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CEI-PGE/SP

5ª RODADA - 29/03/2018

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5ª RODADA - 29/03/2018
DURAÇÃO

09/02/2018 A 10/05/2018

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

540 QUESTÕES OBJETIVAS


total

12 QUESTÕES DISSERTATIVAS
total

6 PEÇAS OU PARECERES
total

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-PGE/SP
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2018
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

MARIANNA M. MOTTA LOSS. Coordenadora do CEI-PGE-SP. Professora de Legislação


de Seguridade Social. Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito.
Especialista em Direito Público e Direito Processual Civil.

DANIELE DE LUCENA ZANFORLIN. Procuradora da Fazenda Nacional. Pós-


graduada em Direito de Família e Sucessões pela FDR-UFPE. Bacharel em Direito pela
FDR-UFPE.

IURI QUADROS. Advogado da União, aprovado em 11º lugar no último concurso


da carreira, obtendo a 2ª maior nota do Brasil na prova discursiva. Ex-assessor jurídico
da Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, aprovado nos concursos da
Procuradoria-Geral do Município de Canoas, Especialista em Regulação da Ancine (13º
lugar), Advogado da FINEP e Residência Jurídica da PGE/RJ. Bacharel em direito pela UFRJ.

MARIA HELENA MARTINS ROCHA PEDROSA. Professora de Direito Administrativo.


Advogada da União. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Ex-Defensora
Pública do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da AGU, DPU, DPE/PE e DPE/
RN.

RAVI PEIXOTO. Professor de Direito Processual Civil. Doutorando em direito processual


pela UERJ. Mestre em Direito pela UFPE. Procurador do Município de João Pessoa. Advogado.
Aprovado nos concursos da PGM-JP, PGDF e PGM-Recife.

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WOLKER VOLANIN BICALHO. Procurador do Estado de São Paulo. Exerce suas


atribuições na Subprocuradoria Geral da Consultoria Geral. Coordenador e professor
do curso “Direito Previdenciário Público” na Escola Superior da Procuradoria Geral do
Estado de São Paulo em 2015 (ESPGE). Mestrando em Direito do Trabalho e Previdência
Social pela Universidade de São Paulo (USP).

LUIS FILIPE CISCOTTO DE FILIPPO. Procurador da Fazenda Nacional (aprovado


no concurso 2015/2016) e pós-graduando em direito tributário. Foi advogado e Tradutor
Juramentado de Italiano. Aprovado nos concursos para Advogado da União – 2015/2016
(3º Lugar) e Procurador do Município de São Luís/2016, além de algumas procuradorias
municipais no Estado de Minas Gerais.

RAFAEL CARVALHO DE FASSIO. Procurador do Estado de São Paulo aprovado em


6º lugar no último concurso da PGE, realizado em 2012. Atuou por três anos na Consultoria
Jurídica da Secretaria da Segurança Pública e, desde março de 2016, integra a equipe de
assessores da Subprocuradoria Geral do Estado da Consultoria, onde atuou na elaboração de
petições iniciais de ADI e manifestações da PGE/SP em processos do controle concentrado
de constitucionalidade. Graduação (2011) e Mestrado (2017) pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo.

GUILHERME MARTINS. Procurador do Estado de São Paulo (aprovado em 7º lugar).


Exerce suas atribuições na Agência Reguladora de Serviços Delegados de Transporte do
Estado de São Paulo (ARTESP). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP). Mestrando em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV).

RODRIGO LEVKOVICZ. Procurador do Estado de São Paulo (Assistência de Defesa do


Meio AmbientE), graduado pela PUC-SP, mestre em Interesses Difusos e Coletivos pela
PUC-SP. Especialista em Direito do Estado e em Direito Ambiental pela Escola Superior
da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. Conselheiro do CONSEMA, da Câmara de
Compensação Ambiental de São Paulo e ex-conselheiro do CONDEPHAAT.

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SUMÁRIO

PROFESSORES..............................................................................................................................................3
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................................................6
CRONOGRAMA...........................................................................................................................................7
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO.................................................8
DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................8
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.....................................................................................................11
DIREITO CIVIL................................................................................................................................14
DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................... 17
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO.......................................................19
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................. 22
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................. 25
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO.................................................. 28
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO.................................31
GABARITO................................................................................................................................................. 35
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO............................................................. 36
DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................... 36
DIREITO PROCESSUAL CIVIL................................................................................................... 44
DIREITO CIVIL............................................................................................................................... 53
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 67
DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO...................................................... 80
DIREITO AMBIENTAL..................................................................................................................91
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................ 101
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO..................................................111
DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO...............................126
QUESTÃO DISSERTATIVA.........................................................................................................138
DIREITO CIVIL..............................................................................................................................138

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APRESENTAÇÃO

Queridos(as) alunos(as), futuros(as) Procuradores(as) do Estado de São Paulo,

Chegamos, praticamente, à metade do curso, pois estamos na quinta rodada, e, ao total, serão nove. À
medida em que o tempo avança, as dúvidas e angústias também se multiplicam e, da mesma forma, o
número de e-mails que tenho recebido de vocês. A principal dúvida compartilhada por vocês se refere
aos pontos do edital que devem ser priorizados neste momento. Minha sugestão é a leitura – com
atenção e cuidado – das leis específicas do Estado de São Paulo, eis que, com elas, vocês têm pouco ou
nenhum contato. Recomendo que as leiam neste momento e as releiam no período pré-prova, de modo
mais rápido, a fim de captar e apreender pontos que não devem ser esquecidos. Não raro, os alunos
leem e revisam conteúdos que mais gostam ou com as quais já tiveram contato e essas leis, muitas
vezes mais enfadonhas, são negligenciadas pelos alunos. Por favor, não façam isso. Provavelmente,
com essas leis estaduais vocês conseguirão alavancar vários pontos na prova. Portanto, no estudo
diário, sugiro mesclar um conteúdo novo como, por exemplo, leis estaduais que vocês nunca tenham
lido, com um conteúdo que vocês dominam ou que já estudaram e precisam apenas revisar, mas não
aprender. Além disso, alguns de vocês questionaram se deveriam se preocupar com artigos e livros de
membros da banca e eventuais materiais deles. Sugiro que, se possível, ou seja, se o tempo permitir,
leiam as publicações do Centro de Estudos (Boletins e Revistas da PGE-SP):

http://www.pge.sp.gov.br/servicos/centrodeestudos/bibliotecavirtual.aspx e da Escola Superior (Revista


da Escola):

http://www.pge.sp.gov.br/ESPGE_2016/homeESPGE.aspx. Penso que os examinadores, sim, poderão


trazer temas afeitos às suas áreas de atuação, porém temas passíveis de serem solucionados com
base na legislação, jurisprudência e súmulas, por exemplo, e não posições isoladas deles que poderiam
dar margem a eventual anulação da questão. Quanto às súmulas da PGE-SP, penso que não há motivo
para preocupação, pois estão bastante desatualizadas. Desse modo, é pertinente atentar as súmulas
vinculantes, as do STF e as do STJ, principalmente aquelas publicadas nos últimos dois anos, eis
que tem maior probabilidade de virem a ser requisitadas no bojo das questões. Assim, penso que as
questões da prova podem trazer casos práticos que já passaram pelas mãos dos examinadores, porém
serão solucionáveis com o arsenal legislativo específico que vocês já terão lido.

Por fim, desejo que vocês tenham bons estudos e lembrem que fico à disposição para eventuais dúvidas
e esclarecimentos pelo e-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com.

Um forte abraço,

Marianna M. Motta Loss.

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CRONOGRAMA

Questões Limite p/
Peça (Até Publicação
Rodada Objetivas (Até 30 Publicação resposta p/
150 linhas) espelho
linhas) aluno
Previdenciá-
90 questões Trabalho
1ª Rodada rio Público 9/02 17/02 01/03
objetivas Civil
(peça)
Constitucio-
90 questões Ambiental
2ª Rodada nal 23/02 03/03 15/03
objetivas (parecer)
Financeiro
Administra-
tivo Pessoal
45 questões
3ª Rodada 09/03 17/03 29/03
objetivas (parecer) Econômico

45 questões
4ª Rodada - - 19/03 - -
objetivas
Processo do
45 questões Tributário
5ª Rodada Trabalho 29/03 08/04 20/04
objetivas Civil
(peça)
45 questões
6ª Rodada - - 10/04 -
objetivas
Processo
Civil Ambiental
45 questões
7ª Rodada Administra- 20/04 29/04 11/05
objetivas (peça)
tivo

Constitucio-
45 questões Tributário nal
8ª Rodada 02/05 09/05 16/05
objetivas (peça) Empresarial
Público
90 questões
objetivas
9ª Rodada - - 11/05
(estilo
SIMULADO)

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO


ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a
nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. “(...) Se o poder constituinte é a expressão da vontade política da nação, não pode ser
entendido sem a referência aos valores éticos, religiosos, culturais que informam essa
mesma nação e que motivam as suas ações” (BRANCO, Paulo Gustavo Bonet; COELHO,
Inocêncio Mártires; e MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2008, p. 199).

Identifique a proposição correta:

A) O exercício do poder constituinte derivado não deve obediência às normas de


natureza procedimental estabelecidas pelo legislador constituinte originário, mas
apenas às limitações de cunho material.

B) O poder constituinte de revisão é aquele se manifesta na alteração de uma


Constituição flexível, que pode ser modificada pela legislação ordinária.

C) O preâmbulo, por constituir obra do poder constituinte originário, serve como


parâmetro para o controle de constitucionalidade.

D) A Assembleia Nacional Constituinte instalada em 1987 exerceu poder constituinte


derivado porque os deputados acumularam a função de congressistas com a
atividade constituinte.

E) Uma proposta de emenda constitucional rejeitada pelo Congresso Nacional no


final de 2017 poderá ser novamente apresentada em 2018, muito embora se trate
da mesma legislatura.

2. Acerca dos princípios e métodos de interpretação constitucional, assinale a alternativa


INCORRETA:

A) De acordo com o princípio da concordância prática ou harmonização, diante


de um eventual conflito entre normas constitucionais, o intérprete deve buscar a

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solução que torne possível a coexistência entre elas, evitando-se o sacrifício total
de um princípio em relação ao outro.

B) O princípio da unidade da Constituição torna impossível a existência de normas


constitucionais inconstitucionais.

C) Segundo o princípio da força normativa, o intérprete deve buscar extrair


aplicabilidade e eficácia de todas as normas da Constituição, conferindo-lhes
sentido prático de modo aproximar o dever ser normativo do ser da realidade
social, reconhecendo no texto constitucional o poder de alterar a realidade.

D) O método normativo-estruturante parte da premissa de que o texto normativo


não é sinônimo de norma, sendo esta o resultado de um processo hermenêutico
que incorpora dados da realidade.

E) A solução de um conflito entre dois princípios constitucionais no caso concreto


admite a coexistência de ambos no ordenamento jurídico.

3. Assinale a alternativa correta sobre a intervenção federal:

A) A Constituição federal não prevê hipótese de intervenção da União em Municípios.

B) A intervenção federal ou estadual fundada no descumprimento de pagamento


de precatórios judiciais será decretada quando o inadimplemento for involuntário
e não intencional.

C) A intervenção federal para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública


independe de decisão do Poder Judiciário.

D) O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições


de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
do Procurador-Geral da República e será encaminhado ao Supremo Tribunal
Federal no prazo de vinte e quatro horas.

E) Forma republicana, regime presidencialista e autonomia municipal são


exemplos de princípios constitucionais sensíveis que autorizam o processamento
da representação interventiva.

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4. Sobre o estado de sítio e o estado de defesa, identifique a proposição correta:


A) Durante o regime excepcional do estado de defesa, a Constituição permite que
a comunicabilidade do preso seja restringida.

B) As imunidades parlamentares não podem ser suspensas na vigência do estado


de sítio.

C) Previamente à decretação do estado de defesa e do estado de sítio, o Presidente


da República deverá ouvir os Conselhos da República, de Defesa Nacional e o
Conselho Nacional de Justiça.

D) A Proposta de Emenda à Constituição, na vigência do estado de defesa ou de


estado de sítio, será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, maioria absoluta
dos votos dos respectivos membros.

E) O Presidente da República não precisa de autorização prévia do Congresso


Nacional para decretar o estado de defesa.

5. Marque a alternativa correta sobre a repartição constitucional de competências entre


os entes que integram o federalismo brasileiro:
A) O Estado de São Paulo pode editar leis versando sobre procedimentos
processuais.

B) Só a União poderá editar leis dispondo sobre a proteção do patrimônio histórico


e cultural.

C) A previdência social é matéria que exige tratamento uniforme em todo o país e,


por isso, insere-se na competência legislativa privativa da União.

D) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre trânsito.

E) Os Estados, pelas suas respectivas Polícias Civil e Militar, e a União, por


intermédio da Polícia Federal e das Forças Armadas, detém competência comum
para fiscalizar a produção e o comércio de materiais bélicos.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

6. O princípio da boa-fé objetiva foi expressamente consagrado no texto do CPC/2015,


no capítulo referente às normas fundamentais do processo civil, ao se estabelecer no
art. 6º que “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se
de acordo com a boa-fé”. O Superior Tribunal de Justiça, mesmo antes dessa previsão
legal, já reconhecera a boa-fé objetiva como parâmetro ético de conduta dos sujeitos no
processo, firmando entendimentos à luz desse preceito fundamental. Com base no que
restou consagrado na jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta:
A) O denominado venire contra factum proprium é decorrência da boa-fé processual,
que veda posturas contraditórias no processo, desde que a conduta tida por contraditória,
quando considerada de forma isolada, também se configure como um ato ilícito.

B) A multa prevista como sanção para atos de litigância de má-fé não pode ser
cominada, cumulativamente, com a multa aplicada em razão do caráter protelatório
dos embargos de declaração, sob risco de bis in idem.

C) Embora o princípio da boa-fé imponha o respeito às expectativas legitimamente


criadas, o sistema de invalidades processuais deve sempre prevalecer, de
forma que deve ser reconhecido o defeito do ato processual, mesmo quando já
previamente conhecido pela parte a quem aproveita e só alegado em momento
posterior, quando vencidas suas demais teses de defesa.

D) A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo


serventuário não pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas
partes, porquanto o princípio da lealdade processual aplica-se não só às partes,
mas a todos os sujeitos que porventura atuem no processo.

E) A homologação de convenção para suspensão do processo não representa


obstáculo para que seja prolatada e publicada sentença, com a respectiva contagem
do prazo para interposição de recurso, eis que tal situação não cria para as partes
expectativas legítimas.

7. Sobre o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica assinale a alternativa


INCORRETA:
A) É espécie típica de intervenção de terceiro, sendo cabível em todas as fases do

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processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada


em título executivo extrajudicial.

B) Da decisão interlocutória que resolve esse incidente, é cabível recurso de agravo


de instrumento.

C) Em seu bojo pode ser pleiteada, inclusive, a desconsideração inversa da


personalidade jurídica.

D) É expressamente vedado seu uso no âmbito dos Juizados Especiais.

E) Admite-se que o sócio ou pessoa jurídica citados para se manifestarem requeiram


a produção de provas.

8. Caio ingressou com ação ordinária em face de Maria Amélia, demanda que foi
julgada totalmente improcedente, condenando-se a parte vencida ao pagamento de
custas e honorários sucumbenciais em 10% sobre o valor da causa. Inconformado,
Caio interpôs o respectivo recurso de apelação, o qual foi conhecido pelo relator, mas
julgado improcedente, por meio de decisão monocrática, em cuja fundamentação se
expôs que a pretensão recursal de Caio afrontava entendimento firmado pelo STJ em
julgamento de recurso especial repetitivo, nos termos do art. 932, IV, “b”, do CPC/2015.
Caio, contudo, está convicto de que a decisão monocrática pela improcedência do seu
recurso incorreu em grave erro, pois as circunstâncias fáticas do seu caso concreto
não se assemelhavam àquelas do caso paradigma que ensejou a formação da tese pelo
STJ e o juiz não observou essa distinção ao julgar o seu caso. Em face dessa situação,
assinale a alternativa CORRETA:
A) Para que Caio possa provocar a Corte julgadora a enfrentar diretamente os
argumentos expostos por ele e não analisados pelo relator em sua decisão
monocrática, o único recurso cabível são os embargos de declaração.

B) Caio poderá fazer uso do agravo interno para tentar reformar a decisão que
monocraticamente julgou improcedente sua apelação, desde que o Regimento
Interno do Tribunal regulamente o processamento deste recurso.

C) Caso o recurso interposto por Caio não tenha o condão de modificar o


entendimento do relator, não há óbice legal a que a decisão que rejeitar sua pretensão
recursal cinja-se a reproduzir os fundamentos do julgado recorrido.

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D) Os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor da causa imputados na


sentença de improcedência podem ser majorados em segunda instância, se ao fim
a pretensão recursal de Caio for rejeitada.

E) Interposto agravo interno por Caio, se este recurso for declarado manifestamente
inadmissível ou improcedente em votação por maioria, o órgão colegiado, em
decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada
entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

9. Acerca do mandado de segurança coletivo e sua regulamentação na Lei 12.016/2009,


analise as assertivas a seguir e assinale a opção CORRETA:
A) Para que organização sindical ou entidade de classe possam impetrar
mandado de segurança coletivo é imprescindível que seus membros e associados
representados concedam autorização específica para tanto, na forma de seus
estatutos.

B) No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente


aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

C) O mandado de segurança coletivo é remédio apto a ser utilizado na defesa de


direitos e interesses difusos.

D) O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações


individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a suspensão de seu mandado de segurança no prazo
de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

E) No mandado de segurança coletivo, a liminar poderá ser concedida


independentemente de audiência prévia do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público.

10. A Lei 9.099/95 estabeleceu o regime dos Juizados Especiais, sistema voltado para
o processamento e julgamento de causas de menor complexidade e informado pelos
critérios de oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade, entre outros. A esse
respeito é CORRETO afirmar que:
A) Em vista do princípio da oralidade, que orienta o processo nos Juizados

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Especiais, permite-se que o mandato concedido ao advogado possa ser conferido


verbalmente.

B) Os meios de prova não especificadamente regulados em lei, isto é, as chamadas


provas atípicas, não podem ser produzidas no âmbito dos Juizados Especiais, sob
risco de comprometer a celeridade e a economicidade do rito.

C) Os embargos de declaração nos Juizados Especiais podem ser opostos nas


hipóteses de obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, suspendendo o prazo
para interposição de outros recursos.

D) É possível sentença ilíquida nos Juizados Especiais, uma vez formulado pedido
genérico pelo autor.

E) O colegiado recursal é competente para julgar ação rescisória das decisões


proferidas nos Juizados Especiais.

DIREITO CIVIL

11. À luz da doutrina e das disposições do Código Civil, julgue os itens abaixo, assinalando
a alternativa INCORRETA:

A) Se dois indivíduos acertam a compra e venda de uma determinada caminhonete


antiga, o vendedor tem direito subjetivo de cumprir sua parte do contrato
entregando caminhonete nova e mais valiosa, independentemente de aquiescência
do comprador, desde que renuncie por escrito ao valor excedente.

B) Diferentemente da boa-fé simplesmente considerada, a norma que consagra


a boa-fé objetiva impõe às partes contratantes a adoção de um padrão de
comportamento calcado na mútua cooperação, com vistas ao atingimento dos fins
comuns.

C) Pedro celebra contrato de locação com João e passa a ser seu locatário. O
contrato, regido pela Lei 8.245/91, prevê o reajuste anual dos aluguéis pelo IGP-M.
Passados alguns anos de ótima relação contratual, sem que João jamais houvesse
alterado o valor do aluguel, este decide finalmente aplicar o índice de reajuste
previsto, mas de forma retroativa. Neste cenário, pode-se afirmar que a pretensão

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de João não está agasalhada pela ordem jurídica pátria.

D) O abuso de direito constitui-se em um ilícito funcional, caracterizando-se, dentre


outras formas, pela subversão da finalidade social e/ou econômica subjacente ao
regular exercício de determinado direito.

E) O reconhecimento da existência de deveres anexos à relação contratual,


decorrentes da boa-fé objetiva, amplia o espectro de condutas capazes de configurar
o inadimplemento, conduzindo à possibilidade de haver a assim chamada violação
positiva do contrato.

12. Em relação ao negócio jurídico, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Condição é a cláusula acessória que subordina o efeito do negócio jurídico,
oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto. Trata-se de instituto que atua
na eficácia da relação negocial, derivando da vontade das partes. Classifica-se
em suspensiva e resolutiva, e podem ser tomados como exemplos a morte e o
casamento.

B) O código civil brasileiro positivou a possibilidade de aproveitamento dos


negócios jurídicos nulos.

C) Tratando-se de direitos potestativos, as ações que busquem a anulabilidade de


negócios jurídicos submetem-se a prazo decadencial, havendo norma no código
civil brasileiro dispondo que quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,
sem estabelecer prazo, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do
ato.

D) A simulação não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do


tempo.

E) A fraude contra credores é vício social do negócio jurídico, sendo causa de


anulabilidade da relação. Conforma-se na transmissão de bens de devedor já
insolvente ou que lhe reduza a essa condição (eventus damni), sendo necessária
a má-fé do terceiro adquirente (consilium fraudis), exceto quando a transação for
gratuita.

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13. Acerca do direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA:


A) A cessão de crédito somente tem eficácia em relação ao devedor quando este
é notificado.

B) Estando um crédito penhorado, pode o credor, ciente da constrição, cedê-lo


livremente.

C) Ciente o devedor da penhora que recaiu sobre o crédito, poderá optar por
depositar o valor em juízo ou pagar ao seu credor.

D) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos,


passando os devedores da mesma a responder, sempre, pela sua quota-parte.

E) É facultado a terceira pessoa, sozinha ou em consórcio, assumir a posição de


devedor na relação obrigacional, desde que com o consentimento expresso credor.

14. Foi decretada em 2016 a falência de determinada empresa que possuía débitos
de ICMS e IPVA, identificados alguns atos falimentares. A respeito do tema assinale a
alternativa correta:
A) Decretada a falência e fixado o quadro geral de credores, afasta-se qualquer
incidência da taxa SELIC, presente ou pretérita.

B) O preceito legal que exclui a incidência de juros após a decretação da falência


não se aplica aos casos de insolvência civil.

C) Apenas após a decretação da falência afasta-se a aplicação dos juros de mora.

D) No caso em apreço, é possível à Fazenda Estadual requerer o redirecionamento


da execução fiscal para os sócios da empresa falida.

E) Somente a hipótese de crime falimentar justifica o redirecionamento da execução


fiscal após a decretação da falência.

15. Acerca das sociedades, consoante entendimento doutrinário majoritário e tendo em


vista o disposto no Código Civil, assinale a alternativa CORRETA:
A) Todas as sociedades previstas no Código Civil são pessoas jurídicas.

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B) Para aperfeiçoamento do ciclo de transformação da sociedade em conta de


participação em uma pessoa jurídica, deve haver o registro do contrato social
perante o órgão competente, a fim de dar-lhe publicidade.

C) A EIRELI, pelo simples fato de ser espécie de sociedade unipessoal, é considerada


pessoa jurídica.

D) Em se tratando de sociedade limitada, se o contrato social atribuir a administração


a todos os sócios, esta não se estenderá, de pleno direito, àqueles que venham
futuramente a ingressar na sociedade.

E) Na sociedade limitada é vedada a designação de administrador não sócio.

DIREITO ADMINISTRATIVO

16. Em caso de cumulação lícita de cargos públicos, a vedação jurisprudencial de carga


horária total superior a 60 (sessenta) horas semanais fundamenta-se, especialmente, no
princípio constitucional da:
A) Legalidade.

B) Moralidade.

C) Impessoalidade.

D) Publicidade.

E) Eficiência.

17. Acerca da possibilidade de demissão em razão do desatendimento aos ditames da


Lei nº 8.429/92, indique a alternativa correta.
A) Não é causa de demissão a recusa do servidor público em prestar informações
referentes à atualização anual de sua declaração de bens.

B) É possível a condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da


função pública em ação de improbidade administrativa.

C) A aplicação da pena de demissão por ato de improbidade administrativa só


pode ser feita na via judicial.

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D) Caso constatada a prática de ato de improbidade administrativa, o magistrado


deverá aplicar todas as penas correspondentes ao ato praticado previstas no artigo
12 da Lei nº 8.429/92, não lhe sendo possível aplicar apenas parte delas.

E) A concessão, por parte de agente público, de benefício a particular que enseja


o pagamento de ISS em alíquota inferior a 2% constitui ato de improbidade
administrativa, mas não é prevista, para ele, a penalidade de perda da função
pública.

18. Sobre a disciplina legal e a construção doutrinária e jurisprudencial acerca dos


consórcios públicos, indique a alternativa incorreta.
A) Os consórcios públicos podem se constituir como associação pública ou
pessoa jurídica de direito privado.

B) Quando constituídos sob a forma de associação pública, os consórcios públicos


têm natureza jurídica de autarquia interfederativa.

C) Se a União integrar consórcio público de direito público, o foro competente para


a solução de litígios envolvendo o consórcio será a justiça federal.

D) Se determinado consórcio público formado por estados da federação firmar


convênio com a União, a fim de receber transferências voluntárias, o fato de um
dos estados integrantes possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações
para Transferências Voluntárias não é impeditivo à efetivação da transferência.

E) Os bens que compõem o patrimônio das associações públicas são privados,


embora ostentem algumas prerrogativas dos bens públicos.

19. Sobre os consórcios públicos, indique a alternativa correta:


A) Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá firmar
acordos de qualquer natureza.

B) A União pode integrar consórcio público em que figure o Município de São


Paulo, ainda que o Estado de São Paulo não participe do mesmo consórcio.

C) Os consórcios públicos não são materializados por contrato.

D) A ratificação do protocolo de intenções, em regra, independe de autorização

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legislativa.

E) Embora seja necessária a publicização do protocolo de intenções, não existe


determinação legal para a sua publicação na imprensa oficial.

20. Sobre a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito público,
indique a(s) assertiva(s) correta(s):
I. A regra de responsabilização objetiva com base no artigo 37, § 6º, da Constituição
da República, tratando-se de prestação de serviços públicos, não é extensível aos
não usuários que sofram danos decorrentes da atividade estatal.

II. O prazo prescricional das ações ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal.

III. O Estado de São Paulo pode ser responsabilizado em ação de indenização por
danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
atendimento custeado pelo SUS.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

21. Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e da Carta Política de


1988, é CORRETO afirmar, em relação ao teto constitucional previsto no art. 37, XI, da
Constituição Federal, o seguinte:
A) A cláusula da irredutibilidade de vencimentos autoriza a percepção de valores
que superem o teto constitucional, mesmo que de forma nominal.

B) O limite incidente sobre a remuneração dos Procuradores Autárquicos é


o mesmo incidente sobre a dos Procuradores do Estado, equivalente a 90,25%
(noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio mensal dos

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Ministros do Supremo Tribunal Federal.

C) A Constituição Federal permite ao Conselho Nacional de Justiça estabelecer


formas de escalonamento e diferenciação do teto remuneratório entre os membros
da magistratura federal e estadual.

D) O teto deve incidir sobre a soma dos valores de todas as espécies remuneratórias
percebidas pelo servidor, salvo para acumulações de cargos, empregos e funções
públicos regularmente constituídas até da Emenda Constitucional 41/03, quando
o teto incidirá de forma isolada sobre cada remuneração, preservando-se o direito
adquirido.

E) Aplica-se o teto constitucional à remuneração, ao subsídio, aos proventos,


às pensões bem como às vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, de
caráter remuneratório ou indenizatório.

22. A exoneração do servidor público poderá ocorrer diante das seguintes situações,
EXCETO:
A) A pedido do próprio servidor.

B) Quando o servidor não for aprovado no estágio probatório, após avaliação


especial de desempenho.

C) Não cumprimento pelo Poder Público do limite de despesa de pessoal


estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal.

D) Quando o servidor não tomar posse dentro do prazo legal.

E) A critério do Governo, quando se tratar de ocupante de cargo em comissão.

23. A inscrição no Regime de Previdência Complementar instituído pela Lei nº 14.653/2011


ocorrerá:
A) De forma automática, para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham
entrado em exercício antes da instituição do Regime de Previdência Complementar.

B) De forma automática para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
cuja remuneração seja superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios

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do Regime Geral de Previdência Social.

C) De forma opcional para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
independentemente do valor da remuneração.

D) De forma opcional para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
cuja remuneração seja superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.

E) De forma automática para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
independentemente do valor da remuneração.

24. Ana Paula servidora pública estadual tomou posse e entrou em exercício no serviço
público em 20 de janeiro de 1999. Em 24 de dezembro de 2012, ao preparar os arranjos
de natal, caiu da escada de sua residência e lesionou a coluna. Após perícia médica
pelo órgão médico oficial do Estado, constatou-se a incapacidade permanente de Ana
Paula para o trabalho. A decisão pela aposentadoria por invalidez foi publicada no Diário
Oficial de 9 de janeiro de 2013. Diante desse caso hipotético, os proventos de Ana Paula:
A) serão integrais, calculados sobre a média aritmética simples das maiores
remunerações.

B) serão proporcionais ao tempo de serviço, calculados sobre a média aritmética


simples das maiores remunerações.

C) serão calculados com base na última remuneração do cargo efetivo em que se


der a aposentadoria.

D) serão calculados com base na última remuneração do cargo efetivo em que


se der a aposentadoria, todavia limitados ao teto do Regime Geral de Previdência
Social.

E) serão proporcionais ao tempo de contribuição, calculados sobre a média


aritmética simples das maiores remunerações.

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25. A respeito do procedimento disciplinar em face de Procurador do Estado, nos termos


da Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, é CORRETO afirmar que:
A) Compete à Procuradoria de Procedimentos Disciplinares realizar, desde a
portaria inicial até o relatório conclusivo, os procedimentos disciplinares em face
dos Procuradores do Estado.

B) Quando não houver elementos suficientes para a caracterização da infração ou


da sua autoria, será instaurada sindicância preliminar, de natureza investigativa.

C) A portaria que instaura o processo administrativo disciplinar em face de


Procurador do Estado suspende o prazo prescricional da pretensão punitiva do
Estado.

D) O prazo de prescrição começa a correr no momento em que o Poder Público


toma ciência da irregularidade cometida pelo Procurador do Estado.

E) O processo administrativo disciplinar será instaurado por determinação do


Procurador Geral, do Corregedor Geral ou do Conselho da Procuradoria Geral do
Estado.

DIREITO AMBIENTAL

26. Considerando as hipóteses reguladas pela Resolução SMA n° 48/14, assinale a


alternativa INCORRETA:

A) Independentemente da quantidade de agravantes, ressalvado o caso de


reincidência, o valor da multa será aplicado em dobro uma única vez.

B) A facilitação por funcionário público no exercício de suas funções para a prática


de uma infração administrativa ambiental, constitui circunstância agravante.

C) Na ausência e impossibilidade de identificação dos autores, diretos ou


indiretos, da infração, as penalidades recairão sobre os proprietários do imóvel,
arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, e
promitentes compradores.

D) O autuado relativamente incapaz será responsabilizado administrativamente,

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sendo que, em caso de inadimplemento da multa ambiental, constarão na Certidão


da Dívida Ativa os responsáveis legais pela sua satisfação pecuniária.

E) A demolição de obra, edificação ou construção não habitada e utilizada


diretamente para a infração ambiental só é possível após a confirmação do auto
de infração ambiental.

27. Em relação a Lei Estadual n° 15.684/15, que dispõe sobre o Programa de Regularização
Ambiental-PRA, assinale a alternativa CORRETA:
A) O proprietário ou o possuidor do imóvel rural não poderá alterar a localização
da área de Reserva Legal no PRA.

B) Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que disponham de mais de


uma propriedade ou posse, em área contínua, deverão efetuar inscrição no CAR
separadamente para cada um desses imóveis.

C) O Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas do PRA é ato de


confissão irrevogável e irretratável dos fatos e situações nele contidos.

D) A execução do Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas


deverá ser concluída em até 20 (vinte) anos, na forma e tempo estabelecidos pelo
interessado, mediante a aprovação da autoridade competente.

E) Os termos de compromissos referentes às Áreas de Preservação Permanente, de


Reserva Legal e de uso restrito, firmados sob a vigência da legislação anterior, não
poderão ser revistos para se adequarem ao disposto na Lei Federal nº 12.651/12.

28. Em relação à Lei 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico, assinale a alternativa CORRETA:
A) A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é
caracterizada por um único prestador do serviço para vários municípios contíguos.

B) Havendo a delegação de serviço de saneamento básico, o novo prestador não


está obrigado ao cumprimento do respectivo plano de saneamento básico em
vigor à época da delegação, do qual não participou.

C) O controle social dos serviços públicos de saneamento básico incluirá a

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participação de órgãos colegiados de caráter deliberativo, estaduais, do Distrito


Federal e municipais.

D) A drenagem e manejo das águas pluviais não se incluem no conjunto de


infraestruturas e serviços que compõe o saneamento básico.

E) O licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos sanitários e


de efluentes gerados nos processos de tratamento de água considerará etapas
de eficiência, a fim de alcançar progressivamente os padrões estabelecidos pela
legislação ambiental, em função da capacidade de pagamento dos usuários.

29. Em relação aos conceitos basilares do Direito Ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:
A) O macrobem e microbem ambientais não se confundem, o primeiro é incorpóreo,
o segundo constitui a parte corpórea do meio ambiente.

B) Antropocentrismo e biocentrismo são as principais concepções de caráter


ético-ideológico sobre a relação do homem com o meio ambiente.

C) A chamada “justiça ambiental” procura descortinar a retórica de que os impactos


ambientais atingem a todos indistintamente.

D) Proteção integral significa a manutenção dos ecossistemas livres de alterações


causadas pela interferência humana.

E) Para o direito ambiental são equiparadas as expressões preservação e


conservação.

30. Com base no decreto 60.302/14, que instituiu o Sistema de Informações e Gestão de
Áreas Protegidas e de Interesse Ambiental do Estado de São Paulo – SIGAP, assinale a
alternativa CORRETA:
A) O SIGAP integra apenas as unidades de conservação da natureza, as áreas de
reserva legal e as áreas de preservação permanente.

B) Para a desafetação de uma Unidade de Conservação, respeitados os ditames


constitucionais, basta a edição de uma lei específica.

C) A revisão do plano de manejo de uma unidade de conservação só depende da

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manifestação de seu respectivo conselho, se este tiver caráter deliberativo.

D) Compete ao gestor, em qualquer hipótese, se manifestar por meio de parecer


técnico no bojo do processo de licenciamento que afete respectiva Unidade de
Conservação.

E) O órgão ou empresa, pública ou privada, responsável pelo abastecimento


de água ou responsável pela geração e distribuição de energia, deve contribuir
financeiramente para a proteção e implementação da unidade.

DIREITO TRIBUTÁRIO

31. A PGE-SP ajuizou execução fiscal contra a Empresa X e a Empresa Y, a primeira


ajuizada em 2004 e a segunda em 2014. No primeiro caso, houve alienação de bem imóvel,
em 2004, antes da citação da empresa, ao passo em que, na execução da Empresa Y,
esta alienou bem imóvel após a inscrição em dívida ativa do crédito tributário. Em ambos
os casos a venda foi sem reserva de meios para quitação do débito. A Procuradoria
pretende alegar fraude à execução fiscal nos dois processos. Sobre o tema, assinale a
alternativa correta.
A) A fraude à execução, em ambos os casos, só poderá ser caracterizada se a
venda foi posterior ao registro da penhora na matrícula do bem.

B) Nenhum dos casos configura hipótese de fraude à execução fiscal.

C) Apenas na execução movida contra a Empresa X se caracterizou fraude à


execução fiscal.

D) Na hipótese da execução movida em face da Empresa Y, a caracterização da


fraude à execução fiscal dependerá da demonstração da má-fé do adquirente,
conforme entendimento sumulado do STJ.

E) Configura-se a fraude à execução fiscal no processo movido contra a Empresa


Y, mas não contra a Empresa X.

32. Inscrito determinado crédito tributário em dívida ativa, o contribuinte propôs ação
declaratória buscando a declaração de inexistência da relação obrigacional tributária.
A) O juízo deverá extinguir o feito sem resolução de mérito, eis que não é cabível a

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ação declaratória após a inscrição do crédito em dívida ativa.

B) Mesmo que o caso em análise envolva relação jurídico-tributária continuativa,


a decisão transitada em julgado que declare a inexistência da relação jurídica
tributária não se aplica aos períodos posteriores.

C) Em regra, a ação declaratória não está sujeita a prazo prescricional.

D) Ainda que suspensa a exigibilidade do crédito tributário pelo depósito do


montante integral no bojo da ação declaratória, não há óbice a eventual execução
fiscal ajuizada a posteriori.

E) A ação em análise terá cabimento ainda que não vislumbrado qualquer ato
consumado ou previsível.

33. A respeito da incidência do ICMS e do ISS, assinale a alternativa correta conforme o


entendimento constitucional e jurisprudencial da matéria:
A) De acordo com a Constituição o ISS incide em toda prestação de serviço.

B) Os serviços de composição gráfica, dada a particularidade da prestação de


serviço com entrega de produto, estão sujeitos ao ISS e ICMS.

C) As operações mistas, de prestação de serviço e entrega de mercadoria, estão


sempre sujeitas ao ISS.

D) De acordo com a Constituição o ICMS incide nos casos de operação de


circulação de mercadoria e de prestação de serviços de transporte interestadual
e internacional e de comunicações e nas operações mistas, desde que a atividade
não esteja prevista na LC nº 116/03, como é o caso do serviço de substituição de
pneus.

E) Ainda que envolva serviço de composição gráfica, está sujeito ao ICMS as


operações de industrialização por encomenda de embalagens destinadas à
integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização ou
circulação de mercadoria.

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34. Acerca da execução de sentença que condene a Fazenda Pública Estadual a pagar
quantia certa, assinale a alternativa correta:
A) O regime dos precatórios previsto no art. 100 da CF/88 é a forma por excelência
de execução da sentença em análise, não cabendo outro modo para dar o seu
cumprimento.

B) Enquanto não editada lei estadual ou municipal prevendo o valor da requisição


de pequeno valor, esta modalidade de cumprimento não poderá ser utilizada pelo
contribuinte.

C) Não editada norma a respeito do valor do RPV, não pode o legislador municipal
ou estadual estabelecer valor inferior ao previsto no ADCT, ante a prejudicialidade
para os contribuintes.

D) É possível aos Estados e Municípios legislar a respeito do valor do RPV,


estabelecendo, inclusive, valor superior a 60 salários mínimos previsto pra União.

E) O STF compreendeu ser possível aos Estados e Municípios estabelecer qualquer


valor para o RPV.

35. A empresa X, autuada pelo Fisco Estadual pelo não recolhimento do ICMS, ingressou
com mandado de segurança, com pedido de liminar, objetivando a suspensão da
exigibilidade do crédito e a declaração de sua nulidade. Foi concedida a liminar pelo
Juízo de primeiro grau. Posteriormente o Tribunal de Justiça dá provimento a agravo de
instrumento proposto pelo Estado, cassando a liminar, momento em que a Impetrante
apresenta fiança bancária no valor integral do crédito tributário. A empresa X requer
certidão de regularidade fiscal. Tendo em vista os dados expostos, será concedida
certidão:
A) Positiva, pois o crédito está plenamente exigível.

B) Positiva com efeito de negativa, ante a apresentação de fiança bancária na


totalidade do crédito cobrado.

C) Negativa, eis que o crédito está sendo discutido judicialmente.

D) Positiva, eis que o crédito tributário está suspenso pela garantia judicial.

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E) Negativa, pois o crédito está com a exigibilidade suspensa.

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

36. Sobre o tema “Equiparação Salarial”, julgue as assertivas abaixo:


I - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de
sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

II – A equiparação salarial não é aplicável quando o empregador dispuser de


quadro de pessoal organizado em carreira, desde que esse quadro de carreira seja
homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se dessa exigência o quadro
de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e
fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente.

III – O quadro de pessoal organizado em carreira deve prever, necessariamente,


promoção pelos critérios de antiguidade e merecimento, alternadamente.

IV - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o


tempo de serviço na função e não no emprego.

V - No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo


determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor
do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) das referidas
diferenças salariais.

VI – A reforma trabalhista manteve a possibilidade de equiparação salarial em


cadeia.

A) Estão corretas as assertivas I,II,III e VI.

B) Estão corretas as assertivas I,II,III e IV.

C) Estão corretas as assertivas I,II,IV,V e VI.

D) Todas as assertivas estão corretas.

E) Todas as assertivas estão incorretas.

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37. Assinale a alternativa CORRETA a respeito da Comissão de política salarial no Estado


de São Paulo.
A) A Comissão de Política Salarial é órgão vinculado à Secretaria de Planejamento
e Gestão do Estado de São Paulo.

B) O Procurador Geral do Estado figura como membro da Comissão de Política


Salarial.

C) A comissão de política salarial conta com apoio técnico do gabinete do


Procurador Geral do Estado no âmbito da Administração Direta e das autarquias.

D) As reivindicações salariais, a concessão de vantagens de qualquer natureza


e outros pleitos similares, no âmbito das Universidades Públicas Estaduais,
Fundações instituídas ou mantidas pelo Estado e das Empresas sob controle
acionário direto ou indireto deste, serão analisados pelo Conselho de Defesa dos
Capitais do Estado - CODEC, respeitados os critérios estabelecidos pela Comissão
de Política Salarial.

E) Os termos finais dos acordos coletivos de trabalho serão analisados pela


Procuradoria Geral do Estado e estarão sujeitos à aprovação da Comissão de
Política Salarial.

38. Assinale a alternativa INCORRETA acerca da prova da inexistência de débitos


trabalhistas:
A) A prova da inexistência de débitos trabalhistas é levada a cabo mediante
apresentação da Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida
gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadimplidos
perante a Justiça do Trabalho.

B) O inadimplemento da condenação principal trabalhista é causa apta a deflagrar


a inscrição do réu no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas. O mesmo se
aplica em caso de inadimplemento das custas processuais perante a justiça do
trabalho.

C) A CNDT certifica a inexistência de débitos trabalhistas de uma empresa em


relação a todos seus estabelecimentos, agências e filiais.

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D) A CNDT terá validade de 180 dias, contados da data de sua emissão.

E) A inscrição do devedor no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas (BNDT)


será levada a efeito após o prazo de 5 dias contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.

39. Assinale a opção CORRETA acerca das alterações promovidas pela Reforma
Trabalhista no direito coletivo do trabalho.
A) É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de
emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o
sindicato dos empregados da categoria, termo que discriminará as obrigações de
dar e fazer cumpridas mensalmente e do qual constará a quitação anual dada pelo
empregado, com eficácia liberatória geral.

B) Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos


seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições
devidas ao sindicato, quando por este notificados.

C) As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias


econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas
referidas entidades serão, sob a denominação de imposto sindical, pagas,
recolhidas e aplicadas, desde que prévia e expressamente autorizadas.    

D) A contribuição sindical somente é recolhida no mês de março de cada ano.

E) Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto


da contribuição sindical não serão descontados, ainda que venham a autorizar
prévia e expressamente o recolhimento.

40. Assinale a assertiva correta:


A) O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para recorrer na defesa de
interesse patrimonial privado de empresas públicas e sociedades de economia
mista.

B) No caso de ação coletiva em que o sindicato atua como substituto processual


na defesa de direitos individuais homogêneos, configura quebra do valor da
execução, vedada pelo art. 100, § 8º, da CF, o pagamento individualizado do crédito

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devido pela Fazenda Púbica aos substituídos.

C) As relações de trabalho decorrentes de estágio se inserem na competência da


Justiça do Trabalho, exceto quando a contratação envolve entes da administração
pública.

D) A terceirização da atividade fim de empresa estatal é conduta ilícita, mas,


segundo a jurisprudência do TST, não tem o condão de deflagrar pagamento de
danos morais coletivos.

E) O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer de decisão


que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia
mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem realização de
concurso público.

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

41. Considere os incentivos econômicos e os riscos implícitos na contratação de uma


obra pelo regime de empreitada por preço global ou pelo regime de empreitada por
preço unitário (art. 6º, VII, a e b, da Lei n. 8.666/93). Então, assinale a alternativa que trata
corretamente da correlação entre os temas:

A) Os regimes representam apenas modalidades diferentes de medir o serviço ou


obra e efetuar o pagamento ao contratado, não influindo na repartição de riscos
do contrato;

B) No caso de obras, a contratação pelo regime de empreitada por preço unitário


transfere os riscos de variação da quantidade de insumos necessários ao próprio
contratado;

C) Em situações nas quais o contratado tiver maior poder de gerência em relação


à variação quantitativa nos insumos individualizados que serão utilizados na obra
ou na medição do serviço, recomenda-se a utilização do regime de empreitada por
preço global, a fim de que a contratação se faça de modo mais eficiente;

D) O regime de empreitada por preço global assegura uma contratação mais


econômica à administração, dado que, durante a execução contratual, não haverá

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aumento no pagamento devido em virtude do aumento das unidades necessárias


ao serviço;

E) Ambos os regimes podem ser utilizados para contratações com qualquer objeto.

42. Assinale a alternativa correta acerca da interferência do Estado na ordem econômica,


de acordo com a jurisprudência do STF:
A) Seguindo doutrina tradicional, quando o Estado atua por absorção assume
integralmente, e não parcialmente, o controle dos meios de produção, atuando
assim em regime de monopólio;

B) A intervenção indireta na economia através da regulação tem por objetivo


estimular comportamentos voluntários nos particulares, não se utilizando de
mecanismos coercitivos;

C) Os setores de educação e saúde representam serviços públicos e, por tal razão,


necessitam de prévia delegação para serem prestados por particulares;

D) A atuação do Estado por direção é um mecanismo direto de intervenção do


Estado na economia;

E) A atuação do Estado em domínios sociais via celebração de contratos de gestão


com organizações sociais deve ser feito de modo paralelo à atuação direta, pois
caso contrário haveria renúncia aos deveres constitucionais de atuação.

43. Assinale a alternativa incorreta acerca do controle de infrações à ordem econômica


em setores regulados ou em atividades estatais:
A) Inexiste imunidade prévia de pessoas jurídicas de direito público ao controle do
CADE;

B) O CADE não aplica, no âmbito nacional, a chamada state action doctrine, a qual
prevê que, sob determinadas circunstâncias, a intervenção governamental exclui
a aplicação do direito anticoncorrencial;

C) A estruturação de projetos de concessão de serviços públicos não depende de


submissão prévia ao CADE, contudo, o órgão responsável pela licitação deve levar
em conta aspectos concorrenciais no desenho do modelo adequado;

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D) É possível ao CADE solicitar providências aos formulados de políticas públicas


com vistas a adequar a política a aspectos concorrenciais;

E) O tabelamento de preços imposto pela regulação estatal afasta eventual


manipulação do mercado para fixação de preços abusivos, segundo jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça.

44. Indique a alternativa correta acerca dos distintos modelos de regulação:


A) A chamada regulação por custo do serviço (cost of service) estima periodicamente
os custos que o serviço terá no futuro para então definir o preço que remunere tais
custos;

B) A chamada regulação por preço teto (price cap) é caracterizada por estimar os
custos esperados em cada ciclo de revisão e então fixar o preço respectivo do
serviço até a próxima revisão;

C) A regulação através de revisões periódicas deve sempre operar de forma ex


ante, ou seja, procurar estimar, para definir a tarifa, o custo que a firma terá no
futuro, e não os custos em que já incorreu no passado;

D) Serviços de gás natural e energia elétrica são setores paradigmas no cenário


nacional em que a regulação é feita através da definição do preço do serviço no
contrato, sem revisões periódicas;

E) A regulação instituída no Brasil nos serviços públicos não admite revisão


periódica das tarifas, vez que estas devem estar fixadas no momento da licitação e
vigorar por todo o contrato, sendo apenas reajustadas periodicamente.

45. Assinale a alternativa correta no que se refere às emendas impositivas ao orçamento


público:

A)As despesas decorrentes de emendas individuais não poderão ser contingenciadas


pelo Poder Executivo como mecanismo ordinário de controle da despesa pública,
o contigenciamento só pode ocorrer ante a ameaça de descumprimento da meta
de resultado primário e desde que o contingenciamento também atinja de forma
proporcional as demais despesas discricionárias;

B) Com o fim de evitar grandes desconfigurações do orçamento mas, ao

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mesmo tempo, abrir espaço para a execução de projetos parlamentares, o texto


constitucional determina que as emendas individuais e coletivas serão aprovadas
no limite de 1,2% da receita corrente líquida prevista no projeto de lei orçamentária
encaminhado pelo Poder Executivo;

C) As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária são de obrigatória


execução orçamentária e financeira, até o limite de 1,2% da receita corrente líquida
prevista no projeto de lei orçamentária anual encaminhado pelo Poder Executivo

D) Para cumprimento da parcela das emendas individuais que possui caráter


obrigatório, o Poder Executivo poderá selecionar aquelas que melhor atendam aos
projetos de interesse público;

E) As programações orçamentárias de caráter obrigatório, que apresentem


impedimento de ordem técnica, poderão ser remanejadas no orçamento pelo
Poder Executivo, após comunicação do fato, com as devidas justificativas, ao
Poder Legislativo.

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GABARITO

1 E 23 B
2 B 24 C
3 C 25 E
4 E 26 E
5 A 27 C
6 D 28 E
7 D 29 E
8 D 30 E
9 B 31 E
10 A 32 C
11 A 33 E
12 A 34 D
13 E 35 B
14 C 36 E
15 D 37 B
16 E 38 E
17 B 39 B
18 E 40 C
19 A 41 C
20 E 42 A
21 B 43 B
22 D 44 B
45 A

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: RAFAEL CARVALHO DE FASSIO


E-mail: profcei.rafaelfassio@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. “(...) Se o poder constituinte é a expressão da vontade política da nação, não pode ser
entendido sem a referência aos valores éticos, religiosos, culturais que informam essa
mesma nação e que motivam as suas ações” (BRANCO, Paulo Gustavo Bonet; COELHO,
Inocêncio Mártires; e MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2008, p. 199).

Identifique a proposição correta:

A) O exercício do poder constituinte derivado não deve obediência às normas de


natureza procedimental estabelecidas pelo legislador constituinte originário, mas
apenas às limitações de cunho material.

B) O poder constituinte de revisão é aquele se manifesta na alteração de uma


Constituição flexível, que pode ser modificada pela legislação ordinária.

C) O preâmbulo, por constituir obra do poder constituinte originário, serve como


parâmetro para o controle de constitucionalidade.

D) A Assembleia Nacional Constituinte instalada em 1987 exerceu poder constituinte


derivado porque os deputados acumularam a função de congressistas com a
atividade constituinte.

E) Uma proposta de emenda constitucional rejeitada pelo Congresso Nacional no


final de 2017 poderá ser novamente apresentada em 2018, muito embora se trate
da mesma legislatura.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Formação da Constituição e Poder Constituinte

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A) INCORRETA: O poder constituinte originário é inicial (não existe outro poder anterior ou
superior a ele) e incondicionado, ao passo que o poder constituinte derivado deve obediência
às normas estabelecidas pelo legislador constituinte originário, respeitando os limites formais
e materiais previstos para a alteração da Constituição.
B) INCORRETA: O poder constituinte de revisão encontra-se previsto no artigo 3º do ADCT
e foi exercido em 1993, cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988, produzindo
seis emendas constitucionais de revisão mediante o voto da maioria absoluta dos membros
do Congresso, em sessão unicameral. A revisão, portanto, não está relacionada ao caráter
rígido ou flexível de uma Constituição, mas a um procedimento simplificado para o exercício
do poder constituinte derivado que, no caso brasileiro, já teve sua eficácia exaurida há mais
de vinte anos.
C) INCORRETA: segundo posição firmada pelo STF no julgamento da ADI 2076, o preâmbulo
da Constituição não tem força normativa, figurando como mero vetor interpretativo do seu texto.
Por este motivo, a Corte decidiu que o preâmbulo não constitui norma de repetição obrigatória
e, consequentemente, que a frase “(...) sob a proteção de Deus” não é incompatível com a
liberdade religiosa assegurada pela Lei Maior. Veja: “CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO:
PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. (...). II. - Preâmbulo da
Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de
norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. (...)”
(ADI 2076, Relator Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 15/08/2002). Por isso,
sendo desprovido de força normativa, o preâmbulo não pode servir como parâmetro para o
controle de constitucionalidade.
D) INCORRETA: O fato de que os deputados eleitos diretamente em 1986 tenham acumulado
as funções de congressistas (poder constituído) e legisladores constituintes não interfere
no reconhecimento de que a Constituição de 1988 seja obra do poder constituinte originário
(também chamado de “primário” ou “de primeiro grau”), e não derivado. O poder constituinte
originário que é inicial (não existe outro poder anterior ou superior) autônomo (não se subordina
a qualquer norma jurídica preexistente) e incondicionado (goza de plena liberdade quanto aos
procedimentos que serão empregados para elaborar a Constituição).
E) CORRETA: O fato de se tratar da mesma legislatura – que compreende quatro sessões
legislativas – é irrelevante porque o artigo 60, § 5º, da Constituição veda a reapresentação
apenas na mesma sessão legislativa. Logo, a proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada no ano de 2017 efetivamente poderá ser reapresentada em 2018 ao Congresso
Nacional.

GABARITO: E

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2. Acerca dos princípios e métodos de interpretação constitucional, assinale a alternativa


INCORRETA:

A) De acordo com o princípio da concordância prática ou harmonização, diante


de um eventual conflito entre normas constitucionais, o intérprete deve buscar a
solução que torne possível a coexistência entre elas, evitando-se o sacrifício total
de um princípio em relação ao outro.

B) O princípio da unidade da Constituição torna impossível a existência de normas


constitucionais inconstitucionais.

C) Segundo o princípio da força normativa, o intérprete deve buscar extrair


aplicabilidade e eficácia de todas as normas da Constituição, conferindo-lhes
sentido prático de modo aproximar o dever ser normativo do ser da realidade
social, reconhecendo no texto constitucional o poder de alterar a realidade.

D) O método normativo-estruturante parte da premissa de que o texto normativo


não é sinônimo de norma, sendo esta o resultado de um processo hermenêutico
que incorpora dados da realidade.

E) A solução de um conflito entre dois princípios constitucionais no caso concreto


admite a coexistência de ambos no ordenamento jurídico.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Hermenêutica constitucional: especificidades, elementos de inter-
pretação, princípios metódicos.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): A alternativa corresponde à noção de “concordância


prática” (“praktischen Konkordanz”) defendida por Konrad Hesse, para quem, na solução de
conflitos normativos, os bens jurídicos protegidos constitucionalmente devem ser coordenados
para que todos coexistam, evitando-se assim o sacrifício de um em favor de outro.

B) INCORRETA: É importante lembrar que, apesar da doutrina que sustenta a impossibilidade


lógica de normas constitucionais inconstitucionais, essa tese só se sustenta perante a
redação original da Constituição, obra do poder constituinte originário. O poder constituinte
derivado reformador, que altera a Lei Maior por meio de emendas constitucionais, poderá
eventualmente criar normas constitucionais inconstitucionais, motivo pelo qual as normas

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provenientes de emenda podem ser objeto de controle tendo como parâmetro as normas
constantes da redação originária da Constituição (cf., por exemplo, as ADI 4357, 4372, 4400
e 4425, que versam sobre a inconstitucionalidade da EC 62/2009, que criou regime especial
de pagamento de precatórios). Note que o princípio da unidade da constituição não obsta nem
interfere nesse fenômeno, preceituando apenas que a interpretação constitucional seja feita de
forma sistemática, compreendendo princípios e regras como um todo coeso de modo a evitar
antinomias e contradições.

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): Hesse afirma que toda norma constitucional tem
uma “pretensão de eficácia” que aproxima o dever ser normativo da realidade social. Essa
aproximação pode ser realizada por meio da hermenêutica constitucional, a fim de que se
confira a maior efetividade possível ao texto da Constituição.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): Com efeito, o método normativo-estruturante foi


desenvolvido por Friedrich Müller e preconiza que o intérprete parte do direito positivo para
chegar à norma, influenciando a sua interpretação pela jurisprudência, pela doutrina, pela
cultura, pela história e por diversos outros elementos da realidade social na qual o intérprete
está inserto.

E) CORRETA (portanto, não é a resposta): Na visão de Robert Alexy, “princípios” e “regras”


são espécies do gênero “norma”. No conflito de regras, uma elimina a outra, resumindo-se a
uma questão de invalidade. Aplica-se o “tudo ou nada”: ou a regra subsiste no ordenamento
como válida ou deixa de integrá-lo, sendo revogada pela norma prevalente. Na colisão entre
princípios, um apenas afasta o outro diante das características fáticas e jurídicas do caso
concreto. O princípio “derrotado” mantém-se no ordenamento graças aos corolários da
coexistência e da cedência recíproca. Ademais, a colisão entre normas-princípio só se resolve
em concreto, diante de um caso prático, ao passo que a solução de um conflito de regras pode
ser feita hipoteticamente, em abstrato. É importante lembrar que o chamado “princípio” da
proporcionalidade na verdade é uma técnica, um mecanismo para solucionar as colisões de
normas-princípio, que se serve dos postulados da adequação, necessidade e proporcionalidade
em sentido estrito.

GABARITO: B

3. Assinale a alternativa correta sobre a intervenção federal:

A) A Constituição federal não prevê hipótese de intervenção da União em Municípios.

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B) A intervenção federal ou estadual fundada no descumprimento de pagamento


de precatórios judiciais será decretada quando o inadimplemento for involuntário
e não intencional.

C) A intervenção federal para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública


independe de decisão do Poder Judiciário.

D) O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições


de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
do Procurador-Geral da República e será encaminhado ao Supremo Tribunal
Federal no prazo de vinte e quatro horas.

E) Forma republicana, regime presidencialista e autonomia municipal são


exemplos de princípios constitucionais sensíveis que autorizam o processamento
da representação interventiva.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Organização política do Estado: (...) b) Federação brasileira: com-
ponentes, repartição de competências e intervenções federal e estadual.

A) INCORRETA: Atenção! Em tese, cabe intervenção da União nos Municípios localizados em


Territórios Federais, nos termos do artigo 35, caput, da Constituição.

B) INCORRETA: segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a intervenção federal


em caso de não pagamento de precatórios só pode ser deferida quando o descumprimento
da decisão judicial pelo ente federado for voluntário e intencional: “AGRAVO REGIMENTAL
EM INTERVENÇÃO FEDERAL. PRECATÓRIO. DESCUMPRIMENTO INVOLUNTÁRIO.
1. Descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado. Pressuposto
indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. 2. Precatório. Não-
pagamento do título judicial em virtude da insuficiência de recursos financeiros para fazer
frente às obrigações pecuniárias e à satisfação do crédito contra a Fazenda Pública no prazo
previsto no § 1º do artigo 100 da Constituição da República. Exaustão financeira. Fenômeno
econômico/financeiro vinculado à baixa arrecadação tributária, que não legitima a medida
drástica de subtrair temporariamente a autonomia estatal. Precedentes. Agravo regimental a
que se nega provimento.” (IF 506 AgR, Relator Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, j. em
05/05/2004) e também “AGRAVO REGIMENTAL. INTERVENÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA
DE ATUAÇÃO DOLOSA POR PARTE DO ESTADO. INDEFERIMENTO. PRECEDENTES.

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1. Decisão agravada que se encontra em consonância com a orientação desta Corte, no


sentido de que o descumprimento voluntário e intencional de decisão judicial transitada em
julgado é pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. 2.
Agravo regimental improvido.” (IF 5050 AgR, Relator Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, j. em
06/03/2008).

C) CORRETA: a intervenção federal pode ser espontânea ou provocada. Quando provocada, o


Presidente da República só será obrigado a editar o decreto interventivo quando a provocação
tiver origem em requisição do Poder Judiciário, nos casos descritos na Lei Maior. A intervenção
federal para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública – que é o caso do Rio
do Janeiro – é uma hipótese de intervenção espontânea, sem a necessidade de prévia
provocação para que o Presidente da República, em decisão discricionária, a decrete.

D) INCORRETA: o decreto presidencial de intervenção será submetido à apreciação do


Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
Não há, nessa fase, encaminhamento ao PGR nem ao Supremo Tribunal Federal, nos termos
do artigo 36, § 1º, da Constituição de 1988.

E) INCORRETA: os princípios constitucionais sensíveis estão previstos no inciso VII do


artigo 34 da Constituição. São eles: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas
da administração pública, direta e indireta; e, por fim, e) aplicação do mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. O regime
presidencialista não faz parte desse elenco, até porque, historicamente, a Constituição de 1988
foi concebida para admitir o parlamentarismo, que foi objeto de escolha popular no plebiscito
de 1993. Vale lembrar que a lesão aos princípios constitucionais sensíveis autoriza o PGR
a propor a representação interventiva perante o STF. Para alguns autores, esses princípios
seriam cláusulas pétreas implícitas, não contempladas pelo art. 60, § 4º, da Constituição
Federal, e também preceitos fundamentais, para fins da propositura de ADPF.

GABARITO: C

4. Sobre o estado de sítio e o estado de defesa, identifique a proposição correta:


A) Durante o regime excepcional do estado de defesa, a Constituição permite que
a comunicabilidade do preso seja restringida.

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B) As imunidades parlamentares não podem ser suspensas na vigência do estado


de sítio.

C) Previamente à decretação do estado de defesa e do estado de sítio, o Presidente


da República deverá ouvir os Conselhos da República, de Defesa Nacional e o
Conselho Nacional de Justiça.

D) A Proposta de Emenda à Constituição, na vigência do estado de defesa ou de


estado de sítio, será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, maioria absoluta
dos votos dos respectivos membros.

E) O Presidente da República não precisa de autorização prévia do Congresso


Nacional para decretar o estado de defesa.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Defesa do Estado e das instituições democráticas: a) estado de
defesa b) estado de sítio; c) forças armadas; d) segurança pública.

A) INCORRETA: nos termos do artigo 136, § 3º, inciso IV da Constituição de 1988, é vedada
a incomunicabilidade do preso.

B) INCORRETA: com efeito, segundo o artigo 53, § 8º, da Lei Maior, as imunidades de Deputados
e Senadores subsistirão durante o estado de sítio, mas existe a possibilidade de suspensão
mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

C) INCORRETA: para a decretar o estado de defesa e o estado de sítio o Presidente da


República deve ouvir os Conselhos da República e o Conselho da Defesa Nacional, mas não
o Conselho Nacional de Justiça (artigos 136 e 137, da CF). Note que o posicionamento desses
Conselhos não é vinculante, não impedindo o Chefe do Poder Executivo de decretar a medida
de exceção.

D) INCORRETA: além de não exigir maioria absoluta (ao invés dos 3/5), a Constituição sequer
pode ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de
sítio, nos termos do artigo 60, § 2º, da Lei Maior, pois são limitações circunstanciais do poder
de reforma.

E) CORRETA: a alternativa está correta, porquanto a autorização prévia é exigida apenas para

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a decretação do estado de sítio. Note que o caput do artigo 136 da Constituição não o exige,
ao passo que os §§ 4º a 7º do mesmo dispositivo estabelecem procedimento para submissão
do ato ao Congresso a posteriori, que resolverá por maioria absoluta sobre a manutenção ou
cessação do estado de defesa.

