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JANEIRO DE 2013 | JORNAL DO SINTUPERJ 1

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais - RJ


Rua São Francisco Xavier, 524 - Bloco D - Sala 1020 - Maracanã - Rio de Janeiro-RJ - CEP 20.550-013 | Ano VII - Nº 42 - janeiro de 2013

Ano novo, diretoria nova

 Nesses 19 anos de Uerj, lembro-me de  A nova diretoria do Sintuperj, que  Gostaria de iniciar minhas palavras  Aceitei esse desafio de mais um man-
uma música que dizia: “ontem um meni- tomou posse no dia 10 de janeiro de reconhecendo que durante o mandato dato a pedido de pessoas da base, mesmo
no que brincava me falou, que hoje é se- 2013, para o biênio 2012/2014, tem que está terminando cometemos alguns estando em condições de aposentadoria,
mente do amanhã...”. Na vida, colhemos como coordenadores três integrantes equívocos que nos causaram tropeços porque acho que o sindicato ainda tem
da semente que plantamos. A cada dia da diretoria anterior. Companheiros indesejáveis na luta por nossas reivindica- metas a cumprir. É bom que se saiba que
estamos mais maduros, mais lapidados. O experientes e comprometidos com a luta ções. Contudo, posso salientar que nossos apesar de uma greve recente, aparente-
Sintuperj é uma grande escola, de sindi- da categoria: Gaúcho, Virgínio e Paulo sindicalizados, por vontade própria e em mente sem vitórias como desejávamos, o
calismo, de vida. Sinto-me orgulhoso de César. Desejo sucesso a estes e a todos sua maioria, souberam valorizar os acertos sindicato teve sim nessa gestão vitórias
fazer parte dessa história. Pessoas novas os que formam o corpo da nova direção. do mandato que ora se encerra, conferindo significativas, como por exemplo a neu-
estão assumindo a diretoria, com garra Fazer parte da direção de um sindi- a este grupo do qual faço parte, a perma- tralização de uma minuta que pavimen-
e vontade de lutar. Precisamos apoiar, cato como o Sintuperj é uma experiência nência legítima, à frente da direção do tava uma estrada curta para as fundações
sempre vigilantes, para que os princí- gratificante, em parte por ser talvez o Sintuperj por mais um período de 2 anos. e OSs dentro da universidade, princi-
pios básicos não sejam abandonados. único que convive diretamente com seus Como Coordenador Jurídico do Sin- palmente no Hospital Pedro Ernesto.
Disse um sábio, certa vez: “É costume representados. No nosso sindicato, convi- tuperj, procurei sempre orientar e ajudar Reajuste diferenciados, como bolsas
de um tolo, quando erra, queixar-se do vemos com a base todo o tempo. Tivemos todos os que me procuraram. E não tenho para determinados segmentos profissio-
outro. É costume do sábio queixar-se de muitas vitórias, como a recuperação dúvidas em afirmar que realizamos um nais, foi combatida aguerridamente pelo
si mesmo.” O Sintuperj está com página financeira do sindicato e a aprovação no bom trabalho neste sentido, tendo em vis- sindicato. A preservação dos direitos
nova na Internet; uma base regional am- Conselho Universitário, por unanimidade, ta a concretização das garantias e direitos do Plano de Cargos, lei 4796, no que
pliada com Cecierj e Uezo; um pré-vesti- da reformulação do Plano de Carreira. dos servidores preservados pelo Jurídico. se refere à titulação também foi defen-
bular consolidado e reconhecido; inúme- Conseguimos audiências públicas na Alerj No que tange às perspectivas para o dida veementemente pelo sindicato e
ros trabalhos foram realizados. Tivemos e realizamos palestras e seminários, dos novo mandato, duas coisas estão claras. conselheiros.
conquistas importantes. Tudo isso fruto quais o “Seminário sobre a Dívida Públi- A primeira é que elas são a continuidade O fato de mantermos um Pré-vesti-
da ação coletiva, não individual. Tivemos ca” foi marcante. Ampliamos nossa base da luta já implementada pela antiga bular social que aprovou em torno de 45
dezenas de pessoas que participaram, de- de representação como a Cecierj e a Uezo. direção somada às novas demandas. E a pessoas (funcionários ou filhos de fun-
cisivamente, dessas lutas e da construção Temos um pré-vestibular reconhecido segunda, é o fato delas virem agregadas cionários) nas universidades federais e
do sindicato. E a categoria combativa, dentro e fora da comunidade da Uerj. às dificuldades da práxis cotidiana. Por estaduais do Rio de Janeiro, sem contar
sempre ao nosso lado. No entanto, tam- O ponto negativo, acho que não só isso, precisamos contar com o apoio ma- as particulares, nos enche de orgulho e
bém erramos. Saímos de uma greve sem negativo mas lamentável, foi a tentativa ciço da categoria em todas as frentes de é uma grande vitória.
uma conquista material, mas com um de criminalização do movimento dos lutas, pois o Sintuperj somos todos nós. Também podermos disponibilizar um
saldo positivo: o aprendizado político. trabalhadores. Atos semelhantes aos E só com união conseguiremos atingir brinde de Natal e um kit escolar que vai
Ainda há uma grande batalha pela fren- que foram impostos em uma época da os objetivos desejados. do fundamental ao superior sem desequi-
te: a alteração do nosso PCC e o reajuste dos História muito dura para o país. A greve Não precisaremos de fogo amigo, librar as finanças do sindicato, num tem-
salários. O ano de 2013 trará muitas surpre- para mim foi um erro, não era o momen- e sim de críticas e sugestões, princi- po em que outras entidades coirmãs estão
sas e novos desafios. Precisamos estar pre- to. Nenhum movimento terá êxito sem palmente daqueles que nos delegaram com as finanças no vermelho também é
parados e unidos. Com diálogo, firmeza e que haja uma ampla discussão e unifi- mais um mandato, para que as propostas uma vitória. Nossos funcionários, que
persistência, atingiremos nossos objetivos. cação dos três segmentos (professores, apresentadas nas Assembleias sejam não são poucos, estão com salários em dia
Outro sábio afirmou: “os reis temem técnicos e alunos) da Universidade. discutidas democraticamente e, caso e acredito felizes em trabalhar conosco.
pelos súditos. Os tiranos temem os Sectarismo, vaidade e culto à persona- aprovadas, a direção defendê-las até que A luta é intensa e desgastante. Pre-
súditos”. Não devemos ter medo dos go- lidade emperram a discussão política e as mesmas sejam concretizadas. cisamos muito do apoio de todos da base
vernos. Eles que devem ter medo de nós. o crescimento da categoria. Quanto à oposição, esperamos uma para conquistarmos nosso objetivo maior,
Temos certeza de que a nova diretoria Concluo agradecendo a confiança e maior participação da mesma. Que de suas que é alcançar nessa nova gestão a refor-
do sindicato saberá dirigir a luta para o apoio da categoria ao nosso trabalho. críticas surjam propostas bem elaboradas mulação do Plano de Cargos e Carreiras.
as melhores conquistas. A mensagem Segundo um provérbio árabe, “Nunca é e que nos ajudem também a lutar por um Ela dará um novo sentido profissional
que eu mais gostaria de deixar para a tão fácil perder-se como quando se julga melhor sindicato para todos. Saudações aos técnico-administrativos da Uerj que
categoria é: “muito obrigado!”. conhecer o caminho”. trabalhistas do sempre companheiro. estão com os salários muito defasados.

