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Mecânica dos Solos I

05-Estrutura dos solos

Campus Alto Paraopeba

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Índices Físicos:

• Introdução
• Relações entre volumes
• Relações entre massas
• Relações entre massas e volumes
• Diagrama de Fases
• Relações entre os índices
• Compacidade relativa
• Ensaios para determinação dos índices físicos

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Introdução

3
Introdução

O comportamento de um solo depende da quantidade relativa entre as três


fases que o constituem: água, sólidos e ar. Diversas relações são
empregadas para expressar as proporções entre estas fases. As relações
físicas destas, (massa e volume) é denominada de relações físicas. Assim
temos relações entre os volumes de cada fase, relações entre as massas
de cada fase e relações entre massa e volume das fases.

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Índice Físico – Relação entre
Volumes

5
Índice Físico – Relação entre Volumes

Porosidade ()

A porosidade () é definida como a relação entre o volume de vazios e o


volume total. O intervalo de variação da porosidade está compreendido entre 0
e 1.

Grau de saturação (Sr)

Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água, ou


100% ocupado quando saturado. A relação entre o volume de água e o volume
dos vazios é definida como o grau de saturação (Sr), expresso em
percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).

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Índice Físico – Relação entre Volumes

Índice de Vazios (e)

O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o


volume das partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser
maior do que a unidade. Sua variação é de 0 a 

Teor Volumétrico ( w)

O teor de umidade volumétrico relaciona o volume de água com o volume


total da amostra estudada, geralmente apresentamos esse índice em
porcentagem.
 
𝑉𝑤
𝜃𝑤 =
𝑉
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Índice Físico – Relação entre Volumes

A seguir resumo das relações volumétricas

VOLUME
Vv
Índice de vazios e
Vs

Grau de Vw
Sr 
saturação Vv

Vv
Porosidade n
V
Teor de umidade Vw
volumétrico w 
V

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Índice Físico – Relação entre
Massas

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Índice Físico – Relação entre Massas

O teor de umidade é definido como a relação entre a massa de água e a


massa dos sólidos em uma porção do solo, sendo expressa em
porcentagem. É comum relacionar este índice pelos pesos de água e de
sólidos (peso de solo seco), sendo a diferença entre massa e peso a
aceleração da gravidade.

 
𝑴𝒘
𝒘=
𝑴𝒔

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Índice Físico – Relação entre (Massas ou
Pesos) e Volumes isto é Peso específico
() e Massa Específica ()

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Índice Físico – Relação entre (Massas ou Pesos) e Volumes
isto é Peso específico () e Massa Específica ()

O peso específico aparente ()

O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu


volume total, incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o
volume de vazios do solo. A massa específica do solo possui definição
semelhante ao peso específico, considerando-se agora a sua massa.

O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das


partículas sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume
ocupado pelas partículas sólidas (sem a consideração do volume ocupado
pelos vazios do solo). É o maior valor de peso específico que um solo pode
ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos densas que
as partículas sólidas.

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Índice Físico – Relação entre (Massas ou Pesos) e Volumes
isto é Peso específico () e Massa Específica ()

Peso específico aparente seco (d)

Corresponde a um caso particular do peso específico do solo, obtido para


Sr = 0. Ou em outras palavras peso total do solo menos o peso da água
sobre o seu volume total.

Peso específico do solo Saturado

É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados


pela água. É numericamente dado pelo peso das partículas sólidas
dividido pelo volume total do solo.

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Índice Físico – Relação entre (Massas ou Pesos) e Volumes
isto é Peso específico () e Massa Específica ()

Peso específico do solo submerso

Neste caso, considera-se a existência do empuxo de água no solo. Logo, o


peso específico do solo submerso será equivalente ao o peso específico do
solo menos o peso específico da água. Ocorre quando se analisa um solo
que se encontra abaixo do nível de água.

’ =

OBSERVAÇÃO: As distinções entre os pesos específicos de solo saturado


e submerso serão melhor compreendidas quando do estudo do capítulo
tensões geostáticas, onde se apresenta o princípio das tensões efetivas,
proposto por Terzaghi para representar o comportamento dos solos em
termos de resistência ao cisalhamento e deformação.

