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1O EDIÇÃO
MANUAL DE CAPACITAÇÃO
EM EMERGÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS
1ª EDIÇÃO
FLORIANÓPOLIS 2020
@ 2020. TODOS OS DIREITOS DE REPRODUÇÃO SÃO RESERVADOS AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA. SOMENTE SERÁ PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DESTA
PUBLICAÇÃO, DESDE QUE CITADA A FONTE.
CDD 363.12
Catalogação na publicação por Marchelly Porto CRB 14/1177 e Natalí Vicente CRB 14/1105
GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
GOVERNADOR
Carlos Moisés da Silva
SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Paulo Norberto Koerich
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA
COMANDO-GERAL
Coronel BM Charles Alexandre Vieira
SUBCOMANDO-GERAL
Coronel BM Ricardo Steil
CHEFE DE ESTADO MAIOR
Coronel BM Charles Fabiano Acordi
DIRETORIA DE ENSINO
DIRETOR DE ENSINO
Coronel BM Guideverson de Lourenço Heisler
DIVISÃO DE ENSINO BÁSICO E COMPLEMENTAR
Tenente Coronel BM Jesiel Maycon Alves
Prezado(a) aluno(a)
Este material foi elaborado com o intuito de criar uma referência para atendimento de emergências envol-
vendo produtos perigosos pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).
É uma atribuição do CBMSC atuar na área de produtos perigosos, seja para estabelecer normas de segu-
rança, fiscalizar a execução das mesmas e, ainda, no atendimento das demandas operacionais em casos de
acidentes conforme previsto na Constituição Estadual de 1989.
O CBMSC emprega homens e materiais para o atendimento das ocorrências envolvendo produtos perigo-
sos. Embora o CBMSC atue há mais de 20 anos nessa seara, tem sido nos últimos anos que vem se efetivan-
do uma cultura para padronizar o atendimento emergencial dessas ocorrências. Desta forma, este manual
servirá para padronizar ações, proporcionando aos bombeiros militares os conhecimentos e as técnicas
necessárias para reconhecer uma emergência com produtos perigosos, implementar medidas de proteção
pessoal e de terceiros e realizar ações de emergência de primeira resposta com o intuito de promover se-
gurança ao local e às pessoas envolvidas na emergência.
Desejamos a todos um excelente estudo.
www Este manual é interativo, para acessar os links basta clicar Glossário: explicação de um termo de conhecimento
nos mesmos. pouco comum.
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tante sobre o assunto abordado. Indicação de leituras
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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O aumento da demanda por novos materiais devidas precauções, e regulamentações para que
e produtos químicos, resultado do aumento da sua produção, transporte e armazenamento ocor-
competitividade do setor industrial e do veloz ra da forma mais segura possível (UFSC, 2012).
avanço tecnológico, resultaram em um avanço A consequência indesejável do desenvolvi-
expressivo da complexidade dos processos pro- mento econômico, tecnológico e industrial é o au-
dutivos e do volume de produtos perigosos ar- mento da tendência a ocorrência de acidentes nas
mazenados e transportados (FREITAS, 1995). instalações industriais, no transporte, assim como
Araújo (2005) diz que pode se definir produ- na fabricação e manipulação destes produtos.
to perigoso, em um primeiro momento, como Quando os cuidados na manipulação desses
qualquer substância química, no entanto, tudo produtos não são suficientes, temos como conse-
na natureza é químico, desta forma, até a água quências indesejáveis o aumento de ocorrências
potável seria assim classificada. Oliveira (2000, de acidentes envolvendo produtos químicos.
p. 26), por sua vez, tem um conceito mais amplo, A presença de áreas densamente povoadas
relata que produto perigoso é “toda substância no entorno das rodovias e o trânsito de pedestres
ou elemento que por sua característica de volu- nas vias e nos meios de fuga intensificam a gra-
me e periculosidade, representa um risco além vidade dos acidentes envolvendo estes produtos
do normal à saúde, à propriedade e ao meio am- (NARDOCCI e LEAL, 2006).
biente durante sua extração, fabricação, armaze- Para Haddad (2002) acidente com produtos
namento, transporte ou uso”. perigosos pode ser definido como um evento
No Brasil, do ponto de vista legal, é um pro- repentino e não desejado, no qual há liberação
dutos perigoso toda a substância listada na atual de substâncias químicas perigosas em forma de
Resolução nº 5232 de 14 de dezembro de 2016 incêndio, explosão, derrame ou vazamento, que
da Agência Nacional de Transportes Terrestres pode causar danos às pessoas, propriedades ou
(ANTT) e suas alterações. ao meio ambiente. Pode ser entendido também,
Os produtos perigosos podem afetar de forma como sendo todo evento inesperado que produz
nociva seres vivos, patrimônio e meio ambiente, como resultado lesões, perdas de propriedades
no entanto, são considerados imprescindíveis ao ou interrupção de serviços e atividades.
desenvolvimento econômico e tecnológico da so- Emergências nas quais estejam envolvidos quais-
ciedade contemporânea assim, são necessárias as quer tipos de produtos perigosos possuem ca-
racterísticas especiais que as diferenciam de uma vão para o petróleo, conduziu ao desenvolvimen-
ocorrência comum. Um bombeiro que tenha con- to e expansão do complexo químico industrial, Download
tato com produtos perigosos pode, potencialmen- este processo fez com que os países da Europa Acesse a relação de produtos pe-
te, levar esse contaminante para áreas distantes do Ocidental passassem a se preocupar com o trans- rigosos elencados pela Resolu-
local do acidente, por isso, durante o atendimento porte de produtos perigosos, surgindo as primei- ção nº 5232 de 14 de dezembro
de uma ocorrência envolvendo esses produtos, ras propostas que recomendavam o emprego de 2016 da Agência Nacional de
deve tomar inúmeras precauções, além de utilizar de métodos padronizados para lidar com essa Transportes Terrestres (ANTT) cli-
equipamentos de proteção especial, pois os efei- modalidade de transporte. Corroborando, Souza cando aqui.
tos da exposição podem ocorrer após horas, dias, (2005) relata que as primeiras preocupações, em
meses e até anos (SENASP, 2008). Segundo Pontes âmbito internacional, com o transporte de Pro-
(2015), são registrados cerca de 35 milhões de ca- dutos perigosos surgiram após o término da 2ª
sos por ano no mundo de doenças relacionadas à Guerra Mundial. Países como a França, Alemanha
exposição a agentes químicos. e Inglaterra estabeleceram recomendações pa-
Os estudos envolvendo acidentes químicos dronizadas e, em seguida, toda Europa atentou
estão diretamente relacionados ao aumento da para a importância desse assunto.
produção e consumo de substâncias químicas Diante deste cenário, por iniciativa da Organiza-
em níveis mundiais. A preocupação com a produ- ção das Nações Unidas (ONU), em 1957, foi constituí-
ção, armazenagem e transporte de produtos pe- da uma comissão de especialistas em produtos pe-
rigosos se intensificou apenas a partir do século rigosos, os quais elaboraram uma relação contendo
XX, pois, de acordo com Araújo (2005), este foi aproximadamente dois mil produtos químicos clas-
um período marcado por uma série de acidentes, sificados como perigosos e foi adotada uma nume-
dos mais variados tipos, que impuseram profun- ração para a identificação de cada um deles, assim
das mudanças, as quais tiveram que ser incorpo- como sua classificação de risco (SOUZA, 2005).
radas e ampliadas, de forma a buscar a redução No Brasil, a recomendação do uso dos núme-
dos acidentes e seus efeitos. ros da ONU chegou em meados de 1978, após
De acordo com Freitas (1995), ao final da Se- o acontecimento de diversos acidentes durante o
gunda Guerra Mundial em 1945, o aumento da transporte de produtos químicos, no entanto, os
demanda por novos materiais e produtos quími- órgãos de governo somente foram tomar provi-
cos, acompanhado pela mudança da base de car- dências em 1983, tendo em vista o acontecimen-
to de dois grandes acidentes: um durante o pro- Após alguns anos de discussões e alterações
cesso de embalagem de modo irregular de pó da nas leis vigentes, foi sancionado o Decreto nº
China (pentaclorofenato de sódio) que causou a 96.044 de 18 de maio de 1988, que aprova o Re-
morte de 4 operários e feriu outros 38, no mer- gulamento para o Transporte Rodoviário de Pro-
cado São Sebastião no Rio de Janeiro; e outro na dutos Perigosos e dá outras providências.
região próxima a Salvador, quando um comboio No ano de 2001, com a publicação da Lei
ferroviário descarrilou, provocando um vazamen- Federal Nº 10.233, de 5 de junho de 2001, que
to de produtos inflamáveis que culminou em uma dispõe sobre a reestruturação dos transportes
grande explosão (LIEGGIO, 2008). aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional
Após esses acidentes, o Ministério dos Trans- de Integração de Políticas de Transporte, a Agên-
portes foi acionado, para que, em caráter de ur- cia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a
gência, criasse regulamentações para o transporte Agência Nacional de Transportes Aquaviários e
de produtos perigosos no Brasil, ou seja, foi a partir o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
de então que o Governo Federal percebeu a com- Transportes, o setor federal de transportes come-
plexidade de lidar com produtos perigosos e orde- çou a se estruturar e organizar melhor criando re-
nou a elaboração imediata de normas específicas. gulamentações e instruções mais específicas no
Diante disso, no ano de 1983 foram elaborados que se refere ao transporte rodoviário de produ-
documentos disciplinares, fiscalizadores e norma- tos perigosos em território nacional.
tivos, quanto ao transporte destes produtos em A Agência Nacional de Transportes Terrestres
território nacional, conforme relação abaixo: passou então a elaborar e formalizar instruções
• Decreto Federal Nº 88.821 de 6 de outubro de complementares ao regulamento do transporte ter-
1983 - Aprova o Regulamento para a execução restre de produtos perigoso no País. Desta forma,
do serviço de transporte rodoviário de cargas ou em 2004, publicou a primeira resolução para regu-
produtos perigosos, e dá outras providências. lar o transporte rodoviário de produtos perigosos
• Decreto-Lei Nº 2.063 de 6 de outubro de 1983 no País - a Resolução Nº 420 de 12 de fevereiro de
- Dispõe sobre multas a serem aplicadas por in- 2004, que aprovou as Instruções Complementares
frações à regulamentação para a execução do ao Regulamento do Transporte Terrestre de Pro-
serviço de transporte rodoviário de cargas ou dutos Perigosos no Brasil. Nos anos seguintes foi
produtos perigosos e dá outras providências. complementada por uma série de alterações pos-
teriores a sua publicação pelas resoluções Nº 701 Quadro 1 - Principais Legislações de Transporte
de 2004, Nº 1.644 de 2006, Nº 3632 de 2011, 3672 de Produtos Perigosos em vigor
de 2012 e por fim a Resolução nº 3673 de 2012, que Decretos e regulamentações
além de alterar, também a atualizou. Decreto Federal N o
Aprova o Regulamento para a execução do serviço
A Resolução Nº 420 de 12 de fevereiro de 88.821, de 06 de de transporte rodoviário de cargas ou produtos pe-
outubro de 1983 rigosos, e dá outras providências.
2004, da ANTT, vigorou até o ano de 2016, quan-
do foi totalmente revogada com a publicação da
Decreto – Lei Nº Dispõe sobre multas a serem aplicadas por infra-
Resolução 5232, de 14 de dezembro de 2016, da 2.063 de 6 de ções à regulamentação para a execução do serviço
própria ANTT. O objetivo principal da Resolução outubro de 1983 de transporte rodoviário de cargas ou produtos pe-
5232 de 2016 foi converter a resolução nº 420 de rigosos e dá outras providências.
2004 e todas suas alterações e atualizações em Decreto Nº 96.044 Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviá-
um único documento para facilitar a pesquisa e de 18 de maio de rio de Produtos Perigosos e dá outras providências.
1988
acompanhamento, no entanto, já houve necessi-
dade de novas alterações dadas pelas Resolução Resolução Nº 5.848 Atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário
de 25 de junho 2019 de Produtos Perigosos e dá outras providências. (em
Nº 5581, de 22 de novembro de 2017 e pela Reso- vigor desde dezembro de 2019)
lução Nº 5623, de 15 de dezembro de 2017. Instruções complementares
O Regulamento para o Transporte Rodoviá-
Resolução Nº 5232, Aprova as Instruções Complementares ao Regula-
rio de Produtos Perigosos no Brasil (Decreto nº de 14 de dezembro mento Terrestre do Transporte de Produtos Perigo-
96.044 de 18 de maio de 1988), passou por uma de 2016 sos e dá outras providências.
atualização no ano de 2011 dada pela Resolução Resolução Nº 5581, Altera a Resolução Nº 5.232, de 2016, que aprova
Nº 3665 de 04 de maio de 2011. Em 2019 o regu- de 22 de novembro as Instruções Complementares ao Regulamento Ter-
de 2017 restre do Transporte de Produtos Perigosos, e seu
lamento foi novamente atualizado pela Resolução
anexo.
Nº 5.848 de 25 de junho 2019, revogando definiti-
Resolução Nº 5623, Altera o anexo da Resolução ANTT nº 5.232/16, que
vamente a Resolução nº 3665 de 2011. de 15 de dezembro aprova as Instruções Complementares ao Regula-
Atualmente, o transporte de produtos peri- de 2017 mento Terrestre do Transporte de Produtos Perigo-
gosos é regulamentado através de uma série de sos.
legislações, decretos e resoluções, as quais, des- Fonte: ADAPTADO DE BRASÍLIA (2018)
tacamos as principais no quadro 1, a seguir:
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
culas e compostos podem interagir entre si e for- Figura 2 - Diagrama de mudança de estado
mar uma substância. As substâncias, por sua vez, sublimação
dependendo de suas propriedades e caracterís-
ticas podem ser perigosas ou não.
fusão vaporização
Figura 3 - Moléculas com maior coesão no estado coesão entre átomos é mais fraca, fato este que
físico sólido faz com que eles tenham mais liberdade para se
locomover e vibrar dentro da substância, ou seja,
os líquidos têm volume constante e sua forma é
variável de acordo com os recipientes que ocu-
pam (CORPO DE BOMBEIRO DE SANTIAGO,
2014). Quando a mudança de estado do líquido
para o estado sólido ocorre por temperatura,
chamamos essa temperatura de ponto de solidi-
ficação. Assim como a passagem de líquido para
Fonte: CBMSC vapor, chamamos a temperatura limite de ponto
de ebulição. Essas temperaturas são diferentes
A maioria dos sólidos podem passar para o para cada líquido, e alteram com a pressão a que
estado líquido quando aquecidos, a tempera- os líquidos são submetidos.
tura em que isso ocorre se denomina ponto de
fusão. Quando um sólido passa diretamente do Figura 4 - Moléculas com menor coesão no estado
estado sólido ao estado físico gasoso o processo físico líquido
se denomina sublimação. Um exemplo bem co-
nhecido de sólidos que sublimam são: o dióxido
de carbono (gelo seco) e a naftalina .
