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CEI-AGU/PGFN

2ª RODADA - 29/07/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

2ª RODADA - 29/07/2015

RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Direito Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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INSTRUÇÕES GERAIS

Caros alunos,

A fim de promover uma melhor preparação, reformulamos a distribuição das questões de Direito Tributário
e Direito Processual Civil, conforme a relevância de cada disciplina. Serão, portanto, nas rodadas ao estilo
ESAF, sempre 4 questões de Direito Tributário e 3 de Direito Processual Civil. Nas rodadas ao estilo CESPE
inverteremos a cobrança, sendo 4 questões de Direito Processual Civil e 3 de Direito Tributário.

Bons estudos!

Att.,

Equipe CEI-AGU/PGFN Reta Final

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................5


DIREITO ADMINISTRATIVO.....................................................................................................................5
DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................5
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................6
DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................6
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................6
DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................................7
DIREITO CIVIL..............................................................................................................................................7
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................................7
DIREITO EMPRESARIAL............................................................................................................................8
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO....................................................................................................8
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO...................................................................................................8
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL..............................................................................................9
DIREITO DO TRABALHO...........................................................................................................................9
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................................................9
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................................9
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.........................................................................................................10
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO.........................................................................11
DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................11
DIREITO CONSTITUCIONAL..................................................................................................................13
DIREITO FINANCEIRO..............................................................................................................................15
DIREITO ECONÔMICO.............................................................................................................................17
DIREITO TRIBUTÁRIO...............................................................................................................................18
DIREITO AMBIENTAL...............................................................................................................................21
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................26
DIREITO PROCESSUAL CIVIL................................................................................................................28
DIREITO EMPRESARIAL..........................................................................................................................32
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................35
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................................................................................................37
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL............................................................................................39
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................42
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................43
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.....................................................................................................45

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. A pretensão indenizatória decorrente de suposta tortura e morte de preso custodiado pelo


Estado não é imprescritível, e tem como termo inicial da prescrição, nos casos em que não chegou
a ser ajuizada ação penal para apurar os fatos, a data do arquivamento do inquérito policial.

2. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária
e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei. Segundo entendimento do STF, a expropriação, nesse caso, deve
se restringir a área onde efetivamente são plantadas as culturas ilegais de plantas psicotrópicas.

3. Fica configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de


falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água, quando nele foi encontrado um
cadáver humano. Essa falha na prestação do serviço configura dano moral a ser indenizado ao
consumidor ofendido, o qual deve, nesse caso, demonstrar o efetivo prejuízo extrapatrimonial
sofrido para que seja indenizado.

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas


da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, sem
necessidade de que, ao completar 70 (setenta) anos de idade, sejam submetidos a nova sabatina
pelo Senado para que adquiram esse direito.

5. Ainda que possuam caráter dúplice ou ambivalente, não se admite a cumulação de pedidos
típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle concentrado.

6. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato


normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de
embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória. Por este motivo,
declarada improcedente ADI que sustentava a inconstitucionalidade formal de um ato normativo,
não se admite que, posteriormente, seja questionada a constitucionalidade material desse mesmo
ato normativo em outra ADI.

7. A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo

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sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.

DIREITO FINANCEIRO

8. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, embora tenha reconhecido a inconstitucionalidade da


norma constitucional inserida na Carta Magna pelo legislador constituinte derivado que fixou a
atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial
de remuneração da caderneta de poupança, conferiu, no ponto, eficácia prospectiva à declaração
de inconstitucionalidade, mantendo-se válidos, portanto, os precatórios expedidos ou pagos até
a data da conclusão do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4425.

9. Ao Tribunal de Contas da União, no exercício de seu mister de auxiliar o Congresso Nacional


no controle externo concernente à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, compete,
conforme expressa previsão legal, acompanhar o cumprimento da vedação quanto à aquisição,
pelo Tesouro Nacional, de títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central
do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

DIREITO ECONÔMICO

Acerca das Medidas de Salvaguarda no Direito Brasileiro, julgue a assertiva abaixo:

10. Medida de Salvaguarda Provisória, cuja duração máxima será de seis meses, poderá ser
aplicada em circunstâncias críticas, nos casos em que qualquer demora possa causar prejuízo
grave de difícil reparação, ocasião em que a avaliação quanto à existência de elementos de prova
claros de que o aumento das importações causou ou esteja ameaçando causar prejuízo grave à
indústria doméstica será feita posteriormente à decretação da medida.

11. O Protocolo de Olivos, que estabelece mecanismos para solucionar controvérsias no âmbito
do Mercosul, prevê a possibilidade de apresentação, por particulares, de reclamações em razão
de alegada violação do Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e
acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado
Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio
do MERCOSUL.

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. Ainda que de caráter infralegal, a norma que altera o prazo de pagamento do tributo não se
sujeita ao princípio da anterioridade.

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13. A instituição de contribuição de melhoria imprescinde da efetiva valorização imobiliária


decorrente de obra pública, cabendo ao ente tributante o ônus de realizar a respectiva prova da
presença de tais requisitos.

14. A cobrança judicial da dívida ativa de natureza não tributária deve observar o regramento
previsto no Código de Processo Civil, e não aquele disciplinado na Lei de Execuções Fiscais (Lei
nº 6.830/80).

DIREITO AMBIENTAL

15. De acordo com a jurisprudência atual do STJ, no tocante à responsabilidade administrativa


ambiental, a aplicação da penalidade de multa decorrente da prática de infração ambiental grave
deve ser precedida da imposição da penalidade de advertência, em observância ao comando do
art. 72 da Lei 9.605/1998.

16. A Constituição Federal de 1988 admite a elaboração de estudos póstumos de impacto


ambiental no caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente.

17. Segundo o STF, não há ilegalidade na criação de mais de um tipo de unidade de conservação
da natureza a partir de um único procedimento administrativo.

18. De acordo com a Lei Complementar n.º 140, de 8 de dezembro de 2011, o decurso dos prazos
de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, implica emissão tácita e autoriza a prática
de ato que dela dependa ou decorra.

DIREITO CIVIL

19. Nas obrigações solidárias cada devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal, logo,
qualquer credor poderá demandar judicialmente qualquer devedor. Neste caso, o devedor se
exonera de sua obrigação adimplindo-a junto a qualquer credor solidário.

20. As taxas de manutenção criadas por associações de moradores não obrigam os não associados
ou que a elas não anuíram.

21. Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, a Seguradora denunciada pode
ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar a indenização devida à vítima, nos
limites contratados na apólice.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. A União possui legitimidade para figurar no pólo passivo de ação em que o autor visa ao

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pagamento de indenização em decorrência de erro médico cometido em hospital particular


conveniado ao SUS.

23. O compromisso arbitral é método heterocomposto de solução do litigio, compondo o elenco


das matérias cognoscíveis de ofício pelo juiz no processo.

24. O recorrente deve ser intimado para complementar o preparo quando, embora efetue o
pagamento das custas, deixe de fazê-lo quanto ao porte de remessa e retorno.

25. Em execução invertida de pequeno valor descabe condenar o ente público ao pagamento de
honorários advocatícios em favor do exequente.

DIREITO EMPRESARIAL

26. Caso a companhia delibere, em Assembleia, pela propositura de ação de responsabilidade


contra seu administrador e não o faça dentro do prazo de três meses, a contar da deliberação,
qualquer acionista poderá promovê-la, inclusive em litisconsórcio ativo.

27. A prescrição da pretensão executória de título cambial enseja o cancelamento automático de


anterior protesto, ainda que regularmente lavrado e registrado.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. A jurisprudência do STF posiciona-se pela imunidade relativa de jurisdição em favor dos
Estados estrangeiros e das organizações internacionais.

29. A compensação e a suspensão de concessões ou de outras obrigações são medidas


temporárias disponíveis no caso de as recomendações e decisões prolatadas no âmbito da solução
de controvérsias da OMC não serem implementadas, sendo que as compensações devem ser
acordadas entre as partes envolvidas.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

30. Compete ao Departamento Internacional da Procuradoria-Geral da União definir a estratégia


jurídica, orientar a atuação, bem como elaborar e aprovar previamente as manifestações a serem
apresentadas por advogados e especialistas contratados para defender a República Federativa
do Brasil em foros estrangeiros, observadas as orientações do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da União.

31. O papel da Advocacia-Geral da União, no âmbito da aplicação da Convenção da Haia sobre


os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças de 1980, consiste no ajuizamento de
ações, perante foros estrangeiros, visando ao retorno de menores que tenham sido ilicitamente

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transferidos ou retidos no exterior.

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

32. Configura crime impossível o cometimento de furto no interior de estabelecimento comercial,


que utilize, por si só, sistemas eletrônicos de vigilância e de segurança.

33. Nos crimes de peculato e no emprego irregular de verbas ou rendas públicas, o sujeito
ativo visa benefício próprio ou alheio, em detrimento do interesse público representado pela
Administração Pública.

34. No curso da investigação criminal, a verificação do juízo criminal competente para apreciar
o pedido de interceptação telefônica, enquanto medida cautelar preventiva, deve ser feita com
base nos elementos de prova existentes até então, à luz da regra do rebus sic stantibus.

DIREITO DO TRABALHO

35. É inválida negociação coletiva que acarrete em diminuição salarial por contrariar o princípio
da irredutibilidade salarial.

36. Compete à União, privativamente, legislar sobre direito do trabalho e sobre as condições para
o exercício de profissões.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

37. Em caso de assédio sexual cometido em decorrência da relação de emprego, é competência


da justiça do trabalho processar e julgar ação penal consequente de tal fato.

38. Na justiça do trabalho, cabe à parte que requereu a prova pericial o pagamento dos honorários
periciais.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

39. Em relação ao auxílio-doença, durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento


da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral.

40. Atualmente, não é devido pelo servidor público federal a contribuição previdenciária sobre
parcela recebida a título de função de confiança.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 CERTO
QUESTÃO 2 ERRADO
QUESTÃO 3 ERRADO
QUESTÃO 4 CERTO
QUESTÃO 5 ERRADO
QUESTÃO 6 ERRADO
QUESTÃO 7 CERTO
QUESTÃO 8 CERTO
QUESTÃO 9 CERTO
QUESTÃO 10 ERRADO
QUESTÃO 11 CERTO
QUESTÃO 12 CERTO
QUESTÃO 13 CERTO
QUESTÃO 14 ERRADO
QUESTÃO 15 ERRADO
QUESTÃO 16 ERRADO
QUESTÃO 17 CERTO
QUESTÃO 18 ERRADO
QUESTÃO 19 ERRADO
QUESTÃO 20 CERTO
QUESTÃO 21 CERTO
QUESTÃO 22 ERRADO
QUESTÃO 23 ERRADO
QUESTÃO 24 CERTO
QUESTÃO 25 CERTO
QUESTÃO 26 CERTO
QUESTÃO 27 ERRADO
QUESTÃO 28 ERRADO
QUESTÃO 29 CERTO
QUESTÃO 30 CERTO
QUESTÃO 31 ERRADO
QUESTÃO 32 ERRADO
QUESTÃO 33 ERRADO
QUESTÃO 34 CERTO
QUESTÃO 35 ERRADO
QUESTÃO 36 CERTO
QUESTÃO 37 ERRADO
QUESTÃO 38 ERRADO
QUESTÃO 39 CERTO
QUESTÃO 40 CERTO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. A pretensão indenizatória decorrente de suposta tortura e morte de preso custodiado pelo


Estado não é imprescritível, e tem como termo inicial da prescrição, nos casos em que não chegou
a ser ajuizada ação penal para apurar os fatos, a data do arquivamento do inquérito policial.

