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31 de Julho a 02 de Agosto de 2008

ECOEFICIÊNCIA NO TRATAMENTO DE
RESÍDUOS DAS EMPRESAS
HOTELEIRAS: UM ESTUDO DE CASO

Georgia Maria Mangueira de Almeida (UENF)


georgiamangueira@gmail.com
André Fernando Uébe Mansur (ISECENSA)
uebe@hotmail.com
André Luís Policani Freitas (UENF)
policani@uenf.br

Resumo
Este artigo se propõe a apresentar que o segmento de serviços de
hospedagem de pequeno e médio porte pode criar um diferencial
competitivo no mercado, através de práticas simples de gerenciamento
de resíduos de suas atividades. Prática antiga na Europa e que vem
disseminando para o Brasil, até o interior do estado do Rio de Janeiro
podendo ser verificado através do Estudo de Caso que se apresenta a
possibilidade da ecoeficiência em hotéis, com o uso de indicadores.
Isso porque a consciência ambiental está se tornando fator de
qualidade e de decisão na escolha dos serviços de hospedagem,
resultando em uma acirrada concorrência futura, através da melhor
conciliação do desenvolvimento econômico com a gestão ambiental.

Abstract
This paper if propose to present that the lodging services segment of
small and average size can create a competitive differential in the
market, through simple practical of management of residues of its
activities. Practice old in the Eurrope and that it comes disseminating
for Brazil, until in the interior of the state of Rio de Janeiro, being able
to be verified through of the case study that if presents the possibility of
the ecoefficiency in hotels, with the use of the indicators. This is
because the environmental conscience is becoming quality factor and
decision in the choice of the lodging services, resulting in a future
fierce competition, through better conciliation economic development
with environmental management.

Palavras-chaves: gestão ambiental, ecoeficiência, serviços de


hospedagem e gerenciamento de resíduos
IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras
Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008

1. INTRODUÇÃO

As empresas de diversos setores preocupam-se cada vez mais com atuações


ambientalmente corretas para o controle dos impactos de suas atividades, produtos e serviços
sobre o meio ambiente, criando políticas e objetivos condizentes.
Conforme Reis (2004, p.24), a sociedade está cada vez menos disposta a aceitar ou
tolerar agressões ao meio ambiente e, certamente, num futuro bem mais próximo do que
imagina ela demitirá as empresas irresponsáveis do mercado. Isso se deve a qualidade de vida
do homem ser uma conseqüência direta da qualidade de vida ambiental, tornando-se
interdependentes, quando há uma relação direta com a questão econômica, pois acarreta numa
resposta imediata à construção do ser humano de suas condições de vida, as quais são reflexos
das escolhas adotadas.
Segundo Serra (2005) o segmento de hotelaria deve procurar identificar as necessidades
legais que sejam aplicáveis a aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Isso
porque os hotéis geram poluentes capazes de agredir a natureza, utilizam água e energia elétrica
como suportes de seus negócios, e emitem ruídos e poluentes de exaustores, tornando-se parcela
considerável, quando relacionada à preservação ambiental.
A atuação ambientalmente responsável é, principalmente hoje, um diferencial entre as
empresas no mercado. Em breve, este diferencial se tornará um pré-requisito, e quanto antes
empresas perceberem esta nova realidade, maior será a chance de se manterem no mercado
(GUTBERLET, 1996).
Conforme Junior (1998 apud REIS, 2004, p.24), segundo uma pesquisa realizada em 300
PME’s da região Sul-Sudeste do Brasil pelo SEBRAE, INEM (International Network of
Enviromental Management) e GTZ(uma associação alemã que investe em educação ambiental
em países em desenvolvimento), os dados colhidos são alarmantes, pois demonstram o nível de
consciência e de educação ambiental do empresariado médio brasileiro. Assim:
70% das empresas não controlam as emissões para a atmosfera;
67% das empresas não têm tratamento de efluentes;
54% das empresas não fazem inventário de geração e destinação final de resíduos;

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76% das empresas não se preocupam com o treinamento de seus colaboradores;


59% das empresas não possuem um responsável por questões relacionadas com o
meio ambiente.
Esta atuação poderá ser iniciada pela prática do Ecoeficiência onde algumas medidas de
cunho ambiental de baixo custo aliadas à gestão da empresa, quando praticadas de forma
natural, não alteram as atividades costumeiras, existindo uma padronização deste novo processo.

