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9ª RODADA - 16/09/2015
RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL
9ª RODADA - 16/09/2015
RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
PROFESSORES
CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..
JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.
DIREITO CONSTITUCIONAL
I. O constitucionalismo pode ser visto sob quatro diferentes sentidos. Numa primeira
acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas
bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda
acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se
utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais
da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita,
o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado
Estado.
IV. O surgimento das Constituições da democracia marxista, ou socialista, pode ser citado
como um dos ciclos do constitucionalismo social.
DIREITO TRIBUTÁRIO
a) Quanto à imunidade das entidades beneficentes de assistência social (art. 195, § 7º,
CF/88), o STF tem entendimento segundo o qual somente se exige lei complementar
para a definição dos seus limites objetivos (materiais), e não para a fixação das normas de
constituição e de funcionamento das entidades imunes (aspectos formais ou subjetivos), os
quais podem ser veiculados por lei ordinária.
b) É privativa do Chefe do Executivo, posto implicar redução de receita, lei que revoga
tributo ou confere a ele isenção.
d) Considerando o comando inserto no art. 150, II, do texto constitucional, o qual veda a
instituição de tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, pode o Judiciário corrigir distorções na legislação tributária, estendendo
benefício fiscal a contribuinte não originariamente abrangido por esta.
e) A inscrição do débito tributário em dívida ativa suspende o curso da prescrição por cento
e oitenta dias ou até a distribuição da execução fiscal, caso esta ocorra antes daquele prazo.
6. Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário julgue os itens a seguir à luz da
jurisprudência dos Tribunais Superiores:
III. Para o STF, reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05,
considera-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos (para repetir o indébito nos
tributos sujeitos a lançamento por homologação) de tão-somente às ações ajuizadas após
o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005, ainda que os
pagamentos que se busque repetir digam respeito a períodos anteriores a tal marco.
c) A medida prevista no art. 185-A do CTN é preferencial em relação àquela do art. 655-A
do CPC (Bacenjud).
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, acerca da repartição das receitas tributárias, assinalando a alternativa
correta:
b) Conforme prevê a Constituição Federal, os Municípios devem entregar aos Estados onde
localizados parte da receita arrecada com o Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU.
9. Julgue os itens a seguir, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre finanças
públicas:
I. Compete aos entes federativos, mediante ato normativo próprio, estabelecer os casos
em que suas disponibilidades de caixa poderão ser depositadas em entidades privadas
integrantes do Sistema Financeiro Nacional.
III. Não compromete a autonomia do orçamento da seguridade social (CF, art. 165, § 5º, III)
a atribuição, à Secretaria da Receita Federal de administração e fiscalização da contribuição
para o PIS/PASEP.
IV. O ato de legislar sobre direito tributário, ainda que para conceder benefícios jurídicos
de ordem fiscal, não se equipara - especialmente para os fins de instauração do respectivo
processo legislativo - ao ato de legislar sobre o orçamento do Estado.
DIREITO ECONÔMICO
10. Julgue os itens a seguir, assinalando a alternativa correta, à luz da Constituição Federal e da
d) Lei estadual pode alterar as condições da relação contratual entre o poder concedente
municipal e os concessionários, desde que haja relevante interesse público regional
envolvido.
e) O parágrafo primeiro do Art. 173 da Constituição Federal, que, juntamente com seus
incisos, estabelece que a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, não se aplica às empresas públicas,
sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam serviço público.”
11. Julgue os itens a seguir, com base nas constituições econômicas brasileiras:
IV. É correto afirmar que, nos moldes em que tratada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
à luz da Constituição de 1988, que optou pelo regime de economia de mercado, a livre
concorrência não mais se coaduna com a ideia de ausência total de intervenção do Estado
Estão corretos:
DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente
devolutivo, quando interposta pelo expropriante.
c) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade objetiva, com base
no risco administrativo, não admite pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de
abrandá-la ou mesmo excluí-la.
b) A Convenção de Montevidéu sobre direitos e deveres dos Estados e sobre asilo político,
de 26 de dezembro de 1933, estabelece que o reconhecimento de um Estado é revogável.
b) A partir dos acordos de Bretton Woods, de 1944, foram criados o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
b) O TPI tem jurisdição sobre pessoas que à época da alegada prática do crime tinham
menos de 18 anos, mas que à data da denúncia já tenham superado essa idade.
c) A competência do TPI se limita aos crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto
de Roma.
d) O TPI poderá aplicar pena de prisão perpétua se o elevado grau de ilicitude do fato e as
condições pessoais do condenado o justificarem.
e) As penas privativas de liberdade impostas pelo TPI devem ser cumpridas num Estado
indicado pelo Tribunal a partir de uma lista de países que tenham manifestado a sua
disponibilidade para receber condenados, podendo, a qualquer momento, o TPI decidir
pela transferência de um condenado para prisão em outro Estado.
19. Assinale a alternativa incorreta no que tange à diferenciação entre asilo e refúgio:
DIREITO EMPRESARIAL
a) A regra do Código Civil que faculta aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou
no da separação obrigatória aplica-se, conforme entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, tanto às sociedades simples quanto às sociedades empresárias.
c) O nome empresarial, nas sociedades limitadas, pode ser constituído tanto sob razão
social quanto sob denominação.
d) Conforme expressa previsão legal, a pessoa natural que constituir empresa individual de
responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
e) Segundo a lei que rege as sociedades anônimas (Lei n.º 6404/76 - LSA), o direito a voto
é inerente à condição de sócio.
e) Para além das situações previstas no Código de Defesa do Consumidor, na Lei Antitruste,
na Lei que regula os Crimes Ambientais e no Código Civil de 2002, o ordenamento jurídico
previu, nos mesmos moldes, a aplicação da disregard doctrine no art. 135, III, do CTN, ao
prever a responsabilidade pessoal dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social
ou estatutos.
DIREITO CIVIL
e) A usucapião especial por abandono do lar, segundo a qual aquele que exercer, por 2 anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250 metros quadrados, cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
c) I, V, estão incorretas.
e) A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil. Cessará, para os menores, a incapacidade, pelo
exercício de atividade empresarial, pelo emprego público efetivo, cargo em comissão e
função de confiança, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria.
a) Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha.
b) Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, na obrigação de dar coisa
incerta, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação.
Mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
II. O prazo para a propositura da ação rescisória é decadencial, e, dessa forma, não se
sujeita à suspensão, interrupção ou prorrogação caso o seu termo final recaia em dia no
qual não haja funcionamento da secretaria do Tribunal competente para dela conhecer.
III. A petição inicial da ação rescisória, para além de observar os requisitos essenciais do
art. 282 do CPC, deve estar acompanhada do depósito da importância de 5% (cinco por
cento) sobre o valor da causa. A ausência deste depósito na ação rescisória proposta pela
União implicará no indeferimento da respectiva petição inicial.
III. Embora o mandado de segurança constitua ação adequada para a declaração do direito
à compensação tributária, revela-se ele incabível para convalidar compensação tributária
realizada pelo contribuinte.
a) Quando ordenada por juiz incompetente a citação válida interrompe a prescrição, sendo
que, na cobrança judicial do crédito tributário, tal interrupção atualmente se verifica quando
da prolação do próprio despacho ordenatório da citação.
d) Por previsão legal expressa, caso o executado, citado, efetue o pagamento integral da
dívida, com seus acréscimos legais, poderá ser liberada eventual penhora existente, mesmo
em havendo outra execução fiscal contra si proposta em tramitação.
tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do próprio juízo deprecado, hipótese
na qual caberá a este unicamente o julgamento dessa matéria.
a) Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional. Desta forma, percebe-se
que o Código Penal adotou o princípio da territorialidade, não admitindo, por consequência,
o fenômeno da intraterritorialidade.
b) Para fins de aplicação da lei penal, as embaixadas são consideradas extensão do território
que representam, razão por que não se aplica a lei penal brasileira para os crimes nelas
cometidos.
b) Tendo em vista os bens jurídicos tutelados pela legislação de regência, compete à União
processar e julgar os crimes contra a ordem tributária.
aplica-se o princípio da consunção, sendo o crime meio absorvido pelo crime fim.
III. O réu preso deverá ser citado mediante comunicação ao diretor do presídio, que será
igualmente notificado da data do interrogatório do réu em juízo.
IV. O processo penal brasileiro admite a citação por hora certa, que deve seguir o
regramento previsto no Código de Processo Civil.
V. No processo penal brasileiro, como regra, a citação inicial será pessoal, por meio de
oficial de justiça, admitindo-se, como exceção à regra, citação pelo correio e por e-mail.
b) I, II e IV estão incorretos.
DIREITO DO TRABALHO
33. Sobre o recurso de revista repetitivo no processo do trabalho, assinale a alternativa INCORRETA.
35. Com base no entendimento do STJ sobre o conceito de insumo para fins de creditamento de
PIS e COFINS, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Para fins de creditamento de PIS e COFINS, a ideia de insumos, ainda que na sua acepção
mais ampla, está relacionada com os elementos essenciais à realização da atividade fim da
empresa.
b) A mão de obra de pessoa física não gera direito a creditamento, ante a expressa vedação
legal.
d) Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total o total das diárias pagas, quando
excedente a cinquenta por cento da remuneração mensal.
QUESTÃO 1 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B
DIREITO CONSTITUCIONAL
COMENTÁRIO
O item “a” está correto, nos termos do art. 64-B, da Lei 9.784/1999, com redação dada pela Lei 11.417/2006.
Lembrem que da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante,
negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem
prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
Com relação ao item “b”, atentem para o rol mais abrangente de legitimados a propor a edição, a
revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculantes, nos termos do art. 3º e incisos da Lei
11.417/2006. Correto, portanto, o item.
O item “d” está correto, nos termos do art. 2º, §2º, da Lei 11.417/2006.
O item “e” também está correto, e corresponde a redação do art. 2º, §3º, da Lei 11.417/2006.
O item incorreto, portanto, é o “c”. Embora a súmula tenha por objeto, de fato, a validade, a interpretação
e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a
administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação
de processos sobre idêntica questão, por outro lado, o art. 6º da Lei 11.417/2006 é taxativo ao afirmar
que a proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante não autoriza a
suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão.
COMENTÁRIO
Quanto ao item “a”, o artigo 37, V, da Constituição Federal dispõe que as funções de confiança, exercidas
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Por este motivo, na ADI nº 3.706 o STF
reconheceu inconstitucional Lei do Estado do Mato Grosso do Sul que criou cargos em comissão com
atribuições meramente técnicas e que, portanto, não possuíam o caráter de assessoramento, chefia ou
direção exigido para tais cargos. Portanto, incorreto o item.
O item “b’ também está incorreto. Em precedentes como o RE nº 226.966 e a ADI nº 3.235, o STF entendeu
que a simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não incompatibiliza a sua
participação em movimento grevista. Lembrem que o Tribunal, nos termos dos Mandados de Injunção
n.ºs 670/ES, 708/DF e 712/PA, já manifestou o entendimento no sentido da eficácia imediata do direito
constitucional de greve dos servidores públicos, a ser exercício por meio da aplicação da Lei n.º 7.783/89,
até que sobrevenha lei específica para regulamentar a questão.
O item “c” contraria o texto do art. 37, XIX, da CF, segundo o qual os acréscimos pecuniários percebidos
por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores.
Quanto ao item “e”, o art. 37, XXII, da CF, dispõe que a atuação integrada inclui o compartilhamento de
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. Assim, incorreto o item.
O item correto, portanto, é o “d”. O art. 38, II, da CF, estabelece que o servidor público da administração
direta, autárquica e fundacional, investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou
função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. Ao julgar a ADI nº 199, o STF entendeu que
ao servidor público investido no mandato de Vice-Prefeito, são aplicadas, por analogia, as disposições
contidas no inciso II do art. 38 da Constituição Federal.
I. O constitucionalismo pode ser visto sob quatro diferentes sentidos. Numa primeira
acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas
bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda
acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se
utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais
da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita,
o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado
Estado.
IV. O surgimento das Constituições da democracia marxista, ou socialista, pode ser citado
COMENTÁRIO
A assertiva I está correta, e corresponde ao conceito de constitucionalismo dado por André Ramos Tavares
em sua obra (Curso de Direito Constitucional, 4ª Ed., Saraiva, São Paulo, 2006, pg. 1). Procurem associar
o conceito de constitucionalismo à limitação do poder e a garantia de direitos.
Seguindo o sentido da evolução histórica, observamos, em breve síntese, que o constitucionalismo antigo
foi marcado por Estados teocráticos, em que o governo era limitado por dogmas religiosos (ex: Estado
hebreu).
Já o constitucionalismo clássico surgiu no final do século XVIII, com forte influência das revoluções liberais,
marcado pelo surgimento das primeiras constituições escritas e das ideias de supremacia da constituição,
separação dos poderes, e garantia de direitos (ex: Declaração de direitos do bom povo da Virgínia,
nos EUA, em 1787; Declaração Universal dos Direitos do Homem, na França, em 1789, que serviu de
preâmbulo à constituição de 1791).
O constitucionalismo moderno, ou social, por sua vez, surgiu a partir da primeira guerra mundial, diante
da impossibilidade da visão liberal de atender as demandas sociais que abalaram o século XIX, com
predomínio da segunda geração de direitos (ideia de igualdade material). De acordo com Biscaretti di
Ruffia, o constitucionalismo social é marcado por quatro diferentes ciclos: a) Constituições da democracia
marxista, ou socialista (ex: Constituição Russa e de países comunistas); b) Constituições da democracia
racionalizada; c) Constituições da democracia social (ex: Constituição Mexicana de 1917); d) Constituições
de países subdesenvolvidos (ex: Constituição Federal de 1988). Assim, o item IV deve ser considerado
correto.
E, por fim, o constitucionalismo contemporâneo surge ao final da segunda guerra mundial, marcado por
fatores como: a previsão expressa nas constituições da dignidade da pessoa humana, passando a ser
Para José Roberto Dromi, o constitucionalismo do futuro deverá concretizar os direitos humanos de terceiro
geração, ligados ao valor fraternidade e solidariedade, aos direitos difusos, ao progresso social e à paz, cujo
foco é toda a humanidade, de modo que equilibre os fatores marcantes do constitucionalismo moderno
e os excessos praticados pelo constitucionalismo contemporâneo. Para o autor, o constitucionalismo do
futuro deverá ter os seguintes valores:
1) Verdade: De modo que a Constituição só traga previsão daquilo que for possível cumprir.
6) Integração: Com a criação de órgãos supranacionais, para promoção da integração entre os povos.
Portanto, notem que a individualidade não é valor do constitucionalismo do futuro, como citado no item
III, o qual deve ser considerado errado.
Dentro do que foi visto, pode-se entender que o neoconstitucionalismo visa não somente à limitação
do poder político, mas notadamente à eficácia da Constituição, por meio de prestações materiais à
sociedade com a concretização de direitos fundamentais. Ele possui três diferentes marcos fundamentais:
2) Filosófico: Influenciado pelo pós-positivismo, cujos pressupostos são a reaproximação entre direito e
ética; a dignidade da pessoa humana como elemento central da ordem jurídica; e o reconhecimento da
força normativa dos princípios.
3) Teórico: Composto pela força normativa da Constituição; por novas técnicas de interpretação
constitucional; e pela ampliação da jurisdição constitucional.
Logo, notem que o item II está incorreto, ao afirmar que o jusnaturalismo é o marco filosófico do
neoconstitucionalismo, quando na verdade esse marco é o pós-positivismo.
Com relação ao item V, com efeito, a maior integração da sociedade mundial impõe uma relação
transversal permanente, já que os problemas das diferentes ordens jurídicas passam a se tornar problemas
constitucionais comuns, devendo ser discutidos a fim de construir soluções. Entretanto, essa característica
é marcante do transconstitucionalismo, o qual não deve ser confundido com o constitucionalismo
transnacional. O primeiro determina que o direito constitucional supere os limites do Estado para se
dedicar às questões transconstitucionais, que suplantam as fronteiras das diferentes ordens jurídicas,
de modo que elas dialoguem para a construção de uma solução comum. É o caso, por exemplo, da
sujeição do Brasil às decisões emanadas da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em razão da
adesão do Estado brasileiro às disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos. Por outro
lado, o Constitucionalismo Transnacional vai mais além, sustentando a possibilidade de elaboração de um
Constituição comum a vários Estados. Portanto, incorreto o item V.
Sendo assim, estão corretos os itens I e IV e incorretos os itens II, III, e V, sendo correta a alternativa E.
DIREITO TRIBUTÁRIO
a) Quanto à imunidade das entidades beneficentes de assistência social (art. 195, § 7º,
CF/88), o STF tem entendimento segundo o qual somente se exige lei complementar
para a definição dos seus limites objetivos (materiais), e não para a fixação das normas de
constituição e de funcionamento das entidades imunes (aspectos formais ou subjetivos), os
quais podem ser veiculados por lei ordinária.
b) É privativa do Chefe do Executivo, posto implicar redução de receita, lei que revoga
tributo ou confere a ele isenção.
d) Considerando o comando inserto no art. 150, II, do texto constitucional, o qual veda a
instituição de tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, pode o Judiciário corrigir distorções na legislação tributária, estendendo
benefício fiscal a contribuinte não originariamente abrangido por esta.
e) A inscrição do débito tributário em dívida ativa suspende o curso da prescrição por cento
e oitenta dias ou até a distribuição da execução fiscal, caso esta ocorra antes daquele prazo.
COMENTÁRIO
Letra a. Correta (GABARITO). Assertiva correta e que espelha a interpretação do STF quanto à imunidade
prevista no art. 195, §7º do texto constitucional. Paradigmática, nesse sentido, a ementa do RE 636941,
com repercussão geral reconhecida, julgamento realizado pelo Pleno do Tribunal em 13/02/2014. Como
a ementa do acórdão é muito extensa (como é de praxe daquelas confeccionas pelo Min. Luiz Fux), a
transcrição que segue é parcial e apenas na parte que aqui interessa para a solução da questão:
vi dos incisos I e II, verbis: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23
desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos
cumulativamente: (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) I - seja reconhecida como de utilidade
pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; (Revogado pela Lei nº 12.101, de
2009); II - seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos,
fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação
dada pela Lei nº 9.429, de 26.12.1996).... 16. Os limites objetivos ou materiais e a definição
quanto aos aspectos subjetivos ou formais atende aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, ou
seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. 17. As entidades
que promovem a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, somente
fazem jus à concessão do benefício imunizante se preencherem cumulativamente os requisitos
de que trata o art. 55, da Lei nº 8.212/91, na sua redação original, e aqueles prescritos nos
artigos 9º e 14, do CTN. 18. Instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos
são entidades privadas criadas com o propósito de servir à coletividade, colaborando com o
Estado nessas áreas cuja atuação do Poder Público é deficiente. Consectariamente, et pour
cause, a constituição determina que elas sejam desoneradas de alguns tributos, em especial,
os impostos e as contribuições. 19. A ratio da supressão da competência tributária funda-se na
ausência de capacidade contributiva ou na aplicação do princípio da solidariedade de forma
inversa, vale dizer: a ausência de tributação das contribuições sociais decorre da colaboração
que estas entidades prestam ao Estado. 20. A Suprema Corte já decidiu que o artigo 195, § 7º,
da Carta Magna, com relação às exigências a que devem atender as entidades beneficentes
de assistência social para gozarem da imunidade aí prevista, determina apenas a existência de
lei que as regule; o que implica dizer que a Carta Magna alude genericamente à “lei” para
estabelecer princípio de reserva legal, expressão que compreende tanto a legislação ordinária,
quanto a legislação complementar (ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-
2000). 21. É questão prejudicial, pendente na Suprema Corte, a decisão definitiva de
controvérsias acerca do conceito de entidade de assistência social para o fim da declaração da
imunidade discutida, como as relativas à exigência ou não da gratuidade dos serviços prestados
ou à compreensão ou não das instituições beneficentes de clientelas restritas. 22. In casu,
descabe negar esse direito a pretexto de ausência de regulamentação legal, mormente em
face do acórdão recorrido que concluiu pelo cumprimento dos requisitos por parte da recorrida
à luz do art. 55, da Lei nº 8.212/91, condicionado ao seu enquadramento no conceito de
assistência social delimitado pelo STF, mercê de suposta alegação de que as prescrições dos
artigos 9º e 14 do Código Tributário Nacional não regulamentam o § 7º, do art. 195, CF/88. 23.
