ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS

2.1 Índices físicos do solo

São relações entre as diversas fases do solo que procuram
caracterizar as condições físicas em que este se encontra.

Para fins de estudo ar

dos índices físicos, um

Vazios do
sólidos solo água
elemento real de solo ar
pode ser representado Parte sólida sólidos
esquematicamente água do solo

com as três fases Esquema de um Elemento de solo com as

separadas → elemento real de solo fases separadas

Principais relações utilizadas nas definições dos índices físicos:

- Relações entre massas (ou pesos).
- Relações entre volumes.
- Relações entre massas e volumes (ou pesos e volumes)
 Elemento real de solo Volumes Massas Pesos (P = M.g)

Var ar Mar  0 Par  0

Vazios
Vv
sólidos Vw água Mw Pw
V M P
ar

Sólidos
Vs sólidos Ms Ps
água

a) Relação entre massas (ou pesos) mais utilizada:

- Teor de umidade (w): É a relação entre a massa de água (Mw)
e a massa de sólidos (Ms) presente na amostra de solo.

M P O teor de umidade PW = MW.g (peso de água)

w= W ou w= W é expresso em PS = MS.g (peso de sólidos)
MS PS
porcentagem (%) g = aceleração da gravidade

Apesar do teor de umidade ser expresso em porcentagem, ele não é uma

relação percentual exata, pois seu valor máximo não está limitado a 100%.

Assim, por exemplo, um solo com w = 200% significa que este possui o
dobro de massa de água em relação à massa de sólidos.
b) Relações entre volumes mais utilizadas:
* Porosidade (n) * Índice de vazios (e) * Grau de saturação (Sr)

b.1) Porosidade (n): É a relação entre o volume de vazios (Vv)

e o volume total (V) da amostra de solo.
VV
n= A porosidade (n) é expressa em porcentagem (%)
V

b.2) Índice de vazios (e): Relação entre o volume de e = VV

vazios (Vv) e o volume de sólidos (Vs) da amostra. VS

b.3) Grau de saturação (Sr): Relação entre o volume de VW

Sr =
água (Vw) e o volume de vazios (Vv) da amostra. VV

O grau de saturação (Sr) é expresso em porcentagem (%)

Solo saturado →Vazios completamente preenchidos por água  Sr = 1
(ou Sr = 100%)

Solo seco →Vazios preenchidos somente por ar  Sr = 0 (ou Sr = 0%)

Solo parcialmente saturado →presença de ar e água nos vazios  0 < Sr < 1
(ou 0% < Sr < 100%)
c) Relações entre massas e volumes mais utilizadas:
- Massa específica natural ()
- Massa específica aparente seca (d)
- Massa específica dos sólidos (ou dos grãos) (s)
- Massa específica da água (w)

As massas específicas do solo podem ser expressas em g/cm3, kg/m3, t/m3

c.1) Massa específica natural (): É a relação entre a
M
massa do elemento de solo (M) e seu volume ρ =
total (V). V

c.2) Massa específica aparente seca (d): É a relação

MS
entre a massa de sólidos (Ms) e o volume total ρd =
(V) do elemento de solo. V

c.3) Massa específica dos sólidos (ou dos grãos) MS

(s): É a relação entre a massa dos sólidos (Ms) ρ S =
VS
e o volume ocupado por esses sólidos (Vs).
c.4) Massa específica da água (w): É a relação entre a
massa de água e o volume ocupado pela mesma.
Mw Em aplicações onde não seja necessário
ρw =
Vw considerar a influência da temperatura, adota-se:
w = 1 g/cm3 = 1000 kg/m3 = 1 t/m3

Se, ao invés de massas, forem utilizados os pesos das diversas

fases, os índices físicos também podem ser definidos em
termos de pesos e volumes:

d) Relações entre pesos e volumes:

- Peso específico natural ()
- Peso específico aparente seco (d)
- Peso específico dos sólidos (ou dos grãos) (s)
- Peso específico da água (w)
d.1) Peso específico natural (): É a relação entre o peso e o
volume total do elemento de solo.
d.2) Peso específico aparente seco (d): É a relação entre o
peso de sólidos e o volume total do elemento de solo.
d.3) Peso específico dos sólidos (ou dos grãos) (s): É a
relação entre o peso dos sólidos e o volume ocupado por
esses sólidos.
d.4) Peso específico da água (w): É a relação entre o peso da
água e o volume ocupado pela mesma.