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Índice Físico – Relação entre (Massas ou Pesos) e Volumes
isto é Peso específico () e Massa Específica ()

A seguir resumo das relações de peso específico.

PESO E VOLUME
Peso específica Ms
s 
dos sólidos Vs

Peso específica Mw
w 
da água Vw

Peso específica Ms
d 
aparente seca V

Peso específica M

do solo V

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Diagrama de Fases

16
Diagrama de Fases
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão
modificadas caso no lado esquerdo, os volumes de água, ar e sólidos sejam
divididos por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este
fator pode ser escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne
unitário (VS = 1). Deste modo, se utilizarmos as relações entre volumes e entre
pesos e volumes, definidas anteriormente, temos:

VOLUME MASSA

Considerando Vs = 1 tem-se:
Var Gasosa Vv
eVv e  Vv = e
Vs  1
Vw Líquida Mw
V M

1Vs Sólida Ms

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Diagrama de Fases

VOLUME MASSA
V = 1+ e
Var Gasosa
eVv
Vw Líquida Mw
1+ V
e M

1Vs Sólida Ms

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Diagrama de Fases

VOLUME MASSA
Vw
Sr   Vw  Sr . e
Vv
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida Mw
1+ V
e M

1Vs Sólida Ms

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Diagrama de Fases

VOLUME MASSA
Mw
w   M w   w Vw
Vw
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida gw.Sr.e
Mw M w   w Sr e
1+ V
e M

1Vs Sólida Ms

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Diagrama de Fases

VOLUME MASSA
Considerando Vs = 1 tem-se:
Var Gasosa Ms
s   Ms   s
eVv Vs

Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e

1+ V
e M

1Vs Sólida gMs


s

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Diagrama de Fases

VOLUME MASSA
Mw
w  M w  w.  s
Ms
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e =

1+ V
e M
w.gs

1Vs Sólida gMs


s

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Relações entre os índices

VOLUME MASSA

Var Gasosa
eVv gw.Sr.e =
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e = w.gs
1+ V
e M
w.gs
w s
e
1Vs Sólida gMs
s  w Sr

w s
e
 w Sr

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Relações entre os índices

VOLUME MASSA

Var Gasosa M = Ms + M w M = gs + gw.Sr.e


eVv
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e =

1+ V
e gM + w.g
s g .Sr.e
w
s
M = gs + w.gs
1Vs Sólida gMs
s w.gs

Como a massa de ar é muito


w s pequena, quando comparada
e M = gs + w.gs às massas da água e dos
 w Sr
sólidos, a massa da fase
gasosa será sempre
desprezada no cálculo da
massa do solo.
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Relações entre os índices

VOLUME MASSA

M    w Sr e
  s
V 1 e
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e =

1+ V
e gM + w.g
s g .Sr.e
w
s

1Vs Sólida gMs


s w.gs

w s
e M = gs + w.gs
 w Sr
   w Sr e
 s
1 e

25
Relações entre os índices

VOLUME MASSA

M   w s
  s
V 1 e
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e =

1+ V
e gM + w.g
s g .Sr.e
w
s

1Vs Sólida gMs


s w.gs

w s
e M = gs + w.gs
 w Sr
   w Sr e s  w s
 s 
1 e 1 e

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Relações entre os índices

VOLUME MASSA Mw  S e
w w w r
Ms s
Var Gasosa Ms 
d   d  s
eVv V 1 e
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e = V e
n v  n
1+ V
e gM + w.g
s g .Sr.e
w
s V 1 e

 s 1  w 
1Vs Sólida gMs w.gs     d 1  w 
s
1 e d

w s s
e M = gs + w.gs e 1
 w Sr d
   w Sr e s  w s
 s 
1 e 1 e

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Relações entre os índices

VOLUME MASSA Vw Se
w   w  r
V 1 e
Var Gasosa
eVv
Sr.e
Vw Líquida gMw
w.Sr.e =

1+ V
e gM + w.g
sg .Sr.e
w
s
Sr w  s
w 
1Vs gMs w.gs  w Sr  w  s
Sólida s

w s  w Sr e s 
e M = gs + w.gs w d  e s 1
 w Sr s 1 e d
   w Sr e s  w s e
 s  n    d 1  w 
1 e 1 e 1 e

