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2020
Psicologia do
Comportamento
Desviante
PROF. ANA CRISTINA PESTANA NEVES
LICENCIATURA EM PSICOLOGIA
Catalina Ifrim
Psicologia Clínica / 3º ano – 1º semestre / Licenciatura em Psicologia
DESVIO E NORMA
Comportamento desviante: Comportamentos do ponto vista social vão contra ao que se espera das
pessoas. Este comportamento desviante é algo que foge à norma, que pode ser uma norma social
ou uma norma legal.
Desvio: a definição de comportamento desviante não é linear – envolve um elevado grau de
relativismo e é ambígua.
Norma (podem ser formais ou informais):
Regras
Prescrições
Expectativas (aquilo que os outros esperam que façamos)
Universais? – não são, elas diferem consoante os países, grupos
“O estudo do comportamento desviante é provavelmente o tema mais desviante de todos os temas
em Sociologia” – Thio, 2012
Definições possíveis…
Perspetivas tradicionais
Perspetivas modernas
Positivistas
Construtivista
PERSPETIVAS TRADICIONAIS
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Psicologia Clínica / 3º ano – 1º semestre / Licenciatura em Psicologia
PERSPETIVAS MODERNAS
As perspetivas modernas dizem que a forma tradicional está muito imbuída do que é certo
ou errado
O que interessa é a reação social, e não comportamento. O que interessa é que alguém em
determinado momento considere que o comportamento seja desviante.
Não há atos intrinsecamente desviantes.
Estudar a perceção social acerca desse comportamento.
“A sociedade não tem os desviantes que “merece”, mas sim os que quer.” (Figueiredo Dias, 1983)
perspetivas perspetivas
O comportamento desviante é qualquer comportamento (ideia tadicionais modernas
ou atributo) que envolve uma violação das normas e
expectativas sociais ou que é considerado desviante por um
grupo de indivíduos ou pela comunidade, nos quais suscita positivitas construtivistas
um julgamento de reprovação ou desvalor e que pode resultar,
se detetado, em situações negativas (formais ou informais). –
Carvalho (1990); Clinard & Meier (2011)
Não devemos, contudo, deixar de aceitar uma definição unívoca e integração?
rigorosa do conceito poderá ser impossível pois o que caracteriza a
desviância é precisamente o seu caracter impreciso e ambíguo.
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Comportamento delinquente/criminal
Delinquência juvenil – atos cometidos por um individuo abaixo da idade de responsabilidade
criminal e tipificados na lei penal como crime.
Comportamento criminal – adultos
Comportamento antissocial
Padrão estável de desrespeito pelos direitos dos outros ou de violações das normas sociais
próprias de determinada comunidade (Fonseca, 2000).
Comportamento que infringe as regras sociais e/ou seja uma ação contra os outros,
independentemente da sua gravidade (Pimentel, 2001).
Comportamento desviante
Qualquer comportamento (ideia ou atributo) que envolve uma violação das normas e expectativas
sociais ou que é considerado desviante por um grupo de indivíduos ou pela comunidade, nos quais
suscita um julgamento de reprovação ou desvalor e que pode resultar, se detetado, em sanções
negativas.
Perturbação do Comportamento
Perturbação Antissocial da Personalidade
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Desenvolvimento
Dá-se por etapas
O comportamento desviante/antissocial é frequente no decurso de um desenvolvimento
normal
Adolescência (onde o desvio é suposto ocorrer, na própria construção da identidade o
desvio é importante, na contradição às regras dos pais na tentativa de afastamento da
autoridade dos pais em busca de autonomia, forma de impor a individualidade
Comportamentos desviantes na adolescência – “formas experienciais de auto-
organização (…)” (Da Agra, 1986)
Rejeição pelos
Pares
Problemas da
criança Ligação a grupos
Disciplina e
com
acompanhamento Insucesso Escolar Delinquência
comportamentos
parentais deficientes
Delinquentes ao Longo da Vida (DLV) delinquentes
Um pequeno grupo de delinquentes (5%) que é responsável por uma grande percentagem
dos crimes cometidos (50 a 60%)
Rotulagem pelos
Criados em famílias mal preparadasProfessores
para efetuar uma eficaz socialização; abandono
escolar precoce; défices neuropsicológicos; baixo autocontrolo (antes dos 3 anos)
O reportório criminal pode incluir todo o tipo de atos delinquentes, incluindo a violência
Delinquentes Limitados à Adolescência (DLA):
Pseudomaturidade
Desenvolvimento “saudável” antes da fase da delinquência
Tendência a aceitar valores não convencionais; pares delinquentes
Atos delinquentes não violentos, geralmente patrimoniais e que simbolizem um determinado
estatuto ou autonomia face aos pais
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Precocidade
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Rotulação (Becker,
Anomia (Merton) Lemert)
Subculturas delinquentes Desorganização Social
(Cohen) (Shaw e McKay)
Associação diferencial Aprendizagem social
(Sutherland) (Bandura)
Controlo socia (Hirshchi) Neutralização (Skyes e
Sociedade
Matza
Atividades rotineiras Comunidade
(Cohen e Feison) Personalidade (Eysenk)
Grupos proximais
Escolha racional (Clarke e Indivíduo Psicopatologia
Cornish)
Situação Fatores biológicos
Crime
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Implicações:
Criminosos – “má índole”, “maus instintos”. A “cura” se não impossível, era pelo menos
muito difícil.
