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Novo Hamburgo
2022/2
FÁBIO FELIPE JAKOBY
Novo Hamburgo
2022/2
FÁBIO FELIPE JAKOBY
__________________________________________
Prof. Me. Marina Furlan
Orientadora
__________________________________________
Prof.
Banca Examinadora
__________________________________________
Prof.
Banca Examinadora
À Deus, por ter me dado energia, saúde e força para superar as dificuldades
relacionadas ao trabalho e ao curso de Direito.
À minha orientadora, Marina Furlan, pela oportunidade de orientação e
confiança.
À minha noiva, Luciana Figueiró, que presenciou todos os momentos da
elaboração desta pesquisa, prestando apoio e paciência sempre que necessário.
Ao meu pai, Geraldo Jakoby Júnior, por ser o meu maior professor nestes anos
de curso de Direito.
À minha mãe, Janaína Jakoby, por todo o suporte que me fornece.
RESUMO
LISTA DE SIGLAS
CC Código Civil
CF Constituição Federal
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1 HOLDING.............................................................................................................. 13
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 80
10
INTRODUÇÃO
finalizando com a partilha dos bens do falecido aos herdeiros determinados pelo
processo.
Diante deste embasamento necessário, o terceiro capítulo irá demonstrar,
finalmente, as vantagens que estão presentes quando escolhido fazer a utilização de
empresa holding para planejar a sucessão do patrimônio, assim como nos casos em
que ela poderá ser melhor aplicada e que sua aplicação terá mais sentido,
especialmente nas hipóteses de existir um número elevado de bens e que estes
costumam ser locados, ou, ainda, quando o falecido exercer função de empresário e
possuir empresa própria.
Apresentadas as vantagens, aborda-se as desvantagens que o uso deste
instrumento pode ocasionar às pessoas vinculadas ao procedimento, para que, a
partir de todos os pontos apresentados no trabalho, os leitores possam chegar às
próprias conclusões acerca da possibilidade e necessidade do planejamento
sucessório às suas vidas, fazendo com que as pessoas deixem de empregar este
planejamento, que pode facilitar a sua vida e de gerações futuras, por simples receio
e falta de conhecimento.
13
1 HOLDING
1.1 CONCEITO
2 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 14. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
04 abr. 2022.
3 LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastião Vasconcelos. Reorganização societária e blindagem
patrimonial por meio de constituição de holding. Revista Scientia Iuris, v. 18, n. 2, p. 55-71, 2014, p.
60. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/issue/view/1032. Acesso em: 20 jun.
2022.
4 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. São Paulo:
9 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
4. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522112647/. Acesso
em: 04 abr. 2022.
10 DIAS, Norton Maldonado; MARTINS, Barbara Piovesan. Benefícios da Holding Familiar como forma
Os autores João Bosco Lodi e Edna Pires Lodi possuem a seguinte visão sobre
este tipo empresarial:
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 11-12. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
04 abr. 2022.
14 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2021, p. 9. E-Book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187970/pdf/0?code=HibIH6625hWiX9onP/oXrvlCY
mxDQFiBiXkZp5RAnMKDZLGvp581fSIIhMgwU3yHDos9OPHKWMmV+ZtoV/cK5A==. Acesso em: 10
abr. 2022.
18
1.2 ORIGEM
do mesmo patrimônio, sendo assim, considerada por alguns economistas como uma
empresa fictícia.18
Acontece que essas hesitações não foram o suficiente para que o uso desta
empresa não fosse disseminado no meio jurídico-econômico. Em virtude dessa
propagação, no Brasil, o marco inicial da holding foi após a publicação da Lei nº
6.404/1976, mais conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, conforme o Artigo
2º, §3º, descrito abaixo:
Art. 2º: Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não
contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda
que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar
o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. 19
Como explicado por Edna Pires Lodi e João Bosco Lodi, o nascimento da
holding começou quando da aparição de Empresas-mãe e de suas empresas filiadas.
Com base neste contexto, empresa-mãe é a empresa que se dá o surgimento de um
grupo empresarial, após o seu desenvolvimento e avanço econômico, possuindo
condições financeiras e fluxo de caixa capazes de constituir novas companhias e
adquirir bens. Nesse sentido, as empresas coligadas, por mais que independentes da
empresa-mãe, na prática eram dependentes da administração da sua instituidora. A
partir desta conjuntura, a criação de uma holding veio a facilitar o controle centralizado
de todas as empresas, bem como a sustentação econômica como um todo, se
tornando uma das razões da concepção deste tipo empresarial. A utilização da holding
favoreceu a transferência de recursos entre as empresas coligadas e a empresa-mãe
e, consequentemente, auxiliou do progresso financeiro e comercial apoiado da sua
implementação. 20
Surpreendentemente, a utilização deste instrumento não se iniciou através de
empresas multinacionais. Foram companhias nacionais que testaram e aperfeiçoaram
a aplicação desta estrutura organizacional de empresa. Apenas após essas
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 14. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
10 abr. 2022.
23 TEIXEIRA, Tarcísio, Direito empresarial sistematizado: doutrina, jurisprudência e prática. 7. ed.
24 LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastião Vasconcelos. Reorganização societária e blindagem
patrimonial por meio de constituição de holding. Revista Scientia Iuris, v. 18, n. 2, p. 55-71, 2014, p.
62. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/issue/view/1032. Acesso em: 20 jun.
2022.
25 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. São Paulo:
27 BRASIL. Presidência da República. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 15
nov. 2022.
28 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 118. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
10 nov. 2022.
29 COMPARATO, Fabio Konder; SALOMÃO, Calixto Filho. O Poder de Controle na Sociedade
Anônima. 6. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2013, p. 141. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-309-5131-3/. Acesso em: 12 abr. 2022.
23
30 LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastião Vasconcelos. Reorganização societária e blindagem
patrimonial por meio de constituição de holding. Revista Scientia Iuris, v. 18, n. 2, p. 55-71, 2014, p.
65. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/issue/view/1032. Acesso em: 20 jun.
2022.
31 TEIXEIRA, Tarcísio, Direito empresarial sistematizado: doutrina, jurisprudência e prática. 7. ed.
Portanto, a holding mista pode ser uma sociedade que tenha a prática de
estipuladas atividades comerciais como objeto social, mas também detém o controle
de quotas e ações de outras empresas. No Brasil, é considerada a mais comumente
utilizada dentre os tipos que serão abordadas neste capítulo.35
33 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 8. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
34 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 18. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
10 abr. 2022.
35 MANGANELLI, D. L. Holding Familiar como estrutura de planejamento sucessório em empresas
tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2021, p. 5. E-Book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187970/pdf/0?code=HibIH6625hWiX9onP/oXrvlCY
mxDQFiBiXkZp5RAnMKDZLGvp581fSIIhMgwU3yHDos9OPHKWMmV+ZtoV/cK5A==. Acesso em: 10
abr. 2022.
25
37 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 19. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
10 abr. 2022.
38 LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastião Vasconcelos. Reorganização societária e blindagem
patrimonial por meio de constituição de holding. Revista Scientia Iuris, v. 18, n. 2, p. 55-71, 2014, p.
58. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/issue/view/1032. Acesso em: 20 jun.
2022.
39 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
40 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
50. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522112647/. Acesso
em: 04 abr. 2022.
41 ARAUJO, Elaine Cristina de; ROCHA, Arlindo Luiz Junior. HOLDING: visão societária, contábil e
tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2021, p. 6. E-Book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187970/pdf/0?code=HibIH6625hWiX9onP/oXrvlCY
mxDQFiBiXkZp5RAnMKDZLGvp581fSIIhMgwU3yHDos9OPHKWMmV+ZtoV/cK5A==. Acesso em: 10
abr. 2022.
42 ARAUJO, Elaine Cristina de; ROCHA, Arlindo Luiz Junior. HOLDING: visão societária, contábil e
tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2021, p. 5. E-Book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187970/pdf/0?code=HibIH6625hWiX9onP/oXrvlCY
mxDQFiBiXkZp5RAnMKDZLGvp581fSIIhMgwU3yHDos9OPHKWMmV+ZtoV/cK5A==. Acesso em: 10
abr. 2022.
27
43 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
51. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522112647/. Acesso
em: 04 abr. 2022.
44 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
45 LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastião Vasconcelos. Reorganização societária e blindagem
patrimonial por meio de constituição de holding. Revista Scientia Iuris, v. 18, n. 2, p. 55-71, 2014, p.
60. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/issue/view/1032. Acesso em: 20 jun.
2022.
46 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 94. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
10 abr. 2022.
48 MANGANELLI, D. L. Holding Familiar como estrutura de planejamento sucessório em empresas
HOLDING: visão societária, contábil e tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2021, p.
235. E-Book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/187970/pdf/0?code=HibIH6625hWiX9onP/oXrvlCY
mxDQFiBiXkZp5RAnMKDZLGvp581fSIIhMgwU3yHDos9OPHKWMmV+ZtoV/cK5A==. Acesso em: 10
abr. 2022.
30
considerável dos impostos pagos pela companhia, a partir dos meios de elisão fiscal
nela empregados.53
A constituição desta empresa também tem, como citado, uma função de
proteção patrimonial aos bens que compõem o seu capital. Nos dias atuais, além dos
riscos que corre, uma pessoa física que adquiri e mantém bens com valores elevados
em seu nome despende de custos do mesmo nível. Desde o estágio da compra, da
transmissão ao seu nome e até a mantença e administração dos bens, todas estas
fases consomem recursos financeiros do comprador. Entretanto, com a criação de
uma holding controladora do patrimônio, a companhia recebe todos os bens do seu
sócio, o qual começa a reter quotas da sociedade. Evidente que a sua utilização não
isenta a empresa e suas aquisições de todo e qualquer tipo de imposto, mas pode
diminuir significativamente no montante de cada uma delas.54
No planejamento sucessório, o detentor do patrimônio, após a transferência de
seus bens para a sociedade, antecipa a sucessão por meio da destinação das quotas
da empresa aos sucessores escolhidos. Nestes casos, para haver uma segurança do
detentor do patrimônio, enquanto ainda vivo, para que possa usufruir dos seus bens,
tanto para uso como para recebimento de eventuais dividendos, e que assegure a não
interferência de terceiros no patrimônio, o contrato social é constituído contendo
cláusulas restritivas de direitos, que ratificam os direitos do sócio doador e dos
herdeiros que estarão compondo a sociedade.55
Uma das cláusulas mais usadas nestes casos é a de incomunicabilidade dos
bens, que protege os herdeiros, quando casados, a depender do regime de
casamento que são regidos. Nesse caso, o regime de bens deve ser considerado,
pelo fato de haver diferenças entre a comunicabilidade dos bens de herança entre
cada regime. 56
53 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de empresa. 25. ed. São Paulo: editora
Saraiva, 2013, pg. 5.
54 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 94. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
20 jun. 2022.
55 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 110. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
56 LODI, Edna Pires; LODI, João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2012, p.
57RODRIGUES, Silvio, 2003, APUD SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica
do planejamento societário, sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 296. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
58 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 110. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
59 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 116. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
32
sucessão dos bens para terceiros que o patriarca ou matriarca não gostariam que
fossem vinculados.60
É por isso que diversos autores compreendem que a holding patrimonial é, nos
dias atuais, a mais necessária no cotidiano das pessoas. Ela é capaz de amplificar o
patrimônio pessoal do sócio, através da distribuição das quotas, proteger os bens e,
ainda, economizar tributações do âmbito imobiliário e, se pensado com este objetivo,
sucessório. São por estas razões que estes dois tipos de holdings serão objeto de
maior aprofundamento nos estudos desta pesquisa, demonstrando suas vantagens e
desvantagens nas aplicações, principalmente no que se refere ao planejamento
sucessório.61
60 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. 119. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 10 abr. 2022.