É insindicável na Suprema Corte o atendimento dos requisitos estabelecidos em lei (art. 55, da
Lei nº 8.212/91), uma vez que, para tanto, seria necessária a análise de legislação
infraconstitucional, situação em que a afronta à Constituição seria apenas indireta, ou, ainda,
o revolvimento de provas, atraindo a aplicação do verbete da Súmula nº 279. Precedente. AI
409.981-AgR/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 13/08/2004. 24. A pessoa jurídica para
fazer jus à imunidade do § 7º, do art. 195, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve
atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº
8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua
vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves,
Pleno, DJ 16-06-2000. 25. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência,
não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13,
IV, da MP nº 2.158-35/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter
filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para
os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se
destinam, sem fins lucrativos) que não preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91,
ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade
constitucional. 26. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP nº
2.158-35/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e
legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos
legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação
conforme à Constituição. 27. Ex positis, conheço do recurso extraordinário, mas nego-lhe
provimento conferindo à tese assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc.
Precedentes. RE 93.770/RJ, Rel. Min. Soares Muñoz, 1ª Turma, DJ 03/04/1981. RE 428.815-AgR/
AM, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, DJ 24/06/2005. ADI 1.802-MC/DF, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, Pleno, DJ 13-02-2004. ADI 2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-
06-2000. (RE 636941, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-067 DIVULG 03-04-2014 PUBLIC 04-04-2014).
Ressalto, todavia, que atualmente a lei ordinária que regulamenta os aspectos formais para fruição da
regra imunizante pelas entidades de assistência é a Lei nº 12.101/2009, a qual inclusive revogou o art. 55
da Lei nº 8.212/91.
Letra b. Incorreta, vez que a iniciativa de lei tributária é concorrente, na forma da disposição constitucional
do art. 61, caput. Lei de iniciativa privativa do Presidente da República é apenas a que institua ou regule
tributo em território, conforme o art. 61, §1º, II, b, CF:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Também não incide, na espécie, o art. 165 da Constituição Federal,uma vez que a restrição nele prevista
limita-se às leis orçamentárias plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual e
não alcança os diplomas que aumentem ou reduzam exações fiscais. Ainda que acarretem diminuição
das receitas arrecadadas, as leis que concedem benefícios fiscais tais como isenções, remissões, redução
de base de cálculo ou alíquota não podem ser enquadradas entre as leis orçamentárias a que se referem
o art. 165 da Constituição Federal.
Letra c. Incorreta. A assertiva encontra-se equivocada, sendo possível chegar-se a tal conclusão mediante
uma interpretação conjunta dos arts. 148, e art. 62, §1º, III, ambos da CF/88. Isso porque, embora
admissível que medida provisória cuide de matéria tributária, inclusive podendo criar tributos, há que se
ter presente a impossibilidade de que nela seja tratada matéria expressamente reservada ao âmbito de lei
complementar, considerada, ademais, a incompatibilidade de seu processo legislativo com aquele exigido
para aprovação das leis complementares. O disposto no art. 62, III, na redação da EC 32/2001, é expresso
quanto ao ponto:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
(...)
De outro lado, tem-se que o art. 148 expressamente exige que a instituição de empréstimo compulsório
se dê mediante lei complementar, o que assim impossibilita que medida provisória venha a criá-lo. Diz
o mencionado dispositivo: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
Letra d. Incorreta. A previsão do art. 150, II, da CF, consubstancia desdobramento do princípio da isonomia
para o campo da tributação, vedando que as entidades tributantes imponham tratamento desigual aos
contribuintes que se encontrem em situação equivalente:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
A invocação ao princípio da isonomia, nada obstante, não autoriza que decisão judicial estenda benefício
fiscal à categoria de contribuintes não agraciada originalmente pela lei, vez que a função de legislador
positivo é típica do Poder Legislativo, subsumindo-se a concessão de desonerações tributárias à deliberação
da vontade popular que tal poder representa. Nessa linha é a jurisprudência dos Tribunais Superiores:
incluir na transação prevista na Lei Estadual 12.218/2011 crédito tributário não alcançado pelo
aspecto temporal da norma que a instituiu. 2. A concessão de benefício fiscal é função atribuída
pela Constituição Federal ao legislador, que deve editar lei específica, nos termos do art. 150,
§ 6º. A mesma ratio permeia o art. 111 do CTN, o qual impede que se confira interpretação
extensiva em matéria de exoneração fiscal. 3. A propósito, o art. 171 do CTN permite que a
transação tributária seja realizada como meio de extinção do crédito tributário, nas condições
estabelecidas por lei. 4. A jurisprudência do STJ é firme quanto à impossibilidade de o intérprete
estender benefício fiscal a hipótese não alcançada pela norma legal (cf. AgRg no REsp
1.226.371/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 10.5.2011; REsp 1.116.620/
BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 25.8.2010; REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana
Calmon, Segunda Turma, DJe 22.9.2010). 5. Na mesma linha encontra-se a jurisprudência do
STF, para quem o Poder Judiciário não pode atuar como legislador positivo a fim de estender
benefício fiscal (cf. RE 596.862 AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado
em 7.6.2011; ADI 1851 MC, Relator Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 3.9.1998). 6.
Recurso Ordinário não provido. (RMS 40.536/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 09/12/2013).
Letra e. Incorreta. Realmente o §3º do art. 2º da Lei nº 6.830/80 prevê como causa suspensiva da
prescrição o ato de inscrição em dívida ativa, nos termos seguintes:
Tal previsão, nada obstante, considerando-se a reserva de lei complementar para o trato da prescrição
tributária (art. 146, III, b, CF), somente se aplica à dívida ativa de natureza não tributária, conforme inclusive
já teve a oportunidade de assentar o STJ em interpretação conforme do art. 2º, §3º da LEF:
1. Tanto no regime constitucional atual (CF/88, art. 146, III, b), quanto no regime constitucional
anterior (art. 18, § 1º da EC 01/69), as normas sobre prescrição e decadência de crédito tributário
estão sob reserva de lei complementar. Precedentes do STF e do STJ.
3. Incidente acolhido.
(AI no Ag 1037765/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado em
02/03/2011, DJe 17/10/2011).
O enunciado da questão ora proposta fazia referência à “inscrição do débito tributário”, razão pela qual
está incorreto.
COMENTÁRIO
Item I. Correto. A despeito da suspensão do lustro prescricional durante o período em que vigente o
parcelamento, tem-se que o mero requerimento de inclusão pela contribuinte no mesmo já tem o condão
de interromper a fluência do quinquênio, o qual recomeça a contar do zero uma vez rescindida/excluída
a benesse. Tal interpretação deriva do art. 174, p. único, IV, do CTN, sendo tranquilamente acolhida pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
e interrompe o prazo prescricional, que volta a correr no dia em que o devedor deixa de
cumprir o acordo. (AgRg nos EDcl no AREsp 565.449/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 03/02/2015)
Item II. Incorreto na parte final, pois, consoante a jurisprudência do STJ, o mero pedido administrativo
de cancelamento de débito já inscrito em dívida ativa não se amolda à causa suspensiva de exigibilidade
prevista no inciso III do art. 151 do CTN (III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras
do processo tributário administrativo”).
Segunda Turma
de débito inscrito na dívida ativa” ou qualquer outro) não constitui “recurso administrativo”,
dele diferindo em sua essência e nos efeitos jurídicos. O recurso é o meio de impugnação
à decisão administrativa que analisa a higidez da constituição do crédito e, portanto, é
apresentado no curso do processo administrativo, de forma antecedente à inscrição em dívida
ativa, possuindo, por força do art. 151, III, do CTN, aptidão para suspender a exigibilidade da
exação. A manifestação apresentada após a inscrição em dívida ativa, por sua vez, nada mais
representa que o exercício do direito de petição aos órgãos públicos. É essencial registrar que,
após a inscrição em dívida ativa, há presunção relativa de que foi encerrado, de acordo com
os parâmetros legais, o procedimento de apuração do quantum debeatur. Se isso não impede,
por um lado, o administrado de se utilizar do direito de petição para pleitear à Administração o
desfazimento do ato administrativo (na hipótese em análise, o cancelamento da inscrição em
dívida ativa) – já que esta tem o poder-dever de anular os atos ilegais – , por outro lado, não
reabre, nos termos acima (ou seja, após a inscrição em dívida ativa), a discussão administrativa.
Pensar o contrário implicaria subverter o ordenamento jurídico, conferindo ao administrado o
poder de duplicar ou “ressuscitar”, tantas vezes quantas lhe for possível e/ou conveniente, o
contencioso administrativo. Cabe ressaltar, a propósito, que inexiste prejuízo ao contribuinte
porque a argumentação apresentada após o encerramento do contencioso administrativo,
como se sabe, pode plenamente ser apreciada na instância jurisdicional. É inconcebível,
contudo, que a Administração Pública ou o contribuinte criem situações de sobreposição das
instâncias administrativa e jurisdicional. Se a primeira foi encerrada, ainda que irregularmente,
cabe ao Poder Judiciário a apreciação de eventual lesão ou ameaça ao direito do sujeito
processual interessado. REsp 1.389.892-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/8/2013
(Informativo nº0532).
Item III. Incorreto na parte final, pois a lei do parcelamento tributário do devedor em recuperação judicial
não necessita ser uma lei complementar. Importante, nessa toada, conhecer as disposições do art. 155-A
do CTN, o qual preconiza:
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica.
(Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
Percebe-se que o §3º supratranscrito incita o legislador da entidade tributante a prever regime de
parcelamento diferenciado e específico para o contribuinte em recuperação judicial, sobretudo tendo em
conta a situação de crise econômica perpassada por este, que muito provavelmente não teria condições
de aderir e honrar com as condições previstas nos parcelamento ditos ordinários. A questão ganha
importância justamente na medida em que o art. 57 da Lei 11.101/2005 condiciona a deferimento da
recuperação judicial à apresentação, pelo requerente, das certidões negativas de débitos tributários e/
ou negativas com efeito de positiva, o que jamais seria possível de se obter sem o pagamento e/ou a
suspensão da exigibilidade dos créditos tributários do qual o contribuinte é devedor:
Lei 11.101/2005
Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou
decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará
certidões negativas de débitos tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei nº 5.172, de
25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
O tema do parcelamento para o devedor tributário em recuperação judicial foi sempre tormentoso, vez
que até então nunca havia sido editada a lei referida pelo §3º do art. 155-A, do CTN, o que praticamente
inviabilizada o acesso do recuperando ao parcelamento de suas dívidas, obstaculizando, assim, o próprio
processamento da recuperação. Assim, na grande maioria dos casos, alternativa outra não restava senão
a decretação da falência do devedor.
Art. 43. A Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 10-A:
III - da 25ª à 83ª prestação: 1,333% (um inteiro e trezentos e trinta e três milésimos por cento);
e
outras leis.
§ 4º Além das hipóteses previstas no art. 14-B, é causa de rescisão do parcelamento a não
concessão da recuperação judicial de que trata o art. 58 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de
2005, bem como a decretação da falência da pessoa jurídica.
A novidade, todavia, fica por conta da recente previsão da Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014, fruto
da conversão da Medida Provisória nº 651/2014, que finalmente previu o parcelamento diferenciado para
o devedor em recuperação judicial, sanando, no que tange aos tributos federais, a omissão legislativa.
Com isso, resta fulminado, ao que tudo indica, um dos principais argumentos adotados pelo STJ para
justificar a inaplicabilidade das exigências (certidões de regularidade fiscal) previstas nos arts. 191-A do
CTN e 57 da Lei nº 11.101/05 (STJ-Corte Especial, REsp 1.187.404/MT, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. em
19/06/2013, DJe de 21/08/2013).
6. Sobre a prescrição da ação de repetição de indébito tributário julgue os itens a seguir à luz da
jurisprudência dos Tribunais Superiores:
previsto no art. 168 do CTN, tem início, não na data do recolhimento do tributo indevido,
e sim na data da homologação - expressa ou tácita - do lançamento. Assim, não havendo
homologação expressa, o prazo para a repetição do indébito acaba sendo de dez anos a
contar do fato gerador (tese dos cinco + cinco).
III. Para o STF, reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05,
considera-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos (para repetir o indébito nos
tributos sujeitos a lançamento por homologação) de tão-somente às ações ajuizadas após
o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005, ainda que os
pagamentos que se busque repetir digam respeito a períodos anteriores a tal marco.
COMENTÁRIO
Considerando que a obrigação tributária é permeada pela estrita legalidade, toda vez que houver a
incidência da exação em descompasso com o preconizado pela respectiva lei de regência haverá direito
de o contribuinte pleitear a repetição do pagamento indevido. Isso se denomina “repetir o indébito”.
Essa possibilidade, nada obstante, deve ser exercida dentro de determinado prazo, cuja normativa vem
delineada no art. 168 do Código Tributário Nacional:
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco)
anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado
ou rescindido a decisão condenatória.
Vamos aqui concentrar nossos esforços na hipótese prevista no inciso I do transcrito preceito.
Nesse sentido, como a repetição pressupõe justamente pagamento indevido, o termo inicial do prazo
quinquenal coincidirá com a data do próprio recolhimento do tributo, o qual caracteriza a forma regular
e ordinária da extinção do crédito tributário (art. 156, I, CTN).
Em suma:
Termo inicial = data da extinção do crédito (art. 168, I, CTN) = data do pagamento (art. 156, I, CTN).
A problemática, todavia, surge quanto ao prazo inicial para repetição de indébito dos tributos sujeitos a
lançamento por homologação. Isso porque em tal modalidade de lançamento o pagamento ocorre antes
da constituição do crédito tributário, no que se denomina de “pagamento antecipado”. Sendo assim,
ocorrido o fato gerador (nascendo, portanto, a obrigação tributária), caberá ao contribuinte efetuar o
cálculo do montante devido e efetuar o recolhimento aos cofres públicos. A partir daí, segundo o art.
150, §4º do CTN, o Fisco disporá de 5 anos (contados do fato gerador correlato) para apurar se o
pagamento previamente realizado pelo contribuinte está correto. Não se pronunciando em tal prazo,
tem-se a homologação tácita e a extinção do crédito, conforme preconiza o art. 156, VII do CTN5.
Foi justamente com base em tais premissas que a jurisprudência do STJ veio a afirmar que, como o termo
inicial para repetir o indébito deve ser contado da extinção do crédito (art. 168, I, CTN), e sendo que,
no lançamento por homologação, o crédito é extinto somente no momento da homologação (e não
do pagamento antecipado), o prazo quinquenal para repetir o indébito deve ser contado a partir da
homologação, isto é, quando transcorridos 5 anos do fato gerador. É a chamada “teoria/tese dos 5 + 5”.
Tentando ilustrar:
Tal jurisprudência foi pacificada no âmbito dos Tribunais Superiores, embora o Fisco nunca tenha com isso
se conformado (isso porque, nos impostos sujeitos a lançamento por homologação, que correspondem
atualmente a grande maioria dos casos, o contribuinte disporia de um extenso prazo para postular
repetição). A solução então encontrada foi recorrer ao Poder Legislativo, que por sua vez editou suposta
norma interpretativa do art. 168, I do CTN, qual seja, a conhecida LC 118/05, que no ponto que aqui
interessa assim dispôs:
Art. 3º. Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de
1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo
sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata
o §1º do art. 150 da referida Lei.
Art. 4º. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado,
quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código
Tributário Nacional.
Como a LC 118/05 se auto-proclamava interpretativa (inclusive com destaque nesse sentido na parte final
do seu art. 4º), haveria aqui aplicação do art. 106, CTN, de modo a autorizar a retroação da novel previsão:
CTN, art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja
expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos
interpretados.
Os contribuintes, irresignados com essa nova interpretação retroativa, vieram a ingressar em juízo. O
STJ, nessa linha, afastou a aplicação retroativa pretendida pelo Fisco, declarando inconstitucional o art.
4º, parte final, da LC 118/05, vez que o mesmo não era meramente interpretativo, mas sim inovava
o ordenamento jurídico, não havendo que se falar em aplicação do art. 106, I, do CTN. Outrossim, a
aplicação retroativa violaria a segurança jurídica/boa-fé/confiança, pois a tese então dominante (exposta,
inclusive, pelo órgão julgador competente em dar a última palavra sobre a matéria – lei federal) era em
sentido diametralmente oposto, e acabou sendo fulminada – retroativamente – pelo legislador. Assentou
que o Estado, seja juiz ou legislador, não pode passar mensagens contraditórias para seus administrados.
Os seguintes julgados bem ilustram o temário:
2. A norma do art. 3º da LC 118/05, que estabelece como termo inicial do prazo prescricional,
nesses casos, a data do pagamento indevido, não tem eficácia retroativa. É que a Corte Especial,
ao apreciar Incidente de Inconstitucionalidade no Eresp 644.736/PE, sessão de 06/06/2007, DJ
27.08.2007, declarou inconstitucional a expressão “observado, quanto ao art. 3º, o disposto no
art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 ? Código Tributário Nacional”, constante
do art. 4º, segunda parte, da referida Lei Complementar.
(EREsp 437.379/MG, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/10/2007, DJ 19/11/2007, p. 180)
5. O artigo 4º, segunda parte, da LC 118/2005, que determina a aplicação retroativa do seu
art. 3º, para alcançar inclusive fatos passados, ofende o princípio constitucional da autonomia
e independência dos poderes (CF, art. 2º) e o da garantia do direito adquirido, do ato jurídico
perfeito e da coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI).
(AI nos EREsp 644.736/PE, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado
em 06/06/2007, DJ 27/08/2007, p. 170)
A questão, nada obstante, foi parar no STF por conta da cláusula de reserva de plenário. Na Corte
Suprema, o Plenário confirmou o entendimento do STJ, assentando que o legislador não poderia considerar
interpretativa e mandar aplicar retroativamente uma norma que fulmina uma jurisprudência cristalizada
pelo último Tribunal a dar a palavra sobre a matéria. A novidade ficou por conta do marco inicial definido
pelo STF para a aplicação da nova regra disposta na LC 118/2005, que passou a ser aplicada para as ações
ajuizadas a partir de sua vigência, em 9 de junho de 2005.
