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Novembro de 2015

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XI - PATRIMÓNIO DO ESTADO

11.1 – Enquadramento Legal

Em cumprimento do disposto no n.º 2 do artigo 48 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que


cria o SISTAFE “O Governo apresenta, como anexo à Conta Geral do Estado, o inventário
consolidado do Património do Estado”.
O Património do Estado é regido pelo correspondente regulamento, aprovado pelo Decreto
n.º 23/2007, de 9 de Agosto, o qual se aplica a todos os órgãos e instituições do Estado,
incluindo as autarquias locais, empresas do Estado, institutos e fundos públicos dotados de
autonomia administrativa, financeira e patrimonial e as representações do País no exterior, nos
termos do n.º 1 do artigo 2 do mesmo regulamento.
Segundo define a alínea l) do artigo 3 deste regulamento, o Património do Estado é o conjunto
de bens de domínio público e privado e dos direitos e obrigações de que o Estado é titular,
independentemente da sua forma de aquisição.
O inventário do Património do Estado abrange todos os bens de uso especial ou indisponível,
do domínio privado do Estado, do domínio público e o património cultural, de utilização
permanente, com vida útil superior a um ano, cujo valor de aquisição seja igual ou superior a
350,00 Meticais, e que não se destinem à venda, nomeadamente, móveis, animais, veículos e
imóveis, conforme o preceituado no n.º 1 do artigo 29, conjugado com o disposto nas alíneas
d), e), f) e k) do artigo 3, ambos do citado regulamento.
No processo de inventariação dos bens pelos organismos do Estado é observado, também, o
Diploma Ministerial n.º 78/2008, de 4 de Setembro, que aprova o Classificador Geral de Bens
Patrimoniais e as Fichas de Inventário de Bens Móveis e Imóveis, Veículos, Livros e
Publicações e Animais, bem como as instruções para o seu preenchimento.
De acordo com o estabelecido no n.º 2 do artigo 14 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atinente à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo,
no Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado, este órgão aprecia a actividade
financeira do Estado no ano a que a Conta se reporta, nos domínios patrimonial, das receitas e
das despesas, o cumprimento da Lei Orçamental e legislação complementar, o inventário do
Património do Estado e as subvenções, subsídios, benefícios fiscais, créditos e outras formas
de apoio concedidos, directa ou indirectamente.
Desta forma e segundo o referido instrumento legal, o Tribunal pronuncia-se, no presente
capítulo, sobre a informação relativa ao Património do Estado, constante da CGE de 2014.
Esta apreciação é feita com base no Anexo Informativo 7 da Conta Geral do Estado, nos
resultados das auditorias realizadas pelo Tribunal Administrativo e informações adicionais
obtidas na Direcção Nacional do Património do Estado, entidade que, nos termos do artigo 11
do Estatuto Orgânico do Ministério das Finanças, aprovado pela Resolução n.º 18/2011, de 16
de Novembro, da Comissão Interministerial da Função Pública, tem como funções, de entre
outras, as seguintes:
a) Coordenar o Subsistema do Património do Estado;
b) Organizar o cadastro dos bens do domínio público do Estado;

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c) Organizar o tombo dos bens imóveis do Estado;


e) Proceder à consolidação anual do inventário do património do Estado, bem como as
variações ocorridas;
f) Proceder, nos anos que terminem em “0” e “5”, o inventário geral dos bens patrimoniais
do Estado;
g) Propor normas e instruções regulamentares pertinentes sobre os bens patrimoniais do
Estado, incluindo aquisições públicas;
g) Promover concursos para a venda de bens abatidos dos organismos e instituições do
Estado;
h) Verificar os processos de contas de bens patrimoniais dos órgãos e instituições do
Estado;
i) Fiscalizar a observância de todas as normas e instrumentos sobre a gestão do património
do Estado;
j) Preparar, no domínio do Património do Estado, a informação necessária à elaboração da
Conta Geral do Estado.

11.2 – Considerações Gerais

O Inventário do Património do Estado, com referência a 31 de Dezembro, é apresentado no


Anexo Informativo 7 da CGE de 2014. Este anexo desdobra-se em 10 Sub-anexos, a saber:
 Anexo 7.1 - Relatório Analítico do Inventário do Património do Estado;
 Anexo 7.2 - Resumo dos Valores do Mapa Comparativo do Inventário Consolidado
dos Exercícios Económicos de 2013 e 2014;
 Anexo 7.3 - Mapa Consolidado do Inventário do Património do Estado;
 Anexo 7.4 - Mapa Consolidado do Inventário Orgânico, integrando os Órgãos e
Instituições da Administração Directa do Estado, bem como os Institutos e Fundos
Públicos;
 Anexo 7.5 – Mapa Resumo do Inventário Orgânico por categoria de bens (móveis,
veículos e imóveis);
 Anexo 7.6 - Mapa Consolidado do Inventário Territorial;
 Anexo 7.7 - Mapa Resumo Consolidado do Inventário Territorial;
 Anexo 7.8 - Mapa Consolidado dos Bens Patrimoniais Inventariáveis das Empresas
Públicas;
 Anexo 7.9 - Mapa do Inventário do Património Autárquico;
 Anexo 7.10 - Mapa Resumo do Inventário do Património Autárquico.
O Mapa Consolidado do Inventário do Património do Estado (Anexo 7.3) continua a não
incorporar o inventário das Empresas Públicas e das Autarquias. Este mapa deve agregar todo
o património do Estado, por categoria de bens, independentemente dos órgãos onde se

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localizam. O Tribunal Administrativo vem recomendando, de forma reiterada, nos seus


relatórios, a inclusão destes inventários no referido mapa consolidado.
Segundo o pronunciamento do Governo, em sede do contraditório do Relatório e Parecer
sobre a CGE de 2013, o Património das Empresas Públicas e Autarquias será incluído no
referido Mapa Consolidado, a partir de 2015.
O valor mínimo do bem a considerar para efeitos de inventário, fixado no Regulamento do
Património do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 23/2007, de 9 de Agosto, é de 350,00
Meticais. Este valor encontra-se desajustado tendo em conta o princípio da materialidade e o
efeito da inflação, carecendo, assim, de actualização por despacho do Ministro que
superintende a área das Finanças, conforme a prerrogativa a si atribuída pelo n.º 4 do artigo 29
do citado Regulamento.
A este propósito, o Governo, exercendo o direito do contraditório, reconheceu a situação e
afirmou que a mesma será colmatada com a conclusão do Módulo do Património do Estado.
É de referir que a actualização do valor é feita por despacho do Ministro que superintende a
área das Finanças, conforme anteriormente afirmado.
À semelhança do exercício económico de 2013, na presenta Conta, o inventário do Património
do Estado foi elaborado no ambiente e-SISTAFE, através da aplicação e-Inventário. Segundo
se extrai do Relatório Analítico do Património do Estado, esta aplicação é “transitória para a
implementação do Módulo do Património do Estado onde serão desenvolvidas todas as
actividades do Macro-Processo de Administração do Património do Estado, (aquisição,
alienação, cessão de exploração, incorporação, movimentação, transferência, grandes
reparações, amortizações, abates e outras operações a serem definidas)”.
Pela falta de funcionalidades relevantes do aplicativo e-Inventário, os bens de domínio público,
tais como linhas férreas, infra-estruturas portuárias e aeroportuárias não têm sido enquadrados
na devida categoria, mas classificados e visualizados como bens de domínio privado do Estado.
Assim, na inventariação dos bens de domínio público não se respeitou, na íntegra, o
Classificador Geral de Bens Patrimoniais, de que decorre a necessidade de acelerar-se o
processo de implementação do referido módulo, por forma a permitir a correcta classificação e
enquadramento destes bens.
Relativamente ao assunto, em sede do contraditório, o Governo afirmou que tem efectuado a
captação e incorporação de dados relativos aos bens de domínio público que contêm
informação que se adequa às fichas de inventário em vigor, mas apenas para ter o controlo dos
bens existentes nas instituições do Estado, independentemente da sua categoria, carecendo,
ainda, de definição de um critério válido para uniformizar a inventariação deste tipo de bens,
para além de que o sistema e-Inventário ainda não está preparado para o efeito, devido à
magnitude de informação a incorporar.
No que respeita à implementação do referido módulo, em resposta ao pedido de
esclarecimentos, feito por este Tribunal, o Governo informou que a mesma “iniciou em 2014,
com o desenvolvimento e produção das funcionalidades do Catálogo de Bens e Serviços e
Cadastro Único dos Fornecedores, que servirão de suporte para a implementação das
funcionalidades referentes à Incorporação de Bens pela Via Directa e Adiantamento de Fundos,
Movimentação e Transferências de Bens. Em 2016 será implementada a fase piloto do Módulo
do Património do Estado em alguns órgãos e instituições do Estado, prevendo-se a sua
operacionalização a nível nacional em 2017”.
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Ainda, na presente Conta, o Governo informa1 que, em cumprimento das recomendações do


Tribunal Administrativo, contidas no Relatório e Parecer sobre a CGE de 2013, foi feita a
revisão do Classificador Geral de Bens Patrimoniais (CGBP), aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 78/2008, de 4 de Setembro, com vista a harmonizá-lo com o Classificador
Económico da Despesa, aprovado pelo Decreto n.º 53/2012, de 28 de Dezembro, resultando na
desagregação do código 212 que integrava veículos, animais e aplicações informáticas
(software), passando os veículos a integrar o código “213-Meios de transporte” e os animais e
aplicações informáticas, o código “214-Demais bens de capital”.
Contrariamente aos exercícios anteriores, na presente Conta, o Governo não faz menção ao
ponto de situação de regularização dos títulos de propriedade dos imóveis do Estado.
A este propósito, em resposta ao pedido de esclarecimento sobre a CGE em apreço, o
Executivo apresentou os dados respeitantes à situação dos imóveis referentes ao exercício
económico de 2014, como se detalha na tabela, a seguir.
Imóveis 2011 2012 2013 2014 Total
Identificados 22.113 4.448 26.561
Inventariados (Até) 2.033 2.634 3.051 4.182 4.182
Títulos Regularizados (No ano) 214 597 705 779 2.295
Representatividade (%) 10,5 24,7 31,5 29,2 54,9
Fonte: Anexos Informativos 7.1 e 7.4 da CGE (2011-2014).
10,5 = 214/2.033*100.
24,7 = 597/(2.634 - 214)*100.
31,5 = 705/(3.051 - 214 - 597)*100.
29,2 = 779/(4.182 - 214 - 597 - 705)*100.
54,9 = 2.295/4.182*100.

