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1o Edição revisada
MANUAL DE CAPACITAÇÃO
EM ATENDIMENTO BÁSICO A EMERGÊNCIAS
1ª edição revisada
Florianópolis 2023
@ 2020. TODOS OS DIREITOS DE REPRODUÇÃO SÃO RESERVADOS AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA. SOMENTE SERÁ PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DESTA
PUBLICAÇÃO, DESDE QUE CITADA A FONTE.
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL - Designer Instrucional DE Arice Cardoso Tavares CDD 363.377
Catalogação na publicação por Marchelly Porto CRB 14/1177 e Natalí Vicente CRB 14/1105
DESIGN INSTRUCIONAL - Designer Instrucional DE Arice Cardoso Tavares e Designer Gráfico DE
Dayane Alves Lopes
ILUSTRAÇÃO - Designer Gráfico DE Dayane Alves Lopes
FOTOGRAFIA - Centro de Comunicação Social CBMSC; 3º Sargento BM Felipe Lucena Bitencourt e
Cabo BM Maurício Ervino de Carvalho Júnior
GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
GOVERNADOR
Carlos Moisés da Silva
SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Paulo Norberto Koerich
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA
COMANDANTE-GERAL
Coronel BM Charles Alexandre Vieira
SUBCOMANDANTE-GERAL
Coronel BM Ricardo Steil
CHEFE DE ESTADO MAIOR
Coronel BM Charles Fabiano Acordi
DIRETORIA DE ENSINO
DIRETOR DE ENSINO
Coronel BM Guideverson de Lourenço Heisler
CHEFE DA DIVISÃO DE ENSINO BÁSICO E COMPLEMENTAR
Tenente-Coronel BM Jesiel Maycon Alves
Caro aluno(a).
Todos os dias nos deparamos com situações que podem colocar em risco nossa integridade física, nosso con-
forto e nossos bens. Muitas vezes, por desconhecimento de determinados riscos, acabamos provocando ou
contribuindo com acidentes que podem ser evitados com a adoção de simples medidas de prevenção.
Vivemos iludidos de que “os acidentes só acontecem com os outros”, até que somos atingidos por algum
evento natural adverso, acidente ou incidente que expõe toda a nossa fragilidade e nos acorda para o mun-
do real, demonstrando que devemos estar sempre preparados.
Visando contribuir ainda mais com a comunidade catarinense, buscando a preparação das pessoas e a formação
da cultura de prevenção e de disseminação de conhecimentos, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
(CBMSC) disponibiliza à comunidade o Manual do Curso Básico de Atendimento a Emergências (CBAE).
O CBAE tem por finalidade oferecer uma capacitação básica à comunidade, para que todos possam reco-
nhecer os riscos e atuar de maneira segura e eficiente em situações de emergências. Inserida na capacita-
ção básica, estão noções de prevenção de incêndios e acidentes domésticos, reconhecimento e gestão de
riscos e de primeiros socorros.
O curso foi desenhado para que você possa absorver conhecimentos elementares que, em muitas situa-
ções, poderão auxiliá-lo(a) a proteger patrimônios e, até mesmo, salvar vidas e este material de leitura é
parte importante deste processo.
Ao final de sua formação, esperamos que você seja um(a) Agente Comunitário(a) de Proteção Civil e Briga-
dista Voluntário plenamente consciente de sua função.
Desejamos a todos uma excelente leitura!
Tenente-Coronel Jorge Artur Cameu Júnior
Organizador
COMO UTILIZAR ESTE MANUAL
Este manual contém alguns recursos para que você possa facilitar o processo de aprendizagem e aprofundar seu conhecimento.
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Bom estudo!
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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Figura 1 - Primeiros integrantes e viaturas do CBMSC Para a instalação da nova Corporação, foram
adquiridos pelo Governo do Estado duas bom-
bas a vapor, duas manuais (sendo uma cisterna),
seis seções de escadas de assalto, uma de gan-
cho para assalto em sacadas, dois aparelhos hi-
drantes de incêndio e ferramentas de sapa, en-
tre outros materiais.
A Seção de Bombeiros atendeu o seu primeiro
chamado no dia 2 de outubro de 1926, seis dias
após o início dos trabalhos.
Fonte: CBMSC
PRIMEIRO ATENDIMENTO
A Seção de Bombeiros atendeu o seu primeiro chamado no dia 2 de EMANCIPAÇÃO DO CBMSC
Em 13 de junho de 2003, a Emenda Constitucional nº 033 concedeu
1926 outubro quando extinguiu, com emprego da bomba manual, um 2003 ao CBMSC o status de Organização independente, formando, junto
princípio de incêndio que se originara no excesso de fuligem da chami-
com a Polícia Militar, o grupo de Militares Estaduais de Santa Catarina.
né da casa do Sr. Achilles Santos, na Rua Tenente Silveira, no 6.
FORÇA TAREFA
DESCENTRALIZAÇÃO Motivado pela Tragédia do Morro do Baú (2008), no Vale do Itajaí,
A primeira descentralização da Corporação ocorreu em 13 de o CBMSC cria a Força Tarefa (FT), grupo composto por integran-
1958 agosto de 1958, com a instalação de uma Organização Bombeiro 2011 tes da corporação capacitações e treinamentos para responder
Militar no município de Blumenau. com eficácia e eficiência a eventos adversos como esse.
Nos últimos anos, adequando-se às tecnolo- reconhecimento. E mesmo diante do inimigo invi-
gias modernas, aplicativos diversos foram criados sível, enquanto todos eram orientados à reclusão, Saiba mais
pela instituição facilitando ainda mais o trabalho o CBMSC manteve seu trabalho: nas ruas, em aten- Para compreender um pouco melhor o
da corporação, aproximando-a da comunidade dimento à comunidade e adaptando-se ainda mais conceito de notificações sobre as cha-
e obtendo-se resultados ainda mais satisfatórios às novas tecnologias, destacando-se o Ambiente madas de emergência do CBMSC, as-
para a preservação de vidas. Destacam-se aqui Virtual de Aprendizagem (AVA) para educação a sista aos vídeos:
aplicativos como o Praia segura CBMSC, CBMSC distância, o qual passou a fazer parte inclusive dos https://www.youtube.com/watch?-
Firecast comunidade, CBMSC SOSurdo. cursos de formação da instituição. v=uJxUpC7XnMw
https://www.youtube.com/watch?v=-
Figura 2 - Aplicativos do CBMSC: Praia segura CBMSC, Figura 3 - Banner do AVA CBMSC fNCxfy_cQvQ
Firecast comunidade e SOSurdo (respectivamente) https://www.youtube.com/watch?-
v=exe1tUBA344
Fonte: CBMSC
SOBRE O CBAE
Você já parou para pensar o que lhe trouxe Glossário
até aqui? O que motivou sua inscrição para Os termos urgência e emergência são
o CBAE? Que conhecimentos acredita que vistos de maneira distintas, de acordo
irá adquirir ao longo de sua formação? com a área na qual são conceituados
(saúde, defesa civil, entre outras). Por
Para que você possa responder de maneira urgência, o CBMSC entende a situa-
firme e segura tais questionamentos, vamos ini- ção que exige providências inadiá-
ciar nossos estudos conceituando o Curso Básico veis. Diz-se da situação de uma vítima
de Atendimento a Emergências (CBAE), um curso que exige cuidados imediatos, po-
planejado para atender a comunidade, com idade dendo não estar em situação de ris-
Fonte: CBMSC igual ou superior a 16 anos, que desejam obter trei- co iminente de morte. Por emergên-
namento e conhecimento básico sobre prevenção, cia também no CBMSC entede-se a
Como você deve saber, a história do CBMSC é noções de primeiros socorros, combate a princípios situação crítica; acontecimento peri-
sedimentada sobre o tradicional serviço de Com- de incêndios e como agir em diversas situações de goso ou fortuito; incidente.
bate a Incêndio (função de origem da maioria das urgência e emergência.
Corporações no mundo), no entanto, desde sua
criação, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa
Bons estudos!
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Não é novidade que as sociedades estão em Para compreender o que é a percepção de ris-
constante contato com eventos adversos. co vamos primeiramente entender dois conceitos Glossário
Sabemos que algumas vezes esses eventos po- importantes: risco e desastre. Ameaça é a estimativa da ocorrência e
dem causar riscos à saúde e ao meio ambiente. Denominamos risco a relação existente entre a magnitude de um evento adverso, ex-
Em nosso estado, por exemplo, os desastres de probabilidade de que uma ameaça de evento ad- pressa em termos de probabilidade es-
grandes proporções provocados pela quantidade verso ou acidente determinado se concretize, com tatística de concretização do evento (ou
de chuvas, vendavais, granizos, tornados ou va- o grau de vulnerabilidade do sistema receptor a acidente) e da provável magnitude de
zamento de produtos químicos próximos a áreas seus efeitos. Os riscos podem ainda ser entendi- sua manifestação.
habitadas, são cada vez mais recorrentes, nos le- dos como os resultados inesperados que apresen-
vando a refletir sobre a importância de estarmos tam consequências negativas em determinadas Vulnerabilidade é a condição intrín-
preparados para agir nesses casos. atividades ou decisões tomadas. seca ao corpo ou sistema receptor
Por muito tempo os governos focaram na res- Consideramos desastre o resultado dos even- que, em interação com a magnitude
posta aos desastres, atuando em recuperação dos tos adversos, naturais ou provocados pelo homem, do evento ou acidente, caracteriza os
danos e prejuízos causados por esses eventos. Con- sobre um ecossistema vulnerável, causando danos efeitos adversos, medidos em termos
forme os prejuízos econômicos, sociais e ambien- humanos, materiais e/ou ambientais e consequen- de intensidade dos danos prováveis.
tais, assim como a vulnerabilidade das pessoas e tes prejuízos econômicos e sociais (DEFESA CIVIL,
comunidades aumentavam, percebeu-se a impor- 2007). Os desastres podem ser divididos em duas Evento adverso é uma ocorrência
tância de atentar-se antecipadamente aos riscos grandes categorias: os naturais e os tecnológicos. desfavorável, prejudicial ou impró-
que eventos desastrosos pudessem apresentar. As- Na primeira estão os grupos de desastres geoló- pria, que acarreta danos e prejuízos,
sim, os órgãos de proteção civil junto aos gover- gicos, hidrológicos, meteorológicos, climatológicos constituindo-se no fenômeno causa-
nos passaram a investir em medidas para manejar o e biológicos. Para estes grupos podemos citar res- dor de um desastre.
risco e reduzir as perdas causadas pelos desastres, pectivamente os seguintes exemplos: movimentos
gerenciando os riscos encontrados. de massa, inundações, queda de granizo, incêndio
Para a Defesa Civil, a boa gestão de risco de- florestal e epidemias de doenças infecciosas virais.
pende diretamente do modo como o risco é per- Na segunda estão os desastres relacionados às
cepcionado. A percepção de risco de desastres substâncias radioativas, produtos perigosos, incên-
passou a ser então incluída nas atividades de for- dios urbanos, obras civis e transporte de passagei-
mação e capacitação em gestão de risco de de- ros e cargas não perigosas.
sastre, pela proteção e defesa civil.
RISCOS rua, ao olhar para os dois lados, cabe ao indivíduo Perigo são as circunstâncias poten-
perceber algumas características da cena como a cialmente capazes de acarretar algum
Você sabe o que é percepção de risco? distância dos veículos da faixa de pedestre, a ve- tipo de perda, dano ou prejuízo am-
locidade com a qual aproximam-se dela e a quem biental, material ou humano.
Por percepção de risco podemos então en- é o direito de passagem de acordo com o semáfo-
tender como o ato de tomar contato com um ro. Além disso, percebendo que seu risco é maior
perigo por meio dos sentidos (visão, paladar, au- ao atravessar a rua, cabe ao indivíduo fazê-lo de Saiba mais
dição, tato e olfato) e interpretar essa informa- modo ágil, mas sempre com segurança. Para compreender um pouco melhor o
ção para então decidir como agir em casos de conceito de percepção de risco, assista
ameaças, ou seja, é a capacidade de identificar Você sabe o que é gestão de risco de desastres? aos vídeos no canal da Defesa Civil SC
perigos e reconhecer riscos. no Youtube.
Um indivíduo seleciona, interpreta, organiza A gestão de risco abrange a avaliação, análi-
e analisa sensações sensoriais relacionando-as se, implementação de estratégias, ações especí-
com sua história de vida. Embora as percepções ficas para controlar, reduzir e transferir os riscos.
sejam individuais e muitas vezes subjetivas, es- É amplamente praticada por organizações para
tão relacionadas com a construção do conhe- minimizar o risco nas decisões de investimento e
cimento, podendo ser partilhadas gerando um para enfrentar os riscos operacionais, tais como os
conhecimento coletivo. de interrupção dos negócios, a falha de produção,
A percepção de risco depende do conhecimen- danos ambientais, impactos sociais e danos decor-
to comum sobre os riscos de desastres, fatores que rentes de incêndios e riscos naturais.
levam à ocorrência de um desastre e ações que po- Gestão de risco envolve as atividades que
dem ser tomadas individual e coletivamente para abordam e buscam corrigir ou reduzir um ris-
reduzir a exposição e vulnerabilidade aos perigos. co que já exista (exemplo reforçar a estrutura
Vejamos um exemplo de percepção de risco: construtiva de um hospital que se encontra em
Ao atravessar a rua o risco de sofrer um atro- uma área de risco); ou atividades de gestão que
pelamento é maior à pessoa do que se ela esti- abordem ou busquem evitar o crescimento ou o
ver caminhando pela calçada. Diante da ameaça desenvolvimento de novos riscos de desastres
ções especializadas ou integradas na estrutura Figura 1 - Ciclo das Ações de Defesa Civil
convencional dos serviços de emergência. Contu- Prevenção: é considerada uma das fases mais
do, a defesa ou proteção civil deverá começar no importantes na administração de desastre. É a
hora certa para se tomar medidas de avaliação e
nível mais baixo (municipal) e só deverá passar redução dos riscos. Muito importante, nesse
para o próximo nível organizacional quando os re- processo, a mudança de comportamento e
cultura da população.
cursos do nível antecedente estiverem esgotados.
Mitigação: é a diminuição ou a limitação dos
impactos adversos das ameaças e dos desastres
Alerta! afins para a população. Como nem sempre é
possível evitar que desastres aconteçam,
Previsão de
chuvas e fortes
ventos...
Fonte: CBMSC
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA 22
Lição I - Noções de percepção e gestão de riscos e a importância da prevenção
torres de linhas telefônicas e de energia elétri- ciadas à elevação em cursos de água que acon-
ca, áreas abertas como campos de futebol, qua- tece de modo gradativo e com uma capacidade
dras de tênis e estacionamentos, alto de morros relativa de escoamento. Estes fenômenos normal-
ou no topo de prédios, cercas de arame, varais mente são sazonais, associados às marés meteo-
metálicos, linhas aéreas e trilhos; rológicas e, de certo modo, previsíveis (BRASIL,
• não permanecer próximo a tomadas, canos, 2012; CEPED 2013).
janelas e portas metálicas; Daremos destaque a seguir aos três conceitos
• não tocar em equipamentos elétricos que es- dos desastres hidrológicos devidamente previstos
tejam energizados. no COBRADE, os quais são melhor detalhados no
Anuário Brasileiro de Desastres Naturais (2014):
ATENÇÃO! Durante tempestades de raios, não faça uso de • Inundações: Submersão de áreas fora dos li-
aparelhos de telefone ligados à rede elétrica. E lembre- mites normais de um curso de água em zonas
-se: mesmo em condições de tempo normal, não faça uso que normalmente não se encontram submer-
de telefone celular quando ele estiver carregando, ligado sas. O transbordamento ocorre de modo gra-
na rede elétrica, pois esta ação também pode lhe propor- dual, geralmente ocasionado por chuvas pro-
cionar um choque elétrico. longadas em áreas de planície.