COMENTÁRIO

Muito cuidado para não confundir o caso tratado no enunciado com a pretensão indenizatória por
danos morais decorrentes de atos de tortura praticados durante o regime militar de exceção, esta sim,
imprescritível.

Entende o STJ que a coisa julgada na instância penal constitui o termo inicial da contagem do prazo de
prescrição da ação de indenização em face do Estado, razão pela qual o Tribunal entende que se o ato
ou fato danoso está sendo apurado na esfera criminal, aconselha-se a finalização desta instância para
só então ter partida o prazo prescricional, em nome da segurança jurídica e pelo princípio da actio nata.
Nesse sentido, vide o REsp 254.167/PI.

Assim, o termo inicial da prescrição de pretensão indenizatória decorrente de suposta tortura e morte de
preso custodiado pelo Estado, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal para apurar os
fatos, é a data do arquivamento do inquérito policial. De outro norte, caso tenha sido ajuizada ação penal,
seria o trânsito em julgado dessa ação.

Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

2. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária
e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei. Segundo entendimento do STF, a expropriação, nesse caso, deve
se restringir a área onde efetivamente são plantadas as culturas ilegais de plantas psicotrópicas.

COMENTÁRIO

A expropriação a que alude a assertiva corresponde à desapropriação confisco, presente no art. 243
da Constituição Federal. Conforme entendeu o STF no RE nº 543.974, a área a ser expropriada não se
circunscreve apenas àquela onde são efetivamente cultivadas as culturas ilegais, mas à área como um
todo. Nesse sentido, vide a ementa abaixo colacionada:

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EXPROPRIAÇÃO. GLEBAS. CULTURAS


ILEGAIS. PLANTAS PSICOTRÓPICAS. ARTIGO 243 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO. LINGUAGEM DO DIREITO. LINGUAGEM JURÍDICA. ARTIGO 5º,
LIV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O CHAMADO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. 1.
Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser entendida como a propriedade
na qual sejam localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. O preceito não refere
áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, mas as glebas, no seu todo. 2. A gleba
expropriada será destinada ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios
e medicamentosos. 3. A linguagem jurídica corresponde à linguagem natural, de modo que é
nesta, linguagem natural, que se há de buscar o significado das palavras e expressões que se
compõem naquela. Cada vocábulo nela assume significado no contexto no qual inserido. O
sentido de cada palavra há de ser discernido em cada caso. No seu contexto e em face das
circunstâncias do caso. Não se pode atribuir à palavra qualquer sentido distinto do que ela tem
em estado de dicionário, ainda que não baste a consulta aos dicionários, ignorando-se o contexto
no qual ela é usada, para que esse sentido seja em cada caso discernido. A interpretação/
aplicação do direito se faz não apenas a partir de elementos colhidos do texto normativo [mundo
do dever-ser], mas também a partir de elementos do caso ao qual será ela aplicada, isto é, a
partir de dados da realidade [mundo do ser]. 4. O direito, qual ensinou CARLOS MAXIMILIANO,
deve ser interpretado “inteligentemente, não de modo que a ordem legal envolva um absurdo,
prescreva inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis”. 5. O entendimento
sufragado no acórdão recorrido não pode ser acolhido, conduzindo ao absurdo de expropriar-
se 150 m2 de terra rural para nesses mesmos 150 m2 assentar-se colonos, tendo em vista
o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 6. Não violação do preceito veiculado
pelo artigo 5º, LIV da Constituição do Brasil e do chamado “princípio” da proporcionalidade.
Ausência de “desvio de poder legislativo” Recurso extraordinário a que se dá provimento.
(RE 543974, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 26/03/2009, DJe-099
DIVULG 28-05-2009 PUBLIC 29-05-2009 EMENT VOL-02362-08 PP-01477 RTJ VOL-00209-01
PP-00395)

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

3. Fica configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de


falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água, quando nele foi encontrado um
cadáver humano. Essa falha na prestação do serviço configura dano moral a ser indenizado ao
consumidor ofendido, o qual deve, nesse caso, demonstrar o efetivo prejuízo extrapatrimonial
sofrido para que seja indenizado.

COMENTÁRIO

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Segundo entendeu o STJ no REsp nº 1.492.710, fica configurada a responsabilidade subjetiva por omissão
da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água, quando
nele é encontrado um cadáver humano. Esse fato evidencia falha na prestação do serviço, indenizável por
dano moral, já que a concessionária não garantiu a qualidade da água distribuída à população.

Também sustentou o Tribunal que o fato de permitir que um cadáver humano seja depositado em
reservatório de água causa ao consumidor violação da dignidade da pessoa humana, caracterizada no
caso, angústia, humilhação, impotência da pessoa que toma ciência que consumiu água contaminada por
cadáver em avançado estágio de decomposição, o que não se confunde com o mero dissabor cotidiano.

Ademais, entendeu o STJ que a ocorrência do dano moral, nesse caso, se dá in re ipsa, o qual dispensa
comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da ocorrência de ato ilegal, uma vez
que o resultado danoso é presumido. Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

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DIREITO CONSTITUCIONAL

4. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas


da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, sem
necessidade de que, ao completar 70 (setenta) anos de idade, sejam submetidos a nova sabatina
pelo Senado para que adquiram esse direito.

COMENTÁRIO

A EC nº 88/2015 alterou o art. 40, §1º, II, da Constituição Federal, estabelecendo que os servidores públicos
serão aposentados compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70
(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar.
Além disso, referida emenda acrescentou o art. 100 ao ADCT, dispondo que até que entre em vigor
a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão,
compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade desde que observadas as condições do art. 52,
dentre as quais consta a necessidade de sabatina pelo Senado.

Ao julgar a ADI nº 5.316, o STF deferiu pedido de medida cautelar para suspender a aplicação da expressão
“nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC
88/2015, por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função
jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CF.

Ressalta-se também que o STF fixou interpretação quanto à parte remanescente da EC 88/2015, no sentido
de que o art. 100 do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até que seja editada a lei

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complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CF. Enfatizou que referida LC, quanto à magistratura, é de
iniciativa do STF, nos termos do art. 93 da CF. Por fim, suspendeu a tramitação de todos os processos que
envolvessem a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II, da CF e do art. 100 do ADCT, até o julgamento
definitivo da ADI acima mencionada, e declarou sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou
administrativo que afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e,
com base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas
a cargo efetivo após ter completado 70 anos de idade.

Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

5. Ainda que possuam caráter dúplice ou ambivalente, não se admite a cumulação de pedidos
típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle concentrado.

COMENTÁRIO

A assertiva está incorreta. Com efeito, ADI e ADC possuem caráter dúplice ou ambivalente (lembrem que
uma ADI julgada improcedente equivale a uma ADC julgada procedente, e vice-versa). Por outro lado, na
ADI nº 5.316, entendeu o STF que pode haver cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única
demanda de controle concentrado (no caso, requereu-se a inconstitucionalidade de um dispositivo de
determinada lei, e a constitucionalidade de outro dispositivo dessa mesma lei). No entender do STF, essa
cumulação não só é possível como também adequada à promoção dos fins a que destinado o processo
objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, destinado à defesa, em tese, da harmonia do
sistema constitucional. Isso facilita o enfrentamento judicial coerente, célere e eficiente de questões
minimamente relacionadas entre elas. Ressaltou o STF que a não admissão das cumulações apenas daria
ensejo a uma nova demanda com pedido e fundamentação idênticos, a ser distribuída por prevenção,
além de não ter fundamento expresso na Lei 9.868/1999.

Assim, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

6. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato


normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de
embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória. Por este motivo,
declarada improcedente ADI que sustentava a inconstitucionalidade formal de um ato normativo,
não se admite que, posteriormente, seja questionada a constitucionalidade material desse mesmo
ato normativo em outra ADI.

COMENTÁRIO

A primeira parte do enunciado está correta, correspondendo ao texto do art. 26 da Lei 9.868/1999, que

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dispõe acerca do processo e julgamento da ADI e ADC perante o STF.

Por outro lado, o erro da questão está em afirmar que não se admite que um ato normativo, cuja
constitucionalidade formal havia sido rechaçada em ADI anterior, tenha sua constitucionalidade material
questionada em ADI posterior.

Ao julgar a ADI nº 5.081 o STF admitiu essa possibilidade. Na ocasião, a Resolução nº 22.610/2007 do TSE
havia sido questionada por meio de ADI, tendo o Tribunal se pronunciado apenas sobre a constitucionalidade
formal da norma. Posteriormente, por meio da ADI nº 5.081, foi questionada a constitucionalidade material
do ato normativo. Ao julgar o tema, entendeu o STF não haver óbice para que se pronuncie sobre a
constitucionalidade material do dispositivo, a qual não havia sido ainda analisada.

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

7. A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo
sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.

COMENTÁRIO

Isso foi o que decidiu o STF na ADI nº 5.081, que questionou a Resolução 22.610/2007 do TSE, ao igualar
os sistemas proporcional e majoritário para fins de fidelidade partidária. Entendeu o STF que haveria
fundamento constitucional para vincular a regra da fidelidade partidária apenas ao sistema proporcional.
Isso porque, no sistema majoritário, a regra é da maioria de votos e não do quociente eleitoral, de
modo que o candidato eleito é o mais bem votado, não sendo necessário impor a fidelidade partidária
como medida para preservar a vontade do eleitor. Sustentou o Tribunal que impor a perda do mandado
também no sistema majoritário implicaria em violar o princípio da soberania popular (CF, artigos 1º,
parágrafo único; e 14), já que nesse os eleitores votam em candidatos e não em partidos (CF, art. 77, § 2º).

Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, embora tenha reconhecido a inconstitucionalidade da


norma constitucional inserida na Carta Magna pelo legislador constituinte derivado que fixou a
atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial
de remuneração da caderneta de poupança, conferiu, no ponto, eficácia prospectiva à declaração
de inconstitucionalidade, mantendo-se válidos, portanto, os precatórios expedidos ou pagos até
a data da conclusão do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4425.

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COMENTÁRIO

Como vocês já sabem, a questão da atualização monetária dos débitos fazendários através dos índices
oficiais de remuneração da caderneta de poupança foi um dos aspectos que, inseridos na Constituição
Federal através da Emenda Constitucional nº 62/09, teve sua inconstitucionalidade reconhecida
recentemente pelo STF. Entendeu o Plenário do Tribunal que “a atualização monetária dos débitos
fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança
viola o direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) na medida em que é manifestamente
incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. A inflação, fenômeno
tipicamente econômico-monetário, mostra-se insuscetível de captação apriorística (ex ante), de modo
que o meio escolhido pelo legislador constituinte (remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a
promover o fim a que se destina (traduzir a inflação do período)”.

Nesse contexto, o Plenário do STF, em 25/03/2015, ao decidir, em questão de ordem, sobre a modulação
dos efeitos da decisão proferida na ADI 4425, dentre outras questões, resolveu: “conferir eficácia prospectiva
à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a
data de conclusão do julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos
os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: [...] 2.1.) fica mantida a aplicação do índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº
62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os
mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários [...]”

Portanto, correta a assertiva. Não deixem de revisar esse tema!

