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Centro Universitário Católica de Santa Catarina

Davi Lopes da Silva, Gabriel Ricardo Strebe, Gabrielle Massanova Volcov Gildemeister,
Gustavo Alessi, Isadora Pietra Luciani, Juhan Eduardo Leão Lima, Lucas Eduardo Klein,
Matheus Luis Moreira,Thaina da Silva Farinas e Yann Ghering

HISTÓRICO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CONSTITUIÇÕES


BRASILEIRAS
Constituição de 1946
Jaraguá do Sul
2022

Davi Lopes da Silva, Gabriel Ricardo Strebe, Gabrielle Massanova Volcov Gildemeister,
Gustavo Alessi, Isadora Pietra Luciani, Juhan Eduardo Leão Lima, Lucas Eduardo
Klein, Matheus Luis Moreira, Thaina da Silva Farinas e Yann Ghering

Histórico e principais características das constituições brasileiras: Constituição de 1946

Relatório apresentado ao curso de direito,


disciplina de direito constitucional, do Centro
Universitário Católica de Santa Catarina, como
requisito para a obtenção de nota na segunda fase
do curso.
Jaraguá do Sul
2022
Sumário
1 Introdução........................................................................................................................3
2 Contexto histórico............................................................................................................3
3 O porquê da criação da constituição................................................................................4
4 Principais nomes da época (obrigatório citar VARGAS)................................................5
5 A constituição em si.........................................................................................................6
6 Principais diferenças em relação a anterior.....................................................................7
7 Hierarquia dos poderes e tipo de governo........................................................................7
8 Estruturação do Estado, competências dentro do Estado.................................................8
9 Tributação........................................................................................................................9
10 Repercussão do documento............................................................................................12
11 Consequências pós nova constituição............................................................................12
12 Considerações finais......................................................................................................13
13 Referências bibliográficas..............................................................................................13
1 Introdução

Este trabalho abordará diversos aspectos da Constituição brasileira promulgada em


1946, desde os porquês de sua criação, até as consequências e repercussões que gerou na
época. Tratará também de relacionar o contexto histórico brasileiro da década de 40 com os
pormenores dessa constituição, buscando trazer uma reflexão acerca das diferenças dessa,
para com as anteriores.
Diversos nomes importantes também serão citados neste trabalho, é fato que a época
foi protagonizada por um dos maiores nomes da história da política brasileira, Getúlio Vargas,
portanto abordar-se-á os pontos principais do porquê o fim do Estado Novo (1937-1945) foi
decisivo para a criação dessa nova normativa, que buscava ser mais democrática. Citar-se-á
também o governo do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, candidato apoiado por Vargas no
final da corrida eleitoral, que venceu as eleições em 2 de dezembro de 1945.
Ainda, o trabalho tem como intuito abordar a Constituição de uma maneira reflexiva,
porém simples, para que se faça entender o contexto com o qual essa norma jurídica foi criada
e compreender seu conteúdo em si.