Em outras palavras, a nova interpretação do art. 168, I, pela LC 118/2005, vale para as ações ajuizadas a
partir de 09.06.2005, ainda que os pagamentos que se busquem repetir a tal marco anteriores:
c) A medida prevista no art. 185-A do CTN é preferencial em relação àquela do art. 655-A
do CPC (Bacenjud).
COMENTÁRIO
Letra a. Correta. Atualmente, é tranquilo o entendimento de que os precatórios, por caracterizaram direitos
de crédito, podem ser objeto de penhora. Muito embora a possibilidade de sua penhora, os precatórios
não são equiparáveis a dinheiro, enquadrando-se assim na hipótese do inciso VIII da ordem legal vazada
no art. 11 da LEF (“direitos e ações”). Com efeito, o precatório insere-se na hipótese do inciso VIII (“direitos
e ações”) posto caracterizar uma ordem de pagamento, expedida pelo juiz da execução ao Presidente
do respectivo Tribunal para que o inscreva e o encaminhe com a finalidade de o crédito ali inscrito ser
incluído no orçamento público do exercício seguinte, a ser pago de acordo com a ordem cronológica das
inscrições. É evidente, assim, que o precatório constitui um crédito. Figurando na última posição entre
a ordem legal do art. 11 da LEF, não é a Fazenda Pública obrigada a aceitar a indicação do precatório à
penhora, podendo validamente recusá-lo invocando a inobservância da ordem de preferência dos bens
penhoráveis:
(AgRg no REsp 1367394/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 18/12/2014, DJe 03/02/2015)
1. “O crédito representado por precatório é bem penhorável, mesmo que a entidade dele
devedora não seja a própria exeqüente, enquadrando-se na hipótese do inciso XI do art. 655
do CPC, por se constituir em direito de crédito” (EREsp 881.014/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Castro
Meira, DJ de 17.03.08).
3. Nos termos do art. 15, I, da Lei 6.830/80, é autorizada ao executado, em qualquer fase
do processo e independentemente da aquiescência da Fazenda Pública, tão somente a
substituição dos bens penhorados por depósito em dinheiro ou fiança bancária.
(REsp 1090898/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009,
DJe 31/08/2009).
Súmula 406 - A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.
Letra b. Correta, vez que A simples alegação, pelo executado, acerca da suposta violação ao postulado
da menor onerosidade (art. 620 do CPC), não tem o condão de autorizar a relativização da ordem legal
da penhora, mais ainda quando desacompanhada de qualquer prova acerca de eventual excesso ou
1. Entende esta Corte que a Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado
por precatório, em razão da necessidade de se preservar a ordem legal conforme instituído
nos arts. 11 da Lei 6.830/1980 e 655 do CPC. (REsp 1.090.898/ SP, Rel. Ministro Castro Meira, DJe
31.8.2009). 2. Ademais, no julgamento do REsp 1.337.790/PR, processado sob o rito dos feitos
repetitivos, a Primeira Seção deste STJ, firmou a compreensão no sentido da “inexistência de
preponderância, em abstrato, do princípio da menor onerosidade para o devedor sobre o da
efetividade da tutela executiva. Exige-se, para a superação da ordem legal prevista no art. 655
do CPC, firme argumentação baseada em elementos do caso concreto.” 3. Na hipótese dos
autos, o entendimento firmado no acórdão embargado encontra-se em consonância com a
jurisprudência deste Tribunal Superior, aplicando-se à espécie o óbice da Súmula 168/STJ 4.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg nos EAREsp 395.984/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
28/05/2014, DJe 02/06/2014)
II. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.337.790/PR (Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, DJe de 07/10/2013), representativo da controvérsia, decidiu que é possível à
Fazenda Pública recusar a nomeação à penhora de precatório judicial, quando a nomeação
não observar a ordem legal, cabendo ao executado apresentar elementos concretos, que
justifiquem a incidência do princípio da menor onerosidade, sendo insuficiente a mera
invocação genérica do art. 620 do CPC, tal como ocorreu, in casu. III. Agravo Regimental
Se é certo da existência do princípio da menor onerosidade da execução (art. 620 do CPC), também não
se pode descuidar que o mesmo deve conviver harmoniosamente com os demais princípios e postulados
que orientam a atividade executiva (efetividade, responsabilidade patrimonial, resultado, etc.), tendo em
conta, sobretudo, o direito fundamental à tutela executiva:
A tese de violação ao princípio da menor onerosidade não pode ser defendida de modo genérico
ou simplesmente retórico, cabendo à parte executada a comprovação, inequívoca, dos prejuízos
a serem efetivamente suportados, bem como da possibilidade, sem comprometimento dos
objetivos do processo de execução, de satisfação da pretensão creditória por outros meios
(AgRg no REsp 1051276, Rel. Min. Herman Benjamin).
Letra c. Incorreta (gabarito). A penhora sobre dinheiro em espécie ou em depósito ou aplicação, além
de figurar em primeiro lugar da ordem do art. 11 da LEF (bem como do art. 655 do CPC), é atualmente
medida a ser utilizada preferencialmente, inclusive na modalidade eletrônica (BACENJUD), conforme
dispõe o art. 655-A do CPC, dispensando qualquer diligência prévia na busca de outros penhoráveis do
executado. Com efeito, cabe também anotar que a finalidade última da execução é expropriar bens para
transformá-los em dinheiro destinado a satisfazer a prestação objeto da execução. Como a penhora em
dinheiro será transformada em depósito (LEF, art. 11, § 2º), a única providência a ser tomada, em caso de
rejeição dos embargos do devedor por sentença transitada em julgado ou não oferecimento destes, será
a entrega da quantia depositada à Fazenda credora (“conversão em renda”), extinguindo-se a execução
com a medida. Desautorizar a imediata busca de ativos financeiros existentes em nome do devedor é
promover um retrocesso da atividade executiva, impulsionando-a em sentido inverso da sua natural
finalidade. Além do mais, a constrição realizada imediatamente sobre dinheiro evita uma série de etapas
processuais subsequentes, razão pela qual a medida pode ser perfeitamente deferida de imediato:
1. A penhora eletrônica que tem como exclusivo objeto o dinheiro do devedor e goza de
Anota-se, nesse norte, que a medida consagrada no art. 185-A do CTN (indisponibilidade patrimonial)
não se confunde com a penhora eletrônica via BACENJUD do art. 655-A do CPC, conforme anotado neste
recente precedente:
2. O bloqueio universal de bens e de direitos previsto no art. 185 -A do CTN não se confunde
com a penhora de dinheiro aplicado em instituições financeiras, por meio do Sistema BacenJud,
disciplinada no art. 655-A do CPC.
3. As disposições do art. 185-A do CTN abrangerão todo e qualquer bem ou direito do devedor,
observado como limite o valor do crédito tributário, e dependerão do preenchimento dos
seguintes requisitos: (i) citação do executado; (ii) inexistência de pagamento ou de oferecimento
de bens à penhora no prazo legal; e, por fim, (iii) não forem encontrados bens penhoráveis.
5. Resta saber, apenas, se as diligências realizadas pela exequente e infrutíferas para o que se
destinavam podem ser consideradas suficientes a permitir que se afirme, com segurança, que
não foram encontrados bens penhoráveis, e, por consequência, determinar a indisponibilidade
de bens.
razoavelmente, a todas aquelas que poderiam ser realizadas antes da constrição consistente
na indisponibilidade de bens.
A decretação de indisponibilidade de bens prevista no art. 185-A do CTN revela-se medida interventiva
mais ampla do que a tão-somente penhora on line de ativos financeiros (BACENJUD) e outras medidas
pontuais de constrição, posto alcançar todo o patrimônio do devedor. A penhora on line é medida de
constrição pontual que afeta apenas parcela precisa e determinada do patrimônio do devedor, enquanto
que o primeiro instituto traduz-se em bloqueio amplo e irrestrito. Além disso, a penhora on line (Bacenjud)
está amparada nos artigos 655 e 655-A do CPC, cujos pressupostos legais para concessão são diversos
daqueles previstos para o caso de decretação da ampla indisponibilidade de bens do devedor, com base
no artigo 185-A do CTN.
Elucidativo, nessa linha, o seguinte precedente oriundo do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
contraditório, registre-se, é diferido, para momento posterior onde a parte poderá opor casos
de impenhorabilidade ou requerer ao juízo eventual substituição de bem. (TRF4, AG 5022083-
82.2014.404.0000, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, juntado aos
autos em 13/11/2014).
Letra d. Correta. Embora a defesa do executado deva ocorrer, em regra, na via dos embargos à execução,
uma vez regularmente garantido o juízo (art. 16, §1º, LEF), atualmente é tranquilo o entendimento
no sentido de se admitir que o executado alegue, independentemente de regular penhora, matérias
cognoscíveis ex officio pelo julgador e que não demandam dilação probatória, na via processual que se
convencionou chamar de “exceção/objeção de pré-executividade”.
Fixadas essas premissas, o questionamento que se põe é o seguinte: uma vez acolhida ou rejeitada a
exceção de pré-executividade apresentada pelo executado, cabe condenação em honorários advocatícios
e a quem devem ser eles fixados?
Nesse sentido o entendimento do STJ (REsp 1.276.956/RS, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 4/2/2014):
“Julgada procedente em parte a exceção de pré-executividade, são devidos honorários de advogado na
medida do respectivo proveito econômico”.
Exemplificativamente: Executado apresenta exceção de pré-executividade alegando que 100 mil reais do
crédito cobrado estão prescritos, sendo que o juiz acolhe a alegação assentando a prescrição apenas em
relação a 20 mil reais da dívida exeqüenda. Nesse caso devem ser fixados honorários advocatícios, em
favor do executado/excipiente, observando-se o proveito econômico daí obtido, qual seja, a redução do
quantum exeqüendo em 20 mil reais.
judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda”:
Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou
encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo
de prescrição.
§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da
Fazenda Pública.
§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou
encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
Destaco, por oportuno, que o STJ já assentou que mesmo que o juiz decrete a prescrição intercorrente
ao arrepio do §4º do art. 40 da LEF, inexistirá nulidade em tal proceder caso a Fazenda Pública não
demonstre o prejuízo por conta da ausência de sua prévia oitiva, notadamente pelo apontamento de
causas interruptivas e suspensivas do lustro:
2. A finalidade da prévia oitiva da Fazenda Pública, prevista no art. 40, § 4º, da Lei n. 6.830/80,
é a de possibilitar à Fazenda a arguição de eventuais causas de suspensão ou interrupção da
prescrição do crédito tributário. Não havendo prejuízo demonstrado pela Fazenda pública em
apelação, não há que se falar em nulidade, tampouco cerceamento de defesa, em homenagem
aos Princípios da Celeridade Processual e Instrumentalidade das Formas. Precedentes.
3. O Tribunal de origem expressamente consignou que o feito permaneceu parado por mais
de 17 (dezessete) anos, por inércia da Fazenda Pública. Rever tal posicionamento requer o
reexame de fatos e provas, o que é vedado ao STJ por óbice da Súmula 7/STJ.
(AgRg no REsp 1247737/BA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 21/06/2011, DJe 29/06/2011).
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, acerca da repartição das receitas tributárias, assinalando a alternativa
correta:
b) Conforme prevê a Constituição Federal, os Municípios devem entregar aos Estados onde
localizados parte da receita arrecada com o Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU.
COMENTÁRIO
a) Para melhor compreensão da matéria, transcrevo a abordagem feita por Harrison Leite, segundo o
qual:
À luz dessas considerações, é possível concluir que a assertiva está errada, pois, ao contrário do alegado,
a repartição da receita arrecadada com o IPVA é um exemplo clássico do que a doutrina convencionou
chamar de repartição DIRETA. Já a destinação de recursos ao Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal constitui de repartição INDIRETA. Assim, os exemplos estão invertidos.
b) A assertiva está incorreta, visto que inexiste previsão constitucional quanto aos Municípios repartirem
suas receitas tributárias com os demais entes. E isso diz respeito justamente ao fundamento da existência
da repartição de receitas tributárias, que se dá “partindo da União para os Estados e Municípios, e dos
Estados e Municípios, com o fim de minimizar a receita deficiente de alguns entes” (Manual de Direito
Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 173).
c) A assertiva está incorreta, pois, conforme o parágrafo único do Art. 160 da CF, a vedação à retenção ou
qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos pela seção que trata das repartições
das receitas tributárias aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais
e acréscimos relativos a impostos, não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de
recursos:
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III (diz respeito ao mínimo de recursos
a serem aplicados em saúde).
d) A assertiva está incorreta, na medida em que o Art. 159, inciso III, da Constituição, determina que a
União entregará aos Estados e ao Distrito Federal 29% (vinte e nove por cento) do produto da arrecadação
da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, a serem distribuídos na
forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo (financiamento
de programas de infra-estrutura de transportes).
Do montante recebido pelos Estados, estes destinarão 25% (vinte e cinco por cento) aos seus Municípios,
na forma da lei.
e) A assertiva está correta, reproduzindo trecho da decisão tomada pela 1ª Turma do STF no julgamento
do AI 577.516‑AgR, em 2009, cujo precedente segue sendo utilizado pelo Tribunal em recentes decisões.
A razão da decisão diz respeito à norma do Art. 157, I, da CF, segundo a qual “Pertencem aos Estados e ao
Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem; [...].
Ainda sobre o tema, a Súmula nº 447 do STJ, segundo a qual “Os Estados e o Distrito Federal são partes
legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores”.
9. Julgue os itens a seguir, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre finanças
públicas:
I. Compete aos entes federativos, mediante ato normativo próprio, estabelecer os casos
em que suas disponibilidades de caixa poderão ser depositadas em entidades privadas
integrantes do Sistema Financeiro Nacional.
III. Não compromete a autonomia do orçamento da seguridade social (CF, art. 165, § 5º, III)
a atribuição, à Secretaria da Receita Federal de administração e fiscalização da contribuição
para o PIS/PASEP.
IV. O ato de legislar sobre direito tributário, ainda que para conceder benefícios jurídicos
de ordem fiscal, não se equipara - especialmente para os fins de instauração do respectivo
processo legislativo - ao ato de legislar sobre o orçamento do Estado.
COMENTÁRIO
I- O item está errado. Isso porque o §3º do Art. 164 da Constituição Federal estabelece que “As
disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas,
em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.” Pois bem. O STF, julgando
a ADI 2.661, se manifestou no sentido de que esta lei, que irá excepcionar a regra, será uma lei nacional,
a ser editada pela União, não tendo os demais entes federativos competência para tanto, sob pena de
subverter o sistema idealizado pelo constituinte. Vejam:
As disponibilidades de caixa dos Estados -membros, dos órgãos ou entidades que os integram
e das empresas por eles controladas deverão ser depositadas em instituições financeiras
oficiais, cabendo, unicamente, à União Federal, mediante lei de caráter nacional, definir
as exceções autorizadas pelo art. 164, § 3º, da CR. O Estado -membro não possui
competência normativa, para, mediante ato legislativo próprio, estabelecer ressalvas
à incidência da cláusula geral que lhe impõe a compulsória utilização de instituições
financeiras oficiais, para os fins referidos no art. 164, § 3º, da Carta Política. O desrespeito,
pelo Estado -membro, dessa reserva de competência legislativa, instituída em favor da União
Federal, faz instaurar situação de inconstitucionalidade formal, que compromete a validade
e a eficácia jurídicas da lei local, que, desviando -se do modelo normativo inscrito no art.
164, § 3º, da Lei Fundamental, vem a permitir que as disponibilidades de caixa do Poder
Público estadual sejam depositadas em entidades privadas integrantes do Sistema Financeiro
Nacional. Precedente: ADI 2.600/ES, Rel. Min. Ellen Gracie.” (ADI 2.661, Rel. Min. Celso de Mello,
julgamento em 5-6-2002, Plenário, DJ de 23-8-2002.) No mesmo sentido: ADI 3.075‑MC, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgamento em 5-6-2002, Plenário, DJ de 18-6-2004; ADI 3.578‑MC, Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-9-2005, Plenário, DJ de 24-2-2006.
II- O item está errado, pois o Art. 169 da CF atribui à Lei Complementar o estabelecimento de limites
para os gastos pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Lei
Complementar que atende ao comando do Art. 169 é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que, em seu Art.
19, prevê os seguintes limites percentuais (da receita corrente líquida):
è União: 50%;
A jurisprudência do STF, como visto acima, é bastante rígida quanto à observância das normas orçamentárias
e, ao decidir a ADI 4426, assim se manifestou:
“A expressão ‘não poderá exceder’, presente no art. 169 da CF, conjugada com o caráter
nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo imposto
III- A assertiva está correta, reproduzindo trecho da ementa de decisão tomada pelo STF no julgamento
da ADI 1417, abaixo transcrita:
Não deixem de estudar as referidas contribuições, que são de extrema relevância para os concursos da
AGU, especialmente o da PFN, por se tratar de espécie tributária.
IV- A assertiva está correta, à luz do que decidiu o STF no julgamento da medida cautelar na ADI 724/
RS. Com efeito, a Constituição confere competência ao Poder Executivo para iniciar o processo legislativo
referente às leis orçamentárias (Art. 165, I, II e III, da CF). Contudo, o simples fato de a edição de uma lei
tributária ter o condão de afetar o orçamento não a equipara a uma lei orçamentária, de modo que não
incide, no caso, a reserva de competência do Art. 165 da CF. Vejam:
EMENTA: ADI - LEI Nº 7.999/85, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, COM A REDAÇÃO
QUE LHE DEU A LEI Nº 9.535/92 - BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO - MATÉRIA DE INICIATIVA COMUM
OU CONCORRENTE - REPERCUSSÃO NO ORÇAMENTO ESTADUAL - ALEGADA USURPAÇÃO
DA CLÁUSULA DE INICIATIVA RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - AUSÊNCIA
DE PLAUSIBILIDADE JURÍDICA - MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA. - A Constituição de 1988
admite a iniciativa parlamentar na instauração do processo legislativo em tema de direito
tributário. - A iniciativa reservada, por constituir matéria de direito estrito, não se presume
e nem comporta interpretação ampliativa, na medida em que - por implicar limitação ao
poder de instauração do processo legislativo - deve necessariamente derivar de norma
constitucional explícita e inequívoca. - O ato de legislar sobre direito tributário, ainda que
para conceder benefícios jurídicos de ordem fiscal, não se equipara - especialmente
para os fins de instauração do respectivo processo legislativo - ao ato de legislar sobre
o orçamento do Estado. (ADI 724 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno,
julgado em 07/05/1992, DJ 27-04-2001 PP-00056 EMENT VOL-02028-01 PP-00065).
DIREITO ECONÔMICO
10. Julgue os itens a seguir, assinalando a alternativa correta, à luz da Constituição Federal e da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
d) Lei estadual pode alterar as condições da relação contratual entre o poder concedente
municipal e os concessionários, desde que haja relevante interesse público regional
envolvido.
e) O parágrafo primeiro do Art. 173 da Constituição Federal, que, juntamente com seus
incisos, estabelece que a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, não se aplica às empresas públicas,
sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam serviço público.”
