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Unidade II

ESTUDOS DISCIPLINARES
DIDÁTICA E DIVERSIDADE NA SALA DE AULA

Prof. Rodnei Pereira


A atuação transformadora do professor

 Como o professor pode trabalhar


com a diversidade em sala de aula?
 Receita/prática? Não. Exemplos de trabalhos e pesquisas
que levam em conta a Pedagogia da Diversidade.
 Pontos de Reflexão.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Perrenoud por Marli André:

 atuação no campo do currículo, das práticas


escolares e das instituições de formação;
 a Pedagogia das Diferenças – forma
de luta contra o Fracasso Escolar;
Cuidado: com ações e medidas imediatistas
que veem o fracasso escolar como fatalidade.
Explicações comuns para as
desigualdades de desempenho escolar

1. Patrimônio genético e da carência cultural: “... falta alguma


coisa para que o aluno tenha sucesso na escola...”.
2. Sociologia em Educação (década de 1970): transposição das
desigualdades biológicas, psicológicas, socioeconômicas e
culturais da vida extraescolar para a vida intraescolar.
Então a escola é reprodutora de desigualdades sociais?
Como as desigualdades sociais
se manifestam na escola:

1. há diferenças educacionais em diferentes escolas;


2. há diferenças na própria sala de aula;
3. há atitudes para os menos favorecidos
que acentuam as diferenças:
Perrenoud:
atitudes positivas
X
diferenciação involuntária
Tratamento das diferenças na sala de aula:

 o aluno é o centro do processo;


 o professor é um orientador ou
uma fonte de recursos e de apoio;
 pauta-se em princípios de correntes
construtivistas e interacionistas;
 o ensino é voltado para as competências e o trabalho
com projetos, pesquisas e situações-problema.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Ensino diferenciado

 Não se trata de um “método” para cada um dos


alunos, mas de ações com acompanhamento e
recursos (não só do professor) individualizados.
 Grupo como oportunidade de
educação e aprendizagem mútuas.
 Pesquisas de atividades e situações de
aprendizagem significativas e mobilizadoras,
diversificadas segundo as diferenças.
 Aceitar que não há receitas.
 Avaliação formativa (percepção do professor).
 Formação profissional com base em ação-reflexão coletivas.
Algumas práticas advindas de pesquisas

O uso do Diário Reflexivo:


 instrumento de prática avaliativa (diagnóstico de
falhas para aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem)
e de investigação didática;
 processo de sustentação de aprendizagem do aluno;
 possibilidade de atendimento às diferenças
no repúdio ao fracasso escolar.
Os resultados da pesquisa:

1. a aprendizagem é um processo
e cabe ao professor organizá-lo;
2. avanços e dificuldades dos alunos são critérios
para investigar os resultados do ensino;
3. avaliação – coleta de informações sobre o ensino;
4. exigência do conhecimento dos processos de cada aluno;
5. avaliação (dupla retroalimentação)
– para alunos e para professor;
6. avaliação – dinâmica, impulsionadora da aprendizagem
do aluno e promotora da melhoria do ensino.
Os diários (pela pesquisa):

 cada aluno tinha o seu para utilização após cada aula;


 acompanhá-los desencadeou reflexões e
mudanças nas práticas das professoras;
 o uso possibilitou detectar dificuldades também
em ortografia (oportunidade de saná-las);
 revelação de atitudes das professoras
– humor, paciência, entre outras.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Interatividade

Na Pedagogia das Diferenças na sala de aula,


segundo nossos estudos, o aluno e o professor são:
a) o aluno é o centro do processo e o professor é
o orientador ou uma fonte de recursos e de apoio.
b) o aluno é um ser passivo e o professor
é um transmissor de conhecimentos.
c) o aluno é o centro do processo e o professor
é um transmissor de conhecimentos.
d) o aluno é um ser passivo e o professor é o
orientador ou uma fonte de recursos e de apoio.
e) o aluno e o professor são reprodutores do fracasso escolar.
Resposta

Na Pedagogia das Diferenças na sala de aula,


segundo nossos estudos, o aluno e o professor são:
a) o aluno é o centro do processo e o professor é
o orientador ou uma fonte de recursos e de apoio.
b) o aluno é um ser passivo e o professor
é um transmissor de conhecimentos.
c) o aluno é o centro do processo e o professor
é um transmissor de conhecimentos.
d) o aluno é um ser passivo e o professor é o
orientador ou uma fonte de recursos e de apoio.
e) o aluno e o professor são reprodutores do fracasso escolar.
Erro – uma estratégia para diferenciação do ensino:

 historicamente, o erro como falta,


incapacidade e insuficiência;
 outra forma de encará-lo – construtivo
no processo de ensino-aprendizagem.
Um novo olhar:
 indicador que permite buscar um caminho personalizado
para atender às necessidades do educando;
 questionamentos sobre o ensino;
 identificação de obstáculos para o aprendizado;
 estratégia didática para uma avaliação formativa.
Identificar o erro dos alunos...

