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LISTA DE ABREVIATURAS

PMBA: Polícia Militar da Bahia;


PMPR: Polícia Militar do Paraná;
PCPR: Polícia Civil do Paraná;
PMSC: Polícia Militar de Santa Catarina
PMERJ: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro;
PMESP: Polícia Militar do Estado de São Paulo;
PM: Polícia Militar;
APH: Atendimento Pré-Hospitalar;
APHP: Atendimento Pré-Hospitalar Policial;
APHC: Atendimento Pré-Hospitalar de Combate;
APHT: Atendimento Pré-Hospitalar Tático;
CoTCCC – Committee on Tactical Combat Casualty Care - Comitê para o
Atendimento Tático Pré-hospitalar em situação de Combate.
TCCC/ TC3 – Tactical Combat Casualty Care – Protocolo de Atendimento Tático
Pré-hospitalar em situação de Combate, formulado pelo CoTCCC. Base de
grande parte dos protocolos de APH de Combate no mundo;
PHTLS: Prehospital Trauma Life Support – Protocolo de atendimento pré-
hospitalar à vítima de trauma elaborado pela National Association of Emergency
Medical Technicians (NAEMT)/ USA. Base dos protocolos atualmente utilizados
pelos serviços de emergência de diversos países do mundo, inclusive o Brasil;
GESAR: Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate;
CBMBA: Corpo de Bombeiros Militar da Bahia;
SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência;
Sumário
1 GENERALIDADES ............................................................................................................. 8
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1.1 Amparo Legal ............................................................................................................... 23
1.1.1.1 Objetivo principal no atendimento ............................................................................... 26
2 S.A.F.E: ......................................................................................................................... 28
2.1 GENERALIDADE.............................................................................................................. 29
2.1.1 Protocolo de Patrulha para o APHT .............................................................................. 29
3 RESGATE DE FERIDOS .................................................................................................... 36
3.1 EXTRAÇÃO DE FERIDOS: TACEVAC ................................................................................ 36
4 MARC1.......................................................................................................................... 57
4.1 ASPECTOS GERAIS ......................................................................................................... 57
4.1.1 Protocolo de Atendimento .......................................................................................... 62
5 PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS.................................................................................... 68
5.1 MASSIVO (SANGRAMENTO) ......................................................................................... 68
5.1.1 AR ................................................................................................................................. 91
5.1.1.1 Respiração ..................................................................................................................... 94
5.1.1.1.1 Calor ......................................................................................................................... 100
6 PROCEDIMENTOS IMPORTANTES, NÃO ESPECIFICADOS DO APHT .......................... 104
6.1 OBJETOS PRESOS AO CORPO ...................................................................................... 104
6.1.1 Trauma Oftalmológico ............................................................................................... 104
6.1.1.1 Fraturas ....................................................................................................................... 105
6.1.1.1.1 Convulsões ............................................................................................................... 106
7 IFAK ............................................................................................................................. 107
7.1 USO DA PROTEÇÃO BALÍSTICA..................................................................................... 114
FLUXOGRAMA DE AÇÕES ....................................................................................................... 116
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 117
AUTORES

1º TEN PM PEDRO PINHEIRO DORIA PINTO - parte técnica e redação;

1-Bacharel em segurança pública / Curso de Formação de Oficiais/ APM/PMBA 2015- 2017

2-5º Curso de atendimento pré-hospitalar 2019/ CBMBA

3- 01 no III estágio de socorrista tático 2019 - GESAR/PMERJ

4- APH Policial/ MARC1- 2018- grupo tigre/ PCPR

5- Transporte aeromédico-2019- MEDCARE/GRAER

6- Emergencista pré-hospitalar I e II SENASP/ 2016

1º TEN PM YAGO RHAYNAN RODRIGUES AMORIM SANTANA - Correção


ortográfica, semântica, textual e redação;

1 – Bacharel em segurança pública/ Curso de Formação de Oficiais/ APM/PMBA 2015- 2017

2 – Mestrado em Estudos Literários – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

3 – Bacharelado em Direito – Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

SD PM 1ª CL RODRIGO BATISTA SANTOS- produção de imagens, design,


fotografia e redação;

1-Curso de Formação de Soldados – CFSd 2018

2-Técnico Açúcar e Álcool –2015- IFAL (Instituto Federal de Alagoas)

3-Curso Design Gráfico “DO BÁSICO AO AVANÇADO”- 2020- UDEMY


AGRADECIMENTOS

DEUS, que é senhor de tudo que acontece e proveu tudo que existe, guiando em sua
sabedoria a construção deste trabalho;

Nossas famílias, que nos sustentou emocionalmente até aqui e foram o segundo alicerce
no desejo fundamental de dedicar a vida em salvar outras vidas;

A PMBA, que teve sua relevância sintetizada nas palavras do CEL QOS PM Guimarães:
“pequenos e efêmeros somos nós, grande e perene é a Polícia Militar da Bahia”. Assim,
vemo-nos diante de uma instituição cada vez mais relevante, que estimula
intelectualmente seus integrantes;

Governador do Estado da Bahia, ao Comandante Geral e aos nossos Comandantes diretos,


por terem propiciado as condições de trabalho e ambiente fértil ao progresso científico;

Aos policiais militares que, no intuito de cumprir as missões constitucionais que lhes
foram delegadas, sangraram e dedicaram suas vidas ao serviço e ao bem geral da nação.
Ressaltamos os membros da 22ª CIPM e 20º BPM que foram vitimados em serviço e
motivaram a escrita deste manual: o CB PM Da Silva, CB PM Osmir, SD PM Herlen, SD
PM Brito, SD PM Gonzales e SD PM Leandro – todos feridos no exercício da função.
Esses policiais simbolizam tantos outros que, ao honrarem o juramento de servir e
proteger a sociedade, colocaram em risco a própria vida.

Aos oficias e praças da PMBA e CBMBA que buscam o aperfeiçoamento na doutrina de


Atendimento Pré-Hospitalar Tático, presentes em todo o estado, cursados ou não, mas
que sempre atenderam ao chamado para auxiliar nos estudos e instruções sobre o tema,
em especial o CEL PM Alfredo Nascimento, TC PM André Cunha, TC PM Carlos
Humberto, TC PM Reginaldo Moraes, MAJ PM Fábio Dias, MAJ PM Assemany, MAJ
PM Hérlon, MAJ PM Paulo Cunha, MAJ PM Leila Aragão, MAJ BM Patrícia Torreão,
MAJ BM Cerqueira, MAJ BM Keylla, CAP PM André Porciuncula, CAP PM Texeira,
CAP PM Mesquita, CAP BM Natanael Carvalho, TEN PM Fabrício Sousa, TEN PM
Matheus Grec, ST PM Tavares, ST PM Nailson, ST BM Paulo, ST PM Francineide, CB
PM Silvestre, CB PM Ferreira, SD PM Patric Souza, SD PM Cruz e SD BM Wesley.
Dentre tantos outros incontáveis que não poderemos citar pela falta de espaço, mas que
contribuíram com o fortalecimento do estudo e vontade de prosseguir com tal manual.

A toda a equipe do Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate/ PMERJ,


em especial a TC PM MED Myrian Broitman, Maj PM Enf Vanessa Marçolla, 1º. Sgt
PM Marçal, 2º. Sgt PM Franco, CB PM Fernandes, CB PM Alex Alves, CB PM Saturno
(Choque), SD PM Taiane Oliveira. Nesse mesmo sentido, ao CEL PM Cota e ao CB PM
Daniel Salinas, ambos da PMSC, ao TEN PM Nicola da PMPR, ao Guarda Municipal da
cidade do Rio de Janeiro Adeilson Cruz e ao médico, investigador da Polícia Civil do
Paraná, Sergio Maniglia, por toda a ajuda em transmitir o conhecimento e constante
assessoramento, tanto na construção desse manual, como na construção e divulgação da
doutrina de APH Tático no Brasil. Todos auxiliaram gratuita e voluntariamente,
altaneiros no ideal de salvar vidas.
1. GENERALIDADES

1.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, no tocante às formas e aspectos gerais do policiamento, o Brasil


apresenta peculiaridades que o distinguem de outras nações. O número de mortes
violentas equipara-se a países em estado de guerra declarada. O Fórum Brasileiro de
Segura Pública de 2019, por meio do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
de 2019, contabilizou e apresentou números alarmantes. Em 2018, foram 57.358 mortes
violentas intencionais, dentre as quais 343 foram policiais militares ou civis. Foram
apreendidas 112.489 armas e 6.220 mortos em decorrência de intervenção policial. Em
todos o país houve cerca de 6.563 combates contra policiais, destacando-se que nesses
números não constam os diversos confrontos nos quais ambos os lados saem com vida,
mesmo que feridos gravemente.

As facções criminosas atuantes no Brasil são bem estabelecidas, organizam-se de


maneira capilar e utilizam armamentos com grande poder de letalidade. Ademais, não se
limitam ao tráfico de drogas, mas executam os mais variados delitos, dentre os quais
destacamos roubo, sequestros, investidas contra instituições financeiras e
estabelecimentos comerciais. As policias militares do Brasil figuram, nesse cenário, como
primeira – e, por vezes, única – resposta a tais criminosos, já que são as instituições de
segurança pública que possuem maior capilaridade nos estados brasileiros. Essa
circunstância faz com que a Polícia Militar seja a instituição pública mais presente nos
conflitos armados e, por conseguinte, a que mais conta com agentes mortos ou feridos.

Fonte: anuário do fórum brasileiro de segurança pública 2019; ISSN 1983-7364 ano 13 2019.
Não existem ainda estudos nacionais voltados à análise da letalidade em combate
policial e sua relação com o atendimento pré-hospitalar. Há, todavia, estudos americanos
que, ressalvando as peculiaridades, podem servir para entender a realidade brasileira.
Segundo dados da Tactical Combat Casualty Care Handbook, de Center for Army
Lessons Learned, quando se analisa as guerras internacionais, 40% dentre o número total
de mortos poderiam sobreviver se recebessem um atendimento pré-hospitalar adequado.
O estudo Death on the battlefield, de eastridge BJ, et al, em 2011, vai além e afirma que
hemorragia é a causa de 91% das mortes evitáveis, sendo que 13,5% delas poderiam ser
evitadas pelo simples uso de um torniquete. Esses números devem ser analisados com
cautela, pois se referem a cenários de guerra, onde, natural e logicamente, o poderio bélico
é muito mais acentuado, utilizando, inclusive, armamentos de destruição em massa –
realidade não experimentada pelo combate urbano policial.

Assim, a análise da conjuntura brasileira leva-nos a crer que, dentre as mortes


decorrentes de confronto em território nacional, mais de 40% dos agentes públicos mortos
poderiam ter suas vidas preservadas, sobretudo quando se avalia que a principal causa das
mortes é hemorragia – situação pode ser remediada por meio de um tratamento imediato
e relativamente simples.
Fonte: Tactical Combat Casualty Care Handbook, de Center for Army Lessons Learned (CALL)/
US- maio de 2010. (Gráfico traduzido pelos autores)

Dentre os casos que teriam possibilidade de atendimento, encontramos:


Fonte: eastridge BJ, Mabry RI, Seguin PG, et al. Death on the battlefild (2001-2011):
implications for the future of combat casualty care, Journal of Trauma, 2012, in press (Gráfico
traduzido pelos autores)

Assim sendo, os organismos internacionais têm historicamente adequado seus


atendimentos de campo. Nas guerras Napoleônicas, Bonaparte instituiu o que seria o
embrião do APHT através do médico Domique Jean Larrey. Pela primeira vez na história,
testemunhou-se o resgate dos feridos em combate e seu atendimento imediato, usando um
serviço móvel com carroças. A evolução dos métodos trouxe-nos até os atuais protocolos
Tactical Combat Casualty Care – o TCCC –, que apareceu pela primeira vez na literatura
médica em 1996, sempre se centrando nas causas mais comuns de morte evitável no
campo de batalha. A adoção desses protocolos propiciou, nas Forças americanas, uma
diminuição acentuada das mortes e, por isso, são adotados pela maioria das polícias
americanas e algumas no Brasil, como PMERJ, PMPR, PCPR, PMSC, PMESP e outras
(todas com as devidas adaptações ao serviço policial brasileiro e de cada região).

É importante evidenciar que os protocolos civis já utilizados pelos corpos de


bombeiros, SAMU e ainda hoje utilizados por algumas PMs, apesar de serem essenciais
à compreensão dos protocolos táticos, não são capazes de demonstrar efetividade no
cenário tático. Acontece que no cenário de Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APHT)
ocorre fogo hostil, poucos equipamentos e baixo efetivo – a soma desses elementos já
respondem negativamente à pergunta inicial que o efetivo de APH tradicional deve fazer
antes de executar suas ações: “A cena é segura?”. Assim, no ambiente em que se precise
utilizar os protocolos do APHT não haverá, de fato, cena segura, de modo que a utilização
do protocolo tradicional causaria maior exposição e risco ao efetivo.

