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Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer a Lei de Coulomb, em sua forma escalar
e vetorial, assim como sua principal implicação, o campo elétrico. Além
disso, você vai verificar como as cargas elétricas interagem na formação
dos diagramas de campo elétrico e das linhas de campo elétrico. Ambos
são formas gráficas utilizadas para indicar o comportamento do campo
elétrico ao redor de um ponto.
O passo inicial para o entendimento dos fenômenos eletromagné-
ticos é a exploração da interação produzida entre as cargas elétricas —
denominada “força elétrica”. A partir desse estudo, pode-se entender o
que é o campo elétrico. Em suma, ele é um importante componente da
eletricidade e está presente, de forma direta ou indireta, em praticamente
todas as aplicações eletroeletrônicas que você utiliza em seu cotidiano.
2 A Lei de Coulomb e o modelo de campo
1 A Lei de Coulomb
A Lei de Coulomb foi formulada em 1785 pelo coronel francês Charles Cou-
lomb, por meio de um experimento com esferas carregadas e uma balança de
torção muito sensível (HAYT JR.; BUCK, 2013). Essa lei determina como
uma carga pontual no espaço exerce força sobre outra carga pontual no espaço
(SADIKU, 2012).
A Lei de Coulomb é análoga à Lei da Gravitação, de Newton, respeitando
também a proposta do inverso do quadrado (KNIGHT, 2009). De acordo
com tal proposta, a força exercida por uma carga pontual sobre outra varia
de maneira inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.
A força F entre duas cargas pontuais q1 e q2 tem quatro características
básicas, como você pode ver a seguir.
1 sobre 2
Duas
cargas
positivas
2 sobre 1
1 sobre 2
Duas
cargas
negativas
2 sobre 1
1 sobre 2
Cargas
opostas
2 sobre 1
onde:
onde representa o vetor unitário que orienta a direção dessa força (na linha
formada entre Q1 e Q2), podendo ser obtido, segundo a álgebra vetorial, por:
Hayt Jr. e Buck (2013) destacam que a força elétrica é uma força mútua, ou
seja, as duas cargas exercem forças de mesma intensidade e direção, porém
com sentidos opostos. Ou seja:
6 A Lei de Coulomb e o modelo de campo
Se houver uma terceira carga (ou outras mais), não haverá alteração na
força mútua exercida pelas duas primeiras, e sim adição de outra força mútua.
Ou seja, haverá a soma vetorial das forças exercidas por cada uma das cargas
presentes. Esse fenômeno é conhecido como “teorema da superposição”
ou “princípio da superposição” (EDMINISTER; NAHVI-DEKHORDI, 2013).
Dessa forma, para chegar ao modelo de campo elétrico, suponha que uma
carga q recebe uma força elétrica resultante de outras cargas presentes nesse
sistema, denominada F⃗r . Esse vetor varia de acordo com a posição em que a
carga q está no espaço, numa função contínua das coordenadas (x, y, z). As-
sim, o campo elétrico, E⃗, é a expressão da força elétrica resultante na carga q,
em qualquer lugar no espaço, por unidade de carga (KNIGHT, 2009). Ou seja:
Como essa é uma relação descrita por unidade de carga, o campo elétrico
não depende da intensidade da carga de prova.
Considere a Figura 3, a seguir. Ela mostra o campo elétrico, E⃗, devido a
uma carga Q — posicionada num ponto de coordenadas (xʹ, yʹ, zʹ) —, que atua
num ponto P de coordenadas (x, y, z).
onde é o vetor unitário que orienta o vetor campo elétrico e pode ser
definido como:
Campo elétrico em
dois pontos
Figura 6. Diagrama de campo elétrico de uma carga positiva com (a) dois pontos e (b)
diversos pontos.
Fonte: Knight (2009, p. 808).
O mesmo diagrama poderia ser definido para uma carga negativa, como
mostra a Figura 7, a seguir.
12 A Lei de Coulomb e o modelo de campo
Note que, no caso da carga positiva, os vetores campo elétrico têm o sentido
de saída da carga. Já na carga negativa, o sentido é invertido, ou seja, vai do
ponto em direção à carga. É como se o campo elétrico estivesse saindo da
carga positiva e entrando na carga negativa.
Isso ocorre porque o campo elétrico é oriundo da força elétrica desenvolvida
pela carga em questão em função de uma carga de prova q0, que é positiva. Se
a fonte é uma carga positiva, existe uma força de repulsão entre as duas cargas,
o que projeta um campo elétrico que aponta para fora da carga positiva. Já se a
fonte é uma carga negativa, existe uma força de atração, e o vetor aponta para
a própria carga. Quando são inseridas várias cargas, pontuais ou distribuições
contínuas, os vetores campo elétrico são resultado das somas vetoriais das
forças de repulsão e atração das cargas.
Outra forma de ilustrar o formato do campo elétrico resultante num sistema
é utilizando as linhas de campo elétrico, que são, segundo Knight (2009),
curvas contínuas que tangenciam os vetores campo elétrico ao longo do espaço.
Hayt Jr. e Buck (2013) apresentam um método matemático para a determinação
dessas linhas de campo elétrico. Esse tipo de ilustração é o mais utilizado para
se observar o comportamento do campo elétrico no espaço.
A Lei de Coulomb e o modelo de campo 13
Vetor campo
Linha de campo
(a)
(b)
Figura 9. (a) Diagrama de campo elétrico e (b) linhas de campo elétrico formadas por
duas cargas distintas.
Fonte: Knight (2009, p. 824).
A Lei de Coulomb e o modelo de campo 15
No caso anterior, você viu apenas a interação de forças de atração entre duas
cargas. A Figura 10, a seguir, apresenta a interação de duas cargas positivas;
essa interação resulta num diagrama de linhas de campo que apresenta as
forças de repulsão entre as cargas.