61 ECKERT, A.; CRESTANI, T.; MECCA, M. S. Vantagens do planejamento tributário através da
atendam e quitem os fortuitos inadimplementos que algum dos sócios possa estar
realizando.63
Nesse sentido, é assim que dispõe o autor Fábio Ulhoa Coelho sobre o referido
tema:
5.1.
34
2.1 CONCEITO
Uma pessoa insere-se na titularidade de uma relação jurídica que lhe advém
de uma outra pessoa, ou, por outras palavras, é a continuação em outrem de
uma relação jurídica que cessou para o respectivo sujeito, constituindo um
dos modos, ou títulos, de transmissão ou de aquisição de bens ou de direitos
patrimoniais. 68
67 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 6. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590654/.
Acesso em: 15 jun. 2022.
68 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p.
enquanto os agentes estão ainda em vida, no qual o comprador irá assumir o espaço
do vendedor em relação ao seu bem, ou ainda quando o donatário assume a
titularidade do objeto fruto da doação, e assim sucessivamente. Entretanto, não é
apenas através da vontade dos agentes que tais sucessões acontecem, pois podem
decorrer de decisões judiciais, eventos naturais e até mesmo de ações humanas com
abstração da vontade, porém, assim compreendidas pela legislação.69
De modo contrário, a sucessão causa mortis, também conhecida como
sucessão hereditária, surge a partir da causa morte de uma pessoa. Tal
acontecimento emerge diversos efeitos jurídicos, entre eles a transferência patrimonial
para seus sucessores legais. São nessas situações em que o transmitente é referido
através de diferentes termos, como: “morto, falecido, prafalecido, defunto, autor da
herança, inventariado, hereditando, transmitente, de cujus, decujo, passado”.70
O termo de cujus, frequentemente usado nestas situações, é de origem latina,
originária da frase cujus sucessione agitur, em tradução para o português seria
“aquele cuja sucessão se trata”, ou seja, se referindo ao autor da herança objeto do
direito sucessório.71
Desta forma, entende-se que, o ramo do direito das sucessões no direito
civilista, é o responsável pela regulação desta transferência de direitos, bens, dívidas
e valores deixados pelo de cujus aos seus herdeiros, uma vez que a herança significa
todo o patrimônio que o falecido deixa, sendo ele ativo, como bens e valores em
contas bancárias, ou passivos, como dívidas e execuções. Evidente que, para a
sucessão de fato ocorrer, não apenas o falecimento do sucedido é necessário, mas
também a sobrevivência de seus sucessores.72
Segundo o autor civilista Paulo Luiz Lobo, é importante ressaltar quais são os
bens que podem ser transferidos através do direito das sucessões:
69 CARVALHO, Luiz Paulo Vieira D. Direito das Sucessões. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019, p.
13. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597017328/. Acesso
em: 15 jun. 2022.
70 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
Nem todos os bens juridicamente tuteláveis podem ser objeto do direito das
sucessões. Duas limitações são essenciais:
(1) os bens devem ter natureza patrimonial, cujos títulos sejam suscetíveis de
ingresso no tráfico jurídico e de valoração econômica;
(2) os bens devem integrar relações privadas. 73
Nesta banda, os bens que não são considerados patrimoniais, ou, patrimoniais,
porém indisponíveis, não poderão ser objeto de transmissão entre sucedido e
sucessor. Nesse caso, não só os bens, mas também pretensões patrimoniais, como
ações de indenização em favor do falecido, também serão parte da herança aos seus
sucessores. Sobre as dívidas, a legislação brasileira entende que deve haver um limite
ao serem transmitidas, não ocasionando danos ao próprio patrimônio dos herdeiros.
Este princípio é conhecido como pré-exclusão da responsabilidade ultra vires (além
da força), visando proteger o patrimônio pessoal dos sucessores, diferentemente de
como acontecia no passado, em que as dívidas, em sua totalidade, eram repassadas
aos herdeiros da herança.74
Portanto, em sua generalidade, o direito sucessório, através da legislação
vigente e dos princípios que a permeiam – que adiante serão comentados, tem como
propósito a normatização de como será feito a transmissão do patrimônio deixado pelo
falecido aos seus herdeiros. Nestes episódios, o imprescindível a ser compreendido é
o que deve ser transferido, para quem deve haver esta transmissão e a quantidade
que deve ser sucedida.75
2.2 PRINCÍPIOS
73 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 6. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590654/.
Acesso em: 15 jun. 2022.
74 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 18. E-book.
76 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p.
17. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555591217/. Acesso
em: 15 jun. 2022.
77 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo Mário Veiga. Novo Curso de Direito Civil -
Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 23. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555594812/. Acesso em: 16 jun. 2022.
39
nas hipóteses em que existam bens fixados no Brasil e outros em país distinto. Nesse
sentido, se transcreve o artigo 23:
Assim sendo, entende-se que a lei válida para regular um inventário, por
exemplo, é a que estava em vigência no momento em que houve a morte do sucedido,
e não no momento de abertura do inventário ou partilha de bens.83
Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 28. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555594812/. Acesso em: 16 jun. 2022.
41
Este princípio, em sua tradução livre, significa “não além das forças da
herança”. 85
O referido princípio vai de encontro à lei que vigorava antigamente, na vigência
do Código Civil Brasileiro de 1916, com origem do Direito Romano, no qual coagia os
sucessores a pagarem eventuais dívidas e obrigações do seu sucedido, mesmo que
tais dívidas e obrigações ultrapassassem o benefício recebido através da herança. 86
Acontece que, a partir do Código Civil de 2002, os herdeiros não são mais
responsabilizados por estes passivos que excedem o proveito econômico auferido
pelos bens do de cujus, princípio este que está alicerçado, principalmente, em função
do artigo 1.792 do Código Civil87:
Hipótese que pode acontecer é, por ato espontâneo do herdeiro, pagar casuais
credores em dinheiro, para que o patrimônio do inventário se destine unicamente para
ele, ou seja, não é obrigatório o pagamento das dívidas do falecido através dos bens
deixados. É facultado aos herdeiros o pagamento.88
85 CARVALHO, Luiz Paulo Vieira D. Direito das Sucessões. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019, p.
14. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597017328/. Acesso
em: 15 jun. 2022.
