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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE FORMAÇÃO
POLÍCIA DE SOLDADOS
MILITAR DE MINAS GERAIS - EFSd
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
CENTRO DE TREINAMENTO POLICIAL (CTP)

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS DA POLÍCIA MILITAR


DE MINAS GERAIS

DISCIPLINA: ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR


(APH)

Coordenadora da Disciplina:

Raquel Batista Dantas, 1º Ten PM QOS Enfermeira – DS.

Belo Horizonte
2022
1
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS 2022

NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.

Este material didático foi elaborado para apoiar a formação do policial


militar na área de APH. Visa contribuir para o desempenho de
conhecimentos, habilidades e atitutdes exigidas no exercício de
proteger e salvar a vida do próprio policial e daqueles que demandam
por atendimento à Polícia Militar de Minas Gerais.

“Polícia Militar de Minas Gerais


“Protegendo a vida dos cidadãos mineiros”

Proibida a replicação total ou parcial deste material sem permissão dos autores e
instituição.

2
LISTA DE SIGLAS
ACLS – Advanced Cardiovascular Life Support (tradução do inglês Suporte
Avançado de Vida Cardiovascular - SAVC)
APH - Atendimento Pré-Hospitalar
ATLS – Advanced Trauma Life Support (tradução do inglês Suporte
Avançado de Vida no Trauma)
MS - Ministério da Saúde
OVACE – Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho
PHTLS – Prehospital Trauma Life Support (tradução do inglês: Suporte Pré-
Hospitalar de Vida no Trauma)
RAS - Redes de Atenção à Saúde
RAU – Rede de Atenção às Urgências
RCP – Reanimação Cardiopulmonar e Cerebral
SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SAV – Suporte Avançado de vida
SBV – Suporte Básico de Vida
SOBRASA – Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático
TECC - Tactical Emergency Casualty Care (Tradução do inglês: Atendimento
Tático às Vítimas de Emergência)
USA – Unidade de Suporte Avançando
USB – Unidade de Suporte Básico

3
CURRICULO DE APRESENTAÇÃO

Coordenação da Disciplina - Raquel Batista Dantas, 1º


Ten PM QOS Enfermeira – DS.
Graduação em Enfermagem (PUC MINAS-2005). Especialista em Trauma,
Emergências e Terapia Intensiva Adulto/FCMMG (2009). Mestrado em
Promoção da Saúde e Prevenção da Violência pela Faculdade de
Medicina/UFMG (2014). Preceptora da Residência Multiprofissional em
Urgências, Emergências e Terapia Intensiva-Adulto- Hospital Metropolitano
Odilon Behrens (HMOB - 2010-2013). MBA em Auditoria e Gestão da Qualidade
em Saúde / Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (em andamento).
Possui experiência (acima de 10 anos) em serviços de Urgência, Emergência
(Hospitalar e APH) e Terapia Intensiva (Hospital João XXIII e HMOB) e
experiência na área de formação em urgência, emergência, terapia intensiva
adulto, APH, pesquisa e gestão de saúde.

- Na PMMG: Oficial Enfermeira admitida em 2015. 1º Ten PM/QOS Enfermeiro


• Coordenadora da Disciplina APH no Curso de Formação de Soldados
da PMMG (2020 e atualmente - 2022)
• Colaboradora Técnica do Manual de Treinamento Básico Militar da
PMMG (Biênio 2022-2024) na disciplina de APH Policial.

- Lotação: Diretoria de Saúde da PMMG - Câmaras Técnicas/Assessoria de


gestão e regulação de Saúde, ensino e pesquisa e epidemiologia (2020- atual)

- Extensão Ensino e Pesquisa: Docente da Pós Graduação em Gestão


Estratégica de Saúde (CPP/ PMMG e IF Sul de Minas). Membro Técnico
Colaborador do Projeto Nacional de APH Tático para agentes de segurança
pública da Secretaria Naiocnal de Segurança Pública - SENASP/MJSP (2022)
-

COLABORADORES TÉCNICOS - 2022


1º Ten PM/QOS Raquel Batista Dantas Elaboração e revisão geral da apostila e materiais
didáticos de apoio
2º Ten PM QOR Marlon Wallace Alves Simões - CAE Revisão dos temas Parto de Urgência e Crise Convulsiva

Cb PM Cristóvão Roque Lopes – ROCCA Revisão do tema Acidentes com animais peçonhentos

Comissão de elaboração da disciplia APH Policial do Elaboração do tema Noções de APH Tático
TPB 2022-2024

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 6

Capítulo 01: Aspectos gerais e legais em APH e Biossegurança 9


1.1 Conceitos importantes 9
1.2 O APH no contexto da atividade policial 10
1.3 Aspectos legais inerentes à assistência em APH 12
1.4 Responsabilidades Éticas na assitência pré-hospitalar 15
1.5 Atribuições do Socorrista Policial 16
1.6 Noções de Biossegurança 19

Capítulo 02: Revisão Geral de Sistemas Orgânicos, Sinais e Sintomas 20

2.1 Sinais e sintomas 20


2.2 Noções de Anatomia e Fisiologia, Sinais e Sintomas 21

Capítulo 03: Dimensionamento da Cena e Exame da Vítima em APH 35

3.1 Dimensionamento da cena para atuação do socorrista 35


3.2 Prioridades de atendimento considerando criticidade e viabilidade do salvamento 36
3.2 Algoritmos para avaliação das vítimas de trauma em APH 38

Capítulo 04: Atendimento às vítimas de Parada Cardiorrespiratória (PCR) em APH 45

Capítulo 05: Atendimento às Vítimas de Obstrução por Corpo Estranho (OVACE) em 53


APH

Capítulo 06: Abordagem Geral às Vítimas de Traumas, Hemorragias e Estados de 56


Choque em APH

6.1 Lesões Traumáticas 56


6.2 Hemorragias 62
6.3 Estados de Choque 68

Capítulo 07: Abordagens específicas em alguns tipos de Trauma em APH 73


7.1 Trauma Crânio Encefálico (TCE) 73
7.2 Ferimentos Na região da cabeça, pescoço e órgãos sensoriais 74
7.3 Trauma de Tórax 76
7.3 Trauma Abdominal 78
7.4 Trauma Raquimedular (TRM) 78
7.5 Traumas do Sistema Músculo-Esquelético 79
7.7 Queimaduras 81

Capítulo 08 - Condições especiais em APH: crise convulsiva, parto de urgência e 86


incidentes com animais peçonhentos
8.1 Crise Convulsiva 86
8.2 Parto de Urgência: abordagem geral em APH 89
8.3 Acidentes com animais peçonhentos no contexto de APH 95
8.4 Atendimento às vítimas de afogamento 96

Capítulo 09: Noções de APH Tático 101

5
APRESENTAÇÃO

Considerando a missão inerente à atividade Policial Militar de prestar primeiros


socorros às vítimas em incidentes de urgência e emergência no contexto pré-hospitalar,
esta disciplina visa proporcionar conhecimentos básicos, técnicas e habilidades para a
preservação da vida do policial militar e das pessoas que demandam por socorro e
assistência à nossa corporação.
Conceitualmente, Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é uma modalidade de
assistência às vítimas em situações de urgência e emergência no ambiente extra-
hospitalar (fora do hospital). No Brasil, há leis e normas específicas que definem a
abrangência e atuação de diversos serviços e profissionais que integram a Rede de
Atendimento às Urgências (RAU), tanto no Atendimento Pré-Hospitalar Fixo, quanto no
Atendimento Pré-hospitalar Móvel.1
As ações de salvamento realizadas por Policiais Militares têm grande destaque
em âmbito do APH Móvel ora pelas ações particulares que desempenham, ora na
atuação complementar a dos profissionais oriundos da saúde, como Médicos,
Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem, e outros especialistas. Além de garantir a
segurança da cena e dos socorristas envolvidos, policiais auxiliam em diversas ações
de socorro imediato como Suporte Básico de Vida (SBV), conforme está previsto na
Portaria do Ministério da Saúde n° 2048/2002 (BRASIL, 2002).
Não obstante às ações de salvamento realizadas pelos policiais na sociedade
em ambientes “controlados” ou de abordagem “convencional”, às quais pode-se citar os
atendimentos às vítimas de acidentes de trânsito, traumas, paradas cardiorrespiratórias
(PCR), quadros de obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE), dentre
outros; temos ainda uma grande vertente da área de primeiros socorros

1 O Atendimento Pré-hospitalar Fixo é dividido em dois tipos:


I - Unidades de atenção primária à saúde e Programa de Saúde da Família: responsáveis por acolher
os usuários em urgências de baixa gravidade/complexidade. Devem ser desempenhadas por todos os
municípios brasileiros, independentemente de estarem qualificados no Programa de Atenção Básica (PAB)
ou Programa de Atenção Básica Ampliada (PABA).
II - Unidades Não – Hospitalares de Atendimento às Urgências e Emergências: são as “conhecidas”
UPAS (Unidades de Pronto Atendimento). Devem funcionar nas 24 horas do dia e estar habilitadas a prestar
assistência correspondente ao primeiro nível de assistência da média complexidade.

Já o Atendimento Pré-hospitalar Móvel tem por objetivo chegar precocemente à vítima, após ocorrência
de agravo à saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar a
sofrimento, sequelas ou mesmo à morte. Foi estabelecido pela Portaria 1864/GM/2003 que implantou o
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas modalidades Suporte Básico de Vida
(SBV) – que não realizam procedimentos invasivos - e o Suporte Avançado de Vida (SAV) – que aplicam
procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório, dentre outros. Também integram os Serviços
Pré-Hospitalares Móveis o Corpo de Bombeiros, os Policiais, outros Agentes de Segurança Pública,
e também empresas particulares. (Grifo nosso). [BRASIL, 2002].

6
especificadamente desenvolvida para a atuação destes agentes em ambientes de
combate ou situações táticas, que exigem conhecimentos e habilidades imprescindíveis
para desempenharem o socorro próprio e o da equipe envolvida, mitigando desta forma
a mortalidade e sequelas oriundas das lesões.

Para atender às exigências de saberes impostas neste tipo de cenário, o


Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) por meio da Secretaria Nacional
de Segurança Pública (SENASP) coordena o Projeto de Atendimento Pré-
Hospitalar Tático2 voltado aos profissionais de Segurança Pública cujo gerenciamento
técnico é realizado por profissionais expertos na área de APH de todo o Brasil - entre
eles médicos, enfermeiros, instrutores e operadores.

A Diretriz, ainda em processo de construção e validação nacional, visa garantir


a padronização na formação elementar em APH Tático, e, por conseguinte, proporcionar
assistência qualificada exercida por policiais civis e militares e outros agentes de
segurança pública durante as ocorrências táticas vivenciadas no cotidiano profissional
com o fito de minimizar sequelas ou a morte em serviço, além de preservar a capacidade
laborativa e qualidade de vida.

Dadas às particularidades e a magnitude de conhecimentos e habilidades


impostos na área de formação em APH, além da perspectiva futura de padronização do
ensino previsto na Diretriz Nacional de APH Tático3, há que se considerar as
limitações em se definir neste momento quais os temas prioritários para imersão nos
cursos de formação policial, motivo pelo qual, será proposto nesta disciplina, apresentar
noções e princícpios de APH Tático, com enfoque particular no controle de
hemorragias, que é a principal causa de mortalidade traumática nos contextos bélicos
e táticos.

Portanto, os materias e recursos didáticos da disciplina APH, consitui-se


estratégica complementar a outras metodologias de ensino como aulas dialogadas e
estações práticas que serão ministradas no Curso de Formação de Soldados da
Escola de Formação de Soldados (EFSd) da PMMG.

2Informações e detalhes disponíveis na Plataforma do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP)


em< https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-realiza-audiencia-publica-para-discussao-
doprojeto-de-atendimento-pre-hospitalar-tatico/mapeamentos-de-competencias-e-procedimentos-
minimosespecificos-sei_mj-16081207-anexo-i-a.pdf>.
3A Diretriz tem previsão para finalização em 2023 e visa padronizar os requisitos mínimos de formação em
APH Tático para agentes de segurança pública no Brasil. O mapeamento de competências e procedimentos
mínimos específicos ainda está em fase de construção nacional (projeto coordenado pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública - SENASP). Maiores informações em: < https://www.gov.br/mj/pt-
br/assuntos/noticias/mjsp-realiza-audiencia-publica-para-discussao-do-projeto-de-atendimento-pre-
hospitalar-tatico/mapeamentos-de-competencias-e-procedimentos-minimos-especificos-sei_mj-16081207-
anexo-i-a.pdf>.

7
Certamente, a busca por conhecimentos na área de APH não se limita à
apresentação desta discplina e seu material didático, pois requer atualizações perenes
e pertinentes sobre os temas desta seara cuidados em primeiros socorros. Esse
processo contínuo de aprendizagem já é uma realidade nas instruções policiais
permanentes em diversas instâncias e grupos policiais da Corporação.

Postas as conisiderações iniciais, a coordenação da disciplina e equipe de


docentes cumprimenta a todos os discentes do Curso de Formação de Soldados - 2022,
futuros policiais militares de Minas Gerais, e deseja um momento de grande aprendizado
no curso.

8
Capítulo 01: Aspectos gerais e legais em APH e
Biossegurança

1.1 Conceitos importantes

- Atendimento Pré-hopitalar:
Assistência prestada por profissionais de saúde ou oirundo de outras áreas
(socorristas) em um primeiro nível de atenção, aos pacientes portadores de quadros
agudos, de natureza clínica, traumática ou ainda psiquiátrica, que possa levar a
sofrimento, sequelas ou mesmo à morte. O Objetivo desse tipo de assistência é prover
um atendimento e/ou transporte adequado até um serviço de saúde capacitado para o
atendimento da vítima.

- Primeiros Socorros:
Cuidados e intervenções que devem ser prestados de maneira rápida às vítimas
de acidente ou mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida. Tem a finalidade
de manter as funções vitais e evitar o agravamento de complicações do evento por meio
de procedimentos até a chegada de assistência qualificada. Os cuidados de primeiros
socorros são acionados quando a própria vítima não pode cuidar de si, e o atendimento
será realizado por uma pessoa devidamente treinada (atendente) e visa preservar o
Suporte Básico de Vida (SBV). Dessa maneira, os primeiros socorros acontecem antes
do atendimento pré-hospitalar (que será prestado por profissionais especializados).

- Urgência:
Ocorrência imprevista de agravo a saúde (comprometimento agudo das necessidades
humanas básicas) com ou sem risco potencial a vida, cujo portador necessita de
assistência médica imediata, mas que não proporciona risco iminente de morte.

- Emergência:
Agravo a saúde que impliquem sofrimento intenso ou risco iminente de morte, exigindo,
portanto, tratamento médico imediato.

9
- Suporte Básico de Vida:4
Primeiro atendimento prestado às vítimas de agravos súbitos (urgência e/ou
emergência) com a aplicação de técnicas e manobras não invasivas para a manutenção
da vida e prevenção de lesões irreparáveis.

- Suporte Avançado de Vida:


Primeiro atendimento prestado às vítimas de agravos súbitos (urgência e/ou
emergência) com a aplicação de técnicas e manobras invasivas específicas e mais
complexas para o tratamento de agravos à saúde.

1.2 O APH no contexto da atividade policial

Na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) as ações de APH estão vinculadas à


Central de Operações Policiais Militares (COPOM), por meio do número telefônico 190,
que é um elo de comunicação importante entre a Corporação e a comunidade. Mediante
o acionamento ao COPOM a ocorrência é processada na central e as orientações de
primeiros socorros e outros procedimentos são reforçadas enquanto a viatura e/ou
outras equipes de apoio (ambulâncias do SAMU e/ou do Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais - CBMMG) são deslocadas para o local, caso seja necessário.
O termo APH, foi inserido no Brasil após a criação do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência 192 (SAMU 192) através do Decreto Federal5 N° 5.055 de 27 de abril
de 2004 que instituiu oficialmente essa modalidade de atendimento às Urgências e
Emergências no território nacional.
Embora não haja consenso na lietratura científica para estabelecer o termo APH
Civil ou Convencional como uma nomenclatura de APH, na atualidade tem sido
referenciado para diferenciar os protocolos de atendimento utilizados em situações

4 Em linhas gerais a diferença entre Primeiros Socorros e APH baseia-se no tipo e complexidade do
atendimento. Enquanto que no primeiro o foco está em aplicar técnicas de SBV inclusive por pessoas leigas
ou treinadas, já no atendimento pré-hospitalar além do SBV é praticado por profissionais de saúde o SAV.
Isto é, profissionais designados pela portaria 2048/2002 para o atendimento de urgências e
emergências são considerados socorristas, já pessoas leigas treinadas ou não são consideradas
atendentes de emergência.

5BRASIL. Decreto Nº 5055 de 27 de abril de 2004. Institui o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência –
SAMU, em Municípios e regiões do território nacional, e dá outras providências. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5055.htm >. Acesso em 27 de setembro
de 2021.

10
gerais do cotidiano e que não se vinculam às ações de salvamento de natureza tática
ou em ambientes de combate e intervenções bélicas.
Dentre as ocorrências cotidianas que exigem abordagem do APH
Civil/Convencional podem-se citar os acidentes de trânisto, traumas, as Paradas
Cardiorrespiratórias (PCR), quadros de obstrução de vias aéreas por corpos estranhos
(OVACE), etc.
Nestes casos, as principais intervenções do socorrista referem-se ao
dimensionamento da cena para manter a segurança, realizar avaliação sistemática e
correta da vítima, aplicar primeiros socorros para garantir a vida e evitar agravamento
das lesões até a chegada do socorro especializado ou, se necessário, realizar o
transporte até a Unidade de Saúde adequada que concluirá o atendimento.
De modo distinto e com finalidades particulares, a atenção pré-hospitalar no
ambiente de combate ou tático (APH Tático), corresponde ao atendimento fora do
ambiente hospitalar, relacionado às operações de alto risco ou em confrontos armados
entre as forças policiais e infratores. Compreende resgate, atendimento primário e
imediato, necessário ainda em ambiente hostil, logo após o ferimento, possibilitando
estabilizar a vítima e deslocar-se do local do fato até o hospital de pronto-socorro.
(NAEMT, 2018).
No Brasil, a regulamentação do APH Tático é recente e se deu inicialmente pelo
Ministério da Defesa, através da Portaria Regulamentadora n-º 16 de 12 de abril de
20186 que designou oficialmente o termo como aquele voltado às ações de cuidados
com os feridos no campo de batalha e ambientes hostis. Definiu também as abordagens
de profissionais específicos (Médicos, Enfermeiros e Socorristas Táticos) por níveis de
complexidade e padronizou procedimentos como a aplicação de torniquete, a garantia
de vias aéreas dentre outros, a fim de preservar a vida dos feridos até a chegada das
equipes especializadas ou ambientes de cuidados apropriados (hospitais ou centros de
trauma).
Por conseguinte, o Projeto de Atendimento Pré-Hospitalar para profissionais
de Segurança Pública que está em andamento no Brasil - coordenado pelo Ministério
da Justiça e Segurança Pública (MJSP) através da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP) – tem caráter técnico7, e visa a criação de uma diretriz
nacional de cunho orientativo para preparar o profissional que atua na linha de frente no

6 BRASIL. Ministério da Defesa. Aprova a Diretriz de Atendimento Pré-Hospitalar Tático do Ministério da


Defesa para regular a atuação das classes profissionais, a capacitação, os procedimentos envolvidos e as
situações previstas para a atividade. Portaria Normativa MD/GM Nº 16, DE 12 de abril de 2018.
7A primeira audiência pública sobre o assunto ocorreu em 08 de novembro de 2021. Maiores informações
em:< https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-realiza-audiencia-publica-para-discussao-do-
projeto-de-atendimento-pre-hospitalar-tatico>

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combate à criminalidade, além de capacitações, aquisições de equipamentos e
padronização de produtos visando a redução da mortalidade policial.
Por se tratar de um tema cuja normatização é relativamente recente no Brasil e
que exige reformas nas abordagens de formação dos agentes de segurança púbçlica,
e considerando as questões relativas à atuação profissional de cada membro envolvido
(socorristas táticos e profissionais de saúde), possivelmente teremos avanços e
melhorias futuras na formação dos agentes policiais.
Para fins didáticos, o esquema adiante sumariza a atuação do policial militar
tanto no APH Geral/Civil quanto no APH Tático.

AMBIENTE “CONTROLADO”

CONHECIMENTOS Primeiros
– HABILIDADES – Socorros: leigos,
ATITUDES Suporte Básico de Vida
(SBV) atendentes de
emergência e
APH GERAL socorristas
(CIVIL)
Suporte Avançado de SAV: Médicos e
Vida (SAV) Enfermeiros
APH POLICIAL

Operadores de
Suporte Básico e APH Tático:
Avancado de Vida SBV-
APH TÁTICO SAV) com técnicas Sáude (médicos e
táticas enfermeiros) e
operacionais
CONHECIMENTOS
– HABILIDADES –
ATITUDES AMBIENTE HOSTIL

Fonte: Esquema elaborado pela autora, 2022.

1.3 Aspectos legais inerentes à assistência em APH

Policiais Miitares são considerados socorristas de APH, por terem participação


sine qua nom da Rede de Atendimento às Urgências no Brasil e, portanto, a não
realização dos primeiros socorros constitui-se ato ilícito civil e penal (omissão de
socorro) previsto pelos respectivos códigos brasileiros, conforme demonstrado a seguir:
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
Artigo 159: Dos Atos Ilícitos
“Aquele, que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou
causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.