 Possibilidade para o professor individualizar o processo


e a avaliação a partir do que ocorre com cada um de seus
alunos, quando e no que erram.
Um exemplo por pesquisa:
1. A produção do estatuto do erro reforça mitos e preconceitos em
relação ao sucesso/fracasso escolar dos alunos;

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Também da pesquisa:

2. A prática de correções coletivas:


 alunos que dominam conteúdos são
“apresentadores” de formas corretas;
 a professora acompanha, julga e faz alguma retificação;
 exposição de um modelo correto;
 participação pequena ou nula dos demais alunos;
 a professora não visualiza se todos
constatam ou não seus erros;
 não há discussão de possíveis erros, apenas
substituição (sem reflexão) por formas corretas;
 professor – “corretor-avaliador”.
Análise da pesquisa:

 o professor é o protagonista;
 os alunos são os coadjuvantes;
 a prática é individualizada;
 a organização espacial favorece um trabalho individual;
 não ocorre percepção das diferenças
no tratamento dos alunos.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Ponto de partida para um trabalho
diferenciado com erros

1. Avaliação de “controladora” (rigor na comprovação)


para “formativa” (caráter orientador).
2. Numa classe numerosa: atendimento especial
ao aluno que erra; eleição de monitores por fila;
adoção de um painel informativo.
3. Conhecer o pensamento do aluno a respeito de
seus erros auxilia o professor a conhecer diferentes
erros e a contribuir com a autoestima dos alunos.
4. Conhecimento “informal” dado na oralidade.
Nova atitude diante do erro

 Geralmente visto com valoração das atividades


escritas, sem considerar sua natureza ou por
intermédio da diversificação de critérios.
 Pune-se o erro, tratando-o como reforço
por meio de tarefas repetitivas, abstratas.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Erro com outro enfoque:

 diagnóstico;
 remediável;
 localizado nas suas fontes geradoras;
 tratado com intervenções individualizadas.
Somente assim permite: compreensão
e pistas para sua superação.
E para os alunos que erram?

Apoio pedagógico com análises dos


erros a partir das quais é possível:
 coletar informações para selecionar/criar situações
mais sintonizadas com as necessidades dos alunos
ou
 detectar reais dificuldades de aprendizagem
e soluções (talvez com outros profissionais).
Erro, avaliação e o fracasso escolar

 Intimamente ligados e fornecem ao professor elementos


fundamentais no tratamento das diferenças.
É necessário abolir:
 o tratamento uniforme dado aos erros;
 a consequente seletividade escolar;
 a visão desalentadora e estática
que os professores têm do erro.
É preciso adotar a reflexão dinâmica e sistemática
e reinventar o ensino a partir do erro, alterando o
caráter conservador das práticas escolares.
Interatividade

De acordo com os nossos estudos, em um trabalho


diferenciado com erros, a função da avaliação é:
a) controladora.
b) formativa.
c) classificatória.
d) seletiva.
e) corretiva.
Resposta

De acordo com os nossos estudos, em um trabalho


diferenciado com erros, a função da avaliação é:
a) controladora.
b) formativa.
c) classificatória.
d) seletiva.
e) corretiva.
O trabalho com diversidade em sala de aula pode ser...

... problema para escolas e professores. Quais problemas?


 Salas numerosas: busca de um aluno “padrão”.
 Trabalhar com a heterogeneidade é difícil.
 Há muitas tarefas e solicitações em tempo incompatível.
 Condições de trabalho docente inadequadas.
 Falta de espaço para reflexões do fazer docente.
 Organização curricular em ciclos.
Um olhar para uma pesquisa

