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CEI-PROCURADOR

FEDERAL
5ª RODADA - 30/09/2017

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5ª RODADA - 30/09/2017
DURAÇÃO

21/08/2017 A 19/11/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

100 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA/PARECER
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PRO-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. CURADOR
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela FEDERAL
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 1ª ED.
2017
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PROFESSORES

Maria Helena Martins Rocha Pedrosa.


Coordenadora do curso e professora de Direito Administrativo. Advogada da União. Especialista
em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora Pública do Estado de Pernambuco.
Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/RN.

Marianna M. Motta Loss.


Professora de Legislação de Seguridade Social, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.
Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista em Direito Público e Direito
Processual Civil. Mentora para concursos públicos e provas da OAB.

Renata d’Avila Lins Lemos.


Professora de Direito Constitucional, Direito Agrário e Direito Comercial. Procuradora Federal.
Especialista em direito público. Especialista em direito constitucional. Pós-graduando em direito
administrativo. Autora de livros jurídicos. Ex-procuradora municipal de Olinda/PE.

Rodolfo Cursino.
Professor de Direito Tributário. Procurador da Fazenda Nacional desde 2013. Especialista em Direito Processual/PUC-MG e
Direito Público/UBC-SP. Graduado em Direito/UFPE. Ex-Técnico do Seguro Social. Autor do livro “Procuradoria da Fazenda
Nacional / Coleção Aprovados” (lançamento em breve) e Coautor do livro “Questões Discursivas
Comentadas – Advocacia Pública Federal (AGU e PFN)”, ambos da Editora Juspodivm. Aprovado,
ainda, nos concursos de Julgador do Tribunal Administrativo Tributário de Pernambuco; Procurador
dos Municípios de Maceió/AL e João Pessoa/PB; Advogado da Caixa Econômica Federal; Analista do
MPU, TRT6 e TJPE; Técnico da Fazenda Municipal de Olinda/PE e do TRT6.

Ravi Peixoto.
Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual pela UERJ. Mestre em Direito
pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado. Aprovado nos concursos da PGM-
JP, PGDF e PGM-Recife.

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Vitor Veloso Barros e Santos.


Professor de Direito Internacional Público e Direito Econômico. Advogado da União. Especialista
em Direito Civil e Empresarial. Pós-graduando em Relações Internacionais pela UnB. Aprovado no
concurso para Advogado da Companhia de Saneamento de Alagoas.

Rubens Ventura de Almeida.


Professor de Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação de ensino. Advogado
da União. Ex-Procurador do Município. Aprovado para os cargos de Procurador Legislativo da
Câmara Municipal de São Paulo e Analista Processual do MPU.

Maria Christina de Faria.


Professora de Direito Ambiental e de Direito Financeiro. Procuradora Federal. Ex-Analista TJMG. Pós-
graduada em Direito Processual.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Queridos alunos, futuros Procuradores Federais,

Estamos muito felizes por começar este curso com vocês, sabendo que há pessoas que sonham
e se dedicam para assumir um dos cargos fundamentais à defesa própria das instituições estatais.

É muito bom ter, no nosso dia a dia, a missão de defender a coisa pública com excelência e saber
que, através do nosso trabalho, fortalece-se o modelo democrático que escolhemos seguir. É muito
bom, também, depois de meses ou anos de estudo – cada um tem seu tempo e sua estrada – viver
o dia da nossa aprovação, o dia da nossa nomeação e, finalmente, o dia da nossa posse. Como
é emocionante! Como é bom o momento em que chamam o nosso nome. Vale cada segundo do
trabalho duro!

De nossa parte, esforçamo-nos para, a cada rodada, oferecer-lhes um material de qualidade, bem
pensado de acordo com as exigências do edital e com a prática da advocacia pública.

Da primeira à nona rodada, teremos, em cada uma, 100 questões objetivas no estilo CESPE de
Certo ou Errado; duas questões dissertativas com resposta de até 30 linhas e uma peça ou parecer
com resposta de até 150 linhas. Será preciso que vocês se organizem bem.

Esforcem-se, também, para ler as rodadas pontualmente, bem como para responder às questões
dissertativas, recebendo nossas correções de forma individual.

Na 10ª rodada, faremos um simulado com 200 questões objetivas comentadas de forma mais
sucinta e, aí, não haverá questões dissertativas nem peça/parecer.

No canal do CEI no Youtube, temos um vídeo, feito pela Professora Marianna Motta, com dicas
para a leitura das rodadas.

Sigo à disposição de todos vocês para eventuais dúvidas pelo e-mail profcei.mariahelena@gmail.
com.

Que seja um caminho muito proveitoso para todos nós e que, em breve, possamos, juntos,
comemorar o sucesso de vocês.

Abaixo, segue o cronograma esperado do curso.

Sigam firmes!

Um abraço,

Maria Helena Rocha

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CRONOGRAMA

Limite para Limite para Publicação


Rodada Publicação
resposta correção espelho

1ª Rodada 21/08 26/08 05/09 07/09

2ª Rodada 31/08 05/09 15/09 17/09

3ª Rodada 10/09 15/09 25/09 27/09

4ª Rodada 20/09 25/09 05/10 07/10

5ª Rodada 30/09 05/10 15/10 17/10

6ª Rodada 10/10 15/10 25/10 27/10

7ª Rodada 20/10 25/10 04/11 06/11

8ª Rodada 30/10 04/11 14/11 16/11

9ª Rodada 09/11 14/11 24/11 26/11

10ª Rodada 19/11 X X X

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO.................................................................................... 7


DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................... 7
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................................. 8
DIREITO ECONÔMICO........................................................................................................................................10
DIREITO FINANCEIRO......................................................................................................................................... 11
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................................12
LEGISLAÇÃO DE ENSINO...................................................................................................................................13
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL........................................................................................................13
DIREITO AGRÁRIO...............................................................................................................................................14
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................................15
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................................16
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................................17
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO......................................................................18
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.............................................................................................................19
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL....................................................................................................... 20
DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................................................................................................... 20
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS................................................................................................................... 22
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................................ 23
DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................................. 23
DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................................34
DIREITO ECONÔMICO....................................................................................................................................... 45
DIREITO FINANCEIRO........................................................................................................................................49
DIREITO TRIBUTÁRIO......................................................................................................................................... 54
LEGISLAÇÃO DE ENSINO.................................................................................................................................. 60
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL....................................................................................................... 62
DIREITO AGRÁRIO...............................................................................................................................................71
DIREITO AMBIENTAL......................................................................................................................................... 73
DIREITO CIVIL....................................................................................................................................................... 77
DIREITO EMPRESARIAL..................................................................................................................................... 86
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO..................................................................... 88
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.......................................................................................................... 102
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL..................................................................................................... 109
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.......................................................................................................................... 113
QUESTÕES DISSERTATIVAS........................................................................................................................................ 121
LEGISLAÇÃO DE ENSINO................................................................................................................................. 121
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................... 122
PARECER........................................................................................................................................................................... 123
DIREITO PROCESSUAL CIVIL......................................................................................................................... 123

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

01. De acordo com o entendimento do STJ, é legítima a representação processual de agente


público pela Advocacia-Geral da União no processo penal em que é acusado de crime contra
a Administração Pública.

ccCERTO ccERRADO
02. Havendo lei que dispõe sobre a concessão de descontos na tarifa de energia elétrica
para os consumidores que desenvolvem atividade de irrigação, a ANEEL pode, por meio de
resolução, estabelecer condições não previstas no referido diploma normativo, para o gozo
do benefício, o que estará inserido no poder regulamentar.

ccCERTO ccERRADO
03. No caso de condenação penal sem observância de patente prova de inocência do acusado,
com a determinação de seu recolhimento a regime fechado, eventual responsabilização do
Estado pelo dano causado ao cidadão dependerá da comprovação de dolo do juiz.

ccCERTO ccERRADO
04. O contrato administrativo tem como finalidade, em última análise, o atendimento de um
interesse público. Nesse sentido, a eventual sobreposição do interesse público sobre o
privado em sua pactuação deve estar, necessariamente, prevista em lei.

ccCERTO ccERRADO
05. Os contratos administrativos serão sempre formalizados por escrito.

ccCERTO ccERRADO
06. As alterações unilaterais dos contratos administrativos sujeitam-se à manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro.

ccCERTO ccERRADO
07. Determinada concessionária do serviço público de fornecimento de energia elétrica,
ao constatar falhas técnicas em suas instalações, veiculou anúncios em três emissoras
de rádio da cidade, informando os usuários afetados de que ocorreria a interrupção do
serviço dali a dois dias. Uma microempresa local, especializada em fotocópias e carimbos,

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não tendo tomado conhecimento dos anúncios e ficando impossibilitada de utilizar seus
equipamentos eletrônicos, ajuizou ação pleiteando indenização por danos extrapatrimoniais,
sob a alegação de que a concessionária não atendeu satisfatoriamente à exigência legal
de prévio aviso aos usuários acerca da suspensão do serviço, conforme estabelecida na
Lei n. 8.987/1995. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, procede o pleito da
microempresa.

ccCERTO ccERRADO
08. A concessão de serviço público pode ser extinta pela anulação, se verificada ilegalidade
na licitação ou no contrato administrativo respectivo, caso em que o concessionário de boa-
fé prejudicado, se não contribuiu para o vício, deverá ser indenizado pelo poder concedente.

ccCERTO ccERRADO
09. No caso de valorização geral extraordinária de um imóvel, em virtude da realização de
um serviço público, o Poder Público poderá utilizar-se da desapropriação por zona.

ccCERTO ccERRADO
10. Na fixação de honorários advocatícios na ação que discute desapropriação indireta,
observa-se o limite máximo de 5% previsto no Decreto-Lei nº 3365/41.

ccCERTO ccERRADO
11. O sistema da jurisdição una, forma de controle jurisdicional dos atos administrativos
adotada no Brasil, liga-se ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição.

ccCERTO ccERRADO
12. A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário, e o Poder
Judiciário não pode, na via jurisdicional, avaliar as razões de conveniência e oportunidade
que levaram o administrador a prorrogar ou não a validade do certame.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL
13. O Ministério das Relações Exteriores não está obrigado a fornecer o nome de quem
recebe passaporte diplomático por motivos de interesse público.

ccCERTO ccERRADO
14. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a perda unilateral da audição não gera para
a pessoa o direito a disputar as vagas reservadas aos deficientes em concursos públicos.

ccCERTO ccERRADO
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15. Na classificação das Constituições quanto à estabilidade, flexíveis são aquelas em que
a reforma da Constituição é possível segundo o mesmo processo simplificado previsto para
as leis infraconstitucionais, enquanto que super-rígidas são as que impossibilitam qualquer
alteração em seu texto, no propósito de se eternizarem.

ccCERTO ccERRADO
16. O STF, por decisão da maioria dos membros presentes à sessão, poderá deferir pedido
de medida cautelar na ADC, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais
suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo
objeto da ação até seu julgamento definitivo.

ccCERTO ccERRADO
17. Segundo entendimento firmado pelo plenário do STF, é constitucional a instituição de
medida provisória estadual, desde que, primeiro, esse instrumento esteja expressamente
previsto na Constituição do Estado e, segundo, sejam observados os princípios e as
limitações impostas pelo modelo adotado pela Constituição Federal.

ccCERTO ccERRADO
18. A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal
Federal, por maioria absoluta dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou
decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse público.

ccCERTO ccERRADO
19. A propósito das normas constitucionais que regem a atuação administrativa do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
considerada também a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue a alternativa a
seguir:
Tem o CNJ a atribuição constitucional de rever, de ofício ou mediante provocação, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano.

ccCERTO ccERRADO
20. Em caso de acumulação remunerada de cargos públicos, havendo compatibilidade de
horários e enquadrando-se numa das hipóteses constitucionalmente admitidas, exsurge
ilegítima a consideração, mas apenas se houver previsão infralegal, de limite à jornada de
trabalho semanal em ambos os cargos, consoante recente entendimento do STJ.

ccCERTO ccERRADO

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21. Admitem-se os decretos autônomos, segundo o texto da CF/88, em duas hipóteses: para
dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação de órgãos públicos; e para a extinção de funções, órgãos
ou cargos públicos, quando vagos.

ccCERTO ccERRADO
22. A dissolução da sociedade conjugal no curso do mandato eletivo não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

ccCERTO ccERRADO
23. A extinção da CPI não prejudica o conhecimento do habeas corpus impetrado contra as
eventuais ilegalidades de seu relatório final.

ccCERTO ccERRADO
24. A vedação ao nepotismo não exige a edição de lei formal para coibi-lo, na medida em que
tal proibição decorre diretamente dos princípios constitucionais contidos no art. 37, caput,
da Constituição Federal.

ccCERTO ccERRADO
25. O plebiscito e o referendo são formas de consulta popular, sendo determinados,
exclusivamente, pelo Congresso Nacional, visando à manifestação do povo sobre
determinado tema específico já aprovado em lei, a qual só entrará em vigor se for ratificada
pela vontade majoritária dos eleitores.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO ECONÔMICO

26. A regulação econômica do Estado por meio de suas agências reguladoras, constituídas
geralmente na forma de autarquias especiais, constitui uma forma direta de intervenção do
Estado na economia.

ccCERTO ccERRADO
27. A intervenção do Estado na propriedade privada, como quando legisla sobre limitações
ao direito de propriedade, representa uma das diversas formas na qual o Estado pode atuar
indiretamente no domínio econômico.

ccCERTO ccERRADO
28. A expropriação pode ser entendida como a legítima interferência do Estado na esfera do

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domínio privado, quando não se observa a função social da propriedade, garantindo que a
sua fruição alcance os fins sociais mais abrangentes e de interesse da coletividade, como o
bem-estar social e a justiça distributiva.

ccCERTO ccERRADO
29. Os atos de concentração serão submetidos ao CADE pelas partes envolvidas na operação
quando forem observados, de forma cumulativa, os seguintes requisitos: pelo menos um
dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto
anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou
superior a R$ 700.000.000,00 (setecentos milhões de reais); e pelo menos um outro grupo
envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou
volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$
70.000.000,00 (setenta milhões de reais).

ccCERTO ccERRADO
DIREITO FINANCEIRO

A respeito da gestão patrimonial disciplinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os


itens subsequentes.

30. A Constituição Federal determina que as disponibilidades de caixa dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas
por ele controladas, sejam depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os
casos previstos em lei. No entendimento do STF, a lei a que a Constituição se refere na parte
final do comando transcrito deverá ser editada por cada ente da Federação que pretenda
depositar suas disponibilidades de caixa em instituições não oficiais.

ccCERTO ccERRADO
31. As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos
servidores públicos ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades
de cada ente e não poderão ser aplicadas em ações e outros papéis relativos às empresas
controladas pelo respectivo ente da Federação.

ccCERTO ccERRADO
A respeito da transparência, controle e fiscalização da gestão fiscal, julgue os itens
subsecutivos.

32. O controle externo das contas da União e das entidades da administração direta e indireta
será exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União,

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competindo ao TCU julgar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República.

ccCERTO ccERRADO
33. Está entre as atribuições do Tribunal de Contas a apreciação, para fins de registro, da
legalidade das nomeações para cargo de provimento em comissão, na administração direta
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO

34. Interpretando a imunidade referente aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado
à sua impressão, concluiu o STF estarem abrangidos os livros digitais (E-books), desde que
possuam conteúdo considerados como culturais.

ccCERTO ccERRADO
35. Anteriormente à LC nº 118/2005, o prazo quinquenal para a Fazenda Pública proceder à
cobrança judicial do crédito tributário apenas era interrompido, dentre as causas inerentes
ao processo de execução fiscal, a partir da citação pessoal do executado.

ccCERTO ccERRADO
36. Em regra, é obrigatória a consulta prévia ao CADIN por parte do Poder Público quando
da realização de operação de crédito ou celebração de contratos/convênios/acordos que
envolvam recursos públicos, e concessão de incentivos financeiros e fiscais a outras
pessoas.

ccCERTO ccERRADO
37. Para o Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a instituição de taxas municipais de
combate a sinistros, conhecida como “taxa de bombeiros”.

ccCERTO ccERRADO
38. É possível que o parcelamento do crédito tributário exclua a incidência de juros e multas.

ccCERTO ccERRADO
39. Em regra, havendo a transferência jurídica do encargo fiscal, apenas o contribuinte de
direito terá legitimidade para pleitear a repetição do tributo, e desde que expressamente
autorizado pelo contribuinte de fato.

ccCERTO ccERRADO
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Considere o seguinte caso hipotético e julgue o item 40: “Marcos, domiciliado na Bahia,
faleceu e era proprietário de uma casa no Estado de São Paulo e um Iate ancorado em uma
Marina no Estado do Rio de Janeiro, tendo como única herdeira Josefa, domiciliada no
Estado do Maranhão. Seu inventário foi processado no Estado da Bahia”.
40. O ITCMD sobre toda a herança será devido ao Estado do Maranhão, por ser o local de
domicílio da herdeira.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE ENSINO

41. Segundo o STJ, a Instituição de Ensino Superior – IES não pode recusar a matrícula de
aluno aprovado em vestibular em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente
frequentado por ele na mesma instituição.

ccCERTO ccERRADO
42. Nos termos da lei, somente o ensino fundamental é de obrigatória implantação pelo
Poder Público nos presídios, sendo dispensável o ensino médio aos detentos.

ccCERTO ccERRADO
LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

43. Nos termos da Constituição Federal de 1988, para efeito de aposentadoria, é assegurada
a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana, porém, nessa hipótese, os diversos regimes de previdência social
não se compensarão financeiramente.

ccCERTO ccERRADO
44. Conforme o entendimento consolidado do STJ, é possível a concessão do acréscimo de
25%, previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/91, sobre o valor do benefício, em caso de o segurado
necessitar de assistência permanente de outra pessoa, independentemente da espécie de
aposentadoria.

ccCERTO ccERRADO
45. Os valores previdenciários não recebidos pelo segurado em vida, mesmo que
reconhecidos apenas judicialmente, devem ser pagos, prioritariamente, aos dependentes
habilitados à pensão por morte, para só então, na falta destes, serem pagos aos demais
sucessores na forma da lei civil.

ccCERTO ccERRADO
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46. Conforme o entendimento sumulado do STJ, a mulher que renunciou aos alimentos na
separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada
a necessidade econômica superveniente.

ccCERTO ccERRADO
47. A Súmula 24 da AGU não permite a contagem, como tempo de contribuição, do tempo
exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional
realizado em escolas técnicas, ainda que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício.

ccCERTO ccERRADO
48. Conforme entendimento do STJ, o normativo contido no inciso II do artigo 115 da Lei
n. 8.213/1991 não autoriza o INSS a descontar, na via administrativa, valores concedidos a
título de tutela antecipada, posteriormente cassada com a improcedência do pedido.

ccCERTO ccERRADO
49. O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante cento e vinte
dias, com início vinte e oito dias antes e término noventa e um dias depois do parto, não
podendo ser prorrogado.

ccCERTO ccERRADO
50. Conforme o entendimento consolidado do STJ, é devida a continuidade do pagamento
de pensão por morte ao filho maior de 21 anos até que complete 24 anos pelo fato de ser
estudante universitário.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AGRÁRIO

51. No procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas, é correto afirmar


que as terras indígenas serão homologadas mediante resolução editada pelo Presidente da
República.

ccCERTO ccERRADO
52. Para a alienação ou a concessão de terras públicas para fins de reforma agrária, é
desnecessária a aprovação do Congresso Nacional.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO AMBIENTAL

53. A propósito das concepções ambientalistas antropocentrista, ecocentrista e biocentrista,


é correto afirmar que a Constituição Federal de 1988 incorporou ao ordenamento o
antropocentrismo articulado com aspectos das teorias eco e biocentrista.

ccCERTO ccERRADO
A respeito das infrações administrativas ambientais, julgue os itens subsequentes.

54. Configurada infração administrativa ambiental de transporte de madeira ou outro produto


florestal em desacordo com a licença outorgada pela autoridade competente, o fiscal
ambiental deverá lavrar o auto de infração considerando apenas a quantidade ou espécie
em desconformidade com a licença, tendo em vista que o produto florestal da carga que
esteja em equivalência com a licença é tido como regular.

ccCERTO ccERRADO
55. Constatada a infração ambiental, o agente autuante, no uso do seu poder de polícia,
poderá adotar medida administrativa de apreensão dos equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração, sendo vedado ao próprio autuado figurar como
depositários dos bens.

ccCERTO ccERRADO
Julgue o item subsequente acerca do tratamento dado pelo Novo Código Florestal aos
apicuns e salgados.

56. É vedada a manutenção, licenciamento ou regularização, em qualquer hipótese ou forma,


de ocupação ou exploração irregular em apicum ou salgado.

ccCERTO ccERRADO
Em relação à lei que trata da utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica, julgue o item subsequente.

57. A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora
nativa, para consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais ou de
pequenos produtores rurais, é permitida mediante processo simplificado de licenciamento
ambiental.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO CIVIL

58. O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil
do Brasil, desde que isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos
no exercício da cidadania por força da apresentação de documentos estrangeiros com
sobrenome imposto por lei estrangeira e diferente do que consta em seus documentos
brasileiros.

ccCERTO ccERRADO
59. Segundo o STJ, em razão do vínculo biológico, inexiste possibilidade de o indivíduo
abandonado pelo pai pretender, ao completar 18 anos, a supressão de seu patronímico do
nome civil.

ccCERTO ccERRADO
60. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos.

ccCERTO ccERRADO
61. As fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou
de assistência.

ccCERTO ccERRADO
62. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas, ou, se funcionarem
no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios.

ccCERTO ccERRADO
63. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja aprovada
pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o
qual ou no caso de o Ministério Público denegá-la, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado.

ccCERTO ccERRADO
64. De acordo com o STJ, os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro,
maior de idade e more sozinho, têm responsabilidade civil pelos danos causados durante os
recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente cientes dessa
situação, tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o propósito de evitar

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a repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo
sob sua guarda e companhia.

ccCERTO ccERRADO
65. Segundo o STJ, caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade
civil pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir
a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível
com a vida extrauterina.

ccCERTO ccERRADO
66. Segundo o STJ, pessoa jurídica de direito público não pode ser ressarcida por dano
moral.

ccCERTO ccERRADO
67. Segundo o STJ, por se tratar de prescrição aquisitiva, é possível o reconhecimento de
ofício pelo juízo da consumação do lapso temporal para usucapião.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL

68. Quanto à forma de transferência ou circulação, os títulos de crédito podem ser


classificados em ao portador, nominais à ordem, nominais não à ordem e nominativos.

ccCERTO ccERRADO
69. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.

ccCERTO ccERRADO
70. O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada com
o objetivo de reparar os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem provisão de
fundos emitido por correntista.

ccCERTO ccERRADO
71. Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual a fim de promover a
transformação de sociedade civil em empresária é exigível a apresentação de certidões
negativas de débitos com o FGTS e com a União.

ccCERTO ccERRADO
72. Constitui meio de recuperação judicial, entre outros, a redução salarial, compensação de

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horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

73. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467, prevista para 11.11.2017, desde que haja
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo
que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias úteis e os demais não poderão ser
inferiores a cinco dias úteis, cada um.

ccCERTO ccERRADO
74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o contrato de trabalho não poderá ser extinto por
acordo entre empregado e empregador.

ccCERTO ccERRADO
75. Conforme o entendimento consolidado do TST, é quinquenal o prazo prescricional para
reclamar em face do não recolhimento de contribuição para o FGTS, para os casos em que
a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, observado o prazo de dois anos após o
término do contrato.

ccCERTO ccERRADO
76. Conforme o entendimento majoritário do STF, a Administração Pública não pode proceder
ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, independentemente da demonstração de que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público.

ccCERTO ccERRADO
77. Conforme a Lei nº 13.467, de 2017, o valor do depósito recursal será reduzido pela metade
para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.

ccCERTO ccERRADO
78. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso
de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior
do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, por violação direta da
Constituição Federal e, ainda por contrariedade a Orientação Jurisprudencial do TST.

ccCERTO ccERRADO

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79. Nos termos da Lei nº 13.467, de 2017, a exceção de incompetência territorial será
apresentada no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção. Protocolada a petição, o processo não será suspenso e
realizar-se-á a audiência de julgamento, embora ainda não decidida a exceção.

ccCERTO ccERRADO
80. Nos termos do entendimento consolidado do STF em súmula vinculante, a competência
da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução
de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante
das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

81. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas dispõe que o Estado acreditante
está isento do pagamento de impostos e taxas, entretanto é possível que sejam cobrados
valores referentes a serviços específicos que lhe sejam prestados. Interpretando essa norma
em conjunto com o ordenamento tributário brasileiro, o STJ entende pela possibilidade da
cobrança de taxas.

ccCERTO ccERRADO
82. O Direito Comunitário se caracteriza como um ramo do Direito que busca regular os
mecanismos de integração regional que alcançaram um estágio de desenvolvimento mais
profundo. É criado não só pelos Estados, mas também pelos próprios órgãos do bloco
regional e se caracteriza pela aplicabilidade imediata dentro dos entes estatais, como é o
caso do MERCOSUL.

ccCERTO ccERRADO
83. A União Europeia é um bloco regional considerado supranacional, onde há a existência
de entidades que se encontram em posição de primazia frente aos Estados soberanos que a
compõem, pelos menos em certos aspectos, com normas que prevalecem frente às normas
internas dos seus membros.

ccCERTO ccERRADO
84. A Carta da das Nações Unidas prevê expressamente a necessidade de que as partes em
uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacional,
procurarão meios pacíficos para sua solução desse conflito. É possível, ainda, que o
Conselho de Segurança investigue tais controvérsias ou situações conflitantes.

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ccCERTO ccERRADO
85. O Tribunal Penal Internacional possui competência para julgar os crimes mais graves que
afetam a comunidade internacional. Dentre eles se destaca os crimes de guerra praticados
durantes os conflitos armados, enquadrados no conceito de jus ad bellum.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

86. Segundo o STJ, a legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é do Ministério Público.

ccCERTO ccERRADO
87. Segundo o STJ, o Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória
que vise à garantia do pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória.

ccCERTO ccERRADO
88. Segundo o STJ, a prescrição da pretensão punitiva do crime de apropriação indébita
previdenciária (art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito
tributário estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no
juízo cível.

ccCERTO ccERRADO
89. A superveniência do término de mandato eletivo é causa de interrupção do julgamento
iniciado pelo STF de denúncia criminal ofertada contra parlamentar, deslocando a
competência para outra instância.

ccCERTO ccERRADO
90. De acordo com o STJ, a modificação da competência em razão de superveniente aquisição
pelo réu de foro por prerrogativa de função implica em desfazimento dos atos decisórios até
então praticados, cabendo ao novo juízo ratificá-los para regular produção de seus efeitos.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

91. O procedimento cautelar fiscal apenas poderá ser instaurado após a constituição do
crédito.

ccCERTO ccERRADO
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92. Para a concessão da medida cautelar fiscal exige-se a comprovação da probabilidade do


direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

ccCERTO ccERRADO
93. Para a propositura da ação monitória, exige-se a utilização de prova documental.

ccCERTO ccERRADO
94. A desistência no mandado de segurança pode ser realizada a qualquer tempo.

ccCERTO ccERRADO
95. Da sentença na ação discriminatória caberá apelação com efeito suspensivo ope legis e
devolutivo.

ccCERTO ccERRADO
96. O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às
ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em
parte, na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da competência para a
Justiça Federal.

ccCERTO ccERRADO
97. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ajustar compromisso recíproco
para prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado,
mediante termo de cooperação firmado pelas respectivas procuradorias.

ccCERTO ccERRADO
98. É possível, em certas situações, a aplicação dos efeitos materiais da revelia à Fazenda
Pública.

ccCERTO ccERRADO
99. É cabível a majoração de honorários no julgamento de improcedência da apelação em
mandado de segurança.

ccCERTO ccERRADO
100. No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública,
as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da
segurança devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha suplementar.

ccCERTO ccERRADO

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 ERRADO 26 ERRADO 51 ERRADO 76 ERRADO


2 ERRADO 27 CERTO 52 CERTO 77 CERTO
3 ERRADO 28 CERTO 53 CERTO 78 ERRADO
4 ERRADO 29 ERRADO 54 ERRADO 79 ERRADO
5 ERRADO 30 ERRADO 55 ERRADO 80 CERTO
6 CERTO 31 CERTO 56 ERRADO 81 CERTO
7 ERRADO 32 ERRADO 57 ERRADO 82 ERRADO
8 CERTO 33 ERRADO 58 CERTO 83 CERTO
9 CERTO 34 ERRADO 59 ERRADO 84 CERTO
10 CERTO 35 CERTO 60 ERRADO 85 ERRADO
11 CERTO 36 CERTO 61 ERRADO 86 ERRADO
12 CERTO 37 CERTO 62 CERTO 87 CERTO
13 ERRADO 38 CERTO 63 CERTO 88 CERTO
14 CERTO 39 CERTO 64 CERTO 89 ERRADO
15 CERTO 40 ERRADO 65 CERTO 90 ERRADO
16 ERRADO 41 CERTO 66 CERTO 91 ERRADO
17 CERTO 42 ERRADO 67 ERRADO 92 ERRADO
18 ERRADO 43 ERRADO 68 CERTO 93 ERRADO
19 CERTO 44 ERRADO 69 CERTO 94 CERTO
20 ERRADO 45 CERTO 70 CERTO 95 ERRADO
21 ERRADO 46 CERTO 71 ERRADO 96 CERTO
22 CERTO 47 ERRADO 72 CERTO 97 ERRADO
23 ERRADO 48 CERTO 73 ERRADO 98 CERTO
24 CERTO 49 ERRADO 74 ERRADO 99 ERRADO
25 ERRADO 50 ERRADO 75 CERTO 100 CERTO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

01. De acordo com o entendimento do STJ, é legítima a representação processual de agente


público pela Advocacia-Geral da União no processo penal em que é acusado de crime contra
a Administração Pública.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Descentralização e desconcentração da atividade administrativa.