LÍQUIDOS
O ponto de ebulição de um líquido está re- A volatilidade se refere a uma grandeza que
lacionado com sua pressão de vapor. A pressão está relacionada à facilidade de uma substância
de vapor de um líquido é a medida de habilidade passar do estado físico líquido ao estado gasoso,
que a substância tem para evaporar-se, ou seja, é nas condições normais de temperatura e pressão
a facilidade que um líquido tem em transformar-se (ambiente). Essa facilidade depende do referen-
em vapor. Quanto maior é a pressão de vapor de cial, por isso, a volatilidade é sempre relativa. Nor-
um líquido mais facilmente o líquido se evapora. malmente devemos levar em consideração duas
Um líquido possui várias propriedades, das substâncias, sendo uma delas chamada de subs-
quais destacamos duas que devem ser sempre le- tância de referência. Lembre-se, quanto maior a
vadas em consideração no momento de atender volatilidade de um líquido maior será a capacida-
uma ocorrência com produtos perigosos: taxa de de deste líquido transformar-se em vapor.
expansão e volatilidade.
A taxa de expansão é o aumento de volume Um bom exemplo de volatilidade é o álcool.
de um líquido quando vaporiza. O efeito de ex- Se deixarmos aberto o tanque de um carro que
pansão pode ser catastrófico se o líquido se en- contenha álcool, o mesmo será esvaziado pouco
contrar em um recipiente fechado, sem a presen- a pouco em razão da facilidade que o mesmo tem
ça de um mecanismo de alívio da pressão, pois os de evaporar. Ou, ainda, se deixarmos um recipien-
vapores gerados a medida que o líquido é aque- te destampado contendo gasolina em uma sala,
cido aumentam a pressão dentro do recipiente e em pouco minutos, perceberemos que o cheiro
podem ultrapassar a capacidade de resistibilida- da gasolina estará em todo ambiente devido à vo-
de de pressão do mesmo, podendo levar ao rom- latilidade da mesma, sua capacidade de evaporar-
pimento do recipiente e ocasionar uma explosão. -se na temperatura ambiente.
inexistentes, ou seja, os átomos estão muito se- Ocorre que quando um corpo tem aberturas no
parados entre si. Dessa forma, as substâncias que seu interior (oco), para o dimensionamento da Atenção
se encontram nesse estado não possuem forma, massa específica devemos considerar apenas o Não devemos confundir gás e va-
nem volume definido. volume preenchido. por, pois são conceitos diferen-
A massa específica é um conceito utilizado tes. O gás é o estado físico da
Figura 5 - Moléculas com coesão quase nula no estado para medir o peso de uma substância sólida ou matéria, ou seja, é toda substân-
físico gasoso líquida em comparação com o mesmo volume de cia que em condições normais de
água. Assim, se considerarmos que a água, a uma temperatura e pressão apresenta
temperatura de 22ºC e a pressão atmosférica de estado físico gasoso. Já o vapor é
01 ATM, tem um peso específico de 1,0 g/cm3. o resultado do aquecimento de
Os sólidos e líquidos mais pesados que um volu- um líquido, mudando seu estado
me igual de água, tem um peso específico maior físico de líquido ou sólido para o
que 1,0 g/cm3, ou seja, são mais densos do que gasoso, formando assim, vapores
a água. Da mesma maneira os sólidos e líquidos de uma substância específica.
que são mais leves que água tem o peso específi-
co menor que 1,0 g/cm3, sendo assim, são menos
denso que a água.
Fonte: CBMSC Observe a figura 6 que mostra o comporta-
mento de substância com densidade diferentes
Os gases podem condensar-se para formar lí- da água. Lembre-se, o peso específico de uma
quidos, essa mudança ocorre quando um gás é substância indicará se a mesma flutuará ou irá
resfriado a uma temperatura abaixo de seu ponto submergir na água.
de ebulição.
MASSA ESPECÍFICA
Figura 6 - Comportamento de substância com densidade nhecer a tendência que um gás (vapor) elevar-se
diferentes da água ou se acumular em áreas mais baixas (CORPO DE
BOMBEIROS DE SANTIAGO, 2014).
Diferentemente do cálculo de massa específi-
ca, para a definição da densidade de uma subs-
tância, devemos considerar todo o volume, in-
Peso específico menor cluindo os espaços vazios de um corpo.
que 1,0 g/cm3
Considerando esses fatores, devemos nos aten-
tar para o fato de que, apesar de ser usada a mes-
ma forma de calcular, os resultados são bastante
diferentes, quando consideramos a utilização dos
espaços vazios para a definição da massa especí-
fica em substâncias sólidas. Para substâncias nos
estados líquido ou gasoso, a massa específica e a
Peso específico maior
que 1,0 g/cm3 densidade terá o mesmo resultado, motivo pelo
qual, nesses casos, ambos (massa específica e a
densidade) são consideradas a mesma coisa.
Esta é uma informação importante, pois em O Gás Natural (GN) por sua vez é menos denso
caso de vazamento de determinado gás pode- que o ar atmosférico, logo, quando ocorre um va- Glossário
mos monitorar o vazamento, de modo a identificar zamento, este gás se dissipa na atmosfera. Hidrocarbonetos são moléculas
áreas de risco durante uma ocorrência e prever que contêm apenas carbono (C) e
para onde o gás se dispersará conforme podemos SOLUBILIDADE hidrogênio (H) em sua composi-
perceber na figura 7. ção. São constituídos de um “es-
Solubilidade é a propriedade física que per- queleto” de carbono no qual os
Imagine o seguinte exemplo: o Gás Liquefeito mite que as substâncias se dissolvam ou não, em átomos de hidrogênio se ligam.
de Petróleo (GLP) é mais denso que o ar atmos- um determinado líquido. Denominamos soluto,
CH3 CH3
férico, por isso, quando ocorre um vazamento o os compostos químicos que se dissolvem em
mesmo se deposita nas superfícies mais baixas outra substância. Um soluto pode ser um gás, CH3 C CH2 CH CH3
GLP
Fonte: CBMSC
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA 23
Lição I Princípios de físico-química
Figura 8 - formação de um solução a partir de um soluto e O pH é representado por uma escala que
um solvente varia de 0 a 14 (Figura 9). Ela mede a acidez e
Soluto
basicidade de uma solução. Valores menores
que 7, indicam um aumento na acidez, enquan-
to aqueles maiores que sete indicam aumento
na alcalinidade de uma substância. Sendo as-
sim, o pH 7 representa uma solução neutra, por
exemplo, a água pura.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12 13 14
• Solúvel: são os solutos que se dissolvem no
solvente. Por exemplo: sal (NaCl) em água. Acidez crescente Basicidade crescente
Fonte: CBMSC
RECAPITULANDO
Vimos nesta lição alguns conceitos físico-quí-
micos importantes para o desempenho ao lon-
go curso. Vimos que existem três estados físicos
da matéria: sólido, líquido e gasoso. Descreve-
mos que o estado físico no qual a matéria pode
apresentar maior risco é o gasoso. Isso se dá em
virtude das suas propriedades e capacidade de
ocupar todo o espaço no ambiente aonde estiver.
Além do que, é no estado gasoso que a matéria
possui maior facilidade para difundir-se na cor-
rente sanguínea.
Vimos também as nomenclaturas das princi-
pais trocas de fase das substância, quais sejam:
pontos de fusão, ponto de ebulição, condensa-
ção, solidificação e sublimação.
Por fim, conhecemos alguns conceitos impor-
tantes com destaque para solubilidade, Potencial
Hidrogeniônico, Densidade Vapor, Massa especí-
fica, Limites de explosividade.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
tado sobre uma determinada comunidade ou vago e possui um significado bastante amplo.
plantação pode ser desastroso ou não. Araújo (2005, p. 17) diz que pode se definir, em
um primeiro momento, que é qualquer substân-
A política Nacional de Defesa Civil classifica os cia química, porém tudo na natureza é químico
desastres de acordo com sua evolução, origem e e até a água potável seria assim classificada.
intensidade. “Seriam somente as substâncias consideradas
nocivas aos seres humanos? E quanto aos produ-
• Emergências: Situações que exigem uma tos impactantes ao meio ambiente? Afinal, quais
intervenção imediata de profissionais treina- os aspectos que nos levam a definir um produto
dos com equipamentos adequados, mas po- como perigoso?” (ARAÚJO, 2005, p. 17).
dem ser atendidas pelos recursos normais de
resposta a emergências, sem a necessidade Analisando o termo sob uma ótica mais restri-
de coordenação ou procedimentos especiais. ta, denominamos produtos perigosos como
Essas são aquelas ocorrências atendidas roti- sendo “toda substância ou elemento que por
neiramente por bombeiros, policiais e equipes sua característica de volume e periculosidade,
de manutenção em redes elétricas. representa um risco além do normal à saúde, à
• Situações Críticas: São situações cujas ca- propriedade e ao meio ambiente durante sua
racterísticas de risco exigem, além de uma in- extração, fabricação, armazenamento, trans-
tervenção imediata de profissionais treinados porte ou uso. (OLIVEIRA, 2000, p. 26).
com equipamentos adequados, uma postura No Brasil, do ponto de vista legal, é um produ-
organizacional não rotineira para a coordena- to perigoso toda a substância listadas na Reso-
ção e gerenciamento integrado das ações de lução 5232, de 14 de dezembro 2016 da Agên-
resposta, mesmo que essas não caracterizem cia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
um desastre. Como exemplos de situações “Substâncias (incluindo misturas e soluções) e ar-
como essas, podemos citar: acidentes com tigos sujeitos a este Regulamento são alocados a
múltiplas vítimas, acidentes com produtos pe- uma das nove classes de acordo com o risco ou o
rigosos, incêndios florestais. mais sério dos riscos que apresentam.”
• Produto Perigoso: O termo “produto peri-
goso”, do inglês dangerous goods, é bastante
Os acidentes com produtos perigosos podem podem estar armazenados em locais (laboratórios,
variar consideravelmente, dependendo dos indústrias, hospitais) que lidam rotineiramente
produtos envolvidos, suas quantidades, pro- com esses produtos, ou ainda sendo transporta-
priedades e características físico-químicas, das dos para, principalmente, descarte. Em acidentes
condições meteorológicas e do terreno. Exis- com produtos perigosos dessa categoria, os agen-
tem, por exemplo, produtos altamente letais ao tes biológicos podem se dispersar facilmente com
homem e ao meio ambiente, que podem ex- ajuda do vento e da água (NFPA 471, 2002).
plodir pelo simples contato com a água, gases As principais medidas de proteção contra as
inodoros e invisíveis que, em poucos segundos, ameaças biológicas são as que evitam o conta-
matam quem os respira. Estes são alguns dos to com agente infectante – fluidos corporais,
motivos que diferenciam o atendimento de lixo e resíduos, matérias orgânicas etc. Para tan-
uma emergência com produtos perigosos das to, é necessário proteção para a pele, olhos e
demais ocorrências atendidas pelo CBMSC e, mucosas do socorrista. A roupa de atendimen-
desta forma, exigem mais cautela. to utilizada na emergência deve ser esterilizada
após seu uso (LAKE, 2013).
CATEGORIAS DE PRODUTOS
PERIGOSOS PERIGOS RADIOLÓGICOS
Os produtos que podem causar danos às Materiais que emitem radiação ionizante, sen-
pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio são do elementos naturalmente radioativos ou então,
considerados perigosos. Os perigos associados máquinas que emitem radiações em operações
podem ser categorizados como biológicos, ra- específicas para esse objetivo como aparelhos
diológicos e químicos. de raios X, reatores nucleares etc. A radiação, por
ser uma propagação de energia por meio de uma
PERIGOS BIOLÓGICOS onda eletromagnética, não possui sinais sensíveis
de advertência, como cheiro característico, irrita-
Materiais contaminados com agentes biológi- ções etc. A ionização pode alterar a função celu-
cos – vírus, bactérias, fungos ou parasitas – que têm lar produzindo disfunções ou até a morte celular
um efeito patogênico à vida e ao meio ambiente (NFPA 471, 2002).
las ondas de choque, grande calor, lançamento substância e seu contato com a zona digestiva
de fragmentos, liberação de produtos perigosos (boca, garganta, esôfago, estômago e intestinos).
no meio ambiente circundante ao local do evento
e início de incêndios. CORROSÃO
CRIOGÊNICOS
AVALIANDO A LIÇÃO
1. Conceitue risco aceitável.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Subclasse 2.2 Gases não inflamáveis e não tóxicos Classe 8 - Substâncias corrosivas
No Brasil, esta relação dos produtos perigosos Muitas substâncias da classe de risco 1 são
foi regulamentada inicialmente pela Resolução nº sensíveis a calor, choque e fricção, como azida Glossário
420 de 12 de fevereiro 2004, da Agência Nacional de chumbo, por exemplo, já outras necessitam Azida de chumbo é um composto
de Transporte Terrestre (ANTT). Atualmente essa de um agente intensificador para explodirem. De cristalino, explosivo e tóxico usa-
resolução não está mais em vigor. Foi revogada pela acordo com a velocidade e a sensibilidade dos do para confeccionar detonado-
Resolução nº 5232 de 14 de dezembro de 2016, da explosivos, podem ocorrer dois tipos de explo- res, sejam eles elétrico ou acio-
ANTT e suas atualizações (Resolução nº 5581 de 22 sões: detonação e deflagração. nados por estopins hidráulicos.
de novembro de 2017 e Resolução nº 5623 de 15 • Detonação: explosão na qual a transforma-
de dezembro de 2017, ambas da ANTT). ção química ocorre muito rapidamente, sendo
que a velocidade de expansão dos gases é muito
CLASSE 1 – EXPLOSIVOS superior à velocidade do som naquele ambiente
(da ordem de km/s), apresentando picos de so-
O explosivo é uma substância que é subme- brepressão em um curto intervalo de tempo.
tida a uma transformação química extremamen- • Deflagração: tipo de explosão onde a
te rápida, produzindo simultaneamente grandes transformação química é bem mais lenta, sen-
quantidades de gases e calor. Com o calor, os do que a velocidade de expansão dos gases é,
gases expandem-se a altíssimas velocidades des- no máximo, a velocidade do som naquele am-
locando ar circunvizinho e aumentando a pressão biente. Neste caso pode surgir a combustão.
acima da pressão atmosférica (sobrepressão).
