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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO

DA ...ª VARA DO TRABALHO DE TERESINA - PI

SUZANA, brasileira, estado civil..., data de nascimento..., nome da mãe..., portadora de


cédula de identidade nº ..., inscrita no CPF sob o nº ..., número da CTPS ..., número do
PIS ..., endereço completo com CEP..., por meio de seu advogado ...nome completo...,
abaixo subscrito, nos termos do instrumento de outorga de mandato em anexo
(documento 01), vem, com base no artigo 840, § 1º, da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), combinado com o art. 319 do Código de Processo Civil (CPC), propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

pelo rito sumaríssimo, em face de Família Moraes, brasileiro, estado civil..., data de


nascimento..., portador de cédula de identidade nº ..., inscrito no CPF sob o
nº ..., endereço completo com CEP..., pelas razões de fato e de direito a seguir
apresentadas.

I – DA ASSISTIÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A reclamante não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e
honorários sem prejuízo do seu sustento. Por estas razões, pleiteiam-se os benefícios de
justiça gratuita nos termos do artigo 5º, LXXIV da CF, c/c artigo 790, § 3º da CLT. A
declaração de pobreza encontra-se em anexo.

II. DOS FATOS

Suzana, foi contratada através do contrato de experiência para prestar serviços para
família Moraes, pela qual nesse período a reclamante fazia diversas atividades do lar.
Em determinada ocasião, a mesma foi acionada para acompanhar o casal em viagem
para Gramado/RS, sob a responsabilidade de babá.
Nesse tempo, o empregador no ato de sua demissão nem se quer cogitou em pagar o
adicional previsto em lei.

III. DO CONTRATO DE TRABALHO

A empregada foi admitida no dia 15.06.2015 para trabalhar como doméstica, a título de
experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, na residência da família Moraes em
Teresina.
Cumpria a jornada de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às 16:00 h, com 30 minutos de
intervalo intrajornada. Foi dispensada em 15.09.2015, recebendo as verbas: férias
proporcionais de 3/12 avos, acrescidas do terço constitucional, e décimo-terceiro salário
proporcional de 3/12 avos.

III.I DO CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO

A reclamante foi contratada em 15.06.2022 para trabalhar como doméstica, por meio de
contrato de experiência, por 45 dias, findo os quais nada foi tratado, e foi dispensada em
15.09.2022. Deve-se considerar que o contrato de experiência não deve ultrapassar 90
dias.
Porém, caso este contrato seja pactuado por período menor, havendo continuidade do
serviço, terá de ser prorrogado até completar os 90 dias. Como não houve tratativa
alguma a este respeito, após os 45 dias, o contrato passou a vigorar tacitamente por
tempo indeterminado, conforme assegura o art. 5º, § 2º, da Lei Complementar 150 de
2015.
Nesse contexto, a reclamante pleiteia que seu contrato de trabalho seja reconhecido,
para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado e que sua dispensa seja
reconhecida sem justo causa.

III. II. DO AVISO PRÉVIO

A empregada foi dispensada em 15.09.2022 sem o aviso prévio, tampouco recebeu a


indenização correspondente, entre as verbas rescisórias.
Em razão de ser o contrato de trabalho considerado por prazo indeterminado, e de a
empregada ter sido dispensada sem justa causa com menos de 1 ano de serviço, a
empregada faz jus ao aviso prévio de 30 dias, como alude o art. 23, § 1º, da LC 150 de
2015. Na falta do aviso prévio por parte do empregador, o empregado tem direito à
indenização correspondente, com reflexos nas férias e terço constitucional, bem como
no décimo-terceiro salário, de acordo com o art. 23, § 3º, do mesmo diploma.
Portanto, a reclamante requer o recebimento do aviso prévio de 30 dias, férias e terço
constitucional, assim como o décimo-terceiro salário.
III.III. DOS DESCONTOS

O empregador descontava 25% do valor da alimentação consumida pela empregada e


10% do salário a título de vale-transporte.
Ora Excelência, o desconto de alimentação foi taxativamente vedado pelo legislador,
por meio do art. 18, caput, da LC 150 de 2015. Além disso, o desconto de 10% do
salário a título de vale-transporte revela-se excessivo, pois o art. 4º, parágrafo único, da
Lei 7.418 de 1985 atribui a este desconto o valor de 6% do salário base do empregado.
Sendo assim, a reclamante requer a devolução do desconto de 25% do valor da
alimentação e da diferença de 4% descontada a mais do seu salário, durante todo o
período trabalhado.

