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proposta pela BNCC (BRASIL, 2017), seguida pela nossa proposição ligada de aprendizagem e desenvolvimento para cada período da vida: bebês (O a 1
à atividade principal de cada período do desenvolvimento humano (ELKO- ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e l1meses),
NIN, 1987). A saber: Bebês e o encontro com o outro por meio da comuni- crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) (BRASIL, 20 17).
cação emocional direta; Crianças bem pequenas e a descoberta dos objetos
como fonte das qualidades humanas; Crianças pequenas e a ampliação dos Bebês e o encontro com o outro por meio
repertórios por meio da brincadeira de papéis. Essa organização reflete a da comunicação emocional direta
iminência da situação social de desenvolvimento em cada período que regula
todo o modo de vida da criança, sua posição e as relações criança-adulto e As pesquisas sobre bebês e o seu desenvolvimento têm preconizado cada
criança-sociedade. No início de cada período da vida, a relação estabelecida vez mais a necessidade de que os profissionais dessa etapa de ensino tenham
entre a criança e o meio que a rodeia, sobretudo o social, é totalmente pecu- qualificação e formação específica, e não destinar a esses bebês qualquer tipo
liar, específica e irrepetível. Essa relação é denominada por Vygotsky como de atendimento, com profissionais de incipiente formação, tais como cuida-
situação social de desenvolvimento, que significa "[ ... J o ponto de partida para dores, auxiliares, agentes educacionais (MOREIRA et a!., 20 19). É tareíà da
todas as mudanças dinâmicas que se produzem no desenvolvimento durante instituição educativa e dos professores que ali atuam compreenderem quem
o período de cada idade" (VYGOTSKY, 1996, p. 264, tradução nossa). Por- é o bebê c como organizar o ensino para garantir conquistas e aprendizagens,
tanto, a situação social de desenvolvimento significa a relação da criança com de modo que, progressivamente, estabeleçam vínculos de comunicação e
a realidade social, que se faz por meio da atividade humana e cada período se promovam o aprimoramento das capacidades psíquicas, ou seja, para que o
manifesta por meio de uma atividade principal. É pela atividade principal que bebê venha a se tornar humano. Nas palavras de Leontiev (1978), quando
se estabelecem as relações da criança com os aspectos da realidade, formando nasce um bebê, nasce um candidato à humanização.
qualidades fundamentais e processos psíquicos que dependem essencialmente Durante o primeiro ano de vida, o desenvolvimento do bebê"[ ... ] baseia-
das condições de vida social e da organização educativa. Este é o meio pelo -se na contradição entre a máxima sociabilidade e suas mínimas possibilidades
qual ~correm, na criança, as principais novas formações da estrutura da per- de comunicação" (VYGOTSKY, 2006, p. 286). Os bebês são extremamente
sonalidade e das funções psíquicas. dependentes de outros seres humanos, que satisfaçam suas necessidades
imediatas de sobrevivência e gradativamente apresente-os o mundo. Dessa
Entendemos por formações novas o novo tipo de estrutura da personalidade condição de dependência e da demanda de cuidados, o bebê é inserido numa
e de sua atividade, as mudanças psíquicas e sociais que se produzem pela situação social de desenvolvimento que possibilita neoformações, a depender
primeira vez em cada idade e dekrminam, no aspecto mais importante e da qualidade das relações estabelecidas.
fundamental, a consciência da criança, sua relação com o meio, sua vida Nesse sentido, a escola torna-se um lugar capaz de contribuir com o
interna e externa, todo curso de seu desenvolvimento em um período dado desenvolvimento das crianças, desde que as condições sejam organizadas e
(VYGOTSKY, 1996, p. 255). favorecidas. Por isso, o planejamento e a organização do ensino são fundamen-
tais para promover o desenvolvimento dessas novas funções em formação. E
Dessa fundamentação sobre o desenvolvimento infantil, nos orientamos qums as funções que destacam no primeiro ano de vida? A sensação, a emoção
a olhar para a organização da BNCC (BRASIL, 20 17) e suas implicações e a ação. O bebê reage por meio dos órgãos sensoriais, sendo que a sensação
pedagógicas. Esse documento tem as Interações e a Brincadeira como eixo e ação atuam como unidade indiferenciada, e o que os articula é o substrato
estruturante, já presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educa- afetivo. Dito isto, o afeto está ligado às necessidades de alimentação, sono,
ção Infantil (BRASIL, 1999, 201 0), a ser assegurado na primeira etapa da necessidades físicas, em que o adulto, no caso da escola, o professor, vai se
Educação Básica, partindo para a organização de seis direitos de aprendiza- tornando o centro da situação psicológica com o bebê (CHEROGUJ, 2014 ).