Seguem, à guisa de exemplificação, a diferenciação dos protocolos que


justifiquem a necessidade da implantação e ensino do protocolo tático:

Exemplo 01: Imobilização da coluna cervical:

Embora o padrão civil de cuidados seja imobilizar a coluna cervical antes de


mover um paciente com lesões que possam ter causado dano à coluna vertebral, essa
prática geralmente não é apropriada no cenário de combate. No Vietnã, estudos que
analisaram o valor da imobilização da coluna em lesões cervicais penetrantes descobriram
que apenas 1,4 por cento das vítimas com lesões no pescoço penetrante teriam
possivelmente se beneficiado com a imobilização da coluna cervical. Verificou-se que o
tempo necessário para realizar a imobilização da coluna cervical foi de 5,5 minutos 1,
mesmo quando se utilizaram socorristas experientes.

Exemplo 02: Atendimento sob fogo.

Na tabela abaixo, mais especialmente no item 4 do “Atendimento sob fogo


(atendimento de risco direto)”, há o que não se deve fazer no APHT: manuseio invasivo
de via aérea, reanimação cardiopulmonar e precauções estritas de coluna vertebral.

1
*Tactical Combat Casualty Care Handbook, de Center for Army Lessons Learned (CALL)/ US- maio de
2010) (tradução dos autores)
Tabela disponível em: PHTLS 8ª edição, 2016, NAEMT.
Objetivos

Em virtude de os cursos de formações da Polícia Militar da Bahia ensinarem os


protocolos tradicionais de atendimento pré-hospitalar, constata-se que, nos serviços
operacionais em que há confrontos, os policiais naturalmente tendem a aplicá-los.
Observa-se, nesse sentido, que não há uma uniformização de ações em situações de
confronto em que há feridos. Essa realidade não é exclusiva da Bahia, mas de vários
outros estados do Brasil. Assim, em virtude dessa percepção, certas polícias militares têm
trazido à tona a necessidade do estudo do APH Tático, como as do Rio De Janeiro, São
Paulo, Santa Catarina e Paraná. É sabido que os cursos de formação da Bahia adotam os
protocolos de APH civis, utilizados pelo CBMBA e SAMU, e as matérias táticas são
executadas e ensinadas apartadamente. Assim, um manual que consiga aliar essas duas
áreas de conhecimento é essencial para diminuir os riscos ao policial e capacitá-lo a agir
da melhor maneira. Será possível salvaguardar vidas por meio da padronização de ações
e criação de uma doutrina aplicável, baseada em evidências médicas e operacionais.

É válido ressaltar os objetivos gerais do protocolo:

1- Fornecer cuidados que salvam a vida do combatente ferido;

2- Limitar o risco de sofrer mais baixas;

3- Permitir que a unidade alcance o sucesso da missão.

Metodologia

Estudo comparado, revisão de literatura e compilação dos protocolos


internacionais, principalmente os utilizados pelas forças armadas americanas, com
tradução livre dos autores; os protocolos táticos já existentes no Brasil (em especial os
procedimentos operacionais padrões das PMESP e PMPR, manuais do Exército
Brasileiro e doutrinas positivadas nos boletins ostensivos da PMERJ); artigos científicos
voltados ao atendimento no trauma; diversos manuais existentes na literatura médica
voltados ao atendimento ao trauma; anatomia e fisiologia humana; a legislação voltada
para o tema; os conhecimentos adquiridos nos estágios e cursos operacionais realizados,
em especial o protocolo MARC1 (ministrado pelo médico Sergio Maníglia da PCPR), o
III estágio de socorrista tático (ministrado pelo Grupamento Especial de Salvamento e
Ações de Resgate/ PMERJ) e o Curso de Atendimento Pré-Hospitalar (ministrado pelo
CBMBA). Além de entrevista com diversos policiais militares baleados em combate, em
especial os baleados na área de responsabilidade da 22ª CIPM/ Simões Filho e 20º BPM/
Paulo Afonso.

Nesse sentido, preservando a identidade dos policiais, elencamos a situação e a


resposta que foi dada:

a) 1 baleado em peito e braço, resposta da guarnição: nenhum atendimento


específico, somente retirada da farda, colocação do ferido na viatura e
deslocamento para hospital;
b) 1 baleado na cabeça: por estar dentro do hospital, recebeu atendimento médico
especializado de imediato;
c) 1 baleado na mão: nenhum auto socorro específico, mas deslocamento a pé,
sozinho, para o hospital próximo (sem comunicação com a guarnição);
d) 1 baleado na barriga: membro do serviço velado, estava sem fardamento e colete,
nenhum atendimento específico, somente retirada da roupa, colocação do ferido
na viatura e deslocamento para hospital;
e) 1 baleado no pé: nenhum atendimento específico, apenas acionamento de viatura
(o militar estava em posto fixo de guarda do quartel) e deslocamento para hospital.
Conclusão

O Manual de Resgate e Atendimento Pré-hospitalar Tático é uma necessidade para


colocar a PMBA em conformidade com os protocolos internacionais e nacionais de
atendimento em combate. Servirá, ainda, de maneira estratégica, na diminuição de mortes
no contexto nacional. Destaca-se que tal documento será um dos primeiros a formalizar
o tema no país, colocando assim a PMBA junto às polícias que se destacam na criação de
doutrina e padronização de ações no Brasil.
Proposta de Implantação:

A curto prazo:

1- Por parte do comando Geral: logo após aprovação, divulgar o manual através de
Boletim Geral Ostensivo;
2- Por parte do Instituto de Estudo e Pesquisa (IEP): implantação do manual como
parte inerente do conteúdo programático das matérias de atendimento pré-
hospitalar em todos os cursos de formação da PMBA em até 3 anos;
3- Por parte dos comandos regionais e de policiamento especializado: Iniciar, em até
3 anos, ciclos de instrução para a capacitação e dirimir as questões que surgirem
a partir da publicação do manual, com instruções teóricas de 5 horas/aula e
práticas de 5 horas/aula, processo que não gerará custos a instituição além do já
existente com a manutenção de sala de instrução e material de audiovisual;
A médio prazo:

1- Por parte do IEP em parceria com os grandes comandos: em até 5 anos criar o
Estágio de Socorrista Tático na Bahia, conforme legislação do Ministério da
Defesa, com mesmo modelo de 40 horas em 5 dias adotado pela Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Onde teríamos a divisão das instruções da
seguinte maneira:
Segunda:
Manhã - teórico APH Tático;
Tarde -prática APH Tático e conduta de patrulha
noite- oficinas de conduta de patrulha

Terça:
Manhã: teórico de aero médico e teórico de resgate aéreo
Tarde: prática resgate aéreo, preparação de terreno para helicóptero, aproximação
da aeronave e colocação de prancha em aeronave;
Noite oficina de conduta de patrulha e Arrasto;

Quarta:
Manhã: resgate em meio líquido teórico e prático;
Tarde: emergências clínicas (focando em suporte básico de vida, desobstrução de
vias aéreas e demais de maior incidência);
noite: oficina de conduta de patrulha, arrasto e atendimento tático;

Quinta:
Manhã APH civil (trauma)- teórico e prático;
Tarde: cinemática do trauma, trauma crânio encefálico, vias aéreas e inserção da
cânula Nasofaríngea;
Noite: oficinas de conduta de patrulha, arrasto, atendimento tático e extração de
feridos;

sexta:
Revisão geral, oficina prática simulando situação real e encerramento.

2- Por parte do IEP em parceria com os grandes comandos: em até 7 anos criar o
Curso de Atendimento Pré-Hospitalar Tático na Bahia, podendo ainda se fazer em
parceria com o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), tendo em vista
se aproveitar toda a grade do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar já existente
no CBMBA e somente somando-se cargas horárias de matérias ligadas ao
patrulhamento tático e Atendimento Pré-Hospitalar Tático, onde teríamos a
divisão das instruções da seguinte maneira:
Carga
INSTRUÇÃO
Horária
Aula Inaugural 2h

Procedimento Legal e Ético do Socorrista 3h

Visão Anatomofisiológica do Corpo Humano 4h

Manejo de Vias Aéreas Superiores 4h

Oxigenoterapia 4h
Biossegurança 3h

Atendimento Inicial ao Politraumatizado 4h

Queimaduras 2h
Suporte Básico de Vida 4h

Cinemática do Trauma 4h

Politraumatismo I 6h

Politraumatismo II 4h

Politraumatismo III 4h

Acidentes por Animais Peçonhentos e Intoxicações 4h

Lesões Musculoesquelética, Remoções e Imobilizações 4h

Gerenciamento de Crise Envolvendo Suicidas 4h

Emergências Clinicas 8h

Assistência Pré-Hospitalar ao Parto e cuidados com Recém-Nascido 2h

Afogamento 8h
Extração de feridos 8h

Atendimento Pré-Hospitalar Tático 40h

Acidente com Múltiplas Vítimas 2h

Brainstorming – Discussão de Casos 2h

Breve Histórico do APH Tático 2h

Principais diferenças abordagens a urgências civis e militares 3h

Metas; fatores-chave que influenciam os cuidados e evidências científicas 2h


Introdução ao Protocolo TCCC 2: - Fases e objetivos do campo de batalha do TCCC 2h
Manejo ventilatório em ambiente tático 3h
Hemorragia 3h
Atendimento APH em Controle de Hemorragias 4h
Educação Física 4h
Care Under Fire – Abordagem as Urgências por Traumas em Membros: PAF, PAB e
4h
amputações traumáticas
Care Under Fire – Abordagem as Urgências por Traumas em Tórax: PAF, PAB 4h
Care Under Fire – Abordagem as Urgências por Traumas em Abdome: PAF, PAB 4h
Técnicas de Suporte Básico de Vida 4h
Curativos e Bandagens 2h
Abordagem a Paciente Psiquiátrico 2h
Estações Práticas: Contenção de Hemorragias, Torniquete e Curativo 3 pontas (Meios
4h
convencionais de fortuna)
Patrulhamento Tático 20h
Aferição de Sinais Vitais 3h
Imobilizações, Movimentação e Transporte de vítimas 8h
Avaliação Teórica 8h
Noções Básicas de Explosivos 1h
Abordagem Pré-Hospitalar em Urgências por artefatos explosivos 2h
TACEVAC 1 – Técnicas de Arrasto e Transporte de Feridos 1h
TACEVAC 2 – Técnicas de Arrastos e Transportes de Feridos em Diferentes Terrenos 1h
Resgate de Feridos 4h
Manutenção do Material Bélico 1h
Abordagem Pré-Hospitalar em Urgências por Fraturas: Noções Teóricas 1h
Estudo de Casos Problem-Based Learning – PBL 1h
Estações Práticas: Estabilização de Fraturas 2h
Estações Práticas: Resgate de Feridos 2h
Simulação Realística 1: Oficina de Estabilização e Extração 3h
Simulação Realística 2: Oficina de Estabilização e Extração 3h
Avaliação Final 1h
TOTAL DE CARGA HORÁRIA 242h

3- Por parte do Comando Geral e operacionalizado pelo IEP: em até 05 anos, inserir
o torniquete como material necessário ao ingresso da instituição (parte do
“enxoval” pedido no Curso de Formação de Oficiais e no Curso de Formação
Soldados), conforme já é feito na Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC);
4- Por parte do IEP e operacionalizado pelo Comando de Policiamento
Especializado: em até 05 anos, inserir o torniquete como material necessário aos
cursos operacionais de longa duração da corporação;

A longo prazo:
1- No prazo de 10 anos, ter o estágio de socorrista tático como parte do currículo de
todos os cursos de formação e operacionais superiores a 30 dias da instituição;
2- No prazo de 15 anos, criar uma unidade especializada no tema, conforme já
existente em diversas PMs do Brasil. Adotar os trâmites administrativos que
viabilizam a criação de grupamento específico para resgate e salvamento através
do Departamento de Saúde como unidade gestora, aos moldes da PMERJ. Ou,
constatando a inviabilidade, adotar os trâmites para que seja abrigado em alguma
unidade especializada, como o Batalhão de Choque (BPChoq) por meio de sua
companhia de patrulhamento tático; o Grupamento Aéreo (GRAER), em virtude
do serviço diário de resgate e por ser o Resgate Aéreo uma das matérias
obrigatórias pelo Ministério da Defesa, de modo que é imperioso a presença do
GRAER no processo de ensino-aprendizagem; ou, por fim, as Companhias
Independentes de Policiamento Tático – CIPTs/ RONDESPs – por conta da
atividade-fim. As CIPTs figuram como boa opção, tendo em vista que seriam
executadas nos diversos grandes comandos da instituição.
3- Por parte do Comando Geral e operacionalizado pelo Departamento de Apoio
Logístico: No prazo de 15 anos, adquirir equipamentos de atendimento para as
unidades operacionais.

Resultado esperados:

1- Ter em até 06 meses o manual divulgado em Boletim Geral Ostensivo;


2- Ter a doutrina do APH tático introduzida nos cursos de formação da instituição;
3- Ter um efetivo que conheça e aplique os protocolos de APH tático;
4- Diminuir o número de policiais feridos;
5- Ter o atendimento adequado aos policiais feridos;
6- Diminuir o número de policiais mortos em combate.

