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CEI-PGE/SP

3ª RODADA - 09/03/2018

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3ª RODADA - 09/03/2018
DURAÇÃO

09/02/2018 A 10/05/2018

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

540 QUESTÕES OBJETIVAS


total

12 QUESTÕES DISSERTATIVAS
total

6 PEÇAS OU PARECERES
total

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/SP
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2018
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

MARIANNA M. MOTTA LOSS. Coordenadora do CEI-PGE-SP. Professora de Legislação de


Seguridade Social. Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista
em Direito Público e Direito Processual Civil.

DANIELE DE LUCENA ZANFORLIN. Procuradora da Fazenda Nacional. Pós-graduada em


Direito de Família e Sucessões pela FDR-UFPE. Bacharel em Direito pela FDR-UFPE.

IURI QUADROS. Advogado da União, aprovado em 11º lugar no último concurso da carreira,
obtendo a 2ª maior nota do Brasil na prova discursiva. Ex-assessor jurídico da Secretaria
de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, aprovado nos concursos da Procuradoria-
Geral do Município de Canoas, Especialista em Regulação da Ancine (13º lugar), Advogado
da FINEP e Residência Jurídica da PGE/RJ. Bacharel em direito pela UFRJ.

MARIA HELENA MARTINS ROCHA PEDROSA. Professora de Direito Administrativo. Advogada


da União. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública
do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

RAVI PEIXOTO. Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela
UERJ. Mestre em Direito pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado.
Aprovado nos concursos da PGM-JP, PGDF e PGM-Recife.

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WOLKER VOLANIN BICALHO. Procurador do Estado de São Paulo. Exerce suas atribuições
na Subprocuradoria Geral da Consultoria Geral. Coordenador e professor do curso
“Direito Previdenciário Público” na Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de
São Paulo em 2015 (ESPGE). Mestrando em Direito do Trabalho e Previdência Social
pela Universidade de São Paulo (USP).

LUIS FILIPE CISCOTTO DE FILIPPO. Procurador da Fazenda Nacional (aprovado no concurso


2015/2016) e pós-graduando em direito tributário. Foi advogado e Tradutor Juramentado
de Italiano. Aprovado nos concursos para Advogado da União – 2015/2016 (3º Lugar) e
Procurador do Município de São Luís/2016, além de algumas procuradorias municipais no
Estado de Minas Gerais.

RAFAEL CARVALHO DE FASSIO. Procurador do Estado de São Paulo aprovado em 6º lugar


no último concurso da PGE, realizado em 2012. Atuou por três anos na Consultoria Jurídica
da Secretaria da Segurança Pública e, desde março de 2016, integra a equipe de assessores
da Subprocuradoria Geral do Estado da Consultoria, onde atuou na elaboração de petições
iniciais de ADI e manifestações da PGE/SP em processos do controle concentrado de
constitucionalidade. Graduação (2011) e Mestrado (2017) pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.

GUILHERME MARTINS. Procurador do Estado de São Paulo (aprovado em 7º lugar). Exerce


suas atribuições na Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transporte do Estado de
São Paulo (ARTESP). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Mestrando em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

RODRIGO LEVKOVICZ. Procurador do Estado de São Paulo (Assistência de Defesa do Meio


AmbientE), graduado pela PUC-SP, mestre em Interesses Difusos e Coletivos pela PUC-SP.
Especialista em Direito do Estado e em Direito Ambiental pela Escola Superior da Procuradoria
Geral do Estado de São Paulo. Conselheiro do CONSEMA, da Câmara de Compensação
Ambiental de São Paulo e ex-conselheiro do CONDEPHAAT.

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SUMÁRIO

PROFESSORES..............................................................................................................................................3
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................................................6
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO.................................................................8
DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................8
DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................10
DIREITO CIVIL................................................................................................................................13
DIREITO ADMINISTRATIVO......................................................................................................15
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO....................................................... 17
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................. 20
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................. 22
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.................................................. 25
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO................................ 28
GABARITO................................................................................................................................................. 32
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO............................................................. 33
DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................... 33
DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................41
DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 52
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 68
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO...................................................... 76
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................. 86
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................. 97
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.................................................109
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO...............................127

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APRESENTAÇÃO

Queridos alunos(as),

Tudo bom?

Como estão os estudos?

Sentem que o conhecimento adquirido está fazendo sentido ou tudo ainda está bagunçado e
fora de ordem? Seja qual for a sua sensação, fato é que muitos de vocês escreveram para nós
relatando a extensão dos comentários das rodadas e a quase impossibilidade da sua leitura
dentro do período de 15 dias, que é o prazo entre uma rodada e outra ser liberada.

Assim, visando ao maior aproveitamento do curso por vocês e a fim de não diminuir a
qualidade dos comentários, como Coordenadora, entendi que seria prudente que vocês melhor
assimilassem e absorvessem o conteúdo que lhes está sendo entregue de modo a não se
sentirem sufocados pelo material, mas, sim, que consigam lê-lo com calma dialogando com
os seus livros, vade mecum, manuais e pdfs, fazendo as anotações, apontamentos e grifos
necessários para, numa eventual revisão, relembrar conceitos e temas importantes.

Dessa forma, refiz o calendário. Vejam, abaixo, que o número de questões objetivas total não
é alterado, assim como também não é o número de questões subjetivas e de peças/pareceres.
O que apresento a vocês é um maior espaçamento para o término do curso. Assim, o curso
terá, ao invés de 6, 10 rodadas de questões. Portanto, a partir desta rodada – Rodada 3,
vocês passarão a receber 45 questões objetivas por rodada liberada e, quando a rodada for
ímpar, vocês receberão conjuntamente as questões discursivas e parecer/peça para elaborar.
Ao final, vocês terão realizado 540 questões objetivas, 12 questões subjetivas e 6 peças/
pareceres, porém num maior espaço e tempo.

Também tomei o cuidado para que a liberação das rodadas ímpares seja próxima ao final
de semana, eis que recebi pedidos para que isso ocorresse sob o fundamento de que vocês
gostariam de pesquisar sobre os temas e escrever quando a rotina diária já é mais amena, ou
seja, aos sábados e domingos.

Desse modo, vocês conseguirão visualizar no cronograma abaixo que nossa última rodada
terminará em 25/05/2018, o que trará ganho qualitativo ao estudo de vocês e não haverá
prejuízo, pois o Edital para o concurso da PGE-SP ainda não foi divulgado. Caso seja publicado
nos próximos dias e a data da prova seja anterior ao término das rodadas, nossos professores
se comprometem a antecipá-las. Portanto, fiquem tranquilos.

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Desejo que vocês tenham bons estudos e fico à disposição para eventuais dúvidas e
esclarecimentos pelo e-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com.

Um forte abraço,

Marianna M. Motta Loss

CRONOGRAMA

Limite p/
Peça (Até 150 Questões (Até Publicação
Rodada Objetivas Publicação resposta p/
linhas) 30 linhas) espelho
aluno

Previdenciário Trabalho
90 questões
1ª Rodada Público 9/02 17/02 01/03
objetivas Civil
(peça)

90 questões Ambiental Constitucional


2ª Rodada 23/02 03/03 15/03
objetivas (parecer) Financeiro

45 questões Administrativo Pessoal


3ª Rodada 09/03 17/03 29/03
objetivas (parecer) Econômico
45 questões
4ª Rodada - - 19/03 - -
objetivas
Processo do
45 questões Tributário
5ª Rodada Trabalho 29/03 08/04 20/04
objetivas Civil
(peça)
45 questões
6ª Rodada - - 10/04 -
objetivas
45 questões Processo Civil Ambiental
7ª Rodada 20/04 29/04 11/05
objetivas (peça) Administrativo
45 questões
8ª Rodada - - 04/05 -
objetivas
Constitucional
45 questões Tributário
9ª Rodada Empresarial 15/05 20/05 01/06
objetivas (peça)
Público
45 questões
10ª Rodada - - 25/05 - -
objetivas

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO


ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a
nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Identifique a afirmação incorreta sobre o neoconstitucionalismo:

A) O neoconstitucionalismo pode ser historicamente situado no período posterior


à Segunda Guerra Mundial, tendo como marco o advento da Declaração Universal
dos Direitos Humanos da ONU, em 1948.

B) A noção de Constituição Dirigente, por servir-se largamente do uso de normas


programáticas, é teoricamente incompatível com o neoconstitucionalismo, que
não tolera normas constitucionais desprovidas de eficácia.

C) As Constituições editadas no período pós-guerra expressamente incorporam


em seu texto anseios políticos, como a redução de desigualdades sociais e
econômicas, e valores éticos e morais que evidenciam uma reaproximação do
Direito com a Ética e com a Política.

D) A vertente teórica do neoconstitucionalismo preconiza a força normativa das


normas constitucionais, reconhecendo juridicidade aos princípios e favorecendo
a expansão da jurisdição constitucional.

E) Por “filtragem constitucional” entende-se que todo o ordenamento jurídico


infraconstitucional deve ser interpretado a partir da Constituição e em conformidade
com seu texto.

2. Assinale a alternativa que classifica corretamente a Constituição de 1988 segundo os


critérios de conteúdo, forma, estabilidade e extensão:

A) formal, histórica, flexível e sintética.

B) material, dogmática, rígida e sintética.

C) formal, dogmática, rígida e analítica.

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D) material, histórica, semirrígida e sintética.

E) formal, histórica, outorgada, flexível e analítica.

3. Em conformidade com a classificação elaborada por José Afonso da Silva, o caput do


artigo 33 da Constituição da República, ao afirmar que “A lei disporá sobre a organização
administrativa e judiciária dos territórios”, pode ser classificado como norma de eficácia:

A) exaurida.

B) limitada quanto a princípios institutivos.

C) plena.

D) contida.

E) limitada declaratória de princípios programáticos.

4. Sobre o exercício dos direitos políticos na ordem constitucional vigente, marque a


proposição correta:

A) Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica pelo registro dos seus


estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

B) A Constituição de 1946 foi a primeira a incorporar o voto feminino ao texto


constitucional.

C) Muito embora os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não tenham


capacidade eleitoral ativa nem passiva, os militares inscritos como eleitores
podem ser eleitos se, contando com menos de dez anos de serviço, afastarem-se
da atividade.

D) A idade mínima exigida para candidatos a Deputado Federal, Estadual, Prefeito,


Vice-Prefeito e juiz de paz é de vinte e um anos completos no momento do registro
da candidatura na justiça eleitoral.

E) A primeira-dama, enquanto cônjuge do Governador do Estado, só poderá ser


eleita para cargos eletivos estaduais se vier a divorciar-se do Chefe do Poder

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Executivo em até seis meses antes do pleito.

5. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a proposição


INCORRETA sobre o habeas corpus.

A) O habeas corpus, segundo o STF, pode ser utilizado para impugnar decisão
judicial que autoriza a quebra de sigilo fiscal e bancário.

B) O STF não admite a impetração de habeas corpus para o trancamento de ação


de improbidade administrativa.

C) É de competência originária do STF o processamento e o julgamento de habeas


corpus quando o Governador do Estado figurar como coator ou paciente.

D) O habeas corpus pode ser impetrado contra restrições à liberdade de locomoção


praticadas por particulares.

E) A jurisprudência do STF não admite a impetração de habeas corpus em favor de


pessoas jurídicas.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

6. Acerca dos recursos regulados pelo Código de Processo Civil, assinale a alternativa
incorreta:

A) A impugnação, no agravo, de capítulos autônomos da decisão recorrida apenas


induz a preclusão das matérias não impugnadas, mas não impede o conhecimento
do recurso.

B) Caso o agravo interno da fazenda pública seja declarado inadmissível em votação


unânime e a ela seja imposta multa, a interposição de qualquer outro recurso está
condicionada ao depósito prévio do valor da multa.

C) A superveniência de sentença de mérito implica a perda do objeto de agravo


de instrumento interposto contra decisão anteriormente proferida em tutela
antecipada.

D) O recurso extraordinário interposto da decisão do mérito do incidente de

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resolução de demandas repetitivas terá efeito suspensivo ope legis, com presunção
de repercussão geral da questão constitucional.

E) Ainda que a questão seja de ordem pública, impõe-se que ela tenha sido
prequestionada para que seja admitido o recurso especial.

7. Sobre o tema do litisconsórcio, assinale a alternativa correta:

A) A conduta determinante de um litisconsorte tem aptidão para afetar os demais


litisconsortes.

B) Em regra, as condutas alternativas dos litisconsortes tem aptidão para serem


aproveitadas pelos demais.

C) Todo litisconsórcio necessário é igualmente unitário.

D) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita.

E) No caso do litisconsórcio multitudinário, o requerimento de limitação interrompe


o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão
que o solucionar.

8. Sobre o tema da execução, julgue os seguintes itens:

Item I: A impenhorabilidade da pequena propriedade rural não exige que o débito


exequendo seja oriundo da atividade produtiva, tampouco que o imóvel sirva de
moradia ao executado e à sua família.

Item II: Poderá promover a execução ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente


originário, desde que com consentimento do executado, o sub-rogado, nos casos
de sub-rogação legal ou convencional.

Item III: A alienação em fraude à execução é inválida.

Item IV: Caso a execução seja instaurada sem a verificação de condição ou da


ocorrência do termo, tal vício pode ser reconhecido de ofício ou a requerimento da
parte, independentemente de embargos à execução.

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A) Apenas o item I está correto.

B) Apenas os itens I e IV estão corretos.

C) Apenas os itens III e IV estão corretos.

D) Apenas os itens I, II e IV estão corretos.

E) Apenas o item II está correto.

9. Sobre o tema dos juizados especiais, assinale a alternativa correta:

A) Não é admissível a improcedência liminar do pedido no âmbito dos juizados


especiais, devido à incompatibilidade do rito.

B) As testemunhas, até o máximo de cinco para cada parte, comparecerão à


audiência de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado,
independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.

C) Nos casos em que o pedido seja genérico, a sentença proferida poderá ser
ilíquida, cabendo às partes o requerimento de realização da liquidação, a qual
seguirá o rito do Código de Processo Civil.

D) No âmbito dos juizados, os embargos de declaração não possuem o efeito


interruptivo, apenas suspendendo os demais prazos recursais.

E) Nos juizados especiais da fazenda pública, não caberá pedido de uniformização


de interpretação de lei quando houver divergência entre decisões proferidas por
Turmas Recursais sobre questões de direito processual.

10. Sobre a ação de consignação em pagamento, assinale a alternativa incorreta:

A) Em certas hipóteses, é viável a ação de consignação em pagamento de obrigação


de fazer.

B) Admite-se a consignação em pagamento extrajudicial em matéria tributária.

C) A ação de consignação em pagamento é via adequada para discutir a exigibilidade

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e a extensão do crédito tributário.

D) O prazo de cinco dias previsto para o depósito da quantia devida na ação de


consignação em pagamento não é aplicável aos depósitos judiciais referentes a
créditos tributários, de tal sorte que são exigíveis multa e juros caso o depósito
não seja realizado dentro do prazo para o pagamento do tributo.

E) Na contestação da ação de consignação em pagamento, o réu poderá alegar


qualquer matéria de defesa.

DIREITO CIVIL

11. À luz da disciplina dos vícios redibitórios no Código Civil, é correto afirmar:

A) Tanto o vício redibitório quanto o erro atuam no plano da eficácia, entretanto, o


erro é considerado vício do consentimento e atinge a própria vontade, enquanto o
vício redibitório atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa.

B) As ações edilícias são classificadas como constitutivas negativas, e os prazos


previstos para tais demandas são decadenciais.

C) Por expressa previsão legal, as disposições relativas aos vícios redibitórios não
se aplicam às doações onerosas.

D) O adquirente possui o direito de obter a redibição ou abatimento no preço no


prazo de noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel.

E) Na venda de animais, não se caracterizam vícios redibitórios.

12. Em relação ao contrato de compra e venda, assinale a alternativa CORRETA:

A) A compra e venda é um contrato real.

B) A compra e venda pode ser negócio formal ou informal.

C) É abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e


venda de imóvel em construção, salvo se o prazo máximo de prorrogação for de
até 180 dias.

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D) Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível a


inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, na hipótese de
inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega
do imóvel no prazo pactuado.

E) A pretensão ao recebimento de valores pagos, que não foram restituídos diante


de rescisão de contrato de compra e venda de imóvel, submete-se ao prazo
prescricional de três anos, previsto no art. 206, § 3º, IV e V, Código Civil.

13. Acerca da teoria das nulidades do negócio jurídico prevista no Código Civil, assinale
a opção correta:

A) Não há qualquer previsão legal quanto à inexistência do negócio jurídico.

B) Haverá nulidade quando a causa negocial ou o motivo determinante do negócio,


para ambas as partes, for ilícito.

C) Haverá nulidade do negócio que tiver como objetivo fraudar diretamente a lei
imperativa.

D) Não invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições


incompreensíveis.

E) Não há previsão sobre a conversão do negócio jurídico nulo.

14. Sobre o instituto da fraude contra credores, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Segundo o STJ, a ação pauliana não alcança o terceiro de boa-fé, em clara


aplicação da teoria da aparência e do princípio da boa-fé.

B) Não é possível a alegação de fraude contra credores em resposta aos embargos


de terceiro.

C) Para que o negócio oneroso seja anulado, é necessária a presença do conluio


fraudulento entre aquele que dispõe o bem e aquele que o adquire, e do evento
danoso, sendo imprescindível apenas este último para os casos de disposição
gratuita de bens.

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D) Conforme entendimento do STJ, caso reconhecida a fraude contra credores, a


alienação realizada será anulável.

E) Não é suficiente para afastar a anterioridade do crédito que se busca garantir a


assinatura de contrato particular de promessa de compra e venda de imóvel não
registrado e desacompanhado de qualquer outro elemento que possa evidenciar,
perante terceiros, a realização prévia desse negócio jurídico.

15. Quanto à classificação da posse, é possível afirmar que:

A) Em relação à presença de título, no ius possidendi há uma posse sem título,


que existe por si só, enquanto que no ius possessionis há o direito à posse que
decorre da propriedade.

B) O Código Civil adotou a teoria objetiva de Ihering na usucapião.

C) Os entes despersonalizados não podem ser considerados possuidores.

D) Admite-se a conversão da detenção em posse.

E) A posse somente pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por
seu representante.

DIREITO ADMINISTRATIVO

16. Acerca da disciplina constitucional das licitações e contratos administrativos,


indique a alternativa correta:

A) Compete privativamente à União legislar sobre licitações e contratos


administrativos.

B) A prestação de serviços públicos mediante permissão ou concessão deve ser


sempre precedida de procedimento licitatório.

C) Em procedimento licitatório, as exigências técnicas podem ser superiores às


necessárias para a garantia do cumprimento das obrigações.

D) Até o momento, não adveio a lei que disciplina a licitação no âmbito das empresas

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estatais, nos termos do artigo 173, § 1º, inciso III, da Constituição.

E) Quanto aos fundamentos do direito administrativo, a regra constitucional da


licitação atende ao princípio da impessoalidade, mas não necessariamente ao da
igualdade.

17. Sobre o sistema de registro de preços, indique a alternativa correta:

A) Trata-se de modalidade licitatória.

B) A legitimidade para impugnar o preço constante do quadro geral, em caso de


incompatibilidade com o preço de mercado, é de qualquer cidadão.

C) Exige-se prévia dotação orçamentária para a sua realização.

D) Os preços registrados devem ser publicados na imprensa oficial semestralmente.

E) O prazo máximo de validade do registro de preços é de dois anos.

18. O Regime Diferenciado de Contratações Públicas, previsto na Lei nº 12.462/2011,


aplica-se às licitações e contratos necessários à realização das seguintes obras/
serviços/aquisições, exceto:

A) Ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

B) Serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

C) Serviços de engenharia para reforma de estabelecimentos penais.

D) Ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, tecnologia e inovação.

E) Serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Assistência Social


(SUAS).

19. Sobre a contratação integrada nas licitações de obras e serviços de engenharia, no


âmbito do Regime Diferenciado de Contratações Públicas, indique a alternativa correta:

A) Seu objeto deve envolver inovação tecnológica ou técnica; possibilidade


de execução com diferentes metodologias ou possibilidade de execução com

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tecnologias de domínio restrito no mercado.

B) A contratação integrada não compreende a realização de testes.

C) Nas hipóteses de contratação integrada, é estritamente vedada a celebração de


termos aditivos aos contratos firmados.

D) Não pode haver repartição de riscos entre a Administração Pública e o contratado.

E) O valor estimado da contratação será sempre calculado com base na avaliação


do custo global da obra.

20. O Senado Federal, no dia 01.03.2018, enviou e-mail aos servidores informando sobre
a pretensão de concessão de licença capacitação a Maria, servidora pública daquele
órgão, a ser gozada no período compreendido entre 01.08.2018 e 31.12.2018. Um dos
colegas de trabalho observou, contudo, que o prazo da licença extrapola o prazo máximo
previsto na legislação de regência, que é de três meses. Por isso, o Senado Federal
publicou portaria, no dia 02.03.2018, sem o erro contido no e-mail do dia anterior, ou
seja, concedendo a licença pelo prazo previsto na lei. Pode-se afirmar que o controle
exercido pelo Senado Federal, na espécie, foi:

A) Externo, posterior, de legalidade.

B) Interno, prévio, de legalidade.

C) Externo, prévio, de legalidade.

D) Interno, posterior, de legalidade.

E) Externo, prévio, de mérito.

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

21. Pra fins do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, Lei nº
10.206/1968, é INCORRETO afirmar que:

A) Funcionário Público é a pessoa legalmente investida em cargo, função ou


emprego públicos.

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3ª RODADA - 09/03/2018

B) Os cargos públicos podem ser isolados ou de carreira.

C) Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um


funcionário.

D) Quadro é o conjunto de carreiras ou cargos isolados.

E) Carreira é o conjunto de classes da mesma natureza de trabalho, escalonada


segundo o nível de complexidade e grau de responsabilidade.

22. No tocante à licença para tratamento de saúde concedida a servidor público ocupante
de cargo exclusivamente comissionado no Estado de São Paulo, nos termos do Estatuto
dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, pode-se afirmar que:

A) Será de até o máximo de 4 (quatro) anos, com vencimento ou remuneração.

B) Após o término da licença saúde e caso seja verificada a incapacidade permanente


para o trabalho, por inspeção médica oficial, o servidor será aposentado por
invalidez, no Regime Próprio de Previdência Social, desde que conte com mais de
15 (quinze) anos de exercício ininterrupto do cargo.

C) Será concedida mediante as regras do Regime Geral de Previdência Social.

D) O servidor não faz jus às licenças para tratamento de saúde, por motivo de
doença na família e para tratar de interesses particulares.

E) Será de até o máximo de 2 (dois) anos, sem vencimento ou remuneração.

23. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e com o Estatuto


dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, é INCORRETO afirmar, quanto ao
procedimento disciplinar, que:

A) Será instaurada sindicância quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa
determinas as penas de repreensão, suspensão ou multa.

B) A falta de defesa técnica por advogado no procedimento administrativo


disciplinar não ofende a Constituição.

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C) O acusado poderá constituir advogado para lhe representar, no entanto, não


tendo recursos financeiros ou negando-se a constituir advogado, o presidente
nomeará advogado dativo.

D) Será obrigatório o processo administrativo quando a falta disciplinar, por sua


natureza, possa determinar as penas de exoneração, demissão, demissão a bem
do serviço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

E) Os procedimentos disciplinares punitivos serão realizados pela Procuradoria


Geral do Estado e presididos por Procurador do Estado confirmado na carreira.

24. Sobre a acumulação de cargos públicos, de acordo com a Constituição Federal e a


jurisprudência dos Tribunais Superiores, é CORRETO afirmar que:

A) é permitida em qualquer caso, desde que haja compatibilidade de horários.

B) a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedade de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

C) é permitida, na área da saúde, exclusivamente para dois cargos privativos de


médico.

D) é permitida a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou


científico, desde que este seja de nível superior.

E) é permitida a acumulação de dois cargos de professor, somente se as


remunerações em ambos os cargos somadas não superarem o teto remuneratório,
previsto no XI do art. 37 da Constituição Federal, e haja compatibilidade de horários.

25. A respeito do reingresso na carreira de Procurador do Estado, nos termos da Lei


Complementar nº 1.270/2015 e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito
da matéria, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A reintegração é o reingresso do Procurador do Estado em decorrência de


decisão judicial transitada em julgado.

B) O aproveitamento é o reingresso do Procurador do Estado em disponibilidade.

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C) A reversão é o reingresso do Procurador do Estado aposentado por invalidez


quando insubsistentes as razões que determinaram o ato de aposentação ou a
pedido.

D) É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao Procurador


do Estado investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

E) As formas de reingresso constituem modalidade de provimento derivado.

DIREITO AMBIENTAL

26. Em relação ao licenciamento ambiental, assinale a alternativa CORRETA:

a) As obras ou atividades de significativo impacto ambiental de caráter nacional


ou regional sujeitam-se ao licenciamento pelo Ibama e pelo órgão estadual
competente.

b) O decurso dos prazos do procedimento de licenciamento autoriza a prática do


ato que dele dependa ou decorra.

c) Os Estados poderão se manifestar de forma vinculante no licenciamento de


obras ou atividades de significativo impacto ambiental licenciadas pelo Ibama.

d) A autorização do órgão que administra determinada Unidade de Conservação é


obrigatória para o licenciamento de obras ou atividades de significativo impacto
ambiental que as afete ou a sua zona de amortecimento.

e) A definição do ente competente para licenciar sempre depende da abrangência


dos impactos diretos do empreendimento ou atividade.

27. No que toca à demarcação de terras indígenas, considerando as premissas assentadas


pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do caso Raposa Serra do Sol (Pet. 3388
RR), assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios em caráter permanente


constituem terras indígenas para os fins previstos pelo artigo 231 da Constituição
Federal.

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b) Havendo sobreposição de terra indígena com unidade de conservação, competirá


à FUNAI regulamentar o uso e ocupação do solo de modo a resguardar os atributos
ambientais da área e o modo de vida tradicional dos índios.

c) São bens públicos estaduais as terras indígenas demarcadas em sobreposição


a um parque estadual.

d) É vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, por meio do procedimento


previsto pelo artigo 231 da Constituição Federal.

e) As condicionantes de validade da demarcação de terra indígena explicitadas no


julgamento do caso raposa Serra do Sol tem força vinculante.

28. Em relação à zona de amortecimento, assinale a alternativa CORRETA:

a) Todas as unidades de conservação devem possuir uma zona de amortecimento.

b) As unidades de proteção integral de dominialidade pública devem possuir zona


de amortecimento formada por terras públicas.

c) Não é passível da compensação ambiental prevista no artigo 36 do SNUC o


empreendimento de significativo impacto ambiental que afete diretamente a zona
de amortecimento de uma Estação Ecológica.

d) A zona de amortecimento das unidades de conservação não pode ser


transformada em zona urbana.

e) A delimitação e a normatização da zona de amortecimento de um Parque depende


de prévio estudo dos impactos ambientais que a atividade humana do seu entorno
pode causar a ele.

29. Em relação à responsabilidade administrativa ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:

a) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar, concorrentemente,


sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente.

b) A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e

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recuperação da qualidade do meio ambiente.

c) A autoridade estadual tem preferência na autuação pela prática de infração


administrativa quando o empreendimento foi licenciado pela CETESB.

d) A responsabilidade pela prática de infração ambiental administrativa exige a


demonstração de dolo ou culpa.

e) A aplicação de multa diária depende da prática de infração administrativa que se


prolongue no tempo.

30. Para os fins da Política Nacional do Meio Ambiente, é INCORRETO afirmar que:

a) A degradação da qualidade ambiental constitui a alteração adversa das


características do meio ambiente.

b) Ao poluidor deve ser imposta a obrigação de reparar ou indenizar os danos


causados.

c) Poluidor é a somente a pessoa física responsável diretamente por atividade


causadora de degradação ambiental.

d) Nem toda poluição constitui ato ilícito.

e) As atividades efetiva ou potencialmente poluidoras devem ser licenciadas.

DIREITO TRIBUTÁRIO

31. A respeito das ações tributárias, assinale a alternativa correta.

A) Numa demanda em que a parte pretenda obter segurança para reconhecer o


direito à compensação, não basta a comprovação da sua condição de credora
tributária, sendo essencial prova pré-constituída quanto aos elementos concretos
da própria compensação.

B) Concedida medida liminar em sede de mandado de segurança, a qual foi revogada


pelo TJSP, o prazo prescricional continua suspenso, ainda que eventuais recursos
para as Cortes Superiores não tenham efeito suspensivo.

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C) Não é possível a utilização de habeas data pelo contribuinte para a obtenção


de informações a respeito da existência de pagamentos não vinculados a créditos
tributários, eis que tais informações são de uso apenas interno das Fazendas
Públicas.

D) Na hipótese de mandado de segurança preventivo contra o justo receio de


sofrer lançamento fiscal, a autoridade coatora é aquela com competência para o
lançamento ex officio.

E) Mesmo que posteriormente denegada a ordem em sede de mandado de


segurança, se suspensa a exigibilidade do crédito por liminar não correrá juros de
mora.

32. A Fazenda do Estado de São Paulo possui contra pessoa jurídica X créditos tributários
de ICMS que remontam à competência dos anos de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. A
falência da pessoa jurídica X foi decretada em novembro de 2014, pelo juízo de falências
competente. Em 2017 foi arrematado parte do parque industrial da empresa falida. A
respeito do tema, assinale a alternativa correta:

A) O crédito tributário prefere a qualquer outro, excetuados os créditos decorrentes


da legislação trabalhista e de acidente do trabalho, razão pela qual, sendo o
montante suficiente, a totalidade do crédito tributário será solvida, sem exceção.

B) O ICMS de 2015 e 2016 tem preferência sobre eventual crédito da União anterior
à decretação da falência.

C) Em nenhuma circunstância a multa tributária prefere os créditos quirografários


anteriores à falência.

D) A multa tributária prefere ao saldo do crédito trabalhista.

E) Durante o processo de recuperação judicial da empresa foi contraído débito


que, de acordo com a legislação, não tem precedência sobre o ICMS em análise.