• Enxurradas: Escoamento superficial de
DESASTRES HIDROLÓGICOS alta velocidade e energia, provocado por chu-
vas intensas e concentradas, normalmente em
De acordo com a Classificação Brasileira de pequenas bacias de relevo acidentado. Ca-
Desastres (COBRADE), os desastres hidrológicos racterizadas pela elevação súbita das vazões
dividem-se em inundações, enxurradas e alaga- de determinada drenagem e transbordamen-
mentos. Sua definição foi estimulada, também, to brusco da calha fluvial. Apresentam grande
pelas mais diversas interpretações destes termos, poder destrutivo.
pelos mais diversos pesquisadores da área. Neste • Alagamentos: Extrapolação da capacidade
sentido, a Instrução Normativa No 01, de 24 de de escoamento de sistemas de drenagem ur-
agosto de 2012, do Ministério daIntegração Na- bana e consequente acúmulo de água em ruas,
cional, a qual define o COBRADE, nada fala sobre calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em
as populares enchentes. As enchentes eram asso- decorrência de precipitações intensas.
Figura 2 - Inundação destes ambientes aquáticos de lazer. Por mais que não
chova no local exato onde você se encontra, chuvas locali-
zadas em pontos mais elevados da cachoeira poderão lhe
INUNDAÇÃO
trazer surpresas desagradáveis.
ALAGAMENTO
SITUAÇÃO
NORMAL
ros e a Defesa Civil pelos telefones de emer- Você sabia que suas atitudes e de seus
gência 193 e 199, sobre áreas inundadas e familiares e amigos podem colaborar para evitar
pessoas ilhadas. alagamentos? Vamos ver um pouco sobre isso?
Antes de qualquer coisa, proteja sua vida, a de seus fami- O lixo acumulado, móveis velhos e outros en-
liares e amigos. Se precisar retirar algo de sua casa, peça tulhos são os principais responsáveis por impedir
ajuda à Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros o escoamento da água nos sistemas públicos de
esgoto, trancando a passagem da água nos buei-
Sabendo que muitas vezes uma inundação ou ros ou riachos. Por isso, é importante descartar
um alagamento é inevitável, como devemos nos corretamente qualquer tipo de lixo ou materiais
preparar para enfrentá-los? Antes de tudo evitan- que não são mais úteis em casa. Também é im-
do construir próximo a córregos, bem como nunca portante manter telhados e canaletas limpas para
acima e abaixo de barrancos que possam deslizar, evitar entupimentos.
derrubando ou soterrando sua casa. Durante um alagamento, a água acumulada en-
Quando as condições forem propícias para contra-se misturada com os resíduos do sistema de
ocorrência de inundações, é importante tomar as esgoto, lixo e até mesmo animais mortos. Por isso é
seguintes providências: necessário tomar algumas medidas, tais como:
• rever um local seguro para se alojar caso ne-
cessário;
• desconectar aparelhos da corrente elétrica
para evitar curtos-circuitos nas tomadas. Lem-
brar sempre que água e energia elétrica podem
ser uma combinação perigosa;
• fechar o registro da entrada d’água, portas e
janelas;
• retirar todo o lixo e levar para áreas não sujei-
tas a inundações e alagamentos.
ÁGUA HIPOCLORITO
SANITÁRIA DE SÓDIO 30 MINUTOS
(2 GOTAS) (1 GOTA)
OU
1 LITRO DE ÁGUA
• Recipientes para armazenamento de água, nessa solução e comece a limpeza de pisos, pa-
embalagens de alimentos e utensílios do- redes e bancadas. Saiba mais
mésticos: a água que for utilizada para este Para saber mais informações sobre
fim, deve ser filtrada e passar por um posterior Lembre-se também de realizar as seguintes ações: a forma correta de tratamento da
tratamento com hipoclorito. Deve-se misturar 2 - enterre animais mortos e limpe os escombros água, bem como informar-se das re-
colheres das de sopa de hipoclorito de sódio e lama deixados pela inundação, alagamentos e comendações para a manutenção
(2,5%) ou água sanitária (2,0 a 2,5%) com 1 li- enxurradas; de caixas-d’água e reservatórios de
tro de água e jogar no recipiente a ser limpo. - retire todo o lixo da casa e do quintal e o água para consumo humano, acesse
É importante que a solução cubra o recipiente coloque em local devido para o recolhimento a Cartilha para promoção e proteção
para que entre em contato com toda a superfí- pelo serviço de limpeza pública do município; da saúde, produzida pelo Ministério
cie interna e deixar o recipiente coberto por 15 - observe se sua casa não corre risco de desabar; da Saúde, no ano de 2018.
minutos. Ao final, o objeto deve ser enxaguado - tome cuidado com aranhas, cobras e ratos, ao
com a água para consumo humano. movimentar objetos, móveis e utensílios, pois
eles procuram refúgio em lugares secos.
Lembre-se:
ÁGUA HIPOCLORITO 1 LITRO DE ÁGUA A seguir passamos ao item sobre deslizamen-
SANITÁRIA DE SÓDIO
15 MINUTOS tos, também chamado de movimento de massa.
OU
MOVIMENTO DE MASSA
Os principais danos causados pelo deslizamento • não jogar lixo e entulho em vias públicas ou
são as mortes e prejuízos materiais. Ao verificar os barreiras, pois ele aumenta o peso e o perigo
riscos de deslizamento de um morro ou encosta de- de deslizamento, descartando-os em latas ou
ve-se imediatamente avisar os vizinhos sobre o peri- cestos apropriados;
go e convencer as pessoas que moram nas áreas de • as barreiras e encostas devem ser protegi-
risco a saírem de casa durante as chuvas. das com vegetação rasteira que tenham raízes
compridas, que sustentam mais a terra, e nunca
Você saberia perceber os sinais que indicam a por árvores grandes ou com raízes superficiais
possibilidade de ocorrência de um deslizamento? como mamoeiro, jamboeiro, coqueiro, bananei-
ra, jaqueira e de fruta-pão, pois acumulam água
Inicialmente é importante observar o apareci- no solo e provocam quedas de barreiras;
mento de fendas, depressões no terreno, rachadu- • não dificultar o caminho das águas da chuva
ras nas paredes das casas, inclinação de tronco de com lixo, por exemplo;
árvores, postes e o surgimento de minas d’água. • consertar vazamentos o mais rápido possível
Avise imediatamente à Defesa Civil quando des- e não deixar a água escorrendo pelo chão. O
confiar de riscos de deslizamento. ideal é construir canaletas;
• solicitar à Defesa Civil, em caso de morros
Dentre os cuidados que podemos citar para e encostas, a colocação de lonas plásticas
evitar um deslizamento, quais são os principais? nas barreiras.
• manter a vegetação nativa das encostas;
• não amontoar entulhos e lixo em lugares incli- O que fazer quando ocorrer um deslizamento?
nados porque entopem a saída de água e deses- Se você observar um princípio de deslizamen-
tabilizam os terrenos provocando deslizamentos; to, avise, imediatamente, à Defesa Civil do seu Mu-
• proteger as barreiras em morros por drena- nicípio, Corpo de Bombeiros Militar e o máximo
gem de calhas e canaletas para escoamento da de pessoas que residem na área do deslizamen-
água da chuva; to. Afaste-se e colabore para que curiosos mante-
• não fazer cortes nos terrenos de encostas. nham-se afastados do local do deslizamento, pois
Assim, evitará o agravamento da declividade; poderá haver novos deslizamentos.
Em caso de deslizamento, como posso aju- Os incêndios florestais podem ter origem com
dar o CBMSC? causas naturais, tais como: raios, reações fermen-
• só entre na cena de um deslizamento se soli- tativas exotérmicas, concentração de raios solares
citado, pois, vários equipamentos e pessoas es- por pedaços de vidros em forma de lente, entre
pecializadas em salvamento precisarão do local outras. No entanto, como destacamos anterior-
desimpedido; mente também é possível (e bastante comum) que
• não se arrisque sem necessidade, deixe os incêndios se originem pela ação do homem,
que pessoas especializadas em salvamentos das quais destacamos:
atuem no local; • imprudência e descuido de caçadores, matei-
• não permita que crianças e parentes entrem ros ou pescadores, através da propagação de pe-
no local do deslizamento; quenas fogueiras, feitas em acampamentos;
• não conteste as orientações do Corpo de • fagulhas provenientes de locomotivas ou de
Bombeiros Militar. outras máquinas automotoras, consumidoras
de carvão ou lenha;
INCÊNDIO FLORESTAL • perda de controle de queimadas, realizadas
para “limpeza” de campos;
É a propagação do fogo em áreas florestais, • incendiários e/ou piromaníacos (pessoas ma-
normalmente, ocorrendo com maior incidência níacas por fogo).
nos períodos de estiagem. Está relacionado com
a redução da umidade do ambiente. Um incêndio floresta pode causar danos am-
bientais, humanos e materiais, tais como:
Você já parou para pensar que muitos casos de • redução da biodiversidade;
incêndio florestal não são de causas naturais? • alterações drásticas dos biótipos, reduzindo
Vamos estudar a seguir as principais causas as possibilidades de desenvolvimento equili-
de incêndio florestal e verificar, mais uma vez, brado da fauna silvestre;
como o comportamento humano pode ser • facilitação dos processos erosivos, redução
responsável por desastres dessa natureza. da proteção dos olhos d’água e nascentes;
• destruição das árvores em fase de cresci- • utilização de medidas de vigilância fixa, por
mento ou em fase de utilização comercial, redu- meio de torres de observação, ou móvel, por
zindo a produção de madeira, celulose, essên- meio de patrulhamento terrestre ou aéreo;
cias florestais e outros insumos; • aviso imediato, em caso de incêndio flores-
• redução da fertilidade do solo, como con- tal, ao Corpo de Bombeiros, Defesa Civil ou
sequência da destruição da matéria orgânica Polícia Militar.
reciclável, obrigando a um maior consumo de
fertilizantes; Ao encontrar um foco de incêndio florestal é
• redução da resistência das árvores ao ataque importante avisar imediatamente ao Corpo
de pragas, obrigando a um maior consumo de de Bombeiros, Defesa Civil ou Polícia Militar
fungicidas; e seguir as instruções passadas pelo serviço
• perdas humanas e traumatismos provocados de emergência. É importante que você
pelo fogo ou por contusões; nunca tente combater um incêndio sozinho.
• desabrigados e desalojados; Muitos combatentes já perderam suas vidas
• redução das oportunidades de trabalho rela- em incêndios florestais pelo mundo.
cionado ao manejo florestal.
GRANIZO
Dentre as medidas que podem evitar um in-
cêndio florestal, podemos citar: É a forma de precipitação que consiste na
• construção de aceiros, que devem ser manti- queda de gelo de forma esférica ou irregular,
dos limpos e sem materiais combustíveis; de diâmetro variado, comumente chamados
• plantação de cortinas de segurança com ve- pedras de granizo.
getação menos inflamável; O granizo pode trazer inúmeros prejuízos à agri-
• construção de barragens de água que atuem cultura, além de destruir telhados, especialmente
como obstáculos à propagação do fogo e como os construídos com telhas de amianto. As pedras
reserva de água para o combate ao incêndio; de granizo trazem ainda danos às redes elétricas,
• construção de estradas vicinais, no interior amassamento e quebra de vidros em veículos.
de florestas, facilitando a fiscalização e favore-
cendo os meios de controlar os incêndios;
RECAPITULANDO
Nesta lição você teve a oportunidade de conhe-
cer os conceitos que envolvem as ações de Prote-
ção e Defesa Civil, as características dos principais
desastres que ocorrem em Santa Catarina e quais
as ações mais pertinentes a serem tomadas antes,
durante e depois da ocorrência destes eventos.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao longo da leitura desta Lição, você irá en- necessitam de intervenção urgente para evitar um
contrar aspectos importantes para a percepção e agravamento da situação. Em algumas situações,
gestão dos riscos existentes nas ocorrências mais não é possível a recuperação total dos danos, no
atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar de entanto, nestes casos, os órgãos de resposta são
Santa Catarina ou em situações em que você será capazes de oferecer cuidados que minimizem os
a pessoa mais capacitada no local da ocorrência, seus efeitos.
até a chegada do serviço de emergência.
Para dar início aos estudos, precisamos, primei- De acordo com a Portaria número 354, de 2014 do Minis-
ramente conhecer dois importantes conceitos. tério da Saúde, podemos dizer que:
- Emergência é a constatação médica de condições de
Você deve estar bastante familiarizado com as agravo à saúde que impliquem sofrimento intenso ou
palavras acidente e emergência, mas saberia risco iminente de morte, exigindo, portanto, tratamento
diferenciá-las agora? Sem a leitura deste material? médico imediato.
- Urgência é a ocorrência imprevista de agravo à saúde
Vamos iniciar por aí, trazendo estes conceitos e com ou sem risco potencial à vida, cujo portador necessi-
na sequência da lição falaremos dos serviços pú- ta de assistência médica imediata.
blicos de emergências.
Por acidente entendemos um evento inespera- Dentre os órgãos prestadores de serviço de
do (ou sequência de eventos fortuitos e não plane- atendimento à emergência, podemos destacar o
jados), que dá origem a uma consequência especí- Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina,
fica e indesejada, podendo causar danos pessoais, Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Defesa
materiais (danos ao patrimônio), danos financeiros Civil e Serviço de Atendimento Móvel de Urgên-
e/ou ambientais. São exemplos de acidentes: coli- cia (SAMU).
sões e quedas indesejadas, lesões por objetos cor-
tantes, queimaduras, afogamentos, intoxicações,
choque elétrico, entre outros.
Uma emergência é uma situação que represen-
ta um risco imediato para a saúde, vida, proprieda-
de ou meio ambiente. A maioria das emergências
EMERGÊNCIAS desta forma, poder repassar as informações neces- Para saber mais sobre as instruções
sárias ao atendente. Assim são empregados os re- normativas de sistemas de emergência
Os serviços de emergência são prestados por cursos de acordo com a natureza da ocorrência e assista o vídeo:
organizações que visam preservar a segurança deslocados com precisão e rapidez ao local correto. https://www.youtube.com/watch?v=-
e saúde da população. Os serviços públicos de As informações básicas que devem ser repassadas 2ZVKvAgelM0
emergências são de responsabilidade do Estado e ao atendente de um serviço de emergência são: https://www.youtube.com/watch?-
prestados por instituições governamentais de for- • o nome da pessoa que está solicitando o v=1B4p5a0oqmo
ma gratuita, com a finalidade de preservar a vida auxílio; https://www.youtube.com/watch?v=-
dando assistência em emergências. • o local exato da emergência com pontos de qYkCdDWC6EA
referência;
Você sabe como acionar os serviços • o tipo de emergência;
oficiais de resposta às emergências? • quantas pessoas estão envolvidas ou em risco.
Diante de uma situação de emergência, a cha- A partir daqui, vamos conhecer detalhadamen-
mada de auxílio deve ser feita de imediato. Tam- te as atribuições de cada um dos serviços.
bém é importante saber qual é a gravidade de
sua emergência para saber qual o serviço deve BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
ser acionado.