Alberto Dias Mendes César Lima de Castro Lopes Antonio Virginio Fernandes Jorge Luís Mattos

2 Uerj e Uenf
na luta em 2012 6 Conjuntura
política em pauta 8 Homenagens
a quem marcou História
2 JORNAL DO SINTUPERJ | JANEIRO DE 2013

RETROSPECTIVA 2012

O ano das lutas nas universidades


 Logo no início do ano, mais  Sob os olhos e ouvidos atentos do
precisamente no dia 04 de janei- Sintuperj e de mais de mil pessoas, o
ro, a comunidade universitária governador assumiu o compromisso
da Uerj testemunhou o chan- de implementar a reestruturação da
celler da universidade, o gover- carreira dos técnicos, inclusive por
nador Sérgio Cabral, anunciar escrito. O que nós não esperávamos
publicamente no Teatro Odylo é que as palavras do governador não
Costa, filho a implementação da passariam de um “jpgp de cena”, de-
Dedicação Exclusiva para os do- magógico e ilusório. O que resultou em
centes e as alterações na carrei- um grande embate que se estenderia
ra dos técnico-administrativos. por quase todo o ano, e em uma das
O discurso aconteceu durante a maiores mobilizações já vistas na Uerj,
posse para o segundo mandato unificando a categoria técnico-admi-
do reitor Ricardo Vieiralves. nistrativa com docentes e estudantes.

