoção de juízes federais com mais de 05 anos de exercício, por antiguidade e
merecimento, alternadamente.

Atenção! Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a
comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Nesse caso, contudo, o
recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro
grau.
4.6- Os tribunais e juízes do Trabalho.
A Justiça do Trabalho tem competência para julgar todas as ações envolvendo as relações de trabalho,
abrangidos todos entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta de todas as
entidades federativas. Ações que envolvam o exercício do direito de greve; ações sobre representação
sindical; ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho, bem
como outras controvérsias decorrentes da mesma relação, sã julgadas pelas Varas do Trabalho, com a
jurisdição exercida por um juiz do trabalho, com a possibilidade de recurso para as instâncias superiores.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) é composto por no mínimo 27 ministros, que serão escolhidos
pelo Presidente da República, após indicados e aprovados pelo Senado Federal por maioria
absoluta de votos. Dos 27 ministros, 1/5 são escolhidos pelo quinto constitucional. Os demais ministros
são juízes de carreira oriundos dos Tribunais Regionais do Trabalho.

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Já os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) são compostos por no mínimo 07 juízes. Na escolha
desses juízes também se observa o quinto constitucional.

A respeito da competência da Justiça do Trabalho, o Supremo editou as Súmulas Vinculantes nº 22 e


nº 23:
Súmula Vinculante nº 22: “a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04”;

Súmula Vinculante nº 23: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação
possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa
privada”.

4.6.1- Conselho Superior da Justiça do Trabalho.


O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, criado pela Emenda Constitucional n. 45, de 08/12/2004,
tem como função a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho de primeiro e segundo graus, atuando como órgão central do sistema. Suas decisões têm efeito
vinculante, conforme estabelecido no art. 111-A, § 2º, inciso II, da Constituição Federal.
O Conselho Superior da Justiça do Trabalho acabou instalado em 15 de junho de 2005, perante o
Tribunal Superior do Trabalho.
O CSJT é integrado pelo Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho e pelo
Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, membros natos. Também compõem o Conselho três ministros
eleitos pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho e cinco presidentes de Tribunais Regionais do
Trabalho, cada um deles representando uma das cinco Regiões geográficas do País (Sul, Sudeste,
Centro-Oeste, Nordeste e Norte).
São órgãos do CSJT: a Presidência, a Vice-Presidência e o Plenário.

A competência do Plenário é definida pelo Regimento Interno do Conselho Superior da Justiça do


Trabalho e consiste em:

Art. 12. Ao Plenário, que é integrado por todos os Conselheiros, compete:


I – dar posse aos membros do Conselho;
II – expedir normas gerais de procedimento relacionadas aos sistemas de tecnologia da informação,
gestão de pessoas, planejamento e orçamento, administração financeira, material e patrimônio, controle
interno e preservação da memória da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, ou normas que
se refiram a sistemas relativos a outras atividades auxiliares comuns que necessitem de coordenação
central;
III – supervisionar e fiscalizar os serviços responsáveis pelas atividades de tecnologia da informação,
gestão de pessoas, planejamento e orçamento, administração financeira, material e patrimônio, controle
interno, planejamento estratégico e preservação da memória da Justiça do Trabalho de primeiro e
segundo graus, além de outros serviços encarregados de atividades comuns sob coordenação do órgão
central;
IV – exercer, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, o controle de legalidade de ato
administrativo praticado por Tribunal Regional do Trabalho, cujos efeitos extrapolem interesses
meramente individuais, quando contrariadas normas legais ou constitucionais, ou decisões de caráter
normativo do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do Conselho Nacional de Justiça;
V – decidir sobre consulta, em tese, formulada a respeito de dúvida suscitada na aplicação de
dispositivos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, na forma estabelecida
neste Regimento;
VI – examinar, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, a legalidade das nomeações para
os cargos efetivos e em comissão e para as funções comissionadas dos Órgãos da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus;
VII – editar ato normativo, com eficácia vinculante para os Órgãos da Justiça do Trabalho de primeiro
e segundo graus, quando a matéria, em razão de sua relevância e alcance, exigir tratamento uniforme;
VIII – aprovar o plano plurianual, as propostas orçamentárias e os pedidos de créditos adicionais dos
Tribunais Regionais do Trabalho;
IX – apreciar os relatórios de auditoria nos sistemas contábil, financeiro, patrimonial, de execução
orçamentária, de pessoal e demais sistemas administrativos dos Órgãos da Justiça do Trabalho de

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primeiro e segundo graus, determinando o cumprimento das medidas necessárias para a regularização
de eventuais irregularidades;
X – encaminhar ao Tribunal Superior do Trabalho, após exame e aprovação:
a) propostas de criação ou extinção de Tribunais Regionais do Trabalho e de alteração do número de
seus membros;
b) propostas de criação ou extinção de Varas do Trabalho;
c) propostas de criação ou extinção de cargos efetivos e em comissão e de funções comissionadas
das Secretarias dos Tribunais Regionais do Trabalho;
d) propostas de alteração da legislação relativa às matérias de competência da Justiça do Trabalho;
e) propostas de alteração do Regimento Interno do Conselho;
f) o plano plurianual, as propostas orçamentárias e os pedidos de créditos adicionais dos Tribunais
Regionais do Trabalho;
XI – definir e fixar o planejamento estratégico, os planos de metas e os programas de avaliação
institucional do Conselho e da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, visando ao aumento da
eficiência, da racionalização e da produtividade do sistema, bem como maior acesso à Justiça, facultada
a prévia manifestação dos Órgãos que integram a Justiça do Trabalho;
XII – fixar prazos para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei ou dos
atos do Conselho;
XIII – deliberar, na condição de instância revisora, sobre o recurso administrativo previsto neste
Regimento;
XIV – julgar as exceções de impedimento e de suspeição;
XV – deliberar sobre as demais matérias administrativas apresentadas pelo Presidente.

Art. 13. O Plenário poderá, de ofício ou mediante requerimento de qualquer interessado, antes do
julgamento do mérito, determinar as medidas de urgência que julgar adequadas, quando houver fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Já as competências do Presidente e do Vice-Presidente do CSJT, são as seguintes:

Art. 9° O Presidente do Conselho exercerá o cargo com a colaboração do Vice-Presidente, que


desempenhará as atribuições a ele delegadas e aquelas previstas nos casos de substituição em razão
de férias, ausências e impedimentos eventuais.

