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ASSENTAMENTOS

EM ESTACAS

Prof. António Viana da Fonseca


Previsão de assentamentos

[Poulos, H.G. (2001). “Pile Foundations”. In ‘Geotechnical and Geoenvironmental


Engineering Handbook” - Chapter 10. Edit. R. Kerry Rowe, Boston.]

Métodos de análise via:

1 – Curvas da transferência de carga (t-z), que relacionam tensões de


corte ao longo do fuste com deslocamentos ao longo da estaca (molas não
lineares independentes);
2 – Teoria de elasticidade, que idealiza o solo como um meio elástico
contínuo, permitindo interacção entre os diversos troços da estaca, através do
solo;
3 – Métodos simplificados de análise, que consideram corte localizado
em torno da estaca e conduzem a soluções fechadas;
4 – Métodos numéricos, que utilizam modelos constitutivos dos solos (e
de interface).

Apesar da larga difusão dos métodos de transferência de carga, alguma atenção


deverá ser feita aos métodos 2 e 3, já que conduzem eles mesmos a soluções
paramétricas e ábacos de dimensionamento.
Interacção solo-estrutura nas estacas carregadas axialmente

Se uma estaca carregada axialmente mobiliza um solo dentro de um limiar em que


é válida a teoria da elasticidade, então é viável usar-se uma solução exacta
(fechada) para a distribuição de carga ao longo da estaca e, assim, a distribuição do
assentamento ao longo da mesma, desde que considerada uma simples assumpção
de equilíbrio. A carga transmitida à estaca é transmitida ao terreno pelo atrito lateral
ao longo da mesma e pela capacidade de carga da ponta (base).

Para uma estaca de secção circular, a uma profundidade z verifica-se um


assentamento (w) no solo a uma certa distância da estaca (figura), sendo a tensão
de corte (ττ) na interface entre a estaca e o solo dependente da rigidez destes e das
tensões que se desenvolvem no solo (maciços) em torno da estaca.

Estaca carregada axialmente em solo elástico


ASSENTAMENTOS

EM REGIME PSEUDO-ELÁSTICO

COMPORTAMENTO LINEAR

(RIGIDEZ NÃO DEPENDENTE DOS NÍVEIS DE CARGA)


Previsão com base em ábacos e equações:

Em muitas condições práticas de


Estacas isoladas, as soluções desen-
volvidas em solos em que o módulo
cresce linearmente em profundidade,
são muito adequadas e realistas.

O assentamento à cabeça é
expresso por:
Q
s= Iρ
E SL ⋅ d

Sendo Q, a carga aplicada, d, o diâmetro, ESL, o módulo de Young do solo ao


nível da ponta da estaca, e Iρ, o factor de influência do assentamento.
Pt = Carga no Topo
Superfície do Terreno

Assentamento noTopo, wt
Carga Lateral, Ps

Solo Homogéneo
Es e ν constantes com a
profundidade
Transferência
de Carga

Carga na Base, Pb

Resposta de uma Estaca Rígida


Previsão com base em ábacos e equações:

Este factor (Poulos e Davis, 1980) é dependente de um elevado número de


parâmetros adimensionais, incluindo:

L / d , K b = E p ⋅ R A / E SL

(rigidez de estaca); ESO/ESL e Eb/ESL, em que Ep, módulo


de Young da estaca, RA, ratio da área (depende de variação da secção, R=1
para estacas circulares), RSO, módulo de Young do solo à superfície, Eb ,
módulo de Young do horizonte em que a ponta repousa (ou encastra).
Definições usadas em
Modelos Elásticos
Contínuos:

Q
s= Iρ
E SL ⋅ d

Q ou PT é o mesmo!
Randolph (citado por Fleming et al., 1992) apresenta a seguinte expressão:

 η1 tanh(µL ) L   4η 4 ⋅ π ⋅ ρ ⋅ tanh(µL ) ⋅ L 
I ρ = 4(1 + v s )1 +
1 8
⋅ ⋅ ⋅ ⋅  / + 
 πλ (1 − v s ) ξ µL d   (1 − v s )ξ ζ ⋅ µ L ⋅ d 

sendo: η = d b / d ; d b = diâmetro da ponta de estaca, ξ = E SL / E b ; ρ =(sendo


E s / E SL

Es a média do módulo de Young ao longo do fuste – veja-se figura);

λ = 2(1 + v s ) ⋅ E p / E SL
ζ = ln {0,25 + [2,5ρ (1 − v s ) − 0,25]ξ }2 L / d
0,5
 2  L
µ L = 2  ⋅
ζ ⋅λ  d

Sendo o assentamento ao longo da estaca em qualquer profundidade, z, dada


por:
s z = s L ⋅ cosh[µ (L − z )]
sendo sL , assentamento na base.
Fleming et al. (1992) apresenta aina a possibilidade de determinar a transferência
de carga total para a ponta:

sendo Pb a carga de ponta, que tem uma percentagem em relação à total;


salientando-se que o denominador é igual ao da expressãp do assentamento.

