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8ª RODADA - 08/08/2016
CEI-PGE/PGM
2ª EDIÇÃO
8ª RODADA - 08/08/2016
DURAÇÃO
26/05/2016 A 14/09/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
30 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. PGM
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2ª ED.
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. 2016
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PROFESSORES
Kaoye Guazina Oshiro – Direito Processual Civil e Fazenda Pública em Juízo no NCPC.
Procurador do Estado do Mato Grosso do Sul. Ex-Analista Judiciário do TJ-MS. Aprovado no concurso
de Procurador do Estado do Piauí (2014 – 42º lugar), Procurador do Estado do Paraná, além de ter
outras aprovações como Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador do TRF 3ª Região (2013 – 7º
lugar), Técnico Orçamentário do MPU (2010 – 10º lugar) e Técnico Judiciário do TRT 24ª Região (2010
– 54ª lugar), do STM (2010 – 13º lugar) e do TJ-MS (2009 – 1º lugar). Bacharel em Direito pela UFMS.
8ª RODADA - 08/08/2016
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INSTRUÇÕES GERAIS
Caros alunos,
para que este curso ocorra perfeitamente, gostaria que observassem as seguintes instruções:
1. Leiam com atenção o calendário do curso, disponibilizado no site do CEI, para se programarem
e se organizarem.
2. Os exercícios decorrentes das questões dissertativas e das peças judiciais devem ser enviados
tempestivamente, até a data indicada em cada rodada, para o email do respectivo professor. Não é
obrigatório o envio dos exercícios para ter acesso ao Espelho de Correção.
3. Se deseja submeter seu exercício escrito à mão, baixe o arquivo no formato .pdf e depois envie
para o email do professor em arquivo único (e não dividido, portanto). Se deseja submeter seu
exercício digitado, baixe o arquivo no formato .doc e igualmente o envie depois para o respectivo
professor.
4. Para atingirmos o nível esperado de simulação da prova real, recomendamos que respondam
às questões dissertativas e elaborem as peças judiciais consultando apenas a legislação seca. Após
enviar seu exercício para o professor, pesquise os temas à vontade.
5. Para qualquer dúvida operacional sobre o CEI (problemas para acessar o site, p. ex.), entre em
contato com o Kleber no email suporte@cursocei.com.
6. Para qualquer crítica, elogio ou consideração sobre os materiais do curso ou sobre determinado
professor, entre em contato comigo pelo email profcei.jorgeottoni@gmail.com
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
1. Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao tratamento constitucional conferido aos
juízes do Trabalho, aos Tribunais Regionais do Trabalho e ao Tribunal Superior do Trabalho:
d) Nas comarcas não abrangidas pela jurisdição das Varas do Trabalho, a lei poderá atribuí-
la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal de Justiça.
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b) A partir da vigência do CPC de 2015, o termo a quo da contagem do prazo para apresentar
contestação em ação rescisória é a data da juntada aos autos do mandado cumprido,
quando a citação for por oficial de justiça.
e) A norma que assegura o prazo em dobro para todas as manifestações dos litisconsortes
que tiverem diferentes procuradores, desde que oriundos de escritórios de advocacia
distintos, passou a valer também na justiça obreira, em razão da aplicação supletiva do CPC
de 2015 ao processo do trabalho.
DIREITO CIVIL
4. No que diz respeito aos negócios jurídicos e aos direitos da personalidade, assinale a assertiva
incorreta:
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c) Caso a mãe, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos ao filho, assuma
as despesas, o prazo prescricional para pretensão de reembolso será de 2 (dois) anos, por
se tratar prestação de caráter alimentar.
d) O CC/2002 estabelece que, violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual
se extingue, pela prescrição, nos prazos previstos no diploma civil. No entanto, doutrina
e jurisprudência vem mitigando tal entendimento, aplicando a teoria do actio nata sob o
viés subjetivo, segundo o qual não bastaria surgir a ação (actio nata), mas também seria
necessário o conhecimento, pelo titular, da violação do direito subjetivo.
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e) Segundo o CC/2002, a doação universal é nula, não se aplicando tal sanção à chamada
doação inoficiosa.
a) De acordo com decisão do STF, não constitui requisito legal para a concessão de pensão
por morte à companheira que a união estável seja declarada judicialmente, mesmo que
vigente formalmente o casamento, razão pela qual não é dado à Administração Pública
negar o benefício apenas com base nesse fundamento, sem deixar, porém, de averiguar, no
âmbito administrativo, a separação de fato e a união estável.
c) De acordo com julgado do STJ, diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime
da comunhão parcial de bens, deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que
foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do
casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a
vigência da relação conjugal.
e) De acordo com decisão recente do STJ, o fato de a vítima de ato ilícito com resultado
morte possuir, na data do óbito, idade superior à expectativa média de vida do brasileiro,
afasta o direito de seu dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, sob pena
de chancelar-se evidente enriquecimento indevido e ultrapassar os limites do disposto no
art. 944 do CC/2002 (“A indenização mede-se pela extensão do dano”).
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c) Com relação ao contrato de seguro de dano, ainda que o prêmio seja pago em prestações,
o segurado fará jus à percepção do valor do seguro antes da quitação, se sobrevier o
sinistro antes deste último fato, bem como veda-se ao segurado fazer mais de um seguro
para proteger o bem contra o mesmo risco e, se for nominativa a apólice, o contrato poderá
ser transferido ao adquirente da coisa segurada. Por fim, a garantia de risco proveniente de
ato doloso exige estipulação expressa e destacada no contrato.
e) Sobre o contrato de comissão, tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo
comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente, sendo correto afirmar que o
comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de
culpa, bem como presume-se que está aquele autorizado a conceder dilação do prazo para
pagamento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver
instruções diversas do comitente. Ademais, o crédito do comissário, relativo a comissões e
despesas feitas, goza de privilégio especial, no caso de falência ou insolvência do comitente
e, não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos
correntes no lugar.
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c) Ainda que conste da peça acusatória o pedido de imposição de uma pena vedada pelo
ordenamento jurídico, a exemplo da pena de morte para crime comum (garantia constante
do art. 5º, XLVII, “a”, da CF/1988), tal vício não terá o condão de ensejar a rejeição da peça
acusatória.
d) Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento prévio,
impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na versão do
autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo Circunstanciado ou
de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria
e a materialidade do crime.
9. Em relação à parte geral do Direito Penal, notadamente quanto à tipicidade e nexo causal,
assinale a alternativa incorreta:
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e) O Código Penal acolheu, como regra, a teoria da conditio sine qua non, que se vale do
critério da eliminação hipotética, para evitar o regresso ao infinito. No entanto, existem
situações que não são adequadamente solucionadas pelo emprego da mencionada teoria,
sendo o que ocorre, por exemplo, com as hipóteses de dupla causalidade.
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outrem ou para causar dano, ostenta a natureza de crime próprio, formal, de forma livre,
comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão, instantâneo,
unissubjetivo, plurissubsistente e admite tentativa.
d) Crimes pluriofensivos são aqueles dotados de iter criminis fracionável, de forma que sua
execução se desdobra em vários atos.
11. O sistema processual pátrio concebe a execução como um conjunto de meios materiais
previstos em lei, à disposição do juízo, visando à satisfação do direito. Os provimentos judiciais
são satisfeitos por meio de cumprimento de sentença; os títulos executivos extrajudiciais são
objeto de processo autônomo de execução. A respeito do processo executivo autônomo, julgue
as seguintes assertivas de acordo com as disposições do Novo Código de Processo Civil e o com
o entendimento jurisprudencial predominante:
III. A nova legislação não prevê o princípio da menor onerosidade, tendo revogado o
código anterior nesse ponto.
a) I e II.
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b) II e III.
c) I, II e V.
d) III, IV e V.
e) I, II e IV.
12. Ainda a respeito da execução fundada em título executivo extrajudicial, assinale a única
alternativa INCORRETA:
a) O credor deve ser intimado para opor fato impeditivo à incidência da prescrição
intercorrente antes de sua decretação de ofício.
b) Nos embargos à execução, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe
seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
a) O Prefeito não pode depor como testemunha, porquanto suspeito, embora seja permitida
sua oitiva como informante do juízo.
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b) Não se aplica ao Prefeito a prerrogativa de ser ouvido em dia, hora e local em que
preferir.
e) Embora a Fazenda Pública possa celebrar negócios jurídicos processuais, não seria
possível o acordo em relação à dispensa de julgamento na primeira instância, partindo-se
diretamente para a segunda, considerada a natureza cogente das regras a esse respeito.
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c) A decisão judicial poderá ser levada a protesto imediatamente após seu trânsito em
julgado.
d) Na hipótese de a dívida ser ilíquida, exige-se sua prévia liquidação para, somente depois
disso, ser o devedor intimado para pagá-la, sob pena de aplicação de multa de dez por
cento do valor exequendo e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
DIREITO AMBIENTAL
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17. Sobre o Código Florestal e Área de Proteção Permanente e a Reserva Legal, assinale a alternativa
correta:
18. Sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), julgue os seguintes itens:
II. A água é um bem de domínio público e a titularidade dada pela Constituição Federal
a alguns entes simboliza a qualidade de gestor destes recursos.
IV. Embora seja um bem de domínio público, é possível que ocorra a cobrança pelo uso
dos recursos hídricos, cujos valores arrecadados devem ser utilizados, dentre outros fins,
para o financiamento de estudos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos.
a) I e II.
b) III e IV.
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c) I, II e IV.
d) IV.
e) I e IV.
DIREITO TRIBUTÁRIO
19. Sobre a repartição constitucional das receitas tributárias, julgue os seguintes itens:
III. Dentre os impostos cujas receitas não são repartidas, encontram-se: imposto estadual
sobre transmissão causa mortis e doações, e impostos de importação e exportação.
IV. Pertencem aos Municípios vinte e cinco por cento da arrecadação do ICMS, dos quais
um quarto será creditado conforme dispuser lei estadual ou, havendo territórios, lei federal,
e até três quartos na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de
mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios.
a) I, II e III.
b) II e IV.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
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d) Como regra, as operações da cadeia produtiva que gozem de benesses legais não geram
créditos para as etapas seguintes. No entanto, por expressa previsão constitucional, é
possível que a isenção ou não-incidência do ICMS em uma determinada operação implique
crédito para compensação com o montante devido nas operações seguintes.
e) Quando uma mercadoria for encontrada sem situação irregular pela falta de
documentação fiscal, o ICMS será devido ao Estado de domicílio do destinatário.
DIREITO ADMINISTRATIVO
21. Tratando dos requisitos dos atos administrativos, marque a alternativa correta:
a) Segundo a Lei nº 9.784/99, um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão
de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
22. Acerca das compras pela Administração Pública, do sistema de registro de preços e da adesão
à ata registrada, assinale a alternativa correta:
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a) A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos
créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos à prestação de serviços a serem
executados de forma contínua e entrega bens e produtos, que poderão ter a sua duração
prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses.
b) Existem hipóteses em que os contratos administrativos poderão ter vigência por até 120
(cento e vinte) meses.
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DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Tratando das atribuições, competências e controle exercido pelos Tribunais de Contas, marque
a alternativa correta:
25. Sobre as operações de crédito e sua disciplina na Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a
alternativa correta:
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DIREITO CONSTITUCIONAL
26. Tendo em vista as normas constitucionais, bem como a jurisprudência do STF sobre o CNJ e
CNMP, assinale a alternativa correta:
a) O CNJ, que não exerce função jurisdicional, é órgão administrativo do Poder Judiciário,
podendo apreciar, de ofício, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros
ou órgãos do Poder Judiciário, bem como desconstituir esses atos.
e) O CNJ, composto apenas por membros do Poder Judiciário, tem seus atos sujeitos ao
controle do STF, sendo que as suas atribuições são estabelecidas pela Constituição em rol
exemplificativo, já que outras lhe poderão ser atribuídas pelo Estatuto da Magistratura.
27. Tendo em vista a doutrina e jurisprudência do STF sobre as classificações das normas
constitucionais em relação à sua eficácia e aplicabilidade, analise os itens que seguem:
I. O art. 5º, XIII, da CF/88, que assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
II. O art. 230, § 2º da CF/88, que garante a gratuidade de transporte coletivo urbano para
os maiores de 65 anos.
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III. O art. 201, V, CF/88, que garante a pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
IV. O art. 14 da CF/88, que assegura o sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos.
28. Acerca das normas constitucionais sobre o Poder Legislativo, assinale a alternativa incorreta:
c) Tendo em vista o princípio da separação de poderes, a CPI não tem poderes para
investigar atos do Poder Judiciário.
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e) Caso um deputado federal ou senador perceba vantagens indevidas, poderá ter o seu
mandato cassado, por decisão da maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, em procedimento iniciado por provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, sendo assegurada ampla defesa.
DIREITO EMPRESARIAL
29. Assinale a única alternativa que não veicula um direito essencial do acionista de sociedade
anônima:
a) Direito de voto.
b) Direito de retirada.
II. Uma sociedade de natureza artística constituída por um violinista e um pianista, para
que esses realizem concertos juntos, deve ser classificada como sociedade empresária.
IV. Ainda que integralizado por completo o capital social de uma sociedade limitada,
podem os sócios serem responsabilizados por dívidas sociais, independente de disposição
legal específica autorizando tal imputação de responsabilidade.
a) I e II.
b) I e III.
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c) Apenas II.
d) III e IV.
e) II e IV.
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA B
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1. Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao tratamento constitucional conferido aos
juízes do Trabalho, aos Tribunais Regionais do Trabalho e ao Tribunal Superior do Trabalho:
d) Nas comarcas não abrangidas pela jurisdição das Varas do Trabalho, a lei poderá atribuí-
la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal de Justiça.
COMENTÁRIO
NOVA EC: Em 12 de julho de 2016, foi promulgada a EC nº. 92/2016, que alterou os artigos 92 e 111-A
da Constituição Federal, promovendo modificações no que diz respeito aos requisitos para o provimento
do cargo de Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, à competência da Corte e sua inclusão expressa
entre os órgãos componentes do Poder Judiciário. Vejamos o que mudou, aproveitando para relembrar
alguns aspectos da disciplina conferida pela CF/88 aos Tribunais e juízes do trabalho:
Alternativa (A): correta. Ao elencar os órgãos do Poder Judiciário, o art. 92 da CRFB, em sua redação
originária, somente mencionava o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais
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Regionais Federais e juízes federais, os Tribunais e juízes do trabalho, os Tribunais e juízes eleitorais, os
Tribunais e juízes militares e os Tribunais e juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Com a EC
nº. 45, de 2004, foi incluído também o Conselho Nacional de Justiça. Já o TST, embora reconhecido como
instância máxima da justiça trabalhista desde a sua criação, ficou “esquecido”. No entanto, levando em
consideração que a Corte, à semelhança do STJ, também desempenha papel de uniformizador e último
intérprete da legislação infraconstitucional no âmbito de sua área de atuação, a EC nº. 92, de 12 de julho
de 2016, acrescentou ao art. 92 da CF/88 o inciso II-A, incluindo o TST, de forma expressa, no rol
de órgãos componentes do Poder Judiciário.
Alternativa (B): incorreta. Outra discrepância entre o STJ e o TST, apesar de ambos terem como atribuição
proceder à uniformização da jurisprudência federal, diz respeito aos requisitos exigidos para provimento
do cargo de Ministro. Isso porque, desde 2004, com a promulgação da EC n. 45/2004, a nomeação
de cada um dos 27 (vinte e sete) Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (p/ memorizar: TST -
Trinta Sem Três - 27) somente tinha como pressuposto, nos termos do art. 111-A da CRFB, que fossem
escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade. Já
em relação ao provimento dos 33 (trinta e três) cargos de Ministro do Superior Tribunal de Justiça (art.
104, CF/88) (p/ memorizar: STJ - Somos Todos Jesus - Jesus morreu aos 33 anos - 33), sempre foi
exigida a comprovação de notável saber jurídico e reputação ilibada. A EC nº. 92/2016, ao alterar a
redação do art. 111-A, eliminou essa diferenciação injustificada, resolvendo o problema. Veja como ficou
a nova redação:
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada [trecho acrescido pela emenda, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
Alternativa (C): incorreta. A CRFB, inicialmente, somente tratou da reclamação constitucional como
instrumento para preservar a competência e garantia de autoridade das decisões do STF (art. 102, I,
alínea “l”, CF/88) e do STJ (art. 105, I, alínea “f”, CF/88) e para anular o ato administrativo ou cassar a
decisão judicial contrária a súmula vinculante (art. 103-A, §3º, CF/88). Apesar da omissão com relação
à utilização da reclamação no âmbito estadual, o STF se posicionou pela possibilidade de os estados-
membros preverem o instituto dentro de sua esfera de competência, por simetria com a CRFB, sem que
tal configurasse invasão da competência privativa da União para legislar sobre direito processual. Isso
porque a natureza jurídica da reclamação se situa no âmbito do direito constitucional de petição,
previsto no art. 5º, inciso XXXIV, da CF/88 (STF, Plenário. ADI 2212, Rel. Min. Ellen Gracie, j. em 2/10/2003).
Com o advento do CPC de 2015, passou a ser possível a propositura de reclamação perante qualquer
tribunal, visando a preservar a competência e garantir a autoridade das decisões do respectivo órgão
(art. 988, I, II, §1º, CPC de 2015). Por fim, a EC nº. 92/2016 passou a prever, com a inserção do §3º ao
art. 111-A da CF/88, a competência do TST para processar e julgar, originariamente, a reclamação
para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões, incorporando
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Alternativa (D): incorreta. O art. 112 da CF/88 atribui à lei a função de criar as Varas da Justiça do
Trabalho, autorizando, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, que esta seja atribuída aos juízes
de direito. Em suma, nas localidades em que não há varas do trabalho, o juiz de direito acumulará
também a jurisdição trabalhista. No entanto, como a competência para julgar as ações oriundas da
relação de trabalho pertence à Justiça do Trabalho (art. 114, I, CF/88), as decisões proferidas pelo juiz de
direito em causas trabalhistas deverão ser impugnadas com recurso para o Tribunal Regional do Trabalho
da região, e não para o Tribunal de Justiça. Veja o que diz a Constituição:
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas
por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
Regional do Trabalho.
Alternativa (E): incorreta. A composição dos Tribunais Regionais do Trabalho não é uniforme, na medida
em que não é igual o número de seus membros, embora todos eles sejam compostos por, no mínimo,
sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
dentre magistrados de carreira, advogados e membros do Ministério Público. O art. 115, §1º da CF/88
determina que os TRT’s instalem a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos
e comunitários. Logo, a instalação da justiça itinerante corresponde a um COMANDO constitucional.
Já no que diz respeito à constituição de Câmaras regionais, descentralizando o funcionamento desses
Tribunais embora seja medida desejável, não foi estabelecida pela Constituição como obrigatória,
pelo menos se considerarmos a literalidade do dispositivo, que se utiliza do termo “poderão”:
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COMENTÁRIO
Em razão da natureza alimentar dos salários, que têm por finalidade assegurar o sustento do trabalhador
e de sua família, a eles é assegurada a chamada tríplice proteção, consistente nas garantias de proteção
do salário em face dos credores do empregado, dos credores do empregador, bem como em relação a
eventuais abusos cometidos pelo empregador. A propósito, o art. 7º, X da CF/88, ao prever a proteção do
salário como direito constitucional dos trabalhadores urbanos e rurais, aduz que a sua retenção dolosa
constitui crime.
Alternativa (A): correta. Como forma de garantir a proteção do salário em face de eventuais abusos
do empregador, o art. 462 da CLT o proíbe de efetuar qualquer desconto nos salários do empregado,
ressalvando apenas as seguintes hipóteses: (a) adiantamentos; (b) previsão legal; (c) previsão em contrato
coletivo; (d) danos causados dolosamente pelo empregado; (e) acordo prévio prevendo o desconto de
danos causados de forma não dolosa:
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado,
salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta
possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
NOVIDADE LEGISLATIVA: Em 21 de outubro de 2015, foi editada a Lei nº. 13.172, que modificou a
redação do art. 1º da Lei nº. 10.820, de 2003, prevendo que os empregados celetistas poderão autorizar,
de forma irrevogável e irretratável, o desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponível
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Alternativa (B): correta. NOVO CPC: como garantia de proteção do salário em face dos credores do
empregado, o art. 833, IV do CPC de 2015 assegura impenhorabilidade aos vencimentos, salários e
remunerações, a exemplo do que já fazia o art. 649, IV, do CPC anterior. Com o novo diploma, a exceção
relacionada à penhora para pagamento de prestação alimentícia foi ampliada, tornando expresso o
afastamento da regra de impenhorabilidade independentemente de sua origem.
Na égide do CPC anterior, o STJ conferia interpretação restritiva ao inciso IV do art. 649, aduzindo que
a remuneração a que se refere o dispositivo é a última percebida, perdendo esta natureza a sobra
respectiva, após o recebimento do salário ou vencimento seguinte (Min. Nancy Andrighi, REsp 1.330.567-
RS). A Corte também entende que as verbas rescisórias trabalhistas são consideradas impenhoráveis,
por terem a natureza de verba salarial (alimentar). Contudo, perderá o caráter de impenhorabilidade do
inciso IV se a pessoa recebe a verba e a deposita em fundos de investimento por longo período, já que
não foi utilizada para suprimento de necessidades básicas do devedor e sua família (STJ, 2ª Seção. REsp
1.230.060-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. em 13/8/2014 - Info 547).
Com o advento do Novo CPC, perfeitamente compatível com a jurisprudência do STJ, foi ainda criada
uma nova exceção, afastando-se a impenhorabilidade dos salários no que excederem à importância de
50 (cinquenta) salários-mínimos mensais:
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento
de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o
disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
Alternativa (C): incorreta, devendo ser assinalada. O art. 8º, IV da CRFB, ao tratar da liberdade de
associação sindical, dispõe que “a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de
categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação
sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei”. Essa contribuição prevista em
8ª RODADA - 08/08/2016
lei de que trata a última parte do dispositivo é a chamada Contribuição SINDICAL, que consiste em tributo
instituído pela União com arrecadação destinada aos sindicatos (contribuição parafiscal). Por se tratar de
tributo, é COMPULSÓRIA, devendo ser paga por todos aqueles que fizerem parte de uma determinada
categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo
dessa categoria ou profissão ou, inexistindo este, em favor da Federação correspondente.