Art. 10. Compete ao Presidente:


I – representar o Conselho perante os Poderes Públicos e demais autoridades;
II – zelar pelas prerrogativas, pela imagem pública e pelo bom funcionamento do Conselho, expedindo
atos, portarias, ordens e instruções e adotando as providências necessárias ao seu cumprimento;
III – designar as sessões ordinárias e extraordinárias do Conselho, podendo convocar, durante as
férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, com antecedência mínima de quarenta e
oito horas, sessões extraordinárias para apreciação de matéria de relevante interesse público que
requeiram apreciação urgente;
IV – dirigir os trabalhos e presidir as sessões do Conselho;
V – determinar a distribuição dos procedimentos aos Conselheiros, segundo as regras regimentais, e
dirimir as dúvidas referentes à distribuição;
VI – participar da votação das matérias submetidas à deliberação do Conselho;
VII – assinar as atas das sessões do Conselho;
VIII – expedir ato de composição do Conselho no início das atividades de cada ano ou sempre que
houver alteração;
IX – despachar o expediente da Secretaria;
X – expedir recomendações, visando à melhoria dos sistemas de gestão de pessoas, tecnologia da
informação, planejamento e orçamento, administração financeira, material e patrimônio, e de controle
interno dos Órgãos da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus;
XI – indeferir liminarmente, antes da distribuição, os pedidos e requerimentos manifestamente
estranhos à competência do Conselho;
XII – aprovar a programação e a liberação dos recursos financeiros correspondentes às dotações
orçamentárias, junto ao Tesouro Nacional;
XIII – autorizar a movimentação dos recursos orçamentários e financeiros à disposição do Conselho,
observadas as normas legais específicas;

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XIV – determinar a realização de auditorias nos sistemas contábil, financeiro, patrimonial, de execução
orçamentária, de pessoal e demais sistemas administrativos dos Órgãos da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus;
XV – conceder diárias e ajuda de custo, na forma da lei, e autorizar a emissão de bilhetes de passagens
aéreas;
XVI – praticar, em caso de urgência, ato de competência do Plenário, devendo submetê-lo a referendo
na primeira sessão ordinária que se seguir;
XVII – decidir, durante as férias e feriados, os pedidos que reclamem urgência;
XVIII – apresentar ao Conselho, no primeiro trimestre, relatório circunstanciado das atividades do ano
decorrido;
XIX – delegar aos demais membros do Conselho a prática de atos de sua competência, quando a
conveniência administrativa recomendar;
XX – instituir, com a aquiescência dos Tribunais Regionais do Trabalho quanto aos seus
representantes, grupos de trabalho, comitês e comissões permanentes para o desenvolvimento de
estudos, diagnósticos e execução de projetos de interesse específico do Conselho e da Justiça do
Trabalho de primeiro e segundo graus;
XXI – definir a estrutura organizacional da Secretaria do Conselho;
XXII – nomear e dar posse ao Secretário-Geral e designar seu substituto;
XXIII – delegar ao Secretário-Geral atribuições para a prática de atos administrativos, quando a
conveniência administrativa recomendar;
XXIV – conceder licença e férias ao Secretário-Geral;
XXV – nomear os servidores para os cargos em comissão e designar os servidores para o exercício
de funções comissionadas na Secretaria do Conselho;
XXVI – impor penas disciplinares aos servidores do Conselho, quando essas excederem a alçada do
Secretário-Geral;
XXVII – praticar os demais atos de gestão necessários ao bom funcionamento dos serviços.

Seção II
Do Vice-Presidente

Art. 11. Compete ao Vice-Presidente:


I – substituir o Presidente nos casos de férias, licenças, impedimentos ou ausências ocasionais;
II – exercer as atribuições que lhe forem delegadas pelo Presidente.

4.7- Os tribunais e juízes eleitorais.


A competência e a organização da Justiça Eleitoral serão estabelecidas por lei complementar. Sua
finalidade é cuidar da lisura de todo o processo eleitoral. Do texto constitucional resultam algumas
atribuições, como as relativas ao alistamento de mandato eletivo e à expedição e anulação de diploma
(arts. 14, 17 e 121 da CF). As competências estão estabelecidas no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65).
No Brasil não temos um quadro próprio de juízes eleitoral, assim cabe à justiça estadual, federal e
Tribunais Superiores emprestar seus membros para compor a Justiça Eleitoral.
Aqueles que exercem cargo de juiz eleitoral, o exercem pelo período de 02 anos, permitindo uma única
recondução por igual prazo.

4.8- Os tribunais e juízes militares.


A Constituição Federal estabelece a possibilidade de ser criada mediante lei estadual proposta pelo
Tribunal de Justiça, uma justiça Militar Estadual para julgar os crimes militares cometidos por policiais
militares e ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do Tribunal do
Júri para os crimes dolosos contra a vida quando a vítima for civil.
Crimes militares são os tipificados no Código Penal Militar. Militares e civis podem ser julgados pela
prática de infrações previstas na legislação penal de competência da Justiça Militar da União, pois esta
não estabelece qualquer restrição, ao contrário do que ocorre em relação à Justiça Militar dos Estados,
que julga somente policiais militares (art. 125, §4º da CF).

4.9- Os tribunais e juízes dos Estados.


Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. A
competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária
de iniciativa do Tribunal de Justiça. Cabe aos Estados a instituição de representação de

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inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau,
pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar
seja superior a vinte mil integrantes.
Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças.
Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de
Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções
da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários.

5- O quinto constitucional.
Segundo o art. 94 da CF/88, um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com
mais de 10 anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Conforme previsto nos artigos 111-A e 115 da CF/88, também o Tribunal Superior do Trabalho e os
Tribunais Regionais do Trabalho deverão ter em seus quadros membros advindos da regra do quinto
constitucional.
Cada órgão, a Ordem dos Advogados do Brasil ou o Ministério Público, formará uma lista sêxtupla
para enviá-la ao Tribunal onde existe a vaga de ministro ou desembargador. Este tribunal, após votação
interna para a formação de uma lista tríplice, a remete ao chefe do Poder Executivo, isto é, governadores,
no caso de vagas da justiça estadual, e o presidente da república no caso de vagas da justiça federal,
que nomeará um dos indicados.

6- Das Garantias do Poder Judiciário.


As garantias dos juízes são prerrogativas funcionais, e não privilégios pessoais, sendo, portanto,
irrenunciáveis, segundo o artigo 95 da CF/88. Vejamos cada uma delas:

a) Vitaliciedade: Em primeiro grau, é adquirida após dois anos de exercício (em razão da emenda
constitucional da reforma do Poder Judiciário poderá subir para três anos, prazo já exigido para a
aquisição da estabilidade daqueles servidores nomeados para cargos efetivos).
b) Inamovibilidade: Pela inamovibilidade, o juiz titular somente deixa sua sede de atividades (por
remoção ou promoção) voluntariamente. Como exceção temos a remoção compulsória, por motivo de
interesse público, deliberada pelo voto de 2/3 dos membros do respectivo Tribunal (ou Órgão Especial),
assegurada a ampla defesa. A remoção, a disponibilidade e a aposentadoria do magistrado, por interesse
público, somente são possíveis com o voto de 2/3 dos membros do respectivo Tribunal ou Órgão Especial,
assegurada a ampla defesa. A inamovibilidade, portanto, não é absoluta.
c) Irredutibilidade de subsídios: Garantia estendida a todos os servidores públicos civis e militares pelo
art. 37, inc. XV, da Constituição Federal. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, trata-se de
irredutibilidade meramente nominal, inexistindo direito à automática reposição do valor corroído pela
inflação. Todos os magistrados estão sujeitos ao pagamento dos impostos legalmente instituídos.
Aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério, receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo e dedicar-se à
atividade político-partidária.