Para ter em conta a não linearidade, recorre-se a um lei do tipo hiperbólica:

sendo Qult a carga última deduzida de um método de capacidade de carga.


ASSENTAMENTOS (DEF. AXIAIS) EM ESTACAS

A determinação de assentamentos pode, simplificadamente, ser aproximada pela


teoria de elasticidade, recorrendo à expressão clássica linear (para meio elástico
contínuo) de:
Q⋅ I ρ
s( = ∂ ) =
E sL ⋅ d

desde que assumidas as simplificações estruturadas por vários autores (Randolph


& Wroth, 1978, 1979; Poulos e Davis, 1980, Poulos, 1989,...) para solos uniformes
ou de rigidez linearmente crescente (solo tipo Gibson) – para os quais surgem
várias soluções para Iρ.
Iρ = I0 ⋅ Rk ⋅ Rν ⋅ Rb

Sendo, para as condições em apreço: com outra simbologia


I0 ≅ 0,12;
Rk ≅ 1 (K=1000) ;
Rν ≅ 0,92 (ν=0,25);
Rb ≅ 0,9 (Eb/Es=1,5)
Vem: Iρ = 0,1
ASSENTAMENTOS (DEF. AXIAIS) EM ESTACAS

Poulos e Davis, 1980, Poulos, 1989:


ASSENTAMENTOS (DEF. AXIAIS) EM ESTACAS
Poulos e Davis, 1980, Poulos, 1989:
ASSENTAMENTOS (DEF. AXIAIS) EM ESTACAS

Poulos e Davis, 1980, Poulos, 1989:


ASSENTAMENTOS

EM ESTACAS

COMPORTAMENTO NÃO LINEAR

(DEGRADAÇÃO DE RIGIDEZ DO MACIÇO/INTERFACE)


ESL é o módulo de deformabilidade da base da estaca (na ponta), mas que tem
em conta a zona de influência e a característica dos solos (ao longo do fuste e na
base). As soluções para o valor de Iρ são dependentes da esbelteza da estaca
(L/d, L é o comprimento útil e d é o diâmetro), do módulo de deformabilidade do
material que a constitui e o do solo !

Aquela expressão pode também integrar a não-linearidade da rigidez dos solos,


tomando com base o módulo de distorção máximo (dinâmico) e a lei:
G / Gmax = 1 − f ⋅ (τ / τ max ) g
E admitindo numa primeira análise (Mayne, 1995 – solos residuais Piedmont):
f=1 e g=0,3
a curva de carga-assentamento pode formular-se assim:

Q ⋅ Iρ
s( = ∂ ) =
[
d ⋅ E0 1 − (Q / Qult ) 0,3 ]
sendo: E0 = G0 ⋅ 2 (1+ν)

Sendo os termos aqui utilizados equivalentes aos anteriormente identificados


para as sapatas. Aqui, Qult pode e deve ser determinado por um dos métodos
consagrados de previsão... e comprovados localmente!
ASSENTAMENTOS

EM ESTACAS

COMPORTAMENTO LINEAR COM TRANSFERÊNCIA DE CARGA

(Metodologia de Fleming et al., 1985)


Análises não dimensionais formulam a relação nestes termos:

τ w
=K⋅
G r0
sendo G o módulo de distorção do solo, r0 o raio da secção da estaca e K uma
constante.

Segundo Fleming et al. (1985), uma aproximação semi-analítica incorre no valor


de K = ¼, admitindo que a área de influência (ou seja, a área do solo em distorção)
se verifica até uma distância que é múltipla do raio da estaca. Algumas
simplificações, nomeadamente a consideração de um comportamento do solo
linear-elástico (G constante) conduzem a uma formulação integrada. Para uma
estaca de módulo e raio r0, obtém-se:
w = A1 ⋅ eηz + A2 ⋅ e −ηz
sendo 1 G
η=
r0 2⋅ Ep

e, por sua vez, os parâmetros restantes:

A1 =
Pt (ξ − 1)(1 − tanh ηl )
2π r02 E p η 1 + ξ tanh ηl
A2 =
Pt (ξ + 1)(1 + tanh ηl )
2π r02 E p η 1 + ξ tanh ηl
com
(1 − v b )π ⋅ r02 E pη
ξ =
4 rb G b
sendo rb o raio da base da estaca (= r0 se não houver alargamento) e Gb o módulo
de rigidez do solo (maciço) de “encastramento” da base (ponta).
O assentamento wt no topo da estaca, para z=0, que é necessário para estimar a
rigidez global da estaca, é dado por: Pt ξ + tanh ηl
wt = ; (∴)
π ⋅ r ⋅ E p ⋅ η 1 + ξ tanh ηl
0
2

Alguns resultados típicos desta transferência de carga são apresentados na figura:

Distribuição de cargas axiais e deslocamentos numa estaca carregada em solo elástico


A variação da carga ao longo da estaca é dada por:
P (ξ + 1)(1 + tanh ηl ) e −ηz − (ξ − 1)(1 − tanh ηl ) eηz
=
Pt 2(1 + ξ tanh ηl )
Sendo esta expressão teoricamente fechada para solos homogéneos. Fleming et
al. (1985) apresentaram outras soluções para solos tipo Gibson (G = K x z).

Será interessante distinguir duas grandes classes de estacas:


- estacas “longas” (em que o assentamento tende a zero com o aumento
da profundidade ao infinito), sendo típicos de estacas relativamente deformáveis em
maciços rijos, para as quais, na expressão (2), A1 = 0 e A2 = (Pt / π ⋅ r0 ) z / Ep ⋅ G , e
consequentemente a variação da carga ao longo do seu comprimento é dada por:
P
= e −η z
Pt
sendo que, na prática, esta condição se verifica para um comprimento de estaca (l)
inferior a um comprimento (l100) para o qual a carga axial se mobiliza em 99%, ou
seja P / Pt =0,01 , logo:
η ⋅ l100 = ln 100 ⇒ l100 / r0 = ln 100 2 E p / G
pelo que conhecendo l100 assim determinado verifica-se se l < l100 e assim se
cumpre a condição de estaca “longa”.
- estacas “curtas”, em que se espera que uma parte não negligenciável da
carga se transmita à base, pelo que há que impor uma condição de fronteira que
assegure compatibilidade desta carga transmitida à base e o correspondente
assentamento; assim, para z=l:

Pb (1 − vb )
wb =
4rb ⋅ Gb

Sendo vb e Gb propriedades elásticas do maciço abaixo da base de raio rb (que


pode ser distinta de r0 ).
ASSENTAMENTOS

EM GRUPOS DE ESTACAS

(Metodologia de Poulos, 2006)


Poulos, H. G. (2006) ASCE GSP nº 153
“Pile group settlement estimations – research to practice”, pp. 1-22

A incorporação de certos aspectos importantes, permitiu rever alguns métodos de


estimativa de assentamentos de grupo, corrigindo “velhas” propostas tendo em conta
particularidades como sejam a rigidez do maciço e sua variação em profundidade e a
alteração das suas características entre estacas, particularmente a sua rigidificação.
Os métodos de estimativa variam entre o semi-empírico e o numérico, baseados em
MEF e outras ferramentas.

Método do factor de interacção (Poulos e Davis, 1980)

Baseado no conceito de interacção dos efeitos dos elementos entre e na própria


estaca, o assentamento de uma estaca “i” num grupo de “n” estacas expressa-se por:
n
wi = Σ ( Pav ⋅ w1 ⋅ α ij )
j =1

sendo Pav, a carga média (P/n), w1 o assentamento de uma estaca isolada sob carga
unitária (ou seja, “a flexibilidade da estaca”) e estando os factores aij (factor de
interacção de estaca i na j – figura) tabelados em expressões e em ábacos.
Mais recentemente, formulações fechadas mais simples foram aparecendo, como
por exemplo a de Mandolini e Viggiani (1997), que as simplificaram, baseando-as
nas expressões seguintes:

Rs1 max =
wg
w1
(0,24 ⋅ R )⋅ n
−1, 23

sendo o wg o assentamento do grupo de estacas, w1 o já referido assentamento da


estaca isolada para a carga média e R um ratio de forma (Randolph e Clancy, 1993):

n⋅s
R=
L
Mais detalhes nos textos de referência…
Novos desenvolvimentos e implicações: se os factores de interacção

não se limitarem a solos homogéneos e em meio elástico, pois a realidade é

bem distinta, como sejam:

- solos não-uniformes em profundidade;

- plastificação do maciço ser inevitável;

- os solos entre estacas podem ter muito maior rigidez do que os solos

na proximidade da interface com as estacas onde as tensões (deformações) são

maiores;

- o efeito de camadas compressíveis subjacentes; e,

- (importante) a aplicação do factor de interacção só à componente

elástica da resposta da estaca isolada (Randolph, 1994) e a consequente

incorporação da não-linearidade da resposta da estaca isolada no factor da

interacção da própria estaca sobre si (Mandolini e Viggiani, 1997).