É importante destacar que, em Santa Catarina,
temos organizações civis que também atuam na
Os telefones de emergência dos principais órgãos são: prestação do serviço de socorro à população: os
190 PMSC - Polícia Militar de Santa Catarina chamados “Bombeiros Voluntários (BV)”. São enti-
dades não governamentais, constituídas para rea-
192 SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência lizar os atendimentos emergenciais de bombeiro
193 CBMSC - Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina nos municípios que não são atendidos pelo CB-
MSC. Joinville é a unidade mais antiga do gênero
199 Defesa Civil de Santa Catarina
no estado de SC e no Brasil, tendo sido fundada incêndio em edificações, contra sinistros em áreas
em 1892, cujo modelo foi expandido para outros de risco e de armazenagem, manipulação e trans-
municípios. porte de produtos perigosos. Responsável por
Atualmente, contam com 32 unidades espa- acompanhar e fiscalizar sua execução, e impor san-
lhadas pelo estado. Nesses municípios, a atuação ções administrativas estabelecidas em Lei;
do CBMSC se resume à realização do serviço de • realizar perícias de incêndio e de áreas sinis-
segurança contra incêndio (exercício do poder de tradas no limite de sua competência;
polícia), analisando projetos e realizando vistorias • colaboração com os órgãos da defesa civil e
a fim de manter as edificações e eventos regulari- polícia militar, nos termos de lei federal;
zados perante às normas de segurança contra in- • estabelecimento da prevenção balneária por
cêndios, sendo que parte dos valores arrecadados guarda-vidas;
com as taxas oriundas desses serviços é compar- • prevenção de acidentes e incêndios na orla
tilhado com os corpos de bombeiros voluntários marítima e fluvial.
locais. Para atendimento à população, o telefone
de emergência também é o 193. Vale lembrar que o Corpo de Bombeiros Militar
pode ser acionado pelo telefone 193, gratuitamente.
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
POLÍCIA MILITAR
Órgão permanente do Estado de Santa Catari-
na, força auxiliar e reserva do exército, organizado Órgão permanente do Estado de Santa Cata-
com base na hierarquia e disciplina, destinado a: rina, força auxiliar e reserva do exército respon-
• serviços de prevenção de sinistros ou ca- sável pela:
tástrofes, de combate a incêndio e de busca e • preservação da ordem e da segurança pública;
salvamento de pessoas e bens e destinado ao • radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacus-
atendimento pré-hospitalar; tre e fluvial;
• estabelecimento de normas relativas à segu-
rança das pessoas e de seus bens contra incên-
dio, catástrofe ou produtos perigosos;
• análise prévia de projetos de segurança contra
ocorrência falsa, alguém que realmente está sença de energia elétrica, sinalização das vias);
necessitando de ajuda poderá ser prejudicado. • evite inalar fumaça (aproxime-se com vento Atenção
Por isso, é importante que os órgãos pelas costas) ou entrar em contato com com- Lembre-se dos telefones dos serviços
desenvolvam programas de conscientização bustíveis e produtos perigosos; de emergência:
da população e cada membro da comunidade • não manipule a vítima se não tiver capacita- 190 - Polícia Militar
faça o seu papel, conscientizando o maior ção ou não se sentir seguro para implementar 191 - Polícia Rodoviária Federal
número de pessoas possível sobre o assunto. os atendimentos necessários; 192 - SAMU
• identifique-se e ofereça ajuda (verifique se en- 193 - CBMSC
PREVENÇÃO EM ACIDENTES tre as pessoas presentes há algum médico, bom- 198 - Polícia Rodoviária Estadual
beiro, policial ou qualquer profissional acostuma- 199 - Defesa Civil
Do mesmo modo que foi abordado na lição an- do a lidar com situações de emergência);
terior, quando tratado sobre as ações diante dos • se não houver ninguém capacitado no local
desastres, para os acidentes de menor vulto, a per- para dar suporte à vítima, preste os primeiros so-
cepção de risco deve voltar-se com destaque para corros, veja se você ou alguém sofreu ferimentos;
um mesmo foco: a prevenção. Vejamos a seguir • avalie a gravidade geral do acidente, confor-
algumas características e os procedimentos que te os ocupantes do veículo;
devem ser adotados diante de cada caso. • lembre-se de sempre solicitar apoio do servi-
ço de emergências.
PREVENÇÃO DE ACIDENTE DE TRÂNSITO
Ao chamar o socorro por telefone, informe o tipo de aci-
Acidentes de trânsito são todos os aconteci- dente (carro, moto, caminhão, ônibus); gravidade apa-
mentos desastrosos envolvendo veículos, pessoas rente; nome da rua e número próximo; quantidade de
e ou animais nas vias públicas. Quando você se de- vítimas; pessoas presas nas ferragens; vazamento de
parar com um acidente de trânsito, siga algumas combustível ou produtos químicos. Não execute primei-
orientações básicas: ros socorros se você não for treinado, isso pode agravar
• mantenha a calma; a situação das vítimas.
• acione o serviço de emergências (190, 191,
192, 193, 198 ou 199); Lembre-se que quanto mais rápido o atendi-
• dimensione os riscos presentes na cena (pre-
mento, menores as chances de risco para vítimas timas e das pessoas ao redor, com gentileza.
do acidente. Além dos órgãos de atendimento de
emergência, as rodovias administradas por conces- Mantenha sempre atualizado no seu celular to-
sionárias possuem um número de telefone para dos os números de emergência disponíveis dos
emergência gratuito. Normalmente esse número locais por onde você trafega. Na hora da emer-
se encontra visível em placas e algumas rodovias gência a memória pode falhar.
dispõem até mesmo de aparelhos telefônicos de
emergência nos acostamentos. Nestes casos, você A maior parte desses acidentes poderiam ter
pode retirar o fone do gancho e aguardar o atendi- sido evitados com medidas simples, por isso,
mento. atente-se sempre para as seguintes medidas
preventivas:
PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO • utilize sempre os vestuários e equipamentos
de segurança, como por exemplo: capacetes
Acidentes de trabalho são os acidentes sofridos para a proteção da cabeça, luvas para a pro-
pelo trabalhador, que ocorrem no local e no horário teção das mãos, mangas longas, aventais para
de seu expediente. Mas eles também podem ocor- a proteção dos membros superiores, botas e
rer em seu percurso de sua casa até o seu trabalho; botinas para a proteção dos pés, óculos para a
através de doença obtida pela forma de exercer o proteção dos olhos, máscaras para a proteção
seu serviço ou pelas condições do mesmo. do sistema respiratório e cintos de segurança
Os acidentes de trabalho são muito comuns no como proteção contra quedas;
Brasil, às vezes trazem ao trabalhador consequên- • descanse suficientemente para que a falta de
cias leves, mas há ainda muitos casos de danos fa- sono não tire sua atenção durante o trabalho;
tais ou mesmo irreparáveis. • faça com que seu local de trabalho seja con-
fortável, não deixe objetos fora dos seus luga-
Manter a calma em situações de risco é muito importan- res ou mal arrumados. Se tudo estiver no seu
te para o sucesso do atendimento às vítimas podendo até lugar, não será preciso recorrer a improvisos, e
mesmo evitar o agravo da situação. Por isso no cenário de isso irá reduzir os acidentes;
uma ocorrência, tente ao máximo manter sua calma, das ví-
dores, não haverá risco de vazamento de gás. idade (altura) e fique atento a outros perigos
como: ferrugem, pregos expostos e superfícies
Quedas instáveis ou quebradas.
Em casos de construções é importante fazer
Esse é um tipo de acidente comum com crian- dispositivos de proteção na laje.
ças e idosos. Em casas com idosos evite o uso de
tapetes, se forem indispensáveis, prefira os anti- Sufocamento
derrapantes e não deixe objetos soltos no chão.
O banheiro é um local propício para quedas de A obstrução de vias aéreas é a uma das cau-
idosos, por isso instale barras de segurança ao sas de morte em crianças de idade abaixo de um
lado dos sanitários e paredes de chuveiro. Não ano. Por isso, não deixe sacos plásticos, objetos
deixe crianças pequenas sozinhas no banheiro. pequenos, como peças de brinquedos, parafusos,
Não suba no vaso sanitário para fazer reparos, porcas, moedas, tampinhas etc., perto de crianças
ele pode não suportar o peso e quebrar. Além pequenas. Pequenas partículas podem ser aspira-
da queda, você pode se cortar muito gravemente das, provocando sufocação ou serem ingeridas,
com pedaços da louça quebrada. causando problemas.
Mantenha as escadas iluminadas e instale corri- Lembre-se todos os brinquedos devem ter
mão e antiderrapante nos degraus. Os portões de a certificação do Instituto Nacional de Metrolo-
acesso são um recurso importante para evitar que gia (INMETRO). Antes de permitir seu uso por
crianças pequenas acessem áreas de risco como crianças, verifique a indicação de idade.
cozinha, escadas e áreas externas sem a supervi- Atente para o momento de alimentação da
são de um adulto. criança, após as mamadas, coloque o bebê para
Evite colocar móveis sob as janelas, pias ou ar- arrotar antes de deitá-lo, pois, do contrário, o
mários altos para que as crianças não subam nesses bebê poderá regurgitar ou vomitar e o líquido ir
lugares e acabem caindo. É importante também para o pulmão. Corte os alimentos em tamanhos
instalar telas e/ou grades de proteção em todas as pequenos na hora de alimentar a criança e fique
janelas, portas e escadas. atento para perceber se ela engoliu tudo. Remova
Quando levar crianças ao parquinho, verifi- do berço todos os brinquedos, travesseiros e obje-
que se os equipamentos são apropriados para
tos macios quando o bebê estiver dormindo, para bém perigosos e podem causar incêndios.
reduzir o risco de asfixia. Na lição IV você apren- É importante ter consciência de que um in-
derá os procedimentos a serem tomados diante cêndio pode ocorrer em qualquer lar. Por isso, é
de uma pessoa com obstrução de vias aéreas por preciso estar alerta e tomar certos cuidados para
corpo estranho (OVACE). evitá-los, com certos aspectos como por exemplo:
instalações elétricas, cigarros, materiais combustí-
Intoxicação veis etc. Vejamos alguns cuidados necessários.
Em relação às instalações elétricas:
Os problemas de intoxicação são bastante co- • evite ligar mais de um aparelho elétrico na
muns entre as crianças, por isso mantenha todos mesma tomada. Se a corrente elétrica estiver
os produtos tóxicos fora do alcance delas, como acima do que a fiação suporta, pode ocorrer
por exemplo: medicamentos e vitaminas, produtos um superaquecimento dos fios;
de limpeza, inseticidas etc. Mantenha esses produ- • não utilize fios elétricos descascados ou es-
tos em locais altos e armários trancados. tragados. Quando encostam um no outro, pro-
As crianças são atraídas pela semelhança com vocam curtos-circuitos e faíscas, que podem
balas e doces, por isso, tome cuidado para não ocasionar um incêndio;
deixar medicamentos ao alcance e nunca coloque • faça uma revisão nos fios dos aparelhos elétricos
produtos de limpeza em garrafas de alimentos e na instalação elétrica da sua casa periodicamente.
evitando que alguém consuma o produto equi- Se algum aparelho elétrico ou tomada apresentar
vocadamente. Guardar os produtos de limpeza defeito, não pense duas vezes para mandar conser-
e outros produtos tóxicos em suas embalagens tá-los. Não faça ligações provisórias;
originais pode facilitar o reconhecimento do pro-
duto, em casos de intoxicações. O CBMSC sugere em sua Instrução Normativa
(IN-19) o período de 15 anos para revisão
Prevenção a incêndios domésticos das instalações elétricas em residências.
O fogo e a energia elétrica existem em todos os • a fiação deve estar sempre embutida em
lares e são de muita utilidade para as tarefas diárias. conduítes. Evite instalações elétricas improvisa-
Porém, ao mesmo tempo que são úteis, são tam-
O Norte do Brasil
e represas gens dos rios, pela virada de uma embarcação, pela de prevenção.
é a região com maior
número de mortes
tentativa de mergulho para desenroscar uma rede
44% das mortes ou um anzol, pela não utilização de colete salva-vi-
ocorrem no verão
52% das mortes das quando embarcado e outras causas diversas.
de crianças entre
1 e 9 anos ocorrem Outros fatores associados aos afogamentos são
em piscinas, geralmente
em casa as câimbras, os mal-súbitos dentro d’água e a na-
Mais de 90% das mortes
tação logo após as refeições. Acompanhe outras
ocorrem por ignorar os riscos
dicas voltadas à prevenção de afogamentos nos
mais diversos ambientes aquáticos de lazer:
1. Certifique-se da presença de Guarda-vidas
recipiente com água. Após o uso, mantenha no local.
totalmente vazios tanques, bacias e banheiras. 2. Nunca entre ou nunca deixe um companhei-
Em áreas residenciais com piscina, mantenha ro seu entrar na água se estiver alcoolizado.
3. Não entre em competições com seus com- retorno, provavelmente, você encontrará um
panheiros e não tente fazer o que eles fazem. banco de areia. Caso não consiga nadar e sair Saiba mais
Conheça e respeite os seus limites na água. da corrente, flutue e assene por ajuda. Para mais dicas sobre as bandeiras de
4. Se não souber nadar, nunca entre em locais sinalização de risco nas praias acesse
que não tenha a segurança de manter-se em Caso você seja apanhado pela correnteza do repuxo, o canal oficial do CBMSC no YouTube.
pé. Se souber nadar, não abuse. não tente lutar contra ela e nade em paralelo à
5. Não se banhe logo após as refeições (com o praia. Se não conseguir chame por socorro.
estômago cheio).
6. Nunca se banhe sozinho, principalmente se 12. Não se banhe em rios com corredeiras e,
tiver histórico de mal súbito, como por exem- nos rios sem corredeiras, banhe-se sempre
plo, a epilepsia. acompanhado(a) de alguém que possa lhe
7. Nunca perca a criança de vista e nem do seu ajudar e somente até a linha dos joelhos ou
alcance, mesmo que em piscinas ou tanques fazendo o uso de colete salva-vidas. A profun-
domésticos. didade deste local pode aumentar de modo
8. Nunca mergulhe ou salte em locais que des- inesperado. Se perceber que está para se
conheça. Pode ser que exista sob a água uma afogar ou se não estiver bem, não fique com
laje, uma pedra, entulhos etc., que poderá lhe vergonha de pedir socorro. Faça-o imediata-
causar um trauma grave ou perda da consciên- mente, enquanto ainda tem forças. Se esperar
cia, e se afogar. demais poderá ser tarde.
9. Nas pescarias, ou quando embarcado, pro- 13. Ao perceber que alguém está se afogando,
cure sempre utilizar colete salva-vidas, mes- evite fazer o salvamento corpo a corpo, princi-
mo que saiba nadar bem. palmente se não for habilitado para tal. Nesse
10. Não tente nadar ou mergulhar para desen- caso jogue uma corda ou um objeto flutuante
roscar ou estender redes ou linhas de pesca, para a vítima ou tente alcançá-la com uma vara
pois você poderá enroscar-se nas linhas. ou um galho. Muitas pessoas já perderam suas
11. Na praia, se você perceber que está sen- vidas na tentativa de salvarem outras.
do arrastado por uma corrente de retorno, 14. Ao chegar na praia, observe o sistema
nade na diagonal, em direção à areia, ou pa- preventivo de sinalizaçao utilizado pelo CB-
ralelo à praia, pois, ao lado da corrente de MSC, com destaque para a bandeira hasteada
POSTO DESATIVADO
ÁGUA-VIVA
LOCAL ADEQUADO
PARA BANHO
Fonte: CBMSC
RECAPITULANDO
Nesta lição você conheceu os órgãos públicos
relacionados ao serviço de atendimento a emer-
gências em Santa Catarina.
Aprendeu também sobre ações preventivas di-
versas a serem tomadas com o propósito de evitar
as ocorrências mais comuns atendidas pelo CB-
MSC, como por exemplo, ocorrências que envol-
vem o trânsito, ambientes de trabalho, ambientes
residenciais e ambientes aquáticos de lazer.
