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Centro de Ciência e Tecnologia em

Energia e Sustentabilidade
Geometria Diferencial
Prof. Rodrigo Santos

Lista 2
1) Calcule, para os pontos regulares, a primeira forma fundamental das seguintes
superfícies parametrizadas:
(a) x(u, v) = (a sin u cos v, b sin u sin v, c cos u); elipsóide.
(b) x(u, v) = (au cos v, bu sin v, u2 ); parabolóide elíptico.
(c) x(u, v) = (au cosh v, bu sinh v, u2 ); parabolóide hiperbólico.
(d) x(u, v) = (a sinh u cos v, b sinh u sin v, c cosh u); hiperbolóide de duas folhas.
2) Obtenha a primeira forma fundamental da esfera na parametrização dada pela pro-
jeção estereográfica (cf. Exercício 7, Lista 1 complemento).

Uma Superfície de Revolução (ou de Rotação) S ⊂ R3 é um conjunto obtido ao


girarmos uma curva regular plana e conexa C em torno de um eixo no plano que não
encontra a curva. Para obtermos uma parametrização de S, fazemos o seguinte:
Considere o plano xz com o plano da curva e o eixo Oz como o eixo de rotação. Seja

x = f (v), z = g(v), a < v < b, f (v) > 0,

uma parametrização de C e denote por u o ângulo de rotação em torno do eixo Oz. Assim,
obtemos a aplicação
x(u, v) = (f (v) cos u, f (v) sin u, g(v))
do conjunto aberto U = {(u, v) ∈ R2 ; 0 < u < 2π, a < v < b} em S.
Verifique que x satisfaz as condições para uma parametrização na definição de su-
perfície regular. Como S pode ser inteiramente coberta por parametrizações similares,
segue-se que S é uma superfície regular.
A curva C é chamada curva geratriz de S, e o eixo Oz é o eixo de rotação de S. Os
círculos descritos pelos pontos de C são chamados de paralelos de S, e as várias posições
de C sobre S são os chamados meridianos de S.

3) Calcule a área do toro. Para isto, considere a vizinhança coordenada correspondente


à parametrização

x(u, v) = ((a + r cos u) cos v, (a + r cos u) sin v, r sin u),

onde 0 < u < 2π e 0 < v < 2π, que cobre o toro, exceto por um meridiano e um paralelo.

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4) Mostre que uma superfície de revolução sempre pode ser parametrizada de modo
que
E = E(v), F = 0, G = 1.
5) Seja S uma superfície de revolução e C a sua curva geratriz. Seja s o comprimento
de arco de C e denote por ρ = ρ(s) a distância do ponto correspondente a s em C ao eixo
de rotação.
(a) (Teorema de Pappus.) Mostre que a área de S é
Z l
2ρ π(s)ds,
0

onde l é o comprimento de C.

(b) Aplique a parte (a) para calcular a área de um toro de revolução.


6) (Gradiente em Superfícies.) O gradiente de uma função diferenciável f : S → R é
uma aplicação suave ∇f : S → R3 que associa a cada ponto p ∈ S um vetor ∇f (p) ∈
Tp S ⊂ R3 tal que
⟨∇f (p), v⟩p = dfp (v) para todo v ∈ Tp S.
Mostre que
(a) Se E, F, G são os coeficientes da primeira forma fundamental em uma parametriza-
ção x : U ⊂ R2 → S, então ∇f (p) em x(U ) é dado por
fu G − fv F fv E − fu F
∇f = 2
xu + xv .
EG − F EG − F 2

Em particular, se S = R2 com coordenadas x, y,

∇f = fx e1 + fy e2 ,

onde {e1 , e2 } é a base canônica de R2 (assim, a definição dada coincide com a


definição usual do gradiente no plano).

(b) Fixando p ∈ S e deixando v variar no círculo unitário ∥v∥ = 1 em Tp S, então dfp (v)
∇f
é máximo se e somente se v = ∥∇f ∥
(assim, ∇f (p) fornece a direção de variação
máxima de f em p).

(c) Se ∇f ̸= 0 em todos os pontos da curva de nível C = {q ∈ S; f (q) = const.}, então


C é uma curva regular em S e ∇f é normal a C em todos os pontos de C.
7) Seja S uma superfície regular coberta por vizinhanças coordenadas V1 e V2 . Suponha
que V1 ∩ V2 tenhas duas componentes conexas, W1 e W2 , e que o Jacobiano da mudança
de coordenadas é positivo em W1 e negativo em W2 . Prove que S é não-orientável.