Poulos (2006) apresenta uma análise para um caso objectivo (figura) e ábacos
correspondentes, em que os factores a são corrigidos de:

i) variação do em profundidade (solo do tipo Gibson);

Caso simples analisado. Influência da variação do módulo no maciço nos factores


de interacção.
ii) rigidez do estrato subjacente à ponta;

Influência da presença de um estrato subjacente muito


rígido nas factores de interacção.
iii) solo mais rígido entre estacas; este factor (consequência da não
perturbação do solo para lá das fronteiras do fuste) pode diminuir muito o factor de
interacção entre estacas.

iv) estacas de dimensão distintas; expressa-se simplificadamente uma


relação de a de dimensões distintas: Li > L,α ij = ( α ii + α jj ) / 2 ; Li > Lj,α ij = α jj ,

Cita os trabalhos de Randolph (2003) e Wong (2003) como mais completos;

v) O efeito da camada compressível - a abordagem é feita com base no


conceito de poço envolvente das estacas (ver abaixo considerações sobre os
módulos adoptados);
vi) Consideração do efeito de interacção exclusivamente na componente
elástica: segundo Mandolini e Randolph (1994) e Viggiani (1997) o assentamento de
uma estaca no grupo é dado por:
n
wi = Σ ( Pav ⋅ s1e ⋅ α ij )
j =l

sendo Pav a carga média, s1e a flexibilidade elástica da estaca; segundo Mandolini e
Viggiani (1997) o factor de interacção para a estaca i, da sua própria carga é dado
por: q
 P 
α ii = 1 / 1 − R f 
 Pu 

sendo Rf um parâmetro hiperbólico (≈1); P a carga, Pu a carga última de estacas e


um expoente de análise (≈2 para análise não linear e ≈1 para análise linear).

A aplicação desta nova correcção resulta em assentamentos de grupo muito


mais baixos, provando a análise convencional é conservativa!...

O autor ainda apresenta formulações incorporando movimentos do maciço e


rotação da cabeça das estacas (Poulos, 2005).
Aplicabilidade de métodos simplificados de análise de assentamentos
de grupos de estacas
- Método do “Ensoleiramento” Equivalente

Segundo o método clássico – Tomlinson (1986), citado por Poulos – a


profundidade representativa varia de 2/3⋅L a L, dependendo das condições dos
maciços de fundação, sendo o primeiro para estacas flutuantes e o segundo para
estacas de ponta. A carga é degradada de um declive com a vertical de 1:4 para
estacas de atrito (flutuantes) e 0 (zero) para as de ponta. Usa-se as formulações da
teoria da elasticidade para fundações directas. Poulos (1993, citado em 2006) testou
este método e concluiu que o método é muito realista para grupos com cerca de 16
estacas, ou mais, e espaçamentos de 3D (≅ ao limite identificado por Van Impe de
só se aplicar a grupos em que a área das estacas seja > que a do ensoleiramento).

- Método do Poço (“Pier”) Equivalente

Neste, o conjunto é substituído por um poço circular de diâmetro equivalente, de


valor:
d e ≅ (1,13 − 1,27 ) ⋅ ( AG )
0 ,5

sendo a área de circunscrição das estacas e o valor inferior mais apropriado para
estacas de ponta e o outro para flutuantes.
Randolph (1994) – citado por Poulos, 2006 - analisou a aplicabilidade com
base num índice:
R = (n ⋅ s / L )
0,5

em que n é o número de estacas e s o espaçamento das estacas com


comprimento L, tendo concluído que para valores de R superiores a 3 o método
é muito realista e para valores de 1 a 3 pode sobrestimar a rigidez em até 20%,
o que é muito razoável para uma estimativa prática.

- Ensoleiramentos Estaqueados (“Pile raft foundations”)

Usados para limitar, sobretudo, os assentamentos, são analisados com base


em métodos simples, na prática corrente, ou métodos complexos, numéricos,
em casos mais envolventes. Um aspecto crítico é o de considerar as 4
componentes de interacção:
(i) estaca-estaca;
(ii) estaca-ensoleiramento;
(iii) ensoleiramento-estaca;
(iv) ensoleiramento-ensoleiramento.