2. METODOLOGIA

O objetivo geral deste trabalho é apresentar uma oportunidade para o desenvolvimento


de outras empresas de similar porte e ramo de negócio e demonstrar que ações sócio-ambientais
e desenvolvimento econômico podem coexistir, desde que haja uma gestão participativa.
As indagações deste presente estudo surgem da possível inexistência de atividade
humana que não agrida o meio ambiente. E a análise do setor de serviços, principalmente do
ramo hoteleiro, que recebe clientes de diversas culturas, em sua maioria do turismo de negócios,
torna-se instigante a partir do momento em que o cenário local é competitivo e já seleciona
empresas com diferenciais mercadológicos. Neste trabalho foram usados como instrumentos
técnicos a pesquisa bibliográfica, e o estudo de caso.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. O QUE É ECOEFICIÊNCIA?

De acordo com Leripio (1995 apud SEIFFERT, 2007, p.19), o surgimento de iniciativas
concretas de aplicação do conceito da sustentabilidade indica que este está saindo do âmbito
acadêmico e das organizações não governamentais (ONGs), deixando de significar uma
abordagem conceitual, quase idealista, para se tornar um dos principais norteadores das decisões
de investimentos governamentais e privados.
Uma resposta à necessidade de conciliação de desenvolvimento econômico com gestão
ambiental responsável, foi o surgimento do desenvolvimento sustentável, que possui diversos
conceitos para esta expressão, mas um deles estabelece que o atendimento às necessidades do
presente não deve comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas,

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tornando-se uma espécie de “palavra de ordem” após a publicação do Relatório de Brundtland,


intitulado “Nosso futuro comum” em abril de 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente da Organização das Nações Unidas.
Considerada uma ferramenta do desenvolvimento sustentável, relacionando o aspecto
econômico, ao ecológico, e ambos associados à responsabilidade de toda a sociedade, a
Ecoeficiência promove ao mesmo tempo uma redução progressiva dos impactos ambientais e da
intensidade do consumo de recursos ao longo do seu ciclo de vida, a um nível, no mínimo,
equivalente à capacidade de suporte estimada do planeta, permitindo assim uma real adequação
das atividades humanas com as necessidades do meio ambiente.
Fazer uso desta prática, primordialmente, é utilizar uma ferramenta estratégica para a
competitividade. Pois a preocupação ambiental, bem como a adequação à legislação vigente
através do desenvolvimento de métodos e técnicas de produção mais limpa, é uma preocupação
que, a cada dia, cresce e se solidifica como o caminho mais seguro para se obter um melhor
padrão de desenvolvimento. (FLORIM &QUELHAS, 2005)

3.2. MOTIVAÇÕES E ENTRAVES DE PEQUENAS E MÉDIAS


EMPRESAS PARA ADOÇÃO DA ECOEFICIÊNCIA

Os motivos típicos que levam empresas de médio e pequeno porte são principalmente
(SEIFFERT, 2007):

Melhoria da reputação e possível obtenção de concessões para sua participação no


mercado e melhor habilidade para fixação de preços;
Exigências dos clientes;
Reforço na sua imagem com a adoção da ISO 14001 que auxilia nas negociações
com organismos de fiscalização ambiental, clientes com sensibilidade ambiental,
empregados e ONGs;
Inovação de processos permitindo um programa de prevenção da poluição, que
auxilia na redução de custos e no aumento da eficiência do processo produtivo.
Em contrapartida, há dificuldades relacionadas à melhoria do desempenho ambiental de
pequenas e médias empresas, sendo enumeradas a seguir:

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Pressões associadas a tempo e dinheiro, o que desestimula o investimento


economicamente benéfico na melhoria de seu desempenho ambiental;
Muitas pequenas e médias empresas dão baixa prioridade a temas ambientais;
Pressões de ordem regulamentar, mercado e financeiras nesta área ainda são, de
modo geral, relativamente fracas;
Carência de conscientização ou entendimento de seus impactos ambientais e
opções disponíveis para a melhoria do desempenho.
Por outra ótica, superar a cultura empresarial predominante entre pequenas e médias
empresas não é complicado, sendo comuns entraves culturais do empresariado para aceitar
riscos calculados; inovar produtos, processos e estratégias e adotar uma postura pro ativa para
que ocorram relações comerciais dentro de uma cadeia de fornecedores de grandes empresas
multinacionais. Isso promove o amadurecimento e a competitividade em um mercado
globalizado. (SEIFFERT, 2007, p. 48).

