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:
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1989
DISSERTAÇAo DE MESTRADO
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....:-··;.--~~r.:.:.._..· _:. _. ~~L~ -r
.....•..... r ••••""t~ . .rc .
IX
AGRADECIMENTOS;
III
banca examinadora
1. ~ .\~,
2• ':) ) \
"
---lLLU-.-i~.
3.
IV
A PROTBÇÃO CONSTiTUCIONAL DA PRÓPRiA IMAGEM
RESUMO
o
conceito de imagem passa,
obrigatoriamente, por dois enfoques: o primeiro, quando
garante ao indi viduo o direi to à sua f is ionomia, aos
seus traços caracteristicos; o segundo, quando assegura
ao seu titular a divulgação ou utilização desses traços
caracteristicos. De qualquer forma, o conceito é amplo;
não abrangendo apenas a fisionomia; mas os gestos, a
voz e partes do corpot desde que identificâveis.
A doutrina muito
.
discutiu
.
sobre a.
autonomia do direito à própria imagem, pretendendo os
que a negavam, estar ele contido no direito à honra, à
identidade e à intimidade~
Os autonomistas, ao menos no
direito positivo brasileiro, obtiveram vitória quando
da promulq-ação da Carta Constituc,ional de 1988. que
tratou a imagem de forma aut6nomat colocando-a;
distintamente, de bens como a intimidade. vida privada
e honra.
v
tecnolóqico, desemboca no reconhecimento da imagem~
Quando teleobjetivas e transmissões por satélite podem
veicular a imagem de um indivíduo por todo o mundot em
segundos, a sua tutela começa a ser objeto de ~studos
mais aprofundados" o que se verifica em face de um
maior numero de casos concretos apreciado por nossos
Tribunais~ Aliás, as decisões judiciais procuraram" em
regra, buscar apoio < em artigo do Código civil,
desprezando uma tutela constitucional impl ie i ta t que
protegia o direito à própria imagem.
Ao tratar da
lado da imagem. ao
intimidade, vida privada e honra, no inciso X do artigo
quinto, a Lei Magna distinguiu tais bens, reconhecendo
autonomia ao direito à imagem.
genérica do inciso X do
A proteção
artigo quinto não se limita à fisionomia, estendendo-se
às partes do corpo e à própria imagem (como direito À
sua imagem) ..
Os parentes próximos não têm
direito 6. imagem do falecidot mas podeM; em nome da
memória do morto, pedir a suspensão. da divulgação de
sua imagem *
o consentimento autoriza a
divulgação da imagem, devendo, no entanto; ser
entendido de forma restritiva~
VII
:t N o I C E
OBJETIVO DO TRABALHO
1
rNTRODuçlo
1. O CONCEITO DE IMAGEM
7
a fisionomia e as sensações
o direito à honra
13
A critica
14
VIII
3 .b , o direito à intimidade
15
3.b~ a , A critica
16
18
3.c.a~ A critica
18
29
29
9~ A Jurisprudência
41
IX
SEGUNDA PARTE: A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
o avanço constitucional
50
A questão do consentimento
69
Os limites do direito à própria imagem
(ou as imagens não protegidas)
73
Os danos à imagem
81
o dano patrimonial
82
X
13~a~f~1~1* A reparação do dano patrimonial
83 "
CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFiA
.• -li .•• ti .••.•.•••.•••.•.•••••• .jp ••••••.•• "11I 11 -li .••.••.•.•.•.•. t: •• .jp .jp .jp .•.•.••••••••••••• .jp .•.•••••••.••••••• 104
XI
A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA PRÓPRIA iMAGEM
OBJETIVO DO TRABALHO
1
especialmente face à sua elevação constitucional~ As
teorias sobre a autonomia, ou não; do direito à imagem são
apresentadas de forma apenas descri ti va t já que ~ face ao
novo texto, muitas das teorias ficaram prejudicadas~ Essa
análise leva ao reconhecimento de uma posição de
autonomia.
