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1. Elaboração e Implementação de Projetos no Âmbito Escolar com Cariz


Ambiental

Prof. M. Sc. Rickardo Gomes

Qual o papel do professor e da escola na sensibilização do aluno no


que concerne às questões ecológicas? Segundo Sorrentino (2000, p. 14) “o
professor poderá conversar sobre as ideias, vivências e conhecimentos na
área, realizar palestras e incentivar pesquisas, projetos e anotações e
reaproximando-se de uma leitura crítica da questão”.

Entretanto a maior dúvida que pode surgir neste momento está


relacionada à pergunta a seguir: como conseguir o envolvimento de cada aluno
e o compromisso de cada sujeito da comunidade educativa para formar uma
concepção política ambiental definida pela escola? De acordo com o referido
autor, é no diálogo da diversidade de olhares que se deve buscar a
sensibilização do aluno. (SORRENTINO, 2000)

O professor precisa aprender a dialogar com o aluno e apurar as


ferramentas para explicitar como se materializa o compromisso com a
viabilidade da participação nos problemas, impasses e crises da comunidade
acerca da problemática do lixo, da contaminação dos rios, dos diversos tipos
de doenças, da reciclagem de papel e de outros produtos.

É importante o professor apresentar, para os alunos, situações


didáticas que instigam a questionamentos interessantes, dúvidas que
mobilizem o processo de indagações acerca de como diferentes tecnologias
para a reciclagem de papel, por exemplo, podem contribuir para reflexão sobre
preservação do meio ambiente principalmente no que diz respeito à
degradação do solo, poluição das águas, contaminação por agrotóxico e
higiene de hortaliças. De modo que, essas representações, em diferentes
linguagens, informal e científica possam ser registradas através de desenhos,
maquetes para elaboração de textos orais e escritos. Dessa maneira, inicia-se,
assim, o entendimento da formação dinâmica do meio ambiente humano.

Neste ponto observa-se que a pesquisa escolar nas escolas estaduais


cearenses tem, nos últimos anos, evoluído na busca de uma interação entre
Ciência, Educação e Tecnologia que almeja refletir sobre novas tecnologias e
seu uso na Educação para o desenvolvimento sustentável da sociedade de
maneira geral. Nesse sentido destaca-se a perspectiva de incorporação na
prática pedagógica o fortalecimento do processo de ensino e de aprendizagem
tendo como foco comum a Educação Ambiental.

Então cabe à escola fornecer aos alunos informações e questioná-los


acerca de soluções para que eles criem ou apontem os espaços de locução e
troca efetiva de olhares e saberes que possibilitem a formação de opinião
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sobre políticas de preservação ambiental. De acordo com Sorrentino (2002,


p.17) a escola poderá:

Possibilitar condições objetivas de participação efetiva com


horários livres, inclusive em suas atividades escolares de
facilidade de deslocamento e condições de transporte
adequadas, para a realização de pesquisas junto a cada grupo
envolvido em locais propícios ao desenvolvimento de debates
e ações educativas voltadas ao meio ambiente.

Não se pode esquecer que as demandas atuais, então, exigem que a


escola ofereça aos alunos sólida formação cognitiva e competência técnica,
possibilitando desenvolver conhecimento, habilidades e atitudes que permitam
observar, compreender, utilizar e fundamentalmente analisar, ainda que de
maneira incipiente, o acelerado desenvolvimento dessa sociedade tecnológica.
Porque, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – Temas
Transversais: Meio Ambiente (MEC – 1998), os rápidos desenvolvimentos
tecnológicos propiciaram grandes produções de bens de consumo com
conseqüências ambientais desastrosas que se ampliam na mesma proporção,
dentre elas destacam-se a exploração dos recursos naturais de forma
demasiadamente intensa com ênfase no meio rural: esgotamento do solo,
extinção de muitas espécies da fauna e da flora devido ao emprego de técnicas
e tecnologias inadequadas; no meio urbano: mananciais de água contaminadas
por dejetos domésticos e industriais devido a grande ocupação desordenada
de área urbana. Todos esses problemas sociais afligem direta ou indiretamente
qualquer pessoa. Nesse sentido, é muito importante discutir essa situação
procurando caracterizar o contexto histórico, cultural e social e, ainda, levantar
hipóteses para formular propostas que possam diminuir um pouco desta
problemática, mesmo que seja apenas, no ambiente escolar. Por isso, é
fundamental que a escola integre a cultura tecnológica extra-escolar dos alunos
e professores ao seu cotidiano, pois essa tecnologia pode ser usada para
analisar como evitar o desperdício de recursos naturais, seu uso adequado,
bem como alternativas para minimizar o esgotamento desses recursos no meio
ambiente.

