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INSTITUTO TÉCNICO DE GESTÃO DO KIKOLO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE GESTÃO EMPRESARIAL


PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL
(PAP)

FUNDO DE MANEIO COMO FACTOR DETERMINANTE NA


GESTÃO DO PATRIMÓNIO EMPRESARIAL

- CASO DA EMPRESA BETA, LDA 2019-2021

Integrantes do grupo nº 04. Turma: AGT. Classe:13ª

Nº 01: Adilson Kangundo Marcelino


Nº 06: António Vulauanga de Sousa
Nº 23: Helena Simba Gomes
Nº 27: José Afonso de Almeida
Nº 29: Juliana João de Nascimento
Nº 32: Marcos José Manuel Pascoal
Nº 33: Panda Moisés Matungama Quibevu

Orientador Professor Carlos Gomes Kitudia, Msc.

Luanda, 2022/2023
INSTITUTO TÉCNICO DE GESTÃO DO KIKOLO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE GESTÃO EMPRESARIAL
PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL
(PAP)

FUNDO DE MANEIO COMO FACTOR DETERMINANTE NA


GESTÃO DO PATRIMÓNIO EMPRESARIAL

- CASO DA EMPRESA BETA, LDA 2019-2021

Trabalho de fim do curso apresentado


no Instituto Técnico de Gestão do
Kikolo, como requisito para a obtenção
do grau de Técnico Médio de Gestão
Empresarial, orientado pelo professor
Carlos Gomes Kitudia, Msc.

Orientador Professor Carlos Gomes Kitudia, Msc.

Luanda, 20222/2023
FICHA DE APROVAÇÃO

Fundo de Maneio como Factor Determinante na Gestão do Património Empresarial


(Caso da Empresa Beta, LDA aos 31/12/2021)

DIRECTOR DO INSTITUTO

Professor Domingos António de Carvalho, Lic.

DIRECTOR PEDAGÓGICO

Professor José Miguel Panzo, Lic

COORDENADOR DO CURSO

Professor Evaristo Mateus Vany, Lic.

ORIENTADOR

Professor Carlos Gomes Kitudia, Msc.

BANCA EXAMINADORA

Presidente do Júri

___________________________________________

1.° Vogal

_________________________________________

2.° Vogal

_________________________________________

Aprovado aos_______/_______/__________
Folha de Aprovação

O presente trabalho de fim do curso foi examinado e aprovado com a nota final de:
_________________,________________(__________________)

Autorizamos a disponibilização do presente trabalho de fim do curso(P.A.P.) na biblioteca do


Instituto Técnico de Gestão do Kikolo(I.T.G.K.), para consulta públlica, mas a sua
reprodução total ou parcial, para fins académicos e científicos, somente pode ser feita
mediante a autorização expressa nos termos de legislação vigente sobre direitos autorais.

Autorizado aos ______/_______/_______.


FICHA CATALOGRÁFICA

Fundo de Maneio como Factor Determinante na Gestão do Património Empresarial


(Caso da Empresa Beta, Lda aos 31/12/2018)

Trabalho de fim do curso, apresentado ao Instituto Técnico de Gestão do Kikolo (I.T.G.K.),


no âmbito da obtenção do título de Técnico Médio de Gestão Empresarial
Área de concentração: Instituto Técnico de Gestão do Kikolo
Orientador: Professor Carlos Gomes Kitudia, Msc.
Palavras Chave: Fundo de Maneio, Gestão, Património Empresarial.
DEDICATÓRIA
Dedicamos o presente trabalho à todos os familiares e amigos que sempre
estiveram ao nosso lado nos insentivando em especial aos nossos pais, que vêm nos
apoiando para que pudéssemos realizar com dedicação e esforço esse trabalho.

I
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos à Deus pela vida e pela graça que nos tem
concedido. Agradecemos também aos nossos pais pelo suporte e apoio que nos têm
agraciado em todas as circunstâncias.

Um especial agradecimento ao nosso Orientador professor Carlos Gomes


Kitudia pela partilha de connhecimento, pelas sugestões e comentários preciosos à
realização do presente trabalho, bem como, pela disponibilidade, apoio, dedicação,
insentivo e paciência com que acompanhou todo esse projecto.

II
EPÍGRAFE

Juros compostos são a


oitava maravilha do mundo.
Quem entende, ganha.
Quem não entende paga.

Albert Einstein

III
RESUMO

A presente pesquisa propõe o fundo de maneio como factor determinante na


gestão do património empresarial, com o objectivo de descrever a importância e a
infuência que exerce a sua utilidade na gestão do património empresarial.

Para atingir tal objectivo, utilizamos o método de pesquisa quantitativo, por ser a
que mais se adequa aos objectivos pretendidos para o presente estudo.

No âmbito de obter os resultados necessários para a elaboração deste trabalho,


recorremos a fontes bibliográficas, documentais e o estudo de caso, tendo efectuado o
estudo de caso na empresa BETA, LDA.

As informações recolhidas no estudo de caso mostraram que o fundo de maneio


é de máxima importância pois uma empresa sem o fundo de maneio é como uma casa
sem alicerces, não tem segurança.

O fundo de maneio serve como proteção pois é uma margem de segurança para
qualquer falta de comprometimento que possa surgir, de modo a ter capacidade de
liquidez e de solver as dívidas do passivo corrente.

Palavras Chave: Fundo de Maneio; Gestão; Património Empresarial.

IV
ABSTRACT

The present research proposes working capital as a determining factor in the


management of business assets, with the aim of describing the importance and the
influence that its usefulness exerts is the management of business assets.

To achieve this objective, we used the quantitative research method, as it is the


one that best suits the objectives intended for the present study.

In order to obtain the necessary results for the elaboration of this work, we
resorted to bibliographic sources, documents and the case study, having carried out the
case study in the company BETA, LDA.

The information collected in the case study showed that the working capital is of
the utmost important because a company without working capital is like a house without
foundations, it has no security.

The working capital serves as protection as it is safety margin of any lack of


commitments that may arise, in order to have liquidity capacity and also the capacity to
solve the debts of current liabilities.

Key Words: Working Capital; Management; Corporate Assets.

V
LISTA DE ABREVIATURAS

NFM – Necessidade de Fundo de Maneio

FMF – Fundo de Maneio Funcional

PGC – Plano Geral de Contabilidade

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

IRT – Imposto sobre o Rendimento de Trabalho

TA – Tesouraria Activa

TP – Tesouraria Passiva

T – Tesouraria

CPM – Capital Permanente

TMR – Tempo Médio de Recebimento

TMP – Tempo Médio de Pagamento

GFM – Gestão de Fundo de Maneio

TMI – Tempo Médio de Investimento

FM – Fundo de Maneio

FMP – Fundo de Maneio Patrimonial

TL – Tesouraria Líquida

DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa

DRE – Demonstração de Resultado do Exercício

DF’s - Demonstrações Financeiras

VI
LISTA DE FIGURAS

Figura nº 01: Ciclo das operações de investimento, exploração e de tesouraria............17

LISTA DE QUADROS

Quadro nº 01: Modelo de Balanço de patrimonial.........................................................06

Quadro nº 02: Modelo de Demonstração de Resultados por Natureza..........................09

Quadro nº 03: Modelo de Demonstração de Resultados por Funções............................10

Quadro nº 04: Modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa (método directo)...............11

Quadro nº 05: Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa (Método indirecto)..........14

Quadro nº 06: Modelo do Balanço Funcional.................................................................22

Quadro nº 07: Balanço patrimonial da empresa BETA, LDA........................................34

Quadro nº 08: DRE da empresa BETA, LDA.................................................................35

Quadro nº 09: DFC da empresa BETA, LDA.................................................................36

Quadro nº 10: Balanço Funcional da empresa BETA, LDA...........................................38

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico nº 01: Variação do FM da empresa BETA, LDA..............................................39

Gráfico nº 02: Variação das NFM da empresa BETA, LDA..........................................39

Gráfico nº 03: Variação da TL da empresa BETA, LDA................................................40

VII
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ................................................................................................................ I
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II
EPÍGRAFE ..................................................................................................................... III
RESUMO ....................................................................................................................... IV
ABSTRACT .....................................................................................................................V
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... VI
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... VII
LISTA DE QUADROS ................................................................................................. VII
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................. VII
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 4
1. Análise financeira ..................................................................................................... 4
1.1. Conceito de análise financeira............................................................................ 4
1.2. Objectivo da análise financeira .......................................................................... 4
1.3. Importância da análise financeira ....................................................................... 5
1.4. Evolução da análise financeira ........................................................................... 5
1.5. Fontes de informação financeira ........................................................................ 7
1.5.1. Balanço ........................................................................................................ 7
1.5.2 – Demonstrações de resultados líquido do exercício ................................. 10
1.5.3 – Demonstração de fluxos de caixa ............................................................ 12
1.6- Fundo de maneio .............................................................................................. 18
1.6.1-Conceito de fundo de maneio ..................................................................... 18
1.6.2 – Análise funcional do equilíbrio financeiro .............................................. 20
1.6.3 – Fundo de maneio funcional ..................................................................... 22
1.6.4 – Necessidade em fundo de maneio ........................................................... 23
1.6.5 – Tesouraria líquida .................................................................................... 24
1.6.6 – Balanço funcional .................................................................................... 25
1.6.7 - Gestão de fundo de maneio ...................................................................... 29
1.6.8 - Política de gestão do fundo de maneio ..................................................... 33
1.6.9. Equilíbrio Financeiro ................................................................................. 35

VIII
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DE PESQUISA. ...................................................... 36
2.1 – Conceito de metodologia ................................................................................... 36
2.2- Tipos de pesquisa. ............................................................................................... 36
2.3 - Métodos de pesquisa.......................................................................................... 38
2.3.1 - Procedimentos e métodos da pesquisa. ........................................................... 38
2.4 - Técnicas de pesquisa. ......................................................................................... 39
2.5 – População ou universo e amostra....................................................................... 40
CAPÍTULO III: ESTUDO DE CASO NA EMPRESA BETA, LDA, AOS 31/12/2021
........................................................................................................................................ 41
3.1 – Apresentação da entidade .................................................................................. 41
3.1.1 - Identificação das operações vinculadas à entidade ...................................... 41
3.1.2 - Estrutura funcional da entidade ................................................................... 41
3.2 – Apresentação e análise das demonstrações financeiras da empresa BETA,
LDA aos 31/12/2021 ............................................................................................... 42
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49
RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 52

IX
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema o fundo de maneio como factor


determinante na gestão do património empresarial, o mesmo visa ilustrar aos
profissionais e académicos desta área de pesquisa com o prpósito de analisar o efeito do
fundo de maneio na gestão do património empresarial.

As empresas para terem um bom funcionamento precisam conhecer as suas


capacidades financeiras para poderem fazer face a concorrência.

A competitividade empresarial exige que as empresas tenham fundos suficientes para


financiarem os seus projectos e poderem neutralisar efeitos pertubadores do mercado.

O fundo de maneio é a quantidade de dinheiro investido nas operações diárias de


uma empresa sendo comummente estimado como a diferença entre o activo corrente e o
passivo corrente.

O fundo de maneio tem como objectivo analisar a estrutura financeira da


empresa.

A empresa deve manter um fundo de maneio que lhe possibilite garantir as suas
condições normais de exploração.

Todas as empresas desejam alcançar os seus objectivos maximizando os lucros e


minimizando os custos, mas muita das vezes torna-se impossível atingir essa mesma
espectativa devido a falta de uma boa margem de segurança.

Formulação de problema

Segundo Marconi et al(2003, p 129), o problema é a mola propulsora de todo


trabalho de pesquisa. Definir o problema de pesquisa é explicitar de forma objectiva,
compreensível e operacional, a dúvida com que nos deparamos e planeamos resolver.

O ambiente empresarial está em constante mudança o que é visível, devido às


inovações tecnológicas. As decisões de médio e longo prazos quer de investimento quer
de financiamento, influenciam no comportamento dos cash flows futuros da empresa e
determinam o seu valor de curto prazo, no que concerne aos investimentos e
financiamentos e geri-los criteriosamente. As decisões de médio e longo prazo por si só
podem não contribuir para a criação de valor. Há necessidade de fazer políticas de

1
gestão que propiciam uma gestão eficaz do fundo de maneio. E a gestão do fundo de
maneio influenciará o desempenho financeiro das organizações no curto prazo.

