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PEÇA JUDICIAL: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA OAB

(2016.2) – MODELO DE RESOLUÇÃO


- março 30, 2017
Série acadêmica

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ...ª VARA DO


TRABALHO DE NATAL - RN, 21ª REGIÃO

[Pular dez linhas]

SUZANA, brasileira, [estado civil], [data de


nascimento], [nome da mãe], portadora de cédula de identidade nº ..., inscrita no
CPF/MF sob o nº ..., número da CTPS ..., número do PIS ..., [endereço completo
com CEP], por meio de seu advogado [nome completo], abaixo subscrito, nos
termos do instrumento de outorga de mandato em anexo (documento 01), vem,
com base no artigo 840, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
combinado com o art. 319 do Código de Processo Civil (CPC), propor
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito sumaríssimo, em face do Sr. Moraes, brasileiro, [estado civil], [data de
nascimento], portador de cédula de identidade nº ..., inscrito no CPF/MF sob o
nº ..., [endereço completo com CEP], pelas razões de fato e de direito a seguir
apresentadas.
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I. DA JUSTIÇA GRATUITA
[Pular uma linha]

Preliminarmente, pugna, a Reclamante, que lhe seja


concedido o benefício da justiça gratuita, previsto nos arts. 98 e 99 do CPC,
conforme preceitua a Constituição Federal (CF), em seu art. 5º, LXXIV, por não
terem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento
próprio.
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II. DO CONTRATO DE TRABALHO


[Pular uma linha]
A empregada foi admitida no dia 15.06.2015 para trabalhar
como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, na
residência da família Moraes em Natal/RN.
Cumpria a jornada de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às
16:00 h, com 30 (trinta) minutos de intervalo intrajornada. Foi dispensada em
15.09.2015, recebendo as verbas: férias proporcionais de 3/12 (três doze) avos,
acrescidas do terço constitucional, e décimo-terceiro salário proporcional de 3/12
(três doze) avos.
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III. DO CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO


[Pular uma linha]
A Reclamante foi contratada em 15.06.2015 para trabalhar
como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, findo os
quais nada foi tratado, e foi dispensada em 15.09.2015.
Deve-se considerar que o contrato de experiência não deve
ultrapassar 90 (noventa) dias. Porém, caso este contrato seja pactuado por
período menor, havendo continuidade do serviço, terá de ser prorrogado até
completar os 90 (noventa) dias. Como não houve tratativa alguma a este respeito,
após os 45 (quarenta e cinco) dias, o contrato passou a vigorar tacitamente por
tempo indeterminado, conforme assegura o art. 5º, § 2º, da Lei Complementar (LC)
150 de 2015.
Nesse contexto, a Reclamante pleiteia que seu contrato de
trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado e
que sua dispensa seja reputada sem justo motivo.
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IV. DO AVISO PRÉVIO


[Pular uma linha]
A empregada foi dispensada em 15.09.2015 sem o aviso
prévio, tampouco receber a indenização correspondente, entre as verbas
rescisórias.
Em razão de ser o contrato de trabalho considerado por
prazo indeterminado, e de a empregada ter sido dispensada sem justo motivo com
menos de 01 (um) ano de serviço, a empregada faz jus ao aviso prévio de 30
(trinta) dias, como alude o art. 23, § 1º, da LC 150 de 2015. Na falta de tal aviso
prévio por parte do empregador, o empregado tem direito à indenização
correspondente, com reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no
décimo-terceiro salário, de acordo com o art. 23, § 3º, do mesmo diploma legal.
Portanto, a Reclamante requer o recebimento do aviso
prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos nas férias e terço constitucional, assim como
no décimo-terceiro salário.
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V. DOS DESCONTOS
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O empregador descontava 25% (vinte e cinco por cento) do
valor da alimentação consumida pela empregada e 10% (dez por cento) do salário
a título de vale-transporte.
Ora Excelência, o desconto de alimentação foi
taxativamente vedado pelo legislador, por meio do art. 18, caput, da LC 150 de
2015. Além disso, o desconto de 10% (dez por cento) do salário a título de vale-
transporte revela-se excessivo, pois o art. 4º, parágrafo único, da Lei 7.418 de
1985 atribui a este desconto o valor de 6% (seis por cento) do salário base do
empregado.
Sendo assim, a Reclamante requer a devolução do desconto
de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da diferença de 4%
(quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período
trabalhado.
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VI. DO INTERVALO INTRAJORNADA


