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RESUMO
ABSTRACT
MAGALHÃES, Rafael de Castro. Mestrando em Ciências Jurídicas pela Universidade do Vale do Itajaí –
Santa Catarina em convênio com a Faculdade Católica de Rondônia. Defensor Público.
2
1 INTRODUÇÃO
A globalização, vista como um fenômeno que gera uma forte integração mundial
entre as pessoas, não é acontecimento recente na história, mas que foi potencializada após os
avanços tecnológicos nas indústrias de comunicação e transportes, notadamente nos dias
atuais. A transnacionalidade vista como um fenômeno reflexivo dessa globalização, gera o
natural aumento das relações entre Estado-nação e pessoas e também entre pessoas entre si,
capazes de gerar alguns desajustes nesse caminho.
Este não é o lugar para delinear a história do sistema mundial nem a dos diferentes
modos de representar pertencimento a unidades sócio-culturais. Mas
transnacionalidade necessita ser compreendida em relação a processos históricos que
evoluem notadamente desde o século XV quando a Europa começou uma expansão
política, econômica, social, cultural e biológica que sedimentou progressivamente o
sistema mundial com diferentes graus históricos e geográficos de integração
(Wallersteis 1974). A expansão europeia coincide amplamente com a expansão
capitalista e as diferentes realidades interconectadas que esta criou ao redor do
planeta (Wofl 1982). Modernidade é um rótulo frequentemente associado a este
processo, um processo no qual o crescimento das forças produtivas, especialmente
das indústrias de comunicação, informação e transportes, provocou um
“encolhimento do mundo” (Harvey 1989). Assim, heterogeneidade cada vez mais se
produz na presença de processos de homogeneização. (RIBEIRO, Gustavo Lins.
Condição Transnacionalidade. Série Antropologia, Brasília, v. 223, p. 1-34, 1997.
Disponível em: http://www.dan.unb.br/images/doc/Serie223empdf.pdf).
Ainda sob essa ótica, observamos ser cada vez mais recorrente a formação de
famílias em contexto que extrapola os limites e fronteiras territoriais do Estado-nação,
compostas por membros pertencentes a dois territórios de distintas regras, culturas e de
4
representação identitária. Para além disso, também é possível ver famílias compostas por
membros pertencentes a três ou mais nacionalidades, cada um natural de um país diferente, o
que acarreta complexidade em grau ainda maior.
Reforçando esse contexto, Ana Paula Risson, discorrendo sobre família migrante
e transnacionais e também sobre esse laço de dependência econômica entre seus membros,
nos esclarece que:
reconhecer seu pertencimento a uma unidade e podem aceitar, por meios pacíficos
ou violentos, a autoridade de símbolos, indivíduos ou entidades políticas que
pretensamente representam um território, seus habitantes, natureza, herança cultural,
etc. Os sujeitos coletivos - sejam famílias, linhagens, clãs, segmentos, metades,
tribos, cacicazgos, reinos, impérios, Estados nacionais - são sempre um “nós”
imaginado, coletividades imaginadas com graus variáveis de coesão e eficácia
simbólica. Apesar de muitas das formas de identificação com essas coletividades se
construírem através de meios culturais/ideológicos consensuais e pacíficos (totens,
bandeiras, hinos, educação pública), a transgressão ou a ambivalência de lealdades
são, no mais das vezes, fortemente punidas. (RIBEIRO, Gustavo Lins. Condição
Transnacionalidade. Série Antropologia, Brasília, v. 223, p. 1-34, 1997. Disponível
em: http://www.dan.unb.br/images/doc/Serie223empdf.pdf).
Courts are talking to one another all over the world. Mary Ann Glendon describes a
"brisk international traffic in ideas about rights," conducted by judges. "In Europe
generally," she adds, "and in Australia, Canada, and New Zealand, national law is
increasingly caught up in a process of cross-fertilization among legal systems."
