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Material elaborado pelas professoras Letícia Aidar e Simone Belfort

AO DOUTO JUÍZO DA 200ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO-SP

Processo n: 0101010-50.2020.5.02.0200

AUDITORIA PENTE FINO S.A., já qualificado nos autos da reclamação trabalhista que lhe move ÉRICA GRAMA
VERDE…, vem, por seu advogado abaixo assinado, com escritório na Rua …, n…, Bairro …, cidade …, CEP …, endereço que
indica para os fins de recebimento de intimações e notificações, (e-mail...) com fulcro nos arts. 847 e 769 da CLT c/c art. 336 do
CPC, oferecer a seguinte

CONTESTAÇÃO

Não merece procedência a presente reclamação, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expostos:

PRELIMINARES

DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A reclamante requer a condenação ao recolhimento do INSS referentes aos anos de 2018 e 2019.

Ocorre que o art. 114, VIII da CF, bem como a súmula vinculante nº 53 do STF e art. 876, parágrafo único preveem a
competência da Justiça do Trabalho para executar, de ofício, as contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir e
acordos por ela homologados. Sendo, portando, absolutamente incompetente para julgar a matéria no tocante às contribuições
sociais incidentes sobres as verbas pagas no curso do contrato de trabalho, por ausência de previsão legal.

DA INEPCIA

Há de se reconhecer a inépcia quanto à equiparação salarial, uma vez que há causa de pedir, porém não há pedido, nos
termos do art. 330, § 1º, II, do CPC.

Caso superada a preliminar acima arguida, impugna-se todos os pedidos, eis que não assiste razão ao reclamante.
Vejamos:

MÉRITO

PREJUDICIAIS DE MÉRITO

DA PRESCRIÇÃO

O contrato de trabalho da reclamante teve duração de 29/09/2011 a 07/01/2020, tendo sido distribuída a presente
reclamação em 30/01/2020. O art. 7º, XXIX da CF e a art. 11 da CLT preceituam que a pretensão quanto aos créditos trabalhistas
prescreve em cinco anos, e a súmula 308, I do TST informa que o cômputo da prescrição quinquenal se dá a partir do ajuizamento
da ação. Portanto, restam prescritas as pretensões anteriores a 30/01/2015, devendo ser extinto com resolução de mérito como dita
o art. 487, II do CPC.

DOS FATOS

A reclamante foi admitida pela reclamada em 29/09/2011 para exerce a função de gerente do setor de auditoria de médias
empresas, tendo pedido demissão em 07/01/2020, quando recebia salário mensal de R$ 20.000,00, acrescido de gratificação de
função de R$ 10.000,00.

DOS FUNDAMENTOS

DAS HORAS EXTRAS

Requer a reclamante o pagamento de horas extras, alegando que cumpria a jornada de segunda-feira a sábado, das 8h às
20h, com intervalo de 1 hora para refeição. Ocorre que a reclamante era gerente, com efetivo poder de gestão, ocupando cargo de
Material elaborado pelas professoras Letícia Aidar e Simone Belfort

confiança com percepção de gratificação de função superior a 40%, ficando, assim, excluída do controle de jornada, nos termos do
art. 62, II da CLT, e consequentemente, não tem direito ao pagamento de horas extraordinárias.

DA MULTA FUNDIÁRIA

Requerer a reclamante o pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS, o que não pode prosperar, uma vez que o
pedido de demissão não configura hipótese a ensejar tal indenização, conforme os termos do art. 18, §1º da Lei 8.036/90 e art. 9º,
§1º do Decreto 99.864/90.

DA INTEGRAÇÃO DOS PRÊMIOS

Requer a reclamante a integração dos prêmios recebidos a sua remuneração, bem como reflexo nas demais verbas
salariais e rescisórias. Não lhe assiste razão. Os prêmios, ainda que recebidos de forma habitual, não integram a remuneração,
conforme previsto no art. 4578, §2º da CLT.

DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Caso seja superada a preliminar de inépcia, em observância ao princípio da eventualidade, impugna-se o pedido de
equiparação salarial, uma vez que a paradigma contava com mais de dois anos na função, o que impede a pretensão nos termos do
art. 461, §1º.

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Requer a reclamante o pagamento de adicional de periculosidade sob alegação de que desenvolvia suas atividades em
prédio ao lado de uma comunidade muito violenta. Ocorre que a situação descrita na exordial não configura hipótese prevista do
art. 193 da CLT como perigosa, pelo que não é devido.

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Impugna-se o pedido de honorários no importe de 20% uma vez que a CLT tem regramento próprio, que prevê o limite de
15%, conforme art. 791-A.

CONCLUSÃO
Protesta pelo deferimento de todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente documental, testemunhal,
pericial e depoimento pessoal do reclamante, sob os efeitos da confissão. Diante do exposto requer:

1- Acolhimento da preliminar de incompetência material absoluta da Justiça do Trabalho quanto aos recolhimentos do INSS dos
anos de 2018 e 2019, nos termos dos arts.114, VIII, CF, Súmula Vinculante 53 STF, Súmula 368, I, TST e art. 876, p. único, CLT.

2- Acolhimento da preliminar de inépcia quanto ao pedido de equiparação salarial, nos termos do art. 330, § 1º, I, CPC.

3-Acolhimento da prejudicial de mérito quanto a prescrição quinquenal das pretensões anteriores a 30/01/2015, nos termos dos
arts. 7º, XXIX da CF e 11 da CLT, bem como súmula 308, I do TST.

4- Seja a presente reclamação julgada improcedente, na forma fundamentos acima aduzidos, bem como a condenação do
reclamante ao pagamento de custas e honorários advocatícios sucumbenciais, previsto no art. 791-A da CLT;

Local … e data …
Assinatura …
Nome do advogado …OAB / UF ... n …

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