Assim levantam-se os seguintes problemas:

De que forma o fundo de maneio funciona como factor determinante na gestão


do patrimônio da empresa Beta, Lda?

Formulação das hipóteses

Segundo Marconi et al(2004, p 137), a hipótese é uma proposição enunciada


para responder tentativamente à um problema, isto é, são formulações provisórias do
que se procura conhecer e, em conseqüência são supostas respostas para o problema da
pesquisa.

Para a resolução dos problemas supra enunciados, temos as seguintes hipóteses:

Hipótese 0: O Fundo de Maneio pode servir como um factor determinante de


uma forma a detectar os problemas de Gestão Patrimonial, corrigir ou impedir
totalmente a existência de ruptura de tesouraria na empresa Beta, Lda.

Hipótese 1: O Fundo de Maneio é um factor determinante na Gestão do


Património da empresa Beta, Lda porque serve como reserva de emergência financeira
quando a empresa não consegue suportar os seus gastos.

Objectivos

Objectivo geral

Compreender até que ponto o Fundo de Maneio é um factor determinante na


Gestão do Património da empresa Beta, Lda.

Objectivos específicos

a) Identificar as características do Fundo de Maneio que o tornam um factor


determinante na Gestão do Património da empresa Beta, Lda;

b) Analisar as características do Fundo de Maneio que o tornam um factor


determinante na Gestão do Património da empresa Beta, Lda;

c) Caracterizar o fundo de maneio, necessidade de fundo de maneio e tesouraria


líquida da empresa Beta, Lda.

2
Justificativa

O motivo de interesse pelo tema resulta do facto de ser um assunto de estudo de


extrema importância para a gestão do património empresarial, o que facilita nas tomadas
de decisôes à curto prazo.

A escolha do tema começou na 12ª classe do curso, com a cadeira de Análise


Económica e Financeira, foi uma cadeira na qual ao longo do ano expermentamos
algumas dificuldades mas mesmo assim decidimos fazer o trabalho nesta área para
podermos ultrapassar determinadas barreiras e aprofundar os conhecimentos da cadeira,
mais precisamente no que diz respeito ao Fundo de Maneio como Factor Determinante
na Gestão do Património Empresarial.

O mesmo visa responder as várias questões comuns no seio das empresas das
quais estão relacionadas a sua gestão a fim de se alcançar o equilíbrio financeiro através
de uma excelente gestão do fundo de maneio.

Importância

Segundo Benzinho e Rodrigues (1995, p. 42) a análise financeira é um elemento


preponderante para a gestão de qualquer empresa, sempre que o departamento de gestão
querer tomar decisões de ordem financeiras, nomeadamentea investimento e
financiamentos, será necessário conhecer a situação financeira da empresa, o
departamento de gestão terá de recorrer ao auxílio da função financeira para fazer a
análise financeira.

É importante pois ajuda-nos a definir os pontos positivos e negativos de todo


desempenho operacional e do capital. E em posse dessa análise é possível detectar
problemas de Gestão, tomar decisões estrategicos e expandir as atividades financeiras.

3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo trata de apresentar os assuntos associados ao tema onde


destacamos conceitos, objectivos da análise financeira utilizando um conjunto de
técnicas que se baseiam fundamentalmente, no balanço, demonstração de resultados e
demonstração de fluxo de caixa com objectivo de interpretar a situação económica e
financeira da empresa.

Portanto, o estudo do papel da análise financeira na gestão, os objectivos da


análise financeira, assim como os instrumentos base da análise financeira e outros
elementos, são objecto de análise neste capítulo.

1. Análise financeira

A análise financeira é uma ferramenta ultilizada para conhecer a viabilidade,


estabilidade e lucratividade de uma empresa e engloba um conjunto de instrumentos e
métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de uma
empresa. Desta forma procuramos neste trabalho estabelecer e demonstrar que o uso das
demonstrações financeiras na anélise financeira estabelece informações sólidas e
relevante para a sobrevivências das empresas, no processo de tomadas de decisões.

1.1. Conceito de análise financeira

Segundo Carlos e Francisco Nabais(2011.p 16), propõem o conceito de análise


financeira como sendo um conjunto de técnicas que visam o estudo da situação
financeira da empresa através da análise de documentos contabilísticos(o balanço,
demonstração dos resultados e a demonstração do fluxo de caixa) e visa dotar os
responsáveis da organização e outras entidades, de informações para a tomada de
decisões.

1.2. Objectivo da análise financeira

Segundo Benzinho & Rodrigues (1997,p. 13) a análise financeira tem como
objectivo o tratamento dos dados económicos e financeiros, referente a empresa e
sector. A técnica de recolha de dados é fundamental para a análise financeira.

Análise financeira é um elemento preponderante para a gestão de qualquer


empresa. Sempre que a gestão quer tomar decisões de ordem financeira, nomeadamente
investimento e meio de financiamento é necessário conhecer a análise financeira da
empresa. para conhecimento desta situação a gestão terá de recorrer ao auxílio da

4
funcão financeira, através de uma análise financeira que englobará o seguinte (Benzinho
& Rodrigues 1997,p. 13):

• Estudo da estrutura do activo;

• Financiamento.

Assim:

A análise financeira permite o controlo financeiro pela gestão através de:

• Realização da política financeira;

• Equilíbrio financeiro;

• Rentabilidade.

1.3. Importância da análise financeira

A falta de um conhecimento profundo sobre os problemas internos, muitas


vezes, estão entre as principais razões que leva diversas organizações a quebrarem. A
ausência de uma boa análise financeira acaba desencadeando uma série de
consequências negativas que impactam directamente os lucros do negócio (Carlos e
Francisco Nabais 2011, p. 18).

Sendo assim, quanto menor for seu controlo sobre o fluxo de caixa, menor será o
activo corrente, a importância da análise financeira está no facto de que ela proporciona
informação suficiente para que o gestor tome decisões inteligentes e, assim, garanta a
sobrevivência e o desenvolvimento da empresa.

1.4. Evolução da análise financeira

A pressão exercida pelo desenvolvimento do capitalismo e o apoio do raciocínio


lógico matemático podem ter formado o agregado que gerou a partida dobrada ou pelo
menos que facilitou que fosse introduzido nos processos contabilísticos. (SÁ, António
Lopes de 1997.p.37).

Nos anos 80, dá-se uma revolução financeira, marcada pelo aumento dos riscos
financeiros a que as empresas estavam expostas, pela crescente importância das
emissões de títulos no financiamento das empresas e pela consequente relevância quer
da gestão de tesouraria, quer das variáveis financeiras. A implicação desta revolução foi
o aumento do número de entidades que emitem pareceres sobre a situação financeira das
empresas, não estando já este papel reservado apenas aos bancos.

5
Esta revolução foi acompanhada de alterações na gestão das empresas, no
sentido de questionar os tradicionais intrumentos de análise financeira (como os rácios
ou o fundo de maneio), não para os inviabilizar mas antes para os enriquecer. À medida
que a análise financeira evolui, torna-se assim cada vez mais claro que não se trata de
uma ciência exacta e que não há uma forma única de analisar a saúde financeira de uma
empresa.

Assim, de forma a alcançar a sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela


empresa, a avaliação e interpretação da situação económico-financeira de uma empresa
centra-se nas seguintes questões fundamentais (SA, António Lopes de 1997, p 38):

❖ Equilíbrio financeiro;

❖ Rentabilidade dos capitais;

❖ Crescimento;

❖ Risco;

❖ Valor criado pela gestão.

O recurso à análise financeira é extremamente importante para as diversas partes


interessadas numa boa gestão empresarial, sendo que essas partes interessadas são
gestores, credores, trabalhadores e as respectivas organizações, Estados, investidores e
clientes.

Cada grupo ou indivíduos tem diferentes interesses, por isso fazem a análise
financeira mais adequada aos objectivos pretendidos.Apesar destes objectivos poderem
ser diferentes, as técnicas utilizadas baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto
de informações económico-financeiras (SA, António Lopes de 1997, p 38):

❖ Balanço;

❖ Demonstração de resultado líquido do exercício;

❖ Demonstração de fluxo de caixa.

A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um
instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar
o desempenho económico-financeiro das empresas ao longo do tempo. Constituem
assim uma base de análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se-ão nos
aspectos qualitativos da gestão.

6
1.5. Fontes de informação financeira

A análise da situação financeira da empresa, centra-se num conjunto


fundamental de temas para a sobrevivência e crescimento da mesma. Assim, O analista
recorre aos documentos financeiros ou contabilísticos elaborado pela empresa.

A análise financeira é um processo contínuo que tem por finalidade avaliar a


situação patrimonial da empresa no tempo e no espaço, e utilizar um conjunto de
técnicas que se baseiam na actividade da empresa.

Os documentos que servem de base de análise financeira de uma empresa


segundo o Plano Geral de Contabilidade (PGC), aprovado pelo decreto nº 82/2001, de
16 de Novembro, considera que as demonstrações financeiras estão compostas pelos
segintes elementos:

➢ Balanço;
➢ Demonstração de Resultado do Exercício;
➢ Demonstração de Fluxo de Caixa.

1.5.1. Balanço

O balanço é uma demonstração contabilística destinada a evidenciar,


quantitativamente e qualitativamente numa determinada data, a posição patrimonial e
financeira de uma entidade (PGC, p. 22).

Segundo Neves(2000, p 23), o balanço é um documento contabilístico e expressa


a situação patrimonial de uma empresa, em determinada data.

O balanço pode ser elaborado na óptica contabilística e óptica financeira.

A elaboração do balanço na óptica patrimonial é formada por um conjunto de


bens, direitos que constituem o activo, e por um conjunto de obrigações e situação
líquida.

Activo = Capital alheio + Capital Próprio

Na óptica financeira o activo representa as aplicações de fundo ou seja o


investimento. Estes bens e direitos da empresa são financiados por capitais próprios, ou
por capitais alheios, e designam-se também como sendo origens de fundos ou
financiamentos (Neves 2000, p. 24).

7
O balanço traduz simultaneamente três ideias fundamentais:

• A comparação do activo e passivo, evidenciando o capital próprio;


• Um conjunto de contas, com valores de sinal contrário, em equilíbrio;
• Um mapa ou documento em que se representa aquela comparação e o equilíbrio
das contas.

O objectivo pelo qual se elabora o balanço é o de revelar a estrutura financeira


da empresa em determinado momento, constituíndo assim uma fonte de informação
muito impportante, não só para a própria empresa, mas também para aqueles que
estejam ligados directamente ou indirectamente a empresa, como é o caso dos
accionistas, fornecedores, clientes, sócios, o estado e o público em geral (Neves 2000, p.
24).

8
Quadro nº 1 – Modelo de Balanço Patrimonial
Balanço em____________________________ Valores expressos em_____________
Exercícios
Designação Nota N N-1
ACTIVO
Activo não Corrente
Imobilizações Corpóreas
Imobilizações Incorpóreas
Investimentos em Subsidiárias e Associadas
Outros activos financeiros
Outros activos não corrente
Activos Correntes
Existências
Contas a receber
Disponibilidades
Outros activos correntes
Total do Activo
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio
Capital
Reservas
Resultados Transitados
Resultados do Exercício
Passivo não Corrente
Empréstimos de médio e longo prazo
Impostos diferidos
Povisões para pensões
Provisões para outros riscos e encargos
Outros passivos não correntes
Passivo Corrente
Contas a pagar
Empréstimos de Curto prazo
Parte cor. dos empr. a médio e longo prazo
Outros passivos correntes

Total do Capital Próprio e Passivo


Fonte: Plano Geral de Contabilidade aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de
Novembro.

9
1.5.2 – Demonstrações de resultados líquido do exercício

As demonstrações de resultados evidenciam a formação dos resultados (lucros e


prejuízos) num determinado período. A rendibilidade das vendas, dos capitais
investidos e a eficiência económica da empresa, são feitas através das demonstrações de
resultados.

A formação dos resultados evidencia-se pela síntese dos custos e proveitos em


grupos homogéneos, indicados desta forma a proveniência e composição do resultado
apurado em cada período.