Similarly, Anthony Lester writes: When life or liberty is at stake, the landmark
judgments of the Supreme Court of the United States, giving fresh meaning to the
principles of the Bill of Rights, are studied with as much attention in New Delhi or
Strasbourg as they are in Washington, D.C., or the State of Washington, or
Springfield, Illinois.' The Supreme Court of Zimbabwe cites decisions of the
European Court of Human Rights to support its determination that corporal
punishment of an adult constitutes cruel and unusual punishment and that corporal
punishment of a juvenile is unconstitutional. The European Court of Justice and the
Euro-pean Court of Human Rights cite one another's decisions; the Inter-American
Court of Human Rights looks frequently to the European Court's caselaw.
Approximately 60% of the citations of Quebec courts are to sources other than
Quebec decisions, including French authors and decisions, common law decisions
and authors from a range of countries. (Anne-Marie Slaughter, A Typology of
Transjudicial Communication, 29 U. Rich. L. Rev. 99 (1994). Available at:
http://scholarship.richmond.edu/lawreview/vol29/iss1/6)
Nessa ótica, os professores Paulo Márcio Cruz e Carla Piffer exemplificam que:
A União Europeia – UE, por exemplo, por possuir uma particular estrutura
institucional, política e jurídica, é uma arena de importantes acontecimentos
transnacionais. Neste sentido, acertada a afirmação de Stelzer no sentido de que o
afirmar que o direito da UE é a referência de ordenamento que transborda as
fronteiras dos Estados, viabilizando o transpasse jurídico estatal. Outrossim, tanto o
direito da UE quanto sua formação institucional e política denotam que a
transnacionalidade ali se faz presente e é diretamente mencionada em alguns textos
oficiais, notadamente com relação à utilização da expressão transnacional em muitos
momentos da União. O direito da União seria, portanto, “o falsete de uma
Transnacionalidade em espectro regional”, o “corolário dos processos
transnacionais, a pedra basilar na construção da integração europeia [...]”. Significa,
portanto, que seu próprio processo de integração é dotado de características da
transnacionalidade. Como exemplo cita-se a dinâmica permissiva de irrestrito
trânsito de bens e mercadorias, e a livre circulação de pessoas com perspectiva
transnacional, notadamente após o Tratado de Schengen, em um inquestionável
movimento de manifestações transnacionais. (Transnacionalidade e sustentabilidade:
dificuldades e possibilidades em um mundo de transformação. / Carla Piffer;
Guilherme Ribeiro Baldan; Paulo Márcio Cruz (orgs.) – Porto Velho: Emeron, 2018,
p. 15 e 16).
1
RIBEIRO, Gustavo Lins. Condição Transnacionalidade. Série Antropologia, Brasília, v. 223, p. 1-34, 1997.
Disponível em: http://www.dan.unb.br/images/doc/Serie223empdf.pdf
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Conteúdo completo disponibilizado e acessível no sítio eletrônico da Câmara dos Deputados Federais pelo link
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18871-13-agosto-1929-549000-
publicacaooriginal-64246-pe.html
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trazendo regras para aplicação no direito civil internacional e direito comercial internacional.
No seu livro de direitos civis internacionais, para demonstração do alcance de seu conteúdo,
traz disciplina sobre as pessoas (nacionalidade, domicílio, personalidade civil, família,
adoção, dentre outros), as coisas, as obrigações e contratos.
Apesar dessa grande iniciativa, a disciplina dos alimentos ainda precisava de uma
normatização internacional específica (tendo em vista suas inúmeras particularidades), com
objetivo de facilitar a uma pessoa a obtenção de alimentos por parte de outra pessoa que se
encontra sob jurisdição de outro país, o que foi feito por meio da Convenção sobre a Prestação
de Alimentos no Estrangeiro e também, agora mais recentemente, através da Convenção sobre
a Cobrança internacional de Alimentos para Crianças e outros membros da Família.
Vamos avançar examinando a questão sobre essas três diferentes óticas para,
então, trazer um caminho mais seguro e estável para encontrar o procedimento de
concretização do direito aos alimentos decorrentes da relação entre genitor e filho.
Abordaremos apenas este enfoque, já que os alimentos decorrentes das demais relações
familiares ou, até mesmo, decorrente de responsabilidade civil, possuem características
próprias e distintas, que fugiriam do tema proposto neste artigo.