2 Contexto histórico

O ano era 1945, finda-se o segundo maior confronto bélico global dos tempos
modernos, onde com ressalvas, estabeleceu-se uma vitória dos regimes democráticos.
Segundo Oliveira (2010), esse fato, como era de se esperar, tem também forte impacto dentro
da política interna do Brasil, uma vez que durante os anos anteriores, também havia um
regime de exceção com Getúlio Vargas. A partir disso, devido a diversos fatores como o
sucesso da intervenção da Força Expedicionária Brasileira na guerra, trazendo enorme
prestígio aos militares, e também a valorização das liberdades democráticas, tornou-se
insustentável a permanência desse modo de governo.
Ainda segundo Oliveira (2010), os meses que sucedem a chegada da FEB em julho,
caminharam vigorosamente a derrocada de Getúlio Vargas, que após estratégias
malsucedidas, veio a ser deposto na noite de 29 de outubro de 1945, após cerco dos militares.
Com isso, Getúlio formaliza sua renúncia e retorna ao Rio Grande do Sul, mantendo seus
poderes políticos, e quem assume um governo transitório é o então presidente do Supremo
Tribunal Federal, José Linhares que, em seus curtos três meses de mandato, teve como
objetivo a garantia da realização das eleições de dezembro e também de conceder poderes
constituintes ao parlamento que viria a ser eleito.
Estes objetivos primordiais de Linhares foram concluídos com êxito, e no dia 02 de
dezembro de 1945, Eurico Gaspar Dutra vence as eleições presidenciais. Dutra não era o
favorito à vitória, porém o apoio de Getúlio Vargas que ainda guardava enorme prestígio entre
a classe trabalhadora, somado a frase infame de Eduardo Goes em resposta ao apoio, onde
chama a classe trabalhadora de “malta de desocupados” de forma pejorativa, levou o general à
presidência.
É em meio a este cenário conturbado e com enormes particularidades, que também o
parlamento fora eleito. Parece algo recorrente no Brasil, que os ideais políticos do povo no
momento não reflitam nas casas legislativas, visto que diversos fatores de época levavam as
massas a uma ideia mais progressista, e o parlamento eleito era majoritariamente conservador,
onde partidos como a União Democrática Nacional e o Partido Social Democrático,
respectivamente de direita e centro-direita, ocupavam cerca de 80% das cadeiras do
legislativo (Oliveira, 2010).
Contudo, e não podendo ser diferente, este contexto é facilmente observado na
Constituição de 1946, que sobretudo foi julgada de “virar as costas para o futuro”, segundo o
mesmo autor supracitado, refletindo fortemente o mundo polarizado das ideologias da época
em uma ideia emergente de medo dos regimes comunistas que agora ganhavam força com as
bem-sucedidas investidas da união soviética na Segunda Guerra Mundial.

3 O porquê da criação da constituição

Mediante os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial que estava dividida em dois


grupos: o do Eixo e o dos Aliados, o Brasil, que estava sendo governado por Getúlio Vargas,
se manteve neutro em meio ao conflito até 1942. Nesse ano, Vargas posicionou o país ao lado
dos Aliados. A entrada do país na guerra trouxe questionamentos perante o esquema
repressivo montado pelo presidente, deste modo, o apoio recebido para a imposição da
política autoritária de Getúlio migrou para o apoio à implantação de uma política com termos
mais democráticos e liberais, de maneira que em 1944 ocorreram diversas manifestações em
busca da redemocratização.
Como tentativa de evitar esse acontecimento, Getúlio Vargas mudou sua estratégia,
assim surgindo o Trabalhismo, uma ideologia política voltada à igualdade social. Com isso,
em 1945 um movimento de apoio ao presidente foi criado e denominado de Queremismo. O
movimento demandava a manutenção na presidência no país, ao mesmo tempo que
concordava com a efetuação de uma eleição para a construção de uma Assembleia
Constituinte.
Getúlio detinha uma conduta relacionada as suas intenções à presidência que gerava
dúvida. No mês de outubro ele deu ao seu irmão o cargo de chefia da polícia do distrito
federal, o que gerou uma mobilização nas tropas militares e fez com que ele renunciasse o
poder. Com as eleições presidenciais, onde Eurico Dutra foi nomeado como novo presidente,
foram feitas também eleições gerais que definiam novos senadores e deputados federais. Os
eleitos formaram a Assembleia Constituinte que promulgou a Constituição Federal de 1946.
A posse foi tomada pelos parlamentares em fevereiro de 1946, e o processo de
formação da constituição iniciou-se em 15 de março. Em 9 de setembro a redação da carta foi
finalizada e a votação de aprovação realizou-se em 17 de setembro, deste modo, a
promulgação do texto foi feita em 18 de setembro de 1946.
A nova constituição possuía caráter liberal e assegurava a delimitação dos três poderes
que se refletia na ampliação feita por Vargas às atribuições do poder executivo com o intuito
de controlar as inúmeras ações do Estado. O sistema político que se manifestou nessa nova
Carta foi baseado em um sistema representativo, com eleições para todos as posições em
todas as esferas: União, estados e municípios.
Com o golpe Civil-Militar o documento foi suspenso por um período de seis meses por
meio do Ato Inconstitucional 1 e esteve em vigência até 1964, após isso, foi oficialmente
substituída por uma nova constituição em 1967.