Os dados apresentados na tabela são, apenas, dos organismos de Administração Directa do


Estado, incluindo Institutos e Fundos Públicos, pelo facto de o Governo não ter evidenciado a
informação sobre a regularização dos títulos de propriedade das empresas públicas e das
autarquias, alegadamente, por ser da responsabilidade destas procederem ao seu registo, uma
vez que estão sob sua gestão.
No exercício do contraditório, o Governo apresentou uma informação que dá conta de que em
2014, na Administração Directa do Estado, incluindo Institutos e Fundos Públicos, foram
inventariados 1.206 imóveis. Contrariamente a este dado, o número dos imóveis inventariados
em 2014, apurado do Anexo 7.4 da CGE em análise é de 1.1312, o que diverge dos imóveis
apresentados pelo Executivo naquele documento, em 75 unidades. Igualmente, nessa
informação, o Executivo mencionou que está em processo de registo de 15 imóveis de
empresas públicas, não se tendo regularizado qualquer imóvel, tanto nas empresas como nas
autarquias.
A DNPE, enquanto entidade responsável por “Verificar os processos de contas de bens
patrimoniais dos órgãos e instituições do Estado”, bem como “Fiscalizar a observância de
todas as normas e instruções sobre a gestão do património do Estado”, nos termos das alíneas
j) e k) do artigo 11, do seu Estatuto Orgânico, aprovado pela Resolução n.º 18/2011, de 16 de
Novembro, da Comissão Interministerial da Função Pública, deverá, igualmente, ter
informação e acompanhar a situação dos bens das Empresas Públicas e Autarquias.

1
Relatório Analítico do Inventário do Património do Estado da CGE de 2014.
2
1.131 = 4.182 – 3.051(Os números 4.182 e 3.051 são acumulados).
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No que concerne a esta matéria, o Governo, no exercício do direito do contraditório, afirmou


que no Relatório Analítico da CGE em análise, no sub anexo 7.3, é indicado, apenas, o valor
do património dos organismos e instituições do Estado (Administração Directa do Estado),
não se reflectindo nele, os bens das empresas públicas e autarquias.
A questão levantada pelo Tribunal Administrativo foi a da falta de informação respeitante à
regularização dos títulos de propriedade dos imóveis das empresas públicas e das autarquias,
não estando em causa o valor do património indicado no anexo 7.3.
Da tabela acima, constata-se que o nível de registo de títulos de propriedade dos imóveis do
Estado é de 54,8%.
Por outro lado, o rácio entre os imóveis inventariados e os identificados é de 15,7%3, o que
revela a necessidade de maior celeridade do processo, no concernente à regularização e tombo
destes bens, de modo que os mesmos sejam devidamente incorporados no e-Inventário.
Reagindo ao Relatório Preliminar sobre a CGE de 2014, o Executivo, reconhecendo a
necessidade de incrementar esforços no sentido de suprir esta situação, informou que estão em
curso acções de regularização, registo, avaliação e identificação, por meio de placas com a
inscrição “PATRIMÓNIO DO ESTADO”, que permitirão maior celeridade processual no
concernente ao Tombo Geral dos Imóveis do Estado.
Tomando como referência os Anexos 7.4, 7.8 e 7.9 da CGE de 2014, verifica-se que o
Património Bruto, as Amortizações Acumuladas e o Património Líquido, apurados a 31 de
Dezembro, tiveram um incremento de 29,3%, 40,6% e 23,1%, respectivamente. Fazendo o
rácio entre o valor global das amortizações acumuladas e do património bruto apurados,
conclui-se que 49,7%4 dos bens que constituem o património do Estado estão totalmente
amortizados.
Da mesma fonte, apurou-se que os acréscimos patrimoniais representaram 22,7% no
Património Final Bruto, significando um incremento de 16,3 pontos percentuais relativamente
ao ano anterior, em que foram de 6,4%. No total dos acréscimos, evidenciou-se a actualização
dos imóveis que conheceu um incremento de 4.217,8%, comparativamente ao exercício de
2013, conforme se verá, adiante, no ponto 11.5.1 do presente capítulo.
No exercício em apreço, os valores despendidos na compra de bens inventariáveis, apurados
dos mapas de despesa VI a XII da CGE de 2014, decresceram 30,3%5, em relação ao ano de
2013. Entretanto, o rácio entre o valor registado nos mapas de inventário, como aquisições do
ano, e o despendido pelos organismos de administração directa do Estado, na compra de bens
inventariáveis, é manifestamente baixo e situa-se em 26,5%6. Isto resulta da falta do registo, no
inventário, dos bens patrimoniais, no ano da sua aquisição, em violação do preceituado no n.º 1
do artigo 11 da Circular n.º 03/GAB-MF/2014, de 31 de Outubro, do Ministro das Finanças,
relativa ao encerramento do exercício económico de 2014, segundo o qual “todos os órgãos e
instituições do Estado incluindo as autarquias, empresas públicas, institutos e fundos públicos
bem como as representações do país no exterior, devem inventariar, digitar e proceder a
conformidade processual a universalidade dos bens adquiridos até 31 de Dezembro de 2014

3
(4.182/26.561)*100.
4 (157.211.399/316.232.066)*100.
5 (31.285.581- 44.894.448)/44.894.448*100.
6 (7.991.479/30.177.551)*100.

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que constitui património do Estado, devendo o seu processamento e sistematização terminar a


30 de Abril de 2015”.
A este respeito, no exercício do direito do contraditório o Governo afirmou que “é da
competência de todos os órgãos e instituições da Administração Directa e Indirecta do Estado
(Empresas Públicas e Autarquias Locais) organizar e manter actualizado o inventário dos
bens sob sua guarda, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 28 do Regulamento do
Património do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 23/2007, de 9 de Agosto. Porém, o Governo
através do Ministério da Economia e Finanças tem vindo a disseminar nas suas acções de
formação e supervisão, cabendo a cada órgão e instituição do Estado a actualização do
inventário sempre que se adquirem os bens”.
Informou, ainda, que estão sendo realizadas acções de formação e supervisão, nas quais os
sectores são instruídos da necessidade de inventariação dos bens adquiridos num determinado
exercício económico e que está sendo concebida a funcionalidade “Incorporação Via Directa”,
harmonização de procedimentos envolvendo os Ministérios da Economia e Finanças, das
Obras Públicas Habitação e Recursos Hídricos e da Justiça, Assuntos Religiosos e
Constituicionais, visando ultrapassar a situação a que se refere a constatação.
Nas auditorias realizadas sobre a execução do orçamento de 2014, apurou-se que algumas
entidades não possuem os títulos de propriedade, em nome do Estado, e as apólices de seguro
dos imóveis e veículos, situação que carece de regularização, como vem reiterando o Tribunal
Administrativo, nas recomendações formuladas nos seus relatórios e pareceres anteriores.
No que tange a esta matéria, o Governo, exercendo o direito do contraditório, sem apresentar
provas, pronunciou-se nos seguintes temos: “Quanto às apólices de seguro, o Governo firmou
um Contrato com a EMOSE, SARL contra todos os riscos dos imóveis do Estado.
Quanto aos títulos de propriedade de imóveis em nome do Estado o Governo esclarece que foi
realizada uma acção de formação e harmonização de procedimentos, envolvendo o Ministério
da Economia e Finanças, na qualidade de guardião do património do Estado, o Ministério
das Obras Públicas Habitação e Recursos Hídricos por tratar-se de entidade com pericía na
componente de avaliação de imóveis e o Ministério da Justiça, Assuntos Religiosos e
Constitucionais, com a responsabilidade de registar os imóveis do Estado, onde foi abordada
a questão da dinâmica a ser empreendida por cada sector de acordo com as suas atribuições,
no concernente a avaliação e registo dos imóveis do Estado.
O Governo estabeleceu a obrigatoriedade do seguro de viaturas mediante a adopção de um
instrumento normativo específico para o efeito. Neste momento, decorrem acções de
monitoria do seu cumprimento por entidades competentes”.
Os factos anteriormente mencionados permitem concluir que a informação da CGE do ano, no
concernente ao Inventário do Património do Estado, não reflecte com exactidão, a situação
patrimonial, em preterição do estabelecido no n.º 1 do artigo 46 da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, que cria o SISTAFE, segundo o qual a Conta Geral do Estado deve ser elaborada
com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e
financeira.