Consequências à data – se a principal causa dos comportamentos criminosos residia em
características inatas e hereditárias…
Críticas:
Validade dos estudos
Controlo de outras variáveis (e.g., Vold, et al., 1998)
Amostras
Instrumentos
Falsificação Descredito da “biologia do crime” (anos 50/60)
Anos 80 – reavivar dos estudos em torno das relações entre os fatores biológicos e a delinquência.
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Estudos cromossómicos
Causas Genéticas:
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Causas Orgânicas:
Complicações perinatais
Interagem com a rejeição maternal
Fatores Pré-natais – comportamentos que as mãe tem durante a gravidez e que tem impacto na
criança:
Anomalias cerebrais
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Disfunções/lesões cerebrais
ABORDAGENS BIOLÓGICAS
Já não há teorias biológicas…
Não se deve descurar a possibilidade de existir uma condição neurofisiológica subjacente ao
comportamento criminal (e.g. lesão, tumor, degeneração cerebral).
ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS
A sociedade como unidade de análise.
Contributos:
Limitações:
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Contributos:
Limitações:
Contributos:
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Limitações:
Sub-cultura delinquente:
Não utilitária
Maliciosa
Destrutiva
Ambivalente
Hedonista
Cultura de grupo
Contributos:
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Limitações:
Contributos:
Limitações:
Teorias da Aprendizagem
Aprendizagem Social (e.g. Sutherland e Cressey) Teorias Sociológicas (Psicossociais)
Aprendizagem Social Cognitiva (e.g. Bandura, Burgess & Akers) Teoria Psicológica
(Psicossocial)
Teoria da Aprendizagem Social Cognitiva (e.g. Bandura, 1973):
Pressupostos:
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Contributos:
Limitações:
Baixo Autocontrolo:
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Contributos:
Limitações:
ABORDAGENS PSICOLOGICAS
As teorias psicológicas do comportamento criminal foram, durante muito tempo, rejeitadas pela
criminologia.
Ênfase mais dada num nível descritivo individual.
Conotação psicopatológica e biológica
As teorias clássicas da psicologia “pura” deram lugar a abordagens psicossociais.
Modelos teóricos.
Variáveis especificas.
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Teorias da personalidade
Contributos
Limitações
Variáveis da personalidade
G. Waldo e S. Dinitz (1967) efetuaram uma revisão dos estudos realizado entre 1950 e 1965 e
verificaram que alguns dos mesmos haviam conseguido isolar diferenças muito significativas entre
as personalidades de sujeitos com e sem envolvimentos persistentes em comportamentos
delinquentes ou criminosos.
Elevada imaturidade para a idade
Elevada impulsividade
Reduzida tolerância à ansiedade e à frustração
Elevada tendência para reduzir quase todos os aspetos da vida a questões físicas e
materiais
Elevada hostilidade e agressividade
Elevado auto-centramento (egocentrismo) e um reduzido respeito pelo “outro”
Elevado irrealismo ou incapacidade para percecionar desajustamentos entre meios e fins
Elevada tendência para resolver toos os problemas de uma mesma forma, ou seja, uma
elevada incapacidade de aprendizagem e de adaptação a diferentes situações
Dimensões que outros autores consideram que levam a comportamentos desviantes:
Hiperatividade/impulsividade (Henry et al. 1993; White et al., 1994).
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Psicopatia
H. Cleckley (1976) confirma que a maioria dos psicopatas tendia a envolver-se de forma mais
frequente e persistente no tempo em comportamentos delinquentes ou criminosos (das burlas aos
crimes sexuais mais graves).