3.3. A GESTÃO AMBIENTAL E A HOTELARIA

3.3.1 CONTEXTO MUNDIAL

Cada vez mais se tem aumentado o nível de discussão e percepção das pessoas quanto
aos temas relacionados com o meio ambiente, e o segmento hoteleiro mundial tem atuado, já há
alguns anos, porém com enfoque fortemente na redução de custos e desperdícios.
Conforme aponta Ricci (2005, p. 79), os hotéis europeus já têm minimizado o uso de
recursos naturais através de técnicas desde os anos 80, tais como energia elétrica e água, pois
são altos estes custos energéticos no Velho Mundo. Os hotéis da Ásia, como no Japão, China e
Coréia vêm implementando programas de redução de desperdício e reaproveitamento de
materiais.
A AHMA – American Hotel and Motel Association , a mais importante entidade
americana no ramo hoteleiro, tem incentivado seus associados a praticarem programas de gestão
nos Estados Unidos. Já no Reino Unido, a IHEI- International Hotel and Environmental
Iniciative -, uma organização mantida pelo Príncipe Charles, dedica-se ao desenvolvimento de

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programas básicos de redução de desperdícios e de uso de recursos naturais nos hotéis. Assim
como estes exemplos, muitas entidades têm nascido nos últimos anos.
E com isso aqui no Brasil, a ABIH- Associação Brasileira de Indústria de Hotéis,
através da iniciativa do então presidente Sr. Herculano Iglesias trouxe, baseado em um modelo
do Reino Unido um programa denominado Hóspedes da Natureza, que tem por objetivos utilizar
a adequação ambiental do parque hoteleiro como ferramenta de marketing para a promoção dos
destinos nacionais junto aos principais centros emissores internacionais.
O maior representante da associação brasileira defende que este programa despertará em
muitos hotéis a conscientização para uso de métodos de trabalho mais adequados, com maior
respeito ao meio ambiente.

3.3.2 INDICADORES DE ECOEFICIÊNCIA: AS MELHORES


PRÁTICAS HOTELEIRAS

Ricci(2005), aponta que para se medir a eficácia das ações ambientais propriamente
implementadas, existem vários indicadores que podem ser instalados. A complexidade e
quantidade dos indicadores devem obedecer à relação custo-benefício.
Portanto, é necessário que ocorra uma análise aprofundada sobre o que deverá ser
mensurado e que ação deverá ser tomada, para se poupar tempo e recursos do hotel.
Freqüência
Unidade de Referente ao
Indicador Sugerida de
medida Recurso Natural
Monitoramento
Consumo Total de Água por Hóspede (m³/pax) Água Mensal
Consumo Total de Água na Lavanderia por material
(m³/kg) Água Mensal
processado.
Consumo Total de Energia por UH ocupada no
Kwh/UH Energia Mensal
período.
Consumo Total de Energia por área construída. Kwh/m² Energia Mensal
Consumo de Energia na Lavanderia por material
Kwh/kg Energia Mensal
processado.
Consumo de Gás (GLP) utilizado na área de A&B por
(m³/pax) Energia Mensal
hóspede no período.
Quantidade de Efluentes Gerados (água e esgoto) Vários conforme a Conforme
Água
legislação legislação
Solo
aplicável aplicável

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Total de Lixo gerado por Hóspede no período (kg/pax) Solo Mensal


Percentual de lixo destinado à reciclagem ou % (kg a reciclar/kg
Solo Mensal
reutilização, referente ao total gerado no período. total)
Consumo Total de Produtos Químicos na Limpeza. Água
(litros ou kg) Mensal
Solo
Consumo Total de Produtos Químicos de Dedetização Água
(litros ou kg) Mensal
Solo
Quadro 1 - Sugestões de indicadores a serem utilizados nas PMEs.
Fonte: Adaptado de RICCI(2002).