Segundo o PGC, aprovado pelo decreto nº 82/01, recomenda duas formas de


elaboração da demonstração de resultado líquido do exercício:

a) Demonstração de resultado líquido do exercício por natureza;


b) Demonstração de resultado líquido do exercício por funções.

a) Demonstração de resultado líquido do exercício por natureza

As demonstrações de resultados por natureza, evidenciam os custos, perdas,


proveitos e ganhos atendendo a natureza e dá a conhecer os resultados operacionais,
financeiros, correntes, resultados antes dos impostos e o resultado líquido do exercício.

Resultado corrente = resultados operacionais + resultados financeiros

Os resultados Correntes dizem respeito aos lucros e prejuízos obtidos com a


actividade da empresa, ou seja, aquela para a qual os seus recursos foram mais
vocacionados.

Os resultados financeiros evidenciam os proveitos e os custos decorrentes de


decisões financeiras, no que refere a aplicação de excedentes ou no que se refere ao
financiamento das necessidades financeiras.

Resultados antes dos impostos = Resultados correntes + Resultados


extraordinários.

Resultados extraordinários referem-se a valores ocasionais ou eventuais e


resultam de operações aleatórias que são imprevisíveis.

10
Quadro nº 2 – Modelo de demonstração de resultado líquido do exercício (por natureza)

Demonstração de resultados em_______________ Valores expressos em_________

Designação Nota Exercícios


N N-1
Vendas
Prestações de serviço
Outros proveitos opeeracionais
Variações nos produtos acabados e produtos em vias de fabrico
Trabalhos para a própria empresa
Custo das mercadorias vendidas e das MP e subsid. consum.
Custos com oo pessoal
Amortizações
Outros custos e perdas operacionais
Resultados Operacionais
Resultados financeiros
Resultados de filiais e associadas
Resultados não operacionais
Resultados antes de impostos
Imposto sobre rendimento
Resultados líquidos das actividades correntes
Resultados extraordinários
Imposto sobre rendimento
Resultados líquidos do exercício

Fonte: Plano Geral de Contabilidade aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de


Novembro.
b) Demonstração de Resultado por Funções

Nesta demonstração os custos e os proveitos são agregados por funções


evidenciando os custos das funções clássicas da empresa: produção, distribuição,
administração e financeira.

A estrutura a adoptar deve conduzir a determinação dos resultados pelos níveis


seguintes:

▪ Resultados brutos;
▪ Resultados operacionais;
▪ Resultados correntes (antes e depois do imposto);
▪ Resultados exttraordinários (antes e depois do imposto);
▪ Resultados líquidos ;
▪ Resultados por acção.

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As demonstrações de resultados por natureza são mais utilizadas pelos analistas
financeiros, sempre que não existir a contabilidade analítica, porque são de maior
fiabilidade e consistência em termos de custos e proveitos.

Quadro nº 3 – Modelo de demonstração de resultado líquido do exercício (por funções)


Demonstração de resultados em_______________ Valores expressos em_________

Designação Nota Exercícios


N N-1
Vendas
Prestações de serviço
Custos das Vendas
Margem bruta
Outros proveitos operacionais
Custos de distribuição
Custos administtrativos
Outros custos e perdas operacionais
Resultados Operacionais
Resultados financeiros
Resultados de filiais e associadas
Resultados não operacionais
Resultados antes de impostos
Imposto sobre rendimento
Resultados líquidos das actividades correntes
Resultados de operações em descontinuação ou descontinuadas
Efeitos das alterações de políticas contabilísticas
Resultados extraordinários
Imposto sobre o rendimento
Resultados líquidos do exercício

Fonte: Plano Geral de Contabilidade aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de


Novembro

1.5.3 – Demonstração de fluxos de caixa

Segundo o PGC Aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de Novembro. A


demonstração dos fluxos de caixa, é uma demonstração contabilística destinada a
evidenciar como foi gerado e utilizado o dinheiro do período em análise.

Os fluxos de caixa permitem os utilizadores das demonstrações financeiras,


conhecer as fontes de caixa a que a empresa teve acesso durante um determinado
período, e verificar o destino que lhe foi dado. Assim permite também esclarecer e
compreender as variações ocorridas na estrutura financeira, a capacidade de gerir os

12
meios de pagamentos, a sua quantificação e origem, bem como a utilização do dinheiro
num determinado período.

Portanto a demonstração de fluxo de caixa estabelece praticamente, a conta


corrente das disponibilidades da empresa, quais foram os recebimentos e quais foram os
pagamentos ao longo do exercício, distribuídos pelas actividades que os originam:
actividades operacionais, actividades de investimentos e actividades de financiamentos.

1.5.3.1 – Métodos para a elaboração da demonstração dos fluxos


de caixa

A demonstração do fluxo de caixa pode ser elaborado por dois métodos


diferentes:

a) Método Directo;
b) Método Indirecto.

a) Método Directo

Método directo é aquele que são divulgados os principais componentes dos


recebimentos e dos pagamentos de caixa, em termos brutos, permitindo aos utentes
compreender o modo como a empresa gera e utiliza os meios de pagamentos.

Os próprios componentes dos recebimentos e dos pagamentos, em termos


brutos, podem ser obtidos da seguinte forma:

▪ Directamente dos registos contabilísticos da empresa, mediante a adopção de


rubricas apropriadas;

▪ Pelo ajustamento das vendas, custos das vendas e outras rubricas da


demonstração dos resultados;

▪ Variações ocorridas, durante o período contabilístico, nas existências e nas


dívidas operacionais e de terceiros;

▪ Outras rubricas não relacionadas com o caixa;

▪ Outras rubricas cujos efeitos de caixa respeitem os fluxos de caixa de


investimento ou de financiamento.

13
Quadro nº 04 - Modelo de demonstração de fluxo de caixa (método directo)
Demonstração de fluxos de caixa para o ano findo em.......................................................
Valores expressos em..........................................................................................................
Exercícios
Designação Nota N N-1
Fluxo de caixa das actividades operacionais:
Recebimento (de caixa) de clientes............................................
Pagamentos (de caixa) a fornecedores empregados........................
Caixa gerada pelas operações:
Juros pagos:
Impostos sobre os lucros pagos
Fluxo de caixa antes da rubrica extraordinária:
Caixa líquida proveniente das actividades operacionais
Fluxo de caixa das actividades de investimentos:
Recebimento proveniente de:
Imobilizações corpóreas
Imobilizações incorpóreas
Investimentos financeiros......................................................
Subsídios a investimentos
Juros e proveitos similares
Dividendos os lucros recebidos.............................................
...........................................................................................................
Pagamentos respeitantes a:
Imobilizações Corpóreas
Imobilizações Incorpóres.......................................................
Investimentos Financeiros.....................................................
Fluxo de Caixa antes da rubrica extraordinária
Caixa líquida usada nas actividades de investimentos
Fluxo de caixa das actividades de investimentos
Recebimentos provenientes de:
Aumento de capital, prestações suplementares e vendas de ações
ou quotas próprias
Cobertura de prejuízo
Empréstimos obtidos
Subsídios a exploração e doações..........................................
..........................................................................................................
Pagamento respeitante a:
Reduções de capital a prest. suplement.
Compras de acções ou quotas próprias
Dividendos ou lucros, pagos
Empréstimos obtidos
Amortizações de contratos de locação financ.
Juros e Custos similares pagos
Fluxo de caixa antes da rubrica extraordinária
Caixa líquida usada nas actividades de financiamento
Aumento líquido de caixa e seus equivalentes......................
Caixa e seus equivalentes no fim do período........................
Fonte: Plano Geral de Contab. aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de Novembro.

14
Vantagens e desvantagens do método directo

Vantagens:

− Cria condições favoráveis para que a condição dos recebimentos e


pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais;

− Permite que a cultura de administrador pelo caixa seja introduzida mais


rapidamente nas empresas;

− As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.

Desvantagens:

− O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos;

− A falta de experiência dos profissionais das áreas contabilísticas e financeira


em usar as partidas para classificar os recebimentos e pagamentos.

b) Método Indirecto

Método indirecto é aquele em que o resultado líquido do exercício é ajustado de


forma a excluírem-se os efeitos de transações que não sejam a dinheiro, acréscimo ou
diferimentos relacionado com recebimentos ou pagamentos passados ou futuros e
contas de proveitos ou custos relacionados com fluxo de caixa respeitantes às
actividades de investimento ou financiamentos.

A determinação do fluxo líquido de caixa das actividades operacionais é feita a


partir do resultado líquido do exercício ajustando-o pelos efeitos de:

❖ Variações ocorridas, durante o período contabilístico, nas existências e nas


dívidas operacionais de terceiros;

❖ Rubricas não relacionadas com caixa como amortizações, provisões, impostos


diferidos, diferenças de câmbio não realizadas, resultados não distribuídos de
associadas se minoritários;

❖ Todas as outras rubricas cujos efeitos de caixa respeitem a fluxos de caixa de


financiamentos ou investimentos.

Este método em que as empresas ao decidirem não mostrar os recebimentos e


pagamentos operacionais deverão relatar a mesma importância de fluxo de caixa líquido
das actividades operacionais indirectamente, ajustando o lucro líquido para reconciliá-lo
ao fluxo de caixa das actividades operacionais eliminam os seguintes efeitos:

15
a) De todos os deferimentos e pagamentos passados e de todas as provisões de
recebimentos e pagamentos operacionais futuros;

b) De todos os itens que são incluídos no lucro líquido que não afectam
recebimentos e pagamentos operacionais.

Se observarmos a Demonstração de Fluxo de Caixa pelo método indirecto é


semelhante a DOAR, e como o objectivo do fluxo de caixa é facilitar o entendimento
dos gestores comparativamente À DOAR muitos preferem não adoptá-lo. Este método
se torna deficiente no sentido de não permitir ao gestor uma perfeita compreensão do
Fluxo de Caixa.

Quadro nº 05: Modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa (método indirecto)


Demonstração de fluxos de caixa para o ano findo em.......................................................
Valores expressos em..........................................................................................................
Designação Nota Descrição
N N-1
Fluxo de caixa das actividades operacionais:
Resultado liquido antes do imposto e das rubricas extraordinárias
Ajustamentos:
Depreciações......................................................................
Amortizações...................................................................
Ganhos na alienação de imobilizações.................................
Perdas na alienação de imobilizações..................................
Resultados financeiros......................................................
Resultados Extraordinários..................................................
Resultados operac. antes das alterações do capital circulante:
Aumento das existências...................................................
Diminuição das existências...................................................
Aumento das dividas de terceiros operacionais.....................
Diminuição das dividas de terceiros operacionais.................
Aumento de outros activos operacionais..............................
Diminuição de outros activos operacionais...........................
Aumento das dividas a terceiros operacionais.......................
Diminuição das dividas a terceiros operacionais...................
Aumento de outros passivos operacionais.............................
Diminução de outros passivos operacinais............................
Caixa gerada provenientes das operações
Juros pagos................................................................................
Impostos sobre juros pagos..........................................................
Fluxo de caixa antes dos resultados extraordinários:
Caixa liquida proveniente das actividades operacionais
Fluxo de caixa das actividade de investimentos
Recebimentos provenientes de:

16
Modelo de demonstração do fluxo de caixa (método indirecto)
Continuação
Imobilizações corporeias..................................................
Imobilizações incorporeias...............................................
Investimento financeiro....................................................
Subsídios a investimentos.................................................
Juros e proveitos similares...................................................
Dividendo e lúcros recebidos.............................................
Pagamentos respeitantes a:
Imobilizações corporeias..................................................
Imobilizações incorporeias................................................
Investimento financeiro...................................................
Fluxo de caixa antes da rubricas extraordinárias
Caixa liquida usadas na actividade de invenstimento
Fluxo de caixa das actividades de financiamento:
Recebimento proveniente de:
Aumento de capital, prest. suplement. e premios de emissão
Vendas de acções ou quotas proprias.................................
Coberturas de prejuisos.....................................................
Emprestimos obtidos........................................................
Subsídios a exploração e doação..........................................
Pagamentos respeitantes a:
Reduções de capital e prest. suplement...............................
Compras de acções ou quotas proprias..................................
Emprestimos obtidos..........................................................
Amortiz. de contratos de locações finan................................
Juros e custos similares págos.............................................
Fluxo de caixa antes da rubrica extraordinária:
Caixa liquida utilizadas nas actividas de inventimentos...................
Aumento liquido de caixa e seus equivalentes .............................
Caixa e seus equivalentes no inicio do período.............................
Caixa e seus equivalentes no fim do período.................................
Fonte: Plano Geral de Contabilidade aprovado pelo decreto nº 82/01, de 16 de
Novembro.