A sobrepressão gerada a partir de uma explo-
Figura 1 - Rótulo explosivo são pode atingir valores elevados, provocando
danos destrutivos a edificações e pessoas. Nor-
malmente é expressa em bar e a tabela abaixo
apresenta alguns valores característicos de danos
às estruturas:
Fonte: ABIQUIM
Outro risco associado à classe 2 está relacio- ses, exceto o oxigênio, são asfixiantes. Grandes
nado aos gases mantidos liquefeitos que, quan- vazamentos de gases, mesmo inertes, reduzem
do liberados, tenderão a passar para seu estado o teor de oxigênio dos ambientes fechados, cau-
natural nas condições ambientais, ou seja, estado sando danos que podem culminar na morte.
gasoso. Durante essa mudança de estado, ocorre Assim, quando se tratar de vazamento em am-
uma alta expansão do produto gerando volumes biente confinado, deve-se monitorar a concentra-
gasosos muito maiores do que o volume ocupado ção de oxigênio. Quando a concentração de oxi-
pelo líquido, o que denominamos taxa de expan- gênio estiver abaixo de 19,5% em volume, deve-se
são. A taxa de expansão do cloro, por exemplo, é ventilar (de forma natural ou forçada) o local para
457, ou seja, um volume de cloro líquido gera 457 restabelecer o nível normal de oxigênio (21%).
volumes de cloro gasoso. Para reduzir a taxa de Especial atenção deve ser dada quando o gás
evaporação do produto, pode ser aplicada uma envolvido for inflamável, principalmente se esti-
camada de espuma sobre a poça, desde que seja ver confinado. Medições dos índices de explosi-
compatível com o produto vazado. vidade no ambiente (com equipamentos intrin-
Além disso, a fase líquida do produto estará a secamente seguros) e a eliminação das possíveis
uma temperatura próxima à temperatura de ebu- fontes de ignição constituem ações prioritárias a
lição do produto, ou seja, a um valor baixo sufi- serem adotadas.
ciente para que, em caso de contato com a pele, De acordo com as características do produto
provoque queimaduras. envolvido, e em função do cenário da ocorrência,
Uma propriedade físico-química relevante a pode ser necessária a aplicação de neblina de
ser considerada no atendimento a vazamentos de água para abater os gases ou vapores emanados
gases é a densidade relativa do produto. Gases pelo produto. A operação de abatimento dos ga-
mais densos que o ar, acumulam-se ao nível do ses será tanto mais eficiente, quanto maior a so-
solo e, consequentemente, terão sua dispersão lubilidade do produto em água, como é o caso
dificultada quando comparada à de gases com da amônia e do ácido clorídrico. Para os produtos
densidade próxima ou inferior à do ar. com baixa solubilidade em água, o abatimento
Mesmo gases biologicamente inertes (não são através de neblina d’água também poderá ser uti-
metabolizados pelo organismo humano) podem lizado, sendo que, neste caso, ela atuará com um
representar riscos ao homem, pois todos os ga- bloqueio físico ao deslocamento da nuvem.
Outro aspecto relevante nos acidentes envol- destes gases. Devido a sua natureza, apresentam
vendo produtos gasosos é a possibilidade da ocor- quatro riscos principais:
rência de incêndios ou explosões. Mesmo os reci- • Riscos à saúde humana: devido à baixa tem-
pientes contendo gases não inflamáveis podem peratura, podem provocar queimaduras ao te-
explodir em casos de incêndio. A radiação térmica cido, conhecidas por enregelamento, quando
proveniente das chamas é, muitas vezes, suficiente- do contato com líquido ou mesmo com o vapor.
mente alta para provocar um aumento da pressão Além disso, a formação de uma nuvem a par-
interna do recipiente, podendo causar sua ruptura tir de um gás criogênico sempre representará
catastrófica e, consequentemente, o seu lançamen- uma situação de risco, visto que a densidade
to a longas distâncias, causando danos às pessoas, do vapor será maior que a do ar, uma vez que a
estruturas e equipamentos próximos. temperatura é muito baixa, o que provocará o
Certas ocorrências envolvendo produtos ga- deslocamento do ar atmosférico e redução na
sosos de elevada toxicidade ou inflamabilidade, concentração de oxigênio no ambiente.
exigem que seja efetuada a evacuação da popu- • Efeitos sobre outros materiais: o simples
lação próxima ao local do acidente. contato com outros materiais poderá danifi-
A necessidade ou não da evacuação da popula- cá-los, por exemplo, o contato com tanques
ção dependerá de algumas variáveis, como o risco de armazenamento de produtos químicos,
apresentado pelo produto envolvido, a quantida- pode torná-los quebradiços acarretando no
de do produto vazado, as características físico-quí- vazamento do produto estocado. Outro efei-
micas do produto (densidade, taxa de expansão to significativo é a capacidade de solidificar
etc.), as condições meteorológicas na região, a to- ou condensar outros gases. A temperatura
pografia do local, a proximidade a áreas habitadas. de solidificação da água é de 0ºC à pressão
atmosférica, ou seja, a água presente na umi-
GASES CRIOGÊNICOS dade atmosférica poderá congelar, e se isso
ocorrer próximo a uma válvula essa apresenta-
São gases refrigerados que para serem li- rá dificuldade para a realização de manobras.
quefeitos devem ser refrigerados a temperatura Jamais se deve jogar água diretamente sobre
inferior a -150ºC. Hidrogênio (-253ºC), oxigênio um sistema de alívio ou válvulas de um tanque
(-183ºC) e metano (-161,5ºC) são alguns exemplos criogênico, nem mesmo no interior de um tan-
que criogênico, pois a água atuará como um portar a demanda de vapores acarretando na
objeto superaquecido, aumentando a forma- ruptura do tanque.
ção de vapores e a pressão interna do tanque. A nuvem gerada pelo vazamento de um gás crio-
• Intensificação dos riscos do estado ga- gênico será fria, invisível (a parte visível não indica
soso: o vazamento de oxigênio liquefeito, por a extensão total da nuvem), dificultará a visibilida-
exemplo, aumentará a concentração deste pro- de e tenderá a se acumular sobre o solo, pois a
duto no ambiente e poderá causar a ignição es- densidade do produto será maior que a do ar devi-
pontânea de certos materiais orgânicos. Por tal do à baixa temperatura. Desta forma, algumas re-
razão, não devem ser utilizadas roupas de ma- gras básicas deverão ser seguidas rigorosamente
terial sintético (náilon) e sim roupas de algodão. quando do atendimento a um acidente envolven-
Um aumento de 3% na concentração de oxigê- do um gás criogênico, entre as quais destacamos:
nio aumentará 100% a taxa de combustão de a) aproxime-se e trabalhe nas áreas livres do
um produto. O hidrogênio, por sua vez, pode derramamento;
impregnar-se em materiais porosos, tornando- b) evite entrar na nuvem. Se o fizer utilize rou-
-os mais inflamáveis que nas condições normais. pas herméticas não porosas, máscara autôno-
• Alta taxa de expansão na evaporação: ma de respiração, luvas de amianto ou de cou-
gases criogênicos quando expostos à tempe- ro e botas de borracha;
ratura ambiente tendem a se expandir geran- c) utilize neblina d’água para conter a nuvem
do volumes gasosos muito superiores ao vo- e jatos para resfriar os tanques expostos ao
lume de líquido inicial. Para o nitrogênio, um fogo. Não direcione água aos sistemas de alí-
litro de produto líquido gera 697 litros de gás, vio de pressão ou nas poças;
enquanto que para o oxigênio a proporção é d) evacue grandes áreas (600m) de um tanque
de 863 vezes. Desta forma, fica claro que os criogênico em chamas. Não apague o fogo a
recipientes contendo gases criogênicos jamais menos que o fluxo de gás possa ser estancado;
poderão ser aquecidos ou ter seu sistema de e) atente para estancar o vazamento, mas se
refrigeração danificado, pois pode ocorrer houver dúvida, controle a situação até que um
uma elevada pressurização do tanque, de for- técnico da empresa, com conhecimento mais
ma que os sistemas de alívio poderão não su- específico, chegue ao local.
Já a quantidade de gás combustível necessá- Quadro 3 - Exemplos de LIE e LSE para alguns produtos
rio para a queima, varia para cada produto e está Produto LIE LSE
dimensionada através de duas constantes: o Limi- Acetileno 2,5% 80%
te Inferior de Explosividade (LIE) e o Limite Supe- Benzeno 1,3% 79%
rior de Explosividade (LSE). Etanol 3,3% 19%
O LIE é a mínima concentração de gás que,
misturada ao ar atmosférico, é capaz de provo- Fonte: CBMSC
car a combustão do produto, a partir do contato
com uma fonte de ignição. Concentrações de gás Existem atualmente equipamentos, conheci-
abaixo do LIE não são combustíveis, pois, nesta dos como “explosímetros”, capazes de medir a
condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena porcentagem em volume no ar de um gás ou va-
quantidade do produto para a queima. Esta con- por combustível. São equipamentos blindados à
dição é chamada de “mistura pobre”. prova de explosões, o que vale dizer que, tanto
Já o LSE é a máxima concentração de gás que a combustão que ocorre em seu interior, quanto
misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a qualquer eventual curto-circuito em suas partes
combustão do produto, a partir de uma fonte de ig- eletrônicas não provocam explosões.
nição. Concentrações de gás acima do LSE não são Nas operações de emergência envolvendo
combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso gases ou vapores combustíveis e que exijam a uti-
de produto e pequena quantidade de oxigênio para lização de explosímetro, é importante que o ope-
que a combustão ocorra, é a chamada “mistura rica”. rador tome algumas precauções básicas quanto
Os valores do LIE e LSE são geralmente for- ao seu uso adequado, tais como calibrar o apare-
necidos em porcentagens de volume tomadas a lho sempre em área não contaminada pelo gás,
aproximadamente 20ºC e 1 atm. Para qualquer realizar medições freqüentes em diversos pon-
gás, 1% em volume representa 10.000 ppm (par- tos da região atingida e em locais onde existam
tes por milhão). Pode-se então concluir que os ga- grandes quantidades de gás combustível, é con-
ses ou vapores combustíveis só queimam quando veniente que o equipamento seja calibrado após
sua percentagem em volume estiver entre os limi- cada medição, evitando assim sua saturação, o
tes (inferior e superior) de explosividade, que é a que nem sempre é percebido pelo operador.
mistura “ideal” para a combustão.
Esta classe abrange todas as substâncias sólidas SUBCLASSE 4.1 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS
que podem se inflamar na presença de uma fonte
de ignição, em contato com o ar ou com a água, e Sólidos combustíveis, ou que, por atrito, pos-
que não estão classificadas como explosivos. sam causar fogo ou contribuir para tal; substân-
cias auto-reagentes que possam sofrer reação
fortemente exotérmica; e explosivos sólidos in-
sensibilizados que possam explodir se não estive-
rem suficientemente diluídos. Os produtos desta
subclasse podem se inflamar quando expostos Figura 6 - Rótulo de risco subclasse 4.2
ao calor, choque, atrito, além, é claro, de chamas
vivas. A facilidade de combustão será tanto maior,
quanto mais “finamente” dividido o material es-
tiver. Os conceitos de ponto de fulgor e limites
4
de inflamabilidade apresentados no capítulo an-
terior, também são aplicáveis aos produtos desta Fonte: ABNT (2018)
classe. Como exemplos, podemos citar o nitrato
de uréia e o enxofre. Quando da ocorrência de um acidente envol-
vendo estes produtos, a perda da fase líquida po-
Figura 5 - Rótulo de risco subclasse 4.1 derá propiciar o contato dos mesmos com o ar e a
estanqueidade do vazamento deverá ser adotada
imediatamente. Outra ação a ser desencadeada
em caso de acidente é o lançamento de água sobre
o produto, de forma a mantê-lo constantemente
úmido, desde que o mesmo seja compatível com
Fonte: ABNT (2018) água, evitando assim sua ignição espontânea. O
fósforo branco, fósforo amarelo, e sulfeto de sódio
SUBCLASSE 4.2 - COMBUSTÃO ESPONTÂNEA são exemplos de produtos que se ignizam espon-
taneamente, quando em contato com o ar.
Nesta subclasse estão agrupados os pro-
dutos que podem se inflamar em contato com SUBCLASSE 4.3 - PERIGOSO QUANDO MOLHADO
o ar, mesmo sem a presença de uma fonte de
ignição. Devido a esta característica estes pro- As substâncias pertencentes a esta classe por
dutos são transportados, na sua maioria, em re- interação com a água podem tornar-se esponta-
cipientes com atmosferas inertes ou submersos neamente inflamáveis ou produzir gases inflamá-
em querosene ou água. veis em quantidades perigosas. O sódio metálico,
por exemplo, reage de maneira vigorosa quando
em contato como a água, liberando o gás hidro-
gênio que é altamente inflamável. Outro exemplo contribuir para isso. São agentes de alto poder
é o carbureto de cálcio, que por interação com a oxidante, produzem, em sua maioria, irritação
água libera acetileno. nos olhos, pele, mucosa e garganta, sendo ainda
substâncias termicamente instáveis como melhor
Figura 7 - Rótulo de Risco subclasse 4.3 descrito abaixo para cada uma das subclasses es-
pecificamente.
criando o risco de explosão. Esses produtos são CLASSE 6 - SUBSTÂNCIAS TÓXICAS E INFECTANTES
também sensíveis a choque e atrito.
Quando houver necessidade de conter ou A classe 6 está dividida em substâncias tóxicas
absorver produtos oxidantes ou peróxidos or- e substâncias infectantes.
gânicos, deverá ser considerado que a maioria
deles poderá reagir com matéria orgânica e que, Figura 9 - Rótulo de risco da classe 6
portanto, nas ações de contenção/absorção não
poderá ser utilizada terra, serragem ou qual-
quer outro material incompatível. Nestes casos
recomenda-se a utilização de materiais inertes e
Na absorção cutânea podemos dizer que exis- cos não fornecendo oxigênio e, dependendo das
tem duas formas das substâncias tóxicas agirem. A concentrações, podem saturar-se rapidamente.
primeira é como tóxico localizado, onde o produto Já os conjuntos autônomos de respiração a ar
em contato com a pele, age na sua superfície pro- comprimido deverão ser utilizados em ambientes
vocando uma irritação primária e localizada. A se- confinados, em situações onde o produto envol-
gunda forma é como tóxico generalizado, quando vido não esteja identificado ou em atmosferas
a substância tóxica reage com as proteínas da pele com altas concentrações de poluentes.
ou mesmo penetra através dela, atinge o sangue
e é distribuída para o nosso organismo, podendo Vale lembrar que nenhum filtro fornece oxigê-
atingir vários órgãos. Apesar da pele e a gordura nio, apenas retem o poluente de forma física (as
atuarem como uma barreira protetora do corpo, partículas ficam retidas nos poros do filtro) ou de
algumas substâncias como ácido cianídrico, mer- forma química (pela afinidade do produto que fica
cúrio e alguns defensivos agrícolas, têm a capaci- retido por interação molecular). Nesses casos, o
dade de penetrar através da pele. oxigênio respirável é do próprio ar atmosférico ex-
Ingestão é considerada uma via de ingresso terno. O filtro apenas retira uma parte dos poluen-
secundário, uma vez que tal fato somente ocorre- tes compatíveis com o filtro. Já os equipemantos
rá de forma acidental. Os efeitos gerados a partir de proteção respiratória (EPR) fornecem ar puro
de contatos com substâncias tóxicas estão rela- proveniente de um cilindro de ar comprimido.
cionados com o grau de toxicidade destas e o
tempo de exposição ou dose. Comumente, associa-se à existência de um
Em função do alto risco apresentado pelos produto num ambiente com a presença de um
produtos desta classe, durante as operações de odor. No entanto, como já foi mencionado an-
atendimento a emergências é necessária a utili- teriormente, nem sempre isso ocorre. Algumas
zação de equipamentos de proteção respirató- substâncias são inodoras, enquanto outras têm a
ria. Dentre esses equipamentos, pode-se citar as capacidade de inibir o sentido olfativo, podendo
máscaras faciais com filtros químicos e os conjun- conduzir o indivíduo a situações de risco. O gás
tos autônomos de respiração a ar comprimido. sulfídrico, por exemplo, apresenta um odor carac-
Deve-se sempre ter em mente que os filtros terístico em baixas concentrações, porém em altas
químicos apenas retém os poluentes atmosféri- concentrações pode inibir a capacidade olfativa.