33. A respeito da fiscalização e administração do ICMS, assinale a alternativa incorreta:

A) A declaração de vendas pelo contribuinte em valores inferiores às informações


fornecidas por instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito e

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débito faz presumir a ocorrência de omissão de operações e prestação de serviços


tributáveis.

B) Ainda que no interesse da arrecadação tributária, o Estado de São Paulo não


poderá editar, livremente, atos normativos que importem em desoneração do ICMS.

C) Uma vez que o deslocamento de ativos entre um estabelecimento e outro da


pessoa jurídica não importa na incidência do ICMS, não pode a Fazenda Estadual
estabelecer para o contribuinte a obrigação de declarar tais fatos.

D) Diante de suspeita fundada de bem que objetive a comprovação de infração


tributária se localize em residência particular, deverá o Estado de São Paulo
promover a competente ação de busca e apreensão, sem prejuízo de outras
medidas necessárias.

E) Ao ente federativo é admitido estabelecer obrigações acessórias inclusive para


quem não é contribuinte do tributo.

34. A respeito do tratamento constitucional das imunidades, responda:

A) Viola o princípio da isonomia parcelamento de crédito tributário que exclua os


devedores que questionaram o tributo em juízo com depósito judicial dos débitos
tributários.

B) A imunidade das entidades beneficentes de assistência social se estende ao


ICMS incidente sobre insumos e produtos adquiridos no mercado interno.

C) Lei estadual que prorrogue aumento de alíquota de ICMS instituída por lei
anterior deve observar a anterioridade nonagesimal.

D) Incide o IPTU sobre imóvel de pessoa jurídica de direito público arrendado a


pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo.

E) As atividades de transporte de encomendas pelos Correios, por poder ser


realizadas por outras empresas, não está imune ao ICMS.

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35. Numa situação hipotética de ICMS em regime de substituição tributária, assinale a


alternativa correta:

A) Na substituição tributária progressiva, contribuinte é o sujeito no final da cadeia


produtiva do bem.

B) Não há modificação da relação tributária decorrente da não ocorrência do fato


gerador.

C) O ICMS recolhido presumidamente sobre base de cálculo de R$ 100,00, mais


com base de cálculo efetiva de R$ 70,00 gera direito à restituição de indébito.

D) O cálculo do ICMS por dentro não se aplica na substituição tributária.

E) O responsável tributário recebe o mesmo tratamento do contribuinte indireto.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

36. Uma empresa de calçados contratou João, com anotação na CTPS, sem qualquer
previsão para prestação de serviços imediatos, estabelecendo que João apenas
trabalharia quando convocado pelo empregador para tal. À vista de tal cenário, assinale
a alternativa correta:

A) A contratação é completamente irregular, por vilipendiar o requisito da


habitualidade, inerente às relações de emprego.

B) Tal modalidade de contratação é atualmente prevista na CLT. No caso concreto,


João teria de ser convocado pelo empregador com até 3 dias úteis de antecedência
para a prestação dos serviços na época escolhida pelo empregador, devendo
responder em até 24 horas se aceita prestar os serviços na época avençada,
podendo livremente recusar a convocação.

C) Tal modalidade de contratação é atualmente prevista na CLT. No caso concreto,


caso João precise se afastar do trabalho por doença, a previdência social arcará
com o auxílio-doença desde o primeiro dia de afastamento.

D) Na primeira data avençada entre as partes para pagamento, João receberá, além
da remuneração, férias proporcionais, sem acréscimo do terço constitucional,

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décimo terceiro salário proporcional, dentre outras verbas.

E) Na hipótese, caso João atenda ao chamado do empregador manifestando


concordância em relação à prestação dos serviços, mas não compareça para
prestá-los, deverá pagar multa correspondente a 50% da remuneração que seria
devida no período.

37. Assinale a alternativa CORRETA a respeito do Contrato de trabalho em regime de


tempo parcial.

A) Considera-se contrato de trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja


duração máxima seja de até 25 horas semanais.

B) É vedado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial a prestação de


horas extras.

C) Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita


mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento
decorrente de negociação coletiva.

D) O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será
proporcional à sua jornada, adotando como parâmetro o valor do salário mínimo.

E) É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter


um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário.

38. Tiago, empregado público de uma empresa pública estadual, obteve sentença de
procedência no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a título de férias e horas extras
não quitadas. Tiago, que não está assistido por advogado no processo, é intimado
da sentença, a qual não foi objeto de recurso pela reclamada, e não dá início à fase
executória do processo. À luz das circunstâncias descritas, é correto afirmar que:

A) A execução será promovida apenas pelas partes do processo, mas, no caso


concreto, o juiz poderia dar início à fase de execução porque Tiago não estava
assistido por advogado.

B) O fato de Tiago não estar assistido por advogado é completamente irrelevante


no caso concreto, pois a CLT, independentemente de tal circunstância, prevê que

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a execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo


próprio Juiz ou Tribunal competente.

C) O fato de Tiago não estar assistido por advogado é completamente irrelevante no


caso concreto, pois a reforma trabalhista extinguiu a execução ex officio, mesmo
nas hipóteses em que a parte não esteja representada por advogado.

D) No caso concreto, a execução poderia ser iniciada de ofício pelo Ministério


Público do Trabalho, pois, de fato, a reforma trabalhista extinguiu a execução ex
officio, mesmo nas hipóteses em que a parte não esteja representada por advogado,
mas persiste a possibilidade de o Ministério Público do Trabalho impulsionar os
atos executórios.

E) No caso concreto, a execução não poderia ser iniciada de ofício nem pelo juiz
nem pelo Ministério Público do Trabalho, se afigurando indiferente a ausência de
advogado na causa.

39. Assinale a opção INCORRETA acerca do reexame necessário no processo do trabalho.

A) As decisões contrárias ao Estado de São Paulo estão sujeitas ao reexame


necessário, excetuando-se aquelas em que a condenação não ultrapassar 500
salários mínimos.

B) Não se sujeita ao reexame necessário decisão que esteja em conformidade com


parecer vinculante exarado pela PGE/SP.

C) Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho


está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente
público.

D) É cabível reexame necessários de decisões proferidas em sede de precatório.

E) É cabível reexame necessário de decisões proferidas em mandado de segurança,


se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte
prejudicada pela concessão da ordem.

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40. Assinale a assertiva correta acerca do tema “extinção do contrato de trabalho”

A) Há sinonímia entre os termos “dispensa coletiva” e “dispensa plúrima”,


circunstância comprovada pela Reforma trabalhista, que equiparou expressamente
as modalidades.

B) O Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima


ou coletiva, previsto em acordo individual entre empregado e empregador, enseja
quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia,
salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

C) As dispensas imotivadas plúrimas e coletivas exigem autorização prévia de


entidade sindical ou celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho para sua efetivação.

D) O distrato do contrato de trabalho não autoriza o ingresso do empregado no


programa seguro desemprego.

E) O distrato do contrato de trabalho permite a movimentação da totalidade dos


depósitos efetuados na conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio
de 1990.

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

41. Suponha que a sociedade Rodovias Expressas S.A. seja uma holding de
concessionárias de rodovias no Estado de São Paulo, apresentando em 2017 faturamento
bruto de R$ 450 milhões de reais e que apresentou proposta para incorporação da
Sistemas Rodoviários S.A., outra controladora de rodovias no Estado de São Paulo, que
por sua vez apresentou faturamento bruto de R$ 50 milhões de reais. Nessa situação,
considerando as competências para aprovação da operação, e que no Estado de São
Paulo a regulação das concessões rodoviárias estaduais é feita pela ARTESP, assinale
a alternativa correta:

A) a operação caracteriza ato de concentração econômica, e bastará aprovação do


CADE para sua concretização.

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B) caso a Superintendência-Geral do CADE aprove a operação, não poderá a


ARTESP recorrer da decisão.

C) considerando que as sociedades atuam em setor regulado por autarquia especial,


no caso, a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo, a análise
do ato de concentração que ordinariamente competiria ao CADE é absorvida pela
agência reguladora.

D) as competências para aprovação da operação não se confundem: o CADE


deverá analisar essencialmente se a operação ameaça a concorrência do setor,
enquanto o poder concedente deverá avaliar se foram cumpridos os requisitos da
lei de concessões para a transferência do controle societário das concessionárias
controladas pela Sistemas Rodoviários S.A.

E) dado o faturamento das sociedades envolvidas, não há caracterização de ato de


concentração econômica, sendo dispensada a análise do CADE, mantida, todavia,
a análise pelo poder concedente.

42. Qual o significado de regulação por comparação (yardstick competition)?

A) forma de regulação pela qual são inseridas metas de desempenho ao regulado


a partir do comportamento passado da própria firma, as quais geram bônus caso
atingidas.

B) mecanismo que tem como função garantir real competição de empresas que
operam eminentemente no mesmo mercado geográfico.

C) mecanismo que compara firmas operando em setores distintos, a fim de extrair


qual possui maior vantagem em termos de eficiência dentro do seu próprio setor.

D) regulação voltada para premiar firmas que não apresentem comportamentos


anti-concorrenciais.

E) método de regulação por comparação, no qual se compara o desempenho de


uma firma com outras operando no mesmo setor, sendo que a comparação se dá
tipicamente entre monopolistas de mercados regionais distintos.

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43. Sobre a responsabilidade dos administradores da sociedade anônima, assinale a


opção correta:
A) o direito brasileiro internalizou a teoria da business judgment rule, do direito
norte-americano, no artigo 159, § 6º da Lei das S.A., de modo que se presume que
a decisão administrativa foi tomada de boa-fé.

B) a aferição da razoabilidade da decisão, para fins de responsabilização, deve


ser a posteriori, vez que somente depois do sucesso ou insucesso da decisão é
possível avaliar sua correção.

C) dado que constitui ato ilícito condutas que causem prejuízos a outrem, decisões
societárias que causem prejuízos aos acionistas geram responsabilização dos
administradores.

D) a avaliação da responsabilidade do administrador analisa principalmente o


processo da tomada de decisão, e não o seu mérito.

E) de acordo com a jurisprudência administrativa brasileira, um administrador


pode se valer da chamada regra da decisão negocial caso tenha adotado uma
decisão informada e refletida, ainda que tenha interesse próprio na decisão.

44. Observe os seguintes critérios para alocação de riscos em contratos de concessão:

I – alocação do risco à parte com maiores condições de gerenciar sua ocorrência.

II – alocação do risco à parte com maiores condições de mitigar suas consequências


danosas.

III – em igualdade de condições de gerenciamento, alocação do risco ao poder


concedente caso a parte privada se mostre notadamente avessa ao risco.

Representa melhor prática para a divisão do risco o estabelecido em:

A) Todas as alternativas.

B) somente I.

C) Somente II.

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D) I e II.

E) I e III.

45. Sobre as regras atinentes ao direito orçamentário, assinale a opção INCORRETA:

A) os Estados não podem editar suas próprias leis gerais orçamentárias em


substituição à Lei n. 4.320/64, já que esta assume o caráter de lei nacional.

B) a edição de leis estaduais próprias que suplementem a legislação federal, tal


qual o teto de gastos instituído no âmbito estadual, é inconstitucional.

C) emendas individuais ao projeto de lei orçamentária constituem-se como exceção


à facultatividade da execução orçamentária.

D) é permitida a redução das emendas individuais impositivas para fins de


cumprimento da meta de resultado fiscal.

E) a doutrina dominante entende o orçamento como facultativo, apesar de englobar


despesas obrigatórias.

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GABARITO

1 B 23 D
2 C 24 B
3 B 25 C
4 C 26 D
5 C 27 D
6 B 28 E
7 E 29 D
8 B 30 C
9 E 31 D
10 D 32 B
11 B 33 C
12 B 34 D
13 A 35 C
14 D 36 C
15 D 37 C
16 B 38 A
17 B 39 D
18 E 40 D
19 A 41 D
20 B 42 E
21 A 43 D
22 C 44 A
45 B

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: RAFAEL CARVALHO DE FASSIO


E-mail: profcei.rafaelfassio@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Identifique a afirmação incorreta sobre o neoconstitucionalismo:

A) O neoconstitucionalismo pode ser historicamente situado no período posterior


à Segunda Guerra Mundial, tendo como marco o advento da Declaração Universal
dos Direitos Humanos da ONU, em 1948.

B) A noção de Constituição Dirigente, por servir-se largamente do uso de normas


programáticas, é teoricamente incompatível com o neoconstitucionalismo, que
não tolera normas constitucionais desprovidas de eficácia.

C) As Constituições editadas no período pós-guerra expressamente incorporam


em seu texto anseios políticos, como a redução de desigualdades sociais e
econômicas, e valores éticos e morais que evidenciam uma reaproximação do
Direito com a Ética e com a Política.

D) A vertente teórica do neoconstitucionalismo preconiza a força normativa das


normas constitucionais, reconhecendo juridicidade aos princípios e favorecendo
a expansão da jurisdição constitucional.

E) Por “filtragem constitucional” entende-se que todo o ordenamento jurídico


infraconstitucional deve ser interpretado a partir da Constituição e em conformidade
com seu texto.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: O constitucionalismo.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): O ano de 1948, com o advento da Declaração


Universal dos Direitos Humanos da ONU, constitui um dos marcos históricos do
neoconstitucionalismo, que erige a dignidade da pessoa humana como núcleo do sistema

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jurídico-constitucional. O constitucionalismo, por sua vez, tem raízes muito mais antigas, sendo
bastante comum a referência à Magna Carta, de 1215, e às revoluções liberais dos séculos
XVIII e XIX.

B) INCORRETA: A noção de Constituição Dirigente, na acepção que lhe foi dada por José
Joaquim Gomes Canotilho, não é em si antagônica ao neoconstitucionalismo. O dirigismo
constitucional, na verdade, vai ao encontro da valorização da juridicidade de todo o texto
da Constituição (inclusive as normas programáticas), sobretudo porque atribui ao Estado a
tarefa de realizar os fins e objetivos sociais e econômicos que lhe foram prescritos pelo Poder
Constituinte, na própria Lei Maior.

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): O enunciado está correto, porquanto o pós-


positivismo superou o ideal de “pureza” científica representado pelo normativismo de Hans
Kelsen e promoveu, com maior interdisciplinaridade, uma reaproximação do Direito com outras
ciências, incorporando ao ordenamento jurídico valores éticos e morais que caracterizam o
neoconstitucionalismo.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): Konrad Hesse, na obra “A Força Normativa


da Constituição” (Porto Alegre, Editora Sérgio Antônio Fabris, 1991), revisita o sentido de
constituição material de Ferdinand Lassale para concluir que todas as normas constitucionais
têm uma pretensão de eficácia que as vocaciona para a produção de efeitos concretos, no
plano fático. A juridicidade dos princípios constitui objeto de estudo de Robert Alexy, que
identifica dentro do gênero “norma” as espécies “regra” e “princípio” (ALEXY, Robert. Teoria de
los Derechos Fundamentales. Madri: Centro de Estúdios Políticos y Constitucionales, 2001).

E) CORRETA (portanto, não é a resposta): O enunciado descreve corretamente o


fenômeno da “filtragem constitucional”, no sentido dado por Luís Roberto Barroso. A partir
do momento que a Constituição passa a ocupar o centro do ordenamento jurídico, todo o
direito infraconstitucional passa a ser interpretado, direta ou indiretamente, à luz dos valores
e dos princípios constitucionais. Por este motivo que o fenômeno também é conhecido como
“constitucionalização do Direito”. Sobre o tema, recomendo a leitura do seguinte artigo:
BARROSO, Luis Roberto. “Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito (o triunfo
tardio do Direito Constitucional no Brasil)”. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v.
240, p. 1-42, abr. 2005.

GABARITO: B

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2. Assinale a alternativa que classifica corretamente a Constituição de 1988 segundo os


critérios de conteúdo, forma, estabilidade e extensão:

A) formal, histórica, flexível e sintética.

B) material, dogmática, rígida e sintética.

C) formal, dogmática, rígida e analítica.

D) material, histórica, semirrígida e sintética.

E) formal, histórica, outorgada, flexível e analítica.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Constituição: conceito, concepções, classificação e elementos.

A) INCORRETA: Veja os comentários à alternativa “C”.

B) INCORRETA: Veja os comentários à alternativa “C”.

C) CORRETA: A classificação das Constituições é um tema de teoria constitucional bastante


recorrente em concursos públicos. Como a examinadora do certame da PGE lecionou Direito
Constitucional por muitos anos na graduação em Direto da PUC-SP, apresento a seguir um
breve resumo dos critérios de classificação das Constituições abordados nesta questão. (i)
Quanto ao conteúdo: formal (todas as normas contidas em um mesmo documento, formal
e solene, são consideradas Constituição) e material (apenas os dispositivos referentes à
organização do poder, tais como aqueles que tratam da forma de Estado, forma de governo,
distribuição de competências, direitos fundamentais, p.e. integram a Constituição); (ii) Quanto à
forma: escrita (dogmática) e não escrita (costumeira, histórica ou consuetudinária); (iii) Quanto
à estabilidade: a rígida é a que demanda um processo especial e qualificado para a alteração
formal da Constituição do que aquele previsto para a legislação ordinária, ao passo que a
flexível é pode ser modificada diretamente por leis ordinárias (exemplos: Estatuto do Reino da
Itália de 1848 e Constituição Soviética de 1924). Fala-se também em semirrígida, que é o caso
da Constituição do Império do Brasil, de 1824. Segundo o artigo 178 da Carta Imperial, tudo o
que não fosse materialmente constitucional poderia ser alterado sem as formalidades exigidas
para emenda constitucional, isto é, da mesma forma exigida para a legislação ordinária. Logo,
só seria necessária emenda para modificar disposições materialmente constitucionais (“Art.
178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes

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Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional,
póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinarias”); (iii) Quanto à
extensão: concisa (sucinta, sintética) ou prolixa (analítica, longa, ampla, extensa, desenvolvida,
larga).

D) INCORRETA: Veja os comentários à alternativa “C”.

E) INCORRETA: Veja os comentários à alternativa “C”.

GABARITO: C

3. Em conformidade com a classificação elaborada por José Afonso da Silva, o caput do


artigo 33 da Constituição da República, ao afirmar que “A lei disporá sobre a organização
administrativa e judiciária dos territórios”, pode ser classificado como norma de eficácia:

A) exaurida;

B) limitada quanto a princípios institutivos;

C) plena;

D) contida;

E) limitada declaratória de princípios programáticos;

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Normas constitucionais: conceito, forma, conteúdo, finalidade, es-
trutura lógica, classificações, eficácia e aplicabilidade.

A) INCORRETA: Normas de eficácia exaurida são aquelas que já produziram todos os efeitos,
seja por que esgotado o lapso temporal de sua vigência, seja porque já foram aplicadas ao
caso concreto. É o caso, por exemplo, da revisão constitucional prevista no artigo 3º do ADCT e
é o destino de diversas regras de transição para a concessão de aposentadoria, como aquelas
previstas nas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e nº 41/2003. Muito embora atualmente
não existam territórios na federação brasileira (a Lei Maior de 1988 elevou Amapá e Roraima à
condição de Estados-membros) não é possível afirmar que a norma seja de eficácia exaurida,
pois não há óbice à formação de territórios caso seguido o procedimento previsto no artigo 18,

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§ 3º, da Constituição.

B) CORRETA: O artigo 33 da Constituição remete à lei a organização administrativa e judiciária


dos territórios, autorizando o legislador ordinário a definir estrutura e atribuições de órgãos da
Administração Pública, classificando-se, portanto, como normas de eficácia limitada definidoras
de princípio institutivo ou organizativo. Segundo José Afonso da Silva, essa subcategoria pode
ainda ser dividida em duas, impositivas ou facultativas (ou permissivas), conforme haja ou
não obrigatoriedade para o legislador ordinário editar as normas integrativas. O artigo 33,
nessa linha, seria uma norma impositiva. O segundo caso, por exemplo, é o que ocorre em
providências de caráter facultativo, como a instituição de regiões metropolitanas, por meio de
Lei Complementar dos Estados-membros (artigo 25, § 3º) e, também, a criação da Justiça
Militar na esfera estadual (artigo 125, § 3º).

C) INCORRETA: Normas de eficácia plena são aquelas dotadas de aplicabilidade direta, imediata
e integral e que, por isso, produzem seus efeitos independentemente de regulamentação.
As normas de eficácia plena são imediatamente aplicáveis, não precisando da atuação do
legislador ordinário e não admitindo que este, mediante ato normativo inferior, restrinja a sua
eficácia.

D) INCORRETA: Normas de eficácia contida (ou “relativa restringível”, para Maria Helena Diniz)
são as que possuem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral. Isso
porque são normas que trazem direitos já exercitáveis desde a promulgação da Constituição,
independentemente de regulamentação. Todavia, pode tal direito sofrer restrição advinda de
norma infraconstitucional ou da incidência de outra norma constitucional. As normas de eficácia
contida são autoaplicáveis e o são imediatamente, não precisando do legislador ordinário
para produzir seus efeitos. Contudo, as normas de eficácia contida permitem que o legislador
ordinário restrinja parcialmente, mediante lei, o seu alcance e aplicação.

E) INCORRETA: As normas de eficácia limitada declaratórias de princípio programático, ou


simplesmente normas programáticas, estabelecem metas e objetivos a serem cumpridos pelo
Estado, normalmente relacionadas à implementação de políticas públicas. Uma Constituição
que possua normas programáticas em seu texto, quanto aos fins, será classificada como
Constituição dirigente.

GABARITO: B

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4. Sobre o exercício dos direitos políticos na ordem constitucional vigente, marque a


proposição correta:

A) Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica pelo registro dos seus


estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

B) A Constituição de 1946 foi a primeira a incorporar o voto feminino ao texto


constitucional.

C) Muito embora os conscritos, durante o serviço militar obrigatório, não tenham


capacidade eleitoral ativa nem passiva, os militares inscritos como eleitores
podem ser eleitos se, contando com menos de dez anos de serviço, afastarem-se
da atividade.

D) A idade mínima exigida para candidatos a Deputado Federal, Estadual, Prefeito,


Vice-Prefeito e juiz de paz é de vinte e um anos completos no momento do registro
da candidatura na justiça eleitoral.

E) A primeira-dama, enquanto cônjuge do Governador do Estado, só poderá ser


eleita para cargos eletivos estaduais se vier a divorciar-se do Chefe do Poder
Executivo em até seis meses antes do pleito.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: “Direitos políticos” e “Partidos políticos”.

A) INCORRETA: Nos termos do art. 17, § 2°, da Constituição, os partidos políticos adquirem
personalidade jurídica na forma da lei civil, com a inscrição dos atos constitutivos no respectivo
registro, independentemente do registro de seus estatutos no TSE. Vale lembrar que os partidos
políticos são considerados pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, V, CC) e, por isso,
adquirem personalidade jurídica com a inscrição de seus atos no “Registro Civil das Pessoas
Jurídicas da Capital Federal”, nos termos do artigo 8º da Lei nº 9.096/95.

B) INCORRETA: o voto feminino foi previsto pela primeira vez no plano infraconstitucional pelo
Código Eleitoral de 1932 (Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932), durante o Governo
Provisório de Getúlio Vargas, e restou incorporado ao artigo 109 da Constituição de 1934,
nesses termos: “O alistamento e o voto são obrigatórios para os homens e para as mulheres,
quando estas exerçam função pública remunerada, sob as sanções e salvas as exceções que

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a lei determinar”.

C) CORRETA: A capacidade eleitoral ativa é definida como o reconhecimento legal da


qualidade de eleitor, ao passo que a capacidade eleitoral passiva diz respeito à possibilidade
de ser eleito. A Constituição, em seu artigo 14, determina como condições de elegibilidade
a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o
domicílio eleitoral na circunscrição e a filiação partidária. Os inalistáveis – como os estrangeiros
e os conscritos, durante o serviço militar obrigatório (§ 2º) – os analfabetos não podem concorrer
a cargos eletivos. Sobre os militares, o § 8º do mesmo artigo 14 expressamente afirma que
os militares alistáveis como eleitores podem ser eleitos desde que: “se contar menos de dez
anos de serviço, deverá afastar-se da atividade” (inciso I) ou “se contar mais de dez anos de
serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade” (inciso II).

D) INCORRETA: a idade mínima de 21 anos é requisito de elegibilidade para candidatos


a Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz
(artigo 14, § 3º, inciso VI, “c”), mas é importante ressaltar que essa circunstância só deverá
ser aferida no momento da posse, nos termos do artigo 11, § 2º, da Lei nº 9.504/1997. A
exceção é a idade de 18 anos, exigida para disputar cargo de vereador, a qual será aferida
na data-limite para o pedido de registro, nos termos do mesmo dispositivo legal (“A idade
mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo
por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será
aferida na data-limite para o pedido de registro”).

E) INCORRETA: À primeira-dama do Estado se aplica a chamada inelegibilidade reflexa


do art. 14, § 7º, da Constituição, segundo a qual são inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Contudo, nos termos da Súmula Vinculante
nº 18, “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7° do art. 14 da CF”. Por isso, o divórcio aos seis meses antes da
eleição não tornará possível à primeira-dama concorrer a cargos eletivos no âmbito estadual,
o que torna incorreta a assertiva.

GABARITO: C

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5. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a proposição


INCORRETA sobre o habeas corpus.

A) O habeas corpus, segundo o STF, pode ser utilizado para impugnar decisão
judicial que autoriza a quebra de sigilo fiscal e bancário.

B) O STF não admite a impetração de habeas corpus para o trancamento de ação


de improbidade administrativa.

C) É de competência originária do STF o processamento e o julgamento de habeas


corpus quando o Governador do Estado figurar como coator ou paciente.

D) O habeas corpus pode ser impetrado contra restrições à liberdade de locomoção


praticadas por particulares.

E) A jurisprudência do STF não admite a impetração de habeas corpus em favor de


pessoas jurídicas.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Proteção judicial dos direitos fundamentais: as ações constitucio-
nais.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): a jurisprudência do STF entende possível o


manejo de HC nesses casos porque, a partir da quebra de sigilo, pode resultar a possibilidade
de restrições à liberdade individual da pessoa sob investigação: “O habeas corpus é medida
idônea para impugnar decisão judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em
procedimento criminal, haja vista a possibilidade destes resultarem em constrangimento à
liberdade do investigado” (STF. AI 573623 QO/RJ, julgado em 2006 e relatado pelo Ministro
Gilmar Mendes).

B) CORRETA (portanto, não é a resposta): segundo o entendimento da Corte Suprema,


“O habeas corpus é meio processual destinado à proteção do direito de ir e vir ameaçado
por ilegalidade ou abuso de poder. Daí a impropriedade desse instrumento processual para
solver controvérsia cível. Ainda que se admita que a ação de improbidade administrativa tem
natureza penal, não há como trancá-la em habeas corpus, porquanto as sanções previstas
na Lei 8.429/1992 não consubstanciam risco à liberdade de locomoção.” (HC 100.244-AgR,
julgado em 2009 e relatado pelo Ministro Eros Grau).

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C) INCORRETA: é da competência originária do STJ (não do STF) o processamento e o


julgamento dos HC impetrados quando o coator ou o paciente for Governador de Estado, nos
termos do artigo 105, inciso I, “c”, da Constituição.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): De acordo com o art. 5°, LXVIII, da Lei Maior, o
writ de habeas corpus será concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Como a Constituição não restringe o HC a restrições provenientes do setor público, a doutrina
admite a impetração do remédio também em face de atos de particulares, como, por exemplo,
internações irregulares em hospitais psiquiátricos. Segundo Guilherme de Souza Nucci, “A
Constituição Federal não distingue, no polo passivo, a autoridade do particular, de modo que
é possível impetrar habeas corpus contra qualquer pessoa que constranja a liberdade de
locomoção de outrem. É o meio indiscutivelmente mais seguro e rápido de solucionar o impasse.
(...) O mesmo se diga dos inúmeros casos de internação irregular em hospitais psiquiátricos
ou mesmo da vedação de saída a determinados pacientes que não liquidam seus débitos no
nosocômio” (Código de processo penal comentado. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014).

E) CORRETA (portanto, não é a resposta): com efeito, o habeas corpus não pode ser
proposto em favor de pessoa jurídica pois, nesse caso, não há que se falar em ameaça à
liberdade de locomoção. Veja: “Habeas corpus. Negativa de seguimento. (...) Na concreta
situação dos autos, a pessoa jurídica da qual o paciente é representante legal se acha
processada por delitos ambientais. Pessoa jurídica que somente poderá ser punida com multa
e pena restritiva de direitos. Noutro falar: a liberdade de locomoção do agravante não está,
nem mesmo indiretamente, ameaçada ou restringida.” (HC 88.747-AgR. Rel. Min. Ayres Britto,
j. em 15.09.2009).

GABARITO: C

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

6. Acerca dos recursos regulados pelo Código de Processo Civil, assinale a alternativa
incorreta:

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A) A impugnação, no agravo, de capítulos autônomos da decisão recorrida apenas


induz a preclusão das matérias não impugnadas, mas não impede o conhecimento
do recurso.

B) Caso o agravo interno da fazenda pública seja declarado inadmissível em votação


unânime e a ela seja imposta multa, a interposição de qualquer outro recurso está
condicionada ao depósito prévio do valor da multa.

C) A superveniência de sentença de mérito implica a perda do objeto de agravo


de instrumento interposto contra decisão anteriormente proferida em tutela
antecipada.

D) O recurso extraordinário interposto da decisão do mérito do incidente de


resolução de demandas repetitivas terá efeito suspensivo ope legis, com presunção
de repercussão geral da questão constitucional.

E) Ainda que a questão seja de ordem pública, impõe-se que ela tenha sido
prequestionada para que seja admitido o recurso especial.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Recursos. Teoria geral. Recursos em espécie. Outros meios de
impugnação das decisões judiciais. Duplo grau obrigatório.

A) CORRETA: Trata-se do entendimento do STJ, segundo o qual, “A impugnação, no


agravo, de capítulos autônomos da decisão recorrida apenas induz a preclusão das
matérias não impugnadas, mas não impede o conhecimento do recurso, afastando-se
a incidência da Súmula n. 182 do STJ” (STJ, 4ª T., AgInt no AREsp 930.677/RS, Rel. Min.
Marco Buzzi, j. 28/11/2017, DJe 04/12/2017). No mesmo sentido: STJ, 3ª T., AgInt no AREsp
930.677/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 28/11/2017, DJe 04/12/2017; STJ, 3ª T., AgRg no AREsp
743.228/PE, Rel. Min. João Otávio De Noronha, j. 24/11/2015, DJe 30/11/2015.