GABARITO: E

5. Marque a alternativa correta sobre a repartição constitucional de competências entre


os entes que integram o federalismo brasileiro:
A) O Estado de São Paulo pode editar leis versando sobre procedimentos
processuais.

B) Só a União poderá editar leis dispondo sobre a proteção do patrimônio histórico


e cultural.

C) A previdência social é matéria que exige tratamento uniforme em todo o país e,


por isso, insere-se na competência legislativa privativa da União.

D) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre trânsito.

E) Os Estados, pelas suas respectivas Polícias Civil e Militar, e a União, por


intermédio da Polícia Federal e das Forças Armadas, detém competência comum
para fiscalizar a produção e o comércio de materiais bélicos.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: Organização política do Estado: a) Estado Federal: conceito, for-
mação, evolução e características; b) Federação brasileira: componentes, reparti-
ção de competências e intervenções federal e estadual.

A) CORRETA: compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre procedimentos em matéria processual, de acordo com artigo 24, inciso XI, da Constituição.
Vale lembrar que a disciplina das custas forenses também é objeto de competência concorrente
(art. 24, inciso IV), como já reconhecido pelo STF: “Custas dos serviços forenses: matéria de
competência concorrente da União e dos Estados (CF 24, IV), donde restringir-se o âmbito da
legislação federal ao estabelecimento de normas gerais, cuja omissão não inibe os Estados,

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enquanto perdure, de exercer competência plena a respeito (CF, art. 24, § 3º e § 4). (ADI 1.926
MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 19.4.1999).

B) INCORRETA: novamente, é matéria de competência concorrente da União, dos Estados e


do Distrito Federal legislar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico, nos termos do artigo 24, inciso VII, da Lei Maior.

C) INCORRETA: muito embora seja desejável a uniformidade de tratamento, a previdência


social também é matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito
Federal (art. 24, XII). Aqui é importante lembrar que os Estados disciplinam os Regimes Próprios
de Previdência de seus Servidores Públicos (RPPS) e dos militares estaduais (RPPM). Por fim,
ressalte-se que a técnica de competência concorrente também possibilita a adoção de um
tratamento uniforme, já que a União, nesses casos, fica incumbida de editar normas gerais
sobre a matéria (art. 24, § 1º).

D) INCORRETA: Muito embora os três entes tenham competências em matéria de transito, é


importante lembrar que a competência para legislar sobre trânsito e transporte é privativa da
união, conforme art. 22, XI, da Constituição de 1988.

E) INCORRETA: fiscalizar a produção e o comércio de material bélico é competência da União


(art. 21, VI), sem participação dos órgãos de segurança pública dos Estados-membros (art.
144). Ademais, vale lembrar que a competência legislativa da União ou é privativa (art. 22)
ou é concorrente (art. 24), ao passo que a competência administrativa da União pode ser
exclusiva (art. 21) ou comum (art. 23).

GABARITO: A

PROFESSOR: RAVI PEIXOTO


E-mail: profcei.ravipeixoto@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

6. O princípio da boa-fé objetiva foi expressamente consagrado no texto do CPC/2015,


no capítulo referente às normas fundamentais do processo civil, ao se estabelecer no
art. 6º que “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se
de acordo com a boa-fé”. O Superior Tribunal de Justiça, mesmo antes dessa previsão
legal, já reconhecera a boa-fé objetiva como parâmetro ético de conduta dos sujeitos no

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processo, firmando entendimentos à luz desse preceito fundamental. Com base no que
restou consagrado na jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta:
A) O denominado venire contra factum proprium é decorrência da boa-fé processual,
que veda posturas contraditórias no processo, desde que a conduta tida por contraditória,
quando considerada de forma isolada, também se configure como um ato ilícito.

B) A multa prevista como sanção para atos de litigância de má-fé não pode ser
cominada, cumulativamente, com a multa aplicada em razão do caráter protelatório
dos embargos de declaração, sob risco de bis in idem.

C) Embora o princípio da boa-fé imponha o respeito às expectativas legitimamente


criadas, o sistema de invalidades processuais deve sempre prevalecer, de
forma que deve ser reconhecido o defeito do ato processual, mesmo quando já
previamente conhecido pela parte a quem aproveita e só alegado em momento
posterior, quando vencidas suas demais teses de defesa.

D) A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo


serventuário não pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas
partes, porquanto o princípio da lealdade processual aplica-se não só às partes,
mas a todos os sujeitos que porventura atuem no processo.

E) A homologação de convenção para suspensão do processo não representa


obstáculo para que seja prolatada e publicada sentença, com a respectiva contagem
do prazo para interposição de recurso, eis que tal situação não cria para as partes
expectativas legítimas.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 2. Normas de Direito Processual Civil. Normas fundamentais e
aplicação das normas processuais em geral. Princípios constitucionais, infracons-
titucionais e informativos do processo civil. Aplicação das regras processuais no
tempo e no espaço: direito intertemporal e direito adquirido processual.

A) INCORRETA: O venire contra factum proprium, como vedação ao comportamento


contraditório, configura-se quando o sujeito atua de forma a frustrar as expectativas
legitimamente criadas, mesmo que o ato tido como contraditório, por si só, não represente
conduta ilícita. Nesse sentido, o julgado do STJ que censurou postura do executado que ofertou

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espontaneamente bem à penhora e, em oportunidade seguinte, arguiu a impenhorabilidade


desse mesmo bem, adotando comportamento contraditório, o que evidencia a ausência de
boa-fé (STJ, REsp 1.461.301-MT, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/3/2015, DJe
23/3/2015 – Informativo 558).

B) INCORRETA: No julgamento de recurso especial repetitivo (TEMA 507), o STJ fixou tese
em sentido contrário ao da assertiva, nos seguintes termos: “A multa prevista no artigo
538, parágrafo único, do Código de Processo Civil (1.026, § 2º, CPC/2015) tem caráter
eminentemente administrativo – punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal
e a função pública do processo –, sendo possível sua cumulação com a sanção prevista
nos artigos 17, VII, e 18, § 2º, do Código de Processo Civil, (arts. 80, VII, e 81, §§ 2º e 3º,
CPC/2015) de natureza reparatória”. O texto entre parênteses não consta do original.

C) INCORRETA: A estratégia de permanecer silente, reservando a nulidade para ser


alegada em um momento posterior, é objeto de censura pela jurisprudência do STJ
(REsp 756.885-RJ, Terceira Turma, DJ 17/9/2007; e AgRg no AREsp 266.182-RJ, Segunda
Turma, DJe 24/5/2013. REsp 1.372.802-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
11/3/2014), postura desleal que, inclusive, recebeu a denominação de ‘nulidade de algibeira”,
conforme relatado no Informativo 539 do STJ.

D) CORRETA: O informativo 511 noticiou decisão do STJ na qual se reconheceu que a


vedação ao comportamento contraditório é dever decorrente da boa-fé que sujeita não apenas
as partes, mas também serventuários da Justiça e o próprio juiz (no julgamento da AgRg no
AgRg no Ag 1.097.814-SP, DJe 8/9/2009. AgRg no AREsp 91.311-DF, Rel. Min. Antônio Carlos
Ferreira, julgado em 6/12/2012).

E) INCORRETA: No julgamento do REsp 1.306.463-RS, de relatoria do Ministro Herman


Benjamim, ponderou-se que, ao homologar a convenção pela suspensão do processo, o
Poder Judiciário criou nos jurisdicionados a legítima expectativa de que o processo só voltaria
a tramitar após o termo final do prazo convencionado. Portanto, não se mostraria razoável
que, logo em seguida, fosse praticado ato processual de ofício - publicação de decisão - e
ele fosse considerado termo inicial do prazo recursal, pois caracterizar-se-ia a prática de
atos contraditórios, havendo violação da máxima nemo potest venire contra factum proprium,
reconhecidamente aplicável no âmbito processual. (Informativo 503).

GABARITO: D

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7. Sobre o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica assinale a alternativa


INCORRETA:
A) É espécie típica de intervenção de terceiro, sendo cabível em todas as fases do
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada
em título executivo extrajudicial.

B) Da decisão interlocutória que resolve esse incidente, é cabível recurso de agravo


de instrumento.

C) Em seu bojo pode ser pleiteada, inclusive, a desconsideração inversa da


personalidade jurídica.

D) É expressamente vedado seu uso no âmbito dos Juizados Especiais.

E) Admite-se que o sócio ou pessoa jurídica citados para se manifestarem requeiram


a produção de provas.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7. Partes: Conceito, capacidade, ônus e deveres. Prerrogativas da
Fazenda Pública. Representação processual das pessoas jurídicas de direito pú-
blico. Responsabilidade por dano processual. Substituição e sucessão das partes.
Litisconsórcio. Intervenção litisconsorcial. Intervenção de Terceiros. Intervenção
da Fazenda Pública.

A) CORRETA: O Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica encontra-se previsto


nos artigos 133 a 137, no Título III, do CPC/2015, precisamente na parte em que previstas as
hipóteses típicas de intervenção de terceiros.

B) CORRETA: O art. 1.015, inc. IV, expressamente prevê o cabimento de agravo de instrumento
contra a decisão interlocutória referente ao incidente de desconsideração da personalidade
jurídica.

C) CORRETA: O art. 133, § 2º, do CPC/2015 determina que “Aplica-se o disposto neste
Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica”.

D) INCORRETA: O art. 1.062 do CPC/2015 determina que “O incidente de desconsideração


da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais”,
o que é exatamente o contrário do que aponta a assertiva.

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E) CORRETA: O art. 135 do CPC/2015 determina que “Instaurado o incidente, o sócio ou a


pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15
(quinze) dias”.

GABARITO: D

8. Caio ingressou com ação ordinária em face de Maria Amélia, demanda que foi
julgada totalmente improcedente, condenando-se a parte vencida ao pagamento de
custas e honorários sucumbenciais em 10% sobre o valor da causa. Inconformado,
Caio interpôs o respectivo recurso de apelação, o qual foi conhecido pelo relator, mas
julgado improcedente, por meio de decisão monocrática, em cuja fundamentação se
expôs que a pretensão recursal de Caio afrontava entendimento firmado pelo STJ em
julgamento de recurso especial repetitivo, nos termos do art. 932, IV, “b”, do CPC/2015.
Caio, contudo, está convicto de que a decisão monocrática pela improcedência do seu
recurso incorreu em grave erro, pois as circunstâncias fáticas do seu caso concreto
não se assemelhavam àquelas do caso paradigma que ensejou a formação da tese pelo
STJ e o juiz não observou essa distinção ao julgar o seu caso. Em face dessa situação,
assinale a alternativa CORRETA:
A) Para que Caio possa provocar a Corte julgadora a enfrentar diretamente os
argumentos expostos por ele e não analisados pelo relator em sua decisão
monocrática, o único recurso cabível são os embargos de declaração.

B) Caio poderá fazer uso do agravo interno para tentar reformar a decisão que
monocraticamente julgou improcedente sua apelação, desde que o Regimento
Interno do Tribunal regulamente o processamento deste recurso.

C) Caso o recurso interposto por Caio não tenha o condão de modificar o


entendimento do relator, não há óbice legal a que a decisão que rejeitar sua pretensão
recursal cinja-se a reproduzir os fundamentos do julgado recorrido.

D) Os honorários sucumbenciais de 10% sobre o valor da causa imputados na


sentença de improcedência podem ser majorados em segunda instância, se ao fim
a pretensão recursal de Caio for rejeitada.

E) Interposto agravo interno por Caio, se este recurso for declarado manifestamente
inadmissível ou improcedente em votação por maioria, o órgão colegiado, em

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decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada


entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Recursos. Teoria geral. Princípios que regem os recursos cí-
veis. Recursos em espécie: modalidades, formas de interposição, admissibilidade,
efeitos e julgamento. Outros meios de impugnação das decisões judiciais. Reexa-
me necessário

A) INCORRETA: O art. 1.021 do CPC/2015 prescreve que “Contra decisão proferida pelo
relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno do tribunal”. Portanto, se percebe que o
recurso de embargos de declaração não são a única forma de impugnação dessa decisão,
sendo possível a interposição do agravo interno.

B) INCORRETA: O CPC/2015 passou a prever expressamente o agravo interno como recurso


cabível contra decisão monocrática de relator (art. 994, inc. III e art. 1.021), fazendo menção às
regras contidas em regimento interno do tribunal como aptas a regular o processamento desse
recurso e não como condição imprescindível para que o agravo interno seja cabível.

C) INCORRETA: O § 3º do art. 1.021 do CPC veda expressamente essa postura do relator,


veja-se: “É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno”.

D) CORRETA: A imputação de honorários sucumbenciais em recurso é medida autorizada


pelo art. 85, § 11, CPC/2015: “O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (...)”.

E) INCORRETA: O § 4º do art. 1.021 do CPC/2015 prevê a aplicação de multa no bojo do


agravo interno, mas tão apenas quando o recurso for declarado manifestamente inadmissível
ou improcedente em votação unânime, e não por maioria, como dito na questão.

GABARITO: D

9. Acerca do mandado de segurança coletivo e sua regulamentação na Lei 12.016/2009,


analise as assertivas a seguir e assinale a opção CORRETA:
A) Para que organização sindical ou entidade de classe possam impetrar
mandado de segurança coletivo é imprescindível que seus membros e associados

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representados concedam autorização específica para tanto, na forma de seus


estatutos.

B) No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente


aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

C) O mandado de segurança coletivo é remédio apto a ser utilizado na defesa de


direitos e interesses difusos.

D) O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações


individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a suspensão de seu mandado de segurança no prazo
de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

E) No mandado de segurança coletivo, a liminar poderá ser concedida


independentemente de audiência prévia do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 10. Procedimentos especiais do CPC e da legislação extravagante
(jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária). Ação monitória. Ação de prestação
de contas. Ação de consignação em pagamento. Ação de desapropriação. Inventá-
rio e partilha. Embargos de terceiro. Oposição. Habilitação. Restauração de autos.
Mandado de segurança: partes, litisconsórcio, petição inicial, liminares, procedi-
mento, sentença, recursos. Pedido de suspensão da segurança. Cumprimento de
sentença. Competência originária.

A) INCORRETA: Para admissibilidade de mandado de segurança, dispensa-se autorização


especial do grupo representado, conforme preceitua o art. 21 da Lei 12.016/2009: “O mandado
de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída
e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e
desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial”.

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B) CORRETA: Nesse sentido, veja-se o disposto no art. 22 da Lei 12.016/2009: “No mandado
de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria substituídos pelo impetrante”.

C) INCORRETA: O parágrafo único, art. 21, da Lei 12.016/2009 apenas prevê o cabimento do
mandado de segurança, de forma expressa, para os chamados direitos coletivos stricto sensu
e os direitos individuais homogêneos, sem qualquer menção para os direitos e interesses
difusos. Antes mesmo da edição da Lei 12.016/2009, com esse claro teor restritivo, o STF
já havia editado a Súmula 101, no qual asseverou o entendimento de que “o mandado de
segurança não substitui a ação popular”.

D) INCORRETA: O art. 22, § 1º, da Lei 12.016 exige que o impetrante a título individual desista
da sua ação para que possa ser beneficiado pelos efeitos da coisa julgada do mandado de
segurança coletiva e não que requeira a suspensão do writ individual, como proposto na
assertiva.

E) INCORRETA: Em se tratando de mandado de segurança coletivo, o art. 22, § 2º, da


Lei 12.016/2009, afirma que “a liminar só poderá ser concedida após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no
prazo de 72 (setenta e duas) horas”.

GABARITO: B

10. A Lei 9.099/95 estabeleceu o regime dos Juizados Especiais, sistema voltado para
o processamento e julgamento de causas de menor complexidade e informado pelos
critérios de oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade, entre outros. A esse
respeito é CORRETO afirmar que:
A) Em vista do princípio da oralidade, que orienta o processo nos Juizados
Especiais, permite-se que o mandato concedido ao advogado possa ser conferido
verbalmente.

B) Os meios de prova não especificadamente regulados em lei, isto é, as chamadas


provas atípicas, não podem ser produzidas no âmbito dos Juizados Especiais, sob
risco de comprometer a celeridade e a economicidade do rito.

C) Os embargos de declaração nos Juizados Especiais podem ser opostos nas


hipóteses de obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, suspendendo o prazo

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para interposição de outros recursos.

D) É possível sentença ilíquida nos Juizados Especiais, uma vez formulado pedido
genérico pelo autor.

E) O colegiado recursal é competente para julgar ação rescisória das decisões


proferidas nos Juizados Especiais.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 21. Juizados Especiais Cíveis estaduais e federais. Princípios. Jui-
zados Especiais da Fazenda Pública: limites, partes, terceiros, competência, pro-
cedimento, provas, liminares, poderes do juiz, cumprimento de sentença, incidente
de uniformização e recursos.

A) CORRETA: O mandato concedido ao advogado pode ser verbal, salvo quanto aos poderes
especiais, de acordo com o disposto no § 3º, art. 9º, da Lei 9.099/95.

B) INCORRETA: A esse respeito o art. 32, da Lei 9.099/95 determina que “todos os meios de
prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a
veracidade dos fatos alegados pelas partes”, sendo evidente o cabimento de provas atípicas.

C) INCORRETA: O CPC/2015 alterou a própria Lei nº 9.099/95, para unificar o regime de


cabimento dos embargos de declaração em ambos os sistemas. Assim, nos Juizados, os
embargos de declaração serão cabíveis nas mesmas hipóteses do CPC/2015 (omissão,
obscuridade, contradição e correção de erro material), no prazo de 5 dias, interrompendo o
prazo para interposição de outros recursos. Além disso, não é viável a oposição dos embargos
de declaração em caso de dúvida.

D) INCORRETA: É possível se formular pedido genérico, nos Juizados Especiais, quando não
for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação (§ 2º, art. 14, da Lei 9.099/1995).
Contudo, veda-se a sentença ilíquida, em qualquer caso (art. 38, parágrafo único, da Lei
9.099/1995).

E) INCORRETA: Nem o colegiado recursal, tampouco o Tribunal respectivo dispõe dessa


competência, pois não cabe ação rescisória contra decisão proferida em Juizados. Como
destaca o art. 59, da Lei 9.099/1995: “Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas
ao procedimento instituído por esta Lei”.

GABARITO: A

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PROFESSOR: LUIS FILIPE CISCOTTO


E-mail: profcei.luisciscotto@gmail.com

DIREITO CIVIL

11. À luz da doutrina e das disposições do Código Civil, julgue os itens abaixo, assinalando
a alternativa INCORRETA:

A) Se dois indivíduos acertam a compra e venda de uma determinada caminhonete


antiga, o vendedor tem direito subjetivo de cumprir sua parte do contrato
entregando caminhonete nova e mais valiosa, independentemente de aquiescência
do comprador, desde que renuncie por escrito ao valor excedente.

B) Diferentemente da boa-fé simplesmente considerada, a norma que consagra


a boa-fé objetiva impõe às partes contratantes a adoção de um padrão de
comportamento calcado na mútua cooperação, com vistas ao atingimento dos fins
comuns.

C) Pedro celebra contrato de locação com João e passa a ser seu locatário. O
contrato, regido pela Lei 8.245/91, prevê o reajuste anual dos aluguéis pelo IGP-M.
Passados alguns anos de ótima relação contratual, sem que João jamais houvesse
alterado o valor do aluguel, este decide finalmente aplicar o índice de reajuste
previsto, mas de forma retroativa. Neste cenário, pode-se afirmar que a pretensão
de João não está agasalhada pela ordem jurídica pátria.

D) O abuso de direito constitui-se em um ilícito funcional, caracterizando-se, dentre


outras formas, pela subversão da finalidade social e/ou econômica subjacente ao
regular exercício de determinado direito.

E) O reconhecimento da existência de deveres anexos à relação contratual,


decorrentes da boa-fé objetiva, amplia o espectro de condutas capazes de configurar
o inadimplemento, conduzindo à possibilidade de haver a assim chamada violação
positiva do contrato.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 10. Abuso de direito; 12. Obrigações e 13.b Contratos. Princípios.

A) INCORRETA: Em primeiro lugar, há que se identificar o contrato mencionado na assertiva


como de compra e venda de bem infungível. Bem infungível, não custa lembrar, é aquele que
não pode ser substituído por outro da mesma espécie e qualidade. É o bem especificamente
considerado, seja naturalmente ou em virtude da vontade das partes. No caso, a caminhonete
objeto do contrato era “determinada” e, portanto, considerada um bem infungível.

O art. 313, do Código Civil, dispõe expressamente que o credor de obrigação certa não é
obrigado a receber coisa diversa da pactuada, ainda que mais valiosa. Por se tratar o objeto
em questão de bem infungível, tem-se que a obrigação, como corolário desta circunstância é
certa. Não cabe ao devedor da obrigação interferir na vontade do devedor ao ponto de impor-
lhe o recebimento de coisa diversa, ainda que mais valiosa.

Pode parecer estranho, afinal o comprador do veículo sairia em vantagem. Mas isto simplesmente
não é admitido. E é melhor que seja assim, pois a vontade dos contratantes ainda preside a
intepretação dos negócios jurídicos e deve ser respeitada ao máximo (desde que, claro, em
conformidade com a lei).

Notem bem: caso o comprador aceitasse a oferta da caminhonete mais valiosa (diferente da
pactuada originalmente), não se teria extinção da obrigação por pagamento, mas sim por
dação em pagamento (art. 356, do CC).

A alternativa, portanto, está incorreta e deve ser marcada.

B) CORRETA: Inicialmente, é sempre bom lembrar que a boa-fé objetiva, muito estudada em
matéria de contratos, distingue-se da boa-fé simplesmente considerada, a que convencionou-se
chamar boa-fé subjetiva. Enquanto a boa-fé subjetiva diz respeito a um estado de consciência,
a boa-fé objetiva relaciona-se a um padrão de comportamento.

Daí a diferença, até mesmo terminológica, entre ambas. A boa-fé subjetiva só é, ao menos em
um primeiro momento, conhecida pelo próprio indivíduo que em conformidade com ela age –
pense-se, por exemplo, no possuidor de boa-fé, isto é, aquele que possui um bem e ignora,
não tem consciência, de eventual vício.

Por outro lado, a boa-fé objetiva diz respeito ao comportamento, às ações, ao padrão esperado
de atuação de um contratante. Age em conformidade com a boa-fé objetiva aquele que celebra
e executa um contrato de forma leal para com a outra parte, incutindo-lhe a segurança e
previsibilidade necessárias para o ambiente negocial.

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Não é por outra razão que a boa-fé objetiva tem, dentre outras funções, a de criar deveres
anexos – ou laterais – ao contrato, tais como o de informação, colaboração e cooperação.

C) CORRETA: A assertiva está correta, cabendo invocar ao caso a figura da supressio. A


supressio é uma das expressões (também conhecidas como figuras parcelares) do princípio da
boa-fé objetiva, ao lado de outras como o venire contra factum proprium, surrectio, tu quoque
e o duty to mitigate the loss.

A figura da supressio nada mais é do que a perda de um direito em decorrência do seu não
exercício. Note que o conceito doutrinário é praticamente idêntico ao da decadência. Mas,
ao contrário da decadência, que é legalmente prevista, a supressio rege-se sempre pelas
circunstâncias do caso concreto.

Como vimos acima, a boa-fé objetiva está ligada a um padrão de comportamento cooperativo
leal, gerador de segurança na outra parte. Se uma parte não exerce um direito que implica
ônus a outra, por um determinado lapso de tempo, não poderá, depois, surpreendê-la com o
exercício daquele. Este comportamento contraditório e surpreendente é contrário ao princípio
da boa-fé objetiva. Por esta razão, pode-se afirmar que não é agasalhado pela ordem jurídica,
o que torna verdadeira a assertiva.

D) CORRETA: O abuso de direito está previsto, ainda que não com estas palavras, no art. 187,
do Código Civil, onde fica claramente assentada a ilicitude do comportamento que, não obstante
consista em exercício de direito, seja marcado pelo excesso ou subversão de finalidades.

Muito cuidado com provas que tentem deslocar o abuso de direito para o campo da licitude, já
que se trata, bem ou mal de exercício de direito. O mencionado art. 187 o trouxe expressamente
para o campo dos atos ilícitos. Vale dizer: na ordem jurídica vigente, pelas lentes do Código
Civil, o exercício manifestamente excessivo e desvirtuado de um direito, é visto como um ato
ilícito.

Não é por outra razão que a doutrina denomina o abuso de direito de ilícito funcional, pois com
ele desnatura-se a própria função do direito que se pretende exercer, de forma a usá-lo como
instrumento de atentado a seu próprio fim, à boa-fé e aos bons costumes.

E) CORRETA: Como vimos anteriormente, a boa-fé objetiva tem o condão de estabelecer


deveres outros além dos previstos contratualmente. Trata-se dos deveres anexos, decorrentes
dos imperativos de lealdade, cooperação e cuidado. À vista deles, é possível dizer que as
obrigações contratuais não se esgotam nos meros deveres contratuais, podendo irradiar
efeitos para além dos mesmos.

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Um exemplo bastante comum, que ajuda bem a ilustrar a figura dos deveres anexos, é o dever
dos fabricantes de bens duráveis de disponibilizar, aos compradores de seus produtos, rede
de assistência técnica e peças de reposição.

GABARITO: A

12. Em relação ao negócio jurídico, assinale a alternativa INCORRETA:


A) Condição é a cláusula acessória que subordina o efeito do negócio jurídico,
oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto. Trata-se de instituto que atua
na eficácia da relação negocial, derivando da vontade das partes. Classifica-se
em suspensiva e resolutiva, e podem ser tomados como exemplos a morte e o
casamento.

B) O código civil brasileiro positivou a possibilidade de aproveitamento dos


negócios jurídicos nulos.

C) Tratando-se de direitos potestativos, as ações que busquem a anulabilidade de


negócios jurídicos submetem-se a prazo decadencial, havendo norma no código
civil brasileiro dispondo que quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,
sem estabelecer prazo, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do
ato.

D) A simulação não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do


tempo.

E) A fraude contra credores é vício social do negócio jurídico, sendo causa de


anulabilidade da relação. Conforma-se na transmissão de bens de devedor já
insolvente ou que lhe reduza a essa condição (eventus damni), sendo necessária
a má-fé do terceiro adquirente (consilium fraudis), exceto quando a transação for
gratuita.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Negócio Jurídico

A) INCORRETA: Condição é um elemento acidental do negócio jurídico, subordinando o


começo ou o fim de seus efeitos a um evento futuro e incerto. Classificam-se em condições

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suspensivas, que impedem a produção de efeitos jurídicos enquanto não verificadas, e


em condições resolutivas, que extinguem a eficácia dos negócios jurídicos em que foram
estipuladas.

A alternativa está correta, exceto quanto aos exemplos dados. A afirmativa engana ao elencar
a morte como condição futura e incerta. A morte, enquanto fato jurídico, é evento futuro e
certo, tratando-se, na verdade, de termo incerto. Não há de se confundir termo incerto com
condição. A doutrina subdivide o termo quanto à sua duração, classificando-o em termo certo
quando sabido o exato momento de sua ocorrência, e termo incerto quando desconhecida sua
duração, embora inequívoca sua efetiva ocorrência.

B) CORRETA: O Código Civil de 2002 prescreve em seu Art. 170: “Se o negócio jurídico nulo
contiver requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. Através do instituto, é possível
a conversão do negócio nulo em outro, aproveitando-o no que for válido.

Para ser convertido, o negócio deve contar com o suporte fático e os requisitos de validade,
isto é, existência e validade. Em exemplo, é digno de nota julgamento do Superior Tribunal
de Justiça: CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE DOAÇÃO. AUSÊNCIA DE
SOLENIDADE ESSENCIAL. PRODUÇÃO DE EFEITOS. CONVERSÃO DO NEGÓCIO
JURÍDICO NULO. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS ATOS JURÍDICOS. CONTRATO
DE MÚTUO GRATUITO. ART. ANALISADO: 170 DO CC/02. 1. Ação de cobrança distribuída
em 13/04/2006, da qual foi extraído o presente recurso especial, concluso ao Gabinete em
13/01/2011. 2. Cinge-se a controvérsia a decidir a natureza do negócio jurídico celebrado entre
a recorrente e sua filha, e se a primeira possui legitimidade e interesse de agir para pleitear, em
ação de cobrança, a restituição do valor transferido à segunda. 3. O contrato de doação é, por
essência, solene, exigindo a lei, sob pena de nulidade, que seja celebrado por escritura pública
ou instrumento particular, salvo quando tiver por objeto bens móveis e de pequeno valor. 4.
A despeito da inexistência de formalidade essencial, o que, a priori, ensejaria a invalidação
da suposta doação, certo é que houve a efetiva tradição de bem móvel fungível (dinheiro),
da recorrente a sua filha, o que produziu, à época, efeitos na esfera patrimonial de ambas e
agora está a produzir efeitos hereditários. 5. Em situações como essa, o art. 170 do CC/02
autoriza a conversão do negócio jurídico, a fim de que sejam aproveitados os seus elementos
prestantes, considerando que as partes, ao celebrá-lo, têm em vista os efeitos jurídicos do
ato, independentemente da qualificação que o Direito lhe dá (princípio da conservação dos
atos jurídicos). 6. Na hipótese, sendo nulo o negócio jurídico de doação, o mais consentâneo
é que se lhe converta em um contrato de mútuo gratuito, de fins não econômicos, porquanto

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é incontroverso o efetivo empréstimo do bem fungível, por prazo indeterminado, e, de algum


modo, a intenção da beneficiária de restituí-lo. 7. Em sendo o negócio jurídico convertido em
contrato de mútuo, tem a recorrente, com o falecimento da filha, legitimidade ativa e interesse
de agir para cobrar a dívida do espólio, a fim de ter restituída a coisa emprestada. 8. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido (REsp 1225861/RS, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 26/05/2014).

C) CORRETA: Direitos potestativos são aqueles que criam, modificam ou extinguem relações
jurídicas, dependendo unicamente da vontade de seu titular. Contrapõem-se aos direitos
obrigacionais, que vinculam duas partes no dever a uma prestação.

Ao pretender a anulabilidade de um ato jurídico, o promovente propõe uma ação constitutiva


negativa, que não se submete à prescrição, mas à decadência. O Art. 179 dispõe sobre um
prazo geral de decadência para se anular o negócio jurídico, quando não houver prazo especial
por ele fixado.

Embora seja controvertido na doutrina, o Código Civil é literal quanto ao termo a quo da
contagem decadencial, ao alinhá-lo na conclusão do ato. Pela necessidade de segurança e
estabilidade das relações negociais, parte da doutrina nacional defende que o termo inicial
seria o da ciência do interessado, a partir de quando poderia exercer seu direito. Apesar da
divergência, a alternativa remete expressamente ao texto legal, afastando qualquer discussão.

D) CORRETA: Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada ou manifestada


e a vontade interna. Há uma inconformidade entre a vontade e a declaração. Na simulação,
as partes contratantes estão combinadas e objetivam efeitos diversos do negócio celebrado.
Na égide do Código Civil de 1916, a simulação dependia do efetivo prejuízo de terceiros,
culminando em enriquecimento sem causa.