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11.3 – Valores Despendidos na Aquisição de Bens Patrimoniais ao Longo do Quadriénio


(2011-2014)
A evolução, de 2011 a 2014, dos valores despendidos na aquisição de bens inventariáveis,
apurados dos Mapas VI a XII das respectivas Contas, é apresentada no Quadro n.º XI.1, a
seguir.
Quadro n.º XI. 1 – Valores Despendidos na Aquisição de Bens Patrimoniais
(Em mil Meticais)
CED Designação 2011 2012 2013 2014
Componente Funcionamento
Bens 457.369 432.488 1.399.869 1.372.239
121.004 Instalações e Equipamentos Militares 1.355 1.970 3.316 63.166
121.006 Material Duradouro de Escritório 115.571 101.400 147.029 0
121.007 Fardamento e Calçado 564.469 842.256
121.014 Ferramenta de Uso Duradouro 7.891 0
121.016 Material Duradouro para Ensino e Formação 10.597 0
121.018 Material Duradouro para Desporto 18.738 0
121.023 Material Duradouro para Informática 58.254 991
121.024 Software de Base 2.159 36.008
121.025 Material de Cama, Banho e Mesa 25.644 72.743
121.027 Material Duradouro para Copa e Cozinha 17.935 0
121.030 Bandeiras e Flâmulas 9.661 21.449
121.099 Outros Bens Duradouros 341.798 329.119 534.175 335.626
Bens de Capital 213.670 281.177 407.981 257.255
211.000 Construções 0 4.846 7.264 155
212.000 Maquinaria, Equipamento e Mobiliário 158.928 206.672 352.925 217.497
210.003 Meios de Transporte 13.176 16.127
214.002 Software de Aplicação 281 9.306
214.003 Animais 887 391
214.099 Outros Bens de Capital 54.742 69.660 33.448 13.779
Sub-total 671.040 713.665 1.807.849 1.629.494
Componente Investimento (Financiamento Interno e Externo)
Bens 1.177.036 660.643 3.390.776 447.025
121.004 Instalações e Equipamentos Militares 306 1.440 1.238 1.121
121.006 Material Duradouro de Escritório 50.268 87.896 27.467 0
121.007 Fardamento e Calçado 1.473.946 119.469
121.014 Ferramenta de Uso Duradouro 3.090 0
121.016 Material Duradouro para Ensino e Formação 707.385 0
121.018 Material Duradouro para Desporto 4.833 0
121.023 Material Duradouro para Informática 16.836 421
121.024 Software de Base 2.071 32.820
121.025 Material de Cama, Banho e Mesa 4.260 12.704
121.027 Material Duradouro para Copa e Cozinha 7.244 0
121.030 Bandeiras e Flâmulas 1.666 1.316
121.099 Outros Bens Duradouros 1.126.462 571.307 1.140.739 279.174
Bens de Capital 30.024.064 27.917.705 39.695.823 29.209.062
211.000 Construções 23.550.788 21.034.509 31.327.572 1.711.427
212.000 Maquinaria, Equipamento e Mobiliário 5.912.398 6.365.445 6.154.458 23.409.024
213.000 Meios de Transporte 1.646.353 3.298.748
214.002 Software de Aplicação 18.573 72.945
214.003 Animais 88.699 202.053
214.099 Outros Bens de Capital 560.877 517.751 460.169 514.866
Sub-total 31.201.099 28.578.348 43.086.599 29.656.087
Total Despendido 31.872.139 29.292.014 44.894.448 31.285.581
Total da Execução 127.935.200 165.511.700 182.190.700 227.049.160
Total Despendido/Execução Total (%) 24,9 17,7 24,6 13,8
PIB 365.334.000 407.903.000 470.472.000 526.495.000
Total Despendido/PIB (%) 8,7 7,2 9,5 5,9
Fonte: Mapas VI a XII das CGE's de 2011-2014.

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Observa-se no quadro que, no exercício económico de 2014, a despesa em bens inventariáveis


foi de 31.285.581 mil Meticais7, representado 13,8% da despesa total registada no ano, dos
quais 1.629.494 mil Meticais correspondem à execução da Componente de Funcionamento e
29.656.087 mil Meticais, ao Investimento.
Comparativamente ao ano de 2013, em que o despêndio foi de 44.894.448 mil Meticais,
houve uma redução de 13.608.867 mil Meticais (30,3%). A diminuição nos gastos também se
verificou no ano de 2012, no montante de 2.580.125 mil Meticais correspondentes a uma
percentagem de 8,1%, em relação ao ano de 2011, cuja execução foi de 31.872.139 mil
Meticais. O único aumento no quadriénio em análise ocorreu em 2013, ao passar de
29.292.014 mil Meticais, para 44.894.448 mil Meticais, correspondendo a uma variação de
15.602.434 mil Meticais, ou seja 53,3%.
O rácio entre os valores despendidos na aquisição de bens patrimoniais e o PIB foi de 8,7%,
em 2011, 7,2, em 2012, 9,5%, em 2013 e 5,9%, em 2014. Assim, de 2011 para 2014 registou
uma redução de 2,8 pontos percentuais.
À semelhança dos anos anteriores, no exercício em apreço, não se tomou em consideração o
âmbito Autárquico, pois, do respectivo mapa, continua sem constar a informação referente aos
gastos efectuados pelos municípios, na aquisição de bens patrimoniais. Igualmente, excluíram-
se da análise as empresas públicas, em virtude de, na CGE, não estarem desagregados os
valores despendidos na compra de bens inventariáveis naquelas organizações.

11.4 – Evolução do Património do Estado

No Quadriénio 2011-2014, o valor do Património do Estado apresentou sempre uma tendência


crescente, tendo atingido, no último ano, 316.232.066 mil Meticais de Património Bruto e
157.211.399 mil Meticais de Amortizações Acumuladas, o que permitiu o apuramento do
Património Líquido de 159.020.667 mil Meticais, conforme o Quadro n.º XI.2, a seguir.

7 Funcionamento (482.646+270.470+129.926) + Investimento (30.897.432+5.256.167+1.689.099). Mapas VI-01 a VI-10;


VII-01 a VII-11; VIII-01 a VIII-10; X-01 a X-10; XI-01- a XI-11 e XII-01 a XII-10, da CGE de 2013.
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-8
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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Quadro n.º XI.2 – Evolução do Património do Estado no Quadriénio 2011-2014


(Em mil Meticais)

2011 2012 2013 2014


Bens
(1) Valor Variação % Valor Variação % Valor Variação %
Bruto 10.298.269 12.295.833 1.997.564 19,4 16.299.734 4.003.902 32,6 21.948.635 5.648.901 34,7
Móveis Amort. Acumuladas 4.880.806 6.810.980 1.930.174 39,5 9.680.299 2.869.318 42,1 12.515.911 2.835.613 29,3
Líquido 5.417.464 5.484.853 67.389 1,2 6.619.436 1.134.583 20,7 9.432.724 2.813.288 42,5
Bruto 20.884.597 23.440.567 2.555.970 12,2 29.573.319 6.132.751 26,2 33.575.973 4.002.655 13,5
Veículos Amort. Acumuladas 12.604.125 17.033.219 4.429.094 35,1 22.880.561 5.847.342 34,3 27.045.954 4.165.393 18,2
Líquido 8.280.473 6.407.348 -1.873.125 -22,6 6.692.757 285.409 4,5 6.530.019 -162.738 -2,4
Bruto 148.114.455 181.299.223 33.184.768 22,4 198.626.068 17.326.844 9,6 260.707.458 62.081.390 31,3
Imóveis Amort. Acumuladas 65.918.536 78.137.805 12.219.269 18,5 79.271.843 1.134.038 1,5 117.649.533 38.377.690 48,4
Líquido 82.195.920 103.161.418 20.965.498 25,5 115.845.710 12.684.292 12,3 143.057.925 27.212.215 23,5
Bruto 179.297.322 217.035.624 37.738.302 21,0 244.499.121 27.463.497 12,7 316.232.066 71.732.946 29,3
TOTAL Amort. Acumuladas 83.403.467 101.982.005 18.578.538 22,3 111.832.703 9.850.698 9,7 157.211.399 45.378.696 40,6
Líquido 95.893.858 115.053.619 19.159.761 20,0 129.157.903 14.104.284 12,3 159.020.667 29.862.764 23,1
Fonte: Anexos informativos 7.4, 7.8 e 7.9 da CGE (2011 - 2014).

O rácio entre o valor global das Amortizações Acumuladas (157.211.399 mil Meticais) e do
Património Bruto (316.232.066 mil Meticais), em 2014, revela que 49,7%8 do valor bruto dos
bens que constituem o património do Estado se encontra amortizado, o que indicia que grande
número dos bens patrimoniais se encontra em fase adiantada de envelhecimento.
Assim, a baixa evolução de 20%, 12,3% e 23,1%, em 2012, 2013 e 2014, respectivamente, do
Património Líquido, para além de estar relacionada com a falta de registo dos bens no e-
Inventário, no ano da sua aquisição, é também, influenciada pela permanência, no inventário,
de bens totalmente amortizados, sem se proceder ao devido abate, no caso dos bens que não
têm utilidade económica, e pela falta de reavaliação de alguns bens que, embora expirado o seu
período de vida útil, ainda se mantêm em condições de utilização, nos diversos organismos do
Estado aos quais estão afectos.
O Executivo, reconhecendo o facto, afirmou, no exercício do contraditório, que “para colmatar
esta situação, embora as funcionalidades de abate e reavaliações não estejam em
funcionamento, o Governo adoptou um critério correctivo a ser implementado no âmbito de
Inventário Geral em curso que cingir-se-á na actualização de dados dos bens totalmente
amortizados que tenham ainda utilidade económica e proceder a inativação dos dados dos
bens abatidos por incapacidade”.
Como se pode, ainda, apurar do Quadro n.º XI.2, supra, de 2011 a 2014, a evolução do
Património Líquido foi de 65,8%9, inferior, assim, em 10,6 pontos percentuais10 em relação ao
crescimento do Património Bruto, em igual período, que foi de 76,4%11.

8
(157.211.399/316.232.066)*100.
9
[(159.020.667 – 95.893.858)/95.893.858*]100.
10
76,4% - 65,8%.
11
[(316.232.066 – 179.297.322)/179.297.322]*100.
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-9
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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De seguida é apresentada a situação detalhada do Património Bruto, Amortizações Acumuladas


e Património Líquido.

