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Concurso Unificado

da Magistratura do
Trabalho (2023)
Prova Comentada
DIRETORIA DE PRODUÇÃO EDUCACIONAL
PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIVERSOS

FICHA TÉCNICA DO MATERIAL


grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
1652023893

TIPO DE MATERIAL:
E-book

TÍTULO:
Prova Comentada – Concurso Unificado da
Magistratura do Trabalho (2023)

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
5/2023
CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Sumário
QUESTÕES........................................................................................................................5

BLOCO I.........................................................................................................................5

Direito Individual do Trabalho......................................................................................5

Direito Coletivo do Trabalho........................................................................................19

Direito Administrativo...................................................................................................22

Direito Penal..................................................................................................................25

Noções Gerais de Direito e Formação Humanística..................................................27

BLOCO II........................................................................................................................31

Direito Processual do Trabalho...................................................................................31

Direito Constitucional...................................................................................................37

Direito Constitucional do Trabalho.............................................................................40

Direito Civil....................................................................................................................44

Direito da Criança, do Adolescente e do Jovem........................................................47

BLOCO III.......................................................................................................................49

Direito Processual Civil................................................................................................49

Direito Internacional e Comunitário............................................................................55

Direito Previdenciário...................................................................................................59

Direito Empresarial.......................................................................................................62

Direitos Humanos e Direitos Humanos Sociais.........................................................64

GABARITO.........................................................................................................................66

GABARITO COMENTADO.................................................................................................67

BLOCO I.........................................................................................................................67

Direito Individual do Trabalho......................................................................................67

Direito Coletivo do Trabalho........................................................................................90

Direito Administrativo...................................................................................................97

Direito Penal..................................................................................................................101

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Noções Gerais de Direito e Formação Humanística..................................................103

BLOCO II........................................................................................................................116

Direito Processual do Trabalho...................................................................................116

Direito Constitucional...................................................................................................126

Direito Constitucional do Trabalho.............................................................................130

Direito Civil....................................................................................................................135

Direito da Criança, do Adolescente e do Jovem........................................................144

BLOCO III.......................................................................................................................147

Direito Processual Civil................................................................................................147

Direito Internacional e Comunitário............................................................................163

Direito Previdenciário...................................................................................................169

Direito Empresarial.......................................................................................................173

Direitos Humanos e Direitos Humanos Sociais.........................................................179

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

QUESTÕES

BLOCO I

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

Maria Rafaela

1. A evolução histórica do trabalho demonstra que o labor humano, em suas diversas


dimensões, passou por profundas transformações ao longo do tempo, o que perma-
nece ocorrendo até os dias atuais.
Sob a perspectiva histórica do trabalho e do Direito do Trabalho, é correto afirmar que:
a. a servidão foi um tipo de trabalho característico da sociedade feudal, fundamentada
na posse da terra pelos senhores feudais. Os servos não possuíam liberdade de
trabalho, mas recebiam proteção militar e política dos senhores feudais, bem como
tinham autonomia comercial em relação a tudo que produziam;
b. as corporações de ofício, surgidas a partir do século XII, incluíam três categorias:
mestre, companheiro e aprendiz. Os mestres centralizavam todo o poder, organi-
zando seus estatutos e estabelecendo livremente as condições de trabalho, excetu-
ando-se a necessidade de observação do limite mínimo de idade de 14 anos para a
contratação dos aprendizes;
c. por meio da Encíclica Rerum Novarum, o papa Leão XIII, dentre outros temas, abor-
dou a condição de trabalho do proletariado, defendendo que, dentre os deveres
principais do patrão, estava preservar a isonomia salarial entre os operários, pois
defendia que na sociedade civil todos deveriam ter o mesmo nível social, em igual-
dade de condições;
d. o direito do trabalho é produto do século XIX, nascendo como reação à crescente
exploração do trabalho humano. No Brasil, a Constituição de 1891, embora consa-
grasse o princípio da não intervenção do Estado nas relações de trabalho, destacou-
-se como a primeira carta constitucional a abordar em seu texto a necessidade de um
direito ao “trabalho livre, justo e remunerado”;
e. a Lei Chapelier, em 1791, atrelada aos cânones da Revolução Francesa de liberdade
e igualdade do homem, aboliu as corporações de ofício, abrindo espaço, assim, para
a liberdade de trabalho, profissão, arte ou ofício.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

2. Almerindo trabalha na empresa Meteoro Ltda. há quinze anos e há cinco anos preside o
sindicato da categoria profissional correlata à atividade principal da empresa. Desde então,
diante das demandas exigidas pelo mandato, encontra-se afastado de suas funções na
empresa, que possui duas unidades de estabelecimento: uma na cidade de Cubatão/SP, à
qual Almerindo está ligado desde o início do contrato, e outra na cidade de Porto Alegre/RS.
Diante dos prejuízos acumulados experimentados na unidade de Cubatão, resultantes
de causas climáticas que há cerca de três anos alteraram substancialmente o mercado
na localidade para o tipo de negócio desenvolvido pela empresa, ela decidiu fechar
essa filial e concentrar a sua atividade em Porto Alegre.
Com base na hipótese relatada, a empresa Meteoro:
a. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, bastando indenizá-lo;
b. poderá despedir Almerindo, mas, por se tratar de dirigente sindical, precisará valer-se
de prévio inquérito;
c. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, sendo, no entanto, lícita
a transferência para a cidade de Porto Alegre;
d. pelo princípio da inamovibilidade deverá manter Almerindo em seu quadro funcional até
o término do mandato de dirigente sindical, mesmo que feche a unidade de Cubatão;
e. deverá oferecer a Almerindo a transferência para a cidade de Porto Alegre, mas
só poderá despedi-lo após comprovação da necessidade de fechamento da filial
mediante prévio inquérito.

3. José sofreu acidente de trabalho e foi aposentado por invalidez. Para o seu lugar, a
empresa Trabalhos Raros Ltda. contratou outro trabalhador, Florindo, alertando-o, con-
tudo, da condição de interino em relação a José.
Quatro anos após, em reavaliação obrigatória periódica realizada pelo órgão previdenciá-
rio oficial, José foi considerado apto para retorno ao trabalho, pelo que compareceu à em-
presa portando a guia de alta expedida pelo órgão previdenciário para retorno imediato ao
serviço, sem restrições, tendo sido confirmada pelo médico da empresa a referida aptidão.
Diante do quadro descrito e considerando o que especificamente dispõe a Consolida-
ção das Leis do Trabalho a respeito:
a. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá manter Florindo e indenizar José, que, no
caso, não faz jus a estabilidade;
b. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia e
romper o contrato com Florindo, sem precisar indenizá-lo;
c. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia, mas,
neste caso, estará obrigada a indenizar Florindo, caso o despeça;
d. a empresa Trabalhos Raros Ltda. deverá manter Florindo, posto que o contrato com
José teve rompimento automático na data da aposentadoria por invalidez;
e. a situação configura o chamado limbo previdenciário. A confirmação do médico da
empresa é ineficaz, devendo ela simplesmente orientar José a reaver o benefício em
razão da já consolidada aposentadoria por invalidez.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

4. Determinada empresa, que contava com vinte empregados lotados em cargos distintos,
desenvolvia há muitos anos certa atividade de exploração de dado tipo de minério, que
veio a ser considerada ilícita por hipotética lei federal.
Em decorrência da nova lei, a empresa despediu os trabalhadores e determinou que
procurassem seus direitos junto ao poder público.
Considerando a situação exposta e o que expressamente dispõe a Consolidação das
Leis do Trabalho quanto ao exame da responsabilidade pelas indenizações acaso devi-
das pelas terminações contratuais:
a. somente por ato administrativo de autoridade federal, estadual ou municipal, e não
por ato legislativo como ocorreu no caso, a pessoa de direito público responsável pela
paralisação definitiva da atividade responderia pelos ônus trabalhistas decorrentes da
necessária extinção dos referidos contratos;
b. a resolução ou promulgação de lei que impossibilite a continuação da atividade, como
ocorreu no caso, leva a pessoa de direito público responsável pela paralisação tem-
porária ou definitiva a arcar com a indenização decorrente da necessária extinção dos
contratos de trabalho por ela afetados;
c. a hipótese caracteriza motivo de força maior diante da necessidade do desligamento
por motivo inevitável e imprevisível, e assim a empresa deve diretamente aos traba-
lhadores indenização por metade, não se configurando fato do príncipe;
d. é do empregador a responsabilidade pelo risco do negócio, pelo que cabe exclusiva-
mente a ele, salvo nos casos de falta grave, pedido de demissão e força maior, inde-
nizar os trabalhadores despedidos;
e. a hipótese caracteriza fato previsível pela arriscada natureza do negócio, respon-
dendo a empresa integralmente perante os trabalhadores pelos efeitos, exclusiva-
mente porque definitivos, da paralisação da atividade.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

5. Avelino celebrou contrato de trabalho com o Banco Caixa Forte S/A, em 05/02/2019,
para prestar serviços na função de atendente bancário. Em 15/10/2022, o Banco Caixa
Forte S/A foi integralmente adquirido pela instituição financeira Banco Fortuna S/A,
operação interempresarial que se deu de forma idônea, com plena observância à lei.
Diante disso, ocorreu a transferência de todo o ativo e também da integralidade das
agências bancárias de uma para outra empresa, permanecendo Avelino e todos os
demais empregados trabalhando normalmente para o Banco Fortuna S/A, nas mesmas
funções e em idênticas condições de trabalho. Em 28/11/2022, em razão de avaliação
de produtividade, Avelino foi despedido sem justa causa pelo Banco Fortuna S/A, rece-
bendo as verbas resilitórias a que fazia jus.
Diante da situação hipotética acima, considerando que Avelino entende ser credor de
horas extraordinárias realizadas durante toda a contratualidade, bem como pretende
saber qual é a responsabilidade dos bancos Caixa Forte S/A e Fortuna S/A em caso de
ajuizamento de reclamação trabalhista, em conformidade com a lei e o entendimento
dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar que:
a. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder pelo pagamento de eventuais horas extra-
ordinárias de Avelino contraídas desde a data da admissão até 14/10/2022, recaindo
sobre o Banco Fortuna S/A as obrigações trabalhistas a partir de 15/10/2022 até o
término da relação empregatícia;
b. a mudança interempresarial ocorrida entre as empresas provocou a automática trans-
ferência de direitos e obrigações trabalhistas do Banco Caixa Forte S/A para o Banco
Fortuna S/A, passando este a responder por eventuais horas extraordinárias de Ave-
lino relativas a todo o período contratual;
c. o Banco Caixa Forte S/A e o Banco Fortuna S/A deverão responder solidariamente
por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino ao longo da contratualidade;
d. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder de forma subsidiária ao Banco Fortuna
S/A por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino;
e. a atribuição da responsabilidade pelo pagamento das horas extraordinárias de Ave-
lino deverá observar a existência de cláusula restritiva de responsabilização traba-
lhista no contrato havido entre os bancos envolvidos.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

6. Peripécia na Bola, jogador de futebol, mantém há três anos com o PontaPé Futebol
Clube, entidade de prática desportiva brasileira de renome internacional, contrato espe-
cial de trabalho desportivo.
O atleta recebe do clube salário fixo de R$ 20.000,00 mensais, mais acréscimos remu-
neratórios que somam, em média, R$ 9.000,00 mensais, além de direito de imagem
derivado de contrato civil no valor de R$ 8.500,00 mensais.
Ocorre que há três meses o clube está, sem justificativa, em débito com o atleta em
relação ao direito de imagem, não obstante em dia com todas as demais parcelas de
natureza trabalhista.
Na situação descrita, com base no que expressamente dispõe a regulamentação espe-
cial da profissão de atleta, é correto afirmar que:
a. Peripécia na Bola pode considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo, ficando livre para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
compensatória desportiva, além dos haveres devidos;
b. para considerar o contrato especial de trabalho desportivo rescindido, necessita de
decisão judicial prévia que lhe autorize o direito de transferir-se para qualquer outra
entidade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira;
c. PontaPé Futebol Clube terá o contrato especial de trabalho desportivo com Peripécia
na Bola rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra enti-
dade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira, e exigir
cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos;
d. somente o débito quanto a parcelas de natureza estritamente salarial dariam a Peri-
pécia na Bola o direito de considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo e a liberdade de transferência para outra entidade de prática
desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula indenizatória
desportiva, além dos haveres devidos;
e. deve Peripécia na Bola extrajudicialmente notificar a entidade de prática desportiva
empregadora para, querendo, purgar a mora, no prazo de quinze dias, sob pena de
rompimento do contrato e liberdade para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
indenizatória desportiva e os haveres devidos.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

7. Firmino foi contratado em Curitiba para trabalhar no Banco Altos Valores S/A. Iniciou, em
01/12/2016, como escriturário e foi gradativamente galgando os postos de gerente de
contas, gerente de posto de atendimento e gerente geral de agência, que, nos termos
do contrato, lhe exigiram sucessivas transferências.
Na condição de gerente de contas, trabalhou de 01/10/2017 a 01/12/2018 em pequena
agência no interior de São Paulo; como gerente de posto de atendimento, de 02/12/2018
a 03/12/2019 em Florianópolis, Santa Catarina, e, finalmente, como gerente de agência,
no ápice da carreira, de 03/12/2019 a 01/10/2022 em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, quando foi despedido.
Firmino ajuizou em Curitiba, onde atualmente reside, reclamação trabalhista postulando
o pagamento de adicional de transferência de 25%, bem como de ajuda de custo, esta
nos valores correspondentes às despesas de mudança de uma para outra localidade,
incluindo as de passagens de avião.
O Banco Altos Valores contestou a ação aduzindo que as transferências ocorridas es-
tavam contratualmente previstas na carreira e, não bastasse, foram definitivas inclusive
pelo tempo de duração de cada uma, notadamente a última, assim não ensejando paga-
mento de adicional e que a ajuda de custo pretendida carece de amparo legal, mormente
porque, com base no Plano de Cargos e Salários da empresa, o bancário teve substancial
aumento salarial em cada transferência ocorrida, o que restou comprovado nos autos.
Com base na jurisprudência uniformizada da Subseção de Dissídios Individuais I do
TST, é correto afirmar que Firmino:
a. não faz jus a adicional de transferência por terem sido definitivas as ocorridas pelo
tempo de duração de cada uma e não tem direito à ajuda de custo postulada, com-
pensada com os aumentos salariais obtidos quando da aceitação das transferências;
b. não faz jus a adicional de nenhuma das transferências, por terem sido definitivas as
ocorridas, considerado o tempo de duração de cada uma, mas tem direito à ajuda
de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos quando das transferências
têm natureza jurídica distinta da ajuda de custo postulada;
c. não faz jus apenas ao adicional da última transferência, em razão do longo tempo de
sua duração e tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais
obtidos quando das transferências têm natureza jurídica distinta dessa parcela;
d. faz jus ao adicional apenas quanto às duas primeiras transferências, pelos exíguos
tempos de duração e a condição de necessárias e provisórias para efeito de progres-
são funcional e não tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos sala-
riais obtidos quando das transferências foram compensatórios dessa parcela;
e. faz jus ao adicional referente às três transferências, não sendo o lapso temporal cri-
tério único para avaliação de sucessividade e de provisoriedade de transferências,
inclusive quando necessárias para progressão funcional, e tem direito à ajuda de
custo postulada, que tem natureza jurídica distinta dos aumentos salariais obtidos
quando das transferências.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

8. Os princípios são conceituados, segundo o professor uruguaio Américo Plá Rodriguez,


como “linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram diretamente ou indi-
retamente uma série de soluções, pelo que podem servir para promover e embasar a
aprovação de novas normas, orientar a interpretação das existentes e resolver os casos
não previstos”.
Sobre os princípios de Direito do Trabalho, com base na Consolidação das Leis do
Trabalho e na jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto
afirmar que:
a. diante do princípio da primazia da realidade, os registros realizados pelo empregador
na carteira de trabalho do empregado geram presunção juris et de jure;
b. na aplicação do princípio da prevalência da norma mais favorável, por meio do critério
técnico da teoria do conglobamento, extrai-se que se prefere a norma mais favorável
após o confronto em bloco das normas objeto de comparação;
c. o princípio da proteção está ligado à própria razão de ser do direito individual e coletivo
do trabalho, uma vez que se busca compensar a desigualdade existente no âmbito do
contrato individual do trabalho e na seara das negociações coletivas de trabalho;
d. quando do exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, o juiz do
trabalho analisará tão somente a conformidade dos elementos essenciais do negócio
jurídico, e deverá balizar a sua atuação pelo princípio da tutela ao hipossuficiente;
e. o princípio da prevalência da condição mais benéfica revela que tudo aquilo que
o empregador fornecer habitualmente ao empregado, desde que previsto de forma
expressa no contrato individual de trabalho, será incorporado ao patrimônio jurídico
do trabalhador, revestindo-se do caráter de direito adquirido.

9. Considere as três situações hipotéticas a seguir.

Heráclito é empregado da Fazenda Que Encanto, que explora atividade agroeconômi-


ca, e trabalha no cultivo e na colheita de arroz, que é destinado à venda para as indús-
trias da região, encerrando sua jornada de trabalho sempre às 21h.
Sócrates é empregado de Sofia, mãe de João e de Maria, e exerce a função de moto-
rista particular, tendo como atribuições exclusivas levá-la na hidroginástica, bem como
buscar os filhos dela na faculdade, na natação e nas aulas de espanhol, encerrando sua
jornada de trabalho às 22h30.

Fiona é empregada da Clínica Curamos Você Ltda. e exerce a função de técnica de


enfermagem, laborando em jornada de 12 horas seguidas por 36 horas ininterruptas
de descanso.

Diante das assertivas acima, em conformidade com a legislação trabalhista, é correto


afirmar que:

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a. em razão dos horários de trabalho de Heráclito, no que se refere ao período das 20h
até as 21h, ele fará jus ao adicional noturno de 25% sobre a remuneração normal pelo
labor realizado nesta última hora de jornada;
b. a jornada de trabalho de Fiona, por se tratar de horário em exceção à regra sobre
duração normal do trabalho, não pode ser ajustada mediante contrato individual
escrito com a empresa Clínica Curamos Você Ltda., pois depende de convenção ou
acordo coletivo de trabalho;
c. caso Fiona desempenhe atividades insalubres ao longo de sua jornada, este regime de
trabalho não exigirá licença prévia das autoridades em matéria de higiene do trabalho;
d. por se tratar de empregado doméstico, a hora noturna de Sócrates terá duração de
60 minutos, e não de 52 minutos e 30 segundos;
e. por se tratar de empregado doméstico, Sócrates não terá direito ao adicional noturno.

10. Aristóteles, brasileiro, casado, com formação superior em Administração de Empre-


sas, possui vínculo de emprego com a empresa Alfa Administração Ltda. e trabalha na
função de administrador pleno, recebendo salário mensal fixo de R$ 17.000,00. Junta-
mente com outros 23 empregados, Aristóteles labora na sede da empresa. Sua carga
horária semanal de trabalho é de 44 horas, sendo a jornada fixada no contrato de traba-
lho a seguinte: de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, com 1 hora de
intervalo intrajornada (das 12h às 13h), e, aos sábados, das 8h às 12h (sem qualquer
período de descanso). Aristóteles registra, diariamente, de forma fidedigna, seu horário
de início e de término da jornada por meio de registro eletrônico de ponto, havendo,
contudo, a pré-assinalação do referido horário de intervalo intrajornada. A empresa não
desconta nem computa como jornada extraordinária as variações de horário no registro
de ponto não excedentes de 5 minutos.
Diante da situação hipotética acima, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, é
correto afirmar que:
a. a anotação da hora de entrada e de saída por Aristóteles decorre da imperatividade legal,
na medida em que os estabelecimentos com mais de 10 empregados estão obrigados a
adotar o controle de jornada por meio de registro manual, mecânico ou eletrônico;
b. os registros de ponto de Aristóteles, diante da pré-assinalação do período de repouso,
são inválidos como meio de prova;
c. caso a empresa Alfa Administração Ltda. e Aristóteles entendessem oportuna a redu-
ção do intervalo intrajornada de 1 hora para até 30 minutos diários, poderiam fazê-lo
mediante ajuste individual;
d. o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o intervalo
mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza indenizatória deste
período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho;
e. o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o intervalo
mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza remuneratória, deste
período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho.

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Prova comentada

11. José foi contratado por empresa estrangeira de cruzeiros marítimos em navio de ban-
deira estrangeira na cidade de Santos, situada em São Paulo, para trabalhar como
camareiro na temporada de 2022, em viagens pela costa brasileira.
Ficou acertado entre as partes que José receberia o salário em moeda estrangeira em
espécie (euro), e que os direitos trabalhistas incidentes seriam os da lei do país do
armador, coincidentemente a de inscrição da embarcação, que não abrange FGTS e
gratificação natalina.
Desembarcado ao fim do contrato, que durou três meses, ajuizou reclamação trabalhis-
ta postulando o pagamento do salário de todo o período trabalhado, dito não legalmente
recebido, bem como o FGTS e a gratificação natalina proporcional do período.
Com base nas normas trabalhistas vigentes no espaço e no que literalmente dispõe a
Consolidação das Leis do Trabalho, o pagamento do salário deverá ser considerado:
a. como não feito ou inexistente e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratifi-
cação natalina não são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira auto-
rizada a explorar o negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
b. nulo e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são
parcelas devidas por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negó-
cio de navegação de cabotagem no Brasil;
c. anulável e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não
são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o
negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
d. eficazmente realizado, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina proporcional
ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira;
e. como não feito ou inexistente, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina propor-
cional ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

12. Juvenildo era há vinte anos motorista de ônibus interestadual, trabalhando para a
empresa Transportadora Ligeirinha Ltda.
Ocorre que, em setembro de 2022, quando se dirigia à cidade de Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, no exato instante em que atravessava a metade de uma extensa ponte, um
raio a partiu e o veículo, junto com toda a ponte e os demais veículos que no momento
a atravessavam, caiu em precipício de 50 metros de altura, tendo o motorista falecido
em razão do acidente, e assim, também, todos os passageiros, inclusive os dos demais
veículos. Apurou-se, posteriormente, que dois pneus do ônibus e os freios do coletivo
estavam em péssimas condições de rodagem.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência majoritárias, na situação hipotética acima
descrita, a terminação do contrato tecnicamente caracteriza:
a. hipótese de resolução contratual sem culpa, fundada em caso fortuito externo, que
pela imprevisibilidade dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar quem
de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido pelo acidente;
b. hipótese de resolução contratual fundada em motivo de força maior, que pela ine-
vitabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
c. caso típico de resilição contratual, que nos termos do Art. 2º, caput, CLT, não dispensa
o dever de indenizar integralmente quem de direito do núcleo familiar ou dependente
do motorista falecido diante do risco pelo exercício de qualquer atividade;
d. hipótese de resilição contratual fundada em motivo de força maior, que pela inevi-
tabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
e. caso típico de resolução contratual fundada em culpa recíproca, posto que um dos
pneus do veículo estava em más condições e o motorista falecido não estava usando
cinto de segurança quando ocorreu o acidente.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

13. Em 05/12/2007, a empresa Empresta Valores Ltda. contratou o empregado Josias para
o cargo de gerente da filial Norte da companhia. Recebia gratificação de função 50%
superior à dos demais empregados.
No exercício da função, entre outras atribuições, podia admitir, aplicar penalidades e
despedir empregados; planejar objetivos, distribuir serviços e cobrar resultados.
Contudo, em 05/04/2016, o desempenho de Josias deixou de ser o habitual. Além de
sucessivas reclamações direcionadas à direção pelos clientes, o faturamento da filial
caiu consideravelmente.
Diante do fato e de ter sido indagado a respeito da queda de desempenho, Josias asse-
gurou à empresa que estaria muito bem de saúde, com exames em dia e sem quaisquer
problemas familiares.
Contudo, como os problemas constatados persistiram por mais nove meses, em
05/01/2017, a empresa realocou Josias no cargo de supervisor de estoque, com grati-
ficação de função 10% inferior ao que lhe pagava anteriormente e contratou outro tra-
balhador para o cargo que ocupava e que, em pouquíssimo tempo, demonstrou ótimo
rendimento, batendo todas as metas esperadas de desempenho. Ao novo trabalhador,
direcionou o valor que pagava a Josias.
Com fundamento no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho e na jurisprudên-
cia sumulada pelo Tribunal Superior do Trabalho na época dos fatos, a alteração da
função, como feita, é:
a. lícita, especificamente em razão da acentuada queda de rendimento do trabalhador,
mas não a redução da gratificação de função, diante do princípio da estabilidade salarial;
b. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender, nas circunstâncias, o princípio da estabilidade salarial;
c. lícita, posto não existir estabilidade em cargo de confiança, podendo o empregador
nesta hipótese suprimir ou reduzir a gratificação, independentemente do tempo de
exercício no cargo;
d. ilícita, por configurar rebaixamento, mas a redução da gratificação de função não
ofende o princípio da estabilidade salarial, porque justificada pelas circunstâncias;
e. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender o princípio da irredutibilidade salarial.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

14. A empresa ABC Ltda., por meio de negociação com seus empregados, instituiu pro-
grama de participação nos lucros ou resultados, mediante comissão composta por cinco
empregados eleitos como representantes dos trabalhadores e outros cinco emprega-
dos escolhidos pelo empregador, além de um representante designado pelo respectivo
sindicato profissional, o qual foi indicado após a entidade sindical ter sido notificada
quanto à formação da comissão paritária. Após o fornecimento de todas as informações
necessárias pela empresa à comissão de empregados e amplo processo de debate
sobre o tema, restou definido o instrumento da PLR (Participação nos Lucros e Resulta-
dos), contendo claramente as regras aplicáveis, os mecanismos de aferição quanto ao
pactuado, o período da distribuição e vigência do programa, além das metas e índices
de produtividade aplicáveis.
Diante da situação hipotética acima, do entendimento dominante do Tribunal Superior
do Trabalho e da Lei que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resulta-
dos da empresa, é correto afirmar que:
a. o programa de PLR da empresa ABC Ltda. poderá contemplar metas individuais ou
coletivas, além de metas referentes à saúde e à segurança do trabalho;
b. em havendo paridade quanto ao número de representantes dos empregados e dos
representantes da empresa ABC Ltda. na comissão de PLR, será facultativa a ciên-
cia à entidade sindical para que indique um representante seu para integrar a comis-
são paritária;
c. em caso de impasse entre a empresa e a comissão paritária quanto à negociação
da PLR, deverá o representante sindical deveria acionar o sindicato, por escrito, no
prazo de dez dias, para o ajuizamento de dissídio coletivo, visando buscar a fixação
das condições da PLR por meio do poder normativo da Justiça do Trabalho;
d. considerando que a PLR não foi instituída por meio de convenção coletiva de traba-
lho, ou acordo coletivo de trabalho, os valores pagos e distribuídos a tal título aos
empregados terão natureza remuneratória e sobre eles incidirão os encargos traba-
lhistas cabíveis;
e. a empresa ABC Ltda. e a comissão paritária poderão estabelecer múltiplos progra-
mas de PLR, contudo, sendo vedado o pagamento de qualquer antecipação ou dis-
tribuição de valores a título de PLR em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em
periodicidade inferior a um trimestre civil.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

15. Fulano foi contratado pela empresa ABC Trabalho Temporário para atender demanda
complementar de serviços de uma empresa do ramo do comércio varejista, Lojão Ven-
demos Tudo Ltda., conforme previsto em contrato escrito e regularmente celebrado
entre essas empresas. O contrato de trabalho temporário de Fulano em relação à toma-
dora de serviços foi ajustado por um período de 180 dias, sendo ele contratado para
exercer a função de vendedor no estabelecimento comercial desta. Fulano apreciava
muito o ambiente de trabalho e almoçava, diariamente, no refeitório da empresa Lojão
Vendemos Tudo Ltda., juntamente com seus colegas de trabalho. No entanto, certa
vez, em razão de uma trivial discussão, durante a jornada de trabalho, Fulano foi agre-
dido fisicamente por um gerente da tomadora de serviços, necessitando receber aten-
dimento médico, o que ocorreu no ambulatório desta.
Diante da situação hipotética acima, em conformidade com a Lei n. 6.019/1974, é cor-
reto afirmar que:
a. além de Fulano estar inserido diretamente na atividade-fim da tomadora de serviços,
o fato de ele almoçar no refeitório e ser atendido no ambulatório desta, demonstra a
existência de subordinação jurídica e caracteriza a irregularidade do contrato de tra-
balho temporário;
b. o contrato de trabalho temporário de Fulano não poderá ser prorrogado em relação à
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda., visto que o período máximo dessa modalidade
contratual é de 180 dias;
c. embora Fulano tenha sido agredido fisicamente durante a jornada de trabalho, tal fato
não poderia ensejar a rescisão indireta do seu contrato de trabalho temporário, pois
o ato faltoso foi praticado por parte do preposto da empresa tomadora de serviços, e
não pela empresa ABC Trabalho Temporário, sua real empregadora;
d. caso houvesse cláusula contratual proibindo a contratação direta de Fulano pela
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda. ao final do prazo celebrado de 180 dias, tal dis-
posição seria nula de pleno direito;
e. por disposição expressa da lei, no caso de falência da empresa ABC Trabalho Tem-
porário, a Lojão Vendemos Tudo Ltda. seria subsidiariamente responsável pelo reco-
lhimento das contribuições previdenciárias em relação ao período em que Fulano
esteve sob suas ordens e direção

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

16. Com base no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, o mandato dos membros
da comissão de representantes dos empregados nas empresas com mais de duzentos
empregados, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores, será de:
a. um ano, composta por quatro candidatos eleitos pelos trabalhadores em escrutínio
secreto e por um nomeado pelo empregador, que a presidirá. Os membros escolhi-
dos, com exceção do representante da empresa, só poderão ser despedidos por falta
grave ou motivo de força maior;
b. dois anos e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos tra-
balhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, eco-
nômico ou financeiro;
c. um ano e decorrerá de eleição realizada pelos trabalhadores para escolha de três a
sete membros, conforme o porte da empresa. Desde o registro da candidatura até o
fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro;
d. um ano e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos traba-
lhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Desde
o registro das candidaturas até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só
poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior;
e. um ano, prorrogável por apenas um período igual, e decorrerá de eleição reali-
zada pelos trabalhadores para escolha de três a sete membros, conforme o porte
da empresa. Desde o registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de
força maior.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

Maria Rafaela

17. Sobre o poder normativo da Justiça do Trabalho e as alterações constitucionais trazi-


das pela EC n. 45/2004, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior do Trabalho, que:
a. a anuência mútua das partes para ajuizamento de dissídio coletivo trabalhista fere
frontalmente o princípio constitucional de livre acesso à Justiça, impondo indevida
condicionante em afronta a cláusulas pétreas;
b. com a exigência do mútuo acordo, o dissídio coletivo de natureza econômica aproxi-
ma-se de uma arbitragem pública, diante da necessidade de concordância expressa
ou tácita das partes quanto à submissão do impasse à Justiça do Trabalho;
c. para resolução dos conflitos coletivos, deve-se privilegiar a imposição do poder estatal
sobre meios alternativos de pacificação e de autocomposição dos conflitos trabalhistas;
d. diante da previsão constitucional de pressuposto processual intransponível, exige-se
o mútuo consenso das partes para o ajuizamento de dissídios coletivos de natureza
jurídica ou econômica;
e. a concordância do sindicato ou do membro da categoria econômica para instauração
de instância precisa ocorrer de maneira expressa, não se admitindo a materialização
dessa negativa de forma tácita.

18. O direito fundamental de greve emana do exercício da autonomia privada coletiva e


consiste em instrumento de pressão, com vistas ao atendimento de rol de reivindica-
ções da categoria.
A respeito do tema, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante dos Tribu-
nais Superiores, que:
a. o ordenamento jurídico pátrio consagra expressamente a possibilidade de seu cabi-
mento para defesa de interesses que transcendem a esfera dos deveres atribuídos
ao empregador;
b. considerando o descompasso entre a titularidade coletiva do interesse tutelado e a
responsabilidade individual do trabalhador, a declaração de abusividade da greve não
permite necessariamente a punição do empregado partícipe;
c. o empregador está autorizado a realizar a contratação de trabalho temporário, bem
como a transferir seus empregados de um setor para outro, com vistas à substituição
de trabalhadores em greve;
d. a adesão ao movimento paredista gera a suspensão do contrato de trabalho, não
devendo ser pagos os dias de paralisação, ressalvada a hipótese de quando a greve
é deflagrada pelo atraso no pagamento de salários;
e. não é considerado abusivo o movimento paredista direcionado contra os poderes
públicos e que reivindique condições não suscetíveis de negociação coletiva.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

19. A Convenção n. 87 da Organização Internacional do Trabalho trata da liberdade sindical


e da proteção ao direito de sindicalização.
O modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos pelo normativo internacio-
nal principalmente pela:
a. liberdade plena de organização sindical em todos os níveis de representação profis-
sional e econômica;
b. sujeição das organizações de trabalhadores e de empregadores à dissolução ou à
suspensão administrativas;
c. proibição de filiação dos trabalhadores e dos empregadores a organizações interna-
cionais de mesma natureza;
d. proibição de sindicalização dos integrantes das forças armadas e da polícia;
e. necessidade de autorização para constituição de um sindicato.

20. A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma
conduta antissindical.
Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucio-
nalmente de livre associação para fins lícitos:
a. pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de
movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisa-
ção dos grevistas;
b. na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do empregado recém-con-
tratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do
trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa;
c. despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa
que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente;
d. omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente
eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários imple-
mentado pela empresa;
e. empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se a pagar uma
quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

21. Em recente julgamento do RE 999.435/SP, apreciando o Tema 638 da repercussão


geral, o Supremo Tribunal Federal fixou tese acerca da necessidade de negociação
coletiva para a dispensa em massa de trabalhadores.
Com base nesse julgado, é correto afirmar que:
a. a iniciativa da rescisão consiste em ato unilateral do empregador, razão pela qual a
dispensa em massa de trabalhadores prescinde de negociação coletiva;
b. a intervenção sindical pode ocorrer no curso do processo de desligamento em massa
dos trabalhadores, desde que celebrada norma coletiva sobre o pagamento das par-
celas resilitórias;
c. considera-se dispensa em massa aquela que envolver o término simultâneo ou em
curto espaço de tempo de mais de duzentos contratos de trabalho, por razões de
ordem técnica, econômica e financeira enfrentadas pela empresa;
d. é imprescindível a participação prévia dos sindicatos profissionais como requisito de
validade das dispensas massivas, de modo a envolvê-los no processo coletivo com
foco na manutenção dos empregos;
e. a dispensa em massa decorre da necessidade de o ente empresarial reduzir defini-
tivamente o quadro de empregados, exigindo-se a intervenção sindical inclusive nos
términos dos contratos a prazo determinado.

22. Com relação à validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito
trabalhista não assegurado constitucionalmente, o Supremo Tribunal Federal fixou no
Tema 1046 tese com repercussão geral.
Segundo tal entendimento, a título exemplificativo, poderá ser considerado inconstitu-
cional, dentro do nosso ordenamento jurídico:
a. alterar a data de pagamento da folha de salários para o décimo dia útil de cada mês;
b. deixar de aplicar a hora reduzida noturna, com a adoção da contagem da hora normal;
c. reduzir o adicional de penosidade para 15%;
d. reduzir o adicional de extras para o mínimo de 40%;
e. definir o gozo do repouso semanal remunerado para apenas dois domingos por mês.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

23. Com base no julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se
acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical.
Nos termos dessa decisão, é correto afirmar que:
a. a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em
paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições;
b. a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei
específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre maté-
rias completamente distintas;
c. a alteração normativa, ao afastar o pagamento obrigatório da contribuição sindical,
configurou indevida interferência na autonomia da organização dos sindicatos garan-
tida constitucionalmente;
d. a contribuição sindical compulsória, criada no período do Estado Novo, converge com
a liberdade de associação dos trabalhadores aos sindicatos;
e. a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais representou a ampliação das
formas de financiamento da assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos
dos trabalhadores perante a Justiça do Trabalho.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Renato Borelli e Diego Surdi

24. Nos termos da Lei n. 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), ana-
lise as afirmativas a seguir.

I – Na aquisição de hortifrutigranjeiros, no período necessário para a realização do cor-


respondente processo licitatório, é dispensável a licitação, devendo a contratação
direta ser realizada com base no preço do dia.
II – Na contratação direta de cantora consagrada pela crítica especializada, é inexigível
a licitação.
III – Na aquisição de materiais que só possam ser fornecidos por produtor exclusivo, é
dispensável a licitação.
IV – É inexigível a licitação na contratação de serviço técnico especializado de publicidade
e divulgação prestado por profissional de notória especialização.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente III e IV;
c. somente I, II e IV;
d. somente I, III e IV;
e. I, II, III e IV.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

25. Quanto aos serviços públicos, considerando o disposto na Constituição da República


de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é INCORRETO afirmar que:
a. o fomento à produção agropecuária pode ser realizado pelos Estados;
b. o serviço de energia elétrica pode ser organizado por meio de lei complemen-
tar estadual;
c. a promoção de programas de construção de moradias pode ser realizada pelos
Municípios;
d. o licenciamento de motocicletas para o transporte remunerado de passageiros não
pode ser regulamentado por lei estadual sem autorização em lei complementar federal;
e. o serviço de distribuição de gás canalizado é privativo dos Estados, que podem explo-
rá-lo diretamente ou mediante concessão, sendo vedada a sua regulamentação por
medida provisória.

26. Considerando o disposto na Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), é


INCORRETO afirmar que:
a. os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
incentivo creditício de ente público estão sujeitos às sanções legais;
b. aquele que exerce, transitoriamente e sem remuneração, por designação, função em
ente público é considerado um agente público para os efeitos legais;
c. aquele que, mesmo não sendo agente público, concorra com imprudência para a prá-
tica do ato de improbidade está sujeito às sanções legais;
d. a suspensão dos direitos políticos, a perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-
mente ao patrimônio e a perda da função pública não estão previstas entre as san-
ções legais aplicáveis ao responsável por ato de improbidade que atenta contra os
princípios da administração pública;
e. as sanções previstas na lei podem ser aplicadas isoladamente, de acordo com a gra-
vidade do fato.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

27. Electra foi aprovada em concurso público para o cargo de técnica do Ministério do Meio
Ambiente, em regime estatutário, e nele tomou posse.
Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirmati-
vas a seguir.

I – A nomeação de Electra para o exercício de cargo de confiança, por seu cunhado que
ocupa cargo de assessoramento no Ministério do Meio Ambiente, não viola a Consti-
tuição da República de 1988.
II – Como Electra exerce as mesmas tarefas que um analista do Ministério do Meio
Ambiente, é possível a equiparação salarial com esse último por decisão do Poder
Judiciário, sob o fundamento de isonomia.
III – Caso Electra fosse servidora estadual, o reajuste de seu vencimento não poderia ser
vinculado a índice federal de correção monetária.
IV – Em processo perante o Tribunal de Contas da União, no qual é apreciada a legalidade
do ato de concessão inicial da aposentadoria de Electra, lhe são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa.

Está correto o que se afirma em:


a. somente III;
b. somente I e II;
c. somente II e IV;
d. somente III e IV;
e. I, II, III e IV.

28. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou, sob sua presidência, inquérito civil,
após o recebimento de notícia de fato em que é relatada a inobservância de direitos
sociais de trabalhadores.
Considerando o exposto, analise as afirmativas a seguir.

I – O MPT poderá requisitar, de organismo particular, a realização de perícia, no prazo


mínimo de dez dias úteis.
II – O retardamento em fornecer dados técnicos indispensáveis à propositura de ação
civil pública, requisitados pelo MPT no curso do inquérito civil, constitui crime.
III – No curso do inquérito civil, se constatada a inobservância de direitos trabalhistas, o
sindicato que representa os trabalhadores prejudicados poderá tomar do inquirido o
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante comina-
ções, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
IV – O inquérito civil também pode ser instaurado pelo Ministério do Trabalho, no caso de
recebimento de denúncia em que é relatada a inobservância da legislação trabalhista.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente II e III;
c. somente III e IV;
d. somente I, II e IV;
e. I, II, III e IV.

29. Quanto aos bens públicos, considerando o disposto no Código Civil, é correto afirmar que:
a. os bens públicos dominicais não podem ser alienados;
b. o uso comum dos bens públicos não pode ser retribuído;
c. o terreno destinado a serviço de autarquia municipal é bem público de uso especial;
d. são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que inte-
gram a Administração Pública;
e. os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado são considerados de uso especial.

DIREITO PENAL

Leonardo Castro

30. Sabina candidatou-se a uma vaga de emprego em uma escola de arte. O representante
legal do empregador, assim definido na legislação trabalhista, exigiu-lhe a apresenta-
ção de teste negativo de gravidez para admissão no emprego.
Considerando o disposto na Lei n. 9.029/1995, analise as afirmativas a seguir.

I – Trata-se de prática discriminatória que constitui crime, sendo cominada a pena de


detenção, de um a dois anos, e multa.
II – O sujeito ativo do crime é a pessoa física do empregador, e não o seu represen-
tante legal.
III – Não constitui crime o oferecimento pelo empregador a Sabina de serviço de plane-
jamento familiar realizado por meio de instituição privada submetida às normas do
Sistema Único de Saúde (SUS).
IV – Caso Sabina se candidatasse à vaga de emprego de modelo de modas para posar
para artistas plásticos, o empregador poderia exigir a apresentação de teste negativo
de gravidez para admissão.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I;
b. somente I e III;
c. somente II e III;
d. somente II e IV;
e. I, II, III e IV.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

31. Quanto às excludentes de antijuridicidade, analise as afirmativas a seguir.

I – Aquele que pratica o fato para salvar de perigo iminente, que não provocou por sua
vontade, direito próprio, é considerado em estado de necessidade.
II – Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado de neces-
sidade, salvo quando for razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado.
III – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios consti-
tucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero.
IV – Age em legítima defesa o agente de segurança pública que, usando moderadamente
dos meios necessários, repele agressão atual e injusta à vítima mantida refém durante
a prática de crime.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente III e IV;
c. somente I, II e IV;
d. somente II, III e IV;
e. I, II, III e IV.

32. Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação trabalhista
em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de insalubridade.
Celeno foi nomeada como perita do juízo para verificar a existência de insalubridade e
Alcíone depôs como testemunha da ré na audiência de instrução. Considerando o dis-
posto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir.

I – Se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a ver-
dade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso
testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II – Se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível.
III – Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial
que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com
reclusão, de três a quatro anos, e multa.
IV – Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entre-
gue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o
crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente II e IV;
c. somente I, II e III;
d. somente I, III e IV;
e. I, II, III e IV.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

Helder Oliveira, Juliano Alves, Tiago Rabelo e Pedro Henrique

33. A respeito dos direitos e deveres da magistratura, bem como a responsabilidade civil e
administrativa dos magistrados, analise as afirmativas a seguir.

I – Os juízes do Trabalho substitutos que estejam em estágio probatório não poderão


praticar todos os atos reservados por lei aos juízes vitalícios.
II – Os desembargadores federais do Trabalho, nomeados para a vaga reservada ao
quinto constitucional (Ministério Público e Advocacia), somente terão vitaliciedade
após o período de dois anos.
III – O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será per-
mitido ao magistrado se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários,
vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de direção administrativa ou
técnica de estabelecimento de ensino.

Está correto o que se afirma em:


a. somente II;
b. somente III;
c. somente I e II;
d. somente II e III;
e. I, II e III.

34. A Constituição da República de 1988 e a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi-


leiro dispõem sobre as normas de vigência e eficácia das leis no tempo e o princípio da
irretroatividade das leis.
Com relação a esse tema, de acordo com o disposto nas normas jurídicas brasileiras,
é correto afirmar que:
a. a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência;
b. a lei posterior revoga a anterior somente quando expressamente o declare;
c. o sistema normativo brasileiro admite expressamente a hipótese de perda de vigência
da lei por descumprimento reiterado;
d. mesmo depois de transitada em julgado a decisão de mérito, poderão ser deduzidas
ou repelidas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhi-
mento quanto à rejeição do pedido;
e. consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

35. A Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o Juízo 100% Digital, aborda vários
temas relacionados à Gestão da Informação e de Demandas Judiciais, bem como à
Gestão e Organização Judiciária.
Considerando o tratamento normativo dado pelo Conselho Nacional de Justiça à maté-
ria, é correto afirmar que:
a. as audiências e sessões no Juízo 100% Digital ocorrerão por videoconferência ou de
forma presencial, quando necessário ao desenvolvimento regular do processo;
b. a existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional aos processos que
tramitem eletronicamente;
c. a parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida
até a apresentação da defesa;
d. a qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do Juízo 100% Digital, exceto em relação a processos anteriores à entrada
em vigor dessa Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceita-
ção tácita;
e. o Juízo 100% Digital poderá se valer também de serviços prestados presencialmente
por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumpri-
mento de mandados, centrais de cálculos, tutoria, dentre outros, desde que os atos
processuais possam ser convertidos em eletrônicos.

36. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei n. 13.709/2018) constitui uma complexa
regulamentação sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais,
por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo
de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvi-
mento da personalidade da pessoa natural.
Sobre seus dispositivos, é INCORRETO afirmar que:
a. entre os fundamentos da disciplina da proteção de dados pessoais estão o respeito
à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de infor-
mação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e
da imagem; o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre inicia-
tiva, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre
desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pes-
soas naturais;
b. excluem-se do âmbito territorial de aplicação da LGPD, os dados pessoais provenien-
tes de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso com-
partilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência
internacional de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país
de proveniência proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao pre-
visto na Lei;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. o tratamento de dados pessoais realizado para fins exclusivos de segurança pública,


defesa nacional, segurança do Estado ou atividades de investigação e repressão de
infrações penais não são incluídos no âmbito de aplicação da LGPD;
d. o consentimento dado pelo titular, para o tratamento de seus dados pessoais, poderá
ser por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular,
não sendo necessária cláusula destacada das demais cláusulas contratuais, quando
fornecido por escrito;
e. dado pessoal sensível é aquele que trata sobre origem racial ou étnica, convicção
religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou bio-
métrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

37. Os chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações
Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015, lançaram os novos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável globais, a chamada Agenda 2030. Considerando a
Agenda 2030 das Nações Unidas, analise os objetivos a seguir.

I – Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares e alcançar a


igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
II – Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunida-
des de aprendizagem ao longo da vida para todos, bem como construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
III – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir
de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degra-
dação da terra e deter a perda de biodiversidade e também assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I;
b. somente II;
c. somente I e II;
d. somente II e III;
e. I, II e III.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

38. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um dos seus objetivos o reco-
nhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direi-
tos iguais e inalienáveis sendo o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.
Considerando o texto aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução
n. 217-A, III), em 10 de dezembro de 1948, é correto afirmar que:
a. as férias remuneradas e periódicas não fazem parte do direito ao repouso e ao lazer;
b. poderá haver casamento válido sem o consentimento livre dos nubentes, desde que
previsto em norma legal;
c. caberá ao Estado a prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será
ministrada a seus filhos;
d. todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
pela Constituição ou pela lei;
e. todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países, mesmo em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas

39. “O sentido da palavra fonte relaciona-se com aquilo que origina ou produz. No plano
jurídico, o estudo das fontes consiste em saber donde vem o Direito e donde dimana a
juridicidade das normas” (MATA-MACHADO, Edgar de Godoi da – Elementos de Teoria
Geral do Direito – Belo Horizonte: Ed. Vega, 1976, p. 213). Ao examinar a estrutura de
fontes formais e materiais do Direito, incluídas as fontes do Direito do Trabalho, no sis-
tema jurídico brasileiro, considerando a relação entre direito objetivo e direito subjetivo,
e a estrutura do processo legislativo, é correto afirmar que:
a. os debates políticos, discussões sociais, manifestações públicas da sociedade civil
e outras expressões de conteúdo ideológico dos entes sociais constituem as fontes
formais do Direito;
b. a jurisprudência não constitui fonte formal do Direito, caracterizando-se apenas como
fonte material, pois as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito persuasivo,
e não coercitivo;
c. o fenômeno da integração jurídica (preenchimento de lacunas no ordenamento jurí-
dico/omissão da lei) não é admitido no direito positivo brasileiro, tanto como regra geral
para qualquer área do Direito quanto como regra especial para o Direito do Trabalho;
d. as Emendas à Constituição da República de 1988 devem ser propostas por iniciativa
de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, pelo presidente da República, ou por dois terços das Assembleias Legisla-
tivas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros;
e. a Constituição da República de 1988, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias, as
Medidas Provisórias, as Leis Delegadas, os Decretos Regulamentares do Poder Execu-
tivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados fontes for-
mais do Direito, por terem sua positividade relacionada com o poder legiferante do Estado.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

40. Considerando as disposições do Código de Ética da Magistratura, as disposições da Lei


Orgânica da Magistratura Nacional e a Constituição da República de 1988, em relação
à conduta dos magistrados, é correto afirmar que:
a. exige-se do magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de
qualquer modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às
normas legais;
b. ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes igual-
dade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação. Porém,
será considerado tratamento discriminatório injustificado se a audiência for concedida
a apenas uma das partes ou seu advogado, mesmo que se assegure igual direito à
parte contrária, caso seja solicitado;
c. a atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre
que possível, somente nos casos previstos em lei, de modo a favorecer sua publici-
dade, e considerando os casos de sigilo legal;
d. o magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, mas
seu exercício da atividade jurisdicional não lhe impõe restrições e exigências pesso-
ais distintas das acometidas aos cidadãos em geral;
e. a liberdade de convicção do magistrado permite sua participação em atividade políti-
co-partidária.

