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EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de
06/06/2023 a 12/06/2023, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos
Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.
RELATÓRIO
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ANS como obrigatórios, não precisam necessariamente ser fornecidos pelas Operadoras dos
planos de saúde, apenas em caso de previsão contratual que os acrescente, o que não é o caso
em questão" (fl. 1.223).
Devidamente intimada, a parte agravada não apresentou impugnação (fls.
1.228/1.230).
É o relatório.
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.964.268 - DF (2021/0259576-8)
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.964.268 - DF (2021/0259576-8)
VOTO
Sobre a questão, eg. Segunda Seção do STJ, por ocasião do julgamento dos
EREsps 1.886.929/SP e 1.889.704/SP (Relator Ministro Luis Felipe Salomão, julgados em
8/6/2022, DJe de 3/8/2022), tratou acerca da limitação da responsabilidade das operadoras do
plano de saúde em face do rol de procedimentos mínimos e obrigatórios da ANS, fixando as
seguintes premissas que devem orientar a análise da controvérsia acerca da cobertura de
tratamentos médicos pelos planos de saúde:
1) o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra,
taxativo;
2) a operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com
tratamento não constante do Rol da ANS se existe, para cura do paciente,
outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao Rol;
3) é possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de
aditivo contratual para a cobertura de procedimento extra Rol;
4) não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do Rol
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da ANS, pode haver, a título excepcional, a cobertura do tratamento
indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que: (i) não tenha sido
indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao
Rol da Saúde Suplementar; (ii) haja comprovação da eficácia do tratamento
à luz da medicina baseada em evidências; (iii) haja recomendações de
órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e
estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando possível, o diálogo
interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com expertise técnica
na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do Rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar, sem deslocamento da
competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS."
Nesse cenário, conclui-se que tanto a jurisprudência do STJ quanto a nova redação
da Lei dos Planos de Saúde admitem a cobertura, de forma excepcional, de procedimentos ou
medicamentos não previstos no rol da ANS, desde que amparada em critérios técnicos, cuja
necessidade deve ser analisada caso a caso.
No presente caso, as instâncias ordinárias, ao julgarem o pedido procedente,
consideraram que a operadora agravante não comprovou que o tratamento prescrito seria
experimental.
Em consulta ao bulário eletrônico da Anvisa, constata-se que o medicamento
MabThera é um antineoplásico que obteve o devido registro em 29/06/1998 (Disponível em:
https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/250000202119750/?nomeProduto=mabthera),
indicado para o tratamento de:
- Linfoma não Hodgkin
- Artrite reumatoide
- Leucemia linfoide crônica
- Granulomatose com poliangeíte microscópica
- Pênfigo vulgar
Ainda sobre a questão, esta Corte entende que o medicamento para tratamento
domiciliar de que trata o art. 10, VI, da Lei 9.656/98 é aquele adquirido diretamente nas farmácias
e autoadministrado pelo paciente, cuja indicação não tenha por fim substituir o tratamento
ambulatorial ou hospitalar, nem esteja relacionada à continuidade da assistência prestada em
âmbito de internação hospitalar, excluindo-se dessa classificação a medicação injetável que
necessite de supervisão direta de profissional de saúde, por se tratar de hipótese de de uso
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ambulatorial ou espécie de medicação assistida. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente
da Segunda Seção:
"AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PLANO DE SAÚDE. MEDICAMENTO
DE USO DOMICILIAR. CUSTEIO. OPERADORA. NÃO
OBRIGATORIEDADE. ANTINEOPLÁSICO ORAL. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. LIMITAÇÃO LÍCITA. CONTRATO ACESSÓRIO
DE MEDICAÇÃO DE USO DOMICILIAR. POSSIBILIDADE.
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA. SUS. POLÍTICA PÚBLICA.
REMÉDIOS DE ALTO CUSTO. RELAÇÃO NACIONAL DE
MEDICAMENTOS ESSENCIAIS (RENAME). JURISPRUDÊNCIA
ATUAL. SÚMULA Nº 168/STJ.
1. É lícita a exclusão, na Saúde Suplementar, do fornecimento de
medicamentos para tratamento domiciliar, isto é, aqueles prescritos pelo
médico assistente para administração em ambiente externo ao de unidade de
saúde, salvo os antineoplásicos orais (e correlacionados), a medicação
assistida (home care) e os incluídos no rol da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) para esse fim. Interpretação dos arts. 10, VI, da Lei nº
9.656/1998 e 19, § 1º, VI, da RN-ANS nº 338/2013 (atual art. 17, parágrafo
único, VI, da RN-ANS nº 465/2021).
2. A medicação intravenosa ou injetável que necessite de supervisão direta
de profissional habilitado em saúde não é considerada como tratamento
domiciliar (é de uso ambulatorial ou espécie de medicação assistida).
3. Os medicamentos receitados por médicos para uso doméstico e
adquiridos comumente em farmácias não estão, em regra, cobertos pelos
planos de saúde.
4. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência farmacêutica
está fortemente em atividade, existindo a Política Nacional de Medicamentos
(PNM), garantindo o acesso de fármacos à população, inclusive os de alto
custo, por meio de instrumentos como a Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME).
5. É possível, com base na Súmula nº 168/STJ, inadmitir embargos de
divergência quando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça estiver
no mesmo sentido do acórdão combatido.
6. Agravo interno não provido."
(AgInt nos EREsp 1.895.659/PR, Relator Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Segunda Seção, julgado em 29/11/2022, DJe de 9/12/2022, g.n.)
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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no AREsp 1.964.268 / DF
Número Registro: 2021/0259576-8 PROCESSO ELETRÔNICO
Número de Origem:
07016094120198070001
Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Secretário
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVO INTERNO
TERMO