Destaque-se que, de acordo com a súmula 182 do STJ, “É inviável o agravo do art. 545 do CPC
que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada”. O entendimento
do STJ significa apenas reconhecer a autonomia dos capítulos de sentença.

B) INCORRETA: De acordo com o art. 1.021, § 4º, do CPC, “Quando o agravo interno for
declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão

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colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa


fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa”. Por sua vez o § 5º afirma que
“A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da
multa prevista no § 4ª, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da
justiça, que farão o pagamento ao final”. Perceba-se que tanto a fazenda pública quanto o
beneficiário de gratuidade da justiça não precisam depositar a multa para a interposição de
outros recursos, ao contrário do apontado na assertiva.

C) CORRETA: É esse o entendimento do STJ, segundo o qual, “A superveniência de sentença


de mérito implica a perda do objeto de agravo de instrumento interposto contra decisão
anteriormente proferida em tutela antecipada”. (Corte Especial, EAREsp 488.188-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/10/2015, DJe 19/11/2015).

Como detalhado na decisão, a definição acerca de a superveniência de sentença de mérito


ocasionar a perda do objeto do agravo de instrumento deve ser feita casuisticamente, mediante
o cotejo da pretensão contida no agravo com o conteúdo da sentença, de modo a viabilizar
a perquirição sobre eventual e remanescente interesse e utilidade no julgamento do recurso.
Entretanto, na específica hipótese de interposição de agravo contra decisão de deferimento ou
indeferimento de antecipação de tutela, vislumbra-se que a prolatação de sentença meritória
implicará a perda do objeto do agravo de instrumento, em virtude da superveniente perda
do interesse recursal. Isso porque a sentença de procedência do pedido - que substitui a
decisão concessiva da tutela de urgência - torna-se plenamente eficaz ante o recebimento da
apelação tão somente no efeito devolutivo, permitindo-se desde logo a execução provisória do
julgado, nos termos do art. 1.012, § 1º, V, do CPC. O mesmo se diz em relação à sentença de
improcedência do pedido, a qual tem o condão de revogar a decisão concessiva de antecipação,
ante a existência de evidente antinomia entre elas. Portanto, a superveniência da sentença de
mérito ocasiona a perda de objeto de anterior agravo de instrumento interposto contra decisão
proferida em sede de medida antecipatória.

D) CORRETA: De acordo com o art. 987, § 1º, que regula o cabimento de recursos do IRDR,
“O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão
constitucional eventualmente discutida”. Portanto, correta a assertiva.

E) CORRETA: É esse o entendimento do STJ em diversos julgados, afirmando-se que,


mesmo nas questões de ordem pública, é imprescindível o prequestionamento) AgInt no
REsp 1478413/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/11/2017, DJe 20/11/2017; REsp 1619289/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017).

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GABARITO: B

7. Sobre o tema do litisconsórcio, assinale a alternativa correta:

A) A conduta determinante de um litisconsorte tem aptidão para afetar os demais


litisconsortes.

B) Em regra, as condutas alternativas dos litisconsortes tem aptidão para serem


aproveitadas pelos demais.

C) Todo litisconsórcio necessário é igualmente unitário.

D) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita.

E) No caso do litisconsórcio multitudinário, o requerimento de limitação interrompe


o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão
que o solucionar.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Partes. Conceito. Capacidade. Ônus. Prerrogativas da Fazenda
Pública. Representação processual das pessoas jurídicas de direito público. Deve-
res. Responsabilidade por dano processual. Substituição e sucessão das partes.
Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de Terceiros. Espécies. Intervenção anô-
mala da Fazenda Pública. Amicus curiae.

A) INCORRETA: De acordo com Didier, conduta determinante é aquela que leva a uma situação
desfavorável e, por isso, potencialmente lesiva, a exemplo da revelia, a confissão, a renúncia
a direito sobre o qual se funda a ação. Por outro lado, alternativa seria aquela situação em
que a parte almeja a melhora de sua situação, mas, nesse caso, trata-se de uma melhora que
pode ou não ocorrer. (DIDIER, JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 19ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2017, v. 1, p. 528).

Destaque-se que “a conduta determinante de um litisconsorte não pode prejudicar o outro,


qualquer que seja o regime de litisconsórcio”. (DIDIER, JR., Fredie. Curso de direito processual
civil. 19ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017, v. 1, p. 528). A questão é que falta legitimidade à parte
para prejudicar ato que viole a esfera jurídica dos demais.

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B) INCORRETA: De acordo com o art. 117, do CPC “Os litisconsortes serão considerados, em
suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário,
caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar”.
Note-se que, no litisconsórcio simples, as partes são tratadas como partes autônomas e, em
regra, os atos de uma não podem nem prejudicar e nem beneficiar as demais. Por isso, em
regra, no litisconsórcio simples, “a conduta alternativa de um litisconsorte não aproveita aos
demais” (DIDIER, JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 19ª ed. Salvador: Juspodivm,
2017, v. 1, p. 529).

C) INCORRETA: O litisconsórcio necessário e o unitário não se confundem. Enquanto primeiro


está relacionado com a obrigatoriedade de duas ou mais pessoas terem de atuar em um mesmo
processo, o segundo caso está relacionado com o fato de uma determinada decisão tratar ou
não os litisconsortes de maneira uniforme. Nada impede que o litisconsórcio seja necessário
e não unitário, podendo estar baseado no regime comum. Em tal situação, a lei pode vir a
exigir a atuação de litisconsortes, de forma com que uma sentença defina todas as posições
individuais, mas ao mesmo tempo cada uma das posições tem inteira autonomia em relação
às demais. E, por outro lado, nem todo litisconsórcio unitário será necessário, caso em que é
denominado por Barbosa Moreira de impropriamente facultativo. (BARBOSA MOREIRA, José
Carlos. Litisconsórcio unitário. Rio de Janeiro: Forense, 1972 cit., p. 132-134)1 Portanto, nem
todo litisconsórcio necessário é unitário e nem todo litisconsórcio unitário é necessário.

D) INCORRETA: Note-se que a assertiva apenas repetiu a primeira parte do art. 1.005, segundo
o qual, “O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou
opostos os seus interesses”. É preciso perceber que prevalece na doutrina o posicionamento
de que a expansão subjetiva do recurso apenas incide nos casos de litisconsórcio unitário, em
que a relação jurídica é incindível (DIDIER, JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 19ª
ed. Salvador: Juspodivm, 2017, v. 1, p. 528; BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários
ao código de processo civil. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 383).

E) CORRETA: De acordo com o art. 113, § 1º, do CPC, “O juiz poderá limitar o litisconsórcio
facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença
ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença”. Por sua vez, de acordo com o § 2º, “O requerimento de limitação
interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da
decisão que o solucionar”.

1 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Litisconsórcio unitário... cit., p. 132-134,

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GABARITO: E

8. Sobre o tema da execução, julgue os seguintes itens:

Item I: A impenhorabilidade da pequena propriedade rural não exige que o débito


exequendo seja oriundo da atividade produtiva, tampouco que o imóvel sirva de
moradia ao executado e à sua família.

Item II: Poderá promover a execução ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente


originário, desde que com consentimento do executado, o sub-rogado, nos casos
de sub-rogação legal ou convencional.

Item III: A alienação em fraude à execução é inválida.

Item IV: Caso a execução seja instaurada sem a verificação de condição ou da


ocorrência do termo, tal vício pode ser reconhecido de ofício ou a requerimento da
parte, independentemente de embargos à execução.

A) Apenas o item I está correto.

B) Apenas os itens I e IV estão corretos.

C) Apenas os itens III e IV estão corretos.

D) Apenas os itens I, II e IV estão corretos.

E) Apenas o item II está correto.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 18. Execução e processo de execução. Cumprimento de título exe-
cutivo judicial. Título executivo judicial. Liquidação. Espécies de cumprimento e
procedimento. Impugnação. Da viabilidade de manejo da exceção de pré-executi-
vidade.

19. Processo de execução. Título executivo extrajudicial. Espécies e procedimen-


tos. Execução Provisória. Defesas do devedor e de terceiros na execução.

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Item I) CORRETO: O art. 5º, XXVI, da Constituição Federal estabelece que “a pequena
propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento”.

Regulando o tema, o art. 833, VIII, do CPC/2015 afirmou a impenhorabilidade absoluta


da pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
Ademais, é evidente que não passou despercebido do constituinte originário o fato de que
o desenvolvimento da atividade agrícola (sujeita às mais variadas intempéries de tempo e
circunstâncias outras), cujo propósito é o de viabilizar o sustento do agricultor e de sua família
— e, não, propriamente, o de gerar lucros —, demandaria, com certa frequência, a utilização
de financiamentos. A especial menção deveu-se, assim, à necessidade de se salientar que,
nem mesmo a dívida oriunda da atividade produtiva, teria o condão de autorizar a constrição
judicial da pequena propriedade rural.

Deste modo, essas normas citadas estabelecem como requisitos únicos para obstar a constrição
judicial sobre a pequena propriedade rural: i) que a dimensão da área seja qualificada como
pequena, nos termos da lei de regência; e ii) que a propriedade seja trabalhada pelo agricultor
e sua família. Conclui-se, portanto, que, nos termos dos arts. 5º, XXVI, c/c o art. 649, VIII,
do CPC/1973 (art. 833, VIII, do CPC/2015), a proteção da impenhorabilidade da pequena
propriedade rural trabalhada pela entidade familiar, como direito fundamental que é, não se
restringe às dividas relacionadas à atividade produtiva. De igual modo, não se exige que o
imóvel seja a moradia do executado, impõe-se, sim, que o bem seja o meio de sustento do
executado e de sua família, que ali desenvolverá a atividade agrícola. (REsp 1.591.298-RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 21/11/2017).

Item II: INCORRETO: De acordo com o art. 778, § 1º, IV, “§ 1º Podem promover a execução
forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: (...) IV - o sub-rogado, nos
casos de sub-rogação legal ou convencional”.

O erro da assertiva está em exigir o consentimento do executado, pois destaca o § 2º que “A


sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado”.

Item III: INCORRETO: De acordo com o art. 792, § 1º, do CPC, “A alienação em fraude à
execução é ineficaz em relação ao exequente”. Note-se que o problema não é no plano da
validade, mas no da eficácia. Portanto, a referida alienação é válida, no entanto, apenas será
ineficaz em relação ao exequente que foi prejudicado.

Item IV: CORRETO: De acordo com o art. 803, do CPC, “Art. 803. É nula a execução se: I

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- o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II - o


executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se verificar a condição
ou de ocorrer o termo”.

A forma de alegação de tais nulidades é tratada no parágrafo único, segundo o qual, “A nulidade
de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução”.

GABARITO: B

9. Sobre o tema dos juizados especiais, assinale a alternativa correta:

A) Não é admissível a improcedência liminar do pedido no âmbito dos juizados


especiais, devido à incompatibilidade do rito.

B) As testemunhas, até o máximo de cinco para cada parte, comparecerão à


audiência de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado,
independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.

C) Nos casos em que o pedido seja genérico, a sentença proferida poderá ser
ilíquida, cabendo às partes o requerimento de realização da liquidação, a qual
seguirá o rito do Código de Processo Civil.

D) No âmbito dos juizados, os embargos de declaração não possuem o efeito


interruptivo, apenas suspendendo os demais prazos recursais.

E) Nos juizados especiais da fazenda pública, não caberá pedido de uniformização


de interpretação de lei quando houver divergência entre decisões proferidas por
Turmas Recursais sobre questões de direito processual.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 30. Juizados Especiais Cíveis. Federal. Estadual. Da Fazenda Pú-
blica.

A) INCORRETA: A improcedência liminar é regulada pelo art. 332 do CPC, segundo o qual,
“Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação
do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula

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do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo


Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito
local”.

Ao contrário do que aponta a assertiva, essa técnica é aplicável aos juizados, inclusive tendo
sido chancelada pelo enunciado n. 101 do FONAJE, segundo o qual, “O art. 332 do CPC/2015
aplica-se ao Sistema dos Juizados Especiais; e o disposto no respectivo inc. IV também abrange
os enunciados e súmulas de seus órgãos colegiados”, conteúdo que foi repetido igualmente
pelo enunciado n. 43 do ENFAM. No mesmo sentido é o enunciado n. 507 do FPPC, segundo
o qual, “O art. 332 aplica-se ao sistema de Juizados Especiais”.

B) INCORRETA: O erro está na quantidade de testemunhas, pois, de acordo com o art. 34, da Lei
9.099/1995, “As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência
de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de
intimação, ou mediante esta, se assim for requerido”. Ou seja, o limite é de 3 e não 5!

Lembro apenas para o aluno que no procedimento comum do CPC esse número é diverso,
pois, de acordo com o art. 357, § 6º, do CPC, “O número de testemunhas arroladas não pode
ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato”.

C) INCORRETA: De acordo com o art. 38, parágrafo único, da Lei 9.099/1995, “Não se admitirá
sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido”. Portando,
não sendo viável a prolação de sentença líquida, será o caso de extinção do processo sem
julgamento do mérito, sendo as sentenças ilíquidas vedadas no procedimento do juizado.

D) INCORRETA: Essa assertiva era correta antes da entrada em vigor do CPC/2015, no


entanto, o referido texto normativo foi alterado e agora o art. 50, da Lei 9.099/1995 afirma que
“Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso”.

E) CORRETA: De fato, de acordo com o art. 18, caput, da Lei 12.153/2009, “Caberá pedido de
uniformização de interpretação de lei quando houver divergência entre decisões proferidas por
Turmas Recursais sobre questões de direito material”. Portanto, se o pedido de uniformização
apenas é admitido em questões de direito material é porque não se admite em relação ao
direito processual.

GABARITO: E

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10. Sobre a ação de consignação em pagamento, assinale a alternativa incorreta:

A) Em certas hipóteses, é viável a ação de consignação em pagamento de obrigação


de fazer.

B) Admite-se a consignação em pagamento extrajudicial em matéria tributária.

C) A ação de consignação em pagamento é via adequada para discutir a exigibilidade


e a extensão do crédito tributário.

D) O prazo de cinco dias previsto para o depósito da quantia devida na ação de


consignação em pagamento não é aplicável aos depósitos judiciais referentes a
créditos tributários, de tal sorte que são exigíveis multa e juros caso o depósito
não seja realizado dentro do prazo para o pagamento do tributo.

E) Na contestação da ação de consignação em pagamento, o réu poderá alegar


qualquer matéria de defesa.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 28. Processo judicial tributário. Execução fiscal. Ação anulatória
de débito fiscal. Ação de repetição de indébito. Ação de consignação em pagamen-
to. Ação Declaratória. Medida cautelar fiscal. Mandado de segurança

A) INCORRETA: De acordo com a doutrina de Fernando Gajardoni, “Não se admite consignação


em pagamento de obrigações de fazer e não fazer, mas apenas de obrigações de pagar
(quantia) e de entrega de coisa (art. 539, do CPC/2015 e 334, do CC). A razão é simples:
impossibilidade material. Não há como se efetuar, fenomenicamente, o depósito de uma
prestação de fazer ou não fazer. Para os casos em que o credor se recusar a receber a
prestação de fazer ou não fazer, se isto for possível, o que resta ao devedor que intenta a
obrigação é reclamar perdas e danos”. (Comentários ao art. 539. GAJARDONI, Fernando;
DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre; OLIVEIRA JR., Zulmar. Processo de conhecimento e
cumprimento de sentença - Comentários ao CPC de 2015. São Paulo: Método, 2016, p. 871).

B) INCORRETA: Mais uma vez, de acordo com Gajardoni, “Tem-se entendido que não cabe
consignação em pagamento extrajudicial em matéria tributária (art. 164, do CTN), e mesmo
em qualquer outra obrigação de pagar que precisa ser satisfeita contra o Estado” (Comentários
ao art. 539. GAJARDONI, Fernando; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre; OLIVEIRA JR., Zulmar.

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Processo de conhecimento e cumprimento de sentença - Comentários ao CPC de 2015. São


Paulo: Método, 2016, p. 873).

C) INCORRETA: De acordo com o STJ, no informativo 507, “A ação de consignação em


pagamento é via inadequada para forçar a concessão de parcelamento e discutir a
exigibilidade e a extensão do crédito tributário. O escopo da ação de consignação em
pagamento é a desoneração do devedor mediante o depósito do valor correspondente ao
crédito. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.285.916-RS, DJe 15/10/2010; AgRg no REsp
996.890-SP, DJe 13/3/2009; REsp 1.020.982-RS, DJe 3/2/2009, e AgRg no Ag 811.147-RS,
DJ 29/3/2007. AgRg no REsp 1.270.034-RS, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
23/10/2012”.

Veja-se que a reforço desse entendimento, o art. 164, § 1º, do CTN, destaca que “A consignação
só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar”, o que reforça sua
incompatibilidade com a discussão do crédito tributário.

D) CORRETA: Consoante destacou o STJ no informativo 564, “O prazo de cinco dias previsto
no art. 892 do CPC não é aplicável aos depósitos judiciais referentes a créditos tributários, de
tal sorte que são exigíveis multa e juros caso o depósito não seja realizado dentro do prazo
para o pagamento do tributo”.

Para tanto, o tribunal elencou as seguintes razões, em entendimento que, inclusive pode
ser cobrado em segunda fase: Ao se interpretar a norma processual conforme o princípio
da legalidade tributária estrita, reconhece-se que o prazo para o depósito judicial previsto
no art. 541 do CPC (“Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode
o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se
forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo
vencimento”) não se aplica às consignatórias de crédito tributário, por incompatibilidade
normativa. Nos termos do art. 113, § 1º, do CTN, “A obrigação principal surge com a ocorrência
do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-
se juntamente com o crédito dela decorrente”, sendo que, conforme estabelece o art. 140
do CTN, “As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos,
ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem a exigibilidade do crédito
tributário não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem”. Ademais, o crédito tributário
só se extingue ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída nos casos previstos no CTN
(art. 141); a suspensão da exigibilidade do crédito tributário se dá com o depósito do seu
montante integral, o que não dispensa o cumprimento das obrigações assessórias (art. 151, II
e parágrafo único); e a extinção do crédito tributário em razão do depósito judicial só se dá por

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ocasião de sua conversão em renda (art. 156, VI).

Nessa linha, deve-se afirmar que a consignação em pagamento do montante do tributo discutido,
que tem por fim a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a qual, ao final, pode implicar
sua extinção, é aquela em que o crédito é depositado dentro do prazo de vencimento da
obrigação, ou em que há o depósito do montante integral do débito (AgRg no Ag 1.239.917-SP,
Segunda Turma, DJe 17/5/2010). Isso porque não se pode ignorar que o crédito tributário
é exigível a partir do termo de vencimento. Inadimplido, por força de lei, é acrescido
de juros, multa e correção monetária. Por isso que, por ocasião do depósito judicial da
parcela respectiva, a parte deve depositar todo o montante devido: crédito principal,
juros e multa. O depósito judicial, então, elide a mora do contribuinte ou responsável que
ingressa em juízo para discutir a obrigação tributária tão somente quando realizado nos termos
e condições próprias para o pagamento integral do crédito tributário; só assim a conversão do
depósito em renda poderá implicar a extinção do crédito tributário. Não se pode permitir que
o contribuinte ou responsável tributário, por estar em juízo, seja agraciado com mais
cinco dias para adimplir o tributo, só porque ajuíza ação consignatória em pagamento.
Caso admitida essa tese, diretamente, estar-se-ia criando distinção entre contribuintes/
responsáveis, o que é vedado pelo art. 150, I, da CF, além de estar-se estabelecendo
espécie de moratória tributária, de caráter geral, sem previsão legal. AgRg no REsp
1.365.761-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 9/6/2015, DJe 17/6/2015.

E) INCORRETA: Há uma limitação na cognição horizontal da consignação em pagamento e,


por isso, não é qualquer matéria que pode ser alegada na contestação. Como destaca o art.
544 do CPC, “Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora
em receber a quantia ou a coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou
no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único. No caso
do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende
devido”.

GABARITO: D

PROFESSOR: LUIS FILIPE CISCOTTO


E-mail: profcei.luisciscotto@gmail.com

DIREITO CIVIL

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11. À luz da disciplina dos vícios redibitórios no Código Civil, é correto afirmar:

A) Tanto o vício redibitório quanto o erro atuam no plano da eficácia, entretanto, o


erro é considerado vício do consentimento e atinge a própria vontade, enquanto o
vício redibitório atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa.

B) As ações edilícias são classificadas como constitutivas negativas, e os prazos


previstos para tais demandas são decadenciais.

C) Por expressa previsão legal, as disposições relativas aos vícios redibitórios não
se aplicam às doações onerosas.

D) O adquirente possui o direito de obter a redibição ou abatimento no preço no


prazo de noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel.

E) Na venda de animais, não se caracterizam vícios redibitórios.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Contratos: Vício Redibitório.

A) INCORRETA: Para a melhor doutrina, não há que se confundir o vício redibitório com o
erro. No vício redibitório, o problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa. Já no erro, o
vício é do consentimento, atingindo a vontade, uma vez que a pessoa se engana sozinha em
relação a um elemento do negócio celebrado.

De acordo com José Fernando Simão, “na hipótese de erro quanto ao objeto ou sobre a
qualidade a ele essencial, a coisa é outra, diferente daquela que o declarante tinha em mente
ao emitir a declaração, ou, ainda, falta-lhe uma qualidade importante. Não há defeito ou vício
intrínseco à coisa. O que ocorre é vício no consentimento. O feito, como vício de consentimento,
é subjetivo, há uma falsa ideia da realidade. No caso de vício redibitório, o negócio é ultimado
tendo em vista um objeto com aquelas qualidades que todos esperam que possua, comum a
todos os objetos da mesma espécie. Porém, àquele objeto específico falta aos demais objetos
da espécie. Nesse caso, o comprador realmente queria comprar aquela coisa, mas há defeito
no objeto, o defeito como vício oculto é objetivo. Não há disparidade entre a vontade e a
declaração.”

Porém, insta verificar que as categorias se situam em planos distintos do contrato:


o vício redibitório está no plano da eficácia do contrato (resolução ou abatimento no

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preço), enquanto que o erro se situa no plano da validade (anulabilidade do contrato).

B) CORRETA: O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode fazer uso das ações
edilícias, nos termos do art. 442 do CC. Estas ações são constitutivas negativas, e os prazos
previstos no art. 445 do CC são decadenciais.

Ressalta-se que o adquirente poderá, por meio das ações edilícias:

a) Pleitear o abatimento proporcional no preço, por meio de ação quanti minoris ou ação
estimatória;

b) Requerer a resolução do contrato (devolvendo a coisa e recebendo de volta a quantia em


dinheiro que desembolsou), sem prejuízo de perdas e danos, por meio de ação redibitória;
Para pleitear as perdas e danos, deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja, que ele tinha
conhecimento dos vícios redibitórios (art. 443). Entretanto, a ação redibitória, com a devolução
do valor pago e o ressarcimento das despesas contratuais, cabe mesmo se o alienante não
tinha conhecimento do vício.

Obs.: Nos casos em que os vícios não geram grandes repercussões em relação à utilidade
da coisa, não cabe a ação redibitória, mas apenas a ação quanti minoris, com o abatimento
proporcional do preço.

Vale mencionar o Enunciado n. 28 CJF/STJ: “o disposto no art. 445, §§ 1° e 2°, do Código


Civil reflete a consagração da doutrina e da jurisprudência quanto à natureza decadencial das
ações edilícias.”

Quanto aos prazos previstos para as ações edilícias, podemos resumir da seguinte forma:

a) Nos casos de vício percebido imediatamente, o adquirente decai do direito de obter a


redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se
for imóvel, contado da entrega efetiva.

b) Caso o adquirente já estivesse na posse do bem, o prazo conta-se da alienação da coisa,


reduzido à metade – 15 dias para móvel e seis meses para imóvel. Como exemplo, o caso de
um locatário que adquire o bem, havendo uma tradição ficta (traditio brevi manu – possuía em
nome alheio, agora possui em nome próprio).

c) Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando
de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

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C) INCORRETA: A garantia legal contra os vícios redibitórios nos contratos bilaterais onerosos
e comutativos aplica-se às doações onerosas, conforme prevê o art. 441, par. único, do CC,
como no caso da doação remuneratória e da doação modal ou com encargo.

D) INCORRETA: Atenção para os prazos. O adquirente decai do direito de obter a redibição


ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade (15 dias – móvel e seis medes – imóvel).

Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando
de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

E) INCORRETA: De acordo com o art. 445, § 2°, do CC, no caso de vendas de animais,
os prazos de garantia quanto aos vícios redibitórios serão aqueles previstos na legislação
ordinária especial.

Segundo Flávio Tartuce, “essa lei especial pode ser o CDC, caso estejam presentes os elementos
da relação de consumo (arts. 2° e 3°). A título de exemplo, pode ser citada a compra por
consumidores de animais de estimação e lojas especializadas ou pet shops (TJRS, Processo
71000962233, Primeira Turma Recursal Cível). Na falta de previsão legal, devem ser aplicados
os usos e costumes locais, o que está em sintonia com a parte final do art. 113 do CC e com os
prazos constantes do § 1° do art. 445 do CC. Como os animais são bens móveis semoventes,
em regra, aplica-se o prazo de 180 dias. Como se pode notar, a norma em comento subverte a
ordem do art. 4° da lei de introdução, eis que primeiro serão aplicados os costumes e só depois
a analogia.”

GABARITO: B

12. Em relação ao contrato de compra e venda, assinale a alternativa CORRETA:

A) A compra e venda é um contrato real.

B) A compra e venda pode ser negócio formal ou informal.

C) É abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e


venda de imóvel em construção, salvo se o prazo máximo de prorrogação for de

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até 180 dias.

D) Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é possível a


inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, na hipótese de
inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega
do imóvel no prazo pactuado.

E) A pretensão ao recebimento de valores pagos, que não foram restituídos diante


de rescisão de contrato de compra e venda de imóvel, submete-se ao prazo
prescricional de três anos, previsto no art. 206, § 3º, IV e V, Código Civil.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Contratos nominados: compra e venda.

A) INCORRETA: Não se deve confundir o aperfeiçoamento do contrato com o seu cumprimento


(plano da eficácia). A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes
convencionam sobre a coisa e o seu preço. Trata-se, portanto, de um contrato consensual, e
não real (art. 482, CC).

No caso de compra e venda de imóveis, o registro mantém relação com a aquisição da


propriedade do negócio decorrente, o mesmo valendo para a tradição nos casos envolvendo
bens móveis. De acordo com a escada ponteana, o registro e a tradição estão no plano da
eficácia desse contrato.

Em resumo, na classificação dos contratos quanto ao momento do aperfeiçoamento:

a) Contratos Consensuais: São aqueles formados unicamente pelo acordo de vontades,


isto é, independem da entrega da coisa ou da observância de determinada forma (tem o
aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas). Exemplo:
Compra e venda, doação, locação, mandato, etc.

b) Contratos Reais: Os contratos reais necessitam para seu aperfeiçoamento, além do


consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. Tais contratos não se formam sem
a tradição da coisa, eles apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa (traditio rei), de um
contratante para o outro. Exemplo: comodato, mútuo, depósito, etc.

Vale ressaltar que, no Direito brasileiro, há predominância do princípio do consensualismo,


logo, o contrato consensual é a regra, tendo os contratos reais caráter excepcional.

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Portanto, no contrato de compra e venda, a entrega da coisa ou o registro do negócio no CRI


não tem qualquer relação com o seu aperfeiçoamento e sim com o cumprimento do contrato,
com a eficácia do negócio, em particular, com a aquisição da propriedade pelo comprador.

B) CORRETA: A compra e venda pode ser negócio formal (solene) ou informal (não solene).
Para parcela da doutrina, há diferença entre contratos formais e solenes: a solenidade estaria
relacionada com a escritura pública e não com a forma escrita (formalidade é gênero, solenidade
é espécie).

Assim, quando o valor do bem imóvel for superior a 30 salários mínimos, o contrato de compra
e venda exigirá escritura pública (art. 108, CC), sendo um contrato formal e solene. Caso
o imóvel tenha valor inferior ou igual a 30 salários mínimos, não haverá a necessidade de
escritura pública, a ser lavrada no Tabelionato de Notas.

Conforme explica Flávio Tartuce, “em todos os casos envolvendo imóveis, é necessária a
forma escrita para registro no CRI, estando a eficácia no mesmo plano que a validade do
contrato em questão (contrato formal e não solene). Na hipótese de compra e venda de bem
móvel, de qualquer valor, não há necessidade de escritura pública nem de forma escrita, pois
não há registro (contrato informal e não solene).

Destaca-se o posicionamento de Silvio de Salvo Venosa sobre o assunto: “o contrato solene


entre nós é aquele que exige escritura pública. Outros contratos exigem forma escrita, o que
os torna formais, mas não solenes. No contrato solene, a ausência de forma torna-o nulo. Nem
sempre ocorrerá a nulidade, e a relação jurídica gerará efeitos entre as partes, quando se trata
de preterição de formalidade, em contrato não solene”

Ademais, para aqueles que entendem que as expressões são sinônimas, os contratos formais
ou solenes são aqueles que exigem uma forma especial para a sua celebração, como no caso
da venda de um imóvel com valor superior a trinta salários mínimos.

Por outro lado, os contratos informais ou não solenes são aqueles que admitem a forma livre,
como é o caso do contrato do mandato, que pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito (art.
656 do CC).

C) INCORRETA: No contrato de promessa de compra e venda de imóvel em construção (“imóvel


na planta”), além do período previsto para o término do empreendimento, há, comumente, uma
cláusula prevendo a possibilidade de prorrogação excepcional do prazo de entrega da unidade
ou de conclusão da obra por um prazo que varia entre 90 e 180 dias. O STJ considerou que é
válida essa cláusula de tolerância. Assim, não é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos

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de promessa de compra e venda de imóvel em construção, desde que o prazo máximo de


prorrogação seja de até 180 dias.