Links úteis:

Ementa da ADI nº 4425:


(http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ES-
CLA%2E+E+4425%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+4425%2EACMS%2E%29&ba-
se=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/b3l6thk)

Decisão que modulou os seus efeitos:

(http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.
asp?numero=4425&classe=ADI&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M)

GABARITO: CERTO

9. Ao Tribunal de Contas da União, no exercício de seu mister de auxiliar o Congresso Nacional


no controle externo concernente à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, compete,

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conforme expressa previsão legal, acompanhar o cumprimento da vedação quanto à aquisição,


pelo Tesouro Nacional, de títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central
do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

COMENTÁRIO

O enunciado representa a conjugação do conteúdo dos Arts. 70 e 71 da Constituição Federal, combinado


com as disposições dos Artigos 59, §3º, e Art. 39, §4º, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Acerca do Tribunal de Contas, e tendo sempre em mente o disposto no Art. 75 da Constituição (“as
normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização
dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios”), recomendo a leitura das Súmulas nº 347 e 653 do STF, assim como da Súmula
Vinculante nº 3 do referido Tribunal, eis que costumam ser bastante cobradas nas provas:

• Súmula 347: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade
das leis e dos atos do poder público.

• Súmula 653: No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser
escolhidos pela assembleia legislativa e três pelo chefe do poder executivo estadual, cabendo a este
indicar um dentre auditores e outro dentre membros do ministério público, e um terceiro a sua livre
escolha.

• Súmula Vinculante nº 3: Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Por fim, tendo em vista a tradição do Cespe de cobrar trechos de informativos de jurisprudência dos
Tribunais Superiores, alerto que, no Informativo nº 780 do STF, restou consignado que “o TCU tem
legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administração Pública, quando
não homologado judicialmente”.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

Acerca das Medidas de Salvaguarda no Direito Brasileiro, julgue a assertiva abaixo:

10. Medida de Salvaguarda Provisória, cuja duração máxima será de seis meses, poderá ser
aplicada em circunstâncias críticas, nos casos em que qualquer demora possa causar prejuízo
grave de difícil reparação, ocasião em que a avaliação quanto à existência de elementos de prova

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claros de que o aumento das importações causou ou esteja ameaçando causar prejuízo grave à
indústria doméstica será feita posteriormente à decretação da medida.

COMENTÁRIO

Há dois erros na assertiva. Primeiro, porque a duração máxima da Medida de Salvaguarda Provisória
será de duzentos dias, e não de seis meses. Segundo, porque, ainda que haja urgência na situação que
a enseja, a aplicação da Medida de Salvaguarda Provisória somente será feita após uma determinação
preliminar da existência de elementos de prova claros de que o aumento das importações causou ou
esteja ameaçando causar prejuízo grave à indústria doméstica. Abordou-se, no caso, em atenção ao item
“Disciplina das medidas de salvaguarda” do edital do concurso de Advogado da União, as disposições do
Art. 4º e parágrafo primeiro do Decreto nº 1.488/95 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1995/
D1488.htm), cuja leitura (nem que seja uma passada de olho) é recomendada.

GABARITO: ERRADO

11. O Protocolo de Olivos, que estabelece mecanismos para solucionar controvérsias no âmbito
do Mercosul, prevê a possibilidade de apresentação, por particulares, de reclamações em razão
de alegada violação do Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e
acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado
Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio
do MERCOSUL.

COMENTÁRIO

A questão está de acordo com o Art. 39 e seguintes do Protocolo de Olivos, que preveem o procedimento
aplicável às reclamações efetuadas por particulares (pessoas físicas ou jurídicas) em razão da sanção ou
aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de medidas legais ou administrativas de efeito restritivo,
discriminatórias ou de concorrência desleal, em violação do Tratado de Assunção, do Protocolo de
Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção, das Decisões do
Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão
de Comércio do MERCOSUL.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. Ainda que de caráter infralegal, a norma que altera o prazo de pagamento do tributo não se
sujeita ao princípio da anterioridade.

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COMENTÁRIO

A alternativa refere dois importantes entendimentos acerca de alguns dos temperamentos aos princípios
constitucionais tributários, notadamente: (a) que o prazo de recolhimento do tributo pode ser estabelecido
por ato infralegal, e (b) que tal alteração não precisa observar o princípio da anterioridade:

O prazo para recolhimento do tributo não constitui elemento da hipótese de incidência.


Trata-se de simples disposição sobre a operacionalização de pagamento relativo à obrigação
principal estabelecida por lei, não acrescendo nenhuma obrigação ou dever. Pode, assim, ser
estabelecido por simples ato administrativo infralegal. Mas, se o legislador ordinário tratar da
matéria, estabelecendo o prazo de vencimento a ser observado vinculará o Fisco, de modo que
não poderá haver alteração por Portaria (STF, RE 140.669) (Paulsen, Leandro. Curso de Direito
Tributário Completo. 2013, p.88)

STF, Súmula Vinculante nº 50 (Debate de Aprovação pendente de publicação). Norma legal


que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da
anterioridade.

GABARITO: CERTO

13. A instituição de contribuição de melhoria imprescinde da efetiva valorização imobiliária


decorrente de obra pública, cabendo ao ente tributante o ônus de realizar a respectiva prova da
presença de tais requisitos.

COMENTÁRIO

A contribuição de melhoria é espécie de tributo com previsão no art. 145, III, da CF/88 e nos arts. 81 e 82
do CTN. Cuida-se de tributo instituído para fazer face ao custo de obra pública de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada, e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. O art. 82 do CTN enumera uma lista de requisitos
mínimos para a cobrança do tributo, os quais devem ser observados para que a contribuição possa ser
regularmente exigida. No ponto, especificamente, o seguinte precedente do STJ divulgado no Informativo
nº 522: “A instituição de contribuição de melhoria depende de lei prévia e específica, bem como da ocorrência
de efetiva valorização imobiliária em razão da obra pública, cabendo ao ente tributante o ônus de realizar
a prova respectiva. (REsp 1.326.502-RS, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 18/4/2013)”. Com efeito, a
previsão significa que depende de lei específica a instituição da contribuição para cada obra realizada,
a tanto não bastando a previsão genérica em Código Tributário Municipal ou Lei Orgânica Municipal: “A
contribuição de melhoria é tributo cujo fato imponível decorre da valorização imobiliária que se segue a
uma obra pública, ressoando inequívoca a necessidade de sua instituição por lei específica, emanada do
Poder Público construtor, obra por obra, nos termos do art. 150, I, da CF/88 c/c art. 82 do CTN, uma vez
que a legalidade estrita é incompatível com qualquer cláusula genérica de tributação [...] In casu, consoante
dessume-se do voto condutor do acórdão recorrido, o entendimento esposado pelo Tribunal a quo diverge

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da jurisprudência dominante nesta Corte Superior, in verbis: “Inicialmente, destaco que entendo não ser
necessária a existência de uma lei específica, obra por obra, para a instituição e cobrança de contribuição de
melhoria. Nessa perspectiva, tenho que o Município apelado logrou comprovar o atendimento ao princípio
da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88), ao acostar ao presente feito, a Lei Municipal nº 286/96 de fl.
151, a qual autoriza o Poder Executivo a realização de obras de pavimentação asfáltica nas ruas no perímetro
urbano, o que abarca a hipótese sob exame.” 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte,
provido. (REsp 927.846/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/08/2010)”. Assim, a
entidade tributante, ao exigir o pagamento de contribuição de melhoria, tem de também demonstrar
o amparo das seguintes circunstâncias, além daquelas já mencionadas: a) a exigência fiscal decorre de
despesas decorrentes de obra pública realizada; b) a obra pública provocou a valorização do imóvel; c)
a base de cálculo é a diferença entre dois momentos: o primeiro, o valor do imóvel antes da obra ser
iniciada; o segundo, o valor do imóvel após a conclusão da obra.

GABARITO: CERTO

14. A cobrança judicial da dívida ativa de natureza não tributária deve observar o regramento
previsto no Código de Processo Civil, e não aquele disciplinado na Lei de Execuções Fiscais (Lei
nº 6.830/80).

COMENTÁRIO

A Lei nº 6.830/80 é a lei específica que disciplina o rito procedimental para a cobrança judicial da dívida
ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias (art. 1º, LEF).
Compõem a dívida ativa tanto os créditos públicos de natureza tributária como os de natureza não
tributária, conforme a exegese extraída do art. 2º, e respectivo §1º, da Lei nº 6.830/80, bem como do
disposto no art. 39 da Lei nº 4.320/64, verbis:

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não
tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º,
será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão
escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas
orçamentárias.

§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento,
serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após
apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título.

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§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente


de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não
Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos
compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto
as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de
serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances
dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em
moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em
geral ou de outras obrigações legais.

A dívida ativa não tributária pode assim ser identificada de forma residual, consistindo em qualquer crédito
da Fazenda Pública, desde que não decorrente de atividade impositiva tributária (isto é, na definição
do art. 3º do CTN, não relativa à “prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”). Portanto, independentemente da natureza do crédito, a cobrança
da dívida ativa far-se-á mediante o procedimento executivo previsto na LEF. Dessa forma, tem-se que
mesmo nos casos de cobrança judicial de créditos públicos não tributários (dos quais são exemplos as
multas e demais receitas públicas originárias/contratuais), o rito a ser observado para a cobrança judicial
é aquele previsto na Lei de Execuções Fiscais, com as respectivas especificidades procedimentais que o
distinguem da execução por quantia certa prevista no CPC (p.ex: citação por correio, necessidade de
garantia do juízo para o apresentação de embargos, etc.).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

15. De acordo com a jurisprudência atual do STJ, no tocante à responsabilidade administrativa


ambiental, a aplicação da penalidade de multa decorrente da prática de infração ambiental grave
deve ser precedida da imposição da penalidade de advertência, em observância ao comando do
art. 72 da Lei 9.605/1998.

COMENTÁRIO

De acordo com o art. 72, § 3º, inciso I, da Lei 9.605/98, “a multa simples será aplicada sempre que o
agente, por negligência ou dolo: I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar
de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos,
do Ministério da Marinha;”. Diante da redação do dispositivo, surgiu, no âmbito do Superior Tribunal
de Justiça, em recente caso, o seguinte questionamento: Nos termos da Lei 9.605/98, que dispõe sobre
as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, é
necessário que, para a imposição de multa decorrente de infração ambiental, seja, previamente, aplicada

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a penalidade de advertência? A resposta é negativa, conforme decidido pela Primeira Turma do STJ no
julgamento do REsp 1.318.051-RJ, noticiado no Informativo n.º 561.

De fato, a leitura isolada do art. 72, § 3º, I, da Lei 9.605/98 pode conduzir à errônea conclusão de que
a aplicação da penalidade de multa (art. 72, II) somente é possível se precedida de uma advertência
ao infrator da norma ambiental (art. 72, I). Nada obstante, segundo o Relator do caso, Min. Benedito
Gonçalves, a solução para o questionamento não pode ser extraída da leitura isolada e literal do art.
72, § 3º, I, da Lei 9.605/98. Pelo contrário, há que se fazer a conjugação do dispositivo com as regras
estabelecidas no art. 6º do mesmo diploma e no art. 4º do Decreto 6.514/2008 (este artigo reproduz,
quase que integralmente, a redação do art. 6º da Lei 9.605/98. Recomendo a leitura de ambos, para
efeito comparativo):
Lei 9.605/98

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a


saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Assim, a multa ambiental — e qualquer outra penalidade constante do rol do art. 72 da Lei de Crimes
e Infrações Ambientais — será aplicada conforme os critérios norteadores estampados no art. 6º
supramencionado, que levam em conta: a gravidade do fato, os antecedentes do infrator e a sua situação
econômica. Constatada gravidade tal que implique a imediata imposição de multa, não estará a penalidade
condicionada a aplicação prévia de advertência. Ademais, ainda nos termos do voto condutor do acórdão
do REsp 1.318.051-RJ, a penalidade de advertência tão somente tem aplicação nas infrações de menor
potencial ofensivo, justamente porque ostenta caráter preventivo e pedagógico, de modo que, diante de
casos em que ocorrida grave transgressão às normas ambientais nem há se falar em prévia imputação de
advertência como condição para aplicação de multa.