Apresentamos ainda as principais ações que
você pode executar para conter e/ou amenizar es-
tes casos até a chegada de profissionais na cena.
b) emergência:
Imagine um incêndio ocorrendo em uma edifi- • possibilitar o abandono seguro dos ocupan-
cação, podemos prever que um grande pânico irá tes da edificação; Saiba mais
se instalar na edificação. As pessoas perderão a no- • proteger a edificação, evitando a propaga- Para saber mais sobre as instruções
ção de tempo e também de distância. Um verda- ção do incêndio através da compartimentação normativas do CBMSC e procedimen-
deiro caos se instalando. Parece apavorante, não é (escadas com paredes e portas corta-fogo, por tos de vistorias acesse a biblioteca de
mesmo? Mas podemos tornar o momento de uma exemplo) e dos sistemas preventivos voltados INs no portal da DSCI.
ocorrência desse tipo mais organizado e eficiente. para a extinção do incêndio, tais como os extin-
Ou ainda podemos evitar que isso ocorra, com me- tores, o sistema hidráulico preventivo e os chu-
didas de prevenção, como vimos na lição anterior e veiros automáticos.
com o conhecimento sobre as normas de seguran-
ça contra incêndio e sistemas preventivos. Como podemos ver, a partir das Instruções nor-
O CBMSC gerencia os principais riscos encon- mativas, o CBMSC orienta e fiscaliza a instalação
trados nas edificações por meio de Instruções Nor- dos sistemas preventivos contra incêndio e pânico,
mativas (INs), que visam atender às necessidades a fim de garantir a detecção e controle de princí-
de adequação e atualização de prescrições nor- pios de incêndios e ainda permitir que as pessoas
mativas para a atividade de Segurança Contra In- deixem a edificação em chamas de modo seguro.
cêndio (SCI). Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar, Na lição anterior vimos algumas atitudes preven-
como missão constitucional, além de editar normas tivas para evitar que um incêndio inicie, mas sabe-
de segurança contra incêndio e pânico, fiscalizar mos que mesmo assim uma ocorrência desse tipo
sua execução nas edificações por meio da análise pode acontecer. Nesses casos, conhecer o funcio-
prévia de projetos de segurança contra incêndios namento dos sistemas preventivos pode salvar a
e vistorias para conferência de seu cumprimento. sua vida e de outras pessoas. Então vamos conhe-
As INs produzidas pela Diretoria de Segurança cer um pouco mais sobre esses sistemas?
Contra Incêndio (DSCI) do CBMSC visam estabe-
lecer um padrão mínimo de segurança contra in-
cêndio nas edificações, com os objetivos de:
• prevenir a ocorrência de incêndio por
meio do gerenciamento dos riscos presen-
tes nas edificações;
INCÊNDIOS área inferior a 50m² e das residências unifamiliares. como utilizá-los corretamente assista
aos vídeos:
São o conjunto de dispositivos e equipamen- Figura 1 - Extintor portátil https://www.youtube.com/watch?v=-
tos instalados em edificações, destinados a extin- D8YYQ5K0bC4v
guir princípios de incêndios e auxiliar os usuários a https://www.youtube.com/watch?v=-
abandonarem a edificação com segurança, permi- To0nFsbiGNs
tindo que seja possível evitar o pânico e a propa-
gação das chamas.
Conforme vimos na introdução deste material,
um dos objetivos do CBAE é apresentar a você os
conhecimentos básicos sobre prevenção, noções
de primeiros socorros e combate a princípios de
incêndios. Nosso intuito é prepará-lo para agir
em diversas situações de emergência e, para isso,
iremos detalhar a seguir os sistemas preventivos
contra incêndio.
Extintores são sistemas preventivos que têm Os extintores devem estar localizados nas
como finalidade combater princípios de incêndios, áreas úteis da edificação, devidamente sinalizados
isto é, combater o fogo em sua fase inicial. De ma- e identificados, permitindo acesso fácil e rápido
neira geral, os extintores classificam-se em extin- para ações em princípios de incêndios. A distri-
tores portáteis e extintores transportáveis (estacio- buição desses equipamentos pela edificação deve
nários ou carretas). ocorrer de forma que sejam visíveis e acessíveis
São equipamentos de fácil utilização, inclusive quando forem necessários. Quanto à quantidade,
por pessoas leigas. o número de extintores em uma edificação é de-
terminado principalmente pelo risco de incêndio. Por vezes, este equipamento é alvo de ações
Conforme o risco de incêndio, é prevista uma dis- indevidas. Este fato, além de resultar em prejuízos Glossário
tância máxima a ser percorrida até a unidade ex- financeiros para a propriedade, pode impedir Agente extintor é substância capaz de
tintora mais próxima. que um princípio de incêndio seja combatido, eliminar um ou mais elementos es-
Esse equipamento possui capacidade reduzida tornando-se um incêndio descontrolado senciais do fogo.
e validade pré-definida. No Brasil, não existe uma e de grandes proporções, colocando em
regulamentação acerca da validade dos extinto- risco a vida dos ocupantes da edificação.
res, sendo que a única obrigatoriedade criada em
torno destes equipamentos é a de que os mes- SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO
mos sejam submetidos a teste hidrostático (tes-
te no cilindro) a cada cinco anos. Em razão desta O Sistema Hidráulico Preventivo (SHP), também
regulamentação, em Santa Catarina, o Corpo de conhecido como sistema de hidrantes e mangoti-
Bombeiros Militar recomenda a manutenção dos nhos, é constituído por uma rede de tubulações
extintores à validade do teste hidrostático, desde que tem a finalidade de conduzir água de uma Re-
que os mesmos mantenham suas características serva Técnica de Incêndio (RTI), por meio da gra-
externas intactas (mangueiras, esguichos, condi- vidade ou pela interposição de bombas, permitin-
ções de casco), inviolabilidade do lacre e nível de do o combate do princípio de incêndio através da
pressurização. abertura de hidrante para o emprego de manguei-
Na maior parte das vezes, o agente extintor ras e esguichos e/ou o emprego do mangotinho.
presente no equipamento está projetado para
utilização naquela área da edificação, levando-se
em conta o tipo de material combustível existente.
Atualmente encontramos os seguintes agentes ex-
tintores para o combate a incêndios: água, espu-
ma, pó químico seco e gás carbônico.
Fonte: CBMSC
Para algumas edificações é previsto o mangotinho no lu- de combate a incêndio devidamente acondicio-
gar dos hidrantes de paredes, pois é muito mais fácil de nada, esguicho e chave de mangueira disponí-
ser manuseado por pessoas leigas. veis no local adequado.
O SHP poderá ser operado por pessoas lei- SISTEMA DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS
gas ou com algum conhecimento de técnicas
de extinção no caso de sinistros. Normalmente É um sistema automatizado que expele água
encontram-se posicionados nas áreas comuns no ambiente quando da ocorrência de um princí-
das edificações, permitindo acesso fácil dos pio de incêndio. São compostos por canalizações
usuários. Mais à frente abordaremos o comba- que possuem em suas extremidades aparelhos de-
te a princípios de incêndios e você verá como e nominados sprinklers. Cada chuveiro possui uma
quando utilizar esse equipamento. cápsula com um líquido que se expande e se rom-
É importante que você tenha em mente e co- pe quando aquecida e como os chuveiros estão
bre dos administradores das edificações as seguin- diretamente conectados a uma tubulação, a água
tes orientações: é liberada automaticamente.
• mantenha facilitado o acesso para o hidrante
de recalque, de tal modo que o Corpo de Bom- Figura 4 - Partes do chuveiro automático
beiros Militar possa acessá-lo com facilidade,
em caso de necessidade;
• mantenha sempre aberta a válvula de re-
tenção que permite a alimentação do SHP
com a RTI, que fica abaixo da própria caixa
d’água do estabelecimento;
• não faça uso da RTI para fins diversos, como
por exemplo: lavação de corredores, garagens
ou quaisquer áreas;
• mantenha os hidrantes de parede de cada
andar preparados para uso exclusivo daquilo
que lhe é destinado, ou seja, com a mangueira Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
tê-las abertas a todo momento?”, você já pode incêndio. Possuem dispositivos automáticos que
ter se perguntado. A resposta é: porque, além se acendem com o corte da energia da edificação.
de servir de rota de fuga para as pessoas, estas
portas servem também para isolar um possível Figura 9 - Luminária de emergência e fonte de energia
incêndio em um único local impedindo-o de se
alastrar e para impedir que a fumaça também se
alastre para outros pontos.
Quando for necessário utilizar as escadas e saí-
das de emergência, utilize sempre os corrimões,
apoiando-se neles PELO LADO DIREITO e feche
as portas por onde passar. Isso ajudará na orga-
nização da descida e facilitará o trabalho de quem
precisa subir para combater o fogo.
Combustão
NOÇÕES DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS
É uma reação química de oxidação, autossusten-
O fogo sempre motivou a curiosidade do ser tável, com liberação de luz, calor, fumaça e gases.
humano e foi seu aliado aquecendo, cozendo Para que ocorra a combustão é necessária a intera-
alimentos e protegendo as pessoas até os dias ção de quatro elementos: calor, combustível, com-
atuais. Mas é importante lembrar que o fogo pode burente e reação em cadeia. Para efeito didático,
provocar grandes perigos quando fora de contro- adota-se o tetraedro do fogo para explicar a com-
le. Sabemos como ele pode ceifar vidas, destruir bustão, atribuindo-se a cada face um dos elementos
matas e florestas e causar dor. Ao fogo descontro- essenciais ao fogo.
lado chamamos de incêndio.
Antes de saber como agir em caso de incên- Figura 11 - Tetraedro do fogo
dio, para que possamos ter um efetivo controle do
fogo e realizarmos uma correta extinção, precisa-
mos ter o entendimento da sua natureza química e
física, incluindo informações sobre fontes de calor,
composição e características dos combustíveis, as-
sim como as condições necessárias para que haja Calor
combustão, nome dado ao fenômeno fogo.
Reação em
CONCEITOS BÁSICOS Cadeia
Classes de incêndios
Fonte: CBMSC
Os incêndios são classificados de acordo com
os materiais neles envolvidos, bem como a situa- • Incêndio Classe “B”: incêndio envolvendo
ção em que se encontram. O objetivo principal líquidos inflamáveis, graxas e gases combustí-
desta classificação é proporcionar uma adequa- veis. Caracteriza-se por não deixar resíduos e
da escolha do agente extintor mais eficiente para queimar apenas na superfície exposta e não em
cada tipo específico de incêndio. Os incêndios são profundidade. O método de extinção mais usa-
divididos em quatro classes distintas: do é o abafamento.
• Incêndio Classe “A”: incêndio envolvendo Figura 14 - Materiais combustíveis
combustíveis sólidos comuns. É caracterizado
pelas cinzas e brasas que deixam resíduos e por
queimar em razão do seu volume, isto é, a quei-
ma se dá na superfície. O método de extinção
mais usado é o resfriamento.
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
AGENTES EXTINTORES
• Gases tóxicos da combustão: são as subs- • Retirada do material: é o modo mais sim-
tâncias gasosas que surgem durante o incêndio ples de se extinguir um incêndio. Baseia-se
e permanecem no ar mesmo após os produtos simplesmente na retirada do material combus-
da combustão serem resfriados (retornando às tível ainda não atingido, da área de propaga-
temperaturas normais). Os gases variam de acor- ção do fogo, interrompendo a alimentação da
do com: natureza do combustível; taxa de aqueci- combustão, como por exemplo: corte do re-
mento; temperatura dos gases; concentração de gistro de gás, retirada do combustível que não
oxigênio. Dentre os gases encontrados em um queimou ou aceiro.
incêndio, podemos citar como principais o monó- • Resfriamento: é o método mais utilizado
xido de carbono, cloreto de hidrogênio e cianeto atualmente pelo bombeiro no combate ao fogo.
de hidrogênio. Todos eles podem comprometer Consiste em diminuir a temperatura do material
o sistema respiratório e levar à morte. combustível que está queimando, diminuindo,
consequentemente, a liberação de gases ou va-
Agora que você já conheceu os principais con- pores inflamáveis. O agente extintor mais uti-
ceitos relacionados aos incêndios, vamos enten- lizado é a água, em razão de possuir grande
der como todos eles se relacionam para realizar- capacidade de absorver calor e ser facilmente
mos a sua extinção quando necessário. encontrada na natureza.
• Abafamento: consiste em diminuir ou im-
MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE FOGO pedir o contato do oxigênio com o material
combustível. Ou seja, não havendo comburen-
Os métodos de extinção baseiam-se na elimi- te para reagir com o combustível, não haverá
nação de um ou mais elementos essenciais que fogo. Como exemplos de materiais que podem
provocam o fogo, como vimos na seção anterior ser utilizados neste método de extinção, pode-
sobre combustão. Sabendo que para que ocorra mos citar: espuma e gás carbônico.
a combustão é necessária a interação de calor, • Quebra da reação em cadeia: consiste na que-
combustível, comburente e reação em cadeia, bra da sustentabilidade do fogo, que é gerado
sua extinção pode ser realizada pela aplicação pela presença simultânea e proporcional de três
dos seguintes métodos: componentes (calor, comburente e combustível).
Estes elementos quando interagem promovem a
ser utilizados para combate de princípios de Figura 17 - Passos para utilização de extintor
incêndios, são eles: os extintores e o SHP, certo? Saiba mais
Use o extintor na
Então vamos ao modo correto de utilizá-los. Para saber mais sobre a utilização de
posição vertical.
extintores, assista ao vídeo a seguir:
USO DE EXTINTORES DE INCÊNDIO Puxe a trava de segurança https://youtu.be/D8YYQ5K0bC4
para romper o lacre
A utilização de extintores não requer treina-
mento aprofundado e pode ser feita por qualquer
pessoa que tenha conhecimento básico de pre-
venção de incêndio, bastando uma ligeira leitura Segure a mangueira e
no rótulo do equipamento. aperte o gatilho até o fim
Fonte: CBMSC
Quando o agente extintor for água, é recomen- UTILIZAÇÃO DO SISTEMA HIDRÁULICO Saiba mais
dável que seja utilizado em forma de neblina (Fi- PREVENTIVO (SHP) Para saber mais sobre o procedimento
gura 18). Para conseguir esse efeito basta colocar de utilização do SHP assista ao vídeo:
o dedo na saída do esguicho para alterar o tipo A utilização desse sistema não apresenta um https://www.youtube.com/watch?v=T-
de jato. No caso de uso de PQS ou gás carbô- grau de dificuldade mais avançado do que o uso mRvNbTuk30
nico (CO2), você deve distribuir uniformemente o de extintores, para utilizá-lo basta lançar as man-
agente extintor na área incendiada para impedir gueiras, conectar os esguichos e abrir o registro
que o comburente entre em contato com os vapo- para expelir água para o foco do incêndio.
res combustíveis. Se o agente extintor for espuma Antes de utilizar o SHP você deve atentar para
deve ser utilizada a técnica de anteparo, lançan- os seguintes aspectos:
do-a em uma parede ou outro anteparo de modo • acione o Corpo de Bombeiros Militar pelo te-
que escorra e cubra toda a superfície em chamas, lefone 193;
extinguindo o incêndio por abafamento. • desligue a energia elétrica e verifique se no
combustível atingido pode ser utilizada água
Figura 18 - Uso da espuma contra uma parede para extinção;
• desenrole a mangueira de forma que esta
faça curvas e não crie ângulos;
• conecte as juntas de união da mangueira no
hidrante e no esguicho antes de abrir o registro.