Relações entre massas específicas () e pesos específicos ():

Considerando que: P = M.g

g  9,81 m/s2 (aceleração da gravidade)

P M.g M Portanto:  = .g d = d.g

= = = .g = ρ.g
V V V s = s.g w = w.g
Unidades de força geralmente utilizadas na prática:
(a) Newton → 1N = 1 kg.m/s2
(b) Quilo Newton → 1 kN = 103 N = 1000 N
(b) Quilograma força → 1kgf = 9,81 kg.m/s2 (1 kgf = 9,81 N)
(c) Tonelada força → 1tf = 1000 kgf (1 tf = 9810 N = 9,81 kN)

Para fins de aplicações práticas, é comum adotar 1 tf  10 kN

Unidades de pesos específicos: kN/m3, kgf/m3, tf/m3
Obtenção de pesos específicos a partir de massas especificas
() expressas em g/cm3.

Exemplo para w = 1 g/cm3 (w = 103 kg/m3 = 1 t/m3)

w = w .g = (103 kg/m3).(9,81 m/s2) = 9,81x103 (kg.m/s2)/m3
Logo: w = 9,81x103 N/m3 = 9,81 kN/m3

Como 1 kgf = 9,81 N → w = 103 kgf/m3 = 1 tf/m3

 Elemento real de solo Volumes Massas Pesos (P = M.g)

Var ar Mar  0 Par  0

Vazios
Vv
sólidos Vw água Mw Pw
V M P
ar

Sólidos
Vs sólidos Ms Ps
água

M P M MS MS MW
w= W ou w= W ρ= ρd = ρs = ρw =
MS PS V V VS VW

VV VV VW P PS PS PW
n= e= Sr = = d = s = w =
V VS VV V V VS VW

Variação dos - Teor de umidade: 0  w  1500%

índices físicos: - Porosidade: 0 < n < 100%
Geralmente os - Índice de vazios: 0 < e < 20
índices físicos variam - Grau de saturação: 0  Sr  100%
dentro dos seguintes - Massa específica natural: 1,0    2,5 g/cm3
intervalos: - Massa específica dos sólidos: 2,5  s  3,5 g/cm3
2.2 Determinação dos índices físicos
Dos oito índices físicos definidos anteriormente (w, n, e, Sr, ,
d, s, w) somente os três abaixo são determinados
diretamente em laboratório:
- Teor de umidade (w)
- Massa específica natural ()
- Massa específica dos sólidos (s)

Os demais são obtidos a partir destes por meio de correlações.

Geralmente para a água assume-se que:

- Massa específica: w = 1 g/cm3 = 1000 kg/m3 = 1 t/m3
- Peso específico: w = 9,81 kN/m3 ou w  10 kN/m3  1 tf/m3
2.2.1 Determinação do teor de umidade (w) → Estufa
Tomar uma certa Colocar a cápsula em
quantidade de solo Destorroar o solo, estufa à temperatura de
úmido. colocá-lo na cápsula e
105oC a 110o C, até
determinar a massa da
cápsula + solo úmido constância de massa
Pegar uma cápsula (Mcap_U) (normalmente de 16 a 24
metálica e obter sua horas).
massa (MCap).

Depois de seco, pesar

Mw MCap_U − MCap_S novamente a cápsula +
w= = x100 (%) solo seco e anotar como
MS MCap_S − MCap MCap_S

Apesar do teor de umidade ser expresso em porcentagem, o

mesmo não caracteriza uma relação percentual exata, ou seja
seu valor máximo não está limitado a 100%.

M P
Assim, por ex., um solo com w = 200%
w= W ou w= W significa que este possui o dobro de massa
MS PS
de água em relação à massa de sólidos.
2.2.1 Determinação do teor de umidade (w) → Estufa
2.2.2 Determinação da massa específica natural ()

Geralmente a massa específica natural do solo () é

determinada em corpos de prova talhados para a realização de
algum outro ensaio de interesse.

Se o corpo de prova for talhado na forma cilíndrica, basta obter

a massa e suas dimensões geométricas para que seja possível
calcular seu volume, e dessa forma obter  = M/V.