No quadro anteriormente apresentado, Ricci sugere indicadores que podem ser utilizados
em um Programa de Gestão Ambiental de um Hotel, analisados sob a efetiva ótica dos impactos
mais relevantes às atividades do ramo hoteleiro.
Estes indicadores variam de acordo com o tipo de hotel, sua localização, suas instalações
etc. O ideal, segundo Ricci (2005), seria realizar um benchmarking (um processo contínuo de
comparação de produtos, serviços e práticas empresariais entre os mais fortes concorrentes ou
empresas reconhecidas como líderes) com hotéis de mesmo porte e características semelhantes
de serviços.

3.4. ESTUDO DE CASO

3.4.1 JUSTIFICATIVA DA SELEÇÃO

A Ecoeficiência poderá ser uma oportunidade de demonstrar que o crescimento


econômico e a preocupação com o meio ambiente podem coexistir, simbioticamente, pois a
sociedade está cada vez menos disposta a aceitar ou tolerar agressões ao meio ambiente e,
certamente, num futuro bem mais próximo do que imagina ela demitirá as empresas
irresponsáveis do mercado. Além disso, grandes empresas são as primeiras a alcançar
certificações, particularmente àquelas referentes à degradação ambiental, e conseqüentemente
exigirão de seus fornecedores o alcance do mesmo registro, envolvendo assim toda a cadeia de
fornecedores, inclusive as pequenas e médias empresas (SERRA, 2005).
Assim o ponto de partida de deste presente artigo é apresentar o tratamento de resíduos e
outras práticas de cunho ambiental de um hotel tradicional, de pequeno porte, na cidade de
Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro que em seus primeiros meses de implantação

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de um Projeto Eco eficiente garantiu resultados positivos para a empresa, norteando assim o
desejo pela busca da Certificação Ambiental ISO.

3.4.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

Palace Hotel é um estabelecimento localizado às margens do Rio Paraíba do Sul, na


região central da cidade de Campos dos Goytacazes, que tem como objetivo hospedar clientes
que vêm a cidade a negócios ou a lazer. Embora não se tenha conhecimento da data exata do
início das atividades deste empreendimento hoteleiro, sabemos que no início do século XX,
mais precisamente 1907, o prédio já abrigava um hotel, na época, denominado “Hotel Flávio”,
conforme peça publicitária presente no jornal de época “A Lanterna". Em março de 1963, a
administração atual assume o controle do fundo de negócios, para no final dos anos 70, adquiriu
também o imóvel. Uma característica marcante da atual administração é a importância dada ao
aspecto de constante renovação e adequação de suas instalações e serviços, visando atender seus
clientes da forma a mais atualizada possível. Por se tratar de empresa instalada em um prédio
centenário e de valor histórico, muitas adaptações e adequações físicas, tiveram que ser
inplementadas.

Figura 1 – Fachada tradicional do Palace Hotel


Fonte: Arquivo do Palace Hotel
No inicio dos anos 90, percebendo-se a necessidade de oferecer algo diferenciado aos
clientes, partiu-se para a construção de um prédio anexo, resultando uma oferta de mais 24
unidades habitacionais (UH).

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Figura 2 – Fachada do prédio anexo ao Palace Hotel


Fonte: Arquivo do Palace Hotel

3.5. ANÁLISE DO PROCESSO

3.5.1 O CENÁRIO ANTERIOR

O hotel detectou a iminente necessidade de minimizar impactos na natureza,


promovendo ações que desviassem o destino de materiais que poderiam ser reciclados e do óleo
de cozinha, dos quais os primeiros eram enviados por caminhões da limpeza pública que
amontoavam ainda mais os lixões, e o segundo tinha o caminho do esgoto. E a política de
economia energética foi estabelecida na época do “apagão”, sendo esta política instituída pelo
governo federal, e nada mais era feito.