Por outro lado, a contribuição CONFEDERATIVA, fixada pela assembleia (e por isso também chamada de
“contribuição de assembleia”), é VOLUNTÁRIA, já que não é criada por lei, somente devendo ser paga
pelas pessoas que optarem por se filiar ao sindicato. Dito de outro modo, a contribuição confederativa,
diferentemente da sindical, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. NOVA SV: Esse
entendimento, que já estava pacificado na Súmula nº. 666-STF e no precedente normativo nº. 119-TST,
foi convertida na Súmula Vinculante nº. 40, em 11/3/2015.
Alternativa (D): correta. NOVIDADE LEGISLATIVA: a Lei nº. 10.820, de 2003, que prevê a possibilidade de
autorização do empregador de efetuar descontos para pagamento de valores referentes a empréstimos,
financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil - a qual, como comentamos,
teve sua redação modificada em 2015, com o advento da Lei nº. 13.172 -, foi novamente alterada pela
Lei nº. 13.313, de 14 de julho de 2016, a qual passou a permitir que o empregado ofereça em garantia,
de forma irrevogável e irretratável, nas hipóteses autorizadas de empréstimo consignado, até 10% (dez
por cento) do saldo de sua conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e até
100% (cem por cento) do valor da multa paga pelo empregador, em caso de despedida sem justa causa
ou de despedida por culpa recíproca ou força maior. Nesses casos, será afastada a impenhorabilidade das
contas vinculadas em nome dos trabalhadores prevista no §2º do art. 2º do mesmo diploma.
A multa mencionada é aquela de 40% do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada
do empregado durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos
dos respectivos juros, que deve ser paga na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa
ou na rescisão indireta, e de 20%, quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior,
reconhecida pela Justiça do Trabalho, nos termos dos §§1º e 2º do art. 18 da Lei nº. 8.036, de 1990.
Alternativa (E): correta. Vimos que é possível ao empregador efetuar descontos nos salários do
empregado em algumas hipóteses, que excepcionam a garantia da intangibilidade salarial. Nesta
senda, a jurisprudência do TST se firmou no sentido de possibilitar o desconto a título de assistência
odontológica, médico-hospitalar, de seguro, previdência privada, entidade cooperativa, cultural ou
recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes (S 342-TST), desde
que mediante autorização prévia e por escrito do trabalhador. A Corte entende que, nessas hipóteses,
como o empregador efetivamente goza dos benefícios pagos com os valores descontados, não há ofensa
ao art. 462 da CLT, a menos que fique comprovado que houve algum defeito no consentimento capaz de
viciar o negócio jurídico (ameaça de despedida se o empregado não aderir ao desconto, etc.).
Como regra, a subordinação inerente à relação empregatícia compromete a livre manifestação de vontade
8ª RODADA - 08/08/2016
b) A partir da vigência do CPC de 2015, o termo a quo da contagem do prazo para apresentar
contestação em ação rescisória é a data da juntada aos autos do mandado cumprido,
quando a citação for por oficial de justiça.
e) A norma que assegura o prazo em dobro para todas as manifestações dos litisconsortes
que tiverem diferentes procuradores, desde que oriundos de escritórios de advocacia
distintos, passou a valer também na justiça obreira, em razão da aplicação supletiva do CPC
de 2015 ao processo do trabalho.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A Lei nº. 9.800, de 1999, permitiu às partes se utilizarem de sistema de transmissão
de dados e imagens tipo fac-símile ou outros similares para a prática de atos processuais que dependam
8ª RODADA - 08/08/2016
de petição escrita, sem prejuízo do cumprimento dos prazos. Nessas hipóteses, os originais devem ser
entregues em juízo, necessariamente, em até cinco dias da data do término do prazo (art. 2º, caput). Como
o ordenamento jurídico brasileiro, no que diz respeito à sistemática processual (art. 14, CPC de 2015,
aplicável ao processo do trabalho) adotou o sistema do isolamento dos atos processuais, o diploma,
apesar de ter aplicação imediata, somente incide em relação aos recursos interpostos após o início de
sua vigência (Súmula 387, item I, TST). O C. TST entende que a contagem do prazo para apresentação
dos originais começa a fluir no dia subsequente ao término do prazo processual, mesmo que o
recurso tenha sido interposto pela parte em momento anterior. Dito de outro modo, o termo a
quo do quinquídio deve ser contado a partir do dia posterior ao encerramento do prazo previsto em lei
para a interposição daquele recurso, e não do dia posterior ao próprio ato de interposição (Súmula 387,
item II). Veja que a lei nº. 9.800/99 não criou ou ampliou nenhum prazo processual propriamente dito,
apenas concedendo às partes um período dentro do qual deverão convalidar ato já praticado. Assim,
considerando que a parte, no momento em que realiza o ato por meio dessa via, já tem ciência do seu
ônus de apresentar os originais em juízo, o dies a quo não depende de intimação, bem como não se
aplica o §3º do art. 224 do CPC de 2015 - o qual dispõe que a contagem do prazo terá início no primeiro
dia útil que se seguir ao da publicação - de modo que o prazo pode ter início mesmo aos sábados,
domingos ou feriados. Veja o que diz o item II da Súmula 387 do TST, atualizada em 26/4/2016:
III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a parte, ao
interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra do art. 224 do
CPC de 2015 (art. 184 do CPC de 1973) quanto ao “dies a quo”, podendo coincidir com sábado,
domingo ou feriado.
Observação 1: a regra não se aplica ao processo eletrônico. Isso porque, conforme prevê o art. 11 da
Lei nº. 11.419/06, os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com
garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida na Lei, serão considerados originais para
todos os efeitos legais. Assim, não há necessidade de realização de nenhum ato posterior pela parte.
Observação 2: Veja que a súmula só trata do termo inicial do prazo. Em relação ao termo final,
deve ser prorrogado para o primeiro dia útil subsequente quando coincidir com feriado, sábado ou
domingo, nos termos do parágrafo único do art. 775 da CLT (“os prazos que se vencerem em sábado,
domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte”).
Observação 3: Em relação aos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser entregues em até 5
(cinco) dias da data da recepção do material, nos termos do parágrafo único do art. 2º da Lei nº. 9.800,
de 1999.
Alternativa (B): incorreta. O art. 836 da CLT prevê que a ação rescisória, na justiça do trabalho, sujeita
ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa (lembrando que o Poder Público está
dele dispensado, de acordo com o art. 1º, IV do DL nº. 779/1969), será admitida na forma do disposto
no Capítulo IV do Título IX do CPC de 1973. O §4º do art. 1.046 do CPC de 2015 determina que as
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remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-
se às que lhes são correspondentes no novo Código. Assim, a remissão da CLT corresponde atualmente
aos artigos 966 a 975 do Novo CPC, como concluiu expressamente o TST, nos termos do art. 3º, XXVI da
IN nº. 39/2016, aprovada pela Resolução nº. 203, de 15/3/2016.
Nesses artigos, vale dizer, apesar de ser estipulado que o prazo para apresentação de contestação na
ação rescisória poderá variar entre 15 (quinze) e 30 (trinta) dias, não há nenhum regramento especial
acerca de sua contagem. No âmbito do direito processual comum, aplica-se o art. 231, inciso II do CPC
de 2015, que define, como termo inicial da contestação, a data da juntada aos autos do mandado judicial
cumprido, quando a citação for por oficial de justiça. Ocorre que o direito processual comum só é fonte
subsidiária do direito processual do trabalho quando há omissão (art. 769 da CLT). Assim, como a CLT
possui regramento próprio quanto à contagem dos prazos processuais, determinando que começam
a contar a partir da data em que a notificação for feita pessoalmente ou recebida, ou seja, a partir do
momento em que a parte toma conhecimento de que faz parte do polo passivo da ação (art. 774 da CLT),
não se justifica a aplicação do art. 231 do CPC de 2015 à contagem do prazo na ação rescisória. É
esse o entendimento do TST, conforme prevê a recém-alterada OJ nº. 146 do SDI-2 (atualizada pela Res.
208/2016, em 26/4/2016):
Alternativa (C): incorreta. O art. 867 do CPC de 1973 previa o protesto judicial como procedimento
cautelar específico a ser manejado por todo aquele que desejasse prevenir responsabilidade, prover a
conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. Com a extinção
das cautelares autônomas promovida pelo CPC de 2015, o protesto judicial passou a ser tratado como
medida de jurisdição voluntária, seguindo o procedimento disciplinado nos artigos 726-729 do Novo
CPC, nos termos do §2º do art. 726 do novo diploma processual. O protesto, vale dizer, tem por objetivo
ressalvar e conservar direitos, além de servir como marco de interrupção do prazo prescricional (art.
202, inciso II do CC/2002). Diante da omissão da CLT acerca do tema, esse regramento é aplicado de
forma supletiva e subsidiária ao processo trabalhista, conforme determina o art. 15 do Novo CPC.
O mesmo, contudo, não ocorre em relação à previsão, constante do §2º do art. 240 do CPC de 2015, no
sentido de que a interrupção da prescrição se opera pelo despacho que ordena a citação, somente
retroagindo à data de propositura da ação se a parte se desincumbir do ônus de adotar, no prazo de
10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação. Isso porque, na justiça do trabalho, há
regramento expresso atribuindo ao próprio Poder Judiciário o ônus de promover a notificação da parte
contrária, não havendo omissão. Nesse sentido, o art. 841 da CLT prevê que, “recebida e protocolada a
reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da
petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do
8ª RODADA - 08/08/2016
julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias”. Logo, no âmbito do processo
do trabalho, o ajuizamento do protesto judicial já é suficiente, por si só, para interromper a prescrição.
Essa conclusão, vale dizer, foi recentemente ratificada pelo C. TST, nos termos da OJ nº. 392 da SDI-1,
atualizada em 3/6/2016.
Alternativa (D): incorreta. O art. 893 da CLT prevê serem admissíveis das decisões, no âmbito do processo
do trabalho: embargos, recurso ordinário, recurso de revista e agravo. Todos eles, vale dizer, devem
ser interpostos dentro do prazo de 8 (oito) dias, conforme determinam, respectivamente, os artigos 894
(embargos no TST), 895, incisos I e II (recurso ordinário), 897 (agravo de petição e de instrumento), art.
894, §4º (agravo da decisão denegatória de embargos no TST), todos da CLT, e o art. 6º da Lei nº. 5.584
(recurso de revista, contrarrazões e demais recursos). Em suma, o prazo para interpor e contra-arrazoar
qualquer recurso na justiça do trabalho é de 8 (oito) dias, que devem ser contados em dobro em
relação à Fazenda Pública (art. 1º, III do DL 779/1969). A única exceção a essa regra está prevista
no art. 897-A da CLT, que estatui o prazo de apenas 5 (cinco) dias para a oposição de embargos de
declaração. Tornando clara a inaplicabilidade dos prazos processuais previstos no Novo CPC à seara
trabalhista (com exceção, como vimos, do prazo para contestar ação rescisória), o art. 1º, §2o da IN nº.
39/2016, editada pelo C. TST, prevê expressamente que “o prazo para interpor e contra-arrazoar todos
os recursos trabalhistas, inclusive agravo interno e agravo regimental, é de oito dias (art. 6º da Lei nº
5.584/70 e art. 893 da CLT), exceto embargos de declaração (CLT, art. 897-A)”. Do mesmo modo, ao
elencar os preceitos do CPC de 2015 inaplicáveis ao processo do trabalho em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, a Instrução menciona tanto o art. 335 quanto o art. 1070, que tratam,
respectivamente, do prazo para contestação e para a interposição de agravo (art. 2º, V e XIII, IN nº.
39/2016).
Alternativa (E): incorreta. O art. 191 do CPC de 1973 já previa que deveriam ser contados em dobro os
prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos, em relação aos litisconsortes
com diferentes procuradores. O art. 229 do CPC de 2015 reproduziu a previsão, especificando que o
prazo em dobro se estende a todas as manifestações, e que não dependente de requerimento pela
parte. Por outro lado, afastou a regra na hipótese em que os procuradores dos litisconsortes, embora
distintos, sejam do mesmo escritório advocacia, no caso de apresentação de defesa por apenas um dos
réus, havendo somente dois, bem como em relação aos processos que correm em autos eletrônicos
(art. 229, caput e §§1º e 2º do CPC de 2015). Mesmo na sistemática do Novo CPC, o C. TST manteve o
posicionamento que já adotava, no sentido de reputar incompatível a previsão com a celeridade
inerente ao processo do trabalho. Assim, tanto a incompatibilidade mencionada quanto a existência
de regramento específico quanto à contagem dos prazos processuais no art. 769 da CLT conduzem à
conclusão de que não há espaço para aplicação do dispositivo na seara trabalhista. Além disso, quando
o legislador trabalhista pretendeu conferir prazos diferenciados no processo do trabalho, o fez de forma
expressa, a exemplo do que ocorre na atribuição de prazo em quádruplo para contestar e em dobro para
recorrer aos entes públicos, prevista no art. 1º do DL 779/1969. Confira o teor da OJ nº. 310 do SDI-1 do
TST, atualizada por meio da Res. 208/2016, divulgada em 26/4/2016:
8ª RODADA - 08/08/2016
Observação: Apesar de, a partir da EC 45/04, a competência da justiça do trabalho, até então limitada às
ações envolvendo relações de emprego, ter passado a abranger também as relações de trabalho em
geral, o entendimento acima exposto não se restringe às lides em que são discutidos vínculos de emprego.
Isso porque a IN nº. 27/2005 determina que mesmo as ações relacionadas a vínculos trabalhistas diversos
do emprego deverão seguir a sistemática do processo do trabalho, inclusive quanto aos prazos.
DIREITO CIVIL
4. No que diz respeito aos negócios jurídicos e aos direitos da personalidade, assinale a assertiva
incorreta:
8ª RODADA - 08/08/2016
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. Os direitos da personalidade, que, como inovação, passaram a ser tratados
nos artigos 11 a 21 do CC/2002, são considerados expressões da cláusula geral da dignidade da pessoa
humana, elencada pela Constituição Federal como fundamento da República Federativa do Brasil (art.
1º, inciso III da CF/88). Em caso de colisão entre eles, nenhum poderá sobrelevar os demais, devendo
ser aplicada a técnica da ponderação. Um dos direitos da personalidade diz respeito à previsão de que
“ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica” (art. 15 do CC/02). Importante explicitar que esse artigo não exclui a proteção da vida enquanto
valor fundamental inerente à pessoa humana, nem pode permitir uma conclusão que a sacrifique, pelo
menos em um primeiro momento. Um hard case bastante recorrente envolvendo a colisão entre tais
direitos diz respeito à hipótese em que o paciente, sob o risco de morte, nega-se à intervenção cirúrgica,
por convicções religiosas. Em tais situações, deve ser feita uma ponderação entre o direito à vida e o
direito à liberdade ou à opção religiosa. Acerca do assunto, a doutrina majoritária parece ter concluído
que o direito à inviolabilidade de consciência e de crença de que trata o art. 5º, VI da CF/88 também
deve ser aplicado à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou
sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele. Para tanto, contudo, devem ser observados
alguns critérios, quais sejam: a) a capacidade civil plena, impassível de suprimento pelo representante
ou assistente; b) a manifestação de vontade livre, consciente e informada e, ainda, c) a oposição deve
dizer respeito tão somente à pessoa do declarante. É nesse sentido o enunciado nº. 404 da V Jornada
de Direito Civil.
Alternativa (B): correta. No âmbito dos negócios jurídicos, podem ser identificados elementos essenciais,
naturais e acidentais. Os elementos acidentais estão, em regra, situados no plano da eficácia. São eles:
a condição, o termo e o encargo/modo, disciplinados nos artigos 121 a 137 do Código Civil. Embora
sua presença seja dispensável, as partes podem optar por adicioná-los nos negócios que celebrarem,
com vistas a modificar algumas de suas consequências naturais. A condição se configura quando, em
decorrência exclusivamente da vontade das partes, os efeitos dos negócios jurídicos passam a depender de
um evento futuro e incerto (art. 121 do CC/2002). Quanto aos seus efeitos, a doutrina classifica as condições
em suspensivas e resolutivas. As primeiras impedem, enquanto não verificadas, tanto a eficácia do
negócio jurídico quanto a aquisição, pela parte, do direito a que ele visa (art. 125 do CC/02). Já as cláusulas
resolutivas, de início, em nada influenciam no negócio jurídico, podendo as partes exercer livremente os
direitos dele decorrentes. A partir do seu implemento, contudo, extinguem-se, para todos os efeitos, os
direitos que a ela se opõem (art. 128 do CC/02). Em ambos os casos, o legislador estabeleceu que será
reputada verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo inadimplemento for maliciosamente
obstado pela parte a quem desfavorecer. Por outro lado, será considerada não verificada a condição
maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento (art. 129 do CC/02).
8ª RODADA - 08/08/2016
Tal previsão concretiza o princípio da boa-fé objetiva, ínsito a qualquer negócio jurídico, independente
de previsão expressa, na medida em que exige uma conduta leal dos contratantes. Vale frisar que, nos
termos do enunciado nº. 363 da IV Jornada de Direito Civil, “os princípios da probidade e da confiança
são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação”.
Alternativa (C): correta. O erro está situado entre os vícios de consentimento ou de vontade,
correspondendo ao engano fático, ou, dito de outro modo, a uma falsa percepção da realidade pela
parte, no momento em que emite a declaração de vontade necessária à formação do negócio jurídico,
em relação à pessoa, ao objeto do negócio jurídico ou a mesmo a um direito. Essa última hipótese
excepciona a regra segundo a qual ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando o seu desconhecimento
(art. 3º da LINDB). Os negócios jurídicos celebrados com erro são anuláveis, desde que o erro seja
substancial, ou seja, quando este influir na vontade de modo relevante, for o motivo único ou principal
do negócio jurídico ou estiver relacionado a alguma de suas qualidades essenciais. Conforme prevê o art.
138 do CC/2002, o erro é capaz de tornar o negócio jurídico anulável mesmo que possa ser percebido
por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias em que o negócio foi celebrado.
Diante disso, tem-se que o Código Civil de 2002 conferiu ao erro tratamento legal idêntico ao da
ignorância, caracterizada pelo desconhecimento total quanto ao objeto do negócio.
Alternativa (D): correta. O art. 5º, V da CF/88 assegura o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem. Frise-se que o direito de resposta, nas
hipóteses de ofensa à honra (dano extrapatrimonial) perpetrada mediante divulgação, publicação ou
transmissão de matéria por veículo de comunicação social, foi recentemente regulamentado pela Lei nº.
13.188, de 11 de novembro de 2015. Observação: para efeitos da Lei, são excluídos da definição de
matéria os comentários realizados por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos
de comunicação social. Conforme determina o art. 4º do diploma, o direito de resposta deverá ter o
mesmo destaque, publicidade, periodicidade e duração da matéria que a ensejou, devendo ser a ele
conferido alcance proporcional ao da divulgação do agravo, podendo o ofendido, inclusive, requerer
que seja divulgada, publicada ou transmitida nos mesmos espaço, dia da semana e horário do agravo.
Vale acrescentar que, nos termos do parágrafo único do art. 6º do diploma, o agravo consistente em
injúria não admitirá a prova da verdade. Em suma, pode-se concluir que o direito de resposta é uma
forma de reparação in natura do dano extrapatrimonial, podendo ser cumulado com o pagamento de
indenização em dinheiro. Nesse sentido, confira o enunciado nº. 589 da VII Jornada de Direito Civil (2015):
Alternativa (E): incorreta, devendo ser assinalada. Como comentamos acima, em relação aos negócios
jurídicos, podem-se identificar elementos essenciais, naturais e acidentais. O jurista Pontes de Miranda
foi o responsável por explicar tais elementos por meio da chamada “Escada Ponteana”, que diferencia os
planos de existência, validade e eficácia. Nos termos do art. 104 do CC/2002, a validade do negócio
8ª RODADA - 08/08/2016
jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou
não defesa em lei. Já o plano da eficácia diz respeito aos efeitos gerados pelo negócio em relação
às partes e em relação a terceiros, relacionando-se às consequências jurídicas e práticas do negócio
jurídico.
c) Caso a mãe, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos ao filho, assuma
as despesas, o prazo prescricional para pretensão de reembolso será de 2 (dois) anos, por
se tratar prestação de caráter alimentar.
d) O CC/2002 estabelece que, violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual
se extingue, pela prescrição, nos prazos previstos no diploma civil. No entanto, doutrina
e jurisprudência vem mitigando tal entendimento, aplicando a teoria do actio nata sob o
8ª RODADA - 08/08/2016
viés subjetivo, segundo o qual não bastaria surgir a ação (actio nata), mas também seria
necessário o conhecimento, pelo titular, da violação do direito subjetivo.
e) Segundo o CC/2002, a doação universal é nula, não se aplicando tal sanção à chamada
doação inoficiosa.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. O contrato de seguro é definido no art. 757 do CC/02 como a espécie
contratual por meio da qual o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse
legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Caracteriza-se por ser
bilateral (presença de sinalagma), oneroso (remunerado pelo prêmio), consensual e tipicamente aleatório
(tem possibilidade de ocorrência do sinistro como fator determinante, envolvendo um risco). Em regra,
constitui um contrato de adesão, na medida em que seu conteúdo é imposto por uma das partes
(geralmente a seguradora). Especificamente em relação aos seguros envolvendo automóveis, entre a
ocorrência do sinistro e o efetivo pagamento da indenização (liquidação do sinistro), pode transcorrer
determinado período de tempo, dentro do qual o valor do automóvel poderá sofrer variação. Diante
disso, a jurisprudência do STJ entendeu que a indenização deverá ser calculada com base no valor médio
de mercado, considerando-se a data do sinistro. Eventual cláusula contratual prevendo que o valor
deve ser calculado com base na data do efetivo pagamento (liquidação do sinistro) é considerada
abusiva, devendo ser tida como não escrita. Isso porque o art. 781 do CC/2002 prevê o chamado princípio
indenitário, segundo o qual a indenização securitária deve corresponder ao “valor do interesse segurado
no momento do sinistro”, ou seja, ao valor real dos bens segurados logo antes da ocorrência do sinistro
que implicou a sua perda, destruição ou danificação. Assim, para a Corte, conforme decidido no REsp
1.546.163-GO (STJ, 3ª Turma. Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. em 5/5/2016 - divulgado no Info 583),
no caso de contrato de seguro de automóvel, havendo perda total, a seguradora deverá indenizar
o segurado com base na tabela vigente na data do sinistro, e não na data do efetivo pagamento
(liquidação do sinistro).
