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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) JUIZ (A) DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE ANICUNS/GO.

Processo nº 5743862 -67.2022.8.09.0010

ABGAIL DA SILVA MOURA, já qualificada nos autos do processo que promove


contra SEBASTIÃO VIRGÍLIO VIEIRA, também qualificado nos autos do processo,
vem Vossa Excelência, apresentar IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO apresentada
pela parte ré, apresentando-a pelas razõ es fá ticas e jurídicas a seguir expostas:

I- RESUMO DA CONTESTAÇÃO
Em sua contestaçã o, a parte ré, diz que que seu cachorro, da raça blue heeler de cor
cinza e preta, em nenhum momento aparece atacando as galinhas da parte autora.
Em sua defesa a parte ré nega ser dona dos demais cachorros que aparecem nas
imagens juntadas ao processo e diz que os demais cachorros sã o da parte autora.
Diz ainda a parte ré que seu cachorro só invadiu a propriedade da parte autora
pelo fato da cachorra da autora estar em período de cio, atribuindo a
responsabilidade do fato aos animais da parte autora.
A parte ré continua sua contestaçã o alegando que a parte autora nã o apresentou
provas dos fatos nos autos e requer a condenaçã o da parte autora em litigâ ncia de
má -fé e condenaçã o ao pagamento de horá rios advocatícios sucumbenciais.
Porém, nas razõ es expostas a seguir e posteriormente na audiência de instruçã o
que será requerida pela parte autora, será verificado que a contestaçã o da parte ré
possui diversas inconsistências e inverdades e que tudo isso demonstra uma
conduta meramente protelató ria, devendo a sentença julgar o pedido inicial
procedente, por este ser um direito da autora e a fim de incentivar que a parte ré
seja mais cuidadosa, para que os fatos demonstrados nã o se repitam.
I - DA REALIDADE DOS FATOS
Inicialmente, a parte autora destaca que ao contrá rio do alegado pela parte ré na
contestaçã o, as imagens comprovam que o cachorro da raça blue heeler, ataca e
mata galinhas da autora em sua propriedade.
Além de estar comprovado que o cachorro da parte ré atacou galinhas, a parte
autora nega a alegaçã o de que os demais cachorros sã o seus e afirma que os outros
cachorros que aparecem nas imagens, também sã o da parte ré, o que será provado
posteriormente, através da oitiva de testemunhas na audiência de instruçã o que
será requerida pela parte autora no momento oportuno.
Portanto, através destas imagens está provado que as alegaçõ es contidas na inicial
sã o verídicas, fazendo jus a parte autora à indenizaçã o pretendida.
II – DA BOA FÉ DA PARTE AUTORA
A parte autora buscou essa justiça especializada com o objetivo de ser indenizada
pelos danos materiais causados pelos cachorros da parte ré, prejuízos sofridos em
decorrência da omissã o e negligência da parte ré em manter seus animais dentro
de sua propriedade, deixando que os mesmos invadissem a propriedade da parte
autora, mesmo apó s já ter conhecimento de que os fatos expostos na petiçã o inicial
já tinham acontecido antes.
Conforme comprovado no tó pico anterior, as imagens juntadas aos autos
comprovam que o cachorro de propriedade da parte autora matou galinhas dentro
da propriedade da parte ré.
Nã o bastasse a prova já existente, ficará comprovada posteriormente, através da
oitiva de testemunhas, a má -fé da parte ré, pois a mesma nega ser dona de
cachorros que sã o seus.
Oportunamente a parte autora manifesta que buscou de todas as formas resolver a
questã o sem buscar a via judicial, inclusive tendo a parte ré prometido ressarcir a
parte autora pelos prejuízos por ela sofridos, mas infelizmente o acordo nã o foi
cumprido.
Portanto nã o há que se falar em litigâ ncia de má -fé, devendo este pedido ser
julgado improcedente.
III–DO DANO MATERIAL/ RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA /CULPA DA
PARTE RÉ.
Por tudo que já foi exposto nos autos do processo estã o comprovados os fatos
ensejadores para a aplicaçã o de indenizaçã o por danos materiais.
A responsabilidade civil, consiste no dever de indenizar o dano sofrido por outrem,
em decorrência de ato ilícito, com ofensa ao direito alheio e lesã o ao respectivo
titular, nos termos dos artigos 927, 186 e 187 e do Có digo Civil, in verbis:
"Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo."
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes."
Apesar da parte ré dizer que o fato aconteceu devido ao período de cio da cachorra
da dona, o que nã o foi comprovado, está claro que o fato ocorreu por omissã o e
negligência da parte ré que tem o dever de guarda, o dever manter seus animais
dentro de sua propriedade, independentemente do cio dos animais vizinhos.
O art. 936 do Có digo Civil dispõ e que o dono, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se nã o provar culpa da vítima ou força maior.
"Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se
não provar culpa da vítima ou força maior."
Para aferiçã o da responsabilidade em casos tais como o dos autos, basta a
constataçã o da existência de nexo de causalidade entre o comportamento do
animal e o dano verificado para que surja o dever de indenizar, uma vez que o
legislador adotou para este artigo a teoria da responsabilidade objetiva.
Assim, nã o tendo a parte ré comprovado que o fato ocorreu por culpa da vítima ou
por força maior, deve indenizar a parte autora. Esse entendimento é consolidado
na jurisprudência.
RECURSO INOMINADO. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS. FATO DO ANIMAL (ARTIGO 936, CC). ATAQUE POR
CÃES. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. FATO DA COISA. GUARDA DE
ANIMAL. NEGLIGÊNCIA NO DEVER DE GUARDA. ATAQUE A OUTRO ANIMAL.
DANO MATERIAL. DEVER DE REPARAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
I. Trata-se de Recurso Inominado interposto por Claudionor Borges em face de
sentença proferida pela MM. Juíza de Direito do Juizado Especial Cível da