Fonte: CBMSC
É importante que fique claro que elevadores e • não pare na escada ou volte sem necessidade;
escadas rolantes não devem ser utilizados, com ex- • se estiver de calçado de salto retire-os, pode Glossário
ceção dos elevadores de emergência, os quais são mais rápido se locomover; Ponto de encontro é local onde a
projetados para esse fim. O caminho indicado na • Se possível, auxilie idosos, crianças, pes- população, evacuada do imóvel, de-
rota de fuga deve ser seguido à risca. soas com mobilidade reduzida ou desorien- verá ser concentrada aguardando até
tadas a encontrar a saída da edificação. a definição da ocorrência, deve ser
Uma medida importante a ser lembrada amplo, afastado de qualquer local de
durante a rota de fuga é a proteção das risco e não pode ser afetado pela si-
vias áreas para evitar intoxicação pela tuação de emergência e suas conse-
fumaça. Lembre-se de cobri-las! quências.
Não deve coincidir com o ponto de
Podemos ver na figura 20 um modelo de triagem de feridos (se houver), nem
planta de emergência, note que no pavimento com o local onde os bombeiros e
de descarga a planta de emergência deve tam- equipes de resgate instalarão os seus
bém indicar um ponto de encontro. equipamentos de intervenção. Sua
indicação deverá também ser repre-
Em caso de necessidade de abandono de edi- sentada nas plantas de risco.
ficação, siga as seguintes orientações:
• mantenha a calma;
• caminhe para a saída apressadamente, mas
sem correr ou empurrar;
• mantenha o foco, não faça brincadeiras, mes-
mo em simulados;
• não se afaste dos orientadores, se houver;
• ao sair do local feche portas e janelas para im-
pedir entrada de ar atmosférico, evitando assim a
propagação do incêndio;
• desça sempre pelo lado direito da escada, não
utilize elevadores, esteiras ou escadas rolante;
Figura 20 - Planta de emergência Lembre-se: uma vez iniciado o abandono do local, você
Planta de emergência pavimento 1 não deve retornar à edificação para buscar nada. Ajude
a manter o grupo em fila indiana, sem se afastarem uns
dos outros.
• deslocar-se de forma ordeira, em fila indiana por andar. Pessoa responsável por avisar, orien-
para o ponto de encontro e lá permanecer até a tar e indicar a rota de fuga. Também será res-
ordem de reentrada no imóvel. ponsável por realizar a conferência da completa
evacuação deste andar, bem como fechar jane-
Os exercícios simulados devem ser realizados las e portas (não trancar).
com a periodicidade de no mínimo um ano ou • Coordenadores de fluxo de saída: pelo me-
conforme a necessidade de cada ocupação. Po- nos 2 pessoas responsáveis por coordenar e or-
dem ser realizados com a participação parcial ou ganizar o fluxo de saída da edificação, bem como
total da população do imóvel, com ou sem aviso indicar a localização do ponto de encontro.
prévio. Todos os exercícios simulados devem ser • Coordenador de trânsito: responsável por
informados à Unidade do CBMSC mais próxima, cuidar do trânsito para que as pessoas que es-
com antecedência mínima de 72h, devendo cons- tão saindo da edificação cheguem ao ponto de
tar neste aviso: data, hora, local do evento e núme- encontro de forma mais ágil e em segurança, a
ro aproximado de participantes. fim de evitar outros acidentes.
Para a realização do abandono de local com • Coordenador de ponto de encontro: pelo
efetividade, destacam-se os seguintes papéis a menos 2 pessoas. Responsáveis por recepcio-
serem executados pelos brigadistas voluntários nar, coordenar e organizar as pessoas evacua-
da edificação: das da edificação, a fim de que permaneçam
• Acionador do alarme no local do incên- em segurança.
dio: primeira pessoa a identificar o princípio
do incêndio. Em algumas ocasiões você encontrará vítimas
• Acionador do alarme geral: pessoa respon- necessitando de atendimento, seja em ocorrências
sável por acionar o alarme geral (normalmente de incêndio ou em outras emergências como vi-
pessoal da recepção). mos na segunda lição. Nesse caso, vamos apre-
• Telefonista: pessoa responsável por acionar sentar para você algumas noções de primeiros so-
o serviço de emergência do Corpo de Bombei- corros de modo que você possa prestar o primeiro
ros Militar através do telefone 193 (pode ser a atendimento à vítima. Siga conosco!
mesma pessoa que acionou o alarme geral).
• Indicadores/orientadores: pelo menos um
RECAPITULANDO
Nesta lição você teve a oportunidade de enten-
der elementos diversos relacionados às ciências do
fogo. Vimos como ele pode iniciar, se sustentar e
ser combatido. Você também aprendeu sobre as
classes de incêndio e sobre as principais técnicas
e agentes extintores para combatê-lo. Conheceu
também os sistemas de segurança contra incêndio,
as orientações de como utilizá-los e de como pro-
ceder diante da necessidade do abandono de uma
edificação de maneira segura.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
no chão, com os dedos apontando para frente. Os sição prona). A segunda, quando a pessoa apre-
membros superiores apresentam-se estendidos ao senta-se deitada de costas para a superfície com a
lado do corpo, alinhados com os ombros e com a face voltada para cima, chamamos de posição de
palma de cada mão voltada para frente (TORTO- decúbito dorsal (posição supina). Podemos ainda
RA; DERRICKSON, 2017). encontrar a vítima em posição de decúbito lateral,
ou seja, deitada lateralmente. Dizemos que está
Figura 1 - Representação daposição anatômica de referência em decúbito lateral direito ou decúbito lateral es-
querdo, conforme o lado que apresenta-se volta-
do para a superfície.
Fonte: CBMSC Decúbito lateral direito - lado direito do corpo voltado para baixo
Os planos anatômicos são planos hipotéticos que O corpo humano é dividido em cinco regiões
dividem o corpo em partes com o objetivo de facili- principais e cada um desses segmentos consiste
tar a descrição, localização das estruturas e direção em diferentes elementos:
dos movimentos, durante o atendimento à vítima. • Cabeça: consiste no crânio (parte que envol-
• Plano mediano: divide o corpo humano em ve e protege o encéfalo) e na face (parte frontal
duas partes: direita e esquerda. da cabeça que inclui olhos, nariz, boca, boche-
• Plano transversal: divide o corpo humano chas, fonte e queixo - mento).
também em duas partes, uma superior e ou- • Pescoço: parte que sustenta a cabeça e faz
tra inferior. ligação com o tronco.
• Plano frontal: divide o corpo humano em outras • Tronco: composto pelo tórax, abdômen e
duas partes, a parte anterior e a parte posterior. pelve.
• Membros superiores: cada um dos membros
Figura 3 - Referências convencionais está ligado ao tronco pela articulação do ombro,
PLANO FRONTAL PLANO MEDIANO seguindo de axila, braço, cúbito (cotovelo), ante-
SUPERIOR
braço, carpo (punho), mão e dedos.
• Membros inferiores: cada um deles ligados
PROXIMAL ao tronco pela articulação do quadril, apresen-
ANTERIOR POSTERIOR tando também nádega, coxa, joelho, perna, tor-
nozelo, pé e dedos.
PLANO
TRANSVERSAL
DISTAL
DIREITA ESQUERDA
INFERIOR
Fonte: CBMSC
QSD QSE
Umbigo
QID QIE
Fonte: CBMSC
Apêndice
Intestino delgado
Intestino delgado
Intestino grosso
Regiões e quadrantes abdominopélvicos Intestino grosso
Ovário direito (na mulher)
Ovário esquedo (na mulher)
Considerando que o abdômen tem poucos Fonte: TORTORA & DERRICKSON (2017)
pontos de referência, podemos dividi-lo topografi-
camente em quadrantes para facilitar a localização A importância de se conhecer a anatomia do
dos órgãos existentes em seu interior. Para essa abdômen está relacionada com a capacidade em
divisão traçamos uma linha horizontal e outra verti- reconhecer lesões causadas por trauma ou pro-
cal, ambas passando pelo umbigo, dividindo assim blemas clínicos que possam ameaçar a vida, como
Fonte: CBMSC
Fonte: TORTORA & DERRICKSON, 2017
• Sistema esquelético: é formado pelo con- • Sistema muscular: composto pelo tecido
junto de ossos, articulações e cartilagens as- muscular esquelético que é fixado aos ossos.
sociadas. Tem como função a sustentação do Protege e dá suporte para o corpo e órgãos in-
corpo, suporte e fixação da musculatura, au- ternos, permitindo os movimentos do corpo
xilia na movimentação corporal. Também é como o de caminhar, ajuda a manter a postura
responsável pelo armazenamento de células e também a produzir calor para o corpo.
responsáveis pela produção de células san-
guíneas e armazenamento de minerais e lipí- Figura 10 - Sistema muscular
dios (gorduras).
Fonte: TORTORA & DERRICKSON, 2017 Fonte: TORTORA & DERRICKSON, 2017
• Sistema tegumentar: composto pela pele e • Sistema nervoso: formado pelo encéfalo,
estruturas associadas: pelos, unhas, glândulas medula espinhal, nervos. Sua principal função é
sudoríparas e sebáceas. Responsável por prote- regular as atividades corporais por meio de im-
ger o corpo do meio ambiente e pela proteção pulsos nervosos, detectando mudanças no
do corpo contra as doenças causadas por micro- meio ambiente, interpretando e enviando res-
-organismos (sistema imunológico). Auxilia na re- posta, seja por meio de contrações musculares
gulação de temperatura corporal, elimina resí- ou secreções glandulares.
duos e ajuda a produzir vitamina D, também é
responsável pela detecção de sensações como: Figura 12 - Sistema nervoso
tato, pressão, dor, frio e calor.
• Sistema circulatório: formado pelo san- • Sistema endócrino: compõe-se pelas glându-
gue, coração e vasos sanguíneos. O coração las e tecidos responsáveis pela produção de subs-
é responsável por bombear o sangue por tâncias químicas chamadas de hormônios. Ajuda
meio dos vasos sanguíneos até os órgãos e na regularização de algumas funções e atividades
tecidos. Participa do processo de eliminação do corpo por meio de hormônios transportados
do dióxido de carbono do organismo. Regula pelo sangue até os diversos órgãos.
a acidez, temperatura e conteúdo hídrico dos
fluidos corporais. Os componentes do san- Figura 14 - Sistema endócrino
gue também auxiliam na defesa do organis-
mo contra doenças e reparos necessários aos
vasos sanguíneos danificados.
• Sistema linfático: formado pelo líquido lin- • Sistema respiratório: composto pelos pul-
fático (linfa) e vasos linfáticos, baço, timo, lin- mões e vias respiratórias como faringe, laringe,
fonodos, e tonsilas (células que executam as traqueia, brônquios e bronquíolos, estes dois úl-
respostas imunes). Tem como funções retornar timos nos pulmões. Promove a transferência de
proteínas e líquido para o sangue e transpor- ar inalado para o sangue e o dióxido de carbono
tar lipídeos do trato intestinal para o sangue. do sangue para o ar exalado. Também ajuda a
Contém locais de maturação e proliferação de regular a acidez dos líquidos corporais e tem-
células B e T responsáveis pela proteção contra peratura corporal. É responsável pela produção
micróbios patogênicos. dos sons da fala, quando o ar flui para fora dos
pulmões e passa pelas pregas vocais.
Figura 15 - Sistema linfático
Figura 16 - Sistema respiratório
• Sistema digestório: compõe-se pelos ór- • Sistema urinário: composto pelos rins, urete-
gãos do trato gastrintestinal, incluindo a boca, res, bexiga urinária e uretra. Suas funções incluem
faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado a produção, armazenamento e eliminação de
e grosso, reto e ânus. Inclui também alguns ór- urina, eliminando resíduos. Ajuda na regulagem
gãos digestórios acessórios que auxiliam nos do volume e composição química do sangue, no
processos digestivos, como glândulas salivares, equilíbrio acidobásico dos líquidos corporais, ma-
fígado, vesícula biliar e pâncreas. Sua função nutenção do equilíbrio mineral do corpo e da re-
principal é decompor (física e quimicamente) os gulação da produção de eritrócitos (hemácias ou
alimentos absorvendo nutrientes e eliminando células vermelhas do sangue).
resíduos sólidos.
Figura 18 - Sistema urinário
Figura 17 - Sistema digestório
• Sistemas genitais ou sistemas reproduto- Agora que você já conheceu um pouco sobre
res: são compostos por gônadas, testículos nos o funcionamento do corpo humano poderemos
homens e ovários nas mulheres, e órgãos asso- orientá-lo em como realizar um primeiro atendi-
ciados: tubas uterinas, útero e vagina nas mulhe- mento a quem necessitar.
res e epidídimo, ducto deferente e pênis nos ho-
mens. As gônadas são responsáveis pela Você saberia como iniciar o atendimento de
produção dos gametas (espermatozóides e ovó- primeiros socorros? Qual a primeira ação que deve
citos) que se unem para formação do novo orga- ser realizada ao se deparar com uma situação
nismo. Liberam hormônios que regulam a repro- de emergência? Acompanhe a próxima seção!
dução e outros processos corporais. Os órgãos
associados transportam e armazenam os game-
tas e as glândulas mamárias produzem o leite.
• Manter a calma: a tranquilidade facilita o ra- Como vimos a avaliação da vítima envolve a ve-
ciocínio e a avaliação da situação da vítima e rificação dos sinais vitais. A seguir ampliamos os
dos cuidados necessários. estudos sobre o assunto.
• Avaliar a cena: quem vai socorrer uma víti-
ma de acidente deve certificar-se de que o local SINAIS VITAIS E SINAIS DIAGNÓSTICOS
onde ocorreu esteja seguro, antes de aproximar-
-se dele. A vítima só deverá ser abordada se a Toda lesão (trauma) ou doença (emergência
cena do acidente estiver segura e as pessoas médica) tem formas peculiares de se manifestar e
que prestam o socorro não correrem o risco de isso pode ajudá-lo no diagnóstico da vítima. Estes
também sofrerem algum tipo de acidente. indícios são divididos em dois grupos: os sinais e
• Garantir a própria segurança: a primeira os sintomas. Alguns são bastante óbvios, mas ou-
responsabilidade da pessoa que irá atender tros indícios importantes podem passar desperce-
uma ocorrência é garantir a sua própria segu- bidos a menos que você examine a vítima cuida-
rança e a segunda é garantir a segurança das dosamente da cabeça aos pés.
pessoas ao redor, não permitindo que outras Podemos entender os sinais vitais como indi-
pessoas se tornem vítimas. cadores das funções e você poderá descobri-los
• Solicitar ajuda imediatamente: caso o aces- fazendo o uso dos sentidos – visão, tato, audição
so à vítima não seja possível (por exemplo, se e olfato – durante a avaliação da vítima. Sinais
houver risco para quem estiver realizando o comuns de lesão incluem: sangramento, inchaço
atendimento), você deve acionar o Corpo de (edema), aumento de sensibilidade ou deforma-
Bombeiros Militar de sua cidade pelo telefone ção; já os sinais mais comuns de doenças são
193, relatando as condições da vítima e do local pele pálida ou avermelhada, suor, temperatura
do acidente. elevada e pulso rápido.
• Abordar a vítima: se a cena estiver segura, Os sintomas são sensações que a vítima expe-
realizar a avaliação da pessoa que sofreu aciden- rimenta e é capaz de descrever. Quando a vítima
te ou intercorrência clínica, procurando detectar estiver consciente, pergunte se sente dor e o local
as condições em que a vítima se encontra para exato. Examine a região indicada procurando des-
decisão quanto aos cuidados necessários. cobrir possíveis lesões por trauma, mas lembre-se
de que a dor intensa numa região pode mascarar infância que vai dos 29 dias após o nascimento até
outra enfermidade mais séria, embora menos do- 1 ano de idade.
lorosa. Além da dor, os outros sinais que podem Cabe ressaltar que apesar de muitos órgãos e
ajudá-lo no diagnóstico incluem náuseas, vertigem, documentos apresentarem divisões diferenciadas,
calor, frio, fraqueza e sensação de mal-estar. em termos de primeiros socorros devemos consi-
Podemos então dizer que: derar as seguintes referências:
Lactente - até 1 ano.
