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AL 1.

1 - Lançamento horizontal

Outubro 2019

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1 Introdução
1.1 Objetivo
Obter, para um lançamento horizontal de uma certa altura, a relação entre
o alcance do projétil e a sua velocidade inicial.

1.2 Fundamentos teóricos


O movimento parabólico de queda de um corpo carateriza-se por dois movi-
mentos retilı́neos perpendiculares e independentes entre si:
• Na direção horizontal não atua nenhuma força pelo que a aceleração
é nula (segundo o eixo dos xx). Logo, F~x = ~0 ⇒ a~x = ~0, logo o
movimento é uniforme.
• Na direção vertical atua apenas a força gravı́tica, F~g .
Logo, F~y = F~g ⇒ a~y = a~g ⇒ a~y = ~g , logo o movimento é uniforme.
Sabe-se que x(t) = x0 + v0x t + 21 ax t2 , em que ax = 0 e x0 = 0, e portanto:
xf
xf = v0x t ⇔ t = (SI)
v0x
Sabe-se que y(t) = y0 + v0y t + 12 ay t2 , em que ay = g, e portanto:
1
y(t) = y0 + gt2 (SI)
2
Para se achar a relação entre o alcance, x, e a velocidade inicial, v0x
substitui-se na equação, t por vx0x . Para além disso, no momento do impacto
do corpo com o chão, que definirá o alcance, a altura do corpo é nula pelo
que y = 0. Logo:

 2
1 xf
0 = y0 + × g
2 v0x
 2
1 xf
⇔ − ×g = y0
2 v0x
 2
xf 2 × y0
⇔ =−
v0x g
r
xf 2 × y0
⇔ = −
v0x g

2
Como g = −10 (m/s2 ):
r
xf y0
= (SI)
v0x 5
Assim está encontrada a relação teórica entre a velocidade inicial e o alcance
do corpo no lançamento horizontal, que revela ser uma constante. Esta
relação pode ser analisada num gráfico de alcance em função da velocidade
inicial.

2 Perguntas pré-laboratoriais
1 - No lançamento horizontal, a trajetória descrita pelo corpo resulta da
sobreposição de dois movimentos: um na direção horizontal e outro segundo
a vertical.

1.1- Classifique, justificando, esses movimentos segundo cada uma das


direções.
Resposta: O movimento no lançamento horizontal pode decompor-se
em dois movimentos simultâneos e independentes: movimento horizontal e
movimento vertical. Relativamente à direção horizontal, podemos afirmar
que o corpo tem um movimento uniforme, visto que não há nenhuma força
a atuar sobre ele, e, portanto, não existe aceleração. Assim, a sua veloci-
dade é constante, segundo a primeira lei de Newton. Já em relação à direção
vertical, podemos afirmar que o corpo mantém um movimento uniforme-
mente acelerado. Isto porque o corpo inicialmente tem uma velocidade nula
e encontra-se unicamente sujeito à ação da força da gravidade. Assim, a
resultante das forças é igual à força gravı́tica, pelo que nesta direção o corpo
adquire uma aceleração igual à aceleração gravı́tica.

1.2 - Selecione a opção que completa corretamente a seguinte frase.


No lançamento horizontal o tempo de voo depende do movimento na
e o alcance depende do movimento .
Resposta: Opção (B) ... vertical ... em ambas as direções. O tempo
de voo depende da altura da queda, pelo que irá depender do movimento na
vertical.
Por sua vez, o alcance depende da altura da queda - movimento vertical - e
da velocidade inicial que só se verifica no eixo dos xx - movimento horizontal.
Logo, depende de ambas as direções.

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1.3 - A grandeza fı́sica que varia com a altura de queda e com o módulo
da velocidade de lançamento é ...
Resposta: Opção (c) ... o alcance. O alcance horizontal depende do
módulo da velocidade de lançamento e da altura de queda. Assim, quanto
menor for a velocidade, menor será o alcance (como demonstrado em 1.2 -
Fundamentos teóricos).

1.4- Preveja, para uma dada altura de lançamento, como se relaciona o


alcance do corpo e da velocidade de lançamento.
Resposta: x(t) = v0 t, logo, aumentando o valor da velocidade inicial
(v0 ), o alcance (xf ) aumentará proporcionalmente. Diminuindo o valor da
velocidade inicial, o alcance diminuirá proporcionalmente. Podemos então
constatar que, o alcance e a velocidade inicial são diretamente proporcionais.