2
Jc
inc isos v, X e XXVII r J cuidando-se
de cada dispos.dti vo forma
separada, não deixando, no entanto, de se atentme para uma
análise sistemática~
A idéia básica
é descrever e procurar
localizar dentro da nova ordem jurídica brasileira o
direito à própria imagem~
3
INTRODUÇÃO
-~----~,.---
(l) Cf. WILHELM, Jacques~ paris no temR2 42 rei '91. São
Paulo t Companhia das Letrast 1988~
(2) MORAES, Walter~ Direito à própria imagem. Revista dOI
!t:ribtm.a.~, São Paulo (443): 64-81# setj82 e (444):: 11-28t
outj82.
4
Com o desenvolvimento tecnol6qico do
século XX, porém, a imagem passou a ter ainda maior
importância; seja como manifestação da intimidade, seja da
honra, ou, ainda da própria fisionomia, a imagem passou a
ser objeto de ameaças constantes
, por parte de teleobjetivas
de grande potência e transmi ssões via satél i te, pelos
quais a·imagem ê lançada em todos os televisores do mundo,
em questão de segundos, sofrendo uma multiplicação que
escapava das previsões dos principais estudiosos do final do
século passado~
--~_ ..~-~
(3) RIVERO, Jean."Apud" FERRElRA FILHO, Manoel Gonçalves et
•.ª-..i.:ú...hU.2§Jl, Sara i va , São Paulo, 1978,. p.. 7 •.
aI ii ~1Jj?,.!.X:.4.Ml
5
demostrar a possibilidade de uma violação fácil, causando,
muitas vezes, prejuizos de dificil reparação.
6
PRUtEIRl\
~ I
PARTB~ o DtRE:ITO À PRÓPRIA lHAGU
V'~~~, "ARP:;t"", '
_. __ ._------
(4) CHAVES, Antonio. Direito à imagem e direito â
f isionomia ~ l!~ili!:."-4,0.8 Tl;:iWDAi g: São Paulo (620): 8, junho,
I
1987~
7
desenho, fotografia, televisão, ate"
(5)
portanto, à representação
do aspecto
visual da pessoa pela arte da pintura,
da escultura, do desenho~ da fotografia,
da figuração caricata ou decorat i va,
da reprodução em manequins e máscaras.
Compreende, além, a imagem como a de
fotografia e da radiodifusão~ e os
gestos, expressões dinâmicas da
personalidade. d (7)
A linha ampliativa encontra eco no
trabalho clâssico de Adriano de Cupis, que preleciona:
a
fotografia, a pintura e a escultura,
ete; são outros tantos modos de
execução, todos eles. abran9idos pela
tutela legal. Já se sustentou que esta
tutela
j
podia aplicar-se mesmo à
reprodução teatral ou cinematográfica
da pessoa. isto é, às hipóteses em que
um artista, através da figura, do gesto,
da at.Lt.ude, reproduz na cena ou na
pel1cula a pessoa." (8)
9
1.ª t A d1JRlicida51e d!L..enfom!eç; conçeit.yais; a ti§J.onomia e
as sensaçõE!s
10
,...As.duas faces do mesmodireito devem ser
entendidas como vindas da proteção de um mesmo bem: a
imagem .•.
11
A ~estão proposta nesse tópico envolve
o problema da autonomia do direito & imagem e,
consequentemente, am caso negativo, o seu enquadramento em
outras categorias, ta is como a honra f a intimidade e a
identidade~
12
,
A demostração teori as que
das diversas
disciplinam a imagem vem narrada no excelente trabalho de
walter Moraes (12)
--,,--_._~
(12) ob. cit.
-----
p~.' 6-4"
13
situação. A corte de Paris reconheceu o direito à
i.ndenização; por violação da honra através da imagem~ (13)
3.a~a. A critica.
14
Outros ex.emplos roa Ls são citados por Walter Moraes para
criticar a posição (15).
15
Para esse grupo de autores, a imagem se
confunde com a intimidade t sendo parte dela ~ Qualquer
violação da imagem estaria violando a intimidade.
16
teoria, vamos tomar alguns exemplos que, apesar da afronta
à i.magem a intimidade
t permanece intocada*
17
Há um grupo ainda de autores que entende
ser a imagem uma decorrência lógica do direito à
identidade. A imagem, para esses autores; é a contra-senha
da identidade, é a individualização figurativa da pessoa.