Assim sendo, é fundamental que nas ope- mente que tenha a maior probabilidade de causar,
rações de emergência onde produtos desta num prazo de quatorze dias, a morte da metade Glossário
natureza estejam presentes, sejam realizados de um grupo de ratos albinos adultos jovens, tan- Rickettsias é um gênero de bacté-
constantes monitoramentos da concentração to machos quanto fêmeas. Geralmente é expressa rias que são carregadas como pa-
dos produtos na atmosfera. em miligramas por quilograma de massa corporal. rasitas por carrapatos, pulgas e
Os resultados obtidos nestes monitoramen- piolhos, e podem causar inúme-
tos poderão ser comparados com valores de re- A dose letal para toxicidade dérmica aguda é ras doenças.
ferência conhecidos, por exemplo, o LT - Limite a dose de substância que, ministrada por contato
de Tolerância, que é a concentração na qual um contínuo com a pele nua de coelhos albinos, por
trabalhador pode ficar exposto durante oito ho- vinte e quatro horas, tenha a maior probabilidade
ras diárias ou quarenta e oito horas semanais sem de causar, num prazo de quatorze dias, a morte de
sofrer efeitos adversos à sua saúde e, também, o metade dos animais testados.
IDLH (Immediately Dangerous to life or hearth) A concentração letal 50 (CL50) para toxicidade
que é o valor imediatamente perigoso à vida, ao aguda por inalação é a concentração de vapor, ne-
qual uma pessoa pode ficar exposta durante trin- blina ou pó que, ministrada por inalação contínua,
ta minutos sem sofrer danos à sua saúde. durante uma hora, a ratos albinos adultos jovens,
Dado o alto grau de toxicidade dos produ- machos e fêmeas, tenha a maior probabilidade de
tos da Classe 6, faz-se necessário lembrar que a provocar, num prazo de quatorze dias, a morte de
operação de contenção dos mesmos é de fun- metade dos animais testados. É, normalmente, ex-
damental importância, já que, normalmente, presso em miligramas por litro de ar para pós e
são também muito tóxicos para a vida aquática, neblinas, ou em mililitros por metro cúbico de ar
representando portanto alto potencial de risco (partes por milhão) para vapores.
para a contaminação dos corpos d’água, deven-
do ser dada atenção especial àqueles utilizados à As doses e concentrações letais são definidas
recreação, irrigação, dessedentação de animais e conforme ensaios em animais, mas seus valores
abastecimento público. podem ser utilizados como uma estimativa de ris-
A dose letal 50% (DL50) para toxicidade oral co a vida em seres humanos.
aguda é a dose de substância administrada oral-
tecidos humanos. Basicamente, existem dois prin- água ou com compostos orgânicos.
cipais grupos de materiais que apresentam essas O contato desses produtos com a pele e os olhos Atenção
propriedades, e são conhecidos por ácidos e bases. pode causar severas queimaduras, motivo pelo qual Se o volume de água adiciona-
deverão ser utilizados equipamentos de proteção do ao produto não for suficien-
Figura 11 - Rótulo de risco da classe 8 individual compatíveis com o produto envolvido. Via te para diluí-lo a níveis seguros,
de regra, as roupas de PVC são as normalmente re- ocorrerá o agravamento da situa-
comendadas para o manuseio dos corrosivos. ção, devido ao aumento do volu-
Um dos métodos que pode ser aplicado em me da mistura.
campo para a redução dos riscos é a neutraliza-
8 ção do produto derramado. Esta técnica consiste
na adição de um produto químico, de modo a le-
Fonte: ABNT, 2018 var o pH próximo ao natural.
No caso de substâncias ácidas, os produtos
Ácidos são substâncias que em contato com a comumente utilizados para a neutralização são a
água liberam íons H+, provocando alterações de barrilha e a cal hidratada, ambas com característi-
pH para a faixa de 0 (zero) a 7 (sete). As bases são ca alcalina. A utilização da cal virgem não é reco-
substâncias que em contato com a água, liberam mendada, uma vez que sua reação com os ácidos
íons OH-, provocando alterações de pH para a é extremamente vigorosa.
faixa de 7 (sete) a 14 (quatorze). Como exemplo Antes que a neutralização seja efetuada deve-
de produtos desta classe pode-se citar o ácido rá ser recolhida a maior quantidade possível do
sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, hidróxido produto derramado, de modo a se evitar o exces-
de sódio, hidróxido de potássio. sivo consumo de produto neutralizante e, conse-
Muitos dos produtos pertencentes a esta quentemente, a geração de grande quantidade
classe reagem com a maioria dos metais geran- de resíduos. Os resíduos provenientes da neutra-
do hidrogênio que é um gás inflamável, acarre- lização deverão ser totalmente removidos e dis-
tando assim um risco adicional. postos de forma, e em locais adequados.
Certos produtos apresentam como risco A neutralização é apenas uma das técnicas
subsidiário um alto poder oxidante, enquan- que podem ser utilizadas para a redução dos ris-
to outros podem reagir vigorosamente com a cos nas ocorrências com corrosivos. Outras téc-
nicas como a absorção, remoção e diluição tam- CLASSE 9 - SUBSTÂNCIAS E ARTIGOS PERIGOSOS
bém poderão ser utilizadas. A seleção do método DIVERSOS
a ser utilizado deve levar em consideração os as-
pectos de segurança e proteção ambiental. Esta classe engloba os produtos que apresen-
No caso de se optar pela neutralização do pro- tam riscos não abrangidos pelas demais classes.
duto, deve-se considerar que a mesma consiste Exemplos: Produtos classe 3082 (chorume, óleo
basicamente no lançamento de outro produto para descarte), alguns fertilizantes, raspa de asfalto.
químico no ambiente contaminado, e que pode-
rão ocorrer reações químicas paralelas àquela ne- Figura 12 - Rótulo de risco classe 9
cessária para a neutralização.
Durante as reações de neutralização, quanto
mais concentrado estiver o produto derramado,
maior será a liberação de energia em forma de
9
calor, além da possibilidade de ocorrência de
respingos, motivo pelo qual cabe reforçar a ne- Fonte: ABNT (2018)
cessidade dos técnicos envolvidos nas ações uti-
lizarem roupas de proteção adequadas durante a
realização destas atividades.
A técnica de diluição somente deverá ser utili-
zada nos casos em que não houver possibilidade
de contenção do produto derramado, e seu vo-
lume for bastante reduzido. Isto se deve ao fato
de que para se obter concentrações seguras utili-
zando este método, o volume de água necessário
será sempre muito grande, ou seja, na ordem de
1000 a 10000 vezes o volume do produto vazado.
RECAPITULANDO
Vimos nesta lição que os produtos perigosos
abrangem mais de três mil produtos divididos em
nove classes de risco as quais, em alguns casos,
podem ser divididas em subclasses. Cada classe
representa um risco específico e deve ser tratada
considerando sua especificidade no armazena-
mento, manipulação e fabricação. Da mesma for-
ma as particularidades devem ser lembradas em
caso de acidentes. Vimos também que as classes
que mais transitam pelas nossas rodovias são as
classes 3 - líquidos inflamáveis; Classe 8 - Subs-
tâncias corrosivas; e Classe 2 - Gases.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Quadro 1 - Riscos da cor do fundo do rótulo de risco Figura 2 - Cor de fundo do Rótulos de risco
sólidos inflamáveis substâncias sujeitas a
combustão espontânea RADIOATIVO I
7
4
RADIOATIVO II RADIOATIVO III
Físsil
2 2 2 2
CLASSE 5
Subclasse 5.1 Subclasse 5.2 8 8
Subclasse 2.2
gases tóxicos substancias oxidantes peróxidos orgânicos
diversas
CLASSE 6
CLASSE 3: líquidos inflamáveis Subclasse 6.1 Subclasse 6.1
substancias tóxicas substancias infecciosas
3 3
Fonte: CBMSC
Figura A - Painel de segurança óleo diesel Como citado anteriormente, o primeiro al-
garismo representa a classe de risco do pro-
duto e indica o risco principal do produto, a
única exceção à regra é no caso dos gases.
Nesses casos o risco principal do produto é
apresentado no 2º e/ou 3º algarismos, por
Fonte: ADAPTADO DE ABNT (2018) exemplo, um produto ONU 1005 - Amônia,
com número de risco 268 (Figura C). O pri-
Quando o produto apresentar dois alga- meiro algarismo indica que é um gás, no en-
rismos no número de risco, o 1º dígito será a tanto, o risco principal do produto é ser um
classe de risco - risco principal - e o 2º algaris- produto tóxico representado pelo número 6
mo será o risco secundário. Exemplo: Produto no 2º algarismo, com risco secundário de ser
Número ONU 2014 - Peróxido de hidrogênio. um produto corrosivo representado pelo nú-
O número de risco dele é 58 (Figura B), ou mero 8 no 3º algarismo.
seja, o risco principal (classe de risco) é o nú-
mero 5, que indica ser um peróxido, e o risco
Saiba mais
Figura C - Painel de segurança amônia Figura D - Painel de segurança álcool etílico Para saber mais sobre as combi-
nações possíveis para o número
de risco dos produtos perigosos,
consulte o Manual de Emergên-
cias com Produtos Perigosos da
ABIQUIM (páginas 23, 24 e 25).
2
dioatividade, conforme Figura 7 (BRASIL, 2009).
3 3
w
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
TRANSPORTE A GRANEL
Sinalização traseira
Figura 9 - Sinalização do veículo com diferentes produtos Outra situação emergencial possível de se de-
Perigosos parar é a emergência com produtos perigosos
transportados através de dutos, quer seja nas in-
60 60 60
dústrias, quer seja nas dutovias. Neste caso, de-
1891 1888
vemos identificar o produto baseado nas cores
1846
ções empregadas nas indústrias para a condução As canalizações industriais, para a condução
de líquidos e gases e advertindo contra riscos. de líquidos e gases, deverão receber a aplicação
As cores adotadas e previstas na NBR de cores, em toda sua extensão, a fim de facilitar
6493/2019 são as seguintes: vermelho, amarelo, a identificação do produto e evitar acidentes.
branco, preto, azul, verde, alaranjado, cinza, alu- O sentido de transporte do fluído, quando ne-
mínio e marrom. cessário, será indicado por meio de seta pintada em
• Vermelho: água e outras substâncias a com- cor de contraste sobre a cor básica da tubulação.
bater incêndio;
• Amarelo: em canalizações, deve-se utilizá- Atente-se para as normas citadas, elas podem
-los para identificar gases não liquefeitos; trazer diferentes significado para as cores em
• Branco: Vapor; tubulações.
• Preto: empregado para indicar as canaliza-
ções de inflamáveis e combustíveis de alta vis-
cosidade (Exemplo: óleo lubrificante, asfalto,
óleo combustível, alcatrão, piche);
• Azul: canalização de ar comprimido;
• Verde: canalizações de água, exceto as des-
tinadas a combate a incêndio;
• Alaranjado: canalizações para produtos quí-
micos não gasosos;
• Cinza Claro: canalizações em vácuo;
• Cinza Escuro: identificar eletrodutos;
• Alumínio: utilizado em canalizações contendo
gases liquefeitos, líquidos inflamáveis e combus-
tíveis de baixa viscosidade (Exemplo: óleo diesel,
gasolina, querosene, óleo lubrificante, solventes);
• Marrom: materiais fragmentados (minérios),
petróleo bruto).
RECAPITULANDO
Um dos fatores mais importantes ao chegar em
uma ocorrência envolvendo Produtos Perigosos é
a identificação do produto e para isso possuímos
três formas estabelecidas por normas brasileiras
são elas: Painel de Segurança, Rótulo de Risco e
Documentos da Carga. Ainda podemos contar
com o Diamante de Risco, que é muito utilizado
em identificação de embalagens e também em
locais de armazenamentos.
Em veículos de transporte a granel essas iden-
tificações deverão vir na dianteira, traseira e nas
laterais do veículo, sendo que existem formas di-
ferentes quando tratamos de transporte de um
único produto e de quando são produtos diversos.
Podemos nos deparar também com produ-
tos transportados em dutos, seja em dutovias
ou em industrias. Os dutos são identificados
com cores diferentes sendo as seguintes: ver-
melho, amarelo, branco, preto, azul, verde, la-
ranja, cinza, alumínio e marrom.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O Corpo de Bombeiro Militar de Santa Cata- MANUAL PARA ATENDIMENTO DE Saiba mais
rina ao atender uma emergência na qual esteja EMERGÊNCIAS COM PRODUTOS O manual da ABIQUIM foi adaptado do
envolvido um produto perigoso utiliza como base manual desenvolvido pelo departamen-
de referência para o atendimento o manual para
PERIGOSOS DA ABIQUIM to de transportes dos Estados Unidos,
atendimento a emergências com produtos peri- As ocorrências que envolvem produtos peri- sendo adequado pela ABIQUIM ao Bra-
gosos da Associação Brasileira da Indústria Quí- gos não são corriqueiras e, por vezes, necessi- sil, visando direcionar os atendimentos
mica (ABIQUIM). Com uma possível evolução do tam de orientações específicas para cada atendi- às características dos produtos quími-
incidente é provável que seja necessário um ma- mento, considerando as peculiaridades de cada cos que são produzidos e transportados
terial mais específico e completo sobre o produto um, dos mais de três mil produtos catalogados em solo brasileiro (SENASP). O manual
envolvido no acidente, para isso é recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Es- americano é o Guia de Resposta a Emer-
a utilização da Ficha de Informações de Seguran- sas orientações levam em conta os riscos destes gência do inglês – Emergency Respon-
ça de Produtos Químicos (FISPQ). produtos para que seja iniciado o atendimento se Guidebook (ERG), com última versão
Em se tratando de operações de fiscaliza- pela primeira equipe de resposta que chega a atualizada em 2016. Trata-se de um ma-
ção no transporte rodoviário de produtos pe- cena da emergência. nual dirigido aos responsáveis pelas pri-
rigosos, recomenda-se a utilização do Manual O manual da ABIQUIM contém informações meiras respostas durante a fase inicial
de Autoproteção para o Manuseio e Transpor- importantes como as formas de identificar o de um acidente envolvendo o transpor-
te de Produtos Perigosos que está em sua 14º produto envolvido no acidente, o número ONU te de produtos perigosos. Fornece dire-
Edição (Manual PP14), nele, está contido uma do produto, além de orientação para aplicação trizes para uma rápida identificação dos
série de regulamentações e legislações no de medidas iniciais de segurança tanto para procedimentos de resposta de emer-
que tange ao transporte de produtos perigo- equipes de trabalho quanto para as pessoas na gência para acidentes no transporte de
sos que devem ser observadas. cena da emergência. produtos perigosos durante a fase críti-
ca, logo nos primeiros 30 minutos após
o acidente. O ERG é aplicado, principal-
mente, nos Estados Unidos, Canadá e
México, no entanto, outros países, como
o Chile, o utilizam como base para nor-
tear os atendimentos.
ca na borda da página para facilitar sua utilização. Figura 2 - Seção amarela do manual ABIQUIM
Cada cor representa um objetivo, uma função di- Atenção
ferente no manual. As seções e suas característi- Observe que a relação dos produ-
cas serão abordadas a seguir. tos com números ONU entre 0001
e 1000 não constam na relação,
SEÇÃO AMARELA: RELAÇÃO NUMÉRICA DOS pois estes são produtos utilizados
PRODUTOS PERIGOSOS para explosivos da classe 1 e pos-
suem um controle diferenciado.