gem e desenvolvimento: Conviver, Brincar. Participar, Explorar, Expressar e Essa forma de relação entre o bebê e o adulto, cabe ressaltar, iniciada
Conhecer-se. E considerando tais direitos, foram organizados os campos de pelo adulto, é denominada de Atividade de Comunicação Emocional Direta.
experiência, a saber: o Eu, o Outro e o Nós; Corpo, Gestos e Movimentos; Tra- Para Usina (1987, p. 275). "[ ... ]a atividade mutuamente orientada de dois ou
ços, Sons, Cores e Formas; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação; Espaços, mais participantes, cada um atuando como sujeito, como indivíduo" A mesma
56 A TEORIA COMO CONDIÇÃO DA LIBERDADE DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 57
aut~ra explicita: Emocional [ ... ] "se reduz a expressão mútua de emoções que Aparentemente, ao olhar a imagem, vemos crianças em um "buraco" de
~ cna~ça. e o adulto se dirigem um ao outro". Direta "[ ... ] a comunicação não barro. Mas o que as crianças fazem ali? Em tempos de BNCC, quais os campos
e ~1ed1at1zada por nenhuma outra atividade comum da criança e do adulto" de experiências podemos dizer que foram explorados? Quais os objetivos de
(USINA, 1987, p. 288). aprendizagem se fizeram presentes?
Ao visualizar essa ideia da Lísina (1Y87) nos berçários e partindo do Cabe dizer que o modo de organizar o planejamento partindo do objetivo
pressuposto de que a comunicação não surge de modo natural, mas a depender proposto, assim como o campo de experiência, não precisam ser vivenciados
da conduta do adulto (interlocutor de mais idade) e de condições como neces- de modo isolado, em uma única "atividade pedagógica". Vamos retomar a
sidade objetiva de atenção e cuidado, é necessário primar que é o professor imagem e buscar no campo de experiências: "O Eu, o Outro e o Nós", alguns
que despetia a criança para a comunicaçao, cria nela uma nova necessidade objetivos de aprendizagens para os bebês (até 1 ano e 6 meses), possíveis
Valorizar momentos como a troca de fraldas, o tempo da alimentação, banho ~ de serem vivenciados na ação proposta: "(EI01E003) Interagir com crian-
outro~, ~ara convocar o bebê a se comunicar. Pois nessa ocasião, o adulto"[ ... ] ças da mesma faixa etária e adultos ao explorar espaços, materiais, objetos,
co~stltm o centro de seu mundo, a concentração de todos os seus interesses" brinquedos"; "(El01E004) Comunicar necessidades, desejos e emoções,
(USINA, 1987, p. 289). Com isso, não adianta os bebês permanecerem horas utilizando gestos, balbucios, palavras"; "(ElO 1E006) Interagir com outras
nas instituições, porém nos berços, sem comunicação e intervenção. Ficarem crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-se ao convívio social"
~m esp:ços físicos fechados, repletos de imagens estereotipadas, porém sem (BRASIL, 2017, p. 45-46). Sempre lembrando o que discutimos anterior-
mteraçao com o outro e com os objetos da cultura. mente, nesse período da vida as crianças estão reagindo por meio dos órgãos
. Para orientar as ações pedagógicas, há na BNCC (BRASIL, 2017) subsí- sensoriais, estabelecendo uma comunicação mútua como o outro- no caso
dws nos campos de experiências e nos objetivos de aprendizagem e desenvol- da escola, com a professora.