COMENTÁRIO
a) A assertiva está incorreta, à luz do quando explicitado pelo STF ao julgar a ADI 4364/SC, ajuizada em
face de lei complementar catarinense que, com base na Lei Complementar nº 103/2000, que delegou
aos Estados e ao Distrito Federal a competência para instituir piso salarial para os empregados que não
tenham esse mínimo estabelecido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, fixou o piso
salarial regional de algumas categorias. Conforme o Tribunal,
b) A assertiva está incorreta, conforme distinção feita pelo STF quando do clássico julgamento da ADPF
46. Segundo explicitado pelo Tribunal,
“Monopólio e privilégio são distintos entre si; não se os deve confundir no âmbito da linguagem
jurídica, qual ocorre no vocabulário vulgar. [...] É imprescindível distinguirmos o regime de
privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime de monopólio sob o qual,
algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é empreendida pelo
Estado”.
Assim, na interpretação do STF, o termo monopólio diz respeito à exploração de atividade econômica
em sentido estrito, enquanto que o termo privilégio condiz com a prestação de serviços públicos,
sendo ambos (atividade econômica em sentido estrito e serviços públicos) as espécies que compõem o
gênero “atividade econômica em sentido amplo”.
Assim, à luz do julgamento da ADPF 46, é correto afirmar que à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
foi conferido, com exclusividade, o privilégio de prestar o serviço postal, sendo equivocado afirmar que
se trata de uma situação de monopólio.
c) A assertiva está errada, na medida em que o Art. 186 da Constituição Federal é claro ao estabelecer
que os critérios nela previstos devem ser cumpridos simultaneamente, ou seja, são cumulativos, e não
alternativos, como sugere o enunciado. Vicente Bagnoli explica que “a propriedade, portanto, é privada,
mas deverá cumprir sua função social, caso contrário o bem-estar da sociedade sobrepõe-se ao interesse
individual” (Direito Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 79).
d) A assertiva está errada, pois contraria jurisprudência sedimentada do STF no sentido de que os Estados-
membros não podem interferir nas relações contratuais concernentes à prestação de serviço público de
competência da União ou dos Municípios. Vejam:
“Lei estadual, máxime quando diz respeito à concessão de serviço público federal e municipal,
como ocorre no caso, não pode alterar as condições da relação contratual entre o poder
e) A assertiva está correta, conforme jurisprudência já antiga do STF. Por todas, reproduzo parte da
decisão proferida na ADI 1642:
“Distinção entre empresas estatais prestadoras de serviço público e empresas estatais que
desenvolvem atividade econômica em sentido estrito. (...). As sociedades de economia mista
e as empresas públicas que explorem atividade econômica em sentido estrito estão sujeitas,
nos termos do disposto no § 1º do art. 173 da Constituição do Brasil, ao regime jurídico próprio
das empresas privadas. (...). O § 1º do art. 173 da Constituição do Brasil não se aplica às
empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) que prestam
serviço público.” (ADI 1.642, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-4-2008, Plenário, DJE de
19-9-2008.) No mesmo sentido: ARE 689.588-AgR, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 27-11-
2012, Primeira Turma, DJE de 13-2-2012.
11. Julgue os itens a seguir, com base nas constituições econômicas brasileiras:
IV. É correto afirmar que, nos moldes em que tratada pelo ordenamento jurídico brasileiro,
à luz da Constituição de 1988, que optou pelo regime de economia de mercado, a livre
concorrência não mais se coaduna com a ideia de ausência total de intervenção do Estado
na economia, ocupando-se o Estado dessa temática como forma de garantir a competição
saudável entre os agentes econômicos.
Estão corretos:
COMENTÁRIO
I- A assertiva está correta. De fato, as constituições econômicas podem ser classificadas como estatutárias
(ou orgânicas) e diretivas (ou dirigentes/programáticas/doutrinais).
Segundo Vicente Bagnoli, “constituições estatutárias ou orgânicas são as que definem o estatuto do poder
como instrumento do governo, enunciado competências e regulando processos. Tais constituições não
indicam a ordem econômica, apenas afirmam a ordem econômica” (Direito Econômico, 6ª Ed., 2013, pág.
45).
São aquelas que, além de significar instrumento de governo, enunciam diretrizes, programas e
fins a serem realizados pela sociedade e pelo Estado. Essas constituições enunciam os fins da
política pública e postulam a implantação de uma ordem econômica. “A Constituição Dirigente
é um programa de ação para a alteração da sociedade” (BERCOVICI, 2005, p. 35) (Direito
Econômico, 6ª Ed., 2013, pág. 45).
Nesse contexto, Bagnoli indica o Art. 170 da Constituição Federal de 1988 como um exemplo de norma
programática em Direito Econômico.
II- A assertiva está correta, conforme as lições de Vicente Bagnoli, segundo o qual:
III- A assertiva está correta. Sabemos que a Constituição brasileira de 1934 foi bastante influenciada pela
Constituição de Weimar, elaborada em um contexto de muitas críticas ao modelo liberal. Conforme expõe
Vicente Bagnoli,
IV- A assertiva está correta. Primeiro, porque, de fato, o constituinte de 1988 optou pela economia de
mercado, ou seja, reconheceu e assegurou a existência de espaço para atuação dos agentes econômicos,
atribuindo a esse espaço papel relevante na economia. Segundo porque, como pontua Vicente Bagnoli,
Por fim, a ressalva feita por Fabio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa, no sentido de que
a defesa de livre concorrência “tem fundamento na existência de mercado – espaço onde os agentes
econômicos atuam. Assim, a preocupação com a garantia da concorrência deixa de ser relevante em um
sistema onde o mercado cumpre papel secundário, como no sistema socialista ou comunista” (Manual de
Direito Econômico, 2015, pág 142).
DIREITO ADMINISTRATIVO
bem e da obra; uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais.
COMENTÁRIO
O item “a” está correto, e corresponde as regras dos artigos 2º e 4º do Decreto nº 7.746/2012, que
regulamenta o art. 3º da Lei no 8.666/1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal.
Quanto ao item “b”, a regra é que o recebimento provisório de obras e serviços se dê pelo responsável por
seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15
(quinze) dias da comunicação escrita do contratado; e no caso de compras ou de locação de equipamentos,
provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a especificação.
Entretanto, o art. 74 da Lei de Licitações dispõe que poderá ser dispensado o recebimento provisório
nos casos de gêneros perecíveis e alimentação preparada; serviços profissionais; e obras e serviços de
valor até o previsto no art. 23, inciso II, alínea “a”, da Lei 8.666/1993, desde que não se componham de
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produtividade. Nesses
casos, o recebimento será feito mediante recibo. Portanto, correto o item.
O item “d” também está correto, e corresponde a regra definida no art. 1º, § 3º, da Lei 12.462/2011, no
sentido de que além das hipóteses previstas no caput dos artigos, o RDC também é aplicável às licitações
e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos
de ensino. Essa regra foi introduzida pela Lei 12.722/2012.
Quanto ao item “e” ele corresponde a regra do art. 44 da LC nº 123, cujo capítulo V traz regras sobre o
O item incorreto, portanto, é o “c”. Sabe-se que aos contratos administrativos celebrados com base no RDC
se aplicam as disposições da Lei 8.666/1993, com exceção das regras específicas previstas na legislação
do Regime Diferenciado de Contratações. Nesse contexto, em regra, o contratado está obrigado a aceitar
nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, já que corresponde
a regra do art. 65, §1º, da Lei 8.666/1993. Entretanto, a legislação do RDC traz algumas exceções a
essa regra. Uma delas é a contratação integrada (sobre a qual falamos no CEI-AGU e no CEI-Advocacia
Pública), a qual não admite a celebração de termos aditivos, salvo nas hipóteses citadas no art. 9º, §4º, I e
II, da Lei 12.462/2011. Outra exceção é quando adotado o regime de empreitada por preço global ou de
empreitada integral, nos quais as alterações contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer
das peças, orçamentos, plantas, especificações, memoriais ou estudos técnicos preliminares do projeto
básico não poderão ultrapassar, no seu conjunto, dez por cento do valor total do contrato (art. 42, §4º, III
do Decreto 7.581/2011). Portanto, incorreto o item.
COMENTÁRIO
O item “a” corresponde a jurisprudência do STJ, no sentido de que a suspensão do serviço de energia
elétrica, por empresa concessionária, em razão de inadimplemento de unidades públicas essenciais -
hospitais; prontos-socorros; escolas; creches; fontes de abastecimento d’água e iluminação pública; e
serviços de segurança pública -, como forma de compelir o usuário ao pagamento de tarifa ou multa,
despreza o interesse da coletividade. Segundo o Tribunal, a Lei de Concessões condiciona a suspensão
no fornecimento de energia elétrica ao “interesse da coletividade”, que impossibilita o corte na iluminação
pública e nas unidades públicas essenciais, quando, então, a concessionária deve fazer uso da ação de
cobrança. Nesse sentido, vide AgRg nos EREsp 1003667, AgRg no Ag 1270130, AgRg no AREsp 281559,
AgRg no AREsp 543404.
A regra do item “b” corresponde ao art. 7º-A, da Lei 8.789/1995, que dispõe sobre o regime de concessão
e permissão da prestação de serviços públicos.
Quanto ao item “e”, ele está correto, nos termos do art. 32, e parágrafo único, da Lei. Ressalta-se que
declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimento
administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado
o direito de ampla defesa. Caso se comprove que a intervenção não observou os pressupostos legais
e regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à
concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização. Tal procedimento administrativo deverá ser
concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção. Se
for cessada a intervenção, e não for extinta a concessão, a administração do serviço será devolvida à
concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados
durante a sua gestão.
Por fim, o item incorreto é o “d”. Conforme já entendeu o STJ no REsp. nº 684.712, o detalhamento da fatura
do usuário deve ser entendido no conceito de prestação de “serviço adequado” pelo concessionário, não
estando sujeito a cobrança de valor suplementar à tarifa. No entender do Tribunal, não é razoável que
se exclua do conceito de “serviço adequado” o fornecimento de informações suficientes à satisfatória
compreensão dos valores cobrados na conta telefônica. Consectário lógico da consagração do direito do
consumidor à informação precisa, clara e detalhada é a impossibilidade de condicioná-lo à prestação de
qualquer encargo. O fornecimento do detalhamento da fatura há de ser, portanto, gratuito.
d) Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente
devolutivo, quando interposta pelo expropriante.
COMENTÁRIO
Quanto ao item “a”, a regra é que todos os bens poderão ser desapropriados. Dentro desse contexto, por
exemplo, o art. 2º do Decreto-Lei 3.365/1941 dispõe que “mediante declaração de utilidade pública, todos
os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios”.
Sobre as ações de uma sociedade, o próprio STF já admitiu sua expropriação, ao julgar o RE nº 114.314-2.
Ressalta-se, inclusive, que a Súmula nº 476 deste Tribunal dispõe que “desapropriadas as ações de uma
sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes
aos respectivos títulos”. Muito cuidado para não confundir a autorização da desapropriação de ações com
a vedação do art. 2º, §3º, do Decreto-Lei 3.365/1941, segundo o qual é vedada a desapropriação, pelos
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de
instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine
à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República. Portanto,
incorreto o item “a”.
O item “c” corresponde ao conceito de desapropriação por zona, previsto no art. 4º do Decreto-Lei
3.365/1941. Entretanto, de acordo com esse dispositivo, em qualquer dos casos, a declaração de utilidade
pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as áreas indispensáveis à continuação da obra e
as que se destinam à revenda. Assim, incorreto o item.
Com relação ao item “d”, o artigo 28 do Decreto-Lei 3.365/1941 dispõe que “da sentença que fixar o
preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo
expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante”.
Quanto ao item “e”, na desapropriação parcial, em alguns casos pode o proprietário alegar o direito de
extensão, quando a área remanescente não albergada pelo decreto expropriatório se tornar inútil ou de
difícil utilização. Dessa forma, o proprietário pode pleitear a indenização da totalidade do imóvel. É o que
O item correto, então, é o “b”. A legislação admite a expropriação de um bem público, nos termos fixados
pelo artigo 2º, §2º, do Decreto-Lei 3.365/1941, in verbis:
Art. 2º. § 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá
preceder autorização legislativa.
Como se nota da leitura do dispositivo, a regra se baliza pela preponderância do interesse dos entes
maiores sobre os menores. Assim, prevalece o interesse público nacional, de modo que a União pode
desapropriar bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, não podendo ter
os seus próprios bens desapropriados. De outro norte, os Estados, tutelando os interesses regionais,
poderão desapropriar bens do domínio dos Municípios e Territórios localizados em seu interior. Atentem
que nesses casos, a desapropriação depende de autorização legislativa.
c) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade objetiva, com base
no risco administrativo, não admite pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de
abrandá-la ou mesmo excluí-la.
COMENTÁRIO
Conforme entendeu o STF no RE 591.874, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários, e não usuários do serviço,
segundo decorre do art. 37, § 6º, da CF. A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato
administrativo e o dano causado ao terceiro não usuário do serviço público é condição suficiente para
estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. Portanto, incorreto o item
“a”.
Quanto ao item “b”, no julgamento do RE 553.637, o STF entendeu que, salvo os casos expressamente
previstos em lei, a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos de juízes. Assim, incorreto
o item “b”.
O item “c” está incorreto, já que no AI nº 636.814 o STF decidiu que a responsabilidade civil das pessoas
jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público,
responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno da culpa da vítima,
para o fim de abrandá-la ou mesmo excluí-la.
Quanto ao item “d”, o art. 37, §6º da Constituição Federal dispõe que as pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa. Assim, incorreto o item.
O item correto é o “e”, que reflete o texto do artigo 1º da Lei nº 10.744/2003, que dispõe sobre a assunção,
pela União, de responsabilidades civis perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra
ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de
transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi aéreo.
b) A Convenção de Montevidéu sobre direitos e deveres dos Estados e sobre asilo político,
de 26 de dezembro de 1933, estabelece que o reconhecimento de um Estado é revogável.
COMENTÁRIO
(...) o reconhecimento do Estado decorre da simples admissão pelos demais atores (estatais)
da sociedade internacional de que o estado em causa tem personalidade jurídica própria. Nos
termos dessa concepção, o reconhecimento não confere ao Estado personalidade jurídica
internacional, mas apenas declara que ele faz jus a esta qualificação jurídica quando reúne
os requisitos essenciais para sua existência (comunidade de indivíduos, território determinado,
governo independente, finalidade, etc.).1
A alternativa “b” está errada, uma vez que o artigo 6º da Convenção de Montevidéu afirma que o
reconhecimento é incondicional e irretratável.
Também errada a alternativa “c”, já que o reconhecimento de governo não deve ocorrer sempre que haja
normal alternância de governo. Como ensina Mazzuoli:
(...) não há que se cogitar do reconhecimento de governo com uma simples troca de Presidente
e, tampouco, quando um determinado partido chega ao poder, sucedendo à administração de
um rival. O reconhecimento de governo não tem lugar nesses casos, obviamente. O problema
de tal reconhecimento vem à tona com as grandes rupturas políticas e sociais, a exemplo da
revolução russa de 1917 ou da confessionalização do Estado iraniano em 1979, bem como a
1 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
497.
quebra da continuidade política, tal como se deu no Brasil em 1930 e 1964, na Argentina em
1966, no Peru em 1968, no Chile em 1973 e no Haiti em 1991.2
As alternativas “d” e “e” versam sobre as doutrinas relativas ao reconhecimento de governo. Paulo Henrique
Gonçalves Portela bem as resume:
Como se denota da leitura do texto acima, a alternativa “d” é a correta, que deveria ser assinalada como
resposta. Com efeito, o intento da doutrina Tobar, ao condicionar o reconhecimento de governo ao apoio
popular, era evitar o reconhecimento de governos despóticos, que tivessem tomado o poder à força,
contra a vontade do povo.
Por fim, errada a alternativa “e”, já que para a doutrina Estrada o reconhecimento de governo desrespeitaria
– e não reforçaria – a soberania estatal.
b) A partir dos acordos de Bretton Woods, de 1944, foram criados o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 507.
3 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 175.
COMENTÁRIO
A alternativa “b” também está equivocada, uma vez que a partir dos acordos de Bretton Woods, de
1944, foram criados o FMI e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD ou
Banco Mundial) – e não o Banco Interamericano de Desenvolvimento/BID. Os acordos de Bretton Woods
também serviram de embrião à conclusão do GATT (Acordo Geral da Tarifas e Comércio), em 1947, e
posteriormente à criação da Organização Mundial do Comércio.
O maior objetivo da NOEI era, em síntese, “atender aos países pobres e eliminar o
subdesenvolvimento”. Entretanto, a NOEI entrou em ostracismo a partir dos anos 90, com o
fortalecimento do pensamento neoliberal e, portanto, premissas ligadas a noções como livre
mercado, redução da interferência do Estado na economia, competitividade, exploração das
vantagens comparativas, desregulamentação, diminuição das barreiras aos fluxos internacionais
de bens e de serviços etc.4
A alternativa “d” está certa ao afirmar que a UNCTAD é o organismo da ONU que visa a promover o
desenvolvimento e a integração na economia mundial dos países menos desenvolvidos. Porém, está
errada ao asseverar que apenas Estados em desenvolvimento são seus membros.
Com efeito, do site5 oficial da UNCTAD na internet infere-se a informação de que esse organismo possui
194 Estados membros, dentre os quais Estados Unidos da América, Alemanha, França, Reino Unido,
Dinamarca, etc.
Por fim, a alternativa correta era a da alínea “e”, visto que, como afirma Paulo Henrique Gonçalves Portela
ao tratar do Banco Mundial: “(...) o número de votos dos entes estatais nas deliberações da organização é
diretamente proporcional ao volume de capital alocado para a entidade”6.
b) O TPI tem jurisdição sobre pessoas que à época da alegada prática do crime tinham
4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 401.
5 http://unctad.org/en/Pages/AboutUs.aspx
6 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 408.
menos de 18 anos, mas que à data da denúncia já tenham superado essa idade.
c) A competência do TPI se limita aos crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto
de Roma.
d) O TPI poderá aplicar pena de prisão perpétua se o elevado grau de ilicitude do fato e as
condições pessoais do condenado o justificarem.
e) As penas privativas de liberdade impostas pelo TPI devem ser cumpridas num Estado
indicado pelo Tribunal a partir de uma lista de países que tenham manifestado a sua
disponibilidade para receber condenados, podendo, a qualquer momento, o TPI decidir
pela transferência de um condenado para prisão em outro Estado.
COMENTÁRIO
A alternativa “a” está correta, ao passo que o artigo 29 do Estatuto de Roma do TPI prevê que “os crimes
da competência do Tribunal não prescrevem”.
Já a alternativa “b” está incorreta e, portanto, deveria ser assinalada como resposta. Isso porque, como
dispõe o artigo 26 do Estatuto de Roma: “O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da
alegada prática do crime, não tenham ainda completado 18 anos de idade”. Ou seja, para fins de verificação
da competência do Tribunal interessa a idade (de 18 anos, no mínimo) do acusado à época da prática do
crime e não da respectiva denúncia.
A alternativa “c” está de acordo com o artigo 11, parágrafo 1, do Estatuto de Roma, o qual dita que: “O
Tribunal só terá competência relativamente aos crimes cometidos após a entrada em vigor do presente
Estatuto”. Correta, portanto.
A afirmação da alternativa “d” está prevista na alínea “b” do parágrafo 1 do artigo 77 do Estatuto de Roma,
que prevê a aplicação, pelo TPI, da “pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as
condições pessoais do condenado o justificarem”.