Avisos importantes antes da leitura:

Este manual não busca formar médicos ou enfermeiros, mas criar uma doutrina
prática, objetiva e aplicável ao policial militar desde os centros urbanos até os interiores
mais remotos. Para tanto, buscaremos sempre os termos mais usuais em detrimento dos
mais técnicos. Pois, apesar de ser um trabalho que atenda a todos os métodos científicos,
os destinatários transcendem o ambiente acadêmico, de modo que, com cautela e
responsabilidade, adotaremos termos e expressões mais flexíveis em prol da melhor
compreensão.
Este manual trata de assuntos referentes à saúde e às técnicas de combate, sendo
ambas ciências que constantemente sofrem alterações e atualizações de seus
conhecimentos e protocolos. Assim, é necessário que sofra atualizações constantes. No
tocante ao APH Tático, existem organizações internacionais que se reúnem anualmente
para debater sobre o tema e criar novos protocolos. É fundamental que o operador tático
seja incansável à busca da referência mais atual.

Pelo fato de os autores deste manual serem policiais militares, compreendemos


ainda mais a importância do material ser adequado, testado em ambiente real e simulado
em situações críveis. Compreendemos, de igual forma, a eficácia de protocolos bem
elaborados frente às improvisações, conhecidos vulgarmente como “meios de fortuna”.
Assim, sabendo que a dinâmica operacional é naturalmente imprevisível, faz-se
importante ensinar as técnicas ideais e, dentro dos limites de segurança, as improvisadas.

Os procedimentos de biossegurança devem ser adotados em todos os


procedimentos aqui apresentados, utilizando-se luvas de procedimentos e proteção para
os olhos em todos os procedimentos, conforme orientação dos protocolos civis já
ministrados nos cursos de formação da instituição.

Os protocolos aqui tratados não substituem os protocolos tradicionais adotados


nos outros campos do APH, mas os complementam, sendo importante conhecer toda a
doutrina do APH para assim saber quando utilizar os protocolos táticos ou civis. Sendo
que nessa obra faremos o recorte específico nos protocolos táticos.

FASES DO APH TÁTICO

◼ Care Under Fire: é o cuidado sob fogo -muito limitado que pode ser fornecido
enquanto a vítima e o provedor estão sob fogo inimigo efetivo, nesse período irá
prevalecer a busca por abrigos, a supremacia de fogos, comunicação e o auto
socorro, todos pontos que serão debatidos mais a frente;
◼ Tactical Field Care: é o cuidado realizado em ambiente tático, mas não sob fogo
inimigo efetivo, momento que teremos o resgate do “X” (será explicado nas
próximas páginas) e o atendimento preliminar pela guarnição;
◼ TACEVAC: Transporte para fora do campo de batalha, a caminho de um
tratamento mais definitivo (na maioria dos casos, será provido pela própria viatura
policial, devendo se avaliar a necessidade e tempo que irá demorar o deslocamento
do grupamento aéreo ou solicitação de apoio ao Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência/ SAMU);

1.1.1 Amparo Legal

É fundamental que o policial militar conheça os diplomas legais vigentes no país,


pois vigora, no direito administrativo, o princípio da legalidade, isto é, o agente público
está autorizado a fazer apenas aquilo que está previsto em lei. Assim, visando auxiliar o
policial, recortaremos os principais diplomas legais sobre o tema, desde dispositivos
genéricos até os mais específicos. Por fim, serão expostas as doutrinas sobre determinados
procedimentos que serão adequados à realidade policial-militar.

No Código Penal brasileiro, em seu artigo 23, estão cristalizadas as excludentes


de ilicitude e, no artigo 25, o trato legal que versa sobre a legítima defesa, que é entendido
como “quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Sendo o amparo legal para a autodefesa
do policial e da guarnição, a qual se exemplificará quando tratarmos na conduta de
patrulha nos termos de “Stop the Burning Process, aqui traduzido como “supremacia de
fogos” ou “fora de risco”. Trata-se, em resumo, da adoção de medidas capazes de fazer
cessar a agressão. A intenção é, além de salvar o policial já baleado, evitar novos
vitimados, de modo que a resposta à injusta agressão seja com a força proporcional e
adequada à garantia da vida do servidor público.

Trataremos ainda acerca do instituto da Inexigibilidade de Conduta Diversa, o


qual doutrinariamente autoriza a ideia de que o policial ferido em confronto está sob uma
coação irresistível, sobretudo nas situações em que o próprio algoz está à sua frente, ainda
com poderio bélico para continuar as investidas.

O artigo 135 do CP trata de omissão de socorro, estando clara a intenção do


legislador de que todo cidadão preste o socorro devido, quando possível e não se coloque
em risco, deixando transcrito em lei o conceito moral de cooperação humana. O fato de
policiais militares prestarem socorro podem suscitar questões sobre a legalidade do ato,
mais especialmente no tipo penal de exercício ilegal da medicina. Tal pensamento mostra-
se equivocado, pois, conforme se vê no art. 282 do CP, a prestação de socorro é eventual,
fortuita e urgente, não se trata de habitualidade para auferir vantagem indevida. Em suma,
trata-se apenas de um atendimento emergencial em um cenário completamente inseguro
e distante de qualquer atendimento especializado. É a possibilidade de garantir o mínimo
necessário até a chegada das equipes especializadas.

A Portaria nº 2048, de 05 de novembro de 2002, expedida pelo Ministério da


Saúde, trata do Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência.
No tocante às polícias militares do Brasil, em seu capítulo quarto, ao tratar da equipe de
saúde, traz a Polícia Militar como parte das ações de salvamento e resgate de forma
pactuada com as equipes de saúde, nos casos de difícil acesso – o que se enquadraria
perfeitamente ao cenário tático. Ainda traz no seu capítulo sétimo a necessidade dos
núcleos de educação em urgências não somente na formação bombeiro, mas
especificamente na formação do policial e para todos que prestem socorro à população.

Destaca-se também a portaria normativa nº 16 de 12 de abril de 2018 do Ministério


da Defesa, como a única normativa específica sobre o APH tático em nível nacional,
evidenciando que o tema no Brasil ainda é novidade. A portaria foi debatida e gerada para
militares em guerras, todavia é analogicamente aplicável à realidade policial, quando
empregados em cenários táticos. Há, na portaria normativa, a grade curricular para
formação do socorrista tático, trazendo os procedimentos que devem realizar e suas
divisões. Segundo a portaria, são procedimentos de Atendimento Pré-Hospitalar Táticos:

I - aplicação de torniquete;

II - garantia de vias aéreas;

III - descompressão torácica com agulha;

IV - acesso venoso periférico;

V - acesso intraósseo; e

VI - prescrição tática.
É salutar ressalvar que a portaria trata de situações de guerra e, portanto, diferem
do combate urbano policial, onde os policiais têm acesso mais rápido à atendimento
médico especializado e os níveis de atuação são definidos de acordo com a formação e
conhecimento de cada um, de maneira que fica inaplicável na atividade policial-militar
os itens II (de maneira invasiva), III, IV, V e VI. Resta ao policial no serviço ordinário os
itens I (aplicação de torniquete) e II (garantia de vias aéreas de maneira não invasiva).

Corroborando tal linha de pensamento, a PMERJ, que é um dos poucos centros de


formação de socorrista tático no país, publicou em seu Boletim Ostensivo 049, de 18 de
março de 2019, as consideração da Comissão que julgou os itens “Agulha descompressiva
para tórax 14G /3’25” e “Agulha de punção intra -óssea para acesso venoso” como não
sendo parte do kit que deve ser levado pelo policial militar, justificando em seu texto:

Apesar de nossos Policiais operarem frequentemente em


áreas conflagradas, em situação de enfrentamento a criminosos
com armas de alto poder de destruição, a legislação a qual
estamos submetidos é aquela elaborada para tempos de paz, não
se justificando procedimentos de excepcionalidade
exclusivamente aplicados em tempos de guerra, utilizando, por
exemplo, os materiais não padronizados destacados acima, por
pessoal não médico.
A mesma publicação ainda trouxe as condições geográficas do estado e sobre o
suporte de que a polícia dispõe, assemelhando-se à situação da Bahia em vários aspectos
no tocante ao policial do serviço ordinário:

A geografia do Estado do Rio de Janeiro, aliada à disponibilidade


de ambulâncias, batedores com motocicletas e Transporte
Aeromédico, nos permite o acesso a unidades hospitalares de
grande porte com os recursos adequados para estabilização e
tratamento dos Policiais feridos em curto espaço de tempo, o que
não justifica a execução de procedimentos que envolvam o
manuseio da agulha descompressiva para tórax 14G /3’25”ou da
agulha de punção intra-óssea para acesso venoso por socorristas
não médicos, situação completamente diferente da que ocorre nas
guerras e conflitos no Oriente Médio, no Continente Africano, ou
até mesmo em regiões mais longínquas e de difícil acesso no
Brasil onde haja atuação da Polícia Federal, da Força Nacional,
etc., locais em que o transporte de feridos até um grande centro
hospitalar pode levar horas ou dias.

Assim, diante dos pareces da comissão e levando em conta todas as informações


já disponíveis, consideramos aplicáveis tais entendimentos à Polícia Militar da Bahia.
Desta forma, busca-se a segurança física, emocional e jurídica de quem prestar o socorro
e de quem o receberá.

1.1.1.1 Objetivo principal no atendimento

Nesse tipo de atendimento, assim como no APH tradicional aplicado no atendimento


civil, nossa principal preocupação será manter os órgãos mais caros à vida em
funcionamento, possibilitando que a ajuda especializada seja capaz de restabelecer os
demais. São levados em conta os mesmos princípios norteadores do APH tradicional,
dentre os quais destacamos estes dois:

1- Que nossa ação traga mais benefício que malefício;


2- “O destino do traumatizado está nas mãos de quem faz o primeiro curativo”,
afirmou Nicholas Senn, fundador da Association of Military Surgeons of the
United States.
Em primeira análise, as ações propostas poderão trazer consequências aparentemente
negativas à vítima, que são, em verdade, reflexos do trauma causado. Contudo, a medida
adotada pelo policial que realiza o atendimento deve sempre objetivar um benefício maior
para a vítima, que o não ocorreria caso o atendimento não fosse realizado.

Estes são os principais pontos a resguardar no APH : coração, cérebro, pulmões e


circulação sanguínea (tendo como carro chefe no APHT a contenção das hemorragias-
por ser a principal causa de morte evitável em combate), assim evitando que o paciente
entre em choque (o qual o explicaremos nos capítulos futuros).
(Imagem produzida pelos autores.)
2 S.A.F.E

Conduta de patrulha, aproximação do ferido e extração:

Neste tópico, trataremos apenas generalidades da conduta de patrulha geral e


adentraremos, de maneira mais específica, no protocolo de APH Tático. Para mais
informações e condutas acerca deste tema, indicamos a leitura do próprio manual de
abordagens da PMBA.

Nesse ínterim, faz-se necessária a exposição de duas tabelas retiradas do


supracitado manual:

(Manual de abordagem da PMBA/2018)

(Manual de abordagem da PMBA/2018)


Com essas tabelas – já pacificadas e massificadas na doutrina policial-militar
baiana – visamos ressaltar que, neste capítulo, trataremos de situações de zonas
conflagradas, isto é, o policial atuando sob estado de alerta vermelho ou preto.

1.1 GENERALIDADES

a) O mais importante, dentre todas as generalidades, é retornar fogo e se abrigar;


b) Oriente a vítima a se mover para uma zona abrigada e aplicar o próprio socorro;
c) Evitar novos ferimentos;
d) Interromper hemorragias potencialmente fatais – usar torniquetes (se for o caso) sobre
o uniforme, bem apertado e levando a vítima a uma área abrigada;
e) A resposta e a superioridade de fogo nesse momento são prioridade;
f) Conceitos essenciais ao entendimento:

o Ponto a Ponto: Técnica utilizada para o policial militar avançar no terreno


trocando de coberta/abrigo mediante cobertura de outro policial;

o Lanço: É o deslocamento rápido ou não, normalmente curto, feito de uma


coberta ou abrigo para outro. Antes de executá-lo, são necessárias estas
perguntas: Para onde vou? Por onde vou? Como vou? Quando vou?

o Coberta: obstáculo natural ou artificial que protege das vistas do inimigo,


mas não dos disparos;

o Abrigo: obstáculo natural ou artificial que protege das vistas e também dos
disparos do inimigo.

1.1.1 Protocolo de patrulha para o APHT


(Imagem e tradução produzida pelos autores, protocolo padrão da doutrina TC3)

I - Supremacia de fogos:
Entendemos como supremacia de fogos a interrupção do fato gerador da injusta
agressão, causada pela rendição, fuga, lesão ou morte de quem provocou o dano. Temos
como principais pontos:
1. Local “X” e suas implicações: para entender esse conceito, faz-se necessário
imaginar o local onde o militar foi alvejado como um ponto “X”, isto é, um espaço
no qual o inimigo já dispõe de uma pontaria favorável, podendo, desta forma,
fazer novas vítimas. Assim, é imperioso que os outros membros da guarnição
devam procurar se afastar ao máximo e, caso precise voltar, passem o menor
intervalo de tempo possível. Permanecer no “X” não é um ato de heroísmo, mas
de ausência de conhecimento. O combatente que assumir o “X”, no intuito de
proteger o companheiro, provavelmente se tornará outra vítima e, com isso, trará
um novo problema para a guarnição. Se, por exemplo, a guarnição for tipo “A” –
dois policiais militares – o segundo baleado será uma possível pena de morte para
ambos. Analogicamente, valemo-nos do exemplo das máscaras de oxigênio em
aeronaves: antes de ajudar o próximo é preciso estar vivo.