Vantagens e desvantagens do método indirecto

▪ Vantagens

a) Apresenta baixo custo, basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do inicio


e do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações
adicionais obtidas na contabilidade;

b) Concilia o lucro contabilístico com o fluxo de caixa operacional líquido


mostrando como se compõe a diferença.

▪ Desvantagens

17
a) O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de
competência é só depois as converter para o regime de caixa. Se isso for
feito uma vez por ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis
e tardias;

b) Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e


geralmente há, o método indirecto irá eliminar somente parte dessas
distorções;

c) O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos;

d) A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira


em usar as partidas para classificar os recebimentos e pagamentos.

1.6- Fundo de maneio

O fundo de maneio revela-se como uma ferramenta de extrema relevância,


designadamente quando se procura analisar o equilíbrio de uma empresa, no que diz
respeito à sua condição financeira.

Neste subcapítulo abordaremos sobre a questão do fundo de maneio na analise


do equilíbrio financeiro relacionando o fundo de maneio patrimonial, fundo de maneio
funcional, necessidade de fundo de maneio e tesouraria liquída.

1.6.1-Conceito de fundo de maneio

A análise tradicional considera que o equilíbrio financeiro é alcançado sempre


que o activo corrente é superior ao passivo de curto prazo (Carlos & Francisco Nabais
2011, p. 139).

Activo corrente >passivo corrente

Ou

Activo corrente-passivo corrente>0

A diferença entre o activo corrente e passivo corrente designa-se por fundo de


maneio patrimonial, que tem um significado diferente do fundo de maneio calculado na
análise funcional (Carlos & Francisco Nabais 2011, p 140).

O fundo de maneio patrimonial pode ser calculado por:

Óptica da liquidez

FMP = Activo corrente – passivo corrente

18
Óptica estrutural

FMP = Capitais permanentes – Activo fixo

Não haverá equilíbrio financeiro se a empresa tiver mais obrigações a curto


prazo do que bens e direitos a receber a curto prazo, ou seja, quando:

Passivo corrente – Activo corrente>0

Nessas condições a empresa tem capitais exigíveis a curto prazo a financiarem


elementos patrimoniais do activo fixo, cuja capacidade de gerarem dinheiro é lenta,
excepto em caso de alienação.

O fundo de maneio é uma margem de segurança para que a empresa possa fazer
face aos seus compromissos a curto prazo.

Porque é que se considera a situação de equilíbrio:

Activo corrente – Passivo corrente>0

E não

Activo corrente – Passivo corrente = 0

Segundo a regra do equilíbrio financeiro mínimo, os capitais utilizados pela


empresa para financiar uma imobilização, um stock ou qualquer outro valor activo
devem ficar à disposição da empresa durante um prazo que corresponda pelo menos à
duração do valor activo adquirido com esses capitais. O cumprimento desta regra pode
não ser suficiente, porque para muitas empresas verifica-se que não basta a igualdade
entre o activo corrente e o passivo corrente. É necessário que o activo corrente exceda o
exigível a curto prazo, pois é possível existirem naqueles, valores cuja rotação é lenta e
aleatória e em que o seu baixo grau de liquidez não permite fazer face às dívidas de
curto prazo. Por sua vez, os valores do passivo corrente têm um prazo certo que deve ser
cumprido e os valores a cobrar dos clientes podem não ser realizados nos prazos
previstos (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 140).

É necesário então que o fundo de maneio exceda o valor das dívidas a curto
prazo, constituíndo assim uma margem de segurança. Contudo, há actividades em que o
fundo de maneio é negativo e não origina problemas na exploração (exemplo: os
supermercados recebem a pronto e pagam a prazo). Geralmente, quando o fundo de
maneio é negativo, nulo ou de um valor positivo baixo, podem tornar-se insuficiente
para fazer face aos comprimissos a curto prazo. Um fundo de maneio em excesso é
prejudicial, visto que origina gastos de exploração para a empresa. Assim, do ponto de

19
vista da empresa, o fundo de maneio deve ser o mínimo possível. Uma boa gestão do
fundo de maneio implica o seguinte(Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 141):

• As disponibilidades devem ter um valor reduzido;

• A cobrança de dívidas deve ser rápida;

• Os inventários devem estar sujeitos a uma gestão eficiente e conduzir a um


montante de stocks reduzidos sem provocar ruptura na actividade;

• O alargamento do prazo médio de pagamento a fornecedores sem pôr em causa a


imagem da empresa.

Tendo em conta estes parâmetros, o fundo de maneio pode, ainda, calcular-se de


modo a evidenciar a importância de cada uma das componentes:

FMP = (Activo corrente – Inventários) – Passivo corrente

FMP = Disponibilidades – Passivo corrente

A regra de equilíbrio financeiro visa fundamentalmente defender os interesses


dos credores a curto prazo. Na óptica dos credores, o ideal seria a empresa ter activos de
curto prazo muito superiores aos passivos a curto prazo garantindo assim o reembolso
do capital cedido.

O fundo de maneio, como medida absoluta, apresenta alguns defeitos, pelo que
podemos tirar conclusões complementares através de rácios de liquidez (Carlos &
Francisco Nabais 2011, p. 141).

1.6.2 – Análise funcional do equilíbrio financeiro

De acordo com esta abordagem é elaborado um balanço funcional com base no


balanço contabilístico, de forma a identificar claramente:

▪ Os ciclos financeiros da empresa: ciclo de exploração, ciclo de financiamento


(ciclos de operações de capital e ciclos de operações de tesouraria) e ciclo de
investimento;

▪ As aplicações em activos fixos resultante das decisões de investimento;

▪ As necessidades e os recursos de exploração;

▪ Os recursos estáveis ou capitais permanentes decorrentes do financiamento por


capitais próprios e alheios a médio e longo prazo;

▪ A situação da tesouraria.

20
Devido às críticas e limitações evidenciadas pela abordagem tradicional, a
maioria dos analistas recorre à abordagem funcional. O balanço funcional resulta de um
conjunto de correcções a efectuar no balanço contabilístico, agregando as contas numa
perspectiva financeira, o que permite pôr em evidência a estrutura financeira de uma
empresa, e apresenta a seguinte estrutura e compreensão:

Figura nº: 01: Ciclo das operações de investimento, exploração e de tesouraria

Ciclos Aplicações Recursos

Operações de De investimento Próprias e


investimento (Activo fixo) alheios estáveis

Operações de Necessidades Recursos


exploração cíclicas cíclicos

Operações de Tesouraria Tesouraria


tesouraria activa passiva

Fonte: Carlos & Francisco Nabais (2011, p. 143)

A análise do equilíbrio financeiro tem como suporte os grupos previamente


definidos para o balanço funcional, tendo como base os três ciclos: de investimento, de
exploração e financeiro. Contudo no conjunto dos indicadores propostos, iremos dar
ênfase aos relacionados com o ciclo de exploração.

De forma geral, os três grandes indicadorres de equilíbrio financeiro são (Carlos


& Francisco Nabais 2011, p. 144):

a) Fundo de maneio líquido (FML) ou fundo de maneio funcional (FMF);


b) Necessidades em fundo de maneio ou fundo de maneio necessário (NFM);
c) Tesouraria líquida (TL).
d)

21
1.6.3 – Fundo de maneio funcional

O Fundo de Maneio Patrimonial que anteriormente foi determinado por:

FMP = Activo corrente – Passivo corrente

Ou

FMP = Capitais permanentes – Activos fixos

Nesta abordagem é calculado comparando os recursos estáveis com o activo


fixo:

FMF = Recursos estáveis (capitais permanentes) – Activos fixos

O fundo de maneio funcional expressa o diferencial entre os recursos estáveis da


empresa e as aplicações. Com diferencial positivo evidencia uma margem de segurança
do financiamento sobre as aplicações permanentes.

Os conceitos FMP e FMF são distintos. O valor do FMF é o resultado das


políticas de investimento e de financiamento a médio e a longo prazo.

Do ponto de vista financeiro, o FMF tem muito mais interesse que o FMP
(Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 144) :

➢ Quando o FMF>0, existe uma parte de fundos estáveis que financiam o ciclo de
exploração;

➢ Quando o FMF<0, os recursos estáveis são insuficientes face as necessidades de


financiamento do activo fixo. Torna-se um factor de risco.

O FMF é um instrumento de avaliação do impacto da estratégia financeira sobre


o nível de segurança da empresa. Tradicionalmente, considerava-se que a empresa
estava numa situação financeira equilibrada se o seu fundo de maneio fosse positivo.
Contudo, tal não é verdade porque o fundo de maneio positivo não constitui, hoje em
dia, condição nem necessária nem suficiente para que se verifique uma situação de
equilíbrio financeiro. Para que se verifique essa situação é necessário que o valor do
fundo de maneio esteja adequado às necessidades em fundo de maneio (Carlos &
Francisco Nabais 2011, p. 145).

22
1.6.4 – Necessidade em fundo de maneio

As NFM comparam as necessidades cíclicas ou de exploração com os recursos


cíclicos ou de exploração:

NFM = Necessidades cíclicas – Recursos cíclicos

A noção de NFM está relacionada com a necessidade de financiar o ciclo de


exploração que se desenrola para uma empresa industrial, desde a compra de matérias-
primas até a sua tranformação, venda e cobrança de clientes. O ciclo de exploração
exige meios financeiros necessários para fazer face às despesas operacionais com
fornecedores, pessoal e outros credores, sem contar com os valores a receber dos
clientes. O montante das NFM para fazer face às primeiras despesas antes que a
empresa receba dos seus clientes. As necessidades em fundo de maneio, que constitui o
principal indicador do ciclo de exploração, refletem os impactos do negócio (prazos
médio de recebimentos e pagamentos, rotação das existências), bem como a forma
como os gestores operacionais executam as suas actividades (Carlos & Francisco
Nabais 2011, p. 144).

As necessidades em fundo de maneio, uma das grandes determinantes da política


financeira da empresa, são importantes para fazer face:

➢ Às necessidades estruturais do fundo de maneio relacionadas com a actividade


normal da empresa;

➢ Às necessidades temporárias relacionadas com a actividade sazonal de muitas


empresas (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 145).

Consideremos dois níveis de grandeza para as NFM:

➢ NFM>0, indica que a empresa tem de conseguir recursos cíclicos para fazer face
às necedades cíclicas;

➢ NFM<0, indica que há excedentes financeiros do ciclo de exploração. Este tem


capacidade para libertar fundos.

O valor deste indicador depende do tipo de negócio, das práticas de gestão, da


capacidade negocial e de gestão da empresa e dos seus responsáveis. Por exemplo, nos
hipermercados este indicador é frequentemente negativo, enquanto que na indústria é
bastante positivo.

23
Poderá então dizer-se que as NFM são um meio de avaliação financeira da
gestão executada na actividade operacional. As NFM constituem uma das grandes
determinantes da política financeira da empresa. Carlos & Francisco Nabais (2011, p.
146)

1.6.5 – Tesouraria líquida

A diferença entre os recursos libertos pelas decisões de investimento e


financiamento a médio e longo prazo (FMF) e as NFM indica-nos a posição da
tesouraria líquida.

TL = Tesouraria activa – Tesouraria passiva

Ou

TL = Fundo de maneio – Necessidades em fundo de maneio

Esta relação quantifica e caracteriza de uma forma mais objectiva o equilíbrio


financeiro. Como as NFM são investimentos de carácter permanente e o FMF é a parte
dos capitais permanentes que ficam disponíveis para investimntos de longo prazo,
então, podemos dizer que existe equilíbrio financeiro se o FMF for suficiente para
financiar as NFM (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 146).

