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Movimento de projéteis.

Um projétil é qualquer corpo lançado com uma velocidade inicial e que segue uma trajetória determinada exclusivamente
pela aceleração da gravidade e pela resistência do ar.

Para analisarmos este tipo comum de movimento, começaremos com um modelo idealizado, representando o projétil como
uma partícula com aceleração constante (devido à gravidade). Vamos desprezar os efeitos da resistência do ar e da curvatura
da terra.

A curva descrita pelo projétil é a sua trajetória.


Notemos inicialmente que o movimento de um projétil está sempre confinado em um plano vertical determinado pela
direção da velocidade inicial. Isso ocorre porque a aceleração da gravidade é sempre vertical; a gravidade não pode
produzir um movimento lateral no projétil.

Sendo assim, o movimento de um projétil ocorre em duas dimensões. O plano do movimento será considerado o plano
de coordenadas xy, sendo o eixo Ox horizontal e o eixo Oy vertical e orientado de baixo para cima.
A chave para analisar o movimento de um projétil é tratar as coordenadas x e y separadamente.

O componente x da aceleração é igual a zero, e o componente y é constante e igual a – g.

Desta forma, podemos considerar o movimento de projétil como a combinação de dois movimentos:

1) Um movimento horizontal com velocidade constante.

Lembre se que esta velocidade nunca muda por que não existe aceleração no eixo Ox.

2) Um movimento vertical com aceleração constante (igual a – g).


Desta forma, o movimento efetivo do projétil é a superposição desses movimentos separados.

Para a obtenção das equações do movimento, vamos considerar por simplicidade:

𝑡 = 0 e 𝑥𝑜 = 𝑦𝑜 = 0

Ao longo do eixo Ox, (velocidade constante) temos as seguintes equações para a velocidade e a posição:

𝑣𝑥 = 𝑣𝑜𝑥

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡

Ao longo do eixo Oy, (aceleração constante) temos as seguintes equações para a velocidade e a posição:

𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡

1
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 𝑔𝑡 2
Não podemos nos esquecer que, em geral, temos lançamentos que chamamos de oblíquos, ou seja, lançamentos cuja
velocidade inicial faz um ângulo qualquer com o eixo horizontal:

Neste caso, temos que projetar a velocidade ao longo dos eixos.


Em geral, o ângulo é sempre definido entre o vetor velocidade e o eixo .
Então podemos dizer que:

𝑣𝑜𝑥 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃
e
𝑣𝑜𝑦 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃

Equações para o movimento no eixo Ox: Equações para o movimento no eixo Oy:
(velocidade constante) (aceleração constante)

𝑣𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡 1
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 2 𝑔𝑡 2

𝑣𝑜𝑥 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑣𝑜𝑦 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃
Destas equações podemos ainda extrair muitas informações.

Distância:

Em qualquer instante, a distância r entre o projétil e a origem (o módulo do vetor posição 𝑟)


Ԧ é dada por:

𝑟= 𝑥2 + 𝑦2

Velocidade:

A velocidade escalar do projétil (o módulo de sua velocidade) em qualquer instante é dada por:

𝑣= 𝑣𝑥2 + 𝑣𝑦2

A direção e o sentido da velocidade pode ser dada em termos do ângulo :


𝑣𝑦 −1
𝑣𝑦
𝑡𝑔 𝜃 =  𝜃= tan
𝑣𝑥 𝑣𝑥
Exemplo 1: Um motociclista maluco se projeta para fora da borda de um penhasco. No ponto exato da borda, a velocidade
é horizontal e possui módulo igual a 9,0 m/s. Ache a posição do motociclista, a distância da borda do penhasco e a velocidade
depois de 0,50 s.
Dados: vox = 9,0 m/s; voy = 0; (possui apenas velocidade horizontal).
y = ?;
x = ?;
v=?
t = 0,5 s

Primeiro, vamos achar a posição do motociclista, ou seja, as suas coordenadas x e y:


1
𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡 2
2
𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 𝑡 1 𝑟Ԧ
𝑥 = 9 0,5 → 𝑥 = 4,5 𝑚 𝑦 = − 𝑔𝑡 2 y = – 1,2 m
2
2 x = 4,5 m
𝑦 = −4,9 0,5 → 𝑦 = −1,2 𝑚

Enfim, para calcular a distância percorrida após t = 0,5 s, usamos o teorema de Pitágoras:

𝑟= 𝑥2 + 𝑦2 → 𝑟 = (4,5)2 +(−1,2)2 → 𝑟 = 4,7 𝑚


Vamos agora encontrar a velocidade no tempo t = 0,5 s:

𝑣𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 = 9,0 𝑚/𝑠 (não se esqueça que a velocidade ao longo do eixo Ox (vx) é constante, não muda nunca).

𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡
𝑣𝑦 = −𝑔𝑡
𝑣𝑦 = −9,8 0,5 = −4,9 𝑚/𝑠

Vamos achar então o módulo do vetor velocidade:

𝑣= 𝑣𝑥2 + 𝑣𝑦2 → 𝑣 = (9,0)2 +(−4,9)2 → 𝑣 = 10,2 𝑚/𝑠

E finalmente vamos achar o ângulo com o eixo horizontal (direção e sentido):

𝑣𝑦 −4,9
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝜃 = tan−1 → 𝜃 = tan−1 −0,54 → 𝜃 = − 29° 𝜃 = − 29°
𝑣𝑥 9,0
𝑣 = 10,2 𝑚/𝑠
Exemplo 2: Uma bola de beisebol deixa o bastão do batedor com um velocidade inicial de vo = 37,0 m/s, com um ângulo
inicial de  = 53,1o em um local onde g = 9,8 m/s2.
a) Ache a posição da bola e o módulo, a direção e o sentido de sua velocidade para t = 2,0 s.
b) Calcule o tempo que a bola leva para atingir a altura máxima da sua trajetória e ache a altura h deste ponto.
c) Ache o alcance horizontal R, ou seja, a distância entre o ponto inicial e o ponto onde a bola atinge o chão.

a) Dados: vo = 37,0 m/s;  = 53,1º; t = 2,0 s; x = ?, y = ?

O primeiro passo é projetar o vetor vo :

𝑣𝑜𝑥 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 37,0 ∙ 𝑐𝑜𝑠 53,1 → 𝑣𝑜𝑥 = 22,2 𝑚/𝑠


𝑣𝑜𝑦 = 𝑣𝑜 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 37,0 ∙ 𝑠𝑒𝑛 53,1 → 𝑣𝑜𝑦 = 29,6 𝑚/𝑠

Podemos então achar a posição da bola para t = 2,0 s, ou seja, as suas coordenadas x e y:
1 2
𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡 𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡
2
𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 𝑡 1 2
𝑥 = 22,2 2 → 𝑥 = 44,4 𝑚 𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡
2
𝑦 = 29,6(2) − 4,9 2,0 2 → 𝑦 = 39,6 𝑚

Neste exercício não foi pedida a distância, apenas a posição x e y no tempo t = 2,0 s.
Vamos agora encontrar a velocidade da bola para t = 2,0 s, ou seja, as suas coordenadas vx e vy:

𝑣𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 = 22,2 𝑚/𝑠 (novamente reforçando que a velocidade ao longo do eixo Ox (vx) é constante, não muda nunca).

𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡
𝑣𝑦 = 29,6 − 9,8(2)
𝑣𝑦 = 10,0 𝑚/𝑠

v = 24,3 m/s
Vamos achar então o módulo do vetor velocidade:
y = 39,6 m
 = 24,2o
𝑣= 𝑣𝑥2 + 𝑣𝑦2 → 𝑣 = (22,2)2 +(10,0)2 → 𝑣 = 24,3 𝑚/𝑠

E para achar o ângulo com o eixo horizontal (direção e sentido): x = 44,4 m

𝑣𝑦 10,0
𝑡𝑔 𝜃 = → 𝜃 = tan−1 → 𝜃 = tan−1 0,450 → 𝜃 = 24,2°
𝑣𝑥 22,2
b) Vamos agora achar o tempo que a bola leva para atingir a altura máxima, e qual o valor desta altura.

A altura máxima será atingida quando a velocidade no eixo y for igual a zero (vy = 0).

Usando esta condição, podemos achar o tempo que a bola leva para atingir
esta altura. t = 3,02 s

𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡
0 = 29,6 − 9,80 ∙ 𝑡
𝑡 = 3,02 𝑠 h = 44,7 m

Uma vez encontrado o tempo, podemos então calcular a altura, usando a equação que calcula a posição em y.
Substituindo o tempo (t = 3,02 s) na equação:

1 2
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡
2
1
𝑦 = 29,6(3,02) − 𝑔(3,02)2
2
𝑦 = 89,4 − 44,7 → 𝑦 = 44,7 𝑚
c) Podemos encontra agora a distância com a qual a bala atinge o chão.

Na letra (b) calculamos o tempo no qual ele atinge a altura máxima (t = 3,02 s).
Como o movimento é uma parábola, então o tempo de subida será igual ao tempo de descida.

ttotal = 3,02 + 3,02 = 6,04 s

Encontrado o tempo total, podemos então calcular a distância que a bola atinge o chãoaltura, usando a equação que calcula
a posição em x.

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡
𝑥𝑚𝑎𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 𝑡
𝑥𝑚𝑎𝑥 = 22,2 ∙ (6,04) t = 6,04 s
→ 𝑥𝑚𝑎𝑥 = 134 𝑚
xmax = 134 m
Exemplo 3: Uma ousada mergulhadora salta correndo e horizontalmente de um rochedo para um mergulho, conforme a
figura. Qual deve ser a sua velocidade mínima quando salta do topo do rochedo, de modo que ele consiga ultrapassar
uma saliência no pé do rochedo, com largura de 1,75 m e 9,0 m abaixo do topo?

Vamos aos dados:


ymax= – 9,0 m; xmax = 1,75 m; voy = 0; vox= ?

Sabendo o valor da altura, usamos a equação que calcula a posição em y


para achar o tempo de queda:
1
𝑦 = 𝑦𝑜 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡 2
2
1
𝑦 = − 𝑔𝑡 2
2
2 2
−9,0 = −4,9𝑡 → 𝑡 = 1,84 → 𝑡 = 1,36 𝑠

Podemos achar então a velocidade inicial em x (vox) usando a equação da posição para o eixo x:

𝑥 = 𝑥𝑜 + 𝑣𝑜𝑥 𝑡 Esta é a velocidade inicial mínima no eixo x (vox) para que ele
𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 𝑡 ultrapasse a distância de 1,75 m.
1,75 = 𝑣𝑜𝑥 ∙ 1,36 → 𝑣𝑜𝑥 = 1,29 𝑚/𝑠

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