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Garantias Institucionais do Judiciário
A Constituição de 1988, reportando-se ao princípio da separação dos poderes, assegura ao Judiciário
a garantia de autonomia orgânico-administrativa e a garantia da independência financeira, conforme se
depreende dos artigos 96 e 99110 da CF/88.
Segundo lições do professor José de Albuquerque Rocha111, acerca das garantias constitucionalmente
previstas para o poder Judiciário no âmbito administrativo-financeiro, a autonomia administrativa,
chamada de autogoverno da magistratura, significa a capacidade conferida ao Judiciário de ministrar seus
órgãos, abrangendo o pessoal e os meios financeiros, necessários ao desempenho das funções
jurisdicionais.

7- Súmula Vinculante e Repercussão Geral.


A partir de 2005 a Constituição Federal criou a súmula vinculante, que nada mais é do que a
jurisprudência que, quando votada e aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, por pelo menos 2/3 do
plenário, se torna um entendimento obrigatório ao qual todos os outros tribunais e juízes, bem como a
Administração Pública, Direta e Indireta, terão que seguir.

Atenção! apenas o Supremo Tribunal Federal emite súmula vinculante.

Outra novidade ocorrida em 2005 foi a necessidade de incluir a questão constitucional trazida nos
recursos extraordinários repercussão geral para que fosse analisada pelo Supremo Tribunal Federal.
A finalidade da repercussão geral é:
- Delimitar a competência do STF, no julgamento de recursos extraordinários, às questões
constitucionais com relevância social, política, econômica ou jurídica, que transcendam os interesses
subjetivos da causa.
- Uniformizar a interpretação constitucional sem exigir que o STF decida múltiplos casos idênticos
sobre a mesma questão constitucional.
A existência da repercussão geral da questão constitucional suscitada é requisito necessário para o
conhecimento de todos os recursos extraordinários, inclusive em matéria penal.
Exige-se preliminar formal de repercussão geral, sob pena de não ser admitido o recurso
extraordinário.
A verificação da existência da preliminar formal é de competência concorrente do Tribunal, Turma
Recursal ou Turma de Uniformização de origem e do STF.
A análise sobre a existência ou não da repercussão geral, inclusive o reconhecimento de presunção
legal de repercussão geral, é de competência exclusiva do STF.

Veja os dispositivos constitucionais acerca do assunto:

CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede
na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.

110
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
111
José de Albuquerque Rocha apud Marcus Vinícius Amorim de Oliveira.

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Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas
e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem
de classificação;
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas
as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista
de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o
juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e
presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos
de aperfeiçoamento;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal,
não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;
IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do
subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez
por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos
Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art.
40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal;
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
assegurada ampla defesa;
VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no
que couber, ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das
vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de
segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão
permanente;
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à
respectiva população;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero
expediente sem caráter decisório;
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de
carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos
respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando
pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim
definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes
forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais
inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou

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em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem
caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às
atividades específicas da Justiça.

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.


§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com
a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro
do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com
os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins
de consolidação da proposta orçamentária anual.
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a
assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais,
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas
dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou
por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado,
e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º
deste artigo.
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham
60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor
equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento
para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do
precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos
pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam
fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às
entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao
valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Teto INSS em 2017 – R$ 5.531,31)
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente.
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento
integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu
direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito,
o sequestro da quantia respectiva.
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também,
perante o Conselho Nacional de Justiça.

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§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como
o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do
total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá
ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de
contestação administrativa ou judicial.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para
resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos
que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega
de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios,
após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída
a incidência de juros compensatórios.
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º
e 3º.
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição
protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá
estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e
Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação.
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de
precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.”
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
comprometimento de suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de precatórios e
obrigações de pequeno valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins de que trata o § 17, o somatório das
receitas tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da
Constituição Federal, verificado no período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao
de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação
constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a contribuição dos servidores para
custeio de seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
94, de 2016)
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de condenações judiciais em precatórios e
obrigações de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprometimento
percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder
esse percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de que tratam os incisos
VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não
se aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167
da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório serão
pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes,
acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos Auxiliares
de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito
atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados

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os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016)

SEÇÃO II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente;
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República
e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal
ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos
em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando
a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

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d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de


constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e,
em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal
ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto
impugnado.

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

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XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre
os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências
e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
Tribunal Federal.
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los,
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano;
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade
da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do
Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão
legislativa.
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará
excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos
serviços judiciários;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal
da Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes
para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de
Justiça.
SEÇÃO III
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal, sendo:

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I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual,
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
"a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste
e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho
e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com
poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.

SEÇÃO IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:


I - os Tribunais Regionais Federais;
II - os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

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I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por
antiguidade e merecimento, alternadamente.
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e
determinará sua jurisdição e sede.
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho,
nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e
as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País,
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após
o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade,
inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a
outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a
comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

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§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal.

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede
a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais
caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

SEÇÃO V
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 92, DE 2016)
DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO E
DOS JUÍZES DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho.
§§ 1º a 3º (Revogados)

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico
e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art.
94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira,
indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe,
dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus,
como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação para
a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 92, de 2016)

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições
de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição;

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V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art.
102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas,
de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir
o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as
convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o
Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir
o conflito.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com
mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art.
94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências
e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do
processo.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.
Parágrafo único. (Revogado)

Art. 117. (Revogado).

SEÇÃO VI
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:


I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal
de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:

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a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,
não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os
desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de
direito e das juntas eleitorais.
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício
de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e
nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo
mesmo processo, em número igual para cada categoria.
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.

SEÇÃO VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:


I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-
generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da
Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros
maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar.

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

SEÇÃO VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação
para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau,

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pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar
seja superior a vinte mil integrantes.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças.
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de
Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no
local do litígio.

Questões

01. (EBSERH - Advogado - INSTITUTO-AOCP/2016) Acerca da organização do Poder Judiciário,


assinale a alternativa correta.
(A) Compete privativamente aos Tribunais propor a criação de novas varas judiciárias.
(B) Ao poder judiciário, é assegurada apenas autonomia administrativa.
(C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos 2 (dois) anos do afastamento do cargo, aposentadoria ou exoneração.
(D) O Conselho Nacional de Justiça compõem-se de 10 (dez) membros com mandato de 3 (três) anos,
não se admitindo a recondução.
(E) Para exercer o cargo de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, é exigida a idade mínima de 30
(trinta) anos.

02. (Câmara de Suzano/SP - Assistente Jurídico - INTEGRI/2016) A norma constitucional


estabelece garantias e vedações relacionadas ao Poder Judiciário. Entre elas encontram-se as seguintes
disposições, EXCETO:
(A) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sem exceção, sob pena de nulidade, afim de garantir e preservar o interesse público à
informação.
(B) Os juízes gozam da garantia de vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois
anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado.
(C) Aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério, receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo e dedicar-se à
atividade político-partidária.
(D) Compete privativamente aos tribunais eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos
internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo
sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos.

03. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais - CESPE/2016) A respeito do Poder Judiciário e das
funções essenciais à justiça, julgue o item a seguir.

Os pagamentos devidos pelas fazendas públicas federal, estadual e municipal, em virtude de sentença
judicial, são feitos por meio de precatórios.