 Além da luta pela  Na semana do Dia do Trabalhador,


reestruturação do plano os técnico-administrativos promove-
de carreira dos técnicos, ram uma grande manifestação em
o Sintuperj também frente ao Palácio Guanabara (03/05),
apoiou o movimento residência oficial do governador do
docente pela implemen- Estado. Ao lado de docentes e estudan-
tação da Dedicação Ex- tes, a categoria cobrou o recebimento
clusiva na Uerj. No dia de representantes do movimento pelo
11 de abril, a direção Governo, marcando assim o início
do sindicato prestou oficial da Campanha Salarial 2012. Ao
solidariedade à causa final do ato público, os segmentos con-
no ato público pela DE, seguiram uma reunião para o dia se-
realizado no hall do guinte com o então secretário de Ciên-
queijo da universidade. cia e Tecnologia, Alexandre Cardoso.

 A Assembleia do dia 13/06


 Além das manifestações públi-
aprovou o início da paralisação
cas, assembleias e reuniões seto-
dos técnico-administrativos no
riais deram o tom da mobilização
dia 19/06. Neste mesmo dia,
entre os técnico-administrativos.
foi realizada uma audiência
Nesses encontros, os trabalha-
pública pela Comissão de Edu-
dores discutiram intensamente
cação da Alerj, cuja pauta de
a conjuntura das negociações
discussão era as universidades
com o Governo e traçaram os
públicas estaduais. Na ocasião,
rumos do movimento. Caracte-
as entidades representativas
rizada pela disposição para o
de servidores e estudantes de
diálogo e aberta a negociações,
Uerj, Uenf e Uezo fizeram uma
a categoria manteve-se flexível,
“radiografia” das condições
mas convicta sobre a necessidade
precárias de trabalho e salariais
de reestruturação da carreira.
enfrentadas pelas instituições.

 Os três segmentos lotaram o


 No mesmo dia da audiência na Alerj, os
auditório onde foi realizada a
trabalhadores da Uerj também marcaram
audiência. E durante toda a sessão
presença na Assembleia do Movimento
mostraram todo o seu repúdio às
Unificado dos Servidores Públicos Estaduais
declarações da reitoria da Uerj
(Muspe). Realizada na Concha Acústica da
de que “a política de bolsas na
universidade, a sessão colocou em pauta
Uerj é um sucesso”. Da mesma
a conjuntura do serviço público, marcada
forma, protestaram contra o ab-
principalmente pela tentativa do governador
surdo argumento do secretário de
Sérgio Cabral de acabar com os triênios por
Planejamento, Sérgio Ruy, de que
meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade
os servidores da Uerj obtiveram
(Adin) 4782, impetrada no Superior Tribunal
ganhos expressivos nos últimos
Federal. O ataque ao direito constitucional-
anos, referindo-se ao Plano de
mente consagrado unificou os servidores de
Carreira dos técnicos (2006) e ao
todo o Estado fluminense em uma luta única.
Plano de Carreira Docente (2008).

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RETROSPECTIVA 2012

 O dia 25/06 também entrará para a História da Uerj como o dia em que a comunidade
universitária realizou uma de suas maiores passeatas. Iniciada com um ato público dentro do
campus Maracanã, os grevistas percorreram as ruas do entorno da universidade. Durante a
caminhada, servidores e estudantes fizeram um ato público em frente ao Hospital Pedro Ernesto.

 Diversos atos públicos marcaram a greve dos técnico-administrativos da Uerj, como a do


dia 26 de agosto na Seplag.

 No campus Maracanã, por sua  Durante a greve, um exem-


vez, a greve unificada de técnicos, plo da intransigência que
docentes e estudantes pressionava marcou a postura da reitoria
a reitoria a assumir uma posição da Uerj em relação às deman-
diante do movimento e em defesa das de servidores e estudan-
de suas reivindicações. Após a tes. Durante a assembleia dos
assembleia do dia 05 de julho, os técnico-administrativos do
três segmentos realizaram uma dia 17 de julho, os coordena-
manifestação histórica ao se diri- dores gerais do Sintuperj fo-
gir à reitoria e exigir o recebimento ram intimados em uma ação
dos grevistas pela Administração movida pela universidade
Central. Uma comissão com dois re- contra o sindicato, além de
presentantes de cada segmento foi Asduerj e DCE. As entidades
então recebida para uma reunião e lideranças sindicais foram
que durou até às 23h e que resul- também citadas em outra
tou na redação de um documento ação movida pela reitoria, o
com 17 pontos acordados. “interdito proibitório”.