11.4.1 – Do Património Bruto

Em 2014, o Património Bruto atingiu o valor global de 316.232.066 mil Meticais,


verificando-se um aumento de 71.732.946 mil Meticais (29,3%), em relação ao exercício
anterior, cujo montante global tinha sido de 244.499.121 mil Meticais. Em 2012, o crescimento
foi de 21,0% e, em 2013, 12,7%, como se pode ler do Quadro n.º XI.3 a seguir.
Quadro n.º XI.3 – Evolução do Valor Global Bruto do Património do Estado no
Quadriénio 2011-2014
(Em mil Meticais)
Variação Variação
CGE de 2011 Peso CGE de 2012 Peso CGE de 2013 Peso CGE de 2014 Variação
(2)-(1) (3)-(2) Peso
Tipo (4)-(3)
Saldo Final Saldo Final Saldo Final Saldo Final
Valor % Valor %
(1) % (2) % (3) % (4) % Valor %
1-Móveis 10.298.269 5,7 12.295.833 5,7 1.997.564 19,4 16.299.734 6,7 4.003.901 32,6 21.948.635 6,9 5.648.901 34,7
2-Veículos 20.884.597 11,6 23.440.567 10,8 2.555.970 12,2 29.573.319 12,1 6.132.752 26,2 33.575.973 10,6 4.002.655 13,5
3-Imóveis 148.114.455 82,6 181.299.223 83,5 33.184.768 22,4 198.626.068 81,2 17.326.845 9,6 260.707.458 82,4 62.081.390 31,3
Total 179.297.322 100 217.035.623 100 37.738.301 21,0 244.499.121 100 27.463.498 12,7 316.232.066 100 71.732.946 29,3
Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

Observa-se, no quadro, que por tipo de bens, os móveis apresentaram variações positivas e
progressivas, partindo de 19,4%, em 2012, 32,6%, em 2013, e, relativamente ao ano em
apreço, registou-se o maior aumento do quadriénio, com 34,7%. As taxas de crescimento dos
veículos foram de 12,2%, em 2012, de 26,2%, em 2013, tendo no ano em consideração uma
regressão do ritmo de crescimento, ao registar 13,5%. Os imóveis apresentaram, igualmente,
taxas de crescimento oscilantes, que foram de 22,4%, em 2012, de 9,6%, em 2013, e de
31,3%, em 2014.
No concernente ao peso, os imóveis destacaram-se em todo o período, com pesos de 82,6%,
83,5%, 81,2% e 82,4%, em 2011, 2012, 2013 e 2014, respectivamente. Os veículos
constituem o segundo agregado de maior significado, com pesos de 11,6%, 10,8%, 12,1% e
10,6%, no mesmo quadriénio. Com menor participação, estão os bens móveis com pesos
variando entre 5,7% e 6,9%, no período em consideração, conforme o quadro anterior e o
gráfico seguinte.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-10
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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Gráfico n.º XI. 1 - Evolução do Peso do Património Bruto do Estado

90%
82,6% 83,5% 82,4%
81,2%
80%

70%
Móveis

60%
Veículos
50%

40% Imóveis

30%

20%
10,6%
11,6% 10,8% 12,1%
10% 5,7% 5,7% 6,7% 6,9%

0%
2011 2012 2013 2014

Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

11.4.2 – Das Amortizações Acumuladas

No exercício de 2014, as amortizações acumuladas somaram 157.211.399 mil Meticais, como


se detalha no Quadro n.º XI.4, a seguir.
A taxa de crescimento registada no ano de 2014 quadruplicou, relativamente ao ano transacto,
ao passar de 9,7% para 40,6%, contrariando a tendência verificada nos anos de 2012 e 2013,
em que se registaram taxas de 22,3% e 9,7%, respectivamente.
Quadro n.º XI.4 – Evolução do Valor Global das Amortizações Acumuladas no
Quadriénio 2011-2014
(Em mil Meticais)
Variação Variação
CGE de 2011 Peso CGE de 2012 Peso CGE de 2013 Peso CGE de 2014 Variação
(2)-(1) (3)-(2) Peso
Tipo (4)-(3)
Saldo Final Saldo Final Saldo Final Saldo Final
Valor % Valor %
(1) % (2) % (3) % (4) % Valor %
1-Móveis 4.880.806 5,9 6.810.980 6,7 1.930.174 39,5 9.680.299 8,7 2.869.319 42,1 12.515.911 8,0 2.835.613 29,3
2-Veículos 12.604.125 15,1 17.033.219 16,7 4.429.094 35,1 22.880.561 20,5 5.847.342 34,3 27.045.954 17,2 4.165.393 18,2
3-Imóveis 65.918.536 79,0 78.137.805 76,6 12.219.269 18,5 79.271.843 70,9 1.134.038 1,5 117.649.533 74,8 38.377.690 48,4
Total 83.403.467 100 101.982.004 100 18.578.537 22,3 111.832.703 100 9.850.699 9,7 157.211.399 100 45.378.696 40,6
Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

Por tipo de bens, as amortizações dos imóveis, que sempre apresentaram taxas de crescimento
inferiores em relação às outras categorias, no exercício económico de 2014, tiveram a taxa
mais elevada de todo o quadriénio, com 48,4%, depois de se ter fixado em 1,5%, em 2013. As
amorizações dos bens móveis cresceram, no mesmo período, às taxas de 39,5%, em 2012,
42,1%, em 2013, e 29,3%, em 2014, tendo as dos veículos registado as seguintes taxas de
crescimento: 35,1%, 34,3% e 18,2%, respectivamente, em 2012, 2013 e 2014.
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-11
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Novembro de 2015
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Quanto ao peso, o valor das amortizações dos imóveis continua a evidenciar-se ao longo do
período, variando entre 70,9% e 79,0%. Seguem-se os veículos, com as taxas situadas entre
15,1% e 20,5%, no mesmo período, enquanto as amortizações dos bens móveis assumem a
menor expressão, como se observa no quadro anterior e no gráfico a seguir.
Gráfico n.º XI. 2 - Evolução do Peso das Amortizações Acumuladas no Quadriénio
2011-2014

90%
79,0%
80% 76,6%
74,8%
70,9%
70%
Móveis

60%

Veículos
50%

40% Imóveis

30%
20,5% 20,5%%
20% 15,1% 16,7%

8,7% 8,0%
10% 5,9% 6,7%

0%
2011 2012 2013 2014

Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

11.4.3 – Do Património Líquido

Conforme se ilustra no Quadro n.º XI.5, a seguir, o valor global do Património Líquido do
Estado, apurado a 31 de Dezembro de 2014, é de 159.020.667 mil Meticais, registando um
incremento de 23,1%, relativamente ao ano anterior.
Quadro n.º XI.5 – Evolução do Valor Global do Património Líquido do Estado no
Quadriénio 2011-2014
(Em mil Meticais)
Variação Variação
CGE de 2011 Peso CGE de 2012 Peso CGE de 2013 Peso CGE de 2014 Variação
(2)-(1) (3)-(2) Peso
Tipo (4)-(3)
Saldo Final Saldo Final Saldo Final Saldo Final
Valor % Valor %
(1) % (2) % (3) % (4) % Valor %
1-Móveis 5.417.464 5,6 5.484.853 4,8 67.389 1,2 6.619.436 5,1 1.134.583 20,7 9.432.724 5,9 2.813.288 42,5
2-Veículos 8.280.473 8,6 6.407.348 5,6 -1.873.125 -22,6 6.692.757 5,2 285.409 4,5 6.530.019 4,1 -162.738 -2,4
3-Imóveis 82.195.920 85,7 103.161.418 89,7 20.965.498 25,5 115.845.710 89,7 12.684.292 12,3 143.057.925 90,0 27.212.215 23,5
Total 95.893.858 100 115.053.619 100 19.159.761 20,0 129.157.903 100 14.104.284 12,3 159.020.667 100 29.862.764 23,1
Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

Observa-se, no quadro, que de 2011 a 2014, os bens móveis apresentaram variações sempre
positivas e sucessivas de 1,2%, em 2012, de 20,7%, em 2013 e de 42,5%, em 2014.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-12
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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Igualmente, os imóveis evoluíram a taxas de 25,5%, em 2012, de 12,3%, em 2013, e 23,5%,


em 2014.
Os veículos apresentaram uma variação para menos de 22,6%, em 2012, tendo aumentado
4,5%, em 2013, o que significou uma evolução de 27,112 pontos percentuais. Em 2014, voltou
a decrescer 2,4%, ou seja, uma variação para menos de 6,913 pontos percentuais, em relação ao
ano anterior.
Quanto ao peso, os imóveis continuam a evidenciar-se com as proporções de 85,7%, em 2011,
89,7%, em 2012 e 2013, e 90,0%, em 2014. Os bens móveis têm mantido uma certa
consistência no seu peso relativo, variando entre 4,8% e 5,9%.
De seguida, é apresentado o Gráfico n.º XI.3, que mostra a evolução do peso de cada um dos
tipos de bens no Património Líquido do Estado, ao longo do quadriénio em consideração.
Gráfico n.º XI. 3 - Evolução do Peso do Património Líquido do Estado

100%
89,7% 89,7% 90,0%
90% 85,7%

80%

70% Móveis

60%
Veículos
50%

40%
Imóveis

30%

20%
8,6%
10% 5,6% 4,8% 5,6% 5,1% 5,2% 5,9% 4,1%

0%
2011 2012 2013 2014

Fonte: Anexo Informativo 7 da CGE (2011 - 2014).