Alternativa (B): incorreta. O seguro de vida tratado no CC/2002 também constitui, via de regra, contrato
de consumo, na medida em que o art. 3º, §2º da Lei nº. 8.078/1990 (CDC) inclui entre os serviços
nela abrangidos os de natureza securitária. Os contratos de seguro de vida, assim como de saúde, são
normalmente pactuados por um longo período de tempo, quando o segurado ainda é jovem, sendo
que muitas vezes os consumidores se tornam clientes cativos de determinado fornecedor. Nesses casos,
verificam-se relações complexas, em que o seguro é renovado anualmente por anos, e às vezes por
décadas. Desse modo, a conduta da seguradora que, em determinado momento, resolve condicionar
à renovação do contrato a uma repactuação excessivamente onerosa para o segurado, em razão do
avanço em sua idade, vai de encontro ao dever anexo de cooperação, violando a boa-fé objetiva e
configurando exercício abusivo do direito de renovar ou não o contrato (lembrando que o abuso de
direito é modalidade de ilícito, nos termos do art. 187 do CC/02). Nesse sentido, o Enunciado nº. 543 da VI
8ª RODADA - 08/08/2016
Jornada estabelece que constitui abuso do direito a modificação acentuada das condições do seguro de vida
e de saúde pela seguradora quando da renovação do contrato. Do mesmo modo, a recusa de renovação
das apólices de seguro de vida pelas seguradoras em razão da idade do segurado é considerada, nos
termos do Enunciado nº. 542, discriminatória e atentatória à função social do contrato.
Alternativa (C): incorreta. O art. 206, §2º do CC/2002 estabelece que prescreve em dois anos a pretensão
para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. No entanto, segundo entendeu
o STJ no julgamento do REsp 1.453.838-SP (4ª Turma. Rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. em 24/11/2015 -
divulgado no Info 574), esse prazo prescricional não é aplicável à pretensão de obter o reembolso dos
valores despendidos pela mãe que, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos a seu
filho, assume essas despesas. Para a Corte, tal situação corresponde a uma gestão de negócios, descrita
pelo art. 861 do CC/02 como a intervenção na gestão de negócio alheio sem autorização do interessado,
de modo que o crédito da mãe em face do genitor é de natureza pessoal, não se situando no
âmbito do direito de família, o que afasta, via de consequência, a incidência do art. 206, §2º
do CC/2002. Isso porque, no capítulo específico da gestão de negócios, o CC/2002 possui previsão
específica no sentido de que “quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele
os prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este não ratifique
o ato” (art. 871). Tal dispositivo, ao afastar a necessidade de anuência pelo devedor, objetiva conferir
máxima proteção ao alimentando, bem como garantir o direito de reembolso dos valores despendidos
por aqueles que a ele prestam socorro, evitando o enriquecimento sem causa do devedor de alimentos.
Como não há, no art. 206 do CC/2002, dispositivo específico tratando da situação, aplica-se a regra geral
do art. 205 do mesmo diploma, que estabelece que a prescrição ocorrerá em dez anos, quando a lei
não houver fixado prazo menor.
Alternativa (D): correta. A doutrina associa a prescrição às ações condenatórias, ou seja, às ações
relacionadas com direitos subjetivos, próprios das pretensões pessoais. Em suma, a prescrição está
relacionada aos deveres e obrigações, bem como à responsabilidade decorrente da inobservância das
regras estabelecidas pelas partes e pela ordem jurídica. Tendo em vista o teor do art. 189 do CC/2002
(“violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206”), a doutrina sempre foi favorável à conclusão de que o termo inicial da
prescrição ocorre simultaneamente ao surgimento da pretensão, decorrente da exigibilidade do direito
subjetivo, que, por sua vez, nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de
não fazer (Enunciado nº. 14 CJF/STJ). A jurisprudência do STJ, contudo, vem adotando a teoria da actio
nata, em sua feição subjetiva, pela qual o prazo deve ter início a partir do conhecimento da violação
ou lesão ao direito subjetivo pelo titular.
Aqui, é importante fazer um esclarecimento: a ideia original da actio nata surgiu do trabalho de Savigny.
O autor, partindo do pressuposto de que, enquanto um direito de ação não existir, não se pode deixar de
exercê-lo, nem ele será passível de perda por negligência, atrela o início da prescrição à caracterização
da violação do direito que a ação é chamada a combater e que, por isso mesmo, a condiciona. Vê-se,
8ª RODADA - 08/08/2016
portanto, que a ideia original de actio nata tem, pelo menos em princípio, um caráter objetivo puro,
pouco importando que o titular tenha ou não conhecimento desta. Dito de outro modo, diferente do
que muitos alunos pensam, a actio nata não está necessariamente relacionada ao conhecimento da
lesão, o que somente ocorre quando se adota a teoria em sua feição subjetiva. Essa feição subjetiva
da actio nata, que relaciona o início do prazo prescricional ao conhecimento da violação ou lesão ao
direito subjetivo pelo respectivo titular, vem sendo adotada pela doutrina e jurisprudência, conforme pode
ser extraído, exemplificativamente, do teor da Súmula 278-STJ (“o termo inicial do prazo prescricional, na
ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”), e
do Enunciado nº. 579 da VII Jornada de Direito Civil, ocorrida em 2015 (“Nas pretensões decorrentes de
doenças profissionais ou de caráter progressivo, o cômputo da prescrição iniciar-se-á somente a partir da
ciência inequívoca da incapacidade do indivíduo, da origem e da natureza dos danos causados”).
Alternativa (E): incorreta. A doação é espécie de contrato por meio da qual o doador, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o donatário, sem a presença de qualquer remuneração
(art. 538 do CC/2002). Por se tratar de negócio jurídico benéfico, somente admite interpretação restritiva,
nos termos do art. 114 do CC/2002. O diploma prevê uma série de modalidades de doação, dentre
as quais a doação inoficiosa e a doação universal. A doação é considerada inoficiosa quando
ultrapassa a parte de que poderia dispor o doador, em testamento, no momento da liberalidade,
prejudicando a legítima. O art. 549 do CC/2002 estabelece que essa doação é nula, porém apenas no
montante em que exceder a legítima, em virtude da preocupação do legislador em concretizar o princípio
da preservação dos contratos. A doação universal, por sua vez, correspondente à doação de todos os
bens, sem a reserva do mínimo para a sobrevivência do doador, é igualmente nula, nos termos
do art. 548 do CC/2002. Essa reserva de um mínimo de bens ao doador visa a preservar a dignidade da
pessoa humana, configurando o que se convencionou chamar de “piso mínimo de direitos patrimoniais”.
a) De acordo com decisão do STF, não constitui requisito legal para a concessão de pensão
por morte à companheira que a união estável seja declarada judicialmente, mesmo que
vigente formalmente o casamento, razão pela qual não é dado à Administração Pública
negar o benefício apenas com base nesse fundamento, sem deixar, porém, de averiguar, no
âmbito administrativo, a separação de fato e a união estável.
8ª RODADA - 08/08/2016
c) De acordo com julgado do STJ, diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime
da comunhão parcial de bens, deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que
foram depositados em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do
casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a
vigência da relação conjugal.
e) De acordo com decisão recente do STJ, o fato de a vítima de ato ilícito com resultado
morte possuir, na data do óbito, idade superior à expectativa média de vida do brasileiro,
afasta o direito de seu dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, sob pena
de chancelar-se evidente enriquecimento indevido e ultrapassar os limites do disposto no
art. 944 do CC/2002 (“A indenização mede-se pela extensão do dano”).
COMENTÁRIO
Cobramos nesta questão jurisprudência recente do STJ e STF sobre temas que podem vir a ser cobrados
em provas objetivas das principais bancas, constituindo-se em matéria de obrigatório conhecimento
pelos candidatos. Novamente, recomenda-se atenta leitura dos Informativos de jurisprudência dessas
Cortes.
Alternativa (A): correta. A assertiva está em consonância com o julgamento proferido pelo STF no MS
33008/DF, divulgado no Informativo n. 824, conforme principais trechos que transcrevemos (sugerimos a
leitura integral do acordão ou, pelo menos, do Informativo):
“Pensão por morte à companheira e à ex-esposa. Não constitui requisito legal para
a concessão de pensão por morte à companheira que a união estável seja declarada
judicialmente, mesmo que vigente formalmente o casamento. Dessa forma, não é dado
à Administração Pública negar o benefício apenas com base nesse fundamento, sem
deixar, porém, de averiguar, no âmbito administrativo, a separação de fato e a união
estável.
[...] A questão cingiu-se à legalidade de se exigir decisão judicial a reconhecer a união estável e a
separação de fato como requisitos para a concessão da pensão por morte. Frisou que o Código
Civil dispõe não haver impedimento ao reconhecimento da união estável se a pessoa casada se
8ª RODADA - 08/08/2016
achar separada de fato ou judicialmente (“Art. 1.723 ... § 1º. A união estável não se constituirá
se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso
de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente”).
A separação de fato, por definição, também seria situação que não dependeria de reconhecimento
judicial para a sua configuração, tanto que a lei utiliza tal expressão em oposição à separação
judicial.
Salientou, ainda, que a Lei 8.112/1990, ao tratar da pensão por morte do servidor em
favor do companheiro dependente não exige que a prova da união estável seja feita
mediante decisão judicial. Por fim, sublinhou que “a situação dos autos seria diversa
da decidida no RE 397.762/BA (DJe de 12.9.2008), em que não havia separação de fato,
mas relações concomitantes. Tal tema, no entanto, não está em discussão no presente
julgamento”.
Alternativa (B): incorreta. A decisão do STJ, proferida no REsp 1.111.270-PR e divulgada no Informativo
n. 576, em julgamento de recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, foi exatamente em
sentido contrário, permitindo o manejo do pedido de sanção civil pela cobrança indevida na
própria defesa, independentemente de procedimentos como reconvenção ou do ajuizamento de ação
própria. Seguem principais trechos do Informativo (sugerimos a leitura completa do acordão que julgou
o recurso ou, pelo menos, do Informativo):
Portanto, o mesmo fato gera pedidos diversos por parte do réu. Os pedidos de improcedência
da demanda e de pagamento em dobro, consequentemente, caracterizam-se como pretensões
conexas formuladas pelo réu, uma vez que são oriundas da mesma causa de pedir (a existência
de dívida já paga). Desse modo, observada a função social do Direito – princípio estruturante
do ordenamento jurídico –, não se revela razoável o rigor da exigência do manejo simultâneo
de contestação e de reconvenção (ou posterior ajuizamento de ação autônoma) para deduzir
os aludidos pedidos conexos.
Outrossim, em hipóteses como esta, a parte demandada, a rigor, não está apresentando em
juízo, quando da contestação, um pedido acerca de um direito material preexistente ao advento
da ação contra si proposta, como se fosse um pleito do réu contra o autor, resultante de
8ª RODADA - 08/08/2016
alguma injunção por este último não observada, de tal modo que a referida pretensão pudesse
se constituir em objeto de uma lide própria. Pelo contrário, em episódios como este ora em
evidência, o acontecimento fundante do pleito reclamado pelo acionado somente se verifica por
ocasião do surgimento da petição inicial contra ele deflagrada. Antes disso, o requerido sequer
tem condições de deduzir, de inferir que contra ele o autor irá pedir pecúnia já paga.
Assim, o objeto ora sob mira não nasce preponderantemente da interação dos litigantes
preliminarmente à ação, mas reflete, sim, apanágio de relevância muito maior, interesse de
ordem pública, pois é o Estado que, além de não tolerar, não consentir, utiliza-se da sua força
de império para reprimir e impor pena ao litigante que pede coisa já recebida. Além disso, a
pena em comento é sanção que a lei determina à jurisdição impingir e, pois, sua cominação
não está à mercê do animus dos litigantes, nem do talante do próprio juiz, visto que resulta da
lei.
[...] Nessa ordem de ideias, resguardando a boa-fé nas relações jurídicas e o interesse
público de garantia da dignidade da justiça, incumbirá ao juiz, inclusive de ofício, a
condenação do autor (imbuído de má-fé) ao pagamento em dobro ou do equivalente
exigido a maior em virtude da conduta ilícita descrita no art. 1.531 do CC/1916 (art. 940
do CC/2002).
De fato, em que pese a aludida sanção estar inserida em norma de direito material,
constata-se que sua transgressão se dá por meio de um exercício abusivo do direito de
ação, assim como ocorre em algumas das condutas tipificadas nos arts. 16 e 17 do CPC,
o que autoriza a interpretação analógica acima destacada, a despeito da diversidade
dos objetos jurídicos tutelados.
Por derradeiro, no que tange a uma visão sistemática do ordenamento jurídico brasileiro,
salienta-se que o réu está autorizado a formular o chamado “pedido contraposto” no bojo da
contestação. Assim ocorre no rito sumário (art. 278, §1º, do CPC), no procedimento dos Juizados
Especiais Cíveis (art. 31 da Lei n. 9.099⁄1995) e nas ações possessórias (art. 922 do CPC).” (STJ,
REsp 1.111.270-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado em 25/11/2015, divulgada
no Informativo n. 576).
Alternativa (C): incorreta. Nesse caso, os valores decorrentes de depósitos em contas vinculadas ao
FGTS NÃO entram na meação, quando auferidos anteriormente à união matrimonial sob o regime
da comunhão parcial de bens, ainda que destinados à aquisição de imóvel comum durante a vigência
da relação conjugal. Nesse sentido foi o julgamento do RESP n. 1.399.199-RS (2ª Seção), divulgado no
Informativo n. 581 do STJ, sobre o qual transcrevemos os principais trechos:
“Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da comunhão parcial de bens,
não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados em
conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do casamento e que tenham
8ª RODADA - 08/08/2016
sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da relação
conjugal.
[...] No tocante à doutrina civilista, parte dela considera os valores recebidos a título de FGTS
como ganhos do trabalho e pondera que, “no rastro do inciso VI do artigo 1.659 e do inciso
V do artigo 1.668 do Código Civil, estão igualmente outras rubricas provenientes de verbas
rescisórias trabalhistas, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), pois como
se referem à pessoa do trabalhador devem ser tratadas como valores do provento do trabalho
de cada cônjuge”. Aduz-se, ainda, o “entendimento de que as verbas decorrentes do FGTS se
incluem na rubrica proventos”.
Nesse contexto, deve-se concluir que o depósito do FGTS representa “reserva personalíssima,
derivada da relação de emprego, compreendida na expressão legal ‘proventos do trabalho
pessoal de cada cônjuge’ (CC, art. 1559, VI)”. De fato, pela regulamentação realizada pelo aludido
art. 1.659, VI, do CC/2002 – segundo o qual “Excluem-se da comunhão: [...] “os proventos do
trabalho pessoal de cada cônjuge” –, os proventos de cada um dos cônjuges não se comunicam
no regime da comunhão parcial de bens.
[...] Ante o exposto, tem-se que o dispositivo legal que prevê a incomunicabilidade dos
proventos (isto é, o art. 1.659, VI, do CC/2002) aceita apenas uma interpretação, qual seja,
o reconhecimento da incomunicabilidade daquela rubrica apenas quando percebidos os
valores em momento anterior ou posterior ao casamento. Portanto, os proventos recebidos na
constância do casamento (e o que deles advier) reforçam o patrimônio comum, devendo ser
divididos em eventual partilha de bens.
Nessa linha de ideias, o marco temporal a ser observado deve ser a vigência da relação conjugal.
Ou seja, os proventos recebidos, por um ou outro cônjuge, na vigência do casamento compõem
o patrimônio comum do casal, a ser partilhado na separação, tendo em vista a formação de
sociedade de fato, configurada pelo esforço comum dos cônjuges, independentemente de ser
financeira a contribuição de um dos consortes e do outro. Dessa forma, deve-se considerar o
momento em que o titular adquiriu o direito à recepção dos proventos: se adquiridos durante
o casamento, comunicam-se as verbas recebidas; se adquiridos anteriormente ao matrimônio
ou após o desfazimento do vínculo, os valores pertencerão ao patrimônio particular de quem
8ª RODADA - 08/08/2016
[...] A fim de viabilizar a realização daquele direito reconhecido, nos casos em que ocorrer, a CEF
deverá ser comunicada para que providencie a reserva do montante referente à meação, para
que, num momento futuro, quando da realização de qualquer das hipóteses legais de saque,
seja possível a retirada do numerário” (STJ, REsp 1.399.199-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/3/2016, divulgado no Informativo
n. 581).
Alternativa (D): incorreta. A assertiva contraria o quanto decidido no REsp 1.475.759-DF, divulgado no
Informativo n. 583 do STJ, uma vez que, em tal decisão, a Corte Superior reputou que o marco temporal
inicial da prescrição seria o trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade, e não o do
julgamento do inventário, aplicando-se a teoria da “actio nata”, em consonância com o disposto no art.
189 do CC/2002.
Isso porque, antes do julgamento daquela ação, inexistiria direito a ser tutelado em prol do herdeiro,
já que inexistente esta condição de sucessor, sob o ponto de vista formal. Confiram o inteiro teor do
Informativo:
“Na hipótese em que ação de investigação de paternidade post mortem tenha sido
ajuizada após o trânsito em julgado da decisão de partilha de bens deixados pelo de
cujus, o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de petição de
herança é a data do trânsito em julgado da decisão que reconheceu a paternidade, e
não o trânsito em julgado da sentença que julgou a ação de inventário.
A petição de herança, objeto dos arts. 1.824 a 1.828 do CC, é ação a ser proposta por herdeiro
para o reconhecimento de direito sucessório ou a restituição da universalidade de bens ou de
quota ideal da herança da qual não participou. Trata-se de ação fundamental para que um
herdeiro preterido possa reivindicar a totalidade ou parte do acervo hereditário, sendo movida
em desfavor do detentor da herança, de modo que seja promovida nova partilha dos bens.
A teor do que dispõe o art. 189 do CC, a fluência do prazo prescricional, mais
propriamente no tocante ao direito de ação, somente surge quando há violação do
direito subjetivo alegado. Assim, conforme entendimento doutrinário, não há falar em
petição de herança enquanto não se der a confirmação da paternidade.
Dessa forma, conclui-se que o termo inicial para o ajuizamento da ação de petição
de herança é a data do trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade,
quando, em síntese, confirma-se a condição de herdeiro” (STJ, REsp 1.475.759-DF, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 17/5/2016, divulgado no Informativo n. 583).
Alternativa (E): incorreta. A assertiva está incorreta, uma vez que contraria o que foi decidido pelo
STJ no REsp 1.311.402-SP, divulgado no Informativo n. 578, uma vez que a indenização, na forma de
8ª RODADA - 08/08/2016
pensionamento mensal, será devida ainda que o falecido, na data do óbito, possuísse idade superior à
expectativa média de vida do brasileiro, pois seria desarrazoado o entendimento em sentido contrário,
segundo a reputou a referida Corte Superior, devendo ser aplicada a Tabela de Sobrevida do IBGE,
vigente na data do óbito. Confiram o teor do Informativo:
“O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade
superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu dependente
econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a
vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa
de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-se, para os devidos
fins, o gênero e a idade da vítima.
No entanto, este mesmo critério não pode ser utilizado como forma de obstar o direito
daquele que é dependente econômico de vítima cuja idade era superior à expectativa
média de vida do brasileiro na data do falecimento, na medida em que representaria a
adoção do entendimento segundo o qual, quando a vítima tivesse superado a expectativa
média de vida do brasileiro, o seu dependente econômico direto simplesmente não teria
direito ao ressarcimento material representado pelo pensionamento, o que não seria
razoável.
8ª RODADA - 08/08/2016
c) Com relação ao contrato de seguro de dano, ainda que o prêmio seja pago em prestações,
o segurado fará jus à percepção do valor do seguro antes da quitação, se sobrevier o
sinistro antes deste último fato, bem como veda-se ao segurado fazer mais de um seguro
para proteger o bem contra o mesmo risco e, se for nominativa a apólice, o contrato poderá
ser transferido ao adquirente da coisa segurada. Por fim, a garantia de risco proveniente de
ato doloso exige estipulação expressa e destacada no contrato.
e) Sobre o contrato de comissão, tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo
comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente, sendo correto afirmar que o
comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de
culpa, bem como presume-se que está aquele autorizado a conceder dilação do prazo para
pagamento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver
instruções diversas do comitente. Ademais, o crédito do comissário, relativo a comissões e
despesas feitas, goza de privilégio especial, no caso de falência ou insolvência do comitente
e, não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos
correntes no lugar.
COMENTÁRIO
8ª RODADA - 08/08/2016
“[...] a fiança é uma obrigação de garantia pessoal, também denominada caução fidejussória.
Aqui, o fiador pagará a obrigação se o devedor não o fizer; daí se deduz que o objetivo de uma
obrigação de garantia é o de retirar da responsabilidade do credor os riscos do inadimplemento
do devedor. [...] O contrato de fiança é realizado entre credor e fiador, e, por se tratar de
uma obrigação de garantia, o fiador assume um Haftung (responsabilidade/obrigação) sem a
presença do Shuld (débito)”.
Sobre a classificação desse contrato, de fato, ele é contrato típico, uma vez que tem previsão expressa
e regulamentação específica definida em lei.
Tradicionalmente, é contrato gratuito no âmbito civil, pois a fiança deve ser prestada de forma
desinteressada. Nada impede, porém, que o fiador seja remunerado perante o risco assumido, como
ocorre, por exemplo, nas fianças bancárias e nas fianças mercantis em geral. Portanto, como regra, o
contrato de fiança é firmado gratuitamente e aí reside o erro da assertiva.
No mais, trata-se de contrato unilateral, pois dá origem a obrigações apenas para o fiador (OBS:
Parte da doutrina o vê como contrato bilateral imperfeito, porque, uma vez paga a dívida pelo fiador, este
se sub-roga nos direitos do credor, permitindo-se-lhe ação regressiva).
Por fim, diz-se aleatório o contrato no qual a prestação de uma ou de ambas as partes depende de uma
álea, ou seja, depende de um acontecimento incerto. Na fiança temos que o inadimplemento do
terceiro é o evento incerto determinante à prestação do fiador - satisfação da obrigação.
