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Denny Marcos Mondlane

Emilio José Churrana

Geraldo Alfeu Homo Júnior

Participação das mulheres nas TICs: desafios e oportunidades

Curso de Licenciatura em Informática

Universidade Pedagógica
Maputo
2020
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Denny Marcos Mondlane

Emilio José Churrana

Geraldo Alfeu Homo Júnior

Participação das mulheres nas TICs: desafios e oportunidades

Trabalho a ser apresentado na cadeira


de Tema Transversal para fins
avaliativos.

Docente: Sheila Sitoe

Universidade Pedagógica
Maputo
2020
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Indice
Introdução ......................................................................................................................... 4

Participação das mulheres nas TICs: desafios e oportunidades ....................................... 5

Participação das mulheres nas TICs em Moçambique ................................................. 5

Desafios e oportunidades .............................................................................................. 7

Oportunidades de emprego para as mulheres no sector das TICs ................................ 8

Conclusão ....................................................................................................................... 10

Bibliografia ..................................................................................................................... 11
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Introdução
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Participação das mulheres nas TICs: desafios e oportunidades


As TICs tem um papel de aliviar barreiras enfrentadas pelas mulheres, tais como o
analfabetismo, a pobreza, a escassez de tempo, a falta de mobilidade, os tabus culturais
e religiosos e as restrições a voz (particularmente voz pública).

Tudo que a gente conhece de computação científica começou pelas mãos de uma
mulher; Em 1843, a inglesa Ada Lovelace criou o primeiro algoritmo do mundo, parte
de uma máquina de cálculo.

Durante a Segunda Guerra, as mulheres também estiveram no front da computação. Em


1969, a matemática Katherine Johnson foi a responsável por calcular a trajetória da
missão Apollo 11, que levou o homem à Lua.

Apesar de serem pioneiras, a participação das mulheres no mercado de tecnologia atual


é bem menor do que a dos homens. Segundos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), apenas 20% dos profissionais de TI são do sexo feminino, e os
motivos para essa diferença são variados.

De acordo com o Eurostat, das cerca de 8.4 milhões de pessoas que estavam
empregadas na União Europeia como especialistas em TIC em 2017, apenas 17,2% são
mulheres.

Segundo a pesquisadora e cientista de dados Ana Paula Appel da empresa IBM a


questão começa muito cedo, “com a cultura de que matemática é difícil e que as
meninas têm mais dificuldades para isso”. Para ela, o incentivo tem que vir na base,
fazendo com que cada vez mais jovens mulheres procurem os cursos de tecnologia e,
consequentemente, ocupem vagas no mercado.

Participação das mulheres nas TICs em Moçambique


Como se tem verificado em outros países, em nosso país (Moçambique) a situação não é
diferente, as mulheres tem pouca participação nas TICs. Existem alguns factores que
impedem essa participação dos quais identificaremos nos parágrafos a seguir.

A pobreza de Moçambique reflete-se inevitavelmente na penetração limitada das


tecnologias de informação e comunicação. O uso das TICs ainda é limitado e está
concentrado principalmente em aglomerados urbanos. Contudo, no contexto da
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iniciativa da Sociedade Africana de Informáticos (AISI), o Governo de Moçambique


reconhece a importância das TICs e tem participado na Cimeira Mundial sobre a
Sociedade de Informação (WSIS). A WSIS juntou várias partes interessadas
empenhadas nas TICs para abordar os desafios e as oportunidades das TICs. Os
especialistas de género na WSIS demonstram as formas em que se podem usar as TICs
como ferramentas para promover a igualdade de género. Estas incluem a integração da
perspectiva de género nas políticas e estratégias nacionais das TICs, que forneçam
conteúdos relevantes para as mulheres, a promoção da participação económica das
mulheres na economia de informação e a criação de dispositivos reguladores que
combatam a violência contra as mulheres e as crianças relacionada com a pornografia
na Internet, etc.

Em Moçambique maior parte das mulheres vivem em áreas rurais onde o número de
computadores é virtualmente insignificante. As escolas rurais não tem computadores,
visto que as escolas fora da capital administrativa distrital não estão ligadas à rede
nacional devido à sua localização remota. Embora seja verdade que a população rural
como um todo está largamente excluída das TICs, as mulheres tem claramente um
acesso muito mais limitado. Tal situação deve-se principalmente ao alto índice de
analfabetismo entre as mulheres rurais, mas também se deve em parte aos valores
culturais que confinam a tecnologia e iniciativas inovadoras à esfera de influência
masculina.

Tal como nas restantes partes do mundo, a experiência em Moçambique mostrou que há
factores socioculturais que impedem o uso das TICs pelas mulheres, particularmente
nas áreas rurais:

o Atitudes culturais que discriminam contra o acesso das mulheres à tecnologia e


educação tecnológica – esta situação está evidente nos altos índices de
analfabetismo feminino e na tendência das raparigas para desistência após o
ensino básico;
o As mulheres dos agregados pobres não auferem rendimentos que lhe permitam
usar as infra-estruturas públicas;
o As responsabilidades domésticas das mulheres limitam o gozo dos tempos livres
– os centros podem estar abertos em horas que não convenham às mulheres;
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Desafios e oportunidades

Em uma sociedade cada vez mais conectada, estimular a participação de mulheres neste
mercado é fundamental para combater a desigualdade de gênero e aprimorar o
desenvolvimento da própria tecnologia. Afinal, quanto mais diversas forem as equipes,
mais criativas e inovadoras tendem a ser as soluções criadas.

