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Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão/RS,
Brasil.
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Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão/RS,
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Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão/RS,
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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
construirmos a reflexão, crítica e superação das desigualdades de gênero? O primeiro passo, a ser
abordado aqui, é ouvir os docentes acerca das concepções mais elementares sobre o gênero, em
busca de uma proposição reflexiva mais complexa.
Metodologia
A metodologia teve como base a pesquisa qualitativa de cunho exploratório. “Esta pesquisa
tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses”. Ainda, a pesquisa exploratória acaba por envolver: “(a)
levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado (Gil, 2002, p.41).
Com o objetivo de verificar a necessidade de uma formação docente voltada para as questões
de gênero na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos, propusemos realizar uma
investigação preliminar oferecendo um questionário aos docentes das respectivas instituições,
denominadas aqui por EI e EJA. O questionário continha, além de questões de identificação dos
sujeitos (formação, área de atuação e carga horária semanal de trabalho), quatro perguntas abertas a
serem respondidas: 1) Como você conceitua a palavra “gênero”?; 2)Você vê necessidade de
trabalhar as relações de gênero em uma formação pedagógica? Justifique; 3) Se você tivesse a
oportunidade de participar de uma formação sobre as relações de gênero, quais temáticas gostaria
que fossem abordadas?; 4) Em sua opinião, o que é necessário para que o trabalho sobre as relações
de gênero ocorra em plenas condições na sua sala de aula? Para essa coleta de dados exploratórios,
o questionário constitui-se como o instrumento de pesquisa que atende aos objetivos propostos,
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garantindo o anonimato das respostas, bem como a sua realização de maneira rápida e eficiente
(Gil, 2002).
A partir das questões endereçadas aos docentes, e tendo em vista a questão central deste
estudo – “quais práticas pedagógicas são requeridas para construirmos a reflexão, crítica e
superação das desigualdades? – desenvolveremos a análise dos dados com base em alguns
fundamentos teóricos essenciais para a discussão. Inicialmente, pautamos as questões que envolvem
o conceito de gênero e o campo da educação. Em seguida discutiremos a questão da formação
docente relacionada à ideia da equidade de gênero. Esses dois pontos centrais da fundamentação
teórica serão fundamentais para o desenvolvimento da análise dos questionários, que foi
desenvolvida buscando elementos significativos nas respostas dos sujeitos que corroborem à
reflexão que estamos aqui desenvolvendo.
Fundamentação teórica
Minha definição de gênero tem duas partes e várias sub-partes. Elas são ligadas entre si,
mas deveriam ser analiticamente distintas. O núcleo essencial da definição baseia-se na
conexão integral entre duas proposições: o gênero é um elemento constitutivo de relações
sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira
de significar as relações de poder. As mudanças na organização das relações sociais
correspondem sempre à mudança nas representações de poder, mas a direção da mudança
não segue necessariamente um sentido único. Como elemento constitutivo das relações
sociais fundadas sobre diferenças percebidas entre os sexos, o gênero implica quatro
elementos relacionados entre si[...] (SCOTT, 1995, p.21)
Vivemos em uma sociedade complexa. Essa complexidade tem ganhado tal proporção diante
da forma como as relações vêm se estabelecendo, ou seja, diversificada. No âmbito educacional, a
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sala de aula é um cenário receptivo às relações construídas por cada sujeito, que por sua vez modela
e remodela os demais.
Diante disso, quando o tocante faz-se acerca das desigualdades geradas pela multiplicidade de
pensamentos e posturas, a escola precisa assumir sua função social: promover a igualdade e
contemplar as necessidades recorrentes. Ao refletir sobre tais questões, refletimos também sobre a
posição da formação docente. Será que a formação docente (aqui nesta escrita, numa perspectiva de
formação continuada) proporciona uma tomada de consciência sobre todas as demandas exigidas
pela escola?