vimento que permitem estabelecer relações entre o documento e os princípios Em uma única situação de ensino, é possível estabelecer diversas relações
da Teoria Histórico-Cultural. com os campos de experiência e os objetivos de aprendizagem e desenvol-
Observemos uma vivência organizada em um Centro Municipal de Edu- vimento. Observemos este movimento: no campo de experiência "Corpo,
cação ~n~antil (CMEI) da cidade da região Norte do Paraná, durante o processo Gestos e Movimentos", encontramos, dentre outros, "(EIOlCGOl) Movimen-
de estagw do Curso de Pedagogia de uma Universidade Pública. tar as partes do corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e
desejos."; "(ElO 1CG05) Utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lan-
Imagem 1 - C2- TURMA DA MINHOCN çamento, ampliando suas possibilidades de manuseio de diferentes materiais
e objetos" (BRASIL, 2017, p. 47). No campo de experiência "Escuta, Fala,
Pensamento e Imaginação", alguns objetivos de aprendizagem explorados
são "(ElO 1EFO 1) Reconhecer quando é chamado por seu nome e reconhecer
os nomes de pessoas com quem convive."; "(EI01EF06) Comunicar-se com
outras pessoas usando movimentos, gestos, balbucios, fala e outras formas de
expressão" (BRASIL, 2017, p. 49-50). Em relação ao campo de experiências
"Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações", encontra-
mos: "(EIO lETO 1) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e mate-
riais (odor, cor, sabor, temperatura)."; "(EI01ET03) Explorar o ambiente pela
ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas.";
"(EI01ET04) Manipular, experimentar, atTUmar e explorar o espaço por meio
de experiências de deslocamentos de si e dos objetos."; "(EIOl ET05) Manipu-
lar materiais diversos e variados para comparar as diferenças e semelhanças
Fonte: arquivo das autoras
entre eles" (BRASIL, 2017, p. 51).
7 Esta instituição de Educação Infantil escolhe anualmente, em conjunto com as crianças, 0 nome das turmas. Esses são alguns dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
As cnanças do C2 tinham aproximadamente de 1 a 1 ano e 4 meses de idade no período da fotografia (2019). que podem ser explorados com a ação organizada fora do espaço da sala,
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objetai manipulatória. E aqui podemos reafirmar a tese de que não é a idade, Trazendo para o universo da escola, ressaltamos a importância dessa ati-
mas as condições adequadas que promovem o desenvolvimento, porque, além vidade principal- atividade objetai manipulatória- para o desenvolvimento da
da exploração do objeto, é possível verificar a presença da imitação com 0 linguagem, em outras palavras, o surgimento de uma nova qualidade psíquica.
uso social do objeto, ou seja, para o que ele foi criado socialmente. Com todas as possibilidades organizadas pelo professor, as crianças da
imagem anterior, porém já numa outra etapa da Educação Infantil, explorando
Crianças bem pequenas e a descoberta dos aquele mesmo espaço, agora com novas possibilidades de exploração, não ape-
nas manuseando os objetos, mas se comunicando por meio da linguagem oral.
objetos como fonte das qualidades humanas
Criança l: É um bolo de aniversário.
Para dar continuidade à conversa anterior, optamos por trazer as mesmas
Criança 2:- É seu aniversário?
crianças, aquelas que frequentam o mesmo CMEI e ainda com as mesmas Criança I: - Querida, você vai ficar sozinha aqui em casa. A mamãe vai
professoras, para continuar a defesa das condições adequadas para o desen- para irmã, sabia?
volvimento. A diferença é que as primeiras cenas foram registradas em 2019 Criança 3:- Tô fazendo a sopa de caldinho.
e nos foram enviadas pelas próprias professoras em 2020. Isso para atestar Criança 1:- Ô querida, aqui é "picuroso", vai queimar você, sabia?
o princípio de continuidade nas ações da instituição de educação infantil, as Criança I:- Não pode vir aqui fritar o ovo. Vai queimar você. Você é
possibilidades de neoformações no desenvolvimento das crianças e o engen- muito pequeninha.
dramento de novos interesses e motivos. Como no tópico anterior ressalta-
mos o desenvolvimento da atividade de comunicação emocional direta e já Imagem 3- C3- TURMA DA JOANINHA
apresentamos, brevemente, a gênese da atividade objetai manipulatória, essa
atividade engendra uma nova forma de atitude diante do mundo dos objetos:
estes se tornam não mais simples objetos apalpados, mas instrumentos que
têm uma forma determinada para seu uso- um domínio dos seus procedimen-
tos -, socialmente elaborada e é necessário aprender a cumprir a função que
lhes designou a experiência social. A criança aprende, por meio da influência
educativa e formativa dos adultos, o significado social dos objetos, fixados
pela atividade humana, e suas propriedades funcionais, orientando-se a buscar
em cada novo objeto-instrumento seu destino específico. Os objetos, como
in,strumentos culturais, mediatizam a relação da criança com o mundo objetivo.
