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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Flexão Pura
6.1 Introdução - Vigas carregadas transversalmente

• Uma viga é um elemento que apresenta uma das dimensões,


comprimento, muito maior do que as outras duas dimensões.

• A linha que une o centro de gravidade de todas as seções transversais


constitui-se no eixo longitudinal da peça e dizemos que uma viga é
carregada transversalmente quando suas cargas são perpendiculares à
este eixo.
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• Sabemos que uma viga que tem cargas perpendiculares ao seu eixo,
desenvolve em suas seções transversais solicitações de momento fletor
(M) e esforço cortante (V ou Q) , sendo o momento fletor responsável
pela flexão e o esforço cortante responsável pelo cisalhamento da viga.

• O esforço cortante tem muitas vezes uma influência desprezível no


comportamento da peça e podemos, com a finalidade acadêmica,
desprezá-lo, estudando o efeito da flexão isolada.

• Feitas estas considerações, podemos iniciar classificando a flexão em:


Flexão
Pura
Flexão
Flexão
Simples
• FLEXÃO PURA: desprezado o efeito do esforço cortante

• FLEXÃO SIMPLES: momento fletor e esforço cortante considerados


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• Sabemos também que a posição do carregamento em relação à
posição da seção transversal da peça deve ser analisada.

• Convencionando por x e y os eixos principais centrais de inércia da


seção transversal da viga. Temos condições de determinar estes eixos
e também os momentos de inércia que à eles correspondem.

• A posição do plano de carregamento pode ser a mais diversa possível,


e devemos comparar esta posição com a posição dos eixos principais
centrais de inércia da seção transversal.

• Podemos classificar a flexão como:

Flexão
Reta
Flexão
Flexão
Oblíqua
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• Flexão Reta: ocorre quando o plano de solicitações (PS) contém um
dos eixos principais centrais de inércia da seção (x ou y), como
representado abaixo.

PS contém eixo y PS contém eixo x

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• Flexão Oblíqua: ocorre quando o plano de solicitações (PS) é desviado
em relação aos eixos principais centrais de inércia da seção,
representada abaixo.

PS não contém nenhum eixo principal central de inércia da seção

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A classificação definitiva para a flexão fica:

Reta
Flexão
Pura
Oblíqua
Flexão
Reta
Flexão
Simples
Oblíqua

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6.1.1 Flexão pura reta

É o caso mais simples e o mais comum de flexão. Nas estruturas o


mais comum é o plano de solicitações (PS) vertical, pois é o plano que
contém as cargas peso.
Inicia-se o estudo por um caso simples de uma viga de seção
transversal retangular, e sujeita a uma carga P, conforme figura abaixo.
Destacam-se as seções S1 e S2 .
P

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Isolado o trecho compreendido entre as seções S1 e S2 podem-se
observar as deformações e concluir:

1. As fibras de baixo se alongaram, e isso nos diz que deve haver uma
tensão normal de tração capaz de provocar este alongamento.

2. As fibras de cima se encurtaram e o fizeram porque houve uma tensão


normal de compressão que as encurtou.
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3. Existe uma linha na seção transversal na altura do eixo longitudinal
constituída por fibras que não alongaram e nem encurtaram, nos
fazendo concluir que nesta linha não existe tensão normal. Chamamos
esta linha de LINHA NEUTRA (LN) e neste exemplo ela coincide com o
eixo x , que é eixo principal central de inércia da seção transversal
retangular. A linha neutra LN representa fisicamente o eixo em torno do
qual a seção gira.

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6.1.2 Tensões normais desenvolvidas

Para calcular as tensões normais desenvolvidas em uma seção


transversal, adota-se as seguintes notações e convenções:

• viga de seção retangular (b x h) , onde os eixos principais centrais de


inércia são os eixos de simetria (x,y);

• plano de solicitações verticais (cargas peso);


• σ - tensões normais: (+) tração e (-) compressão;

• Ix - Momento de inércia da seção em relação ao eixo x, eixo principal


central de inércia;

• Mx - momento fletor atuante na seção transversal devido à ação das


cargas: (+) traciona as fibras da parte de baixo da seção transversal,
(-) traciona as fibras de cima da seção transversal;

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• eixos principais centrais de inércia: o sentido convencionado para estes
eixos será contrário ao dos eixos coordenados:

x G

• y - ordenada genérica da fibra considerada, ou seja, da fibra para a qual


se quer calcular as tensões normais; sinal (+) ou (-) , de acordo com a
orientação convencionada para o eixo y.

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A equação que nos permite calcular a tensão normal desenvolvida nos
diversos pontos que constituem a seção em estudo é:
σmáx,c

Mx
Mx Mx
σy = ⋅y
LN

Ix
σmáx,t

Na equação acima a tensão desenvolvida depende diretamente do


momento fletor que atua na seção e é inversamente proporcional ao
momento de inércia da seção (o momento de inércia representa
fisicamente resistência ao giro). A tensão também é diretamente
proporcional a ordenada y, que representa a distância da fibra em que se
deseja calcular a tensão até a linha neutra, ficando de acordo com a lei de
Hooke, pois as deformações crescem com a distância à linha neutra.