Nessa seção é encontrada a relação de pro-
dutos considerados como perigosos pela reso-
lução ANTT 420 de 2004 e suas atualizações re-
comendadas pela 17ª Edição da ONU (Orange
Book), por ordem numérica e crescente, ini- Fonte: ABIQUIM (2015)
ciando-se pelo produto de número ONU 1001
até o número ONU 3506. SEÇÃO AZUL: RELAÇÃO ALFABÉTICA DOS
O objetivo da relação numérica nas páginas PRODUTOS PERIGOSOS
de bordas amarelas é possibilitar que o guia de
emergência seja identificado a partir do número Na seção azul é encontrada a relação de pro-
ONU do produto. A relação inclui além do núme- dutos considerados como perigosos pela resolu-
ro ONU, também a classe de risco do produto, ção ANTT 420 de 2004 e suas atualizações reco-
o número do guia de emergência e o nome do mendadas pela 17ª Edição da ONU por ordem
produto, conforme Figura 2. alfabética. Todos os produtos listados na seção
azul também são encontrados na seção amarela,
a diferença é a ordem como estão dispostos.
O objetivo da relação alfabética nas páginas
de bordas azuis é possibilitar que o guia de emer-
gência seja identificado a partir do nome do pro-
duto. A relação inclui, além do nome do produto, 4). Cada guia foi concebida para aplicação a um
também o número ONU, a classe de risco e o nú- grupo de substâncias que possuem característi-
mero do guia de emergência, conforme Figura 3. cas químicas e perigos similares.
Figura 3 - Seção azul do manual ABIQUIM Figura 4 - Seção laranja do manual ABIQUIM
Cada guia apresenta informações sobre os SEÇÃO VERDE: PRODUTOS QUE REAGEM COM
Perigos Potenciais e Segurança Pública, na pá- ÁGUA OU SUBSTÂNCIAS TÓXICAS SE INALADAS.
gina esquerda e Ação de emergência na página
do lado direito (ABIQUIM, 2015). Nesta seção se encontra uma relação de pro-
• Perigos potenciais: Guia que contém infor- dutos perigosos que estão destacados pela cor
mações com relação aos perigos decorrentes verde nas seções amarela e azul do Manual de
de fogo ou explosão e a perigos à saúde em Emergência. Por exemplo o produto cloro, núme-
caso de exposição. O perigo maior é listado ro da ONU 1017. Estes produtos têm certa peculia-
primeiro. A equipe de atendimento deve con- ridade, necessitam de uma atenção especial, pois
sultar primeiro esta seção. Desta forma será são produtos que reagem com água (formando
mais fácil tomar decisões sobre a proteção da outros produtos gasosos nocivos à saúde) ou são
equipe no local e da população. substâncias que, por si só, são tóxicas se inaladas.
• Segurança pública: Guia que apresenta Em outras palavras, quer dizer que na relação
informações sobre o isolamento imediato do de produtos perigosos contidos nas páginas de
local do incidente, recomendações quanto às bordas amarela e azul há diversos nomes destaca-
vestimentas de proteção e equipamento de dos com um tarja verde, isto identifica que o pro-
proteção. Também sobre as distâncias de eva- duto reage com água (formando outros produtos
cuação em caso de pequenos ou grandes der- gasosos nocivos à saúde) ou é tóxico por inalação.
ramamentos e para situação de incêndio. Se no uso do manual for identificada essa situação
• Ação de emergência: Neste guia são as- deverá ser consultada a seção verde do manual.
sinaladas as precauções especiais em caso Nas últimas páginas da seção verde do manual
de fogo, vazamento ou derramamentos e da ABIQUIM pode-se encontrar o rol de produtos
exposição às substâncias químicas, incluindo que reagem com água destacados em verde nas
recomendações sobre as ações de primeiros seções amarela e azul (Figura 5).
socorros a serem realizadas enquanto é aguar-
dada a ajuda especializada.
nual da ABIQUIM. A tabela fornece a distância a a) Substâncias líquidas ou sólidas (pós ou Saiba mais
favor do vento para qual a área de proteção deve granulados): consideramos pequeno vaza- Com avanço da tecnologia e ino-
ser considerada. Por motivos práticos, a área de mento os que apresentam único recipiente vação, temos diversos aplicati-
ação protetora é um quadrado cuja extensão e de até 200 litros ou tanque maior que possa vos que trazem informações im-
largura é a mesma que a distância a favor do ven- formar uma deposição de até 15 metros de portantes para o atendimento de
to como mostrado na figura 7. diâmetro. são considerados grande vazamen- uma emergência com produtos
to aqueles com volume maior que 200 litros, perigosos. Destaca-se o aplicati-
Figura 7 - Isolamento e área de proteção grande volume de produtos provenientes de vo disponibilizado gratuitamente
um único recipiente ou diversos vazamen- pela ABIQUIM destinado à consul-
tos simultâneos que formem uma deposição ta de informações sobre rótulos
maior que 15 metros de diâmetro. de risco e produtos químicos e
b) Substâncias gasosas: devemos conside- biológicos, considerados perigo-
rar todos os vazamentos com gases como sos. Este aplicativo foi baseado no
sendo grandes. Regulamento de Transporte Ter-
restre de Produtos Perigosos da
Caso seja um produto elencado na seção ver- ANTT e na NBR 7500 da ABNT. O
de, utilize as informações de isolamento e pro- aplicativo está disponível para vá-
teção contidas na própria seção. Dirija todas as rios sistemas operacionais, sen-
pessoas para longe do vazamento, seguindo a do uma ferramenta bastante in-
direção contrária a do vento. teressante, entretanto, não deve
Fonte: ABIQUIM (2015) substituir o manual da ABIQUIM
SEÇÃO BRANCA: ORIENTAÇÕES E INFORMAÇÕES nas viaturas e sim servir como um
Após identificar o produto perigoso e tomar meio facilitador para acesso a in-
as medidas iniciais de emergência, faz-se neces- Nessa seção são encontradas orientações de formações sobre o produto peri-
sário determinar o tamanho do vazamento: se o como deve ser utilizado o manual. O manual é goso envolvido no incidente.
vazamento é grande ou pequeno. Segundo ABI- auto explicativo e didático, desta forma, nesta se- Podemos ainda encontrar ou-
QUIM (2015), devemos classificar os vazamentos ção encontram-se conceitos, informações e con- tros aplicativos interessantes
do seguinte modo: teúdo sobre ocorrências envolvendo produtos tais como WISER e o CAMEO
perigosos de modo geral. CHEMICALS.
Segundo o Decreto 2657, de 03 de julho de Diante disto, deve utilizar a FISPQ do produto
1998 e a Portaria no 229, de 24 de maio de 2011 envolvido no acidente como base de consulta a
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), informações do produto nos casos de ocorrên-
todo produto químico classificado como perigo- cias mais graves, nos quais não tenha sido possí-
so, deve possuir a FISPQ. A FISPQ também será vel o controle do incidente baseado apenas nas
exigida para produto químico não classificado recomendações do manual da ABIQUIM.
como perigoso, mas cujos usos previstos ou re-
comendados derem origem a riscos à segurança MANUAL DE AUTOPROTEÇÃO PARA
e saúde dos trabalhadores, como materiais diver- PRODUTOS PERIGOSOS
sos que ao serem manipulados e cortados gerem
poeiras ou voláteis passíveis de serem inspirados O Manual de Autoproteção para o Manuseio
ou substâncias absorvidas pela pele. e Transporte de Produtos Perigosos e Contro-
A FISPQ possui 16 seções obrigatórias, nas lados (Manual PP14) é o mais completo manual
quais são encontradas informações importantes em circulação no Brasil com a relação de normas
para o Corpo de Bombeiro Militar, órgão de res- técnicas, legislações, portarias e orientações re-
posta a incidentes envolvendo produtos perigo- ferente à atividade de produtos perigosos. Torna
sos, dos quais destaca-se: a atividade do profissional que atua neste setor
• limite de exposição (para efeitos toxicológicos); de transporte e manuseio de produtos perigo-
• como descartar resíduos do produto; sos ainda mais segura. Ele unifica os pilares que
• identificação dos perigos; regem a atividade, centralizando as informações
• como minimizar os riscos; em um único lugar, como decretos, leis, resolu-
• quais Equipamentos de Proteção Individual ções, portarias e normas técnicas.
(EPI) devem ser utilizados; O manual tem utilidade no que tange a ope-
• se o produto é classificado como perigoso rações de fiscalização do transporte rodoviário de
para o transporte; produtos perigosos. A seguir observe a relação da
• recomendações de emergência em caso in- gama de informações contempladas pelo manual:
cêndio, ingestão, derramamento ou vazamento. • Legislação de transporte de Produtos Pe-
rigosos
• Legislação de trânsito
• Legislação de transporte rodoviário
• Legislação de transporte ferroviário
• Legislação ambiental
• Produtos controlados pela Polícia Federal
• Produtos controlados pelo Exército (R-105)
• Legislação municipal
• Legislação do INMETRO
• Principais normas da ABNT
• Documento de porte obrigatório
• Itens importantes do transporte de produ-
tos perigosos
AVALIAÇÃO DA LIÇÃO
1. Ao chegar na ocorrência envolvendo produtos
perigosos, nos deparamos com o produto “Nitrato 3. Você não tem informações para identificar o
de Amônio”. Responda: qual é o número da ONU? produto perigoso, qual a Guia de emergências
Qual foi a seção do manual da ABIQUIM que você você deve utilizar?
utilizou? Qual é a guia de emergência indicada?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esses equipamentos constituem-se em uma bar- Proteção Químicas apresentam, também, alguns
reira entre o corpo e o agente perigoso, e objetivam requisitos de desempenho e resistência química. Atenção
prevenir qualquer contato, assim como a inalação do É importante lembrar que ne-
produto perigoso ou a sua ingestão, se for o caso. QUANTO AO MATERIAL nhum material oferece proteção
Referente ao Equipamento de Proteção Respi- para todas as substâncias. De-
ratória (EPR) autônomo, seu principal objetivo, é Existem no mercado, diversos materiais de ve-se selecionar a roupa de pro-
a proteção das vias aéreas, no entanto a másca- confecção para a fabricação de roupas de prote- teção segundo o contaminante
ra facial além de proteger as vias respiratórias e ção contra produtos químicos. São classificadas existente na cena de emergên-
o aparelho gastrintestinal, protegem também os de acordo com o material utilizado para a confec- cia. O nível de proteção deve
olhos do contato com as substâncias perigosas. ção. Conforme Haddad (2002), os materiais po- ser selecionado segundo o co-
Nesses casos não há necessidade de utilização dem ser agrupados em duas categorias: elastô- nhecimento que possuímos da
de óculos, pois a própria máscara faz esta função. meros e não elastômeros. ameaça e da vulnerabilidade. A
Proteção aos pés e mãos é fornecida pelas botas a) Elastômeros: são materiais poliméricos ameaça está representada pelo
e luvas resistentes a produtos químicos e a prote- (como plásticos), que após serem esticados, tipo, toxicidade e concentração
ção à cabeça é fornecida por capacetes rígidos. retornam praticamente à forma original. A do produto perigoso na cena da
Contudo, o grande diferencial nos Equipa- maioria dos materiais de proteção pertence a emergência. A vulnerabilidade
mentos de Proteção Individual para atendimento esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila está representada pelo potencial
a emergências com produtos perigosos são as (PVC), Neoprene, polietileno, borracha nitríli- de exposição ao agente perigoso
Roupas de Proteção Química (RPQ). ca, álcool polivinílico (PVA), viton, teflon, bor- presente no ar, respingos ou der-
racha butílica e outros. rames, ou ainda, pelo contato di-
ROUPAS DE PROTEÇÃO QUÍMICA (RPQ) b) Não elastômeros: são materiais que não reto com o produto perigoso.
apresentam a característica da elasticidade,
As Roupas de Proteção Química têm como fina- tais como os polietileno de alta densidade
lidade proteger o corpo do operador de produtos (fibras de polietileno não entrelaçadas) e
dos quais podem provocar danos à pele ou mes- materiais sintéticos.
mo ser absorvido pela mesma e afetar outros ór-
gãos. Elas são classificadas quanto ao material de
confecção, quanto ao estilo, quanto ao uso e quan-
to ao nível de proteção (SILVA, 2012). As Roupas de
Capacete interno
à roupa
Aparelho autônomo
de respiração com
pressão positiva ou
linha de ar mandado
Roupa de
encapsulamento
Fonte: CBMSC completo
Luvas resistentes a
produtos químicos
Recomenda-se a utilização do Nível A de pro- Rádio Comunicação
teção sempre que (HADDAD, 2018):
Botas resistentes a
• a substância química não for identificada; produtos químicos
com resistência química. Agrega à roupa ainda o utilizar máscaras com filtro químico para aque-
equipamento autônomo de pressão positiva, ca- la concentração e pelo tempo necessário para
pacete e rádio de comunicação intrinsecamente a atividade a ser exercida;
seguro (CBMSC, 2015). 2. concentração de oxigênio no ambiente for
inferior a 19,5% em volume;
Figura 3 - Roupa de proteção nível B 3. for pouco provável a formação de gases ou
vapores em altas concentrações de forma que
possam ser danosas à pele.
Luvas resistentes a
produtos químicos
Botas resistentes a
produtos químicos
Rádio de
comunicação
Fonte: CBMSC Roupa de proteção Aparelho autônomo
contra respingos de respiração com
químicos confeccionada pressão positiva
em 1 ou 2 peças
Recomenda-se a utilização do Nível B de pro-
teção sempre que (HADDAD, 2018):
1. o produto envolvido e sua concentração fo- Fonte: CBMSC
rem identificados e requererem um alto grau
de proteção respiratória sem, no entanto, exi-
gir esse nível de proteção para a pele; por
exemplo, atmosferas contendo concentração
de produto ao nível do IDLH sem oferecer ris-
cos à pele ou ainda quando não for possível
Fonte: CBMSC
Figura 6 - Equipamentos de uso com a roupa de Figura 7 - Fardamento para atendimento em nível D
proteção nível C
Capacete de
proteção
Luvas resistentes a
produtos químicos
Botas resistentes a
produtos químicos
Permeação
RECAPITULANDO
Escolher o Equipamento de Proteção Indivi-
dual é muito importante e depende de algumas
variáveis, sendo o produto perigoso envolvido e
o ambiente de trabalho as mais importantes.
Compõem o EPI para atendimento de emergên-
cia com produtos perigosos os seguintes equipa-
mentos: luvas, roupas de proteção química, botas,
óculos e equipamento de proteção respiratória.
