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da Magistratura do
Trabalho (2023)
Prova Comentada
DIRETORIA DE PRODUÇÃO EDUCACIONAL
PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIVERSOS
CÓDIGO:
1652023893
TIPO DE MATERIAL:
E-book
TÍTULO:
Prova Comentada – Concurso Unificado da
Magistratura do Trabalho (2023)
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
5/2023
CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Sumário
QUESTÕES........................................................................................................................5
BLOCO I.........................................................................................................................5
Direito Administrativo...................................................................................................22
Direito Penal..................................................................................................................25
BLOCO II........................................................................................................................31
Direito Constitucional...................................................................................................37
Direito Civil....................................................................................................................44
BLOCO III.......................................................................................................................49
Direito Previdenciário...................................................................................................59
Direito Empresarial.......................................................................................................62
GABARITO.........................................................................................................................66
GABARITO COMENTADO.................................................................................................67
BLOCO I.........................................................................................................................67
Direito Administrativo...................................................................................................97
Direito Penal..................................................................................................................101
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
BLOCO II........................................................................................................................116
Direito Constitucional...................................................................................................126
Direito Civil....................................................................................................................135
BLOCO III.......................................................................................................................147
Direito Previdenciário...................................................................................................169
Direito Empresarial.......................................................................................................173
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
QUESTÕES
BLOCO I
Maria Rafaela
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
2. Almerindo trabalha na empresa Meteoro Ltda. há quinze anos e há cinco anos preside o
sindicato da categoria profissional correlata à atividade principal da empresa. Desde então,
diante das demandas exigidas pelo mandato, encontra-se afastado de suas funções na
empresa, que possui duas unidades de estabelecimento: uma na cidade de Cubatão/SP, à
qual Almerindo está ligado desde o início do contrato, e outra na cidade de Porto Alegre/RS.
Diante dos prejuízos acumulados experimentados na unidade de Cubatão, resultantes
de causas climáticas que há cerca de três anos alteraram substancialmente o mercado
na localidade para o tipo de negócio desenvolvido pela empresa, ela decidiu fechar
essa filial e concentrar a sua atividade em Porto Alegre.
Com base na hipótese relatada, a empresa Meteoro:
a. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, bastando indenizá-lo;
b. poderá despedir Almerindo, mas, por se tratar de dirigente sindical, precisará valer-se
de prévio inquérito;
c. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, sendo, no entanto, lícita
a transferência para a cidade de Porto Alegre;
d. pelo princípio da inamovibilidade deverá manter Almerindo em seu quadro funcional até
o término do mandato de dirigente sindical, mesmo que feche a unidade de Cubatão;
e. deverá oferecer a Almerindo a transferência para a cidade de Porto Alegre, mas
só poderá despedi-lo após comprovação da necessidade de fechamento da filial
mediante prévio inquérito.
3. José sofreu acidente de trabalho e foi aposentado por invalidez. Para o seu lugar, a
empresa Trabalhos Raros Ltda. contratou outro trabalhador, Florindo, alertando-o, con-
tudo, da condição de interino em relação a José.
Quatro anos após, em reavaliação obrigatória periódica realizada pelo órgão previdenciá-
rio oficial, José foi considerado apto para retorno ao trabalho, pelo que compareceu à em-
presa portando a guia de alta expedida pelo órgão previdenciário para retorno imediato ao
serviço, sem restrições, tendo sido confirmada pelo médico da empresa a referida aptidão.
Diante do quadro descrito e considerando o que especificamente dispõe a Consolida-
ção das Leis do Trabalho a respeito:
a. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá manter Florindo e indenizar José, que, no
caso, não faz jus a estabilidade;
b. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia e
romper o contrato com Florindo, sem precisar indenizá-lo;
c. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia, mas,
neste caso, estará obrigada a indenizar Florindo, caso o despeça;
d. a empresa Trabalhos Raros Ltda. deverá manter Florindo, posto que o contrato com
José teve rompimento automático na data da aposentadoria por invalidez;
e. a situação configura o chamado limbo previdenciário. A confirmação do médico da
empresa é ineficaz, devendo ela simplesmente orientar José a reaver o benefício em
razão da já consolidada aposentadoria por invalidez.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
4. Determinada empresa, que contava com vinte empregados lotados em cargos distintos,
desenvolvia há muitos anos certa atividade de exploração de dado tipo de minério, que
veio a ser considerada ilícita por hipotética lei federal.
Em decorrência da nova lei, a empresa despediu os trabalhadores e determinou que
procurassem seus direitos junto ao poder público.
Considerando a situação exposta e o que expressamente dispõe a Consolidação das
Leis do Trabalho quanto ao exame da responsabilidade pelas indenizações acaso devi-
das pelas terminações contratuais:
a. somente por ato administrativo de autoridade federal, estadual ou municipal, e não
por ato legislativo como ocorreu no caso, a pessoa de direito público responsável pela
paralisação definitiva da atividade responderia pelos ônus trabalhistas decorrentes da
necessária extinção dos referidos contratos;
b. a resolução ou promulgação de lei que impossibilite a continuação da atividade, como
ocorreu no caso, leva a pessoa de direito público responsável pela paralisação tem-
porária ou definitiva a arcar com a indenização decorrente da necessária extinção dos
contratos de trabalho por ela afetados;
c. a hipótese caracteriza motivo de força maior diante da necessidade do desligamento
por motivo inevitável e imprevisível, e assim a empresa deve diretamente aos traba-
lhadores indenização por metade, não se configurando fato do príncipe;
d. é do empregador a responsabilidade pelo risco do negócio, pelo que cabe exclusiva-
mente a ele, salvo nos casos de falta grave, pedido de demissão e força maior, inde-
nizar os trabalhadores despedidos;
e. a hipótese caracteriza fato previsível pela arriscada natureza do negócio, respon-
dendo a empresa integralmente perante os trabalhadores pelos efeitos, exclusiva-
mente porque definitivos, da paralisação da atividade.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
5. Avelino celebrou contrato de trabalho com o Banco Caixa Forte S/A, em 05/02/2019,
para prestar serviços na função de atendente bancário. Em 15/10/2022, o Banco Caixa
Forte S/A foi integralmente adquirido pela instituição financeira Banco Fortuna S/A,
operação interempresarial que se deu de forma idônea, com plena observância à lei.
Diante disso, ocorreu a transferência de todo o ativo e também da integralidade das
agências bancárias de uma para outra empresa, permanecendo Avelino e todos os
demais empregados trabalhando normalmente para o Banco Fortuna S/A, nas mesmas
funções e em idênticas condições de trabalho. Em 28/11/2022, em razão de avaliação
de produtividade, Avelino foi despedido sem justa causa pelo Banco Fortuna S/A, rece-
bendo as verbas resilitórias a que fazia jus.
Diante da situação hipotética acima, considerando que Avelino entende ser credor de
horas extraordinárias realizadas durante toda a contratualidade, bem como pretende
saber qual é a responsabilidade dos bancos Caixa Forte S/A e Fortuna S/A em caso de
ajuizamento de reclamação trabalhista, em conformidade com a lei e o entendimento
dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar que:
a. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder pelo pagamento de eventuais horas extra-
ordinárias de Avelino contraídas desde a data da admissão até 14/10/2022, recaindo
sobre o Banco Fortuna S/A as obrigações trabalhistas a partir de 15/10/2022 até o
término da relação empregatícia;
b. a mudança interempresarial ocorrida entre as empresas provocou a automática trans-
ferência de direitos e obrigações trabalhistas do Banco Caixa Forte S/A para o Banco
Fortuna S/A, passando este a responder por eventuais horas extraordinárias de Ave-
lino relativas a todo o período contratual;
c. o Banco Caixa Forte S/A e o Banco Fortuna S/A deverão responder solidariamente
por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino ao longo da contratualidade;
d. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder de forma subsidiária ao Banco Fortuna
S/A por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino;
e. a atribuição da responsabilidade pelo pagamento das horas extraordinárias de Ave-
lino deverá observar a existência de cláusula restritiva de responsabilização traba-
lhista no contrato havido entre os bancos envolvidos.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
6. Peripécia na Bola, jogador de futebol, mantém há três anos com o PontaPé Futebol
Clube, entidade de prática desportiva brasileira de renome internacional, contrato espe-
cial de trabalho desportivo.
O atleta recebe do clube salário fixo de R$ 20.000,00 mensais, mais acréscimos remu-
neratórios que somam, em média, R$ 9.000,00 mensais, além de direito de imagem
derivado de contrato civil no valor de R$ 8.500,00 mensais.
Ocorre que há três meses o clube está, sem justificativa, em débito com o atleta em
relação ao direito de imagem, não obstante em dia com todas as demais parcelas de
natureza trabalhista.
Na situação descrita, com base no que expressamente dispõe a regulamentação espe-
cial da profissão de atleta, é correto afirmar que:
a. Peripécia na Bola pode considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo, ficando livre para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
compensatória desportiva, além dos haveres devidos;
b. para considerar o contrato especial de trabalho desportivo rescindido, necessita de
decisão judicial prévia que lhe autorize o direito de transferir-se para qualquer outra
entidade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira;
c. PontaPé Futebol Clube terá o contrato especial de trabalho desportivo com Peripécia
na Bola rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra enti-
dade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira, e exigir
cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos;
d. somente o débito quanto a parcelas de natureza estritamente salarial dariam a Peri-
pécia na Bola o direito de considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo e a liberdade de transferência para outra entidade de prática
desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula indenizatória
desportiva, além dos haveres devidos;
e. deve Peripécia na Bola extrajudicialmente notificar a entidade de prática desportiva
empregadora para, querendo, purgar a mora, no prazo de quinze dias, sob pena de
rompimento do contrato e liberdade para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
indenizatória desportiva e os haveres devidos.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
7. Firmino foi contratado em Curitiba para trabalhar no Banco Altos Valores S/A. Iniciou, em
01/12/2016, como escriturário e foi gradativamente galgando os postos de gerente de
contas, gerente de posto de atendimento e gerente geral de agência, que, nos termos
do contrato, lhe exigiram sucessivas transferências.
Na condição de gerente de contas, trabalhou de 01/10/2017 a 01/12/2018 em pequena
agência no interior de São Paulo; como gerente de posto de atendimento, de 02/12/2018
a 03/12/2019 em Florianópolis, Santa Catarina, e, finalmente, como gerente de agência,
no ápice da carreira, de 03/12/2019 a 01/10/2022 em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, quando foi despedido.
Firmino ajuizou em Curitiba, onde atualmente reside, reclamação trabalhista postulando
o pagamento de adicional de transferência de 25%, bem como de ajuda de custo, esta
nos valores correspondentes às despesas de mudança de uma para outra localidade,
incluindo as de passagens de avião.
O Banco Altos Valores contestou a ação aduzindo que as transferências ocorridas es-
tavam contratualmente previstas na carreira e, não bastasse, foram definitivas inclusive
pelo tempo de duração de cada uma, notadamente a última, assim não ensejando paga-
mento de adicional e que a ajuda de custo pretendida carece de amparo legal, mormente
porque, com base no Plano de Cargos e Salários da empresa, o bancário teve substancial
aumento salarial em cada transferência ocorrida, o que restou comprovado nos autos.
Com base na jurisprudência uniformizada da Subseção de Dissídios Individuais I do
TST, é correto afirmar que Firmino:
a. não faz jus a adicional de transferência por terem sido definitivas as ocorridas pelo
tempo de duração de cada uma e não tem direito à ajuda de custo postulada, com-
pensada com os aumentos salariais obtidos quando da aceitação das transferências;
b. não faz jus a adicional de nenhuma das transferências, por terem sido definitivas as
ocorridas, considerado o tempo de duração de cada uma, mas tem direito à ajuda
de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos quando das transferências
têm natureza jurídica distinta da ajuda de custo postulada;
c. não faz jus apenas ao adicional da última transferência, em razão do longo tempo de
sua duração e tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais
obtidos quando das transferências têm natureza jurídica distinta dessa parcela;
d. faz jus ao adicional apenas quanto às duas primeiras transferências, pelos exíguos
tempos de duração e a condição de necessárias e provisórias para efeito de progres-
são funcional e não tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos sala-
riais obtidos quando das transferências foram compensatórios dessa parcela;
e. faz jus ao adicional referente às três transferências, não sendo o lapso temporal cri-
tério único para avaliação de sucessividade e de provisoriedade de transferências,
inclusive quando necessárias para progressão funcional, e tem direito à ajuda de
custo postulada, que tem natureza jurídica distinta dos aumentos salariais obtidos
quando das transferências.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
a. em razão dos horários de trabalho de Heráclito, no que se refere ao período das 20h
até as 21h, ele fará jus ao adicional noturno de 25% sobre a remuneração normal pelo
labor realizado nesta última hora de jornada;
b. a jornada de trabalho de Fiona, por se tratar de horário em exceção à regra sobre
duração normal do trabalho, não pode ser ajustada mediante contrato individual
escrito com a empresa Clínica Curamos Você Ltda., pois depende de convenção ou
acordo coletivo de trabalho;
c. caso Fiona desempenhe atividades insalubres ao longo de sua jornada, este regime de
trabalho não exigirá licença prévia das autoridades em matéria de higiene do trabalho;
d. por se tratar de empregado doméstico, a hora noturna de Sócrates terá duração de
60 minutos, e não de 52 minutos e 30 segundos;
e. por se tratar de empregado doméstico, Sócrates não terá direito ao adicional noturno.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
11. José foi contratado por empresa estrangeira de cruzeiros marítimos em navio de ban-
deira estrangeira na cidade de Santos, situada em São Paulo, para trabalhar como
camareiro na temporada de 2022, em viagens pela costa brasileira.
Ficou acertado entre as partes que José receberia o salário em moeda estrangeira em
espécie (euro), e que os direitos trabalhistas incidentes seriam os da lei do país do
armador, coincidentemente a de inscrição da embarcação, que não abrange FGTS e
gratificação natalina.
Desembarcado ao fim do contrato, que durou três meses, ajuizou reclamação trabalhis-
ta postulando o pagamento do salário de todo o período trabalhado, dito não legalmente
recebido, bem como o FGTS e a gratificação natalina proporcional do período.
Com base nas normas trabalhistas vigentes no espaço e no que literalmente dispõe a
Consolidação das Leis do Trabalho, o pagamento do salário deverá ser considerado:
a. como não feito ou inexistente e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratifi-
cação natalina não são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira auto-
rizada a explorar o negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
b. nulo e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são
parcelas devidas por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negó-
cio de navegação de cabotagem no Brasil;
c. anulável e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não
são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o
negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
d. eficazmente realizado, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina proporcional
ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira;
e. como não feito ou inexistente, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina propor-
cional ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
12. Juvenildo era há vinte anos motorista de ônibus interestadual, trabalhando para a
empresa Transportadora Ligeirinha Ltda.
Ocorre que, em setembro de 2022, quando se dirigia à cidade de Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, no exato instante em que atravessava a metade de uma extensa ponte, um
raio a partiu e o veículo, junto com toda a ponte e os demais veículos que no momento
a atravessavam, caiu em precipício de 50 metros de altura, tendo o motorista falecido
em razão do acidente, e assim, também, todos os passageiros, inclusive os dos demais
veículos. Apurou-se, posteriormente, que dois pneus do ônibus e os freios do coletivo
estavam em péssimas condições de rodagem.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência majoritárias, na situação hipotética acima
descrita, a terminação do contrato tecnicamente caracteriza:
a. hipótese de resolução contratual sem culpa, fundada em caso fortuito externo, que
pela imprevisibilidade dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar quem
de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido pelo acidente;
b. hipótese de resolução contratual fundada em motivo de força maior, que pela ine-
vitabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
c. caso típico de resilição contratual, que nos termos do Art. 2º, caput, CLT, não dispensa
o dever de indenizar integralmente quem de direito do núcleo familiar ou dependente
do motorista falecido diante do risco pelo exercício de qualquer atividade;
d. hipótese de resilição contratual fundada em motivo de força maior, que pela inevi-
tabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
e. caso típico de resolução contratual fundada em culpa recíproca, posto que um dos
pneus do veículo estava em más condições e o motorista falecido não estava usando
cinto de segurança quando ocorreu o acidente.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
13. Em 05/12/2007, a empresa Empresta Valores Ltda. contratou o empregado Josias para
o cargo de gerente da filial Norte da companhia. Recebia gratificação de função 50%
superior à dos demais empregados.
No exercício da função, entre outras atribuições, podia admitir, aplicar penalidades e
despedir empregados; planejar objetivos, distribuir serviços e cobrar resultados.
Contudo, em 05/04/2016, o desempenho de Josias deixou de ser o habitual. Além de
sucessivas reclamações direcionadas à direção pelos clientes, o faturamento da filial
caiu consideravelmente.
Diante do fato e de ter sido indagado a respeito da queda de desempenho, Josias asse-
gurou à empresa que estaria muito bem de saúde, com exames em dia e sem quaisquer
problemas familiares.
Contudo, como os problemas constatados persistiram por mais nove meses, em
05/01/2017, a empresa realocou Josias no cargo de supervisor de estoque, com grati-
ficação de função 10% inferior ao que lhe pagava anteriormente e contratou outro tra-
balhador para o cargo que ocupava e que, em pouquíssimo tempo, demonstrou ótimo
rendimento, batendo todas as metas esperadas de desempenho. Ao novo trabalhador,
direcionou o valor que pagava a Josias.
Com fundamento no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho e na jurisprudên-
cia sumulada pelo Tribunal Superior do Trabalho na época dos fatos, a alteração da
função, como feita, é:
a. lícita, especificamente em razão da acentuada queda de rendimento do trabalhador,
mas não a redução da gratificação de função, diante do princípio da estabilidade salarial;
b. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender, nas circunstâncias, o princípio da estabilidade salarial;
c. lícita, posto não existir estabilidade em cargo de confiança, podendo o empregador
nesta hipótese suprimir ou reduzir a gratificação, independentemente do tempo de
exercício no cargo;
d. ilícita, por configurar rebaixamento, mas a redução da gratificação de função não
ofende o princípio da estabilidade salarial, porque justificada pelas circunstâncias;
e. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender o princípio da irredutibilidade salarial.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
14. A empresa ABC Ltda., por meio de negociação com seus empregados, instituiu pro-
grama de participação nos lucros ou resultados, mediante comissão composta por cinco
empregados eleitos como representantes dos trabalhadores e outros cinco emprega-
dos escolhidos pelo empregador, além de um representante designado pelo respectivo
sindicato profissional, o qual foi indicado após a entidade sindical ter sido notificada
quanto à formação da comissão paritária. Após o fornecimento de todas as informações
necessárias pela empresa à comissão de empregados e amplo processo de debate
sobre o tema, restou definido o instrumento da PLR (Participação nos Lucros e Resulta-
dos), contendo claramente as regras aplicáveis, os mecanismos de aferição quanto ao
pactuado, o período da distribuição e vigência do programa, além das metas e índices
de produtividade aplicáveis.
Diante da situação hipotética acima, do entendimento dominante do Tribunal Superior
do Trabalho e da Lei que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resulta-
dos da empresa, é correto afirmar que:
a. o programa de PLR da empresa ABC Ltda. poderá contemplar metas individuais ou
coletivas, além de metas referentes à saúde e à segurança do trabalho;
b. em havendo paridade quanto ao número de representantes dos empregados e dos
representantes da empresa ABC Ltda. na comissão de PLR, será facultativa a ciên-
cia à entidade sindical para que indique um representante seu para integrar a comis-
são paritária;
c. em caso de impasse entre a empresa e a comissão paritária quanto à negociação
da PLR, deverá o representante sindical deveria acionar o sindicato, por escrito, no
prazo de dez dias, para o ajuizamento de dissídio coletivo, visando buscar a fixação
das condições da PLR por meio do poder normativo da Justiça do Trabalho;
d. considerando que a PLR não foi instituída por meio de convenção coletiva de traba-
lho, ou acordo coletivo de trabalho, os valores pagos e distribuídos a tal título aos
empregados terão natureza remuneratória e sobre eles incidirão os encargos traba-
lhistas cabíveis;
e. a empresa ABC Ltda. e a comissão paritária poderão estabelecer múltiplos progra-
mas de PLR, contudo, sendo vedado o pagamento de qualquer antecipação ou dis-
tribuição de valores a título de PLR em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em
periodicidade inferior a um trimestre civil.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
15. Fulano foi contratado pela empresa ABC Trabalho Temporário para atender demanda
complementar de serviços de uma empresa do ramo do comércio varejista, Lojão Ven-
demos Tudo Ltda., conforme previsto em contrato escrito e regularmente celebrado
entre essas empresas. O contrato de trabalho temporário de Fulano em relação à toma-
dora de serviços foi ajustado por um período de 180 dias, sendo ele contratado para
exercer a função de vendedor no estabelecimento comercial desta. Fulano apreciava
muito o ambiente de trabalho e almoçava, diariamente, no refeitório da empresa Lojão
Vendemos Tudo Ltda., juntamente com seus colegas de trabalho. No entanto, certa
vez, em razão de uma trivial discussão, durante a jornada de trabalho, Fulano foi agre-
dido fisicamente por um gerente da tomadora de serviços, necessitando receber aten-
dimento médico, o que ocorreu no ambulatório desta.
Diante da situação hipotética acima, em conformidade com a Lei n. 6.019/1974, é cor-
reto afirmar que:
a. além de Fulano estar inserido diretamente na atividade-fim da tomadora de serviços,
o fato de ele almoçar no refeitório e ser atendido no ambulatório desta, demonstra a
existência de subordinação jurídica e caracteriza a irregularidade do contrato de tra-
balho temporário;
b. o contrato de trabalho temporário de Fulano não poderá ser prorrogado em relação à
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda., visto que o período máximo dessa modalidade
contratual é de 180 dias;
c. embora Fulano tenha sido agredido fisicamente durante a jornada de trabalho, tal fato
não poderia ensejar a rescisão indireta do seu contrato de trabalho temporário, pois
o ato faltoso foi praticado por parte do preposto da empresa tomadora de serviços, e
não pela empresa ABC Trabalho Temporário, sua real empregadora;
d. caso houvesse cláusula contratual proibindo a contratação direta de Fulano pela
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda. ao final do prazo celebrado de 180 dias, tal dis-
posição seria nula de pleno direito;
e. por disposição expressa da lei, no caso de falência da empresa ABC Trabalho Tem-
porário, a Lojão Vendemos Tudo Ltda. seria subsidiariamente responsável pelo reco-
lhimento das contribuições previdenciárias em relação ao período em que Fulano
esteve sob suas ordens e direção
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
16. Com base no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, o mandato dos membros
da comissão de representantes dos empregados nas empresas com mais de duzentos
empregados, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores, será de:
a. um ano, composta por quatro candidatos eleitos pelos trabalhadores em escrutínio
secreto e por um nomeado pelo empregador, que a presidirá. Os membros escolhi-
dos, com exceção do representante da empresa, só poderão ser despedidos por falta
grave ou motivo de força maior;
b. dois anos e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos tra-
balhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, eco-
nômico ou financeiro;
c. um ano e decorrerá de eleição realizada pelos trabalhadores para escolha de três a
sete membros, conforme o porte da empresa. Desde o registro da candidatura até o
fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro;
d. um ano e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos traba-
lhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Desde
o registro das candidaturas até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só
poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior;
e. um ano, prorrogável por apenas um período igual, e decorrerá de eleição reali-
zada pelos trabalhadores para escolha de três a sete membros, conforme o porte
da empresa. Desde o registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de
força maior.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Maria Rafaela
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
20. A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma
conduta antissindical.
Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucio-
nalmente de livre associação para fins lícitos:
a. pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de
movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisa-
ção dos grevistas;
b. na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do empregado recém-con-
tratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do
trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa;
c. despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa
que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente;
d. omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente
eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários imple-
mentado pela empresa;
e. empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se a pagar uma
quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
22. Com relação à validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito
trabalhista não assegurado constitucionalmente, o Supremo Tribunal Federal fixou no
Tema 1046 tese com repercussão geral.
Segundo tal entendimento, a título exemplificativo, poderá ser considerado inconstitu-
cional, dentro do nosso ordenamento jurídico:
a. alterar a data de pagamento da folha de salários para o décimo dia útil de cada mês;
b. deixar de aplicar a hora reduzida noturna, com a adoção da contagem da hora normal;
c. reduzir o adicional de penosidade para 15%;
d. reduzir o adicional de extras para o mínimo de 40%;
e. definir o gozo do repouso semanal remunerado para apenas dois domingos por mês.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
23. Com base no julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se
acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical.
Nos termos dessa decisão, é correto afirmar que:
a. a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em
paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições;
b. a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei
específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre maté-
rias completamente distintas;
c. a alteração normativa, ao afastar o pagamento obrigatório da contribuição sindical,
configurou indevida interferência na autonomia da organização dos sindicatos garan-
tida constitucionalmente;
d. a contribuição sindical compulsória, criada no período do Estado Novo, converge com
a liberdade de associação dos trabalhadores aos sindicatos;
e. a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais representou a ampliação das
formas de financiamento da assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos
dos trabalhadores perante a Justiça do Trabalho.
DIREITO ADMINISTRATIVO
24. Nos termos da Lei n. 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), ana-
lise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
27. Electra foi aprovada em concurso público para o cargo de técnica do Ministério do Meio
Ambiente, em regime estatutário, e nele tomou posse.
Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirmati-
vas a seguir.
I – A nomeação de Electra para o exercício de cargo de confiança, por seu cunhado que
ocupa cargo de assessoramento no Ministério do Meio Ambiente, não viola a Consti-
tuição da República de 1988.
II – Como Electra exerce as mesmas tarefas que um analista do Ministério do Meio
Ambiente, é possível a equiparação salarial com esse último por decisão do Poder
Judiciário, sob o fundamento de isonomia.
III – Caso Electra fosse servidora estadual, o reajuste de seu vencimento não poderia ser
vinculado a índice federal de correção monetária.
IV – Em processo perante o Tribunal de Contas da União, no qual é apreciada a legalidade
do ato de concessão inicial da aposentadoria de Electra, lhe são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa.
28. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou, sob sua presidência, inquérito civil,
após o recebimento de notícia de fato em que é relatada a inobservância de direitos
sociais de trabalhadores.
Considerando o exposto, analise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
29. Quanto aos bens públicos, considerando o disposto no Código Civil, é correto afirmar que:
a. os bens públicos dominicais não podem ser alienados;
b. o uso comum dos bens públicos não pode ser retribuído;
c. o terreno destinado a serviço de autarquia municipal é bem público de uso especial;
d. são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que inte-
gram a Administração Pública;
e. os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado são considerados de uso especial.
DIREITO PENAL
Leonardo Castro
30. Sabina candidatou-se a uma vaga de emprego em uma escola de arte. O representante
legal do empregador, assim definido na legislação trabalhista, exigiu-lhe a apresenta-
ção de teste negativo de gravidez para admissão no emprego.
Considerando o disposto na Lei n. 9.029/1995, analise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
I – Aquele que pratica o fato para salvar de perigo iminente, que não provocou por sua
vontade, direito próprio, é considerado em estado de necessidade.
II – Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado de neces-
sidade, salvo quando for razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado.
III – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios consti-
tucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero.
IV – Age em legítima defesa o agente de segurança pública que, usando moderadamente
dos meios necessários, repele agressão atual e injusta à vítima mantida refém durante
a prática de crime.
32. Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação trabalhista
em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de insalubridade.
