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AO JUÍZO DA 200ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

PROCESSO Nº 0101010-50.2020.5.02.0200

AUDITORIA PENTE FINO S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ
sob o n.º ..., com sede na rua ..., n.º ..., bairro …, na cidade de …, CEP ..., vem, por seu
advogado infra-assinado, procuração anexa, endereço eletrônico..., com endereço
profissional completo com CEP..., onde recebe intimações, com fulcro no art. 847,
parágrafo único da CLT c/c art. 336 a 341 do CPC, vem propor a presente

CONTESTAÇÃO

em face da reclamação trabalhista que lhe move ÉRICA GRAMA VERDE, já


devidamente qualificada nos autos, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

1 DAS NOTIFICAÇÕES

Em cumprimento ao art. 852-B da CLT, a Reclamada requer sejam todas as


publicações, intimações e notificações do presente processo destinadas exclusivamente
em nome de seu advogado, com escritório profissional localizado na…, sob pena de
nulidade, conforme Súmula nº 427 do TST.

2 DA SÍNTESE DA INICIAL

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Trata-se de reclamação trabalhista proposta por Érica Grama Verde, em que


pretende o pagamento de horas extras, de indenização de 40% sobre o FGTS, além do
pagamento de adicional de periculosidade.
A Reclamante, que exercia a função de gerente do setor de auditoria de médias
empresas, alega que trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo
de 1 hora para refeição, sendo que não marcava folha de ponto.
Alega ainda que, desde o início do seu contrato, realizava as mesmas atividades
que outra gerente do setor de auditoria de médias empresas, a qual, por sua vez, ganhava
salário superior ao da reclamante, mesmo exercendo a mesma função.
Informou ainda que desenvolvia suas atividades em prédio da sociedade
empresária localizado ao lado de uma comunidade muito violenta, tendo ouvido
diversas vezes disparos de arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a
várias operações policiais que combatiam o tráfico de drogas no local, motivo pelo qual
requereu também pagamento referente ao adicional de periculosidade.

3 DAS PRELIMINARES
3.1 DA INCOMPETÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS

A Reclamante arguiu na petição inicial o recolhimento do INSS relativo ao


período trabalhado, mês a mês, entre 2018 e 2019, para fins de aposentadoria.
Entretanto, a Constituição Federal (CF/88), em seu art. 114, VIII, prescreve que a
Justiça do Trabalho é competente para julgar a execução, de ofício, das contribuições
sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir. No mesmo sentido, é a Súmula Vinculante 53 do STF, que assim
dispõe:
A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII,
da Constituição Federal alcança a execução de ofício das

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contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação


constante das sentenças que proferir e acordos por ela
homologados.

Há que ser observada ainda, quanto à incompetência material em relação ao


recolhimento do INSS, o conteúdo da Súmula nº 368, I do TST, in verbis:

I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o


recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça
do Trabalho, quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia
que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário-de-contribuição.

Percebe-se dos dispositivos elencados acima, bem como do que dispõe o art.
876, parágrafo único da CLT que a Justiça do Trabalho somente será competente para
julgar o recolhimento das contribuições fiscais, quando for relativo a sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e os valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição. Sendo assim, a arguição do caso em tela não tem
cunho condenatório, portanto, a Justiça do Trabalho não é competente.
Diante do exposto, requer seja declarada a incompetência absoluta quanto ao
recolhimento do INSS nos termos do art. 337, II, do CPC, mediante o que informam o
art. 114, VIII da Constituição Federal de 1988, a Súmula Vinculante nº 53 do STF,
Súmula nº 368, I do TST e art. 876, parágrafo único da CLT.

3.2 DA INÉPCIA DA INICIAL

Estabelece o art. 330, § 1º, I, do CPC, que será inepta a petição inicial quando
lhe faltar pedido ou causa de pedir, sendo esta uma causa de indeferimento da exordial,
nos termos do art. 330, I do CPC.
No caso em tela, a Reclamante relata que, desde o início de seu contrato,

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realizava as mesmas atividades que outra gerente do setor de auditoria de médias


empresas, que ganhava salário 10% superior ao seu. Todavia, embora apresente esses
fatos, não elenca nenhum pedido quanto à equiparação salarial.
Desse modo, requer seja acolhida a preliminar de mérito para declarar inepta a
inicial em relação à equiparação salarial porque há causa de pedir sem pedido, nos
termos do art. 330, § 1º, I, do CPC, extinguindo-a sem resolução do mérito, conforme
dispõe o art. 485, V, do CPC.

4 DAS PREJUDICIAIS
4.1 DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A Reclamante trabalhou para a Reclamada de 29/09/2012 a 07/01/2021,


exercendo, desde a admissão, a função de gerente do setor de auditoria de médias
empresas.
Tendo em vista a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, XXIX, da CF/88, bem
como art. 11 da CLT e Súmula 308, I, do TST, os quais informam que a pretensão
quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos contados
da data do ajuizamento da reclamação e não às anteriores ao quinquênio da data da
extinção do contrato, suscita-se a prescrição de todas as verbas devidas há mais de cinco
anos contados da data do ajuizamento da ação.
Assim, requer seja declarada prescrita toda e qualquer pretensão da Reclamante
em relação a todo e qualquer suposto direito anterior a 30/01/15, com base no art. 7º,
XXIX, da CF/88, no art. 11 da CLT e na Súmula nº 308, I, do TST.