Fundo de maneio funcional – Necessidades em fundo de maneio > 0

Como tesouraria líquida = Fundo de maneio funcional – Nec. fundo de maneio

Ou

Tesouraria líquida = Tesouraria activa – Tesouraria passiva

O equilíbrio financeiro é tesouraria líquida > = 0

Tradicionalmente, diz-se que a empresa está em equilíbrio quando o FMF cobre


as NFM e os riscos da actividade da empresa. Esta situação é do agrado dos credores da
empresa. Os gestores podem preferir outra situação com maior endividamento, ou seja,
FML >0 e TL = FML – NFM < 0, dado o aumento do risco e esta estrutura
corresponder a maior rendibilidade.

A tesouraria constitui o indicador de equilíbrio financeiro.

24
▪ Se o seu saldo se aproxima do zero significa que o fundo de maneio está
adequado às necessidades em fundo de maneio.

TL = FMF – NFM = 0

▪ Se o saldo é muito positivo pode significar a existência de excedentes ociosos de


tesouraria com impacto negativo sobre a rendibilidade.

TL = FMF – NFM > 0

▪ Se for negativo, défice de tesouraria, poderá representar dificuldades ou


impossibilidade em cumprir os compromissos financeiros a curto prazo. a
empresa pode recorrer a determinadas acções financeiras para manter o normal
funcionamento da empresa (negociação de descobertos, de apoios à caixa, de
créditos sobre facturas, etc.) Carlos & Francisco Nabais (2011, p. 147).

TL = FMF – NFM < 0

1.6.6 – Balanço funcional

As divergências existentes entre a prática contabilística e a financeira conduzem


a realização de uma actividade prévia por parte do analista financeiro que tem que ver
com a adaptação dos documentos contabilísticos, em especial o balanço e a
demonstração do resultado do exercício, de acordo com a metodologia a seguir pela
análise económica e financeira e com os objectivos que se pretende atingir. Essa
preparação das informações contabilísticas para análise económica e financeira resume-
se à elaboração do balanço funcional e do balanço financeiro com base no balanço
contabilístico (Carlos e Francisco Nabais 2011, p. 60).

Na análise do balanço há que distinguir dois tipos de abordagens:

❖ Análise patrimonial

É uma abordagem tradicional que analisa o balanço sobretudo segundo a óptica


jurídica. O balanço é um mapa que compara o activo (direitos de propriedade e créditos)
com o passivo (obrigações e deveres) evidenciando o capital próprio. O balanço
patrimonial serve para analisar a liquidez da empresa, pelo que as rubricas do activo são
ordenadas por grau de liquidez e o passivo segundo o grau de exigibilidade. O balanço é
um mapa de origem e aplicações de fundos.

25
➢ Aplicações de fundos

▪ Activo fixo;

▪ Activo corrente;

▪ Inventários e activos biológicos;

▪ Dívidas de terceiros a m/l prazos;

▪ Dívidas de terceiros a curto prazo;

▪ Instrumentos financeiros;

▪ Depósitos bancários e caixa;

▪ Acréscimos e diferimentos.

➢ Origem de fundos

▪ Capitais permanentes

Capital próprios e débitos a m/l prazos

▪ Passivos corrente

Débitos a curto prazo, acréscimos e diferimentos

❖ Análise funcional

É uma abordagem moderna que tem como principal característica a associação


dos movimentos e origens de fundos aos ciclos financeiros da empresa, pelo que o
balanço da empresa coloca ênfase na automização dos ciclos já referidos.

➢ Ciclo de exploração;

➢ Ciclo de investimento;

➢ Ciclo de operações financeiras;

➢ Ciclo de operações de capital:

➢ Ciclo de operações de tesouraria.

O balanço funcional é elaborado atendendo à natureza das rubricas e das


informações extracontabilísticas necessárias para uma boa análise económica e
financeira.

26
O balanço funcional tem a seguinte apresentação:

Quadro nº 06: Modelo do Balanço Funcional


Balanço Funcional N N+1 N+2
1 – Capital próprio
2 – Capital alheio estável
3 – Capitais permanentes (1 + 2)
4 – Activo fixo
5 – Fundo de maneio (3 – 4)
6 – Inventários e activos biológicos
7 – Clientes
8 – Adiantamento a fornecedores
9 – Estados e outros entes públicos (a receber)
10 – Outros devedores de exploração
11 – Necessidades cíclicas (6+7+8+9+10)
12 – Fornecedores
13 – Adiantamento de clientes
14 – Estado e outros entes públicos (a pagar)
15 – Outros credores de exploração
16 – Recursos cíclicos (12+13+14+15)
17 – Necessidades cíclicas do fundo de maneio (11 – 16)
18 – Tesouraria líquida (5 – 17)
Fonte: Carlos & Francisco Nabais (2011, p. 62)
O balanço funcional permite assinalar os desequilíbrios fundamentais entre o
financiamento e as aplicações e determinar o fundo de maneio, as necessidades de fundo
de maneio da tesouraria líquida (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 63).

Passemos ao estudo da compreensão (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 63):

➢ Activos não correntes (fixo): Correspondem a aplicações duradouras e que serão


utilizadas para além do decurso normal do ciclo de exploração. São de dois
tipos:

▪ Activos directamente afectos a actividade normal da empresa (activos


fixos tangíveis e activos fixos intangíveis);

▪ Activos não directamente afectos a actividade normal da empresa


(propriedades de investimentos financeiros).

27
➢ Activos correntes: Correspondem a aplicações de curto prazo que serão
utilizadas no decurso normal do ciclo de exploração. São de dois tipos:

▪ Activos cíclicos (necesidades cíclicas): Englobam as contas relacionadas


com operações do ciclo de exploração e que necessitam de
financiamento.

→ Inventários e activos biológicos: Inclui os bens relacionados com


a exploração. o montante final deverá ser corrigido se existirem
excedentes, para além do necesário à normal actividade e que
constituem aprovisionamentos estratégicos. Estes inventários
extra-normais são incluídos no activo fixo.

→ Adiantamentos a fornecedores: Inclui os adiantamentos por conta


de compra e adiantamento a fornecedores, excepto aqueles
resultantes de aprovisionamentos estratégicos, que devem ser
adicionados ao activo fixo.

→ Clientes: Inclui as contas 31.1- Clientes correnes e 31.2 –


Clientes-letras a receber e 31.8 – Clientes de cobranças
duvidosas. Deverão ser deduzidas as imparidades que tenham
sido constituidas para a cobrabilidade incerta ou difícil. Incui,
ainda, as letras a receber descontadas e não vencidas e que serão
adicionadas À tesouraria passiva como empréstimos bancários a
curto prazo.

→ Outras dívidas: Valores a recuperar do estado (IVA), saldos a


receber do pessoal ou de outros devedores que estejam
relacionados com a actividade da empresa.

▪ Activos não cíclicos (tesouraria activa): Abrange os activos líquidos da


empresa:

→ Depósitos bancários, a caixa e as aplicações de tesouraria;

→ Dívidas a receber a curto prazo alheias à exploração (contas de


acçionistas e obrigacionistas).

Excluem-se as disponibilidades mínimas consideradas como necessidades


financeiras e as disponibilidades assimiladas a aplicações financeiras com carácter de
permanência a englobar no activo fixo (Carlos & Francisco Nabais 2011, p. 64).

28
➢ Recursos próprios: Incluem os recursos próprios da empresa: Capital próprio
contabilístico, empréstimos de sócios ou accionistas e a empréstimos por títulos
de participações, as obrigações conversíveis e parte das provisões para outros
riscos e encargos.

➢ Recursos alheios estáveis: Incluem as dívidas de médio e longo prazo e as de


curto prazo que tenham tendência para se manterem estáveis. Trata-se de um
financiamento de curto prazo renovável. Não se incluem nesta rubrica as dívidas
que resultem do ciclo de exploração e que serão adicionadas aos recuros
cíclicos.

➢ Recursos cíclicos: Incluem as dívidas a terceiro de curto prazo relacionadas com


o ciclo de exploração: adiantamento de clientes, fornecedores, estado, outros
credores de exploração (dívidas a sindicatos, consultores...) E alguns
diferimentos, tais como remunerações a liquidar, seguros e rendas de
instalações. As dívidas em moura e os passivos de curto prazo alheios às
operações normais da empresa e relacionadas com operações financeiras
(exemplo: empréstimos bancários) deverão ser consideradas como tesouraria
passiva.

➢ Passivos não cíclicos (Tesouraria passiva): Não têm carácter de permanência


porque não dependem apenas dos recursos gerados pelo ciclo de exploração.
englobam, também, as dívidas de curto prazo que resultem de decisões de
financiamento (empréstimos bancários, suprimentos...), os acréscimos e
diferimentos passivos (excepto os de exploração), os recursos cíclicos em moura
e o valor das letras descontadas e não vencidas.

1.6.7 - Gestão de fundo de maneio

De acordo com Shin e Soenen (1998, p. 54), Deloof (2003, p, 35) e Mamoori e
Mahammad (2012, p. 40) são muitas as empresas que apresentam uma grande
quantidade de capital investido em fundo de maneio, pelo que será de esperar que a
forma como este é gerido tem um impacto na rentabilidade e na liquidez das empresas.

Inclusive, segundo aqueles autores tenderá até existir um trade-off entre ambas,
uma vez que as decisões que tendem a maximizar a rentabilidade não permitem
maximizar a possibilidade de uma empresa ter um nível de liquidez adequado.
Contrariamente, um maior foco na liquidez tenderá a reduzir a rentabilidade.

29
A rentabilidade representa o retorno esperado de um investimento, pelo que na
perspectiva da empresa a rentabilidade dos seus capitais investido resulta
essencialmente da combinação de factores de natureza operacional e financeiro (Silva
2010, p. 63). Enquanto, a liquidez é definida como a “capacidade que a empresa possui
para fazer face às suas obrigações correntes, quando devidas, e ao menor custo possível.
De tal forma, que o pagamento das responsabilidades possa ser efectuado ou pelo cash
flow do período ou pela utilização de recursos de liquidez já existentes” (Mota, 2003, p.
34).

A gestão de fundo de maneio está essencialmente focada na gestão do cash flow


relacionados com o ciclo operacional. Tem como principal objectivo contribuir para
aumentar a rentabilidade das empresas, mas também para assegurar que as mesmas
possuam um cash flow suficiente para realizar eficientemente a sua actividade de
negócio. (Martins et al., 2009, p.69; Manoori e Mahammad, 2012, p. 54).

Em termos de análise, a GFM tende a ser aprendida por via da proxy o ciclo de
tesouraria (e.g. Jose et al., 1996; p. 59, Deloof, 2003; p.43, Teruel e Solano, 2007, p.
99). Este representa o número médio de dias que as matérias primas e mercadorias
necessárias ao processo de produção ou de venda permanecem em armazém, adicionado
do tempo médio necessário a receber o dinheiro das vendas realizadas pela empresa
menos o tempo médio de crédito concedido pelos fornecedores. Isto é, o ciclo de
tesouraria resulta do somatório do tempo médio de recebimento dos clientes (TMR)
com tempo médio dos investimentos (TMI) reduzido pelo tempo médio de pagamento
aos fornecedores (TMP).

Do exposto depreende-se que para uma realização eficaz da sua actividade de


negócio a empresa necessita de gerir eficientemente o seu fundo de maneio, num
processo contínuo que envolve um conjunto de operações e decisões diárias que
permitem aumentar a rentabilidade da empresa (Nwankwo e Osho, 2010, p. 99). Estas
decisões diárias, a GFM, estão relacionadas com a melhor combinação que a empresa
deve fazer e possuir entre os seus activos e passivos correntes.

Tal combinação traduz-se quer na determinação do ponto de equilíbrio entre as


diferentes rubricas de inventários, de conta a receber e de conta a pagar (Sá 2012, p.77).

Uma gestão eficiente do FM é uma parte fundamental da estratégia delienada


para o aumento da rentabilidade e criação de valores para os acçionistas sendo mesmo
um pré requisito para a existência, sobrevivência, estabilidade e crescimento das

30
empresas. Uma vez que, proporciona um ambiente de valor de negócio, permite a
empresa criar uma boa imagem de sí própria, uma expansão a outros num bom ambiente
de trabalho entre os trabalhadores e a gestão (Nwankwo, 2010, p. 118).

Contrariamente, uma gestão ineficiente do FM provoca uma redução do valor da


empresa, uma capacidade de expansão, perdas financeiras e uma instabilidade dentro da
organização, o que no limite poderá provocar a sua liquidação e insolvência (Nwankwo
e Osho, 2010, p. 113).