Para finalizar, eis o quanto noticiado no Informativo n.º 561: “Configurada infração ambiental grave,
é possível a aplicação da pena de multa sem a necessidade de prévia imposição da pena de
advertência (art. 72 da Lei 9.605/1998). De fato, na imposição de penalidade por infração ambiental,
a gradação das penalidades é imposta pela própria Lei 9.605/1988, que obriga a autoridade competente
a observar, primeiramente, a gravidade do fato e, posteriormente, os antecedentes do infrator e a
sua situação econômica (arts. 6º da Lei 9.605/1998 e 4º do Decreto 6.514/2008). Esses são os critérios
norteadores do tipo de penalidade a ser imposta. Feitas essas considerações, insta expor que a penalidade
de advertência a que alude o art. 72, § 3º, I, da Lei 9.605/1998 tem aplicação tão somente nas infrações
de menor potencial ofensivo, justamente porque ostenta caráter preventivo e pedagógico. Assim, na
hipótese de infração de pequena intensidade, perfaz-se acertado o emprego de advertência e, caso não
cessada e não sanada a violação, passa a ser cabível a aplicação de multa. Porém, no caso de transgressão

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grave, a aplicação de simples penalidade de advertência atentaria contra os princípios informadores do


ato sancionador, quais sejam, a proporcionalidade e a razoabilidade. REsp 1.318.051-RJ, Primeira Turma,
julgado em 17/3/2015, DJe 12/5/2015.” No mesmo sentido, AREsp 192.605-GO, DJe 10/8/2012.

Portanto, errada a assertiva, uma vez que a penalidade de multa não está condicionada à imposição da
pena de advertência.

DICA DE ESTUDO: Não deixem de lado o estudo da responsabilidade administrativa em matéria ambiental.
Leiam os arts. 70 e 72 da Lei 9.605/98. Em relação ao Dec 6.514/2008, desnecessária a sua leitura, mas
sugiro que compreendam a estrutura e a distribuição dos capítulos do Regulamento.

GABARITO: ERRADO

16. A Constituição Federal de 1988 admite a elaboração de estudos póstumos de impacto


ambiental no caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente.

COMENTÁRIO

Segundo o art. 1º, III, da Resolução CONAMA n.º 237/97, estudos ambientais “são todos e quaisquer
estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação
de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida,
tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar,
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar
de risco.”

Dentre as diversas modalidades de estudos ambientais talvez o de maior relevância seja o Estudo Prévio
de Impacto Ambiental – EPIA ou EIA, exigido para os casos de empreendimentos e atividades efetiva ou
potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiente (art. 3º da Resolução CONAMA
n.º 237/97).

Segundo Luís Paulo Sirvinskas, “o EPIA nada mais é do que a avaliação, mediante estudos realizados por
uma equipe técnica multidisciplinar, da área onde o postulante pretende instalar a indústria ou exercer
atividade causadora de significativa degradação ambiental, procurando ressaltar os aspectos negativos
e/ou positivos dessa intervenção humana. Tal estudo analisará a viabilidade ou não da instalação da
indústria ou do exercício da atividade, apresentando, inclusive, alternativas tecnológicas que poderiam
ser adotadas para minimizar o impacto negativo ao meio ambiente. O RIMA, por sua vez, nada mais é
do que a materialização desse estudo.” (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 11ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2013).

Em nível constitucional, ressaltando o caráter marcadamente preventivo do EIA ou EPIA, estabeleceu o


art. 225, § 1º, III, da CF/88, como incumbência do Poder Público, no intuito de assegurar a efetividade do
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o dever de exigir, na forma da lei, para instalação

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de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo


prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.

Como o objetivo desse estudo é reduzir ao máximo o impacto ambiental1 de atividade efetiva ou
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, a sua realização a posteriori ou
póstuma iria de encontro ao princípio da prevenção, esvaziando por completo a utilidade do instrumento.
Portanto, incorreta a assertiva.

DICA DE ESTUDO: Leiam os arts. 1º a 3º, e 7º e seguintes, da Resolução n.º 237/97 do CONAMA, dando
especial enfoque aos arts. 1º, 3º e 8º. Em relação aos arts. 4º, 5º e 6º, relacionados à repartição de
competência em matéria ambiental, observar novos ditames estabelecidos pela LC 140/2011.

GABARITO: ERRADO

17. Segundo o STF, não há ilegalidade na criação de mais de um tipo de unidade de conservação
da natureza a partir de um único procedimento administrativo.

COMENTÁRIO

A assertiva está correta, e reproduz entendimento firmado pelo Plenário do STF no MS 25347, de relatoria
do Min. Ayres Britto, julgado em 17/02/2010. Nos termos do voto condutor do acórdão, “equivocada a
alegação de que o procedimento administrativo, inicialmente instaurado para a criação de um parque
nacional acabou por conduzir à criação de uma estação ecológica para fugir à obrigatoriedade de
realização da consulta pública. Primeiro, porque as reuniões públicas foram realizadas. Segundo, porque
do mesmo procedimento administrativo resultou também a criação do Parque Nacional Terra do Meio.
E aqui devo frisar que não há qualquer ilegalidade na criação de mais de um tipo de unidade
de conservação da natureza a partir de um único procedimento administrativo. É que, não raro,
os estudos técnicos e as próprias consultas às populações interessadas indicam essa necessidade,
consideradas as características de cada um dos tipos de unidade de conservação.” (passagem do voto do
Ministro Ayres Britto).

Embora seja um precedente antigo, trata-se de entendimento importante, recentemente cobrado na


prova da magistratura do TRF 1ª Região. Como é traço marcante do CESPE o apego à jurisprudência do
STF e do STJ, é bom tomar nota dessa orientação que não foi divulgada em Informativo.

GABARITO: CERTO

18. De acordo com a Lei Complementar n.º 140, de 8 de dezembro de 2011, o decurso dos prazos

1 Impacto ambiental é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: I — a saúde,
a segurança, e o bem-estar da população; II — as atividades sociais e econômicas; III — a biota; IV — as condições estéticas
e sanitárias do meio ambiente; V — a qualidade dos recursos ambientais” (art. 1º, I, II, III, IV e V, da Resolução n. 1/86 do
CONAMA).

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de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, implica emissão tácita e autoriza a prática
de ato que dela dependa ou decorra.

COMENTÁRIO

A assertiva está incorreta, pois contraria o disposto no art. 14, § 3º, da LC 140/2011: “O decurso dos prazos
de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática
de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15.”

Nos termos do art. 2º, inciso I, da LC 140/201, consiste o licenciamento ambiental em “procedimento
administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.”.
No mesmo sentido, a previsão do art. 1º, inciso I, da Resolução CONAMA n.º 237/97.

As normas procedimentais do licenciamento ambiental constam em grande parte da Resolução 237 do


CONAMA, onde são definidas as suas etapas e os prazos para a emissão das licenças prévia, de instalação
e de operação. No art. 16 da norma, já era estabelecido que “O não cumprimento dos prazos estipulados
nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha competência
para atuar supletivamente e o empreendedor ao arquivamento de seu pedido de licença.”

O art. 14, § 3º, da LC 140/2011 veio reafirmar o comando do art. 16 da Resolução 237, no sentido da
necessidade de instauração da competência supletiva quando decorridos os prazos do licenciamento
sem a emissão das respectivas licenças ambientais.

É importante observar que a LC 140/2011 distinguiu a atuação supletiva da atuação subsidiária.

Art. 2º Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:

(...)

II – atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo


originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;

III – atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das
atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo
originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.

As hipóteses em que se manifestará a atuação supletiva estão elencadas no art. 15 da LC 140/2011:

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de
licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no


Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até
a sua criação;

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II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o


Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e

III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no


Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um
daqueles entes federativos.

DICA DE ESTUDO: É muito importante a leitura da LC 140/2011, diante das inovações trazidas em relação
à repartição de competências em matéria ambiental (arts. 7º a 10). Destaque especial deve ser dado aos
arts. 2º e 17!!!

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

19. Nas obrigações solidárias cada devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal, logo,
qualquer credor poderá demandar judicialmente qualquer devedor. Neste caso, o devedor se
exonera de sua obrigação adimplindo-a junto a qualquer credor solidário.

COMENTÁRIO

Diz-se solidária a obrigação quando a totalidade da prestação puder ser exigida indiferentemente por
qualquer dos credores de quaisquer dos devedores. Cada devedor deve não apenas a sua fração ideal,
mas o todo, assim como ocorre com as obrigações indivisíveis. No entanto, a indivisibilidade da obrigação
relaciona-se com o objeto da prestação, enquanto que a solidariedade se funda em relação jurídica
de natureza subjetiva.

Segundo o Código Civil “cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento
da prestação por inteiro” – art. 267, do Código Civil. São elementos da solidariedade: (i) multiplicidade das
partes; (ii) unidade de prestação; (iii) corresponsabilidade das obrigações.

O devedor poderá efetuar o pagamento para quem quiser e como quiser, antes de eventual demanda
proposta por qualquer dos credores.

Nesse sentido “enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer
daqueles poderá este pagar” – art. 268, do Código Civil.

Neste caso, estamos diante de situação de prevenção judicial, ou seja, o credor que propôs a ação
judicial terá direito preferencial ao recebimento total da dívida.

Nas palavras de Maria Helena Diniz2 “como qualquer credor solidário pode demandar, ou seja, acionar o
devedor pela totalidade do débito, uma vez iniciada a demanda, ter-se-á a prevenção judicial; o devedor,

2 DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 277.

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então, apenas se libertará pagando a dívida por inteiro ao credor que o acionou, não lhe sendo mais lícito
escolher o credor solidário para a realização da prestação”.

GABARITO: ERRADO

20. As taxas de manutenção criadas por associações de moradores não obrigam os não associados
ou que a elas não anuíram.

COMENTÁRIO

O Superior Tribunal de Justiça, com fundamento em idêntica tese de direito (a validade ou não da cobrança
de “taxas”, contribuições de manutenção ou de conservação criadas por associação de moradores ou
administradora de loteamento impostas a proprietário de imóvel que não seja associado ou não tenha
aderido ao ato que instituiu o encargo), concluiu, em 11/03/2015, o julgamento do REsp n. 1.439.163/SP,
nos termos do art. 543-C, do Código de Processo Civil e da Resolução STJ n. 08/2008, firmando tese em
recurso repetitivo, segundo a qual:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA - ART. 543-C DO CPC - ASSOCIAÇÃO


DE MORADORES - CONDOMÍNIO DE FATO - COBRANÇA DE TAXA DE MANUTENÇÃO DE
NÃO ASSOCIADO OU QUE A ELA NÃO ANUIU - IMPOSSIBILIDADE.