Relação jurídico-administrativa. Personalidade de direito público. Conceito de pessoa
administrativa. Teoria do órgão da pessoa jurídica: aplicação no campo do direito
administrativo.

Recentemente, o STJ (AgRg no RHC 48.222/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 16/02/2017, DJe 24/02/2017) decidiu que “a atuação da advocacia pública restringe-
se aos casos em que os atos a serem defendidos vinculam-se estritamente ao exercício das
atribuições constitucionais, legais e institucionais dos agentes públicos, caso em que há interesse
público em fazê-lo, porquanto a conduta é imputada ao próprio ente federativo. Nesses casos,
possível a defesa até mesmo na hipótese em que se discute a própria legalidade do ato praticado
pelo agente, porquanto em seu favor milita presunção de legalidade. Importante perceber que o
ato, em si, não é definido como ilícito pelo ordenamento, ou seja, a validade do ato administrativo
será definida pela sindicabilidade judicial, motivo pelo qual possível a defesa do ato pela advocacia
pública, desde que não seja flagrantemente contrário ao interesse público.” Entretanto, tratando-se
de crime contra a Administração Pública, entendeu-se que “por sua vez, nos crimes violadores
de bens jurídicos atrelados à Administração Pública, conquanto o agente atue no contexto
do exercício da função pública ou em razão dela, ao ser imputado ao agente público um
crime funcional, não resta dúvida que a conduta foi realizada fora do plexo de atribuições
que lhe é conferida, portanto, inviável a imputação volitiva da conduta ao Estado. Nesse
caso, a defesa realizada pela advocacia pública do servidor implicaria evidente conflito
de interesses para a Administração Pública, porquanto se trata de interesse unicamente
pessoal do agente público, e não público primário, até porque, para que este existisse,
pressupor-se-ia o teratológico reconhecimento da responsabilização penal do Estado
por atos de seus agentes, flagrantemente contrários aos interesses estatais, o que é repelido,
inclusive, no âmbito do direito internacional penal, hipótese em que recai sempre sobre o indivíduo

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a culpa, como indica o art. 1º, c/c o art. 25, 2, ambos do Estatuto de Roma (Decreto 4.388/2002)”
A referida decisão é muito interessante, pois parte, para chegar à conclusão apresentada, do estudo
da teoria do órgão, segundo a qual a vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída aos órgãos que
a compõem. Pela precisão do raciocínio adotado, transcrevo-o: “nessa perspectiva, corolário da
teoria do órgão é a teoria da imputação volitiva, cuja consequência é a imputação da vontade do
órgão público à pessoa jurídica correlata. Os entes federativos manifestam, pois, sua a vontade
por meio de órgãos públicos. Por sua vez, os órgãos públicos são plexos de atribuições, que, por
não serem dotados de estrutura biopsicológica, são integrados pelos agentes públicos, nos
termos da teoria eclética para caracterização do órgão público”.

Então, vamos lá! A teoria do órgão baseia-se na compreensão da imputação volitiva. Por essa teoria,
imputa-se à pessoa jurídica (ex.: União) a vontade do órgão público (ex.: CGU). Os órgãos, de seu
turno (ex.: CGU), são integrados pelos agentes públicos, que, em última análise, manifestarão a
vontade do próprio ente federativo. Por isso mesmo, entende-se, como se apontou lá no comecinho
da resposta, que a Advocacia-Geral da União pode defender os atos dos agentes públicos que
forem imputados à União e às demais entidades descentralizadas de direito público, no âmbito
federal.

É o que dispõe o artigo 22, caput, da Lei nº 9.028/1995, in verbis:

Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos vinculados, nas respectivas áreas
de atuação, ficam autorizados a representar judicialmente os titulares e os membros dos
Poderes da República, das Instituições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da
Constituição, bem como os titulares dos Ministérios e demais órgãos da Presidência da
República, de autarquias e fundações públicas federais, e de cargos de natureza especial,
de direção e assessoramento superiores e daqueles efetivos, inclusive promovendo
ação penal privada ou representando perante o Ministério Público, quando vítimas de
crime, quanto a atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais
ou regulamentares, no interesse público, especialmente da União, suas respectivas
autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas, podendo, ainda, quanto
aos mesmos atos, impetrar habeas corpus e mandado de segurança em defesa dos
agentes públicos de que trata este artigo.

Para embasar a ausência de legitimidade na representação penal do agente, o STJ levou em


consideração, ainda, que a responsabilidade penal é pessoal por excelência, de modo que não
haveria interesse público em sua defesa1.

1 Vejam a situação: “7. In concreto, ao recorrente, servidor de carreira da Controladoria-Geral da União,


são imputados os crimes tipificados nos arts. 325, § 2º, do Código Penal e 10 da Lei n. 9.296/1996, quando, à época,
exercia o cargo em comissão de Assessor Especial de Controle Interno do Ministério da Educação. Ainda, vê-se
ter sido imputado ao réu a prática do crime de violação do sigilo funcional qualificado, porquanto a sua conduta
resultou dano efetivo à Administração Pública. Indubitavelmente, não há interesse público na defesa da suposta
conduta de divulgação de informações acobertadas por sigilo, que teria comprometendo parcialmente a eficácia e

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GABARITO: ERRADO

02. Havendo lei que dispõe sobre a concessão de descontos na tarifa de energia elétrica
para os consumidores que desenvolvem atividade de irrigação, a ANEEL pode, por meio de
resolução, estabelecer condições não previstas no referido diploma normativo, para o gozo
do benefício, o que estará inserido no poder regulamentar.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Hierarquia. Poderes e Prerrogativas da Administração Pública.


Poder Regulamentar. Conceito de poder-dever. Supremacia do interesse público.
Poder hierárquico e suas manifestações.

O STJ decidiu, justamente, o contrário: “é ilegal o art. 2º da Res. n. 207/2006-Aneel que, ao


exigir o adimplemento do consumidor para a concessão de descontos especiais na tarifa
de fornecimento de energia elétrica relativa ao consumidor que desenvolva atividade de
irrigação ou aquicultura (Lei n. 10.438/2002), estabeleceu condição não prevista na lei para
o benefício, exorbitando o poder de regulamentar.” (AgRg no REsp 1.326.847-RN, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 20/11/2012).

Referimo-nos, é claro, aos regulamentos executivos (e não aos autônomos, sobre os quais
falaremos em outra rodada). Nesse sentido, Ceslo Antônio Bandeira de Mello explica que “a
Constituição prevê os regulamentos executivos porque o cumprimento de determinadas leis
pressupõe uma interferência de órgãos administrativos para a aplicação do que nelas se dispõe,
sem, entretanto, predeterminar exaustivamente, isto é, com todas as minúcias, a forma exata
da atuação administrativa pressuposta.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 352). Assim, embora o regulamento executivo tenha
certa margem para dispor sobre o assunto versado na lei, terá que respeitar os limites nela impostos
e não poderá criar nenhuma obrigação que não esteja nela prevista, pois deverá respeito à regra
maior da legalidade, prevista no artigo 5º, inciso II, da Constituição.

GABARITO: ERRADO

03. No caso de condenação penal sem observância de patente prova de inocência do acusado,
com a determinação de seu recolhimento a regime fechado, eventual responsabilização do
Estado pelo dano causado ao cidadão dependerá da comprovação de dolo do juiz.

acarretado retardamento da investigação sigilosa, denominada “Operação Sinapse”. Vislumbra-se unicamente


o interesse público na apuração do fato imputado, não na defesa do réu imputado, a qual não ultrapassa a esfera de
interesse pessoal do agente público.”

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 25


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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 51 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração


pública no direito brasileiro. Ação de regresso.

O juiz pode proferir a sentença de forma negligente, caso em que, tratando-se de sentença penal
condenatória, é clara a responsabilidade do Estado, que decorre diretamente do art. 5º, LXXV, da
Constituição Federal: “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como que
ficar preso além do tempo fixado na sentença.”

Já no que diz respeito a atos jurisdicionais de natureza cível, parte da doutrina (ex. Lúcia Valle
Figueiredo e Cotrim Neto) entende que a previsão constitucional retromencionada os abrange,
enquanto outra parcela (ex. José dos Santos Carvalho Filho) advoga que, para os atos de natureza
cível, a responsabilidade está restrita aos atos funcionais do juiz (e não aos tipicamente jurisdicionais,
estes só atacáveis por recurso). Veja como ele explica: “parece-nos inteiramente cabível distinguir
os atos tipicamente jurisdicionais do juiz, normalmente praticados dentro do processo judicial, dos
atos funcionais, ou seja, daquelas ações ou omissões que digam respeito à atuação do juiz fora do
processo. Neste último caso, diferentemente do que sucede naqueles, se tais condutas provocam
danos à parte sem justo motivo, o Estado deve ser civilmente responsabilizado, ainda que o juiz
tenha agido de forma apenas culposa, porque o art. 37, §6º, da CF é claro ao fixar a responsabilidade
estatal por danos que seus agentes causarem a terceiros, e entre os seus agentes, encontram-se,
à evidência, inseridos os magistrados. É o caso, por exemplo, em que o juiz retarda, sem justa
causa, o andamento de processos; ou perde processos por negligenciar em sua guarda; ou deixa,
indevidamente de atender a advogado das partes; ou ainda pratica abuso de poder em decorrência
de seu cargo.” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo:
Atlas, 2013, p. 577)

Não percamos a oportunidade de revisar as regras básicas de responsabilização do Estado pelos


atos legislativos e judiciais:

Atos Regra: não há responsabilidade.


legis- Exceções: leis inconstitucionais (erro legislativo), formal ou materialmente e leis de
lativos efeitos concretos.
Dolosos: é cabível a responsabilização do Estado, e o juiz responde civil e regressivamente
Atos por perdas e danos, na forma do art. 143 do NCPC (ler!!!)
judi- Culposos: criminais – é cabível a responsabilização, na forma do art. 5º, LXXV, CF, desde
ciais que, logicamente, haja prejuízo causado pelo erro judiciário; cíveis (há divergência) –
para JSCF, é possível a responsabilização no caso dos atos funcionais do juiz.
ATENÇÃO: em relação ao artigo 143 do NCPC, é interessante observar que – ao contrário do CPC

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 26


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antigo – existe previsão expressa sobre a responsabilidade do juiz, nos casos ali previstos, ser
regressiva.

GABARITO: ERRADO

04. O contrato administrativo tem como finalidade, em última análise, o atendimento de um


interesse público. Nesse sentido, a eventual sobreposição do interesse público sobre o
privado em sua pactuação deve estar, necessariamente, prevista em lei.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 24 Contratos administrativos: discussão sobre sua existência como


categoria específica; conceito, espécies e caracteres jurídicos.

O edital traz, como ponto expresso, o conceito de Contrato Administrativo. Celso Antônio Bandeira
de Mello (Op. Cit., pp. 620-621) o fornece, nos seguintes termos: “é um tipo de avença travada
entre a Administração e terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do
tipo de objeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas assujeitam-se
a cambiáveis imposições de interesse público, ressalvados os interesses patrimonais do
contratante privado.” Vê-se, assim, de forma muito simples, que, para o referido doutrinador, a
prevalência do interesse público pode decorrer de lei, das cláusulas pactuadas ou, simplesmente,
do tipo de objeto do contrato administrativo. Tal conclusão se justifica à luz do princípio geral do
regime jurídico administrativo, ou seja, da supremacia do interesse público sobre o privado. Nesse
sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello prossegue, referindo-se às prerrogativas da Administração
Pública no cumprimento dos contratos administrativos: “conferem à Administração prerrogativas
de supremacia, enquanto instrumentais à realização da finalidade pública e na medida em que o
sejam, do mesmo passo em que lhe irrogam sujeições típicas, umas e outras armadas ao propósito
de acautelar o interesse público.” (Op. Cit., p. 621).

GABARITO: ERRADO

05. Os contratos administrativos serão sempre formalizados por escrito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 25 Formação do contrato administrativo: elementos.

Essa questão é simples, podendo ser respondida pelo simples conhecimento do artigo 60, parágrafo
único, da Lei nº 8.666/93, segundo o qual “é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a
Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de
valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea “a” desta

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 27


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Lei, feitas em regime de adiantamento”. Dessa forma, os contratos verbais são admitidos apenas
para as pequenas compras em valor não superior a 5% do valor máximo para a modalidade convite.
Ronny Charles Lopes de Torres ensina que “a vedação a ajustes verbais alcança também as
prorrogações contratuais, que devem se submeter ao formalismo, exigindo-se o respectivo termo
aditivo” (TORRES, Ronny Charles Lopes de. Leis de Licitações Públicas Comentadas. Salvador:
JusPodivm, 2017, p. 652). O referido autor cita, ainda, duas orientações do TCU (Acórdãos nº
1.215/2008 e 106/2006, respectivamente):

Nesse sentido, o TCU orientou que determinada sociedade de economia mista evitasse
a realização de contrato verbal, sob pena de nulidade do ato de contratação, salvo para
as compras de pronto pagamento (...). No mesmo prumo, o TCU determinou ao Instituto
Nacional do Seguro Social que evitasse a assinatura de contratos e aditivos com data
retroativa, por caracterizar o ajuste verbal vedado pelo art. 60, parágrafo único, da Lei
nº 8.666/1993. (Idem).

GABARITO: ERRADO

06. As alterações unilaterais dos contratos administrativos sujeitam-se à manutenção do


equilíbrio econômico-financeiro.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 27 Execução do contrato administrativo: princípios; teorias do fato do


príncipe e da imprevisão. Modificação unilateral de contratos. Autotutela. Extinção do
contrato administrativo: força maior e outras causas.

O artigo 57, § 2º, da Lei nº 8.666/93 consagrou o princípio da manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro, nas contratações públicas. Nesse sentido, de fato, como vimos anteriormente, a
Administração tem prerrogativas, as chamadas cláusulas exorbitantes, que se justificam diante
da persecução do interesse público. Em contrapartida, caso queira, utilizando-se delas, por
exemplo, prorrogar um contrato, será necessário que haja uma contraprestação equivalente ao
particular. Nesse sentido, Ronny Charles Lopes de Torres (Op. Cit., p. 636) explica que “o legislador
preocupou-se com a manutenção do equilíbrio das relações econômicas entre o contratado e a
Administração. Entende-se assim legítimo que determinadas situações imponham alterações de
cláusulas contratuais pela administração, mas sempre respeitando-se o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato. Essa relação econômica entre encargos e vantagens, de cada parte,
deve ser respeitada, mesmo quando necessária alguma modificação contratual.”

GABARITO: CERTO

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07. Determinada concessionária do serviço público de fornecimento de energia elétrica,


ao constatar falhas técnicas em suas instalações, veiculou anúncios em três emissoras
de rádio da cidade, informando os usuários afetados de que ocorreria a interrupção do
serviço dali a dois dias. Uma microempresa local, especializada em fotocópias e carimbos,
não tendo tomado conhecimento dos anúncios e ficando impossibilitada de utilizar seus
equipamentos eletrônicos, ajuizou ação pleiteando indenização por danos extrapatrimoniais,
sob a alegação de que a concessionária não atendeu satisfatoriamente à exigência legal
de prévio aviso aos usuários acerca da suspensão do serviço, conforme estabelecida na
Lei n. 8.987/1995. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, procede o pleito da
microempresa.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 33 Serviço público: conceito; caracteres jurídicos; classificação e


garantias. Usuário do serviço público. Concessão de serviço público: natureza jurídica
e conceito; regime jurídico financeiro. Extinção da concessão de serviço público;
reversão dos bens. Permissão, autorização e delegação.

O art. 6o da Lei n. 8.987/1995 estabelece que as concessionárias de serviços públicos devem


prestar um serviço adequado, sendo a continuidade uma das condições para que essa exigência
seja satisfeita. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço, no entanto, a interrupção em
situação de emergência ou, após aviso prévio, por motivos de ordem técnica ou inadimplemento
do usuário (§ 3o do art. 6o). No caso da questão, o problema está determinar se o aviso feito
exclusivamente por meio de rádio atenderia ao comando legal.

Nesse sentido, o STJ julgou recentemente o REsp n. 1.270.339-SC (Primeira Turma, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016, Informativo n. 598), entendendo que “a divulgação em
três emissoras de rádio com cobertura no Município do usuário desse serviço, dias antes da
suspensão, satisfaz a exigência prevista na lei”.

Conforme consignado no voto do Relator, a lei não especificou de que forma deveria ocorrer o
aviso aos usuários, de modo que, sendo o rádio um dos meios de comunicação mais populares
e de maior alcance, o requisito legal restou atendido, razão pela qual a interrupção do serviço foi
legítima e não houve dano extrapatrimonial a ser indenizado.

Também acerca da necessidade de aviso prévio aos usuários acerca da interrupção do serviço,
o STJ julgou outro caso interessante, desta feita envolvendo companhias aéreas. No caso, a
Corte decidiu que “o cancelamento e a interrupção de voos, sem razões de ordem técnica e de
segurança intransponíveis, é prática abusiva contra o consumidor e, portanto, deve ser prevenida e
punida. Também é prática abusiva não informar o consumidor, por escrito e justificadamente,
quando tais cancelamentos vierem a ocorrer”. (REsp 1.469.087-AC. Segunda Turma. Rel. Min.

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Humberto Martins, julgado em 18/08/2016, Informativo n. 593).

GABARITO: ERRADO

08. A concessão de serviço público pode ser extinta pela anulação, se verificada ilegalidade
na licitação ou no contrato administrativo respectivo, caso em que o concessionário de boa-
fé prejudicado, se não contribuiu para o vício, deverá ser indenizado pelo poder concedente.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 33 Serviço público: conceito; caracteres jurídicos; classificação e


garantias. Usuário do serviço público. Concessão de serviço público: natureza jurídica
e conceito; regime jurídico financeiro. Extinção da concessão de serviço público;
reversão dos bens. Permissão, autorização e delegação.

O contrato de concessão pode ser extinto, nos termos do art. 35 da Lei n. 8.987/1995, em virtude
do advento do termo contratual, da encampação, da caducidade, da rescisão, da anulação e da
“falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual”. Além desses casos, a doutrina aponta o distrato (ato bilateral e consensual),
o desaparecimento do objeto e a força maior (OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Administrativo.
São Paulo: Forense, 2017, p. 185).

Ocorre anulação por motivo de ilegalidade na licitação ou no contrato administrativo. Ela pode ser
declarada tanto na via administrativa (autotutela) como no âmbito judicial, assegurando-se, em todo
caso, o direito à ampla defesa e ao contraditório. Caso seja anulada a concessão, o concessionário
que agiu de boa-fé e não contribuiu para o vício deverá ser indenizado pelo poder concedente nos
termos do art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.666/1993, aplicável subsidiariamente aos contratos
de concessão de serviços públicos, o qual determina: “a nulidade não exonera a Administração
do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela
for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa”. (OLIVEIRA, Rafael.
Op. cit., p. 185).

GABARITO: CERTO

09. No caso de valorização geral extraordinária de um imóvel, em virtude da realização de


um serviço público, o Poder Público poderá utilizar-se da desapropriação por zona.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 45 Desapropriação por zona. Direito de extensão. Retrocessão.

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“Desapropriação indireta”.

O artigo 4º, caput, do Decreto-Lei nº 3365/41 prevê o instituto da desapropriação por zona,
nos seguintes termos: “a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente,
em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública
deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que
se destinam à revenda.” Portanto, a desapropriação por zona pode ter dois fundamentos: a) área
contígua necessária ao desenvolvimento da obra principal ou b) zonas que, em razão da realização
do serviço, se valorizarem extraordinariamente. Sobre esse último aspecto, é necessário que a
valorização seja especial (ou seja, que atinja a apenas algum grupo identificável de cidadãos). O
STJ considera, ainda, que “a mais-valia divide-se em ordinária (todos os imóveis lindeiros à obra
valorizam-se na mesma proporção) ou extraordinária (um ou alguns se valorizam mais que outros
sujeitos à mais-valia ordinária). Na hipótese de valorização geral ordinária, o Poder Público
tem em mão o instrumento legal da contribuição de melhoria e, diante da valorização geral
extraordinária, tem a desapropriação por zona ou extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941).”
No caso julgado, houve valorização de área remanescente de um imóvel em razão da construção
de uma rodovia, e o Poder Público deduziu a valorização do valor da indenização. A recorrente
se insurgiu contra a decisão que chancelou essa posição do Poder Público, e o STJ lhe deu
razão, fixando que “(...) essa compensação não pode ser feita na desapropriação, com exceção
dos casos de comprovada valorização específica ou individual. No caso, é patente a mais-valia
da área remanescente em decorrência da construção da rodovia. Todavia, essa se mostra não
como especial, mas como genérica, ao atingir os mesmos patamares dos demais imóveis lindeiros.
Daí a respectiva mais-valia dever ser cobrada mediante contribuição de melhoria, a invalidar
seu abatimento proporcional do valor da indenização, tal qual assentado no acórdão recorrido.
Esse entendimento foi firmado por maioria pela Turma no prosseguimento do julgamento.” (REsp
1.092.010-SC, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 12/4/2011).

GABARITO: CERTO

10. Na fixação de honorários advocatícios na ação que discute desapropriação indireta,


observa-se o limite máximo de 5% previsto no Decreto-Lei nº 3365/41.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 45 Desapropriação por zona. Direito de extensão. Retrocessão.


“Desapropriação indireta”.

A desapropriação indireta, também chamada de apossamento administrativo, é um tipo de esbulho


possessório praticado pelo Poder Público contra o particular. Quando isso ocorre, o particular pode

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propor uma ação possessória, se o bem ainda não tiver utilidade pública, ou, caso já tenha, a ação
será de indenização pela desapropriação indireta.

O STJ tem entendimento no sentido de que “aplicam-se às desapropriações indiretas, para


a fixação de honorários advocatícios, os limites percentuais estabelecidos no art. 27, §§
1º e 3º, do Decreto-Lei 3.365/1941 (entre 0,5% e 5%)”. (REsp 1.300.442-SC, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 18/6/2013).

Vale, ainda, lembrar que há súmula antiga do STJ (119) que prevê o prazo de 20 (vinte) anos como
prescricional para a pretensão de indenização. Essa súmula se baseava no prazo de usucapião
extraordinária do Código antigo. No Código de 2002, como se sabe, o prazo de usucapião
extraordinária é de 15 (quinze) anos. Entretanto, em se tratando de apossamento realizado pelo
Poder Público, o STJ entende que – já que o pressuposto lógico da desapropriação indireta é a
existência de alguma utilidade pública – o prazo será de 10 anos, pois houve obras ou serviços de
caráter produtivo, como dispõe o art. 1.238, parágrafo único, do Código Civil. (REsp 1.300.442-SC,
Rel. Min. Herman Benjamin, j. em 18/6/2013).

GABARITO: CERTO

11. O sistema da jurisdição una, forma de controle jurisdicional dos atos administrativos
adotada no Brasil, liga-se ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 48 Sistemas de controle jurisdicional da administração pública:


contencioso administrativo e sistema da jurisdição una.

Pessoal, vamos aproveitar esta questão para revisar um ponto do edital que pode ser estudado
muito rapidamente, que é o ponto 48. Como se sabe, há dois sistemas de controle jurisdicional,
o sistema do contencioso administrativo (dualidade de jurisdição), também chamado de sistema
francês, no qual, a par do controle judicial, que se ocupa dos atos dos particulares em geral, há
uma jurisdição administrativa, que tem independência e decide de forma definitiva; e o sistema
da jurisdição una (unidade da jurisdição), também chamado de sistema inglês, em que o Poder
Judiciário tem atribuição para analisar a legalidade de todos os atos, quer particulares, quer
administrativos.

Entre nós, a Constituição de 1988 dispôs, em seu artigo 5º, inciso XXXV, que “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Esse dispositivo, como aponta a
doutrina processualista, consagrou o princípio da inafastabilidade da jurisdição, de modo que é
seguro afirmar que adotamos o sistema da jurisdição una, o que tem estreita relação com o princípio
constitucional mencionado.

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GABARITO: CERTO

12. A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário, e o Poder


Judiciário não pode, na via jurisdicional, avaliar as razões de conveniência e oportunidade
que levaram o administrador a prorrogar ou não a validade do certame.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 49 Controle jurisdicional da administração pública no direito brasileiro.


Discricionariedade administrativa e controle jurisdicional.

O STJ tem entendimento firme no sentido de que “a prorrogação do prazo de validade de


concurso público é ato discricionário da administração, sendo vedado ao Poder Judiciário
o reexame dos critérios de conveniência e oportunidade adotados.” (AgRg no AREsp
128.916-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/10/2012). Como se sabe, o controle
dos atos administrativos pode ser de legalidade ou de mérito. Rafael Oliveira (OLIVEIRA, Rafael
Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Forense, 2017, p. 307) explica
que “o controle jurisdicional sobre os atos oriundos dos demais Poderes (Executivo e Legislativo)
restringe-se aos aspectos de legalidade (juridicidade), sendo vedado ao Poder Judiciário substituir-
se ao administrador e ao legislador para definir, dentro da moldura normativa, qual a decisão mais
conveniente ou oportuna para o atendimento do interesse público, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da separação de poderes”. O mencionado autor faz uma reflexão interessante sobre
três teorias que procuram delimitar, então, o que seria essa juridicidade, ou seja, até que limites o
Poder Judiciário poderia controlar a legalidade dos atos administrativos, sem se imiscuir no mérito.
A primeira é a teoria do détournement de pouvoir (desvio de poder), que admite a invalidação do
ato administrativo em desacordo com a finalidade da norma; a segunda é a teoria dos motivos
determinantes, já aplicada pelo STJ, segundo a qual “a validade do ato administrativo depende da
correspondência entre os motivos nele expostos e a existência concreta dos fatos que ensejaram
a sua edição”, e a terceira é a teoria dos princípios jurídicos, que exige a compatibilidade dos
atos com os princípios constitucionais. Para o autor, foi, por exemplo, com base nessa terceira
teoria que o STF editou a Súmula Vinculante 13, que veda o nepotismo na Administração Pública.
Em todo caso, é indispensável lembrar que “a juridicidade, como se vê, amplia a margem de
controle do ato discricionário levada a efeito pelo Judiciário. E isso não para permitir a apreciação
do mérito administrativo propriamente dito, porque importaria em inadmissível violação ao princípio
da separação dos poderes, mas para garantir que o mérito da atuação administrativa não seja um
artifício ou escudo à violação, por via transversa, da ordem jurídica pelo administrador.” (Op. Cit.,
p. 309).

Lembrem, também, que a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, em se tratando


de cumprimento de mandamento legal ou constitucional unívoco, não há que se falar em

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discricionariedade. Existe, também, a teoria da redução da discricionariedade a zero, adotada em


julgados esparsos quando há o reconhecimento de que, apesar de tratar-se de um ato discricionário,
apenas uma solução é possível.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL
13. O Ministério das Relações Exteriores não está obrigado a fornecer o nome de quem
recebe passaporte diplomático por motivos de interesse público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direitos e garantias fundamentais.

Pessoal, essa questão trata de uma decisão importantíssima do Superior Tribunal de Justiça sobre
a publicidade acerca dos passaportes diplomáticos. Para compreender a decisão, é interessante
saber que o artigo 6º do Anexo do Decreto nº 5.978/2006 contém uma lista de pessoas que serão
contempladas com o passaporte diplomáticos. Dentre elas estão o Presidente da República, os
membros do Congresso Nacional e os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo. O §
3º do referido dispositivo prevê que “mediante autorização do Ministro de Estado das Relações
Exteriores, conceder-se-á passaporte diplomático às pessoas que, embora não relacionadas nos
incisos deste artigo, devam portá-lo em função do interesse do País.” Diante desse panorama, o
STJ decidiu que o Ministério das Relações Exteriores não poderia sonegar o nome de quem
recebe passaporte diplomático, na forma do referido § 3º. Nesse sentido, louvando o princípio
da publicidade, afirmou-se o seguinte: “o nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido
por interesse público não pode ficar escondido do público. O interesse público pertence à esfera
pública, e o que se faz em seu nome está sujeito ao controle social, não podendo o ato discricionário
de emissão daquele documento ficar restrito ao domínio do círculo do poder. A noção de interesse
público não pode ser linearmente confundida com “razões de Estado” e, no caso, é incompatível
com o segredo da informação. Noutra moldura, até é possível que o interesse público justifique o
sigilo, não aqui.” (MS 16.179-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 9/4/2014).

GABARITO: ERRADO

14. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a perda unilateral da audição não gera para
a pessoa o direito a disputar as vagas reservadas aos deficientes em concursos públicos.

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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 15 Direitos e garantias individuais e coletivos. Direitos fundamentais.