11.5 – Análise do Processo de Inventariação

11.5.1 – Acréscimos Patrimoniais (Aquisições e Actualizações)

Segundo o Mapa Consolidado do Inventário do Património do Estado, que é parte integrante


do Anexo Informativo 7 da CGE, os acréscimos patrimoniais correspondem às Aquisições,
Actualizações, Reavaliações ou Outras Alterações e Obras ou Reparações.
À semelhança dos anos anteriores e como vem sendo reportado pelo Tribunal Administrativo
no Relatório e Parecer sobre a CGE, no referido anexo informativo não é apresentada a

12 4,1 – (-22,6).
13 (-2,4) – (4,5).
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-13
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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informação relativa às Reavaliações ou Outras Alterações e às Obras ou Reparações, a qual


está condicionada à aprovação dos coeficientes e fórmulas para o efeito, assim como à
implementação do Módulo do Património do Estado, que estava prevista para 2014, segundo o
pronunciamento do Governo, no contraditório do Relatório e Parecer sobre a CGE de 2011.
Acontece, porém, que este prazo não foi cumprido, tendo o inventário do Património do
Estado, na presente Conta, sido elaborado com base no aplicativo e-Inventário que não possui
funcionalidades que permitam a inclusão daqueles items.
A este propósito, exercendo o direito do contraditório, o Governo teceu o seguinte: “o Módulo
do Património do Estado estava inicialmente desenhado para atender à incorporação de bens
patrimoniais, através da funcionalidade de registo de aquisições, actualizações e acréscimos e
diminuições, amortizações do exercício, património final e líquido, reavaliações e variações
brutas. Portanto, durante a elaboração do módulo conceptual verificou-se a necessidade de
trazer uma aplicação completa, o que implica a alteração do funcionamento dos outros
módulos concebidos (MEX e MEO).
Esta situação originou a alteração dos Classificadores Económicos da Despesa e da Receita
e o Classificador Orgânico, com vista a conceber uma plataforma comunicativa com os
outros módulos do e-SISTAFE.
Assim, tendo em conta o gradualismo na implementação do Módulo do Património do Estado,
foram desenvolvidas e colocadas em produção as funcionalidades Catálogo de Bens e
Serviços e Cadastro Único dos Fornecedores. Estas funcionalidades servirão de suporte para
incorporação de Bens pela via Directa e Adiantamento de Fundos, Movimentação e
Transferência de Bens. Em seguida, implementar-se-à as demais funcionalidades,
nomeadamente, Gestão de Preços de referência, Planificação das Aquisições e
Procedimentos de Contratação.
De salientar que estão em curso acções de melhoramento através da criação de
especificações de relacionamento entre todos os módulos, por forma a permitir a sua
comunicação e consequentemente em 2016, será implementada a fase piloto do Módulo do
Património do Estado apenas para alguns órgãos e instituições do Estado, cuja
operacionalização está prevista para 2017”.
Igualmente, como já foi referido atrás, pela falta de funcionalidades relevantes do aplicativo e-
Inventário, os bens de domínio público, tais como linhas férreas, infra-estruturas portuárias e
aeroportuárias não têm sido enquadrados na devida categoria mas classificados e visualizados
como bens de domínio privado do Estado.
Pelas razões anteriormente aduzidas, no presente relatório, a abordagem dos acréscimos
patrimoniais, neste ponto, é feita, apenas, em relação às aquisições e actualizações disponíveis
na CGE em análise.
No exercício de 2014, os acréscimos patrimoniais totalizaram 71.730.946 mil Meticais,
conforme o Quadro n.º XI.6, a seguir. No Património Final Bruto representaram 22,7%,
significando, um aumento de 16,3 pontos percentuais, em relação ao ano de 2013 (6,4%).
De forma individualizada, as aquisições e as actualizações representaram 5,4% e 17,3%,
respectivamente, conforme se detalha no quadro a seguir.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-14
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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Quadro n.º XI.6 – Acréscimos no Património Bruto do Estado em 2013 e 2014


(Em mil Meticais)
Acréscimos Patrimoniais em 2013
Património Património
Bens Aquisições Actualizações Total de Acréscimos
Inicial Bruto Final Bruto
Valor % Valor % Valor %
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
(3)/(11) (3)/(9) (6)/(11) (6)/(9) (3)+(6) (9)/(11) (2)+(9)
Móveis 12.295.833 3.053.799 18,9 78,5 837.414 5,2 21,5 3.891.213 24,0 16.187.046
Veículos 23.440.567 3.899.251 13,5 72,0 1.519.907 5,3 28,0 5.419.158 18,8 28.859.726
Imóveis 181.299.223 4.163.070 2,2 76,9 1.247.780 0,7 23,1 5.410.850 2,9 186.710.073
Total 217.035.624 11.116.121 4,8 75,5 3.605.101 1,6 24,5 14.721.222 6,4 231.756.845
Acréscimos Patrimoniais em 2014
Móveis 16.299.734 5.333.759 24,3 94,4 315.142 1,4 5,6 5.648.901 25,7 21.948.635
Veículos 29.573.319 3.404.926 10,1 85,1 597.729 1,8 14,9 4.002.655 11,9 33.575.973
Imóveis 198.626.068 8.202.310 3,1 13,2 53.877.081 20,7 86,8 62.079.390 23,8 260.705.458
Total 244.499.121 16.940.994 5,4 23,6 54.789.952 17,3 76,4 71.730.946 22,7 316.230.066
Fonte: Anexos Informativos 7.4, 7.8 e 7.9 da CGE (2013 e 2014).

Como se pode ver no quadro, o aumento dos acréscimos patrimoniais, no exercício em


consideração, foi influenciado, em grande medida, pela actualização dos imóveis do Estado, no
valor significativo de 53.877.081 mil Meticais, contra 1.247.780 mil Meticais, em 2013.
Assim, no total dos acréscimos, as actualizações assumiram o peso de 76,4%, contra 24,5% das
realizadas no ano transacto, cabendo às aquisições, este ano, a proporção de 23,6%, em relação
ao total dos acréscimos, depois de ter sido de 75,5%, em 2013.
Comparativamente ao exercício de 2013, as Aquisições evoluíram em 5.824.873 mil Meticais,
e as Actualizações, em 51.184.851 mil Meticais.

11.5.2 – Despesas em Bens Inventariáveis versus Inventariação

Neste ponto, é feita a análise comparativa entre os valores despendidos pelos órgãos e
instituições da administração directa do Estado e Institutos e Fundos Públicos, constantes da
CGE de 2014, e os montantes das aquisições do Mapa Consolidado do Inventário Orgânico
(Anexo 7.4). Não se incluem, nesta avaliação, os montantes despendidos pelas Autarquias e
Empresas Públicas, uma vez que os mapas de execução orçamental destas entidades não
apresentam a desagregação do valor gasto na compra de bens inventariáveis.
No Quadro n.º XI.7, a seguir, observa-se que a despesa feita pelos organismos e instituições
do Estado, na compra de bens inventariáveis, no exercício de 2014, foi de 30.177.551 mil
Meticais, significando uma diminuição de 8.548.188 mil Meticais (22,1%), em relação ao ano
de 2013.
Igualmente, o montante de 7.991.480 mil Meticais, registado no Mapa Consolidado do
Inventário do Património do Estado, como aquisições do ano, diminuiu 23,0%
comparativamente ao exercício de 2013, que foi de 10.379.422 mil Meticais.

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Quadro n.º XI.7 – Comparação entre os Valores Despendidos e o Património Líquido


Orgânico do Estado
(Em mil Meticais)
Variação Variação Variação
2011 2012 2013 2014
Designação Valor Valor Valor
% % %
(1) (2) (3)=(2)-(1) (4) (5)=(4)-(2) (6) (7)=(6)-(4)
Património Líquido 71.376.724 80.104.093 8.727.369 12,2 86.035.141 5.931.048 7,4 109.991.916 23.956.775 27,8
Valor Despendido 31.671.925 20.717.816 -10.954.109 -34,6 38.725.739 18.007.923 86,9 30.177.551 -8.548.188 -22,1
Aquisições 1.986.987 2.044.580 57.593 2,9 10.379.422 8.334.842 407,7 7.991.480 -2.387.942 -23,0
Fonte: Anexos Informativos 7.4 e Mapas I, I-01,VI, X, XI-03 e XII-05 da CGE (2011-2014).

No quadro, verifica-se que, contrariamente às aquisições, o Património Líquido aumentou


27,8%, ao passar de 86.035.141 mil Meticais, em 2013, para 109.991.916 mil Meticais, em
2014. O incremento do Património Líquido é explicado pelas actualizações efectuadas, no
montante de 54.653.121 mil Meticais14, respeitantes à incorporação, no inventário do
património do Estado, de bens adquiridos em anos anteriores que não foram inventariados no
momento oportuno, representando 49,7% do valor total.
O detalhe dos valores gastos em verbas de bens inventariáveis, comparados com os da coluna
de aquisições do Anexo 7.4 da CGE de 2014, é apresentado a seguir.