86 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p.
89 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo Mário Veiga. Novo Curso de Direito Civil -
Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 25. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555594812/. Acesso em: 16 jun. 2022.
90 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p.
Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 26. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555594812/. Acesso em: 16 jun. 2022.
43
principalmente de uma geração à outra. É por isso que se compreende que o direito
das sucessões está fortemente entrelaçado com a imagem de continuidade da família
e religião.93
Ademais, por este motivo que, nos primórdios, a transmissão dos bens entre
as pessoas já continha particularidades que ainda hoje são usadas, onde a
transferência dos bens para seus familiares era vista como a mais correta e normal,
dando prosseguimento ao patrimônio pela própria família.94
No Brasil, o novo Código Civil de 2002 trouxe alterações pertinentes se
comparado com o antigo Código, de 1916. Porém, se manteve a mesma essência,
buscando proteger a propriedade privada. Dentre as mudanças mais relevantes, se
destaca a concorrência do cônjuge vivo diante dos demais herdeiros legítimos,
previsão que não existia antigamente. 95
Com o passar dos anos, diversas alterações se demonstraram necessárias
para acompanhar a evolução social e cultural da sociedade. Tem- se, como exemplo,
o reconhecimento de igualdade aos descendentes de relações matrimoniais com os
de relações extramatrimoniais. Essa mudança busca tutelar as entidades familiares
em sua generalidade, não apenas as advindas de um matrimônio.96
Outra transformação é a forma que os cônjuges passaram a serem cuidados
em uma sucessão. Desde a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, o Estado
buscou proteger todos os tipos de entidade familiar, como já citado. Nesta banda, o
Código Civil de 2002 já trouxe consideráveis alterações neste sentido, incluindo os
companheiros ao direito sucessório. Porém, apesar deste avanço, ainda havia
diferenças no tratamento entre cônjuges e companheiros, o que foi afastado devido
ao julgamento do Supremo Tribunal Federal em 2017, que considerou inconstitucional
qualquer diferenciação entre companheiros e cônjuges, desde que, por evidente,
93 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 7. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590654/.
Acesso em: 15 jun. 2022
94 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 22. E-book.
Direito das Sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 20. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555594812/. Acesso em: 16 jun. 2022.
96 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 27. E-book.
Este subcapítulo irá adentrar nas matérias mais específicas sobre o direito
sucessório à luz da legislação brasileira, demonstrando as formas de sucessão hoje
existentes, bem como o modo em que são processadas.
Buscará compreender o entendimento ao que se refere às sucessões legítimas
e testamentárias, quem são as pessoas que fazem parte das sucessões, as etapas
deste processo, desde a transmissão ocorrida pela saisine, o início de um inventário
e, por fim, a partilha de bens entre os sucessores.
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. 99
97 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p.
15. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555591217/. Acesso
em: 15 jun. 2022.
98 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 82. E-book.
100 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 61. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590654/.
Acesso em: 15 jun. 2022.
101 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
105 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020,
p. 25. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555591217/.
Acesso em: 15 jun. 2022.
106 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões.
108 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 87. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596809/. Acesso em: 16 jun.
2022.
109 CARVALHO, Luiz Paulo Vieira D. Direito das Sucessões. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019, p.
É por este motivo que, quando o autor da herança morre e não se encontra
nenhum documento testamentário em que tenha deixado a sua vontade registrada, a
sucessão ocorrerá da forma em que a lei a prescreve, suprindo a ausência de
declaração de última vontade do de cujus. Se entende que, como o falecido não
deixou nenhum testamento, fica subentendido que está de acordo com a legislação e
com a devida ordem hereditária de sucessão de patrimônio prevista, iniciando-se com
seus herdeiros necessários. 112
Entretanto, apesar do direito à autonomia e do poder de testar do sucedido,
através de um instrumento formal dispondo do seu patrimônio em favor de quem o
mereça, esta disposição de vontade, na maioria das vezes, não poderá ser de forma
integral. Isso decorre dos casos em que deve ser respeitado e preservado a quota da
sucessão legítima, que é determinada em 50% do patrimônio líquido do autor da
herança. A ideia é limitar a liberdade do sucedido quando da existência de herdeiros
necessários, respeitando o princípio da solidariedade familiar. 113
Existem situações que, mesmo existindo um testamento deixado pelo autor da
herança, a sucessão legítima ocorre em sua integralidade, removendo a sucessão
testamentária. Conforme Paulo Luiz Neto Lobo 114, são estas as hipóteses em que
poderá ocorrer:
111 GIACOMELLI, Cinthia L F.; ZAFFARI, Eduardo K.; SOUTO, Fernanda R. Direito Civil: Direito das
Sucessões. 1. ed. Porto Alegre: Grupo A, 2021, p. 36. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556901329/. Acesso em: 20 jun. 2022.
112 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 84. E-book.
Ocorre que, ainda hoje, esta forma de sucessão é minusculamente usada pela
população no geral. Apesar de ser uma forma de planejamento sucessório, mesmo
que parcial e limitada, a sociedade não demonstra desejo à utilização deste
instrumento, estando, na sua maioria, satisfeitos com as regras de sucessão legítima
legisladas. O testamento é mais usado nos casos em que a pessoa não há, de fato,
sucessores legítimos, ou, ainda, quando o falecido deseja favorecer o cônjuge ou a
cônjuge ainda viva, para que posteriormente aconteça a sucessão integral do
patrimônio do casal. Entende-se que essa antipatia usual dos brasileiros em não testar
ou planejar a sucessão ocorre por fatores meramente culturais, psicológicos e
costumeiros. Poucas são as situações em que não há conhecimento desta prática,
mesmo que incompleta.115
É importante observar que o testamento pode ter seus efeitos anulados pela
vontade posterior do sucedido, pois, sendo um negócio jurídico post mortem, só
produzirá seus devidos efeitos quando da morte do testador. Sendo assim, o testador
não fica obrigado a cumprir o que em algum momento declarou através de testamento,
pois tem a liberdade de alterar e revogar a sua declaração de última vontade. É
apenas com a abertura da sucessão que o testamento começa a produzir os seus
efeitos. 116
Sendo assim, esta espécie de herdeiros, chamados de testamentários,
conhecidos também como instituídos, são aqueles favorecidos pela declaração de
vontade do falecido, como mencionado. Acontece que, o fato de serem herdeiros
testamentários, não exclui a possibilidade de serem, também, herdeiros legítimos.