Na verdade, o artigo 4º, II, do Decreto 3.298/1999, que dispõe sobre a Política Nacional para
Integração da Pessoa com Deficiência define a deficiência como perda bilateral da audição, ainda
que parcial. O artigo assim dispõe:

Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes


categorias:

II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis


(dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e
3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)

A jurisprudência do STF sedimentou-se na linha do Decreto 3.298/1999, isto é, de que a perda


unilateral de audição não equipara a pessoa a deficiente na qualificação em concurso público. Este
entendimento encontra-se no MS 29.910, 2ª Turma, Gilmar Mendes, DJe 01/08/2011, que assim
dispõe:

“Agravo regimental em mandado de segurança. 2. Concurso público. Decreto 3.298/99


prevê apenas a surdez bilateral como deficiência auditiva. Candidato pretende que
surdez unilateral seja reconhecida como condição apta a qualificá-lo de portador de
deficiência. 3. Necessidade de dilação probatória. 4. Ausência de argumentos suficientes
para infirmar a decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.”

O STJ alinhou-se à jurisprudência do STF, vindo, inclusive, a editar sua recente Súmula 552:

SÚMULA 552 - O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com
deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. Corte
Especial, aprovada em 4/11/2015, DJe 9/11/2015.

GABARITO: CERTO

15. Na classificação das Constituições quanto à estabilidade, flexíveis são aquelas em que
a reforma da Constituição é possível segundo o mesmo processo simplificado previsto para
as leis infraconstitucionais, enquanto que super-rígidas são as que impossibilitam qualquer
alteração em seu texto, no propósito de se eternizarem.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 Normas constitucionais: classificação.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 35


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Ao classificar as Constituições quanto à estabilidade, a doutrina reputa flexíveis aquelas em que a


reforma da Constituição é possível segundo o mesmo processo simplificado previsto para as leis
infraconstitucionais; já as super-rígidas, como defende André Ramos Tavares, são aquelas que
impossibilitam qualquer alteração em seu texto, no propósito de se eternizarem. Para Pedro Lenza
e, com ele, a maior parte da doutrina, a Constituição de 1988 é rígida. O autor elenca, em parágrafo
cuja leitura vale a pena, as características da rigidez de nossa Constituição:

A rigidez constitucional da CF/88 está prevista no art. 60, que, por exemplo, em seu §
2º estabelece um quorum de votação de ⅗ dos membros de cada casa, em dois turnos
de votação, para aprovação das emendas constitucionais. Em contraposição, apenas
para aclarar mais a situação lembrada, a votação das leis ordinárias e complementares
dá-se em um único turno de votação (art. 65), com quorum de maioria simples (art.
47) e absoluta (art. 69), respectivamente para lei ordinária e complementar. Outra
característica definidora da rigidez da CF/88 está prevista nos incisos I, II e III do art.
60, que estabelecem iniciativa restrita: a) de ⅓, no mínimo, dos membros da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal; b) do Presidente da República; e c) de mais da
metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (...)2.

Lembre-se, ainda, que, a par das classificações já apresentadas, há, também, de acordo com a
classificação tradicional em relação à alterabilidade constitucional, as constituições semirrígidas ou
semiflexíveis, que são aquelas em que algumas matéras exigem processo de alteração diferenciado
e outras se alteram no mesmo sistema das leis em geral.

GABARITO: CERTO

16. O STF, por decisão da maioria dos membros presentes à sessão, poderá deferir pedido
de medida cautelar na ADC, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais
suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo
objeto da ação até seu julgamento definitivo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 73 Processo e julgamento perante o STF. Lei nº 9.869/1999.

Segundo o art. 21 da Lei 9.868/99, “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de
seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade,
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos
processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento

2 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2017, pp. 105-106.

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definitivo”. Como se vê, o quórum exigido é de maioria absoluta; logo, não basta o voto da maioria
dos membros presentes à sessão, algo erroneamente colocado na alternativa em comento.
Recentemente, tivemos o caso da medida cautelar na Ação Declaratória de Constitucionalidade
nº 43, em que o Partido Ecológico Nacional (PEN) busca a declaração de constitucionalidade do
artigo 283 do Código de Processo Penal, que condiciona a execução da pena de prisão ao trânsito
em julgado de sentença penal condenatória. Nessa oportunidade, o Relator, Ministro Marco Aurélio
votou no sentido de deferir a medida cautelar e, por isso, submeteu o processo à apreciação dos
demais ministros. Entretanto, não atingido o quorum que ora apresentamos, a medida cautelar
pleiteada foi indeferida, e o processo seguiu o trâmite, ainda pendente de julgamento definitivo.

GABARITO: ERRADO

17. Segundo entendimento firmado pelo plenário do STF, é constitucional a instituição de


medida provisória estadual, desde que, primeiro, esse instrumento esteja expressamente
previsto na Constituição do Estado e, segundo, sejam observados os princípios e as
limitações impostas pelo modelo adotado pela Constituição Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 38 Presidente da República: poder regulamentar; medidas provisórias.

Firmou-se o entendimento do STF na linha de que é admissível que os Estados-membros prevejam,


na sua Constituição Estadual, a edição de medidas provisórias pelo Governador, observadas, por
simetria, as condicionantes dispostas na Constituição Federal. Segue o entendimento:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 51 E PARÁGRAFOS


DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ADOÇÃO DE MEDIDA
PROVISÓRIA POR ESTADO-MEMBRO. POSSIBILIDADE. ARTIGOS 62 E 84, XXVI
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EMENDA CONSTITUCIONAL 32, DE 11.09.01, QUE
ALTEROU SUBSTANCIALMENTE A REDAÇÃO DO ART. 62. REVOGAÇÃO PARCIAL
DO PRECEITO IMPUGNADO POR INCOMPATIBILIDADE COM O NOVO TEXTO
CONSTITUCIONAL. SUBSISTÊNCIA DO NÚCLEO ESSENCIAL DO COMANDO
EXAMINADO, PRESENTE EM SEU CAPUT. APLICABILIDADE, NOS ESTADOS
MEMBROS, DO PROCESSO LEGISLATIVO PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO EXPRESSA QUANTO ÀS MEDIDAS
PROVISÓRIAS. NECESSIDADE DE PREVISÃO NO TEXTO DA CARTA ESTADUAL
E DA ESTRITA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS E LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELO
MODELO FEDERAL.

1. Não obstante a permanência, após o superveniente advento da Emenda Constitucional


32/01, do comando que confere ao Chefe do Executivo Federal o poder de adotar

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 37


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medidas provisórias com força de lei, tornou-se impossível o cotejo de todo o referido
dispositivo da Carta catarinense com o teor da nova redação do art. 62, parâmetro
inafastável de aferição da inconstitucionalidade argüida. Ação direta prejudicada
em parte. 2. No julgamento da ADI 425, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 19.12.03, o
Plenário desta Corte já havia reconhecido, por ampla maioria, a constitucionalidade da
instituição de medida provisória estadual, desde que, primeiro, esse instrumento esteja
expressamente previsto na Constituição do Estado e, segundo, sejam observados os
princípios e as limitações impostas pelo modelo adotado pela Constituição Federal,
tendo em vista a necessidade da observância simétrica do processo legislativo federal.
Outros precedentes: ADI 691, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 19.06.92 e ADI 812-
MC, rel. Min. Moreira Alves, DJ 14.05.93. 3. Entendimento reforçado pela significativa
indicação na Constituição Federal, quanto a essa possibilidade, no capítulo referente à
organização e à regência dos Estados, da competência desses entes da Federação para
“explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação” (art. 25,
§ 2º). 4. Ação direta cujo pedido formulado se julga improcedente. (ADI 2391, Relator(a):
Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 16/08/2006, DJ 16- 03-2007 PP-00020
EMENT VOL-02268-02 PP-00164 RDDT n. 140, 2007, p. 233-234)

GABARITO: CERTO

18. A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal
Federal, por maioria absoluta dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou
decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 41 Supremo Tribunal Federal: organização e competência. Súmula


Vinculante.

Como se vê do art. 4º da Lei 11.417/06, in verbis: “A súmula com efeito vinculante tem eficácia
imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros,
poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento,
tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público”.

O quórum exigido para a modulação de efeitos temporais de enunciado de súmula vinculante é de


2/3 dos Ministros do STF, e não de maioria absoluta, como dito. É o mesmo quórum da modulação
de efeitos no controle de constitucionalidade previsto no art. 27 da Lei 9.868/99.

Pessoal, esse quorum de ⅔ vem previsto, em relação ao Poder Judiciário, ainda em duas ocasiões

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da Constituição. É bom tê-las em mente, pois é uma forma de agrupar as informações que, tantas
vezes, são pedidas nas provas objetivas. O artigo 93, II, “d”, que prevê, para os magistrados,
promoção alternada por antiguidade e merecimento, estabelece que “na apuração de antigüidade,
o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus
membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação”. Quanto ao Supremo especificamente, o quorum de ⅔ é exigido para a recusa
de repercussão geral, nos termos do artigo 102, § 3º: “no recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros.”

GABARITO: ERRADO

19. A propósito das normas constitucionais que regem a atuação administrativa do


Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
considerada também a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue a alternativa a
seguir:
Tem o CNJ a atribuição constitucional de rever, de ofício ou mediante provocação, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 42 Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público.

A competência do CNJ está prevista no inciso V do § 4º do artigo 103-B da CF. Segue redação do
inciso V do § 4º:

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder


Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e


membros de tribunais julgados há menos de um ano;

Pedro Lenza, explicando parte da decisão cautelar proferida na ADI nº 4.638, afirma que,
para o Supremo Tribunal Federal, “o CNJ, no exercício de suas atribuições correicionais, atua
originariamente (primariamente) e concorrentemente com as Corregedorias dos tribunais, podendo,
assim, instaurar, independentemente da atuação das Corregedorias locais, procedimentos
administrativos disciplinares aplicáveis aos magistrados, bem como, após o devido processamento
e observado o contraditório e a ampla defesa, aplicar as penalidades previstas na lei” (Op. Cit., pp.
948-949).

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GABARITO: CERTO

20. Em caso de acumulação remunerada de cargos públicos, havendo compatibilidade de


horários e enquadrando-se numa das hipóteses constitucionalmente admitidas, exsurge
ilegítima a consideração, mas apenas se houver previsão infralegal, de limite à jornada de
trabalho semanal em ambos os cargos, consoante recente entendimento do STJ.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 35 Servidores públicos: princípios constitucionais. Teto remuneratório.


Direito de greve. Aposentadoria.

A assertiva encontra-se incorreta aos olhos do STJ. Em recente julgado de 2015 o Tribunal Superior
reconheceu legítima a consideração de um limite de 60 horas semanais em caso de acumulação
remunerada de cargos públicos, em que pese a ausência de norma legal ou constitucional prevendo
esse limite. Confira-se a ementa desse importante precedente:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE DOIS CARGOS PÚBLICOS PRIVATIVOS
DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE. ART. 37 DA CARTA MAGNA E ART.
118 DA LEI 8.112/90. EXEGESE JUDICIAL DAS LEIS ESCRITAS. FINALIDADE E
ADEQUAÇÃO DO ESFORÇO INTERPRETATIVO. PREVALÊNCIA DOS ASPECTOS
FACTUAIS RELATIVOS À PROTEÇÃO E À SEGURANÇA DOS PROFISSIONAIS E
PACIENTES. ACÓRDÃO EM SINTONIA COM A RECENTE JURISPRUDÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. Segundo a dicção do art. 37, XVI da Constituição Federal e do art. 118 da Lei
8.112/90, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ressalvados
os casos topicamente previstos no art. 37, XVI da Constituição Federal, dentre eles
o de dois cargos ou empregos privativos de Profissionais de Saúde, desde que haja
compatibilidade de horários e os ganhos acumulados não excedam o teto remuneratório
previsto no art. 37, XI da Lei Maior.

2. Contudo, a ausência de fixação da carga horária máxima para a cumulação de cargo


não significa que tal acúmulo esteja desvinculado de qualquer limite, não legitimando,
portanto, o acúmulo de jornadas de trabalhos exaustivas, ainda que haja compatibilidade
de horários, uma vez que não se deve perder de vista os parâmetros constitucionais
relativos à dignidade humana e aos valores sociais do trabalho, previstos no art. 1º, III
e IV da CF.

3. A Lei 8.112/90, em seu art. 19, fixou para o servidor público a jornada de trabalho de,

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no máximo, 40 horas semanais, com a possibilidade de duas horas de trabalho extras


por jornada.

Tomando-se como base esse preceito legal, impõe-se reconhecer que o Acórdão TCU
2.133/2005 e o Parecer GQ 145/98, ao fixarem o limite de 60 horas semanais para que
o servidor se submeta a dois ou mais regimes de trabalho, devem ser prestigiados,
uma vez que atendem ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade. Neste sentido:
MS 19.300/DF, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 18.12.2014. 4. Agravo
Regimental desprovido. (AgRg no AREsp 415.766/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe 04/11/2015).

Idêntico entendimento foi firmado pela 2º Turma do STJ no REsp 1.565.429-SE, julgado em 2016,
em que se fixou o entendimento segundo o qual “não é possível a acumulação de dois cargos
públicos quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de sessenta horas” (cf.
Informativo n. 576). Sobre a acumulação de cargos, empregos e funções públicas, recomendo a
leitura do art. 37, XVI e XVII, da Constituição.

GABARITO: ERRADO

21. Admitem-se os decretos autônomos, segundo o texto da CF/88, em duas hipóteses: para
dispor sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação de órgãos públicos; e para a extinção de funções, órgãos
ou cargos públicos, quando vagos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 38 Presidente da República: poder regulamentar e medidas provisórias.

A assertiva encontra-se equivocada ao dispor que a extinção de órgãos públicos poderia ocorrer
por via de decreto autônomo. De acordo com o art. 84, inciso VI, alíneas a e b da Constituição
Federal, são admitidos, no Brasil, os decretos autônomos em duas situações: para dispor sobre
a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; e para a extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos.

GABARITO: ERRADO

22. A dissolução da sociedade conjugal no curso do mandato eletivo não afasta a


inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: 27 Direitos Políticos

O artigo 14, § 7º, da Constituição da República, prevê o seguinte: “são inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.” Note-se que, de acordo com Pedro Lenza, trata-se
de hipótese de inelegibilidade relativa em razão do parentesco, que busca, dando efetividade aos
princípios republicanos e democráticos, evitar a perpetuidade ou alongada presença de familiares
no poder.

Justamente por isso, o STF editou o Enunciado da Súmula Vinculante n.º 18 do STF, litteris:

Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso


do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição
Federal.

Pessoal, é indispensável conhecer todas as súmulas vinculantes, pois elas são, frequentemente,
objeto de questionamento nas provas.

GABARITO: CERTO

23. A extinção da CPI não prejudica o conhecimento do habeas corpus impetrado contra as
eventuais ilegalidades de seu relatório final.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 36 Poder Legislativo: organização, atribuições, prerrogativas e


vedações. Processo legislativo. Comissão Parlamentar de Inquérito.

De acordo com a Suprema Corte, a extinção da CPI implica a extinção (sem análise do mérito)
de habeas corpus impetrado contra supostas ilegalidades em seu relatório final, porquanto, com a
extinção da CPI, não mais há legitimado passivo para a impetração.

Neste sentido:

“É firme a jurisprudência deste STF no sentido de que a extinção da CPI prejudica


o conhecimento do habeas corpus impetrado contra as eventuais ilegalidades de seu
relatório final, notadamente por não mais existir legitimidade passiva do órgão impetrado.

Precedentes. O encaminhamento do relatório final da CPI, com a qualificação das


condutas imputáveis às autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função, para
que o Ministério Público ou as Corregedorias competentes promovam a responsabilidade

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civil, criminal ou administrativa, não constitui indiciamento (...).” (HC 95.277, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgamento em 19-12-2008, Plenário, DJE de 20-2-2009.)

GABARITO: ERRADO

24. A vedação ao nepotismo não exige a edição de lei formal para coibi-lo, na medida em que
tal proibição decorre diretamente dos princípios constitucionais contidos no art. 37, caput,
da Constituição Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 34 Administração pública: princípios constitucionais.

O nepotismo consiste em se valer de determinada ocupação de cargo público para beneficiar


seus familiares, até o terceiro grau, na ocupação de outros cargos públicos, independentemente
da qualificação técnica para o exercício da indicada função pública pelo integrante de sua família.

Apesar de não existir lei proibindo o nepotismo, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da
Súmula Vinculante n° 13, com base nos princípios constitucionais administrativos, dentre os quais
o da moralidade, deixou clara sua proibição por ela violar diretamente a Constituição Federal.
Segue a Súmula in literis:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por


afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal”.

Segue jurisprudência a respeito do tema:

“Ementa: Administração Pública. Vedação nepotismo. Necessidade de lei formal.


Inexigibilidade. Proibição que decorre do art. 37, caput, da CF. RE provido em parte.
I - Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional
da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A vedação do
nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III - Proibição que
decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.”
(RE 579951, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em
20.8.2008, DJe de 24.10.2008)

Insta observar que a súmula 13 comporta duas exceções: a) A primeira diz respeito aos servidores

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públicos que foram admitidos na Administração Pública via concurso público, os quais, conforme
o STF, não podem ser prejudicados em razão do grau de parentesco, tendo em vista que eles
já passaram por rigorosos concursos públicos, tendo, portanto, o mérito de assumir um cargo
de direção, chefia ou assessoramento; b) A segunda diz respeito a não aplicação da Súmula,
conforme posição do STF, nas nomeações para cargos de natureza política, os quais dizem respeito
aos primeiros escalões da Administração, dentre os quais podemos citar os cargos de ministro,
secretário estadual e municipal.

GABARITO: CERTO

25. O plebiscito e o referendo são formas de consulta popular, sendo determinados,


exclusivamente, pelo Congresso Nacional, visando à manifestação do povo sobre
determinado tema específico já aprovado em lei, a qual só entrará em vigor se for ratificada
pela vontade majoritária dos eleitores.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 27 Direitos Políticos

O plebiscito e o referendo foram legalmente definidos pela Lei n.º 9.709/1998 como instrumentos de
consulta formulada ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
constitucional, legislativa ou administrativa.

Assim dispõe o art. 2º da Lei:

Art. 2º, lei 9.709/98. Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que
delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa
ou administrativa.

§ 1º. O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,


cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.

§ 2º. O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,


cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

Conforme prevê o artigo 10 da lei, em ambos os casos, a aprovação ou rejeição será por maioria
simples, de acordo com o resultado homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral, encontrando-se
incorreta a assertiva quando diz que necessita de aprovação/rejeição majoritária.

Insta observar que o plebiscito consiste em uma consulta prévia formulada ao cidadão para que
manifeste sua concordância/discordância em relação a um tema contido em ato administrativo
ou legislativo. Já o referendo é uma consulta realizada posteriormente à edição do ato
legislativo ou administrativo, com o intuito de ratificá-lo ou rejeitá-lo. A autorização de referendo

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e a convocação de plebiscito são da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. 49,
XV). Assim, o tema específico de análise pode ser ato legislativo e ato normativo, sendo que no
plebiscito o ato ainda nem mesmo foi aprovado.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO ECONÔMICO

26. A regulação econômica do Estado por meio de suas agências reguladoras, constituídas
geralmente na forma de autarquias especiais, constitui uma forma direta de intervenção do
Estado na economia.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 12 Planejamento, Incentivo e Fiscalização Estatal.

A questão traz ponto muito importante para a prova de Procurador Federal. A temática trata da
regulação econômica por meio das agências reguladoras, como a ANEEL, ANAC, ANATEL e etc,
autarquias de regime especial e que podem ser o futuro local de trabalho de vocês.

Nessa questão, é necessário destacar o art. 174, da CF, já abordado em rodadas anteriores
que dispõe sobre a atuação do Estado como agente fiscalizador e regulador. Na organização
administrativa brasileira, certos setores estratégicos foram transferidos a administração indireta
com o objetivo de especializar e racionalizar a atuação Estatal. O conceito de regulação é bem
abordado por Marçal Justen Filho, citado por Fabiano Del Masso:

“Costuma-se aludir à existência de autarquias especiais. Ainda que a expressão


‘autarquia especial’ comporte inúmeros significados, um núcleo fundamental consiste na
ausência de submissão da entidade, no exercício de suas competências, à interferência
de outros entes administrativos. A produção dos atos de competência da autarquia não
depende da aprovação prévia ou posterior da Administração direta, tal como não se
verifica uma competência de revisão desses atos. ”

Essa atuação consiste, na verdade, numa atuação indireta do Estado na Economia, não como agente
econômico, mas como uma forma de acompanhar o desenvolvimento da atividade econômica por
intermédio de agentes estatais com o objetivo de observar o cumprimento das regras e princípios
impostos pela Constituição Federal. Outro trecho de professor Marçal Justen Filho, ilustra bem
essa questão:

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“A regulação consiste na opção preferencial do Estado pela intervenção indireta,


puramente normativa. Revela a concepção de que a solução política mais adequada
para obter os fins buscados consiste não no exercício direto e imediato pelo
Estado de todas as atividades de interesse público. O Estado regulador reserva para
si o desempenho material e direto de algumas atividades essenciais e concentra seus
esforços em produzir um conjunto de normas e decisões que influenciem o funcionamento
das instituições estatais e não estatais, orientando-as em direção de objetivos eleitos.”
(Masso, Fabiano Del, 1971- Direito econômico esquematizado / Fabiano Del Masso. – 2.
ed. rev. e atual. – . Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013).

GABARITO: ERRADO

27. A intervenção do Estado na propriedade privada, como quando legisla sobre limitações
ao direito de propriedade, representa uma das diversas formas na qual o Estado pode atuar
indiretamente no domínio econômico.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11. Liberalismo e Intervencionismo. Modalidades de intervenção.


Intervenção do direito positivo brasileiro.

Pessoal, a questão está correta. A atuação do Estado no domínio econômico não se restringe à
prestação de serviços públicos, à regulação econômica ou à exploração direta de atividades
econômica, mas pode ocorrer, também, quando este atua a limitar a autonomia privada com
o uso do seu poder de polícia, como é o caso por exemplo das limitações ao direito de
propriedade.

Nesse caso o Estado está agindo de forma indireta no mercado econômico, que sofrem limitações
decorrentes do cumprimento da função social da propriedade, caracterizando uma maneira de
atuação do Estado no domínio da economia. Nesse sentido, Fabiano Del Masso:

“Os institutos de direito privado, como o contrato e a propriedade, os quais o princípio


da autonomia da vontade sofre as atuais limitações decorrentes do cumprimento de sua
função social, representa uma maneira de atuação do Estado no domínio econômico,
no caso, indireta.” (Masso, Fabiano Del, 1971- Direito econômico esquematizado /
Fabiano Del Masso. – 2. ed. rev. e atual. – p. 124-125. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2013).

É necessário observar que os Capítulos II e III, que tratam da Política Urbana e da Política Agrícola
e Fundiária e da Reforma Agrária, estão inseridos no mesmo Título VII, da Constituição Federal,
que trata da Ordem Econômica e Financeira, em virtude de disporem formas de intervenção indireta

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do Estado no direito de propriedade.

GABARITO: CERTO

28. A expropriação pode ser entendida como a legítima interferência do Estado na esfera do
domínio privado, quando não se observa a função social da propriedade, garantindo que a
sua fruição alcance os fins sociais mais abrangentes e de interesse da coletividade, como o
bem-estar social e a justiça distributiva.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11. Liberalismo e Intervencionismo. Modalidades de intervenção.


Intervenção do direito positivo brasileiro.

A expropriação ou confisco consiste na perda forçada da propriedade pelo Estado, como


uma medida sancionatória quando esta não é utilizada de forma a atingir sua função social,
em que não há qualquer contrapartida pecuniária. Com relação a função social da propriedade
e a expropriação, o professor Leonardo Vizeu aborda bem essa correlação desses dois conceitos.
In verbis:

“Assim, a função social da propriedade cuida da socialização desses direitos individuais,


de cunho privatista, na qual o uso e a fruição da propriedade privada passam a ser
condicionados ao atendimento de um objetivo maior, previamente estipulado em lei,
cuja inobservância legitima a interferência do Estado sob a esfera de domínio privado
do proprietário, podendo acarretar, inclusive, a expropriação do bem.

Consiste no condicionamento racional do uso da propriedade privada imposto por força


de lei, sob pena de expropriação, no qual o Poder Público interfere na manifestação
volitiva do titular da propriedade, garantindo que a fruição desta atinja fins sociais mais
amplos de interesse da coletividade, tais como o bem-estar social e a justiça distributiva.”
(Figueiredo, Leonardo Vizeu, 1975 – Lições de direito econômico / Leonardo Vizeu
Figueiredo. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.).

Trata-se de uma medida drástica e excepcional, prevista no art. 243 da Constituição Federal, e
ocorre nos casos de cultivo ilegal de plantas psicotrópicas ou de uso de trabalho escravo.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo
na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

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Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência


do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo
será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

GABARITO: CERTO

29. Os atos de concentração serão submetidos ao CADE pelas partes envolvidas na operação
quando forem observados, de forma cumulativa, os seguintes requisitos: pelo menos um
dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto
anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou
superior a R$ 700.000.000,00 (setecentos milhões de reais); e pelo menos um outro grupo
envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou
volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$
70.000.000,00 (setenta milhões de reais).

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14. Defesa da Concorrência Lei nº 12.529/2011; Infrações à ordem


econômica. Atos de concentração.

Prezados, a Lei 12.529/2011 traz detalhadamente a sistemática da análise pelo CADE dos atos
de concentração econômica. A previsão é encontrada no art. 88 e seguintes, da referida lei, que
dispõe sobre as características desse procedimento perante a autarquia federal. O próprio art. 88,
especificamente, aborda os valores em que a lei entende ser necessária a análise prévia do CADE,
observem que há possibilidade de adequação desses numerários.

Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de
concentração econômica em que, cumulativamente:

I - pelo menos um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último


balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior
à operação, equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de
reais); e

II - pelo menos um outro grupo envolvido na operação tenha registrado, no último


balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à
operação, equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).

§ 1º Os valores mencionados nos incisos I e II do caput deste artigo poderão ser


adequados, simultânea ou independentemente, por indicação do Plenário do Cade, por
portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e da Justiça.

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Efetivamente, esses valores foram atualizados pela Portaria Interministerial 994, de 30


de maio de 2012. Que aumentou o valor do inciso I para R$ 750.000.000,00 (setecentos e
cinquenta milhões de reais), bem como o valor do inciso II para R$ R$ 75.000.000,00 (setenta
e cinco milhões de reais).

Por fim, é necessário registrar que o controle dos atos de concentração econômica será prévio,
razão pela qual tais atos não poderão ser consumados antes de apreciados pelo CADE. Assim,
as condições de concorrência entre as empresas envolvidas deverão ser preservadas até decisão
final sobre o ato de concentração.

Dessa forma, temos que a questão está errada.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO

A respeito da gestão patrimonial disciplinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, julgue os


itens subsequentes.

30. A Constituição Federal determina que as disponibilidades de caixa dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas
por ele controladas, sejam depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os
casos previstos em lei. No entendimento do STF, a lei a que a Constituição se refere na parte
final do comando transcrito deverá ser editada por cada ente da Federação que pretenda
depositar suas disponibilidades de caixa em instituições não oficiais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 3 (...) Lei de


Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000).

A questão está errada. O STF manifestou-se seguidas vezes que a lei a que a Constituição se refere
na parte final do comando transcrito é lei nacional. Vamos compreender os conceitos tratados no
dispositivo constitucional para alcançar o posicionamento do Supremo.

A regra citada encontra-se acomodada no § 3º do art. 164 da Constituição Federal, segundo o


qual “as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas

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por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em


lei”. Em nível infraconstitucional, temos a LC nº 101/2000 que assevera em seu art. 43 que “as
disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3º
do art. 164 da Constituição”.

Em primeiro lugar, cabe trazer breve conceito do que seja disponibilidade de caixa. Oportuna a
dicção de DIÓGENES GASPARINI, que em termos financeiros, anota que “disponibilidade de caixa
é o numerário (dinheiro, cheques, cartas de crédito) sobejante do encontro do somatório dos
recebimentos com a soma dos pagamentos ocorridos num dado espaço de tempo (dia, semana,
mês). Juridicamente, é o numerário que pode ser disposto pelo seu proprietário, segundo seu
interesse ou, no caso das entidades públicas, nos termos do interesse público e na hipótese
das governamentais, consoante suas finalidades”. (GASPARINI, Diógenes. Disponibilidade de
caixa do poder público. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado Rio de Janeiro, n. 56.
Rio de Janeiro: Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, 2002. Acesso em 23/09/2017).
(GN).

Em outros termos, disponibilidade de caixa é o numerário disponível em caixa e/ou conta bancária
de um ente federativo ou de sua administração indireta.

A título de exemplo são os valores dos depósitos do sistema de arrecadação dos tributos, que
devem ficar depositados para serem usados. E, ainda, para tornar mais perceptível a concepção,
façamos um contraponto com nosso cotidiano. Digamos que um cidadão receba um salário e o
gasta por completo com suas despesas mensais. Assim, pagaria o aluguel dia 10, a conta de luz
dia 15 e a de água dia 30. Todos esses valores já têm gasto determinado e certo, mas entre uma
data e outra ficam eles disponíveis no banco do correntista.

Em comparação bastante singela, é isso que significa disponibilidade de caixa dos entes federativos
e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas. Repita-se, são as
importâncias depositadas em bancos oficiais e disponíveis para serem usadas.

Prezado aluno, a reiteração de conceitos e o cotejo destes com situações comuns do nosso dia a
dia, por vezes, é necessária, em virtude de a matéria versar sobre diversos termos técnicos e de
alcance pouco prático.