Não há de se confundir, pela alternativa, entre a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado,
e a possibilidade de subsistência do negócio que se dissimulou, quando presentes os requisitos
de validade. O negócio simulado é nulo. A esse respeito, classifica Flávio Tartuce:

“Simulação absoluta – situação em que na aparência se tem determinado negócio,


mas na essência a parte não deseja negócio algum. Como exemplo, ilustre-se a
situação em que um pai doa imóvel para filho, com o devido registro no Cartório
de Registro de Imóveis, mas continua usufruindo dele, exercendo os poderes do
domínio sobre a coisa. Mesmo o ato sendo praticado com intuito de fraude contra
credores, prevalece a simulação, por envolver ordem pública, sendo nulo de pleno
direito. Simulação relativa – situação em que o negociante celebra um negócio na

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aparência, mas na essência almeja um outro ato jurídico, (...). A simulação relativa,
mais comum de ocorrer na prática, pode ser assim subclassificada: Simulação
relativa subjetiva – caso em que o vício social acomete o elemento subjetivo do
negócio, pessoa com que este é celebrado (art. 167, § 1.º, I, do CC). A parte celebra
o negócio com uma parte na aparência, mas com outra na essência, entrando no
negócio a figura do testa de ferro, laranja ou homem de palha, que muitas vezes
substitui somente de fato aquela pessoa que realmente celebra o negócio jurídico ou
contrato. Trata-se do negócio jurídico celebrado por interposta pessoa. Simulação
relativa objetiva – caso em que o vício social acomete o elemento objetivo do
negócio jurídico celebrado, o seu conteúdo. Celebra-se um negócio jurídico, mas na
realidade há uma outra figura obrigacional, sendo mascarados os seus elementos
verdadeiros. Como exemplo, repise-se: para burlar o fisco, determinada pessoa
celebra um contrato de comodato de determinado imóvel, cobrando aluguel do
comodatário. Na aparência, há um contrato de empréstimo, mas na essência, trata-
se de uma locação”.

E) CORRETA: A fraude contra credores é vício do negócio jurídico que não decorre da má-
formação da vontade. A anulabilidade do negócio por fraude contra credores decorre da
necessidade de preservação da segurança jurídica, preservando o interesse dos credores contra
tentativas fraudatórias do devedor. É, assim, vício social do negócio jurídico. Embora penda na
doutrina controvérsia sobre os efeitos da fraude contra credores, predomina o entendimento
que seu efeito incide sobre a validade do negócio, na segunda dimensão da escala Ponteana.
Para sua conformação, são necessários dois elementos. Um de ordem objetiva, denominado
eventus damni, o qual consiste no prejuízo dos credores decorrente da alienação, pelo devedor,
que lhe reduza à insolvência. O segundo requisito é de ordem subjetiva, chamado consilium
fraudis, e corresponde à má-fé do terceiro adquirente, que conhece a situação de insolvência do
devedor. No caso de alienação gratuita, o código civil dispensa o elemento subjetivo, de modo
que o negócio pode ser anulado ainda que o adquirente a título gratuito ignore a insolvência
do devedor.

Dada a importância do instituto não só na seara cível, mas sobretudo na seara processual,
nunca é demais rememorar as diferenças práticas entre fraude contra credores e fraude à
execução. Tomamos de empréstimo as lições de Flávio Tartuce:

Fraude contra credores:

- Instituto de Direito Civil

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- O devedor tem várias obrigações assumidas perante credores e aliena de forma gratuita
ou onerosa os seus bens, visando prejudicar tais credores.

- Necessária a presença de dois elementos, em regra: a) Consilium fraudis – conluio


fraudulento entre devedor e adquirente do bem; b) Eventus damni – prejuízo ao credor.

- Necessidade de propositura de ação pauliana ou revocatória.

- A sentença da ação anulatória tem natureza constitutiva negativa, gerando a anulabilidade


do negócio jurídico celebrado (plano da validade).

Fraude à execução:

- Instituto de Direito Processual Civil

- O executado já citado em ação de execução ou condenatória aliena bens. Ainda, aliena


bem constrito, com o registro da demanda ou de hipoteca judiciária na matrícula do
imóvel, nos termos do art. 792, incisos I, II e III, do Novo CPC.

- Em regra, bastava a presença de prejuízo ao autor/exequente. Como esse prejuízo


também atingiria o Poder Judiciário, sempre se entendeu pela presunção absoluta do
conluio fraudulento. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça passou a entender que
a má-fé não pode ser presumida. Foi editada a Súmula 375 do STJ, prevendo que o
reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. A súmula aproximou o instituto da fraude à
execução da fraude contra credores.

- Não há necessidade de propositura da ação pauliana, podendo ser a fraude reconhecida


mediante simples requerimento da parte.

- O reconhecimento da fraude à execução tem natureza declaratória, gerando a ineficácia


do ato celebrado (plano da eficácia).

GABARITO: A

13. Acerca do direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA:


A) A cessão de crédito somente tem eficácia em relação ao devedor quando este
é notificado.

B) Estando um crédito penhorado, pode o credor, ciente da constrição, cedê-lo

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livremente.

C) Ciente o devedor da penhora que recaiu sobre o crédito, poderá optar por
depositar o valor em juízo ou pagar ao seu credor.

D) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos,


passando os devedores da mesma a responder, sempre, pela sua quota-parte.

E) É facultado a terceira pessoa, sozinha ou em consórcio, assumir a posição de


devedor na relação obrigacional, desde que com o consentimento expresso credor.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 12. Obrigações

A) INCORRETA: Antes de tudo, cessão de crédito é o negócio jurídico por meio do qual o
credor cede crédito seu em face do devedor para uma terceira pessoa, originalmente estranha
à obrigação. Vamos ter em mente o seguinte: o crédito, em que pese ser o direito a alguma
prestação, é um direito do credor e, como tal, integra seu patrimônio. Tem, em inúmeros casos,
valor econômico. Pode, portanto, ser cedido a título gratuito ou oneroso.

Feita a cessão de crédito, aquele que o adquiriu torna-se, em tese, o novo credor. A cessão
pode ser válida, mas somente vinculará o devedor – vale dizer, terá eficácia em face do devedor
– se este souber que há um novo credor na relação obrigacional.

Mas note que o que importa é a ciência do devedor, e não o modo como ela se operou. É
justamente isto que invalida a alternativa. Pela sua redação, somente quando o devedor é
notificado da cessão. Contudo, é plenamente possível que o devedor saiba, por outro meio
qualquer, da cessão. Não é por outra razão que o art. 290, do CC, estabelece que o negócio
vincula o devedor quando daquele é notificado ou quando declara, em escrito público ou
particular, ter ciência da cessão.

B) INCORRETA: Como visto no comentário acima, o crédito integra o patrimônio do credor


tendo, via de regra, valor econômico. Justamente em razão disto, pode ser alvo de penhora em
processo de execução, onde o credor da obrigação figure como executado.

Pois bem, estando o crédito penhorado em uma execução e ciente disto o credor, cessa a
liberdade de disposição sobre o mesmo. Isto se dá porque a partir da penhora o crédito fica
adstrito à satisfação do direito do exequente. Caso o credor venha a ceder o crédito, estará
possivelmente cometendo fraude à execução (art. 798, do nCPC), a menos que reserve bens

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para satisfazer o seu credor.

Contudo, o art. 298 do CC, é expresso ao vedar a cessão deste crédito. Contudo, nos termos
do mesmo artigo, caso ainda assim ocorra a cessão e dela não tenha ciência o devedor, este
se liberará da obrigação pagando ao credor originário (vale o raciocínio da assertiva anterior).

C) INCORRETA: Na esteira das hipóteses apresentadas nesta questão, a alternativa C trata


de situação na qual o credor tem seu crédito penhorado e o devedor sabe da penhora sobre o
crédito. Note que não estamos falando em cessão de crédito neste ponto.

Neste caso, em nome da efetividade da penhora, o devedor deve pagar em juízo (ou de outra
forma facultada pelo juiz, desde que a benefício do terceiro que executa o credor). Não irá se
desincumbir da obrigação o devedor se pagar diretamente ao credor, pois o credor não se
encontrará mais na condição de senhor do crédito. Se o fizer, o terceiro exequente poderá
constranger o devedor a pagar novamente, garantido o direito de regresso em face do credor-
executado, a fim de evitar-lhe o enriquecimento sem causa, tudo na forma do art. 312 do CC.
Portanto, errada a alternativa.

D) INCORRETA: Com efeito, se uma obrigação indivisível tornar-se, por qualquer motivo,
insubsistente ou de impossível execução, e for convertida em perdas e danos, esta última é,
via de regra, uma obrigação divisível, já que consiste em uma obrigação de dar dinheiro. É o
teor do caput, do art. 263, do CC.

O erro da assertiva está em afirmar que, sempre que isto ocorrer, cada um dos devedores da
obrigação indivisível original responderá pela sua quota-parte. Não é bem assim. Na verdade,
cabe perquirir sobre as razões da conversão em perdas e danos, bem como sobre uma possível
peculiaridade da obrigação.

Em primeiro lugar, deve-se atentar para a existência de culpa de algum dos devedores para
a impossibilidade de execução da obrigação indivisível inicial. Se de todos a culpa, todos
respondem em partes iguais. Mas se somente de um, ou alguns, a culpa, este(s) responde(m)
pela integralidade das perdas e danos. É a lógica simples e direta dos §§ 1º e 2º, do citado art.
263.

Em segundo lugar, cabe indagar se a obrigação indivisível era também solidária. Neste ponto,
pode surgir a pergunta: Mas por que tornar solidária algo que já é indivisível? A resposta é
justamente esta: em caso de conversão em perdas e danos, a obrigação de reparar também
será solidária, a teor do art. 271, do CC.

E) CORRETA: Nas alternativas acima, tratamos da cessão de crédito. Neste ponto, tratamos

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da situação inversa, qual seja, da cessão do débito. Pode parecer estranho alguém querer
assumir débito alheio, mas no mundo negocial inúmeras oportunidades abrem espaço para
outro sem número de situações, que acabam merecendo a atenção do legislador.

A assunção de dívida é regulada pelos arts. 299 e seguintes. A assertiva é correta, na medida
em que traz claramente a necessidade de consentimento expresso do credor, para que haja
alteração no polo passivo da obrigação. Ao passo que na cessão de crédito o devedor deve ser
somente cientificado, para saber a quem pagar, na cessão de dívida, o credor deve anuir, e de
forma expressa, com a mudança do devedor. Isto se deve ao fato de que o credor poderia não
confiar em um novo devedor, não podendo ser prejudicado por um negócio que diz respeito a
devedor originário e terceiro.

Outro ponto interessante é que o devedor pode ser substituído por uma ou mais pessoas,
consoante entendimento consagrado no Enunciado n. 16, do CJF, sempre com o consentimento
do credor.

GABARITO: E

14. Foi decretada em 2016 a falência de determinada empresa que possuía débitos
de ICMS e IPVA, identificados alguns atos falimentares. A respeito do tema assinale a
alternativa correta:
A) Decretada a falência e fixado o quadro geral de credores, afasta-se qualquer
incidência da taxa SELIC, presente ou pretérita.

B) O preceito legal que exclui a incidência de juros após a decretação da falência


não se aplica aos casos de insolvência civil.

C) Apenas após a decretação da falência afasta-se a aplicação dos juros de mora.

D) No caso em apreço, é possível à Fazenda Estadual requerer o redirecionamento


da execução fiscal para os sócios da empresa falida.

E) Somente a hipótese de crime falimentar justifica o redirecionamento da execução


fiscal após a decretação da falência.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 16. Falência. Recuperação da empresa.

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A) INCORRETA: o art. 124 da Lei de Falências determina que contra a massa falida não são
exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o
ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Excetuam-se desta
previsão os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, respondendo por eles
apenas o produto dos bens que constituem garantia real.

Tendo em vista este dispositivo legal, o STJ tem posicionamento pacificado no sentido de que
antes da decretação da falência são devidos juros de mora, sendo viável, pois, a aplicação da
taxa SELIC (composta de correção monetária e juros). Após a decretação da falência, contudo,
a incidência dessa taxa fica condicionada à suficiência do ativo para pagamento do principal.
Sobre o tema vide, exemplificativamente, o REsp 1.505.917/RS.

Desta forma, a questão está incorreta, eis que a incidência da taxa SELIC é mantida até a
decretação da falência, estando o período posterior à quebra sujeito à suficiência dos bens do
devedor.

B) INCORRETA: o STJ possui entendimento consolidado de que o preceito que exclui a


cobrança de juros após a decretação da falência do devedor (art. 26 do DL 7.661/45 e art. 124
da Lei de Falências) também deve ser aplicado para os casos de decretação da insolvência
civil, eis que ambos institutos possuem a mesma causa e finalidade. Sobre o tema vide o REsp
1.312.077/PR. Logo, a alternativa está incorreta.

C) CORRETA: nos termos da explicação contida na assertiva B, está correta a presente


assertiva, eis que, de acordo com o entendimento proveniente do art. 124 da Lei de Falências
e da jurisprudência do STJ, os juros de mora não incidem após a decretação da quebra, exceto
se o ativo bastar para pagamento dos credores subordinados.

D) INCORRETA: de acordo com o entendimento consolidado do STJ o encerramento da


empresa executada, mediante regular procedimento de falência, devidamente registrado
perante a Junta Comercial, não legitima o redirecionamento da Execução Fiscal, acaso não
comprovado comportamento fraudulento, crimes falimentares, a prática de atos com excesso
de poder, violação à lei, ao contrato ou aos estatutos sociais.

A título de exemplo, cite-se o RESp 1.429.931/SP. Assim, os sócios da empresa não podem
ser culpados pela extinção em virtude de processo falimentar, eis se tratar de procedimento
previsto em lei. Todavia, comprovado quaisquer dos comportamentos indicados pelo STJ,
abre-se a via do redirecionamento da execução fiscal, como é o caso dos crimes falimentares
narrados no comando da questão.

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Portanto, alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: o erro da questão está em limitar as hipóteses de redirecionamento da


execução fiscal após decretação da falência da empresa à ocorrência de crimes falimentares,
eis que, conforme disposto na assertiva anterior, são casos de redirecionamento comportamento
fraudulento, crimes falimentares, a prática de atos com excesso de poder, violação à lei, ao
contrato ou aos estatutos sociais.

GABARITO: C

15. Acerca das sociedades, consoante entendimento doutrinário majoritário e tendo em


vista o disposto no Código Civil, assinale a alternativa CORRETA:
A) Todas as sociedades previstas no Código Civil são pessoas jurídicas.

B) Para aperfeiçoamento do ciclo de transformação da sociedade em conta de


participação em uma pessoa jurídica, deve haver o registro do contrato social
perante o órgão competente, a fim de dar-lhe publicidade.

C) A EIRELI, pelo simples fato de ser espécie de sociedade unipessoal, é considerada


pessoa jurídica.

D) Em se tratando de sociedade limitada, se o contrato social atribuir a administração


a todos os sócios, esta não se estenderá, de pleno direito, àqueles que venham
futuramente a ingressar na sociedade.

E) Na sociedade limitada é vedada a designação de administrador não sócio.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 16. Sociedades Simples e Empresariais.

A) INCORRETA: A alternativa busca confundir o candidato, fazendo-o crer que sociedade e


pessoa jurídica são expressões sinônimas. Não é bem assim. Sem adentrar, neste momento,
nas teorias que explicam a existência da pessoa jurídica, o fato é que se trata de uma abstração
jurídica, por meio da qual a ordem jurídica confere, a determinados entes, a aptidão para
titularizar direitos e assumir deveres. A sociedade, a seu turno, resulta da união entre duas
ou mais pessoas para atingir um objetivo que lhes seja comum, podendo, conforme o caso,
serem contempladas pelo ordenamento com a personalidade jurídica, mas não é sempre que

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isto acontece.

Muito cuidado ao ler o art. 44, do CC, pois o mesmo considera as sociedades como pessoas
jurídicas de uma forma geral (inciso II). Sua leitura deve ser feita em consonância com outros
dispositivos do Código, notadamente o Título II, do Livro II, da Parte Especial do Código, que
trata das sociedades.

Vejam que o Código dedica o Subtítulo I, do Título II, acima mencionado, para tratar da sociedade
não personificada. Ali encontram-se a Sociedade em Comum (capítulo I) e a Sociedade em
Conta de Participação (capítulo II), que não são dotadas de personalidade jurídica.

B) INCORRETA: Na esteira da explicação acima, encontra-se errada a assertiva ao


afirmar a possibilidade de a sociedade em conta de participação vir a ter personalidade
jurídica. Não há qualquer previsão a respeito disto no Código Civil. Pelo contrário, o CC
é expresso ao afirmar que ela pode ter um contrato social, mas isto seve para reger as
relações entre os sócios, não conferindo personalidade jurídica o registro do contrato
(art. 993).

C) INCORRETA: O erro desta alternativa está em afirmar que a EIRELI é uma sociedade
unipessoal. Chegou-se, a bem da verdade, a discutir se a EIRELI seria a manifestação no direito
brasileiro da sociedade unipessoal, espécie prevista em alguns ordenamentos alienígenas.

No entanto, a doutrina majoritária firmou entendimento no sentido de que a EIRELI não é uma
sociedade. Afinal, o conceito de sociedade pressupõe pluralidade de participantes, o que não
existe na EIRELI. Colha-se, a este respeito, o Enunciado 469, do CJF: “A empresa individual
de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado”.

Prova de que a o ordenamento jurídico de fato não caracteriza a EIRELI como sociedade
é a sua localização topográfica dentro do Código Civil. Para sua inserção na referida lei, foi
criado o art. 980-A, dentro do Título I-A (Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada),
ladeando o título I que cuida da figura do empresário. Somente a partir do art. 981, do Título II,
é que inicia a disciplina das sociedades.

Entretanto, o fato de não ser uma sociedade não lhe retira a personalidade jurídica, atribuída
expressamente pelo art. 44, VI, do CC.

D) CORRETA: Esta alternativa está correta e deve ser marcada. A administração da sociedade
é tarefa que incumbe a pessoas conhecidas e de confiança. Os sócios podem deliberar, ao
formarem uma sociedade limitada, que a administração caiba a todos eles. Se isto é feito no
contrato, é porque existe fidúcia entre cada um deles.

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No entanto, é sabido que as quotas sociais, por integrarem o patrimônio de cada um dos sócios,
podem ser vendidas, alterando-se o quadro societário. Caso fosse possível a investidura
automática, na administração, de um novo sócio, isto poderia se transformar em dissabor para
os demais sócios, caso não tivessem com o mesmo a relação de confiança que tinham com o
primeiro.

Por esta razão, o art. 1.060, parágrafo único, dispõe que a administração atribuída aos sócios
no contrato social, não se estende de pleno direito a novos sócios. Ou seja, para que estes
venham a ser administradores, é necessário alterar o contrato social, ou mesmo elaborar ato em
separado para torna-los administradores. Em outras palavras, é necessária nova manifestação
de vontade e fidúcia para investidura dos mesmos na administração.

E) INCORRETA: A alternativa está incorreta, pois inexiste esta vedação no Código Civil. Pelo
contrário, o CC chega até mesmo a disciplinar o quórum para a eleição de administrador
não sócio. Assim, a mesma depende da aprovação da unanimidade dos sócios, se o capital
não estiver integralizado, e de 2/3 do capital, após a integralização, consoante art. 1.061. Da
mesma forma, o não sócio pode ser nomeado administrador tanto no contrato como em ato
separado.

Da analise do quórum necessário para designação de um não sócio como administrador


depreende-se, novamente, a necessidade de robusto apoio dos detentores da sociedade para
tanto, ressaltando-se a importância desempenhada pela confiança no ponto.

GABARITO: D

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

16. Em caso de cumulação lícita de cargos públicos, a vedação jurisprudencial de carga


horária total superior a 60 (sessenta) horas semanais fundamenta-se, especialmente, no
princípio constitucional da:
A) Legalidade.

B) Moralidade.

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C) Impessoalidade.

D) Publicidade.

E) Eficiência.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 2. Princípios da Administração Pública.

Para responder a esta questão, seria necessário assinalar o princípio constitucional mais
relacionado à vedação de que a acumulação de jornadas de cargos públicos ultrapasse 60
horas semanais.

Em relação à acumulação de cargos públicos, é imprescindível conhecer a disciplina


constitucional:

Art. 37. (...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando


houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI:

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas;

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

É interessante, também, conhecer as alterações incorporadas pela Emenda Constitucional nº


77 de 2014, em relação aos militares que ocupam cargos de profissionais de saúde (artigo 142
da Constituição Federal).

Apesar de a Constituição não prever uma carga horária máxima, o STJ considera que, além do
respeito à carga horária, deve haver observância ao princípio constitucional da eficiência, de
modo que uma jornada “pública” superior a sessenta horas semanais parece incompatível com
as condições físicas e mentais necessárias ao bom exercício de dois cargos públicos. Assim,

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decidiu-se o seguinte: “é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico


ou científico quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de sessenta
horas semanais.” (REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2015).

Recentemente, ainda, e no mesmo sentido, o STJ decidiu que “a acumulação remunerada


de cargos deve atender ao princípio da eficiência, na medida em que o profissional de saúde
precisa estar em boas condições físicas e mentais para bem exercer as suas atribuições, o
que depende de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada de trabalho e o
início da outra.” (AgInt no AREsp 1063225/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe 10/11/2017).

A) INCORRETA: Como explicado nos comentários acima, o princípio constitucional que


embasa a vedação jurisprudencial à acumulação de cargos públicos com jornada total superior
a 60 horas semanais é o princípio da eficiência.

B) INCORRETA: Como explicado nos comentários acima, o princípio constitucional que


embasa a vedação jurisprudencial à acumulação de cargos públicos com jornada total superior
a 60 horas semanais é o princípio da eficiência.

C) INCORRETA: Como explicado nos comentários acima, o princípio constitucional que


embasa a vedação jurisprudencial à acumulação de cargos públicos com jornada total superior
a 60 horas semanais é o princípio da eficiência.

D) INCORRETA: Como explicado nos comentários acima, o princípio constitucional que


embasa a vedação jurisprudencial à acumulação de cargos públicos com jornada total superior
a 60 horas semanais é o princípio da eficiência.

E) CORRETA: Vejam com cuidado os comentários acima.

GABARITO: E

17. Acerca da possibilidade de demissão em razão do desatendimento aos ditames da


Lei nº 8.429/92, indique a alternativa correta.
A) Não é causa de demissão a recusa do servidor público em prestar informações
referentes à atualização anual de sua declaração de bens.

B) É possível a condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da


função pública em ação de improbidade administrativa.

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C) A aplicação da pena de demissão por ato de improbidade administrativa só


pode ser feita na via judicial.

D) Caso constatada a prática de ato de improbidade administrativa, o magistrado


deverá aplicar todas as penas correspondentes ao ato praticado previstas no artigo
12 da Lei nº 8.429/92, não lhe sendo possível aplicar apenas parte delas.

E) A concessão, por parte de agente público, de benefício a particular que enseja


o pagamento de ISS em alíquota inferior a 2% constitui ato de improbidade
administrativa, mas não é prevista, para ele, a penalidade de perda da função
pública.

COMENTÁRIO
Pontos do edital: 6. Improbidade Administrativa.

A) INCORRETA: O artigo 13 da Lei nº 8.429/92 condiciona a posse e exercício no cargo


dos agentes públicos à apresentação de declaração de bens e valores que compõem o seu
patrimônio privado (em breve vocês estarão fazendo essas declarações!). Essa exigência
se justifica para que a Administração Pública tenha controle sobre a evolução patrimonial do
servidor público, podendo identificar os casos em que ela é incompatível com a remuneração
por ele percebida. Por isso, o § 2º do referido dispositivo legal dispõe que “a declaração de
bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do
mandato, cargo, emprego ou função”. E o § 3º, por sua vez, determina que “será punido com
a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o
agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou
que a prestar falsa”. Tão grave é a recusa na apresentação dessa declaração que a penalidade
escolhida pela lei foi a demissão.

B) CORRETA: Como se sabe, o STJ tem entendimento pacífico no sentido de que a Lei de
Improbidade se aplica aos agentes políticos. Assim, entendeu-se que “é possível, no âmbito
de ação civil pública de improbidade administrativa, a condenação de membro do Ministério
Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/1992”. Para o
STJ, convivem duas possibilidades de perda do cargo para o membro do MP que pratica ato
ímprobo: “a demissão ou perda do cargo por ato de improbidade administrativa (art. 240, V, “b”,
da LC 75/1993) não só pode ser determinada por sentença condenatória transitada em julgado
em ação específica, cujo ajuizamento deve ser provocado por procedimento administrativo
e é da competência do Procurador-Geral, conforme se extrai da Lei 8.429/1992, c/c com o

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parágrafo único do art. 208 da LC 75/1993, como também pode ocorrer em decorrência do
trânsito em julgado da sentença condenatória proferida em ação civil pública prevista na Lei
8.429/1992”. (REsp 1.191.613-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015, DJe
17/4/2015). Essa conclusão decorreria da redação do caput do artigo 12 da LIA.

C) INCORRETA: A assertiva contraria uma das teses contida na edição nº 40 da Jurisprudência


em teses do STJ, segundo a qual “a aplicação da pena de demissão por improbidade
administrativa não é exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua incidência no
âmbito do processo administrativo disciplinar” (julgados que serviram de base: MS 017537/
DF,Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES,PRIMEIRA SEÇÃO,Julgado em 11/03/2015,DJE 09/06/2015; MS 017666/
DF,Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, PRIMEIRA SEÇÃO, Julgado em 10/12/2014,DJE
16/12/2014).

Assim, tanto o Poder Judiciário pode aplicar a penalidade, na ação de improbidade administrativa,
quanto a própria Administração Pública, no PAD.

D) INCORRETA: Esta alternativa também contraria a jurisprudência do STJ, que admite que
o magistrado dose e aplique, dentre as penalidades previstas no artigo 12, as que entender
adequadas para a punição do ato ímprobo. A mesma edição da Jurisprudência em teses prevê
que “o magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas
no art. 12 da Lei n. 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e
dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as consequências da infração” (base: AgRg
no AREsp 538656/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
Julgado em 23/06/2015,DJE 05/08/2015).

Neste ponto, é interessante lembrar, contudo, que o STJ (REsp 1.582.014/CE, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 07/04/16) decidiu que, no caso de ato que atenta contra os
princípios, não se pode aplicar nem a penalidade de suspensão dos direitos políticos nem a de
proibição de contratar com o poder público em patamar inferior ao mínimo legal estabelecido,
por ausência de previsão. Vejam: “no caso dos autos, ao fixar a condenação baseado no
art. 12, III, da Lei 8.429/92, não poderia o acórdão regional revisar para aquém do mínimo
legal a penalidade imposta, qual seja, dois anos, por manifesta ausência de previsão
legal”.

E) INCORRETA: Essa infração está prevista, de forma específica, no artigo 10-A da LIA, e para
compreendê-la completamente, deve-se ler o artigo 8º-A da Lei Complementar nº 116/2003. É
interessante conhecer o artigo 10-A, pois foi introduzido em 2016 na LIA. O artigo 12, inciso IV,

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da LIA, prevê as seguintes penalidades: “na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três)
vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido”. Logo, o erro da assertiva está
na afirmação de que este ato de improbidade não poderia acarretar perda da função pública.

GABARITO: B

18. Sobre a disciplina legal e a construção doutrinária e jurisprudencial acerca dos


consórcios públicos, indique a alternativa incorreta.
A) Os consórcios públicos podem se constituir como associação pública ou
pessoa jurídica de direito privado.

B) Quando constituídos sob a forma de associação pública, os consórcios públicos


têm natureza jurídica de autarquia interfederativa.

C) Se a União integrar consórcio público de direito público, o foro competente para


a solução de litígios envolvendo o consórcio será a justiça federal.

D) Se determinado consórcio público formado por estados da federação firmar


convênio com a União, a fim de receber transferências voluntárias, o fato de um
dos estados integrantes possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações
para Transferências Voluntárias não é impeditivo à efetivação da transferência.

E) Os bens que compõem o patrimônio das associações públicas são privados,


embora ostentem algumas prerrogativas dos bens públicos.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 12. Convênios e consórcios administrativos.

A) CORRETA (portanto, não é a resposta): Como afirmou no enunciado, os consórcios


públicos podem assumir duas formas: associação pública ou pessoa jurídica de
direito privado. A Lei 11.107/2005, em seu art. 6º, § 1º, dispõe que “o consórcio público
com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os
entes da federação consorciados”. De acordo com o dispositivo mencionado, apenas nos
casos de se constituírem sob a forma de associação pública é que os consórcios públicos
integrarão a Administração Indireta dos entes federativos que o compõem (a interpretação

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que se faz, a contrario sensu, é que, nos casos de se constituírem como pessoa jurídica de
direito privado, não a integrarão). Esse é o entendimento de parte da doutrina, a partir de
interpretação gramatical. Outra parcela dos doutrinadores entende que “trata-se da prestação
de serviço público de forma descentralizada por pessoa jurídica formada exclusivamente por
pessoas da federação e, desse modo, a entidade, pelo sistema vigente, não pode deixar de
integrar a Administração Indireta. Pensamos, pois, que, seja de direito público ou de direito
privado, a entidade representativa do consórcio público se incluirá na administração indireta
dos entes federativos consorciados” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
Administrativo. São Paulo: Atlas, 2012, pp. 230-231). Para a prova objetiva, procurem guardar
o dispositivo legal.

B) CORRETA (portanto, não é a resposta): O comentário da letra “a” acima já dá conta de


que a assertiva está correta. Além disso, Rafael Oliveira faz um quadro com as distinções entre
os consórcios públicos de direito público e os de direito privado, o qual passo a reproduzir:

a) natureza jurídica: autarquia interfederativa;

b) criação: mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo


de intenções (art. 6º, I, da Lei 11.107/2005);

c) objeto: desempenho de atividades administrativas que são da


competência comum dos entes consorciados ou, ainda, que venham
a ser delegadas por um dos partícipes à autarquia plurifederativa;

d) regime de pessoal: há controvérsias, porém, entendemos que o


Consórcio público regime de pessoal da associação pública é o estatutário;
de direito público: e) patrimônio: bens públicos, na forma do art. 98 do CC;
associação pública
f) atos e contratos: as associações públicas editam, em regra, atos
administrativos e celebram contratos administrativos;

g) foro processual: justiça federal, caso a União participe do


consórcio. Nas demais hipóteses é a justiça estadual da sede do
consórcio;

h) responsabilidade civil: em razão da personalidade jurídica de


direito público submetem-se à responsabilidade civil objetiva. Os
entes federados consorciados responderão subsidiariamente.

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a) natureza jurídica: fundação estatal de direito privado


interfederativa;

b) criação: após autorização legal, com a inscrição do ato constitutivo


no respectivo registro;

c) objeto: só podem desenvolver atividades administrativas (ex.:


serviços públicos, formento, etc.) que não envolvam poder de
autoridade;

d) regime de pessoal: empregados celetistas, contratos por concurso


Consórcio público de público;
direito privado e) patrimônio: são bens privados (art. 98 do CC), porém com
algumas prerrogativas de direito público (art. 17 da Lei 8.666/1993);

f) atos e contratos: os atos praticados, no exercício de atividade


administrativas, devem ser considerados atos administrativos,
notadamente para fins de controle;

g) foro processual: justiça estadual;

h) responsabilidade civil: submetem-se à responsabilidade


civil objetiva. Os entes federados consorciados responderão
subsidiariamente.
Fonte: OLVEIRA, Rafael. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2017, p. 168.

C) CORRETA (portanto, não é a resposta): Justifica-se pelo disposto no artigo 109, inciso
I, da Constituição Federal, pois haverá nítido interesse da União na causa. Vejam, ainda uma
vez, o quadro acima, que indica a correção da assertiva.

D) CORRETA (portanto, não é a resposta): O STJ já decidiu que “o fato de ente integrante
de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para
Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a
celebração de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC n.
101/2000” (REsp 1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/11/2015, DJe
15/2/2016).