Professora de classe média:


 alunos filhos de pequenos comerciantes ou industriais,
de empregadas domésticas e de trabalhadores rurais;
 clima de compromisso mútuo;
 para a professora em questão, o seu compromisso
é com a aprendizagem dos alunos e esta é formativa
– o aluno é pessoa que se percebe enquanto sujeito;
 contrato didático;
 a aprendizagem é um projeto comum
(da professora e dos alunos).
Sala de aula como espaço de conhecimento:

 interação entre professora e alunos e alunos entre si;


 estímulo às manifestações dos alunos;
 movimentação na classe para correções;
 aprender é um problema coletivo;
 grande troca de informações;
 cooperação e conhecimento mútuo.
Aprendizagem como processo de reflexão:

 o que se sabe e o que ainda não se sabe;


 procedimentos quanto a uma tarefa
proposta – coletivos e em colaboração;
 avaliação contínua estimulando a
autoavaliação (pistas para a professora);
 devolutiva individual (erros e acertos);
 avaliação como fonte de reflexão sobre
o conhecimento e de ampliação deste;
 atividades provocam reflexão dos alunos sobre
seus próprios processos de aprendizagem, o que
favorece a conscientização e a autonomia.
O trabalho docente:

 a utilização do conhecimento do aluno como fonte


de informação para o trabalho da professora;
 atitude observadora;
 percepção de diferentes interesses e necessidades;
 reflexão sobre a ação e diferentes demandas;
 percepção da riqueza de experiências e saberes
que podem ser incorporados ao trabalho.
Pesquisa: a possibilidade de um
trabalho coletivo em uma escola

 Para Perrenoud, as pedagogias diferenciadas


ou cooperativas só possuem força se provocarem
no professor e no aluno uma outra construção de
sentido com base num conjunto de valores e
representações e numa situação de troca e interação.
 Na pesquisa: encontrou-se um sentido na construção
de um projeto pedagógico que considerou as diferenças
entre os alunos e entre os professores.
Nas escolas

 Nova modalidade de organização do ensino


com a implantação da progressão continuada:
cenário complexo para professores.
 Há que se valorizar mais os espaços das práticas reais
do que os modelos prescritivos; mais a heterogeneidade
da classe do que os desempenhos uniformes.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


Reflexão como prática social na escola:

 valoriza a interação entre os membros do grupo;


 os professores podem apoiar-se mutuamente, sustentar
o crescimento dos outros e olhar para os seus problemas
compreendendo que têm relação com os outros professores,
com a própria estrutura da escola ou do sistema educativo.
Destaques da pesquisa:

 desenvolvimento do trabalho pedagógico e


a construção de um trabalho colaborativo
(professoras e coordenadora pedagógica);
 sentimento de “pertença”;
 clima de partilha e confiança;
 preocupação comum – desenvolver um projeto
pedagógico para o sucesso das crianças;
 preocupação relacionada à formação
de um aluno leitor e autor;
 propostas de leitura, pela coordenadora, de embasamentos
teóricos, estilos literários e diferentes tipos de livros.
Ainda os destaques da pesquisa:

 desenvolvimento do sentido de reconhecer


os desejos de cada ator em particular;
 falou-se sobre tudo o que ocorria e como ocorria;
 pensou-se em formas de concretizar práticas;
 contou-se com a ajuda do outro e com o grupo
pensando junto a prática de cada professor;
 as práticas eram narradas e observadas e, a partir destas, havia
o encontro de sentido para os temas na literatura.
A pesquisa enquanto processo:

 o processo revelou inseguranças, buscas, ideias


iniciais sobre o que fazer, experiências que deram
certo e as que não deram, mas, sobretudo, um pensar
sobre o que fazer por intermédio de interações;
 à medida que as professoras repartiam com o
grupo suas experiências, elas se apropriavam
de suas falas, encontrando sentido na sua prática;
 formação e reflexão das professoras;
 cumplicidade e autoria para (des)construir
novas formas de ensinar.
Interatividade

Qual das situações abaixo pode ser acatada como


um dos problemas para se trabalhar com a diversidade
em sala de aula, segundo nossos estudos?
a) Cumplicidade de outros professores e diretor da escola.
b) Trabalho com a heterogeneidade
encarado como uma tarefa fácil.
c) Condições adequadas de trabalho docente.
d) Salas numerosas e a concepção da
existência de um aluno “padrão”.
e) Existência de espaço para reflexões do fazer docente.
Resposta

Qual das situações abaixo pode ser acatada como


um dos problemas para se trabalhar com a diversidade
em sala de aula, segundo nossos estudos?
a) Cumplicidade de outros professores e diretor da escola.
b) Trabalho com a heterogeneidade
encarado como uma tarefa fácil.
c) Condições adequadas de trabalho docente.
d) Salas numerosas e a concepção da
existência de um aluno “padrão”.
e) Existência de espaço para reflexões do fazer docente.
Mas, e o professor iniciante?