3 Materiais e métodos
3.1 Materiais
• Calha de altura variável

• Esfera

• Fita métrica

• Papel quı́mico

• Folhas brancas

• Fita-cola

• Célula fotoelétrica e digitı́metro

• Craveira

• Suporte universal, garras e nozes

• Câmara de filmar

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3.2 Esquema de montagem

Figura 1: Esquema de montagem

3.3 Métodos
• Mediu-se o diâmetro da bola com recurso a uma craveira
• Largou-se a esfera de P1 para se saber a posição aproximada do sı́tio
de impacto da mesma com o chão e prendeu-se uma folha quadriculada
a abranger esse local;
• Fizeram-se marcações na folha quadriculada de 5 em 5 centı́metros de
modo a ser possı́vel estabelecer a relação entre a posição do impacto
da esfera com o chão e o seu alcance; *
• Preparou-se o digitı́metro para medir o tempo de passagem da esfera
pela célula fotoelétrica;
• Largou-se a esfera duas vezes de cada uma das posições 1, 2 e 3 (repre-
sentadas por P1 , P2 e P3 );
• Gravou-se com a câmara de filmar o momento de impacto da esfera
com a folha quadriculada que se encontrava no chão;
• Visualizou-se a gravação para se saber o alcance da esfera;
• Registaram-se os valores do tempo de passagem e do alcance da esfera,
para cada ensaio.

(*) Inicialmente para se estabelecer esta mesma relação foi usado um


papel quı́mico, que por se revelar ineficiente, foi substituı́do pelo ponto apre-
sentado.

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4 Observações efetuadas
O alcance aumenta com o aumento da velocidade do projétil.

5 Resultados

Constante Valor
h 89.0 ± 0.1 (cm)
g −10 (m/s2 )
Diâmetro da bola 2.94 ± 0.01 (cm)

Tabela 1: Constantes experimentais

Posição inicial t ± 0.1 (ms) Alcance ± 0.5 (cm)


18.9 66.5
P1
18.9 64.0
17.7 69.0
P2
17.1 69.0
16.7 74.0
P3
16.5 73.0

Tabela 2: Resultados experimentais

6 Análise dos resultados


Os resultados organizaram-se em duas tabelas e em dois gráfico que permitem
estabelecer a relação entre a velocidade inicial da esfera e o alcance da mesma.
A Tabela 3 apresenta os valores experimentais prováveis do tempo de
passagem da esfera pela célula fotossensı́vel e do seu alcance.

Posição inicial t provável ± 0.1 (ms) Alcance provável ± 0.5 (cm)


P1 18.9 65.3
P2 17.4 69.0
P3 16.6 73.5

Tabela 3: Valores experimentais prováveis

Como o diâmetro da esfera é 2.94 cm ou 0.0294 m então a velocidade


inicial, v0 , poderá ser calculada pelo quociente entre o seu diâmetro e o

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tempo provável de passagem da mesma pela célula fotossensı́vel. Os valores
da velocidade, bem como do alcance, apresentam-se na Tabela 4. Na Figura 2
apresentam-se os pontos de alcance provável em função da velocidade inicial
provável, bem como a reta de ajuste aos mesmos.

Posição inicial v0 provável ± 0.01 (m/s) Alcance provável ± 0.001 (m)


P1 1.55 0.653
P2 1.69 0.690
P3 1.77 0.735

Tabela 4: Valores da velocidade inicial e alcance prováveis

Pontos Experimentais
Ajuste
0.72

y = 0.36x + 0.09
Alcance (m)

0.70

0.68

0.66

1.55 1.60 1.65 1.70 1.75


Velocidade inicial (m/s)

Figura 2: Ajuste aos pontos experimentais velocidade e alcance


Regressão linear: y = mx + b

O valor do declive da reta de ajuste aos pontos experimentais da ve-


locidade e do alcance (0.36 s) representa o quociente entre o alcance e a
velocidade inicial, bem como o tempo de voo - como se pode verificar em 1.2
- Fundamentos teóricos. Assim o erro experimental seria de 15%, visto que
o valor real deste quociente - ou do tempo de voo - é de aproximadamente
0.422 s.
No entanto, como a relação entre as duas variáveis é de proporcionalidade
direta pode assumir-se que o valor da ordenada na origem é 0 e assim, traçar
uma nova regressão linear. Esta representação encontra-se na Figura 3. Com
base neste ajuste, o erro experimental seria de 2%.