Além disso, é importante também propiciar aos alunos a realização do


exercício de uma nova sensibilidade, por exemplo: ouvir mais a intuição, o
corpo, o outro, os elementos da natureza, pensar e ser simples na
complexidade, críticos e questionadores das obviedades. Uma sensibilidade
que possibilita uma participação que ultrapasse a presença física em reuniões
e nas instâncias de decisão da escola e na comunidade onde os alunos vivem
e que estes possam manifestar nas atitudes e comportamentos cotidianos o
compromisso com a vida.

O currículo escolar deve inserir as questões relativas ao modo de


produção e de consumo exagerado da sociedade capitalista, e a necessidade
de iniciar mudanças políticas que sejam compatíveis com o uso sustentável
dos recursos naturais arcando, assim, com mudanças sociais e melhor
qualidade de vida. Segundo Soffiati (2002, p. 25) é um desafio à escola:
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Promover uma cidadania que encare o desafio de decodificar e


enfrentar essa complexa matriz de fatores que ameaçam a
natureza, a comunidade e as cidades, além de incentivar e
apoiar ações locais, inovadoras e criativas para a superação da
miséria, pobreza, desemprego, uso de drogas, entre outras
questões relacionadas à luta cotidiana pela sobrevivência e
pela melhoria da qualidade de vida.

A escola precisa, então, despertar em cada educando o sentido de


"pertencimento", participação e responsabilidade na busca de respostas locais
para temáticas como a da preservação ecológica, da reciclagem do lixo e do
desenvolvimento sustentável exigem e que se coadunem com a necessidade
de preservação da biodiversidade, conservação dos recursos naturais,
desenvolvimento local e diminuição das desigualdades sociais.

Para que tudo isso se desenvolva a contento, a escola poderá utilizar


no âmbito exclusivo dos projetos que serão desenvolvidos na Ilha Ambiental,
da estratégia metodológica comumente intitulada de PEDAGOGIA DE
PROJETOS. Trata-se de recurso já utilizado em instituições de ensino com
registros comprovados de desenvolvimento e melhoria do processo de ensino e
aprendizagem.

Assim a escola deverá ter como finalidade prática da Educação


Ambiental um compromisso, para que seja possível evitar a abstração da
temática, como se a problemática fosse algo bem distante da vida real do
aluno. Não se pode olvidar que a finalidade da inserção do meio ambiente
como política educacional, já apontada nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN’s) deve ocorrer por intermédio da inclusão social, da participação na
tomada de decisões e da promoção de mudanças culturais.

Para tanto a elaboração e a implementação de um projeto envolve um


processo de construção, participação e cooperação que perpassa noções de
valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da
cidadania, princípios escanteados no mundo globalizado, propagador de
teorias individualistas e egocêntricas. Dessa forma, o trabalho embasado na
Pedagogia de Projetos, de acordo com Carvalho (2008, p. 54):

Suscita a interação e articulação entre educadores e


educandos, ambos sendo parceiros e sujeitos da
aprendizagem, já que planejam e executam juntos as
atividades a serem desenvolvidas durante todo o processo,
gerando a aquisição de novos conhecimentos aliados aos
conhecimentos já adquiridos.

Assim, esta também propicia o desenvolvimento da autonomia do


aluno e a construção de conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio
da busca de informações significativas para a compreensão, representação e
resolução de uma situação-problema próxima dos interesses dos educandos.

Por sua vez, é necessário que a escola possa introduzir um rigoroso


exercício de decodificação de conceitos que englobam o meio ambiente como
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eixo temático gerador, de forma que as iniciativas locais apontem para atitudes
de ações dentro da escola como, demonstrar ao aluno que o lixo pode ser
reutilizável. Tal procedimento vai tornar a elaboração e a implementação de
projetos uma prática saudável e voltada para repercussões mais amplas
ultrapassando os muros das escolas como Loureiro (2004, p. 35) afirma ao
alerta os professores:

Não se restrinja aos apelos da reciclagem, separação de lixo e


do manejo de material reciclável, mas que a análise da
conjuntura possa ser vivenciada de forma que implique
políticas educativas mais amplas de conservação de florestas,
eliminação das queimadas, plantio de árvores e sua utilização
para fins duráveis para o benefício da grande maioria da
população.