( ) CERTO
( ) ERRADO

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04. (EBSERH - Advogado - IBFC/2016) Com relação às atribuições conferidas pela Constituição
Federal ao Conselho Nacional de Justiça, assinale a alternativa que NÃO apresenta uma dessas
atribuições.
(A) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade
(B) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário
(C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa
(D) Elaborar trimestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade
da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário
(E) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano.

05. (DPE/ES - Defensor Público - FCC/2016) De acordo com disposição expressa da Constituição
Federal de 1988, NÃO compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente,
(A) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
(B) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da Administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho
e da Justiça Federal.
(C) as ações contra o Conselho Nacional do Ministério Público.
(D) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.
(E) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste
e da União.

06. (TRE/MG - Técnico Judiciário – Administrativa - CONSULPLAN) A Justiça Eleitoral tem uma
peculiar organização no texto constitucional federal, sendo uma das ramificações da Justiça da União,
embora os Tribunais Regionais Eleitorais tenham coordenação realizada por magistrados que têm origem
na Justiça dos Estados e que compõem a presidência e a vice‐presidência desses órgãos. Nos termos
da Constituição Federal, são considerados órgãos da Justiça Eleitoral:
(A) Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais
(B) Juízes Eleitorais e Comarcas Eleitorais.
(C) Tribunal Superior do Trabalho e Municípios Eleitorais.
(D) Tribunais Regionais Eleitorais e Circunscrições Eleitorais.

07. (TRE/RR - Técnico Judiciário - Área Administrativa - FCC) As decisões do Tribunal Superior
Eleitoral:
(A) Somente comportam recurso caso contrariem a Constituição ou Lei Federal.
(B) São sempre definitivas, não comportando recurso a outros Tribunais em nenhuma hipótese.
(C) Somente comportam recurso quando contrariarem a Constituição ou negarem ordem de habeas
corpus ou mandado de segurança.
(D) Somente comportam recurso caso contrariem a Constituição ou concedam a ordem de habeas
corpus ou mandado de segurança.
(E) Sempre podem ser impugnadas junto ao Supremo Tribunal Federal.

08. (TRE-RR - Analista Judiciário – Administrativa - FCC) O Tribunal Regional Eleitoral, nos termos
da Constituição da República, será composto por Desembargadores do Tribunal de Justiça, Juízes de
Direito, Juiz do Tribunal Regional Federal e Advogados. A escolha de tais integrantes compete ao
(A) Tribunal Superior Eleitoral, com posterior nomeação pelo Presidente da República.

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(B) Tribunal de Justiça do Estado, quanto aos Desembargadores e Juízes de Direito, e ao Tribunal
Regional Federal, quanto a seu Juiz, independentemente de aprovação pelo Tribunal Superior Eleitoral
ou pelo Presidente da República.
(C) Presidente da República, quanto aos Advogados, após a elaboração de lista sêxtupla pelo Tribunal
Regional Federal.
(D) Tribunal de Justiça do Estado, quanto aos Desembargadores e Juízes de Direito, sujeitando-se
tais escolhas à aprovação do Presidente da República.
(E) Conselho Nacional de Justiça, quanto aos Magistrados, e ao Presidente da República, quanto aos
Advogados.
Respostas

01. Resposta: “A”


Conforme previsto no artigo 96, I, “d”, da CF/88, compete privativamente aos tribunais propor a criação
de novas varas judiciárias.

02. Resposta: “A”


O art. 93, IX, da CF/88, disciplina que: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. Contudo, existem exceções a esta
publicidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

03. Resposta: “CERTO”


Prevê o art.100, da CF/88: Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,
Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica
de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou
de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

04. Resposta: “D”


As atribuições do Conselho Nacional de Justiça – CNJ estão previstas no artigo 103-B, §4º, da CF/88.
A alternativa “A” versa sobre atribuição prevista no inciso IV; a alternativa “B” menciona atribuição prevista
no inciso VII; a alternativa “C” é a redação literal do inciso III; e a alternativa “E” dispõe sobre atribuição
prevista no inciso V. Deste modo, a única alternativa que não se enquadra em uma atribuição do CNJ é
a prevista na alternativa “D”, posto que menciona que a elaboração do relatório estatístico seria trimestral,
no entanto, este é semestral.

05. Resposta: “C”


Considerando as hipóteses previstas no art. 105, inciso I, da CF/88, em que o Superior Tribunal de
Justiça possui competência originária para processar e julgar, não está inserida somente aquela
mencionada na alternativa “C”.

06. Resposta: “A”


É o que dispõe o artigo 118 da Constituição Federal de 1988.

07. Resposta: “C”


Nos termos do artigo 121, §4º, da CF/88:
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.

08. Resposta: “B”


Dispõe o art. 120, § 1º, da CF/88: Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

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II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,
não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

13. Noções de organização administrativa: administração direta e


indireta; autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
economia mista.

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

A Organização Administrativa compõe a parte do Direito Administrativo que estuda os órgãos e


pessoas jurídicas que a compõem, além da estrutura interna da Administração Pública.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. 200/67 que “dispõe sobre a organização
da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Para que as suas competências constitucionais sejam cumpridas, a Administração utiliza-se de duas
formas distintas: a descentralização e a desconcentração.
A análise desses dois institutos é basilar para analisar a organização interna da Administração Pública.
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram satisfazer
as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc. Em outras palavras,
administração pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços públicos,
sendo dividida em administração direta e indireta.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públicos vinculados diretamente ao chefe da


esfera governamental que integram. Não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia
administrativa e cujas despesas são realizadas diretamente através do orçamento da referida esfera.
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos executados pelas pessoas políticas via de
um conjunto de órgãos que estão integrados na sua estrutura.
Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem a entidade pública por eles responsáveis.
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como característica inerente da
Administração Pública Direta, não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direitos e
assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios).
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou seja, não pode ingressar como autor
ou réu em relação processual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda que
pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá
propor a demanda em face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa política dotada
de personalidade jurídica para estar no outro polo da lide.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

São integrantes da Administração indireta as fundações, as autarquias, as empresas públicas e as


sociedades de economia mista.
Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de
atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e eficiência da prestação do
serviço público.
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção em duas situações
previstas na CF/88, no seu art. 173:
- para fazer frente à uma situação de relevante interesse coletivo;
- para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando explora atividade econômica. Quando
estiver atuando na atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade com os
particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.

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AUTARQUIAS

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas para a prestação de serviços públicos,
contando com capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são regidas integralmente por regras
de direito público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com capital oriundo
da Administração Direta (ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).

Características
Temos como principais características das autarquias:
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº
200/67 e constando agora do artigo 37, XIX, da Constituição;
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles
pertencentes ao ente que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito público,
quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, sujeições;
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o próprio direito, mas apenas a
capacidade de se auto administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a
capacidade de autoadministração não existiria.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio próprios.
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre as formas de descentralização
administrativa por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a autarquia não se desvie de seus fins
institucionais.
- Liberdade Financeira: As autarquias possuem verbas próprias (surgem como resultado dos serviços
que presta) e verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade para
manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.
- Liberdade Administrativa: As autarquias têm liberdade para desenvolver os seus serviços como
acharem mais conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei que as
criou.