 Processo de construção da profissão: tipos de


conhecimentos adquiridos sobre o aprender/ensinar.
 Pesquisa: sobre uma professora alfabetizadora
no seu segundo ano em uma escola.
 Ocorre um movimento de distanciamento e de
aproximação das influências recebidas do ambiente
escolar (de outras professoras) em “choque” com
as questões da sua sala de aula.
 Concepções, atitudes e valores.
Percebendo e avaliando o contexto escolar

 Conhecimento do próprio trabalho (da professora iniciante)


proveniente do que ela experienciava no ambiente escolar.
 No final de um ano: para os colegas, seu trabalho
era positivo, mas, para ela, deixava-a insegura e confusa.
 Tinha o desejo de realizar um trabalho
diferenciado daquele de seus pares.
 Segundo Veenman, ao confrontar as ideias trazidas
pelo curso de formação e pela realidade escolar, o professor
iniciante tende a abandoná-las e tornar-se conservador.
“Nossa” professora...

 Do descontentamento surgiu a reação.


 Distanciamento do grupo de colegas nas suas
inadequações com os alunos: resistência às
sugestões e insatisfação com a profissão.
 Começa a perceber falhas, dificuldades, aspectos positivos
e limites no próprio trabalho com seus alunos.
 Normalmente o professor iniciante não
conta com apoio “técnico” de seus pares.
 Instaura-se um isolamento, mas uma
construção individual da profissão.
Percebendo e avaliando a própria prática pedagógica

 Identificar suas dificuldades, que


provocam angústia e desejo de mudança.
 Primeiros problemas: organização e execução de atividades
distintas para grupos diferenciados de alunos. Trabalho separado
com os que possuíam maiores dificuldades.
 Correlação entre sua prática e a aprendizagem
dos alunos. Adoção de procedimentos diante de
dificuldades de aprendizagem.
Aspectos importantes:

 a influência da “pessoa” professora


para a “profissional” professora;
 compreensão de que a maneira de ser e agir do professor
relaciona-se aos seus valores, crenças e atitudes.
 aprender a ensinar é um processo
de construção da função docente;
 teoria e prática por meio de reflexão.

Fonte: Clip-Art – Microsoft Office


“Felicidadania”

 Cidadania: participação eficiente e criativa no


contexto social, exercício concreto de direitos
e a possibilidade de experiência da...
 Felicidade: concretização da vida, realização
– sempre buscada – do ser humano, algo que
ganha seu sentido mais pleno na coletividade.
 Só podem existir no espaço democrático.
Mas, o que é democracia? Conceito

 Diferente em diferentes organizações concretas


da vida real e em diferentes contextos.
 Que depende das relações e situações
em que os homens estão envolvidos.
 Que depende da política instaurada
no espaço “entre homens”.
 Distinguido entre democracia representativa
e democracia participativa.
 É preciso exercer a democracia em todos os
espaços, e não apenas no espaço do Estado.
Cidadania e felicidade

Cidadania:
 é preciso ampliar sua noção para a convivência, em que
não apenas pode-se “ser”, mas também “aparecer”;
 participação eficiente e criativa no contexto social;
 participação de todos os cidadãos na organização
do espaço social, de maneira responsável e efetiva,
independentemente da raça, gênero, credo.
Felicidade:
 no contexto social, é a finalidade do
agir e relacionar-se dos seres humanos;
 é a “vida boa vivida com dignidade”
e da qual todos participam.
“Felicidadania” traduzida para a profissão docente:

1. reconhecer o outro;
2. tomar como referência o bem coletivo;
3. envolver-se na elaboração e desenvolvimento
de um projeto coletivo de trabalho;
4. instalar na escola e na aula uma
instância de comunicação criativa;
5. criar espaço, no cotidiano da relação
pedagógica, para a afetividade e a alegria;
6. lutar pela criação e pelo aperfeiçoamento constante de condições
viabilizadoras do trabalho de boa qualidade.
Interatividade

Qual das alternativas abaixo refere-se a uma


das ações necessárias para a construção da
“felicidadania” na profissão docente?
a) Incentivar o individualismo entre os alunos.
b) Desenvolver trabalhos com os alunos que lhes deem
possibilidades de construir o sentido de competitividade.
c) Tomar como referência o bem coletivo.
d) Evitar a comunicação com os alunos e deles entre si.
e) Trabalhar com os alunos mantendo-se
distante dos projetos coletivos da escola.
Resposta

Qual das alternativas abaixo refere-se a uma


das ações necessárias para a construção da
“felicidadania” na profissão docente?
a) Incentivar o individualismo entre os alunos.
b) Desenvolver trabalhos com os alunos que lhes deem
possibilidades de construir o sentido de competitividade.
c) Tomar como referência o bem coletivo.
d) Evitar a comunicação com os alunos e deles entre si.
e) Trabalhar com os alunos mantendo-se
distante dos projetos coletivos da escola.
ATÉ A PRÓXIMA!

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