No caso, o STJ levou em consideração que o consórcio público é pessoa jurídica distinta
daqueles que o formam. Por isso, considerou que “segundo o princípio da intranscendência

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das sanções, não podem as penalidades e as restrições de ordem jurídica superar a dimensão
estritamente pessoal do infrator, não podendo prejudicar os outros entes, sob pena de violação
desse preceito normativo”.

OBS: de acordo com a decisão do STJ, o Executivo Federal poderia, por exemplo, deixar
de selecionar o consórcio em razão do inadimplemento de um dos entes, já que isso estava
dentro de sua discricionariedade, mas não depois de celebrado o convênio. Vejam: “Se a
administração pública decidisse por não selecionar a proposta em razão da inadimplência de
um dos entes consorciados, não haveria óbice algum. No entanto, se aprovado o plano de
trabalho do consórcio público e selecionada a sua proposta, não há que se falar, em razão da
pendência de alguns dos entes consorciados, em irregularidade por parte do consórcio público
para firmar convênio, visto que possui personalidade jurídica própria e relações jurídicas
próprias”.

E) INCORRETA (portanto, é a resposta): Como se pode verificar no quadro do item “b” acima,
os bens das associações públicas são bens públicos.

GABARITO: E

19. Sobre os consórcios públicos, indique a alternativa correta:


A) Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá firmar
acordos de qualquer natureza.

B) A União pode integrar consórcio público em que figure o Município de São


Paulo, ainda que o Estado de São Paulo não participe do mesmo consórcio.

C) Os consórcios públicos não são materializados por contrato.

D) A ratificação do protocolo de intenções, em regra, independe de autorização


legislativa.

E) Embora seja necessária a publicização do protocolo de intenções, não existe


determinação legal para a sua publicação na imprensa oficial.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 12. Convênios e consórcios administrativos.

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A) CORRETA: Embora pareça uma cláusula muito aberta, a alternativa reproduz parte do teor
do artigo 2º, § 1º, inciso I, da Lei 11.107/2005, de acordo com o qual “para o cumprimento de
seus objetivos, o consórcio público poderá: (...) firmar convênios, contratos, acordos de
qualquer natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas
de outras entidades e órgãos do governo”. A lei dos convênios é uma lei curta e que merece
a leitura atenta de vocês, pois a maioria das questões de concurso cobram a sua literalidade.

B) INCORRETA: A assertiva destoa do art. 1º, § 2º, da Lei 11.107/2005: “a União somente
participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em
cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”. Sobre a participação da
União, é importante saber que antes da Lei 11.107/2005, a União não podia integrar consórcios,
mas apenas convênios, entretanto, com a referida lei, há expressa autorização para que a
União integre os consórcios. Porém, a condição que a lei impôs foi a participação concomitante
– em caso de consórcio a ser celebrado com o Município – do Estado onde o Município estiver
inserido.

Assim, na afirmação da questão, a presença do Estado de São Paulo é condição para que a
União realize consórcio em que esteja o Município de São Paulo. Rafael Carvalho Rezende
Oliveira (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Método, 2014, pp. 131-134) apresenta importantes distinções sobre a disciplina dos consórcios
públicos antes e depois da Lei 11.107/2005. Para facilitar o estudo, coloquei-as na seguinte
tabela:

Antes da Lei 11.107/2005 Depois da Lei 11.107/2005


Os consórcios públicos não eram Os consórcios públicos são contratos (art. 3º
considerados contratos. da lei).
A União não poderia integrar consórcios,
A União pode integrar os consórcios.
mas apenas os convênios.
Desnecessidade de autorização legislativa Exigência de autorização legislativa para
para formatação dos consórcios. formatação dos consórcios.
Facultatividade de personificação dos Imposição de personificação dos
consórcios. consórcios.

C) INCORRETA: Como se extrai do quadro acima, a assertiva contraria o disposto no artigo 3º


da Lei nº 11.107/2005, segundo o qual “o consórcio público será constituído por contrato
cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções”. Assim, os
consórcios são materializados por contrato, mas, antes de sua celebração, deverá haver prévia

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subscrição de protocolo de intenções, cujas cláusulas obrigatórias estão elencadas no artigo


4º do referido diploma legal.

D) INCORRETA: O artigo 5º, caput, da Lei nº 11.107/2005 prevê que “o contrato de consórcio
público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções”. A
exceção fica por conta do § 4º do referido dispositivo, para o qual “é dispensado da ratificação
prevista no caput deste artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de
intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público”. Trata-se, contudo, de
um caso específico. A regra, como se viu, é a necessidade de autorização legislativa e, aliás,
mesmo a exceção pressupõe uma autorização legislativa que, embora abstrata, foi prévia.

E) INCORRETA: O artigo 4º, § 5º, da Lei nº 11.107/2005 exige a publicação do protocolo de


intenções na imprensa oficial, nos simples termos: “o protocolo de intenções deverá ser
publicado na imprensa oficial.”

GABARITO: A

20. Sobre a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de direito público,
indique a(s) assertiva(s) correta(s):
I. A regra de responsabilização objetiva com base no artigo 37, § 6º, da Constituição
da República, tratando-se de prestação de serviços públicos, não é extensível aos
não usuários que sofram danos decorrentes da atividade estatal.

II. O prazo prescricional das ações ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal.

III. O Estado de São Paulo pode ser responsabilizado em ação de indenização por
danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
atendimento custeado pelo SUS.

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) Apenas I.

E) Apenas II.

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COMENTÁRIO
Ponto do edital: 18. Responsabilidade extracontratual do Estado.

I. INCORRETA. No RE 591874, de 2009, o STF decidiu que a responsabilidade objetiva


é tanto em relação aos usuários quanto aos não usuários. É interessante conhecer a
argumentação do Relator: “Ao citar Celso Antônio Bandeira de Mello, o ministro Ricardo
Lewandowski asseverou que a Constituição Federal não faz qualquer distinção sobre a
qualificação do sujeito passivo do dano, ou seja, “não exige que a pessoa atingida pela lesão
ostente a condição de usuário do serviço”. Assim, salientou que “onde a lei não distingue, não
cabe ao interprete distinguir.” (Notícia do site do STF. Disponível no endereço: <http://www.stf.
jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112429>, acesso em 16/03/2018).

II. CORRETA. A assertiva reflete a tese acolhida pelo STJ, pela qual “o prazo prescricional
das ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal (Decreto n.
20.910/1932), tendo como termo a quo a data do ato ou fato do qual originou a lesão
ao patrimônio material ou imaterial” (v., p. ex., o AgRg no AREsp 850760/RS,Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,Julgado em 07/04/2016,DJE 15/04/2016).

Neste ponto, vale lembrar que, em maio de 2016, quando do julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 2418, o Supremo Tribunal Federal analisou a compatibilidade de
determinados dispositivos da Lei nº 9.494/1997 com a Constituição da República, dentre os
quais o artigo 1º-C, que dispõe que “prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização
dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviços públicos”. Essa disposição se assemelha à que já
existia no artigo 1º do Decreto 20.910/1932, em relação aos entes da administração direta.
Assim, o STF, quanto àquele dispositivo, decidiu o seguinte: “é constitucional a norma decorrente
do art. 1º-C da Lei 9.494/1997, que fixa em cinco anos o prazo prescricional para as ações
de indenização por danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, reproduzindo a regra já
estabelecida, para a União, os Estados e os Municípios, no art. 1º do Decreto 20.910/1932”
(ADI nº 2418, Rel. Min. Teori Zavascki, j. em 04/05/2016.

III. INCORRETA. Pessoal, eu já fiz esta questão nos nossos cursos para concursos federais,
porque o precedente do STJ diz respeito à União (EREsp 1.388.822/RN, Rel. Min. Og
Fernandes, j. em 13/5/2015). Porém, idêntico raciocínio pode ser aplicado para afastar a
responsabilização dos Estados em casos análogos, já que a base da decisão foi a distribuição
de competências na lei do SUS. Com efeito, naquele caso, decidiu-se que a União não tem

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legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro médico


ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único
de Saúde (SUS). Foi acolhida a tese da AGU, que se baseava no artigo 18 da Lei nº 8.080/90,
segundo o qual a função de fiscalizar e controlar os serviços de saúde é dos Municípios. Com
efeito, o art. 18, X, do referido diploma legal dispõe o seguinte:

Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:

(...)

X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com


entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar
sua execução.

ATENÇÃO: como advertiu o Dizer o Direito: “Não se deve confundir a obrigação solidária dos
entes federativos em assegurar o direito à saúde e garantir o acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, com a responsabilidade
civil do Estado pelos danos causados a terceiros. Nesta, o interessado busca uma reparação
econômica pelos prejuízos sofridos, de modo que a obrigação de indenizar se sujeita à
comprovação da conduta, do dano e do respectivo nexo de causalidade. Dessa forma, não
há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União, seja porque a conduta não
foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade de aferir-se a existência de culpa in
eligendo ou culpa in vigilando1”.

A) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

B) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que as alternativas I e III estão corretas, o
que destoa dos comentários feitos acima.

C) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa III está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

D) INCORRETA: Este não é o gabarito, pois afirma que a alternativa I está correta, o que
destoa dos comentários feitos acima.

E) CORRETA: Este é o gabarito, pois afirma que apenas a alternativa II está correta, o que
corresponde aos comentários feitos acima.

1 Recomendo a leitura do Informativo comentado: <http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/informativo-


esquematizado-563-stj_27.html>. Acesso em 11/05/2017.

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GABARITO: E

PROFESSOR: WOLKER BICALHO


E-mail: profcei.wolkerbicalho@gmail.com

DIREITO DE PESSOAL E PREVIDENCIÁRIO PÚBLICO

21. Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e da Carta Política de


1988, é CORRETO afirmar, em relação ao teto constitucional previsto no art. 37, XI, da
Constituição Federal, o seguinte:
A) A cláusula da irredutibilidade de vencimentos autoriza a percepção de valores
que superem o teto constitucional, mesmo que de forma nominal.

B) O limite incidente sobre a remuneração dos Procuradores Autárquicos é


o mesmo incidente sobre a dos Procuradores do Estado, equivalente a 90,25%
(noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal.

C) A Constituição Federal permite ao Conselho Nacional de Justiça estabelecer


formas de escalonamento e diferenciação do teto remuneratório entre os membros
da magistratura federal e estadual.

D) O teto deve incidir sobre a soma dos valores de todas as espécies remuneratórias
percebidas pelo servidor, salvo para acumulações de cargos, empregos e funções
públicos regularmente constituídas até da Emenda Constitucional 41/03, quando
o teto incidirá de forma isolada sobre cada remuneração, preservando-se o direito
adquirido.

E) Aplica-se o teto constitucional à remuneração, ao subsídio, aos proventos,


às pensões bem como às vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, de
caráter remuneratório ou indenizatório.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8. Sistema remuneratório. Subsídios, vencimentos e vantagens.

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A) Em que pese a decisão no Mandado de Segurança nº 24.875 (Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
julgado em 11.05.2006), de que “ sob o pálio da garantia da irredutibilidade de vencimentos
-, têm direito a continuar percebendo o acréscimo de 20% sobre os proventos, até que seu
montante seja absorvido pelo subsídio fixado em lei para o Ministro do Supremo Tribunal
Federal”, a Suprema Corte mudou radicalmente de entendimento.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recursos Extraordinários nº 609.381 e nº


606.358 (Rel Min. Teori Zavascki, julgado em 02.10.2014; Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
18.11.2015) fixou tese de que “o teto de retribuição estabelecido pela Emenda Constitucional
nº 41/03 é de eficácia imediata, submetendo às referências de valor máximo nele discriminadas
todas as verbas de natureza remuneratória percebidas pelos servidores públicos da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, ainda que adquiridas de acordo com regime legal
anterior”. Portanto, diante da literalidade do dispositivo, a assertiva está INCORRETA.

B) De acordo com o voto do Min. Ricardo Lewandowski, “a Constituição quando utilizou o termo
‘Procuradores’ o fez de forma genérica, sem distinguir entre os membros das distintas carreiras
da Advocacia Pública. Assim, seria desarrazoada uma interpretação que, desconsiderando
o texto constitucional, exclua da categoria de “Procuradores” os defensores das autarquias,
mesmo porque aplica-se, à espécie, o brocardo latino ‘ubi lex non distinguit, nec interpres
distinguere debet’.” (“onde a lei não distingue, não é dado ao intérprete fazê-lo”).

Diante disso, o Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 558.258, da relatoria


do ministro Ricardo Lewandowski, assentou que a ‘referência ao termo ‘Procuradores’, na
parte final do inciso XI do art. 37 da Constituição, deve ser interpretada de forma a alcançar os
Procuradores Autárquicos, uma vez que estes se inserem no conceito de Advocacia Pública
trazido pela Carta de 1988. No mesmo sentido: RE 574.203 ArG, Min. Gilmar Mendes, DJe de
19.11.12. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

C) O Supremo Tribunal Federal decidiu, em sede de liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade


nº 3.854, que é inconstitucional a fixação diferenciada do teto remuneratório constitucional entre
os membros da magistratura federal e estadual, diante do Caráter Nacional do Poder Judiciário
(Rel. Min. Cezar peluso, julgamento em 28.02.2007). Diante do exposto, esta assertiva está
INCORRETA.

D) Não se pode olvidar que o Supremo Tribunal Federal, ao interpretar o limite para fins
remuneratórios, decidiu que nas situações jurídicas em que a Constituição autoriza a cumulação
excepcional de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada
um deles, e não ao somatório do que é recebido (Vide RE 612.975 e RE 602.043, Rel. Min.

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Marco Aurélio, Dje 08.9.2017).

A Suprema Corte, fixou a tese que impõe a incidência isolada do teto constitucional em
quaisquer hipóteses de acúmulos autorizados pela Lei Maior, independentemente de se tratar
de situações consolidadas antes ou depois da Emenda Constitucional nº 41/03. Portanto, esta
assertiva está INCORRETA.

E) O art. 37, XI, da Constituição Federal (dada pela Emenda Constitucional nº 41/03) prevê
a incidência do teto constitucional sobre as seguintes parcelas: a remuneração, o subsídio,
os proventos, as pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. Apesar disso, a Emenda
Constitucional nº 47/05 incluiu o §11 ao art. 37 da Constituição Federal para esclarecer que
“não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei”. Diante do exposto,
esta assertiva está INCORRETA.

GABARITO: B

22. A exoneração do servidor público poderá ocorrer diante das seguintes situações,
EXCETO:
A) A pedido do próprio servidor.

B) Quando o servidor não for aprovado no estágio probatório, após avaliação


especial de desempenho.

C) Não cumprimento pelo Poder Público do limite de despesa de pessoal


estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal.

D) Quando o servidor não tomar posse dentro do prazo legal.

E) A critério do Governo, quando se tratar de ocupante de cargo em comissão.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 2. Servidores públicos.

A) O art. 86 da Lei 10.261/68 traz, algumas hipóteses de exoneração do servidor público, a


saber: a) exoneração a pedido; b) exoneração ex officio por deliberação do Poder Público

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nos casos de cargos em comissão de livre nomeação e exoneração; bem como no caso de o
servidor não entrar em exercício dentro do prazo legal. Portanto, esta assertiva está CORRETA.

B) A Emenda Constitucional nº 19/1998 (Reforma Administrativa), ao alterar o art. 41


(estabilidade do servidor público) e o art. 169 da Constituição da República (limite de gastos
de pessoal), trouxe outras modalidades de exoneração ex officio do servidor, a saber: (i) caso
o servidor público não seja aprovado na avaliação periódica de desempenho, bem como (ii)
na hipótese de o Poder Público não respeitar o limite de despesa de pessoal nos termos do
art. 169, §4º, da Magna Carta. No primeiro caso, é importante lembrar que o servidor em
estágio probatório deverá ser submetido à avaliação especial de desempenho para fins de
aquisição da estabilidade (art. 41,§4º, Constituição), caso não demonstrado os requisitos para
o exercício do cargo o servidor será exonerado ex officio pela autoridade competente. Portanto,
esta assertiva está CORRETA.

C) A segunda hipótese citada na letra “B” (limite de despesa de pessoal), é importante frisar,
que de acordo com o art. 169, §4º, da Lex Maior, deverá o Poder Público antes de exonerar
os servidores estáveis, promover a redução de 20% das despesas com cargos em comissão,
bem como a exoneração dos servidores não estáveis. Somente após essas condutas e não
se adequando aos limites da LC 101/2000, o corte poderá atingir os servidores estáveis, que
deverão ser indenizados em valor correspondente a um mês de remuneração por ano de
serviço. Ademais, neste caso, ao Poder Público é vedada a criação de cargo, emprego ou
função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. Portanto, esta
assertiva está CORRETA.

D) Provido o cargo pela nomeação, o próximo passo é a investidura do agente público no


cargo ou no emprego público pela posse. A posse é um ato pessoal do administrado (do
particular e não da Administração) pelo qual ele declara, expressamente, a sua determinação
de aceitar o cargo, submetendo-se ao regime jurídico funcional. Antes dele, portanto, não há
qualquer vinculação a regime jurídico e impossibilidade de a Administração Pública promover
a exoneração ex officio do administrado. Desse modo, diferentemente do exercício, conforme
dito na letra “A”, se a posse não se der dentro do prazo, será tornado sem efeito o ato de
provimento, nos termos do art. 52, §3º, da Lei nº 10.261/68.Portanto, esta assertiva está
INCORRETA.

E) Pelos mesmos fundamentos da letra “A”, a assertiva está CORRETA.

GABARITO: D

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23. A inscrição no Regime de Previdência Complementar instituído pela Lei nº 14.653/2011


ocorrerá:
A) De forma automática, para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham
entrado em exercício antes da instituição do Regime de Previdência Complementar.

B) De forma automática para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
cuja remuneração seja superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.

C) De forma opcional para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
independentemente do valor da remuneração.

D) De forma opcional para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
cuja remuneração seja superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.

E) De forma automática para os servidores titulares de cargos efetivos que tenham


entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar,
independentemente do valor da remuneração.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 20. Regime de previdência complementar do servidor público.

A) Os servidores que tenham ingressado no serviço público a partir de 21 de janeiro de 2013


(data de efetiva instituição do Regime de Previdência Complementar) terão os benefícios e
a base de cálculo das contribuições sociais do regime básico do Estado de São Paulo ficam
limitados ao teto do Regime Geral de Previdência Social, de acordo com o regramento
constitucional estabelecido nos §§14 a 16 da Lex Maior.

Os servidores titulares de cargos efetivos que tenham entrado em exercício antes da instituição
do Regime de Previdência Complementar, todavia, não serão compulsoriamente inscritos neste
Regime. A Constituição da República permite, no art. 40, §16, o ingresso destes servidores
novo Regime de Previdência Complementar mediante expressa “opção”.

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A Lei estadual nº 14.653/2011, com a alteração promovida por meio da Lei 16.391/2014,
por sua vez, assevera que estes servidores poderão aderir aos planos de benefícios da SP-
PREVCOM, porém, sem qualquer contrapartida do Estado (art. 1º, §6º). Diante do exposto, a
assertiva está INCORRETA.

B) Recente alteração da Lei estadual nº 14.653/2011, promovida após a promulgação da Lei


estadual nº 16.675, de 13 de maio de 2018, estabelece que os servidores efetivos que tenham
entrado em exercício após a instituição do Regime de Previdência Complementar (além dos
demais segurados previstos no art. 1º da Lei estadual nº 14.653/2011), serão automaticamente
inscritos no respectivo plano de previdência complementar desde a data de entrada em
exercício, desde que recebam remuneração superior ao limite máximo estabelecido para os
benefícios do Regime Geral de Previdência Social (art. 1º, §4º, da Lei estadual nº 14.653/2011).

Todavia, essa adesão deve ser entendida como medida de política administrativa, uma vez
que a adesão ao plano de benefícios do Regime de Previdência Complementar, nos termos
do art. 40, §15, e art. 202, caput, da Constituição da República tem caráter facultativo. Diante
disso, a própria Lei estadual nº 16.675/2018, que alterou a Lei estadual nº 14.653/2011,
criou a hipótese de cancelamento da inscrição no prazo de até 90 (noventa) dias, com a
correspondente restituição das contribuições vertidas, a ser paga em até 60 (sessenta) dias do
pedido de cancelamento, atualizadas pela variação das cotas do plano de benefícios.

As contribuições realizadas pelo patrocinador, por suas vezes, serão restituídas à respectiva
fonte pagadora, também no prazo de até 60 (sessenta) dias do pedido de cancelamento,
atualizadas pela variação das cotas do plano de benefícios.

Diante do exposto, a assertiva está CORRETA.

C) A hipótese prevista nesse item era a correta até a promulgação da Lei estadual nº 16.675,
de 13 de maio de 2018, que modificou a Lei estadual nº 14.653/2011, cujo §4º estabelecia que
a integração ao regime de previdência complementar depende de adesão, mediante prévia
e expressa opção do interessado por plano de benefícios instituído nos termos da lei. Em
consonância com a faculdade de adesão dos planos de benefícios prevista nos art. 40, §15, e
art. 202, caput, da Constituição da República. Diante do exposto, a assertiva está INCORRETA.

D) Pelos mesmos fundamentos das letras “B” e “C”, a assertiva está INCORRETA.

E) Para aqueles servidores efetivos cuja remuneração não ultrapasse o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, a inscrição no Regime
de Previdência Complementar bandeirante é optativa, nos termos do art. 40, §15, e art. 202,

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caput, da Constituição da República e do art. 29 da Lei estadual nº 14.653/201, tendo em vista


que neste caso não haverá qualquer contribuição do patrocinador e a base-de-cálculo será
fixada no plano de custeio. Diante do exposto, a assertiva está INCORRETA.

GABARITO: B

24. Ana Paula servidora pública estadual tomou posse e entrou em exercício no serviço
público em 20 de janeiro de 1999. Em 24 de dezembro de 2012, ao preparar os arranjos
de natal, caiu da escada de sua residência e lesionou a coluna. Após perícia médica
pelo órgão médico oficial do Estado, constatou-se a incapacidade permanente de Ana
Paula para o trabalho. A decisão pela aposentadoria por invalidez foi publicada no Diário
Oficial de 9 de janeiro de 2013. Diante desse caso hipotético, os proventos de Ana Paula:
A) serão integrais, calculados sobre a média aritmética simples das maiores
remunerações.

B) serão proporcionais ao tempo de serviço, calculados sobre a média aritmética


simples das maiores remunerações.

C) serão calculados com base na última remuneração do cargo efetivo em que se


der a aposentadoria.

D) serão calculados com base na última remuneração do cargo efetivo em que


se der a aposentadoria, todavia limitados ao teto do Regime Geral de Previdência
Social.

E) serão proporcionais ao tempo de contribuição, calculados sobre a média


aritmética simples das maiores remunerações.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 17. Regime próprio de previdência dos servidores do Estado de
São Paulo. Entidade gestora. Custeio. Segurados. Beneficiários. Benefícios previ-
denciários. Aposentadoria. Pensão por morte.

A) A aposentadoria por invalidez decorre de infortúnio causado ao servidor que o impeça


permanentemente de exercer sua atividade funcional. A sistemática de cálculo deste benefício
previdenciário foi alterada pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998, nº 41/2003 e nº 70/2012.

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A regra atual prevê que os proventos da aposentadoria por invalidez serão proporcionais ao
tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei (art. 40, §1º, I, da Constituição
da República). Somente nestes casos, que não se aplicam à hipótese de Ana Paula, os
proventos da aposentadoria por invalidez serão integrais, calculados pela média das maiores
remunerações, nos termos do §§ 3º, e 17 do art. 40 da Constituição da República c/c art. 1º
da Lei federal 10.887/2004.

Nesse sentido, recentemente o Supremo Tribunal Federal decidiu que “os proventos de
aposentadoria por invalidez decorrente de doença grave ou acidente de trabalho (art. 40, § 1º,
I, da CF) correspondiam à integralidade da remuneração percebida pelo servidor no momento
da aposentação, até o advento da EC 41/2003, a partir de quando o conceito de proventos
integrais deixou de ter correspondência com a remuneração recebida em atividade e foi definida
pela Lei 10.887/2004 como a média aritmética de 80% da melhores contribuições revertidas
pelo servidor ao regime previdenciário [...]”. (STF. RE 924.456. Rel. do ac. Min Alexandre de
Morais, julgado em 5 de abril de 2017).

Diante do exposto, a resposta esta INCORRETA.

B) O art. 40, § 1º, I, da CF assegura aos servidores públicos abrangidos pelo regime de previdência
nele estabelecido o direito a aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição. O benefício será devido, como dito na letra “A”, com proventos integrais
quando a invalidez for decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.

Deve-se lembrar que, com a promulgação da Emenda Constitucional nº 20/1998, a contagem


ficta de tempo de contribuição e o respectivo benefício da aposentadoria por tempo de serviço
não mais subsistem no ordenamento jurídico constitucional, sendo o tempo de contribuição
o requisito para o cálculo da aposentadoria por invalidez. Diante do exposto, a resposta esta
INCORRETA.

C) A Emenda Constitucional nº 70/2012 criou uma regra de transição para aqueles servidores
que ingressaram no serviço público em data anterior à publicação da Emenda Constitucional
nº 41/2003 e se aposentaram (ou aposentarão) por invalidez após esta emenda. Esses
servidores (como é o caso hipotético de Ana Paula) terão seus proventos calculados com
base na remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, aplicando-se a média
aritmética prevista nos §§ 3º e 17 do art. 40 da Constituição da República c/c art. 1º da Lei
federal 10.887/2004.

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Ademais, a Emenda Constitucional nº 70/2012, garantiu que as aposentadorias por invalidez


fundadas no art. 6º-A da Emenda Constitucional nº 41/2003 e as pensões dela decorrentes
serão reajustadas pela regra da “paridade”, ou seja, na mesma proporção e na mesma data,
sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade.

Não é demais lembrar que o art. 2º da Emenda Constitucional nº 70/2012 limita os efeitos
financeiros da revisão das aposentadorias concedidas após 01.01.2004, nos seguintes termos:

Art. 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assim como as


respectivas autarquias e fundações, procederão, no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias da entrada em vigor desta Emenda Constitucional, à revisão das aposentadorias,
e das pensões delas decorrentes, concedidas a partir de 1º de janeiro de 2004, com
base na redação dada ao § 1º do art. 40 da Constituição Federal pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, com efeitos financeiros a partir
da data de promulgação desta Emenda Constitucional.

Campos esclarece que “Não devem ser revistas as aposentadorias por invalidez concedidas
antes de 01.01.2004 e as pensões dela decorrentes, visto que já foram calculadas, integral
ou proporcionalmente, com base na remuneração do servidor no cargo e são reajustadas de
acordo com as variações ocorridas nessa remuneração, com fundamento na EC 20/98 (art.
7º, ON/MPS/SPS 1/2012)”. (CAMPOS, Marcelo Barroso Lima Brito de. Regime próprio de
previdência social dos servidores públicos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Juruá, 2013, p. 232).

O Supremo Tribunal Federal, nesse sentido, decidiu que “[...] A EC 70/2012 inovou no
tratamento da matéria ao introduzir o art. 6º-A no texto da EC 41/2003. A regra de transição
pela qual os servidores que ingressaram no serviço público até a data de promulgação da
EC 41/2003 terão direito ao cálculo de suas aposentadorias com base na remuneração do
cargo efetivo foi ampliada para alcançar os benefícios de aposentadoria concedidos a esses
servidores com fundamento no art. 40, § 1º, I, CF, hipótese que, até então, submetia-se ao
disposto nos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da CF. Por expressa disposição do art. 2º da EC 70/2012,
os efeitos financeiros dessa metodologia de cálculo somente devem ocorrer a partir da data
de promulgação dessa Emenda, sob pena, inclusive, de violação ao art. 195, § 5º, CF, que
exige indicação da fonte de custeio para a majoração de benefício previdenciário. Recurso
provido, com afirmação de tese de repercussão geral: “Os efeitos financeiros das revisões de
aposentadoria concedidas com base no art. 6º-A da EC 41/2003, introduzido pela EC 70/2012,
somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30-2-2012)”. (STF. RE 924.456.
Rel. do ac. Min Alexandre de Morais, julgado em 5 de abril de 2017). Diante de todo o exposto,
esta assertiva está CORRETA.

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D) Além do disposto na letra “A”, a possibilidade de redução dos proventos ao teto do Regime
Geral de Previdência Social, no Estado de São Paulo, somente se deu com a instituição do
Regime de Previdência Complementar, em 21 de janeiro de 2013 (data da efetiva criação do
Regime previsto na Lei estadual nº 14.653/2011). Tal hipótese não se aplica ao caso em tela.
Portanto, esta assertiva está INCORRETA.

E) A aposentadoria por invalidez será proporcional ao tempo de contribuição se não decorrer


de acidente de serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
na forma da lei. Essa proporção será aplicada sobre a média das maiores remunerações,
nos termos do §§ 3º e 17 do art. 40 da Constituição da República c/c art. 1º da Lei federal
10.887/2004, diminuindo o valor final da aposentadoria. Esse valor, conforme já decido pelo
Supremo Tribunal Federal, não poderá ser inferior ao mínimo legal (STF. RE 340.599, Rel. Min
Sepulveda Pertence, julgado em 28.10.2003).

Entretanto, essa regra geral não se aplica ao caso telado, tendo em vista a incidência da
Emenda Constitucional nº 70/2012, conforme estudado na letra “C”. Portanto, esta assertiva
está INCORRETA.

GABARITO: C

25. A respeito do procedimento disciplinar em face de Procurador do Estado, nos termos


da Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, é CORRETO afirmar que:
A) Compete à Procuradoria de Procedimentos Disciplinares realizar, desde a
portaria inicial até o relatório conclusivo, os procedimentos disciplinares em face
dos Procuradores do Estado.

B) Quando não houver elementos suficientes para a caracterização da infração ou


da sua autoria, será instaurada sindicância preliminar, de natureza investigativa.

C) A portaria que instaura o processo administrativo disciplinar em face de


Procurador do Estado suspende o prazo prescricional da pretensão punitiva do
Estado.

D) O prazo de prescrição começa a correr no momento em que o Poder Público


toma ciência da irregularidade cometida pelo Procurador do Estado.

E) O processo administrativo disciplinar será instaurado por determinação do

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Procurador Geral, do Corregedor Geral ou do Conselho da Procuradoria Geral do


Estado.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. O exercício da advocacia do Estado. Normas constitucionais. A
Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado.

A) De acordo com o art. 42 da Lei Complementar nº 1.270/2015, é atribuição da Procuradoria


de Procedimentos Disciplinares realizar, desde a portaria inicial até o relatório conclusivo,
os procedimentos disciplinares não regulados por lei especial, em face de servidores da
Administração Direta e Autárquica, independentemente de seu regime jurídico.

Todavia, os procedimentos disciplinares dos Procuradores do Estado seguem regime


diferenciado previsto na Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, sendo
que o art. 17, VII, estabelece que à Corregedoria da Procuradoria Geral do Estado compete
realizar, com exclusividade, procedimentos disciplinares contra integrantes da carreira de
Procurador do Estado. Diante disso, a assertiva está INCORRETA.

B) De acordo com o art. 141, §2º, da Lei Complementar nº 1.270/2015, quando não houver
elementos suficientes para a caracterização da infração ou da sua autoria, será instaurada
apuração preliminar, de natureza investigativa.

A sindicância, por sua vez, é instaurada após a existência de indícios de autoria e materialidade,
para apuração de falta disciplinar, cuja natureza possa determinar as penas de repreensão,
suspensão ou multa, conforme art. 141, II, da Lei Complementar nº 1.270/2015.

Os processos mais complexos, cuja pena por sua natureza possa determinar as penas
de demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, serão realizados por meio do processo administrativo disciplinar, conforme art.
141, II, da Lei Complementar nº 1.270/2015. Portanto a resposta está INCORRETA.