comarca de Morrinhos, estado de Goiás, que julgou procedentes os pedidos
iniciais, para condenar o Réu ao pagamento dos danos materiais causados ao
Autor, no importe de R$ 12.000,00 (doze mil reais), com juros de mora de 1%
ao mês, desde a citação, de acordo com o artigo 406, do Código Civil. Insurge a
parte recorrente alegando, preliminarmente, a nulidade da sentença, uma vez
que a mesma foi proferida com base em documentos apresentados após
finalizada a fase de instrução probatória. Quanto ao mérito, afirma que não é
proprietário dos cães que constam nas fotos e filmagens apresentados e que a
exordial não foi instruída com documentos indispensáveis. Em apertada
síntese, aduz a parte autora que os cães do Réu atacaram suas novilhas, que
faleceram, gerando danos materiais, razão pela qual ajuizou o presente feito. O
Requerido, por outro lado, descreveu que o Requerente não comprovou que
seus animais atacaram as novilhas, pugnando pela improcedência do pedido
exordial. II. Em proêmio, quanto à preliminar de nulidade da sentença,
insta salientar que, no que tange a impugnação dos documentos
anexados após a apresentação da contestação, tem-se que em primazia
ao princípio da verdade real e em atenção ao artigo 435 do CPC,
escorreito considerá-los para o julgamento da lide, haja vista que é lícito
às partes, até a prolação da sentença, anexar novos documentos aos
autos. Insta frisar que após a juntada dos documentos (evento 36) foi
oportunizada ao reclamado a impugnação acerca destes (evento 37), razão
pela qual não houve cerceamento de defesa. III. É cediço que a
responsabilidade decorrente do fato de animal é objetiva, vale dizer, só
pode ser elidida se comprovada a culpa da vítima ou força maior,
regramento consubstanciado no art. 936 do Código Civil que prevê: O
dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior. Nesse sentido, colaciona-se excerto
da decisão do TJGO: é presumida a culpa do proprietário do animal que
causar dano a outrem, posto que se trata de responsabilidade objetiva,
somente elidida quando demonstrada a culpa exclusiva da vítima ou força
maior. Inteligência do artigo 936 do Código Civil. (...). (TJGO, AC n. 204771-
75.2008.8.09.0084, Rel. DES. JEOVÁ SARDINHA DE MORAES, DJe 1.682 de
02/12/2014). IV. Insta salientar, por oportuno, que para que surja o dever
de indenizar de acordo com o Código Civil, depende da concorrência de
três requisitos, que estão delineados no artigo 186 do CC/02, razão pela
qual, para que se configure o ato ilícito, será imprescindível que haja: (a)
fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação ou omissão
voluntária, negligência, imperícia ou imprudência; (b) ocorrência de um
dano patrimonial ou moral; (c) nexo de causalidade entre o dano e o
comportamento do agente. V. Impende mencionar que a relação causal
estabelece o vínculo entre um determinado comportamento e um evento,
permitindo concluir, se a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do
dano, ou seja, determina se o resultado surge como consequência natural da
voluntária conduta do agente. Em suma, o nexo causal é um elemento
referencial entre a conduta e o resultado. É através dele que poderemos
concluir quem foi o causador do dano. VI. Pode-se ainda afirmar que o nexo de
causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de responsabilidade
civil, é o liame que une a conduta do agente ao dano, constituindo elemento
essencial para a responsabilidade civil seja qual for o sistema adotado no caso
concreto, subjetivo (da culpa) ou objetivo (do risco), salvo em circunstâncias
especialíssimas, não haverá responsabilidade sem nexo causal. VII. Analisando
o conjunto probatório dos autos, verifica-se que, consoante explanado pelo juiz
a quo na sentença prolatada, a parte autora se desincumbiu do ônus da prova
do fato constitutivo do direito (art. 373, I, do CPC), atinente ao suposto ataque
dos cachorros do requerido em desfavor de seus novilhos. VIII. Em detida
análise dos autos, constata-se que o requerente colacionou Registro de
Atendimento Integrado que narra invasão de sua propriedade por parte de
animais de seu vizinho e o ataque dos cães do requerido às suas novilhas
(evento 01, arquivo 03), vídeo dos cães rondando os animais do reclamante,
fotos dos animais machucados e dos cães (eventos 03 e 04) e declarações de
pessoas que presenciaram os fatos (evento 20, arquivo 04). IX. Trata-se de
responsabilidade pelo fato da coisa, que exsurge a despeito da culpa do
detentor do animal, que se exime apenas se comprovar culpa da vítima ou força
maior, o que não restou comprovado. X. No caso, restaram demonstradas as
alegações deduzidas na inicial, sendo o fato relativo ao ataque aos animais da
parte recorrida não refutado pela parte recorrente em sua peça de defesa que
questiona a ausência de comprovação da propriedade dos cães, a causa de
ferimento dos novilhos, se houve tratamento dos animais machucados,
propriedade dos animais atacados -, e demonstrado na documentação
colacionada aos autos, comprovando a extensão dos danos materiais, em
conformidade com as cotações (evento 36, arquivo 02) totalizando R$
12.000,00 (doze mil reais). Dessa forma, não remanesce dúvida quanto ao
dever da parte recorrente reparar os danos ocasionados. XI. Por se tratar de
responsabilidade extracontratual, em relação à restituição financeira deferida,
deverá incidir juros de mora desde o evento danoso e correção monetária,
desde o arbitramento. XII. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. XIII. Fica a
parte recorrente condenada ao pagamento de custas processuais e honorários
advocatícios, estes arbitrados em 15% sobre o valor da condenação, em
consonância ao disposto no artigo 55, da Lei nº 9.099/95.
(TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Recurso Inominado
Cível 5444092-19.2021.8.09.0108, Rel. Fernando Ribeiro Montefusco, 1ª Turma
Recursal dos Juizados Especiais, julgado em 24/08/2022, DJe de 24/08/2022)