Ultrapassado o conceito de disponibilidade de caixa, já é possível perceber que poderia haver


regramentos bastante diversos em cada ente da Federação, caso a lei a que se refere a parte final
do § 3º do art. 164 da CF não fosse nacional. Isso porque o Estado da Bahia poderia estabelecer
exceções ao comando do referido parágrafo e o Estado de São Paulo designar outras, em agressão
aos princípios da moralidade e impessoalidade.

Por isso, o posicionamento do STF é considerado acertado e prudente ao indicar que “cabe,
unicamente, à União Federal, mediante Lei de caráter nacional, definir as exceções autorizadas

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pelo art. 164, § 3º da Constituição da República. O Estado-membro não possui competência


normativa, para, mediante ato legislativo próprio, estabelecer ressalvas à incidência da
cláusula geral que lhe impõe a compulsória utilização de instituições financeiras oficiais,
para os fins referidos no art. 164, § 3º da Carta Política. (ADI nº 3075/PR, Rel. Min. Gilmar
Mendes; ADI nº 2.600/ES, Rel. Min. Ellen Gracie.). (GN).

Por fim, chamo a atenção para o fato de que a regra da necessidade de depósito das disponibilidades
de caixa em instituição financeira oficial não se confunde com a possibilidade de o ente federativo
fazer o depósito de salário ou de remuneração de servidor público em instituição financeira privada.

Não há afronta ao artigo 164, § 3º da Constituição Federal, pois o crédito da folha de pagamento
em conta em branco privado não se enquadra no conceito de disponibilidade de caixa. “O
Ministro Eros Grau, em seu voto-vista, no julgamento da Rcl 3.872-AgR/DF, esclareceu que o
depósito referente à folha de pagamento de servidores não pode ser considerado disponibilidade
de caixa pelas seguintes razões: “Ora, os recursos atribuídos a pagamentos a fornecedores do
Estado e da remuneração dos servidores do Estado não constituem mais disponibilidades de
caixa do Estado, vale dizer, dinheiro ainda não afetado a determinado fim. Tais recursos já
estão afetados a esses pagamentos; evidentemente já não podem ser concebidos como
disponibilidades de caixa”. (AI 837677 AgR/MA, Rel. Ministra Rosa Weber, DJe-089 DIVULG 07-
05-2012 PUBLIC 08-05-2012).

GABARITO: ERRADO

31. As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos
servidores públicos ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades
de cada ente e não poderão ser aplicadas em ações e outros papéis relativos às empresas
controladas pelo respectivo ente da Federação.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 3 (...) Lei de


Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000).

A assertiva está certa e o preceito está contido no art. 43, §§ 1º e 2º, inc. I, da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Vejamos a letra do dispositivo:

Art. 43 (...)

§ 1º As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio


dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que se referem
os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada das
demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, com

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observância dos limites e condições de proteção e prudência financeira.

§ 2º É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1º em:

I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações e outros papéis
relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da Federação; (GN).

Tem-se que todas as receitas recolhidas aos cofres públicos devem observância ao princípio da
unidade de tesouraria, previsto no art. 56 da Lei nº 4.320/1964, vedada qualquer fragmentação
para criação de caixas especiais. A unidade de tesouraria significa que o recolhimento das receitas
deve se perfazer pelo sistema de caixa único, dotando apenas um órgão da competência para
centralizar os valores recebidos.

Perceba-se que a LRF, em seu art. 43, § 1º, estabeleceu exceção a tal sistema quando previu
que as disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social deveriam ser apartadas,
ficando depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente, e aplicadas
nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência
financeira.

Prezado aluno, o examinador do concurso pretende que o candidato tenha um conhecimento do


sistema jurídico como um concatenado de regras. Dessa sorte, é muito comum serem cobradas
questões que cobrem cognição de leis que se relacionam com os princípios do microssistema
financeiro, como tratado nessa questão.

GABARITO: CERTO

A respeito da transparência, controle e fiscalização da gestão fiscal, julgue os itens


subsecutivos.

32. O controle externo das contas da União e das entidades da administração direta e indireta
será exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União,
competindo ao TCU julgar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 2 (...) Fiscalização e


controle interno e externo dos orçamentos.

A afirmativa está errada, porquanto não é competência do Tribunal de Contas da União julgar
as contas prestadas pelo Presidente da República. Essa competência é atribuição exclusiva
do Congresso Nacional, de acordo com o art. 49, inc. IX, da Magna Carta. A situação cobrada é
bastante confundida pelos melhores candidatos, por isso é necessário compreender a fundamental

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diferença entre as regras trazidos pelos incisos I e II do art. 71 da Constituição Federal.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante


parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.
(GN).

Veja-se que o inc. I é expresso ao estipular que o TCU apenas irá apreciar as contas prestadas
pelo Presidente da República e essa apreciação se dá por meio de Parecer, que será, em
seguida, remetido ao Congresso Nacional. A intenção da norma Constitucional é permitir que o
Tribunal de Contas faça um exame técnico do cumprimento das metas e prioridades estabelecidas
nas leis orçamentários e a compatibilidade destas com a exigências da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Após essa análise técnica é que as contas do chefe do Poder Executivo serão julgadas pelo
Poder Legislativo, em absoluto respeito ao princípio da separação de poderes.

Registre-se que em recente decisão pelo Regime da Repercussão Geral (RE nº 848826) o STF,
conquanto tratando matéria de inelegibilidade eleitoral, tangenciou a matéria (que havia sido tratada
no RE nº 132747), para explicitar que o julgamento das contas do chefe do Poder Executivo de
todas as esferas sempre compete ao Poder Legislativo, seguindo o regime de Parecer Prévio
elaborado pelo Tribunal de Contas da União.

GABARITO: ERRADO

33. Está entre as atribuições do Tribunal de Contas a apreciação, para fins de registro, da
legalidade das nomeações para cargo de provimento em comissão, na administração direta
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 2 (...) Fiscalização e


controle interno e externo dos orçamentos.

A afirmação está errada, pois a Constituição excetua expressamente as nomeações para


cargo de provimento em comissão da exigência de apreciação da legalidade a ser realizada
pelo TCU, nos termos do art. 71, III. Isso porque, em sua competência para registrar atos de

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admissão, o Tribunal de Contas irá verificar se as regras e princípios típicos do concurso público
foram cumpridas. Como a nomeação para cargo de provimento em comissão não pressupõe a
prévia aprovação em concurso público, indispensável, portanto, a apreciação do TCU.

Temos, pois, que o conjunto de normas que trata do controle visa a buscar a melhor aplicação
dos recursos públicos. Elas se iniciam na Constituição Federal, que traçou nos art. 70 a 75
uma seção específica para disciplinar a matéria, além de estarem presentes também na Lei de
Responsabilidade Fiscal (arts. 43 a 59) e na Lei nº 4.320/1964 (arts. 75 a 82). Tais dispositivos,
embora relacionados à fiscalização em torno dos dispêndios realizados pela União, aplicam-se às
demais esferas políticas.

Enfim, a verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e
subsequente.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RODOLFO CURSINO


E-mail: profcei.rodolfocursino@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

34. Interpretando a imunidade referente aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado
à sua impressão, concluiu o STF estarem abrangidos os livros digitais (E-books), desde que
possuam conteúdo considerados como culturais.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Limitações do poder


de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos
dos municípios. Repartição das receitas tributárias.

A imunidade referente aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado à sua impressão, também
conhecida como imunidade cultural, consiste na impossibilidade de instituição de impostos
pelos entes federativos sobre os mencionados materiais. Referida imunidade possui o caráter
objetivo, de forma que apenas incide sobre os objetos “livros, jornais, etc.”, não retirando da
cobrança do imposto, por exemplo, os sujeitos que exerçam tal atividade (livrarias, jornaleiros) e
seus respectivos imóveis ou automóveis.

Com o avanço da tecnologia, há muito tempo a doutrina vem debatendo acerca da interpretação a
ser dada ao artigo 150, inciso VI, alínea “d”. Neste contexto, recentemente, o Supremo Tribunal

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 54


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Federal, em julgamento com repercussão geral (STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 8/3/2017) definiu que não só os livros eletrônicos estão abrangidos pela
imunidade cultural, como também todos os suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo
(leitores digitais).

Se limitada a este ponto, estaria correta a assertiva. O erro se encontra em seu final, ao condicionar
a imunidade cultural dos livros digitais ao tipo de seu conteúdo. Isto porque, conforme lições
doutrinárias e antigas manifestações do Supremo Tribunal Federal, já é pacífico o entendimento
de que o conteúdo do livro, jornal ou periódico não possui qualquer relevância para a
atribuição da imunidade, já tendo o STF, inclusive, reconhecido expressamente imunidade
para listas telefônicas (STF, 2ª Turma, AI 663747 AgR, Relator Joaquim Barbosa, julgado em
06/04/10), uma vez que a Constituição Federal de 1988 não traçou qualquer distinção quanto
ao assunto. Assim, sejam os livros, jornais ou periódicos impressos ou digitais, haverá
imunidade cultural, independentemente do caráter de seus respectivos conteúdos.

GABARITO: ERRADO

35. Anteriormente à LC nº 118/2005, o prazo quinquenal para a Fazenda Pública proceder à


cobrança judicial do crédito tributário apenas era interrompido, dentre as causas inerentes
ao processo de execução fiscal, a partir da citação pessoal do executado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Lei Complementar nº 118/2005.

De acordo com o Código Tributário Nacional, em seu artigo 174, “a ação para a cobrança do
crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva”. Assim,
devidamente constituído o crédito tributário, inicia-se o prazo de cinco anos para o ajuizamento
da execução fiscal, o qual só é interrompido quando preenchidas uma das hipóteses dispostas no
parágrafo único do mesmo dispositivo.

Neste contexto, atualmente, a prescrição apenas se interrompe: a) pelo protesto judicial; b)


por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; c) por qualquer ato inequívoco
ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor (tal qual o
pedido de parcelamento, o protesto extrajudicial da CDA, etc.); d) ou, na seara da execução
fiscal, através do despacho do juiz que ordenar a citação em execução.

Esta última hipótese, no entanto, não constava na redação original do dispositivo, tendo sido
inserida, justamente, pela LC nº 118/2005, novamente com o intuito de proporcionar mais proteção
ao crédito público. Anteriormente à alteração legislativa, dentre as causas interruptivas
relacionadas com o processo de execução fiscal, fazia-se necessária a citação pessoal e

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 55


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válida do executado. Destarte, a assertiva se encontra correta.

GABARITO: CERTO

36. Em regra, é obrigatória a consulta prévia ao CADIN por parte do Poder Público quando
da realização de operação de crédito ou celebração de contratos/convênios/acordos que
envolvam recursos públicos, e concessão de incentivos financeiros e fiscais a outras
pessoas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11 CADIN (Artigos 1º ao 9º da Lei nº 10.522/2002).

O CADIN é de grande valia para o Poder Público, pois lhe permite consultar a existência de
pendências dos interessados em determinada operação a ser realizada. Neste sentido, o artigo 6º,
da referida lei, prevê a obrigatoriedade de consulta prévia ao CADIN quando da realização de
operação de crédito ou celebração de contratos/convênios/acordos que envolvam recursos
públicos, e concessão de incentivos financeiros e fiscais. A assertiva se utilizou da expressão
“em regra” porque a legislação de regência trouxe algumas exceções. Excepciona-se da
obrigatoriedade de consulta quando se estiver diante de: “concessão de auxílios a Municípios
atingidos por calamidade pública reconhecida pelo Governo Federal; operações destinadas à
composição e regularização dos créditos e obrigações objeto de registro no Cadin, sem desembolso
de recursos por parte do órgão ou entidade credora; bem como operações relativas ao crédito
educativo e ao penhor civil de bens de uso pessoal ou doméstico”. Tais exceções constam do
parágrafo único do mesmo dispositivo.

GABARITO: CERTO

37. Para o Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a instituição de taxas municipais de


combate a sinistros, conhecida como “taxa de bombeiros”.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 13 Uso no cálculo da taxa de elementos da base de cálculo própria de


determinado imposto.

Ao apreciar a constitucionalidade de taxa municipal de combate a sinistros instituída pelo Município


de São Paulo, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento do Recurso Extraordinário nº RE
643247/SP (rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 24.5.2017), com repercussão geral, entendeu
pela sua inconstitucionalidade.

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Dentre os fundamentos utilizados pela Corte se encontram ausência de especificidade e


divisibilidade do serviço. Como cediço, de acordo com o artigo 145, inciso II, da Constituição
Federal de 1988, quando instituídas em razão de serviço público, as taxas só podem ser cobradas
em razão de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição.

No caso, a prevenção e o combate a incêndios ocorrem mediante a atuação da polícia retratada


no corpo de bombeiros, órgão estadual que compõe atividade essencial do Estado, de forma que
sua estrutura e funcionamento deve ser realizada através de impostos estaduais, e não taxas (seja
municipal ou estadual).

GABARITO: CERTO

38. É possível que o parcelamento do crédito tributário exclua a incidência de juros e multas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14 Parcelamento.

O instituto do parcelamento é regulado, no Código Tributário Nacional, em seu artigo 155-A e


parágrafos, só podendo ser concedido quando obedecidas as formas e condições estabelecidas
em legislação de específica. Apesar de o CTN delegar à legislação específica a liberdade para
a previsão das condições para sua concessão, já dispõe, no parágrafo primeiro do referido
dispositivo legal, que, se não houver previsão de lei em sentido contrário, o parcelamento
do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. Destarte, embora não seja a
regra, já que se faz necessária a previsão expressa em legislação específica, é possível que o
parcelamento exclua a incidência de juros e multas, estando, portanto, correta a assertiva.

Frise-se, inclusive, que, não só é possível, como é bastante comum a referida previsão.
Neste contexto, diversas legislações de parcelamentos especiais federais previram a redução de
multa, a exemplo da Lei nº 10.684/2003 (Parcelamento do PAES), artigo 1º, § 7º, que previu a
redução de multa, de mora ou de ofício, em cinquenta por cento, bem como da Lei nº 11.941/09
(Parcelamento do REFIS), que, em seu artigo 1º, § 3º, previu diversas hipóteses de redução de
multas, de mora e de ofício, e juros.

GABARITO: CERTO

39. Em regra, havendo a transferência jurídica do encargo fiscal, apenas o contribuinte de


direito terá legitimidade para pleitear a repetição do tributo, e desde que expressamente
autorizado pelo contribuinte de fato.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 57


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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 17 Repetição de tributos.

A repetição de tributos, também chamada de repetição de indébito, encontra-se prevista no artigo


165, do Código Tributário Nacional, que dispõe sobre os casos em que se faz possível referida
repetição. Ademais, o artigo 166, do mesmo código, previu situação específica, dispondo
que “a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo
encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou,
no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la”.
Referida previsão gera diversas discussões doutrinárias, sobretudo no que tange à natureza desse
encargo transferido e a distinção das espécies de contribuintes.

Primeiramente, deve-se ter em mente que o encargo a ser suportado por um tributo pode ser
analisado por dois vieses, o econômico e o jurídico. De acordo com a repercussão econômica,
sempre haverá um contribuinte de fato para suportar referido ônus, uma vez que o valor a título
de tributo é considerado como um elemento de formação do custo das mercadorias ou serviços,
interferindo no próprio preço do produto/serviço. Assim, a repercussão econômica é inerente a
quase todos os tributos. Na repercussão jurídica, por sua vez, só haverá a transferência do
ônus sobre um tributo quando houver uma determinação normativa neste sentido, de forma
expressa e destacável, e não de forma implícita no preço.

Como base nestas conceituações, a doutrina adotou a classificação dos tributos em diretos e
indiretos, de forma que apenas estes permitem a transferência jurídica do encargo fiscal para
outro sujeito. São para esses tributos que é aplicável a regra do artigo 166, do CTN, acima exposta.

A assertiva se encontra correta por tratar corretamente os conceitos acima explicados e refletir, de
fato, a regra inserida no artigo 166, do CTN. A assertiva fala “em regra”, pois, em caso específico,
o Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recursos Repetitivos (REsp 1.299.303/SC), definiu
que o consumidor de energia elétrica (contribuinte de fato) possui legitimidade para propor ação
declaratória com pedido de repetição de indébito a fim de afastar, no tocante ao fornecimento
de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre demanda contratada e não utilizada. Trata-se
de julgado específico e inserido no contexto da concessão de serviço público, possuindo, assim,
regime jurídico próprio.

GABARITO: CERTO

Considere o seguinte caso hipotético e julgue o item 40: “Marcos, domiciliado na Bahia,
faleceu e era proprietário de uma casa no Estado de São Paulo e um Iate ancorado em uma
Marina no Estado do Rio de Janeiro, tendo como única herdeira Josefa, domiciliada no
Estado do Maranhão. Seu inventário foi processado no Estado da Bahia”.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 58


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40. O ITCMD sobre toda a herança será devido ao Estado do Maranhão, por ser o local de
domicílio da herdeira.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 8 Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Limitações do poder


de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos
dos municípios. Repartição das receitas tributárias.

A assertiva abordou com um viés prático as regras de competência da instituição do ITCMD,


imposto Estadual instituído em razão da transmissão causa mortis ou da doação de quaisquer
bens ou direito. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 155, § 1º, incisos I a III, estabeleceu,
expressamente, algumas regras bases para a definição do Estado competente para a instituição de
cobrança do mencionado tributo, que pode ser resumida da seguinte forma:

TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS


BEM COMPETÊNCIA
IMÓVEL E RESPECTIVOS Estado em que se encontrar o bem, ou ao Distrito
DIREITOS Federal
Estado onde se processar o inventário ou arrolamento
MÓVEIS, TÍTULOS E CRÉDITOS
ou ao Distrito Federal
DOAÇÃO
IMÓVEL E RESPECTIVOS Estado em que se encontrar o bem, ou ao Distrito
DIREITOS Federal
Estado onde tiver domicílio o doador ou ao Distrito
MÓVEIS, TÍTULOS E CRÉDITOS
Federal
SE DOADOR QUE RESIDA/
DOMICILIADO NO EXTERIOR OU
DE CUJUS RESIDIA/DOMICILIADO A competência para sua instituição regulada por lei
NO EXTERIOR, LÁ POSSUIA complementar
BENS OU TEVE SEU INVENTÁRIO
PROCESSADO

Destarte, de acordo com as informações que constam na assertiva, tratando-se o caso de


transmissão causa mortis, é possível afirmar que o ITCMD será devido a dois Estados, o de
São Paulo, em relação à transmissão do bem imóvel ali situado, e o da Bahia, em relação ao
Iate (bem móvel), por ser o local de processamento do inventário. Como visto, ao contrário do
que afirma a assertiva, o domicílio da herdeira em nada interfere na fixação da regra de competência
ora estudada.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 59


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GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE ENSINO

41. Segundo o STJ, a Instituição de Ensino Superior – IES não pode recusar a matrícula de
aluno aprovado em vestibular em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente
frequentado por ele na mesma instituição.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Autonomia universitária.

A Lei Federal n.º 9.870/1999 não constou expressamente no edital do último concurso, mas me
parece que, pela relevância do assunto, pode vir a ser cobrada como um tema relacionado à
autonomia universitária, por envolver a liberdade de contratação das Instituição de Ensino Superior,
nos termos do artigo 53, inciso VII, da Lei Federal n.º 9.394/1996.

Primeiramente, assim, cumpre recordar quais medidas as Instituições de Ensino Superior – IES
podem adotar em caso de inadimplência do discente, e quais estão proibidas:

(i) os alunos já matriculados possuem, em regra, direito à renovação das matrículas,


observado o calendário escolar da instituição, o regimento da escola e as cláusulas
contratuais;

(ii) os alunos que estejam inadimplentes há mais de 90 dias estão sujeitos a sanções
legais e administrativas e podem ser desligados, mas somente ao final do ano/semestre
letivo, a depender do regime adotado pela Instituição de Ensino Superior.

(iii) não é permitido que a Instituição de Ensino Superior – IES contra o aluno inadimplente
proíba que ele faça provas; retenha seus documentos escolares; ou aplique quaisquer
outras penalidades pedagógicas por motivo de inadimplemento.

Repare que o dispositivo autoriza excepcionalmente que a Instituição de Ensino Superior – IES não
renove a matrícula de alunos que estejam inadimplentes há mais de 90 dias no âmbito da mesma
relação contratual.

Ocorre que o enunciado da questão trata de uma situação diversa. Isso porque, no caso, se
discute a possibilidade de celebração de um novo contrato de ensino, a despeito de o aluno estar
inadimplente perante a Instituição de Ensino Superior – IES em outra relação contratual.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 60


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O STJ, ao enfrentar a matéria no julgamento do REsp 1.583.798-SC, entendeu que a Instituição


de Ensino Superior – IES não pode recusar a matrícula de aluno aprovado em vestibular
em razão de inadimplência em curso diverso anteriormente frequentado por ele na mesma
instituição, não se mostrando razoável que se faça uma interpretação extensiva dos artigos
5º e 6º da Lei Federal n.º 9.870/1999 de modo a prejudicar o consumidor, em especial aquele
que almeja a inserção no ambiente acadêmico.

GABARITO: CERTO

42. Nos termos da lei, somente o ensino fundamental é de obrigatória implantação pelo
Poder Público nos presídios, sendo dispensável o ensino médio aos detentos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 A educação na Constituição da República Federativa do Brasil. 3


Leis de Diretrizes e Bases da Educação.

Fiquem atentos às novidades legislativas que, por óbvio, não se encontram previstas no último
edital do concurso. As alterações legislativas recentes costumam ter alta probabilidade de serem
cobradas.

A questão trata da Lei Federal n.º 13.163/2015, que incluiu na Lei de Execuções Penais – LEP o
seguinte dispositivo:

Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação
profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao
preceito constitucional de sua universalização.

Anteriormente à referida norma, a Lei de Execuções Penais – LEP exigia apenas a implantação do
ensino fundamental nos presídios.

A alteração legislativa tem por missão cumprir o mandamento constitucional previsto no artigo 208
da CF/88:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

[...]

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

Portanto, muita atenção ao tema, que pode vir a ser cobrado na sua prova.

GABARITO: ERRADO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 61


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PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

43. Nos termos da Constituição Federal de 1988, para efeito de aposentadoria, é assegurada
a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana, porém, nessa hipótese, os diversos regimes de previdência social
não se compensarão financeiramente.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Contagem recíproca.

A questão acima trazida reflete o que se denomina de contagem recíproca, a qual “é um instituto
previdenciário decorrente do princípio da universalidade do seguro social, tendo por finalidade
franquear ao segurado que esteve vinculado a diferentes regimes a obtenção dos benefícios
previdenciários, quando ele não preenche os requisitos, considerando-se unicamente um
determinado regime previdenciário. Isto se torna possível mediante a adição dos tempos de
filiação cumpridos pelo segurado em cada um dos diferentes regimes” (ROCHA, Daniel Machado
da; JUNIOR, José Paulo Baltazar. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 11. ed.
rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 94). Na Constituição
Federal, está expressa no art. 201, § 9º, o qual dispõe que, para efeito de aposentadoria, é
assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e
na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência
social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. Na Lei
nº 8.213/91, o tema está disciplinado na Seção VII, arts. 94 a 99. Deve-se observar que a Lei
de Benefícios não restringe a contagem recíproca à aposentadoria, mas a alarga para albergar
todos os benefícios previdenciários, desde que observadas as suas exigências. No que tange à
compensação financeira, Amado (AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário.
9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 551) destaca que funciona como se
fosse um acerto de contas, sendo paga pelo regime de origem ao regime instituidor e calculada
proporcionalmente ao período de serviço/contribuição objeto da contagem recíproca. O candidato
deve estar atento à exceção trazida pelo § 2º do art. 94 da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que não
será computado como tempo de contribuição, para efeito dos benefícios previstos em regimes
próprios de previdência social, o período em que o segurado contribuinte individual ou facultativo
tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se
complementadas as contribuições na forma do § 3º do mesmo artigo, ou seja, se tiverem optado
por recolher, 11% sobre o salário de contribuição de um salário mínimo, ou 5% sobre um salário

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mínimo no caso do contribuinte individual enquadrado como MEI que optar pelo recolhimento
simplificado ou o segurado facultativo baixa renda que realiza atividades domésticas no seu âmbito
domiciliar, casos em que, para admissão da contagem recíproca por tempo de contribuição, deverá
haver o recolhimento retroativo da complementação de 9 ou 15%, acrescida dos encargos legais.
Frente ao exposto, sugere-se que o candidato faça uma leitura atenta da contagem recíproca do
tempo de contribuição na CF/88 e na Lei de Benefícios, eis que, não raro, suas disposições são
cobradas ipsis litteris nas provas de Procurador Federal. No caso do caput do art. 94 da Lei nº
8.213/91 não foi diferente, eis que, na última prova objetiva de Procurador Federal (2013), o tema
foi requisitado do seguinte modo: “Para fins de concessão dos benefícios previstos no RGPS ou
no serviço público é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na atividade
privada e do tempo de serviço na administração pública, hipótese em que os diferentes sistemas
de previdência social se compensarão financeiramente”.

GABARITO: ERRADO

44. Conforme o entendimento consolidado do STJ, é possível a concessão do acréscimo de


25%, previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/91, sobre o valor do benefício, em caso de o segurado
necessitar de assistência permanente de outra pessoa, independentemente da espécie de
aposentadoria.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Aposentadoria por invalidez.

Nos termos da Lei nº 8.213/91, art. 45, caput, o valor da aposentadoria por invalidez do segurado
que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e
cinco por cento). “A justificativa da criação legal desse acréscimo é que o aposentado por invalidez
terá maiores custos, pois precisará contratar alguém para assisti-lo, ou algum familiar deixará de
trabalhar para fazê-lo” (AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9. ed. rev.
ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 680). Inicialmente, entendeu-se, pela dicção literal
do dispositivo, que o acréscimo seria exclusivo da aposentadoria por invalidez. Isto é, não haveria
que se falar em concessão do acréscimo quando o segurado recebesse auxílio-doença, renda
mensal vitalícia ou benefício assistencial de prestação continuada. Todavia, surgiu a dúvida de
se o acréscimo poderia ser estendido a outras espécies de aposentadoria. Imagine o caso de
um aposentado por idade que sofre um acidente vascular cerebral (AVC) e passa a necessitar
do auxílio permanente de terceiros para que desenvolva as suas atividades diárias. O INSS, com
base na Lei nº 8.213/91, indefere esses pedidos de acréscimo sob a alegação de que apenas os
aposentados por invalidez teriam esse direito, uma vez que não há previsão legal de extensão às
demais espécies de aposentadoria e que se deve obediência ao Princípio da Precedência da Fonte
de Custeio. Todavia, judicialmente passou-se a admiti-los. A TNU, por exemplo, estendeu o auxílio-

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acompanhante a aposentado por idade. A controvérsia chegou ao STJ. A 1ª e a 5ª Turma negaram a


extensão do acréscimo à aposentadoria por tempo de contribuição. A 2ª Turma, por sua vez, vedou
a concessão do auxílio-acompanhante à aposentadoria por tempo de contribuição, mas permitiu
que o aposentado que continuasse trabalhando pudesse converter sua aposentadoria por tempo
de contribuição em por invalidez, caso se tratasse de acidente ocorrido no trabalho. Atualmente, a
controvérsia está cadastrada no STJ sob o Tema 982 no sistema de recursos repetitivos: “Aferir
a possibilidade da concessão do acréscimo de 25%, previsto no artigo 45 da Lei 8.213/91,
sobre o valor do benefício, em caso de o segurado necessitar de assistência permanente de
outra pessoa, independentemente da espécie de aposentadoria”. Assim, a 1ª Seção do STJ
determinou que seja suspensa em todo o território nacional a tramitação de processos individuais
ou coletivos que discutam se o adicional de 25%, previsto para o segurado aposentado por invalidez
que precisa da assistência permanente de outra pessoa – na forma do artigo 45 da Lei 8.213/91
–, pode ser estendido, ou não, a outros aposentados que, apesar de também necessitarem da
assistência permanente de terceiros, sejam beneficiários de outras espécies de aposentadoria,
diversas da aposentadoria por invalidez. A decisão foi tomada pelo colegiado ao determinar a
afetação do Recurso Especial 1.648.305 para julgamento pelo rito dos recursos repetitivos nos
termos do art. 1.036 do novo Código de Processo Civil. Desse modo, a questão acima trazida não
reflete o entendimento consolidado do STJ, eis que pende de apreciação e definição pela Corte
Superior. Recomenda-se, portanto, leitura atenta do disposto no art. 42 a 47 da Lei nº 8.213/91,
bem como o art. 43 a 50 do Decreto nº 3.048/99.

GABARITO: ERRADO

45. Os valores previdenciários não recebidos pelo segurado em vida, mesmo que
reconhecidos apenas judicialmente, devem ser pagos, prioritariamente, aos dependentes
habilitados à pensão por morte, para só então, na falta destes, serem pagos aos demais
sucessores na forma da lei civil.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Dependentes.

O enunciado acima trazido reflete o teor do art. 112 da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que o valor
não recebido em vida pelo segurado só será pago aos seus dependentes habilitados à pensão
por morte ou, na falta deles, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de
inventário ou arrolamento. O dispositivo tem aplicação tanto no âmbito administrativo quanto
no judicial. Isto é, “em caso de falecimento do autor no curso da ação ou execução, os dependentes
previdenciários do autor falecido poderão habilitar-se, comprovando o óbito e a condição de
dependentes previdenciários, mediante certidão fornecida pelo INSS” (ROCHA, Daniel Machado
da; JUNIOR, José Paulo Baltazar. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 11. ed.