BLOCO II

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Maria Rafaela

41. Em relação às modificações operadas pela Lei n. 13.467/2017 no processo do trabalho,


é correto afirmar que:
a. foi extinto o impulso oficial da execução;
b. foi proibida a intervenção de terceiros por determinação judicial;
c. foi aberta a possibilidade de homologação de acordo extrajudicial no curso da execução;
d. na sentença de arquivamento, a condenação em custas teve alterado o prazo para a
certificação de sua exigibilidade;
e. passou-se a admitir a sucumbência de ambas as partes, salvo para os beneficiários
da justiça gratuita.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

42. O recurso ordinário da decisão que denega a homologação ao acordo extrajudicial em


jurisdição voluntária proposto em conjunto por trabalhador e empresa:
a. pode ser firmado pelos advogados de ambas as partes;
b. só é cabível em caso de vício na decisão, uma vez que esta é de natureza discricionária;
c. não dispensa as contrarrazões da parte recorrida, por imposição do contraditório;
d. não é cabível, já que a decisão em questão não é terminativa, e o processo deverá
prosseguir até a sentença de mérito;
e. não está sujeito a preparo, se ambas as partes requereram gratuidade de Justiça,
desde que a empresa tenha declarado sua miserabilidade.

43. Ao cumprir mandado de penhora contra uma determinada empresa, o oficial de justiça
certificou que estava inativa e que não encontrou bens passíveis de satisfazer a execu-
ção, a não ser algumas joias que estavam à vista em um cofre aberto. Tendo uma sócia
da empresa alegado que as joias eram propriedade particular dela, porém, sem apre-
sentar comprovação naquele momento, o oficial de justiça lavrou o auto de penhora
contra a empresa e juntou-o aos autos, nomeando a sócia como fiel depositária. Esta
opôs então embargos de terceiro, alegando ser parte ilegítima no processo e compro-
vando com as notas fiscais a propriedade das joias. Intimada a falar sobre os embargos,
a exequente apresenta petição, requerendo a instauração de incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica da empresa, em desfavor da sócia em questão, reque-
rendo ainda em tutela cautelar a manutenção da penhora. Ouvida, a sócia declarou que
não haveria prova do desvio de finalidade na sua gestão da empresa nem qualquer
outro fundamento que autorizasse a sua responsabilização.
Conclusos os autos para decisão, cabe ao juiz:
a. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e manter cautelar-
mente a penhora;
b. julgar procedentes os embargos, liberar a penhora e diferir a instauração do incidente
de desconsideração da personalidade jurídica;
c. julgar improcedentes os embargos e converter em diligência o julgamento do inci-
dente de desconsideração da personalidade jurídica;
d. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e, se for procedente,
determinar nova penhora e julgar extintos os embargos com julgamento de mérito,
liberando as joias;
e. extinguir tanto os embargos quanto o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica por falta de cabimento, uma vez que a sócia responderá em qualquer caso.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

44. Em determinada comarca, na qual havia somente uma Vara do Trabalho, ao apresen-
tar sua defesa em mais uma das diversas reclamações que já tinha respondido na
mesma Vara, a empresa apresentou também exceção de suspeição do juiz. Alegou
que o magistrado já havia julgado diversas outras reclamações sobre os mesmos fatos,
sempre em desfavor dela, excipiente. Juntou cópias das diversas sentenças às quais
se referia. O juiz, ao examinar tudo, rejeitou de plano a exceção.
Estando na posição desse juiz, é correto afirmar que os princípios que melhor funda-
mentariam sua decisão seriam:
a. da imparcialidade e da coerência das decisões judiciais;
b. da publicidade e do juiz natural;
c. da inafastabilidade da jurisdição e da competência territorial;
d. do livre convencimento motivado e da boa-fé;
e. da coerência das decisões judiciais e da não vinculação da causa petendi.

45. Em determinada audiência, comparece para depor uma testemunha que não falava o
idioma nacional, tratando-se de idioma com pouquíssimos falantes no país. Por coinci-
dência, dominando-o o juiz fluentemente, resolve então dispensar intérprete e prosse-
guir com a oitiva da testemunha. O advogado da empresa insurgiu-se imediatamente
contra essa decisão do juiz, dizendo que ela seria arbitrária e que as partes ficariam a
depender das traduções e interpretações do juiz, sem saber se eram ou não fidedig-
nas. Disse ainda que não participaria da audiência, se assim prosseguisse o juiz, sem
nomear intérprete, e retirou-se da sala em seguida.
Quanto à conduta do advogado, é correto afirmar que foi:
a. errada quanto ao intérprete;
b. certa quanto ao intérprete;
c. errada quanto ao intérprete e abusiva quanto à saída da sala;
d. certa quanto ao intérprete e também quanto à saída, para obrigar o juiz a adiar a
audiência;
e. errada quanto ao intérprete e prejudicial à parte que assistia.

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Prova comentada

46. Expedido o mandado de citação na execução trabalhista, o oficial de justiça, ao chegar


no endereço apontado como do executado, constatou tratar-se da casa de um parente
do exequente. Certifica, então, ter ouvido do parente a informação de que se achava há
muitos anos com relações rompidas com o exequente e que nunca teve nenhuma relação
de trabalho com ele, muito menos qualquer tipo de relação com a empresa executada.
Ao receber a certidão nos autos, o juiz, em seguida, julga extinta a execução, por fraude
do exequente.
Ao receber a intimação da decisão judicial, o advogado do exequente verifica com este
que as alegações do suposto parente são, na verdade, um expediente adotado pelo
principal sócio da empresa em razão da coincidência de sobrenomes, mas sem ne-
nhum parentesco entre eles.
Considerando o exposto, a primeira medida tecnicamente adequada a ser apresentada
pelo exequente seria:
a. agravo de petição;
b. mandado de segurança;
c. pedido de reconsideração;
d. embargos infringentes;
e. reclamação correicional.

47. Determinada empresa propôs ação de consignação em pagamento em face de um dos


seus diretores, oferecendo-lhe o pagamento de haveres trabalhistas diversos, no valor total
de R$ 4.000.000,00. Depositou a quantia em juízo e requereu a citação do consignatário.
Informado pelo juiz da Vara Empresarial da comarca de que a mesma empresa havia
requerido recuperação judicial, alegando não poder pagar os salários dos últimos ses-
senta dias da maior parte de seus empregados, o juiz do trabalho solicitou que essa in-
formação lhe fosse repassada por ofício e, com ela, julgou extinta sem exame de mérito
a consignatória, condenando a empresa em custas de R$ 80.000,00, calculadas sobre
o valor da causa.
A empresa interpôs recurso ordinário, comprovando o depósito de custas de R$
30.029,96, alegando ser esta a única quantia de que dispunha em caixa, sabendo-se
que o juiz do trabalho transferira o valor consignado à disposição do juízo empresarial.
Pediu que o recurso fosse conhecido, reformando a sentença e ainda alegando que es-
taria impedida de obter outros valores para pagamento das custas, por decisão do juízo
empresarial, o qual bloqueara seus outros ativos.
Certificada pela Secretaria a tempestividade do recurso e a regularidade da procuração
do advogado que o assinara, deve o juiz do trabalho despachar:
a. negando seguimento ao recurso, por deserto;
b. negando seguimento ao recurso, por falta de prova do saldo insuficiente em caixa;
c. dando seguimento ao recurso, para que o Tribunal Regional do Trabalho decida o caso;
d. abrindo prazo para o complemento do valor das custas;
e. dando seguimento ao recurso, sujeita a questão das custas à deliberação do relator
que for sorteado no Tribunal.

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Prova comentada

48. Tendo o oficial de justiça penhorado um relógio do devedor, de marca internacional


muito famosa e cara, opõe o mesmo devedor embargos à execução, alegando ser o
bem impenhorável, já que se trataria de mera réplica, sem valor comercial e de uso pes-
soal, por apego meramente sentimental.
Realizada a perícia no bem, concluiu o perito ser o relógio uma falsificação bem elabo-
rada, cujo valor naquela oportunidade não saberia precisar.
Diante dessa perícia, deve o juiz julgar:
a. procedentes os embargos e mandar liberar o bem;
b. procedentes os embargos e mandar substituir a penhora, sem liberação imediata
do relógio;
c. procedentes os embargos e mandar substituir a penhora, com liberação imediata
do relógio;
d. extintos os embargos sem exame de mérito e não liberar o relógio;
e. improcedentes os embargos, sem liberação do relógio.

49. Tendo o advogado do exequente tomado conhecimento de que o executado possuía


grande quantia em dinheiro, guardada em um cofre alugado em um banco privado, for-
mula petição escrita, requerendo a penhora do valor em execução, imprime essa peça
e, antes de juntá-la ao processo eletrônico, pede para despachá-la diretamente com o
juiz, alegando urgência e necessidade de cautela, para evitar que o executado sacasse
o dinheiro antes que se pudesse efetivar a sua apreensão.
O juiz, depois de ouvir o advogado, profere o seguinte despacho na petição escrita:
“Diga o réu. Intime-se”.
Ao retirar-se do gabinete do juiz e ler o despacho, o advogado tenta retornar e ponderar
com o juiz, mas este se recusa a ouvi-lo e diz que, se estivesse insatisfeito, que usasse
o recurso cabível.
O advogado então redige no próprio balcão da Vara uma peça de mandado de segu-
rança e se dirige ao Tribunal Regional do Trabalho para despachá-la, levando consigo a
primeira petição mencionada e já despachada pelo juiz. Pediu, na peça de mandado de
segurança, que o Tribunal autorizasse que aquela peça primeira fosse juntada aos autos
posteriormente, determinando-se antes que o juiz expedisse o mandado de penhora.
Considerando o quadro acima, a conduta do advogado foi:
a. incorreta, porque cometeu arrebatamento de peça dos autos;
b. incorreta, porque a medida cabível seria a reclamação correicional;
c. correta, porque a decisão do juiz foi teratológica e reclamava atuação imediata;
d. correta quanto à medida, mas incorreta quanto a reter a peça dos autos;
e. correta, porque decisão parcial sempre desafia mandado de segurança.

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Prova comentada

50. Em uma audiência inaugural, não comparecendo o reclamante e apresentando seu


advogado um atestado médico, sustentou o advogado da empresa reclamada que o
atestado seria falso, exibindo fotografias, que haviam sido tiradas há pouco com um
celular, do reclamante adentrando um clube de dança que ficava nas redondezas do foro.
Indagado a respeito, o advogado do autor disse não ter requerimento a fazer, deixando
ao prudente arbítrio do juízo adotar a medida que entendesse cabível.
O juiz então suspende a audiência, alegando que precisaria estudar por alguns momen-
tos o caso e, sigilosamente, determina ao oficial de justiça que compareça de imediato
ao clube de dança e, lá encontrando o reclamante, o intime para depor em seguida, a
fim de esclarecer os fatos, sob as penas da lei.
A determinação judicial em questão foi:
a. correta, para instruir o incidente;
b. correta, para dar seguimento à audiência, superando a questão;
c. correta, para averiguação, mas desnecessária quanto ao depoimento;
d. errada, pois as fotografias já comprovavam a falsidade do atestado;
e. errada, porque não cabe ao juiz determinar depoimento pessoal nessa fase processual.

51. Duas empresas foram condenadas solidariamente a satisfazer as obrigações da pri-


meira para com determinada trabalhadora. Ambas apresentam recursos ordinários, em
separado. A primeira discute a extensão da condenação e a natureza dos títulos devi-
dos. A segunda empresa, por sua vez, alega ser parte manifestamente ilegítima, já que
seria uma empresa estrangeira, sem sede no país, sujeita às leis de seu país de origem
e, por isso, com total autonomia em relação à primeira litisconsorte passiva. Apresen-
tam uma guia de custas paga pela primeira empresa e uma guia de depósito recursal
no valor vigente, recolhida está em nome da segunda empresa.
Ao exercer o juízo de admissibilidade prévio, o juiz deve:
a. negar seguimento ao recurso da primeira empresa e dar prosseguimento ao
da segunda;
b. dar prosseguimento a ambos;
c. negar seguimento ao segundo e dar prosseguimento ao primeiro dos recursos;
d. trancar ambos os recursos;
e. não decidir a questão, remetendo os autos ao Tribunal.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

52. Em determinada reclamação trabalhista, na oportunidade de defesa, a empresa con-


fessa dever todos os títulos nos valores reclamados, exceto um deles.
O reclamante recusa, porém, a conciliação e pretende prosseguir quanto ao título con-
testado. O juiz julga então extintos com julgamento de mérito os títulos reconhecidos e
fixa prazo para que a empresa deposite os valores desses títulos.
A empresa efetua o depósito dos valores determinados, mas se opõe ao seu levanta-
mento pelo reclamante. O juiz decide na sequência:
a. não liberar o dinheiro, porque o processo ainda não tinha sido julgado por inteiro;
b. não liberar o dinheiro, porque a execução em questão seria provisória;
c. não liberar o dinheiro, porque tratar-se-ia de execução de tutela provisória;
d. liberar o dinheiro, já que a execução é definitiva;
e. liberar o dinheiro, porque isso é admitido na execução provisória de parcelas alimentares

DIREITO CONSTITUCIONAL

Aragonê Fernandes

53. Considerando a Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tri-


bunal Federal sobre o controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos, é
correto afirmar que:
a. é cabível ação direta de inconstitucionalidade ajuizada originariamente perante o
Supremo Tribunal Federal impugnando abstratamente lei municipal, por alegada
ofensa a normas da Constituição da República de 1988 que não são de reprodução
obrigatória pelos Estados-membros;
b. é cabível arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada originaria-
mente no Supremo Tribunal Federal contra lei municipal, por alegada violação a pre-
ceito fundamental da Constituição da República de 1988, ensejando controle concen-
trado de constitucionalidade da norma municipal pelo Supremo Tribunal Federal;
c. a declaração de inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal, em con-
trole abstrato, não gera efeitos repristinatórios de restauração das normas revoga-
das pela lei declarada inconstitucional, salvo determinação expressa no acórdão, em
modulação dos efeitos da decisão;
d. considerando que se trata de ente federativo peculiar, ao qual são atribuídas as com-
petências legislativas reservadas aos Estados e Municípios, é cabível ação direta de
inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legisla-
tiva municipal, ajuizada originariamente perante o Supremo Tribunal Federal;
e. a revogação ou alteração substancial, mesmo que implique exaurimento da eficácia
dos dispositivos questionados, não prejudica a tramitação e não implica perda de
objeto da ação direta de inconstitucionalidade em andamento no Supremo Tribunal
Federal, que deve prosseguir para julgamento final do mérito.

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Prova comentada

54. A respeito dos órgãos do Poder Judiciário e suas competências, considerando o texto
da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
é correto afirmar que:
a. compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas em que se discutem o
recolhimento e o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo
regime estatutário, pois o Art. 114, inciso III, da Constituição da República de 1988
estabelece a competência para as ações sobre representação sindical, entre sindica-
tos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
b. compete à Justiça do Trabalho julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas, pois a
competência prevista no Art. 114, incisos I e II, da Constituição da República de 1988
se define com base no regime de contratação;
c. compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar ação rescisória proposta pela
União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por
juiz estadual em causa não abrangida pela competência delegada prevista no Art.
108, §3º, da Constituição da República de 1988, mesmo quando afetar interesses
de órgão federal, pois compete à Justiça prolatora da decisão rescindenda julgar a
ação rescisória;
d. compete ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho exercer, na forma da lei,
a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com pode-
res correicionais sobre o regime disciplinar dos magistrados, cujas decisões terão
efeito vinculante;
e. compete à Justiça do Trabalho o julgamento das ações de interdito proibitório em
que se busca garantir o livre acesso de funcionários e de clientes às agências ban-
cárias interditadas em decorrência de movimento grevista de trabalhadores da inicia-
tiva privada.

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Prova comentada

55. Considerando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do


Supremo Tribunal Federal a respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos, é
correto afirmar que:
a. o cabimento da ação popular é condicionado à alegação e demonstração de pre-
juízo material aos cofres públicos, pois o Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição da
República de 1988 define a legitimidade de qualquer cidadão para a sua proposição,
porém limita seu objeto à anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe;
b. são compatíveis com o Art. 5º, XIII, da Constituição da República de 1988, que asse-
gura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualifica-
ções profissionais que a lei estabelecer, a exigência de garantia para o exercício da
profissão de leiloeiro e a proibição do exercício do comércio, previstas nos Arts. 6º a
8º e 36 do Decreto n. 21.981/1932;
c. o indeferimento da matrícula em cursos de reciclagem de vigilante e a recusa de
registro do respectivo certificado de conclusão, em razão da existência de inquérito
ou ação penal sem o trânsito em julgado de sentença condenatória, são compatí-
veis com o princípio da presunção de inocência, que deve ser interpretado de forma
a preservar a segurança da sociedade quando se tratar de atividade exercida com
porte de arma;
d. o condicionamento da desfiliação de associado à quitação de débito referente a bene-
fício obtido por intermédio da associação ou ao pagamento de multa não ofende o
direito assegurado no Art. 5º, XX, da Constituição da República de 1988, pois seu
alcance deve ser interpretado à luz dos princípios da boa-fé e da vedação ao enrique-
cimento sem causa;
e. é compatível com os incisos IX e XIII do Art. 5º da Constituição da República de 1988
a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil, bem como o pagamento
de anuidade, para o exercício da profissão de músico, pois o direito ao livre exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão é condicionado ao atendimento das qualifi-
cações profissionais e exigências que a lei estabelecer.

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Prova comentada

56. A respeito do processo legislativo e das competências de Estados- membros e Municí-


pios, considerando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a iniciativa para edição de normas que alterem o padrão remuneratório dos servido-
res públicos é privativa do chefe do Poder Executivo, admitidas emendas parlamen-
tares, mesmo que impliquem aumento de despesa prevista no projeto de lei;
b. é constitucional emenda à lei orgânica do Município criando vantagem remunerató-
ria aos servidores públicos municipais, com aumento de despesa, não implicando
afronta à iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo para edição de normas que
disponham sobre o aumento de remuneração dos servidores públicos;
c. o presidente da República poderá retirar medida provisória submetida à apreciação
do Congresso Nacional nas situações em que, após sua edição, deixaram de existir
os motivos de relevância e urgência que a justificavam;
d. é constitucional a edição de medidas provisórias pelos Estados, desde que o instru-
mento esteja expressamente previsto na Constituição Estadual, com a observância
dos princípios e limitações impostas pelo modelo adotado na Constituição da Repú-
blica de 1988;
e. a previsão em Constituição Estadual de iniciativa popular para apresentação de pro-
postas de emendas constitucionais no processo de reforma da respectiva Constitui-
ção é incompatível com o Art. 60 da Constituição da República de 1988, pois viola
o princípio da simetria no processo legislativo ao ampliar o rol de legitimados para a
iniciativa de emenda constitucional.

DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

Aragonê Fernandes

57. Considerando os direitos individuais e sociais trabalhistas na Constituição da República


de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a gestante possui direito à estabilidade no emprego desde que o empregador tenha
ciência do estado gravídico em momento anterior ao da despedida imotivada;
b. é incompatível com o Art. 7º, XI, da Constituição da República de 1988, norma de
Constituição Estadual que preveja a participação de empregados na diretoria de
empresas públicas ou de sociedades de economia mista, mesmo quando observar
os parâmetros da legislação federal;
c. o termo inicial do período da licença-maternidade prevista no Art. 7º, XVIII, da Cons-
tituição da República de 1988, pode se dar entre o vigésimo oitavo dia antes do parto
e a ocorrência deste, mediante atestado médico apresentado pela empregada, sendo
irrelevante a data da alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. é compatível com o Art. 7º, XXIX, da Constituição da República de 1988, norma legal
que fixa o cancelamento do registro ou cadastro no órgão gestor de mão de obra
como marco inicial do prazo prescricional para ações relativas aos créditos decorren-
tes de trabalho avulso portuário;
e. é incompatível com o Art. 7º, XI, da Constituição da República de 1988, norma legal
que determina a observância de diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo
nas negociações coletivas para a participação nos lucros e resultados pelos empre-
gados de empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União dete-
nha a maioria do capital social com direito a voto.

58. A respeito dos princípios da isonomia e não discriminação nas relações de trabalho, con-
siderando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. é incompatível com o princípio da isonomia a fixação da remuneração do trabalho do
preso em valores inferiores ao do salário mínimo previsto no Art. 7º, IV, da Constitui-
ção da República de 1988, pois o fato de estar preso não justifica a diferenciação dos
trabalhadores livres;
b. os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença ges-
tante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença ado-
tante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada;
c. lei estadual que fixa piso salarial regional e exclui de sua incidência os contratos de
aprendizagem é incompatível com a Constituição da República de 1988, pois afronta
o princípio da isonomia e o disposto no Art. 7º, inciso XXX, que proíbe a diferença de
salários por motivo de idade;
d. o fato de os trabalhadores portuários avulsos sujeitarem-se a um regime de explo-
ração diferenciado daqueles trabalhadores portuários com vínculo permanente torna
legítima a diferenciação entre eles quanto ao adicional de risco, que não é devido aos
trabalhadores avulsos mesmo quando implementadas as condições legais que ense-
jam o pagamento aos trabalhadores com vínculo permanente;
e. é cabível, com base no princípio da isonomia, a equiparação de remuneração entre
empregados da empresa tomadora de serviços e empregados da empresa contra-
tada (terceirizada), desde que ambos desempenhem a mesma função, na mesma
localidade e com igual produtividade e perfeição técnica.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

59. Considerando a constitucionalização do Direito do Trabalho e as normas e princípio de


Direito Coletivo do Trabalho na Constituição da República de 1988 e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a ampla legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos
e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam
abrange apenas a fase de conhecimento do processo, de modo que somente podem
promover as liquidações e execuções de sentença mediante expressa autorização
individual dos substituídos;
b. a intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dis-
pensa em massa de trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por
parte da entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo;
c. a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio coletivo
de natureza econômica é inconstitucional, pois afronta o princípio do livre acesso à
Justiça e a norma do Art. 8º, III, da Constituição da República de 1988, que assegura
ao sindicato legitimidade para defesa dos interesses da categoria em juízo;
d. é incompatível com o Art. 8º da Constituição da República de 1988 a criação de
sindicatos de empregados de entidades sindicais, pois os organismos sindicais não
formam uma categoria econômica e não possuem representação sindical, o que invia-
biliza a celebração de convenções coletivas de trabalho;
e. o princípio da unicidade sindical consta expressamente nas Constituições brasileiras
a partir de 1946, sendo que o texto do Art. 8º, inciso II, da Constituição Federal de
1988 reproduz norma da Constituição Federal de 1967, com redação atribuída pela
Emenda Constitucional de 1969.

60. De acordo com o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do


Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. até que seja promulgada lei complementar regulamentando o inciso I do Art. 7º da
Constituição da República de 1988, a proteção contra despedida arbitrária ou sem
justa causa fica limitada aos termos do Art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias;
b. é incompatível com a Constituição da República de 1988 a responsabilização objetiva
do empregador por danos decorrentes de acidente de trabalho, independentemente
da natureza da atividade desenvolvida habitualmente pelo trabalhador ou de previ-
são em lei ordinária, pois a norma do Art. 7º, XXVIII, prevê a obrigação de indenizar
quando incorrer em dolo ou culpa;
c. é compatível com os Arts. 7º, V, e 8º, I, da Constituição da República de 1988, norma
de lei estadual que determina a participação do governo do Estado nas negociações
entre entidades sindicais de trabalhadores e empregadores para definição dos pisos
salariais das categorias;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. o parágrafo único do Art. 7º da Constituição da República de 1988, com a redação


dada pela Emenda Constitucional n. 72/2013, assegura à categoria dos trabalhado-
res domésticos os direitos a adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas e a jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento;
e. a concessão de intervalos para repouso e alimentação durante a jornada de trabalho
de seis horas é incompatível com o sistema de turnos ininterruptos de revezamento e
o descaracteriza para efeitos do Art. 7º, XIV, da Constituição da República de 1988.

61. Considerando os princípios e institutos das ordens econômica e social na Constitui-


ção da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é correto
afirmar que:
a. é compatível com o princípio da livre iniciativa lei estadual que exige dos supermer-
cados que mantenham empregados próprios ou terceirizados que executem a função
de empacotador, pois amparada no objetivo da busca do pleno emprego;
b. o cumprimento da função social da propriedade rural resta configurado quando aten-
didos, simultaneamente, os requisitos de aproveitamento racional, utilização ade-
quada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, não sendo
exigível exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores,
por ausência de previsão constitucional;
c. é compatível com o princípio da livre iniciativa, a liberdade de exercício de atividade
econômica e o Art. 7º, IV, da Constituição da República de 1988, norma legal que
exige integralização de capital social mínimo para abertura de empresa, em valor
estabelecido em determinado número de salários mínimos;
d. é incompatível com os princípios constitucionais da livre iniciativa e livre concorrên-
cia a edição de lei para estímulo a empresas que invistam em pesquisa e pratiquem
sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,
participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho;
e. o princípio da proteção integral da criança e do adolescente, previsto no Art. 227 da
Constituição da República de 1988, não abrange direito à proteção especial de garan-
tia de direitos previdenciários e trabalhistas e de acesso do trabalhador adolescente
e jovem à escola.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO CIVIL

Carlos Elias

62. João, que contratou o seguro de seu carro com a seguradora X, sofre acidente automo-
bilístico cujo sinistro estava coberto pela apólice securitária. João acionou a seguradora
em seguida, requerendo o pagamento do prêmio, o que foi prontamente concedido.
Considerando que João é qualificado como consumidor para fins da relação jurídica
constituída com a seguradora, o prazo prescricional para que a seguradora X possa
exercitar sua pretensão frente ao causador do dano é de:
a. cinco anos, com base no Código Civil, pois seria o prazo para o exercício do direito
de regresso da seguradora frente ao causador direto do dano;
b. cinco anos, com base no Código de Defesa do Consumidor, pois o contrato de seguro
se constitui como uma relação de consumo;
c. três anos, com base no Código Civil, pois o segurador sub-roga-se nos direitos do
segurado, podendo buscar o ressarcimento frente ao terceiro causador do dano;
d. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão do segurador
contra o segurado;
e. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão da reparação civil.

63. João contratou compromisso de compra e venda de imóvel com Maria, assumindo a
obrigação de pagamento de dez parcelas de igual valor. Após o pagamento de três
parcelas devidas, João tornou-se inadimplente e o contrato foi resolvido. Constava no
contrato cláusula penal prevendo a perda integral dos valores pagos. Indignado com o
que denominou “desproporção da sanção”, João requereu judicialmente a declaração
de invalidade da cláusula penal, sob o argumento de que estariam comprovados os ele-
mentos caracterizadores da lesão.
Sobre o caso descrito, é correto afirmar que:
a. está configurada a lesão, defeito do negócio jurídico que gera a nulidade da cláusula penal,
pois está presente o elemento da desproporção manifesta das obrigações assumidas;
b. a previsão contratual da cláusula penal compensatória é inválida, independentemente de
sua manifesta desproporção, pois está prevista em contrato de compra e venda de imóvel;
c. para caracterizar a lesão, João deve provar a existência de desproporção manifesta
entre as obrigações constituídas e a sua inexperiência, que não pode ser presumida,
ou a premente necessidade de contratar;
d. tratando-se de contrato de compra e venda de imóvel entre particulares, aplica-se o
Código de Defesa do Consumidor, que prevê, em seu Art. 51, II, a nulidade de cláu-
sula que subtrai ao consumidor o reembolso de quantia já paga;
e. a cláusula penal compensatória permite a Maria exigir de João o pagamento integral
dos valores já pagos, ainda que João comprove a manifesta desproporção entre as
parcelas e sua inexperiência.

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Prova comentada

64. A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada quando:


a. for exigida do credor a prova de fraude ou de abuso do direito imputados ao sócio
administrador da sociedade, conforme previsto no Art. 50 do Código Civil;
b. o credor comprova a existência de confusão patrimonial, desde que esta seja reco-
nhecida por meio da obtenção ilícita de valores no patrimônio do administrador sócio
da sociedade;
c. com base no Art. 50 do Código Civil, o administrador que não integra o quadro socie-
tário da empresa for pessoalmente responsabilizado pelos danos sofridos pelos cre-
dores da pessoa jurídica;
d. reconhecida a responsabilização dos sócios da pessoa jurídica, ainda que não haja
insolvência da pessoa jurídica nem fraude comprovada, o patrimônio dos sócios for
suficiente para pagar as dívidas dos credores daquela;
e. o consumidor demonstra o estado de insolvência do fornecedor ou a sua personali-
dade jurídica representa obstáculo ao ressarcimento dos seus danos, conforme o Art.
28, parágrafo 5º, do Código de Defesa do Consumidor.

65. Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado imóvel
de sua propriedade a João “quando ele manifestar seu interesse”.
Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade, é correto afirmar que é condição:
a. puramente potestativa, vedada pelos Arts. 115 e 122 do Código Civil;
b. simplesmente potestativa, portanto válida, pois estipulada em benefício do credor;
c. puramente potestativa, pois confere ao devedor a prerrogativa de impedir a eficácia
do negócio jurídico;
d. defesa, pois priva de todo efeito o ato jurídico pretendido;
e. ilícita, pois subordina a eficácia do negócio jurídico à vontade exclusiva de uma
das partes.

66. A sociedade limitada X contratou a locação de uma loja no Shopping Center Y, a ser
construído, com a finalidade de dar início a suas atividades empresariais. Tanto a cons-
trução do shopping quanto a locação de suas lojas são de responsabilidade da Cons-
trutora W, que se obrigou a entregar a obra pronta em doze meses. Ocorre que a Cons-
trutora W descumpriu sua obrigação relativa à construção do shopping, identificando-se
no caso o inadimplemento absoluto por impossibilidade da entrega da loja e, por conse-
quência, a impossibilidade de cumprir as obrigações relativas à locação. Tornando-se
impossível o início de suas atividades empresariais, a sociedade limitada X ingressou
com ação indenizatória em face da Construtora W, cujo pedido foi de reparação dos
danos sofridos em decorrência de inadimplemento contratual que a impediu de obter
faturamento próprio.
Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

a. o inadimplemento contratual obriga a Construtora W a indenizar a sociedade limitada


X quanto aos danos emergentes provados, isto é, aqueles relativos ao que efetiva-
mente perdeu;
b. além dos danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à indenização pelos lucros
cessantes, cuja quantificação independe do início da sua atividade empresarial;
c. os lucros cessantes em caso de descumprimento de obrigação contratual assumida
pela Construtora W para a entrega do imóvel são presumidos;
d. além dos lucros cessantes e danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à inde-
nização por perda da chance, proporcional à expectativa quanto à probabilidade de
auferir lucro na exploração da atividade;
e. é devida a compensação pelos danos morais in re ipsa sofridos pela sociedade limi-
tada X, decorrente do inadimplemento contratual e da frustação pelo início das ativi-
dades empresariais.

67. A sociedade limitada X contrata empréstimo bancário com o Banco Y. Maria, sócia da
sociedade limitada X, voluntariamente concede em garantia ao empréstimo contratado o
imóvel único no qual mantém moradia com sua família, por meio de constituição de aliena-
ção fiduciária. Inadimplente a sociedade limitada X, o Banco Y, credor fiduciário, executa
a garantia que recai sobre o imóvel, consolidando a propriedade resolúvel em seu favor.
A respeito do caso, é correto afirmar que:
a. a impenhorabilidade do bem de família prevalece sobre a alienação fiduciária em
garantia, ainda que livremente pactuada entre Maria e o Banco Y;
b. tal como na hipoteca, é presumido o benefício à entidade familiar de Maria na contrata-
ção do empréstimo bancário pela sociedade limitada X, gravado de garantia fiduciária;
c. a alienação fiduciária em garantia é inválida por tratar-se de bem de família a garan-
tia ofertada, não tendo sido os valores obtidos com o empréstimo feitos em favor do
imóvel ou da unidade familiar;
d. dado que a alienação fiduciária em garantia foi livremente pactuada, o imóvel per-
tencente à entidade familiar é impenhorável, tendo em vista que não se aplicam as
exceções do Art. 3º da Lei n. 8.009/1990;
e. o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade limitada X con-
solida a propriedade imóvel em nome do Banco Y, independentemente da natureza
do bem dado em garantia por meio da alienação fiduciária.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO JOVEM

Islene Castelo Branco

68. A Constituição da República de 1988 (Art. 227) estabelece que é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Tendo em vista os princípios relacionados a esse tema, é INCORRETO afirmar que:
a. o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e impres-
critível, podendo ser exercitado contra os pais ainda em vida, excluídos os herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça;
b. será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai pri-
vado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou,
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independen-
temente de autorização judicial;
c. a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o
direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
criança estabelecidos em lei;
d. a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institu-
cional não se prolongará por mais de dezoito meses, salvo comprovada necessi-
dade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela auto-
ridade judiciária;
e. a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disci-
plina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socio-
educativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los
ou protegê-los.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

69. Considerando as normas relativas ao contrato de aprendizagem, é correto afirmar que:


a. em qualquer hipótese, o contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por
mais de dois anos;
b. a duração do trabalho do aprendiz não excederá cinco horas diárias, sendo vedadas
a prorrogação e a compensação de jornada;
c. a validade do contrato de aprendizagem prescinde de anotação na Carteira de Traba-
lho e Previdência Social, devendo ser provada a matrícula e frequência do aprendiz
na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e de inscrição em programa de
aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação téc-
nico-profissional metódica;
d. é considerada causa para a extinção do contrato de aprendizagem o desempe-
nho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiên-
cia quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de
apoio necessário ao desempenho de suas atividades;
e. contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito,
por prazo determinado ou indeterminado, em que o empregador se compromete a
assegurar, ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendiza-
gem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas
necessárias a essa formação.

70. A Lei n. 11.788/2008 dispõe sobre as relações de estágio, definindo-o como o ato edu-
cativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à prepa-
ração para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regu-
lar em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
da educação de jovens e adultos.
Considerando os dispositivos legais, é correto afirmar que:
a. o educando deverá ser inscrito e contribuir como segurado especial do Regime Geral
de Previdência Social;
b. o número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades
concedentes de estágio deverá ser de 10% para empresas com mais de vinte e
cinco empregados;
c. são obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educan-
dos, entre outras, exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não supe-
rior a um ano, de relatório das atividades;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das dire-
trizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico
do curso, sendo considerado estágio obrigatório aquele definido como tal no pro-
jeto do curso, sendo a carga horária requisito facultativo para aprovação e obtenção
de diploma;
e. a manutenção de estagiários em desconformidade com a Lei caracteriza vínculo de
emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legis-
lação trabalhista e previdenciária, e a instituição privada ou pública que reincidir na
irregularidade ficará impedida de receber estagiários por dois anos, contados da data
da decisão definitiva do processo administrativo correspondente

BLOCO III

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Cristiny Rocha

71. Sobre a coisa julgada material, é correto afirmar que:


a. o reconhecimento da existência de um fato jurígeno pelo juiz que motivou o resultado
de procedência de uma pretensão, impede o reexame do mesmo fato em uma outra
ação em que litiguem as mesmas partes;
b. no Código de Processo Civil de 2015, nos termos do Art. 503, a questão prelimi-
nar resolvida expressa e incidentalmente no processo pode ter força de lei entre as
partes, fazendo coisa julgada material;
c. na sentença líquida, constatado erro de cálculo, admitir-se-á a devida correção de
ofício, desde que ainda no prazo recursal. Porém, a correção de erro referente a cri-
térios de cálculo, que constituem fundamentos da decisão, depende de interposição
de recurso para sua revisão;
d. nas sentenças determinativas – que decidem relação jurídica de trato continuado,
sobrevindo modificação no estado de fato ou de direito, poderá a parte ré ajuizar
ação de revisão, o que afasta a ideia de intangibilidade e de imutabilidade da deci-
são anterior;
e. na hipótese de litisconsórcio necessário simples, a ausência de citação permite ao
litisconsorte que não integrou a lide, mesmo após o trânsito em julgado da decisão,
propor, como terceiro, simples ação judicial para reconhecer o provimento judicial
como ineficaz

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

72. O atual Código de Processo Civil disciplina a formação do processo e sua extinção,
bem como aspectos específicos sobre a concessão da tutela antecipada.
Considerando as normas legais em vigor, é correto afirmar que:
a. ao prever a reunião para julgamento conjunto de processos que possam gerar risco
de decisões conflitantes, o CPC autoriza o órgão julgador, em juízo de conveniência
e para evitar demora de processamento da segunda demanda, a receber aditamento
de pedido e de causa de pedir até o saneamento do processo;
b. concedida a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, cuja petição inicial
limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de tutela final, deverá o autor
promover o aditamento com a complementação de sua argumentação, bem como
providenciar a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela
final, em quinze dias, caso não haja prazo maior fixado;
c. no que se refere ao procedimento de tutela antecipada requerida em caráter ante-
cedente, cuja petição inicial limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de
tutela final, não há previsão legal para se admitir a emenda da petição inicial, caso o
órgão jurisdicional entenda que não há elementos para a concessão do pedido;
d. a desistência da ação, independentemente de oferecida a contestação, a desistên-
cia do recurso, ainda que já apresentadas as contrarrazões, e a renúncia ao direito
de recorrer constituem negócios jurídicos unilaterais não receptivos e, portanto, não
dependentes de aceitação da parte contrária;
e. oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor
depende de requerimento do réu. Entretanto, a extinção do processo sem resolução de
mérito somente estará autorizada se a parte autora, intimada por meio do Diário de Jus-
tiça, na pessoa de seu advogado, não promover os atos e as diligências que lhe incumbir.

73. Na Vara do Trabalho em que se processa a ação de execução fiscal de dívida ativa ins-
crita, no valor de vinte milhões de reais, a empresa XYZ Ltda. ajuíza ação judicial que
denomina “ação declaratória de anulação de auto de infração”, em face da União, em
que pretende o reconhecimento de nulidade do auto de infração lavrado pela Gerência
Regional do Trabalho como consta de processo administrativo. Pretende, ainda e alter-
nativamente, nos termos do que fundamenta na causa de pedir, a redução da multa
aplicada, para que se reconheça como devida apenas a quantia de cem mil reais.
De acordo com os dados informados, é correto afirmar que:
a. os pedidos são de natureza condenatória e a forma de cumulação é sucessiva;
b. os pedidos são de natureza declaratória e a forma de cumulação é simples;
c. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é subsidiária;
d. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é alternativa;
e. os pedidos são de natureza declaratória, constitutiva e condenatória e a forma de
cumulação é subsidiária

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

74. Sobre os precedentes judiciais, é correto afirmar que, como técnica de julgamento:
a. o overruling visa demonstrar argumentativamente, por juiz ou por tribunal, como
órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada razão de decidir, no
que tange a sua congruência social e sua integridade sistêmica;
b. o distinguishing visa demonstrar de forma argumentativa, unicamente por uma Corte
de precedentes, a ausência de identidade fática e jurídica entre os elementos essen-
ciais e relevantes do precedente e do caso em análise;
c. para identificar o que é um obiter dictum, deve-se verificar se a decisão permanecerá
íntegra e coerente em sua motivação essencial ao se retirar determinado dado argu-
mentativo para a solução do problema jurídico posto;
d. na decisão plural, a ratio decidendi a ser adotada como precedente conterá necessa-
riamente todas as rationes decidendi que levem a idêntico resultado na parte disposi-
tiva do julgamento;
e. a ratio decidendi de um precedente deverá ser identificada nos enunciados de emen-
tas dos acórdãos da Corte de precedentes, e a ausência de demonstração da distin-
ção para a não adoção das razões de decidir do caso piloto importará no reconheci-
mento da decisão como não fundamentada.

75. Sobre os embargos de terceiro, é correto afirmar que:


a. diante do que dispõe o atual Código de Processo Civil, os embargos de terceiro
servem à defesa daquele que sofrer constrição ou ameaça de constrição apenas
sobre bens que estejam em sua posse direta ou sobre os quais tenha direito de posse
incompatível com o ato constritivo;
b. considera-se terceiro o sócio de sociedade mercantil em que a lei lhe reconhece res-
ponsabilidade direta pela dívida da sociedade e que não fez parte de incidente de
desconsideração da personalidade jurídica;
c. embora se admitam embargos de terceiro preventivos, será com a ciência da penhora
que se iniciará o prazo decadencial de cinco dias para o seu ajuizamento. Contudo, no
processo de conhecimento a defesa do domínio e da posse poderá ocorrer enquanto
não transitada em julgado a sentença;
d. não é terceiro e não poderá opor embargos de terceiro o adquirente de coisa litigiosa
na condição de sucessor processual. Não sendo admitido como parte no processo, é
lícito seu ingresso como assistente litisconsorcial;
e. será competente órgão de primeiro grau de jurisdição para processar e julgar ação
de embargos de terceiro, mesmo quando a constrição for determinada em grau de
recurso ou for oriunda de ação de competência originária de tribunal.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

76. No atual microssistema de julgamento de casos repetitivos, a tese firmada permitirá, em


outras causas, com a mesma base fático-jurídica e identidade essencial:
a. ter por causa de pedir, em ação rescisória, a violação de norma jurídica, não ense-
jando o julgamento de plano pelo relator em conflito de competência;
b. o cabimento de reclamação da parte interessada, mas apenas nos casos em que não
tenha ocorrido o trânsito em julgado da decisão impugnada, ainda que a reclamação
seja anterior à preclusão máxima;
c. ao relator, por decisão unipessoal, negar provimento a recurso que for contrário à
tese firmada, mas só possibilitará dar provimento ao recurso depois de facultada a
apresentação de contrarrazões;
d. conceder tutela de evidência, quando as alegações de fato puderem ser comprova-
das documentalmente, mas não servirá como fundamento para a sentença de impro-
cedência liminar do pedido;
e. não submeter ao duplo grau de jurisdição a sentença proferida contra a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mas não evitará a necessidade da caução
para o cumprimento provisório da sentença impugnada que importe no levantamento
de depósito em dinheiro.

77. Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, é correto afirmar que:


a. nas sociedades em comum, por serem dotadas de personalidade processual – capa-
cidade de ser parte – para que seus sócios sejam responsabilizados, solidária e ilimi-
tadamente, haverá a necessidade de instauração do incidente de desconsideração
da personalidade jurídica;
b. o inciso II do Art. 790 do Código de Processo Civil, quando estatui que os bens dos
sócios, nos termos da lei, estão sujeitos à execução, refere-se à responsabilidade
secundária indireta do sócio e, portanto, pressupõe a observância do instituto da des-
consideração da personalidade jurídica;
c. a decisão proferida no processo de conhecimento que afasta a responsabilidade do
sócio pela dívida da sociedade, sob o fundamento de não demonstrada a confusão patri-
monial, não inibe, na execução, pedido para instauração de incidente de desconsidera-
ção da personalidade jurídica por outra causa de responsabilização secundária indireta;
d. considera-se, para efeitos da lei processual, como instaurado o incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica quando, desde a petição inicial, haja pretensão
de responsabilidade patrimonial dos sócios;
e. pelo princípio da eventualidade ou da concentração da defesa, no procedimento inci-
dental de desconsideração da personalidade jurídica, o sócio (ou a sociedade no
caso de desconsideração inversa) deve defender-se a respeito de todos os pontos
relativos à dívida, à correção dos cálculos de liquidação e mesmo sobre a validade do
título executivo, sob pena de preclusão

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

78. Por petição dirigida ao juízo que proferiu a sentença, Caio pretende a declaração de
nulidade da intimação da decisão, afirmando que, surpreendentemente, o ato foi diri-
gido a advogado que não mais o representava, indicando, inclusive, as folhas dos autos
em que se encontrava oportunamente juntado o substabelecimento sem reserva de
poderes e outras intimações em nome dos atuais patronos. Diante do ocorrido, reque-
reu que fosse realizada nova intimação, desta feita em nome de seu regular patrono, a
fim de que novo prazo lhe fosse concedido para interposição do recurso cabível.
Considerando corretas as informações de Caio, deverá o juízo:
a. indeferir o requerimento e, se for o caso, certificar o trânsito em julgado;
b. obrigatoriamente dar vista à parte contrária antes de decidir sobre o requerimento;
c. anular o ato, publicando novamente a sentença;
d. proceder à nova e, desta feita, correta intimação da sentença;
e. chamar o feito à ordem e reabrir o prazo para a interposição de eventual recurso.

79. Quanto aos honorários advocatícios sucumbenciais, é correto afirmar que:


a. o princípio da sucumbência sempre deverá ser utilizado como critério determinante
para a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios;
b. nas causas em que o valor da condenação se revelar elevado ou for irrisório, poderá
o julgador fixar honorários advocatícios por apreciação equitativa;
c. a sentença que liminarmente julgar a pretensão improcedente, na forma do Art. 332
do Código de Processo Civil, deve condenar a parte autora sucumbente em honorá-
rios advocatícios;
d. nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor e nas ações
civis públicas, a condenação da parte autora, sucumbente, em honorários advocatí-
cios, somente ocorrerá se comprovada a má-fé;
e. a condenação em honorários advocatícios não depende de pedido expresso na peti-
ção inicial. Assim, mesmo que omissa a sentença quanto aos honorários advocatí-
cios, o advogado da parte vencedora poderá exigi-los na execução.

80. Quanto aos incidentes na execução, é correto afirmar que:


a. os embargos à arrematação constituem meio idôneo para desconstituir a arremata-
ção, desde que opostos antes da assinatura do auto;
b. somente por ação autônoma poderá o executado invalidar a arrematação, quando
comprovada a quitação integral do crédito exequendo em data anterior ao leilão;
c. por simples petição, poder-se-á pretender que a arrematação seja invalidada, desde
que provocado o juiz em até dez dias contados do aperfeiçoamento da arrematação;
d. em ação autônoma é possível o desfazimento da arrematação, mesmo que o arrema-
tante não tenha dado causa ou contribuído para a invalidação da alienação forçada;
e. o interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá apresentar seu
pedido após o início do segundo leilão, desde que, não sendo o lance vil, a proposta
contenha oferta de pagamento de pelo menos 25% do valor do lance à vista e o res-
tante parcelado em até trinta meses.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

81. Quanto às regras pertinentes à competência do órgão judicante, à luz da jurisprudência,


é correto afirmar que:
a. não se analisará a ocorrência de conexão ou continência quando suscitadas em exce-
ção de incompetência relativa;
b. em caso de indeferimento de tutela antecipada requerida em caráter antecedente, o
processo principal deverá sofrer livre distribuição, não estando prevento o juízo que
recebeu petição inicial cujo requerimento se limitava à antecipação de tutela;
c. o princípio do venire contra factum proprium veda o comportamento contraditório da
parte. E, em sendo assim, não deverá o juízo analisar a alegação de incompetência
absoluta em razão da matéria formulada pela parte autora, após fase instrutória que
não lhe favoreça;
d. qualquer das partes pode pretender a modificação de competência relativa, sendo
possível que o órgão jurisdicional, ciente da existência de ação conexa, conheça da
questão de ofício. Quanto à incompetência relativa, pode suscitá-la o réu ou o Minis-
tério Público, este apenas na condição de parte ré;
e. a exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual pró-
prio para sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por
conexão ou continência, poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido
julgada e esteja em execução, mas haja nítida relação de prejudicialidade, como nos
casos de ação anulatória de débito fiscal e execução fiscal.

82. O atual Código de Processo Civil dedica alguns artigos ao que denominou Normas Fun-
damentais do Processo, demonstrando, inclusive, o fenômeno da constitucionalização
do direito processual.
Nesse cenário, é correto afirmar que:
a. o processo civil rege-se pelo princípio dispositivo e o processo começa e se desen-
volve apenas por iniciativa da parte;
b. sob pena de malferir o princípio da imparcialidade, o juiz não deve apontar às partes
eventuais deficiências formais do processo para permitir as devidas correções;
c. embora as partes tenham o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do processo (CPC, Art. 4º), nosso direito processual civil não admite o contraditó-
rio diferido;
d. a proibição de decisão surpresa, conforme previsto no Art. 10 do Código de Processo
Civil, não se aplica quando a matéria sobre a qual o juiz deva decidir seja de ordem
pública ou possa ser conhecida de ofício;
e. ao alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu, em sintonia com os princípios da prima-
zia da decisão de mérito, da cooperação e da boa-fé processual, indicar, sempre que
tiver conhecimento, o sujeito passivo da relação jurídica discutida

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO

Alice Rocha

83. Com relação à internalização de tratados internacionais de direitos humanos e Conven-


ções da OIT, é correto afirmar que:
a. todos os tratados internacionais que abarcam normas materialmente constitucionais
são equivalentes às normas formalmente constitucionais, portanto, o controle con-
centrado de constitucionalidade é o que analisa a compatibilidade da lei com a norma
contida em qualquer tratado internacional vigente no Brasil;
b. a produção legislativa nacional deve observar a dupla compatibilidade vertical mate-
rial, ou seja, deve respeitar a Constituição da República de 1988, bem como os trata-
dos internacionais de direitos humanos ratificados e em vigor no Brasil;
c. a contrariedade de nova lei com qualquer tratado internacional vigente no Brasil é
passível de controle concentrado de convencionalidade;
d. a compatibilidade entre lei e tratados internacionais de direitos humanos, incluindo
Convenções da OIT, se dá por meio de controle difuso de convencionalidade apenas
se forem equivalentes a emenda constitucional;
e. o princípio internacional pro homine não se aplica no plano interno, pois não tem rela-
ção com o princípio da dignidade da pessoa humana ou o princípio da prevalência
dos direitos humanos.