 Passados mais de um mês desde o início da greve dos técnicos, o silêncio era a única resposta
do governador para as reivindicações dos trabalhadores. Diante deste panorama, a comunidade
universitária deu início à campanha #Negocia Cabral, no Posto 12.

 Os servidores estaduais uniram forças ao movimento das instituições federais. A greve na


Uerj estava inserida num contexto de paralisações em âmbito nacional das federais. Juntos,
os servidores realizaram diversos atos públicos, como a do dia 09/08.

 Em meio a tantos mo-


mentos marcantes, um
dos maiores ocorreu em
uma das assembleias
dos técnico-adminis-
trativos (10/08). Neste
dia, a categoria mostrou
toda a sua força com
uma mobilização que
resultou numa grande
vitória sobre a reitoria
e na continuidade da
greve, na sessão histó-
rica realizada no An-
fiteatro Ney Palmeiro
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RETROSPECTIVA 2012

 Uma das maio-


res manifestações
da greve unificada
foi a realizada no
dia 24/08. Mais
de 500 pessoas se
concentraram em
frente à estátua do
Bellini, no estádio
do Maracanã. Após
a realização de um
grande ato público,
os grevistas segui-
 Em defesa da manutenção da qualidade do Colégio de Aplicação da Uerj, a comunidade uerjiana ram até à Uerj.
realizou a passeata Em defesa do CAp e da Uerj (15/08) pelas ruas do bairro do Rio Comprido,
pedindo mais investimentos no colégio.

 As ruas do Centro
do Rio de Janei-
 Durante a greve uni-
ro foram palco de
ficada na Uerj, um fato
inúmeras passea-
marcante entristeceu
tas da comunidade
toda a comunidade
universitária da
universitária. Um in-
Uerj. Na maior e
cêndio na manhã do
mais marcante de-
dia 04/07 atingiu o
las, trabalhadores
Hospital Universitário
e estudantes con-
Pedro Ernesto (Hupe),
centraram-se nas
deixando o recém-i-
escadarias da As-
naugurado almoxari-
sembleia Legislati-
fado completamente
va e seguiram até
destruído.
à Secretaria de Ci-
ência e Tecnologia.

 Durante a greve, a presença ostensiva da Polícia Militar foi


uma constante em diversas manifestações públicas. Seplag, Posto
12 (Leblon) e até mesmo a Policlínica Piquet Carneiro receberam
fortíssimos aparatos militares, onde o governo privilegiou a
tentativa de intimidação do movimento grevista em detrimento
da abertura de negociações. No entanto, um fato que lamenta-
velmente entrou, para a História da Uerj foi a repressão brutal
e desnecessária da Tropa de Choque. Um episódio apenas visto
na época da Ditadura Militar. No dia 23/08, os estudantes em
greve, acompanhados pela Asdurerj e Sintuperj, realizaram um
ato público na Avenida Radial Oeste durante a tarde. Em seguida,
seguiram em passeata até o campus Maracanã da universidade,
onde mantiveram a manifestação. Contudo, todos foram sur-
preendidos pela entrada dos policiais com armas em punho e
atirando bombas de gás e de efeito moral.

 A Comissão de Educação da Alerj


realizou uma audiência pública nas
dependências do CAp. A necessi-
dade de mudança para um prédio
adequado e as condições atuais
de acessibilidade foram apontados
como os principais entraves para
o desenvolvimento das funções
pedagógicas e de formação do co-
légio. O coordenador do Sintuperj,
Alberto Mendes, destacou que “os
funcionários se dedicam muito
para suprir as deficiências estru-
turais”. A comunidade do colégio
lotou o auditório e parabenizou a  Após diversas mobilizações e pressões, a categoria avaliou, em assembleia (10/09), a contra-
iniciativa dos parlamentares em proposta apresentada pela reitoria e exigiu o estabelecimento de prazos para a implantação do
dialogar com a comunidade. plano que reestrutura a carreira dos técnicos.
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RETROSPECTIVA 2012

 Exatos três meses após o início da paralisação das atividades, os técnico-administrativos da


Uerj deliberam a suspensão da greve (19/09), com a manutenção do estado de greve. Em reunião
posterior, o reitor comprometeu-se em reunir-se periodicamente (10 em 10 dias) com o sindicato
e agendaria um encontro com a Seplag. Nesse sentido, os técnico-administrativos lançaram a
campanha pelo cumprimento do “Termo de Compromisso de Saída de Greve”.