Por fim, correta a alternativa “e”, pois de acordo com o artigo 103, parágrafo 1, alínea “a” e com o artigo
104, parágrafo 1, do Estatuto de Roma, in verbis:
Artigo 103 - Função dos Estados na Execução das Penas Privativas de Liberdade
1. As penas privativas de liberdade serão cumpridas num Estado indicado pelo Tribunal a partir
de uma lista de Estados que lhe tenham manifestado a sua disponibilidade para receber pessoas
condenadas
(...)
1. O Tribunal poderá, a qualquer momento, decidir transferir um condenado para uma prisão
de um outro Estado.
19. Assinale a alternativa incorreta no que tange à diferenciação entre asilo e refúgio:
COMENTÁRIO
As diferenças entre asilo e refúgio são muito bem resumidas e delineadas por Valério Mazzuoli:
Enquanto o asilo é regulado por tratados multilaterais bastante específicos de âmbito regional,
que nada mais fizeram do que expressar o costume até então aplicado no Continente
Americano, o refúgio tem suas normas elaboradas por uma organização (com alcance global) de
fundamental importância vinculada às Nações Unidas: o Alto Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados (ACNUR). Por outro lado, enquanto o refúgio tem natureza claramente
humanitária, o asilo tem natureza tipicamente política [B]. Ademais, enquanto para a
concessão do primeiro basta um fundado temor de perseguição, para a concessão do
segundo necessário se faz uma perseguição concreta (ou seja, já materializada) [C].
Outra diferença está no fato de ser a concessão do asilo medida discricionária do estado,
ao passo que para a concessão do refúgio há requisitos (de ordem internacional e
interna) a serem observados, os quais, estando completos, fazem com que a concessão
do refúgio se efetive [D]. Acrescente-se ainda que a extraterritorialidade (elemento essencial
do conceito de refúgio) não se faz presente, v.g., para a concessão do asilo diplomático. No que
tange ao Direito brasileiro, igualmente, os institutos do asilo e do refúgio recebem tratamento
jurídico totalmente diferenciado: enquanto do primeiro cuidam a Constituição, o Estatuto
do Estrangeiro e seu Regulamento, do segundo versa exclusivamente a Lei nº 9.474, de
22 de julho de 1997 [A].
Como se infere das lições acima transcritas, negritadas e sinalizadas de acordo com as assertivas constantes
na questão, a alternativa incorreta é aquela da alínea “a”.
Isso porque a Lei nº 9.474/1997 versa sobre refúgio e não sobre asilo. Da mesma forma, o Estatuto do
Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980 – arts. 28 e 29) trata apenas de asilo, nada mencionando quanto ao instituto
do refúgio.
Considerando que o tema refúgio tem dominado o noticiário, ante o imenso número de pessoas que
tem chegado à Europa fugindo de guerras e da imposição de condições desumanas em seus países de
origem, creio que essa é uma matéria que pode muito bem ser cobrada nas provas vindouras para os
cargos de Procurador da Fazenda Nacional e Advogado da União. Portanto, vale a pena revisar os temas
refúgio e asilo nessa reta final!
DIREITO EMPRESARIAL
a) A regra do Código Civil que faculta aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou
no da separação obrigatória aplica-se, conforme entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, tanto às sociedades simples quanto às sociedades empresárias.
c) O nome empresarial, nas sociedades limitadas, pode ser constituído tanto sob razão
social quanto sob denominação.
d) Conforme expressa previsão legal, a pessoa natural que constituir empresa individual de
responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
e) Segundo a lei que rege as sociedades anônimas (Lei n.º 6404/76 - LSA), o direito a voto
é inerente à condição de sócio.
7 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
827-828.
COMENTÁRIO
a) De fato, prevê o Código Civil, em seu Art. 977, que “Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre
si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da
separação obrigatória”. Com efeito, o STJ, por sua 3ª Turma, ao decidir o REsp 1058165/RS, se manifestou
no sentido de que essa regra se aplica tanto às sociedades simples quanto às empresárias, verbis:
Direito Empresarial e Processual Civil. Recurso especial. Violação ao art. 535 do CPC.
Fundamentação deficiente. Ofensa ao art. 5º da LICC. Ausência de prequestionamento.
Violação aos arts. 421 e 977 do CC/02. Impossibilidade de contratação de sociedade entre
cônjuges casados no regime de comunhão universal ou separação obrigatória. Vedação legal
que se aplica tanto às sociedades empresárias quanto às simples. - Não se conhece do recurso
especial na parte em que se encontra deficientemente fundamentado. Súmula 284/STF. -
Inviável a apreciação do recurso especial quando ausente o prequestionamento do dispositivo
legal tido como violado. Súmula 211/STJ. - A liberdade de contratar a que se refere o art. 421
do CC/02 somente pode ser exercida legitimamente se não implicar a violação das balizas
impostas pelo próprio texto legal. - O art. 977 do CC/02 inovou no ordenamento jurídico
pátrio ao permitir expressamente a constituição de sociedades entre cônjuges, ressalvando
essa possibilidade apenas quando eles forem casados no regime da comunhão universal
de bens ou no da separação obrigatória. - As restrições previstas no art. 977 do CC/02
impossibilitam que os cônjuges casados sob os regimes de bens ali previstos contratem
entre si tanto sociedades empresárias quanto sociedades simples. Negado provimento
ao recurso especial. (REsp 1058165/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/04/2009, DJe 21/08/2009)
b) A assertiva está correta, conforme disposição do §1º do Art. 994 do Código Civil. Sobre o tema, Marlon
Tomazette explica que:
c) O Art. 1.054 do Código Civil prevê, acerca das sociedades limitadas, que “O contrato mencionará, no
que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social. Mais especificamente, o Art. 1.058
do Código Civil prevê que “Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas
pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura.” Assim, a assertiva está correta. No ponto, Marlon
Tomazette explica que essa possibilidade “reforça a natureza híbrida de tal sociedade” (Curso de Direito
Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., pág. 354).
d) A Lei n.º 12.441/2011 inseriu no Código Civil, através do Art. 980-A, a figura da Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada. Dentre outras previsões, estabeleceu o legislador que “A pessoa natural
que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única
empresa dessa modalidade”. Assim, correta a assertiva.
e) O Art. 109 da LSA delimita quais são os direitos essenciais dos acionistas de uma sociedade anônima,
ou seja, os direitos que nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar os acionistas. Vejam:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos
de:
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
Notem, assim, que o direito a votar não está nesse rol. A esse contexto, deve ser somado o contido no
§2º do Art. 15 da Lei das Sociedades Anônimas, segundo o qual:
§ 2º O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito,
não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001)
Assim, considerando que o direito a voto pode ser tanto mitigado quanto mesmo eliminado em
determinadas classes de ações, a assertiva está incorreta.
2002, por meio do art. 50, reproduziram-se com fidelidade os ideais originários da disregard
doctrine.
e) Para além das situações previstas no Código de Defesa do Consumidor, na Lei Antitruste,
na Lei que regula os Crimes Ambientais e no Código Civil de 2002, o ordenamento jurídico
previu, nos mesmos moldes, a aplicação da disregard doctrine no art. 135, III, do CTN, ao
prever a responsabilidade pessoal dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social
ou estatutos.
COMENTÁRIO
a) O item está correto, e reproduz entendimento da Segunda Seção do STJ firmado no julgamento do
EREsp 1.306.553-SC, recentemente noticiado no Informativo n.º 554:
O encerramento das atividades da sociedade ou sua dissolução, ainda que irregulares, não são
causas, por si sós, para a desconsideração da personalidade jurídica a que se refere o art. 50
do CC. Para a aplicação da teoria maior da desconsideração da personalidade social - adotada
pelo CC -, exige-se o dolo das pessoas naturais que estão por trás da sociedade, desvirtuando-
lhe os fins institucionais e servindo-se os sócios ou administradores desta para lesar credores ou
terceiros. É a intenção ilícita e fraudulenta, portanto, que autoriza, nos termos da teoria adotada
pelo CC, a aplicação do instituto em comento. Especificamente em relação à hipótese a que se
refere o art. 50 do CC, tratando-se de regra de exceção, de restrição ao princípio da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica, deve-se restringir a aplicação desse disposto legal a casos
extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido instrumento para fins fraudulentos, configurado
mediante o desvio da finalidade institucional ou a confusão patrimonial. Dessa forma, a ausência
de intuito fraudulento afasta o cabimento da desconsideração da personalidade jurídica, ao
menos quando se tem o CC como o microssistema legislativo norteador do instituto, a afastar
a simples hipótese de encerramento ou dissolução irregular da sociedade como causa bastante
para a aplicação do disregard doctrine. Ressalte-se que não se quer dizer com isso que o
encerramento da sociedade jamais será causa de desconsideração de sua personalidade, mas
que somente o será quando sua dissolução ou inatividade irregulares tenham o fim de fraudar
a lei, com o desvirtuamento da finalidade institucional ou confusão patrimonial. Assim é que o
enunciado 146, da III Jornada de Direito Civil, orienta o intérprete a adotar exegese restritiva no
exame do artigo 50 do CC, haja vista que o instituto da desconsideração, embora não determine
a despersonalização da sociedade - visto que aplicável a certo ou determinado negócio e que
impõe apenas a ineficácia da pessoa jurídica frente ao lesado -, constitui restrição ao princípio
da autonomia patrimonial. Ademais, evidenciando a interpretação restritiva que se deve dar ao
dispositivo em exame, a IV Jornada de Direito Civil firmou o enunciado 282, que expressamente
afasta o encerramento irregular da pessoa jurídica como causa para desconsideração de sua
personalidade: “O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não
basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica”. Entendimento diverso conduziria,
no limite, em termos práticos, ao fim da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, ou seja,
regresso histórico incompatível com a segurança jurídica e com o vigor da atividade econômica.
Precedentes citados: AgRg no REsp 762.555-SC, Quarta Turma, DJe 25/10/2012; e AgRg no REsp
1.173.067/RS, Terceira Turma, DJe 19/6/2012. EREsp 1.306.553-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014.
b) Item correto. Prezados, especialmente nas fases discursivas e de provas orais, é muito importante saber
a origem histórica dos principais institutos jurídicos. Sendo a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica um dos temas mais relevantes do Direito Empresarial, é obrigação do candidato bem preparado
fazer esse retrospecto histórico, muito bem delineado pelo professor André Luiz Santa Cruz Ramos:
(...)
(...)
José Lamartine Corrêa, autor da mais completa obra sobre as pessoas jurídicas no Brasil,
também aponta que a teoria da desconsideração já era aplicada no Brasil há bastante tempo
pela jurisprudência nos casos em que se caracterizava o desvio de finalidade das sociedades.
(...)
Somente em 1990, todavia, a disregard doctrine teve regulamentação legal no Direito brasileiro,
com a edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), o qual, em seu 3ft 28, tratou
especificamente do tema, dispondo que “o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da
(...)
Em 1998, com a edição da Lei 9.605, que regula os crimes ambientais, mais uma vez o legislador
regulamentou o tema da desconsideração da personalidade jurídica.
(...)
A despeito de terem sido inovadoras, as três leis acima mencionadas, além de não servirem
como regra geral de aplicação da teoria, por terem sua incidência restrita às matérias específicas
que regulam, receberam duras e justas criticas da doutrina, sobretudo dos comercialistas. Com
efeito, as normas acima transcritas não condizem com as formulações doutrinárias que deram
origem à disregard doctrine, prevendo a sua aplicação em casos para os quais o ordenamento
jurídico já contém remédios eficientes, como acontece nas situações de excesso de poder ou de
prática de ato ilícito, com infração da lei, dos estatutos ou do contrato social. Ademais, a previsão
normativa constante do art. 28, § 5.0, do CDC, copiada pela lei de crimes ambientais, consagra
a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica quando há a demonstração de
mero prejuízo do credor, o que não se justifica; Ocorre que com a edição do Código Civil de 2002
a teoria da desconsideração recebeu novo tratamento legislativo; e dessa vez o legislador editou
dispositivo que reflete, com fidelidade, os ideais originais da disegard doctrine. Com efeito, o art.
50 do Código Civil estabeleceu que “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de
certas e determinadas obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica”. (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial. 4.
ed. – Juspodivm – 2010, páginas 335-342).
c) Item correto. Mais uma vez, a conclusão é do Superior Tribunal de Justiça, que, ao apreciar o REsp
1.315.110, noticiado no Informativo n.º 524, decidiu da seguinte forma:
com o contrato social, não exerça funções de gerência ou administração. É certo que, a despeito
da inexistência de qualquer restrição no art. 50 do CC/2002, a aplicação da desconsideração
da personalidade jurídica apenas deve incidir sobre os bens dos administradores ou sócios
que efetivamente contribuíram para a prática do abuso ou fraude na utilização da pessoa
jurídica. Todavia, no caso de sociedade limitada modesta na qual as únicas sócias sejam mãe
e filha, cada uma com metade das quotas sociais, a titularidade de quotas e a administração
da sociedade se confundem, situação em que as deliberações sociais, na maior parte das vezes,
ocorrem no dia a dia, sob a forma de decisões gerenciais. Nesse contexto, torna-se difícil apurar
a responsabilidade por eventuais atos abusivos ou fraudulentos. Em hipóteses como essa, a
previsão no contrato social de que as atividades de administração serão realizadas apenas por
um dos sócios não é suficiente para afastar a responsabilidade dos demais. Seria necessária,
para tanto, a comprovação de que um dos sócios estivera completamente distanciado da
administração da sociedade. REsp 1.315.110-SE, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 28/5/2013.
Faço o alerta para a relevância desse julgado, que já foi, inclusive, explorado na prova discursiva do
último concurso da PGDF, na seguinte questão: “Em sede de cumprimento de sentença de ação de
indenização por ato ilícito, em razão de fraude praticada por sociedade empresarial de sociedade
limitada, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal, ao verificar a insuficiência de patrimônio da empresa,
requereu a desconsideração da personalidade jurídica da entidade, para que o referido procedimento
recaísse sobre os bens particulares dos dois únicos sócios da referida sociedade, pai e filho, cada um,
segundo o contrato social da empresa, com metade das quotas sociais, sendo apenas um incumbido pela
administração da empresa, embora, no dia a dia, ambos participassem das decisões empresariais. Em
face dessa situação hipotética, indique a teoria aplicável ao caso [valor: 2,00 pontos] e os requisitos para
a desconsideração da personalidade jurídica [valor: 4,30 pontos]. Analise, ainda, se há a possibilidade,
segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, de a desconsideração recair sobre os
bens de ambos os sócios [valor: 3,00 pontos] e aponte os requisitos necessários à implementação ao
referido procedimento [valor: 5,00 pontos].”
Atualmente, o art. 50 do Código Civil é o dispositivo que melhor reproduz no ordenamento interno as
bases conceituais da disregard doctrine. Quanto ao CDC, à Lei Antitruste e à Lei de Crimes Ambientais, são
normas internas que positivaram a desconsideração da personalidade jurídica sob o viés da teoria menor,
segundo a qual, nas palavras de Cristiano Chaves,
(...) a teoria menor trata como desconsideração da personalidade jurídica toda e qualquer hipótese
de comprometimento do patrimônio pessoal do sócio por obrigação da empresa. Fundamenta
o seu cerne no simples prejuízo do credor para afastar a autonomia patrimonial da pessoa
jurídica. Equivale a dizer: para a teoria maior a desconsideração depende de requisito específico
(subjetivo ou objetivo), razão pela qual, nem todo caso de responsabilização pessoal do sócio
configura hipótese de incidência do disregard doctrine, enquanto a teoria menor considera que
toda e qualquer hipótese de responsabilização do sócio por dívida da empresa é um caso de
desconsideração. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil –
parte geral e LINDB – vol. 1. 10ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador / BA: 2012, p. 454).
Da parte da jurisprudência, reproduzimos didático julgado da Terceira Turma do STJ a respeito das Teorias
Maior e Menor:
Explica a Min. Relatora que são duas as principais teorias adotadas no ordenamento jurídico
pátrio: a teoria maior da desconsideração(consagrada no art. 50 do CC/ 2002) - é a mais usada
-, nela mera demonstração da insolvência da pessoa jurídica não constitui motivo suficiente
para a desconsideração da personalidade jurídica, pois se exige a prova de insolvência ou
a demonstração de desvio de finalidade (ato intencional dos sócios fraudar terceiros) ou a
demonstração de confusão patrimonial (confusão quando não há separação do patrimônio da
pessoa jurídica e de seus sócios). Já na outra, a teoria menor da desconsideração, justifica-se a
desconsideração pela simples comprovação da insolvência de pessoa jurídica, e os prejuízos são
suportados pelos sócios, mesmo que não exista qualquer prova a identificar a conduta culposa
ou dolosa dos sócios ou administradores. Essa teoria tem-se restringido apenas às situações
excepcionalíssimas. Na hipótese dos autos, a desconsideração jurídica determinada pelo TJ
baseou-se na aparente insolvência da empresa recorrente, pelo fato de ela não mais exercer
suas atividades no endereço em que estava sediada, sem, contudo, demonstrar a confusão
patrimonial nem desvio de finalidade. Por isso, tal entendimento não pode prosperar, sendo de
rigor afastar a desconsideração da personalidade jurídica da recorrente. Diante do exposto, a
Turma deu provimento ao recurso especial. REsp 970.635-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/11/2009, noticiado no Informativo n.º 415.
Pois bem. Para além das tradicionais hipóteses de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica
positivadas em nosso ordenamento, existem situações que, embora semelhantes à sistemática da disregard
doctrine, tratam de institutos diversos, como é o caso da imputação direta da responsabilidade decorrente
da prática de atos ilícitos. Como explica André Luiz Santa Cruz Ramos,
Em casos de prática de atos ilícitos ou com infração dos estatutos ou contrato social, por exemplo,
não é necessária a desconsideração da personalidade jurídica para a responsabilização dos
sócios ou administradores que praticaram tais atos, uma vez que, nessas hipóteses, o próprio
ordenamento jurídico já estabelece a sua responsabilização pessoal e direta pelas obrigações
decorrentes desses atos. A aplicação da teoria da desconsideração nesses casos, pois, é
completamente desnecessária. (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial.
4. ed. – Juspodivm – 2010, páginas 343-344)
Ademais, como destaca o professor André Luiz, prova de que a aplicação do art. 135, III, do CTN é
questão específica, que difere, portanto, da disregard doctrine, é o fato de que ela só é cabível nos casos
de dívida tributária (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Op. cit., p. 345).
Assim, o item “e” é o incorreto, porquanto se reporta ao dispositivo do Código Tributário Nacional como
hipótese de aplicação da disregard doctrine, quando, na verdade, trata-se de hipótese de imputação
direta de responsabilidade.
DIREITO CIVIL
e) A usucapião especial por abandono do lar, segundo a qual aquele que exercer, por 2 anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano
de até 250 metros quadrados, cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
c) I, V, estão incorretas.
COMENTÁRIO
O item I está incorreto. Consigna o art. 1.242, do Código Civil, que “adquire também a propriedade do
imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos”. Desta
forma, temos os seguintes requisitos legais: (i) posse mansa, pacífica e ininterrupta por 10 anos; (ii) justo
título; (iii) boa-fé subjetiva - nos termos do art. 1.201, CC. O Superior Tribunal de Justiça entende que a
promessa de compra e venda é considerada justo título para fins de reconhecimento de usucapião.
Nesse sentido, destaco o Enunciado n. 86 da CJF/STJ, segundo o qual: “a expressão “justo título” contida
nos arts. 1.242 e 1.260 do Código Civil abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a
propriedade, independentemente de registro”.