84. Com relação às Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), é correto


afirmar que:
a. são tratados particulares, discutidos, aprovados e assinados exclusivamente por
representantes dos Estados;
b. visam apenas à fixação de vantagens, prestações e contraprestações recíprocas,
como outros tratados internacionais;
c. buscam universalizar as normas de proteção ao trabalho, com a incorporação no
direito interno dos Estados-membros;
d. têm destinatários certos e a adesão só pode se dar no momento da aprovação da
Convenção em Assembleia Geral;
e. o descumprimento de uma convenção da OIT por alguma das partes prejudica o cum-
primento pelas demais, uma vez que compromete a execução do tratado como um todo

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

85. “A merendeira desce, o ônibus sai


Dona Maria já se foi, só depois é que o Sol nasce
De madruga é que as aranha tece no breu
E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu
E o Sol só vem depois
O Sol só vem depois”
Emicida, 2019

Profissões relacionadas ao trabalho reprodutivo (trabalho doméstico e de cuidado) são


preponderantemente ocupadas por mulheres, tais como: auxiliares na área de saúde,
trabalhadoras domésticas, professoras no ensino infantil, babás, cuidadoras de idosos
ou pessoas doentes, trabalhadoras na área de limpeza e conservação. O trabalho re-
produtivo é o que assegura a vida e a reprodução social – já parou para pensar quantas
pessoas cuidaram para que você pudesse fazer esta prova hoje?
No entanto, em geral, são profissões desvalorizadas e com baixa remuneração. Segun-
do dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 4º trimestre de
2021, 5,7 milhões de pessoas estavam ocupadas em trabalhos domésticos, das quais
92% são mulheres, das quais 65% são negras; 4,2 milhões trabalhavam sem cartei-
ra assinada.
À luz da Convenção sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhado-
res Domésticos (n. 189) da OIT, é correto afirmar que:
a. trabalho doméstico é aquele executado em ou para um ou mais domicílios, como ocu-
pação profissional e de forma não ocasional ou esporádica, no marco de uma relação
de trabalho;
b. o conceito de trabalho doméstico na Convenção n. 189 tem como requisito a pres-
tação de serviços por mais de dois dias na semana no âmbito residencial de pessoa
ou família;
c. trabalho doméstico é aquele prestado sem objetivo de lucro em ambiente familiar e,
por isso, não há exigência de idade mínima;
d. trabalho doméstico não visa ao lucro nem tem caráter profissional e, por isso, não
enseja medidas que assegurem a segurança e a saúde no ambiente de trabalho;
e. no contrato de trabalho doméstico, é possível que o empregador retenha os docu-
mentos de viagem e de identidade do trabalhador ou trabalhadora migrante.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

86. Considerando as normas de Direito Internacional e Comunitário, é correto afirmar que:


a. o Brasil é membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas não se sub-
mete à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH);
b. empregado contratado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para prestar ser-
viços no Brasil terá o mérito de sua reclamação trabalhista apreciado pela Justiça do
Trabalho brasileira;
c. não será apreciada pela Justiça brasileira, tendo em vista a imunidade de jurisdição,
reclamação trabalhista de trabalhadora doméstica que presta serviços em residência
de embaixadora com representação no Brasil;
d. a pessoa imigrante sem visto ou passaporte, encontrada em trabalho em condição
análoga à de escravo em território nacional, não tem direito à autorização de residên-
cia no Brasil, devendo ser deportada imediatamente, pois não detém nenhum direito
trabalhista ou humanitário;
e. são objetivos estratégicos da Agenda de Trabalho Decente da OIT: aplicar os prin-
cípios e direitos fundamentais no trabalho; promover as oportunidades de trabalho
e renda decentes para homens e mulheres; adotar e ampliar medidas de proteção
social; promover o diálogo social e tripartismo.

87. Segundo dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE), 2.575 pessoas foram resgatadas de trabalho em condições análogas
às de escravo no Brasil.
Recentemente, um grupo de mais de 200 trabalhadores foi resgatado em Bento Gonçal-
ves/RS, sendo que 198 deles eram provenientes do Estado da Bahia. O grupo foi con-
tratado para trabalhar na safra da uva e foi encontrado em um alojamento em condições
precárias. De acordo com o levantamento do grupo de fiscalização, as pessoas eram
submetidas a ameaças e agressões, bem como a restrição da liberdade no local e a jor-
nada exaustiva, além de terem contraído dívidas em razão de transporte e alimentação.
Diversos tratados internacionais que guardam relação com a eliminação do trabalho
forçado ou em condição análoga à escravidão estão em vigência no Brasil, EXCETO:
a. Convenção sobre Trabalho Forçado ou Obrigatório (n. 29), adotada pela OIT (1930);
b. Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU (1948);
c. Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado (n. 130), adotada pela OIT (1957);
d. Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil (n. 182), ado-
tada pela OIT (1999);
e. Protocolo à Convenção sobre o Trabalho Forçado (P029), adotado pela OIT (2014).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

88. “Amou daquela vez como se fosse máquina


Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado”
Chico Buarque, 1971

No mesmo ano em que o Brasil foi tricampeão mundial no futebol (1970), foi também
campeão mundial no número de acidentes de trabalho.
O número de acidentes de trabalho e de óbitos deles decorrentes ainda é alto no Bra-
sil, e especialistas afirmam que o índice de subnotificação esconde um volume ainda
maior. A segurança e a medicina no trabalho são, portanto, essenciais para garantir a
vida saudável e produtiva de quem trabalha.
Sobre a proteção internacional quanto à saúde e medicina do trabalho, é correto
afirmar que:
a. o Brasil ratificou tanto a Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores (n.
155) quanto a Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocu-
pacional (n. 187);
b. embora o assunto saúde e medicina seja relevante, ele ainda não é considerado um
direito fundamental pela OIT;
c. o princípio de um ambiente de trabalho seguro e saudável recentemente passou a
ser considerado uma das cinco categorias de Princípios e Direitos Fundamentais no
Trabalho pela OIT;
d. como a Convenção n. 155 não foi ratificada pelo Brasil, o Estado brasileiro não está
comprometido a respeitá-la nem a promovê-la;
e. a Convenção n. 187 foi ratificada pelo Brasil, mas o Estado brasileiro não a vem
respeitando.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Fernando Maciel

89. João ajuizou ação trabalhista contra a empresa em que laborava, como vendedor
externo, pleiteando a conversão da justa causa em despedida imotivada e o paga-
mento de verbas trabalhistas. Por ocasião da sentença, houve a reversão da justa
causa para despedida imotivada, além da condenação ao pagamento das parcelas
salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima, considerando a Lei n. 8.212/1991 e a jurisprudência domi-
nante no Superior Tribunal de Justiça, haverá a incidência de contribuição previdenciá-
ria na seguinte parcela recebida pelo trabalhador:
a. aviso prévio indenizado;
b. terço constitucional de férias indenizadas;
c. horas extras;
d. diárias para viagens;
e. vale-transporte, na forma da legislação própria.

90. A respeito dos princípios previdenciários, e considerando a jurisprudência dominante


nos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:
a. o princípio da solidariedade norteia as regras dos sistemas públicos e privados de
previdência social no ordenamento jurídico pátrio, sob a égide de que os indivíduos
têm deveres sociais, independentemente de qualquer contraprestação;
b. a partir do princípio da universalidade de custeio da Previdência Social, justifica-se
a contribuição previdenciária do aposentado que permaneça em atividade ou que
retorne à atividade;
c. diante do caráter contributivo da Previdência Social, não se admite a percepção de
benefício sem a contribuição específica para o regime, mesmo quando a responsabili-
dade pelo recolhimento tenha sido transmitida a pessoa diversa do próprio segurado;
d. o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários garante o rea-
justamento com vistas à preservação apenas do valor nominal obtido no momento de
sua concessão;
e. a partir do princípio da equivalência dos benefícios e serviços prestados às popula-
ções urbanas e rurais, os requisitos para concessão de determinado benefício devem
ser os mesmos entre os trabalhadores urbanos e rurais

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

91. A Constituição da República de 1988 prevê que os benefícios previdenciários não


terão valor mensal inferior ao salário mínimo. Entretanto, essa regra comporta algu-
mas ressalvas.
Dentre as hipóteses abaixo indicadas, o benefício que NÃO poderá ser concedido
em montante inferior ao salário mínimo, conforme a legislação vigente sobre a maté-
ria, é o(a):
a. salário-maternidade de empregada doméstica que recebe salário mensal inferior ao
mínimo legal;
b. auxílio-acidente de empregado que sofreu acidente e que retorna ao trabalho, com
redução de sua capacidade laboral;
c. pensão por morte concedida a cônjuge do de cujus, sem outros dependentes legais;
d. cota-parte do auxílio-reclusão concedido aos dependentes do trabalhador recolhido à
prisão em regime fechado;
e. mensalidade paga a empregado aposentado por invalidez e que retorna ao trabalho,
com redução de sua capacidade laboral.

92. Após quinze anos de trabalho em UTI hospitalar, Maria foi afastada para gozo de auxílio
por incapacidade temporária em janeiro de 2020, para tratamento da Covid-19 e das
sequelas decorrentes dessa doença. Aposentou-se por incapacidade permanente em
novembro de 2021. Em dezembro de 2022, teve reconhecido na Justiça do Trabalho o
nexo de causalidade da doença com o seu labor.
Com base no relato acima, é correto afirmar, acerca da renda mensal inicial e da com-
petência jurisdicional para discussão sobre essa matéria, que:
a. a renda mensal inicial da aposentadoria por incapacidade permanente usufruída ini-
cialmente por Maria segue idêntico critério de cálculo utilizado caso decorresse de
acidente de trabalho, não havendo prejuízo financeiro da trabalhadora no particular;
b. Maria deverá ajuizar outra ação contra o empregador na Justiça do Trabalho, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária;
c. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça do Trabalho, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconheci-
mento judicial posterior de sua origem acidentária;
d. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Federal, pleiteando diferen-
ças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
judicial posterior de sua origem acidentária;
e. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Comum Estadual, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

93. João laborava em uma propriedade rural, onde cultivam uvas, posteriormente revendi-
das para vinícolas da região. Além de alimentar e cuidar dos poucos animais do local,
também auxiliava no plantio e na colheita das uvas, sempre que necessário. João rece-
bia dois salários mínimos por mês. Quando trabalhava nas parreiras, recebia mais
um salário mínimo. Após cinco anos trabalhando na informalidade, quando mandado
embora pelo novo dono da propriedade, ingressou com ação trabalhista, postulando
o reconhecimento da relação de emprego e o adimplemento de verbas trabalhistas do
período contratual. Mesmo sem juntar qualquer documento no processo, na audiência
designada pelo juízo, foi celebrado um acordo entre as partes, em que, ajustada a ano-
tação de três anos do contrato de trabalho na sua carteira profissional, além do paga-
mento de R$ 30.000,00 a título de parcelas salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima e considerando a jurisprudência dominante no Superior Tri-
bunal de Justiça, é correto afirmar, para efeito de futura concessão de aposentadoria
por tempo de contribuição, que:
a. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
de idêntico tempo de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribui-
ções previdenciárias incidentes sobre o valor pago no acordo trabalhista;
b. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribuições
previdenciárias incidentes sobre as remunerações devidas ao longo do período con-
tratual registrado na CTPS;
c. a anotação do contrato de trabalho na CTPS permite o reconhecimento de idêntico
tempo de serviço rural, independentemente do recolhimento de contribuições previ-
denciárias devidas;
d. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada à produção em ação própria de
prova oral relativa à parte do período contratual restante, permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, independentemente do recolhimento das contribui-
ções previdenciárias;
e. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada a outros elementos probatórios
convincentes e contemporâneos aos fatos, permite o reconhecimento de até cinco
anos de serviço rural, sem prejuízo do adimplemento das contribuições previdenciá-
rias devidas.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO EMPRESARIAL

Tácio Muzzi

94. A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como maior
canal de publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na inter-
net. A sociedade YYY, sua concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço
de publicidade paga de um dos provedores de busca mais utilizados pelos usuários da
internet. Com base no uso de certas palavras-chave, dentre elas, a marca registrada da
sociedade XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo
pretendido por ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados.
Sobre o caso, é correto afirmar que:
a. a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em
links patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX;
b. a sociedade YYY, devido ao uso indevido de sua marca registrada pela sociedade
XXX, faz jus a indenização por danos morais, sendo necessária a prova do abalo
reputacional sofrido;
c. a sociedade YYY não comete ato ilícito, na medida em que o consumidor é capaz
de reconhecer que o serviço por ela oferecido não se confunde com aquele prestado
pelo seu concorrente, sociedade XXX;
d. a sociedade YYY não comete ato ilícito, pois a contratação de links patrocinados com
o provedor de buscas é lícita, respaldada pelas normas de direito contratual, sendo,
portanto, válida;
e. o uso da expressão “XXX” quando atrelada à expressão “curso de inglês” pela socie-
dade YYY não configura uso indevido da marca e prática de concorrência desleal, na
medida em que não é possível reconhecer o desvio de clientela.

95. Sobre a incorporação de sociedade por ação, é correto afirmar que:


a. na incorporação, uma ou mais sociedades se unem para formar uma sociedade nova;
b. o acionista passa a participar de nova sociedade, desde que consinta quanto ao pro-
cedimento de incorporação;
c. a sociedade sucessora poderá ser companhia aberta ou fechada, ainda que a incor-
porada seja companhia aberta;
d. na incorporação de companhia aberta, o acionista tem o direito ao recesso, mediante
reembolso do valor de suas ações, em casos excepcionais;
e. o credor prejudicado terá até noventa dias para requerer judicialmente a anulação da
incorporação, a contar da publicação dos atos relativos à incorporação.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

96. João contrata com a sociedade Z o arrendamento mercantil de um carro. Pelo acor-
dado expressamente no contrato, João, arrendatário, em caso de inadimplemento a ele
imputado, ficaria obrigado ao pagamento integral do valor contratado, reconhecendo-se
o vencimento antecipado da dívida.
Sobre o acordado contratualmente, é correto afirmar que:
a. somente pode ser reconhecido o vencimento antecipado da dívida nas hipóteses pre-
vistas no Art. 333 do Código Civil, dentre as quais se destaca o concurso de credores;
b. a sociedade Z tem direito não só ao pagamento integral do valor contratado, como
também o de reaver o bem arrendado por meio de ação judicial de busca e apreensão;
c. a cláusula que reconhece o vencimento antecipado da dívida decorrente do inadim-
plemento do arrendatário é válida, sendo facultado à sociedade Z a cobrança integral
do valor antes do termo avençado;
d. João pode exigir a restituição integral dos valores pagos, pois tal cláusula contratual
deve ser reconhecida como excessivamente onerosa, gerando o enriquecimento ilí-
cito da sociedade Z, o que permite a sua revisão;
e. sendo o contrato de arrendamento mercantil classificado como de fornecimento de
produto regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a cláusula que prevê o
vencimento antecipado é abusiva, com base no Art. 51 do CDC.

97. A respeito da recuperação judicial da sociedade empresária, é correto afirmar que:


a. é vedada a previsão, no plano de recuperação sujeito à supervisão judicial, de obri-
gações excedentes ao prazo bienal;
b. o plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a trinta dias para
pagamento de créditos trabalhistas de qualquer natureza;
c. a conclusão bem-sucedida da recuperação judicial se opera automaticamente, após
os dois anos de homologação do plano de recuperação judicial;
d. é possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do
prazo bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerra-
mento da recuperação;
e. o prazo bienal do estado recuperacional do devedor representa o período para o cum-
primento das obrigações do plano de recuperação e se sujeitará à supervisão exclu-
siva da assembleia geral de credores.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS

Milena Vieira

98. O documento Princípios de Yogyakarta, que trata da aplicação de normas de direitos


humanos a questões de orientação sexual e identidade de gênero, preconiza que:
“1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os seres
humanos de todas as orientações sexuais e identidades de gênero têm o direito de des-
frutar plenamente de todos os direitos humanos”.
Considerando tal enunciado, é correto afirmar diante dos Princípios de Bangalore sobre
conduta judicial:
a. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o prenome registrado nos documentos oficiais, para se dirigir
à parte ou testemunha durante a audiência, pois o uso do que consta do documento
oficial determina o que é ser imparcial;
b. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou testemunha durante
a audiência, pois deve reconhecer e compreender a diversidade na sociedade;
c. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o nome social ou o nome constante
no registro civil da parte ou testemunha, conforme sua percepção, observadas as
máximas da experiência, e assim proceder no julgamento do caso;
d. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o gênero que, na sua avaliação,
melhor se adequar à pessoa interlocutora, observadas as máximas da experiência, e
assim proceder no julgamento do caso;
e. o magistrado deverá utilizar apenas os dados já incluídos no cadastramento inicial
do processo eletrônico, imparcialmente, e a insistência do advogado no uso do nome
social da parte ou testemunha enseja reprimenda por quem preside a audiência.

99. O documento Princípios de Yogyakarta, que trata da aplicação de normas de direitos


humanos a questões de orientação sexual e identidade de gênero, preconiza que:
“1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os seres
humanos de todas as orientações sexuais e identidades de gênero têm o direito de des-
frutar plenamente de todos os direitos humanos.”
Considerando tal enunciado, é correto afirmar diante dos Princípios de Bangalore sobre
conduta judicial:
a. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o prenome registrado nos documentos oficiais, para se dirigir
à parte ou testemunha durante a audiência, pois o uso do que consta do documento
oficial determina o que é ser imparcial;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o


magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou testemunha durante
a audiência, pois deve reconhecer e compreender a diversidade na sociedade;
c. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o nome social ou o nome constante
no registro civil da parte ou testemunha, conforme sua percepção, observadas as
máximas da experiência, e assim proceder no julgamento do caso;
d. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o gênero que, na sua avaliação,
melhor se adequar à pessoa interlocutora, observadas as máximas da experiência, e
assim proceder no julgamento do caso;
e. o magistrado deverá utilizar apenas os dados já incluídos no cadastramento inicial
do processo eletrônico, imparcialmente, e a insistência do advogado no uso do nome
social da parte ou testemunha enseja reprimenda por quem preside a audiência.

100. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Con-
tínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo
trimestre de 2022, enquanto os homens não negros (= brancos + amarelos + indíge-
nas) receberam a remuneração mensal média de R$ 3.708,00, as mulheres não negras
(= brancas + amarelas + indígenas) receberam R$ 2.774,00, os homens negros (=
negros + pardos) receberam R$ 2.142,00 e as mulheres negras (= negras + pardas),
R$ 1.715,00.
Com base nesses dados, é correto afirmar que:
a. a igualdade salarial entre homens e mulheres não é objeto de convenções internacio-
nais de direitos humanos;
b. as diferenças de remuneração são resultantes de escolhas pessoais quanto aos estu-
dos e à profissão escolhida ao longo das gerações e, por isso, não importam aos
direitos humanos sociais;
c. as desigualdades no mercado de trabalho vão se diluir com o decorrer do tempo em
razão do princípio da igualdade formal e, por isso, não há necessidade de outros
mecanismos jurídicos para enfrentá-las;
d. as diferenças de remuneração apenas refletem o número de horas trabalhadas por
integrantes de cada grupo social, o que demonstra o mérito de cada um, afastando a
legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas;
e. a desigualdade salarial pode ser melhor compreendida a partir do conceito da discri-
minação múltipla ou agravada, que encontra fundamento na Convenção Interameri-
cana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

GABARITO

1. E 35. E 69. D
2. A 36. D 70. E
3. B 37. E 71. E
4. B 38. D 72. B
5. B 39. B 73. C
6. C 40. A 74. C
7. E 41. D 75. D
8. B 42. A 76. C
9. D 43. A 77. B
10. C 44. C 78. D
11. E 45. B 79. D
12. A 46. A 80. C
13. D 47. C 81. C
14. E 48. A 82. E
15. C 49. D 83. B
16. C 50. A 84. C
17. B 51. A 85. A
18. D 52. D 86. E
19. A 53. B 87. B/C/E
20. B 54. E 88. C
21. D 55. B 89. C
22. D 56. D 90. B
23. E 57. D 91. C
24. A 58. B 92. E
25. B 59. B 93. C
26. C 60. A 94. A
27. A 61. C 95. D
28. A 62. C 96. C
29. C 63. C 97. C
30. B 64. E 98. B
31. B 65. B 99. E
32. E 66. A 100. E
33. B 67. E
34. E 68. A

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Prova comentada

GABARITO COMENTADO

BLOCO I

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

Maria Rafaela

1. A evolução histórica do trabalho demonstra que o labor humano, em suas diversas


dimensões, passou por profundas transformações ao longo do tempo, o que perma-
nece ocorrendo até os dias atuais.
Sob a perspectiva histórica do trabalho e do Direito do Trabalho, é correto afirmar que:
a. a servidão foi um tipo de trabalho característico da sociedade feudal, fundamentada
na posse da terra pelos senhores feudais. Os servos não possuíam liberdade de
trabalho, mas recebiam proteção militar e política dos senhores feudais, bem como
tinham autonomia comercial em relação a tudo que produziam;
b. as corporações de ofício, surgidas a partir do século XII, incluíam três categorias:
mestre, companheiro e aprendiz. Os mestres centralizavam todo o poder, organi-
zando seus estatutos e estabelecendo livremente as condições de trabalho, excetu-
ando-se a necessidade de observação do limite mínimo de idade de 14 anos para a
contratação dos aprendizes;
c. por meio da Encíclica Rerum Novarum, o papa Leão XIII, dentre outros temas, abor-
dou a condição de trabalho do proletariado, defendendo que, dentre os deveres prin-
cipais do patrão, estava preservar a isonomia salarial entre os operários, pois defen-
dia que na sociedade civil todos deveriam ter o mesmo nível social, em igualdade de
condições;
d. o direito do trabalho é produto do século XIX, nascendo como reação à crescente
exploração do trabalho humano. No Brasil, a Constituição de 1891, embora consa-
grasse o princípio da não intervenção do Estado nas relações de trabalho, destacou-
-se como a primeira carta constitucional a abordar em seu texto a necessidade de um
direito ao “trabalho livre, justo e remunerado”;
e. a Lei Chapelier, em 1791, atrelada aos cânones da Revolução Francesa de liberdade
e igualdade do homem, aboliu as corporações de ofício, abrindo espaço, assim, para
a liberdade de trabalho, profissão, arte ou ofício.

Letra e.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
Analisando as alternativas, temos:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

a. Errada. Pois os servos não tinham ampla liberdade em tudo que produziam.
b. Errada. Pois não existia a limitação da idade de 14 anos para os aprendizes.
c. Errada. Pois a Rerum Novarum não menciona igualdade salarial. Conforme o trecho
abaixo, percebe-se justamente o oposto:

Mas, entre os deveres principais do patrão, é necessário colocar, em primeiro lugar, o de


dar a cada um o salário que convém. Certamente, para fixar a justa medida do salário,
há numerosos pontos de vista a considerar. (Grifos nossos.)

d. Errada. Pois o trabalho passou a ser tratado na Constituição brasileira de 1934 como
algo digno. Na Constituição de 1891, dispôs apenas o seguinte:

Art. 72. É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial.
§ 34. Nenhum emprego pode ser criado, nem vencimento algum, civil ou militar, pode ser
estipulado ou alterado senão por lei ordinária especial.

Veja que não se tratou de trabalho digno e justo.


e. Certa. Trata-se da Lei Chapelier, que, realmente, eliminou as Corporações de ofício, mas
proibiu os sindicatos, as greves e as manifestações dos trabalhadores. Alegando a defesa
da “livre empresa” e da iniciativa privada, as penas a serem aplicadas aos sindicalistas
podiam ir desde avultadas quantias em dinheiro e privação de direitos de cidadania até à
pena de morte (Arts. 7º e 8º).

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: No nosso gabarito preliminar, marcamos a alternativa “e”, porém, por
ser a menos errada ao nosso ver. Porém, essa alternativa também está errada, conforme
aduzimos nos comentários, haja vista que a Lei Chapellier, embora tenha aberto espaço
ao trabalho, teve um viés muito negativo quanto à liberdade sindical e, assim, não se pode
dizer que houve realmente plena liberdade. A questão parte do pressuposto de que foi uma
liberdade plena, o que não corresponde à verdade. Marcamos “e” nos nossos comentários,
porém, foi mais no intuito de exclusão.
A alternativa “a” está errada, pois os servos não tinham ampla liberdade em tudo que pro-
duziam. A alternativa “b” está errada, pois não existia a limitação da idade de 14 anos para
os aprendizes. A alternativa “c” está errada, pois a Rerum Novarum não menciona igualda-
de salarial. Conforme o trecho, percebe-se o oposto:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Mas, entre os deveres principais do patrão, é necessário colocar, em primeiro lugar, o de


dar a cada um o salário que convém. Certamente, para fixar a justa medida do salário,
há numerosos pontos de vista a considerar.

A alternativa “d” está errada, pois o trabalho passou a ser tratado na Constituição brasileira
de 1934 como algo digno. Na Constituição de 1891, trata apenas de que:

Art. 72. É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial,
mas não trata do trabalho digno e justo.
§ 34. Nenhum emprego pode ser criado, nem vencimento algum, civil ou militar, pode ser
estipulado ou alterado senão por lei ordinária especial.

A alternativa “e” trata da Lei Chapelier que, realmente, eliminou as Corporações de ofício,
mas proibiiu os sindicatos, as greves e as manifestações dos trabalhadores. Alegando
a defesa da “livre empresa” e da iniciativa privada, as penas a aplicar aos sindicalistas
podiam ir desde avultadas quantias em dinheiro e privação de direitos de cidadania até à
pena de morte (Arts. 7º e 8º).

2. Almerindo trabalha na empresa Meteoro Ltda. há quinze anos e há cinco anos preside
o sindicato da categoria profissional correlata à atividade principal da empresa. Desde
então, diante das demandas exigidas pelo mandato, encontra-se afastado de suas fun-
ções na empresa, que possui duas unidades de estabelecimento: uma na cidade de
Cubatão/SP, à qual Almerindo está ligado desde o início do contrato, e outra na cidade
de Porto Alegre/RS.
Diante dos prejuízos acumulados experimentados na unidade de Cubatão, resultantes
de causas climáticas que há cerca de três anos alteraram substancialmente o mercado
na localidade para o tipo de negócio desenvolvido pela empresa, ela decidiu fechar
essa filial e concentrar a sua atividade em Porto Alegre.
Com base na hipótese relatada, a empresa Meteoro:
a. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, bastando indenizá-lo;
b. poderá despedir Almerindo, mas, por se tratar de dirigente sindical, precisará valer-se
de prévio inquérito;
c. poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, sendo, no entanto, lícita
a transferência para a cidade de Porto Alegre;
d. pelo princípio da inamovibilidade deverá manter Almerindo em seu quadro funcional até
o término do mandato de dirigente sindical, mesmo que feche a unidade de Cubatão;
e. deverá oferecer a Almerindo a transferência para a cidade de Porto Alegre, mas
só poderá despedi-lo após comprovação da necessidade de fechamento da filial
mediante prévio inquérito.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra a.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Trata-se de garantia provisória no emprego de dirigente sindical. Houve um caso peculiar
no processo em que o TST deliberou da seguinte forma:

A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do


Trabalho liberou a Arcelormittal Bioenergia Ltda. da obrigação de reintegrar um ex-em-
pregado de Dionísio (MG) dispensado no exercício do mandato de dirigente sindical. O
colegiado constatou que a empresa havia encerrado as suas atividades produtivas na
base territorial do sindicato do qual o empregado era dirigente, o que afasta o direito à
estabilidade. O inquérito só é necessário se houvesse cometimento de falta grave, o
que não é o caso da questão. A estabilidade do dirigente sindical é inerente ao seu
cargo, não representando uma vantagem pessoal do trabalhador. Por isso, se o estabe-
lecimento para o qual o dirigente foi eleito se extinguir, ele automaticamente perderá
o direito à estabilidade (Súmula 369, IV, do TST). Se não está na sua mesma base
territorial, não há dever do empregador em proceder à sua transferência. (E-RR-10774-
92.2017.5.03.0064) (Grifos nossos.)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “a” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Nós marcamos originalmente no gabarito a alternativa “a”, pois quan-
do se trata de dispensa por fechamento de empresa não precisa de instauração de inqué-
rito para apuração de falta grave. A transferência para outra cidade pode até ser lícita, mas
não é obrigatória para o empregador. Além disso, se houver tal transferência, o empregado
irá sem a devida garantia provisória no emprego. Nos nossos comentários, marcamos a
letra “a” em razão do julgado do TST mencionado e, portanto, compreendemos que seja a
correta, sendo que a letra “c”, muito embora seja lícita a transferência, depende da adesão
do trabalhador e isso não foi escrito na questão. Logo, a alternativa “c” marcada pela banca
como gabarito representa também falhas na insuficiência de informação e, por isso, preten-
de-se ou a mudança de gabarito ou a anulação da questão do certame. Sobre a alternativa
“a” no presente momento comento que se trata-se de garantia provisória no emprego de
dirigente sindical. Houve um caso peculiar no processo em que o TST deliberou E-RR-
10774-92.2017.5.03.0064:

A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do


Trabalho liberou a Arcelormittal Bioenergia Ltda. da obrigação de reintegrar um ex-em-
pregado de Dionísio (MG) dispensado no exercício do mandato de dirigente sindical. O

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

colegiado constatou que a empresa havia encerrado as suas atividades produtivas na


base territorial do sindicato do qual o empregado era dirigente, o que afasta o direito à
estabilidade. O inquérito só é necessário se houvesse cometimento de falta grave, o que
não é o caso da questão. A estabilidade do dirigente sindical é inerente ao seu cargo,
não representando uma vantagem pessoal do trabalhador. Por isso, se o estabelecimen-
to para o qual o dirigente foi eleito se extinguir, ele automaticamente perderá o direito à
estabilidade (Súmula 369, IV do TST).

Se não está na sua mesma base territorial, não há dever do empregador em proceder à
sua transferência.

3. José sofreu acidente de trabalho e foi aposentado por invalidez. Para o seu lugar, a
empresa Trabalhos Raros Ltda. contratou outro trabalhador, Florindo, alertando-o, con-
tudo, da condição de interino em relação a José.
Quatro anos após, em reavaliação obrigatória periódica realizada pelo órgão previden-
ciário oficial, José foi considerado apto para retorno ao trabalho, pelo que compareceu
à empresa portando a guia de alta expedida pelo órgão previdenciário para retorno
imediato ao serviço, sem restrições, tendo sido confirmada pelo médico da empresa a
referida aptidão.
Diante do quadro descrito e considerando o que especificamente dispõe a Consolida-
ção das Leis do Trabalho a respeito:
a. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá manter Florindo e indenizar José, que, no
caso, não faz jus a estabilidade;
b. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia e
romper o contrato com Florindo, sem precisar indenizá-lo;
c. a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia, mas,
neste caso, estará obrigada a indenizar Florindo, caso o despeça;
d. a empresa Trabalhos Raros Ltda. deverá manter Florindo, posto que o contrato com
José teve rompimento automático na data da aposentadoria por invalidez;
e. a situação configura o chamado limbo previdenciário. A confirmação do médico da
empresa é ineficaz, devendo ela simplesmente orientar José a reaver o benefício em
razão da já consolidada aposentadoria por invalidez.

Letra b.
Trata-se de questão sobre o retorno de trabalhador que estava com aposentadoria por
invalidez após 4 (quatro) anos e existia um funcionário em seu lugar. Conforme preconiza-
do na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregado que obteve aposentadoria
por motivo de invalidez, aquele considerado incapaz e insusceptível de reabilitação, não
pode ser demitido, uma vez que esse evento não acarreta e nem autoriza o rompimento do

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

contrato de trabalho, motivando, tão somente, a sua suspensão por tempo indefinido, nos
termos do art. 475. O Tribunal Superior de Trabalho (TST) consolidou esse entendimento,
espelhado na Súmula 160, no sentido de que o contrato de trabalho suspenso em razão da
aposentadoria por invalidez não se extingue mesmo após 5 (cinco) anos:

TST, Súmula n. 160. Aposentadoria por Invalidez (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003. Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos,
o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador,
indenizá-lo na forma da lei (ex-Prejulgado n. 37). (Grifos nossos.)

Quanto ao contratado, veja o teor da CLT:

CLT, Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu con-
trato de trabalho durante prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação
do benefício.
§ 1º Recuperando o empregado a capacidade para o trabalho e sendo a aposentadoria
cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposenta-
doria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato
de trabalho, nos termos do art. 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de esta-
bilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497.
§ 2º Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá res-
cindir, com este, o respectivo contrato de trabalho, sem indenização, desde que
tenha havido ciência da interinidade ao ser celebrado o contrato. (Grifos nossos.)

4. Determinada empresa, que contava com vinte empregados lotados em cargos distintos,
desenvolvia há muitos anos certa atividade de exploração de dado tipo de minério, que
veio a ser considerada ilícita por hipotética lei federal.
Em decorrência da nova lei, a empresa despediu os trabalhadores e determinou que
procurassem seus direitos junto ao poder público.
Considerando a situação exposta e o que expressamente dispõe a Consolidação das
Leis do Trabalho quanto ao exame da responsabilidade pelas indenizações acaso devi-
das pelas terminações contratuais:
a. somente por ato administrativo de autoridade federal, estadual ou municipal, e não
por ato legislativo como ocorreu no caso, a pessoa de direito público responsável pela
paralisação definitiva da atividade responderia pelos ônus trabalhistas decorrentes da
necessária extinção dos referidos contratos;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. a resolução ou promulgação de lei que impossibilite a continuação da atividade, como


ocorreu no caso, leva a pessoa de direito público responsável pela paralisação tem-
porária ou definitiva a arcar com a indenização decorrente da necessária extinção dos
contratos de trabalho por ela afetados;
c. a hipótese caracteriza motivo de força maior diante da necessidade do desligamento
por motivo inevitável e imprevisível, e assim a empresa deve diretamente aos traba-
lhadores indenização por metade, não se configurando fato do príncipe;
d. é do empregador a responsabilidade pelo risco do negócio, pelo que cabe exclusiva-
mente a ele, salvo nos casos de falta grave, pedido de demissão e força maior, inde-
nizar os trabalhadores despedidos;
e. a hipótese caracteriza fato previsível pela arriscada natureza do negócio, respon-
dendo a empresa integralmente perante os trabalhadores pelos efeitos, exclusiva-
mente porque definitivos, da paralisação da atividade.

Letra b.
Trata-se de empresa que alega fato do príncipe porque sua atividade foi considerada ilegal.
O fato do príncipe é regido pela CLT:

Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada


por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou
resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da
indenização, que ficará a cargo do governo responsável.
§ 1º Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o
tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público apontada como
responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de 30 (trinta) dias, alegue
o que entender devido, passando a figurar no processo como chamada à autoria.
§ 2º Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, invocar defesa ba-
seada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será ouvida a parte
contrária, para, dentro de 3 (três) dias, falar sobre essa alegação.
§ 3º Verificada qual a autoridade responsável, a Junta de Conciliação ou Juiz dar-se-á
por incompetente, remetendo os autos ao Juiz Privativo da Fazenda, perante o qual cor-
rerá o feito nos termos previstos no processo comum. (Grifos nossos.)

Assim, analisando as alternativas, temos:


a. Errada. Pois o fato do príncipe também ocorre por ato legislativo.
b. Certa. Tendo em vista que o fato do príncipe não ocorre em situações temporárias, mas
sim definitivas.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. Errada. Não é o caso de força maior, mas sim de suposta aplicação de fato do príncipe.
A aplicação deste conceito pressupõe que a situação era imprevisível, que onera excessi-
vamente a empresa, a ponto de ela deixar de exercer sua atividade. A diferença aqui para
a força maior é que, no fato do príncipe, a situação decorreu de uma ação estatal, onde a
empresa encerra ou paralisa suas atividades por determinação da autoridade pública.
d. Errada. A alternativa está equivocada por ser restritiva nas hipóteses que faz menção às
exceções da teoria do risco do empreendimento do empregador/princípio da alteridade, o
que pode levar a erro o candidato no momento da leitura e interpretação da questão.
e. Errada. Pois o fato do príncipe só se aplica em situações definitivas.

5. Avelino celebrou contrato de trabalho com o Banco Caixa Forte S/A, em 05/02/2019,
para prestar serviços na função de atendente bancário. Em 15/10/2022, o Banco Caixa
Forte S/A foi integralmente adquirido pela instituição financeira Banco Fortuna S/A,
operação interempresarial que se deu de forma idônea, com plena observância à lei.
Diante disso, ocorreu a transferência de todo o ativo e também da integralidade das
agências bancárias de uma para outra empresa, permanecendo Avelino e todos os
demais empregados trabalhando normalmente para o Banco Fortuna S/A, nas mesmas
funções e em idênticas condições de trabalho. Em 28/11/2022, em razão de avaliação
de produtividade, Avelino foi despedido sem justa causa pelo Banco Fortuna S/A, rece-
bendo as verbas resilitórias a que fazia jus.
Diante da situação hipotética acima, considerando que Avelino entende ser credor de
horas extraordinárias realizadas durante toda a contratualidade, bem como pretende
saber qual é a responsabilidade dos bancos Caixa Forte S/A e Fortuna S/A em caso de
ajuizamento de reclamação trabalhista, em conformidade com a lei e o entendimento
dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto afirmar que:
a. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder pelo pagamento de eventuais horas extra-
ordinárias de Avelino contraídas desde a data da admissão até 14/10/2022, recaindo
sobre o Banco Fortuna S/A as obrigações trabalhistas a partir de 15/10/2022 até o
término da relação empregatícia;
b. a mudança interempresarial ocorrida entre as empresas provocou a automática trans-
ferência de direitos e obrigações trabalhistas do Banco Caixa Forte S/A para o Banco
Fortuna S/A, passando este a responder por eventuais horas extraordinárias de Ave-
lino relativas a todo o período contratual;
c. o Banco Caixa Forte S/A e o Banco Fortuna S/A deverão responder solidariamente
por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino ao longo da contratualidade;
d. o Banco Caixa Forte S/A deverá responder de forma subsidiária ao Banco Fortuna
S/A por eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. a atribuição da responsabilidade pelo pagamento das horas extraordinárias de Ave-


lino deverá observar a existência de cláusula restritiva de responsabilização traba-
lhista no contrato havido entre os bancos envolvidos.

Letra b.
Trata-se de tema de questão sobre a sucessão empresarial. Na questão, um banco foi
comprado integralmente por outro. Quando há sucessão regular, ocorre a transferência da
titularidade da empresa ou do estabelecimento para outro grupo societário. Nesse caso, a
nova empresa formada, denominada sucessora, assume as obrigações trabalhistas con-
traídas pela antiga, a empresa sucedida. É que os direitos dos empregados devem ser in-
tegralmente preservados em caso de qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa,
conforme prescrevem os arts. 10 e 448 da CLT. Tem-se entendido que a empresa sucesso-
ra responde pelos créditos trabalhistas dos empregados da empresa sucedida, ainda que
exista cláusula contratual eximindo-a de tal responsabilidade. Tal cláusula contratual ape-
nas garante à sucessora a faculdade de propor ação regressiva contra sua antecessora,
não eximindo-a de responsabilidade quanto aos créditos trabalhistas.

6. Peripécia na Bola, jogador de futebol, mantém há três anos com o PontaPé Futebol
Clube, entidade de prática desportiva brasileira de renome internacional, contrato espe-
cial de trabalho desportivo.
O atleta recebe do clube salário fixo de R$ 20.000,00 mensais, mais acréscimos remu-
neratórios que somam, em média, R$ 9.000,00 mensais, além de direito de imagem
derivado de contrato civil no valor de R$ 8.500,00 mensais.
Ocorre que há três meses o clube está, sem justificativa, em débito com o atleta em
relação ao direito de imagem, não obstante em dia com todas as demais parcelas de
natureza trabalhista.
Na situação descrita, com base no que expressamente dispõe a regulamentação espe-
cial da profissão de atleta, é correto afirmar que:
a. Peripécia na Bola pode considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo, ficando livre para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
compensatória desportiva, além dos haveres devidos;
b. para considerar o contrato especial de trabalho desportivo rescindido, necessita de
decisão judicial prévia que lhe autorize o direito de transferir-se para qualquer outra
entidade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira;
c. PontaPé Futebol Clube terá o contrato especial de trabalho desportivo com Peripécia
na Bola rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra enti-
dade de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira, e exigir
cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. somente o débito quanto a parcelas de natureza estritamente salarial dariam a Peri-


pécia na Bola o direito de considerar automaticamente rescindido o contrato especial
de trabalho desportivo e a liberdade de transferência para outra entidade de prática
desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula indenizatória
desportiva, além dos haveres devidos;
e. deve Peripécia na Bola extrajudicialmente notificar a entidade de prática desportiva
empregadora para, querendo, purgar a mora, no prazo de quinze dias, sob pena de
rompimento do contrato e liberdade para transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula
indenizatória desportiva e os haveres devidos.

Letra c.
Trata-se de questão relacionada ao contrato desportivo e à Lei Pelé, ocasião em que as
respostas estão na literalidade dos artigos dessa legislação. O problema na questão é o
direito de imagem, pois os demais direitos estavam sendo pagos corretamente. Primeiro,
é preciso saber que há entendimento do TST de que não se trata de verba salarial, des-
tacando-se:

RECURSO DE REVISTA. 1. ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. CONTRATO DE


LICENÇA DO USO DE IMAGEM. INEXISTÊNCIA DE FRAUDE. CARÁTER NÃO SALA-
RIAL DA VERBA RECEBIDA A TÍTULO DE DIREITO DE IMAGEM. Trata-se o direito de
imagem, direito fundamental consagrado no artigo 5º, V e X, da Constituição Federal de
1988, de um direito individual do atleta, personalíssimo, que se relaciona à veiculação da
sua imagem individualmente considerada, diferentemente do direito de arena, o qual se
refere à exposição da imagem do atleta enquanto partícipe de um evento futebolístico.
É bastante comum a celebração, paralelamente ao contrato de trabalho, de um contra-
to de licença do uso de imagem, consistindo este num contrato autônomo de natureza
civil (artigo 87-A da Lei n. 9.615/98) mediante o qual o atleta, em troca do uso de sua
imagem pelo clube de futebol que o contrata, obtém um retorno financeiro, de natureza
jurídica não salarial. Tal contrapartida financeira somente teria natureza salarial caso a
celebração do referido contrato se desse com o intuito de fraudar a legislação trabalhista.
Nesses casos, quando comprovada a fraude, deve-se declarar o contrato nulo de pleno
direito, nos termos do artigo 9º da CLT, com a atribuição do caráter salarial à parcela
recebida fraudulentamente a título de direito de imagem e sua consequente integração
na remuneração do atleta para todos os efeitos. Todavia, na hipótese dos autos, não
restou comprovado o intuito fraudulento na celebração do contrato de licença do uso de
imagem (premissa fática inconteste à luz da Súmula n. 126), razão pela qual decidiu bem
a egrégia Corte Regional ao não conferir natureza salarial à parcela percebida pelo re-
clamante a título de direito de imagem. Recurso de revista conhecido e não provido. (...).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

(RR – 82300-63.2008.5.04.0402, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª


Turma, Data de Publicação: DEJT 03/04/2012)”.

Diante disso, na leitura da legislação, observa-se que:

Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de sa-
lário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em
parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial de trabalho
desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para
qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou
internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos.
§ 1º São entendidos como salário, para efeitos do previsto no caput, o abono de férias,
o décimo terceiro salário, as gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no con-
trato de trabalho.
§ 2º A mora contumaz será considerada também pelo não recolhimento do FGTS e das
contribuições previdenciárias.
§ 5º O atleta com contrato especial de trabalho desportivo rescindido na forma do caput
fica autorizado a transferir-se para outra entidade de prática desportiva, inclusive da
mesma divisão, independentemente do número de partidas das quais tenha participado
na competição, bem como a disputar a competição que estiver em andamento por oca-
sião da rescisão contratual. (Grifos nossos.)

A notificação só será exigida quando o atleta for cedido para outra entidade, o que não é o
caso da questão, nos termos do art. 39 da lei em comento.

7. Firmino foi contratado em Curitiba para trabalhar no Banco Altos Valores S/A. Iniciou, em
01/12/2016, como escriturário e foi gradativamente galgando os postos de gerente de
contas, gerente de posto de atendimento e gerente geral de agência, que, nos termos
do contrato, lhe exigiram sucessivas transferências.
Na condição de gerente de contas, trabalhou de 01/10/2017 a 01/12/2018 em pequena
agência no interior de São Paulo; como gerente de posto de atendimento, de 02/12/2018
a 03/12/2019 em Florianópolis, Santa Catarina, e, finalmente, como gerente de agência,
no ápice da carreira, de 03/12/2019 a 01/10/2022 em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, quando foi despedido.
Firmino ajuizou em Curitiba, onde atualmente reside, reclamação trabalhista postulando
o pagamento de adicional de transferência de 25%, bem como de ajuda de custo, esta
nos valores correspondentes às despesas de mudança de uma para outra localidade,
incluindo as de passagens de avião.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

O Banco Altos Valores contestou a ação aduzindo que as transferências ocorridas es-
tavam contratualmente previstas na carreira e, não bastasse, foram definitivas inclusive
pelo tempo de duração de cada uma, notadamente a última, assim não ensejando paga-
mento de adicional e que a ajuda de custo pretendida carece de amparo legal, mormente
porque, com base no Plano de Cargos e Salários da empresa, o bancário teve substancial
aumento salarial em cada transferência ocorrida, o que restou comprovado nos autos.
Com base na jurisprudência uniformizada da Subseção de Dissídios Individuais I do
TST, é correto afirmar que Firmino:
a. não faz jus a adicional de transferência por terem sido definitivas as ocorridas pelo
tempo de duração de cada uma e não tem direito à ajuda de custo postulada, com-
pensada com os aumentos salariais obtidos quando da aceitação das transferências;
b. não faz jus a adicional de nenhuma das transferências, por terem sido definitivas as
ocorridas, considerado o tempo de duração de cada uma, mas tem direito à ajuda
de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos quando das transferências
têm natureza jurídica distinta da ajuda de custo postulada;
c. não faz jus apenas ao adicional da última transferência, em razão do longo tempo de
sua duração e tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais
obtidos quando das transferências têm natureza jurídica distinta dessa parcela;
d. faz jus ao adicional apenas quanto às duas primeiras transferências, pelos exíguos
tempos de duração e a condição de necessárias e provisórias para efeito de progres-
são funcional e não tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos sala-
riais obtidos quando das transferências foram compensatórios dessa parcela;
e. faz jus ao adicional referente às três transferências, não sendo o lapso temporal cri-
tério único para avaliação de sucessividade e de provisoriedade de transferências,
inclusive quando necessárias para progressão funcional, e tem direito à ajuda de
custo postulada, que tem natureza jurídica distinta dos aumentos salariais obtidos
quando das transferências.

Letra e.
Essa questão retrata um recente julgado do TST no processo n. E-RR-536-14.2012.5.09.0002,
em que o TST deliberou o seguinte:

Após intenso debate, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do


Tribunal Superior do Trabalho, por maioria, condenou o HSBC Bank Brasil S.A. Banco
Múltiplo ao pagamento do adicional de transferência a um empregado que foi transferido
seis vezes no curso do contrato de trabalho. Embora a última delas tenha durado quase
quatro anos, o colegiado levou em conta a sucessividade das mudanças como cri-
tério para reconhecer sua transitoriedade. O relator dos embargos, ministro Cláudio
Brandão, ressaltou que a regra geral assegura o direito à intransferibilidade do emprega-
do do local fixado no contrato (parte inicial do artigo 469 da CLT) e veda ao empregador

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

transferi-lo sem a sua anuência. Todavia, para viabilizar, em alguns casos, o exercício da
atividade econômica, a lei previu algumas situações em que seria possível a mudança,
mas assegurou o direito ao adicional, destinado a compensar o empregado pelo
prejuízo causado, ao ter que construir nova vida em local diferente. A ressalva é a
hipótese de a mudança ser definitiva, diante da expressão “enquanto durar essa situa-
ção”, também contida na regra legal. De acordo com o relator, o TST definiu que, para a
definição da natureza das transferências, devem ser observados dois critérios, simulta-
neamente: a duração e a sucessividade. “Pouco importa que tenha ocorrido com a con-
cordância do empregado, por força do contrato de trabalho ou em razão de promoção,
pois nenhum desses fatores afeta o direito ao adicional”, afirmou. (Grifos nossos.)