2. Assim que possível, solicite apoio externo. O policial deverá utilizar o rádio ou
outro meio disponível, mas a PM, sendo o órgão de maior capilaridade no Brasil,
terá maior possibilidade de atender aos pedidos de ajuda. Essa conduta será, em
muitos casos, o diferencial entre viver e morrer. Assim, mesmo em meio ao caos,
é imprescindível que tente informar que já existe um colega baleado, o número de
agressores e o local da ocorrência – são informações elementares;

3. Sendo um membro da guarnição atingindo, os demais membros deverão


imediatamente procurar por abrigo ou, não havendo abrigo, se afastar ao máximo
do “X” e reduzir a silhueta o máximo possível (“aferrando”, isto é, lançando-se
ao solo), procedendo assim a resposta que resulte pelo fim da agressão;

4. Se o policial baleado precisar ser resgatado, o procedimento somente será


realizado após a certeza do fim da agressão. Porém, estando o policial militar
consciente e havendo condições físicas para tal, é primordial que busque abrigo e,
dentro das suas possibilidades, inicie o autossocorro ou responda ao fogo inimigo,
nessa ordem de prioridades. É importante que entendamos que a perda de sangue
pode levar à inconsciência rapidamente, impedindo a legítima defesa, de modo
que, se o policial estiver demasiadamente exposto, repelir a injusta agressão pode
ser a primeira – e talvez única – opção, enquanto os demais membros estão
impossibilitados de ir ao seu encontro;

5. Preferencialmente as guarnições sempre deverão trabalhar em supremacia


numérica ou relativa, todavia, não havendo tal superioridade, a guarnição deverá
repelir a injusta agressão e, assim, buscar minimizar os danos possíveis até que
cheguem policiais em apoio;

6. Havendo o agressor cessado os disparos, o membro da guarnição que visualizou


sua fuga, ou que o abateu, permanecerá fixo no ponto em que estiver, mantendo-
o sob seu campo de visão e disparo, pois, mesmo aparentando estar abatido ou
saído do ambiente, o agressor pode retornar ou estar a simular para, quando outro
policial se aproximar do “X”, ser a próxima vítima.

II- Avaliação do cenário:


Uma vez que a ameaça foi neutralizada, deverá se proceder a avaliação completa
no cenário antes de iniciar o atendimento, conferindo e “dando o limpo” – entendido aqui
como a inexistência de outros possíveis agressores – em toda a área pelos membros da
guarnição. Sendo um descampado, deverá ser verificado o entorno de 360º. Se for uma
casa, verifica-se os demais cômodos e o que o teatro de operações demandar. Não se pode
jamais analisar a cena conflagrada de forma superficial, pois inimigos ocultos, na
tentativa de se desvencilhar da ação policial, podem vitimar mais agentes.

III- Fora de risco:


Nesse ponto, a guarnição deverá se perguntar “eu tenho segurança para proceder
o resgate e atendimento?” É importante ressaltar que tal segurança sempre será relativa,
pois uma zona conflagrada pode rapidamente voltar a ter conflitos e a atenção deve
sempre estar em alerta.

IV- Escolha o protocolo:


No capítulo anterior, traçamos as diferenças do APH para o APHT. Já
entendemos, portanto, que o protocolo tático abre mão de procedimentos dogmáticos nos
protocolos civis trazidos no PHTLS. No cenário tático, por via de regra, é necessário abrir
mão de tais atos, de modo que, no APH civil, o policial militar se vê exposto a riscos
evitáveis, como o não uso do colar cervical ou compressões cardíacas no APHT. Na
situação real, antes de o policial escolher o protocolo que irá utilizar, é necessário fazer
este questionamento: “Estamos em um cenário tático ou a ação foi fruto de um agressor
isolado e sem nenhuma chance de retomada?” Sendo um cenário de combate, não resta
dúvida de que deveremos utilizar os protocolos do APHT, que buscam manter a
guarnição íntegra para o resgate, minimizando o risco de um segundo ferido. Porém, se o
policial perceber que o cenário regrediu para uma zona sem risco (estado de alerta
amarelo ou até branco), deve-se adotar os padrões civis preconizados pelo PHTLS, o qual
possibilita um cuidado maior e um número maior de procedimentos a serem utilizados
com a vítima – procedimentos que demandam tempo, imobilidade da patrulha e materiais
que seriam improváveis no campo tático.

Sequência de imagens reais que ilustram a importância do protocolo:

Figura 1:

Enquanto está sob fogo e sem arma, o Sargento de Artilharia Ryan P. Shane
corre para o sargento Lonnie Wells, para puxá-lo para segurança durante as
operações de combate da USMC em Fallujah.

Figura 2:
O sargento Shane tenta puxar um ferido fatal.
Figura 3:

Outro homem chega para ajudar.


Figura 4:

Sargento de Artilharia. Shane (esquerda) é atingido por fogo inimigo.

Figura 5:
O sargento da artilharia Shane, no chão à esquerda, foi atingido por atirador
insurgente2.

2
Legendas originais (tradução dos autores) do “INSTRUCTOR GUIDE FOR CARE UNDER FIRE
180801, disponíveis em https://www.naemt.org/docs/default-source/education-documents/tccc/tccc-mp/instructor-
guides/2-care-under-fire-ig.pdf?sfvrsn=5021c892_2 e https://catalog.archives.gov/id/6666044
3 RESGATE DE FERIDOS

3.1 EXTRAÇÃO DE FERIDOS / TACEVAC

A ordem tradicionalmente exposta pela doutrina nos obrigaria a adentrar na


segunda fase do atendimento tático, isto é, o atendimento propriamente dito e seus
respectivos protocolos. Porém, por uma questão didática, inverteremos essa ordem para
expor alguns conceitos que julgamos essenciais à compreensão dos ensinamentos
futuros.
O transporte da vítima é, muitas vezes, o aspecto mais problemático do Tactical
Combat Casualty Care (TC3). No cuidado em fase de fogo, o transporte é problemático
devido a vários fatores, dentre eles se destacam o equipamento limitado, pessoal
disponível e o risco de lesões adicionais devido a fogo hostil. Em situações que exijam o
transporte de vítima, o primeiro momento determina, por via de regra, técnicas de arrasto
nas quais o destino deva ser o abrigo mais próximo, mesmo que ainda provisório, a fim
de realizar um primeiro atendimento. Assim, após tais medidas imediatas, o policial
poderá avançar para um local mais adequado. Essa sucessão de ações compõem uma
premissa encarada, fundamentalmente, como o “simples que funciona”. Remover a
vítima da zona conflagrada o mais rápido possível é a prioridade de transporte durante
essa fase. O policial não deve tentar salvar equipamentos do ferido se isso comprometer
a sua própria segurança, devendo, em tal contexto, analisar a possibilidade de levar armas
e munições que possam, no futuro, serem usadas contra os próprios agentes públicos.

O que deveremos observar nesse processo:

1. Avisar a equipe de maneira clara: “SENHA ou POLICIAL FERIDO!”;


Todos os atos devem ser prévia e claramente acordados com os membros da
guarnição. O comandante deverá estabelecer, desde o princípio, os responsáveis pelo resgate,
seus auxiliares, quem estará na segurança do resto do perímetro e, por fim, o responsável por
manter contato com o próprio ferido se este estiver consciente. É importante ressaltar que
um único policial poderá exercer mais de uma função ou, no cenário real, as funções serem
alteradas pela dinâmica do ocorrido. Por exemplo, em uma guarnição tipo C (quatro
policiais), mesmo sendo estabelecido previamente que o policial “Y” faria o resgate, estando
outro policial em abrigo mais próximo do ferido ou sendo o próprio “Y” ferido, naturalmente
haverá uma troca de funções. Há, igualmente, a possibilidade de acúmulo de funções em
guarnições com menos integrantes, no caso de uma fração mínima tipo A (dois policiais),
situação em que haverá um dos cenários mais complicados para agir, pois o policial ileso
precisará adotar, sozinho, uma série de procedimentos, tais como retornar fogo, manter
contato com o ferido, pedir ajuda e, em último caso, sendo possível no quesito segurança,
efetuar um primeiro arrasto para um abrigo provisório e avaliar a possibilidade de iniciar o
atendimento pré-hospitalar.

2. Sempre manter o apoio de fogo à frente;


A segurança deve estar engajada sempre, aqui se retoma os fundamentos já
explicados no “SAFE”.

3. Avaliar quantos policiais vão se aproximar do ferido;


Na aproximação dos policiais militares para resgatar o ferido, deve-se avaliar
alguns quesitos, como a compleição física do ferido e de quem fará o resgate, distância que
se terá do “X” para o abrigo, terreno e número de PMs disponíveis para manter a segurança.

4. Ao se aproximar do ferido, TRAVAR O ARMAMENTO do policial ferido


para depois o retirar;
Sendo possível, prático e seguro, o policial deve retirar o armamento do ferido.
Nesse ponto, há um importante debate que sugere decisões diferentes levando em conta as
particularidades de cada situação.
Há correntes que recomendam adotar o seguinte padrão: na impossibilidade de
retirar o armamento do ferido, deve-se travá-lo para, a partir de então, realizar qualquer
movimentação, para evitar disparos acidentais. Como negativa a esse ponto, existe a hipótese
de que a arma do ferido figura como mais uma em combate, no caso de ele permanecer
consciente. Além disso, há o fato de que o ferido, por instinto de sobrevivência, pode se
recusar a ceder o seu material bélico. De fato, existirão situações em que o ferido estará
consciente e será necessário o seu emprego.
Por se tratar de um Manual, é ideal que essas discussões sirvam para padronizar
as ações, e não para confundi-las. Dessa forma, adotaremos os procedimentos que tenham
mais chances de êxito e que minimizem os efeitos colaterais e, nesse caso, é deixar o ferido
sem condições de disparo. A literatura médica afirma que a perda de sangue tem como uma
das principais consequências deixar a vítima eufórica, agitada e, por vezes, sem orientação,
o que, na falta da percepção da realidade, pode ocasionar o disparo em um membro da
guarnição por achar que está diante de seu algoz. Ademais, muitas movimentações e
procedimentos causarão dor no agente público ferido, que pode estar inconsciente e, ao
despertar, reagir e provocar ainda mais danos a si ou a outrem.
Assim, conclui-se que a opção de menor dano é deixar quem estiver ferido sem
armamento. Para que o ferido não tenha reações negativas caso precise ceder seu armamento
àquele policial que o está salvando, é fundamental que todos passem por treinamentos e
estudos que o condicionem do que deve ser feito em momentos críticos, estabelecendo
protocolo padrão.

5. APLICAR A TÉCNICA DO ARRASTO PARA LOCAL SEGURO;


Diversas técnicas serão exemplificadas ao término deste tema e outras muitas podem
aparecer no cenário real. No entanto, é essencial estabelecermos que, no primeiro momento
(do “X” até o abrigo mais próximo), o padrão será o arrasto, isto é, “o simples que funciona”.
Neste processo, outros membros da guarnição estarão inevitavelmente expostos, mesmo que
atendam aos requisitos de segurança, de modo que se deve buscar o mínimo de exposição e
agir o mais rápido possível. No momento do arrasto, o único atendimento feito será o que já
realizado pelo próprio ferido ou, se possível e necessário, uma aplicação rápida do torniquete.

Exemplos de técnicas para arrasto:


A fim de tornar este manual ainda mais prático e didático, iremos, neste ponto,
trazer algumas técnicas de arrasto e suas respectivas ilustrações, a saber: arrasto simples
por um policial; arrasto simples com dois policiais; arrasto carregado por um policial;
arrasto carregado pelos ombros com dois policiais; e, por fim, arrasto carregado pelos
braços com dois policiais.
5.1- Arrasto simples por um policial:

(Imagem produzida pelos autores)

5.2- Arrasto simples por dois policiais:

(Imagem produzida pelos autores)


5.3- Arrasto carregado por um policial
1 - Levantar o ferido através do colete ou farda e travá-lo com o joelho, na
“posição torre”:

(Imagem produzida pelos autores)

2 - Colocar um pé em cada lado do ferido, de maneira a se colocar agachado o mais


próximo dele, segurar a mão direita com o punho direito e a mão esquerda com o punho
esquerdo:

(Imagem produzida pelos autores)


3- Para iniciar o arrasto, é imprescindível que se atente à forma correta de levantar,
utilizando como base de força os membros inferiores, e não as costas:

(Imagem produzida pelos autores.)

5.4- Arrasto carregado pelos ombros com dois policiais:

1- Dois policiais se aproximarão do ferido, um reduzirá a silhueta para manter a


segurança, enquanto o outro levantará o ferido pela farda ou colete. Com a mão mais
distante do ferido, pegará a mão dele e passará o braço em volta do seu pescoço. Com a
mão mais rente ao ferido, deverá segurá-lo pelo cinto, tentando englobar cinto de
guarnição e interno, para a partir de então deixar o braço do ferido sobre seu pescoço e
permitindo que a mão fique livre para assumir a posição de segurança (se for necessário):

(Imagem produzida pelos autores)


2- Nesse momento, o policial que anteriormente estava na segurança deverá retornar a
arma ao coldre, assumir o outro lado do ferido e repetir o mesmo processo do policial que
primeiramente se aproximou, somente não soltará a mão que está sobre seu pescoço,
atentando-se que, para levantar, deve utilizar a base de força dos membros inferiores, e
não das costas, estando pronto para o arrasto:

(Imagem produzida pelos autores.)