C) A portaria que instaura sindicância ou a que instaura processo administrativo interrompe


a prescrição, nos termos do art. 140, §1º, da Lei Complementar nº 1.270/2015. Diante disso,
Lourenço assevera que, “diante dessa interrupção, o prazo prescricional simplesmente ‘zera’,
ou seja, passa a ser contado novamente desde o início” (Lourenço, Messias José. Direito
Administrativo Disciplinar e Legislação Paulista. In. Teoria Geral do Processo Administrativo.
Orgs.: Mônica de Almeida Magalhães Serrano e Alessandra Obara Soares da Silva. Editora
Verbatim: São Paulo, 2013, p. 539).

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Não se pode olvidar que a prescrição não corre: a) enquanto sobrestado o procedimento
administrativo para aguardar decisão judicial; b) enquanto insubsistente o vínculo funcional
que venha a ser restabelecido, conforme previsão do art. 140, §3º, da Lei Complementar nº
1.270/2015.

Portanto a resposta está INCORRETA.

D) A prescrição da pretensão punitiva do Estado será de 2 (dois) anos, da infração punível


com repreensão, suspensão ou multa; e de 5 (cinco) anos, da infração punível com demissão,
demissão a bem do serviço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

Se a infração disciplinar também é prevista em lei como infração penal, conta-se o prazo da
prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) anos, conforme art. 139 da
Lei Complementar nº 1.270/2015 cc art. 109 do Código Penal.

Esses prazos começam a correr do dia em que a falta for cometida ou dia em que tenha
cessado a continuação ou a permanência, nas faltas continuadas ou permanentes, e não do
dia em que a Administração Pública tomou conhecimento do ilícito administrativo (art. 140, I e
II, da Lei Complementar nº 1.270/2015). Portanto a resposta está INCORRETA.

E) De acordo com o art. 142 da Lei Complementar nº 1.270/2015, tanto a sindicânica quanto o
processo administrativo disciplinar serão instaurados por determinação do Procurador Geral,
do Corregedor Geral ou do Conselho da Procuradoria Geral do Estado. Portanto, a assertiva
está CORRETA.

GABARITO: E

PROFESSOR: RODRIGO LEVKOVICZ


E-mail: profcei.rodrigolevkovicz@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL

26. Considerando as hipóteses reguladas pela Resolução SMA n° 48/14, assinale a


alternativa INCORRETA:

A) Independentemente da quantidade de agravantes, ressalvado o caso de


reincidência, o valor da multa será aplicado em dobro uma única vez.

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B) A facilitação por funcionário público no exercício de suas funções para a prática


de uma infração administrativa ambiental, constitui circunstância agravante.

C) Na ausência e impossibilidade de identificação dos autores, diretos ou


indiretos, da infração, as penalidades recairão sobre os proprietários do imóvel,
arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, e
promitentes compradores.

D) O autuado relativamente incapaz será responsabilizado administrativamente,


sendo que, em caso de inadimplemento da multa ambiental, constarão na Certidão
da Dívida Ativa os responsáveis legais pela sua satisfação pecuniária.

E) A demolição de obra, edificação ou construção não habitada e utilizada


diretamente para a infração ambiental só é possível após a confirmação do auto
de infração ambiental.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 15 Responsabilidade administrativa.

A) CORRETA: As circunstâncias agravantes ainda que cumuladas só poderão ensejar a


aplicação em dobro do valor da multa, conforme estabelece o § 2º do artigo 7° da Resolução
SMA n° 48/14. No caso de reincidência específica (praticar a mesma infração ambiental),
contudo, a autoridade ambiental deve triplicar o valor da multa aplicada, conforme estabelece
o inciso I do artigo 6° de referida Resolução. Sobre essa temática, ainda, é importante registrar
que a reincidência se dá, nos termos do caput do artigo 6° da Resolução SMA 48/14, pelo
cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo autor, no período de 05 anos, contados
da lavratura do Auto de Infração Ambiental anterior devidamente confirmado por decisão
administrativa transitada em julgado.

B) CORRETA: Quando não integrarem o tipo administrativo, são circunstâncias agravantes,


ter o agente cometido a infração: (i) para obter vantagem pecuniária; (ii) atingindo áreas de
unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
(iii) em período de defeso à fauna; (iv) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
(v) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; (vi) mediante fraude;
(vii) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
(viii) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções e (ix) a reincidência,

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C) CORRETA: A responsabilidade ambiental pode ser atribuída a todos aqueles que


concorreram, por ação ou omissão, para a prática do ato. Todos aqueles que por sua situação
jurídica em relação ao bem tinham o dever de protegê-lo, ainda que não se qualifiquem como
autores diretos da infração poderão ser sancionados, conforme estabelece o caput do artigo
3° da resolução SMA n° 48/14 - que considera como sujeito ativo da infração administrativa
ambiental, qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que tenha
concorrido, por ação ou omissão, para a prática da infração. Não obstante, é importante
perceber que o § 1º do artigo 3° da Resolução SMA n° 48/14 estabelece uma ordem
preferencial de responsabilização pois as penalidades incidirão sobre os autores diretos
e indiretos, alcançando, na sua ausência e impossibilidade de identificação, proprietários do
imóvel, arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes
compradores, bem como, de modo compartilhado, autoridades que se omitirem ou facilitarem
na prática do ato, na forma prevista nesta Resolução e demais legislação em vigor.

D) CORRETA: A regra prevista pela alternativa está contemplada no § 3° do artigo 3° da


Resolução SMA n° 48/14 e está em consonância com o disposto no artigo 932, c.c., o artigo
4°, ambos do Código Civil.

E) INCORRETA: A regra geral estabelecida no § 1° do artigo 21 da Resolução SMA n° 48/14,


no sentido de que a demolição poderá ser feita pela administração ou pelo infrator, em prazo
assinalado pela autoridade ambiental, somente após a confirmação do Auto de Infração
Ambiental, é mitigada pelo § 4° do mesmo dispositivo legal, que, autoriza, excepcionalmente, a
demolição no ato de fiscalização, nos casos em que se constatar que a ausência da demolição
importa em iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde.

GABARITO: E

27. Em relação a Lei Estadual n° 15.684/15, que dispõe sobre o Programa de Regularização
Ambiental-PRA, assinale a alternativa CORRETA:
A) O proprietário ou o possuidor do imóvel rural não poderá alterar a localização
da área de Reserva Legal no PRA.

B) Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que disponham de mais de


uma propriedade ou posse, em área contínua, deverão efetuar inscrição no CAR
separadamente para cada um desses imóveis.

C) O Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas do PRA é ato de

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confissão irrevogável e irretratável dos fatos e situações nele contidos.

D) A execução do Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas


deverá ser concluída em até 20 (vinte) anos, na forma e tempo estabelecidos pelo
interessado, mediante a aprovação da autoridade competente.

E) Os termos de compromissos referentes às Áreas de Preservação Permanente, de


Reserva Legal e de uso restrito, firmados sob a vigência da legislação anterior, não
poderão ser revistos para se adequarem ao disposto na Lei Federal nº 12.651/12.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 10 – CAR e PRA.

A) INCORRETA: O proprietário ou o possuidor do imóvel rural poderá alterar a localização da


área de Reserva Legal no PRA, mediante aprovação do órgão ambiental competente, desde
que a nova área de Reserva Legal esteja inserida no imóvel que continha a Reserva Legal
de origem, em área com tipologia vegetacional, solo e recursos hídricos semelhantes ou em
melhores condições ambientais que a área anterior, observados os critérios técnicos que
garantam ganho ambiental, conforme estabelecem o caput e § 1° do artigo 35 da Lei Estadual
n° 15.684/15.

B) INCORRETA: A inscrição da propriedade ou posse rural no Cadastro Ambiental Rural -


CAR, deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, indicado
no site da Secretaria do Meio Ambiente e integrado com o Sistema de Cadastro Ambiental
Rural - SICAR, o qual, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: (i)
a identificação do proprietário ou possuidor rural; (ii) a comprovação da propriedade ou posse;
(iii) identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das
coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel rural,
informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação
Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também
da localização da Reserva Legal. Contudo, ao contrário do que se consignou na alternativa,
os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que disponham de mais de uma propriedade
ou posse, em área contínua, deverão efetuar única inscrição para esses imóveis, conforme
estabelece o § 3° do artigo 2° da Lei Estadual n° 15.684/15.

C) CORRETA: O Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas do PRA é ato


de confissão irrevogável e irretratável dos fatos e situações nele contidos, podendo, no caso

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de inadimplência e não havendo possibilidade de regularização, acarretar o ajuizamento de


ação judicial cabível, com finalidade de se ver cumprida a obrigação de fazer, individualizada
no processo administrativo, conforme estabelece o artigo 8° da Lei Estadual n° 15.684/15.

D) INCORRETA: A execução do Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e


Alteradas deverá ser concluída em até 20 (vinte) anos, mas não há liberdade irrestrita para
o interessado e a autoridade ambiental competente, pois o projeto deve, necessariamente,
abranger, a cada 2 (dois) anos, no mínimo, 1/10 (um décimo) da área total necessária à sua
complementação, quando será apresentado relatório da execução do período, conforme
estabelece o artigo 9° da lei Estadual n° 15.684/15.

E) INCORRETA: Os termos de compromissos ou instrumentos similares para a regularização


ambiental do imóvel rural referentes às Áreas de Preservação Permanente, de Reserva
Legal e de uso restrito, firmados sob a vigência da legislação anterior, poderão ser revistos
para se adequarem ao disposto na Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, desde que o
proprietário ou o possuidor do imóvel rural requeiram a revisão, conforme estabelece o artigo
12 lei Estadual n° 15.684/15. A disposição é polêmica, sendo que o Ministério Público Estadual
objeta violação ao ato jurídico perfeito para impugnar tal possibilidade. O Sistema Ambiental,
contudo, alicerçado em entendimento da Procuradoria Geral do Estado, admite a revisão.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo também admite, mas o Superior Tribunal de
Justiça, em alguns julgados, não. Como se trata de concurso de ingresso para a carreira de
Procurador do Estado de São Paulo, recomenda-se a adoção do entendimento institucional
que admite a revisão.

GABARITO: C

28. Em relação à Lei 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico, assinale a alternativa CORRETA:
A) A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é
caracterizada por um único prestador do serviço para vários municípios contíguos.

B) Havendo a delegação de serviço de saneamento básico, o novo prestador não


está obrigado ao cumprimento do respectivo plano de saneamento básico em
vigor à época da delegação, do qual não participou.

C) O controle social dos serviços públicos de saneamento básico incluirá a


participação de órgãos colegiados de caráter deliberativo, estaduais, do Distrito

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Federal e municipais.

D) A drenagem e manejo das águas pluviais não se incluem no conjunto de


infraestruturas e serviços que compõe o saneamento básico.

E) O licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos sanitários e


de efluentes gerados nos processos de tratamento de água considerará etapas
de eficiência, a fim de alcançar progressivamente os padrões estabelecidos pela
legislação ambiental, em função da capacidade de pagamento dos usuários.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13 Saneamento Básico.

A) INCORRETA: A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico


não requer que os municípios atendidos pelo mesmo prestador sejam contíguos. Conforme
preceitua o artigo 14 da Lei 11.445/07, basta para se caracterizar referida prestação que haja
um único prestador, uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua
remuneração e compatibilidade de planejamento.

B) INCORRETA: Ao contrário do que está consignado na alternativa, conforme estabelece o §


6° do artigo 19 da Lei 11.445/07, a delegação de serviço de saneamento básico não dispensa
o cumprimento pelo prestador do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da
delegação. Sobre esse tema é importante ter em mente que, conforme estabelece o caput do
dispositivo legal referido, a prestação de serviços públicos de saneamento básico observará
plano, o qual abrangerá, no mínimo: (i) diagnóstico da situação e de seus impactos nas
condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e
socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas; (ii) objetivos e metas de
curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas,
observando a compatibilidade com os demais planos setoriais; (iii) programas, projetos e ações
necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos
plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de
financiamento; (iv) ações para emergências e contingências; (v) mecanismos e procedimentos
para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

C) INCORRETA: Ao contrário do que foi consignado na alternativa, o controle social dos


serviços públicos de saneamento básico poderá (e não deverá) incluir a participação de órgãos
colegiados de caráter consultivo (e não deliberativo), estaduais, do Distrito Federal e municipais.

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Neste caso, deverá ser assegurada a representação (i) dos titulares dos serviços, (ii) de órgãos
governamentais relacionados ao setor de saneamento básico, (iii) dos prestadores de serviços
públicos de saneamento básico, (iv) dos usuários de serviços de saneamento básico, e (v) de
entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas
ao setor de saneamento básico, conforme estabelece o artigo 47 da Lei 11.445/07.

D) INCORRETA: A drenagem e manejo das águas pluviais se incluem no conjunto de


infraestruturas e serviços que compõe o saneamento básico, ao lado do (i) abastecimento
de água potável, (ii) do esgotamento sanitário e (iii) da limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos, conforme estabelece o inciso I, do artigo 3° da Lei 11.445/07.

E) CORRETA: O órgão ambiental responsável pelo licenciamento ambiental deverá definir


um programa de metas ambientais e de eficiência a ser alcançado dentro de um cronograma
estipulado no licenciamento ambiental, de acordo com a capacidade de pagamento dos
usuários, conforme estabelece o caput e o § 2° do artigo 44 da Lei 11.445/07. Conforme
observa Paulo de Bessa Antunes (in Direito Ambiental, 19ª edição, ed. Atlas, pág. 1132), “a
questão da implantação das etapas de eficiência é complexa, pois a norma determina que elas
deverão levar em consideração ‘a capacidade de pagamento dos usuários’, ou seja, adotou-se
o princípio da melhor tecnologia sem custos excessivos”.

GABARITO: E

29. Em relação aos conceitos basilares do Direito Ambiental, assinale a alternativa


INCORRETA:
A) O macrobem e microbem ambientais não se confundem, o primeiro é incorpóreo,
o segundo constitui a parte corpórea do meio ambiente.

B) Antropocentrismo e biocentrismo são as principais concepções de caráter


ético-ideológico sobre a relação do homem com o meio ambiente.

C) A chamada “justiça ambiental” procura descortinar a retórica de que os impactos


ambientais atingem a todos indistintamente.

D) Proteção integral significa a manutenção dos ecossistemas livres de alterações


causadas pela interferência humana.

E) Para o direito ambiental são equiparadas as expressões preservação e

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conservação.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 1 Meio ambiente: conceito e classificação.

A) CORRETA: Como macrobem, o meio ambiente é incorpóreo, imaterial, insusceptível


de apropriação e indisponível. Já o microbem ambiental constitui a parte corpórea do meio
ambiente, são, nas palavras de Lorenzetti (teoria Geral do Direito Ambiental. ed. RT, 2010),
“parte do meio ambiente, que em si mesma tem a mesma característica de subsistemas, que
apresentam relações internas entre suas partes e relações externas com o macrobem”. Quando
tratamos do microbem, é possível falar em regime jurídico de titularidade pública ou privada.

B) CORRETA: Sem embargo de uma infinidade de outras concepções ideológicas acerca da


relação do homem como meio ambiente e vice-versa. Para o antropocentrismo o homem está
acima de todas as outras coisas e a natureza deve lhe servir para atender suas necessidades.
O que importa é o bem-estar do ser humano e qualquer disposição de proteção à natureza
serve apenas para garantir às gerações futuras a manutenção desse bem-estar. Para o
biocentrismo, ao revés, o homem não é superior aos outros seres vivos, em verdade, mantém
com eles relação e interdependência e simbiose, de maneira que são vistos com o mesmo grau
de importância. Essa visão reconhece o valor intrínseco dos seres vivos independentemente
da utilidade ou do interesse que despertem para a humanidade.

C) CORRETA: A acepção “Justiça Ambiental” vincula-se às lutas do Movimento de Justiça


Ambiental, nos idos dos anos 80, no Estados Unidos da América, alavancada pelo comunidade
negra que explicitava ser atingida pelos impactos ambientais de forma mais intensa do que as
demais comunidades. Propõe a ideia de que as externalidades negativas atingem de forma
mais severa os grupos vulneráveis da sociedade, majorando as desigualdades do tecido social.

D) CORRETA: Nos termos preconizados pelo artigo 2°, inciso VI, da Lei 9.985/00, proteção
integral significa a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência
humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais, ou seja, aquele que não
envolve o consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais.

E) INCORRETA: Ao contrário do que sugere a alternativa, conservação e preservação não


traduzem expressões sinônimas para o direito ambiental. Na verdade, a conservação traduz
conceito mais amplo e importa no manejo do uso humano da natureza, compreendendo
a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais

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gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações


futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Preservação, por sua vez,
constitui um conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo
prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos,
prevenindo a simplificação dos sistemas naturais, conforme preconizam os incisos II e V do
artigo 2º da Lei 9.985/00, respectivamente.

GABARITO: E

30. Com base no decreto 60.302/14, que instituiu o Sistema de Informações e Gestão de
Áreas Protegidas e de Interesse Ambiental do Estado de São Paulo – SIGAP, assinale a
alternativa CORRETA:
A) O SIGAP integra apenas as unidades de conservação da natureza, as áreas de
reserva legal e as áreas de preservação permanente.

B) Para a desafetação de uma Unidade de Conservação, respeitados os ditames


constitucionais, basta a edição de uma lei específica.

C) A revisão do plano de manejo de uma unidade de conservação só depende da


manifestação de seu respectivo conselho, se este tiver caráter deliberativo.

D) Compete ao gestor, em qualquer hipótese, se manifestar por meio de parecer


técnico no bojo do processo de licenciamento que afete respectiva Unidade de
Conservação.

E) O órgão ou empresa, pública ou privada, responsável pelo abastecimento


de água ou responsável pela geração e distribuição de energia, deve contribuir
financeiramente para a proteção e implementação da unidade.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9 SIGAP.

A) INCORRETA: Além das áreas nominadas na alternativa, conforme preconiza o artigo 5° do


Decreto 60.302/14, o SIGAP integra: (i) as Reservas da Biosfera; (ii) as Áreas Úmidas; (iii) as
Áreas do Patrimônio Mundial Natural, reconhecidas nos termos da Convenção do Patrimônio
Mundial da UNESCO; (iv) as Áreas de Cavidades Naturais Subterrâneas; (vi) as Estradas-

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Parque; (vii) as Áreas sob Atenção Especial do Estado em Estudo para Expansão da Conservação
da Biodiversidade; (viii) a Paisagem Cultural, (ix) o Eco-Museu e (x) o Monumento Geológico.

B) INCORRETA: No Estado de São Paulo, além das condicionantes constitucionais e legais


previstas no SNUC, nos termos do artigo 13 do Decreto 60.302/14, a desafetação de uma
unidade de conservação somente poderá ser feita mediante lei específica, desde que: (i) a
respectiva unidade tenha Plano de Manejo aprovado que recomende tal medida e (ii) haja
consulta pública e oitiva do respectivo conselho e do CONSEMA.

C) INCORRETA: A necessidade de manifestação do Conselho da Unidade cujo plano


de manejo será revisto não está condicionada ao seu caráter deliberativo. Unidades de
conservação que possuam Conselhos com caráter meramente consultivo também são regidas
pela regra prevista no artigo 17 do Decreto n. 60.302/14, que exige ao lado da manifestação
dos conselhos da unidade, (i) a elaboração dos estudos, no âmbito do órgão ou entidade
gestor, com acompanhamento do conselho da unidade de conservação; (ii) a elaboração de
oficinas participativas com os atores sociais relacionados com a unidade de conservação, e (iii)
a manifestação do CONSEMA.

D) INCORRETA: Conforme preconiza o artigo 26 do Decreto 60.302/14, compete ao gestor


manifestar-se no âmbito do processo de licenciamento, quando demandado pelo órgão ou
entidade gestora, por meio de parecer técnico, após consulta ao conselho da unidade de
conservação.

E) CORRETA: Conforme disciplinam os artigos 32 e 33 do Decreto 60.302/14, respectivamente, o


órgão ou empresa, pública ou privada, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso
de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação,
deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o
disposto em regulamentação específica e o órgão ou empresa, pública ou privada, responsável
pela geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma
unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da
unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica. Em qualquer caso, por força
do artigo 31 de referido ato normativo, os empreendedores, permissionários e concessionários
responsáveis por abertura e/ou manutenção de acessos de uso exclusivo necessários aos
seus empreendimentos, no interior das unidades de conservação de proteção integral, deverão
manter controle diuturno desses acessos para fins de conservação dos atributos ambientais
da unidade de conservação.

GABARITO: E

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PROFESSORA: DANIELE ZANFORLIN


E-mail: profcei.danizanforlin@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO

31. A PGE-SP ajuizou execução fiscal contra a Empresa X e a Empresa Y, a primeira


ajuizada em 2004 e a segunda em 2014. No primeiro caso, houve alienação de bem imóvel,
em 2004, antes da citação da empresa, ao passo em que, na execução da Empresa Y,
esta alienou bem imóvel após a inscrição em dívida ativa do crédito tributário. Em ambos
os casos a venda foi sem reserva de meios para quitação do débito. A Procuradoria
pretende alegar fraude à execução fiscal nos dois processos. Sobre o tema, assinale a
alternativa correta.
A) A fraude à execução, em ambos os casos, só poderá ser caracterizada se a
venda foi posterior ao registro da penhora na matrícula do bem.

B) Nenhum dos casos configura hipótese de fraude à execução fiscal.

C) Apenas na execução movida contra a Empresa X se caracterizou fraude à


execução fiscal.

D) Na hipótese da execução movida em face da Empresa Y, a caracterização da


fraude à execução fiscal dependerá da demonstração da má-fé do adquirente,
conforme entendimento sumulado do STJ.

E) Configura-se a fraude à execução fiscal no processo movido contra a Empresa


Y, mas não contra a Empresa X.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5. Crédito tributário. Lançamento: modalidades e revisão. Suspen-
são do crédito tributário. Extinção do crédito tributário. Decadência. Prescrição.
Exclusão do crédito tributário. Garantias e privilégios.

A) INCORRETA: a fraude à execução fiscal vem prevista no art. 185 do CTN. Em sua redação
primitiva, o dispositivo em questão dispunha que era presumida fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou renda, ou o seu começo, por sujeito passivo em débito para com a

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Fazenda Pública por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de
execução. Ou seja, nesse período exigia-se que a venda fosse realizada após a citação do
executado no feito executivo.

Em 09 de fevereiro de 2005 a LC nº 118 alterou o dispositivo em questão, fazendo presumir


que seria fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito
passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito
como dívida ativa. Passou-se a exigir, portanto, apenas a inscrição do débito em dívida ativa
para estar estabelecido o marco caracterizador da fraude à execução.

Saliente-se que, nos dois casos, o disposto no art. 118 não se aplicava na hipótese de terem
sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.

Conforme entendimento do Eg. STJ, a presunção de fraude estabelecida neste dispositivo, em


ambos os casos, é uma presunção absoluta, não admitindo prova em contrário. Assim, basta a
caracterização da alienação do bem nas circunstâncias previstas no art. 185 do CTN (antes ou
depois da LC nº 118/2005) para se configurar a fraude à execução fiscal, independentemente
de registro da penhora na matrícula do imóvel. Sobre o tema, vide o REsp 1.141.990/PR,
julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos.

A alternativa está incorreta, eis que não se exige o registro da penhora para configuração da
fraude à execução.

B) INCORRETA: De fato, no caso da Empresa X não há fraude à execução. Conforme


entendimento do STJ no citado REsp 1.141.990/PR, as alienações realizadas antes da LC
nº 118/2005 observam a redação antiga do art. 185 do CTN, o qual estabelecia a citação do
devedor como marco para a incidência da presunção absoluta de fraude à execução. Diversa,
contudo, é a situação da execução fiscal movida contra a Empresa Y, cuja alienação ocorreu
após a nova redação do art. 185 do CTN, aplicando-se, neste caso, a presunção em análise
sempre que já inscrito em dívida ativa o crédito tributário. Ocorreu, portanto, fraude à execução
no caso da Empresa Y, razão pela qual a assertiva está incorreta.

C) INCORRETA: a resposta está incorreta, nos termos comentados na assertiva B, eis que
no caso da Empresa X a alienação ocorreu antes da citação da empresa, quando estava em
vigor a redação antiga do art. 185 do CTN, não incidindo, portanto, a presunção absoluta de
fraude à execução fiscal.

D) INCORRETA: a súmula 375 do STJ determina que o reconhecimento da fraude à execução


depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente.

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Ocorre que no âmbito do REsp 1.141.990/PR, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos,
a Corte Superior compreendeu que esta súmula em análise não se aplica à fraude à execução
fiscal, eis que, a uma, foi editada tendo como base precedentes que não discutiram a temática
no âmbito da execução fiscal; e, a duas, em virtude da diferença de tratamento que existe entre
o crédito civil e o crédito tributário, mormente o interesse o público incidente no recolhimento
dos tributos que servem à satisfação das necessidades coletivas.

Assim, conforme entendimento do Eg. STJ, a fraude à execução fiscal opera-se in re ipsa, ou
seja, sem a necessidade da demonstração do concilium fraudis.

A alternativa está incorreta.

E) CORRETA: a alternativa está correta conforme comentários das assertivas B e C.

GABARITO: E

32. Inscrito determinado crédito tributário em dívida ativa, o contribuinte propôs ação
declaratória buscando a declaração de inexistência da relação obrigacional tributária.
A) O juízo deverá extinguir o feito sem resolução de mérito, eis que não é cabível a
ação declaratória após a inscrição do crédito em dívida ativa.

B) Mesmo que o caso em análise envolva relação jurídico-tributária continuativa,


a decisão transitada em julgado que declare a inexistência da relação jurídica
tributária não se aplica aos períodos posteriores.

C) Em regra, a ação declaratória não está sujeita a prazo prescricional.

D) Ainda que suspensa a exigibilidade do crédito tributário pelo depósito do


montante integral no bojo da ação declaratória, não há óbice a eventual execução
fiscal ajuizada a posteriori.

E) A ação em análise terá cabimento ainda que não vislumbrado qualquer ato
consumado ou previsível.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Processo Judicial Tributário. Execução fiscal e cautelar fis-
cal. Ação rescisória. Processo de conhecimento e ação anulatória de débito fiscal.
Consignatória. Mandado de Segurança. Medidas de urgência. Obrigação de fazer

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em matéria fiscal.

A) INCORRETA: a ação declaratória é cabível para declarar a existência ou inexistência de


uma obrigação tributária acessória ou principal. É, pois, o meio processual adequado para a
obtenção de provimento judicial que estabilize, caracterize e individualize os limites da obrigação
tributária em determinado caso concreto. Houve posicionamento das Fazendas Públicas que
tentaram afastar o cabimento da ação declaratória quando já inscrito o crédito em dívida ativa,
isto porque o art. 38 da LEF expressamente prevê que a discussão judicial da dívida ativa só é
admissível em execução, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do
indébito ou ação anulatória. Por não vim prevista a ação declaratória, tentou-se coibir seu uso.

O entendimento evoluiu, contudo, para se compreender pelo pleno cabimento da ação


declaratória em qualquer caso, calcada no comando do art. 4º, parágrafo único, do CPC/73
(arts. 19 e 20 do CPC/2015).

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: de acordo com o entendimento sumulado do STF a decisão que declara a


cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores
(Súmula 239). A análise dos precedentes que fundamentaram este verbete sumular data de
julgados de 1944 e 1963, decididos sob a vigência das Cartas Constitucionais de 1937 e 1946,
respectivamente, quando ao STF competia, também, a análise da legislação infraconstitucional.

Analisando o tema relativo às relações jurídico-tributárias continuativas o STJ, no julgamento


do RESp 1.118.893/MG sob a sistemática dos recursos repetitivos, decidiu que a decisão
transitada em julgado declarando a inexistência de relação jurídico-tributária entre o contribuinte
e o fisco faz coisa julgada em relação a períodos posteriores.

A questão está, portanto, incorreta, conforme entendimento mais recente sobre a matéria.

C) CORRETA: de fato, a ação meramente declaratória tem natureza jurídica de direito


potestativo, sendo, portanto, imprescritível, ainda que o autor não tenha mais a seu dispor
pretensão condenatória ou constitutiva. Esta imprescritibilidade, contudo, está ligada à noção
clássica de ação declaratória, ou seja, aquela em que não há efeitos executivos. Se este não
for o caso, contudo, passa a declaratória a estar ligada ao prazo prescricional quinquenal
estabelecido pelo Decreto nº 20.910/32.

A alternativa está correta.

D) INCORRETA: o depósito do montante integral, como já mencionado anteriormente,

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5ª RODADA - 29/03/2018

suspende a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN). Assim, eventual execução
fiscal ajuizada posteriormente deverá ser extinta, sem julgamento de mérito, haja vista a falta
de exequibilidade do crédito tributário. Entendimento análogo foi exarado pelo STJ no âmbito
do RESp 1.140.956/SP, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos.

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: a ação declaratória não se presta a discutir lei em tese. O interesse de agir
que justifica o seu cabimento surge da incerteza jurídica objetiva – ou seja, que é caracterizada
num fato concreto. O STJ tem flexibilizado este entendimento para compreender inserida na
hipótese de cabimento, também, situações que mesmo não consumadas são previsíveis,
como é o caso de contribuinte costumeiro de determinado tributo, o qual sabe que será,
invariavelmente, alcançado por tributação que pretende afastar.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: C

33. A respeito da incidência do ICMS e do ISS, assinale a alternativa correta conforme o


entendimento constitucional e jurisprudencial da matéria:
A) De acordo com a Constituição o ISS incide em toda prestação de serviço.

B) Os serviços de composição gráfica, dada a particularidade da prestação de


serviço com entrega de produto, estão sujeitos ao ISS e ICMS.

C) As operações mistas, de prestação de serviço e entrega de mercadoria, estão


sempre sujeitas ao ISS.

D) De acordo com a Constituição o ICMS incide nos casos de operação de


circulação de mercadoria e de prestação de serviços de transporte interestadual
e internacional e de comunicações e nas operações mistas, desde que a atividade
não esteja prevista na LC nº 116/03, como é o caso do serviço de substituição de
pneus.

E) Ainda que envolva serviço de composição gráfica, está sujeito ao ICMS as


operações de industrialização por encomenda de embalagens destinadas à
integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização ou
circulação de mercadoria.

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COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8. Tributos estaduais. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doações (ITCMD) no Estado de São Paulo. Imposto sobre a Propriedade de Veícu-
los Automotores (IPVA) no Estado de São Paulo. Imposto sobre Circulação de Mer-
cadorias e Prestação de Serviços de Telecomunicações e de Transporte Intermu-
nicipal e Interestadual (ICMS) no Estado de São Paulo. Incentivos Fiscais do ICMS.

A) INCORRETA: a partir da redação do art. 155, II, §2º, IX, b e art. 156, III, da CF/88,
compreende as Cortes Superiores que: (1) o ICMS incidirá sobre operação de circulação de
mercadorias e prestação de serviços de transportes interestadual e internacional e serviços de
comunicações; (2) o ISS, por seu turno, incidirá sobre as operações de prestação de serviços,
desde que não previstas no art. 155, II, da CF/88 e previstas em Lei Complementar, in casu,
LC nº 116/03; por fim, (3) na hipótese de operações mistas, envolvendo prestação de serviços
e circulação de mercadorias, incidirá o ISS se o serviço estiver previsto na LC nº 116/03, e o
ICMS se não houve tal previsão.

Dessa forma, a assertiva está incorreta, pois o ISS não incide em toda prestação de serviço,
mas apenas naqueles compreendidos na LC nº 116/03.