1. Para efeitos do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: “As taxas de manutenção
criadas por associações de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram”.

2. No caso concreto, recurso especial provido para julgar improcedente a ação de cobrança.

(REsp 1280871/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO
BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/03/2015, DJe 22/05/2015).

Nas palavras do relator: “no entanto, nos termos da consolidada jurisprudência desta Corte, em virtude da
natureza jurídica da associação civil, não é possível a exigência de pagamento compulsório de contribuição
de proprietário não associado à entidade por atentar contra a liberdade de associação prevista na própria
Constituição Federal”.

GABARITO: CERTO

21. Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, a Seguradora denunciada pode
ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar a indenização devida à vítima, nos
limites contratados na apólice.

COMENTÁRIO

O Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp n. 925.130/SP firmou entendimento segundo o qual:

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PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C


DO CPC. SEGURADORA LITISDENUNCIADA EM AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MOVIDA
EM FACE DO SEGURADO. CONDENAÇÃO DIRETA E SOLIDÁRIA. POSSIBILIDADE.

1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação de reparação de danos movida em face do segurado,
a Seguradora denunciada pode ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar
a indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.

2. Recurso especial não provido.

(REsp 925.130/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
08/02/2012, DJe 20/04/2012)

Nessa linha, a referida Corte de Justiça editou dois enunciados de súmulas, vejamos:

Súmula 537 - Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a


denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto
com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na
apólice. (Súmula 537, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015).

Súmula 529 - No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação
pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador
do dano. (Súmula 529, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/05/2015, DJe 18/05/2015).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. A União possui legitimidade para figurar no pólo passivo de ação em que o autor visa ao
pagamento de indenização em decorrência de erro médico cometido em hospital particular
conveniado ao SUS.

COMENTÁRIO

A União não dispõe de legitimidade passiva na hipótese, conforme o recente e importante precedente
da 1ª Seção do STJ, divulgado no Informativo nº 563: “A União não tem legitimidade passiva em ação de
indenização por danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento
custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). [...] Nesse contexto, não se deve confundir a obrigação
solidária dos entes federativos em assegurar o direito à saúde e garantir o acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, com a responsabilidade civil do Estado pelos
danos causados a terceiros. Nesta, o interessado busca uma reparação econômica pelos prejuízos sofridos,
de modo que a obrigação de indenizar se sujeita à comprovação da conduta, do dano e do respectivo

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nexo de causalidade. Dessa forma, não há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União,
seja porque a conduta não foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade de aferir-se a existência
de culpa in eligendo ou culpa in vigilando” (EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
13/5/2015). Por fim, anota-se que, nos termos da descentralização de funções e atribuições prevista pela
Lei nº 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município.

GABARITO: ERRADO

23. O compromisso arbitral é método heterocomposto de solução do litigio, compondo o elenco


das matérias cognoscíveis de ofício pelo juiz no processo.

COMENTÁRIO

A primeira parte do enunciado está correta, vez que a arbitragem é método de solução de conflitos por
heterocomposição, espécie que se caracteriza quando o conflito é solucionado através da intervenção
de um agente exterior à relação conflituosa originária, a quem então caberá resolvê-la. De outro lado,
tem-se a autocomposição, que se verifica quando o conflito é solucionado pelas próprias partes, sem a
intervenção de outros agentes externos, dividindo-se em renúncia, aceitação e transação. A arbitragem
é instrumento de heterocomposição, posto que as partes se submetem a uma decisão imposta por um
terceiro que atua como se juiz fosse. Diferentemente do processo jurisdicional, no caso da arbitragem
esse terceiro será um particular ou uma instituição especializada (Câmara de arbitragem), de confiança
dos contendores. A arbitragem hoje tem ganhado relevo, sendo regulamentada pela Lei nº 9.307/96,
recentemente reformada pela Lei nº 13.129, de 26 de maio de 2015, a qual possui prazo de vacatio legis
de 180 dias. A 2ª parte do enunciado da nossa questão é que se encontra incorreta, pois, embora a
existência de convenção de arbitragem componha o elenco das matérias preliminares elencadas pelo art.
301 do CPC, ela é a única das ali previstas que o juiz não poderá conhecer de ofício: Art. 301. Compete-lhe,
porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial; IV - perempção; V – litispendência; VI - coisa julgada; VII - conexão; VIII -
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X
- carência de ação; Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. [...] § 4º Com
exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. Destaca-
se, por fim, que a menção à convenção de arbitragem aí compreende tanto a cláusula compromissória
(convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato) quanto o compromisso arbitral (convenção
através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial
ou extrajudicial).

GABARITO: ERRADO

24. O recorrente deve ser intimado para complementar o preparo quando, embora efetue o
pagamento das custas, deixe de fazê-lo quanto ao porte de remessa e retorno.

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COMENTÁRIO

Preparar o recurso significa custear as despesas inerentes ao seu processamento, aí incluído o porte de
remessa e retorno (Súmula n.º 187⁄STJ - “É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça,
quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos”).
Trata-se o preparo de requisito extrínseco de admissibilidade recursal, devendo a comprovação de sua
realização se dar no momento de interposição do recurso, sob pena de preclusão consumativa. O §2º
do art. 511 do CPC dispõe que “A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente,
intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias”. Vale aqui uma importante observação no sentido de
que a ausência do preparo difere da sua insuficiência, somente esta última autorizando o complemento
do pagamento no prazo de 5 dias. O STJ tem jurisprudência pacífica nesse sentido, rechaçando a tentativa
de se interpretar extensivamente o §2º do art. 511 do CPC para que o mesmo alcance a hipótese de
ausência do pagamento do preparo: “Apenas a insuficiência do preparo, e não sua ausência, autoriza a
concessão do prazo estabelecido no § 2º do art. 511 do CPC” (AgRg no AREsp 418.715⁄SC, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Terceira Turma, j. 22⁄5⁄2014). A Corte Especial do STJ, conforme julgado
divulgado no Informativo nº 563, teve a oportunidade de recentemente rememorar o tema, fixando a
tese de que como o preparo recursal compreende o recolhimento de todas as verbas previstas em norma
legal e indispensáveis ao processamento do recurso (custas, taxas, porte de remessa e retorno, etc.), deve
também o recorrente ser intimado a complementar o seu preparo quando interpuser o recurso com o
pagamento de apenas parte das rubricas exigidas na espécie:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ALCANCE DA EXPRESSÃO “INSUFICIÊNCIA DO VALOR DO


PREPARO” CONTIDA NO § 2º DO ART. 511 DO CPC. O recolhimento, no ato da interposição
do recurso, de apenas uma das verbas indispensáveis ao seu processamento (custas, porte de
remessa e retorno, taxas ou outras) acarreta a intimação do recorrente para suprir o preparo
no prazo de cinco dias, e não deserção. Isso porque a norma do § 2º do art. 511 do CPC,
acrescentado pela Lei 9.756/1998, diz respeito à “insuficiência no valor do preparo”, não das
custas ou do porte de remessa e retorno ou de taxas separadamente. Nesse sentido, reafirmando
o conceito adotado na pacífica e antiga jurisprudência – ainda aplicada até mesmo no STF –,
invoca-se entendimento doutrinário segundo o qual “o valor do preparo é o da soma, quando
for o caso, da taxa judiciária e das despesas postais (portes de remessa e de retorno dos autos)”.
Com isso, recolhido tempestivamente algum dos componentes do preparo, incide a norma do §
2º do art. 511 do CPC, que permite sua complementação mediante a quitação de outros valores,
mesmo com natureza distinta. Ademais, possuindo a lei o claro propósito de mitigar o rigor no
pagamento do preparo, admitindo sua complementação diante da boa-fé e da manifestação
inequívoca de recorrer, descabe ao Poder Judiciário impor requisitos ou criar obstáculos não
previstos e que, principalmente, possam toldar a razão da lei. Em suma, se a norma do § 2º do
art. 511 do CPC foi editada com o propósito de viabilizar a prestação jurisdicional, permitindo a
complementação do “preparo” em sua concepção ampla, tem-se que o recolhimento apenas das
custas ou do porte de remessa e retorno, ou de alguma outra taxa recursal, representa preparo

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insuficiente, sendo tal entendimento o que melhor se coaduna com a tradicional jurisprudência
do STJ, com o objetivo da própria Lei 9.756/1998 e com o ideal de acesso à justiça” (REsp
844.440-MS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/5/2015, DJe 11/6/2015).

GABARITO: CERTO

25. Em execução invertida de pequeno valor descabe condenar o ente público ao pagamento de
honorários advocatícios em favor do exequente.

COMENTÁRIO

As execuções de pagar quantia impostas à Fazenda Pública, em atenção ao predicado da impenhorabilidade


dos bens públicos, processam-se nos termos do art. 100 da CF/88, isto é, por precatório ou requisição de
pequeno valor - RPV (esta última, em âmbito federal, quando o valor for inferior a 60 salários-mínimos,
conforme o art. 17 da Lei nº 10.259/2001). Na primeira hipótese (precatório), há a instauração de fase
executória autônoma, com nova citação da Fazenda Pública para, querendo, apresentar embargos à
execução dentro do prazo de 30 dias (art. 730, CPC, c/c art. 1º-B da Lei 9.494/97). Nessa hipótese, caso
a Fazenda Pública executada não apresente embargos, inexistirá a sua condenação ao pagamento de
honorários advocatícios, conforme previsão do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97: “Art. 1º-D. Não serão devidos
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas”. Cuidado! A dispensa do
pagamento dos honorários pela não interposição de embargos somente alcança as execuções que se
processem por precatório, pois “No sistema do Código de Processo Civil, a Fazenda Pública não pode cumprir
espontaneamente a sentença que a condena a pagar quantia certa. Por via de consequência, a execução
do título judicial é sempre necessária, e a Fazenda Pública só responde pelos honorários de advogado
no âmbito dos embargos do devedor se os opuser e for vencida” (EREsp 471.641/RS, Rel. Ministro CESAR
ASFOR ROCHA, Rel. p/ Acórdão Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, julgado em 23/10/2003).
Vale dizer, nas execuções de pequeno valor, mesmo que não embargadas, são devidos honorários
pela Fazenda Pública (Súmula nº 38 da AGU: “São devidos honorários advocatícios nas execuções, não
embargadas, contra a Fazenda Pública, de obrigações definidas em lei como de pequeno valor (art. 100,
§ 3º, da Constituição Federal)”, salvo em se tratando da chamada execução invertida, consistente aquela
em que o próprio devedor público apresenta a planilha de cálculo do valor fixado na decisão exequenda,
vindo o credor a concordar com os valores. Nesse sentido o seguinte julgado da Primeira Turma do STJ
(divulgado no Informativo nº 563):

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DESCABIMENTO DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


EM EXECUÇÃO INVERTIDA. Não cabe a condenação da Fazenda Pública em honorários
advocatícios no caso em que o credor simplesmente anui com os cálculos apresentados em
“execução invertida”, ainda que se trate de hipótese de pagamento mediante Requisição de
Pequeno Valor (RPV). É certo que o STJ possui entendimento de ser cabível a fixação de verba
honorária nas execuções contra a Fazenda Pública, ainda que não embargadas, quando o
pagamento da obrigação for feito mediante RPV. Entretanto, a jurisprudência ressalvou que,

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nos casos de “execução invertida”, a apresentação espontânea dos cálculos após o trânsito em
julgado do processo de conhecimento, na fase de liquidação, com o reconhecimento da dívida,
afasta a condenação em honorários advocatícios. AgRg no AREsp 630.235-RS, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 19/5/2015, DJe 5/6/2015.