A formação docente para as relações de gênero e para a justiça social contempla, assim, a
ideia bastante difundida por Bernardete Gatti, de que precisamos atualizar a formação docente para
responder ao seu tempo:
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para a docência”) ainda se verifica a prevalência do modelo consagrado no início do século
XX: o esquema de superioridade dos conhecimentos disciplinares sobre os conhecimentos
didáticos e metodológicos de ensino, sendo o processo formativo vigente fragmentado em
disciplinas estanques, sem interlocuções transversais. (GATTI, 2013, p. 96)
um conceito ético associado aos princípios de justiça social e de direitos humanos. Não é o
mesmo que igualdade. A noção de iniquidade, por sua vez, refere-se às desigualdades
consideradas desnecessárias, evitáveis e injustas. Em termos operacionais, a equidade se
traduz na minimização de disparidades evitáveis na saúde e seus determinantes – incluindo,
porém não se limitando à atenção em saúde – entre grupos de pessoas que possuem
diferentes níveis de privilégio social. (FONSECA, 2005, p.457)
Embora seja um conceito advindo da área da saúde, defendemos que o princípio se perfaz
necessário e pode ser incorporado como princípio para a formação docente. Dessa maneira, nos
aliamos a ideia de Louro (2008, p.23): “O único modo de lidar com a contemporaneidade é,
precisamente, não se recusar a vivê-la”.
A discussão dos dados do questionário aplicado nas duas escolas (EJA e EI) será constituída
em duas etapas, analisando as respostas por instituição. Como trata-se de um estudo preliminar, o
tempo para conclusão deste texto permitiu explorar apenas uma leitura inicial, ficando para a
continuidade dos estudos a exploração dos dados em perspectiva, em comparação com os dois
contextos.
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pois envolve a forma com que a sociedade vê e como o sujeito se vê frente a todas as diversidades
existentes. Deste grupo, três mencionam que se refere a uma construção social que determina não
só as identidades dos sujeitos, mas os papéis por eles desempenhados.
Em relação às formações pedagógicas que abordem esta categoria, todos foram unânimes
em dizer que consideram importante a realização. E quanto às justificativas para esta intervenção,
cinco professores ressaltam que trata-se de uma questão de relevância social, em função das
discriminações assim como das relações sociais desiguais sustentadas pelo imaginário de
superioridade e inferioridade entre os gêneros.
De acordo com os registros, para que o trabalho sobre gênero ocorra em boas condições sete
professores apontam que as pessoas precisam entender do assunto, por exemplo construir um núcleo
de gênero e acreditarem ser importante o respeito as diferenças. Outras cinco professoras
mencionam que há a necessidade de orientar sobre as doenças, mas somente aos jovens, mas
quando aparecer situações relacionadas a gênero discutir e ouvir a opinião deles sobre
discriminações e opções sexuais para que aceitem as diferenças. Ainda destacam que não haja o
incentivo de relacionamentos gays, já que estes tornaram -se moda. Duas professoras destacam a
necessidade do respeito em sala de aula, assim como em relação as escolhas dos indivíduos.
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Na EI, a respeito do grau de instrução, todas as professoras questionadas possuem graduação
em pedagogia, que licencia as docentes a exercer as atividades na educação infantil, nos anos
iniciais do ensino fundamental, na gestão escolar. Desta forma, percebe-se a consonância com o
descrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Nº 9394, de 20 de dezembro de 1996:
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que nela estando em
efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
Existe uma grande luta, pela formação dos profissionais da educação infantil, no sentido de
que esta etapa não é pautada apenas pelo assistencialismo, mas também pelos processos
pedagógicos. Ao estabelecer, em legislação, reforça-se o compromisso por uma educação de
qualidade.
Imbuídas de conhecimentos, seis professoras que deram continuidade aos estudos, com o
intuito de qualificar suas práticas. Das professoras especialistas, três das profissionais
especializaram-se em psicopedagogia, uma em educação especial e inclusiva, uma em mídias na
educação e uma em educação, revelando o “compromisso de transformar esse conhecimento em
aprendizagens relevantes para os alunos” (Marcelo, 2009, p. 8).
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grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e
conhecimento da diversidade” (Brasil, 2010, p. 25).
Diante disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil não apenas
possibilitam, mas também recomendam o trabalho pedagógico sobre gênero, adaptando a faixa
etária em que trabalha.
E ao justificarem fica evidente a variedade de razões pelas quais tal formação denota
necessidade. Conforme aponta a professora denominada aqui por EI - B:
“- Acredito no espaço da escola como sendo o melhor veículo para mediar qualquer tipo de
conhecimento, desde que seja embasado e problematizado com clareza dentro da
comunidade escolar. Para isso temos que ter docentes preparados para tal prática, então se
faz necessários encontros que se discuta esse tema que continua sendo um tabu.”