Criança - a partir de 1 ano até 8 anos.
SINAL é tudo aquilo que a pessoa que for prestar um
atendimento pode observar ou sentir em outra enquan- Você pode estar se perguntando por que rea-
to a examina. Exemplos: pulso, palidez, sudorese etc. lizamos essa classificação? Devemos ter em men-
te durante o atendimento que dependendo da
SINTOMA é tudo aquilo que a pessoa que for prestar ocorrência, lactentes e crianças deverão ter um
um atendimento a outra não consegue identificar so- atendimento diferenciado. No geral, adolescen-
zinha. Aquilo que a pessoa a ser socorrida necessita tes e adultos são tratados com as mesmas técni-
contar sobre si. Exemplos: dor abdominal, tontura etc. cas ou procedimentos.
A seguir, veremos as definições dos sinais vi-
tais e dos sinais diagnósticos mais comuns. Sua
É importante observar que os sinais diagnós- observação adequada será imprescindível em um
ticos diferem com a idade, por isso, antes de primeiro atendimento.
prosseguir, devemos ter em mente a definição da
idade para considerar os sinais vitais e o tipo de ESTADO DE CONSCIÊNCIA
atendimento para crianças e lactentes.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Normalmente, uma pessoa está alerta, orien-
considera criança, para os efeitos de Lei, a pessoa tada e responde aos estímulos verbais e físicos.
até doze anos de idade incompletos e adolescente Qualquer alteração deste estado pode ser indica-
a pessoa entre doze e dezoito anos de idade. Já tivo de doença ou trauma. O estado de consciên-
a Organização Mundial da Saúde (OMS) refere-se cia é provavelmente o sinal isolado mais seguro na
a lactente como a criança no período de primeira avaliação do sistema nervoso de uma pessoa.
Figura 20 - Localização dos pontos de verificação de pulso seja, ao envio de sangue para as mais diversas e
extremas partes do corpo. A PA diastólica está rela-
cionada à pequena circulação, ou seja, ao envio de
sangue do coração para o pulmão, onde ocorre o
processo de troca gasosa denominado hematose.
Artéria carótida Temos, então, que a pressão arterial é diretamente
Artéria braquial influenciada pela força do batimento cardíaco.
TEMPERATURA
Fonte: CBMSC
Lembre-se que as pupilas devem ser observadas contra a ço (coluna cervical). A incapacidade de movimentar
luz, de uma fonte lateral ou à luz ambiente, preferencial- somente os membros inferiores, pode indicar um Glossário
mente em ambiente escurecido. lesão medular abaixo do pescoço. A paralisia de um O infarto agudo do miocárdio ocor-
lado do corpo, incluindo a face, pode ocorrer como re quando as artérias coronarianas
ASPECTOS GERAIS DA PELE (COLORAÇÃO) resultado de uma hemorragia ou coágulo intraen- se obstruem, o oxigênio não chega
cefálico (AVC). ao músculo. Uma parte do músculo
A cor da pele depende, primariamente, da pre- deixa de nutrir-se e morre. Isto é cha-
sença de sangue circulante nos vasos sanguíneos O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina refor- mado de infarto do miocárdio. O co-
subcutâneos e pode apresentar-se branca (pálida), ça que toda pessoa inconsciente deve ser tratada como ração mantém sua condição de bom-
vermelha (ruborizada) ou azulada (cianótica). Nas se tivesse sofrido um trauma com lesão de coluna verte- ba, mesmo assim há morte de parte
pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos bral. Logo, você deve tomar os devidos cuidados ou evi- do músculo. Se uma grande exten-
lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas. Uma tar mexer na vítima. são do músculo é perdida, o coração
pele pálida, branca, indica circulação insuficiente torna-se incapaz de bombear sangue
e é vista nas vítimas de choque hipovolêmico ou REAÇÃO À DOR suficiente, produzindo consequente-
com infarto agudo do miocárdio (IAM). A cianose mente um estado de choque, poden-
pode ser observada na insuficiência cardíaca, na A perda do movimento voluntário das extremi- do levar a pessoa à morte.
obstrução de vias aéreas e também em alguns ca- dades, após uma lesão, geralmente é acompanha-
sos de envenenamento. Poderá haver uma cor le- da pela perda da sensibilidade. Entretanto, oca-
vemente rosada no envenenamento por monóxido sionalmente, o movimento é mantido, e a vítima
de carbono (CO) e vermelha na insolação. se queixa apenas da perda da sensibilidade ou
dormência nas extremidades. É extremamente im-
CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO portante que este fato seja reconhecido como um
sinal de provável lesão da medula espinhal, de for-
A incapacidade de uma pessoa consciente se ma que a manipulação do acidentado não agrave
mover é conhecida como paralisia e pode ser o o trauma inicial.
resultado de uma doença ou traumatismo. A inca-
pacidade de mover os membros superiores e infe- Agora que você já aprendeu a reconhecer os
riores, após um acidente, pode ser o indicativo de principais sinais vitais e sinais diagnósticos,
uma lesão da medula espinhal, na altura do pesco- vamos avançar para os casos mais frequentes
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Iniciaremos nosso estudo apresentando duas Manobra de Empurre Mandibular
técnicas de desobstrução de vias aéreas: a mano-
bra de extensão de cabeça e a manobra de em- A manobra de empurre mandibular, também
purre mandibular. denominada manobra modificada, é a única indi-
cada no caso de suspeita de lesão cervical, uma
Manobra de Extensão de Cabeça vez que nestes casos, qualquer movimentação in-
correta poderá causar um trauma à vítima. Essa
A manobra de extensão de cabeça, também manobra não movimenta a região cervical, dessa
conhecida como elevação mandibular é uma ma- forma garantindo que não ocorram complicações.
nobra bastante eficaz. Para realizá-la, você deve: Para realizar a manobra de empurre mandibu-
1. colocar a vítima em decúbito dorsal e posi- lar, você deve:
cionar-se ao seu lado, na altura dos ombros; 1. colocar a vítima em decúbito dorsal horizon-
2. colocar uma das mãos na testa, para estender tal e posicionar-se atrás de sua cabeça;
a cabeça para trás, e a ponta dos dedos indica- 2. com uma mão de cada lado da cabeça do
dor e médio da outra mão por baixo da man- mesmo, colocar as pontas dos dedos indicador
díbula, apoiados na parte óssea, para levantá-la.
e médio sob o ângulo da mandíbula; piratória ter seu início em função de a vítima ter
3. com os dedos posicionados, impulsionar a aspirado um corpo estranho. Antes de abordar-
mandíbula para cima, mantendo a cabeça esta- mos este importante tema e como você deve agir
bilizada com a palma das mãos. nestes casos, lembre-se:
cias são a aspiração de pequenos objetos (moe- Figura 26 - Posição típica de pessoa engasgada
das, tampas de caneta, partes de brinquedos,
balas, chicletes) ou até mesmo alguns alimentos.
Nestes casos, dizemos que uma pessoa está com
obstrução das vias aéreas por corpo estranho.
Acompanhe e descubra como agir corretamente.
O reconhecimento precoce da obstrução de
vias aéreas é indispensável para o sucesso no
atendimento. Por isso esteja sempre atento, pois
a obstrução de vias aéreas pode levar a uma pa-
rada respiratória, a qual pode evoluir para uma
parada cardiopulmonar. Fonte: CBMSC
Como já sinalizamos, a obstrução das vias aé-
reas por corpo estranho (OVACE) geralmente ocor- Para auxiliar na desobstrução das vias aéreas
re nas seguintes situações: ingestão de alimentos em adultos o modo mais eficiente é realizando
e sucção de objetos pequenos (mais comumente a manobra de compressão subdiafragmática,
com crianças). Já nos lactentes é comum ocorrer exemplificada na figura a seguir, que consiste
no momento da amamentação. em compressões abaixo do diafragma, gerando
Existem dois modos de obstrução, a leve, uma pressão que pode fazer a pessoa expelir o
quando ainda há passagem de ar pelas vias aé- que a engasgou.
reas, ou seja, a pessoa consegue respirar, embo-
ra com muita dificuldade, e a obstrução grave, na
qual a obstrução é total e a pessoa não consegue
respirar. Na figura você pode ver a posição típica
de pessoa que está engasgada, tentando se livrar
do objeto que está obstruindo suas vias aéreas.
Figura 27 - Manobra de desobstrução Figura 28 - Posição das mãos para realização da manobra
de desobstrução Atenção
A partir daqui quando nos referir-
mos a Serviço de Emergência Mé-
dica (SEM) estaremos falando dos
serviços prestados pelo Corpo de
Bombeiros Militar de Santa Catari-
na (CBMSC) e pelo Serviço de Aten-
dimento Móvel de Urgência (SAMU),
Fonte: CBMSC a depender da situação em questão,
como apontado nas lições anteriores.
Antes de realizar uma manobra você deve estar atento e ve- Lembre-se: você pode acionar o
rificar se a vítima respira, ainda que com dificuldade. Caso CBMSC pelo telefone 193 ou o SAMU
ela esteja respirando, você não deve aplicar manobra algu- pelo telefone 192.
ma, deve-se apenas estimular a vítima a tossir.
Em caso de bebês de colo engasgados, você Esse processo deve ser repetido até que ocor-
deve procurar identificar a causa do engasgamen- ra a desobstrução. Continue monitorando as rea- Saiba mais
to e tentar retirar o objeto estranho da boca. Caso ções do bebê, até que ele consiga expelir o corpo Para esclarecer algumas dúvidas so-
não obtenha sucesso, você deve adotar a posição estranho ou perca a consciência. Se isso ocorrer bre as técnicas de OVACE em lacten-
indicada na figura 29 dando 5 tapas nas costas (en- inicie os procedimentos de RCP para bebê e peça tes assista ao vídeo no link: https://
tre as escápulas) do bebê com a cabeça levemente para alguém chamar o SEM. youtu.be/rrg-3x6krA0
inclinada para baixo, seguido de 5 compressões
no centro do tórax (linha intermamilar). Utilize ape-
nas 2 dedos para comprimir.
Fonte: CBMSC
Como vimos, se a desobstrução não for realizada O sistema de condução cardíaco é composto
a tempo, a vítima pode ficar inconsciente e entrar por estruturas que garantem a geração e transmis-
em parada cardiorrespiratória. Nesses casos é são dos impulsos elétricos no coração.
importante que você saiba como fazer a ressuscitação
cardiopulmonar, tema de nossa próxima seção. Figura 30 - Sistema de condução cardíaco
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Para chegarmos efetivamente à temática “Res- Sangue oxigenado
Sangue rico em gás carbônico indo para o corpo
suscitação Cardiopulmonar” precisamos revisar vindo do corpo
para o batimento cardíaco se inicia em uma peque- e sintomas de uma parada cardíaca. Acompanhe:
na região do miocárdio, chamada de nódulo sinu- • Não responsivo (inconsciente) – a vítima não Atenção
sal ou sinoatrial. A onda elétrica sai desse local em está alerta, não atende ao estímulo verbal (cha- Como vimos anteriormente, a aferi-
intervalos de aproximadamente 0,8 segundos para me a vítima) ou não atende ao estímulo doloro- ção dos batimentos cardíacos (pulso)
uma pessoa adulta, em repouso. Espalha-se para so (aperte o lóbulo da orelha da vítima); é um procedimento de difícil realiza-
as câmaras superiores do coração (átrios) e, em se- • Ausência de movimentos respiratórios – con- ção para pessoas não experientes, por
guida, faz uma pequena pausa, antes de continuar forme apresentado no tópico anterior sobre isso, ao encontrar a vítima sem sinais
o caminho e estimular as câmaras mais baixas (ven- Emergências Respiratórias; de movimentos respiratórios devemos
trículos). Esta pausa ocorre em um segundo ponto, • Ausência de batimentos cardíacos. assumir que está em parada cardíaca.
denominado nódulo átrio-ventricular (AV). O impul- Ligue imediatamente para o SEM e ini-
so enviado para as câmaras ventriculares passa por MANOBRA DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR cie os procedimentos indicados.
um septo que as separam. Em seguida, pelos ra-
mos direito e esquerdo chegam aos dois ventrícu- A manobra de ressuscitação cardiopulmonar é
los. A rede de Purkinje ajuda na propagação rápida uma manobra de reanimação para vítimas de para-
do estímulo para todas as partes dos ventrículos. da cardiorrespiratória que deve ser ensinada a to-
O sistema de condução estimula o batimento do dos os cidadãos, mas especialmente a você, aluno
coração e coordena o tempo de enchimento das do CBAE, que está buscando uma formação inicial
câmaras superiores até que fiquem prontas para a em atendimento a emergências.
contração. Após a contração dos átrios ocorre uma Como vimos, uma pessoa em parada cardiopul-
pausa, permitindo o enchimento total dos ventrícu- monar normalmente encontra-se inconsciente.
los para a posterior contração destes. Não é possível perceber os movimentos da respi-
Nosso objetivo aqui não é dar a você um co- ração, não possui pulsação ou apresenta pulsação
nhecimento muito extenso sobre o sistema de extremamente fraca. Ao encontrar uma pessoa em
condução do coração, mas essas informações po- parada cardiorrespiratória, você deve imediata-
dem ser importantes para a atuação inicial em um mente acionar o serviço de emergência (telefones
caso de emergêcia envolvendo parada cardíaca. 193 ou 192) e iniciar os procedimentos de ressus-
Antes de iniciarmos nossos efetivos estudos so- citação cardiopulmonar (RCP), colocando a vítima
bre a realização da Ressuscitação Cardiopulmonar em decúbito dorsal, mantendo-a com as costas
(RCP), é importante que você saiba quais os sinais em contato com uma superfície rígida e plana.
Destacamos que você deverá proceder da se- Figura 31 - Posicionamento para realização da manobra de
guinte forma: ressuscitação
• acionar o serviço de emergência ou pedir Posicionamento das mãos
pressões/min);
90˚
ATENÇÃO! A RCP deve ser realizada até que ocorra o re- Fonte: CBMSC
torno espontâneo da respiração da vítima
Cada conjunto de ações ou elos dessa cadeia
Você precisa estar atento ao socorrer crianças deve ser realizado o mais rápido possível. Se al-
e lactentes, pois há diferenças na prática das com- gum anel for fraco, demorado ou faltar, as chan-
pressões nestes casos. ces de sobrevida e recuperação da vítima estarão
Em criança o procedimento é realizado com diminuídas. Por isso, mais uma vez, destacamos a
uma mão no ponto médio entre a linha mamilar. Em importância de uma rápida avaliação do estado
lactentes as compressões podem ser realizadas uti- geral da vítima e uma avaliação correta, pois será
lizando dois dedos no centro do tórax (figura 32) isso que determinará quais etapas/procedimentos
e com um pouco menos de força. A compressão a serem executadas(os), por ordem de prioridade.
deve ser aproximadamente um terço do diâmetro A seguir, vamos dar continuidade com a atuação
anteroposterior do tórax, ou seja, diâmetro do tórax nos principais casos de emergência e ver como agir
da vítima, normalmente cerca 4 cm em bebês (com no reconhecimento e controle de hemorragi
menos de 1 ano) e cerca de 5 cm em crianças.