Por fim, importante apontar que o parágrafo único do art. 1.242, CC, trata da usucapião ordinária por
posse trabalho, com redução de prazo, na luz do cumprimento da função social da propriedade, dispondo
que “será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente,
com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores
nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”. Ver:
Enunciado n. 569/CJF/STJ.
O item II está incorreto. O Código Civil prescreve em seu art. 1.238, que “aquele que, por quinze anos, sem
interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente
de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis”.
3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 499.882/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 24/06/2014, DJe 01/08/2014).
O item III está correto. A usucapião especial rural tem tratamento normativo na Constituição Federal e
no Código Civil, respectivamente, vejamos:
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
8 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 733.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Podemos destacar os seguintes requisitos: (i) área localizada em zona rural e não superior a 50 hectares;
(ii) posse sem oposição, com animus domini e por 5 anos; (iii) o imóvel deve ser utilizado para subsistência
ou trabalho [pro labore] – ex: agricultura, extrativismo, sendo essencial que a pessoa ou a família, por sua
força de trabalho, esteja tornando a terra produtiva; (iv) não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural. Ainda, não há previsão de justo título ou boa-fé, sendo tais elementos presumidos de forma
absoluta – iure et de iure, em razão da destinação dada ao imóvel, atendendo a sua função social.
Enunciados do CJF/STJ
Enunciado 312. Observado o teto constitucional, a fixação da área máxima para fins de usucapião
especial rural levará em consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.
Enunciado 313. Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível
a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se
quer usucapir.
O item IV está correto. A usucapião especial urbana ou constitucional, está disciplinada no art. 183,
caput, da Constituição Federal, art. 1.240, do Código Civil e art. 9º, da Lei n. 10.257/2001.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
Art. 9º. Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de
seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. [Accessio
Possessionis – soma das posses].
Assim, em resumo, temos os seguintes requisitos: (i) área urbana não superior a 250 m²; (ii) posse mansa,
pacífica, sem oposição e com animus domini, por 5 anos ininterruptos; (iii) o imóvel deve ser utilizado
para sua morada ou de sua família; (iv) não pode ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano; (v) a
usucapião especial urbana não pode ser deferida mais de uma vez.
Enunciados do CJF/STJ
Enunciado 85. Para efeitos do art. 1.240, caput, do novo Código Civil, entende-se por “área
urbana” o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios
edilícios.
Enunciado 313. Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível
a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se
quer usucapir.
Enunciado 314. Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de limite de
metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum.
O item V está correto. A usucapião especial urbana por abandono do lar foi inserida no ordenamento
jurídico por meio da Lei n. 12.424/2011, acrescentando no Código Civil o art. 1.240-A, segundo o qual:
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º. O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
A presente usucapião tem algumas semelhanças com a usucapião especial urbana, no entanto, apresenta
novidade quanto à redução do prazo para dois anos, que é inclusive inferior ao prazo para usucapião
de bens móveis, que é de três anos. São fatores essenciais para incidência da norma: (i) abandono do
lar; (ii) moradia com posse direta. A previsão normativa alcança cônjuges e companheiros, admitindo,
inclusive, companheiros homoafetivos, tendo em vista o reconhecimento da união homoafetiva como
entidade familiar, equiparada à união estável. Segundo 9Tartuce, “consigne-se que em havendo disputa,
judicial ou extrajudicial, relativa ao imóvel, não ficará caracterizada a posse ad usucapionem,
não sendo o caso de subsunção do preceito. Eventualmente, o cônjuge ou companheiro que abandonou
o lar pode notificar o ex-consorte anualmente, para demonstrar o impasse relativo ao bem, afastando o
cômputo do prazo”. Ainda, importante destacar três conclusões apontadas pela doutrina: (i) a expulsão do
lar do cônjuge ou companheiro não pode ser considerado abandono – atos de violência; (ii) o prazo de 2
anos tem início a partir da entrada de vigência da Lei n. 12.424/2011; (iii) não é requisito para a usucapião
o divórcio ou a dissolução da união estável.
Enunciados do CJF/STJ
Enunciado 498. A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova
modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n.
12.424/2011.
Enunciado 502. O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide
com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código.
9 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 737.
e) A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil. Cessará, para os menores, a incapacidade, pelo
exercício de atividade empresarial, pelo emprego público efetivo, cargo em comissão e
função de confiança, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está correta. Carlos Roberto Gonçalves10 ensina-nos que “Clóvis define emancipação
como a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. Consiste, desse modo, na antecipação da
aquisição da capacidade de fato ou de exercício (aptidão para exercer por si só os atos da vida civil). Pode
decorrer de concessão dos pais ou de sentença do juiz, bem como de determinados fatos a que a lei
atribui esse efeito”. A emancipação, segundo o art. 5º, do Código Civil, pode acontecer de três formas:
(i) voluntária: art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte; (ii) judicial: art. 5º, parágrafo único, I, segunda
parte; (iii) legal: art. 5º, parágrafo único, II, III, IV e V – “fato que a lei atribui força para tanto”.
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.
A emancipação voluntária, regra geral, é definitiva, irretratável e irrevogável, no entanto, pode ser
desconstituída por vício de vontade – ex: dolo, erro, na linha do Enunciado 397, CJF/STJ, segundo o qual,
10 Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil I. 4ª Edição. Editora Saraiva. Pág. 127.
“a emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de
vontade”.
A alternativa “B” está incorreta. A emancipação voluntária é aquela que se dá “pela concessão dos pais,
ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação
judicial, [...] se o menor tiver dezesseis anos completos” – art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte, do
Código Civil. Portanto, percebe-se que a emancipação voluntária não pode ser concedida por meio de
instrumento particular. No caso de dissolução da sociedade conjugal, ficando a guarda do filho com um
dos genitores, não autoriza aquele que detiver a guarda do filho a conceder sozinho a emancipação,
uma vez que a perda da guarda não leva à retirada do Poder Familiar. Ademais, este deve ser exercido em
igualdade de condições entre o pai e a mãe. A expressão “ou um de deles na falta do outro”, constante
no dispositivo legal, deve ser entendido no sentido de que algum dos responsáveis estiver fisicamente
impossibilitado de comparecer, tais como: ausência, coma, morte, entre outros. Insta esclarecer que,
em havendo divergência na decisão dos pais, o juiz decide, nos termos do art. 1.631, parágrafo único,
do Código Civil, aplicando-se a regra padrão para o caso de conflito no exercício do Poder Familiar.
Importante consignar que a emancipação voluntária não afasta a responsabilidade civil dos pais pelos
atos praticados pelos filhos.
Enunciado CJF/STJ
Por fim, importante apontar que a emancipação voluntária concedida pelos pais deve ser registrada em
registro público, nos termos do art. 9º, II, do Código Civil.
A alternativa “C” está incorreta. A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos – art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte. A emancipação
judicial deve ser registrada em registro público, nos termos do art. 9º, II, do Código Civil. O Ministério
Público tem atribuição para intervir nas causas em que há interesses de incapazes, nos termos do art. 82,
I, do Código de Processo Civil. De acordo com o art. 91 e parágrafo único, da Lei n. 6.015/1973, “antes do
registro, a emancipação, em qualquer caso, não produzirá efeito”.
A alternativa “D” está incorreta. O casamento do menor trata-se de hipótese legal de emancipação,
que produz efeitos imediatos e não depende de registro ou decisão judicial. Com o casamento há
constituição de um novo núcleo familiar, de modo que não faria sentido que os cônjuges permanecessem
sob o Poder Familiar. Desta forma, a responsabilidade decorrente do casamento justifica essa hipótese
legal de emancipação. Segundo o Código Civil o homem e a mulher podem se casar a partir dos 16
anos – idade núbil, no entanto, a capacidade civil plena para os atos da vida em geral somente advém
aos 18 anos. Nesse norte, importante lembrar a norma contida no art. 1.517, do Código Civil, segundo
a qual, “o homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos
os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil”. Ensina-nos
Stolze e Pamplona11 que é “interessante notar que, mesmo havendo a dissolução da sociedade conjugal
(pelo divórcio, separação judicial ou morte), o emancipado não retorna à anterior situação de incapacidade
civil. Em caso de nulidade ou anulação, entendemos que a emancipação persiste apenas se o matrimônio
fora contraído de boa-fé (casamento putativo). Em caso contrário, retorna-se à situação de incapacidade”.
Nesse sentido, importante apontar a norma contida no art. 1.561, do Código Civil, que consigna que
“embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação
a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória”.
A alternativa “E” está incorreta. Consigna o Código Civil em seu art. 5º, parágrafo único, V, in verbis:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.
Perceba que a literalidade do dispositivo arrola as situações nas quais haverá emancipação do menor:
(i) estabelecimento civil ou comercial; (ii) relação de emprego. A emancipação, neste caso, encontra
11 Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. Direito Civil 1. Parte Geral. 16ª Edição. Pág. 163.
justificativa no fato de que tais situações afastam as dificuldades que a subordinação os genitores poderiam
acarretar na administração dos negócios ou no exercício do emprego particular, ao tempo que funciona
como instrumento para tutela de interesse de terceiros que de boa-fé estabelecem relações comerciais
com o menor. A doutrina entende que “ter economia própria” significa que o menor esteja auferindo renda
suficiente para não mais depender dos pais. Noutra banda, dispõe Código Civil que “cessa a menoridade
pelo exercício de emprego público efetivo” – art. 5º, parágrafo único, III. Nesse sentido, Tartuce12 ensina-nos
que “a regra deve ser interpretada a incluir todos os casos envolvendo cargos ou empregos públicos, desde
que haja nomeação de forma definitiva. Estão afastadas, assim, as hipóteses de serviços temporários
ou de cargos comissionados”.
a) Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha.
b) Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, na obrigação de dar coisa
incerta, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação.
Mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
COMENTÁRIO
12 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 88.
A alternativa “A” está incorreta. Consigna o Código Civil em seu art. 234, que trata sobre a responsabilidade
do devedor nos casos em que há, em obrigação de dar coisa certa, perda da coisa com culpa ou sem
culpa do devedor, in verbis:
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas
as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos.
è Perda da coisa sem culpa do devedor antes da tradição ou condição suspensiva: resolve-
se a obrigação.
Segundo o art. 236, do Código Civil, no caso de obrigação de dar coisa certa, havendo deterioração da
coisa com culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que
se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
è Deterioração da coisa com culpa do devedor: exigir o equivalente ou aceitar a coisa + perdas
e danos em ambos os casos.
A alternativa “B” está incorreta. A obrigação de dar coisa incerta, também denominada de obrigação
genérica, indica que a obrigação tem por objeto, ao menos inicialmente, coisa indeterminada indicada pelo
gênero e pela quantidade, sendo que a indicação quanto à qualidade ocorrerá em momento posterior [art.
243, CC]. A bem da verdade, o objeto da obrigação, nos termos do art. 104, II, do Código Civil, deve ser
reputado determinável. Desta forma, coisa incerta não significa qualquer coisa, mas coisa indeterminada,
porém suscetível de determinação futura. Essa escolha, também denominada de concentração, cabe,
em regra, ao devedor [art. 244, CC]. Noutra banda, importante destacar o princípio da equivalência das
prestações, segundo o qual a escolha do devedor não pode recair sobre a coisa que seja menos valiosa,
como também não poderá ser compelido a entregar a coisa mais valiosa.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence
ao devedor [concentração], se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
A alternativa “C” está correta. As obrigações compostas pela multiplicidade do objeto podem ser
classificadas em: (i) obrigação composta objetiva cumulativa ou conjuntiva, segundo Tartuce13: “o
sujeito passivo deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial.
Desse modo, a inexecução de somente uma das prestações já caracteriza o descumprimento obrigacional.
Geralmente, essa forma de obrigação é identificada pela conjunção e, de natureza aditiva”; (ii) obrigação
composta objetiva ou alternativa, nas palavras de Tartuce “trata-se da obrigação que se apresenta com
13 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 276 e 277.
mais de uma prestação, sendo certo que apenas uma delas deve ser cumprida pelo devedor. Normalmente,
a obrigação alternativa é identificada pela conjunção ou, que tem natureza disjuntiva, justificando a outra
nomenclatura dada pela doutrina”.
A alternativa “D” está incorreta. Importante perceber que a conversão da obrigação em perdas e
danos é uma das principais diferenças entre a obrigação solidaria ativa e a obrigação indivisível. Nos
termos do art. 271, do CC, havendo conversão da obrigação em perdas e danos a solidariedade subsistirá
para todos os efeitos. Noutra linha, a obrigação indivisível perde esta qualidade quando for convertida
em perdas em danos, nos termos do art. 263, do CC.
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores,
responderão todos por partes iguais.
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos,
a solidariedade.
A alternativa “E” está incorreta. Inicialmente, deve-se lembrar que a solidariedade não se presume,
decorre da lei ou da vontade das partes. Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver
sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Enunciados do CJF/STJ
Enunciado n. 348. O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a
qual deve derivar dos termos expressos da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do
recebimento da prestação pelo credor.
A obrigação divisível é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes.
Assim sendo, aquela se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores e
devedores, os quais assumem apenas parte da dívida fracionável, na linha do brocado concursu partes
fiunt – em havendo concurso de credores ou devedores a obrigação fraciona-se. Destaque-se que esta
divisão constitui uma presunção relativa – iuris tantum, que admite regra ou prova em sentido contrário.
II. O prazo para a propositura da ação rescisória é decadencial, e, dessa forma, não se
sujeita à suspensão, interrupção ou prorrogação caso o seu termo final recaia em dia no
qual não haja funcionamento da secretaria do Tribunal competente para dela conhecer.
III. A petição inicial da ação rescisória, para além de observar os requisitos essenciais do
art. 282 do CPC, deve estar acompanhada do depósito da importância de 5% (cinco por
cento) sobre o valor da causa. A ausência deste depósito na ação rescisória proposta pela
União implicará no indeferimento da respectiva petição inicial.
COMENTÁRIO
Item I. Incorreta, pois inverte a ordem dos entendimentos de nossos Tribunais Superiores acerca do
tema: o STJ é quem inadmite o trânsito em julgado sucessivo, ao passo que o STF é quem o tem por
admitir. Explico. O nominado capítulo da sentença é, em síntese, toda unidade autônoma contida na parte
dispositiva de uma decisão judicial, que tanto encerra uma decisão puramente processual quanto uma
decisão sobre o próprio mérito da contenda. Esclarecedoras, no ponto, as palavras de Fredie Didier Jr. e
Leonardo Carneiro da Cunha:
Recurso parcial é aquele que, em virtude da limitação voluntária, não compreende a totalidade
do conteúdo impugnável da decisão. O recorrente decide ou não impugnar todos os capítulos
recorríveis da decisão ou impugnar apenas uma parcela de um capítulo decisório. Os capítulos
acessórios reputam-se incluídos no pedido recursal, se acaso o recorrente impugne o capítulo
principal, mesmo que haja silêncio a respeito deles (p.ex.: se a parte recorre do montante
principal, este recurso abrange os capítulos relacionados aos juros, à correção monetária e
às verbas de sucumbência). O capítulo não impugnado fica acobertado pela preclusão – e,
se se tratar de capítulo de mérito, ficará imutável por força da coisa julgada material. Assim,
o tribunal, ao julgar o recurso parcial, não poderá adentrar o exame de qualquer aspecto
relacionado ao capítulo não impugnado, nem mesmo para constatar a ausência de um
“pressuposto processual” ou de uma condição da ação. Ao recorrente “arrependido” da opção
restará a ação rescisória (Curso de Direito Processual Civil, Vol. 3: Meios de impugnação às
decisões judiciais e processo nos Tribunais, 11ª Edição, 2013, p. 27).
trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, ainda que algum dos capítulos
da sentença ou do acórdão tenha se tornado irrecorrível em momento anterior. De fato, a
Súmula 401 do STJ dispõe que “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não
for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. Esse posicionamento leva
em consideração que o trânsito em julgado (requisito para o cabimento de ação rescisória)
somente se opera no momento em que a decisão proferida no processo não seja suscetível
de recurso (art. 467 do CPC). Dessa forma, não se deve admitir, para fins de ajuizamento de
ação rescisória, o trânsito em julgado de capítulos da sentença ou do acórdão em momentos
distintos. Entender de modo diverso causaria tumulto processual e indesejável insegurança
jurídica para as partes. Fica ressalvado que, caso mantida a proposta do novo Código de
Processo Civil ou alterada a jurisprudência pelas Turmas do egrégio Supremo Tribunal Federal
a respeito da matéria, a Corte deverá promover, no tempo oportuno, novo exame do
enunciado n. 401 da Súmula deste Tribunal. Precedentes citados: REsp 1.353.473-PR, Segunda
Turma, DJe 28/5/2013; AgRg no REsp 1.056.694-RS, Sexta Turma, DJe 27/2/2012; e AR 1.328-DF,
Primeira Seção, DJe 1º/10/2010. REsp 736.650-MT, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 20/8/2014.
Este é atualmente o posicionamento do STJ acerca do tema, com destaque para a existência de enunciado
sumular daquela Corte nesse sentido:
STJ, Súmula nº 401. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível
qualquer recurso do último pronunciamento judicial.
DECISÃO
Prazo para ação rescisória só corre depois da análise do último recurso, mesmo que intempestivo
A contagem do prazo para ajuizamento de ação rescisória só começa depois da última decisão
no processo judicial, mesmo que o recurso em análise seja considerado intempestivo. Para
os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a proposição de ação rescisória antes de
concluída a discussão sobre a tempestividade de recurso interposto atenta contra a economia
processual.
A decisão foi tomada na última quarta-feira (5) pela Corte Especial, no julgamento de embargos
de divergência apresentados pelo estado do Amazonas contra acórdão da Segunda Turma
do STJ, que havia negado recurso especial em ação rescisória. O objetivo da rescisória é
desconstituir decisão que determinou a inclusão de valores nos vencimentos de funcionária
Nos embargos de divergência, o estado do Amazonas insistiu em que o prazo para ajuizamento
da ação rescisória deve ser contado a partir da última decisão proferida no processo, ainda
que esta reconheça a intempestividade de recurso. O estado apresentou diversos julgados do
STJ com esse entendimento.
Insegurança jurídica
O relator dos embargos, ministro Raul Araújo, afirmou que a tese aplicada pela Segunda
Turma cria uma situação de profunda insegurança jurídica quanto ao início do prazo para a
rescisória. “A parte poderia perder o prazo em virtude da demora do tribunal em analisar o
recurso interposto, posteriormente declarado intempestivo”, cogitou.
“Estabelecer que o prazo da ação rescisória tivesse início antes do último pronunciamento
judicial sobre a admissibilidade do recurso interposto geraria situação de inegável instabilidade
no desenrolar processual”, completou.
“Seria grave a situação, porque estando pendente o julgamento do recurso, a parte não
disporia da certidão de trânsito em julgado e, sem essa certidão, sua ação rescisória dificilmente
seria recebida”, disse o relator no voto. Para o ministro, a ação rescisória seria “fundada na
eventualidade de uma coisa julgada cuja efetiva ocorrência ainda não estaria definida”.
Essas ponderações já foram analisadas pela Corte Especial, que em 2009 consolidou seu
entendimento na Súmula 401: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando
não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.” A única ressalva à tese
da súmula é a hipótese de má-fé do recorrente, uma vez que o processo não pode ser
instrumento para finalidade ilícita.