Ao questionar sobre o que seria necessário para que o trabalho sobre as relações de gênero
acontecesse em plenas condições, a família e a escola são apontadas como exemplo, como nos
mostra a professora denominada EI - D:
“-Temas como trabalhar na educação infantil, como levar esse tema até os pais também”. “-
a)conceito de família em nossos tempos; b)corpo, gênero entre os meios e artefatos
culturais; c)papel da escola frente a tantos problemas e tabus que inibem o docente ao
trabalhar esse tema na sala de aula”.
Para encerrar, analisamos o primeiro questionamento realizado, que será definitivo para
moldar as primeiras propostas da formação: “- Como você conceitua a palavra gênero?” Uma
grande diversidade de respostas surgiu, divergindo muitas das vezes dos estudos já realizados para
compor o referencial deste estudo. Assim, para a questionada EI - A:
“- É o que faz a pessoa, sua identidade ou aquilo que nos define na idade”.
Para EI - B:
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“- O resultado de minhas reflexões após alguns encontros com discussões sobre tema, e
observando o comportamento humano atual e comparando com os tempos passados, conclui
que, a questão de gênero não passa somente pelo natural, passa também pelas elaborações
culturais que variam historicamente.”
Para EI - D:
Para EI - F:
Enfim, a definição de gênero perpassa por várias vertentes que requer uma minuciosa análise.
Ainda que ela exista, uma compreensão coletiva se faz necessário.
Considerações finais
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questões de gênero estão em todas as relações, não só na escola, mas nas diferentes esferas sociais.
O que impossibilita que as mesmas sejam casualmente problematizadas, mesmo em turmas de
alunos com pouca idade. Pensamos que é urgente trabalharmos na perspectiva do respeito e garantia
do direito de todos em todos os lugares e não exclusivamente o trabalho pedagógico que não
repercuta fora da contexto escolar.
Nesse sentido, a formação docente almejada para as relações de gênero, do nosso ponto de
vista, estará alinhada à ideia de justiça social, e perpassará, essencialmente, pela reflexão crítica dos
contextos contemporâneos, para que se possa construir a ideia de equidade.
Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: DF, 2010.
DIAS, Alfrancio Ferreira. Introduzindo a perspectiva de gênero na formação docente para uma
educação não discriminadora. 18º Redor. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife- PE.
2014. Disponível em :
http://www.ufpb.br/evento/lti/ocs/index.php/18redor/18redor/paper/viewFile/765/760 Acesso em:
jun 2017.
FONSECA, R.M.G.S. Equidade de gênero e saúde das mulheres. Rev.Esc. Enferm. USP.
2005;39(4): 450-9.
GATTI, Bernardete Angelina. Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo:
EDUNESP, 2013.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realizade, v. 20, n.2,
jul-dez, 1995.
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ZEICHNER, K.M. Justiça social: desafio para a formação de professores. Belo Horizonte:
Autêntica, 2008.
Gender and teacher training: for a critical and reflexive pedagogical practice seeking equity
Abstract: The proposal of this work is to group reflections set out in the scope of a Professional
Master’s Course in Education from Unipampa – Campus Jaguarão concerning the issues of gender
which are related to teacher training. In this sense, we added the focus of the researchers involved to
reflect on the relation between gender and teacher training. On one hand, one researcher approaches
the relations of gender and sexuality in the teaching action of the Early Childhood Education. On
the other hand, one researcher approaches the relations of gender and race in the Adult Education.
The convergent point is the reflection developed here: which pedagogical practices are required to
build the reflection, the criticism and the overcoming of inequalities? Based on this question we
start the research which approaches the teacher training as a central element so that the school is a
space of critical reflection and overcoming of sexual and gender inequalities. Thus, discussing the
teaching from the perspective of continuous training, found in the context of professional action is
the first point of the present work. After that, we will discuss the concept of gender and the
interfaces of this approach: the issues involving sexuality, race and ethnicity. In a third moment, we
will discuss the pedagogical practice focused on gender equity, based on previous researches and
experiences. Thus, our goal is to critically discuss the teacher training so that the gender equity may
guide the teaching actions.
Key words: Gender. Teacher training. Equity.
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