Você está na página 1de 20

Universidade de Caxias do Sul

Instituto de Materiais Cerâmicos

Determinação da molhabilidade de
superfícies sólidas e do trabalho de
adesão entre fases

Cesar Henrique Wanke – chwanke@ucs.br


Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
e Ciência dos Materiais – PGMAT

Bom Princípio, 18 de julho de 2018


O que será visto

o Molhabilidade
o Método para medir o ângulo de contato
o Cálculo da energia livre de superfície a partir do ângulo de
contato
o Trabalho de adesão
o Exemplos da literatura

2
MOLHABILIDADE

Propriedade superficial que pode ser ajustado pela energia livre


de superfície e/ou pela topografia.

líquido LV SL: tensão na interface sólido-líquido


SV LV: tensão na interface líquido-vapor
SL
sólido
SV: tensão na interface sólido-vapor

No equilíbrio, a energia livre de superfície da interface sólido-


líquido, SL, pode ser expressada pela relação Young:

γSV − γ𝑆𝐿
γ𝑆𝐿 = γSV − γLVcosθ cosθ = (Eq. 1)
γLV
3
MOLHABILIDADE

Outra forma de caracterizar a molhabilidade, é utilizando o


coeficiente de espalhamento S (mN/m):

S = γLV − γSV − γSL (Eq. 2)

Quando γLV ≥ γSV − γSL ( S ≥ 0 )  o líquido irá se espalhar


espontaneamente sobre a superfície.

Quando γLV < γSV − γSL ( S  0 )  o líquido permanecerá na


forma de uma gota.

4
MÉTODOS PARA MEDIR O
ÂNGULO DE CONTATO
Existem basicamente dois métodos para se determinar o ângulo
de contato:

o Proposto por Wilhelmy


(método da lâmina)

o Proposto por Neumann


e Good (método da gota
séssil)

5
MÉTODOS PARA MEDIR O
ÂNGULO DE CONTATO
Método da Gota Séssil – Equipamento comercial

DAS-30
Phoenix
www.kruss-scientific.com
www.se-o.com 6
CÁLCULO DA ENERGIA LIVRE DE SUPERFÍCIE A
PARTIR DO ÂNGULO DE CONTATO
Existem alguns modelos termodinâmicos para se
determinar/estimar a energia livre de superfície:

o Fox e Zisman
o Fowks
o Neumann
o Wu
o Kaelble

o Owens e Wendt
Os mais utilizados
o van Oss, Chaudhury e Good

7
CÁLCULO DA ENERGIA LIVRE DE SUPERFÍCIE A
PARTIR DO ÂNGULO DE CONTATO
Na aproximação de Owens-Wendt:

γS = γS p + γS d (Eq. 3)
Energia livre de superfície Componente dispersiva
Componente polar

Na interface sólido-líquido, tem-se:


1 1
2
γSL = γSV + γLV − 2 γS d γL d + p
γS γL p 2 (Eq. 4)

Ld: componente dispersiva


Lp: componente polar do líquido.
8
CÁLCULO DA ENERGIA LIVRE DE SUPERFÍCIE A
PARTIR DO ÂNGULO DE CONTATO
Substituindo a (Eq. 1) nas (Eq. 3) e (Eq. 4) e combinando as
equações resultantes, tem-se
1 1
γL 1 + cosθ = 2 γS d γL d 2
+ 2 γS p γL p 2 (Eq. 5)

L, Ld e Lp são tabelados e, portanto, conhecidos.

Nesta equação tem-se duas incógnitas (Sp e Sd). Portanto,


precisam-se de duas equações.

A determinação da energia livre de superfície, S (= Sp + Sd), é


feita a partir da medida do ângulo de contato utilizando dois
líquidos de teste com tensão superficial conhecida e polaridade
diferente. 9
CÁLCULO DA ENERGIA LIVRE DE SUPERFÍCIE A
PARTIR DO ÂNGULO DE CONTATO

Tensão superficial (mN/m)


Líquido
Polar Dispersiva Total
Água 21,8 51,0 72,8
n-hexadecano 27,6 zero 27,6
Formamida 19,0 39,0 58,0
Glicerol 30,0 34,0 64,0
Diiodometano zero 50,8 50,8
Dimetilformamida 8,1 29,0 37,1

10
TRABALHO DE ADESÃO

Trabalho termodinâmico necessário para criar uma superfície


sólido-vapor e uma superfície líquido-vapor.