Nada obstante, paira ainda algum dissenso jurisprudencial acerca do tema, considerando o entendimento
do STF (a seguir exposto). Além disso, no projeto do novo Código de Processo Civil, consta previsão
admitindo esse fracionamento do início da contagem do prazo para a propositura da rescisória, variável
conforme o respectivo capítulo que se objetiva rescindir. Esses aspectos não passaram despercebidos
das considerações do Ministro Relator no REsp 736.650-MT (divulgado no informativo acima), o qual fez
expressamente consignar em seu voto, verbis:
Nesse ponto, no entanto, não se desconhece que o projeto do novo Código de Processo
Civil que tramita no Senado Federal propõe a coisa julgada progressiva. Também a Primeira
Turma do egrégio Supremo Tribunal Federal vem de adotar, em recente julgado de relatoria
No interessante voto proferido na ocasião pelo Min. Marco Aurélio ficou inclusive consignada menção ao
julgamento da Ação Penal nº 470/MG (“Mensalão”), ocasião na qual a Corte concluiu pela executoriedade
imediata dos capítulos autônomos do acórdão condenatório, declarando o respectivo trânsito em julgado,
excluídos aqueles objeto dos embargos infringentes pelos réus.
Item II. Incorreto. De fato, embora o prazo de 2 anos para propor a ação rescisória é de natureza
decadencial, o STJ admite a prorrogação de seu termo final, conforme o seguinte precedente divulgado
no Informativo nº 0553:
O termo final do prazo decadencial para propositura de ação rescisória deve ser prorrogado
para o primeiro dia útil subsequente quando recair em data em que não haja funcionamento
da secretaria do juízo competente. Preliminarmente, tendo em vista que o art. 495 do CPC
dispõe que “o direito de propor ação rescisória se extingue em dois anos, contados do trânsito
em julgado da decisão”, cabe examinar a data do trânsito em julgado da decisão, a partir da
qual se dá o termo inicial do prazo para a proposição da ação rescisória. Essa análise se faz
necessária, pois se observa a existência de divergência acerca da definição do termo inicial
do biênio decadencial (se do dia do trânsito em julgado ou do dia seguinte ao trânsito em
julgado), que ocorre, principalmente, em razão da imprecisão ao se definir o exato dia do
trânsito em julgado. A teor do disposto no § 3.º do art. 6.º da Lei de Introdução às normas
do Direito Brasileiro, “chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não
caiba mais recurso”, bem assim no art. 467 do CPC: “denomina-se coisa julgada material a
eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário”. Em uma linha: só há trânsito em julgado quando não mais couber recurso,
ou seja, há trânsito em julgado no dia imediatamente subsequente ao último dia do prazo
para o recurso em tese cabível contra a última decisão proferida na causa. Assim, em que
pese a existência de precedentes em sentido contrário, o termo inicial para o ajuizamento
da ação rescisória coincide com a data do trânsito em julgado da decisão rescindenda (STF,
AR 1.412-SC, Tribunal Pleno, DJe 26/6/2009; AR 1.472-DF, Tribunal Pleno, DJe 7/12/2007; e STJ,
AR 4.374-MA, Segunda Seção, DJe 5/6/2012). A regra para contagem do prazo bienal é a
estabelecida no art. 1.º da Lei 810/1949, qual seja, considera-se ano o período de doze meses
contados do dia do início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte”, fórmula que está em
consonância com aquela estabelecida também no art. 132, § 2.º, do CC, onde se lê: “os prazos
de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência. Consoante adverte amplo magistério doutrinário, o prazo para a propositura
da ação rescisória é decadencial, e, dessa forma, não estaria sujeito à suspensão ou interrupção.
Não obstante, a jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que, se o termo final do prazo
para ajuizamento da ação rescisória recair em dia não útil prorroga-se para o primeiro dia útil
subsequente. Ressalte-se que não se está a afirmar que não se trata de prazo decadencial,
pois esta é a natureza do prazo para o ajuizamento da ação rescisória. A solução apresentada
pela jurisprudência do STJ, que aplica ao prazo de ajuizamento da ação rescisória a regra geral
do art. 184, § 1.º, do CPC, visa a atender ao princípio da razoabilidade, evitando que se subtraia
da parte a plenitude do prazo a ela legalmente concedido. E, conforme já assentado pelo STJ,
“Em se tratando de prazos, o intérprete, sempre que possível, deve orientar-se pela exegese
mais liberal, atento às tendências do processo civil contemporâneo - calcado nos princípios
da efetividade e da instrumentalidade - e à advertência da doutrina de que as sutilezas da lei
nunca devem servir para impedir o exercício de um direito” (REsp 11.834-PB, Quarta Turma, DJ
30/3/1992). Precedentes citados: AgRg no REsp 1.231.666-BA, Primeira Turma, DJe 24/4/2012;
REsp 1.210.186-RS, Segunda Turma, DJe 31/3/2011; AgRg no REsp 966.017-RO, Quinta Turma,
DJe 9/3/2009; e EREsp 667.672-SP, Corte Especial, DJe 26/6/2008. REsp 1.112.864-MG, Rel. Min.
Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em 19/11/2014, DJe 17/12/2014.
Item III. Incorreto, pois o depósito do art. 488, II, do CPC, embora realmente implique no indeferimento
da inicial da AR, não se aplica à União, conforme o parágrafo único daquele mesmo artigo:
Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art.
282, devendo o autor:
II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa,
caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.
Embora a literalidade do art. 488, parágrafo único, ressalve apenas (além do MP) a União, Estados e
Munícipios, a jurisprudência estende referida dispensa às autarquias e fundações federais, por força do
art. 24-A da Lei nº 9.028/95 (fruto da MP 2.180-35/2001):
Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundações, são isentas de custas e emolumentos e demais
taxas judiciárias, bem como de depósito prévio e multa em ação rescisória, em quaisquer foros
e instâncias.
Súmula nº 175 do STJ. Descabe o depósito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS.
Item IV. Incorreto, pois o STF (RE 590809, Tribunal Pleno), revendo sua tradicional jurisprudência, passou
a entender pela impossibilidade do cabimento da demanda rescisória mesmo quando a jurisprudência da
Suprema Corte venha a ser alterada em sentido inverso à decisão albergada pelo manto da coisa julgada.
Vale dizer, mesmo em questões constitucionais deve ser observado o enunciado nº 343 da Súmula da
Jurisprudência da Corte. Prestigia-se aí o valor segurança jurídica, pois a rescisória se reserva a situações
excepcionalíssimas, ante a natureza de cláusula pétrea conferida pelo constituinte ao instituto da coisa
julgada. O entendimento na ocasião assentado foi inclusive objeto de divulgação no site do próprio
Supremo, nos termos seguintes:
Não cabe ação rescisória com base em mudança posterior de jurisprudência, decide STF.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão desta quarta-feira (22), que não cabe
ação rescisória contra decisões com trânsito em julgado, proferidas em harmonia com a
jurisprudência do STF, mesmo que ocorra alteração posterior do entendimento da Corte sobre
a matéria.
Com base nesse posicionamento, por maioria de votos, os ministros deram provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 590809, com repercussão geral reconhecida, por meio do qual
uma empresa metalúrgica do Rio Grande do Sul questiona acórdão de ação rescisória ajuizada
pela União, relativa a disputa tributária na qual houve mudança posterior de jurisprudência do
STF. No caso, a contribuinte questiona rescisória acolhida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF-4) referente à questão dos créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) de insumos adquiridos a alíquota zero. Segundo a contribuinte, a jurisprudência sobre
o tema no STF foi pacífica entre 1998 e 2004, no sentido de se admitir o creditamento do
IPI. A partir da reversão de entendimento, em 2007, a União teria iniciado o ajuizamento de
ações rescisórias a fim de recuperar os créditos obtidos judicialmente. No recurso, alega que
a mudança na jurisprudência não pode ferir o princípio da segurança jurídica.
Relator
que a rescisória deve ser reservada “a situações excepcionalíssimas, ante a natureza de cláusula
pétrea conferida pelo constituinte ao instituto da coisa julgada”. Segundo o ministro, “não se
trata de defender o afastamento da rescisória, mas de prestigiar a coisa julgada, se, quando
formado o teor da solução do litígio, dividia interpretação dos tribunais pátrios”, ou ainda,
concluiu, “se contava com ótica do próprio STF favorável à tese adotada”.
Com esse argumento, o relator votou pelo provimento do recurso para reformar o acórdão
recorrido e restabelecer a decisão anterior, atacada na ação rescisória, no tocante ao direito
da recorrente ao crédito do IPI quanto à aquisição de insumos e matérias-primas isentas, não
tributados e sujeitos a alíquota zero.
Na ocasião, ele foi acompanhado pelo ministro Dias Toffoli, que também deu provimento ao
recurso, porém com fundamento diverso do relator. O ministro Toffoli assentou a decadência
da propositura da ação rescisória. Após o segundo voto pela procedência, a ministra Carmén
Lúcia pediu vista dos autos. Votos
Na sessão desta quarta-feira (22), ao proferir seu voto-vista, a ministra Cármen Lúcia
acompanhou integralmente o voto do relator. No mérito, lembrou a ministra, a discussão está
em saber se pode ser rescindido acórdão cujo entendimento foi alterado três anos depois da
decisão proferida. Isso porque a decisão de mérito nesse caso foi em 2004, e a mudança na
jurisprudência ocorreu em 2007. “O que a União faz agora é tentar rescindir, com base numa
agressão à literal disposição de lei, o que violação a literal disposição de lei não é”, disse a
ministra.
Divergência
Para o ministro Teori Zavascki, que votou pelo desprovimento do recurso, a pretensão da
recorrente está centrada na tese de que, em nome da segurança jurídica, a orientação do
STF no julgamento do RE 353657 (que firmou novo entendimento sobre o tema) devia ter
efeitos apenas prospectivos – daquela data em diante –, exatamente porque teria causado
uma mudança na jurisprudência. Seria uma modulação temporal dos efeitos.
Para o ministro, as consequências de uma decisão nesse sentido precisam ser medidas. A
aplicação de efeitos apenas prospectivos das decisões da Suprema Corte deve ser acolhida
como exceção. Isso porque, para o ministro, a regra do STF é o tratamento igualitário.
III. Embora o mandado de segurança constitua ação adequada para a declaração do direito
à compensação tributária, revela-se ele incabível para convalidar compensação tributária
realizada pelo contribuinte.
COMENTÁRIO
Art. 22. § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após
a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
Atentar, contudo, que tal previsão não alcança o mandado de segurança individual, no qual a liminar pode
ser concedida independentemente de prévia oitiva do ente público, uma vez preenchidos os requisitos do
art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2009:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante
e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida,
sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar
o ressarcimento à pessoa jurídica.
§ 1º Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo
de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil.
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.
Item II. Incorreto, pois na linha da Súmula 625 do STF, a “Controvérsia sobre matéria de direito não
impede concessão de mandado de segurança”. Observe, nesse sentido, que a expressão “direito líquido
e certo” não se releva a mais adequada, vez que a vedação da utilização do MS relaciona-se não com os
argumentos jurídicos expendidos pelo postulante, mas sim com os fatos em que se ampara a pretensão.
Trata-se o writ de ação criada exclusivamente para a discussão de matéria jurídica, não havendo nele a
possibilidade de produção probatória.
Item III. Correto, conforme preveem os seguintes enunciados sumulares do STJ sobre o tema:
a) Quando ordenada por juiz incompetente a citação válida interrompe a prescrição, sendo
que, na cobrança judicial do crédito tributário, tal interrupção atualmente se verifica quando
da prolação do próprio despacho ordenatório da citação.
d) Por previsão legal expressa, caso o executado, citado, efetue o pagamento integral da
dívida, com seus acréscimos legais, poderá ser liberada eventual penhora existente, mesmo
em havendo outra execução fiscal contra si proposta em tramitação.
COMENTÁRIO
Letra a. Correta, pois, na linha do art. 219 do CPC, a citação, ainda quando ordenada por juiz incompetente,
interromperá o lustro prescricional:
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e,
ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a
prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 2º Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho
que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário.
§ 3º Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. § 4º
Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á
por não interrompida a prescrição.
A doutrina, nesse sentido, distingue os efeitos do ato citatório em materiais e processuais, os quais podem
ser assim sistematizados:
A citação válida:
A citação válida, ainda que ordenada por juiz incompetente:
a) induz litispendência
a) constitui em mora o devedor
b) faz coisa julgada
b) interrompe a prescrição
c) torna a coisa litigiosa.
Em âmbito tributário, ainda, conforme a regra especial do art. 174, I, do CTN (na redação da LC 118/2005),
a interrupção se verifica quando da prolação do próprio despacho ordenatório da citação:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição definitiva.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp
nº 118, de 2005)
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do
débito pelo devedor.
Letra b. Correta. Com efeito, tem-se que o art. 174, I, do Código Tributário Nacional deve ser interpretado
em conjunto com o disposto no art. 219, § 1º do Código de Processo Civil, de modo que o marco
interruptivo atinente à prolação do despacho em que ordenada a citação do executado deve retroagir
à data do ajuizamento do feito executivo. Destaca-se, nesse norte, a existência do seguinte precedente,
submetido à sistemática dos recursos representativos da controvérsia, oriundo da Primeira Seção do STJ,
e que chancela o entendimento favorável à Fazenda na hipótese:
(...) 13. Outrossim, o exercício do direito de ação pelo Fisco, por intermédio de ajuizamento
da execução fiscal, conjura a alegação de inação do credor, revelando-se incoerente a
interpretação segundo a qual o fluxo do prazo prescricional continua a escoar-se, desde a
constituição definitiva do crédito tributário, até a data em que se der o despacho ordenador
da citação do devedor (ou até a data em que se der a citação válida do devedor, consoante a
anterior redação do inciso I, do parágrafo único, do artigo 174, do CTN).
14. O Codex Processual, no § 1º, do artigo 219, estabelece que a interrupção da prescrição,
pela citação, retroage à data da propositura da ação, o que, na seara tributária, após as
alterações promovidas pela Lei Complementar 118/2005, conduz ao entendimento de que
o marco interruptivo atinente à prolação do despacho que ordena a citação do executado
retroage à data do ajuizamento do feito executivo, a qual deve ser empreendida no prazo
prescricional.
15. A doutrina abalizada é no sentido de que: “Para CÂMARA LEAL, como a prescrição decorre
do não exercício do direito de ação, o exercício da ação impõe a interrupção do prazo de
prescrição e faz que a ação perca a ‘possibilidade de reviver’, pois não há sentido a priori em
fazer reviver algo que já foi vivido (exercício da ação) e encontra-se em seu pleno exercício
(processo). Ou seja, o exercício do direito de ação faz cessar a prescrição. Aliás, esse é também
o diretivo do Código de Processo Civil: ‘Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo,
induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente,
constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1º A interrupção da prescrição
retroagirá à data da propositura da ação.’ Se a interrupção retroage à data da propositura da
ação, isso significa que é a propositura, e não a citação, que interrompe a prescrição. Nada
mais coerente, posto que a propositura da ação representa a efetivação do direito de ação,
cujo prazo prescricional perde sentido em razão do seu exercício, que será expressamente
reconhecido pelo juiz no ato da citação. Nesse caso, o que ocorre é que o fator conduta, que
é a omissãodo direito de ação, é desqualificado pelo exercício da ação, fixando-se, assim,
seu termo consumativo. Quando isso ocorre, o fator tempo torna-se irrelevante, deixando
de haver um termo temporal da prescrição.” (Eurico Marcos Diniz de Santi, in “Decadência e
Prescrição no Direito Tributário”, 3ª ed., Ed. Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 232/233)
17. Outrossim, é certo que “incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias
subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário” (artigo 219, § 2º, do CPC).
(REsp 1120295/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe
21/05/2010)
A não retroação somente não terá lugar quando a demora for imputável exclusivamente à Fazenda
exequente:
A retroação da citação disposta no art. 219, § 1º, do CPC não ocorre quando a demora é
imputável exclusivamente ao Fisco. Precedentes: REsp 1.228.043/RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 15.2.2011, DJe 24.2.2011; AgRg no AgRg no REsp 1.158.792/
SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 9.11.2010, DJe 17.11.2010.
Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou
decadência.
Letra c. Correta. Com efeito, o art. 28 da LEF prevê a possibilidade de que sejam reunidas diferentes
execuções fiscais ajuizadas em face do mesmo devedor, mediante o atendimento das seguintes
condicionantes:
Art. 28 - O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da unidade da garantia
da execução, ordenar a reunião de processos contra o mesmo devedor.
Na linha do que indica a própria literalidade de tal dispositivo (que se vale do termo “poderá”), editou o
STJ a Súmula nº 515, consolidando o entendimento de que a reunião das execuções fiscais caracteriza
faculdade do Juiz:
SÚMULA n. 515. A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade
do Juiz
Letra d. Incorreta (gabarito), pois a penhora não será levantada em havendo outra execução fiscal
proposta contra o devedor que efetua o pagamento do débito. Nesse sentido é a previsão do §2º do art.
53 da Lei nº 8.212/91:
Art. 53. Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,
será facultado ao exeqüente indicar bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente
com a citação inicial do devedor.
§ 1º Os bens penhorados nos termos deste artigo ficam desde logo indisponíveis.
§ 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo eles julgados improcedentes, os
autos serão conclusos ao juiz do feito, para determinar o prosseguimento da execução.
O dispositivo, pois, determina que o Juízo da execução fiscal, tendo o conhecimento de outros débitos
tributários existentes contra o devedor, mantenha, inclusive ex officio, a constrição judicial implementada,
ainda quando ela se mostre superior ao débito objeto da execução onde efetivada aquela medida.
O Superior Tribunal de Justiça, nessa toada, já teve a oportunidade de assentar a validade do indigitado
dispositivo:
da Execução Fiscal, que não autorizou a liberação de parte do valor penhorado, em razão
da existência de outros executivos fiscais contra a recorrente. 2. O Tribunal a quo, com base
no princípio da unidade da garantia, considerou legítima a atuação do magistrado. 3. Não se
configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem
julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada. No
acórdão recorrido, encontra-se motivação suficiente acerca do procedimento adotado pelo
magistrado. 4. Nos termos do art. 53, § 2°, da Lei 8.212/1991, “Efetuado o pagamento integral
da dívida executada, com seus acréscimos legais, no prazo de 2 (dois) dias úteis contados
da citação, independentemente da juntada aos autos do respectivo mandado, poderá ser
liberada a penhora, desde que não haja outra execução pendente”. 5. A pretensão recursal vai
de encontro à previsão contida no § 2° do art. 53 da Lei 8.212/1991, o qual determina que o
juízo da Execução Fiscal, mesmo após o pagamento integral da dívida executada, mantenha a
constrição judicial sobre os bens, se houver outro executivo pendente contra a mesma parte
executada. 6. Diante desse preceito, não há falar em violação do princípio da inércia, uma vez
que a própria lei confere ao magistrado o controle jurisdicional sobre a penhora e o poder de
não liberá-la, em havendo outra Execução pendente. 7. Se, ainda que diante de pagamento
integral, logo após a citação, os bens penhorados liminarmente não devem ser liberados, caso
haja outras execuções pendentes, é razoável admitir que o excesso de penhora verificado
num processo específico também não seja liberado, quando o mesmo devedor tenha contra si
outras Execuções Fiscais não garantidas. 8. O § 2° do art. 53 da Lei 8.212/1991 vem em reforço
do princípio da unidade da garantia da execução, positivado no art. 28 da Lei 6.830/1980. 9.