Caso necessário, dispõe que o pedido deve estar acompanhado de procuração para
que a Instituição Intermediária represente o demandante e também de uma fotografia de quem
pede os alimentos e contra quem irá pedir (demandado). A autoridade remetente deve cuidar
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Destaca-se que este procedimento deve ser observado entre os países signatários
tanto para o encaminhamento de pedido de fixação de alimentos aos demandados que estejam
em outros países, quanto também para recebimento de pedido encaminhado pelo Estado
demandante, guardando uniformidade procedimental.
3
https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/sci/dados-da-atuacao/alimentos-internacionais-convencao-de-nova-
iorque-1/docs/cartilha-cny-2a-edicao
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Nesse documento, na linha do que anotamos acima, esclarece que para abertura de
ação para fixação de alimentos no exterior não é necessário constituir Advogado, porém o
procedimento é todo voltado aos hipossuficientes econômicos, tanto que é exigido ao
solicitante declaração de hipossuficiência nos termos da Lei 1.060/1950. Essa é a conclusão
extraída dos artigos IV, item 3, e IX, da CNY.
4
https://scon.stj.jus.br/SCON/legislacao/doc.jsp?livre=cartas+rogat%F3rias&&b=LEGI&p=true&t=&l=20&i=1
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5
Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Áustria, Barbados, Bélgica, Bielorrússia, Bósnia & Herzegóvina,
Brasil, Burkina Faso, Cabo Verde, Cazaquistão, Chile, China, Chipre, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Equador,
Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Guatemala, Haiti, Holanda,
Hungria, Irlanda, Israel, Itália, Libéria, Luxemburgo, Macedônia, Marrocos, México, Moldávia, Mônaco,
Montenegro, Níger, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Polônia, Portugal, Quirguistão, Reino Unido,
República Centro-Africana, República Checa, Romênia, Santa Sé, Seicheles, Sérvia, Sri Lanka, Suécia, Suíça,
Suriname, Tunísia, Turquia, Ucrânia e Uruguai.A retificação da França se estende ao Departamento da Argélia,
Oases e Saoura, Departamento de Guadalupe, Guiana, Martinica, Reunião e Territórios de Além Mar (São Pedro
e Miquelão, Somalilândia Francesa, Arquipélago Cômoro, Nova Caledônia e Dependências, Polinésia Francesa).
https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/sci/dados-da-atuacao/alimentos-internacionais-convencao-de-nova-
iorque-1
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Por ser posterior e mais detalhada, a Convenção de Haia sobre Alimentos substitui
a Convenção de Nova York quando ambos os Estados contratantes forem signatários da nova
regulamentação, ficando sob o rito procedimental da Convenção de 1956 (Nova York) apenas
quando não houver adesão ao novo texto, a exemplo da Argentina, Chile, Equador e
Suriname. Portanto, como regra, os pedidos de alimentos devem obedecer aos novos tramites
previstos na Convenção de Haia por ser mais atual. Essa, aliás, é a previsão expressa contida
no artigo 18 do Protocolo da Convenção de 20078.
6
ARAÚJO, Nádia de. A Conferência da Haia de direito internacional privado: reaproximação do Brasil e análise
das convenções processuais. Revista de Arbitragem e Mediação, vol. 35, p. 189, São Paulo, 2012.
7
Albânia, Alemanha, Áustria, Azerbaijão (a partir de fevereiro de 2024), Bélgica, Bielorússia, Bósnia e
Herzegovina, Botsuana (a partir de novembro de 2023), Bulgária, Cazaquistão, Chipre, Croácia, Equador,
Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Guiana, Holanda
(Países Baixos), Honduras, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia do Norte, Malta,
Montenegro, Nicarágua, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia,
Sérvia, Suécia, Turquia e Ucrânia. https://www.hcch.net/pt/instruments/conventions/status-table/?cid=131
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Nas relações entre Estados Contratantes, o presente Protocolo substitui a Convenção da Haia, de 2 de outubro
de 1973, sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos e a Convenção da Haia, de 24 de outubro de
1956, sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos a Menores.
