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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO


FORO REGIONAL I – SANTANA
1ª VARA CÍVEL
AVENIDA ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 594, São Paulo - SP - CEP 02546-000
02546
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Juiz de Direito Dr. FULANO DE TAL

Vistos.

Trata-se de “ação
ação de procedimento comum, com pedido de embargo liminar”, movida
por JOÃO em face de FLAVIO
FLAVIO. Afirmou o autor que é proprietário e reside em casa no imóvel
localizado no bairro Santana, neste município
município, e que o requerido iniciou
iou construção no imóvel
vizinho. Alegou ainda, que para construção o req
requerido
uerido utilizou antigas colunas que
ameaçam ruir, colocando em risco sua moradia.

Postula,, assim, seja concedida tutela de urgência de embargo liminar da obra


obra, bem
como ressarcimento por danos materiais e morais.

Inicial instruída com fotos (fls. ---).

Em contestação,
testação, o requerido não refutou
u a possibilidade de possível dano, alegou
apenas que a obra não está em um estágio que a torne efetivamente prejudicial. Alegou
ainda, existência prévia de exame e vistoria no imóvel, que corroboram a segurança da obra,
no entanto, sem comprovação do
documental das alegações. No mérito, sob a rubrica de
preliminar, suscitou a impossibilidade jurídica da ação
ação, alegando,
legando, o que esse Magistrado
deduz da interpretação do confuso texto, que não houve efetivo prejuízo e que não há que se
falar em cumulação de pedidos.
didos.

Contestação instruída com fotos (fls. ---).

Afasto a dita preliminar de mérito por impossibilidade jurídica da ação, por não
observar os princípios básicos e fundamentação legal necessária para o pleit
pleito.
o.

Não havendo irregularidades outras a corrigir e nulidades a declarar, dou o feito por
saneado.

Concedo ao autor os benefícios da assistência judiciária. Anote


Anote-se

Os elementos coligidos ao bojo dos autos demonstram a verossimilhança das


alegações ventiladas na inicial. Presentes os requisitos do art. 300 do CPC, a tutela
t de
urgência deve ser deferida. A probabilidade do direito dos autores se evidencia pelas fotos
trazidas às fls. ----, que demonstram que eventual desabamento pode vir a ocasionar sérios
danos à construção do autor. O art. 1.277 do Código Civil dispõe que "o proprietário ou o
possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à
segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de
propriedade vizinha.” Como não houve pelo requerido comprovação de que a obra será
segura em todas as fases até seu término, é de rigor a paralisação da obra até que se
comprove a segurança da mesma. O perigo de dano é manifesto, porque a continuidade da
obra pode causar prejuízos estruturais gravíssimos no imóvel do autor, com riscos de
desabamento e consequentes danos à integridade física dos moradores do imóvel. A tutela
deferida não é irreversível porque, se verificada em posterior fase processual a inexistência de
prejuízo à construção da casa do autor ou a adequação do projeto, poderá ser concedido o
direito de continuidade da construção. Desta feita, o embargo liminar deve ser deferido. Ante
o exposto, DEFIRO A TUTELA DE URGÊNCIA e determino o embargo liminar da obra que
ocorre no imóvel localizado no bairro Santana, neste município, devendo o requerido cessar
imediatamente a construção, sob pena de incidir em multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia
de descumprimento, limitado a trinta dias-multa. EXPEÇA-SE COM URGÊNCIA MANDADO A
SER CUMPRIDO PELO OFICIAL DE JUSTIÇA DE PLANTÃO, ante a urgência na comunicação
da tutela deferida.

Necessária a instrução. Nos termos do artigo 357, inciso II, do Código de Processo
Civil vigente, fixo os seguintes pontos controvertidos: a regularidade da obra e se a mesma foi
erigida sobre estrutura segura, sem risco de desabamento; se existe projeto aprovado e se tal
projeto atende às normas técnicas para a obra realizada pelo requerido; a existência dos
danos relatados na inicial e sua extensão.

São questões de direito importantes para solução de mérito aquelas que


regulamentam o direito de vizinhança. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato
constitutivo de seu direito; e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor (art. 373 do CPC), não havendo circunstâncias que levem à
diversa atribuição.

Em relação aos danos alegados, defiro a produção de prova documental, facultando


às partes a apresentação de novos documentos, caso existam, no prazo de 15 (quinze) dias.

Defiro ainda a produção de prova pericial. Para tal, nomeio o perito engenheiro civil
Fulano de Tal. Cadastre-se a nomeação pelo Portal de Peritos e Auxiliares da Justiça. Solicite-
se ao perito estimativa de honorários. Os honorários periciais serão suportados em rateio (art.
95 do CPC), considerando que requerida por ambas às partes. Como o requerente é
beneficiário da gratuidade, a parcela dos honorários por ele devida será adiantada pelo
Fundo de Assistência Judiciária, gerido pela Defensoria Pública do Estado. Solicite-se a reserva
dos honorários, anotando-se a determinação de pagamento em rateio.
As partes poderão apresentar seus quesitos e indicar assistentes técnicos no prazo
comum de 15 dias. Oportunamente, será analisada a necessidade de colher a prova oral,
postulada pelas partes.

Consigno os seguintes quesitos do Juízo:

A) A construção está erigida sob estrutura (colunas) seguras e com fundação sólida?

B) Se não, quais as adequações necessárias na construção feita pelo requerido para


que não reste danos à casa do requerente?

C) É necessária a demolição de parte da construção feita pelo requerido para afastar


dano ou risco de dano ao imóvel do autor?

D) Demais esclarecimentos que o perito entender necessários à elucidação do caso.

Intime-se.

GRUPO 3 – DESPACHO

FELIPE ESTANGNI FUSCA

MATHEUS NEOFITI

JHONATAN WILLIAN GONÇALVES

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