4 Principais nomes da época

Alguns nomes marcaram a década de 40 e tiveram grande influência no contexto em que a


Constituição de 1946 fora criada, tais como:
 Eurico Gaspar Dutra: era o presidente em exercício quando a constituição de 1946
entrou em vigência. Foi o primeiro presidente da chamada quarta era republicana, e
recebeu o apoio de Getúlio Vargas ao fim da corrida eleitoral
 Getúlio Vargas: um dos maiores nomes da história da política brasileira, foi um
presidente nacionalista e autoritário, em seu governo, ampliou os poderes do executivo
em detrimento dos poderes legislativo e judiciário. Foi também um dos responsáveis
por um avanço da industrialização brasileira, já que prezava pela produção nacional ao
invés da exportação
 José Linhares: desgastado politicamente, Getúlio Vargas renunciou, no final de
outubro de 1945. Como não havia o cargo de vice-presidente da República, assumiu a
direção do país o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior
Eleitoral, Ministro José Linhares, que permaneceu no cargo de 30 de outubro de 1945
a 31 de janeiro do ano seguinte.
 Artur Bernardes: representante do partido Republicano (PR) na assembleia
constituinte, foi presidente do Brasil nos anos de 1922 a 1926.
 Luís Carlos Prestes: líder da Coluna Prestes, movimento tenentista opositivo aos
governos de Artur Bernardes e Washington Luís
 Otávio Mangabeira e Afonso Arinos: notórios opositores do Estado novo
 Gustavo Capanema e Agamenon Magalhães: importantes ministros do antigo regime

5 A constituição em si

Lançada em 18 de setembro de 1946, a Constituição de 1946 possuía desde o


princípio, uma gama de completude considerável para época, pois já continha 218 artigos,
além de 36 artigos dentro dos atos Das Disposições Transitórias, sendo que as Disposições
ainda se dividiam em mais 9 títulos, capítulos e seções;
A característica marcante que é possível observar na Constituição promulgada em
1946, demonstra em seu caráter a passagem de um governo com menos exageros
presidencialistas e finalidade contra as tendências ditatoriais.
Vale relembrar que nessa época o governo ainda era de cunho conservador e religioso,
com imponente força da igreja católica nas decisões, como é o exemplo do divórcio que já foi
pauta de discussão, onde fora proposto mudanças sobre o fim do casamento, mas por conta do
tipo de governo acima descrito, não houve êxito nessas propostas, portanto continuou sendo
vínculo indissolúvel.
Na economia, reutilizou-se das práticas utilizadas no governo Vargas, onde deu-se
ênfase no desenvolvimento dos recursos minerais e energia elétricas. Além disso, no contexto
social não houve grande mudança vinda da Constituição.
Já na parte trabalhadora, passou-se a utilizar o método de meritocracia onde, por
exemplo: o trabalhador noturno recebia salário maior do que o trabalhador diurno, descanso
remunerado em feriados civis ou religiosos e participação nos lucros empresariais.