 A campanha chegou às ruas (07/11), com um outdoor na Avenida Radial Oeste.

Na Uenf, greve em 2012


O ano de 2012 também foi de muitas lutas
para os técnico-administrativos da Universi-
dade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
Ao longo de todo o ano, a categoria buscou
arduamente uma resposta da Secretaria de
Estado de Planejamento e Gestão (Seplag)
sobre o processo E-26/050637/11 (tabela
salarial dos servidores). Entre as demandas,
também estava a reposição salarial de 60%
e a implantação do auxílio saúde já apro-
vado pelo Conselho Universitário. Diante do  A partir de então, os servidores deram início a uma campanha conjunta com os docentes que
silêncio do Governo do Estado em relação incluía passeatas, atos públicos e tentativas de negociação com o Governo do Estado. As manifes-
às reivindicações, a categoria deliberou pela tações realizadas majoritariamente pelas ruas da cidade de Campos dos Goytacazes tinha como
entrada em greve a partir do dia 22/08. objetivo dialogar com a população local, trazendo esclarecimentos sobre as causas da greve e a
necessidade de melhoria das condições de trabalho da universidade.

 Durante a greve, a universidade recebeu o presidente da Comissão de Educação da Alerj, deputado


Comte Bittencourt (29/08), para uma audiência pública. Na pauta, as reivindicações de técnicos,
docentes e estudantes da Uenf, que incluía reajuste para os servidores, além da construção do
bandejão para os estudantes. O deputado comprometeu-se em agendar uma reunião entre os
representantes das categorias e o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), para que os
grevistas levassem suas reivindicações ao Executivo.

 No dia 11/09, representantes dos servidores da Uenf reuniram-se então com o presidente da Alerj.
Em busca da abertura de um canal de negociação com o Governo do estado, técnicos e docentes
apresentaram a pauta de reivindicações da greve. Também estiveram presentes o presidente da
Comissão de Educação, Comte Bittencourt (PPS) e os deputados Luís Paulo Corrêa (PSDB), Robson
Leite (PT) e Roberto Henriques (PSD).

 Diante da abertura
de negociações pelo
secretário de Planeja-
 Uma reunião colo-
mento, Sérgio Ruy, os
cou frente a frente Sin-
técnico-administrati-
tuperj/Uenf e Aduenf
vos da Uenf delibera-
com os secretários de
ram pela suspensão da
Planejamento, Sérgio
greve em assembleia
Ruy, e de Ciência e
(09/10), retornando
Tecnologia, Luiz Ed-
às atividades no dia
mundo Costa Leite.
15/10. A partir daí, a
Além do reitor Silvé-
categoria iniciou uma
rio de Paiva Freitas.
nova jornada em busca
do avanço nas negocia-
ções com o Governo.
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RETROSPECTIVA 2012

Sintuperj no Fórum Mundial


Em janeiro, o Sintuperj participou do Fórum Social Mundial Temático. Realizado em Porto Ale-
gre, o Fórum colocou em pauta temas como a Rio+20, Educação, Meio Ambiente, novo Código
Florestal, dívida pública e crises econômicas mundiais. O sindicato também marcou presença
na passeata contra o sistema capitalista, realizada no centro de Porto Alegre.

Aula inaugural
No dia 07 de fevereiro, o Sintuperj promoveu a aula inaugural do Pré-vestibular do sindicato.
Professores e ex-professores, alunos e ex-estudantes, familiares e monitores participaram do
evento, que contou com a presença da professora de História da Uerj e sub-reitora de gradua-
ção, Lená Medeiros. Professor do Instituto de Letras, Luiz Ricardo Leitão ministrou aula sobre
regras do novo acordo ortográfico.

