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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

A Moderna
Moderna Tradição
Brasileira

Nomes: FRANCIELE FINCK


Curso: Jornalismo
Disciplina: Teoria da Comunicação
Comunica
Nível: I
Professora: Ana Carolina D. Escosteguy
Porto Alegre – RS, 05 de junho
o de 2003.

A Moderna Tradição Brasileira


Em seu livro, A Moderna Tradição Brasileira, Renato Ortiz toma como
objeto de estudo a cultura na sociedade brasileira, de acordo com o seguinte
trecho do capítulo introdutório: “O que pretendo neste livro é retomar o debate
da questão cultural no Brasil. Neste sentido ele recoloca uma série de temas
sobre os quais já vinha trabalhando, e que particularmente procurei tratar em
Cultura Brasileira e Identidade Nacional. Porém, contrariamente às minhas
preocupações anteriores, o que me interessou agora foi compreender a
problemática da cultura na atual sociedade brasileira. Creio que todos temos
hoje consciência de que o ‘Brasil mudou`. Esta afirmação, que encontramos
recorrentemente no nível de senso comum, nos coloca, porém, alguns
desafios. Como entender esse processo de mudança? Quais são seus traços
estruturais? Foram essas perguntas que me nortearam na escrita deste novo
livro. A discussão sobre a cultura sempre foi entre nós uma forma de se tornar
consciência de nosso destino, o que fez com que ela estivesse intimamente
associada à temática do nacional e do popular. Foi dentro desses parâmetros
que floresceram as diversas posições sobre nossa ‘identidade nacional`. Como
ficam essas questões diante de uma moderna sociedade brasileira que se
impõe como uma realidade e não mais como um projeto de construção
nacional?”
Quanto a seu posicionamento em relação ao tema, Demo crê que a base
do problema cultural brasileiro esteja na carência tecnológica dos meios de
comunicação em massa de nosso país. Problema este compartilhado por todos
os países latino-americanos, onde o advento da tecnologia foi tardio. O autor
baseia suas afirmações em, além de fontes de diversos autores, é claro,
algumas teorias frankfurtianas, conforme o trecho a seguir: “Evidentemente as
empresas culturais existentes buscavam expandir suas bases materiais, mas os
obstáculos que se interpunham ao desenvolvimento do capitalismo brasileiro
colocavam limites concretos para o crescimento de uma cultura popular de
massa. Faltavam a elas um traço característico das indústrias da cultura, o
caráter integrador. A análise frankfurtiana repousa numa filosofia da história
que pressupõe que os indivíduos no capitalismo avançado se encontram
atomizados no mercado e, desta forma, podem ser ‘agrupados` em torno de
determinadas instituições. Porque a indústria cultural integra as pessoas a
partir do alto ela é autoritária, impondo ma forma de dominação que as
‘sintoniza` a um centro ao qual elas estariam ‘ligadas`. Porém, a padronização
promovida através dos produtos culturais só é possível porque repousa num
conjunto de mudanças sociais que se estendem às fronteiras da racionalidade
capitalista para a sociedade como um todo. Na verdade, todo o raciocínio de
Adorno e Marcuse procura mostrar que na sociedade moderna os espaços
individualizados são invadidos por esta racionalidade e integrados num
mesmo sistema. A sociedade industrial pode ser então considerada como um
espaço integrador das partes diferenciadas e descrita pelo conceito de
‘solidariedade mecânica` que Durkheim havia aplicados às sociedades
primitivas. Este caráter integrador da sociedade de massa não foi ressaltado
unicamente pelos frankfurtianos, ele está presente na discussão que vários
autores fizeram sobre a cultura de massa. Edward Shils dirá que a sociedade
de massa traz a população de ‘fora` para ‘dentro` da sociedade. ‘O centro da
sociedade – as instituições centrais e os valores centrais que guiam e
legitimam essas instituições – estende suas fronteiras. A maior parte da
população (a massa) agora se relaciona de maneira mais estreita com o centro
do que no caso das sociedades anteriores uma parte substancial da população,
freqüentemente a maioria, nascia e permanecia para sempre como outsiders. A
idéia de um centro onde se agrupam as instituições legítimas é, portanto,
fundamental para que se possa falar de uma sociedade de massa no interior da
qual operaram as indústrias de cultura.”

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