6 Principais diferenças em relação à anterior

Com a promulgação da quinta Constituição brasileira, em 18 de setembro de 1946, foi


possível visualizar a redemocratização, com os valores existentes na Constituição de 1934.
Sem mais a influência do regime autoritário, houve a volta da harmonia entre os Três Poderes,
não existindo mais a predominância do Executivo, implantada por Getúlio Vargas, que lhe
concedia maiores poderes do que comumente são vistos em repúblicas, através das diretrizes
da constituição que vigorou em seu mandato. Dando mais ênfase a este ocorrido, houve
também a restituição dos partidos políticos, que haviam sido extintos, mostrando claramente a
concentração de poder nas mãos do presidente. O poder de voto passou a ser novamente
secreto e universal, se diferenciando da Constituição anterior.
Ainda na nova Constituição de 1946, deu-se a volta do cargo de vice-presidente da
República, que havia sido extinta na constituição de 1934. Restaurou-se também o regime
democrático, como supracitado, concedendo novamente ao povo o direito de escolher seus
representantes. Em relação ao campo penal, a pena de morte teve sua abolição concedida, e no
contexto social, a volta do direito à greve.
Para distanciar-se da visão de regime de exceção, imposto no período da Constituição
de 1937, o Brasil alinhou-se política e ideologicamente aos Estados Unidos, após a vitória ao
lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, personificando a dissociação do governo de
Vargas e Dutra. Restabeleceu-se também o sistema bicameral, sendo feita a composição do
Congresso Nacional, por Câmara dos Deputados e Senado.

7 Hierarquia dos poderes e tipo de governo

Na Constituição Brasileira 1946, o artigo 36 cita quais os poderes existiam e ainda


hoje estão em funcionamento, o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário. “São Poderes da
União o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si. ”
BRASIL. Constituição (1946). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ.
O Poder Legislativo se constituía e ainda é exercido pelo Congresso Nacional, Câmara
dos Deputados e Senadores. O mandato para os deputados era de 4 anos, eleitos pelo povo
segundo o sistema de representação proporcional pelos Estados, Distrito Federal e Territórios.
Já o Senado era composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal eleitos
segundo o princípio majoritário com mandato de 8 anos e cada Estado elegia três senadores.
(Art. 56, 57 e 60 § 1° § 2°)
 Da Câmara:
O artigo 56 expõe o funcionamento desse órgão legislativo: “A Câmara dos Deputados
compõe-se de representantes do povo, eleitos, segundo o sistema de representação
proporcional, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Territórios. ”
 Do Senado:
Art.60: “O Senado Federal, compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito
Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. ”. Além disso, cada estado elegia 3
senadores, cada um deles com um mandato de 8 anos.
As competências do Poder Executivo eram exercidas pelo Presidente da República, e
junto com seu Vice exercendo o cargo de 5 anos, não podendo se reeleger.
O Poder Judiciário era exercido pelo Supremo tribunal Federal, Tribunal Federal de
Recursos, Juízes e Tribunais Militares, Juízes e Tribunais Eleitorais e Juízes e Tribunais do
Trabalho.
O tipo de governo ao qual tratava a constituição de 1946 era de sistema
presidencialista, tendo assim, uma tripartição dos poderes escolhidos de maneira
representativa para ocuparem os cargos. Os eleitos, por sua vez, tinham como objetivo emanar
a vontade do povo em suas decisões.