Alternativa (B): incorreta. A primeira parte da assertiva está errada, uma vez que no contrato de
transporte, sob a ótica civilista, pode haver limite à indenização, conforme prevê o Art. 734, parágrafo
único do CC/2002:
Por outro lado, está correta a afirmação de que não cabe exclusão da obrigação de indenizar em contrato
de transporte, em função da expressa previsão legal. Flávio Tartuce (op. já citada) bem explica tal dever:
“Ainda a respeito do art. 734, caput, do CC, o dispositivo não admite como excludente de
responsabilidade a cláusula de não indenizar (cláusula excludente de responsabilidade ou
cláusula de irresponsabilidade), previsão contratual inserida no instrumento do negócio que
afasta a responsabilidade da transportadora. Repise-se, conforme exposto no Capítulo 4 desta
obra, que o comando apenas confirma o entendimento jurisprudencial anterior, consubstanciado
na Súmula 161 do STF (“Em contrato de transporte é inoperante a cláusula de não indenizar”). A
referida súmula pode até parecer desnecessária atualmente, mas não o é, podendo ser invocada
para os casos de transporte de coisas, eis que o art. 734 do CC trata apenas do transporte de
8ª RODADA - 08/08/2016
pessoas”.
Ademais, a segunda parte da assertiva está de acordo com a súmula n. 402 do STJ: “O contrato de
seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão”.
OBS: Flávio Tartuce alerta para a problemática residente na fixação de limite indenizatório no âmbito
do direito do consumidor, notadamente em função de, nesta seara, prevalecer o princípio da reparação
integral dos danos:
Alternativa (C): incorreta. A assertiva cobrou uma série de dispositivos do CC/2002 sobre o contrato de
seguro de danos.
Primeiramente, o segurado somente não terá direito à indenização integral se estiver em mora no
pagamento do prêmio (“Art. 763: Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação”), o que não ocorre pelo simples fato
do pagamento da obrigação se dar em prestações, uma vez que “considera-se em mora o devedor que
não efetuar o pagamento” (art. 394, CC), de tal sorte que o inadimplemento dessas prestações é que, de
fato, impedirá o pagamento da indenização.
Por sua vez, o art. 782 do CC/2002 admite fazer mais de um seguro para proteger um bem contra
o mesmo risco, desde que a indenização (garantia) não ultrapasse o valor do interesse segurado:
“Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre o mesmo
interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente comunicar sua
intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende segurar-se, a fim de se
comprovar a obediência ao disposto no art. 778”.
“Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado
no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da
8ª RODADA - 08/08/2016
Por fim, aí residindo outro erro da assertiva, o art. 762, do CC/2002 afirma que:
“Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do
beneficiário, ou de representante de um ou de outro”.
Alternativa (D): correta. A assertiva cobrou o conhecimento combinado de dois enunciados da I Jornada
de Direito Civil, confiram:
Enunciado 186:
“Art. 790: O companheiro deve ser considerado implicitamente incluído no rol das pessoas
tratadas no art. 790, parágrafo único, por possuir interesse legítimo no seguro da pessoa do
outro companheiro”.
Enunciado 187:
“Art. 798: No contrato de seguro de vida, presume-se, de forma relativa, ser premeditado o
suicídio cometido nos dois primeiros anos de vigência da cobertura, ressalvado ao beneficiário
o ônus de demonstrar a ocorrência do chamado “suicídio involuntário”.”
Alternativa (E): incorreta. Assertiva extraída de artigos do Código Civil de 2002 sobre o contrato de
comissão, estando errada apenas a classificação do crédito do comissário na falência, que possui
privilégio geral e não especial. Confiram os dispositivos utilizados na confecção do enunciado:
Art. 697. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em
caso de culpa”.
Art. 699. Presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para pagamento, na
conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver instruções diversas
do comitente.
Art. 707. O crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio
geral, no caso de falência ou insolvência do comitente.
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário,
em seu próprio nome, à conta do comitente.
Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os
usos correntes no lugar.
8ª RODADA - 08/08/2016
c) Ainda que conste da peça acusatória o pedido de imposição de uma pena vedada pelo
ordenamento jurídico, a exemplo da pena de morte para crime comum (garantia constante
do art. 5º, XLVII, “a”, da CF/1988), tal vício não terá o condão de ensejar a rejeição da peça
acusatória.
d) Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento prévio,
impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na versão do
autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo Circunstanciado ou
de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria
e a materialidade do crime.
8ª RODADA - 08/08/2016
e a vítima, tendo assumido a titularidade da ação, deixar de praticar ato que lhe competia
para dar prosseguimento ao processo, incorrerá em perempção, instituto este que enseja a
extinção do processo.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A assertiva cobrou o conhecimento do disposto na Súmula n. 714 do STF:
Segundo o Professor Renato Brasileiro (in Manual de Direito Processual Penal, 2016, Ed. Juspodivm),
a palavra “concorrente” foi uma imprecisão técnica, pois, na verdade, o termo correto seria
legitimidade “alternativa”, uma vez que, ao ser oferecida representação pelo ofendido, autorizando
o MP a agir, não seria mais possível o oferecimento da queixa-crime. Portanto, cabe ao ofendido
escolher a via eleita: representação ou queixa-crime.
Alternativa (B): correta. Todos os exemplos citados constam do já mencionado livro do Professor
Renato Brasileiro, sendo todos eles referentes a pedidos impossíveis sob a ótica jurídica, no plano
processual penal. Contextualizando o tema, antes de mencionar tais situações exemplificativas, o Professor
assim discorre:
“O pedido formulado pela parte deve se referir a uma providência admitida pelo direito
objetivo, ou seja, o pedido deve encontrar respaldo no ordenamento jurídico, referindo-
se a uma providência permitida em abstrato pelo direito objetivo. Entende-se que não
se afigura conveniente a instauração e o desenvolvimento de um processo quando,
desde logo, se afigura inviável o atendimento em absoluto da pretensão, seja porque
a ordem jurídica não prevê providência igual à requerida, porque a ordem jurídica
expressamente a proíba, seja porque o ordenamento jurídico impede a manifestação
judicial sobre a questão.
No processo civil, é comum o exemplo citado pela doutrina de se ingressar em juízo pleiteando
o pagamento de dívidas de jogo, hipótese em que a petição inicial deve ser indeferida de plano,
já que a petição inicial é inepta em virtude de o pedido ser juridicamente impossível, porquanto
o art. 814 do Código Civil estabelece que as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam ao
pagamento. Perceba-se que a impossibilidade não é do pedido, mas sim da causa de pedir. O
pedido de cobrança na hipótese de dívida de jogo, isoladamente considerado, é perfeitamente
admissível. O que não se admite é uma cobrança cuja origem seja uma dívida de jogo.
8ª RODADA - 08/08/2016
processos penais temerários, deve se analisar se a imputação formulada na peça acusatória leva
a alguma providência prevista no direito objetivo. Em observância ao princípio da legalidade
(CF, art. 5º, XXXIV, c/c art. 1º do CP), atendendo, ademais, à função de garantia dos tipos
penais, para que o pedido seja juridicamente possível no processo penal, é imprescindível a
existência de norma jurídica definindo a conduta imputada ao acusado como infração penal,
estabelecendo a respectiva sanção.
Como se vê, essa condição da ação guarda relação com a possibilidade de o juiz
pronunciar, em tese, a decisão pleiteada pelo autor, consoante o que dispõe a ordem
jurídica de forma abstrata. De modo a não se confundir a análise dessa condição da
ação com a do mérito, a apreciação da possibilidade jurídica do pedido deve ser feita
sobre a causa de pedir (causa petendi), considerada em tese, desvinculada de qualquer
prova porventura existente. Analisa-se o fato tal qual narrado na inicial, sem se discutir
se é ou não verdadeiro, a fim de se concluir se o ordenamento material lhe comina, em
abstrato, uma sanção”.
Alternativa (C): correta. Sobre o tema, igualmente nos socorremos da doutrina do Prof.
Renato Brasileiro (in op. já citada): “A transposição da possibilidade jurídica do pedido
como condição da ação penal ignora, por completo, uma premissa básica do processo
penal, segundo a qual o pedido é de todo irrelevante numa ação penal condenatória, já
que o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando o pedido
formulado pelo acusador. Exemplificando, ainda que conste da peça acusatória o pedido
de imposição de uma pena vedada pelo ordenamento jurídico, a exemplo da pena de
morte para crime comum (CF, art. 5º, XLVII, “a”), tal vício não terá o condão de ensejar
a rejeição da peça acusatória.
Noutro giro, ainda que o pedido de imposição de determinada sanção não corresponda
efetivamente àquela prevista na cominação legal pertinente ao fato imputado ao agente,
nada impede o recebimento da denúncia ou queixa e o regular processamento do feito, haja
vista a possibilidade de emendatio libelli por ocasião da sentença (CPP, art. 383). Na mesma
linha, se uma denúncia pela prática de crime doloso contra a vida for oferecida perante o Juiz
Sumariante com pedido de condenação, que, como é sabido, tem autorização apenas para
pronunciá-lo, já que o juiz natural para eventual decreto (condenatório ou absolutório) é o
Conselho de Sentença do Tribunal do Júri, também não há falar em rejeição da denúncia em
virtude de suposta impossibilidade jurídica do pedido. Cuida-se de mera irregularidade, incapaz
de produzir qualquer vício, porquanto o acusado defende-se da imputação que recai sobre sua
pessoa, e não do pedido constante da denúncia”.
Alternativa (D): correta. A assertiva foi extraída do Informativo n. 577 do STJ, que, inclusive, expõe
didaticamente o tema, ao detalhar os procedimentos para ajuizamento e processamento da inicial nos
casos de crimes de menor potencial ofensivo. Vale a pena conferir a íntegra:
8ª RODADA - 08/08/2016
Dessa forma, mesmo nas infrações de menor potencial ofensivo, é necessária análise da justa
causa, seja na denúncia ou na queixa-crime. Trata-se, portanto, de um pressuposto processual
que deve ser averiguado, de plano, pelo magistrado, sob pena de rejeição da inicial acusatória.
Além disso, como, no caso em análise, a queixa-crime crime foi oferecida antes de qualquer
procedimento prévio, essa inicial acusatória não pode se eximir de um controle jurisdicional
acerca dos pressupostos processuais.
As partes terão a oportunidade de compor civilmente os danos, ou, não havendo a composição,
será analisada a possibilidade de oferecimento de transação penal. Caso não haja a aplicação
dos institutos acima referidos, a inicial acusatória será apresentada oralmente ou por escrito.
Nesse momento, o magistrado analisará o preenchimento das condições da ação e dos
pressupostos processuais, uma vez que a apresentação da ação penal é postergada para o
final da fase preliminar.
8ª RODADA - 08/08/2016
mesmo sob o rito da Lei n. 9.099/1995, com base apenas na versão do querelante acerca dos
fatos, sem qualquer lastro probatório mínimo a embasar a queixa-crime” (STJ, RHC 61.822-DF,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/12/2015, DJe 25/2/2016, divulgado no Informativo n. 577).
Observem, ademais, que é controversa a afirmativa de que a titularidade da ação será da vítima, uma vez
que a doutrina majoritária entende, assim como a jurisprudência, que a titularidade permanece sendo
do Parquet, por remanescer a intervenção do órgão nesse processo e a possibilidade de retomar a ação
como parte principal, a qualquer tempo, no caso de negligência do querelante, além de ser franqueado
ao órgão ministerial aditar a ação, suprir qualquer omissão, produzir provas, recorrer, repudiar a inicial
quando houver motivos para tanto (ex.: constatar que a inicial é inepta). É a interpretação que se extrai
do art. 29 do CPP.
9. Em relação à parte geral do Direito Penal, notadamente quanto à tipicidade e nexo causal,
assinale a alternativa incorreta:
8ª RODADA - 08/08/2016
cadeia causal, aparentemente infinita sob a ótica naturalística, é limitada pelo dolo ou pela
culpa do agente. Nesse contexto, pode-se afirmar, também, que as concausas absolutamente
independentes excluem a causalidade da conduta, quanto ao resultado naturalístico.
e) O Código Penal acolheu, como regra, a teoria da conditio sine qua non, que se vale do
critério da eliminação hipotética, para evitar o regresso ao infinito. No entanto, existem
situações que não são adequadamente solucionadas pelo emprego da mencionada teoria,
sendo o que ocorre, por exemplo, com as hipóteses de dupla causalidade.
COMENTÁRIO
“O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das lesões sofridas, ainda que
se alegue eventual omissão no atendimento médico, encontra-se inserido no desdobramento
físico do ato de atentar contra a vida da vítima, não caracterizando constrangimento ilegal a
responsabilização criminal por homicídio consumado, em respeito à teoria da equivalência dos
antecedentes causais adotada no Código Penal e diante da comprovação do animus necandi
do agente” (STJ, HC 42.559/PE, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5.ª Turma, j. 04.04.2006). No
mesmo sentido: AgRg no AREsp 173.804/MG, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5.ª Turma, j.
19.09.2013.
Alternativa (B): correta. Segundo Masson, ao discorrer sobre a teoria da equivalência dos antecedentes
causais, adotada como regra no Código Penal (art. 13, caput):
“Para que um acontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta a mera dependência
física. Exige-se ainda a causalidade psíquica (imputatio delicti), é dizer, reclama-se a presença
8ª RODADA - 08/08/2016
do dolo ou da culpa por parte do agente em relação ao resultado. De fato, a falta do dolo ou da
culpa afasta a conduta, a qual, por seu turno, obsta a configuração do nexo causal”.
Portanto, diante de uma possível regressão ao infinito para descobrir quais causas contribuíram para o
cometimento do delito, criou-se a teoria da proibição do regresso, comentada por Rogério Greco da
seguinte forma:
“[...] para que seja evitada tal regressão, devemos interromper a cadeia causal no instante em
que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que tiveram alguma importância na
produção do resultado. Frank citado por Fragoso ‘procurando estabelecer limitações à teoria,
formulou a chamada proibição de regresso (Regressverbot), segundo a qual não é possível
retroceder além dos limites de uma vontade livre e consciente, dirigida à produção do resultado.
Não seria lícito considerar como causas do resultado as condições anteriores’”.
Sobre a segunda parte da assertiva, Masson (in Curso de Direito Penal Esquematizado – Parte Geral, 2015,
Ed. Método), aponta que:
Podem ser dependentes (emanam da conduta do agente, dela se origina, razão pela qual se insere no
curso normal do desenvolvimento causal; há dependência entre os acontecimentos, pois sem o anterior
não ocorreria o posterior) e independentes (fogem da linha normal de desdobramento da conduta. Seu
aparecimento é inesperado e imprevisível; tem a capacidade de produzir, por si só, o resultado).
Sobre os efeitos jurídicos das causas absolutamente independentes, o mencionado doutrinador afirma
que:
8ª RODADA - 08/08/2016
Alternativa (C): incorreta. A primeira parte da assertiva está em plena consonância com o que afirma a
doutrina e jurisprudência sobre o tema:
“De acordo com a Teoria Geral da Imputação Objetiva o resultado não pode ser imputado
ao agente quando decorrer da prática de um risco permitido ou de uma ação que visa
a diminuir um risco não permitido; o risco permitido não realize o resultado concreto; e
o resultado se encontre fora da esfera de proteção da norma. O risco permitido deve ser
verificado dentro das regras do ordenamento social, para o qual existe uma carga de
tolerância genérica. É o risco inerente ao convívio social e, portanto, tolerável. Hipótese
em que o agente agiu em desconformidade com as regras de trânsito (criou um risco não
permitido), causando resultado jurídico abrangido pelo fim de proteção da norma de cuidado
– morte da vítima, atraindo a incidência da imputabilidade objetiva” (STJ, REsp 822517/DF, rel.
Min. Gilson Dipp, 5.ª Turma, j. 12.06.2007).
Por outro lado, essa primeira afirmação não justifica a segunda, que é equivocada, conforme dispõe o
art. 13, §1º, do Código Penal:
Alternativa (D): correta. A assertiva foi extraída do seguinte julgado do STJ, que aplicou a teoria da
imputação objetiva:
“[...] Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados
e a morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da
criação pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não ocorrente, na hipótese,
porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das
substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa. Associada à teoria da imputação
objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da confiança, as pessoas se comportarão
em conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima veio a afogar-se,
segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas, comportando-se,
portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos
pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a atipicidade da
conduta” (STJ, HC 46.525/MT, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5.ª Turma, j. 21.03.2006. No
mesmo sentido: HC 68.871/PR, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, rel. p/ acórdão Min.
Og Fernandes, 6ª Turma, j. 06.08.2009).
Alternativa (E): correta. Sobre o tema da dupla causalidade, Masson (in op. já citada) afirma ser de:
“difícil ocorrência prática, o que não impede a sua formulação no plano teórico”, apontado
que “Cuida-se da situação em que duas ou mais condutas, independentes entre si e
praticadas por pessoas diversas, que não se encontram subjetivamente ligadas, produzem
8ª RODADA - 08/08/2016
À vista desse exemplo, o autor questiona qual crime deve ser imputado aos agentes, de sorte que poder-
se-ia alegar que, suprimindo mentalmente a conduta de “A”, mesmo assim “B” teria morrido. Da mesma
forma, eliminada hipoteticamente a ação de “C”, subsistiria a morte da vítima. Seria então correto falar
que nem “A” nem “C” mataram “B”? Se sim, quem matou?
Portanto, a doutrina da equivalência dos antecedentes causais não explicaria a dupla causalidade
em razão de que, mesmo suprimindo uma das condutas, o evento ainda ocorreria. É dizer, para
que fique claro, a conduta de A ou C, individualmente considerada, quando suprimida, não afetaria o
evento fatal, de sorte que seria irrelevante e não poderia, por conseguinte, ocorrer a incriminação dos
agentes, em face da dúvida quanto à causa que colaborou efetivamente para a morte.
OBS: vale lembrar que a doutrina cita também o caso de “Dupla causalidade com doses insuficientes”, que
seria, basicamente, a situação em que, por exemplo, doses de veneno são ministradas simultaneamente,
porém, são insuficientes, por si sós, para levar ao resultado morte, mas, somadas, são aptas a
atingir tal objetivo.
Desse modo, a conduta sozinha não levaria ao resultado, eis que, eliminada uma delas, o resultado
desapareceria, na medida em que somente juntas são capazes de provocar a morte. Segundo a doutrina,
nesse contexto, ambas devem ser consideradas causa.
8ª RODADA - 08/08/2016
d) Crimes pluriofensivos são aqueles dotados de iter criminis fracionável, de forma que sua
execução se desdobra em vários atos.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Cleber Masson expõe a seguinte classificação de crimes, no que toca à
quantidade de agentes:
Crimes bilaterais ou de encontro: o tipo penal exige dois agentes, cujas condutas tendem a
encontrar. Ex: bigamia; e
Crimes coletivos ou de convergência: o tipo penal reclama a existência de três ou mais agentes.
Podem ser: a) de conduta contraposta (os agentes atuam uns contra os outros. Ex: rixa); b) de
condutas paralelas (os agentes se auxiliam, mutuamente, com o objetivo de produzir o mesmo resultado.
Ex: associação criminosa).
Por outro lado, o Autor aponta que aqueles crimes não se confundem com os crimes plurissubjetivos
de participação necessária. Estes podem ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo
penal reclame a participação necessária de outra, que atua como sujeito passivo e, por esse motivo, não
8ª RODADA - 08/08/2016
Crimes eventualmente coletivos: são aqueles que, não obstante seu caráter unilateral, a diversidade
de agentes atua como causa de majoração da pena. Exemplo: furto qualificado (art. 144, §4º, inciso
IV) e roubo circunstanciado (art. 157, §2º, inciso II).
Portanto, o crime de rixa não é plurissubjetivo de participação necessária, uma vez que os contendores
são, também, criminosos, configurando um crime coletivo de conduta contraposta, em que todos os
agentes envolvidos devem ser punidos.
Alternativa (B): incorreta. O erro está no início da assertiva, já que nos crimes de consumação antecipada,
também chamados de “resultado cortado”, o tipo penal prevê uma conduta e um resultado
naturalístico, mas este não é necessário para a consumação do delito, contrapondo-se aos crimes
de mera conduta, em que o tipo penal prevê somente uma conduta a ser perpetrada pelo agente.
A segunda parte da assertiva está correta, já que nos crimes materiais o tipo penal descreve uma conduta
e um resultado naturalístico (mudança no mundo perceptível), devendo ocorrer ambos para que o
crime reste consumado.
Alternativa (C): correta. Segundo Guilherme Nucci (in Código Penal Comentado, 14ª Edição, 2014,
Forense), o crime do art. 313-A:
”[...] trata-se de crime próprio (aquele que demanda sujeito qualificado); formal (delito que
não exige, para sua consumação, a ocorrência de resultado naturalístico); de forma livre (pode
ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente); comissivo (os verbos implicam em ações)
e, excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente
tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, § 2.º, CP); instantâneo (cuja
consumação não se prolonga no tempo, dando-se em momento determinado); unissubjetivo
(aquele que pode ser cometido por um único sujeito); plurissubsistente (delito cuja ação é
composta por vários atos, permitindo-se o seu fracionamento); admite tentativa”.
Os chamados crimes pluriofensivos são aqueles que atingem dois ou mais bens jurídicos, tal como no
latrocínio (CP, art. 157, § 3.º, parte final), que afronta a vida e o patrimônio.
Alternativa (E): incorreta. A primeira parte da assertiva está correta, pois, segundo Masson (op. já citada),
a progressão criminosa:
“Verifica-se quando ocorre mutação no dolo do agente, que inicialmente realiza um crime
menos grave e, após, quando já alcançada a consumação, decide praticar outro delito de maior
gravidade. Há dois crimes, mas o agente responde por apenas um deles, o mais grave, em face
8ª RODADA - 08/08/2016
do princípio da consunção”.
No caso do roubo impróprio, trata-se de tipo penal que amolda-se perfeitamente à essa descrição, pois
o agente, inicialmente, intentava apenas cometer o furto, mas, para assegurar a consumação, pratica a
violência ou grave ameaça, progredindo criminosamente. Confiram o § 1º do art. 157, CP:
“Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro”.