Disponível em: https://www.tst.jus.br/-/transfer%C3%AAncias-sucessivas-ao-longo-do-contrato-


-garantem-a-banc%C3%A1rio-recebimento-de-adicional

Na sua avaliação, ainda que a última transferência, no caso, tenha durado mais de três
anos, deve ser reconhecido o direito ao deferimento do adicional, em razão da sucessivi-
dade das transferências (foram seis durante o contrato de trabalho).

8. Os princípios são conceituados, segundo o professor uruguaio Américo Plá Rodriguez,


como “linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram diretamente ou indi-
retamente uma série de soluções, pelo que podem servir para promover e embasar a
aprovação de novas normas, orientar a interpretação das existentes e resolver os casos
não previstos”.
Sobre os princípios de Direito do Trabalho, com base na Consolidação das Leis do
Trabalho e na jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, é correto
afirmar que:
a. diante do princípio da primazia da realidade, os registros realizados pelo empregador
na carteira de trabalho do empregado geram presunção juris et de jure;
b. na aplicação do princípio da prevalência da norma mais favorável, por meio do critério
técnico da teoria do conglobamento, extrai-se que se prefere a norma mais favorável
após o confronto em bloco das normas objeto de comparação;
c. o princípio da proteção está ligado à própria razão de ser do direito individual e coletivo
do trabalho, uma vez que se busca compensar a desigualdade existente no âmbito do
contrato individual do trabalho e na seara das negociações coletivas de trabalho;
d. quando do exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, o juiz do
trabalho analisará tão somente a conformidade dos elementos essenciais do negócio
jurídico, e deverá balizar a sua atuação pelo princípio da tutela ao hipossuficiente;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. o princípio da prevalência da condição mais benéfica revela que tudo aquilo que
o empregador fornecer habitualmente ao empregado, desde que previsto de forma
expressa no contrato individual de trabalho, será incorporado ao patrimônio jurídico
do trabalhador, revestindo-se do caráter de direito adquirido.

Letra b.
a. Errada. Pois é presunção relativa (juris tantum).
c. Errada. Pois o princípio da proteção não engloba o direito coletivo do trabalho. O prin-
cípio da proteção é o principal pilar do Direito do Trabalho, visto que esse ramo do direito
lida com dois sujeitos desiguais, de um lado o empregador e de outro o empregado, cha-
mado de hipossuficiente da relação de emprego. No direito coletivo, as partes estão em
pesos iguais.
d. Errada. Pois o juiz deve buscar também a intenção da norma coletiva e aplicar o princípio
da primazia da realidade sobre a forma.
e. Errada. Pois as liberalidades, inclusive, com a reforma trabalhista, não são mais definiti-
vas (não há mais o princípio da irretroatividade das normas coletivas).

9. Considere as três situações hipotéticas a seguir.

Heráclito é empregado da Fazenda Que Encanto, que explora atividade agroeconômi-


ca, e trabalha no cultivo e na colheita de arroz, que é destinado à venda para as indús-
trias da região, encerrando sua jornada de trabalho sempre às 21h.

Sócrates é empregado de Sofia, mãe de João e de Maria, e exerce a função de moto-


rista particular, tendo como atribuições exclusivas levá-la na hidroginástica, bem como
buscar os filhos dela na faculdade, na natação e nas aulas de espanhol, encerrando sua
jornada de trabalho às 22h30.

Fiona é empregada da Clínica Curamos Você Ltda. e exerce a função de técnica de


enfermagem, laborando em jornada de 12 horas seguidas por 36 horas ininterruptas
de descanso.

Diante das assertivas acima, em conformidade com a legislação trabalhista, é correto


afirmar que:
a. em razão dos horários de trabalho de Heráclito, no que se refere ao período das 20h
até as 21h, ele fará jus ao adicional noturno de 25% sobre a remuneração normal pelo
labor realizado nesta última hora de jornada;
b. a jornada de trabalho de Fiona, por se tratar de horário em exceção à regra sobre
duração normal do trabalho, não pode ser ajustada mediante contrato individual
escrito com a empresa Clínica Curamos Você Ltda., pois depende de convenção ou
acordo coletivo de trabalho;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. caso Fiona desempenhe atividades insalubres ao longo de sua jornada, este regime de
trabalho não exigirá licença prévia das autoridades em matéria de higiene do trabalho;
d. por se tratar de empregado doméstico, a hora noturna de Sócrates terá duração de
60 minutos, e não de 52 minutos e 30 segundos;
e. por se tratar de empregado doméstico, Sócrates não terá direito ao adicional noturno.

Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Heráclito é empregado rural na agricultura, sendo seu labor noturno das 21h às 5h. Ele
encerra sua atividade às 21h, logo, não recebe adicional noturno.
Sócrates é doméstico (motorista particular) e sua jornada noturna é das 22h às 5h. Sua
hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos com adicional de 20%. Ele faz jus ao adicio-
nal noturno.
Fiona desempenha atividade 12 x 36 e nos termos da CLT:

Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes,


mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,
estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterrup-
tas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.
Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput des-
te artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo
descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorroga-
ções de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73
desta Consolidação.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Recorre-se dessa questão, haja vista o expresso teor do art. 14 da
Lei Complementar n. 50/2005 que trata do trabalho doméstico no Brasil, restando expresso
que a hora do trabalho doméstico noturna é contada como a do urbano, com o tempo de
52 minutos e 30 segundos. Assim, a alternativa “d” também estaria tecnicamente corre-
ta. Muito embora Sócrates tenha extrapolado apenas 30 minutos, a questão de prova foi
abstrata, demonstrando a contagem da hora noturna de um doméstico. Assim, a questão
tem duas opções corretas, devendo realizar, portanto, ou a mudarnça de gabarito para a
letra “d” ou a anulação da questão, por haver duas alternativas corretas. Veja: Heráclito é
rural na agricultura, sendo seu labor noturno das 21h às 5h. Ele encerra sua atividade às
21h, logo, não recebe adicional noturno. Sócrates é doméstico (motorista particular) e sua

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

jornada noturna é das 22h às 5h. Sua hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos com
adicional de 20%. Ele faz jus ao adicional noturno. Fiona desempenha atividade 12 x 36 e,
nos termos da CLT:

Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes,


mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,
estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterrup-
tas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.
Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput des-
te artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo
descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorroga-
ções de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73
desta Consolidação.

10. Aristóteles, brasileiro, casado, com formação superior em Administração de Empre-


sas, possui vínculo de emprego com a empresa Alfa Administração Ltda. e trabalha na
função de administrador pleno, recebendo salário mensal fixo de R$ 17.000,00. Junta-
mente com outros 23 empregados, Aristóteles labora na sede da empresa. Sua carga
horária semanal de trabalho é de 44 horas, sendo a jornada fixada no contrato de traba-
lho a seguinte: de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, com 1 hora de
intervalo intrajornada (das 12h às 13h), e, aos sábados, das 8h às 12h (sem qualquer
período de descanso). Aristóteles registra, diariamente, de forma fidedigna, seu horário
de início e de término da jornada por meio de registro eletrônico de ponto, havendo,
contudo, a pré-assinalação do referido horário de intervalo intrajornada. A empresa não
desconta nem computa como jornada extraordinária as variações de horário no registro
de ponto não excedentes de 5 minutos.
Diante da situação hipotética acima, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, é
correto afirmar que:
a. a anotação da hora de entrada e de saída por Aristóteles decorre da imperatividade legal,
na medida em que os estabelecimentos com mais de 10 empregados estão obrigados a
adotar o controle de jornada por meio de registro manual, mecânico ou eletrônico;
b. os registros de ponto de Aristóteles, diante da pré-assinalação do período de repouso,
são inválidos como meio de prova;
c. caso a empresa Alfa Administração Ltda. e Aristóteles entendessem oportuna a redu-
ção do intervalo intrajornada de 1 hora para até 30 minutos diários, poderiam fazê-lo
mediante ajuste individual;
d. o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o intervalo
mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza indenizatória deste
período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o inter-
valo mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza remunerató-
ria, deste período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal
de trabalho.

Letra c.
Considera-se pré-anotado o intervalo para refeição (descanso) em que o empregado fica
desobrigado de registrar a entrada e saída no ponto, ou seja, o próprio sistema gera a
marcação, subentendendo que o intervalo foi concedido. O TST já asseverou que a mo-
dalidade de pré-anotação ou a pré-assinalação do intervalo intrajornada é permitida nos
termos do § 2º do art. 74 da CLT e deve refletir com autenticidade a jornada de trabalho
desempenhada pelo empregado. Todavia, entendeu que, não obstante a Súmula 338 do
TST atribuir ao empregador o ônus de provar a jornada de trabalho do seu empregado, tal
atribuição está vinculada ao horário de entrada e saída. Dessa forma, cabe ao empregado
o ônus de demonstrar a fruição irregular ou supressão do referido intervalo, o que não se
verificou no conjunto probatório do acórdão regional ora reformado. Portanto, a alternativa
“a” está errada, pois são 20 empregados por estabelecimento, nos termos do art. 74, § 2º:

Art. 74, § 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obriga-
tória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrô-
nico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso.

Veja, ainda, para as demais alternativas, a CLT:

Art. 70. Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias feriados na-
cionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.
Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obriga-
tória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo,
de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá
exceder de 2 (duas) horas.
§ 1º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um inter-
valo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
§ 2º Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato
do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação
de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exi-
gências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos emprega-
dos não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

11. José foi contratado por empresa estrangeira de cruzeiros marítimos em navio de ban-
deira estrangeira na cidade de Santos, situada em São Paulo, para trabalhar como
camareiro na temporada de 2022, em viagens pela costa brasileira.
Ficou acertado entre as partes que José receberia o salário em moeda estrangeira em
espécie (euro), e que os direitos trabalhistas incidentes seriam os da lei do país do
armador, coincidentemente a de inscrição da embarcação, que não abrange FGTS e
gratificação natalina.
Desembarcado ao fim do contrato, que durou três meses, ajuizou reclamação trabalhis-
ta postulando o pagamento do salário de todo o período trabalhado, dito não legalmente
recebido, bem como o FGTS e a gratificação natalina proporcional do período.
Com base nas normas trabalhistas vigentes no espaço e no que literalmente dispõe a
Consolidação das Leis do Trabalho, o pagamento do salário deverá ser considerado:
a. como não feito ou inexistente e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratifi-
cação natalina não são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira auto-
rizada a explorar o negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
b. nulo e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são
parcelas devidas por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negó-
cio de navegação de cabotagem no Brasil;
c. anulável e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não
são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o
negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
d. eficazmente realizado, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina proporcional
ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira;
e. como não feito ou inexistente, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina propor-
cional ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira.

Letra e.
No caso em comento, os salários recebidos pelo trabalhador fixados em dólar são consi-
derados. O TST, no processo ARR-11800-08.2016.5.09.0028, firmou-se que tem entendi-
mento de que a jurisprudência de sete das oito Turmas do TST em relação ao tema, nos
termos do art. 3º, inciso II, da Lei n. 7.064/1982, é de aplicar a legislação brasileira de
proteção ao trabalho quando esta for mais favorável do que a legislação territorial, no con-
junto de normas e em relação a cada matéria. Ainda segundo a ministra, o Pleno do TST
cancelou a Súmula 207 porque a tese de que a relação jurídica trabalhista é regida pelas
leis vigentes no país da prestação de serviço não espelhava a evolução legislativa, doutri-
nária e jurisprudencial sobre a matéria. “Não se ignora a importância das normas de Direito
Internacional oriundas da ONU e da OIT sobre os trabalhadores marítimos”, assinalou a
relatora. “Contudo, deve-se aplicar a legislação brasileira em observância ao princípio da
norma mais favorável, que norteia a solução jurídica quando há concorrência entre normas

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

no Direito Internacional Privado na área trabalhista”. A aplicação da legislação brasileira


mais favorável aos trabalhadores brasileiros e de outra legislação aos estrangeiros no
mesmo navio não afronta o princípio da isonomia. “Nesse caso, há diferenciação baseada
em critérios objetivos (regência legislativa distinta), e não discriminação fundada em crité-
rios subjetivos oriundos de condições ou características pessoais dos trabalhadores”. Os
salários, muito embora realizados em moeda estrangeira, não são eficazmente realizados,
pois o labor ocorreu em territórios nacionais, como mencionado na questão, e, por isso,
devem ser considerados não feitos ou inexistentes.

12. Juvenildo era há vinte anos motorista de ônibus interestadual, trabalhando para a
empresa Transportadora Ligeirinha Ltda.
Ocorre que, em setembro de 2022, quando se dirigia à cidade de Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, no exato instante em que atravessava a metade de uma extensa ponte, um
raio a partiu e o veículo, junto com toda a ponte e os demais veículos que no momento
a atravessavam, caiu em precipício de 50 metros de altura, tendo o motorista falecido
em razão do acidente, e assim, também, todos os passageiros, inclusive os dos demais
veículos. Apurou-se, posteriormente, que dois pneus do ônibus e os freios do coletivo
estavam em péssimas condições de rodagem.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência majoritárias, na situação hipotética acima
descrita, a terminação do contrato tecnicamente caracteriza:
a. hipótese de resolução contratual sem culpa, fundada em caso fortuito externo, que
pela imprevisibilidade dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar quem
de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido pelo acidente;
b. hipótese de resolução contratual fundada em motivo de força maior, que pela ine-
vitabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
c. caso típico de resilição contratual, que nos termos do Art. 2º, caput, CLT, não dispensa
o dever de indenizar integralmente quem de direito do núcleo familiar ou dependente
do motorista falecido diante do risco pelo exercício de qualquer atividade;
d. hipótese de resilição contratual fundada em motivo de força maior, que pela inevi-
tabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas
por metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido
pelo acidente;
e. caso típico de resolução contratual fundada em culpa recíproca, posto que um dos
pneus do veículo estava em más condições e o motorista falecido não estava usando
cinto de segurança quando ocorreu o acidente.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra a.
O TST julgou caso similar no ARR – 11170-63.2013.5.11.0007 em que destacou que o
acidente havia decorrido de um fato imprevisível, sem nenhuma relação com a atividade
desenvolvida pelo trabalhador. O ministro relator explicou que a responsabilidade, ainda
que objetiva (quando independe de aferição de culpa), tem exceções que afastam o dever
de indenizar, entre elas o caso fortuito – nesse caso, caso fortuito externo, em que não
há ligação com a função exercida. Por maioria, a Turma deu provimento ao recurso para
excluir da condenação o pagamento de indenização. Segundo o TST, é certo que a queda
do raio, que causou a morte do trabalhador, é típico caso fortuito que afasta a responsabi-
lidade civil do reclamado.

Não há, pois, como o empregador ser responsabilizado pelo pagamento de indenizações
por danos morais e materiais, bem como de pensionamento vitalício, na medida em que
a hipótese é de fortuito externo e não de fortuito interno.

13. Em 05/12/2007, a empresa Empresta Valores Ltda. contratou o empregado Josias para
o cargo de gerente da filial Norte da companhia. Recebia gratificação de função 50%
superior à dos demais empregados.
No exercício da função, entre outras atribuições, podia admitir, aplicar penalidades e
despedir empregados; planejar objetivos, distribuir serviços e cobrar resultados.
Contudo, em 05/04/2016, o desempenho de Josias deixou de ser o habitual. Além de
sucessivas reclamações direcionadas à direção pelos clientes, o faturamento da filial
caiu consideravelmente.
Diante do fato e de ter sido indagado a respeito da queda de desempenho, Josias asse-
gurou à empresa que estaria muito bem de saúde, com exames em dia e sem quaisquer
problemas familiares.
Contudo, como os problemas constatados persistiram por mais nove meses, em
05/01/2017, a empresa realocou Josias no cargo de supervisor de estoque, com grati-
ficação de função 10% inferior ao que lhe pagava anteriormente e contratou outro tra-
balhador para o cargo que ocupava e que, em pouquíssimo tempo, demonstrou ótimo
rendimento, batendo todas as metas esperadas de desempenho. Ao novo trabalhador,
direcionou o valor que pagava a Josias.
Com fundamento no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho e na jurisprudên-
cia sumulada pelo Tribunal Superior do Trabalho na época dos fatos, a alteração da
função, como feita, é:
a. lícita, especificamente em razão da acentuada queda de rendimento do trabalhador,
mas não a redução da gratificação de função, diante do princípio da estabilidade salarial;
b. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender, nas circunstâncias, o princípio da estabilidade salarial;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. lícita, posto não existir estabilidade em cargo de confiança, podendo o empregador


nesta hipótese suprimir ou reduzir a gratificação, independentemente do tempo de
exercício no cargo;
d. ilícita, por configurar rebaixamento, mas a redução da gratificação de função não
ofende o princípio da estabilidade salarial, porque justificada pelas circunstâncias;
e. ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de
função, por ofender o princípio da irredutibilidade salarial.

Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
O empregador pode, sem o consenso do ocupante do cargo de confiança, determinar
seu retorno à função de origem com a perda da gratificação. Antes da Lei n. 13.467/2017
(Reforma Trabalhista), a jurisprudência do TST orientava que o empregado que ocupasse
cargo de confiança por dez anos ou mais, ao ser revertido ao cargo efetivo sem justo mo-
tivo, não perderia a gratificação, com fundamento no princípio da estabilidade financeira
(Súmula 372). No entanto, de acordo com a lei de 2017, a destituição com ou sem justo
motivo, independentemente do tempo no cargo de confiança, não resulta na manutenção
da parcela (art. 468, § 2º, da CLT). No caso em questão, ele só completaria os dez anos
na função em 05/12/2017 para sustentar a estabilidade financeira. Portanto, a empresa
poderia retirar a função de confiança, mas não poderia rebaixar da função de gerente, pois
ele ingressou na empresa no cargo de gerente.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: Cabe recurso dessa questão, pois a retirada da gratificação ocorreu
antes dos 10 anos e o TST possui entendimento de que não caberia a aplicação da esta-
bilidade econômica. Josias recebia gratificação desde o dia 05/12/2007 e só teria a esta-
bilidade econômica em 05/12/2017. No entanto, a perda ocorreu em 05/01/2017, ou seja,
11 meses antes. Nesse sentido, é a Súmula 372 do TST. Há até entendimentos flexíveis
para mais de 9 anos, porém, são entendimentos de Turmas, não representando a ideia do
colegiado. Sendo assim, deveria a questão se utilizar do exato enunciado da Súmula que,
inclusive, foi flexibilizada após a Reforma Trabalhista. E, ainda, houve, no caso da ques-
tão, a justificativa para a suspensão do pagamento diante do comportamento indesejado e
improdutivo do trabalhador da questão. Quando as turmas do TST, em julgados pontuais,
concedem essa extensão de 9 anos, consideram que não houve justificativa para a sus-
pensão do pagamento, o que se revela diferente da narrativa da questão. Afinal, o empre-
gador pode, sem o consenso do ocupante do cargo de confiança, determinar seu retorno

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

à função de origem com a perda da gratificação. Antes da Lei n. 13.467/2017 (Reforma


Trabalhista), a jurisprudência do TST orientava que o empregado que ocupasse cargo de
confiança por 10 anos ou mais, ao ser revertido ao cargo efetivo sem justo motivo, não
perderia a gratificação, com fundamento no princípio da estabilidade financeira 6 (Súmula
372). No entanto, conforme a lei de 2017, a destituição com ou sem justo motivo, indepen-
dentemente do tempo no cargo de confiança, não resulta na manutenção da parcela (art.
468, § 2º, da CLT). No caso em questão, ele só completaria os 10 anos na referida função
em 05/12/2017, data em que daria para sustentar a estabilidade financeira. A empresa
poderia retirar a função de confiança, mas não poderia rebaixar para a função de gerente,
pois ele ingressou na empresa no cargo de gerente.

14. A empresa ABC Ltda., por meio de negociação com seus empregados, instituiu pro-
grama de participação nos lucros ou resultados, mediante comissão composta por cinco
empregados eleitos como representantes dos trabalhadores e outros cinco emprega-
dos escolhidos pelo empregador, além de um representante designado pelo respectivo
sindicato profissional, o qual foi indicado após a entidade sindical ter sido notificada
quanto à formação da comissão paritária. Após o fornecimento de todas as informações
necessárias pela empresa à comissão de empregados e amplo processo de debate
sobre o tema, restou definido o instrumento da PLR (Participação nos Lucros e Resulta-
dos), contendo claramente as regras aplicáveis, os mecanismos de aferição quanto ao
pactuado, o período da distribuição e vigência do programa, além das metas e índices
de produtividade aplicáveis.
Diante da situação hipotética acima, do entendimento dominante do Tribunal Superior
do Trabalho e da Lei que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resulta-
dos da empresa, é correto afirmar que:
a. o programa de PLR da empresa ABC Ltda. poderá contemplar metas individuais ou
coletivas, além de metas referentes à saúde e à segurança do trabalho;
b. em havendo paridade quanto ao número de representantes dos empregados e dos repre-
sentantes da empresa ABC Ltda. na comissão de PLR, será facultativa a ciência à enti-
dade sindical para que indique um representante seu para integrar a comissão paritária;
c. em caso de impasse entre a empresa e a comissão paritária quanto à negociação
da PLR, deverá o representante sindical deveria acionar o sindicato, por escrito, no
prazo de dez dias, para o ajuizamento de dissídio coletivo, visando buscar a fixação
das condições da PLR por meio do poder normativo da Justiça do Trabalho;
d. considerando que a PLR não foi instituída por meio de convenção coletiva de traba-
lho, ou acordo coletivo de trabalho, os valores pagos e distribuídos a tal título aos
empregados terão natureza remuneratória e sobre eles incidirão os encargos traba-
lhistas cabíveis;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. a empresa ABC Ltda. e a comissão paritária poderão estabelecer múltiplos progra-


mas de PLR, contudo, sendo vedado o pagamento de qualquer antecipação ou dis-
tribuição de valores a título de PLR em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em
periodicidade inferior a um trimestre civil.

Letra e.
A Lei n. 1.001/2000 dispõe o seguinte:

Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empre-
sa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos
pelas partes de comum acordo:
I – comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante
indicado pelo sindicato da respectiva categoria.

A adoção ao sistema não é obrigatória. Entretanto, caso a empresa deseje pagar o benefí-
cio aos empregados, algumas regras devem ser observadas, conforme estabelecido no art.
2º da referida lei. A primeira delas determina que a PLR seja negociada entre a empresa e
os empregados mediante convenção ou acordo coletivo. A negociação também pode ser
feita por meio de uma comissão paritária, escolhida pelas partes, que deve ter um repre-
sentante indicado pelo sindicato da categoria. Todos os empregados da empresa devem
ter direito ao programa. No entanto, os valores pagos podem variar de acordo com o cargo,
nível hierárquico, metas, entre outros. Dessa forma, não há uma fórmula preestabelecida
que determine quanto o profissional deve ganhar. Isso vai depender dos critérios estabele-
cidos pelo empregador, tais como índices de produtividade, qualidade e lucratividade. De
acordo com a Lei n. 10.101/2000, a PLR não substitui ou complementa a remuneração dos
empregados e nem incide em qualquer encargo trabalhista, mas o TST entende quando há
intuito fraudatório, como disfarçar comissões. Conforme sugere sua natureza de acordo,
a PLR não é obrigatória, a não ser que esteja prevista em acordo ou convenção coletiva
de trabalho da categoria em questão. Também é “obrigatória” quando estiver presente no
contrato da empresa. Contudo, não constitui direito do trabalhador, mas uma modalidade
de premiação. Ela está geralmente relacionada às metas individuais ou grupais e sua re-
muneração é atrelada ao resultado alcançado, mas, segundo a lei, não pode versar sobre
metas relacionadas à saúde e, por isso, a alternativa “a” está errada. Já a alternativa “b”
está errada, pois, independentemente da paridade, é necessária a atuação sindical. Não
há na lei a previsão da situação narrada na alternativa “c”. A PLR não é obrigada a ser
instituída por negociação coletiva, podendo constar no contrato empresarial. Sendo as-
sim, como já dissemos, os valores pagos pela PLR podem variar de acordo com o cargo,
nível hierárquico da função, área de atuação ou nível da meta atingida. A alternativa “e” é
a que mais se aproxima da legislação, visto que a Lei n. 14.020/2020 trouxe significativas

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

mudanças na Lei n. 10.101/2000, que regula a participação dos trabalhadores nos lucros
ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e
como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal.
Além de trazerem maior clareza e flexibilidade em relação às regras aplicáveis, as recen-
tes mudanças na implementação e negociação dos Planos de Participação nos Lucros e
Resultados (PLRs) afastaram algumas controvérsias e inseguranças jurídicas do passado,
destarte, incentivando a utilização destes instrumentos. Dentre as novidades estão: (i) a
ampliação do seu âmbito de incidência (entidades sem fins lucrativos); (ii) a permissão da
adoção simultânea de procedimentos de negociação e a possibilidade de múltiplos progra-
mas na mesma empresa; (iii) a prevalência da autonomia das partes na negociação; (iv) a
determinação do alcance da validade dos pagamentos; (v) os parâmetros para fixação de
acordo prévio, entre outros.

15. Fulano foi contratado pela empresa ABC Trabalho Temporário para atender demanda
complementar de serviços de uma empresa do ramo do comércio varejista, Lojão Ven-
demos Tudo Ltda., conforme previsto em contrato escrito e regularmente celebrado
entre essas empresas. O contrato de trabalho temporário de Fulano em relação à toma-
dora de serviços foi ajustado por um período de 180 dias, sendo ele contratado para
exercer a função de vendedor no estabelecimento comercial desta. Fulano apreciava
muito o ambiente de trabalho e almoçava, diariamente, no refeitório da empresa Lojão
Vendemos Tudo Ltda., juntamente com seus colegas de trabalho. No entanto, certa
vez, em razão de uma trivial discussão, durante a jornada de trabalho, Fulano foi agre-
dido fisicamente por um gerente da tomadora de serviços, necessitando receber aten-
dimento médico, o que ocorreu no ambulatório desta.
Diante da situação hipotética acima, em conformidade com a Lei n. 6.019/1974, é cor-
reto afirmar que:
a. além de Fulano estar inserido diretamente na atividade-fim da tomadora de serviços,
o fato de ele almoçar no refeitório e ser atendido no ambulatório desta, demonstra a
existência de subordinação jurídica e caracteriza a irregularidade do contrato de tra-
balho temporário;
b. o contrato de trabalho temporário de Fulano não poderá ser prorrogado em relação à
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda., visto que o período máximo dessa modalidade
contratual é de 180 dias;
c. embora Fulano tenha sido agredido fisicamente durante a jornada de trabalho, tal fato
não poderia ensejar a rescisão indireta do seu contrato de trabalho temporário, pois
o ato faltoso foi praticado por parte do preposto da empresa tomadora de serviços, e
não pela empresa ABC Trabalho Temporário, sua real empregadora;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. caso houvesse cláusula contratual proibindo a contratação direta de Fulano pela


empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda. ao final do prazo celebrado de 180 dias, tal dis-
posição seria nula de pleno direito;
e. por disposição expressa da lei, no caso de falência da empresa ABC Trabalho Tem-
porário, a Lojão Vendemos Tudo Ltda. seria subsidiariamente responsável pelo reco-
lhimento das contribuições previdenciárias em relação ao período em que Fulano
esteve sob suas ordens e direção

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A questão se resolve pela literalidade da Lei específica do qual segue abaixo e, na ocasião,
a alternativa que mais se aproxima da letra da lei é a apontada como “c”.
Dispõe o art. 16 da Lei do Trabalho Temporário que:

Art. 16. No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora


ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenci-
árias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como
em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei.

Tem-se, ainda:

Art. 12-A, § 2º A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de


trabalho temporário a ocorrência de todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto
à sua disposição, considerando-se local de trabalho, para efeito da legislação específi-
ca, tanto aquele onde se efetua a prestação do trabalho, quanto a sede da empresa de
trabalho temporário.

A alternativa correta é a “c”. A alternativa “d” está errada nos termos da lei:

Art. 11. O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada
um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos
aos trabalhadores por esta Lei.
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proi-
bindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do
prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho
temporário. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Ocorre que teria que respeitar 90 dias de quarentena do fim do contrato, sob pena de se
considerar o vínculo direto com a empresa tomadora. A alternativa “b” está errada com
base no art. 10, § 2º, da Lei específica.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Recorre-se da questão haja vista que há divergências com a latera-
lidade da norma jurídica específica que versa sobre trabalho temporário. Vejamos: a ques-
tão se resolve pela literalidade da Lei específica do qual segue abaixo.
Dispõe o art. 16 da Lei do Trabalho Temporário que:

Art. 16. No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora


ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenci-
árias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como
em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei.

Tem-se, ainda:

Art. 12-A, § 2º A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de


trabalho temporário a ocorrência de todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto
à sua disposição, considerando-se local de trabalho, para efeito da legislação específi-
ca, tanto aquele onde se efetua a prestação do trabalho, quanto a sede da empresa de
trabalho temporário.

A alternativa correta é a “c”. A alternativa “d” está errada nos termos da lei:

Art. 11. O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada
um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos
aos trabalhadores por esta Lei.
Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a
contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que
tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho temporário.

Ocorre que teria que respeitar 90 dias de quarentena do fim do contrato, sob pena de se
considerar o vínculo direto com a empresa tomadora. A alternativa B está errada com base
no art. 10, §2o da Lei específica.
Diante do exposto requer respeitosamente a alteração do gabarito ou a anulação da ques-
tão haja vista que a alternativa “c” apresenta consistência com a legislação.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

16. Com base no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, o mandato dos membros
da comissão de representantes dos empregados nas empresas com mais de duzentos
empregados, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores, será de:
a. um ano, composta por quatro candidatos eleitos pelos trabalhadores em escrutínio
secreto e por um nomeado pelo empregador, que a presidirá. Os membros escolhi-
dos, com exceção do representante da empresa, só poderão ser despedidos por falta
grave ou motivo de força maior;
b. dois anos e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos tra-
balhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, eco-
nômico ou financeiro;
c. um ano e decorrerá de eleição realizada pelos trabalhadores para escolha de três a
sete membros, conforme o porte da empresa. Desde o registro da candidatura até o
fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro;
d. um ano e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos traba-
lhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Desde
o registro das candidaturas até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só
poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior;
e. um ano, prorrogável por apenas um período igual, e decorrerá de eleição realizada
pelos trabalhadores para escolha de três a sete membros, conforme o porte da
empresa. Desde o registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os membros
escolhidos só poderão ser despedidos por falta grave ou motivo de força maior.

Letra c.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
Garantia provisória dos representantes de empregados:

Art. 510-A, § 1º A comissão será composta:


I – nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros;
II – nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros;
III – nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros.
Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados
será de um ano.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

§ 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da


comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária,
entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, eco-
nômico ou financeiro. (Grifos nossos.)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Todas as alternativas não trazem a data exata do fim da garantia pro-
visória no emprego que é ATÉ 1 (UM) ANO APÓS O FIM DO MANDATO. Não é até o fim
do mandato, mas 1 ano após o fim do mandato. A garantia provisória dos representantes
de empregados é regulamentada pela CLT nos seguintes termos:

Art. 510-A, § 1º A comissão será composta:


I – nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros;
II – nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros;
III – nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros.
Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados
será de um ano.
§ 3º Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da
comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária,
entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico
ou financeiro.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

Maria Rafaela

17. Sobre o poder normativo da Justiça do Trabalho e as alterações constitucionais trazi-


das pela EC n. 45/2004, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior do Trabalho, que:
a. a anuência mútua das partes para ajuizamento de dissídio coletivo trabalhista fere
frontalmente o princípio constitucional de livre acesso à Justiça, impondo indevida
condicionante em afronta a cláusulas pétreas;
b. com a exigência do mútuo acordo, o dissídio coletivo de natureza econômica aproxi-
ma-se de uma arbitragem pública, diante da necessidade de concordância expressa
ou tácita das partes quanto à submissão do impasse à Justiça do Trabalho;
c. para resolução dos conflitos coletivos, deve-se privilegiar a imposição do poder estatal
sobre meios alternativos de pacificação e de autocomposição dos conflitos trabalhistas;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. diante da previsão constitucional de pressuposto processual intransponível, exige-se


o mútuo consenso das partes para o ajuizamento de dissídios coletivos de natureza
jurídica ou econômica;
e. a concordância do sindicato ou do membro da categoria econômica para instauração
de instância precisa ocorrer de maneira expressa, não se admitindo a materialização
dessa negativa de forma tácita.

Letra b.
A temática é poder normativo e a interpretação do STF e do TST, versando sobre a pas-
sagem do MÚTUO CONSENTIMENTO. Trata-se de um julgamento de 2020, em que a
maioria do STF julgou improcedente ação questionando a exigência de mútuo acordo para
a instauração de dissídio coletivo, bem como a legitimidade conferida ao MPT para ajuizar
dissídio coletivo em caso de greve em atividades essenciais, previstas na EC 45. O STF
decidiu, portanto, que é constitucional exigência de mútuo acordo para instauração de
dissídio coletivo. A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte, conforme informações
extraídas do site oficial do STF:

É constitucional a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de dis-


sídio coletivo de natureza econômica, conforme o art. 114, § 2º, da Constituição Federal,
na redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004.

Dessa forma, a alternativa “a” está errada. A alternativa “c” está errada, pois a OIT entende
que a melhor forma de composição na resolução de conflitos coletivos deve privilegiar a
normatização autônoma, evitando a imposição do poder estatal. No contexto brasileiro,
isso significa enfraquecer o poder normativo que era dado à Justiça do Trabalho e expandir
os meios alternativos de pacificação, como a mediação e a arbitragem, mesmo que estatal.
Afinal, asseverou-se, no STF, que a norma não configura óbice inconstitucional ao acesso
à Justiça, mas tão somente instrumento de fomento às negociações coletivas e a meios al-
ternativos de solução de controvérsias. Assim, concluiu-se que a EC enseja a composição
na resolução de conflitos coletivos, priorizando a normatização autônoma face à imposição
do poder estatal. A alternativa “d” está errada, pois no RE 1.002.295 (Tema 841 da tabela
de Repercussão Geral do STF) foi fixada a tese de que é constitucional a exigência de co-
mum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica,
conforme o art. 114, § 2º, da CF/1988, na redação dada pela EC 45/2004. Mas se trata
apenas para dissídios de natureza econômica, não se abrangendo os de natureza jurídica,
como trata a temática. De fato, trata-se de pressuposto processual intransponível, cuja
ausência conduz à extinção do feito sem exame do mérito. A alternativa “e” está errada,
pois pode ser de forma expressa ou tácita. Nada obstante, a SDC firmou o entendimento
de que a concordância do sindicato ou do membro da categoria econômica para a instau-
ração da instância não precisa ocorrer, necessariamente, de maneira expressa, podendo,

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

em algumas hipóteses com particularidades fáticas e jurídicas que a distinguem dos casos
que formaram a jurisprudência dominante sobre o assunto, materializar-se de forma tácita..

18. O direito fundamental de greve emana do exercício da autonomia privada coletiva e


consiste em instrumento de pressão, com vistas ao atendimento de rol de reivindica-
ções da categoria.
A respeito do tema, é correto afirmar, com base na jurisprudência dominante dos Tribu-
nais Superiores, que:
a. o ordenamento jurídico pátrio consagra expressamente a possibilidade de seu cabi-
mento para defesa de interesses que transcendem a esfera dos deveres atribuídos
ao empregador;
b. considerando o descompasso entre a titularidade coletiva do interesse tutelado e a
responsabilidade individual do trabalhador, a declaração de abusividade da greve não
permite necessariamente a punição do empregado partícipe;
c. o empregador está autorizado a realizar a contratação de trabalho temporário, bem
como a transferir seus empregados de um setor para outro, com vistas à substituição
de trabalhadores em greve;
d. a adesão ao movimento paredista gera a suspensão do contrato de trabalho, não
devendo ser pagos os dias de paralisação, ressalvada a hipótese de quando a greve
é deflagrada pelo atraso no pagamento de salários;
e. não é considerado abusivo o movimento paredista direcionado contra os poderes
públicos e que reivindique condições não suscetíveis de negociação coletiva.

Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “b”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A questão se refere ao direito de greve e ao entendimento dos Tribunais Superiores.
a. Errada. Pois não se admite, no Brasil, por exemplo, greves com motivações políticas.
b. Errada. Pois o direito de greve encontra regulamentação na lei brasileira. Seu exercício
não leva à responsabilidade. Tão somente desvios e excessos no exercício do direito fun-
damental de greve sujeitam a pessoa jurídica, seus órgãos ou representantes a respon-
derem, conforme o caso, no campo do direito civil, trabalhista e penal. Empregados que
excederem na greve podem ser identificados também.
c. Errada. Pois contraria a Lei do Trabalho Temporário:

Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma em-
presa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de
serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente
ou à demanda complementar de serviços.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

§ 1º É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de traba-


lhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei. (Grifos nossos.)

e. Errada. Pois não se admitem greves de caráter político.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: A questão se refere ao direito de greve e o entendimento dos Tribu-
nais Superiores. A alternativa “a” está errada, pois não se admite, no Brasil, por exemplo,
greves com motivações políticas. A alternativa “b” está errada, pois o direito de greve en-
contra regulamentação na lei brasileira. Seu exercício não leva à responsabilidade. Tão
somente desvios e excessos no exercício do direito fundamental de greve sujeitam a pes-
soa jurídica, seus órgãos ou representantes a responderem, conforme o caso, no campo
do direito civil, trabalhista e penal. Empregados que excederem na greve também podem
ser identificados, embora não o sejam necessariamente. A alternativa “c” está errada, pois
contraria a Lei do Trabalho Temporário:

Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma em-
presa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de
serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente
ou à demanda complementar de serviços.
§ 1º É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhado-
res em greve, salvo nos casos previstos em lei. A alternativa D está correta também, pois
a questão aborda apenas uma hipótese em que é possível o pagamento de salários.

A alternativa “e” está errada, pois não se admitem greves de caráter político.

19. A Convenção n. 87 da Organização Internacional do Trabalho trata da liberdade sindical


e da proteção ao direito de sindicalização.
O modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos pelo normativo internacio-
nal principalmente pela:
a. liberdade plena de organização sindical em todos os níveis de representação profis-
sional e econômica;
b. sujeição das organizações de trabalhadores e de empregadores à dissolução ou à
suspensão administrativas;
c. proibição de filiação dos trabalhadores e dos empregadores a organizações interna-
cionais de mesma natureza;
d. proibição de sindicalização dos integrantes das forças armadas e da polícia;
e. necessidade de autorização para constituição de um sindicato.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra a.
O tema da questão é sobre a aplicação ou não da Convenção n. 87 da OIT, que trata da
Liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização. Aprovada em 1948, é uma das
mais importantes convenções da OIT, se não for a mais. O Brasil ainda não aderiu a essa
Convenção, que faz parte dos direitos fundamentais. Portanto, a alternativa “a” está correta.

20. A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à contextualização de uma
conduta antissindical.
Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica cerceamento do direito garantido constitucio-
nalmente de livre associação para fins lícitos:
a. pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de
movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisa-
ção dos grevistas;
b. na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do empregado recém-con-
tratado, de formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do
trabalhador ao desconto das contribuições assistencial e confederativa;
c. despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa
que ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente;
d. omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente
eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários imple-
mentado pela empresa;
e. empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se a pagar uma
quantia em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores.

Letra b.
A questão trata de práticas antissindicais e solicita a alternativa que não implica uma con-
duta antissindical.
a. Errada. Pois tolhe o exercício do direito de greve.
c. Errada. Pois, inclusive, há precedente no TST no processo n.ARR-1393-06.2016.5.20.0005.
Nesse julgado, o TST compreendeu que:

O relator do recurso de revista do professor de educação física, ministro Alexandre Ra-


mos, explicou que a finalidade do registro é a obediência ao princípio da unicidade sin-
dical. Contudo, a ausência de comprovação desse registro não pode impedir a eficácia
dos atos praticados pelo sindicato, sob pena de ser criada uma presunção negativa de
existência do próprio sindicato. De acordo com o relator, foi pacificado o entendimento de
que o registro do sindicato no ministério traduz mera formalidade não essencial. O minis-
tro assinalou, ainda, que o Supremo Tribunal Federal garantiu aos sindicatos a aquisição

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

da personalidade jurídica mesmo antes do efetivo registro e, por conseguinte, o direito


de seus dirigentes à estabilidade sindical.

d. Errada. Pois cria situação discriminatória entre dirigentes sindicais, ofendendo frontal-
mente a isonomia.
e. Errada. Pois essa ação representa até um crime, pois tenta corromper o sindicato para
firmar negociação coletiva.

21. Em recente julgamento do RE 999.435/SP, apreciando o Tema 638 da repercussão


geral, o Supremo Tribunal Federal fixou tese acerca da necessidade de negociação
coletiva para a dispensa em massa de trabalhadores.
Com base nesse julgado, é correto afirmar que:
a. a iniciativa da rescisão consiste em ato unilateral do empregador, razão pela qual a
dispensa em massa de trabalhadores prescinde de negociação coletiva;
b. a intervenção sindical pode ocorrer no curso do processo de desligamento em massa
dos trabalhadores, desde que celebrada norma coletiva sobre o pagamento das par-
celas resilitórias;
c. considera-se dispensa em massa aquela que envolver o término simultâneo ou em
curto espaço de tempo de mais de duzentos contratos de trabalho, por razões de
ordem técnica, econômica e financeira enfrentadas pela empresa;
d. é imprescindível a participação prévia dos sindicatos profissionais como requisito de
validade das dispensas massivas, de modo a envolvê-los no processo coletivo com
foco na manutenção dos empregos;
e. a dispensa em massa decorre da necessidade de o ente empresarial reduzir defini-
tivamente o quadro de empregados, exigindo-se a intervenção sindical inclusive nos
términos dos contratos a prazo determinado.

Letra d.
A Tese 638 do STF dispõe o seguinte:

A intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dis-


pensa em massa de trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por
parte da entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo. A dispensa
coletiva constitui cessação simultânea (não se abordando aqui aquela que ocorre em
curso espaço de tempo) de grande quantidade de contratos de trabalho, por motivo sin-
gular e comum a todos, ante a necessidade de o ente empresarial reduzir definitivamente
o quadro de empregados, presentes razões de ordem econômica e financeira, sem fixar
número específico para considerar dispensa em massa. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

E a orientação do STF é que a dispensa em massa de trabalhadores prescinde de nego-


ciação coletiva. Observe que a rescisão pode ocorrer também a pedido do empregado, não
sendo o caso de considerar como ato unilateral e exclusivo do empregador.

22. Com relação à validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito
trabalhista não assegurado constitucionalmente, o Supremo Tribunal Federal fixou no
Tema 1046 tese com repercussão geral.
Segundo tal entendimento, a título exemplificativo, poderá ser considerado inconstitu-
cional, dentro do nosso ordenamento jurídico:
a. alterar a data de pagamento da folha de salários para o décimo dia útil de cada mês;
b. deixar de aplicar a hora reduzida noturna, com a adoção da contagem da hora normal;
c. reduzir o adicional de penosidade para 15%;
d. reduzir o adicional de extras para o mínimo de 40%;
e. definir o gozo do repouso semanal remunerado para apenas dois domingos por mês.

Letra d.
Trata-se da Tese 1.046, que diz o seguinte:

São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a ade-


quação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde
que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis. Não pode haver, por exem-
plo, supressão de percentuais, em observância ao teor dos arts. 611- A e 611- B da
CLT. (Grifos nossos.)

Assim, não se admite a supressão, pura e simples, de direitos trabalhistas mediante a ne-
gação contratual das condições de trabalho efetivamente existentes. No caso em comen-
to, houve discussão dos direitos previstos no art. 7º, XIII e XXIV, da CF/1988, do qual se
incluem as horas extras e percentual mínimo de 50%.

23. Com base no julgamento da ADI 5794/DF, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se
acerca da alteração legislativa que suprimiu a compulsoriedade da contribuição sindical.
Nos termos dessa decisão, é correto afirmar que:
a. a extinção da contribuição sindical necessita de aprovação por lei complementar, em
paralelismo à idêntica obrigatoriedade existente para a criação de contribuições;
b. a instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais demanda lei
específica, de modo a evitar a inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre maté-
rias completamente distintas;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. a alteração normativa, ao afastar o pagamento obrigatório da contribuição sindical,


configurou indevida interferência na autonomia da organização dos sindicatos garan-
tida constitucionalmente;
d. a contribuição sindical compulsória, criada no período do Estado Novo, converge com
a liberdade de associação dos trabalhadores aos sindicatos;
e. a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais representou a ampliação das
formas de financiamento da assistência judiciária gratuita prestada pelos sindicatos
dos trabalhadores perante a Justiça do Trabalho.

Letra e.
A questão é sobre a ADI 5794/DF, que, entre outros assuntos, deliberou que a extinção de
contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à regra segundo a qual
não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a criação de contribuições, sendo
certo que a Carta Magna apenas exige o veículo legislativo da lei complementar no caso
das contribuições previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, § 4º, da Constituição.
Precedente (ADI 4697, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
06/10/2016).
A instituição da facultatividade do pagamento de contribuições sindicais não demanda lei
específica, porquanto o art. 150, § 6º, da Constituição trata apenas de “subsídio ou isenção,
redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão”, bem
como porque a exigência de lei específica tem por finalidade evitar as chamadas “caudas
legais” ou “contrabandos legislativos”, consistentes na inserção de benefícios fiscais em
diplomas sobre matérias completamente distintas, como forma de chantagem e diminuição
da transparência no debate público, o que não ocorreu na tramitação da reforma trabalhista
de que trata a Lei n. 13.467/2017.

Precedentes (ADI 4033). A Lei n. 13.467/2017 emprega critério homogêneo e igualitário


ao exigir prévia e expressa anuência de todo e qualquer trabalhador para o desconto da
contribuição sindical, ao mesmo tempo em que suprime a natureza tributária da contri-
buição, seja em relação aos sindicalizados, seja quanto aos demais, motivos pelos quais
não há qualquer violação ao princípio da isonomia tributária (art. 150, II, da Constituição),
até porque não há que se invocar uma limitação ao poder de tributar para prejudicar o
contribuinte, expandindo o alcance do tributo, como suporte à pretensão de que os em-
pregados não sindicalizados sejam obrigados a pagar a contribuição sindical. A supres-
são do caráter compulsório das contribuições sindicais não vulnera o princípio constitu-
cional da autonomia da organização sindical, previsto no art. 8º, I, da Carta Magna, nem
configura retrocesso social e violação aos direitos básicos de proteção ao trabalhador
insculpidos nos arts. 1º, III e IV, 5º, XXXV, LV e LXXIV, 6º e 7º da Constituição. Esta
Corte já reconheceu que normas afastando o pagamento obrigatório da contribuição

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

sindical não configuram indevida interferência na autonomia dos sindicatos: ADI 2522,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006.

A Lei n. 13.467/2017 não compromete a prestação de assistência judiciária gratuita perante


a Justiça Trabalhista, realizada pelos sindicatos inclusive quanto a trabalhadores não as-
sociados, visto que os sindicatos ainda dispõem de múltiplas formas de custeio, incluindo
a contribuição confederativa (art. 8º, IV, primeira parte, da Constituição), a contribuição
assistencial (art. 513, alínea “e”, da CLT) e outras contribuições instituídas em assembleia
da categoria ou constantes de negociação coletiva, bem assim porque a Lei n. 13.467/2017
ampliou as formas de financiamento da assistência jurídica prestada pelos sindicatos, pas-
sando a prever o direito dos advogados sindicais à percepção de honorários sucumben-
ciais (nova redação do art. 791-A, caput e § 1º, da CLT), e a própria Lei n. 5.584/1970, em
seu art. 17, já dispunha que, ante a inexistência de sindicato, cumpre à Defensoria Pública
a prestação de assistência judiciária no âmbito trabalhista.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Renato Borelli e Diego Surdi

24. Nos termos da Lei n. 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), ana-
lise as afirmativas a seguir.

I – Na aquisição de hortifrutigranjeiros, no período necessário para a realização do cor-


respondente processo licitatório, é dispensável a licitação, devendo a contratação
direta ser realizada com base no preço do dia.
II – Na contratação direta de cantora consagrada pela crítica especializada, é inexigível
a licitação.
III – Na aquisição de materiais que só possam ser fornecidos por produtor exclusivo, é
dispensável a licitação.
IV – É inexigível a licitação na contratação de serviço técnico especializado de publicidade
e divulgação prestado por profissional de notória especialização.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente III e IV;
c. somente I, II e IV;
d. somente I, III e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra a.
I) Certa. Conforme art. 75, IV, alínea “e”, da Lei n. 14.133/2021.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

II) Certa. Conforme art. 74, II, da Lei n. 14.133/2021.


III) Errada. Conforme art. 74, I, da Lei n. 14.133/2021 (é caso de inexigibilidade).
IV) Errada. Conforme art. 74, III, da Lei n. 14.133/2021.

25. Quanto aos serviços públicos, considerando o disposto na Constituição da República


de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é INCORRETO afirmar que:
a. o fomento à produção agropecuária pode ser realizado pelos Estados;
b. o serviço de energia elétrica pode ser organizado por meio de lei complemen-
tar estadual;
c. a promoção de programas de construção de moradias pode ser realizada pelos
Municípios;
d. o licenciamento de motocicletas para o transporte remunerado de passageiros não
pode ser regulamentado por lei estadual sem autorização em lei complementar federal;
e. o serviço de distribuição de gás canalizado é privativo dos Estados, que podem explo-
rá-lo diretamente ou mediante concessão, sendo vedada a sua regulamentação por
medida provisória.