Execução contra a Fazenda Pública x honorários:

1. Precatório:

 não embargada  dispensa condenação em honorários (art. 1º-D, Lei nº 9.494/97);

 embargada  devidos honorários

2. Pequeno valor:

 embargada ou não  devidos honorários, salvo execução invertida

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

26. Caso a companhia delibere, em Assembleia, pela propositura de ação de responsabilidade


contra seu administrador e não o faça dentro do prazo de três meses, a contar da deliberação,
qualquer acionista poderá promovê-la, inclusive em litisconsórcio ativo.

COMENTÁRIO

Vamos começar relembrado que a companhia é uma forma de denominação das sociedades anônimas
(Arts. 1.088 e 1.060 do Código Civil) e que, independentemente do seu objeto, as sociedades por ações
(das quais são exemplos as sociedades anônimas) consideram-se empresárias (Art. 982, parágrafo único,
do CC).

A legislação de regência destas sociedades por ações é a Lei n.º 6.404/76 e a ação de responsabilidade,
de que trata o enunciado, está prevista em seu Art. 159, segundo o qual: “compete à companhia, mediante
prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos
prejuízos causados ao seu patrimônio”.

Nesse contexto, a ação de responsabilidade pode ser proposta:

(i) Pela companhia, mediante aprovação da medida em assembléia;

(ii) Por qualquer sócio, caso não seja proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação; ou

(iii) Por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social, se a

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assembléia deliberar não promover a ação.

Relativamente aos itens (i) e (ii), as seguintes situações foram recentemente pontuadas pela 3ª Turma do
STJ (Informativo 563):

a) Enquanto não decorridos os três meses, a companhia é a única legitimada a propor a ação de
responsabilidade (legitimação exclusiva);

b) Ainda que transcorridos os três meses, a companhia continua possuindo legitimidade para
propor a ação (legitimação concorrente);

c) Transcorridos os três meses, não há óbice para que os sócios ingressem com a ação em
litisconsórcio ativo com a companhia.

d) Caso a ação seja proposta por ambos os legitimados concorrentes (companhia e qualquer
sócio), separadamente, estaremos diante de um caso de litispendência;

Eis trecho da ementa da decisão, na parte que interessa ao deslinde da questão:

EMENTA RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE ADMINISTRADOR


DE SOCIEDADE ANÔNIMA. PREJUÍZO SUPORTADO PELA COMPANHIA, DECORRENTE DE
PROCEDER CONTRÁRIO À LEI (EM SENTIDO AMPLO). 1. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO
FORMADO PELA COMPANHIA E ACIONISTAS, APÓS O PRAZO DO § 3º DO ART. 159 DA LEI
DAS S/A. POSSIBILIDADE 2. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA.
3. APROVAÇÃO DAS CONTAS, SEM RESSALVA, PELA ASSEMBLEIA GERAL. VERIFICAÇÃO. 4.
AJUIZAMENTO PRÉVIO DE AÇÃO DESTINADA A ANULAR A DELIBERAÇÃO ASSEMBLEAR QUE
APROVOU AS CONTAS. EXIGIBILIDADE. EXTINÇÃO DO FEITO. NECESSIDADE. 5. RECURSOS
ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS. 1. Nos termos do art. 159, § 3º, da Lei das S/A, durante os
três meses contados da deliberação da assembleia geral que autoriza a companhia a promover
a ação contra o administrador, somente a própria sociedade, com exclusão de qualquer outro
acionista, pode assim proceder. No curso de tal interregno, portanto, a lei confere legitimidade
exclusiva à sociedade anômina para promover a ação social. Após o término do aludido termo,
o regramento legal expressamente admite que qualquer acionista promova a ação social, caso
a companhia não o tenha feito naquele período. Veja-se, portanto, que, em tal circunstância
– após o término dos três meses contados da deliberação assemblear – possuem legitimidade
ativa ad causam tanto a companhia, como qualquer acionista para promover a ação social. Não
há, pois, qualquer óbice legal para a formação de um litisconsórcio ativo facultativo integrado
por sujeitos de direito que, repisa-se, simultaneamente ostentam legitimidade (concorrente)
para, em juízo, defender os interesses da companhia. [...]REsp 1.515.710-RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 12/5/2015, DJe 2/6/2015.

GABARITO: CERTO

27. A prescrição da pretensão executória de título cambial enseja o cancelamento automático de

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2ª RODADA - 29/07/2015

anterior protesto, ainda que regularmente lavrado e registrado.

COMENTÁRIO

Segundo o Art. 1º da Lei n.º 9.492/97, que define competência, regulamenta os serviços concernentes
ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências, “Protesto é o ato formal
e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e
outros documentos de dívida”.

A assertiva contraria recente decisão proferida no âmbito do STJ, noticiada no informativo nº 562 do
referido Tribunal. Segue:

DIREITO EMPRESARIAL. NÃO CANCELAMENTO DO PROTESTO PELA PRESCRIÇÃO DO


TÍTULO CAMBIAL.

A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento automático


de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. Da leitura do art. 26 da Lei 9.492/1997,
vê-se que o cancelamento do protesto advém, normalmente, do pagamento do título. Por
qualquer outra razão, somente poderá o devedor obter o cancelamento mediante decisão
judicial favorável, caso o juiz, examinando as razões apresentadas, considere relevantes as
circunstâncias do caso concreto. Nada na lei permite inferir que o cancelamento do protesto
possa ser exigido por fato objetivo outro que não o pagamento. Assim, a prescrição do título,
objetivamente considerada, não tem como consequência automática o cancelamento do
protesto. Note-se que, de acordo com o art. 1º da Lei 9.492/1997, o “Protesto é o ato formal
e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em
títulos e outros documentos de dívida”. Portanto, o protesto não se prende imediatamente
à exequibilidade do título ou de outro documento de dívida, mas sim à inadimplência e
ao descumprimento da obrigação representada nestes papéis. Ora, a inadimplência e o
descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do título executivo não quitado. Ao
contrário, permanecem, em princípio. Então, não pode ser o protesto cancelado simplesmente
em função da inaptidão do título prescrito para ser objeto de ação de execução. Precedentes
citados: REsp 671.486-PE, Terceira Turma, DJ de 25/4/2005; e REsp 369.470-SP, Terceira Turma,
DJe 23/11/2009. REsp 813.381-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/11/2014, DJe 20/5/2015.

Mais alguns entendimentos do STJ sobre protesto:

• No regime próprio da Lei 9.492/1997, legitimamente protestado o título de crédito ou outro


documento de dívida, salvo inequívoca pactuação em sentido contrário, incumbe ao devedor, após
a quitação da dívida, providenciar o cancelamento do protesto. (RECURSO REPETITIVO).

• O simples apontamento de título a protesto sem o efetivo registro não gera dano moral. Isso
porque, após a protocolização do título, o devedor tem a oportunidade de pagar a dívida ou
sustar o protesto, antes de este ser lavrado e registrado, não configurando, portanto, nenhum

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constrangimento. REsp 1.005.752 (INFO 500 – JUN 2012)

• Por fim, atenção! Cuidado para não confundir essa situação com aquela em que o devedor tem seu
nome inscrito em cadastro de inadimplentes. Nesses casos, o ônus da baixa da indicação do nome
do consumidor é do credor, e não do devedor. (AgRg no AREsp 415.022/SC, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 25/04/2014).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. A jurisprudência do STF posiciona-se pela imunidade relativa de jurisdição em favor dos
Estados estrangeiros e das organizações internacionais.

COMENTÁRIO

Analisando o conteúdo programático de direito internacional público do edital para o próximo concurso
para o cargo de Advogado da União, verifiquei que, em relação ao último concurso, a única alteração se
deu com a inclusão do item “imunidades de jurisdição e de execução”. Como nada há de ser por acaso,
achei por bem explorar o tema.

A assertiva está errada.

Isso porque, conforme entendimento atual do Supremo Tribunal Federal, apenas aos Estados se aplica a
imunidade relativa de jurisdição, sendo possível que organizações internacionais desfrutem de imunidade
absoluta, se assim for previsto em tratado.

Importante recordar que, pela tese da imunidade relativa, os Estados só possuem imunidade de jurisdição
em relação aos seus atos de império (ex.: concessão/denegação de visto, admissão de estrangeiros em
seu território, etc.) e não aos atos de gestão (ex.: aquisição de bens, contratação de serviços e funcionários
locais para as missões diplomáticas, etc.). Já a imunidade absoluta não faz distinção entre atos de império
e de gestão, sustentando que nunca será possível um Ente internacional ser processado e julgado por
órgãos de outro Estado.

Veja-se decisão do Ministro Celso de Mello, transcrita no informativo nº 722 do STF (recomendo a leitura),
que bem condensa a posição do Pretório Excelso sobre a imunidade de jurisdição dos Estados:

Impõe-se destacar, por isso mesmo, na linha dos precedentes firmados pelo Supremo Tribunal
Federal (RTJ 133/159 – RTJ 161/643-644 – RTJ 184/740-741), que deixará de prevalecer,
excepcionalmente, a prerrogativa institucional da imunidade de jurisdição (imunidade à
jurisdição cognitiva), sempre que o representante do Estado estrangeiro, por atuar em matéria
de ordem estritamente privada (matéria laboral, p. ex.), intervier em domínio estranho àquele

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em que usualmente se praticam, no plano das relações diplomáticas e consulares, atos “jure
imperii”.

Já no que concerne à imunidade das organizações internacionais, as decisões mais recentes do STF
tratam do caso da ONU e do seu Programa para o Desenvolvimento (PNUD). Veja-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.


ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA
O DESENVOLVIMENTO (ONU/PNUD). PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DAS NAÇÕES UNIDAS
(DECRETO 27.784/1950). PRECEDENTE DO PLENÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. I – Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, promulgada
no Brasil pelo Decreto 27.784/1950: “A Organização das Nações Unidas, seus bens e haveres,
qualquer que seja sua sede ou o seu detentor, gozarão de imunidade de jurisdição, salvo na
medida em que a Organização a ela tiver renunciado em determinado caso. Fica, todavia,
entendido que a renúncia não pode compreender medidas executivas”. II – No âmbito do direito
interno, a referida convenção tem natureza equivalente a das leis ordinárias e é aplicável às lides
trabalhistas. Constitucionalidade declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no RE
578.543/MT. III – Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 599076 AgR/MT, 2ª Turma,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 13/08/2014)

O cerne da diferenciação está no fato de que, no que se refere aos Estados, a imunidade de jurisdição
decorre de princípios e se aplica através de costume. Já quanto às organizações internacionais, a imunidade
de jurisdição, no mais das vezes, vem expressamente prevista em tratado firmado entre a organização e
o Estado no qual a mesma se estabelece.

Assim, é importante estar atento às diferenças na aplicação da imunidade de jurisdição em favor dos
Estados (relativa, com distinção entre atos de gestão e de império) e das organizações internacionais
(absoluta, sempre que prevista em tratado).

Por fim, não se deve confundir imunidade de jurisdição, aqui tratada, com imunidade de execução, que
será abordada em rodada futura.