8) Seja f : S1 → S2 um difeomorfismo. Mostre que S1 é orientável se e somente se S2


é orientável (assim, orientabilidade é preservada por difeomorfismos).

9) Mostre que se uma superfície regular S contém um conjunto aberto difeomorfo a


uma faixa de Möbius, então S é não-orientável.

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10) Mostre que, em um ponto hiperbólico, as direções principais bissectam as direções


assintóticas.

11) Mostre que, se uma superfície é tangente a um plano ao longo de uma curva, então
os pontos dessa curva são parabólicos ou planares.

12) Mostre que a curvatura média H em p ∈ S é dada por


1 π
Z
H= kn (θ)dθ,
π 0
onde kn (θ) é a curvatura normal em p na direção que faz um ângulo θ com uma direção fixa.

13) Mostre que a soma das curvaturas normais em um ponto p ∈ S, para qualquer par
de direções ortogonais, é constante.

14) Mostre que se a curvatura média é zero em um ponto não-planar, então esse ponto
tem duas direções assintóticas ortogonais.

15) (Teorema de Beltrami-Enneper.) Mostre que o valor absoluto da torção τ em um


ponto de uma curva assintótica, cuja curvatura não se anula, é dada por

|τ | = −K,

onde K é a curvatura Gaussiana da superfície no ponto considerado.

16) Mostre que os meridianos de um toro são linhas de curvatura.

17) Mostre que para o ponto (0, 0, 0) do hiperbolóide z = axy temos K = −a2 e H = 0.

18) Determine as curvas assintóticas e as linhas de curvatura do helicóide x = v cos u, y =


v sin u, z = cu, e mostre que a sua curvatura média é zero.

19) Considere a superfície parametrizada (Superfície de Enneper )

u3 v3
 
2 2 2 2
x(u, v) = u − + uv , v − + vu , u − v
3 3
e mostre que
(a) Os coeficientes da primeira forma fundamental são

E = G = (1 + u2 + v 2 )2 , F = 0.

(b) Os coeficientes da segunda forma fundamental são

e = 2, g = −2, f = 0.

(c) As curvaturas principais são


2 2
k1 = , k2 = − .
(1 + u2 + v 2 )2 (1 + u2 + v 2 )2

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(d) As linhas de curvatura são curvas coordenadas.


(e) As linhas assintóticas são u + v = const. e u − v = const.
20) (Uma supefície com K ≡ −1; a pseudo-esfera.)
(a) Determine uma equação para uma curva plana C, tal que o segmento da tangente
entre o ponto de tangência e uma reta r do plano, que não encontra a curva C, é
constante e igual a 1 (esta curva é chamada a tractriz ).
(b) Faça uma rotação da tractriz em torno da reta r; verifique se a superfície de revolução
obtida (a pseudo-esfera) é regular e encontre uma parametrização de uma vizinhança
de um ponto regular.

(c) Mostre que a curvatura Gaussiana de qualquer ponto regular da pseudo-esfera é −1.
21) Mostre que um difeomorfismo φ : S → S̃ é uma isometria se, e somente se, o
comprimento de arco de qualquer curva parametrizada em S é igual ao comprimento de
arco da curva imagem por φ.

22) Sejam S1 , S2 e S3 superfícies regulares. Prove que:


(a) Se φ : S1 → S2 é uma isometria, então φ−1 : S2 → S1 também é uma isometria.
(b) Se φ : S1 → S2 e ψ : S2 → S3 são isometrias, então ψ ◦ φ : S1 → S3 é uma isometria.
Isto implica que as isometrias de uma superfície regular S constituem naturalmente
um grupo, chamado grupo de isometrias de S.

23) Mostre que se x é uma parametrização ortogonal, isto é, F = 0, então


    
1 Ev Gu
K=− √ √ + √
2 EG EG v EG u
24) Mostre que se x é uma parametrização isotérmica, isto é, E = G = λ(u, v) e
F = 0, então
1
K = − ∆(log λ),

onde ∆φ denota o Laplaciano (∂ φ/∂u ) + (∂ 2 φ/∂v 2 ) da função φ. Conclua que quando
2 2

E = G = (u2 + v 2 + c)−2 e F = 0, então K = const. = 4c.

25) Existe uma superfície x(u, v) com E = 1, F = 0, G = cos2 u e e = cos2 u, f =


0, g = 1?

26) Justifique porque as superfícies abaixo não são localmente isométricas duas a duas:

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(a) Esfera;

(b) Cilindro;

(c) Sela z = x2 − y 2 .

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