Estas ações se desenvolvidas na escola permitirão a ampliação de


uma cultura de sustentabilidade que passa necessariamente pelo compromisso
das políticas públicas com o questionamento dos valores e obviedades da
sociedade de consumo, pelo estímulo à escola ecológica com grupos de alunos
engajados na manutenção de princípios educativos com base em projetos de
ação, para a melhoria da qualidade da escola.

Contudo, essa temática, sobre reciclagem e meio ambiente, é


polêmica porque envolve aspectos ideológicos, como todo espaço de
educação, o qual é visualizado em várias concepções que o professor precisa
conhecer para definir sua linha de trabalho na escola.

A elaboração e a implementação de projetos no âmbito escolar deve


considerar estes aspecto ideológicos como uma questão fundamental, já que
na medida em que se busca uma pedagogia crítica tem-se que conhecer as
análises e pressupostos teóricos sobre a reciclagem na escola, desenvolvida
por autores que perceberam como as escolas públicas do Brasil têm se
envolvido com projetos educacionais sobre Educação Ambiental. De acordo
com Kligerman (2000, p. 101):

Deve-se educar a sociedade, pois, teoricamente, ela orienta a


demanda. No entanto, é necessário avançar esse raciocínio e
questionar o educador e o que se ensina; do contrário, a
prática educativa poderá ser alvo da manipulação ideológica.

Através da elaboração e da implementação de projetos a escola


desenvolve um modelo educacional que pode conduzir o aluno a conhecer esta
realidade, a partir da demonstração dos elos da natureza com a qualidade de
vida saudável e da importância da higiene e conservação de nossas casas,
sala de aula, escolas, ruas, bairros, parques, enfim da cidade.

Como esse modelo transforma uma sala de aula mais tradicional?


Uma apresentação de desenvolvimento profissional elaborada pelo programa
Intel® Educar (2003) descreve uma sala de aula em que o professor está
usando corretamente o trabalho com projeto. Nessa configuração:
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• Há um problema sem uma resposta predeterminada.

• Existe um ambiente de tolerância a erros e acertos.

• Os alunos tomam decisões dentro de uma estrutura.

• Os alunos criam o processo que levará a uma solução.

• Os alunos têm a chance de refletir sobre as atividades.

• Avaliações são feitas continuamente.

• É gerado um produto final e sua qualidade é avaliada.

Para os alunos acostumados a uma escola mais tradicional, isso


significa uma transformação, na qual eles deixam de seguir ordens e passam a
executar atividades de aprendizagem direcionadas por eles mesmos; deixam
de memorizar e repetir e passam a descobrir, integrar e apresentar; deixam de
ouvir e reagir e passam a comunicar e assumir responsabilidades; não se trata
só do conhecimento de fatos, termos e conteúdo, mas sim de compreender os
processos; passam da teoria à aplicação da teoria; deixam de depender do
professor e assumem o poder (INTEL, 2003).

Quais são os desafios enfrentados pelos professores? Provavelmente,


os professores que levam o trabalho com projeto para a sala de aula terão de
adotar novas estratégias de ensino para realizar um trabalho bem-sucedido.
Transformar o professor em um guia ou facilitador não foi o que a maioria dos
educadores aprendeu e muito menos o que eles aprenderam a ensinar.

Métodos de ensino direto que dependem de apostilas, aulas e


avaliações tradicionais não funcionam bem no mundo interdisciplinar e aberto
do ensino com projeto. Em vez disso, os professores atuam mais como
orientadores e modeladores e menos como " informantes". Eles precisam estar
confortáveis com as "direções erradas" que os alunos podem tomar no
caminho antes da conclusão de um projeto (INTEL, 2003).

É possível que os professores se vejam aprendendo junto com os


alunos à medida que o projeto se desdobra. Os desafios específicos que os
professores enfrentam:

• Reconhecer situações que dão origem a bons projetos.

• Estruturar os problemas como oportunidades de aprendizagem.

• Colaborar com colegas para desenvolver projetos interdisciplinares.

• Gerenciar o processo de aprendizagem.

• Integrar tecnologias sempre que apropriado.


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• Desenvolver avaliações originais. (BORGES et al, 2007)

Realmente os professores precisam estar dispostos a assumir riscos


para superar os desafios iniciais. Uma administração escolar mais apoiadora
pode ajudar implementando cronogramas mais flexíveis, como calendários em
módulos ou horário para planejamento em equipe, e oferecendo aos
professores oportunidades de pesquisa e de desenvolvimento profissional.