8 Estruturação do Estado e competências dentro do Estado

A Constituição dos Estados Unidos do Brasil estabelecia o poder da União, essa


compreendia os estados, o Distrito Federal e também os Territórios.
As diretrizes apontadas pela Constituição de 1946, assemelhavam-se as trazidas pelas
Cartas Magnas de 1891 e 1934, dizendo:
 O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da República, esse era eleito pelo
povo e possuía um mandato de 5 anos;
 O Poder Legislativo, composto pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados,
tinha, em ambos os casos, seus componentes eleitos também pelo povo, no Senado
eram 3 por estado e na Câmara a quantidade era proporcional à população de cada
estado;
 O Poder Judiciário era formado pelos tribunais federais de cada estado e pelo Supremo
Tribunal Federal
 Os estados, por sua vez, tinham autonomia política e também administrativa.
Os primeiros artigos da Constituição de 1946 trazem as competências de cada parcela
da União para a administração geral do país.
Os estados por exemplo, como exposto no artigo 2º poderiam: “incorporar-se entre si,
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros ou formarem novos estados,
mediante voto das respectivas Assembleias Legislativas, plebiscito das populações
diretamente interessadas e aprovação do Congresso Nacional. ” BRASIL. Constituição
(1946). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ.
Já os Territórios poderiam, mediante lei especial, agregarem-se a outros estados,
subdividir-se em novos Territórios ou até juntar-se novamente aos estados aos quais haviam
se desmembrado.
À União competia regular sobre diversas situações, como preservar a relação com
Estados estrangeiros, declarar guerra e fazer a paz, organizar as forças armadas, autorizar a
produção e fiscalizar o comércio bélico, manter os correios, bem como o Correio Aéreo
Nacional, etc. Também competia a União, legislar sobre direito civil, penal, comercial,
eleitoral, do trabalho, etc., normas gerais da previdência social, diretrizes educacionais, dentre
muitas outras legislações.
O Governo Federal não poderia interferir na administração dos estados a não ser para:
manter a integridade do país, cessar invasão estrangeira, assegurar a execução de ordens ou
decisões do Poder Judiciário, etc.

9 Tributação

A Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946, possuía um sistema de


tributação que compreendia impostos referente a União, estados e municípios.
No que compele aos artigos:
 Art. 15 - Compete à União decretar impostos sobre:
 Art. 19. Compete aos Estados decretar impostos sobre:
 Art. 29. Além da renda que lhes é atribuída por força dos §§ 2º, 4º, 5º e 9º do art. 15, e
dos impostos que, no todo ou em parte, lhes forem transferidos pelo Estado...
Pode-se observar a partir do artigo 15 º, as competências tributárias para cada uma das
esferas do Estado.
Começando pelo Art. 15° “Compete à União decretas impostos sobre: ” ali listados em
seus incisos diversas situações tributárias como o imposto sobre:
I. Importação de mercadorias de procedência estrangeira
II. Consumo de mercadorias;
III. Produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e exportação de
lubrificantes e de combustíveis líquidos ou gasosos de qualquer origem ou natureza,
estendendo-se esse regime, no que for aplicável, aos minerais do País e à energia
elétrica;
IV. Renda e proventos de qualquer natureza;
V. Transferência de fundos para o exterior;
VI. Negócios de sua economia, atos e instrumentos regulados por lei federal.
VII. Propriedade territorial rural. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 1964)
Tratando assim de forma, que a União tudo caberia, sendo totalmente responsável pela
plena administração dos recursos providos dos impostos do povo, inclusive assenhorando os
estados em casos de Calamidade Pública, pois a ela compete o plano funcionamento do País.
Já os Estados, seriam responsáveis pela titularidade de administrar impostos referentes
ao seu território, porém sempre em conformidade com a tributação Federal.
I. Transmissão de propriedade causa mortis;
II. Vendas e consignações efetuadas por comerciantes e produtores, inclusive industriais,
isenta, porém, a primeira operação do pequeno produtor, conforme o definir a lei
estadual;
III. Exportação de mercadorias de sua produção para o estrangeiro, até o máximo de 5%
(cinco por cento) ad valorem, vedados quaisquer adicionais;
IV. Os atos regulados por lei estadual, os do serviço de sua justiça e os negócios de sua
economia.
Cabendo aos municípios uma menor parcela de administração tributária, levando em
conta ainda, que deveriam se reportar aos estados para que os mesmos se reportassem a
União.
I. Sobre propriedade territorial urbana;
II. Predial;
III. Sobre transmissão de propriedade imobiliária intervivos e sua incorporação ao capital
de sociedades;
IV. De licenças;
V. De indústrias e profissões;
VI. Sobre diversões públicas;
VII. Sobre atos de sua economia ou assuntos de sua competência.
Parágrafo único. O imposto territorial rural não incidirá sobre sítios de área não
excedente a vinte hectares, quando os cultive, só ou com sua família, o proprietário.
Sendo de extrema importância a análise do equilíbrio presente entre as três partes,
porém de forma que a União tudo devesse ser reportado e recolhido.
O Distrito Federal era administrado por Prefeito indicado pelo Presidente da
República, e tinha a Câmara Legislativa eleita pelo povo. Porém, embora tendo essa diferença
dos demais municípios possuía a mesma carga tributária dos demais.
De acordo com o Art. 31°, inciso V
Art. 31 - A União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado:
V - Lançar impostos sobre:
a) Bens, rendas e serviços uns dos outros, sem prejuízo da tributação dos serviços
públicos concedidos, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;
b) Templos de qualquer culto bens e serviços de Partidos Políticos, instituições de
educação e de assistência social, desde que as suas rendas sejam aplicadas
integralmente no País para os respectivos fins;
Parágrafo único - Os serviços, públicos concedidos, não gozam de isenção tributária,
salvo quando estabelecida pelo Poder competente ou quando a União a instituir, em lei
especial, relativamente aos próprios serviços, tendo em vista o interesse comum.
Por mais que a União seja considerada soberana aos estados e municípios, cabe a ela
limitações também, conforme o art. 31°, onde todas as 3 partes, estão explicitamente
impedidas de lançar impostos, sobre bens, renda e serviços entre eles. Como também
impedidos de tributar partidos políticos, templos instituições de educação, entre outras com
fim social, desde que suas rendas sejam aplicadas no País. E conforme exposto no art. 32° “os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão estabelecer diferença tributária, em
razão da procedência, entre bens de qualquer natureza. ” Todas as 3 partes, deveriam estar em
tom de igualdade referente a tributação aplicada.
A título de plena e rasa curiosidade, o art. 169° chama para si, a obrigação de divisão
dos impostos na manutenção e desenvolvimento da educação “Anualmente, a União aplicará
nunca menos de dez por cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca menos
de vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do
ensino. ”