Ter encanto superficial e boa inteligência
Egocentrismo patológico e incapacidade para amar
Não ter alucinações ou outros sinais de pensamento irracional
Pobreza geral nas principais relações afetivas
Ausência de nervosismo ou manifestações neuróticas
Perda específica da intuição (insight)
Ser indigno de confiança
Incapacidade para responder na generalidade das relações interpessoais
Ser mentiroso de insincero
Comportamento fantasioso (grandioso) e pouco recomendável com ou sem ingestão de
bebidas alcoólicas
Ausência de sentimentos de culpa ou vergonha
Ameaças de suicídio raramente cumpridas
Exibição de comportamentos antissociais sem escrúpulos aparentes
Vida sexual impessoal, trivial e pouco integrada
Raciocínio pobre e incapacidade de aprender com a experiência
Incapacidade para seguir qualquer plano de vida
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ABORDAGENS SITUACIONAIS
A pessoa na situação imediata de ação.
Teorias situacionais
Situação imediata de ação
Fatores ambientais
Prevenção situacional
Os seres humanos procuram a satisfação dos seus interesses. Portanto, os seres humanos são
seres racionais que tomam decisões com base num cálculo custo-benefício – quando o benefício
supera o custo, dá-se uma oportunidade.
A criação e a perceção da oportunidade dependem de fatores proximais e da situação imediata da
ação.
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Tem sido usada na explicação de vários crimes (ex.: terrorismo, crimes rodoviários,
shoplifting, crime económico, agressões) e desviâncias (ex.: suicídio).
Útil para compreender a reincidência no crime, bem como crimes isolados.
Utilidade para a prevenção: aumentar o esforço, os riscos, reduzir as recompensas, reduzir
as tentações, remover as justificações.
Não facilmente aplicável em pessoas com défices cognitivos ou sob efeito de substâncias.
Não explica os crimes “passionais”; pouca atenção à componente emocional.
ABORDAGENS INTEGRATIVAS
O homem como ser Bio-Psico-Social.
O cruzamento que se encontra entre os conceitos das teorias psicológicas e das teorias
sociológicas demonstra o potencial da integração teórica e abre a possibilidade desta ainda
incorporar mais variáveis de outras perspetivas ou níveis de análise.
A simples identificação de diversas variáveis/fatores correlacionados com o crime (abordagem
multifatorial) é ateórica – não modela relações causais (Hagan, 2013).
A integração teórica é a integração de várias teorias – como os fatores se interrelacionam.
É comum tentar colocar as teorias em sequência “temporal” – cadeia de influências.
Psicologia – elemento aglutinador: relações funcionais entre variáveis psicológicas, biológicas,
sociais e ambientais e o crime.
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(as teorias/modelos podem levar aos fatores; os fatores podem levar aos modelos; o processo de
previsão tem uma base de erro que vamos compreender; com o conhecimento dos fatores
consegue-se fazer uma avaliação do risco; se queremos de prevenir temos que intervir nos fatores
de risco)
Consoante a perspetiva teórica, a intervenção vai ser diferente.
Abordagem
Fator-Chave Prevenção
Teórica
Genéticos ---
Fatores Prevenir a exposição a fatores de risco pré e peri
Biológicos Causas orgânicas natais (ex. não beber álcool durante a gravidez, não
fumar durante a gravidez)
= Anomia
= Anomia
Frustração na tentativa de
Sub-culturas aquisição de estatuto no Desincentivo ao recurso à subcultura – ex. promoção
Delinquentes contexto da sociedade – padrões do sucesso escolar.
normativos desviantes (gangs)
Conversão aos valores da classe dominante
Reduzir a associação [íntima] com “outros”/pares
Associação Mais relações de influência
delinquentes: aumentar a associação com
Diferencial criminal do que normativa
“outros”/pares normativos
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cognitivas/adaptação ao meio
Prevenção situacional
Prevenção situacional:
Prevenção da vitimização
Programas espácio-ambientais
INTERVENÇÕES COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS
Modelos mais promissores na intervenção com populações delinquentes (ex.: Lipsey, 2009)
Técnica/conjunto de técnicas contruídas para ajudar alguém a modificar o seu pensamento e o seu
comportamento.
O comportamento delinquente pode ser aprendido, está sujeito às mesmas regras de
aprendizagem dos outros comportamentos e é cognitivamente mediado – a forma como se pensa
tende a determinar a forma como se age.
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Características principais:
A prevenção/intervenção cognitiva
intervenção
escolar
O homem como ser bio-psico-social →
multidisciplinaridade (ativar vários meios
intervenção inntervenção
que possam ajudar a interferir) familiar laboral
Pesso
intervenção
a
...
médica
intervenção
intervenção
sócio-
psicológica
económica
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