"E importante destacar que precisamente o domínio das ações concordantes
e instrumentais exerce a influência mais essencial sobre o desenvolvimento
psíquico da criança" (MÚJINA, 1979, p. 51, tradução nossa). Por meio dessas
ações, aprimora-se a experiência sensorial e promove o desenvolvimento das
funções psíquicas, entre elas, a linguagem.
De acordo com Mukhina (1996), existe uma relação entre a atividade
Fonte: Enviada peias professoras 8
objetai manipulatória e o desenvolvimento da linguagem na criança. Para
a autora, a criança já é capaz de pronunciar alguns sons durante o primeiro
Na cena 2, observamos as crianças e as possibilidades de atuar com
ano de vida e no período de dois a três anos é possível perceber a ampliação
os objetos, compreendendo seus usos sociais por meio da exploração dos
do vocabulário. Isso se justifica pois, com o surgimento da atividade objetai
materiais disponibilizados e o engendramento de novos interesses: atuar com
manipulatória, surge também o interesse da criança em relação aos objetos,
bem como pela sua função social e sua denominação.
B Agradecimento especial às professoras Daniela Fedrigo Rett e Jacqueline Oliveira Jovanovich pela partilha
dos materiais.
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ac.o~do com a vida das pessoas, tal como na imagem 3, em que as crianças A imagem acima, capturada t<;~mbém de uma cena de estágio curricular
?~Ih~a.m os mesmos objetos, mas não em ação isolada e determinada, mas supervisionado do curso de Pedagogia, de outra Universidade Estadual, em um
Ja utilizam de acordo com as cenas vivenciadas em suas vidas cotidianas município do Noroeste do Estado do Paraná, observamos duas crianças com
como us~r .a panel~ para cozinhar. No entanto, ainda carece de uma principal bambolês, sentadas em frente de um mastro. Que inferências são possíveis em
caractenstlca: cozmhar com panela igual o papai e/ou a mamãe. Significa relação à brincadeira? Essa cena se originou após uma brincadeira dirigida-
que o sentido da brincadeira é a representação da função social da pessoa em coelhinho sai da toca e as crianças começaram a explorar os bambo lês com
suas relações de trabalho, aliado ao estudo de que "[ ... ] há procedimentos diferentes ações: rolaram, entraram e saíram, empilharam, entre outras ações.
pec~l.iares como: assumir o papel de uma pessoa adulta e de suas funções Num determinado momento, essas duas meninas sentam em um bambolê
so~Iai~ de trabalho; reproduzir e generalizar ações com os objetos; transferir como poltrona e com outros dois bambolês, imitam o volante de um ônibus,
o sigmficado de um objeto ao outro (LAZARETTI, 2016, p. 132). simulando o barulho e o movimento do veículo. Nesse momento, registramos
No espaço escolar, promover o desenvolvimento da brincadeira é tarefa o seguinte diálogo:
fundamental, já que por meio dela a criança conquista o autodomínio da
conduta. Isso porque a brincadeira exige da criança, durante o ato de assumir Professora-passageira (com a mão estendida, fazendo um sinal): Moto-
um papel de motorista e passageiro, vendedor e cliente, médico e paciente rista, esse ônibus irá para onde?
Criança A:- Ah, vai para o outro parque da cidade!
p~r exempl.o, o acatamento às regras, a renúncia aos desejos e impulsos ime-
Professora-passageira: -Tem um lugar para mim?
diatos. Assim, seu comportamento deve se subordinar e refletir a lógica de
As meninas se empolgam e organizam o ônibus.
uma ação cotidiana e das relações sociais presente nas funções dos adultos Professora-passageira, com olhar de surpresa, infere: Nossa, eu não
na vida real. Além dessa conquista, no decorrer da atividade lúdica as funçõe~ conhecia um ônibus com dois volantes!
com~ memória, atenção, imaginação, pensamento, linguagem são postas em As meninas inquietam-se e uma responde:
funciOnamento ao atuar com os objetos, ao argumentar no enredo, criar cenas, Criança B:- Ah não, esse aqui é meu banco, sou cobradora.
gestos e envolver-se no papel assumido. Vejamos a cena a seguir: Professora-passageira (procurando um lugar para sentar) expressa: -Onde
é a minha poltrona?