Classificação
Para Carvalho Filho, pode-se apontar três fatores que de fato demarcam diferenças entre as
autarquias. São eles:
- o nível federativo: as autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, conforme
instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios;
- quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do Estado, as que estão pré-ordenadas; e
- as autarquias podem ter diferentes objetivos: as autarquias assistenciais são aquelas que visam
a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais específicas, para o fim de
minorar as desigualdades regionais e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.:
SUDENE).

Segundo di Pietro, a classificação pode ser de acordo com vários critérios:


- tipo de atividade: Econômicas, de crédito e industriais, de previdência e assistência, profissionais
ou corporativas;
- capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a de serviço ou institucional;
- estrutura: fundações e corporativas; e
- âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais.

Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser distribuídas em 5 grupos de classificação:
- Econômicas: São destinadas para incentivar a produção e controle de produtos. Como é o exemplo
do Instituto do Açúcar e do Álcool;
- De crédito e industriais: Para gestão de recursos financeiros, bem como sua distribuição mediante
empréstimo. Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é o caso da Caixa Econômica
Federal;
- De previdência e assistência: Para atividades de seguridade social. Como é o caso do INSS e o
IPESP;
- As profissionais ou corporativas: Para fiscalizar as profissões;
- As culturais ou de ensino: Universidades federais.

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Patrimônio
A questão patrimonial diz respeito à caracterização dos bens em públicos e privados. Em 1916, o
sistema jurídico administrativo sofreu várias mudanças com a criação desse tipo especial de pessoas
jurídicas - as autarquias - que, mesmo sem integrar a organização política do Estado, a ela está vinculada,
ostentando personalidade jurídica de direito público. Vários doutrinadores, com intuito de adaptarem-se
à norma do Código Civil e mais ainda de proteger os bens das pessoas federativas, qualificaram os bens
públicos como aqueles que integram o patrimônio das pessoas administrativas de direito público. Dessa
forma, pacificou-se o entendimento de que os bens das autarquias são considerados como bens públicos.

Pessoal
Com o artigo 39 da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas (União, Estados, DF
e Municípios) ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único
para todos os servidores da administração direta, das autarquias e das fundações públicas. Segundo
Carvalho Filho, o art. 39 da CF, foi a maneira que o legislador encontrou de manter planos de carreira
idênticos para esses setores administrativos, acabando com as antigas diferenças que, como é sabido,
por anos e anos, provocaram inconformismos e litígios entre os servidores.

Controle Judicial
As autarquias, por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público, podem praticar atos
administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último, controlados pelo judiciário,
por vias comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais
praticados por particulares. Já os atos administrativos, possuem algumas características especiais, pois
eles são controlados pelo judiciário tanto por vias comuns, quanto pelas especiais, como é o caso do
mandado e da ação popular.
Necessário se faz destacar que os elementos do ato autárquico que resultam de valoração sobre a
conveniência e oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial, assim como os atos
administrativos em geral que trazem o regular exercício da função administrativa e são privativos dos
seus agentes administrativos.

Foro dos litígios judiciais


Os litígios comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, assistentes ou oponentes,
têm suas causas processadas e julgadas na Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e
julgar mandados de segurança contra agentes autárquicos.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em que encontramos como partes ou
intervenientes terão seu curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da
lei estadual de divisão e organização judiciárias.
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo
estatutário, o litígio será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processadas e julgadas
nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o
servidor, a natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça do
Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal.

Responsabilidade civil
Prevê a Constituição que as pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
aquela que independe da investigação sobre a culpa na conduta do agente.

Prerrogativas autárquicas
As autarquias possuem algumas prerrogativas de direito público, sendo elas:
- imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda a instituição de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza
condicionada.
- impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode ser usado o instrumento coercitivo
da penhora como garantia do credor.
- imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como bens públicos, não podem ser eles
adquiridos por terceiros através de usucapião.

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- prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5
anos.
- créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos como dívida ativa e podem
ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais.
- presunção de legitimidade de seus atos administrativos:
- principais situações processuais específicas:

As autarquias são consideradas como fazenda pública, razão pela qual, nos processos em que é parte,
tem prazo em dobro para recorrer (art. 183 do NCPC). Elas estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição. A
defesa de autarquia em execução por quantia certa, fundada em título judicial, se formaliza em outros
apensos ao processo principal e por meio de embargos do devedor.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

Chamamos a atenção com relação aos prazos:

A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa prazo em dobro para a Fazenda Pública e
o Ministério Público se manifestarem e prazo em quádruplo para recorrer.

Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo sofreu modificações, de forma que o Ministério
Público, à Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em dobro para manifestação nos
autos, exceto nos casos em que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo específico para
esses entes.

Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em dobro, não se aplica ao ente público, Ministério
Público ou Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
público. (art. 183, §2º, NCPC)

§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Contratos

Os contratos celebrados pelas autarquias são de caráter administrativo e possuem as cláusulas


exorbitantes, que garantem à administração prerrogativas que o contratado não tem, assim, dependem
de prévia licitação, exceto nos casos de dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da
lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade licitatória do pregão para os entes
públicos.
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas jurídicas de direito público, as entidades
autárquicas relacionam-se com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
prerrogativas estatais.

AUTARQUIA DE REGIME ESPECIAL

É toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios específicos e aumentar sua autonomia
comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os preceitos constitucionais pertinentes a
essas entidades de personalidade pública. O que posiciona a autarquia de regime especial são as regalias
que a lei criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas finalidades específicas. 112

Assim, são consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil, as entidades
encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de profissões. Com a política governamental de
transferir para o setor privado a execução de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação,
o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade de criar na administração agências
especiais destinadas a esse fim.

112
http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-de-regime-especial

. 353
1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
OBS: Havia discussão no mundo jurídico acerca do regime jurídico da OAB, se seria autarquia de
regime especial ou não. No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não é uma entidade
da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”. Veja a íntegra do julgado:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE.


"SERVIDORES" DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO
PELO REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO
MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS
CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB.
ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO
ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO.
AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO
ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906, artigo 79,
§ 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime
celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede
a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A
OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público
independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4.
A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias
especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas "agências". 5. Por
não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e
materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem
função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça
[artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados.
Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos
Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como
congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a
finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o
regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma
e independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o
artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a
aplicação do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público
para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da
legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que
não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade.
12. Julgo improcedente o pedido”. (STF - ADI: 3026 DF, Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento:
08/06/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-
00478)

Agências executivas

A qualificação de agências executivas se dá por meio de requerimento dos órgãos e das entidades
que prestam atividades exclusivas do Estado e se candidatam à qualificação. Aqui estão envolvidas a
instituição e o Ministério responsável pela sua supervisão.113

Segundo determina a lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, artigos. 51 e 52 e parágrafos, o Poder


Executivo poderá qualificar como Agência Executiva autarquias ou fundações que tenham cumprido os
requisitos de possuir plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento além da celebração de Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.

Os planos devem definir diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de estruturas e
do quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos
e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva.

113 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=661

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1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
O Poder Executivo definirá também os critérios e procedimentos para a elaboração e o
acompanhamento dos Contratos de Gestão e dos programas de reestruturação e de desenvolvimento
institucional das Agências.