GABARITO: ERRADO

29. A compensação e a suspensão de concessões ou de outras obrigações são medidas


temporárias disponíveis no caso de as recomendações e decisões prolatadas no âmbito da solução
de controvérsias da OMC não serem implementadas, sendo que as compensações devem ser
acordadas entre as partes envolvidas.

COMENTÁRIO

Os temas comércio internacional e litígios perante a OMC têm tomado corpo no campo de atuação
internacional da AGU. Por isso, imagino possível que uma questão referente à OMC e, principalmente, ao

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2ª RODADA - 29/07/2015

seu sistema de solução de controvérsias, seja cobrada em prova.

A assertiva está correta, nos termos do parágrafo 1 do artigo 22 do anexo II do Acordo Constitutivo da
OMC, que versa sobre o “entendimento relativo às normas e procedimentos sobre solução de controvérsias”.
In verbis:
A compensação e a suspensão de concessões ou de outras obrigações são medidas
temporárias disponíveis no caso de as recomendações e decisões não serem
implementadas dentro de prazo razoável. No entanto, nem a compensação nem a suspensão
de concessões ou de outras obrigações é preferível à total implementação de uma recomendação
com o objetivo de adaptar uma medida a um acordo abrangido. A compensação é voluntária
e, se concedida, deverá ser compatível com os acordos abrangidos. (grifei)

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

30. Compete ao Departamento Internacional da Procuradoria-Geral da União definir a estratégia


jurídica, orientar a atuação, bem como elaborar e aprovar previamente as manifestações a serem
apresentadas por advogados e especialistas contratados para defender a República Federativa
do Brasil em foros estrangeiros, observadas as orientações do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da União.

COMENTÁRIO

As atribuições da Advocacia-Geral da União em matéria internacional, especificamente do Departamento


Internacional da Procuradoria-Geral da União, foram objeto de cobrança na prova do último concurso
para o cargo de Advogado da União. Parece-me que sobram razões para que o tema seja novamente
cobrado.

Por tal razão, elaborei a assertiva em comento, que se mostra atualíssima, eis que a regulamentação da
contratação de advogados e especialistas no exterior para defesa da República em foros estrangeiros
acabou de ser realizada, através da publicação da portaria nº 217, de 09/07/20153 (publicada em
10/07/2015).

Essa portaria dispõe, em seu artigo 23, que:

Art. 23. O DPI definirá a estratégia jurídica, orientará a atuação do contratado e elaborará e
aprovará previamente as manifestações da República, observadas as orientações do Advogado-
Geral da União e do Procurador-Geral da União.

3 http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=10/07/2015&jornal=1&pagina=1&totalArquivos=296

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A assertiva está, portanto, totalmente correta.

A publicação tão recente poderia levar a concluir que o conteúdo da portaria não seria objeto de
cobrança em prova. Nada obstante, considerando o grau de dificuldade da prova anterior, o fato de que a
portaria foi publicada antes do edital do concurso em trâmite, bem assim que o assunto ganhou destaque
internamente na AGU4, não duvido que tal ocorra e, por isso, me senti na obrigação de alertá-los.

Para além da portaria nº 217/2015, as atribuições do DPI devem ser estudadas através das seguintes
normas: art. 27 do Decreto nº 7.392/2010; art. 8º, IV, do Ato Regimental nº 05/2002 (alterado pelo Ato
Regimental nº 01/2005) e portaria nº 03/2011. As normas internas da AGU podem ser encontradas no site
do próprio órgão.

GABARITO: CERTO

31. O papel da Advocacia-Geral da União, no âmbito da aplicação da Convenção da Haia sobre


os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças de 1980, consiste no ajuizamento de
ações, perante foros estrangeiros, visando ao retorno de menores que tenham sido ilicitamente
transferidos ou retidos no exterior.

COMENTÁRIO

Os alunos que acompanharam o nosso curso CEI-AGU devem ter reparado a insistência com que trato
o assunto do sequestro internacional de crianças e a respectiva Convenção da Haia. Isso porque se trata,
possivelmente, da principal atuação do Advogado da União em matéria internacional. Natural então que
o assunto, que já foi objeto de cobrança no último concurso, seja novamente abordado em prova.

Assim, propus uma assertiva que pode parecer singela, mas que é muito importante. É tão básico quanto
fundamental saber como se dá a atuação da Advocacia-Geral da União nos casos envolvendo sequestro
internacional de crianças.

Pois bem, a assertiva está errada.

Não cabe à AGU ajuizar ações em foros estrangeiros visando ao retorno de menores transferidos ou
retidos ilegalmente no exterior, mas sim o contrário.

Veja-se o que dispõe o art. 7º, alínea “f”, da Convenção da Haia:

Artigo 7. As autoridades centrais devem cooperar entre si e promover a colaboração entre as


autoridades competentes dos seus respectivos Estados, de forma a assegurar o retorno imediato
das crianças e a realizar os demais objetivos da presente Convenção.

Em particular, deverão tomar, quer diretamente, quer através de um intermediário, todas as


medidas apropriadas para:

4 http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/338979

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CEI-AGU/PGFN
2ª RODADA - 29/07/2015

(...)

f) dar início ou favorecer a abertura de processo judicial ou administrativo que vise o retomo da
criança ou, quando for o caso, que permita a organização ou o exercício efetivo do direito de
visita;

A autoridade central brasileira (no caso, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República),
contatada por uma autoridade central de outro país signatário da Convenção da Haia que noticie a
localização, no Brasil, de menor ilicitamente transferido ou retido, caso conclua, nos termos da Convenção,
pela necessidade da devolução do menor ao seu país de residência habitual e esgotadas as alternativas
extrajudiciais, acionará a Advocacia-Geral da União, para que esse órgão ajuíze a ação (de busca,
apreensão e restituição de menor) visando ao retorno do menor ao Estado da sua residência habitual.

É dizer, a AGU, representando a União, ajuíza ações, perante a Justiça Federal brasileira, visando à restituição
ao Estado estrangeiro da residência habitual, de menores que estejam ilegalmente retidos ou tenham sido
ilegalmente transferidos para o Brasil. Ou seja, nesses casos, o menor sequestrado está no Brasil, a ação
é sempre ajuizada perante o Judiciário brasileiro e o país da residência habitual é estrangeiro.

Por fim, recomendo fortemente a leitura da Convenção da Haia de 1980 e, para os que queiram aprofundar,
a leitura da cartilha da AGU sobre o tema, disponível no site do DPI/PGU5.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

32. Configura crime impossível o cometimento de furto no interior de estabelecimento comercial,


que utilize, por si só, sistemas eletrônicos de vigilância e de segurança.

COMENTÁRIO

Segundo o Código Penal “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”- Art. 17.

Portanto, ocorre o crime impossível ou quase crime, tentativa inidônea, tentativa inadequada, tentativa
inútil, crime oco, quando não há a consumação em razão de (i) ineficácia absoluta do meio de execução;
(ii) absoluta impropriedade do objeto.

Segundo a doutrina majoritária, nas duas hipóteses citadas, há exclusão da tipicidade.

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1385621 MG, afeto a sistemática dos recursos
repetitivos, fixou a tese segundo a qual “a existência de sistema de segurança ou de vigilância
eletrônica não torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento

5 http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/157035

CPF: 115.343.046-06 ALUNO: diegoprado.silveira Página - 39


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2ª RODADA - 29/07/2015

comercial”.

Importante destacar que para a referida Corte é “relativa a inidoneidade da tentativa de furto em
estabelecimento comercial dotado de segurança e de vigilância eletrônica e, por consequência, afastar a
alegada hipótese de crime impossível”.

Assim sendo, entende o STJ que sempre haverá risco de que os sistemas eletrônicos de vigilância e de
segurança, por algum motivo qualquer, não frustrem a ação delitiva, de modo que o delito impossível,
na dicção do art. 17, do Código Penal, somente se configura por “por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto”.

GABARITO: ERRADO

33. Nos crimes de peculato e no emprego irregular de verbas ou rendas públicas, o sujeito
ativo visa benefício próprio ou alheio, em detrimento do interesse público representado pela
Administração Pública.

COMENTÁRIO

Consigna o art. 312, do Código Penal que “apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio”.

Ainda, “§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”.

Há três modalidades dolosas de peculato: (i) peculato-apropriação; (ii) peculato-desvio; (iii) peculato-
furto. Para além de tais modalidades, há, ainda, o peculato culposo - §2º, art. 312, CP.

No peculato-desvio, o sujeito ativo, ou seja, o funcionário público, visto que é crime próprio, deve ter a
posse da coisa, no entanto, dar destinação diversa da prevista, empregando-a em benefício próprio
ou alheio, que é elemento subjetivo especial do tipo, que também estar presente nas modalidades
apropriação e furto.

O crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas consiste em “dar às verbas ou rendas públicas
aplicação diversa da estabelecida em lei”, na dicção do art. 315, do Código Penal.

O tipo penal exige que o sujeito ativo seja funcionário público com poder de disposição de rendas e
verbas públicas.

A conduta típica consiste em empregar, utilizar, verbas – dotação orçamentária para pagamento das
despesas do Estado, ou rendas – valores arrecadados legalmente pelo Estado, aplicação diversa da
estabelecida em lei, devendo esta ser compreendida em sentido restrito, ou seja, o ato normativo emanado
do Poder Legislativo.

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A título de observação, lembremos que se trata de normal penal em branco imprópria ou homogênea,
pois extrai seu complemento de norma de igual hierarquia.

Segundo Nucci6, “não importa eventual finalidade justa para o emprego irregular de verbas, nem o
propósito honesto do sujeito ativo, pois o funcionário tem o dever legal de ser fiel às regras estabelecidas
pela Administração para aplicar o dinheiro público”.

Portanto, no crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas não há o elemento subjetivo,
consistente em “benefício próprio ou alheio”.

GABARITO: ERRADO

34. No curso da investigação criminal, a verificação do juízo criminal competente para apreciar
o pedido de interceptação telefônica, enquanto medida cautelar preventiva, deve ser feita com
base nos elementos de prova existentes até então, à luz da regra do rebus sic stantibus.

COMENTÁRIO

O Poder Judiciário tem exclusividade para determinar a interceptação telefônica, nos termos do art. 5, XII,
da Constituição Federal e art. 1º, caput, c/c art. 5º, da Lei n. 9.296/1996.

Art. 5º [...]

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em


investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá
de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de
execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Assim sendo, o nosso ordenamento adotou um sistema de controle judicial prévio da legalidade da
interceptação telefônica, estando esta, portanto, inserida no âmbito da cláusula de reserva de jurisdição,
devendo ser decretada pelo juiz competente da ação principal.

No entanto, “Quando, no entanto, a interceptação telefônica constituir medida cautelar preventiva, ainda
no curso das investigações criminais, a mesma norma de competência há de ser entendida e aplicada
com temperamentos, para não resultar em absurdos patentes: aí, o ponto de partida à determinação da
competência para a ordem judicial de interceptação - não podendo ser o fato imputado, que só a denúncia,

6 Nucci, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte geral e especial. Edição 2014. Editora Forense.

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2ª RODADA - 29/07/2015

eventual e futura, precisará -, haverá de ser o fato suspeitado, objeto dos procedimentos investigatórios
em curso. Não induz à ilicitude da prova resultante da interceptação telefônica que a autorização
provenha de Juiz Federal - aparentemente competente, à vista do objeto das investigações policiais
em curso, ao tempo da decisão - que, posteriormente, se haja declarado incompetente, à vista do
andamento delas7”.