III. IV. DO INTERVALO INTRAJORNADA

A empregada laborava de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às 16:00 h, com 30 minutos


para descanso ou alimentação.
Como não foi acordado expressamente o intervalo de 30 minutos, é obrigatória
conceder de, no mínimo, 1 hora, conforme o art. 13, caput, da LC 150 de 2015. Com
efeito, a concessão parcial do intervalo intrajornada implica no pagamento do período
total mínimo correspondente em forma de hora extra, com acréscimo de 50% sobre o
valor da hora normal, segundo a Súmula 437, I, do Tribunal Superior do Trabalho.
Dessa forma, a empregada faz jus ao pagamento de 1 hora extra diária durante o período
trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e décimo-terceiro salário.

III. V. DA JORNADA DIÁRIA

A Reclamante trabalhava das 07:00 h às 16:00 h, com 30 minutos de intervalo


intrajornada, totalizando uma jornada diária de 8 horas e 30 minutos.
Cabe ressaltar que não houve qualquer referência em acordo escrito relativo a regime de
compensação de horas, como exige o art. 2º, § 4º, da LC 150 de 2015, vez que a jornada
diária ultrapassava as 8 horas diárias, em desacordo com o prescrito no caput deste
mesmo artigo, ao limitar em 8 horas diárias a duração normal do trabalho doméstico. A
não observância destas prescrições implica no direito de a empregada receber 30
minutos diários a título de hora extra, com acréscimo de 50% superior ao valor da hora
normal, em conformidade com o art. 2º, § 1º, do referido diploma.
Assim, a Reclamante requer o pagamento de 30 minutos diários de hora extra e os
reflexos sobre as férias e décimo-terceiro salário.

III. VI. DO SERVIÇO EM VIAGEM


A empregada viajou com a família por 4 dias a trabalhar como babá das 08:00 h às
17:00 h, com 1 hora de intervalo intrajornada.
A trabalhadora, por acompanhar o empregador prestando serviços em viagem, faz jus ao
recebimento de remuneração-hora de 25%, no mínimo, superior ao valor do salário-hora
normal, segundo dispõe o art. 11, § 2º, da LC 150 de 2015, percentual que deve
prevalecer sobre as horas trabalhadas no período de viagem a serviço.
Destarte, a Reclamante requer o pagamento de 25% sobre as 32 horas trabalhadas no
período da viagem.

III. VII. DA MULTA DO ART 477, § 8º, DA CLT

A empregada foi dispensada em 15.09.2022 sem aviso prévio e sem receber a


indenização correspondente, entre as verbas rescisórias.
Pelo fato de a empregada ter sido dispensada sem justo motivo, como analisado no
ITEM II desta inicial, e da ausência do aviso prévio, tampouco o recebimento da
indenização correspondente entre as verbas rescisórias, conforme analisado no ITEM
III, a Reclamante tem direito à multa do art. 477, § 8º, da CLT. É que o dispositivo do §
6º deste artigo impõe a quitação total das verbas, até o décimo dia da data da demissão,
quando da ausência do aviso prévio, o que não ocorreu no caso em tela.
Destarte, requer o pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no
art. 477, § 8º, da CLT.

IV. DO PEDIDO

Diante dos fatos e fundamentos expostos, é o presente para requerer a procedência da


ação, para o fim de condenar o Reclamado nos seguintes pedidos, que, quando couber,
deverão ser acrescidos de correção monetária e juros:

a) concessão, de plano, dos benefícios da justiça gratuita;

b) que o contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo
indeterminado, e que a dispensa da Reclamante seja considerada sem justo motivo;

c) pagamento do aviso prévio de 30 dias e os reflexos nas férias e terço constitucional,


bem como no décimo-terceiro salário... R$...;

d) devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da


diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o
período trabalhado. R$...;

e) pagamento de 1 hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os


reflexos sobre as férias e terço constitucional, assim como no décimo-terceiro salário...
R$...;
f) pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e, por habitual, os reflexos
sobre as férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro salário... R$...;

g) pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas
trabalhadas no período de viagem a serviço... R$...;

h) pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º,


da CLT... R$....

TOTAL DAS VERBAS LÍQUIDAS... R$....

V. DA NOTIFICAÇÃO

Requer, por fim, se digne Vossa Excelência a determinar a notificação do Reclamado e


sua intimação para comparecer em audiência a ser designada por este digno Juízo e,
nesta ocasião, apresentar defesa nos termos do art. 844 da CLT, combinado com o art.
336 do CPC, sob pena de revelia e confissão, conforme Súmula 74, I, do TST.

VI. DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,


especialmente o depoimento pessoal do Reclamado, que fica, desde já, requerido, bem
como os de caráter documental, testemunhal, pericial e o que mais for necessário para
elucidar os fatos.

VIII. DO VALOR DA CAUSA

Dá à presente causa o valor de R$...

Nesses termos,
pede deferimento.

Local e data.

Advogado...

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