Como já vimos, o sucesso na recuperação de uma Hemorragia é a perda de sangue do sistema
parada cardíaca depende de uma série de interven-
circulatório, devido à ruptura dos vasos sanguí-
ções, pré e intra-hospitalares. Se uma dessas ações é
neos. Hemorragia e sangramento significam a
negligenciada, retardada ou mesmo esquecida, a recu-
mesma coisa, ou seja, sangue que escapa de vasos
peração da vítima poderá não acontecer. O conceito da
Cadeia da Sobrevivência é uma metáfora criada pela sanguíneos. A hemorragia poderá ser interna ou
Associação Americana do Coração (American Heart As- externa. A gravidade da hemorragia pode ser me-
sociation - AHA) para informar a importância da inter- dida pela quantidade e rapidez com que o sangue
dependência dessas ações. escapa dos vasos sanguíneos. Quando o sangue é
A cadeia tem 6 anéis interdependentes, que são: perdido, o organismo apresenta algumas respos-
• reconhecimento e acionamento do serviço de emer- tas fisiológicas, mas se a perda for superior à res-
gência médica; posta compensatória, o indivíduo pode entrar em
• RCP imediata de alta qualidade; choque hipovolêmico, que pode ser grave, caso
• rápida desfibrilação; não receba assistência médica imediata para repo-
• serviços médicos e avançados em emergência; sição de volume perdido.
• suporte avançadi de vida e cuidados pós - PCR;
As hemorragias internas, apesar de não haver
• recuperação.
extravasamento de sangue visível, podem ser mui-
to mais graves do que as hemorragias externas, o
193
ou
que reforça a necessidade de condução rápida da
192
vítima para atendimento hospitalar. Nesses casos,
RECONHECIMENTO
E ACIONAMENTO
DO SERVIÇO DE
RCP IMEDIATA DE
ALTA QUALIDADE
RÁPIDA
DESFIBRILAÇÃO
SERVIÇOS MÉDICOS
BÁSICOS E
AVANÇADOS DE
SUPORTE
AVANÇADO DE
VIDA E CUIDADOS
RECUPERAÇÃO
além de queixar-se de dor no local, um dos prin-
EMERGÊNCIA MÉDICA EMERGÊNCIA PÓS – PCR
cipais sinais apresentados pela vítima será a apre-
sentação de hematomas e enrijecimento no local
da hemorragia interna.
Fonte: CBMSC
Vamos ver mais detalhadamente cada um Saiba mais
dos tipos de hemorragias externas? É importante que você conheça os principais Para esclarecer algumas dúvidas so-
sinais e sintomas desses tipos de hemorragias, bre as técnicas de controles de he-
As hemorragias externas ocorrem devido a fe- são eles: morragia externa, assista ao vídeo
rimentos abertos e podem ocorrer de três formas: • sangue visível; no link: https://www.youtube.com/
• Arterial: faz jorrar sangue pulsátil e de cor • vítima agitada e pálida; watch?v=-scmVqhC2oM
vermelho vivo. • sudorese intensa;
• Venosa: o sangue sai lento e contínuo, com • pele fria;
cor vermelho escuro. • sede;
• Capilar: o sangue sai lentamente por vasos • fraqueza;
menores, sendo sua coloração menos viva que • pulso acelerado;
na hemorragia arterial. • respiração rápida;
• pressão baixa.
Existem técnicas relativamente simples que po-
dem ser utilizadas no controle das hemorragias,
Figura 33 - Tipos de hemorragias são elas: a pressão manual direta, o curativo com-
pressivo e o torniquete.
Não se deve dar nada para comer nem para beber à pessoa Nunca ofereça medicamentos sem orientação médica.
que esteja em estado de choque, mesmo que ela solicite. Mesmo sob orientação profissional, pergunte à vítima
antes de oferecer qualquer medicamento sobre alergias
e intolerâncias. A ingestão de medicamentos aos quais a punhos, mãos, quadris, coxas, joelhos, pernas, tor-
pessoa é alérgica pode desencadear um choque anafilá- nozelos e os pés) (Figura 35).
tico levando ao fechamento da glote, interrompendo as- Normalmente a quebra de um osso causa
sim sua respiração. uma dor marcante. Os sintomas costumam ser
identificados por inchaços e edemas (roxidão),
RECONHECIMENTO E IMOBILIZAÇÃO mas nem sempre são tão óbvios assim. Existem
PROVISÓRIA DE SUSPEITA DE FRATURAS casos em que a pessoa só descobre a fratura
semanas depois do ocorrido, muitas das vezes
Antes de entrar no assunto imobilização de fra- durante uma radiografia.
tura vamos relembrar alguns aspectos do sistema
esquelético. Como já vimos anteriormente, dentre Figura 35 - Vista anterior do esqueleto axial (azul) e
as funções que o esqueleto humano desempenha, apendicular
podemos citar:
• suporte estrutural do corpo para sustenta-
ção de tecidos moles e servindo de ponto de
fixação de tendões da maioria dos músculos es-
queléticos;
• proteção para órgãos internos;
• assistência ao movimento associado à mus-
culatura esquelética.
• expor o local do ferimento (cortar ou rasgar complicações e consequências graves para a víti-
as roupas para poder visualizar o ferimento) e ma, por isso o acionamento do SEM é importante Glossário
controlar sangramentos se houver; para evitar as seguintes situações: Entorse é a situação na qual o osso
• jamais tentar reposicionar pedaços de ossos • necrose (morte do osso) pela interrupção ou sai de sua posição normal, perdendo
que não estão no seu devido lugar; dificuldade da passagem do sangue nos vasos parcialmente o contato da sua extre-
• procurar manter o local do ferimento o mais sanguíneos da região; midade com outro osso e, na sequên-
imóvel possível. Se necessário, é possível usar • infecções, principalmente nos casos de fratu- cia, retorna a sua posição natural.
material rígido (tala de madeira ou similar, des- ras expostas; Luxação é caracterizada por este mes-
de que esteja em condições mínimas de higiene) • cicatrização incorreta do tecido ósseo. mo processo, distinguindo-se de en-
em conjunto com algum material para fixação torse por não retornar a sua posição
(pedaço de roupa, atadura, pano), para fazer É importante destacar que as fraturas na coluna e no inicial sem que, para isso, haja inter-
uma amarração no local que limite movimentos crânio são emergências bem específicas e que necessi- venção médica.
do membro ou local fraturado; tam atendimento especializado o mais rápido possível Os entorses e as luxações podem
• imobilizar uma articulação antes e uma de- por apresentarem sérios riscos à vida da vítima. Por isso, apresentar os mesmos sinais e sinto-
pois do local lesionado. nesses casos chame imediatamente o serviço de emer- mas que a fratura.
gência 193 ou 192.
Nos casos de fraturas que envolvam hemorragia, exponha o
local do ferimento e controle o sangramento imediatamente RECONHECIMENTO E TRATAMENTO DE
conforme você aprendeu no tópico sobre controle de hemor- QUEIMADURA
ragias. E lembre-se, jamais tente reposicionar pedaços de os-
sos que não estão no seu devido lugar mantendo o local do Se você parar para pensar um pouco, com cer-
ferimento o mais imóvel possível. teza já se queimou alguma vez. Algumas queima-
duras podem ser superficiais e em poucos dias a
Embora algumas lesões visivelmente sejam im- pele já está recuperada, mas em casos mais seve-
pactantes, quando você for realizar socorro a uma ros, o tratamento especializado é imprescindível.
vítima deve se lembrar de que nem sempre uma Antes de entrar no assunto sobre queimaduras,
lesão em extremidade representará risco de mor- vamos relembrar alguns aspectos da pele para en-
te. Porém em alguns casos uma fratura pode gerar tender melhor como classificá-las.
Como vimos anteriormente, a pele faz parte do
sistema tegumentar, assim como: cabelo, glândulas entender então o que é queimadura e como realizar
sudoríparas e estruturas relacionadas. Sua principal os primeiros socorros.
função é proteger o corpo do meio ambiente e pela
proteção do organismo contra doenças causadas Figura 36 - Esquema mostrando as camadas da pele
por microrganismos (sistema imunológico). atingidas por uma queimadura
A pele (membrana cutânea) que recobre a su-
perfície do corpo tem sua estrutura composta de Epiderme
duas partes principais: epiderme e derme. A epi- 1o grau Derme
derme é a camada mais externa e tem contato Gordura
2o grau
com o meio ambiente, ela é formada pelos epité-
3o grau Músculo
lios estratificados queratinizados e é vascularizada.
Osso
Sua textura varia conforme a área do corpo (mãos,
sola dos pés, lábios etc.). A derme é a camada que 4o grau
vem logo após a epiderme, formada por tecidos
conjuntivos e apresenta-se mais elástica e firme
que a primeira por possuir colágeno e elastina. Na Fonte: CBMSC
derme localizam-se vasos sanguíneos e linfáticos,
nervos, terminações nervosas, folículos pilosos, Queimaduras são lesões provocadas nos teci-
glândulas sudoríparas e sebáceas. dos de revestimento do organismo. Elas podem
Logo após a derme podemos encontrar uma ter causa térmica (calor ou frio), química, elétrica
terceira estrutura chamada de hipoderme, que é e ainda ter origem em forte incidência de luz e
um tecido subcutâneo formado por células adipo- de material radioativo. São classificadas de acor-
sas, fibras de colágeno e vasos sanguíneos. do com a profundidade que atingem o organis-
Quando uma pessoa sofre uma queimadura, mo e/ou de acordo com a superfície corporal total
pode apresentar danos em outras partes do corpo, queimada (SCTQ). Quanto à profundidade, a quei-
por exemplo, em seu tecido adiposo, nos músculos, madura pode ser classificada em 4 graus. Quanto
ossos e até mesmo nos órgãos internos. Com base maior o grau, maior a gravidade da queimadura.
na definição destas áreas atingidas, a queimadura • A queimadura de 1º grau é mais superficial.
será classificada em um determinado grau. Vamos
Atinge somente a camada mais externa da pele mente. O melhor é submergir a área queima-
(epiderme). Resulta em dor local e vermelhidão da em água corrente (15o C) por cerca de 3 a
na área atingida. 5 minutos;
• A queimadura de 2º grau envolve a epi- • cobrir o ferimento com um curativo úmido,
derme e porções variadas da derme. Além de frouxo e estéril;
provocar fortes dores, resulta na formação de • retirar anéis, braceletes, cintos de couro, sa-
bolhas no local. patos etc.;
• A queimadura de 3º grau tende a com- • oferecer suporte emocional à vítima.
prometer toda a espessura da pele. Em vir-
tude da destruição das terminações nervosas Em casos de queimaduras maiores tome as se-
no local, ali não se sente dor. Resulta em uma guintes atitudes:
pele seca, dura, esbranquiçada com aparên- • acione imediatamente o SEM;
cia semelhante a couro (independentemente • inicialmente detenha o processo da lesão (se
da raça ou cor da pele do indivíduo), ladeada for fogo na roupa, use a técnica do PARE, DEITE
por área de vermelhidão. e ROLE);
• A queimadura de 4º grau tende a compro- • avalie a vítima e mantenha suas vias aéreas
meter não somente as camadas da pele, mas permeáveis, observando a frequência e quali-
também o tecido adiposo, músculos, ossos ou dade da respiração;
órgãos internos, caracterizando-se pela carbo- • exponha a área queimada e aplique um cura-
nização do tecido. tivo estéril e não aderente cobertos por um te-
cido limpo;
Muitas vezes os acidentes com queimadura en- • não obstrua a boca e o nariz;
volvem água e/ou óleo quente. Mas podem tam- • não umidifique o curativo pelo risco de insta-
bém ocorrer pelo uso de álcool e outros produtos lação de um quadro de hipotermia;
inflamáveis, ou contato direto com a chama. Para • não aplique qualquer tipo de creme, pomada
o tratamento durante os primeiros socorros em ca- ou antibióticos tópicos convencionais;
dos de queimaduras menores você deve: • utilize curativos específicos para queimadu-
• acionar o SEM; ras (caso disponha);
• expor e resfriar a área queimada imediata- • providencie cuidados especiais para queima-
duras nos olhos, cobrindo-os com curativo es- contaminação ocular com irrigação contínua (se
téril úmido; possível) ou após este primeiro cuidado, ume- Atenção
• tome cuidado para não juntar dedos queima- deça o curativo a cada 5 minutos. Equipamento de Proteção Individual
dos separando-os com curativos estéreis; (EPI) é todo dispositivo ou produto,
• ofereça suporte emocional à vítima; Nunca devemos colocar nada em cima da queimadu- de uso individual, destinado à prote-
• previna o choque monitorando os sinais vitais ra. Isso dificulta a limpeza do ferimento e a cicatrização. ção de riscos suscetíveis de ameaçar
da vítima até a chegada do socorro. Em queimaduras com superfície corporal total queimada a segurança e saúde no trabalho. As
maiores de 10%, devemos utilizar um curativo seco a fim pessoas que irão prestar os primei-
Especificamente, com relação às queimadu- de evitar a hipotermia da vítima. ros socorros deverão utilizar os equi-
ras provocadas por agentes químicos, a gravi- pamentos destinados à proteção da
dade da lesão é determinada por quatro fato- Agora que você já sabe como agir nos casos de sua integridade física, durante a rea-
res: natureza da substância, concentração da queimaduras, passaremos à apresentação da temá- lização de todas as atividades onde
substância, duração do contato e mecanismo de tica intoxicações. Acompanhe o próximo tópico. possam existir riscos potenciais para
ação da substância. Na sequência, os procedi- si. Os EPIs básicos para os primei-
mentos a serem tomados: ros socorros são: luvas descartáveis,
• acione o SEM; RECONHECIMENTO E TRATAMENTO DE máscaras ou protetores faciais e ócu-
• lembre que a prioridade no atendimento é a INTOXICAÇÕES los de proteção.
segurança de pessoal e da cena através do uso
de Equipamentos de proteção individual (EPIs) Você já parou para pensar que são muitas as
apropriados; causas das intoxicações? Veneno de animais
• limpe e remova as substâncias químicas da peçonhentos, ingestão de produtos tóxicos…
pele da vítima e das roupas (removendo-as se Queremos que você esteja preparado para
necessário) antes de iniciar a lavação; atuar em qualquer situação dessas. Vamos
• lave o local queimado com água limpa cor- estudar um pouquinho este tema?
rente por no mínimo 15 minutos;
• cubra com curativo estéril toda a área de lesão; As intoxicações são causadas pela absorção de
• se a lesão ocorrer nos olhos faça uma des- substâncias, as quais podem produzir danos ao
organismo ou até risco de morte. A reação a um
eles podemos citar como exemplo, alguns tipos de taquicardia. Destacamos o cuidado especial com
serpentes (cobras), escorpiões, aranhas, alguns ti- aranhas marrom e aranhas armadeiras. Por serem Atenção
pos de águas-vivas, de lagartas e de abelhas. Por animais de pequeno porte se escondem em peque- O Centro de Informações Toxico-
sua vez, os animais venenosos são aqueles que nas frestas, calçados, roupas e móveis, e podem lógicas tem um plantão 24h para
possuem toxinas dentro ou sobre todo o seu cor- causar acidentes apenas por serem pressionados. dúvidas em casos de emergência
po, como um mecanismo de defesa, por exemplo, Os primeiros socorros em casos de acidentes com pelo telefone 0800 643 5252.
algumas espécies de lagartos, sapos e aranhas. De aranhas deve ser focado no acionamento imedia-
modo geral, os principais sinais e sintomas relacio- to do serviço de emergências médicas, na oferta
nados às ocorrências com estes animais são os se- de posição confortável à vítima, aquecimento da
guintes: mesma e monitoramento dos sinais vitais. A vítima
• marca dos dentes/peçonha na pele; deverá ser transportada semi-sentada.