No caso, aplica-se a denominada teoria do juízo aparente, segundo a qual: se, no momento da decretação
da medida, os elementos de prova colhidos apontam para a competência do juízo responsável pela
decretação da interceptação telefônica, as provas assim produzidas devem ser consideradas válidas, ainda
que a posteriori venha ser reconhecida a incompetência da autoridade judicial inicialmente competente.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

35. É inválida negociação coletiva que acarrete em diminuição salarial por contrariar o princípio
da irredutibilidade salarial.

COMENTÁRIO

O princípio da irredutibilidade salarial possui previsão constitucional:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:

(...)

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

Percebe-se que o dispositivo constitucional possibilita a redução salarial em caso de convenção ou acordo
coletivo, assim, o princípio da irredutibilidade salarial não é absoluto.

Destaca-se que o art. 503 da CLT prevê uma hipótese de redução salarial:

Art. 503 - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução
geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um,
não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer
caso, o salário mínimo da região.

Parágrafo único - Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é garantido o


restabelecimento dos salários reduzidos.

A doutrina majoritária (dentre todos destaco o Ministro Maurício Godinho Delgado) defende que tal

7 STF, Tribunal Pleno, HC 81.260/ES, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j . 14/1 1/2001, D J 1 9/04/2002.

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norma não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, uma vez que se trata de uma hipótese de
redução salarial decorrente diretamente da Lei sem nenhuma negociação coletiva.

Nesse diapasão, importante ressaltar que a recente Medida Provisória nº 680, de 06/07/2015, a qual criou
o Programa de Proteção ao Emprego – PPE com a finalidade de proteger o emprego frente à grave crise
econômica que assola o país, trouxe uma nova hipótese de redução salarial com a expressa previsão de
necessidade de acordo coletivo:

Art. 3º As empresas que aderirem ao PPE poderão reduzir, temporariamente, em até trinta
por cento, a jornada de trabalho de seus empregados, com a redução proporcional do salário.

§ 1º A redução que trata o caput está condicionada à celebração de acordo coletivo de


trabalho específico com o sindicato de trabalhadores representativo da categoria da atividade
econômica preponderante, conforme disposto em ato do Poder Executivo.

GABARITO: ERRADO

36. Compete à União, privativamente, legislar sobre direito do trabalho e sobre as condições para
o exercício de profissões.

COMENTÁRIO

A Constituição Federal, sem seu art. 22, I e XVI, estabelece que compete privativamente à União legislar
sobre Direito do Trabalho e sobre condições para o exercício de profissões. Nessa seara, o Supremo
Tribunal Federal vem reiteradamente julgando inconstitucionais leis estaduais ou municipais que tratem
do tema:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Direito do Trabalho.


Competência legislativa da União. Precedentes. 1. É pacífica a jurisprudência da Corte
de que compete à União, privativamente, legislar sobre direito do trabalho e
sobre as condições para o exercício de profissões. 2. Agravo regimental não provido.
(ARE 821761 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 09/06/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-128 DIVULG 30-06-2015 PUBLIC 01-07-2015)

Assim, o Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade de: a) lei estadual que estabelece
regras sobre a profissão de motoboy (ADI 3610); b) lei municipal que fixa jornada máxima aos profissionais
de fisioterapia (ARE 821761 AgR); c) lei estadual que cria limites ao exercício da profissão de despachante
(ADI 4387); d) lei distrital que disciplina a atividade de transporte de bagagens nos terminais rodoviários
do Distrito Federal (ADI 3587).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

37. Em caso de assédio sexual cometido em decorrência da relação de emprego, é competência


da justiça do trabalho processar e julgar ação penal consequente de tal fato.

COMENTÁRIO

A EC nº 45/2004 alargou a competência da Justiça do Trabalho ao estabelecer que compete à Justiça do


Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho (art. 114, I).

A partir de tal dispositivo, surgiram interpretações que entendiam que toda demanda decorrente da
relação de trabalho deveria ser julgada na justiça do trabalho, inclusive as ações penais. Nesse diapasão,
o Procurador-Geral da República ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade com o objetivo de
afastar qualquer intepretação nesse sentido.

O Supremo Tribunal Federal ao julgar a Medida Cautelar da ADI 3684 refutou a possibilidade da Justiça
do Trabalho processar e julgar ações penais:

EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento.


Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX,
da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida
com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República,
acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho
competência para processar e julgar ações penais. (ADI 3684 MC, Relator(a): Min. CEZAR
PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/02/2007, DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-
08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00030 EMENT VOL-02283-03 PP-00495 RTJ VOL-00202-02 PP-
00609 LEXSTF v. 29, n. 344, 2007, p. 69-86 RMP n. 33, 2009, p. 173-184)

Assim, a assertiva está errada. Ressalta-se que, embora não tenha competência penal, a justiça do
trabalho é competente para julgar habeas corpus, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
sua jurisdição, nos termos do art. 114, IV, da Constituição Federal.

GABARITO: ERRADO

38. Na justiça do trabalho, cabe à parte que requereu a prova pericial o pagamento dos honorários
periciais.

COMENTÁRIO

O Código de Processo Civil dispõe:

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do
perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido
por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.

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Todavia, tal dispositivo não é aplicável à justiça laboral, uma vez que o Texto Consolidado tem regramento
próprio acerca do tema:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente
na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de justiça gratuita.

Em suma, diferentemente do processo civil, no qual a responsabilidade pelo pagamento dos honorários
periciais é de quem requereu a realização de tal prova, na justiça do trabalho a responsabilidade é da
parte sucumbente na pretensão objeto da perícia.

Ademais, como a análise da sucumbência é essencial para estabelecimento da responsabilidade pelo


pagamento, é ilegal a exigência de depósito prévio dos honorários periciais. Corrobora a OJ nº 98 da
SBDI-2:

MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO DE


HONORÁRIOS PERICIAIS (nova redação) – DJ 22.08.2005

É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a
incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança
visando à realização da perícia, independentemente do depósito.

Ressalta-se que a Orientação Normativa nº 27/05, do Tribunal Superior do Trabalho, admite o depósito
prévio nas lides não decorrentes da relação de emprego.

Ainda sobre o tema, a Súmula nº 457 do Tribunal Superior do Trabalho aduz que a União é responsável
pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária
da assistência judiciária gratuita.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

39. Em relação ao auxílio-doença, durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento


da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral.

COMENTÁRIO

O objetivo da presente questão é alertar os alunos das diversas alterações na legislação previdenciária
ocorridas durante o ano de 2015. Houve alterações no regramento do fator previdenciário, da pensão,
do auxílio-doença, dentre outros institutos previdenciários. Ao longo do curso, trataremos de principais
mudanças em especial as existentes na Medida Provisória nº 664, convertida na Lei nº 13.135/15. Desde já,
aconselho aos alunos bastante cuidado com os livros e materiais desatualizados.

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Especificamente em relação ao período em que o empregador será responsável pelo pagamento do


salário do segurado durante o período do auxílio-doença, destaca-se que, anteriormente à edição da MP
nº 664, o prazo, conforme o art. 60, §3º, da Lei nº 8.213/91, era de 15 dias.

Todavia, a Medida Provisória nº 664 estabeleceu que tal prazo passaria a ser de 30 dias. Tal fato teve
bastante destaque na mídia nacional, contudo, o Congresso Nacional ao converter a referida MP na Lei
nº Lei nº 13.135/15 rejeitou a alteração do prazo proposto pelo Poder Executivo.

Assim, período em que o empregador será responsável pelo pagamento do salário do segurado durante
o período do auxílio-doença ocorre durante os 15 (quinze) primeiros dias do afastamento.

GABARITO: CERTO

40. Atualmente, não é devido pelo servidor público federal a contribuição previdenciária sobre
parcela recebida a título de função de confiança.

COMENTÁRIO

Inicialmente, destaca-se que o ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão é vinculado ao Regime


Geral de Previdência Social, e não ao Regime Próprio.

No texto original da Constituição Federal não havia diferenciação entre os ocupantes de cargo efetivo ou
em comissão, assim, todos seriam englobados no regime próprio. Contudo, a Emenda Constitucional nº
20/98 inseriu o §13º no art. 40:

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre


nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público,
aplica-se o regime geral de previdência social.

Assim, a partir da edição da citada emenda constitucional, o servidor ocupante, exclusivamente, de


cargo em comissão deverá ser enquadrado no regime geral de previdência social. Destaca-se que o
Supremo Tribunal Federal entendeu que tal alteração engloba não só a União, mas também os Estados e
Municípios, não existindo, assim, qualquer violação ao pacto federativo (ADI 2024).

Contudo, o caso em tela traz uma situação diferente: a do servidor público federal ocupante de função de
confiança ou de cargo comissionado. Nesse sentido, a Lei nº 10.887/2004 expressamente exclui a parcela
percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão ou de função comissionada ou gratificada
da incidência da contribuição previdenciária:

Art. 4º A contribuição social do servidor público ativo de qualquer dos Poderes da União,
incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio de
previdência social, será de 11% (onze por cento), incidentes sobre:

(...)

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§ 1º Entende-se como base de contribuição o vencimento do cargo efetivo, acrescido das


vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual
ou quaisquer outras vantagens, excluídas:

(...)

VIII - a parcela percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão ou de função


comissionada ou gratificada;

Destaca-se que mesmo antes dessa exclusão legal os Tribunais Superiores (STF ADINMC 2.010/ STJ
EREsp 524711) afastavam a incidência da contribuição previdenciária por entender que a impossibilidade
de incorporação do cargo em comissão à aposentadoria ocasionaria na exclusão de tais valores da base
de cálculo da contribuição previdenciária. O Acórdão abaixo explicita as razões do entendimento:

(...) 4. A base de cálculo, a incidência de contribuição sobre a parcela remuneratória decorrente


do exercício de função comissionada, à mingua de dispositivo legal que defina, constitui
violação aos princípios da legalidade, da vedação de confisco e da capacidade econômica
(contributiva), insculpidos nos incisos I e IV do art. 150 e § 1º do art. 145 da Constituição, bem
como o princípio da proporcionalidade entre o valor da remuneração-de-contribuição e o
que se reverte em benefícios, porquanto, na aposentaria, o servidor receberá tão-somente
a totalidade da remuneração do cargo efetivo e não o quantum proporcional àquele sobre
o qual contribuiu (Precedentes da Primeira Seção: ERESP n.º 524711 e ERESP 549.985) 5. Os
valores remuneratórios de função comissionada ou cargo comissionado não integram a base
de cálculo conceituada no art. 1º da Lei 9.783/99.

6. O Eg. STF, apreciando a constitucionalidade da Lei 9.783/99 na ADINMC 2.010/DF, de relatoria


do Ministro Celso de Melo, concluiu que: “o regime contributivo é por essência, um regime de
caráter eminentemente retributivo” pelo que “deve haver, necessariamente, correlação entre
custo e benefício.” 7. A partir da edição da Lei 9.783/99, segundo entendimento seguido
pelas Turmas de Direito Público do STJ, deve ser afastado o desconto previdenciário incidente
sobre a gratificação pelo exercício de função comissionada, em virtude da supressão de sua
incorporação, visto que a contribuição não pode exceder ao valor necessário para o custeio
do benefício previdenciário.(...) (REsp 760.840/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 16/09/2008, DJe 02/10/2008)

Corrobora com tal entendimento a Súmula nº 69 da AGU.

GABARITO: CERTO

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