Temos quatro níveis de proteção: A, B, C e D,
sendo que o A é o mais completo e que oferece
a maior proteção e o D o fardamento diário do
bombeiro, sendo assim com menor proteção.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A área onde ocorreu um acidente com produ- A zona quente é considerada a parte central
tos perigosos deve ser rigorosamente controlada. do acidente, local onde os contaminantes estão
Um método para prevenir ou reduzir a propagação ou poderão surgir. Também chamada de zona de
dos contaminantes é limitando a cena em zonas exclusão, é delimitada pela linha quente, ou seja,
de trabalho. Um sistema composto por três zonas, corresponde à área onde ocorreu a emergência.
pontos de acesso, de fuga e procedimentos de Nesta área, serão realizadas operações de con-
descontaminação, poderá fornecer uma seguran- trole de emergência, e somente bombeiros capa-
ça razoável contra o deslocamento de agentes pe- citados poderão atuar, usandoa roupa de prote-
rigosos para fora do local contaminado (CETESB, ção contra produtos perigosos, correspondente
1991). As zonas de trabalho devem ser delimitadas à emergência, sob orientações repassadas pelo
no local com fitas coloridas e, se possível, mapea- Comandante das Operação ou Chefe de Opera-
das. A dimensão das zonas e os pontos de contro- ções e de Segurança (BRASIL, 2009).
le de acesso devem ser do conhecimento de todos Por estar próxima da fonte de contaminantes,
os envolvidos na operação (Figura 1). esta zona é a mais perigosa, do ponto de vista da
O tamanho e dimensões das referidas zonas concentração do produto perigoso e seus possí-
de trabalho dependerá do produto envolvido e veis efeitos colaterais.
uma série de outros fatores relacionados, como,
por exemplo, o ambiente (relevo) no qual a emer- Para definir a zona quente deve-se considerar
gência está se desenvolvendo (CBMG, 2017). a distância inicial recomendada pelo manual para
O CBMSC utiliza um padrão único para a divi- atendimento a emergências da ABIQUIM para o
são das zonas de trabalho na corporação. Desta produto específico. Essa distância deve ser isola-
forma, fica estabelecido de forma padronizada, da em todas as direções (raio), desde a fonte do
em todas as áreas de atuação do CBMSC, a divi- derramamento ocorrido, devendo ser claramente
são das zonas de trabalho em zona quente, zona identificada . Ela é definida como um círculo den-
morna e zona fria. tro do qual há o risco de exposição ao produto
perigoso. Essa área deve ser considerada de ex-
tremo perigo para a saúde das pessoas. A equipe Segundo Teixeira Júnior (2010) a zona morna
de atendimento deve considerar prioritária a eva- deverá ser larga o suficiente para permitir a insta- Atenção
cuação dessa área (ABIQUIM, 2015). lação, de forma confortável, de todas as estações Corredor de descontaminação:
de descontaminação, sendo seu início montado a Zona Morna deverá ser larga
Entretanto, como regra geral, a partir do ponto a partir da linha que limita a zona quente com a o suficiente apenas para abarcar
de impacto, o seu raio deve ter um comprimento zona morna e seu término será na linha que limita o corredor de descontaminação,
de forma a constituir uma barreira para proteger os a zona morna com a zona fria. Frisamos que ela sendo seu início montado a par-
membros da equipe que pode ser modificado de deve ser montada de dentro pra fora, ou seja, da tir da linha quente.
acordo com variáveis presente; tais como: tipo de zona quente para zona fria.
material, quantidade, condições topográficas, am- Paralelo ao corredor de descontaminação, qua-
bientais, climáticas, dentre outras (CBMRJ, 2004). se que lateralmente, fica posicionado o “corredor
de acesso” à zona quente. Através dele é que os
ZONA MORNA bombeiros, devidamente autorizados pelo coman-
dante da operação, irão acessar à zona quente para
A zona morna é uma área de transição entre a realizar as funções previamente determinadas.
área contaminada (zona quente) e a área livre de Nele, ficam presentes também os equipamentos
contaminação (zona fria). Também chamada de que serão utilizados na zona quente. Ao deslocar
zona de redução de contaminação é delimitada pelo corredor de acesso em direção a zona quen-
pelo chamado “corredor de descontaminação”. te, o bombeiro seleciona e leva consigo os mate-
Toda saída da zona quente, seja de pessoas ou riais e equipamentos necessários para realizar a
de materiais, deverá ser realizada por esse cor- função na zona quente (CBMG, 2017).
redor (CBMSC, 2015). Em síntese, a zona morna é uma área que servi-
O corredor de descontaminação consiste rá de acesso (corredor de acesso) aos bombeiros
basicamente em um corredor de saída para os que estão em trânsito para a zona quente e, tam-
operadores que estão atuando na zona quente. bém, para aqueles que estão saindo dela. Neste
Possui várias estações para descontaminar os caso, os bombeiros devem sair pelo corredor de
operadores e remover equipamentos que esses descontaminação realizando uma espécie de ci-
utilizaram na emergência. clo, entram pelo corredor de acesso e saem pelo
Área de
suporte/logística
Operações
defensivas
Área de reabilitação
Posto de
Direção do vento comando Corredor
de acesso
Corredor de
desconta mina ção
Zona quente
4
Posto médico
Fonte: CBMSC
Descontaminação Seca
Materiais Etiológicos X X X
Contaminantes desconhecidos X X X
Fonte: ADAPTADO DE SUATRANS (2012)
1
vas para fechamento das embalagens, rótu-
ZONA QUENTE los para identificação dos materiais e lona
4 3 Direção
número da estação).
do
5
vento
6
equipe de intervenção
equipamentos e
materiais de apoio.
ZONA FRIA
7
Posto médico
Figura 4 -CBMSC
• Posto médico: local onde será feita, quan- acidente com produtos perigosos cuja capacida-
do for necessário, a vigilância médica da equi- de de respostas do bombeiro foi superada.
pe de intervenção.
Remoção do Vestuário
Descontaminação em Massa
Despir é, geralmente, mais efetivo do que rea-
A descontaminação em massa é um procedi- lizar a descontaminação com água. Além disso,
mento para descontaminação desenvolvido pela combinar remoção de roupas com a ducha de
U.S. Army edgewood chemical biological center água reduz a absorção de contaminantes pela
(ECBC) que estabelece procedimentos operacio- pele, mas esse efeito é perdido à medida que o
nais que devem ser aplicados pelos corpos de tempo passa. É a opinião de cientistas, doutores e
bombeiros dos EUA. socorristas que a retirada de roupas pode remover
O ECBC traduzido é o Centro Biológico Quí- até 80% da contaminação das vítimas. Quando a
mico Edgewood do Exército dos Estados Unidos maioria da pele da vítima está coberta por roupas,
da América (EUA) ele é o principal recurso de como calças e camisas, há uma grande probabi-
pesquisa e desenvolvimento dos Estados Unidos lidade de remoção significativa da contaminação.
em defesa química e biológica não médica. As vítimas devem ser orientadas a tirar as rou-
Aplica-se os procedimentos da ECBC para aque- pas cuidadosamente, fechando a boca para evitar
les acidentes em que a capacidade de resposta de ingestão ou inalação, colocando as mãos e braços
suas guarnições seja insuficiente (SOUZA, 2016). dentro do vestuário e usando as mãos para puxar
Devido aos frequentes atentados terroris- a abertura da cabeça para o mais longe possível
tas ocorridos nos EUA, a maior preocupação da do rosto e cabeça. Essas precauções vão reduzir
ECBC está relacionada com incidentes envolven- as chances de expor cabeça, rosto e olhos à con-
do armas de destruição em massa, onde a capa- taminação via inalação ou ingestão. Sempre que
cidade das equipes de resposta não é suficiente possível, as vítimas devem desabotoar ou cortar
para atender as muitas vítimas de um possível as roupas em vez de levantá-las sobre a cabeça.
atentado terrorista. Guardadas as proporções, é Isso vai reduzir as chances de expor cabeça, rosto
possível comparar um atentado terrorista a um e olhos à contaminação (LAKE, 2013).
Fonte: CBMSC
Chuveiro de descontaminação
Após a remoção do vestuário, o próximo pas-
so é aplicar um grande volume de água a baixa
pressão (60 psi). A lavagem completa aumenta Fonte: LAKE (2013)
a eficácia da descontaminação, dependendo do
tipo de contaminante, meio ambiente, número de
Terminada a ducha, o socorrista deve reava- principalmente, como mencionado acima, pela
liar as vítimas para verificar se todo o contami- necessidade de orientação de um químico co-
nante foi removido. Segundo Lake (2013), em- nhecedor do produto contaminante. Além disso,
piricamente, este procedimento será suficiente sua montagem, instalação e operação deman-
em 90% dos casos. darm tempo, o que pode ser crucial para a vida
de uma vítima. Para montagem do corredor de
CONSIDERAÇÕES SOBRE DESCONTAMINAÇÃO descontaminação necessita-se também da aqui-
sição de equipamentos para seu efetivo funcio-
Uma das situações em que produtos perigo- namento e, em virtude da baixa recorrência deste
sos oferecem risco é quando estão envolvidos tipo de ocorrência em determinadas regiões, a
em incidentes, ocasionando vazamentos, incên- aquisição poderá ser inviável do ponto de vista
dios, explosões etc. Nessas ocasiões, as equipes financeiro. Além disso, há também a necessidade
de resposta deverão descontaminar vítimas, so- de um bom número de bombeiros apenas para
corristas, equipamentos e materiais que se en- o funcionamento do corredor, o que pode, por si
contravam nas proximidades do acidente. só, inviabilizar o uso desses corredores, uma vez
A descontaminação deve ser aplicada durante que não se disponha dessa quantidade de bom-
a ocorrência se, além de pessoal capacitado para beiros militares na cena.
tal, houver tempo suficiente e as circunstâncias No entanto, este procedimento pode ser apli-
permitirem, reforçando que nenhuma solução cado nas cidades em que possua quartéis com mi-
química deve ser aplicada sobre as vítimas, com litares em número suficiente e devidamente trei-
exceção da solução de água e sabão, dependen- nados para esta atribuição, podendo ainda este
do do agente contaminante. quartel atender uma determinada região, conside-
A descontaminação química deverá sempre rando que estas ocorrências não são corriqueiras.
ser realizada sob a orientação de um químico ou Os procedimentos de descontaminação em
afim, profissional que o CBMSC pode não dispor massa, empregados por corpos de bombei-
em algumas ocorrências. ros dos EUA, podem ser aplicados pelo CBMSC
O corredor de descontaminação pode ser quando o número de vítimas contaminadas no
um procedimento difícil para ser implementado, acidente exceder a capacidade de atendimen-
RECAPITULANDO
As zonas de trabalho em uma ocorrência com
produtos perigosos são divididas em três: zona
quente (onde fica localizado o contaminante ou
de onde eles poderão surgir), zona morna (cor-
redor de redução da descontaminação) e zona
fria (local seguro).
Abordamos também que o processo de des-
contaminação é um processo que consiste na
retirada mecânica de substâncias impregnadas
no EPI ou ainda, na troca de sua natureza quí-
mica perigosa (através de reação química) para
outra de propriedade inócua.
Podemos utilizar várias formas de descon-
taminação, sejam elas descontaminação seca,
descontaminação úmida, descontaminação por
estação de trabalho e descontaminação em
massa, esta última aplicada para aqueles aci-
dentes em que a capacidade de resposta de
suas guarnições seja insuficiente.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
das, grande quantidade de produto vazado atin- tem baseado nas informações coletadas com o
gindo rios, mananciais ou até mesmo edificações solicitante.
vizinhas por exemplo, pode-se de antemão soli- No desenrolar da ocorrência e com a contínua
citar o apoio do órgão de trânsito local, Polícias, comunicação entre a equipe de primeira respos-
Defesa Civil, órgão ambiental etc. ta e a central de emergências, faz-se necessário
muitas vezes o emprego de recursos adicionais.
CONTATO CONTÍNUO COM EQUIPE DE RESPOSTA Em outras palavras, no dimensionamento da cena
de emergência verifica-se a necessidade de ou-
No momento do acionamento das equipes de tros recursos que não foram inicialmente empre-
resposta, o operador da central de emergência gados, de forma a atender a demanda encontra-
deve conhecer as precauções iniciais na cena da da no local da emergência.
emergência. Por isso a necessidade de efetuar
as perguntas corretas e a importância que a cen- AVALIAÇÃO
tral de operações possua também um Manual da
ABIQUIM, pois durante o deslocamento das equi- A fase da Avaliação consiste na identificação
pes de resposta, o operador da central de emer- dos riscos e o correto dimensionamento da cena,
gências pode dar instruções das primeiras ações de forma que possam ser definidas as medidas a
a serem tomadas no local da ocorrência, bem serem adotadas para o controle da situação.
como pesquisar condições meteorológicas para Esta fase do atendimento emergencial con-
que informe às guarnições a direção do vento, siste na identificação dos riscos e o correto di-
área de isolamento e local adequado para acesso mensionamento da cena, de forma que possam
sem comprometer a segurança dos profissionais ser definidas as medidas a serem adotadas para
de primeira resposta. o controle da situação.
É necessário que esta etapa seja desenvolvi-
ACIONAMENTO DE ÓRGÃOS DE APOIO da por pessoal devidamente capacitado, uma
vez que erros de avaliação podem vir a agravar
O emprego dos recursos iniciais de resposta à a situação, acarretando o comprometimento da
emergência consiste na análise de um panorama segurança da equipe de resposta e possíveis ví-
inicial que o operador da central de emergência timas. O bem maior, que deve ser resguardado,
é a vida humana. Entretanto caso não existam c) Que recursos devem ser acionados: com
potenciais vítimas, a operação deve ser realizada esta análise, completa-se uma primeira eta-
visando minimizar o impacto ambiental e, poste- pa, fundamental, antes que se inicie o manu-
riormente salvaguardar bens materiais. seio das vítimas.
De acordo com os resultados da avaliação, o
planejamento das ações será desenvolvido. O A primeira equipe a chegar no local deve rea-
desencadeiamento destas ações deve considerar lizar as primeiras avaliações e oferecer informa-
todos os aspectos relevantes, como: segurança ções para que todo o sistema possa se envolver
das pessoas, isolamento da área, segurança de com todos seus recursos. Assim ela realizará as
instalações, do patrimônio público e privado e ações seguintes:
impactos ambientais, entre outros. • avalia a cena (nas 3 etapas referidas na ava-
Só profissionais qualificados, antes de entrarem liação da cena);
no local onde ocorreu um acidente, saberão avaliar • constata a existência de produtos perigosos;
os perigos e tomar as providências para eliminá-lo. • reposiciona viatura e equipe, se necessário
De uma forma sistemática, o comandante da (atenção à direção do vento);
operação deve avaliar a cena segundo três eta- • identifica o produto se possível ou seu número;
pas distintas, bem definidas e realizadas nesta • avalia a quantidade e tipo de vítimas;
exata sequência: • informa a central;
a) Qual é a situação: onde se busca identificar • isola a área e, se possível, estabelece zonas
com precisão o que está ocorrendo e quais os de trabalho e pontos de controle para regular
detalhes que a cena oferece. Um socorrista o acesso a cada uma das zonas;
com pouca experiência poderá centrar sua • verifica se é seguro abordar as vítimas;
ação nas vítimas, não avaliando adequada- • aciona recursos adicionais, se necessário (em-
mente o ambiente como um todo. presa responsável, órgão ambiental, polícia etc.).
b) Para onde a situação pode evoluir: onde
se busca prever as possibilidades de evolução CONTROLE
da situação. Uma análise inadequada no item
anterior (qual a situação), fatalmente induzirá a A fase do controle da emergência é representa-
um erro neste momento. da pelo desenvolvimento das ações táticas e ope-
rativas que objetivam o controle da ocorrência. volvida, os quais, após discussão e planejamento
O principal aspecto a ser considerado du- das ações, deverão comandar suas respectivas
rante o atendimento de um acidente que envol- equipes (comando unificado) ou então estabele-
va produtos perigosos diz respeito à segurança cer um comando único.
das pessoas envolvidas. Os primeiros na cena de
emergência deverão respeitar regras básicas de PRIMEIRA RESPOSTA
forma que assegurem o sucesso da operação.