Letra b.
O fundamento é o art. 22, inciso IV, da CF/1988.

26. Considerando o disposto na Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), é


INCORRETO afirmar que:
a. os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
incentivo creditício de ente público estão sujeitos às sanções legais;
b. aquele que exerce, transitoriamente e sem remuneração, por designação, função em
ente público é considerado um agente público para os efeitos legais;
c. aquele que, mesmo não sendo agente público, concorra com imprudência para a prá-
tica do ato de improbidade está sujeito às sanções legais;
d. a suspensão dos direitos políticos, a perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-
mente ao patrimônio e a perda da função pública não estão previstas entre as san-
ções legais aplicáveis ao responsável por ato de improbidade que atenta contra os
princípios da administração pública;
e. as sanções previstas na lei podem ser aplicadas isoladamente, de acordo com a gra-
vidade do fato.

Letra c.
Mesmo sendo terceiro, e não agente público, o ato deve ser praticado de forma dolosa.
Assim, se a prática for imprudente, não há de se falar em cometimento de ato de improbi-
dade, por ser situação de culpa.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

27. Electra foi aprovada em concurso público para o cargo de técnica do Ministério do Meio
Ambiente, em regime estatutário, e nele tomou posse.
Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirmati-
vas a seguir.

I – A nomeação de Electra para o exercício de cargo de confiança, por seu cunhado que
ocupa cargo de assessoramento no Ministério do Meio Ambiente, não viola a Consti-
tuição da República de 1988.
II – Como Electra exerce as mesmas tarefas que um analista do Ministério do Meio
Ambiente, é possível a equiparação salarial com esse último por decisão do Poder
Judiciário, sob o fundamento de isonomia.
III – Caso Electra fosse servidora estadual, o reajuste de seu vencimento não poderia ser
vinculado a índice federal de correção monetária.
IV – Em processo perante o Tribunal de Contas da União, no qual é apreciada a legalidade
do ato de concessão inicial da aposentadoria de Electra, lhe são assegurados o con-
traditório e a ampla defesa.

Está correto o que se afirma em:


a. somente III;
b. somente I e II;
c. somente II e IV;
d. somente III e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra a.
I) Errada. Violação da Súmula Vinculante n. 13.
II) Errada. Nos termos da Súmula Vinculante n. 37, não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento
de isonomia.
III) Certa. Consoante a Súmula Vinculante n. 42, é inconstitucional a lei que estabeleça a
vinculação de reajuste de vencimentos de servidores públicos a índices federais de corre-
ção monetária.
IV) Errada. É a redação da Súmula Vinculante n. 3.

28. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou, sob sua presidência, inquérito civil,
após o recebimento de notícia de fato em que é relatada a inobservância de direitos
sociais de trabalhadores.
Considerando o exposto, analise as afirmativas a seguir.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

I – O MPT poderá requisitar, de organismo particular, a realização de perícia, no prazo


mínimo de dez dias úteis.
II – O retardamento em fornecer dados técnicos indispensáveis à propositura de ação
civil pública, requisitados pelo MPT no curso do inquérito civil, constitui crime.
III – No curso do inquérito civil, se constatada a inobservância de direitos trabalhistas, o
sindicato que representa os trabalhadores prejudicados poderá tomar do inquirido o
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante comina-
ções, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
IV – O inquérito civil também pode ser instaurado pelo Ministério do Trabalho, no caso de
recebimento de denúncia em que é relatada a inobservância da legislação trabalhista.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente II e III;
c. somente III e IV;
d. somente I, II e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra a.
I) Certa. Estabelece o art. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/1985 que:

Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

II) Certa. Assim como afirmado, o retardamento em fornecer dados técnicos indispensáveis
à propositura da ação civil, quando requisitados pelo MPT, constitui crime.

Art. 10.. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais
multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN,
a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura
da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.

III) Errada. O art. 5º, § 6º, determina que:

Art. 5º, § 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compro-
misso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que
terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Grifos nossos.)

Como o sindicato não é um dos legitimados para dar início à ACP, a assertiva está incorreta.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

IV) Errada. É o Ministério Público, e não o Ministério do Trabalho, que pode instaurar o
inquérito civil.

Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias
úteis. (Grifos nossos.)

29. Quanto aos bens públicos, considerando o disposto no Código Civil, é correto afirmar que:
a. os bens públicos dominicais não podem ser alienados;
b. o uso comum dos bens públicos não pode ser retribuído;
c. o terreno destinado a serviço de autarquia municipal é bem público de uso especial;
d. são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que inte-
gram a Administração Pública;
e. os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado são considerados de uso especial.

Letra c.
De acordo com o disposto no art. 99, II, do Código Civil.

DIREITO PENAL

Leonardo Castro

30. Sabina candidatou-se a uma vaga de emprego em uma escola de arte. O representante
legal do empregador, assim definido na legislação trabalhista, exigiu-lhe a apresenta-
ção de teste negativo de gravidez para admissão no emprego.
Considerando o disposto na Lei n. 9.029/1995, analise as afirmativas a seguir.

I – Trata-se de prática discriminatória que constitui crime, sendo cominada a pena de


detenção, de um a dois anos, e multa.
II – O sujeito ativo do crime é a pessoa física do empregador, e não o seu represen-
tante legal.
III – Não constitui crime o oferecimento pelo empregador a Sabina de serviço de plane-
jamento familiar realizado por meio de instituição privada submetida às normas do
Sistema Único de Saúde (SUS).
IV – Caso Sabina se candidatasse à vaga de emprego de modelo de modas para posar
para artistas plásticos, o empregador poderia exigir a apresentação de teste negativo
de gravidez para admissão.

Está correto o que se afirma em:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

a. somente I;
b. somente I e III;
c. somente II e III;
d. somente II e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra b.
De acordo com o disposto no art. 2º da Lei n. 9.029/1995.

31. Quanto às excludentes de antijuridicidade, analise as afirmativas a seguir.

I – Aquele que pratica o fato para salvar de perigo iminente, que não provocou por sua
vontade, direito próprio, é considerado em estado de necessidade.
II – Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar estado de neces-
sidade, salvo quando for razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado.
III – A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade
de gênero.
IV – Age em legítima defesa o agente de segurança pública que, usando moderadamente
dos meios necessários, repele agressão atual e injusta à vítima mantida refém durante
a prática de crime.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente III e IV;
c. somente I, II e IV;
d. somente II, III e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra b.
I) Errada. A alternativa tem por fundamento o art. 24 do CP:

Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de pe-
rigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Gri-
fos nossos.)

II) Errada. A alternativa tem por fundamento o art. 24, §§ 1º e 2º, do CP:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 24. § 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de en-
frentar o perigo;
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços. (Grifos nossos.)

III) Certa. A alternativa tem por fundamento a Vide ADPF 779, ação julgada pelo STF quan-
do foi decidido pela inconstitucionalidade da tese de legítima defesa da honra.
IV) Certa. A alternativa tem por fundamento o art. 25, parágrafo único, do CP:

Art. 25, Parágrfo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, consi-
dera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão
ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

32. Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação trabalhista
em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de insalubridade.
Celeno foi nomeada como perita do juízo para verificar a existência de insalubridade e
Alcíone depôs como testemunha da ré na audiência de instrução. Considerando o dis-
posto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir.

I – Se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a ver-
dade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso
testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II – Se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível.
III – Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial
que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com
reclusão, de três a quatro anos, e multa.
IV – Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entre-
gue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o
crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I e II;
b. somente II e IV;
c. somente I, II e III;
d. somente I, III e IV;
e. I, II, III e IV.

Letra e.
De acordo com os arts. 342 e 343 do CP.

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Prova comentada

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

Helder Oliveira, Juliano Alves, Tiago Rabelo e Pedro Henrique

33. A respeito dos direitos e deveres da magistratura, bem como a responsabilidade civil e
administrativa dos magistrados, analise as afirmativas a seguir.

I – Os juízes do Trabalho substitutos que estejam em estágio probatório não poderão


praticar todos os atos reservados por lei aos juízes vitalícios.
II – Os desembargadores federais do Trabalho, nomeados para a vaga reservada ao
quinto constitucional (Ministério Público e Advocacia), somente terão vitaliciedade
após o período de dois anos.
III – O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será per-
mitido ao magistrado se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários,
vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de direção administrativa ou
técnica de estabelecimento de ensino.

Está correto o que se afirma em:


a. somente II;
b. somente III;
c. somente I e II;
d. somente II e III;
e. I, II e III.

Letra b.
Disciplina abordada: Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.
I) Errada. Não há essa diferenciação no texto constitucional. Juízes substitutos ou vitalícios
são igualmente magistrados, de modo que dispõem das mesmas competências para o
exercício da jurisdição.
II) Errada. Os que se tornam desembargadores pelo quinto constitucional tornam-se vitalí-
cios no momento da posse.
III) Certa. É justamente o que está contido na Resolução n. 34/2007 do CNJ. Lembrando
que a autorização para que o magistrado possa exercer outro cargo público, desta feita de
magistério, está no art. 95, parágrafo único, I, da CF/1988.
Portanto, a alternativa certa é a letra “b”, já que apenas o item III apresenta uma asserti-
va correta.

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Prova comentada

34. A Constituição da República de 1988 e a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi-


leiro dispõem sobre as normas de vigência e eficácia das leis no tempo e o princípio da
irretroatividade das leis.
Com relação a esse tema, de acordo com o disposto nas normas jurídicas brasileiras,
é correto afirmar que:
a. a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência;
b. a lei posterior revoga a anterior somente quando expressamente o declare;
c. o sistema normativo brasileiro admite expressamente a hipótese de perda de vigência
da lei por descumprimento reiterado;
d. mesmo depois de transitada em julgado a decisão de mérito, poderão ser deduzidas
ou repelidas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhi-
mento quanto à rejeição do pedido;
e. consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

Letra e.
Disciplina abordada: Teoria Geral do Direito e da Política.
A fundamentação foi extraída da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decre-
to-Lei n. 4.657/1942) e do CPC.
a. Errada. A repristinação não é a regra. É exceção.

LINDB, Art. 2º, § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por
ter a lei revogadora perdido a vigência. (Grifos nossos.)

b. Errada. Além da revogação expressa (descrita na assertiva), existe também a revogação


tácita. O que torna a assertiva incorreta é a expressão “somente”.

LINDB, Art. 2º, § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o de-
clare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior. (Grifos nossos.)

c. Errada. A assertiva descreve o costume abogatório, hipótese não admitida no sistema


romanístico brasileiro. Somente uma lei revoga outra lei.

LINDB, Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou revogue. (Grifos nossos.)

d. Errada. Uma vez transitada em julgado uma decisão de mérito, o tema não poderá mais
ser revisitado, de acordo com o art. 508 do CPC.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

CPC, Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e


repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento
quanto à rejeição do pedido.

e. Certa. É a mera transcrição do conceito legal de direito adquirido.

LINDB, Art. 6º, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

35. A Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o Juízo 100% Digital, aborda vários
temas relacionados à Gestão da Informação e de Demandas Judiciais, bem como à
Gestão e Organização Judiciária.
Considerando o tratamento normativo dado pelo Conselho Nacional de Justiça à maté-
ria, é correto afirmar que:
a. as audiências e sessões no Juízo 100% Digital ocorrerão por videoconferência ou de
forma presencial, quando necessário ao desenvolvimento regular do processo;
b. a existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional aos processos que
tramitem eletronicamente;
c. a parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida
até a apresentação da defesa;
d. a qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do Juízo 100% Digital, exceto em relação a processos anteriores à entrada
em vigor dessa Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceita-
ção tácita;
e. o Juízo 100% Digital poderá se valer também de serviços prestados presencialmente
por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumpri-
mento de mandados, centrais de cálculos, tutoria, dentre outros, desde que os atos
processuais possam ser convertidos em eletrônicos.

Letra e.
Disciplinas abordadas: Teoria Geral do Direito e da Política e Direito Digital.
Teoria Geral do Direito e da Política
A fundamentação foi extraída da Resolução CNJ n. 345/2020, que dispõe sobre o “Juízo
100% Digital” e dá outras providências.
a. Errada. A assertiva contraria o art. 5º da Resolução CNJ n. 345/2020.

Art. 5º As audiências e sessões no “Juízo 100% Digital” ocorrerão exclusivamente por


videoconferência. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. Errada. O que torna a assertiva incorreta é a ausência da palavra “não” antes de


“impedirá”.

Art. 8º, § 5º A existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional não impe-
dirá a implementação do “Juízo 100% Digital” em relação aos processos que tramitem
eletronicamente. (Grifos nossos.)

c. Errada. O que torna a assertiva incorreta é a expressão, no final, “até a apresentação


da defesa”. O correto seria “em até 05 dias úteis contados do recebimento da primeira
notificação”.

Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será exercida pela parte de-
mandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada opor-se a
essa opção até o momento da contestação.
§ 1º A parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida em
até 05 dias úteis contados do recebimento da primeira notificação. (Grifos nossos.)

d. Errada. O que torna a assertiva incorreta é o trecho “exceto em relação a processos


anteriores à entrada em vigor dessa Resolução”. O correto seria “ainda que em relação a
processos anteriores à entrada em vigor desta Resolução”.

Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será exercida pela parte de-
mandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada opor-se a
essa opção até o momento da contestação.
§ 4º A qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse
na adoção do “Juízo 100% Digital”, ainda que em relação a processos anteriores à en-
trada em vigor desta Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceitação
tácita. (Grifos nossos.)

e. Certa. A assertiva é a mera transcrição do art. 1º, § 3º, da Resolução CNJ n. 345/2020.
Confira-se:

Art. 1º, § 3º O “Juízo 100% Digital” poderá se valer também de serviços prestados pre-
sencialmente por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos,
de cumprimento de mandados, centrais de cálculos, tutoria dentre outros, desde que os
atos processuais possam ser convertidos em eletrônicos.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Direito Digital
a. Errada. Pois prevê o formato presencial para audiências e sessões, as quais ocorrerão
exclusivamente por videoconferência (art. 5º da Resolução n. 345/2020).
b. Errada. Pois a existência de processo físico não impede a implementação do Juízo 100%
digital, conforme estabelecido na Resolução n. 345/2020.
c. Errada. E há especial tratamento para o processo trabalhista nos casos de oposição ao
modelo do Juízo 100% digital, a saber:

Art. 3º, § 1º A parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira mani-
festação no processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser
deduzida em até 05 dias úteis contados do recebimento da primeira notificação.
(Redação dada pela Resolução n. 378, de 9.03.2021) (Grifos nossos.)

d. Errada. O examinador inverteu a lógica da Resolução e trocou os termos “ainda que” por
“exceto”. A saber:

§ 4º A qualquer tempo, o magistrado poderá instar as partes a manifestarem o interesse


na adoção do “Juízo 100% Digital”, ainda que em relação a processos anteriores à en-
trada em vigor desta Resolução, importando o silêncio, após duas intimações, aceitação
tácita. (Redação dada pela Resolução n. 378, de 9.03.2021) (Grifos nossos.)

e. Certa. Conforme o art. 1º, § 3º:

Art. 1º, § 3º O “Juízo 100% Digital” poderá se valer também de serviços prestados pre-
sencialmente por outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos,
de cumprimento de mandados, centrais de cálculos, tutoria dentre outros, desde que os
atos processuais possam ser convertidos em eletrônicos. (Redação dada pela Resolu-
ção n. 378, de 9.03.2021).

36. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei n. 13.709/2018) constitui uma complexa
regulamentação sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais,
por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo
de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvi-
mento da personalidade da pessoa natural.
Sobre seus dispositivos, é INCORRETO afirmar que:
a. entre os fundamentos da disciplina da proteção de dados pessoais estão o respeito
à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de infor-
mação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e
da imagem; o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre inicia-
tiva, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pes-


soas naturais;
b. excluem-se do âmbito territorial de aplicação da LGPD, os dados pessoais provenien-
tes de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso com-
partilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência
internacional de dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país
de proveniência proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao pre-
visto na Lei;
c. o tratamento de dados pessoais realizado para fins exclusivos de segurança pública,
defesa nacional, segurança do Estado ou atividades de investigação e repressão de
infrações penais não são incluídos no âmbito de aplicação da LGPD;
d. o consentimento dado pelo titular, para o tratamento de seus dados pessoais, poderá
ser por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular,
não sendo necessária cláusula destacada das demais cláusulas contratuais, quando
fornecido por escrito;
e. dado pessoal sensível é aquele que trata sobre origem racial ou étnica, convicção
religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou bio-
métrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

Letra d.
Disciplina abordada: Direito Digital.
A questão exige o item incorreto, que é a letra “d”, pois contraria o disposto da LGPD,
qual seja:

Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por
escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de cláusula
destacada das demais cláusulas contratuais. (Grifos nossos.)

37. Os chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações
Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015, lançaram os novos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável globais, a chamada Agenda 2030. Considerando a
Agenda 2030 das Nações Unidas, analise os objetivos a seguir.

I – Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares e alcançar a


igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
II – Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunida-
des de aprendizagem ao longo da vida para todos, bem como construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

III – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir
de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degra-
dação da terra e deter a perda de biodiversidade e também assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I;
b. somente II;
c. somente I e II;
d. somente II e III;
e. I, II e III.

Letra e.
Disciplinas abordadas: Teoria Geral do Direito e da Política e Direito Digital.
Teoria Geral do Direito e da Política
A questão simplesmente copiou os objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Veja:
I) Certa.

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares


Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

II) Certa.

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover opor-


tunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação

III) Certa.

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terres-
tres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter
a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

Direito Digital
Na Cúpula do Milênio realizada em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que consistiam em oito objetivos
internacionais. Estes objetivos foram desenvolvidos e ampliados com a elaboração da
Agenda 2030.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Até 2030, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável visam alcançar 169 metas em


áreas consideradas cruciais para o bem-estar humano e a preservação do planeta.
I) Certa.

ODS 1 – Erradicação da pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em


todos os lugares.
ODS 5 – Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas.

II) Certa.

ODS 4 – Educação de qualidade: Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade


e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura: Construir infraestruturas resilientes, promo-
ver a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

III) Certa.

ODS 15 – Vida terrestre: Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossiste-
mas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar
e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade.
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis: Garantir padrões de consumo e de pro-
dução sustentáveis. (Grifos nossos.)

O ODS 12 busca assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis. Isso significa


promover práticas sustentáveis na produção e consumo de bens e serviços, além de redu-
zir o impacto ambiental e melhorar a eficiência no uso dos recursos naturais.
“Solos” e “terra” são termos frequentemente usados como sinônimos, embora existam al-
gumas diferenças entre eles. O termo “terra”, que foi utilizado pelo examinador, é amplo e
também pode se referir ao solo.

38. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um dos seus objetivos o
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de
seus direitos iguais e inalienáveis sendo o fundamento da liberdade, da justiça e da
paz no mundo.
Considerando o texto aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução
n. 217-A, III), em 10 de dezembro de 1948, é correto afirmar que:
a. as férias remuneradas e periódicas não fazem parte do direito ao repouso e ao lazer;
b. poderá haver casamento válido sem o consentimento livre dos nubentes, desde que
previsto em norma legal;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. caberá ao Estado a prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será


ministrada a seus filhos;
d. todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
pela Constituição ou pela lei;
e. todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países, mesmo em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas

Letra d.
Disciplina abordada: Teoria Geral do Direito e da Política.
Na fundamentação foram transcritas as normas da própria Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos (DUDH).
a. Errada. As férias fazem parte do direito ao repouso e ao lazer.

DUDH, Art. 24. Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente,
a uma limitação razoável da duração do trabalho e das férias periódicas pagas. (Gri-
fos nossos.)

b. Errada. Não pode haver casamento nas circunstâncias narradas.

DUDH, Art. 16, 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consen-
timento dos futuros esposos. (Grifos nossos.)

c. Errada. Quem escolhe são os pais, e não o Estado.

DUDH, Art. 26, 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de
educação a dar aos filhos. (Grifos nossos.)

d. Certa. A assertiva é a mera transcrição do art. 8º da DUDH.

DUDH, Art. 8. Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacio-
nais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.

e. Errada. A segunda parte da assertiva não corresponde ao item 2 do art. 14 da DUDH.

DUDH, Art. 14, 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de
beneficiar de asilo em outros países.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente exis-
tente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios
das Nações Unidas. (Grifos nossos.)

39. “O sentido da palavra fonte relaciona-se com aquilo que origina ou produz. No plano
jurídico, o estudo das fontes consiste em saber donde vem o Direito e donde dimana a
juridicidade das normas” (MATA-MACHADO, Edgar de Godoi da – Elementos de Teoria
Geral do Direito – Belo Horizonte: Ed. Vega, 1976, p. 213). Ao examinar a estrutura de
fontes formais e materiais do Direito, incluídas as fontes do Direito do Trabalho, no sis-
tema jurídico brasileiro, considerando a relação entre direito objetivo e direito subjetivo,
e a estrutura do processo legislativo, é correto afirmar que:
a. os debates políticos, discussões sociais, manifestações públicas da sociedade civil
e outras expressões de conteúdo ideológico dos entes sociais constituem as fontes
formais do Direito;
b. a jurisprudência não constitui fonte formal do Direito, caracterizando-se apenas como
fonte material, pois as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito persuasivo,
e não coercitivo;
c. o fenômeno da integração jurídica (preenchimento de lacunas no ordenamento jurí-
dico/omissão da lei) não é admitido no direito positivo brasileiro, tanto como regra geral
para qualquer área do Direito quanto como regra especial para o Direito do Trabalho;
d. as Emendas à Constituição da República de 1988 devem ser propostas por iniciativa
de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, pelo presidente da República, ou por dois terços das Assembleias Legisla-
tivas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros;
e. a Constituição da República de 1988, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias,
as Medidas Provisórias, as Leis Delegadas, os Decretos Regulamentares do Poder
Executivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados
fontes formais do Direito, por terem sua positividade relacionada com o poder legife-
rante do Estado.

Letra b.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Disciplina abordada: Filosofia do Direito
A temática da questão está relacionada ao assunto que é estudado nos anos iniciais do
curso de Direito. Infelizmente, o tema das fontes do direito, apesar de usualmente apre-
sentada aos alunos como temática relativamente bem definida, na doutrina, os autores

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

apresentam diferentes entendimentos, o que pode ser um fator complicador da resolução


da questão.
A alternativa “d” da questão foge um pouco do tema das fontes do direito para tratar do
processo legislativo propriamente dito. De acordo com o item, na vigência da Constitui-
ção de 1988, a proposição de Emendas à Constituição deve se dar por iniciativa de, pelo
menos, dois terços dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, pelo
Presidente da República ou por dois terços das Assembleias Legislativas das unidades
da Federação, com manifestação, em cada uma delas, por maioria relativa. No entanto,
de acordo com o art. 60 da Constituição, além do Presidente da República, podem propor
Emendas à Constituição um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal, enquanto a alternativa indica dois terços, bem como de “mais da
metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros”, o que também é apresentado errone-
amente na questão.
A alternativa “c”, por sua vez, trata da temática da integração jurídica. Em resumo, a no-
ção de um Ordenamento Jurídico imperfeito ou incompleto é refutada por aqueles que
defendem o Positivismo Jurídico. Isso porque o Ordenamento Jurídico deveria ser suficien-
te para resolver todos os conflitos que potencialmente possam surgir numa coletividade.
Não é por menos que o texto constitucional e o processual estabelecem que as questões
postas ao Poder Judiciário devem ser resolvidas, vedado ao magistrado deixar de decidir
pela suposta ausência de norma. Surgem, nesse contexto, ferramentas para integração
do ordenamento jurídico, de forma a permitir que, efetivamente, todas as questões sejam
por ele resolvidas. Essas ferramentas, por vezes, fazem parte do processo interpretativo
do direito, por outras, são previstos mecanismos de forma positiva, como é o que acontece
no art. 4º da Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro, pela qual “Quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios ge-
rais de direito”. Em sentido semelhante, diz o art. 8º da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) que:

Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições


legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por
equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do tra-
balho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de
maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Observa-se, porém, que, diferentemente do que indica a alternativa, existem normas geral
e específica que tratam da integração do Ordenamento Jurídico no caso brasileiro. Note-
-se, nesse contexto, que, ainda que o ordenamento jurídico brasileiro efetivamente não

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

admita a lacuna no ordenamento jurídico, como antes exposto, ele expressamente admite
a possibilidade de omissão normativa, donde se extrai a incorreção da alternativa.
Por fim, as alternativas restantes tratam efetivamente da temática das fontes do direito e
demandam que o candidato compreenda a classificação doutrinária que distingue fontes
formais e materiais do direito. A maior parte dos autores reconhece as fontes formais como
o conjunto de fontes nas quais o Direito se manifesta efetivamente. Outros autores acres-
centam que as fontes formais representam a materialização das fontes materiais, que, por
sua natureza, se apresentam de forma difusa e não estruturada. Nesse contexto, as fontes
materiais seriam representadas pelos fatores sociais e políticos que dão origem ao conte-
údo das normas jurídicas. Seriam os fatores reais de poder do qual se extrai o conteúdo
jurídico das relações de uma determinada sociedade. Em outros termos, as fontes formais
representam a exteriorização, o meio de veiculação, do direito, enquanto as fontes formais
seriam os elementos difusos de onde se extraem as normas jurídicas. A partir disso, pode-
-se concluir que a alternativa “a” está incorreta pela inclusão dos fatores sociais e políticos
como fonte formal do direito.
A alternativa “b”, por sua vez, indica que a jurisprudência se apresenta como fonte material
do direito, sob a justificativa de que “as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito
persuasivo, e não coercitivo”. Ocorre que a doutrina costuma classificar a jurisprudência
como fonte formal do direito, justamente por materializar o exercício do poder jurisdicional
do Estado que se apresenta como uma das facetas da soberania. Ainda que o exercício
da jurisdição não se confunda com a atividade legiferante, a jurisprudência representa um
conjunto de decisões similares sobre determinada temática, que, salvo nos casos em que
exista a previsão específica de obrigatoriedade de observância, colaboram com o processo
de estruturação do direito.
Por fim, quanto à alternativa “e”, a questão indica um conjunto de fontes e as relaciona
como fontes formais do Direito. Até esse ponto, a alternativa não merece qualquer reparo.
No entanto, na parte final, afirma que “os Decretos Regulamentares do Poder Executivo
e as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados fontes formais
por terem sua positividade relacionada com o poder legiferante do Estado”. A considerar
apenas as Súmulas Vinculantes, é possível encontrar divergências doutrinárias que efeti-
vamente a consideram como exercício do poder de legislar do Estado. No entanto, no que
concerne aos Decretos Regulamentares, o mesmo não pode ser dito. Importante, aqui,
distinguir os Decretos Autônomos do Poder Executivo, que extraem seu fundamento de
validade diretamente do texto constitucional e que representam efetivamente exercício do
Poder de Legislar, o mesmo não se pode dizer dos Decretos Regulamentares, que extraem
seu fundamento de validade na Lei e não possuem capacidade de inovação no âmbito do
ordenamento jurídico, não podendo ser considerado como atividade legislativa do Estado.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Diante do exposto, as alternativas “b” e “e” também estariam incorretas, o que pode indicar
possibilidade de recurso nessa questão. Entretanto, se é necessário escolher uma alter-
nativa, parece melhor a indicação da alternativa “b”, com todas as ressalvas anteriormente
apresentadas.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Pedro Henrique: Letra “b”
FUNDAMENTAÇÃO: A temática da questão está relacionada ao que é estudado nos anos
iniciais do curso de Direito. Infelizmente, o tema das fontes do direito, apesar de usualmen-
te apresentada aos alunos como temática relativamente bem definida, na doutrina, os au-
tores apresentam diferentes entendimentos, o que pode ser um fator complicador da reso-
lução da questão. A alternativa “d” foge um pouco do tema das fontes do direito para tratar
do processo legislativo propriamente dito. De acordo com o item, na vigência da Constitui-
ção de 1988, a proposição de Emendas à Constituição deve se dar por iniciativa de, pelo
menos, dois terços dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, pelo
Presidente da República ou por dois terços das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, com manifestação, em cada um delas, por maioria relativa. A alternativa está
errada, visto que, de acordo com o art. 60 da Constituição, além do Presidente da Repúbli-
ca, podem propor Emendas à Constituição um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal, porém a alternativa indica dois terços, bem como
“mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros”, o que também está erronea-
mente apresentado. A alternativa “c”, por sua vez, trata da temática da integração jurídica.
Em resumo, a noção de um Ordenamento Jurídico imperfeito ou incompleto é refutada por
aqueles que defendem o Positivismo Jurídico. Isso porque o Ordenamento Jurídico deveria
ser suficiente para resolver todos os conflitos que potencialmente possam surgir numa co-
letividade. Não é por menos que o texto constitucional e o processual estabelecem que as
questões postas ao Poder Judiciário devem ser resolvidas, sendo vedado ao magistrado
deixar de decidir pela suposta ausência de norma. Surgem, nesse contexto, ferramentas
para integração do ordenamento jurídico, de forma a permitir que, efetivamente, todas as
questões sejam por ele resolvidas. Essas ferramentas, por vezes, fazem parte do processo
interpretativo do direito, por outras, são previstos mecanismos de forma positiva, como é
o que acontece no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que diz:
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito”. Em sentido semelhante, diz o art. 8º da Consolidação das
Leis do Trabalho que:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições


legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por
eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do tra-
balho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre
de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interes-
se público.

Observa-se, pois, que, diferentemente do que indica a alternativa, existem normas geral e
específica que tratam da integração do Ordenamento Jurídico no caso brasileiro. Note-se,
nesse contexto, que, ainda que o ordenamento jurídico brasileiro efetivamente não admita
a lacuna no ordenamento jurídico, como antes exposto, ele expressamente admite a pos-
sibilidade de omissão normativa, donde se extrai a incorreção da alternativa. Por fim, as
alternativas restantes tratam efetivamente da temática das fontes do direito e demandam
que o candidato compreenda a classificação doutrinária que distingue fontes formais e ma-
teriais do direito. A maior parte dos autores reconhece as fontes formais como o conjunto
de fontes nas quais o Direito se manifesta efetivamente. Outros autores acrescentam que
as fontes formais representam a materialização das fontes materiais, que, por sua nature-
za, se apresentam de forma difusa e não estruturada. Nesse contexto, as fontes materiais
seriam representadas pelos fatores sociais e políticos que dão origem ao conteúdo das
normas jurídicas. Seriam os fatores reais de poder do qual se extrai o conteúdo jurídico das
relações de uma determinada sociedade. Em outros termos, as fontes formais represen-
tam a exteriorização, o meio de veiculação, do direito, enquanto as fontes formais seriam
os elementos difusos de onde se extraem as normas jurídicas. A partir disso, pode-se con-
cluir que a alternativa “a” está incorreta por causa da inclusão dos fatores sociais e políticos
como fonte formal do direito. A alternativa “b”, por sua vez, indica que a jurisprudência se
apresenta como fonte material do direito, sob a justificativa de que “as teses jurídicas dela
decorrentes têm apenas efeito persuasivo, e não coercitivo”. Ocorre que a doutrina costu-
ma classificar a jurisprudência como fonte formal do direito, justamente por materializar o
exercício do poder jurisdicional do Estado que se apresenta como uma das facetas da so-
berania. Ainda que o exercício da jurisdição não se confunda com a atividade legiferante, a
jurisprudência representa um conjunto de decisões similares sobre determinada temática,
que, salvo nos casos em que exista a previsão específica de obrigatoriedade de observân-
cia, colaboram com o processo de estruturação do direito. Por fim, quanto à alternativa “e”,
a questão indica um conjunto de fontes e as relacionam como fontes formais do Direito. Até
esse ponto, a alternativa não merece qualquer reparo. No entanto, na parte final, conta que
“os Decretos Regulamentares do Poder Executivo e as Súmulas Vinculantes do Supremo
Tribunal Federal são considerados fontes formais por terem sua positividade relacionada
com o poder legiferante do Estado”. A considerar apenas as Súmulas Vinculantes, é pos-
sível encontrar divergências doutrinárias que efetivamente a consideram um exercício do

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

poder de legislar do Estado. No entanto, no que concerne aos Decretos Regulamentares,


o mesmo não pode ser dito. Importante, aqui, distinguir os Decretos Autônomos do Poder
Executivo, que extraem seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional
e representam efetivamente o exercício do Poder de Legislar, enquanto o mesmo não se
pode dizer dos Decretos Regulamentares, que extraem seu fundamento de validade na Lei
e não possuem capacidade de inovação no âmbito do ordenamento jurídico, não podendo
ser considerado uma atividade legislativa do Estado. A partir disso, as alternativas “b” e “e”
também estariam incorretas, o que pode indicar possibilidade de recurso nessa questão.
Entretanto, se é necessário escolher uma alternativa, parece melhor a indicação da alter-
nativa “b”, com todas as ressalvas anteriormente apresentadas.

40. Considerando as disposições do Código de Ética da Magistratura, as disposições da Lei


Orgânica da Magistratura Nacional e a Constituição da República de 1988, em relação
à conduta dos magistrados, é correto afirmar que:
a. exige-se do magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de
qualquer modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às
normas legais;
b. ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes igual-
dade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação. Porém,
será considerado tratamento discriminatório injustificado se a audiência for concedida
a apenas uma das partes ou seu advogado, mesmo que se assegure igual direito à
parte contrária, caso seja solicitado;
c. a atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre
que possível, somente nos casos previstos em lei, de modo a favorecer sua publici-
dade, e considerando os casos de sigilo legal;
d. o magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, mas
seu exercício da atividade jurisdicional não lhe impõe restrições e exigências pesso-
ais distintas das acometidas aos cidadãos em geral;
e. a liberdade de convicção do magistrado permite sua participação em atividade políti-
co-partidária.

Letra a.
Disciplina abordada: Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.
a. Certa. Está de acordo com o art. 4º do Código de Ética da Magistratura Nacional.
b. Errada. Não se considera tratamento discriminatório, nos termos do art. 9º, a audiência
concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure igual
direito à parte contrária, caso seja solicitado.
c. Errada. Nos termos do art. 10 do Código de Ética da Magistratura Nacional:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos,
sempre que possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer
sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei. (Grifos nossos.)

d. Errada. Segundo o art. 16. do Código de Ética da Magistratura Nacional:

Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função,
cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências
pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral. (Grifos nossos.)

e. Errada. Não pode o magistrado dedicar-se à atividade político-partidária, na forma do art.


95, parágrafo único, I, da CF/1988.

BLOCO II

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Maria Rafaela

41. Em relação às modificações operadas pela Lei n. 13.467/2017 no processo do trabalho,


é correto afirmar que:
a. foi extinto o impulso oficial da execução;
b. foi proibida a intervenção de terceiros por determinação judicial;
c. foi aberta a possibilidade de homologação de acordo extrajudicial no curso da execução;
d. na sentença de arquivamento, a condenação em custas teve alterado o prazo para a
certificação de sua exigibilidade;
e. passou-se a admitir a sucumbência de ambas as partes, salvo para os beneficiários
da justiça gratuita.

Letra d.
Trata das mudanças da Reforma Trabalhista, destacando-se:
a. Errada. Pois não foi extinta por completo a execução de ofício, já que permaneceram
as situações de jus postulandi e de contribuições previdenciárias que continuam sendo
de ofício.
b. Errada. Pois não houve essa proibição.
c. Errada. Não houve com a Reforma trabalhista a criação de acordo extrajudicial na fase
executiva. Na verdade, a letra “c” está errada por direcionar à fase do processo. O que
existiu com a Reforma Trabalhista foi a criação de um instituto específico na fase de co-
nhecimento (e não, execução, como quer parecer a questão). É o acordo extrajudicial que
deve ser feito mediante petição conjunta das partes com advogados distintos na fase de

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

conhecimento e o juiz analisará se é caso de homologação ou não. É preciso preencher


uma série de requisitos formais e materiais previstos na CLT
d. Certa. Pois agora é preciso justificar o arquivamento e pagamento das custas em 15
dias, sendo uma inovação processual que foi chancelada pelo STF como constitucional.
e. Errada. Essa gratuidade judicial por si só, quando da Reforma Trabalhista, não era ca-
paz de evitar a condenação, pois o art. 791-A da CLT previa condicionamentos, os quais,
posteriormente, não foram chancelados pelo STF.

42. O recurso ordinário da decisão que denega a homologação ao acordo extrajudicial em


jurisdição voluntária proposto em conjunto por trabalhador e empresa:
a. pode ser firmado pelos advogados de ambas as partes;
b. só é cabível em caso de vício na decisão, uma vez que esta é de natureza dis-
cricionária;
c. não dispensa as contrarrazões da parte recorrida, por imposição do contraditório;
d. não é cabível, já que a decisão em questão não é terminativa, e o processo deverá
prosseguir até a sentença de mérito;
e. não está sujeito a preparo, se ambas as partes requereram gratuidade de Justiça,
desde que a empresa tenha declarado sua miserabilidade.

Letra a.
O tema abordado na questão é o recurso ordinário nas homologações extrajudiciais. Uma
vez admitida a possibilidade de cabimento de recurso ordinário contra a decisão judicial
que não homologou o acordo celebrado entre os interessados, resta estabelecer como
esse novo procedimento deve ser analisado. Tendo em vista que a natureza jurídica da
decisão que não homologa o acordo é de sentença declaratória e, em razão disso, não faz
qualquer sentido a exigência de depósito recursal, pois não haverá condenação em pe-
cúnia para nenhum dos interessados. Uma vez interposto o recurso ordinário, não haverá
abertura de prazo para contrarrazões, pois, como já dissemos alhures, não há lide, não há
direito resistido e há o litisconsórcio necessário. Empregado e empregador convergem so-
bre todos os pontos levados para a homologação judicial, em razão disso não nos parece
razoável qualquer argumento que se possa usar nas contrarrazões do recurso ordinário.
Como se observa não há outra alternativa a não ser a utilização de recurso ordinário para
se buscar a homologação do acordo que fora recusada pelo juízo a quo, que, sob nossa
ótica, poderá ser interposto através de petição conjunta das partes, conforme já dito, desde
que obviamente representada cada uma pelo seu próprio advogado, nos termos exigidos
pelo art. 855-B da CLT.
(Veja o excelente artigo usado como fonte, disponível em: https://juslaboris.tst.jus.br/bits-
tream/handle/20.500.12178/168832/2020_pombo_sergio_homologacao_acordo.pdf?se-
quence=1&isAllowed=y)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

43. Ao cumprir mandado de penhora contra uma determinada empresa, o oficial de justiça
certificou que estava inativa e que não encontrou bens passíveis de satisfazer a execu-
ção, a não ser algumas joias que estavam à vista em um cofre aberto. Tendo uma sócia
da empresa alegado que as joias eram propriedade particular dela, porém, sem apre-
sentar comprovação naquele momento, o oficial de justiça lavrou o auto de penhora
contra a empresa e juntou-o aos autos, nomeando a sócia como fiel depositária. Esta
opôs então embargos de terceiro, alegando ser parte ilegítima no processo e compro-
vando com as notas fiscais a propriedade das joias. Intimada a falar sobre os embargos,
a exequente apresenta petição, requerendo a instauração de incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica da empresa, em desfavor da sócia em questão, reque-
rendo ainda em tutela cautelar a manutenção da penhora. Ouvida, a sócia declarou que
não haveria prova do desvio de finalidade na sua gestão da empresa nem qualquer
outro fundamento que autorizasse a sua responsabilização.
Conclusos os autos para decisão, cabe ao juiz:
a. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e manter cautelar-
mente a penhora;
b. julgar procedentes os embargos, liberar a penhora e diferir a instauração do incidente
de desconsideração da personalidade jurídica;
c. julgar improcedentes os embargos e converter em diligência o julgamento do inci-
dente de desconsideração da personalidade jurídica;
d. julgar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e, se for procedente,
determinar nova penhora e julgar extintos os embargos com julgamento de mérito,
liberando as joias;
e. extinguir tanto os embargos quanto o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica por falta de cabimento, uma vez que a sócia responderá em qualquer caso

Letra a.
Os sócios estão sujeitos à execução em curso, independentemente de intimação, em razão
da aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, razão pela qual não
se trata de terceiros estranhos à relação processual (à reclamação trabalhista) e, portanto,
não possuem legitimidade para oporem tais embargos, mas, sim, embargos à execução.
No entanto, não houve a inclusão regular do sócio no polo passivo, pois não se procedeu
à desconsideração da pessoa jurídica. E, por isso, o art. 674, §2º, III, do CPC, autoriza a
interposição de embargos de terceiro. Torna-se, portanto, necessário que se instaure o in-
cidente de desconsideração da pessoa jurídica e, enquanto isso, deve-se manter cautelar-
mente a penhora e, somente, posteriormente, deve-se apreciar os embargos de terceiros.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

44. Em determinada comarca, na qual havia somente uma Vara do Trabalho, ao apresen-
tar sua defesa em mais uma das diversas reclamações que já tinha respondido na
mesma Vara, a empresa apresentou também exceção de suspeição do juiz. Alegou
que o magistrado já havia julgado diversas outras reclamações sobre os mesmos fatos,
sempre em desfavor dela, excipiente. Juntou cópias das diversas sentenças às quais
se referia. O juiz, ao examinar tudo, rejeitou de plano a exceção.
Estando na posição desse juiz, é correto afirmar que os princípios que melhor funda-
mentariam sua decisão seriam:
a. da imparcialidade e da coerência das decisões judiciais;
b. da publicidade e do juiz natural;
c. da inafastabilidade da jurisdição e da competência territorial;
d. do livre convencimento motivado e da boa-fé;
e. da coerência das decisões judiciais e da não vinculação da causa petendi.

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “b”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
No caso da questão, o juiz era o titular da única Vara, e, portanto, julgava as lides que
se apresentavam tendo em vista dois princípios ponderáveis: territorialidade (era o juiz
competente para tal) e dever de julgar todos os processos que lhe chegassem ao conhe-
cimento pela Vara (inafastabilidade da jurisdição). Essa questão, no entanto, pode gerar
inúmeras outras interpretações com base em princípios.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “c”
FUNDAMENTAÇÃO: No caso da questão, o juiz era o titular da única Vara, e, portanto,
julgava as lides que se apresentavam tendo em vista dois princípios ponderáveis: terri-
torialidade (era o juiz competente para tal ) e dever de julgar todos os processos que lhe
chegassem ao conhecimento pela Vara (inafastabilidade da jurisdição). Essa questão, no
entanto, pode gerar inúmeras outras interpretações com base em princípios. Logo, não há
como ter sustentáculo em princípio da publicidade como consta na opção escolhida pela
banca, na medida em que a discussão é a territorialidade (competência territorial do juiz) e
o dever de julgar improcedente ou não as demandas que lhes são submetidas.

45. Em determinada audiência, comparece para depor uma testemunha que não falava o
idioma nacional, tratando-se de idioma com pouquíssimos falantes no país. Por coinci-
dência, dominando-o o juiz fluentemente, resolve então dispensar intérprete e prosse-
guir com a oitiva da testemunha. O advogado da empresa insurgiu-se imediatamente
contra essa decisão do juiz, dizendo que ela seria arbitrária e que as partes ficariam a

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

depender das traduções e interpretações do juiz, sem saber se eram ou não fidedig-
nas. Disse ainda que não participaria da audiência, se assim prosseguisse o juiz, sem
nomear intérprete, e retirou-se da sala em seguida.
Quanto à conduta do advogado, é correto afirmar que foi:
a. errada quanto ao intérprete;
b. certa quanto ao intérprete;
c. errada quanto ao intérprete e abusiva quanto à saída da sala;
d. certa quanto ao intérprete e também quanto à saída, para obrigar o juiz a adiar a
audiência;
e. errada quanto ao intérprete e prejudicial à parte que assistia.

Letra b.
A conduta do advogado foi correta quanto ao intérprete, pois o juiz, em nome do princípio
da imparcialidade, não pode se substituir ao intérprete ou ao perito. Trata-se de uma impo-
sição e não de uma faculdade, como consta no CPC:

Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:


I – traduzir documento redigido em língua estrangeira;
II – verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não co-
nhecerem o idioma nacional;
III – realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com
deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equi-
valente, quando assim for solicitado.

Quanto à postura, o advogado está errado, pois não pode se ausentar da sala de audiência
até o término, devendo constar seus protestos em audiência.

46. Expedido o mandado de citação na execução trabalhista, o oficial de justiça, ao chegar


no endereço apontado como do executado, constatou tratar-se da casa de um parente
do exequente. Certifica, então, ter ouvido do parente a informação de que se achava há
muitos anos com relações rompidas com o exequente e que nunca teve nenhuma relação
de trabalho com ele, muito menos qualquer tipo de relação com a empresa executada.
Ao receber a certidão nos autos, o juiz, em seguida, julga extinta a execução, por fraude
do exequente.
Ao receber a intimação da decisão judicial, o advogado do exequente verifica com este
que as alegações do suposto parente são, na verdade, um expediente adotado pelo
principal sócio da empresa em razão da coincidência de sobrenomes, mas sem ne-
nhum parentesco entre eles.
Considerando o exposto, a primeira medida tecnicamente adequada a ser apresentada
pelo exequente seria:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

a. agravo de petição;
b. mandado de segurança;
c. pedido de reconsideração;
d. embargos infringentes;
e. reclamação correicional.

Letra a.
No caso da questão, houve extinção da execução. O agravo de petição é a medida pro-
cessual, de natureza recursal, cabível contra as decisões proferidas nas execuções tra-
balhistas. Assim, ele só pode ser interposto contra decisões terminativas ou definitivas,
proferidas por um juiz, em sede de processo executivo que tramita na Justiça do Trabalho.

47. Determinada empresa propôs ação de consignação em pagamento em face de um dos


seus diretores, oferecendo-lhe o pagamento de haveres trabalhistas diversos, no valor total
de R$ 4.000.000,00. Depositou a quantia em juízo e requereu a citação do consignatário.
Informado pelo juiz da Vara Empresarial da comarca de que a mesma empresa havia
requerido recuperação judicial, alegando não poder pagar os salários dos últimos ses-
senta dias da maior parte de seus empregados, o juiz do trabalho solicitou que essa in-
formação lhe fosse repassada por ofício e, com ela, julgou extinta sem exame de mérito
a consignatória, condenando a empresa em custas de R$ 80.000,00, calculadas sobre
o valor da causa.
A empresa interpôs recurso ordinário, comprovando o depósito de custas de R$
30.029,96, alegando ser esta a única quantia de que dispunha em caixa, sabendo-se
que o juiz do trabalho transferira o valor consignado à disposição do juízo empresarial.
Pediu que o recurso fosse conhecido, reformando a sentença e ainda alegando que es-
taria impedida de obter outros valores para pagamento das custas, por decisão do juízo
empresarial, o qual bloqueara seus outros ativos.
Certificada pela Secretaria a tempestividade do recurso e a regularidade da procuração
do advogado que o assinara, deve o juiz do trabalho despachar:
a. negando seguimento ao recurso, por deserto;
b. negando seguimento ao recurso, por falta de prova do saldo insuficiente em caixa;
c. dando seguimento ao recurso, para que o Tribunal Regional do Trabalho decida o caso;
d. abrindo prazo para o complemento do valor das custas;
e. dando seguimento ao recurso, sujeita a questão das custas à deliberação do relator
que for sorteado no Tribunal.

Letra c.
Se a discussão relativa ao direito à gratuidade de justiça é objeto do recurso ordinário, a
declaração de deserção é equivocada.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

A exigência do preparo está vinculada à própria análise do mérito, não havendo necessi-
dade de comprovação do recolhimento das custas arbitradas no juízo de origem. Nesse
caso, deve o Tribunal deliberar sobre o caso concreto. Fundamento no precedente do
TST: Processo: RR-775-26.2019.5.09.0017

Disponível em: https://www.tst.jus.br/-/afastada-deser%C3%A7%C3%A3o-em-recurso-que-discu-


te-concess%C3%A3o-de-justi%C3%A7a-gratuita

Além disso, quando o depósito recursal foi feito a menor, mas foi juntado no processo o
comprovante de seu recolhimento, o entendimento do TST é no sentido de que deve ser
concedido à parte no prazo de 5 (cinco) dias para complementação do valor faltante. Veja
o disposto na Orientação Jurisprudencial n. 140, da SBDI-1, do TST:

DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIEN-


TE. DESERÇÃO. (nova redação em decorrência do CPC de 2015) – Res. 217/2017
– DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 Em caso de recolhimento insuficiente das
custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se,
concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o
recorrente não complementar e comprovar o valor devido.

48. Tendo o oficial de justiça penhorado um relógio do devedor, de marca internacional


muito famosa e cara, opõe o mesmo devedor embargos à execução, alegando ser o
bem impenhorável, já que se trataria de mera réplica, sem valor comercial e de uso pes-
soal, por apego meramente sentimental.
Realizada a perícia no bem, concluiu o perito ser o relógio uma falsificação bem elabo-
rada, cujo valor naquela oportunidade não saberia precisar.
Diante dessa perícia, deve o juiz julgar:
a. procedentes os embargos e mandar liberar o bem;
b. procedentes os embargos e mandar substituir a penhora, sem liberação imediata
do relógio;
c. procedentes os embargos e mandar substituir a penhora, com liberação imediata
do relógio;
d. extintos os embargos sem exame de mérito e não liberar o relógio;
e. improcedentes os embargos, sem liberação do relógio.