Para que você, colega professor, possa se aprofundar mais neste


tema relacionamos uma série significativa de sites que podem auxiliá-lo no
desenvolvimento de seus projetos:

Pedagogia de projetos:
http://pontodeencontro.proinfo.mec.gov.br/PedagogiadeProjetos.ppt

Slides com síntese de idéias. Fundação Educacional George Lucas:


www.edutopia.org*

A GLEF (pelas iniciais em inglês) apresenta um resumo da pesquisa de ensino


com abordagem de projeto, junto com uma galeria de exemplos de projetos
(nas versões impressa e em vídeo). A abordagem de projeto:
http://www.project-approach.com*

Mantida por Sylvia Chard, professora da Universidade de Alberta e co-autora


de A abordagem de projeto na educação de infância (2000). Aprendendo com
projetos – PROINFO: http://www.inf.ufsc.br/~edla/mec/livro04.pdf

Publicação do Programa Nacional de Informação na Educação do MEC, que


contém orientações para a elaboração de projetos na escola, incluindo as
novas tecnologias da informação e das telecomunicações. Disponível em
formato PDF. Para acessar o material é necessário o programa Acrobat
Reader. Cardápio de Projetos:
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/cp/pgm1.htm

Série especial do programa "Salto para o Futuro" da TV Escola. Tem como


objetivo fornecer subsídios para a elaboração de projetos. Discute a sua
importância para a Educação. Apresenta sugestões sobre formas de criar,
planejar e implementar projetos. Bem como, aponta caminhos para superar
problemas na implementação de projetos. O que é um Projeto Interdisciplinar?:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/educ26.htm

Artigo de Eduardo Chaves, professor titular de Filosofia da Educação da


Unicamp e consultor do Instituto Ayrton Senna (IAS), que destaca a
importância de se integrar as diferentes áreas do conhecimento por meio do
trabalho interdisciplinar. Este texto integra o Programa "Sua escola a 2000 por
hora", do Instituto Ayrton Senna. Projetos na Escola:
http://www.leste2.hpg.ig.com.br/projetos.htm

Página do site da Diretoria de Ensino Leste 2, em São Paulo, com orientações


e reflexões sobre o trabalho por projetos. Concebida a partir dos cinco
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programas da série "Projetos de Trabalho", exibida pela TV Escola. “Aprender


a aprender com a pedagogia de projetos”:
http://www.educabrasil.com.br/eb/exe/texto.asp?id=477

Resenha de Ebenezer de Menezes, da Agência EducaBrasil, do livro do


professor Jorge Santos Martins, especialista em Metodologia do Ensino
Superior, O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao
ensino médio, lançado pela Papirus Editora.

2 Elaboração e Implementação de Projetos no Âmbito Comunitário

A capacidade do Estado em atender a todas as demandas da


população brasileira é reduzida. Em vista disso, vê-se, atualmente, a
mobilização por parte de comunidades em encontrar soluções para seus
problemas mais críticos, a partir de atividades que elas mesmas possam
desenvolver tendo como ponto de origem a(s) escola(s) inseridas na própria
comunidade.

Na expectativa de ajudar ao leitor na elaboração e implementação de


projetos no âmbito comunitário vamos sugerir a seguir uma sequência lógica
para o desenvolvimento de projetos desta natureza.

Nesse aspecto, Loureiro (2004, p. 93) enfatiza que:

São prioritários projetos que articulem o trabalho escolar ao


trabalho comunitário, buscando-se o conhecimento, a reflexão
e a ação concreta sobre o ambiente em que se vive. A
educação ambiental, por seus princípios integradores e de
promoção de qualidade de vida, pode construir o elo entre o
entendimento do ambiente escolar como totalidade que inclui a
comunidade em que a escola se insere e a luta dos
profissionais do ensino pela democratização das relações de
poder na instituição educativa.

2.1. Elaboração de Projetos Comunitários

Projeto comunitário pode ser definido como um conjunto de atividades


organizadas em ações concretas, com o objetivo de atender as necessidades
identificadas por uma comunidade. A elaboração de projetos está dividida em
quatro etapas: identificação, viabilidade, projeto e análise (TENÓRIO, 1995a).

_ Identificação

A partir da constatação da existência de problemas em uma


comunidade, são identificadas necessidades, que poderão ser atendidas por
meio da elaboração e implementação de projetos.