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Essas são informações relevantes para que o interessado e credor dos alimentos,
ou ainda os profissionais que lhes auxiliam nesse árduo caminho, não perca tempo na
concretização desse direito. O referido marco temporal se dá por conta da vigência do Decreto
n. 9.176/2017, a partir de quando, como se disse, deverá ser observado o procedimento da
Convenção de Haia sobre Alimentos, devendo estar atento aos demais detalhes de possível
exclusão, como já mencionado.
9
§ 2º Em relação a tais pedidos, tomarão todas as medidas apropriadas para:
a) prestar ou facilitar a prestação de assistência jurídica, quando as circunstâncias assim o requeiram;
e) facilitar a execução permanente das decisões em matéria de alimentos, inclusive o pagamento de valores
atrasados;
f) facilitar a cobrança e a rápida transferência dos pagamentos de alimentos;
i) iniciar ou facilitar o início de procedimentos para obter as medidas cautelares necessárias que tenham caráter
territorial e cuja finalidade seja assegurar o resultado de um pedido de alimentos em curso;
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https://www.hcch.net/pt/instruments/conventions/status-table/notifications/?csid=1068&disp=resdn
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paralelo com as regras internas do Brasil, já vemos alguns precedentes judiciais conferindo
gratuidade da justiça ao alimentado menor de 18 anos de idade (STJ, REsp n. 1.807.216/SP).
Inclusive, alguns Estados da Federação no Brasil possuem leis estaduais prevendo hipóteses
de isenção dos custos judiciais aos alimentados que pretendam alimentos na justiça, a
exemplo do que se vê no Estado de Rondônia11.
11
Art. 6º, IV, Lei do Estado de Rondônia n. 3.896/2016.
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Como regra geral, o referido protocolo prevê, em seu artigo 3º, ponto 1, que “as
obrigações de prestar alimentos regular-se-ão pela lei do Estado de residência habitual do
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credor, salvo quando o presente Protocolo dispuser de outra forma”. Trata-se de previsão com
relevante grau de importância, na medida em que tem potencial de superar um debate quase
instransponível, pois envolveria discussão sobre soberania estatal ou discussões de jurisdição.
Vale dizer que essa previsão guarda sintonia com o ordenamento jurídico interno
brasileiro. O art. 1.694, § 1º, do Código Civil, nos fornece as balizas para fixação do valor a
ser pago de alimentos, onde devem ser avaliados as necessidades de quem pede e as
possibilidades contra quem se pede. Viável, também, é o pagamento de alimentos in natura,
na forma do artigo 1.701 do Código Civil, eis que permite ao alimentante dar hospedagem e
sustento ao credor, cabendo ao magistrado determinar a forma de cumprimento dessa
obrigação (art. 1.701, parágrafo único, do Código Civil).
Feito isso, para fins de prosseguimento, será avaliado a qual pedido se refere a
pretensão do solicitante, pois para cada um deles tem um procedimento distinto e passível de
preenchimento de formulário específico diretamente no sítio do Ministério da Justiça, a cargo
do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), da
Secretaria Nacional de Justiça12.
O fato é que não se pode negar o atual nível de entrelaçamento das relações
estatais e interpessoais existentes entre sujeitos que estão em territórios soberanos distintos, o
que gera uma necessidade de enxergar sob uma nova ótica a (in)aplicabilidade das decisões
jurisdicionais de um Estado-nação em outro, ainda que mediante estratégias e comunicações
existentes entre os países.
O Estado nacional, como se sabe, é um Estado territorial, ou seja, baseia seu poder
num lugar concreto, com o controle das instituições, a criação de leis, a defesa de
fronteira, ou seja, proteção de sua soberania. Em contrapartida, a sociedade global
advinda da globalização e suas nuances, ramifica-se em várias dimensões, se mescla
e ao mesmo tempo relativiza o Estado nacional, e apresenta uma multiplicidade de
círculos sociais, redes de comunicação, relações de mercado e modos de vida que
transpassam em todas as direções as fronteiras territoriais do Estado nacional. E isso
se reflete em vários pilares da autoridade nacional estatal: fiscalidade, atribuições
especiais da polícia, política externa e defesa.33 É essa sociedade global que
reclama por uma tratativa jurídica e política que ultrapasse as barreiras do Estado
nacional e apresente soluções aos seus problemas. (Interfaces entre direito e
transnacionalidade [recurso eletrônico] / Airto Chaves Junior ... [et al.];
organizadores, Heloise Siqueira Garcia e Paulo Márcio Cruz. – Itajaí : UNIVALI :
AICTS, 2020, p. 11)
Tendo esses limites em vista, para que uma decisão jurisdicional de um país
produza seus efeitos em outro território soberano, necessário se faz criar ferramentas
colaborativas do Estado-nação destinatário para que haja satisfação dos comandos judiciais e
seu comprimento. A isso costuma-se dar o nome de assistência jurídica internacional,
cooperação internacional ou cooperação interjurisdicional.