Por outro lado, a extorsão mediante sequestro, prevista no art. 159 do Código Penal, é crime
formal, pois, para a sua consumação, se faz necessária apenas a privação da liberdade da vítima
com o escopo de obter futura vantagem patrimonial indevida como condição ou preço do resgate. Esta
vantagem patrimonial, que seria o resultado da extorsão, é que não necessita ocorrer para configurar o
crime, pois configura o mero exaurimento do delito. Portanto, ainda que a vantagem não seja obtida pelo
agente, o crime estará consumado com a realização da conduta.
11. O sistema processual pátrio concebe a execução como um conjunto de meios materiais
previstos em lei, à disposição do juízo, visando à satisfação do direito. Os provimentos judiciais
são satisfeitos por meio de cumprimento de sentença; os títulos executivos extrajudiciais são
objeto de processo autônomo de execução. A respeito do processo executivo autônomo, julgue
as seguintes assertivas de acordo com as disposições do Novo Código de Processo Civil e o com
o entendimento jurisprudencial predominante:
III. A nova legislação não prevê o princípio da menor onerosidade, tendo revogado o
código anterior nesse ponto.
8ª RODADA - 08/08/2016
a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e V.
d) III, IV e V.
e) I, II e IV.
COMENTÁRIO
Assertiva (I): correta. Não é outra a regra prevista no art. 784, IV, do Novo Código de Processo Civil. Dessa
forma, “o instrumento de transação extrajudicial, referendada pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados devidamente constituídos, ou por conciliador e
mediador credenciado por tribunal, é título executivo extrajudicial, reconhecendo-se a idoneidade desses
sujeitos em atestar a ocorrência do ato livre de vícios” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1038).
Assertiva (II): correta. Convém rememorar que a fraude à execução, a par da fraude contra credores,
é espécie do gênero fraudes do devedor. E, “enquanto a fraude contra credores é instituto tratado pelo
Código Civil, sendo o único prejudicado pelo ato fraudulento o credor, a fraude à execução – criação
tipicamente nacional – é instituto tratado pelo Código de Processo Civil. Trata-se de espécie de ato
fraudulento que, além de gerar prejuízo ao credor, atenta contra o próprio Poder Judiciário, dado que
tenta levar um processo já instaurado à inutilidade” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1075). Nessa ordem de ideias, a fraude à execução configura ato
atentatório à dignidade da justiça, cuja pena por sua perpetração, nas execuções por quantia certa, é
multa que pode atingir até vinte por cento do valor exequendo, conforme inteligência do art. 774, I e
parágrafo único do Código de Processo Civil de 2015.
E, acerca dos parâmetros para reconhecimento da fraude à execução, o Superior Tribunal de Justiça editou
a súmula n. 375 – reproduzida na alternativa –, que assim versa: “o reconhecimento da fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.
8ª RODADA - 08/08/2016
O Novo Código de Processo Civil não só encampou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
como o lapidou. Nas palavras de Cássio Scarpinella Bueno:
As hipóteses de fraude à execução são apontadas pelo art. 792 e são as seguintes: (i) quando
sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde
que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
(ii) quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução,
na forma do art. 828; (iii) quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária
ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; (iv)
quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de
reduzi-lo à insolvência; e (v) nos demais casos expressos em lei. O rol do precitado art. 792
autoriza a compreensão de que pode ocorrer de a fraude à execução depender de prévio
registro do próprio processo ou da constrição que recai sobre o bem alienado indevidamente,
orientação que se harmoniza com a primeira parte do enunciado da Súmula 375 do STJ: “O
reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou
da prova de má-fé do terceiro adquirente”. Mas não necessariamente. Para tanto, o § 2º do
art. 792 é digno de nota, já que se ocupa com as situações em que a fraude se relaciona com
bem que independe de registro. Nessas hipóteses, é ônus do adquirente (terceiro em relação
ao processo) demonstrar que agiu com a cautela devida na aquisição do bem, mediante
a exibição das certidões pertinentes. Trata-se de dispositivo que acaba por desenvolver a
segunda parte do enunciado da precitada Súmula 375 do STJ (BUENO, Cássio Scarpinella.
Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo:
Saraiva, 2015, p. 486-487).
Assertiva (III) incorreta. Não se pode perder de vista que a execução não é um instrumento de exercício
de vingança privada, não se justificando que o executado sofra mais do que o estritamente necessário
na busca da satisfação do direito do exequente. Dessa forma, como não poderia ser diferente, a nova
legislação prevê o princípio da menor onerosidade, na forma de seu art. 805, in verbis:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará
que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos
executivos já determinados.
Deve-se ressalvar, não obstante, que “tal princípio deve ser interpretado à luz do princípio da efetividade
da tutela executiva, sem a qual o processo não passa de enganação. O exequente tem direito à satisfação
de seu direito, e no caminho para a sua obtenção, naturalmente criará gravames ao executado. O que
se pretende evitar é o exagero desnecessário de tais gravames” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 980).
8ª RODADA - 08/08/2016
Assertiva (IV): incorreta. De fato, conforme redação do art. 914 do Código de Processo Civil de 2015, “O
executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio
de embargos”.
Um ponto que merece destaque, nesse diapasão, é que “tradicionalmente, a defesa típica no processo
de execução de pagar quantia certa só podia ser apresentada uma vez tendo sido garantido o juízo. A
regra era expressa na redação originária do CPC/73. (...) Entretanto, esse requisito para a interposição
dos embargos à execução deixou de existir com a Lei n. 11.382/2006, tendo sido mantida a dispensa no
Novo Código de Processo Civil, que afasta a garantia do juízo como condição de admissibilidade dos
embargos à execução (...)”(NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed.
2016, p. 1248).
Outra questão de relevo é que, em que pese a existência de vozes em sentido oposto, o Superior Tribunal
de Justiça continua a entender que, na execução fiscal, a garantia do juízo é condição de admissibilidade
dos embargos à execução, nos termos do art. 16, §1º, da Lei n. 6.830/80. Nesse sentido:
Ocorre, todavia, que “opostos os embargos, não há suspensão automática da execução” (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 449 – g.n.).
É que, conforme inteligência do art. 919, caput e parágrafo primeiro, do Novo Código de Processo Civil:
Assertiva (V): incorreta. Realmente, o Código de Processo Civil de 2015 prevê, no caput de seu art. 916,
que “no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta
por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá
8ª RODADA - 08/08/2016
requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção
monetária e de juros de um por cento ao mês”. O requerimento de parcelamento, legalmente previsto,
é incompatível com a defesa via embargos à execução. Assim, o executado não pode, ao apresentar
embargos à execução, realizar o depósito de trinta por cento do valor devido e requer o parcelamento
do restante em até seis parcelas mensais. As manifestações são incompatíveis e, pois, excludentes. Se
apresentada uma, o requerimento pela outra estará fulminado pela preclusão lógica. Nessa linha:
Durante o prazo para opor embargos, o executado, em vez de embargar, poderá requerer
o aludido parcelamento; também pode, enfim, escolher entre os embargos e o pedido de
parcelamento. Não é possível praticar os dois atos; ou apresenta embargos ou pede
o parcelamento. Se se obtém o parcelamento, extingue-se a possibilidade de embargos
à execução. O pedido de parcelamento impede, portanto, que o executado possa opor
embargos. É que houve a prática de uma conduta incompatível com o desejo de discutir
a dívida, caracterizando uma rematada preclusão lógica. Ao requerer o parcelamento, o
executado reconhece a dívida, não lhe sendo mais possível opor embargos à execução.
(CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 445) – g.n.
12. Ainda a respeito da execução fundada em título executivo extrajudicial, assinale a única
alternativa INCORRETA:
a) O credor deve ser intimado para opor fato impeditivo à incidência da prescrição
intercorrente antes de sua decretação de ofício.
b) Nos embargos à execução, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe
seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
COMENTÁRIO
Alternativas (A) e (D): corretas. A conjugação do art. 921, inciso III e parágrafos §1º e 4º, revela que se
suspende a execução quando o executado não possuir bens penhoráveis, hipótese em que, transcorrido
8ª RODADA - 08/08/2016
A hipótese de suspensão prevista no inciso III do art. 921 (quando o executado não possuir
bens penhoráveis) merece exame mais detido, até porque o CPC de 2015 inova ao estatuir sua
disciplina de maneira expressa. Naquele caso, consoante o § 1º do art. 921, o prazo máximo
de suspensão da execução é de um ano, período no qual será também suspensa a prescrição.
O § 2º do mesmo art. 921 complementa a previsão ao estabelecer que, findo o prazo sem
localização de bens penhoráveis ou se não localizado o executado, os autos serão remetidos
ao arquivo, sendo desarquivados caso sejam encontrados bens (art. 921, § 3º). Ainda tratando
dessa hipótese, o § 4º dispõe que, após o prazo de um ano a que se refere o § 1º, começa
a correr o prazo de prescrição intercorrente caso o exequente não se manifeste. Ouvidas as
partes em quinze dias, cabe ao magistrado, se reconhecer a prescrição a que se refere o § 4º,
extinguir o processo (art. 921, § 5º) (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual
Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 436).
Acerca do tema, impende sublinhar também o enunciado n. 195 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis:
O prazo de prescrição intercorrente previsto no art. 921, § 4º, tem início automaticamente um
ano após a intimação da decisão de suspensão de que trata o seu § 1º.
Demais disso, conquanto o art. 921, §5º, do NCPC, preveja expressamente a necessidade de se intimar as
partes antes ao reconhecimento da prescrição intercorrente na execução, a questão foi objeto de recente
julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça. No informativo 584 da Corte, que noticia a decisão do REsp
1.589.753-PR, foi assentado que:
Em execução de título extrajudicial, o credor deve ser intimado para opor fato impeditivo
à incidência da prescrição intercorrente antes de sua decretação de ofício. Prestigiando a
segurança jurídica e o reconhecimento antigo e reiterado de que as pretensões executivas
prescrevem no mesmo prazo da ação, nos termos da Súmula n. 150 do STF, albergou-se na
Terceira Turma do STJ possibilidade de reconhecimento de ofício da prescrição intercorrente
(...). Todavia, ressalte-se que em ambos os textos legais - tanto na LEF como no novo CPC
- prestigiou-se a abertura de prévio contraditório, não para que a parte dê andamento ao
processo, mas para possibilitar-lhe a apresentação de defesa quanto à eventual ocorrência de
fatos impeditivos da prescrição – g.n.
8ª RODADA - 08/08/2016
Alternativa (B): correta. Quando a Fazenda Pública compõe a parte ré de execução fundada em título
extrajudicial, ela pode se defender regularmente por meio de embargos à execução, nos quais poderá
alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento, de
acordo com o art. 910 do Código de Processo Civil:
Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor
embargos em 30 (trinta) dias.
§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito
deduzir como defesa no processo de conhecimento.
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535. – g.n.
Nesse diapasão, deve-se considerar que “na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública
defende-se por embargos à execução, cujo conteúdo é amplo e irrestrito, não se aplicando a limitação
de matérias prevista no art. 535 do CPC [rol taxativo de questões passíveis de arguição em impugnação
ao cumprimento de sentença]. Tratando-se de título extrajudicial, não há razão para restringir o âmbito
dos embargos, pois não há preclusão nem coisa julgada relativamente ao título que impeça a alegação
de questões pertinentes à obrigação ou à relação jurídica que deu origem ao crédito” (CUNHA, Leonardo
Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 340).
Alternativa (C): incorreta. Nem todas as formas de execução em face da Fazenda Pública exigem
procedimento diferenciado. Com efeito, à vista da inalienabilidade e consequente impenhorabilidade
dos bens públicos, o procedimento da execução de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública possui
forma diferenciada daquela prevista para a execução em face de particular. Tanto é assim que o art. 910
do Código de Processo Civil de 2015, acima transcrito, prevê regras especificas a esse respeito. Nessa
linha:
Entretanto, as demais formas de execução (fazer, não fazer e entregar coisa) “não exigem procedimento
diferenciado quando a Fazenda Pública ocupa o polo passivo devendo-se seguir as regras gerais
previstas pelo Código de Processo Civil. É possível, inclusive, a aplicação do art. 537 do Novo CPC com a
8ª RODADA - 08/08/2016
aplicação das astreintes, observadas as ressalvas criadas pela Lei n. 9.494/1997, art. 1º (lei que disciplina
a tutela antecipada contra a Fazenda Pública)” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito
Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1232 – g.n.). Igualmente, para Leonardo Carneiro da Cunha, “não há
qualquer peculiaridade no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública quando se tratar de
obrigação de fazer, não fazer e entregar coisa. A peculiaridade - com incidência dos arts. 534 e 535 - está
apenas quando a obrigação for de pagar quantia certa, atraindo, igualmente, a incidência do art. 100 da
Constituição Federal” (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016, p. 333).
Alternativa (E): correta. Conforme assentou o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp
1.528.049/RS, veiculado no informativo n. 567:
a) O Prefeito não pode depor como testemunha, porquanto suspeito, embora seja permitida
sua oitiva como informante do juízo.
b) Não se aplica ao Prefeito a prerrogativa de ser ouvido em dia, hora e local em que
8ª RODADA - 08/08/2016
preferir.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. De fato, conforme disposição do art. 447, §3º, inciso I, do Novo Código de
Processo Civil não pode depor como testemunha, porquanto suspeito, o amigo íntimo da parte, hipótese
que, à evidência, abrange o Prefeito no caso hipotético narrado.
Não obstante, na forma dos parágrafos 4º e 5º do precitado dispositivo legal, se necessário, pode o juiz
admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas, situação em que o depoimento
será prestado independentemente de compromisso e ser-lhe-á atribuído o valor que possa merecer,
possuindo essas pessoas, dessa forma, o status de informante, em nomenclatura utilizada pelo art. 228,
parágrafo único, do Código Civil. Nesse mesmo sentido está DIDIER JR. Fredie. et al. in Curso de Direito
Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória.
v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 244.
Alternativa (B): incorreta. As testemunhas, como regra, são ouvidas na sede do juízo (art. 449 do NCPC)
e na audiência de instrução e julgamento (arts. 361, caput, e 453, caput, ambos do mesmo diploma).
No entanto, “a depender do status da pessoa indicada como testemunha, ela poderá ser ouvida em
sua residência ou onde exerce a sua função. O rol respectivo está no art. 454, que faz menção, entre
outras autoridades, aos Chefes dos Executivos e aos membros do Legislativo de todos os níveis federais,
aos Ministros dos Tribunais Superiores e aos Desembargadores dos Tribunais de Justiça e dos Regionais
Federais” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz
do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 332).
Nesse pórtico, consoante dispõe o art. 454, VIII, do Novo Código de Processo Civil, aplica-se ao Prefeito
a prerrogativa de ser ouvido em dia, hora e local em que preferir. Para conhecimento, alargando o rol do
Código Buzaid, a nova legislação estendeu o benefício ao Prefeito – como dito – ao Procurador-Geral do
Estado e ao Procurador-Geral do município. O Governador já gozava da benesse no Código de Processo
Civil de 1973 e continua a fazê-lo. Eis a respectiva previsão legal:
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função:
8ª RODADA - 08/08/2016
II - os ministros de Estado;
VIII - o prefeito;
XI - o procurador-geral de justiça;
XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa a agente
diplomático do Brasil.
§ 1o O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-
lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha.
§ 2o Passado 1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o juiz designará dia, hora e local
para o depoimento, preferencialmente na sede do juízo.
§ 3o O juiz também designará dia, hora e local para o depoimento, quando a autoridade não
comparecer, injustificadamente, à sessão agendada para a colheita de seu testemunho no dia,
hora e local por ela mesma indicados. – g.n.
Deve-se ressalvar que “essas autoridades somente têm essa prerrogativa enquanto estiverem exercendo
os seus cargos ou enquanto durarem os seus mandados” (DIDIER JR. Fredie. et al. in Curso de Direito
Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória.
v. 2. 10ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 245).
Alternativa (C): correta. Conforme deflui da regra hospedada no art. 454, VII e §4º do Código de
Processo Civil de 2015, acima transcrito, o Prefeito, na condição de testemunha, só pode ser intimado
pelo juízo, respeitados todos os lindes da prerrogativa em comento.
8ª RODADA - 08/08/2016
Alternativa (D): correta. Opera-se, na hipótese, a preclusão consumativa, que impede a substituição
de testemunhas a mercê da simples conveniência da parte. Assim, “o rol só poderá ser alterado se a
testemunha arrolada falecer, quando, por doença, não puder depor ou quando ela não for encontrada”
(BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo
CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 333). Isso em razão do quanto previsto no Código de Processo Civil de
2015, in verbis:
Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4o e 5o do art. 357, a parte só pode
substituir a testemunha:
I - que falecer;
III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada.
Daí fica claro que o membro do Ministério Público é dispensado de promover a intimação das testemunhas
que arrolar via correspondência com aviso de recebimento.
8ª RODADA - 08/08/2016
e) Embora a Fazenda Pública possa celebrar negócios jurídicos processuais, não seria
possível o acordo em relação à dispensa de julgamento na primeira instância, partindo-se
diretamente para a segunda, considerada a natureza cogente das regras a esse respeito.
COMENTÁRIO
Como entende majoritariamente a doutrina que já se edificou a este respeito, “dentre a disciplina dos
‘atos em geral’ reside o art. 190, importante novidade trazida pelo CPC de 2015 que merece ser destacada
(...). O dispositivo admite que as partes realizem verdadeiros acordos de procedimento para otimizar e
racionalizar a atividade jurisdicional (...)” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil:
inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 188). Eis a respectiva disposição
legal:
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades
da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes
ou durante o processo.
Veja-se que “não se trata de negócio sobre o direito litigioso - essa é a autocomposição, já bastante
conhecida. No caso, negocia-se sobre o processo, alterando suas regras, e não sobre o objeto litigioso
do processo. São negócios que derrogam normas processuais - Normdisposition, conforme designação
de Gerhard Wagner” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual
civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 382).
Outrossim, é preciso deixar claro um ponto: “o direito em litígio pode ser indisponível, mas admitir solução
8ª RODADA - 08/08/2016
por autocomposição. É o que acontece com os direitos coletivos e o direito aos alimentos. Assim, “a
indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração de negócio jurídico processual”
(Enunciado n. 135 do Fórum Permanente de Processualistas Civis). Por isso o texto legal fala em “direito
que admita autocomposição” e não “direito indisponível” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual
Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 387).
Um parêntese, ainda a título de prefácio: como você tem estudado muito e não tem tempo para
banalidades, espero que não tenha dado uma risadinha ao ler a referência ao advogado goiano, D.P.R.,
que você não tem ideia de quem seja.
Alternativa (A): incorreta. Entende-se de forma uníssona que a Fazenda Pública está autorizada a
celebrar negócios jurídicos processuais. Nesse sentido, à guisa de exemplo, prevê o enunciado n. 256
do Fórum Permanente de Processualistas Civis que “A Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico
processual”. Em igual sentido:
Não há vedação legal à celebração de negócios processuais pela Fazenda Pública. (...) Cada
advogado público, que tem poder para praticar atos processuais, pode celebrar negócios
jurídicos processuais. Se o advogado público pode convencionar a suspensão do processo,
escolher o procedimento a ser adotado, o meio de impugnação a ser utilizado, é porque
pode celebrar negócio processual (CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em
Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 663).
Alternativa (B): incorreta. Conforme expressa disposição do art. 190, caput, in fine, do Código de
Processo Civil, de 2015, as partes podem celebrar negócios jurídicos processuais antes ou durante o
processo. Assim, “os negócios processuais podem ser celebrados antes ou durante a litispendência. O
caput do art. 190 é expresso ao permitir essa possibilidade”. (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual
Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm,
2015, p. 383). Outrossim, “O caput do art. 190 admite que os acordos sejam feitos antes do processo (em
cláusula de contrato, por exemplo, como sempre ocorreu com o chamado foro de eleição) ou durante
sua tramitação” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada
à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 188).
Alternativa (C): incorreta. Conforme disposição expressa do parágrafo único do art. 190 do Código
de Processo Civil de 2015, “de ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções
previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva
8ª RODADA - 08/08/2016
Alternativa (D): incorreta. A finalidade mesma do multicitado art. 190 do Novo Código de Processo
Civil é admitir a realização de negócios jurídicos processuais atípicos. Inclusive, a par dos negócios
jurídicos processuais típicos – compreendidos como aqueles expressa e pontualmente previstos no
código –, os enunciados ns. 19, 21 e 262 do Fórum Permanente de Processualistas Civis estabelecem,
exemplificativamente, negócios jurídicos processuais atípicos – é dizer, não previstos de forma expressa –,
da seguinte forma, respectivamente:
São admissíveis os seguintes negócios, dentre outros: acordo para realização de sustentação
oral, acordo para ampliação do tempo de sustentação oral, julgamento antecipado do mérito
convencional, convenção sobre prova, redução de prazos processuais.
Há doutrina que referenda e alarga esses róis, prevendo os seguintes exemplos de negócios processuais
atípicos permitidos pelo art. 190: “acordo de impenhorabilidade, acordo de instância única, acordo de
ampliação ou redução de prazos, acordo para superação de preclusão, acordo de substituição de bem
penhorado, acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo
para retirar o efeito suspensivo da apelação, acordo para não promover execução provisória, acordo para
dispensa de caução em execução provisória, acordo para limitar número de testemunhas, acordo para
autorizar intervenção de terceiro fora das hipóteses legais, acordo para decisão por equidade ou baseada
em direito estrangeiro ou consuetudinário, acordo para tornar uma prova ilícita etc.” (DIDIER JR, Fredie.
Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1.
17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 383 – g.n.). Ainda a esse respeito:
O CPC mantém vários dos negócios jurídicos típicos previstos no CPC/1973. (...) Além deles,
o CPC prevê outros novos negódos típicos, a saber: (a) redução de prazos peremptórios
(CPC, art. 222, §1°); (b) calendário processual (CPC, art. 191); (c) escolha consensual do perito
(CPC, art. 471); (d) audiência de saneamento e organização em cooperação com as partes
8ª RODADA - 08/08/2016
(CPC, art. 357, §3°); (e) acordo de saneamento ou saneamento consensual (CPC, art. 364,
§2º). Reproduzindo o disposto no art. 158 do CPC/1973, o art. 200 do CPC dispõe que “os
atos das partes consistente em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais”. Daí já
se poderia construir o princípio da atipicidade dos negócios processuais, concluindo que
é possível qualquer tipo de negócio entre as partes ou entre estas e o juiz. Não bastasse
essa previsão, o CPC prevê, em seu art. 190, uma cláusula geral de acordo de procedimento
(CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016, p. 660-661).