O projeto deve ter uma estratégia de ação na qual a


comunidade deixe de ser o sujeito passivo para ser o sujeito
determinante do processo de transformação de sua condição
sócio-econômica e política. O projeto só alcançará resultados
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positivos se a população a ser beneficiada se envolver em


todas as etapas de sua elaboração (TENÓRIO, 1995a, p. 18).

Ainda conforme os autores, as atividades a serem desenvolvidas


nesta etapa são:

a) Levantar dados e informações preliminares, a fim de caracterizar o


problema a ser estudado;

b) Especificar a área na qual o projeto será realizado;

c) Identificar a importância das necessidades a serem atendidas


dentro da área especificada;

d) Definir os objetivos a serem alcançados;

e) Identificar os beneficiários do projeto;

f) Identificar os recursos necessários: financeiros, humanos, materiais


e tecnológicos.

_ Viabilidade

Nesta etapa, deve-se identificar qual das alternativas elencadas


anteriormente será mais viável sob os aspectos técnico, econômico, financeiro,
gerencial, social e ecológico conforme quadro 1.

QUADRO 1 – TIPOS DE VIABILIDADE

VIABILIDA DESCRIÇÃO
DE
Técnica Verificar se as tecnologias escolhidas serão adequadas aos
recursos e resultados possíveis de serem alcançados;
Econômica Verificar se os recursos naturais, humanos e materiais existentes
atenderão às necessidades do projeto;
Financeira Verificar a viabilidade das despesas realizadas durante a
execução do projeto;
Gerencial Verificar a adequação dos aspectos legais e técnicos d
administração do projeto;
Social Verificar as conseqüências sociais resultantes da implantação do
projeto;
Ecológica Verificar as conseqüências do projeto para a proteção do meio
ambiente.
Fonte: Borges et al, 2007

Esta etapa consiste na descrição do conteúdo que deverá constar no


documento que será apresentado em forma de projeto. Nele estão
explicitados:
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a) diagnóstico – análise da área que será implantado o projeto, com


informações sobre aspectos socioeconômicos e outras informações relevantes;

b) beneficiários – o público-alvo do projeto;

c) objetivos gerais e específicos;

d) justificativa – relevância do projeto em relação aos problemas


identificados;

e) programação das atividades;

f) descrição da metodologia de ação;

g) identificação de órgãos e instituições financiadoras ou apoiadoras;

h) programação orçamentária dos recursos financeiros, humanos,


materiais e tecnológicos;

i) administração do projeto;

j) metodologia de acompanhamento; e

l) anexos, quando necessário. (BORGES et al, 2007)

_ Análise

É a última etapa do projeto de elaboração e visa examinar se a


proposta será capaz de atender a idéia ou problema originalmente identificado.

2.2. Administração de Projetos Comunitários

A administração de projetos comunitários envolve três funções


básicas: administração de recursos humanos, materiais e financeiros
(TENÓRIO, 1995b), sendo definida como um conjunto de atividades que
manejam de forma integrada estas três funções presentes em qualquer projeto,
visando o interesse público.

_ Administração de Recursos Humanos

Importantes em qualquer empreendimento, os recursos humanos tem


um papel fundamental e decisivo em projetos comunitários, “pois são as
pessoas, por meio de seu trabalho e esforço, que viabilizam as atividades
comunitárias” (TENÓRIO, 1995a, p.76).

Tais atividades representam o conjunto de procedimentos e técnicas


relacionadas com as funções planejamento, recrutamento, seleção, descrição
de funções, treinamento remuneração e análise de desempenho da
administração de recursos humanos:
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a) identificar e selecionar os participantes com perfil mais adequado ao


trabalho a ser desenvolvido;

b) definir a função que cada um executará no projeto;

c) treiná-los, incentivá-los, remunerá-los e administrar os seus


desempenhos.

Administração de Recursos Materiais

Assegurar a disponibilidade permanente dos recursos necessários ao


projeto é o principal objetivo da administração de material. Para tal, se faz
necessário controlar o consumo, a necessidade, a aquisição, a armazenagem e
a distribuição dos diversos tipos de objetos, máquinas, equipamentos, móveis,
alimentos etc., indispensáveis ao funcionamento do empreendimento.

Mapas de controle de materiais de consumo, ficha de controle de


entrada e saída, inventário anual, controle de estoques, pedidos de compra e
cadastro de fornecedores são alguns dos instrumentos e atividades
necessárias ao atendimento das demandas que ocorrem ao longo da vida do
projeto.

