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XVII EXAME OAB FGV (adaptado)

Você foi procurado pelo Banco Dinheiro Bom S/A, em razã o de açã o trabalhista nº XX,
distribuída para a 99ª VT de Belém/PA, ajuizada pela ex-funcioná ria Paula, que foi gerente
geral de agência de pequeno porte por 4 anos, período total em que trabalhou para o banco.
Sua agência atendia apenas a clientes pessoa física. Paula era responsá vel por controlar o
desempenho profissional e a jornada de trabalho dos funcioná rios da agência, além do
desempenho comercial desta. Na açã o, Paula aduziu que ganhava R$ 8.000,00 mensais,
além da gratificaçã o de funçã o no percentual de 50% a mais que o cargo efetivo. Porém, seu
salá rio era menor que o de Joã o Petrô nio, que percebia R$ 10.000,00, sendo gerente de
agência de grande porte atendendo contas de pessoas físicas e jurídicas. Requer as
diferenças salariais e reflexos. Paula afirma que trabalhava das 8h à s 20h, de segunda a
sexta-feira, com intervalo de 20 minutos. Requer horas extras e reflexos. Paula foi
transferida de Sã o Paulo para Belém, apó s um ano de serviço, tendo lá fixado residência
com sua família. Por isso, ela requer o pagamento de adicional de transferência. Paula
requer a devoluçã o dos descontos relativos ao plano de saú de, que assinou no ato da
admissã o, tendo indicado dependentes. Requer, ainda, multa prevista no Art. 477 da CLT,
pois foi notificada da dispensa em 06/02/2017, uma segunda-feira, e a empresa só pagou
as verbas rescisó rias e efetuou a homologaçã o da dispensa em 16/02/2017, um dia apó s o
prazo, segundo sua alegaçã o.
Redija a peça prá tico-profissional pertinente ao caso.
Deverá ser apresentada a peça jurídica denominada Contestaçã o, na defesa dos interesses
do Banco Dinheiro Bom S.A. em face da reclamaçã o trabalhista ajuizada por Paula, com
base no artigo 847 da CLT, dirigida ao Juiz do Trabalho da 99ª Vara do Trabalho de Belém,
com indicaçã o das partes e do nú mero do processo. Deverá ser contestado o pedido de
horas extras porque a autora ocupava cargo de confiança de gerente-geral, sendo
autoridade má xima no local, possuindo poder de gestã o e recebendo gratificaçã o de funçã o
superior a 40%, inserindo-a entã o na exceçã o prevista no Art. 62, II e § ú nico da CLT,
ratificado pela Sú mula 287 TST. Por conseguinte, nã o faz jus a sobrejornada, já que nã o
possui limite de jornada. Deverá ser rechaçado o pedido de equiparaçã o salarial porque as
funçõ es eram diferentes, pois a paragonada era gerente de pessoa física enquanto o modelo
cuidava de carteira de pessoas físicas e jurídicas, nã o atendendo ao disposto no Art. 461,
caput, CLT e Sú mula 6, III TST. Será também aceita a tese de que os trabalhos de Paula e de
Joã o Petrô nio nã o tinham o mesmo valor, por terem produtividade distinta, em razã o da
diferença no porte entre as agências, ensejando a tese de que a produtividade do modelo
era superior, conforme Art. 461, § 1º, CLT. Deverá ser contestado o pedido de adicional de
transferência, pois essa foi definitiva, nã o ensejando o adicional desejado, conforme Art.
469, § 1º, da CLT e OJ 113 do TST.
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA 99ª VARA
DO TRABALHO DE BELÉM - PA
Processo nº: XX
BANCO DINHEIRO BOM S.A., já qualificado nos autos do processo sob o nú mero em
epigrafe, por meio de seu advogado abaixo subscrito, nos termos do documento de outorga
de mandato anexo, vem, com base no artigo 847, Pará grafo ú nico, da Consolidaçã o das Leis
do Trabalho ( CLT), combinado com o artigo 336 do Có digo de Processo Civil ( CPC),
respeitosa e tempestivamente, perante Vossa Excelência, OFERECER:
CONTESTAÇÃO
na Reclamaçã o Trabalhista que lhe move Paula, já qualificada na inicial, pelas razõ es de fato
e de direito a seguir expostas.
I. CONTRATO DE TRABALHO
Paula trabalhou por quatro anos para a Reclamada na funçã o de gerente-geral de agência,
cumprindo a jornada de segunda a sexta-feira das 08:00 à s 20:00 horas, com intervalo de
20 (vinte) minutos para o almoço. Foi dispensada sem justa causa no dia 06/02/2017,
percebendo o salá rio de oito mil reais, além da gratificaçã o de funçã o de 50% (cinquenta
por cento) a mais que o cargo efetivo.