Na gestão das empresas os gestores deparam-se com três questões associada a


GFM: Qual o montante mais adequado para investir na rubrica de inventário; qual o
crédito a conceder aos clientes; qual o crédito que deverá solicitar aos seus fornecedores
(Teeruel e Solano, 2007, p. 144).

Seguidamente descute-se esse conjunto de questões que para os gestores,


implicam um ponto de equilíbrio que significa, também um ponto de equilíbrio para a
empresa (Sá, 2012, p. 98).

• Gestão de inventário

No que se refere ao nível de investimento em inventário, Mathuva (2003, p. 79)


sugere que este é determinado quer pelo ciclo operacional quer pela tendência futura das
vendas. De tal forma que as empresas deverão manter um volume de stock que lhes
permita assegurar a continuidade do seu processo produtivo e que seja adequado ao seu
volume de negócios.

A escolha de um elevado nível de inventário, afectará negativamente a


rentabilidade, representando uma gestão ineficiente e acarretando maiores encargos para
a empresa. Acresce que maiores inventários implicam riscos associados pela menor
rotação e possibilidade de os mesmos se tornarem obsoletos (Mathuva, 2013; p. 98
Caballero et al, 2014, p.110).

Contudo, a decisão da empresa em manter níveis de inventários mais elevados


pode estar associada a três motivos principais. primeiro, salvaguardar uma antecipação
de vendas futuras, reduzir o risco de rupturas de inventários, para evitar uma
subutilização dos activos ou possíveis interrupções nos processos produtivos, e para
evitar perdas no próprio negócio e de potenciais clientes (Scherr, 1989, p. 114; Deloof,
2003 p. 57; Teruel & Solano,2007 p. 160; Caballero et, 2014, p. 121; Pires, 2006, p.
60).

31
Segundo motivo, para evitar a flutuação dos preços, ou seja, quando uma
empresa possui um nível de inventários mais elevado poderá optar ou por comprar
apenas se achar que os preços são baixos ou por recusar se os preços forem elevados,
conseguindo assim uma redução do seu custo de fornecimento (Scherr, 1989. p. 116;
Caballero et al 2014, p. 123).

Por último, para retirar vantagens de ponteciais descontos de quantidade, quer


numa perspectiva de comprador, porque pode adquirir uma maior quantidade de
mercadoria; quer numa perspectiva de vendedor, porque dispõe de quantidades
suficientes para praticar a mesma política, incrementar as suas vendas e colocar-se
numa posição mais competitiva perante os seus concorrentes (Scherr, 1989, p. 116;
Martins et al 2009, p. 78).

Cabe ao gestor gerir da melhor forma as vantagens e desvantagens inerentes a


manutenção de um volume de inventários mais ou menos elevado, bem como encontrar
o nível de stock que melhor se adequa a sua empresa, tendo em consideração a sua
actividade operacional (Sá, 2012, p. 102).

• Gestão das contas a receber e contas a pagar

O crédito comercial representa o período de tempo que é concedido entre o


fornecimento dos bens ou serviços e o respectivo pagamento. Quando a empresa é vista
como um fornecedor o crédito comercial corresponde a um investimento nas contas a
receber, representando o período de tempo concedido aos clientes para liquidarem as
suas dívidas. Mas, do ponto de vista da empresa como um cliente as suas contas a pagar
representam o financiamento que obteve junto dos seus fornecedores ( Teruel & Solano
2010, p. 147; Peterson & Rajan 1997, p. 87).

As empresas procuram crédito comercial junto dos seus fornecedores pela


flexibilidade que introduz na gestão da tesouraria (Teruel e Solano 2010, p. 147),
porque diversifica as fontes de financiamento disponíveis, isto é, a empresa não fica
unicamente dependente da obtenção de financeiamento bancário (Danielson & Scott,
2000, p. 101) ou do recurso ao mercado de capitais ( Peterson & Rajan, 1997, p. 88);
por ser uma fonte de financiamento potencialmente mais barata que a bancada (Deloof,
2003, p. 72).

Contudo, apesar do crédito junto do fornecedor ser gratuíto também pode ter um
custo implícito para a empresa principalmente quando a mesma desperdiça desconto de
pronto pagamento, quando disponíveis, muitas vezes utilizados para insentivar a rápida

32
liquidação das facturas por parte dos clientes (Teruel & Solano, 2010, p. 152; Martins et
al, 200, p. 89).

Assim, perante a possibilidade de estas desvantagens se traduzirem em


potenciais custos para as empresas, autores como Danielson & Scott 2000, p. 150,
Teruel & Solano, 2007, p. 180 e Peterson & Rajan 1997, p. 112, entre outros,
argumentam que normalmente as empresas recorrem mais ao crédito comercial quando
têm restrições no acesso ao financiamento externo ou quando outtras fontes de
financiamentos mais baratas não se encontram disponíveis.

Do ponto de vista da empresa como fornecedor, a concessão de crédito aos


clientes tem subjacente um conjunto de vantagens, nomeadamente o incremento nas
vendas que a empresa obtém e não obteria se vendesse a pronto pagamento (Martins et
al., 2009 p. 99; Caballero et al., 2014, p. 150).

Acresce que o crédito comercial concedido, ao dar tempo ao cliente para


expermetar o produto antes de pagar, contribui para reduzir a assimetria de informação
entre o comprador e o vendedor (Teruel & Solano, 2010, p. 160; Caballero et al 2010, p.
74; Peterson & Rajan 1997, p. 120; Danielson & Scott, 2000, p. 131).

A concessão de crédito comercial segundo Caballero et al, 2014, p. 153 também


pode ser vista como um importante critério de selecção dos fornecedores,
principalmente quando a diferenciação do produto se torna difícil para o consumidor.
Bem como, pela possibilidade de contribuir para o fortalecimento das relações de longo
prazo entre os clientes e os fornecedores (Teruel & Solano, 2010, p. 161).

Porém, é importante que na decisão de conceder mais ou menos créditos


comerciais aos clientes a empresa tenha a consciência se o ganho que resulta do
incremento das vendas irá ou não compensar os custos incorridos. Porque, segundo Sá
(2012, p. 107), os custos incorridos traduzem-se “no custo de oportunidade associado ao
elevado montante de contas a receber, as perdas por dívidas incobráveis e ao custo de
gerir a concessão de crédito e de efectuar as respectivas cobranças”.

1.6.8 - Política de gestão do fundo de maneio

Ao longo do ciclo de tesouraria a NFM das empresas vai se alterando não só


pelas especificidades associadas a cada um dos negócios mas também pela
decincronização e incerteza existente nos recebimentos dos clientes e nos pagamentos
aos fornecedores (Pires, 2006, p. 170).

33
As empresas têm, pois, possibilidade de adequar as suas estratérgias de
financiamentos e de investimento consoante o cenário em que se encontram e o nível de
risco que pretendam assumir.

Uma gestão conservadora, ciclo de tesouraria longo, é delineada com o objectivo


de implementar as vendas de uma empresa e pressupôe que esta pretende manter uma
margem de segurança que lhe possibilita cobrir as diferentes necessidades de fundo de
maneio, que vão surgindo ao longo das diversas fases da sua actividade operacional
(Pires, 2006, p. 171).

Contudo, é importante que a empresa não apresente uma margem de segurança


demasiada elevada face as suas necessidades operacionais, caso contrário a empresa
estará a trabalhar com excesso de liquidez. O que “numa primeira abordagem se traduz
na redução dos níveis de rentabilidade, quer porque se está na presença de capitais
subaproveitados quer porque se incorreu em financiamentos desnecessários e se está,
erradamente, a suportar seus custos” (Pires, 2006, p. 171).

Assim, numa situação de excesso de liquidez o gestor deverá ter conhecimento


de todas as oportunidades de investimento existente, para que o respectivo remanescente
possa ser correctamente aplicado e se traduz numa mais valia para a emprea (Nwankwo
& Osho, 2010, p. 120; Mota, 2013, p. 190).

Por contraponto, uma gestão agressiva no fundo de maneio, ciclo de tesouraria


curto, significa, que o objectivo da empresa será a obtenção de um fundo de maneio
mais reduzido face às suas necessidades operacionais, portanto um stock adequado ao
volume de venda da empresa, por uma boa gestão dos seus clientes e fornecedores ou
por recorrer a apoios pontuais de financiamento externo (Pires, 2006, p. 174; Sá, 2012,
p. 115).

Porém, nem sempre é fácil as empresas conseguirem deter um FM adequado às


suas necessidades operacionais. Uma vez que, o prazo de realização dos activos
correntes nem sempre coincide ao prazo de exigibilidade dos passivos, pelo que a
empresa poderá deparar com situações em que o FM é insuficiente (Pires, 2006, p. 175).

Tal facto poderá provocar efeitos prejudiciais no resultado das empresas quer
pela necessidade de recorrer exageradamente a empréstimos de curto prazo para suprir
as suas carências de liquidez e financiar parte dos investimentos. Quer pela diminuição
dos proveitos operacionais, pelo incumprimento nas obrigações e pela perda no poder
negocial junto dos fornecedores (Pires, 2006, p. 175).

34
Assim, numa situação de carência de liquidez o gestor financeiro deverá ter
conhecimento sobre todas fontes disponíveis de fundo de maneio, no sentido de
colmatar as necessidades existentes. Uma vez que, para uma gestão eficiente do FM
uma empresa não deverá apresentar nem excesso nem carência de liquidez (Nwankwo
& Osho, 2010, p. 140; Mota 2003, p. 198).

1.6.9. Equilíbrio Financeiro


Equilíbrio financeiro é um conceito utilizado em administração e finanças para a
análise da estabilidade de uma empresa e não é mais do que um ajustamento de fluxo de
caixa.

Tem-se uma situação de equilíbrio financeiro quando os capitais permanentes


(os capitais próprios + capitais alheios a médio e longo prazo) são iguais aos
investimentos em activos fixos (equipamentos e outros imobilizados).

Quando esta situação não ocorre, a empresa está desiquilibrada financeiramente,


já que está a financiar investimentos de médio e longo prazo com capital de curto prazo.

O equilíbrio financeiro implica também que o activo circulante seja superior ao


passivo circulante. Como este último diz respeito às obrigações que a empresa tem no
prazo de um ano, e os activos circulantes os direitos de propriedade e créditos que se
transforman em dinheiro no prazo de um ano, a empresa está em equilíbrio no curto
prazo se: Activo corrente > Passivo corrente.

A diferença entre Activo Corrente e Passivo Corrente representa o Fundo de


Maneio:

Fundo de Maneio = Activo corrente – Passivo corrente

Se a empresa conseguir efetuar esse ajustamento, estará em condições de, a todo


o momento, satisfazer as dívidas que se vencem, mantendo em simultâneo um certo
volume de disponibilidade.

Assim, o equilíbrio financeiro consegue-se com uma correcta harmonização


entre os tempos de transformação dos activos em dinheiro e o ritmo de tranformação das
dívidas em passivo circulante exigível (Carlos & Francisco Nabais 2011, p, 201).

35
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DE PESQUISA.

2.1 – Conceito de metodologia

Segundo Ferrari (1974,p.25), metodologia é o caminho e os passos a seguir no


decorrer do projecto, representarão a metodologia do mesmo, que deve apresentar as
técnicas que serão utilizadas para colecta e análise dos dados (entrevistas,
questionamentos, testes, técnicas de agrupamento de dados, elaboração de tabelas,
descrição e codificação). Os objectivos da pesquisa e as hipóteses a comprovar devem
ser levados em conta para a definição da metodologia.

A metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda


acção desenvolvida no método ( caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do
tipo de pesquisa, do instrumental utilizado ( questionário, entrevista), do tempo previsto,
da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e
tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

A metodologia é composta de partes que descrevem o local, os sujeitos, o


objecto de estudo, os métodos e técnicas, que muitas vezes estão descritos como
procedimentos da pesquisa, as limitações da pesquisa, o tratamento de dados.

Segundo Barros (1975, p.67), o método científico é um traço característico da


ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento
em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o
objectivo científico pré- estabelecido.