Isso ocorre quando o de cujus, ainda em vida, opta por privilegiar algum ou alguns
deles em detrimento de outros, por espontânea vontade. Em vista disso, apesar de
estarem na mesma ordem hereditária de recebimento do patrimônio deixado, o
testador pode dispor desta forma.117
115 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões.
5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 263.
116 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020,
118 GIACOMELLI, Cinthia L F.; ZAFFARI, Eduardo K.; SOUTO, Fernanda R. Direito Civil: Direito das
Sucessões. 1. ed. Porto Alegre: Grupo A, 2021, p. 14. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556901329/. Acesso em: 20 jun. 2022.
119 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020,
120 VENOSA, Sílvio de S. Direito Civil: Família e Sucessões. 5. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2022, p.
473. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559773039/.
Acesso em: 15 nov. 2022.
121 GOMES, Orlando. Sucessões. 17. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019, p. 10. E-book. Disponível em:
124 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 195. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555590654/. Acesso em: 15 jun. 2022.
125 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões.
principal de inventário, para que então, após a instrução processual, conclua-se quem
são, por direito, sucessores da herança objeto do processo.126
Independente da modalidade que será aplicada, este procedimento é realizado
com a intenção de levantar os bens e patrimônios gerais do falecido, para que sejam
apreciados e posteriormente partilhados da melhor forma entre os herdeiros de direito,
sejam eles testamentários, necessários ou legatários. O objetivo é organizar o
patrimônio líquido deixado pelo autor da herança e, conforme a legislação vigente na
data da morte do de cujus, especificar o que será devido para cada um de seus
sucessores. 127
Além da morosidade que normalmente prevalece nos processos de inventário,
todas as sucessões hereditárias estão condicionadas a cobrança de impostos, sendo
o Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação (ITCMD) o que é mais incidido.
128
126CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões.
5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 420.
127 MESSIAS, Dimas. Direito das Sucessões: Inventário e Partilha. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2020,
130 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões.
5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 476.
131 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.441, de 04 de Janeiro de 2007. Altera dispositivos da
136 ECKERT, A.; CRESTANI, T.; MECCA, M. S. Vantagens do planejamento tributário através da
constituição de uma holding patrimonial. Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 21, n. 3, p. 48-58,
2018, p. 50. Disponível em: https://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/568.
Acesso em: 20 jun. 2022.
137 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B85. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 23 set. 2022.
138 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens:
planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas,
2021, p. 95. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/.
Acesso em: 12 nov. 2022.
57
139 ROESEL, Claudiane Aquino. Desmistificando a Holding Familiar. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2019, p. 21. E-book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/204498/pdf/0?code=cL3tOnwFiosb8bQox9LbvqG
NlOeqlnW9aGriIoaEVEe2ktUoN95URG9t0JeoGZNTNyXT0PHbvqDyhO31sh3ZRA==/. Acesso em: 21
set. 2022.
140 DIAS, Norton Maldonado; MARTINS, Barbara Piovesan. Benefícios da Holding Familiar como forma
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B84. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 23 set. 2022.
58
dos bens a serem transmitidos, sendo pago um imposto para cada bem transmitido.
Apesar de haver a necessidade de pagamento do imposto tanto no inventário
tradicional, como ao constituir a holding, é ressalvado a este tipo societário que o valor
lançado do imóvel, que irá incidir o percentual tributado, poderá ser o valor venal do
bem, disposto no imposto de renda do transmitente. Isso, na maioria das vezes, traz
diminuição no valor pago à título de tributo se comparado com o inventário, onde o
bem é avaliado individualmente, calhando no aumento do valor do imóvel e
consequente aumento no valor pago referente ao tributo da Transmissão Causa Mortis
e Doação. 142
O Imposto sobre transmissão causa mortis e doação possui a condição de não
haver onerosidade nos negócios jurídicos realizados. Assim como o imposto de renda,
o que será posteriormente explicado, o presente imposto é atribuído de alíquota
progressiva, ou pelo menos há essa possibilidade.143
Por ser um imposto de competência estadual e do Distrito Federal, fica a critério
destes entes federativos imporem a condição de progressividade da alíquota,
respeitando a alíquota percentual máxima de 8% (oito por cento), determinada pelo
Senado Federal, nos conformes do artigo 155, § 1º, V, da Constituição Federal.144
Outro fator importante sobre o ITCMD é de que, mesmo nas mortes
presumidas, ou seja, que não se tem a verdadeira certeza e conhecimento do
falecimento, o imposto é devido, conforme entendimento da Súmula 331 do Supremo
Tribunal Federal: “É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no
inventário por morte presumida”. 145
Além do ITCMD, outro imposto a ser cobrado, quando se trata de ato oneroso,
que é o caso de integralização de patrimônio à sociedade, especificamente a holding,
142 ROESEL, Claudiane Aquino. Desmistificando a Holding Familiar. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2019, p. 37. E-book. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/204498/pdf/0?code=cL3tOnwFiosb8bQox9LbvqG
NlOeqlnW9aGriIoaEVEe2ktUoN95URG9t0JeoGZNTNyXT0PHbvqDyhO31sh3ZRA==/. Acesso em: 21
set. 2022.
143 PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 7. ed. Porto Alegre: livraria do
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. C136. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 23 set. 2022.