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Pontos Experimentais
0.72
Ajuste

0.70 y = 0.415x
Alcance (m)

0.68

0.66

0.64
1.55 1.60 1.65 1.70 1.75
Velocidade inicial (m/s)

Figura 3: Ajuste aos pontos experimentais velocidade e alcance


Regressão linear: y = mx

7 Questões pós-laboratoriais
1- O que significa dizer que um corpo é lançado horizontalmente?
Resposta: Dizer que um corpo é lançado horizontalmente significa que
um corpo, que se encontra a uma certa altura do solo, a partir de um deter-
minado instante fica sujeito apenas ao seu peso e inicia esse movimento com
uma velocidade paralela ao plano horizontal, de maneira a que esse mesmo
corpo caia da superfı́cie em que se encontra, descrevendo uma trajetória pa-
rabólica. Pelo que, o seu movimento pode ser considerado como o resultado
da composição de dois movimentos simultâneos e independentes: um movi-
mento vertical e um movimento horizontal, em que o valor do módulo da
velocidade inicial segundo o eixo dos xx é maior que 0 m/s e o valor da
velocidade inicial segundo o eixo dos yy é igual a 0 m/s.

2- Faça um esboço da trajetória do movimento após o corpo abandonar


a calha até atingir o solo.
Resposta: Figura 4

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y0
y

Alcance
x
Figura 4: Trajetória do movimento

3- Que forças atuam sobre o corpo durante o voo?


Reposta: Força gravı́tica e a resistência do ar que, no contexto da ex-
periência, foi desprezada.

4- Represente no corpo os vetores força gravı́tica, velocidade e aceleração


em três momentos diferentes: imediatamente após sair da calha, durante o
voo e imediatamente antes de embater no solo.
Resposta: Figura 5

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Velocidade
y0 Corpo
Força Gravítica
Aceleração
y

Alcance
x
Figura 5: Corpo e respetivos vetores força gravı́tica, velocidade e aceleração
em três momentos diferentes

5- Partindo de considerações energéticas, preveja se o módulo da velo-


cidade com que o corpo atinge o solo depende do módulo da velocidade de
saı́da da calha.
Resposta: Como a força dissipativa (a resistência do ar) é desprezável
então as energias mecânicas inicial e final são iguais:

Emi = Emf
⇔ Epgi + Eci = Epgf + Ecf
   
1 2 1 2
⇔ m ghi + vi = m ghf + vf
2 2
1 1
⇔ hi + vi2 = ghf + vf2
2 2
1 1 2
⇔ ghi + vi2 = vf (hf = 0) (SI)
2 2

Analisando a expressão, podemos concluir que a velocidade com que a


esfera atinge o chão (vf ) depende da velocidade com que deixou a calha (vi ),
uma vez que estão diretamente relacionadas.

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8 Conclusão e análise crı́tica
É de salientar que o facto de haver apenas três pares de valores experimentais,
velocidade inicial e alcance, e que a cada um deles correspondem apenas dois
ensaios, torna a análise dos dados recolhidos deficiente - um maior número de
ensaios teria permitido uma redução dos erros experimentais aleatórios. Por
esse motivo, usando dois modelos teóricos diferentes, é que foram obtidos
dois valores para o erro experimental, um dos quais (o de 15%) que não
correspondia de uma forma clara com o modelo teórico previsto. No entanto,
se se forçar a ordenada na origem a ser 0 o valor do declive corresponde,
apesar de um certo erro, ao valor esperado. No entanto, o facto de se ter
forçado a ordenada na origem a ser 0 é sugestivo de uma reta que pior se
ajusta ao conjunto dos dados.
É de referir que o uso de papel quı́mico não se revelou proveitoso nem
eficiente para a determinação do alcance da esfera, uma vez que a mesma não
tinha massa suficiente para marcar o papel. O uso de papel quadriculado com
marcações de 5 em 5 centı́metros e a gravação em câmara lenta do embate da
esfera no solo foi o método escolhido para contornar o problema em questão.
Como é expectável, os dados extraı́dos através da visualização do vı́deo em
câmara lenta são pouco exatos, o que, em parte, justifica o erro apresentado.
Conclui-se que, como previsto teoricamente, a relação direta entre a ve-
locidade de um corpo e o seu alcance, num lançamento horizontal é dada
por: r
xf y0
= (SI)
v0x 5
Verifica-se assim que o objetivo inicial do trabalho foi cumprido.

Bibliografia
Maciel, Noémia et al. (2019). Eu e a Fı́sica 12. 1a edição, Porto Editora.
Porto.

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