3.5.2 O PROCESSO DE MUDANÇA

Objetivando a Ecoeficiência, o hotel promoveu ações do Sistema de Gestão Ambiental,


que têm por objetivo promover uma consciência ecológica em seus colaboradores, uma
diminuição dos impactos ambientais e assegurar melhor utilização possível dos materiais e
insumos envolvidos nos processos.
Dentre estas ações em prol das questões ambientais que foram instituídas destaca-se:

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Uma política interna de utilização do verso de cada folha impressa, com nova
impressão, para que não se desperdice papel, contribuindo para preservação da
natureza.
Programa de Coleta Seletiva de Lixo
Sistema de Aquecimento de Água por Energia Solar, aproveitando-se do espaço
favorável apresentado pelo terraço do prédio anexo;
Parceria no Recolhimento do Óleo de Cozinha por empresa especializada em
fabricação de sabão, tendo como insumo o óleo de soja;
Conscientização de Colaboradores, Clientes e Parceiros, através de palestras,
reuniões internas, panfletos e banner.
Política de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica, através de instrução
interna de trabalho;

A empresa possui 02 escritórios, um destinado a reservas e departamento de cobrança, e


outro onde está localizada a gerência geral e o departamento pessoal e de projetos. A política de
utilização de versos de folhas para impressão iniciou-se integralmente e hoje faz parte da rotina
das pessoas envolvidas dos setores. Além disso, uma fragmentadora de papel está localizada
próximo a uma lixeira reciclável, para destinar todos os documentos à reciclagem.
O Programa de Coleta Seletiva de Lixo iniciou em abril de 2007, com reuniões
periódicas de conscientização dos colaboradores da empresa, levantamento dos processos que
resultam em rejeitos possivelmente recicláveis e estudo da viabilidade deste programa. Houve a
aquisição de conjuntos de coletores seletivos que se localizam em pontos estratégicos, próximos
à recepção, ao setor de governança e a cozinha. Além da criação de um depósito para coleta
centralizada destes materiais recicláveis.

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Figura 3 – Coletores Seletivos disponibilizados no Hotel


Fonte: Arquivo do Palace Hotel

A partir de Junho de 2007, 100% da água utilizada para banho pelos hóspedes é aquecida
através de um sistema que utiliza Placas Solares localizadas no terraço do prédio anexo. Estas
placas recebem o calor do sol aquecendo a água que circula por estas placas e é acondicionada
em um boiler para distribuição em todas as Unidades Habitacionais.
No mês de agosto de 2007 o hotel começou a destinar o óleo de soja usado, para uma
empresa especializada em filtragem e refino com a finalidade de se fabricar sabão, ou seja,
promovem a separação para Transformação de 100% do Óleo de Soja usado no Restaurante em
novos produtos, evitando assim despejá-lo na natureza, prática esta ambientalmente licenciada.

Figura 4 – Placas Solares no terraço do prédio anexo do Hotel


Fonte: Arquivo do Palace Hotel

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O hotel disponibiliza nas suas dependências como estacionamento e nos salões de


convenções coletores seletivos e banners com pedido de colaboração. Além disto, palestras são
ministradas sobre diversos tipos de materiais, quais são recicláveis ou não, como fazer a coleta,
entre outros. Mas para que seus projetos possam fluir, é mantida ativamente a comunicação
interna nos bastidores, através de cartazes e de Boletins Internos Mensais distribuídos a todos os
funcionários, reforçando a comunicação interna.
Além disso, o Hotel dispõe de um Gerador que supre toda necessidade do hotel para
mantê-lo em funcionamento integral, caso haja falta de energia. Lâmpadas Eletrônicas de Baixo
Consumo também estão sendo usadas nos diversos setores fazendo assim, parte do programa de
redução energética. Devido aos chuveiros elétricos retirados estarem estocados, a referida
empresa visitou asilos e casas de filantropia, distribuindo-os, devido ao desuso destes em
detrimento das placas solares para aquecimento da água, aproveitando a oportunidade para
distribuição de Boletins Especiais Informativos de Combate ao Desperdício de Água e de
Energia Elétrica.
Mas para que estas ações pudessem ser iniciadas, seguindo a política de gestão integrada
já implantada na empresa, o Palace Hotel elencou objetivos éticos e transparentes condizentes
com as aspirações da empresa para se evitar a degradação ambiental. O trecho a seguir foi
retirado do Planejamento Estratégico 2007 da empresa:
Política da Gestão Ambiental

Atender a legislação ambiental e aos compromissos ambientais assumidos;


Prover aos colaboradores a correta utilização de recursos naturais,
minimizando os resíduos gerados pelas atividades;
Envolver clientes fornecedores e sociedade para promover maior
conscientização ambiental;
Sempre que solicitado, divulgar sua política publicamente .