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rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 373). Assim, apenas
serão declarados habilitados os sucessores se inexistirem dependentes previdenciários. Todavia,
deve ser observado que ou os valores já estavam disponíveis quando do óbito na via administrativa
como, por exemplo, quando o segurado falece no decorrer do mês e são alcançadas aos seus
herdeiros as parcelas entre a data do início do mês até o seu óbito ou, ainda, quando o falecido
já havia ingressado com ação judicial, tendo vindo a óbito durante sua tramitação. Portanto, os
valores decorrentes da procedência do pedido inicial deverão ser alcançados aos seus dependentes
habilitados à pensão por morte e, se não houver, aos seus herdeiros. Recentemente, a 2ª Turma
do STJ, no julgamento do REsp 1.596.774-RS, em 21/3/2017, cujo Relator foi o Min. Mauro
Campbell Marques (Informativo 600), reiterou o entendimento de que a previsão do art. 112 da Lei
nº 8.213/9, aplicável na via administrativa, também se estende aos casos vencidos na via judicial,
porém considerou legítima a prioridade dos dependentes previdenciários, em relação aos demais
sucessores, no recebimento de valores não pagos em vida ao segurado. Restou decidido que “os
valores previdenciários não recebidos pelo segurado em vida, mesmo que reconhecidos
apenas judicialmente, devem ser pagos, prioritariamente, aos dependentes habilitados à
pensão por morte, para só então, na falta destes, serem pagos aos demais sucessores na
forma da lei civil”. Ou seja, não há afronta à legalidade a previsão de exclusão dos demais
herdeiros em relação aos dependentes previdenciários, de modo que os valores não recebidos
em vida pelo segurado serão pagos aos dependentes habilitados à pensão por morte e, somente
na ausência destes, aos sucessores civis do falecido, levando-se em conta que nem sempre há
coincidência entre os herdeiros do falecido e os seus dependentes habilitados a receber o benefício
de pensão por morte. Para fins de diferenciação e memorização e em virtude de que o candidato ao
cargo de Procurador Federal deve ter um conhecimento sistêmico para melhor aproveitamento da
sua prova, sugere-se que seja traçado um paralelo entre quem são os dependentes do segurado,
constantes do rol do art. 16 da Lei de Benefícios, e quem são os “sucessores na forma da lei civil”,
ou seja, tal qual dispostos no art. 1.829 do Código Civil a fim de perceber que nem sempre se
identificam.

GABARITO: CERTO

46. Conforme o entendimento sumulado do STJ, a mulher que renunciou aos alimentos na
separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada
a necessidade econômica superveniente.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Pensão por morte.

O tema trazido no enunciado da questão acima diz respeito à concessão do benefício de pensão
por morte, mais especificamente, à caracterização de quem são os dependentes habilitados à

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pensão em caso de falecimento do segurado instituidor da pensão. Em rodadas anteriores, já se


trouxe quem são os dependentes tais quais dispostos no art. 16 da Lei nº 8.213/91. Todavia, para o
concurso de Procuradora Federal, especialmente no que tange ao Direito Previdenciário, as súmulas
não devem ser negligenciadas. Desse modo, além do disposto no art. 16 da Lei de Benefícios, é
prudente ao candidato ter ciência do teor da Súmula nº 336 do STJ, a qual dispõe que “a mulher
que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por
morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente”. Significa dizer
que, ainda que, quando da separação judicial, a pessoa houvesse renunciado a alimentos, quando
da morte do ex-marido ou da ex-esposa, o cônjuge supérstite poderia vir a relatar sua necessidade
econômica, não originária, mas superveniente, de modo a concorrer com os demais dependentes
habilitados à pensão. Ou seja, comprovado que o segurado falecido ajudava seu ex-cônjuge de
forma substancial, ainda que não houvesse o pagamento formal de pensão, o cônjuge supérstite
terá direito à pensão por morte, concorrendo com os demais dependentes habilitados à pensão ou
se sobrepondo a eles, a depender da classe que ocupam. Observa-se que a redação da Súmula
nº 336 do STJ foi infeliz ao se referir apenas à mulher, quando deveria ter se referido à pessoa e,
ainda, quando previu concessão de pensão superveniente apenas ao caso de separação judicial,
já tendo o STJ decidido que se aplica do divórcio. Frederico Amado (Curso de direito e processo
previdenciário. 9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 528) propõe que a referida
Súmula nº 336 seja lida da seguinte forma: “A pessoa que não exerceu o direito à prestação
alimentícia na separação judicial, no divórcio, na dissolução de união estável ou de relação
homoafetiva, terá direito à pensão por morte em decorrência do falecimento do respectivo
segurado, desde que demonstrada a necessidade econômica superveniente, até a data do
óbito, através da prestação de alimentos in natura, ou de qualquer outro auxílio substancial
que conduzisse à dependência econômica”. Desse modo, verifica-se que a assertiva acima
trazida está correta, eis que reflete o teor do enunciado do STJ, porém deve ser lido de forma
mais elástica a abraçar outras situações que ali cabem. Deve-se observar, ainda, que o disposto
na Súmula nº 336 do STJ não se confunde com o trazido pelo § 2º do art. 76 da Lei de Benefícios.
Enquanto este dispõe que “o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia
pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos
no inciso I do art. 16 desta Lei”, aquele refere-se ao caso do cônjuge, divorciado ou separado
judicialmente, que havia renunciado à pensão de alimentos, quando do divórcio ou da separação
porque, na época, não necessitava, mas que, ao tempo do óbito, viu-se necessitado diante da
alteração de sua situação econômico-financeira no decorrer dos anos e do auxílio substancial que
lhe era prestado por seu ex-cônjuge, ainda que não formalizado sob a denominação de pensão.

GABARITO: CERTO

47. A Súmula 24 da AGU não permite a contagem, como tempo de contribuição, do tempo
exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional

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realizado em escolas técnicas, ainda que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Aposentadoria por tempo de contribuição. Aluno-aprendiz.

Com a edição da EC nº 20/98, a aposentadoria por tempo de serviço foi extinta e, em seu lugar,
surgiu a aposentadoria por tempo de contribuição. Significa dizer que não basta mais ao segurado
trabalhar se não comprovar o recolhimento das contribuições, sejam elas reais ou presumidas.
“Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde início até a data
do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, descontados
os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de interrupção
de exercício e de desligamento de atividade” (AMADO, Frederico. Curso de direito e processo
previdenciário. 9. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodium, 2017, p. 714). Até que lei específica
disciplina a matéria, utiliza-se, entre outros, os períodos constantes nos incisos do art. 60 do
Decreto nº 3.048/99 para fins de cômputo como tempo de contribuição. Dentre eles, destaca-se
o inciso XXII do art. 60 do Decreto nº 3.048/99, é contado, como tempo de contribuição, o tempo
exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional realizado
em escola técnica, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta, à conta do
orçamento público e o vínculo empregatício. A TNU possui o mesmo entendimento consolidado na
sua Súmula nº 18, a qual refere que, “provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal
recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo
tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária”. Significa dizer
que “o aluno-aprendiz, diferentemente do que ocorre com o menor-aprendiz, para o qual o tempo
de serviço sempre é computado para fins previdenciários, tem direito ao cômputo do tempo de
aprendizagem em escola técnica federal desde que comprove que recebeu contraprestação direta
ou indireta da instituição de ensino” (Conselho da Justiça Federal. Turma Nacional de Uniformização
dos Juizados Especiais Federais. Comentários às súmulas da Turma Nacional de Uniformização
dos Juizados Especiais Federais. KOEHLER, Frederico Augusto (Coord.). Brasília: Conselho da
Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 2016, p. 105-109). Esse entendimento já vinha,
inclusive, estampado na Súmula nº 96 do TCU. A AGU, por sua vez, consolidou o entendimento
na sua Súmula nº 24, a qual dispõe que “é permitida a contagem, como tempo de contribuição, do
tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado profissional
realizado em escolas técnicas, desde que comprovada a remuneração, mesmo que indireta,
à conta do orçamento público e o vínculo empregatício”. Portanto, a assertiva acima trazida
está errada, pois vai de encontro ao disposto no inciso XXII do art. 60 do Decreto nº 3.048/99,
bem como às súmulas mencionadas. Por fim, deixa-se como sugestão, ao candidato, se possível,
que realize a leitura do art. 60 do Decreto nº 3.048/99, eis que ele traz maior número de hipóteses
de reconhecimento de tempo de contribuição se comparado à Lei nº 8.213/91, bem como não

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se pode olvidar que consta do último edital fazendo parte do conteúdo programático da prova de
Procurador Federal. Ainda, a título de reforço argumentativo, sugere-se a leitura das súmulas da
AGU, principalmente para a segunda fase do certame, eis que, não raro, algum dos casos nelas
disciplinado é trazido no bojo da prova discursiva, podendo o candidato, caso se recorde, utilizá-las
como fundamento de sua resposta dissertativa.

GABARITO: ERRADO

48. Conforme entendimento do STJ, o normativo contido no inciso II do artigo 115 da Lei
n. 8.213/1991 não autoriza o INSS a descontar, na via administrativa, valores concedidos a
título de tutela antecipada, posteriormente cassada com a improcedência do pedido.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Benefícios previdenciários. Desconto.

Nos termos do inciso II do art. 115 da Lei nº 8.213/91, o pagamento de benefício além do devido
pode ser descontado do valor de benefícios previdenciários por ela mantidos. Todavia, o inciso
II do art. 115 da Lei nº 8.213/91 não autoriza a Autarquia Previdenciária a descontar, na via
administrativa, valores concedidos a título de tutela antecipada (tutela provisória de urgência)
que foi posteriormente revogada quando do julgamento de improcedência do pedido. Para
que o INSS se ressarça desses valores antecipados, será necessário que promova a ação judicial
cabível. Esse entendimento foi trazido recentemente pela 1ª Turma do STJ, em 23/5/2017, no
julgamento do REsp. 1.338.912-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves (Informativo nº 605). Portanto,
o candidato deve diferenciar duas situações. A primeira diz respeito à incidência do inciso II do
art. 115 da Lei nº 8.213/91. É o caso de segurado, que aposentado do RGPS, deveria receber um
salário mínimo por mês, mas, por equívoco, o INSS lhe deposita, por determinado período, dois
salários mínimos por mês. Nesse caso, após o devido processo administrativo, em que dada a
possibilidade de defesa ao segurado, o INSS poderá promover os descontos desses valores do
benefício mantido em prol do segurado, caso o segurado não ressarça esses valores de uma única
vez à Autarquia Previdenciária. A segunda situação, que está estampada no julgamento do STJ
refere-se ao caso de segurado que, por exemplo, é aposentadoria por tempo de contribuição, e
ingressou com ação judicial postulando que lhe fosse concedido provisoriamente o adicional de
25%, pois alegou depender da ajuda permanente de terceiros. O juízo concedeu a tutela. Todavia,
em sede de sentença, o juiz entendeu por revogar a tutela, pois se deu conta de que o autor era
beneficiário de aposentadoria por tempo de contribuição, e não de aposentadoria por invalidez e a
Lei nº 8.213/91 somente estenderia à essa o auxílio-acompanhante. Nesse segundo caso, conforme
o entendimento do STJ, o INSS não pode, ainda que já transitado em julgado o processo judicial
em que a tutela foi revogada, promover, de imediato, o desconto mensal do benefício do autor no
que tange às parcelas que lhe foram alcançadas em virtude de decisão judicial posteriormente

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revogada. Nessa hipótese, resta ao INSS, para ser ressarcido desses valores, ajuizar ação própria
de cobrança. Portanto, correta a assertiva acima trazida, eis que reflete o atual entendimento do
STJ.

GABARITO: CERTO

49. O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante cento e vinte


dias, com início vinte e oito dias antes e término noventa e um dias depois do parto, não
podendo ser prorrogado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Salário-maternidade.

O salário-maternidade está previsto nos arts. 71 a 73 da Lei nº 8.213/91 e nos arts. 93 a 103 do
Decreto nº 3.048/99. Ele é um benefício previdenciário estendido a todas as seguradas do RGPS.
O seu objetivo é substituir a remuneração em virtude do nascimento do seu filho ou em razão da
adoção de uma criança. Em regra, o salário-maternidade é devido à segurada da previdência
social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início 28 (vinte e oito) dias antes e término 91
(noventa e um) dias depois do parto, podendo ser prorrogado. Nos termos do § 3º do art. 93
do RPS, o salário-maternidade será prorrogado, em casos excepcionais, quando os períodos de
repouso anterior e posterior ao parto poderão ser aumentados de mais duas semanas, mediante
atestado médico específico. Assim, o salário-maternidade poderá alcançar o tempo total de 148
dias, os quais corresponderão aos 120 (cento e vinte) dias do salário-maternidade acrescidos
de 2 (duas) semanas anteriores e 2 (duas) semanas posteriores ao parto. “Insta salientar que a
prorrogação dos períodos de repouso anterior e posterior ao parto consiste em excepcionalidade,
compreendendo as situações em que exista algum risco para a vida do feto ou da criança ou da
mãe, devendo o atestado médico ser apreciado pela Perícia Médica do INSS, exceto nos casos
de segurada empregada, que é pago diretamente pela empresa” (AMADO, Frederico. Curso de
direito e processo previdenciário. 9. ed. Salvador: Juspodium, p. 857). Portanto, cotejando-se o
teor do § 3º do art. 93 do RPS com a assertiva acima trazida, verifica-se que ela está incorreta, pois
refere a impossibilidade de prorrogação do salário-maternidade, contrariando a legislação em vigor.
Registra-se que o Decreto nº 3.048/99 não é o único diploma legal vigente a trazer hipótese de
prorrogação do salário-maternidade. A Lei nº 13.301, de 27 de junho de 2016, que dispõe sobre a
adoção de medidas de vigilância em saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde
pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus
da zika, prevê, em seu art. 18, §§ 3º e 4º, que o salário-maternidade será de 180 (cento e oitenta)
dias, no caso das mães de crianças acometidas por sequelas neurológicas decorrentes de doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti. Deve-se observar, ainda, que, em caso de parto antecipado,
a segurada terá direito aos 120 (cento e vinte) dias correspondentes ao salário-maternidade.

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Todavia, em caso de aborto, se for não criminoso e comprovado mediante atestado médico, a
segurada terá direito ao salário-maternidade, porém limitado a 2 (duas) semanas. Ainda, merece
atenção a disposição do RPS, art. 93-A, § 1º, relativa ao pagamento do salário-maternidade à
segurada (adotante) independentemente de a mãe biológica ter recebido o mesmo benefício
quando do nascimento da criança. No que tange à adoção, o Decreto nº 3.048/99 também dispõe
que, quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de uma criança, é devido
um único salário-maternidade relativo à criança de menor idade. Ademais, caso a segurada
aposentada retorne à atividade laboral, fará jus ao recebimento do salário-maternidade. Significa
dizer que a aposentadoria deve ter se dado por idade, especial ou por tempo de contribuição, uma
vez que a aposentadoria por invalidez não permite a cumulação de atividade laboral e exercício
de atividade remunerada, salvo quando se tratar de recebimento de mensalidade de recuperação.
Tendo em vista que o último edital publicado para o concurso de Procurador Federal continha, em
seu conteúdo programático, menção ao Decreto nº 3.048/99, sugere-se sua leitura especialmente
no que tange aos arts. 93 a 103 do Decreto nº 3.048/99, eis que esmiúça o que é trazido pela Lei
nº 8.213/91.

GABARITO: ERRADO

50. Conforme o entendimento consolidado do STJ, é devida a continuidade do pagamento


de pensão por morte ao filho maior de 21 anos até que complete 24 anos pelo fato de ser
estudante universitário.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Pensão por morte.

Nos termos do caput do art. 74 da Lei nº 8.213/91, a pensão por morte é devida ao conjunto dos
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito, quando
requerida até 90 dias depois deste; do requerimento, quando requerimento após os 90 dias
posteriores ao óbito; da decisão judicial, no caso de morte presumida. Todavia, o art. 74 da Lei de
Benefícios não é suficiente, por si só, para resolver a questão. Assim, o candidato deve realizar
a leitura conjugada do referido dispositivo com o inciso I do art. 16 da Lei nº 8.213/91. Ver-se-á
que são elencados como beneficiários do RGPS, na condição de dependentes (presumidos) do
segurado: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou
mental ou deficiência grave. Observa-se, portanto, que a Lei nº 8.213/91 fixa, como limite etário,
21 anos, ao filho para fins de percepção de pensão por morte. Todavia, por algum período se
discutiu se a idade poderia ou não ser elevada para 24 anos, caso o filho estivesse frequentando
universidade à similaridade do direito de família, em que a jurisprudência entende que o filho até
24 anos tem direito à pensão alimentícia, caso seja estudante universitário. A discussão chegou ao

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STJ, o qual decidiu que não é possível estender a pensão por morte até os 24 anos de idade pelo
fato de o filho beneficiário ser estudante universitário. “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. OMISSÃO DO TRIBUNAL A
QUO. NÃO OCORRÊNCIA. PENSÃO POR MORTE. LEI EM VIGOR POR OCASIÃO DO FATO
GERADOR. OBSERVÂNCIA. SÚMULA 340/STJ. MANUTENÇÃO A FILHO MAIOR DE 21 ANOS E
NÃO INVÁLIDO. VEDAÇÃO LEGAL. RECURSO PROVIDO. (...) A jurisprudência do STJ já firmou
o entendimento de que a pensão por morte rege-se pela lei vigente à época do óbito do segurado.
Na hipótese dos autos, o falecimento do pai do agravante ocorreu em 16.02.1997, na vigência da
Lei 8.213/91, que prevê em seu artigo 77, § 2º, inciso II, a cessação da pensão por morte ao filho,
quando completar 21 anos de idade, salvo se for inválido” (REsp. 1.369.832-SP. Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima). Nesse mesmo sentido é o Enunciado 37 da TNU: “A pensão por morte, devida ao
filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário”. Desse modo,
o teor da assertiva acima trazida está incorreto, uma vez que a Lei nº 8.213/91, art. 16, inciso I
prevê quem são os dependentes do segurado e não elencado, dentre eles, o filho maior de 21
anos, ainda que seja estudante universitário. Desse modo, verifica-se que o enunciado da questão
acima trazida está em dissonância com o entendimento atual do STJ de modo que a assertiva está
errada, pois o STJ não admite a prorrogação do pagamento da pensão por morte pelo INSS além
do período delimitado legalmente, ou seja, após os 21 anos do dependente, ainda que se trate de
filho cursando universidade.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO AGRÁRIO

51. No procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas, é correto afirmar


que as terras indígenas serão homologadas mediante resolução editada pelo Presidente da
República

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 4 Usucapião constitucional rural (artigo 191 da Constituição da


República e Lei nº 6.969/1981). Demarcação de terras indígenas.

O processo de demarcação, regulamentado pelo Decreto nº 1775/96, é o meio administrativo para


identificar e sinalizar os limites do território tradicionalmente ocupado pelos povos indígenas. Nos
termos do mesmo Decreto, a regularização fundiária de terras indígenas tradicionalmente ocupadas

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compreende as seguintes etapas, de competência do Poder Executivo:

1) Estudos de identificação e delimitação, a cargo da Funai;

2) Contraditório administrativo;

3) Declaração dos limites, a cargo do Ministro da Justiça;

4) Demarcação física, a cargo da Funai;

5) Levantamento fundiário de avaliação de benfeitorias implementadas pelos ocupantes não-


índios, a cargo da Funai, realizado em conjunto com o cadastro dos ocupantes não-índios, a cargo
do Incra;

6) Homologação da demarcação, a cargo da Presidência da República;

7) Retirada de ocupantes não-índios, com pagamento de benfeitorias consideradas de boa-fé, a


cargo da Funai, e reassentamento dos ocupantes não-índios que atendem ao perfil da reforma, a
cargo do Incra;

8) Registro das terras indígenas na Secretaria de Patrimônio da União, a cargo da Funai e;

9) Interdição de áreas para a proteção de povos indígenas isolados, a cargo da Funai.

Assim também dispõe a Lei n.º 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto do índio):

Art. 19. As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do órgão federal de assistência
ao índio, serão administrativamente demarcadas, de acordo com o processo estabelecido
em decreto do Poder Executivo.

Desta forma, a demarcação deve ser homologada por decreto do Presidente e não por meio de
resolução.

GABARITO: ERRADO
52. Para a alienação ou a concessão de terras públicas para fins de reforma agrária, é
desnecessária a aprovação do Congresso Nacional.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Reforma Agrária

A assertiva encontra correta, pois, conforme prevê o art. 188 da Constituição Federal de 1988, a
alienação para fins de reforma agrária é uma exceção. Segue o dispositivo:

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política
agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

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§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior


a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de


terras públicas para fins de reforma agrária.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIA CHRISTINA


E-mail: profcei.mariachristina@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

53. A propósito das concepções ambientalistas antropocentrista, ecocentrista e biocentrista,


é correto afirmar que a Constituição Federal de 1988 incorporou ao ordenamento o
antropocentrismo articulado com aspectos das teorias eco e biocentrista.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 1 Princípios do Direito Ambiental. 2 A Constituição Federal e o meio


ambiente.

A afirmação está correta. O caput do art. 225 da CF/1988 se inspirou na doutrina antropocêntrica,
uma vez que instituiu o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como bem
de uso comum do povo. Em outros termos, extrai-se dessa norma que a proteção e preservação
ambiental atende aos interesses humanos. Por outro ângulo, encontramos também o influxo das
teorias eco e biocentrista no inc. VII, do § 1º do art. 225, segundo o qual incumbe ao Poder
Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

A doutrina explica que “na perspectiva ética, a norma constitucional, por refletir a marca da
transição e do compromisso, incorporou aspectos estritamente antropocêntricos (proteção de favor
das ‘presentes e futuras gerações’, p. ex., mencionado no art. 225, caput) e outros com clara
filiação biocêntrica (p. ex., a noção de ‘preservação’, no caput do art. 225)”. Em outras palavras, “o
constituinte desenhou um regime de direitos de filiação antropocêntrica temporalmente mitigada
(com titularidade conferida também às gerações futuras), atrelado, de modo surpreendente, a um
feixe de obrigações com beneficiários que vão além, muito além, da reduzida esfera daquilo que se
chama de humanidade. Se é certo que não se chega, pela via direta, a atribuir direitos à natureza,
o legislador constitucional não hesitou em nela reconhecer valor intrínseco, estatuindo deveres a

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serem cobrados dos sujeitos-humanos em favor dos elementos bióticos a abióticos que compõem
as bases da vida”. (BENJAMIM, Antônio Herman. Direito constitucional ambiental brasileiro. José
Gomes Canotilho e José Rubens Morato Leite (organizadores). São Paulo: Saraiva, 2007, p. 110).

GABARITO: CERTO

A respeito das infrações administrativas ambientais, julgue os itens subsequentes.

54. Configurada infração administrativa ambiental de transporte de madeira ou outro produto


florestal em desacordo com a licença outorgada pela autoridade competente, o fiscal
ambiental deverá lavrar o auto de infração considerando apenas a quantidade ou espécie
em desconformidade com a licença, tendo em vista que o produto florestal da carga que
esteja em equivalência com a licença é tido como regular.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 5 Poder de Polícia Ambiental. Crime e infrações administrativas contra


o meio ambiente (Lei nº 9.605/1998 e regulamentos). Procedimento administrativo para
apuração de infrações ambientais (Decreto nº 6.514/2008).

A afirmativa está errada, pois nas infrações de transporte, caso a quantidade ou espécie constatada
no ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o
agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização,
nos termos do § 3º do art. 47 do Decreto nº 6.514/2008 (na redação dada pelo Decreto nº 6.686,
de 2008). Assim, caso haja fiscalização e se verifique que parte da madeira transportada está de
acordo com a licença ambiental e parte em desacordo, cabe ao fiscal ambiental promover a autuação
da totalidade da carga. A intenção do legislador é punir a fraude, pois o infrator tenta ludibriar a
fiscalização, portando uma licença que não condiz com a realidade da carga que transporta. O
infrator pretende transportar madeira ilegal, ou seja, madeira de origem de desflorestamento sem
autorização ou proveniente de áreas onde é vedada a exploração de madeira.

Veja-se que o § 1º do art. 47 tipifica como infração o transporte sem licença e também o transporte
realizado em desacordo com a licença obtida.

Nesse tipo de infração, o agente ambiental deve conferir toda a carga transportada. Como é de
conhecimento de todos que os órgãos públicos normalmente contam com quadro de pessoal
reduzido, com fiscais em número insuficiente para promover as fiscalizações necessárias, os
infratores contam com a possibilidade de realizar o transporte de madeira em quantidade ou espécie
diferente da licença obtida e não serem parados pela fiscalização ambiental. A licença apenas daria
uma aparência de legalidade da carga.

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GABARITO: ERRADO

55. Constatada a infração ambiental, o agente autuante, no uso do seu poder de polícia,
poderá adotar medida administrativa de apreensão dos equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração, sendo vedado ao próprio autuado figurar como
depositários dos bens.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 5 Poder de Polícia Ambiental. Crime e infrações administrativas contra


o meio ambiente (Lei nº 9.605/1998 e regulamentos). Procedimento administrativo para
apuração de infrações ambientais (Decreto nº 6.514/2008).

A assertiva está errada, pois não há vedação a que o infrator assuma o encargo de depositário
dos bens apreendidos. A norma ambiental estabelece que, preferencialmente, os bens
apreendidos deverão ficar sob a guarda do órgão ou entidade responsável pela fiscalização, podendo,
excepcionalmente, ser confiados a fiel depositário, até o julgamento do processo administrativo.
E, a critério da administração, o depósito poderá ser confiado a órgãos e entidades de caráter
ambiental, beneficente, científico, cultural, educacional, hospitalar, penal e militar; ou ao próprio
autuado, desde que a posse dos bens ou animais não traga risco de utilização em novas infrações.

Veja-se que a norma estabelece a discricionariedade da autoridade ambiental na escolha do


depositário.

Desta forma, repita-se, a guarda dos bens apreendidos deve, preferencialmente, permanecer com
o órgão fiscalizador, cabendo a nomeação do depositário apenas como medida secundária, a
ser tomada no caso de impossibilidade ou impropriedade das condições de instalação do órgão
fiscalizador. Assim, a guarda dos bens apreendidos deve ficar a cargo do IBAMA (ou órgão estadual),
desde que, por óbvio, possua este condições de proceder a sua guarda de forma adequada e
segura, mantendo o bem em condições de uso e salvaguardado de eventuais danos.

A conclusão advém da conjugação do art. 25 da Lei nº 9.605/1998 c/c arts. 3º, IV; 101, I; 105 e 106
seus parágrafos, todos do Decreto nº 6.514/2008.

GABARITO: ERRADO

Julgue o item subsequente acerca do tratamento dado pelo Novo Código Florestal aos
apicuns e salgados.

56. É vedada a manutenção, licenciamento ou regularização, em qualquer hipótese ou forma,


de ocupação ou exploração irregular em apicum ou salgado.

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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 A legislação brasileira florestal (Leis nº 12.651/20012, 11.428/2006,


11.284/2006 e regulamentos).

A afirmação está errada, porquanto o Novo Código Florestal assegurou a possibilidade de


regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação
e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o empreendedor,
pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo
de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes, de acordo com
o § 7º c/c § 6º do art. 11-A da Lei 12.651/2012.

Temos que o Novo Código Florestal, nessa disposição, pretendeu facilitar a regularização das
atividades de carcinicultura e salinas realizada nos apicuns e salgados, sob os fundamentos de
que havia a necessidade de manutenção da área produtiva e o interesse de se manter o pequeno
produtor na região, bem como a inviabilidade de se cumprir o Código revogado (de 1965).

A novel legislação foi bombardeada por diversas críticas de que implantaria uma verdadeira
anistia, relativizando a proteção ambiental. Contudo, os favoráveis à regra alegam a necessidade
de compatibilizar a proteção ambiental com as facetas sociais e econômicas do desenvolvimento
sustentável, de sorte que haveria compensação e benefícios ambientais pela obrigação de proteger
a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes.

Por fim, observe-se que apenas será permitida a regularização das atividades e empreendimentos
de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho
de 2008.

GABARITO: ERRADO

Em relação à lei que trata da utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica, julgue o item subsequente.

57. A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora
nativa, para consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais ou de
pequenos produtores rurais, é permitida mediante processo simplificado de licenciamento
ambiental.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 3 A legislação brasileira florestal (Leis nº 12.651/20012, 11.428/2006,


11.284/2006 e regulamentos).

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A afirmação está errada, porque a exploração eventual da vegetação do Bioma Mata Atlântica,
sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora nativa, para consumo nas
propriedades ou posses das populações tradicionais ou de pequenos produtores rurais,
independe de autorização dos órgãos competentes, nos termos do art. 9º da Lei nº 11.428/2006.
Ou seja, não se exige das populações tradicionais e dos pequenos produtores rurais a realização
do procedimento de licenciamento ambiental, seja na modalidade complexa ou simplificada.

Acrescente-se que a própria lei traz a conceituação de pequeno produtor rural e população tradicional,
definindo-os no art. 3º, incisos I e II, respectivamente, como sendo o pequeno produtor rural aquele
que, residindo na zona rural, detenha a posse de gleba rural não superior a 50 (cinquenta) hectares,
explorando-a mediante o trabalho pessoal e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiros,
bem como as posses coletivas de terra considerando-se a fração individual não superior a 50
(cinquenta) hectares, cuja renda bruta seja proveniente de atividades ou usos agrícolas, pecuários
ou silviculturais ou do extrativismo rural em 80% (oitenta por cento) no mínimo; e a população
tradicional aquela que, vivendo em estreita relação com o ambiente natural, dependendo de seus
recursos naturais para a sua reprodução sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto
ambiental.

