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JUÍZO DE DIREITO DO IX JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE VILA ISABEL

DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Processo Nº ...

ALFREDO, já devidamente qualificado nos autos da ação que lhe move


MARCOS, vem por seu advogado devidamente constituído (procuração anexa), com
base nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.099/95 ao juízo apresentar:

CONTESTAÇÃO

I. PRELIMINAR
Incompetência do Juizado
Primeiramente cabe ressaltar que, verifica-se a incompetência absoluta do
Juizado Cível pois, mediante previsão do artigo 337, inciso II do Código de Processo
Civil, para que a retirada de um animal seja feita baseada em sua periculosidade é
necessário que seja feita uma perícia pelo médico veterinário, o que não cabe em um
Juizado Cível.
“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...]

II – incompetência absoluta e relativa.”

Ademais, o artigo 35 da lei 9.099/95 afirma que quando a prova do fato exigir, o
Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de
parecer técnico.

Incorreção do valor da causa

Artigo 292 inciso V – Para explicar o motivo do valor da causa estar errado.

Paralelamente, alega-se em preliminar que o autor requereu equivocadamente o


valor da causa em dano moral. O valor requerido foi de R$ 24.240,00 (vinte e quatro
mil duzentos e quarenta reais) e o valor original seria R$ 48.480,00 (quarenta e oito
quatrocentos e oitenta reais) tipifica o previsto no artigo 337, inciso III do Código de
Processo Civil, portanto, foi encontrado a incorreção do valor da causa.
“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...]

III - incorreção do valor da causa.”

II. MÉRITO

Com fulcro no artigo 341 do Código de Processo Civil o autor comparece à


presença de Vossa Excelência para manifestar-se acerca dos fatos narrados pelo autor.

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as


alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as
não impugnadas.

Primeiramente, menciona-se o direito de propriedade trazido no artigo 1.228 do


Código Civil onde se traz claramente para o particular o direito de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha. Portanto, o réu possui o direito de usufruir de sua moradia na companhia de
seu animal de estimação tal qual o autor e, não tendo o condomínio expressado o
contrário, o pedido de retirá-lo irá ferir, não apenas o direito de propriedade como
também, a proteção animal, pois retirar um animal de sua moradia sem fundada
motivação tipificar em maus tratos o que a lei n° 9.605 traz no artigo 32.
“Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”

Neste mesmo entendimento, o Tribunal de Justiça de São Paulo diz que salvo
quando o animal causa risco aos condôminos o condomínio deverá permitir a presença
de animais de estimação, logo, a retirada do animal deve ser desconsiderada.
“AÇÃO PARA PERMANÊNCIA DE ANIMAIS EM APARTAMENTO.
Sentença de procedência.Apela o réu sustentando que o regimento interno do
condomínio autoriza somente a manutenção de um animal e não dois cães,
como pleiteado pela autora e concedido pela sentença. Descabimento.
Exercício do direito de propriedade não deve ser obstado por convenção ou
regulamento interno, salvo se causar risco ou incômodo aos demais
moradores. Inexiste motivo para admitir a limitação no caso concreto.
Presença de dois cães de pequeno porte, inofensivos e que não interferem no
sossego dos demais habitantes do prédio. Incidência do princípio da
razoabilidade, segundo o tolerável no convívio social.Apelante não inovou o
que já havia sido exposto nos autos e rebatido na sentença. Motivação da
sentença adotada como fundamentação do julgamento em segundo grau.
Adoção do art. 252 do RITJ.Recurso improvido. TJ-SP - Apelação APL
9105791972003826 SP 9105791- 97.2003.8.26.0000 (TJ-SP)”
Todavia, a cadela de estimação do autor, embora seja de pequeno porte, já
mordeu alguns moradores e late excessivamente durante o dia o que causa dano ao
direito de vizinhança abordado no artigo 1.277 do Código Civil mas, nem mesmo por
esta razão, o réu ajuizou uma ação contra o autor pois, em seu entendimento, o conflito
poderia ter sido resolvido de maneira amigável. Com ação ajuizada em sua face cabe ao
réu, então, requerer a preservação do direito à vizinhança.
“Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de
fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde
dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.”

Consequentemente, considerando que não houve, da parte do autor, ofensa ao


direito de propriedade nem ao direito de vizinhança, não há o que se falar acerca de
dano moral.

III. PEDIDO CONTRAPOSTO

Necessário explicar melhor. Abordar sobre o direito de vizinhança.


Citar os artigos

Considerando que o autor entrou com uma ação de indenização de maneira


indevida, alegando ser o cachorro do réu perigoso e requereu a retirada do mesmo do
local onde reside, vem o réu requerer o pedido contraposto, com fulcro no artigo 31 da
Lei 9.099/95, requerendo, de igual modo, indenização no valor de R$ 48.240,00
(quarenta e oito mil duzentos e quarenta reais) e solicitar o adestramento da cadela
pertencente ao autor visto que a mesma já mordeu moradores e causou danos ao direito
da vizinhança.

“Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação,


formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que
fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.”

IV. DOS PEDIDOS


Com base no exposto, requer:
a) Acolhimento da preliminar e extinção sem resolução do mérito com
fulcro no artigo 337, incisos II e III do Código de Processo Civil;
b) A improcedência dos pedidos formulados pelo autor;
c) Acolhimento do pedido contraposto, baseado no artigo 31 da Lei
9.099/95, para conceder a indenização no valor de R$ 48.480,00 e o
adestramento da cadela que está sob tutela do autor.

V. DAS PROVAS
Protesta-se pela produção de prova documental e testemunhal.
Rol de testemunhas:
1) ...
2) ...
3) ...
Nestes termos,
Pede deferimento.
LOCAL, DATA
Advogado/OAB

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