B) INCORRETA: é entendimento consolidado do STJ, objeto, inclusive da Súmula 156, que a


prestação de serviços de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, está sujeita à
incidência do ISS, mesmo que envolva fornecimento de mercadorias, eis que os serviços a ela
agregados estão incluídos na LC 116/03 e na Lista Anexa ao Decreto-Lei 406/68.

Cuidado com o recente entendimento do STF a respeito das operações de industrialização por
encomenda de embalagens, objeto de análise na assertiva E.

A questão está incorreta.

C) INCORRETA: conforme explanação contida na assertiva A, as operações mistas estarão


sujeitas ao ISS sempre que o serviço prestado estiver previsto na Lc nº 116/03, do contrário
haverá a incidência do ICMS.

A assertiva está incorreta.

D) INCORRETA: os serviços de troca/substituição de pneus são constantemente analisado


na jurisprudência do STJ, tendo a Corte Superior compreendido que encontram-se sobre a
incidência do ISS, eis que a atividade em questão, apesar de não prevista expressamente na
Lista Anexa à LC 116/03, dela consta por força de interpretação extensiva, pois o serviço de

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montagem de pneus é correlato à atividade de manutenção e conservação de veículos. Vide,


exemplificativamente, o REsp nº 1680.712/SP.

A alternativa está incorreta.

E) CORRETA: a afirmação contida nesta assertiva foi objeto de análise pelo STF na Medida
Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.389, onde a Corte Suprema interpretou o
art. 1º, caput e §2º, da LC 116/03, até o julgamento final e com eficácia ex nunc, para reconhecer
que o ISS não incide sobre operações de industrialização por encomenda de embalagens,
destinadas à integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização
ou de circulação de mercadoria, incidindo o ICMS. O STJ passou a decidir observando tal
entendimento do STF, conforme podemos ver no RESp 1.633.483/SC).

Tendo em vista tal entendimento do STF, a LC nº 153, que reformou o ISS, aditou o subitem
13.05 para fazer constar a exceção à incidência do ISS quando o serviço de composição gráfica
resultar em produto destinado a posterior operação de comercialização ou industrialização,
ainda que incorporado, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior
circulação, tais como bulas, rótulos, etiquetas, caixas, cartuchos, embalagens e manuais
técnicos e de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS.

A alternativa está correta.

GABARITO: E

34. Acerca da execução de sentença que condene a Fazenda Pública Estadual a pagar
quantia certa, assinale a alternativa correta:
A) O regime dos precatórios previsto no art. 100 da CF/88 é a forma por excelência
de execução da sentença em análise, não cabendo outro modo para dar o seu
cumprimento.

B) Enquanto não editada lei estadual ou municipal prevendo o valor da requisição


de pequeno valor, esta modalidade de cumprimento não poderá ser utilizada pelo
contribuinte.

C) Não editada norma a respeito do valor do RPV, não pode o legislador municipal
ou estadual estabelecer valor inferior ao previsto no ADCT, ante a prejudicialidade
para os contribuintes.

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D) É possível aos Estados e Municípios legislar a respeito do valor do RPV,


estabelecendo, inclusive, valor superior a 60 salários mínimos previsto pra União.

E) O STF compreendeu ser possível aos Estados e Municípios estabelecer qualquer


valor para o RPV.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Processo Judicial Tributário. Execução fiscal e cautelar fis-
cal. Ação rescisória. Processo de conhecimento e ação anulatória de débito fiscal.
Consignatória. Mandado de Segurança. Medidas de urgência. Obrigação de fazer
em matéria fiscal.

A) INCORRETA: de fato, conforme regramento previsto no art. 100 da CF/88, sendo a Fazenda
Pública condenada, por sentença judicial transitada em julgado, a pagar determinada quantia a
alguém, tal pagamento é feito pelo regime especial de precatório. Neste caso, como sabido, os
pagamentos são feitos observando a ordem cronológica de sua apresentação. Contudo, o §3º
deste mesmo dispositivo trás a exceção da RPV – Requisição de Pequeno Valor, caso em que
o pagamento será realizado sem a necessidade de expedição precatório. Além desta exceção,
é possível ainda o adimplemento da obrigação judicialmente fixada através do procedimento
administrativo de compensação, previsto no art. 170-A do CTN. Neste sentido é a Súmula 461
do STJ, no sentido de que o contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por
compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.

A alternativa está incorreta.

B) INCORRETA: o §4º do art. 100 da CF estabelece que o pequeno valor para fins de RPV
poderá ser estabelecido por cada ente federado por meio de leis específicas. Tais valores
poderão ser diferentes para cada pessoa jurídica, observada a capacidade econômica de cada
ente federativo, limitado o mínimo ao valor do maior benefício do INSS. O fato dos entes
federados não editarem suas normas, contudo, não afasta a incidência do RPV, eis que o art.
87 do ADCT estabeleceu os valores de 40 salários mínimos para os estados e 30 salários
mínimos para os municípios que não editarem suas leis.

A alternativa está incorreta.

C) INCORRETA: o STF compreendeu que seria constitucional lei dos estados-membros


que reduzam a quantia considerada como de pequenos valor, para fins de RPV, prevista no
art. 87 do ADCT, ainda que tal previsão seja desfavorável aos contribuintes. Isto porque a

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norma do art. 87 do ADCT tem caráter transitório, tendo previsto, inclusive, que sua eficácia
resta pendente enquanto o Estado-membro não editar lei própria regulamentando a questão.
Entendeu o STF, portanto, que o legislador estadual, possui liberdade para fixar valor inferior
aos quarenta salários-mínimos para pagamento por meio de RPV, observada a realidade
orçamentária regional (ADI 4332/RO, objeto do Informativo 890 do STF).

A alternativa está incorreta.

D) CORRETA: na esteira do entendimento do STF na ADI 4332/RO, os Estados/DF e


Municípios podem sim fixar limites inferiores ou superiores àqueles que estão previstos no art.
87 do ADCT, o que deve ser observado é a proporcionalidade do valor estabelecido em face
da capacidade financeira do ente.

A alternativa está correta.

E) INCORRETA: a despeito do STF ter compreendido pela legitimidade da legislação estadual


que discipline o valor do RPV, podendo, como dito anteriormente, inclusive ser maior do que
o valor disciplinado pela Constituição para a União, é preciso que os estados-membros e
municípios tenham como critério a sua capacidade econômica, respeitando o princípio da
proporcionalidade. Seria o caso, por exemplo, do Estado de São Paulo estabelecer valor
irrisório frente à capacidade financeira deste estado. Lembrem-se que o valor não poderá ser
inferior ao do maior benefício do INSS.

A alternativa está incorreta.

GABARITO: D

35. A empresa X, autuada pelo Fisco Estadual pelo não recolhimento do ICMS, ingressou
com mandado de segurança, com pedido de liminar, objetivando a suspensão da
exigibilidade do crédito e a declaração de sua nulidade. Foi concedida a liminar pelo
Juízo de primeiro grau. Posteriormente o Tribunal de Justiça dá provimento a agravo de
instrumento proposto pelo Estado, cassando a liminar, momento em que a Impetrante
apresenta fiança bancária no valor integral do crédito tributário. A empresa X requer
certidão de regularidade fiscal. Tendo em vista os dados expostos, será concedida
certidão:
A) Positiva, pois o crédito está plenamente exigível.

B) Positiva com efeito de negativa, ante a apresentação de fiança bancária na

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totalidade do crédito cobrado.

C) Negativa, eis que o crédito está sendo discutido judicialmente.

D) Positiva, eis que o crédito tributário está suspenso pela garantia judicial.

E) Negativa, pois o crédito está com a exigibilidade suspensa.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5. Crédito tributário. Lançamento: modalidades e revisão. Suspen-
são do crédito tributário. Extinção do crédito tributário. Decadência. Prescrição.
Exclusão do crédito tributário. Garantias e privilégios.

A) INCORRETA: A questão cobrou o conhecimento da expedição de certidões de regularidade


fiscal, tema cotidiano de um Procurador que atue na área fiscal. Com efeito, disciplina o art.
205 do CTN que a lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando
exigível, seja feita por certidão negativa, a qual pressupõe a inexistência de débitos tributários.

Com os mesmos efeitos da certidão negativa é a certidão positiva com efeitos de negativa,
expedida sempre que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança
executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa (art.
206 do CTN).

No caso dos autos, havia sido deferida liminar pelo Juízo de primeiro grau, a qual, conforme
já tratamos anteriormente, é hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art.
151, IV do CTN), permitindo a concessão da certidão positiva com efeitos de negativas. Ocorre
que referida liminar foi cassada pelo Tribunal, de forma que o crédito tributário não se encontra
mais com suspensão da sua exigibilidade, sendo o caso de emissão de certidão positiva,
apenas.

Todavia, o Impetrante apresentou fiança bancária garantindo a totalidade do crédito tributário,


o que, de acordo com o §3º do art. 9º da LEF, produz os mesmos efeitos da penhora. Ora, a
penhora de bem não suspende a exigibilidade do crédito tributário, por não estar prevista no
art. 151 do CTN, mas permite a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa, nos
termos do já citado art. 206 do CTN.

A fiança bancária, neste caso, permite a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa,
razão pela qual a alternativa está incorreta.

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B) CORRETA: nos termos dos comentários anteriores, a alternativa está correta, eis que
a fiança bancária permite a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa. O STJ
referendou este entendimento no julgamento do REsp 1156668/DF, sob a sistemática dos
recursos repetitivos.

C) INCORRETA: a mera discussão judicial do crédito tributário não influencia em sua


exigibilidade, não admitindo a concessão de certidão positiva com efeitos de negativa, muito
menos de certidão negativa.

A alternativa está incorreta.

D) INCORRETA: a fiança bancária, como dito, não suspende a exigibilidade do crédito tributário
e, ainda que assim o fosse, seria o caso de expedir certidão positiva com efeitos de negativa,
o que torna a questão não só errada, como equivocada em sua própria lógica.

A alternativa está incorreta.

E) INCORRETA: não há a alegada suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A alternativa


está incorreta.

GABARITO: B

PROFESSOR: IURI QUADROS


E-mail: profcei.iuriquadros@gmail.com

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

36. Sobre o tema “Equiparação Salarial”, julgue as assertivas abaixo:


I - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de
sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

II – A equiparação salarial não é aplicável quando o empregador dispuser de


quadro de pessoal organizado em carreira, desde que esse quadro de carreira seja
homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se dessa exigência o quadro
de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e
fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente.

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III – O quadro de pessoal organizado em carreira deve prever, necessariamente,


promoção pelos critérios de antiguidade e merecimento, alternadamente.

IV - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o


tempo de serviço na função e não no emprego.

V - No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo


determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor
do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) das referidas
diferenças salariais.

VI – A reforma trabalhista manteve a possibilidade de equiparação salarial em


cadeia.

A) Estão corretas as assertivas I,II,III e VI.

B) Estão corretas as assertivas I,II,III e IV.

C) Estão corretas as assertivas I,II,IV,V e VI.

D) Todas as assertivas estão corretas.

E) Todas as assertivas estão incorretas.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8. Contrato individual de trabalho. Disposições gerais. Remune-
ração e salário. Alteração, suspensão e interrupção. Rescisão. Aviso prévio. Piso
salarial. Décimo terceiro salário. Estabilidade. Proteção contra a despedida arbitrá-
ria ou sem justa causa. Força maior. Assédio moral e assédio sexual. Fundo de Ga-
rantia do Tempo de Serviço – FGTS. Trabalho temporário. Terceirização. Proibição
de práticas discriminatórias na relação de emprego. Participação dos trabalhado-
res nos lucros ou resultados da empresa. 19. Reforma Trabalhista: Lei federal n.º
13.467/2017; Medida Provisória n.º 808/2017 (texto original e texto convertido em lei
ou respectivo decreto legislativo do Congresso Nacional). 20. Jurisprudência dos
Tribunais Superiores.

Comentário Genérico sobre a questão: Tive de usar esse formato de questão com vocês

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para conseguir comentar todas as alterações sobre equiparação salarial. Sinceramente, se eu


fosse examinador, uma das 10 questões objetivas seria sobre esse tema, porque a Reforma
Trabalhista simplesmente atropelou a Súmula nº 6 do TST, que até então disciplinava o tema.

Assertiva I - INCORRETA: Essa assertiva traz o conceito legal de equiparação salarial,


constante do art. 461, caput da CLT, e que é interpretado pelo TST na extensa súmula nº 6.
O conceito estaria correto, não fosse pela expressão “mesma localidade”. Antes da Reforma,
de fato, o conceito legal exigia que o trabalho fosse realizado na “mesma localidade”. Como
essa expressão constituía conceito jurídico indeterminado, o TST, na Súmula nº 6,X, aduzia
que “O conceito de ‘mesma localidade’ de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio,
ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma
região metropolitana.”. Pois bem, a Reforma Trabalhista acabou com toda essa construção,
porque o novel art. 461,caput da CLT exige que o trabalho seja prestado no mesmo
“estabelecimento empresarial” para justificar a equiparação. (“Sendo idêntica a função, a
todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento
empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou
idade”). Portanto, agora, só é possível equiparar salários de empregados que laborem no
mesmo estabelecimento empresarial.

Assertiva II - INCORRETA: O art. 461, §2º trazia exatamente essa informação, no sentido
de que, quando o empregador organizasse quadro de carreira, não se afiguraria possível
requerer equiparação salarial. O TST, novamente, interpretando esse dispositivo, na súmula
6,I, assentou que esse quadro de pessoal deveria obrigatoriamente ser homologado pelo
Ministério Público do Trabalho, excetuando dessa exigência apenas a fazenda pública. Então,
a assertiva b reproduz o teor da Súmula 6, item I do TST. Ocorre que esse raciocínio também
foi derrubado pela Reforma, face ao disposto na nova redação do art.461, §2º, nos termos
da qual “Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal
organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de
negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação
ou registro em órgão público.” Agora há, portanto, duas opções: (i) pessoal organizado em
quadro de carreira; ou (ii) plano de cargos e salários e, em ambos os casos, não há mais
necessidade de qualquer homologação.

Assertiva III - INCORRETA: Essa exigência era expressamente prevista no art. 461,§§2º e 3º
da CLT. Porém, a nova redação do §3º derrubou completamente essa exigência, ao determinar
que “No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por
antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional.”.

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Assertiva IV - INCORRETA: A assertiva corresponde à literalidade da súmula 6, II do TST,


a qual prescrevia exatamente isso, ou seja, o tempo de emprego seria completamente
irrelevante, o que interessaria seria a diferença de tempo na função. Ocorre que esse é mais
um item da súmula expressamente derrubado pela Reforma, conforme se depreende de leitura
do art. 461,§1º, segundo o qual “Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o
que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja
diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro
anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos.”. Portanto, note
que esse dispositivo dificulta a equiparação. Por exemplo, se eu tenho dois empregados, X e
Y, exercendo a mesma função há 3 anos, mas X ingressou na empresa há 10 anos e Y há 5
anos, Y não tem como pleitear equiparação a X.

Assertiva V - INCORRETA: Essa multa é uma novidade da Reforma, prevista no art. 461,§6º,
segundo o qual “No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o
juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do
empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social. “. O erro da assertiva, portanto, recai apenas sob a
base de cálculo da multa. Aliás, tenham esse alerta em mente, o limite máximo de benefícios
do RGPS é frequentemente utilizado como base de cálculo na Reforma.

Assertiva VI - INCORRETA: A súmula 6, VI previa a possibilidade de equiparação salarial


em cadeia, ainda que a majoração salarial do paradigma remoto adviesse de decisão judicial.
Porém, novamente, no afã de dificultar a equiparação, a Reforma Trabalhista acabou com a
equiparação em cadeia, simplesmente porque vedou, no art. 461,§5º, qualquer indicação de
paradigma remoto (“A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos
no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o
paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria.”). O resultado
prático disso é contradizer diametralmente a Súmula nº 6,VI do TST, a qual terá de ser, no
mínimo, alterada pelo TST. Então, após a Reforma, não há espaço para equiparação em
cadeia, simplesmente porque sequer é possível indicar paradigma remoto. Porém, cabe
destacar que a exigência de contemporaneidade na função positiva o entendimento constante
da Súmula nº 6,item IV (“É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação
salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se
relacione com situação pretérita.”). Note que a súmula exige a contemporaneidade, exige que
reclamante e paradigma tenha exercido a mesma função de forma contemporânea (ou seja,
ao mesmo tempo), ressalvando que é possível requerer a equiparação após a cessação da
contemporaneidade, desde que relativa a situação pretérita.

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GABARITO: E

37. Assinale a alternativa CORRETA a respeito da Comissão de política salarial no Estado


de São Paulo.
A) A Comissão de Política Salarial é órgão vinculado à Secretaria de Planejamento
e Gestão do Estado de São Paulo.

B) O Procurador Geral do Estado figura como membro da Comissão de Política


Salarial.

C) A comissão de política salarial conta com apoio técnico do gabinete do


Procurador Geral do Estado no âmbito da Administração Direta e das autarquias.

D) As reivindicações salariais, a concessão de vantagens de qualquer natureza


e outros pleitos similares, no âmbito das Universidades Públicas Estaduais,
Fundações instituídas ou mantidas pelo Estado e das Empresas sob controle
acionário direto ou indireto deste, serão analisados pelo Conselho de Defesa dos
Capitais do Estado - CODEC, respeitados os critérios estabelecidos pela Comissão
de Política Salarial.

E) Os termos finais dos acordos coletivos de trabalho serão analisados pela


Procuradoria Geral do Estado e estarão sujeitos à aprovação da Comissão de
Política Salarial.                  

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 15. A Administração Pública e as relações de emprego. Regime
jurídico do empregado da Administração Pública: especificidades quanto aos direi-
tos individual e coletivo do trabalho. Aplicação de acordos, convenções e dissídios
coletivos. Greve. Reflexos trabalhistas da Lei Complementar federal n.º 101/2000 e
da Lei federal n.º 9.504/1997. Administração Pública e terceirização. Responsabili-
dade na terceirização. Comissão de Política Salarial no Estado de São Paulo.

Comentário Genérico sobre a questão: A comissão de política salarial do Estado de São


Paulo é expressamente prevista no edital e constitui a única legislação estadual prevista no
edital para nossa disciplina. A comissão foi criada em dezembro de 2017, portanto, é novidade
que não tem nem 6 meses de existência! Por isso, não dá para ignorar um ponto como esse

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que, para piorar, não estava no edital antigo (porque a comissão sequer existia). Posso estar
equivocado, mas inserir expressamente no edital um ponto para um órgão criado há menos
de 6 meses, afeto à legislação estadual em matéria de direito do trabalho, é sinalização
de que o tema interessa ao examinador e pode ser cobrado em uma questão objetiva. Se
efetivamente for cobrado, 99% da concorrência sequer saberá do que se trata. Em suma,
a comissão de política salarial é disciplinada pelo Decreto Estadual nº 63.033/2017, e tem
por objetivo (i) orientar a Administração Pública Estadual em assuntos de política salarial, (ii)
aprovar negociações salariais realizadas por determinados órgãos do Estado de São Paulo e
(iii) autorizar a inserção, nos estatutos, regulamentos e regimentos internos das Fundações
e das Empresas, de disposições normativas que criem benefícios ou vantagens trabalhistas.
Como nosso curso segue formato de rodadas de questões, não há espaço para discorrer sobre
o tema de forma expositiva. Assim, preste atenção e aproveite a questão que foi formulada e,
por favor, LEIA ESSE DECRETO, não jogue fora uma questão que tem chance considerável de
ser cobrada e cuja resposta está em um decreto de 13 artigos. Vou elaborar mais uma questão
sobre esse tema e inserir no nosso simulado da última rodada.

http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2017/decreto-63033-07.12.2017.html -
link para o decreto

A) INCORRETA: O art. 1º do Decreto afirma que “A Comissão de Política Salarial, órgão


vinculado diretamente ao Governador do Estado”, portanto, não há vínculo com a SEPLAG/SP,
mas sim com o Governador do Estado.

B) CORRETA: O art. 3º do decreto lista os membros da Comissão e, no inciso VI, prevê


exatamente o Procurador Geral do Estado como membro.

C) INCORRETA: O art. 3º,§4º versa acerca do apoio técnico à comissão de política salarial, e
prevê que o Gabinete do Procurador do Estado prestará auxílio técnico apenas no âmbito das
Fundações instituídas ou mantidas pelo Estado e das Empresas sob controle acionário direto
ou indireto deste.

D) INCORRETA: Aqui, formulei uma pegadinha que pode perfeitamente ser cobrada pelo
examinador. A assertiva corresponde à íntegra do art. 4º do Decreto, que prevê exatamente
essa competência. Porém, eu inseri as universidades estaduais na assertiva, e o art. 12 do
decreto expressamente exclui as universidades estaduais de sua disciplina (“As disposições
deste decreto não se aplicam às Universidades Públicas Estaduais e à Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP.”)

E) INCORRETA: O art. 4º,§2º prevê que “Os termos finais dos acordos coletivos de trabalho

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serão analisados pelo Conselho de Defesa dos Capitais do Estado - CODEC e estarão sujeitos
à aprovação da Comissão de Política Salarial.”

GABARITO: B

38. Assinale a alternativa INCORRETA acerca da prova da inexistência de débitos


trabalhistas:
A) A prova da inexistência de débitos trabalhistas é levada a cabo mediante
apresentação da Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida
gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadimplidos
perante a Justiça do Trabalho.

B) O inadimplemento da condenação principal trabalhista é causa apta a deflagrar


a inscrição do réu no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas. O mesmo se
aplica em caso de inadimplemento das custas processuais perante a justiça do
trabalho.

C) A CNDT certifica a inexistência de débitos trabalhistas de uma empresa em


relação a todos seus estabelecimentos, agências e filiais.

D) A CNDT terá validade de 180 dias, contados da data de sua emissão.

E) A inscrição do devedor no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas (BNDT)


será levada a efeito após o prazo de 5 dias contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Prova da inexistência de débitos trabalhistas.

Comentário Genérico sobre a questão: Aqui, igualmente, temos uma questão que constitui
ponto autônomo do edital e é contemplada por um dispositivo da Reforma Trabalhista. A
Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas foi criada pela lei nº 12.440/2011, que, basicamente,
inseriu o título VII-A na CLT, e alterou a lei de licitações (8.666/93), exigindo a regularidade
trabalhista como requisito de habilitação em procedimentos licitatórios, regularidade essa que
é comprovada através da CNDT, ou da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. A empresa
que não possui a CNDT é incluída no denominado Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas,

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uma lista que congrega aqueles que inadimplem obrigações trabalhistas.

A) CORRETA (portanto, não é o gabarito): A assertiva espelha o atual art. 642-A, caput da
CLT, nos termos do qual: “É instituída a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT),
expedida gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadimplidos
perante a Justiça do Trabalho.”. Veja, portanto, que a expedição da CNDT é feita de forma
eletrônica, pela internet.

B) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Considero essa uma pegadinha interessante. Não
é apenas o débito da condenação trabalhista que justifica a inclusão do réu no BNDT, mas sim o
inadimplemento de obrigações trabalhistas. Nesse ínterim, o art. 642-A,§1º também considerou
obrigações trabalhistas, para esse efeito, os honorários advocatícios, emolumentos e custas,
que são despesas processuais. (§ 1º O interessado não obterá a certidão quando em seu nome
constar: “o inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada
em julgado proferida pela Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas, inclusive no
concernente aos recolhimentos previdenciários, a honorários, a custas, a emolumentos ou a
recolhimentos determinados em lei”).

C) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Perfeito, uma vez que tenha a CNDT, a negativa
se estende a todo e qualquer estabelecimento da empresa (art. 642-A, §3º “A CNDT certificará
a empresa em relação a todos os seus estabelecimentos, agências e filiais”).

D) CORRETA (portanto, não é o gabarito): Literalidade do art. 642-A,§4º.

E) INCORRETA (portanto, É O GABARITO): Essa é a assertiva mais relevante, por vários


motivos. Em primeiro lugar, é um dispositivo legal inserido pela Reforma, em segundo lugar,
é pouquíssimo intuitivo, ou seja, se você não atentar para o que ele diz, é enorme a chance
de cair em pegadinhas. Em terceiro lugar, pode ser cobrado tanto pelo ponto 13 do edital,
que estamos “treinando” nessa questão, como no ponto 17 (“processo judiciário do trabalho”).
A resposta está no art. 883-A da CLT. Vamos explica-lo. No processo do trabalho, quando a
condenação proferida no processo de conhecimento transita em julgado, o devedor é citado
para pagar em 48 horas, sob pena de penhora (“Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou
presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra
a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se
tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que
o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.”).

Então, se não pagar em 48 horas, o devedor já está inadimplente, tanto que a lei autoriza
a penhora. Pois bem, o que o art. 883-A diz é que, para o sujeito ser inscrito no BNDT, não

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basta que a decisão transite em julgado e ele não pague voluntariamente no prazo legal de
48 horas, é preciso aguardar 45 dias contados da data em que ele é citado para pagar na
execução (“Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada
a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no
Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o
prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia
do juízo”)! Então, para o sujeito ser inscrito no BNDT, primeiro a decisão deve transitar em
julgado, depois o sujeito deve ser citado em execução para pagar em 48 horas, se não pagar e
o juízo for garantido com penhora de bens, expede-se certidão positiva com efeitos de negativa
(art. 642-A,§2º “Verificada a existência de débitos garantidos por penhora suficiente ou com
exigibilidade suspensa, será expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em nome do
interessado com os mesmos efeitos da CNDT”). Se o sujeito não pagar e não tiver bens a
serem penhorados em valor suficiente para garantir o débito, ainda assim, é preciso aguardar
o prazo de 45 dias para incluí-lo no BNDT.

GABARITO: E

39. Assinale a opção CORRETA acerca das alterações promovidas pela Reforma
Trabalhista no direito coletivo do trabalho.
A) É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de
emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o
sindicato dos empregados da categoria, termo que discriminará as obrigações de
dar e fazer cumpridas mensalmente e do qual constará a quitação anual dada pelo
empregado, com eficácia liberatória geral.

B) Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos


seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições
devidas ao sindicato, quando por este notificados.

C) As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias


econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas
referidas entidades serão, sob a denominação de imposto sindical, pagas,
recolhidas e aplicadas, desde que prévia e expressamente autorizadas.    

D) A contribuição sindical somente é recolhida no mês de março de cada ano.

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E) Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto


da contribuição sindical não serão descontados, ainda que venham a autorizar
prévia e expressamente o recolhimento.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Representação dos empregados. 10. Organização sindical. As-
sociação em sindicato, enquadramento sindical e contribuição sindical. 11. Con-
venção coletiva de trabalho. Acordo coletivo de trabalho.

A) INCORRETA: Utilizei essa questão para abordar os artigos que promoveram alteração na
disciplina da contribuição sindical, e aproveitei para também mencionar a quitação sindical
anual, inserida pela Reforma mas que não ostenta densidade suficiente para ser cobrada
com exclusividade em uma questão. Basicamente, todos os anos, empregado e empregador
podem se reunir perante o sindicato e expedir um termo de quitação anual das obrigações
trabalhistas. Isso pode ser feito inclusive após o término do contrato de trabalho, ou seja, o
contrato não precisa viger para que ocorra a quitação sindical anual. O tema é disciplinado
no art. 507-B da CLT, e o único erro da assertiva diz respeito à eficácia liberatória, tendo
em vista que o parágrafo único do dispositivo é expresso ao afirmar que a quitação abrange
apenas as parcelas expressamente previstas no termo de quitação (“O termo discriminara as
obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo
empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas.”). Tome cuidado para
não se confundir com o termo exarado mediante comissão de conciliação prévia, pois, esse
sim, tem eficácia liberatória geral.

B) CORRETA: Essa assertiva reflete o disposto no art. 545 da CLT, com redação dada pela
Reforma. Trouxe essa assertiva para deixar claro que, caso o empregado autorize o desconto,
a contribuição é obrigatoriamente retida pelo empregador, e o empregador tem até o 10º dia
contado da retenção para repassar ao sindicato, sob pena de restar configurada apropriação
indébita (art. 545,p.u. da CLT). Portanto, não confundam a ausência de compulsoriedade
relativa ao empregado, que será explicada na assertiva abaixo, com a compulsoriedade da
retenção e repasse pelo empregador, quando autorizado pelo empregado.

C) INCORRETA: Aqui, trouxe uma pegadinha baseada no art. 578 da CLT. Note que a assertiva
fala que há necessidade de autorização dos empregados, mas utiliza a denominação “imposto
sindical”. Pois bem, de fato, como foi alardeado inclusive na mídia, o imposto sindical acabou,
e acabou justamente porque não é mais compulsório. A nomenclatura “imposto sindical” foi
abolida, e substituída pelo termo contribuição sindical. Agora, todos os dispositivos que se

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referem à contribuição sindical são expressos ao exigir prévia autorização dos empregados,
ou seja, de fato, não há mais compulsoriedade e, justamente por isso, não há mais natureza
tributária (antes, o imposto sindical não era propriamente um imposto, mas era uma contribuição,
ou seja, ostentava natureza tributária). Portanto, quero chamar a atenção para isso: Caso a
assertiva utilize o termo “imposto sindical”, tenha muito cuidado, pois é enorme a chance de
pegadinha do examinador baseada na alteração da nomenclatura.

D) INCORRETA: Essa assertiva está aqui apenas para abordarmos os arts. 582, caput e 583
da CLT, que consagram a seguinte regra:

Empregados comuns  Recolhimento ocorrerá no mês de março (art. 582)

Profissionais liberais e autônomos  Recolhimento ocorrerá no mês de fevereiro (art. 583)

Empregados e trabalhadores avulsos  Recolhimento ocorrerá no mês de abril (art. 583)

Portanto, aproveitamos a temática da questão para te prevenir contra mais essa pegadinha.

E) INCORRETA: O art. 602 da CLT, com redação dada pela Reforma, traz justamente a exceção
ao que acabamos de ver na letra D, ou seja, traz um caso em que o mês de recolhimento da
contribuição sindical será alterado. Isso ocorrerá quando, no mês em que a contribuição é
regularmente recolhida, o empregado não estiver trabalhando, por alguma razão, ou tiver sido
admitido no emprego após o mês de cobrança. Aqui, cabe transcrever a íntegra do dispositivo:

“Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da
contribuição sindical e que venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão
descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017)

Parágrafo único - De igual forma se procederá com os empregados que forem admitidos depois
daquela data e que não tenham trabalhado anteriormente nem apresentado a respectiva
quitação.”

Portanto, os empregadores que não estejam trabalhando mas autorizaram o pagamento da


contribuição sindical terão sim de recolher a contribuição, porém, isso ocorrerá no primeiro
mês após o reinício do trabalho, e não no mês regularmente previsto na CLT.

GABARITO: B

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40. Assinale a assertiva correta:


A) O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para recorrer na defesa de
interesse patrimonial privado de empresas públicas e sociedades de economia
mista.

B) No caso de ação coletiva em que o sindicato atua como substituto processual


na defesa de direitos individuais homogêneos, configura quebra do valor da
execução, vedada pelo art. 100, § 8º, da CF, o pagamento individualizado do crédito
devido pela Fazenda Púbica aos substituídos.

C) As relações de trabalho decorrentes de estágio se inserem na competência da


Justiça do Trabalho, exceto quando a contratação envolve entes da administração
pública.

D) A terceirização da atividade fim de empresa estatal é conduta ilícita, mas,


segundo a jurisprudência do TST, não tem o condão de deflagrar pagamento de
danos morais coletivos.