5.5- Arrasto carregado pelos braços com dois policiais:

1- Dois policiais se aproximarão do ferido, ficando um na segurança enquanto reduz


a silhueta e o segundo deixará o ferido na posição sentado, puxando pela farda ou
colete:

(Imagem produzida pelos autores.)


2- O militar que já está em contato com o ferido irá virar para o lado oposto e passar
seu braço por baixo da axila do ferido, encontrando com seu braço oposto que está
apoiando as costas dele:

(Imagem produzida pelos autores.)


3- O combatente que estava na segurança, deverá colocar sua arma no coldre e adotar
igual postura ao que já está apoiando o ferido, de maneira que um policial segure
o punho que está abaixo da axila ou não sendo possível o braço do outro,
utilizando a força das pernas para levantar e estando pronto para o arrasto:

(Imagem produzida pelos autores.)


6. APLICAR OS PRIMEIROS SOCORROS;
Aplicar, já abrigado, o protocolo de atendimento que será explicado no próximo capítulo.
O policial deve lembrar que, na aplicação dos primeiros socorros, ele ainda estará em zona
quente e esse atendimento deve ser célere.

7. SOLICITAR APOIO E PRIORIDADE;


Desde o “SAFE” o apoio já deve ser solicitado, conforme já explicado, mas, nesse ponto,
com o atendimento inicial já realizado e conhecidas as lesões sofridas pelo combatente, é
crucial que a central de comunicação já esteja em contato com o grupamento aéreo para o
deixar alertar da possibilidade de emprego do recurso, desde o primeiro acionamento. Além
de manter contato com a central de regulação (se existir no município) ou com os hospitais
locais (havendo mais de um), para que a guarnição já tenha um destino estabelecido,
avaliando, diante das circunstâncias, se será mais prudente aguardar o socorro especializado
(SAMU/ Grupamento aéreo). Por isso a importância de informar as lesões para que a central
de atendimento, sendo avisada por outro membro da guarnição, consiga estabelecer um local
possível de atendimento. Essa medida se faz necessária porque, em casos de distâncias
similares e que haja mais de uma unidade hospitalar, é razoável que leve o policial ferido a
unidade que tenha o profissional especializado do que levá-lo para outra sem especialista e
precise necessariamente transferi-lo.

8. SAÍDA DO TERRENO HOSTIL;


Aqui teremos um transporte mais longo que o primeiro arrasto, já com o paciente avaliado
e os primeiro atendimento realizado. No percurso a vítima deve ser constantemente
reavaliada, observando se os curativos aplicados estão com a devida eficácia mantida. Iremos
adentrar nas demais possibilidades, sempre mantendo o conceito fundamental de utilizar o
“simples que funciona”, podendo ser as próprias técnicas de arrasto, outras mostradas mais
à frente ou até alguma aqui não elencada. Há, neste Manual, listas exemplificativas e seus
respectivos passos, porém o teatro de operações pode demandar muitas outras possibilidades.
É importante conhecer ainda os seguintes termos:
CASEVAC: evacuação em veículo não apropriado para transporte de feridos,
podendo receber o atendimento durante a evacuação ou não, como é o caso da viatura
policial.
MEDVAC: evacuação em veículo próprio para transporte de feridos com
continuidade do tratamento em campo e já se iniciando um atendimento mais
especializado por médico ou enfermeiro, como o caso das ambulâncias.

Técnicas de saída de terreno hostil que precisam apenas dos próprios policiais militares:
8.1- Técnica “Bombeiro”:
1- O policial deverá dobrar as pernas do vitimado:

(Imagem produzida pelos autores.)

2- O policial deverá travar as pernas do ferido e o puxar pelo colete ou


fardamento, colocando-o em posição sentado e posteriormente de pé, sempre
utilizando, majoritariamente, a força dos membros inferiores:
(Imagem produzida pelos autores)

3- Nesse momento, deverá pegar um dos braços do policial vitimado e colocá-lo


às suas costas, abaixando o quadril e levantando a vítima, logo após realizar o
travamento da perna com o outro braço, passando-o por entre as pernas da
vítima e a deixar “cair” sobre seus ombros, ficando, dessa forma, na posição
de pé e usando uma das mãos para empunhar o armamento e a outra para
estabilizar a vítima:
(Imagem produzida pelos autores.)

8.2- Transporte com pernas cruzadas por dois policiais:


1- Um policial – mais à retaguarda – irá levantar o ferido pelo colete ou farda
e o irá segurar com a mão direita no punho direito e mão esquerda no
punho esquerdo do ferido, enquanto o apoia com o joelho. Quanto ao
segundo – mais à frente – cruzará as pernas do ferido e adotará postura de
segurança, ambos com silhueta reduzida:

(Imagem produzida pelos autores)


2- O militar da frente irá segurar o ferido pela perna de baixo, enquanto
permanece na posição de segurança, usando ambos as forças
majoritariamente das pernas para levantar e ficando prontos para o
deslocamento:

(Imagem produzida pelos autores.)

Técnicas de saída de terreno hostil que usam equipamentos específicos:


8.3- Padiola/ Cesta Alpina:
1- Podendo ser utilizada de maneira simples, carregada desde dois militares
até oito, e mantendo a segurança se caso for necessário, é o meio mais
confortável para quem resgata e para quem é resgatado:

(Imagem produzida pelos autores.)


2- No caso de baleados no tórax, pode-se adotar uma postura com a cabeça
mais elevada, trazendo uma possível posição mais confortável ao ferido:

(Imagem produzida pelos autores.)

3- No caso de exposição de vísceras, pode-se adotar uma maior flexão,


inclusive no ângulo das pernas do ferido, para que a pressão ajude a reduzir
a tendência de mais vísceras saírem:

(Imagem produzida pelos autores.)


8.4- Maca de tira/ modelo israelense:
A maca de tira consiste em cinco anéis de tecido resistente, costurados
entre si, para que o primeiro acomode o pescoço e cabeça e uma para se
passar cada membro dentro. Dentre os dispositivos é um dos mais versáteis
e de fácil transporte.

1- Utilizando a maca de tira para arrasto com um ou dois policiais:

(Imagem produzida pelos autores.)

2- Utilizada a maca de tira para carregar o ferido por dois policias:

(Imagem produzida pelos autores.)


Comparação da maca de tira e cesta alpina:

(Imagem produzida pelos autores.)

Técnicas de saída de terreno hostil quanto à acomodação na viatura:


8.5- Guarnição tipo A (com dois policiais):

1- O policial que estiver efetuando o resgate irá se aproximar da viatura


e usá-la como apoio:
(Imagem produzida pelos autores.)

2- Utilizando o braço mais próximo da porta, abrirá a porta traseira da


viatura enquanto apoia o ferido com sua outra mão e seu corpo:

(Imagem produzida pelos autores.)


(Imagem produzida pelos autores.)

3- Utilizando a técnica do arrasto, irá até a abertura da porta e se projetará


junto com o ferido para dentro da viatura, saindo pelo lado oposto. O
policial deve se atentar para a via aérea da vítima, que pode
comumente ficar em posição desconfortável para a respiração nesse
processo, conforme veremos nos próximos capítulos. Assim, é
essencial que feche ambas as portas para assumir a posição de
motorista para o deslocamento à unidade médica indicada pela central
de comunicações:

(Imagem produzida pelos autores.)


(Imagem produzida pelos autores.)

8.6- Guarnição tipo B (três policiais):

1. Enquanto o policial que efetuará o resgate se aproxima da porta traseira


da viatura, o outro policial manterá a postura de segurança e auxiliará na abertura e
fechamento da porta traseira, além de puxar o banco do comandante o máximo à frente
(se for adotado o modelo de transporte que necessite, conforme veremos nos próximos
passos):

(Imagem produzida pelos autores.)


2- O policial que realiza o resgate se projeta e puxa o ferido para dentro da
viatura:

(Imagem produzida pelos autores.)

3- Com três militares na guarnição, podemos adotar dois modelos de


transporte, a saber:

3.1- Neste modelo, o banco do comandante é totalmente puxado para


frente e um militar fica posicionado entre o banco do motorista e o banco traseiro,
na posição de joelhos, de uma maneira que possibilite realizar avaliações
constantes do estado da vítima, como sinais vitais, estabilidade dos curativos ou
torniquetes e se a via área da vítima está liberada. Porém, é válido ressaltar que,
nessas circunstâncias, há uma perda no fator segurança, tendo em vista que o
motorista estará concentrado em dirigir e o outro policial ileso estará com a visão
restrita à vítima, não sendo um modelo ideal para áreas conflagradas:

(Imagem produzida pelos autores.)


3.2- Neste modelo, após colocar a vítima no banco traseiro, o policial que
efetuou o socorro retornará para o banco do comandante e assim se tem um fator
de segurança mais elevado, tendo um militar atento somente à segurança e com
possibilidade de efetuar disparos, sendo ideal para áreas de alto risco. Porém fica
mais difícil acompanhar o estado de uma vítima inconsciente, não percebendo se
um ferimento voltar a sangrar ou outras complicações:

(Imagem produzida pelos autores.)


4 MARC1
4.1 ASPECTOS GERAIS

(Atlas de anatomia humana 5ª edição/ frank h. netter/2011)

Antes de o Manual expor os protocolos propriamente ditos e as suas respectivas


etapas de atendimentos, é salutar introduzir conceitos básicos e elementares do
funcionamento do corpo humano, conforme figura acima.
Já evidenciamos que a principal causa de morte em combate é a hemorragia. O corpo
humano não é um conjunto de órgãos, embebidos e boiando em um infinito de sangue, a se
movimentar de maneira desordenada para onde deseja, mas um mecanismo bem definido por
onde o sangue deve correr apenas pelos seus vasos. Assim, o sangue circula por todo o corpo
e órgãos, com saída e retorno ao coração, que funciona como uma bomba muscular.
A fim de facilitar o entendimento, nos valeremos de uma analogia simples, porém
eficiente: supondo que o corpo seja uma residência na qual há uma bomba (o coração), que
fará a circulação com envio da água limpa (sangue arterial) e retorno da usada (sangue
venoso). Esses líquidos – compreendidos metaforicamente como o sangue – passarão por
toda a residência por meio de tubulações que sofrerão variações de tamanho, isto é, ao longo
da casa alguns tubos terão calibres menores e outros, maiores. Por tais tubulações haverá os
vasos (artérias, veias e capilares).
Na mesma situação metafórica, se um desses canos é furado, por disparo de arma de
fogo ou por algum outro trauma, necessariamente o líquido começará a vazar e, então,
ocorrerá uma hemorragia, que, independente de ser externa ou interna, provocará perda de
sangue. O problema do corpo humano é que, enquanto uma casa dispõe de uma quantidade
abundante de líquido, o corpo, por sua vez, possui um limitado estoque; a “fabricação” não
acompanha a velocidade da perda, nos casos de trauma. Assim, a perda de sangue, seja para
o meio externo ou interno, causará o choque hemorrágico e, muito provavelmente, a morte.

(Imagem produzida pelos autores.)

O conceito simplificado de choque hemorrágico é a diminuição da pressão arterial,


hipoperfusão tecidual e disfunção orgânica ou desequilíbrio entre oferta e utilização de
oxigênio tecidual e celular, o que levará à queda de produção de energia necessária para
suportar a vida, acarretando na tríade da morte (“C-H-A” da morte) e um provável óbito,
se não for tratado.
Teremos como o “C-H-A”: a hemorragia causará uma tríade em que a tendência será
sempre a piora:

1. Coagulopatia (dificuldades de criar coágulos e assim ajudar a parar a hemorragia)


2. Hipotermia: perda de calor corporal
3. Acidose metabólica (pH sanguíneo é reduzido de 7,4 para 7,0.)3

(Imagem produzida pelos autores.)

3
Tríade construída em Meng ZH, Wolberg AS, Monroe DM, III, Hoffman M. The effect of
temperature and pH on the activity of factor VIIa: implications for the efficacy of high-dose
factor VIIa in hypothermic and acidotic patients. J Trauma 2003;55:886-91.
Phtls - Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado - 8ª Ed. 2016, NAEMT.

A partir da Classe III precisaremos ter um nível ainda maior de cuidado. Para
tanto, foi realizada uma experiência pelos autores que busca dar uma noção visual da
quantidade de sangue perdida; não sendo uma medida exata, mas unicamente uma noção
de como certa quantidade de líquido é capaz de empoçar. Para tal comparação, foi
despejado em um rasgo na calça do figurante, de 500ml em 500ml, um líquido com
coloração semelhante com sangue:

(Imagem produzida pelos autores.)


(Imagem produzida pelos autores.)

(Imagem produzida pelos autores.)

(Imagem produzida pelos autores.)