A doutrina ensina que “o espírito de sustentabilidade encontrado na Lei orienta a integração


entre políticas ambientais e estratégias de desenvolvimento, garantindo, por um lado, apoio ao
crescimento de longo prazo e, de outro, sua conexão com a função socioambiental da propriedade,
bem como o atendimento ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais”. (MILARÉ, Edis.
Direito do Ambiente. 10ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
1375).

Por fim, atente-se que a Mata Atlântica é considerada patrimônio nacional e sua utilização far-se-á
de maneira a assegurar a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais, conforme estabelece o § 4º do art. 225 da Constituição Federal.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO CIVIL

58. O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil
do Brasil, desde que isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos
no exercício da cidadania por força da apresentação de documentos estrangeiros com
sobrenome imposto por lei estrangeira e diferente do que consta em seus documentos
brasileiros.

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 77


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COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11 Registros públicos.

A questão envolvia a análise do justo motivo previsto nos artigos 56 e 57 da Lei Federal n.º
6.015/1973 – Lei dos Registros Públicos – para alteração do nome:

Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá,
pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os
apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa;

Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após
audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver
sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa,
ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei.

Importante recordar que o registro público é de extrema importância para as relações sociais.
Aliás, o que motiva a existência de registros públicos é exatamente a necessidade de conferir
aos terceiros a segurança jurídica quanto às relações neles refletidas. Por isso, toda alteração de
nome deve ser apreciada à luz do imperativo de segurança jurídica das relações sociais. Esse é
o entendimento do STJ: “A regra da inalterabilidade relativa do nome civil preconiza que o nome
(prenome e sobrenome), estabelecido por ocasião do nascimento, reveste-se de definitividade,
admitindo-se sua modificação, excepcionalmente, nas hipóteses expressamente previstas
em lei ou reconhecidas como excepcionais por decisão judicial (art. 57, Lei 6.015/75),
exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros” (REsp 1138103/PR,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 06/09/2011).

No julgamento do REsp n.º 1.310.088 – MG, aplicando os critérios adotados na sua jurisprudência
sedimentada, o STJ entendeu que há justo motivo para alteração do nome, com a finalidade de
uniformização de seus assentos no Brasil e no país em que obteve a dupla cidadania. Isso porque a
flexibilidade na admissão da alteração do nome justifica-se pelo próprio papel que ele desempenha
na formação e consolidação da personalidade de uma pessoa. Com efeito, a apresentação de
documentos contendo informações destoantes nos assentamentos registrais dificulta, na prática,
a realização dos atos da vida civil, além de gerar transtornos e aborrecimentos desnecessários.

GABARITO: CERTO

59. Segundo o STJ, em razão do vínculo biológico, inexiste possibilidade de o indivíduo


abandonado pelo pai pretender, ao completar 18 anos, a supressão de seu patronímico do
nome civil.

COMENTÁRIO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 78


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»» Ponto do edital: 11 Registros públicos.

Prosseguindo na análise dos principais julgados a respeito dos artigos 56 e 57 da Lei Federal n.º
6.015/1973 – Lei dos Registros Públicos, que considero com maior chance de incidência na sua
prova, por se tratar de matéria corriqueiramente enfrentada pelo STJ, vamos estudar a possibilidade
de alteração do nome civil em caso de abandono afetivo.

No julgamento do REsp 1304718, o STJ entendeu que há justo motivo para alteração do nome
civil na hipótese de indivíduo criado exclusivamente pela mãe e pela avó materna, pelo fato
de o genitor ter o abandonado desde tenra idade, de modo que não desenvolveu com este
qualquer vínculo afetivo. Para o STJ, justamente por ser o nome o traço característico da família,
em caso de abandono pelo pai, não há razão para imutabilização do patronímico.

Em caso análogo, o STJ entendeu pela possibilidade de inclusão do patronímico do padrasto ao


nome do menor, e a exclusão do nome de família do seu pai biológico, com quem não mantinha
mais nenhum contato, por ser medida que respeita a sua vontade e preserva sua integridade
psicológica perante a unidade familiar concreta (SEC 5.726/EX, DJe 05/02/2013).

GABARITO: ERRADO

60. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais.

Com o intuito de promover a inclusão da pessoa com deficiência, a Lei Federal nº 13.146/15 –
Estatuto da Pessoa com Deficiência – expressamente revogou, em seu artigo 123, os incisos I, II e
III, do artigo 3º, do CC/2002.

Assim, o ordenamento jurídico passou a ter apenas uma hipótese de incapacidade absoluta: os
menores de 16 anos. Deixam de ser absolutamente incapazes os “que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática” dos atos da
vida civil e de ser relativamente incapazes “os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo”.

Inclusive, o artigo 6º da Lei Federal nº 13.146/15 – Estatuto da Pessoa com Deficiência – prevê
que:

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 79


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I - casar-se e constituir união estável;

II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;

III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;

IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;

V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e

VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou


adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Muita atenção com essas alterações porque podem ser cobradas na sua prova.

GABARITO: ERRADO

61. As fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou
de assistência.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas.

Explorando as alterações legislativas recentes, importantíssimo conhecer as modificações


promovidas pela Lei Federal n.º 13.151/2015 no que se refere às fundações disciplinadas pelo
CC/2002.

Anteriormente, na redação originária do artigo 62 do CC/2002, as fundações somente poderiam


ser constituídas para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Contudo, por meio da
referida Lei Federal n.º 13.151/2015, o artigo 62 passou a ter a seguinte redação, ampliando
consideravelmente os fins que poderão ter as fundações regidas pelo direito civil:

Art. 62 (...)

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:

I – assistência social;

II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III – educação;

IV – saúde;

V – segurança alimentar e nutricional;

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 80


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VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento


sustentável;

VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de


sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos
e científicos;

VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;

IX – atividades religiosas;

Portanto, por veicular a redação anterior do artigo 62 do CC/2002, a afirmativa está errada.

GABARITO: ERRADO

62. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas, ou, se funcionarem
no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais.

Prosseguindo na análise das modificações operadas pela Lei Federal n.º 13.151/2015, verifica-
se que a as atribuições do Ministério Público para velar pelas fundações restou corrigida pela
nova redação do artigo 66, § 1º, do CC/2002. Em verdade, o equivocado cometimento ao
Ministério Público Federal da atribuição de velar pelas fundações que funcionassem no Distrito
Federal ou em Território já havia sido resolvido no julgamento da ADI n.º 2.794-8, que declarou a
inconstitucionalidade da redação originária do artigo 66, § 1º, do CC/2002.

A fim de corrigir legislativamente a questão, a Lei Federal n.º 13.151/2015 dispôs que:

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao


Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº
13.151, de 2015)

§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um


deles, ao respectivo Ministério Público.

GABARITO: CERTO

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 81


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63. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja aprovada
pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o
qual ou no caso de o Ministério Público denegá-la, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Das pessoas. Das pessoas naturais.

Finalizando o estudo sobre as alterações promovidas pela Lei Federal n.º 13.151/2015, depreende-
se que o artigo 67, inciso III, que antes não fixava um lapso temporal para manifestação do Ministério
Público, passou a estabelecer o prazo de 45 dias para que as alterações do estatuto da fundação
sejam aprovadas pelo parquet:

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:

I – seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;

II – não contrarie ou desvirtue o fim desta;

III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta
e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

A alteração teve por finalidade conferir celeridade ao procedimento, evitando que a demorada
atuação do Ministério Público prejudicasse o andamento das alterações estatutárias. Portanto, a
afirmativa está correta

GABARITO: CERTO

64. De acordo com o STJ, os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro,
maior de idade e more sozinho, têm responsabilidade civil pelos danos causados durante os
recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente cientes dessa
situação, tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o propósito de evitar
a repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo
sob sua guarda e companhia.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Da responsabilidade civil.

Por se tratar de tema importante e com muitos detalhes, previamente ao comentário do enunciado,
transcrevo as explicações formuladas na segunda rodada sobre o entendimento do STJ sobre a

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responsabilidade civil dos menores incapazes:

(i) É subsidiária porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir
a vítima;

(ii) é condicional e mitigada porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante (artigo 928, parágrafo único do CC/2002 e Enunciado n.º 39 CJF/STJ – “A
impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de
indenização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa
humana. Como consequência, também os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite
humanitário do dever de indenizar, de modo que a passagem ao patrimônio do incapaz se dará
não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos estes ao montante
necessário à manutenção de sua dignidade”.);

(iii) equitativa, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo
necessário para a sobrevivência digna do incapaz (artigo 928, parágrafo único do CC/2002 e
Enunciado n.º 449 CJF/STJ – “A indenização equitativa a que se refere o art. 928, parágrafo único,
do Código Civil não é necessariamente reduzida sem prejuízo do Enunciado n. 39 da I Jornada de
Direito Civil”).

Na hipótese proposta pelo enunciado, o STJ entendeu que o CC/2002 impõe aos genitores, em
vários dispositivos – como, por exemplo, o artigo 1.566, inciso IV, do CC/2002 – o dever natural de
cuidar, de instruir, de proteger e de vigiar sua prole, obrigações essas inseridas no próprio conceito
de guarda, que deve ser estendida, por força do art. 1.590 do CC/2002, também aos denominados
maiores incapazes. Para o STJ, caberia aos pais de portador de esquizofrenia paranoide maior de
idade, assim, tomar cuidados para, ao menos, tentar evitar que seu filho cometa agressões contra
terceiros.

Pessoal, apesar de alguns julgados apresentarem uma situação fática peculiar, podem sim ser
cobrados em prova, não devendo ser estudados apenas aqueles entendimentos que se restringem
a teses jurídicas e interpretação de lei.

GABARITO: CERTO

65. Segundo o STJ, caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade
civil pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir
a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível
com a vida extrauterina.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Da responsabilidade civil.

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Para compreender a questão, necessário um breve relato da situação fática apreciada pelo STJ.
Em 2005, o Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz impetrou habeas corpus para impedir que uma mulher
grávida levasse adiante, com auxílio médico, a interrupção da gravidez de feto diagnosticado com
síndrome de Body Stalk – denominação dada a um conjunto de malformações que inviabilizam a
vida fora do útero. No habeas corpus impetrado em favor do feto, o padre afirmou que os pais iriam
praticar um homicídio. Deferida a liminar em habeas corpus, determinou-se que o procedimento
fosse suspenso e que a gravidez prosseguisse. Alguns dias após, nasceu a criança, mas morreu
menos de duas horas depois do parto. Sentindo-se prejudicada, a mulher intentou ação de
indenização por danos morais em face do Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, sustentando que houve
um abuso de direito na impetração do habeas corpus.

No julgamento do REsp 1.467.888-GO, o STJ decidiu ser induvidoso o dano causado por abuso do
direito de ação, na medida em que a interrupção da gestação do feto com síndrome de Body Stalk,
que era uma decisão pensada e avalizada por médicos e pelo Poder Judiciário, e ainda assim, de
impactos emocionais incalculáveis, foi impedida pela atuação do Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz.

O aluno aqui poderia se perguntar se a responsabilidade pelo prejuízo não seria do Poder Judiciário.
Particularmente entendo que sim, mas o STJ fundamentou que a busca do Poder Judiciário por
uma tutela de urgência traz, para aquele que a maneja, o ônus da responsabilidade pelos danos
que porventura a concessão do pleito venha a produzir, mormente quando ocorre hipótese de
abuso de direito, nos termos do artigo 302 do CPC.

A decisão do STJ no REsp 1.467.888-GO ainda teve o efeito reflexo de ampliar o campo de incidência
do entendimento firmado na ADPF 54 a outros casos de má-formação fetal que impossibilitem a
vida extrauterina.

GABARITO: CERTO

66. Segundo o STJ, pessoa jurídica de direito público não pode ser ressarcida por dano
moral.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 6 Da responsabilidade civil.

Em que pese a Súmula n.º 227 do STJ, no sentido de que pessoa jurídica pode sofrer dano moral,
no julgamento do REsp 1.258.389, o STJ entendeu que referido entendimento não se aplica a
pessoas jurídicas de direito público.

Com efeito, embora a indenizabilidade do dano moral esteja prevista nos incisos V e X, do artigo 5º
da CF/88, trata-se de direito fundamental titularizado pelo indivíduo perante o Estado.

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Para o STJ, franquear às pessoas jurídicas de direito público a possibilidade de reparação


por dano moral contra particular constituiria uma total subversão da essência dos direitos
fundamentais.

Ressalte-se que se assegura às pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de


caráter processual, ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou
competências.

GABARITO: CERTO

67. Segundo o STJ, por se tratar de prescrição aquisitiva, é possível o reconhecimento de


ofício pelo juízo da consumação do lapso temporal para usucapião.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 7 Do direito das coisas. Da posse. Dos direitos reais.

Muito cuidado porque a afirmativa pode induzir a erro por se bastante convincente. Com efeito,
parte da doutrina conceitua usucapião como sendo uma forma de prescrição aquisitiva do direto
a propriedade, como bem explica Silvio Venosa: “É tida como aquisitiva essa prescrição porque,
solidificando uma situação fática, pelo decurso de tempo, confere direito real ao possuidor. O
direito do possuidor convalesce, ainda que a princípio não seja perfeito”. A partir desse conceito,
construiu-se a tese de que, por se tratar de prescrição, poderia ser reconhecida de ofício pelo juízo,
nos termos do artigo 332, § 1º, do CPC.

O STJ, ao enfrentar referida tese, no julgamento do REsp 1.106.809-RS, decidiu que a usucapião
não pode ser reconhecida de ofício. Isso porque, tecnicamente, não seria correto aproximar às
cegas os institutos da prescrição e da usucapião, tratando-se de comparação com fundamento
mais histórico do que relacionado à natureza dos institutos. Com efeito, a prescrição implica
em perda da pretensão do exercício de um direito, enquanto que a usucapião corresponde à
aquisição especificamente do direito de propriedade pelo decurso do tempo. Assim, por resultar o
reconhecimento de usucapião na aquisição de um direito, deve ser alegada pelo beneficiário, não
podendo ser suprida pelo Poder Judiciário.

GABARITO: ERRADO

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PROFESSORA: RENATA D’ÁVILA


E-mail: profcei.renatadavila@gmail.com

DIREITO EMPRESARIAL

68. Quanto à forma de transferência ou circulação, os títulos de crédito podem ser


classificados em ao portador, nominais à ordem, nominais não à ordem e nominativos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Títulos de crédito

Segundo a doutrina de André Luiz Santa Cruz Ramos, quanto à forma de transferência ou circulação
os títulos de crédito podem ser: a) ao portador; b) nominais à ordem; c) nominais não à ordem; d)
nominativos.

Já quanto ao modelo os títulos de crédito podem ser livres ou vinculados e quanto às hipóteses de
emissão os títulos de crédito podem ser causais ou abstratos.

GABARITO: CERTO

69. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 2 Nome empresarial: natureza e espécies.

O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário individual ou de uma sociedade


empresária no exercício de sua atividade empresarial. Portanto, deve obrigatoriamente respeitar
os princípios da veracidade e da novidade. Segue resumo dos princípios:

a) Princípio da novidade: o nome empresarial que será criado, deve ser diferente dos já existentes.
Para tanto, deve ser feita uma busca prévia na Junta Comercial a fim de verificar se já há algum
nome parecido ou idêntico ao que se pretende criar. Não havendo, pode-se realizar o registro do
nome empresarial (CC art. 1163 e Lei 8934/94, art. 34). Assim dispõe o art. 1163 do CC: “O nome
de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.”

b) Princípio da veracidade: este princípio requer que a firma individual contenha o nome do
empresário e a social, o nome, pelo menos, de um dos sócios da sociedade empresária, revelando,
tanto como firma ou denominação, seus sócios, sua responsabilidade, a atividade prevista no
contrato social e a estrutura empresarial; não pode conter dados inverídicos. Portanto, o nome

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empresarial deve estar de acordo com a realidade da atividade empresarial exercida.

GABARITO: CERTO

70. O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada com
o objetivo de reparar os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem provisão de
fundos emitido por correntista.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Títulos de crédito.

Não há responsabilidades da instituição financeira pelas atividades de seus correntistas na utilização


de cheques com má gestão de seus recursos financeiros.

A responsabilidade por verificar a capacidade de pagamento do cliente em relação a determinado


valor é de quem contrata, o qual deve se cercar dos meios necessários para saber se, em caso de
falta de provisão de fundos, terá como cobrar a quantia por outras formas.

O credor não é obrigado a receber o pagamento por meio de cheque e, caso não queira correr o
risco da devolução por falta de fundos, pode recusar esta forma de pagamento ou contratar uma
empresa de factoring que “compre” o título e assuma os riscos.

Não existe lei que estabeleça solidariedade entre o banco sacado e o emitente do cheque

GABARITO: CERTO

71. Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual a fim de promover a


transformação de sociedade civil em empresária é exigível a apresentação de certidões
negativas de débitos com o FGTS e com a União.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 11 Sociedades Empresárias

Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual a fim de promover a transformação


de sociedade civil em empresária, não é exigível a apresentação de certidões negativas de débitos
com o FGTS e com a União. Por outro lado, a JUCEA poderia sim exigir a certidão negativa de
débito com o INSS pois esta é exigência de lei (Lei n.º 9.032/95). Este é o julgado: STJ. 2ª Seção
. REsp 1.393.724 - PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 28/10/2015.

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GABARITO: ERRADO

72. Constitui meio de recuperação judicial, entre outros, a redução salarial, compensação de
horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 15 Falência. Recuperação judicial e extrajudicial. Intervenção e


liquidação extrajudicial.

Esta assertiva tem previsão legal no art. 50, inciso VIII, da Lei n.º 11.101/2005 - Lei de Recuperação
Judicial, Extrajudicial e Falência. Segue in verbis:

Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a


cada caso, dentre outros:

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo


ou convenção coletiva;

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

Observação:

Queridos alunos,

O enunciado da peça processual trabalhista continha referência, ao final, de que vocês utilizassem,
como data, o prazo final para a apresentação da medida processual cabível. O enunciado ainda
trazia a informação de que a reclamatória trabalhista havia sido ajuizada por Albertina em face do
INSS em 1/8/2017. No espelho de correção, optei por não avaliar vocês quanto ao cômputo do
prazo, eis que as matérias trazidas no decorrer da peça, conforme vários “feedbacks” dos alunos
que a mim chegaram, já havia sido por demais complexa. Todavia, em virtude da importância do
tema – contagem dos prazos processuais – eu e Maria Helena, nossa Coordenadora do CEI-
PGF, acordamos de que seria necessário trazer uma abordagem, ainda que rápida, a respeito
do assunto. Primeira observação, a questão refere que a reclamatória foi ajuizada em 1/8/2017,
porém não trouxe o prazo de notificação do INSS. Desse modo, levando-se em consideração
apenas os dados trazidos pelo enunciado, vamos considerar 1/8/2017 como data de ajuizamento e

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de notificação da Autarquia. Tendo em vista que não se aplica à Fazenda Pública o disposto no art.
183 do NCPC, mas, sim, o art. 1º do Decreto-lei nº 779/69, o qual determina que, nos processos
perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais
que não explorem atividade econômica, o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, “in fine”, da
Consolidação das Leis do Trabalho; e o prazo em dobro para recurso deve-se considerar, portanto,
como data final para a apresentação da contestação o dia de 21 de agosto de 2017. Ou seja, uma
vez que há regra própria no âmbito trabalhista, mantém-se, portanto, o prazo em quádruplo para
contestar. Desse modo, considera-se 4 vezes 5 dias, nos termos do caput do art. 841 da CLT, o qual
dispõe que “recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta
e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao
mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida,
depois de 5 (cinco) dias”. Ademais, insta seja observado que, por força da Instrução Normativa nº
39, de 2016, do TST, especialmente do seu art. 2º, inciso III, não se aplica, no âmbito trabalhista,
a contagem dos prazos em dias úteis, eis que apenas haverá guarida para essa nova forma de
contagem dos prazos com a entrada em vigor da Lei nº 13.467, em 11.11.2017. Portanto, atenção
redobrada à contagem dos prazos em dias úteis na seara trabalhista a contar de 11.11.2017.

73. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467, prevista para 11.11.2017, desde que haja
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo
que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias úteis e os demais não poderão ser
inferiores a cinco dias úteis, cada um.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Férias.

As férias são definidas como o “lapso temporal remunerado, de frequência anual, constituído
de diversos dias sequenciais, em que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua
disponibilidade perante o empregador, com o objetivo de recuperação e implementação de suas
energias e de sua inserção familiar, comunitária e política” (DELGADO, Maurício Godinho. Curso
de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 978). Na CLT, estão previstas no art. 134.
O caput do referido dispositivo prevê que as férias são concedidas, por ato do empregador, em
um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o
direito. Nos termos do § 1º do citado art. 134, apenas em casos excepcionais, as férias poderão
ser concedidas em 2 (dois) períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias
corridos. Todavia, a partir da vigência da Lei nº 13.467, prevista para 11.11.2017, desde que haja
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo
que um deles não poderá ser inferior a 14 (quatorze) dias corridos e os demais não poderão
ser inferiores a 5 (cinco) dias corridos, cada um. Verifica-se, assim, alteração relevante do

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§ 1º pela reforma trabalhista uma vez que passa a exigir a concordância do empregado para
o fracionamento das férias e estabelece como se dará o período mínimo do seu gozo, quando
fracionada, ou seja, um dos períodos não poderá ser inferior a 14 (quatorze) dias e os demais
não inferior a 5 (cinco) dias. O candidato deve atentar que os dias serão corridos, e não úteis,
motivo pelo qual o enunciado da questão acima trazido está incorreto. Ainda, deve-se observar que
o fracionamento das férias não é apenas possível nem foi inaugurado com a Lei nº 13.467/2017.
Portanto, eventual questão referindo que o fracionamento somente ingressou no ordenamento
trabalhista com a reforma ou que somente é possível após a reforma estará errada, pois, antes da
reforma, o fracionamento já era possível, porém restrito a casos excepcionais. Isto é, somente era
permitido que as férias fossem concedidas em 2 (dois) períodos, e um dos quais não poderia ser
inferior a 10 (dez) dias corridos. Essa alteração legislativa veio ao encontro do já propagado pelo
art. 8 da Convenção 132 OIT (Decreto nº 3.197/1999, que promulga a Convenção nº 132 da OIT
sobre férias anuais remuneradas), o qual dispõe que, uma das frações do período de férias deverá
corresponder a, pelo menos, 2 (duas) semanas de trabalho ininterrupto. Desde 2015, com a edição
da LC nº 150, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico, o fracionamento das férias já era
permitido em 2 (dois) períodos desde que um dos períodos fosse de, no mínimo 14 (quatorze) dias
corridos. Todavia, diferentemente da nova disposição da CLT, na LC nº 150/2015, o fracionamento
não requer a concordância do empregado, ficando a critério do empregador. Ademais, a Lei nº
13.467/2017 inseriu o § 3º ao art. 134 da CLT dispondo que é vedado o início das férias no período
de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Esse novo dispositivo
legal também vem ao encontro do que já dispunha a jurisprudência pátria. O Precedente Normativo
nº 100 do TST refere que o início das férias, coletivas ou individuais, não poderá coincidir com
sábado, domingo, feriado ou dia de compensação de repouso semanal. No que tange ao § 2º do
art. 134 da CLT, observa-se que a Lei nº 13.467/2017 o revogou de modo que independentemente
da idade do trabalhador, as férias poderão ser fracionadas.

Férias
CLT (antes da Lei nº 13.467, de 2017) CLT (após a Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 134. As férias serão concedidas por ato do Art. 134. As férias serão concedidas por ato do
empregador, em um só período, nos 12 (doze) empregador, em um só período, nos 12 (doze)
meses subsequentes à data em que o empregado meses subsequentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito. tiver adquirido o direito.
§ 1º. Desde que haja concordância do empregado,
§ 1º. Somente em casos excepcionais serão as férias poderão ser usufruídas em até três
as férias concedidas em 2 (dois) períodos, um períodos, sendo que um deles não poderá ser
dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias inferior a quatorze dias corridos e os demais não
corridos. poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada
um.

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§ 2º. Aos menores de 18 (dezoito) anos e aos


maiores de 50 (cinquenta) anos de idade, as férias § 2º (Revogado).
serão sempre concedidas de uma só vez.
3º É vedado o início das férias no período de
dois dias que antecede feriado ou dia de repouso
semanal remunerado.

GABARITO: ERRADO

74. Nos termos da Lei nº 13.467/2017, o contrato de trabalho não poderá ser extinto por
acordo entre empregado e empregador.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Extinção do contrato de trabalho.

A Lei nº 13.467, que inaugura a reforma trabalhista, e contém previsão de vigência a contar de
11.11.2017, prevê nova forma de extinção do contrato de trabalho. Até sua entrada em vigor, o
contrato de trabalho se extingue ou por decisão do empregador ou por a pedido do empregado.
Todavia, a contar de 11.11.2017, o contrato de trabalho poderá ser extinto mediante acordo entre
as partes. Nesse caso, serão devidos, pela metade, o aviso prévio, se indenizado, pois, se
trabalhado, será cumprido integralmente; e a indenização sobre o saldo do FGTS, também
pela metade, à similaridade do que ocorre com os casos de culpa recíproca e de força maior,
nos termos do § 2º do art. 17 da Lei nº 8.036. No que tange às demais verbas, serão devidas
integralmente. Desse modo, o enunciado da questão acima trazida está incorreto, pois refere
a impossibilidade, a partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, da extinção do contrato
de trabalho por acordo entre as partes. No contexto do disposto no art. 484-A, § 1º, a extinção
do contrato de trabalho por acordo entre as partes permitirá, ao trabalhador, movimentar a sua
conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), limitada até 80% (oitenta
por cento) do valor dos depósitos. Todavia, a extinção do contrato por acordo não dará direito
ao trabalhador de receber o seguro-desemprego, eis que seu suporte fático prevê o desemprego
involuntário para sua concessão. Sugere-se ao candidato não confundir entre a extinção do contrato
de trabalho por acordo entre as partes e a extinção do contrato de trabalho por culpa recíproca. Em
que pese ambos não deem direito ao recebimento de seguro-desemprego, na culpa recíproca, as
parcelas são devidas pela metade, e, na extinção do contrato por acordo entre as partes, apenas o
aviso prévio, se indenizado, e a indenização do FGTS serão devidos pela metade, pois as demais
verbas serão pagas integralmente.

Extinção do contrato de trabalho por acordo entre as partes.


CLT (antes da Lei nº 13.467, de 2017) CLT (após a Lei nº 13.467, de 2017)

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Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto


por acordo entre empregado e empregador, caso em
que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:

I - por metade:
Sem dispositivo correspondente na
a) o aviso prévio, se indenizado; e
redação antiga.
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei
no 8.036, de 11 de maio de 1990;

II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.


§ 1º A extinção do contrato prevista no caput deste
artigo permite a movimentação da conta vinculada do
Sem dispositivo correspondente na trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
redação antiga. na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento)
do valor dos depósitos.
§ 2º A extinção do contrato por acordo prevista no
Sem dispositivo correspondente na
caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa
redação antiga.
de Seguro-Desemprego.

GABARITO: ERRADO

75. Conforme o entendimento consolidado do TST, é quinquenal o prazo prescricional para


reclamar em face do não recolhimento de contribuição para o FGTS, para os casos em que
a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, observado o prazo de dois anos após o
término do contrato.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: FGTS.

Tendo em vista que o conteúdo programático do último edital para o concurso de Procurador Federal
continha ponto específico a respeito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de que
o tema – FGTS – também constava do edital para último concurso da DPU e foi efetivamente
cobrado na prova objetiva ocorrida no último dia 24.9.2017, é de bom alvitre não negligenciar o
seu estudo. O FGTS foi criado pela Lei nº 5.107/66. Seu intuito era proteger o trabalhador demitido
sem justa causa. Atualmente, seu regramento é feito pela Lei nº 8.036/90. Nos termos do § 5º
art. 23 da Lei nº 8.036/90 e do art. 55 do Decreto nº 99.684/90, as quais disciplinam o FGTS,

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 92


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a prescrição para cobrança dos valores não depositados no FGTS seria trintenária, o que era
aceito pela jurisprudência. Inclusive, o TST possuía a Súmula nº 362 nesse sentido: “É trintenária
a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o FGTS,
observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho”. Todavia, o FGTS
contém previsão constitucional. Está disciplinado na CF/88, art. 7º, inciso III. O mesmo art. 7º
disciplina, em seu inciso XXIX, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, o prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após
a extinção do contrato de trabalho. Desse modo, chegou no STF a discussão acerca da aplicação
ou não do referido inciso XXIX do art. 7º da CF/88 aos depósitos do FGTS, ou seja, se a verba do
FGTS possuiria ou não natureza jurídica de verba trabalhista. Nos autos do ARE nº 709.212/DF,
com repercussão geral, a Suprema Corte, em 13.11.2014, decidiu a respeito do assunto. Chegou-
se à conclusão de que o § 5º art. 23 da Lei nº 8.036/90 e o art. 55 do Decreto nº 99.684/90 estão
em descompasso com a literalidade do dispositivo constitucional, bem como são contrários à
estabilidade das relações jurídicas. Desse modo, foi declarada a inconstitucionalidade das normas
que previam prazo prescricional trintenário para reclamação de valores não depositados no FGTS.
Portanto, valores não depositados ao FGTS devem obedecer à prescrição quinquenal, respeitado
o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Todavia, como haviam prescrições
em curso e por razões de segurança jurídica, o STF entendeu por modular os efeitos da decisão.
Assim, para os casos cujo termo inicial da prescrição – não depósito do FGTS – se dê após a
data do julgamento, aplica-se a prescrição de 5 anos. Para os casos anteriores, ou seja, prazos
prescricionais em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial, ou 5
anos, a partir da data do julgamento. Houve, portanto, uma mudança substancial da jurisprudência,
motivo pelo qual o TST reformulou o teor da sua Súmula nº 362, que passou a dispor nos seguintes
termos: “FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada em razão de erro
material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015. I – Para os casos em que a ciência da lesão
ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra o não-
recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do
contrato; II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em 13.11.2014,
aplica-se o prazo prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo
inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF)”. Frente ao exposto, verifica-
se que o enunciado da questão acima trazida está correto, eis que reflete o teor da jurisprudência
atual sobre o tema FGTS e prescrição. Ainda, recomenda-se leitura integral da Lei nº 8.036/90, que
dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências, eis que é de fácil
entendimento e pode contribuir ao candidato alavancar sua pontuação.

