Você está na página 1de 2

AUTISMO EM MENINAS: POR QUE É MAIS

DIFÍCIL DIAGNOSTICAR
26 de mar de 2018

No universo do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) as estimativas apontam para uma


maior prevalência de casos em pessoas do sexo masculino do que feminino, sendo 1
menina para cada 4 meninos, conforme dados dos Centros para Controle e Prevenção de
Doenças norte-americano.

Até alguns anos atrás a prevalência de estudos voltados para compreender o espectro era
centrada em homens, o que pode ter facilitado o diagnóstico nesse grupo. Essa realidade
vem mudando. Pesquisadores têm observado que o Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) pode, na verdade, estar sendo subdiagnosticado em pessoas do sexo feminino e
haver mais mulheres no espectro do que se imagina.

Mas, por que é tão difícil diagnosticar o distúrbio no sexo feminino?

Entre as razões que podem explicar o porquê de o autismo ser mais complexo de se
identificar nas meninas, está o fato de as técnicas diagnósticas desenvolvidas serem
voltadas para as especificidades do TEA no sexo masculino, exatamente por ser esse o
gênero mais prevalente em estudos sobre o TEA.

Geralmente, meninas não se encaixam em grande parte dos estereótipos do espectro e,


também, tendem a mascarar os sintomas melhor que os meninos. Esse é o caso do
comportamento social, considerado um dos maiores fatores para identificar o TEA. Meninas
tendem a disfarçar mais suas limitações sociais em relação aos meninos, por apresentarem
a capacidade de imitar comportamentos de outras meninas da mesma idade. Elas também
parecem ter menos atitudes repetitivas e restritas que os meninos no TEA. Essa “ausência”
de estereotipias bem demarcadas, pode contribuir para dificultar uma suspeita de autismo.
Isso se deve à estrutura cerebral, que difere entre meninos e meninas, na região do cérebro
responsável pela capacidade motora. Além disso, aspectos hormonais podem estar ligados
às diferenças entre meninas e meninos com TEA.

Estudos também apontam que meninas precisam apresentar dificuldades comportamentais


ou intelectuais mais severas para que se pense em autismo como causa desses déficits.
Sendo assim, quando o distúrbio é mais leve, pode passar anos sem ser identificado ou, até
mesmo, ter sua condição equivocadamente considerada como outro transtorno, como de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), obsessivo-compulsivo (TOC) e, até mesmo,
alimentar, como anorexia.

Quando identificadas tardiamente no espectro, as meninas perdem a oportunidade de terem


suas habilidades desenvolvidas precocemente, o que pode melhorar sua condição.

A boa notícia é que cada vez mais estudos têm se voltado para analisar o sexo biológico e
os papeis de gênero e como esses fatores podem ensinar mais sobre o autismo em meninas.
A ideia é avaliar a população feminina com autismo, desde a infância até o início da idade
adulta e traçar novos modelos de diagnóstico, não apenas pautados nas características
masculinas, como os atuais. Por meio desses avanços nessa área de estudo do TEA deverá
ser possível direcionar melhor as condutas terapêuticas em conformidade com as
necessidades específicas de meninas.

Referências:

Erin Digitale. Girls and boys with autism differ in behavior, brain structure. Stanford Medicine
News Center. Disponível em https://med.stanford.edu/news/all-news/2015/09/girls-and-
boys-with-autism-differ-in-behavior-brain-structure.html Acessado em 24 de março de 2018.

Jennifer Malia. A New Look at How Autism Affects Girls. The Cut. Disponível em
< https://www.thecut.com/2017/08/a-new-look-at-how-autism-affects-girls.html> Acessado
em 24 de março de 2018.

Maia Szalavitz. Autism—It’s Different in Girls. Scientific American. Disponível


em https://www.scientificamerican.com/article/autism-it-s-different-in-girls/ Acessado em 25
de março de 2018.

Why Many Autistic Girls Are Overlooked. Child Mind Institute. Disponível
em https://childmind.org/article/autistic-girls-overlooked-undiagnosed-autism/ Acessado em
25 de março de 2018.

Você também pode gostar