Sintuperj homenageia mulheres e mães


Cecierj na luta
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Sintuperj distribuiu flores e brindes. O
sindicato também prestou uma homenagem ao Dia das Mães.
pelo plano de carreira
A Fundação Cecierj participou da
audiência pública na Alerj sobre as
universidades estaduais na Alerj. Os
técnico-administrativos do Cecierj fo-
ram representados por Fabio Rapello,
que deixou clara a necessidade de
valorização da categoria, que ainda
não possui um plano de carreira. Em
fevereiro, mais de 30 funcionários
do Cecierj se filiaram ao Sintuperj. A
coordenação geral do sindicato esteve
presente e reafirmou a entidade como
representante da categoria.

Uezo à espera
de um campus
A comunidade do Centro
Universitário da Zona
Oeste (Uezo) marcou
presença na audiência
pública com a Seplag
(19/06). Representados
pelo reitor, Roberto Soa-
res Moura, a Uezo expôs
as dificuldades enfren-
tadas por não ter um
campus, solicitando a li- Técnicos tomam posse no Consun
beração de R$ 10 milhões
para a sua construção. Os técnico-administrativos eleitos para a bancada da categoria do Conselho Universitário
tomaram posse na sessão realizada no dia 06/09.

Eleições
do Sintuperj
No final de 2012, os
técnico-administrativos
elegeram a Chapa 1 –
Ousar e Lutar para a
direção do Sintuperj. A
nova composição repre-
Contratados lutam por salários sentará a categoria pe-
Os trabalhadores contratados da Uerj tiveram um ano de muitas mobilizações em 2012. No los próximos dois anos.
dia 15 de fevereiro, deliberaram pela ida à reitoria para cobrar explicações sobre os salários
atrasados então desde o dia 10 do mesmo mês. O problema tem sido uma constante, o que gerou
no mês de outubro uma paralisação de quase um mês após mais de duas semanas de atrasos.
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RETROSPECTIVA 2012

Dívida pública em pauta


Sintuperj na
Nos dias 18 e 19 de abril, economistas e sindicalistas do Brasil e da América Latina discutiram as
causas e efeitos sociais da Dívida Pública. O Seminário A dívida pública em debate, organizado por
Cúpula dos Povos
Sintuperj, Asduerj e Núcleo da Auditoria Cidadã/RJ, contou com participação maciça de técnico Paralelamente à realização
-administrativos, estudantes e docentes que lotaram o auditório nos dois dias do evento. Entre os da Rio+20, os movimentos
palestrantes, nomes como Maria Lucia Fatorelli (Auditora Fiscal/aposentada) responsável pela sociais promoveram a Cú-
Auditoria Cidadã da Dívida, o economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, professor We- pula dos Povos. O Sintuperj
ber Figueiredo (Faculdade de Engenharia) e Wilma Salgado, ex-ministra de Finanças do Equador. participou ativamente das
discussões sobre as causas
estruturais das crises do
capitalismo, suas falsas so-
luções, as novas formas de
reprodução do sistema e o
estímulo à organização da
sociedade civil na luta anti-
capitalista pós-Rio+20.

Aniversário STF: todos os holofotes em 2012


do Sintuperj O Superior Tribunal Federal foi cenário de um dos maiores julgamentos contra a corrupção
em nosso país. Após quatro meses de julgamento, o tribunal condenou 25 réus do chamado
O ano de 2012 também foi
“mensalão”. O caso veio à tona em 2005, com a denúncia de um esquema de pagamentos de
marcado por comemorações. No
propina em troca de votos de políticos da base do governo. O fato é recorrente no Congresso, haja
dia 31/10, o Sintuperj fez seu
vista o escândalo dos “anões do orçamento”, em que tudo acabou em “pizza”. O julgamento
12º aniversário. Além da data,
trouxe inovações como a condenação por corrupção passiva sem a necessidade do receptador da
os técnico-administrativos
propina ter consumado o ato de ofício para pagar o favor. Além disso, prevaleceu a tese de que
celebraram o Dia do Servidor
o réu pode ser condenado sem ter participação direta no ato criminoso, mas que tenha domínio
(28/10) e os 14 anos do Pré-
sobre o fato cometido. Neste caso, José Dirceu foi condenado como chefe da quadrilha. O STF
vestibular (03/08). Durante a
também concluiu que para condenar por lavagem de dinheiro, basta provar que o réu recebeu
atividade, os técnicos acompa-
dinheiro ilícito por meio de movimentações que camuflam a origem da propina. Em um país
nharam as performances irre-
onde impera a impunidade nos chamados crimes do colarinho branco, as condenações de figuras
verentes do cantor Robson Luy,
do alto escalão do governo são um exemplo para aqueles que usurpam o dinheiro do povo e
que fez paródias com antigos
utilizam-se da máquina pública para proveito próprio. Infelizmente ainda não foram julgados
e novos sucessos da música.
os casos das privatizações do governo Fernando Henrique, nem os escândalos que o envolveram.