Celeno foi nomeada como perita do juízo para verificar a existência de insalubridade e
Alcíone depôs como testemunha da ré na audiência de instrução. Considerando o dis-
posto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir.
I – Se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a ver-
dade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso
testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II – Se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível.
III – Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial
que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com
reclusão, de três a quatro anos, e multa.
IV – Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entre-
gue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o
crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
33. A respeito dos direitos e deveres da magistratura, bem como a responsabilidade civil e
administrativa dos magistrados, analise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
35. A Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o Juízo 100% Digital, aborda vários
temas relacionados à Gestão da Informação e de Demandas Judiciais, bem como à
Gestão e Organização Judiciária.
Considerando o tratamento normativo dado pelo Conselho Nacional de Justiça à maté-
ria, é correto afirmar que:
a. as audiências e sessões no Juízo 100% Digital ocorrerão por videoconferência ou de
forma presencial, quando necessário ao desenvolvimento regular do processo;
b. a existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional aos processos que
tramitem eletronicamente;
c. a parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida
até a apresentação da defesa;
d. a qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do Juízo 100% Digital, exceto em relação a processos anteriores à entrada
em vigor dessa Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceita-
ção tácita;
e. o Juízo 100% Digital poderá se valer também de serviços prestados presencialmente
por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumpri-
mento de mandados, centrais de cálculos, tutoria, dentre outros, desde que os atos
processuais possam ser convertidos em eletrônicos.
36. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei n. 13.709/2018) constitui uma complexa
regulamentação sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais,
por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo
de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvi-
mento da personalidade da pessoa natural.
Sobre seus dispositivos, é INCORRETO afirmar que:
a. entre os fundamentos da disciplina da proteção de dados pessoais estão o respeito
à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de infor-
mação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e
da imagem; o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre inicia-
tiva, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre
desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pes-
soas naturais;
b. excluem-se do âmbito territorial de aplicação da LGPD, os dados pessoais provenien-
tes de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso com-
partilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência
internacional de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país
de proveniência proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao pre-
visto na Lei;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
37. Os chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações
Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015, lançaram os novos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável globais, a chamada Agenda 2030. Considerando a
Agenda 2030 das Nações Unidas, analise os objetivos a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
38. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um dos seus objetivos o reco-
nhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direi-
tos iguais e inalienáveis sendo o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.
Considerando o texto aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução
n. 217-A, III), em 10 de dezembro de 1948, é correto afirmar que:
a. as férias remuneradas e periódicas não fazem parte do direito ao repouso e ao lazer;
b. poderá haver casamento válido sem o consentimento livre dos nubentes, desde que
previsto em norma legal;
c. caberá ao Estado a prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será
ministrada a seus filhos;
d. todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
pela Constituição ou pela lei;
e. todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países, mesmo em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas
39. “O sentido da palavra fonte relaciona-se com aquilo que origina ou produz. No plano
jurídico, o estudo das fontes consiste em saber donde vem o Direito e donde dimana a
juridicidade das normas” (MATA-MACHADO, Edgar de Godoi da – Elementos de Teoria
Geral do Direito – Belo Horizonte: Ed. Vega, 1976, p. 213). Ao examinar a estrutura de
fontes formais e materiais do Direito, incluídas as fontes do Direito do Trabalho, no sis-
tema jurídico brasileiro, considerando a relação entre direito objetivo e direito subjetivo,
e a estrutura do processo legislativo, é correto afirmar que:
a. os debates políticos, discussões sociais, manifestações públicas da sociedade civil
e outras expressões de conteúdo ideológico dos entes sociais constituem as fontes
formais do Direito;
b. a jurisprudência não constitui fonte formal do Direito, caracterizando-se apenas como
fonte material, pois as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito persuasivo,
e não coercitivo;
c. o fenômeno da integração jurídica (preenchimento de lacunas no ordenamento jurí-
dico/omissão da lei) não é admitido no direito positivo brasileiro, tanto como regra geral
para qualquer área do Direito quanto como regra especial para o Direito do Trabalho;
d. as Emendas à Constituição da República de 1988 devem ser propostas por iniciativa
de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, pelo presidente da República, ou por dois terços das Assembleias Legisla-
tivas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros;
e. a Constituição da República de 1988, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias, as
Medidas Provisórias, as Leis Delegadas, os Decretos Regulamentares do Poder Execu-
tivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados fontes for-
mais do Direito, por terem sua positividade relacionada com o poder legiferante do Estado.
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Prova comentada
BLOCO II
Maria Rafaela
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Prova comentada
43. Ao cumprir mandado de penhora contra uma determinada empresa, o oficial de justiça
certificou que estava inativa e que não encontrou bens passíveis de satisfazer a execu-
ção, a não ser algumas joias que estavam à vista em um cofre aberto. Tendo uma sócia
da empresa alegado que as joias eram propriedade particular dela, porém, sem apre-
sentar comprovação naquele momento, o oficial de justiça lavrou o auto de penhora
contra a empresa e juntou-o aos autos, nomeando a sócia como fiel depositária. Esta
opôs então embargos de terceiro, alegando ser parte ilegítima no processo e compro-
vando com as notas fiscais a propriedade das joias. Intimada a falar sobre os embargos,
a exequente apresenta petição, requerendo a instauração de incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica da empresa, em desfavor da sócia em questão, reque-
rendo ainda em tutela cautelar a manutenção da penhora. Ouvida, a sócia declarou que
não haveria prova do desvio de finalidade na sua gestão da empresa nem qualquer
outro fundamento que autorizasse a sua responsabilização.
Conclusos os autos para decisão, cabe ao juiz:
a. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e manter cautelar-
mente a penhora;
b. julgar procedentes os embargos, liberar a penhora e diferir a instauração do incidente
de desconsideração da personalidade jurídica;
c. julgar improcedentes os embargos e converter em diligência o julgamento do inci-
dente de desconsideração da personalidade jurídica;
d. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e, se for procedente,
determinar nova penhora e julgar extintos os embargos com julgamento de mérito,
liberando as joias;
e. extinguir tanto os embargos quanto o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica por falta de cabimento, uma vez que a sócia responderá em qualquer caso.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
44. Em determinada comarca, na qual havia somente uma Vara do Trabalho, ao apresen-
tar sua defesa em mais uma das diversas reclamações que já tinha respondido na
mesma Vara, a empresa apresentou também exceção de suspeição do juiz. Alegou
que o magistrado já havia julgado diversas outras reclamações sobre os mesmos fatos,
sempre em desfavor dela, excipiente. Juntou cópias das diversas sentenças às quais
se referia. O juiz, ao examinar tudo, rejeitou de plano a exceção.
Estando na posição desse juiz, é correto afirmar que os princípios que melhor funda-
mentariam sua decisão seriam:
a. da imparcialidade e da coerência das decisões judiciais;
b. da publicidade e do juiz natural;
c. da inafastabilidade da jurisdição e da competência territorial;
d. do livre convencimento motivado e da boa-fé;
e. da coerência das decisões judiciais e da não vinculação da causa petendi.
45. Em determinada audiência, comparece para depor uma testemunha que não falava o
idioma nacional, tratando-se de idioma com pouquíssimos falantes no país. Por coinci-
dência, dominando-o o juiz fluentemente, resolve então dispensar intérprete e prosse-
guir com a oitiva da testemunha. O advogado da empresa insurgiu-se imediatamente
contra essa decisão do juiz, dizendo que ela seria arbitrária e que as partes ficariam a
depender das traduções e interpretações do juiz, sem saber se eram ou não fidedig-
nas. Disse ainda que não participaria da audiência, se assim prosseguisse o juiz, sem
nomear intérprete, e retirou-se da sala em seguida.
Quanto à conduta do advogado, é correto afirmar que foi:
a. errada quanto ao intérprete;
b. certa quanto ao intérprete;
c. errada quanto ao intérprete e abusiva quanto à saída da sala;
d. certa quanto ao intérprete e também quanto à saída, para obrigar o juiz a adiar a
audiência;
e. errada quanto ao intérprete e prejudicial à parte que assistia.
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Prova comentada
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Prova comentada
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Prova comentada
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Prova comentada
DIREITO CONSTITUCIONAL
Aragonê Fernandes
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Prova comentada
54. A respeito dos órgãos do Poder Judiciário e suas competências, considerando o texto
da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
é correto afirmar que:
a. compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas em que se discutem o
recolhimento e o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo
regime estatutário, pois o Art. 114, inciso III, da Constituição da República de 1988
estabelece a competência para as ações sobre representação sindical, entre sindica-
tos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
b. compete à Justiça do Trabalho julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas, pois a
competência prevista no Art. 114, incisos I e II, da Constituição da República de 1988
se define com base no regime de contratação;
c. compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar ação rescisória proposta pela
União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por
juiz estadual em causa não abrangida pela competência delegada prevista no Art.
108, §3º, da Constituição da República de 1988, mesmo quando afetar interesses
de órgão federal, pois compete à Justiça prolatora da decisão rescindenda julgar a
ação rescisória;
d. compete ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho exercer, na forma da lei,
a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com pode-
res correicionais sobre o regime disciplinar dos magistrados, cujas decisões terão
efeito vinculante;
e. compete à Justiça do Trabalho o julgamento das ações de interdito proibitório em
que se busca garantir o livre acesso de funcionários e de clientes às agências ban-
cárias interditadas em decorrência de movimento grevista de trabalhadores da inicia-
tiva privada.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Aragonê Fernandes
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
d. é compatível com o Art. 7º, XXIX, da Constituição da República de 1988, norma legal
que fixa o cancelamento do registro ou cadastro no órgão gestor de mão de obra
como marco inicial do prazo prescricional para ações relativas aos créditos decorren-
tes de trabalho avulso portuário;
e. é incompatível com o Art. 7º, XI, da Constituição da República de 1988, norma legal
que determina a observância de diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo
nas negociações coletivas para a participação nos lucros e resultados pelos empre-
gados de empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União dete-
nha a maioria do capital social com direito a voto.
58. A respeito dos princípios da isonomia e não discriminação nas relações de trabalho, con-
siderando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. é incompatível com o princípio da isonomia a fixação da remuneração do trabalho do
preso em valores inferiores ao do salário mínimo previsto no Art. 7º, IV, da Constitui-
ção da República de 1988, pois o fato de estar preso não justifica a diferenciação dos
trabalhadores livres;
b. os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença ges-
tante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença ado-
tante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada;
c. lei estadual que fixa piso salarial regional e exclui de sua incidência os contratos de
aprendizagem é incompatível com a Constituição da República de 1988, pois afronta
o princípio da isonomia e o disposto no Art. 7º, inciso XXX, que proíbe a diferença de
salários por motivo de idade;
d. o fato de os trabalhadores portuários avulsos sujeitarem-se a um regime de explo-
ração diferenciado daqueles trabalhadores portuários com vínculo permanente torna
legítima a diferenciação entre eles quanto ao adicional de risco, que não é devido aos
trabalhadores avulsos mesmo quando implementadas as condições legais que ense-
jam o pagamento aos trabalhadores com vínculo permanente;
e. é cabível, com base no princípio da isonomia, a equiparação de remuneração entre
empregados da empresa tomadora de serviços e empregados da empresa contra-
tada (terceirizada), desde que ambos desempenhem a mesma função, na mesma
localidade e com igual produtividade e perfeição técnica.
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Prova comentada
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
62. João, que contratou o seguro de seu carro com a seguradora X, sofre acidente automo-
bilístico cujo sinistro estava coberto pela apólice securitária. João acionou a seguradora
em seguida, requerendo o pagamento do prêmio, o que foi prontamente concedido.
Considerando que João é qualificado como consumidor para fins da relação jurídica
constituída com a seguradora, o prazo prescricional para que a seguradora X possa
exercitar sua pretensão frente ao causador do dano é de:
a. cinco anos, com base no Código Civil, pois seria o prazo para o exercício do direito
de regresso da seguradora frente ao causador direto do dano;
b. cinco anos, com base no Código de Defesa do Consumidor, pois o contrato de seguro
se constitui como uma relação de consumo;
c. três anos, com base no Código Civil, pois o segurador sub-roga-se nos direitos do
segurado, podendo buscar o ressarcimento frente ao terceiro causador do dano;
d. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão do segurador
contra o segurado;
e. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão da reparação civil.
63. João contratou compromisso de compra e venda de imóvel com Maria, assumindo a
obrigação de pagamento de dez parcelas de igual valor. Após o pagamento de três
parcelas devidas, João tornou-se inadimplente e o contrato foi resolvido. Constava no
contrato cláusula penal prevendo a perda integral dos valores pagos. Indignado com o
que denominou “desproporção da sanção”, João requereu judicialmente a declaração
de invalidade da cláusula penal, sob o argumento de que estariam comprovados os ele-
mentos caracterizadores da lesão.
Sobre o caso descrito, é correto afirmar que:
a. está configurada a lesão, defeito do negócio jurídico que gera a nulidade da cláusula penal,
pois está presente o elemento da desproporção manifesta das obrigações assumidas;
b. a previsão contratual da cláusula penal compensatória é inválida, independentemente de
sua manifesta desproporção, pois está prevista em contrato de compra e venda de imóvel;
c. para caracterizar a lesão, João deve provar a existência de desproporção manifesta
entre as obrigações constituídas e a sua inexperiência, que não pode ser presumida,
ou a premente necessidade de contratar;
d. tratando-se de contrato de compra e venda de imóvel entre particulares, aplica-se o
Código de Defesa do Consumidor, que prevê, em seu Art. 51, II, a nulidade de cláu-
sula que subtrai ao consumidor o reembolso de quantia já paga;
e. a cláusula penal compensatória permite a Maria exigir de João o pagamento integral
dos valores já pagos, ainda que João comprove a manifesta desproporção entre as
parcelas e sua inexperiência.
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Prova comentada
65. Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado imóvel
de sua propriedade a João “quando ele manifestar seu interesse”.
Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade, é correto afirmar que é condição:
a. puramente potestativa, vedada pelos Arts. 115 e 122 do Código Civil;
b. simplesmente potestativa, portanto válida, pois estipulada em benefício do credor;
c. puramente potestativa, pois confere ao devedor a prerrogativa de impedir a eficácia
do negócio jurídico;
d. defesa, pois priva de todo efeito o ato jurídico pretendido;
e. ilícita, pois subordina a eficácia do negócio jurídico à vontade exclusiva de uma
das partes.
66. A sociedade limitada X contratou a locação de uma loja no Shopping Center Y, a ser
construído, com a finalidade de dar início a suas atividades empresariais. Tanto a cons-
trução do shopping quanto a locação de suas lojas são de responsabilidade da Cons-
trutora W, que se obrigou a entregar a obra pronta em doze meses. Ocorre que a Cons-
trutora W descumpriu sua obrigação relativa à construção do shopping, identificando-se
no caso o inadimplemento absoluto por impossibilidade da entrega da loja e, por conse-
quência, a impossibilidade de cumprir as obrigações relativas à locação. Tornando-se
impossível o início de suas atividades empresariais, a sociedade limitada X ingressou
com ação indenizatória em face da Construtora W, cujo pedido foi de reparação dos
danos sofridos em decorrência de inadimplemento contratual que a impediu de obter
faturamento próprio.
Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
67. A sociedade limitada X contrata empréstimo bancário com o Banco Y. Maria, sócia da
sociedade limitada X, voluntariamente concede em garantia ao empréstimo contratado o
imóvel único no qual mantém moradia com sua família, por meio de constituição de aliena-
ção fiduciária. Inadimplente a sociedade limitada X, o Banco Y, credor fiduciário, executa
a garantia que recai sobre o imóvel, consolidando a propriedade resolúvel em seu favor.
A respeito do caso, é correto afirmar que:
a. a impenhorabilidade do bem de família prevalece sobre a alienação fiduciária em
garantia, ainda que livremente pactuada entre Maria e o Banco Y;
b. tal como na hipoteca, é presumido o benefício à entidade familiar de Maria na contrata-
ção do empréstimo bancário pela sociedade limitada X, gravado de garantia fiduciária;
c. a alienação fiduciária em garantia é inválida por tratar-se de bem de família a garan-
tia ofertada, não tendo sido os valores obtidos com o empréstimo feitos em favor do
imóvel ou da unidade familiar;
d. dado que a alienação fiduciária em garantia foi livremente pactuada, o imóvel per-
tencente à entidade familiar é impenhorável, tendo em vista que não se aplicam as
exceções do Art. 3º da Lei n. 8.009/1990;
e. o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade limitada X con-
solida a propriedade imóvel em nome do Banco Y, independentemente da natureza
do bem dado em garantia por meio da alienação fiduciária.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
68. A Constituição da República de 1988 (Art. 227) estabelece que é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Tendo em vista os princípios relacionados a esse tema, é INCORRETO afirmar que:
a. o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e impres-
critível, podendo ser exercitado contra os pais ainda em vida, excluídos os herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça;
b. será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai pri-
vado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou,
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independen-
temente de autorização judicial;
c. a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o
direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
criança estabelecidos em lei;
d. a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institu-
cional não se prolongará por mais de dezoito meses, salvo comprovada necessi-
dade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela auto-
ridade judiciária;
e. a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disci-
plina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socio-
educativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los
ou protegê-los.
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Prova comentada
70. A Lei n. 11.788/2008 dispõe sobre as relações de estágio, definindo-o como o ato edu-
cativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à prepa-
ração para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regu-
lar em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
da educação de jovens e adultos.
Considerando os dispositivos legais, é correto afirmar que:
a. o educando deverá ser inscrito e contribuir como segurado especial do Regime Geral
de Previdência Social;
b. o número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades
concedentes de estágio deverá ser de 10% para empresas com mais de vinte e
cinco empregados;
c. são obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educan-
dos, entre outras, exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não supe-
rior a um ano, de relatório das atividades;
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Prova comentada
d. o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das dire-
trizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico
do curso, sendo considerado estágio obrigatório aquele definido como tal no pro-
jeto do curso, sendo a carga horária requisito facultativo para aprovação e obtenção
de diploma;
e. a manutenção de estagiários em desconformidade com a Lei caracteriza vínculo de
emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legis-
lação trabalhista e previdenciária, e a instituição privada ou pública que reincidir na
irregularidade ficará impedida de receber estagiários por dois anos, contados da data
da decisão definitiva do processo administrativo correspondente
BLOCO III
Cristiny Rocha
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Prova comentada
72. O atual Código de Processo Civil disciplina a formação do processo e sua extinção,
bem como aspectos específicos sobre a concessão da tutela antecipada.
Considerando as normas legais em vigor, é correto afirmar que:
a. ao prever a reunião para julgamento conjunto de processos que possam gerar risco
de decisões conflitantes, o CPC autoriza o órgão julgador, em juízo de conveniência
e para evitar demora de processamento da segunda demanda, a receber aditamento
de pedido e de causa de pedir até o saneamento do processo;
b. concedida a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, cuja petição inicial
limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de tutela final, deverá o autor
promover o aditamento com a complementação de sua argumentação, bem como
providenciar a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela
final, em quinze dias, caso não haja prazo maior fixado;
c. no que se refere ao procedimento de tutela antecipada requerida em caráter ante-
cedente, cuja petição inicial limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de
tutela final, não há previsão legal para se admitir a emenda da petição inicial, caso o
órgão jurisdicional entenda que não há elementos para a concessão do pedido;
d. a desistência da ação, independentemente de oferecida a contestação, a desistên-
cia do recurso, ainda que já apresentadas as contrarrazões, e a renúncia ao direito
de recorrer constituem negócios jurídicos unilaterais não receptivos e, portanto, não
dependentes de aceitação da parte contrária;
e. oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor
depende de requerimento do réu. Entretanto, a extinção do processo sem resolução de
mérito somente estará autorizada se a parte autora, intimada por meio do Diário de Jus-
tiça, na pessoa de seu advogado, não promover os atos e as diligências que lhe incumbir.
73. Na Vara do Trabalho em que se processa a ação de execução fiscal de dívida ativa ins-
crita, no valor de vinte milhões de reais, a empresa XYZ Ltda. ajuíza ação judicial que
denomina “ação declaratória de anulação de auto de infração”, em face da União, em
que pretende o reconhecimento de nulidade do auto de infração lavrado pela Gerência
Regional do Trabalho como consta de processo administrativo. Pretende, ainda e alter-
nativamente, nos termos do que fundamenta na causa de pedir, a redução da multa
aplicada, para que se reconheça como devida apenas a quantia de cem mil reais.
De acordo com os dados informados, é correto afirmar que:
a. os pedidos são de natureza condenatória e a forma de cumulação é sucessiva;
b. os pedidos são de natureza declaratória e a forma de cumulação é simples;
c. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é subsidiária;
d. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é alternativa;
e. os pedidos são de natureza declaratória, constitutiva e condenatória e a forma de
cumulação é subsidiária
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Prova comentada
74. Sobre os precedentes judiciais, é correto afirmar que, como técnica de julgamento:
a. o overruling visa demonstrar argumentativamente, por juiz ou por tribunal, como
órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada razão de decidir, no
que tange a sua congruência social e sua integridade sistêmica;
b. o distinguishing visa demonstrar de forma argumentativa, unicamente por uma Corte
de precedentes, a ausência de identidade fática e jurídica entre os elementos essen-
ciais e relevantes do precedente e do caso em análise;
c. para identificar o que é um obiter dictum, deve-se verificar se a decisão permanecerá
íntegra e coerente em sua motivação essencial ao se retirar determinado dado argu-
mentativo para a solução do problema jurídico posto;
d. na decisão plural, a ratio decidendi a ser adotada como precedente conterá necessa-
riamente todas as rationes decidendi que levem a idêntico resultado na parte disposi-
tiva do julgamento;
e. a ratio decidendi de um precedente deverá ser identificada nos enunciados de emen-
tas dos acórdãos da Corte de precedentes, e a ausência de demonstração da distin-
ção para a não adoção das razões de decidir do caso piloto importará no reconheci-
mento da decisão como não fundamentada.
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Prova comentada
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Prova comentada
78. Por petição dirigida ao juízo que proferiu a sentença, Caio pretende a declaração de
nulidade da intimação da decisão, afirmando que, surpreendentemente, o ato foi diri-
gido a advogado que não mais o representava, indicando, inclusive, as folhas dos autos
em que se encontrava oportunamente juntado o substabelecimento sem reserva de
poderes e outras intimações em nome dos atuais patronos. Diante do ocorrido, reque-
reu que fosse realizada nova intimação, desta feita em nome de seu regular patrono, a
fim de que novo prazo lhe fosse concedido para interposição do recurso cabível.
Considerando corretas as informações de Caio, deverá o juízo:
a. indeferir o requerimento e, se for o caso, certificar o trânsito em julgado;
b. obrigatoriamente dar vista à parte contrária antes de decidir sobre o requerimento;
c. anular o ato, publicando novamente a sentença;
d. proceder à nova e, desta feita, correta intimação da sentença;
e. chamar o feito à ordem e reabrir o prazo para a interposição de eventual recurso.
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Prova comentada
82. O atual Código de Processo Civil dedica alguns artigos ao que denominou Normas Fun-
damentais do Processo, demonstrando, inclusive, o fenômeno da constitucionalização
do direito processual.
Nesse cenário, é correto afirmar que:
a. o processo civil rege-se pelo princípio dispositivo e o processo começa e se desen-
volve apenas por iniciativa da parte;
b. sob pena de malferir o princípio da imparcialidade, o juiz não deve apontar às partes
eventuais deficiências formais do processo para permitir as devidas correções;
c. embora as partes tenham o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do processo (CPC, Art. 4º), nosso direito processual civil não admite o contraditó-
rio diferido;
d. a proibição de decisão surpresa, conforme previsto no Art. 10 do Código de Processo
Civil, não se aplica quando a matéria sobre a qual o juiz deva decidir seja de ordem
pública ou possa ser conhecida de ofício;
e. ao alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu, em sintonia com os princípios da prima-
zia da decisão de mérito, da cooperação e da boa-fé processual, indicar, sempre que
tiver conhecimento, o sujeito passivo da relação jurídica discutida
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Prova comentada
Alice Rocha
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Prova comentada
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Prova comentada
No mesmo ano em que o Brasil foi tricampeão mundial no futebol (1970), foi também
campeão mundial no número de acidentes de trabalho.
O número de acidentes de trabalho e de óbitos deles decorrentes ainda é alto no Bra-
sil, e especialistas afirmam que o índice de subnotificação esconde um volume ainda
maior. A segurança e a medicina no trabalho são, portanto, essenciais para garantir a
vida saudável e produtiva de quem trabalha.
Sobre a proteção internacional quanto à saúde e medicina do trabalho, é correto
afirmar que:
a. o Brasil ratificou tanto a Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores (n.
155) quanto a Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocu-
pacional (n. 187);
b. embora o assunto saúde e medicina seja relevante, ele ainda não é considerado um
direito fundamental pela OIT;
c. o princípio de um ambiente de trabalho seguro e saudável recentemente passou a
ser considerado uma das cinco categorias de Princípios e Direitos Fundamentais no
Trabalho pela OIT;
d. como a Convenção n. 155 não foi ratificada pelo Brasil, o Estado brasileiro não está
comprometido a respeitá-la nem a promovê-la;
e. a Convenção n. 187 foi ratificada pelo Brasil, mas o Estado brasileiro não a vem
respeitando.
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Prova comentada
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Fernando Maciel
89. João ajuizou ação trabalhista contra a empresa em que laborava, como vendedor
externo, pleiteando a conversão da justa causa em despedida imotivada e o paga-
mento de verbas trabalhistas. Por ocasião da sentença, houve a reversão da justa
causa para despedida imotivada, além da condenação ao pagamento das parcelas
salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima, considerando a Lei n. 8.212/1991 e a jurisprudência domi-
nante no Superior Tribunal de Justiça, haverá a incidência de contribuição previdenciá-
ria na seguinte parcela recebida pelo trabalhador:
a. aviso prévio indenizado;
b. terço constitucional de férias indenizadas;
c. horas extras;
d. diárias para viagens;
e. vale-transporte, na forma da legislação própria.
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Prova comentada
92. Após quinze anos de trabalho em UTI hospitalar, Maria foi afastada para gozo de auxílio
por incapacidade temporária em janeiro de 2020, para tratamento da Covid-19 e das
sequelas decorrentes dessa doença. Aposentou-se por incapacidade permanente em
novembro de 2021. Em dezembro de 2022, teve reconhecido na Justiça do Trabalho o
nexo de causalidade da doença com o seu labor.