12
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
- Artigo 135: Crime de Omissão de Socorro
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo, sem risco pessoal, a criança
abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ao desamparado, em grave ou iminente
perigo, ou não pedir, nestes casos, o socorro da autoridade pública. Pena: Detenção de 01
(um) a 6 ( seis ) meses ou multa.”
Fonte: Adaptação da autora. Baseado em Leis Brasileiras.8

O parágrafo único do artigo 135 do Código Penal Brasileiro determina ainda


aumento da pena caso a omissão resulte em lesão corporal de natureza grave, que
pode ser triplicada em caso de morte da vítima.
Destarte, esquivar-se de ajudar alguém ou fazê-lo incorretamente causando
prejuízos à vítima pode culminar com penalização judicial do socorrista. Obviamente,
não se espera a mesma resposta técnica de um atendimento prestado por um socorrista
leigo treinado quando comparado à realizada por profissionais especialistas da saúde.
Ou também, que profissionais que lidam esporadicamente com este tipo de ocorrência
tenham desenvoltura semelhante ao das equipes especializadas de salvamento e
resgate como a exemplo do Serviço Móvel de Urgência (SAMU).
No entanto, a qualidade do atendimento deverá seguir padrões técnicos e éticos
pautados na formação particular do agente, como também do cumprimento de técnica
básicas, mas de extrema importância previstas em protocolos de urgência e emergência
estabelecidos mundialmente.
Com relação aos erros/falhas nos atendimentos de urgência e emergência, o
policial militar poderá incorrer em 03 tipos de infrações:
- Imperícia: agir sem a capacitação técnica exigida no procedimento
Inabilidade, inaptidão, falta de qualificação, despreparo. Falta de conhecimento técnico ou habilidade que
deveria ter ao executar uma ação própria de sua categoria profissional. Pressupõe a qualidade de habilitação
legal para a arte ou profissão.
Retirar objetos encravados – privativo do profissional Não aplicar compressões torácicas adequadas
médico durante a RCP no APH e não saber como procede.

Responsabilidade
dos socorristas e
atendentes de
emergência.

8Normas jurídicas do Brasil. Maiores detalhes ver referencial na íntegra: BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07
de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. BRASIL. Lei n.
10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 jan. 2002.

13
- Imprudência: agir assumindo o risco de desfechos negativos
Fazer ou agir sem cautela, com precipitação ou afoiteza. “Imprudente é aquele que sabe do grau de risco
envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível a realização sem prejuízo para ninguém.” A
pessoa em suas ações, age realizando uma atitude diversa da esperada. Isto é, age correndo o risco.
Não garantir distância segura no dimensionamento da Não usar Equipamentos de Proteção Individual
cena, e sinalização (idealmente por cones) aumentando (EPI´s) de forma adequada
o risco de acidentes.

Distância mínima e distância de segurança prévia ao local de


acidente
Pílula de Segurança n°04: Dicas
para uso de máscara. Diretoria de Comunicação
Organizacional (DCO). PMMG Documentos na
íntegra estão disponíveis no Painel Administrativo
(PA) da PMMG.
- Negligente: deixar de fazer o que é obrigado a fazê-lo
Não tomar as devidas providências ou se omitir. Deixar de fazer o que deveria ser feito por displicência, ou
por preguiça por não querer fazer como deveria fazer. Agir com irresponsabilidade. Falta de atenção ou
cuidados.
Não prestar socorro ou não pedir ajuda necessária. Não garantir isolamento da cena e retirada de
pessoas no local.

Não acionar autoridades competentes a respeito de


situação relevante e/ou ambiental que culmine em
condições de extremo risco ou catástrofe.
Pontos de reflexão: A quem/quais autoridades
informar? Há risco de incêndio? Como atender caso
seja necessário? Quais os cuidados?
Fonte: Adaptação da autora. Imagens de documento institucional citada diretamente no campo respectivo.
Imagens públicas disponíveis em google imagens, acesso em 2021.

- Vamos refletir:
Policiais mortos em combate por não Imperícia? Imprudência? Negligência?
utilizarem equipamento de proteção

Planejamento de ações especiais

Falta de qualificação operacional

14
1.4 Responsabilidades Éticas na assitência pré-hospitalar
A ética e a confiança estão implícitas à função do socorrista. Assim, é necessário
corresponder à essa confiança com atitudes profissionais, dentro de padrões
convencionalmente aceitos.

É responsabilidade do policial militar empreender esforços para melhorar seu


desempenho, como é de fundamental importância que a instituição mantenha
programas de educação continuada que permitam essa atualização sistemática e
obrigatória. Não somente este aprimoramento, mas também condições que confiram
amparo ético e legal à sua atuação.

Neste sentido, ganha notória relevância a emissão de relatórios


consubstanciados que expressem com fidedignidade as condições de ocorrência e
atendimento de vítimas. Os relatórios devem ser completos, precisos e sem rasuras.
Caso tenha cometido algum erro ou equívoco por força das condições adversas e
emocionais da ocasião, não esconda o fato. Registre de forma clara e objetiva as
condições e fatores relacionados ao evento.

Lembre-se que suas ações podem determinar a diferença entre a vida e a morte.
A competência e comportamento ético são ingredientes valiosos para o policial, para
sua instituição e, principalmente para a vítima.

Outra questão ética que cabe ressaltar refere-se ao direito da pessoa recusar ao
socorro. Não sendo esta alienada ou sem condições físicas e de saúde de responder
por si, é assegurado o direrito de recusa, desde que não haja risco iminente de óbito.
Em todos os casos o registro é fundamenal para amparar e proteger a conduta policial
militar.

1.5 Atribuições do Socorrista Policial


A Portaria N° 2048/2002 do Ministério da Saúde (MS) discrimina as funções de
cada um dos profissionais envolvidos num local de acidente (sinistro). Segundo este
documento, cabe aos profissionais responsáveis pela segurança pública, reconhecidos
pelo gestor público da saúde (neste caso, a Polícia Militar):

✓ Isolamento da área;

✓ Preservação do local;

✓ Segurança das pessoas envolvidas (socorristas, vítimas e “curiosos”); e

✓ Realização de procedimentos de primeiros socorros básicos.

15
As diretrizes da Matriz Curricular para Ações Formativas dos Profissionais da
Área de Segurança Pública (2014) também prevê que estes profissionais conheçam
as técnicas de atendimento pré-hospitalar.

Dessa forma, é fundamental que os policias estejam cientes de suas atribuições e


responsabilidades enquanto socorristas devendo:

ATRIBUIIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA POLICIAL

✓ Estar preparado para atender uma ocorrência;

✓ Ter em mente os telefones úteis de socorro;

✓ Conhecer os princípios éticos legais dos atendimentos em emergências, para


conduzir suas ações da forma correta, evitando complicações e processos
judiciais;

✓ Atender rapidamente, mas com segurança e efetividade;

✓ Estar certo de que o local de emergência está seguro, utilizando-se de meios


para controle;

✓ Garantir acesso ao paciente, utilizando ferramentas especiais quando


necessário;

✓ Determinar qual o problema do paciente e providenciar os cuidados de


emergência necessários;

✓ Atender a todas as vítimas com prudência, mantendo-se bem informado e


atualizado quanto às técnicas e quanto aos protocolos vigentes;

✓ Ser paciente, lembrando-se de que vítimas geralmente estão emocionalmente


abaladas;

✓ Ser ético e cuidadoso, evitando expor desnecessariamente a vítima durante o


atendimento e mantendo em devido sigilo as informações pessoais que ela
revelar;

✓ Liberar, erguer e mover a vítima somente quando necessário. Se for


imprescindível, faça-o seguindo as técnicas corretas de modo a não causar
lesões adicionais ao paciente e a si mesmo;

✓ Planejar e executar com cuidado a movimentação de um paciente;

✓ Transportar o paciente em risco eminente de morte da vida ou quando o local


não favorecer os primeiros socorros para o centro de assistência à saúde
(Unidade de Pronto Atendimento, Pronto Socorro ou Hospital de referência na
Rede de Urgência) mais adequado.

16
Não obstante, o policial militar pode vivenciar situações polêmicas no contexto do
APH que requer procedimentos e registro adequado. São exemplos destas
circunstâncias:

SITUAÇÃO ORIENTAÇÃO/HABILIDADE ESPERADA


Qualquer pessoa mentalmente apta é considerada
RECUSA AO SOCORRO competente legalmente para recusar o atendimento de
emergência. Caso o militar presencie esse tipo de situação
deverá continuar tentando convencer a pessoa a aceitar
sua ajuda e tentar conscientizá-la de quais
consequências poderão advir com essa recusa. Em
determinadas circunstâncias, outro membro da equipe, pode
ajudar nesse processo.
CRIME NO LOCAL - Quando isso ocorrer, recomenda-se os seguintes
procedimentos:
✓ Proteger-se.
✓ Procurar garantir as condições de segurança local. Se não
estiver seguro, aguarde momentos ideais e apoio.
✓ Movimentar a vítima somente se for necessário. Antes de
mover a vítima, produzir uma foto mental da cena.
✓ Tocar somente no que for necessário para ter acesso à
vítima.
✓ Preservar todos os detalhes encontrados na cena do
crime para investigação posterior. Não mexer na mobília
do ambiente, a menos que esteja dificultando seus
movimentos para prestar os cuidados necessários à
vítima.
✓ Prestar atenção onde posiciona o seu equipamento.
Evidências podem ser destruídas ou alteradas.
✓ Manter todos os curiosos afastados do local.
✓ Após o atendimento, preparar um relatório e fazer um
desenho da cena, mostrando como e onde encontrou a
vítima. Isso pode ser útil se precisar lembrar do incidente
tempos depois.
Os únicos profissionais que possuem competência técnica e
legal para atestar a morte de uma pessoa são os Médicos e,
MORTE NA CENA recentemente aprovada por legislação específica, os
Enfermeiros que atuam no SAMU. Portanto, se ao chegar no
local não houver evidências claras de morte, conforme os
casos abaixo mencionados, o militar deverá iniciar o
atendimento adequado, com vistas ao restabelecimento e
manutenção das funções vitais da vítima.
São evidências que indicam vítima
morta

A rigidez cadavérica inicia-se 3 horas


após a morte, com total rigor após 12
horas e total relaxamento em
aproximadamente 36 horas.

Carbonização é um processo químico de combustão incompleta de elementos/substâncias


compostos de carbono quando submetidos a calor elevado por altas temperaturas.

17
CONDIÇÕES EVIDENTES DE ÓBITO NA CENA
Queimadura extensa com carbonização Rigidez cadavérica
Preservação
da imagem
e não
exposição

Decomposição/Putrefação Esmagamento maciço

Preservação
da imagem e
Preservação
não exposição
da imagem e
não exposição

Mecanismo de Lesão que resulte em Trauma incompatível com a vida

DOCUMENTAÇÃO DO OCORRIDO
A documentação deve seguir as instruções da instituição. Esse documento serve como registro
legal no caso de processo judicial e deve ser claro, preciso, legível, contendo as seguintes
informações:
✓ Condição da vítima quando encontrada.
✓ Descrição da vítima, da lesão ou da natureza do mal súbito.
✓ Atendimento prestado à vítima.
✓ Nome da instituição e da pessoa que assumiu a vítima.
✓ Quaisquer outros fatos notáveis.
✓ Qualquer possibilidade de exposição às doenças infecciosas.
✓ Qualquer fato incomum relacionado ao caso.
✓ Testemunhas.
Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens. Acesso em 21 de
setembro de 2021.

1.6 Noções de Biossegurança

A biossegurança corresponde ao campo de saberes e práticas relativas à


prevenção, controle, mitigação ou eliminação de riscos inerentes às atividades que
possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio
ambiente (BRASIL, 2010).

A Pandemia da COVID -19 no iniciada em 2019 e vigente até o presente


momento, trouxe à vanguarda esta área de conhecimento tendo em vista a relevância
de suas práticas na mitigação do agente etiológico da síndrome respiratória aguda, isto

18
é, o vírus SARS-CoV-2, detectado pela primeira vez na província de Wuhan na China
em dezembro de 2019. Por conseguinte, tais medidas se consolidaram no controle
epidemiológico adequado e redução da cadeia de transmissão da doença (COVID-19).

Os aspectos que envolvem a biossegurança do socorrista baseiam-se


principalmente no estado vacinal, uso adequado de Equipamentos de Proteção
Individual - disponíveis para uso – e os procedimentos sanitários. A PMMG mantém
sistematicamente atualização dos protocolos e orientações técnicas para toda a tropa
que contemplam desde medidas de bloqueio sanitário e de biossegurança até
procedimentos específicos como higienização correta das mãos, uso de máscaras de
proteção e luvas, além dos cuidados com o fardamento, em consonância com as
recomendações vigentes do Ministério da Saúde e autoridades sanitárias locais9.

Fonte: Documentos Institucionais. Pílulas de Segurança. Diretoria de Comunicação Organizacional (DCO). PMMG
Documentos na íntegra estão disponíveis no Painel Administrativo (PA) da PMMG.

Em caso de acidente com risco de contaminação por material biológico deve-se


proceder:
✓ Identificar o agente fonte;
✓ Lavar rigorosamente o local com água e sabão;
✓ Lavar mucosas (olhos, boca e nariz) apenas com água ou soro fisiológico;
✓ Deslocar para o PA do Hospital Referência mais próximo.
✓ No caso da PM temos o HPM na RMBH.

9 Neste momento de arrefecimento da pandemia de coronavirus, muitos municípios mineiros não


recomendam obrigatoriamente o uso de mascaras em lugares abertos e, inclusive fechados.
Entretanto, durante à assistência às vítimas em APH, é recomendável fazer uso da máscara. Outras
orientações de biossegurança como limpeza das viaturas e cuidados com o fardamento constam nos POP´s
28 e 29 EMPM de 2020.

19
Capítulo 02: Revisão Geral de Sistemas Orgânicos, Sinais
e Sintomas

2.1 Sinais e sintomas


Para se realizar o atendimento pré-hospitalar, deve-se ter noções da estrutura
(anatomia) e do funcionamento (fisiologia) do corpo humano, bem como da
interpretação de suas evidências através dos sinais e sintomas
Para fins didáticos define-se sintomas como as queixas e percepções informadas
pelas vítimas como tipo e intensidade da dor, localização, sensações, etc. Já os sinais
referem-se aos achados clínicos obtidos pelo socorrista face à avaliação a vítima. São
exemplos de sinas: taquicardia (aumento da frequência cardíaca), bradipneia
(diminuição da frequência respiratoria), cianose periférica (extremidades arrocheadas)
e central (boca e nariz arrocheados), etc.

SINAL SINTOMA
Tatuagem traumática Dor e dificuldade para
decorrente do cinto de respirar
segurança

Sinal de “olho de Vítima de Trauma


panda” – evidência de Crânio Encefálico
fratura de base de grave – pode se
crânio. apresentar confusa
inicialmente (após o
trauma) e em seguida
evoluir para coma
Fonte: Esquema didático elaborado pela autora. Imagens de domínio público disponíveis em google
imagens, 2022.

20
2.2 Noções de Anatomia e Fisiologia, Sinais e Sintomas

Para se realizar o atendimento pré-hospitalar, deve-se ter noções da estrutura


(anatomia) e do funcionamento (fisiologia) do corpo humano, bem como da
interpretação de suas evidências através dos sinais e sintomas
Todos os órgãos do corpo necessitam de oxigênio e nutrientes para produzir
energia e, assim, desempenhar suas funções. Três sistemas do organismo trabalham
diretamente para assegurar que cada um dos órgãos do corpo tenha oxigênio suficiente:

✓ Sistema respiratório: carrega o oxigênio para dentro e transporta os resíduos


gasosos do metabolismo cellular para fora do corpo.
✓ Sistema cardiovascular: movimenta (circulação) o sangue pelo organismo;
✓ Sistema nervosa: informa aos órgãos (sinapses e commandos nervosos) o que
fazer, como e quando.

Quando esses sistemas falham, o processo de morte se inicia. Se a distribuição


de oxigênio para os órgãos é interrompida devido ao bloqueio de uma via aérea, ou a
respiração ou circulação normais param, o cérebro e outros órgãos começam a morrer
em poucos minutos.

- Sistema Respiratório

O sistema respiratório é composto pelos tratos respiratório superior e inferior.


Juntos, são responsáveis pela ventilação (movimento do ar para dentro e para fora das
vias aéreas). O trato respiratório superior, conhecido como “vias áreas superiores”
(VAS), aquece e filtra o ar inspirado de modo que o trato respiratório inferior (pulmões)
possa realizar a troca gasosa entre o gás carbônico (em altas concentrações no sangue
venoso) e o oxigênio (altas concentrações no sangue arterial). Essa troca ocorre por
meio da difusão fisiológica denominada hematose.
A ligação entre as moléculas de oxigênio e gás carbônico à hemoglobina ocorre por
meio de enzimas. Atenção especial deve ser dada às vitimas expostas a gases
inflamados (explosões, queimaduras), cuja concentração de gás carbônico está
elevada, haja vista que a molécula de monóxido de carbono (CO) se liga 250 vezes mais
firme que o O2 na hemoglobina (Carboxiemoglobina), o que levará o organismo a uma
situação de privação de oxigênio (hipóxia) podendo a vítima evoluir para óbito.

21
Anatomicamente o sistema respiratório é constituído por:

- Vias aéreas superiores:

Cavidade Nasal, Boca, Faringe, Laringe, Parte


superior da traqueia

- Vias aéreas inferiores:

Parte inferior da traqueia, Brônquios, Bronquíolos,


Alvéolos e Pulmões

Porção da condução (não participa da troca gasosa): nariz, faringe, laringe, traqueia e
brônquios
Porção da respiração (processo de hematose): alvéolos e pulmões.

- Traqueias

Apresenta-se em estrutura cilindroide


constituída de anéis cartilaginosos
incompletos em forma de “C”, tendo como
principais funções manter a posição do
sistema respiratório, proporcionar a
condução do ar e prevenir o colapso.

- Pulmões
Os pulmões são revestidos por duas membranas
finas denominadas “pleuras”. A pleura visceral
está diretamente aderida ao órgão, enquanto a
pleura parietal está sobre a pleura visceral. Entre
estas membranas há uma secreção lubrificante
(líquido pleural) que favorece o movimento
pulmonar.

PLEURA: saco seroso que envolve o pulmão → espaço virtual (espaço


- Respiração
interpleural) no qual a pressão é negativa.

A respiração é um processo complexo é altamente relevante para a sobrevivência


de um indivíduo. Em linhas gerais ocorre pela interdependência de 03 (três)
subprocessos principais, a saber: ventilação, perfusão e difusão (hematose).

22
A ventilação constitui-se da movimentação do ar através do Sistema Respiratório
e é dependente da sinergia entre contração dos músculos que suportam e locomovem
a caixa torácica durante duas fases: inspiração (fase ativa – há contração muscular e
gasto energético) e expiração (fase passiva da respiração sem gasto energético).
Possibilita a entrada do ar inalado do meio ambiente e rico em oxigênio e condução aos
alvéolos pulmonares., como também a saída do ar carregado de gás carbônico, dos
alvéolos até o meio externo.

Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens, 2022.

A perfusão refere-se ao mecanismo que bombeia sangue nos pulmões, de forma


cíclica e involuntária. Esse subprocesso da respiração é responsável pela regulação
entre sangue os componentes gasosos e nutrientes circulantes no sangue arterial
(oxigenado) e sangue venoso (pobre em oxigênio) que chegarão aos tecidos.
O sangue arterial circula por meio das veias pulmonares (que saem do lado
esquerdo do pulmão e desembocam no lado esquerdo do coração – átrio esquerdo), e,
por conseguinte é bombeamento através do ventrículo esquerdo para o resto do corpo.
Já o sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico é bombeado pela artéria
pulmonar, do coração até os pulmões, para que o dióxido de carbono seja expelido do
corpo.
Qualquer comprometimento dos vasos que circundam o sistema respiratório implica em
danos à respiração, tendo em vista o bloqueio total, parcial do fluxo sanguíneo ou
redução volumétrica que repercute diretamente na troca de gases e fornecimento de
nutrientes pelos vasos sanguíneos aos tecidos.

23
A difusão por sua vez, corresponde ao
movimento das moléculas de gás carbônico
e oxigênio por meio da membrana capilar
alveolar com vistas a preservar o equilíbrio
metabólico adequado para as funções
corporais. Perdas sanguíneas e doenças
ou lesões na “barreira de troca gasosa”
implicam em desequilíbrio nas
concentrações dos gases e
consequentemente repercutem em sinais e
sintomas de descompensarão respiratória.

Fonte: Adaptação da autora. Imagens de


domínio público disponíveis em google
imagens, 2022.

A respiração é avaliada quanto a:

- Frequência: aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida.
Cada ciclo respiratório é composto por uma inspiração e uma expiração respectiva.
- Ritmo: verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser
regular ou irregular.
- Profundidade: verifica a extensão do movimento (profunda ou superficial).

IDADE RESPIRAÇÕES POR MINUTO (RPM)

RN (0 a 28 dias) e Lactentes < de 2 meses 30 a 60 irpm


2 meses a 1 ano 25 a 50 irpm
Pré-escolares (1 a 5 anos) 22 a 40 irpm
Idade escolar (6 a 12 anos) 18 a 30 irpm
Adolescentes (13 a 18 anos) 12 a 16 irpm
Adultos (acima de 18 anos) 12 a 20 irpm

24
- Sistema Cardiovascular

As partes que compõem o sistema cardiovascular são: coração, artérias,


capilares e veias. O coração é um órgão muscular oco, localizado no centro do tórax.
Tem como função, bombear sangue para os tecidos, suprindo-os com oxigênio e outros
nutrientes, e recolhe do organismo substâncias tóxicas e em excesso que serão filtradas
nos rins.
A ação de bombeamento do coração é efetuada pela contração (sístole) e relaxamento
(diástole) rítmicos de sua parede muscular.

Fonte: Adaptação da autora. Imagens de domínio público disponíveis em google imagens, 2022.

1. Veia Cava Superior / 2. Veia Cava Inferior / 3. Átrio Direito / 4. Ventrículo Direito
5. Ventrículo Esquerdo / 6. Artéria Pulmonar / 7. Aorta / 8. Artéria Coronária Direita
9. Artéria Coronária Descendente Anterior / 10. Átrio esquerdo / 11. Veias Pulmonares
.

A circulação sanguínea obtida por meio da contração cardíaca é dividida em dois tipos:

- Pequena circulação: envolve o movimento


do sangue ejetado do coração aos pulmões e
destes (após oxigenação) novamente para o
coração.