Poulos et al. (2002) – citado em 2006 - desenvolveram um método híbrido (de Poulos
e Davis), posteriormente melhorado por Randolph (por isso se designa “PDR”).
Este método envolve dois passos:
1. Estimativa da capacidade de carga de fundação
2. Formulação de um comportamento tri-linear

Os autores demonstraram que a o seu desempenho é bom (Poulos et al.;


Mandolini et al. 2005 – citados por Poulos, 2006), pelo menos, para condições
de baixa plastificação dos solos. O método não será apresentado nesta nota
técnica, reportando-se para a publicação.

Avaliação de rigidez do solo para estimar o assentamento de “Piled Raft”

Situações:

A determinação dos assentamentos de estacas exigem uma “conveniente”


selecção dos parâmetros de deformabilidade dos solos e sua distribuição no
terreno e, ainda, a sua dependência com o nível de tensão (muitos outros
factores como método de instalação, etc). No entanto, pode-se identificar quatro
substanciais:
1. Es do solo em torno do fuste: influencia muito o assentamento de estacas
isoladas ou de grupos de estacas em pequeno número;
2. Es b , módulo do solo imediatamente abaixo da ponta das estacas: tem forte
influência nos mesmos tipos (isolados ou grupos de poucas estacas);
3. o valor de Es i, módulo do solo entre estacas para pequenas
deformações: afecta a interacção entre estacas;
4. o valor de Es d, módulo dos maciços bem abaixo das pontas de
estacas: influencia os assentamentos de grupos de muitas estacas.

Os valores de Es e Es i reflectem a resposta distorcional, enquanto Es b e


Es d reflectem a resposta volumétrica. Já o valor de Es e Es b são muito
influenciados pelo processo de instalação (cravadas, escavadas; trado ou
moldadas com tubo, etc.), pelo que estes processos devem ser tidos em
consideração, em particular em estacas isoladas ou grupos de número
reduzido de estacas, não sendo relevantes para grupos grandes de estacas.

Esta questão da estimativa dos valores dos módulos tem sido discutido
em vários trabalhos significativos, sendo feita a síntese por Poulos (2006),
com a indicação de que o valor típico para uma análise puramente elástica
(Yamashita et al., 1998, citado pelo autor) é de 0,25 a 0,30 do valor de E0 (Eel,
Edin - (derivado de ensaios sísmicos).
Segundo Poulos (2006), na prática, para um solo em que o G0/su ≅ 5, a razão
aproximada do módulo secante com o E0 é de cerca de 0,4 para um factor de
segurança de 3 e cerca de 0,3 para um factor de segurança de 2.

De toda a forma, a retro-análise de ensaios de carga de estaca é que poderá


aferir estes valores, tendo em conta ensaios in situ com CH (para boa avaliação de
G0) e reconhecimento de resultados em termos de rotura e posição das cargas de
serviços em diferentes níveis de segurança.
Referências bibliográficas

Mandolini, A. & Viggiani, C. (1997). “Settlement of piled foundations”. Géotechnique, 47(4): 791-
816.

Mandolini, A., Russo, G. and Viggiani, C. (2005). “Pile foundations: experimental investigations,
analysis and design”. Proc. 16th Int. Conf. Soil Mechs. Geot. Eng., Osaka, Vol. 1, 177-213.
Poulos, H. G. and Davis, E. H. (1980). “Pile foundation analysis and design”. New York, John
Wiley.

Poulos, H. G. (2005). “Pile behaviour – Consequences of geological and construction


imperfections”. 40th Terzaghi Lecture, Inc. Geot. & Geoenv. Eng., ASCE, 131 (5): 538-563.

Randolph, M. F. (1994). “Design methods for pile groups and piled rafts”. Proc. 13th Int. Conf.
S. M. & Found. Eng., 5: 61-82.

Randolph, M. F. (2003). “Science and empiricism in pile foundation design”. 43rd Rankine
Lecture, Geotechnique, 53 (10): 847-875.

Tomlinson, M. J. (1986). “Foundation design and construction”. 5th Ed., Harlow, Longman.
Wong, S. C. (2003). Application of piles to pavement and embankment construction. PhD
thesis, Univ. of Sydney, Australia.

Yamashita, K., Kakurai, M. and Yamada, T. (1998). Simplified method for analysing piled raft
foundations. Deep Foundations on Bored and Auger Piles, ed. W/.F. van Impe, Balkema,
Rotterdam, 457-464.

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