Com base no relato acima, é correto afirmar, acerca da renda mensal inicial e da com-
petência jurisdicional para discussão sobre essa matéria, que:
a. a renda mensal inicial da aposentadoria por incapacidade permanente usufruída ini-
cialmente por Maria segue idêntico critério de cálculo utilizado caso decorresse de
acidente de trabalho, não havendo prejuízo financeiro da trabalhadora no particular;
b. Maria deverá ajuizar outra ação contra o empregador na Justiça do Trabalho, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária;
c. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça do Trabalho, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconheci-
mento judicial posterior de sua origem acidentária;
d. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Federal, pleiteando diferen-
ças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
judicial posterior de sua origem acidentária;
e. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Comum Estadual, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
93. João laborava em uma propriedade rural, onde cultivam uvas, posteriormente revendi-
das para vinícolas da região. Além de alimentar e cuidar dos poucos animais do local,
também auxiliava no plantio e na colheita das uvas, sempre que necessário. João rece-
bia dois salários mínimos por mês. Quando trabalhava nas parreiras, recebia mais
um salário mínimo. Após cinco anos trabalhando na informalidade, quando mandado
embora pelo novo dono da propriedade, ingressou com ação trabalhista, postulando
o reconhecimento da relação de emprego e o adimplemento de verbas trabalhistas do
período contratual. Mesmo sem juntar qualquer documento no processo, na audiência
designada pelo juízo, foi celebrado um acordo entre as partes, em que, ajustada a ano-
tação de três anos do contrato de trabalho na sua carteira profissional, além do paga-
mento de R$ 30.000,00 a título de parcelas salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima e considerando a jurisprudência dominante no Superior Tri-
bunal de Justiça, é correto afirmar, para efeito de futura concessão de aposentadoria
por tempo de contribuição, que:
a. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
de idêntico tempo de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribui-
ções previdenciárias incidentes sobre o valor pago no acordo trabalhista;
b. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribuições
previdenciárias incidentes sobre as remunerações devidas ao longo do período con-
tratual registrado na CTPS;
c. a anotação do contrato de trabalho na CTPS permite o reconhecimento de idêntico
tempo de serviço rural, independentemente do recolhimento de contribuições previ-
denciárias devidas;
d. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada à produção em ação própria de
prova oral relativa à parte do período contratual restante, permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, independentemente do recolhimento das contribui-
ções previdenciárias;
e. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada a outros elementos probatórios
convincentes e contemporâneos aos fatos, permite o reconhecimento de até cinco
anos de serviço rural, sem prejuízo do adimplemento das contribuições previdenciá-
rias devidas.
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Prova comentada
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
94. A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como maior
canal de publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na inter-
net. A sociedade YYY, sua concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço
de publicidade paga de um dos provedores de busca mais utilizados pelos usuários da
internet. Com base no uso de certas palavras-chave, dentre elas, a marca registrada da
sociedade XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo
pretendido por ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados.
Sobre o caso, é correto afirmar que:
a. a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em
links patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX;
b. a sociedade YYY, devido ao uso indevido de sua marca registrada pela sociedade
XXX, faz jus a indenização por danos morais, sendo necessária a prova do abalo
reputacional sofrido;
c. a sociedade YYY não comete ato ilícito, na medida em que o consumidor é capaz
de reconhecer que o serviço por ela oferecido não se confunde com aquele prestado
pelo seu concorrente, sociedade XXX;
d. a sociedade YYY não comete ato ilícito, pois a contratação de links patrocinados com
o provedor de buscas é lícita, respaldada pelas normas de direito contratual, sendo,
portanto, válida;
e. o uso da expressão “XXX” quando atrelada à expressão “curso de inglês” pela socie-
dade YYY não configura uso indevido da marca e prática de concorrência desleal, na
medida em que não é possível reconhecer o desvio de clientela.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
96. João contrata com a sociedade Z o arrendamento mercantil de um carro. Pelo acor-
dado expressamente no contrato, João, arrendatário, em caso de inadimplemento a ele
imputado, ficaria obrigado ao pagamento integral do valor contratado, reconhecendo-se
o vencimento antecipado da dívida.
Sobre o acordado contratualmente, é correto afirmar que:
a. somente pode ser reconhecido o vencimento antecipado da dívida nas hipóteses pre-
vistas no Art. 333 do Código Civil, dentre as quais se destaca o concurso de credores;
b. a sociedade Z tem direito não só ao pagamento integral do valor contratado, como
também o de reaver o bem arrendado por meio de ação judicial de busca e apreensão;
c. a cláusula que reconhece o vencimento antecipado da dívida decorrente do inadim-
plemento do arrendatário é válida, sendo facultado à sociedade Z a cobrança integral
do valor antes do termo avençado;
d. João pode exigir a restituição integral dos valores pagos, pois tal cláusula contratual
deve ser reconhecida como excessivamente onerosa, gerando o enriquecimento ilí-
cito da sociedade Z, o que permite a sua revisão;
e. sendo o contrato de arrendamento mercantil classificado como de fornecimento de
produto regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a cláusula que prevê o
vencimento antecipado é abusiva, com base no Art. 51 do CDC.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Milena Vieira
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
100. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Con-
tínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo
trimestre de 2022, enquanto os homens não negros (= brancos + amarelos + indíge-
nas) receberam a remuneração mensal média de R$ 3.708,00, as mulheres não negras
(= brancas + amarelas + indígenas) receberam R$ 2.774,00, os homens negros (=
negros + pardos) receberam R$ 2.142,00 e as mulheres negras (= negras + pardas),
R$ 1.715,00.
Com base nesses dados, é correto afirmar que:
a. a igualdade salarial entre homens e mulheres não é objeto de convenções internacio-
nais de direitos humanos;
b. as diferenças de remuneração são resultantes de escolhas pessoais quanto aos estu-
dos e à profissão escolhida ao longo das gerações e, por isso, não importam aos
direitos humanos sociais;
c. as desigualdades no mercado de trabalho vão se diluir com o decorrer do tempo em
razão do princípio da igualdade formal e, por isso, não há necessidade de outros
mecanismos jurídicos para enfrentá-las;
d. as diferenças de remuneração apenas refletem o número de horas trabalhadas por
integrantes de cada grupo social, o que demonstra o mérito de cada um, afastando a
legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas;
e. a desigualdade salarial pode ser melhor compreendida a partir do conceito da discri-
minação múltipla ou agravada, que encontra fundamento na Convenção Interameri-
cana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
GABARITO
1. E 35. E 69. D
2. A 36. D 70. E
3. B 37. E 71. E
4. B 38. D 72. B
5. B 39. B 73. C
6. C 40. A 74. C
7. E 41. D 75. D
8. B 42. A 76. C
9. D 43. A 77. B
10. C 44. C 78. D
11. E 45. B 79. D
12. A 46. A 80. C
13. D 47. C 81. C
14. E 48. A 82. E
15. C 49. D 83. B
16. C 50. A 84. C
17. B 51. A 85. A
18. D 52. D 86. E
19. A 53. B 87. B/C/E
20. B 54. E 88. C
21. D 55. B 89. C
22. D 56. D 90. B
23. E 57. D 91. C
24. A 58. B 92. E
25. B 59. B 93. C
26. C 60. A 94. A
27. A 61. C 95. D
28. A 62. C 96. C
29. C 63. C 97. C
30. B 64. E 98. B
31. B 65. B 99. E
32. E 66. A 100. E
33. B 67. E
34. E 68. A
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Prova comentada
GABARITO COMENTADO
BLOCO I
Maria Rafaela
Letra e.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
Analisando as alternativas, temos:
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Prova comentada
a. Errada. Pois os servos não tinham ampla liberdade em tudo que produziam.
b. Errada. Pois não existia a limitação da idade de 14 anos para os aprendizes.
c. Errada. Pois a Rerum Novarum não menciona igualdade salarial. Conforme o trecho
abaixo, percebe-se justamente o oposto:
d. Errada. Pois o trabalho passou a ser tratado na Constituição brasileira de 1934 como
algo digno. Na Constituição de 1891, dispôs apenas o seguinte:
Art. 72. É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial.
§ 34. Nenhum emprego pode ser criado, nem vencimento algum, civil ou militar, pode ser
estipulado ou alterado senão por lei ordinária especial.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: No nosso gabarito preliminar, marcamos a alternativa “e”, porém, por
ser a menos errada ao nosso ver. Porém, essa alternativa também está errada, conforme
aduzimos nos comentários, haja vista que a Lei Chapellier, embora tenha aberto espaço
ao trabalho, teve um viés muito negativo quanto à liberdade sindical e, assim, não se pode
dizer que houve realmente plena liberdade. A questão parte do pressuposto de que foi uma
liberdade plena, o que não corresponde à verdade. Marcamos “e” nos nossos comentários,
porém, foi mais no intuito de exclusão.
A alternativa “a” está errada, pois os servos não tinham ampla liberdade em tudo que pro-
duziam. A alternativa “b” está errada, pois não existia a limitação da idade de 14 anos para
os aprendizes. A alternativa “c” está errada, pois a Rerum Novarum não menciona igualda-
de salarial. Conforme o trecho, percebe-se o oposto:
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Prova comentada
A alternativa “d” está errada, pois o trabalho passou a ser tratado na Constituição brasileira
de 1934 como algo digno. Na Constituição de 1891, trata apenas de que:
Art. 72. É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial,
mas não trata do trabalho digno e justo.
§ 34. Nenhum emprego pode ser criado, nem vencimento algum, civil ou militar, pode ser
estipulado ou alterado senão por lei ordinária especial.
A alternativa “e” trata da Lei Chapelier que, realmente, eliminou as Corporações de ofício,
mas proibiiu os sindicatos, as greves e as manifestações dos trabalhadores. Alegando
a defesa da “livre empresa” e da iniciativa privada, as penas a aplicar aos sindicalistas
podiam ir desde avultadas quantias em dinheiro e privação de direitos de cidadania até à
pena de morte (Arts. 7º e 8º).
2. Almerindo trabalha na empresa Meteoro Ltda. há quinze anos e há cinco anos preside
o sindicato da categoria profissional correlata à atividade principal da empresa. Desde
então, diante das demandas exigidas pelo mandato, encontra-se afastado de suas fun-
ções na empresa, que possui duas unidades de estabelecimento: uma na cidade de
Cubatão/SP, à qual Almerindo está ligado desde o início do contrato, e outra na cidade
de Porto Alegre/RS.
Diante dos prejuízos acumulados experimentados na unidade de Cubatão, resultantes
de causas climáticas que há cerca de três anos alteraram substancialmente o mercado
na localidade para o tipo de negócio desenvolvido pela empresa, ela decidiu fechar
essa filial e concentrar a sua atividade em Porto Alegre.
Com base na hipótese relatada, a empresa Meteoro:
a. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, bastando indenizá-lo;
b. poderá despedir Almerindo, mas, por se tratar de dirigente sindical, precisará valer-se
de prévio inquérito;
c. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, sendo, no entanto, lícita
a transferência para a cidade de Porto Alegre;
d. pelo princípio da inamovibilidade deverá manter Almerindo em seu quadro funcional até
o término do mandato de dirigente sindical, mesmo que feche a unidade de Cubatão;
e. deverá oferecer a Almerindo a transferência para a cidade de Porto Alegre, mas
só poderá despedi-lo após comprovação da necessidade de fechamento da filial
mediante prévio inquérito.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Trata-se de garantia provisória no emprego de dirigente sindical. Houve um caso peculiar
no processo em que o TST deliberou da seguinte forma:
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “a” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Nós marcamos originalmente no gabarito a alternativa “a”, pois quan-
do se trata de dispensa por fechamento de empresa não precisa de instauração de inqué-
rito para apuração de falta grave. A transferência para outra cidade pode até ser lícita, mas
não é obrigatória para o empregador. Além disso, se houver tal transferência, o empregado
irá sem a devida garantia provisória no emprego. Nos nossos comentários, marcamos a
letra “a” em razão do julgado do TST mencionado e, portanto, compreendemos que seja a
correta, sendo que a letra “c”, muito embora seja lícita a transferência, depende da adesão
do trabalhador e isso não foi escrito na questão. Logo, a alternativa “c” marcada pela banca
como gabarito representa também falhas na insuficiência de informação e, por isso, preten-
de-se ou a mudança de gabarito ou a anulação da questão do certame. Sobre a alternativa
“a” no presente momento comento que se trata-se de garantia provisória no emprego de
dirigente sindical. Houve um caso peculiar no processo em que o TST deliberou E-RR-
10774-92.2017.5.03.0064:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Se não está na sua mesma base territorial, não há dever do empregador em proceder à
sua transferência.
3. José sofreu acidente de trabalho e foi aposentado por invalidez. Para o seu lugar, a
empresa Trabalhos Raros Ltda. contratou outro trabalhador, Florindo, alertando-o, con-
tudo, da condição de interino em relação a José.
Quatro anos após, em reavaliação obrigatória periódica realizada pelo órgão previden-
ciário oficial, José foi considerado apto para retorno ao trabalho, pelo que compareceu
à empresa portando a guia de alta expedida pelo órgão previdenciário para retorno
imediato ao serviço, sem restrições, tendo sido confirmada pelo médico da empresa a
referida aptidão.
Diante do quadro descrito e considerando o que especificamente dispõe a Consolida-
ção das Leis do Trabalho a respeito:
a. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá manter Florindo e indenizar José, que, no
caso, não faz jus a estabilidade;
b. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia e
romper o contrato com Florindo, sem precisar indenizá-lo;
c. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia, mas,
neste caso, estará obrigada a indenizar Florindo, caso o despeça;
d. a empresa Trabalhos Raros Ltda. deverá manter Florindo, posto que o contrato com
José teve rompimento automático na data da aposentadoria por invalidez;
e. a situação configura o chamado limbo previdenciário. A confirmação do médico da
empresa é ineficaz, devendo ela simplesmente orientar José a reaver o benefício em
razão da já consolidada aposentadoria por invalidez.
Letra b.
Trata-se de questão sobre o retorno de trabalhador que estava com aposentadoria por
invalidez após 4 (quatro) anos e existia um funcionário em seu lugar. Conforme preconiza-
do na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregado que obteve aposentadoria
por motivo de invalidez, aquele considerado incapaz e insusceptível de reabilitação, não
pode ser demitido, uma vez que esse evento não acarreta e nem autoriza o rompimento do
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
contrato de trabalho, motivando, tão somente, a sua suspensão por tempo indefinido, nos
termos do art. 475. O Tribunal Superior de Trabalho (TST) consolidou esse entendimento,
espelhado na Súmula 160, no sentido de que o contrato de trabalho suspenso em razão da
aposentadoria por invalidez não se extingue mesmo após 5 (cinco) anos:
TST, Súmula n. 160. Aposentadoria por Invalidez (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003. Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos,
o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador,
indenizá-lo na forma da lei (ex-Prejulgado n. 37). (Grifos nossos.)
CLT, Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu con-
trato de trabalho durante prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação
do benefício.
§ 1º Recuperando o empregado a capacidade para o trabalho e sendo a aposentadoria
cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposenta-
doria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato
de trabalho, nos termos do art. 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de esta-
bilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497.
§ 2º Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá res-
cindir, com este, o respectivo contrato de trabalho, sem indenização, desde que
tenha havido ciência da interinidade ao ser celebrado o contrato. (Grifos nossos.)
4. Determinada empresa, que contava com vinte empregados lotados em cargos distintos,
desenvolvia há muitos anos certa atividade de exploração de dado tipo de minério, que
veio a ser considerada ilícita por hipotética lei federal.
Em decorrência da nova lei, a empresa despediu os trabalhadores e determinou que
procurassem seus direitos junto ao poder público.
Considerando a situação exposta e o que expressamente dispõe a Consolidação das
Leis do Trabalho quanto ao exame da responsabilidade pelas indenizações acaso devi-
das pelas terminações contratuais:
a. somente por ato administrativo de autoridade federal, estadual ou municipal, e não
por ato legislativo como ocorreu no caso, a pessoa de direito público responsável pela
paralisação definitiva da atividade responderia pelos ônus trabalhistas decorrentes da
necessária extinção dos referidos contratos;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
Trata-se de empresa que alega fato do príncipe porque sua atividade foi considerada ilegal.
O fato do príncipe é regido pela CLT:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
c. Errada. Não é o caso de força maior, mas sim de suposta aplicação de fato do príncipe.
A aplicação deste conceito pressupõe que a situação era imprevisível, que onera excessi-
vamente a empresa, a ponto de ela deixar de exercer sua atividade. A diferença aqui para
a força maior é que, no fato do príncipe, a situação decorreu de uma ação estatal, onde a
empresa encerra ou paralisa suas atividades por determinação da autoridade pública.
d. Errada. A alternativa está equivocada por ser restritiva nas hipóteses que faz menção às
exceções da teoria do risco do empreendimento do empregador/princípio da alteridade, o
que pode levar a erro o candidato no momento da leitura e interpretação da questão.
e. Errada. Pois o fato do príncipe só se aplica em situações definitivas.
5. Avelino celebrou contrato de trabalho com o Banco Caixa Forte S/A, em 05/02/2019,
para prestar serviços na função de atendente bancário. Em 15/10/2022, o Banco Caixa
Forte S/A foi integralmente adquirido pela instituição financeira Banco Fortuna S/A,
operação interempresarial que se deu de forma idônea, com plena observância à lei.
Diante disso, ocorreu a transferência de todo o ativo e também da integralidade das
agências bancárias de uma para outra empresa, permanecendo Avelino e todos os
demais empregados trabalhando normalmente para o Banco Fortuna S/A, nas mesmas
funções e em idênticas condições de trabalho. Em 28/11/2022, em razão de avaliação
de produtividade, Avelino foi despedido sem justa causa pelo Banco Fortuna S/A, rece-
bendo as verbas resilitórias a que fazia jus.
Diante da situação hipotética acima, considerando que Avelino entende ser credor de
horas extraordinárias realizadas durante toda a contratualidade, bem como pretende
saber qual é a responsabilidade dos bancos Caixa Forte S/A e Fortuna S/A em caso de
ajuizamento de reclamação trabalhista, em conformidade com a lei e o entendimento
dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar que:
a. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder pelo pagamento de eventuais horas extra-
ordinárias de Avelino contraídas desde a data da admissão até 14/10/2022, recaindo
sobre o Banco Fortuna S/A as obrigações trabalhistas a partir de 15/10/2022 até o
término da relação empregatícia;
b. a mudança interempresarial ocorrida entre as empresas provocou a automática trans-
ferência de direitos e obrigações trabalhistas do Banco Caixa Forte S/A para o Banco
Fortuna S/A, passando este a responder por eventuais horas extraordinárias de Ave-
lino relativas a todo o período contratual;
c. o Banco Caixa Forte S/A e o Banco Fortuna S/A deverão responder solidariamente
por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino ao longo da contratualidade;
d. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder de forma subsidiária ao Banco Fortuna
S/A por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
Trata-se de tema de questão sobre a sucessão empresarial. Na questão, um banco foi
comprado integralmente por outro. Quando há sucessão regular, ocorre a transferência da
titularidade da empresa ou do estabelecimento para outro grupo societário. Nesse caso, a
nova empresa formada, denominada sucessora, assume as obrigações trabalhistas con-
traídas pela antiga, a empresa sucedida. É que os direitos dos empregados devem ser in-
tegralmente preservados em caso de qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa,
conforme prescrevem os arts. 10 e 448 da CLT. Tem-se entendido que a empresa sucesso-
ra responde pelos créditos trabalhistas dos empregados da empresa sucedida, ainda que
exista cláusula contratual eximindo-a de tal responsabilidade. Tal cláusula contratual ape-
nas garante à sucessora a faculdade de propor ação regressiva contra sua antecessora,
não eximindo-a de responsabilidade quanto aos créditos trabalhistas.
6. Peripécia na Bola, jogador de futebol, mantém há três anos com o PontaPé Futebol
Clube, entidade de prática desportiva brasileira de renome internacional, contrato espe-
cial de trabalho desportivo.
O atleta recebe do clube salário fixo de R$ 20.000,00 mensais, mais acréscimos remu-
neratórios que somam, em média, R$ 9.000,00 mensais, além de direito de imagem
derivado de contrato civil no valor de R$ 8.500,00 mensais.
Ocorre que há três meses o clube está, sem justificativa, em débito com o atleta em
relação ao direito de imagem, não obstante em dia com todas as demais parcelas de
natureza trabalhista.
Na situação descrita, com base no que expressamente dispõe a regulamentação espe-
cial da profissão de atleta, é correto afirmar que:
a. Peripécia na Bola pode considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo, ficando livre para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
compensatória desportiva, além dos haveres devidos;
b. para considerar o contrato especial de trabalho desportivo rescindido, necessita de
decisão judicial prévia que lhe autorize o direito de transferir-se para qualquer outra
entidade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira;
c. PontaPé Futebol Clube terá o contrato especial de trabalho desportivo com Peripécia
na Bola rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra enti-
dade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira, e exigir
cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
Trata-se de questão relacionada ao contrato desportivo e à Lei Pelé, ocasião em que as
respostas estão na literalidade dos artigos dessa legislação. O problema na questão é o
direito de imagem, pois os demais direitos estavam sendo pagos corretamente. Primeiro,
é preciso saber que há entendimento do TST de que não se trata de verba salarial, des-
tacando-se:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de sa-
lário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em
parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial de trabalho
desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para
qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou
internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos.
§ 1º São entendidos como salário, para efeitos do previsto no caput, o abono de férias,
o décimo terceiro salário, as gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no con-
trato de trabalho.
§ 2º A mora contumaz será considerada também pelo não recolhimento do FGTS e das
contribuições previdenciárias.
§ 5º O atleta com contrato especial de trabalho desportivo rescindido na forma do caput
fica autorizado a transferir-se para outra entidade de prática desportiva, inclusive da
mesma divisão, independentemente do número de partidas das quais tenha participado
na competição, bem como a disputar a competição que estiver em andamento por oca-
sião da rescisão contratual. (Grifos nossos.)
A notificação só será exigida quando o atleta for cedido para outra entidade, o que não é o
caso da questão, nos termos do art. 39 da lei em comento.
7. Firmino foi contratado em Curitiba para trabalhar no Banco Altos Valores S/A. Iniciou, em
01/12/2016, como escriturário e foi gradativamente galgando os postos de gerente de
contas, gerente de posto de atendimento e gerente geral de agência, que, nos termos
do contrato, lhe exigiram sucessivas transferências.
Na condição de gerente de contas, trabalhou de 01/10/2017 a 01/12/2018 em pequena
agência no interior de São Paulo; como gerente de posto de atendimento, de 02/12/2018
a 03/12/2019 em Florianópolis, Santa Catarina, e, finalmente, como gerente de agência,
no ápice da carreira, de 03/12/2019 a 01/10/2022 em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, quando foi despedido.
Firmino ajuizou em Curitiba, onde atualmente reside, reclamação trabalhista postulando
o pagamento de adicional de transferência de 25%, bem como de ajuda de custo, esta
nos valores correspondentes às despesas de mudança de uma para outra localidade,
incluindo as de passagens de avião.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
O Banco Altos Valores contestou a ação aduzindo que as transferências ocorridas es-
tavam contratualmente previstas na carreira e, não bastasse, foram definitivas inclusive
pelo tempo de duração de cada uma, notadamente a última, assim não ensejando paga-
mento de adicional e que a ajuda de custo pretendida carece de amparo legal, mormente
porque, com base no Plano de Cargos e Salários da empresa, o bancário teve substancial
aumento salarial em cada transferência ocorrida, o que restou comprovado nos autos.
Com base na jurisprudência uniformizada da Subseção de Dissídios Individuais I do
TST, é correto afirmar que Firmino:
a. não faz jus a adicional de transferência por terem sido definitivas as ocorridas pelo
tempo de duração de cada uma e não tem direito à ajuda de custo postulada, com-
pensada com os aumentos salariais obtidos quando da aceitação das transferências;
b. não faz jus a adicional de nenhuma das transferências, por terem sido definitivas as
ocorridas, considerado o tempo de duração de cada uma, mas tem direito à ajuda
de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos quando das transferências
têm natureza jurídica distinta da ajuda de custo postulada;
c. não faz jus apenas ao adicional da última transferência, em razão do longo tempo de
sua duração e tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais
obtidos quando das transferências têm natureza jurídica distinta dessa parcela;
d. faz jus ao adicional apenas quanto às duas primeiras transferências, pelos exíguos
tempos de duração e a condição de necessárias e provisórias para efeito de progres-
são funcional e não tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos sala-
riais obtidos quando das transferências foram compensatórios dessa parcela;
e. faz jus ao adicional referente às três transferências, não sendo o lapso temporal cri-
tério único para avaliação de sucessividade e de provisoriedade de transferências,
inclusive quando necessárias para progressão funcional, e tem direito à ajuda de
custo postulada, que tem natureza jurídica distinta dos aumentos salariais obtidos
quando das transferências.
Letra e.
Essa questão retrata um recente julgado do TST no processo n. E-RR-536-14.2012.5.09.0002,
em que o TST deliberou o seguinte:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
transferi-lo sem a sua anuência. Todavia, para viabilizar, em alguns casos, o exercício da
atividade econômica, a lei previu algumas situações em que seria possível a mudança,
mas assegurou o direito ao adicional, destinado a compensar o empregado pelo
prejuízo causado, ao ter que construir nova vida em local diferente. A ressalva é a
hipótese de a mudança ser definitiva, diante da expressão “enquanto durar essa situa-
ção”, também contida na regra legal. De acordo com o relator, o TST definiu que, para a
definição da natureza das transferências, devem ser observados dois critérios, simulta-
neamente: a duração e a sucessividade. “Pouco importa que tenha ocorrido com a con-
cordância do empregado, por força do contrato de trabalho ou em razão de promoção,
pois nenhum desses fatores afeta o direito ao adicional”, afirmou. (Grifos nossos.)
Na sua avaliação, ainda que a última transferência, no caso, tenha durado mais de três
anos, deve ser reconhecido o direito ao deferimento do adicional, em razão da sucessivi-
dade das transferências (foram seis durante o contrato de trabalho).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
e. o princípio da prevalência da condição mais benéfica revela que tudo aquilo que
o empregador fornecer habitualmente ao empregado, desde que previsto de forma
expressa no contrato individual de trabalho, será incorporado ao patrimônio jurídico
do trabalhador, revestindo-se do caráter de direito adquirido.
Letra b.
a. Errada. Pois é presunção relativa (juris tantum).
c. Errada. Pois o princípio da proteção não engloba o direito coletivo do trabalho. O prin-
cípio da proteção é o principal pilar do Direito do Trabalho, visto que esse ramo do direito
lida com dois sujeitos desiguais, de um lado o empregador e de outro o empregado, cha-
mado de hipossuficiente da relação de emprego. No direito coletivo, as partes estão em
pesos iguais.
d. Errada. Pois o juiz deve buscar também a intenção da norma coletiva e aplicar o princípio
da primazia da realidade sobre a forma.
e. Errada. Pois as liberalidades, inclusive, com a reforma trabalhista, não são mais definiti-
vas (não há mais o princípio da irretroatividade das normas coletivas).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
c. caso Fiona desempenhe atividades insalubres ao longo de sua jornada, este regime de
trabalho não exigirá licença prévia das autoridades em matéria de higiene do trabalho;
d. por se tratar de empregado doméstico, a hora noturna de Sócrates terá duração de
60 minutos, e não de 52 minutos e 30 segundos;
e. por se tratar de empregado doméstico, Sócrates não terá direito ao adicional noturno.
Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Heráclito é empregado rural na agricultura, sendo seu labor noturno das 21h às 5h. Ele
encerra sua atividade às 21h, logo, não recebe adicional noturno.
Sócrates é doméstico (motorista particular) e sua jornada noturna é das 22h às 5h. Sua
hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos com adicional de 20%. Ele faz jus ao adicio-
nal noturno.
Fiona desempenha atividade 12 x 36 e nos termos da CLT:
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Recorre-se dessa questão, haja vista o expresso teor do art. 14 da
Lei Complementar n. 50/2005 que trata do trabalho doméstico no Brasil, restando expresso
que a hora do trabalho doméstico noturna é contada como a do urbano, com o tempo de
52 minutos e 30 segundos. Assim, a alternativa “d” também estaria tecnicamente corre-
ta. Muito embora Sócrates tenha extrapolado apenas 30 minutos, a questão de prova foi
abstrata, demonstrando a contagem da hora noturna de um doméstico. Assim, a questão
tem duas opções corretas, devendo realizar, portanto, ou a mudarnça de gabarito para a
letra “d” ou a anulação da questão, por haver duas alternativas corretas. Veja: Heráclito é
rural na agricultura, sendo seu labor noturno das 21h às 5h. Ele encerra sua atividade às
21h, logo, não recebe adicional noturno. Sócrates é doméstico (motorista particular) e sua
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
jornada noturna é das 22h às 5h. Sua hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos com
adicional de 20%. Ele faz jus ao adicional noturno. Fiona desempenha atividade 12 x 36 e,
nos termos da CLT:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
e. o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o inter-
valo mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza remunerató-
ria, deste período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal
de trabalho.