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Relações entre os índices

VOLUME MASSA

ar
e

1+e
Sr.e água Sr.e.gw
gs+Sr.e.gw

1 sólidos gs

ar
n

1
Sr.n água Sr.n.gw
Sr.n.gw+(1-n).gs

1-n sólidos (1-


n).gs

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LIMITES DE VARIAÇÃO DOS ÍNDICES FÍSICOS

CORRELAÇÕES ENTRE OS DIVERSOS


ÍNDICES FÍSICOS

CORRELAÇÕES ENTRE OS
DIVERSOS ÍNDICES FÍSICOS

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Compacidade relativa

31
Compacidade relativa

Conforme discutido neste curso, por possuírem arranjos estruturais bastante


simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou
pouca presença de finos) podem ter o seu comportamento avaliado
conforme a sua curva característica e a sua densidade relativa DR (ou
também conhecida como Compacidade Relativa (CR)). Conforme equação
abaixo.

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Compacidade relativa

Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e dmáx; todos


eles envolvem alguma forma de vibração. Para emax e dmin, geralmente se adota a
colocação do solo secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo
cuidado para evitar qualquer tipo de vibração. Os procedimentos para a
execução de tais ensaios são padronizados em nosso País pelas normas NBR
12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do Globo, não havendo
ainda um consenso internacional sobre os mesmos. A Compacidade Relativa
(densidade relativa) é um índice adotado apenas na caracterização dos SOLOS
NÃO COESIVOS. CR (%) Estado Fonte – Braja 2007

emax  enat 0-15 Muito fofo

CR  .100(%) 15-35 Fofo


emax  emin 35-65 Medianamente compacto
65-85 Compacto
emax = índice de vazios correspondente ao 85-100 Muito compacto
estado mais fofo possível
emin = índice de vazios correspondente ao CR = ID Estado Fonte – NBR 6502
estado mais compacto possível 0 < ID ≤ 1/3 Fofo
enat = índice de vazios natural 1/3 < ID ≤ 2/3 Medianamente compacto
33
2/3< ID ≤ 1 Compacto
Compacidade relativa

NOTAS IMPORTANTES:

a) A densidade relativa é o fator preponderante, tanto na deformabilidade


quanto na resistência ao cisalhamento de solos grossos, influindo até na
sua permeabilidade.

b) A densidade relativa pode ser utilizada na estimativa preliminar de regiões


sujeitas à liquefação e no controle de compactação de solos não
coesivos.

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Determinação dos índices físicos

Os índices físicos determinados de forma direta em laboratório são os que se


apresentam a seguir:

 Teor de umidade – NBR 6457:2016 ANEXO A


 Massa específico dos grãos – NBR 6458:2016 ANEXO B
 Peso específico natural – NBR 16867:2020
Teor de umidade Determinação dos índices físicos

Uma porção é colocada numa cápsula de alumínio, pesada e em seguida levada à estufa
até constância de peso. O tempo de permanência varia com o tipo de solo, sendo
de cerca de 6 horas para solos arenosos e às vezes, até de 24 horas, para solos
argilosos. Pesa-se o conjunto massa seca e cápsula e, com a tara da cápsula
determinada de início, pode-se calcular o teor de umidade por meio da seguinte
expressão:

9
0
1 ESTUFA
8 2 SOLO
7 3

6 4
5
6 a 24 horas
PBS = Peso bruto seco = 4,43 N
  𝑃𝐵𝑈 − 𝑃 𝐵𝑆
Pc = Tara da cápsula = 2,32 N 𝑊 (%)= .100
PBU = Peso bruto úmido = 4,97 N
𝑃 𝐵𝑆 − 𝑃𝐶
 
4,97 − 4,43
𝑊 (%)= .100=25,
4,43 − 2,32
Peso específico natural Determinação dos índices físicos

De um corpo-de-prova cilíndrico, já talhado para ensaios usuais de laboratório, fazem-


se determinações do diâmetro e da altura para cálculo do volume
Pesa-se o Corpo-de-Prova.
Desta forma, determina-se o peso específico do solo.