Após efetuada a avaliação, deverão ser ana- As ações a serem desenvolvidas nesta etapa
lisados todos os aspectos envolvidos, tais como têm por finalidade controlar a situação emergen-
topografia da região, áreas atingidas pelo vaza- cial. Embora os trabalhos possam variar caso a caso,
mento, condições meteorológicas e acessos para os mesmos deverão contemplar medidas para:
equipamentos, entre outros. Poderá então ser • evacuação de pessoas;
definida a estratégia de ação para o desenvolvi- • isolamento da área;
mento dos trabalhos e dimensionamento dos re- • socorro às vítimas;
cursos, humanos e materiais, necessários. • estanqueidade do vazamento;
Um aspecto importante a ser ressaltado é que • contenção ou confinamento do produto;
nas situações de emergência que envolvem pro- • abatimento de vapores;
dutos perigosos, os trabalhos devem ser sempre • neutralização e/ ou remoção do produto;
desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar, • monitoramento ambiental;
contemplando todos os aspectos envolvidos • prevenção e combate a incêndios.
como segurança individual e coletiva, meio am-
biente, resgate de intoxicados e feridos etc. SOCORRO ÀS VÍTIMAS
É de fundamental importância a integração
entre as equipes de diferentes campos de atua- A segurança da vida é sempre a maior priori-
ção, de modo a serem evitadas controvérsias du- dade do Comandante da Emergência. Uma das
rante a realização dos trabalhos. primeiras preocupações depois de avaliar a ex-
Para tanto, é necessário o estabelecimento de tensão do acidente é a busca e resgate de víti-
um “Posto de Comando”, que deverá ser coorde- mas. No entanto, o comandante deve assegurar
nado por um representante de cada entidade en- a vida de todos os envolvidos, tanto a das vítimas
dentro da Zona Quente, em risco imediato, quan- b) retirar as vítimas da área de risco ou aguar-
to a das pessoas que serão atingidas num futuro dar sua retirada pelas equipes de resgate;
próximo, em risco iminente, devendo analisar a c) atender as vítimas conforme protocolo,
emergência de forma sistêmica, concentrando os devendo:
recursos e meios em todas as frentes de trabalho. • oferecer suporte pré hospitalar e, confor-
Muitas vezes o tempo torna-se importante me o caso, descontaminá-las;
para o êxito no salvamento das vítimas, porém • monitorar vias aéreas, respiração e cir-
deve-se manter a cautela para não expor de for- culação;
ma desnecessária a equipe de intervenção. O • cuidar das queimaduras, inalação ou in-
comandante deve planejar as estratégias com gestão;
equilíbrio evitando ações precipitadas, pensan- • rezalizar curativos e imobilização dos fe-
do sempre na minimização dos danos, evitando rimentos e lesões, se necessário.
exposição de pessoas que não foram atingidas
a riscos evitáveis e desnecessários, pois se con- Figura 2 - Transporte de vítima contaminada
siderarmos que o acidente apresenta vítimas, as
ações de emergência devem estar voltadas para
o seu controle, de tal modo que este número não
aumente e a ocorrência não se agrave.
Inicialmente as vítimas devem ser removidas
para um lugar seguro. Os socorristas devem es-
tar preparados contra contaminações. Segurança
deverá ser sempre a primeira regra a ser segui-
da. Técnicas de descontaminação das vítimas e
dos socorristas serão necessárias, bem como ma-
nutenção das vias aéreas, antídotos específicos, Fonte: CBMSC
além dos cuidados de lesões gerais.
Em resumo, os socorristas devem: A qualificação na identificação dos produtos
a) entrar na área com proteção adequada, depois perigosos, nos seus efeitos, nos cuidados e téc-
desta estar liberada pelas equipes de resgate; nicas de socorro, devem nortear o atendimento
pré hospitalar. Assim, as vítimas serão atendidas beiros que estiverem atuando na ocorrência sai-
corretamente e as equipes de socorro poderão bam quais ações serão efetuadas.
atuar de forma segura.
Confinamento
MÉTODOS DE CONTROLE DE DERRAMAMENTOS E
VAZAMENTOS Confinamento é o nome dado aos procedi-
mentos tomados para manter um material em
Durante o atendimento emergencial o co- uma área definida ou limitada, quando o produto
mandante deve decidir se a equipe de resposta tiver saído de seu recipiente e a equipe de res-
irá tomar ações defensivas, ofensivas ou se não posta necessitar controlar o produto. Esses pro-
irá intervir na Zona Quente. cedimentos são baseados em métodos químicos
No modo ativo ou de intervenção direta a equi- e físicos, conforme segue:
pe de resposta irá ao encontro do problema, efe- • Absorção: processo físico de reter ou “reco-
tuando ações de estancamento de um vazamento lher” um material perigoso líquido para prevenir
através de batoques, colocação de vedantes ou o crescimento da área contaminada. À medida
outra maneira de aproximação e invasão da zona que o material é recolhido, o absorvente irá ge-
quente com uma atitude direta em relação ao risco. ralmente dilatar e expandir em tamanho. Depen-
No modo defensivo ou preventivo a equipe dendo do absorvente, pode ser usado tanto em
de resposta adota ações para não aumentar o vazamento de líquidos na água quanto no solo.
dano à comunidade e ao meio ambiente. Um • Adsorção: processo no qual um produto
exemplo de modo defensivo é o desvio e dre- perigoso líquido interage com uma super-
nagem de produtos perigosos. fície sólida, aderindo à superfície sem ser
No modo de não-intervenção a equipe de res- absorvido, como com os absorventes. O
posta isola a área e aguarda até que o acidente processo de adsorção é acompanhado pelo
tenha terminado e o risco de intervenção tenha aquecimento do adsorvente, enquanto que
sido reduzido a um nível aceitável. o de absorção não. Assim, a ignição espontâ-
As estratégias e táticas adotadas durante a nea pode ser uma possibilidade com alguns
emergência devem ser de conhecimento de toda produtos químicos líquidos.
a equipe de intervenção, de forma que os bom-
• Cobertura: método físico utilizado como substância solúvel em água é diluída pela adi-
uma medida temporária até que as táticas de ção de grandes volumes de água. Geralmente
controle mais efetivas sejam implementadas. A a substância perigosa envolvida é um “corro-
cobertura pode ser feita de várias formas, po- sivo”. Há quatro critérios importantes que de-
dendo ser utilizada uma cobertura de plástico vem ser considerados antes da tentativa de
ou lona sobre um derramamento de poeira ou diluição, que terão de ser observados com an-
pó, ou ainda podendo ser colocada uma cober- tecedência, são eles:
tura ou uma barreira sobre uma fonte radioa- a) a substância não reage com a água;
tiva, normalmente alfa ou beta, para reduzir a b) não será gerado um gás tóxico pelo conta-
quantidade de radiação emitida, ou finalmente to com a água;
pode-se cobrir um metal inflamável ou pirofóri- c) não formará nenhum tipo de sólido ou
co com o pó químico seco apropriado. precipitado;
• Represamento: método físico de confina- d) é totalmente solúvel em água.
mento, pelo qual barragens são construídas
para prevenir ou reduzir a quantidade de líqui- • Desvio: método físico de confinamento no
do que escoa para o meio ambiente. O repre- qual barragens são construídas no chão ou po-
samento consiste em construir uma barragem sicionadas em um curso de água para contro-
sobre o curso de água para parar/controlar o lar intencionalmente o movimento do material
fluxo do produto e recolher os contaminantes perigoso até uma área na qual apresentará me-
sólidos ou líquidos. Há dois tipos de represas: nos risco à comunidade e ao meio ambiente.
transbordamento e escoamento. • Dispersão: método químico de confinamen-
• Dique: método físico de confinamento no to no qual certos agentes químicos e biológicos
qual barreiras são construídas no chão usa- são usados para espalhar ou dissolver o pro-
das para controlar o movimento de líquidos, duto envolvido em derramamentos líquidos na
sedimentos sólidos e outros materiais. Diques água. O uso de dispersivos pode resultar na dis-
previnem e impedem a passagem do material seminação do material sobre uma área maior.
perigoso para uma área onde ele poderá cau- • Retenção: método físico de confinamento
sar um dano maior. no qual um líquido é temporariamente retido
• Diluição: método químico pelo qual uma em uma área onde poderá ser absorvido, neu-
cena de emergência ou até mesmo quantificá-los tectar uma grande quantidade de produtos
dependendo do equipamento utilizado. químicos e suas respectivas concentrações
Na determinação de gases ou vapores utili- sem, entretanto, identificar qual substância
zam-se os analisadores fixos e os portáteis de lei- química está presente no local.
tura direta. O uso de analisadores fixos é restrito • Monitores químicos específicos: aparelhos
ao interior de instalações industriais onde o moni- de grande precisão, são usados principalmente
toramento contínuo se faz necessário. para detectar monóxido de carbono e gás sulfí-
Já a utilização dos analisadores portáteis de drico, mas também estão disponíveis monitores
leitura direta surgiu com a necessidade de reali- para cianeto de hidrogênio, amônia e cloro.
zação de análises rápidas obtidas no campo por • Medidores de pH: os pHmetros são utili-
ocasião de acidentes ambientais. zados para medir a acidez ou alcalinidade de
Os equipamentos de monitoramento con- uma solução. O pH pode ser determinado co-
sistem em: lorimetricamente ou eletrometricamente.
• Anemômetro e biruta: equipamentos uti- • Cromatógrafos a gás: consiste em um equi-
lizados para verificar direção e velocidade do pamento quali-quantitativo de gases.
vento.
• Tubo detector colorimétrico: é composto FINALIZAÇÃO
de uma bomba de fole e um tubo indicador
colorimétrico (tubo reagente). É utilizado para Na fase da finalização são realizadas as ações
detectar um tipo de gás específico sem, entre- de rescaldo de áreas incendiadas, a descontami-
tanto, quantificá-lo. nação de EPIs e instrumentos de medição, trata-
• Indicador de oxigênio: também conhecido mento e disposição de resíduos, elaboração de
por oxímetro, é utilizado para medir a concen- relatórios, e demais atividades que permitam que
tração de oxigênio na atmosfera local. a cena permaneça segura.
• Indicador de gás combustível: também A desmobilização de todos os recursos exige
conhecido por explosímetro, é um aparelho grande atenção, de modo que a descontaminação
especialmente fabricado para medir as con- e disposição de materiais e equipamentos seja
centrações de gases e vapores inflamáveis. efetuada corretamente para que não aconteçam
• Fotoionizador: possui capacidade de de- acidentes posteriores. Por mais que no decorrer
de uma emergência com produtos perigosos a ções de carga, descontaminação de rios e outras
equipe tenha logrado êxito, caso seja deixado de que poderão surgir, ficarão sob responsabilidade
cumprir as medidas mínimas de segurança duran- da empresa que transporta/armazena o produto
te a descontaminação e disposição dos materiais e com acompanhamento dos respectivos órgãos
equipamentos utilizados na mesma, pode-se com- públicos que detêm atribuições de gerenciar
prometer a operação integralmente. esse processo (Defesa Civil, órgão ambiental, Po-
Assim, com todos os equipamentos e mate- lícias Rodoviárias etc).
riais devidamente manutenidos e os recursos Embora as guarnições de socorro do CBMSC,
preparados para um novo atendimento, é efetua- em muitos quarteis sejam reduzidas para o atendi-
da uma avaliação da operação, visando analisar mento de ocorrências que envolvam produtos pe-
eventuais falhas e aperfeiçoar o sistema de aten- rigosos que necessitem de uma equipe de inter-
dimento. Dessa forma, o ciclo de atendimento se venção, a equipe mínima deve conter pelo menos
completa e a fase de prontidão inicia-se com re- cinco (05) integrantes, sendo dois bombeiros para
torno ao quartel, com treinamentos, preparação a execução das ações táticas (equipe de resposta),
e reposição do material para uma potencial nova dois para bombeiros o processo de descontamina-
ocorrência com produtos perigosos. ção (equipe de descontaminação) e o comandan-
te, que desempenhará as funções de Comandante
EQUIPE DE INTERVENÇÃO da Emergência, supervisão das ações de descon-
taminação e segurança da equipe.
Antes de uma abordagem sobre a formação As funções acima relacionadas podem ser
da equipe de intervenção do CBMSC, cabe des- alteradas de acordo com as características da
tacar que o Corpo de Bombeiros Militar de San- Organização Bombeiro Militar e em função da
ta Catarina atua na emergência com objetivo de composição do número de viaturas e bombeiros
resgatar possíveis vítimas, além de realizar inter- enviados ao local.
venções com foco a deixar a cena segura, con- Torna-se importante que cada bombeiro co-
trolando possíveis vazamentos, princípios de in- nheça sua função, devendo haver treinamentos
cêndio, isolando locais de risco, dentre outros. periódicos para garantir um atendimento eficaz,
Atribuições como baldeação de carga, remoção proporcionando um nível de segurança adequa-
de solo, realização de diques, grandes conten- do a toda equipe de intervenção.