149 PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 7. ed. Porto Alegre: livraria do
150 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em:
14 nov. 2022.
151 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em:
14 nov. 2022.
152 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em:
14 nov. 2022.
61
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 112. E-
62
Como citado, o Imposto de Renda Pessoa Física pode conter variação. Isso
porque este imposto segue o critério de tributação progressivo, no qual os sujeitos
contribuintes estão submetidos a diferentes alíquotas contributivas, a depender do
potencial poder financeiro de cada um. Nesse sentido, o imposto de renda na
modalidade pessoa física pode variar entre as alíquotas de 7,50% (sete e meio por
cento), 15,00% (quinze por cento), 22,50% (vinte e dois e meio por cento) e 27,50
(vinte e sete e meio por cento). No caso discutido, o valor auferido a título de locação
ultrapassava o montante exigido a integrar a contribuição com base em 27,50% (vinte
e sete e meio por cento).156
Portanto, a progressividade ocorre na medida em que a pessoa possui
capacidade contributiva para tanto, pois a ocorrência de determinado imposto, assim
como a alíquota adotada, está relacionada à possibilidade de ser cobrado da pessoa,
sem que dela se tire o mínimo existencial. Isto significa que a cobrança de imposto
deve ser, de forma presumida, realizável pelo sujeito.157
Destaca-se que esta base de cálculo da pessoa jurídica é composta pelo
Contribuição Social sobre o Lucro, conhecido como CSLL. Tal imposto, que há
organização de tributação análoga ao Imposto de Renda em relação a forma que é
apurado, é baseado em cima do lucro obtido pela empresa, calculado após eventuais
deduções, exclusões, compensações e adições.158
De acordo com a Lei nº 7.869/1988, artigo 3º, inciso III159, a alíquota usada, na
maioria dos casos, para chegar ao valor pago a título de Contribuição Social sobre o
Lucro, é de 9% sobre o lucro, respeitando as provisões mencionadas no parágrafo
anterior, acerca das deduções possíveis.
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. C161. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 12 nov. 2022.
159 BRASIL. Presidência da República. Lei º 7.689, de 15 de dezembro de 1988. Institui contribuição
social sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras providências. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7689.htm#:~:text=LEI%20No%207.689%2C%20DE%201
5%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201988&text=a%20seguinte%20Lei%3A-
,Art.,para%20o%20imposto%20de%20renda. Acesso em: 14 nov. 2022.
63
160 BRASIL. Presidência da República. Lei º 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a Legislação
Tributária Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9718compilada.htm.
Acesso em: 14 nov. 2022.
161 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 94. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
23 set. 2022.
162 LANSBERG, 1996, apud DE OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Empresa familiar: como
fortalecer o empreendimento e otimizar o processo sucessório. 3. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2010, p.
7. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522473076/. Acesso
em: 15 nov. 2022.
64
163 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Empresas Familiares: O Papel do Advogado na
Administração, Sucessão e Prevenção de Conflitos entre Sócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 139.
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522487080/. Acesso em:
12 nov. 2022.
164 FREZZA, Cleusa Maria Marques; DE FREITAS, Ernani César; GEHLEN, Luciana; MAFALDO,
mudanças para garantir sobrevivência no mercado globalizado. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 42.
65
[...] Da mesma forma que ocorre com os demais bens que integravam o
acervo patrimonial do falecido, suas participações societárias passam, a partir
de seu óbito, a integrar o espólio, figurando o inventariante como seu
representante. Somente com o advento da partilha é que a titularidade das
ações passará a cada sucessor, individualmente. 5. A transferência de ações
nominativas em virtude de sucessão por morte somente se dá mediante
averbação no correspondente livro de registro da sociedade empresária.
Inteligência do art. 31, § 2º, da Lei 6.404/76. 6. Destarte, não se sustenta a
tese defendida no recurso especial no sentido de que, por força do disposto
no art. 1.784 do CC, o recorrente teria assumido a posição de acionista da
companhia automaticamente a partir do falecimento de seu genitor,
independentemente de qualquer formalidade [...]168
166 RASMUSSEN apud MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas
Vantagens: planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São
Paulo: Atlas, 2021, p. 90. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em: 12 nov. 2022.
167 LEONE, Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra. Sucessão na empresa familiar: preparando as
mudanças para garantir sobrevivência no mercado globalizado. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 48.
168 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.953.211-RJ (2021/0117403-2).
Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Data de julgamento: 15 de março de 2022. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/1466714121/inteiro-teor-1466714186. Acesso em: 14
nov. 2022.
66
Toda empresa tem como objetivo a continuidade das operações, ou pelo menos
a sua expectativa. Sendo assim, considerar a possibilidade de preparar a sucessão
empresarial e a administração da companhia é ato de extrema necessidade.
Corporações que abrem mão deste planejamento podem adquirir grande prejuízo pela
falta de organização, o que pode recair de igual forma à credibilidade da empresa em
relação a investimentos de terceiros. Ocorrendo o falecimento do empresário e não
havendo uma estruturação de sucessão já programada, a companhia pode passar por
infortúnios que, na eventualidade de conflitos familiares para a sua resolução,
originam crises e colocam em dúvida a sua perpetuidade. 169
O administrador da empresa não deve ser unicamente escolhido por fatores
jurídicos e sucessórios, pelo contrário. Este cargo é incumbido por diversas
responsabilidades e atribuições, que não são relativas a qualquer pessoa. Dessa
forma, a possibilidade de escolha pelo empresário de quem será a pessoa
encarregada a dar continuidade a companhia, é capaz de promover o saudável
seguimento das funções empresariais, não sendo prejudicado pelo fator morte do
administrador empresarial.170
A falta ou o mal planejamento nesse sentido pode resultar em herdeiros
legalmente constituídos, mas que nunca tiveram a experiência ou preparação
necessária para gerir a empresa. Ou, ao contrário, pode acontecer de membros da
família que são altamente qualificados, esperando serem reconhecidos e conseguirem
uma oportunidade de se encarregarem de mais atribuições dentro da companhia, se
desligarem das atividades da empresa, pelo pensamento de que esta expectativa não
será correspondida pelo atual gestor.171
Vale destacar que, diferentemente do pensamento popular, o administrador da
empresa não equivale ao dono da companhia. O administrador societário possui
deveres de gerir a empresa, através de todos os perigos e encargos da função. Não
necessariamente o administrador deve ser sócio da empresa. Através do
planejamento sucessório empresarial, os herdeiros terão seus direitos de sucessão
169 GOMES, Orlando. Sucessões. 17. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019, p. 10. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530986049/. Acesso em: 22 jun. 2022.