Letra a.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

No caso, o relógio não tem valor comercial e não interessa ao processo, devendo o juiz
liberá-lo, com a procedência dos embargos. Afigurando-se irrisório o valor do bem a ser
penhorado em relação ao total da dívida exequenda, descabe levar a efeito a constrição
que não vai cumprir a finalidade do processo executório, independentemente do pedido
de substituição de penhora. No caso, a substituição de penhora ocorre diante de bem
solvente que possar arcar com as despesas, mas a parte pretende indicar outro bem para
substituição. No caso da questão, não há condicionante, até por se tratar de um bem com
falsificação.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “a”
FUNDAMENTAÇÃO: No caso, o relógio não tem valor comercial e não interessa ao pro-
cesso, devendo o juiz liberá-lo, com a procedência dos embargos. Afigurando-se irrisório
o valor do bem a ser penhorado em relação ao total da dívida exequenda, descabe levar
a efeito a constrição que não vai cumprir a finalidade do processo executório, independen-
temente do pedido de substituição de penhora. No caso, a substituição de penhora ocorre
diante de bem solvente que possar arcar com as despesas, mas a parte pretende indicar
outro bem para substituição. No caso da questão, não há condicionante, até por se tratar
de um bem com falsificação. Portanto, diante do exposto, o gabarito da questão deve ser
a letra “a”.

49. Tendo o advogado do exequente tomado conhecimento de que o executado possuía


grande quantia em dinheiro, guardada em um cofre alugado em um banco privado, for-
mula petição escrita, requerendo a penhora do valor em execução, imprime essa peça
e, antes de juntá-la ao processo eletrônico, pede para despachá-la diretamente com o
juiz, alegando urgência e necessidade de cautela, para evitar que o executado sacasse
o dinheiro antes que se pudesse efetivar a sua apreensão.
O juiz, depois de ouvir o advogado, profere o seguinte despacho na petição escrita:
“Diga o réu. Intime-se”.
Ao retirar-se do gabinete do juiz e ler o despacho, o advogado tenta retornar e ponderar
com o juiz, mas este se recusa a ouvi-lo e diz que, se estivesse insatisfeito, que usasse
o recurso cabível.
O advogado então redige no próprio balcão da Vara uma peça de mandado de segu-
rança e se dirige ao Tribunal Regional do Trabalho para despachá-la, levando consigo a
primeira petição mencionada e já despachada pelo juiz. Pediu, na peça de mandado de
segurança, que o Tribunal autorizasse que aquela peça primeira fosse juntada aos autos
posteriormente, determinando-se antes que o juiz expedisse o mandado de penhora.
Considerando o quadro acima, a conduta do advogado foi:
a. incorreta, porque cometeu arrebatamento de peça dos autos;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. incorreta, porque a medida cabível seria a reclamação correicional;


c. correta, porque a decisão do juiz foi teratológica e reclamava atuação imediata;
d. correta quanto à medida, mas incorreta quanto a reter a peça dos autos;
e. correta, porque decisão parcial sempre desafia mandado de segurança.

Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
No caso em comento, é cabível o mandado de segurança do despacho do juiz, haja vista
que é o remédio correto diante de ausência de manejo recursal naquela decisão. O cabi-
mento do mandado de segurança, portanto, é residual. Toda e qualquer decisão interlocu-
tória proferida na justiça do trabalho, quando coatora e violadora de direito líquido e certo,
cuja titularidade e aparência possa ser demonstrada por prova pré-constituída, desafia a
impetração de mandado de segurança. Porém, a retirada de qualquer peça processual
sem autorização do juízo configura falha no procedimento do advogado, revelando-se um
abuso de direito. Essa questão é passível de intepretação que possa ensejar sua anulação.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Maria Rafaela: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: O cabimento do mandado de segurança, portanto, é residual. Toda
e qualquer decisão interlocutória proferida na Justiça do Trabalho, quando coatora e vio-
ladora de direito líquido e certo cuja titularidade e aparência possa ser demonstrada por
prova pré-constituída, desafia a impetração de mandado de segurança. No caso em co-
mento, é cabível o mandado de segurança do despacho do juiz, haja vista ser o remédio
correto diante de ausência de manejo recursal naquela decisão. O cabimento do man-
dado de segurança, portanto, é residual. Porém, a retirada de qualquer peça processual
sem autorização do juízo configura falha no procedimento do advogado, revelando-se um
abuso de direito de petição. Essa questão é passível de interpretação que possa ensejar
sua anulação.

50. Em uma audiência inaugural, não comparecendo o reclamante e apresentando seu


advogado um atestado médico, sustentou o advogado da empresa reclamada que o
atestado seria falso, exibindo fotografias, que haviam sido tiradas há pouco com um
celular, do reclamante adentrando um clube de dança que ficava nas redondezas do foro.
Indagado a respeito, o advogado do autor disse não ter requerimento a fazer, deixando
ao prudente arbítrio do juízo adotar a medida que entendesse cabível.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

O juiz então suspende a audiência, alegando que precisaria estudar por alguns momen-
tos o caso e, sigilosamente, determina ao oficial de justiça que compareça de imediato
ao clube de dança e, lá encontrando o reclamante, o intime para depor em seguida, a
fim de esclarecer os fatos, sob as penas da lei.
A determinação judicial em questão foi:
a. correta, para instruir o incidente;
b. correta, para dar seguimento à audiência, superando a questão;
c. correta, para averiguação, mas desnecessária quanto ao depoimento;
d. errada, pois as fotografias já comprovavam a falsidade do atestado;
e. errada, porque não cabe ao juiz determinar depoimento pessoal nessa fase processual.

Letra a.
Em razão da natureza técnica que reveste o referido ato médico, apenas mediante prova
robusta em sentido contrário poderia o magistrado desconsiderar as informações ali pres-
tadas, a fim de concluir pela possibilidade de locomoção do autor. O juiz fez certo em ave-
riguar, bem como determinar que o oficial de justiça procedesse com a condução do autor
para o seu depoimento. O depoimento seria importante para instruir o incidente para fins
de desconfigurar o teor do laudo.

51. Duas empresas foram condenadas solidariamente a satisfazer as obrigações da pri-


meira para com determinada trabalhadora. Ambas apresentam recursos ordinários, em
separado. A primeira discute a extensão da condenação e a natureza dos títulos devi-
dos. A segunda empresa, por sua vez, alega ser parte manifestamente ilegítima, já que
seria uma empresa estrangeira, sem sede no país, sujeita às leis de seu país de origem
e, por isso, com total autonomia em relação à primeira litisconsorte passiva. Apresen-
tam uma guia de custas paga pela primeira empresa e uma guia de depósito recursal
no valor vigente, recolhida está em nome da segunda empresa.
Ao exercer o juízo de admissibilidade prévio, o juiz deve:
a. negar seguimento ao recurso da primeira empresa e dar prosseguimento ao
da segunda;
b. dar prosseguimento a ambos;
c. negar seguimento ao segundo e dar prosseguimento ao primeiro dos recursos;
d. trancar ambos os recursos;
e. não decidir a questão, remetendo os autos ao Tribunal.

Letra a.
No caso em comento, apesar da responsabilização solidária, uma das recorrentes pede a
sua exclusão do processo. Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o
depósito recursal efetuado por uma delas pode ser aproveitado pelas demais, quando a
empresa que o efetuou não pede a sua exclusão do processo. Essa é a redação do item

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

III da Súmula 128 do TST, o qual condiciona o aproveitamento à inexistência de pedido de


exclusão da lide por parte de quem o efetuou. O TST, no entanto, entende que as custas
aproveitam, e, por isso, o recurso da empresa que pede exclusão não fica prejudicado,
conforme o teor do processo ARR-387-07.2014.5.12.0053. Nesse sentido, Felipe Bernar-
des no Manual de Direito Processual do Trabalho (3. ed., p. 636) afirma:

Se houver litisconsórcio passivo, o depósito recursal feito por uma das reclamadas apro-
veita às demais – seja a condenação solidária, seja subsidiária – tendo em vista que
a garantia da execução é unitária. No entanto, se uma das recorrentes postular sua
exclusão da lide (por ilegitimidade, por exemplo), o depósito recursal feito por ela não
aproveitará as demais.

52. Em determinada reclamação trabalhista, na oportunidade de defesa, a empresa con-


fessa dever todos os títulos nos valores reclamados, exceto um deles.
O reclamante recusa, porém, a conciliação e pretende prosseguir quanto ao título con-
testado. O juiz julga então extintos com julgamento de mérito os títulos reconhecidos e
fixa prazo para que a empresa deposite os valores desses títulos.
A empresa efetua o depósito dos valores determinados, mas se opõe ao seu levanta-
mento pelo reclamante. O juiz decide na sequência:
a. não liberar o dinheiro, porque o processo ainda não tinha sido julgado por inteiro;
b. não liberar o dinheiro, porque a execução em questão seria provisória;
c. não liberar o dinheiro, porque tratar-se-ia de execução de tutela provisória;
d. liberar o dinheiro, já que a execução é definitiva;
e. liberar o dinheiro, porque isso é admitido na execução provisória de parcelas
alimentares

Letra d.
A teor do art. 899, caput, da CLT, a execução provisória no processo do trabalho dá-se
até a penhora, e o disposto no § 1º leva a ilação de que a liberação de valores ocorre so-
mente após o trânsito em julgado da decisão. Porém, quanto aos títulos reconhecidos pela
empresa, já ocorreu o trânsito em julgado, permanecendo o processo apenas quanto ao
único título questionado. Sobre os valores reconhecidos pela ré e depositado, já ocorre a
execução definitiva.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO CONSTITUCIONAL

Aragonê Fernandes

53. Considerando a Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tri-


bunal Federal sobre o controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos, é
correto afirmar que:
a. é cabível ação direta de inconstitucionalidade ajuizada originariamente perante o
Supremo Tribunal Federal impugnando abstratamente lei municipal, por alegada
ofensa a normas da Constituição da República de 1988 que não são de reprodução
obrigatória pelos Estados-membros;
b. é cabível arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada originaria-
mente no Supremo Tribunal Federal contra lei municipal, por alegada violação a pre-
ceito fundamental da Constituição da República de 1988, ensejando controle concen-
trado de constitucionalidade da norma municipal pelo Supremo Tribunal Federal;
c. a declaração de inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal, em con-
trole abstrato, não gera efeitos repristinatórios de restauração das normas revoga-
das pela lei declarada inconstitucional, salvo determinação expressa no acórdão, em
modulação dos efeitos da decisão;
d. considerando que se trata de ente federativo peculiar, ao qual são atribuídas as com-
petências legislativas reservadas aos Estados e Municípios, é cabível ação direta de
inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legisla-
tiva municipal, ajuizada originariamente perante o Supremo Tribunal Federal;
e. a revogação ou alteração substancial, mesmo que implique exaurimento da eficácia
dos dispositivos questionados, não prejudica a tramitação e não implica perda de
objeto da ação direta de inconstitucionalidade em andamento no Supremo Tribunal
Federal, que deve prosseguir para julgamento final do mérito.

Letra b.
a, d) Erradas. Porque não cabe ADI de lei municipal ou distrital de natureza municipal (Sú-
mula 642/STF).
b. Certa. Porque na ADPF pode ser questionada lei municipal x Constituição Federal dire-
tamente no STF, em controle concentrado.
c. Errada. Porque a produção do efeito repristinatório é natural às decisões em controle
concentrado (art. 10, Lei n. 9.868/1999).
e. Errada. O erro está no fato de se gerar a prejudicialidade por perda do objeto da ADI se
houver o exaurimento da eficácia dos dispositivos questionados.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

54. A respeito dos órgãos do Poder Judiciário e suas competências, considerando o texto
da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
é correto afirmar que:
a. compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas em que se discutem o
recolhimento e o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo
regime estatutário, pois o Art. 114, inciso III, da Constituição da República de 1988
estabelece a competência para as ações sobre representação sindical, entre sindica-
tos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
b. compete à Justiça do Trabalho julgar a abusividade de greve de servidores públicos
celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas, pois a
competência prevista no Art. 114, incisos I e II, da Constituição da República de 1988
se define com base no regime de contratação;
c. compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar ação rescisória proposta pela União
com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz esta-
dual em causa não abrangida pela competência delegada prevista no Art. 108, §3º, da
Constituição da República de 1988, mesmo quando afetar interesses de órgão federal,
pois compete à Justiça prolatora da decisão rescindenda julgar a ação rescisória;
d. compete ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho exercer, na forma da lei, a super-
visão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais
sobre o regime disciplinar dos magistrados, cujas decisões terão efeito vinculante;
e. compete à Justiça do Trabalho o julgamento das ações de interdito proibitório em
que se busca garantir o livre acesso de funcionários e de clientes às agências ban-
cárias interditadas em decorrência de movimento grevista de trabalhadores da inicia-
tiva privada.

Letra e.
a. Errada. Porque a Justiça do Trabalho não julgará situações envolvendo servidores esta-
tuários (RE 1.089.282).
b. Errada. Pela mesma razão da letra “a”, pois é da justiça comum a competência para
julgar a abusividade do direito de greve de servidores, sejam celetistas, estatutários ou
temporários (RE 846.854).
c. Errada. O erro está no fato de competir ao TRF o julgamento da rescisória nos casos em
que for afetado interesse de órgão federal (RE 598.650).
d. Errada. Nessa assertiva, o art. 111-A, na redação dada pela EC n. 45/2004, fala do CSJT,
mas no texto constitucional não se fala sobre os poderes correcionais.
e. Certa. Versa sobre entendimento cristalizado na jurisprudência do STF, inclusive siste-
matizado na Súmula Vinculante n. 23.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

55. Considerando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do


Supremo Tribunal Federal a respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos, é
correto afirmar que:
a. o cabimento da ação popular é condicionado à alegação e demonstração de pre-
juízo material aos cofres públicos, pois o Art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição da
República de 1988 define a legitimidade de qualquer cidadão para a sua proposição,
porém limita seu objeto à anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe;
b. são compatíveis com o Art. 5º, XIII, da Constituição da República de 1988, que asse-
gura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualifica-
ções profissionais que a lei estabelecer, a exigência de garantia para o exercício da
profissão de leiloeiro e a proibição do exercício do comércio, previstas nos Arts. 6º a
8º e 36 do Decreto n. 21.981/1932;
c. o indeferimento da matrícula em cursos de reciclagem de vigilante e a recusa de
registro do respectivo certificado de conclusão, em razão da existência de inquérito
ou ação penal sem o trânsito em julgado de sentença condenatória, são compatí-
veis com o princípio da presunção de inocência, que deve ser interpretado de forma
a preservar a segurança da sociedade quando se tratar de atividade exercida com
porte de arma;
d. o condicionamento da desfiliação de associado à quitação de débito referente a bene-
fício obtido por intermédio da associação ou ao pagamento de multa não ofende o
direito assegurado no Art. 5º, XX, da Constituição da República de 1988, pois seu
alcance deve ser interpretado à luz dos princípios da boa-fé e da vedação ao enrique-
cimento sem causa;
e. é compatível com os incisos IX e XIII do Art. 5º da Constituição da República de 1988
a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil, bem como o pagamento
de anuidade, para o exercício da profissão de músico, pois o direito ao livre exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão é condicionado ao atendimento das qualifi-
cações profissionais e exigências que a lei estabelecer.

Letra b.
a. Errada. Porque, para o cabimento da ação popular, é dispensável a demonstração de
prejuízo material ($) aos cofres públicos. Isso porque o prejuízo pode ser de outras ordens,
como ao patrimônio moral, cultural ou histórico (ARE 824.781).
b. Certa. Considerando a natureza peculiar da atividade desenvolvida, é válida a proibição
imposta a leiloeiros ao exercício do comércio e à constituição de sociedade. Prevaleceu no
STF o entendimento de que tais atividades são de interesse público, sendo razoáveis as
restrições, para evitar situações de conflito de interesses (ADPF n. 419).
c. Errada. O erro deriva do fato de o STF entender que há violação ao princípio da presun-
ção de inocência (RE 805.821).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. Errada. Pois o STF entende que viola o direito de associação a exigência de primeiro
quitar empréstimos consignados para depois se desfiliar (RE 820.823).
e. Errada. Uma vez que a exigência de registro é excepcional, só se justificando nas ativi-
dades com potencial de lesividade (RE 795.467).

56. A respeito do processo legislativo e das competências de Estados- membros e Municí-


pios, considerando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a iniciativa para edição de normas que alterem o padrão remuneratório dos servido-
res públicos é privativa do chefe do Poder Executivo, admitidas emendas parlamen-
tares, mesmo que impliquem aumento de despesa prevista no projeto de lei;
b. é constitucional emenda à lei orgânica do Município criando vantagem remunerató-
ria aos servidores públicos municipais, com aumento de despesa, não implicando
afronta à iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo para edição de normas que
disponham sobre o aumento de remuneração dos servidores públicos;
c. o presidente da República poderá retirar medida provisória submetida à apreciação
do Congresso Nacional nas situações em que, após sua edição, deixaram de existir
os motivos de relevância e urgência que a justificavam;
d. é constitucional a edição de medidas provisórias pelos Estados, desde que o instru-
mento esteja expressamente previsto na Constituição Estadual, com a observância
dos princípios e limitações impostas pelo modelo adotado na Constituição da Repú-
blica de 1988;
e. a previsão em Constituição Estadual de iniciativa popular para apresentação de pro-
postas de emendas constitucionais no processo de reforma da respectiva Constitui-
ção é incompatível com o Art. 60 da Constituição da República de 1988, pois viola
o princípio da simetria no processo legislativo ao ampliar o rol de legitimados para a
iniciativa de emenda constitucional.

Letra d.
a. Errada. Uma vez que a iniciativa realmente é do chefe do Executivo, sendo vedadas
emendas parlamentares que acarretem aumento de despesas (art. 63 da CF/1988 e
RE 759.518).
b. Errada. Porque seria de iniciativa privativa do chefe do Executivo, por simetria do modelo
federal, em seu art. 61 da CF/1988. Assim, o uso de emenda à lei orgânica do município
seria uma burla à iniciativa do chefe do Executivo.
c. Errada. O Presidente, depois de editar uma Medida Provisória, não pode retirá-la. O que
pode ser feito é editar uma nova MP rejeitando a anterior.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. Certa. Na ADI 2.391, o STF afirmou a possibilidade de a Constituição Estadual prever a


edição de MP, desde que o faça de modo expresso e observe os parâmetros de limitação
descritos no art. 62 da CF/1988.
e. Errada. Pois, embora não haja previsão de iniciativa popular em PEC federal, nada im-
pede que seja aberta essa possibilidade na esfera estadual (ADI 825).

DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

Aragonê Fernandes

57. Considerando os direitos individuais e sociais trabalhistas na Constituição da República


de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a gestante possui direito à estabilidade no emprego desde que o empregador tenha
ciência do estado gravídico em momento anterior ao da despedida imotivada;
b. é incompatível com o Art. 7º, XI, da Constituição da República de 1988, norma de
Constituição Estadual que preveja a participação de empregados na diretoria de
empresas públicas ou de sociedades de economia mista, mesmo quando observar
os parâmetros da legislação federal;
c. o termo inicial do período da licença-maternidade prevista no Art. 7º, XVIII, da Cons-
tituição da República de 1988, pode se dar entre o vigésimo oitavo dia antes do parto
e a ocorrência deste, mediante atestado médico apresentado pela empregada, sendo
irrelevante a data da alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe;
d. é compatível com o Art. 7º, XXIX, da Constituição da República de 1988, norma legal
que fixa o cancelamento do registro ou cadastro no órgão gestor de mão de obra
como marco inicial do prazo prescricional para ações relativas aos créditos decorren-
tes de trabalho avulso portuário;
e. é incompatível com o Art. 7º, XI, da Constituição da República de 1988, norma legal
que determina a observância de diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo
nas negociações coletivas para a participação nos lucros e resultados pelos empre-
gados de empresas públicas e sociedades de economia mista em que a União dete-
nha a maioria do capital social com direito a voto.

Letra d.
a. Errada. A estabilidade da gestante é objetiva, não dependendo que o empregador tenha
ciência do seu estado gravídico (RE 629.053).
b. Errada. Uma vez que, ao julgar a situação envolvendo a CE-SC, o STF entendeu pela
validade da norma que previa a participação de empregados na diretoria de EP e de SEM
(ADI 1.229).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. Errada. O erro está no fato de o STF, ao julgar a ADI 6.327, ter fixado a data da dupla alta
hospitalar (mãe e bebê) como parâmetro do início da contagem do prazo da licença.
d. Certa. Para os trabalhadores avulsos (ex.: portuários) também precisa ser fixado marco
temporal para início de contagem do prazo quinquenal. Esse marco, segundo o STF, pode
ser o cancelamento do registro ou cadastro no OGMO (ADI 5.132).
e. Errada. Na medida em que é legítima uma norma legal que determine a observância das
diretrizes de negociações para participação nos lucros dos empregados das EP e SEM
(ADI 5.417).

58. A respeito dos princípios da isonomia e não discriminação nas relações de trabalho, con-
siderando o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. é incompatível com o princípio da isonomia a fixação da remuneração do trabalho do
preso em valores inferiores ao do salário mínimo previsto no Art. 7º, IV, da Constitui-
ção da República de 1988, pois o fato de estar preso não justifica a diferenciação dos
trabalhadores livres;
b. os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença ges-
tante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença ado-
tante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada;
c. lei estadual que fixa piso salarial regional e exclui de sua incidência os contratos de
aprendizagem é incompatível com a Constituição da República de 1988, pois afronta
o princípio da isonomia e o disposto no Art. 7º, inciso XXX, que proíbe a diferença de
salários por motivo de idade;
d. o fato de os trabalhadores portuários avulsos sujeitarem-se a um regime de explo-
ração diferenciado daqueles trabalhadores portuários com vínculo permanente torna
legítima a diferenciação entre eles quanto ao adicional de risco, que não é devido aos
trabalhadores avulsos mesmo quando implementadas as condições legais que ense-
jam o pagamento aos trabalhadores com vínculo permanente;
e. é cabível, com base no princípio da isonomia, a equiparação de remuneração entre
empregados da empresa tomadora de serviços e empregados da empresa contra-
tada (terceirizada), desde que ambos desempenhem a mesma função, na mesma
localidade e com igual produtividade e perfeição técnica.

Letra b.
a. Errada. Porque foi validada a regra da Lei de Execuções Penais, segundo a qual o preso
receberia 3/4 (três quartos) do salário-mínimo pelo seu trabalho (ADPF 336).
b. Certa. O STF disciplinou que os prazos da licença adotante e da licença gestante não
poderiam ser diferentes, não importando a idade da criança adotada (RE 778.889).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. Errada. Uma vez que se decidiu no STF que seria legítima a exclusão dos contratos de
aprendizagem da incidência de piso salarial regional. Isso porque o objetivo principal do
contrato de aprendizagem, bem como o regime jurídico dele decorrente justificariam a di-
ferenciação praticada pelo legislador estadual (ADI 6.223).
d. Errada. Pois o STF fixou tese dizendo que “sempre que for pago ao trabalhador com vín-
culo permanente, o adicional de riscos seria devido, nos mesmos termos, ao trabalhador
portuário avulso” (RE 597.124).
e. Errada. O erro está no fato de os empregados da empresa terceirizada poderem ser
remunerados abaixo daquilo que é pago pela empresa mãe. Exigência de salários iguais
esvaziaria a possibilidade de terceirização (RE 635.546).

59. Considerando a constitucionalização do Direito do Trabalho e as normas e princípio de


Direito Coletivo do Trabalho na Constituição da República de 1988 e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. a ampla legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos
e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam
abrange apenas a fase de conhecimento do processo, de modo que somente podem
promover as liquidações e execuções de sentença mediante expressa autorização
individual dos substituídos;
b. a intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dis-
pensa em massa de trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por
parte da entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo;
c. a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio coletivo
de natureza econômica é inconstitucional, pois afronta o princípio do livre acesso à
Justiça e a norma do Art. 8º, III, da Constituição da República de 1988, que assegura
ao sindicato legitimidade para defesa dos interesses da categoria em juízo;
d. é incompatível com o Art. 8º da Constituição da República de 1988 a criação de
sindicatos de empregados de entidades sindicais, pois os organismos sindicais não
formam uma categoria econômica e não possuem representação sindical, o que invia-
biliza a celebração de convenções coletivas de trabalho;
e. o princípio da unicidade sindical consta expressamente nas Constituições brasileiras
a partir de 1946, sendo que o texto do Art. 8º, inciso II, da Constituição Federal de
1988 reproduz norma da Constituição Federal de 1967, com redação atribuída pela
Emenda Constitucional de 1969.

Letra b.
a. Errada. Porque a legitimidade dos sindicatos se estende para as execuções e liquida-
ções, não se limitando à fase do conhecimento (RE 883.642).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. Certa. Chegou ao STF caso que envolvia a demissão de mais de 4 mil empregados pela
Embraer. Ao julgar o recurso, foi fixada a seguinte tese:

A intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para dispensa


em massa de trabalhadores que não se confunde com a autorização prévia por parte da
entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo (RE 999.435).

c. Errada. Pois é válida a exigência de comum acordo entre as partes para a propositura de
dissídio coletivo de natureza econômica (RE 999.435).
d. Errada. Uma vez que também pode ser criado sindicato de empregados de entidades
sindicais, não cabendo a restrição (ADI 3.890).
e. Errada. O erro está no fato de o princípio da unicidade sindical estar previsto no Decre-
to-Lei n. 1.402/1939, não constando expressamente na Constituição anterior.

60. De acordo com o texto da Constituição da República de 1988 e o entendimento do


Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a. até que seja promulgada lei complementar regulamentando o inciso I do Art. 7º da
Constituição da República de 1988, a proteção contra despedida arbitrária ou sem
justa causa fica limitada aos termos do Art. 10 do Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias;
b. é incompatível com a Constituição da República de 1988 a responsabilização objetiva
do empregador por danos decorrentes de acidente de trabalho, independentemente
da natureza da atividade desenvolvida habitualmente pelo trabalhador ou de previ-
são em lei ordinária, pois a norma do Art. 7º, XXVIII, prevê a obrigação de indenizar
quando incorrer em dolo ou culpa;
c. é compatível com os Arts. 7º, V, e 8º, I, da Constituição da República de 1988, norma
de lei estadual que determina a participação do governo do Estado nas negociações
entre entidades sindicais de trabalhadores e empregadores para definição dos pisos
salariais das categorias;
d. o parágrafo único do Art. 7º da Constituição da República de 1988, com a redação
dada pela Emenda Constitucional n. 72/2013, assegura à categoria dos trabalhado-
res domésticos os direitos a adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas e a jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento;
e. a concessão de intervalos para repouso e alimentação durante a jornada de trabalho
de seis horas é incompatível com o sistema de turnos ininterruptos de revezamento e
o descaracteriza para efeitos do Art. 7º, XIV, da Constituição da República de 1988.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra a.
a. Certa. Reflete o conteúdo do art. 10 do ADCT, norma transitória válida até que seja subs-
tituída pela LC mencionada no art. 7º, I, da CF/1988.
b. Errada. Por ser compatível com a CF/1988, a responsabilização objetiva está prevista no
art. 927 do CC para o empregador, conforme se decidiu no RE 828.040.
c. Errada. Pois se entendeu que haveria ofensa à autonomia sindical se a lei estadual de-
terminasse a participação do governo nas negociações entre sindicatos de trabalhadores
e de empregadores (ADI 4.364).
d. Errada. O erro está no fato de os direitos previstos nos incisos XIV e XXIII do art. 7º não
terem sido estendidos aos domésticos.
e. Errada. Porque a existência de intervalo para repouso e alimentação não é incompatível
com o turno ininterrupto de revezamento (RE 205.815).

61. Considerando os princípios e institutos das ordens econômica e social na Constitui-


ção da República de 1988 e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é correto
afirmar que:
a. é compatível com o princípio da livre iniciativa lei estadual que exige dos supermer-
cados que mantenham empregados próprios ou terceirizados que executem a função
de empacotador, pois amparada no objetivo da busca do pleno emprego;
b. o cumprimento da função social da propriedade rural resta configurado quando aten-
didos, simultaneamente, os requisitos de aproveitamento racional, utilização ade-
quada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, não sendo
exigível exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores,
por ausência de previsão constitucional;
c. é compatível com o princípio da livre iniciativa, a liberdade de exercício de atividade
econômica e o Art. 7º, IV, da Constituição da República de 1988, norma legal que
exige integralização de capital social mínimo para abertura de empresa, em valor
estabelecido em determinado número de salários mínimos;
d. é incompatível com os princípios constitucionais da livre iniciativa e livre concorrên-
cia a edição de lei para estímulo a empresas que invistam em pesquisa e pratiquem
sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,
participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho;
e. o princípio da proteção integral da criança e do adolescente, previsto no Art. 227 da
Constituição da República de 1988, não abrange direito à proteção especial de garan-
tia de direitos previdenciários e trabalhistas e de acesso do trabalhador adolescente
e jovem à escola.

Letra c.
a. Errada. Porque, nesse caso, a lei estadual ofenderia o princípio da livre concorrência,
previsto no art. 170 da CF/1988 (RE 839.950).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. Errada. O erro está no fato de o art. 186, IV, da CF/1988, elencar a exploração que favo-
reça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores.
c. Certa. Isso porque o STF, ao julgar a ADI 4.637, validou a exigência de integralização de
capital social para a abertura de uma empresa.
d. Errada. Porque o STF, ao julgar a situação, entendeu pela constitucionalidade da norma
que prevê a participação nos lucros (ADI 5.417).
e. Errada. Uma vez que o art. 227, § 3º, da CF/1988, cita a garantia de direitos previdenci-
ários e trabalhistas dentro do princípio da proteção integral.

DIREITO CIVIL

Carlos Elias

62. João, que contratou o seguro de seu carro com a seguradora X, sofre acidente automo-
bilístico cujo sinistro estava coberto pela apólice securitária. João acionou a seguradora
em seguida, requerendo o pagamento do prêmio, o que foi prontamente concedido.
Considerando que João é qualificado como consumidor para fins da relação jurídica
constituída com a seguradora, o prazo prescricional para que a seguradora X possa
exercitar sua pretensão frente ao causador do dano é de:
a. cinco anos, com base no Código Civil, pois seria o prazo para o exercício do direito
de regresso da seguradora frente ao causador direto do dano;
b. cinco anos, com base no Código de Defesa do Consumidor, pois o contrato de seguro
se constitui como uma relação de consumo;
c. três anos, com base no Código Civil, pois o segurador sub-roga-se nos direitos do
segurado, podendo buscar o ressarcimento frente ao terceiro causador do dano;
d. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão do segurador
contra o segurado;
e. um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão da repa-
ração civil.

Letra c.
Esta questão não foi bem redigida, pois não esclarece se havia ou não relação de consu-
mo da vítima com o causador do dano, visto que, se houvesse, o prazo prescricional seria
de 5 anos (art. 27, CDC). Também não esclarece se havia ou não relação contratual, o
que seria relevante pelo fato de o prazo prescricional ser diferente conforme se trate de
responsabilidade civil contratual (10 anos) ou extracontratual (3 anos). A questão merecia
anulação. Seja como for, presumimos que a relação de consumo era só da vítima com a
seguradora e que não havia relação contratual da vítima com o causador do dano. Logo,
como a seguradora pagou a cobertura, ela se sub-rogou nos direitos que a vítima tinha

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

contra o causador do dano, inclusive no tocante ao prazo prescricional. Como não havia
relação de consumo com o causador do dano, o prazo prescricional referente ao direito de
indenização que a vítima tinha perante o causador era de 3 anos (art. 206, § 3º, V, do CC).
Logo, o direito de regresso da seguradora contra o causador do dano também será de 3
anos. Essa é a tendência do STJ:

DIREITO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDA-


DE CIVIL. AÇÃO REGRESSIVA. SEGURADORA CONTRA O CAUSADOR DO DANO.
SUB-ROGAÇÃO NOS DIREITOS DO SEGURADO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO APLI-
CÁVEL À RELAÇÃO JURÍDICA ORIGINÁRIA. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Conforme reiteradas decisões desta Corte, ao efetuar o pagamento da indenização ao
segurado em decorrência de danos causados por terceiro, a seguradora sub-roga-se nos
direitos daquele, nos limites desses direitos, ou seja, não se transfere à seguradora mais
direitos do que aqueles que o segurado detinha no momento do pagamento da indeniza-
ção. Assim, dentro do prazo prescricional aplicável à relação jurídica originária, a segu-
radora pode buscar o ressarcimento do que despendeu com a indenização securitária.
2. Conforme reiteradas decisões desta Corte, ao efetuar o pagamento da indenização ao
segurado em decorrência de danos causados por terceiro, a seguradora sub-roga-se nos
direitos daquele, nos limites desses direitos, ou seja, não se transfere à seguradora mais
direitos do que aqueles que o segurado detinha no momento do pagamento da indeniza-
ção. Assim, dentro do prazo prescricional aplicável à relação jurídica originária, a segu-
radora pode buscar o ressarcimento do que despendeu com a indenização securitária.
3. Infirmar as conclusões do acórdão recorrido para reconhecer a suposta violação aos
artigos 186, 732, 750 e 927, do Código Civil, e, para afastar o dever de indenizar da Re-
corrente, se mostra inviável, pois demandaria o revolvimento de fatos e provas, o que é
vedado pelo enunciado da Súmula 7 desta Corte.
4. Inexistindo impugnação específica, como seria de rigor, aos fundamentos da decisão
ora agravada, essa circunstância obsta, por si só, a pretensão recursal, pois, à falta de
contrariedade, permanecem incólumes os motivos expendidos pela decisão recorrida.
Incide na espécie o disposto no arts. 932, III e 1.021, § 1º, do Código de Processo Civil
de 2015 e a Súmula n. 182 do Superior Tribunal de Justiça.
5. Ao repisar os fundamentos do recurso especial, a parte agravante não trouxe, nas
razões do agravo interno, argumentos aptos a modificar a decisão agravada, que deve
ser mantida, pois seus fundamentos não foram infirmados.
6. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 1.865.798/SP, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 10/12/2020, DJe de 15/12/2020.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO REGRESSIVA. EXTRAVIO DE BAGAGEM. TRANSPORTE AÉREO NACIONAL
(DOMÉSTICO). SEGURADORA CONTRA O CAUSADOR DO DANO. PRAZO PRES-
CRICIONAL. SUB-ROGAÇÃO NOS DIREITOS DO SEGURADO. APLICAÇÃO DO CDC.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. MULTA AFASTADA.
1. Ação ajuizada em 22/01/2015. Recurso especial concluso ao gabinete em 05/12/2016.
Julgamento: CPC/73.
2. O propósito recursal é determinar se está prescrito o direito da seguradora recorrente
em ajuizar ação regressiva de ressarcimento de danos contra empresa aérea, tendo em
vista extravio de bagagem de passageira.
3. Na hipótese sob julgamento, a passageira que teve sua bagagem extraviada não
buscou a reparação diretamente da companhia aérea que prestou deficientemente seu
serviço, mas da seguradora recorrente, tendo por base o contrato de seguro-viagem e
bagagem firmado com instituição financeira aos titulares do cartão de crédito American
Express, que por meio dele realizam a compra da passagem aérea.
4. Com o advento do Código Civil de 2002, a possibilidade de sub-rogação da segurado-
ra nos direitos e ações que couberem ao segurado contra o causador do dano tornou-se
incontestável, consoante a literal disposição do art. 786, caput, do mencionado diploma.
5. Partindo-se da premissa de que a seguradora recorrente promoveu o pagamento
da indenização securitária à passageira (titular do cartão de crédito) pelo extravio de
sua bagagem, é inegável que esta sub-rogou-se nos direitos da segurada, ostentan-
do as mesmas prerrogativas para postular o ressarcimento pelo prejuízo sofrido pela
própria passageira.
6. Dentro do prazo prescricional aplicável à relação jurídica originária, a seguradora sub-
-rogada pode buscar o ressarcimento do que despendeu com a indenização securitária,
nos mesmos termos e limites que assistiam ao segurado. Precedentes.
7. Sob o prisma em que analisada a questão, pode-se concluir que: i) está configurada a
relação de consumo entre passageira e a companhia aérea; ii) foi paga indenização se-
curitária pela seguradora à passageira; e iii) houve sub-rogação daquela nos direitos do
próprio consumidor lesado, de modo que o prazo prescricional aplicável será o mesmo
previsto para este, isto é, o de 5 (cinco) anos, previsto no art. 27 do CDC.
8. Afasta-se a multa do parágrafo único do art. 538 do CPC quando não se caracteriza o
intuito protelatório na oposição dos embargos de declaração.
9. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp n. 1.651.936/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
5/10/2017, DJe de 13/10/2017.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

63. João contratou compromisso de compra e venda de imóvel com Maria, assumindo a
obrigação de pagamento de dez parcelas de igual valor. Após o pagamento de três
parcelas devidas, João tornou-se inadimplente e o contrato foi resolvido. Constava no
contrato cláusula penal prevendo a perda integral dos valores pagos. Indignado com o
que denominou “desproporção da sanção”, João requereu judicialmente a declaração
de invalidade da cláusula penal, sob o argumento de que estariam comprovados os ele-
mentos caracterizadores da lesão.
Sobre o caso descrito, é correto afirmar que:
a. está configurada a lesão, defeito do negócio jurídico que gera a nulidade da cláu-
sula penal, pois está presente o elemento da desproporção manifesta das obriga-
ções assumidas;
b. a previsão contratual da cláusula penal compensatória é inválida, independentemente
de sua manifesta desproporção, pois está prevista em contrato de compra e venda
de imóvel;
c. para caracterizar a lesão, João deve provar a existência de desproporção manifesta
entre as obrigações constituídas e a sua inexperiência, que não pode ser presumida,
ou a premente necessidade de contratar;
d. tratando-se de contrato de compra e venda de imóvel entre particulares, aplica-se o
Código de Defesa do Consumidor, que prevê, em seu Art. 51, II, a nulidade de cláu-
sula que subtrai ao consumidor o reembolso de quantia já paga;
e. a cláusula penal compensatória permite a Maria exigir de João o pagamento integral
dos valores já pagos, ainda que João comprove a manifesta desproporção entre as
parcelas e sua inexperiência.

Letra c.
Lesão não gera nulidade, e sim anulabilidade (art. 171, CC). Cláusula penal compensa-
tória excessiva pode ser reduzida equitativamente pelo juiz (art. 413, CC). Não se aplica
CDC à espécie. Logo, a alternativa mais correta é a “c”, que trata dos requisitos da lesão
(art. 157, CC).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

64. A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada quando:


a. for exigida do credor a prova de fraude ou de abuso do direito imputados ao sócio
administrador da sociedade, conforme previsto no Art. 50 do Código Civil;
b. o credor comprova a existência de confusão patrimonial, desde que esta seja reco-
nhecida por meio da obtenção ilícita de valores no patrimônio do administrador sócio
da sociedade;
c. com base no Art. 50 do Código Civil, o administrador que não integra o quadro socie-
tário da empresa for pessoalmente responsabilizado pelos danos sofridos pelos cre-
dores da pessoa jurídica;
d. reconhecida a responsabilização dos sócios da pessoa jurídica, ainda que não haja
insolvência da pessoa jurídica nem fraude comprovada, o patrimônio dos sócios for
suficiente para pagar as dívidas dos credores daquela;
e. o consumidor demonstra o estado de insolvência do fornecedor ou a sua personali-
dade jurídica representa obstáculo ao ressarcimento dos seus danos, conforme o Art.
28, parágrafo 5º, do Código de Defesa do Consumidor.

Letra e.
É o art. 28, caput e § 5º, do CDC:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em


detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração tam-
bém será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 1º (Vetado).
§ 2º As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações de-
correntes deste código.
§ 4º As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua persona-
lidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

65. Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado imóvel
de sua propriedade a João “quando ele manifestar seu interesse”.
Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade, é correto afirmar que é condição:
a. puramente potestativa, vedada pelos Arts. 115 e 122 do Código Civil;
b. simplesmente potestativa, portanto válida, pois estipulada em benefício do credor;
c. puramente potestativa, pois confere ao devedor a prerrogativa de impedir a eficácia
do negócio jurídico;
d. defesa, pois priva de todo efeito o ato jurídico pretendido;
e. ilícita, pois subordina a eficácia do negócio jurídico à vontade exclusiva de uma
das partes.

Letra b.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
É vedada cláusula puramente potestativa, aquela que se sujeita ao puro arbítrio de uma
das partes (art. 122, in fine, do CC)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Carlos Elias: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão se inspirou neste julgado do STJ: REsp: 1990221/SC.
Acontece que a questão acabou sendo mal redigida por ter sido lacônica, pois limitou-se
a tratar de uma condição cujo implemento depende apenas da manifestação de vontade
do donatário, assim como não especificou elementos fáticos que foram relevantes no jul-
gamento do STJ: como a ocorrência de usucapião. O STJ aceitou a condição dependente
da vontade do donatário no caso concreto mencionado, tanto que, na própria ementa, o
STJ realça:

Foi estatuída em consideração a uma circunstância fática alheia à vontade das partes:
o resultado de uma determinada ação judicial (usucapião), havendo, assim, interesse
juridicamente relevante a justificar sua estipulação.

A questão merece ser anulada por ter sido lacônica, pois deveria ter realçado outras parti-
cularidades. Da forma como foi redigida, a questão comporta, também, o entendimento de
se tratar de uma condição puramente potestativa aquela que se sujeita ao puro arbítrio de
uma das partes (art. 122, in fine, CC), especialmente se, no caso concreto, for identificado
risco à segurança e à seriedade do negócio.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

66. A sociedade limitada X contratou a locação de uma loja no Shopping Center Y, a ser
construído, com a finalidade de dar início a suas atividades empresariais. Tanto a cons-
trução do shopping quanto a locação de suas lojas são de responsabilidade da Cons-
trutora W, que se obrigou a entregar a obra pronta em doze meses. Ocorre que a Cons-
trutora W descumpriu sua obrigação relativa à construção do shopping, identificando-se
no caso o inadimplemento absoluto por impossibilidade da entrega da loja e, por conse-
quência, a impossibilidade de cumprir as obrigações relativas à locação. Tornando-se
impossível o início de suas atividades empresariais, a sociedade limitada X ingressou
com ação indenizatória em face da Construtora W, cujo pedido foi de reparação dos
danos sofridos em decorrência de inadimplemento contratual que a impediu de obter
faturamento próprio.
Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que:
a. o inadimplemento contratual obriga a Construtora W a indenizar a sociedade limitada
X quanto aos danos emergentes provados, isto é, aqueles relativos ao que efetiva-
mente perdeu;
b. além dos danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à indenização pelos lucros
cessantes, cuja quantificação independe do início da sua atividade empresarial;
c. os lucros cessantes em caso de descumprimento de obrigação contratual assumida
pela Construtora W para a entrega do imóvel são presumidos;
d. além dos lucros cessantes e danos emergentes, a sociedade limitada X faz jus à inde-
nização por perda da chance, proporcional à expectativa quanto à probabilidade de
auferir lucro na exploração da atividade;
e. é devida a compensação pelos danos morais in re ipsa sofridos pela sociedade limi-
tada X, decorrente do inadimplemento contratual e da frustação pelo início das ativi-
dades empresariais.

Letra a.
É o entendimento do STJ:

DIREITO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL. FINANCIAMENTO OBTIDO
JUNTO AO BNDES PARA EXPANSÃO DO NEGÓCIO. AUSÊNCIA DE REPASSE DE
PARCELAS PELO AGENTE FINANCEIRO. LUCROS CESSANTES. INEXISTÊNCIA.
DANOS HIPOTÉTICOS. NOVA ATIVIDADE EMPRESARIAL NÃO INICIADA. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte Superior rejeita os lucros que supostamente seriam gera-
dos pela rentabilidade de atividade empresarial que nem sequer foi iniciada. Precedentes.
2. “Os lucros cessantes representam aquilo que, após o fato danoso, deixou o ofendido
de receber à luz de uma previsão objetiva, que não confunde com meras hipóteses.
Dependem, portanto, para sua concessão, da preexistência de circunstâncias e de ele-

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

mentos seguros que, concreta e prontamente, demonstrem que a lucratividade foi in-
terrompida ou que não mais se iniciaria em decorrência especificamente do infortúnio,
independente de outros fatores” (REsp 1.080.597/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe de 04/11/2015).
3. No caso dos autos, o eg. Tribunal de origem concluiu que a conduta do agente finan-
ceiro, ao bloquear as duas últimas parcelas de financiamento obtido para a expansão
dos negócios, causou danos à sociedade agravante, condenando o banco agravado
ao pagamento de lucros cessantes com base em projeções de rentabilidade de nova
atividade empresarial que nem sequer foi iniciada, razão pela qual deve ser mantida a
decisão que deu provimento ao recurso especial do banco para afastar a condenação ao
pagamento por lucros cessantes presumidos.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 1.738.129/AM, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado
em 30/5/2022, DJe de 24/6/2022.)

67. A sociedade limitada X contrata empréstimo bancário com o Banco Y. Maria, sócia da
sociedade limitada X, voluntariamente concede em garantia ao empréstimo contratado
o imóvel único no qual mantém moradia com sua família, por meio de constituição de
alienação fiduciária. Inadimplente a sociedade limitada X, o Banco Y, credor fiduciário,
executa a garantia que recai sobre o imóvel, consolidando a propriedade resolúvel em
seu favor.
A respeito do caso, é correto afirmar que:
a. a impenhorabilidade do bem de família prevalece sobre a alienação fiduciária em
garantia, ainda que livremente pactuada entre Maria e o Banco Y;
b. tal como na hipoteca, é presumido o benefício à entidade familiar de Maria na contrata-
ção do empréstimo bancário pela sociedade limitada X, gravado de garantia fiduciária;
c. a alienação fiduciária em garantia é inválida por tratar-se de bem de família a garan-
tia ofertada, não tendo sido os valores obtidos com o empréstimo feitos em favor do
imóvel ou da unidade familiar;
d. dado que a alienação fiduciária em garantia foi livremente pactuada, o imóvel per-
tencente à entidade familiar é impenhorável, tendo em vista que não se aplicam as
exceções do Art. 3º da Lei n. 8.009/1990;
e. o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade limitada X con-
solida a propriedade imóvel em nome do Banco Y, independentemente da natureza
do bem dado em garantia por meio da alienação fiduciária.

Letra e.
É o entendimento do STJ:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C DECLA-
RATÓRIA. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. TRANSMISSÃO CONDICIONAL DA PROPRIE-
DADE. BEM DE FAMÍLIA DADO EM GARANTIA. VALIDADE DA GARANTIA. VEDAÇÃO
AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO.
1. Ação revisional de contrato c/c restituição de valores c/c declaratória.
2. Sendo o alienante pessoa dotada de capacidade civil que livremente optou por dar
seu único imóvel (residencial) em garantia a um contrato de mútuo destinado a favore-
cer pessoa diversa, empresa da qual é único sócio, não se admite a proteção irrestrita
do bem de família se esse amparo significar o alijamento da garantia após o inadimple-
mento do débito, contrariando a ética e a boa-fé, indispensáveis em todas as relações
negociais. Súmula 568/STJ.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp n. 1.831.749/ES, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, jul-
gado em 16/8/2021, DJe de 19/8/2021.)

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA.


INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. CONVENIÊNCIA E OPOR-
TUNIDADE. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. TRANSMISSÃO CONDICIONAL DA PROPRIE-
DADE. BEM DE FAMÍLIA DADO EM GARANTIA. VALIDADE DA GARANTIA. VEDAÇÃO
AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO.
1. Não há falar em omissão ou contradição do acórdão recorrido se as questões perti-
nentes ao litígio foram solucionadas, ainda que sob entendimento diverso do perfilhado
pela parte.
2. O incidente de uniformização de jurisprudência não se confunde com a irresignação
recursal, ostentando caráter preventivo. Daí por que o seu processamento depende da
análise de conveniência e oportunidade do relator e deve ser requerido antes do julga-
mento do apelo nobre.
3. A jurisprudência desta Corte reconhece que a proteção legal conferida ao bem de fa-
mília pela Lei n. 8.009/90 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio,
pois é princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada.
4. A regra de impenhorabilidade aplica-se às situações de uso regular do direito. O abu-
so do direito de propriedade, a fraude e a má-fé do proprietário devem ser reprimidos,
tornando ineficaz a norma protetiva, que não pode tolerar e premiar a atuação do agente
em desconformidade com o ordenamento jurídico.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

5. A propriedade fiduciária consiste na transmissão condicional daquele direito, conven-


cionada entre o alienante (fiduciante), que transmite a propriedade, e o adquirente (fidu-
ciário), que dará ao bem a destinação específica, quando implementada na condição ou
para o fim de determinado termo.
6. Vencida e não paga, no todo em parte, a dívida e constituído em mora o fiduciante,
consolidar-se-á a propriedade do imóvel em nome do fiduciário, consequência ulterior,
prevista, inclusive, na legislação de regência.
7. Sendo a alienante pessoa dotada de capacidade civil, que livremente optou por dar
seu único imóvel, residencial, em garantia a um contrato de mútuo favorecedor de pes-
soa diversa, empresa jurídica da qual é única sócia, não se admite a proteção irrestrita
do bem de família se esse amparo significar o alijamento da garantia após o inadimple-
mento do débito, contrariando a ética e a boa-fé, indispensáveis em todas as relações
negociais.
8. Recurso especial não provido.
(REsp n. 1.559.348/DF, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
18/6/2019, DJe de 5/8/2019.)