5 DO MÉRITO
5.1 DA IMPOSSIBILIDADE DAS HORAS EXTRAS

A Reclamante laborava para a Reclamada de segunda-feira a sábado, das 8h às

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20h, com intervalo de 1h para refeição, sendo que não assinava folha de ponto.
Cabe esclarecer que a Reclamante ocupava o cargo de gerente, cargo este de
confiança, com poder de gestão e salário diferenciado, recebendo gratificação de função
superior a 40%, motivo pelo qual não tem direito ao limite de jornada de trabalho
previsto no art. 58 da CLT. Sendo assim, não tem direito ao pagamento de horas extras,
conforme o art. 62, inciso II, da CLT, qual seja:

Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste


capítulo:
[...]
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de
gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste
artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.

Assim, requer seja declarado indevido o pagamento de horas extras porque a


autora ocupava cargo de confiança, consoante art. 62, II, da CLT.

5.2 DO NÃO CABIMENTO DA MULTA DE 40% DO FGTS

Importa salientar que não há direito à indenização de 40% sobre o FGTS porque
a Reclamante não foi demitida sem justa causa. Conforme os fatos, a Reclamante pediu
demissão em 07/01/2021, o que impede a pretensão, uma vez que essa hipótese não é
prevista na norma cogente, na forma do art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90.
Desse modo, requer seja declarado improcedente o direito à indenização de 40%
sobre o FGTS, com fulcro no art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90.

5.3 DA IMPOSSIBILIDADE DE INTEGRAÇÃO DOS PRÊMIOS

A partir de 2018, a Reclamante passou a receber prêmios em pecúnia, em


valores variados, pelo que requereu a integração do valor desses prêmios à sua
remuneração, com reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, inclusive FGTS, e
o pagamento das diferenças daí decorrentes.

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Sobre o pedido, importa frisar que, ainda que habituais, os prêmios não integram
a remuneração do trabalhador. É o que dispõe o § 2º, do art. 457 da CLT:

Art. 457. [...]


§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de
ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em
dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a
remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de
trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
encargo trabalhista e previdenciário

Nesse sentido, requer seja negado o pedido de integração dos prêmios porque,
ainda que habituais, não integram a remuneração, conforme previsão legal expressa no
art. 457, § 2º, da CLT.

5. 4 DA INVIABILIDADE DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Conforme informado alhures, a Reclamante relata que, desde o início de seu


contrato, realizava as mesmas atividades que outra gerente (Silvana Céu Azul) do setor
de auditoria de médias empresas, que ganhava salário 10% superior ao seu, entretanto,
sem pedido de equiparação salarial.
Pelo princípio da eventualidade, caso haja o entendimento da existência do
pedido, a equiparação não merece prosperar, pois a gerente Silvana foi admitida pela
empresa em 15/01/2010 e a Reclamante ingressou na empresa em 29/09/2012, de modo
que a diferença de tempo na função entre as duas ultrapassa dois anos, sendo este um
requisito impeditivo para a equiparação salarial, consoante art. 461, § 1º, da CLT, que
assim assevera:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual


valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.
§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o
que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição
técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o

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mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença


de tempo na função não seja superior a dois anos.

Pelo exposto, requer seja declarado inviável o pedido de equiparação salarial


porque a modelo tem mais de 2 anos na função, não implementando essa condição
legal, na forma do art. 461, § 1º, da CLT.

5.5 DA AUSÊNCIA DE PERICULOSIDADE

Pretende a Reclamante o recebimento de adicional de periculosidade sob a


alegação de laborar em prédio da sociedade empresária localizado ao lado de
comunidade violenta. Ocorre que o trabalho desempenhado em local ao lado de
comunidade violenta não é requisito que autorize o recebimento de adicional de
periculosidade, nos termos do art. 193, da CLT, portanto, não desenvolve a Reclamante
atividade perigosa.
Isso posto, requer seja declarado indevido o pedido de adicional de
periculosidade, uma vez que a situação retratada na petição inicial não autoriza
tecnicamente o pagamento do adicional, segundo o art. 193 da CLT.

5.6 DA LIMITAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Requereu a Reclamante o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o


valor da condenação, conforme o art. 85, § 2º, do CPC.
É taxativo o art. 791-A da CLT ao estabelecer que:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença,

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do proveito econômico obtido ou, não sendo possível


mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

Portanto, indevido o arbitramento de pagamento de honorários advocatícios nos


percentuais pretendidos pela Reclamante.
Desse modo, requer seja negado o pedido de honorários advocatícios porque, se
devidos, limitam-se a 15%, na forma do art. 791-A da CLT.

5.7 DA CONDENAÇÃO DA RECLAMANTE AOS HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS

Considerando os termos da defesa, de modo que sejam julgados total ou


parcialmente improcedentes os pedidos da Reclamante, requer a condenação desta ao
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência de 15%, com fulcro no art.
791-A da CLT.

6 DOS PEDIDOS

Diante do exposto, apresenta-se os seguintes pedidos:


a) A renovação do pedido de acolhimento da preliminar de incompetência material da
Justiça do Trabalho quanto ao recolhimento do INSS, nos termos do art. 114, VIII,
CF/88, Súmula Vinculante 53 STF, Súmula 368, I, TST e art. 876, p. único, CLT;
b) A renovação do pedido de acolhimento da preliminar de inépcia da petição inicial,
uma vez que não há formulação de pedido, nos termos do art. 330, § 1º, I, do CPC;
c) A renovação do pedido de reconhecimento da prejudicial de prescrição parcial,
consoante Art. 7º, XXIX, CF/88, ou Art. 11, CLT e Súmula 308, I, TST;
d) Requer a total improcedência de todos os pedidos constantes na exordial;
e) Requer a condenação da Reclamante ao pagamento da custa e honorários
advocatícios de sucumbência no percentual de 15%, consoante art. 791-A da CLT;

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f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos no Direito.

Nestes termos, pede-se deferimento.


Local/ data
Advogado/a
OAB/Nº

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