170 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda C. Planejamento Sucessório: Introdução à Arquitetura
Estratégica - Patrimonial e Empresarial - com Vistas à Sucessão Causa Mortis. São Paulo: Atlas, 2015,
p. 5. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597000108/.
Acesso em: 12 nov. 2022.
171 LEONE, Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra. Sucessão na empresa familiar: preparando as
mudanças para garantir sobrevivência no mercado globalizado. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 51.
67
172 LÔBO, Paulo Luiz N. Direito Civil: Sucessões. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2022, p. 306. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596809/. Acesso em: 16 jun.
2022.
173 FREZZA, Cleusa Maria Marques; DE FREITAS, Ernani César; GEHLEN, Luciana; MAFALDO,
e otimizar o processo sucessório. 3. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2010, p. 12. E-book. ISBN
9788522473076. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522473076/.
Acesso em: 15 nov. 2022.
68
3.4.1 Do Usufruto
175DA SILVA, Vanessa F; LOZADA, Gisele; VILLANI, Paulo M.; FERREIRA, Adriana G.; XARÃO,
Jacqueline C. Gestão de empresa familiar. 1. ed. São Paulo: Grupo A, 2019, p. 152. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788533500563/. Acesso em: 15 nov.
2022.
69
3.4.2 Da Incomunicabilidade
176 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 144. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
21 set. 2022..
177 GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B110. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 21 set. 2022.
70
partir do seu uso, os direitos advindos dos bens herdados passam a ser somente do
sucessor, protegendo-o das demais relações jurídicas que eventualmente poderá
estar inserido. Nos casos de divórcio, exemplificativamente, os bens herdados não
serão divididos no momento da partilha dos bens do casal, pois a mencionada cláusula
decreta total incomunicabilidade do patrimônio, inclusive impossibilitando a
instauração de comunhão.179
Portanto, como uma aplicação preventiva, evitando perturbações futuras de
divisão de patrimônio com cônjuges que não farão mais parte da família, a cláusula
de incomunicabilidade é um perspicaz meio de garantir a direção correta na que o
bem irá se destinar, na medida em que este é um dos fundamentais motivos na criação
de um planejamento sucessório, visto que o sucedidos possuem receio de que o
patrimônio que levaram a vida toda para conquistar, seja simplesmente partilhado com
pessoas que em nada possuem relação familiar.180
Além do impedimento de comunicação do bem herdado com os bens do
cônjuge, conforme exposto com mais detalhes anteriormente, sendo este o objetivo
principal desta providência tomada pela transmitente do patrimônio aos seus
herdeiros, a simples cláusula de incomunicabilidade também protegerá os direitos
sobre eventual partilha com cônjuge futuro. Isto significa que a relação conjugal que
acontecer, ocasionalmente, de forma superveniente à criação da holding,
identicamente ao intuito já elucidado, estará abrigada pelos efeitos da medida
imposta.181
179 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B114. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 22 set. 2022.
180 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 110. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
22 set. 2022.
181 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 14. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
04 abr. 2022.
71
3.4.3 Da Impenhorabilidade
3.4.4 Da Inalienabilidade
182 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B118. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 22 set. 2022.
183 DIAS, Norton Maldonado; MARTINS, Barbara Piovesan. Benefícios da Holding Familiar como forma
sociedade, colocando desconhecidos para dentro de uma relação jurídica que foi
pensada e planejada pelo transmitente.184
Nesse sentido, os bens inalienáveis são bens considerados indisponíveis
diante dos efeitos a eles impostos, pois não poderão ser transferidos a ninguém em
hipótese alguma. É por isso que o seu uso gera, como reflexo, efeitos como o da
cláusula de impenhorabilidade dos bens.185
3.4.5 Da Reversibilidade
184 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas Vantagens: planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2021, p. 110. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597026900/. Acesso em:
22 set. 2022.
185 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B118. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 22 set. 2022.
186 SILVA, Fabio.; ROSSI, Alexandre. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário,
sucessório e tributário. 2. ed. São Paulo: Trevisan, 2017, p. B119. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450028/. Acesso em: 22 set. 2022.
DIAS, Norton Maldonado; MARTINS, Barbara Piovesan. Benefícios da Holding Familiar como forma de
planejamento no Brasil. Científic@ - Multidisciplinary Journal, v. 6, n. 2, pp. 64–83, 2020, p. 68.
73
Estratégica de Negócio: uma abordagem prátiva. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 21. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522494941/. Acesso em: 06 abr.
2022.
189 DIAS, Norton Maldonado; MARTINS, Barbara Piovesan. Benefícios da Holding Familiar como forma
Estratégica de Negócio: uma abordagem prátiva. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 22. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522494941/. Acesso em: 06 abr.
2022.
75
CONCLUSÃO
ainda em vida pelos seus sócios constituídos. De modo geral, entendeu-se que estas
holding possuem grande importância nas empresas familiares e com um patrimônio
que necessita de cuidados e planejamento especial, ou simplesmente quando o seu
gestor escolhe fazer o uso desta aplicação.
Posteriormente, no capítulo segundo do trabalho, buscou-se compreender os
mais essenciais fundamentos do direito sucessório. A partir disso, foi conceituada a
sucessão, com ênfase na sucessão causa mortis, objeto do trabalho.