Sempre que a contra-senha é violada, sendo pÚblicada sem
autorização do indi viduo t es tariamos diante de uma
violação ao direito à identidade.
18
Não há qualquer má utilização de
identidade.. Há r isto sim t uso indev ido da imagem, não
coberto pela tese de identidade~
19
Sem adentrar; aindat no novo texto
constitucional, onde a imagem recebe posição de destaque~
podemos jâ com os elementos citados acima determinar a
existência de um direito à prõpria imagem autSnômo.
20
escala de valores humanos; um ponto
mais aI to t e que está es tri tamente
mais conectado com a persona 1idade
(persona) do que com o bem de
resguardo
, .."' (23)
---"'-:--~:---~
(23) ob* cit~ p~ 320
(24) ob~ cit. p.. 80
(25) FERREIRA RUBIO~ Oêlia4
Buenos Aires, Editorial
tradução nossa
21
o direito à imagem, assim; apresenta
regras próprias, dist intas de. qualquer outro sistema de
proteção. Insuficientes as teorias apresentadas para
justificar a negação de autonomia do direito à imagem. Não
se deve, como salientado por Ferreira RUbio, confundir a
proteção do bem-imagem, 'com a utilização desta para ferir
outros bens. como a intimidade ou a honra.
22:
verificada a autonomia do direito à
própria ·imagem, inegâvel a sua colocação dentre os direitos
da personalidade. Em sua obra clássica, DE CUPIS trata da
imagem como direi.to da personalidade. (26)
23
natureza moral J da segunda categoria,
como o concernente à vida privada ou à
intimidadet apreciaremos, o direito à
imagem u
.. (28)
24
fruição. são direitos es sencf.a Ls , que os tornam
necessariamente pertencentes à pessoa de seu titular~
nos direitos
s de personalidade são;
assim, direi tos que devem
necessariamente permenecer na esfera do
próprio titular, e o vinculo que a ele
os liga atinge o máximo de intensidade~
Na sua maior parte, respeitam ao sujeito
pelo simples e único fato de sua
qualidade de pessoa, adquirida com o
nascimento I continua.ndo todos a ser-
lhe inerentes durante toda a vida, mesmo
contra a sua vontade ~ que não tem
eficácia juridica.M (30)
o
autor~ no entanto, analisa a
possibil idade de consentimento na
,I
lesão, face à ordem
publica, o que; enfim, apresentara limitação ao direito~ A
esse tema voltaremos adiante quando analisarmos a
relatividade do direito ea tela~
Aponta, a.índa , o
como aucor-,
decorrência de sua indisponibilidade, a de que os direitos
da personalidade não são suscetiveis de execução forçada~
E també.m, por força da mesma essencialidade que se
caracteriza~ pode-se afirmar os direitos de personalidade
devem permanecer na esfera do titular. Mesmoque haja
inércia no gozo desses direitos, estes lhe são sempre
assegurados. O direito à vida, no caso, é sempre enlaçado ao
indivíduo. E o autor italiano cita o direito ao nome; como
exemplo. O fato de não utilizá-lo, não extingue o direito.
o posicionamento de De Cupis.
25
essenciais~ de objeto interior, inerentesf extra-
patrimoniais, relativamente
oi\.
indisponiveis, absolutos t
26
6. A EVQLUÇA.Q Q1tS ....Y.~BERDAREB PÚIUdQALJi.",O nll..RITQ A iB.tÍiRXA
lMAGEKt
Os direitos da personalidade e,
consequentemente, o direito à prôpria imagem, não
apresentam distinções em relação à avol ução geral das
liberdades públicas~
27
como a liberdade de associação, de reunião, liberdade
sindical, etc.