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Observação:

Se tivéssemos exemplificado com o Plano de Solicitações horizontal, as


seções girariam em torno do eixo y e a expressão ficaria:

My
σx = ⋅x
Iy

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6.1.3 Tensões normais extremas (máxima e mínima)
As máximas tensões de tração e de compressão ocorrem nos pontos
mais afastados da Linha Neutra, porque são nestes pontos que a
deformações são máximas. Para facilitar o cálculo das tensões normais
máximas, dividem-se as peças em duas categorias:
6.1.3.1 Peças Simétricas em relação ao eixo de giro (eixo x)
Exemplo: Seção Retangular
σmáx,c

h Mx
y máx,c = Mx σ máx ,t = ⋅ ymáx ,t
2 Ix
Mx LN
Mx
h σ máx ,c = ⋅ ymáx ,c
y máx,t = Ix
2

σmáx,t
h
y máx,t = y máx,c = σ máx ,t = σ máx ,c
2
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6.1.3.2 Peças não simétricas em relação ao eixo de giro (eixo x)
Exemplo: Seção T

σmáx,c

y máx,c Mx

Mx LN
y máx,t

σmáx,t

y máx,t ≠ y máx,c σ máx ,t ≠ σ máx ,c

Nas seções não simétricas as convenções devem ser observadas com


cuidado pois a simples inversão de qualquer sentido ou sinal torna os
resultados diferentes dos observados na prática.
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6.1.4 Módulo de resistência à flexão (W)

Por definição, módulo de resistência à flexão é a relação entre o


momento de Inércia da seção em relação à um eixo, e a maior distância da
seção em relação ao mesmo eixo. Como foi exemplificado o caso de
cargas verticais em que o eixo de rotação (LN) é x, teríamos:
Ix
Wx =
ymáx
Substituindo na expressão que nos dá a tensão máxima, tem-se:
Mx Mx Mx
σ máx = ⋅ ymáx = = σ máx =
Mx
Ix Ix Wx Wx
ymáx
Tratando do caso de momento fletor My (rotação em torno de y), a
expressão fica:
Iy My
Wy = σ máx =
xmáx Wy

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Tabela – Momento de Inércia de Seções Usuais

b ⋅ h3 h ⋅ b3
Ix = Iy =
12 12

B ⋅ H 3 b ⋅ h3
Ix = −
12 12

H ⋅ B3 h ⋅ b3
Iy = −
12 12

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Tabela – Momento de Inércia de Seções Usuais

π ⋅ D4
Ix =
64

π ⋅ (D 4 − d 4 )
Ix =
64

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Exemplo 1
A peça de máquina de ferro fundido é solicitada por um momento M = 3
kN m. Sabendo-se que o módulo de elasticidade E = 165 GPa, determine
as tensões máximas de tração e compressão.

SOLUÇÃO:
Baseado na geometria da seção
transversal, calcular a localização do
centróide e momento de inércia.

Y =
∑ yA
∑A
(
I x′ = ∑ I + A d 2 )
Aplicar a fórmula da flexão elástica para
encontrar as tensões máximas de tração
e compressão.

M
σm = y
I
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Cálculo das propriedades geométricas:
SOLUÇÃO:
Baseado na geometria da seção transversal,
calcular a localização do centróide e momento
de inércia.

Area, mm 2 y , mm yA, mm3


1 20 × 90 = 1800 50 90 ×103
2 40 × 30 = 1200 20 24 ×103
∑ A = 3000 ∑ yA = 114 ×10
3

3
∑ yA 114 ×10
Y = = = 38 mm
∑A 3000

( ) (121 bh3 + A d 2 )
I x′ = ∑ I + A d 2 = ∑
= (12
1 90 × 203 + 1800 × 12 2 ) + ( 1 30 × 403 + 1200 × 182 )
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I = 868 × 103 mm 4 = 868 × 10-9 m 4

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Cálculo das tensões

Aplicar a fórmula da flexão elástica para encontrar


as tensões máximas de tração e compressão.

M
σm = y
I
M 3 kN ⋅ m × 0 . 022 m σ A = +76.0 MPa
σA = yA =
I 868 × 10 − 9 m 4
M 3 kN ⋅ m × 0 . 038 m σ B = −131.3 MPa
σB =− yB = −
I 868 × 10 − 9 m 4

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Exercícios:
1. O momento fletor indicado na figura atua no plano vertical. Determinar
as tensões normais nos pontos A e B sobre a seção transversal
mostrada. a) (Resposta: -94,0 MPa e -62,7 MPa);

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2. Determine o máximo momento fletor Mx que podem ser aplicado à
seção transversal do perfil de abas largas mostrado na figura. O
material deste perfil tem σadm = 155 MPa. (Resposta: 80,3 kN.m)

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3. Duas forças verticais são aplicadas à viga que tem a seção transversal
indicada. Determinar as tensões normais máximas de tração e
compressão na viga. (Resposta: +73,2 MPa; -102,4 MPa)

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4. Determine a tensão de flexão máxima na viga de seção retangular 15 x
40 cm submetida à um carregamento conforme figura abaixo e
represente a distribuição de tensão na seção transversal.
45 kN (resp.: σmax=21,87 MPa
10 kN/m σmin=-21,87MPa)

5m

5. Determinar a máxima carga P que pode ser aplicada à estrutura


representada na figura abaixo, sabendo que a seção transversal é de 5
x 10 cm e a tensão admissível igual 250 MPa. (resp.: P=13,87 kN)
P P

10cm

1,5m 2,5m 1,5m


5cm

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