Esse prazo de tolerância deverá ser de, no máximo, 180 dias, visto que, por analogia, é o
prazo de validade do registro da incorporação e da carência para desistir do empreendimento
(arts. 33 e 34, § 2º, da Lei nº 4.591/64 e 12 da Lei nº 4.864/65) e é o prazo máximo para que o
fornecedor sane vício do produto (art. 18, § 2º, do CDC).

Obs.: A Lei de Incorporações Imobiliárias (Lei nº 4.591/64) prevê a possibilidade de prorrogação:


Art. 48. (...) § 2º Do contrato deverá constar a prazo da entrega das obras e as condições e
formas de sua eventual prorrogação.

“No contrato de promessa de compra e venda de imóvel em construção, além do


período previsto para o término do empreendimento, há, comumente, cláusula de
prorrogação excepcional do prazo de entrega da unidade ou de conclusão da obra,
que varia entre 90 (noventa) e 180 (cento e oitenta) dias: a cláusula de tolerância.

(..) A cláusula de tolerância, para fins de mora contratual, não constitui desvantagem
exagerada em desfavor do consumidor, o que comprometeria o princípio da
equivalência das prestações estabelecidas. Tal disposição contratual concorre para
a diminuição do preço final da unidade habitacional a ser suportada pelo adquirente,
pois ameniza o risco da atividade advindo da dificuldade de se fixar data certa para
o término de obra de grande magnitude sujeita a diversos obstáculos e situações
imprevisíveis.

Deve ser reputada razoável a cláusula que prevê no máximo o lapso de 180 (cento
e oitenta) dias de prorrogação, visto que, por analogia, é o prazo de validade do
registro da incorporação e da carência para desistir do empreendimento (arts. 33 e
34, § 2º, da Lei nº 4.591/1964 e 12 da Lei nº 4.864/1965) e é o prazo máximo para
que o fornecedor sane vício do produto (art. 18, § 2º, do CDC).

Mesmo sendo válida a cláusula de tolerância para o atraso na entrega da unidade


habitacional em construção com prazo determinado de até 180 (cento e oitenta)
dias, o incorporador deve observar o dever de informar e os demais princípios da
legislação consumerista, cientificando claramente o adquirente, inclusive em ofertas,
informes e peças publicitárias, do prazo de prorrogação, cujo descumprimento
implicará responsabilidade civil. Igualmente, durante a execução do contrato,
deverá notificar o consumidor acerca do uso de tal cláusula juntamente com a sua
justificação, primando pelo direito à informação.” (STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.318-

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RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/9/2017. Informativo n°
612).

D) INCORRETA: É possível a inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, na


hipótese de inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega
do imóvel no prazo pactuado: “É possível a inversão da cláusula penal moratória em favor
do consumidor, na hipótese de inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na
ausência de entrega do imóvel no prazo pactuado. Precedentes. Nos termos da jurisprudência
do STJ, o atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes
durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente
comprador.” (STJ, AgInt no REsp 1656221/SP, Terceira Turma, DJe 19/09/2017)

E) INCORRETA: “A pretensão ao recebimento de valores pagos, que não foram restituídos


diante de rescisão de contrato de compra e venda de imóvel, submete-se ao prazo prescricional
de 10 (dez) anos, previsto no art. 205 do Código Civil, e não ao prazo de 3 (três) anos, constante
do art. 206, § 3º, IV e V, do mesmo diploma.” Nesse sentido: STJ, AgInt no REsp 1544768/DF,
Quarta Turma, DJe 27/11/2017.

No mais, conforme a jurisprudência pacífica do STJ, aplica-se o prazo prescricional decenal


previsto no art. 205 do CC nas pretensões decorrentes de inadimplemento contratual. Nesse
sentido: AgInt no REsp 1.498.564/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, DJe de 29/9/2017).

“A pretensão indenizatória nascida do inadimplemento contratual obedece ao prazo


de prescrição decenal (art. 205 do CC), dada a natureza obrigacional e pessoal
da relação e a inexistência de prazo específico. Precedentes” (STJ, AgRg no
REsp 1.384.376/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe de 02/02/2016).

GABARITO: B

13. Acerca da teoria das nulidades do negócio jurídico prevista no Código Civil, assinale
a opção correta:

A) Não há qualquer previsão legal quanto à inexistência do negócio jurídico.

B) Haverá nulidade quando a causa negocial ou o motivo determinante do negócio,


para ambas as partes, for ilícito.

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C) Haverá nulidade do negócio que tiver como objetivo fraudar diretamente a lei
imperativa.

D) Não invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições


incompreensíveis.

E) Não há previsão sobre a conversão do negócio jurídico nulo.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Negócio Jurídico.

A) CORRETA: Não há qualquer previsão legal quanto à inexistência do negócio jurídico no


Código Civil. A teoria da inexistência não foi adotada expressamente pelo atual código. O art.
104 do CC trata diretamente do plano da validade. De acordo com Flávio Tartuce, “na verdade,
implicitamente, o plano da existência estaria inserido no plano da validade do negócio jurídico.
Por isso é que, em tom didático, pode-se afirmar que o plano da existência está embutido no
plano da validade”.

Portanto, não há previsão legal sobre a teoria da existência do negócio jurídico.

B) INCORRETA: De acordo com a melhor doutrina, não se confunde motivo determinante, que
está no plano subjetivo, com a causa negocial, que reside no plano objetivo do negócio. Assim,
o negócio em si, não tem objeto ilícito, mas a nulidade será determinante porque, no caso
concreto, houve conluio das partes para alcançar um fim ilegítimo e, eventualmente, criminoso.
Exemplo: venda de um automóvel para utilização em sequestro; empréstimo de uma arma para
matar alguém; aluguel de casa para exploração de lenocínio. Em outras palavras, a venda, o
empréstimo e o aluguel não são negócios que contrariam o Direito, mas são nulos por seus
motivos ilícitos, que foram determinantes, comum a ambas as partes.

C) INCORRETA: Haverá nulidade do negócio que tiver como objetivo fraudar a lei imperativa,
contudo, a doutrina explica que essa previsão não se confunde com ilicitude do objeto. Isso
porque nesta haveria uma ofensa direta da lei, enquanto que naquela há uma infringência
oblíqua ou indireta da norma proibitiva. Exemplo: uma retrovenda celebrada, cujo objetivo é o
de dar aparência de legalidade a um contrato de mútuo em que foram cobrados juros abusivos.

D) INCORRETA: Conforme previsão do art. 123 do Código Civil, invalidam os negócios jurídicos
que lhes são subordinados, as condições incompreensíveis ou contraditórias.

E) INCORRETA: O Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de

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natureza distinta, conforme art. 170: Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os
requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o
teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

O enunciado n. 13 CJF/STJ prevê, também, um requisito objetivo na conversão: “o aspecto


objetivo da conversão requer a existência do suporte fático no negócio a converter-se”. Ou
seja, é necessário que a situação fática permita a conversão, principalmente, pela similaridade
entre os elementos do negócio jurídico nulo e daquele para o qual ocorrerá a conversão.
Assim, o negócio que será convertido, deve apresentar os pressupostos de existência e os
requisitos de validade.

Cita-se um exemplo dado pela doutrina: a ausência de escritura pública em venda de imóvel
com valor superior a trinta salários-mínimos, o que acarreta a nulidade absoluta do ato (art. 108,
CC). Por meio da conversão, há a possibilidade do negócio ser aproveitado, transformando-se
a compra e venda nula em compromisso bilateral de compra e venda – espécie de contrato
preliminar (art. 462, “o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”).

Flávio Tartuce explica que deve ser imprescindível que as partes, após manifestações de
vontade livres, denotem as suas intenções de celebrar esse novo negócio jurídico, além da
presença dos demais requisitos mínimos do outro negócio, o que possibilita a convalidação,
mas com outros efeitos jurídicos.

GABARITO: A

14. Sobre o instituto da fraude contra credores, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Segundo o STJ, a ação pauliana não alcança o terceiro de boa-fé, em clara


aplicação da teoria da aparência e do princípio da boa-fé.

B) Não é possível a alegação de fraude contra credores em resposta aos embargos


de terceiro.

C) Para que o negócio oneroso seja anulado, é necessária a presença do conluio


fraudulento entre aquele que dispõe o bem e aquele que o adquire, e do evento
danoso, sendo imprescindível apenas este último para os casos de disposição
gratuita de bens.

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D) Conforme entendimento do STJ, caso reconhecida a fraude contra credores, a


alienação realizada será anulável.

E) Não é suficiente para afastar a anterioridade do crédito que se busca garantir a


assinatura de contrato particular de promessa de compra e venda de imóvel não
registrado e desacompanhado de qualquer outro elemento que possa evidenciar,
perante terceiros, a realização prévia desse negócio jurídico.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Defeitos do negócio jurídico

A) CORRETA: Segundo o STJ, a ação pauliana não alcança o terceiro de boa-fé, em clara
aplicação da teoria da aparência e do princípio da boa-fé:

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PAULIANA. SUCESSIVAS ALIENAÇÕES DE


VEÍCULO QUE PERTENCIA AO DEVEDOR. ANULAÇÃO QUE NÃO ALCANÇA OS
TERCEIROS DE BOA-FÉ.

1.- Em consonância com o art. 109 do CC/1916 (com redação correspondente no art.
161 do CC/2002), tendo havido sucessivos negócios fraudulentos, cabe resguardar
os interesses dos terceiros de boa-fé e condenar tão somente os réus que agiram
de má-fé, em prejuízo do autor, a indenizar-lhe pelo valor equivalente ao do bem
transmitido em fraude contra o credor.

2.- Recursos Especiais providos.” (REsp 1145542/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 19/03/2014).

Assim, embora constatada, em ação pauliana, a existência de sucessivos negócios fraudulentos


envolvendo o bem do devedor insolvente, e o prejuízo experimentado pelo credor, não caberia
tornar ineficaz o negócio jurídico em relação ao último proprietário do bem, ao final da cadeia
dominial, uma vez que este estava de boa-fé. (Nesse sentido: STJ, REsp 1100525/RS, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 23/04/2013).

B) CORRETA: Conforme súmula n. 195 do STJ, em embargos de terceiro não se anula ato
jurídico, por fraude contra credores. O meio processual adequado para se obter a anulação
de ato jurídico por fraude contra credores é a ação revocatória ou pauliana (nome dado em
atenção ao pretor Paulo, que a introduziu no direito romano – anotem isto, pois pode cair em
uma prova oral!).

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Seguem algumas decisões do STJ sobre o assunto:

“A ação pauliana ou revocatória deve ser proposta pelos credores quirografários


contra o devedor insolvente, podendo também ser promovida contra a pessoa que
celebrou o negocio jurídico com o fraudador ou terceiros adquirentes, que hajam
procedido de má-fé. O caso é de litisconsórcio passivo necessário.” (STJ, REsp
750.135/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanserino, 12.04.2011).

“O meio processual adequado para se obter a anulação de ato jurídico por fraude
a credores não é a resposta a embargos de terceiro, mas a ação pauliana.” (REsp
24311 RJ, Rel. Ministro CLAUDIO SANTOS, TERCEIRA TURMA, julgado em
08/02/1993, DJ 22/03/1993).

C) CORRETA: Na fraude contra credores há a presença de um elemento objetivo, formado pela


atuação prejudicial do devedor e do terceiro, e de um elemento subjetivo, volitivo, relacionado à
intenção de prejudicar os credores do devedor. (fraude contra credores = intenção de prejudicar
credores (elemento subjetivo) + atuação em prejuízo a estes (elemento objetivo)).

Nos negócios onerosos, em regra, para ocorrer sua anulabilidade, é necessária a presença do
conluio fraudulento entre aquele que dispõe o bem e aquele que o adquire (consilium fraudis –
má-fé – consciência de prejudicar terceiros), bem como o prejuízo causado ao credor (eventus
damni – prejuízo decorrente da insolvência).

Quanto ao elemento subjetivo, vale destacar o posicionamento de Carlos Roberto Gonçalves.


Segundo ele, “o credor somente logrará invalidar a alienação se provar a má-fé do terceiro
adquirente, isto é, a ciência deste da situação de insolvência do alienante. Não se exige, no
entanto, que o adquirente esteja mancomunado ou conluiado com o alienante para lesar os
credores deste. Basta a prova da ciência da sua situação de insolvência.”

Entretanto, nos casos de disposição gratuita de bens ou de remissão de dividas, o art. 158
não prevê a presença do elemento subjetivo do consilium fraudis (intenção de prejudicar os
credores – má-fé do devedor), sendo suficiente o evento danoso ao credor (eventus damni).
Assim, tais negócios podem ser anulados mesmo quando o adquirente ignore o estado de
insolvência.

Disposição onerosa de bens com intuito de fraude = conluio fraudulento (consilium fraudis) +
evento danoso (eventus damni)

Disposição gratuita de bens ou remissão de dívida = basta o evento danoso (eventus damni).

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Obs.: O art. 159 do CC presume a má-fé do adquirente quando a insolvência for notória, ou
houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Para a doutrina, a notoriedade da
insolvência pode se revelar por diversos atos, como a existência de bens e de várias execuções
ou demandas de grande porte movidas contra o devedor. Quanto aos motivos para conhecer
a insolvência do devedor, os casos mais comuns de presunção de má-fé do adquirente, por
haver motivo para conhecer a má situação financeira do alienante, são de aquisição de bem
por preço vil ou parentesco próximo entre as partes.

D) INCORRETA: Embora o Código Civil preveja expressamente a anulabilidade do ato praticado


em fraude contra credores, parte da doutrina e da jurisprudência entende que o ato é ineficaz.

Podemos sintetizar os posicionamentos da seguinte forma:

a) Primeira corrente: É anulável. O Código Civil adotou, na sua redação literal, a anulabilidade
do ato praticado em fraude contra credores, conforme previsão do art. 158 e 159. No mesmo
sentido se posicionam: Nelson Nery Junior, Sílvio Rodrigues, Luiz Guilherme Marinoni.

b) Segunda corrente: A alienação é válida, porém ineficaz perante o credor. Esse posicionamento
é defendido por outra parcela da doutrina, entre eles Yussef Cahali e Flávio Tarturce. Há julgados
mais recentes do STJ defendendo esta posição: “A fraude contra credores, proclamada em
ação pauliana, não acarreta a anulação do ato de alienação, mas, sim, a invalidade com relação
ao credor vencedor da ação pauliana, e nos limites do débito de devedor para com este” (STJ,
REsp 971884/PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 16/02/2012).

“A ação pauliana cabe ser ajuizada pelo credor lesado (eventus damni) por
alienação fraudulenta, remissão de dívida ou pagamento de dívida não vencida
a credor quirografário, em face do devedor insolvente e terceiros adquirentes ou
beneficiados, com o objetivo de que seja reconhecida a ineficácia (relativa) do
ato jurídico - nos limites do débito do devedor para com o autor -, incumbindo ao
requerente demonstrar que seu crédito antecede ao ato fraudulento, que o devedor
estava ou, por decorrência do ato, veio a ficar em estado de insolvência e, cuidando-
se de ato oneroso - se não se tratar de hipótese em que a própria lei dispõe haver
presunção de fraude -, a ciência da fraude (scientia fraudis) por parte do adquirente,
beneficiado, sub-adquirentes ou sub-beneficiados.

Quanto ao direito material, a lei não tem dispositivo expresso sobre os efeitos do
reconhecimento da fraude, quando a ineficácia dela decorrente não pode atingir
um resultado útil, por encontrar-se o bem em poder de terceiro de boa-fé. Cumpre,
então, dar aplicação analógica ao artigo 158 do CCivil [similar ao artigo 182 do

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Código Civil de 2002], que prevê, para os casos de nulidade, não sendo possível a
restituição das partes ao estado em que se achavam antes do ato, a indenização
com o equivalente. Inalcançável o bem em mãos de terceiro de boa-fé, cabe ao
alienante, que adquiriu de má fé, indenizar o credor.” (STJ, REsp 1.100.525-RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/4/2013, Quarta Turma, DJe 23/04/2013)

E) CORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, não é suficiente para afastar a


anterioridade do crédito que se busca garantir (requisito exigido para a caracterização de
fraude contra credores) a assinatura de contrato particular de promessa de compra e venda de
imóvel não registrado e desacompanhado de qualquer outro elemento que possa evidenciar,
perante terceiros, a realização prévia desse negócio jurídico.

Nesse sentido, para que haja a fraude contra credores, a dívida deve ser anterior à alienação
realizada pelo devedor. Caso esta alienação tenha sido feita por meio de instrumento particular,
a data que será considerada como sendo a da alienação não é aquela constante do contrato
(já que seria extremamente fácil de falsificar), mas sim a data na qual este negócio jurídico foi
registrado no Cartório.

Portanto, é com o registro da promessa de compra e venda no Cartório de Registro de Imóveis


que o direito do promissário comprador alcança terceiros estranhos à relação contratual
originária.

“1. Da literalidade do art. 106, parágrafo único, do CC/16, extrai-se que a afirmação
da ocorrência de fraude contra credores depende, para além da prova de
consilium fraudis e de eventus damni, da anterioridade do crédito em relação ao
ato impugnado. 2. É com o registro da promessa de compra e venda no Cartório
de Registro de Imóveis que o direito do promissário comprador alcança terceiros
estranhos à relação contratual originária. 3. A promessa de compra e venda não
registrada e desacompanhada de qualquer outro elemento que possa evidenciar a
alienação do imóvel, não afasta a anterioridade do crédito. 4. Recurso especial não
provido” (STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.593-RS, Rel. Min Nancy Andrighui, julgado
em 12/03/2013).

GABARITO: D

15. Quanto à classificação da posse, é possível afirmar que:

A) Em relação à presença de título, no ius possidendi há uma posse sem título,

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que existe por si só, enquanto que no ius possessionis há o direito à posse que
decorre da propriedade.

B) O Código Civil adotou a teoria objetiva de Ihering na usucapião.

C) Os entes despersonalizados não podem ser considerados possuidores.

D) Admite-se a conversão da detenção em posse.

E) A posse somente pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por
seu representante.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Posse: Classificação.

A) INCORRETA: Os conceitos estão invertidos, A partir das lições de Washington de Barros


Monteiro, o ius possidendi é o direito à posse que decorre de propriedade (posse com
título, estribada na propriedade); enquanto que o ius possessionis é o direito que decorre
exclusivamente da posse (posse sem título).

Em resumo:

a) “Ius possessionis” é o direito de posse, ou seja, é o poder sobre a coisa e a possibilidade


de sua defesa por intermédio dos interditos (interdito proibitório, de manutenção da posse
ou de reintegração de posse). Trata-se de conceito que se relaciona diretamente com a
posse direta e indireta.

b) “Ius possidendi” é o direito à posse decorrente do direito de propriedade, ou seja, é


o próprio domínio. É o direito conferido ao titular de possuir o que é seu.

B) INCORRETA: Em relação à usucapião, o Código Civil adotou a teoria subjetiva de Carl


von Savigny. A posse, para essa teoria, possui dois elementos: a) corpus – elemento
material ou objetivo da posse, constituído pelo poder físico ou de disponibilidade sobre
a coisa; b) animus domini – elemento subjetivo, caracterizado pela intenção de ter a coisa
para si, de exercer sobre ela o direito de propriedade.

Assim, a posse ad usucapionem é aquela que se prolonga por determinado lapso temporal
previsto em lei, admitindo-se a aquisição da propriedade pela usucapião, desde que observados
os requisitos legais. Essa posse deve ser mansa, pacífica, duradoura por lapso temporal

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previsto em lei, ininterrupta e com intenção de dono (animus domini – conceito de Savigny). E,
em regra, deve ter os requisitos do justo título e da boa-fé.

Já a teoria objetivista de Rudolf von Ihering, para a constituição da posse, basta que a pessoa
disponha fisicamente da coisa, ou que tenha a mera possibilidade de exercer esse contato.
Essa teoria dispensa a intenção de ser dono, tendo a posse apenas um elemento, o corpus,
como elemento material e único fator visível e suscetível de comprovação. Portanto, o corpus
é formado pela atitude externa do possuidor em relação à coisa, agindo este com o intuito de
explorá-la economicamente. A intenção aqui, não é de ser dono, e sim de explorar a coisa com
fins econômicos.

Deve-se ressaltar que, como regra, o Código Civil adotou parcialmente a teoria objetivista de
Ihering, de acordo com o seu art. 1.196 (“Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato
o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”), bastando apenas
o exercício de um dos atributos do domínio para que a pessoa seja considerada possuidora.
Com isso, desdobra-se a posse em direta e indireta (exemplo: o locatário é possuidor direto e
o locador, proprietário, é possuidor indireto, pelos direitos que decorrem do domínio).

C) INCORRETA: Os entes despersonalizados podem ser considerados possuidores, além das


pessoas naturais e jurídicas. De acordo com o Enunciado n. 236, da III Jornada de Direito
Civil, considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida
de personalidade jurídica. Podem ser possuidores: o espólio, a massa falida, a coletividade de
fato e o condomínio.

D) CORRETA: É admitida juridicamente a conversão da detenção em posse. Conforme


Enunciado n. 301, da IV Jornada de Direito Civil, “é possível a conversão da detenção em
posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos
atos possessórios.” Nas lições de Flávio Tartuce: “Se desaparecer o vínculo de dependência
de um contrato de trabalho, sendo celebrado expressamente um contrato de locação entre ex-
patrão e ex-empregado, não haverá mais mera detenção, mas posse, desdobrada em direta
e indireta. A partir de então, o novo locatário poderá desfrutar de todos os efeitos materiais e
processuais decorrentes do novo instituto que surge”.

Cita-se, como exemplo, o caso de detenção em uma relação de trabalho ou de emprego, em


que o empregador entrega o bem de sua propriedade ao trabalhador, diante de uma relação
de confiança decorrente do contrato, como na hipótese do motorista que detém o carro do seu
patrão. Entretanto, se estiver presente um comodato ou uma locação da coisa, não haverá
detenção, mas posse do empregado. (Nesse sentido: STJ, CC 105.134/MG, Segunda Seção).

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E) INCORRETA: A posse pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por seu
representante, além do terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (CC, Art. 1.205).

GABARITO: D

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

16. Acerca da disciplina constitucional das licitações e contratos administrativos,


indique a alternativa correta:

A) Compete privativamente à União legislar sobre licitações e contratos


administrativos.

B) A prestação de serviços públicos mediante permissão ou concessão deve ser


sempre precedida de procedimento licitatório.

C) Em procedimento licitatório, as exigências técnicas podem ser superiores às


necessárias para a garantia do cumprimento das obrigações.

D) Até o momento, não adveio a lei que disciplina a licitação no âmbito das empresas
estatais, nos termos do artigo 173, § 1º, inciso III, da Constituição.

E) Quanto aos fundamentos do direito administrativo, a regra constitucional da


licitação atende ao princípio da impessoalidade, mas não necessariamente ao da
igualdade.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Licitação e contrato administrativo.

A) INCORRETA: O artigo 22, inciso XXVII, da Constituição da República estabelece competir


privativamente à União legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas
as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da

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União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”. Assim,
a competência privativa da União restringe-se às normas gerais, podendo os demais entes
federativos legislar sobre normas específicas, é dizer, a totalidade do assunto ‘licitações e
contratos’ não está reservada à competência legislativa privativa da União.

B) CORRETA: É o que exige o artigo 175, caput, da Constituição da República: “incumbe


ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.” O “sempre” foi inserido na
alternativa para checar a segurança de vocês. Como já alertei antes, temos que ter atenção
às assertivas com absolutos: “sempre”, “nunca”, “invariavelmente”, etc., mas isso não significa
que elas devem ser descartadas automaticamente.

C) INCORRETA: A assertiva contraria o disposto no artigo 37, inciso XXI, do Texto Constitucional,
que é a principal regra sobre licitações e contratos prevista na Constituição e dispõe que
“ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas
as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”.

Um exemplo dessa vedação de exigir qualificação superior à necessária para garantir o


cumprimento das obrigações contidas no procedimento licitatório seria o caso de a Administração
Pública pretender construir um prédio de 03 andares e exigir, como qualificação necessária
dos licitantes, a comprovação de que já tenham construído prédios de 20 andares. É uma
exigência que não condiz com a necessidade da licitação.

D) INCORRETA: De fato, o artigo 173, § 1º, inciso III, da Constituição, prevê que a lei que
estabelecer o estatuto jurídico das estatais e disporá, dentre outras matérias, sobre “licitação
e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública”. O erro da alternativa está em afirmar que esta lei não existe, quando,
na verdade, a Lei nº 13.303/2016 dispôs sobre regras de licitação específicas para as empresas
estatais.

E) INCORRETA: Bastaria reler o artigo 37, inciso XXI, da Constituição, para ver que a licitação
deve assegurar igualdade de condições entre os participantes, o que evidencia a estreita
ligação do procedimento licitatório com o princípio da isonomia.

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GABARITO: B

17. Sobre o sistema de registro de preços, indique a alternativa correta:

A) Trata-se de modalidade licitatória.

B) A legitimidade para impugnar o preço constante do quadro geral, em caso de


incompatibilidade com o preço de mercado, é de qualquer cidadão.

C) Exige-se prévia dotação orçamentária para a sua realização.

D) Os preços registrados devem ser publicados na imprensa oficial semestralmente.

E) O prazo máximo de validade do registro de preços é de dois anos.

COMENTÁRIO
Pontos do edital: 9. Licitação e contrato administrativo.

A) INCORRETA: O registro de preços não está elencado entre as modalidades licitatórias, nem
corresponde a elas. Na verdade, trata-se de um instrumento (especificamente, um procedimento
auxiliar) para, como diz o próprio nome, formar um banco de preços de fornecedores.

Sobre o registro de preços, objeto da nossa questão, vale conhecer a lição de Sidney
Bittencourt, citada no livro de Ronny Charles Lopes de Torres (TORRES, Ronny Charles
Lopes de. Leis de Licitações Públicas Comentadas. Salvador: JusPodivm, 2017, pp. 164-165),
segundo a qual o sistema de registro de preços está fundado no conceito do sistema just in
time, segundo o qual “a compra ou contratação deve ser efetivada apenas quando ocorrer a
necessidade, gerando, para a Administração, uma redução nos gastos de armazenagem e
estoque.” Nas palavras exatas de Sidney Bittencourt: “o SRP baseia-se no conceito do sistema
de administração da logística de produção adotado no âmbito privado denominado just in time,
que se orienta apoiado na ideia de que nada deve ser produzido, transportado ou comprado
antes do momento exato da necessidade”.

B) CORRETA: É, exatamente, o que dispõe o artigo 15, § 6º, da Lei nº 8.666/93: “qualquer
cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral em razão de
incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado”. Trata-se de expressão do

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princípio da proposta mais vantajosa para a Administração, previsto no artigo 3º do referido


diploma legal.

C) INCORRETA: Ronny Torres (Op. Cit., p. 166), ao enfatizar a ausência de obrigatoriedade da


contratação daquilo que foi objeto de registro de preços, afirma que “na licitação para registro de
preços é dispensada prévia dotação orçamentária (...). (...) a indicação da dotação orçamentária
apenas será necessária para a formalização do contrato ou instrumento equivalente”.

D) INCORRETA: A assertiva contraria o disposto no artigo 15, § 2º, da Lei nº 8.666/93,


segundo o qual “os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da
Administração, na imprensa oficial.” Essa é uma questão de prazo, que coloco para que vocês
fixem na cabeça e acertem na prova!

E) INCORRETA: Mais uma questão de prazo, para lembrá-los da importância de ler a lei,
para a prova objetiva especialmente. O artigo 15, § 3º, da Lei nº 8.666/93, prevê que, na
regulamentação do sistema de registro de preços, devem ser observadas três condições: a)
seleção feita mediante concorrência; b) estipulação prévia do sistema de controle e atualização
dos preços registrados e c) validade do registro não superior a um ano.

GABARITO: B

18. O Regime Diferenciado de Contratações Públicas, previsto na Lei nº 12.462/2011,


aplica-se às licitações e contratos necessários à realização das seguintes obras/
serviços/aquisições, exceto:

A) Ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

B) Serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

C) Serviços de engenharia para reforma de estabelecimentos penais.

D) Ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, tecnologia e inovação.

E) Serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Assistência Social


(SUAS).

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Regime Diferenciado de Contratações Públicas.

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O RDC, apesar de, inicialmente, ter um espectro de incidência bastante reduzido, foi sofrendo
ampliações de objeto ao longo dos anos e, hoje, pode ser aplicado para diversas contratações
não contingenciais, como as obras e serviços de engenharia no âmbito do SUS e as ações no
âmbito da segurança pública.

É importante conhecer o artigo 1º da Lei nº 12.462/2011, para entender como é, hoje, ampla,
a moldura que permite as contratações pelo referido regime. A seguir, faço um quadro com a
simples transcrição de seus incisos:

O RDC se aplica às licitações e contratos necessários à realização:


I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos
Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO);
II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa
2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do
Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano
Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014
- CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de
responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais
dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das
cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II;
IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS;
VI - das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma e administração
de estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo;
VII - das ações no âmbito da segurança pública;
VIII - das obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou
ampliação de infraestrutura logística;
IX - dos contratos a que se refere o art. 47-A; [locação de bens móveis e imóveis, nos
quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com ou
sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela
administração].
X - das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): A alternativa reproduz o teor do inciso IV


supratranscrito.

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B) CORRETA (portanto, não é a resposta): A alternativa reproduz o teor do inciso V


supratranscrito.

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): A alternativa reproduz o teor do inciso VI


supratranscrito.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): A alternativa reproduz o teor do inciso X


supratranscrito. Atenção: este é o inciso mais recente (2016), portanto é importante conhecê-lo.

E) INCORRETA (portanto, é a resposta): Não existe previsão de aplicação do RDC às obras


e serviços de engenharia no âmbito do SUAS.

GABARITO: E

19. Sobre a contratação integrada nas licitações de obras e serviços de engenharia, no


âmbito do Regime Diferenciado de Contratações Públicas, indique a alternativa correta:

A) Seu objeto deve envolver inovação tecnológica ou técnica; possibilidade


de execução com diferentes metodologias ou possibilidade de execução com
tecnologias de domínio restrito no mercado.

B) A contratação integrada não compreende a realização de testes.

C) Nas hipóteses de contratação integrada, é estritamente vedada a celebração de


termos aditivos aos contratos firmados.