DIREITO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO JOVEM

Islene Castelo Branco

68. A Constituição da República de 1988 (Art. 227) estabelece que é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissio-
nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Tendo em vista os princípios relacionados a esse tema, é INCORRETO afirmar que:
a. o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e impres-
critível, podendo ser exercitado contra os pais ainda em vida, excluídos os herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça;
b. será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai pri-
vado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou,
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independen-
temente de autorização judicial;
c. a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o
direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
criança estabelecidos em lei;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional


não se prolongará por mais de dezoito meses, salvo comprovada necessidade que
atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária;
e. a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disci-
plina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socio-
educativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los
ou protegê-los.

Letra a.
Está em desacordo com o art. 27 do ECA, cuja redação não exclui os herdeiros:

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e


imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qual-
quer restrição, observado o segredo de Justiça. (Grifos nossos.)

69. Considerando as normas relativas ao contrato de aprendizagem, é correto afirmar que:


a. em qualquer hipótese, o contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por
mais de dois anos;
b. a duração do trabalho do aprendiz não excederá cinco horas diárias, sendo vedadas
a prorrogação e a compensação de jornada;
c. a validade do contrato de aprendizagem prescinde de anotação na Carteira de Traba-
lho e Previdência Social, devendo ser provada a matrícula e frequência do aprendiz
na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e de inscrição em programa de
aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação téc-
nico-profissional metódica;
d. é considerada causa para a extinção do contrato de aprendizagem o desempe-
nho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiên-
cia quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de
apoio necessário ao desempenho de suas atividades;
e. contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito,
por prazo determinado ou indeterminado, em que o empregador se compromete a
assegurar, ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendiza-
gem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas
necessárias a essa formação.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra d.
Está de acordo com o art. 433, I, da CLT:

Art. 433, I – Desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz


com deficiência quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias assis-
tivas e de apoio necessário ao desempenho de suas atividades;

70. A Lei n. 11.788/2008 dispõe sobre as relações de estágio, definindo-o como o ato edu-
cativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à prepa-
ração para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regu-
lar em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
da educação de jovens e adultos.
Considerando os dispositivos legais, é correto afirmar que:
a. o educando deverá ser inscrito e contribuir como segurado especial do Regime Geral
de Previdência Social;
b. o número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades
concedentes de estágio deverá ser de 10% para empresas com mais de vinte e
cinco empregados;
c. são obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educan-
dos, entre outras, exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não supe-
rior a um ano, de relatório das atividades;
d. o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das dire-
trizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico
do curso, sendo considerado estágio obrigatório aquele definido como tal no pro-
jeto do curso, sendo a carga horária requisito facultativo para aprovação e obtenção
de diploma;
e. a manutenção de estagiários em desconformidade com a Lei caracteriza vínculo de
emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legis-
lação trabalhista e previdenciária, e a instituição privada ou pública que reincidir na
irregularidade ficará impedida de receber estagiários por dois anos, contados da data
da decisão definitiva do processo administrativo correspondente

Letra e.
Está de acordo com o art. 15, caput e § 1º, da Lei n. 11.788/2008:

Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vín-
culo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da
legislação trabalhista e previdenciária.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

§ 1º A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este artigo
ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da decisão
definitiva do processo administrativo correspondente.

BLOCO III

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Cristiny Rocha

71. Sobre a coisa julgada material, é correto afirmar que:


a. o reconhecimento da existência de um fato jurígeno pelo juiz que motivou o resultado
de procedência de uma pretensão, impede o reexame do mesmo fato em uma outra
ação em que litiguem as mesmas partes;
b. no Código de Processo Civil de 2015, nos termos do Art. 503, a questão prelimi-
nar resolvida expressa e incidentalmente no processo pode ter força de lei entre as
partes, fazendo coisa julgada material;
c. na sentença líquida, constatado erro de cálculo, admitir-se-á a devida correção de
ofício, desde que ainda no prazo recursal. Porém, a correção de erro referente a cri-
térios de cálculo, que constituem fundamentos da decisão, depende de interposição
de recurso para sua revisão;
d. nas sentenças determinativas – que decidem relação jurídica de trato continuado,
sobrevindo modificação no estado de fato ou de direito, poderá a parte ré ajuizar
ação de revisão, o que afasta a ideia de intangibilidade e de imutabilidade da deci-
são anterior;
e. na hipótese de litisconsórcio necessário simples, a ausência de citação permite ao
litisconsorte que não integrou a lide, mesmo após o trânsito em julgado da decisão,
propor, como terceiro, simples ação judicial para reconhecer o provimento judicial
como ineficaz

Letra e.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
a. Errada. Veja:

Art. 504. Não fazem coisa julgada:


II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença. (Grifos nossos.)

b. Errada. Enunciado indica questão preliminar, mas se trata de questão prejudicial. Veja:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites
da questão principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida ex-
pressa e incidentemente no processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso
de revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou
limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
(Grifos nossos.)

c. Errada. Nos termos do art. 897-A, parágrafo único, da CLT, do art. 833 da CLT e do art.
494, inciso I, do CPC/2015, a correção de evidente erro material ou erro de cálculo pode
e deve ser feita a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo Juízo, a fim de que a conta de
liquidação expresse a vontade real do órgão julgador. Logo, não há preclusão. No mesmo
sentido já à época do CPC/1973, no Informativo 547 do STJ, temos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL APÓS O TRÂN-


SITO EM JULGADO.O magistrado pode corrigir de ofício, mesmo após o trânsito em
julgado, erro material consistente no desacordo entre o dispositivo da sentença que julga
procedente o pedido e a fundamentação no sentido da improcedência da ação. Isso por-
que o art. 463, I, do CPC permite ao magistrado a correção de erros materiais existentes
na sentença, ainda que a decisão já tenha transitado em julgado, sem que se caracterize
ofensa à coisa julgada. Precedentes citados: AgRg no Aresp 89.520-DF, Primeira Tur-
ma,Dje 15/8/2014; e Resp 1.294.294-RS, Terceira Turma, Dje 16/5/2014. RMS 43.956-
MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/9/2014.

d. Errada. Veja:

Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma
lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença. (Grifos nossos.)

Nota: denomina-se sentença determinativa aquela que decide sobre relação jurídica de
trato continuado. Veja:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Como quaisquer sentenças de mérito, as sentenças determinativas são aptas a alcan-


çar a autoridade de coisa julgada material. E a coisa julgada que se forma sobre
as sentenças determinativas é igual a qualquer outra (CÂMARA, 2015, pp. 312-313).
(Grifos nossos.)

Na verdade, o que o art. 505, inciso I, do CPC autoriza é a reanálise da mesma relação jurídi-
ca de trato continuado julgada, porém posteriormente modificada por alguma circunstância
fática ou jurídica. Não se afasta a intangibilidade e imutabilidade da decisão anterior.
e. Certa. Análise conforme o art. 115, II, do CPC, e jurisprudência. Veja:

[...] 6. A ausência da citação de litisconsorte passivo necessário enseja a nulidade


da sentença.
7. Na linha da jurisprudência desta Corte, o vício na citação caracteriza-se como vício
transrescisório, que pode ser suscitado a qualquer tempo, inclusive após escoado o pra-
zo para o ajuizamento da ação rescisória, mediante simples petição, por meio de
ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) ou impugnação ao cumprimento de sen-
tença.8. Recurso especial provido. (REsp n. 1.811.718/SP, relator Ministro Ricardo Villas
Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 2/8/2022, DJe de 5/8/2022.) (Grifos nossos.)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A alternativa “e” indica que “na hipótese de litisconsórcio necessário
simples, a ausência de citação permite ao litisconsorte que não integrou a lide, mesmo
após o trânsito em julgado da decisão, propor, como terceiro, simples ação judicial para
reconhecer o provimento judicial como ineficaz”.
O examinador, em diversas questões, exigiu o domínio teórico do processo civil e se ape-
gou a expressões mínimas para indicar pontos incorretos. Sendo assim, nesse sentido, a
alternativa “e” contém vício, conforme indica a melhor doutrina:

Terceiro quer dizer estranho à relação processual inicialmente estabelecida entre


autor e réu. Essa característica distingue o instituto da intervenção de terceiro do litis-
consórcio, uma vez que os litisconsortes são partes originárias do processo, ainda
que, por equívoco, não sejam nomeados na petição inicial (litisconsórcio necessá-
rio). (Grifos nossos.)
(DONIZETTI, Elpídio.Curso de direito processual civil. 25. ed. Barueri [SP]: Atlas, 2022. p. 257.)

Logo, quando a banca indica “propor, como terceiro [...]”, a expressão é criticável, visto se
tratar de litisconsorte necessário, ainda que não tenha sido regularmente citado. Note: a
doutrina entende que nem se pode denominar terceiro aquele que sequer foi “esquecido”

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

na petição inicial. Nessa linha, também não se poderia cogitar denominar terceiro aquele
que foi indicado, ainda que não tenha sido citado validamente.
Assim, a querela nullitatis seria proposta por aquele que era parte (litisconsorte), ainda que
não regularmente citado, para que postulasse a ineficácia da decisão judicial, nos moldes
do art. 115, II, do CPC, e jurisprudência. Veja:

[...] 6. A ausência da citação de litisconsorte passivo necessário enseja a nulidade da


sentença. 7. Na linha da jurisprudência desta Corte, o vício na citação caracteriza-se
como vício transrescisório, que pode ser suscitado a qualquer tempo, inclusive após
escoado o prazo para o ajuizamento da ação rescisória, mediante simples petição,
por meio de ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) ou impugnação ao cumpri-
mento de sentença. 8. Recurso especial provido.(REsp n. 1.811.718/SP, relator Ministro
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 2/8/2022, DJe de 5/8/2022.) (Gri-
fos nossos.)

Logo, por não ter alternativa correta, a questão deve ser anulada.

72. O atual Código de Processo Civil disciplina a formação do processo e sua extinção,
bem como aspectos específicos sobre a concessão da tutela antecipada.
Considerando as normas legais em vigor, é correto afirmar que:
a. ao prever a reunião para julgamento conjunto de processos que possam gerar risco
de decisões conflitantes, o CPC autoriza o órgão julgador, em juízo de conveniência
e para evitar demora de processamento da segunda demanda, a receber aditamento
de pedido e de causa de pedir até o saneamento do processo;
b. concedida a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, cuja petição inicial
limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de tutela final, deverá o autor
promover o aditamento com a complementação de sua argumentação, bem como
providenciar a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela
final, em quinze dias, caso não haja prazo maior fixado;
c. no que se refere ao procedimento de tutela antecipada requerida em caráter ante-
cedente, cuja petição inicial limitou-se a tal requerimento e à indicação do pedido de
tutela final, não há previsão legal para se admitir a emenda da petição inicial, caso o
órgão jurisdicional entenda que não há elementos para a concessão do pedido;
d. a desistência da ação, independentemente de oferecida a contestação, a desistên-
cia do recurso, ainda que já apresentadas as contrarrazões, e a renúncia ao direito
de recorrer constituem negócios jurídicos unilaterais não receptivos e, portanto, não
dependentes de aceitação da parte contrária;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor


depende de requerimento do réu. Entretanto, a extinção do processo sem resolução
de mérito somente estará autorizada se a parte autora, intimada por meio do Diário
de Justiça, na pessoa de seu advogado, não promover os atos e as diligências que
lhe incumbir.

Letra b.
a. Errada. Admite-se a reunião de ações, ainda que entre elas não exista conexão.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo
ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos sepa-
radamente, mesmo sem conexão entre eles. (Grifos nossos.)

O aditamento será feito por autorização legal, não por conveniência, até o saneamento,
e se a outra parte já tiver sido citada, isso será feito com o seu consentimento (art. 329,
II, do CPC).
b. Certa. Conforme art. 303, § 1º, I, do CPC.
c. Errada. Conforme art. 303, § 6º, do CPC, há previsão para emenda em 5 dias.
d. Errada. O erro está em relação à desistência da ação, pois, no caso de já ter sido apre-
sentada contestação, dependerá de consentimento da outra parte, conforme art. 485, §
4º, do CPC.
e. Errada. Segundo o art. 485, § 1º, do CPC, a parte autora que abandonar a causa será
intimada pessoalmente. Veja:

Art. 485, § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III [abandono], a parte será intima-
da pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.

73. Na Vara do Trabalho em que se processa a ação de execução fiscal de dívida ativa ins-
crita, no valor de vinte milhões de reais, a empresa XYZ Ltda. ajuíza ação judicial que
denomina “ação declaratória de anulação de auto de infração”, em face da União, em
que pretende o reconhecimento de nulidade do auto de infração lavrado pela Gerência

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Regional do Trabalho como consta de processo administrativo. Pretende, ainda e alter-


nativamente, nos termos do que fundamenta na causa de pedir, a redução da multa
aplicada, para que se reconheça como devida apenas a quantia de cem mil reais.
De acordo com os dados informados, é correto afirmar que:
a. os pedidos são de natureza condenatória e a forma de cumulação é sucessiva;
b. os pedidos são de natureza declaratória e a forma de cumulação é simples;
c. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é subsidiária;
d. os pedidos são de natureza constitutiva e a forma de cumulação é alternativa;
e. os pedidos são de natureza declaratória, constitutiva e condenatória e a forma de
cumulação é subsidiária

Letra c.
A natureza é constitutiva (negativa), pois busca-se a anulação (extinção) de auto de infra-
ção ou mesmo modificação da multa. Há ordem entre os pedidos. Logo, trata-se de pedido
subsidiário (art. 326, CPC).

74. Sobre os precedentes judiciais, é correto afirmar que, como técnica de julgamento:
a. o overruling visa demonstrar argumentativamente, por juiz ou por tribunal, como
órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada razão de decidir, no
que tange a sua congruência social e sua integridade sistêmica;
b. o distinguishing visa demonstrar de forma argumentativa, unicamente por uma Corte
de precedentes, a ausência de identidade fática e jurídica entre os elementos essen-
ciais e relevantes do precedente e do caso em análise;
c. para identificar o que é um obiter dictum, deve-se verificar se a decisão permanecerá
íntegra e coerente em sua motivação essencial ao se retirar determinado dado argu-
mentativo para a solução do problema jurídico posto;
d. na decisão plural, a ratio decidendi a ser adotada como precedente conterá necessa-
riamente todas as rationes decidendi que levem a idêntico resultado na parte disposi-
tiva do julgamento;
e. a ratio decidendi de um precedente deverá ser identificada nos enunciados de emen-
tas dos acórdãos da Corte de precedentes, e a ausência de demonstração da distin-
ção para a não adoção das razões de decidir do caso piloto importará no reconheci-
mento da decisão como não fundamentada.

Letra c.
Esta questão é passível de anulação e, por isso, apresenta recurso (veja a fundamen-
tação do professor após o comentário).
A definição de overruling nas palavras de Marinoni, Arenhart e Mitidiero é:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Constitui a resposta judicial ao desgaste de sua congruência social e coerência sis-


têmica. Quando o precedente carece desses atributos, os princípios básicos que susten-
tam a regra do stare decisis – segurança jurídica e igualdade – deixam de autorizar a re-
plicabilidade (replicability), com o que o precedente deve ser superado. Essa conjugação
constitui a regra básica para superação de precedente (2017, p. 597). (Grifos nossos.)

Ademais, sobre decisões plurais (letra “d”), cabe dizer que Marinoni conceitua como deci-
são plural aquela que é:

Majoritária quanto ao resultado, mas incapaz de gerar ratio decidendi, na medida em que
nenhum dos fundamentos que nela estão contidos são sustentados pela maioria.

(MARINONI, L. G. Julgamento nas Cortes Supremas: precedentes e decisão do recurso diante


do novo CPC. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 39.)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A banca considerou a alternativa “c” como correta, mas a alternativa
“a” está de acordo com a melhor doutrina.
A banca indicou na alternativa “a” que o overruling visa demonstrar argumentativamente,
por juiz ou tribunal, como órgãos julgadores, o desgaste ou a superação de determinada
razão de decidir, no que tange à sua congruência social e sua integridade sistêmica.
No âmbito doutrinário, não há divergência sobre o entendimento de que a superação deve
ocorrer em virtude da incongruência social e inconsistência sistêmica do precedente, com
remissão às causas determinantes propostas por Melvin Aron Einsenberg (EINSENBERG,
Melvin Aron. The nature of the common law. London: Harvard University Press, 1988.
p. 104-105).
Destarte:

O afastamento ou a superação do precedente somente será possível mediante um ônus


argumentativo maior por parte do julgador, pois aplicável o ‘princípio da presunção a
favor do precedente.

(ZANETI JR., Hermes. O valor vinculante dos precedentes: teoria dos precedentes normativos formal-
mente vinculantes. 4. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2019, p. 319).

Daniel Mitidiero diz que a superação total de um precedente (overruling) constitui a respos-
ta judicial ao desgaste da sua dupla coerência (congruência social e consistência sistêmi-
ca) ou a um evidente equívoco na sua solução (MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e
cortes supremas: do controle à interpretação, da jurisprudência ao precedente. São Paulo:
RT, 2013 p. 122-123.).

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Acredita-se que o examinador tenha concebido por incorreta a primeira parte: “visa de-
monstrar argumentativamente, por juiz ou tribunal, como órgãos julgadores, o desgaste
ou a superação[...]”. Diga-se que a expressão entre vírgulas “como órgãos julgadores” foi
considerada aposto, ou seja, termo usado para explicar, resumir ou comentar um termo an-
terior. Logo, quanto à possibilidade de juiz ou Tribunal realizar superação de entendimento,
não se pode deixar de lado as duas.
Contudo, nesse especial há grande divergência na doutrina sobre o tema!
Ensina Scarpinella Bueno que:

O § 1º do art. 489 indica as hipóteses em que a decisão – qualquer decisão, como ele
próprio faz questão de evidenciar – não é considerada fundamentada, exigindo do jul-
gador que peculiarize o caso julgado e a respectiva fundamentação diante das especi-
ficidades que lhe são apresentadas. Fundamentações padronizadas e sem que sejam
enfrentados os argumentos e as teses trazidas pelas partes não serão mais aceitas.(...)
De acordo com o § 1º do art. 927, que deriva, com redação alterada, do §1º do art. 521
do Projeto da Câmara, cabe aos juízes e aos tribunais observar o disposto no art. 10 e
no § 1º do art. 489 “quando decidirem com fundamento neste artigo”. A regra deve ser
entendida, em primeiro lugar, no sentido de ser viabilizada oportunidade prévia para
manifestação das partes (e de eventuais terceiros) acerca da aplicação (ou não) do pre-
cedente no caso concreto. Trata-se de mais uma, dentre tantas, aplicações expressas
do princípio da cooperação que o CPC de 2015 traz genericamente em seu precitado
art. 10. Mas não só. A aplicação (ou não) do precedente exige do magistrado adequada
e completa fundamentação apta a justificar a incidência (ou não) do anterior julgado (o
precedente) ao caso presente.
A importância da fundamentação é tanto mais importante na medida em que o ônus ar-
gumentativo da pertinência (ou não) do precedente é também do magistrado, máxime
porque deve ser oportunizado às partes que se manifestem, previamente, acerca do
assunto. E não basta, como é frequentíssimo nos dias de hoje, que seja mencionado
o precedente ou a Súmula, quando muito parafraseando-a, ou, mais precisamente, pa-
rafraseando o texto de seu enunciado, sem fazer qualquer alusão ao que, de concreto,
está sendo julgado na espécie. Esta exigência é expressamente assegurada pelo § 1º
do art. 927.
Os incisos V e VI do § 1º do art. 489, não por acaso, são expressos ao rotularem de
carente de fundamentação a decisão que “se limitar a invocar precedente ou enunciado
de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos” e a que “deixar de seguir enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento”. Destarte, embora
não haja, no CPC de 2015, previsão expressa como a que havia no § 5º do art. 521 do

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Projeto da Câmara, que não foi mantida pelo Senado na última etapa do processo legis-
lativo, é inegável que a observância dos precedentes referidos nos incisos do art. 927
(ainda que não se queira dar a eles caráter vinculante) pressupõe a similaridade do caso
(na perspectiva fática e jurídica) e a correlata demonstração desta similaridade. É este o
alcance da fundamentação exigida para a espécie, nos termos dos incisos V e VI do § 1º
do art. 489, aplicáveis à espécie por força do § 1º do art. 927.

(SCARPINELLA BUENO, Cassio. Novo Código de Processo Civil Anotado. 2. ed. revista, atualizada e
ampliada, São Paulo: Editora Saraiva, 2016, p. 399 e 738-739).

Logo, o tema possui entendimentos doutrinários divergentes, e portanto abre debate para
a questão. Parcela da doutrina entende que somente a corte competente para fixar o en-
tendimento ou a corte a ela superior (ao menos em termos de matéria) poderá alterá-lo;
e outra grande parcela defende que o art. 489, §1º, VI, autorizaria também os juízes hie-
rarquicamente inferiores a não aplicar os precedentes mediante a fundamentação de que
devem ser superados (PEIXOTO, Ravi. A superação de precedentes (overruling) no Có-
digo de Processo Civil de 2015. Revista de Processo Comparado, 2016. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bi-
bli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RProComp_n.3.07.PDF) .
Nessa linha, por possuir duas alternativas corretas, ou ao menos por não ter posiciona-
mento pacificado sobre o tema e dispositivo legal do CPC que indica a possibilidade de
juízes decidirem pela superação, deve ser anulada a questão.

75. Sobre os embargos de terceiro, é correto afirmar que:


a. diante do que dispõe o atual Código de Processo Civil, os embargos de terceiro
servem à defesa daquele que sofrer constrição ou ameaça de constrição apenas
sobre bens que estejam em sua posse direta ou sobre os quais tenha direito de posse
incompatível com o ato constritivo;
b. considera-se terceiro o sócio de sociedade mercantil em que a lei lhe reconhece res-
ponsabilidade direta pela dívida da sociedade e que não fez parte de incidente de
desconsideração da personalidade jurídica;
c. embora se admitam embargos de terceiro preventivos, será com a ciência da penhora
que se iniciará o prazo decadencial de cinco dias para o seu ajuizamento. Contudo, no
processo de conhecimento a defesa do domínio e da posse poderá ocorrer enquanto
não transitada em julgado a sentença;
d. não é terceiro e não poderá opor embargos de terceiro o adquirente de coisa litigiosa
na condição de sucessor processual. Não sendo admitido como parte no processo, é
lícito seu ingresso como assistente litisconsorcial;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. será competente órgão de primeiro grau de jurisdição para processar e julgar ação
de embargos de terceiro, mesmo quando a constrição for determinada em grau de
recurso ou for oriunda de ação de competência originária de tribunal.

Letra d.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer os arts. 109 e 674 do CPC, assim
como a jurisprudência do STJ. Veja:

Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular,
não altera a legitimidade das partes.
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alie-
nante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litis-
consorcial do alienante ou cedente.
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adqui-
rente ou cessionário. (Grifos nossos.)
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de cons-
trição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua me-
ação, ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da
alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da perso-
nalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropria-
tórios respectivos.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TER-


CEIRO. ADQUIRENTE DE COISA LITIGIOSA. ILEGITIMIDADE. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência vigente no Superior Tribunal de Justiça,
não é parte legítima para oposição de embargos de terceiro o adquirente de coisa litigio-
sa, ainda que desconhecido o vício inserido no negócio jurídico.2. Conforme já decidido
por esta Corte, “não há falar em extensão dos efeitos da coisa julgada ao adquirente
se o bem é adquirido por terceiro de boa-fé antes de configurada a litigiosidade” (AgInt

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

no AREsp 1.293.353/DF, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, jul-
gado em 03/12/2018, DJe 06/12/2018). 3. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp
n. 1.798.583/GO, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
14/3/2022, DJe de 18/3/2022.)

76. No atual microssistema de julgamento de casos repetitivos, a tese firmada permitirá, em


outras causas, com a mesma base fático-jurídica e identidade essencial:
a. ter por causa de pedir, em ação rescisória, a violação de norma jurídica, não ense-
jando o julgamento de plano pelo relator em conflito de competência;
b. o cabimento de reclamação da parte interessada, mas apenas nos casos em que não
tenha ocorrido o trânsito em julgado da decisão impugnada, ainda que a reclamação
seja anterior à preclusão máxima;
c. ao relator, por decisão unipessoal, negar provimento a recurso que for contrário à
tese firmada, mas só possibilitará dar provimento ao recurso depois de facultada a
apresentação de contrarrazões;
d. conceder tutela de evidência, quando as alegações de fato puderem ser comprova-
das documentalmente, mas não servirá como fundamento para a sentença de impro-
cedência liminar do pedido;
e. não submeter ao duplo grau de jurisdição a sentença proferida contra a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mas não evitará a necessidade da caução
para o cumprimento provisório da sentença impugnada que importe no levantamento
de depósito em dinheiro.

Letra c.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer o art. 932, IV e V, do CPC:

Art. 932. Incumbe ao relator:


IV – negar provimento a recurso que for contrário a:
b. acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c. entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recur-
so se a decisão recorrida for contrária a:
b. acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c. entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de as-
sunção de competência. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

77. Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, é correto afirmar que:


a. nas sociedades em comum, por serem dotadas de personalidade processual – capa-
cidade de ser parte – para que seus sócios sejam responsabilizados, solidária e ilimi-
tadamente, haverá a necessidade de instauração do incidente de desconsideração
da personalidade jurídica;
b. o inciso II do Art. 790 do Código de Processo Civil, quando estatui que os bens dos
sócios, nos termos da lei, estão sujeitos à execução, refere-se à responsabilidade
secundária indireta do sócio e, portanto, pressupõe a observância do instituto da des-
consideração da personalidade jurídica;
c. a decisão proferida no processo de conhecimento que afasta a responsabilidade do
sócio pela dívida da sociedade, sob o fundamento de não demonstrada a confusão
patrimonial, não inibe, na execução, pedido para instauração de incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica por outra causa de responsabilização secundá-
ria indireta;
d. considera-se, para efeitos da lei processual, como instaurado o incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica quando, desde a petição inicial, haja pretensão
de responsabilidade patrimonial dos sócios;
e. pelo princípio da eventualidade ou da concentração da defesa, no procedimento inci-
dental de desconsideração da personalidade jurídica, o sócio (ou a sociedade no
caso de desconsideração inversa) deve defender-se a respeito de todos os pontos
relativos à dívida, à correção dos cálculos de liquidação e mesmo sobre a validade do
título executivo, sob pena de preclusão

Letra b.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “c”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. A sociedade em comum é uma espécie de sociedade despersonificada (não
possui personalidade jurídica), constituindo sociedade de fato ou irregular. Diante da au-
sência de personalidade jurídica própria, os bens e as dívidas da sociedade em comum
constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum (arts. 988 e
989 do CC).
b. Certa. Conforme art. 790, II, do CPC, e jurisprudência do STJ.
c. Errada. Já estaria preclusa a matéria.
d. Errada. Quando requerido na inicial, a desconsideração não abrirá incidente (art. 134, §
2º, do CPC).
e. Errada. Retificação de erro de cálculo não se sujeita à preclusão.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “b” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão versa sobre o incidente de desconsideração de personali-
dade jurídica e pede que seja assinalada a alternativa correta.
A banca assinalou a alternativa “c” como correta, ao fundamento de que ainda que na
fase de conhecimento o incidente de desconsideração tenha sido improcedente, em fase
de execução, por outro fundamento, novamente se poderia intentar a desconsideração.
Ocorre que existem entendimentos jurisprudenciais que compreenderiam por preclusa a
matéria, como o próprio entendimento disponibilizado pela ANAMATRA:

Do ponto de vista processual, a opção pelo pedido de desconsideração da personalidade


jurídica da empresa desde a petição inicial, contudo, deve ser adotada com cautela, por
dois motivos em especial. O primeiro deles porque a instrução processual trabalhista,
como regra, já abrange uma quantidade significativa de fatos a serem instruídos, não
sendo raros que se resolvam as demandas pela improcedência das pretensões em es-
pecial em razão de carência de provas. O risco que a parte corre nesse caso é que a
inclusão seja precipitada e se perca no meio de outros fatos e institutos a serem apre-
ciados e produzidas prova a respeito, redundando numa sentença de improcedência ao
final que fará coisa julgada e inviabilizará o manejo do incidente em fase posterior.

(Disponível em: http://www.amatra9.org.br/opiniao-incidente-de-desconsideracao-da-personalidade-juridi-


ca-no-processo-do-trabalho-apos-a-reforma/)

Destarte, a questão estava no ponto de processo civil, o que atrai os pontos de preclusão e
coisa julgada! Nessa linha, trazendo a baila entendimento do STJ, a Quarta Turma do Su-
perior Tribunal de Justiça (STJ) afastou a aplicação da teoria da desconsideração da per-
sonalidade jurídica em ação de execução originada de sentença que, de forma expressa,
havia excluído os sócios de uma empresa do processo de indenização (REsp 1473782).
Entretanto, nesse mesmo julgamento, houve um voto (Min. Maria Isabel Gallotti) que ,ainda
que tenha acompanhado o relator na decisão, ao final pontuou:

Penso que seria possível a desconsideração da personalidade em fase de execução,


se fosse baseada em fatos posteriores não apreciados na fase de conhecimento. Por
exemplo, se se alegasse, no curso da execução em face da empresa, que os sócios
estavam desviando o patrimônio da pessoa jurídica para se furtar ao cumprimento da
obrigação da sociedade. Assim sendo, não se poria essa questão de preclusão e coisa
jugada porque seria uma outra alegação não apreciada na fase de conhecimento. Pre-
tende-se, como bem esclarecido no voto do Relator, obter um rejulgamento daquilo que
já fora rejeitado na fase de conhecimento.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Contudo, não há jurisprudência relevante sobre o tema, mas somente a passagem de um


voto no STJ, destoando com o entendimento fixado pela corte! Logo, o entendimento do
examinador diverge do entendimento do STJ e daquele fixado pela melhor doutrina e ju-
risprudência.
Diga-se que a alternativa “b” se mostra a mais correta, tendo em vista que o inciso II do
art. 790 fixa a responsabilidade secundária dos sócios, atraindo os requisitos de lei, como
a observância do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Sendo assim,
postula-se a alternação do gabarito para alternativa “b” ou a anulação da questão.

78. Por petição dirigida ao juízo que proferiu a sentença, Caio pretende a declaração de
nulidade da intimação da decisão, afirmando que, surpreendentemente, o ato foi diri-
gido a advogado que não mais o representava, indicando, inclusive, as folhas dos autos
em que se encontrava oportunamente juntado o substabelecimento sem reserva de
poderes e outras intimações em nome dos atuais patronos. Diante do ocorrido, reque-
reu que fosse realizada nova intimação, desta feita em nome de seu regular patrono, a
fim de que novo prazo lhe fosse concedido para interposição do recurso cabível.
Considerando corretas as informações de Caio, deverá o juízo:
a. indeferir o requerimento e, se for o caso, certificar o trânsito em julgado;
b. obrigatoriamente dar vista à parte contrária antes de decidir sobre o requerimento;
c. anular o ato, publicando novamente a sentença;
d. proceder à nova e, desta feita, correta intimação da sentença;
e. chamar o feito à ordem e reabrir o prazo para a interposição de eventual recurso.

Letra d.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “a”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Conforme o CPC:

Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.

Ademais:

Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. (Grifos nossos.)

Ainda, a jurisprudência do TST (Súmula 427) é no sentido de que, existindo pedido ex-
presso para que as intimações sejam realizadas em nome de determinado advogado, a
comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula. Nesse caso,

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

houve substabelecimento sem reservas, portanto o ato deveria ter ocorrido na pessoa do
advogado substabelecido.
Deve-se proceder em nova intimação da sentença.
Precedente: RR-1393-68.2012.5.04.0303

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “d”
FUNDAMENTAÇÃO: A questão indica que houve substabelecimento sem reservas de po-
deres nos autos e a intimação da sentença foi feita em nome de advogado que não mais
representava a parte. Após o substabelecimento, todas as intimações foram realizadas
em nome dos patronos atuais, logo se requereu a nulidade e reabertura de prazo. A banca
buscou que fosse indicada a alternativa cabível, indicando a veracidade das informações
prestadas. A alternativa “a”, indicada como correta, considerou que no caso o pedido deve-
ria ser indeferido e, sendo o caso, certificado o trânsito em julgado.
Tal entendimento diverge da melhor doutrina e jurisprudência.Veja-se:

Configura nulidade absoluta, por cerceamento do direito de defesa, a intimação realizada


em nome de advogado que, em momento processual anterior, substabeleceu, sem reser-
vas, os poderes conferidos pela parte a novos causídicos (AgInt no REsp 1.402.939/SP).

Houve violação do § 2º do art. 272 do CPC:

Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações
pela publicação dos atos no órgão oficial.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das
partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advo-
gados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.

Na mesma linha o CPC, no seu art. 280, indica:

Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.

Ainda, a jurisprudência do TST (Súmula 427) diz:

SÚMULA Nº 427. INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO


EM NOME DE ADVOGADO DIVERSO DAQUELE EXPRESSAMENTE INDICADO.
NULIDADE.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas ex-


clusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro
profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

Ressalta-se que a súmula fala em pluralidade de advogados, que no caso sequer seria
concebida, porque o substabelecimento sem reservas constitui renúncia do advogado aos
poderes da procuração, sendo inexistente qualquer ato que porventura venha futuramente
a praticar no feito! Só é admitida a intimação em nome de advogado substabelecente se
existe reservas de poderes. Nesse sentido, STJ:

Intimação. Substabelecimento. Cerceamento de defesa. Precedentes da Corte.


1. Pertinente a intimação em nome de um dos advogados constituídos, não sendo ne-
cessária a indicação do advogado substabelecido quando existe reserva de poderes,
uns e outros têm escritório na comarca em que tramita o feito, não há pedido expresso
para que as intimações se façam em nome do substabelecido e todos continuaram a pe-
ticionar em conjunto nos autos. 2. Recurso especial não conhecido (REsp 604.798/CE,
Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJU 19.06.06)

Sendo assim, busca-se a alteração do gabarito para que conste a alternativa “d” como correta.

79. Quanto aos honorários advocatícios sucumbenciais, é correto afirmar que:


a. o princípio da sucumbência sempre deverá ser utilizado como critério determinante
para a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios;
b. nas causas em que o valor da condenação se revelar elevado ou for irrisório, poderá
o julgador fixar honorários advocatícios por apreciação equitativa;
c. a sentença que liminarmente julgar a pretensão improcedente, na forma do Art. 332
do Código de Processo Civil, deve condenar a parte autora sucumbente em honorá-
rios advocatícios;
d. nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor e nas ações
civis públicas, a condenação da parte autora, sucumbente, em honorários advocatí-
cios, somente ocorrerá se comprovada a má-fé;
e. a condenação em honorários advocatícios não depende de pedido expresso na peti-
ção inicial. Assim, mesmo que omissa a sentença quanto aos honorários advocatí-
cios, o advogado da parte vencedora poderá exigi-los na execução.

Letra d.
Para resolver esta questão, é necessário conhecer a lei seca.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

CDC, Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento
de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem con-
denação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados,
custas e despesas processuais. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidaria-
mente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo
da responsabilidade por perdas e danos.

Lei n. 7.347/1985, Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condena-
ção da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas
e despesas processuais. (Redação dada pela Lei n. 8.078, de 1990)

80. Quanto aos incidentes na execução, é correto afirmar que:


a. os embargos à arrematação constituem meio idôneo para desconstituir a arremata-
ção, desde que opostos antes da assinatura do auto;
b. somente por ação autônoma poderá o executado invalidar a arrematação, quando
comprovada a quitação integral do crédito exequendo em data anterior ao leilão;
c. por simples petição, poder-se-á pretender que a arrematação seja invalidada, desde
que provocado o juiz em até dez dias contados do aperfeiçoamento da arrematação;
d. em ação autônoma é possível o desfazimento da arrematação, mesmo que o arrema-
tante não tenha dado causa ou contribuído para a invalidação da alienação forçada;
e. o interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá apresentar seu
pedido após o início do segundo leilão, desde que, não sendo o lance vil, a proposta
contenha oferta de pagamento de pelo menos 25% do valor do lance à vista e o res-
tante parcelado em até trinta meses.

Letra c.
Para responder a esta questão, é necessário conhecer os arts. 895 e 903 do CPC.

Art. 895. O interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá apresentar,


por escrito:
I – até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem por valor não inferior ao
da avaliação;
II – até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem por valor que não seja
considerado vil.
Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo arre-
matante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável,
ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado ou a ação au-

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

tônoma de que trata o § 4º deste artigo, assegurada a possibilidade de reparação pelos


prejuízos sofridos.
§ 1º Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no
entanto, ser:
I – invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício;
II – considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804;
III – resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução.
§ 2º O juiz decidirá acerca das situações referidas no § 1º, se for provocado em até
10 (dez) dias após o aperfeiçoamento da arrematação.
§ 3º Passado o prazo previsto no § 2º sem que tenha havido alegação de qualquer das
situações previstas no § 1º, será expedida a carta de arrematação e, conforme o caso, a
ordem de entrega ou mandado de imissão na posse.
§ 4º Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da
arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante
figurará como litisconsorte necessário.
§ 5º O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente devolvido
o depósito que tiver feito:
I – se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame não
mencionado no edital;
II – se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o executado
alegar alguma das situações previstas no § 1º;
III – uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4º deste arti-
go, desde que apresente a desistência no prazo de que dispõe para responder a essa
ação.§ 6º Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a suscitação infundada de
vício com o objetivo de ensejar a desistência do arrematante, devendo o suscitante ser
condenado, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos, ao pagamento de
multa, a ser fixada pelo juiz e devida ao exequente, em montante não superior a vinte por
cento do valor atualizado do bem. (Grifos nossos.)

81. Quanto às regras pertinentes à competência do órgão judicante, à luz da jurisprudência,


é correto afirmar que:
a. não se analisará a ocorrência de conexão ou continência quando suscitadas em exce-
ção de incompetência relativa;
b. em caso de indeferimento de tutela antecipada requerida em caráter antecedente, o
processo principal deverá sofrer livre distribuição, não estando prevento o juízo que
recebeu petição inicial cujo requerimento se limitava à antecipação de tutela;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

c. o princípio do venire contra factum proprium veda o comportamento contraditório da


parte. E, em sendo assim, não deverá o juízo analisar a alegação de incompetência
absoluta em razão da matéria formulada pela parte autora, após fase instrutória que
não lhe favoreça;
d. qualquer das partes pode pretender a modificação de competência relativa, sendo
possível que o órgão jurisdicional, ciente da existência de ação conexa, conheça da
questão de ofício. Quanto à incompetência relativa, pode suscitá-la o réu ou o Minis-
tério Público, este apenas na condição de parte ré;
e. a exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual pró-
prio para sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por
conexão ou continência, poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido
julgada e esteja em execução, mas haja nítida relação de prejudicialidade, como nos
casos de ação anulatória de débito fiscal e execução fiscal.

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. Não há mais exceção de incompetência, visto que o CPC/2015 trata da matéria
como preliminar de contestação (art. 337, II, do CPC).
b. Errada. O pedido de tutela é requerido no mesmo processo em que o pedido principal.
Não haverá nova distribuição, uma vez que a tutela já é analisada pelo juiz competente
para a causa (art. 299, CPC).
c. Certa. Veja:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. VIOLAÇÃO AO ART. 535,


I E II, DO CPC/73. INOCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊN-
CIA. PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS.
PRECLUSÃO. DESISTÊNCIA DA PRODUÇÃO DA PROVA TÉCNICA. IMPOSSIBILI-
DADE DE IRRESIGNAÇÃO. VEDAÇÃO AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO.
PROVA ORAL. DESNECESSIDADE. DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA SUFICIENTES
AO DESLINDE DA CONTROVÉRSIA. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. QUESTÃO JÁ DECIDIDA EM MOMENTO ANTERIOR. ES-
COLHA DO FORO PELOS AUTORES E INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO PRETENDEN-
DO A MANUTENÇÃO DO FORO DO JUÍZO SENTENCIANTE. PRINCÍPIO DO NON
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. 1- Ação distribuída em 27/4/2005. Recursos
especiais interpostos em 17/8/2015 e 21/9/2015 e atribuídos à Relatora em 12/12/2016.
2- O propósito recursal é, além de definir se houve negativa de prestação jurisdicional,
verificar se houve vício de intimação em decisão que teria facultado às partes prazo

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

adicional para depósito dos honorários periciais, se houve cerceamento de defesa e


prematuro encerramento da atividade instrutória e, ainda, se houve o julgamento por
juízos absolutamente incompetentes. 3- Ausentes os vícios elencados no art. 535, I e II,
do CPC/73, e tendo o acórdão recorrido enfrentado, detalhadamente, todas as questões
relevantes para o desfecho da controvérsia, não há que se falar em negativa de presta-
ção jurisdicional. 4- Em virtude da preclusão temporal, é inadmissível a apresentação de
pedido de ajustes nos quesitos formulados pelo juízo quase 03 anos após a prolação da
decisão saneadora. 5- A inexistência de depósito dos honorários periciais, a despeito das
sucessivas intimações para esse fim, acarreta a preclusão do direito à produção prova
pericial, sobretudo quando se verifica que a parte a quem cabia antecipar os honorários
pronunciou-se expressamente pela desnecessidade da prova técnica e pela possibilida-
de de julgamento do feito com base nas provas documentais apresentadas. 6- A regra de
intimação pessoal do art. 267, §1º, do CPC/73, visa salvaguardar o direito da parte em
função de desídia, omissão ou negligência do patrono, podendo ser flexibilizada, todavia,
nas hipóteses em que a parte advoga em causa própria ou naquelas em que é induvido-
sa a intenção da própria parte em descumprir a determinação judicial ou procrastinar o
andamento do processo. 7- Cabe ao juiz examinar a pertinência e a utilidade da ampla
dilação probatória, podendo dispensar a produção da prova oral e a designação de au-
diência de instrução quando os fatos essenciais ao desfecho da controvérsia estiverem
suficientemente esclarecidos por documentos, por laudos técnicos produzidos pelas par-
tes e pela prova testemunhal colhida em audiência de justificação prévia. 8- O recurso
especial deve preencher o pressuposto específico do prequestionamento, ainda que se
trate de matéria de ordem pública. Precedentes. 9- A parte que escolhe o foro da propo-
situra da ação e que recorre da decisão que declinou da competência de ofício não pode,
posteriormente, pugnar pela modificação da competência territorial por ela própria fixada
e defendida, em virtude da proibição de comportamento contraditório e do princípio do
non venire contra factum proprium. 10- Recurso especial parcialmente conhecido e, na
parte conhecida, desprovido (REsp n. 1.619.289/MT, relatora Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, julgado em 7/11/2017, DJe de 13/11/2017.) (Grifos nossos.)

d. Errada.

Art. 65, Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Pú-
blico nas causas em que atuar. O ministério atua como parte ou como fiscal da ordem
jurídica. Nos casos de arguição como fiscal, por exemplo, deve demonstrar que existe
prejuízo para o incapaz, mas é possível a arguição se assim for feito. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. Errada. Veja:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo
se um deles já houver sido sentenciado. (Grifos nossos.)

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A banca considerou correta a alternativa “e”, a qual indica que “a
exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual próprio para
sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por conexão ou
continência poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido julgada e esteja em
executação [...]”
Destaca-se dois erros na alternativa:
1. Não existe mais exceção de incompetência, conforme CPC/2015. Atualmente a matéria
é suscitada em preliminar de contestação (arts. 64 e 337, II, do CPC);
2. Não é possível um debate sobre conexão ou continência se uma das ações já foi julgada.
Veja-se:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.

Não se pode esquecer que, ainda que seja um concurso para magistratura do trabalho, as
questões estavam na disciplina de Direito Processual Civil, devendo seguir o entendimento
da matéria!
Diga-se que todas as demais alternativas possuem erros, razão pela qual postula-se a
anulação da questão.
Nota final sobre a alternativa “c” [extra]: quanto à alternativa “c” indicada no nosso gabarito
extraoficial, ainda que possua precedente que indique o comportamento da parte, que fe-
riria o princípio do non venire contra factum proprium, ela se encontra amparada em com-
petência territorial que excepcionalmente é concebida como competência absoluta (art. 47,
§2º, do CPC).

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. VIOLAÇÃO AO ART. 535, I


E II, DO CPC/73. INOCORRÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. PRE-
CLUSÃO. DESISTÊNCIA DA PRODUÇÃO DA PROVA TÉCNICA. IMPOSSIBILIDADE

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

DE IRRESIGNAÇÃO. VEDAÇÃO AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. PRO-


VA ORAL. DESNECESSIDADE. DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA SUFICIENTES AO
DESLINDE DA CONTROVÉRSIA. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. AUSÊNCIA DE PRE-
QUESTIONAMENTO. QUESTÃO JÁ DECIDIDA EM MOMENTO ANTERIOR. ESCO-
LHA DO FORO PELOS AUTORES E INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO PRETENDENDO A
MANUTENÇÃO DO FORO DO JUÍZO SENTENCIANTE. PRINCÍPIO DO NON VENIRE
CONTRA FACTUM PROPRIUM.1- Ação distribuída em 27/4/2005. Recursos especiais
interpostos em 17/8/2015 e 21/9/2015 e atribuídos à Relatora em 12/12/2016.2- O pro-
pósito recursal é, além de definir se houve negativa de prestação jurisdicional, verificar
se houve vício de intimação em decisão que teria facultado às partes prazo adicional
para depósito dos honorários periciais, se houve cerceamento de defesa e prematuro
encerramento da atividade instrutória e, ainda, se houve o julgamento por juízos abso-
lutamente incompetentes.3- Ausentes os vícios elencados no art. 535, I e II, do CPC/73,
e tendo o acórdão recorrido enfrentado, detalhadamente, todas as questões relevantes
para o desfecho da controvérsia, não há que se falar em negativa de prestação jurisdi-
cional.4- Em virtude da preclusão temporal, é inadmissível a apresentação de pedido
de ajustes nos quesitos formulados pelo juízo quase 03 anos após a prolação da de-
cisão saneadora.5- A inexistência de depósito dos honorários periciais, a despeito das
sucessivas intimações para esse fim, acarreta a preclusão do direito à produção prova
pericial, sobretudo quando se verifica que a parte a quem cabia antecipar os honorários
pronunciou-se expressamente pela desnecessidade da prova técnica e pela possibilida-
de de julgamento do feito com base nas provas documentais apresentadas.6- A regra de
intimação pessoal do art. 267, §1º, do CPC/73, visa salvaguardar o direito da parte em
função de desídia, omissão ou negligência do patrono, podendo ser flexibilizada, todavia,
nas hipóteses em que a parte advoga em causa própria ou naquelas em que é induvi-
dosa a intenção da própria parte em descumprir a determinação judicial ou procrastinar
o andamento do processo.7- Cabe ao juiz examinar a pertinência e a utilidade da ampla
dilação probatória, podendo dispensar a produção da prova oral e a designação de au-
diência de instrução quando os fatos essenciais ao desfecho da controvérsia estiverem
suficientemente esclarecidos por documentos, por laudos técnicos produzidos pelas par-
tes e pela prova testemunhal colhida em audiência de justificação prévia.8- O recurso
especial deve preencher o pressuposto específico do prequestionamento, ainda que se
trate de matéria de ordem pública.Precedentes.9- A parte que escolhe o foro da proposi-
tura da ação e que recorre da decisão que declinou da competência de ofício não pode,
posteriormente, pugnar pela modificação da competência territorial por ela própria fixada
e defendida, em virtude da proibição de comportamento contraditório e do princípio do
non venire contra factum proprium.10- Recurso especial parcialmente conhecido e, na

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

parte conhecida, desprovido(REsp n. 1.619.289/MT, relatora Ministra Nancy Andrighi,


Terceira Turma, julgado em 7/11/2017, DJe de 13/11/2017.)

Contudo, o enunciado indica que a incompetência absoluta seria em razão da matéria,


que é cognoscível a qualquer tempo e grau de jurisdição, podendo, ainda que não alegada
por qualquer das partes, ser reconhecida de ofício pelo juiz. Se houver vício no processo
referente à competência absoluta, isso acarreta uma nulidade absoluta do processo. Logo,
mesmo depois de trânsito em julgado, se no prazo de dois anos for identificada a incompe-
tência absoluta, é possível desconstituí-la em ação rescisória.
Portanto, a sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida, quando profe-
rida por juiz impedido ou absolutamente incompetente, caso em que seria altamente criti-
cável a alternativa, como já tínhamos indicado no comentário do gabarito.