Tipos de hemorragia:

Arterial: Hemorragia que faz jorrar sangue pulsátil e de cor vermelho vivo,
demandando, portanto, um alto nível de preocupação. Imagine aqui a tubulação (artéria)
de grande calibre e que está saindo em fortes pulsos da “bomba” (coração) para ir ao resto
da casa (corpo);

Venosa: Hemorragia onde o sangue sai mais lentamente e contínuo, com cor
vermelho opaco. A preocupação é elevada, mas não tão alto quanto a arterial. (imagine
aqui uma tubulação (veias) que também podem ter grandes calibres, mas está retornando
a bomba (coração), por isso terá um fluxo contínuo e perigoso, mas não tão forte quanto
os pulsos da arterial;

Capilar: O sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao sangue
venoso/arterial. Baixo nível de preocupação na maioria dos casos.

(Imagem produzida pelos autores.)

4.1.1 Protocolo de Atendimento


Dentre os principais protocolos do APH tradicional, aquele preconizado pelo
PHTLS vem se aproximando com o protocolo tático de que iremos tratar, principalmente
quando na sua 9ª edição, em 2018, trouxe como prioridade a contenção das grandes
hemorragias, acrescentando o “X” na sua ordem de atendimento e transformando o
ABCDE em XABCDE. Ademais, o supracitado protocolo vem paulatinamente tratando
e indicando o uso do torniquete. O foco deste Manual, no entanto, não é a análise teórica
das edições, mas os protocolos no que concerne ao atendimento tático.

No cenário tático, ressalta-se o internacionalmente reconhecido Tactical Combat


Casualty Care (TCCC/ TC3), que usará o protocolo MARCHE. No cenário nacional, há
como único representante o protocolo do médico Sérgio Maniglia, membro da PCPR e
da Special Operations Medical Association (SOMA), que é o MARCCC ou MARC3
(para operadores especializados com o curso da própria Polícia Civil do Paraná/ PCPR)
e o MARC1, que seria o protocolo mais simplificado e com as ações básicas de grande
relevância acadêmica àquele que se propõe a ser operador tático. Neste sentido, julgamos
fundamental destacar a marca indelével do referido profissional para o desenvolvimento
do tema no Brasil, sendo hoje uma das maiores referências que temos no país, juntamente
com a equipe do Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate (GESAR) da
PMERJ e as unidades de ensino da PMSC.

Veremos que na prática o protocolo MARCHE (quando simplificado para o uso


das guarnições policiais ordinárias do Brasil) é praticamente idêntico ao MARCCC e,
neste Manual, usaremos o mnemônico MARC no desejo de valorizar a doutrina nacional
criada no Paraná e, além disso, no MARC1 utilizaremos o protocolo como ele deve ser,
sem as adaptações que seriam necessárias ao uso do MARCHE, apenas fazendo as
pontuações e adequações à realidade da região. Destacamos, ainda, que o “C” – que no
MARCHE faria referência à circulação –, no MARC1 fará referência a “calor”, que
somente seria visto no “H” (hipotermia) do MARCHE, porém o doutrinador nacional
Sérgio Maniglia entendeu – e concordamos – que no cenário policial as avaliações
constantes em “circulação” não seriam prudentes ao efetivo não especializado (infusão
de fluidos, pulsão intraóssea e outros procedimentos para tratar o choque), pensamento
corroborado na doutrina utilizada na PMERJ, que publicou em boletim ostensivo a
proibição de proceder tais atos.

Para conhecimento, traremos aqui o protocolo MARCHE que deu origem aos
demais:
(Protocolo TCCC, Imagem produzida pelos autores.)
Comparação MARCH e MARC1:

(Imagem produzida pelos autores.)


restando, por fim, com o que usaremos neste trabalho:

(Protocolo do DR. Sérgio Maniglia. Imagem produzida pelos autores.)

TEMPO:

Para o tempo de atendimento, adotaremos o mesmo padrão do Manual de


Campanha Atendimento Pré-Hospitalar (APH) BÁSICO (EB70-MC-10.343) de 2020 do
Exército Brasileiro, que segue o mesmo padrão da Organização das Nações Unidas
(ONU):
Conforme estabelecido pela tabela4, há o tempo máximo de 10 (dez) minutos,
“Dez Minutos de Platina”, para, abrigado, ter finalizado a aplicação do protocolo de
atendimento. Porém, é preciso destacar que esse tempo representa um limite e um
referencial teórico, e não um tempo mínimo, já que em caso de grandes hemorragias a
vítima poderá falecer em menos de três minutos. Assim, o tempo para contenção de
grandes hemorragias sempre será “o mais rápido possível”. 1 (uma) hora para o
combatente já estar na unidade hospitalar (princípio da Hora de Ouro, pilar do
atendimento tradicional no Brasil e Estados Unidos, que adotam o protocolo do PHTLS)
e 2 (duas) horas para início da correção cirúrgica.

4
Tabela retirada do Manual de Campanha ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH)
BÁSICO (EB70-MC-10.343) de 2020.
5. PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS:

(Imagem produzida pelos autores.)

5.1 MASSIVO (SANGRAMENTO):

Neste ponto do Manual, trataremos das formas de lidar com os sangramentos


massivos, que são os primeiros sinais que o policial deve procurar ao chegar no abrigo
com a vítima.
1- Atendendo, de forma prioritária, as demandas visivelmente alarmantes (pontos de
sangramentos claramente definidos e com grande volume, grandes cortes,
amputações e outros).

2- Em segundo plano, o policial deve passar para a verificação em etapas.


Padronizou-se o sentido horário, porém isso é meramente didático, já que o
importante é seguir a ordem que permita a verificação de todos os membros e
pescoço, fazendo com as mãos um movimento da parte posterior (ou outra parte
que esteja para baixo) e centro, para a parte anterior (ou a outra que esteja para
cima) e centro. Assim, deve-se também inspecionar as mãos para verificar se
existe ou não sangramentos, por isso o policial deve evitar luvas de tons escuros.
Fazendo isso por todo membro, da parte mais proximal (mais próxima ao tronco)
até a região mais distal (mais distante do tronco, mãos e pés). Se houver sangue,
o policial deve proceder o tratamento devido imediatamente, usando nos membros
o torniquete e, na lateral de pescoço, teríamos o preenchimento de ferida, ou seja,
wound packing e outros – tópicos que serão tratados mais à frente.
(Imagem produzida pelos autores.)

Para exemplificar o motivo do não recomendarmos o uso de luvas escuras,


os autores realizaram uma experiência na qual foi despejado líquido com
coloração semelhante ao sangue em luvas de diferentes tons, ficando evidente o
quanto a coloração pode interferir no julgamento de quem realiza o socorro,
principalmente se tiver algum outro líquido no ambiente (como chuva) ou se
estiver em local de baixa luminosidade. Assim, o uso das luvas de cor preta
apresentou a pior hipótese no cenário:
Luvas sem o líquido:

(Imagem produzida pelos autores.)

Luvas molhadas com o líquido de cor semelhante ao sangue em duas posições diferentes:

(Imagem produzida pelos autores.)

3- Após tratar as lesões que ameacem a vida e verificar todos os membros,


passaremos (caso no primeiro ponto não tenha sido explorado) para o tórax –
momento no qual o policial deve livrar a vítima do colete e das vestes, procedendo
com a inspeção visual e, com a mão em garra, fazendo a exploração por todo o
tórax, abdômen e dorso do militar, sempre tratando as lesões que porventura sejam
detectadas. Nesses casos, em lesões achadas em região de ombro, axila, lateral de
pescoço, virilha, genitália e nádega (toda região encoberta pela “sunga” no sexo
masculino), adotaremos o preenchimento de ferida, porém existirão
procedimentos como o uso do itclamp e outros que não adotaremos como padrão,
tendo em vista o custo de tais materiais e maior dificuldade de achá-los no Brasil.

Iremos adentrar na execução de cada um dos procedimentos para a contenção de


hemorragias, mas segue uma figura que representa, de forma sucinta, os aspectos mais
relevante

(Imagem produzida pelos autores.)


Membros: uso do torniquete:

Antes de explicarmos detalhadamente o uso do torniquete, é preciso se destacar a


necessidade do seu uso. O torniquete tático já foi tratado em diversas obras e alguns são
homologados e testados pelo comitê internacional, CoTCCC, que se reúne anualmente
para homologar os protocolos e verificar os materiais testados pelos diversos fabricantes
do mundo. Atualmente não temos fabricantes nacionais que se submeteram aos testes
necessários e portanto não possuem evidências médicas de seu funcionamento.

Na última edição do comitê em seu CoTCCC Recommended Devices &


Adjuncts5, de 06 de maio de 2019, recomenda-se o uso de 08 torniquetes não
pneumáticos, sendo eles:

1- Combat Application Tourniquet (CAT) Gen 7

2- Combat Application Tourniquet (CAT) Gen 6

3- Ratcheting Medical Tourniquet -Tactical (RMT-T)*6

4- SAM Extremity Tourniquet (SAM-XT)

5- SOF Tactical Tourniquet – Wide (SOFTT-W)7

6- Tactical Mechanical Tourniquet (TMT)

7- TX2” Tourniquet (TX2)

8- TX3” Tourniquet (TX3)

Não trataremos aqui do “torniquete improvisado” por não haver métodos


científicos que comprovem a sua eficácia. De igual forma, não traremos torniquetes não
homologados pela CoTCCC, pois, mesmo aparentando funcionalidade, os estudos
demonstram grande índice de falha:

Torniquetes improvisados não conseguiram parar o sangramento


em 99% dos testes (79 de 80 testes). Com um molinete, torniquetes

5 Significa, em tradução livre, CoTCCC dispositivos e acessórios recomendados


6 Os modelos civis da RMT não são recomendados pelo CoTCCC para uso militar
7 O SOFTT original de 1 foi removido das Recomendações do CoTCCC
improvisados não conseguiram parar de sangrar em 32% dos testes (p
<0,0001). Nos testes sem molinete, as tentativas de interromper o pulso
falharam completamente (100%, 80 de 80 testes). Com um molinete, no
entanto, as tentativas de interromper o pulso falharam 31% das vezes (25
de 80 testes); a diferença de proporções foi significativa8.

Exemplo do que seria um torniquete improvisado:

(Imagem produzida pelos autores.)

Basicamente, a regra para uso será: torniquete alto e apertado. Em outras palavras,
no momento do combate, não se irá dispor de tempo para localizar se um mesmo membro
está sangrando por vários pontos ou somente um e nem a precisão de voltas para parar o
sangramento, iremos aplicar o torniquete o mais próximo a raiz do membro e o mais
apertado possível, trazendo o PHTLS em sua 8ª edição uma segurança de uso (baixo risco
de lesão) por até 150 minutos com torniquete.

Partiremos, agora, para demonstração do passo a passo do CAT-7 ou CAT-6 por


ser o modelo mais popular e testado, porém todos os outros seguem o mesmo princípio
de uso:

8
Altamirano MP, Kragh JF Jr, Aden JK 3rd, Dubick MA. Role of the Windlass in Improvised Tourniquet
Use on a Manikin Hemorrhage Model. J Spec Oper Med. 2015;15(2):42–46
Forma ideal de acondicionar e preparar o torniquete para o serviço:

1- O policial deverá esticar o torniquete

(Imagem produzida pelos autores.)


2- Passar sua ponta dentro da fivela, conforme figuras:

(Imagem produzida pelos autores.)


(Imagem produzida pelos autores.)

3- Retornar com o velcro sobre o velcro por cerca de 15 cm, conforme figura:

(Imagem produzida pelos autores.)

4- Após essa etapa, deverá dobrar novamente a face sem velcro sobre a outra
face sem velcro, permitindo que ele não fique fixo, conforme figura:
(Imagem produzida pelos autores.)

5- A haste deve estar no mesmo sentido da fita do torniquete e o velcro da


trava da haste preso somente a um dos lados da haste (como será tratado à
frente):

5.1- Maneira correta:

(Imagem produzida pelos autores.)

5.2- Maneira incorreta:


(Imagem produzida pelos autores.)

a. Auto-aplicação:

1- Insira o membro lesionado através do laço na faixa e posicione o torniquete o mais


alto possível no membro.

(Imagem produzida pelos autores.)


2- Puxe a tira com firmeza o máximo (mais apertado) possível e prenda-a de volta
do torniquete, mas não por cima dos clipes da haste. A banda deve estar firme o
suficiente para que as pontas de três dedos não possam deslizar entre o torniquete
e o membro. Se as pontas dos três dedos deslizarem sob a faixa, aperte novamente
e prenda:

(Imagem produzida pelos autores.)

3- Gire a haste o mais apertado possível ou, se tiver boa visualização, até parar o
sangramento.

(Imagem produzida pelos autores.)


4- Encaixe a haste dentro de um clipe para travá-la no lugar. Verifique se há
sangramento. Se o sangramento não for controlado ou o pulso distal estiver
presente, considere um aperto maior ou a aplicação de um segundo torniquete logo
abaixo e lado a lado no primeiro.

(Imagem produzida pelos autores.)

(Imagem produzida pelos autores.)


5- Passe a banda sobre a haste e entre os clipes. Prenda com a cinta de fixação cinza.
Grave o tempo de aplicação.