Imagem 4- Infantil 4- motorista de ônibus Criança B (papel de cobradora do ônibus) começa a procurar outro bam-
bolê, o coloca no chão e explana:- Aqui está sua poltrona.
E seguem viagem.
Após o início da brincadeira, outras crianças desejam participar e muitas
começam a sento.r ao lado do mastro, assumindo o papel de motorista.
A professora-passageira infere:- Como um ônibus terá tantos motoristas
e poucos passageiros? Precisamos resolver isso.
Neste momento, as crianças que estavam ingressando na brincadeira suge-
rem que o motorista possa ser trocado e a professora-passageiro acata a
~ugestão, porém propõe que a troca de motorista precisa ser sempre ao
fmal de uma viagem. Todos concordam e a brincadeira segue por mais
de 40 minutos, com crianças entrando c participando do enredo, acatando
a regra: um motorista de cada vez e as demais, passageiras.
e da cultura humana, tais como: "(EI03ET02) Observar e descrever mudan- coadunamos com a forma como a BNCC está chegando aos professores, ele
ças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimen- forma aligeirada, utilitarista e pragmática, que impede o movimento de estudo
e de análise sobre o documento. Por isso, dialogamos com a possibilidade de
tos envolvendo fenômenos naturais e artificiais"; "(EI03ET03) Identificar
olhannos para os objetivos de aprendizagem da BNCC (BRASIL, 2017) sem,
e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natu-
no entanto, perdermos a sustentação teórica de um trabalho intencionalmente
reza, seus fenômenos, sua conservação" (BRASIL, 20 17). Desses objetivos
é possível organizar ações de ensino que fomentem na criança a observaçã~ pensado, organizado e planejado pelo professor.
O movimento até aqui realizado foi uma tentativa de provocar o profes-
atent~ ~os elementos. e fenômenos da natureza, produzir registros e expres-
sor para o estudo sobre o desenvolvimento da criança e as potencialidades
sar h1poteses por meiO de desenhos. Por isso, é preciso ações de ensino com
de um ensino orientado por uma teoria que valoriza a ação docente, a inter-
objetivos de aprendizagem em que a criança possa "(EI03TS02) Expressar-se
venção dirigida e que interpreta um documento como condição para criar e
livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura
articular em seu planejamento, de maneira mais consciente e intencional.
criando produções bidimensionais e tridimensionais"; "(EI03ET04) Registra;
Assim sendo, alertamos para o fato de que somente uma teoria adequada
observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (dese-
para orientar o trabalho do professor será capaz de conduzi-lo a uma leitura
nho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes"
crítica dos documentos e, ainda, à elaboração de propostas pedagógicas que
(BRASIL, 2017).
valorizem os diferentes contextos e se comprometam com a organização do
Entretanto, de acordo com Lazaretti (2016; 2013), além de experiên- ensino, de modo a favorecer situações de aprendizagem voltadas às máximas
cias de exploração livre dessas tarefas, é pelo desenvolvimento de atividades
apropriações humanas.
orientadas que o desenho, a colagem, as esculturas, a modelagem, os trabalhos
manuais, as tarefas musicais se aperfeiçoam e influenciam o desenvolvimento
de ações perceptivas, sensoriais e de pensamento. Ao perceber os objetos da
realidade circundante, a criança aprende a apreciar cores, formas, tamanho,
peso, desde que seja direcionada sua atenção e sua percepção. Possibilitar a
aprendizagem da percepção estética é formar na criança capacidades não ape-
nas de enumerar objetos e figuras desenhadas, mas de captar o tema, observar
quadros, produzindo, por meio de vivências estéticas, percepções em relação
à cor e suas combinações, ritmo e elementos da composição. O contato com
diferentes representações gráficas e o desenvolvimento da percepção visual
possibilita o refinamento da atividade plástica. No processo ele ensino, é pos-
sível introduzir e aperfeiçoar no desenho diferentes formas de experiência,
agregadas por novos elementos e modelos gráficos, que vão cmTt>sponder, com
maior exatidão, a traços característicos dos objetos representados. Representar
os objetos por meio ela forma gráfica envolve três circunstâncias: "os modelos
gráficos de que dispõem a criança, a impressão visual do objeto e a experiência
tátil-motora, adquirida durante a ação com o objeto" (VENGER, 1976, p. 19,
tradução nossa).
Considerações finais
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