Alternativa (E): correta. De fato, embora a Fazenda Pública possa celebrar negócios jurídicos processuais,
não é dado às partes derrogar normas processuais de ordem cogente, de domo que não seria possível o
acordo em relação à dispensa de julgamento na primeira instância, partindo-se diretamente para
a segunda.
Normas cogentes são aquelas impostas pela lei aos sujeitos processuais, sendo irrelevante sua
vontade no caso concreto. Como o negócio jurídico processual ora analisado tem como base
a vontade das partes, parece lógica a conclusão de que o acordo não pode ter como objeto
uma norma cogente. (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil,
8ª ed. 2016, p. 333).
Isso porque, “por mais intenso que seja – e deve ser – o diálogo entre os planos material e o processual,
inclusive para criar condições ótimas de resolução do conflito, a liberdade dada às partes para ‘ajustá-lo às
especificidades da causa’ referida pelo caput do art. 190 encontra limites no modelo de atuação estatal. (...)
Não pode a lei federal, passando por cima do inciso XI do art. 24 da CF, em verdade desconsiderando-o,
‘delegar’ liberdade a determinados sujeitos do processo para estabelecer o seu próprio procedimento
ou os seus próprios ônus, poderes, faculdades e deveres processuais (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual
de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 189).
Em outros termos, “sempre que a matéria for de reserva legal, a negociação processual em torno dela é
ilícita” (DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo
de conhecimento. v. 1. 17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 388).
Daí porque o enunciado n. 20 do Fórum Permanente de Processualistas Civis prevê que “não são
admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre outros: acordo para modificação da competência
absoluta, acordo para supressão da primeira instância” (g.n.). E bem explica essa limitação do objeto do
negócio jurídico processual Fredie Didier Jr: “o acordo sobre competência, por exemplo, é expressamente
regulado (art. 63 do CPC) e o seu objeto, claramente definido: somente a competência relativa pode ser
negociada. Assim, acordo sobre competência em razão da matéria, da função e da pessoa não pode ser
objeto de negócio processual. Acordo de supressão de primeira instância é exemplo de acordo sobre
competência funcional: acorda-se para que a causa não tramite perante o juiz e vá direto ao tribunal, que
passaria a ter competência funcional originária, e não derivada; esse acordo é proibido” (DIDIER JR, Fredie.
8ª RODADA - 08/08/2016
Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. v. 1.
17º ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 388) – g.n.
c) A decisão judicial poderá ser levada a protesto imediatamente após seu trânsito em
julgado.
d) Na hipótese de a dívida ser ilíquida, exige-se sua prévia liquidação para, somente depois
disso, ser o devedor intimado para pagá-la, sob pena de aplicação de multa de dez por
cento do valor exequendo e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
COMENTÁRIO
Nesse pórtico, bem se vê que a medida de coerção em questão se aplica indistintamente a todas as
formas executivas. A esse propósito, além do protesto da decisão, “o novel § 5º do art. 782 permite ao
magistrado determinar a negativação do nome do executado, inserindo-o em cadastros de inadimplentes
até que ele pague o valor devido, garanta o cumprimento da sentença (isto é, ofereça bens à penhora) ou
que o processo ( já em etapa de cumprimento definitivo de sentença) seja julgado extinto por qualquer
8ª RODADA - 08/08/2016
outro motivo”. (...) é de esperar o crescimento dos índices dos cumprimentos de sentença antes da
prática de atos expropriatórios. Neste sentido, o protesto e/ou a negativação funcionarão como técnicas
coercitivas que, bem compreendidas pelo executado, acabarão convencendo-o de que a melhor escolha
é acatar a ordem judicial. O que lamento, neste Manual, é que se isto ocorrer estará confirmada a noção
difusa de que ninguém respeita a autoridade judiciária pelo que ela é e decide, ainda que, nestes casos,
sua decisão equivalha a uma ordem” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil:
inteiramente estruturada à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 388).
Alternativa (B): incorreta. O art. 534, §2º, do Novo Código de Processo Civil prevê expressamente que
a multa de dez por cento do valor exequendo e de honorários de advogado não se aplica à Fazenda
Pública. É que, “no cumprimento de sentença, a Fazenda Pública não é intimada para pagar apenas
para apresentar impugnação. Não há, por isso mesmo, incidência da multa prevista no § 1° do art. 523”
(CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 334).
Alternativa (C): incorreta. Nos termos do art. 517, caput, do Novo CPC, a decisão judicial transitada em
julgado poderá ser levada a protesto depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário, previsto
no art. 523 do mesmo diploma. “Trata-se de medida executiva indireta, ou seja, uma forma de pressionar
psicologicamente o executado a cumprir a obrigação por meio da ameaça de sua situação ser piorada
caso não satisfaça a obrigação no prazo de 15 dias” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1127). Assim estabelece o dispositivo legal:
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o
nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida
e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda
pode requerer, a suas expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da
ação à margem do título protestado.
Alternativa (D): correta. Ao julgar o REsp 1.147.191/RS, na forma veiculada em seu informativo n. 560, o
Superior Tribunal de Justiça fixou o seguinte entendimento:
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no art. 475-J do CPC 1973
(art. 523, § 1º do CPC 2015), revela-se indispensável (i) a prévia liquidação da obrigação; e,
após o acertamento, (ii) a intimação do devedor, na figura do seu advogado, para pagar o
8ª RODADA - 08/08/2016
quantum ao final definido no prazo de 15 dias (...) Isso porque a liquidez da obrigação é
pressuposto para o pedido de cumprimento de sentença. (...) Então, se a condenação é desde
logo líquida (incluindo-se nessa hipótese aquela que depende de determinação do valor por
mero cálculo aritmético), é o que basta para que já possa incidir a multa. Caso contrário,
apenas depois da fase de liquidação, terá vez a multa. Assim, apenas quando a obrigação for
líquida pode ser cogitado, de imediato, o arbitramento da multa para pronto pagamento (...).
Logo, na hipótese de a dívida ser ilíquida, exige-se sua prévia liquidação para, somente depois disso, ser
o devedor intimado para pagá-la, sob pena de aplicação de multa de dez por cento do valor exequendo
e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
Alternativa (E): incorreta. O art. 513, §1º, do Código de Processo Civil de 2015 prevê expressamente que
“o cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á
a requerimento do exequente” (g.n.).
Não obstante a expressa previsão legal a respeito do cumprimento da sentença que reconhece o dever
de pagar quantia, a doutrina tem mostrado divergência quanto à possibilidade de início ex officio da
fase de cumprimento nas demais modalidades obrigacionais (fazer, não fazer e entrega de coisa). Cássio
Scarpinella Bueno afirma que não vê “como negar que também naqueles casos [obrigações de fazer,
não fazer e entrega de coisa], o cumprimento de sentença depende de iniciativa do exequente. Cabe a
ele – e não ao magistrado de ofício – manifestar expressamente seu interesse em perseguir o que lhe
foi reconhecido pela sentença. O impulso oficial do art. 2º, mesmo com a ressalva nele feita, não chega
a tanto” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturada à luz
do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 379). Daniel Assunção, por sua vez, sustenta que “parece
mais adequado o entendimento de que o juiz pode dar início de ofício ao cumprimento de sentença,
determinando as medidas executivas que entender necessárias à satisfação do direito do credor, em
aplicação da regra do impulso oficial. (...) mas não havendo previsão expressa a respeito da necessidade
de provocação, como ocorre no art. 523, caput, do Novo CPC para o cumprimento de sentença de pagar
quantia certa, parece mais adequada a aplicação do princípio do impulso oficial” (NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil, 8ª ed. 2016, p. 1116).
Dessa forma, atualmente, no Direito Processual brasileiro, apenas no âmbito da CLT (art. 876, parágrafo
único) é possível o início da fase de cumprimento de sentença de ofício, ao menos quando à sentença
que reconhece o dever de pagar quantia certa.
8ª RODADA - 08/08/2016
DIREITO AMBIENTAL
COMENTÁRIO
A questão buscou revisar alguns temas referentes aos crimes ambientais. Embora não seja de grande
cobrança, em profundidade, nos concursos de Procuradorias, vale a pena conhecer e revisar o tema, por
sua previsão expressa nos programas dos editais.
Alternativa (A): incorreta. Ao contrário da responsabilidade civil por dano ambiental, no direito penal
ambiental não vigora a responsabilidade objetiva para os crimes ambientais, necessitando-se da
comprovação do elemento subjetivo da conduta (dolo ou culpa).
Alternativa (B): correta. De fato, todo o afirmado na assertiva reflete as previsões expressas contidas nos
artigos 3º e 21 da Lei nº 9605/98.
Alternativa (C): correta. Sabemos que a regra, no Código Penal brasileiro, de acordo com o seu artigo 91,
é que a apreensão dos instrumentos e produtos do crime consiste em efeito da condenação. No âmbito
8ª RODADA - 08/08/2016
ambiental, no entanto, pela previsão do artigo 25 da Lei nº 9605/98, ocorre tal apreensão tão logo seja
verificada a infração.
Alternativa (D): correta. Embora se trate de matéria controvérsia, o STJ, em diversos julgados, firmou
entendimento pela aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais. Vejamos: HC
93.859-SP; HC 72234/PE; e HC 35203/SP.
Alternativa (E): correta. São os chamados crimes de perigo abstrato. Um de seus exemplos é o artigo
52, da Lei nº 9605/98.
17. Sobre o Código Florestal e Área de Proteção Permanente e a Reserva Legal, assinale a alternativa
correta:
COMENTÁRIO
Tratamos, aqui, da área de preservação permanente e da reserva legal, dois dos mais importantes
institutos do Direito Ambiental e que merecem atenção quando de sua preparação.
Alternativa (A): incorreta. A assertiva se encontra incorreta por um único detalhe: na área de preservação
permanente, não se exige que seja coberta por vegetação nativa, como afirma a questão. É válida a
leitura do artigo 3º, inciso II, do Novo Código Florestal.
8ª RODADA - 08/08/2016
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;
Alternativa (B): incorreta. Embora ambas se enquadrem, de fato, no status de espaço territorial
especialmente protegido, conforme artigo 225, §1º, inciso III, da CF/88, não se veda qualquer exploração
com finalidade econômica. Veja-se, por exemplo, que um dos intuitos da área de reserva legal é assegurar
o uso econômico de modo sustentável de seus recursos.
Alternativa (C): incorreta. Não é o Código Florestal que dispõe sobre a criação de uma APP, mas a própria
Constituição Federal de 1988. Para ela, apenas se exige a lei quando se pretende realizar a supressão,
conforme art. 225, §1º, inciso III. A contrario sensu, a doutrina entende que a instituição pode ocorrer de
qualquer forma, inclusive através de ato administrativo.
Alternativa (D): correta. Duas são as hipóteses de instituição das áreas de preservação permanente: a)
Sua localização (art. 4º, Novo Código Florestal), em que se leva em consideração áreas de fundamentais
importâncias; b) Sua destinação (art. 6º, Novo Código Florestal), em que se visa utilizar tais áreas para
promover a recuperação ou proteção ambiental.
Alternativa (E): incorreta. A natureza jurídica da APP é de limitação da propriedade, com base na função
socioambiental, de forma que se entende não ser devida indenização ao proprietário que alegue prejuízo
econômico decorrente da impossibilidade de exploração.
18. Sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), julgue os seguintes itens:
II. A água é um bem de domínio público e a titularidade dada pela Constituição Federal
a alguns entes simboliza a qualidade de gestor destes recursos.
IV. Embora seja um bem de domínio público, é possível que ocorra a cobrança pelo uso
dos recursos hídricos, cujos valores arrecadados devem ser utilizados, dentre outros fins,
para o financiamento de estudos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos.
8ª RODADA - 08/08/2016
a) I e II.
b) III e IV.
c) I, II e IV.
d) IV.
e) I e IV.
COMENTÁRIO
Inauguramos, aqui, a revisão acerca da Lei de Recursos Hídricos. Novamente, trata-se de tema que não
possui grande índice de cobrança nas provas, mas se encontra presente na maioria dos programas.
Item (I): correto. O item corresponde ao expresso no artigo 1º, inciso II, da Lei nº 9433/97.
Item (II): correto. De fato, de acordo com o artigo 1º, inciso II, da Lei nº 9433/97, a água é um bem de
domínio público. Por este motivo, a doutrina entende que ela não pertence aos entes públicos, e que a
referência a eles feitas na CF88, ao dispor sobre competências, se refere à qualidade de gestor e protetor.
Item (III): incorreto. De fato, a outorga de direitos de uso de recursos hídricos é um instrumento da
PNRH, conforme artigo 2º, da Lei nº 9433/97. Como o próprio nome sugere, não se trata de permissão
para alienação, mas de simples direito de uso, já que a água, por si só, é inalienável.
Item (IV): correto. É o que se encontra previsto no artigo 2º, inciso IV, da Lei nº 9433/97, e regulamentado
no artigo 19, da mesma lei.
DIREITO TRIBUTÁRIO
19. Sobre a repartição constitucional das receitas tributárias, julgue os seguintes itens:
III. Dentre os impostos cujas receitas não são repartidas, encontram-se: imposto estadual
sobre transmissão causa mortis e doações, e impostos de importação e exportação.
IV. Pertencem aos Municípios vinte e cinco por cento da arrecadação do ICMS, dos quais
um quarto será creditado conforme dispuser lei estadual ou, havendo territórios, lei federal,
8ª RODADA - 08/08/2016
e até três quartos na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de
mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios.
a) I, II e III.
b) II e IV.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
COMENTÁRIO
Abordamos, aqui, a repartição de receitas tributárias, tema que carece de memorização do candidato
para uma correta resposta aos questionamentos comumente realizados em prova.
Item (I): correta. De acordo com as regras de repartição de receita previstas na CF/88, sempre são os
entes menores que participam em parcela da arrecadação dos entes maiores. Exemplificando, o Município
recebe parte de impostos arrecadados pelo Estado, mas este não recebe parte dos impostos municipais.
Item (II): incorreta. Embora a maior parte das receitas repartidas advenha de impostos, a CF/88, em seu
artigo 159, inciso III, prevê a participação dos Estados e DF na Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE).
Item (III): correta. Pela leitura dos artigos 157 a 159, da CF/88, depreende-se que os tributos mencionados
na assertiva não são objeto de repartição de receita.
Item (IV): incorreta. O erro da assertiva se encontra na expressão “até”, sendo clássico caso de “casca de
banana”. Veja que, de acordo com o artigo 158, parágrafo único, e incisos, da CF/88, a repartição é de
“até ¼” de acordo com o que dispuser lei estadual/federal e “de ¾”, no mínimo, na proporção do valor
adicionado.
8ª RODADA - 08/08/2016
d) Como regra, as operações da cadeia produtiva que gozem de benesses legais não geram
créditos para as etapas seguintes. No entanto, por expressa previsão constitucional, é
possível que a isenção ou não-incidência do ICMS em uma determinada operação implique
crédito para compensação com o montante devido nas operações seguintes.
e) Quando uma mercadoria for encontrada sem situação irregular pela falta de
documentação fiscal, o ICMS será devido ao Estado de domicílio do destinatário.
COMENTÁRIO
Abordamos, aqui, o ICMS, tributo estadual mais importante, em termos econômicos, e com enorme
frequência nos programas de editais de procuradorias e cobrança em prova, sobretudo referente a
Procuradorias Estaduais.
Alternativa (A): incorreta. Conforme o artigo 155, da Constituição Federal, compete aos Estados e ao
Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior. Referido artigo não especifica se o serviço de comunicação seria
gratuito ou oneroso. No entanto, por força do §2º, inciso X, alínea d, do mesmo artigo, fora prevista a
imunidade nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de
sons e imagens de recepção livre e gratuita, de forma que o ICMS incide, apenas, sobre os serviços de
comunicação onerosos. Neste mesmo sentido, dispõe a Lei Complementar nº 87/96.
Alternativa (B): incorreta. O assunto se encontra previsto no artigo 155, §2º, inciso XI, da CF. Em regra, o
montante de IPI irá, junto com outras verbas, compor a base de cálculo do ICMS. A única exceção para
que a base de cálculo não o compreenda é a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto
destinado à industrialização ou à comercialização, que configure fato gerador dos dois impostos.
Ou seja, para que não seja incluído o IPI na base de cálculo, necessita-se, cumulativamente: 1) Operação
realizada entre contribuintes; 2) produto ser destinado à industrialização ou comercialização; 3) operação
configure fato gerador dos dois impostos.
8ª RODADA - 08/08/2016
Por vezes, as questões narram situações em que há dois dos 3 requisitos acima. No entanto, como dito,
são requisitos cumulativos.
Alternativa (C): incorreta. A Constituição Federal, em seu artigo 155, §2º, inciso X, alínea c, prevê
verdadeira hipótese de imunidade tributária. No entanto, referida imunidade aplica-se ao ouro apenas
quando corresponder a um ativo financeiro. Destarte, correspondendo a uma mercadoria, por exemplo,
haverá a incidência do tributo.
Alternativa (D): correta. Trata-se de disposição expressa no artigo 155, §2º, inciso II, da CF. Como vimos,
o ICMS é um imposto não cumulativo, ocorrendo a compensação do imposto já recolhido nas operações
anteriores com o devido nas operações posteriores. Ocorre que, muitas vezes, a legislação atribui isenção
ou não incidência a determinada etapa da cadeia produtiva. Nestes casos, por expressa previsão da
Constituição Federal, a regra é a de que, nestas operações que gozaram de benesse legal, como não
houve o efetivo recolhimento do tributo, não deve ser gerado crédito para compensar nas operações
seguintes, bem como devem-se anular os créditos das operações anteriores à isenta.
Frise-se, no entanto, que, embora esta seja a regra, a própria Constituição Federal admite previsão em
sentido contrário, desde que determinada de forma expressa na legislação. Assim, nada impede que a
legislação de um Estado preveja a manutenção dos créditos em tais situações.
Alternativa (E): incorreta. De acordo com o artigo 11, inciso I, alínea B, da LC 87/96, é devido ICMS no
local em que encontrada a mercadoria em situação irregular.
DIREITO ADMINISTRATIVO
21. Tratando dos requisitos dos atos administrativos, marque a alternativa correta:
a) Segundo a Lei nº 9.784/99, um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão
de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
8ª RODADA - 08/08/2016
COMENTÁRIO
Caros alunos, os requisitos do ato administrativo é matéria clássica e pode ser considerada a base de
todo o Direito Administrativo, auxiliando os operados do direito na resolução de diversas problemáticas
da matéria. Da mesma forma, nas provas o conhecimento do tema ajudará no desenvolvimento dos
problemas apresentados.
Alternativa (A): correta. A alternativa traz a redação exata do artigo 12 da Lei nº 9.784/99. Inicialmente
o aluno deve verificar o dispositivo equivalente na lei do processo administrativo do estado/município
onde estiver fazendo a prova, salvo, é claro, se a questão fizer referência à lei nº 9.784/99. Interessante
observar que é possível delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares e ainda que estes
não lhe sejam hierarquicamente subordinados.
Alternativa (B): incorreta. Conforme pontua a doutrina, o exercício da competência pode ser delegado,
mas não a própria titularidade, que é imposta legalmente ao agente competente. A lei, quando confere
competência, primeiramente, impõe uma série de deveres ao agente público para que cumpra suas
funções. Vejamos a lição doutrinária:
“Como consequência lógica dessa definição, o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello enumera
as seguintes características da competência: (...); b) é Irrenunciável. Não obstante, o exercício
da competência (e não a sua titularidade) pode ser parcial e temporariamente delegado,
desde que atendidos os requisitos legais. A delegação, de toda sorte, não implica renúncia à
competência pela autoridade delegante, que permanece apta a exercer a função que delegou,
concorrentemente com o agente que recebeu a delegação. Ademais, a autoridade delegante
poder revogar a delegação a qualquer tempo.” (PAULO, Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. 23ª
ed. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo: Método, 2015. p. 507).
Alternativa (C): incorreta. Motivo e motivação são coisas diferentes. A doutrina explica bem:
8ª RODADA - 08/08/2016
de dolo ou culpa etc. - e na indicação, por escrito, de que aquela infração está enquadrada
em um dispositivo legal que determina a demissão do servidor. (...) Observe-se que todo ato
administrativo tem que ter um motivo (a inexistência de motivo - seja a não ocorrência
do fato, seja a inexistência da norma - resulta na nulidade do ato), mas podem existir
atos administrativos em que os motivos não sejam declarados (atos que não estão
sujeitos à regra geral de obrigatoriedade de motivação).” (PAULO, Vicente. ALEXANDRINO,
Marcelo. 23ª ed. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo: Método, 2015. p. 522-523).
A título de exemplo, a exoneração ad nutum dos cargos em comissão não exigem motivação.
Alternativa (D): incorreta. A teoria dos motivos determinantes aplica-se tanto a atos vinculados quanto a
atos discricionários, mesmo aos atos discricionários em que, embora não fosse obrigatória, tenha havido
a motivação. Exemplificando, a nomeação e a exoneração do servidor ocupante de cargo em comissão
independem de motivação declarada. O administrador pode, portanto, nomear e exonerar livremente,
sem estar obrigado a apresentar qualquer motivação. Contudo, caso ele decida motivar o seu ato, ficará
sujeito à verificação da existência e da adequação do motivo exposto, havendo possibilidade inclusive de
controle judicial sobre o motivo apresentado.
Alternativa (E): incorreta. A avocação é a atração pela autoridade superior de competência até então
exercida por agente público a ele hierarquicamente submetido. Segundo a doutrina:
“É uniforme na doutrina o entendimento de que não é possível haver avocação sem que
exista hierarquia entre os agentes envolvidos, orientação expressamente seguida pela Lei
9.784/ 1999. A avocação deve ser medida excepcional e fundamentada, mas a Lei 9.784/1999
não exige que os casos específicos em que se admite a avocação estejam expressamente
previstos em lei, conforme propõem alguns administrativistas. De todo modo, é oportuno
frisar que são bastante distintas, quanto a esse ponto, as normas concernentes à delegação e
à avocação. Com efeito, enquanto a avocação deve ser exceção, a delegação de competências
nada tem de excepcional, haja vista ser a regra geral a possibilidade de delegação, somente
obstada se houver proibição legal expressa. Embora a avocação deva ser realizada apenas
excepcionalmente, a Lei 9.784/1 999 nada dispõe acerca de competências que não
possam ser avocadas. A doutrina preleciona que a avocação não é possível quando se tratar
de competência exclusiva do subordinado, o que nos parece irrefutavelmente lógico.” (PAULO,
Vicente. ALEXANDRINO, Marcelo. 23ª ed. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo:
Método, 2015. p. 509-510).