Prazo Prescricional. FGTS.


ANTES da decisão do
APÓS a decisão do STF (ARE 709.212/DF)
STF (ARE 709.212/DF)

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5 anos, respeitados os 2 anos após a extinção do contrato de


30 anos
trabalho
§ 5º do art. 23 da Lei nº
Inciso XXIX do art. 7º da CF/88
8.036/90
Súmula nº 362. É trintenária Súmula nº 362. I – Para os casos em que a ciência da lesão
a prescrição do direito ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do
de reclamar contra o direito de reclamar contra o não-recolhimento de contribuição
não-recolhimento da para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do
contribuição para o FGTS, contrato; II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava
observado o prazo de 2 em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se
(dois) anos após o término consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou
do contrato de trabalho cinco anos, a partir de 13.11.2014

GABARITO: CERTO

76. Conforme o entendimento majoritário do STF, a Administração Pública não pode proceder
ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, independentemente da demonstração de que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Greve.

O direito de greve está assegurado aos trabalhadores em geral pelo art. 9º da CF/88. Consta
que ele é assegurado, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender. Tendo em vista que o § 1º do citado art. 9º
dispõe que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade, foi publicada a Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, que
dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais e regula o atendimento
das necessidades inadiáveis da comunidade. No que diz respeito aos servidores públicos, o direito
de greve está permitido pelo inciso VII do art. 37 da CF/88, o qual refere que será exercido nos
termos e nos limites definidos em lei específica no âmbito da administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Todavia, referida lei específica ainda não foi editada. Desse modo, surgiu a dúvida acerca da (im)
possibilidade de os servidores públicos fazerem greve e se poderia ou não ser utilizada a lei que
rege a greve no âmbito da iniciativa privada a fim de regulamentar a greve no âmbito público. Ao
STF coube dirimir a questão. Decidiu que: “A administração pública deve proceder ao desconto
dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos,

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em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação


em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público” (STF. Plenário. RE 693.456/RJ. Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 27/10/2016. Repercussão geral). Significa dizer que, mesmo sem que tenha
sido editada a lei específica mencionada no inciso VII do art. 37 a CF/88, os servidores públicos
podem fazer greve e isso não será considerado um ato ilícito. Nesse caso, utilizar-se-á das leis
que regulamentam a greve no âmbito da iniciativa privada, no caso, a Lei nº 7.701/88 e a Lei nº
7.783/89. Desse modo, os servidores públicos podem realizar a greve, mas a Administração Pública
poderá descontar da remuneração os dias em que eles ficaram sem trabalhar, uma vez que
a greve é considerada como suspensão do contrato de trabalho nos termos do caput do art. 7º da
Lei nº 7.783/89. A exceção do desconto fica por conta da eclosão da greve por ato ilícito do Poder
Público. Importante observação trazida no julgamento do RE 693.456/RJ, pelo Rel. Min. Dias
Toffoli, diz respeito à possibilidade de que, no futuro, seja editada lei prevendo a greve no serviço
público como hipótese de interrupção do contrato de trabalho, caso em que não seria possível o
desconto dos dias paralisados, uma vez que não há vedação no ordenamento para tal previsão. A
decisão do STF não está isolada, mas é compartilhada por outros Tribunais, como, por exemplo,
o TST, que entende a greve como hipótese de suspensão contratual permitindo o desconto dos
dias de paralisação, salvo em hipóteses excepcionais. Observe: “O entendimento desta Seção
Especializada é o de que, independentemente de a greve ter sido declarada abusiva, ou não, ela
suspende o contrato (art. 7º da Lei de Greve), razão pela qual não é devido o pagamento dos dias
parados. A exceção ocorre em situações excepcionais, tais como aquelas em que o empregador
contribui, mediante conduta recriminável, para que a greve ocorra, ou quando há acordo entre as
partes, hipóteses não configuradas no caso em tela” (TST, RO nº 1000229-73.2014.5.02.0000,
Rel. Min. Dora Maria da Costa, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, J. 19.12.2014). Desse
modo, a assertiva acima trazida está incorreta, pois não reflete o entendimento atual do STF.

GABARITO: ERRADO

77. Conforme a Lei nº 13.467, de 2017, o valor do depósito recursal será reduzido pela metade
para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Depósito recursal.

Nos termos do § 1º do art. 899, o depósito recursal é requisitado de admissibilidade (pressuposto


objetivo) dos recursos ordinário, de revista, de embargos, de agravo de instrumento e extraordinário,
exceto nos casos em que não houver condenação em pecúnia nos termos da Súmula nº 161 do
TST: “DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM PECÚNIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ

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19, 20 e 21.11.2003. Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de


que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT (ex-Prejulgado nº 39)”. Cotejando-se o teor da atual
redação do art. 899 da CLT, bem como dos seus parágrafos, com a trazida pela Lei nº 13.467,
que estará vigente a contar de 11.11.2017, verifica-se que uma de suas principais alterações diz
respeito à redação do § 4º do art. 899. Atualmente, o depósito recursal é feito na conta vinculada
do FGTS do trabalhador (conforme disposição e já recomendação de leitura integral da Lei nº
8.036/90). A partir da entrada em vigor da reforma trabalhista, o depósito recursal será feito em
conta vinculada ao juízo e será corrigido com os mesmos índices da poupança tendo sido
revogado, portanto, o § 5º, que determina que, se o empregado ainda não tivesse conta vinculada
aberta em seu nome, a empresa deveria proceder à respectiva abertura. Nesse sentido, inclusive,
dispunha a Súmula nº 426 do TST, que deverá, inevitavelmente, passar por revogação ou revisão
após e vigência da Lei nº 13.467. No que diz respeito aos demais parágrafos do art. 899, a Lei nº
13.467/2017, não promove alterações. Todavia, inclui os §§ 9º a 11 em referido artigo. Com essas
inclusões, passa a ser expressamente permitido que o valor do depósito recursal será reduzido
pela metade quando se tratar de entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos,
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte. Privilegia-
se, assim, o acesso à justiça a uma determinada gama de empregadores que promovem e mantém
o fluxo da economia, mas que não necessariamente geram riquezas e, se as geram, não é de
grande vulto. Além da redução pela metade, a Lei nº 13.467/2017 trouxe à CLT previsão de isenção
do depósito recursal quando se tratar de beneficiários da justiça gratuita, sejam pessoas físicas
ou jurídicas, entidades filantrópicas e empresas em recuperação judicial. Em que pese a Lei nº
13.467/2017 não disponha sobre a isenção à massa falida, pode-se valer do teor da Súmula nº 86
do TST, que já dispensa o depósito recursal para a empresa falida. Observe: DESERÇÃO. MASSA
FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial
nº 31 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. Não ocorre deserção de recurso da
massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação.
Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. Por fim, uma das
novidades trazidas pela Lei nº 13.467/2017, ao inserir o § 11 ao art. 899 da CLT é a possibilidade
de substituição do depósito recursal por fiança bancária ou seguro garantia judicial à similaridade
da previsão contida no § 2º do art. 835 do NCPC. Desse modo, verifica-se que o teor do enunciado
acima trazido vem ao encontro do § 9º do art. 899 da CLT, estando, assim, correta a assertiva.
Sugere-se ao candidato leitura atenta e comparativa do art. 899 e seus parágrafos, antes e após a
reforma, eis que o intuito da questão, aqui trazida, não foi o de esgotar o tema, mas, sim, de trazer
as novidades legislativas.

Depósito recursal.
CLT (antes da Lei nº 13.467, de 2017) CLT (após a Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 899. Art. 899.

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§ 4º O depósito de que trata o § 1º far-se-á na


conta vinculada do empregado a que se refere
§ 4º O depósito recursal será feito em conta
o art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de
vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos
1966, aplicando-se-lhe os preceitos dessa Lei
índices da poupança.
observado, quanto ao respectivo levantamento,
o disposto no § 1º.
§ 5º Se o empregado ainda não tiver conta
vinculada aberta em seu nome, nos termos
do art. 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro Revogado.
de 1966, a empresa procederá à respectiva
abertura, para efeito do disposto no § 2º.
§ 9º O valor do depósito recursal será
reduzido pela metade para entidades sem
Sem dispositivo correspondente. fins lucrativos, empregadores domésticos,
microempreendedores individuais,
microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 10. São isentos do depósito recursal
os beneficiários da justiça gratuita, as
Sem dispositivo correspondente.
entidades filantrópicas e as empresas em
recuperação judicial.
§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído
Sem dispositivo correspondente.
por fiança bancária ou seguro garantia judicial.

GABARITO: CERTO

78. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso
de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior
do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, por violação direta da
Constituição Federal e, ainda por contrariedade a Orientação Jurisprudencial do TST.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Recursos. Recurso de revista.

O art. 896 da CLT disciplina as hipóteses de cabimento do recurso de revista. Recurso de revista
é o apelo eminentemente técnico e extraordinário – por isso não permite a revisão de fatos e
provas, mas somente discussão de matéria de direito (Súmula nº 126 do TST) –, cabível contra
acórdãos proferidos pelos TRTs em dissídios individuais, cujo objetivo é a uniformização da
jurisprudência (MACHADO, Costa (Org.); ZAINAGHI, Domingos Sávio (Coord.). CLT interpretada

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artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 8. ed. São Paulo: Manole, 2017, p. 883). Todavia, desde
a publicação da Lei nº 9.957, de 2000, quando foi incluído o § 6º ao art. 896 da CLT, as hipóteses de
cabimento do recurso de revista em causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo sofreu restrição.
Dispunha referido § 6º que, nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente seria
admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal
Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República. Em 2014, a Lei nº 13.015
promoveu alterações nos parágrafos do art. 896 da CLT de modo que a disciplina do recurso de
revista nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo passou a ser disciplinada pelo § 9º,
então incluído ao art. 896 da Consolidação Trabalhista. Restou consignado que, quando se tratar
de causa sujeita ao procedimento sumaríssimo (dissídios individuais, cujo valor não exceda a
40 (quarenta) vezes o valor do salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação),
somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme
do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e
por violação direta da Constituição Federal. Inseriu-se, assim, também a possibilidade de sua
interposição quando se tratar de ofensa a súmula vinculante do STF, antes não prevista dentre
suas hipóteses de cabimento. Todavia, não será admitido recurso de revista, ainda que a causa
esteja sujeita ao procedimento sumaríssimo, se o acórdão recorrido tiver contrariado Orientação
Jurisprudencial do TST, pois não há essa previsão na lei. Nesse sentido, inclusive, dispõe a Súmula
442 do TST: “PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE REVISTA FUNDAMENTADO
EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896,
§ 6º, DA CLT, ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000 (conversão da Orientação
Jurisprudencial nº 352 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012.
Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista
está limitada à demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição Federal ou
contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por
contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal”. Desse modo, a assertiva da
questão acima trazida está incorreta, uma vez que mescla, de forma equivocada, a nova redação
do § 9º do art. 896 da CLT com o teor da Súmula nº 442 do TST. Sugere-se ao candidato leitura
atenta do referido art. 896, pois, apesar de o seu § 9º não sofrer alteração pela Lei nº 13.467, de
2017, diversos parágrafos seus foram revogados, bem como foi inserido o art. 896-A.

GABARITO: ERRADO

79. Nos termos da Lei nº 13.467, de 2017, a exceção de incompetência territorial será
apresentada no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção. Protocolada a petição, o processo não será suspenso e
realizar-se-á a audiência de julgamento, embora ainda não decidida a exceção.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: Incompetência territorial.

O tema relativo à competência territorial foi abordado no teor da peça processual trazida na III
Rodada. Todavia, não se adentrou em aspectos relevantes trazidos pela Lei nº 13.467, com vigência
prevista para 11.11.2017. Nos termos do art. 651 da CLT, a competência para o processamento
e julgamento de demandas trabalhistas será determinada pela localidade onde o empregado,
reclamante, ou reclamado, prestou serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado
noutro local ou no estrangeiro. Referido dispositivo – art. 651 da CLT – não sofreu ingerência da
reforma trabalhista, permanecendo inalterado. Todavia, o mesmo não ocorre com o art. 800 da
CLT. Atualmente, ele dispõe que, “apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos
autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na
primeira audiência ou sessão que se seguir”. Com a entrada em vigor da Lei nº 13.467, passa-
se a privilegiar o contraditório e o acesso à justiça quando se estiver tratando de alegação de
incompetência. Nesse caso, o empregador não precisará comparecer no juízo incompetente desde
que, no prazo de 5 (cinco) dias do recebimento da notificação, manifeste-se acerca da incompetência
territorial do juízo por meio de exceção – já surgindo discussão se seria possível ou não alegar a
incompetência em preliminar de contestação nos moldes do NCPC, eis que, a partir da sua entrada
em vigor, não há mais que se falar em exceção de incompetência. Assim, protocolada a petição,
o processo será suspenso e não se realizará a audiência até que se decida a exceção. Deve-
se observar que a movimentação processual não estará totalmente suspensa, pois a exceção
haverá de ser decidida. Trata-se, portanto, de hipótese de suspensão imprópria (parcial), e não
total da marcha processual, suspendendo-se a decisão a respeito do mérito do processo. Assim,
uma vez alegada a incompetência, os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará
o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum, também,
de cinco dias. Caso entenda necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência,
garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória,
no juízo que este houver indicado como competente. Após decidida a exceção de incompetência
territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de
defesa e a instrução processual perante o juízo competente passando-se, assim, ao julgamento
do mérito. Do exposto, verifica-se que questão acima trazida, em sua parte final, confronta com o
teor do § 1º do art. 800 da CLT, inserido pela Lei nº 13.467, de 2017, o que a torna incorreta.

Incompetência territorial
CLT (antes da Lei nº 13.467, de 2017) CLT (após a Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 800 - Apresentada a exceção
Art. 800. Apresentada exceção de incompetência
de incompetência, abrir-se-á vista
territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação,
dos autos ao exceto, por 24 (vinte e
antes da audiência e em peça que sinalize a existência
quatro) horas improrrogáveis, devendo
desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido
a decisão ser proferida na primeira
neste artigo.
audiência ou sessão que se seguir.

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§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo


Sem dispositivo correspondente na
e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843
redação antiga.
desta Consolidação até que se decida a exceção.
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao
Sem dispositivo correspondente na juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os
redação antiga. litisconsortes, para manifestação no prazo comum de
cinco dias.
§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral,
o juízo designará audiência, garantindo o direito de o
Sem dispositivo correspondente na
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por
redação antiga.
carta precatória, no juízo que este houver indicado
como competente.
§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial,
Sem dispositivo correspondente na o processo retomará seu curso, com a designação de
redação antiga. audiência, a apresentação de defesa e a instrução
processual perante o juízo competente.

GABARITO: ERRADO

80. Nos termos do entendimento consolidado do STF em súmula vinculante, a competência


da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução
de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante
das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Execução das contribuições sociais na Justiça do Trabalho.

A escolha do tema objeto desta questão diz respeito ao fato de o conteúdo programático do último
edital para o concurso de Procurador Federal conter ponto específico relacionado a execução das
contribuições sociais na Justiça do Trabalho. Nos termos do inciso I do art. 114 da CF/88, compete
à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. Ao mesmo tempo, o referido art. 114, em seu inciso VIII disciplina
que, também é competência da Justiça do Trabalho, a execução, de ofício, das contribuições
sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças
que proferir, ou seja, as contribuições a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 100


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empregatício, bem como aquelas devidas pelo trabalhador e demais segurados da previdência
social. Significa dizer que a Justiça Trabalhista somente é competente para executar, de ofício,
as contribuições sociais que se refiram às verbas que foram objeto da sentença condenatória
ou do acordo homologado. Isto é, não tem competência para executar, de ofício, contribuições
previdenciárias relacionadas a período reconhecido como de relação de emprego, mas que sobre
o qual não houve condenação. Nesse sentido, há a Súmula nº 368 do TST e a Súmula Vinculante
nº 53 do STF. Aquela refere que “DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA.
COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO.
FATO GERADOR. I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores,
objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição”. Esta, por sua vez,
diz que “a competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal
alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados”. A contrario
sensu, significa dizer que a contribuição social, referente a salário cujo pagamento não foi objeto
da sentença condenatória ou mesmo de acordo, não está sujeita a execução de ofício. Desse
modo, o enunciado da assertiva acima trazida está correto, eis que reflete o que consta na SV nº
53 do STF e na Súmula 368 do TST. Todavia, o candidato deve ficar atento à disposição contida
no parágrafo único do art. 876 da CLT, eis que, em sua parte final, consta que a execução será
realizada de ofício em relação às contribuições sociais em decorrência de decisão proferida pelos
Juízes e Tribunais do Trabalho, que resultem de condenação ou homologação de acordo, inclusive
sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. Ocorre que o Supremo declarou
a inconstitucionalidade dessa parte final do dispositivo, devendo, portanto, ser aplicada a SV nº
53 do STF. Isto é, se a Justiça Trabalhista não se manifestou sobre os salários pagos durante o
período contratual, mas apenas reconheceu a existência do vínculo empregatício, não há que
se falar em constituição do título executivo judicial no que se refere ao crédito de contribuições
previdenciárias (RE 569.056, Rel. Min. Menezes Direito. Tribunal Pleno. J. 11.9.2008). Ademais,
com a entrada em vigor da Lei nº 13.467, em 11.11.2017, o parágrafo único do art. 876 da CLT
passa a ter nova redação consentânea com a SV nº 53 passando a dispor que: “A Justiça do
Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso
II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar”. Caso o aluno
deseje aprofundar o assunto em virtude da importância do tema, bem como analisar o precedente
representativo da controvérsia que deu ensejo à SV nº 53 do STF e, ainda, eventuais julgados
posteriores à edição do enunciado, recomenda-se acesso à página do STF no link: http://www.stf.
jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=2613.

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Execução de ofício. Contribuições sociais.


CLT (antes da Lei nº 13.467, de 2017) CLT (após a Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 876. Art. 876.
Parágrafo único. Serão executadas ex-officio Parágrafo único. A Justiça do Trabalho
as contribuições sociais devidas em decorrência executará, de ofício, as contribuições sociais
de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II
do Trabalho, resultantes de condenação ou do caput do art. 195 da Constituição Federal,
homologação de acordo, inclusive sobre os e seus acréscimos legais, relativas ao objeto
salários pagos durante o período contratual da condenação constante das sentenças que
reconhecido. proferir e dos acordos que homologar.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VITOR VELOSO


E-mail: profcei.vitorveloso@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

81. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas dispõe que o Estado acreditante
está isento do pagamento de impostos e taxas, entretanto é possível que sejam cobrados
valores referentes a serviços específicos que lhe sejam prestados. Interpretando essa norma
em conjunto com o ordenamento tributário brasileiro, o STJ entende pela possibilidade da
cobrança de taxas.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 5. Estados.

Prezados alunos, a questão está correta. Embora haja isenção prevista no artigo 23, da Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, bem como no artigo 32, da Convenção de Viena
sobre Relações Consulares, de 1963, há a exceção dos serviços específicos que sejam prestados
aos Estados acreditantes. Vejamos:

Artigo 23

O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas,


nacionais, regionais ou municipais, sôbre os locais da Missão de que sejam proprietários
ou inquilinos, excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que
lhes sejam prestados.

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Artigo 32º

Isenção fiscal dos locais consulares

1. Os locais consulares e a residência do chefe da repartição consular de carreira de que


fôr proprietário o Estado que envia ou pessoa que atue em seu nome, estarão isentos
de quaisquer impostos e taxas nacionais, regionais e municipais, excetuadas as taxas
cobradas em pagamento de serviços específicos prestados.

Nesse sentido, analisando o art. 145, II, da CF, que trata das espécies de tributos, vemos que o
conceito de taxa no ordenamento brasileiro se enquadra exatamente nessa concepção excepcional,
razão pela qual é possível a cobrança desse tipo de tributo.

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos: (...)

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou


potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;

O Superior Tribunal de Justiça em diversas oportunidade tem se manifestado nesse sentido, trago
um julgado bastante elucidativo que trata de outros aspectos relacionados a imunidade dos Estados
estrangeiros. Leitura recomendada.

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ESTADO ESTRANGEIRO.


CONVENÇÕES DE VIENA DE 1961 E DE 1963. IPTU E TAXA DE COLETA DOMICILIAR
DE LIXO. SÚMULA VINCULANTE 19 DO STF. CABIMENTO EM TESE DE COBRANÇA
DA TAXA. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. POSSÍVEL RENÚNCIA. NECESSIDADE
DA CIÊNCIA DA DEMANDA. 1. Encontra-se pacificado na jurisprudência do STJ
o entendimento de que os Estados estrangeiros possuem imunidade tributária e
de jurisdição, segundo os preceitos das Convenções de Viena de 1961 (art. 23)
e de 1963 (art. 32), que concedem isenção sobre impostos e taxas, ressalvadas
aquelas decorrentes da prestação de serviços individualizados e específicos que
lhes sejam prestados (RO 102/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe
1º/7/2010; RO 45/RJ, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 28/11/2005, p. 240;
EDcl no RO 43/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 14.4.2008). 2. Desse
modo, inadmissível o prosseguimento do processo em relação ao IPTU. Contudo,
solução diversa merece ser dada à exigência da Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo,
que decorre da prestação de serviço específico, conforme a hipótese de incidência
descrita no art. 1º da Lei Municipal 2.687/1998. 3. Em tese, não há óbice à cobrança
da exação, porquanto a Súmula Vinculante 19 do STF preconiza que “A taxa cobrada
exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou

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destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal”. 4. Prevalece no STF a orientação de que, “salvo renúncia, é
absoluta a imunidade do Estado estrangeiro à jurisdição executória” (ACO 543 AgR,
Relator: Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ de 24.11.2006). Por essa razão,
como decidido pelo Ministro Gilmar Mendes, Relator da ACO 645, se a existência da
demanda for comunicada ao estado estrangeiro, e este não renunciar expressamente
à imunidade de jurisdição, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito. 5.
No presente caso, a petição inicial foi extinta de plano, antes mesmo de ter sido dada
ciência ao estado estrangeiro acerca da propositura da demanda, de modo que não lhe
fora oportunizada eventual renúncia à imunidade de jurisdição. Assim, devem os autos
retornar à origem para que se possa consulta-lo sobre a prerrogativa em questão. 6.
Recurso Ordinário parcialmente provido. (STJ - RO: 138 RJ 2012/0188855-6, Relator:
Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 25/02/2014, T2 - SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: DJe 19/03/2014)

GABARITO: CERTO

82. O Direito Comunitário se caracteriza como um ramo do Direito que busca regular os
mecanismos de integração regional que alcançaram um estágio de desenvolvimento mais
profundo. É criado não só pelos Estados, mas também pelos próprios órgãos do bloco
regional e se caracteriza pela aplicabilidade imediata dentro dos entes estatais, como é o
caso do MERCOSUL.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 9. Direito de integração.

A primeira parte da questão aborda o conceito de Direito Comunitário que, embora sejam próximos,
não pode ser confundido com o Direito de Integração. Aquele se caracteriza por um ordenamento
autônomo em relação aos ordenamentos estatais, como forma de efetivamente vincular os
Estados e limitar sua soberania em nome de um interesse maior, que o da comunidade que
formaram. Outra característica, é a existência de órgãos autônomos criados pelos Estados, mas
independentes destes, que atuam dentro da comunidade, i.e, o Parlamento Europeu.

O trecho abaixo é parte da lição do professor Paulo Portela que discorre bem sobre a concepção
desse ramo do Direito.

“Direito Comunitário é o ramo do Direito que regula mecanismos de integração regional


que atingiram um estágio de desenvolvimento mais aprofundado e que é criado não
só pelos Estados, mas também pelos órgãos do bloco regional, sendo ainda marcado
pela aplicabilidade imediata dentro dos entes estatais e pela superioridade hierárquica

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em relação ao Direito interno dos Estados” (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.


Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 1023-1024).

No caso do Direito de Integração, este não se impõe automaticamente sobre Direito interno dos
Estados membros do bloco regional, e os órgãos integracionistas não têm ascendência sobre os
órgãos nacionais. Nesse ramo do Direito, as suas normas podem ou não prevalecer diante dos
preceitos da ordem jurídica nacional, isso vai depender das normas internas dos próprios
Estados que tratam da hierarquia do Direito Internacional dentro do seu ordenamento
jurídico e que regulem sua aplicação.

Ante o exposto, observamos que o MERCOSUL não se enquadra nessa concepção de Direito
Comunitário, já que se aplica as mesmas condições do Direito Internacional clássico, com a ausência
de órgãos supranacionais e a necessidade de incorporação dos tratados aos ordenamentos internos
dos Estados pelos procedimentos cabíveis. Essa é a posição que prevalece na doutrina, razão pela
qual a questão está errada.

GABARITO: ERRADO

83. A União Europeia é um bloco regional considerado supranacional, onde há a existência


de entidades que se encontram em posição de primazia frente aos Estados soberanos que a
compõem, pelos menos em certos aspectos, com normas que prevalecem frente às normas
internas dos seus membros.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 9. Direito de integração.

A questão está correta. O Bloco Europeu é regido por uma série de órgãos que foram criados
pelos próprios Estados que integravam o bloco, mas que lhes foi dada autonomia em relação
aos seus próprios criadores, com ampla capacidade de fazer valer suas determinações frente
aos Estados-membros. Essa concepção de supranacionalidade é abordada pelo professor Paulo
Portela, vejamos:

“É a supranacionalidade modelo avançado de flexibilização da soberania estatal,


por meio do qual os Estados delegam certas competências soberanas a órgãos
e instituições supranacionais, que contam com poderes para aplicar suas
decisões sobre os entes estatais, os quais, por sua vez, obrigam-se a respeitar as
determinações emanadas daqueles.

A supranacionalidade implica a existência de uma “espécie de soberania compartilhada”


ou da chamada “governança multinível”, em que “os Estados “delegam parcelas de suas
competências estatais internas para serem exercidas por instituições supranacionais, que

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são aptas a conduzir os interesses do bloco”.” (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.


Direito internacional público e privado. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 1023-1025).

A parte final da questão destaca a prevalência das normas de Direito Comunitário sobre as
internas dos Estados-membros, que devem ser aplicadas diretamente e independentemente
de qualquer procedimento de internalização ou incorporação adicional. Além disso, como
tratado na questão anterior, haverá primazia em relação ao direito interno do Estado.

O referido autor defende que, até o momento, a União Europeia seja o único modelo de bloco
regional do mundo que incorpora as características do Direito Comunitário, sendo o principal
exemplo.

GABARITO: CERTO

84. A Carta da das Nações Unidas prevê expressamente a necessidade de que as partes em
uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacional,
procurarão meios pacíficos para sua solução desse conflito. É possível, ainda, que o
Conselho de Segurança investigue tais controvérsias ou situações conflitantes.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 14. Conflitos Internacionais.

A questão está correta! Trata-se de previsão expressa da Carta das Nações Unidas com o objetivo
maior de preservação e manutenção da paz entre os Estados. Esses dois pontos estão inscritos no
art. 33 e 34 desse tratado, que possuem o seguinte texto:

Artigo 33.

1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz
e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por
negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a
entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.

2. O Conselho de Segurança convidará, quando julgar necessário, as referidas partes a


resolver, por tais meios, suas controvérsias.

Artigo 34.

O Conselho de Segurança poderá investigar sobre qualquer controvérsia ou situação


suscetível de provocar atritos entre as Nações ou dar origem a uma controvérsia, a fim
de determinar se a continuação de tal controvérsia ou situação pode constituir ameaça
à manutenção da paz e da segurança internacionais.

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A Carta da Organização dos Estados Americanos possui previsão similar e que trata da solução
pacífica entre os seus Estados membros, in verbi:

Art. 25. São processos pacíficos: a negociação direta, os bons ofícios, a mediação, a
investigação e conciliação, o processo judicial, a arbitragem e os que sejam especialmente
combinados, em qualquer momento, pelas partes.

Art. 26. Quando entre dois ou mais Estados americanos surgir uma controvérsia que,
na opinião de um deles, não possa ser resolvida pelos meios diplomáticos comuns, as
partes deverão convir em qualquer outro processo pacífico que lhes permita chegar a
uma solução.