Letra c.
Considera-se pré-anotado o intervalo para refeição (descanso) em que o empregado fica
desobrigado de registrar a entrada e saída no ponto, ou seja, o próprio sistema gera a
marcação, subentendendo que o intervalo foi concedido. O TST já asseverou que a mo-
dalidade de pré-anotação ou a pré-assinalação do intervalo intrajornada é permitida nos
termos do § 2º do art. 74 da CLT e deve refletir com autenticidade a jornada de trabalho
desempenhada pelo empregado. Todavia, entendeu que, não obstante a Súmula 338 do
TST atribuir ao empregador o ônus de provar a jornada de trabalho do seu empregado, tal
atribuição está vinculada ao horário de entrada e saída. Dessa forma, cabe ao empregado
o ônus de demonstrar a fruição irregular ou supressão do referido intervalo, o que não se
verificou no conjunto probatório do acórdão regional ora reformado. Portanto, a alternativa
“a” está errada, pois são 20 empregados por estabelecimento, nos termos do art. 74, § 2º:
Art. 74, § 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obriga-
tória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrô-
nico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso.
Art. 70. Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias feriados na-
cionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.
Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obriga-
tória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo,
de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá
exceder de 2 (duas) horas.
§ 1º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um inter-
valo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
§ 2º Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato
do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação
de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exi-
gências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos emprega-
dos não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
11. José foi contratado por empresa estrangeira de cruzeiros marítimos em navio de ban-
deira estrangeira na cidade de Santos, situada em São Paulo, para trabalhar como
camareiro na temporada de 2022, em viagens pela costa brasileira.
Ficou acertado entre as partes que José receberia o salário em moeda estrangeira em
espécie (euro), e que os direitos trabalhistas incidentes seriam os da lei do país do
armador, coincidentemente a de inscrição da embarcação, que não abrange FGTS e
gratificação natalina.
Desembarcado ao fim do contrato, que durou três meses, ajuizou reclamação trabalhis-
ta postulando o pagamento do salário de todo o período trabalhado, dito não legalmente
recebido, bem como o FGTS e a gratificação natalina proporcional do período.
Com base nas normas trabalhistas vigentes no espaço e no que literalmente dispõe a
Consolidação das Leis do Trabalho, o pagamento do salário deverá ser considerado:
a. como não feito ou inexistente e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratifi-
cação natalina não são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira auto-
rizada a explorar o negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
b. nulo e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são
parcelas devidas por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negó-
cio de navegação de cabotagem no Brasil;
c. anulável e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não
são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o
negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
d. eficazmente realizado, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina proporcional
ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira;
e. como não feito ou inexistente, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina propor-
cional ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira.
Letra e.
No caso em comento, os salários recebidos pelo trabalhador fixados em dólar são consi-
derados. O TST, no processo ARR-11800-08.2016.5.09.0028, firmou-se que tem entendi-
mento de que a jurisprudência de sete das oito Turmas do TST em relação ao tema, nos
termos do art. 3º, inciso II, da Lei n. 7.064/1982, é de aplicar a legislação brasileira de
proteção ao trabalho quando esta for mais favorável do que a legislação territorial, no con-
junto de normas e em relação a cada matéria. Ainda segundo a ministra, o Pleno do TST
cancelou a Súmula 207 porque a tese de que a relação jurídica trabalhista é regida pelas
leis vigentes no país da prestação de serviço não espelhava a evolução legislativa, doutri-
nária e jurisprudencial sobre a matéria. “Não se ignora a importância das normas de Direito
Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os trabalhadores marítimos”, assinalou a
relatora. “Contudo, deve-se aplicar a legislação brasileira em observância ao princípio da
norma mais favorável, que norteia a solução jurídica quando há concorrência entre normas
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
12. Juvenildo era há vinte anos motorista de ônibus interestadual, trabalhando para a
empresa Transportadora Ligeirinha Ltda.
Ocorre que, em setembro de 2022, quando se dirigia à cidade de Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, no exato instante em que atravessava a metade de uma extensa ponte, um
raio a partiu e o veículo, junto com toda a ponte e os demais veículos que no momento
a atravessavam, caiu em precipício de 50 metros de altura, tendo o motorista falecido
em razão do acidente, e assim, também, todos os passageiros, inclusive os dos demais
veículos. Apurou-se, posteriormente, que dois pneus do ônibus e os freios do coletivo
estavam em péssimas condições de rodagem.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência majoritárias, na situação hipotética acima
descrita, a terminação do contrato tecnicamente caracteriza:
a. hipótese de resolução contratual sem culpa, fundada em caso fortuito externo, que
pela imprevisibilidade dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar quem
de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido pelo acidente;
b. hipótese de resolução contratual fundada em motivo de força maior, que pela ine-
vitabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
c. caso típico de resilição contratual, que nos termos do Art. 2º, caput, CLT, não dispensa
o dever de indenizar integralmente quem de direito do núcleo familiar ou dependente
do motorista falecido diante do risco pelo exercício de qualquer atividade;
d. hipótese de resilição contratual fundada em motivo de força maior, que pela inevi-
tabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
e. caso típico de resolução contratual fundada em culpa recíproca, posto que um dos
pneus do veículo estava em más condições e o motorista falecido não estava usando
cinto de segurança quando ocorreu o acidente.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
O TST julgou caso similar no ARR – 11170-63.2013.5.11.0007 em que destacou que o
acidente havia decorrido de um fato imprevisível, sem nenhuma relação com a atividade
desenvolvida pelo trabalhador. O ministro relator explicou que a responsabilidade, ainda
que objetiva (quando independe de aferição de culpa), tem exceções que afastam o dever
de indenizar, entre elas o caso fortuito – nesse caso, caso fortuito externo, em que não
há ligação com a função exercida. Por maioria, a Turma deu provimento ao recurso para
excluir da condenação o pagamento de indenização. Segundo o TST, é certo que a queda
do raio, que causou a morte do trabalhador, é típico caso fortuito que afasta a responsabi-
lidade civil do reclamado.
Não há, pois, como o empregador ser responsabilizado pelo pagamento de indenizações
por danos morais e materiais, bem como de pensionamento vitalício, na medida em que
a hipótese é de fortuito externo e não de fortuito interno.
13. Em 05/12/2007, a empresa Empresta Valores Ltda. contratou o empregado Josias para
o cargo de gerente da filial Norte da companhia. Recebia gratificação de função 50%
superior à dos demais empregados.
No exercício da função, entre outras atribuições, podia admitir, aplicar penalidades e
despedir empregados; planejar objetivos, distribuir serviços e cobrar resultados.
Contudo, em 05/04/2016, o desempenho de Josias deixou de ser o habitual. Além de
sucessivas reclamações direcionadas à direção pelos clientes, o faturamento da filial
caiu consideravelmente.
Diante do fato e de ter sido indagado a respeito da queda de desempenho, Josias asse-
gurou à empresa que estaria muito bem de saúde, com exames em dia e sem quaisquer
problemas familiares.
Contudo, como os problemas constatados persistiram por mais nove meses, em
05/01/2017, a empresa realocou Josias no cargo de supervisor de estoque, com grati-
ficação de função 10% inferior ao que lhe pagava anteriormente e contratou outro tra-
balhador para o cargo que ocupava e que, em pouquíssimo tempo, demonstrou ótimo
rendimento, batendo todas as metas esperadas de desempenho. Ao novo trabalhador,
direcionou o valor que pagava a Josias.
Com fundamento no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho e na jurisprudên-
cia sumulada pelo Tribunal Superior do Trabalho na época dos fatos, a alteração da
função, como feita, é:
a. lícita, especificamente em razão da acentuada queda de rendimento do trabalhador,
mas não a redução da gratificação de função, diante do princípio da estabilidade salarial;
b. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender, nas circunstâncias, o princípio da estabilidade salarial;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
O empregador pode, sem o consenso do ocupante do cargo de confiança, determinar
seu retorno à função de origem com a perda da gratificação. Antes da Lei n. 13.467/2017
(Reforma Trabalhista), a jurisprudência do TST orientava que o empregado que ocupasse
cargo de confiança por dez anos ou mais, ao ser revertido ao cargo efetivo sem justo mo-
tivo, não perderia a gratificação, com fundamento no princípio da estabilidade financeira
(Súmula 372). No entanto, de acordo com a lei de 2017, a destituição com ou sem justo
motivo, independentemente do tempo no cargo de confiança, não resulta na manutenção
da parcela (art. 468, § 2º, da CLT). No caso em questão, ele só completaria os dez anos
na função em 05/12/2017 para sustentar a estabilidade financeira. Portanto, a empresa
poderia retirar a função de confiança, mas não poderia rebaixar da função de gerente, pois
ele ingressou na empresa no cargo de gerente.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: Cabe recurso dessa questão, pois a retirada da gratificação ocorreu
antes dos 10 anos e o TST possui entendimento de que não caberia a aplicação da esta-
bilidade econômica. Josias recebia gratificação desde o dia 05/12/2007 e só teria a esta-
bilidade econômica em 05/12/2017. No entanto, a perda ocorreu em 05/01/2017, ou seja,
11 meses antes. Nesse sentido, é a Súmula 372 do TST. Há até entendimentos flexíveis
para mais de 9 anos, porém, são entendimentos de Turmas, não representando a ideia do
colegiado. Sendo assim, deveria a questão se utilizar do exato enunciado da Súmula que,
inclusive, foi flexibilizada após a Reforma Trabalhista. E, ainda, houve, no caso da ques-
tão, a justificativa para a suspensão do pagamento diante do comportamento indesejado e
improdutivo do trabalhador da questão. Quando as turmas do TST, em julgados pontuais,
concedem essa extensão de 9 anos, consideram que não houve justificativa para a sus-
pensão do pagamento, o que se revela diferente da narrativa da questão. Afinal, o empre-
gador pode, sem o consenso do ocupante do cargo de confiança, determinar seu retorno
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
14. A empresa ABC Ltda., por meio de negociação com seus empregados, instituiu pro-
grama de participação nos lucros ou resultados, mediante comissão composta por cinco
empregados eleitos como representantes dos trabalhadores e outros cinco emprega-
dos escolhidos pelo empregador, além de um representante designado pelo respectivo
sindicato profissional, o qual foi indicado após a entidade sindical ter sido notificada
quanto à formação da comissão paritária. Após o fornecimento de todas as informações
necessárias pela empresa à comissão de empregados e amplo processo de debate
sobre o tema, restou definido o instrumento da PLR (Participação nos Lucros e Resulta-
dos), contendo claramente as regras aplicáveis, os mecanismos de aferição quanto ao
pactuado, o período da distribuição e vigência do programa, além das metas e índices
de produtividade aplicáveis.
Diante da situação hipotética acima, do entendimento dominante do Tribunal Superior
do Trabalho e da Lei que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resulta-
dos da empresa, é correto afirmar que:
a. o programa de PLR da empresa ABC Ltda. poderá contemplar metas individuais ou
coletivas, além de metas referentes à saúde e à segurança do trabalho;
b. em havendo paridade quanto ao número de representantes dos empregados e dos repre-
sentantes da empresa ABC Ltda. na comissão de PLR, será facultativa a ciência à enti-
dade sindical para que indique um representante seu para integrar a comissão paritária;
c. em caso de impasse entre a empresa e a comissão paritária quanto à negociação
da PLR, deverá o representante sindical deveria acionar o sindicato, por escrito, no
prazo de dez dias, para o ajuizamento de dissídio coletivo, visando buscar a fixação
das condições da PLR por meio do poder normativo da Justiça do Trabalho;
d. considerando que a PLR não foi instituída por meio de convenção coletiva de traba-
lho, ou acordo coletivo de trabalho, os valores pagos e distribuídos a tal título aos
empregados terão natureza remuneratória e sobre eles incidirão os encargos traba-
lhistas cabíveis;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
A Lei n. 1.001/2000 dispõe o seguinte:
Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empre-
sa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos
pelas partes de comum acordo:
I – comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante
indicado pelo sindicato da respectiva categoria.
A adoção ao sistema não é obrigatória. Entretanto, caso a empresa deseje pagar o benefí-
cio aos empregados, algumas regras devem ser observadas, conforme estabelecido no art.
2º da referida lei. A primeira delas determina que a PLR seja negociada entre a empresa e
os empregados mediante convenção ou acordo coletivo. A negociação também pode ser
feita por meio de uma comissão paritária, escolhida pelas partes, que deve ter um repre-
sentante indicado pelo sindicato da categoria. Todos os empregados da empresa devem
ter direito ao programa. No entanto, os valores pagos podem variar de acordo com o cargo,
nível hierárquico, metas, entre outros. Dessa forma, não há uma fórmula preestabelecida
que determine quanto o profissional deve ganhar. Isso vai depender dos critérios estabele-
cidos pelo empregador, tais como índices de produtividade, qualidade e lucratividade. De
acordo com a Lei n. 10.101/2000, a PLR não substitui ou complementa a remuneração dos
empregados e nem incide em qualquer encargo trabalhista, mas o TST entende quando há
intuito fraudatório, como disfarçar comissões. Conforme sugere sua natureza de acordo,
a PLR não é obrigatória, a não ser que esteja prevista em acordo ou convenção coletiva
de trabalho da categoria em questão. Também é “obrigatória” quando estiver presente no
contrato da empresa. Contudo, não constitui direito do trabalhador, mas uma modalidade
de premiação. Ela está geralmente relacionada às metas individuais ou grupais e sua re-
muneração é atrelada ao resultado alcançado, mas, segundo a lei, não pode versar sobre
metas relacionadas à saúde e, por isso, a alternativa “a” está errada. Já a alternativa “b”
está errada, pois, independentemente da paridade, é necessária a atuação sindical. Não
há na lei a previsão da situação narrada na alternativa “c”. A PLR não é obrigada a ser
instituída por negociação coletiva, podendo constar no contrato empresarial. Sendo as-
sim, como já dissemos, os valores pagos pela PLR podem variar de acordo com o cargo,
nível hierárquico da função, área de atuação ou nível da meta atingida. A alternativa “e” é
a que mais se aproxima da legislação, visto que a Lei n. 14.020/2020 trouxe significativas
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
mudanças na Lei n. 10.101/2000, que regula a participação dos trabalhadores nos lucros
ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e
como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal.
Além de trazerem maior clareza e flexibilidade em relação às regras aplicáveis, as recen-
tes mudanças na implementação e negociação dos Planos de Participação nos Lucros e
Resultados (PLRs) afastaram algumas controvérsias e inseguranças jurídicas do passado,
destarte, incentivando a utilização destes instrumentos. Dentre as novidades estão: (i) a
ampliação do seu âmbito de incidência (entidades sem fins lucrativos); (ii) a permissão da
adoção simultânea de procedimentos de negociação e a possibilidade de múltiplos progra-
mas na mesma empresa; (iii) a prevalência da autonomia das partes na negociação; (iv) a
determinação do alcance da validade dos pagamentos; (v) os parâmetros para fixação de
acordo prévio, entre outros.
15. Fulano foi contratado pela empresa ABC Trabalho Temporário para atender demanda
complementar de serviços de uma empresa do ramo do comércio varejista, Lojão Ven-
demos Tudo Ltda., conforme previsto em contrato escrito e regularmente celebrado
entre essas empresas. O contrato de trabalho temporário de Fulano em relação à toma-
dora de serviços foi ajustado por um período de 180 dias, sendo ele contratado para
exercer a função de vendedor no estabelecimento comercial desta. Fulano apreciava
muito o ambiente de trabalho e almoçava, diariamente, no refeitório da empresa Lojão
Vendemos Tudo Ltda., juntamente com seus colegas de trabalho. No entanto, certa
vez, em razão de uma trivial discussão, durante a jornada de trabalho, Fulano foi agre-
dido fisicamente por um gerente da tomadora de serviços, necessitando receber aten-
dimento médico, o que ocorreu no ambulatório desta.
Diante da situação hipotética acima, em conformidade com a Lei n. 6.019/1974, é cor-
reto afirmar que:
a. além de Fulano estar inserido diretamente na atividade-fim da tomadora de serviços,
o fato de ele almoçar no refeitório e ser atendido no ambulatório desta, demonstra a
existência de subordinação jurídica e caracteriza a irregularidade do contrato de tra-
balho temporário;
b. o contrato de trabalho temporário de Fulano não poderá ser prorrogado em relação à
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda., visto que o período máximo dessa modalidade
contratual é de 180 dias;
c. embora Fulano tenha sido agredido fisicamente durante a jornada de trabalho, tal fato
não poderia ensejar a rescisão indireta do seu contrato de trabalho temporário, pois
o ato faltoso foi praticado por parte do preposto da empresa tomadora de serviços, e
não pela empresa ABC Trabalho Temporário, sua real empregadora;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A questão se resolve pela literalidade da Lei específica do qual segue abaixo e, na ocasião,
a alternativa que mais se aproxima da letra da lei é a apontada como “c”.
Dispõe o art. 16 da Lei do Trabalho Temporário que:
Tem-se, ainda:
A alternativa correta é a “c”. A alternativa “d” está errada nos termos da lei:
Art. 11. O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada
um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos
aos trabalhadores por esta Lei.
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proi-
bindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do
prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho
temporário. (Grifos nossos.)
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Ocorre que teria que respeitar 90 dias de quarentena do fim do contrato, sob pena de se
considerar o vínculo direto com a empresa tomadora. A alternativa “b” está errada com
base no art. 10, § 2º, da Lei específica.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Recorre-se da questão haja vista que há divergências com a latera-
lidade da norma jurídica específica que versa sobre trabalho temporário. Vejamos: a ques-
tão se resolve pela literalidade da Lei específica do qual segue abaixo.
Dispõe o art. 16 da Lei do Trabalho Temporário que:
Tem-se, ainda:
A alternativa correta é a “c”. A alternativa “d” está errada nos termos da lei:
Art. 11. O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada
um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos
aos trabalhadores por esta Lei.
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a
contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que
tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho temporário.
Ocorre que teria que respeitar 90 dias de quarentena do fim do contrato, sob pena de se
considerar o vínculo direto com a empresa tomadora. A alternativa B está errada com base
no art. 10, §2o da Lei específica.
Diante do exposto requer respeitosamente a alteração do gabarito ou a anulação da ques-
tão haja vista que a alternativa “c” apresenta consistência com a legislação.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
16. Com base no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, o mandato dos membros
da comissão de representantes dos empregados nas empresas com mais de duzentos
empregados, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores, será de:
a. um ano, composta por quatro candidatos eleitos pelos trabalhadores em escrutínio
secreto e por um nomeado pelo empregador, que a presidirá. Os membros escolhi-
dos, com exceção do representante da empresa, só poderão ser despedidos por falta
grave ou motivo de força maior;
b. dois anos e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos tra-
balhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, eco-
nômico ou financeiro;
c. um ano e decorrerá de eleição realizada pelos trabalhadores para escolha de três a
sete membros, conforme o porte da empresa. Desde o registro da candidatura até o
fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro;
d. um ano e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos traba-
lhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Desde
o registro das candidaturas até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só
poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior;
e. um ano, prorrogável por apenas um período igual, e decorrerá de eleição realizada
pelos trabalhadores para escolha de três a sete membros, conforme o porte da
empresa. Desde o registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os membros
escolhidos só poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior.
Letra c.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
Garantia provisória dos representantes de empregados:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Todas as alternativas não trazem a data exata do fim da garantia pro-
visória no emprego que é ATÉ 1 (UM) ANO APÓS O FIM DO MANDATO. Não é até o fim
do mandato, mas 1 ano após o fim do mandato. A garantia provisória dos representantes
de empregados é regulamentada pela CLT nos seguintes termos:
Maria Rafaela
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
A temática é poder normativo e a interpretação do STF e do TST, versando sobre a pas-
sagem do MÚTUO CONSENTIMENTO. Trata-se de um julgamento de 2020, em que a
maioria do STF julgou improcedente ação questionando a exigência de mútuo acordo para
a instauração de dissídio coletivo, bem como a legitimidade conferida ao MPT para ajuizar
dissídio coletivo em caso de greve em atividades essenciais, previstas na EC 45. O STF
decidiu, portanto, que é constitucional exigência de mútuo acordo para instauração de
dissídio coletivo. A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte, conforme informações
extraídas do site oficial do STF:
Dessa forma, a alternativa “a” está errada. A alternativa “c” está errada, pois a OIT entende
que a melhor forma de composição na resolução de conflitos coletivos deve privilegiar a
normatização autônoma, evitando a imposição do poder estatal. No contexto brasileiro,
isso significa enfraquecer o poder normativo que era dado à Justiça do Trabalho e expandir
os meios alternativos de pacificação, como a mediação e a arbitragem, mesmo que estatal.
Afinal, asseverou-se, no STF, que a norma não configura óbice inconstitucional ao acesso
à Justiça, mas tão somente instrumento de fomento às negociações coletivas e a meios al-
ternativos de solução de controvérsias. Assim, concluiu-se que a EC enseja a composição
na resolução de conflitos coletivos, priorizando a normatização autônoma face à imposição
do poder estatal. A alternativa “d” está errada, pois no RE 1.002.295 (Tema 841 da tabela
de Repercussão Geral do STF) foi fixada a tese de que é constitucional a exigência de co-
mum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica,
conforme o art. 114, § 2º, da CF/1988, na redação dada pela EC 45/2004. Mas se trata
apenas para dissídios de natureza econômica, não se abrangendo os de natureza jurídica,
como trata a temática. De fato, trata-se de pressuposto processual intransponível, cuja
ausência conduz à extinção do feito sem exame do mérito. A alternativa “e” está errada,
pois pode ser de forma expressa ou tácita. Nada obstante, a SDC firmou o entendimento
de que a concordância do sindicato ou do membro da categoria econômica para a instau-
ração da instância não precisa ocorrer, necessariamente, de maneira expressa, podendo,
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
em algumas hipóteses com particularidades fáticas e jurídicas que a distinguem dos casos
que formaram a jurisprudência dominante sobre o assunto, materializar-se de forma tácita..
Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “b”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A questão se refere ao direito de greve e ao entendimento dos Tribunais Superiores.
a. Errada. Pois não se admite, no Brasil, por exemplo, greves com motivações políticas.
b. Errada. Pois o direito de greve encontra regulamentação na lei brasileira. Seu exercício
não leva à responsabilidade. Tão somente desvios e excessos no exercício do direito fun-
damental de greve sujeitam a pessoa jurídica, seus órgãos ou representantes a respon-
derem, conforme o caso, no campo do direito civil, trabalhista e penal. Empregados que
excederem na greve podem ser identificados também.
c. Errada. Pois contraria a Lei do Trabalho Temporário:
Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma em-
presa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de
serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente
ou à demanda complementar de serviços.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: A questão se refere ao direito de greve e o entendimento dos Tribu-
nais Superiores. A alternativa “a” está errada, pois não se admite, no Brasil, por exemplo,
greves com motivações políticas. A alternativa “b” está errada, pois o direito de greve en-
contra regulamentação na lei brasileira. Seu exercício não leva à responsabilidade. Tão
somente desvios e excessos no exercício do direito fundamental de greve sujeitam a pes-
soa jurídica, seus órgãos ou representantes a responderem, conforme o caso, no campo
do direito civil, trabalhista e penal. Empregados que excederem na greve também podem
ser identificados, embora não o sejam necessariamente. A alternativa “c” está errada, pois
contraria a Lei do Trabalho Temporário:
Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma em-
presa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de
serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente
ou à demanda complementar de serviços.
§ 1º É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhado-
res em greve, salvo nos casos previstos em lei. A alternativa D está correta também, pois
a questão aborda apenas uma hipótese em que é possível o pagamento de salários.
A alternativa “e” está errada, pois não se admitem greves de caráter político.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
O tema da questão é sobre a aplicação ou não da Convenção n. 87 da OIT, que trata da
Liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização. Aprovada em 1948, é uma das
mais importantes convenções da OIT, se não for a mais. O Brasil ainda não aderiu a essa
Convenção, que faz parte dos direitos fundamentais. Portanto, a alternativa “a” está correta.
20. A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma
conduta antissindical.
Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucio-
nalmente de livre associação para fins lícitos:
a. pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de
movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisa-
ção dos grevistas;
b. na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do empregado recém-con-
tratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do
trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa;
c. despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa
que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente;
d. omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente
eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários imple-
mentado pela empresa;
e. empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se a pagar uma
quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores.
Letra b.
A questão trata de práticas antissindicais e solicita a alternativa que não implica uma con-
duta antissindical.
a. Errada. Pois tolhe o exercício do direito de greve.
c. Errada. Pois, inclusive, há precedente no TST no processo n.ARR-1393-06.2016.5.20.0005.
Nesse julgado, o TST compreendeu que:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
d. Errada. Pois cria situação discriminatória entre dirigentes sindicais, ofendendo frontal-
mente a isonomia.
e. Errada. Pois essa ação representa até um crime, pois tenta corromper o sindicato para
firmar negociação coletiva.
Letra d.
A Tese 638 do STF dispõe o seguinte:
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Prova comentada
22. Com relação à validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito
trabalhista não assegurado constitucionalmente, o Supremo Tribunal Federal fixou no
Tema 1046 tese com repercussão geral.
Segundo tal entendimento, a título exemplificativo, poderá ser considerado inconstitu-
cional, dentro do nosso ordenamento jurídico:
a. alterar a data de pagamento da folha de salários para o décimo dia útil de cada mês;
b. deixar de aplicar a hora reduzida noturna, com a adoção da contagem da hora normal;
c. reduzir o adicional de penosidade para 15%;
d. reduzir o adicional de extras para o mínimo de 40%;
e. definir o gozo do repouso semanal remunerado para apenas dois domingos por mês.
Letra d.
Trata-se da Tese 1.046, que diz o seguinte:
Assim, não se admite a supressão, pura e simples, de direitos trabalhistas mediante a ne-
gação contratual das condições de trabalho efetivamente existentes. No caso em comen-
to, houve discussão dos direitos previstos no art. 7º, XIII e XXIV, da CF/1988, do qual se
incluem as horas extras e percentual mínimo de 50%.
23. Com base no julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se
acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical.
Nos termos dessa decisão, é correto afirmar que:
a. a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em
paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições;
b. a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei
específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre maté-
rias completamente distintas;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
A questão é sobre a ADI 5794/DF, que, entre outros assuntos, deliberou que a extinção de
contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à regra segundo a qual
não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a criação de contribuições, sendo
certo que a Carta Magna apenas exige o veículo legislativo da lei complementar no caso
das contribuições previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, § 4º, da Constituição.
Precedente (ADI 4697, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
06/10/2016).
A instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais não demanda lei
específica, porquanto o art. 150, § 6º, da Constituição trata apenas de “subsídio ou isenção,
redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão”, bem
como porque a exigência de lei específica tem por finalidade evitar as chamadas “caudas
legais” ou “contrabandos legislativos”, consistentes na inserção de benefícios fiscais em
diplomas sobre matérias completamente distintas, como forma de chantagem e diminuição
da transparência no debate público, o que não ocorreu na tramitação da reforma trabalhista
de que trata a Lei n. 13.467/2017.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
sindical não configuram indevida interferência na autonomia dos sindicatos: ADI 2522,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006.