28
Os direitos individuais de 1789 que
foram tomados em seu sentido absoluto, sofreram restrições
em beneficio do social. Há uma limitação desses direitos,
que cede.m a um entendimento mais social. Nota-se uma
relati vização dos dire i tos f permitindo-se um entendimento
mais favorável à sociedade, um cerceamento por forças do
grupo social. A propriedade, por exemplo, passa a ser
disciplinada tendo como objetivo um beneficio ao grupo e não
só ao individuo, como num primeiro momento~ Para o nosso
tema pode- se verificar, facilmente~ a luta entre a esfera
t
29
ele deveria se abster de certos comportamentos (respeitar
a casa do individuo, respeitar a liberdade de pensamento,
respeitar a sua integridade fisica, etc) se apresenta
insuficiente. O individuo verifica que a limitação do
Estado. através de uma , abstençãot apenas, não lhe assegura
um equi librio~ Tal ver if icação se dá, especialmente,
quando . se nota um desenvolvimento nas relações
industriais,. com a formação de fortes grupos de empresas
que; poderiam, em regra aniquilar os direitos do
t
individuo~
adiante,
Veremos,. como a qarantia do
direito de resposta e de proteção à imagem fazem parte desse
grupo de direitos.
30
Por outro lado, a participação positiva
do Estado# deixando apenas o grupo das liberdades
negativas, assegurou a indenização da violação à imagem,
através de parâmetros já bem caracterizados t como o dano
m.oral~
A
fotoqra fia foi sem duvida,
t o
detonador desta inquietação. O seu aperfeiçoamento
tecnológico, especialmente no que tange à captação de
imagens, aumenta ainda a importância do direito à imagem. A
invenção das teleobj eti vas, que permitiram a obtenção
de
imagens a grandes distâncias, criou uma ameaça enorme à
proteção do bem imagem.. Teleobjetivas foram colocadas ~
serv~ço de jornalistas indiscretos que, ultrapassando os
limites da casa do individuot colhiam sua imagem sem
qualquer escrUpulo~
31.
Assim a faoilidade de captação da
f
questão~ (35)
32
lado das linhas apontadas por Rivero,
AO
portanto, surge o desenvolvimentotecnol6gico como
caracteristico próprio da evolução do direito à imagem,
quer como captação facilitada; quer como reprodução,
passando-se a uma nova, disciplina do consentimento, o que
bulirá com. o nücãeo do dano; determ.inando-se-lhe uma nova
extensão~
33
7! O ;Q;iRE:tTO"--Ã_~P=R=Q=P=R=IA~--=IW\.JlM ...:tm.S. OONSTITYIÇÕU
fjStRANGEX&n§ t..
34
protegendo. em seu artigo 14, apenas' a inviolabilidade de
domic11io*
Verifica-se,
assim, que seja dentre os
textos mais recentes seja dentre os mais antigos, a regra é
a da não proteção explícita da imagem~outros bens são
protegidos, pOdendo-se, com facilidade, admitir-se a
proteção de imagem de forma impl1ei ta (através da v ida,
honra~ intimidade)~
UArt.1S-1.. E
garantido o direito à
honra, à intimidade pessoal e familiar
e A !magem~n(grifos nossos)~
A
Constituição portuguesa, de 02 de
abril de 1976, com sua primeira revisão em 1982, em seu
artigo 26 determina que:
35
A éonstituição do Império, de 1824,
falava apenas em inviolabilidade do domicilio protegendo,
portanto1 a intimidade tea seu artigo 179, inciso VII.
36
Art. 72. A Constituição assegura a
brazileiros e a estrangeiros
residentes no paiz a inviolabilidade dos
direitos concernentes à liberdade, à
segurança
, individual e â propr iedade
nos seguintes termos:
37
direitos e garantias, não expressos no texto, mas
decorrentes do regime e principios que adota.
38
e 9ara~tias decorrentes do regime e dos
principios que ela adotau•
39
e garantias decorrentes do regime e dos
principios que ela adota".
40
Os julgadores brasileiros vêm
consagrando o direito à própria imagem" apesar da não
proteção expressa dos textos constitucionais.
41
o V~ acórdâo que ensejou o apelo
extremo, da lavra do Desembargador LUiz de Macedo •.
reconheceu que não havia lei expressa a proteger a imagem:
42
contestado pelo parecer da Procuradoria da Republical que
identificou a norma protetora, na segunda parteJ do inciso
X. do artiqo 666, do Código Civil.
A. jurisprudência todavia,
I preferiu
admitir o direito através de 10ci50 do Código civil a
subentendê-lo fundamentado na Constituição Federal.