10 Repercussão do documento

A insatisfação da população com o governo ditatorial de Getúlio Vargas era nítida,


promoveram-se inúmeras manifestações por parte dos estudantes em busca de um país sem
exclusão e censuras. Com essa visão, Eurico Gaspar Dutra assume a presidência e promulga a
Constituição, trazendo tudo aquilo que os brasileiros procuravam após períodos intensos e
limitados proporcionados pelo contexto da 2º Guerra Mundial, onde os direitos eram rasos,
em especial os de personalidade e relações sociais. A carta surtiu efeitos positivos para toda
sociedade na época que, além de ter sido muito prestigiada, trazia consigo a livre associação
entre pessoas para fins lícitos, livre manifestação de pensamento e abertura dos correios para
comunicação, bem como permitindo o acesso de mais pessoas ao voto, com o intuito de
promover o desenvolvimento mais fluido.
No cenário internacional, o inciso I do Art. 5 da CF 1946 diz: “manter relações com os
Estados estrangeiros e com eles celebrar tratados e convenções; ” mostrando que acima de
tudo, os principais interesses do liberalismo implantado eram estabelecer aliança com os EUA
e demais países de mesmo viés para atrair investimentos vindos de fora, gerando uma
dependência de bens de consumo, provocando uma queda da indústria nacional e o aumento
da dívida externa. Com a relação do Brasil com demais países liberalistas bem encaixada,
todo e qualquer acordo, antes feito com países socialistas, foi rompido, em especial com a
URSS, coincidentemente em um momento em que rumores Guerra Fria começavam a
acender, dividindo o mundo entre socialismo x capitalismo.