DIREITO ADMINISTRATIVO
24. Nos termos da Lei n. 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), ana-
lise as afirmativas a seguir.
Letra a.
I) Certa. Conforme art. 75, IV, alínea “e”, da Lei n. 14.133/2021.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
O fundamento é o art. 22, inciso IV, da CF/1988.
Letra c.
Mesmo sendo terceiro, e não agente público, o ato deve ser praticado de forma dolosa.
Assim, se a prática for imprudente, não há de se falar em cometimento de ato de improbi-
dade, por ser situação de culpa.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
27. Electra foi aprovada em concurso público para o cargo de técnica do Ministério do Meio
Ambiente, em regime estatutário, e nele tomou posse.
Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirmati-
vas a seguir.
I – A nomeação de Electra para o exercício de cargo de confiança, por seu cunhado que
ocupa cargo de assessoramento no Ministério do Meio Ambiente, não viola a Consti-
tuição da República de 1988.
II – Como Electra exerce as mesmas tarefas que um analista do Ministério do Meio
Ambiente, é possível a equiparação salarial com esse último por decisão do Poder
Judiciário, sob o fundamento de isonomia.
III – Caso Electra fosse servidora estadual, o reajuste de seu vencimento não poderia ser
vinculado a índice federal de correção monetária.
IV – Em processo perante o Tribunal de Contas da União, no qual é apreciada a legalidade
do ato de concessão inicial da aposentadoria de Electra, lhe são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa.
Letra a.
I) Errada. Violação da Súmula Vinculante n. 13.
II) Errada. Nos termos da Súmula Vinculante n. 37, não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento
de isonomia.
III) Certa. Consoante a Súmula Vinculante n. 42, é inconstitucional a lei que estabeleça a
vinculação de reajuste de vencimentos de servidores públicos a índices federais de corre-
ção monetária.
IV) Errada. É a redação da Súmula Vinculante n. 3.
28. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou, sob sua presidência, inquérito civil,
após o recebimento de notícia de fato em que é relatada a inobservância de direitos
sociais de trabalhadores.
Considerando o exposto, analise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
I) Certa. Estabelece o art. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/1985 que:
Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
II) Certa. Assim como afirmado, o retardamento em fornecer dados técnicos indispensáveis
à propositura da ação civil, quando requisitados pelo MPT, constitui crime.
Art. 10.. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais
multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN,
a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura
da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 5º, § 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compro-
misso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que
terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Grifos nossos.)
Como o sindicato não é um dos legitimados para dar início à ACP, a assertiva está incorreta.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
IV) Errada. É o Ministério Público, e não o Ministério do Trabalho, que pode instaurar o
inquérito civil.
Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias
úteis. (Grifos nossos.)
29. Quanto aos bens públicos, considerando o disposto no Código Civil, é correto afirmar que:
a. os bens públicos dominicais não podem ser alienados;
b. o uso comum dos bens públicos não pode ser retribuído;
c. o terreno destinado a serviço de autarquia municipal é bem público de uso especial;
d. são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que inte-
gram a Administração Pública;
e. os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado são considerados de uso especial.
Letra c.
De acordo com o disposto no art. 99, II, do Código Civil.
DIREITO PENAL
Leonardo Castro
30. Sabina candidatou-se a uma vaga de emprego em uma escola de arte. O representante
legal do empregador, assim definido na legislação trabalhista, exigiu-lhe a apresenta-
ção de teste negativo de gravidez para admissão no emprego.
Considerando o disposto na Lei n. 9.029/1995, analise as afirmativas a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
a. somente I;
b. somente I e III;
c. somente II e III;
d. somente II e IV;
e. I, II, III e IV.
Letra b.
De acordo com o disposto no art. 2º da Lei n. 9.029/1995.
I – Aquele que pratica o fato para salvar de perigo iminente, que não provocou por sua
vontade, direito próprio, é considerado em estado de necessidade.
II – Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado de neces-
sidade, salvo quando for razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado.
III – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade
de gênero.
IV – Age em legítima defesa o agente de segurança pública que, usando moderadamente
dos meios necessários, repele agressão atual e injusta à vítima mantida refém durante
a prática de crime.
Letra b.
I) Errada. A alternativa tem por fundamento o art. 24 do CP:
Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de pe-
rigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Gri-
fos nossos.)
II) Errada. A alternativa tem por fundamento o art. 24, §§ 1º e 2º, do CP:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 24. § 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de en-
frentar o perigo;
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços. (Grifos nossos.)
III) Certa. A alternativa tem por fundamento a Vide ADPF 779, ação julgada pelo STF quan-
do foi decidido pela inconstitucionalidade da tese de legítima defesa da honra.
IV) Certa. A alternativa tem por fundamento o art. 25, parágrafo único, do CP:
Art. 25, Parágrfo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, consi-
dera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
32. Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação trabalhista
em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de insalubridade.
Celeno foi nomeada como perita do juízo para verificar a existência de insalubridade e
Alcíone depôs como testemunha da ré na audiência de instrução. Considerando o dis-
posto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir.
I – Se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a ver-
dade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso
testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II – Se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível.
III – Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial
que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com
reclusão, de três a quatro anos, e multa.
IV – Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entre-
gue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o
crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço.
Letra e.
De acordo com os arts. 342 e 343 do CP.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
33. A respeito dos direitos e deveres da magistratura, bem como a responsabilidade civil e
administrativa dos magistrados, analise as afirmativas a seguir.
Letra b.
Disciplina abordada: Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.
I) Errada. Não há essa diferenciação no texto constitucional. Juízes substitutos ou vitalícios
são igualmente magistrados, de modo que dispõem das mesmas competências para o
exercício da jurisdição.
II) Errada. Os que se tornam desembargadores pelo quinto constitucional tornam-se vitalí-
cios no momento da posse.
III) Certa. É justamente o que está contido na Resolução n. 34/2007 do CNJ. Lembrando
que a autorização para que o magistrado possa exercer outro cargo público, desta feita de
magistério, está no art. 95, parágrafo único, I, da CF/1988.
Portanto, a alternativa certa é a letra “b”, já que apenas o item III apresenta uma asserti-
va correta.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
Disciplina abordada: Teoria Geral do Direito e da Política.
A fundamentação foi extraída da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decre-
to-Lei n. 4.657/1942) e do CPC.
a. Errada. A repristinação não é a regra. É exceção.
LINDB, Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por
ter a lei revogadora perdido a vigência. (Grifos nossos.)
LINDB, Art. 2º, § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o de-
clare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior. (Grifos nossos.)
LINDB, Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou revogue. (Grifos nossos.)
d. Errada. Uma vez transitada em julgado uma decisão de mérito, o tema não poderá mais
ser revisitado, de acordo com o art. 508 do CPC.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
LINDB, Art. 6º, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
35. A Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o Juízo 100% Digital, aborda vários
temas relacionados à Gestão da Informação e de Demandas Judiciais, bem como à
Gestão e Organização Judiciária.
Considerando o tratamento normativo dado pelo Conselho Nacional de Justiça à maté-
ria, é correto afirmar que:
a. as audiências e sessões no Juízo 100% Digital ocorrerão por videoconferência ou de
forma presencial, quando necessário ao desenvolvimento regular do processo;
b. a existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional aos processos que
tramitem eletronicamente;
c. a parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida
até a apresentação da defesa;
d. a qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do Juízo 100% Digital, exceto em relação a processos anteriores à entrada
em vigor dessa Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceita-
ção tácita;
e. o Juízo 100% Digital poderá se valer também de serviços prestados presencialmente
por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumpri-
mento de mandados, centrais de cálculos, tutoria, dentre outros, desde que os atos
processuais possam ser convertidos em eletrônicos.
Letra e.
Disciplinas abordadas: Teoria Geral do Direito e da Política e Direito Digital.
Teoria Geral do Direito e da Política
A fundamentação foi extraída da Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o “Juízo
100% Digital” e dá outras providências.
a. Errada. A assertiva contraria o art. 5º da Resolução CNJ n. 345/2020.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 8º, § 5º A existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional não impe-
dirá a implementação do “Juízo 100% Digital” em relação aos processos que tramitem
eletronicamente. (Grifos nossos.)
Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será exercida pela parte de-
mandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada opor-se a
essa opção até o momento da contestação.
§ 1º A parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida em
até 05 dias úteis contados do recebimento da primeira notificação. (Grifos nossos.)
Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será exercida pela parte de-
mandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada opor-se a
essa opção até o momento da contestação.
§ 4º A qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do “Juízo 100% Digital”, ainda que em relação a processos anteriores à en-
trada em vigor desta Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceitação
tácita. (Grifos nossos.)
e. Certa. A assertiva é a mera transcrição do art. 1º, § 3º, da Resolução CNJ n. 345/2020.
Confira-se:
Art. 1º, § 3º O “Juízo 100% Digital” poderá se valer também de serviços prestados pre-
sencialmente por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos,
de cumprimento de mandados, centrais de cálculos, tutoria dentre outros, desde que os
atos processuais possam ser convertidos em eletrônicos.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Direito Digital
a. Errada. Pois prevê o formato presencial para audiências e sessões, as quais ocorrerão
exclusivamente por videoconferência (art. 5º da Resolução n. 345/2020).
b. Errada. Pois a existência de processo físico não impede a implementação do Juízo 100%
digital, conforme estabelecido na Resolução n. 345/2020.
c. Errada. E há especial tratamento para o processo trabalhista nos casos de oposição ao
modelo do Juízo 100% digital, a saber:
Art. 3º, § 1º A parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira mani-
festação no processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser
deduzida em até 05 dias úteis contados do recebimento da primeira notificação.
(Redação dada pela Resolução n. 378, de 9.03.2021) (Grifos nossos.)
d. Errada. O examinador inverteu a lógica da Resolução e trocou os termos “ainda que” por
“exceto”. A saber:
Art. 1º, § 3º O “Juízo 100% Digital” poderá se valer também de serviços prestados pre-
sencialmente por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos,
de cumprimento de mandados, centrais de cálculos, tutoria dentre outros, desde que os
atos processuais possam ser convertidos em eletrônicos. (Redação dada pela Resolu-
ção n. 378, de 9.03.2021).
36. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei n. 13.709/2018) constitui uma complexa
regulamentação sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais,
por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo
de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvi-
mento da personalidade da pessoa natural.
Sobre seus dispositivos, é INCORRETO afirmar que:
a. entre os fundamentos da disciplina da proteção de dados pessoais estão o respeito
à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de infor-
mação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e
da imagem; o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre inicia-
tiva, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra d.
Disciplina abordada: Direito Digital.
A questão exige o item incorreto, que é a letra “d”, pois contraria o disposto da LGPD,
qual seja:
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por
escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de cláusula
destacada das demais cláusulas contratuais. (Grifos nossos.)
37. Os chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações
Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015, lançaram os novos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável globais, a chamada Agenda 2030. Considerando a
Agenda 2030 das Nações Unidas, analise os objetivos a seguir.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
III – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir
de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degra-
dação da terra e deter a perda de biodiversidade e também assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis.
Letra e.
Disciplinas abordadas: Teoria Geral do Direito e da Política e Direito Digital.
Teoria Geral do Direito e da Política
A questão simplesmente copiou os objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Veja:
I) Certa.
II) Certa.
III) Certa.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terres-
tres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter
a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
Direito Digital
Na Cúpula do Milênio realizada em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que consistiam em oito objetivos
internacionais. Estes objetivos foram desenvolvidos e ampliados com a elaboração da
Agenda 2030.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
II) Certa.
III) Certa.
ODS 15 – Vida terrestre: Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossiste-
mas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar
e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade.
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis: Garantir padrões de consumo e de pro-
dução sustentáveis. (Grifos nossos.)
38. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um dos seus objetivos o
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de
seus direitos iguais e inalienáveis sendo o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz no mundo.
Considerando o texto aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução
n. 217-A, III), em 10 de dezembro de 1948, é correto afirmar que:
a. as férias remuneradas e periódicas não fazem parte do direito ao repouso e ao lazer;
b. poderá haver casamento válido sem o consentimento livre dos nubentes, desde que
previsto em norma legal;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra d.
Disciplina abordada: Teoria Geral do Direito e da Política.
Na fundamentação foram transcritas as normas da própria Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos (DUDH).
a. Errada. As férias fazem parte do direito ao repouso e ao lazer.
DUDH, Art. 24. Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente,
a uma limitação razoável da duração do trabalho e das férias periódicas pagas. (Gri-
fos nossos.)
DUDH, Art. 16, 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consen-
timento dos futuros esposos. (Grifos nossos.)
DUDH, Art. 26, 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de
educação a dar aos filhos. (Grifos nossos.)
DUDH, Art. 8. Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacio-
nais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.
DUDH, Art. 14, 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de
beneficiar de asilo em outros países.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente exis-
tente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios
das Nações Unidas. (Grifos nossos.)
39. “O sentido da palavra fonte relaciona-se com aquilo que origina ou produz. No plano
jurídico, o estudo das fontes consiste em saber donde vem o Direito e donde dimana a
juridicidade das normas” (MATA-MACHADO, Edgar de Godoi da – Elementos de Teoria
Geral do Direito – Belo Horizonte: Ed. Vega, 1976, p. 213). Ao examinar a estrutura de
fontes formais e materiais do Direito, incluídas as fontes do Direito do Trabalho, no sis-
tema jurídico brasileiro, considerando a relação entre direito objetivo e direito subjetivo,
e a estrutura do processo legislativo, é correto afirmar que:
a. os debates políticos, discussões sociais, manifestações públicas da sociedade civil
e outras expressões de conteúdo ideológico dos entes sociais constituem as fontes
formais do Direito;
b. a jurisprudência não constitui fonte formal do Direito, caracterizando-se apenas como
fonte material, pois as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito persuasivo,
e não coercitivo;
c. o fenômeno da integração jurídica (preenchimento de lacunas no ordenamento jurí-
dico/omissão da lei) não é admitido no direito positivo brasileiro, tanto como regra geral
para qualquer área do Direito quanto como regra especial para o Direito do Trabalho;
d. as Emendas à Constituição da República de 1988 devem ser propostas por iniciativa
de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, pelo presidente da República, ou por dois terços das Assembleias Legisla-
tivas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros;
e. a Constituição da República de 1988, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias,
as Medidas Provisórias, as Leis Delegadas, os Decretos Regulamentares do Poder
Executivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados
fontes formais do Direito, por terem sua positividade relacionada com o poder legife-
rante do Estado.
Letra b.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Disciplina abordada: Filosofia do Direito
A temática da questão está relacionada ao assunto que é estudado nos anos iniciais do
curso de Direito. Infelizmente, o tema das fontes do direito, apesar de usualmente apre-
sentada aos alunos como temática relativamente bem definida, na doutrina, os autores
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Observa-se, porém, que, diferentemente do que indica a alternativa, existem normas geral
e específica que tratam da integração do Ordenamento Jurídico no caso brasileiro. Note-
-se, nesse contexto, que, ainda que o ordenamento jurídico brasileiro efetivamente não
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
admita a lacuna no ordenamento jurídico, como antes exposto, ele expressamente admite
a possibilidade de omissão normativa, donde se extrai a incorreção da alternativa.
Por fim, as alternativas restantes tratam efetivamente da temática das fontes do direito e
demandam que o candidato compreenda a classificação doutrinária que distingue fontes
formais e materiais do direito. A maior parte dos autores reconhece as fontes formais como
o conjunto de fontes nas quais o Direito se manifesta efetivamente. Outros autores acres-
centam que as fontes formais representam a materialização das fontes materiais, que, por
sua natureza, se apresentam de forma difusa e não estruturada. Nesse contexto, as fontes
materiais seriam representadas pelos fatores sociais e políticos que dão origem ao conte-
údo das normas jurídicas. Seriam os fatores reais de poder do qual se extrai o conteúdo
jurídico das relações de uma determinada sociedade. Em outros termos, as fontes formais
representam a exteriorização, o meio de veiculação, do direito, enquanto as fontes formais
seriam os elementos difusos de onde se extraem as normas jurídicas. A partir disso, pode-
-se concluir que a alternativa “a” está incorreta pela inclusão dos fatores sociais e políticos
como fonte formal do direito.
A alternativa “b”, por sua vez, indica que a jurisprudência se apresenta como fonte material
do direito, sob a justificativa de que “as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito
persuasivo, e não coercitivo”. Ocorre que a doutrina costuma classificar a jurisprudência
como fonte formal do direito, justamente por materializar o exercício do poder jurisdicional
do Estado que se apresenta como uma das facetas da soberania. Ainda que o exercício
da jurisdição não se confunda com a atividade legiferante, a jurisprudência representa um
conjunto de decisões similares sobre determinada temática, que, salvo nos casos em que
exista a previsão específica de obrigatoriedade de observância, colaboram com o processo
de estruturação do direito.
Por fim, quanto à alternativa “e”, a questão indica um conjunto de fontes e as relaciona
como fontes formais do Direito. Até esse ponto, a alternativa não merece qualquer reparo.
No entanto, na parte final, afirma que “os Decretos Regulamentares do Poder Executivo
e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados fontes formais
por terem sua positividade relacionada com o poder legiferante do Estado”. A considerar
apenas as Súmulas Vinculantes, é possível encontrar divergências doutrinárias que efeti-
vamente a consideram como exercício do poder de legislar do Estado. No entanto, no que
concerne aos Decretos Regulamentares, o mesmo não pode ser dito. Importante, aqui,
distinguir os Decretos Autônomos do Poder Executivo, que extraem seu fundamento de
validade diretamente do texto constitucional e que representam efetivamente exercício do
Poder de Legislar, o mesmo não se pode dizer dos Decretos Regulamentares, que extraem
seu fundamento de validade na Lei e não possuem capacidade de inovação no âmbito do
ordenamento jurídico, não podendo ser considerado como atividade legislativa do Estado.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Diante do exposto, as alternativas “b” e “e” também estariam incorretas, o que pode indicar
possibilidade de recurso nessa questão. Entretanto, se é necessário escolher uma alter-
nativa, parece melhor a indicação da alternativa “b”, com todas as ressalvas anteriormente
apresentadas.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Pedro Henrique: Letra “b”
FUNDAMENTAÇÃO: A temática da questão está relacionada ao que é estudado nos anos
iniciais do curso de Direito. Infelizmente, o tema das fontes do direito, apesar de usualmen-
te apresentada aos alunos como temática relativamente bem definida, na doutrina, os au-
tores apresentam diferentes entendimentos, o que pode ser um fator complicador da reso-
lução da questão. A alternativa “d” foge um pouco do tema das fontes do direito para tratar
do processo legislativo propriamente dito. De acordo com o item, na vigência da Constitui-
ção de 1988, a proposição de Emendas à Constituição deve se dar por iniciativa de, pelo
menos, dois terços dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, pelo
Presidente da República ou por dois terços das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, com manifestação, em cada um delas, por maioria relativa. A alternativa está
errada, visto que, de acordo com o art. 60 da Constituição, além do Presidente da Repúbli-
ca, podem propor Emendas à Constituição um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal, porém a alternativa indica dois terços, bem como
“mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros”, o que também está erronea-
mente apresentado. A alternativa “c”, por sua vez, trata da temática da integração jurídica.
Em resumo, a noção de um Ordenamento Jurídico imperfeito ou incompleto é refutada por
aqueles que defendem o Positivismo Jurídico. Isso porque o Ordenamento Jurídico deveria
ser suficiente para resolver todos os conflitos que potencialmente possam surgir numa co-
letividade. Não é por menos que o texto constitucional e o processual estabelecem que as
questões postas ao Poder Judiciário devem ser resolvidas, sendo vedado ao magistrado
deixar de decidir pela suposta ausência de norma. Surgem, nesse contexto, ferramentas
para integração do ordenamento jurídico, de forma a permitir que, efetivamente, todas as
questões sejam por ele resolvidas. Essas ferramentas, por vezes, fazem parte do processo
interpretativo do direito, por outras, são previstos mecanismos de forma positiva, como é
o que acontece no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que diz:
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito”. Em sentido semelhante, diz o art. 8º da Consolidação das
Leis do Trabalho que:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Observa-se, pois, que, diferentemente do que indica a alternativa, existem normas geral e
específica que tratam da integração do Ordenamento Jurídico no caso brasileiro. Note-se,
nesse contexto, que, ainda que o ordenamento jurídico brasileiro efetivamente não admita
a lacuna no ordenamento jurídico, como antes exposto, ele expressamente admite a pos-
sibilidade de omissão normativa, donde se extrai a incorreção da alternativa. Por fim, as
alternativas restantes tratam efetivamente da temática das fontes do direito e demandam
que o candidato compreenda a classificação doutrinária que distingue fontes formais e ma-
teriais do direito. A maior parte dos autores reconhece as fontes formais como o conjunto
de fontes nas quais o Direito se manifesta efetivamente. Outros autores acrescentam que
as fontes formais representam a materialização das fontes materiais, que, por sua nature-
za, se apresentam de forma difusa e não estruturada. Nesse contexto, as fontes materiais
seriam representadas pelos fatores sociais e políticos que dão origem ao conteúdo das
normas jurídicas. Seriam os fatores reais de poder do qual se extrai o conteúdo jurídico das
relações de uma determinada sociedade. Em outros termos, as fontes formais represen-
tam a exteriorização, o meio de veiculação, do direito, enquanto as fontes formais seriam
os elementos difusos de onde se extraem as normas jurídicas. A partir disso, pode-se con-
cluir que a alternativa “a” está incorreta por causa da inclusão dos fatores sociais e políticos
como fonte formal do direito. A alternativa “b”, por sua vez, indica que a jurisprudência se
apresenta como fonte material do direito, sob a justificativa de que “as teses jurídicas dela
decorrentes têm apenas efeito persuasivo, e não coercitivo”. Ocorre que a doutrina costu-
ma classificar a jurisprudência como fonte formal do direito, justamente por materializar o
exercício do poder jurisdicional do Estado que se apresenta como uma das facetas da so-
berania. Ainda que o exercício da jurisdição não se confunda com a atividade legiferante, a
jurisprudência representa um conjunto de decisões similares sobre determinada temática,
que, salvo nos casos em que exista a previsão específica de obrigatoriedade de observân-
cia, colaboram com o processo de estruturação do direito. Por fim, quanto à alternativa “e”,
a questão indica um conjunto de fontes e as relacionam como fontes formais do Direito. Até
esse ponto, a alternativa não merece qualquer reparo. No entanto, na parte final, conta que
“os Decretos Regulamentares do Poder Executivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo
Tribunal Federal são considerados fontes formais por terem sua positividade relacionada
com o poder legiferante do Estado”. A considerar apenas as Súmulas Vinculantes, é pos-
sível encontrar divergências doutrinárias que efetivamente a consideram um exercício do
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
Disciplina abordada: Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.
a. Certa. Está de acordo com o art. 4º do Código de Ética da Magistratura Nacional.
b. Errada. Não se considera tratamento discriminatório, nos termos do art. 9º, a audiência
concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure igual
direito à parte contrária, caso seja solicitado.
c. Errada. Nos termos do art. 10 do Código de Ética da Magistratura Nacional:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos,
sempre que possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer
sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei. (Grifos nossos.)
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função,
cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências
pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral. (Grifos nossos.)
BLOCO II
Maria Rafaela
Letra d.
Trata das mudanças da Reforma Trabalhista, destacando-se:
a. Errada. Pois não foi extinta por completo a execução de ofício, já que permaneceram
as situações de jus postulandi e de contribuições previdenciárias que continuam sendo
de ofício.
b. Errada. Pois não houve essa proibição.
c. Errada. Não houve com a Reforma trabalhista a criação de acordo extrajudicial na fase
executiva. Na verdade, a letra “c” está errada por direcionar à fase do processo. O que
existiu com a Reforma Trabalhista foi a criação de um instituto específico na fase de co-
nhecimento (e não, execução, como quer parecer a questão). É o acordo extrajudicial que
deve ser feito mediante petição conjunta das partes com advogados distintos na fase de
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
O tema abordado na questão é o recurso ordinário nas homologações extrajudiciais. Uma
vez admitida a possibilidade de cabimento de recurso ordinário contra a decisão judicial
que não homologou o acordo celebrado entre os interessados, resta estabelecer como
esse novo procedimento deve ser analisado. Tendo em vista que a natureza jurídica da
decisão que não homologa o acordo é de sentença declaratória e, em razão disso, não faz
qualquer sentido a exigência de depósito recursal, pois não haverá condenação em pe-
cúnia para nenhum dos interessados. Uma vez interposto o recurso ordinário, não haverá
abertura de prazo para contrarrazões, pois, como já dissemos alhures, não há lide, não há
direito resistido e há o litisconsórcio necessário. Empregado e empregador convergem so-
bre todos os pontos levados para a homologação judicial, em razão disso não nos parece
razoável qualquer argumento que se possa usar nas contrarrazões do recurso ordinário.
Como se observa não há outra alternativa a não ser a utilização de recurso ordinário para
se buscar a homologação do acordo que fora recusada pelo juízo a quo, que, sob nossa
ótica, poderá ser interposto através de petição conjunta das partes, conforme já dito, desde
que obviamente representada cada uma pelo seu próprio advogado, nos termos exigidos
pelo art. 855-B da CLT.
(Veja o excelente artigo usado como fonte, disponível em: https://juslaboris.tst.jus.br/bits-
tream/handle/20.500.12178/168832/2020_pombo_sergio_homologacao_acordo.pdf?se-
quence=1&isAllowed=y)
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
43. Ao cumprir mandado de penhora contra uma determinada empresa, o oficial de justiça
certificou que estava inativa e que não encontrou bens passíveis de satisfazer a execu-
ção, a não ser algumas joias que estavam à vista em um cofre aberto. Tendo uma sócia
da empresa alegado que as joias eram propriedade particular dela, porém, sem apre-
sentar comprovação naquele momento, o oficial de justiça lavrou o auto de penhora
contra a empresa e juntou-o aos autos, nomeando a sócia como fiel depositária. Esta
opôs então embargos de terceiro, alegando ser parte ilegítima no processo e compro-
vando com as notas fiscais a propriedade das joias. Intimada a falar sobre os embargos,
a exequente apresenta petição, requerendo a instauração de incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica da empresa, em desfavor da sócia em questão, reque-
rendo ainda em tutela cautelar a manutenção da penhora. Ouvida, a sócia declarou que
não haveria prova do desvio de finalidade na sua gestão da empresa nem qualquer
outro fundamento que autorizasse a sua responsabilização.
Conclusos os autos para decisão, cabe ao juiz:
a. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e manter cautelar-
mente a penhora;
b. julgar procedentes os embargos, liberar a penhora e diferir a instauração do incidente
de desconsideração da personalidade jurídica;
c. julgar improcedentes os embargos e converter em diligência o julgamento do inci-
dente de desconsideração da personalidade jurídica;
d. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e, se for procedente,
determinar nova penhora e julgar extintos os embargos com julgamento de mérito,
liberando as joias;
e. extinguir tanto os embargos quanto o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica por falta de cabimento, uma vez que a sócia responderá em qualquer caso
Letra a.
Os sócios estão sujeitos à execução em curso, independentemente de intimação, em razão
da aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, razão pela qual não
se trata de terceiros estranhos à relação processual (à reclamação trabalhista) e, portanto,
não possuem legitimidade para oporem tais embargos, mas, sim, embargos à execução.