43
Assim, pode-se concluir que o
consentimento autoriza a publ icação:
o
consentimento não necessita ser
expresso, bastando sua presunção:
44
modelos profissionais, a sua
participação fosse para fins restritos,
e não comerciais"~ (42)
45
SEGUNDA Pl\RTEt
46
constitua ional que o atual texto veio
preencher.u (44)
Se a proteção já se encontrava
implici ta, agora ela vem homenageada pelos constituintes,
merecendo destaque e tegras próprias ~ Trata-se, pois de t
41
CUidar dos direitos fundamentais, logo no
Titulo rI, após os Principios Fundamentais, é revelar a
importância dada ao tema~
48
indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;"
.. .• .•. .•
49
l.2.& ~ JlYaDQO constitucionaL..
Rompendo textos
a tradição dos
constitucionais anter iores, a imagem vem protegida de
forma expressa, em três inci;os do artigo que garante os
dire itos fundamenta is. O constituinte foi pródigo ao
cuidar do temat já que em trãs momentos a ele se refere~
Esse cuidado, como será visto no decorrer do trabalho, foi
de forma detalhada, estendendo-se, inclusive, à fixação de
critério para reparação do dano à imagem.
Dispõe o artigo:
•. .. •. •.
IV os direitos e garantias
individuais"~
Os textos constitucionais se pretendem
permanentes, mas não imutáveis~ Para sua alteração existem
emendas constitucionais~ que, mediante processo especial~
50
mais difícil e solene do que o da lei ordinária, modifica
o texto ~ São as chamadas consti tu ições rígidas. Há, no
texto de tais diplomas, a previsão de reforma
constitucional, desde que obedecidas certas regras.
51
matéria nelas designadas, tais como a
forma de governo, monârquica ou
repJbl icana ~ a orgsni zação federa tiva,
os direitos humanos e a igualdade de
representação
~
dos Estados no Senado~"
(46)
52
direito à própria imagem passou a ser viga mestra do
sistema, devendo ser interpretado como tal ~ Colocado ao
lado da federação ou da re.pUblica , o direito à própria
imagem passa a integrar as vigas mestras do sistema, como
parte dos direitos individuais.
, No texto de 1988; os
direitos individuais são protegidos mais ainda do que a
Repúblicat por exemplo, que poderá ser alterada, por força
do plebiscito previsto no artigo 2- das Disposições
Constitucionais Transitórias.
A prodigalidade do constituinte, ao
cuidar do tema e a importância que lhe foi dada,
incluindo-o dentre as matérias imutâveis, localizando-o em
capitulo destacado, logo na abertura do texto
constitucional, revelam o desenvolvimento e a preocupação
com o direito à imagem como decorrência do direito à
t
53
li.L L A!.lTONQJtIA DQ DI~RQfRll ;(MASinl lN 818nn~a
fQ8Xf:r1{Q B.D!tnB~
o texto
constitucional pôs fim a uma
discussão que agitou a doutrina nacional e estrangeira
(cf ~ Primeira Parte, i te~ 3), qual sej a, a eut.onomí.a, ou
não, do direito à própria imagem~As posições mais fortes
estavam com aqueles que viam a imagem como parte da
intimidade ou como parte da honra~
54
imagem é bem dist intamente proteg ido t merecendo
regulamentação própria e aut6noma~
55
\
56
simples ideário. Não é apenas uma
expressão de anseios, de aspirações,
de propósitos. Ê a transformação de um
ideârio,. é a conversão de anseies e
aspirações em regras impositivas~ Em
comandos.. Em precei tos obrigatórios
para todos: órgáos do Poder e
cidadãos~n
fl16~ Como se sabe t as normas juridicas não são conselhos,
opinamentos, sugestões * são determinações.. O traço
característico do Direito é precisamente o de ser
disciplina obrigatória de condutag~ Dai que, por meio das
regras jurídicas, não se pede, não se exorta, não se
alvitra~ A feição especifica da prescrição juridica ê a
imposição, a exig&ncia. Mesmo quando a norma faculta uma
conduta. isto é, permite - ao invés de exigi-Ia - há,
subjacente a esta permissão um comando obrigatório e
t
57
a produzir efeitos na ocorrância de
relações concretas:- mas já produz
efeitos juridicos na medida em que a sua
simples edição resulta na revogação de
todas as normas anteriores que com ela
•
conflitam~M
E adiante:
58
flSão elas de aplicabilidade imediata e
direta; tendo eficá.cia. independente da
interferência do legislador ordinário,
sua aplicabilidade não fica condicionada
a I
uma normação ulterior t mas fica
dependente dos 1imites (da eficácia
f
59
o texto protege a imagem desde o inicio
de sua vigência, não carecendo de qualquer outra norma.