A lição acima é pautada na lei nº 9.784/99, devendo sempre o aluno verificar o dispositivo equivalente na
lei do processo administrativo do estado/município onde estiver fazendo a prova.
8ª RODADA - 08/08/2016
22. Acerca das compras pela Administração Pública, do sistema de registro de preços e da adesão
à ata registrada, assinale a alternativa correta:
COMENTÁRIO
Caros alunos, a Lei de Licitações é matéria certa nas provas para advocacia pública. Um dos temas
relevantes e que certamente é abordado na cobrança de conhecimentos de ordem prática dos candidatos
é a disciplina jurídica das compras feitas pela Administração Pública. Assim, o registro de preços deve ter
atenção dos candidatos à advocacia pública.
Alternativa (A): incorreta. Disciplina o art. 15 da Lei de Licitações que as compras, sempre que possível,
deverão: I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações
técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência
técnica e garantia oferecidas; II - ser processadas através de sistema de registro de preços; III -
submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado; IV - ser
subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado,
visando economicidade; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública.
O erro da questão está em impor que as compras do Poder Público sejam processadas através
do sistema de registro de preços, quando a norma impõe sua utilização “sempre que possível”.
O Sistema de Registro de Preços, no âmbito federal – geralmente copiado com poucas alterações
8ª RODADA - 08/08/2016
para a seara estadual – é regulamentado pelo Decreto nº 7.892/2013, e sua utilização se dá nos casos
de compras corriqueiras pela Administração, registrando-se um preço para que todas as aquisições
necessárias durante o ano de vigência da ata não demandem novo procedimento licitatório. O artigo
3º do decreto citado prevê os casos de uso do sistema ora comentado, quais sejam: a) quando, pelas
características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes; b) quando for
conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços
remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa; c) quando for conveniente a aquisição
de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a
programas de governo; ou d) quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente
o quantitativo a ser demandado pela Administração.
Alternativa (B): correta. A questão traz o conteúdo exato do parágrafo 3º do artigo 15 da Lei de Licitações.
Assim, o aluno deve saber que os Estados podem editar decreto regulamentando o sistema de registro
de preços em seu âmbito, visando atender as peculiaridades regionais. Todavia, essa regulamentação
deve atender a determinação da Lei Federal no sentido da seleção ser feita mediante concorrência, da
estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados, e da validade do registro
não superior a um ano. Quanto à validade do registro, seu prazo máximo é de 01 (um) ano. É possível a
prorrogação da vigência do registro, desde que dentro do prazo anual (Ex.: vigência inicial de 06 meses
prorrogada por mais 06 meses).
Alternativa (C): incorreta. O artigo 15, §4º, da Lei de Licitações, diz que a existência de preços registrados
não obriga a Administração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a
utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário
do registro preferência em igualdade de condições.
Alternativa (D): incorreta. Está correta a alternativa quando diz que os órgãos e entidades que não
participaram do registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata de registro de preços, deverão
consultar o órgão gerenciador da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão. No entanto,
existem outros requisitos previstos no Decreto Federal nº 7.892/2013, quais sejam: a) Vigência da
ata; b) Anuência do fornecedor beneficiário da ata de registro de preços, desde que não prejudique
as obrigações presentes e futuras decorrentes da ata, assumidas com o órgão gerenciador e órgãos
participantes; c) As aquisições ou contratações decorrentes da adesão não poderão exceder, por órgão
ou entidade, a cem por cento dos quantitativos dos itens do instrumento convocatório e registrados na
ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes; d) O instrumento convocatório
deverá prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços não poderá exceder,
na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços para
o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do número de órgãos não participantes
que aderirem; e) Após a autorização do órgão gerenciador, o órgão não participante deverá efetivar a
aquisição ou contratação solicitada em até noventa dias, observado o prazo de vigência da ata.
Alternativa (E): incorreta. O artigo 22, §8º, do Decreto Federal nº 7.892/2013, diz que é vedada aos
8ª RODADA - 08/08/2016
órgãos e entidades da administração pública federal a adesão a ata de registro de preços gerenciada por
órgão ou entidade municipal, distrital ou estadual.
a) A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos
créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos à prestação de serviços a serem
executados de forma contínua e entrega bens e produtos, que poderão ter a sua duração
prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses.
b) Existem hipóteses em que os contratos administrativos poderão ter vigência por até 120
(cento e vinte) meses.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): incorreta. Reza o artigo 57, II, da Lei nº 8.666/93 que a duração dos contratos regidos
por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos à
prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses. Em suma, o erro da questão está em permitir a prorrogação do
contrato que tenha por objeto entrega bens e produtos, enquanto a lei permite apenas para os casos
8ª RODADA - 08/08/2016
“Não é possível, portanto, a celebração de contrato de fornecimento de café, por exemplo, com
fundamento na exceção do art. 57, II. Não obstante se trate de contrato de execução continuada,
trata-se, o próprio nome indica, de contrato de fornecimento, e a lei somente autoriza a
extrapolação do prazo do crédito orçamentário para os contratos de serviço de execução
continuada.” (FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Licitações e Contratos Administrativos. 6ª ed.
Belo Horizonte: Fórum, 2015. p. 574).
Alternativa (B): correta. É a hipótese prevista no artigo 57, V, que remete aos casos de dispensa de
licitação dos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até
120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração. São os seguintes casos: (a) quando
houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (b) para as compras de material de
uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais,
aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; (c) para o fornecimento de
bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade
tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade
máxima do órgão; e (d) contratar diretamente ICT, entidades de direito privado sem fins lucrativos ou
empresas, isoladamente ou em consórcios, voltadas para atividades de pesquisa e de reconhecida
capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e
inovação que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de
produto, serviço ou processo inovador.
Alternativa (C): incorreta. O artigo 58, §1º, da Lei de Licitações, diz que as cláusulas econômico-financeiras
e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado. Assim, embora a Administração goze de inúmeras prerrogativas frente ao particular, a
alteração das cláusulas econômico-financeiras unilateralmente não é uma delas.
Alternativa (D): incorreta. O artigo 80, IV, da Lei de Licitações, permite a retenção dos créditos decorrentes
do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração, em casos de rescisão do contrato
administrativo. Todavia, a jurisprudência do STJ não permite a retenção do pagamento no caso
apresentado na alternativa, senão vejamos a jurisprudência:
8ª RODADA - 08/08/2016
RN, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe
09/05/2014).
Alternativa (E): incorreta. Nesse caso a retenção do pagamento é possível em virtude da possibilidade
de responsabilização subsidiária da Administração em relação às obrigações trabalhistas, caso o Poder
Público seja negligente na fiscalização do contrato. Esse é o entendimento do STJ:
DIREITO FINANCEIRO-ECONÔMICO
24. Tratando das atribuições, competências e controle exercido pelos Tribunais de Contas, marque
a alternativa correta:
8ª RODADA - 08/08/2016
à instauração da tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e quantificação do dano.
COMENTÁRIO
O funcionamento e a amplitude da jurisdição dos Tribunais de Contas podem ser cobrados nas provas
de Direito Financeiro, razão pela qual recomendamos o estudo dos dispositivos constitucionais e o
entendimento jurisprudencial a respeito das Cortes de Contas.
Alternativa (A): incorreta. Embora exista entendimento respeitável pela natureza judicial das decisões
proferidas pelos Tribunais de Contas, como o prof. Jorge Ulisses Jacoby, o entendimento majoritário milita
em favor da natureza administrativa das decisões em questão. Aqueles que entendem pela natureza
judicial se escoram principalmente na competência dos TCs para “julgar as contas” constante do artigo
71, II, da CF. Todavia, a inafastabilidade do controle jurisdicional por parte do Poder Judiciário prevalece
sobre o argumento citado.
Alternativa (B): incorreta. A Súmula 347 do STF diz que o Tribunal de Contas, no exercício de suas
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. É importante
mencionar que essa súmula é muito antiga, datando de 1963. Existem decisões monocráticas no STF que
indicam uma possível mudança de posicionamento (Vide MS 27.837/DF). De todo modo, a súmula está
vigente e vem sendo aplicada pelos Tribunais de Contas.
Alternativa (C): correta. É a redação exata do artigo 8º da Lei nº 8.443/92, que diz: “Diante da omissão
no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, na
forma prevista no inciso VII do art. 5° desta Lei, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens
ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que
resulte dano ao Erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária,
deverá imediatamente adotar providências com vistas à instauração da tomada de contas especial para
apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano.”
Alternativa (D): incorreta. O art. 46 da Lei nº 8.443/92 prevê que verificada a ocorrência de fraude
comprovada à licitação, o Tribunal declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por
até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal. O erro da questão está na vedação de
8ª RODADA - 08/08/2016
imposição da mesma sanção pela Administração Pública. O STJ já decidiu sobre o tema:
Alternativa (E): incorreta. O STJ decidiu que é de cinco anos o prazo para o TCU, por meio de
tomada de contas especial (Lei nº 8.443/92), exigir do ex-gestor público municipal a comprovação
da regular aplicação de verbas federais repassadas ao respectivo Município. (REsp 1480350/RS, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/04/2016, DJe 12/04/2016).
25. Sobre as operações de crédito e sua disciplina na Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a
alternativa correta:
8ª RODADA - 08/08/2016
de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles
controladas, direta ou indiretamente.
COMENTÁRIO
Os dispositivos cobrados na questão são constantemente cobrados nas provas de Direito Financeiro. É
importante que o aluno, para as provas, conheça a disciplina da lei de responsabilidade fiscal (LRF), pois
dessa temática se exige o conhecimento da lei seca. Mais uma vez recordamos que a crise econômica
por que passa o Brasil aumenta a probabilidade de cobrança nas provas de temas de Direito Financeiro,
incluindo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Alternativa (A): incorreta. Segundo o art. 32, §1º, IV, da LRF, exige-se autorização específica do Senado
Federal, quando se tratar de operação de crédito externo.
Alternativa (B): incorreta. Segundo o art. 32 da LRF, o Ministério da Fazenda verificará o cumprimento
dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive
das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente.
Alternativa (C): incorreta. O art. 35 da LRF prevê que é vedada a realização de operação de crédito
entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa
estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma
de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. Trata-se de dispositivo
que busca preservar o pacto federativo, reforçando a autonomia dos entes federados e evitando a
promiscuidade financeira entre os entes.
Alternativa (E): errada. O artigo 38 da LRF diz que a operação de crédito por antecipação de receita
destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
relacionadas aos limites de endividamento e mais as seguintes: I - realizar-se-á somente a partir do
décimo dia do início do exercício; II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o
dia dez de dezembro de cada ano; III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não
8ª RODADA - 08/08/2016
a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que
vier a esta substituir. Por fim, o inciso IV diz que estará proibida: a) enquanto existir operação anterior
da mesma natureza não integralmente resgatada e b) no último ano de mandato do Presidente,
Governador ou Prefeito Municipal.
DIREITO CONSTITUCIONAL
26. Tendo em vista as normas constitucionais, bem como a jurisprudência do STF sobre o CNJ e
CNMP, assinale a alternativa correta:
a) O CNJ, que não exerce função jurisdicional, é órgão administrativo do Poder Judiciário,
podendo apreciar, de ofício, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros
ou órgãos do Poder Judiciário, bem como desconstituir esses atos.
e) O CNJ, composto apenas por membros do Poder Judiciário, tem seus atos sujeitos ao
controle do STF, sendo que as suas atribuições são estabelecidas pela Constituição em rol
exemplificativo, já que outras lhe poderão ser atribuídas pelo Estatuto da Magistratura.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. De fato, o CNJ não exerce função jurisdicional, sendo, portanto, órgão
administrativo do Poder Judiciário. Senão vejamos:
8ª RODADA - 08/08/2016
Assim, “por estarem as atribuições do CNJ restritas ao controle da atuação administrativa, financeira e
disciplinar dos órgãos do Poder Judiciário a ele sujeitos, pode-se afirmar ser o CNJ um órgão meramente
administrativo (do Judiciário)” (Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. Saraiva, 2014, p. 885).
Quanto à competência do Conselho para “apreciar, de ofício, a legalidade dos atos administrativos
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, bem como desconstituir esses atos” está de
acordo com o disposto no art. 103-B, § 4º, II, CF/88, litteris:
Alternativa (B): incorreta. De fato, a Súmula 649 do STF diz que “é inconstitucional a criação, por
Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem
representantes de outros Poderes ou entidades”.
O conteúdo dessa súmula nada mais é do que a consagração de entendimento adotado pelo STF em
diversos momentos, no sentido da impossibilidade da instituição do controle externo da Magistratura
em âmbito estadual, sob pena de se configurar afronta à cláusula pétrea da separação de Poderes. O
leading case foi o julgamento da ADI 135/PB, em que o Pleno do STF considerou inconstitucional o artigo
da Constituição do Estado da Paraíba que previa a criação do Conselho Estadual de Justiça. No mesmo
sentido foram as ADls 137-0/PA e 98-5/MT. Entendeu o STF, nessas ocasiões, que o autogoverno dos
Tribunais e a sua autonomia administrativa, financeira e orçamentária (arts. 96, 99 e parágrafos, e 168 da
Carta Magna) são corolários da separação de poderes.
“Observa-se, então, que o STF repudia não só a interferência de outros Poderes ou entidades
8ª RODADA - 08/08/2016
no controle do Judiciário como, também, qualquer atividade externa que atente contra a
garantia de autogoverno dos Tribunais e a autonomia administrativa, financeira e orçamentária,
prescritas nos arts. 96, 99 e parágrafos, e 168 da CF, que, segundo fixou a Suprema Corte, são
corolários do princípio da separação de Poderes, erigido, conforme já exposto, à categoria de
cláusula pétrea pelo poder constituinte originário no art. 60, § 4º, III, que nem sequer admite
qualquer proposta tendente a aboli-lo” (Pedro Lenza, p. 882).
Ocorre que, em 09/12/2004, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou a ADI 3.367
questionando a constitucionalidade do CNJ por afronta aos arts. 2º e 18 da CF/88, além de vício formal.
O STF, por maioria, julgou totalmente improcedente a ação, considerando constitucional o Conselho
Nacional de Justiça (vide Informativo 383/STF).
Segundo o STF, a presença de não magistrados não viola a cláusula pétrea inseria no art. 60, § 4º, lll,
e art. 2º da CF/88 (separação de Poderes): “( ... )Subsistência do núcleo político do princípio, mediante
preservação da função jurisdicional, típica do Judiciário, e das condições materiais do seu exercício
imparcial e independente (... )” (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 13.04.2005, DJ de 22.09.2006). O
Min. Relator destacou a possibilidade de a presença de não magistrados erradicar o corporativismo, “essa
moléstia institucional que obscurece os procedimentos investigativos, debilita as medidas sancionatórias
e desprestigia o Poder”. (Notícias STF, 13.04.2005 -21h08 in Pedro Lenza, p. 883).
Incorreta, portanto, a assertiva, já que o STF entende ser constitucional o CNJ, pelo disposto acima.
Alternativa (C): incorreta. É verdade que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), bem como o Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), no exercício de suas atribuições constitucionais e regimentais,
podem elaborar resoluções (art. 103-B. § 4º e art. 103-A, § 2º, respectivamente). Conforme pontua Pedro
Lenza ao tratar do tema:
Algumas dessas resoluções, segundo o STF, são dotadas da qualidade da generalidade, impessoalidade
e abstração (cf., por exemplo, Res. n. 712005 - que proíbe o nepotismo - e a Res. n. 17512013 - que veda
às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de
união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo).
Nessas situações, o STF vem reconhecendo a natureza jurídica de ato normativo primário dessas
resoluções, que inovam a ordem jurídica a partir de parâmetros constitucionais e, assim, permitem o
controle concentrado por meio de ADI genérica.
8ª RODADA - 08/08/2016
para o questionamento desses atos normativos primários, com fundamento na S. 266/STF, por se tratar
de “lei” em tese. (Pedro Lenza, p. 347).
Assim, a edição de resoluções genéricas e abstratas pelo CNJ e pelo CNMP não só é possível como é
reconhecida pelo STF, que lhes confere natureza jurídica de ato normativo primário. Em face dessas
resoluções, portanto, não será cabível mandado de segurança, por se tratar de “lei em tese”.
Alternativa (D): incorreta. Na verdade, segundo o art. 103-A, § 2º da CF, “Compete ao Conselho
Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público
e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: [...] IV - rever, de ofício ou
mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
Estados julgados há menos de um ano”.
Sobre o tema, ressalte-se que a 1ª Turma do STF tem precedente no sentido de que “a competência
revisora conferida ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) limita-se aos processos
disciplinares instaurados contra os membros do Ministério Público da União ou dos Estados (inciso IV do
§ 2º do art. 130-A da CR), não sendo possível a revisão de processo disciplinar contra servidores. ( ... ).
A CR resguardou o CNMP da possibilidade de se tornar instância revisora dos processos administrativos
disciplinares instaurados nos órgãos correcionais competentes contra servidores auxiliares do Ministério
Público em situações que não digam respeito à atividade-fim da própria instituição” (MS 28.827, Rel. Min.
Cármen Lúcia, j. 28.08.2012, 1ª T., DJE de 09.10.2012).
Alternativa (E): incorreta. O erro da assertiva está na sua primeira parte, ao dizer que o CNJ é composto
apenas por membros do Poder Judiciário. Isso porque, após a EC 61/2009, o CNJ passou a ter em sua
composição, além de membros do Poder Judiciário, 1 membro do MPU, 1 membro de MPE, 2 advogados
e 2 cidadãos.
Por sua vez, a afirmativa de que o CNJ tem seus atos sujeitos ao controle do STF está correta. O STF é o
único órgão posicionado acima do CNJ, sendo certo, portanto, que a competência do CNJ se dá apenas
sobre os tribunais e magistrados situados hierarquicamente abaixo do STF. Esse entendimento foi firmado
no julgamento da ADI 3367. Confira-se:
8ª RODADA - 08/08/2016
Ressalte-se, no entanto, que o STF tem entendimento no sentido de que a competência do STF para
processar e julgar ações que questionam atos do CNJ e do CNMP limita-se às ações tipicamente
constitucionais. Vejamos:
Por fim, é também acertada a parte da assertiva em que se afirma que o rol de competências estabelecidas
pela CF/88 ao CNJ é exemplificativo, já que o art. 103-B, § 4º, ao fixar as principais competências do CNJ,
traz ainda a expressão “além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura”.
O STF indica:
• - 1 desembargador de TJ;
• - 1 juiz estadual;
O STJ indica:
• - 1 juiz de TRF;
• - 1 juiz federal
O TST indica:
• - 1 juiz de TRT;
8ª RODADA - 08/08/2016
• - 1 juiz do trabalho;
O PGR indica:
• - 1 membro do MPU;
• - 1 membro do MPE (sendo que este deverá ser escolhido dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual);
O Senado Federal e a Câmara dos Deputados indicam, cada um, 1 cidadão de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
27. Tendo em vista a doutrina e jurisprudência do STF sobre as classificações das normas
constitucionais em relação à sua eficácia e aplicabilidade, analise os itens que seguem:
I. O art. 5º, XIII, da CF/88, que assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
II. O art. 230, § 2º da CF/88, que garante a gratuidade de transporte coletivo urbano para
os maiores de 65 anos.
III. O art. 201, V, CF/88, que garante a pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
IV. O art. 14 da CF/88, que assegura o sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos.
8ª RODADA - 08/08/2016
COMENTÁRIO
Para responder corretamente a esta questão, é necessário que o aluno, primeiramente, conheça as
classificações doutrinárias das normas constitucionais quanto à sua eficácia e aplicabilidade, para, então,
aplicar essas classificações aos casos das normas apresentadas.
Assim, será primeiro apresentado um breve resumo das categorias de normas constitucionais segundo
classificações da doutrina, trazido do livro Direito Constitucional esquematizado, do Pedro Lenza, para,
então, tratarmos dos casos específicos apresentados por cada item da questão. Será aqui destacada a
classificação do José Afonso da Silva (a mais conhecida e aplicada delas), bem como a da Maria Helena
Diniz, que também vem ganhando atenção, podendo ser cobrada em concursos.
“Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são aquelas normas
da Constituição que, no momento que esta entra em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos,
independentemente de norma integrativa infraconstitucional (situação esta que pode ser observada,
também, na hipótese de introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese
do art. 5º, § 3.”). Em regra criam órgãos ou atribuem aos entes federativos competências. Não têm a
necessidade de ser integradas. Aproximam-se do que a doutrina clássica norte-americana chamou de
normas autoaplicáveis (self-executing, self-enforcing ou self-acting).
José Afonso da Silva destaca que as normas constitucionais de eficácia plena ‘são as que receberam
do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre
os elementos orgânicos da Constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua
aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis’” (Pedro Lenza, p.
251 e 252).
“As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta e imediata, mas
possivelmente não integral. Embora tenham condições de, quando da promulgação da nova Constituição,
ou da entrada em vigor (ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na
hipótese do art. 5.º, § 3.º), produzir todos os seus efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a
sua abrangência. (Pedro Lenza, p. 252).
Ao contrário do que ocorre com as normas constitucionais de eficácia limitada, como será visto no
item seguinte, em relação às quais o legislador infraconstitucional amplia o âmbito de sua eficácia e
8ª RODADA - 08/08/2016
“São aquelas normas que, de imediato, no momento que a Constituição é promulgada, ou entra em vigor
(ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5º, § 3º),
não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional,
ou até mesmo de integração por meio de emenda constitucional, como se observou nos termos do art.
4º da EC n. 4712005. São, portanto, de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, ou, segundo alguns
autores, aplicabilidade diferida.
Devemos salientar que, ao contrário da doutrina norte-americana, José Afonso da Silva, concordando
com a opinião de Vezio Crisafulli, observa que as normas constitucionais de eficácia limitada produzem
um mínimo efeito, ou, ao menos, o efeito de vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores.