De acordo com Lakatos & Marconi (2007,p.86) afirmam que o método científico
não é exclusivo da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do
quotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos
ciêntificos. Pesquisar é procurar uma informação que não sabemos e que precisamos
saber.

2.2- Tipos de pesquisa.

Demo (1993, p.34), insere a pesquisa como a actividade quotidiana


considerando-a como uma atitude um “questionamento sistemático crítico e criativo,
mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a
realidade em sentido teórico e prático”.

Para Gil ( 1999, p.42), a pesquisa tem um caractér pragmático, é um processo


formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. o objectivo fundamental

36
da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos. Pesquisa é um conjunto de acções, propostas para encontrar
a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.
A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se têm informações para
solucioná-lo.

Do ponto de vista de seus objectivos (GIL,1991, p.44):

Pesquisa exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema


com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento
bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em
geral, as formas de pesquisa bibliograficas e estudo de caso.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos ( Gil, 1991, p.45):

Pesquisa bibliográfica : quando elaborada a partir de material já publicados,


constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e actualmente com material
disponibilizado na internet.

De acordo Manzo (1971,p.32), a bibliográfia pertinente “oferece meios para


definir, resolver, não somente já conhecidos, como também explorar novas áreas onde
os problemas não se cristalizaram suficientemente” e tem por objectivo permitir ao
cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas
informações.”

Segundo Trujillo (1974, p. 230), a pesquisa bibliográfica não é mera repetição


do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob
novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Quanto aos meios ou procedimentos, para a colecta de informações, a pesquisa


foi considerada como bibliográfica ( análise documental, livros, jornais e monografias),
publicados por diversos autores para obter-se informações sobre o tema, formular
hipóteses e desenvolver raciocínio a fim de tentar comprovar as suposições de estudo de
caso para alcançar os objectivos da investigação.

37
2.3 - Métodos de pesquisa.

Segundo Martins & Becudo (1989.pag. 27), a ideia de facto e fenómeno


resume-se a descrever:

a) A pesquisa quantitativa lida com factos (tudo aquilo que pode se tornar objectivo
através da observação sistemática, evento bem especificado, delimitado e
mensurável);

b) A pesquisa qualitativa lida com fenómenos ( do grego phainomeon: aquilo que


se mostra, que se manifesta, evento cujo o sentido existe apenas num âmbito
particular e objectivo).

Segundo Lakatos & Marconi (2007, p. 157), a pesquisa pode ser considerada
como procedimento formal com método de pensamentos reflexivo que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade e descobrir
verdades parciais. Significa muito mais do que apenas pesquisar, mas descobrir
respostas para as perguntas ou soluções para os problemas através do emprego de
métodos científicos.

Para elaboração da pesquisa, foi necessário entender o porquê do problema, e


por essa razão, a metodologia utilizada baseou-se em determinados métodos e técnicas
de colecta de dados, tais como:

→ Quanto a abordagem - as informações colectadas foram categorizadas como


quantitativas porque procurou-se compreender a realidade com base as
informações matemáticas;

→ Quanto ao procedimento técnico - as informações colectadas foram elaboradas a


partir de materiais já publicados, constituído principalmente de livros, artigos
periódicos e actualmente como material disponibilizado na internet.

2.3.1 - Procedimentos e métodos da pesquisa.

De acordo com Fonseca ( 2002. p. 20), afirma que diferente da pesquisa


qualitativa os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as
amostras geralmente são enormes e consideradas representativas da população, os
resultados são tomados como se constituíssem um retrato real da população alvo da
pesquisa.

38
A pesquisa qualitativa centra-se na objectividade influenciada pelo positivismo,
considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados
brutos com auxilio de instrumentos padronizados e neutros.

A pesquisa quantitativa recorre a linguagem matemática para descrever as


causas de um fenómeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da
pesquisa qualitativa e quantitativa (qualiquanti), permite recolher mais informações do
que se podia conseguir isoladamente.

Nesse caso o modelo de pesquisa utilizado por nós é a pesquisa quantitativa que
tem como objectivo fazer compreender a realidade com base as informações
matemáticas.

2.4 - Técnicas de pesquisa.

Segundo Oliveira (2005, p. 64) a entrevista é uma das técnicas utilizadas na


colecta de dados primários. Para que a entrevista se efective com sucesso é necessário
ter um plano para a entrevista, de forna que as informações necessárias não deixem de
ser colhidas. As entrevistas podem ter carácter exploratório ou serem de colecta de
informações.

Segundo Lakatos & Marconi (2003, p. 201), questionário é um instrumento de


colectas de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador
envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de
preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo.

Selltiz (1965, p. 281) aponta alguns factores que exercem influência no retorno
dos questionários: “O patrocinador, a forma atraente, a extensão, o tipo de carta que
acompanha, solicitando colaborações; as facilidades para seu preenchimento e sua
devolução pelo correio; motivos apresentados para resposta e tipo de classe de pessoas a
quem é enviado o questionário.

O questionário e a observação de dados foram feitas através de técnicas


bibliográficas,electónica documental, livros, jornais, teses e monografias. De modo a
obtenção dos dados credíveis, para atingir os objectivos do trabalho.

39
2.5 – População ou universo e amostra

Segundo Lakatos & Marconi (1977, p. 104), universo ou população são os


indivíduos do campo de interesse da pesquisa, ou seja, o fenómeno observado. sobre ela
se pretende tirar conclusões. Fala-se de população como referência ao total de
habitantes de determinado lugar.

Segundo Lakatos & Marconi (1977, p. 105), amostra é a parte da população que
é tomada como objecto de investigação da pesquisa. é o subconjunto da população.

A amosttra pode ser probabilística e não probabilística.

A amostra não probabilísticas podem ser:

➢ Amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que vão


aparecendo;

➢ Amostras por quotas: diversos elementos constantes da


população/universo, na mesma proporção;

➢ Amostras intencionais: escolhidos casos para a amostra que representem


o bom julgamento da população ou universo.

Amostras probabilísticas são compostas por sorteio e podem ser:

➢ Amostras casuais simples: cada elemento da população tem oportunidade


igual de ser incluído na amostra;

➢ Amostras casuais e tratificadas: cada estrato definido previamente, estará


representado na amosttra;

➢ Amostra por agrupamento: reunião de amostra representativa de uma


população.

40
CAPÍTULO III: ESTUDO DE CASO NA EMPRESA BETA,
LDA, AOS 31/12/2021

3.1 – Apresentação da entidade


A empresa Beta, Lda é uma sociedade por quota, com capital social de 35,00
Kwanzas , inteiramente realizados.

3.1.1 - Identificação das operações vinculadas à entidade

Esta sociedade tem sede em Luanda e é uma revendedora e retalhista para os


fabricantes internacionais nomeadamente HP, Samsung, Dell, Toshiba, Microsoft,
Sony, Navigator e Verbatim para além da prestação de serviços nas áreas das
tecnologias da informação, serviços de impressão para empresas, etc. A rede de loja é
constituída por 1 loja em Luanda e uma loja Ambulante.

A principal operação é a comercialização de bens, software e equipamentos e a


prestação de serviços dos principais fabricates nomeadamente: computadores,
softwares, portáteis, TV, impressora, tinteiros e tonners, papel, discos rígidos. A
prestação de serviços assenta principalmente nos serviços de pós-venda e garantia da
qualidade dos produtos vendidos. Estes bens e equipamentos são comercializados para
instituições e pessoas principalmente na Província de Luanda, mas também tem um
impacto grande para pequenas e médias empresas ao nível do país.

A Beta, Lda é uma fornecedora do mercado nacional com principal destaque


para o Estado Angolano, Empresas Públicas, Banca, Seguros e Público em geral.

3.1.2 - Estrutura funcional da entidade

A empresa Beta, Lda é constituída por uma estrutura funcional clássica que no
topo da pirâmide estão os Sócios-Gerentes e hierárquicamente abaixo a estrutura de
direcções. Sendo uma estrutura vocacionada para o comércio empresarial e a retalho, os
maiores investimentos efectuados em uma estrutura comercial (Loja e armazéns) em
Luanda, com cerca de 2.000𝑚2 e que emprega cerca de 56 pessoas e uma carrinha como
loja ambulante.

41
3.2 – Apresentação e análise das demonstrações financeiras da empresa
BETA, LDA aos 31/12/2021
BALANÇO PATRIMONIAL
Empresa: BETA, LDA
Balanço em: 31 de Dezembro de 2021 |Valores expressos em: Kwanzas
Quadro nº: 07 – Balanço Patrimonial da empresa Beta, Lda.

Exercícios
Designação Notas 2021 2020 2019

Activo
Activo não corrente
Imobilizações corpóreas 4 64.675.335,69 85.278.675,44 86.978.688,80
Imobilizações incorpóreas 5 0,00 0,00 0,00
Investimentos em sub. e ass. 6 0,00 0,00 0,00
Outros activos financeiros 7 0,00 0,00 0,00
Outros activos não correntes 9 0,00 0,00 0,00
TOTAL DO A.N.C 64.675.335,69 85.278.675,44 86.978.688,80
Activo corrente
Existências 8 1.215.536.477,45 1.113.962.299,43 1.268.606.163,78
Contas a receber 9 4.092.878.820,79 3.773.262.615,55 2.917.054.475,62
Disponibilidades 10 1.158.571.178,76 1.286.340.710,21 747.283.324,24
Outros activos corrente 11 0,00 0,00 0,00
TOTAL DO A.C 6.466.986.477,00 6.173.565.625,19 4.932.943.963,64
Total do activo 6.531.661.812,69 6.258.844.300,63 5.019.922.652,44

C.P E PASSIVO
Capital próprio
Capital social 12 35,00 35,00 35,00
Reservas legais 13 434.827.138,32 399.400.196,77 372.355.025,67
Resultados transitados 14 0,00 0,00 0,00
R.L.E 282.580.670,98 661.302.908,88 556.292.602,10
TOTAL DO C.P 717.407.844,30 1.060.703.140,65 928.647.662,77
Passivo não corrente
Empréstimo a M/L prazo 15 0,00 0,00 0,00
Impostos diferidos 16 0,00 0,00 0,00
Provisões para pensões 17 0,00 0,00 0,00
Prov. p/ outr. Risc. e pens 18 0,00 0,00 0,00
Outros pasivos não corrent. 19 0,00 0,00 0,00
TOTAL DO P.N.C 0,00 0,00 0,00
Passivo corrente
Contas a pagar 19 5.814.253.968,39 5.198.141.159,98 4.091.274.989,67
Empréstimos de curto prazo 20 0,00 0,00 0,00
Part. Cor. Dos emp. M/L p 15 0,00 0,00 0,00
Outros passivos correntes 21 0,00 0,00 0,00
TOTAL DO P.C 5.814.253.968,39 5.198.141.159,98 4.091.274.989,67

Total do C.P e passivo 6.531.661.812,69 6.258.844.300,63 5.019.922.652,44

Fonte: Beta, Lda, 2021

42
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
(Por Natureza)
Empresa: BETA, LDA
Valores expressos em: Kwanzas
Quadro nº: 08: Demonstração de resultados em: 31 de Dezembro de 2021
Exercícios
Designação Notas 2021 2020 2019

Vendas 22 8.824.659.553,40 7.752.320.820,17 8.241.598.085,18


Prest. Serviços 23 12.845.720,85 32.460.048,04 10.171.145,37
Out. Prov. Operac. 24 0,00 0,00 0,00
Total dos Proveitos 8.837.505.274,25 7.784.780.868,21 8.251.769.230,55
Var./prod. Acab./via de feb. 25 0,00 0,00 0,00
Trab. Para a próp. Empresa 26 0,00 0,00 0,00
C.M.V e das M.P.Sub.Cons 27 7.687.178.137,28 6.466.768.154,17 6.970.576.830,05
Custos com pessoal 28 605.061.496,95 593.692.979,37 550.655.749,67
Amortizações 29 24.805.030,80 23.284.034,04 18.631.171,20
Outros custos e perd. Oper. 30 109.949.679,92 149.945.612,17 125.149.250,07
Total dos Custos 8.426.994.344,95 7.233.690.779,75 7.665.013.000,99
Resultados Operacionais 410.510.929,30 551.090.088,46 586.756.229,56
Resultados financeiros 31 - 19.039.185,04 426.390.677,30 271.618.663,15
Resultados de filiais e assoc. 32 0,00 0,00 0,00
Result. não operacionais 33 - 14.697.516,29 - 32.762.324,50 - 63.671.175,42
Result. antes do imposto 376.774.227,97 944.718.441,26 794.703.717,29
Imposto sobre rendimento 35 94.193.556,99 283.415.532,38 238.411.115,19
Res. Líq. das Activ. Cor. 282.580.670,98 661.302.908,88 556.292.602,10
Resultados Extraordinários 34 0,00 0,00 0,00
Imposto sobre rendimento 35 0,00 0,00 0,00
Res. Líquido do Exercício 282.580.670,98 661.302.908,88 556.292.602,10