No tocante à alegação de que teria sido descumprido anterior acórdão do Tribunal a quo, o
acórdão recorrido é claro ao afirmar que a reserva determinada teve como referência processo
específico, não se tendo levado em consideração a possível existência de outras Execuções
(fl. 97). Sendo distintos os fatos, não há falar em ofensa ao efeito substitutivo do recurso,
tampouco em descumprimento pelo juízo de decisão do Tribunal. 10. Recurso Especial não
provido. (REsp 1319171/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
04/09/2012, DJe 11/09/2012).
Parágrafo Único - Quando os embargos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos
do próprio Juízo deprecado, caber-lhe -á unicamente o julgamento dessa matéria.
Com efeito, a execução por carta, que tem lugar nos casos em que o devedor ou os seus bens estão
situados fora da sede do juízo original, nada mais é do que a execução em que os atos principais do
procedimento respectivo, isto é, penhora de bens, avaliação, alienação judicial (leilão), entre outros, são
realizados perante o juízo deprecado, por requisição do primeiro – chamado deprecante – exteriorizada
em carta precatória. O mandamento do art. 20, caput, da LEF (a determinar que os embargos sejam
oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao deprecante para instrução e julgamento) não é
absoluto, servindo apenas para tornar mais fácil o exercício da defesa (através da ação de embargos) por
parte do executado, quando residente na sede do juízo deprecado. Se, por acaso, for mais vantajoso ao
devedor oferecer seus embargos diretamente ao juízo deprecante, o qual será, em regra, o competente
para apreciá-los, nenhum prejuízo resultará da medida. O parágrafo único do art. 20, por seu turno, fixa
expressa e excepcionalmente a competência do juízo deprecado para o julgamento dos embargos que
versem questões alusivas a vícios ou irregularidades de seus próprios atos.
Portanto, que em sede de execução fiscal com penhora de bens realizada mediante carta precatória,
os embargos de mérito deverão ser processados e julgados pelo juízo deprecante ( juízo da execução)
e os embargos que enfrentem os atos praticados perante o juízo deprecado (por exemplo, alegação de
excesso de penhora) serão de competência deste.
Em se tratando de embargos mistos (nos quais são invocadas irregularidades nos atos praticados pelo
juízo deprecado e se discute, cumulativamente, o mérito da dívida), a competência para o julgamento
será do juízo da execução, ou seja, do juízo deprecante.
Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se
versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação de bens (Súmula
46 STJ).
Anota-se, por fim, que em se tratando de embargos de terceiro, ainda tem plena aceitação o entendimento
do extinto TFR, sendo a competência para processar e julgar a referida ação do juízo deprecado, perante
o qual se deu a constrição impugnada, a menos que o bem tenha sido indicado expressamente pelo juízo
deprecante.
O juízo deprecado, na execução por carta, é o competente para julgar os embargos de terceiro,
salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo deprecante (Súmula 33 TFR).
a) Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional. Desta forma, percebe-se
que o Código Penal adotou o princípio da territorialidade, não admitindo, por consequência,
o fenômeno da intraterritorialidade.
b) Para fins de aplicação da lei penal, as embaixadas são consideradas extensão do território
que representam, razão por que não se aplica a lei penal brasileira para os crimes nelas
cometidos.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está incorreta. O art. 5º, do Código Penal adotou o princípio da territorialidade, porém
de forma temperada, admitindo a aplicação de convenções, tratados e regras de direito internacional.
Assim sendo, tem-se hipótese de intraterritorialidade, ou seja, a aplicação de lei estrangeira, por
autoridade de outro país, a um crime ocorrido no território brasileiro.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Entende-se como território: (i) sentido jurídico: espaço sujeito a soberania do Estado; (ii) sentido material
ou real: o território abrange a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas interiores, o mar territorial (12
milhas marítimas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular - Lei n° 8.617/93, art. 1°) e o espaço
aéreo correspondente. No caso de território neutro, aplica-se a lei do país do agente; (iii) território por
extensão: as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
onde quer que se encontrem – art. 5º, §1º, primeira parte; e as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar – art. 5º, §1º, segunda parte.
A alternativa “B” está incorreta. Para fins de aplicação da lei penal, as embaixadas estrangeiras situadas
no território brasileiro não são consideradas extensão do território estrangeiro, bem como as embaixadas
do Brasil em território estrangeiro não são consideradas território brasileiro por extensão. Importante
perceber que o Código Penal não consigna regra específica atinente às embaixadas, razão por que, ainda
que invioláveis, as embaixadas não constituem extensão do território do país que representam.
A alternativa “C” está incorreta. A alternativa menciona o Princípio da Proteção, mas apresenta a
definição do Princípio da Universalidade. Vejamos, segundo o Princípio da defesa ou real ou da
proteção – art. 7º, I, a, b, c, CP - aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado (ou
colocado em perigo), não importando o local da infração penal ou a nacionalidade do sujeito ativo.
De acordo com o Princípio da universalidade (ou justiça mundial) – art. 7º, II, a, CP aplica-se a lei
A alternativa “D” está correta. As imunidades parlamentares tem assento constitucional e constituem
verdadeiras prerrogativas necessárias ao desempenho da atividade parlamentar de forma independente,
assegurando a liberdade necessária ao exercício do mandato. A imunidade material ou real ou substancial,
denominada pela doutrina, ainda, de imunidade parlamentar absoluta, está prevista no art. 53, caput,
da Constituição Federal. Ainda que pese celeuma doutrinária, prevalece o entendimento, seguido pelo
Supremo Tribunal Federal, de que a referida imunidade tem natureza jurídica de causa de exclusão
de tipicidade. A doutrina adota o entendimento de que deve haver vínculo entre as palavras e/ou
opiniões do parlamentar e o exercício da função, de modo que neste caso a imunidade é absoluta. Na
hipótese de o parlamentar estar fora do recinto da Casa Legislativa, faz-se necessária prova do fato, não
se presumindo a imunidade. Nesse sentido, Supremo Tribunal Federal:
A alternativa “E” está incorreta. A extraterritorialidade incondicionada está prevista no artigo 7º, §
1º, do Código Penal, alcançando os crimes descritos no art. 7º, I. Nesses casos, a lei brasileira, para ser
aplicada, não depende do preenchimento de qualquer requisito. Verificada a infração penal, aplica-se a
lei brasileira, não importando se o autor foi absolvido ou condenado no estrangeiro.
b) Tendo em vista os bens jurídicos tutelados pela legislação de regência, compete à União
processar e julgar os crimes contra a ordem tributária.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está incorreta. A Lei n. 8.137/1990, que define os crimes contra a ordem tributária,
econômica e contra as relações de consumo. O bem jurídico tutelado pela norma é o erário, a ordem
econômica e o patrimônio do Estado, desta forma, a proteção incide sobre bens de natureza supraindividual,
razão por que não se admite a incidência do chamado consentimento do ofendido como causa de
exclusão da ilicitude.
A alternativa “C” está incorreta. No caso de conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e
da Justiça Estadual, a competência para o julgamento unificado será da Justiça Federal, nos termos da
Súmula n. 122, do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
A alternativa “D” está correta. A alternativa reflete o entendimento consolidado no Superior Tribunal de
Justiça e no Supremo Tribunal Federal, vejamos:
A alternativa “E” está incorreta. A alternativa vai de encontro ao entendimento consolidado no Superior
Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, que entendem que deve haver prova de que o agente
concorreu de forma efetiva para a prática da infração penal, vejamos:
III. O réu preso deverá ser citado mediante comunicação ao diretor do presídio, que será
igualmente notificado da data do interrogatório do réu em juízo.
IV. O processo penal brasileiro admite a citação por hora certa, que deve seguir o
regramento previsto no Código de Processo Civil.
V. No processo penal brasileiro, como regra, a citação inicial será pessoal, por meio de
oficial de justiça, admitindo-se, como exceção à regra, citação pelo correio e por e-mail.
b) I, II e IV estão incorretos.
COMENTÁRIO
O Item “I” está correto. O item reflete a literalidade da Súmula 310 do Supremo Tribunal Federal, in
verbis:
O item “II está incorreto. O item vai de encontro a literalidade da Súmula 155 do Supremo Tribunal
Federal, in verbis:
O item “III” está incorreto. O Código de Processo Penal consigna em seu art. 360 que “se o réu estiver
preso, será citado pessoalmente”. Disso resulta que o réu preso possui as mesmas garantias do réu solto
no que diz respeito ao ato citatório, uma vez que a citação é para que o imputado apresente defesa
escrita, na luz do art. 396, do Código de Processo Penal. Noutra banda, a comunicação ao diretor do
estabelecimento prisional ocorrerá quando o réu for convocado/notificado para o interrogatório, que será
realizado na audiência una de instrução e julgamento. Importante destacar a Súmula 351 do Supremo
Tribunal Federal, in verbis:
É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz
exerce a sua jurisdição.
O item “IV” está correto. A citação por hora certa está prevista no art. 362, do Código de Processo
Penal, in verbis:
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará
a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227
a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
Importante observar a necessidade de nomeação de defensor dativo ao réu citado por hora certa,
tendo em vista prestigiar os princípios da ampla defesa e do contraditório, conferindo, ainda, a referida
modalidade ficta de citação o mesmo tratamento dado à citação pessoal. Ensina-nos Nestor Távora14 que
“quando o oficial de justiça procurar o acusado por três vezes, não o encontrar e suspeitar da ocultação,
deverá intimar qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará,
a fim de efetuar a citação, na hora que designar. No dia e hora especificados, o oficial, independentemente
de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim ele realizar a diligência. Se
o citando não estiver presente, o oficial ele justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. Da certidão da ocorrência,
ele deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o
nome. Feira a citação com hora certa, o escrivão (ou diretor de secretaria) enviará ao réu carta, telegrama
ou radiograma, dando-lhe ele tudo ciência”.
O item “V” está incorreto. Consigna o Código de Processo Penal em seu art. 351 que “a citação inicial
far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado”.
Citação é o ato processual pelo qual o réu é cientificado dos termos da acusação (queixa ou denúncia),
sendo chamado a respondê-lo e a comparecer aos demais atos do processo. A ausência de citação, como
regra, conduz a nulidade, que poderá ser suprida mediante comparecimento voluntário do acusado em
juízo – art. 570, do CPP. A doutrina classifica a citação em real/pessoal, que constitui regra no processo
penal, operando-se por meio de oficial de justiça, e em ficta/presumida, que será realizada por edital
ou por hora certa. Não há autorização legal para que a citação seja realizada pelos correios, no processo
penal. Igualmente, não há que se falar em citação por e-mail, uma vez que a Lei n. 11.419/2006, que
dispõe sobre a informatização do processo judicial, excluiu do âmbito de sua atuação os “os Direitos
Processuais Criminal e Infracional”, nos termos do seu art. 6º.
DIREITO DO TRABALHO
14 Nestor Távora. Código de Processo Penal para Concursos. Editora Juspodivm. 2015. Pág. 468.
COMENTÁRIO
Art. 58, § 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações
de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo
de dez minutos diários.
Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário
do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do
tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador,
não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual
(troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc).
Alternativa “B” – Incorreta. O erro da assertiva consiste na equivocada equiparação entre a higienização
de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação e a limpeza em residências e
escritórios.
Segundo o TST, por não serem atividades equiparadas, apenas na atividade de higienização de instalações
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação será devido o pagamento de adicional de
insalubridade.
Alternativa “D” – Correta. De acordo com o TST, a perícia é imprescindível à constatação do desempenho
de atividades ou operações perigosas (art. 195 da CLT). Contudo, tal regra é excepcionada na hipótese
em que o adicional já é pago de forma proporcional ou em percentual inferior ao máximo. O pagamento
dessa parcela implica o reconhecimento do empregador quanto à existência da periculosidade. Assim,
tratando-se de fato admitido pela parte contrária, é dispensável a prova pericial.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta. De acordo com o TST, o registro da candidatura do empregado ao cargo de
dirigente sindical dentro do prazo do aviso prévio indenizado afasta seu direito à estabilidade.
Ressalto que o TST diferencia o registro da candidatura durante o aviso prévio com a simples comunicação
durante este prazo. Por serem situações distintas, o item V da Súmula 369 do TST não se aplica na
segunda hipótese (AIRR - 89300-02.2009.5.02.0252 Data de Julgamento: 05/08/2015, Relator Ministro:
Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/08/2015).
Alternativa “B” – Incorreta, pois a assertiva trouxe o conceito de categoria econômica, e não categoria
profissional.
As definições de categoria econômica e categoria profissional foram fixadas nos §§1º e 2º do art. 511 da
CLT:
Art. 511, § 1º, da CLT: A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades
idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria
econômica.
Art. 511, §2º, da CLT: A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho
em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades
econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como
categoria profissional.
Alternativa “C” – Incorreta. Somente por lei é possível o reconhecimento de uma determinada categoria
diferenciada, conforme Orientação Jurisprudencial nº 36 da SDC:
É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferenciadas são reconhecidas como tais.
De outra parte, no que tange aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham
sofre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo empregador.
Alternativa “D” – Correta. O TST entendia que as “condições de trabalho alcançadas por força de
sentença normativa, convenção ou acordos coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de
forma definitiva, os contratos individuais de trabalho”.
Contudo, o Tribunal alterou a redação a indigitada súmula em 2012, passando a entender que “As cláusulas
normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e
somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho”.
Alternativa “E” – Incorreta, pois a assertiva trouxe o conceito de acordo coletivo, e não de convenção
coletiva.
As definições de acordo coletivo e de convenção coletiva foram fixadas no caput e no §1º do art. 611 da
CLT:
Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou
mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições
de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de
trabalho
33. Sobre o recurso de revista repetitivo no processo do trabalho, assinale a alternativa INCORRETA.
COMENTÁRIO
Art. 896-C, § 8º, da CLT: O relator poderá admitir manifestação de pessoa, órgão ou entidade
com interesse na controvérsia, inclusive como assistente simples, na forma da Lei nº 5.869, de
11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
Art. 896-C, § 5º, da CLT: O relator no Tribunal Superior do Trabalho poderá determinar a
suspensão dos recursos de revista ou de embargos que tenham como objeto controvérsia
idêntica à do recurso afetado como repetitivo.
Art. 896-C, § 4º, da CLT: Caberá ao Presidente do Tribunal de origem admitir um ou mais
recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Tribunal Superior
do Trabalho, ficando suspensos os demais recursos de revista até o pronunciamento definitivo
do Tribunal Superior do Trabalho.
Art. 896-C, §17, da CLT: Caberá revisão da decisão firmada em julgamento de recursos repetitivos
quando se alterar a situação econômica, social ou jurídica, caso em que será respeitada a
segurança jurídica das relações firmadas sob a égide da decisão anterior, podendo o Tribunal
Superior do Trabalho modular os efeitos da decisão que a tenha alterado.
para julgar ação que vise a rescindir a decisão de mérito sempre será do Tribunal Regional
do Trabalho.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta. Na verdade, não há formação de coisa julgada material na decisão que
conclui estar preclusa a oportunidade de impugnação da sentença de liquidação, não sendo suscetível
de rescindibilidade.
Destaco que o STF alterou recentemente a sua jurisprudência, aceitando também a tese da “coisa julgada
progressiva”:
Alternativa “D” – Incorreta. Em regra, a competência para julgar ação que vise a rescindir a decisão de
mérito é do TRT, caso não haja o conhecimento de recurso de revista ou de embargos pelo TST.
Todavia, excepcionalmente a competência será do TST quando o acórdão rescindendo não conhece de
35. Com base no entendimento do STJ sobre o conceito de insumo para fins de creditamento de
PIS e COFINS, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Para fins de creditamento de PIS e COFINS, a ideia de insumos, ainda que na sua acepção
mais ampla, está relacionada com os elementos essenciais à realização da atividade fim da
empresa.
b) A mão de obra de pessoa física não gera direito a creditamento, ante a expressa vedação
legal.
COMENTÁRIO
Para fins de creditamento de PIS e COFINS (art. 3º, II, da Leis 10.637/02 e 10.833/03), a ideia de
insumos, ainda que na sua acepção mais ampla, está relacionada com os elementos essenciais
à realização da atividade fim da empresa (AgRg no REsp 1395442/PE, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe 13/03/2015)
A mão de obra de pessoa física não gera direito a creditamento, ante a expressa vedação
contida no art. 3º, § 2º, inciso I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 (EDcl nos EDcl no AgRg
no REsp 1238358/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
07/05/2015, DJe 22/05/2015).
O creditamento pelos insumos previsto nos arts. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 e da Lei n.
10.637/2002 abrange os custos com peças, combustíveis e lubrificantes utilizados por empresa
que, conjugada com a venda de mercadorias, exerce também a atividade de prestação de
serviços de transporte da própria mercadoria que revende (REsp 1235979/RS, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014).
Alternativa “E” – Incorreta. Segundo o STJ, abrange o conceito de insumo, no creditamento, os materiais
de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo
de empresa fabricante de gêneros alimentícios.
DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE
DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004.
1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada
a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei
invocados pelas partes.
2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de
declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/
STJ: “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento
não têm caráter protelatório”.
3. São ilegais o art. 66, §5º, I, “a” e “b”, da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 - Pis/Pasep
(alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, “a” e “b”, da Instrução
Normativa SRF n. 404/2004 - Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de “insumos”
previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos
de creditamento na sistemática de não-cumulatividade das ditas contribuições.
5. São “insumos”, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003,
todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a
prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja
subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é,
cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade
do produto ou serviço daí resultantes.
(REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 19/05/2015, DJe 29/06/2015).
d) Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total o total das diárias pagas, quando
excedente a cinquenta por cento da remuneração mensal.
COMENTÁRIO
Art. 28, §1º, da Lei nº 8.212/1991: Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do
empregado ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número
de dias de trabalho efetivo.
Art. 28, §7º, da Lei nº 8.212/1991: O décimo-terceiro salário (gratificação natalina) integra o
salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício.
A propósito, a Primeira Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.066.682/SP, processado nos termos do art. 543-C
do Código de Processo Civil, firmou a compreensão no sentido de que a “Lei n.º 8.620/93, em seu art.
7º, § 2º autorizou expressamente a incidência da contribuição previdenciária sobre o valor bruto do 13.º
salário, cuja base de cálculo deve ser calculada em separado do salário-de-remuneração do respectivo
mês de dezembro”.
Alternativa “D” – Correta. É preciso ter atenção para duas situações diversas: (a) integram o salário-
de-contribuição pelo seu valor total o total das diárias pagas quando excedente a 50% da remuneração
mensal; (b) não integram o salário-de-contribuição o total das diárias pagas quando não excedente a
50% da remuneração mensal.
Art. 28, §8º, a, da Lei nº 8.212/1991: Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total: a)
o total das diárias pagas, quando excedente a cinquenta por cento da remuneração mensal.
Alternativa “E” – Correto, conforme o art. 28, caput, IV, da Lei nº 8.212/1991:
Art. 28, caput, IV, da Lei nº 8.212/1991: Entende-se por salário-de-contribuição: IV - para o
segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o
§ 5º.
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