82. O atual Código de Processo Civil dedica alguns artigos ao que denominou Normas Fun-
damentais do Processo, demonstrando, inclusive, o fenômeno da constitucionalização
do direito processual.
Nesse cenário, é correto afirmar que:
a. o processo civil rege-se pelo princípio dispositivo e o processo começa e se desen-
volve apenas por iniciativa da parte;
b. sob pena de malferir o princípio da imparcialidade, o juiz não deve apontar às partes
eventuais deficiências formais do processo para permitir as devidas correções;
c. embora as partes tenham o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do processo (CPC, Art. 4º), nosso direito processual civil não admite o contraditó-
rio diferido;
d. a proibição de decisão surpresa, conforme previsto no Art. 10 do Código de Processo
Civil, não se aplica quando a matéria sobre a qual o juiz deva decidir seja de ordem
pública ou possa ser conhecida de ofício;
e. ao alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu, em sintonia com os princípios da prima-
zia da decisão de mérito, da cooperação e da boa-fé processual, indicar, sempre que
tiver conhecimento, o sujeito passivo da relação jurídica discutida

Letra e.
a. Errada. Princípio dispositivo possui exceções em lei (art. 2º, CPC).
b. Errada. Conforme art. 6º do CPC, o juiz colabora para com as partes e há primazia na
decisão de mérito (arts. 4º c/c 317, CPC).
c. Errada. Conforme art. 9º, parágrafo único, do CPC, há indicação de contraditório diferido/
postergado/postecipado. Casos:

I – à tutela provisória de urgência;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;


III – à decisão prevista no art. 701.

d. Errada. Pois é aplicado, ainda que seja matéria de ordem pública.


e. Certa. Conforme art. 339 do CPC.

DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO

Alice Rocha

83. Com relação à internalização de tratados internacionais de direitos humanos e Conven-


ções da OIT, é correto afirmar que:
a. todos os tratados internacionais que abarcam normas materialmente constitucionais
são equivalentes às normas formalmente constitucionais, portanto, o controle con-
centrado de constitucionalidade é o que analisa a compatibilidade da lei com a norma
contida em qualquer tratado internacional vigente no Brasil;
b. a produção legislativa nacional deve observar a dupla compatibilidade vertical mate-
rial, ou seja, deve respeitar a Constituição da República de 1988, bem como os trata-
dos internacionais de direitos humanos ratificados e em vigor no Brasil;
c. a contrariedade de nova lei com qualquer tratado internacional vigente no Brasil é
passível de controle concentrado de convencionalidade;
d. a compatibilidade entre lei e tratados internacionais de direitos humanos, incluindo
Convenções da OIT, se dá por meio de controle difuso de convencionalidade apenas
se forem equivalentes a emenda constitucional;
e. o princípio internacional pro homine não se aplica no plano interno, pois não tem rela-
ção com o princípio da dignidade da pessoa humana ou o princípio da prevalência
dos direitos humanos.

Letra b.
a. Errada. Nem todo tratado materialmente constitucional será formalmente constitucional,
sendo necessária a sua aprovação, conforme art. 5º, § 3º, da CF/1988.
b. Certa. Efetivamente a produção legislativa nacional deve efetuar o duplo controle: de
convencionalidade e de constitucionalidade.
c. Errada. O controle concentrado só seria efetuado em relação aos tratados equivalentes
às emendas constitucionais.
d. Errada. O controle difuso dos tratados deve ser efetuado em relação a todos e não ape-
nas aos equivalentes à emenda constitucional.
e. Errada. O princípio pro homine deve ser observado tanto no âmbito interno quanto no
âmbito internacional, sendo diretamente ligado ao princípio da dignidade humana, por prio-
rizar a norma mais benéfica para o alcance desta dignidade.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

84. Com relação às Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), é correto


afirmar que:
a. são tratados particulares, discutidos, aprovados e assinados exclusivamente por
representantes dos Estados;
b. visam apenas à fixação de vantagens, prestações e contraprestações recíprocas,
como outros tratados internacionais;
c. buscam universalizar as normas de proteção ao trabalho, com a incorporação no
direito interno dos Estados-membros;
d. têm destinatários certos e a adesão só pode se dar no momento da aprovação da
Convenção em Assembleia Geral;
e. o descumprimento de uma convenção da OIT por alguma das partes prejudica o cum-
primento pelas demais, uma vez que compromete a execução do tratado como um todo

Letra c.
a. Errada. As Convenções da OIT possuem a particularidade de poderem ser aprovadas
por representantes do modelo tripartite defendido pela Organização.
b. Errada. A palavra “apenas” torna a alternativa incorreta, tendo em vista que tais Convenções
têm uma pretensão muito mais ampla do que a discussão de particularidades entre as partes.
c. Certa. Efetivamente, as Convenções da OIT buscam expandir a implementação dessas
normas de proteção ao trabalho ao estabelecer inclusive padrões mínimos para os Estados
e demais envolvidos.
d. Errada. A qualquer momento as partes podem aderir às Convenções da OIT.
e. Errada. O descumprimento por uma das partes não retira a responsabilidade das demais
em dar prosseguimento ao cumprimento do tratado.

85. “A merendeira desce, o ônibus sai


Dona Maria já se foi, só depois é que o Sol nasce
De madruga é que as aranha tece no breu
E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu
E o Sol só vem depois
O Sol só vem depois”
Emicida, 2019

Profissões relacionadas ao trabalho reprodutivo (trabalho doméstico e de cuidado) são


preponderantemente ocupadas por mulheres, tais como: auxiliares na área de saúde,
trabalhadoras domésticas, professoras no ensino infantil, babás, cuidadoras de idosos
ou pessoas doentes, trabalhadoras na área de limpeza e conservação. O trabalho re-
produtivo é o que assegura a vida e a reprodução social – já parou para pensar quantas
pessoas cuidaram para que você pudesse fazer esta prova hoje?

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

No entanto, em geral, são profissões desvalorizadas e com baixa remuneração. Segundo


dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), rea-
lizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 4º trimestre de 2021,
5,7 milhões de pessoas estavam ocupadas em trabalhos domésticos, das quais 92% são
mulheres, das quais 65% são negras; 4,2 milhões trabalhavam sem carteira assinada.
À luz da Convenção sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhado-
res Domésticos (n. 189) da OIT, é correto afirmar que:
a. trabalho doméstico é aquele executado em ou para um ou mais domicílios, como ocu-
pação profissional e de forma não ocasional ou esporádica, no marco de uma relação
de trabalho;
b. o conceito de trabalho doméstico na Convenção n. 189 tem como requisito a pres-
tação de serviços por mais de dois dias na semana no âmbito residencial de pessoa
ou família;
c. trabalho doméstico é aquele prestado sem objetivo de lucro em ambiente familiar e,
por isso, não há exigência de idade mínima;
d. trabalho doméstico não visa ao lucro nem tem caráter profissional e, por isso, não
enseja medidas que assegurem a segurança e a saúde no ambiente de trabalho;
e. no contrato de trabalho doméstico, é possível que o empregador retenha os docu-
mentos de viagem e de identidade do trabalhador ou trabalhadora migrante

Letra a.
a. Certa. O examinador congregou todos os pontos do art. 1º da Convenção 189. Veja:

Artigo 1. Para o propósito desta Convenção:


a. o termo “trabalho doméstico” designa o trabalho executado em ou para um domicílio
ou domicílios;
b. o termo “trabalhadores domésticos” designa toda pessoa, do sexo feminino ou mascu-
lino, que realiza um trabalho doméstico no marco de uma relação de trabalho;
c. uma pessoa que executa o trabalho doméstico apenas ocasionalmente ou espora-
dicamente, sem que este trabalho seja uma ocupação profissional, não é considerada
trabalhador doméstico.

b. Errada. Não há estabelecimento de quantitativo de dias para configurar o trabalho do-


méstico na Convenção 189.
c. Errada. O trabalho doméstico deve ser uma ocupação profissional e os Estados se com-
prometem, de acordo com o art. 4º da Convenção, a estabelecer uma idade mínima.
d. Errada. Pela definição do art. 1º, o trabalho doméstico é estabelecido em uma relação de
trabalho, e no art. 13, os Estados se comprometem a implementar regras de segurança e
saúde no ambiente de trabalho.
e. Errada. De acordo com o art. 9º, não é possível reter tais documentos. Pelo contrário, o
Estado deve assegurar que estes fiquem em posse do empregado doméstico.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

86. Considerando as normas de Direito Internacional e Comunitário, é correto afirmar que:


a. o Brasil é membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas não se sub-
mete à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH);
b. empregado contratado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para prestar ser-
viços no Brasil terá o mérito de sua reclamação trabalhista apreciado pela Justiça do
Trabalho brasileira;
c. não será apreciada pela Justiça brasileira, tendo em vista a imunidade de jurisdição,
reclamação trabalhista de trabalhadora doméstica que presta serviços em residência
de embaixadora com representação no Brasil;
d. a pessoa imigrante sem visto ou passaporte, encontrada em trabalho em condição
análoga à de escravo em território nacional, não tem direito à autorização de residên-
cia no Brasil, devendo ser deportada imediatamente, pois não detém nenhum direito
trabalhista ou humanitário;
e. são objetivos estratégicos da Agenda de Trabalho Decente da OIT: aplicar os prin-
cípios e direitos fundamentais no trabalho; promover as oportunidades de trabalho
e renda decentes para homens e mulheres; adotar e ampliar medidas de proteção
social; promover o diálogo social e tripartismo.

Letra e.
a. Errada. Sendo membro da OEA e parte da Convenção Americana, o Brasil admite o tra-
balho de monitoramento e controle da Comissão e da Corte Interamericanas.
b. Errada. Funcionários de Organizações Internacionais devem ter suas causas trabalhis-
tas regidas pelos órgãos da própria organização por força da imunidade de jurisdição esta-
belecida em acordos específicos com o Brasil.
c. Errada. Reclamações trabalhistas contra Embaixadas e Consulados não gozam de imu-
nidade absoluta de jurisdição brasileira.
d. Errada. A Lei n. 13.445/2017 admite a autorização de residência a pessoa que tenha
sido vítima de tráfico de pessoas, trabalho escravo ou violação de direito agravada por sua
condição migratória (art. 30, II, g).
e. Certa. Efetivamente, estes são os objetivos estratégicos da Agenda de Trabalho Decente
da OIT, sendo retomados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) defini-
dos pelas Nações Unidos, sobretudo o ODS 8.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

87. Segundo dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE), 2.575 pessoas foram resgatadas de trabalho em condições análogas
às de escravo no Brasil.
Recentemente, um grupo de mais de 200 trabalhadores foi resgatado em Bento Gon-
çalves/RS, sendo que 198 deles eram provenientes do Estado da Bahia. O grupo foi
contratado para trabalhar na safra da uva e foi encontrado em um alojamento em con-
dições precárias. De acordo com o levantamento do grupo de fiscalização, as pesso-
as eram submetidas a ameaças e agressões, bem como a restrição da liberdade no
local e a jornada exaustiva, além de terem contraído dívidas em razão de transporte e
alimentação.
Diversos tratados internacionais que guardam relação com a eliminação do trabalho
forçado ou em condição análoga à escravidão estão em vigência no Brasil, EXCETO:
a. Convenção sobre Trabalho Forçado ou Obrigatório (n. 29), adotada pela OIT (1930);
b. Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU (1948);
c. Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado (n. 130), adotada pela OIT (1957);
d. Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil (n. 182), ado-
tada pela OIT (1999);
e. Protocolo à Convenção sobre o Trabalho Forçado (P029), adotado pela OIT (2014).

Letras b, c, e.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso, sendo
passível a sua anulação (veja a fundamentação do professor após o comentário).
a. Errada. A Convenção sobre Trabalho Forçado ou Obrigatório (n. 29) foi adotada pela OIT
em 1930 e ratificada pelo Brasil em 25/04/1957.
b. Certa. A Declaração Universal não possui força de tratado e, portanto, não pode estar
“em vigor” no Brasil.
c. Certa. Existe um erro material nesta alternativa visto que a Convenção sobre a Abolição
do Trabalho Forçado não é a de n. 130 e sim a de n. 105. Isto torna a alternativa possível
de marcação pelo fato de o enunciado solicitar o item incorreto.
d. Errada. A Convenção sobre Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil (n. 182) foi
adotada pela OIT em 1999 e ratificada pelo Brasil em 02/02/2000.
e. Certa. Efetivamente, o Brasil não ratificou o Protocolo de 2014 relativo à Convenção so-
bre o Trabalho Forçado de 1930.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pela Profª. Cristiny Rocha: Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: Esta questão admite recurso por apresentar mais de uma alternativa
válida. O enunciado da questão questiona qual o tratado internacional que guarda rela-
ção com a eliminação do trabalho forçado ou em condição análoga à escravidão que não
estaria em vigor no Brasil. Sendo assim, efetivamente a letra “e” apresenta um Protocolo
que não foi ratificado pelo Brasil e, portanto, não está em vigor para este Estado. Toda-
via, a letra “b” apresenta a Declaração Universal de Direitos Humanos, que não pode ser
considerada um tratado em vigor por não ter natureza de tratado, mas, sim, de Resolução
aprovada perante a Assembleia Geral da ONU em 1948. Para corroborar a necessidade
de anulação da questão, a letra “c” apresenta um erro material ao numerar a Convenção
sobre a Abolição do Trabalho Forçado como de n. 130, quando na realidade trata-se da
Convenção de n. 105.

88. “Amou daquela vez como se fosse máquina


Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado”
Chico Buarque, 1971

No mesmo ano em que o Brasil foi tricampeão mundial no futebol (1970), foi também
campeão mundial no número de acidentes de trabalho.
O número de acidentes de trabalho e de óbitos deles decorrentes ainda é alto no Bra-
sil, e especialistas afirmam que o índice de subnotificação esconde um volume ainda
maior. A segurança e a medicina no trabalho são, portanto, essenciais para garantir a
vida saudável e produtiva de quem trabalha.
Sobre a proteção internacional quanto à saúde e medicina do trabalho, é correto
afirmar que:
a. o Brasil ratificou tanto a Convenção sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores (n.
155) quanto a Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocu-
pacional (n. 187);
b. embora o assunto saúde e medicina seja relevante, ele ainda não é considerado um
direito fundamental pela OIT;
c. o princípio de um ambiente de trabalho seguro e saudável recentemente passou a
ser considerado uma das cinco categorias de Princípios e Direitos Fundamentais no
Trabalho pela OIT;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

d. como a Convenção n. 155 não foi ratificada pelo Brasil, o Estado brasileiro não está
comprometido a respeitá-la nem a promovê-la;
e. a Convenção n. 187 foi ratificada pelo Brasil, mas o Estado brasileiro não a vem
respeitando.

Letra c.
a. Errada. O Brasil ratificou a Convenção n. 155 em 18/05/1992, mas não ratificou a Conven-
ção n. 187 (Convenção do Quadro Promocional para a Segurança e Saúde Ocupacional).
b. Errada. A OIT acrescentou Segurança e Saúde aos princípios e direitos fundamentais
pela Convenção n. 155.
c. Certa. A OIT acrescentou Segurança e Saúde aos princípios e direitos fundamentais no
trabalho como quinto Direito de Todos os Trabalhadores pela Convenção n. 155.
d. Errada. A Convenção n. 155 foi ratificada pelo Brasil em 18/05/1992.
e. Errada. A Convenção n. 187 não foi ratificada pelo Brasil.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Fernando Maciel

89. João ajuizou ação trabalhista contra a empresa em que laborava, como vendedor
externo, pleiteando a conversão da justa causa em despedida imotivada e o pagamento
de verbas trabalhistas. Por ocasião da sentença, houve a reversão da justa causa para
despedida imotivada, além da condenação ao pagamento das parcelas salariais e inde-
nizatórias.
Com base no relato acima, considerando a Lei n. 8.212/1991 e a jurisprudência domi-
nante no Superior Tribunal de Justiça, haverá a incidência de contribuição previdenciá-
ria na seguinte parcela recebida pelo trabalhador:
a. aviso prévio indenizado;
b. terço constitucional de férias indenizadas;
c. horas extras;
d. diárias para viagens;
e. vale-transporte, na forma da legislação própria.

Letra c.
De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, materializada no Tema Repetitivo de n. 687:

As horas extras e seu respectivo adicional constituem verbas de natureza remuneratória,


razão pela qual se sujeitam à incidência de contribuição previdenciária. (Grifos nossos.)

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

90. A respeito dos princípios previdenciários, e considerando a jurisprudência dominante


nos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:
a. o princípio da solidariedade norteia as regras dos sistemas públicos e privados de
previdência social no ordenamento jurídico pátrio, sob a égide de que os indivíduos
têm deveres sociais, independentemente de qualquer contraprestação;
b. a partir do princípio da universalidade de custeio da Previdência Social, justifica-se
a contribuição previdenciária do aposentado que permaneça em atividade ou que
retorne à atividade;
c. diante do caráter contributivo da Previdência Social, não se admite a percepção de
benefício sem a contribuição específica para o regime, mesmo quando a responsabili-
dade pelo recolhimento tenha sido transmitida a pessoa diversa do próprio segurado;
d. o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários garante o rea-
justamento com vistas à preservação apenas do valor nominal obtido no momento de
sua concessão;
e. a partir do princípio da equivalência dos benefícios e serviços prestados às popula-
ções urbanas e rurais, os requisitos para concessão de determinado benefício devem
ser os mesmos entre os trabalhadores urbanos e rurais

Letra b.
Segundo a jurisprudência do STF, ao julgar o RE 437.640, a contribuição previdenciá-
ria do aposentado que retorna à atividade está amparada no princípio da universalidade
do custeio da Previdência Social. Além disso, conforme o Tema de Repercussão Geral
de n. 1.065:

É constitucional a contribuição previdenciária devida por aposentado pelo Regime Geral


de Previdência Social (RGPS) que permaneça em atividade ou a essa retorne.

91. A Constituição da República de 1988 prevê que os benefícios previdenciários não terão
valor mensal inferior ao salário mínimo. Entretanto, essa regra comporta algumas ressalvas.
Dentre as hipóteses abaixo indicadas, o benefício que NÃO poderá ser concedido
em montante inferior ao salário mínimo, conforme a legislação vigente sobre a maté-
ria, é o(a):
a. salário-maternidade de empregada doméstica que recebe salário mensal inferior ao
mínimo legal;
b. auxílio-acidente de empregado que sofreu acidente e que retorna ao trabalho, com
redução de sua capacidade laboral;
c. pensão por morte concedida a cônjuge do de cujus, sem outros dependentes legais;
d. cota-parte do auxílio-reclusão concedido aos dependentes do trabalhador recolhido à
prisão em regime fechado;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. mensalidade paga a empregado aposentado por invalidez e que retorna ao trabalho,


com redução de sua capacidade laboral.

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “a”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
De acordo com o art. 201, § 2º, da CF/1988, nenhum benefício que substitua o salário de
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário
mínimo. O art. 2º, VI, da Lei n. 8.213/1991, positivando os princípios da Previdência Social,
dispõe que o valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição
ou do rendimento do trabalho do segurado não serão inferiores ao do salário mínimo. Des-
sa forma, sendo a pensão por morte um benefício substitutivo da renda dos trabalhadores,
na hipótese de haver apenas um beneficiário, o seu valor não poderá ser inferior ao do
salário mínimo.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Fernando Maciel: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão solicitava a indicação da alternativa que apresentasse
uma hipótese de benefício que não poderia ser concedido no valor abaixo do salário-míni-
mo. Apesar de o gabarito preliminar ter indicado a letra “a”, a alternativa “c” também está
correta ao apontar a pensão por morte concedida a apenas um dependente.
Isso porque, de acordo o art. 201, § 2º, da CF/1988, nenhum benefício que substitua o sa-
lário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo. O art. 2º, VI, da Lei n. 8.213/1991, positivando os princípios da Previdência
Social, dispõe que o valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contri-
buição ou do rendimento do trabalho do segurado não será inferior ao do salário mínimo.
Dessa forma, sendo a pensão por morte um benefício substitutivo da renda dos trabalhado-
res, na hipótese de haver apenas um beneficiário, o seu valor não poderá ser inferior ao sa-
lário mínimo, motivo pelo qual o gabarito oficial merece ser alterado para a letra “c”, ou, en-
tão, a questão merece ser anulada por apresentar duas alternativas consideradas corretas.

92. Após quinze anos de trabalho em UTI hospitalar, Maria foi afastada para gozo de auxílio
por incapacidade temporária em janeiro de 2020, para tratamento da Covid-19 e das
sequelas decorrentes dessa doença. Aposentou-se por incapacidade permanente em
novembro de 2021. Em dezembro de 2022, teve reconhecido na Justiça do Trabalho o
nexo de causalidade da doença com o seu labor.
Com base no relato acima, é correto afirmar, acerca da renda mensal inicial e da com-
petência jurisdicional para discussão sobre essa matéria, que:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

a. a renda mensal inicial da aposentadoria por incapacidade permanente usufruída ini-


cialmente por Maria segue idêntico critério de cálculo utilizado caso decorresse de
acidente de trabalho, não havendo prejuízo financeiro da trabalhadora no particular;
b. Maria deverá ajuizar outra ação contra o empregador na Justiça do Trabalho, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária;
c. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça do Trabalho, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconheci-
mento judicial posterior de sua origem acidentária;
d. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Federal, pleiteando diferen-
ças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
judicial posterior de sua origem acidentária;
e. Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Comum Estadual, pleite-
ando diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reco-
nhecimento judicial posterior de sua origem acidentária.

Letra e.
Segundo o enunciado, após a concessão de sua aposentadoria por incapacidade perma-
nente, Maria teve reconhecida a origem ocupacional de sua incapacidade. Isso significa
que, quando da concessão do benefício, a renda mensal inicial da aposentadoria deferida
administrativamente à Maria foi calculada com base no critério geral previsto no caput do
art. 26 da EC n. 103/2019, observando o coeficiente fixo de 60%, mais 2% para cada ano
que for superado o tempo mínimo de contribuição. Porém, com o posterior reconhecimento
da origem ocupacional de sua incapacidade, o correto teria sido a concessão da aposen-
tadoria com renda de 100%, conforme previsto no art. 26, § 3º, II, da EC n. 103/2019, cir-
cunstância que gerou um prejuízo financeiro à Maria, que teve o seu benefício calculado
com base no critério menos favorável.
Considerando se tratar de um benefício acidentário, com fundamento no art. 109, I, da
CF/1988, bem como na jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores (Súmulas 501
do STF e 15 do STJ), a competência jurisdicional para processar e julgar a ação revisional
da renda mensal do benefício de aposentadoria concedido a Maria será da Justiça Estadual.

93. João laborava em uma propriedade rural, onde cultivam uvas, posteriormente revendi-
das para vinícolas da região. Além de alimentar e cuidar dos poucos animais do local,
também auxiliava no plantio e na colheita das uvas, sempre que necessário. João rece-
bia dois salários mínimos por mês. Quando trabalhava nas parreiras, recebia mais
um salário mínimo. Após cinco anos trabalhando na informalidade, quando mandado
embora pelo novo dono da propriedade, ingressou com ação trabalhista, postulando
o reconhecimento da relação de emprego e o adimplemento de verbas trabalhistas do

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

período contratual. Mesmo sem juntar qualquer documento no processo, na audiência


designada pelo juízo, foi celebrado um acordo entre as partes, em que, ajustada a ano-
tação de três anos do contrato de trabalho na sua carteira profissional, além do paga-
mento de R$ 30.000,00 a título de parcelas salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima e considerando a jurisprudência dominante no Superior Tri-
bunal de Justiça, é correto afirmar, para efeito de futura concessão de aposentadoria
por tempo de contribuição, que:
a. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
de idêntico tempo de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribui-
ções previdenciárias incidentes sobre o valor pago no acordo trabalhista;
b. a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribuições
previdenciárias incidentes sobre as remunerações devidas ao longo do período con-
tratual registrado na CTPS;
c. a anotação do contrato de trabalho na CTPS permite o reconhecimento de idêntico
tempo de serviço rural, independentemente do recolhimento de contribuições previ-
denciárias devidas;
d. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada à produção em ação própria de
prova oral relativa à parte do período contratual restante, permite o reconhecimento
dos cinco anos de serviço rural, independentemente do recolhimento das contribui-
ções previdenciárias;
e. a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada a outros elementos probatórios
convincentes e contemporâneos aos fatos, permite o reconhecimento de até cinco
anos de serviço rural, sem prejuízo do adimplemento das contribuições previdenciá-
rias devidas.

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “e”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
Segundo a jurisprudência do STJ, o tempo de serviço como empregado pode ser compro-
vado e deve ser reconhecido independente da demonstração do recolhimento das contri-
buições, por serem estas de responsabilidade do empregador (AREsp n. 2.208.027, Minis-
tro Sérgio Kukina, DJe de 11/05/2023). Reforçando esse entendimento, o STJ decidiu que,
nos casos em que o INSS não trouxer aos autos qualquer prova que infirme as anotações
constantes na CTPS da parte autora, tais períodos devem ser considerados como tempo
de contribuição/serviço, até porque eventual não recolhimento das contribuições previden-
ciárias devidas nesse período não pode ser atribuído ao segurado, nos termos do art. 30,

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

inciso I, da Lei n. 8.212/1991 (AREsp n. 2.226.368, Ministro Humberto Martins, DJe de


06/03/2023).

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Fernando Maciel: Letra “c” ou Anulação
FUNDAMENTAÇÃO: A questão solicita a indicação da alternativa correta, em conformi-
dade com a jurisprudência do STJ, acerca do reconhecimento do tempo prestado por um
segurado empregado rural para fins de futura aposentadoria por tempo de contribuição.
No enunciado constou que, mediante acordo celebrado perante a Justiça do Trabalho, o
empregador-reclamado reconheceu a prestação de 3 anos de serviços rurais, tanto que
assinou esse período na CTPS do trabalhador-reclamante.
A partir desse contexto fático, a letra “c” também se apresenta como correta pois, segundo
a jurisprudência do STJ, o tempo de serviço como empregado pode ser comprovado e
deve ser reconhecido independente da demonstração do recolhimento das contribuições,
por serem estas de responsabilidade do empregador (AREsp n. 2.208.027, Ministro Sérgio
Kukina, DJe de 11/05/2023). Reforçando esse entendimento, o STJ decidiu que nos casos
em que o INSS não trouxer aos autos qualquer prova que infirme as anotações constantes
na CTPS da parte autora, tais períodos devem ser considerados como tempo de contri-
buição/serviço, até porque eventual não recolhimento das contribuições previdenciárias
devidas nesse período não pode ser atribuído ao segurado, nos termos do art. 30, inciso I,
da Lei n. 8.212/1991 (AREsp n. 2.226.368, Ministro Humberto Martins, DJe de 06/03/2023).
Dessa forma, o gabarito da questão merece ser alterado para letra “c”, ou, então, a questão
merece ser anulada por apresentar duas alternativas consideradas como corretas.

DIREITO EMPRESARIAL

Tácio Muzzi

94. A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como maior
canal de publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na inter-
net. A sociedade YYY, sua concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço
de publicidade paga de um dos provedores de busca mais utilizados pelos usuários da
internet. Com base no uso de certas palavras-chave, dentre elas, a marca registrada da
sociedade XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo
pretendido por ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados.
Sobre o caso, é correto afirmar que:
a. a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em
links patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. a sociedade YYY, devido ao uso indevido de sua marca registrada pela sociedade
XXX, faz jus a indenização por danos morais, sendo necessária a prova do abalo
reputacional sofrido;
c. a sociedade YYY não comete ato ilícito, na medida em que o consumidor é capaz
de reconhecer que o serviço por ela oferecido não se confunde com aquele prestado
pelo seu concorrente, sociedade XXX;
d. a sociedade YYY não comete ato ilícito, pois a contratação de links patrocinados com
o provedor de buscas é lícita, respaldada pelas normas de direito contratual, sendo,
portanto, válida;
e. o uso da expressão “XXX” quando atrelada à expressão “curso de inglês” pela socie-
dade YYY não configura uso indevido da marca e prática de concorrência desleal, na
medida em que não é possível reconhecer o desvio de clientela.

Letra a.
Em decisão recente, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu:

[...] 7. Todavia, infringe a legislação de propriedade industrial aquele que ele como pala-
vra-chave, em links patrocinados, marcas registradas por um concorrente, configurando-
-se o desvio de clientela, que caracteriza ato de concorrência desleal, reprimida pelo art.
195, III e V, da Lei da Propriedade Industrial e pelo art. 10 bis, da Convenção da União
de Paris para Proteção da Propriedade Industrial.
8. Utilizar a marca de um concorrente como palavra-chave para direcionar o consumidor
do produto ou serviço para o link do concorrente usurpador é capaz de causar confusão
quanto aos produtos oferecidos ou a atividade exercida pelos concorrentes. Ainda, a
prática desleal conduz a processo de diluição da marca no mercado e prejuízo à função
publicitária, pela redução da visibilidade. [...] (STJ, Rel. MINISTRO LUIS FELIPE SALO-
MÃO, u., julgado em 23.08.2022).

Ressalto que se trata de decisão inédita, proferida por uma única turma do STJ, não se
tratando, ainda, de jurisprudência de tal corte.

95. Sobre a incorporação de sociedade por ação, é correto afirmar que:


a. na incorporação, uma ou mais sociedades se unem para formar uma sociedade nova;
b. o acionista passa a participar de nova sociedade, desde que consinta quanto ao pro-
cedimento de incorporação;
c. a sociedade sucessora poderá ser companhia aberta ou fechada, ainda que a incor-
porada seja companhia aberta;
d. na incorporação de companhia aberta, o acionista tem o direito ao recesso, mediante
reembolso do valor de suas ações, em casos excepcionais;

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

e. o credor prejudicado terá até noventa dias para requerer judicialmente a anulação da
incorporação, a contar da publicação dos atos relativos à incorporação.

Letra d.
No caso de companhia aberta, o direito de recesso é um pouco mais restrito por conta do
disposto no art. 137 da Lei n. 6.404/1976 (LSA):

Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao
acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor
das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas:
II – nos casos dos incisos IV e V do art. 136, não terá direito de retirada o titular de ação
de espécie ou classe que tenha liquidez e dispersão no mercado, considerando-se haver:
a. liquidez, quando a espécie ou classe de ação, ou certificado que a represente, integre
índice geral representativo de carteira de valores mobiliários admitido à negociação no
mercado de valores mobiliários, no Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Va-
lores Mobiliários; e
b. dispersão, quando o acionista controlador, a sociedade controladora ou outras socie-
dades sob seu controle detiverem menos da metade da espécie ou classe de ação;

Ressalto que a palavra “excepcional” é um pouco forte demais.


a. Errada. Confira o art. 227 da LSA:

Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absor-
vidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (Grifos nossos.)

b. Errada. Embora possa haver direito de recesso ao acionista dissidente, a aprovação da


incorporação se dá por deliberação da Assembleia Geral Extraordinária. Assim, não há que
se falar em “consentimento” do acionista ao procedimento de incorporação, já que deve ser
observado o quórum qualificado previsto no art. 136 da LSA:

Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no míni-


mo, do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto, se maior quórum não
for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação
em bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre: (Redação dada pela Lei n.
14.195, de 2021)
IV – fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; (Grifos nossos.)

c. Errada. Contraria o disposto no art. 223, § 3º, da LSA:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 223, § 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta,


as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo
registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mer-
cado secundário, no prazo máximo de cento e vinte dias, contados da data da assem-
bleia-geral que aprovou a operação, observando as normas pertinentes baixadas pela
Comissão de Valores Mobiliários. (Grifos nossos.)

e. Errada. Confira o art. 232, caput, da LSA:

Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de publicados os atos relativos à incorpo-
ração ou à fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a
anulação da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver exercido.
(Grifos nossos.)

96. João contrata com a sociedade Z o arrendamento mercantil de um carro. Pelo acor-
dado expressamente no contrato, João, arrendatário, em caso de inadimplemento a ele
imputado, ficaria obrigado ao pagamento integral do valor contratado, reconhecendo-se
o vencimento antecipado da dívida.
Sobre o acordado contratualmente, é correto afirmar que:
a. somente pode ser reconhecido o vencimento antecipado da dívida nas hipóteses pre-
vistas no Art. 333 do Código Civil, dentre as quais se destaca o concurso de credores;
b. a sociedade Z tem direito não só ao pagamento integral do valor contratado, como
também o de reaver o bem arrendado por meio de ação judicial de busca e apreensão;
c. a cláusula que reconhece o vencimento antecipado da dívida decorrente do inadim-
plemento do arrendatário é válida, sendo facultado à sociedade Z a cobrança integral
do valor antes do termo avençado;
d. João pode exigir a restituição integral dos valores pagos, pois tal cláusula contratual
deve ser reconhecida como excessivamente onerosa, gerando o enriquecimento ilí-
cito da sociedade Z, o que permite a sua revisão;
e. sendo o contrato de arrendamento mercantil classificado como de fornecimento de
produto regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a cláusula que prevê o
vencimento antecipado é abusiva, com base no Art. 51 do CDC.

Letra c.
Em decisão proferida pela 4ª Turma do STJ em 25/10/2022, exposto no Informativo 755,
entendeu-se que não é abusiva cláusula no contrato de arrendamento mercantil que pre-
veja vencimento antecipado no caso de inadimplemento.
Contudo, decidiu-se não ser possível concomitantemente reintegrar-se na posse do bem
arrendado antes do prazo estabelecido em contrato, sob pena de configurar-se enriqueci-
mento ilícito:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ARRENDAMENTO


MERCANTIL. NATUREZA COMPLEXA. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. TEM-
PO DO PAGAMENTO E EXIGIBILIDADE DA PRESTAÇÃO. VENCIMENTO ANTECIPA-
DO DA OBRIGAÇÃO. ROL LEGAL EXEMPLIFICATIVO. INEXISTÊNCIA DE ABUSIVIDA-
DE DA PREVISÃO. ARRENDAMENTO FINANCEIRO. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS.
RESILIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE NO CASO DE MORA. ABUSO DE DIREITO.
6. Não é abusiva a cláusula contratual que prevê o vencimento antecipado do contrato.

Trecho no inteiro teor:

[...] Todavia, o mandamento que sujeita o credor à quitação das prestações não pode-
ria significar a possibilidade de o arrendador reintegrar-se na posse do bem arrendado
antes do prazo estabelecido no contrato, sob pena, aí, sim, de configurar-se verdadeiro
enriquecimento ilícito.

97. A respeito da recuperação judicial da sociedade empresária, é correto afirmar que:


a. é vedada a previsão, no plano de recuperação sujeito à supervisão judicial, de obri-
gações excedentes ao prazo bienal;
b. o plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a trinta dias para
pagamento de créditos trabalhistas de qualquer natureza;
c. a conclusão bem-sucedida da recuperação judicial se opera automaticamente, após
os dois anos de homologação do plano de recuperação judicial;
d. é possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do
prazo bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerra-
mento da recuperação;
e. o prazo bienal do estado recuperacional do devedor representa o período para o cum-
primento das obrigações do plano de recuperação e se sujeitará à supervisão exclu-
siva da assembleia geral de credores.

Letra c.
O gabarito preliminar da banca indica a letra “d”. Porém, como se percebe pelo co-
mentário e gabarito indicado pelo professor, esta questão apresenta recurso (veja a
fundamentação do professor após o comentário).
A recuperação judicial, em que há a supervisão judicial, encerra após o decurso do prazo
de dois anos. Após tal período, não há necessidade de nova decisão judicial. Confira o art.
61 c/c art. 63 da Lei n. 11.101/2005 (LF):

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta
Lei, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará:

a. Errada. Extrai-se do art. 61 c/c art. 62 da LF que podem ser previstas obrigações no pla-
no de recuperação judicial que excedam o prazo de dois anos:

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.

b. Errada. Confira o art. 54, caput e § 1º, da LF:

Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano
para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de aci-
dentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial.
§ 1º O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamen-
to, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação
judicial. (Redação dada pela Lei n. 14.112, de 2020)

d. Errada. Ressalto que, após o decurso do prazo de 2 (dois) anos, caso haja inadimple-
mento, eventual pedido de falência é feito com base no art. 94 da LF, não se tratando da
convolação da recuperação judicial em falência prevista no § 1º do art. 61. Confira o dis-
posto no art. 61 c/c art. 62 da LF:

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.
§ 2º Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas
condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e res-
salvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial.
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento
de qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor
poderá requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.
(Grifos nossos.)

e. Errada. Contraria o art. 61 da LF:

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.

RECURSO
Gabarito extraoficial apresentado pelo Prof. Tácio Muzzi: Letra “c”
FUNDAMENTAÇÃO: A respeito da recuperação judicial da sociedade empresária, é cor-
reto afirmar que:

(D) é possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do


prazo bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerra-
mento da recuperação;

Entende-se que, em tese, a banca utilizou como referência a decisão proferida pela 3ª Tur-
ma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no REsp 1707468 – RS (Rel. Ministro Marco Auré-
lio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe 8/11/2022), que
constou no Informativo 762 do STJ, de 7 de fevereiro de 2023, com o seguinte destaque:

É possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do prazo


bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerramento da
recuperação.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Antes de mais nada, deve-se registrar que tal decisão não pode ser considerada “jurispru-
dência” do STJ, pois foi proferida por uma turma do STJ e de maneira isolada. Frise-se,
conforme extraído do acórdão, a excepcionalidade do caso, uma vez que a recuperação
foi concedida em 12.01.2010 e até 17.11.2016 (data em que o juízo de 1º grau convolou
a recuperação judicial em falência) ainda não tinha sido proferida decisão encerrando a
recuperação judicial. Ou seja, o prazo bienal previsto no art. 61 da Lei n. 11.101/2005
(LF) para o encerramento da supervisão judicial havia sido ultrapassado absurdamente
(em mais de 4 anos!), o que fez com que o próprio juiz de primeiro grau consignasse em
sua decisão que “uma vez que relativizado o prazo bienal do precitado dispositivo para os
bônus, imperiosa sua relativização para os ônus, devendo ser convolada a recuperação
em falência”. Curiosamente, essa decisão foi revista no REsp em exame. Ou seja, se trata
de uma decisão episódica.
Contudo, é necessário ir além e analisar efetivamente o acórdão utilizado como funda-
mento (e não somente o “destaque” constante em Informativo do STJ), extraindo-se que
o verdadeiro ponto paradigma da decisão, constante no item 2 da ementa, é o seguinte:

2. As hipóteses de convolação da recuperação judicial em falência arroladas no art.


73 da Lei n. 11.101/2005 são taxativas, em virtude da consequência gravosa que dela
decorre, equivalendo-se a uma penalidade legalmente imposta ao devedor em soergui-
mento, sendo suscetível, por isso, de interpretação restritiva.

Pois bem.
Adotando como base o ponto paradigma do acórdão (taxatividade das hipóteses do art. 73
da LF), cabe transcrever o art. 73, IV, da LF:

Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:


IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na
forma do § 1º do art. 61 desta Lei.

Transcrevo agora o art. 61, § 1º, mencionado expressamente no inciso IV do citado art. 73:

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a
manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obri-
gações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da con-
cessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência.
§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qual-
quer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência,
nos termos do art. 73 desta Lei.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Ora, o art. 61, § 1º, da LF – referido expressamente no art. 73, IV, da LF – é taxativo em
dizer que somente o descumprimento de obrigação “durante o período estabelecido no
caput deste artigo”, a saber, “no máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recupe-
ração judicial” tem o condão de acarretar “a convolação da recuperação em falência, nos
termos do art. 73 desta Lei”.
Ou seja, a própria fundamentação do acórdão é contraditória, uma vez que determina ex-
pressamente que seja conferida “interpretação restritiva” ao art. 73 da LF (item 3 da emen-
ta e repetidamente citado no corpo do acórdão).
Nesse sentido, a questão considerada correta colide não só com o principal ponto do acór-
dão (taxatividade e interpretação restritiva das hipóteses do art. 73 da LF), como também
com a doutrina consolidada sobre a duração limitada da recuperação judicial (2 anos), por
força do disposto no art. 61 da LF.
Confira as lições de Fábio Ulhoa Coelho, ao comentar o art. 62 da LF, sustentando ser ca-
bível o pedido de falência previsto no art. 94 – e não a convolação da recuperação judicial
em falência – na hipótese de o período bienal previsto no art. 61 ser ultrapassado:

Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei.

233. Descumprimento do plano de recuperação


Na fase de execução da recuperação concedida com supervisão judicial, se o deve-
dor não cumpre alguma das obrigações previstas no plano aprovado, o credor só pode
requerer a convolação desse processo em falência. Após esse prazo, porém, abre-se
ao credor a possibilidade de pleitear a execução específica das obrigações contempla-
das no plano.
Considera-se que, neste caso, antes de 2 anos, não terão as medidas do plano surtido
seus amplos efeitos, de modo a poder sujeitar-se o devedor ao cumprimento específico
da obrigação. O credor não resta desatendido em seus direitos porque poderá pedir a fa-
lência do devedor, com o objetivo de ver instaurada a execução concursal. (Comentários
à Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2021, p. RB-77.1 – versão digital)

No mesmo sentido, defendendo a impossibilidade de se perpetuar a recuperação judicial


além do biênio previsto no art. 61 da LF, confira as lições de André Santa Cruz:

No entanto, isso não significa que o devedor permanecerá “em recuperação judicial” por
todo esse tempo: a lei estabelece que o juiz fixará um período de fiscalização do cumpri-
mento do plano pelo devedor, de no máximo 2 (dois) anos, mas depois desse período o

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

processo é encerrado, mesmo que o plano tenha obrigações a serem cumpridas. (Manu-
al de Direito Empresarial. 13. ed. São Paulo: Editora jusPodivm, 2023, p. 1024).

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS

Milena Vieira

98. O documento Princípios de Yogyakarta, que trata da aplicação de normas de direitos


humanos a questões de orientação sexual e identidade de gênero, preconiza que:
“1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os seres
humanos de todas as orientações sexuais e identidades de gênero têm o direito de des-
frutar plenamente de todos os direitos humanos”.
Considerando tal enunciado, é correto afirmar diante dos Princípios de Bangalore sobre
conduta judicial:
a. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o prenome registrado nos documentos oficiais, para se dirigir
à parte ou testemunha durante a audiência, pois o uso do que consta do documento
oficial determina o que é ser imparcial;
b. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou testemunha durante
a audiência, pois deve reconhecer e compreender a diversidade na sociedade;
c. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o nome social ou o nome constante
no registro civil da parte ou testemunha, conforme sua percepção, observadas as
máximas da experiência, e assim proceder no julgamento do caso;
d. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o gênero que, na sua avaliação,
melhor se adequar à pessoa interlocutora, observadas as máximas da experiência, e
assim proceder no julgamento do caso;
e. o magistrado deverá utilizar apenas os dados já incluídos no cadastramento inicial
do processo eletrônico, imparcialmente, e a insistência do advogado no uso do nome
social da parte ou testemunha enseja reprimenda por quem preside a audiência.

Letra b.
a. Errada. Em caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil,
o prenome escolhido deve ser utilizado para os atos que ensejaram a emissão de docu-
mentos externos, acompanhado do prenome constante do registro civil, devendo haver a
inscrição “registrado(a) civilmente como”, para identificar a relação entre prenome escolhi-
do e prenome civil.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

b. Certa. O magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou à testemunha,
tendo em vista que o nome social é aquele adotado pela pessoa, por meio do qual se iden-
tifica e é reconhecida na sociedade, e por ela declarada, respeitando e compreendendo
então a diversidade na sociedade, conforme Resolução n. 270/2018 do CNJ.
c. Errada. O magistrado deverá utilizar o nome social da parte ou da testemunha, pois não
é uma faculdade.
d. Errada. O magistrado deverá utilizar o nome social da parte ou da testemunha, pois não
é uma faculdade.
e. Errada. Os sistemas de processos eletrônicos deverão conter campo especificamente
destinado ao registro do nome social desde o cadastramento inicial ou a qualquer tempo,
quando requerido (art. 2º da Resolução n. 270 de 11/12/2018). A insistência do advogado
na audiência no uso do nome social da parte ou da testemunha não pode ser motivo de
advertência, isso porque é um direito da parte/testemunha utilizar o nome social.

99. O documento Princípios de Yogyakarta, que trata da aplicação de normas de direitos


humanos a questões de orientação sexual e identidade de gênero, preconiza que:
“1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os seres
humanos de todas as orientações sexuais e identidades de gênero têm o direito de des-
frutar plenamente de todos os direitos humanos.”
Considerando tal enunciado, é correto afirmar diante dos Princípios de Bangalore sobre
conduta judicial:
a. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o prenome registrado nos documentos oficiais, para se dirigir
à parte ou testemunha durante a audiência, pois o uso do que consta do documento
oficial determina o que é ser imparcial;
b. no caso de divergência entre o nome social e o nome constante do registro civil, o
magistrado deve utilizar o nome social para se dirigir à parte ou testemunha durante
a audiência, pois deve reconhecer e compreender a diversidade na sociedade;
c. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o nome social ou o nome constante
no registro civil da parte ou testemunha, conforme sua percepção, observadas as
máximas da experiência, e assim proceder no julgamento do caso;
d. em audiência, é facultativo ao magistrado utilizar o gênero que, na sua avaliação,
melhor se adequar à pessoa interlocutora, observadas as máximas da experiência, e
assim proceder no julgamento do caso;
e. o magistrado deverá utilizar apenas os dados já incluídos no cadastramento inicial
do processo eletrônico, imparcialmente, e a insistência do advogado no uso do nome
social da parte ou testemunha enseja reprimenda por quem preside a audiência.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra e.
a. Errada. O correto seria julgar o pedido procedente. O direito subjetivo é justamente a
prerrogativa da empregada em invocar a lei na defesa de seu interesse.
b. Errada. O poder judiciário pode interferir no âmbito do poder diretivo do empregador.
c. Errada. Em relação às pessoas com deficiência são necessárias medidas apropriadas
para assegurar apoio e não permitir que haja qualquer discriminação.
d. Errada. O correto seria julgar o pedido procedente. De forma alguma consistiria conduta
discriminatória em relação aos demais colegas ou outras pessoas com deficiência.
e. Certa. A transferência da empregada, sem indício de necessidade de serviço, viola o
direito assegurado no art. 34, § 1º, da Lei n. 13.146/2015, que garante um ambiente de tra-
balho acessível e inclusivo ao deficiente, bem como afigura-se atentatória aos princípios da
inalterabilidade contratual lesiva (art. 468, CLT), da boa-fé objetiva (art. 3º, I, CF/1988; arts.
113 e 422, CC) e da própria proteção da confiança legítima, corolário da segurança jurídica
(art. 5º, XXXVI, CF/1988), sendo abusiva e irregular. Além do mais, a transferência da em-
pregada perto da sua residência não gera qualquer prejuízo para o banco (empregador).

100. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Con-
tínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo
trimestre de 2022, enquanto os homens não negros (= brancos + amarelos + indíge-
nas) receberam a remuneração mensal média de R$ 3.708,00, as mulheres não negras
(= brancas + amarelas + indígenas) receberam R$ 2.774,00, os homens negros (=
negros + pardos) receberam R$ 2.142,00 e as mulheres negras (= negras + pardas),
R$ 1.715,00.
Com base nesses dados, é correto afirmar que:
a. a igualdade salarial entre homens e mulheres não é objeto de convenções internacio-
nais de direitos humanos;
b. as diferenças de remuneração são resultantes de escolhas pessoais quanto aos estu-
dos e à profissão escolhida ao longo das gerações e, por isso, não importam aos
direitos humanos sociais;
c. as desigualdades no mercado de trabalho vão se diluir com o decorrer do tempo em
razão do princípio da igualdade formal e, por isso, não há necessidade de outros
mecanismos jurídicos para enfrentá-las;
d. as diferenças de remuneração apenas refletem o número de horas trabalhadas por
integrantes de cada grupo social, o que demonstra o mérito de cada um, afastando a
legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas;
e. a desigualdade salarial pode ser melhor compreendida a partir do conceito da discri-
minação múltipla ou agravada, que encontra fundamento na Convenção Interameri-
cana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023)
Prova comentada

Letra e.
a. Errada. A Convenção Internacional do Trabalho n. 100 dispõe sobre a igualdade de re-
muneração de homens e mulheres trabalhadores por trabalho de igual valor.
b. Errada. O direito humano inclui o direito ao trabalho. Todo ser humano, sem qualquer
distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho, assim como aquele que tra-
balha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão,
se necessário, outros meios de proteção social (art. 23 da Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos).
c. Errada. O princípio da igualdade formal relaciona-se à igualdade perante a lei, sendo que
há necessidade de outros meios para enfrentar a desigualdade no mercado de trabalho
além da legislação. Por exemplo, podemos combater a desigualdade salarial reivindicando
políticas públicas e apoiando movimentos e projetos sociais que se dedicam à causa.
d. Errada. A legitimidade de políticas especiais e ações afirmativas envolvem o processo de
reparação histórica, garantia da efetividade de direitos, incluindo, portanto, as diferenças
de remuneração.
e. Certa. O conceito de discriminação múltipla ou agravada está expresso no art. 1, item
“3”, do Decreto n. 10.932/2022, que dispõe:

É qualquer preferência, distinção, exclusão ou restrição baseada, de modo concomitan-


te, em dois ou mais dos critérios dispostos no Artigo 1.1, ou outros reconhecidos em ins-
trumentos internacionais, cujo objetivo ou resultado seja anular ou restringir o reconheci-
mento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos
e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos
Estados Partes, em qualquer área da vida pública ou privada.

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CONCURSO UNIFICADO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO (2023) #VEM
SER
Prova comentada

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