Destacaram-se os princípios que norteiam o direito sucessório, explicando os
seis que, no entendimento do autor Dimas Messias, são os fundamentais, sendo eles
o princípio da função social da herança, que tem como objetivo mostrar a importância
da herança como continuidade de riqueza às gerações sucessoras, o princípio da
territorialidade, que se relaciona com as leis vigentes no momento e local da morte do
de cujus, o princípio da temporariedade, que trata sobre a lei usada nos casos de
sucessão, sendo ela as vigentes no tempo do falecimento do sucedido, o princípio do
respeito à vontade manifestada, que são aos casos em que o falecido demonstrou,
em vida, as intenções quanto o direcionamento do patrimônio, princípio que tem forte
relação com o planejamento sucessório, o princípio non ultra vires hereditatis, que
dispões sobre os sucessores não serem obrigados a pagarem as dívidas do sucedido
que excedam o patrimônio deixado, e, por último, o princípio da saisine, que consiste
na transferência do patrimônio aos sucessores imediatamente após a morte do de
cujus.
Seguiu-se esclarecendo a evolução histórica do direito sucessório no brasil e
suas atualizações legislativas, a partir do Código Civil de 2002, atualizando-se aos
novos contextos culturais inseridos à sociedade.
Após, se caracterizou o conceito de sucessão legítima, que é quando a
sucessão acontece da exata forma em que a legislação prevê, ou seja, não há
declaração de vontade manifestada pelo falecido enquanto vivo. Nela, os herdeiros
legítimos são detentores dos direitos sucessórios, cada qual com a sua parte. Os
sucessores legítimos seguem uma linha de ordem familiar, priorizando os
descedentes, companheiros e ascendentes. Esta forma de sucessão é bastante
aceita, uma vez que permanece sendo a mais usada pelas pessoas, o que demonstra
o acerto do legislador ao criar uma ordem sucessória justa e conveniente à população.
77
Além disso, mesmo nos casos em que necessário o pagamento de ITBI, a base
de cálculo será o valor venal do imóvel, se assim preferir o empresário. Isso irá
diminuir o pagamento do imposto, uma vez que o valor do imóvel não será
devidamente atualizado.
Outro ponto positivo que se conclui é nos casos em que serão incluídos à
empresa imóveis destinados à locação. Isso acontece porque, levando em
consideração os impostos pagos como pessoa jurídica no caso de locação de imóveis,
o imposto de renda pessoa física pode chegar ao patamar de 27,5% do lucro bruto
obtido no período de locação. Entretanto, quando utilizada a holding para
integralização do capital com estes bens, os impostos a serem pagos no caso de
locação não excederão o percentual de 14,53%. Destacou-se que, ainda em vida, a
pessoa que está planejando a sua sucessão já poderá usufruir deste instrumento.
Ademais, adentrou-se ao tema das empresas familiares e os efeitos e
necessidades de um bom planejamento sucessório empresarial. Foi destacado a
importância deste instrumento para um bom prosseguimento da empresa, uma vez
que as empresas familiares passam por graves problemas quando o seu criador
falece, muitas vezes levando a companhia à falência. Se demonstra, mais uma vez, a
importância do planejamento para a família de um modo geral, inclusive quando
presente empresa familiar na questão.
Ainda, provou-se a necessidade de se pensar o planejamento sucessório em
aspectos mais consciente, não levando apenas em consideração o afeto,
especialmente nos casos de existência de sociedade na família.
No tocante às vantagens, findou-se discorrendo sobre as cláusulas contratuais
que podem ser inseridas no contrato social da empresa holding, a depender das
expectativas e exigências de seu planejador.
As cláusulas citadas possuem extrema relevância para proteção do patrimônio
integralizado ao capital da empresa, bem como para que o seu sucedido ainda possa
usufruir dos bens integralizados como se ainda dele fosse, já que a transferência das
quotas sociais só aconteceria após o falecimento deste.
Referente às desvantagens da utilização da holding como meio de
planejamento sucessório, destacou-se, principalmente, a carga tributária e o custo
inicial para a sua constituição. Em relação à carga tributária, por mais que pode ser
aproveitada a trazer benefícios aos seus sócios, como já concluído, deve se
79
considerar que não são todos os casos em que estas vantagens irão ocorrer, sendo
necessário um estudo de caso específico para a sua constituição.
Também, ressaltou-se o custo contábil de mantença da empresa em dia com
suas obrigações fiscais e legais, o que muitas vezes precisará da contratação de um
profissional qualificado para melhor atender às necessidades dos participantes da
empresa.
Sendo assim, diante de todas as conclusões levantadas no presente trabalho,
e tendo como problema principal o questionamento se realmente há benefícios na
utilização da empresa holding para o planejamento sucessório, conclui-se que, de
modo geral, são muitos os benefícios que podem ser aproveitados através do uso
deste instrumento, construindo um contrato social que integre todas as exigências do
sucedido, podendo, inclusive, trazer segurança à continuidade da empresa familiar,
se assim estiver presente.
As hipóteses arguidas foram confirmadas, mostrando que a holding é um
excelente instrumento a ser aplicado ao direito sucessório, trazendo benefícios fiscais
aos participantes, bem como uma maior organização da transmissão de bens do
falecido aos herdeiros.
Demonstrou também que a utilização dos meios de planejamentos sucessórios
ainda é pouco usada pela sociedade, em virtude de questões culturais e costumeiras,
mas também pelo motivo de ser um momento em que a população, normalmente, não
se interessa em organizar.
Foi descoberto também que o próprio testamento, que pode ser reconhecido
como um meio de planejamento da sucessão, mesmo que parcial, é minimamente
usado na coletividade, concluindo-se que a sucessão legítima é bastante aceita de
modo geral.
Portanto, em que pese as conclusões aqui arguidas, necessário esclarecer que
o presente trabalho não é um estudo conclusivo, devendo ser ainda mais investigado
e propagado o assunto, pois se trata de tema altamente relevante à sociedade, bem
como para a economia.
80
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