- Grande circulação: ocorre pela chegada do


sangue venoso (pobre em oxigênio) no
coração, a ejeção deste para os pulmões, o
retorno do sangue dos pulmões oxigenado
(sangue arterial), o envio novamente ao
coração que por sua vez ejetará o sangue rico
em oxigênio para o sistema circulatório. Fonte: Adaptação da autora. Imagens de
domínio público disponíveis em google
imagens, 2022

25
A onda de propulsão gerada após a passagem do sangue nas artérias é denominada
pulso. O pulso pode ser percebido em qualquer artéria, sendo chamado pulso central
aquele aferido em artérias calibrosas (carótidas e femurais em adultos e artérias
braquiais em crianças) e pulso periférico, aferido em artérias de extremidades.

Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens, 2022.

- Avaliamos o pulso quanto à:

✓ Frequência: aferida em movimento pulsáteis por minuto que correspondem em


condições normais aos batimentos cardíacos. Pode ser normal, lento ou rápido.
✓ Ritmo: verificado através do intervalo entre um movimento pulsátil e outro. Pode ser
regular ou irregular.
✓ Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o
pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).

IDADE BATIMENTOS POR MINUTO (BPM)

RN e Lactentes (até 1 ano) 120 – 160 bpm

Pré-escolares (1 a 5 anos) 80 – 110 bpm

Idade escolar (6 a 12 anos) 75 – 100 bpm

60 – 90 bpm
Adolescentes (13 a 18 anos)
Adultos (acima de 18 anos) 60 – 100 bpm

26
- Atenção quanto à avaliação do pulso em bebes, crianças e lactantes:

- Termos semiológicos adequados conforme o tipo de pulso: (BOTURA et al.,


2009)

Em situações de urgência e emergência recomenda-se a avaliação do


pulso central por (pulso nas artérias carótidas ou femorais em adultos e artéria braquial
em crianças). Porém em quadros de parada cardiorrespiratória (PCR) leigos não devem
insistir na técnica de aferição do pulso para diagnóstico da PCR, haja vista que o
prejuízo de tempo pode impactar em desfechos negativos para a vítima.

- Pulsos Centrais:

Fonte: Adaptação da autora. Imagens de domínio público disponíveis em google imagens, 2022.

27
- Outros Pontos de aferição dos Pulsos:

Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens, 2020.

- Pressão arterial

Definida como a pressão


exercida pelo sangue contra a
parede das artérias. Consiste na
atividade mecânica do coração

Em APH as alterações relacionadas à pressão arterial são evidenciadas por


alterações dos pulsos (taquicardia em situações de choque, desidratação e perdas de
sangue), alterações no nível de consciência e perfusão tecidual (pele fria, cianose
central e periférica).

Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens, 2020.

28
- Sistema Nervoso

O sistema nervoso é separado em duas divisões: o sistema nervoso central (SNC),


compreendendo o cérebro e a medula espinhal, e o sistema nervoso periférico (SNP),
constituído dos nervos cranianos (12 pares) e espinhais ou raquidianos (31 pares).
Pelo canal medular se insere a medula espinhal que é como uma corda de tecido
nervoso, vindo do tronco cerebral até a região lombar. Da medula, saem numerosos
pares de nervos (que se estendem às várias partes do corpo. Estes nervos transmitem
informações (por exemplo, dor e frio) ao cérebro e conduzem comandos enviados por
este que levam respostas musculares, respiratórias, circulatórias e muitas outras.

- Divisão Funcional do Sistema Nervoso:

Fonte: Adaptação da autora, 2022.

29
Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas disponíveis em google imagens, 2020.
CRUZ VERMELHA Brasileira Filial do Estado de Minas Gerais. Manual do Socorro Básico de
Emergência. Belo Horizonte, 1ª edição, 2007.
NAEMT. Atendimento pré-hospitalar o traumatizado: básico e avançado. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.

- Componentes do Sistema Nervoso Central

Em alguns acidentes, a transmissão dos impulsos nervosos pode ser afetada.


Dependendo do local onde ocorreu o dano, pode haver perda da capacidade de respirar
e de controlar os batimentos cardíacos, a pressão arterial, o movimento dos braços e
das pernas. Pode ainda haver perda do controle da micção e da evacuação, a
percepção da dor, entre outras funções.

30
Fonte: Imagens disponíveis em google imagens, 2022.

O tecido nervoso não regenera e não é reparável cirurgicamente. Desta forma, uma
vez lesada a medula, o dano é irreversível. Segundo o membro afetado, as paralisias
recebem nomes específicos:
✓ Paraplegia: paralisia completa dos membros inferiores.
✓ Tetraplegia: paralisia completa dos quatro membros.
✓ Hemiplegia: paralisia completa de um lado do corpo.
✓ - Paresia: paralisia parcial das pernas, quatro membros ou de um lado.

Evidências de danos e lesões do Sistema Nervoso


Central (SNC) são observadas de forma rápida e objetiva
pela avaliação da forma e reflexo pupilar e do conteúdo
neurológico.

31
Fonte: Esquema elaborado pela autora. Imagens disponíveis em google imagens, 2022.

- Sistemas Músculo Esquelético e Tegumentar

O Sistema Músculo Esquelético é constituído pelos músculos, ossos,


cartilagens e articulações e apresenta como funções principais a de sustentação e
conformação do corpo, proteção de órgãos internos como: coração, pulmão e encéfalo
além da formação dos elementos sanguíneos (medula óssea).
Danos e lesões ao sistema músculo esquelético frequentemente incorrem com
sangramentos importantes que podem evoluir para quadros de choque, especialmente
em públicos especiais (portadores de discrasias sanguíneas, portadores de
cardiopatias, idosos e pacientes em uso de anticoagulantes).
A segunda maior incidência de traumas graves está associada às lesões
dos componentes musculoesqueléticos da caixa torácica. Ressalta-se que por se

32
tratar de uma nobre região pela qual se preservam o mediastino com pulmões, coração
e vasos sanguíneo importantes como a artéria carótida e veia cava.

Fonte: Esquema elaborado pela autora. Imagens disponíveis em googel imagens, 2022.

O Sistema Tegumentar por sua vez é considerado o maior em extensão do


corpo humano. É composto pela pele e anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos e
receptores sensoriais), e tem como importantes funções: proteção (a principal função
- agir como barreira, protegendo o corpo da invasão de microrganismos), evita o
ressecamento e perda de água para o meio externo.

33
Fonte: Esquema elaborado pela autora. Imagens disponíveis em google imagens, 2022.

Capítulo 03: Dimensionamento da Cena e Exame da


Vítima em APH

3.1 Dimensionamento da cena para atuação do socorrista

Este quesito refere-se à análise de todas as condições identificadas na cena de


atendimento como checar se o local é seguro, a situação em que a vítima se encontra
e o número de vítimas. Antes de iniciar o atendimento, o socorrista deve checar a
segurança do local e de si mesmo e somente iniciar o socorro se houver condição -
considerado o Princípio de Ouro no APH (“Cena Segura”)

34
- Medidas de segurança da cena:
• Checar a segurança do local e de si mesmo;
• Tornar o local seguro;
• Acionar o auxílio adicional;
• Sinalizar o local;
• Considere sempre os riscos visíveis e ou invisíveis.
Ao identificar qualquer risco potencial, avalie sua capacidade de lidar com o
caso, necessitando chame auxílio adicional técnico:
Corpo de Bombeiros SAMU (Unidade Básica e ou Avançada) Policia Rodoviária Federal
Militar 192 191
193
Policía Civil –197 Defesa Civil –199 CEMIG –116

3.2 Prioridades de atendimento considerando criticidade e


viabilidade do salvamento

Uma forma rápida de avaliação de gravidade dos pacientes na cena, em


ocorrências que envolvem múltiplas vítimas (cinco ou mais vítimas na cena) é a
utilização de métodos para triagem do risco de morte, com base na necessidade de
cuidados e chance de sobrevivência.
O Ministério da Saúde define como recomendação a realização de triagem em
casos de eventos com mais de cinco vítimas. O melhor método de triagem é aquele
que é de conhecimento da equipe e aplicado de maneira correta. Dentre eles, pode-
se citar o Mnemônico START (Simple Triage and Rapid Treatment), criado em
1983 por bombeiros-paramédicos nos Estados Unidos (EUA) como estratégia
simples e objetiva na avaliação e classificação do risco de morrer (triagem) em
incidente com múltiplas vítimas (IMV).
É considerado como método de triagem mais utilizado mundialmente, e a
utilização de cores que demonstram o status e gravidade das vítimas auxilia na
tomada de decisões e gerenciamento do incidente, evacuação e transporte das
vítimas.

35
APLICAÇÃO – MÉTODO START (IMV)

Utiliza o mnemônico sequencial “30-2-pode fazer” que não deve ultrapassar 1 minuto (60
segundos), é rápida e não requer equipamentos médicos especializado.

“30” (30 segundos): avaliação da capacidade respiratória;

“2” (2 segundos): avaliação da qualidade da perfusão periférica em 2 segundos;

“Pode fazer”: avaliar o nível de consciência conforme entendimento e realização dos


comandos feitos pelo socorrista.

Fonte: Esquema elaborado pela autora. Imagens disponíveis em google imagens, 2022.

Conforme o nível de gravidade e chance de sobrevida o paciente recebe uma cor. A


categorização pode ser facilitada pelo uso de cartões nas cores vermelha, amarela,
verde e preta (cinza). Esses instrumentos são colocados em cada vítima de acordo com
a gravidade.

36
CLASSIFICAÇÃO DE VÍTIMAS EM INCIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS
(START)

VERMELHA (ATENDIMENTO IMEDIATO)


Vítimas com ferimentos graves, porém com chance de sobrevida. Possuem prioridade
elevada para atendimento, retirada da cena e transporte. Exemplo: Trauma torácico com
tórax instável.
AMARELA (PODE AGUARDAR)
Vítimas com ferimentos moderados. Podem aguardar um tempo na cena até tratamento
definitivo. Exemplo: membros fraturados.
VERDE (GRAVIDADE LEVE)
Vítimas com ferimentos mínimos, que podem deambular e ajudar outras vítimas mais
debilitadas. Essas vítimas são as que costumam causar alguns problemas, pois estão
deambulando, assustadas e com dores. Deve-se investir apoio psicológico e orientação para
que não sobrecarreguem o serviço terciário de saúde. Exemplo: escoriações difusas no corpo.
MORTOS (CINZA OU PRETO)
Vítimas que não respondem a procedimentos simples, como abertura de vias aéreas e com
ferimentos críticos que indicam morte iminente. Exemplo: paciente em parada cardíaca,
exposição de massa encefálica, esmagamento, etc.

Durante a triagem é importante delegar funções a outras pessoas capacitadas


para auxiliar, pois as vítimas devem ser avaliadas continuamente, procurando por
mudanças nas condições. Somente após aquelas com risco iminente de morte
receberem atendimento é que outras, menos graves, deverão ser atendidas.
Quando o resgate ou outro profissional especializado assumir o controle, o
policial deverá passar todos os procedimentos realizados e caso necessário ajudá-los
na remoção das vítimas. Assim, o Policial pode atuar no ambiente pré-hospitalar na
assistência básica a vítimas, sejam elas clínicas ou traumáticas, exatamente pela
circunstância de chegar primeiro na cena.
No ambiente pré-hospitalar, as entidades de atendimento especializado são o
Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG) e o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU), com suas diretrizes bem definidas por esta Portaria. Também são
previstas situações em que o PM pode atuar como socorrista, o que lhe dá respaldo de
legalidade neste tipo de intervenção.

3.3 Algoritmos para avaliação das vítimas de trauma em APH

Trauma pode ser definido como um evento nocivo aos tecidos e vasos produzido
por ação violenta externa ao organismo e de distintas naturezas (mecânica; química;
térmica; irradiação; elétrica).
A AVALIAÇÃO PRIMÁRIA da vítima tem por objetivo verificar os sinais vitais e
tratar as condições que o colocam em risco iminente de morte. Baseia-se nas diretrizes

37
do Advanced Trauma Life Support/ATLS (Suporte Avançado de Vida no Trauma), do
Colégio Americano de Cirurgiões (a partir de 1979); e do Prehospital Trauma Life
Support (PHTLS) - Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma -, desenvolvido para o
ambiente extra-hospitalar, na década de 80.
A 9ª edição do PHTLS (2019) atualizou o mnemônico antigo "ABCDE" para uma
sequência “X-ABCDE” que discrimina intervenções objetivas para cada letra do
mnemônico.
SEQUENCIA X- ABCDE
X HEMORRAGIA EXSANGUINANTE Controle de Hemorragias Graves.
A VIAS AÉREAS (AIRWAY) Manter vias aéreas pérvias e a estabilização da
coluna cervical
B RESPIRAÇÃO (BREATHING) Garantir boa respiração e ventilação
C CIRCULAÇÃO (CIRCULATION) Verificar pulso e controle de hemorragias menores
D NEUROLÓGICO (DISABILITY) Avaliação de disfunção neurológica, pupilas, aplicar
escala de coma de Glasgow ou AVDI.
E EXPOSIÇÃO (EXPOSURE) Expor a vítima para avaliação, mas controlando o
ambiente e prevenção da hipotermia.
Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024.. Baseado na última edição
do PHTLS (9ª edição).

- Intervenções direcionadas pelo mnemônico X-ABCDE

"X" - HEMORRAGIA EXSANGUINANTE: Controle inicial de hemorragias externas


graves que levam ao risco de morte (como prioridade absoluta na cena). O objetivo
desta primeira etapa é o controle de hemorragias graves que devem ser contidas antes
mesmo de realizar o manejo das vias aéreas (etapa da letra “A” no algorrítimo). O
destaque desta última diretriz é a forte recomendação da compressão direta sobre
sangramentos e o uso do TORNIQUETE10 em traumas graves que geram
sangramentos de extremidades.
Em convergência com a Diretriz, a Campanha STOP THE BLEED11 é uma
iniciativa do grupo de trabalho interagências federais nos EUA, coordenado

10Embora o uso do torniquete não seja prerrogativa exclusiva do ambiente tático, é neste cenário
que sua utilidade obteve grande avanço. As técnicas de aplicação do torniquete serão abordadas no
caput de controle de hemorragias.
11 A compressão local das feridas sangrantes tem sido a manobra mais difundida mundialmente para o
controle da hemorragia, e, na maioria das vezes apresenta desfechos satisfatórios. Entretanto, durante as
guerras do Iraque e Afeganistão o exército americano conseguiu reduzir consideravelmente o número de
mortes evitáveis com a aplicação do torniquetes nos sangramentos maciços de extremidades. Aliado a
isso, o aumento do número de ataques com arma de fogo a alvos civis e ataques com bombas, motivou o
governo dos Estados Unidos lançar uma campanha para “Parar o Sangramento” (Stop the Bleed), com o
intuito de informar sobre atitudes que poderiam ser benéficas em caso de ataques em massa. O sucesso
do uso de desfibriladores automáticos e ensinamentos de como proceder em paradas cardíacas baseou o
início desta ideia.

38
tecnicamente pelo American College of Surgeons, em parceria com Consenso
Hartford (2013) visa capacitar profissionais da saúde e pessoas leigas para atuar
imediatamente em situações de trauma (emergências cotidianas, desastres naturais ou
provocados pelo homem, etc), que cursam com sangramentos, possibilitando salvar
mais vidas

(X) Controle de Hemorragias


O objetivo da Campanha STOP THE
BLEED (“Pare o sangramento e salve
uma vida”) é incentivar às pessoas da
sociedade em geral para se capacitarem
para atuarem em uma emergência de
sangramento antes dos profissionais de
resposta à emergência cheguem.

Justificativa: Por mais rápida que seja a chegada dos profissionais de emergência, os
transeuntes sempre serão os primeiros a chegar. Uma pessoa que está sangrando pode
morrer devido à perda de sangue em torno de 05 (cinco) minutos, sendo imperativo saber
como interromper rapidamente a perda de sangue.
“A única coisa mais trágica do que uma morte, é uma morte que poderia ser evitada!”
1 - Comprima a lesão do sangramento
diretamente com as mãos:
A maioria das hemorragias externas pode ser
controlada pela aplicação de pressão direta (05 a
10 minutos) na ferida, o que permite a interrupção
do fluxo de sangue e favorece a formação do
coágulo.
2 - Aplique/Preencha a Ferida Sangrante:
Recomenda-se, preferencialmente, utilizar
compressa estéril, pressionando firmemente por
10 a 20 minutos. Caso não seja disponível utilize
um pano limpo e seco. Em seguida, fixar a
compressa com bandagem/faixa.
3 - Aplique o Torniquete:
No membro afetado cerca de 5 a 7 cm em posição
proximal à lesão ou, de acordo com o IV Consenso
de Hartford (Alto e apertado). Não aplicar sobre
articulações. Caso a lesão esteja próxima a uma
articulação, posicione o torniquete acima da
articulação. Aperte o torniquete até que o
sangramento pare completamente.

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens disponíveis em
google imagens. Maiores informações sobre a Campanha Stop the Bleed em: <
https://www.stopthebleed.org/ >. Acesso em outubro de 2021.

39
“A” – ABERTURA DE VIAS AÉREAS COM CONTROLE/PROTEÇÃO DA COLUNA
CERVICAL:

Em vítimas conscientes, a equipe de socorro deve se aproximar da vítima pela


frente (para evitar que mova a cabeça para os lados durante o olhar, podendo causar
lesões medulares). Um membro da equipe deve estabilizar a coluna cervical
manualmente ou com um colar.
Em vítimas inconscientes em que não é possível reposicionar a cabeça, a
estabilização deve ser feita na posição original. Também se realiza a avaliação das vias
aéreas (socorrista deve perguntar algo e avaliar se há roncos, estridores, voz alterada,
o que sugere obstrução de vias aéreas). As manobras mais utilizadas nessa fase são a
elevação do mento (chin lift).

MANOBRAS DE ABERTURA DE VIAS AÉREAS


Vítima inconsciente SEM histórico de Trauma
Head Tilt Chin Lift (inclinação da cabeça e elevação do queixo)

Vítima inconsciente COM histórico de Trauma


Jaw Thrust (elevação da mandíbula) Chin Lift (elevação do queixo)

Atenção: A manobra Head Tilt Chin Lift (inclinação da cabeça e elevação do queixo)
deve ser evitada em casos suspeitos de lesão cervical.
Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021.

“B – RESPIRAÇÃO”:

Analisar se a respiração está adequada e a presença de traumas no tórax.


Identifique se há pneumotórax (aberto e/ou fechado). Devem ser avaliadas: frequência
respiratória, inspeção dos movimentos torácicos e a coloração das extremidades

40
(detecção de privação de oxigênio através da cianose – pele “arroxeada" nos dedos e
região dos lábios).
PNEUMOTÓRAX E HEMOTÓRAX

Aprisionamento aéreo com tensão


(pressão) contra os pulmões).

Fonte Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens disponíveis em
google imagens em setembro de 2021.

“C” – AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO:

Nesta fase é imprescindível avaliar o status hemodinâmico da vítima


identificando precocemente quadros de PCR ou choque, além de outras hemorragias.
A frequência de pulso e o enchimento capilar podem estar alterados e, portanto,
mudanças na coloração da pele, sudorese e diminuição do estado de consciência
sugerem perfusão comprometida.

Avaliação da Perfusão
Normal Retorna-se em até 2 segundos

Lenta Retorno após 2 segundos


(Hemorragia Interna)

Diminuída Retorno após 3 segundos


(Quadro de Choque ou PCR)

Fonte Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens disponíveis em
google imagens em setembro de 2021.

.
“D” – AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA:

Realizar análise do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas e


nível de lesão medular (alterações de força e sensibilidade como tetraplegia e
paraplegia).

41
Avaliação do reflexo pupilar - pode demonstrar lesões cerebrais

Avaliação do Status Neurológico - Escala de AVDI/ AVDV


A – Alerta
V – Verbaliza
D – Dormindo
I/N – Inconsciente ou Não Consciente
Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021..

“E” – EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA:

Analisar a extensão das lesões e proceder ao controle do ambiente com


prevenção da hipotermia são as medidas mais importantes nesta fase de avaliação.

- AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA VÍTIMA

Complementar à avaliação primária, o principal propósito da avaliação secundária


é descobrir lesões ou problemas diversos que possam ameaçar a sobrevivência da
vítima, se não forem tratados convenientemente.
Nesta avaliação deve-se ater ao exame físico detalhado, uma visualização da
cabeça aos pés, e definir os parâmetros de frequência cardíaca e respiratória e se
possível pressão arterial e a temperatura, e as condições em que se encontram as
partes do corpo, fratura e hemorragia.

Lembre-se sempre que: ao socorrer vítimas envolvidas em acidentes, fique alerta


quano aos riscos que podem ocorrer ao removê-las do local de forma inadequada.

42
PONTOS PRINCIPAIS DA AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
✓ Avaliar o nível de consciência; cosciente (orientado x confuse) ou em
estado de coma
✓ Avaliar os 4 sinais vitais: Pulso; Respiração e Temperatura;
✓ Avalie os 3 Sinais para Suporte Diagnósticos: tamanho das pupilas;
enchimento capilar (perfusão sanguínea das extremidades) cor da
pele.

Avaliação da Perfusão
Normal Retorna-se em até 2
segundos
Retorno após 2
Lenta segundos
(Hemorragia Interna)
Retorno após 3
Diminuída segundos (Quadro
de Choque ou PCR)

Fonte: Adaptação da autora. Imagens públicas extraídas do google imagens. Agosto de 2022.

- O exame físico na vítima segue a direção céfalo-caudal e deve investigar


lesões e traumas em:
• Pescoço;
• Cabeça;
• Tórax;
• Abdome;
• Pelve;
• Membros Inferiores;
• Membros Superiores;
• Dorso.

43
Um método sistemático para obter informações e ajudar a tranquilizar a vítima,
seus familiares e testemunhas que tenham interesse pelo seu estado pode colaborar
para esse processo de avaliação.
Os elementos que constituem a análise secundária são o exame da cabeça aos
pés, a monitoração da respiração, pulso, consciência e a entrevista. O exame completo
do paciente, da cabeça aos pés, consiste em comparar um lado com o outro, procurando
possíveis deformidades, ou outro sinal anormal.
Um histórico rápido pode ser obtido utilizando-se o mnemônico AMPLA, que
serve como lembrança para alguns componentes chave. Segue para a entrevista o
seguinte roteiro:
A – ALERGIA
M – MEDICAMENTOS de uso da vítima
P – PASSADO médico.
L – LÍQUIDOS e alimentos ingeridos.
A– AMBIENTE, local da cena, eventos que levaram ao trauma.