PESO
VOLUME
9 0 1


8 2
7 3
H = 10 cm 6 5 4 =

D = 6,5 cm  =

VOLUME = 331,83
331,83cm³

PESO = 5,9
5,9NN
cm³
 = 17,78 kN/m³
Peso específico natural Determinação dos índices físicos

Para uma amostra de forma não-definida, utiliza-se o recurso da Lei de


Arquimedes para determinação do volume.

Ao se colocar uma amostra em


um recipiente cheio de água,
esta deslocará uma quantidade
de água igual ao seu volume.
Volume da amostra

Quando retiramos a amostra,


podemos conhecer o seu
volume através da diferença de
leitura do recipiente, ou pela
diferença de peso.
Peso específico natural Determinação dos índices físicos

Uma amostra de solo é talhada, pesada e amarrada a um fio.


Em seguida, imersa em parafina derretida e novamente pesada.
Com o uso de uma balança hidrostática o peso deste corpo-de-prova parafinado é
determinado. A diferença entre o peso ao ar e o peso imerso é o volume total da
amostra, descontando o volume da parafina.

0 1
9
8 2

9
0 1 Peso CP natural 7 3
6 4
8 2 5

7 3
Peso CP parafinado
6
5
4
Peso CP submerso

PARAFINA
Peso específico dos grãos Determinação dos índices físicos

Para se determinar o peso específico dos sólidos é necessário, primeiramente, que se calibre
o balão volumétrico ou picnômetro.
Para isso toma-se um balão volumétrico com água destilada até a marca no gargalo.
Determina-se a temperatura e o peso do conjunto (água + balão).
Repete-se essa operação para valores de temperatura entre 10 e 40ºC, mantendo-se o nível
d’água sempre na marca do gargalo.
Com esse pares de valores constrói-se a curva de calibração do balão, que fornecerá o peso
(P1) para os cálculos do peso específico dos sólidos.

P1 (º C)

Temperatura
Peso P1

Temperatura (º C)
Curva de calibração do picnômetro
Peso específico dos grãos Determinação dos índices físicos

Uma porção de solo (Ps) é colocada num balão volumétrico (picnômetro) e completada
com água destilada até a marca de referência.
Pesa-se o conjunto picnômetro, água e solo (P2), determina-se a
temperatura da suspensão e mediante a curva de calibração do
picnômetro, determina-se o peso do picnômetro e água (P1) para a
temperatura do ensaio.

645,5
2
645,0 y = -0,002792x + 0,004859x + 645,266934

P1 644,5

644,0

Ppic + Pagua
643,5
643,0
642,5
Temperatura 642,0
641,5
Peso P2 641,0
640,5
640,0
5 10 15 20 25 30 35 40
Temperatura (ºC)

Curva de calibração do picnômetro


Peso específico dos grãos Determinação dos índices físicos

Sendo P1 = Pw + Ppic
P2 = Pw’ + Ps + Ppic
A diferença entre os pesos P1 e P2 permitirá a determinação do volume de água
deslocado pelo grãos do solo :
P1-P2 = Pw-Pw’- Ps ou DPw = Pw-Pw’ = P1-P2+Ps
Pw
Vs 
w
Portanto, o volume dos sólidos corresponde a:
P P Ps
 s  s  s . w   s  . w
Vs Pw P1  P2  Ps
O peso específico é obtido por:

Normalmente são feitas duas repetições do ensaio, e o ensaio é aceito se entre


eles a máxima diferença for igual a 0,02g/cm³.
Peso específico dos grãos Determinação dos índices físicos

Densidade “Gs” : também é denominada de massa específica dos sólidos, tem o


principal objetivo mostrar o que “os sólidos pesam em comparação com o
mesmo volume de água”.

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Referências Bibliográficas

Barbosa, P.S.A. Notas de Aula. UFV: Curso de Engenharia Civil, 2009.

Braja, M. D. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 1ª ed. Cengage Learning. 2007.

CRAIG, R. F. Mecânica dos Solos, 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

Ortigão, J.A.R. Introdução à Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. 3ª ed. Rio de Janeiro.
LTC.2007.

Pinto, C.S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3ª ed. Oficina de Textos. 2006.

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