D) Não pode haver repartição de riscos entre a Administração Pública e o contratado.

E) O valor estimado da contratação será sempre calculado com base na avaliação


do custo global da obra.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Regime Diferenciado de Contratações Públicas.

A) CORRETA: A alternativa está de acordo com o artigo 9º da Lei nº 12.462/2011, segundo o


qual a contratação integrada deve ter objeto que envolva, pelo menos uma das três condições
listadas na questão, quais sejam, inovação tecnológica ou técnica; possibilidade de
execução com diferentes metodologias ou possibilidade de execução com tecnologias

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de domínio restrito no mercado.

B) INCORRETA: O artigo 9º, §1º, da Lei nº 12.462/2011 dispõe que “a contratação integrada
compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a
execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-
operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do
objeto.” De fato, a contratação integrada é o que se chama de turn key contract. Esse termo,
originário do mercado imobiliário, indica os contratos em que a pessoa compra uma casa toda
pronta e mobiliada, e só precisa virar a chave, entrar e morar. A ideia da contratação integrada
é, justamente, esta: o licitante deve entregar a obra ao Poder Público em plenas condições de
funcionamento, o que inclui a realização de testes.

C) INCORRETA: O artigo 9º, § 4º, da Lei nº 12.462/2011 prevê duas exceções à regra que
veda a proibição de celebração de termos aditivos, é dizer, pode haver celebração de termos
aditivos apenas nos seguintes casos: “I - para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro
decorrente de caso fortuito ou força maior; e II - por necessidade de alteração do projeto ou
das especificações para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, a pedido
da administração pública, desde que não decorrentes de erros ou omissões por parte do
contratado, observados os limites previstos no § 1º do art. 65 da Lei no 8.666, de 21 de junho
de 1993.”

D) INCORRETA: A possibilidade de repartição de riscos, também prevista, por exemplo, da lei


das PPP, é estabelecida no artigo 9º, § 5º, da Lei nº 12.462/2011, de acordo com o qual “se
o anteprojeto contemplar matriz de alocação de riscos entre a administração pública e o
contratado, o valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com
o objeto da licitação e as contingências atribuídas ao contratado, de acordo com metodologia
predefinida pela entidade contratante.”

E) INCORRETA: Há três critérios que podem ser utilizados para calcular o valor estimado da
contratação: 1) os valores praticados pelo mercado; 2) os valores pagos pela administração
pública em serviços e obras similares ou 3) a avaliação do custo global da obra, aferida
mediante orçamento sintético ou metodologia expedita ou paramétrica. É o que prevê o artigo
9º, § 2º, inciso II, da Lei nº 12.462/2011.

GABARITO: A

20. O Senado Federal, no dia 01.03.2018, enviou e-mail aos servidores informando sobre

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a pretensão de concessão de licença capacitação a Maria, servidora pública daquele


órgão, a ser gozada no período compreendido entre 01.08.2018 e 31.12.2018. Um dos
colegas de trabalho observou, contudo, que o prazo da licença extrapola o prazo máximo
previsto na legislação de regência, que é de três meses. Por isso, o Senado Federal
publicou portaria, no dia 02.03.2018, sem o erro contido no e-mail do dia anterior, ou
seja, concedendo a licença pelo prazo previsto na lei. Pode-se afirmar que o controle
exercido pelo Senado Federal, na espécie, foi:

A) Externo, posterior, de legalidade.

B) Interno, prévio, de legalidade.

C) Externo, prévio, de legalidade.

D) Interno, posterior, de legalidade.

E) Externo, prévio, de mérito.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 19. Controle administrativo, legislativo e judicial da Administração.

O controle da Administração Pública classifica-se, basicamente, de acordo com três critérios,


os quais foram cobrados na questão.

O primeiro deles diz respeito ao órgão responsável pelo controle, caso em que poderá
haver o controle interno (realizado pelo próprio Poder, no exercício da função administrativa -
lembrem-se de que não é apenas o Poder Executivo que desempenha a função administrativa,
mas que ela pode ser exercida, atipicamente, pelos demais poderes); o controle externo, que
é o exercido pelo Judiciário e pelo Legislativo, inclusive com o auxílio do Tribunal de Contas,
sobre os atos do Poder Executivo; e o controle social, que “é implementado pela sociedade civil,
por meio da participação nos processos de planejamento, acompanhamento, monitoramento
e avaliação das ações da gestão pública e na execução das políticas e programas públicos”.
(OLIVEIRA, Op. Cit., p. 791).

No caso da questão, o controle foi realizado pelo Senado Federal, no exercício de sua função
administrativa (atípica), denotando tratar-se de controle interno. Diferentemente seria, por
exemplo, se um dos servidores propusesse medida judicial para sanar a irregularidade.

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O segundo critério diz respeito ao momento do controle. De acordo com Rafael Oliveira (Op.
Cit., p. 792), o controle prévio é aquele exercido antes da publicação do ato administrativo,
enquanto o controle posterior é feito depois da publicação.

Na hipótese da questão, o Senado Federal corrigiu seu erro antes da publicação, que já se deu
com o prazo correto, o que evidencia tratar-se de controle prévio.

Por fim, quanto ao parâmetro do controle, há o controle de legalidade, que ocorre quando
se constata que o ato não condiz com a legislação de regência, e o controle de mérito, que
envolve ponderação sobre a conveniência e oportunidade do ato praticado.

No caso apresentado, ficou claro que o ato estava em desacordo com a lei, ou seja, que tratou-
se de controle de legalidade.

A) INCORRETA: O erro está em afirmar que se tratava de controle externo e posterior, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) CORRETA: A alternativa converge com os comentários feitos acima.

C) INCORRETA: O erro está em afirmar que se tratava de controle externo, o que destoa dos
comentários feitos acima.

D) INCORRETA: O erro está em afirmar que se tratava de controle posterior, o que destoa dos
comentários feitos acima.

E) INCORRETA: O erro está em afirmar que se tratava de controle externo e de mérito, o que
destoa dos comentários feitos acima.

GABARITO: B

PROFESSOR: WOLKER BICALHO


E-mail: profcei.wolkerbicalho@gmail.com

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

21. Pra fins do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, Lei nº
10.206/1968, é INCORRETO afirmar que:

A) Funcionário Público é a pessoa legalmente investida em cargo, função ou

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emprego públicos.

B) Os cargos públicos podem ser isolados ou de carreira.

C) Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas a um


funcionário.

D) Quadro é o conjunto de carreiras ou cargos isolados.

E) Carreira é o conjunto de classes da mesma natureza de trabalho, escalonada


segundo o nível de complexidade e grau de responsabilidade.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 3. Cargo, emprego e função

A) Os servidores públicos, para a doutrina, são os agentes que integram a Administração Direta
e Indireta, sob qualquer regime funcional (José dos Santos. Manual de Direito Administrativo.
31ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, 634). Há quem entenda, ainda, que os integrantes das entidades
privadas da Administração Indireta também são considerados servidores públicos (vide Maria
Sylvia Zanella di Pietro in Servidores Públicos na Constituição de 1988. São Paulo: Atlas,
2011, p. 1).

No entanto, para fins da Lei nº 10.206/1968, o funcionário público é a pessoa legalmente


investida em cargo público (art. 3º), não trazendo as hipóteses de emprego público ou função
pública. Portanto, diante da literalidade do dispositivo, a assertiva está INCORRETA.

B) Os cargos públicos, levando-se em consideração o quadro funcional, podem ser divididos


em cargos de carreira ou isolados, nos termos do art. 5º da Lei nº 10.206/1968. Os primeiros,
conforme leciona José dos Santos Carvalho Filho, “permitem a progressão funcional dos
servidores através de diversas classes até chegar à classe mais elevada. Os cargos isolados,
ao contrário, têm natureza estanque e inviabilizam a progressão” (José dos Santos. Manual
de Direito Administrativo. 31ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, 653). Portanto, esta assertiva está
CORRETA.

C) O cargo público conjunto de atribuições e responsabilidades conferidas a um funcionário


(art. 3º da Lei nº 10.206/1968). José dos Santos Carvalho Filho esclarece que cargo público
é o local ocupado por servidor com funções específicas e remuneração estabelecida em lei
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. São Paulo:

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Atlas, 2017, 652). Dividem-se os cargo em (vide art. 13 da Lei nº 10.206/1968 - formas de
nomeação):

a) vitalícios - maior estabilidade devido às prerrogativas e independência dos cargos


que não podem sofrer pressões políticas (Magistrados, membros do Ministério Público e
to Tribunal de Contas). 2 anos para adquirir a vitaliciedade. Perder os cargos somente por
meio de processo judicial (art. 95, I; 128, §5º, I, ‘a’; art. 73, §3º da Constituição Federal).

b) efetivos - reveste-se de caráter de permanência. Somente pode perder o cargo em


virtude das hipóteses do art. 41 da Constituição Federal. Maioria absoluta dos cargos da
administração pública. Efetividade após 3 anos de estágio probatório.

c) em comissão - possui natureza transitória: nomeação e exoneração ad nutum devido


à confiança entre o servidor e a autoridade nomeante. Somente pode destinar-se às
funções de direção, chefia e assessoramento.

Diante do exposto, esta assertiva está CORRETA.

D) O quadro funcional é o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públicas integrantes


do ente federativo ou de seus órgãos internos. Nesses termos, a Lei nº 10.206/1968 (art. 9º),
definiu quadro como o “conjunto de carreiras e cargos isolados”. Diante disso, a assertiva está
CORRETA.

E) Como dito no item “B”, os cargos públicos podem ser divididos em cargos de carreira ou
isolados, nos termos do art. 5º da Lei nº 10.206/1968. Aqueles são definidos como o conjunto de
classes funcionais cujos integrantes podem progredir (progressão funcional), diferentemente
do isolado que é estanque. A Lei nº 10.206/1968, no art. 8º, definiu carreira como “o conjunto
de classes da mesma natureza de trabalho, escalonada segundo o nível de complexidade e
grau de responsabilidade”.. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

GABARITO: A

22. No tocante à licença para tratamento de saúde concedida a servidor público ocupante
de cargo exclusivamente comissionado no Estado de São Paulo, nos termos do Estatuto
dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, pode-se afirmar que:

A) Será de até o máximo de 4 (quatro) anos, com vencimento ou remuneração.

B) Após o término da licença saúde e caso seja verificada a incapacidade permanente

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para o trabalho, por inspeção médica oficial, o servidor será aposentado por
invalidez, no Regime Próprio de Previdência Social, desde que conte com mais de
15 (quinze) anos de exercício ininterrupto do cargo.

C) Será concedida mediante as regras do Regime Geral de Previdência Social.

D) O servidor não faz jus às licenças para tratamento de saúde, por motivo de
doença na família e para tratar de interesses particulares.

E) Será de até o máximo de 2 (dois) anos, sem vencimento ou remuneração.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo e
legislação complementar

A) Ao servidor público ocupante de cargo exclusivamente comissionado, nos termos do art.


181, caput, e §2º, da Lei nº 10.206/1968, com a nova redação dada pela Lei Complementar
nº 1.123/2010, é assegurada a licença à saúde, mediante as regras estabelecidas no Regime
Geral de Previdência Social.

Apesar de o prazo da licença à saúde para os servidores efetivos ser de até o máximo de
4 (quatro) anos, com vencimento ou remuneração, nos termos do art. 191, caput, da Lei nº
10.206/1968, com a nova redação dada pela Lei Complementar nº 1.123/2010, esta disposição
não se aplica aos servidores de cargos exclusivamente comissionados.

Pelas normas do Regime Geral de Previdência Social, será concedido ao funcionário público
o benefício do auxílio-doença, previsto no art. 59 e seguintes da Lei federal 8.213/91 e
regulamentado pelo Decreto 3.048/99.

Desse modo, o prazo a ser seguido é o definido pela perícia médica oficial do Instituto Nacional
de Seguro Social (INSS), nos termos do art. 62 da Lei federal 8.213/91, não haverá prejuízo
dos vencimentos somente nos primeiros 15 (quinze) dias de afastamento por motivo de
incapacidade temporária, sendo que o pagamento é feito pelo INSS a partir do 16º (décimo
sexto) dia, conforme art. 60 da Lei federal 8.213/91. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

B) A alteração do art. 181, caput, e §2º, da Lei nº 10.206/1968, pela Lei Complementar nº
1.123/2010, se deu em virtude de adaptar o texto legal à reforma da previdência ocorrida por
meio da Emenda Constitucional nº 20/1998, que excluiu do Regime Próprio de Previdência

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social os servidores ocupantes de cargos exclusivamente comissionados, os empregados


públicos e os servidores temporários. De acordo com o art. 40, §13, da Constituição Federal,
esses servidores serão filiados ao Regime Geral de Previdência Social.

Desse modo, entendo, que o art. 227 da Lei nº 10.206/1968 que garante aposentadoria por
invalidez aos servidores ocupantes de cargos exclusivamente comissionados no Regime
Próprio de Previdência Social, desde que conte com mais de 15 (quinze) anos de exercício
ininterrupto do cargo, não mais subsiste em face da alteração da Constituição Federal pela
Emenda Constitucional nº 20/1998. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

C) Conforme disposto nos itens “A” e “B”, o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
Estado de São Paulo, de modo correto, alterou o art. 181, §2º, da Lei nº 10.206/1968 (Lei
Complementar nº 1.123/2010), de modo a ser assegurada a licença à saúde, mediante as
regras estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com o art. 40,
§13, da Constituição Federal. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

D) O art. 181, §1º, da Lei nº 10.206/1968, com a nova redação dada pela Lei Complementar
nº 1.123/2010, disciplina que não haverá concessão das seguintes licenças para o servidor
ocupante de cargo exclusivamente comissionado: por motivo de doença na família; para tratar
de interesses particulares e; à funcionária casada com funcionário ou militar. Portanto, esta
assertiva está INCORRETA.

E) Pelos mesmos fundamentos da letra “A”, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: C

23. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e com o Estatuto


dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, é INCORRETO afirmar, quanto ao
procedimento disciplinar, que:

A) Será instaurada sindicância quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa
determinas as penas de repreensão, suspensão ou multa.

B) A falta de defesa técnica por advogado no procedimento administrativo


disciplinar não ofende a Constituição.

C) O acusado poderá constituir advogado para lhe representar, no entanto, não


tendo recursos financeiros ou negando-se a constituir advogado, o presidente

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nomeará advogado dativo.

D) Será obrigatório o processo administrativo quando a falta disciplinar, por sua


natureza, possa determinar as penas de exoneração, demissão, demissão a bem
do serviço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

E) Os procedimentos disciplinares punitivos serão realizados pela Procuradoria


Geral do Estado e presididos por Procurador do Estado confirmado na carreira.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 12. Responsabilidade dos agentes públicos. Processo administra-
tivo disciplinar e sindicância. Infrações e sanções disciplinares.

A) De acordo com o Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, Lei nº
10.206/1968, com a redação dada pela Lei Complementar nº 942/2003, a apuração das
infrações será realizada mediante dois procedimentos: sindicância ou processo administrativo
disciplinar (art. 268, caput).

De acordo com os artigos 269 e 270 da Lei nº 10.206/1968, será instaurada sindicância quando
a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de repreensão, suspensão ou
multa, reservando-se, ao processo administrativo disciplinar, as faltas que, também por sua
natureza, possam acarretar as penas de demissão, demissão a bem do serviço público e
cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

B) A Súmula Vinculante nº 5 do Supremo Tribunal Federal é expressa ao estabelecer que “a


falta de defesa técnica por advogado no procedimento administrativo disciplinar não ofende a
Constituição”. Para a Suprema Corte, “se devidamente garantido o direito (i) à informação, (ii) à
manifestação e (iii) à consideração dos argumentos manifestados, a ampla defesa foi exercida
em sua plenitude, inexistindo ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal.”. Portanto, esta
assertiva está CORRETA.

C) Apesar de o Supremo Tribunal Federal ter entendido que a ausência de advogado não
macula o procedimento disciplinar, como esclarecido no item “B”, o Estatuto dos Funcionários
Públicos do Estado de São Paulo exige que seja garantido ao acusado, no caso de insuficiência
financeira ou na negativa de constituir advogado, lhe seja concedido advogado dativo (art. 282,
§3º).

Atualmente, na Procuradoria Geral do Estado, há um procedimento de credenciamento

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de advogados para atuarem como advogados dativos na Procuradoria de Procedimentos


Disciplinares. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

D) A ideia aqui é diferenciar a exoneração da demissão. Ambas são atos administrativos que
ensejam a extinção do vínculo estatutário do servidor para com a Administração Pública, com a
consequente vacância do cargo. Enquanto a demissão tem um caráter punitivo (prática de uma
infração), a exoneração é a dispensa do servidor por interesse da Administração ou do próprio
servidor, sem qualquer conotação de sentido punitivo (interesse). Portanto, esta assertiva está
INCORRETA, pois não cabe procedimento administrativo disciplinar relativos aos fatos que
podem sujeitar a exoneração do servidor, haja vista o suporte fático ser o interesse pessoal
ou público. Exemplos de fatos que podem ensejar a exoneração: servidor não satisfaz as
condições do estágio probatório; “ad nutum”, no tocante aos servidores comissionados etc..

E) O art. 271 do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo disciplina que
“os procedimentos disciplinares punitivos serão realizados pela Procuradoria Geral do Estado
e presididos por Procurador do Estado confirmado na carreira”. Atualmente, com base na Lei
Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, Lei Complementar nº 1.70/2015,
a Procuradoria de Procedimentos Disciplinares é o órgão responsável por “realizar, desde a
portaria inicial até o relatório conclusivo, os procedimentos disciplinares não regulados por lei
especial, em face de servidores da Administração Direta e Autárquica, independentemente de
seu regime jurídico” (art. 42, I). Portanto, esta assertiva está CORRETA.

GABARITO: D

24. Sobre a acumulação de cargos públicos, de acordo com a Constituição Federal e a


jurisprudência dos Tribunais Superiores, é CORRETO afirmar que:

A) é permitida em qualquer caso, desde que haja compatibilidade de horários.

B) a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedade de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

C) é permitida, na área da saúde, exclusivamente para dois cargos privativos de


médico.

D) é permitida a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou

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científico, desde que este seja de nível superior.

E) é permitida a acumulação de dois cargos de professor, somente se as


remunerações em ambos os cargos somadas não superarem o teto remuneratório,
previsto no XI do art. 37 da Constituição Federal, e haja compatibilidade de horários.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Acumulação de cargos, empregos e funções

A) A acumulação de cargos públicos é excepcional, pois a regra é o exercício de um único cargo,


de modo que o interesse público possa ser atendido com a máxima eficiência possível. No
entanto a Constituição Federal traz algumas exceções (art. 37, XVI, da Constituição Federal),
a saber: (i) a de dois cargos de professor; (ii) a de um cargo de professor e um de técnico
ou científico; (iii) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde, com
profissões regulamentadas. Em todos esses casos, há necessidade de existir compatibilidade
de horários e respeito ao teto remuneratório, previsto no IX do art. 37 da Constituição Federal.

A regra foi objeto de importantes modificações com a reforma administrativa, realizada por
meio da Emenda Constitucional nº 19/1998. O texto originário somente exigia somente a
compatibilidade de horários para a acumulação dos cargos, sem qualquer menção ao respeito
ao teto de vencimentos disciplinado no art. 37, XI, da Constituição Federal. Diante do exposto,
a resposta esta INCORRETA.

B) Apesar de o art. 37, XVI, da Constituição Federal disciplinar acerca das hipóteses
possíveis de acumulação remunerada de cargos públicos, no inciso XVII do mesmo artigo,
há previsão de extensão da proibição da acumulação “a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público” (redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19/1998). Portanto a assertiva está CORRETA.

C) A Constituição Federal previa a possibilidade de acumulação, na área da saúde, de dois


cargos privativos de médico. A redação da alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da Constituição
Federal foi alterado pela Emenda Constitucional nº 34/2001, de modo a estender a possibilidade
de cumulação de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, desde que as
profissões sejam regulamentadas. Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

D) No tocante a possibilidade de acumulação de um cargo de professor e um de técnico ou


científico, há certa imprecisão dos conceitos “cargo técnico” e “cargo científico”. Houve debate

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judicial a respeito do alcance dessas expressões e o Superior Tribunal de Justiça decidiu que
são aqueles cargos para cujo exercício sejam exigidos “conhecimentos técnicos específicos e
habilitação legal, não necessariamente de nível superior”. Para o Superior Tribunal de Justiça,
“o fato de o cargo ocupado exigir apenas nível médio de ensino, por si só, não exclui o caráter
técnico da atividade” (RMS 20033, Rel. Min. Arnaldo Esteves, DJ 2.2.2007. RMS 12352, Rel.
Min. Paulo Medina, DJ 23.10.2006). Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

E) A Constituição Federal prevê, como dito no item “A”, a possibilidade de acumulação de dois
cargos de professor, desde que respeitado o teto de vencimentos (art. 37, XI) e compatibilidade
de horários. O Supremo Tribunal Federal, ao interpretar o limite para fins remuneratórios,
decidiu que nas situações jurídicas em que a Constituição autoriza a cumulação excepcional
de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e
não ao somatório do que é recebido (Vide RE 612.975 e RE 602.043, Rel. Min. Marco Aurélio,
Dje 8.9.2017). Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

GABARITO: B

25. A respeito do reingresso na carreira de Procurador do Estado, nos termos da Lei


Complementar nº 1.270/2015 e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito
da matéria, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A reintegração é o reingresso do Procurador do Estado em decorrência de


decisão judicial transitada em julgado.

B) O aproveitamento é o reingresso do Procurador do Estado em disponibilidade.

C) A reversão é o reingresso do Procurador do Estado aposentado por invalidez


quando insubsistentes as razões que determinaram o ato de aposentação ou a
pedido.

D) É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao Procurador


do Estado investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

E) As formas de reingresso constituem modalidade de provimento derivado.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 14. O exercício da advocacia do Estado. Normas Constitucionais.


A Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado

A) A reintegração (art. 106 da Lei Complementar nº 1.270/2015) é o reingresso do Procurador do


Estado em decorrência de decisão judicial transitada em julgado. O art. 41, §2º, da Constituição
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998, é firme ao asseverar
que “invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado,
e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço.”. Diante disso, a assertiva está CORRETA.

B) Outra forma de reingresso ao cargo é ao aproveitamento, decorrente do retorno ao servidor


em determinado cargo, tendo em vista a extinção do cargo que ocupava ou a declaração
de sua desnecessidade. A Constituição Federal prevê essa hipótese de recondução no art.
41, §3º, ao asseverar que “extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo”. A Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado,
por sua vez, possui a seguinte redação: o aproveitamento é o reingresso do Procurador do
Estado em disponibilidade (art. 108, caput). Portanto a resposta está CORRETA.

C) A reversão é específica para o servidor inativo e ocorre em duas situações funcionais: (i)
restabelecimento, por laudo médico, de servidor aposentado por invalidez; (ii) vício de ilegalidade
do ato que concedeu a aposentadoria (José dos Santos. Manual de Direito Administrativo.
31ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, 663). Em que pese a doutrina considerar a hipótese de vício
do ato de aposentadoria como reversão, a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado
somente trouxe disciplinou a respeito do “aposentado por invalidez quando insubsistentes as
razões que determinaram o ato de aposentação.” (art. 107, caput).

Apesar de o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado prever a hipótese de reversão
a pedido do servidor, de duvidosa constitucionalidade para alguns autores (vide José dos
Santos. ob. cit., p 664), a Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado não a previu. Portanto
a resposta está INCORRETA.

D) De acordo com a Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal: É inconstitucional


toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido. A Suprema Corte declarou inconstitucional, por esse motivo,
a transferência e a ascensão funcional (ADI 231, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em

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5.8.1992). Portanto, a assertiva está CORRETA.

E) O reingresso é o retorno servidor público ao serviço público pela ocorrência de determinado


fato jurídico previsto no estatuto funcional. As forma de reingresso caracterizam-se por ser
modalidades de provimento derivado, uma vez que há havia vínculo jurídico anterior com o
cargo (no caso, procurador do Estado de São Paulo). Portanto, a assertiva está CORRETA.

GABARITO: C

PROFESSOR: RODRIGO LEVKOVICZ


E-mail: profcei.rodrigolevkovicz@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

26. Em relação ao licenciamento ambiental, assinale a alternativa CORRETA:

a) As obras ou atividades de significativo impacto ambiental de caráter nacional


ou regional sujeitam-se ao licenciamento pelo Ibama e pelo órgão estadual
competente.

b) O decurso dos prazos do procedimento de licenciamento autoriza a prática do


ato que dele dependa ou decorra.

c) Os Estados poderão se manifestar de forma vinculante no licenciamento de


obras ou atividades de significativo impacto ambiental licenciadas pelo Ibama.

d) A autorização do órgão que administra determinada Unidade de Conservação é


obrigatória para o licenciamento de obras ou atividades de significativo impacto
ambiental que as afete ou a sua zona de amortecimento.

e) A definição do ente competente para licenciar sempre depende da abrangência


dos impactos diretos do empreendimento ou atividade.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 4 Licenciamento

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A) INCORRETA: No Brasil não se admite o chamado licenciamento integrado ou complexo


por meio do qual mais de um ente efetua o licenciamento, sendo a condução compartilhada
ou coordenada por um deles. O artigo 13 da Lei Complementar n° 140/11, estabelece que os
empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados ambientalmente por um único
ente federativo.

B) INCORRETA: Não existe licenciamento ambiental pelo decurso de prazo. O silêncio da


autoridade administrativa não tem o condão de autorizar a prática de ato que dependa ou
decorra do licenciamento, conforme estabelece o § 3° do artigo 14 da Lei complementar
n° 140/11. O Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1.245.149/MS,
assentou que “mostra-se descabido, qualquer que seja o pretexto ou circunstância, falar em
licença ou autorização ambiental tácita, mormente por que nunca solicitou ou fê-lo somente
após haver iniciado, às vezes até concluído, a atividade ou empreendimento em questão. Se,
diante de pleito particular, o Administrador permanece silente, é intolerável que a partir da
omissão estatal e do nada jurídico se entreveja salvo-conduto para usar e abusar dos recursos
naturais, sem prejuízo, claro, de medidas administrativas e judiciais destinadas a obrigá-lo a
se manifestar e decidir”.

C) INCORRETA: Embora o § 1° do artigo 13 da Lei Complementar n° 140/11 estabeleça


que a manifestação de outros entes federativos no bojo do licenciamento ambiental do ente
competente não tenha caráter vinculante, isso não exonera o órgão licenciador de proceder
à análise e deliberação técnica sobre elas, na medida em que permanecem válidas as
disposições da Resolução Conama n° 237 que estabelece (i) a necessidade de o IBAMA
considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em
que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos
demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
envolvidos no procedimento de licenciamento, e (ii) a obrigação de o órgão ambiental estadual
ou do Distrito Federal competente para o licenciamento considerar o exame técnico procedido
pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento,
bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento, conforme
se extrai do § 1 do artigo 4° e do parágrafo único do artigo 5°, respectivamente.

D) CORRETA: Muito embora parte da doutrina apregoe que, com a edição da Lei n° 140/11,
apenas as unidades de conservação da mesma esfera federativa do órgão licenciador teriam
sobredita eficácia vinculante em suas autorizações (Paulo Bessa Antunes, in Direito Ambiental,
16ª edição, p.215), tanto no Estado de São Paulo, como na União (resolução Conama 428/10,

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Portaria MMA n° 55/15, art. 3°, caput), permanece o entendimento acerca da validade e
eficácia do § 3° do artigo 36 da lei do SNUC (Lei 9.985/00), no sentido de que, quando o
empreendimento de obra ou atividade de significativo impacto ambiental afetar unidade
de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento só poderá ser
concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração.

E) INCORRETA: O critério da influência direta para a definição do ente federativo competente


para o licenciamento ambiental, estabelecido pelos artigos 4°, inciso III e 5°, inciso III, da
Resolução Conama n° 237/97, foi abandonado pela Lei Complementar n° 140/11, a partir
de sua entrada em vigor, conforme disciplina o caput de seu artigo 18. Portanto, o critério
da abrangência dos impactos diretos ainda é aplicável aos processos de licenciamento e
autorização ambiental iniciados antes da vigência de referida lei complementar.

GABARITO: D

27. No que toca à demarcação de terras indígenas, considerando as premissas assentadas


pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do caso Raposa Serra do Sol (Pet. 3388
RR), assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios em caráter permanente


constituem terras indígenas para os fins previstos pelo artigo 231 da Constituição
Federal.

b) Havendo sobreposição de terra indígena com unidade de conservação, competirá


à FUNAI regulamentar o uso e ocupação do solo de modo a resguardar os atributos
ambientais da área e o modo de vida tradicional dos índios.

c) São bens públicos estaduais as terras indígenas demarcadas em sobreposição


a um parque estadual.

d) É vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, por meio do procedimento


previsto pelo artigo 231 da Constituição Federal.

e) As condicionantes de validade da demarcação de terra indígena explicitadas no


julgamento do caso raposa Serra do Sol tem força vinculante.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 7 Populações tradicionais

A) INCORRETA: O parágrafo primeiro do artigo 231 da Constituição Federal estabelece que são
terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (i) as por eles habitadas em caráter permanente,
(ii) as utilizadas para suas atividades produtivas, (iii) as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e (iv) as necessárias a sua reprodução física
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. O Supremo Tribunal Federal assentou
no caso Raposa Serra do Sol que o marco temporal para “as por eles habitadas em caráter
permanente a data de promulgação da Constituição Federal, 05 de outubro de 1988, com
a ressalva de que a “tradicionalidade da posse nativa [...] não se perde onde, ao tempo da
promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação apenas não ocorreu por efeito de renitente
esbulho por parte de não-índios.”