Capítulo 04: Atendimento às vítimas de Parada


Cardiorrespiratória (PCR) em APH

4.1 Parada Cardiorrespiratória (PCR)

A parada cardiorrespiratória (PCR) pode ser definida como a cessação


inesperada e abrupta dos batimentos cardíacos e da respiração que progride para
estado de inconsciência (coma) e pode levar à morte, caso o socorro adequado não
seja instituído.
Mortes por PCR não relacionadas aos traumas no ambiente extra-hospitalar
(PCREH) impactam significativamente na mortalidade geral em todo o mundo. Aliado a
isso, a baixa proporção de atendimentos realizados por pessoas leigas ou socorristas
não oriundos da saúde e as limitações de acesso ao Desfibrilador Externo Automático
(DEA) comprometem o retorno da circulação espontânea (reversão da PCR) e diminuem
as chances de sobrevivência das vítimas (AHA, 2020; NAEMT 2019).

44
Com o objetivo de normatizar as diretrizes de atendimento da PCR, das
emergências cardiovasculares e respiratórias e de outros incidentes; diversas
organizações em todo o mundo publicam protocolos ou recomendações científicas
sobre o assunto. Dentre elas, a American Heart Association (AHA) é uma das pioneiras
e suas publicações datam desde o ano de 2002 com atualizações periódicas baseadas
nas melhores evidências científicas para orientar o atendimento adequado, aumentar
sobrevida e reduzir sequelas em vítimas viáveis. 12

- Abordagem Geral à RCP no ambiente extra-hospitalar (PCREH)

Recomendações recentes reforçam a necessidade de capacitação em suporte


básico de vida (SBV) à população em geral, em especial socorristas leigos para
melhorar a eficácia da PCREH e reduzir as mortes. As manobras de SBV visam garantir
condições mínimas para manter ou recuperar a oxigenação e a perfusão cerebral da
vítima minimizando o dano celular e aumentando as chances de sobrevivência.
O atendimento da PCR no APH é estruturado por uma sequência de
intervenções denominada de corrente da sobrevivência. A falha em qualquer elo da
cadeia compromete o resultado do atendimento como um todo.
Etapas gerais da cadeia de sobrevivência para atendimento da PCR no contexto pré-
hospitalar

Fonte: American Heart Association. Destaques das diretrizes de RCP e ACE de 2020. Disponível
em: <https://cpr.heart.org/en/resuscitation-science/cpr-and-ecc-guidelines>. Acesso em 20 de setembro
de 2021.

A Diretriz de 2020/2021 da AHA ressalta a importância do início imediato das


manobras de compressão torácica para assegurar a circulação sanguínea. O
mnemônico sequencial a ser adotado é o C-A-B.

12A Diretriz de 2020 atualizada para 2021 ocorreu recentemente em 21 de outubro de 2020. Fonte:
American Heart Association. Destaques das diretrizes de RCP e ACE de 2020 da Disponível
em: <https://cpr.heart.org/en/resuscitation-science/cpr-and-ecc-guidelines>. Acesso em 20 de setembro de
2021.

45
Passos da cadeia de sobrevivência para atendimento da PCR no contexto pré hospitalar
por socorristas leigos.

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Sequência de
Reanimação Cardiopulmonar recomendado pela American Heart Association. Destaques das diretrizes
de RCP e ACE de 2020. Atualização com os cuidados respiratórios na vigência da COVID-19. Disponível
em: <https://cpr.heart.org/en/resuscitation-science/cpr-and-ecc-guidelines>. Acesso em 20 de setembro
de 2021.

46
- Atendimento sequencial do policial militar à vítima em PCR

O reconhecimento da PCR por leigos segue a conduta preconizada pela AHA e


Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

- Para tal o socorrista policial deverá avaliar (preferencialmente de forma simultânea):


a) responsividade da vítima: com estímulos verbais ou toque físico;
b) respiração da vítima: avaliação dos movimentos respiratórios, ruídos e
percepção da movimentação de ar.
✓ Caso a vítima não responda à estimulação verbal e sensorial e não apresente
respiração, o socorrista considerará quadro potencial de PCR e seguirá os
demais passos para o socorro da vítima;
✓ Se a vítima apresentar respiração, as manobras de abertura de vias aéreas
deverão ser realizadas.
- Passos críticos:
Nível de responsividade da vítima Avaliação da respiração da vítima

ATENÇÃO:
A verificação do pulso central
(artéria carótida ou femural em
adultos e crianças / artéria
braquial em lactantes) para
diagnóstico de RCP é recomendado
para profissionais da saúde ou
equipes capacitadas.

Esta avaliação não deve


ultrapassar 10 segundos.
A última Diretriz recomenda que leigos e
socorristas no contexto pré-hospitalar não
devem “peder tempo” na avaliação do pulso
central para diagnóstico da RCP. Entretanto
não recomendar, não significa proibir.
Faça somente se possuir capacidade para
tal.

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021.

47
- NOTA DE APRENDIZAGEM:
Dispositivos de suporte ventilatório para SBV em APH
Máscara Pocket
✓ Oferece barreira inclusa para
evitar o contato boca-a-boca com
o paciente. Deve ser utilizada
apenas por pessoal treinado
adequadamente em RCP e não
está indicada no contexto da
Pandemia de coronavirus.
✓ Pode oferecer de 18 a 21% de
FiO2
Sistema Bolsa-Válvula-Máscara ✓ A ventilação com ambu (bolsa-
(AMBÚ) válvula-máscara) é o método
padrão para fornecer rapidamente
ventilação de resgate a pacientes
com apneia ou insuficiência
ventilatória grave.
✓ Pode oferecer 30% de FiO2

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora. Imagens extraídas da plataforma google
imagens, setembro de 2021.

- Acionamento do serviço de emergência auxiliar e uso do desfibrilador externo


automático (DEA)

O desfibrilador externo automático (DEA) é um dispositivo computadorizado capaz


de examinar o ritmo cardíaco de uma vítima de forma automática, em casos de parada
cardiorrespiratória que necessite de choque, o equipamento “avisa” ao socorrista
(mensagens sonoras, luzes e mensagens de texto) os passos a tomar.
São ritmos de PCR chocáveis a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia
ventricular sem pulso (TV). Estes ritmos correspondem às principais causas de PCR

48
no adulto, frequentemente presentes no contexto extra-hospitalar (mais de 50% dos
casos) e podem ser totalmente revertidos pela desfibrilação precoce (choque).

✓ Localizar o DEA ou solicitar que o tragam à cena/ambiente;


✓ Ligar para o COPOM e solicitar apoio de equipe especializada, descrevendo condições
de atendimento à vítima;
✓ Caso DEA esteja disponível na cena/ambiente: de forma concomitante à ligação adaptar
as pás do DEA, aguardar avaliação e iniciar manobras de RCP;
✓ Caso DEA não esteja disponível na cena/ambiente: iniciar imediatamente manobras de
RCP.

- Considerações sobre o DEA:


Em Minas Gerais, a presença do DEA é obrigatória em ambulâncias e viaturas de Resgate, nos
locais públicos com circulação diária de pelo menos 1500 pessoas, conforme consta na Lei
Estadual 15.778/05-MG, de 27/10/200513.

- Passos críticos: instalação do DEA:


1 – ligar o aparelho (DEA)

2 – Adaptação das Pás adesivas no Tórax do paciente e conexão junto ao DEA

13MINAS GERAIS. Lei 15778, de 26/10/2005. Torna obrigatório equipar com aparelho desfibrilador cardíaco
os locais, veículos e estabelecimentos que menciona. Disponível em:<
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=15778&comp=&ano=
2005>. Acesso em 21 de setembro de 2021.

49
Local de fixação dos Eletrodos no tórax do paciente:
A – Adultos e crianças maiores de 08 anos
B – Crianças (01 a 08 anos):

Demonstração esquemática do modelo de DEA CMOS DREAK (manual do fabricante).

3 - Análise do rítimo cardíaco pelo DEA


✓ Afastar-se da vítima (20 cm – mínimo).
✓ Aguardar informações do aparelho.
4.1 Se Choque é indicado – acionamento 4.2 Se Choque não é indicado – manobras
do botão de disparo de RCP

Fotos: Imagens disponíveis em google imagens. Acesso em 21 de setembro de 2021.

- Manobras de Reanimação Cardiopulmonar

Compressões torácicas realizadas por socorristas leigos, profissionais de outras


áreas e população em geral devem ocorrer o mais rápido possível em um contexto de
PCREH. A cada minuto de demora da RCP, as chances de sobrevida da vítima
reduz 10%. Ademais, o baixo risco de lesões ao paciente nos casos em que este não
esteja em quadro real de PCR soma-se aos enormes benefícios da manutenção da
circulação e perfusão cardíaca e cerebral.
Considerando que as compressões torácicas são o ponto mais importante
da ressuscitação cardiopulmonar fora do hospital, a American Heart
Association (AHA) lançou campanha “Hands-Only CPR” (RCP somente com as
14
mãos) em 2012, a fim de incentivar a capacitação da população em geral e reduzir a
mortalidade.

14A Campanha enfatiza apenas 2 passos: chamar ajuda e compressão torácica efetiva, chamado de
"hands only" – somente mãos (para socorristas leigos não treinados); ou 3 passos: chamar ajuda,
compressão torácica efetiva e ventilação (para socorristas leigos treinados ou profissionais de saúde). Veja
maiores informações e o video da Campanha em: <https://www.youtube.com/watch?v=M4ACYp75mjU >.
Acesso em outubro de 2021.

50
“TODOS PODEM SALVAR VIDAS!”

O foco da campanha é incentivar a detecção


precoce da PCR e iniciar compressões
torácicas de qualidade para aumentar a
sobrevivência.

✓ Localizar a referência anatômica para aplicar as manobras de compressão torácica (sobre


o osso esterno ao centro do tórax - nível da linha entre os mamilos);
✓ Colocar uma mão sobre a outra com os dedos entrelaçados. Utilizar apenas a região
hipotenar da mão que está em contato direto com o tórax para apoiar sobre o osso
esterno;
✓ Manter braços estendidos durante a compressão torácica;
✓ Realize as manobras sob uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto e reavalie
a vítima a cada 02 minutos;
✓ Repita os procedimentos até a chegada de um DEA (caso não tenha sido instalado
anteriormente) ou serviço especializado (SAMU ou Unidade de Resgate), ou se a vítima
começar a se movimentar;
✓ As compressões torácicas não devem ser interrompidas por mais de 10 segundos;
✓ Para aumentar a eficácia das manobras, recomenda-se alternar os socorristas a cada dois
minutos, quando o atendimento é prestado por no mínimo 02 profissionais.
- Nota de observação:
Considerando requisitos de biossegurança no contexto da COVID-19, a precaução PADRÃO /
AEROSSOL é a mais indicada durante a RCP. No contexto Pré-hospitalar coloque uma
máscara ou pano limpo sobre nariz e boca da vítima para minimizar a dissipação de
gotículas e aerossóis.
Compressões Torácicas em Adulto
✓ As compressões torácicas devem aprofundar de 5 a 6 centímetros no tórax do
paciente.
FOCO:
RCP DE QUALIDADE
POSICIONAMENTO CORRETO

COMPRESSÃO = CIRCULAÇÃO (perfusão


cerebral e cardíaca)

Compressões Torácicas em Crianças (01 ano de idade até a puberdade)


✓ Adotar as compressões sobre a metade inferior do osso esterno;
✓ Utilizar as duas mãos em crianças maiores ou apenas uma das mãos (em crianças muito
pequenas) para diminuir a pressão sobre o tórax da vítima;
✓ As compressões devem aprofundar 5 cm em crianças.
- Localização anatômica da compressão - Compressões torácicas com uma mão.
torácica em crianças

Compressões Torácicas em Bebês (Lactantes – menores de 01 ano)


✓ Apoiar o dedo indicador e médio sobre o osso esterno do bebê (centro do tórax, logo
abaixo da linha dos mamilos) ou com os dois polegares.
✓ As compressões devem aprofundar 4 cm em bebês.

51
Adultos Crianças Menores de 01 ano/Lactantes

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021.

Capítulo 05: Atendimento às Vítimas de Obstrução por


Corpo Estranho (OVACE) em APH

A obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE) é um quadro em que


algum objeto (artefatos, balas, moedas, língua) ou alimento causa obstrução ou dificulta
a passagem do ar para dentro dos pulmões da vítima.

Referencial anatômico – Via aérea obstruída.

✓ Bloqueio na passagem de
ar pela VAS

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021.

52
- Abordagem Geral da OVACE no APH
Classificação da OVACE de acordo com o comprometimento da Via Aérea.

OVACE A vítima não


consegue falar
A vítima pode
nem tossir ou
falar, tossir ou
emitir sons. A
emitir sons
respiração torna-
(tosse forte,
PARCIAL TOTAL se ruidosa,
“chieira”).
dificultosa e a
tosse é ineficaz.

Insuficiente troca de
Mantém algum nível
ar com dificuldade
de troca de ar.
acentuada.

Fonte: Adaptado do material didático elaborado pela autora no TPB 2022-2024. Imagens extraídas da
plataforma google imagens, setembro de 2021.

- Atendimento sequencial da vítima em OVACE

✓ Pergunte sempre: “Você pode falar? ”


✓ Se puder falar, tossir, emitir sons: acalmar a vítima, incentivar a tosse vigorosa.
✓ Se não puder falar: efetue MANOBRAS DE HEIMLICH15 até desobstrução, ou até o
paciente ficar irresponsivo (avaliar quadro de PCR e abordar conforme protocolo
vigente).
✓ - Manobras de Heimilich em adultos conscientes
✓ O socorrista deve posicionar-se atrás da vítima;
✓ Apoiar uma das pernas entre as da vítima;
✓ Posicionar uma das mãos (preferencialmente a
dominante) fechada, com a face do polegar
encostada na parede abdominal próxima ao
apêndice xifoide e entre a cicatriz umbilical;
✓ Com a outra mão espalmada sobre a primeira;
✓ Comprimir o abdome em movimentos rápidos,
direcionado para dentro e para cima (em “J”);
✓ Realizar uma sequência de 05 golpes e avaliar ✓
se houve extração do corpo estranho.
- Manobras de Heimilich em criança consciente (acima de 01 ano)
✓ Realizar mesma abordagem de vítimas adulto.
- Manobras de Heimilich em criança consciente (menor de 01 ano – Lactentes)
✓ Posicione o bebê de bruços (barriga para baixo), apoiando o tórax no seu antebraço,
com a cabeça mais baixa que o corpo;
✓ Efetue 05 “golpes” nas costas, entre as escápulas;

15 Destaques da AHA (publicadas em 21 de outubro de 2020) incluíram a possibilidade de


mudanças nas manobras de desobstrução de Vias Aéras por Corpos Estranhos em adultos. A
técnica passaria a adotar primeiramente 05 (cinco) golpes na região posterior das costas,
seguidos de 05 golpes na região epigástrica e reavaliação contínua da vítima. Reforçou também
que o incentivo à tosse é sempre o método de primeira escolha pelo risco de lesões em órgãos
torácicos e abdominais. (AHA, 2020).

53
✓ Se não conseguir remover o corpo estranho após esses primeiros 05 (cinco) golpes,
deite o bebê de costas em seu braço (barriga para cima), com a cabeça igualmente a
um nível inferior do corpo;
✓ Efetue 05 compressões no esterno (com 2 dedos logo abaixo da linha intermamilar, tal
como manobra de reanimação);
✓ Verifique se houve a desobstrução e se é possível realizar a retirada do corpo estranho
com os dedos em pinça sobre visualização direta;
✓ Caso não tenha ocorrido repita a série até a desobstrução ou até a chegada ao hospital
ou da equipe especializada.

✓ - Manobras de Heimilich em Obesos e Gestantes conscientes


✓ Posicione-se atrás da vítima;
✓ Realize 05 compressões no centro do tórax (sobre o esterno - linha intermamilar - e não
no abdome);
✓ Reavalie a vítima a cada sequência até regressão para obstrução parcial e
exteriorização do corpo estranho.

- Vítimas de OVACE inconscientes


✓ Se irresponsivo e respiração ausente, pedir ajuda: COPOM, COBMMG (193) e
SAMU (192);
✓ Considere PCR ou Parada Respiratória: inicie RCP de qualidade – ritmo, frequência
e profundidade (100 a 120 compressões /min);
✓ Verifique se houve a saída de algum objeto na boca: se for possível visualizar retire-
o (com a ponta do dedo indicador ou dedo mínimo);
✓ Repita a sequência até a desobstrução ou até a chegada de assistência especializada.

- NOTA DE APRENDIZAGEM:
PROTOCOLOS DISTINTOS – EVIDÊNCIAS EM CONDUTAS PARA
OVACE
- Protocolo da AHA x Protocolo Canadense x Protocolo Europeu
O princípio básico é: adotar preferências, baseado em
evidências/fundamentos (princípios). Na PMM adotamos o protocolo da AHA.

54
Capítulo 06: Abordagem Geral às Vítimas de Traumas,
Hemorragias e Estados de Choque em APH

6.1 Lesões Traumáticas

Epidemiologicamente, as afecções traumáticas correspondem às 03 (três)


primeiras causas de morte no mundo, ocupando posição atrás das doenças
cardiovasculares e cânceres. Em indivíduos em fase economicamente ativa da vida (19
a 45 anos de idade) é a primeira causa de morte.

A chance de sobrevivência de um paciente traumatizado que recebe um


tratamento pré-hospitalar adequado é provavelmente maior do que qualquer outro tipo
de paciente (NAEMT, 2019).

Trauma é definido como um evento nocivo aos tecidos e vasos que advém da
liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de
energia (NAEMT, 2017). Essa energia existe em cinco formas físicas: Mecânica,
Química, Térmica, Irradiação e Elétrica.

FATORES ASSOCIADOS AOS TRAUMAS - TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA


Trauma Mecânico
A energia mecânica é uma das formas mais comuns identificadas nos Traumas, e, ela
ocorre nas colisões de veículos automotores e em acidentes automobilísticos.
Trauma Químico
A transferência da energia química com consequente trauma ocorre, por exemplo, em
casos de intoxicação por elementos ácidos ou cáusticos como (soda cáustica, elementos
químicos).
Trauma Térmico
A energia térmica pode ser dissipada quando há dispersão da onda de calor entre os
corpos. Como exemplo podemos citar o aumento da chama em fogões e/ou
churrasqueira que podem queimar regiões do corpo. As lesões de pele são frequentes
no verão, devido à exposição à energia por irradiação.
Trauma Elétrico
A transferência de energia elétrica é comum quando ocorre manipulação com fiação
elétrica, provocando diferentes padrões de lesões, como queimaduras (pele, nervos,
vasos sanguíneos, músculos e ossos), ejeção no momento da passagem da corrente
elétrica, levando a diferentes traumas (cabeça, coluna, tronco e membros) e, ainda,
arritmia, em algumas vezes, seguida de parada cardiorrespiratória devido à liberação de
potássio na circulação sanguínea decorrente da lesão do músculo cardíaco.
Fonte: Adaptação da autora. PHTLS, 2019.

55
Na avaliação ao paciente vítima de trauma algumas leis da física devem ser
consideradas:

✓ A energia nunca é criada ou destruída, mas pode mudar de forma (Lei da


Conservação da Energia);
✓ Um corpo em movimento ou repouso tende a permanecer neste estado de
inércia (1ª lei de Newton) até que uma fonte de energia externa atue sobre
ele;
✓ Uma força é igual às massa multiplicada pela desaceleração.

- NOTA PRÁTICA:

ENERGIA CINÉTICA (EC): Qualquer tipo de corpo em movimento (translação,


rotação, vibração e outros) é dotado desse tipo de energia. Por esta força pode-se
estimar a transferência de energia que ocorre durante os acidentes automobilísticos
e quedas.

EC = M (massa corporal – peso) x V (velocidade)2

- EXEMPLO: Vítma de acidente automobilístico com peso estimado de 80 kg e


sob uma velocidade de 100 km/h. Temos EC = 80 x 10.000 / 2 = 400.000
Unidades de EC

As mortes por trauma podem ocorrer em 03 (três) momentos picos distintos:

✓ Primeiro pico: corresponde as mortes que acontecem nos segundos ou


minutos iniciais após o trauma. As lesões nesses pacientes são tão graves, que
dificilmente eles podem ser salvos.
✓ Segundo pico: corresponde as mortes que acontecem algumas horas após o
trauma. O atendimento pós-trauma nesses pacientes interfere
significativamente na probabilidade de sobrevivência da vítima. Esse momento,
portanto, é chamado de “Golden Hour”. (“Hora de Ouro”).
✓ Terceiro pico: corresponde as mortes que acontecem mais tardiamente, até
algumas semanas após o trauma decorrente de suas sequelas e infecções.

56
Os danos ocorrem pela transferência de energia, quando os tecidos do corpo
humano são violentamente deslocados para longe do local de impacto, pela transmissão
de energia. As lesões traumáticas podem ser classificadas em:

✓ Contusões: decorresntes de traumas fechados.


✓ Lesões penetrantes: decorrentes de traumas abertos.
✓ Lesões por explosão: podem causar tanto ferimento contuso como penetrante,
sendo uma transformação de energia extremamente rápida, com alta pressão,
causando assim, um grande impacto.

No trauma contuso, o impacto se distribui externamente ao corpo. Ocorrem os


movimentos de aceleração e desaceleração. Exemplos: colisão de carros,
atropelamentos, quedas etc. No trauma penetrante, há a penetração de objetos no corpo
da vítima. Exemplos: ferimentos por arma branca (FAB) e ferimentos por projéteis de
arma de fogo (PAF).

- Trauma aberto: objeto perfura a vítima, causando descontinuidade dos tecidos.


Requer cuidado e atenção por parte do socorrista pela gravidade da situação, com
possível existência de uma lesão visceral podendo levar à morte imediata por
hemorragias e choque ou, consequentemente, por infecções.
- Trauma fechado: existem duas forças envolvidas no impacto: a primeira sendo a
mudança brusca de velocidade (aceleração ou desaceleração) e a segunda sendo a
compressão. Elas podem ser resultantes de quedas, colisões automobilísticas,
acidentes com pedestres, agressões, etc. Quando um veículo se choca contra um
obstáculo fixo, ocorrem duas colisões.