No entanto, não houve a inclusão regular do sócio no polo passivo, pois não se procedeu
à desconsideração da pessoa jurídica. E, por isso, o art. 674, §2º, III, do CPC, autoriza a
interposição de embargos de terceiro. Torna-se, portanto, necessário que se instaure o in-
cidente de desconsideração da pessoa jurídica e, enquanto isso, deve-se manter cautelar-
mente a penhora e, somente, posteriormente, deve-se apreciar os embargos de terceiros.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
44. Em determinada comarca, na qual havia somente uma Vara do Trabalho, ao apresen-
tar sua defesa em mais uma das diversas reclamações que já tinha respondido na
mesma Vara, a empresa apresentou também exceção de suspeição do juiz. Alegou
que o magistrado já havia julgado diversas outras reclamações sobre os mesmos fatos,
sempre em desfavor dela, excipiente. Juntou cópias das diversas sentenças às quais
se referia. O juiz, ao examinar tudo, rejeitou de plano a exceção.
Estando na posição desse juiz, é correto afirmar que os princípios que melhor funda-
mentariam sua decisão seriam:
a. da imparcialidade e da coerência das decisões judiciais;
b. da publicidade e do juiz natural;
c. da inafastabilidade da jurisdição e da competência territorial;
d. do livre convencimento motivado e da boa-fé;
e. da coerência das decisões judiciais e da não vinculação da causa petendi.
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “b”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
No caso da questão, o juiz era o titular da única Vara, e, portanto, julgava as lides que
se apresentavam tendo em vista dois princípios ponderáveis: territorialidade (era o juiz
competente para tal) e dever de julgar todos os processos que lhe chegassem ao conhe-
cimento pela Vara (inafastabilidade da jurisdição). Essa questão, no entanto, pode gerar
inúmeras outras interpretações com base em princípios.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “c”
FUNDAMENTAÇÃO: No caso da questão, o juiz era o titular da única Vara, e, portanto,
julgava as lides que se apresentavam tendo em vista dois princípios ponderáveis: terri-
torialidade (era o juiz competente para tal ) e dever de julgar todos os processos que lhe
chegassem ao conhecimento pela Vara (inafastabilidade da jurisdição). Essa questão, no
entanto, pode gerar inúmeras outras interpretações com base em princípios. Logo, não há
como ter sustentáculo em princípio da publicidade como consta na opção escolhida pela
banca, na medida em que a discussão é a territorialidade (competência territorial do juiz) e
o dever de julgar improcedente ou não as demandas que lhes são submetidas.
45. Em determinada audiência, comparece para depor uma testemunha que não falava o
idioma nacional, tratando-se de idioma com pouquíssimos falantes no país. Por coinci-
dência, dominando-o o juiz fluentemente, resolve então dispensar intérprete e prosse-
guir com a oitiva da testemunha. O advogado da empresa insurgiu-se imediatamente
contra essa decisão do juiz, dizendo que ela seria arbitrária e que as partes ficariam a
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
depender das traduções e interpretações do juiz, sem saber se eram ou não fidedig-
nas. Disse ainda que não participaria da audiência, se assim prosseguisse o juiz, sem
nomear intérprete, e retirou-se da sala em seguida.
Quanto à conduta do advogado, é correto afirmar que foi:
a. errada quanto ao intérprete;
b. certa quanto ao intérprete;
c. errada quanto ao intérprete e abusiva quanto à saída da sala;
d. certa quanto ao intérprete e também quanto à saída, para obrigar o juiz a adiar a
audiência;
e. errada quanto ao intérprete e prejudicial à parte que assistia.
Letra b.
A conduta do advogado foi correta quanto ao intérprete, pois o juiz, em nome do princípio
da imparcialidade, não pode se substituir ao intérprete ou ao perito. Trata-se de uma impo-
sição e não de uma faculdade, como consta no CPC:
Quanto à postura, o advogado está errado, pois não pode se ausentar da sala de audiência
até o término, devendo constar seus protestos em audiência.
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Prova comentada
a. agravo de petição;
b. mandado de segurança;
c. pedido de reconsideração;
d. embargos infringentes;
e. reclamação correicional.
Letra a.
No caso da questão, houve extinção da execução. O agravo de petição é a medida pro-
cessual, de natureza recursal, cabível contra as decisões proferidas nas execuções tra-
balhistas. Assim, ele só pode ser interposto contra decisões terminativas ou definitivas,
proferidas por um juiz, em sede de processo executivo que tramita na Justiça do Trabalho.
Letra c.
Se a discussão relativa ao direito à gratuidade de justiça é objeto do recurso ordinário, a
declaração de deserção é equivocada.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
A exigência do preparo está vinculada à própria análise do mérito, não havendo necessi-
dade de comprovação do recolhimento das custas arbitradas no juízo de origem. Nesse
caso, deve o Tribunal deliberar sobre o caso concreto. Fundamento no precedente do
TST: Processo: RR-775-26.2019.5.09.0017
Além disso, quando o depósito recursal foi feito a menor, mas foi juntado no processo o
comprovante de seu recolhimento, o entendimento do TST é no sentido de que deve ser
concedido à parte no prazo de 5 (cinco) dias para complementação do valor faltante. Veja
o disposto na Orientação Jurisprudencial n. 140, da SBDI-1, do TST:
Letra a.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
No caso, o relógio não tem valor comercial e não interessa ao processo, devendo o juiz
liberá-lo, com a procedência dos embargos. Afigurando-se irrisório o valor do bem a ser
penhorado em relação ao total da dívida exequenda, descabe levar a efeito a constrição
que não vai cumprir a finalidade do processo executório, independentemente do pedido
de substituição de penhora. No caso, a substituição de penhora ocorre diante de bem
solvente que possar arcar com as despesas, mas a parte pretende indicar outro bem para
substituição. No caso da questão, não há condicionante, até por se tratar de um bem com
falsificação.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “a”
FUNDAMENTAÇÃO: No caso, o relógio não tem valor comercial e não interessa ao pro-
cesso, devendo o juiz liberá-lo, com a procedência dos embargos. Afigurando-se irrisório
o valor do bem a ser penhorado em relação ao total da dívida exequenda, descabe levar
a efeito a constrição que não vai cumprir a finalidade do processo executório, independen-
temente do pedido de substituição de penhora. No caso, a substituição de penhora ocorre
diante de bem solvente que possar arcar com as despesas, mas a parte pretende indicar
outro bem para substituição. No caso da questão, não há condicionante, até por se tratar
de um bem com falsificação. Portanto, diante do exposto, o gabarito da questão deve ser
a letra “a”.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
No caso em comento, é cabível o mandado de segurança do despacho do juiz, haja vista
que é o remédio correto diante de ausência de manejo recursal naquela decisão. O cabi-
mento do mandado de segurança, portanto, é residual. Toda e qualquer decisão interlocu-
tória proferida na justiça do trabalho, quando coatora e violadora de direito líquido e certo,
cuja titularidade e aparência possa ser demonstrada por prova pré-constituída, desafia a
impetração de mandado de segurança. Porém, a retirada de qualquer peça processual
sem autorização do juízo configura falha no procedimento do advogado, revelando-se um
abuso de direito. Essa questão é passível de intepretação que possa ensejar sua anulação.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: O cabimento do mandado de segurança, portanto, é residual. Toda
e qualquer decisão interlocutória proferida na Justiça do Trabalho, quando coatora e vio-
ladora de direito líquido e certo cuja titularidade e aparência possa ser demonstrada por
prova pré-constituída, desafia a impetração de mandado de segurança. No caso em co-
mento, é cabível o mandado de segurança do despacho do juiz, haja vista ser o remédio
correto diante de ausência de manejo recursal naquela decisão. O cabimento do man-
dado de segurança, portanto, é residual. Porém, a retirada de qualquer peça processual
sem autorização do juízo configura falha no procedimento do advogado, revelando-se um
abuso de direito de petição. Essa questão é passível de interpretação que possa ensejar
sua anulação.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
O juiz então suspende a audiência, alegando que precisaria estudar por alguns momen-
tos o caso e, sigilosamente, determina ao oficial de justiça que compareça de imediato
ao clube de dança e, lá encontrando o reclamante, o intime para depor em seguida, a
fim de esclarecer os fatos, sob as penas da lei.
A determinação judicial em questão foi:
a. correta, para instruir o incidente;
b. correta, para dar seguimento à audiência, superando a questão;
c. correta, para averiguação, mas desnecessária quanto ao depoimento;
d. errada, pois as fotografias já comprovavam a falsidade do atestado;
e. errada, porque não cabe ao juiz determinar depoimento pessoal nessa fase processual.
Letra a.
Em razão da natureza técnica que reveste o referido ato médico, apenas mediante prova
robusta em sentido contrário poderia o magistrado desconsiderar as informações ali pres-
tadas, a fim de concluir pela possibilidade de locomoção do autor. O juiz fez certo em ave-
riguar, bem como determinar que o oficial de justiça procedesse com a condução do autor
para o seu depoimento. O depoimento seria importante para instruir o incidente para fins
de desconfigurar o teor do laudo.
Letra a.
No caso em comento, apesar da responsabilização solidária, uma das recorrentes pede a
sua exclusão do processo. Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas pode ser aproveitado pelas demais, quando a
empresa que o efetuou não pede a sua exclusão do processo. Essa é a redação do item
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Se houver litisconsórcio passivo, o depósito recursal feito por uma das reclamadas apro-
veita às demais – seja a condenação solidária, seja subsidiária – tendo em vista que
a garantia da execução é unitária. No entanto, se uma das recorrentes postular sua
exclusão da lide (por ilegitimidade, por exemplo), o depósito recursal feito por ela não
aproveitará as demais.
Letra d.
A teor do art. 899, caput, da CLT, a execução provisória no processo do trabalho dá-se
até a penhora, e o disposto no § 1º leva a ilação de que a liberação de valores ocorre so-
mente após o trânsito em julgado da decisão. Porém, quanto aos títulos reconhecidos pela
empresa, já ocorreu o trânsito em julgado, permanecendo o processo apenas quanto ao
único título questionado. Sobre os valores reconhecidos pela ré e depositado, já ocorre a
execução definitiva.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
DIREITO CONSTITUCIONAL
Aragonê Fernandes
Letra b.
a, d) Erradas. Porque não cabe ADI de lei municipal ou distrital de natureza municipal (Sú-
mula 642/STF).
b. Certa. Porque na ADPF pode ser questionada lei municipal x Constituição Federal dire-
tamente no STF, em controle concentrado.
c. Errada. Porque a produção do efeito repristinatório é natural às decisões em controle
concentrado (art. 10, Lei n. 9.868/1999).
e. Errada. O erro está no fato de se gerar a prejudicialidade por perda do objeto da ADI se
houver o exaurimento da eficácia dos dispositivos questionados.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
54. A respeito dos órgãos do Poder Judiciário e suas competências, considerando o texto
da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
é correto afirmar que:
a. compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas em que se discutem o
recolhimento e o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo
regime estatutário, pois o Art. 114, inciso III, da Constituição da República de 1988
estabelece a competência para as ações sobre representação sindical, entre sindica-
tos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
b. compete à Justiça do Trabalho julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas, pois a
competência prevista no Art. 114, incisos I e II, da Constituição da República de 1988
se define com base no regime de contratação;
c. compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar ação rescisória proposta pela União
com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz esta-
dual em causa não abrangida pela competência delegada prevista no Art. 108, §3º, da
Constituição da República de 1988, mesmo quando afetar interesses de órgão federal,
pois compete à Justiça prolatora da decisão rescindenda julgar a ação rescisória;
d. compete ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho exercer, na forma da lei, a super-
visão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais
sobre o regime disciplinar dos magistrados, cujas decisões terão efeito vinculante;
e. compete à Justiça do Trabalho o julgamento das ações de interdito proibitório em
que se busca garantir o livre acesso de funcionários e de clientes às agências ban-
cárias interditadas em decorrência de movimento grevista de trabalhadores da inicia-
tiva privada.
Letra e.
a. Errada. Porque a Justiça do Trabalho não julgará situações envolvendo servidores esta-
tuários (RE 1.089.282).
b. Errada. Pela mesma razão da letra “a”, pois é da justiça comum a competência para
julgar a abusividade do direito de greve de servidores, sejam celetistas, estatutários ou
temporários (RE 846.854).
c. Errada. O erro está no fato de competir ao TRF o julgamento da rescisória nos casos em
que for afetado interesse de órgão federal (RE 598.650).
d. Errada. Nessa assertiva, o art. 111-A, na redação dada pela EC n. 45/2004, fala do CSJT,
mas no texto constitucional não se fala sobre os poderes correcionais.
e. Certa. Versa sobre entendimento cristalizado na jurisprudência do STF, inclusive siste-
matizado na Súmula Vinculante n. 23.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
a. Errada. Porque, para o cabimento da ação popular, é dispensável a demonstração de
prejuízo material ($) aos cofres públicos. Isso porque o prejuízo pode ser de outras ordens,
como ao patrimônio moral, cultural ou histórico (ARE 824.781).
b. Certa. Considerando a natureza peculiar da atividade desenvolvida, é válida a proibição
imposta a leiloeiros ao exercício do comércio e à constituição de sociedade. Prevaleceu no
STF o entendimento de que tais atividades são de interesse público, sendo razoáveis as
restrições, para evitar situações de conflito de interesses (ADPF n. 419).
c. Errada. O erro deriva do fato de o STF entender que há violação ao princípio da presun-
ção de inocência (RE 805.821).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
d. Errada. Pois o STF entende que viola o direito de associação a exigência de primeiro
quitar empréstimos consignados para depois se desfiliar (RE 820.823).
e. Errada. Uma vez que a exigência de registro é excepcional, só se justificando nas ativi-
dades com potencial de lesividade (RE 795.467).
Letra d.
a. Errada. Uma vez que a iniciativa realmente é do chefe do Executivo, sendo vedadas
emendas parlamentares que acarretem aumento de despesas (art. 63 da CF/1988 e
RE 759.518).
b. Errada. Porque seria de iniciativa privativa do chefe do Executivo, por simetria do modelo
federal, em seu art. 61 da CF/1988. Assim, o uso de emenda à lei orgânica do município
seria uma burla à iniciativa do chefe do Executivo.
c. Errada. O Presidente, depois de editar uma Medida Provisória, não pode retirá-la. O que
pode ser feito é editar uma nova MP rejeitando a anterior.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Aragonê Fernandes
Letra d.
a. Errada. A estabilidade da gestante é objetiva, não dependendo que o empregador tenha
ciência do seu estado gravídico (RE 629.053).
b. Errada. Uma vez que, ao julgar a situação envolvendo a CE-SC, o STF entendeu pela
validade da norma que previa a participação de empregados na diretoria de EP e de SEM
(ADI 1.229).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
c. Errada. O erro está no fato de o STF, ao julgar a ADI 6.327, ter fixado a data da dupla alta
hospitalar (mãe e bebê) como parâmetro do início da contagem do prazo da licença.
d. Certa. Para os trabalhadores avulsos (ex.: portuários) também precisa ser fixado marco
temporal para início de contagem do prazo quinquenal. Esse marco, segundo o STF, pode
ser o cancelamento do registro ou cadastro no OGMO (ADI 5.132).
e. Errada. Na medida em que é legítima uma norma legal que determine a observância das
diretrizes de negociações para participação nos lucros dos empregados das EP e SEM
(ADI 5.417).
58. A respeito dos princípios da isonomia e não discriminação nas relações de trabalho, con-
siderando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. é incompatível com o princípio da isonomia a fixação da remuneração do trabalho do
preso em valores inferiores ao do salário mínimo previsto no Art. 7º, IV, da Constitui-
ção da República de 1988, pois o fato de estar preso não justifica a diferenciação dos
trabalhadores livres;
b. os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença ges-
tante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença ado-
tante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada;
c. lei estadual que fixa piso salarial regional e exclui de sua incidência os contratos de
aprendizagem é incompatível com a Constituição da República de 1988, pois afronta
o princípio da isonomia e o disposto no Art. 7º, inciso XXX, que proíbe a diferença de
salários por motivo de idade;
d. o fato de os trabalhadores portuários avulsos sujeitarem-se a um regime de explo-
ração diferenciado daqueles trabalhadores portuários com vínculo permanente torna
legítima a diferenciação entre eles quanto ao adicional de risco, que não é devido aos
trabalhadores avulsos mesmo quando implementadas as condições legais que ense-
jam o pagamento aos trabalhadores com vínculo permanente;
e. é cabível, com base no princípio da isonomia, a equiparação de remuneração entre
empregados da empresa tomadora de serviços e empregados da empresa contra-
tada (terceirizada), desde que ambos desempenhem a mesma função, na mesma
localidade e com igual produtividade e perfeição técnica.
Letra b.
a. Errada. Porque foi validada a regra da Lei de Execuções Penais, segundo a qual o preso
receberia 3/4 (três quartos) do salário-mínimo pelo seu trabalho (ADPF 336).
b. Certa. O STF disciplinou que os prazos da licença adotante e da licença gestante não
poderiam ser diferentes, não importando a idade da criança adotada (RE 778.889).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
c. Errada. Uma vez que se decidiu no STF que seria legítima a exclusão dos contratos de
aprendizagem da incidência de piso salarial regional. Isso porque o objetivo principal do
contrato de aprendizagem, bem como o regime jurídico dele decorrente justificariam a di-
ferenciação praticada pelo legislador estadual (ADI 6.223).
d. Errada. Pois o STF fixou tese dizendo que “sempre que for pago ao trabalhador com vín-
culo permanente, o adicional de riscos seria devido, nos mesmos termos, ao trabalhador
portuário avulso” (RE 597.124).
e. Errada. O erro está no fato de os empregados da empresa terceirizada poderem ser
remunerados abaixo daquilo que é pago pela empresa mãe. Exigência de salários iguais
esvaziaria a possibilidade de terceirização (RE 635.546).
Letra b.
a. Errada. Porque a legitimidade dos sindicatos se estende para as execuções e liquida-
ções, não se limitando à fase do conhecimento (RE 883.642).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
b. Certa. Chegou ao STF caso que envolvia a demissão de mais de 4 mil empregados pela
Embraer. Ao julgar o recurso, foi fixada a seguinte tese:
c. Errada. Pois é válida a exigência de comum acordo entre as partes para a propositura de
dissídio coletivo de natureza econômica (RE 999.435).
d. Errada. Uma vez que também pode ser criado sindicato de empregados de entidades
sindicais, não cabendo a restrição (ADI 3.890).
e. Errada. O erro está no fato de o princípio da unicidade sindical estar previsto no Decre-
to-Lei n. 1.402/1939, não constando expressamente na Constituição anterior.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
a. Certa. Reflete o conteúdo do art. 10 do ADCT, norma transitória válida até que seja subs-
tituída pela LC mencionada no art. 7º, I, da CF/1988.
b. Errada. Por ser compatível com a CF/1988, a responsabilização objetiva está prevista no
art. 927 do CC para o empregador, conforme se decidiu no RE 828.040.
c. Errada. Pois se entendeu que haveria ofensa à autonomia sindical se a lei estadual de-
terminasse a participação do governo nas negociações entre sindicatos de trabalhadores
e de empregadores (ADI 4.364).
d. Errada. O erro está no fato de os direitos previstos nos incisos XIV e XXIII do art. 7º não
terem sido estendidos aos domésticos.
e. Errada. Porque a existência de intervalo para repouso e alimentação não é incompatível
com o turno ininterrupto de revezamento (RE 205.815).
Letra c.
a. Errada. Porque, nesse caso, a lei estadual ofenderia o princípio da livre concorrência,
previsto no art. 170 da CF/1988 (RE 839.950).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
b. Errada. O erro está no fato de o art. 186, IV, da CF/1988, elencar a exploração que favo-
reça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores.
c. Certa. Isso porque o STF, ao julgar a ADI 4.637, validou a exigência de integralização de
capital social para a abertura de uma empresa.
d. Errada. Porque o STF, ao julgar a situação, entendeu pela constitucionalidade da norma
que prevê a participação nos lucros (ADI 5.417).
e. Errada. Uma vez que o art. 227, § 3º, da CF/1988, cita a garantia de direitos previdenci-
ários e trabalhistas dentro do princípio da proteção integral.
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
62. João, que contratou o seguro de seu carro com a seguradora X, sofre acidente automo-
bilístico cujo sinistro estava coberto pela apólice securitária. João acionou a seguradora
em seguida, requerendo o pagamento do prêmio, o que foi prontamente concedido.
Considerando que João é qualificado como consumidor para fins da relação jurídica
constituída com a seguradora, o prazo prescricional para que a seguradora X possa
exercitar sua pretensão frente ao causador do dano é de:
a. cinco anos, com base no Código Civil, pois seria o prazo para o exercício do direito
de regresso da seguradora frente ao causador direto do dano;
b. cinco anos, com base no Código de Defesa do Consumidor, pois o contrato de seguro
se constitui como uma relação de consumo;
c. três anos, com base no Código Civil, pois o segurador sub-roga-se nos direitos do
segurado, podendo buscar o ressarcimento frente ao terceiro causador do dano;
d. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão do segurador
contra o segurado;
e. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão da repa-
ração civil.
Letra c.
Esta questão não foi bem redigida, pois não esclarece se havia ou não relação de consu-
mo da vítima com o causador do dano, visto que, se houvesse, o prazo prescricional seria
de 5 anos (art. 27, CDC). Também não esclarece se havia ou não relação contratual, o
que seria relevante pelo fato de o prazo prescricional ser diferente conforme se trate de
responsabilidade civil contratual (10 anos) ou extracontratual (3 anos). A questão merecia
anulação. Seja como for, presumimos que a relação de consumo era só da vítima com a
seguradora e que não havia relação contratual da vítima com o causador do dano. Logo,
como a seguradora pagou a cobertura, ela se sub-rogou nos direitos que a vítima tinha
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
contra o causador do dano, inclusive no tocante ao prazo prescricional. Como não havia
relação de consumo com o causador do dano, o prazo prescricional referente ao direito de
indenização que a vítima tinha perante o causador era de 3 anos (art. 206, § 3º, V, do CC).
Logo, o direito de regresso da seguradora contra o causador do dano também será de 3
anos. Essa é a tendência do STJ:
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Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
63. João contratou compromisso de compra e venda de imóvel com Maria, assumindo a
obrigação de pagamento de dez parcelas de igual valor. Após o pagamento de três
parcelas devidas, João tornou-se inadimplente e o contrato foi resolvido. Constava no
contrato cláusula penal prevendo a perda integral dos valores pagos. Indignado com o
que denominou “desproporção da sanção”, João requereu judicialmente a declaração
de invalidade da cláusula penal, sob o argumento de que estariam comprovados os ele-
mentos caracterizadores da lesão.
Sobre o caso descrito, é correto afirmar que:
a. está configurada a lesão, defeito do negócio jurídico que gera a nulidade da cláu-
sula penal, pois está presente o elemento da desproporção manifesta das obriga-
ções assumidas;
b. a previsão contratual da cláusula penal compensatória é inválida, independentemente
de sua manifesta desproporção, pois está prevista em contrato de compra e venda
de imóvel;
c. para caracterizar a lesão, João deve provar a existência de desproporção manifesta
entre as obrigações constituídas e a sua inexperiência, que não pode ser presumida,
ou a premente necessidade de contratar;
d. tratando-se de contrato de compra e venda de imóvel entre particulares, aplica-se o
Código de Defesa do Consumidor, que prevê, em seu Art. 51, II, a nulidade de cláu-
sula que subtrai ao consumidor o reembolso de quantia já paga;
e. a cláusula penal compensatória permite a Maria exigir de João o pagamento integral
dos valores já pagos, ainda que João comprove a manifesta desproporção entre as
parcelas e sua inexperiência.
Letra c.
Lesão não gera nulidade, e sim anulabilidade (art. 171, CC). Cláusula penal compensa-
tória excessiva pode ser reduzida equitativamente pelo juiz (art. 413, CC). Não se aplica
CDC à espécie. Logo, a alternativa mais correta é a “c”, que trata dos requisitos da lesão
(art. 157, CC).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
É o art. 28, caput e § 5º, do CDC:
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Prova comentada
65. Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado imóvel
de sua propriedade a João “quando ele manifestar seu interesse”.
Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade, é correto afirmar que é condição:
a. puramente potestativa, vedada pelos Arts. 115 e 122 do Código Civil;
b. simplesmente potestativa, portanto válida, pois estipulada em benefício do credor;
c. puramente potestativa, pois confere ao devedor a prerrogativa de impedir a eficácia
do negócio jurídico;
d. defesa, pois priva de todo efeito o ato jurídico pretendido;
e. ilícita, pois subordina a eficácia do negócio jurídico à vontade exclusiva de uma
das partes.
Letra b.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
É vedada cláusula puramente potestativa, aquela que se sujeita ao puro arbítrio de uma
das partes (art. 122, in fine, do CC)
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Carlos Elias: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão se inspirou neste julgado do STJ: REsp: 1990221/SC.
Acontece que a questão acabou sendo mal redigida por ter sido lacônica, pois limitou-se
a tratar de uma condição cujo implemento depende apenas da manifestação de vontade
do donatário, assim como não especificou elementos fáticos que foram relevantes no jul-
gamento do STJ: como a ocorrência de usucapião. O STJ aceitou a condição dependente
da vontade do donatário no caso concreto mencionado, tanto que, na própria ementa, o
STJ realça:
Foi estatuída em consideração a uma circunstância fática alheia à vontade das partes:
o resultado de uma determinada ação judicial (usucapião), havendo, assim, interesse
juridicamente relevante a justificar sua estipulação.
A questão merece ser anulada por ter sido lacônica, pois deveria ter realçado outras parti-
cularidades. Da forma como foi redigida, a questão comporta, também, o entendimento de
se tratar de uma condição puramente potestativa aquela que se sujeita ao puro arbítrio de
uma das partes (art. 122, in fine, CC), especialmente se, no caso concreto, for identificado
risco à segurança e à seriedade do negócio.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
66. A sociedade limitada X contratou a locação de uma loja no Shopping Center Y, a ser
construído, com a finalidade de dar início a suas atividades empresariais. Tanto a cons-
trução do shopping quanto a locação de suas lojas são de responsabilidade da Cons-
trutora W, que se obrigou a entregar a obra pronta em doze meses. Ocorre que a Cons-
trutora W descumpriu sua obrigação relativa à construção do shopping, identificando-se
no caso o inadimplemento absoluto por impossibilidade da entrega da loja e, por conse-
quência, a impossibilidade de cumprir as obrigações relativas à locação. Tornando-se
impossível o início de suas atividades empresariais, a sociedade limitada X ingressou
com ação indenizatória em face da Construtora W, cujo pedido foi de reparação dos
danos sofridos em decorrência de inadimplemento contratual que a impediu de obter
faturamento próprio.
Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que:
a. o inadimplemento contratual obriga a Construtora W a indenizar a sociedade limitada
X quanto aos danos emergentes provados, isto é, aqueles relativos ao que efetiva-
mente perdeu;
b. além dos danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à indenização pelos lucros
cessantes, cuja quantificação independe do início da sua atividade empresarial;
c. os lucros cessantes em caso de descumprimento de obrigação contratual assumida
pela Construtora W para a entrega do imóvel são presumidos;
d. além dos lucros cessantes e danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à inde-
nização por perda da chance, proporcional à expectativa quanto à probabilidade de
auferir lucro na exploração da atividade;
e. é devida a compensação pelos danos morais in re ipsa sofridos pela sociedade limi-
tada X, decorrente do inadimplemento contratual e da frustação pelo início das ativi-
dades empresariais.