[Pular uma linha]
A empregada laborava de segunda a sexta-feira, das 07:00
h às 16:00 h, com 30 (trinta) minutos para descanso ou alimentação.
Como não foi acordado expressamente o intervalo
intrajornada de 30 (trinta) minutos, é obrigatória a concessão de, no mínimo, 01
(uma) hora, disciplina o art. 13, caput, da LC 150 de 2015. Com efeito, a
concessão parcial do intervalo intrajornada implica no pagamento do período total
mínimo correspondente em forma de hora extra, com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal, segundo interpreta a Súmula
437, I, do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Dessa forma, a empregada faz jus ao pagamento de 01
(uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os reflexos
sobre as férias e décimo-terceiro salário.
[Pular duas linhas]
VII. DA JORNADA DIÁRIA
[Pular uma linha]
A Reclamante trabalhava das 07:00 h às 16:00 h, com 30
(trinta) minutos de intervalo intrajornada, totalizando uma jornada diária de 08 (oito)
horas e 30 (trinta) minutos.
Cabe ressaltar que não houve qualquer referência em
acordo escrito relativo a regime de compensação de horas, como exige o art. 2º, §
4º, da LC 150 de 2015, vez que a jornada diária ultrapassava as 08 (oito) horas
diárias, em desacordo com o prescrito no caput deste mesmo artigo, ao limitar
em 8 (oito) horas diárias a duração normal do trabalho doméstico. A não
observância destas prescrições implica no direito de a empregada receber 30
(trinta) minutos diários a título de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por
cento) superior ao valor da hora normal, em conformidade com o art. 2º, § 1º, do
referido diploma.
Assim, a Reclamante requer o pagamento de 30 (trinta)
minutos diários de hora extra e os reflexos sobre as férias e décimo-terceiro
salário.
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VIII. DO SERVIÇO EM VIAGEM


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A empregada viajou com a família por 4 (quatro) dias a
trabalhar como babá das 08:00 h às 17:00 h, com 01 (uma) hora de intervalo
intrajornada.
A trabalhadora, por acompanhar o empregador prestando
serviços em viagem, faz jus ao recebimento de remuneração-hora de 25% (vinte e
cinco por cento), no mínimo, superior ao valor do salário-hora normal, segundo
dispõe o art. 11, § 2º, da LC 150 de 2015, percentual que deve prevalecer sobre as
horas trabalhadas no período de viagem a serviço.
Destarte, a Reclamante requer o pagamento de 25% (vinte e
cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadas no período da
viagem.
[Pular duas linhas]

IX. DA MULTA DO ART 477, § 8º, DA CLT


[Pular uma linha]
A empregada foi dispensada em 15.09.2015 sem aviso
prévio nem receber a indenização correspondente, entre as verbas rescisórias.
Pelo fato de a empregada ter sido dispensada sem justo
motivo, como analisado no ITEM II desta inicial, e da ausência do aviso prévio,
tampouco o recebimento da indenização correspondente entre as verbas
rescisórias, conforme analisado no ITEM III, a Reclamante tem direito à multa do
art. 477, § 8º, da CLT. É que o dispositivo do § 6º deste artigo impõe a quitação
total das verbas, até o décimo dia da data da demissão, quando da ausência do
aviso prévio, o que não ocorreu no caso em tela.
Destarte, requer o pagamento da indenização no valor de
um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da CLT.
[Pular duas linhas]

X. DO PEDIDO
[Pular uma linha]
Diante dos fatos e fundamentos expostos, é o presente para
requerer a procedência da ação, para o fim de condenar o Reclamado nos
seguintes pedidos, que, quando couber, deverão ser acrescidos de correção
monetária e juros:
a) concessão, de plano, dos benefícios da justiça gratuita;
b) que o contrato de trabalho seja reconhecido, para todos
os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que a dispensa da Reclamante seja
considerada sem justo motivo;
c) pagamento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os
reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro
salário.....................................................R$...;
d) devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento)
do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a
mais do seu salário, durante todo o período
trabalhado..................................................................................................R$...;
e) pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o
período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e terço
constitucional, assim como no décimo-terceiro
salário......................................................................................................................R$
...;
f) pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e,
por habitual, os reflexos sobre as férias e terço constitucional, bem como no
décimo-terceiro
salário..........................................................................................................................
.........................R$...;
g) pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32
(trinta e duas) horas trabalhadas no período de viagem a
serviço...........................................................R$...;
h) pagamento da indenização no valor de um salário mensal,
prevista no art. 477, § 8º, da
CLT.........................................................................................................................R$
....
TOTAL DAS VERBAS
LÍQUIDAS..................................................................R$....
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XI. DA NOTIFICAÇÃO
[Pular uma linha]
Requer, por fim, se digne Vossa Excelência a determinar a
notificação do Reclamado e sua intimação para comparecer em audiência a ser
designada por este digno Juízo e, nesta ocasião, apresentar defesa nos termos do
art. 844 da CLT, combinado com o art. 336 do CPC, sob pena de revelia e
confissão, conforme Súmula 74, I, do TST.
[Pular duas linhas]

XII. DAS PROVAS


[Pular uma linha]
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em
direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal do Reclamado, que fica,
desde já, requerido, bem como os de caráter documental, testemunhal, pericial e o
que mais for necessário para elucidar os fatos.
[Pular duas linhas]

XIII. DO VALOR DA CAUSA


[Pular uma linha]
Dá à presente causa o valor de R$ [valor por extenso].
[Pular uma linha]
Nesses termos,
pede deferimento.
[Pular uma linha]
Local e data.
[Pular uma linha]
Advogado...

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