57
Presença de Hematoma em Laceração tecidual em
Traumas Contusos Traumas Abertos

Fonte: Adaptação do material didático da autora. Imagens disponíveis em google


imagens em setembro de 2021.

- 1ª Lei de Newton e atuação nos traumas fechados (contusos)

Lesões em estruturas orgânicas devido à compressão.

Lesões em estruturas orgânicas devido à desaceleração do corpo.

OBS: Em caso de uma desaceleração brusca, como em uma batida, os órgãos podem se
mover, romper ou serem arrancados do corpo. Parte da energia cinética será absorvida pelo
próprio veículo, pelo objeto com que o veículo colidiu ou será transformada em calor. Resultam
de uma separação traumática causada pela avulsão violenta e rápida.

58
- Lesões do Tipo cavitação – Traumas penetrantes

59
Esquena elaborado pela autora, por meio de diversas fonte: PHTLS 8ª edição (2017) e google imagens, 2022.
Citação da Figura 4: Leite Segundo, et al. Inclusão do estudo da balística no tratamento dos ferimentos faciais por
projétil de arma de fogo. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.13, n.4, p. 63-70, out./dez. 2013.
Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rctbmf/v13n4/a10v13n4.pdf . Acesso em mai. 2022
Cavitação: refere-se ao deslocamento abrupto dos tecidos do corpo humano para longe do local do
impacto, devido à transmissão de energia, o que forma uma cavidade. Isso acontece quando o corpo,
se movimentando, se choca contra um objeto estático. A cavitação pode ser temporária ou permanente
Nos Traumas penetrantes a troca de energia entre o projétil em movimento e o corpo resulta em
cavitação. Das principais lesões, FAB ou FAF contabilizam mais de 90% das causas.

Nos traumas penetrantes os ferimentos de entrada e saída dependem da intensidade de energia:

✓ Energia de baixa intensidade: corresponde a armas brancas ou outros objetos perfuro-


cortantes;

✓ Média intensidade de energia: quando corresponde a arma de fogo de baixo calibre;

✓ Alta intensidade de energia: quando se refere a rifles e armas de alto calibre.


- Lesões por PAF: esse tipo de lesão produz um padrão de identificação nos tecidos moles. O ferimento
de entrada é normalmente oval ou arredondado, cercado por uma área escurecida devido à queimadura
da pólvora no tecido, enquanto a lesão de saída tem uma característica estrelada (erupção em estrela),
proveniente da propagação da energia.

- Lesões por mecanismo de Trauma em Explosões

As fases do Mecanismo de Trauma das Explosões


correspondem a:

✓ Primária: Onda de pressão (deslocamento


de ar inicial):
Lesões graves podem não ser aparentes.
✓ Secundária: Fraquementos (traumas,
queimaduras):
Vítima sendo atingida por material lançado pela força da explosão
✓ Terciária: o corpo sendo lançado e atingindo o solo ou outro objeto (ejeção).

60
- NOTA PRÁTICA:

As ocorrências com Mecanismo de Trauma Grave incluem:

✓ Quedas > 6m;


✓ Colisões a mais de 32 km/h;
✓ Ejeção da vítima para fora do veículo;
✓ Morte de um ocupante do veículo;
✓ Danos severos ao veiculo

6.2 Hemorragias
Hemorragia pode ser definida como a ruptura dos vasos sanguíneos e
consequente extravasamento de sangue. Perdas sanguíneas não abortadas de forma
intempestiva e adequada progridem para o estado de choque - baixa perfusão
(circulação e oxigenação de órgãos) -, disfunção celular e pode levar a vítima ao óbito
em poucos minutos (NAETM, 2019).
Pode ser classificada em externa (quando a hemorragia é visível) e interna
(quando não é visualizada de forma direta, mas por hematomas na região (abdome,
tórax, membros), podendo exteriorizar-se por orifícios do organismo (boca, nariz, ouvido
etc.).
A gravidade e perda volêmica pode ser estimada com base na tabela adaptada
do American College of Surgeons Committee on Trauma, (Colégio Americano de
Cirurgiões do Trauma – EUA) variando entre os estágios I a IV. Em geral, pacientes em
estágio I e II apresentam-se ansiosos, agitados e com ligeiro aumento da respieração e
pulso; e não necessitam de reposição de hemoderivados (sangue e plasma), ao
contrário das classes mais graves (III e IV) nas quais a vítima progride para ansiedade
extrema, aumento do pulso e até estado de confusão, torpor que levará ao coma
(inconsciência).
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE HEMORRÁGICO – estimativa pela perda de sangue
Classe Perda de Freq. Cardíaca Freq. Estado mental
sangue respiratória
I 750 ml Alteração mínima Alteração mínima Levemente
ansioso
II 750-1500 ml Aumento Aumento Moderadamente
ansioso
III 1500-2000 ml >120 batimento/min 30-40 Ansioso,
ventilações/min confuso
IV >2000ml >140 batimento/min >35 Confuso,
ventilações/min letárgico
Fonte: National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT). PHTLS: Atendimento pré-
hospitalar ao traumatizado. 9ª edição. Editora Artmed. 2019.

61
- Tipos de Hemorragias externas:

Hemorragia Arterial: o sangramento é vermelho vivo, em jatos, pulsando em


sincronia com as batidas do coração. A perda de sangue é rápida e abundante.

Hemorragia venosa: o sangue possui coloração mais intensa (escura) e não sai do
corpo em “jatos”, apresentando, portanto, uma perda mais uniforme e lenta.

Hemorragia capilar: perda de sangue lenta, em pequenas gotas, e o sangue tem cor
intermediária.

Fonte: Adaptação do material didático da autora. Imagens disponíveis em


google imagens em setembro de 2021.

- Hemorragia exsanguinante ou maciça/maciva:


Grande hemorragia externa com risco de vida identificada na avaliação
primária de vítimas de trauma
✓ Sangramento profuso/difuso;

✓ Perda/amputação de um
membro;
✓ Sangue abundante acumulado
no chão;
✓ Curativos ou bandagens
embebecidos de sangue;
✓ Sangramento em uma pessoa
confusa ou desorientada.

62
Fonte: Adaptação do material didático da autora. Imagens disponíveis em google imagens em setembro
de 2021.

- As formas para conter o sangramento são:


a) Pressão Direta:
✓ Realizar pressão direta sobre a ferida;
✓ Aplicar com auxílio de gaze, se disponível, ou pano limpo;
✓ Manter pressão até uma solução definitiva.

b) Bandagem Compressiva:
✓ Feito de forma que uma pressão mecânica seja mantida sobre o ferimento;
✓ Pode estancar grandes hemorragias;
✓ Usar gazes preenchendo a ferida;
✓ Usar um chumaço de gaze por cima para promover a pressão.

63
c) Curativos hemostáticos: os dispositivos hemostáticos foram desenvolvidos
inicialmente para os conflitos no Afeganistão e no Iraque, onde foram usados pelas
forças militares dos EUA salvando várias vidas. Atualmente as gazes impregnadas
com agentes hemostáticos são como equipamento obrigatório pelas Forças
armadas dos EUA e forças de segurança como CIA, FBI, SWAT, policias locais,
atendimento de emergências e hospitais nos EUA e em vários países.

- Dentre os benefícios dos agentes hemostáticos destacam-se:

✓ Redução no tempo para controle da hemorragia: quando comparado às ligaduras


e compressão simples com gazes e faixas que podem requerer cerca de 10 minutos
para controle hemostático - pela ação do agente hemostático (coagulante – ação
entre 2 a 3 minutos sob compressão direta);
✓ Possibilidade de preencher cavidades: podem ser substitutos de técnica cirúrgica
meticulosa, têm boa aplicação sobre a lesão, sem prender-se a ela, pode ser trocado
fácil (se saturado).
✓ Coma exemplo desse tipo de material pode-se citar: Combat gauze: recomendada
para preenchimento em lesões no pescoço, axila, virilha, ombro, quadril, glúteo e demais
áreas nas quais não é possível aplicar o torniquete.

d) Torniquetes
Os torniquetes são usados para o controle de hemorragias importantes quando a
compressão direta e compressão elástica não foram eficazes. A finalidade do
torniquete é realizar constrição externa (temporária) do leito vascular lesado através da
oclusão mecânica externa de veias e artérias.
✓ Aplicar diretamente sobre a pele;
✓ 4 a 5 “dedos” acima de ferida, para uma aplicação deliberada;
✓ Nunca sobre uma articulação;
✓ Em um ferimento por munições de alta velocidade, indica-se o uso do torniquete
emergencial – sendo mais alto e mais apertado;
✓ Apertar até desaparecer o pulso distal;
✓ Se for necessário, instalar um segundo torniquete, acima do primeiro – torniquete
duplo;
✓ Na região dos membros com ossos duplos, pode acontecer de um torniquete,
mesmo apertado, não estancar a hemorragia. Isso acontece porque os ossos
“protegem” o vaso, impedindo a obstrução do mesmo;

64
o Na perna: tíbia e fíbula;
o No antebraço: rádio e ulna;
✓ Porém, ainda assim, indica-se o uso do torniquete “mais apertado”, uma vez que
a diminuição do fluxo sanguineo é real. Não estancando o sangramento, poderá
haver a reversão ou aproximação do torniquete para uma maior efetividade da
técnica.

ATENÇÃO:
• Enquanto o socorrista observa os focos de hemorragia, pode realizar a
exposição do corpo da vítima, verificar o estado de consciência e fazer as
demais observações, não necessariamente seguindo um protocolo somente
após terminar outro.
• Mantenha atenção ao pulso distal/perfusão capilar, checando-os sempre que
possível.

Importante: não remover o torniquete.

O torniquete deverá permanecer no local até o atendimento especializado da vítima,


durante este período é essencial observar alguns aspectos:

✓ Não deverá ser afrouxado;

✓ Manter o torniquete em amputações ou grandes lacerações, mesmo sem


hemorragias evidentes;

✓ Em vítimas em choque hipovolêmico manter o torniquete até a reposição de

Volume;

✓ Não há evidências que determine o tempo máximo de uso do torniquete e


danos relacionados ao seu uso prolongando foram raros.

✓ Torniquetes não podem ser colocados em articulações e sua indicação está


associada à Hemorragia Exsanguinantes (maciça) de extremidades.

De modo geral entre 150 a 200 minutos a equipe de socorro realizará o transporte
para um Centro de Trauma/Emergências de modo a assegurar a sobrevida da vítima.
O diâmetro ideal em largura de um torniquete deve ser de 7 a 10 cm, com extensão
mínima de 70 cm a 1,0 metro. Os torniquetes de combate ou táticos são os mais
seguros, tendo em vista que já foram testados e são recomendados pelos Comitês e
Centros de Treinamento Especializado em APH Tático. O projeto de APH Tático

65
Nacional prevê Kits materiais e insumos recomendados e podem ser vislumbrados no
Anexo B da Diretriz.

Fonte: Adaptação do material didático da autora. Imagens disponíveis em google imagens em


setembro de 2021.

- NOTA DE ENSINO: O uso de torniquetes “piratiados” pode “custar” a vida da vítima.


Use somente materiais aprovados pela ANVISA, isto é, aqueles cujos testes provaram
sua eficàcia.

O torniquete pode ser usado fora do contexto tático?


O TORNIQUETE DEVE SER UTILIZADO PARA CONTROLE DE
HEMORRAGIAS EXSANGUINTANTES EM MEMBROS (MMSSII) DE
FORMA EFETIVA EM QUALQUER CENÁRIO.

Fonte: Adaptação do material didático da autora. Imagens disponíveis em google imagens em


setembro de 2021.

66
Algoritmo adaptado para controle do sangramento maciço, conforme Consenso de HARTFORD
IV da American College of Surgeons. 2018.

•Garanta sua segurança


•Detecte o sangramento grave


•Um Kit de socorros com


3º torniquete está disponpivel?

NÃO SIM

Utilize uma roupa limpa e Pescoço/Costas/ Braços e Pernas


aplique pressão direta sobre a Virilha
ferida até estancar o
sangramento.
Empacote a ferida com curativo Torniquete
hemostático, gaze ou roupa disponível?
limpa. Aplique pressão direta.

NÃO SIM

Aplique acima da
MANTENHA PRESSÃO SOBRE A FERIDA, ferida e aperte
AVALIE A VÍTIMA CONTINUAMENTE E até cessar o
AGUARDE SOCORRO ESPECIALIZADO. sangramento.

O Consenso de Hartford está em sua 4ª edição. Esta Diretriz reconhece a magnitude do sangramento
descontrolado e reconhece a importância da atuação da sociedade em geral na prevenção de mortes
por sangramentos. O maior princípio adotado no consenso é de que ninguém deve morrer por
sangramento descontrolado em eventos com múltiplas vítimas.

Fonte: American College of Surgeons, Hartford Consensus IV, sot 2018. Disponível em:<
(https://www.bleedingcontrol.org/~/media/bleedingcontrol/files/hartford%20consensus%20compendium
.ashx)>. Acesso em 20 de set 2021.

6.3 Estados de Choque

O termo "choque" é frequentemente utilizado de forma errônea. Muitas vezes, ouvimos


pessoas perguntando "ele estava em choque?" Quando se refere ao susto secundário
a acidente ou algo similar. Porém o choque está associado a uma desordem no sistema
circulatório.

67
Em um estado de saúde normal, o coração bombeia o sangue através das artérias,
veias e capilares para nutrir os órgãos e tecidos do corpo com oxigênio e nutrientes.
Mais importante, o sistema circulatório irriga o cérebro e demais órgãos vitais que nos
mantém vivos. Algumas vezes, o corpo não consegue fazer com que o sangue chegue
aos órgãos e tecidos, levando ao choque, podendo levar ao sofrimento e morte celular.
Existem seis tipos de choque: Hipovolêmico, Cardiogênico, Obstrutivo, Neurogênico,
Séptico e Anafilático.

Fonte: Extraído da internet. Google imagens. Set. 2020.

De acordo com a perda volêmica do conteúdo vascular, o choque é classificado


em fases que correspondem a repercussões hemodinâmicas, e, quando não tratado de
forma intempestiva pode levar a vítima a óbito em poucos minutos.

Repercussões hemodinâmicas nos estados de Choque

Fonte: Imagem disponível em google imagens. Siglas: *PA (pressão arterial); **NC (nível de consciência); ***EC (enchimento
capilar)

A estimativa de perda em água e/ou sangue, pode ser estimada com base na tabela
adaptada do American College of Surgeons Committee on Trauma, (Colégio Americano
de Cirurgiões do Trauma – EUA) variando entre os estágios I a IV. Em geral, pacientes
em estágio I e II não necessitam de reposição de hemoderivados, ao contrário das
classes III e IV.

68
Fonte: National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT). PHTLS: Atendimento pré-
hospitalar ao traumatizado. 8ª edição. Editora Artmed. 2017.

- Repercussões fisiológicas típicas em cada tipo de Choque

É fundamental reconhecer precocemente estados de choque em vítimas de


Trauma, pois ele é a principal causa das mortes no atendimento pré-hospitalar devido a
hemorragia.

- Hipovolêmico
O choque hipovolêmico se dá quando existe uma diminuição do volume de fluídos
corporais. De uma maneira geral, isto é causado por grande perda de sangue
(hemorragias) ou grande perda de fluídos corporais, através da transpiração excessiva,
vômitos, queimaduras ou diarreia. Os principais sinais e sintomas são:

✓ Pele pálida, úmida e fria;

✓ Pulso fraco e rápido (maior que 100);

✓ Pressão sistólica menor que 80 mmHg. (Lembre-se que a pressão sistólica no


estado de choque diminui progressivamente, então, em uma medida isolada da
pressão arterial podemos encontrar valores superiores a 80 mmHg, porém há um
rápido decréscimo da pressão com o avançar do estado de choque);

✓ Perfusão capilar periférica lenta ou nula;

✓ Respiração curta e rápida (taquipneia);

✓ Tontura e desmaio;

✓ Sede, tremor e agitação.

69
- Cardiogênico
Este tipo de choque está relacionado a problemas com o sistema de
bombeamento do sangue através do sistema circulatório, ou seja, o coração. As
principais causas são infarto agudo do miocárdio; arritmia cardíaca e insuficiência
cardíaca.

- Obstrutivo
É decorrente da redução do débito cardíaco secundário a um inadequado
enchimento ventricular. As principais causas de choque obstrutivo são o
tamponamento pericárdico, a embolia pulmonar maciça e o pneumotórax.

- Séptico
É causado por infecções graves, sistêmicas. Microrganismos patogênicos que
invadem o sistema circulatório e provocam dilatação dos vasos, ocasionando uma
redução relativa do volume sanguíneo circulante.

- Anafilático
Trata-se de uma reação de hipersensibilidade a medicamentos, alimentos, peçonha;
etc. A histamina, liberada pelo corpo com o objetivo de combater a alergia, também
causa uma vasodilatação sistêmica.

- Neurogênico
Devido a lesão da medula espinhal, ocorre disfunção do comando do sistema
circulatório, provocando baixa pressão arterial e outros sintomas relacionados aos
danos dos nervos (ex. priaprismo (ereção involuntária), perda de controle do esfíncter
anal e urinário – urina e evacuações espontâneas).

70
É fundamental reconhecer o estado de choque, pois ele é a principal causa das mortes
no atendimento pré-hospitalar devido a hemorragia interna. Os principais sinais e
sintomas são:

✓ Pele pálida, úmida e fria;

✓ Pulso fraco e rápido (maior que 100);

✓ Pressão sistólica menor que 80 mmHg. (Lembrar que a pressão sistólica no estado
de choque vai diminuindo progressivamente, então, numa medida isolada da pressão
arterial podemos encontrar valores superiores a 80 mmHg, que vai diminuindo com o
avanço do estado de choque).

✓ Perfusão capilar periférica lenta ou nula;

✓ Respiração curta e rápida;

✓ Tontura e desmaio;

✓ Sede, tremor e agitação.

- Condutas Gerais na Abordagem do Choque

- Condutas Gerais a serem adotadas na abordagem do Choque

✓ Sempre solicite o apoio/socorro especializado e a chegada de um DEA (vítimas


de trauma em estados de choque podem evoluir rapidamente para quadro de
PCR);
✓ Em caso de Hemorragias Exsanguinantes, trate agressiva e precocemente o
sangramento (torniquete para membros e gazes e compressas para outras
regiões anatômicas);
✓ Posicione a vítima deitada, preferencialmente na posição lateral de segurança
✓ Verifique o pulso (frequência, tipo) e avalie sistemática e continuamente o nível
de consciência da vítima, respiração e preservação das vias aéreas);
✓ Afrouxe suas roupas;
✓ Mantenha a vítima aquecida (hipotermia piora o estado de Choque);
✓ Em casos de Choque Anafilático, transporte a vítima imediatamente ao hospital
ou centro de Urgência mais próximo, pois o edema nas vias aéreas superiores
pode progredir rapidamente e obstruir a passagem de ar, impondo risco de parada
respiratória e consequente parada cardiorrespiratória.

71
Capítulo 07: Abordagens específicas em alguns tipos de
Trauma em APH
7.1 Trauma Crânio Encefálico (TCE)

Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve TCE quando houver:


✓ Ferimento extenso ou profundo na cabeça;
✓ Hematomas nas pálpebras (Sinal do GUAXINIM) e saída de sangue e/ou líquor pelo
nariz (rinorréia) e ouvido (otorréia);
✓ Estado neurológico alterado identificado através de respostas e reações da vítima;
✓ Alterações da resposta pupilar (pupilas desiguais);
✓ Sinal característico atrás da orelha (sinal de BATTLE).

Preservação da imagem e
não exposição

72
Fonte: acervo da autora. Imagens públicas disponíveis no site google imagens.

- Condutas gerais a serem adotadas em caso de TCE


✓ Monitore pulso e conteúdo vascular para detecção precoce de sinais de choque;
✓ Controle alterações no padrão respiratório;
✓ Evite manobras que possam agravar possível lesão na coluna;
✓ Imobilize coluna cervical;
✓ Esteja preparado para aspirar ou retirar secreções;
✓ Controle as condições e os sinais vitais do paciente;
✓ Não obstrua a saída de sangue ou líquor dos ouvidos e nariz;
✓ Transporte o mais rápido possível para o hospital.

7.2 Ferimentos Na região da cabeça, pescoço e órgãos


sensoriais
- Conduta em situações de traumas com ferimento na cabeça:
✓ Procedimento semelhante a ferimentos em partes moles;
✓ Não tente limpar o ferimento, perigo de aumentar a hemorragia;
✓ Controlar sangramentos com curativo limpo e pouca pressão;
✓ Procurar recurso hospitalar;

- Conduta em situações de traumas com ferimento na face:


✓ Corrigir problemas respiratórios;
✓ Não se esquecer da possibilidade de lesão na coluna;
✓ Usar pressão suficiente para parar o sangramento;
✓ Retirar corpos estranhos do ferimento da boca;
✓ Procurar recurso hospitalar.

73
- O ÚNICO CASO em que é possível retirar objetos encravados é na bochecha, se
penetrar na cavidade oral, devido á facilidade de remoção e baixo risco de
complicações com o benefício de conter o sangramento por curativo local.
• Rretirar o corpo estranho, realizer o curative e procurar recurso hospitalar.

- Conduta em situações de traumas com ferimento nos olhos:


✓ Não tente remover objetos da córnea;
✓ Não faça curativo compressivo (muito apertado);
✓ Não remova objetos empalados;
✓ curativo deve ser frouxo e nas duas vistas;
✓ Em queimaduras químicas, lavar sempre do nariz para as extremidades com água
estéril.

- Conduta em situações de traumas com ferimento na orelha


✓ Curativo ou bandagem;
✓ Nunca feche o canal auditivo em caso de hemorragia;
✓ Saída de líquido claro e /ou sangue significa Traumatismo Crânio Encefálico;
✓ Procurar recurso hospitalar.

- Conduta em situações de traumas com ferimento no nariz


• Controlar hemorragia (rinorragia)
• Em caso de avulsão pode-se colocar o retalho no local;
• Fazer o curativo.