A afirmação das cotas no STF


A reserva de vagas também esteve na pauta do STF. Ao analisar a Ação Direta de Inconstitucio-
nalidade movida pelo DEM contra a Universidade de Brasília, o Supremo julgou improcedente
a ação, declarando as cotas constitucionais. Dessa forma, o STF contribuiu na construção do
sepultamento dos sentimentos racistas e excludentes que permeiam a nação brasileira há séculos.
Os dois juízes que são professores da Uerj estão de parabéns. Curiosamente, a mídia burguesa
chamou de herói” o Ministro Joaquim Barbosa no caso do mensalão. Porém, não concedeu o mesmo
título a Lewandoski, ministro que apresentou o relato favorável às cotas, fato que deveria ter a
mesma repercussão, pois amplia a democracia racial no Brasil. É bom lembrar que essa votação
é resultante de anos de lutas da sociedade e, principalmente, da população de baixa renda e
negra, que reivindica igualdade de oportunidade. A velha máxima de Rui Barbosa prevaleceu:
“tratar os iguais de forma igual e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades”. Na Uerj, “Todos somos cotistas”
Não basta aprovar a constitucionalidade das cotas raciais. Um longo caminho ainda deverá ser Na Uerj, pioneira na implementação da política de cotas nas universidades, a comunidade
trilhado até a solução de problemas graves de nossa sociedade. Os princípios ainda estão em celebrou em 2012 os 10 anos do decreto 30.776/02, que instituiu as cotas na universidade.
debate. Dentre eles, o da meritocracia, que submete milhares de jovens ao vestibular, quando o Organizado pelo Centro Acadêmico de História, com apoio do Sintuperj e outras entidades, foi
Estado deveria garantir educação de qualidade e gratuita para todos os egressos do ensino médio. realizado no dia 07 de novembro o evento Todos somos cotistas.

 Lená Medeiros, da SR-1, e Luiz Edmundo Tavares (Uerj/História), além do diretor do Sintuperj,
Alberto Dias Mendes, destacaram que nesses dez anos em que a política de cotas vigorou na Uerj
a qualidade da instituição se manteve. Para o Dia da Consciência Negra (20/11), ressaltaram
a necessidade de “construção de consciência, que é destruída 24h” pela mídia. E, dessa forma,  Atividades culturais com a presença da Resistência indígena e um bate-papo sobre cotas
desconstruir a lógica de que o culpado pelos distúrbios e disparidades sociais é sempre do próprio com alunos da rede estadual também fizeram parte da programação. Além disso, houve roda
indivíduo, sem qualquer relação com governos e outros fatores sociais mais complexos. de Funk e Rap.
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2012: LEMBRANÇAS E SAUDADES


Em 2012 duas figuras de extrema importância para a cultura brasileira
completariam 100 anos: os pernambucanos Luiz Gonzaga e Nelson Rodrigues

Gonzaga: o Rei do Baião Nelson Rodrigues: o autor maldito


Cantor e compositor que mudou para sempre a História da música no país, nasceu no po- Jornalista, dramaturgo e escritor que construiu um novo olhar sobre a sociedade. Nascido no
voado do Araripe, em Exu, Pernambuco. Mas foi no Rio de Janeiro que Gonzaga enveredou Recife, Nelson mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, pois seu pai, por motivos políticos,
pelos caminhos da música. Cantando em regiões de prostituição e programas de calouros, o teve que se exilar. Trabalhou desde cedo como jornalista. Morador da zona norte carioca, viveu e
já compositor se apresentava de terno, figurino bem diferente do que ele ainda iria adotar. presenciou histórias trágicas e comuns do dia a dia, que serviriam de inspiração para suas peças,
Depois de um contrato com a Rádio Nacional, Gonzaga começou a usar roupas típicas do livros e crônicas. Como jornalista, consagrou-se através dos textos sobre futebol. Sua paixão pelo
Nordeste. A partir daí, seu talento foi ganhando cada vez mais espaço. Fazendo shows por esporte transbordava através das palavras. Suas crônicas futebolísticas revolucionaram as cober-
todo o país com a sanfona em mãos, o cantor não se limitou ao eixo Rio - São Paulo. Por meio turas das partidas. Aos 29 anos, Nelson escreveu a peça teatral “Mulher sem pecado”, dois anos
das apresentações e discos lançados, popularizou o xaxado, o baião e o xote. As letras do depois, o reconhecimento bateria a porta do autor, com a peça “Vestida de noiva”. Seus romances
sanfoneiro eram carregadas de significado e poesia. As referências ao Nordeste foram cons- e peças fizeram grande sucesso, mas também causaram estranhamento e escandalizaram, ficando
truídas em torno da fala com sotaque, das letras, das vestimentas e de valores da região. Após conhecido com o “autor maldito”. Foi taxado como tarado e vítima de censura. Suas histórias
mais de 500 músicas gravadas, Gonzaga permanece vivo através de seu riquíssimo legado. eram recheadas de conflitos amorosos e familiares, fugindo da expectativa e do lugar comum.