A qualificação como Agência Executiva deve ser dada por meio de decreto do Presidente da República.

O Poder Executivo também estabelecerá medidas de organização administrativa específicas para as


Agências Executivas, com o objetivo de assegurar a sua autonomia de gestão, bem como as condições
orçamentárias e financeiras para o cumprimento dos contratos de gestão.

O plano estratégico de reestruturação deve produzir melhorias na gestão da instituição, com vistas à
melhoria dos resultados, do atendimento aos seus clientes e usuários e da utilização dos recursos
públicos.

O contrato de gestão estabelecerá os objetivos estratégicos e as metas a serem alcançadas pela


instituição em determinado período de tempo, além dos indicadores que medirão seu desempenho na
realização de suas metas contratuais, condições de execução, gestão de recursos humanos, de
orçamento e de compras e contratos.

A autonomia concedida estará subordinada à assinatura do Contrato de Gestão com o Ministério


supervisor, no qual serão firmados, de comum acordo, compromissos de resultados.

Organização administrativa das Agências Executivas.

As Agências Executivas serão objeto de medidas específicas de organização administrativa. Os


objetivos são, basicamente, aumento de eficiência na utilização dos recursos públicos, melhoria do
desempenho e da qualidade dos serviços prestados, maior autonomia de administração orçamentária,
financeira, operacional e de recursos humanos além de eliminar fatores restritivos à sua atuação como
instituição.
A não existência de certos limites de atuação das Agências é condicionada à existência prévia de
recursos orçamentários disponíveis e a necessidade dos serviços para o cumprimento dos objetivos e
metas do contrato de gestão.

Sem aumentar despesas e o numeral de cargos da entidade, os Ministros supervisores tem


competência para aprovação ou readequação das estruturas regimentais ou estatutos das Agências
Executivas. Esta competência poderá ser delegada pelo Ministro supervisor ao dirigente máximo da
Agência Executiva.

Os dirigentes máximos das Agências Executivas também poderão autorizar os afastamentos do País
de servidores civis das respectivas entidades.

As Agências Executivas também poderão editar regulamentos próprios de avaliação de desempenho


dos seus servidores. Estes serão previamente aprovados pelo seu Ministério supervisor e, provavelmente,
pelo substituto Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado nos governos posteriores à sua
extinção.

De acordo com o que se viu a partir da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, os resultados da


avaliação poderão ser levados em conta para efeito de progressão funcional dos servidores das Agências
Executivas.

O art 7º do Decreto subordina a execução orçamentária e financeira das Agências Executivas aos
termos do contrato de gestão e isenta a mesma dos limites nos seus valores para movimentação,
empenho e pagamento. Esta determinação não se coaduna, entretanto, com o pensamento reinante de
administração fiscal responsável a partir do que se encontra positivado pela Lei Complementar 101 de
2000.

Algo semelhante é o que se deu também com o art. 8º e parágrafo que delega competência para os
Ministros supervisores e dirigentes máximos das Agências para a fixação de limites específicos, aplicáveis

. 355
1393950 E-book gerado especialmente para ANDREIA
às Agências Executivas, para a concessão de suprimento de fundos para atender a despesas de pequeno
vulto.

As Agências Executivas poderão editar regulamento próprio de valores de diárias no País e condições
especiais para sua concessão. O que se busca é adequá-las às necessidades específicas de todos os
tipos de deslocamentos. Todos os dados relativos a número, valor, classificação funcional programática
e de natureza da despesa, correspondentes à nota de empenho ou de movimentação de créditos devem
ser publicados no Diário Oficial da União em atendimento ao princípio constitucional da publicidade.

Agências Reguladoras

As agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a finalidade de tentar fiscalizar as atividades
das iniciativas privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias, possuem as mesmas
características, exceto pelo fato de se submeterem a um regime especial. Seu escopo principal é a
regulamentação, controle e fiscalização da execução dos serviços públicos transferidos ao setor privado.
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia com regime jurídico especial, ou seja, é
aquela que a lei instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia em comparação com
autarquias comuns, sem de forma alguma infringir preceitos constitucionais.

Uma das principais características das Agências Reguladoras é a sua relativa autonomia e
independência. As agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei 9.784/99, na esfera federal, além
dos próprios dispositivos das leis especificas).
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa concessionária poderá ir ao Judiciário.
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem
prestados por concessionárias ou permissionárias.

FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu
instituidor para atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto
de direito privado.
As fundações que integram a Administração indireta, quando forem dotadas de personalidade de
direito público, serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas de
personalidade de direito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir
a finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico
Estatístico); Universidade de Brasília; FEBEM; FUNAI; Fundação Memorial da América Latina; Fundação
Padre Anchieta (TV Cultura).

Características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa dizer que sobre ele recai normas jurídicas que
o tornam sujeito de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que seja atingido a finalidade
para qual foi criado.

Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é um
controle de legalidade, um controle finalístico.
As fundações governamentais, sejam de personalidade de direito público, sejam de direito privado,
integram a Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governamentais de
direito público. As fundações governamentais de direito privado são autorizadas por lei e sua
personalidade jurídica se inicia com o registro de seus estatutos.
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Administração direta, tanto na área tributária
(ex.: imunidade prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a terceiros. A responsabilidade da
Administração é de caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se extinta, o patrimônio vai para a
Administração indireta, submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As

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particulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem à ação popular e mandado de
segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério Público.

EMPRESAS PÚBLICAS

Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas para a prestação de serviços
públicos ou para a exploração de atividades econômicas que contam com capital exclusivamente público
e são constituídas por qualquer modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de serviços
públicos, por consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empresa pública é exploradora
de atividade econômica, estará submetida a regime jurídico igual ao da iniciativa privada.
Alguns exemplos de empresas públicas:
- BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): Embora receba o nome de banco,
não trabalha como tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É uma empresa
pública prestadora de serviços públicos.
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É prestadora de serviço público (art. 21, X, da
CF/88).
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das empresas privadas, concorrendo com os
outros bancos. É empresa pública exploradora de atividade econômica.
- RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do Brasil”. É prestadora de serviço público.

As empresas públicas, independentemente da personalidade jurídica, têm as seguintes características:


- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são contempladas com verbas
orçamentárias;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e demitir pessoas, devendo seguir as regras
da CF/88. Para contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver motivação.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas públicas e a Administração Direta,
independentemente de sua função. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão vinculadas àquela. Só é possível,
portanto, controle de legalidade finalístico.
A lei não cria, somente autoriza a criação das empresas públicas, ou seja, independentemente das
atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das empresas públicas.

A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A


CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de atividade econômica em duas situações
(art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: A empresa pública deve obedecer aos
princípios da ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o Estado explora,
portanto, atividade econômica por intermédio de uma empresa pública, não poderão ser conferidas a
ela vantagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre concorrência).

Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:

Empresas públicas exploradoras de Empresas públicas prestadoras de


atividade econômica serviço público
A responsabilidade do Estado não existe, Como o regime não é o da livre
pois, se essas empresas públicas contassem concorrência, elas respondem pelas suas
com alguém que respondesse por suas obrigações e a Administração Direta
obrigações, elas estariam em vantagem responde de forma subsidiária. A
sobre as empresas privadas. Só respondem responsabilidade será objetiva, nos termos
na forma do § 6.º do art. 37 da CF/88 as do art. 37, § 6.º, da CF/88.
empresas privadas prestadoras de serviço
público, logo, se a empresa pública exerce
atividade econômica, será ela a responsável
pelos prejuízos causados a terceiros (art. 15
do CC);
Submetem-se a regime falimentar, Não se submetem a regime falimentar, visto
fundamentando-se no princípio da livre não estão em regime de concorrência.
concorrência.

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Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas prestadoras de serviço público, muitos
doutrinadores divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os entendimentos apontados por alguns
doutrinadores no sentido que essas empresas não se submetem ao regime falimentar. Vejamos:

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, na obra: DIREITO ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora
ATLAS, 2014.

“As empresas públicas e sociedades de economia mista não estão sujeitas à falência, conforme está
expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101 de 9-2- 2005 (Lei de Falências). Essa lei deu tratamento diferente
às empresas concessionárias e às empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas
públicas). Estas últimas foram excluídas da abrangência da lei (art. 2º, I) . A diferença de tratamento tem
sua razão de ser: é que as empresas estatais fazem parte da Administração Pública indireta, administram
patrimônio público, total ou parcialmente, dependem de receitas orçamentárias ou têm receita própria,
conforme definido em lei, e correspondem a forma diversa de descentralização: enquanto as
concessionárias exercem serviço público delegado por meio de contrato, as empresas estatais são
criadas por lei e só podem ser extintas também por lei. Sendo criadas por lei, o Estado provê os recursos
orçamentários necessários à execução de suas atividades, além de responder subsidiariamente por suas
obrigações.
Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar tratamento igual a todas as empresas estatais, sem
distinguir as que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da Constituição) e as que
exercem Administração Indireta atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo 1 73 da
Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento privilegiado em relação às empresas do setor
privado, porque o referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que elas se sujeitem ao mesmo
regime das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações.”

Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, então, a falência terá curso absolutamente
normal, como se de outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a Constituição, no art. 173, §1º,
II, atribui-lhes sujeição "ao regime jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais (...).”

Para Jose dos Santos Carvalho Filho

“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece mesmo consentâneo com a ratio inspiradora
do art. 173, § 1º, da Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento equiparou sociedades de
economia mista e empresas públicas de natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo
expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa obviamente a nova Lei de Falências, parece
incongruente admitir a falência para estas últimas e não admitir para aquelas. Seria uma discriminação
não autorizada pelo dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades paraestatais com
evidente vantagem em relação às demais sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de
sua atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade para atuar no campo econômico, não
deveria ser merecedor da benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas do processo
falimentar.”

Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo:

“A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula a recuperação judicial, extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I, que ela não se
aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista. Não obstante, a situação continuará a
mesma. Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais que prestem serviço público; as
que exploram atividade econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos termos do art.
173, §1º, II, da CF [...].”

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação
de serviços públicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e
constituídas somente sob a forma empresarial de S/A. As sociedades de economia mista são:

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- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos.
- Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.

Veja alguns exemplos de sociedade mista:


a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa responsável pelo
gerenciamento da execução de contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado de São
Paulo).
As sociedades de economia mista têm as seguintes características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de economia mista e a Administração


Direta, independentemente da função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de legalidade.
Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à Administração Direta,
mas sim à lei que as autorizou.
As sociedades de economia mista integram a Administração Indireta e todas as pessoas que a
integram precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do registro
de seus estatutos.
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das sociedades de economia mista, ou seja,
independentemente das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das sociedades
de economia mista.
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade econômica, submete-se ao mesmo regime
jurídico das empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora atividade
econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público
não se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre concorrência.

Para maior complemento de seus estudos, trouxemos as diferenças entre a empresa pública e
a sociedade de economia mista

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Forma jurídica: As empresas públicas podem Forma Jurídica: As sociedades de economia
revestir-se de qualquer das formas previstas em mista utilizam-se da forma de Sociedade
direito (sociedades civis, sociedades comerciais, Anônima (S/A), sendo regidas, basicamente, pela
Ltda, S/A, etc). Lei das Sociedades por Ações (Lei n°
6.404/1976).
Composição do capital: o capital é composto Composição do Capital: o capital é composto
por integrantes da Administração Pública, por recursos públicos e privados, sendo, portanto
portanto é integralmente público. Dessa forma, as ações divididas entre a entidade
não se permite a participação de recursos governamental e a iniciativa privada.
particulares na formação de capital das empresas
públicas.
Foro processual: Será competente para Foro processual: Será competentes para
julgamento das empresas públicas federais, julgamento das sociedades de economia federal
quando estas se encontrarem nas condições de a Justiça Estadual, não usufrui de privilégios da
autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as Justiça Federal.
de falência, as de acidente do trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho, à Justiça Federal.

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Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas

Autarquia Fundação
Criação: ocorre por lei ordinária e específica Criação: ocorre por autorização legislativa e
lei complementar, o que permite definir a área de
atuação.
Personificação: serviço público. Personificação: patrimônio.
Pessoa Jurídica: de direito público. Pessoa Jurídica: de direito público ou
privado.
Funções: exerce função típica do Estado. Funções: exerce funções atípicas do Estado.
Natureza: administrativa Natureza: social

Questões

01. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016). Em relação à organização administrativa,


marque a alternativa correta.
(A) As entidades paraestatais, como as fundações ou entidades de apoio, e os serviços sociais
autônomos compõem a estrutura da Administração Pública e se submetem ao regime jurídico
administrativo previsto na Constituição da República.
(B) As autarquias, assim como as fundações públicas, podem assumir a personalidade de direito
privado ou público. No entanto, quando criadas com natureza privada, não se submetem ao regime
próprio das entidades públicas.
(C) As sociedades de economia mista federais são dotadas de personalidade jurídica de direito
privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, e só podem assumir a forma jurídica de
sociedades anônimas.
(D) Os servidores das empresas públicas federais são admitidos obrigatoriamente por concurso público
para ocupar cargos públicos sem estabilidade e sujeitos às normas estabelecidas na CLT.
(E) As fundações públicas de direito privado somente adquirem personalidade jurídica com a inscrição
da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as
demais disposições do Código Civil concernentes às fundações.

02. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Com referência à administração pública direta e
indireta, assinale a opção correta.
(A) Os serviços sociais autônomos, por possuírem personalidade jurídica de direito público, são
mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.
(B) A fundação pública não tem capacidade de autoadministração.
(C) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia realiza atividades típicas da administração
pública.
(D) A sociedade de economia mista tem personalidade jurídica de direito público e destina-se à
exploração de atividade econômica.
(E) A empresa pública tem personalidade jurídica de direito privado e controle acionário majoritário da
União ou outra entidade da administração indireta.

03. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I – CESPE/2016).