instituiu o Código de Processo Civil nacional. Dentre as normas ali disciplinadas, o legislador
fixou algumas balizas essenciais a serem observadas, especialmente a indicar que a
cooperação jurídica internacional será regida por tratado.
Ponto interessante do legislador brasileiro é destacar que, ainda que não haja
reciprocidade, eventual sentença estrangeira ainda poderá ser homologada internamente, nos
termos do artigo 26, § 2º, do Código de Processo Civil, o que demonstra elevado grau de
compromisso de cooperar com as instâncias jurisdicionais e administrativas de outro Estado,
tutelar direitos das pessoas e preservar relações jurídicas constituídas e existentes segundo as
leis de outros Estados-nação. Trata-se de importante enfoque dado pelo legislador interno.
Tratando desse assunto, Lenio Luiz Streck, Dierle Nunes e Leonardo Carneiro da
Cunha esclarecem que:
A redação do art. 28, inclusive, corrobora essa linha interpretativa, segundo a qual o
auxílio direto é cabível nas situações em que a “a medida não decorrer diretamente
de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de
delibação no Brasil”. Apesar da falha do legislador em não ter incluído no
dispositivo a expressão “cartas rogatórias”, pressupõe-se que o auxílio direto seja,
por sua autonomia e flexibilidade no quadro da cooperação jurídica internacional,
empregado para dar conta das diversas situações em que tribunais estatais e
autoridades administrativas ligadas à Justiça tenham de estabelecer esforços para o
28
Visto isso, podemos concluir que o caminho mais adequado para efetivação do
direito aos alimentos na relação parental deve ser o do auxílio direto, como fonte de
cooperação jurídica internacional, na medida em que existe contexto normativo e
harmonizador dos caminhos e procedimentos estáveis a serem seguidos pelos países
contratantes, facilitando e efetivando o direito daquele que busca seu sustento pelo vínculo
parental.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi visto, percebe-se um movimento cada vez maior, não tão novo,
de expansão das relações interpessoais entre sujeitos residentes em Estado-nação diferentes e
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com realidades distintas, tanto jurídica quanto em termos de representatividade política, social
e econômica. Isso muito fruto da evolução das tecnologias nas áreas de comunicação e
transporte, gerando um fenômeno que ficou conhecido como “encolhimento do mundo”13.
REFERÊNCIAS
SCHULER, Flavia de Maria Gomes; DIAS, Cristina Maria de Souza Brito; Famílias
Transnacionais: um estudo sobre filhos envolvidos na migração materna. Artigo publicado
para o 5º Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa, Revista Investigação
Qualitativa em Saúde, Volume 2, p. 1020 a 1028, disponível no link
https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ ciaiq2016/article/download/850/836/.
Interfaces entre direito e transnacionalidade [recurso eletrônico] / Airto Chaves Junior ... [et
al.]; organizadores, Heloise Siqueira Garcia e Paulo Márcio Cruz. – Itajaí : UNIVALI :
AICTS, 2020, p. 20.
Interfaces entre direito e transnacionalidade [recurso eletrônico] / Airto Chaves Junior ... [et
al.]; organizadores, Heloise Siqueira Garcia e Paulo Márcio Cruz. – Itajaí : UNIVALI :
AICTS, 2020, p. 11.
Comentários ao código de processo civil / Fernando da Fonseca Gajardoni ... [et al.]. – 5. ed.
– Rio de Janeiro: Forense, 2022. p. 65.