Atrair mais mulheres para carreiras tecnológicas é um imperativo económico. De acordo


com um estudo da Comissão Europeia, “Women Active in the ICT sector”, a entrada de
mais mulheres no sector digital significaria um aumento anual de 9 mil milhões de
euros ao PIB.

Estima-se que o sector das tecnologias irá criar 500 000 novos postos de trabalho até
2020. Infelizmente, as mulheres europeias correm o risco de passar ao lado desta
oportunidade e, para contrariar a tendência atual é necessário incentivar as raparigas e as
mulheres mais jovens a escolher uma carreira profissional neste sector.

Competências e educação para o mundo digital são os elementos-chave para incentivar


a participação das mulheres e raparigas na esfera digital e no desenvolvimento
tecnológico. Como tal, é necessário ultrapassar os estereótipos de género que descrevem
as carreiras nas TICs enquanto “domínio” do masculino e que desencorajam as
mulheres de participar plenamente no sector das tecnologias e da inovação.

Integrar a igualdade de género nas TICs não é meramente garantir um maior uso das
TICs pelas mulheres, é também transformar o sistema das TICs. Isso envolve múltiplas
intervenções de vários actores, incluindo:

o Políticas governamentais das TICs com uma perspectiva forte de género e


engrenadas com a sociedade civil;
o Distribuição de estratégias de género claras na concepção, implementação e
avaliação dos programas e projectos das TICs;
o Recolha de informações com estatísticas desagregadas por sexo e indicadores de
género sobre acesso, uso e conteúdos das TICs, sobre emprego e educação;
o Consideração das questões de género nas políticas das TICs/comunicações,
representação na tomada de decisão nas telecomunicações/TICs;
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o Combinação das TICs com formas alternativas de comunicação social tais como
rádio, drama, etc. para maximizar o alcance nas áreas rurais e responder aos
altos índices de analfabetismo;

o Produção de programas dos mass media em línguas locais, com conteúdos


ajustados para reflectir realidades rurais e estratégias de redução da pobreza;

o Formação de quadros dos mass media para descreverem as mulheres como


cidadãs activas e empoderadas e modelos apropriados para serem seguidos;

o Promoção do uso da Internet e das TICs integrando a competência necessária no


currículo escolar e através do fornecimento de computadores.

Oportunidades de emprego para as mulheres no sector das TICs


Há uma falta aguda de quadros formados nas áreas de tecnologia de informação e
comunicação em Moçambique, e esta situação é mais pronunciada nas províncias. Há
muito poucas companhias que desenvolvem novas ferramentas de TICs em
Moçambique, mas há alguns anos uma companhia situada em Maputo elaborou pacotes
para facilitar o acesso à Internet aos utentes não habilitados – medida que pode ser
importante aos telecentros destinados às mulheres rurais ou adaptados para melhor se
enquadrarem com as necessidades específcas de diferentes grupos de utentes. A
tecnologia de informação trouxe oportunidades de emprego para as mulheres, mas as
tendências internacionais destacam muitos desafos. O relatório da Organização
Internacional de Trabalho (OIT) de 2001, Relatório sobre o Trabalho na Nova
Economia, observa as seguintes questões em relação ao sector da Tecnologia de
Informação (TI):

o Os padrões de segregação de género estão sendo reproduzidos na economia de


informação, onde os homens ocupam a maior parte dos postos que exigem altas
qualifcações e são de alto valor acrescentado, enquanto que as mulheres estão
concentradas em postos com menos requisitos prof ssionais e de baixo valor
acrescentado;
o As indústrias tradicionais de manufactura que antes empregavam mulheres estão
a desaparecer gradualmente, as mulheres que conseguem empregos nas novas
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empresas relacionadas com as TICs raramente são as mesmas que perderam os


seus empregos nos sectores tradicionais;
o Novas desigualdades estão assim emergindo entre mulheres com competência
em empregos relacionados com as TICs e aquelas que não têm essa
competência/esses conhecimentos.

Estes padrões também parecem aplicar-se a Moçambique: um tecto de vidro semelhante


também existe no mercado de trabalho moçambicano mantendo as mulheres
empregadas em postos menos bem pagos e de baixo valor acrescentado. O sector da
Internet e das TICs é caracterizado por exigir um nível alto de competência,
aprendizagem contínua e aumento contínuo de conhecimentos, o que pressupõe acesso
às oportunidades de educação e formação necessárias para equipar os indivíduos para
uma área onde os requisitos em termos de competência estão a mudar rapidamente.
Assim as políticas devem encorajar as raparigas e as mulheres a usar as TICs logo no
início da sua educação e seguir estudos superiores nas áreas das TICs e nas áreas
técnicas – como ciêntistas, pesquisadoras, administradoras e educadoras.
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Conclusão
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Bibliografia
https://www.acegis.com/2018/04/mulheres-e-raparigas-nas-tic/

http://www.muleide.org.mz/index.php/noticias/56-mulheres-usam-menos-da-internet-
em-mocambique

https://www.uem.mz/index.php/noticias-recentes/290-lancada-iniciativa-jovens-
mulheres-nas-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao

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