O ano também deixará saudades

Oscar Niemeyer Carlos


Responsável por projetar Brasília e
diversas outras obras como os Centros
Nelson Coutinho
Integrados de Educação Pública (Cieps, Formado em Filosofia na Universidade
conhecidos como “brizolões”), Niemeyer Federal da Bahia (UFBA), Coutinho era
não foi apenas um arquiteto brilhante, mais que um professor, era um símbolo
mas deixou como legado uma sensibilida- da esquerda brasileira. Produziu cen-
de e consciência política incríveis: “Toda tenas de escritos sobre a organização
escola superior deveria oferecer aulas de dos trabalhadores e a filosofia mar-
filosofia e história. Assim, fugiríamos da xista. Traduziu para o português “O
figura do especialista e ganharíamos pro- capital”, de Marx. Além disso, era um
fissionais capacitados a conversar sobre a militante aguerrido que participava
vida”. Seus traços em curva, no lugar de das discussões atuais sobre a conjun-
Aloísio Teixeira
retas, revolucionou a arquitetura contem-
porânea. Niemeyer deu as mãos à política Eric Hobsbawn tura política mundial. O intelectual
foi militante do Partido Comunista
a partir do momento em que conheceu Brasileiro (PCB), depois do Partido dos Reitor da Universidade Federal do Rio de
Luiz Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Maior historiador do século XX, Hobs- Trabalhadores (PT) e, mais tarde, do Janeiro (UFRJ) por oito anos (2003-2011),
Comunista (PCB). Niemeyer também era bawn, nascido em 1917, era egípcio, Partido Socialista e Liberdade (PSol). Teixeira foi um dos grandes defensores
amigo de Fidel Castro, quem sempre de- mas cresceu em Viena, na Áustria. Após da democratização do Ensino Superior
fendeu. Nos tempos de Ditadura Militar, a morte dos pais, foi morar em Berlim e da Educação como instrumento para
o arquiteto chegou a ir para França e com um tio. Quando Hitler assumiu o tornar o Brasil um país socialmente mais
União Soviética. Sempre deixou clara sua poder, mudou-se para a Inglaterra, onde justo. Nos anos em que Teixeira esteve na
posição à esquerda. Em todas as suas en- fez faculdade na Universidade de Cam- reitoria da UFRJ, a instituição aderiu ao
trevistas declarou que a solução para esse bridge. Centenas de obras do marxista Programa de Reestruturação e Expansão
mundo de desigualdade era a revolução. foram publicadas no Brasil, como o livro das Universidades Federais (Reuni), que
“Como mudar o Mundo”, onde analisa o ampliou as vagas nas universidades públi-
legado de Karl Marx e seu impacto na cas. Substituiu o vestibular pelo Sistema
história. Entre os títulos também estão de Seleção Unificada (Sisu). Ele também
“A era das revoluções”, “A era do capi- participou da criação do Plano Diretor
tal” e “A era dos impérios”. Um exemplo com metas até 2020. O professor Aloísio
de comunista consciente, que analisou e Teixeira é uma daquelas pessoas nas quais
construiu críticas lúcidas aos caminhos a trajetória de vida confunde-se com a da
tomados pela esquerda. Suas obras tor- Universidade Pública. Os trabalhadores
nam possível que todo o conhecimento tiveram a honra de ter Aloísio Teixeira
do intelectual, baseado em vivência, como um dos palestrantes do VIII Con-
sagacidade e academia, esteja bem vivo. gresso do sindicato, em agosto de 2011.

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