E) O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer de decisão


que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia
mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem realização de
concurso público.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 15. A Administração Pública e as relações de emprego. Regime
jurídico do empregado da Administração Pública: especificidades quanto aos direi-
tos individual e coletivo do trabalho. Aplicação de acordos, convenções e dissídios
coletivos. Greve. Reflexos trabalhistas da Lei Complementar federal n.º 101/2000
e da Lei federal n.º 9.504/1997. Administração Pública e terceirização. Responsa-
bilidade na terceirização. Comissão de Política Salarial no Estado de São Paulo.
17. Processo Judiciário do Trabalho. Disposições preliminares. Processo em ge-
ral. Dissídios individuais. Processo de jurisdição voluntária para homologação de
acordo extrajudicial. Dissídios coletivos. Execução. Recursos. Outros meios de im-
pugnação de decisões judiciais. 18. A Fazenda Pública perante a Justiça do Traba-
lho. 20. Jurisprudência dos Tribunais Superiores.

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A) INCORRETA: A OJ nº 237,I da SDI-1 aduz justamente o contrário, prescrevendo que,


quando se tratar de interesse patrimonial de empresas públicas e sociedades de economia
mista, o Ministério Público não terá legitimidade para recorrer (“O Ministério Público do Trabalho
não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de
empresas públicas e sociedades de economia mista.”). A segunda parte da OJ será comentada
na assertiva E. Cabe destacar que essa OJ foi noticiada no informativo 139 do TST, de junho
de 2016.

B) INCORRETA: A discussão aqui é simples. Suponha que um sindicato ajuíza demanda em


nome de determinada categoria, na qualidade de substituto processual. O sindicato ganha a
demanda, e requer expedição de centenas de RPV’s em nome de cada um dos beneficiários
da demanda coletiva. A administração, por sua vez, entende que deve pagar o valor total ao
sindicato por precatório, e ele, sindicato, deve pagar aos beneficiários. Quem está certo? O
sindicato. Conforme julgado divulgado em informativo do TST, é plenamente possível a divisão
do valor, porque a titularidade do crédito é dos substituídos, e não do sindicato. Confira abaixo:

“Matéria remetida ao Tribunal Pleno. Art. 77, II, do RITST. Ação coletiva.
Sindicato. Substituição Processual. Execução contra a Fazenda Pública.
Individualização do crédito de cada substituído. Possibilidade. Expedição de
Requisição de Pequeno Valor (RPV).

No caso de ação coletiva em que o sindicato atua como substituto processual na defesa de
direitos individuais homogêneos, não configura quebra do valor da execução, vedada pelo
art. 100, § 8º, da CF, o pagamento individualizado do crédito devido pela Fazenda Púbica aos
substituídos. Entendimento consolidado pelo STF nos autos do processo STF-ARE 925754/
PR, com repercussão geral reconhecida, que, não obstante se refira à hipótese de execução
individual da sentença condenatória genérica, também se aplica à situação em apreço, em que
a execução é coletiva. Em ambos os casos, a titularidade do crédito judicialmente concedido
não pertence ao sindicato, mas aos empregados que ele substitui, de modo que é possível
considerar o valor deferido a cada um deles, individualmente, para fins de expedição da
Requisição de Pequeno Valor (RPV).” TST-ReeNec e RO-118-88.2015.5.05.0000, Tribunal
Pleno, rel. Min. Maria de Assis Calsing, 27.6.2016

C) CORRETA: Gabarito. O TST entende exatamente dessa forma, ou seja, a regra é que o
contrato de estágio enquadra-se na competência da justiça do trabalho, mas é excepcionada
a hipótese de estagiário da Administração Pública. Nesse caso, a competência é da justiça
comum, nos termos de julgado noticiado no informativo nº 131 do TST:

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“Incompetência da Justiça do Trabalho. Contrato de estágio. Entes da administração


pública. As relações de trabalho decorrentes de estágio se inserem na competência
da Justiça do Trabalho, exceto quando a contratação envolve entes da administração
pública. Incidência, por analogia, do entendimento firmando na ADI nº 3395.
Assim, compete à Justiça comum processar e julgar ação civil pública que tem
como objeto denúncia contra o Centro de Ensino Integrado Empresa e Escola
(CIEE), em face do descumprimento do art. 37 da CF, pois não vem observando
os princípios da publicidade e da impessoalidade na execução dos contratos para
preenchimento de vagas destinadas a estágio em instituições públicas.(...) TST-E-
RR-5500- 47.2010.5.13.0022, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 31.3.2016
INFORMATIVO TST - nº 131 Período: 29 de março a 4 de abril de 2016”

D) INCORRETA: Primeiramente, cabe destacar que a terceirização não está no edital de forma
autônoma, ou seja, a lei de terceirização não consta do edital. O único item do edital que faz
menção à terceirização é o tópico “terceirização e Administração Pública” e “responsabilidade
na terceirização”. Então, não vejo necessidade de comentarmos a lei de terceirização inteira,
mas apenas os tópicos que digam respeito à Administração Pública. Então, o primeiro ponto que
preciso destacar refere-se ao fato de que a Reforma Trabalhista alterou a lei de terceirizações,
para o efeito de permitir a terceirização de atividade fim! É isso mesmo, hoje, o art. Art. 4º-A
da lei autoriza a terceirização inclusive para atividade fim, ao contrário do que apregoa a
súmula nº 331 do TST. (“Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita
pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade
econômica compatível com a sua execução.”). Porém, será que isso se aplica à Administração
Pública? Ainda não há julgado sobre o tema, porque a Reforma Trabalhista é muito recente,
mas a opinião da melhor doutrina2 é no sentido de que não há como aplicar esse dispositivo
no âmbito da Administração Pública, pois isso importaria em manifesto vilipêndio à regra do
concurso público. Acredito que essa discussão tem potencial até mesmo para prova subjetiva,
por isso procedi a essa exposição com vocês. O fato é que, supondo que tal inovação é
inaplicável à Administração, terceirizar atividade fim configuraria terceirização ilícita, e o pleno
do TST, em julgado de meados de 2016, divulgado em informativo, entendeu que a terceirização
ilícita gera dano moral coletivo, justamente porque viola a regra do concurso público. É ler e
conferir:

2 Comentários à reforma trabalhista, Vólia Bomfim Cassar, Leonardo Dias Borges.- Rio de Janeiro: Forense;
São Paulo : Método. 2017. P. 89.

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“Matéria afetada ao Tribunal Pleno. Concessionária de serviço público.


Terceirização ilícita. Dano moral coletivo. Configuração.

A utilização de mão de obra terceirizada na atividade fim é conduta irregular que atinge os
interesses difusos de toda a coletividade de trabalhadores, pois em desacordo com a legislação
de proteção ao trabalhador, na medida em que gera perda econômica, exacerba os malefícios
à saúde e causa instabilidade no emprego e desestímulo à produtividade. Tratando-se de
concessionária de serviço público, os malefícios são ainda maiores, pois a terceirização da
atividade fim de empresa estatal gera a substituição indevida de empregados públicos, em
flagrante violação à regra do concurso público prevista no art. 37, II, da CF. Assim, no caso
em que o TRT, nos autos de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,
reconheceu a terceirização ilícita na área fim da empresa estatal tomadora de serviços, mas
indeferiu a pretensão de indenização por danos morais coletivos, deve prevalecer a decisão da
turma do TST que condenou tomadora e prestadora de serviços ao pagamento de indenização
por danos morais coletivos a ser revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). (...) TST-
E-ED-RR-117400-47.2005.5.14.0001, Tribunal Pleno, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,
30.5.2016

Essa questão é excelente, se eu fosse examinador, seria o tema da minha prova discursiva,
mesmo porque a temática é completamente fazendária.

E) INCORRETA: Conforme expusemos acima, a OJ nº 237,I da SDI-1 prescreve que, quando


se tratar de interesse patrimonial de empresas públicas e sociedades de economia mista, o
Ministério Público não terá legitimidade para recorrer. Porém, a mesma OJ, no item II, aduz
que, em se tratando de violação à regra do concurso público, o interesse não é meramente
patrimonial, e retrata matéria de ordem pública, razão pela qual, nesse caso, é reconhecida a
legitimidade recursal do Ministério Público do Trabalho (“Há legitimidade do Ministério Público
do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo empregatício com
sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem
a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria de ordem pública.”)

GABARITO: C

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PROFESSOR: GUILHERME MARTINS


E-mail: profcei.guilhermepellegrini@gmail.com

DIREITO FINANCEIRO, ECONÔMICO E EMPRESARIAL PÚBLICO

Prezados, esta é a primeira rodada que fazemos após a publicação do tão aguardado
edital. Assim, antes de iniciarmos as questões, convém rapidamente comentar o conteúdo
programático.

Primeiramente, o conteúdo é muito similar ao do concurso anterior. Portanto, com certeza


seguimos o caminho certo ao focar nos temas contidos no concurso de 2012. Algumas
coisas, porém, foram retiradas ou inseridas no tópico. Partindo do pressuposto de que
novos temas possam ter sido inseridos pela própria examinadora para serem abordados
em questões, vamos identificá-los:

i) Regramento constitucional das Emendas individuais ao projeto de lei orçamentária


(execução equitativa e limitação das programações de caráter obrigatório): abordamos o
assunto em algumas alternativas de questão da Rodada 3. Trata-se do chamado orçamento
impositivo (ainda que o caráter impositivo atinja somente parcela do orçamento). O
regramento completo do tema se encontra nos §§ 9º a 18 do artigo 166 da Constituição
Federal. Convém realizar uma leitura atenta de tais dispositivos. De qualquer forma, a
atual rodada contém questão sobre a matéria.

ii) Disciplina do mercado de capitais (Lei nº 6.385/76 e alterações): o uso pelo Estado
de mecanismos próprios do mercado financeiro é um tema bem novo, interessante e
que se encontra em voga na prática da advocacia administrativa, pois traz grandes
potencialidades para a área pública. Vale citar também que algumas companhias estatais
possuem ações negociadas em bolsa (a exemplo da SABESP, a companhia paulista de
saneamento básico). Assim, faz sentido o candidato compreender a disciplina do mercado
de capitais. Os tópicos abaixo exemplificam o uso de estruturas do mercado financeiro
pela área pública.

iii) Fundo de Investimento em Direitos Creditórios: os FIDC’s adquirem direitos creditórios


em geral, e podem ser usados como veículos para a compra de créditos de diversos
órgãos públicos, como companhias de saneamento, distribuição de energia etc. Também
compram créditos securitizados, Existem FIDC’s destinados especificamente para

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infraestrutura (ex: FIDC BB Votorantim Highland Infraestrutura). O interessante aqui é


pensar na inserção dos FIDC’s em projetos públicos. Por exemplo, poder-se-ia concentrar
em um FIDC estatal diversos direitos creditórios de companhias estatal, e criar uma
estrutura para otimizar sua recuperação. Daria pra cogitar ainda de ofertar as cotas desse
FIDC como garantia em alguma PPP.

iv) Fundo de Investimento Imobiliário: FII’s devem investir unicamente em imóveis ou em


empresas do ramo imobiliário. Têm por objeto a aquisição e a gestão patrimonial de bens
imóveis de natureza comercial, industrial e de serviços, destinados à locação, alienação
ou arrendamento, gerando remuneração aos cotistas. Diversos negócios envolvendo
imóveis públicos podem ser desenvolvidos via FII, que talvez seja o grande exemplo de
produto próprio do mercado financeiro que começou a ser usado pelo Estado de São
Paulo recentemente. Seguem alguns links para notícias sobre o atual projeto do Estado:

http://www.imoveis.sp.gov.br/Home/FundoImobiliario

http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/alckmin-anuncia-fundo-imobiliario/

http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/em-pregao-estado-de-sp-define-gestor-de-
fundo-imobiliario/

Basicamente, o intuito do projeto é otimizar a venda dos imóveis públicos ociosos, concentrando-
os em um FII. Economicamente, o grande prejuízo com diversos imóveis públicos ociosos
refere-se ao custo de oportunidade – até existem gastos com seu custeio, mas a real perda
decorre da não utilização do montante que poderia ser levantado com a venda dos bens, que
traria muito retorno para o Estado caso investido em outro programa estatal (lembre-se que
em economia deixar de ganhar é igual a perder!). Vou procurar detalhar o projeto em uma
questão, mas se adiantem e procurem se familiarizar com o tema.

v) Estatuto jurídico da empresa estatal (Lei nº 13.303/2016): é um tema novo e de grande


importância; portanto, é grande a aposta pela cobrança da nova lei de estatais na prova.
Não havíamos explorado a matéria ainda pois a lei ainda se encontra em vacatio legis, de
forma que não sabíamos se constaria ou não do edital. Contudo, com a certeza de que
pode ser cobrada, iremos explorar o assunto em questões do presente curso.

Por fim, em todas as disciplinas explicitou-se que poderá ser cobrada “Jurisprudência dos
Tribunais Superiores”. Feita essa introdução, vamos às questões:

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5ª RODADA - 29/03/2018

41. Considere os incentivos econômicos e os riscos implícitos na contratação de uma


obra pelo regime de empreitada por preço global ou pelo regime de empreitada por
preço unitário (art. 6º, VII, a e b, da Lei n. 8.666/93). Então, assinale a alternativa que trata
corretamente da correlação entre os temas:
A) Os regimes representam apenas modalidades diferentes de medir o serviço ou
obra e efetuar o pagamento ao contratado, não influindo na repartição de riscos
do contrato;

B) No caso de obras, a contratação pelo regime de empreitada por preço unitário


transfere os riscos de variação da quantidade de insumos necessários ao próprio
contratado;

C) Em situações nas quais o contratado tiver maior poder de gerência em relação


à variação quantitativa nos insumos individualizados que serão utilizados na obra
ou na medição do serviço, recomenda-se a utilização do regime de empreitada por
preço global, a fim de que a contratação se faça de modo mais eficiente;

D) O regime de empreitada por preço global assegura uma contratação mais


econômica à administração, dado que, durante a execução contratual, não haverá
aumento no pagamento devido em virtude do aumento das unidades necessárias
ao serviço;

E) Ambos os regimes podem ser utilizados para contratações com qualquer objeto.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Critérios para alocação de riscos nos contratos de concessão
(comum, patrocinada e administrativa). Alternativas de política tarifária e criação de
incentivos ao concessionário. Subsídio direto e subsídio cruzado. Pressupostos e
condições para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

A) INCORRETA: apesar do edital mencionar apenas alocações de riscos em contratos de


concessão, vale a pena explorar como a racionalidade econômica se encontra presente em
contratos administrativos, ainda que de forma implícita, dado que questões de concursos
passados da PGE foram feitas com essa vertente. Pois bem, a questão atinente à escolha
do regime de execução contratual é muitas vezes tormentosa na prática. Isso porque a Lei n.
8.666/93 regula apenas a consequência da escolha (a forma como o serviço será medido e

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pago), e não quando escolher cada regime. O traço crucial de diferenciação dos dois regimes
está na divisão implícita de riscos que a opção acarreta. No regime de empreitada por preço
global, o contratado acaba assumindo os riscos de variações no quantitativo dos insumos, uma
vez que a quantia paga pela administração é fixa. Por exemplo: na realização de uma obra,
desde que não haja alteração do projeto (pois nesse caso caberá reequilíbrio pelo art. 65, I, a,
da Lei n. 8.666/93), não haverá pagamento extra caso o contratado utilize materiais em maior
número do que orçou. No regime de empreitada por preço unitário, porém, o pagamento é
feito conforme as unidades medidas, de forma que a administração é quem assume o risco de
variações nas quantidades demandadas. Portanto, a alternativa se encontra incorreta já que
os regimes trazem, em verdade, regimes distintos quanto aos riscos contratuais.

B) INCORRETA: é o contrário, o regime de empreitada por preço global é que transfere o risco
de variação da quantidade de insumos necessários ao contratado.

C) CORRETA: efetivamente, seguindo os critérios mais recomendáveis para repartição de


riscos, o risco deve ser sempre alocado à parte que tenha maiores condições de gerenciá-lo.
Assim, se o contratado tiver mais condições de gerenciamento (como normalmente ocorre no
caso de obras corriqueiras, com baixos riscos), então recomenda-se a adoção do regime de
empreitada por preço global. Veja-se por exemplo que, se uma obra fosse feita por preços
unitários, pagando-se conforme os preços unitários dos insumos utilizados, então o contratado
não teria nenhum incentivo a ser eficiente e utilizar menos insumos na obra.

D) INCORRETA: o regime de empreitada por preço global não é sinônimo de contratação


mais eficiente (logo, com menor preço à administração). Se o contratado não tiver ingerência
acerca das unidades necessárias à obra, a tendência é que fique temeroso com uma alta
quantidade demanda e cobre valor alto pelo contrato. Por exemplo: suponha a contratação de
veículos com motoristas para administração. Uma contratação por preço unitário refletiria um
pagamento por quilômetro rodado, ao passo que uma contratação por preço global teria lugar
com o pagamento de quantia fixa pela disponibilização do veículo. Ocorre que, ao efetuar uma
proposta no regime de empreitada por preço global nesse caso, provavelmente o contratado
ficaria receoso de ter que transportar os usuários em uma quantidade muito maior do que a
projeção inicial, e acabaria por inflar seu preço. Assim, não é correto dizer que uma contratação
por preço global garante que a administração use e abuse do serviço contratado sem pagar a
mais por isso. Lembrem-se sempre, assim, de identificar corretamente os incentivos que cada
regime traz ao comportamento das partes.

E) INCORRETA: não é toda contratação que admite os regimes mencionados. Especialmente


a contratação por preços unitários somente poderá ser adotada nos casos em que o objeto

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contratual possa ser individualizado em partes para medição. Se isso não puder ocorrer (p.
ex., contratação de um advogado para elaboração de um único parecer), então o regime de
execução não terá lugar.

GABARITO: C

42. Assinale a alternativa correta acerca da interferência do Estado na ordem econômica,


de acordo com a jurisprudência do STF:
A) Seguindo doutrina tradicional, quando o Estado atua por absorção assume
integralmente, e não parcialmente, o controle dos meios de produção, atuando
assim em regime de monopólio;

B) A intervenção indireta na economia através da regulação tem por objetivo


estimular comportamentos voluntários nos particulares, não se utilizando de
mecanismos coercitivos;

C) Os setores de educação e saúde representam serviços públicos e, por tal razão,


necessitam de prévia delegação para serem prestados por particulares;

D) A atuação do Estado por direção é um mecanismo direto de intervenção do


Estado na economia;

E) A atuação do Estado em domínios sociais via celebração de contratos de gestão


com organizações sociais deve ser feito de modo paralelo à atuação direta, pois
caso contrário haveria renúncia aos deveres constitucionais de atuação.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 6. A Ordem Econômica na Constituição Federal de 1988. A relação
do Estado com a economia. Exercício da atividade econômica pelo Estado sujeita
à livre iniciativa e em regime de concorrência com empreendedores privados.

A) CORRETA: segundo a doutrina tradicional de Eros Grau – refletida em diversos julgados


do STF – quando o faz por absorção, o Estado assume integralmente o controle dos meios de
produção e/ou troca em determinado setor da atividade econômica em sentido estrito; atuando
assim em regime de monopólio. É na atuação por participação que o Estado assume somente
parcela dos meios de produção.

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B) INCORRETA: a regulação pode utilizar também de mecanismos coercitivos para direcionar


o comportamento dos agentes. Veja-se excerto de entendimento do STF sobre o tema: “A
atuação do poder público no domínio econômico e social pode ser viabilizada por intervenção
direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais aos beneficiários, no primeiro caso,
ou fazendo uso, no segundo caso, de seu instrumental jurídico para induzir que os
particulares executem atividades de interesses públicos através da regulação, com
coercitividade, ou através do fomento, pelo uso de incentivos e estímulos a comportamentos
voluntarios” (ADI n. 1923, Rel. Min. Luiz Fux).

C) INCORRETA: no mesmo julgado – o qual é muito representativo para a visão do STF acerca
do papel do Estado no domínio econômico, sendo também muito útil para o preparo para a
PGE/SP pois envolve contratos de gestão – destacamos o seguinte excerto: “Os setores de
saúde (CF, art. 199, caput), educação (CF, art. 209, caput), cultura (CF, art. 215), desporto e
lazer (CF, art. 217), ciência e tecnologia (CF, art. 218) e meio ambiente (CF, art. 225) configuram
serviços públicos sociais, em relação aos quais a Constituição, ao mencionar que “são deveres
do Estado e da Sociedade” e que são “livres à iniciativa privada”, permite a atuação, por
direito próprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessária a delegação pelo
poder público, de forma que não incide, in casu, o art. 175, caput, da Constituição” (ADI
n. 1923, Rel. Min. Luiz Fux). Ou seja, para tais atividades não é necessária delegação através
de licitação.

D) INCORRETA: prosseguindo com a doutrina de Eros Grau, a intervenção indireta na economia


(e não direta) se dá por direção ou indução. Quando o faz por direção, o Estado exerce pressão
sobre a economia, estabelecendo mecanismos e normas de comportamento compulsório para
os sujeitos da atividade econômica em sentido estrito. Quando o faz por indução, o Estado
manipula os instrumentos de intervenção em consonância e na conformidade das leis que
regem o funcionamento dos mercados.

E) INCORRETA: a atuação por meio de contratos de gestão é um mecanismo de intervenção


indireta do Estado, ou seja, uma das opções cabíveis para o Estado concretizar os deveres
contidos na constituição. Não significa, assim, renúncia a suas obrigações. Foi o que decidiu o
STF no julgado citado acima: “A finalidade de fomento, in casu, é posta em prática pela cessão
de recursos, bens e pessoal da Administração Pública para as entidades privadas, após a
celebração de contrato de gestão, o que viabilizará o direcionamento, pelo Poder Público, da
atuação do particular em consonância com o interesse público, através da inserção de metas
e de resultados a serem alcançados, sem que isso configure qualquer forma de renúncia
aos deveres constitucionais de atuação” (ADI n. 1923, Rel. Min. Luiz Fux).

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GABARITO: A

43. Assinale a alternativa incorreta acerca do controle de infrações à ordem econômica


em setores regulados ou em atividades estatais:
A) Inexiste imunidade prévia de pessoas jurídicas de direito público ao controle do
CADE;

B) O CADE não aplica, no âmbito nacional, a chamada state action doctrine, a qual
prevê que, sob determinadas circunstâncias, a intervenção governamental exclui
a aplicação do direito anticoncorrencial;

C) A estruturação de projetos de concessão de serviços públicos não depende de


submissão prévia ao CADE, contudo, o órgão responsável pela licitação deve levar
em conta aspectos concorrenciais no desenho do modelo adequado;

D) É possível ao CADE solicitar providências aos formulados de políticas públicas


com vistas a adequar a política a aspectos concorrenciais;

E) O tabelamento de preços imposto pela regulação estatal afasta eventual


manipulação do mercado para fixação de preços abusivos, segundo jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 13. Legislação antitruste. Abuso de poder econômico e dominação
dos mercados. Estrutura básica do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
Aspectos gerais sobre controle dos atos de concentração e punição de condutas
anticoncorrenciais.

A) CORRETA (logo, não é a alternativa a ser assinalada): inexiste qualquer imunidade


prévia ao controle do CADE, mesmo para pessoas jurídicas de direito público. Ao contrário, o
artigo 31 da Lei n. 12.529/11 é claro ao mencionar que o diploma “aplica-se às pessoas físicas
ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer associações de entidades
ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem
personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de monopólio legal”.

B) INCORRETA (logo, é a alternativa a ser assinalada): ao contrário do que estabelecido

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pela alternativa, o CADE transportou a doutrina para a esfera nacional. A teoria do state action
doctrine prevê que em determinadas ocasiões a intervenção governamental exclui a aplicação
do direito antitruste, desde que respeitados alguns requisitos, principalmente: (i) a restrição
deve constar de política governamental destinada a substituir a regulação, e (ii) deve haver
supervisão ativa do Estado.

C) CORRETA (logo, não é a alternativa a ser assinalada): inexiste dispositivo que


determine análise prévia pelo CADE de editais de licitação. Contudo, o órgão responsável pelo
planejamento deve ter em mente preocupações concorrenciais, evitando que a estrutura do
serviço acabe excessivamente concentrada, por exemplo, em sequência a uma desestatização.
Dessa forma, há precedentes em que o CADE determina alterações nos formatos de licitações
a órgãos públicos.

D) CORRETA (logo, não é a alternativa a ser assinalada): a atribuição é decorrência do


artigo 9º, VIII, da Lei n. 12.529/11.

E) CORRETA (logo, não é a alternativa a ser assinalada): há precedente do Superior


Tribunal de Justiça aplicando a state action doctrine para concluir nesse sentido. Veja-se (REsp
1.390.875):

ADMINISTRATIVO E ECONÔMICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS DIFUSOS AOS


CONSUMIDORES. INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA. GLP. DISTRIBUIDORAS.
FORMAÇÃO DE CARTEL. NÃO OCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DA STATE ACTION
DOCTRINE. ATUAÇÃO DAS DISTRIBUIDORAS IMUNE AO CONTROLE DO
ÓRGÃO ANTITRUSTE. ATIVIDADE REGULADA E FISCALIZADA PELO ESTADO.
ADVOCACIA DA CONCORRÊNCIA OU EDUCATIVA PARA PROMOÇÃO DE
AMBIENTE LIVRE E COMPETITIVO.

1. O mercado de GLP - gás liquefeito de petróleo - tinha seu preço tabelado pelos
órgãos reguladores competentes no período em que se alega a formação de cartel
por parte das distribuidoras, o que afasta a possibilidade de punição delas.

2. Aplicação, no caso, da state action doctrine, foi formulada nos EUA para
definir os casos em que a regulação estatal afastaria o controle concorrencial
feito pelo órgão antitruste, quando presentes determinados requisitos: (i) a
regulação estatal deve servir a um fim de política pública, e (ii) o Estado deve
efetivamente obrigar determinada conduta e supervisioná-la.

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GABARITO: B

44. Indique a alternativa correta acerca dos distintos modelos de regulação:


A) A chamada regulação por custo do serviço (cost of service) estima periodicamente
os custos que o serviço terá no futuro para então definir o preço que remunere tais
custos;

B) A chamada regulação por preço teto (price cap) é caracterizada por estimar os
custos esperados em cada ciclo de revisão e então fixar o preço respectivo do
serviço até a próxima revisão;

C) A regulação através de revisões periódicas deve sempre operar de forma ex


ante, ou seja, procurar estimar, para definir a tarifa, o custo que a firma terá no
futuro, e não os custos em que já incorreu no passado;

D) Serviços de gás natural e energia elétrica são setores paradigmas no cenário


nacional em que a regulação é feita através da definição do preço do serviço no
contrato, sem revisões periódicas;

E) A regulação instituída no Brasil nos serviços públicos não admite revisão


periódica das tarifas, vez que estas devem estar fixadas no momento da licitação e
vigorar por todo o contrato, sendo apenas reajustadas periodicamente.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 7. Princípios e fundamentos da regulação da atividade econômica.
Distinção entre regulação setorial e regulação concorrencial. 10. Peculiaridades da
regulação de serviços públicos concedidos ou autorizados. Regulação contratual
e regulação normativa.

A) INCORRETA: ao contrário do contido na assertiva, a regulação por custo do serviço verifica


os custos passados, já incorridos pela firma, e os utiliza de parâmetro para fixar o preço do
serviço suficiente para cobri-los (regulação ex post).

B) CORRETA: efetivamente, a regulação por preço-teto estima os custos para o futuro, para a
partir de então fixar o preço respectivo, sendo por isso chamada de regulação ex ante.

C) INCORRETA: a regulação por revisões periódicas pode ser ex ante (olhando os custos do

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futuro) ou ex post (olhando os custos do passado).

D) INCORRETA: tais setores são marcados por revisões periódicas do preço, diferenciando-se
de outros setores nos quais o preço já vem determinado de maneira mais rígida no contrato,
como setores de rodovias e aeroportos (evidentemente, é possível de certa forma mesclar os
regimes).

E) INCORRETA: errada, a regulação por contrato é um dos modelos possíveis de regulação,


no qual as condições de prestação do serviço já vem definidas contratualmente. Contudo, há
modelos que implementam as chamadas revisões periódicas com vistas a ajustar de tempos
em tempos os parâmetros da prestação do serviço.

GABARITO: B

45. Assinale a alternativa correta no que se refere às emendas impositivas ao orçamento


público:

A)As despesas decorrentes de emendas individuais não poderão ser contingenciadas


pelo Poder Executivo como mecanismo ordinário de controle da despesa pública,
o contigenciamento só pode ocorrer ante a ameaça de descumprimento da meta
de resultado primário e desde que o contingenciamento também atinja de forma
proporcional as demais despesas discricionárias;

B) Com o fim de evitar grandes desconfigurações do orçamento mas, ao


mesmo tempo, abrir espaço para a execução de projetos parlamentares, o texto
constitucional determina que as emendas individuais e coletivas serão aprovadas
no limite de 1,2% da receita corrente líquida prevista no projeto de lei orçamentária
encaminhado pelo Poder Executivo;

C) As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária são de obrigatória


execução orçamentária e financeira, até o limite de 1,2% da receita corrente líquida
prevista no projeto de lei orçamentária anual encaminhado pelo Poder Executivo

D) Para cumprimento da parcela das emendas individuais que possui caráter


obrigatório, o Poder Executivo poderá selecionar aquelas que melhor atendam aos
projetos de interesse público;

E) As programações orçamentárias de caráter obrigatório, que apresentem

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impedimento de ordem técnica, poderão ser remanejadas no orçamento pelo


Poder Executivo, após comunicação do fato, com as devidas justificativas, ao
Poder Legislativo.

COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5. (...) Regramento constitucional das Emendas individuais ao pro-
jeto de lei orçamentária (execução equitativa e limitação das programações de ca-
ráter obrigatório).

A) CORRETA: o artigo 166, § 17 da Constituição Federal prevê que na hipótese de se vislumbrar


descumprimento da meta de resultado fiscal, as emendas individuais podem ser reduzidas (o
que se dá via contingenciamento). Contudo, para tanto as demais despesas discricionárias
devem ser reduzidas na mesma proporção. Ou seja, o regramento foi feito para evitar que
eventual ajuste ocorresse apenas nas emendas individuais.

B) INCORRETA: o regramento do orçamento impositivo se destina às emendas individuais,


e não coletivas. Vale prestar atenção na diferenciação. As emendas coletivas são aquelas
feitas por bancadas estaduais ou regionais, ao passo que as individuais são feitas pelo próprio
parlamentar.

C) INCORRETA: vale prestar atenção para dois limites distintos do regramento. As emendas
individuais, para serem aprovadas, têm como limite o montante de 1,2% da receita corrente
líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo (art. 166, § 9º). Contudo,
a obrigatoriedade da execução orçamentária e financeira ocorre até o patamar de 1,2% da
receita corrente líquida realizada no exercício anterior. Ou seja, o regramento constitucional
mantém obrigatória a execução de despesas decorrentes de emendas tendo como base a
receita do exercício anterior, provavelmente com o intuito de limitá-las em um patamar de receita
já realizada no exercício anterior (e, portanto, muito provável de ser atingido novamente).

D) INCORRETA: a execução obrigatória das emendas deve observar critérios equitativos,


conforme venha a ser definido em lei complementar (art. 166, § 11). Assim, não pode o Poder
Executivo privilegiar determinar emendas em detrimento de outras na execução orçamentária.

E) INCORRETA: conforme previsto no art. 166, §§ 14 e 15, deve-se observar todo um


procedimento até que as programações orçamentárias não sejam mais de execução obrigatória
por motivos de ordem técnica. Pelo procedimento, após comunicação do Poder Executivo
ao Legislativo, é indicado pelo próprio Legislativo o remanejamento da programação cujo
impedimento seja insuperável. Somente após a implementação do remanejamento é que a

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execução da despesa deixa de ser obrigatória.

GABARITO: A

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