_ Administração de Recursos Financeiros

“Contratar pessoas, comprar materiais, vender produtos ou serviços,


receber repasses das instituições financiadoras ou ainda receber contribuições
da comunidade, tudo isso envolve dinheiro e como conseqüência deverá ser
administrado” (TENÓRIO, 1995a, p.65) a fim de que sejam alcançados os
objetivos do projeto.

Prever e acompanhar os créditos recebidos e os desembolsos


realizados para viabilizar a continuidade do projeto são atividades que devem
ser apoiadas por instrumentos de gestão financeira, tais como: orçamento, livro
caixa, fluxo de caixa e prestação de contas que facilitam e dão transparências
aos resultados financeiros do projeto para a comunidade.

2.3. Avaliação de Projetos Comunitários

Antes do projeto, discute-se o futuro; durante, o presente; e depois, as


ações realizadas – o passado. São momentos que correspondem,
respectivamente, às etapas do processo de avaliação: análise,
acompanhamento e avaliação final.

Vemos a avaliação de projetos como um processo de interação social


no qual os diferentes atores (população beneficiada, agentes comunitários,
financiadores etc.) negociam os saberes, isto é, colocam-os ‘sobre a mesa’
visando o bem comum da comunidade (TENÓRIO, 2003, p. 17).

_ Análise
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É realizada ao término do processo de elaboração do projeto


analisando-se o que irá acontecer no futuro. Etapa normalmente realizada por
quem irá apoiar ou financiar o projeto.

_ Acompanhamento

É realizada durante a execução do projeto, controlando-se as ações


presentes a fim de verificar se as atividades programadas estão sendo
implantadas como planejado.

_ Avaliação Final

É a última etapa no processo de avaliação de projetos, promovendo-


se uma revisão das atividades realizadas (passado) para verificar se os
objetivos planejados foram alcançados e os problemas identificados foram
resolvidos.

Seguindo estas sugestões a escola vai perceber que trabalhar com


comunidades é uma experiência estimuladora e repleta de desafios, pois
proporciona à escola a oportunidade de repensar não somente suas práticas,
como a natureza da gestão social.

As iniciativas aqui apresentadas estão intimamente associadas à


ampliação da capacidade comunitária para intervir na sua realidade social e
gerar benefícios que podem ser compartilhados e replicados para outras
comunidades.

Considera-se, pois, que a elaboração e implementação de projetos no


âmbito comunitário, é um bom exemplo de aplicação concreta da gestão social
voltado para o desenvolvimento sustentável da comunidade entendida no seu
sentido mais amplo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, Ana Cristina Valente, FALCÃO, Carlyle Tadeu, OSIAS, Cláudio,


KNOPP, Glauco, MUANIS, Rodolfo, VERAS, Thaisa Restani. Elaboração de
projetos comunitários a partir da integração academia-comunidade.
Curitiba: IX ENGEMA - ENCONTRO NACIONAL SOBRE GESTÃO
EMPRESARIAL E MEIO AMBIENTE, 2007
BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros
Curriculares Fundamentais: terceiro e quatro ciclos: Apresentação dos
temas transversais. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,
1998.
CARVALHO, Adalberto Dias de. Na Confluência da Epistemologia e da
Antropologia, o Desafio das pedagogias do Projeto. In: Epistemologia das
Ciências da Educação. Porto: Afrontamento, 2008.
Intel® Teach to the Future (2003). Project-based classroom: Bridging the gap
between education and technology. Training materials for regional and master
trainers (Sala de aula com abordagem de projeto: preenchendo a lacuna entre
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educação e tecnologia. Material de treinamento para instrutores regionais e


mestres).
KLIGERMAN, D.C. A era da reciclagem x a era do desperdício. In: SISINNO,
C.L.S. & OLIVEIRA, R.M. de. (Orgs.) Resíduos sólidos, ambiente e saúde:
uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000.
LOUREIRO, C.F.B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. São
Paulo: Cortez, 2004.
SOFFIATI, Arthur. Algumas palavras sobre uma teoria da eco-história. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
SORRENTINO, M. Educação Ambiental, Participação e Organização de
Cidadãos. Brasília: Em Aberto, 2000.
TENÓRIO, Fernando Guilherme. Elaboração de Projetos Comunitários: uma
abordagem prática. São Paulo: Loyola, 1995a.
_______ (Coord.). Administração de Projetos Comunitários: uma
abordagem prática. São Paulo: Loyola, 1995b.
_______ (Coord.). Avaliação de Projetos Comunitários: uma abordagem
prática. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

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