Assim, José Afonso da Silva, em sede conclusiva, assevera que referidas normas têm, ao menos, eficácia
jurídica imediata, direta e vinculante, já que: a) estabelecem um dever para o legislador ordinário; b)
condicionam a legislação futura, com a consequência de serem inconstitucionais as leis ou atos que as
ferirem; e) informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica, mediante
a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça social e revelação dos componentes do
bem comum; d) constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação das normas
jurídicas; e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário; O criam situações
jurídicas subjetivas, de vantagem ou de desvantagem. Todas elas - em momento seguinte concluiu o
mestre10 - possuem eficácia ab-rogativa da legislação precedente incompatível (Geraldo Ataliba diria
“paralisante da eficácia destas leis’’, sem ab-rogá-las -nosso acréscimo) e criam situações subjetivas
simples e de interesse legítimo, bem como direito subjetivo negativo. Todas, enfim, geram situações
subjetivas de vínculo.
O mestre do Largo São Francisco divide-as em dois grandes grupos: normas de princípio institutivo (ou
organizativo) e normas de princípio programático.
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Item (I): norma constitucional de eficácia contida. O art. 5º, XIII, da CF/88, que assegura ser livre o exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer é
norma constitucional de eficácia contida.
Nesse sentido, ao tratar das normas constitucionais de eficácia contida, Pedro Lenza cita como exemplo o
art. 5º, XIII, da CF/88, pontuando que “garante-se o direito do livre-exercício profissional, mas uma lei, por
exemplo, o Estatuto da OAB, pode exigir que para nos tornarmos advogados sejamos aprovados em um
exame de ordem. Sem essa aprovação, infelizmente, não poderemos exercer a profissão de advogado,
sendo apenas bacharéis em direito. O que a lei infraconstitucional fez foi reduzir a amplitude do direito
constitucionalmente assegurado” (Pedro Lenza, p. 253).
o Exame estaria de acordo com a Constituição Federal, que remete às qualificações previstas em lei, na
medida em que a atuação profissional repercute no campo de interesse de terceiros. Entendeu
o STF que a exigência da aprovação do bacharel em direito no Exame de Ordem para exercício
profissional como advogado não alcançaria o núcleo essencial da liberdade de ofício e seria elemento
a qualificá-lo para o exercício profissional (RE 603.583, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 26.10.2011, Plenário,
Informativo 646/STF).
Conforme destaca Pedro Lenza, “em algumas provas de concursos, o examinador utilizou a nomenclatura
sugerida por Michel Temer para as normas constitucionais de eficácia contida, qual seja, normas
constitucionais de eficácia redutível ou restringível, apesar de sua aplicabilidade plena. Segundo Temer,
referidas normas ‘são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter
reduzido seu alcance pela atividade do legislador infraconstitucional’”. (Pedro Lenza, p. 253).
Item (II): norma constitucional de eficácia plena e aplicabilidade imediata. O art. 230, § 2º da
CF/88, que garante a gratuidade de transporte coletivo urbano para os maiores de 65 anos é norma
constitucional de eficácia plena e aplicabilidade imediata. Nesse sentido, confira-se a ementa do
acórdão do STF na ADI 3768:
8ª RODADA - 08/08/2016
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 19/09/2007, DJe-131 DIVULG 25-
10-2007 PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007 PP-00028 EMENT VOL-02295-04 PP-00597 RTJ
VOL-00202-03 PP-01096).
No mesmo sentido: Agravo Regimental no AI 707810 RJ. Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, julgado
em 22/05/2012, DJe-110 DIVULG 05-06-2012 PUBLIC 06-06-2012.
Item (III): norma constitucional de eficácia limitada. O art. 201, V, CF/88, que garante a pensão
por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes é norma
constitucional de eficácia limitada, já que exige a edição de lei infraconstitucional.
O art. 201, V, da Constituição Federal é norma de eficácia limitada por princípio constitutivo de espécie
impositiva, que exige apenas a edição de lei integradora de sua eficácia. Com efeito, o citado dispositivo
legal não parece admitir qualquer comando de intervenção restritiva, via legislação infraconstitucional,
uma vez que a determinação constante do caput do art. 201 (“A previdência social será organizada sob a
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem
o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:....”) configura verdadeiro comando
integrativo. (RE 929120-RS. Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 04/02/2016, Dje-025 12/02/2016).
Item (IV): norma supereficaz. O art. 14 da CF/88, que assegura o sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos é norma supereficaz ou norma com eficácia absoluta. Essa
categoria está na classificação de Maria Helena Diniz, que divide as normas constitucionais, segundo a
sua eficácia e aplicabilidade, da seguinte forma:
• Normas supereficazes ou com eficácia absoluta: são intangíveis, não podendo ser emendadas.
Contêm uma força paralisante total de qualquer legislação que, explícita ou implicitamente, vier a
contrariá-las. Exemplos: textos constitucionais que amparam: a) a federação (arts. 1º; 18; 34, VII, “c”;
46, § 1º); b) o voto direto, secreto, universal e periódico (art. 14); e) a separação de Poderes (art. 2º);
d) os direitos e garantias individuais (art. 5º, 1 a LXXVIII), enfim, as normas intangíveis por força dos
arts. 60, § 4º (as chamadas cláusulas pétreas), e 34, VII, “a” e “b”.
• Normas com eficácia plena: contêm “... todos os elementos imprescindíveis para que haja a
possibilidade da produção imediata dos efeitos previstos, já que, apesar de suscetíveis de emenda,
não requerem normação subconstitucional subsequente. Podem ser imediatamente aplicadas.
Consistem, por exemplo, nos preceitos que contenham proibições, confiram isenções, prerrogativas
e que não indiquem órgãos ou processos especiais para sua execução”. Exemplos: arts. 1º, parágrafo
único; 14, § 2º; 17, § 4º; 21; 22; 37, III; 44, parágrafo único; 69; 153; 155; 156 etc.
8ª RODADA - 08/08/2016
XI, XII, XIII, XIV, XVI, XXIV, LX, LXI; 84, XXVI; 139; 170, parágrafo único; 184 etc.
Portanto, a norma constitucional que assegura o sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, que
é cláusula pétrea, não pode ser emendada, colocando-se dentre as normas supereficazes, também
chamadas de normas com eficácia absoluta.
Assim, as normas trazidas nos itens da questão são, respectivamente, norma constitucional de eficácia
contida; norma constitucional de eficácia plena e aplicabilidade imediata; norma constitucional
de eficácia limitada; norma supereficaz. Correta, portanto, a alternativa C, devendo ser assinalada.
28. Acerca das normas constitucionais sobre o Poder Legislativo, assinale a alternativa incorreta:
c) Tendo em vista o princípio da separação de poderes, a CPI não tem poderes para
investigar atos do Poder Judiciário.
e) Caso um deputado federal ou senador perceba vantagens indevidas, poderá ter o seu
8ª RODADA - 08/08/2016
mandato cassado, por decisão da maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, em procedimento iniciado por provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, sendo assegurada ampla defesa.
COMENTÁRIO
Alternativa (A): correta. A assertiva está exatamente de acordo com o art. 27, caput, da CF, que trata do
número de deputados nas Assembleias Legislativas dos estados. Vejamos:
Correta, portanto, a assertiva, não devendo ser marcada, tendo em vista que o enunciado pede a
alternativa incorreta.
Alternativa (B): correta. De fato, o art. 58, § 3º da CF/88 determina que as CPIs serão criadas pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento
de 1/3 de seus membros para a apuração de fato determinado e por prazo certo.
Assim, pode-se dizer que “as CPIs somente serão criadas por requerimento de, no mínimo, 171 Deputados
(1/3 de 513) e de, também, no mínimo, 27 Senadores (1/3 de 81), em conjunto ou separadamente” (Pedro
Lenza, p. 576).
Quanto à definição de fato determinado, cabe destacar que “considera-se fato determinado, de acordo
com o art. 35, § 1º, do RICD, o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem
constitucional, legal, econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento
de constituição da Comissão, não podendo, portanto, a CPI ser instaurada para apurar fato exclusivamente
privado ou de caráter pessoal” (Pedro Lenza p. 577).
A assertiva, portanto, apresenta corretamente os requisitos para criação de CPIs, não devendo ser
assinalada, já que o enunciado pede a alternativa incorreta.
Alternativa (C): incorreta. Em que pese o princípio da separação de poderes realmente impedir que
a CPI investigue atos de conteúdo jurisdicional, não há vedação a que sejam investigados atos do
Poder Judiciário que não tenham caráter jurisdicional.
Assim, “o princípio da separação de poderes serve de baliza e limitação material para a atuação
8ª RODADA - 08/08/2016
parlamentar, e, desse modo, a CPI não tem poderes para investigar atos de conteúdo jurisdicional, não
podendo, portanto, rever os fundamentos de uma sentença judicial” (Pedro Lenza, p. 582).
Por outro lado, o Min. Celso de Mello já ressaltou que “... isso não significa, porém, que todos os atos
do Poder Judiciário estejam excluídos do âmbito de incidência da investigação parlamentar. Na verdade,
entendo que se revela constitucionalmente lícito, a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, investigar
atos de caráter não jurisdicional emanados do Poder Judiciário, de seus integrantes ou de seus
servidores, especialmente se se cuidar de atos, que, por efeito de expressa determinação constitucional, se
exponham à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Legislativo
(CF, arts. 70 e 71) ou que traduzam comportamentos configuradores de infrações político-administrativas
eventualmente praticadas por Juízes do STF (Lei n. 1.079/50, art. 39), que se acham sujeitos, em processo
de impeachment, à jurisdição política do Senado da República (CF, art. 52, II)” (voto no HC 79.441, j.
15.09.2000, fls. 322-323).
Incorreta, portanto, a assertiva, na medida em que afirma não haver a possibilidade de a CPI investigar
atos do Poder Judiciário, devendo ser marcada.
Alternativa (D): correta. Conforme leciona Nathalia Masson, imunidades parlamentares são “regras
protetivas à função parlamentar, atribuídas aos membros do Poder Legislativo para que estes possam
executar suas atribuições com liberdade, independência frente aos demais Poderes e sem pressões
externas” (Nathalia Masson. Manual de Direito Constitucional. Juspodivm, 2016, p. 650).
Essas prerrogativas “dividem-se em dois tipos: a) imunidade material, real ou substantiva (também
denominada inviolabilidade), implicando a exclusão da prática de crime, bem como a inviolabilidade civil,
pelas opiniões, palavras e votos dos parlamentares (art. 53, caput); b) imunidade processual, formal
ou adjetiva, trazendo regras sobre prisão e processo criminal dos parlamentares (art. 53, §§ 2º a 5º, da
CF/88)” (Pedro Lenza, p. 594).
Quanto à imunidade material ou inviolabilidade parlamentar (art. 53, caput, da CF), temos que,
segundo o STF, “... a inviolabilidade alcança toda manifestação do congressista onde se possa identificar
um laço de implicação recíproca entre o ato praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato, e
a qualidade de mandatário político do agente” (RE 210.917, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12.08.1998, DJ
de 18.06.2001; AI 493.632-AgR, Rei. Min. Carlos Britto, j. 13.11.2007, DJE de 14.03.2008). “Não importa, pois,
qual a denominação que se dê; o importante é saber que a imunidade material (inviolabilidade) impede que
o parlamentar seja condenado, já que há ampla descaracterização do tipo penal, irresponsabilizando-o
penal, civil, política e administrativamente (disciplinarmente). Trata-se de irresponsabilidade geral, desde
que, é claro, tenha ocorrido o fato em razão do exercício do mandato e da função parlamentar.”
(Pedro Lenza, p. 595).
Portanto, para que determinada manifestação de congressista seja protegida pela imunidade material, é
preciso que estejam ligadas ao desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão
dela. Nesse sentido, aliás, decidiu recentemente o STF:
8ª RODADA - 08/08/2016
STF. 1ª Turma. Inq. 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831).
Correta, portanto, a alternativa, não devendo ser assinalada, já que o enunciado pede a alternativa
incorreta.
Alternativa (E): correta. A assertiva está de acordo com o disposto na CF/88 quanto à perda de mandato
de deputados e senadores, notadamente o art. 55, §§ 1º e 2º. Vejamos:
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva
Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
8ª RODADA - 08/08/2016
Note-se que se trata de hipótese de perda do mandato por cassação, que se dá nos casos dos incisos
I, II e VI do art. 55 da CF/88, para os quais o §2º determina que a perda do mandato será decidida pela
Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal (decisão com natureza constitutiva).
Já nos casos dos incisos III, IV e V do art. 55 da CF/88, tem-se a perda por extinção do mandato, já que
o §3º do art. 55 prevê que, nessas hipóteses, “a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa” (ato meramente declaratório).
Conforme ensina José Afonso da Silva, cassação do mandato «é a decretação da perda do mandato
por ter seu titular incorrido em falta funcional definida em lei e punida com esta sanção». Já a extinção
do mandato é “o perecimento do mandato pela ocorrência de fato ou ato que torna automaticamente
inexistente a investidura eletiva, tal como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número
de sessões expressamente fixado (desinteresse, que a Constituição eleva à condição de renúncia), perda
ou suspensão dos direitos políticos” (José Afonso da Silva, Comentário contextual à Constituição, 8ª ed.,
p. 429 in Pedro Lenza, p. 613). “Nesse caso, trata-se de provimento meramente declaratório, pois a Mesa
apenas reconhece (por declaração) a ocorrência do fato ou ato do perecimento do mandato” (Pedro
Lenza, p. 613).
Abaixo, colacionamos um quadro esquemático, da obra já citada de Pedro Lenza, que facilita a visualização
das hipóteses de cassação e extinção do mandato:
DIREITO EMPRESARIAL
29. Assinale a única alternativa que não veicula um direito essencial do acionista de sociedade
anônima:
8ª RODADA - 08/08/2016
a) Direito de voto.
b) Direito de retirada.
COMENTÁRIO
Como regra, cobra-se a literalidade dos direitos essenciais constante no art. 109 da Lei das S/A (lei
6.404/76). Confira a norma:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos
de:
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
De supetão, é de se notar que o direito de voto não está arrolado pela lei como direito essencial, indicando
a alternativa “A” como a correta. Contudo, cumpre examinar mais a fundo o conteúdo de cada direito
essencial, conforme ensinamentos extraídos de Fábio Ulhoa Coelho (Manual de Direito Comercial, 26ª
ed. 2014, p. 103/104):
a) Participação no acervo e resultados sociais: o acionista tem direito de receber o dividendo, que
é a parcela dos lucros sociais que lhe cabe, bem como participar do acervo da companhia,
em caso de liquidação (art. 109, I e II). Este direito não pode ser exercido se a sociedade anônima
é devedora do INSS, já que a lei do custeio da seguridade social proíbe a distribuição de lucros nas
sociedades com débito previdenciário (Lei n. 8.212/91, art. 52).
8ª RODADA - 08/08/2016
Note, assim, que, a despeito de sua aparente importância, o DIREITO DE VOTO NÃO É DIREITO ESSENCIAL,
podendo o estatuto social limitar esse direito ao autorizar a emissão de ações que não o conferem a
seus titulares, tal como sói ocorrer com as ações preferenciais. Trata-se de forma pelo qual o controlador
captar recursos no mercado sem diluir o seu poder de controle.
As bancas examinadoras reiteradamente fazem essa “pegadinha” em provas objetivas visando confundir
o candidato, os quais tendem a palpitar que o direito de voto seria mais essencial que o de retirada ou o
de preferência para aquisição de valores mobiliários conversíveis em ações.
Tendo em vista o exposto, a única alternativa que não veicula direito essencial é a “A”, devendo, pois, ser
esta a assinalada pelo candidato.
II. Uma sociedade de natureza artística constituída por um violinista e um pianista, para
que esses realizem concertos juntos, deve ser classificada como sociedade empresária.
IV. Ainda que integralizado por completo o capital social de uma sociedade limitada,
8ª RODADA - 08/08/2016
a) I e II.
b) I e III.
c) Apenas II.
d) III e IV.
e) II e IV.
COMENTÁRIO
Item (I): correto. É o que dispõe o artigo 992 do Código Civil, a seguir reproduzido:
Conforme leciona André Luiz Santa Cruz (Direito Empresarial Esquematizado, GEN, São Paulo, 2014), as
sociedades em conta de participação são bastante informais, de maneira que a sua constituição, nos
termos do art. 992 do C.C/02, não depende de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os
meios de direito. Confira-se:
“As sociedades em conta de participação são bastante informais, razão pela qual a sua
constituição, de acordo com o art. 992 do Código Civil, ‘independe de qualquer formalidade
e pode provar-se por todos os meios de direito’. Isso, todavia, não significa que conta de
participação não possua um contrato. Este existe, sim, mas não precisa sequer ser escrito.
Ademais, a conta de participação, como já frisado, não tem personalidade jurídica, mesmo que
o seu contrato seja escrito e inscrito em algum órgão de registro, conforme prevê o art. 993 do
Código Civil: ‘o contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição
de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade’.
Geralmente os contratos de sociedade em conta de participação são registrados no cartório
civil de títulos e documentos, mas esse registro, repita-se, não confere personalidade jurídica
à sociedade. ” (supracitado, item 5.2).
Logo, correta a assertiva, já que a constituição da sociedade em conta de participação não depende de
qualquer formalidade.
Item (II): incorreto. Uma sociedade de natureza artística constituída por dois músicos, um violinista e um
8ª RODADA - 08/08/2016
pianista, para a prestação de serviço artístico não pode ser classificada, em princípio, como sociedade
empresária, justamente porque neste caso não há atividade empresária, de modo que a sociedade será
simples.
A sociedade simples é aquela em que a atividade desenvolvida é uma atividade não empresária, ou seja,
são atividades intelectuais de natureza artística, científica ou literária, conforme disciplina o parágrafo
único do art. 966 do Código Civil:
Assim, se dois advogados praticam sua atividade em sociedade, esta atividade será considerada “simples”
e não “empresarial”, assim como os médicos, um grupo de teatro, enfim, todos aqueles que praticam
atividades onde o elemento pessoal da atividade prevalece excluindo-se a ideia de empresa. Contudo, há
que se ressaltar que excepcionalmente tais atividades poderão ser praticadas em sociedade empresária,
se o exercício delas constituir o elemento de empresa, conforme a previsão da parte final do parágrafo
único do art. 966 do Código Civil. Existe apenas uma possibilidade de essas atividades serem consideradas
como empresárias que é a ressalva final do dispositivo, ou seja, quando a atividade constituir elemento
de empresa.
A grande questão é definir o que seja esse elemento de empresa que fará com que as atividades intelectuais
possam ser empresárias. Alguns autores partem para o lado econômico e dizem que esse elemento
empresarial está na complexidade da organização da atividade intelectual, ou seja, a partir do porte do
negócio. Por exemplo, dois médicos que têm um consultório em conjunto não seriam empresários, mas se
esse consultório começar a ganhar outro porte, com a participação de mais médicos, com número maior
de funcionários, passaria a ter o elemento de empresa. Contudo, o entendimento que vem prevalecendo
na doutrina é o de que esse elemento seria caracterizado pela existência de outras atividades sendo
praticadas em complemento à atividade intelectual, desnaturando o elemento “pessoal” ou “intelectual”
típico da sociedade simples. Nesse exemplo da clínica médica, a atividade seria empresária quando junto
com a atividade dos médicos fossem oferecidos serviços de enfermagem, exames, estética, dentre outros.
Em síntese:
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Incorreto, portanto, o item II, pois uma sociedade de natureza artística constituída por dois músicos é
uma sociedade simples, já que se trata de uma atividade não empresária, conforme prevê o parágrafo
único do art. 966 do C.C/02.
Item (III): correto. Na sociedade em conta de participação, o sócio ostensivo responde de maneira
ilimitada pelas dívidas sociais. A doutrina assim conceitua a sociedade em conta de participação:
O sócio ostensivo terá, portanto, responsabilidade ilimitada pelos negócios, até porque as obrigações
foram contraídas em seu nome, enquanto o sócio participante só tem responsabilidade perante o
ostensivo e nos limites do contrato. Tal exegese é confirmada pelo STJ:
Assim, na sociedade em conta de participação, o sócio ostensivo responde de maneira ilimitada pelas
dívidas sociais.
Item (IV): incorreto. Uma vez totalmente integralizado o capital social, a responsabilidade dos sócios,
por dívidas sociais, nas sociedades limitadas é excepcional e depende de disposição legal específica, em
especial das normas que autorizam a desconsideração da pessoa jurídica. Urna das principais características
da sociedade limitada, que inclusive justificou sua criação, é a limitação de responsabilidade dos sócios
pelas obrigações contraídas pela pessoa jurídica. Tal limitação encontra-se positivada atualmente no art.
1052 do Código Civil:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas
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O STJ se posiciona no sentido de que a sociedade limitada possui autonomia patrimonial própria e que,
salvo as exceções, o patrimônio do sócio não pode ser utilizado para pagar dívidas da sociedade. Assim,
salvo em hipóteses taxativamente previstas em lei, o patrimônio pessoal dos sócios não responde por
dívidas da sociedade. Confira:
Dentre os itens, portanto, apenas os itens I e III trazem as afirmativas corretas, devendo ser assinalada a
alternativa “B”.
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO AMBIENTAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
18/08/2016: profcei.rodolfocursino@gmail.com
2. À luz do Novo CPC (Lei 13.105/2015) e da jurisprudência das Cortes Superiores, discorra sobre
a possibilidade de ocorrer a extinção do processo em julgamento de agravo de instrumento.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
18/08/2016: profcei.kaoyeoshiro@gmail.com
8ª RODADA - 08/08/2016
PEÇA PROFISSIONAL
Empresa pública estadual celebra contrato com empresa brasileira no qual foi firmada expressa
cláusula compromissória e, no intuito de verem cumpridas as suas cláusulas, ajustou-se a
previsão de cláusula penal, abono de pontualidade, multa penitencial e astreintes. Em que pese
essas cautelas, a empresa privada descumpriu o acordado. Em razão disso, o Corpo Diretor da
empresa pública consulta você, Procurador do Estado, sobre qual o mecanismo a ser adotado
em face dessa quebra contratual e quais as penalidades que são passíveis de serem cobradas
cumulativamente. Redija parecer para orientar a cobrança, dispensando relatório.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
18/08/2016: profcei.joseamerico@gmail.com
8ª RODADA - 08/08/2016