14
Valor registado na coluna das Actualizações do Anexo Informativo 7.4.
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Quadro n.º XI.8 – Mapa Comparativo entre o Anexo 7.4 e as Despesas em Bens
Inventariáveis
(Em mil Meticais)
Investimento Funcionamento
Coluna de Nível de
Total Aquisições Diferença Inventaria
Código Designação Central Provincial Distrital Central Provincial Distrital (Anexo 7.4) ção (%)

(7)=(1+2+3+4 (10)=
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (8) (9)=(8)-(7)
+5+6) (8)/(7)
21 Bens de capital 25.350.454 2.009.607 953.485 149.013 45.835 41.861 28.550.254

211 Construções 835.913 424.926 310.990 0 0 0 1.571.829 2.722.919 1.151.090 173,2


213 Meios de transporte 2.906.398 1.222.540 534.872 9.884 4.731 2.073 4.680.497 2.303.599 -2.376.897 49,2
Maquinaria,
212 equipamento e 21.608.143 324.204 68.146 139.129 39.783 38.239 22.217.644
mobiliário

214 Demais bens de capital 0 37.937 39.478 0 1322 1.549 80.285

121 Bens 159.605 93.749 11.296 1.063.216 223.949 75.482 1.627.297


Instalações e
121004 equipamentos militares 948 87 87 62.170 613 384 64.288

121007 Fardamento e calçado 91.374 26.057 1.959 733.819 85.915 22.522 961.646 2.964.962 -20.960.264 12,4
Material duradouro
121023 346 75 0 4.010 1.303 742 6.476
para Informática
121024 Software de base 31.771 657 132 32.116 2.954 1.117 68.746
Material de cama,
121025 12.087 677 55 49.869 16.446 6.673 85.808
banho e mesa

121030 Bandeiras e flâmulas 1.092 214 95 6.185 12.481 3.749 23.816

Outros bens duradouros


121099 21.988 65.982 8.968 175.048 104.236 40.294 416.516

Total 25.510.059 2.103.355 964.781 1.212.229 269.784 117.342 30.177.551 7.991.479 -22.186.072 26,5

Fonte:Mapas VI-01 a VI-10; VII-01 a VII-11; VIII-01 a VIII-10; X-01 a X-10; XI-01- a XI-11 e XII-01 a XII-10; e Anexo Informativo 7.4, da CGE 2014.

Para melhor aferição da verba “Construções”, no Quadro n.º XI.8, procedeu-se à dedução dos
valores correspondentes a obras do Fundo de Estradas (FE), no montante de 84.075,13 mil
Meticais, cuja inventariação15, dada a natureza desta entidade, terá o seu início após a
implementação do Módulo de Gestão do Património do Estado, de acordo com o
pronunciamento do Governo, relativamente às CGE’s de 2009 e 2011. Igualmente, na referida
verba, foi deduzida a sub-verba – Edifícios – rendas de leasing – Construções acabadas, pois
ainda não constituem imóveis de titularidade do Estado passíveis de inventariação.
Para as verbas “Maquinarias, Equipamento e Mobiliário” e “Demais Bens de Capital”
procedeu-se, também, à dedução das sub-verbas “Bens em Fabricação/Produção” e
“Melhoramentos Fundiários”, respectivamente, por enquadrar bens não acabados e, por isso,
não inventariáveis.
No Quadro n.º 8, observa-se que em 2014, o nível geral de inventariação foi de 26,5%.
Comparativamente ao do ano anterior (27,1%), houve um ligeiro decréscimo de 0,6 pontos
percentuais.
O nível de inventariação dos imóveis integrados na verba “Construções” foi de 173,2%, um
aumento de 156,5 pontos percentuais, comparativamente ao ano de 2012 (16,7%). Nos bens

15 Normalmente, estradas e pontes, que são classificadas na categoria de bens de Domínio Público do Estado.
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móveis, o nível de inventariação, em 2014, foi de 12,4%, uma redução de 10 pontos


percentuais, em relação ao ano de 2013 (22,4%). A redução do grau de inventariação, no
exercício em apreço, foi extensiva aos veículos, que registaram 49,2%, uma diminuição de
167,5 pontos percentuais relativamente ao ano anterior que foi de 216,7%.
Ainda assim, o nível geral de inventariação de 26,5% revela que os organismos do Estado não
procedem à digitação, no e-Inventário, dos bens patrimoniais, no momento da liquidação da
despesa, contrariando o disposto no n.º 1 do artigo 11 da Circular n.º 03/GAB-MF/2014, de 31
de Outubro, do Ministro das Finanças, relativa ao encerramento do exercício económico de
2014.
Reagindo, em sede do contraditório, o Governo afirmou “que é da competência de todos os
órgãos e instituições da Administração Directa e Indirecta do Estado (Empresas Públicas e
Autarquias Locais) organizar e manter actualizado o inventário dos bens sob sua guarda, de
acordo com o n.º 1 do artigo 28 do Regulamento do Património do Estado aprovado pelo
Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto. Porém, o Governo através do Ministério da Economia e
Finanças tem vindo a disseminar nas suas acções de formação e supervisão, cabendo a cada
órgão e instituição do Estado a actualização do inventário sempre que se adquirem os bens”.
Não obstante este pronunciamento, o Tribunal Administrativo não deixa de reiterar a
necessidade de a DNPE cumprir as suas atribuições de “Verificar os processos de contas de
bens patrimoniais dos órgãos e instituições do Estado”, assim como de “Fiscalizar a
observância de todas as normas e instruções sobre a gestão do património do Estado”,
conforme o estatuído nas alíneas j) e k) do artigo 11 do seu Estatuto Orgânico, aprovado pela
Resolução n.º 18/2011, de 16 de Novembro, da Comissão Interministerial da Função Pública.
Para além do incumprimento das disposições acima mencionadas, por parte dos organismos
do Estado, o baixo nível da relação entre o valor dos bens inventariados e o montante das
aquisições de bens é, também, influenciado:
a) pelos gastos feitos na aquisição de equipamentos de uso específico pelos organismos
de defesa e segurança, cuja inventariação será objecto de regulamentação específica,
pelo preceituado no n.º 1 do artigo 2 do Regulamento do Património, já mencionado;
b) pela não inclusão do IVA no valor dos bens, no momento da sua inventariação, sub-
avaliando o património do Estado, como se verá no ponto seguinte, em que são
apresentados os resultados das auditorias.
Estas situações contribuem para que a CGE não reflicta a situação real do Património do
Estado, contrariando-se o estatuído na alínea e) do artigo 47 da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, que cria o SISTAFE, segundo a qual a Conta Geral do Estado deve conter
informação completa relativa aos “activos (...) patrimoniais do Estado”.

11.6 – Resultado das Auditorias

Neste ponto, são apresentadas as constatações relevantes sobre o património do Estado,


apuradas das auditorias realizadas pelo Tribunal Administrativo a diversas entidades, no
âmbito da análise da CGE de 2014.
No geral, as situações arroladas no presente capítulo são recorrentes e vêm sendo
mencionadas por este Tribunal, em relatórios anteriores, nomeadamente, a não actualização do
Inventário, o preenchimento incorrecto/incompleto das fichas de inventário, a falta de
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aposição das etiquetas de identificação nos bens, a falta de regularização dos títulos de
propriedade dos imóveis e veículos a favor do Estado, a falta de celebração dos respectivos
contratos de seguro e a inexistência dos bens nos locais de afectação, entre outras.
É de referir, a este propósito, que compete às próprias entidades onde se localizam os bens e
direitos patrimoniais velar pela correcta inventariação e gestão do património que lhe está
afecto, nos termos do estatuído no n.º 2 do artigo 58 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro.
Por outro lado, é responsabilidade da DNPE “Verificar os processos de contas de bens
patrimoniais dos órgãos e instituições do Estado”, bem como “Fiscalizar a observância de
todas as normas e instruções sobre a gestão do património do Estado”, conforme o estatuído
nas alíneas j) e k) do artigo 11 do seu Estatuto Orgânico, aprovado pela Resolução n.º
18/2011, de 16 de Novembro, da Comissão Interministerial da Função Pública.
No Quadro n.º XI.9, a seguir, são indicadas as instituições sobre as quais foram feitas as
constatações relativas ao Património do Estado, no decorrer das auditorias realizadas pelo
Tribunal.
Quadro n.º XI.9 – Relação das Instituições Auditadas
Instituições
Âmbito Central Âmbito Provincial Âmbito Distrital/Autárquico

Direcção Geral da Administração do Parque Direcção Provincial do Plano e Finanças


Ministério da Cultura a), c) e g) Município de Mocuba e), f) e g)
Imobiliário do Estado a) e g) da Zambézia a), b), c), d), e) e f)

Centro Nacional de Cartografia e Direcção Provincial do Plano e Finanças


Ministério da Agricultura e) e f) Município de Gurúè e) e f)
Teledetecção a) e g) de Cabo Delgado a), b), d) e g)

Ministério da Indústria e Comércio a), e), f) Autoridade Tributária de Moçambique e), f) Direcção Provincial das Obras Públicas e
Município de Mueda e), f) e g)
e g) e g) Habitação de Cabo Delgado a) e e)

Direcção Provincial das Obras Públicas e


Ministério das Pescas a) Comissão Nacional para o UNESCO c) e g) Secretaria Distrital de Nicoadala
Habitação da Zambézia a), e) e f)

Escola Superior de Jornalismo a), c), d), e), Direcção Provincial de Saúde de Cabo
Instituto Nacional de Irrigação c), e), f) e g) Município de Chiúre
f) e g) Delgado b) e) f)

Centro de Documentação e Informação de Direcção da Juventude e Desportos da Município da Cidade de Quelimane


Instituto Médio de Ciências Documentais
Moçambique g) Cidade de Maputo a), e) f) e g) f) e g)

Instituto de Supervisão de Seguros de Direcção Nacional do Património do Estado Direcção Provincial de Educação e
Moçambique d) e g) e) e g) Cultura da Zambézia c), e) e g)

Laboratório de Engenharia de Moçambique Direcção Provincial da Educação e


Instituto Nacional de Estatística a), e) e f)
a), c) e g) Cultura de Cabo Delgado d), e) e g)

Faculdade de Veterinária da UEM b), c), e), Direcção Provincial da Agricultura da


Instituto de Propriedade Industrial e) e f)
f) e g) Zambézia e), f) e g)

Fundo de Desenvolvimento Agrário c) e f) Museu Nacional de Geologia a), e) e f)

Central de Medicamentos e Artigos Médicos


Instituto Geológico Mineiro g)
a)

Fundo do Ambiente a)

Fonte: Relatórios de Auditoria do TA.