Letra a.
É o entendimento do STJ:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
mentos seguros que, concreta e prontamente, demonstrem que a lucratividade foi in-
terrompida ou que não mais se iniciaria em decorrência especificamente do infortúnio,
independente de outros fatores” (REsp 1.080.597/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe de 04/11/2015).
3. No caso dos autos, o eg. Tribunal de origem concluiu que a conduta do agente finan-
ceiro, ao bloquear as duas últimas parcelas de financiamento obtido para a expansão
dos negócios, causou danos à sociedade agravante, condenando o banco agravado
ao pagamento de lucros cessantes com base em projeções de rentabilidade de nova
atividade empresarial que nem sequer foi iniciada, razão pela qual deve ser mantida a
decisão que deu provimento ao recurso especial do banco para afastar a condenação ao
pagamento por lucros cessantes presumidos.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 1.738.129/AM, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado
em 30/5/2022, DJe de 24/6/2022.)
67. A sociedade limitada X contrata empréstimo bancário com o Banco Y. Maria, sócia da
sociedade limitada X, voluntariamente concede em garantia ao empréstimo contratado
o imóvel único no qual mantém moradia com sua família, por meio de constituição de
alienação fiduciária. Inadimplente a sociedade limitada X, o Banco Y, credor fiduciário,
executa a garantia que recai sobre o imóvel, consolidando a propriedade resolúvel em
seu favor.
A respeito do caso, é correto afirmar que:
a. a impenhorabilidade do bem de família prevalece sobre a alienação fiduciária em
garantia, ainda que livremente pactuada entre Maria e o Banco Y;
b. tal como na hipoteca, é presumido o benefício à entidade familiar de Maria na contrata-
ção do empréstimo bancário pela sociedade limitada X, gravado de garantia fiduciária;
c. a alienação fiduciária em garantia é inválida por tratar-se de bem de família a garan-
tia ofertada, não tendo sido os valores obtidos com o empréstimo feitos em favor do
imóvel ou da unidade familiar;
d. dado que a alienação fiduciária em garantia foi livremente pactuada, o imóvel per-
tencente à entidade familiar é impenhorável, tendo em vista que não se aplicam as
exceções do Art. 3º da Lei n. 8.009/1990;
e. o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade limitada X con-
solida a propriedade imóvel em nome do Banco Y, independentemente da natureza
do bem dado em garantia por meio da alienação fiduciária.
Letra e.
É o entendimento do STJ:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
68. A Constituição da República de 1988 (Art. 227) estabelece que é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Tendo em vista os princípios relacionados a esse tema, é INCORRETO afirmar que:
a. o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e impres-
critível, podendo ser exercitado contra os pais ainda em vida, excluídos os herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça;
b. será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai pri-
vado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou,
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independen-
temente de autorização judicial;
c. a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o
direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
criança estabelecidos em lei;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
Está em desacordo com o art. 27 do ECA, cuja redação não exclui os herdeiros:
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Prova comentada
Letra d.
Está de acordo com o art. 433, I, da CLT:
70. A Lei n. 11.788/2008 dispõe sobre as relações de estágio, definindo-o como o ato edu-
cativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à prepa-
ração para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regu-
lar em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
da educação de jovens e adultos.
Considerando os dispositivos legais, é correto afirmar que:
a. o educando deverá ser inscrito e contribuir como segurado especial do Regime Geral
de Previdência Social;
b. o número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades
concedentes de estágio deverá ser de 10% para empresas com mais de vinte e
cinco empregados;
c. são obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educan-
dos, entre outras, exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não supe-
rior a um ano, de relatório das atividades;
d. o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das dire-
trizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico
do curso, sendo considerado estágio obrigatório aquele definido como tal no pro-
jeto do curso, sendo a carga horária requisito facultativo para aprovação e obtenção
de diploma;
e. a manutenção de estagiários em desconformidade com a Lei caracteriza vínculo de
emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legis-
lação trabalhista e previdenciária, e a instituição privada ou pública que reincidir na
irregularidade ficará impedida de receber estagiários por dois anos, contados da data
da decisão definitiva do processo administrativo correspondente
Letra e.
Está de acordo com o art. 15, caput e § 1º, da Lei n. 11.788/2008:
Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vín-
culo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da
legislação trabalhista e previdenciária.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
§ 1º A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este artigo
ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da decisão
definitiva do processo administrativo correspondente.
BLOCO III
Cristiny Rocha
Letra e.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
a. Errada. Veja:
b. Errada. Enunciado indica questão preliminar, mas se trata de questão prejudicial. Veja:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites
da questão principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida ex-
pressa e incidentemente no processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso
de revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou
limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
(Grifos nossos.)
c. Errada. Nos termos do art. 897-A, parágrafo único, da CLT, do art. 833 da CLT e do art.
494, inciso I, do CPC/2015, a correção de evidente erro material ou erro de cálculo pode
e deve ser feita a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo Juízo, a fim de que a conta de
liquidação expresse a vontade real do órgão julgador. Logo, não há preclusão. No mesmo
sentido já à época do CPC/1973, no Informativo 547 do STJ, temos:
d. Errada. Veja:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma
lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença. (Grifos nossos.)
Nota: denomina-se sentença determinativa aquela que decide sobre relação jurídica de
trato continuado. Veja:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Na verdade, o que o art. 505, inciso I, do CPC autoriza é a reanálise da mesma relação jurídi-
ca de trato continuado julgada, porém posteriormente modificada por alguma circunstância
fática ou jurídica. Não se afasta a intangibilidade e imutabilidade da decisão anterior.
e. Certa. Análise conforme o art. 115, II, do CPC, e jurisprudência. Veja:
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A alternativa “e” indica que “na hipótese de litisconsórcio necessário
simples, a ausência de citação permite ao litisconsorte que não integrou a lide, mesmo
após o trânsito em julgado da decisão, propor, como terceiro, simples ação judicial para
reconhecer o provimento judicial como ineficaz”.
O examinador, em diversas questões, exigiu o domínio teórico do processo civil e se ape-
gou a expressões mínimas para indicar pontos incorretos. Sendo assim, nesse sentido, a
alternativa “e” contém vício, conforme indica a melhor doutrina:
Logo, quando a banca indica “propor, como terceiro [...]”, a expressão é criticável, visto se
tratar de litisconsorte necessário, ainda que não tenha sido regularmente citado. Note: a
doutrina entende que nem se pode denominar terceiro aquele que sequer foi “esquecido”
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
na petição inicial. Nessa linha, também não se poderia cogitar denominar terceiro aquele
que foi indicado, ainda que não tenha sido citado validamente.
Assim, a querela nullitatis seria proposta por aquele que era parte (litisconsorte), ainda que
não regularmente citado, para que postulasse a ineficácia da decisão judicial, nos moldes
do art. 115, II, do CPC, e jurisprudência. Veja:
Logo, por não ter alternativa correta, a questão deve ser anulada.
72. O atual Código de Processo Civil disciplina a formação do processo e sua extinção,
bem como aspectos específicos sobre a concessão da tutela antecipada.
Considerando as normas legais em vigor, é correto afirmar que:
a. ao prever a reunião para julgamento conjunto de processos que possam gerar risco
de decisões conflitantes, o CPC autoriza o órgão julgador, em juízo de conveniência
e para evitar demora de processamento da segunda demanda, a receber aditamento
de pedido e de causa de pedir até o saneamento do processo;
b. concedida a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, cuja petição inicial
limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de tutela final, deverá o autor
promover o aditamento com a complementação de sua argumentação, bem como
providenciar a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela
final, em quinze dias, caso não haja prazo maior fixado;
c. no que se refere ao procedimento de tutela antecipada requerida em caráter ante-
cedente, cuja petição inicial limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de
tutela final, não há previsão legal para se admitir a emenda da petição inicial, caso o
órgão jurisdicional entenda que não há elementos para a concessão do pedido;
d. a desistência da ação, independentemente de oferecida a contestação, a desistên-
cia do recurso, ainda que já apresentadas as contrarrazões, e a renúncia ao direito
de recorrer constituem negócios jurídicos unilaterais não receptivos e, portanto, não
dependentes de aceitação da parte contrária;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
a. Errada. Admite-se a reunião de ações, ainda que entre elas não exista conexão.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo
ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos sepa-
radamente, mesmo sem conexão entre eles. (Grifos nossos.)
O aditamento será feito por autorização legal, não por conveniência, até o saneamento,
e se a outra parte já tiver sido citada, isso será feito com o seu consentimento (art. 329,
II, do CPC).
b. Certa. Conforme art. 303, § 1º, I, do CPC.
c. Errada. Conforme art. 303, § 6º, do CPC, há previsão para emenda em 5 dias.
d. Errada. O erro está em relação à desistência da ação, pois, no caso de já ter sido apre-
sentada contestação, dependerá de consentimento da outra parte, conforme art. 485, §
4º, do CPC.
e. Errada. Segundo o art. 485, § 1º, do CPC, a parte autora que abandonar a causa será
intimada pessoalmente. Veja:
Art. 485, § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III [abandono], a parte será intima-
da pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
73. Na Vara do Trabalho em que se processa a ação de execução fiscal de dívida ativa ins-
crita, no valor de vinte milhões de reais, a empresa XYZ Ltda. ajuíza ação judicial que
denomina “ação declaratória de anulação de auto de infração”, em face da União, em
que pretende o reconhecimento de nulidade do auto de infração lavrado pela Gerência
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
A natureza é constitutiva (negativa), pois busca-se a anulação (extinção) de auto de infra-
ção ou mesmo modificação da multa. Há ordem entre os pedidos. Logo, trata-se de pedido
subsidiário (art. 326, CPC).
74. Sobre os precedentes judiciais, é correto afirmar que, como técnica de julgamento:
a. o overruling visa demonstrar argumentativamente, por juiz ou por tribunal, como
órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada razão de decidir, no
que tange a sua congruência social e sua integridade sistêmica;
b. o distinguishing visa demonstrar de forma argumentativa, unicamente por uma Corte
de precedentes, a ausência de identidade fática e jurídica entre os elementos essen-
ciais e relevantes do precedente e do caso em análise;
c. para identificar o que é um obiter dictum, deve-se verificar se a decisão permanecerá
íntegra e coerente em sua motivação essencial ao se retirar determinado dado argu-
mentativo para a solução do problema jurídico posto;
d. na decisão plural, a ratio decidendi a ser adotada como precedente conterá necessa-
riamente todas as rationes decidendi que levem a idêntico resultado na parte disposi-
tiva do julgamento;
e. a ratio decidendi de um precedente deverá ser identificada nos enunciados de emen-
tas dos acórdãos da Corte de precedentes, e a ausência de demonstração da distin-
ção para a não adoção das razões de decidir do caso piloto importará no reconheci-
mento da decisão como não fundamentada.
Letra c.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
A definição de overruling nas palavras de Marinoni, Arenhart e Mitidiero é:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Ademais, sobre decisões plurais (letra “d”), cabe dizer que Marinoni conceitua como deci-
são plural aquela que é:
Majoritária quanto ao resultado, mas incapaz de gerar ratio decidendi, na medida em que
nenhum dos fundamentos que nela estão contidos são sustentados pela maioria.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A banca considerou a alternativa “c” como correta, mas a alternativa
“a” está de acordo com a melhor doutrina.
A banca indicou na alternativa “a” que o overruling visa demonstrar argumentativamente,
por juiz ou tribunal, como órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada
razão de decidir, no que tange à sua congruência social e sua integridade sistêmica.
No âmbito doutrinário, não há divergência sobre o entendimento de que a superação deve
ocorrer em virtude da incongruência social e inconsistência sistêmica do precedente, com
remissão às causas determinantes propostas por Melvin Aron Einsenberg (EINSENBERG,
Melvin Aron. The nature of the common law. London: Harvard University Press, 1988.
p. 104-105).
Destarte:
(ZANETI JR., Hermes. O valor vinculante dos precedentes: teoria dos precedentes normativos formal-
mente vinculantes. 4. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2019, p. 319).
Daniel Mitidiero diz que a superação total de um precedente (overruling) constitui a respos-
ta judicial ao desgaste da sua dupla coerência (congruência social e consistência sistêmi-
ca) ou a um evidente equívoco na sua solução (MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e
cortes supremas: do controle à interpretação, da jurisprudência ao precedente. São Paulo:
RT, 2013 p. 122-123.).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Acredita-se que o examinador tenha concebido por incorreta a primeira parte: “visa de-
monstrar argumentativamente, por juiz ou tribunal, como órgãos julgadores, o desgaste
ou a superação[...]”. Diga-se que a expressão entre vírgulas “como órgãos julgadores” foi
considerada aposto, ou seja, termo usado para explicar, resumir ou comentar um termo an-
terior. Logo, quanto à possibilidade de juiz ou Tribunal realizar superação de entendimento,
não se pode deixar de lado as duas.
Contudo, nesse especial há grande divergência na doutrina sobre o tema!
Ensina Scarpinella Bueno que:
O § 1º do art. 489 indica as hipóteses em que a decisão – qualquer decisão, como ele
próprio faz questão de evidenciar – não é considerada fundamentada, exigindo do jul-
gador que peculiarize o caso julgado e a respectiva fundamentação diante das especi-
ficidades que lhe são apresentadas. Fundamentações padronizadas e sem que sejam
enfrentados os argumentos e as teses trazidas pelas partes não serão mais aceitas.(...)
De acordo com o § 1º do art. 927, que deriva, com redação alterada, do §1º do art. 521
do Projeto da Câmara, cabe aos juízes e aos tribunais observar o disposto no art. 10 e
no § 1º do art. 489 “quando decidirem com fundamento neste artigo”. A regra deve ser
entendida, em primeiro lugar, no sentido de ser viabilizada oportunidade prévia para
manifestação das partes (e de eventuais terceiros) acerca da aplicação (ou não) do pre-
cedente no caso concreto. Trata-se de mais uma, dentre tantas, aplicações expressas
do princípio da cooperação que o CPC de 2015 traz genericamente em seu precitado
art. 10. Mas não só. A aplicação (ou não) do precedente exige do magistrado adequada
e completa fundamentação apta a justificar a incidência (ou não) do anterior julgado (o
precedente) ao caso presente.
A importância da fundamentação é tanto mais importante na medida em que o ônus ar-
gumentativo da pertinência (ou não) do precedente é também do magistrado, máxime
porque deve ser oportunizado às partes que se manifestem, previamente, acerca do
assunto. E não basta, como é frequentíssimo nos dias de hoje, que seja mencionado
o precedente ou a Súmula, quando muito parafraseando-a, ou, mais precisamente, pa-
rafraseando o texto de seu enunciado, sem fazer qualquer alusão ao que, de concreto,
está sendo julgado na espécie. Esta exigência é expressamente assegurada pelo § 1º
do art. 927.
Os incisos V e VI do § 1º do art. 489, não por acaso, são expressos ao rotularem de
carente de fundamentação a decisão que “se limitar a invocar precedente ou enunciado
de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos” e a que “deixar de seguir enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento”. Destarte, embora
não haja, no CPC de 2015, previsão expressa como a que havia no § 5º do art. 521 do
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Projeto da Câmara, que não foi mantida pelo Senado na última etapa do processo legis-
lativo, é inegável que a observância dos precedentes referidos nos incisos do art. 927
(ainda que não se queira dar a eles caráter vinculante) pressupõe a similaridade do caso
(na perspectiva fática e jurídica) e a correlata demonstração desta similaridade. É este o
alcance da fundamentação exigida para a espécie, nos termos dos incisos V e VI do § 1º
do art. 489, aplicáveis à espécie por força do § 1º do art. 927.
(SCARPINELLA BUENO, Cassio. Novo Código de Processo Civil Anotado. 2. ed. revista, atualizada e
ampliada, São Paulo: Editora Saraiva, 2016, p. 399 e 738-739).
Logo, o tema possui entendimentos doutrinários divergentes, e portanto abre debate para
a questão. Parcela da doutrina entende que somente a corte competente para fixar o en-
tendimento ou a corte a ela superior (ao menos em termos de matéria) poderá alterá-lo;
e outra grande parcela defende que o art. 489, §1º, VI, autorizaria também os juízes hie-
rarquicamente inferiores a não aplicar os precedentes mediante a fundamentação de que
devem ser superados (PEIXOTO, Ravi. A superação de precedentes (overruling) no Có-
digo de Processo Civil de 2015. Revista de Processo Comparado, 2016. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bi-
bli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RProComp_n.3.07.PDF) .
Nessa linha, por possuir duas alternativas corretas, ou ao menos por não ter posiciona-
mento pacificado sobre o tema e dispositivo legal do CPC que indica a possibilidade de
juízes decidirem pela superação, deve ser anulada a questão.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
e. será competente órgão de primeiro grau de jurisdição para processar e julgar ação
de embargos de terceiro, mesmo quando a constrição for determinada em grau de
recurso ou for oriunda de ação de competência originária de tribunal.
Letra d.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer os arts. 109 e 674 do CPC, assim
como a jurisprudência do STJ. Veja:
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular,
não altera a legitimidade das partes.
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alie-
nante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litis-
consorcial do alienante ou cedente.
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adqui-
rente ou cessionário. (Grifos nossos.)
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de cons-
trição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua me-
ação, ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da
alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da perso-
nalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropria-
tórios respectivos.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
no AREsp 1.293.353/DF, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, jul-
gado em 03/12/2018, DJe 06/12/2018). 3. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp
n. 1.798.583/GO, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
14/3/2022, DJe de 18/3/2022.)
Letra c.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer o art. 932, IV e V, do CPC:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. A sociedade em comum é uma espécie de sociedade despersonificada (não
possui personalidade jurídica), constituindo sociedade de fato ou irregular. Diante da au-
sência de personalidade jurídica própria, os bens e as dívidas da sociedade em comum
constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum (arts. 988 e
989 do CC).
b. Certa. Conforme art. 790, II, do CPC, e jurisprudência do STJ.
c. Errada. Já estaria preclusa a matéria.
d. Errada. Quando requerido na inicial, a desconsideração não abrirá incidente (art. 134, §
2º, do CPC).
e. Errada. Retificação de erro de cálculo não se sujeita à preclusão.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “b” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão versa sobre o incidente de desconsideração de personali-
dade jurídica e pede que seja assinalada a alternativa correta.
A banca assinalou a alternativa “c” como correta, ao fundamento de que ainda que na
fase de conhecimento o incidente de desconsideração tenha sido improcedente, em fase
de execução, por outro fundamento, novamente se poderia intentar a desconsideração.
Ocorre que existem entendimentos jurisprudenciais que compreenderiam por preclusa a
matéria, como o próprio entendimento disponibilizado pela ANAMATRA:
Destarte, a questão estava no ponto de processo civil, o que atrai os pontos de preclusão e
coisa julgada! Nessa linha, trazendo a baila entendimento do STJ, a Quarta Turma do Su-
perior Tribunal de Justiça (STJ) afastou a aplicação da teoria da desconsideração da per-
sonalidade jurídica em ação de execução originada de sentença que, de forma expressa,
havia excluído os sócios de uma empresa do processo de indenização (REsp 1473782).
Entretanto, nesse mesmo julgamento, houve um voto (Min. Maria Isabel Gallotti) que ,ainda
que tenha acompanhado o relator na decisão, ao final pontuou:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
78. Por petição dirigida ao juízo que proferiu a sentença, Caio pretende a declaração de
nulidade da intimação da decisão, afirmando que, surpreendentemente, o ato foi diri-
gido a advogado que não mais o representava, indicando, inclusive, as folhas dos autos
em que se encontrava oportunamente juntado o substabelecimento sem reserva de
poderes e outras intimações em nome dos atuais patronos. Diante do ocorrido, reque-
reu que fosse realizada nova intimação, desta feita em nome de seu regular patrono, a
fim de que novo prazo lhe fosse concedido para interposição do recurso cabível.
Considerando corretas as informações de Caio, deverá o juízo:
a. indeferir o requerimento e, se for o caso, certificar o trânsito em julgado;
b. obrigatoriamente dar vista à parte contrária antes de decidir sobre o requerimento;
c. anular o ato, publicando novamente a sentença;
d. proceder à nova e, desta feita, correta intimação da sentença;
e. chamar o feito à ordem e reabrir o prazo para a interposição de eventual recurso.
Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “a”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Conforme o CPC:
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.
Ademais:
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. (Grifos nossos.)
Ainda, a jurisprudência do TST (Súmula 427) é no sentido de que, existindo pedido ex-
presso para que as intimações sejam realizadas em nome de determinado advogado, a
comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula. Nesse caso,
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
houve substabelecimento sem reservas, portanto o ato deveria ter ocorrido na pessoa do
advogado substabelecido.
Deve-se proceder em nova intimação da sentença.
Precedente: RR-1393-68.2012.5.04.0303
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: A questão indica que houve substabelecimento sem reservas de po-
deres nos autos e a intimação da sentença foi feita em nome de advogado que não mais
representava a parte. Após o substabelecimento, todas as intimações foram realizadas
em nome dos patronos atuais, logo se requereu a nulidade e reabertura de prazo. A banca
buscou que fosse indicada a alternativa cabível, indicando a veracidade das informações
prestadas. A alternativa “a”, indicada como correta, considerou que no caso o pedido deve-
ria ser indeferido e, sendo o caso, certificado o trânsito em julgado.
Tal entendimento diverge da melhor doutrina e jurisprudência.Veja-se:
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações
pela publicação dos atos no órgão oficial.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das
partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advo-
gados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Ressalta-se que a súmula fala em pluralidade de advogados, que no caso sequer seria
concebida, porque o substabelecimento sem reservas constitui renúncia do advogado aos
poderes da procuração, sendo inexistente qualquer ato que porventura venha futuramente
a praticar no feito! Só é admitida a intimação em nome de advogado substabelecente se
existe reservas de poderes. Nesse sentido, STJ:
Sendo assim, busca-se a alteração do gabarito para que conste a alternativa “d” como correta.
Letra d.
Para resolver esta questão, é necessário conhecer a lei seca.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
CDC, Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento
de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem con-
denação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados,
custas e despesas processuais. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidaria-
mente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo
da responsabilidade por perdas e danos.
Lei n. 7.347/1985, Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condena-
ção da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas
e despesas processuais. (Redação dada pela Lei n. 8.078, de 1990)
Letra c.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer os arts. 895 e 903 do CPC.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. Não há mais exceção de incompetência, visto que o CPC/2015 trata da matéria
como preliminar de contestação (art. 337, II, do CPC).
b. Errada. O pedido de tutela é requerido no mesmo processo em que o pedido principal.
Não haverá nova distribuição, uma vez que a tutela já é analisada pelo juiz competente
para a causa (art. 299, CPC).
c. Certa. Veja:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
d. Errada.
Art. 65, Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Pú-
blico nas causas em que atuar. O ministério atua como parte ou como fiscal da ordem
jurídica. Nos casos de arguição como fiscal, por exemplo, deve demonstrar que existe
prejuízo para o incapaz, mas é possível a arguição se assim for feito. (Grifos nossos.)
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
e. Errada. Veja:
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo
se um deles já houver sido sentenciado. (Grifos nossos.)
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A banca considerou correta a alternativa “e”, a qual indica que “a
exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual próprio para
sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por conexão ou
continência poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido julgada e esteja em
executação [...]”
Destaca-se dois erros na alternativa:
1. Não existe mais exceção de incompetência, conforme CPC/2015. Atualmente a matéria
é suscitada em preliminar de contestação (arts. 64 e 337, II, do CPC);
2. Não é possível um debate sobre conexão ou continência se uma das ações já foi julgada.
Veja-se:
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
Não se pode esquecer que, ainda que seja um concurso para magistratura do trabalho, as
questões estavam na disciplina de Direito Processual Civil, devendo seguir o entendimento
da matéria!
Diga-se que todas as demais alternativas possuem erros, razão pela qual postula-se a
anulação da questão.
Nota final sobre a alternativa “c” [extra]: quanto à alternativa “c” indicada no nosso gabarito
extraoficial, ainda que possua precedente que indique o comportamento da parte, que fe-
riria o princípio do non venire contra factum proprium, ela se encontra amparada em com-
petência territorial que excepcionalmente é concebida como competência absoluta (art. 47,
§2º, do CPC).
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
82. O atual Código de Processo Civil dedica alguns artigos ao que denominou Normas Fun-
damentais do Processo, demonstrando, inclusive, o fenômeno da constitucionalização
do direito processual.
Nesse cenário, é correto afirmar que:
a. o processo civil rege-se pelo princípio dispositivo e o processo começa e se desen-
volve apenas por iniciativa da parte;
b. sob pena de malferir o princípio da imparcialidade, o juiz não deve apontar às partes
eventuais deficiências formais do processo para permitir as devidas correções;
c. embora as partes tenham o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do processo (CPC, Art. 4º), nosso direito processual civil não admite o contraditó-
rio diferido;
d. a proibição de decisão surpresa, conforme previsto no Art. 10 do Código de Processo
Civil, não se aplica quando a matéria sobre a qual o juiz deva decidir seja de ordem
pública ou possa ser conhecida de ofício;
e. ao alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu, em sintonia com os princípios da prima-
zia da decisão de mérito, da cooperação e da boa-fé processual, indicar, sempre que
tiver conhecimento, o sujeito passivo da relação jurídica discutida
Letra e.
a. Errada. Princípio dispositivo possui exceções em lei (art. 2º, CPC).
b. Errada. Conforme art. 6º do CPC, o juiz colabora para com as partes e há primazia na
decisão de mérito (arts. 4º c/c 317, CPC).
c. Errada. Conforme art. 9º, parágrafo único, do CPC, há indicação de contraditório diferido/
postergado/postecipado. Casos:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Alice Rocha
Letra b.
a. Errada. Nem todo tratado materialmente constitucional será formalmente constitucional,
sendo necessária a sua aprovação, conforme art. 5º, § 3º, da CF/1988.
b. Certa. Efetivamente a produção legislativa nacional deve efetuar o duplo controle: de
convencionalidade e de constitucionalidade.
c. Errada. O controle concentrado só seria efetuado em relação aos tratados equivalentes
às emendas constitucionais.
d. Errada. O controle difuso dos tratados deve ser efetuado em relação a todos e não ape-
nas aos equivalentes à emenda constitucional.
e. Errada. O princípio pro homine deve ser observado tanto no âmbito interno quanto no
âmbito internacional, sendo diretamente ligado ao princípio da dignidade humana, por prio-
rizar a norma mais benéfica para o alcance desta dignidade.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
a. Errada. As Convenções da OIT possuem a particularidade de poderem ser aprovadas
por representantes do modelo tripartite defendido pela Organização.
b. Errada. A palavra “apenas” torna a alternativa incorreta, tendo em vista que tais Convenções
têm uma pretensão muito mais ampla do que a discussão de particularidades entre as partes.
c. Certa. Efetivamente, as Convenções da OIT buscam expandir a implementação dessas
normas de proteção ao trabalho ao estabelecer inclusive padrões mínimos para os Estados
e demais envolvidos.
d. Errada. A qualquer momento as partes podem aderir às Convenções da OIT.
e. Errada. O descumprimento por uma das partes não retira a responsabilidade das demais
em dar prosseguimento ao cumprimento do tratado.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra a.
a. Certa. O examinador congregou todos os pontos do art. 1º da Convenção 189. Veja:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
a. Errada. Sendo membro da OEA e parte da Convenção Americana, o Brasil admite o tra-
balho de monitoramento e controle da Comissão e da Corte Interamericanas.
b. Errada. Funcionários de Organizações Internacionais devem ter suas causas trabalhis-
tas regidas pelos órgãos da própria organização por força da imunidade de jurisdição esta-
belecida em acordos específicos com o Brasil.
c. Errada. Reclamações trabalhistas contra Embaixadas e Consulados não gozam de imu-
nidade absoluta de jurisdição brasileira.
d. Errada. A Lei n. 13.445/2017 admite a autorização de residência a pessoa que tenha
sido vítima de tráfico de pessoas, trabalho escravo ou violação de direito agravada por sua
condição migratória (art. 30, II, g).
e. Certa. Efetivamente, estes são os objetivos estratégicos da Agenda de Trabalho Decente
da OIT, sendo retomados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) defini-
dos pelas Nações Unidos, sobretudo o ODS 8.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letras b, c, e.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso, sendo
passível a sua anulação (veja a fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. A Convenção sobre Trabalho Forçado ou Obrigatório (n. 29) foi adotada pela OIT
em 1930 e ratificada pelo Brasil em 25/04/1957.
b. Certa. A Declaração Universal não possui força de tratado e, portanto, não pode estar
“em vigor” no Brasil.
c. Certa. Existe um erro material nesta alternativa visto que a Convenção sobre a Abolição
do Trabalho Forçado não é a de n. 130 e sim a de n. 105. Isto torna a alternativa possível
de marcação pelo fato de o enunciado solicitar o item incorreto.
d. Errada. A Convenção sobre Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil (n. 182) foi
adotada pela OIT em 1999 e ratificada pelo Brasil em 02/02/2000.
e. Certa. Efetivamente, o Brasil não ratificou o Protocolo de 2014 relativo à Convenção so-
bre o Trabalho Forçado de 1930.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Esta questão admite recurso por apresentar mais de uma alternativa
válida. O enunciado da questão questiona qual o tratado internacional que guarda rela-
ção com a eliminação do trabalho forçado ou em condição análoga à escravidão que não
estaria em vigor no Brasil. Sendo assim, efetivamente a letra “e” apresenta um Protocolo
que não foi ratificado pelo Brasil e, portanto, não está em vigor para este Estado. Toda-
via, a letra “b” apresenta a Declaração Universal de Direitos Humanos, que não pode ser
considerada um tratado em vigor por não ter natureza de tratado, mas, sim, de Resolução
aprovada perante a Assembleia Geral da ONU em 1948. Para corroborar a necessidade
de anulação da questão, a letra “c” apresenta um erro material ao numerar a Convenção
sobre a Abolição do Trabalho Forçado como de n. 130, quando na realidade trata-se da
Convenção de n. 105.