60
inciso XXVIII não pode restringi-Io a ponto de anular o
direito
t devendo sempre preservar um m1nimo de seu
conteúdo.
61
o constituinte tratou, como já visto, da
imagem em três incisos distintos. A interpretação
constitucional nos deve levar à boa compreensão de cada
uma dess"as. nozmaa j uridicas t entendendo-as como um.sistema
e, não, isoladamente~
62
os brasileiros e todos os estrangeiros no pais; sem
qualquer exc&ção*
o estrangeiro,
não residente no pais f
seria titular de direito à própria imagem? A resposta só
poderia ser positiva, f se, de alguma forma, sofresse ele
violaç~o tutelada pela jurisdição nacional. A extensão do
pr incipio ao estrangeiro não res idente é decorrência do
f
63
131 a Q .inç1so...x I dOartigg., gy into, da CQnstit!Ú~
Federal: a prQt~º ,.genér;lQª~
o restabelecimento
da situação anterior
do bem deve ser imediata e eficaz; devendo o bem voltar ao
Ustatus quo ante", com il maior rapidez possivel~
64
Reza o artigo 220, da Constituição
Federal:
65
basta que a parte do corpo seja pertencente ao indivíduo;
mas que, a partir dela, identifique-se a pessoa~ São
notórios os casos de bocas, narizest
que olhos
marcaram
época no cinema e televisão. Essas partes do corpo sofrem
proteção, como extensão ~da personalidade do indiv1duo~
66
nilhados na sede, passaram a noite em
vigilia à base de cafezinho e
baralho~"
No dia seguinte, a foto foi vendida a um órgão de imprensa
que acrescentou a malandra legenda:
67
eventuais frases * O contexto, no entanto f é distorcidol'
ferindo a identidade circunstancial da imagem. (58)
o E. Tribunal de
Justiça do Rio de
3aneiro, na apelação- civel n. 39193, confirmou a sentença
de primeiro qrau por t votação unânime com. a seguinte
ementa:
68
interesses históricos e cienti f icos i
não abrange a forma romanceada~
69
a indenização prevista no texto. O consentimento, portanto~
torna a utilização devida.. correta"
revestindo-a de
legalidade. O trabalho não pretende, como já foi determinado
anteriormente.. analisar o consentimento pelo seu enfoque
contratual, o que melhor
,.
será feito pelos civilistas que
estudarem o tema~ Para nossa proposta, impor~ante ressaltar
que o consentimento torna legal a utilização da imagem.
70
utilização de sua imagem para um comercial de produtos
derivados de leite, não consentindo que a mesma imagem seja
utili zada em. comercial de cigarros ou bebidas alcoól icas r
por exemplo~ (61)
interpretaçãorestritiva.
71
busto e de qualquer outra expressão
visual e sonora da personalidade de
alguém, só pode competir ao autor, e
antes, ao titular da imagem."
72
os costumes tem aceito, nas circunstâncias em que a
reprodução da imagem. é permitida, a caricatura como
possi val ~ Na verdade, é. pennitida a alteração da imagem,
desde que não injuriosa. Aumentar, por exemplo,
exageradamente um nariz ou um queiKo de determinada
personalidade politica não pode consistir em ofensa ao
di rei to· da imagem...O intuito não era o de desna turar a
identidade da imagem, mas, apenas, já que se trata de
personalidade popular, retratá-Ia com olhos mais críticos do
que as lentes da máquina fotográfica.