Relativamente às situações abordadas neste ponto de resultado das auditorias, no exercício do


direito do contraditório, o Governo não teceu quaisquer comentários.

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11.6.1 – Aspectos Gerais

a) As entidades assinaladas com a alínea a), no quadro acima, cujo detalhe consta do
Quadro n.º XI.10, adiante, adquiriram bens inventariáveis que somam 304.286.349,94
Meticais, tendo registado, nos seus inventários, o correspondente a 222.202.961,96
Meticais. Destes, procederam à digitação, no e-Inventário, do correspondente a
84.551.726,48 Meticais (38,1% em relação aos bens inventariados nas respectivas
entidades e 27,8%, em relação aos gastos efectuados em bens inventariáveis).
Quadro n.º XI. 10 – Resultados das Auditorias versus CGE de 2014
(Em Meticais)
Inventário
Despesas em Bens
Instituição
Inventariáveis Anexo 7.4, 7.8 e 7.9 Entidade Diferença
da CGE

Bens que não se encontram digitalizados no e-Inventário


Ministério da Indústria e Comércio 16.678.037,86 2.027.276,93 10.711.608,95 8.684.332,02
Ministério das Pescas 28.147.731,24 4.289.249,16 19.456.540,96 15.167.291,80
Ministério da Cultura 53.182.835,73 3.600,00 6.192.550,56 6.188.950,56
Fundo do Ambiente 3.886.895,75 989.112,73 3.886.895,75 2.897.783,02
Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção 12.986.706,62 5.389.343,47 7.066.977,44 1.677.633,97
Direcção Geral da Administração do Parque Imobiliário do 3.724.516,60 0,00 3.724.516,60 3.724.516,60
Estado
Instituto Nacional de Estatística 95.707.626,72 55.179.806,56 95.554.952,98 40.375.146,42
Museu Nacional de Geologia 1.266.825,15 0,00 399.825,15 399.825,15
Central de Medicamentos e Artigos Médicos 0,00 0,00 350.781,17 350.781,17
Escola Superior de Jornalismo 66.537,44 0,00 5.939.548,18 5.939.548,18
Laboratório de Engenharia de Moçambique 9.332.646,77 523.379,36 16.954.545,90 16.431.166,54
Direcção Provincial do Plano e Finanças da Zambézia 51.587.886,12 2.954.787,72 30.737.269,94 27.782.482,22
Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de
2.771.300,00 8.812,50 2.407.905,81 2.399.093,31
Cabo Delgado
Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação da
6.655.983,96 101.600,00 1.286.906,50 1.185.306,50
Zambézia

Direcção Provincial do Plano e Finanças de Cabo Delgado 17.819.762,94 13.013.303,59 14.241.867,11 1.228.563,52

Direcção da Juventude e Desportos da Cidade de Maputo 471.057,04 71.454,46 3.290.268,96 3.218.814,50

Total I 304.286.349,94 84.551.726,48 222.202.961,96 137.651.235,48


Bens não registados no Inventário da Entidade
Instituto de Propriedade Industrial 357.250,91 1.674.756,61 357.250,91 -1.317.505,70
Instituto Geológico Mineiro 515.931,00 632.797,04 0,00 -632.797,04
Instituto Nacional de Irrigação 8.536.974,19 5.513.208,59 0,00 -5.513.208,59
Centro de Documentação e Informação de Moçambique
418.089,23 678.459,53 306.294,73 -372.164,80

Direcção Provincial da Saúde de Cabo Delgado 18.662.085,26 23.544.143,95 2.430.642,45 -21.113.501,50


Direcção Provincial da Educação e Cultura da Zambézia
49.432.724,50 7.873.216,71 1.521.893,00 -6.351.323,71

Direcção Provincial da Agricultura da Zambézia 26.804.594,75 8.375.678,27 6.532.443,36 -1.843.234,91


Direcção Provincial da Educação e Cultura de Cabo
11.320.820,39 0,00 0,00 0,00
Delgado
Total II 116.048.470,23 48.292.260,70 11.148.524,45 -37.143.736,25
Fonte: Mapas VI - XII da CGE de 2014, Anexo Informativo 7.4, 7.8 e 7.9 da CGE de 2014 e Relatórios de Auditoria do TA.

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Como se observa neste quadro, há bens no valor de 137.651.235,48 Meticais, em


instituições e organismos do Estado, que não se encontram digitalizados no e-
Inventário e, por outro lado, existe um registo de bens no montante de 37.143.736,25
Meticais, no Anexo Informativo 7 da CGE, que não estão reflectidos no inventário das
respectivas entidades.
Assim, embora conste do inventário dessas entidades, não foi dada a conformidade
processual e procedida à devida digitação, no e-Inventário das respectivas UGB´s, de
bens, no valor total de 137.651.235,48 Meticais, em inobservância do preceituado no
n.º 1 do artigo 11 da Circular n.º 03/GAB-MF/2014, de 31 de Outubro, do Ministro
das Finanças, relativa ao encerramento do exercício económico de 2014, segundo o
qual “todos os órgãos e instituições do Estado incluindo as autarquias, empresas
públicas, institutos e fundos públicos bem como as representações do País no exterior,
devem inventariar, digitar e proceder à conformidade processual da universalidade dos
bens adquiridos até 31 de Dezembro de 2014 que constituíram património do Estado,
devendo o seu processamento e sistematização terminar a 30 de Abril de 2015”.
Em resultado da falta de inclusão destes bens no e-Inventário, não foi possível
evidenciá-los no e-SISTAFE da respectiva Unidade Gestora Executora, contrariando-
se o disposto no n.º 2 do artigo 13 do Regulamento do Património do Estado. Nestas
condições, a Conta Geral do Estado não pôde reflectir, com exactidão, a situação
patrimonial da entidade, não se cumprindo o preconizado no n.º 1 do artigo 46 da Lei
n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o qual a Conta Geral do Estado deve ser
elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise
económica e financeira.
No que concerne ao registo de bens no montante de 37.143.736,25 Meticais, no Anexo
Informativo 7 da CGE, que não estão reflectidos no inventário das respectivas
entidades, estabelece a alínea d) do n.º 1 do artigo 58 da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, que compete aos órgãos ou instituições que integram o Subsistema do
Património do Estado, proceder, periodicamente, ao confronto dos inventários físicos
com os respectivos valores contabilísticos;
b) Na inventariação dos bens das entidades assinaladas com a alínea b), no Quadro n.º
XI.9, foram considerados os valores unitários de aquisição sem inclusão do IVA,
resultando na subvalorização do Património do Estado;
c) No processo de inventariação dos bens, constatou-se, nas entidades marcadas com a
alínea c) no Quadro n.º XI.9, a falta de indicação, nos mapas e/ou fichas de inventário,
dos códigos de classificação, número de inventário, tipo de aquisição, localização dos
bens, data e valor de aquisição, em violação do estabelecido no n.º 1 do artigo 32 do
Regulamento do Património, aprovado pelo Decreto n.º 23/2007, de 9 de Agosto,
segundo o qual os bens devem ser inventariados pela Unidade Gestora e Executora do
Subsistema do Património do Estado considerando, entre outros elementos, o código
de classificação, o número do inventário, designação do bem, tipo de aquisição, valor
e data de aquisição e localização institucional e geográfica;
d) Nas entidades anotadas com alínea d), foram registados, na mesma ficha de inventário,
vários bens com funcionalidades autónomas, de que resultou a atribuição do mesmo
número de inventário, como se do mesmo bem se tratasse.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-21
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
Novembro de 2015
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Este procedimento contraria o previsto no n.º 1 do artigo 34 do já citado regulamento,


segundo o qual cada bem móvel deve ser inventariado individualmente, desde que
constitua uma peça com funcionalidade autónoma;
e) Falta de regularização dos títulos de propriedade de 77 veículos e 398 imóveis do
Estado sob gestão das entidades indicadas na alínea e). Dos imóveis, evidenciam-se os
da Autoridade Tributária, em número de 353.
Neste caso, houve incumprimento do preceituado no n.º 1 do artigo 11 do
Regulamento do Património do Estado, segundo o qual “Todo o Património do Estado
sujeito ao registo deve ser inscrito nas respectivas Conservatórias em nome deste, pelo
Ministério que superintende a área das Finanças”.
Sobre a matéria, o Governo informara, em sede do contraditório do Relatório e Parecer
sobre a CGE de 2011, que, relativamente aos imóveis, estava em curso, a nível
nacional, o seu registo, com vista à realização do Tombo Geral, que culminaria com a
fixação de placas de identificação com inscrição “Património do Estado”. Quanto aos
veículos adquiridos em anos anteriores, e que ainda se encontram em nome dos
fornecedores, referiu que decorria o processo de regularização do seu registo a favor
do Estado, a concluir em 2013. No entanto, a situação relativa aos imóveis e veículos
de anos anteriores que carecem da devida inscrição a favor do Estado ainda prevalece
em algumas instituições do Estado, conforme se deixou referido nas entidades
auditadas atrás mencionadas;
f) Não foi disponibilizada qualquer documentação sobre o seguro das viaturas e imóveis
pertencentes às entidades com a alínea f), do Quadro n. º XI.9, em preterição do
preconizado na alínea e) do artigo 7, conjugado com o n.º 5 do artigo 20, ambos do
Regulamento do Património do Estado, supra referido, que estabelecem a
obrigatoriedade de seguro dos bens do Estado.
A este respeito, o Governo no exercício do direito do contraditório, afirmou, sem
apresentar provas, que “firmou um Contrato com a EMOSE, SARL contra todos os
riscos dos imóveis do Estado”.
No concernente aos veículos, informou que “estabeleceu a obrigatoriedade do seguro
de viaturas mediante a adopção de um instrumento normativo específico para o efeito.
Neste momento, decorrem acções de monitoria do seu cumprimento por entidades
competentes”;
g) No âmbito da verificação física dos bens, apurou-se a falta de afixação, por sala, da
relação dos bens existentes, nas entidades designadas com a alínea g) do Quadro n.º
XI.9, bem como a falta de colocação das etiquetas de numeração nos artigos, para a
sua identificação, o que contraria o estabelecido nos n.os 2 do artigo 28 e 1 do artigo
12, ambos do Regulamento do Património do Estado já citado.
Ainda, da aferição das existências físicas, não foram localizados bens que totalizam
959.853,26 Meticais, como se dá conta no quadro a seguir.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
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Quadro n. XI.11 – Bens não Localizados nas Entidades


(Em Meticais)
Entidade Valor
Ministério da Cultura 316.695,00

Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique 37.648,26

Direcção Provincial da Educação e Cultura da Zambézia 382.250,00

Município de Gurúè 223.260,00

Total 959.853,26
Fonte: Relatórios de Auditoria TA.