B) INCORRETA: No caso de sobreposição a unidade de conservação, competirá ao órgão


gestor da Unidade, e não à FUNAI, regulamentar o uso e ocupação do solo. Nos termos
consignados no julgamento da PET 3388 ED / RR: “72. Assim, como responsável pela
administração das áreas de preservação, o Instituto Chico Mendes não pode decidir apenas
com base nos interesses dos indígenas, devendo levar em conta as exigências relacionadas
a tutela do meio ambiente. Nesse cenário, e de fato possível – como afirma a embargante –
que “o administrador da unidade de conservação, até pela sua posição institucional, ponha
em primeiro plano a tutela ambiental, em detrimento do direito das comunidades indígenas”.
Contudo, e igualmente possível que isso não ocorra, não cabendo a este Tribunal antecipar
o erro, a negligencia ou a má-fé. Em qualquer caso, os índios, suas comunidades e o próprio
Ministério Publico poderão recorrer ao Poder Judiciário sempre que reputarem invalida uma
decisão do Instituto (ou de qualquer outra autoridade).”

C) INCORRETA: Em que pese a possibilidade de dupla afetação, uma vez demarcada como
território indígena, determinada área passa a ser de dominialidade da União, conforme
preconiza o inciso XI do artigo 20 da Constituição Federal e, portanto, caberá a ela a gestão
desse espaço territorial especialmente protegido. Por outro lado, é importante ter em mente que
nem sempre será possível estabelecer um regime de dupla afetação nas unidades de proteção
integral, mormente nas áreas cujo zoneamento seja mais restritivo no que toca à intervenção
antrópica. Há que se analisar a viabilidade ambiental de acordo com o uso e ocupação que se
pretenda dar na área sobreposta, considerando-se a capacidade de resiliência do ecossistema
sobreposto.

D) CORRETA: O Colendo Supremo Tribunal Federal, no histórico julgamento do caso

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Raposa Serra do Sol (Pet. 3388 RR), assentou uma série de condicionantes, denominadas
“salvaguardas institucionais” ao procedimento demarcatório das terras indígenas. Atento à
segurança jurídica, o Pretório Excelso delineou a condicionante XVII, segundo a qual é vedada
a ampliação de terra indígena já demarcada, sob pena de se submeter todo o espaço adjacente
a uma permanente situação de insegurança jurídica. Nessa oportunidade se definiu que “o
instrumento da demarcação previsto no art. 231 da Constituição não pode ser empregado, em
sede de revisão administrativa, para ampliar a terra indígena já reconhecida, submetendo todo
o espaço adjacente a uma permanente situação de insegurança jurídica. Nada disso impede
que a área sujeita a uso pelos índios seja aumentada por outros instrumentos previstos no
Direito. Os próprios índios e suas comunidades podem adquirir imóveis, na forma da lei civil
(Lei no 6.001/73, arts. 32 e 33). Nessa qualidade, terão todos os direitos e poderes de qualquer
proprietário privado (CF/88, art. 5º, XXII). A União Federal também pode obter o domínio de
outras áreas, seja pelos meios negociais tradicionais (como a compra e venda ou a doação),
seja pela desapropriação (CF/88, art. 5º, XXIV).”

E) INCORRETA: A decisão não vincula, mas serve de orientação aos demais tribunais e tem
sido respeitada nas cortes inferiores. Conforme assentou o Supremo Tribunal Federal no
julgamento da PET 3388 ED / RR “a decisão proferida na Pet 3.388/RR não vincula juízes e
tribunais quando do exame de outros processos, relativos a terras indígenas diversas. Como
destacou o Ministro Carlos Ayres Britto, “a presente ação tem por objeto tão-somente a Terra
Indígena Raposa Serra do Sol” (fl. 336). Vale notar que essa linha já vem sendo observada pelo
Tribunal: foram extintas monocraticamente varias reclamações que pretendiam a extensão
automática da decisão a outras áreas demarcadas (Rcl 8.070 MC/MS, dec. Min. Carlos Ayres
Britto [RI/STF, art. 38, I], DJe 24.04.2009; Rcl 15.668/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
DJe 13.05.2013; Rcl 15.051/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 18.12.2012; Rcl 13.769/
DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 28.05.2012). 56. Apesar disso, seria igualmente
equivocado afirmar que as decisões do Supremo Tribunal Federal se limitariam a resolver
casos concretos, sem qualquer repercussão sobre outras situações. Ao contrário, a ausência
de vinculação formal não tem impedido que, nos últimos anos, a jurisprudência da Corte venha
exercendo o papel de construir o sentido das normas constitucionais, estabelecendo diretrizes
que tem sido observadas pelos demais juízos e órgãos do Poder Público de forma geral”.

GABARITO: D

28. Em relação à zona de amortecimento, assinale a alternativa CORRETA:

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a) Todas as unidades de conservação devem possuir uma zona de amortecimento.

b) As unidades de proteção integral de dominialidade pública devem possuir zona


de amortecimento formada por terras públicas.

c) Não é passível da compensação ambiental prevista no artigo 36 do SNUC o


empreendimento de significativo impacto ambiental que afete diretamente a zona
de amortecimento de uma Estação Ecológica.

d) A zona de amortecimento das unidades de conservação não pode ser


transformada em zona urbana.

e) A delimitação e a normatização da zona de amortecimento de um Parque depende


de prévio estudo dos impactos ambientais que a atividade humana do seu entorno
pode causar a ele.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7 SNUC

A) INCORRETA: Nem toda unidade de conservação deve possuir uma zona de amortecimento.
Conforme disciplina o artigo 25 do SNUC, não contam com zona de amortecimento: (i) a Área
de Proteção Ambiental (APA - área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes
para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais – art. 15 SNUC) e (ii) a Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN- uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de
conservar a diversidade biológica - art. 21 SNUC).

B) INCORRETA: A zona de amortecimento pode ser formada por áreas públicas ou particulares.
Não há nenhum regramento específico em relação à dominialidade das áreas que estão nela
contidas. Por esse motivo, em respeito à propriedade privada, a zona de amortecimento não
pode, por si só, inviabilizar o proveito econômico dessas áreas sob pena de desapropriação
indireta. Isso não impede, contudo, que a zona de amortecimento encampe restrições já
existentes advindas da legislação ambiental como um todo. Especificamente em relação à
propriedade privada, o artigo 27 do SNUC estabelece que o plano de manejo deve (i) incluir
medidas para promover a integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas

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à unidade de conservação, (ii) dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo


de organismos geneticamente modificados, observadas as informações contidas na decisão
técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, o que demonstra a
possibilidade de existência de áreas particulares na zona de amortecimento.

C) INCORRETA: A compensação ambiental prevista no artigo 36 do SNUC sempre é devida


para os casos de licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Não
importa se há impacto direto a uma unidade de conservação de proteção integral ou a
sua zona de amortecimento para que a compensação seja devida. Todavia, nos termos
do § 3° do artigo 36 do SNUC, quando o empreendimento afetar unidade de conservação
específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento só poderá ser concedido (i)
mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e (ii) a unidade afetada,
mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias
da compensação.

D) INCORRETA: Toda área de unidade de proteção integral é considerada zona rural para
os efeitos legais e a suas zonas de amortecimento, desde que definidas formalmente, no
ato de criação da unidade ou após, não poderá ser transformada em zona urbana, conforme
preconiza o caput e o parágrafo único do artigo 49 do SNUC, respectivamente.

E) CORRETA: A zona de amortecimento constitui, nos termos do inciso XVVIII do artigo 2° do


SNUC, o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas
a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
unidade. Portanto, a legitimidade de sua delimitação espacial e de seu regramento depende da
correlação desses fatores com a minimização dos impactos negativos que a atividade humana
no entorno pode causar à unidade. Não por outro motivo, o artigo 2° da resolução SMA n° 33
de 2013 estabelece que os estudos ambientais devam considerar (i) os impactos ambientais
potenciais e efetivos no interior da Unidade de Conservação provenientes da atividade humana
existente em seu entorno; (ii) as especificidades ambientais relacionadas à conservação da
biodiversidade existente no interior da Unidade de Conservação, (iii) o contexto socioeconômico
em que a Unidade de Conservação está inserida, (iv) a dinâmica de ocupação e uso do solo no
entorno da Unidade de Conservação.

GABARITO: E

29. Em relação à responsabilidade administrativa ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:

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a) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar, concorrentemente,


sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente.

b) A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e


recuperação da qualidade do meio ambiente.

c) A autoridade estadual tem preferência na autuação pela prática de infração


administrativa quando o empreendimento foi licenciado pela CETESB.

d) A responsabilidade pela prática de infração ambiental administrativa exige a


demonstração de dolo ou culpa.

e) A aplicação de multa diária depende da prática de infração administrativa que se


prolongue no tempo.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13 Responsabilidade administrativa ambiental

A) CORRETA: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo, dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente, controle da poluição, proteção ao patrimônio turístico e
paisagístico, bem como responsabilidade por dano ao meio ambiente, conforme preconiza o
artigo 24 incisos VI, VII e VIII da Constituição Federal. No âmbito da legislação concorrente,
nos termos do artigo art. 24, §§ 1º a 3º da Constituição Federal, a competência da União
deve limitar-se a estabelecer normas gerais, não excluindo a competência suplementar dos
Estados, que podem ainda exercer competência legislativa plena, quando não editada a lei de
normas gerais pela União (art. 24, §§ 1º a 3º da CF).

B) CORRETA: É possível a conversão da pena de multa simples na prestação de serviços de


preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, conforme estabelece
o §4° do art. 72 da Lei 9.605/98. Neste ponto é importante registar que são considerados
serviços de tal natureza, nos termos do artigo 140 do Decreto 6.514/08, as ações, as atividades
e as obras incluídas em projetos que tratem, no mínimo, sobre a recuperação: de áreas
degradadas para conservação da biodiversidade e conservação e melhoria da qualidade do
meio ambiente; de processos ecológicos essenciais; de vegetação nativa para proteção e de
áreas de recarga de aquíferos; da proteção e manejo de espécies da flora nativa e da fauna
silvestre, bem como do monitoramento da qualidade do meio ambiente e desenvolvimento de

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indicadores ambientais, da mitigação ou adaptação às mudanças do clima, da manutenção de


espaços públicos que tenham como objetivo a conservação, a proteção e a recuperação de
espécies da flora nativa ou da fauna silvestre e de áreas verdes urbanas destinadas à proteção
dos recursos hídricos, de educação ambiental e da promoção da regularização fundiária de
unidades de conservação.

C) CORRETA: A lei complementar n° 140/11 fixou normas para a cooperação entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício
da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora. Considerando que o artigo 23, inciso VI da Constituição Federal
estabelece a competência administrativa comum da União, dos Estados e Distrito Federal e
dos Municípios para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas, o artigo 17, § 3 ° da LC 140/11, assentou a possibilidade do exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e
atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, mas deu prevalência ao auto de infração ambiental lavrado
por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização.

D) INCORRETA: Consoante jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça e


reiterada prática administrativa dos órgãos de fiscalização ambiental do Estado de São Paulo
a responsabilidade administrativa ambiental é objetiva, ou seja, prescinde da caracterização
e dolo ou culpa. Confira-se: PROCESSUAL CIVL E AMBIENTAL. QUEIMADA. MULTA
ADMINSTRATIVA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14, §1º, DA LEI N. 6.398/1981.
DANO AO MEIO AMBIENTE. NEXO CAUSAL. VERIFICAÇÃO. REXAME DE PROVA.
SÚMULA N.7/STJ. 1. A responsabilidade é objetiva; dispensa-se, portanto, a comprovação de
culpa, entretanto há de se constar o nexo causal entre ação ou omissão e o dano causado,
para configura a responsabilidade. (Agr no Aresp 165.201/MT, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, julgado em 19/06/2012, dje 02/06/2012). Contudo, é importante consignar que
o Superior Tribunal de Justiça atenuou esse entendimento para um caso específico, exigindo a
demonstração de dolo ou culpa para a caracterização da responsabilidade administrativa
do proprietário da carga transportada por terceiro, quando do julgamento do AgRg no Agravo em
Recurso Especial n°62.584/RJ, assim ementado: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535
DO CPC. INOCORRÊNCIA. DANO AMBIENTAL. ACIDENTE NO TRANSPORTE DE ÓLEO
DIESEL. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO PROPRIETÁRIO DA CARGA. IMPOSSIBILIDADE.
TERCEIRO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. I – A Corte de origem apreciou todas as

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questões relevantes ao deslinde da controvérsia de modo integral e adequado, apenas não


adotando a tese vertida pela parte ora Agravante. Inexistência de omissão. II – A responsabilidade
civil ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, o
terceiro, proprietário da carga, por não ser o efetivo causador do dano ambiental, responde
subjetivamente pela degradação ambiental causada pelo transportador. III – Agravo regimental
provido.

E) CORRETA: Para a imposição de multa diária é necessário o cometimento de uma infração


que se prolongue no tempo, conforme estabelece o § 5° do artigo 72 da Lei 9.605/98. A multa
diária (i) não poderá ser inferior a R$ 50 e o máximo não pode ser superior nem superior a
dez por cento do valor da multa simples máxima cominada para a infração (ii) deixará de ser
aplicada a partir da data em que o autuado apresentar ao órgão ambiental documentos que
comprovem a regularização da situação que deu causa à lavratura do auto de infração e (iii)
voltará a ser imposta desde a data em que deixou de ser aplicada, sendo notificado o autuado,
caso o agente autuante ou a autoridade competente verifique que a situação que deu causa à
lavratura do auto de infração não foi regularizada, conforme preconizam, respectivamente, os
§§ 2°, 4° e 5° do artigo 10, do Decreto 6.514/08.

GABARITO: D

30. Para os fins da Política Nacional do Meio Ambiente, é INCORRETO afirmar que:

a) A degradação da qualidade ambiental constitui a alteração adversa das


características do meio ambiente.

b) Ao poluidor deve ser imposta a obrigação de reparar ou indenizar os danos


causados.

c) Poluidor é a somente a pessoa física responsável diretamente por atividade


causadora de degradação ambiental.

d) Nem toda poluição constitui ato ilícito.

e) As atividades efetiva ou potencialmente poluidoras devem ser licenciadas.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 4 Política Nacional do Meio Ambiente.

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A) CORRETA: É importante notar que a degradação, nos termos do inciso II do artigo 3° da


Lei 6.938/81, traduz um conceito mais amplo do que a poluição, pois se caracteriza como a
alteração adversa da qualidade ambiental, enquanto que a segunda, nos termos do inciso III do
artigo 3° da Lei 6.938/81, caracteriza-se como a degradação da qualidade ambiental resultante
de atividades que direta ou indiretamente (i) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população (ii) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, (iii) afetem
desfavoravelmente a biota; (iv) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
(v) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Paulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental Brasileiro, 24ª edição, ed. Malheiros, p. 619)
adverte que “a desobediência aos padrões constitui ato poluidor, mas pode ocorrer que mesmo
com a observância dos mesmos ocorram os danos previstos nas quatro alíneas anteriores, o
que também caracteriza poluição, com a implicação jurídica daí decorrente.”

B) CORRETA: Como já tivemos a oportunidade de dizer, a Lei da Política Nacional de Meio


Ambiente enunciou objetivos, princípios e instrumentos que nem sempre foram por ela
regulamentados. A alternativa em apreço traz mais um exemplo disso, na medida em que no
inciso VII do artigo 4° Lei 6.938/81 se enuncia o objetivo de que seja imposta ao poluidor a
obrigação de reparar e indenizar os danos causados. Esse preceito, que autorizou a exigência
de medidas compensatórias e reparatórias no licenciamento ambiental, foi melhor detalhado
pela legislação esparsa, como por exemplo na compensação prevista pelo artigo 36 do SNUC,
na compensação da reserva legal prevista no artigo 66 do Código Florestal, etc.

C) INCORRETA: O conceito de poluidor é bem mais abrangente do que o exposto na


alternativa. Com efeito, nos termos do inciso IV do artigo 3°da Lei n° 6.938/81, poluidor é a
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental. Não é demais lembrar que o § 3° do artigo 225
da Constituição Federal, de forma inovadora, estabeleceu o dever de responsabilização aos
infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação e reparar o dano, conforme preconiza.

D) CORRETA: Dentre as diversas formas de poluição elencadas no inciso III do artigo 3° da


Lei 6.938/81, o lançamento de matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos constitui ato ilícito. Por óbvio, também constituem ato ilícito empreender atividade
não permitida pelo ordenamento jurídico, o que pode sujeitar o infrator à responsabilidade civil,
administrativa e penal. O importante é perceber que a poluição é tolerada pelo sistema jurídico,
pois faz parte da vida em sociedade, mas sujeita o poluidor, ainda que a atividade seja lícita,
conforme preconiza o inciso VII do artigo 4°, à obrigação de compensar e recuperar os danos

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causados ao meio ambiente.

E) CORRETA: O licenciamento ambiental é um importante instrumento de gestão


estabelecido pela Lei 6.938/81, por meio do qual a administração pública exerce o controle
sobre as atividades humanas efetiva ou potencialmente poluidoras, assegurando-se a
um só tempo o desenvolvimento econômico e a preservação dos recursos naturais. O
anexo 1 da Resolução Conama n° 237/97 apresenta um rol exemplificativo das atividades
que estão sujeitas o licenciamento ambiental, tais como: Interceptores, emissários,
estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário; Tratamento e destinação de resíduos
industriais (líquidos e sólidos);Tratamento/disposição de resíduos especiais tais como
de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros;
Tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de
fossas. Matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal;
Fabricação de conservas; Preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados;
Preparação, beneficiamento e industrialização de leite e derivado; Fabricação e refinação
de açúcar. Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações; Fabricação de pilhas,
baterias e outros acumuladores. Fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos
para telecomunicações e informática; Fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos.
Indústria de material de transporte, etc.

GABARITO: C

PROFESSORA: DANIELE ZANFORLIN


E-mail: profcei.danizanforlin@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

31. A respeito das ações tributárias, assinale a alternativa correta.

A) Numa demanda em que a parte pretenda obter segurança para reconhecer o


direito à compensação, não basta a comprovação da sua condição de credora
tributária, sendo essencial prova pré-constituída quanto aos elementos concretos
da própria compensação.

B) Concedida medida liminar em sede de mandado de segurança, a qual foi revogada

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pelo TJSP, o prazo prescricional continua suspenso, ainda que eventuais recursos
para as Cortes Superiores não tenham efeito suspensivo.

C) Não é possível a utilização de habeas data pelo contribuinte para a obtenção


de informações a respeito da existência de pagamentos não vinculados a créditos
tributários, eis que tais informações são de uso apenas interno das Fazendas
Públicas.

D) Na hipótese de mandado de segurança preventivo contra o justo receio de


sofrer lançamento fiscal, a autoridade coatora é aquela com competência para o
lançamento ex officio.

E) Mesmo que posteriormente denegada a ordem em sede de mandado de


segurança, se suspensa a exigibilidade do crédito por liminar não correrá juros de
mora.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 10. Processo judicial tributário: execução fiscal; ação anulatória de
débito fiscal; ação de repetição de indébito; ação de consignação em pagamento;
ação declaratória; medida cautelar fiscal; mandado de segurança.

A) INCORRETA: O mandado de segurança é ação constitucional que exige, como requisito


indispensável, a existência de prova pré-constituída do direito da parte. Sanando polêmica
existente quanto ao teor dessa prova pré-constituída quando o objeto do mandamus seja a
compensação tributária, o STJ compreendeu, em sede de recurso repetitivo, que “a extensão
do âmbito probatório está intimamente relacionada com os limites da pretensão nele deduzida”.
Assim:

- Se a ação limitar-se a ver reconhecido o direito de compensar (Súmula 213 do STJ), partindo
de um ato da autoridade que negou a compensabilidade, sem fazer juízo específico sobre os
elementos concretos da própria compensação (ou seja, querer ver reconhecido, em abstrato,
o seu direito à compensação), a prova exigida é, apenas, da condição de credora tributária,
razão pela qual a questão está incorreta.

- Já se pretender, além da declaração de compensabilidade, (a) pedido de juízo sobre os


elementos da própria compensação (v.g.: reconhecimento do indébito tributário que serve de
base para a operação de compensação, acréscimos de juros e correção monetária sobre ele

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incidente, inexistência de prescrição do direito de compensar), ou (b) pedido de outra medida


executiva que tem como pressuposto a efetiva realização da compensação (v.g.: expedição de
certidão negativa, suspensão da exigibilidade dos créditos tributários contra os quais se opera
a compensação), exige-se prova pré-constituída específica quanto aos elementos concretos
da operação realizada ou que o impetrante pretenda realizar.

Sobre o tema vide o REsp 1.111.164/BA, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos. A
respeito do mandado de segurança, importante, ainda, o conhecimento das súmulas 213 e 460
do STJ, que tratam da compensação.

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: A Primeira Seção do STJ julgou embargos de divergência (EAREsp 407.940/


RS) que tratava da fruição, ou não, do prazo prescricional do crédito tributário, após decisão
da segunda instância que revogou liminar outrora concedida, sujeita a recurso especial e/ou
extraordinário desprovido de efeito suspensivo.

O acórdão embargado compreendia que, suspensa a exigibilidade do crédito tributário por


liminar, não havia que se falar em transcurso do prazo prescricional, o qual voltaria a correr,
tão somente, após o trânsito em julgado da decisão contrária ao contribuinte.

Prevaleceram, contudo, os acórdãos paradigmáticos, que firmaram a seguinte compreensão


“revogada a liminar pela Corte de apelação e considerando o efeito meramente devolutivo
dos recursos especial e extraordinário, nada impede que a Fazenda promova, desde a
revogação da liminar, as medidas necessárias tendentes à cobrança dos créditos tributários
cuja exigibilidade não mais se encontra suspensa, se não verificada outra causa de suspensão
prevista no art. 151 do CTN”.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: Em 2012 o STF julgou o RE 673707, na sistemática da repercussão geral,


reconhecendo o cabimento do habeas data para acesso às informações do contribuinte em
sistemas de cadastro da Fazenda Nacional. Compreendeu-se que tais bancos de dados teriam
caráter público (afastando o argumento de que seriam de utilização meramente interna),
estando os contribuintes aptos a requererem o acesso às suas informações.

Haja vista os efeitos transcendentes desta decisão, ela é aplicada não só à Fazenda Nacional,
mas às demais Fazendas Públicas, não se limitando, ainda, ao sistema SINCOR da Receita
Federal, mas a qualquer sistema informatizado que detenha dados dos contribuintes, mesmo
que tais dados tenham sido resultado de informações por ele mesmos prestadas (ou seja,

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informações que, em tese, já possui).

A alternativa está incorreta.

D) CORRETA: No mandado de segurança preventivo, a autoridade coatora é aquela que tem


a competência para o iminente ato coator que se teme. Assim, se o ato coator a que se tem
justo receio é eventual lançamento tributário, a autoridade coatora (definidora da competência
do mandamus) é aquela com competência para o lançamento ex officio.

Importante notar que a temática continuamente aparece na jurisprudência do STJ, ante o erro
dos contribuintes em indicar o Secretário de Estado da Fazenda como autoridade coatora.
Importante, pois, conhecer este entendimento jurisprudencial do STJ. Sobre o tema, vejamos:

A Primeira Turma do STJ, ao julgar o AgRg no RMS 36.846/RJ (Rel. Ministro ARI PARGENDLER,
DJe de 07/12/2012), decidiu que, no regime do lançamento por homologação, a iminência
de sofrer o lançamento fiscal, acaso não cumpra a legislação de regência, autoriza o sujeito
passivo da obrigação tributária a impetrar mandado de segurança contra a exigência que
considera indevida. Nesse caso, porém, autoridade coatora é aquela que tem competência
para o lançamento ex officio, que, certamente, não é o Secretário de Estado da Fazenda
(RMS 53.710/GO, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em
07/12/2017, DJe 15/12/2017).

A alternativa está correta.

E) INCORRETA: É entendimento da Primeira Seção do STJ que incidem juros de mora sobre
débitos com exigibilidade suspensa por força de decisão liminar em mandado de segurança
cuja ordem tenha sido posteriormente denegada. Sobre o tema vide o REsp 1586507/SP.
Some-se a isso o teor do art. 9º, § 4º, da LEF, segundo o qual, tratando das garantias, somente
o depósito em dinheiro faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de
mora.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: D

32. A Fazenda do Estado de São Paulo possui contra pessoa jurídica X créditos tributários
de ICMS que remontam à competência dos anos de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. A
falência da pessoa jurídica X foi decretada em novembro de 2014, pelo juízo de falências
competente. Em 2017 foi arrematado parte do parque industrial da empresa falida. A

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respeito do tema, assinale a alternativa correta:

A) O crédito tributário prefere a qualquer outro, excetuados os créditos decorrentes


da legislação trabalhista e de acidente do trabalho, razão pela qual, sendo o
montante suficiente, a totalidade do crédito tributário será solvida, sem exceção.

B) O ICMS de 2015 e 2016 tem preferência sobre eventual crédito da União anterior
à decretação da falência.

C) Em nenhuma circunstância a multa tributária prefere os créditos quirografários


anteriores à falência.

D) A multa tributária prefere ao saldo do crédito trabalhista.

E) Durante o processo de recuperação judicial da empresa foi contraído débito


que, de acordo com a legislação, não tem precedência sobre o ICMS em análise.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 15. Lei 11.101/2005 (recuperação judicial/falências).

A) INCORRETA: De acordo com o art. 186 do CTN, “o crédito tributário prefere a qualquer
outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos
decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho”. Na falência, contudo, “o
crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de
restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor
do bem gravado” (art. 186, parágrafo único, inc. I, do CTN).

O erro da assertiva consta na expressão sem exceção, eis que havendo créditos extraconcursais,
estes serão pagos antes do crédito tributário concursal.

A alternativa está incorreta.

B) CORRETA: O parágrafo único do art. 187 do CTN estabelece que havendo concurso de
credores entre pessoas jurídicas de direito público, a ordem de pagamento será: (1) União,
(2) Estados, DF e Territórios, em conjunto e pró rata e (3) Municípios, conjuntamente e pró
rata. Assim, os créditos tributários da União teriam preferência no pagamento sobre o ICMS
de 2015 e 2016. Ocorre que, no caso em análise, o ICMS destes dois anos são créditos
extraconcursais, eis que os fatos geradores são posteriores à decretação da falência, de forma

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que serão pagos antes dos créditos tributários da União anteriores à falência. Inteligência do
art. 84, V, da Lei 11.101/2005 c/c art. 186, parágrafo único, I, do CTN.

A alternativa está correta.

C) INCORRETA: De acordo com o rol do art. 83, incs. VI e VII, da Lei 11.101/05, a multa
tributária é paga após os créditos quirografários. A multa tributária relativa a período posterior
à decretação da falência, contudo, é considerada crédito extraconcursal, sendo paga com
preferência sobre os créditos quirografários concursais.

A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: o saldo de crédito trabalhista, que exceda 150 salários mínimos, será pago
como crédito quirografário, preferindo, portanto, às multas tributárias (art. 83, VI, alínea “c”, da
Lei 11.101/05).

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: as obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a


recuperação judicial são considerados créditos extraconcursais (art. 84, inc. V, da Lei 11.101/05),
pagos, portanto, com preferência sobre os créditos tributários concursais (ICMS anteriores à
decretação da falência).

A alternativa está incorreta.

GABARITO: B

33. A respeito da fiscalização e administração do ICMS, assinale a alternativa incorreta:

A) A declaração de vendas pelo contribuinte em valores inferiores às informações


fornecidas por instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito e
débito faz presumir a ocorrência de omissão de operações e prestação de serviços
tributáveis.

B) Ainda que no interesse da arrecadação tributária, o Estado de São Paulo não


poderá editar, livremente, atos normativos que importem em desoneração do ICMS.

C) Uma vez que o deslocamento de ativos entre um estabelecimento e outro da


pessoa jurídica não importa na incidência do ICMS, não pode a Fazenda Estadual
estabelecer para o contribuinte a obrigação de declarar tais fatos.

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D) Diante de suspeita fundada de bem que objetive a comprovação de infração


tributária se localize em residência particular, deverá o Estado de São Paulo
promover a competente ação de busca e apreensão, sem prejuízo de outras
medidas necessárias.

E) Ao ente federativo é admitido estabelecer obrigações acessórias inclusive para


quem não é contribuinte do tributo.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. ICMS: Disciplina constitucional e infraconstitucional. Hipóte-
ses de incidência, contribuintes, responsáveis, substitutos. Base de cálculo. Alí-
quota. O princípio da não-cumulatividade. Regime de apuração e de pagamento.
Administração do ICMS: fiscalização; auto de infração; defesa do contribuinte; par-
celamento de débitos.

A) CORRETA: Alternativa correta de acordo com o art. 74-A, inc. VI, da Lei do Estado de São
Paulo nº 6.374/89, portanto não é gabarito da questão.

B) CORRETA: o art. 84-B, II, da Lei do Estado de São Paulo nº 6.374/89 disciplina que no
interesse da arrecadação tributária é possível ao Poder Executivo adotar medidas de incentivos
compensatórios pontuais. O STF, contudo, na ADI 4635 concedeu medida cautelar para
suspender qualquer interpretação desta norma (e do art. 112 da mesma lei) que tornassem
possível a edição de atos normativos pelo Estado de São Paulo que outorguem benefícios
fiscais ou financeiros, bem como incentivos compensatórios pontuais, dos quais resulte redução
ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus tributário, em matéria de ICMS, sem que
tais medidas sejam precedidas da necessária celebração de convênio no CONFAZ, conforme
determinação constitucional.

A alternativa está correta e não é gabarito da questão.

C) INCORRETA: De acordo com o entendimento firmado pelo STJ no REsp 1116792/PB, julgado
no rito dos recursos repetitivos, “o ente federado legiferante pode instituir dever instrumental a
ser observado pelas pessoas físicas ou jurídicas, a fim de viabilizar o exercício do poder-dever
fiscalizador da Administração Tributária, ainda que o sujeito passivo da aludida ‘obrigação
acessória’ não seja contribuinte do tributo ou que inexistente, em tese, hipótese de incidência
tributária, desde que observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade ínsitos
no ordenamento jurídico”.

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Neste sentido, o julgado em questão compreendeu que, apesar de o deslocamento de bens


ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa, por si só, não justificar a
incidência do ICMS, subsiste o dever instrumental imposto pelo Fisco Estadual de “levar ao
conhecimento da Administração (curadora do interesse público) informações que lhe permitam
apurar o surgimento (no passado e no presente) de fatos jurídicos tributários, a ocorrência
de eventos que tenham o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário, além da
extinção da obrigação tributária”.