73
uaquelas que se aplicam no caso de todos
os personaqens~ O fundamento da
restrição, o direito à intimidade,
nesses casos, varia segundo a categoria
de pessoa célebre de que se trate*n (66)
74
• * .. .. .. .. to 41 .• .•• •••.•• .• ••••••••
75
caso tipico dessa espécie é a segurança
nacional~ O indivíduo não pode pretender se opor A
publicação de sua imagemt se o bem que será. sacrificado é
maior e causará prejuízo bem mais amplo do que aquele que
t
76
· .... .. .•.. . . •. .. .•.
77
o individuo que sofre de doença
gravissima de fácil transmissão e não tem conhecimento,
pondo em risco toda a sociedade, não pode impedir ou
pretender inden i zação por afixação, pelos órgãos de sal1de
pública, de cartazes noticiando tal fato~ Não houve violação
da imagem. O retratado não pode, com certeza, pretender a
indenização por uso indevido de sua imagem~ O retrato do
individuo, justamente em beneficio da saúde pública, deve
ser divulgado, não se cogitando do direito à imagem, nesse
caso ..
78
a ser objeto de interesse publico, interesse de toda
comunidade..São pessoas que são noticia dos jornaist das
revistas especializadas, das reportaqens •.•
79
participa como figurante apenas. Nesse sentido, a decisão do
E~ Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
80
noticioso da publicação, assim como de sua utilização
econômica~ (74)
81
Para JOSÉ AGUIARDIAS, a idé ia de dano
também traz o significado de prejuizo~ E preleciona, com
apoio em FISCHER (76):
82
o dano material é aquele que destrói ou
reduz o patrim6nio do individuo. Ensina MARIA HELENA OINIZ
(77) :
83
existente após o prejuizo e o que
provavelmente existiria se a lesão não
se tivesse produzido. O dano
correspondente à perda de um valor
patrimonial, pecuniariamente
determinado ~ O dano patrimonial é
avaliado em dinheiro e aferido pelo
critério diferencial~ Mas às vezes, não
t
84
esportista que tem utilizada a sua imagem em comercial, sem
sua autorização, é exemplo tipico e frequente~ Outras
situaçõest no entanto, se apresentam como a destruição ou
modificação de determinada imagem: o indivíduo que,. após
acidente, sofreu lesão facial, impedindo que exerça a sua
profissão. Trata-se de dano material produzido à image:m~
Nesse caso, não se está falando da util ização indevida da
imagem, mas do direito â identidade. segundo aspecto do
direito à imagemt tal como dissemos anteriormente~
(80)
8S
A doutrina ainda mantém ag itada a
questão da reparação do dano moral~ salienta JOst DE AGUIAR
DIAS:
86
sentimentos indesej ados ~ Quanto vale a humilhação de um.
cidadão que viu sua imagem veiculada indevidamente~ ligada a
um comercial de televisão de bebidas alco6licas, por
exemplo, quando ele professa, de forma bastante radical,
religião que veda tal consumo? A fixação é dificil~ A
jurisprud~ncia, no entanto, tem entendido que a fixação de
um valor pode amenizar o dano moral causado. O valor, não
obstante, é de difícil fixação. Inegável. portanto, o
direito à indenização~ A correspondência entre o bem violado
e a amen ização de sua violação é cr i têrio de dific 11
ajuste~ São sentimentos subjetivos, que apresentam uma
variação enorme~ de acordo com o indi viduo t suas
circunstâncias, etc. Nesse particular, o juiz deverá servir-
se de seu bom senso, analisando sempre as circunstâncias do
processo, da lesão e do contexto social.
