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Capítulo 6
Custos das Reservas
Internacionais
Figura 6.1 Reservas internacionais do Brasil em US$ bilhões e variação percentual: 2005-2011.
Tabela 6.1 Reservas Internacionais do Brasil - Custo Cambial (Valores em US$ Milhões):
2009-2011
(Continua)
Tabela 6.1 Reservas Internacionais do Brasil - Custo Cambial (Valores em US$ Milhões):
2009-2011 (Continuação)
O custo fiscal, por seu turno, expressa a diferença entre o custo médio da
dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) e a remuneração das reservas
internacionais (KÖHLER, 2011). O pressuposto básico é o da esterilização do
aumento da oferta de moeda doméstica em decorrência da compra de reservas
internacionais pela autoridade monetária (Banco Central). Assim, quando há o
ingresso de US$ 1 bilhão no Brasil na forma de investimentos ou empréstimos,
é necessário emitir moeda para a compra das divisas e, simultaneamente, há a
compensação desta emissão de moeda com a emissão de títulos, para que não
haja expansão da quantidade de moeda. O resultado é o aumento da DPMFi,
que tem custo igual à média ponderada das remunerações pagas pelo Tesouro
Nacional aos detentores de títulos públicos.
O cálculo do custo fiscal supõe, ainda, que não há variação cambial. Nesse
caso, o cálculo do custo fiscal é simples, visto que, para a obtenção dos rendimen-
tos obtidos pelo Banco Central na aplicação das reservas, basta multiplicar o nível
médio das reservas (denominadas em dólares) pela taxa de câmbio média e pela
taxa de remuneração. As despesas do Tesouro são calculadas multiplicando-se as
reservas pela taxa de câmbio e pelo custo médio da DPMFi. Para ilustrar e sim-
plificar, supomos que estrangeiros investem US$ 1 bilhão em títulos públicos no
Brasil e que o custo médio anual da DPMFi seja 11,8% (naturalmente, em reais) e
a remuneração anual das reservas internacionais seja 1,9% (em dólares). Na hipó-
tese da taxa de câmbio constante de R$ 2,00 por dólar estadunidense, a compra
de US$ 1 bilhão, que são incorporados às reservas, implica custo anual para o
Tesouro Nacional de R$ 236 milhões, ou seja, 11,8% de R$ 2 bilhões. Ocorre que
Figura 6.2 Reservas internacionais do Brasil – custo cambial e custo fiscal em percentual: 2009-
2011.
6.4 Síntese
Este capítulo analisa o custo das reservas internacionais do país. O argumento
básico é que o país não tem uma estratégia de formação de reservas. De fato, o
crescimento das reservas internacionais respondeu, em grande medida, à con-
juntura de liquidez internacional e às pressões ocasionais do setor de agronegó-
cio nos períodos de grande apreciação cambial. As estimativas sobre custo das
reservas abordam dois lados da questão: custo cambial e custo fiscal. O primeiro
decorre da diferença entre a taxa média de retorno de ativos de estrangeiros no
país e a taxa média de remuneração das reservas internacionais brasileiras. No
período 2009-2011, o custo cambial (média anual) estimado é US$ 5,7 bilhões,
que representou 23% do superávit da balança comercial.
O custo fiscal, por seu turno, resulta da diferença entre o custo médio da dívida
pública mobiliária federal interna (DPMFi) e a taxa de remuneração das reservas
internacionais. Dado o enorme diferencial entre o custo da DPMFi e a remunera-
ção das reservas, o custo fiscal é muito elevado. O custo fiscal (média anual) esti-
mado para o período 2009-2011 é R$ 47 bilhões, que representou 72% do superávit
primário do governo central e 1,3% do PIB. Portanto, tanto na ótica cambial como
na fiscal, as reservas internacionais têm custos relativamente elevados para o país.