(Imagem produzida pelos autores.)

b. Aplicação em outra pessoa:

1- Direcione a faixa ao redor do membro, passe a ponta pela fenda da fivela


e posicione o torniquete mais alto possível no membro.

(Imagem produzida pelos autores.)


2- Puxe a banda com firmeza o mais apertado possível e prenda-a de volta a
si mesma por todo o membro, mas não por cima dos clipes da haste. A
banda deve estar firme o suficiente para que as pontas de três (3) dedos
não possam deslizar entre a banda e o membro. Se as pontas dos três (3)
dedos deslizarem sob a faixa, aperte novamente e prenda novamente.

(Imagem produzida pelos autores.)

3- Gire a haste o mais apertado possível ou, se tiver boa visualização, até
parar o sangramento.

b. (Imagem produzida pelos autores.)


1- Encaixe a haste dentro de um clipe para travá-la no lugar. Verifique se há
sangramento. Se o sangramento não for controlado ou o pulso distal estiver
presente, considere um aperto maior ou a aplicação de um segundo
torniquete logo abaixo e lado a lado no primeiro. Reavaliar.

(Imagem produzida pelos autores.)

2- Passe a banda sobre a haste e entre os clipes. Prenda com a cinta de fixação
cinza. Grave o tempo de aplicação.
(Imagem produzida pelos autores.)

USO DE TORNIQUETE:

É válido ressaltar, neste ponto do Manual, algumas característica importantes a


respeito do uso de torniquete não pneumático no ambiente tático:

1- Aplicação somente em membros, não aplicar nas articulações ou


pescoço;

2- Colocar o mais proximal (perto da raiz do membro) e o mais apertado


possível (para os protocolos de combate);

3- Na zona morna, o sangramento se mantendo, deve-se aplicar outro


torniquete logo abaixo do anterior;

4- Não se deve fazer folgas no torniquete;


5- Deve-se verificar constantemente a possibilidade de o sangramento ter
retornado, avaliando também a hipótese de o torniquete ser mais apertado;

6- Em grandes lesões (como amputações), mesmo que não esteja


sangrando no momento, deve-se aplicar o torniquete, pois poderá retornar a
sangrar na movimentação;

7- Mesmo existindo a possibilidade da conversão do torniquete para um


curativo compressivo ou para um mais distal, não recomendamos tal
procedimento para o policial que não tenha treinamento específico para tal, logo,
será estabelecido que a retirada do torniquete será somente em unidade hospitalar
por equipe especializada;

8- Um torniquete frouxo pode acarretar diversos problemas, desde a


incapacidade de conter o sangramento até gerar uma síndrome compartimental.
Então, é imperioso que seja, realmente, bem apertado. Isso, provavelmente,
causará dor na vítima, todavia, entre causar um desconforto passageiro e a
preservação da vida, opta-se sempre pela última opção.

9- Os torniquetes nunca devem ser aplicados acima de objetos (que podem


estar no bolso ou dependurados no uniforme) ou coldres. Se o policial estiver com
coldre de perna ou bornal e precisando aplicar o torniquete no mesmo membro,
tem de liberar a afixação do coldre ou bornal à perna (ficando preso apenas no
cinto) e deixar o local livre para aplicação do torniquete;

10- O local para marcar o tempo (nos modelos CAT-6, CAT-7 e SAM)
devem sempre estar destravados antes do uso, pois deixando-os travados,
demandará tempo e causará muita dificuldade no autossocorro, devendo travá-los
apenas após aplicação do torniquete no ferido e, sempre que possível, registrar o
horário exato da aplicação, para que a equipe médica saiba por quanto tempo
aquela circulação foi bloqueada.
(Imagem produzida pelos autores.)

Zonas de transição:

Nessa região iremos fazer o chamado “preenchimento de ferida e


empacotamento”. Usaremos, para tanto, a gaze de combate (feita com agente
hemostático), ou, na hipótese de não havê-la, utilizaremos a gaze de metro ou “gaze
queijo” (sugerimos cortes de 4 metros), sendo que a gaze com agente hemostático irá
reduzir drasticamente o tempo para conseguir sanar o sangramento. Existem ainda os
dispositivos Itclamp, celox, X-Stat e outros. Porém, com o intuito de criar um padrão
protocolar, iremos adotar o método com as gazes.

O CoTCCC indica os seguintes produtos para esse controle de hemorragia:

1- Combat Gauze (CG) Z-Fold (QuikClot Combat Gauze)

2- Celox Gauze, Z-Fold 5'

3- ChitoGauze
4- X-Stat, Single Applicator

5- iTClamp

Retornamos aqui à analogia da casa. Imaginemos um cano furado. Seria


inadequado apenas colocar uma toalha em cima da parede da casa e aguardar que o
problema se resolva. Mesmo que colocássemos uma sobre a outra, teríamos como
resultado final apenas toalhas encharcadas e um cano ainda vazando. É preciso, portanto,
encontrar o local do vazamento e, uma vez localizado, manter ali com pressão. Observe
a imagem:

(Imagem produzida pelos autores.)


Adotaremos, então, o procedimento de que nessas zonas de transição o operador
deverá:

1- Identificar a área ferida;

(Imagem produzida pelos autores.)


2- Iniciar pressão direta enquanto expõe a área ferida utilizando uma
tesoura de ponta romba (corte o fardamento na região);

(Imagem produzida pelos autores.)


3- Inserir o dedo, se for necessário, e localizar o principal ponto de
sangramento;
(Imagem produzida pelos autores.)

4- Localizando o ponto, não mais deixará de fazer pressão no local;

5- Abrir a gaze;

6- Retirar o máximo de sangue da cavidade, antes de inserir a gaze.

7- Iniciar um ciclo no qual a mão livre fará uma volta (uma pequena
“bola”) na gaze e levará até o local em que está a pressão, ocupando,
assim, o seu local, 1 para 1. Substitua o dedo segurando a pressão contra
o sangramento até preencher a cavidade inteira, na lateral de pescoço.
Não se deve fazer o preenchimento no sentido do centro do pescoço;

(Imagem produzida pelos autores.)


8- Certifique-se de que está mantendo a pressão enquanto preenche toda
a ferida e que não está sangrando ao redor da gaze;
(Imagem produzida pelos autores.)

9- Preenchendo todo o espaço, colocaremos a sobra da gaze acima e


usaremos ambas as mãos para exercer pressão (sendo gaze com agente
hemostático o PHTLS 8ª edição traz como tempo médio de 3 a 5 minutos
e sendo a gaze metro/ queijo comum o tempo necessário será de 10
minutos)

(Imagem produzida pelos autores.)


10- Passado o tempo (se for possível aguardar no local) e percebido que o
sangramento parou, devemos fazer um curativo que mantenha a pressão
na região, usando uma bandagem elástica, sendo o ideal uma bandagem
israelense, pelo fato de ela ter um dispositivo plástico para ajudar a
manter a pressão, ou, não havendo, pode-se utilizar atadura ou fita de alta
fixação (tipo “silver tape”);
(Imagem produzida pelos autores.)
11- Passado o tempo e percebendo que o sangramento não cessou, deveremos
retirar o curativo anterior e aplicar um novo. Essa informação encontra-se
no Tactical Combat Casualty Care Guidelines for All Combatants, que,
em tradução livre, significa diretrizes de cuidados táticos de combate a
acidentes para todos os combatentes, de agosto de 2017, baseado nas
Diretrizes da TCCC para Pessoal Médico 170131.

5.1.1 AR

Em “AR” teremos o tratamento imediato das vias aéreas, pois mesmo sendo as
hemorragias as maiores causadoras de óbito no ambiente pré-hospitalar, teremos a
obstrução de vias aéreas como a causa que mata mais rapidamente. Como dito na ATLS9,
com tradução livre dos autores, a entrega inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e
outras estruturas vitais é o assassino mais rápido de pacientes feridos. Uma via aérea
protegida e desobstruída e ventilação adequada são essenciais para evitar hipoxemia.

Neste ponto, teríamos como possível ação a inserção de cânulas e outros


procedimentos que podem ser feitos pelo policial treinado, todavia adotaremos apenas os

9 Advanced Trauma Life Support, 10ª edição/ 2018


procedimentos ainda mais simples, deixando os procedimentos que necessitem de
treinamento específico para aqueles que realizarem cursos e estágios nesse sentido
(lembrando que esta obra busca ser aplicada em toda a Bahia e, somente com o seu estudo,
traremos procedimentos de fácil entendimento):

1- Verifique se a via aérea está “aberta”, aqui chamamos atenção para o


posicionamento após e durante as movimentações no caso do policial
militar inconsciente, pois facilmente poderá ocorrer mudanças.
Chamamos o leitor a experimentar ambos os posicionamentos das
fotos e perceber as diferenças na passagem do ar:

(Imagem produzida pelos autores.)

2- Verifique se existe algo obstruindo a passagem de ar, desde sangue,


dentes quebrados, próteses ou outros objetos:

2.1- Existindo objetos sólidos, verifique se será possível a retirada


ou se sua ação irá empurrar ainda mais o objeto. Sendo de fácil retirada,
utilize a mão em pinça ou o dedo em gancho para a ação, nesse
procedimento se deve ter muita cautela para evitar uma mordida da vítima,
podendo ser usada uma lanterna ou outro objeto para auxiliar na
visualização e também impedir a mordida:

(Imagem produzida pelos autores.)

(Imagem produzida pelos autores.)


2.3- Sendo sangue ou outro líquido, pela falta de material que
encontramos no APH Tático, utilizaremos a técnica de lateralização da
vítima antes do transporte;

(Imagem produzida pelos autores.)

3- Caso a vítima esteja consciente, deixe que escolha a posição que mais a
traga conforto respiratório, podendo inclusive ser sentada;

4- Chamaremos atenção aqui novamente para a atenção à escolha do


protocolo adotado (tradicional -XABCDE- ou tático- MARC1) e ao ambiente,
pois temos um ponto que mata com grande velocidade mas que no APH Tático
nos deixa poucas opções seguras de procedimentos, então sendo uma situação já
controlada, deve-se adotar os protocolos civis (PHTLS), sendo necessário
procederemos com a tração de mandíbula ou queixo, enquanto aguardamos a
equipe especializada;

5.1.1.1: Respiração

Aqui retomamos o já tratado no início do capítulo quando falamos dos ferimentos


de tórax e abdômen. O principal foco é evitar o pneumotórax, que, simplificando,
compreende-se como o acúmulo de ar entre a parede torácica e o pulmão (que
originalmente preencheria toda a cavidade sem ar entre ele e a parede), comprimindo
ambos pulmões e coração e podendo causar um colapso. Pode ocorrer por ferimentos com
entradas diversas (ombro, abdômen ou o próprio tórax). Essa condição cria uma espécie
de válvula, na qual a diferença de pressão entre o corpo e meio externo fará com que, a
cada expiração, o espaço seja preenchido pelo ar, que percorre a ferida e pressiona
gradativamente os órgãos. Além do desconforto respiratório, pode ocorrer choque, parada
cardíaca eventualmente traumática e, por conseguinte, levar o combatente a óbito.

(Imagem produzida pelos autores.)


1- Primeiramente, deveremos expor o tórax e abdômen do combatente
ferido, retirando o mais rápido possível o seu colete balístico e
cortando com a tesoura ponta romba (ou até rasgando) seu uniforme;

(Imagem produzida pelos autores.)


2- Fazendo inicialmente a inspeção visual e achando qualquer ferida
grave, devemos de imediato colocar o selo de tórax ou curativo
oclusivo, podendo ser valvulado ou não valvulado;
2.1- Abra o curativo

(Imagem produzida pelos autores.)


2.2- Tire o excesso de sangue do local:
(Imagem produzida pelos autores.)
2.3- Usando o dedo como guia, aplique o curativo com o centro acima
da perfuração:

(Imagem produzida pelos autores.)


3- Não havendo ambiente propício a visualização ou não tendo precisão
apenas no visual, passaremos a mão “em garra” por todo o tórax e
abdômen do ferido e sempre verificando se sentimos buracos ou
visualizamos sangue em nossas mãos, por isso nunca devemos adotar
luvas de cores escuras;
(exemplificação da mão em garra. Imagem produzida pelos autores.)

(Imagem produzida pelos autores.)


4- Finalizando a verificação da parte anterior (frente), iremos verificar o
dorso, se colocando de joelhos ao lado da vítima, apoiaremos uma das
mãos em seu ombro, a outra em sua pelve (cintura) e então o puxamos
em nossa direção, deixando o corpo repousar, apoiado no atendente,
então usaremos a mesma ordem de inspeção visual, verificação com
mão em garra em busca de sangue ou buracos e aplicação do selo de
tórax ou curativo oclusivo, podendo ser valvulado ou não valvulado no
caso em que houver feridas;
(Imagem produzida pelos autores.)

5- Não havendo o selo de tórax (que é o padrão e modelo ideal no tocante


a ganho de tempo e eficiência), usaremos como medida emergencial o
padrão de “curativo de 03 pontos” ou “curativo valvulado” para as
feridas do tórax, onde usaremos um plástico estéril e uma fita de alta
fixação (tipo silver tape) para fechar 03 (três) lados do curativo e
deixaremos 01 (um) aberto, deixando aberto o que estiver voltado para
o chão para que o sangue consiga escorrer (podendo variar se o
paciente estiver deitado ou sentado), conforme a imagem;
(Imagem produzida pelos autores.)