Figura 5 – Convite à conscientização ambiental

Fonte: Arquivo do Palace Hotel

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4. RESULTADOS E CONCLUSÃO

Ao final de 2007, mais de seis toneladas de lixo coletado seletivamente, na referida


empresa em estudo, destinaram-se às empresas coletoras. Por mês foram em média, 680 kg de
materiais como papelões, plásticos, alumínios e papéis todo o lixo reciclável. Porém o vidro
possuía destino diferente: este material era doado à SACI (Sociedade de Apoio a Criança e ao
Idoso), que separa por cores e vende para Cisper, uma das maiores fabricantes de copos e
garrafas de vidro. Com isso o hotel arrecadou um montante que foi inventariado e repassado
para um fundo em benefício dos próprios colaboradores.
O sistema de aquecimento solar por placas solares promoveu uma redução energética,
em torno dos 12% no primeiro mês de implantação.
São em média 18 litros por semana de doação de óleo a uma empresa na cidade do Rio
de Janeiro que utiliza este material como insumo ao processo de fabricação de sabão.
Assim, colaboradores e clientes participaram ativamente do programa, e com isso a
empresa ganhou mais adesões e os resultados alcançados puderam ser oferecidos ao final do ano
e renovaram seu compromisso empresarial deste a implantação deste sistema de Ecoeficiência
no tratamento de seus resíduos.
Mas este resultado só foi possível, com uma gestão participativa, com a regularidade de
reuniões e com o fortalecimento da comunicação interna através de seus principais veículos,
como quadro de avisos, reuniões internas e boletins bimestrais.

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Figura 6 – Coleta Seletiva de 2007


Fonte: Arquivo do Palace Hotel

Conclui-se que a Ecoeficiência em pequenas empresas não tem, obrigatoriamente, que


passar por grandes investimentos. Atitudes simples de organização do lay out ou de melhoria de
um processo são suficientes para se dar o primeiro passo na trajetória para o alcance da
Certificação Ambiental.

5. REFERÊNCIAS

FLORIM, L.C. QUELHAS, O.L.G. Contribuição para a construção sustentável:


Características de um projeto habitacional eco eficiente. Disponível em: <
http://www.producaoonline.ufsc.br/v05n02/artigos/PDF/157_2004.pdf>. Acesso em: 20 abr.
2008, 21p.

GUTBERLET, Jutta. Produção Industrial e Política Ambiental: experiências de São Paulo e


Minas Gerais. São Paulo: Konrad Adenauer Stiftung, 1996.

MIKE, H. Administrando Organizações do Terceiro Setor. São Paulo: Editora Pearson


Education do Brasil, 1999.

MILES, Morgan P.; MUNILLA, Linda S.; MCCLURG, Timote. The impact of ISO 14000
environmental management standard on small and medium sized enterprises. Journal of
Quality Management, v.4,nº 1,p.111-112,1999.

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MOREIRA, M. S. Estratégia e implantação do Sistema de Gestão Ambiental (Modelo Série


ISO 14000). Belo Horizonte: Ed. DG, 2001.

RICCI, Renato. Hotel: gestão competitiva no século XXI: ferramentas práticas de


gerenciamento aplicadas à hotelaria. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

SEIFFERT, M. E.; ISO 14001 sistemas de gestão ambiental: implantação objetiva e


econômica -3. ed.rev. e ampl. p. 50 - São Paulo: Atlas, 2007.

SERRA, F. A.; Fator humano da qualidade em empresas hoteleiras – Rio de Janeiro:


Qualitymark, 2005

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