No que se refere à administração pública direta e indireta, assinale a opção correta.
(A) As pessoas administrativas que formam a administração pública indireta são aquelas dotadas de
personalidade jurídica de direito público (como as autarquias e as fundações públicas).
(B) Na esfera municipal, a administração direta é formada pelos órgãos que compõem a prefeitura e a
câmara municipal, além das fundações e das empresas públicas de âmbito local.
(C) A administração indireta compreende as pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
administração direta, desempenham atividades administrativas de forma descentralizada.
(D) Tanto a administração direta quanto a indireta são compostas por órgãos e por pessoas jurídicas
administrativas, com a diferença de que todas as que integram a administração indireta estão submetidas
a regime de direito privado.
(E) O aspecto mais relevante que caracteriza a administração indireta é o fato de ela ser, ao mesmo
tempo, titular e executora de serviço público.

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04. (Prefeitura de São Lourenço/MG - Advogado – FUNDEP/2016). Entre os requisitos legais da
alienação de um bem imóvel pertencente a uma sociedade de economia mista, não se inclui:
(A) autorização legislativa.
(B) motivação.
(C) licitação.
(D) avaliação prévia.

05. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP/2016). Quanto à Administração Pública Indireta,


assinale a alternativa correta.
(A) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista e fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
(B) A criação de subsidiárias pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como
sua participação em empresas privadas, depende de autorização legislativa, exceto se já houver previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei
criadora é a própria medida autorizadora.
(C) A fundação pública não pode ser extinta por ato do Poder Público.
(D) O chefe do Poder Executivo poderá, por decreto, extinguir empresa pública ou sociedade de
economia mista.
(E) A sociedade de economia mista poderá ser estruturada sob qualquer das formas admitidas em
direito.

06. (JUCEPAR/PR - Administrador – FAU/2016). A Administração Pública pode ser exercida por
meio de órgãos ou instituições diretas e indiretas, de várias formas e com conceitos e caracterizações
bem definidos. Neste sentido questiona-se: a que tipo de órgão ou instituição pertence a seguinte
caracterização?

“(...) o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito público ou
privado, e destinado por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com capacidade
de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da lei.”
(A) Autarquia.
(B) Sociedade de Economia Mista.
(C) Fundação.
(D) Agência Reguladora.
(E) Administração Direta.

07. (TCE/PR - Auditor – CESPE/2016). Na organização administrativa do poder público, as autarquias


públicas são
(A) entidades da administração indireta com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios.
(B) sociedades de economia mista criadas por lei para a exploração de atividade econômica.
(C) organizações da sociedade civil constituídas com fins filantrópicos e sociais.
(D) órgãos da administração direta e estão vinculadas a algum ministério.
(E) organizações sociais sem fins lucrativos com atividades dirigidas ao ensino e à pesquisa científica

08. (TJ/RS - Contador – FAURGS/2016). A Administração Direta compreende


(A) as autarquias.
(B) as empresas públicas.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as fundações públicas.
(E) a presidência da república e os ministérios.

09. (Prefeitura de Cláudio/MG - Guarda Municipal – FUNDEP/2016). Assinale a alternativa em que,


segundo o direito positivo brasileiro, todas as pessoas indicadas são componentes da Administração
Pública Indireta.
(A) Autarquia, fundação e organização social.
(B) Fundação, agência executiva e sociedade de propósitos específicos.
(C) Organização da sociedade civil de interesse público, conselho popular e consórcio público.
(D) Autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública.

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10. (EPT – Maricá -Assistente Administrativo –IESAP/2015). Sobre as autarquias não é correto
afirmar:
(A) Deve ser criada mediante lei específica.
(B) Executa atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
(C) É uma entidade com personalidade jurídica de direito privado, criada por lei.
(D) São entes de direito público com personalidade jurídica e patrimônios próprios.

11. (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - Conhecimentos Gerais – ESAF/2015). São


características das autarquias, exceto:
(A) criação por lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo.
(B) personalidade de direito público, submetendo-se a regime jurídico administrativo quanto à criação,
extinção e poderes.
(C) capacidade de autoadministração, o que implica autonomia referente às suas atividades de
administração ordinária (atividade meio), bem como às suas atividades normativas e regulamentares.
(D) especialização dos fins ou atividades, sendo-lhes vedado exercer atividades diversas daquelas
para as quais foram instituídas.
(E) sujeição a controle ou tutela, o que não exclui o controle interno.

12. (TJ/SC - Técnico Judiciário Auxiliar – FGV/2015). São pessoas jurídicas de direito privado,
integrantes da Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquer forma
jurídica adequada a sua natureza, para que o Governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou,
em certas situações, execute a prestação de serviços públicos, as:
(A) autarquias;
(B) fundações públicas;
(C) fundações privadas;
(D) empresas públicas;
(E) agências reguladoras.

13. (Prefeitura de Rio de Janeiro – RJP- Assistente Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro
– RJ/2015). De acordo com o entendimento doutrinário, as empresas públicas podem ser conceituadas
como:
(A) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por lei sob a
forma de sociedades anônimas para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam
próprias e típicas de estado
(B) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais
de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos
(C) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais
de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos
(D) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob a forma de sociedades anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por
objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico e a prestação de serviços
públicos
Respostas
01. Resposta: E
Decreto 200/1967
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
( )
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não
exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.
( )
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a
inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes
aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às fundações.

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02. Resposta: C
Decreto 200/67
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

03. Resposta: C
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, a Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas
administrativas que, vinculadas à respectiva Administração direta, têm o objetivo de desempenhar as
atividades administrativas de forma descentralizada. (José dos Santos Carvalho Filho).

04. Resposta: A
Lei nº 8666/1993
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de
avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:( )

05. Resposta: B
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

Na ADIN 1.649-1 o STF firmou o seguinte entendimento: "é dispensável a autorização legislativa
para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que
instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida
autorizadora".

06. Resposta: C
Fundação pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito público ou privado, sem fins
lucrativos, criada por lei (Fundação de Direito Público) ou criada em virtude de autorização legislativa
(Fundação de Direito Privado), para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por
órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

07. Resposta: A
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pública
Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração Pública.

Algumas das autarquias mais importantes do Brasil são: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
Banco Central – Bacen, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
Ibama.

São dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial: autonomia é capacidade de


autogoverno representando um nível de liberdade na gestão de seus próprios assuntos, intermediário
entre a subordinação hierárquica e a independência.

08. Resposta: E
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.

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09. Resposta: D
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

10. Resposta: C
Criação: ocorre por lei ordinária e específica
Personificação: serviço público.
Pessoa Jurídica: de direito público.
Funções: exerce função típica do Estado.
Natureza: administrativa

11. Resposta: C
Embora possua capacidade de autoadministração e autonomia para o desenvolvimento de suas
atividades, as autarquias não possuem autonomia nas suas atividades normativas e regulamentares,
pois só podem editar normas e regulamentos nos limites definidos na lei. Nesse sentido, o STJ já
decidiu que não caberia a determinada autarquia expedir atos de caráter normativo por inexistir norma
expressa que lhe conferisse tal competência (Resp. 1.103.913/PR).

12. Resposta: D
Art. 5º, Decreto 200/1967.Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o
Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não
exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.

13. Resposta: C
MAZZA (2014) — Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por
autorização legislativa, com totalidade de capital público e regime organizacional livre. Exemplos: Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT, Caixa Econômica Federal – CEF, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa e Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero.

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