74
- Conduta em situações de traumas com ferimento no pescoço
✓ Mantenha o paciente calmo;
✓ Peça para o paciente respirar devagar e observar a respiração;
✓ Não se esqueça da possibilidade de trauma de coluna;
✓ Curativo oclusivo com uma compressa,
✓ Não aplique pressão sobre as vias aéreas;
✓ Não aplique pressão nos dois lados do pescoço ao mesmo tempo;
✓ Procure socorro adequado.

7.3 Trauma de Tórax


Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve trauma de tórax quando houver:
✓ Dor local;
✓ Respiração dificultosa, dor à respiração;
✓ Tosse com sangue (não obrigatória);
✓ Sangue borbulhando da ferida do tórax em caso de perfuração por fragmentos
ósseos (risco de pneumotórax);
✓ Parte afetada não acompanha o movimento do restante do tórax.

- Pneumotórax
Trata-se de uma perfuração do tórax ou do pulmão que leva ao acúmulo anormal de ar
entre as pleuras (membranas que revestem o pulmão a parede interna do tórax).
Hemotórax é o acúmulo de sangue. O pneumotórax pode ou não ser aberto (com ferida
visível).

✓ Em caso de lesão torácica aberta, se for necessário curativo ou pressão direta para
conter a hemorragia, ter cuidado para o curativo não se tornar oclusivo e piorar o
pneumotórax.
✓ Estabilizar o local utilizando o braço de lado atingido, flexionando o membro sobre o
local, imobilizando com faixas/ataduras;
✓ Se possível transportar com a cabeça elevada a 45º para o hospital monitorando
sinais vitais.

75
PNEUMOTÓRAX

Aprisionamento aéreo
com tensão (pressão)
contra os pulmões).

CURATIVOS PARA CONTROLE DE FLUXO AÉREO

ATENÇÃO:
O CURATIVO SELANTE
VALVULADO DE TRÊS PONTAS
(ESTÉRIL) É A PRIMEIRA OPÇÃO.
O CURATIVO IMPROVISADO DE
TRÊS PNTAS É UM RECURSO
UTILIZADO SOMENTE EM
SITUAÇÕES EXTREMAS.

CURATIVO VALVULADO DE TRÊS PONTAS – PNEUMOTÓRAX EM APH

Fonte: Ilu Fonte: Imagens disponíveis em Google imagens. Agosto, 2020.

76
7.4 Trauma Abdominal
Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve trauma abdominal quando houver:
✓ Alteração da cor;
✓ Endurecimento de alguma região do abdome;
✓ Alteração da temperatura;
✓ Exposição de vísceras (Evisceração).

- Condutas:
Em caso de evisceração adotar os procedimentos abaixo descritos:
✓ Não tente recolocar o órgão eviscerado para dentro;
✓ Cubra o local com um pano limpo, umedecido com soro fisiológico ou água limpa;
✓ Cubra o pano úmido com um plástico estéril para evitar infecções;
✓ Enfaixar o local para estabilizar o ferimento;

Fonte: Adaptação e acervo da autora. Imagens disponíveis em google imagens. Agosto 2019.

7.5 Trauma Raquimedular (TRM)

Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve TRM nas seguintes situações:


✓ Associação do tipo de acidente com a possibilidade de lesão (ex.: vítima de queda
de altura, mergulho no raso, acidente de desabamento);
✓ Dor intensa na região posterior do tronco;
✓ Presença de hematoma ou edema na região posterior do tronco;
✓ Presença de deformação palpável ou visível na coluna;
✓ Perda de sensibilidade e ou mobilidade dos membros;
✓ Priaprismo (ereção peniana sem estímulo sexual);
✓ Perda do controle da urina e fezes.

77
8

- Condutas
• Mantenha a condição respiratória;
• Mantenha a cabeça alinhada e toda a coluna imobilizada;
• Controle os sinais vitais.

7.6 Traumas do Sistema Músculo-Esquelético

• Entorse: Trauma no ligamento. Ocorre um endurecimento do local. Os sinais e


sintomas são similares aos de fratura. A conduta é a mesma usada para
pacientes com luxação e fraturas.

78
• Luxação: Articulação sai do local. Os sinais e sintomas são semelhantes aos de
fraturas, sendo adotada basicamente a mesma conduta para fraturas.
• Fratura: Osso quebrado. Pode ser completa ou incompleta, aberta (provoca ferida
na pele) ou fechada.

Deve-se reconhecer ou suspeitar que houve trauma musculoesquelético quando


houver:
✓ Deformação do membro (angulação e encurtamento);
✓ Inchaço;
✓ Ferida (existe ou não);
✓ Cor (pálida ou cianótica);
✓ Diferença de temperatura;
✓ Crepitação (rangido);
✓ Hematoma;
✓ Incapacidade funcional.

- Condutas
✓ Tente imobilizar o membro, dando conforto e segurança;
✓ Se exposta, proteger a ferida e imobilizar o membro da forma encontrada, sem
comprimir;
✓ Se fratura de bacia, imobilização do corpo inteiro em prancha longa;
✓ Se fratura de cabeça, observar saída de líquido claro ou sangramento no ouvido;
✓ Se fratura de arco costal (costela), atentar para o risco de perfuração do pulmão;
✓ Se fratura de coluna, imobilizar manualmente até colocar colar cervical e prancha
rígida;
✓ Se fratura em membros, checar pulso, perfusão capilar e sensibilidade;
✓ Usar bandagens para imobilização, talas.
✓ Levar para assistência médica.
✓ Manter sinais vitais;
✓ Nas luxações e fraturas, imobilize sempre na posição encontrada com tala rígida;
✓ Use bandagens para imobilizar fraturas ou luxações na clavícula, escápula e
cabeça do úmero;
✓ Fratura de fêmur: não tente realinhar, imobilize na posição encontrada com duas
talas rígidas até o nível da cintura pélvica, transporte em prancha longa.

- Condutas especiais em casos de fratura exposta

79
• Não tente recolocar o osso exposto no interior da ferida;
• Não limpe ou passe qualquer produto na ponta do osso exposto;
• Proteja o ferimento com gaze, ou atadura limpa;
• Imobilizar com tala rígida, abrangendo uma articulação acima e outra abaixo;
• Em todos os casos previna o agravamento da contaminação;

7.8 Queimaduras

A Pele é a nossa barreira natural de proteção contra os mais variados agentes


agressores, como microrganismos, agentes físicos e químicos. Além disso, a pele é o
órgão mais extenso do corpo humano e é muito importante no controle da temperatura
e retenção de líquidos.
A definição de queimadura é bem ampla, porém, basicamente, é a lesão no tecido de
revestimento do corpo, causado por agentes térmicos, químicos, radioativos ou
elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, e até atingir
camadas mais profundas (músculos, tendões e ossos).
A sua manifestação varia desde uma pequena bolha até formas mais graves capazes
de desencadear respostas sistêmicas proporcionais à gravidade da lesão e sua
respectiva extensão.

- Classificação das queimaduras


As queimaduras são descritas de acordo com a profundidade e a extensão da área
corporal lesada.

- Profundidade da queimadura
1º GRAU (figura A):
✓ Atinge somente a Epiderme;
✓ Dor e vermelhidão no local, sem bolhas.

2º GRAU (figura B):


✓ Atinge a Epiderme e a Derme
✓ Dor e vermelhidão local mais intensa
✓ Formação de bolhas

80
3º GRAU (figura C):
✓ Todas as camadas da pele são atingidas (pele e gordura mais músculos e
ossos);
✓ Pouca ou ausência de dor (destruição das terminações nervosas):
✓ Área escurecida ou esbranquiçada.

Figura (A)1° grau Figura (B) 2º grau Figura (C) 3° grau

Fonte: Esquema elaborado pela autora. Fotos dispoíveis em google imagens, 2022.

- Gravidade quanto à extensão


Pequenas queimaduras: menos de 20 % da área corporal em adultos

Grandes queimaduras: mais de 20% da área corpórea em adultos.

81
- Método de estimativa da área corporal queimada (“Regra dos
nove”)
Uma estimativa da área de superfície corporal total envolvida em uma queimadura é
simplificada pelo uso da regra dos nove. A regra dos nove é um meio rápido de calcular
a extensão da queimadura. O sistema determina percentuais em múltiplos de nove para
as principais superfícies corporais.

CRIANÇA E BEBÊ: ADULTO:


- Cabeça e pescoço: 18% - Cabeça e pescoço: 9%
- Tronco: 36% - Tronco: 36%
- Cada braço: 9% - Cada braço: 9%
- Cada perna: 14% - Cada perna: 18%
- Região do períneo: 1% - Região do períneo: 1%

Fonte: Esquema elaborado pela autora. Fotos dispoíveis em google imagens, 2022.

OBS: O risco de vida está mais relacionado com a extensão do que com
a profundidade da queimadura (choque, infecção).

82
Também são consideradas graves as seguintes queimaduras:
✓ Vias aéreas (lesão inalatória)
✓ Politrauma e doenças prévias associadas;
✓ Elétricas;
✓ Químicas;
✓ Idade < 3 anos ou > 65 anos
✓ Violência, maus tratos, tentativa de auto extermínio.

- Condutas e abordagens gerais em quadros de queimaduras


A primeira prioridade no local, para uma vítima de queimadura, é evitar a lesão da
pessoa do salvamento. Quando necessário, os serviços de bombeiros e médicos de
emergência devem ser solicitados na primeira oportunidade. Embora os efeitos locais
de uma queimadura sejam os mais evidentes, os efeitos sistêmicos comportam um
maior risco de vida. Portanto, é importante lembrar o “ABC” de todos cuidados de trauma
durante o período inicial pós-queimadura. Devemos então:

✓ Avaliar a segurança do local;

✓ Avaliar o X-ABCDE;

✓ Prevenir o estado de choque;

✓ Evitar infecções na área queimada;

✓ Controlar a dor.

- Queimaduras térmicas
Suspeitar na presença de lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de
origem térmica resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos ou superfícies
quentes.As principais condutas são;

✓ Apagar o fogo da vítima com cobertor (em direção aos pés).

✓ Verifique vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência (especiais


atenções para vias aéreas superiores em queimados de face);

✓ Retirar partes das roupas não queimadas; e as queimadas aderidas no local,


recortar em volta.

✓ Retirar pulseiras, anéis, relógios, adereços, etc.

83
✓ Estabelecer extensão e profundidades das queimaduras.

✓ Quando de 1º grau, banhar o local com água corrente em temperatura ambiente;

✓ Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecções;

✓ Cobrir regiões queimadas com plástico estéril ou papel laminado.

✓ Quando em olhos, cobrir com gazes embebida em soro os dois olhos.

Fonte: Esquema elaborado pela autora. Fotos dispoíveis em google imagens, 2022.

- Queimaduras químicas
✓ Verificar via aéreas superiores, respiração, circulação e nível de consciência e evitar
choques;

✓ Retirar roupas da vítima;

✓ Identificar o agente químico para avaliar a assistência;

✓ Se produto seco, não lavar. Retirar manualmente com escova ou pano (exemplo:
soda cáustica).

84
Capítulo 08 - Condições especiais em APH: crise
convulsiva, parto de urgência, incidentes com animais
peçonhentos e afogamento

8.1 Crise Convulsiva


De acordo com a Assossiação
Brasileira de Eplepsia16 a crise convulsiva é
fruto de uma atividade cerebral anormal. Essa
atividade anormal pode causar alterações nas
sensações, consciência e espasmos
musculares.
Geralmente as crises chamadas
tônico-clônicas são as mais frequentes e caracterizadas pela contratura involuntária
da musculatura com movimentos desordenados, generalizados ou localizados e
acompanhada de perda dos sentidos, podendo durar em média de segundos a 05
minutos (CRUZ VERMELHA, 2007; SBE, 2022)

ATENÇÃO: crises prolongadas ou repetidas podem causar lesões neurológicas graves


e até a morte.

Fonte: Imagem domínio público (http:google.com.br)

16
Maiores detalhes em: https://epilepsiabrasil.org.br/projetos. Acesso em set. 2021.

85
- Definição
Crise convulsiva é uma alteração anormal da atividade elétrica cortical causada pela
hipersincronização neuronal, podendo ocorrer localmente ou difusamente. Ao menos 8
a 10% da população apresentará um evento convulsivo durante a vida (CRUZ
VERMELHA, 2007; SBE, 2022).

- Principais causas da crise convulsiva


Podem ser de natureza traumática ou clínica, tais como: traumatismo craniano,
hipoglicemia, febre, complicações da gravidez, intoxicações, infecções, tumores,
acidente vascular cerebral (“derrame”), abstnência alcoólica e outras drogas que
causam dependência, além de eclampsia - se gestante, parturiente ou puérpera.

Fonte: Imagem domínio público (http:google.com.br)

A epilepsia é uma doença crônica que leva a crises recorrentes e pode-se


suspeitar dela diante de um chamado de paciente com crise convulsiva. Todavia, é
preciso ter atenção às primeiras crises convulsivas de um paciente, que podem resultar
de condições com alto potencial de fatalidade, como AVC ou tumores.

- Sinais e Sintomas
Alguns sinais e sintomas nos ajudam
a identificar uma pessoa em convulsão:
perda repentina da consciência, movimentos
involuntários da musculatura, respiração
ruidosa e produção excessiva de saliva.
Cada crise convulsiva costuma durar menos
que 5 minutos.
Fonte: Imagem domínio público disponível em:
http:google.com.br)

86
- Manifestações:
✓ Perda súbita de consciência, com rigidez e queda ao chão;
✓ Contrações musculares bruscas e repetidas;
✓ Mordedura de língua e lábios
✓ ✓ Incontinência fecal e urinária.
✓ Sialorréia (“salivação”).
Após a crise a recuperação do paciente pode ser imediata ou após minutos.
Geralmente, observa-se rebaixamento de nível de consciência (amnésia, confusão ou
coma). A ausência de melhora deve ser lida como sinal de alarme.
Atenção: As crises convulsivas podem resultar em sequelas neurológicas
graves ou morte e constituem emergência médica.

Fonte: https://www.vidaeacao.com.br/quem-sofre-de-epilepsia-pode-dirigir-e-levar-uma-vida-comum/

- Abordagem do socorrista
✓ Ajude o paciente a se deitar no chão, para evitar quedas e lesões subsequentes;
✓ Afaste objetos que possam machucar;
✓ Tente proteger a cabeça de impactos;

87
Fonte: Imagem domínio público, disponível em: http:google.com.br. Acesso em mai. 2022.

✓ Monitore o tempo e a duração da (s) crise (s);


✓ Esteja atento à possibilidade de obstrução de vias aéreas em decorrência da
produção excessiva de saliva e perda do reflexo de proteção da via aérea;
✓ Considere lateralização do paciente para evitar queda da língua, broncoaspiração de
vômitos ou secreções;
✓ Não faça contenção dos movimentos do paciente;
✓ Não force a boca do paciente;
✓ Não deixe o paciente sozinho;
✓ Encaminhar o paciente para um atendimento médico, quando necessário;
✓ Se possível, solicite a algum familiar filmar os movimentos, apresente na unidade de
saúde.

8.2 Parto de Urgência: abordagem geral em APH

“Policiais militares fazem parto de


emergência em casa de mulher em
Ribeirão das Neves (MG)”17

A Ocorrência de partos em viatura, na rua e mesmo a caminho de hospitais é


um fato que se repete rotineiramente, sempre ganhando destaque nas mídias sociais e
nos comentários populares. Assim torna-se necessário possuir conhecimentos
necessários a fim de se preparar para o melhor atendimento nessas situações.

17 Matéria veiculada em jornais e mídia social disponível em: https://razoesparaacreditar.com/policiais-


fazem-parto-emergencia-mulher-mg/. Acesso em Set. 2021.

88
Um socorrista bem treinado deverá, antes de qualquer coisa, manter a calma,
colher informações importantes acerca da parturiente e da gestação, DISCERNIR se
DEVERÁ intervir, QUANDO e COMO deverá ser feita tal intervenção. Deverá ainda
RECONHECER complicações de um parto e como agir diante destas.

- Parto Normal sem distócia


Um parto NORMAL tem início espontâneo, sendo de baixo risco, o bebê nasce
espontaneamente com apresentação cefálica entre 37 e 42 semanas completas de
gestação e é definido como: “conjunto de fenômenos mecânicos e fisiológicos que levam
à expulsão do feto e seus anexos do corpo da mãe” (BOTURA, 2009).

Fonte: https://www.docsity.com/pt/evolucao-do-feto-analises/4882912/

- Placenta
É um órgão com a função de realizar o intercâmbio de substâncias (nutrientes,
gases e secreções) entre a circulação materna e a circulação do feto.

- Cordão Umbilical
Conecta o bebê em desenvolvimento à placenta. É por meio dele que o sangue
rico em oxigênio chegua até o feto e o sangue rico em gás carbônico seja eliminado,
além de fornecer os nutrientes necessários vindos da placenta.

89
Fonte:Imagem de domínio público. Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=placenta&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjmt
PrOtOf3AhWgu5UCHYkEBFoQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1366&bih=657&dpr=1#imgrc=a8jEQSt
n9hFz_M. Acesso em mai.2021.

- Estágios do parto:

✓ 1º estágio: É o trabalho de parto em si. As contrações fazem o colo do útero


dilatar gradualmente, afinar e retrair, permitindo que o feto passe para a vagina.

✓ 2º estágio: Nascimento do bebê.

✓ 3º estágio: A placenta é expelida.

- Sinais de parto iminente


✓ Contrações regulares a cada 2 minutos, intensas e frequentes;
✓ Rompimento da bolsa, com a saída do liquido claro pelo canal vaginal;
✓ Visualização da cabeça do bebê no canal do nascimento (coroamento);
✓ Vontade de evacuar, devido ao pressionamento da cabeça do bebê no reto;
✓ Discreto sangramento vaginal.

90
- Abordagens específicas
✓ Solicite autorização da parturiente ou de seu familiar antes de decidir assisti-la
na própria residência (SOMENTE opte por prestar este atendimento se constatar
sinais iminentes de parto);
✓ ACIONE apoio especializado (SAMU) caso não haja hospital/maternidade
próximo para o auxilio da parturiente, e ou se o parto já estiver em andamento,
um militar ou parente no local deverá acionar o SAMU, caso tenha este apoio no
município.
✓ Verifique os sinais vitais;
✓ Remova as roupas que possam impedir o nascimento, evitando expor a
parturiente desnecessariamente;
✓ Posicione a parturiente deitada de costas na posição ginecológica e determine
que seja feita a assepsia da área genital com água e sabão;

✓ Cubra a gestante com lençóis limpos;


✓ Cuide da antissepsia das suas mãos (socorrista) esterilize uma tesoura tenha
dois pedaços de cordão limpos se possível esterilizado;
✓ Oriente a parturiente para respirar pela boca e fazer força durante cada
contração, descansando no período de relaxamento;

91
✓ Durante a expulsão do bebê, ampare com uma das mãos a cabeça, evitando
que ela saia com violência;
✓ Verifique se o cordão umbilical envolve o pescoço do bebê (circular de cordão).
Se estiver, deve-se afrouxá-lo, removendo-o com o dedo cuidadosamente;

Fonte:https://pt.wikihow.com/Cortar-o-Cord%C3%A3o-Umbilical-de-um-Beb%C3%AA

✓ Limpar a face do bebê com um pano limpo;


✓ Com as duas mãos em forma de "V", segure a cabeça, tomando o cuidado de
não pressionar o pescoço do bebê;
✓ Force a cabeça suavemente para baixo até passar o ombro superior e depois
para cima, até passar o outro ombro;

Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/trabalho-de-
parto-e-parto-normais/trabalho-de-parto

✓ Segure firmemente o bebê, evitando que ele caia;


✓ Limpe as vias aéreas e a cabeça sem retirar o vérnix do corpo do bebê;
✓ Se a criança não chorar (respirar), segure-a de cabeça para baixo, pelas pernas,
com cuidado para que não escorregue, e dê alguns “tapinhas” nas costas para

92
estimular a respiração. Desta forma, todo o líquido que estiver impedindo a
respiração sairá;
✓ Envolva o bebê com panos limpos (inclusive a cabeça), mantendo-o aquecido e
no mesmo nível que o corpo da mãe;
✓ Mantenha observação constante do padrão respiratório do bebê (lembre-se que
um bebê respira mais vezes por minuto que um adulto).
- ATENÇÃO!
Se a estimativa de transporte para o hospital ou
maternidade mais próximos for acima de trinta
(30) minutos ou quando o cordão umbilical
parar de pulsar, faça duas amarrações, sendo
a primeira a cerca de 20 cm do bebê, e outra a
10 cm da primeira, cortando entre elas.

- Características de um parto com complicações:


1. Saída de partes do corpo que não a cabeça;
2. Saída de liquido esverdeado da vagina (mecônio);
3. Saída do cordão umbilical antes da cabeça.

- Parto complicado! o que fazer?


✓ Acalme a mãe e monitore seus sinais vitais;
✓ Não tente forçar a saída nem recolocar as partes do corpo do bebê no interior
da gestante;
✓ Posicione a parturiente em posição genupeitoral (quadril elevado); em decúbito
lateral esquerdo ou com o quadril elevado com auxílio de um cobertor ou
compressa volumosa nas nádegas;
✓ Transporte rapidamente para o hospital/maternidade.

Fonte: https://enfermagemonline.com/posicoes-para-exames-e-procedimentos/

93
- Controle de hemorragia após o parto
✓ Coloque um absorvente higiênico ou um lençol limpo na vulva da mãe;
✓ Mantenha suas pernas unidas e elevadas;
✓ Mantenha a mãe em repouso absoluto;
✓ Faça massagens no abdome (altura do útero) e peça para ela continuar fazendo
durante alguns minutos;
✓ Se permanecer parte da placenta no interior do útero, a hemorragia não for
controlada ou se a gestante entrar em estado de choque, transportar com urgência
para o hospital.
- OBSERVAÇÕES GERAIS:
Não permitir que a parturiente com sinais de parto iminente vá ao banheiro. Não impedir, retardar ou
acelerar o processo de nascimento. Se a placenta não sair após o nascimento, não aguardar,
transportar logo a mãe ao hospital. Não puxar o cordão umbilical para tentar ajudar a saída da placenta.