Wa = γLV + γSV − γSL (Eq. 6)

Combinando a (Eq. 6) com a (eq. 1):


Wa = γLV 1 + cosθ (Eq. 7)

Os limites teóricos para o ângulo de contato são zero e 180O.

Para  = 0O Wa = γLV 1 + cos0 = 2γLV

Para  = 180O Wa = γLV 1 + cos180 = zero


11
TRABALHO DE ADESÃO
As propriedades de compósitos são fortemente afetadas pela
interface e/ou interfase. O conhecimento a cerca da tensão de
interface entre reforço e matriz é essencial para otimizar tais
propriedades.

Podemos reescrever as (Eq. 6), (Eq. 4) e (Eq. 2) da seguinte


forma:
W𝑚𝑓 = γ𝑓 + γ𝑚 − γ𝑚𝑓 (Eq. 8)

1 1
2 2
γ𝑚𝑓 = γ𝑓 + γ𝑚 − 2 γ𝑓 d γ𝑚 d + γ𝑓 p γ𝑚 p (Eq. 9)

S𝑚𝑓 = γ𝑓 − γ𝑚 − γ𝑚𝑓 (Eq. 10)

Aonde os subscritos m e f significam matriz e reforço,


respectivamente. 12
NOSSO SISTEMA
Energia livre de Superfície
Amostra Ângulo de contato
(mN.m-2)
polida
Água n-hexa Polar Dispersiva Total
Poliéster 59,4 15,0 26,7 14,9 41,6
PET-RF 5h 78,1 0 27,6 1,9 29,5
PET-RG
84,8 0 27,6 0,2 27,8
5h
PET-RCD
93,0 0 27,6 0,4 28,0
2,5h
PET-RCD
88,9 0 27,6 0,1 27,7
5h

Amostras não polidas!! 13


EXEMPLOS DA LITERATURA

Aproximação de Owens-Wendt 14
EXEMPLOS DA LITERATURA

15
EXEMPLOS DA LITERATURA

16
EXEMPLOS DA LITERATURA

Wollastonite (CaSiO3)
Modificado com aminosilane
Modificado com alkylsilane

17
EXEMPLOS DA LITERATURA

18
REFERÊNCIAS
Adamson, A. W.; Physical Chemistry of Surfaces. John Wiley & Sons: Nova
Iorque, 1982; p 338-352.
Grundke, K. In Polymer Surfaces and Interfaces - Characterization,
Modification and Applications, Stamm, M., (Edt); Springer-Verlag: Berlin,
2008; 103-114.
Starov, V. M.; Velarde, M. G.; Radke, C. J.; Wetting and Spreading Dynamics.
CRC Press: Nova Iorque, 2007.
Li, X. M.; Reinhoudt, D.; Crego-Calama, M.; Chemical Society Reviews. 2007,
36, 1350.
Sproesser, O. et al. International Journal of Adhesion & Adhesives. 2014, 54,
184

Bona, A. D. et al. Dental Materials. 2004, 20, 338

Baley, C. et al. Composites: Part A. 2006, 37, 1626


19
REFERÊNCIAS
Fox, H. W.; Zisman, W. A.; Journal of Colloid Science. 1950, 5, 514.

Fowkes, F. M.; The Journal of Physical Chemistry. 1963, 67, 2538.


Owens, D. K.; Wendt, R. C.; J Appl Polym Sci. 1969, 13, 1741.

Kaelble, D. H.; Journal of Adhesion. 1970, 2, 66.


Wu, S.; The Journal of Physical Chemistry. 1970, 74, 632.
Li, D.; Neumann, A. W.; Advances in Colloid and Interface Science. 1992, 39,
299.

Good, R. J.; Journal of Adhesion Science and Technology. 1992, 6, 1269.


Clint, J. H.; Wicks, A. C.; Int J Adhes Adhes. 2001, 21, 267.
Iztok Švab; Vojko Musil; Mirela Leskovac; Acta Chim. Slov. 2005, 52, 264–271

20

Você também pode gostar