No mesmo ano em que o Brasil foi tricampeão mundial no futebol (1970), foi também
campeão mundial no número de acidentes de trabalho.
O número de acidentes de trabalho e de óbitos deles decorrentes ainda é alto no Bra-
sil, e especialistas afirmam que o índice de subnotificação esconde um volume ainda
maior. A segurança e a medicina no trabalho são, portanto, essenciais para garantir a
vida saudável e produtiva de quem trabalha.
Sobre a proteção internacional quanto à saúde e medicina do trabalho, é correto
afirmar que:
a. o Brasil ratificou tanto a Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores (n.
155) quanto a Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocu-
pacional (n. 187);
b. embora o assunto saúde e medicina seja relevante, ele ainda não é considerado um
direito fundamental pela OIT;
c. o princípio de um ambiente de trabalho seguro e saudável recentemente passou a
ser considerado uma das cinco categorias de Princípios e Direitos Fundamentais no
Trabalho pela OIT;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
d. como a Convenção n. 155 não foi ratificada pelo Brasil, o Estado brasileiro não está
comprometido a respeitá-la nem a promovê-la;
e. a Convenção n. 187 foi ratificada pelo Brasil, mas o Estado brasileiro não a vem
respeitando.
Letra c.
a. Errada. O Brasil ratificou a Convenção n. 155 em 18/05/1992, mas não ratificou a Conven-
ção n. 187 (Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocupacional).
b. Errada. A OIT acrescentou Segurança e Saúde aos princípios e direitos fundamentais
pela Convenção n. 155.
c. Certa. A OIT acrescentou Segurança e Saúde aos princípios e direitos fundamentais no
trabalho como quinto Direito de Todos os Trabalhadores pela Convenção n. 155.
d. Errada. A Convenção n. 155 foi ratificada pelo Brasil em 18/05/1992.
e. Errada. A Convenção n. 187 não foi ratificada pelo Brasil.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Fernando Maciel
89. João ajuizou ação trabalhista contra a empresa em que laborava, como vendedor
externo, pleiteando a conversão da justa causa em despedida imotivada e o pagamento
de verbas trabalhistas. Por ocasião da sentença, houve a reversão da justa causa para
despedida imotivada, além da condenação ao pagamento das parcelas salariais e inde-
nizatórias.
Com base no relato acima, considerando a Lei n. 8.212/1991 e a jurisprudência domi-
nante no Superior Tribunal de Justiça, haverá a incidência de contribuição previdenciá-
ria na seguinte parcela recebida pelo trabalhador:
a. aviso prévio indenizado;
b. terço constitucional de férias indenizadas;
c. horas extras;
d. diárias para viagens;
e. vale-transporte, na forma da legislação própria.
Letra c.
De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, materializada no Tema Repetitivo de n. 687:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra b.
Segundo a jurisprudência do STF, ao julgar o RE 437.640, a contribuição previdenciá-
ria do aposentado que retorna à atividade está amparada no princípio da universalidade
do custeio da Previdência Social. Além disso, conforme o Tema de Repercussão Geral
de n. 1.065:
91. A Constituição da República de 1988 prevê que os benefícios previdenciários não terão
valor mensal inferior ao salário mínimo. Entretanto, essa regra comporta algumas ressalvas.
Dentre as hipóteses abaixo indicadas, o benefício que NÃO poderá ser concedido
em montante inferior ao salário mínimo, conforme a legislação vigente sobre a maté-
ria, é o(a):
a. salário-maternidade de empregada doméstica que recebe salário mensal inferior ao
mínimo legal;
b. auxílio-acidente de empregado que sofreu acidente e que retorna ao trabalho, com
redução de sua capacidade laboral;
c. pensão por morte concedida a cônjuge do de cujus, sem outros dependentes legais;
d. cota-parte do auxílio-reclusão concedido aos dependentes do trabalhador recolhido à
prisão em regime fechado;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “a”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
De acordo com o art. 201, § 2º, da CF/1988, nenhum benefício que substitua o salário de
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário
mínimo. O art. 2º, VI, da Lei n. 8.213/1991, positivando os princípios da Previdência Social,
dispõe que o valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição
ou do rendimento do trabalho do segurado não serão inferiores ao do salário mínimo. Des-
sa forma, sendo a pensão por morte um benefício substitutivo da renda dos trabalhadores,
na hipótese de haver apenas um beneficiário, o seu valor não poderá ser inferior ao do
salário mínimo.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Fernando Maciel: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão solicitava a indicação da alternativa que apresentasse
uma hipótese de benefício que não poderia ser concedido no valor abaixo do salário-míni-
mo. Apesar de o gabarito preliminar ter indicado a letra “a”, a alternativa “c” também está
correta ao apontar a pensão por morte concedida a apenas um dependente.
Isso porque, de acordo o art. 201, § 2º, da CF/1988, nenhum benefício que substitua o sa-
lário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo. O art. 2º, VI, da Lei n. 8.213/1991, positivando os princípios da Previdência
Social, dispõe que o valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contri-
buição ou do rendimento do trabalho do segurado não será inferior ao do salário mínimo.
Dessa forma, sendo a pensão por morte um benefício substitutivo da renda dos trabalhado-
res, na hipótese de haver apenas um beneficiário, o seu valor não poderá ser inferior ao sa-
lário mínimo, motivo pelo qual o gabarito oficial merece ser alterado para a letra “c”, ou, en-
tão, a questão merece ser anulada por apresentar duas alternativas consideradas corretas.
92. Após quinze anos de trabalho em UTI hospitalar, Maria foi afastada para gozo de auxílio
por incapacidade temporária em janeiro de 2020, para tratamento da Covid-19 e das
sequelas decorrentes dessa doença. Aposentou-se por incapacidade permanente em
novembro de 2021. Em dezembro de 2022, teve reconhecido na Justiça do Trabalho o
nexo de causalidade da doença com o seu labor.
Com base no relato acima, é correto afirmar, acerca da renda mensal inicial e da com-
petência jurisdicional para discussão sobre essa matéria, que:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra e.
Segundo o enunciado, após a concessão de sua aposentadoria por incapacidade perma-
nente, Maria teve reconhecida a origem ocupacional de sua incapacidade. Isso significa
que, quando da concessão do benefício, a renda mensal inicial da aposentadoria deferida
administrativamente à Maria foi calculada com base no critério geral previsto no caput do
art. 26 da EC n. 103/2019, observando o coeficiente fixo de 60%, mais 2% para cada ano
que for superado o tempo mínimo de contribuição. Porém, com o posterior reconhecimento
da origem ocupacional de sua incapacidade, o correto teria sido a concessão da aposen-
tadoria com renda de 100%, conforme previsto no art. 26, § 3º, II, da EC n. 103/2019, cir-
cunstância que gerou um prejuízo financeiro à Maria, que teve o seu benefício calculado
com base no critério menos favorável.
Considerando se tratar de um benefício acidentário, com fundamento no art. 109, I, da
CF/1988, bem como na jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores (Súmulas 501
do STF e 15 do STJ), a competência jurisdicional para processar e julgar a ação revisional
da renda mensal do benefício de aposentadoria concedido a Maria será da Justiça Estadual.
93. João laborava em uma propriedade rural, onde cultivam uvas, posteriormente revendi-
das para vinícolas da região. Além de alimentar e cuidar dos poucos animais do local,
também auxiliava no plantio e na colheita das uvas, sempre que necessário. João rece-
bia dois salários mínimos por mês. Quando trabalhava nas parreiras, recebia mais
um salário mínimo. Após cinco anos trabalhando na informalidade, quando mandado
embora pelo novo dono da propriedade, ingressou com ação trabalhista, postulando
o reconhecimento da relação de emprego e o adimplemento de verbas trabalhistas do
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Segundo a jurisprudência do STJ, o tempo de serviço como empregado pode ser compro-
vado e deve ser reconhecido independente da demonstração do recolhimento das contri-
buições, por serem estas de responsabilidade do empregador (AREsp n. 2.208.027, Minis-
tro Sérgio Kukina, DJe de 11/05/2023). Reforçando esse entendimento, o STJ decidiu que,
nos casos em que o INSS não trouxer aos autos qualquer prova que infirme as anotações
constantes na CTPS da parte autora, tais períodos devem ser considerados como tempo
de contribuição/serviço, até porque eventual não recolhimento das contribuições previden-
ciárias devidas nesse período não pode ser atribuído ao segurado, nos termos do art. 30,
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Fernando Maciel: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão solicita a indicação da alternativa correta, em conformi-
dade com a jurisprudência do STJ, acerca do reconhecimento do tempo prestado por um
segurado empregado rural para fins de futura aposentadoria por tempo de contribuição.
No enunciado constou que, mediante acordo celebrado perante a Justiça do Trabalho, o
empregador-reclamado reconheceu a prestação de 3 anos de serviços rurais, tanto que
assinou esse período na CTPS do trabalhador-reclamante.
A partir desse contexto fático, a letra “c” também se apresenta como correta pois, segundo
a jurisprudência do STJ, o tempo de serviço como empregado pode ser comprovado e
deve ser reconhecido independente da demonstração do recolhimento das contribuições,
por serem estas de responsabilidade do empregador (AREsp n. 2.208.027, Ministro Sérgio
Kukina, DJe de 11/05/2023). Reforçando esse entendimento, o STJ decidiu que nos casos
em que o INSS não trouxer aos autos qualquer prova que infirme as anotações constantes
na CTPS da parte autora, tais períodos devem ser considerados como tempo de contri-
buição/serviço, até porque eventual não recolhimento das contribuições previdenciárias
devidas nesse período não pode ser atribuído ao segurado, nos termos do art. 30, inciso I,
da Lei n. 8.212/1991 (AREsp n. 2.226.368, Ministro Humberto Martins, DJe de 06/03/2023).
Dessa forma, o gabarito da questão merece ser alterado para letra “c”, ou, então, a questão
merece ser anulada por apresentar duas alternativas consideradas como corretas.
DIREITO EMPRESARIAL
Tácio Muzzi
94. A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como maior
canal de publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na inter-
net. A sociedade YYY, sua concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço
de publicidade paga de um dos provedores de busca mais utilizados pelos usuários da
internet. Com base no uso de certas palavras-chave, dentre elas, a marca registrada da
sociedade XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo
pretendido por ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados.
Sobre o caso, é correto afirmar que:
a. a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em
links patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX;
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
b. a sociedade YYY, devido ao uso indevido de sua marca registrada pela sociedade
XXX, faz jus a indenização por danos morais, sendo necessária a prova do abalo
reputacional sofrido;
c. a sociedade YYY não comete ato ilícito, na medida em que o consumidor é capaz
de reconhecer que o serviço por ela oferecido não se confunde com aquele prestado
pelo seu concorrente, sociedade XXX;
d. a sociedade YYY não comete ato ilícito, pois a contratação de links patrocinados com
o provedor de buscas é lícita, respaldada pelas normas de direito contratual, sendo,
portanto, válida;
e. o uso da expressão “XXX” quando atrelada à expressão “curso de inglês” pela socie-
dade YYY não configura uso indevido da marca e prática de concorrência desleal, na
medida em que não é possível reconhecer o desvio de clientela.
Letra a.
Em decisão recente, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu:
[...] 7. Todavia, infringe a legislação de propriedade industrial aquele que ele como pala-
vra-chave, em links patrocinados, marcas registradas por um concorrente, configurando-
-se o desvio de clientela, que caracteriza ato de concorrência desleal, reprimida pelo art.
195, III e V, da Lei da Propriedade Industrial e pelo art. 10 bis, da Convenção da União
de Paris para Proteção da Propriedade Industrial.
8. Utilizar a marca de um concorrente como palavra-chave para direcionar o consumidor
do produto ou serviço para o link do concorrente usurpador é capaz de causar confusão
quanto aos produtos oferecidos ou a atividade exercida pelos concorrentes. Ainda, a
prática desleal conduz a processo de diluição da marca no mercado e prejuízo à função
publicitária, pela redução da visibilidade. [...] (STJ, Rel. MINISTRO LUIS FELIPE SALO-
MÃO, u., julgado em 23.08.2022).
Ressalto que se trata de decisão inédita, proferida por uma única turma do STJ, não se
tratando, ainda, de jurisprudência de tal corte.
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
e. o credor prejudicado terá até noventa dias para requerer judicialmente a anulação da
incorporação, a contar da publicação dos atos relativos à incorporação.
Letra d.
No caso de companhia aberta, o direito de recesso é um pouco mais restrito por conta do
disposto no art. 137 da Lei n. 6.404/1976 (LSA):
Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao
acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor
das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas:
II – nos casos dos incisos IV e V do art. 136, não terá direito de retirada o titular de ação
de espécie ou classe que tenha liquidez e dispersão no mercado, considerando-se haver:
a. liquidez, quando a espécie ou classe de ação, ou certificado que a represente, integre
índice geral representativo de carteira de valores mobiliários admitido à negociação no
mercado de valores mobiliários, no Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Va-
lores Mobiliários; e
b. dispersão, quando o acionista controlador, a sociedade controladora ou outras socie-
dades sob seu controle detiverem menos da metade da espécie ou classe de ação;
Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absor-
vidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (Grifos nossos.)
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de publicados os atos relativos à incorpo-
ração ou à fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a
anulação da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver exercido.
(Grifos nossos.)
96. João contrata com a sociedade Z o arrendamento mercantil de um carro. Pelo acor-
dado expressamente no contrato, João, arrendatário, em caso de inadimplemento a ele
imputado, ficaria obrigado ao pagamento integral do valor contratado, reconhecendo-se
o vencimento antecipado da dívida.
Sobre o acordado contratualmente, é correto afirmar que:
a. somente pode ser reconhecido o vencimento antecipado da dívida nas hipóteses pre-
vistas no Art. 333 do Código Civil, dentre as quais se destaca o concurso de credores;
b. a sociedade Z tem direito não só ao pagamento integral do valor contratado, como
também o de reaver o bem arrendado por meio de ação judicial de busca e apreensão;
c. a cláusula que reconhece o vencimento antecipado da dívida decorrente do inadim-
plemento do arrendatário é válida, sendo facultado à sociedade Z a cobrança integral
do valor antes do termo avençado;
d. João pode exigir a restituição integral dos valores pagos, pois tal cláusula contratual
deve ser reconhecida como excessivamente onerosa, gerando o enriquecimento ilí-
cito da sociedade Z, o que permite a sua revisão;
e. sendo o contrato de arrendamento mercantil classificado como de fornecimento de
produto regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a cláusula que prevê o
vencimento antecipado é abusiva, com base no Art. 51 do CDC.
Letra c.
Em decisão proferida pela 4ª Turma do STJ em 25/10/2022, exposto no Informativo 755,
entendeu-se que não é abusiva cláusula no contrato de arrendamento mercantil que pre-
veja vencimento antecipado no caso de inadimplemento.
Contudo, decidiu-se não ser possível concomitantemente reintegrar-se na posse do bem
arrendado antes do prazo estabelecido em contrato, sob pena de configurar-se enriqueci-
mento ilícito:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
[...] Todavia, o mandamento que sujeita o credor à quitação das prestações não pode-
ria significar a possibilidade de o arrendador reintegrar-se na posse do bem arrendado
antes do prazo estabelecido no contrato, sob pena, aí, sim, de configurar-se verdadeiro
enriquecimento ilícito.
Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A recuperação judicial, em que há a supervisão judicial, encerra após o decurso do prazo
de dois anos. Após tal período, não há necessidade de nova decisão judicial. Confira o art.
61 c/c art. 63 da Lei n. 11.101/2005 (LF):
www.grancursosonline.com.br 194
CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta
Lei, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará:
a. Errada. Extrai-se do art. 61 c/c art. 62 da LF que podem ser previstas obrigações no pla-
no de recuperação judicial que excedam o prazo de dois anos:
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano
para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de aci-
dentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial.
§ 1º O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamen-
to, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação
judicial. (Redação dada pela Lei n. 14.112, de 2020)
d. Errada. Ressalto que, após o decurso do prazo de 2 (dois) anos, caso haja inadimple-
mento, eventual pedido de falência é feito com base no art. 94 da LF, não se tratando da
convolação da recuperação judicial em falência prevista no § 1º do art. 61. Confira o dis-
posto no art. 61 c/c art. 62 da LF:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
§ 2º Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas
condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e res-
salvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial.
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento
de qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor
poderá requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.
(Grifos nossos.)
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Tácio Muzzi: Letra “c”
FUNDAMENTAÇÃO: A respeito da recuperação judicial da sociedade empresária, é cor-
reto afirmar que:
Entende-se que, em tese, a banca utilizou como referência a decisão proferida pela 3ª Tur-
ma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no REsp 1707468 – RS (Rel. Ministro Marco Auré-
lio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe 8/11/2022), que
constou no Informativo 762 do STJ, de 7 de fevereiro de 2023, com o seguinte destaque:
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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada
Antes de mais nada, deve-se registrar que tal decisão não pode ser considerada “jurispru-
dência” do STJ, pois foi proferida por uma turma do STJ e de maneira isolada. Frise-se,
conforme extraído do acórdão, a excepcionalidade do caso, uma vez que a recuperação
foi concedida em 12.01.2010 e até 17.11.2016 (data em que o juízo de 1º grau convolou
a recuperação judicial em falência) ainda não tinha sido proferida decisão encerrando a
recuperação judicial. Ou seja, o prazo bienal previsto no art. 61 da Lei n. 11.101/2005
(LF) para o encerramento da supervisão judicial havia sido ultrapassado absurdamente
(em mais de 4 anos!), o que fez com que o próprio juiz de primeiro grau consignasse em
sua decisão que “uma vez que relativizado o prazo bienal do precitado dispositivo para os
bônus, imperiosa sua relativização para os ônus, devendo ser convolada a recuperação
em falência”. Curiosamente, essa decisão foi revista no REsp em exame. Ou seja, se trata
de uma decisão episódica.
Contudo, é necessário ir além e analisar efetivamente o acórdão utilizado como funda-
mento (e não somente o “destaque” constante em Informativo do STJ), extraindo-se que
o verdadeiro ponto paradigma da decisão, constante no item 2 da ementa, é o seguinte:
Pois bem.
Adotando como base o ponto paradigma do acórdão (taxatividade das hipóteses do art. 73
da LF), cabe transcrever o art. 73, IV, da LF:
Transcrevo agora o art. 61, § 1º, mencionado expressamente no inciso IV do citado art. 73:
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
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Prova comentada
Ora, o art. 61, § 1º, da LF – referido expressamente no art. 73, IV, da LF – é taxativo em
dizer que somente o descumprimento de obrigação “durante o período estabelecido no
caput deste artigo”, a saber, “no máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recupe-
ração judicial” tem o condão de acarretar “a convolação da recuperação em falência, nos
termos do art. 73 desta Lei”.
Ou seja, a própria fundamentação do acórdão é contraditória, uma vez que determina ex-
pressamente que seja conferida “interpretação restritiva” ao art. 73 da LF (item 3 da emen-
ta e repetidamente citado no corpo do acórdão).
Nesse sentido, a questão considerada correta colide não só com o principal ponto do acór-
dão (taxatividade e interpretação restritiva das hipóteses do art. 73 da LF), como também
com a doutrina consolidada sobre a duração limitada da recuperação judicial (2 anos), por
força do disposto no art. 61 da LF.
Confira as lições de Fábio Ulhoa Coelho, ao comentar o art. 62 da LF, sustentando ser ca-
bível o pedido de falência previsto no art. 94 – e não a convolação da recuperação judicial
em falência – na hipótese de o período bienal previsto no art. 61 ser ultrapassado:
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.
No entanto, isso não significa que o devedor permanecerá “em recuperação judicial” por
todo esse tempo: a lei estabelece que o juiz fixará um período de fiscalização do cumpri-
mento do plano pelo devedor, de no máximo 2 (dois) anos, mas depois desse período o
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processo é encerrado, mesmo que o plano tenha obrigações a serem cumpridas. (Manu-
al de Direito Empresarial. 13. ed. São Paulo: Editora jusPodivm, 2023, p. 1024).
Milena Vieira
Letra b.
a. Errada. Em caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil,
o prenome escolhido deve ser utilizado para os atos que ensejaram a emissão de docu-
mentos externos, acompanhado do prenome constante do registro civil, devendo haver a
inscrição “registrado(a) civilmente como”, para identificar a relação entre prenome escolhi-
do e prenome civil.
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Prova comentada
b. Certa. O magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou à testemunha,
tendo em vista que o nome social é aquele adotado pela pessoa, por meio do qual se iden-
tifica e é reconhecida na sociedade, e por ela declarada, respeitando e compreendendo
então a diversidade na sociedade, conforme Resolução n. 270/2018 do CNJ.
c. Errada. O magistrado deverá utilizar o nome social da parte ou da testemunha, pois não
é uma faculdade.
d. Errada. O magistrado deverá utilizar o nome social da parte ou da testemunha, pois não
é uma faculdade.
e. Errada. Os sistemas de processos eletrônicos deverão conter campo especificamente
destinado ao registro do nome social desde o cadastramento inicial ou a qualquer tempo,
quando requerido (art. 2º da Resolução n. 270 de 11/12/2018). A insistência do advogado
na audiência no uso do nome social da parte ou da testemunha não pode ser motivo de
advertência, isso porque é um direito da parte/testemunha utilizar o nome social.
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Prova comentada
Letra e.
a. Errada. O correto seria julgar o pedido procedente. O direito subjetivo é justamente a
prerrogativa da empregada em invocar a lei na defesa de seu interesse.
b. Errada. O poder judiciário pode interferir no âmbito do poder diretivo do empregador.
c. Errada. Em relação às pessoas com deficiência são necessárias medidas apropriadas
para assegurar apoio e não permitir que haja qualquer discriminação.
d. Errada. O correto seria julgar o pedido procedente. De forma alguma consistiria conduta
discriminatória em relação aos demais colegas ou outras pessoas com deficiência.
e. Certa. A transferência da empregada, sem indício de necessidade de serviço, viola o
direito assegurado no art. 34, § 1º, da Lei n. 13.146/2015, que garante um ambiente de tra-
balho acessível e inclusivo ao deficiente, bem como afigura-se atentatória aos princípios da
inalterabilidade contratual lesiva (art. 468, CLT), da boa-fé objetiva (art. 3º, I, CF/1988; arts.
113 e 422, CC) e da própria proteção da confiança legítima, corolário da segurança jurídica
(art. 5º, XXXVI, CF/1988), sendo abusiva e irregular. Além do mais, a transferência da em-
pregada perto da sua residência não gera qualquer prejuízo para o banco (empregador).
100. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Con-
tínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo
trimestre de 2022, enquanto os homens não negros (= brancos + amarelos + indíge-
nas) receberam a remuneração mensal média de R$ 3.708,00, as mulheres não negras
(= brancas + amarelas + indígenas) receberam R$ 2.774,00, os homens negros (=
negros + pardos) receberam R$ 2.142,00 e as mulheres negras (= negras + pardas),
R$ 1.715,00.
Com base nesses dados, é correto afirmar que:
a. a igualdade salarial entre homens e mulheres não é objeto de convenções internacio-
nais de direitos humanos;
b. as diferenças de remuneração são resultantes de escolhas pessoais quanto aos estu-
dos e à profissão escolhida ao longo das gerações e, por isso, não importam aos
direitos humanos sociais;
c. as desigualdades no mercado de trabalho vão se diluir com o decorrer do tempo em
razão do princípio da igualdade formal e, por isso, não há necessidade de outros
mecanismos jurídicos para enfrentá-las;
d. as diferenças de remuneração apenas refletem o número de horas trabalhadas por
integrantes de cada grupo social, o que demonstra o mérito de cada um, afastando a
legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas;
e. a desigualdade salarial pode ser melhor compreendida a partir do conceito da discri-
minação múltipla ou agravada, que encontra fundamento na Convenção Interameri-
cana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.
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Prova comentada
Letra e.
a. Errada. A Convenção Internacional do Trabalho n. 100 dispõe sobre a igualdade de re-
muneração de homens e mulheres trabalhadores por trabalho de igual valor.
b. Errada. O direito humano inclui o direito ao trabalho. Todo ser humano, sem qualquer
distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho, assim como aquele que tra-
balha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão,
se necessário, outros meios de proteção social (art. 23 da Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos).
c. Errada. O princípio da igualdade formal relaciona-se à igualdade perante a lei, sendo que
há necessidade de outros meios para enfrentar a desigualdade no mercado de trabalho
além da legislação. Por exemplo, podemos combater a desigualdade salarial reivindicando
políticas públicas e apoiando movimentos e projetos sociais que se dedicam à causa.
d. Errada. A legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas envolvem o processo de
reparação histórica, garantia da efetividade de direitos, incluindo, portanto, as diferenças
de remuneração.
e. Certa. O conceito de discriminação múltipla ou agravada está expresso no art. 1, item
“3”, do Decreto n. 10.932/2022, que dispõe:
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Prova comentada
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