11 Consequências pós nova constituição

De característica liberal, com retomada democrática através da tripartição e uma


autonomia política administrativa de estados e municípios, a Constituição de 1946 se
assemelhava às constituições de 1891 e 1934. Prezava por valores humanitários, tendo por
exemplo o fim da pena de morte, e um estado de bem-estar social, frutos do pós-guerra e
movimentos constitucionais europeus que abandonaram as medidas de regimes totalitários. A
reorganização da democracia, revoga muitas medidas do Estado Novo, traz um teor mais
otimista à posição nacional em relação a geopolítica global, alinhando o Brasil às potências
vencedoras e tornando-o um país seguro para investimos, como as políticas de Juscelino
Kubitschek demonstram.
A constituição entra no período conhecido como “República Populista”, que seria a
quarta fase republicana. Houve a adoção da relação do executivo com o povo, que se
estabelecia por meio da influência de seu carisma sobre as massas. Além disso, a adoção de
medidas econômicas nacionalistas e desenvolvimentistas projetavam um país
economicamente próspero, o discurso voltado para a conciliação das diferentes classes sociais
e uma liderança política baseada no carisma e no clientelismo tornam frágil o antigo sistema
partidário, o qual tinha foco no líder e não nas instituições na prática. A nova constituição
possuía, por exemplo, um sindicalismo mais forte, voto secreto para homens e mulheres, que
foram ampliados, caracterizando mais direitos sociais, junto a um resgate da liberdade
individual. Em geral o período almejava um utilitarismo, tentando, a partir das evidências,
chegar a um ponto de equilíbrio entre direitos sociais, segurança para investimentos e
conformidade com políticas externas de países influentes.

12 Considerações finais

É evidente, portanto, que a Constituição de 1946 refletiu muitos dos acontecimentos


do cenário nacional e internacional enfrentados na época, com o fim da Guerra, todo o
mundo, inclusive os brasileiros, pediam por paz e pelo fim do autoritarismo, e isso incidiu
diretamente nas diretrizes da Constituição. De caráter mais democrático, garantindo maiores
direitos econômicos, sociais e uma maior autonomia política para cada um dos três poderes, a
Constituição demonstrava uma nova realidade do Brasil.
Cada constituição inaugura um novo Estado, isso é fato, e facilmente perceptível no
documento e na época descritos, o governo populista buscava uma maior relação com o povo
e uma maior participação desse nas decisões que consolidavam o futuro do país. Observa-se
um processo de redemocratização que, apesar de tantos esforços, ainda levou muitos anos
para ser plenamente desenvolvido.
A história serve para aprendermos e não repetirmos os erros do nosso passado, acabar
com o centralismo no Executivo e com governos que possuam caráter autoritário é essencial
para o exercício pleno da democracia. Como explicitado nesse trabalho, o poder emana do
povo e cabe a esse manifestar-se contra ou a favor das medidas adotadas pelo Estado,
buscando sempre, o melhor futuro para o país.

13 Referências bibliográficas

BRASIL. Constituição (1946). Lex: Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de


setembro de 1946. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm

LIMA SOBRINHO, Aliomar Baleeiro Barbosa. Constituições Brasileiras 1946. 3. ed.


Brasília: Senado Federal, 2012

OLIVEIRA, André Felipe Véras de. A Constituição de 1946: precedentes e elaboração.


Revista da Emerj, Rio de Janeiro, p. 27-76, out. 2010. Semestral.

RAMOS, Jefferson Evandro Machado. Constituição de 1946 - resumo, contexto histórico e


características: a constituição de 1946 buscou a redemocratização do brasil.. A Constituição
de 1946 buscou a redemocratização do Brasil.. 2021. Disponível em:
https://www.historiadobrasil.net/resumos/constituicao_brasileira_1946.htm. Acesso em: 04
set. 2022.

RESENDE, Marilia. A Constituição de 1946


Disponível em: https://www.politize.com.br/constituicao-de-1946/.
Acesso em: 14 sep. 2022.

SILVA, João Carlos Jarochinski. Análise histórica das Constituições brasileiras. São Paulo:
Puc-Sp, 2011.

VILLA, Marco A. A História das Constituições Brasileiras: 200 anos de luta contra o arbítrio.
Editora Leya.

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