Medições dos diâmetros Valores Medições das alturas

médios:
d1, d2 120o
6

d i
dm = i =1
h1
d3, d4 6
h3
3 h2
h i
d5, d6 hm = i =1
3
Se: VCP = Volume do corpo de prova  2  MCP
VCP =  . dm . hm =
MCP = Massa do corpo de prova 4  VCP
Massa específica natural:

Caso o corpo de prova seja talhado

dentro de um anel, seu volume será
igual ao volume interno do anel.
da  
VCP = VAnel =  . da2 . ha
4 
ha
MCP
=
Dimensões do anel VCP Solo + Anel

Obs.: Durante a talhagem dos corpos-de-prova (cilíndrico ou com anel)

toma-se um pouco do solo para a determinação do teor de umidade
natural do solo (w).
 Determinação da massa específica no campo com o
emprego do cilindro de cravação
Um dos métodos de campo, que pode ser usado para a determinação da
massa específica natural, é o método do cilindro de cravação (vide figura)

2) Cravação do
cilindro no solo

1) Det. dos dados

do cilindro

Solo úmido

3) Pesagem e det.
do teor de umidade

Massa específica “in Msolo umido Mtotal − Mcilindro

= =
situ” (no campo): V Vcilindro
Exercícios

1- Uma amostra apresenta massa de 92,5 g.

Depois de completamente seca sua massa é de

74,3 g. Calcular sua umidade.
Exercícios

2- Uma amostra de argila saturada tem um

volume de 17,4 cm³ e massa de 29,8 g. Após
secagem total em estufa sua massa passou a ser
19,6 g. Pede-se: a) teor de umidade, b)
massa específica do solo, c) massa
específica seca, d) massa específica dos
grãos sólidos, e) índice de vazios, f)
porosidade.
2.2.3 Determinação da massa específica dos sólidos (s)

Feita geralmente empregando-se um “picnômetro” (ou balão

volumétrico) → “Método do picnômetro”.
Exemplos picnômetros ou balões
volumétricos.
Definição de
massa
específica
dos grãos

MS
ρS =
VS

Princípio do ensaio: Conhecida a massa de sólidos (Ms), utiliza-se o

picnômetro para determinar o volume ocupado por esses sólidos (Vs), com
base no volume de água deslocado pelos mesmos.
Procedimentos básicos do ensaio do picnômetro
1) Encher o picnômetro com água (temperatura T) até a marca de
calibração e obter a massa de água no mesmo (M1 = MwT).
2) Colocar a massa de sólidos (Ms) no picnômetro, preencher com água até
a marca de calibração e determinar a massa total, compreendida pela
água + sólidos (M2 = M”wT + Ms).
Além disso, obter a temperatura da água (T) no momento do ensaio.

(1) (2)

M1 = MwT M2 = M”wT + Ms
V = VwT V = V”wT + Vs
 Corte esquemático dos picnômentros
(1) (2) Objetivo do uso do
picnômetro:
obter o volume dos sólidos
M”wT
MwT V (Vs).
Ms

M1 = MwT M2 = M”wT + Ms
V = VwT V = V”wT + Vs
Mw T
Vw T =
ρwT
Mw
V = VwT = V”wT + VS VS = VwT – V”wT Como ρ w =
Vw
M"w T
V"w T =
ρwT
Mw T M"w T
Logo, VS = − MwT = M1 e M”wT = M2 - MS
ρwT ρwT
Conclusão:
M1 − ( M 2 − M s ) M ρw T MS . ρ w T
VS = ρS = S = Ms . ρS =
ρ wT VS M1 − (M2 − Ms ) MS + M1 − M2
Massa específica da água (w) de 0o a 29,9o
Massa específica da água (w) de 30o a 40o

Observação:
Nos ensaios de laboratório onde o valor da massa
específica da água (w) tem grande influência nos seus
resultados, é necessário recorrer à tabela apresentada para
obter corretamente o valor a ser utilizado nos cálculos.
Massas específicas dos sólidos de alguns minerais típicos dos solos

s s

Como os solos são constituídos por uma mistura de diversos

minerais, a massa específica encontrada através do método do
picnômetro pode ser interpretada como uma média ponderada
das massas específicas dos minerais presentes.

Assim, aquele mineral que estiver presente em maior

quantidade terá maior influência no valor da massa específica
dos sólidos (s) obtida para o solo.