• dor local e inflamação; A Aranha-armadeira (Phoneutria sp.) pode
• pulso acelerado e respiração dificultosa; provocar várias picadas na mesma vítima. Seu ve-
• debilidade física; neno causa intensa dor local, vermelhidão, incha-
• problemas de visão; ço, sudorese, taquicardia, priapismo e morte.
• náuseas e vômito; A Aranha-marrom (Loxosceles sp.) é conside-
• hemorragias. rada uma das aranhas mais perigosas do país e é
bastante comum na região Sul. É um animal muito
Em Santa Catarina, os acidentes com animais pequeno entre 3 e 5 cm e sem hábitos agressivos.
peçonhentos mais comuns envolvem os seguin- Esta aranha causa um número menor de aciden-
tes animais: aranhas, serpentes, lagartas, escor- tes porém com alta taxa de letalidade. A vítima
piões e abelhas. Vejamos agora algumas diferen- se queixará de dor no local, semelhante a uma
ças no atendimento de emergências envolvendo queimadura, que evoluirá com o passar das ho-
esses animais. ras, para vermelhidão, inchaço e aumento da dor.
Durante o primeiro atendimento em ocorrências
OCORRÊNCIAS COM ARANHAS com aranhas, você deve considerar qualquer caso
como crítico ou instável, transportando a vítima
Em ocorrências com aranhas é comum a víti- com rapidez, pois os sintomas aparecem cerca
ma ficar com vermelhidão, inchaço, sudorese e de 10 horas após a picada. Deve-se indicar que
a vítima tome bastante água e o transporte deve Figura 37 - Como identificar serpentes
ser feito com rapidez para a unidade que possua Bothrops
o soro antiloxoscélico. Se o soro não for aplicado (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara)
até 36 horas após a picada da aranha, sua eficácia Elas podem ser identificadas pelas suas
escamas em “ferradura” ou “V invertido”.
será comprometida.
Ponta da cauda
é fina e lisa.
Em Santa Catarina os gêneros das serpentes Normalmente são esverdeadas em tons escuros. Algumas
espécies apresentam variações com tons mais claros.
mais comuns e perigosas são os que incluem a Crotalus
jararaca, a cascavel e a coral. Os acidentes mais (cascavel)
território catarinense, pois cada uma delas po- Possuem um padrão de escamas que apresenta
formas losangulares, em forma de “diamante”,
derá causar determinados sinais e sintomas e a escamas carenadas.
irá variar um pouco. Existem diversas espécies de cobras corais falsas que tentam imitar estes
padrões de cores.
Apresentam escamas lisas com padrões em
forma de anéis pretos, brancos e vermelhos
por todo o corpo.
Possuem cabeça
arredondada com olhos
pequenos.
não consiga identificar ou não tenha certeza, apenas rea- Caso a vítima informe que o acidente ocorreu há
lize o procedimento comum a todos os casos, que é acio- pouco mais de um dia, você deve realizar o trans-
nar o serviço de emergência. porte com cuidado evitando traumas e batidas pois
a possibilidade de hemorragias é alta, de acordo
OCORRÊNCIAS COM LAGARTAS com o tamanho da lesão e da vítima.
Ações como corte do local, chupar a ferida ou aplicação de contenção da quantidade de veneno a ser inje-
álcool não devem ser realizadas para nenhum destes ca- tado, pois em média o ferrão leva cerca de 10
sos (nem para serpentes, nem para escorpiões). minutos para injetar todo o veneno. Para retirá-lo
você deve raspar o ferrão e não apertá-lo, sendo
OCORRÊNCIAS COM ABELHAS assim não é recomendado o uso de pinças para a
remoção do ferrão.
Outro grupo de insetos que pode ser causa- Ao longo dos tópicos anteriores, buscamos
dor de acidentes é da ordem dos Hymenopteros, apresentar os sinais, sintomas e procedimentos das
dentre eles, as abelhas. Dependendo do grau de principais emergências. Você deve ter notado que
alergia da pessoa, a picada de uma única abe- na maioria dos casos não temos conhecimento ou
lha pode ser o suficiente para causar um aciden- meios suficientes para reverter a situação da vítima
te grave, levando a vítima ao choque anafilático. sozinhos, por isso é importante sempre como uma
É comum em caso de acidentes com picadas de das primeiras medidas do atendimento ligar para
abelhas que vítimas alérgicas apresentem os se- os serviços de emergências médicas 193 (Corpo
guintes sinais e sintomas: inchaço e vermelhidão de Bombeiros Militar) ou 192 (SAMU). Normalmen-
no local, sudorese, dificuldade de respirar, coceira te esses órgão irão dar continuidade ao primeiro
no local e pelo corpo, cefaleia, batimento cardía- atendimento e transportar a vítima até o hospital
co acelerado. Sua pronta atuação será importan- para continuidade do tratamento. Porém, depen-
te e você deverá considerar que dependendo da dendo do caso, o atendente do SEM pode sugerir
quantidade de ferroadas que a vítima levar, além que você mesmo faça o transporte da vítima, para
de seu possível grau de alergia, o veneno causa- isso veja algumas informações importantes no pró-
rá diferentes reações. Se a vítima já possuir um ximo tópico.
histórico de ter sido ferroada em outras ocasiões,
antes não alérgica, agora poderá desenvolver um NOÇÕES DE MANIPULAÇÃO E TRANSPORTE
certo grau de alergia. DE VÍTIMAS SEM SUSPEITA DE TRAUMAS
Não use produtos químicos sobre a ferroada.
Retirar o ferrão o mais rápido possível ajudará na Manipulação e transporte é qualquer procedi-
mento organizado para manipular, reposicionar ou
transportar uma vítima doente ou ferida, de um exatamente o que fazer para evitar contratempos
ponto para outro. e pioras na situação da vítima.
É importante ressaltar que a vítima não deve- Você deve sempre atentar para possíveis traumas na colu-
rá ser movimentada, a menos que exista um “ris- na, se for o caso não movimente a vítima e em casos de
co iminente” (perigo imediato) para ela, ou ainda, fraturas é necessário imobilizá-las antes do transporte. Só
para outros, caso não seja feita a sua remoção, faça isso se o atendente do serviço de emergência orientá-
como por exemplo: -lo a fazer.
• se houver incêndio ou ameaça de fogo, pos-
síveis explosões, perigos elétricos etc.; Para a movimentação e transporte o ideal é a
• se a vítima impede o acesso a outras vítimas utilização de macas rígidas, o que provavelmente
(muito comum em acidentes automobilísticos); não estará disponível na maioria das situações. Se
• se há risco de desabamento ou desmoro- você for utilizar a maca, lembre-se de que a maca
namento; deve ir até a vítima e nunca o contrário.
• se há risco de atropelamento, com o transito Apresentamos a seguir, algumas técnicas de
descontrolado; manipulação e transporte de vítimas sem suspei-
• se há presença de gases tóxicos. ta de lesão na coluna vertebral. Lembrando que
essas técnicas devem ser utilizadas somente nos
Se não houver risco à vida, não mexa na ví- casos que não possua uma maca disponível, em
tima, nem permita que pessoas não habilitadas situação de risco iminente ou quando a situação
a movimente, ligue imediatamente para o Corpo necessitar de transporte rápido da vítima.
de Bombeiros (193) e permaneça monitorando a • Arrastamento com cobertor ou roupa:
situação. Mas se houver qualquer risco à vida da Esta técnica deve ser utilizada quando temos
vítima, conforme citado anteriormente, sua ma- apenas uma pessoa para transportar a vítima,
nipulação deverá ser ordenada e efetuada com e em locais em que a superfície permita o ar-
calma, de modo a não lhe causar maiores lesões rastamento. O cobertor deve ser arrumado de
ou ainda agravar as condições originais. Antes da forma a proteger e suportar a cabeça e o pes-
manipulação ou movimentação da vítima é im- coço da vítima.
portante instruir todos os que estão ajudando no
atendimento ou espectadores para que saibam Atenção: o cobertor pode ser substituído por lençol, lona,
ou qualquer outro material que tenha tamanho e resis- Figura 39 - Transporte do tipo bombeiro
tência suficiente para o arrastamento. Outra variação pos- Saiba mais
sível na ausência destes materiais é o arrastamento pela Para saber mais sobre o procedimen-
roupa da vítima. to de transporte de vítimas por arrasta-
mento de cobertor ou roupa assista ao
Figura 38 - Arrastamento por cobertor ou roupa vídeo: https://youtu.be/YzNHYlSRH6o
Fonte: CBMSC
Para saber mais sobre o procedimen-
• Transporte pelas extremidades: Esta técni- to de transporte de vítimas do tipo
ca deve ser utilizada quando temos duas pes- bombeiro assista ao vídeo: https://
soas para transportar a vítima. Uma pessoa en- youtu.be/ru5uunQEoBE
Fonte: CBMSC volve a vítima com os braços ao redor no tronco,
passando-os por baixo das axilas da mesma, e
• Transporte de bombeiro: Esta técnica deve o outra pessoa se posiciona na frente da vítima
ser utilizada quando temos apenas uma pessoa de costas, segurando as pernas.
para transportar a vítima. No entanto, possui a
desvantagem de não oferecer suporte para a Figura 40 - Transporte pelas extremidades
cabeça e pescoço. Muito usado em ambientes
com fumaça (incêndios).
2005, constitui leis para laboratórios, controle atendimento de emergências, assim, certos cuida-
para emissão de ruídos, uso de eletricidade, en- dos devem ser tomados para preveni-los e evitá- Saiba mais
tre outras (BRASIL, 2005). -los, assegurando assim sua execução apropriada. Para saber mais sobre o procedimen-
Podemos entender biossegurança como o con- Por isso são necessários processos de qualidade to de transporte de vítimas por levan-
junto de ações para prevenir, controlar e mitigar que, devidamente aplicados, podem contribuir tamento com três pessoas assista ao ví-
os riscos nas atividades que possam interferir ou muito para essa organização e disciplina e, conse- deo: https://youtu.be/mharoiOZNUw
comprometer a qualidade de vida, a saúde huma- quentemente, para a sua própria segurança e a de
na e o meio ambiente. Medidas de biosseguran- vítimas durante o atendimento.
ça específicas devem ser adotadas no trabalho e A proteção da saúde é, antes de tudo, uma
aliadas a um amplo plano de educação baseado obrigação moral que leva a estabelecer requisi-
nas normas nacionais e internacionais quanto ao tos legais, informação, responsabilidade e edu-
transporte, conservação e manipulação de micro- cação. A segurança é um direito e uma obriga- Para saber mais como fazer a assep-
-organismos patogênicos e agentes químicos. ção individual. cia correta das mãos assista ao vídeo
Recentemente a preocupação com estas me- Lembre-se de que uma das principais precau- https://youtu.be/2bUdIhowG8o
didas ganhou destaque em virtude da pandemia ções durante o atendimento é o uso de equipa-
relacionada à doença infecciosa Covid-19 (Coro- mentos e materiais de proteção individual. Na
navírus Disease-2019), que se instalou no mundo próxima seção você irá conhecer as principais pre-
todo em 2020 (BROOKS et al, 2020). cauções para o atendimento a emergências, os
Como você pode notar, o cenário de uma emer- equipamentos de segurança individual e alguns
gência é um ambiente extremamente hostil, no qual materiais básicos que, se estiverem a disposição,
convivem no mesmo espaço equipamentos, rea- podem ser úteis para o atendimento e para a ma-
gentes, soluções, micro-organismos, pessoas etc. nutenção da segurança de todos.
Essa combinação de agentes de riscos necessita de
uma organização para que não ocorram acidentes, MEDIDAS DE PROTEÇÃO PESSOAL
agravando ainda mais a situação já caótica. (PRECAUÇÕES UNIVERSAIS)
Como podemos ver, logo no início deste ma-
nual, muitas das atividades humanas envolvem Quando você for atender uma emergência, é im-
risco, especialmente os trabalhos relacionados ao portante ter em mente que a segurança individual
vem sempre em primeiro lugar. As precauções uni- tima seção deste manual vamos ver como montar
versais são essenciais para garantir a proteção não uma bolsa de primeiros socorros para ter sempre
só de quem irá atender a situação de emergência, por perto, seja em casa, no carro ou no seu local
mas também proteger a vítima durante o atendi- de trabalha, acompanhe.
mento, evitando a contaminação por agentes infec-
ciosos. Por isso é importante que você atente para EQUIPAMENTOS E MATERIAIS BÁSICOS
as seguintes ações: PARA OS PRIMEIROS SOCORROS
• evite o contato direto com fezes, urina, san-
gue ou fluidos corporais da vítima; No primeiro atendimento a uma vítima, lem-
• use sempre Equipamento de Proteção Indivi- bre-se sempre da necessidade do uso de Equi-
dual (EPI), ou seja luvas descartáveis, máscara e pamentos de Proteção Individual (EPI) e busque
óculos de proteção; manter por perto uma bolsa de primeiros socorros
• antes e após cada atendimento, lave bem as que contenha os itens básicos para um primeiro
mãos com água e sabão; atendimento às ocorrências que foram apresenta-
• vacine-se contra doenças infectocontagiosas, das nesta lição, dentre eles: luva de látex, másca-
como por exemplo, hepatite B e o tétano. ra, soro fisiológico, gaze, ataduras, esparadrapo,
tesoura de ponta romba, termômetro e óculos de
Medidas simples podem evitar que você ou mesmo a víti- proteção. Estes itens serão de extrema importân-
ma contraia doenças e infecções transmitidas pelo sangue cia para sua primeira atuação.
e fluidos corporais contaminados, como por exemplo: hepa- A organização destes materiais em um único
tites (B e C) e o vírus da imunodeficiência adquirida (AIDS). local de fácil acesso pode evitar que você tenha
que sair de perto da vítima para pegar algo, por
Como você pode ver durante todo o manual, exemplo, estancar um sangramento. Além disso,
em situações de emergências é normal a adre- o uso de materiais limpos e esterilizados pode
nalina subir e nos fazer querer agir o mais rápido evitar que a vítima contraia infecções pelo conta-
possível, mas é importante mantermos a calma e to de materiais contaminados com feridas aber-
lembrarmos dos princípios básicos de segurança. tas. Do mesmo modo, reduz as chances de quem
Assim como os EPIs, outros materiais podem ser for atender a vítima a contrair alguma doença em
muito úteis na realização do atendimento. Na úl- função do contato com algum elemento contami-
Luvas Óculos de
descartáveis proteção
Compressas Máscaras
de gaze faciais
Tesoura de
ponta romba Soro
fisiológico
Termômetro
Fonte: CBMSC
RECAPITULANDO
Nesta última lição abordamos pontos diversos
sobre noções de primeiros socorros. Durante a lei-
tura você pôde aprender conceitos básicos sobre
anatomia relacionados aos primeiros socorros e
como avaliar uma vítima. Aprendeu procedimentos
voltados para a desobstrução das vias aéreas de
uma vítima por corpos estranhos e como proceder
diante de alguém com parada cardiorrespiratória.
Aprendeu o que deve fazer frente aos casos
de hemorragia (interna e externa), estado de cho-
que, suspeitas de fraturas, queimaduras, intoxica-
ções e ainda sobre o transporte de vítimas sem
suspeita de trauma de coluna.
Por fim, com o propósito de encerrar (por ora)
seus estudos voltando-se para a sua própria pro-
teção, apresentamos as temáticas afetas à bios-
segurança, medidas de proteção pessoal e equi-
pamentos básicos que podem ser utilizados para
a prestação dos primeiros atendimentos a uma
possível vítima.
decúbito ventral:
decúbito lateral:
Sucesso!
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