Dessa forma, cada integrante possuirá as se- 6. Avaliar a quantidade, tipo e estado de
guintes funções: vítimas;
7. Verificar a existência de vazamento ou der-
COMANDANTE ramamento do produto e a necessidade de
contenção ou confinamento;
São funções do comandante: 8. Verificação de riscos (fontes de ignição,
1. Efetuar corretamente a coleta de informa- tráfego intenso de veículos, rios, mananciais,
ções na fase de acionamento; lagos, rede elétrica, residências, colégios,
2. Durante a fase da avaliação inicial da cena, hospitais etc.)
deverá avisar a central de operações que che- 9. Isolar a área, utilizando de maneira correta as
gou ao local da ocorrência, confirmar a natu- informações contidas no manual da ABIQUIM;
reza da mesma, assim como assumir o coman- Tal isolamento será feito com a utilização de fita
do da operação; zebrada, por exemplo, pela equipe de resposta,
3. Até que se conheça o produto envolvido de- após determinação do Comandante. Acessar a
verá permanecer a uma distância de 100 me- FISPQ do produto perigoso, se necessário;
tros do local onde estão ou que possam surgir 10. Estabelecer zonas de trabalho e pontos
os contaminantes, assim como deverá reposi- de controle para regular o acesso. Determi-
cionar viatura e equipe se necessário (atenção nar que a equipe de descontaminação reali-
à direção do vento); ze a montagem do corredor de descontami-
4. Solicitar a instalação do equipamento de nação, delimitando, também, o corredor de
monitoramento do vento (biruta) e verificar acesso para a equipe;
sua direção; 11. Determinar área de evacuação, se necessá-
5. Identificar o(s) produto(s) envolvidos na rio, aos órgãos de apoio;
cena. Após identificação do produto, utilizar a 12. Informar a central da necessidade ou não
guia correta do Manual da ABIQUIM, determi- de recursos adicionais;
nando que a equipe de resposta faça o isola- 13. Manter a segurança da equipe de inter-
mento do local na distância indicada no ma- venção;
nual e inicie a colocação da roupa de proteção 14. Definir os pontos de acesso e rota de fuga
química adequada para o caso;
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Como você já viu, as emergências envolvendo Com base em Silva Neto (2016), o CBMSC,
produtos perigosos, normalmente, são complexas atua com uma resposta a acidentes com produtos
e requerem do profissional que prestará o atendi- perigosos realizado em 4 níveis de atendimento:
mento um alto grau de conhecimento técnico, uma Operacional, indicado para os bombeiros milita-
boa capacitação e certa habilidade para atuarem res que prestam de fato o primeiro atendimento à
de forma eficiente com objetivo de proporcionar emergência com PP, especificamente; Gerencial,
segurança aos envolvidos no incidente. para sargentos e oficiais bombeiros militares for-
Como forma de organizar os atendimentos mados através do Curso de Formação de Sargen-
a maioria dos corpos de bombeiros militar, uti- tos (CFS) e Curso de Formação de Oficiais (CFO),
lizam uma divisão para prestação desse serviço respectivamente; Especialista, inicialmente com-
em níveis de atendimento. Essa divisão tem o posta pelos membros da coordenadoria de pro-
objetivo de estruturar e definir as atribuições dutos perigosos; e o Comando de incidentes,
de cada nível em acordo com a função a ser para aqueles bombeiros militares que assumem
exercida no atendimento, através de capacita- o comandamento das ocorrências de grandes
ções técnica para cada nível específico. proporções dentro da instituição, coordenando o
Segundo Silva Neto (2016), a maioria dos cor- Sistema de Comando de Operações.
pos de bombeiros do Brasil, para atendimento
a emergências com produtos perigosos, no que NÍVEL OPERACIONAL
tange aos níveis de atendimento, se norteiam
com o preconizado pela National Fire Protection O nível operacional é basicamente formado
Association (NFPA) mais especificamente a Nor- por bombeiros militares que trabalham nas suas
ma NFPA 472 de 2002 e outras edições de 2008 e unidades operacionais em escalas de plantão, ou
2013. Esta norma, possui o objetivo de especificar seja, ficam de prontidão para atuarem em qual-
um padrão mínimo de competência para aqueles quer tipo de socorro de urgência, busca ou sal-
profissionais que responderão ao incidente com vamento, sendo eles os primeiros a chegarem na
produto perigoso, melhorando a qualidade do cena da emergência, após o acionamento.
atendimento e consequentemente reduzindo o Os bombeiros militares, primeiros responde-
número de acidentes, lesões e doenças ocorridas dores a incidentes com produtos perigosos, são
durante a resposta à emergência. de fundamental importância para o sucesso da
ocorrência, pois suas ações ou omissões influen- civil. No entanto, os profissionais deste nível so-
ciarão no rumo da emergência. Diante disso, es- mente realizarão o atendimento em ocorrências
tes profissionais são capacitados para iniciar a de menor vulto, pela qual não haveria a necessi-
resposta ao acidente, intervindo, se for o caso, dade da gestão de todo o incidente.
para manter o local seguro até a chegada de Portanto, se a ocorrência tiver um alto grau
equipe especializada, se houver necessidade da de complexidade ou evoluir e não houver uma
presença da mesma. solução para controle total da mesma por parte
O foco da capacitação dos bombeiros que do nível operacional, deverá o bombeiro militar
atuarão neste nível deverá ser na identificação solicitar apoio do próximo nível de atendimento,
de produtos perigosos e utilização, com pro- nível gerencial, repassando todos os dados so-
priedade, do manual de atendimento a emer- bre o incidente e mantendo o local seguro até a
gências com produtos perigosos (manual da chegada desse pessoal. A partir desse momento,
ABIQUIM) seguindo as orientações contidas o bombeiro militar a nível operacional que está
nele. Devem ter foco no isolamento da área de no comando da operação o transfere para mili-
segurança, monitoramento da direção do ven- tar mais antigo do nível gerencial, ficando à dis-
to, posicionamento de viaturas, coleta de infor- posição, acompanhado de toda sua equipe, para
mações, utilização de vestimentas de proteção, auxiliar no que for necessário e determinado por
resgate de vítimas, controle e estabilização do seus superiores, pertencentes ao nível gerencial.
local do incidente, processo de remoção de As equipes de nível operacional também po-
contaminantes (descontaminação), acionamen- derão realizar contenção de vazamentos e con-
to de órgão de apoio e transferência do coman- trole de princípio de incêndio, entretanto, nossos
do da operação, solicitando apoio de equipe bombeiros não realizam notificação de transpor-
especializada para continuidade da operação, tador ou proprietário de carga como acontece
se assim a ocorrência exigir. em outros estados, pois em Santa Catarina esta
O bombeiro militar nível operacional estará atribuição é de responsabilidade do órgão am-
apto a realizar procedimentos para estabilizar, biental, assim como o controle e remoção dos
deixar controlado e seguro o local da ocorrên- produtos após a estabilização da situação.
cia, repassando a ocorrência aos responsáveis, Alguns conhecimentos que os bombeiros mili-
representantes dos órgão ambientais ou defesa tares a nível operacional devem possuir são:
to de comando. Diante das informações repas- to, socorro e resgate de vítimas, contenção de va-
sadas pelo bombeiro do nível operacional que zamentos, assim como, a realização da desconta-
estava na cena inicialmente, referentes a riscos, minação de possíveis vítimas, de materiais e dos
ameaças, vulnerabilidades e ações já tomadas bombeiros que atuam na resposta. Também ficará
até a sua chegada, faz-se uma análise e avaliação responsável por realizar o monitoramento do ar,
de todo cenário, tentando prever possíveis com- por meio de detectores de gás, redefinir as zonas
portamentos dos produtos perigosos e dá conti- de trabalho, se for o caso, assim como avaliar, cons-
nuidade, de modo atualizado, ao planejamento, tantemente, o progresso da resposta ao incidente.
execução e gerenciamento das técnicas e táticas Os bombeiros militares pertencentes ao nível
de intervenção ao incidente. gerencial, sobretudo, possuem função de lide-
O profissional do nível gerencial deve planejar rança no incidente, tomando as atitudes neces-
a resposta para controle da situação e restabe- sárias para controle da emergência e ficando res-
lecimento da normalidade, definindo prioridades ponsável pela segurança de todos os envolvidos
e objetivos, descrevendo as opções de resposta na cena: bombeiros, vítimas, populares, dentre
para cada objetivo a cumprir, determinando qual outros. Diante disso, a partir do momento que a
a roupa de proteção química é ideal para ocasião, ocorrência toma proporções que ultrapassam a
definindo as zonas de trabalho e como será reali- capacidade de resposta para este nível, necessi-
zado o processo de descontaminação. tando de conhecimentos mais técnicos e espe-
Os bombeiros a nível gerencial serão os res- cíficos sobre o produto ou procedimentos com
ponsáveis por toda ocorrência, tendo à disposi- técnicas mais avançadas, deverá o bombeiro do
ção os membros da equipe operacional, além de nível gerencial solicitar apoio do próximo nível
pessoal que pode ser acionado para apoio, for- de atendimento, nível especialista, que envolve
mando uma equipe com mais integrantes para diretamente algum membro, ou mais, da coor-
resposta ao incidente. denadoria de produtos perigosos, tomando as
O comandante da operação, bombeiro nível providências cabíveis para manter a segurança
gerencial, determinará as ações que serão realiza- no local até a chegada da mesma.
das na zona quente, determinando as prioridades, Em suma, o bombeiro militar do nível geren-
tais como, fechamento de válvulas, tamponamen- cial, sargento ou oficial, além de possuir todos
os conhecimentos do nível operacional, deve ter formação acadêmica em áreas afins ao atendi-
capacitação para gerenciamento de uma ocor- mento com produto perigoso, como, por exem-
rência com produtos perigosos. Além de possuir, plo, graduação em química, engenharia quími-
resumidamente, as seguintes atribuições: ca e engenharia ambiental. Estas formações
• recolher informações sobre riscos, ameaças, acadêmicas, por si só, não necessariamente os
vulnerabilidades e respostas já realizadas; capacitam para o atendimento, no entanto, faci-
• analisar o cenário, estimando os danos cau- litam o entendimento de muitos processos que
sados pelo acidente; ocorrem na maioria dos acidentes com produtos
• planejar técnicas e táticas de intervenção, perigosos. Além de que, esses bombeiros tam-
estabelecendo objetivos e prioridades; bém possuem conhecimento a nível operacional
• descrever opções de resposta para cada ob- e gerencial, cumulativamente, adquiridos por
jetivo a cumprir; meio do curso de formação.
• prever possíveis comportamentos dos pro- Boa parte dos integrantes da coordenadoria
dutos perigosos; de produtos perigosos tem capacitação específi-
• determinar a RPQ mais adequada para a ca para atendimento à emergência com produtos
resposta; perigosos, através da realização de cursos fora do
• selecionar os procedimentos de desconta- CBMSC, até mesmo no exterior, em bombeiros
minação adequados; referências em atendimento a ocorrências envol-
• realizar o monitoramento do ar; vendo essas substâncias. Dessa forma, a proposta
• definir áreas de trabalho; é que, inicialmente, a coordenadoria faça as fun-
• avaliar o progresso da resposta; ções do nível especialista, considerando serem
• exercer a função de liderança no incidente. possuidores desse conhecimento técnico/especí-
fico sobre as propriedades químicas que envolve
NÍVEL ESPECIALISTA a maioria dos produtos químicos perigosos.
Abaixo, como exemplificação, segue alguns
O nível especialista deve ser composto por conhecimentos que os bombeiros militares
bombeiros militares integrantes da coordena- a nível especialista devem possuir, sabendo
doria de produtos perigosos do CBMSC, pois descrever os conceitos técnicos e explicar a
estes, possuem conhecimento técnico devido à importância deles na apreciação dos riscos,
evolui, tomando maiores proporções e tornando o que a situação volte à normalidade, a figura de
atendimento complexo devido às características dos um profissional qualificado com conhecimentos
produtos envolvidos ou dimensão dos danos por específicos para auxiliar e contribuir nas diversas
eles causados, ultrapassando a capacidade de res- tarefas realizadas no incidente é de vital impor-
posta dos bombeiros militares a nível operacional e tância. Este processo, dar-se-á por meio do nível
gerencial, este último, aciona os membros da coor- especialista, composta inicialmente pela coorde-
denadoria por serem, em tese, os mais capacitados nadoria de produtos perigosos e futuramente por
tecnicamente para resposta dentro do CBMSC. bombeiros militares capacitados por esta coor-
O membro acionado da coordenadoria não ne- denadoria em seus respectivos centros regionais
cessariamente assumirá o comando da operação, especializados a essas emergências.
suas atribuições são principalmente de apoiar o Segue abaixo a relação, sucinta, das funções
atendimento e auxiliar na tomada de decisão em- propostas para este nível:
basado em seus conhecimentos específicos, no • possuir conhecimento técnico na área de
entanto, ele poderá assumir o comando depen- produtos perigosos;
dendo dos bombeiros já envolvidos na ocorrência, • auxiliar na realização de cursos de capacita-
respeitando a hierarquia dentro da instituição. ção e especialização em atendimento com PP;
O bombeiro militar com nível de especialis- • apoiar, como um todo, o atendimento a
ta, caso assuma o comando da operação, pas- emergências complexas envolvendo produtos
sa a ter como principal responsabilidade a ga- perigosos, ou seja, de maior vulto, auxiliando
rantia da segurança de todos os envolvidos na na tomada de decisão;
cena da emergência. • possuir domínio sobre a utilização de equi-
Por fim, em casos em que a ocorrência extra- pamentos de monitoramento, de proteção in-
pole os limites de espaço e do tempo, ou seja, dividual e roupas de proteção química.
as ações de respostas não se restringem ao local
onde aconteceu o incidente nem do tempo que NÍVEL COMANDO DE INCIDENTE
se levará para controlar a situação, necessitando
de múltiplas equipes do CBMSC, dos diversos ní- Geralmente em eventos críticos envolvendo
veis de atendimento de Emergências com Produ- produtos perigosos muitos bombeiros militares
tos Perigosos (EPP), e de outras instituições para são empenhados, por tempo indeterminado, em
diversas funções no incidente. Diante disso, para nais envolvidos na emergência, estabelecendo
o sucesso de uma ocorrência dessa natureza é ne- prioridades de ação, novos objetivos, se neces-
cessário existir uma logística de materiais, equi- sário, e realizando a correta distribuição e uso
pamentos e alimentação, havendo o uso racional dos recursos disponíveis na ocorrência.
deles, assim como recursos de pessoal, para ga- No final do atendimento, após controlar
rantir o revezamento entre as equipes. toda situação, o comandante do incidente deve
Sendo assim, em ocorrências com produtos pe- transferir o comando, se houver necessidade, às
rigosos envolvendo múltiplas agências, profissio- agências que ficarão responsáveis pelo local até
nais e recursos, deverá haver o comando unificado restabelecimento da normalidade.
por meio de um bombeiro militar que coordenará Com todas as informações em mãos, finali-
toda operação, garantindo a segurança das equi- za-se o relatório da ocorrência, ficando sob res-
pes e uso racional dos recursos disponíveis. ponsabilidade do bombeiro a nível de comando
O bombeiro militar, em nível de comando de de incidente coordenar a reunião final que visará
incidente com produtos perigosos, deve possuir apresentar os resultados e verificar quais pontos
conhecimento sobre sistema de comando de ope- podem melhorar nos próximos atendimentos.
ração, o que no CBMSC é bem difundido, inclusive, De acordo com Silva Neto (2016), o aten-
dispondo de uma diretriz operacional referente ao dimento com produtos perigosos do CBMSC
tema. Este bombeiro militar não necessariamente apresenta-se em quatro níveis nos quais as
tem que entender tudo sobre o produto perigo- funções são exercidas por bombeiros militares
so presente na emergência, porém precisa saber de diferentes postos e graduações.
aplicar corretamente o Sistema de Comando de
Operações para comandar a operação como um Nível de atendimento operacional
todo. Desta forma, se a ocorrência necessitar des- Funções desenvolvidas por Soldados BM e
te nível de atendimento, os procedimentos no in- Cabos BM, que consistem em:
cidente serão remetidos à Diretriz Operacional de • coletar informações preliminares sobre
Sistema de Comando de Operação. ameaças e riscos existentes na cena;
O profissional a nível de comando de inci- • posicionar a viatura em local adequado, na
dente, após assumir o comando da operação, direção do vento e de preferência em local
deverá delegar funções às agências e profissio- mais alto que o incidente;
ABNT. Norma Brasileira NBR 6493. Emprego de cores para identificação BRASIL. Agência nacional de transportes terrestres. Resolução nº 420,
de tubulações. 2019. de 12 de fevereiro de 2004. Aprova as Instruções Complementares ao
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