De acordo com o estatuído na alínea a) do número 2 do artigo 13 do Título I do


Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, actualizado
pelo Diploma Ministerial n.º 181/2013, de 14 de Outubro, compete às UGB’s do
Subsistema do Património do Estado (SPE), guardar e manter os bens do património
do Estado sob sua responsabilidade.
Compete, ainda, aos órgãos ou instituições que integram o SPE, proceder,
periodicamente, ao confronto dos inventários físicos com os respectivos valores
contabilísticos, segundo o disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 58 da Lei n.º 9/2002,
de 12 de Fevereiro.

11.6.2 – Aspectos Específicos

a) Na Direcção Nacional do Património do Estado, foi facultada uma lista de 431


veículos adquiridos e distribuídos a diversos organismos do Estado, em 2014, no valor
de 467.496.779,00 Meticais.
Compulsado o Anexo 7.4, relativamente às instituições que mais beneficiaram da
distribuição destes veículos (Quadro n.º XI.12), apurou-se que parte significativa
destes bens não foi incorporada no inventário das respectivas UGB’s.
Quadro n.º XI.12 – Comparação entre a Relação dos Veículos da DNPE e os
Registos do Anexo 7.4 da CGE
Valor em Meticais
Anexo 7.4
Designação Relação da CGE de 2014
Qtd. (Coluna Diferença
da DNPE
''Aquisições'')
CNE e STAE 120 98.407.504,73 21.885.671,18 76.521.833,55
Televisão de Moçambique - EP 24 30.336.000,00 27.370.000,00 2.966.000,00
Ministério da Justiça 18 19.933.233,35 0,00 19.933.233,35
SISE 13 19.651.500,00 50.519.220,00 -30.867.720,00
Assembleia da República 10 14.283.315,19 0,00 14.283.315,19
Total 185 182.611.553,27 99.774.891,18 82.836.662,09
Fonte: Relação de veículos obtida na DNPE e Anexo 7.4 da CGE de 2014.

Pelo estabelecido no n.º 2 do artigo 58 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, a


inventariação e gestão do Património de Estado compete à entidade onde se localizam
os bens e direitos patrimoniais. A não inclusão destes bens nos inventários das
entidades constitui violação do disposto no n.º 2 do artigo 13 do Regulamento do

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-23
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
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Património do Estado, não permitindo que os registos contabilísticos dos mesmos


sejam evidenciados no e-SISTAFE da respectiva Unidade Gestora Executora;
b) Com recurso ao Programa ZAM-00-ZAM-2011-0080 – Apetrechamento em
Mobiliário Diverso, inscrito no orçamento da Direcção Provincial do Plano e Finanças
da Zambézia (DPPFZ), foram adquiridas 37 viaturas pelas verbas de bens móveis
(212008-Máquinas e Equipamentos de Lavandaria e 212012 - Equipamentos e
Ferramentas de Oficina), no valor total de 30.422.623,17 Meticais, dos quais
28.711.374,17 Meticais, (de 36 viaturas) pagos à Toyota de Moçambique S.A., e
1.711.249,00 Meticais à Entreposto Comercial de Moçambique S.A. Esta despesa
deveria ter sido classificada na verba 213000 - Meios de transporte.
Os 28.711.374,17 Meticais, pagos à Toyota de Moçambique, no dia 19 de Dezembro
de 2014, correspondem à 1.ª prestação do valor de 42.823.557,86 Meticais, de um
contrato sem indicação do número nem data, celebrado com aquela empresa, pela
modalidade de ajuste directo. O pagamento foi feito na mesma data da deliberação de
recusa do Visto do Tribunal Administrativo da Província da Zambézia, através do
Acórdão n.º 20/2014, de 19 de Dezembro.
Neste caso, incorreu-se em infracção financeira típica, prevista na alínea b) do n.º 1 do
artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, referente à “execução do acto ou
contrato, sem prévia sujeição a visto ou após o conhecimento da recusa do visto”.
Ademais, das 37 viaturas adquiridas, 17 foram distribuídas a diversas instituições do
Governo da Província da Zambézia, não se sabendo o destino dado às restantes 20.
A este propósito, os gestores da entidade, apesar de instados a fazê-lo, tanto no decurso
da auditoria, como em sede do contraditório, não se pronunciaram.
Nos termos da alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atrás citada, constitui infracção financeira a sonegação ou deficiente prestação de
informações ou documentos pedidos pelo Tribunal Administrativo e, segundo o n.º 1
do artigo 4 da mesma lei, todas as entidades públicas são obrigadas a fornecer, com
toda a urgência e de preferência a qualquer outro serviço, as informações e processos
que lhes forem pedidos.
À semelhança, o Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia de Nicoadala
(SDEJTN) adquiriu 6 motorizadas, no valor de 145.080,00 Meticais, pela verba
212000-Maquinaria, Equipamentos e Mobiliário, em vez da verba 213000 - Meios de
Transporte.
O procedimento adoptado, tanto pela DPPFZ como pelo SDEJTN, desvirtua a
correlação entre o Classificador Económico da Despesa (CED), aprovado pelo Decreto
n.º 53/2012, de 28 de Dezembro, e o Classificador Geral de Bens Patrimoniais
(CGBP), aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 78/2008, de 4 de Setembro,
permitindo o registo no e-Inventário de montantes em verbas diferentes daquelas em
que as respectivas despesas ocorreram.
Por outro lado, o recurso a uma verba para aquisição de bens classificáveis em outra
constitui desvio de aplicação, nos termos do estatuído no n.º 1 do artigo 78 do Título I
do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, actualizado
pelo Diploma Ministerial n.º 181/2013, de 14 de Outubro, do Ministro das Finanças.
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO XI-24
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
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Nos termos do n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, “Nenhuma


despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre
inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na
correspondente verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade,
eficiência e eficácia”.
Este facto constitui infracção financeira, de acordo com o disposto na alínea b) e n) do
n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, no que concerne à violação
das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, bem como à utilização de
dinheiros públicos em finalidades diferentes das legalmente previstas;
c) Na Direcção Provincial do Plano e Finanças de Cabo Delgado foi distribuído aos
membros da Comissão de Avaliação e Venda de Bens Abatidos, na sua totalidade, o
valor de 971.015,13 Meticais, que corresponde a 5% do produto de venda desses bens.
À luz do previsto no n.º 1 do artigo 61 do Regulamento do Património do Estado,
aprovado pelo Decreto n.º 23/2007, de 9 de Agosto, o valor correspondente a 5%,
acima referido, deveria ter sido distribuído na proporção 50%, para despesas de
concurso, e 50% para a gratificação dos membros da Comissão e outros intervenientes.
Neste caso, foram pagos, a mais, 485.507,57 Meticais aos integrantes da citada
comissão.
Desta forma, é indevido o pagamento de 485.507,57 Meticais, feito à Comissão de
Avaliação e Venda dos Bens Abatidos, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, que temos vindo a citar, que assim considera os
pagamentos ilegais que causarem dano ao Estado ou entidade pública, incluindo
aqueles a que corresponde contraprestação efectiva que não seja adequada ou
proporcional à prossecução das actividades da entidade em causa ou aos usos normais
de determinada actividade;
d) No Município de Gurúè, foi feito o abate de vários bens, alegadamente por
incapacidade, sem a prévia elaboração do respectivo auto, pela Comissão de
Verificação de Incapacidade de Bens Patrimoniais.
Nos termos do preceituado no n.º 2 do artigo 45, conjugado com os n.ºs 2 e 4 do artigo
46, ambos do Regulamento do Património do Estado, sempre que o motivo de abate
seja incapacidade, do auto de abate deve constar a informação sobre se a mesma foi
confirmada pela Comissão e a deliberação desta só é válida mediante parecer expresso
e escrito de 2 técnicos da Unidade Gestora Executora do Subsistema do Património do
Estado e de um técnico especializado na matéria do bem a verificar.
Ainda, relativamente a este abate, não foi criada a Comissão de Venda dos Bens
Abatidos, tendo o processo de venda sido efectuado pela Comissão de Verificação de
Incapacidade.
Este facto constitui violação do disposto no n.º 1 do artigo 56 do Regulamento do
Património, segundo o qual a venda de bens abatidos deve ser feita pela Comissão de
Avaliação e Venda de Bens Abatidos, que funciona nos serviços do Ministério que
superintende a área das Finanças.
É de referir que o Regulamento do Património do Estado, aprovado pelo Decreto
n.º 23/2007, de 9 de Agosto, aplica-se a todos os órgãos e instituições do Estado,
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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
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incluindo as autarquias locais, empresas do Estado, institutos e fundos públicos


dotados de autonomia administrativa, financeira e patrimonial e as representações do
País no exterior, nos termos do n.º 1 do artigo 2 do mesmo regulamento.

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