Fonte: Estado de Minas postado em 26/02/2020 17:00 Fonte: https://razoesparaacreditar.com/policiais-fazem-


horas. Atualizado em 26/02/2020 19:03 horas. parto-emergencia-mulher-mg/

8.3 Acidentes com animais peçonhentos no contexto de APH

Os acidentes causados por animais peçonhentos podem gerar uma condição


potencialmente fatal, estando indicado os primeiros socorros, o acionamento do serviço
de emergência e o transporte para o centro de intoxicações. Nesta unidade será descrito
o fluxo e a abordagem geral dos acidentes por animais peçonhentos.
Definições:
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas produtoras
de veneno, além de um aparelho especializados em inocular o veneno,
como os dentes das cobras ou o rabo do escorpião.

Os nomes populares dos grupos de animais que provocam envenenamento, por


ordem de frequência dos acidentes, são:
a) escorpião - escorpião amarelo;

94
b) serpentes - jararaca, cascavel, coral verdadeira e surucucu;
c) aranhas - aranha armadeira, aranha marrom, viúva-negra.
Apesar de não representar o maior número de casos, os acidentes com serpentes
lideram o ranking de mortes.

- Sinais e Sintomas

Os acidentes com animais peçonhentos podem causar envenenamento com


efeitos locais ou sistêmicos e têm especificidades de acordo com a natureza do veneno
secretado por cada tipo de animal.
Os sinais e sintomas locais são dor, edema, vermelhidão e sangramento e deve-
se observar sinais de gravidade locais como lesões necróticas, lesões amplas e dor
local intensa. Dentre sinais e sintomas sistêmicos, deve-se observar a presença de
hemorragia, paralisia muscular, déficit neurológico, aumento da produção de secreção,
anafilaxia, dor abdominal e ausência de produção de urina.
- Recomenda-se, em caso de picada por animal peçonhento:
✓ Levar a vítima a um serviço de saúde o mais rápido possível;
✓ Caso o animal tenha sido capturado, levá-lo, em segurança, com a vítima
ao serviço de saúde;

95
• Se não for capturado, caso seja possível, fotografe o animal de vários ângulos
e leve ao serviço de saúde onde a vítima for atendida;
• Lavar o local da picada com água e sabão;
- Não se pode executar as medidas abaixo:
• NÃO fazer torniquete;
• NÃO furar ou tentar chupar o local da picada;
• NÃO oferecer água ou alimentos à vítima.

- Serviço de emergência e Centro de Intoxicações:


O Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais (Ciatox-MG)
está no Hospital João XXIII, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais
(FHEMIG). O serviço conta com equipe médica disponível 24 horas, todos os dias da
semana, para orientar a população e os profissionais de saúde.
O atendimento sobre intoxicações agudas e acidentes por animais peçonhentos
é feito por ligação telefônica e presencial. O teleatendimento de Toxicologia do Hospital
João XXIII funciona 24 horas, todos os dias pelos telefones 0800 722 6001, (31) 3224-
4000 e (31) 3239-9308.

8.4 Atendimento às vítimas de afogamento

Epidemiológicamente o afogamento é um relevante problema de saúde pública,


constituindo-se de causa externa de mortaliade. De acordo com a Sociedade Brasileira
de Salvamento Aquático - SOBRASA, dados estaítiscos18 de mortalidade do ano 2019
relevam que a cada hora de meia um (01) brasileiro more afogado no país, a maioria
são homens (relação de 6,8 vezes mais óbitos em comparação aoc as mulheres) e 46%
dos óbitos ocorrem até os 29 anos, com maior risco entre os adolescentes (SOBRASA,
2019).

O termo afogamento refere-se ao incidente em que a vítima aspira líquido


através de processo de submersão19 ou imersão (SOBRASA, 2019). O termo

18 Informações extraídas do boletim epidemiuológico do Sistema Informações sobre Mortalidade (SIM) do


DATASUS. Compliadas e apresentadas pela SOBRASA em:
https://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/baixar/AFOGAMENTOS_Boletim_Brasil_2021.pdf
19 Submersão: permanência da vítima abaixo da superfície do líquido.

Imersão: incidente com água na face.

96
“aspiração” diz respeito à entrada inadvertida de líquido nas vias aéreas (traquéia,
brônquios e/ou pulmões).

Em relação à fatalidade, o afogamento pode ser classificado em:

✓ Afogamento não fatal: quando a vítima é resgatada e o processo de


afogamento é interrompido;
✓ Afogamento fatal: quando a vítima morre devido ao afogamento.

Qualquer incidente de submersão ou imersão sem evidência de aspiração deve


ser considerado um resgate na água e não um afogamento. Termos como "quase
afogamento" (near-drowning), "afogamento seco ou molhado", "afogamento ativo e
passivo" e "afogamento secundário (re-afogamento horas após o evento)" ou apenas
“submersão” são obsoletos e devem ser evitados. (SOBRASA, 2019).

Como todo incidente, a principal estratégia para mitigar as sequelas e mortes por
afogamentos constitui-se pelas campanhas educativas como foco na prevenção e
abordagem adequada das vítimas. Para tanto, a cadeia de sobrevivência do afogamento
é uma ferramenta educacional desenvolvida por David Szpilman et al., e difundida pela
Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) que orienta quanto às
principais etapas do salvamento aquático. A cadeia é constituída por cinco elos, a
saber:

Fonte: Imagem adaptada de SOBRASA – Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, 2019. Baseada no
guideline de: Szpilman D, Webber J, Quan L, Bierens J, Morizot-Leite L, Langendorfer SJ, et al. Creating a drowning
chain of survival. Resuscitation. 2014. SOBRASA – Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático.

97
RESUMO DAS AÇÕES NA CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DO AFOGADO
Primeiro elo – Prevenção: É a parte mais importante do processo, por ser capaz de evitar o
evento.
Segundo Elo – Reconhecer o afogamento e Pedir Ajuda (193 - bombeiros): nessa etapa
é necessário reconhecer vítimas que estão se afogando e imediatamente acionar ajuda.
Terceiro Elo – Fornecer flutuação: é possível ajudar a vítima sem entrar na água fornecendo
uma flutuação. Ao fornecer o material para flutuação solicite à vítima que se acalme, informe
que já foi requisitado ajuda e recomende que ela se apoie na estrutura fornecida em posição
vertical para evitar aspiração e vômito.
Quarto Elo – Retirar a vítima da água: é de extrema importância reconhecer que só é
possível realizar a retirada da vítima da água em ambientes seguros e se o socorrista possuir
treinamento adequado.
Atenção: ao entrar na água sem o conhecimento de resgate adequado, há uma grande
chance de afogamento e, com isso, o socorrista pode se torna uma segunda vítima.
Quinto Elo – Suporte de Vida: baseia-se em prestar a assistência adequada à vítima assim
que ela estiver em terra firme.
Esquema adaptado pela autora, 2022.

- Fisiopatologia do afogamento

AFOGAMENTO - IMERSÃO OU SUBMERSÃO

Água entra pela boca e vias aéreas: voluntariamente é cuspida ou engolida.

Apneia voluntária (resposta consciente): para evitar a entrada de mais líquido.

Acúmulo de CO2 ativando o centro da respiração: gera a resposta protetora de


aumento da “vontade de respirar”.

Limiar do gás carbônico é atingido: ocorre a inspiração reflexa, culminando na


aspiração de líquido e gerando o contato do meio líquido com o trato respiratório
inferior, que prejudica as trocas gasosas (hematose).

98
Tosse como resposta reflexa: devido à troca gasosa pre

judicada nos alvéolos.

Progressão da hipoxemia: leva à perda da consciência e evolução para parada


cardiorrespiratória.

Esquema elaborado pela autora. Adapato de Szpilman D, Webber J, Quan L, Bierens J, Morizot-Leite L,
Langendorfer SJ, et al. Creating a drowning chain of survival. Resuscitation. 2014.

- Primeiros socorros às vítimas de afogamento

O atendimento pré-hospitalar a casos de afogamento diferencia-se dos outros


devido às suas particularidades, haja vista que o socorro se inicia dentro da água; o que
exige do socorrista conhecimento e habilidades aquáticas.

O Suporte Básico de Vida à vítima de afogamento depende da gravidade do


incidente, pelo que deve-se considerer a seguinte classificação:

CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DO AFOGAMENTO E INTERVENÇÕES


CORRELATAS
GRAU SINAIS E SINTOMAS INTERVENÇÕES

Resgate Sem tosse, espuma na Avalie e libere do próprio local do


boca/nariz, dificuldade na afogamento
respiração ou parada
respiratória ou PCR
1 Tosse sem espuma na boca A - repouso, aquecimento e medidas
ou nariz que visem o conforto e tranqüilidade do
banhista.
B - Não há necessidade de oxigênio ou
hospitalização.
2 Pouca espuma na boca e/ou oxigênio nasal a 5 litros/min2.
nariz aquecimento corporal, repouso,
tranqüilização.
C - observação hospitalar por 6 a 24 h.
3 Muita espuma na boca e/ou A - oxigênio por máscara facial a 15
nariz com pulso radial litros/min no local do acidente.
palpável. B - Posição Lateral de Segurança sob o
lado direito.

99
C - Internação hospitalar para
tratamento em CTI.
4 Muita espuma na boca e/ou A - oxigênio por máscara a 15 litros/min
nariz sem pulso radial palpável no local do acidente.
B - observe a respiração com atenção -
pode haver parada da respiração.
C - posição Lateral de Segurança sobre
o lado direito.
D - ambulância urgente para melhor
ventilação e infusão venosa de líquidos.
Internação em CTI com urgência.
5 Parada respiratória, com pulso A -Ventilação boca-a-Boca. Não faça
carotídeo ou sinais de compressão cardíaca.
circulação presente B - Após retornar a respiração
espontânea - trate como grau 4.
6 Parada Cárdio-Respiratória A - Reanimação Cárdio-Pulmonar (RCP)
(PCR) (2 boca-a-boca + 15 compressões
cardíaca).
B - Após sucesso da RCP - trate como
grau 4
Cadáver PCR com Tempo de Não inicie RCP, acione o Instituto
submersão > 1 h, ou Rigidez Médico Legal.
cadavérica, ou decomposição
corporal e/ou livores.
Esquema elaborado pela autora. Adapato de SOBRASA – Sociedade Brasileira de Salvamento
Aquático, 2019. Referência basilar: Szpilman D, Webber J, Quan L, Bierens J, Morizot-Leite L,
Langendorfer SJ, et al. Creating a drowning chain of survival. Resuscitation. 2014.

Para completar o ensino deste assunto recomenda-se assisitir ao conteúdo da


SOBRASA nos links:
Palestra: AFOGAMENTO, O QUE FAZER? PALESTRA COMPLETA | DR. DAVID
SZPILMAN | SOBRASA. Disppnível em:
https://www.youtube.com/watch?v=MJE0GfgA_XU
Instituto Brasileiro de APH - IBRAPP:Como atender um afogamento na prática.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=B2_wT_ubJsU

100
Capítulo 09: Noções de APH Tático

NOTA: Este capítulo integra o material de treinamento policial do biênio 2022-


2024. Este tema será abordado no seminário de aprendizado20

O Resgate Tático é utilizado desde a antiguidade em batalhas remotas21. Como


exemplo de suas abordagens pode-se citar os seguintes relatos históricos: no ano de
900 D. C os anglo saxões utilizavam carruagem para conduzir enfermos; em 1300 D.C
ingleses utilizam carruagens pesadas para socorrer vítimas”.
A necessidade de cuidados imediatos prestados por socorristas no campo de
batalha certamente foi o propulsor evolutivo das ações táticas de salvamento. Nas
últimas décadas, em especial, estas ações vêm sendo aprimoradas, sobretudo pelas
experiências e conhecimentos militares, que contribuem de forma singular.

Atualmente, uma das principais referências técnicas para essa modalidade de


atenção às urgências é o protocolo Americano Tactical Combat Casualty Care (TCCC
ou TC3) adotado, inclusive pelas Forças Armadas do Brasil, dadas as ressalvas e
adaptações em procedimentos técnicos, face às diferenças entre a legislação brasileira
e a americana. Destarte, boa parte dos procedimentos, equipamentos e produtos
médicos, comumente utilizados por profissionais de emergência não médicos nos
Estados Unidos, possuem grandes restrições de uso no Brasil.

Entretanto, no Brasil conforme mencionado no capítulo 1.2 do módulo 01


(Particularidades e diferenças entre o APH Civil/Convencional e APH Tático) está em
processo de validação nacional a Diretriz de Atendimento Pré-Hospitalar para
Profissionais de Segurança Pública no Brasil. Com particularidades próprias para o
país, o protocolo inspirado no TC3 e no acrônimo MARCH busca capacitar os agentes
de segurança pública quanto à adoção de procedimentos fundamentais para a
contenção de hemorragias e choque nos ambientes de combate, além de outros
conhecimentos, contribuindo para a redução da vitimização em combate.

20 Material produzido pela autora e demais membros conteuditas da discplia APH Policial vigente para o
biênio TPB 2022-2024
21 Leia detalhes em: MAIA, Rodrigo. História do APH de Combate no Mundo. Disponível em:

http://vidaquesalva.blogspot.com/2018/08/historia-do-aph-no-mundo.html>. Acessado em 10 de outubro de


2021, às 22hs48min.

101
Em um ambiente de combate ou em meio às condições hostis, o atendimento às
vítimas feridas tem particularidades que convergem os princípios do PHTLS
(convencional) a outros métodos como o protocolo Tactical Combat Casualty Care
(TCCC ou TC322), tendo em vista as especificidades dos ferimentos de combate.
O TC3, um dos protocolos internacionais mais utilizados se divide em 3 (três)
fases, a saber:
a) Cuidado sob confronto armado (sob fogo) – “Minuto de Ouro”: que visa
neutralizar ameaças e procurar abrigo;
b) Atendimento em campo tático: que visa atender de imediato o agente
ferido;
c) Atendimento em evacuação tática – “Hora de Ouro”: que visa retirar de
maneira segura o policial militar, monitorando e acompanhando sua
evolução.
Os operadores socorristas neste tipo de situação devem além de preocupar-se com
o(s) ferido(s), precisam estar em alerta e analisar os fatores táticos envolvidos na cena,
como a segurança da equipe e a retirada rápida do local hostil. Seus armamentos e
equipamentos deverão estar em condições para uma possível nova intervenção tática,
independente do tratamento do agente ferido. Salienta-se que não raramente o
combatente será o primeiro, senão o único, provedor de ações de primeiros socorros
naquele local.

- Os objetivos do APH de combate difundidas pelo Tactical Combat Casualty Care


(TCCC ou TC3) são:

1. Salvar vidas que possam ser salvas;


2. Prevenir outras perdas de vidas;
3. Completar a missão de salvamento.

- Atendimento aos feridos no contexto tático

Nas ocorrências em que o policial militar sofre trauma ou lesão que requeira
tratamento imediato, os primeiros cuidados deverão ser prestados por ele mesmo
(autosocorro) e por outro policial antes de ser resgatado e efetuar a conduta do
Memorando 31.164.2/06 – EMPM “Pega e Leva”, a qual discorre:

22
Cumpre esclarecer que o TC3 é um dos protocolos internacionais utilizados para capacitação
em APH Tático. Todavia, a Diretriz Nacional de APH Tático publicará em breve seu protocolo
nacional, com particularidades advinhas de um processo de validação nacional adaptado às
realidades do Brasil.

102
a) Nos casos de traumas penetrantes (projéteis de arma de fogo
ou arma branca), as vítimas deverão ser socorridas de imediato
ao hospital Odilon Behrens ou João XXIII, sendo este último
preferencialmente, no primeiro veículo disponível ou pela própria
guarnição empenhada na ocorrência.
b) Nos casos de traumatismos contusos (queda, acidentes,
atropelamentos e outros), as vítimas serão socorridas pelas
unidades pré-hospitalares do SAMU ou RESGATE, haja vista o
comprovado benefício desse atendimento no local. [MINAS
GERAIS, 2006].

O APH Tático divide a sua área de atuação em três fases, de acordo com o
perigo para a vítima e para a equipe. Tal divisão determina as ações que o socorrista
deve tomar em cada momento, de forma a fornecer o melhor atendimento possível, sem
abrir mão da segurança.

Fases do APH de Combate/Tático


FASE SITUAÇÃO TÁTICA
Cuidado sob Confronto Ameaça imediata e ativa. Possibilidade de deslocamento
Armado e auto socorro por parte do militar ferido.
(sob fogo) Estado de atenção: Estado de Alarme (vermelho), já
ocorreu ou está ocorrendo o confronto.
Atendimento em Campo Tático Ameaça contida, mas pode retornar. Em caso do militar
desacordado ou apresentando instabilidade no nível de
consciência, travar a o armamento do militar ferido.
Verificação de hemorragias exsanguinantes, aplicação
do torniquete se necessário e extricação do militar ferido.
Militar deverá permanecer no Estado de Alarme pelo fato
de ainda não controlar o ambiente e novos confrontos
serem possíveis.
Atendimento em Evacuação Sem ameaça – Evacuação do militar ferido para um
Tática ambiente controlado e com suporte médico avançado
(pronto socorro). Após saírem da zona quente,
ambiente hostil, os militares deverão retornarem ao
Estado de Alerta (Laranja) e quando o cenário permitir,
retornar ao Estado de Atenção (Amarelo).
Fonte: Adaptação do acervo da autora. Baseado no Tactical Combat Casualty Care for Medical
Personnel . August 2018. (Based on TCCC-MP Guidelines).

As zonas de atendimento têm correspondência com as técnicas de resgate do


policial ferido e são didaticamente divididas por cores a saber:
ZONA QUENTE OU VERMELHA: Local hostil, onde o Policial Militar não possui
domínio total da situação e não controla as ameaças;

103
ZONA MORNA OU AMARELA: Local aparentemente (parcialmente) controlado,
Policial Militar coberto e abrigado (com a devida cobertura de outros Militares), presta o
primeiro atendimento ao companheiro vitimado, lembrando que as ameaças podem
surgir novamente, ocorrendo a possibilidade de novos confrontos;

ZONA FRIA OU VERDE: Local totalmente controlado, tem condições de um


atendimento mais completo e especializado, se necessário (Bombeiro Militar / SAMU /
Hospital).

- Acrônimo MARCH do APH Tático

O mnemônico MARCH é aplicado no TC3 como processo de verificação do ferido


e ações para sua estabilização. É muito similar ao X-ABCDE da avaliação traumatizado,
porém não é igual e não se usa da mesma forma. O MARCH23 é indicado para o APH
de Tático/Combate, ou seja, para áreas de conflito armado, portanto, requer específico.
MARCH
Letra Descrição Procedimentos recomendados
M Maciça hemorragia Controlar sangramentos com uso de torniquete,
agentes hemostáticos e preenchimento de ferida.
A Aérea Manter a permeabilidade das vias aéreas
(manobra Jaw-Thrust, cânula nasofaríngea, i-
gel).
R Respiração Identificar ferimentos no tórax e tratar o
pneumotórax (aberto e fechado) com curativo
valvulado ou outras técnicas.
C Circulação Verificar nível de consciência, indício do estado
de choque. Conferência de pulso distal e
perfusão capilar.
H Hipotermia Manter a vítima aquecida, sem contato direto
com o solo. Pode ser utilizado cobertor, manta
aluminizada, fonte de calor instantânea.

M Maciça hemorragia (Avaliação do sangramento maciço):


Deve ser identificado o mais rápido possível (após ferimento - concomitante ao
acionamento de ajuda, o militar inicia sua autoavaliação), de forma visual e tátil, em
busca de possíveis pontos de sangramento.

23
Esse acrônimo foi validado em âmbito nacional para o Brasil. Maiores detalhamentos em:
<https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-realiza-audiencia-publica-para-discussao-
do-projeto-de-atendimento-pre-hospitalar-tatico/mapeamentos-de-competencias-e-
procedimentos-minimos-especificos-sei_mj-16081207-anexo-i-a.pdf>. Acesso em 08 nov 2021.

104
- As formas para conter o sangramento já fora descritas no capítulo de avaliação
do Trauma e se aplicam ao controle de hemorragia em ambientes táticos
(Torniquetes / Pressão Direta / Bandagem Compressiva / Curativos hemostáticos:

Intervenções para controle da hemorragia maciça em situações de


combate ou táticas.

CONSENSO DE HARTFORD OUTROS CONSENSOS (AHA)


• Coloque o torniquete “Alto e Apertado”; • Coloque o torniquete a nível proximal da
• Aperte até a cessação do sangramento; lesão, cerca de 5,0 cm acima;
• Pode ser colocado mais de um torniquete, desde que • Mantenha apertado até a cessação do
preservado distância mínima de 5,0 cm; sangramento;
• Reavalie continuamente. • Pode ser colocado mais de um torniquete,
desde que preservado distância mínima de 5,0
cm em sentido medial;
• Reavalie continuamente.

APLICAÇÃO DE CURATIVOS E AGENTES HEMOSTÁTICOS

Fonte: Adaptação do acervo da autora. Imagens disponíveis em google imagens. Disciplina


de APH para policiais militares de Minas Gerais. Treinamento Policial Básico. Biênio 2022-
2023.

105
O projeto de APH Tático Nacional prevê Kits materiais e insumos recomendados
e podem ser vislumbrados no Anexo B da Diretriz (página seguinte).

A Aérea (Avaliação das Vias aéreas)


✓ Avaliar a possibilidade de obstrução e assegurar a via aérea com
posicionamento corporal;
✓ Utilização da Cânula nosfaríngea para manutenção das vias aéreas.

R Respiração (Avaliação da Respiração)


✓ Abordar problemas que interferem na oxigenação. Em grande correspondem ao
pneumotórax (ar no espaço pleural) ou hemotórax (sangue dentro do espaço
pleural), causado geralmente quando existe um trauma de tórax.

ATENÇÃO:
• Enquanto o socorrista observa os focos de hemorragia, pode realizar a exposição do corpo da
vítima, verificar o estado de consciência e fazer as demais observações, não necessariamente
seguindo um protocolo somente após terminar outro.
• Mantenha atenção ao pulso dista/perfusão capilar, checando-os sempre que possível.