6- Em casos de lesões abdominais com exposição de vísceras, nunca se deve


tentar recolocar para o corpo as vísceras (ou qualquer outro órgão) que tenham sido
expostas. Devemos aplicar uma gaze úmida acima das partes expostas e fixar o curativo
com a fita ou papel filme, além de, se houver possibilidade segura de transporte, manter
as pernas da vítima flexionadas (podendo usar a fita para apoiar) e, assim, evitar que a
pressão faça com que mais partes sejam expostas.

5.1.1.1.1 Calor

Já expomos o perigo da hipotermia e a sua posição de destaque na chamada tríade


da morte ou “CHA da morte” (Coagulopatias, hipotermia e acidose metabólica), temos
que:

No trauma, a vítima pode perder calor por convecção, quando


exposta ao movimento de corrente de ar que resfria o corpo, resultando
em uma perda de até 12% do calor corporal total; ou por condução
decorrente, contato direto com objetos como, por exemplo, a
administração de soluções em temperaturas menores que a corporal. A
hipotermia, no ser humano, interfere em diversas funções fisiológicas
como metabolismo basal, transporte de oxigênio e gás carbônico,
concentrações de íons hidrogênio no sangue, nos sistemas nervoso,
cardiovascular, respiratório, urinário, digestivo e nas alterações
hematológicas, hídricas, eletrolíticas e hormonais 10.

Mostra-se, assim, um importante item: a manutenção da vida. No entanto, muitas


vezes esse item é o mais negligenciado, como se verificou, por exemplo, no exercício
simulado promovido pela Liga Acadêmica de Cirurgia e Atendimento ao Trauma no
Espírito Santo (LACATES), em 2012, contando com o Corpo de Bombeiros Militar do
Espírito Santo e outros órgãos de salvamento, com seus registros processados e
transformados em artigo científico publicado na Revista Brasileira de Cirurgia 11. Mesmo
se tratando de um atendimento tradicional em situação civil, serve para exemplificar –
com o gráfico abaixo – e é também por vezes esquecido no atendimento tático:

A partir de agora adentraremos em um tópico bastante relevante. Trata-se de uma


ação relativamente simples: fornecer calor ao combatente. Após proceder o atendimento,

10
Cyrillo, Regilene & Dalri, Maria & Canini, Silvia & Carvalho, Emilia & Lourencini, Renata. (2009).
Diagnósticos de enfermagem em vítimas de trauma atendidas em um serviço pré-hospitalar avançado
móvel. Revista Eletrônica de Enfermagem. 11. 10.5216/ree.v11i4.33235.
11
SIMOES, Romeo Lages et al . Atendimento pré-hospitalar à múltiplas vítimas com trauma simulado.
Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro , v. 39, n. 3, p. 230-237, June 2012 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912012000300013&lng=en&nrm=iso>.
access on 22 Apr. 2020
na última etapa antes do transporte definitivo, devemos envolver a vítima com uma manta
aluminizada ou cobertor de emergência/ resgate que evite a sua perda de calor corporal,
envolvendo todo o corpo (inclusive cabeça, por onde se tem grande perca de calor) e
somente deixando sinalizado/ exposto o local onde foram aplicados torniquetes, para
visualização da equipe médica. Por mais que o clima esteja aparentemente quente para o
militar que procede o atendimento, para o ferido a perda de calor é muito rápida.

Existindo ainda a possibilidade de colocar fontes de calor externas junto ao


enfermo, também deve ser feita (existem diversas marcas no mercado de “bolsas de calor”
ou “Heatpaks”, que, ao serem acionadas, começam a emitir calor), ou, em último caso, o
contato corpo a corpo no transporte, emanando assim o calor do militar saudável para o
lesionado.

(Imagem produzida pelos autores.)


(Imagem produzida pelos autores.)
6 PROCEDIMENTOS IMPORTANTES, NÃO ESPECÍFICOS DO APHT

6.1 OBJETOS PRESOS AO CORPO

Havendo objetos inseridos no corpo da vítima, como facas, espetos ou outros


perfurantes, devemos apenas estabilizar o objeto para evitar que cause novas lesões e
atenuar o sangramento. Após esse procedimento, deve-se realizar o deslocamento. É
importante ressaltar que jamais devemos retirar o objeto do local, pois o mesmo pode
estar sendo uma contenção de uma hemorragia maior. Os objetos devem ser retirados
apenas nas circunstâncias que indiquem ser essencial ao deslocamento e à segurança da
equipe. Naquela mesma situação analógica, na qual o corpo humano é assemelhado a uma
casa, imagine que há um objeto furando a tubulação da resdiência; não sendo retirado,
continuará a ocupar o espaço e buraco que causou no cano. Seguramente, ainda iremos
verificar o vazamento de água, mas, se realizarmos a retirada, deixaremos um buraco
ainda maior e, assim, ocorrerá uma perda de líquido mais acentuada, que, no caso da lesão
corporal, seria sangue.

(Imagem produzida pelos autores.)

6.1.1 Trauma Oftalmológico

No caso de trauma oftalmológico, não se deve retirar objetos que tenham


atravessado o globo ocular, mas apenas realizar a sua estabilização. Para todo tipo de
trauma, devemos, no primeiro momento, usando um par de Eye Shild (tampão ou escudo
para olho) ou gaze úmida (ou até um copo no caso de objetos longos como espetos),
proteger o olho ferido, evitar sua exposição e deslocar ao hospital. É importante destacar
que, sempre que for possível, deve-se proteger ambos os olhos, pois ao mexermos em um,
mexemos simultaneamente o outro (mesmo tapado). Assim, sempre que o olho saudável
se movimentar para olhar algo, pode agravar o olho lesionado, que mexerá
conjuntamente. Por fim, os policiais devem analisar a situação e ponderar as questões
atinentes à segurança da guarnição no local, avaliando o deslocamento do ferido e se o
ambiente é propício ou não a ter um militar sem o sentido da visão ativo.

6.1.1.1 Fraturas

A fratura é a ruptura na continuidade de um osso. Ela pode ser causada por quedas,
impactos de viaturas, tiros e traumas de maneira geral. No cenário tático não teremos
tempo e segurança para tais estabilizações, porém, no cenário seguro, a estabilização deve
sempre ser feita antes do deslocamento, evitando piora do quadro.

1 – A imobilização correta reduz a dor, o sangramento e as lesões de partes


moles (pele, músculos, nervos e vasos). Na falta de recursos específicos (talas e
ataduras), o militar pode improvisar os mesmos com o uso de panos e materiais
rígidos e de superfícies lisas, visando estabilizar a situação e não a agravar no
transporte, causando uma fratura exposta por exemplo.

2 – Colocação da tala: deve incluir as articulações (ponto de contato, de


junção de duas partes do corpo) acima e abaixo do osso fraturado ou da luxação.

3 – Após a imobilização, tenha cuidado com a circulação da vítima, para


que a imobilização não impeça a passagem de sangue a acabe por formar uma
espécie de “torniquete”, devendo sempre que fazer uma amarração, verificar se o
pulso continua permeável na parte mais distal do membro;

4 – Coluna: imobilize a coluna cervical sempre que houver vítimas de


traumas e o cenário permitir (situações não táticas), como já foi explicado. Esse
ato deve ser realizado juntamente com a desobstrução das vias aéreas. Estabilize
a vítima e faça o uso de uma prancha para que, no transporte, a coluna não tenha
movimentação. Na ausência de uma prancha profissional, utilize uma porta ou
qualquer superfície rígida e lisa capaz de suportar a vítima. Além da estabilização
na prancha, faça a colocação do colar cervical, estabilizando as primeiras
vértebras e, ainda assim, continue a amparar a cabeça da vítima e impedir
movimentações até a mesma estar amparada pelos blocos presos a prancha.
Caso a vítima esteja sentada no interior de um veículo, só proceda a retirada da
mesma em caso de risco eminente de um mal maior, se possível espere a chegada
de ajuda especializada, deixando a vítima o mais imóvel possível e evitando
maiores traumas.

6.1.1.1.1 Convulsões

A convulsão é um processo de contratura muscular involuntária, causado pelo


aumento excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas de cérebro.

Como agir:

1 – Chame ajuda;
2 – Caso a vítima esteja em pé ou sentada, deite a vítima ao solo de
maneira segura, evitando queda e maiores lesões;
3 – Não tente segurar a vítima no intuito de impedir as contrações;
4 – Não introduza a mão ou qualquer objeto na boca da vítima;
5 – Garanta que a vítima não causará maiores danos ao próprio corpo, a
proteja de quinas ou quedas, além de afastar qualquer objeto perigoso
da proximidade da vítima, segure a cabeça da vítima, no sentido de
amparar para que não cause choques contra o solo ou móveis;
6 – Folgue as roupas e cintos da vítima;
7 – Retire relógios e óculos da vítima;
8 – Lateralize a vítima para evitar engasgo;
9 – Espere que a vítima se restabeleça e a conduza ao hospital, caso o
serviço móvel ainda não tenha chegado.
7 IFAK

IFAK é uma sigla em inglês que quer dizer “Individual First Aid Kit” ou, em
português, kit individual de primeiros socorros. O kit deve ser usado em local de fácil
acesso pelo policial com qualquer uma das mãos e que esteja dentro do campo de visão
do militar. Sendo possível, o torniquete deve estar em um local de mais fácil acesso ainda,
podendo estar em algum anexo do próprio bornal que conter o kit ou em bornal próprio,
mas seguindo as mesmas regras de estar no campo visual do usuário e com acesso fácil a
ambas as mãos.

Por mais que aconteça - contra a doutrina - de um militar usar seu kit em outro
ferido, o princípio sempre deve ser de que o kit é de uso individual e pode ser aplicado
pelo próprio ferido. Dessa forma, o policial deve sempre ter em mente que o acesso será
feito no momento em que estiver ferido, podendo ser lesionado em qualquer parte do
corpo, de modo que o acesso deva ser possível com ambas as mãos. Além disso, há o
caráter emergencial que obriga o kit a estar no campo de visão do combatente, permitindo-
lhe alcançá-lo rápida e instintivamente. Sendo possível, deve-se ter ainda uma
padronização entre os membros da guarnição, para que todos tenham os mesmos
equipamentos e no mesmo local, pois, assim procedendo, no caso do ferido ficar
desacordado, o militar ao seu lado saberá exatamente onde pegar o kit do ferido e o que
nele consta. Essa padronização permitirá o uso do kit do lesionado nele próprio, além de
não desproteger, ou seja, deixar sem o kit, algum policial que porventura seja o próximo
lesionado.
(Demonstrativo do campo de visão e do IFAK e torniquete dentro do campo de visão do policial/
Imagens produzidas pelos autores)

(Demonstrativo de fácil acesso ao IFAK e ao torniquete por ambas as mãos/ Imagem produzida
pelos autores)

Para esse kit, usaremos como referência o Boletim Ostensivo 049 de 18 de março
de 2019 da PMERJ, ressalvando as peculiaridades. Assim, sugerimos para aquisição pelo
policial para uso individual em seu serviço operacional os seguintes componentes:
(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do
IFAK)

• 04 unidades de Luvas de Procedimento;

(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do


IFAK: luvas.)

• 01 Torniquete;
(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do
IFAK: torniquetes.)

• Um par Curativo Oclusivo Valvulado;


(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do IFAK
curativo valvular)

• Gazes (pedaços de 4 metros e esterilizados);

(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do


IFAK: gaze queijo, 04 metros de gaze queijo cortado e pacote regular de gaze.)

• 01 Gaze de combate (impregnada com agente hemostático);


(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do
IFAK: gaze impregnada com agente hemostático.)

• Manta aluminizada/ cobertor de resgate;

(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do


IFAK: cobertor de resgate.)

• Fita adesiva com 5 cm de largura;


(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do
IFAK: fita adesiva.)

• 01 Tesoura ponta romba;

(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do


IFAK: tesoura ponta romba.)

• Ataduras (3 unidades – tamanhos diversos);

• Padiola/ Cesta Alpina e/ou Maca de tira (tipo israelense);


(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do
IFAK: maca de tira enrolada.)

• Bolsa de equipamento de carga leve modular com cordão de retenção (Bornal).

(Imagem meramente ilustrativa, produzida pelos autores de componentes do


IFAK: bornal)

7.1 USO DA PROTEÇÃO BALÍSTICA

Mesmo que esse não seja um tema específico do IFAK, é válido ressaltar,
sobretudo no que concerne à padronização de condutas, o fato de muitos policiais
ajustarem equivocadamente a capa que segura a placa balística. Para que fiquem rentes
ao cinto de guarnição, os policiais utilizam placas menores que o ideal, protegendo a parte
inferior (abdominal) e expondo o tórax. Assim, é necessário ajustar para que a placa fique
mais alta e proteja órgãos mais caros à vida (coração, pulmões e grandes vasos). Deve-se
sempre utilizar placas no tamanho adequado e ajustá-las de maneira mais alta, assim
deixando os órgãos vitais protegidos e prezando pela funcionalidade, e não a mera
estética.
FLUXOGRAMA DE AÇÕES
REFERÊNCIAS

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