Fonte: Beta, Lda, 2021

43
DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA
(Método Indirecto)
Empresa: BETA, LDA
Exercício findo em: 31 de Dezembro de 2021 | Valores expressos em: Kwanzas
Quadro nº: 09 – Demonstração de Fluxo de Caixa

Exercícios
Designação Notas 2021 2020 2019
Fluxo de Caixa das Act. Operacion.:
Result. Líq. Antes dos imp. E das R.E. 376.774.227,97 944.718.441,26 794.703.717,29
Ajustamentos:
Depreciações 24.805.030,80 23.284.034,04 18.631.171,20
Amortizações 0,00 0,00 0,00
Ganhos na alien. De imobilizações 0,00 0,00 0,00
Perdas na alien. De imobilizações 0,00 0,00 0,00
Resultados financeiros 0,00 0,00 0,00
Result. extraordinários 0,00 0,00 0,00

R. Op. Antes d/ alteraç. do C.


Circul.
Aumento das existências 101.574.178,02 59.776.793,36 357.639.739,36
Diminuição das existências 0,00 0,00 0,00
Aum. Das dívidas de terceiros oper. 319.616.205,24 - 878.595.710,66 144.136.248,66
Dim. Das dívidas de terceiros oper. 0,00 0,00 0,00
Aum. De outros activos operacionais 0,00 0,00 - 774.028,55
Dim. De outros activos operacionais 0,00 0,00 0,00
Aumento de dívidas a terceiros Oper. - 616.112.808,41 1.208.162.337,68 - 1.612.904.163,89
Dimin. de dívidas a terceiros Operac. 0,00 0,00 289.166.815,28
Aumento de outros passivos Oper. 0,00 0,00 427.481.042,47
Dimin. De outros passivos operac. 0,00 0,00
Capital subscrito 0,00 0,00 0,00

Caixa gerada Prov. Das operações 206.656.833,62 1.357.345.895,68 418.080.541,82


Juros pagos
Impostos s/ lucros pagos 94.193.556,99 283.415.532,38 238.411.115,19

Fluxo de C. Antes de Result. Extra. 112.463.276,63 1.073.930.363,30 179.669.426,63

Caixa líq. Prov. Das Act. Operac. 112.463.276,63 1.073.930.363,30 179.669.426,63

Fluxo de C. Das Act. De Investim.:


Recebimentos provenientes De:
Imobilizações corpóreas
Imobilizações incorpóreas 21.584.020,68
Investimentos Financeiros 45
Subsídios a investimento

44
Demonstração do fluxo de caixa da empresa Beta, Lda (método indirecto)
Continuação

Juros e proveitos similares


Dividendos ou lucros receb.

Pagamentos respeitantes à:
Imobilizações corpóreas - 4.201.691,05 - 85.278.675,44 - 66.052.776,24
Imobilizações incorpóreas 0,00 0,00 0,00
Investimentos financeiros 46

Fluxo de C. Antes da Result. Extraord. - 4.201.691,05 - 63.694.654,76 - 66.052.776,24

Caixa líq. Usada nas Act. de


Investim. - 4.201.691,05 - 63.694.654,76 - 66.052.776,24

Fluxo de Caixa das Act. de Fin.:


Recebimentos provenientes de:
Aum. Cap., prest. Supl., prêm. Emis.
Vendas de acções ou quot. Próprias
Cobertura de prejuízo
Empréstimos obtidos
Subsídios à exploração e doações

Pagamentos respeitantes à:
Produções de capital e prest. Suple.
Compras de acções ou quot. Próp.
Dividendos ou lucros pagos - 233.024.695,88 - 471.178.322,58 0,00
Empréstimos obtidos
Amort. De contratos de locação fin.
Juros e custos similares pagos - 3.006.421,14
Imposto de início de actividade
Outros pagamentos de act. Operac. - 66.754.077,40

Fluxo de C. Antes da rub. Extraordin. - 236.031.117,02 - 471.178.322,58 - 66.754.077,40

Caixa líq. Usada nas act. De financ. - 236.031.117,02 - 471.178.322,58 - 66.754.077,40

Aum. Líq. de Caixa e seus equivale. - 127.769.531,44 539.057.385,96 46.862.572,99


Caixa e seus equiv. No início do per. 1.286.340.710,21 747.283.324,24 700.420.751,25
C. e seus equiv. De C. No fim do per. 1.158.571.178,76 1.286.340.710,21 747.283.324,24

Fonte: Beta, Lda, 2021

45
BALANÇO FUNCIONAL
Empresa: BETA, LDA
Valores expressos em: Kwanzas
Quadro nº: 10: Balanço funcional em: 31 de Dezembro de 2021

Exercícios
Designação 2021 2020 2019
1- Capital próprio 717.407.844,30 1.060.703.140,65 928.647.662,77
2- Capital alheio estável 0,00 0,00 0,00
3- Capital permanente(1+2) 717.407.844,30 1.060.703.140,65 928.647.662,77
4- Activo fixo 64.675.335,69 85.278.675,44 86.978.688,80
5- Fundo de Maneio(3-4) 652.732.508,61 975.424.465,21 841.668.973,97
6- Inventários e activos biológicos 1.215.536.477,45 1.113.962.299,43 1.268.606.163,78
7- Clientes 4.092.878.820,79 3.773.262.615,55 2.917.054.475,62
8- Adiantamento a fornecedores 0,00 0,00 0,00
9- Estado e outros entes públicos 0,00 0,00 0,00
10- Outros deved. de exploração 0,00 0,00 0,00
11- Nec. Cíclicas(6+7+8+9+10) 5.308.415.298,24 4.887.224.914,98 4.185.660.639,40
12- Fornecedores 5.814.253.968,39 5.198.141.159,98 4.091.274.989,67
13- Adiantamentos de clientes 0,00 0,00 0,00
14- Estado e outros entes públicos 0,00 0,00 0,00
15- Outros cred. De exploração 0,00 0,00 0,00
16- Rec. Cíclicos(12+13+14+15) 5.814.253.968,39 5.198.141.159,98 4.091.274.989,67
17- Necessidades de FM(11-16) - 505.838.670,15 - 310.916.245,00 94.385.649,73
18- Tesouraria líquida(5-17) 1.158.571.178,76 1.286.340.710,21 747.283.324,24

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da empresa BETA, LDA.

46
Gráfico nº 01: Variação do FM ao longo dos exercícios
económicos de 2019, 2020 e 2021

975.424.465,21
841.668.973,97

652.432.508,61 2021
2020
2019

2021 2020 2019

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da empresa BETA, LDA.

O gráfico acima apresentado, ilustra-nos a variação do Fundo de Maneio ao


longo dos períodos de 2019, 2020 e 2021 sendo que o Fundo de Maneio do período de
2020 representa uma variação positiva de 14% em relação a 2019, e do período de 2020
para o período de 2021 verificou-se uma variação negativa de 33%.

Gráfico nº 02: Variação das NFM ao longo dos exercícios


económicos de 2019, 2020 e 2021

94.385.649,73

2021 2020 2019


2021
2020
2019
-310.916.245,00

-505.838.670,15

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da empresa BETA, LDA.

47
O gráfico acima apresentado, ilustra-nos a variação das Necessidades em Fundo de
Maneio dos períodos de 2019, 2020 e 2021, e verificou-se que o período de 2019 a empresa
BETA, LDA apresentou NFM >0, e em 2020 apresentou NFM<0, melhorando ainda a sua
situação em 2021.

Gráfico nº 03: Variação da TL ao longo dos exercícios


económicos de 2019, 2020 e 2021

1.286.340.710,21
1.158.571.178,76

747.283.324,24 2021
2020
2019

2021 2020 2019

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da empresa BETA, LDA.

O gráfico acima apresentado, ilustra-nos a variação da tesoraria líquida ao longo


dos períodos de 2019, 2020 e 2021, sendo que a tesouraria líquida apresentou uma
variação positiva de 42% do período de 2019 para o período de 2020 e uma variação
negativa de 10% do período de 2020 para o período de 2021.

48
CONCLUSÃO

De acordo com o presente estudo, notamos que o Fundo de Maneio é um


indicador importante para a análise do equilíbrio financeiro pois assenta no princípio de
que o financiamento dos activos deve ser feito em função do tempo que se espera que
esses activos estejam a disposição da empresa

Para a elaboração do presente trabalho usou-se a pesquisa bibliográfica, e quanto


a sua abordagem as informações colectadas foram categorizadas como quantitativas, ao
passo que as técnicas ou instrumentos de colecta de dados foram feitas através de um
questionário.

O estudo de caso foi realizado na empresa Beta, Lda onde analisamos o


equilíbrio financeiro da mesma através do balanço funcional. Com base na extrapolação
de dados apresentados, concluímos que a empresa BETA, LDA no exercício económico
de 2019 apresentou uma situação financeira equilibrada com margem de segurança, um
fundo de maneio positivo e as necessidades cíclicas superiores aos recursos cíclicos.
Neste exercício as necessidades em fundo de maneio foram maiores que zero, mas as
necessidades de financiamento dos activos fixos foram cobertos pelos capitais
permanentes havendo ainda tesouraria líquida positiva. E nos exercícios económicos
subsequentes (2020 e 2021) a empresa apresentou situação financeira segura: FM>0,
NFM<0, FM>NFM => TL>0, ou seja, um fundo de maneio positivo e os capitais
permanentes nestes períodos foram suficientes para financiar a parte fixa do activo com
baixo grau de liquidez. Vericou-se também excedentes financeiros no ciclo de
exploração nos períodos de 2020 e 2021 onde as necessidades en fundo de maneio
foram menor que zero o que originou uma tesouraria líquida positiva.

Assim, a estrutura financeira da empresa Beta, Lda encontra-se equilibrada pois


a empresa apresenta um fundo de maneio positivo e uma tesouraria líquida
superavitária.

Ao longo da elaboração do presente trabalho, foi possível atingir os objectivos


preconizados, pelo que, conseguimos compreender até que ponto o Fundo de Maneio é
um Factor determinante na gestão do património das empresas. E como objectivo
específico, conseguimos identificar e analisar as características do Fundo de Maneio que
o tornam um factor determinante na gestão do património das empresas, conseguimos
caracterizar o Fundo de Maneio, Necessidades em Fundo de Maneio e Tesouraria
liquida.

49
Relativamente as hipóteses, as mesmas mostraram-se verdadeiras, verificando
assim que o Fundo de Maneio pode servir como um factor determinante na gestão do
património das empresas de forma a detectar problemas de gestão patrimonial e corrigir
ou impedir totalmente a existência de ruptura de tesouraria na empresa. E serve como
reserva de emergência financeira quando a empresa não consegue honrar com as suas
obrigações a curto prazo.

50
RECOMENDAÇÕES

Analisada à condição do equilíbrio financeiro da empresa Beta, Lda dos


exercícios económicos de 2019, 2020 e 2021, verificamos que a empresa ampresentou
um Fundo de Maneio positivo nos três períodos em análise, e no período de 2019
apresentou Necessidades em Fundo de Maneio positivo, e, Necessidade em Fundo de
Maneio negativo nos períodos de 2020 e 2021. A empresa apresentou também uma
Tesouraria Líquida positiva nos três períodos em análise.

Assim sendo, recomendamos o seguinte:

a) Que a empresa mantenha as políticas de Gestão de Fundo Maneio, sendo que


tais políticas conduziram a empresa a uma situação de equilíbrio financeiro
estável;

b) Que a empresa efectue aplicações financeiras e amortize dívidas com os


excedentes verificados na tesouraria.

51
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