Tratar ferimentos de torácicos penetrantes, torácicos aspirantes e pneumotórax


hipertensivo:
• Avaliar se o pulmão está expandindo bem e se não existem furos no tórax.
Avaliar se os dois lados do tórax sobem (expandem) de forma igual.
• Avaliar / observar se existe desconforto para respirar.
• Buscar por orifícios (de entrada e saída) no tórax (frente e trás).

Anexo B – Diretriz Nacional de APH Tático: Composição dos kits e Requisitos técnicos
mínimos de equipamentos e insumos.
Item Natureza de Descrição Qde Ilustração Especificação Técnica
uso
1 Equipagem Bolso APH 1 • O bolso poderá ser no sistema destacável e
para Colete deverá ter seu desenvolvimento exclusivo para
Tático o transporte de equi Deverá ser confeccionado
Modular) em Cordura® 500D (ou similar superior);
• O nylon® ou similar deverá ser resinado,
totalmente impermeável e resistente à hidrólise
de forma a oferecer pr A bolsa deverá ter 18 ± 1
cm de largura, por 11 ± 1 cm de altura, por 7 ±
0,5 cm espessura;
• Deverá possuir internamente nichos individuais
para a colocação de objetos e tiras elásticas e

106
02 (dois) elásticos Deverá possuir fita vermelha
para puxar e abrir o bolso mais rápido;
• Já deve possuir o patch emborrachado com cruz
vermelha e fundo escuro com costura na parte
superior da base. O bolso deve ser fechado
através de zíperes YKK (ou similar) ambidestros
com 02 (dois) cursores com puxadore O bolso
modular deve ser do tipo M.O.L.L.E. (Modular
Lightweight Load-Carrying Equipment) nas
costas da bas de guarnição;
• A bolsa deverá ligar-se ao sistema de fixação
“M.O.L.L.E.”, por intermédio de, no mínimo, 3
(três) fileiras de velcr A bolsa deverá possuir as
mesmas alças para engate do sistema
"M.O.L.L.E" em sua face anterior;
• O engate do sistema "M.O.L.L.E" com a bolsa
deverá possuir um cadarço fita CTF 25 mm (na
cor do tecido) adici cadarço fita CTF se
conectando por intermédio de um fecho
arredondado 114/25 mm;
• O sistema de engate "M.O.L.L.E" deverá ser
composto por duas fitas dobradas em 2/3 do
comprimento de cada intermédio de botões de
pressão PTO1002/6;
• Na extremidade da fita deverá existir uma meia
argola plástica de 25 mm costurada a placa de
fixação com costu O sistema deverá possuir
uma placa de fixação com as faces revestidas
Cordura® 500 (ou similar) com as bordas das
faces revestidas com três fileiras de velcro®
macho de 50 mm; O engate do sistema
"M.O.L.L.E" com a bolsa deverá possuir um
cadarço fita CTF 25 mm adicional com tamanho
conectando por intermédio de um fecho
arredondado 114/25 mm preto;
• Dois clips para fixar no sistema M.O.L.L.E
Costas do bolso com velcro® macho para grudar
na base modular; Pos confeccionada em
cordura® 500D (ou similar) na parte externa e
nylon® 300 (ou similar) resinado na parte inte
Ter velcro® fêmea do lado interno onde o bolso
será acoplado;
• Fecho de abertura rápida para prender o bolso n
A bolsa aberta deverá possuir 3 (três)
compartimentos principais; Compartimentos do
bolso e o quarto bolso com elástico e bolso em
tela emborrachada com fecho para guardar As
costuras dos velcros® serão em X;
• Todas as costuras das bordas da bolsa serão
duplas e paralelas. As demais A cor deverá
seguir o padrão Caqui, Preto ou Verde.
2 Equipagem Tesoura ponta 1 • Deve possuir capacidade para cortar todos os
romba tipos de tecido, couro, botas e roupas de inverno
pesado, bem com deve possuir lâminas afiadas,
temperadas e rígidas de aço inoxidável com
borda serrilhada para cortar materiais;
• Deve possuir grande anel de polipropileno para
proporcionar o máximo de controle e conforto no
encaixe dos dedos;
• Deve possuir cor do cabo Caqui, Preto ou Verde
escuro;
• Deve possuir cor da lamina da cor do cabo ou
preta ; Deve ser totalmente autolavável à 143ºC;
• Dimensões aproximadas: comprimento total
19cm; largura total 10cm; espessura total 1cm
peso: 57g;
• Deve ser igual ou semelhante a NAR TRAUMA
SHEARS.
3 Equipagem Porta 1 • Confeccionada em fitas de poliamida 50mm;
torniquete • Elástico ajustável;
• Fechamento por velcro®; Fixação por sistema
MOLLE e sistema de fixação para cinto,
permitindo que o porta torniquete seja utilizado
na Dimensões: 18,00cm X 6,5cm X 7,0cm;

107
• Deve ser igual ou similar ao modelo TQ
POUNCH da marca CONDOR. Cor: Caqui,
Preto ou Verde.
4 Equipagem Pincel 1 • Ponta cônica;
marcador • Com Grip Emborrachado;
permanente • Secagem rápida a base de álcool; Tinta de cor
preta ou vermelha
5 Equipagem Luva de 1 • Utilizado para oferecer uma resistência superior
procedimento par a muitos tipos de produtos químicos;
nitrílica • Fabricada em Nitrílo (borracha sintética),
visando à eliminação de reações alérgicas em
usuários com hipersensi uso;
• Sem pó bioabsorvível;
• Ambidestra;
• Superfície lisa com microtextura na ponta dos
dedos;
• Alto grau de flexibilidade e superior solvente
resistência; Cada caixa deve conter, pelo
menos, 100 unidades;
• A cor das luvas deve ser da azul;
• Embalagem tipo dispenser box; Devem ser
entregues na seguinte distribuição de tamanhos:
15% tamanho "P", 35% tamanho "M", 35%
tamanho
6 Controle de Torniquete 1 • O torniquete deve fazer cessar 100% a
sangramento Tático hemorragia massiva nas extremidades dos
maciço membros;
• Deve possuir um único sistema de fivela simples
para correto tracionamento que permita uma
aplicação extrem Sua aplicação deve ser
simplificada e existir um único protocolo para
todas as aplicações;
• Deve possuir fivela para passada simples
resistente: permite que a afixação e remoção do
torniquete no membr tracionamento, resultando
em menor perda sanguínea;
• Deve possuir barra de tracionamento
(preferencialmente metálica); ao ser girada no
próprio eixo, traciona o sist possuir sobressaltos
nas extremidades, a fim de facilitar seu manejo,
de localização fixa, que após aplicação do
torniquete;
• Deve possuir entrada chanfrada bilateral para
travamento da barra de tracionamento, deve
suportar o tracionam flexão;
• Deve possuir placa de estabilização com bordas
arredondadas para não pinçar a pele do
Operador;
• O Funcionamento deve ser dado pelo
posicionamento justo de fitas formando uma
espécie de tubo, que compo livremente por ele.
Esta fita simples é conectada a barra de tração,
que ao ser girada, traciona o sistema. Esse co
exercida pelo tracionamento;
• Sem Latex;
• Recomendado pelo CoTCCC – USA ou
através de estudo que comprove
características similares;
• Desenhado para ser aplicado em todas as
condições climáticas;
• Dimensões mínimas aberto: 95,25cm;
Largura: 3,80cm; Registrado na Anvisa;
• Deve ser igual ou semelhante ao Torniquete
CAT GEN 7 ou SOFT GEN 4;
• Cor: Caqui (ou Tan, ou Coyote); vermelho (e/ou
laranja); preto; ou azul (recomendado para
treinamentos).
7 Controle de Gaze 1 • Gaze hidrofílica impregnada com agente
sangramento hemostática hemostático, com tira de duas camadas;
maciço • O material deve ter propriedade hemostática
sem produção de quaisquer reações
exotérmicas;
• Deve medir aproximadamente 7,5cm X 370cm
ser macia, branca e não tecido;

108
• Deve ser dobrado em forma de Z, para facilitar a
sua aplicação;
• Deve conter uma tira detectável por raios-X para
fácil identificação;
• Deve ser estéril e epirogênico;
• O produto deve ser acondicionado em
embalagem selada a vácuo, de abertura fácil,
cor verde ou preto;
• O produto deve ser igual ou similar ao
QUIKCLOT COMBAT Z-FOLD. Registrado na
Anvisa.

8 Controle de Gaze de 1 • Gaze estéril de algodão premium;


sangramento Metro* • Fio sêxtuplo, Largura 11cm x 3,75 m
maciço comprimento, Comprimida em dobras (formato
de “S”) para fácil aplicação;
• Selada a vácuo para ocupar o mínimo de
volume;
• Possuir a tecnologia NAR Red-Tip (ponteira
vermelha) com picotes para facilitar a abertura.
• Dimensões: embalagem a vácuo: comprimento
7,5 x largura 5,0 x altura 2,5 cm, da Gaze:
aprox.. 11,4 cm x 3,74 m (4,5” x 4,1”).
9 Controle de Bandagem 4” 1 • Bandagem de compressão elástica com
sangramento (tipo reservatório com 3 metros de gaze, com uma
maciço israelense ou barra de pressão que tamb separadamente
olaes) (preferencialmente),
• Uma folha plástica oclusiva removível
(preferencialmente);
• Possuir tiras de velcro® que impeçam o
deslocamento acidental durante a aplicação;
• As tiras de velcro® fornecem superfícies de
aderência durante a aplicação e ajudam a
manter a pressão desejada;
• Possui grampo para fixação; Embalada a vácuo;
• Embalagem a vácuo: comprimento 16cm x
largura 10cm x altura 3cm Gaze: 10cm de
largura x 3m de comprimento;
• Registrado na Anvisa.
10 Controle das Cânula 1 • Deve ser descartável;
Vias Aéreas Nasofaríngea • Dispositivo para facilitar a ventilação, mantendo
e Ventilação as vias aéreas superiores permeáveis;
Indicação: procedimentos anestésico/cirúrgicos
de rotina e/ou em emergências;
• Apresentação: estéril em embalagem individual
pronta para uso imediato; Validade da
esterilização: 5 anos;
• Acompanha manual de uso em português;
• Acompanha Sache de Gel lubrificante ou ser
pré-lubrificada;
• Tamanho: 28 FR 12,5 cm (padrão americano)
ou Tamanho: nº 8,0 (diâmetro interno de 8 mm)
(padrão nacional);
• Cor contrastante (amarelo brilhante),
preferencialmente, para melhor visualização do
dispositivo durante as manipulação;
• Produzido em material flexível, livre de Látex;
• Ponta distal atraumática, com bisel de bordas
arredondadas;
• Rampa interna para direcionar a passagem de
sonda nasogástrica e/ou aspiração;
• Borda proximal alargada em forma de funil para
melhor posicionamento e fixação, de forma a
restringir o deslocamento;
• Registrado na Anvisa.
11 Manutenção Selo de Tórax 1 • Selo de Tórax Valvulado para a prevenção,
da Valvulado gerenciamento e tratamento de um
Respiração Industrializado pneumotórax aberto e / ou tensi penetrante;
• Conjunto/ kit de dois selos de tórax para feridas
abertas, curativos valvulados em embalagens
impermeáveis (composto de no mínimo um
curativo com válvula unidirecional);

109
• Deve possuir superfície aderente com adesivo
hidrogel, elasticidade para aderência em
qualquer curvatura do c climáticas extremas;
• O kit deve ser embalado no formato individual,
em embalagem resistente, produto de uso único,
descartável e;
• Registrado na Anvisa.

12 Prevenção Manta térmica 1 • Cobertor Térmico para Resgate aluminizado;


da • Confeccionada em polietileno aluminizado;
Hipotermia • Não deforma;
• Prova d’água; Reflete o calor externo mantendo
o calor interno;
• Com tamanho mínimo de 2,1 m x 1,4m

13 Prevenção Fonte de Calor 1 • Bolsa com ativação de calor instantânea, gerada


da Instantâneo* por reação química;
Hipotermia • Indicada para controle de Hipotermia, alivio de
contusões e entorses e dores musculares em
geral;
• Deve ter tamanho reduzido para se transportada
no bolso ou em Kit de APH Tático individual;
• Tempo mínimo de duração 25 Minutos;
• Temperatura do aquecimento, entre 50°C e 60
°C;
• Preferencialmente reutilizável.
14 Circulação e Atadura 1 • Bandagem de compressão elástica com tiras de
Choque Elástica 4” velcro® que impedem o deslocamento acidental
(controil durante a aplicação;
wrap)* • As tiras de velcro® fornecem superfícies de
aderência durante a aplicação e ajudam a
manter a pressão desejad Possui grampo para
fixação;
• Largura: 4 Polegadas (10cm) e Comprimento:
72" (180cm). Registrado na Anvisa.
15 Circulação e Compressa de 1 • Confeccionada em tecido 100% algodão, 13
Choque gaze comum fias/cm²;
(Pacote)* • Cor branca;
• Isenta de impurezas;
• Com 8 camadas, largura 7,5cm e
comprimento 7,5cm, 5 dobras.
• Estéril e registrado na Anvisa.

16 Circulação e Atadura de • Constituída de uma faixa contínua de tecido,


Choque crepom nº 6* 100% algodão, com propriedades elásticas;
• Largura 6cm x comprimento 180cm;
• Gramatura 18g/m2, deformação máxima 50%.
• Normas de especificação ABNT NBR 14056;
• Registrado na Anvisa.
*Itens para composição adicional como material opcional no Kit individual.
**Imagens meramente ilustrativas. Não devem ser consideradas as marcas como referências indicativas.
Nota: Adaptação dos autores com algumas partes do texto em negrito (grifos nossos)
Fonte: Adaptado do ANEXO I-B: NÍVEL BÁSICO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR TÁTICO PARA PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA
PÚBLICA COMPOSIÇÃO DOS KITS E REQUISITOS TÉCNICOS MÍNIMOS DE EQUIPAMENTOS E INSUMOS. Disponível em:
<https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/mjsp-realiza-audiencia-publica-para-discussao-do-projeto-de-atendimento-pre-hospitalar-
tatico/equipamentos-e-insumos-sei_mj-16081217-anexo-i-b.pdf>. Acesso em 08 nov 2021.

-Tratamento do pneumotórax em ambiente hostil ou zona quente:


• Curativos oclusivos e burp de tórax se necessário.
• Se a perfuração tiver apenas entrada, fazer curativo oclusivo de 3 pontas (SELO
DE TÓRAX) – não muito eficiente uma vez que o material utilizado para tal, não
mantém-se colado devido aos fluídos corporais e sangue;

110
• Se a perfuração tiver entrada e saída, fazer oclusivo de 4 pontas em um orifício
e de 3 pontas no outro, permitindo expulsar os fluídos desnecessários.
• Burp de tórax: Remova o selo de tórax ou curativo oclusivo até que o ferimento
fique exposto. Limpe o ferimento com um pano ou gaze, removendo possíveis
coágulos, em seguida aplique uma pressão firme no lado do pneumotórax.

Nota: No Brasil a punção torácica para descompressão do pneumotórax é procedimento


exclusivamente realizado por profissional médico, em conformidade com requisito legal
vigente.
CURATIVO VALVULADO DE TRÊS PONTAS – PNEUMOTÓRAX EM APH

Fonte Adaptado do material didático da autora. Imagens disponíveis em google imagens


em setembro de 2021.

C Circulação (Avaliação da circulação)


✓ Verificar nível de consciência, indício do estado de choque.
✓ Conferência de pulso distal e perfusão capilar.

H Hipotermia (Prevenir hipotermia)


Deve-se evitar ao máximo a perda de calor da vítima e, para isso, o agente que estiver
prestando socorro deverá lançar mão de alguns procedimentos:
✓ Manter a vítima o mais seca possível;
✓ Isolá-la do contato com o solo (principalmente se este estiver úmido);

111
✓ Levar consigo equipamentos simples (cobertor aluminizado e bolsa de calor
instantâneo) para manter a vítima aquecida;
✓ Se o ambiente estiver confortável para você significa que estará desconfortável (frio)
para a vítima! - Aqueça-a!

- Técnicas de Resgate Policial em APH Tático

O Atendimento em Campo Tático é executado em local coberto, improvisado de


acordo com a situação tática, para prover um mínimo de segurança. Nesse local, o ferido
e o socorrista não estão mais sob fogo efetivo, porém a área não é considerada
totalmente segura, podendo tornar-se insegura rapidamente.
O equipamento médico limita-se ao carregado pelo efetivo da missão.
A avaliação do paciente segue o acrônimo MARCH. Antes de se iniciar o atendimento,
todo militar que se encontra desorientado deve ser desarmado, incluindo armas
secundárias e explosivos. Qualquer alteração no nível de consciência pode representar
ameaça ao socorrista e à equipe de socorro. As ações de saúde não devem atrasar a
evacuação.
Os primeiros minutos (atendimento sob fogo) e a primeira hora (atendimento
tático de campo e de evacuação) são cruciais para a definição do prognóstico da vítima.
O transporte da vítima até um centro de trauma em um tempo máximo de uma hora
interfere significativamente na probabilidade de sobrevivência da vítima.
- Resgate sob confronto armado (sob fogo): nesta etapa as prioridades são repelir
injusta agressão, conter o fogo inimigo e mover a vítima para abrigo.

I - Neutralizar ameaças:
Sair do X: Refere-se movimentar, não estacionar no local onde o policial militar
foi ferido, pois esse ponto caracteriza um alvo para a ameaça ativa. Pequenos
deslocamentos podem fazer os policiais militares da guarnição deixarem de
serem alvos para a ameaça.
. Abrigar-se e buscar os abrigos mais próximos;
. Retornar fogo apropriado (consciente);
. Fazer a cobertura da área quente para evitar possíveis ameaças secundárias.

II – Resgate do Agente Ferido:

112
Caso não exista um abrigo próximo ao realizar a extricação do ferido.
Assim que o socorrista se aproximar do militar vitimado, realizar a triagem em
X, verificando os possíveis focos de sangramento, expor o corpo da vítima para melhor
visualização e colocá-la em segurança, vestir o colete novamente na vítima, lembrando
que a checagem de sangramento DEVERÁ ser visual e tátil.
Se essa operação demandar muito tempo, ainda no local onde o militar foi
vitimado, é necessário fazer uma checagem em membros superiores e inferiores na
busca de sangramento maciço novamente de tempo em tempo, observando se o
método utilizado para contenção do sangramento permanece eficaz. Conduzindo-o para
uma área segura dando sequência ao tratamento.
A máxima é sempre levar para área de atendimento segura!

- Extricação - Auxílio remoto (caso possível):


A extricação é a fase em que serão adotadas medidas para retirar o policial ferido
do epicentro de risco. Realizar o deslocamento até o ferido com agilidade, mas com
segurança, aproveitando os abrigos e cobertas no ambiente e proporcionando condição
de cobertura pelo restante da equipe.
Caso o militar vitimado esteja consciente, buscar auxiliá-lo em deslocamentos
para abrigos, realizar auto checagem e aplicar o autosocorro caso seja necessário.
Quando o socorrista for prestar socorro ao militar vitimado, deverá travar o
armamento imediatamente e não desarmá-lo, pois mesmo vitimado o militar pode ter
condições de combate, caso ocorra um novo confronto durante as fases da extricação
e evacuação, o militar pode auxiliar a equipe a conter fogo inimigo e controlar o ambiente
novamente.
Diferente da situação mencionada acima, se o militar estiver ferido e
inconsciente, ou apresentando variação nos níveis de consciência, o socorrista
DEVERÁ desmuniciar o armamento imediatamente, evitando o militar vitimado vir a
disparar o armamento contra a patrulha por acidente ou pelo efeito “flashback”, que
ocorre quando a vítima perde a consciência abruptamente, tendendo a executar com a
ação que estava em mente antes do trauma.

- Comunicação via rede de rádio:


Quando houver confronto, logo que a situação permitir, o comandante da
guarnição ou patrulha, DEVERÁ PEDIR PRIORIDADE, informado o local onde está e

113
para onde está deslocando com a patrulha, facilitando dessa maneira a chegada de
outras guarnições para apoiá-lo e suporte de aeronave se possível.

- Evacuação Tática (Hora de Ouro)


Na fase de evacuação, DEVE agilizar ao máximo a retirada do Militar vitimado do
ambiente hostil, transportando-o para uma zona fria, buscando socorro especializado e
unidade médica condizente com o trauma sofrido.
Na evacuação duas questões serão fundamentais: a qualidade do suporte pré-
hospitalar e rapidez na condução para o atendimento médico avançado.
Faça a evacuação para hospital de referência em menos de 01hora ou o mais rápido
possível com segurança.

- Transporte do Militar Ferido


No APH TÁTICO é imprescindível conhecer os métodos de transporte de feridos.
Deve-se tentar minimizar os danos da vítima sendo possível dar uma sobrevida ao
militar vitimado. Atentar para o controle de hemorragias, fazer os curativos necessários
e imobilizar uma fraturas.
O transporte pode ser feito por arrasto ou transporte suspenso.
A técnica do arrasto pode ser muito eficaz em uma extração sob fogos quando
a redução da zona corpórea (silhueta), for fator preponderante para a segurança do
socorrista e do ferido.
Ao optar pelo transporte suspenso saiba que o nível de consciência do policial
militar ferido e até mesmo uma mínima capacidade de auxílio na locomoção, por parte
do policial vitimado, irão influenciar no método a ser implementado.
Outro fator a ser considerado em qualquer forma de transporte e que merece um
destaque especial no transporte suspenso é o peso da vítima. Tentar equalizar o peso
do ferido com o policial socorrista pode ser o primeiro passo para o sucesso nesta ação.

- Tipos de Transporte do Militar Ferido

114
Foto: Transporte por dois militares.

Foto: Transporte por dois militares modelo Seals.

115
Foto: Transporte por um militar, utilizando uma maca de transporte tática.

Foto: Transporte por dois militares, utilizando uma maca de transporte tática.

Foto: Transporte por um militar, utilizando o mochilamento de mãos livres.

116
Foto: Transporte por um militar, utilizando um cabo solteiro de 12mm com 06 metros.

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