Vejam que não há, em princípio, uma obrigação de que seja utilizado um ou outro meio de
solução de controvérsias, mas desde que sejam firmados de forma amistosa e pacífica. O
Professor Valerio Mazzuoli, destaca bem esse ponto, trazendo comentário do Professor Augusto
Cançado Trinade:

“Às partes cabe a livre escolha dos métodos ali elencados no cumprimento do dever
que elas têm (segundo a Carta das Nações Unidas) de concordar em fazer uso deles.
Isso não significa, contudo, que em matéria de solução de controvérsias internacionais
exista um campo “inteiramente aberto ao voluntarismo estatal” ou que a questão esteja
“totalmente sob o controle da vontade dos Estados: com efeito, o consentimento das
partes litigantes não é necessário para que uma disputa seja levada perante o Conselho
de Segurança ou a Assembleia Geral, e nem mesmo para que o Conselho de Segurança
exerça seus poderes investigatórios; pode o Conselho agir por sua própria iniciativa, a
pedido de qualquer membro da ONU, ou em decorrência de iniciativa do Secretário
Geral”, como destaca Cançado Trindade.” (Mazzuoli, Valerio de Oliveira Curso de
direito internacional público /Valerio de Oliveira Mazzuoli. -- 9. ed. rev., atual. e
ampl. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 1150).

GABARITO: CERTO

85. O Tribunal Penal Internacional possui competência para julgar os crimes mais graves que
afetam a comunidade internacional. Dentre eles se destaca os crimes de guerra praticados
durantes os conflitos armados, enquadrados no conceito de jus ad bellum.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 16. Direito de guerra e neutralidade.

Trouxe para vocês a previsão do artigo 5º do Estatuto de Roma que traz as competências materiais
do Tribunal Penal Internacional. Dentre elas destaco a competência para julgamento dos crimes

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de guerra. Ao longo dos art. 6º a 8º são descritos os conceitos desses crimes. Observem que o
crime de agressão não se encontra inserido no texto original, o qual foi objeto de emenda numa
conferência realizada em Kampala, no Uganda, em 2010, nomeadamente a Resolução RC/Res. 6,
ainda pendente de incorporação ao direito interno brasileiro. Trago o referido art. 5º:

Artigo 5º

Crimes da Competência do Tribunal

1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a


comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal
terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio;

b) Crimes contra a humanidade;

c) Crimes de guerra;

d) O crime de agressão.

Ao longo do artigo 8º e seus parágrafos são apresentadas diversas ações que são classificadas
como crimes de guerra, como por exemplo: As violações graves às Convenções de Genebra,
de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou
bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente (relativas ao Direito
Humanitário Internacional); Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, habitações
ou edifícios que não estejam defendidos e que não sejam objetivos militares; utilizar veneno ou
armas envenenadas; e etc.

O professor Mazzuoli destaca que “este rol exemplificativo dos crimes de guerra previstos
pelo Estatuto de Roma já basta para justificar a criação de uma corte penal internacional de
caráter permanente, com competência para processar e julgar os maiores responsáveis pela
violação do direito internacional humanitário” (Mazzuoli, Valério de Oliveira Curso de direito
internacional público /Valeria de Oliveira Mazzuoli. - 9. ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2015, p. 1150).

A parte final do texto está errada! Trouxe esse ponto para testar o conhecimento e atenção de
vocês, já que essa questão do jus in bello e jus ad bellum foi tratada nas rodadas anteriores.
A questão deveria se referir na verdade ao jus in bello como conceito das limitações jurídicas
impostas aos beligerantes durante os conflitos armados.

GABARITO: ERRADO

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PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

86. Segundo o STJ, a legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento
imposta em sentença condenatória é do Ministério Público.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Penal – 7 Pena de multa criminal (artigo 51 do Código Penal).

Recorde-se, primeiramente, que a multa é uma sanção penal de natureza patrimonial prevista,
em regra, como preceito secundário da norma, a ser cominada de forma isolada ou cumulada
com a pena privativa de liberdade e destinada ao Fundo Penitenciário Nacional, instituído pela Lei
Complementar nº 79/1994 para os fins de custear o sistema de cumprimento de pena no país. O
artigo 51 do CP assim disciplina a matéria:

Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida


de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Por algum tempo houve divergência na doutrina e na jurisprudência sobre de quem seria a
competência para promover a execução fiscal do montante inscrito em dívida ativa. Como antes da
Lei Federal n.º 9.268/1996 o inadimplemento deliberado da pena de multa resultava na conversão
em pena de detenção, alguns defendiam a titularidade do Ministério Público, em razão de sua
natureza criminal, que não teria sido modificada pela atual redação do artigo 51 do CP. Contudo, no
âmbito do STJ, pacificou-se o entendimento de que a competência seria da respectiva Procuradoria
da Fazenda Pública, como se pode depreender da Súmula n.º 521:

Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de


pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da
Fazenda Pública. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/03/2015, DJe 6/4/2015.

Alerto, no entanto, que a questão no STF não é ainda tão consolidada. Isso porque, na famigerada
Ação Penal 470, o Ministro Luís Roberto Barroso, acompanhado pelo Ministro Dias Toffoli, entendeu
que o Ministério Público é o legitimado, prioritariamente, para a execução da pena de multa perante
o Juízo da Execução Criminal, de modo que, se não o fizer em 90 dias, o Juiz da VEC deverá dar
ciência ao órgão da Fazenda Pública (Federal ou Estadual, conforme o caso) para que promova
a cobrança na Vara de Execução Fiscal. Pretende-se, nessa ocasião, dar interpretação conforme
a Constituição ao art. 51 do Código Penal, para que se considere a legitimação prioritária do

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Ministério Público para a execução da pena de multa, restando à Fazenda Pública uma legitimação
subsidiária, em caso de demora do órgão acusador. Com efeito, o Ministro Luís Roberto Barroso
sustentou que, conquanto a multa penal seja dívida de valor, possui caráter de sanção criminal.

O tema é polêmico, e, por isso mesmo, é importante conhecer as variações de entendimento entre
STJ e STF.

GABARITO: ERRADO

87. Segundo o STJ, o Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória
que vise à garantia do pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital Direito Penal – Direito Penal – 7 Pena de multa criminal (artigo 51 do
Código Penal).

Cuidado porque o conhecimento apenas do conteúdo da Súmula 521-STJ pode levar a erro, e
com certeza o examinador deve explorar esse aspecto da jurisprudência. Isso porque, embora
a legitimidade para a execução fiscal da multa pendente de pagamento imposta em sentença
condenatória seja exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública, a adoção de medidas
assecuratórias que visem à garantia do pagamento da multa imposta por sentença penal
condenatória é de atribuição do Ministério Público.

O entendimento restou assentado pelo STJ no julgamento do REsp 1.275.834-PR, sustentando que
a legitimidade para execução fiscal conferida pelo artigo 51 do CP às Procuradorias da Fazenda
Pública não impede o parquet de atuar previamente com medidas assecuratórias. Com efeito, a
legitimidade do Ministério Público, neste caso, está assegurada pelo artigo 142 do CPP, que dispõe
que caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se
houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer. Assim, o artigo
51 do CP e o artigo 142 do CPP são perfeitamente conciliáveis.

GABARITO: CERTO

88. Segundo o STJ, a prescrição da pretensão punitiva do crime de apropriação indébita


previdenciária (art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito
tributário estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no
juízo cível.

COMENTÁRIO

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»» Ponto do edital: Direito Penal – 9 Extinção da punibilidade. 15 Crimes de estelionato


contra a Fazenda Pública.

O crime de apropriação indébita previdenciária é um delito de natureza material, que pressupõe,


para sua consumação, a realização do lançamento tributário definitivo, dependendo a própria
existência do tipo penal de decisão cível acerca da exigibilidade do crédito tributário. Recorde-se,
mais uma vez, o teor da Súmula Vinculante n.º 24 do STF, que dispõe que: “Não se tipifica crime
material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo”.

A partir dessa premissa, no julgamento do RHC 51.596-SP, o STJ decidiu que se o crédito
tributário permaneceu com a exigibilidade suspensa em razão de antecipação dos efeitos da
tutela, a prescrição da pretensão punitiva também deve permanecer suspensa, porquanto
Estado-acusação não está sendo inerte por vontade própria.

Sobreleve-se que a existência de tutela provisória no juízo civil, suspendendo a validade da


constituição do crédito tributário, impede, inclusive, o ajuizamento da ação penal.

GABARITO: CERTO

89. A superveniência do término de mandato eletivo é causa de interrupção do julgamento


iniciado pelo STF de denúncia criminal ofertada contra parlamentar, deslocando a
competência para outra instância.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – 3 Jurisdição. Competência: critérios de


determinação e modificação. Incompetência.

Impende, primeiramente, lembrar que nos termos do artigo 102, inciso I, alínea b, da CF/88, os
membros do Congresso Nacional são julgados nas infrações penais comuns e nos crimes de
responsabilidade pelo STF. A jurisprudência do STF enfrentou ao longo do tempo questões relativas
ao momento do cometimento da infração penal e a atração do foro por prerrogativa de função em
razão da diplomação no cargo público.

Inicialmente o STF aplicava a denominada regra da contemporaneidade, como se pode extrair


da cancelada Súmula 394, que preconizava que “Cometido o crime durante o exercício funcional,
prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação
penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício”. Após o cancelamento da Súmula 394
em 1999, por uma evolução jurisprudencial, o STF passou a adotar a regra da atualidade. Como
ensina Alexandre de Moraes “a regra da contemporaneidade da infração penal comum com o
exercício do cargo público deixou de ser aplicada. Ela foi substituída pela atualidade entre o crime e

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o exercício da função. Dessarte, os delitos praticados antes de eventual diplomação que já estejam
sendo processados subirão para o foro especial durante o período do mandato. Após ele, descerão
novamente ao órgão julgador competente a que estavam submetidos, revelando certa itinerância
do processo, salvo se transitado em julgado” (MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 17
ed. São Paulo: Atlas, 2005, p.491-492).

Pela regra da atualidade, tratando-se de crime comum praticado por detentores de foro por
prerrogativa de função, a competência será do STF somente enquanto durar o cargo ou
mandato. Contudo, referida regra é excepcionada nos seguintes casos:

(i) se o julgamento já tiver sido iniciado (STF. Plenário. Inq 2295, Rel. p/ Acórdão Min. Menezes
Direito julgado em 23/10/2008);

(ii) se a renúncia se caracterizou como fraude processual (STF. Plenário. AP 396/RO, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/10/2010);

Logo, por se enquadrar na exceção à regra da atualidade, a afirmativa está errada.

GABARITO: ERRADO

90. De acordo com o STJ, a modificação da competência em razão de superveniente aquisição


pelo réu de foro por prerrogativa de função implica em desfazimento dos atos decisórios até
então praticados, cabendo ao novo juízo ratificá-los para regular produção de seus efeitos.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: Direito Processual Penal – Direito Processual Penal – 3 Jurisdição.


Competência: critérios de determinação e modificação. Incompetência. 8 Das
nulidades.

Seguindo o tema da questão anterior, fundamental saber para a sua prova a consequência dos
atos processuais praticados anteriormente à causa de modificação da competência pela regra da
atualidade. O assunto é de extrema relevância, uma vez que pode alterar os marcos interruptivos
da prescrição na hipótese de se compreender, por exemplo, que a denúncia deverá ser novamente
recebida.

No julgamento do HC 238.129-TO, o STJ decidiu que, após iniciada a ação penal perante
determinado juízo, caso ocorra modificação da competência em razão da investidura do
réu em cargo que atraia foro por prerrogativa de função, serão válidos os atos processuais
– inclusive o recebimento da denúncia – realizados antes da causa superveniente de
modificação da competência, sendo desnecessária, no âmbito do novo juízo, qualquer
ratificação desses atos.

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Para o STJ, entendimento em contrário afrontaria a noção de tempus regit actum, pois o juiz
era competente antes de tal modificação de competência. A necessidade de ratificação de atos
processuais é o procedimento intrinsicamente ligado à ideia de nulidade por incompetência
relativa ou absoluta superveniente. A aplicação da regra da atualidade é causa de modificação da
competência, mas não de reconhecimento de incompetência do juízo originário.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

91. O procedimento cautelar fiscal apenas poderá ser instaurado após a constituição do
crédito.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 31 Medida cautelar fiscal (Lei nº 8.397/1992).

A regra, de fato, é a de que “O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição
do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e respectivas autarquias” (art. 1º, da Lei nº 8.397/1992). No entanto, trata-
se de uma regra geral.

As exceções constam do parágrafo único do artigo mencionado, segundo a qual o requerimento da


medida cautelar fiscal independe de prévia constituição do crédito tributário: i) na hipótese de
o devedor ter sido notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito
fiscal e ponha ou tente pôr seus bens em nome de terceiros ou, ainda, ii) quando o devedor aliena
bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente,
quando exigível em virtude de lei. Portanto, a assertiva é falsa.

GABARITO: ERRADO

92. Para a concessão da medida cautelar fiscal exige-se a comprovação da probabilidade do


direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 31 Medida cautelar fiscal (Lei nº 8.397/1992).

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Os requisitos para a concessão de tutela provisória, em geral, são tratados pelo CPC, no caso mais
específico, no art. 300, caput, segundo o qual “A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo”.

Ocorre que, para a concessão da medida cautelar fiscal, existem requisitos expressos na legislação
(Lei n. 8.397/1992), segundo a qual “Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial:
I - prova literal da constituição do crédito fiscal; II - prova documental de algum dos casos
mencionados no artigo antecedente”.

O mencionado art. 2º trata dos requisitos à concessão da referida medida:  ”Art. 2º A medida


cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário,
quando o devedor: I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa
de pagar a obrigação no prazo fixado; II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar,
visando a elidir o adimplemento da obrigação; III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar
bens; IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; V -
notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: a) deixa de
pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; b) põe ou tenta por seus bens em
nome de terceiros; VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem
trinta por cento do seu patrimônio conhecido; VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida
comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; VIII -
tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; IX - pratica
outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito”.

Em suma, os requisitos para a concessão da medida cautelar fiscal são diversos daqueles exigidos
para a concessão da tutela provisória no CPC/2015.

GABARITO: ERRADO

93. Para a propositura da ação monitória, exige-se a utilização de prova documental.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 24 Ação monitória.

De acordo com o art. 700 do CPC, “A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz”. Há
o complemento do que pode vir a significar prova escrita no “§ 1º A prova escrita pode consistir
em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381”.

É importante que se compreenda a diferença entre prova documental e prova documentada


para que se entenda a razão pela qual a assertiva está incorreta.

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A prova documental é aquela em que o fato é representado diretamente pelo documento.


Por outro lado, a prova documentada é decorrência do formalismo do processo, que exige a
documentação dos atos neles praticados.

Por conta disso, qualquer prova que não a documental – testemunhal, pericial etc – será representada
por meio de um documento, mas isso não faz com que perca a sua natureza originária. Note-se
que a representação do fato que se deseja provar é realizada por meio da prova testemunhal, não
por meio do documento no qual esta foi representada.

Pode-se pensar em uma prova testemunhal ou pericial produzida antecipadamente e que são
documentadas, mas, no processo principal, chegarão como provas documentadas. “Isso quer dizer
que a declaração testemunhal e o laudo pericial obtidos antecipadamente provam apenas o que
as testemunhas disseram e o perito concluiu. Nesse sentido apenas documentam um testemunho
e uma perícia, sem constituírem provas documentais capazes de representar (MARINONI, Luiz
Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz. Prova. São Paulo: RT, 2009, p. 300).

Uma prova testemunhal documentada, que venha a ser utilizada como prova emprestada em outro
processo não deixa de ser prova testemunhal. A grande importância dessa diferenciação ocorre
nos procedimentos em que há alguma restrição cognitiva, como ocorre no mandado de segurança,
em que apenas se admite a prova documental, portanto, não se admitiria, por exemplo, que a
parte se utilizasse de uma prova testemunhal documentada para ingressar com um mandado de
segurança.

Veja-se que, como a ação monitória exige apenas a prova escrita, não há qualquer óbice à utilização
da prova documentada, não se exigindo que ela seja uma prova documental.

GABARITO: ERRADO

94. A desistência no mandado de segurança pode ser realizada a qualquer tempo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Mandado de segurança individual e coletivo.

O regime da desistência do processo civil – em geral – é regulado pelo CPC e possui, como
limite temporal a sentença. Isso é afirmado pelo art. 485, § 7º: “A desistência da ação pode ser
apresentada até a sentença”.

Ocorre que os tribunais superiores têm entendido (STF e STJ), que a desistência no mandado
de segurança teria regime diverso. Veja-se o seguinte trecho de decisão do STJ: “O Plenário do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 669.367/RJ, sob o regime da repercussão geral
(art. 543-B do Código de Processo Civil), adotou o entendimento segundo o qual a desistência em

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mandado de segurança é prerrogativa de quem o propõe, e pode ocorrer a qualquer tempo


antes do trânsito em julgado, sem anuência da parte contrária e independentemente de já
ter havido decisão de mérito e de ser desfavorável (denegatória da segurança) ou favorável
ao autor da ação (concessiva)” (STJ, AgRg na DESIS no REsp 1.452.786/PR, j. 24/03/2015, DJe
30/03/2015).

O raciocínio, que começou a ser desenvolvido pelo STF foi no sentido de que o mandado de
segurança é uma ação dada ao cidadão contra o Estado e, portanto, não gera direito à autoridade
pública considerada coatora, pois seria “intrínseco na defesa da liberdade do cidadão”.

GABARITO: CERTO

95. Da sentença na ação discriminatória caberá apelação com efeito suspensivo ope legis e
devolutivo.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 27 Ação discriminatória

De acordo com a doutrina, a ação discriminatória é “a ação conferida à União e aos Estados, para
separar as terras de seu domínio das de propriedades particulares. Estas terras, que compõem
o domínio privado da União, dos Estados e dos Municípios, denominam-se terras devolutas”
(BORGES, Marcos Afonso. Ação discriminatória. Revista da Faculdade de Direito da UFG, n. 3,
1978, p. 9).

O procedimento judicial de tal ação é regulado pela Lei 6.383/1976. Segundo o art. 21 da mencionada
lei, “Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito devolutivo, facultada a execução
provisória”. Portanto, trata-se de uma exceção à regra geral do art. 1.012: “Art. 1.012. A apelação
terá efeito suspensivo. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que”. Portanto, a assertiva está incorreta.

GABARITO: ERRADO

96. O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às


ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em
parte, na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da competência para a
Justiça Federal.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 27 Ação discriminatória

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A legislação processual estabelece uma série de preferências, seja pela natureza do processo
(a exemplo do IRDR, que “terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam
réu preso e os pedidos de habeas corpus” (art. 980, caput, CPC)), seja pela situação subjetiva do
indivíduo (aqueles “em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas
no art. 6º, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988” (art. 1.048, I, CPC)).

No caso, tem-se uma preferência pela natureza do processo, que é expressamente mencionada
pelo art. 23, da Lei 6.383/1976: “Art. 23 - O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial
e prejudicial em relação às ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis
situados, no todo ou em parte, na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da
competência para a Justiça Federal”.

GABARITO: CERTO

97. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ajustar compromisso recíproco


para prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado,
mediante termo de cooperação firmado pelas respectivas procuradorias.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 32 Prerrogativas da Fazenda Pública em juízo.

Uma interessante novidade do CPC/2015 foi a previsão do art. 75, § 4º, segundo o qual “Os Estados
e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual por
seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas
procuradorias”.

Note-se que a assertiva contém dois erros: i) insere os Municípios como legitimados a realizar
tais compromissos recíprocos e b) trocar o instrumento pelo qual esse compromisso recíproco
deve ser utilizado, pois deve haver utilização de convênio e não termo de cooperação.

GABARITO: ERRADO

98. É possível, em certas situações, a aplicação dos efeitos materiais da revelia à Fazenda
Pública.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 10 Petição inicial: conceito, requisitos. Pedidos: espécies, modificação,


cumulação. Causa de pedir. Despacho liminar: objeto, natureza, de conteúdo positivo,

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de conteúdo negativo. Da citação. Da intimação. Da resposta do réu: contestação,


exceções, reconvenção. Revelia. Direitos indisponíveis. Providências preliminares e
julgamento conforme o estado do processo. Antecipação de tutela. Tutela específica.

De acordo com a doutrina “A revelia é ato-fato processual que produz os seguintes efeitos: a)
efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante (art.
344, CPC); b) os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da
decisão (art. 346, CPC); c) preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias de
defesa (efeito processual, ressalvadas aquelas p revistas n o art. 342 do CPC); d) possibilidade de
julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (art. 355,
II, CPC)” (DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 19 ed. Salvador: Juspodivm, 2017,
v. 1, p. 749).

Em regra, a revelia gera efeitos materiais, mas, em algumas situações, esse efeito não é produzido,
como é o caso dos direitos indisponíveis (art. 345, II, CPC). A Fazenda Pública, em regra, não
sofre os efeitos materiais da revelia porque seus direitos são indisponíveis.

No entanto, existem algumas exceções à produção dos efeitos materiais da revelia contra a Fazenda
Pública. O mais conhecido deles advém da OJ 152, segundo a pessoa jurídica de direito público
sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da CLT. Para a assertiva em questão, o mais importante
é, de acordo com o STJ, quando a Fazenda Pública está inserida em uma relação de direito
privado (STJ, RESP 1.084.745). No mencionado precedentes, consta a seguinte afirmação: “Os
efeitos materiais da revelia não são afastados quando, regularmente citado, deixa o Município de
contestar o pedido do autor, sempre que não estiver em litígio contrato genuinamente administrativo,
mas sim uma obrigação de direito privado firmada pela Administração Pública”.

GABARITO: CERTO

99. É cabível a majoração de honorários no julgamento de improcedência da apelação em


mandado de segurança.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Mandado de segurança individual e coletivo.

De acordo com o art. 85, § 11, do CPC, “O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”. Em tese, no julgamento da
apelação, haverá a majoração dos honorários fixados anteriormente. O problema é que há uma

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particularidade no enunciado.

Ocorre que, de acordo com o art. 25, da Lei 12.016/2009 (Lei do MS), “Não cabem, no processo de
mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento
dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-
fé”. A partir da particularidade no procedimento do mandado de segurança, qual seja, a ausência
de condenação em honorários advocatícios, passa a não ser possível a incidência do art. 85, §11
do CPC, pois este fala em majoração, mas não há majoração sobre o nada.

Essa conclusão foi chancelada pelo STJ, quando, no informativo n. 592, afirmou que “O art. 25
da Lei n. 12.016/2009, que estabelece regra de descabimento de condenação em honorários
advocatícios “no processo mandamental”, afasta a incidência do regime do art. 85, § 11, do
CPC/2015’”. (RMS 52.024-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade, julgado em
6/10/2016, DJe 14/10/2016).

GABARITO: ERRADO

100. No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública,
as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da
segurança devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha suplementar.

COMENTÁRIO

»» Ponto do edital: 21 Mandado de segurança individual e coletivo.

Em didática decisão, publicada no informativo n. 576, a segunda turma do STJ afirmou que
“Destaca-se, inicialmente, que a jurisprudência das Turmas da Primeira Seção do STJ se firmou
no sentido de que, no mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda
Pública, não se aplica o rito dos precatórios (arts. 100 da CF e 730 do CPC) às verbas devidas
entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança, devendo esses
valores serem pagos mediante inclusão em folha suplementar, diante da natureza mandamental da
decisão concessiva” (AgRg no AREsp 360.999-GO, Primeira Turma, DJe 9/6/2015; AgRg no REsp
1.247.993-AM, Segunda Turma, DJe 24/4/2015). O STF, no entanto, ao apreciar o RE 889.173-
MS (DJe 17/8/2015), reconheceu a repercussão geral da matéria e julgou-a de maneira diversa
da firmada pelo STJ, tendo o Min. Rel. Luiz Fux, na ocasião, exarado que: “os pagamentos
devidos pela Fazenda Pública estão adstritos ao sistema de precatórios, nos termos do
que dispõe o artigo 100 da Constituição Federal, o que abrange, inclusive, as verbas de
caráter alimentar, não sendo suficiente a afastar essa sistemática o simples fato de o débito
ser proveniente de sentença concessiva de mandado de segurança”. Portanto, imperiosa a
aplicação do entendimento firmado pelo STF à hipótese”. (STJ, 2ª T., REsp 1.522.973-MG, Rel.
Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 4/2/2016, DJe

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12/2/2016). Ver, no mesmo sentido: STJ, 2ª T., REsp 1.530.169/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, j.
07/03/2017, DJe 19/04/2017.

Note-se que o entendimento do STJ foi alterado pelos novos precedentes do STF e, agora, as duas
Cortes possuem o mesmo entendimento sobre a matéria.

GABARITO: CERTO

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RUBENS VENTURA


E-mail: profcei.rubensventura@gmail.com

LEGISLAÇÃO DE ENSINO

»» Ponto do edital abordado: 1 A educação na Constituição da República Federativa do


Brasil. 3 Leis de Diretrizes e Bases da Educação.

1. “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito
humano se eleva para a contemplação da verdade” (Carta Encíclica Fides et Ratio: sobre as
relações entre fé e razão. Papa João Paulo II. 14 de setembro de 1998).

Discorra sobre a constitucionalidade de ensino religioso nas escolas públicas, abordando,


necessariamente:

a) Modelo constitucional adotado pela CF/88 nas relações entre Estado e religiões;

b) Diferença entre laicidade e laicismo;

c) Diferença entre ensino religioso confessional e ensino religioso não confessional;

d) Entendimento do STF sobre a constitucionalidade do artigo 33, caput, e §§ 1º e 2º,


da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 05/10/2017:
profcei.rubensventura@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 121


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PROFESSORA: MARIANNA MOTTA


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

A empreiteira “BSF – Brasil Sem Fraude Ltda.” venceu a licitação para construção de um
presídio no interior de Tabatinga/AM. Assim, tendo dificuldade em contratar trabalhadores
em virtude da distância até o canteiro de obras e pela grande oferta de trabalhadores
senegaleses e haitianos (estrangeiros), optou por contratá-los, em que pese estivessem em
situação irregular no país. Esses trabalhadores, arregimentados, concordaram em não ter
CTPS assinada e a receber valor inferior ao piso da categoria dos trabalhadores da construção
civil. Diante dessas informações, elabore um texto dissertativo abordando os seguintes
tópicos e os artigos da legislação pertinente, bem como as súmulas correspondentes, se
houver:

a) Explique qual é o conceito de trabalho válido, trabalho proibido, trabalho ilícito e


trabalho escravo;

b) Explique se o caso acima exposto contempla um caso de trabalho válido, trabalho


proibido, trabalho ilícito ou trabalho escravo e o porquê do enquadramento;

c) Explique se, no caso trazido acima, poderá haver reconhecimento do vínculo


empregatício e o pagamento das respectivas verbas rescisórias.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 05/10/2017:
profcei.mariannamotta@gmail.com - LIMITE 30 LINHAS

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira pág. 122


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PARECER

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Em abril de 2016, Carlos, então com 23 anos, trafegava, com seu celta preto rebaixado,
durante a madrugada, em uma rodovia federal, quando atingiu um cavalo que atravessava
a rodovia. Com o choque, Carlos veio a falecer. No Boletim de Acidente de Trânsito (BAT),
consta que o automóvel trafegava em velocidade compatível com a rodovia, mas o motorista
não estava usando o cinto de segurança. A noite estava clara e a rodovia tinha iluminação
suficiente, no entanto, não foi possível identificar se o falecido trafegava com os faróis
acesos ou não, elemento relevante na avaliação de sua responsabilidade.

Devido a essa situação, Joana, então com 30 anos, esposa do autor, em litisconsórcio com
suas duas filhas, Carla e Maria, que possuíam, respectivamente, 3 e 4 anos, ingressaram
com ação de indenização por danos morais contra o DNIT.

Alegaram, em sua exordial, que seria hipótese de responsabilidade civil objetiva e que
o evento morte teria sido causado pela presença do animal na pista. Com base nisso,
requereram a procedência dos pedidos e a condenação do réu na obrigação de pagar-lhes:
a) indenização por danos morais, no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); b) pensão
vitalícia, no valor de cinco salários mínimos a serem pagos a Joana (até que atingisse 75
anos) e às filhas (até que completassem 30 anos); c) danos materiais, no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), que teriam sido gastos no funeral de Carlos.

Destaque-se a ausência de provas relativas ao valor da remuneração média de Carlos e


também dos valores gastos no funeral.

Na contestação, a Procuradoria Federal negou todos esses fatos, tendo destacado que, com
base na regra da eventualidade, mesmo que se considerasse ter havido responsabilidade
estatal pelo acidente ocorrido com o animal, houve a descoberta, mediante investigações
posteriores, de que havia uma testemunha afirmando que Carlos transitava com o farol
apagado.

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Durante a instrução probatória, houve requerimento expresso da realização da produção de


prova testemunhal, que, no entanto, foi negada pelo juiz.

A sentença julgou o pedido procedente, afirmando que seria caso de configuração da


responsabilidade objetiva, condenando a União ao pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais), além da fixação da
pensão vitalícia e dos danos materiais nos exatos valores requeridos na petição inicial.

Com base nessa situação hipotética, elabore, na condição de Procurador Federal lotado no
DNIT, o recurso cabível da mencionada decisão judicial. Ao elaborar a peça, aborde todos
os aspectos de direito material e processual pertinentes ao caso, dispense relatório e não
crie fatos novos.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 05/10/2017:
profcei.ravipeixoto@gmail.com - LIMITE 150 LINHAS

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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 5ª RODADA

PROFESSOR:___________________________________________________________________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-PROCURADOR FEDERAL 2017 - 5ª RODADA


PROFESSOR:___________________________________________________________________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

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