II. MÉRITO
1. DO CARGO DE CONFIANÇA/INAPLICABILIDADE DE HORAS EXTRAS
A Reclamante exercia a funçã o de gerente-geral de agência bancá ria, sendo responsá vel por
controlar o desempenho profissional e a jornada dos funcioná rios, bem como o
desempenho comercial da agência. Percebia 50% (cinquenta por cento) como gratificaçã o
de funçã o. Enseja, na inicial, receber horas extras durante o período laborado.
Ocorre que sã o indevidas horas extraordiná rias quando o empregado exerce cargo de
gestã o e recebe 40% ou mais como gratificaçã o de funçã o, enquadrando-se na situaçã o
prescrita no art. 62, II e pará grafo ú nico, da CLT. Esta situaçã o é ratificada pela Sú mula 287
do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao lecionar que o gerente-geral de agência
bancá ria presume-se em cargo de gestã o, aplicando-se-lhe o que prescreve o art. 62 da CLT,
nã o cabendo, assim, o pagamento de horas extraordiná rias.
Portanto, a Reclamante nã o faz jus ao pagamento das horas trabalhadas além da jornada
normal de trabalho, por exercer cargo de confiança e perceber 50% de gratificaçã o de
funçã o, tampouco sã o devidos os seus reflexos.
2. EQUIPARAÇÃO SALARIAL/DIFERENÇAS SALARIAIS
A empregada aduziu que o seu salá rio era menor que o de Joã o Petrô nio, que percebia o
valor de dez mil reais de salá rio efetivo como gerente de agência de grande porte
atendendo contas de pessoas físicas e jurídicas. A agência de Paula era de pequeno porte e
atendia somente pessoas físicas.
Verifica-se, assim, que há diferenças nas funçõ es e tarefas desempenhadas por Joã o
Petrô nio na sua agência, o que justifica a aplicaçã o do art. 461 da CLT, e Sú mula 6, III, do
TST.
Diante disso, Paula nã o faz jus as diferenças decorrentes da equiparaçã o salarial, nem seus
respectivos reflexos.
3. DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
Paula foi transferida de Sã o Paulo para Belém, apó s um ano de serviço, tendo lá fixado
residência com sua família, requerendo o pagamento do adicional de transferência em
forma de adicional mensal.
Vale destacar que há previsã o de transferência para empregados que exercem cargo de
confiança no art. 469, § 1º, da CLT. Porém, a Orientaçã o Jurisprudencial 113 da Seçã o de
Dissídios Individuais, Subseçã o 1 (OJ-113-SDI-1) do TST, aduz que esta transferência está
apta a legitimar a percepçã o do adicional de transferência, se for de forma provisó ria, o que
nã o se aplica ao caso em questã o.
Desta forma, requer a improcedência do pedido de adicional de transferência, pelas razoes
acima expostas.
4. DO DESCONTO SALARIAL/PLANO DE SAÚDE
A empregada assinou, em sua admissã o, autorizaçã o de desconto relativo ao plano de
saú de, tendo indicado dependentes. No entanto, na inicial, está requerendo a sua
devoluçã o.
Deve-se esclarecer, entretanto, que os descontos salariais efetuados pelo empregador,
autorizado pelo empregado por escrito, integrando planos de assistências médico-
hospitalar, odontoló gicas, de seguro, de previdência privada, entre outras, aduzidas na
Sú mula 342 do TST, em benefício do empregado e de seus dependentes, nã o afrontam a
disposiçã o do art. 462 da CLT, salvo se demonstrada a coaçã o ou outro defeito praticado
pelo empregador, o que nã o foi o caso.
Portanto, nã o deve prosperar o pedido de devoluçã o dos descontos relativos ao plano de
saú de.
5. DA MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT
Requer a Reclamante a multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que as verbas foram
pagas dia 16/02/2017, sendo que a dispensa se deu em 06/02/2017. Na ocasiã o do
pagamento, se deu a homologaçã o, segundo Paula, um dia apó s o prazo.
Verifica-se que o prazo de dez dias prescrito no art. 477, § 6º, b, da CLT, contado da
notificaçã o da demissã o, exclui o dia da notificaçã o e inclui o dia do vencimento, de acordo
com o art. 132 do Có digo Civil ( CC). Desta forma, o prazo terminou exatamente no dia
16/02/2017.
Neste sentido, a empregada nã o faz jus à multa do art. 477, § 8º, da CLT.
III. DO PEDIDO
De acordo com os fatos e fundamentos acima explicitados, requer a Vossa Excelência o
acolhimento da presente contestaçã o, a fim de que as pretensõ es apresentadas na
Reclamató ria Trabalhista sejam julgadas TOTALMENTE IMPROCEDENTES e a Reclamante
seja condenada ao pagamento das custas processuais, Honorá rios Advocatícios de
Sucumbência e demais cominaçõ es legais conferidas à presente causa.
IV. DAS PROVAS
Protesta provar o alegado mediante todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial o depoimento pessoal da Reclamante, que fica desde já requerido, sob pena de
confissã o, bem como pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícias e o que
mais for necessá rio para elucidaçã o dos fatos.
Nestes termos,
pede deferimento.
Belém-PA, data
Advogado
OAB/UF

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