87
13,b~-º-ingi~o v gg ªrtigQ quinto 9ª ÇOD§tity!çãQ
di~e~osta.~ Q aaDO A imªge~
le~rAt; º
88
fel ta em. jornal ou periódico t ou em
transmissão de rádio-difusão, ou a cujo
respeito os meios de informação e
divulgação veicularem fato inveridico ou
err6neo~ tem direito a resposta ou
retificação~
* •
o direito
de resposta; portanto, situa-
se no oampo dos instrumentos de defesa do individuo contra o
direito à informação; que pretende ver retificado equivoco
referente a sua pessoa ou resposta a sua honra maculada~
89
"Direito de resposta é a garantia que a
lei dá. a cada um de apresentar a sua
versão dos fatos, pelo mesmo veiculoi"
quando tenha sido ofendido, acusado ou
vitima de erro nos meios de comunicação
de massa ...
"
90
protegido, qual seja, a correção da informação~ O individuot
mesmo que não ofendido ou acuaado, poderá pedir a
retificação de dados relativos a sua pessoa p~blicados
indevidamente.
91
Já vimos os dois primeiros tipos de dano
nos itens anteriores. O primeiro significa redução ou
destruição de um patrim6nio do titular ofendido. O dano
moral configura-se por uma humilhação~ dor ou tristeza;
provocada pelo ofensor que é reparada em pecünâ.ar não no
sentido de restaurar-lhe o estado. mas de amenizar o
sofrimento~ Distinto, portanto, o dano material do moral~
1,L!L~SL2.•••
_O .danº- à imagem .,t;lreyist.o DO inciso V do $lrtj.gg
g:uintQ ~da .r:QDs-tituiçâ2: federAl
92
silbenstecherei logomaquia, esmerilhação
pedantesca, disputa palavrosa e oca.
93
qual o sentido que o "constituinte
atribuiu às palavras do texto
constitucional, perquirição que só é
poss1vel pelo exame do todo normativo,
após A correta apreensão da
principioloqia que ampara aquela
palavra .." (84)
95
ac tonistas, investem na medificação ou manutenção de. sua
imagem~ Uma corporação que tem uma boa imagem" capta
investimentos de determinado grupo com mais facilidade~
no conceito de imagem'
I pode ser
aplicado a um candidato, a eleições, a
um produto, ou a um pais. Ele descreve
não qualidades ou traços. individuais"
ma~ uma impressão tota1 que. a entidade
produz na mente dos outros~· ("as)
96
Marlboro, sempre veiculados com a imagem mascul ina, com
caracteristicas fortes, próprios dos ncow-boys" norte-
americanos~ Imagine-se uma noticia equivocadat que alterasse
a imagem masculina forte do produto.
91
beneficio constitucional, mas devemos exclui-Ia do âmbito
regular do trabalho...Nào se poderia falar em direitos da
personalidade de uma pessoa juridica. Não podemos, por outro
lado, deixar de reconhecer uma certa aproximação com o tema,
pois, na verdade, como se via~ a imagem da pessoa jur1dica é
o retrato mora1 da empresa, seus traços gerais~
"An.. 511 - . . .. .. . .. .. .
-11.. •••••• 4 "11I -li ••• . ... .•. .•. . ~ •. .
98
XXVIII - são assegurados, nos termos da
lei:
a) a prote.ção às participações
individuais em obras coletivas e a
reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem os
criadores~ aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e
associativas~tl
o
disposi tivo, portanto res ida no f
Dentre proteqidos,
os bens.
há a
reprodução da imagem e da voz humanas.. Na realidade, o
presente dispositivo vem complementar o inciso X, já
estudado.. Deixa claro que, dentre as exceções já vistas
(interesse publico# interesse da noticia, etc) não se
encontra a possibilidade de veioular a imagem que participou
de um.aobra coletiva~ Isso significa que, no caso, .haverá a
edição da lei, que garantirá essa proteção~
99
como já. visto, permitindo a redução de seu conteúdo pela
legislação infra-constitucional~
100
Como visto acima, o constituinte foi
pródigo e detalhista ao cuidar do tema "imagem"; enfocando
os seus diversos ângulos~
101
CONCLl1SôBS
•••••••• ~JF1IARW'\
102
7. A Constituição de 1988 trata da imagem com prodigalidade,
dando-lhe matizes distintos, elevando-a, como direito
individual, à cláusula pétrea~
103
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