IV – HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
A parte ré solicita a condenaçã o da parte autora ao pagamento de honorá rios
sucumbenciais, com fundamento no artigo 85, § 8° do CPC.
Razã o nã o assiste a parte ré, pois devido ao princípio da especialidade, aplica-se o
artigo 55 da Lei 9099/95.
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e
honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em
segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de
condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.
Assim requer a autora pela improcedência do pedido de horá rios sucumbenciais
pela parte ré.
V – JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS DOCUMENTOS
Oportunamente, em atençã o ao princípio da verdade real, a parte autora requer a
juntada dos vídeos e fotografias em anexo e esclarece que as imagens estã o sendo
juntadas neste momento, porque o setor de atermaçã o nã o fez a juntada das
mesmas no momento de protocolizar a petiçã o inicial, apesar das imagens terem
sido entregues para protocolizaçã o.
VI – CONCLUSÃO
Assim, impugna-se totalmente a peça contestatória, reiterando todos os termos
da exordial, para o fim de julgamento procedente do pedido da autora em
condenar a parte ré nos termos da petição inicial.
Por fim, requer desde já a designação de audiência de instrução e julgamento
para oitiva das partes e oitiva de testemunhas, com o objetivo de comprovar a
propriedade dos cachorros que aparecem nas imagens, reforçar as provas já
apresentadas.
Anicuns, 08 de fevereiro de 2022.

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ABGAIL DA SILVA MOURA

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