Dispôs, ainda, o julgado que, “ainda que, em tese, o deslocamento de bens do ativo imobilizado
e de material de uso e consumo entre estabelecimentos de uma mesma instituição financeira
não configure hipótese de incidência do ICMS, compete ao Fisco Estadual averiguar a
veracidade da aludida operação, sobressaindo a razoabilidade e proporcionalidade da norma
jurídica que tão-somente exige que os bens da pessoa jurídica sejam acompanhados das
respectivas notas fiscais”.

A alternativa está incorreta e é o gabarito da questão.

D) CORRETA: Como já dito na primeira rodada, a prova da PGE-SP (e, no geral, os concursos
no Estado de São Paulo) cobram o conhecimento da legislação local que, muitas vezes, se
resume à letra da lei ou envolvem a aplicação de alguma informação para solução de uma
questão prática.

Neste sentido, o art. 77 da Lei Estadual do Estado de São Paulo nº 6374/89 estabelece que
ficam sujeitos à apreensão os bens ou mercadorias que constituam prova material de infração
à legislação tributária. O § 2º desse mesmo dispositivo dispõe que no caso desses bens ou
mercadorias encontrarem-se em local a que a fiscalização não tenha livre acesso, devem ser
promovidas buscas e apreensões judiciais, sem prejuízo das medidas necessárias para evitar
sua remoção sem anuência do fisco.

A alternativa está correta e não é gabarito da questão.

E) CORRETA: A alternativa está correta e pode ser depreendida do julgado tratado na Letra
C (REsp 1116792/PB, julgado no rito dos recursos repetitivos), bem como decorre da própria
noção de obrigação tributária acessória e do dever fundamental de cooperar com a arrecadação
tributária.

GABARITO: C

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34. A respeito do tratamento constitucional das imunidades, responda:

A) Viola o princípio da isonomia parcelamento de crédito tributário que exclua os


devedores que questionaram o tributo em juízo com depósito judicial dos débitos
tributários.

B) A imunidade das entidades beneficentes de assistência social se estende ao


ICMS incidente sobre insumos e produtos adquiridos no mercado interno.

C) Lei estadual que prorrogue aumento de alíquota de ICMS instituída por lei
anterior deve observar a anterioridade nonagesimal.

D) Incide o IPTU sobre imóvel de pessoa jurídica de direito público arrendado a


pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo.

E) As atividades de transporte de encomendas pelos Correios, por poder ser


realizadas por outras empresas, não está imune ao ICMS.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 2. Sistema constitucional tributário. Princípios constitucionais tri-
butários. Competência tributária. Imunidades.

A) INCORRETA: A assertiva foi retirada do RE 640905/SP, julgado sob a sistemática da


repercussão geral, conforme consta no Informativo 851 do STF: “não viola o princípio da
isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no parcelamento de dívida relativa
à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS, instituída pela Portaria
nº 655/93, dos contribuintes que questionaram o tributo em juízo com depósito judicial dos
débitos tributários”.

Compreendeu o STF que a situação de quem realiza depósito judicial e discute o tributo
é diferente de quem nada o fez, não havendo quebra da isonomia pela regra que impeça
o ingresso daquele no parcelamento. Isto porque, se assim não fosse, admitir-se-ia que o
contribuinte estaria autorizado a levantar o depósito judicial para parcelar extrajudicialmente o
débito. Na hipótese de inadimplemento, o Fisco precisaria envidar novamente esforços para
obter garantia de valores que já estavam depositados judicialmente antes.

A alternativa está incorreta.

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B) INCORRETA: A questão foi pacificada pelo STF no início de 2017, com o julgamento do
RE 608.872 sob a sistemática da repercussão geral (tema 342). De acordo com o julgado a
imunidade subjetiva aplica-se aos seus beneficiários quando na posição de contribuinte de
direito, mas não na de contribuinte de fato, sendo irrelevante eventual repercussão econômica
do tributo.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: Também julgado sob a sistemática da repercussão geral (tema 91) com relação
à legislação de São Paulo, no RE 584.100 restou decidido que norma que apenas prorrogue
a cobrança do ICMS com alíquota majorada não está sujeita à anterioridade nonagesimal,
que só será utilizada nos casos de criação ou majoração de tributos, mas não na simples
prorrogação da alíquota já aumentada anteriormente.

A alternativa está incorreta.

D) CORRETA: O tema foi decidido no RE 601.720 (tema 437), julgado sob a sistemática dos
recursos repetitivos: a imunidade da alínea a, inc. VI, do art. 150 da CF/99 não alcança bem
imóvel da UNIÃO cedido a empresa privada que explore atividade econômica, eis que o imóvel
é empregado por particular em atividade de fins exclusivamente privados e com intuito lucrativo.
O mesmo entendimento foi exarado no RE 594.015 (tema 385) com relação às sociedades de
economia mista que atua no mercado com fins lucrativos.

A alternativa está correta.

E) INCORRETA: O serviço postal é, como todos sabem, monopólio da ECT, estando, portanto,
sujeito à imunidade recíproca. O transporte de encomendas, por outro lado, pode ser realizado
tanto pelos Correios, quanto por outras empresas, em regime de concorrência. Ainda que
explorando atividade econômica neste caso, os Correios devem cumprir o encargo, na dicção
do STF (RE 627.051, julgamento com repercussão geral reconhecida), de alcançar todos os
lugares do Brasil, independentemente de tamanho ou desenvolvimento, razão pela qual sua
atividade persistiria imune ao ICMS, posto que, inclusive, serve para subsidiar a manutenção
do serviço público.

O mesmo entendimento foi exarado no RE 773.992 quando à imunidade da ECT para o IPTU
incidente sobre imóveis afetados ao serviço público e os que não estariam, sendo reconhecida
a manutenção da imunidade em ambos os casos.

A alternativa está incorreta.

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GABARITO: D

35. Numa situação hipotética de ICMS em regime de substituição tributária, assinale a


alternativa correta:

A) Na substituição tributária progressiva, contribuinte é o sujeito no final da cadeia


produtiva do bem.

B) Não há modificação da relação tributária decorrente da não ocorrência do fato


gerador.

C) O ICMS recolhido presumidamente sobre base de cálculo de R$ 100,00, mais


com base de cálculo efetiva de R$ 70,00 gera direito à restituição de indébito.

D) O cálculo do ICMS por dentro não se aplica na substituição tributária.

E) O responsável tributário recebe o mesmo tratamento do contribuinte indireto.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 6. Sujeição passiva tributária: contribuinte; responsável e subs-
tituto tributário. Responsabilidade pelo tributo e responsabilidade por infrações.
Denúncia espontânea.

A) INCORRETA: A substituição tributária ocorre quando terceira pessoa (substituto) vem e


ocupa o lugar do contribuinte (substituído), antes da ocorrência do fato gerador. A pessoa que
substitui o contribuinte é chamada de substituto tributário.

A substituição tributária pode ser regressiva (antecedente ou “para trás”), em que há a


postergação ou o adiamento do recolhimento do tributo com relação ao momento pretérito
em que ocorre o fato gerador. Ou seja, fica responsável pelo pagamento do tributo o sujeito
localizado no final da cadeia produtiva (hipótese da assertiva).

Pode, ainda, a substituição tributária ser progressiva (subsequente ou “para frente”), em que
há a antecipação do recolhimento do tributo cujo fato gerador ocorrerá em momento posterior,
com lastro em base de cálculo presumida. Neste caso, o sujeito situado em momento inicial da
cadeia produtiva recolhe não só o tributo que incida na relação jurídica em que se encontra,
mas também os das demais etapas. Portanto, o contribuinte, neste caso, não será o sujeito do

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final da cadeia produtiva, o que ocorre na modalidade de substituição regressiva.

A questão está incorreta.

B) INCORRETA: A substituição tributária progressiva encontra previsão no art. 150, § 7º, da


CF/88: “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável
pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato
gerador presumido. (Incluído pela EC 3/93)”.

De acordo com esta redação, não ocorrendo o fato gerador cujo recolhimento foi antecipado
pelo substituto tributário, deve ser realizada a restituição da quantia paga.

A alternativa está incorreta.

C) CORRETA: na esteira do quanto tratado na questão anterior, compreendia o STF (ADI


1851) que ocorrido o fato gerador presumido, mas com base de cálculo efetiva menor do que
a presumida, não haveria restituição do indébito, tendo considerado válido, pois, o Convênio
ICMS 13/97, firmado por 23 estados-membros, no qual previram que eles iriam adotar a
sistemática da substituição tributária para frente na cobrança do ICMS e se a base de cálculo
efetiva da operação fosse inferior à presumida, não haveria restituição do ICMS cobrado a
maior.

Esse entendimento foi superado pelo STF no julgamento da ADI 2675/PE, 2777/SP e RE
593849/MG, julgado pela sistemática da repercussão geral, todos objeto do Informativo 844
do STF. Nesses julgamentos foi firmada a tese de que “é devida a restituição da diferença
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais, no regime de
substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à
presumida”.

A alternativa está correta.

D) INCORRETA: O art. 13, § 1º, I, da LC 87/96 determina que o valor pago a título de ICMS
integra a base de cálculo do próprio ICMS. Assim, a base de cálculo do ICMS, definida como
o valor da operação de circulação de mercadoria, inclui o próprio montante do ICMS incidente,
pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação.
O STJ decidiu, no RESp 1.454.184, divulgado no Informativo nº 585 do STJ, que ainda que
se adote a substituição tributária como forma de arrecadação do ICMS, é legal aplicar-se a
sistemática do “cálculo por dentro”.

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A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: O responsável tributário, ou sujeito passivo indireto, é a pessoa que, sem se


revestir da condição de contribuinte, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa
de lei. Ou seja, não tem relação de natureza econômica, pessoal e direta com a situação que
constitua o fato gerador, mas tem responsabilidade derivada, por decorrência de previsão
legal.

Este não se confunde, portanto, com o contribuinte indireto ou de fato, que é contribuinte de
tributo indireto, que admite que o ônus financeiro de determinado tributo seja transferido para o
contribuinte de fato (normalmente consumidor adquirente de determinado produto ou serviço).
A despeito deste arcar com o ônus financeiro do tributo, não é contribuinte do mesmo.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

PROFESSOR: IURI QUADROS


E-mail: profcei.iuriquadros@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

36. Uma empresa de calçados contratou João, com anotação na CTPS, sem qualquer
previsão para prestação de serviços imediatos, estabelecendo que João apenas
trabalharia quando convocado pelo empregador para tal. À vista de tal cenário, assinale
a alternativa correta:

A) A contratação é completamente irregular, por vilipendiar o requisito da


habitualidade, inerente às relações de emprego.

B) Tal modalidade de contratação é atualmente prevista na CLT. No caso concreto,


João teria de ser convocado pelo empregador com até 3 dias úteis de antecedência
para a prestação dos serviços na época escolhida pelo empregador, devendo
responder em até 24 horas se aceita prestar os serviços na época avençada,
podendo livremente recusar a convocação.

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C) Tal modalidade de contratação é atualmente prevista na CLT. No caso concreto,


caso João precise se afastar do trabalho por doença, a previdência social arcará
com o auxílio-doença desde o primeiro dia de afastamento.

D) Na primeira data avençada entre as partes para pagamento, João receberá, além
da remuneração, férias proporcionais, sem acréscimo do terço constitucional,
décimo terceiro salário proporcional, dentre outras verbas.

E) Na hipótese, caso João atenda ao chamado do empregador manifestando


concordância em relação à prestação dos serviços, mas não compareça para
prestá-los, deverá pagar multa correspondente a 50% da remuneração que seria
devida no período.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-
ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

A) INCORRETA: Essa assertiva será utilizada para conceituar o instituto em tela. No exemplo,
estamos diante de um contrato de trabalho intermitente (não confundir com contrato de
trabalho parcial, não tem nada a ver uma coisa com a outra), que constitui uma das inovações
mais comentadas de toda a Reforma trabalhista. A espécie contratual permite exatamente
isso, o empregado é contratado, com anotação na CTPS, para, possivelmente, não exercer
atividade alguma de imediato. Por isso, há quem denomine esse contrato de “contrato zero”,
porque o sujeito é contratado, muitas vezes, para efetivamente prestar serviços apenas no
futuro. O primeiro dispositivo que prevê a existência dessa modalidade de contrato de trabalho
é o art. 443 da CLT, ao prescrever que: “O contrato individual de trabalho poderá ser acordado
tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado,
ou para prestação de trabalho intermitente. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”

O §3º do art. 443, por sua vez, conceitua, com precisão, o instituto, aduzindo que “Considera-se
como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação,
não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de
inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade
do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.

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(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Note que essa espécie contratual se notabiliza, de fato, pela alternância de períodos de
prestação de serviços e inatividade, ou seja, o empregador tem a faca e o queijo na mão,
contrata o empregado com anotação na CTPS sem pagar nada, inicialmente, e apenas pagará
salário àquele empregador quando ele efetivamente julgar que seus serviços são necessários,
e pagará apenas pelas horas efetivamente trabalhadas. Repare que essa modalidade não se
aplica a toda e qualquer categoria, porque os aeronautas foram expressamente excluídos.
Ademais, estou destacando, o tempo inteiro, que haverá anotação na CTPS. Isso porque a
necessidade de anotação na CTPS gerou controvérsia, pois não havia disposição a respeito
na redação originária da reforma. Porém, a MP 808 modificou o art.452-A, o qual disciplina o
contrato intermitente (art. 443 prevê como modalidade, art. 443,§3º conceitua e o art. 452-A
disciplina), para fazer constar, de forma expressa, a necessidade de anotação da CTPS:”Art.
452-A. O contrato de trabalho intermitente será celebrado por escrito e registrado na CTPS,
ainda que previsto acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva, e conterá: (Redação
dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)”

O dispositivo traz tópicos importantes. Além da anotação na CTPS, note que esse tipo de
contrato precisa ser celebrado por escrito, e é obrigatório que o valor da hora/dia de trabalho
não seja inferior ao que seria devido proporcionalmente ao empregado caso ele recebesse
mensalmente o salário mínimo. Em outros termos, é obrigatório pagar proporcionalmente o
salário mínimo, em relação a horas de trabalho ou ao dia de trabalho, o empregador terá
de fazer o cálculo proporcional. Não acredito que nossa banca cobre cálculos sobre isso,
basta que você não confunda, porque o que é devido não é o salário mínimo integral, mas
sim o proporcional. Pode parecer óbvio, e de fato é, mas destaco isso para evitar que vocês
assinalem assertiva dizendo, por exemplo, que o valor da hora ou dia de trabalho não pode ser
inferior ao salário mínimo. Isso está errado, não pode ser inferior ao “valor horário ou diário do
salário mínimo”, que é justamente a proporcionalidade acima citada.

B) INCORRETA: Prosseguindo na dinâmica do contrato intermitente, já vimos que ele é


extremamente favorável ao trabalhador, pois permite a alternância entre períodos de atividade
e inatividade, e o empregador somente pagará pelo período de atividade. Apenas para
encerrarmos de vez essa conceituação genérica, cabe aduzir que o exemplo clássico de adoção
desse modelo deve ser observado nos negócios sazonais, ou seja, aqueles que contem com
demanda usualmente maior em períodos específicos do ano (Ex: lojas no natal, quiosques no
verão e etc). O empregador pode perfeitamente contratar um sujeito sem pagar nada durante
o ano inteiro, e só pagar quando precisar do empregado, período em que a demanda estará

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aumentada. Pois bem, então, qual é a dinâmica de tudo isso? A dinâmica contratual começa
a ser explicada no §1º. Do art. 452-A:“§ 1º O empregador convocará, por qualquer meio de
comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo
menos, três dias corridos de antecedência. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Portanto, o empregador comunicará por qualquer meio eficaz (e-mail, whatsapp, ligação,
qualquer meio) que necessita da prestação de serviços, esclarecendo desde já qual será a
jornada de trabalho no período de atividade. Note que a nossa assertiva já está incorreta
porque prevê que a comunicação do empregador deve ocorrer com antecedência mínima de
3 dias úteis, quando o prazo é, na realidade, de três dias corridos. De posse da convocação,
o que o empregado deve fazer? Será que ele é obrigado a atender ao chamado? A resposta
está nos §§2º e 3º: “§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de vinte e quatro
horas para responder ao chamado, presumida, no silêncio, a recusa. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 808, de 2017) “§ 3º A recusa da oferta não descaracteriza a
subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)”

Tenha atenção com outra pegadinha que pode surgir aqui. Após receber a comunicação, o
empregado terá vinte e quatro horas para responder, não é um dia, e muito menos um dia
útil! Destaco isso porque a redação originária da Reforma trazia o prazo de um dia útil, e a MP
808 alterou o prazo para 24 horas, ou seja, é mais uma informação que parece simples,
mas pode ser cobrada.

Por fim, repare que o empregado não é obrigado a aceitar, tanto é assim que a recusa é
presumida caso o empregado não responda à convocação do empregador, e o §3º é expresso
ao afirmar que a recusa não descaracteriza a subordinação, ou seja, a relação de emprego é
mantida.

C) CORRETA: É o gabarito, previsto no art. 452-A,§13º da CLT, nos termos do qual “Para os
fins do disposto neste artigo, o auxílio-doença será devido ao segurado da Previdência Social
a partir da data do início da incapacidade, vedada a aplicação do disposto § 3º do art. 60
da Lei nº 8.213, de 1991. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)”.

Esse dispositivo é importantíssimo porque mescla direito do trabalho e direito previdenciário. O


art. 60,§3º da Lei nº 8213/91 nos diz que, nos contratos de trabalho, em regra, o empregador
responde pelos primeiros 15 dias de afastamento do empregado. Então, se o sujeito tem
qualquer problema, a previdência não é onerada nos primeiros 15 dias, porque, nesse período
ele não trabalha, mas recebe salário, configurando hipótese de interrupção do contrato de

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trabalho (sem trabalho, com salário). Caso o empregado permaneça afastado por mais
de 15 dias, aí sim, do 16º dia em diante, o contrato de trabalho é suspenso (sem trabalho,
sem salário), o empregador deixa de pagar salário e o empregado recebe auxílio doença
da previdência. “Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do
décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da
data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. (Redação dada pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)(...)§ 3º Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento
da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)”

Pois bem, no contrato intermitente isso não acontece, ou seja, desde o primeiro dia de
afastamento o empregado já goza de auxílio-doença e o empregador não está obrigado a pagar
salário, ou seja, essa regra dos 15 dias de afastamento não se aplica ao contrato intermitente.

D) INCORRETA: O erro da assertiva está apenas na exclusão do terço de férias (art. 452-A,§6º:

“§ 6º Na data acordada para o pagamento, observado o disposto no § 11, o


empregado receberá, de imediato, as seguintes parcelas: (Redação dada pela
Medida Provisória nº 808, de 2017)

I - remuneração; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de


2017)

III - décimo terceiro salário proporcional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

IV - repouso semanal remunerado; e (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

V - adicionais legais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

O intuito do legislador foi conferir alguma vantagem, por mínima que seja, ao empregado que
aderir a contrato de trabalho intermitente. Como ele é contratado sem previsão para receber
o primeiro salário, porque também não tem previsão de efetiva prestação de serviços, a lei
garante que, na primeira vez que receber salário, o empregado já deve receber todas essas
verbas junto ao pagamento. Explorei a única pegadinha que vejo com potencial de ludibriar
candidatos, que é a exclusão do terço de férias, que torna a assertiva incorreta.

E) INCORRETA: Assertiva incorreta e muito importante. Essa assertiva está de acordo com a
redação originária da reforma, que previa, no art. 452-A,§4º, multa de 50% da remuneração
à parte que descumprisse o contrato intermitente. É dizer, a CLT previa que, se o empregado

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aceitasse a convocação do empregador para prestar serviço e não comparecesse, seria


multado, e, por outro lado, se o empregado convocasse e não oferecesse a jornada de trabalho
ofertada, também seria multado.

A CLT NÃO ACABOU COM ESSA MULTA! Porém, a multa deixa de ser legal (decorrer de lei)
e passa a ser convencional (decorre da vontade das partes), conforme apregoa o art. 452-
B, IV da CLT: “Art. 452-B. É facultado às partes convencionar por meio do contrato de trabalho
intermitente: (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017) (...) IV - formato de reparação
recíproca na hipótese de cancelamento de serviços previamente agendados nos termos
dos § 1º e § 2º do art. 452-A. (Incluído pela Medida Provisória nº 808, de 2017)”

Portanto, após a MP 808/2017, a CLT nem obriga que haja multa e nem veda o estabelecimento de
multa, apenas delegou à vontade das partes a fixação de reparação (que não necessariamente
precisa ser multa) em caso de descumprimento.

Teremos mais uma questão do curso sobre esse tema, pois ainda não esgotamos os tópicos
mais relevantes e a presente questão já está extensa.

GABARITO: C

37. Assinale a alternativa CORRETA a respeito do Contrato de trabalho em regime de


tempo parcial.

A) Considera-se contrato de trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja


duração máxima seja de até 25 horas semanais.

B) É vedado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial a prestação de


horas extras.

C) Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita


mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento
decorrente de negociação coletiva.

D) O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será
proporcional à sua jornada, adotando como parâmetro o valor do salário mínimo.

E) É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter


um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário.

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COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-
ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

A) INCORRETA: Essa questão vem para você não confundir contrato intermitente com contrato
em regime parcial. O contrato intermitente é 100% novidade, não existia nada semelhante
antes da Reforma. O contrato em regime parcial, ao revés, já existia antes da Reforma, mas foi
profundamente alterado pela Reforma, conforme veremos nessa questão. Em primeiro lugar,
cabe destacar que o conceito de contrato em regime parcial é puramente objetivo, ou seja, a
conceituação se dá exclusivamente com fulcro na quantidade de horas semanais prestadas pelo
empregado. De fato, antes da Reforma, o regime parcial se caracterizava quando a duração
máxima semanal do trabalho fosse de 25 horas. Porém, a reforma alterou completamente
essa conceituação, conforme se depreende do novel art. 58-A da CLT: “Art. 58-A. Considera-
se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja
duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo
de até seis horas suplementares semanais. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Vamos seguir comentando o dispositivo na assertiva seguinte.

B) INCORRETA: Antes da reforma, o art. 59,§4º da CLT vedava a prestação de horas extras por
empregado contratado em regime parcial. Porém, esse dispositivo foi revogado pela Reforma,
e, agora, a prestação de horas extras integra o próprio conceito de contrato de trabalho em
regime parcial. Com efeito, o art. 58-A, supratranscrito, prevê duas espécies de contrato de
trabalho em regime parcial, a saber:

Contrato de trabalho em regime parcial que preveja jornada de 27 a 30 horas semanais 


Nesse caso, permanece vedada a prestação de horas extras.

Contrato de trabalho em regime parcial que preveja jornada de até 26 horas semanais  Nesse
caso, é permitida a prestação de até 6 horas extras semanais.

Cabe destacar que as horas extras em regime parcial são denominadas pela CLT como “horas
suplementares”, mas trata-se de horas extras, conforme dispõe os §§ 3º e 4º do art. 58-A:

“§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o

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acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

§ 4º Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em


número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo
serão consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no § 3º, estando
também limitadas a seis horas suplementares semanais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Encerrando os comentários acerca da prestação de horas extras em contrato por regime parcial,
cabe acrescentar que a Reforma trabalhista prevê, no art. 58-A,§5º da CLT, a possibilidade de
compensação das horas suplementares na semana seguinte à sua prestação, hipótese em
que, evidentemente, não haveria pagamento do adicional, por se tratar de compensação de
jornada: “§ 5º As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas
diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita
a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)“

C) CORRETA: Assertiva perfeita. Dessa vez, optei por trazer um gabarito que não foi inserido
pela Reforma, ou seja, é dispositivo antigo. O importante aqui é você entender que, até mesmo
antes da Reforma, já era (e permanece) permitido que um empregado contratado para laborar
em regime integral passa-se ao regime parcial, desde que isso decorra de manifestação do
empregado, e que haja previsão em negociação coletiva (art. 58-A,§2º) “§ 2º Para os atuais
empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada
perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)”

Nesse caso haverá, inclusive, redução do salário, porque a jornada também será reduzida.
Porém, essa hipótese de redução salarial, repita-se, desde que haja previsão em negociação
coletiva, é constitucionalmente autorizada pelo art. 7º,VI da CRFB/88:

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:

(...)

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;”

D) INCORRETA: Pegadinha que contraria o art. 58-A,§1º da CLT, pois, no caso do contrato
em regime parcial, o parâmetro para proporcionalização da remuneração é o salário pago aos
empregados da mesma empresa que laborem em regime integral e exerçam a mesma função

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do contratado em regime parcial. É ler e conferir: “§ 1º O salário a ser pago aos empregados
sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados
que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-
41, de 2001)”

E) INCORRETA: Assertiva versando sobre férias do empregado contratado sob regime parcial,
tema que foi objeto de alteração pela Reforma. Em primeiro lugar, a Reforma trabalhista
revogou o art. 130-A da CLT, que previa escalonamento de férias para o empregado em regime
parcial, de modo que o máximo de férias que um empregado nessa condição poderia gozar
seria de 18 dias. Isso caiu com a Reforma, de modo que as férias do contratado em tempo
parcial passaram a ser reguladas da mesma forma aplicável aos empregados contratados em
tempo integral (art. 58-A,§7º).

“§ 7º As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130
desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Fechando a questão e esgotando o contrato de trabalho em regime parcial, cabe destacar


que, antes da Reforma, de fato era vedado ao empregado contratado em tal regime a venda
das férias em troca do denominado “abono de férias”, conforme art. 143,§3º da CLT. Porém, o
dispositivo foi revogado pela Reforma trabalhista e, reforçando o fim da proibição, a Reforma
ainda acrescentou o §6º ao art. 58-A, autorizando expressamente a conversão de 1/3 das
férias em abono (venda das férias): “§ 6º É facultado ao empregado contratado sob regime de
tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

GABARITO: C

38. Tiago, empregado público de uma empresa pública estadual, obteve sentença de
procedência no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a título de férias e horas extras
não quitadas. Tiago, que não está assistido por advogado no processo, é intimado
da sentença, a qual não foi objeto de recurso pela reclamada, e não dá início à fase
executória do processo. À luz das circunstâncias descritas, é correto afirmar que:

A) A execução será promovida apenas pelas partes do processo, mas, no caso


concreto, o juiz poderia dar início à fase de execução porque Tiago não estava
assistido por advogado.

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B) O fato de Tiago não estar assistido por advogado é completamente irrelevante


no caso concreto, pois a CLT, independentemente de tal circunstância, prevê que
a execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo
próprio Juiz ou Tribunal competente.

C) O fato de Tiago não estar assistido por advogado é completamente irrelevante no


caso concreto, pois a reforma trabalhista extinguiu a execução ex officio, mesmo
nas hipóteses em que a parte não esteja representada por advogado.

D) No caso concreto, a execução poderia ser iniciada de ofício pelo Ministério


Público do Trabalho, pois, de fato, a reforma trabalhista extinguiu a execução ex
officio, mesmo nas hipóteses em que a parte não esteja representada por advogado,
mas persiste a possibilidade de o Ministério Público do Trabalho impulsionar os
atos executórios.

E) No caso concreto, a execução não poderia ser iniciada de ofício nem pelo juiz
nem pelo Ministério Público do Trabalho, se afigurando indiferente a ausência de
advogado na causa.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares.
Processo em geral. Dissídio individual. Procedimento sumaríssimo. Inquérito para
apuração de falta grave. Dissídio coletivo. Execução. Recursos.

Comentário Genérico sobre a questão: Trouxe essa questão para tratar de um ponto muito
importante e que pode gerar uma questão exatamente nos moldes propostos acima. O direito
do trabalho, tanto sob o prisma material como processual, sempre foi marcado por grande
ativismo judicial, e já dissemos que a Reforma Trabalhista vem num espectro de tolher esse
ativismo. Já trabalhamos isso e, na execução, temos outro exemplo.

Isso porque, antes da Reforma, de fato era possível tanto ao juiz como ao Ministério Público
promover a execução de ofício, ou seja, a parte não precisaria nem mesmo iniciar a execução,
porque o juiz já poderia fazê-lo, poderia determinar, por exemplo, a penhora online sem a parte
requerer.

A Reforma acabou parcialmente com isso, e é o vocábulo “parcialmente” que faz surgir o
terreno fértil para questões. Isso porque, se a parte não estiver representada por advogado, o

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que é plenamente possível por conta do princípio do ius postulandi, a CLT autoriza a execução
de ofício pelo juiz. Vamos trabalhar mais detalhadamente a partir das assertivas.

A) CORRETA: A assertiva espelha o atual art. 878 da CLT, transcrito: “Art. 878. A execução
será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do
Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Portanto, o quadro atual é esse. Caso a parte esteja assistida por advogado, não há execução
de ofício. Caso não haja representação por advogado, persiste a execução de ofício. Fique
atento com a possibilidade de o presidente do tribunal também promover a execução de ofício.

B) INCORRETA: Como vimos, após a Reforma, longe de ser irrelevante, a representação da


parte por advogado é a chave para definir se haverá, ou não, execução de ofício pelo juiz ou
presidente do tribunal.

C) INCORRETA: Mesmo comentário à assertiva B.

D) e E) INCORRETAS: Assertivas buscam confundir os candidatos com a questão da execução


de ofício pelo MPT, que era autorizada antes da Reforma no art. 87, parágrafo único. Aqui,
a informação é mais simples e direta, mas não menos relevante. A reforma revogou o art.
87,p.u., razão pela qual não existe mais a execução de ofício pelo MPT, essa, de fato, acabou
em qualquer hipótese, mesmo que a parte não esteja assistida por advogado.

Observação: Tudo que estamos falando acerca da execução ex officio se aplica à


condenação principal. Por favor, não estenda esse entendimento à execução das contribuições
previdenciárias porque essa pode, deve e será levada a efeito de ofício pelo juiz, por expressa
disposição constitucional (art. 114,VIII)! Tanto é assim que não foi revogado o art. 878-A da
CLT. Confira abaixo os dispositivos:

“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

(...)

VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II,
e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”

“Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender


devida à Previdência Social, sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças

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encontradas na execução ex officio. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 2000)”

GABARITO: A

39. Assinale a opção INCORRETA acerca do reexame necessário no processo do trabalho.

A) As decisões contrárias ao Estado de São Paulo estão sujeitas ao reexame


necessário, excetuando-se aquelas em que a condenação não ultrapassar 500
salários mínimos.

B) Não se sujeita ao reexame necessário decisão que esteja em conformidade com


parecer vinculante exarado pela PGE/SP.

C) Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho


está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente
público.

D) É cabível reexame necessários de decisões proferidas em sede de precatório.

E) É cabível reexame necessário de decisões proferidas em mandado de segurança,


se, na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte
prejudicada pela concessão da ordem.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14. A Fazenda Pública perante a Justiça do Trabalho. 15. Súmulas
e orientações jurisprudenciais.

A) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Vamos esgotar a reforma trabalhista no curso,


mas também temos espaço para abordar/revisar questões acerca da fazenda pública em
juízo, que também guardam enorme potencial de incidência em nossa prova. O objetivo da
questão foi trazer para vocês o disposto na súmula 303 do TST, que foi alterada para adequar
o entendimento do TST ao CPC/2015. A primeira informação relevante refere-se ao fato de
que, assim como ocorreu no CPC, o limite de 60 salários mínimos restou abolido, de modo
que, atualmente, há 3 limites distintos, um para União, um para Estados e municípios que
constituam capital de Estado, e outro para os demais municípios, é ler e conferir:

“Súmula nº 303 do TST

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FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em decorrência


do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.08.2016

I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência da


Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando
a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000 (mil) salários
mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b)
500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais
dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito público.”

O limite sempre se refere ao ente e respectivas autarquias e fundações de direito público.

B) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Essa exceção também foi inserida pelo art. 496 do
CPC e encampada pela súmula 303. Trata-se de uma hipótese de dispensa muito inteligente.
Isso porque, se o próprio ente tem entendimento vinculante, constante de súmula, parecer
ou outra manifestação, é evidente que o próprio ente não recorre porque reconhece o acerto
da decisão. Logo, diante de tal quadro, o reexame necessário se afiguraria, de fato, atividade
processual inútil.

“II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em:

a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do


Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito


administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.”

Aproveite para decorar as demais hipóteses constantes da súmula 303, item II, porque qualquer
uma delas pode constar de uma questão de prova.

C) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Aqui, já temos uma diferença em relação ao


CPC. Isso porque, o art. 496 do CPC, apenas afirma que está sujeita ao reexame necessário
“sentença”, sem mencionar “acórdão”. É ler e conferir: “Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de

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jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:”

Consectário lógico disso é que, em ação rescisória, não haveria como se admitir reexame
necessário, porque trata-se de ação de competência originária dos tribunais.

Ocorre que, no processo do trabalho, a súmula 303 traz previsão expressa de cabimento,
razão pela qual não há dúvidas: “III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal
Regional do Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável
ao ente público, exceto nas hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida
em 03.06.1996)”

D) INCORRETA (portanto, É O GABARITO): O TST entende, de forma correta, que a decisão


tomada em sede de precatório constitui exercício anômalo/atípico de função administrativa pelo
judiciário. Em outros termos, quando uma decisão é exarada no procedimento de expedição de
um precatório, trata-se de uma decisão de natureza administrativa, e não de natureza judicial.
Por isso, o TST entende que não cabe reexame necessário, e há, inclusive, uma orientação
jurisprudencial do pleno do TST nesse sentido (OJ nº8 do pleno):

8. PRECATÓRIO. MATÉRIA ADMINISTRATIVA. REMESSA NECESSÁRIA. NÃO


CABIMENTO (DJ 25.04.2007)

Em sede de precatório, por se tratar de decisão de natureza administrativa, não


se aplica o disposto no art. 1º, V, do Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969, em que se
determina a remessa necessária em caso de decisão judicial desfavorável a ente
público.

E) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Aqui, para fecharmos a súmula, cabe apenas
transcrever o item IV, que apregoa exatamente o cabimento de reexame necessário também em
sede de mandado de segurança. O reexame será cabível quando a concessão da segurança
prejudicar pessoa jurídica integrante da Fazenda Pública (Administração Direta, autárquica
e fundacional). “IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na
relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela
concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e
terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.
(ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 25.11.1996 e 03.06.1996).”

OBSERVAÇÃO: Cabe destacar que, embora regido pela Súmula 303 do TST, o reexame
necessário no processo do trabalho está previsto no Decreto-Lei 779/69, que congrega
diversas prerrogativas da fazenda pública em juízo. Ainda teremos uma questão sobre esse

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DL no curso, onde abordaremos o tema com a atenção devida.

GABARITO: D

40. Assinale a assertiva correta acerca do tema “extinção do contrato de trabalho”

A) Há sinonímia entre os termos “dispensa coletiva” e “dispensa plúrima”,


circunstância comprovada pela Reforma trabalhista, que equiparou expressamente
as modalidades.

B) O Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima


ou coletiva, previsto em acordo individual entre empregado e empregador, enseja
quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia,
salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

C) As dispensas imotivadas plúrimas e coletivas exigem autorização prévia de


entidade sindical ou celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho para sua efetivação.

D) O distrato do contrato de trabalho não autoriza o ingresso do empregado no


programa seguro desemprego.

E) O distrato do contrato de trabalho permite a movimentação da totalidade dos


depósitos efetuados na conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio
de 1990.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remunera-
ção e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. FGTS.
Piso salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. Força maior. Irredutibilidade do salário.

A) INCORRETA: De fato, a Reforma trabalhista equiparou, para todos os efeitos, as dispensas


imotivadas individuais, coletivas e plúrimas, conforme disposição do art. 477 da CLT: “Art.
477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os

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fins, não havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração


de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)”

Vamos comentar melhor esse dispositivo legal em outra assertiva, por hora, cabe destacar que
não há sinonímia entre a “dispensa plúrima” e a “dispensa coletiva”, ou seja, os conceitos não
são sinônimos.

Aqui, por abordar o tema com total didática e precisão, cabe transcrever a lição de Vólia
Bonfim Cassar2:

“Dispensa coletiva, em massa ou lay-off é a que decorre de um único ato do


patrão para afastamento simultâneo de uma gama de empregados pelo mesmo
motivo: redução do quadro de empregados. Normalmente e praticada por dificuldade
financeira que atravessa a empresa. Visa a manutenção da saúde econômica da
empresa, sua sobrevivência e, por isso, pode reduzir apenas provisoriamente o
quadro de empregados, que será restabelecido aos poucos, a medida que a
empresa se recuperar.

Já a dispensa plúrima é a que ocorre numa época envolvendo um grande número


de empregados por diversos motivos, peculiares a cada caso. A motivação é diversa
e a despedida pode não ocorrer num único ato ou dia, e sim em dias diferentes
dentro de um período. Se o fluxo destas dispensas estiver dentro do padrão da
normalidade da empresa, não será considerada dispensa coletiva, mas sim plúrima.”

Há, portanto, dois critérios principais que distinguem as modalidades de dispensa, quais sejam:
a motivação e a singularidade do ato.

Motivação  Na dispensa coletiva, a motivação é necessariamente a redução, definitiva


ou temporária, do quadro de empregados da empresa, com vistas à recuperação de sua
saúde financeira. Na dispensa plúrima, de outro bordo, as motivações são variadas, haverá
motivações diversas para as despedidas efetuadas, de acordo com as peculiaridades de cada
contrato de trabalho.

Singularidade do ato  A dispensa coletiva se aperfeiçoa por um único ato, enquanto a


dispensa plúrima pode decorrer de diversos atos distribuídos por determinado período de
tempo.

2 (Comentários à reforma trabalhista, Vólia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges.- Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo : Método. 2017)

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B) INCORRETA: A rescisão de um contrato de trabalho pode ocorrer de forma unilateral


(quando decorre de iniciativa de apenas uma das partes) ou bilateral (quando as duas partes,
empregado e empregador, decidem mutuamente pela extinção contratual). Quando ocorre de
forma bilateral, a rescisão do contrato de trabalho é denominada distrato, figura que ganhou
maior destaque após a Reforma trabalhista, conforme veremos ainda nessa questão. Pois
bem, o PDV é uma modalidade de rescisão bilateral, em que o empregador oferece incentivos
para que o empregado concorde com a rescisão, originando, portanto, um distrato contratual.
O PDV não precisa necessariamente ser veiculado em acordo ou convenção coletiva, podendo
constar, por exemplo, de regulamento interno da empresa. Porém, para que tenha eficácia
liberatória geral, é impositivo que o PDV conste de norma coletiva, nos termos do art. 477-B
da CLT: “Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual,
plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja
quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição
em contrário estipulada entre as partes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Portanto, vamos repetir para deixar claro. O dispositivo não proíbe que o PDV seja veiculado
em norma interna da empresa, isso não está escrito! O que o art. 477-B aduz é que, caso o
PDV seja estabelecido por acordo coletivo ou convenção coletiva, ensejará quitação plena
e irrevogável de todos os direitos oriundos da relação contratual, exceto se houver ressalva
expressa em sentido oposto. Nossa assertiva está, portanto, errada, pois o PDV constante de
acordo individual não tem a eficácia liberatória supracitada.

C) INCORRETA: Conforme destacamos nos comentários à assertiva A, o art. 477-A da CLT


equiparou, para todos os fins, as dispensas imotivadas individuais, plúrimas e coletivas. “Art.
477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os
fins, não havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração
de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)”

Essa equiparação veio para acabar com a controvérsia acerca da aplicação da Convenção nº
158 da OIT, a qual veda as dispensas coletivas de trabalhadores. O Brasil renunciou a essa
convenção através do Decreto nº 2.100/96, e havia ADI (ADI 1625) no STF questionando esse
decreto. A Reforma, então, acrescenta esse dispositivo à CLT, não só autorizando dispensas
coletivas como, também, determinando que sequer há necessidade de autorização de sindicato
ou negociação coletiva para sua efetivação. É dizer, de fato, as dispensas plúrimas e coletivas
estão equiparadas a uma dispensa individual, não há nenhuma formalidade adicional que
precise ser observada pelo empregador para sua efetivação.

D) CORRETA: O seguro-desemprego é direito previsto no art. 7º da CRFB/88 (art. 7º, II), trata-

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se de mecanismo de proteção do trabalhador contra dispensa imotivada. A Reforma Trabalhista


inseriu o art. 484-A da CLT, dispositivo que regula o distrato, ou seja, extinção do contrato
bilateral, por consenso entre as partes. Vamos aproveitar essa assertiva para comentar a
íntegra desse dispositivo:

“Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e
empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - por metade: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

a) o aviso prévio, se indenizado; e (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista


no § 1º do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. (Incluído pela Lei nº 13.467, de


2017)

§ 1ºA extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação


da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na
forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até
80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

§ 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza
o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)”

Como se vê, o dispositivo aduz que, em caso de distrato, o empregador receberá metade do
aviso prévio, caso este seja indenizado (não se aplica ao aviso prévio trabalhado, até porque
não faria sentido) e metade da indenização a que faria jus sobre o FGTS, ou seja, ao invés de
receber 40% sobre o valor total depositado na conta do FGTS, o empregador receberá apenas
20%. Todas as demais verbas trabalhistas serão pagas normalmente (férias, décimo terceiro,
horas extras, saldo de salários e etc). Por fim, cabe destacar que os parágrafos também trazem
regras importantíssimas. O §1º vamos comentar na última assertiva da questão, já o §2º é
expresso ao prescrever que o distrato NÃO AUTORIZA percepção de seguro-desemprego.
Portanto, a rescisão bilateral não autoriza a percepção de seguro-desemprego pelo empregado.
É o gabarito.

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E) INCORRETA: Conforme expusemos acima, o distrato gera repercussões no tocante ao


FGTS. A primeira delas já restou abordada, qual seja, o pagamento da indenização de 40%
pela metade (20%). A segunda refere-se justamente à movimentação da conta do FGTS. Isso
porque a rescisão do contrato de trabalho é uma das causas ensejadoras de levantamento do
FGTS, nos termos do art. 20,I da lei 8.036/90: “Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no
FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações: (...) I - despedida sem justa causa,
inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; (Redação dada pela Medida Provisória
nº 2.197-43, de 2001)”

Ocorre que, com a Reforma trabalhista, estabeleceu-se uma distinção entre a movimentação
decorrente de rescisão unilateral imotivada e a decorrente de rescisão bilateral (distrato). Isso
porque, no caso de rescisão unilateral imotivada, o empregado movimenta 100% da conta,
pode sacar o FGTS todo. Porém, no caso de distrato, o empregado apenas pode movimentar
80% da conta, conforme o já transcrito art. 484-A,§1º da CLT. A distinção também foi inserida
na lei do FGTS, que prevê o distrato como hipótese autônoma de movimentação do FGTS:

“Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas
seguintes situações: (...) I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452,
de 1º de maio de 1943; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Considero essa questão interessante, pois mescla rescisão do contrato de trabalho com FGTS,
dois temas previstos no último edital.

GABARITO: D

PROFESSOR: GUILHERME MARTINS


E-mail: profcei.guilhermepellegrini@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

Prezados, alguns alunos questionaram a bibliografia recomendada para este tópico. Em


primeiro lugar, lembrem-se que o conteúdo programático de Direito Financeiro, Econômico
e Empresarial Público é muito vasto e variado. Não há um único livro que aborde todo
o conteúdo exigido. O melhor que o aluno pode fazer para se preparar da melhor forma
possível é estudar por diversas fontes para aglutinar todo o conteúdo exigido. De qualquer

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forma, algumas obras que utilizei e creio que são benéficas para a o concurso são as
seguintes:

Direito Financeiro: PISCITELLI, Tathiane. Direito financeiro esquematizado. Método: São


Paulo, 2017 – é uma obra que resume os pontos básicos de direito financeiro e expõe a
matéria de forma bem clara para o aluno que não se encontra familiarizado.

Direito Empresarial Público: JUNIOR, Mario Engler Pinto; PINTO, Henrique Motta.
Empresas estatais. Saraiva: São Paulo, 2013 – possui uma boa sistematização dos
principais entendimentos jurisprudenciais sobre a matéria.

Para direito econômico realmente creio que a melhor opção é pesquisar os temas de
forma separada, já que a matéria está muito esparsa.

Outrossim, outros alunos também se mostraram preocupados com o baixo desempenho


nesta matéria. Lembramos que as questões do CEI seguem um padrão de dificuldade
alto, dado que são voltadas ao aprendizado do aluno, e normalmente abordam temas não
tão comuns. Assim, é natural que o desempenho seja um pouco inferior ao dos demais
simulados e provas de concursos passados. Contudo, não se preocupem pois a prova da
PGE-SP não deve refletir o nível de dificuldade aqui apresentado.

41. Suponha que a sociedade Rodovias Expressas S.A. seja uma holding de
concessionárias de rodovias no Estado de São Paulo, apresentando em 2017 faturamento
bruto de R$ 450 milhões de reais e que apresentou proposta para incorporação da
Sistemas Rodoviários S.A., outra controladora de rodovias no Estado de São Paulo, que
por sua vez apresentou faturamento bruto de R$ 50 milhões de reais. Nessa situação,
considerando as competências para aprovação da operação, e que no Estado de São
Paulo a regulação das concessões rodoviárias estaduais é feita pela ARTESP, assinale
a alternativa correta:

A) a operação caracteriza ato de concentração econômica, e bastará aprovação do


CADE para sua concretização.

B) caso a Superintendência-Geral do CADE aprove a operação, não poderá a


ARTESP recorrer da decisão.

C) considerando que as sociedades atuam em setor regulado por autarquia especial,


no caso, a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo, a análise

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do ato de concentração que ordinariamente competiria ao CADE é absorvida pela


agência reguladora.

D) as competências para aprovação da operação não se confundem: o CADE


deverá analisar essencialmente se a operação ameaça a concorrência do setor,
enquanto o poder concedente deverá avaliar se foram cumpridos os requisitos da
lei de concessões para a transferência do controle societário das concessionárias
controladas pela Sistemas Rodoviários S.A.

E) dado o faturamento das sociedades envolvidas, não há caracterização de ato de


concentração econômica, sendo dispensada a análise do CADE, mantida, todavia,
a análise pelo poder concedente.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Legislação antitruste. (...). Estrutura básica do Sistema Brasi-
leiro de Defesa da Concorrência. Aspectos gerais sobre controle dos atos de con-
centração e punição de condutas anticoncorrenciais.

A) INCORRETA: notem que, com a concretização da operação, a Rodovias Expressas S.A.


passará a ser controladora direta das concessionárias administradas pela Sistemas Rodoviários
S.A. Tratando-se, assim, de transferência do controle acionário, é necessária prévia anuência
do poder concedente (papel desempenhado pela ARTESP no caso), conforme art. 27 da Lei n.
8.987/95. Portanto, não basta a aprovação do CADE para a concretização da operação.

B) INCORRETA: o CADE teve suas competências ampliadas com a edição da Lei n. 12.529/11,
e agora está claro que o controle de concentração econômica é exercido inclusive caso se trate
de operação inserida em setor regulado. Lembrem-se que para a prova da PGE é importante
estudar, em antitruste, principalmente, as interfaces entre a atuação do CADE e as atividades
estatais ou reguladas pelo Estado. Esse foi o foco das questões de antitruste das últimas provas
de direito econômico. No caso, é relevante destacar que o ato de concentração econômica é
primeiramente analisado pela Superintendência-Geral do CADE, que pode aprovar diretamente
a operação ou, caso entenda que o ato deva ser rejeitado, aprovado com restrições ou que
não existam elementos conclusivos quantos aos seus efeitos, oferecer impugnação perante o
Tribunal (arts. 54 e 57). Da decisão da Superintendência-Geral que aprovar a operação caberá
recursos por parte de terceiros interessados e também, tratando-se de mercado regulado, pela
respectiva agência reguladora (art. 65, I)

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C) INCORRETA: como observado acima, com a Lei n. 12.529/11 o CADE também analisa
possíveis concentrações econômicas em setores regulados. Tomem cuidado ao responder
questões feitas com base na antiga Lei do CADE (Lei n. 8.884/94), pois o entendimento era
muitas vezes contrário no antigo cenário normativo.

D) CORRETA: de fato, ambas as autarquias irão analisar a operação, mas com foco distinto.
A função do CADE será analisar se a incorporação representará indevida concentração
econômica do mercado. Já a ARTESP irá verificar se os requisitos para a transferência do
controle societário das concessões, previstos no artigo 27 da Lei n. 8.987/95, foram observados.

E) INCORRETA: são submetidos à análise do CADE os atos de concentração em que um dos


grupos apresente faturamento bruto anual ou volume de negócios no País superior a R$ 400
milhões de reais no ano anterior à operação e o outro grupo ao menos R$ 30 milhões de reais.
Assim, pelo faturamento indicado na questão, a análise do CADE não é dispensada.

GABARITO: D

42. Qual o significado de regulação por comparação (yardstick competition)?

A) forma de regulação pela qual são inseridas metas de desempenho ao regulado


a partir do comportamento passado da própria firma, as quais geram bônus caso
atingidas.

B) mecanismo que tem como função garantir real competição de empresas que
operam eminentemente no mesmo mercado geográfico.

C) mecanismo que compara firmas operando em setores distintos, a fim de extrair


qual possui maior vantagem em termos de eficiência dentro do seu próprio setor.

D) regulação voltada para premiar firmas que não apresentem comportamentos


anti-concorrenciais.

E) método de regulação por comparação, no qual se compara o desempenho de


uma firma com outras operando no mesmo setor, sendo que a comparação se dá
tipicamente entre monopolistas de mercados regionais distintos.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 7. Princípios e fundamentos da regulação da atividade econômica.


Distinção entre regulação setorial e regulação concorrencial.

De uma forma geral, yardtsick competition é uma forma de regulação através da introdução
de incentivos e baseada em comparações. É principalmente aplicável para a regulação de
monopólios regionais. Por este método, procura-se introduzir uma competição artificial entre
empresas que operam no mesmo setor mas funcionam em mercados geográficos diferentes.
É possível coletar dados de cada firma e conjugá-los para chegar-se a um modelo de “firma
média”. Em seguida, são introduzidas, pela regulação, metas de desempenho baseadas no
modelo de “firma média”. Caso a regulada supere as metas, obtém os benefícios estabelecidos.
Por exemplo, é possível mensurar em um serviço de transporte o número de acidentes da
prestadora de serviço e estabelecer que haverá um bônus caso estes sejam reduzidos em
patamar maior do que a redução observada nas demais. Desse modo, verifica-se que a
assertiva E está correta, eis que traz o conceito de yardtsick competition.

GABARITO: E

43. Sobre a responsabilidade dos administradores da sociedade anônima, assinale a


opção correta:
A) o direito brasileiro internalizou a teoria da business judgment rule, do direito
norte-americano, no artigo 159, § 6º da Lei das S.A., de modo que se presume que
a decisão administrativa foi tomada de boa-fé.

B) a aferição da razoabilidade da decisão, para fins de responsabilização, deve


ser a posteriori, vez que somente depois do sucesso ou insucesso da decisão é
possível avaliar sua correção.

C) dado que constitui ato ilícito condutas que causem prejuízos a outrem, decisões
societárias que causem prejuízos aos acionistas geram responsabilização dos
administradores.

D) a avaliação da responsabilidade do administrador analisa principalmente o


processo da tomada de decisão, e não o seu mérito.

E) de acordo com a jurisprudência administrativa brasileira, um administrador


pode se valer da chamada regra da decisão negocial caso tenha adotado uma

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decisão informada e refletida, ainda que tenha interesse próprio na decisão.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 18. (...) Deveres e responsabilidades do acionista controlador e
dos administradores.

A) INCORRETA: a business judgment rule (traduzida como regra da decisão negocial” ou


“regra da decisão empresarial”) tem origem no direito societário norte-americano, e sua
intenção é proteger a discricionariedade de administradores bem intencionados quando do
processo decisório, dispensando-os de indenizar a companhia por prejuízos decorrentes de
suas decisões negociais. O mesmo o faz o direito societário brasileiro, ao prever no artigo
159, § 6º da Lei n. 6.404/76 que o juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do
administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia.
No entanto, existem diferenças práticas na aplicação do conceito no direito nacional. Ao passo
que no direito americano a business judgment rule é encarada como uma presunção de boa-fé,
a ser elidida caso se demonstre a violação a deveres fiduciários, a Lei das S.A. não estabelece
uma presunção, ao contrário, dá a entender que o administrador é quem deve demonstrar que
agiu de boa-fé.

B) INCORRETA: ao contrário, a razoabilidade é avaliada a priori, verificando se, quando da


tomada da decisão, foram observados os deveres fiduciários do administrador. Estabelecer
responsabilização a partir de uma verificação a posteriori do sucesso da decisão seria
aproximar o regime de uma responsabilização objetiva, punindo o administrador sempre que
de sua decisão sobreviessem prejuízos.

C) INCORRETA: como posto acima, o simples fato de uma decisão societária causar prejuízos
ao patrimônio da companhia não gera responsabilização, como pode parecer de uma leitura
isolada do artigo 159, caput, da Lei n. 6.404/76. A demonstração de boa-fé da decisão e do
respeito aos deveres de diligência, de lealdade e de informação afasta a responsabilização
pessoal do administrador.

D) CORRETA: com efeito, a doutrina em torno da chamada “regra da decisão negocial” avalia
principalmente se, no processo de tomada de decisão, o administrador agiu de boa-fé e com
respeito aos deveres próprios, ainda que no mérito a decisão tomada não se revele futuramente
como a melhor para a companhia.

E) INCORRETA: a CVM tem analisado três requisitos básicos para aplicar a “regra da decisão
negocial”, balizando-se de certa forma na jurisprudência americana sobre a matéria. Para

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afastar a responsabilização, a decisão do administrador deve ser (i) informada, ou seja,


baseada nas informações disponíveis para a tomada de decisão; (ii) refletida, isto é, feita com
base na análise das diferentes alternativas; e (iii) desinteressada, vale dizer, sem que exista
interesse direto daquele que decide, especialmente caso envolva benefício pecuniário.

GABARITO: D

44. Observe os seguintes critérios para alocação de riscos em contratos de concessão:

I – alocação do risco à parte com maiores condições de gerenciar sua ocorrência.

II – alocação do risco à parte com maiores condições de mitigar suas consequências


danosas.

III – em igualdade de condições de gerenciamento, alocação do risco ao poder


concedente caso a parte privada se mostre notadamente avessa ao risco.

Representa melhor prática para a divisão do risco o estabelecido em:

A) Todas as alternativas.

B) somente I.

C) Somente II.

D) I e II.

E) I e III.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Critérios para alocação de riscos nos contratos de concessão
(comum, patrocinada e administrativa).

Na distribuição de riscos, as melhores práticas recomendam a utilização de critérios que


maximizem a eficiência econômica da contratação. Isso se dá notadamente por meio de uma
repartição de riscos que diminua as chances de um evento indesejável ocorrer (ou aumente
as chances da ocorrência de um evento desejável), ao mesmo tempo em que minimize ao

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máximo as consequências danosas da materialização do risco.

Logo, a consequência automática é que cada risco deve ser alocado à parte que tenha
maiores condições de gerenciar sua ocorrência e também maiores condições de evitar suas
consequências danosas caso o risco se materialize, o que torna as assertivas I e II corretas.

A assertiva III também se mostra correta, mas é preciso uma explicação mais detalhada nesse
ponto. Para tanto, lembremos a definição econômica de agente neutro ao risco e avesso ao
risco. Um agente neutro ao risco precifica um risco exatamente pelo seu valor esperado. Por
exemplo, suponha que em uma obra pública é possível que exista, com 50% de chance, uma
característica geológica especial do terreno que, uma vez verificada, exija gasto adicional de
R$ 1000. O gasto esperado com esse risco é de R$ 500 (1000 * 0.5), dado que há 50% de
ocorrer. Ou seja, se essa contratação se repetisse infinitas vezes, na média seriam gastos R$
500 com esse risco, posto que sua materialização seria verificada em 50% das vezes. Logo,
um agente neutro ao risco “cobraria” a quantia de R$ 500 (mediante acréscimo no preço) caso
este risco lhe fosse alocado. De outro lado, um agente avesso ao risco assume postura mais
cautelosa em relação aos riscos, preferindo uma opção que lhe traga menos riscos, ainda que
com retorno menor. No exemplo, um agente avesso ao risco somente assumiria o risco caso
recebesse mais do que R$ 500 (digamos, R$ 600).

Logo, imagine que a administração estivesse diante de duas opções ao contratar com um
agente avesso ao risco, seguindo o exemplo acima: (i) assumir o risco, arcando com seu custo
caso se materialize; ou (ii) repassá-lo à parte privada. Na primeira situação, a parte privada
não cobraria um gasto extra pela contratação (posto que o risco não lhe seria transferido). No
entanto, a administração teria um gasto médio esperado de R$ 500, dadas as chances do risco
ocorrer. Na segunda opção, a administração não efetua desembolsos adicionais caso o risco
ocorra. No entanto, no momento da contratação o agente privado “precifica” este risco e embute
essa precificação no preço cobrado. Como consequência, a administração acabaria pagando
R$ 600 pelo risco, ou seja, mais do que a primeira opção. Ao fim, vejam que interessante:
indiretamente a administração sofre um prejuízo ao alocar o risco ao privado, dada a aversão
ao risco deste último. Destarte, é mais recomendável, quando ambas as partes estejam em
igualdade de condições para gerenciar o risco, que ele seja alocado à administração caso o
privado seja notadamente avesso ao risco.

Portanto, todas as assertivas se encontram corretas.

GABARITO: A

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45. Sobre as regras atinentes ao direito orçamentário, assinale a opção INCORRETA:

A) os Estados não podem editar suas próprias leis gerais orçamentárias em


substituição à Lei n. 4.320/64, já que esta assume o caráter de lei nacional.

B) a edição de leis estaduais próprias que suplementem a legislação federal, tal


qual o teto de gastos instituído no âmbito estadual, é inconstitucional.

C) emendas individuais ao projeto de lei orçamentária constituem-se como exceção


à facultatividade da execução orçamentária.

D) é permitida a redução das emendas individuais impositivas para fins de


cumprimento da meta de resultado fiscal.

E) a doutrina dominante entende o orçamento como facultativo, apesar de englobar


despesas obrigatórias.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 2. Plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentá-
ria anual. Conceito (...) 5. Regime jurídico da despesa pública. Despesas de custeio
e de capital. Execução orçamentária e programação financeira.

A) CORRETA (logo, não é a opção a ser assinalada): a competência para legislar sobre
direito financeiro e orçamentário é concorrente (art. 24, I e II, CF). Logo, não pode o Estado
afastar a Lei n. 4.320/64 por norma própria, já que esta representa norma geral sobre a matéria.

B) INCORRETA (logo, é a opção a ser assinalada): como consequência da competência


concorrente, é possível que os Estados editem normas suplementares sobre a matéria.
Especificamente sobre o teto de gastos, alguns Estados editaram seu próprio regramento.

C) CORRETA (logo, não é a opção a ser assinalada): como regra, o orçamento como um
todo não é impositivo, apesar de conter despesas que são obrigatórias (como pagamento de
pessoal). No que toca a emendas ao projeto de LOA, a Emenda Constitucional n. 86/2015
incluiu novos parágrafos ao art. 166 da CF. Destaca-se em especial que as emendas individuais
ao projeto de LOA serão aprovadas no limite de 1,2% da receita corrente líquida, e que sua
execução orçamentária e financeira é obrigatória, ressalvado impedimento de ordem técnica
(CF, art. 166, §§ 9º, 11 e 12)

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D) CORRETA (logo, não é a opção a ser assinalada): o regramento das emendas ao


projeto de LOA prevê que, caso a estimativa da receita e da despesa possa resultar no não
cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na LDO, as emendas individuais podem
ser reduzidas na mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas
discricionárias (art. 166, § 17).

E) CORRETA (logo, não é a opção a ser assinalada): como dito acima, a doutrina dominante
entende o orçamento como facultativo. A programação orçamentária ali constante (para além
das despesas obrigatórias), não precisa ser necessariamente executada. Por exemplo, se
há rubrica orçamentária para a construção de uma nova sede para um órgão público, não há
ilegalidade na falta de execução da proposta nesse ponto.

GABARITO: B

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